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Universidade Regional do Cariri

Instituto Tecnológico do Cariri – ITEC


Conselho Regional de Administração – CRA
Fundação de Desenvolvimento Tecnológico do Cariri - FUNDETEC

CURSO GESTÃO FINANCEIRA PARA ADMINISTRADORES

PROJETO DE PESQUISA

O IMPACTO DA ATIVIDADE DA CARCINICULTURA NO MERCADO


BRASILEIRO
Área de conhecimento: ADMINISTRAÇÃO
Sub-área do conhecimento: administração financeira e de negócios.

ALCI BARBOSA GURGEL NETO

Juazeiro do Norte, Ceará


Julho de 2023
1 Introdução
Nas últimas três décadas, houve um aumento significativo da participação da produção
aquícola no total de pescado produzido no mundo. Da totalidade de 171 milhões de toneladas
(t) da produção pesqueira mundial registrada em 2018, cerca de 88% foram usadas para
consumo humano, sendo a aquicultura responsável por 46% e a pesca por 54% deste total. A
estimativa para 2030 é que a aquicultura contribua com 55% do total (FAO, 2020).
A produção de camarão marinho em cativeiro é uma atividade econômica que
contribui de forma importante para a economia, geração de empregos e produção de alimentos
em vários países. Em 2013 a carcinicultura produziu 4.454.602 toneladas alcançando valor de
22,662 bilhões de dólares (Food and Agriculture Organization of United Nations [FAO], 2015a).
Deste total 74% (3.314.447 toneladas) foram decorrentes do cultivo da espécie
Litopenaeus vannamei (Boone, 1931) que é o sexto organismo aquático mais cultivado no
mundo, sendo suplantado por algumas espécies de peixes em biomassa produzida (3.314.447
toneladas em 2013), mas superando a todos em valor monetário, estimado em 16,514 bilhões
de dólares (FAO, 2015b). Esta produção está concentrada principalmente nos países do
continente asiático, sendo a China o maior produtor com 39,1% da produção mundial em 2012,
entretanto a América Latina desponta como área de grande potencial para ampliação da
carcinicultura com destaque para Equador, México e o Brasil (FAO, 2014).
No Brasil a introdução do L. vannamei, que se adaptou muito bem às condições locais,
em especial na região Nordeste, proporcionou o desenvolvimento da carcinicultura no país. A
atividade apresentou um rápido desenvolvimento saindo de uma produção de 3.600 toneladas
em 1997 para 90.360 em 2003, colocando o camarão cultivado em segundo lugar na pauta das
exportações do setor primário da Região Nordeste (Rocha, 2014).
Entretanto a partir de 2004 a carcinicultura brasileira sofreu uma severa diminuição
em sua produção e entre os fatores apontados como causa estão a valorização do dólar, a ação
antidumping americana e o surto do Vírus da Mionecrose Infecciosa (IMNV) (Silva & Sampaio,
2009; Rocha, 2010; Rodrigues & Borba, 2015). No Rio Grande do Norte somaram-se a estes
fatores as sucessivas enchentes ocorridas nos anos de 2004, 2008 e 2009 que prejudicaram
severamente os empreendimentos das principais áreas produtoras no estado (Associação
Brasileira dos Criadores de camarão [ABCC], 2013).
Dada a importância social e econômica da carcinicultura para o País, torna-se
importante realizar o levantamento de informações detalhadas sobre esta cadeia produtiva,
visando objetivar o quanto o desenvolvimento da atividade gerou benefícios para o mercado,
através da renda, empregos e negócios.

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2 Objetivo Geral
A pesquisa tem como objetivo geral avaliar os resultados positivos ou negativos da
atividade da carcinicultura no mercado brasileiro, diante do viés econômico, visando a produção
e geração de renda.

2.1 Específicos
- Analisar os pontos negativos e positivos da atividade da carcinicultura;
- Identificar se a produção gerou renda para o mercado;
- Verificar se os resultados econômicos foram benéficos.

3 Método de Pesquisa
A metodologia de pesquisa a ser utilizada é a bibliográfica, através de fontes de pesquisa
primárias e secundárias de teses, autores que dissertam sobre a temática, como também na
coleta de dados estatísticos das associações responsáveis pelo desenvolvimento da atividade no
país.

4 Referencial Teórico
No Brasil a atividade se desenvolveu principalmente no litoral nordestino e catarinense,
porém, com o avanço de outras atividades no litoral como o lazer e a especulação imobiliária,
associados à crescente demandam internacional do produto, a criação do crustáceo teve a
necessidade de se adaptar a outros ambientes, no caso as águas de baixa salinidade. De acordo
com pesquisas da Embrapa (2006), com o avanço de pesquisas norte-americanas, que
investiram na adaptação do camarão da espécie L. vannamei em águas doces, a atividade passou
a se inserir com maior intensidade em águas interiores, logo esta prática chegou ao Brasil, tendo
como principais produtores os estados do Ceará e do Rio Grande do Norte.
No censo mais recente sobre a carcinicultura brasileira, realizado em 2011, o Ceará
aparece como o estado brasileiro com maior área de cultivo em operação somando um total de
6.580 ha (33,2% do total do país). Em segundo lugar estava o Rio Grande do Norte, com área
de 6.540 ha (33% do total) distribuídos em 385 empreendimentos, sendo que aproximadamente
um terço desta área está localizada no Litoral Norte do estado, nos municípios próximos a Bacia
do Rio Açu (ABCC, 2013).
É possível considerar cinco fases principais na carcinicultura brasileira: uma etapa
experimental inicial (entre 1980 e 1993), seguida por uma etapa de estruturação tecnológica
(entre 1994 e 1998), a seguinte, de incentivos econômicos e crescimento produtivo (de 1999 a

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2003) e, por último, uma fase de consolidação produtiva (de 2004 a 2010), porém com oscilação
na produção por causa da crise comercial e viral nas fazendas (Figura 1). Considera-se o período
de 2010 ao presente como a quinta fase da atividade no país. Essas quatro primeiras fases são
descritas nos itens a seguir, de modo a entender os processos político-institucionais mais
recentes que estimularam a retomada da carcinicultura após o referido período de crise.
O fortalecimento da economia brasileira e a consequente ampliação da demanda
interna foram responsáveis por uma retomada da produção na carcinicultura, atualmente
voltada quase que exclusivamente para o mercado doméstico. Com o ajuste do sistema de
produção a essa nova realidade as empresas voltaram a produzir e a participação do mercado
interno que era de 31% em 2004 passou para 99 % em 2011 (Bezerra, 2010; Tahim & Araújo,
2014), reforçando a importância social e econômica desta atividade principalmente para o
Nordeste Brasileiro onde se concentra 99% da produção nacional (Rodrigues & Borba, 2015).
Entretanto, a produção da carcinicultura continuou oscilando no período de 2010 a
2015: de 80.000 t em 2010, chegou a atingir, em 2013 e 2014, aproximadamente 85.000 t,
porém decaiu para 76.000 t, em 2015 (ABCC, 2019).
A atividade possui grande extensão ao longo do baixo curso da bacia do Rio Jaguaribe,
estando presente em vários municípios que compõem essa região. No entanto, estudos recentes
de caráter diagnóstico e prospectivo, não contemplam o surgimento e o rápido crescimento na
região, da atividade de carcinicultura em águas interiores, de baixa salinidade. Esta nova
atividade é grande demandante de águas e geradora de impactos ambientais (ARAÚJO, 2006,
p.22).
De acordo com Figueirêdo (2004), durante o ano de 2003, equipes da EMPRAPA e da
SEMACE realizaram um levantamento sobre o perfil das fazendas de criação de camarão de
água doce no baixo Jaguaribe. Neste levantamento as equipes identificaram 36 fazendas,
estando neste total, 32 em atividade e 04 desativadas, compreendendo a um total de 420, 34 há
pertencentes aos municípios de Jaguaruana, Quixeré, Russas e Itaiçaba. O município de
Jaguaruana concentra o maior número de fazendas, 22 no total, sendo divididas em pequenas
(13), médias (8) e grandes (1), ocupando um total de 315,35 ha.

5 Resultados esperados
Espera-se que a pesquisa atinja o objetivo geral e específicos, que busca identificar os
pontos positivos e negativos, se houver, do desenvolvimento da atividade da carcinicultura para
o mercado brasileiro, diante do viés econômico e analisar os números de produção, geração de
empregos e negócios no país.

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6 Cronograma de Execução

MESES
Atividades
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
I
II
III
IV
V

REFERÊNCIAS

ABCC. (2013). Levantamento da infraestrutura produtiva e dos aspectos tecnológicos,


econômicos, sociais e ambientais da carcinicultura marinha no Brasil em 2011. ABCC/MPA,
Natal, RN.

ABCC. (2019) – Associação Brasileira de Criadores de Camarão. Análise da produção


aquícola mundial e das oportunidades para o Brasil. In: XIII Simpósio Internacional de
Aquicultura e XVI Feira Nacional do Camarão. Natal, nov., 2019. Disponível em:
https://abccam.com.br/wp-content/ uploads/2019/11/6-An%C3%A1lise-da-
Produ%C3%A7%- C3%A3o-Aqu%C3%ADcola-Mundial-Itamar-Rocha-MCR.pdf

ARAÚJO, Lúcia de Fátima P.. O processo de gestão da água no Ceará: o contexto da Bacia
Hidrográfica do Jaguaribe. In: MORSYLEIDE DE FREITAS ROSA (Ceará). Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Ed.). Gestão Sustentável no Baixo Jaguaribe, Ceará.
Fortaleza: Embrapa, 2006. Cap. 1. p. 17-22

EMBRAPA. Questões ambientais da carcinicultura de águas interiores: o caso da Bacia do


Baixo Jaguaribe, CE. Editores Técnicos: Maria Cléa B. Figueiredo [et al]. Fortaleza: Embrapa
Agroindústria Tropical, 2004.

FAO – Food and Agriculture Organization of the United Nations. The state of world fsheries
and aquaculture 2020: sustainability in action. Rome: FAO, 2020.

ROCHA, I. P. (2014). Uma análise da importância da aquicultura e de forma especial, da


carcinicultura, para o fortalecimento do setor pesqueiro e da sócio economia primária
brasileira. Revista da ABCC, ano XVI (3), 22-28.

RODRIGUES, J.; BORBA, M. (2015). Carcinicultura brasileira: Estatísticas e revelações.


Coletânea de artigos sobre a indústria do camarão cultivado. Associação Brasileira de
Criadores de Camarão (ABCC). Natal, 2015.

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