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De gomo em gomo
Pomares de laranja do Norte paulista estão migrando para outras regiões,
o que leva à criação de pólos em áreas antes inexploradas
Um novo cenário está se delineando ser renovados. Mas falta estímulo ao agricul- mos anos, outros 3 a 4 mil devem abandonar a
para a produção nacional de laranja. Como tor, na avaliação de Flávio de Carvalho Pinto atividade, segundo a previsão de Viegas.
as regiões Norte e Nordeste de São Paulo Viegas, presidente da Associação Brasileira Ele vê como soluções a reorganização
estão mais sujeitas às doenças, há pomares de Citricultores (Associtrus). “Se houvesse do contrato entre produtores e indústrias,
sendo plantados no Sul do Estado e também remuneração condizente, aconteceria uma o controle fitossanitário (por meio de zone-
em Santa Catarina, na Bahia, no Rio Grande renovação natural dos pomares e o produtor amento agrícola) e a criação de vários pó-
do Sul e em Sergipe. Conforme Ademerval se sentiria incentivado”, ressalta Viegas. los de plantio para abastecer os mercados
Garcia, presidente da Associação Brasileira O presidente da Associtrus destaca que regionais. Ademerval Garcia, presidente da
dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus), há essas questões, associadas ainda ao boom Abecitrus, destaca que as empresas paulis-
grande potencial igualmente no Vale do São do plantio de cana-de-açúcar, estão levando à tas estão formando parcerias com pequenas
Francisco, e que ainda não começou a ser redução no número de citricultores na região. indústrias locais de outros estados, transfe-
explorado. “O produtor quer paz para produ- “Não é saudável trocar a monocultura da la- rindo tecnologia de produção e estimulando
zir”, diz Garcia. ranja pela da cana. O ideal é ter as duas ativi- o cultivo. Há 10 anos, São Paulo exportava
No Norte de São Paulo, onde se concen- dades fortes para assegurar alternativa quan- 98% do suco do Brasil; em 2007, deverá
tra boa parte da laranja para a indústria, mais do ocorre algum problema”, comenta Viegas. embarcar 91%. “Ainda é uma forte lideran-
de 50% dos pomares estão afetados pela clo- Na década de 1990, havia 20 mil citricultores. ça, mas mostra o grande crescimento de
rose variegada dos citrus (CVC) e deveriam Atualmente, são menos de 10 mil e, nos próxi- outras áreas”, afirma Garcia.
DO LADO DE QUEM PRODUZ Flávio de Carvalho Pinto Viegas, A própria Associtrus, que estava desativada, ganhou novo
presidente da Associtrus, destaca que a principal luta da associa- fôlego em 2003, com a retomada das suas ações. O presiden-
ção é para aumentar os rendimentos do citricultor. Ele calcula um te da entidade leva as reivindicações dos produtores à Câmara
custo acima de R$ 15,00 por caixa, enquanto ela é negociada a Setorial da Cadeia Produtiva da Citricultura, criada em 2004, da
US$ 3,00. O presidente da Associtrus defende o estabelecimen- qual ocupa a presidência. A entidade participa ainda do Conselho
to de um contrato básico, com mais participação do agricultor no Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado
preço negociado no mercado internacional e com remuneração em de São Paulo (Fiesp). Na opinião de Viegas, deveria ser feita uma
conformidade com a qualidade do produto. “Com isso, melhoraria campanha de estímulo ao consumo de frutas frescas e de sucos
bastante a condição”, afirma Viegas. Busca-se também a formação naturais mostrando ao brasileiro as qualidades nutricionais dos
de um conselho, a exemplo do Conselho dos Produtores de Cana- produtos. “Há espaço enorme na gastronomia para aumentar o
de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Consecana). consumo interno”, frisa.
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P omares carregados
A safra 2005/06 de laranja, segundo a Associação Brasileira dos
Exportadores de Cítricos (Abecitrus), encerrou com a colheita de 360
milhões de caixas, resultado bem superior às 310 milhões de caixas do
período anterior. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), referentes a 2006, apontam para produção de 18,054 milhões
de toneladas, em área plantada de 918.411 hectares. Para 2007, a pre-
L oaded orchards
According to the Brazilian Association of Citrus Export-
visão é de que sejam obtidas 17,861 milhões de toneladas da fruta, em
ers (Abecitrus), the 2005/06 orange crop came to a close
910.506 hectares. Ademerval Garcia, presidente da Abecitrus, prefere with a harvest of 360 million boxes, a much better result than
não arriscar estimativa para a safra 2006/07 devido às variações de the 310 million the previous year. The Brazilian Institute of
clima e de volume nas áreas novas. Geography and Statistics (IBGE) refers to a production of
Em relação às exportações, as frutas frescas foram o destaque em 18.054 million tons from a planted area of 918,411 hectares.
Ademerval Garcia, president of Abecitrus, prefers not to risk
2006, conforme a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do
any estimate for the 2006/07 crop, mainly because of erratic
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e do Instituto Brasi- weather conditions and new areas.
leiro de Frutas (Ibraf). O valor negociado passou de US$ 8,953 milhões em With regard to exports, fresh fruits were the highlight in
2005 para US$ 16,469 milhões no período seguinte, com incremento de 2006, say sources from the Brazilian Secretariat of Foreign
84%. O volume embarcado cresceu um pouco menos (63,58%), alcançan- Trade (Secex), the Ministry of Development, Industry and
Foreign Trade (MDIC) and from the Brazilian Fruit Institute
do 50 mil toneladas, diante das 30 mil toneladas precedentes.
(Ibraf). Export revenue jumped from US$ 8.953 million in 2005
O bom resultado, na opinião de Garcia, deve-se ao incremento da pro- to US$ 16.469 in 2006, up 84%. Volumes shipped abroad
dução de suco fresco em vários países da Europa e do Oriente Médio. “São rose 63.58%, to 50 thousand tons, as compared to the 30
muitas pequenas fábricas, com marcas locais, que, no conjunto, fazem vo- thousand the previous year.
lume”, destaca o presidente da Abecitrus. Ele diz que há também o fator In the view of Garcia, the good result stems from the fact
that many countries in Europe and in the Middle East have
alimentação saudável, que promove aumento na demanda de frutas e de
raised their production of fresh juices. “There are a lot of
sucos. As vendas externas do suco concentrado, contudo, praticamente não small local factories, and together they make a difference”, the
sofreram alterações. Em 2005, foram 1,397 milhão de toneladas, que pas- president of Abecitrus points out. He adds that the issue of
saram para 1,303 milhão de toneladas em 2006. healthy food, where fresh fruit and juices play a relevant role,
O principal destino é a União Européia, responsável por 64,2% dos is also a factor. The foreign sales of juice concentrate, however,
remained practically unaltered. In 2005, it was 1.397 million
embarques. São atendidos ainda os países do Acordo de Livre Comércio da
tons and in 2006, 1.303 million.
América do Norte (Nafta), da Ásia e do Mercado Comum do Sul (Mercosul). The main destination is the European Union, with 64.2%
A Abecitrus tem trabalhado para elevar a participação na Ásia, no Leste of all shipments. Other destinations include the countries of
Europeu, na África e na América Latina. Garcia explica que são realizadas the North American Free Trade Agreement (Nafta), Asia and
promoções e ações por intermédio dos clientes, além da participação em the Mercosur countries. Abecitrus is doing promotional work in
Asia, Eastern Europe, Africa and Latin America. Garcia explains
importantes feiras internacionais.
that every promotional work is done through the clients, and
As perspectivas para 2007 são otimistas, tanto no que se refere às
attendance at international fairs is also part of the program.
frutas frescas quanto aos sucos concentrados, pois o mercado mantém a The perspectives for 2007 are very optimistic both for
demanda e há aumento do plantio nacional, com excelente tecnologia, in- fresh fruit and juice concentrate, as the market is on the rise
cluindo pomares irrigados e mais protegidos contra pragas. “Se a safra for and plantings in Brazil are rising, too. Excellent technology
is in place, including improved pest protection and irrigated
boa, será um ano muito positivo”, avalia Garcia. Os empecilhos do setor,
orchards. “If the crop is good, it will be a good year”, Garcia
de acordo com o presidente da associação, ficam por conta das doenças,
points out. The hurdles of the sector, according to president
do câmbio e dos demais custos que afetam toda a atividade agrícola bra- of the association, include diseases, the exchange rate and all
sileira. other costs incurred by Brazil’s agricultural activities.
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principais espécies limão
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Inor /Ag. Assmann
Refresco
As exportações de limão representam apenas 5% da produção nacional,
mas com grande capacidade para expansão no mercado externo
O volume colhido e a área plantada de ao resultado de 2005, que ficou em US$ 26,3 feiras e eventos internacionais e promove a
limão permaneceram estáveis nos últimos milhões. Conforme estimativas da Secretaria distribuição direta ao consumidor de kits com
tempos no Brasil, mas as exportações crescem de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do a fruta. Na Alemanha, foram entregues 50
a cada ano. É por isso que Waldyr Promicia, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exte- mil unidades e outros 100 mil kits serão dis-
presidente da Associação Brasileira dos Pro- rior (MDIC), e do Instituto Brasileiro de Frutas tribuídos no primeiro semestre de 2007, em
dutores e Exportadores de Limão (Abpel), (Ibraf), o volume negociado externamente pas- dois países ainda a escolher.
considera a fruta uma das que possuem maior sou de 44,2 mil toneladas em 2005 para 51,4 “A entrega direta se mostrou boa estraté-
potencial de expansão. De 1 milhão de tonela- mil toneladas em 2006. De acordo com Promi- gia de divulgação, pois o consumidor percebe
das produzidas em 2005, cerca de 5% foram cia, a perspectiva do setor para 2007 é elevar os valores da fruta”, analisa Promicia. Os prin-
destinadas ao mercado externo, assegurando em mais 10% as transações de limão tahiti. cipais importadores são Alemanha, Inglaterra,
boa margem para aumentar ainda mais esse O presidente da associação atribui o França e Portugal. A associação planeja con-
percentual. Os dados, do Instituto Brasileiro de avanço no mercado internacional às ações quistar mercados na Polônia, onde fez campa-
Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a de marketing mantidas pela Agência de Pro- nha em 2006, pretendendo repeti-la em 2007,
área dos pomares se manteve em cerca de 50 moção de Exportações e Investimentos (Apex e na Rússia, que também receberá ações de
mil hectares no mesmo período. Brasil), que contribuem para aumentar a marketing. A maior parte dos embarques ocor-
Os embarques renderam US$ 32,9 mi- exposição do produto em outros países. Em re no primeiro semestre, embora haja oferta
lhões em 2006, com avanço de 25,13% frente parceria com a agência, a Abpel participa de de produto durante o ano todo.
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M ultiplicadores
As vendas externas de limão tahiti apresentam, desde 1999, cres- (Mapa). “A idéia é que esses produtores atuem como multiplicadores,
cimento médio anual entre 15% e 20%, de acordo com informações passando as informações adiante”, afirma Promicia. A iniciativa conta
da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Limão com a parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
(Abpel). Mas alguns fatores têm limitado esse crescimento, como a Empresas (Sebrae) e dissemina a execução de boas práticas agrícolas
necessidade de certificação e de rastreabilidade, uma exigência dos de acordo com os preceitos da PIF.
mercados estrangeiros. O presidente da Abpel, Waldyr Promicia, ex- Os citricultores estão localizados em seis municípios paulistas:
plica que, como a cadeia produtiva é formada, em grande parte, por Itajobi, Sales, Novo Horizonte, Urupês, Pindorama e Marapuama. O
pequenos agricultores, os investimentos nessas áreas são reduzidos, Estado é responsável por 80% da produção nacional e, diferente-
pois nem sempre eles têm recursos à disposição. mente de outros citrus, o limão não enfrenta problemas sanitários.
Para ajudar na solução desse impasse, a associação está rea- O projeto começou no segundo semestre de 2006 e tem duração de
lizando um trabalho com 200 citricultores para que eles consigam três anos. Em dois anos é feita a adaptação do processo produtivo e
as certificações EurepGap e do programa de Produção Integrada de consegue-se a certificação. No ano seguinte, o agricultor recebe um
Frutas (PIF), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento acompanhamento.
Sílvio Ávila
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M ultipliers
According to the Brazilian Association of Lemon Producers and
Exporters (Abpel), since 1999 foreign Tahiti lemon sales have been
rising at an annual rate from 15% to 20%. Some factors have how-
ever limited the growth rates, like the need for certification and trace-
ability, required by the foreign markets. The president of the Brazilian
Association of Lemon Producers and Exporters (Abpel), Waldyr Pro-
micia, explains that the Brazilian production chain comprises almost
only small-scale farmers, and investments in this area are very lim-
ited, as they rarely are eligible for loans.
In order to overcome this hurdle, the association is now doing
a joint work with 200 citrus producers, with the purpose to make
them win the EurepGAP and the Integrated Fruit Production program
certifications (PIF) from the Ministry of Agriculture, Livestock and
Food Supply (Mapa). “The idea is to transform these producers into
multipliers, passing down all necessary information to other inter-
ested parties”, says Promicia. The initiative has partnered with the
Brazilian Micro and Small Business Support Service (Sebrae) and
disseminates best agricultural practices in compliance with the rules
of the Integrated Fruit Production program (PIF).
The citrus growers are spread across six municipalities in São
Paulo: Itajobi, Sales, Novo Horizonte, Urupês, Pindorama and Mar-
apuam. The State is responsible for 80% of the national production
volumes and, contrary to other citruses, the lemon does not face any
sanitary problems. The three-year project started in the second half
in 2006. In two years, the adaptation of the production process is
accomplished and then the certificate is awarded. Over the remaining
year, all producers are given follow-up assistance work.
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Sílvio Ávila
principais espécies maçã
POMIFRAI Uma das mais antigas empresas do setor produtivo de maçãs no Brasil, a Pomifrai, com 70 anos de experiência no segmen-
to agropecuário e há 20 anos no cultivo de macieiras, é uma das que atua exclusivamente com pomares próprios. São 1.200 hectares,
sendo 65% da variedade gala e 35% de fuji, alcançando produção de 38 mil toneladas. A empresa emprega em torno de 700 funcionários
e contrata praticamente a mesma quantidade de temporários durante a safra.
A Pomifrai possui 24 mil metros quadrados de área construída, com capacidade de armazenagem de 22 mil toneladas de maçã,
sendo 80% em atmosfera controlada. São 39 câmaras frias, com espaço, cada uma, para 1.400 bins (caixas), nas quais cabem, por
embalagem, cerca de 380 quilos da fruta. De acordo com a auditora interna da empresa, Cíntia Frey, filha da atual diretora-presidente e
neta de um dos fundadores, o processo permite que as frutas, colhidas entre fevereiro e abril, fiquem armazenadas por até nove meses,
sem perder a qualidade. A conservação ocorre graças ao controle dos níveis de oxigênio, de gás carbônico, de umidade relativa do ar, de
temperatura de polpa da fruta e do ambiente.
Todo o trabalho de pré-classificação na Pomifrai é feito por equipamento muito moderno, que tem capacidade para selecionar até 20
toneladas de maçã por hora, todo automatizado. Cíntia Frey explica que a classificação é feita levando-se em conta a qualidade, a cor e o
tamanho da fruta. Assim, é possível atender aos mais diferente mercados. “Os europeus querem maçãs grandes, enquanto os asiáticos
preferem as frutas mais pequenas”, exemplifica.
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Inor /Ag. Assmann
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Sílvio Ávila
principais espécies mamão
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Mamão
na roda
O mamão entrou no seleto círculo das frutas mais produzidas e
consumidas no mundo e deu impulso às exportações nacionais
O mamão foi uma das frutas tropicais que 99,4 mil toneladas. As regiões Sul (com 1,3% cultura do mamão no território nacional. No
mais cresceram na década de 1990 em todo da área) e Centro-Oeste (com 0,9%) respon- período de 1995 a 1999, elas aumentaram
o mundo, graças às suas qualidades nutricio- dem pelos 2,2% restantes, colhendo, respecti- 200%, passando de 5,2 mil toneladas para
nais e aos seus benefícios para a saúde. Em vamente, 6,6 mil toneladas em 515 ha e 18,2 15,7 mil toneladas. Durante muito tempo, os
nível mundial, a produção aumentou 41%, de mil toneladas em 369 hectares. Estados Unidos, maior consumidor mundial
3,5 milhões de toneladas em 1990 para 5 A maior safra ocorreu em 2003, quan- dessa fruta, impuseram barreiras ao pro-
milhões de toneladas em 1999. No Brasil, o do os brasileiros colheram 1,714 milhão de duto brasileiro, temendo a praga chamada
avanço nesse período foi de 154%, perfazen- toneladas. Já no ano seguinte a produção mosca-da-fruta. Em 1998, o Brasil adotou o
do 1,9 milhão de toneladas em 1999, segun- recuou para 1,612 milhão de t, e em 2005, Sistema Integrado de Medidas para Diminui-
do dados da Organização das Nações Unidas ano dos últimos dados disponíveis junto ao ção de Riscos (“System Approach”) e já no
para Agricultura e Alimentação (FAO). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ano seguinte exportou para aquele país 3,1
Originário da Bacia Amazônica superior, (IBGE), o volume ficou em 1,573 milhão de mil toneladas. O mercado americano absor-
essa fruta tem no Brasil o maior produtor mun- toneladas. A área acompanhou essa redução, ve 20% dos embarques brasileiros de ma-
dial e o terceiro maior exportador, depois de declinando de 36.580 hectares em 2003 mão; porém, o principal cliente é a Europa
México e Malásia. Os principais estados produ- para 35.553 ha em 2004 e para 33.210 ha (com 75% dos negócios), além dos países
tores são Bahia, Espírito Santo, Paraíba, Ceará, em 2005. Segundo o engenheiro agrônomo do Mercosul.
Pará e Rio Grande do Norte. A região Nordeste Rogério Teixeira Coffler, da Associação Brasi- Rico em sais minerais, como cálcio, fós-
é responsável por 73,1% da área plantada na- leira dos Exportadores de Papaya (Brapex), foro, ferro, sódio e potássio, e em vitaminas
cional, com 29 mil hectares e colheita anual de os problemas climáticos verificados nas regi- A e C, o mamão é eficaz contra asma e dia-
1,142 milhão de toneladas. A seguir posiciona- ões produtoras e a desvalorização do dólar bete, e tem propriedades laxativas e cal-
se o Sudeste, com 17,1% da área plantada, em relação ao real são os responsáveis por mantes, além de ser purificador do sangue.
perfazendo 6,8 mil hectares e 597,8 mil tone- esses ajustes. A papaína é importante para o bom funcio-
ladas; e em terceiro está o Norte, com 7,6% O crescimento nas exportações foi o namento do aparelho digestivo e a resina
dos pomares, totalizando 3,03 mil hectares e principal fator que motivou a expansão da leitosa que produz serve como vermífugo.
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Sílvio Ávila
principais espécies mang a
Mais água, menos açúcar. O desempenho permaneça no mercado interno, o grande Semi-Árido, de Petrolina (PE), Pedro Carlos
das exportações de manga em 2006 não foi apelo da fruta está nas exportações. Gama da Silva, o Vale está exportando menos
tão bom quanto os produtores brasileiros A previsão da Associação dos Produtores não porque tenha reduzido sua produção. “O
previam em 2005. No Vale do São Francisco, e Exportadores de Hortigrangeiros e Deriva- problema está na concentração em um núme-
região que responde por mais de 90% das dos do Vale do São Francisco (Valexport) é ro reduzido de culturas, como é o caso da uva
vendas externas da fruta, as chuvas, que nor- de queda de 20% nas vendas para a União e da manga, na região. Por outro lado, o cres-
malmente vão de janeiro a março, chegaram Européia e para os Estados Unidos, principais cimento do mercado não ocorre no mesmo
mais tarde, em abril, já perto da colheita. O mercados do produto. Por outro lado, o Japão ritmo das áreas de produção”, explica.
excesso de água acabou prejudicando o teor firma-se cada vez mais como um nicho poten- Segundo ele, em relação à manga, a área
de açúcar, comprometendo a qualidade e, cial para a fruta brasileira. Entre janeiro e se- plantada vem se expandindo de forma muito
conseqüentemente, contribuindo para a re- tembro de 2006, os embarques para aquele rápida, enquanto os embarques internacio-
dução no volume das exportações. país foram 17 vezes maiores do que em todo nais tendem a se manter estáveis, devido à
Paralelamente, o crescente número de o ano de 2005. concorrência de outros países produtores.
países que disputam este mercado também De acordo com dados levantados pela Com base neste quadro, o foco da Embrapa
influiu para ampliar a oferta mundial do pro- Valexport, as vendas externas brasileiras Semi-Árido está em aproveitar as condições
duto. Isso, de certo modo, impediu o Brasil de da fruta corresponderam a 105 mil tone- extremamente favoráveis do Vale à diver-
chegar à meta estabelecida: de alcançar, em ladas, proporcionando ao País receita de sificação de culturas, para abrir o leque de
2006, o mesmo volume comercializado em US$ 76 milhões. Deste total, 96.600 tone- alternativas de cultivo em áreas irrigadas.
2003, ou seja, algo próximo das 138 mil to- ladas saíram do Vale do São Francisco e Atualmente, o Vale do São Francisco possui
neladas. Na prática, embora a maior parte da renderam US$ 69,9 milhões. 22 mil hectares ocupados com manga, cuja
colheita, estimada em 1 milhão de toneladas, No entender do chefe-geral da Embrapa produção anual chega a 320 mil toneladas.
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Inor /Ag. Assmann MAN G O
TRUE FACTS: Mango sales to the United States and to the European Union went down 20% in 2006
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Fazendo bonito
Desempenho das exportações de melão em 2006 reforça a posição
do Brasil como um dos grandes fornecedores mundiais da fruta
O melão está entre as frutas brasileiras influindo no custo de produção, e à grande bu- novos mercados, principalmente nos países do
mais valorizadas no mercado internacional. rocracia, a Nolem produziu e comercializou para Leste Europeu, como Polônia, República Tcheca,
Em 2006, de acordo com dados da Secreta- o mercado externo cerca de 7 milhões de caixas Hungria e Rússia, além de reforçar sua participa-
ria de Comércio Exterior (Secex), as vendas de melão”, enfatiza o diretor de Exportação da ção na França e na Itália.
externas registraram volume de 172.809 to- empresa, Marcelo Gadelha. “No mercado inter- No campo da pesquisa, tendo conquistado
neladas, que proporcionaram receita de US$ no, foram cerca de 1,5 milhão de caixas. Para o reconhecimento mundial pela qualidade de
88.238.499 FOB. 2007, prevemos aumento de cerca de 15%”, produtos, a empresa segue buscando novas
Embora estes números representem leve estima o dirigente. variedades de melão e de melancia, aprovei-
queda percentual em relação ao volume (- Os principais mercados da Nolem continuam tando seu know-how para a produção de ou-
3,90%) e à receita (-3,54%) obtidos em 2005, sendo os países da União Européia (UE), como tras frutas, como mamão formosa, papaia, caju
o segmento vem mantendo o bom desempenho Portugal, Espanha, França, Holanda, Reino Uni- e coco verde. Na safra 2005/06, iniciou tam-
nas exportações, reforçando a posição do Brasil do, Alemanha e Escandinávia. De acordo com bém a produção de melão orgânico, tendo co-
como um dos grandes fornecedores mundiais da Marcelo Gadelha, os Estados Unidos também mercializado a fruta para alguns clientes como
fruta. No balanço de 2006, a defasagem cambial oferecem enorme potencial de expansão. Po- teste de mercado, com muito boa aceitação.
e a legislação tributária voltaram a assumir os rém, os esforços ainda esbarram em barreiras “Fomos a primeira empresa de melão
papéis de vilões protagonizados nos últimos tarifárias, com a sobretaxa de 28%. “Apesar dis- a receber o certificado EureGap (Protocolo
anos. Mas, pelo menos em relação ao melão, o so, as exportações para os EUA e para o Canadá Europeu de Boas Práticas Agrícolas) e con-
impacto não foi de grandes proporções. tiveram incremento, nas últimas três safras, na quistamos, em 2006, o certificado de boas
A Nolem, maior exportadora brasileira da ordem 100% ao ano. Esse número, entretanto, práticas agrícolas dos EUA, específico para
fruta, sediada em Mossoró (RN), conseguiu não é expressivo e ainda está muito abaixo da aquele mercado. Também fomos certifica-
repetir em 2006 a mesma performance regis- real possibilidade desses mercados” explica. dos com o Nature’s Choice e realizamos
trada em 2005. “Apesar de ter sido uma safra Conforme Gadelha, quando esse problema outros programas de qualidade e marca
bastante difícil, devido à taxa de câmbio, à le- for resolvido, o volume de exportação deverá própria com importantes redes de super-
gislação tributária, aos altos custos portuários, crescer significativamente. Segundo ele, a em- mercados no Brasil e no exterior”, destaca
ao aumento dos insumos, que acabam sempre presa também está avaliando o potencial de o diretor da Nolem.
I N T ER M ELON AVANÇA
O domínio de modernas tecnologias e a conjunção de fatores como clima e solo, no ambiente do Nordeste, permitem que diversas empresas
se imponham no mercado internacional de frutas. O exemplo do melão é paradigmático. A exportadora Intermelon, braço comercial da Fazenda
Agrícola Famosa, de propriedade de Carlo Porro e Luiz Barcelos, cujas instalações de campo ficam em Icapuí, no Ceará, mas com sede em Mos-
soró, no Rio Grande do Norte, vê seus mercados se expandirem a cada ano. Na safra 2006/07, cuja colheita se estendeu entre agosto de 2006
e março de 2007, a empresa negociou cerca de 75 mil pallets para o exterior, informa o gerente de exportação Cassiano Monte.
O mix envolve as variedades exclusivas Galia Cyro e Petit Perfection (Personal Seedless), além de melão amarelo, galia, cantaloupe,
orange flesh e pele de sapo, e melancia, com e sem sementes. Mais de 90% dos negócios da Intermelon são firmados com o exterior, em
particular com a União Européia (Itália, Espanha e Reino Unido em primeiro plano), além de embarques iniciais para os Estados Unidos.
Uma parcela tem como destino o mercado interno, mas este é abastecido especialmente com o selo da própria Agrícola Famosa e Papola.
Para a nova safra, diz Cassiano, a meta é ampliar as exportações em até 40%, confiando na expansão dos mercados já existentes e em
parcerias com novos clientes, alguns dos quais já fazem compras experimentais.
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Robispierre Giuliani
principais espécies uv a
N OVAS APOSTAS
A produção de uvas tem se espalhado por outros estados menos tradicionais no cultivo da fruta. É o caso do Norte de Minas Gerais,
em Pirapora e arredores, que hoje constitui um pólo de fruticultura. São 230 hectares de parreirais, com 18 variedades (inclusive sem
semente), cultivados por 40 produtores. As uvas desta região chegam mais cedo ao mercado, pois são colhidas entre julho e outubro.
Outro pólo importante fica em Caldas, no Sul do Estado, com 100 hectares de uvas de mesa (niágara) e viníferas (bordô).
O Paraná se destaca no cultivo de uvas comuns e finas de mesa em vários municípios das regiões Norte, Centro, Sudoeste e Sul.
São 6,7 mil hectares plantados, que resultam em aproximadamente 30 mil toneladas da fruta. De acordo com o engenheiro agrônomo
Joaquim Thomas, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), a uva é a fruta que apresentou maior incremento de
área nos últimos anos. As variedades sem semente têm conquistado muito espaço na produção.
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PARREIRAIS - VINEYARDS
N E W C H A L L E N G E S U N D E R W AY Área plantada com videiras no Brasil (ha)
Grape growing has been spreading to non-traditional locations. Estado 2005 2006
This is the case of North Minas Gerais, im Pirapora and surroundings, Rio Grande do Sul 42.450 47.584
now a fruit growing hub. The region is home to 230 hectares of vine- São Paulo 13.780 18.772
yards, where 18 varieties (including seedless grapes) are cultivated Pernambuco 4.952 6.471
by 40 producers. The grapes of the region reach the market much Paraná 5.603 5.900
earlier, as they are harvested from July to October. Caldas, south of Bahia 3.071 3.150
the state, is another important grape hub, with 100 hectares devoted Santa Catarina 4.224 4.986
to table grapes (Niagara) and vitis viniferae (Bordeaux). Minas Gerais 963 929
Paraná stands out as producer of common and fine table grapes Brasil 75.043 87.792
in several municipalities of the North, Southwest and South. The Fonte: IBGE
planted area covers 6.7 thousand hectares, resulting into approxi-
mately 30 thousand tons of grapes. According to agronomic engineer
Joaquim Thomas, from the Technical Assistance and Rural Extension
Corporation (Emater), grapes have registered the biggest area in- PRODUÇÃO DE UVAS NO BRASIL (t)
creases over the past years. The seedless varieties have become GRAPE PRODUCTION IN BRAZIL (t)
the favorites. Estado 2005 2006
Rio Grande do Sul 611.868 623.847
São Paulo 231.680 194.461
Pernambuco 150.827 155.783
Paraná 99.253 104.480
Bahia 90.988 89.738
Santa Catarina 47.971 47.787
Minas Gerais 14.389 12.294
Brasil 1.246.976 1.228.390
Fonte: IBGE
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Todo mundo gosta
As uvas colhidas no Brasil, principalmente no Vale do São Francisco, têm
ampliado seus mercados internacionais, graças ao sabor e à qualidade
As uvas produzidas no Brasil conquistam Em 2006, houve incremento de 20% no apenas para a manga em área e em quan-
a cada ano mais consumidores fora do País. volume e de 10,6% na receita, com 60.800 tidade comercializada no mercado externo.
As exportações da fruta em 2006 tiveram in- toneladas comercializadas e US$ 114 milhões Desde a década de 1990, a produção local
cremento de 21,55% sobre 2005. Foram ven- em faturamento. tem passado por mudanças significativas. A
didas 62,250 mil toneladas, contra 51,213 mil O sucesso das uvas nordestinas resulta venda do produto, antes focada no mercado
toneladas no ano anterior, segundo levanta- de anos de trabalho e de investimento. Po- interno, passou a ser direcionada ao exterior,
mento da Secretaria de Comércio Exterior (Se- rém, a viticultura do Vale do São Francisco o que permitiu canalizar com boa agregação
cex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, teve avanço mais acelerado nos últimos 15 de valor a safra crescente.
Indústria e Comércio Exterior (MDIC). anos, em termos de área plantada. Em 1990, O aumento nas exportações de uva esti-
Do total, 95% da uva sai dos parreirais contabilizava-se 1.759 hectares, que em mulou ações para melhoria da qualidade dos
do Vale do São Francisco, região localizada 2006 já chegavam a 12.400 hectares. Nesse frutos, por causa da exigência dos mercados
na divisa dos estados de Pernambuco e da último ano, a produção ficou em 248 mil tone- internacionais. As principais variedades de
Bahia. De acordo com informações da As- ladas, quase 10% mais do que em 2005. Os uvas produzidas no Vale do São Francisco
sociação dos Produtores e Exportadores de parreirais têm registrado produtividade de 20 são Itália; Red Globe, que tem sido substituída
Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São toneladas por hectare nas uvas sem semente pela Benitaka; e Brasil. Nas uvas sem semen-
Francisco (Valexport), em 2005 essa área e de 35 toneladas/ha nas com semente. te, que estão em franca expansão, destacam-
enviou 48.652 toneladas de uvas ao exterior, A uva está entre as principais frutas cul- se as cultivares Superior Seedless (Festival);
com faturamento de US$ 101,912 milhões. tivadas e exportadas da região. Ela perde Thompson Seedless; e Crimson Seedless.
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