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DOI: http://doi.org/10.7769/gesec.v14i6.2307
The potential of the international honey market from the legislation and
standards for exportation
Resumo
A apicultura tem uma relevância considerável na conjuntura socioeconômica mundial e
pertence a um grupo de atividades que atendem às premissas do tripé da sustentabilidade,
sendo o mel o principal produto desta atividade. A produção brasileira de mel cresceu com as
exportações, entrando em um novo patamar no ano de 2000, com a entrada no mercado
mundial. Com a alta demanda internacional e preços de venda estimulantes, a maior parte do
mel natural brasileiro foi exportado, além disso, o grande potencial produtivo e a diversidade
1
Graduado em Engenharia Agroindustrial Indústrias Alimentícias, Universidade Federal do Rio Grande (FURG),
Av. Itália, s/n, Km 8, Carreiros, Rio Grande - RS, CEP: 96203-000. E-mail: erik.oli8899@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-9225-9823
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Mestrando em Sistemas e Processos Agroindustriais, Programa de Pós-Graduação em Sistemas e Processos
Agroindustriais na Universidade Federal do Rio Grande (PPGSPA - FURG), Km 8 Avenida Itália Carreiros, Rio
Grande - RS, CEP: 96203-900. E-mail: robertopbrandalize@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0009-0000-0365-8287
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Doutora em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Programa de Pós-
graduação em Sistemas e Processos Agroindustriais da Universidade Federal do Rio Grande (PPGSPA - FURG),
Km 8 Avenida Itália Carreiros, Rio Grande - RS, CEP: 96203-900. E-mail: fernanda-borges@furg.br
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-0218-8786
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Doutora em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Programa de Pós-
graduação em Sistemas e Processos Agroindustriais da Universidade Federal do Rio Grande (PPGSPA - FURG),
Km 8 Avenida Itália Carreiros, Rio Grande - RS, CEP: 96203-900. E-mail: jespindola@furg.br
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-4488-1490
5
Doutor em Agronegócios pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Programa de Pós-
graduação em Sistemas e Processos Agroindustriais da Universidade Federal do Rio Grande (PPGSPA - FURG),
Km 8 Avenida Itália Carreiros, Rio Grande - RS, CEP: 96203-900. E-mail: alleo123@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-3296-4811
O potencial do mercado internacional de mel a partir da legislação e normas para exportação 9396
climática apontam uma curva ascendente para o país quanto às exportações deste produto.
Entretanto, mesmo com as vantagens mencionadas, a apicultura brasileira com ênfase na
produção de mel tem potencialidades ainda pouco exploradas, além de diversos desafios para
manter-se no mercado internacional. Assim, através de uma pesquisa bibliográfica e
documental este trabalho explora o cenário brasileiro da produção e comercialização
internacional de mel, a partir dos fatores que influenciam sua curva de crescimento (como
parâmetros da legislação, acordos entre países, fatores ambientais etc.), bem como a projeção
do potencial que a apicultura brasileira possui em relação às perspectivas de produção e
mercado internacional.
Palavras-chave: Apicultura. Produção de Mel. Exportação Brasileira. Comércio
Internacional. Agronegócio.
Abstract
Beekeeping has considerable relevance in the global socioeconomic situation and belongs to
a group of activities that meet the premises of the sustainability tripod. The Brazilian honey
production increased with exports, entering a new level in the year 2000, with its entry into
the world market. With the high international demand and stimulating sales prices, most of
the Brazilian natural honey was exported, in addition, the great productive potential and the
climatic diversity point to an upward curve for the country regarding the exports of this
product. However, even with the mentioned advantages, Brazilian beekeeping with an
emphasis on honey production has still little explored potential, in addition to several
challenges to remain in the international market. Thus, through bibliographic and
documentary research, this work explores the Brazilian scenario of international honey
production and commercialization, based on the factors that influence its growth curve (such
as parameters of legislation, agreements between countries and environmental factors, etc.),
as well as the projection of the potential that Brazilian beekeeping has in relation to the
prospects for production and the international market.
Keywords: Beekeeping. Honey Production. Brazilian Exportation. International Trade.
Agribusiness.
Introdução
Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 6, 2023, p. 9395-9419.
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Metodologia
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Figura 2 - Exportação de mel natural no Brasil entre 2000 e 2022 (em milhares de toneladas).
Fonte: Autor com base nos dados do MDIC, 2023.
Figura 3 - Exportação de mel natural no Brasil entre 2000 e 2022 (em milhões de dólares).
Fonte: Autor com base nos dados do MDIC, 2023 .
Até o fim dos anos noventa o Brasil fazia parte de um grupo de países importadores de
mel natural. A partir dos anos 2000 os compradores aderiram ao produto brasileiro como uma
alternativa para restaurar o fornecimento do produto, sentindo os impactos da baixa oferta
internacional, trazendo a apicultura brasileira para outro patamar de mobilização e
crescimento.
A evolução do Brasil frente ao cenário do comércio de exportações de mel natural é
notável desde 2002, primeiro ano em que aparece entre os 10 maiores exportadores. O Brasil
desde então aumentou o volume de suas vendas em aproximadamente 273% até 2021, ano em
que exportou cerca de 47.20 t, aumentando em cerca de U$ 140 milhões o seu faturamento
neste período (FAO, 2023).
O preço médio do quilograma de mel também é uma variável importante deste cenário,
afetando diretamente a arrecadação do país através de suas oscilações, que se devem
principalmente à concorrência e à oferta e demanda do produto no mercado. A variação no
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preço do mel pode ter influência de alguns fatores, como as condições de produção, demanda
nos países importadores e exportadores, qualidade e tipo do mel a ser exportado,
disponibilidade de substitutos e existência de barreiras comerciais a exportação
(ZANDONADI; SILVA, 2006).
A Figura 4 apresenta os preços médios anuais pelo qual o mel brasileiro foi vendido
no exterior, nas últimas duas décadas.
Figura 4 - Preço médio do mel natural brasileiro exportado entre 2000 e 2022 (em US$/kg).
Fonte: Autor com base nos dados do MDIC, 2023.
Durante o período de embargo ao mel, cerca de dois anos, o Brasil precisou se adequar
às imposições da comunidade europeia em relação a certificados de qualidade e controle
fitossanitários e ainda sofrer com os preços pagos pelo mercado americano, abaixo do normal,
em decorrência do embargo e a falta de opção de mercado comprador (FELICIO, 2014).
Souza (2006) afirma que duas situações pontuais foram de extrema relevância para o
ingresso do Brasil no comércio internacional. Os embargos impostos em 2001 aos dois
maiores produtores mundiais da época, China e Argentina, são a primeira causa. No mel
chinês, foi detectada a presença do cloranfenicol, antibiótico cancerígeno, empregado no
combate às doenças das abelhas, ocasionando o veto de sua exportação para Europa, enquanto
a Argentina sofreu redução de sua participação no mercado internacional em função de
medidas antidumping adotadas pelos Estados Unidos. O segundo fator relevante para entrada
do mel brasileiro no mercado mundial teve relação com a baixa disponibilidade do produto no
mercado global, causando uma alta em seu preço, enquanto internamente houve uma
desvalorização do real em relação ao dólar americano, apresentando um cenário propício para
as exportações.
O período entre 2001 e 2004, enquanto China e Argentina sofreram tais embargos
comerciais, abriu uma lacuna de oferta estimada em 50 mil toneladas de mel/ano, sendo um
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excelente momento para novos países no entrarem no mercado exportador (HATADA, 2009).
Foi nesta conjuntura que o Brasil se encaminhou para ocupar um papel de destaque
internacional neste setor, não devido a um planejamento econômico ou uma estratégia
elaborada de expansão do comércio de mel, mas sim em função de uma grande oportunidade
de mercado e de seu reconhecido potencial apícola.
O Brasil beneficiou-se tanto pelo preço mais alto do mel, quanto pela menor exigência
de qualidade por conta da alta demanda, e de 2000 a 2002 a exportação nacional saltou de 260
toneladas para 12,5 mil toneladas. Esse aumento acentuado só persistiu até 2005, pois neste
ano a China retornou ao mercado, tornando o mercado então mais competitivo e de maior
exigência em relação à qualidade do mel, resultando em queda na exportação brasileira, onde
o volume de mel (em quilogramas) exportado foi aproximadamente 31% menor que o ano de
2004. (BORGES; LEONARDI, 2010). Em valor as exportações brasileiras de mel caíram
55,3% em relação a 2004, pois os preços recuaram 34,9%, chegando a US$ 1.311 a tonelada,
contra US$ 2.362 em 2003 e US$ 2.015 em 2004 (PEREZ; RESENDE; FREITAS, 2006).
Em 2006 o principal mercado consumidor de mel brasileiro era o continente europeu,
que até então absorvia de 70% a 80% das exportações brasileiras de mel, impôs, um embargo
ao mel brasileiro, devido à falta de controle de resíduos e contaminantes (identificação da
presença de agrotóxicos e medicamentos veterinários no mel), mudando o destino da produção
nacional.
Fatores diversos corroboraram para o embargo europeu: a falta de fiscalização e
controle por parte do governo brasileiro, falta de regulamentação específica sobre padrões de
qualidade, falta de preocupação com o meio ambiente por parte dos produtores que com o
intuito de aumentar sua produção e reduzir seus custos não se adequam às exigências do
mercado internacional (BUAINAIN , 2007).
Entretanto, de acordo com empresários brasileiros, o embargo surgiu do interesse dos
importadores alemães de baixar o preço do produto brasileiro. Ao iniciar suas exportações de
mel para o mercado europeu, no período de embargo ao mel chinês, o país conquistou a
preferência dos consumidores com um produto de qualidade bem superior ao da China, porém
com preço mais elevado. Como a Alemanha atua como distribuidora de mel para vários países,
os importadores têm usado vários artifícios para igualar o preço brasileiro com o chinês
mantendo sua margem de lucro (SEBRAE, 2009).
O embargo que inicialmente gerou problemas graves em relação à participação do
Brasil no mercado mundial de mel forçou o país a redirecionar suas exportações para os EUA,
fazendo com que suas exportações não diminuíssem em relação ao ano de 2005 e ainda
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ampliando seu mercado consumidor, já que os EUA não solicitaram um plano de controle de
resíduos como a União Europeia (BORGES; LEONARDI, 2010).
Para reverter esta situação, além do cumprimento de prazos e implantação efetiva do
Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC), o Ministério de
Agricultura teve de implantar sistemas de Boas Práticas e Análise de Perigos e Pontos Críticos
de Controle (APPCC) nos entrepostos e casas de mel no país para atender as novas exigências
para a exportação de mel para a Europa (PEREZ; RESENDE; FREITAS, 2006).
Com o fim do embargo em 17 de março de 2008, a balança comercial de mel fechou
com um saldo superavitário de US$ 281.006.939. No entanto, o país perdeu posições no
ranking mundial dos exportadores, caindo de 9º colocado em 2006, com uma receita de U$S
23,359 milhões, para 13º em 2007, acumulando ganhos de U$S 21,194 milhões. Durante este
período, o mercado norte americano foi o principal destino das nossas exportações,
respondendo aproximadamente a 70% das exportações de mel natural.
Após a grande queda da produção em 2012, já citada, o país veio recuperando-se nos
últimos anos, mas somente em 2017 alcançou novamente o patamar de 2011, com produção
acima de 41,5 mil toneladas, e exportando mais de 27 mil toneladas desta produção, vindo a
ocupar o sexto lugar na lista dos maiores importadores deste produto, de acordo com dados da
FAO (2023).
Segundo informações atualizadas do MDIC, 2019 e 2020 tiveram uma elevação no
volume exportado de mel, com cerca de 30 mil toneladas e 45 mil toneladas, respectivamente.
Apesar disso, o faturamento de mais de 98 milhões de dólares ainda ficou bem abaixo da
arrecadação de 2017, devido à queda no preço do quilograma.
Continuando a tendência de alta no número das exportações de mel, em 2021 o Brasil
atingiu o seu patamar mais elevado em quantidade e faturamento de mel exportado,
exportando cerca de 47,20 t e faturando U$S 163,34 milhões. Essa ascensão nas exportações
é resultado de alguns fatores, como a valorização do dólar frente ao real e a pandemia de
Covid-19, que aumentou a busca por produtos saudáveis e bem-visto como remédio natural,
como o mel (USITC, 2022).
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As exportações chinesas foram de 71.831 mil toneladas em 2009 para 145.886 mil em
2021, mantendo a sua liderança e até aumentado o seu volume de exportação no período da
pandemia de Covid-19, contrariando algumas suposições que acreditavam que a China teria
queda em sua produção de mel em decorrência de que muitos apicultores chineses ficaram em
quarentena e acabaram deixando de alimentar as abelhas por semanas (VIDAL, 2020).
A Argentina foi durante a última década o segundo maior exportador mundial,
chegando a comercializar 81.183 mil toneladas em 2016. No entanto, a Argentina tem
enfrentado problemas climáticos como inundações, seca, frio extremo e incêndios ocorridos
em 2017 em diferentes regiões produtoras de mel do país. Além disso, nas últimas safras,
houve decréscimo na rentabilidade em função do aumento dos custos de produção com
insumos e mão de obra (PORTAL APÍCOLA, 2018). Assim, na última atualização da FAO,
a Índia, o Vietnã e a Ucrânia ultrapassaram o país argentino em 2021. O Brasil por sua vez
ocupou a sexta posição neste ranking em 2021, com cerca de 47,19 mil toneladas vendidas.
Referente às importações, os Estados Unidos lideram com destaque o ranking dos
países compradores durante toda esta última década, chegando a importar mais de 220 mil
toneladas de mel em 2021. O top cinco de importadores no ano de 2021 ainda foi completado
por Alemanha, Japão, Reino Unido e Polônia, com valores de 78,5 mil toneladas, 47,1 mil
toneladas, 46,8 mil toneladas e 37,6 mil toneladas, respectivamente.
Um fator importante para análise deste setor é o faturamento, pois apesar do bom
posicionamento do país nas exportações de mel, entre 2009 e 2021 o Brasil posicionou-se
melhor no ranking de exportação por quantidade do que no ranking de exportação em valor,
com exceção de 2017, quando ficou em sexto lugar em ambos, e de 2021, quando ocupou o
ranking de sexto lugar em quantidade e em quarto lugar em faturamento. Isto indica que alguns
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países comercializam menores quantidades de mel e ganham mais do que o Brasil, ou seja,
tem um produto mais valorizado frente ao comércio internacional devido às características da
produção local.
No tocante ao faturamento, em 2018 e 2019 o setor teve redução de 21,3% e 28,3%, o
que segundo Vidal (2020) ocorreu devido a diversos fatores. Entre eles, estavam a forte
valorização do produto brasileiro entre 2011 e 2017, que causou insegurança aos
importadores, e a uma reação contrária do mercado com o crescimento da concorrência.
Entretanto, em 2020 e 2021 o faturamento por meio das exportações de mel natural teve um
aumento de 44,1% e 65,7% movido pelo aumento da demanda de mel no período pandêmico
e pela valorização do dólar. Além disso, os países asiáticos (China, Índia, Vietnã e Tailândia)
têm respondido à grande demanda mundial com exportação em massa de mel a baixo preço.
Até então, as exportações de mel natural por parte do Brasil estão muito concentradas
no mercado norte-americano. Neste contexto, os EUA tem imensa importância para a cadeia
do mel brasileiro, pois importou em 2018, por exemplo, cerca de 91% do mel orgânico
produzido pelo Brasil (USDA, 2020), e em 2017 absorveu aproximadamente 86% das
exportações brasileiras em geral. E mesmo levando em conta as exportações para a União
Europeia como um destino único, como comumente é feito, apenas US$ 19,2 milhões foram
comercializados com este bloco econômico em 2020, ainda muito distante dos 71,3 milhões
importados pelos EUA.
Os EUA são o principal destino das exportações brasileiras, e para destacar esta
diferença de magnitude, a Figura 7 apresenta o eixo à direita correspondente apenas aos EUA
(linha tracejada) e o eixo da esquerda ao restante dos países que participam nesta
comercialização internacional, porém numa escala menor, em termos de milhares de US$.
Conforme aponta a linha de tendência de “outros” (uma gama de países que compram
pouquíssimas quantidades do produto, em escala internacional), estes chegaram a ter 6,54%
de participação nas exportações brasileiras em 2010, quando houve uma queda nas compras
pelos americanos. Em 20022, esses países corresponderam a apenas 1,54% do destino para o
mel natural brasileiro, e estão entre eles países da União Europeia (Espanha, França, Itália,
Áustria, etc.), além de Arábia Saudita, Panamá, Japão, Omã, Israel, etc.
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Figura 7. Percentual de exportações do mel natural brasileiro entre 2009 e 2022 (US$).
Fonte: Autor com base nos dados da FAO, 2021.
Figura 8. Exportações brasileiras de mel natural entre 2009 e 2020 (mil toneladas).
Fonte: Autor com base nos dados da FAO, 2021.
Nos últimos dez anos, a exportação cresceu acentuadamente em 2014, 2017 e 2020,
esse bom resultado ocorreu através do crescimento do volume exportado, mas principalmente
pela valorização do produto brasileiro no mercado americano, que passou a importar do Brasil
maior quantidade de mel orgânico, que possui maior valor de mercado. Em 2012 e 2013, por
exemplo, as exportações brasileiras de mel orgânico para os Estados Unidos foram inferiores
a 2.500 toneladas, enquanto em 2014 o volume de mel orgânico importado pelos Estados
Unidos passou de 11 mil toneladas, e 2017 chegou a 22 mil toneladas (USDA, 2020).
Dinamarca, Países Baixos e Austrália vêm crescendo como importadores nos últimos
anos e mostram-se como bons compradores do produto nacional, mas ainda tem uma
representatividade muito pequena para o mercado brasileiro, tanto que em alguns anos seu
percentual de participação no comércio brasileiro é nulo.
Assim, pode-se ver que dentre os principais importadores, EUA, Alemanha, Reino
Unido e Bélgica compram o mel brasileiro em quantidades relevantes, enquanto Japão,
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Polônia, Espanha, França, Itália e Arábia Saudita não fazem parte do principal grupo de
importadores do produto nacional.
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embargo do mel nacional em 2008, pois o volume de exportações para este bloco como um
todo é relevante para o setor apícola brasileiro (NERY; BRITO; PEREIRA, 2019).
Em 14 de março de 2008 foi aprovado por parte da UE, através da decisão 222/2008,
o programa brasileiro de controle e monitoramento de substâncias no mel equivalente ao
europeu (PNCRC). A regulamentação europeia acerca da composição e beneficiamento do
mel natural é indicada pela Diretiva 2014/63/UE do parlamento europeu e do conselho
(ROENNE, 2018).
Ainda de acordo com Roenne (2018), na União Europeia, além das exigências
específicas para o mel, o produto deve atender às normas gerais para alimentos, descritas pelos
Regulamentos CE n° 852/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho, relativo à higiene dos
gêneros alimentícios, Regulamento CE n° 853/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho,
que apresenta regras específicas de higiene aplicáveis aos gêneros alimentícios de origem
animal, e pelo Regulamento CE nº 854/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho, que
aponta regulamentos sobre a organização dos controles oficiais de produtos de origem animal
destinados ao consumo humano.
Além disso, os parâmetros referentes à qualidade e segurança do mel são balizados
internacionalmente pelo Codex Alimentarius, desenvolvido em 1963 pela FAO e OMS, que
além de estabelecer regras em relação à segurança alimentar, também auxilia na padronização
das normas entre os países, contribuindo para o comércio internacional (CAC, 2001).
Quanto aos principais importadores mundiais, mas que não tem um comércio
significativo com o Brasil, ainda se tem Japão, França, Polônia, Espanha e Itália. Os países da
União Europeia comercializam grandes quantidades de mel dentro de seu bloco econômico,
entre si, além de importarem o barato mel chinês. Estes países muitas vezes recebem o mel
brasileiro, mas após o produto ser reexportado por Alemanha e Bélgica, por exemplo.
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O potencial do mercado internacional de mel a partir da legislação e normas para exportação 9413
2022, chegando a US$ 3,74/kg em 2022. Segundo o Monitor Mercantil (2021), a gerente
administrativa da Abemel, Suelen Tomazella, explicou que parte desta variação foi em função
da pandemia do Covid-19, que gerou mudanças de comportamento de consumo e novos
hábitos alimentares no mundo, pois o mel como um produto saudável e bem-visto como
remédio natural foi muito consumido internacionalmente.
Com a fama de alimento saudável, natural e que pode reforçar o sistema imunológico,
a expectativa é de que o mel se torne cada vez mais componente habitual da mesa dos
consumidores europeus e norte-americanos, destinos já garantidos do produto brasileiro, e
com isso, a tendência de consolidação e abertura de novos mercados é muito otimista para este
setor. Assim, dentre os variados tipos de mel, o orgânico é um dos mais procurados devido à
alta qualidade e valor agregado que possui.
Aliado à saúde, a cultura também deve ser um importante foco do comércio nacional,
pois segundo Suelen Tomazella o consumo de mel é parte da cultura árabe, o que indica uma
excelente oportunidade de comércio para este produto brasileiro (MONITOR MERCANTIL,
2021). A partir disso, há dois principais caminhos para expansão do comércio do mel natural
brasileiro: o investimento em mel com certificação Halal, para o grande mercado muçulmano
com mais de 1,8 bilhões de pessoas, e principalmente o investimento em mel orgânico.
O certificado Halal é uma certificação para os alimentos que se adequam às
especificações das Leis Islâmicas, assim, para que a expansão do mercado seja possível, as
indústrias e produtores brasileiros precisam se adaptar às exigências da jurisprudência
islâmica.
Porém, apesar dos benefícios trazidos por este selo, abrindo fronteiras comerciais com
uma gama de países, o custo ainda é a maior dificuldade para os exportadores (MONITOR
MERCANTIL, 2021; SIILHALAL, 2018).
Aliado a estratégias para adentrar no mercado oriental e muçulmano de forma geral, o
Brasil deve ter como principal o incentivo a produção do mel orgânico. Este é um nicho de
mercado que o país deve focar suas atenções e investir avidamente nos próximos anos, pois a
relevância deste tipo de produto se tornou evidente nos últimos anos, sendo que em 2018, por
exemplo, aproximadamente 91% de todo o mel orgânico importado pelos Estados Unidos foi
procedente do Brasil (USDA, 2020).
Também há adversidades em relação à implementação deste tipo de produção, como a
dificuldade em encontrar apiários que atendam às condições determinadas, o gerenciamento
restrito de doenças sem o uso de antibióticos, a limitação no manejo da alimentação, o custo
inicial e o tempo de transição para transformar uma produção de mel convencional em uma
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O potencial do mercado internacional de mel a partir da legislação e normas para exportação 9414
de mel orgânico, os custos extras com certificação, auditoria, amostragem, entre outros, bem
como o aumento da manutenção de registros periodicamente (SEBRAE, 2017).
Considerações Finais
O Brasil possui recursos naturais únicos para produção de mel devido a sua vasta
vegetação, grande área territorial, clima tropical, possibilidade de colheita do produto o ano
todo em alguma região do país, além da resistência às pragas e doenças por parte das abelhas
africanizadas presentes no país, possuindo assim um enorme potencial para conquistar as
primeiras posições em relação à quantidade e qualidade de mel produzido no mundo.
A produção de mel ainda está bem abaixo da capacidade melífera do país, mas nas
duas últimas décadas o crescimento desta produção foi destaque no setor agroindustrial,
aumentando mais de 100% neste período. Consequentemente, as exportações dessa
commodity também aumentou, pois mesmo sendo um produto com disponibilidade de geração
abundante no país, culturalmente o consumo nacional de mel é muito baixo, reforçando a
percepção de que o mercado internacional era a melhor opção para o desenvolvimento deste
setor.
A descrição da produção desde a década de 70 permitiu o dimensionamento dos dados
no contexto histórico, verificando-se realmente um grande crescimento neste setor, apesar de
algumas oscilações na curva ascendente. Já a análise das exportações foi direcionada ao século
XXI, pois foi a partir dos anos 2000 que o mel brasileiro realmente chegou ao exterior com
relevância. Quase que espelhada na curva de produção, as exportações brasileiras também
oscilaram ao longo dos anos, tendo seu auge em valores arrecadados em 2017 com mais de
US$ 121 milhões e em volume exportado em 2020, com mais de 45 mil toneladas
comercializadas. Ao longo dos anos, alguns fatores influenciaram o desenvolvimento do mel
brasileiro, causando estas oscilações em sua expansão comercial, e dentre estes fatores pode-
se dar destaque à entrada do Brasil no cenário internacional, devido a uma oportunidade de
mercado, ao embargo comercial ao produto brasileiro por parte da União Europeia e à seca de
2012 na região Nordeste.
Para um entendimento geral deste mercado, a descrição das legislações acerca do tema
também se mostrou muito importante, pois as mudanças e atualizações ao longo dos anos
impõem aos apicultores a adequação do processamento e do produto a todos os regulamentos.
Além disso, após o fim do embargo europeu, em 2008, houve a criação de uma série de normas
técnicas para a apicultura, visando atender aos padrões de qualidade exigidos na maioria dos
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O potencial do mercado internacional de mel a partir da legislação e normas para exportação 9415
países importadores, e que se não cumpridos, acabam se tornando uma barreira comercial para
comercialização do mel.
Os principais compradores de mel natural do Brasil mostraram-se exigentes quanto aos
padrões de qualidade impostos, mas de forma positiva para os produtores nacionais, estas
determinações mostraram-se uniformes em sua maioria. Assim, apesar de algumas regras
específicas para exportação em certos países, grande parte dos importadores seguem
parâmetros técnicos semelhantes de análise, indicando uma diretriz para o cumprimento destes
pelos fornecedores brasileiros.
Dentre os maiores compradores do mel brasileiro, as principais exigências ou barreiras
técnicas e sanitárias estão relacionadas aos padrões físico-químicos, rotulagem e presença de
contaminantes como antibióticos e agrotóxicos. Em relação aos parâmetros físico-químicos,
as principais legislações que atuam sobre o produto brasileiro são a Instrução Normativa nº.
11 (BRASIL, 2000), o Regulamento Técnico Res. nº 89 (MERCOSUL, 1999), a Diretiva
110/CE (UNIÃO EUROPEIA, 2001) e o Revised Codex standard for honey (CAC, 2001).
Além do investimento em pesquisas sobre o tema, em organização da cadeia de
produção e capacitação técnica dos produtores, o caminho do mel brasileiro para crescimento
e colocação em novos mercados passa por sua diferenciação, ou seja, desenvolvimento de
valor agregado. Isto está diretamente relacionado ao foco na produção de mel com certificação
Halal e certificação orgânica, pois o mercado muçulmano consome boas quantidades deste
produto e aceita novos fornecedores com garantia do selo Halal, enquanto a busca cada vez
mais ávida por alimentos saudáveis e não adulterados, aponta que a produção de mel orgânico
pode ser o principal meio de arrecadação para as exportações brasileiras.
Entre os maiores interessados no mel orgânico estão Estados Unidos, Alemanha, Reino
Unido e Bélgica, para quem o Brasil já vende em grandes quantidades, além de Japão e França,
que figuram como potenciais compradores deste produto. Além disso, Polônia, Espanha, Itália
e Arábia Saudita são grandes importadores de mel, porém não compram quantidades
relevantes diretamente do Brasil, o que indica que o Brasil pode competir nestes mercados
devido à alta demanda existente.
Referências
Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 6, 2023, p. 9395-9419.
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