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Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em

Gestão de Negócios – 2016

Implementação de um empreendimento cervejeiro de pequeno porte em Belo


Horizonte

Rodrigo Estevam de Oliveira Mac Leod¹; Cassia Renata Pinheiro2


1 Mestre em Proteção de Plantas - Rua Noraldino Lima 290, apto 406 - Bairro Jaraguá - CEP 31270-260 -
Belo Horizonte (MG), Brasil
2 PECEGE – Doutora em Ciências - Rua Alexandre Herculano 120, sala T4 - Vila Monteiro - CEP 13418-

445 - Piracicaba (SP), Brasil

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Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em
Gestão de Negócios – 2016

Implementação de um empreendimento cervejeiro de pequeno porte em Belo


Horizonte

Resumo

O mercado cervejeiro encontra-se em alta no Brasil, e o país destaca-se como


um dos principais produtores mundiais de cerveja. O número de microcervejarias, cuja
produção de cervejas especiais ocorre em escala menor, tem crescido nos últimos anos.
O estado de Minas Gerais, região escolhida para instalação do empreendimento
proposto no presente trabalho, vem ganhando notoriedade em número de rótulos
especiais de cerveja, perdendo apenas para o estado de Santa Catarina. Minas Gerais
apresenta índices sócioeconômicos que estimulam investimentos em novos negócios,
motivados pelo elevado poder aquisitivo da população e notabilidade do setor de
serviços na geração de riqueza. A produção mensal estimada para o empreendimento
proposto é de 300 litros de cerveja tipo Pilsen e 300 litros de cerveja tipo Pale Ale, com
investimento inicial de R$ 31.100,00 e fluxo de caixa de 12 meses. A análise de
investimento e avaliação da rentabilidade apresentaram parâmetros positivos, com
Payback (prazo necessário para recuperação do capital investido) de 5 meses, Valor
Presente Líquido [VPL] de R$ 6.326,77 e Taxa Interna de Retorno [TIR] de 19% ao ano,
acima da Taxa Mínima de Atratividade [TMA] de 15% ao ano. Essa análise de
investimento foi feita com base no valor de comercialização do produto de R$15,00
(garrafa de 600ml) e apresentou indicativos consistentes de rentabilidade, sendo
altamente promissor, dentro de um setor em ascensão no Brasil.
Palavras-chave: cerveja artesanal, fabricação de cerveja, análise de investimento

Implementation of a small brewer enterprise in Belo Horizonte

Abstract

The Brazilian beer market is at its peak and the country is one of the world's
leading producers of beer. It has grown the number of small breweries, whose beers
special production occurs on a smaller scale. The state of Minas Gerais was chosen for
the implementation of the project because it has been highlighted in number of special
beer labels, after the state of Santa Catarina. Minas Gerais has socioeconomic indices
that stimulate investments in new business, motivated by the high purchasing power of
the population and a remarkable service sector. The estimated production for a small
brewery is 300 liters of beer Lager style and 300 liters of beer Pale Ale style, with an
initial investment of R$ 31,100.00 and 12-month cash flow. The investment analysis and
profitability assessment showed positives parameters, with recovery to invested capital
(Payback) in 5 months, VPL of R$ 6.326,77 and TIR of 19% per annum, above TMA
established for 15% per annum. This investment analysis was based in the value
commercialization of R$ 15,00 (bottle of 600ml) and presented profitability, being highly
promising, due to the rise of special beers industry in Brazil.
Keywords: special beer, brewing, investment analysis

Introdução

A produção de cervejas artesanais em baixa escala, em uma microcervejaria é


um segmento de mercado, cuja produção, embora em volumes pequenos, apresenta
elevado valor agregado ao produto. Nos Estados Unidos [USA] e Europa o segmento é

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pioneiro, sendo denominado pelos americanos de Craft-Brewing, os quais incluem


minicervejarias e produção própria em estabelecimentos gastronômicos, produção em
eventos (feiras e festas do setor cervejeiro), entre outras. Na Inglaterra, esse segmento
de mercado teve início no final da década de 70, enquanto que no Brasil, o setor iniciou-
se à partir da década de 80 (Nothaft, 1998).
A participação do Brasil no mercado de cerveja tem chamado atenção de
grandes empresas que atuam no setor, devido às proporções imprevisíveis e notáveis
que a produção nacional tem assumido nas últimas duas décadas (Barth-Haas Group,
2011). Atualmente, o mercado nacional é um dos principais produtores de cerveja,
ocupando a terceira posição, perdendo apenas para a China e os EUA. Segundo dados
mais atuais da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja [CERVBRASIL] (2015), a
produção brasileira é de 13,8 bilhões de litros de cerveja por ano. É importante
considerar que, apenas 40 países são responsáveis por 91,8% da produção mundial
(Barth-Haas Group, 2011).
Quanto ao consumo mundial de cerveja, a China ocupa a primeira posição, com
consumo total de 48,4 bilhões de litros seguido pelos EUA, com 23,4 bilhões de litros.
O Brasil, por sua vez, aparece em terceiro lugar, com consumo de 14 bilhões de litros,
seguido da Rússia (10,5 bilhões de litros), Áustria (8,6 bilhões de litros), República
Tcheca (1,5 bilhões de litros) e, finalmente, a Alemanha ocupando o sétimo lugar, com
consumo de 0,9 bilhões de litros (SEBRAE, 2014).
Segundo dados sobre consumo per capita de cerveja ao ano, obtidos pela
CERVBRASIL (2015) e banco de dados da Kirin Beer University (2014), o Brasil ocupa
a 27ª posição. O consumo per capita do brasileiro é de 66,9 litros por ano. A República
Checa ocupa o primeiro lugar, com 147,1 litros anuais por habitante, seguida da Namíbia
com 108,9 litros por habitante e em terceiro lugar, a Áustria (105,9 litros). Na quarta
posição encontra-se a Alemanha, com um consumo de 101,7 litros por habitante/ano.
De acordo com a CERVBRASIL (2015), o setor cervejeiro nacional obteve, em
2015, um faturamento de 70 bilhões de reais. O segmento industrial representa 1,6% do
PIB brasileiro e gera 2,2 milhões de empregos diretos e indiretos, o que corresponde a
uma massa salarial de aproximadamente R$ 27 bilhões.
O surpreendente crescimento das microcervejarias no Brasil ocorreu à partir do
ano de 2004, com auge em 2014, ano em que duzentos e quatorze empreendimentos
de produção de cervejas e chope tiveram abertura registrada no Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento [MAPA], órgão federal responsável pelo registro

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de produtos e estabelecimentos (MAPA, 2014). As microcervejarias concentram-se


principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país.
A região metropolitana de Belo Horizonte é o local escolhido para implantar a
microcervejaria, sendo a região de maior concentração populacional do estado. A cidade
de Belo Horizonte possui uma população estimada pelo IBGE (2016) de 2.513.451
habitantes produzindo um PIB de R$ 81,43 bilhões, em 2013. Desse valor, 56% provêm
do setor de serviços. O índice de Desenvolvimento Humano [IDH] do município,
indicador comparativo de avaliação do bem-estar humano, é de 0,810, na categoria
muito alta (Atlas Brasil, 2013).
A cidade de Belo Horizonte, juntamente com as cidades históricas próximas tem
grande propensão turística. Segundo a Secretária de Estado de Turismo de Minas
Gerais (2016), em 2014, o munícipio recebeu 5,0 milhões de turistas gerando uma
receita estimada de 4,0 bilhões de reais. Esses indicadores estimulam investimentos em
novos negócios na região, motivados pelo poder aquisitivo elevado da população em
geral e notabilidade do setor de serviços na geração de riqueza.
Devido a esses indicadores turísticos e sócio econômicos, adicionados a
qualidade da água da região, pela presença de fontes minerais, o estado de Minas
Gerais vem se destacando, no Sudeste, em produção artesanal de cerveja,
principalmente por se configurar como o segundo estado brasileiro na produção de
rótulos especiais, atrás apenas de Santa Catarina. Em 2013 foi o estado com maior
número de novas cervejarias artesanais, onde são produzidos 55 dos 120 tipos de
cerveja existentes no mundo. Por isso, o estado é conhecido como a “Bélgica brasileira”
(Gomes e Neves, 2014; Maia, 2014).
As microcervejarias, ao contrário das grandes indústrias cervejeiras seguem lei
da pureza alemã, do ano de 1516, segundo a qual os únicos elementos aceitos na
fabricação de cerveja devem ser água, malte, lúpulo e levedura (Hough et al., 1971).
As vendas do setor cresceram 54%, entre as cervejas comuns e 79%, entre
cervejas diferenciadas, nos anos de 2008 a 2011 (Toviansky, 2014).
De acordo com Hornsey (2007) o mercado da cerveja é bastante promissor e
possui consumidores exigentes, cada vez mais em expansão. Portanto, com base no
exposto acima, acerca do mercado promissor do setor e a representatividade do estado
de Minas Gerais no setor, o presente trabalho propõe analisar a viabilidade da
implantação de uma microcervejaria em Belo Horizonte, baseada principalmente em
indicadores financeiros.

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Material e Métodos

A microcervejaria atuará na produção de cerveja artesanal com foco em


produção de cerveja diferenciada e de qualidade, em Belo Horizonte (MG), local
escolhido devido ao mercado consumidor próspero e qualidade da água. Minas Gerais
é conhecida como uma das melhores fontes de águas minerais do país, o que contribui
bastante na qualidade da cerveja.
Foi desenvolvida uma logomarca para empresa com sugestão de nome de Mac
Leod Bier.
A produção inicial será de cerveja do tipo Pilsen (cerveja leve, refrescante e baixa
fermentação) e Pale Ale (cerveja encorpada e de alta fermentação), com produção de
mil garrafas de 600 ml por mês, 500 garrafas de cada tipo.
Como o processo de produção da bebida divide-se em maltagem, moagem,
mostura, fervura, fermentação, maturação, filtração, envase e expedição, os
equipamentos necessários serão adquiridos por fornecedores nacionais após seleção
prévia dos melhores orçamentos no ano de 2016 (Tabela 1).

Tabela 1. Investimentos relacionados à fabricação de 1000 garrafas de cerveja por mês,


2016 (continua)
Equipamentos Valor (R$)
Moinho de Malte (moinho de 2 rolos completo, funil com capacidade para
aproximadamente 4,5kg e rendimento entre 150 e 200kg de malte 550,00
moído/hora)
Panela de aquecimento (capacidade de 100L, com tampa bipartida, em
2.900,00
inox 304)
Panela de brasagem (capacidade de 100L, com tampa bipartida, fundo
falso filtrante, mexedor com moto redutor, 0,33cv, 220v, tubo aspersor 4.250,00
para lavagem do mosto, em inox 304)
Panela fervura (capacidade de 100L, com tampa cônica e porta de
inspeção superior, com camisa d’água para resfriamento do mosto, em 3.100,00
inox 304)
Bomba de deslocamento de líquidos (0,5cv, 220v, em aço inox, com
vedações para temperatura acima de 100ºC, vazão 25L/min, com capa 1.250,00
inox)
Rack em aço inox (tubo polido em inox, 03 fogareiros papa-léguas, coletor
3.400,00
para gás)
Automação brasagem (sistema de leitura e produção em rampas na etapa
de brassagem, partida automática na brassagem e manual no 2.600,00
aquecimento e fervura pelo painel de comando)
Interligação do sistema (interligação total entre as três panelas, bomba e
2.450,00
trocador de calor, em inox 304)

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Tabela 1. Investimentos relacionados à fabricação de 1000 garrafas de cerveja por


mês, 2016
Equipamentos Valor (R$)
Tanque fermentador para cerveja (formato cilíndrico em inox 304,
capacidade 300L, dotado de serpentina de resfriamento, unidade 10.600,00
condensadora 0,5cv, 220v)
Total 31.100,00
Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados de Cerveja Artesanal (2016)

Para a instalação da microcervejaria é necessário um investimento inicial de R$


31.100,00 para compra de equipamentos, valor proveniente de capital próprio. Além
disso, serão considerados gastos com aluguel do espaço, água, energia elétrica,
telefone/internet, material de limpeza e funcionário, descritos na Tabela 2.

Tabela 2. Custos fixos mensais da microcervejaria, 2016


Análise / Serviço Valor (R$)
Aluguel 2.000,00
Água 200,00
Energia 250,00
Telefone e Internet 300,00
Material de limpeza 80,00
Funcionário 880,00
Recolhimento do funcionário (INSS, FGTS, 13° salário e férias) 364,67
Fonte: Dados originais da pesquisa

Todos os equipamentos a serem adquiridos comportam a demanda de produção


proposta no presente trabalho, sendo que o ciclo da produção mensal será de quinze
dias (500 garrafas de 600 ml em 15 dias).
Para cada 300 litros de cervaja tipo Pilsen produzidos serão utilizados 75 kg de
malte Pilsen, 180 gramas de lúpulo Alemão da veriedade Hallertau Mittelfrüh, 150
gramas de lúpulo Alemão da variedade Hallertau Perle, 173 gramas de levedura de
baixa fermentação S-23. O custo médio dessa matéria prima será de R$ 556,57 (R$
1,85 por litro) (Tabela 3).
Para produção de 300 litros da cerveja Pale Ale serão utilizados 64 kg de Malte
Pale Ale e 10 kg de Malte Munich, 180 gramas de lúpulo Hallertau Mittelfrüh, 150 gramas
de lúpulo Hallertau Perle e 173 gramas de levedura alta fermentação S-04, com custo
médio de matéria prima de R$ 608,26 (R$ 2,03 por litro) (Tabela 3).

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Tabela 3. Custos variáveis para fabricação de 1000 garrafas de cerveja por mês, 2016
Matéria prima / Despesas Valor (R$)
Cervaja tipo Pilsen
Malte Pilsen (75 kg) 375,00
Lúpulo Hallertau Mittelfrüh (180 g) 24,40
Lúpulo Hallertau Perle (150 g) 20,40
Levedura S-23 (173 g) 136,77
Cervaja tipo Pale Ale
Malte Pale Ale (64 Kg) 416,00
Malte Munich (10 kg) 65,44
Lúpulo Hallertau Mittelfrüh (180 g) 24,40
Lúpulo Hallertau Perle (150 g) 20,40
Levedura S-04 (173 g) 82,02
Embalagem 750,00
Transporte 350,00
Impostos Federais (PIS, Cofins e IPI) 480,66
Impostos Estaduais (ICMS) 291,21
Fonte: Dados originais da pesquisa

O custo da matéria prima foi de acordo com orçamentos realizados no ano de


2016.
O valor estimado para venda de cada unidade (garrafa de 600 ml) será de R$
15,00. Em cenário otimista, é esperado que 80% da produção mensal seja vendida a
partir do segundo mês, esperando-se venda de 100% da produção a partir do terceiro
mês (Tabela 4).

Tabela 4. Receita mensal estimada da microcervejaria


Receitas Mensais Receitas Mensais
Análise / Serviço
(100% da capacidade) (80% da capacidade)
Cerveja Pilsen 7.500,00 6.000,00
Cerveja Pale Ale 7.500,00 6.000,00
Total 15.000,00 12.000,00
Fonte: Dados originais da pesquisa

Para avaliar a rentabilidade e o retorno do investimento foi feito o fluxo de caixa


com um horizonte de tempo de 12 meses (Apêndice), serão utilizados os indicadores
Payback Simples, Valor Presente Líquido [VPL] e Taxa Interna de Retorno [TIR],
conforme definições abaixo.

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Payback representa o prazo necessário para a recuperação do capital investido


(Brigham e Houston, 1999). É o primeiro indicador a ser verificado em uma análise de
viabilidade.
O VPL representa a diferença entre os fluxos de caixa futuros trazidos a valor
presente pelo custo de oportunidade do capital e o investimento inicial (Galesne et al.,
1999), eq. (1).

FC
VPL = ∑nt=1. (1+i)t t - I (t = 0) (1)

onde FCt: é o fluxo de caixa no período t; t: é o enésimo período no tempo em que o


dinheiro será investido no projeto; n: é o número de períodos t; I: é o custo do capital.
Keynes (1936) define TIR como a taxa de desconto hipotética que, quando
aplicada a um fluxo de caixa, faz com que os valores das despesas, trazidos ao valor
presente, sejam iguais aos valores dos retornos dos investimentos, também trazidos ao
valor presente. Na eq. (2), segue o cálculo da TIR.

FC
Se VPL = −I + ∑nt=1. (1+i)t t = 0, então i = TIR (2)

onde I: investimento inicial; FCt: é o fluxo de caixa no período t; t: é o enésimo período


no tempo em que o dinheiro será investido no projeto; n: é o número de períodos t; i:
Taxa Interna de Retorno.

Resultados e Discussão

A Figura 1 representa a logomarca da empresa, desenvolvida pelo autor do


presente trabalho. A logomarca representa a identidade visual da empresa, para
divulgação no mercado consumidor. O layout desenvolvido contém o sobrenome do
proposto proprietário e fundador da empresa, além de figuras representando cereais e
lúpulo, essenciais para produção da cerveja.
De acordo com o SEBRAE (2015), uma empresa é conhecida no mercado pela
sua marca, a qual deve traduzir a imagem que se pretende passar ao mercado. A
criação da marca deve preceder de uma pesquisa de exclusividade, a fim de certificar
que não existe nenhuma outra semelhante. Caso a empresa proposta no presente

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trabalho fosse realmente implementada seria necessária tal certificação e registro da


logomarca no Instituto Nacional de Propriedade Industrial [INPI].

Figura 1. Logomarca da microcervejaria


Fonte: Resultados originais da pesquisa

De acordo com resultado obtido do cálculo do Payback, demonstrado na Tabela


5, o prazo necessário para recuperação do capital inicial investido será de 5 meses. É
importante considerar que o prazo para recuperação pode variar bastante, de acordo
com o porte da empresa, capital investido, mercado consumidor, estratégias e planos
de marketing, qualidade do produto, entre outros fatores. Para exemplificar, o trabalho
desenvolvido por Rodrigues (2010), que estabeleceu um plano de negócio de uma
microcervejaria no Rio Grande do Sul, obteve um Payback previsto de 8 anos e 5 meses.
Porém, é importante destacar que o volume de produção mensal e investimentos iniciais
foram, respectivamente, de 9.000 litros e R$ 600.000,00. O trabalho desenvolvido por
Mecca et al. (2014), dentro da mesma linha, em empreendimento cervejeiro também no
estado do Rio Grande do Sul (Serra gaúcha), obteve cálculo de Playback previsto para
1 ano, 4 meses e 15 dias em cenário otimista, com investimento inicial médio de R$
300.000,00 e produção mensal de 2.000 litros.
Desse modo, confirma-se que é fundamental realizar o cálculo do Payback para
qualquer investimento em negócio e considerar todos os fatores interferentes, como
alguns mencionados acima para o caso de empreendimento cervejeiro.

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O projeto para a implantação da microcervejaria é viável, pois apresentou um


calculo de VPL com valor positivo de R$ 6.326,77 (Tabela 5), indicando que o valor
resgatado foi superior ao valor investido, dentro de um intervalo de 12 meses. Fica claro,
portanto, que os cálculos de VPL e Payback estão relacionados, pois se o tempo
calculado para Payback for muito extenso, em um intervalo de tempo pequeno o cálculo
de VPL será negativo.

Tabela 5. Período de Payback, VPL e TIR


Descrição Mês 0 Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5
Fluxo caixa -29.553,02 3.939,64 5.135,97 7.528,63 7.528,63 7.528,63
Saldo
-29.553,02 -25.613,38 -20.477,41 -12.948,77 -5.420,14 2.108,49
acumulado
VPL 6.326,77
TIR 19%
Fonte: Resultados originais da pesquisa

No caso do micro empreendimento em estudo, tanto o Payback quanto o VPL


obtiveram resultados desejáveis, uma vez que o prazo para retorno do investimento foi
relativamente curto, dentro de um cenário otimista, obtendo-se VPL positivo.
Nos trabalhos realizados por Rodrigues (2010), Mecca et al. (2014), Delgado
(2016) e Kalnin (1999), relacionados à implantação de microcervejarias, todos os
valores de VPL foram calculados, também obtendo-se valores positivos, embora seja
importante considerar que, os prazos para retorno dos investimentos foram maiores e,
consequentemente, os tempos considerados para os respectivos cálculos de VPL
também. Os valores de VPL e tempos descritos nesses trabalhos foram de R$ 15.109,25
(10 anos), R$ 371.335,44 (3 anos), R$ 14.877,06 (6 anos) e R$ 16.858,68 (5 anos),
respectivamente.
Outra taxa inter-relacionada ao VPL é a Taxa Mínima de Atratividade [TMA], a
qual representa uma taxa de juros, que o investidor deseja obter um retorno no mínimo
igual a essa taxa. No presente trabalho foi utilizada uma TMA de 15% ao ano, superior
a taxa Sistema Especial de Liquidação e Custódia [SELIC], atualmente em 13,90% ao
ano. Foi obtido um cálculo de TIR de 19%, sendo superior a TMA estabelecida,
concluindo-se que se trata de um empreendimento rentável. Um investimento é
aceitável apenas se a TIR for superior à TMA, o que é facilmente concluído ao aplicar
os cálculos de ambas as taxas.
O maior TIR observado nos trabalhos relacionados à proposta do trabalho em
questão foi obtido no empreendimento proposto por Mecca et al. (2014), no valor de

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66%, considerando uma TMA de 11%. O empreendimento microcervejeiro proposto por


Delgado (2016), em Porto Alegre, já mencionado anteriormente, também obteve um
cálculo de TIR elevado, de 56%, Payback de 2 anos e 5 meses, taxas que indicaram o
caráter rentável do negócio. Em contrapartida o empreendimento proposto por
Rodrigues (2010), referido anteriormente, obteve um cálculo de TIR muito próximo a
TMA estabelecida, 15,4% e 15%, respectivamente. Essa proximidade de valores indica
que o empreendimento não tem previsão de rentabilidade alta, em conformidade com o
que é preestabelecido em análise de investimentos.
A análise de outros trabalhos com propostas de instalação de microcervejarias
permitiu observar que o mercado cervejeiro nacional cede espaço para produtores
artesanais de pequeno, médio e grande porte e que, a análise das variáveis Payback,
VPL e TIR são fundamentais para análise prévia do investimento, conforme realizado
para o empreendimento cervejeiro de pequeno porte proposto nesse trabalho, o qual
apresentou indicativos consistentes de rentabilidade, sendo altamente promissor dentro
de um setor do mercado em ascensão.

Conclusão

O desenvolvimento desse trabalho possibilitou certificar que o empreendimento


proposto é rentável, considerando um cenário otimista, visto que o mercado cervejeiro
está em alta no Brasil e a região escolhida para instalação do mesmo é promissora. Os
parâmetros mais importantes para uma análise de investimentos foram considerados e
todos os cálculos referentes ao Payback Simples, VPL e TIR, considerando TMA acima
da taxa SELIC foram positivos, com os valores de 5 meses de tempo de retorno do
capital, R$ 6.326,77 e 19% (VPL e TIR, respectivamente). Desse modo, fica assegurada
a viabilidade de instalação da microcervejaria.

Agradecimento

Agradeço à Deus por me proporcionar vida e saúde, à Cassia Renata Pinheiro


pela orientação e auxílio na elaboração desta monografia, à Danielle Cunha Cardoso,
minha esposa, pelo incentivo e aos meus familiares pelo apoio incondicional.

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Referências

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Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em Gestão de Negócios – 2016

Apêndices

Apêndice 1. Fluxo de caixa do mês 0 a mês 6


Valor (1000 Mês 0 Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6
Descrição
garrafas) (50%) (70%) (80%) (100%) (100%) (100%) (100%)
Investimentos em
31.100,00 31.100,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
maquinas
Custos matéria prima
Malte+Lúpulo+Levedura 1.164,83 582,42 815,38 931,86 1.164,83 1.164,83 1.164,83 1.164,83
Embalagem 750,00 375,00 525,00 600,00 750,00 750,00 750,00 750,00
Transporte 350,00 175,00 245,00 280,00 350,00 350,00 350,00 350,00
Impostos 771,87 385,93 540,31 617,49 771,87 771,87 771,87 771,87
Mão de obra
1 funcionário 1.244,67 1.244,67 1.244,67 1.244,67 1.244,67 1.244,67 1.244,67 1.244,67
Outros custos mensais
Custo mensal 2.830,00 3.190,00 3.190,00 3.190,00 3.190,00 3.190,00 3.190,00 3.190,00
Custo total R$/Mês 37.053,02 6.560,36 6.864,03 7.471,37 7.471,37 7.471,37 7.471,37
Receitas
Cerveja Pilsen 7.500,00 3.750,00 5.250,00 6.000,00 7.500,00 7.500,00 7.500,00 7.500,00
Cerveja Pale Ale 7.500,00 3.750,00 5.250,00 6.000,00 7.500,00 7.500,00 7.500,00 7.500,00
Total receita 7.500,00 10.500,00 12.000,00 15.000,00 15.000,00 15.000,00 15.000,00
Fluxo caixa -29.553,02 3.939,64 5.135,97 7.528,63 7.528,63 7.528,63 7.528,63
VPL 6.326,77
TIR 19%
Fonte: Resultados originais da pesquisa

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Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em Gestão de Negócios – 2016

Apêndice 2. Fluxo de caixa do mês 7 a mês 12


Descrição Valor (1000 garrafas) Mês 7 (100%) Mês 8 (100%) Mês 9 (100%) Mês 10 (100%) Mês 11 (100%) Mês 12 (100%)
Investimentos em maquinas 31.100,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Custos matéria prima
Malte+Lúpulo+Levedura 1.164,83 1.164,83 1.164,83 1.164,83 1.164,83 1.164,83 1.164,83
Embalagem 750,00 750,00 750,00 750,00 750,00 750,00 750,00
Transporte 350,00 350,00 350,00 350,00 350,00 350,00 350,00
Impostos 771,87 771,87 771,87 771,87 771,87 771,87 771,87
Mão de obra
1 funcionário 1.244,67 1.244,67 1.244,67 1.244,67 1.244,67 1.244,67 1.244,67
Outros custos mensais
Custo mensal 3.190,00 3.190,00 3.190,00 3.190,00 3.190,00 3.190,00 3.190,00
Custo total R$/Mês 7.471,37 7.471,37 7.471,37 7.471,37 7.471,37 7.471,37 7.471,37
Receitas
Cerveja Pilsen 7.500,00 7.500,00 7.500,00 7.500,00 7.500,00 7.500,00 7.500,00
Cerveja Pale Ale 7.500,00 7.500,00 7.500,00 7.500,00 7.500,00 7.500,00 7.500,00
Total receita 15.000,00 15.000,00 15.000,00 15.000,00 15.000,00 15.000,00 15.000,00
Fluxo caixa 7.528,63 7.528,63 7.528,63 7.528,63 7.528,63 7.528,63 7.528,63
VPL 6.326,77
TIR 19%
Fonte: Resultados originais da pesquisa

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