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SEMENTES DE
HORTALIÇAs
HORTALIÇA s
VLADIMIR MOREIRA
& Comunidade-Luz Figueira
Vladimir Ricardo
da Rosa Moreira
Graduado pela Universidade da Região da Campanha
(U R C A M P ) desenvolveu pesquisas com o tema
“Desafios da produção de sementes de hortaliças em
associações de agricultores orgânicos e biodinâmi-
cos no sul de Minas Gerais” em sua dissertação
de Mestrado pela Universidade Federal de Lavras
(UFLA) em Lavras-MG, junto ao Departamento de
Administração e Economia (DAE), no Programa de
Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável e
Extensão (PPGDE)
Sua experiência profissional está consolidada como
pesquisador e consultor de importantes instituições
de sementes agroecológicas em todo o Brasil, como
a Bionatur, na qual contribuiu como coordenador
técnico por vários anos. Atualmente atua como
consultor do SENAR – SP nos programas de longa
duração de Olericultura Orgânica, Tomate Orgânico,
Batata Orgânica, Nutrição Biológica e Produção de
Sementes de Olerícolas, entre outros projetos em
vários estados brasileiros.
Atualmente também é consultor da ABD (Associação
Brasileira de Agricultura Biodinâmica) na área de
produção de sementes, melhoramento participativo,
olericultura orgânica e biodinâmica em grupos de
pequenos agricultores em vários estados brasileiros.
Com dezenas de artigos científicos publicados em
revistas especializadas em agricultura, seu trabalho se
destaca pela pesquisa e aplicação de conhecimen-
tos relacionados à agricultura orgânica, ressaltando
a importância de valorizar as sementes agroeco-
lógicas e suas particularidades, incentivando uma
agricultura responsável e em harmonia com os
reinos da natureza.
GU I A P R ÁT ICO PA R A A P RODUÇ ÃO DE
SEMENTES DE
HORTALIÇAs
HORTALIÇA s
Copyright © 2023 Irdin Editora
Fotos e imagens:
Acervo particular dos autores
Moreira, Vladimir
Guia prático para a produção de sementes de hortaliças / Vladimir Ricardo da Rosa Moreira,
Comunidade-Luz Figueira. – Carmo da Cachoeira : Irdin, 2023.
ISBN: 978-65-88468-54-8
CDD: 631.5
Direitos reservados
ASSOCIAÇÃO IRDIN EDITORA
Cx. Postal 2, Carmo da Cachoeira – MG, Brasil | CEP 37225-000
Tel.: (+55) 35 3225-2252 | (+55) 35 3225-2616
www.irdin.org.br
Esta edição foi impressa em outubro de 2023, na Artes Gráficas Formato Ltda.,
em sistema offset, papel offset 90g/m² (miolo) e papel cartão supremo 320g/m² (capa)
IMPRESSO NO BRASIL
GU I A P R ÁT ICO PA R A A P RODUÇ ÃO DE
SEMENTES DE
HORTALIÇAs
HORTALIÇA s
VLADIMIR MOREIRA
& Comunidade-Luz Figueira
2023
A todos os semeadores da Vida
Certo homem saiu para semear. Enquanto semeava, uma parte das sementes caiu à
beira do caminho e os pássaros vieram e as comeram. Outra parte caiu no meio de pedras,
onde havia pouca terra. Essas sementes brotaram depressa pois a terra não era funda, mas,
quando o sol apareceu, elas secaram, pois não tinham raízes. Outra parte das sementes caiu
no meio de espinhos, os quais cresceram e as sufocaram. Uma outra parte ainda caiu em terra
boa e deu frutos, produzindo trinta, sessenta e até mesmo cem vezes mais do que tinha sido
plantado. Quem pode ouvir, ouça.
Parábola do semeador
Dedicatórias & Agradecimentos
Vladimir Moreira
Comunidade-Luz Figueira
Nota da Editora ................................................................................................................................................... p. 11 Amontoa ou aterramento .................................................................................................................................. p. 77
Prefácio ............................................................................................................................................................... p. 13 Tutoramento ...................................................................................................................................................... p. 77
Introdução ........................................................................................................................................................... p. 14 Desbrota ............................................................................................................................................................. p. 78
Eliminação de frutos ......................................................................................................................................... p. 80
Capítulo i Limpeza das saias (Toalete) .............................................................................................................................. p. 80
aspectos importantes sobre a produção de sementes p. 17
Penteamento das cucurbitáceas ....................................................................................................................... p. 80
Zonas de produção de sementes de hortaliças ................................................................................................ p. 18 Capação (castração) .......................................................................................................................................... p. 81
A legislação brasileira de sementes .................................................................................................................. p. 19 Indução ao florescimento ................................................................................................................................. p. 81
Categorias de sementes de acordo com a legislação brasileira de sementes ................................................. p. 20 Roguing .............................................................................................................................................................. p. 82
Sementes orgânicas ............................................................................................................................................ p. 21 Polinização ......................................................................................................................................................... p. 82
Classificação das sementes ................................................................................................................................ p. 21
Capítulo vi
Colheita e beneficiamento de sementes de hortaliças p. 85
Capítulo ii
Planejamento da produção de sementes de hortaliças p. 25 Colheita de sementes de frutos carnosos ......................................................................................................... p. 87
Famílias botânicas e espécies de hortaliças .................................................................................................... p. 26 Colheita de sementes de frutos secos ............................................................................................................... p. 93
Condições climáticas e suas influências para a produção de sementes de hortaliças ................................ p. 27 Limpeza das sementes de frutos secos ............................................................................................................. p. 98
Método de reprodução das plantas .................................................................................................................. p. 35 Secagem das sementes .................................................................................................................................... p. 100
N
unca, na história da humanidade, observou-se um tempo em que refletir sobre a
relação da raça humana com a Natureza tornou-se imprescindível e urgente para
a sobrevivência saudável e segura de nossa espécie. Diante da demanda alimentar
do alto contingente de seres humanos no planeta, da atual forma de distribuição de re-
cursos e da manipulação genética dos alimentos, observamos que é fundamental refletir
sobre princípios e valores que nos ajudarão a encontrar soluções harmoniosas e inteli-
gentes para enfrentar, com segurança, os desafios alimentares que vivemos nestes tempos.
Com entusiasmo e esperança, apresentamos esta obra com a principal finalidade de
compartilhar, de forma simples, objetiva e prática, conceitos e técnicas sobre a produ-
ção de sementes de hortaliças, não apenas como um livro técnico e/ou de consulta, mas
principalmente como preciosa ferramenta de auxílio para a superação destes tempos de
emergência alimentar, um desolador panorama que infelizmente é uma realidade para
muitos seres humanos e animais; condição que se observarmos com profunda sincerida-
de pode bater à nossa porta a qualquer momento.
Acreditamos que ao disponibilizarmos uma obra como esta, oferecemos a todos a
oportunidade de refletir sobre o impacto de termos adotado - por tanto tempo! - um
padrão tecnológico para a produção de nossos alimentos. Desta forma, apresentamos
aqui alternativas seguras de produção de hortaliças que não utilizam a forma predatória
dos “recursos naturais” e tampouco modificam a Natureza de forma agressiva, mas que
buscam consolidar, como um padrão de produção agrícola sustentável, um modelo que
integre objetivos sociais, econômicos e ambientais de forma saudável e equilibrada para
nós e para a Natureza.
Portanto, este material foi elaborado com a aspiração de disponibilizar a você, caro
leitor, uma síntese de anos de pesquisa teórica e prática, para que os melhores resultados
possam ser obtidos por todos aqueles que, atentos e disponíveis, desejam comungar de
uma alimentação segura, saudável e respeitosa, em profunda fraternidade com os Reinos
da Natureza.
Boa leitura e semeadura!
Irdin Editora
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Prefácio
A
s sementes utilizadas na agricultura tradicional- Com relevada importância na construção da metodo-
mente são cuidadas como entidades biológicas logia do livro está a dissertação de Mestrado Profissional
que, por perpetuarem-se de ciclo em ciclo, se trans- em Desenvolvimento Sustentável e Extensão denominada
formam em recursos naturais regenerativos sobre os quais Desafios da Produção de Sementes de Hortaliças em As-
muitos elos da cadeia da vida podem afirmar-se. Consti- sociações de Agricultores Orgânicos e Biodinâmicos no
tuem partes essenciais de ecossistemas sustentáveis, geram Sul de Minas Gerais, desenvolvida no Programa de Pós-
frutos que abastecem e alimentam necessidades locais, são -Graduação em Desenvolvimento Sustentável e Extensão
parte da herança comum da humanidade e comungam (PPGDE) da Universidade Federal de Lavras (MG), De-
dos valores étnicos e culturais de todos nós. Ao longo dos partamento de Administração e Economia (DAE).
séculos, as sementes foram selecionadas, cuidadas e pre- Portanto, este Guia Prático tem como finalidade ser
servadas por um incontável número de agricultores que, um emulador de ações que buscam interpretar e oferecer
como guardiões de um precioso tesouro, desenvolveram técnicas e conhecimentos que possam indicar uma pos-
métodos e conhecimentos tradicionais transmitidos e re- sibilidade de operar, com um sentido novo e renovado, a
gistrados durante amplos períodos históricos, resguardan- atividade da agricultura ecológica, sustentável, ambiental
do assim um importante legado de preservação da Natu- e social, resgatando práticas e princípios ancestrais, pro-
reza, refletindo o respeito do homem por sua fonte de vida movendo um impulso transformador no cultivo da terra.
e saúde. Apresentará noções e conceitos primordiais na produção
Apoiados nesses princípios e com a aspiração de con- de sementes de polinização aberta, sugerirá caminhos
tribuir para a preservação das sementes naturais, puras para experiências fecundas, fundamentado em uma pers-
e não modificadas geneticamente, escrevemos este livro pectiva crítica e coerente com os princípios formativos a
com a finalidade de auxiliar agricultores e extensionistas partir da práxis de anos de pesquisa na área.
rurais a realizar uma produção de sementes de hortaliças Nossa principal intenção é incentivar - não so-
organizada, segura, eficiente e com excelentes resultados. mente na teoria, mas, sobretudo, na prática - uma
O conteúdo apresentado é fruto de um primoroso profunda reflexão sobre a importância da produção
trabalho de pesquisa colaborativa durante vários anos, de sementes não modificadas geneticamente, conside-
conduzida por Vladimir Moreira que contou com o apoio rando que é um tema de grande destaque no âmbito da
da Rede Bionatur de Sementes agroecológicas e a Associa- agricultura de base ecológica e pode contribuir para
ção Brasileira de Agricultura Biodinâmica (ABD), entre que nossa humanidade aprenda, de forma inteligente e
outras entidades que são referências nacionais na produ- organizada, a superar as dificuldades emergentes que
ção de sementes. O conhecimento desenvolvido em tais vivemos em relação a nossa alimentação e aos nossos
pesquisas puderam ser colocados em prática na Comuni- meios de produzi-la.
dade-Luz Figueira, co-autora dessa obra. Desejamos uma boa leitura a todos!
15
Introdução
D
esde os primórdios da agricultura, por meio da
domesticação das plantas selvagens, as sementes
apresentam-se de suma importância para a huma-
nidade. Foi através do senso de observação das sementes
que sobravam do consumo de plantas nativas, as quais
eram jogadas ao solo e germinavam dando origem a plan-
tas idênticas às que haviam sido consumidas, que talvez
se tenha originado o processo de uma ainda incipiente
e primitiva forma de agricultura.
Ainda nessa época, a humanidade resolveu agrupar
as sementes das plantas em sementeiras e, através desse
artifício, começou a controlar o plantio, o manejo e a co-
lheita. Logo após esse processo inicial, passou a selecionar
as plantas que melhor atendessem às suas necessidades,
como as mais produtivas, as maiores e de menor poder
de desgrane, entre outras. Por meio de todas essas téc-
nicas, ainda que rudimentares, por volta de 12 mil anos
atrás a agricultura estava sendo descoberta pelo homem,
e isso mudaria totalmente o curso da história, assim como
a evolução do homem.
Desse fenômeno surgiram espécies importantes para
a alimentação humana: as hortaliças. A coevolução das
espécies de hortaliças com o homem é magnífica: entre
elas podemos citar a domesticação das Brassicas oleraceas,
pela qual um exemplar de uma couve selvagem originária
do Mediterrâneo deu origem à couve-de-folhas, à couve-
-brócolis, à couve-flor, couve-rábano e ao repolho. Poste-
riormente, essas espécies foram sendo manejadas e delas
foi desmembrada uma série de variedades, formando uma
diversidade muito grande de plantas de interesse agrícola.
E assim ocorreu com todas as espécies de hortaliças.
O conhecimento e a técnica em manejar as diver-
sas espécies e variedades de hortaliças são uma marca
16
histórica da agricultura; nesse contexto, a produção de se- dução de sementes de hortaliças, suas famílias botânicas
mentes apresenta importância enorme para a humidade. e espécies, bem como os mecanismos de florescimento e
Assim, a produção de sementes de hortaliças pode ser um polinização; isolamento de campos para produção de se-
fator de soberania e independência para os agricultores mentes; o rendimento de sementes de hortaliças por área
que, no entanto, devem estar cientes de algumas conside- cultivada; a definição do local de produção e época de
rações técnicas importantes tanto para a produção quanto plantio, espaçamentos e o ciclo das espécies. O Capítulo II
para o manejo adequado das sementes para tal fim. Foi pen- apresenta uma introdução ao plantio desse tipo de semen-
sando nisso que chegamos ao presente texto deste livro. tes e os sistemas a ele relacionados.
O projeto do livro surge a partir da confirmação pelo O Capítulo III indica como se dá o manejo e quais os
autor e o Setor Plantios e Sementes da Comunidade-Luz tratos culturais dessas sementes, com a abordagem de te-
Figueira da necessidade de plasmar toda informação, mas como a irrigação, o desbaste, o controle de plantas
observação e análise do diário de campo do agricultor em espontâneas, o tutoramento, a indução ao florescimento,
procura de técnicas e procedimentos ancestrais otimi- entre outros temas correlatos. O Capítulo IV discorre so-
zados, trazendo como legado o embasamento científico bre colheita, maturação fisiológica das sementes; colheita
e a constatação da eficiência destas práticas agrícolas. de frutos carnosos e de frutos secos, secagem das sementes
Apresentamos aqui a síntese dos conhecimentos mais e limpeza das sementes de frutos secos.
importantes ao pequeno agricultor, assim como a todas Para concluir a obra, nos Capítulos V, VI, VII e VIII
as pessoas interessadas em cultivar sementes, com o ob- o leitor aprofundará na arte da armazenagem das se-
jetivo principal de elucidar aspectos da produção de se- mentes; no tratamento, controle de insetos que ata-
mentes de hortaliças e deste modo ajudar os agriculto- cam as sementes; controle de doenças transmitidas
res no seu dia a dia quanto a possíveis gargalos que en- por sementes; teste de germinação, modo de reali-
contrem durante o cultivo com esse fim. O livro possui zar o teste de germinação e sistema agroecológico de
também o papel de resgatar a prática de produção de produção de sementes.
sementes de hortaliças, quebrando paradigmas relati- O livro se encerra com uma conclusão e síntese sobre
vos à possível incapacidade, em nosso mundo atual, da os temas abordados, breve apresentação da Comunidade-
realização dessa atividade por qualquer agricultor, seja -Luz Figueira e do Setor Plantios e Sementes. Um glos-
de pequeno e médio porte, ou mesmo por aqueles que sário e indicações bibliográficas são disponibilizados para
praticam agricultura de subsistência ou cultivam hortas quem quiser se aprofundar no tema desse livro, que foi
domésticas ou comunitárias. escrito visando à nossa reconexão com a natureza e ao es-
A obra está dividida em oito capítulos ou seções prin- tudo de meios para obtermos os melhores frutos da terra
cipais, que por sua vez têm suas próprias subdivisões ou em cooperação com os Reinos da Natureza, sem causar
subitens, para facilitar a compreensão de assuntos especí- danos ao planeta e aos seus bilhões de formas de vida que,
ficos. No Capítulo I, é abordado o planejamento da pro- como nós, tem a Terra como lar.
17
Capítulo I
19
Capítulo I
Aspectos importantes
sobre a produção de sementes
S
emente é todo material de reprodução vegetal de Na produção de hortaliças, o acesso às sementes de alta
qualquer gênero, espécie ou variedade provenien- qualidade fisiológica e sanitária é condição básica para
te de reprodução sexuada ou assexuada que tem a manutenção de sua sustentabilidade; sendo a semente es-
finalidade específica de semeadura; é estrutura extre- trutura vital que origina os demais processos produtivos,
mamente importante para a sobrevivência das plantas dela depende o sucesso do segmento.
no ambiente terrestre. As práticas da produção de sementes diferenciam-se
A semente é o óvulo desenvolvido e fecundado, ou daquelas da produção de hortaliças para alimentação, des-
seja, contém o embrião. Ela é formada basicamente por de a legislação, planejamento, plantio, manejo, colheita,
três partes: embrião, suprimento nutricional e revestimen- beneficiamento até a comercialização.
to protetor, e está pronta para germinar, ou não.
As sementes são as unidades de dispersão das plantas
para exercerem seu papel, que pode ocorrer pelo vento, Zonas de produção
água, organismos vivos, ou ainda em alguns casos pela
explosão do fruto.
de sementes de hortaliças
G
Numa visão holística, semente é o início, meio e fim da eorge (1989) defende que as principais zonas de
vida de uma planta, significando que uma nova forma de produção de sementes estão fundamentadas em fa-
vida renascerá a partir da última forma, garantindo assim tores climáticos que assegurem um meio relativamente
a perpetuação das espécies vegetais. satisfatório para obter sementes de plantas hortícolas.
A produção de sementes é uma atividade que vem No Brasil existe uma diferenciação muito grande de
sendo desenvolvida ao longo do tempo a partir do ambientes e solos, razão por que necessários um estudo
processo de domesticação das plantas pelo homem. e uma classificação que venham a orientar o zonea-
Com a modernização da agricultura, foram desenvol- mento e as melhores condições para a implantação de
vidas tecnologias de produção de sementes em lar- campos sementeiros. Hoje claramente existem algumas
ga escala, deixando de ser uma atividade exclusiva zonas que estão sendo usadas com segurança para a
dos agricultores. produção de sementes.
O
prio, que deverá ser: s campos de produção de sementes devem ser
I - utilizada apenas em área de sua propriedade inscritos no Ministério da Agricultura e Pecuária
ou de que detenha a posse; (MAPA) para serem fiscalizados. Esses campos tam-
II - utilizada exclusivamente na safra seguinte à da bém precisam de um responsável técnico. As sementes
sua reserva; são divididas em várias categorias e posteriormente são
III - reservada em quantidade compatível com a colocadas à venda ou não.
área a ser semeada, consideradas a recomen-
dação de semeadura para a espécie ou cultivar Semente genética
e a tecnologia empregada; É aquela semente obtida a partir do melhoramento de
IV - transportada somente entre áreas de sua pro- plantas, sendo a que apresenta as melhores características
priedade ou de que detenha a posse e somente que foram incorporadas neste processo. É produzida por
com a autorização do órgão de fiscalização; empresas sementeiras e instituições de pesquisas. Geral-
V - reservada, beneficiada, embalada e armazena- mente é produzida em pequenos lotes.
da somente em área rural de sua propriedade
ou de que detenha a posse, ressalvados os casos Semente básica
previstos em normas específicas, consideradas
É aquela semente obtida da multiplicação de semente
as particularidades das espécies e condiciona-
genética para aumento de sua população, garantindo sua
dos a autorização do órgão de fiscalização; e
identidade genética e sua pureza varietal. É produzida
VI - proveniente de área declarada ao Ministério da por empresas sementeiras e instituições de pesquisas
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, quan-
do se tratar de cultivar protegida ou de cultivar
de domínio público.
Semente Certificada 1 (C1)
É a semente certificada de primeira geração, resultan-
te da reprodução da semente básica ou genética. Existem
Ou seja, para essa população de agricultores não está empresas regulamentadas para fazer tal certificação.
vedada a produção de sementes para uso próprio, des-
de que respeitadas as circunstâncias acima. O que não Semente Certificada 2 (C2)
é permitido a este grupo é a troca e venda de suas semen- Semente que é certificada de segunda geração, resultante da
tes produzidas. reprodução da semente básica ou genética ou de sementes C1.
27
Capítulo II
Planejamento da produção
de sementes de hortaliças
Aizoaceae Espinafre-da-Nova-Zelândia
Asparagaceae Aspargo
Malvaceae Quiabo
Poaceae Milho-doce
das preventivas nos campos sementeiros, diante de al- uma capa de cera que envolve as folhas quando a planta não
guns fatores de interferência climáticos e geográficos. sofre a ação direta dos ventos.
Como medidas preventivas a serem tomadas pode-se George (1989) relata que a melhora do microclima au-
salientar, a locação e utilização de quebra-ventos, cortinas menta o desenvolvimento das flores, incrementa a atividade
e barreiras de proteção. dos insetos e intensifica o transporte de pólen nos cultivos
Segundo Gliessman (2000), apesar de nem sempre entomófilos, assim como diminui os danos mecânicos sobre
estar presente, o vento é um fator ambiental capaz de as flores com um resultado maior na fecundação.
causar impactos muito significativos sobre os agroecos- No Brasil o vento pode evaporar 750 mm de chuva
sistemas, podendo: durante o ano; isso nos leva a pensar que uma região com
suficientes precipitações torna-se inapta à agricultura
a) exercer uma força física sobre a própria planta; quando não forem tomadas medidas para a manutenção
b) transportar partículas e materiais – como sal, pólen, solo, da umidade no solo.
sementes, esporos de fungos – para dentro e para fora do
Conforme Primavesi (2006), as plantas absorvem água do
ecossistema; e
solo e acabam transpirando-a para o meio, e, quando o ar está
c) mesclar a atmosfera na vizinhança imediata das plantas repleto de água, elas cessam a sua respiração. Porém, quando
mudando assim sua composição, sua propriedade disper-
o vento leva a água transpirada, as plantas voltam a bombe-
sora de calor e seu efeito sobre a fisiologia das plantas.
ar água do subsolo para a superfície, iniciando novamente
a transpiração, retirando água da superfície e do subsolo.
Além destes fatores, os ventos fortes afetam, também, Algumas medidas preventivas devem ser tomadas nos
algumas culturas reduzindo a perda de umidade por trans- campos de produção de sementes, como a adoção de que-
piração e evaporação de água do solo. No caso da cebola, a bra-ventos e cortinas de proteção.
cultura sofre menos quando protegida, devido à formação de Ver CII-Foto 3 e CII-Foto 4, acima.
A
abertura das flores ocorre pela manhã estendendo-se até
s plantas se multiplicam por meio de reprodução as-
a meia tarde em alguns casos.
sexuada e sexuada. Na reprodução assexuada se uti-
lizam partes das próprias plantas, como bulbos, bulbilhos, A abertura das flores, nas hortaliças, é um momento
mudas, tubérculos, rizomas, entre outros. Já na forma se- de muito cuidado, pois acontece por um tempo muito
xuada ocorre a formação de flores que contêm os órgãos breve e, portanto, de máxima responsabilidade no que
masculinos e femininos, que se acasalam por meio da po- diz respeito ao futuro da produção de sementes. Em
linização. Após esse processo acontece a fecundação e a anos de muita chuva e alta umidade relativa do ar, a
formação das sementes. produtividade final cai enormemente, devido à baixa
polinização. A queda na produção de sementes ocor-
re principalmente em culturas de alógamas. Conforme
Florescimento de plantas olerícolas George (1999), um período de 6 horas de baixa umida-
de após a polinização condiciona uma melhora na pro-
O florescimento das plantas pode ser descrito como
dutividade final das sementes.
o transporte do grão de pólen até o estigma recepti-
vo. Esse transporte pode ser feito pela ação do vento As flores são os órgãos reprodutivos das plantas, cujo
– chamamos as flores que recebem esse pólen de “ane- objetivo é desenvolver as sementes, que darão início a uma
mófilas” – ou pela ação de insetos (flores entomófilas). nova geração de plantas. Quando os óvulos presentes nas
Como exemplo de flores anemófilas destacam-se as flo- flores são fecundados, ou seja, quando a eles se unem as cé-
res do milho, da beterraba e do espinafre. Como exem- lulas masculinas, substâncias químicas são liberadas para
plo de flores entomófilas citam-se as flores da cenoura, estimular o crescimento do fruto e das sementes. Como
coentro, repolho, abóbora, melancia, entre outras. No a polinização é uma etapa anterior à fecundação, sem a
caso da cebola, 20% do florescimento se dá pela ação do primeira não há a possibilidade da segunda e, tampouco,
do desenvolvimento de frutos e sementes. A polinização
vento e 80%, por insetos.
nada mais é que a transferência do pólen da estrutura re-
As flores são compostas de órgãos reprodutivos mas-
produtiva masculina de uma flor (estame) para a estrutura
culinos (androceu) e femininos (gineceu). Os órgãos flo-
reprodutiva feminina (o pistilo) da mesma flor em uma
rais masculinos são os estames (antera e filete) e o grão de
única planta ou de outras flores em plantas diferentes.
pólen. Os femininos são o carpelo (estigma e estilete) e o
ovário, onde estão contidos os óvulos. Como regra, a reprodução, isto é, a produção de se-
O florescimento inicia-se com a antese, que é a ativi- mentes férteis, resulta – portanto depende – da fecun-
dade de abertura das flores e ocorre quando seus órgãos dação, e a fecundação depende da polinização das flores.
sexuais encontram-se maduros. Com o amadurecimento Ainda como regra, a frutificação (desenvolvimento do
dos órgãos (masculinos e femininos), que pode se dar ovário da flor) depende, também, da fecundação dos óvu-
um de cada vez ou ambos ao mesmo tempo, o perianto los nele contidos.
se abre e começa o ciclo reprodutivo das flores. Inúme- Como já descrito, em algumas espécies, o floresci-
ras espécies de plantas executam a antese em horários mento pode ser induzido pela temperatura e, em outras,
mais ou menos fixos (algumas abrem suas flores à noite; pelo fotoperíodo. Há espécies que necessitam dos dois
outras, ao contato com os primeiros raios de sol), e estes estímulos, como é o caso da beterraba.
Plantas autógamas
São aquelas que apresentam facilitam a autogamia, como no tomate, em que a polini-
órgãos reprodutivos mascu- zação é seguida da abertura da flor - CII-Figura 4 -, e os
li-nos femininos, possuindo estames formam um cone invertido, envolvendo o estigma
capacidade de se autofecun- e garantindo a autopolinização. No caso do tomate, deve-
dar. Essas flores são chama- -se tomar cuidado principalmente com o comprimento
das de hermafroditas ou flo- do estilo, pois algumas variedades antigas apresentam um
res perfeitas - CII-Figura 3. comprimento maior e podem ficar de fora, resultando
Nesta cate-goria de plantas, uma taxa de fecundação cruzada. As plantas autógamas
a polinização ocorre geral- são mais homogêneas e as gerações seguintes se parecem
CII-Figura 3 - Flor hermafrodita mente antes da abertura da muito com as gerações anteriores, não existindo uma
ou flor perfeita flor. As plantas autógamas, grande diversidade genética entre a população aparenta-
conforme a espécie e a variedade, apresentam, muitas da. Em longo prazo, a autogamia pode ser suicídio por-
vezes, uma taxa de fecundação cruzada - considera- que destrói a flexibilidade que é, teoricamente, necessária
-se o limite de até 5% para que uma cultura seja clas- para fazer face aos desafios das mudanças do ambiente
sificada como autógama. que ocorrem com o tempo.
Existem alguns mecanismos que facilitam a auto- Como as plantas apresentam elevada homozi-
fecundação das plantas. Entre eles encontra-se a cleisto- gose, pode-se selecionar e coletar sementes de poucas
gamia, que se verifica na alface – o estigma é polinizado plantas sem que haja perda de vigor. O ideal é que se se-
antes da abertura da flor, e, quando ela ocorre, a fecunda- lecionem e retirem sementes da máxima quantidade de
ção já se realizou. Em virtude deste mecanismo, há uma plantas, coletando o mesmo número de sementes por
grande dificuldade para a produção de híbridos de alfaces. plantas individuais. Uma planta de alface pode ter mais
Outro mecanismo é a casmogamia, que ocorre nos feijões de 4.000 sementes, as quais apresentam uma homoge-
de vagem: as anteras se abrem antes de sua extrusão, de neidade muito grande.
modo que suas anteras caídas e vazias perdem a função. Com relação a isolamentos, na produção de sementes
Por fim, ainda pode haver mecanismos estruturais que autógamas os cuidados devem ser mínimos; a preocupação
Plantas alógamas
Pode-se entender uma popu-
lação de plantas alógamas como “uma
comunidade reprodutiva composta de
organismos de fertilização cruzada, os
Os agentes polinizadores são os insetos e o vento. quais participam de um mesmo con-
junto de genes” (Dobzhansky, 1951,
apud Allard, 1960). As plantas alógamas
são aquelas cuja polinização é cruzada,
isto é, ocorre de uma planta para com
outras plantas.
As plantas alógamas apresentam
Exemplos: abóbora (insetos), milho-doce (vento). fecundação cruzada e necessitam de
uma grande quantidade de indivíduos
para que se tenha uma população está-
vel. Os fatores que favorecem a alogamia
CII-Figura 6 Protoginia e protandria são a monoicia - CII-Figura 5, dioicia,
Espécies de plantas que apresentam flores hermafroditas protoginia, protoandria, - CII-Figura 6,
da mesma forma que as autógamas, mas que não se autopolinizam autoincompatibilidade e a macho-este-
devido ao amadurecimento da parte masculina e feminina,
ou vice-versa, em períodos diferentes. rilidade. A monicia é a presença de flo-
res masculinas e femininas separadas
Protoginia é quando, Protandria acontece o inverso
o orgão reprodutor feminino o orgão reprodutor masculino em uma única planta; ocorre no milho
amadurece antes do masculino. amadurece antes do feminino. e garante uma taxa de 90% ou mais
de cruzamento. Também se manifesta
nas cucurbitáceas. A dioicia se relacio-
A B na com plantas que apresentam flores
masculinas em uma planta e femininas
em outra; está presente no espinafre e
aspargo. Também podem existir espé-
cies de fecundação cruzada com flores
hermafroditas e aí o que garante tal fato
é a protoandria e a protoginia.
Alguns insetos são muito importantes para a polini- na polinização da cebola são Maurella caerulea e
zação, e algumas espécies, como a cebola, são polinizadas Bombus spp. Ambas as classes também polinizam outras
principalmente por duas classes de insetos: as classes hy- espécies como o repolho, brócolis, couve-flor, cenoura,
menoptera e díptera. As abelhas são os principais poli- coentro, entre outras. Nas cucurbitáceas as abelhas igual-
nizadores, em particular a espécie Apis mellifera. Ainda mente realizam uma boa polinização, que também é feita
com relação à cebola, durante o florescimento são ne- por coleópteros, como a Diabrotica spp.
cessárias pelo menos cinco a oito visitas de abelhas por Na berinjela, no período de floração, observa-se a vi-
dia (Benedek, 1997). Os principais dípteros que atuam sita das seguintes espécies de insetos: Trigona spinipes,
ALFACE PEPINO
FEIJÃO-VAGEM MOGANGO
BETERRABA MORANGA
CEBOLA
CENOURA
COENTRO
REPOLHO
COUVES
RÚCULA
BRÓCOLIS
Exomalopsis spp., Bombus atratus, Pseudaugochloropsis flor do tomate é considerada completamente ou predomi-
graminea e Eulaema nigrita, em ordem crescente do nú- nantemente autopolinizada, mas alguns trabalhos – entre
mero de visitas. Alguns estudos com flores privadas da eles o de Rick (1950), na Califórnia – referem a ocorrên-
visita dessas espécies confirmam que apenas 22,64% pro- cia de diferentes níveis de polinização cruzada, quando na
duziram frutos. Em tratamento livre com a presença de presença de insetos vetores de pólen.
insetos a produção de frutos foi de 92,45%, e esses fru- O ideal é que, antes do florescimento, sejam adiciona-
tos apresentaram-se com maior tamanho e maior peso das de duas a quatro caixas de Apis mellifera ao hectare em
(Swinder et al. 1992), influenciando decisivamente a pro- campos de produção de sementes e sejam retiradas antes
dução de sementes, pois sem frutos não existem sementes. da colheita. A atividade das abelhas é facilitada por meio
O meio ambiente também influencia a polinização. de medidas preventivas de controle de microclima, como
Diversas variações podem acarretar mudanças no com- a utilização de cortinas protetoras ou quebra-ventos que
portamento do florescimento. Conforme George (1999), a atenuem ventos frios e fortes, principalmente em regiões
O
pois podem ocorrer cruzamentos acidentais entre algu-
isolamento é o termo técnico que marca fundamental- mas espécies das solanáceas, como pimentas e pimentões,
mente a segurança entre um cultivo de determinada e entre diferentes variedades de berinjelas e diferentes va-
espécie ou de uma variedade de outra(s) que possam vir riedades de quiabo.
ocasionar cruzamentos indesejáveis nos campos de produ-
ção de sementes. George (1999) sugere que um fator pri- As plantas alógamas ou de fecundação cruzada, devi-
mordial no transcurso da produção de sementes é assegu- do a sua maior variabilidade e heterose, apresentam uma
rar a redução da possibilidade de polinização cruzada entre maior probabilidade de resultados indesejados por pos-
parcelas ou campos de diferentes espécies compatíveis. síveis cruzamentos principalmente para variedades de
O que deve ser evitado é o florescimento concomitante tipo diferente, como ocorre nas cucurbitáceas, Brassicas
de plantas que sejam passíveis de cruzamento. Portanto, o oleraceas e também na cebola, que possui variedades com
maior cuidado deve ser tomado com plantas de fecunda- diferentes formatos, cor da casca e coloração interna.
ção cruzada ou alógamas, em detrimento de plantas que se
autopolinizam ou autógamas. Isolamento no espaço
O isolamento pode ser no espaço e no tempo. O isolamento no espaço, realizado em metros, consis-
te em plantar variedades diferentes de mesmas espécies,
passíveis de cruzamento, em uma distância segura entre
Isolamento no tempo um cultivo e outro. No entanto, é impossível assegurar
O isolamento no tempo é feito em dias e constitui a di- que as contaminações sejam efetivadas somente nas dis-
ferença nas datas de plantio entre uma variedade ou espé- tâncias apontadas pelas bibliografias, já que muitos isola-
mentos recomendados para diversas espécies olerícolas variedades de mesmo grupo o isolamento é menor
ocorrem até a 2.500 m dependendo da classificação da do que o isolamento daquelas variedades de grupos
semente, e, hoje, sabe-se que a abelha – um dos insetos diferentes ou de espécies diferentes que podem oca-
que possui papel específico na polinização de hortaliças sionar cruzamentos, como ocorre entre as Brassicas
–, quando existe deficiência de flores e de néctar à sua oleraceas e Cucurbita.
disposição, chega a voar cerca de 3.000 m, sendo impor-
O isolamento entre diferentes Brassicas oleraceas
tante foco de contaminação em campos sementeiros.
(repolho, couve, brócolis, couve-flor, couve-rábano, etc.)
Também tem influência o tipo de flor a ser poli-
e entre Cucurbita pepo, Cucurbita maxima e Cucurbita
nizada, ou seja, flores anemófilas ou entomófogas, e,
esculentum deve ser de 1.000 m.
muitas vezes, deve-se respeitar características quanto à
coloração de flores, folhas, grãos, pelos, hábito de flo- O Quadro 6 apresenta as formas de isolamento no es-
rescimento e resistência vertical. Geralmente, para paço e no tempo de espécies de hortaliças.
Feijão-vagem
Grão-de-bico
Cruzamentos
Couve-folha
Milho-doce
Abobrinha
Couve-flor
Cebolinha
Alho-poró
Erva-doce
Indesejados
Beterraba
Espinafre
Pimentão
Mostarda
Rabanete
Almeirão
Melancia
Mogango
Berinjela
Moranga
Cenoura
Abóbora
Chicória
Pimenta
Repolho
Lentilha
Aspargo
Brócolis
Coentro
Tomate
Quiabo
Ervilha
Maxixe
Pepino
Rúcula
Cebola
Acelga
Agrião
Alface
Melão
Salsa
Fava
Jiló
Abóbora
Abobrinha
Acelga
Agrião
Alface
Alho-poró
Almeirão
Aspargo
Berinjela
Beterraba
Brócolis
Cebola
Cebolinha
Cenoura
Chicória
Coentro
Couve-folha
Couve-rábano
Couve-flor
Erva-doce
Ervilha
Espinafre
Fava
Feijão-vagem
Grão-de-bico
Jiló
Maxixe
Lentilha
Melancia
Melão
Milho-doce
Mogango
Moranga
Mostarda
Pepino
Pimenta
Pimentão
Quiabo
Rabanete
Repolho
Rúcula
Salsa
Tomate
Atenção! B
Para Brassicas Oleráceas:
O
dades da mesma espécie, como abobrinha tipo Itália (A)
rendimento é a expectativa de produção de sementes
próximo à abobrinha tipo Itália (B).
obtida por área plantada. Ele costuma ser variável
em função de fatores como:
CII-Foto 6 - Cruzamento entre abóbora A + moranga B = C No planejamento da área a ser cultivada para produ-
ção de sementes, é necessário saber os rendimentos mé-
dios das espécies por área, que podem ser 1m2,
Para Capsicuns 10 m2, 100 m2, 1.000 m2 ou 10.000 m2, e assim planejar o
Evite plantar pimentão próximo de pimentas. Também tamanho da área a ser usada para a produção de semen-
devem ser evitados plantios próximos de variedades da tes. No Quadro 8, a seguir, foi estabelecido o rendimento
mesma espécie, como pimentão A próximo ao pimentão B. médio para 100 m2 (10 m x 10 m de área).
Exemplo:
Alface Alface
Considerando que a produção média de sementes de alface é 6 kg --------------- 100 m2
de 6 kg a cada 100 m2, deve-se multiplicar o peso de interesse 1 kg ---------------- X
(1 kg) por 100 e dividir pela produção média: X = 1 x 100/6 = 16,6 m2
Exemplo:
Brócolis Brócolis
Considerando que a produção média de sementes de brócolis 6 kg --------------- 100 m2
é de 6 kg a cada 100 m2, deve-se multiplicar o peso de interes-
se (1 kg) por 100 e dividir pela produção média:
1 kg ---------------- X
X = 1 x 100/6 = 16,6 m2
Exemplo:
Cenoura Cenoura
Considerando que a produção média de sementes de cenoura 8 kg --------------- 100 m2
é de 8 kg a cada 100 m2, deve-se multiplicar o peso de interes-
1 kg ---------------- X
se (1 kg) por 100 e dividir pela produção média:
X = 1 x 100/8 = 12,5 m2
Feijão-vagem Exemplo:
Feijão-vagem
Considerando que a produção média de sementes de feijão-va- 15 kg --------------- 100 m2
gem é de 15 kg a cada 100 m2, deve-se multiplicar o peso de
interesse (1 kg) por 100 e dividir pela produção média:
1 kg ---------------- X
X = 1 x 100/15 = 6,7 m2
Exemplo:
Ervilha Ervilha
Considerando que a produção média de sementes de ervilha 25 kg --------------- 100 m2
é de 25 kg a cada 100 m2, deve-se multiplicar o peso de inte-
1 kg ---------------- X
resse (1 kg) por 100 e dividir pela produção média:
X = 1 x 100/25 = 4 m2
O total da área para a produção de sementes destas cinco espécies é de 56,4 m².
48
Depois de conhecer o rendimento médio, é o mo- ção alimentícia. Já nas espécies de frutos carnosos, o
Época de plantio,
P ara organizar o final do planejamento, é necessário ob-
servar alguns fatores que atendam aos requisitos bási-
cos para produção de sementes de hortaliças.
espaçamentos e ciclo das espécies
para produção de sementes Escolha do local de plantio
P ara a produção de sementes, deve-se observar sempre Na escolha do local é aconselhável observar o seguinte:
as condições climáticas de cada região. O ideal é que
a produção ocorra nas épocas mais secas, evitando- • Devem ser selecionados locais de maior insolação
diária possível.
se assim o excesso de umidade, que pode causar
• O sentido do comprimento das linhas de plantio deve,
diversos problemas nas sementes, sanitários (doenças) preferivelmente, ser dimensionado no sentido Leste-Oeste.
e fisiológicos (baixa germinação e vigor). É de suma • Em áreas com declive acentuado, os campos de sementes
importância que espaçamentos maiores sejam adotados precisam ser locados no terço inferior, de frente para o norte.
e se diferenciem daqueles utilizados para o cultivo de • Em locais de ventos fortes, é importante instalar quebra-
hortaliças para fins estritamente alimentícios, sobretudo -ventos no sentido perpendicular ao vento
predominate, para evitar acamamento de plantas e também
para aquelas de frutos secos, já que para as de frutos prevenir danos causados por ventos frios provenientes do Sul
carnosos costuma-se utilizar os mesmos espaçamentos e dificuldades de polinização principalmente das abelhas.
adotados para produção comercial de alimentos. Esse
fator é muito importante, pois afeta o rendimento das
sementes e pode favorecer o ataque de insetos nocivos,
quando não são respeitadas as distâncias corretas.
Disponibilidade hídrica
Além disso, o ciclo de produção das plantas de fru- Deve haver disponibilidade de água para atendimento
tos secos no cultivo para produção de sementes é con- da necessidade de irrigação. O sistema de irrigação preci-
sideravelmente maior do que no cultivo para produ- sa ser planejado e instalado com antecedência ao plantio
Espécie Época de plantio Espaçamento entre Época de colheita Ciclo de Cultivo Observações
linhas e plantas (Dias)
Abóboras e morangas fevereiro-março 3a4mx3a4m fevereiro-março 150 Fevereiro a março
setembro-outubro julho-agosto em regiões quentes
Alface março-maio 1,0 m x 0,30 m setembro-outubro 150 -
Brócolis fevereiro-março 0,80 m x 0,60 m agosto-setembro 180 Locais de frio
ENDEREÇO:
ASSOCIAÇÃO:
DEFINIÇÃO DATA
DE HORTALIÇAS 2 DATA DE FLORESCIMENTO DATA DE PRODUTIVIDADE PRODUTIVIDADE
ÁREA EM M
A SEREM PLANTIO (80% DAS PLANTAS COLHEITA ESPERADA (KG) COLHIDA (KG)
PLANTADAS: FLORESCIDAS)
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
51
Capítulo II - PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO DE SEMENTES
Capítulo III
53
Capítulo III
A
s etapas de plantio são os primeiros passos práti- Pode ser feito pela abertura de berços (covas) – mais
cos que proporcionarão o início da produção de indicados para cucurbitáceas, feijão-vagem e ervilhas –,
sementes. As operações que antecedem o plantio ou em sulcos.
são: a análise de solo, o preparo e correção do solo e a adu- Os berços são abertos em uma distância compatível
bação orgânica, podendo o campo ser instalado sobre o com o espaçamento de cada espécie, assim como a pro-
cultivo de adubação verde, ou não. fundidade de semeadura da semente.
Já os sulcos são abertos na distância específica de cada
espécie, a uma profundidade de 1cm a 3 cm, onde serão
Sistemas de plantio semeadas as sementes no sentido do comprimento da li-
nha de plantio.
Alguns exemplos de espécies das quais podem ser pro- O transplantio é realizado quando a muda possui de
duzidas mudas são: alface, tomate, berinjela, pimentão, 4 a 6 folhas definitivas, tomando-se o cuidado com o es-
beterraba, acelga, repolho, brócolis, couve-flor, alho-poró, paçamento, que deve estar ajustado para a produção de
cebolinha, entre outras. sementes.
Como fazer o
plantio em sulcos
Capítulo III - PLANTIO DE CAMPOS SEMENTEIROS
a
Abre-se um
sulco no solo no
espaçamento
ideal para
cada espécie.
b
Semeia-se
a semente
dentro
do sulco.
c
Cobre-se a semente
com solo ou,
de preferência,
com compostagem.
d
Após um período que varia
de 7 a 20 dias, dependendo
da época do ano e da espécie,
ocorre a germinação da semente
e emergência da plântula, e o
estabelecimento da cultura.
59
Capítulo IV
Vernalização artificial
A
vernalização é o processo que visa artificializar para a colheita das raízes, selecionando-se aquelas su-
condições climáticas relacionadas à temperatu- periores, com homogeneidade no comprimento, colo-
ra para que algumas espécies consigam flores- ração e diâmetro. As raízes com presença de ombro
cer através da utilização de frio e umidade controlada verde ou roxo devem ser eliminadas. Posteriormente
por certo período. ao período de vernalização das raízes, estas são plan-
O método funciona proporcionando temperaturas tadas novamente no solo e irão florescer e produzir
baixas durante determinado tempo para que ocorra a sementes, daí a explicação para o método se chamar
indução da floração de espécies exigentes desta condi- semente-raiz-semente.
ção climática. Dependendo da quantidade do material As técnicas utilizadas para a produção de raízes são
a ser vernalizado, pode ser realizado em uma câmara idênticas àquelas dedicadas exclusivamente à produção
fria ou geladeira. alimentícia, como o espaçamento de plantio, o manejo
Esse sistema é utilizado principalmente para o plan- e a colheita das raízes, que não pode passar de 100 dias.
tio da cenoura e da cebola em locais que não apresentam Alguns cuidados devem ser tomados, principalmente
frio suficiente para a indução ao florescimento dessas es- com a escolha das variedades, época de semeadura, colhei-
pécies. Os tubérculos da beterraba também podem ser ta e seleção das raízes e como realizar a vernalização.
vernalizados artificialmente, mas, devido à exigência da
espécie de dias longos e frios, ocorre o florescimento de
um número menor de plantas, o que dificulta o proces- Escolha das variedades
so no Brasil, sobretudo no Sudeste, Centro-Oeste e no É necessário sempre utilizar variedades de primavera-
Nordeste. Alguns estudos mostram que até pode ocor- -verão que estejam à disposição no mercado, dispensan-
rer a produção no Centro-Oeste, mas com índices muito do-se materiais de inverno e variedades híbridas.
baixos de florescimento (abaixo de 50%). As variedades de inverno têm mais necessidade de frio
que as variedades de verão, e mesmo com vernalização
Vernalização da cenoura muitas plantas não florescem.
O método relativo à cenoura é denominado de “se- As variedades híbridas acabam perdendo o vigor hí-
mente-raiz-semente”, ou seja, plantam-se sementes brido na segunda geração.
b
Devem-se descartar ainda raízes com
presença de ombro verde e ombro roxo.
Visando estimular novas brotações,
convém cortar as folhas na altura de 5 cm
a partir do colo da planta.
c
Após a seleção das raízes,
acomodam-se estas em sacos plásticos,
em número de 10 raízes por saco. Depois
leve-as à geladeira por 45 dias.
Irrigação
A irrigação deverá manter a umida-
de do solo, utilizando-se equipamento
adequado, que pode ser por aspersão
ou gotejamento.
Recomenda-se molhar uniforme-
mente o local para favorecer o pega-
mento das raízes ao solo.
Atenção!
Em locais onde o clima favorece o florescimento ao natural da cenoura, em regiões frias,
como nos estados do sul do Brasil, ou em regiões de altitude elevada - Quadro 13 -,
não é necessária a vernalização das raízes.
O plantio da semente será feito em sulcos, na forma
de semeadura direta, e posteriormente ocorrerá o florescimento e a produção de sementes.
Este método chama-se de “semente a semente” - Quadro 14. O plantio geralmente se realiza
entre abril e junho e a colheita das sementes, entre dezembro e janeiro.
Plantio de Quantidade
Vernalização Colheita sementes
bulbos de bulbos
março-abril
45-60 dias em câmara fria junho-julho Pelo menos 100 dezembro-janeiro
ou geladeira
71
Capítulo V
O
s campos de sementes necessitam de manejos ção. A irrigação mais indicada para a produção de semen-
e tratos adequados para seu desenvolvimento. tes é pelo sistema de gotejamento, principalmente na fase
Os tratos culturais são processos realizados de florescimento até a colheita, pois o excesso de umidade
após o plantio até a colheita, visando proporcionar às na fase final do ciclo compromete a qualidade fisiológica
plantas condições de desenvolvimento para a produ- e sanitária das sementes. É um sistema mais caro para ser
ção de sementes. A realização dessas operações de for- implantado; porém, utiliza menos água durante o ciclo de
ma eficiente possibilita o aumento da produtividade e produção de sementes, quando comparado aos sistemas
qualidade das sementes. de aspersão e inundação.
As informações aqui apresentadas descrevem eta-
pas importantes, como irrigação, desbaste, controle
Considerações sobre a irrigação
de plantas espontâneas, amontoa, tutoramento, des-
brota, eliminação de frutos, limpeza das saias, pen- em campos de sementes de hortaliças
teamento das cucurbitáceas, capação, indução ao O período mais recomendado para a irrigação é o
florescimento, roguing e polinização. Estas etapas, início da manhã quando utilizado gotejamento; já a as-
devidamente realizadas, contribuirão para o sucesso persão deve ser evitada nesse horário, pois as hortaliças
da qualidade das sementes. abrem as flores neste período do dia, o que poderá cau-
sar problemas de polinização, principalmente na famí-
lia das Cucurbitáceas.
Irrigação O Quadro 17 demonstra as fases críticas com relação à
A
irrigação por espécie.
irrigação depende da disponibilidade de água, re-
levo e estrutura da propriedade. Para a produção A frequência de irrigação depende do tipo de solo,
de sementes olerícolas, dependendo da espécie, são clima, necessidade da cultura, presença ou não de co-
necessários de 300 mm a 800 mm de água durante os bertura morta no solo, quantidade e constância de
estádios de cultivo. chuvas, características que podem ser determinadas
Os sistemas de irrigação mais utilizados são o de as- mediante visualização das plantas. Os sintomas de uma
persão, gotejamento e, em algumas regiões, o de inunda- planta com déficit hídrico variam conforme a cultura, mas
Fonte: Pereira 2011. Dados em dias após a emergência, dentro de cada ciclo vegetativo
das hortaliças, cultivadas em diferentes regiões.
bem compostados, para que não sejam fontes de disse- Controle cultural
minação de sementes de plantas espontâneas. O controle cultural ocorre por meio de uso de prá-
ticas como a adubação verde, a cobertura morta, a rotação
de cultura e a solarização.
Método de controle
A adubação verde tem o papel de suprimir o desen-
de plantas espontâneas volvimento de plantas espontâneas através do abafamento su-
Para fazer o controle de plantas espontâneas, importa perficial, especialmente pelo sombreado da superfície do so-
conhecer algumas características da espécie espontânea lo que dificulta a germinação das sementes destas plantas.
envolvida que poderá infestar o campo de sementes como: A maioria das espécies de adubos verdes são manejadas em
capacidade de enraizamento, profundidade do sistema ra- torno de 90 a 120 dias, período que coincide com a flora-
dicular, hábito de crescimento e tipo de reprodução. ção plena (80% das plantas florescidas). Essa técnica propi-
Os principais métodos de controle em campos de se- cia a liberação de substâncias que inibem a germinação de se-
mentes agroecológicas são o cultural e o mecânico. mentes e propágulos das plantas espontâneas (alelopatia).
CV-Foto 2 – Cobertura viva campo de semente de pimentão –Magé CV-Foto 3 -Cobertura morta campo de semente de alface-AAT
da cultura de interesse. Neste método pode ser necessário Normalmente é realizada duas a três vezes até a fase
complemento com capina manual na linha de plantio, jun- inicial de florescimento, principalmente nas culturas da
to às hortaliças. cebola e da cenoura, salsa, coentro entre outras. É impor-
tante cuidado durante a operação para não danificar as ra-
ízes e o caule das plantas. A amontoa ou aterramento pode
Amontoa ou aterramento ser feita após a adubação de cobertura.
A desbrota consiste na eliminação dos brotos e brota- se tiverem comprimento de até 10 cm. O ponteiro da pl ado
deve se r el im in
Quando de tamanho superior, melhor
ções que surgem nas axilas de cada folha, reduzindo o en te no ato da
utilizar ferramentas apropriadas. acidentalm
mateiro.
número de ramos das plantas e, consequentemente, dimi- desbrota do to
nuindo a competição por nutrientes nos frutos. Esta ope- No caso da berinjela - CV- Fotos 5a,
ração facilita também a aeração, a insolação e o controle 5b e 5c -, jiló e pimentão - CV- Fotos
fitossanitário. Na produção de sementes, é realizada prin- 5d, 5e, e 5f (vide p.82) -, os brotos e
folhas que surgirem abaixo da primeira
cipalmente nas espécies da família solanáceas, entretanto, bifurcação (forquilha) são retirados.
nas variedades de tomate de crescimento determinado,
esta prática não é utilizada. É realizada quando os brotos
CV-Foto 4
ainda estão pequenos, manualmente ou com auxílio de Desbrota de to
mate
ferramenta apropriada e desinfetada.
Atenção!
Os brotos e folhas descartados
devem ser eliminados da área de produção,
prevenindo a incidência de doenças e pragas.
CV-Fotos 5c - Desbrota da berinjela
Atenção!
Na condução a meia
estaca devem-se
amarrar as plantas no
tutor com barbante
em oito (8).
Indução ao florescimento
Repolho
Faz-se no repolho o corte com uma faca afiada e esteri- Foto 11- Indução ao florescimento pós-corte
lizada em forma de “X” na parte superior da cabeça, a uma
profundidade de 5 cm - CV- Fotos 10 e 11.
Alface americana
Na alface americana a técnica consiste na abertura das
folhas manualmente, não deixando formar cabeça. Esse
procedimento deve ser realizado no mínimo 4 vezes du-
rante o ciclo da cultura. Outra forma é, durante a forma-
ção da cabeça, realizar um corte com uma faca afiada e
esterilizada em forma de “X” na parte superior da cabeça
a uma profundidade de 5 cm, com sucessivas aberturas
manuais - CV-Foto 12. Foto 12 - Corte em "X" na alface americana
O roguing é a eliminação das plantas que se apresentam aquelas que estão fora dos padrões - CV-Foto 14.
diferentes do padrão da variedade (atípicas), doentes,
Capítulo V - MANEJO E TRATOS CULTURAIS
É
duos para a produção de sementes. a transferência de grãos de pólen de uma flor para o
tubo polínico da mesma flor ou de outra flor. O trans-
Para realizar o roguing, é necessário conhecer porte do pólen é feito pela ação de insetos, animais, água
as características das variedades, como: e vento. Para que haja formação das sementes e frutos,
• porte da variedade; é necessário que os grãos de pólen fecundem os óvulos
• arquitetura (formato) da planta; existentes no aparelho reprodutor feminino da flor. Uma
• forma e coloração das folhas e frutos; técnica importante na produção de sementes olerícolas
é a introdução de colmeias na periferia dos campos se-
• ciclo da variedade. menteiros. São utilizadas de 3 a 4 caixas de abelhas por
hectare, colocadas no local, na fase florescimento. Em al-
Devem ser eliminados os primeiros 5% das plantas gumas espécies como a cebola, abóboras e melancia, essa
que florescerem, principalmente as alógamas. O pro- técnica pode aumentar até 33% a produção de sementes.
cedimento pode ser realizado durante todo o ciclo da Contudo, após o manejo e tratos culturais ocorrem as etapas
planta, sendo mais usual nas fases de pré-florescimento de colheita, beneficiamento e armazenamento das sementes
- CV-Foto 13, florescimento e formação de frutos. Con- olerícolas, os últimos processos da produção de sementes.
CV-Foto 13 - Alface da direita apresenta doença na fase de pré-florescimento CV-foto 14 – Planta removida no roguing por estar doente
87
Capítulo V
Colheita e beneficiamento
de sementes de hortaliças
A
colheita é o ato de coletar manualmente ou CVI-Figura 1 - Grau de maturidade fisiológica
da semente indicada para o momento da colheita
mecanicamente os frutos ou inflorescências
das hortaliças no campo, para a extração das
suas sementes sendo um instante crucial, com signi- Germinação
ficativa influência nas qualidades genéticas e fisioló- Peso seco
gicas das sementes. Vigor
Maturidade fisiológica
Máximo
UMIDADE
É o momento da retirada do campo dos materiais que
passaram pelo plantio, adubação e manejo; e constitui um
Menor potencial
Menor potencial
dos processos mais importantes da produção de sementes
de hortaliças. A gestão das operações que antecedem a
colheita, como a identificação do ponto de colheita de
cada espécie, a organização dos acessórios necessários
para a colheita e o ajuste de máquinas operacionais,
quando em escala maior, é fundamental para agilização Tempo
do processo, que deve ser feito com rapidez, entretanto, Maior potencial
sem afetar a qualidade das sementes. de armazenamento
Deve-se realizar a colheita em época mais próxima O momento de identificação da maturação fisio-
da maturação fisiológica da semente, quando ela lógica de espécies de frutos secos diferencia-se do das
apresenta seu maior potencial de germinação e vigor, espécies de frutos carnosos, sendo nestas últimas mais
mas, como inconveniente, uma grande quantidade de fácil de identificar.
água em seu interior. As sementes de frutos carnosos encontram-se dentro
A maturação fisiológica é o ponto em que a se- de um fruto recobertas pela polpa, muitas vezes aderida a
mente se encontra com maior conteúdo de reserva - elas. Exemplos: abóboras, melão, melancia, pepino, tomate,
CV-Figura 1 -, garantindo assim os processos vitais de berinjela, pimentão e jiló. Nesse caso, os frutos é que de-
sobrevivência. Após a maturação, ocorre um decréscimo mostrarão o momento que as sementes que estão no seu
normal dessas características. interior terão maturidade fisiológica.
N
mentos com outras variedades, danificados, malformados,
os frutos carnosos, o ponto de identificação da ma-
deteriorados e atacados por microrganismos.
turação fisiológica das sementes é facilitado porque
a avaliação é realizada pela observação de sinais visuais A colheita geralmente é realizada em uma única etapa,
e físicos, como troca da coloração externa dos frutos (de colhendo-se todos os frutos, dependendo da espécie. En-
verde para amarelo, vermelha, arroxeada ou outra cor ca- tretanto, o tomate necessita ser colhido de forma parcela-
racterística da variedade) e cicatrizes que neles aparecem. da, devido à maturação desuniforme dos frutos, observan-
Além disso, o tempo de florescimento destas espécies é do-se sempre os sinais do ponto de maturidade fisiológica
mais uniforme. das sementes no fruto.
Quando as sementes terminam seu es-
tádio de maturação dentro do fruto, pode
ser que ocorra viviparidade, que nada mais
é que a germinação da semente dentro do Atenção!
fruto. Portanto, esta é uma razão para que O local onde os frutos ficarão em repouso deve ser protegido,
não se atrase a colheita dos frutos. arejado, sombreado e ter temperaturas amenas.
O ideal é que os frutos que apresentarem a casca mais dura
Em algumas espécies de frutos carno- fiquem empilhados organizadamente, e os frutos de espécies
sos, as sementes em seu interior podem com a casca mais mole fiquem espalhados
atingir maturidade fisiológica mesmo antes sem o peso de uns sobre os outros.
da completa maturação dos frutos; em ou- Em ambos os casos, não devem ser amontoados.
tras, somente após a maturação dos frutos. O período de repouso é importante para que a umidade da semente
atinja valores menores, próximos do ideal, e também
O Quadro 21, (p. 90), destaca duas for- para que certas substâncias sejam assimiladas pela semente,
mas de identificação do ponto de matu- melhorando suas qualidades fisiológicas.
ração fisiológica das sementes em frutos Além disso, propicia às que não atingiram seu amadurecimento
carnosos: a análise visual da aparência dos completo que terminem a maturação ainda dentro do fruto.
frutos de acordo com cada espécie, e por
96 GUIA PRÁTICO PARA A PRODUÇÃO DE SEMENTES DE HORTALIÇAS GUIA PRÁTICO PARA A PRODUÇÃO DE SEMENTES DE HORTALIÇAS 97
Cortam-se os frutos, retirando-se as sementes, co- CVI-Foto 11 -
Sementes de tomate
locando-as sobre uma mesa ou outra superfície plana. Pol- colhidas num
vilha-se o produto escolhido sobre as sementes e, para que prato de louça
CVI-foto 13 - Utilização de calcário para retirada de mucilagem CVI-Foto 14 - Descarte de sementes inviáveis
CVI-Foto 2 50 dias
Abóbora Maturação fisiológica
Casca amarelada sem brilho
após a abertura da flor
italiana da abobrinha e com grande aumento do fruto.
CVI-Foto 3
Frutos maduros amarelados 42 dias
Melão Maturação fisiológica
com a casca rendilhada. após abertura da flor
do melão
92 GUIA PRÁTICO PARA A PRODUÇÃO DE SEMENTES DE HORTALIÇAS GUIA PRÁTICO PARA A PRODUÇÃO DE SEMENTES DE HORTALIÇAS 93
Colheita manual
A colheita manual é mais indicada para pequenas áreas
e deve ser realizada de preferência nas primeiras horas da
manhã, ainda com orvalho, para que não ocorra a queda
das sementes - CVI-Foto 22.
Em algumas espécies, como a cebola e a cenoura, são
necessárias três a quatro colheitas, que podem perdurar
por aproximadamente trinta dias para totalizar o final da
retirada das sementes do campo.
As plantas são cortadas a aproximadamente 5 cm
do solo, com auxílio de faca ou facão bem afiados,
sendo manuseadas cuidadosamente para reduzir as
perdas ao mínimo.
Após a retirada das plantas do campo, estas devem ser
empilhadas com as inflorescências no mesmo sentido, so-
bre lonas - CVI-Foto 23 e CVI-Foto 24 -, ou sob telados ou
coberturas de proteção - CVI-Foto 25 e CVI-Foto 26 -, ou
ainda em locais protegidos até sua secagem.
CVI-Foto 25 - Secagem em local protegido, CVI-Foto 26 - Secagem de sementes penduradas sob cobertura de proteção
inflorescência no mesmo sentido
Limpeza semimecanizada
É realizada com o uso inicial de trilhadeiras e poste-
riormente com equipamentos manuais.
As sementes são separadas da palha com uso de má-
quinas próprias para este fim. A principal máquina utiliza- CVI-foto 27 - Abanação ao vento
da é a trilhadeira estacionária, que deve estar bem regula-
da, a uma velocidade entre 450 e 550 rpm. Neste processo, No caso de não haver vento, podem-se usar ventilado-
trilham-se vagens (feijão-vagem e ervilha), espigas (milho res controlando sua velocidade de acordo com as impure-
doce), síliquas (repolho, couve-flor, couve e brócolis, en- zas e tamanho das sementes.
tre outras) e umbelas (cebola, salsa, cenoura e coentro). O É possível utilizar também pequenos equipamentos
cuidado especial nesta etapa é com relação à ocorrência de caseiros, como sopradores construídos com cano de PVC,
danos ou perda das sementes. secador de cabelo e balde, que limpam as sementes das
impurezas principalmente de brássicas, ervilhas, feijão-
-vagem e coentro. E para a retirada das aristas (pequeno
Atenção! pelo que fica nas sementes) se faz necessário utilizar uma
máquina de descascar pimenta-do-reino, que acaba elimi-
Pode haver danos ou perda das sementes
com o uso de trilhadeiras.
nando-as sem afetar a semente.
Recomenda-se colocar lonas plásticas
em torno da máquina durante a operação, Limpeza manual
com a finalidade de coletar as sementes que caírem,
diminuindo-se as perdas. A separação das sementes da palha e restos vegetais é
realizada por meio da debulha com as mãos -
CVI-Foto 28 -, golpes nas plantas sobre lonas -CVI-Foto
A seguir, é feita a limpeza ao vento (aventação ou aba- 29A, CVI-Foto 29B e CVI-Foto 29C -, ou sacos previamen-
nação - CVI-Foto 27) em peneiras com numeração milime- te fechados com bambus, cambão ou pisoteio.
trada adequada; geralmente usam-se peneiras de fubá, arroz, Posteriormente, ocorre a limpeza ao vento (aventa-
feijão e café, para que ocorra a separação pela ação do vento e ção ou abanação) da mesma forma que é realizada com
pela diferença de tamanho das impurezas das sementes. uso de trilhadeiras.
CVI-Foto 29A - Extração de semente de alface CVI-Foto 29B - Extração de semente de alface CVI-foto 29C - Extração de semente de brócolis
por batida por batida por batida
A
dentro do próprio lote, com uma padronização quanto s sementes das hortaliças são sementes ortodoxas e
ao tamanho, peso e forma, além da retirada de todo o podem ser secas a baixas umidades, tolerando inclu-
material inerte e outras sementes que não sejam as se- sive o ponto de congelamento. A secagem pode ser reali-
mentes de hortaliças. zada de duas maneiras, ao natural (por meio do sol) ou
Após a pré-limpeza, ocorre a secagem das sementes, artificialmente (por meio de secadores).
quando necessária, pois, muitas vezes, as sementes de Durante o processo de secagem, o excesso de água
hortaliças já vêm do campo com umidade baixa. Um do exterior e do interior das sementes é retirado pelo
cuidado, para quem opera a secagem, é ter em mente sol e vento, ou ainda por equipamentos com ambiente
que, quanto maior o teor de água de uma massa de se- controlado.
mentes, menor deve ser a temperatura inicial de seca- As sementes, após a colheita, geralmente apresentam
gem, podendo ser aumentada conforme ocorra a perda um teor de água incompatível com o manuseio e armaze-
de água da massa. namento seguro, necessitando, portanto, de secagem. Em
O próximo passo será a limpeza final; nesta etapa, regiões com climas mais secos, com baixa umidade relati-
procura-se homogeneizar as sementes por tamanho e va do ar e ausência de chuvas próximas à colheita, a neces-
observar as características de largura, espessura e peso, sidade de secagem é mínima, uma vez que as sementes são
que é a classificação das sementes. colhidas praticamente secas. As sementes das hortaliças
podem ser secas de maneira natural ou artificial.
A secagem direta ao sol não causa danos às sementes. Esta forma de peneira é erguida a uma altura de 0,5 m
Já a secagem à sombra pode ser altamente prejudicial, a 1 m, possibilitando que o ar passe por cima e por
pois as sementes demoram mais tempo para secarem e baixo das sementes.
podem deteriorar-se. É preferível secar sementes de frutos secos em lona
O método de secagem natural apresenta algumas plástica, e frutos carnosos, em panos. As lonas de colora-
vantagens, como maior agilidade, baixo custo e possibili- ção branca - CVI-Foto 30 -, azul ou amarela são mais
dade de manuseio de maiores volumes de sementes. Elas propícias, devendo-se evitar lonas de coloração preta, pois
devem ser secas em sacos de panos ou algodão, que per- esta absorve mais calor, podendo queimar as sementes.
mitam a troca gasosa, principalmente quando se tratar Na secagem com lona plástica, também pode ocorrer
de sementes úmidas; ou em lonas, quando se tratar de a condensação de água na semente, razão por que é neces-
sementes secas. Devem ser dispostas em finas camadas, sário constante revolvimento. Quando panos forem utili-
com constantes revolvimentos, em especial as pequenas zados, pode-se fazer uma armação quadrada com madeira
(cebola, alface, cenoura). e pregar nela um pano ou saco de ráfia - CVI-Foto 31.
Podem ser utilizadas superfícies cimentadas, telados A altura da estrutura deve ficar a 1 m do solo para que
plásticos, lonas ou panos. circule ar por baixo e por cima das sementes.
A secagem é realizada em leiras, formando-se cama- Para identificar se as sementes estão secas, alguns
das onduladas de 10 cm (semelhante ao processo de seca- métodos práticos são úteis como: a] se ao dobrar as se-
gem do café), que devem ser revolvidas a cada 30 minutos, mentes de cucurbitáceas entre os dedos elas quebrarem
principalmente as sementes que passaram pelo processo facilmente, estão “secas” e b] em sementes mais duras,
de lavagem, como as de frutos carnosos. finca-se a unha na superfície e, não permanecendo a
A secagem em telados plásticos acelera a secagem marca, é também sinal de que já estão secas.
natural, que é mais lenta. Utilizam-se telados entrela- Outro método de observação do teor de umidade
çados de plásticos ou arames formando uma peneira, é o seguinte: em um vidro colocam-se oito partes de
onde as sementes são espalhadas em forma ondulada. sal e uma parte de sementes e misturam-se os dois.
-se o vidro ao contrário. Caso o sal e as sementes caiam os testes de germinação e pureza, procurando verificar
no fundo do vidro, as sementes estão secas, mas se, ao as porcentagens - padrão de cada cultura.
contrário, o sal permanecer aderido às paredes late- Cuidados especiais devem ser tomados, como
rais do vidro, elas ainda estão úmidas, necessitando averiguar o teor de umidade da semente e a tempe-
de mais tempo de secagem. ratura do ar de secagem, não devendo esta última ul-
trapassar os 42 °C, para que não aqueça em excesso
as sementes, inviabilizando-as.
Secagem artificial das sementes A secagem artificial de sementes de espécies de fru-
A secagem artificial é geralmente realizada em uma to seco ocorre logo após a trilha e a pré-limpeza delas,
unidade de beneficiamento de semente (UBS), que é uma cuidando-se para que a temperatura de secagem não
estrutura apropriada para finalizar o processo de produ- exceda 42 °C. A secagem de sementes de espécies de
ção de sementes. É a exposição das sementes em um seca- frutos carnosos deve ser feita logo após a extração, fer-
dor elétrico que proporciona um ambiente artificial com mentação (dependendo da espécie) e lavagem. As semen-
fluxo de ar aquecido ou não. tes, ao saírem do processo de lavagem, estão com umidade
São realizados testes de teor de umidade da semen- acima de 45%. Deve-se iniciar a secagem a 32 °C. À me-
te, para verificar se será necessária a secagem artificial dida que se perceba a perda da umidade superficial das
nos lotes de sementes que chegam na UBS. Se houver de sementes, pode-se aumentar gradualmente a tempera-
4,5% a 9% de umidade, dependendo da espécie, não é tura de secagem, até atingir o limite máximo de 42 °C
necessário. Se tiver acima, deve-se baixar até o teor es- (Nascimento, 2005).
107
Capítulo VII
O
armazenamento é o processo realizado para pro-
porcionar condições adequadas de temperatura
e umidade às sementes, visando manter sua ger-
minação, vigor e sanidade, para que permaneçam viáveis UMIDADE
para plantio durante o maior tempo possível. RELATIVA
O processo de deterioração de uma semente é ir- DO AR
TEMPERATURA
reversível; não se consegue transformar uma semente
de baixa qualidade em uma semente de alta qualidade, a 45% deve estar no máximo
mesmo sob condições excepcionais, durante o proces- a 10 oC = 55,5
samento e o armazenamento. Portanto, os locais onde
elas serão embaladas e armazenadas devem passar por a 40% deve estar no máximo
um planejamento quanto à localização e às instalações a 15 oC = 55,5
a serem utilizadas. As instalações devem ter o mínimo
de umidade possível, assim como uma temperatura não a 35% deve estar no máximo
extrema. O ideal é que a soma das condições de umidade a 20 oC = 55,5
relativa e temperatura seja igual a 55,5 - CVII-Figura 1 -,
ou seja, uma umidade relativa do ar de 50% e uma CVII- Figura 1 - Teores de umidade x temperatura
temperatura de 5 ºC.
À medida que um teor sobe, o outro deve baixar. A No Quadro 24, observam-se os teores ideais de umi-
umidade relativa do ar e a temperatura são medidas por um dade segundo cada espécie de hortaliça.
aparelho denominado termo-higrômetro - CVII-Foto 1. Resultados de pesquisa com armazenamento indicam
Para um armazenamento seguro, a maior parte das que o tempo em que as sementes podem ser conservadas
hortaliças exige que suas sementes estejam com teor de sem um declínio significativo na germinação dobra para
umidade próximo de 5% a 7%. Sementes de ervilha e fei- cada ponto percentual (1%) reduzido no teor de umidade
jão-vagem ou de quiabo devem ser armazenadas com teor da semente e, também, para cada 5,5 ºC reduzidos na tem-
de umidade mais elevado, em torno de 9%. peratura do ambiente (Cardoso e Silva Filho, 2005).
O início do processo de germinação de uma semente anteriormente, sobretudo do grau de umidade. A outra
ocorre pela temperatura e umidade favoráveis. Portanto, forma é em ambiente controlado em câmara fria, que é
se o local for úmido e com temperatura elevada, cria-se utilizado pelas empresas sementeiras.
um ambiente desfavorável para a conservação das semen- Como já mencionado, os vilões para a conserva-
tes – devem-se buscar locais secos e de baixa temperatura ção das sementes são o excesso de umidade e a tem-
para a sua melhor conservação. Essas condições podem peratura elevada: quanto mais seco o local onde as se-
ocorrer de duas maneiras. A primeira é em locais com cli- mentes se encontram, maiores serão a longevidade e a
ma adequado e favorável, possuindo a vantagem de terem vida útil destas. Isso depende muito da embalagem em
baixo custo, mas com a desvantagem de a vida da semen- que serão acondicionadas, pois, em embalagens que
te depender muito das condições que lhe foram impostas permitam contato delas com o meio externo, repleto
A
da vida útil.
s empresas de sementes utilizam diversos tipos de
A vida de uma semente, portanto, está sujeita às ca-
embalagens, dependo de qual semente será embalada
racterísticas da embalagem e do armazenamento. É ne-
assim como seu grau de longevidade. Atualmente são uti-
cessário que a semente mantenha sua qualidade duran-
lizados três tipos de embalagens: as porosas, as que permi-
te um certo período para que ocorra, posteriormente,
tem a passagem de uma pequena quantidade de vapor de
sua germinação. Nos procedimentos de embalagem e
água e as resistentes à entrada de vapor de água.
armazenagem, as sementes só podem ter suas qualida-
As embalagens porosas permitem trocas de va-
des afetadas negativamente caso sejam malfeitos, pois
por d’água entre as sementes e o ar atmosférico; por
elas nunca ganharão qualidades a mais que aquelas ad-
exemplo: sacos de tela de algodão, de juta e de papel.
quiridas nos processos do pré-beneficiamento até a eta-
As embalagens resistentes à penetração do vapor d’água
pa final, de armazenagem.
permitem a passagem de limitadas quantidades de va-
por d’água; por exemplo: sacos de papel multifoliado,
Embalagens para armazenar polietileno e poliéster. E as embalagens à prova da pe-
netração de vapor d’água são recipientes laminados de
sementes nas propriedades alumínio e papel, laminados de alumínio e plásticos, la-
tas e papel celofane.
A
sas. Os locais mais
s sementes de hortaliças podem ser atacadas
apropriados para
tanto por doenças como por insetos e pragas.
conservar semen-
Alguns cuidados devem ser tomados com relação a
tes são câmara fria,
possíveis infestações.
geladeira - CVII-
-Foto 3 -, ou cons-
truções adaptadas Controle de insetos que atacam sementes
com desumidifica- Os principais ataques de insetos nas sementes ocor-
dor, ar-condicionado rem na fase de armazenamento e são causados por be-
e termo-higrôme- sourinho, caruncho, gorgulho e traças.
tro para controle de
umidade e tem- Todos eles causam danos consideráveis às se-
CVII- Foto 3 - Armazenagem em geladeira
peratura. Quando mentes, comprometendo sua vida, longevidade e o
não for possível armazenar nessas condições, as semen- estande de plantas após o plantio. Os níveis de da-
tes devem ser armazenadas em local fresco, seco e com nos podem ser primários (principais) e secundários
pouca luminosidade. (de menor intensidade).
No Quadro 26, (p. 110), pode-se observar a longevidade No Quadro 27, (p. 111), é possível observar os princi-
em anos de determinadas espécies. pais danos causados por pragas de armazenamento.
Longevidade
Patógeno Nome comum da doença Hospedeiro máxima do
patógeno [anos]
Fonte: Adaptados pelos autores de Pereira et al. (2015) e Machado e Souza (2009)
d] umedeça os papéis-toalhas com água sem g] repita esse processo até atingir 10 partes de se-
encharcá-los; mentes enroladas, sendo que o formato será de
e] coloque as sementes em fileiras de 10 unida- um rocambole no final;
des, uma ao lado da outra, na parte de cima das h] amarre o rocambole de sementes com um
folhas umedecidas de papel-toalha, e enrole a elástico de amarrar dinheiro e o coloque den-
primeira parte; tro de um plástico, deixando a uma tempera-
f] faça novamente a mesma coisa na parte abai- tura entre 20 °C a 25 °C por um período de
-xo do papel-toalha enrolado, formando uma 7 a 10 dias, tomando o cuidado de umedecer
segunda parte; algumas vezes o papel-toalha.
i] posteriormente a esse período, retire as semen- h2] Caso 75 das 100 sementes germinarem, a taxa de
tes do papel-toalha e conte as que germinaram. germinação será de 75%, então será necessário
h1] caso 50 das 100 sementes germinarem, a taxa de aumentar um pouco a quantidade de sementes a
germinação será de 50%, então, será necessário serem usadas no plantio.
duplicar a quantidade de sementes a serem usa- Exemplo: utilizar em torno de 5 sementes de er-
das no plantio. vilha por berço em vez de 3.
Exemplo: utilizar 6 sementes de ervilha por ber-
ço em vez de 3.
119
Capítulo VIII
A
agricultura, de um modo geral, deve ser trabalhada suas características, onde solos tropicais são trabalhados
de acordo com alguns aspectos sustentáveis relati- de forma idêntica as dos solos de clima temperado, com
vos à dinâmica ecológica dos territórios em que se exposição ao sol e à chuva e cultivados sem cobertura. O
insere. Para tanto, o manejo ecológico do solo por meio de mau manejo de solos está relacionado principalmente aos
práticas como adubação orgânica, adubação verde, cober- excessos de aração e gradagem que acabam pulverizando
tura morta (mulching), rotação de culturas e plantio em e compactando a camada agriculturável.
arranjos de consórcio são estratégias importantes para a O manejo de solos de uma determinada região deve
produção de sementes de hortaliças agroecológicas. Sis- ser o primórdio do planejamento na atividade de produ-
temas agrícolas eficientes que incluam tais práticas ten- ção de sementes, pois muitas vezes as limitações não estão
dem a minimizar impactos negativos causados por fatores relacionadas a fatores climáticos, e sim a impedimentos
bióticos e abióticos em campos sementeiros, entre eles a químicos, físicos e biológicos que acabam destruindo so-
presença de doenças e insetos nocivos, desequilíbrio nu- los com ótima capacidade produtiva.
tricional nas plantas e perda de água para o ambiente.
Algumas considerações
Manejo ecológico de solos sobre solos para hortaliças
As culturas de hortaliças para semente, assim como
desequilíbrios que afetam as sementes. O equilíbrio nutri- Destaca-se que os diferentes pós de rochas e produtos
cional é importante, ressaltando-se que alguns nutrientes à base de silicato de potássio e fósforo podem apresentar
estão mais diretamente relacionados com o processo repro- diferentes solubilidades.
dutivo e a formação das sementes conforme o Quadro 31. O composto orgânico e biofertilizantes foliares produ-
zidos nas propriedades são duas opções de adubação que
Adubação orgânica proporcionam a ciclagem interna de nutrientes.
É possível utilizar várias fontes para adubação de cam- O composto orgânico atua nas propriedades químicas,
pos de sementes de hortaliças, destacando-se o uso de físicas e biológicas do solo. Conforme Moreira e Capeles-
composto orgânico, bokashis, húmus, pós de rocha silica- so (2006), o princípio básico da produção de compostos
tados à base de fósforo e potássio, termofosfatos, torta de orgânicos está na transformação dos restos orgânicos por
mamona, farinha de osso e outros. Para fertilizações folia- microrganismos. A forma de decomposição aeróbica é fa-
res, podem-se utilizar diversas formulações de biofertili- cilitada por agentes que utilizam oxigênio para a sua res-
zantes e outros produtos. O ideal é que se utilizem mate- piração – a decomposição anaeróbica é menos usada por
riais aptos a promover a ciclagem interna dos nutrientes, causa do desprendimento de gases e nutrientes como o ni-
ou seja, que possam ser gerados ou produzidos e reapro- trogênio e o enxofre. O produto final resultante de alguns
veitados nas propriedades. desses microrganismos é a matéria orgânica humificada.
Algumas fontes que podem ser utilizadas para aduba- Analisando dados de Burg e Mayer (1999), observa-se
ção orgânica encontram-se no Quadro 32. que um animal vacum de 500 kg de peso vivo é capaz de
Termofosfato - 16 a 18 - - - -
Fosfato natural - 5 - - - -
gerar de 40 kg a 45 kg de esterco e urina por dia, totalizan- Como fonte de aplicação via folha, tem-se os bioferti-
do em torno de 13 t a 15 t por ano de esterco, que podem lizantes. Ao decompor-se a palavra biofertilizante, cons-
ser aproveitadas na forma de composto ou húmus. tata-se que “bio” é um prefixo grego que significa vida, e
As adubações de plantio com composto orgânico va- “fertilizante” pode remeter a fertilizar ou fertilidade. Ao
riam de 10 t a 30 t de composto por hectare, dependendo juntar os dois, se obtém como resultado a “fertilização
naturalmente da fertilidade do solo. Elas são parceladas por meio da vida”. Diz-se “fertilidade da vida” por cau-
em duas aplicações, uma no plantio e a outra próxima do sa da ação de fermentação promovida pelos microrga-
florescimento, podendo-se utilizar formas complementa- nismos depositados e formados no seu preparo. Esses
res, quando a análise de solo indicar alguma deficiência de microrganismos atuam formando fitormônios — subs-
um determinado elemento. tâncias químicas que atuam sobre a divisão, elongação
As adubações de cobertura podem ser realizadas com e diferenciação celular. Além de fitormônios, o produto
diferentes formulações orgânicas, lembrando sempre final é repleto de vitaminas e sais minerais (macro e mi-
que as hortaliças são exigentes em potássio em primeiro cronutrientes). Os biofertilizantes possuem, na sua cons-
lugar, seguido por nitrogênio, cálcio, magnésio e fósforo. tituição, álcoois e fenóis importantes para as plantas. Ge-
Os micronutrientes boro e zinco são muito importantes ralmente eles são aplicados nos campos de produção de
para estas plantas. sementes com certa periodicidade e de forma preventiva.
Macronutrientes Micronutrientes
N P K Ca Mg S B Zn Cu Mn Fe Mo Na C M.O. Umidade Carbono/Nitrogênio pH
--------------------%--------------------- ------------- Mg/l ------------- µg/l Mg/l ------------%------------ Relação C/N Valor
0,98 0,73 4,38 9 2,01 0,37 48,9 88,6 19,3 1216 807 nd nd 25,2 42,3 97,2 25,17 6,5
Observações: Os resultados estão expressos com base no peso seco; nd = Não determinado; µg/l = Microgramas por litro;
Mg = Megagrama [1 Mg = 1 tonelada ]; Mg/l = p.p.m. [Parte Por Milhão];
P2O5 = P x 2.29; K2O = K x 1.20 e M.O. = Matéria Orgânica.
Elementos químicos: P2O5 = Pentóxido de fósforo; K2O = Óxido de potássio; N = Nitrogênio; P = Fósforo; K= Potássio; Mg = Magnésio;
Ca = Cálcio; S = Enxofre; B = Bóro; Zn = Zinco; Cu = Cobre; Mn = Manganês; Fe = Ferro; Mo = Molibdênio; Na = Sódio e C = Carbono.
pH = Corresponde ao potencial hidrogeniônico de uma solução. Ele é determinado pela concentração de íons de hidrogênio [ H+ ]
e serve para medir o grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade de determinada solução.
Em biofertilizantes caseiros, encontramos os elemen- rescimento (frutos secos) ou enchimento dos frutos
tos descritos a seguir no Quadro 33. (frutos carnosos).
As formas de aplicação e a periodicidade dos adubos As adubações orgânicas e o processo da adubação ver-
orgânicos mudam um pouco em relação a espécies de fru- de devem ser planejados conjuntamente, o que favorece
tos carnosos e secos. processos químicos, físicos e biológicos do solo.
Para as hortaliças de frutos carnosos, as recomenda-
ções de adubações se assemelham muito às recomenda- Adubação verde e cobertura de solo
ções para o cultivo comercial. Algumas práticas podem Uma forma de ciclagem de nutrientes e manutenção
aumentar o número de frutos e de sementes, como a in- da matéria orgânica para o solo diz respeito à utilização
trodução de colmeias em campos de cucurbitáceas, que da adubação verde antes da locação dos campos de pro-
proporciona aumento de cerca de 33% de produtividade. dução de sementes.
Assim, é necessário um incremento na adubação para me- Calegari et al. (1992) destaca que, para a produção
lhor formação e enchimento das sementes. agrícola ser autossustentável, é necessária uma reformu-
As espécies de hortaliças de frutos secos apresen- lação e/ou reorientação dos sistemas produtivos à luz das
tam ciclo mais longo, quando comparadas à produção características agroclimáticas predominantes em cada
de olerícolas para alimentação, sendo necessária uma realidade, visando à otimização dos ciclos biogeoquími-
atenção maior com adubações de cobertura. Geral- cos. A presença da matéria orgânica no solo, nos vários
mente são realizadas duas adubações de cobertura; a estágios de decomposição, a atividade e a natureza de mi-
primeira com aproximadamente 45 dias após a emer- crorganismos, associadas à ação de sistemas radiculares de
gência ou transplante, e a segunda na fase de pré-flo- plantas são altamente variáveis tendo em vista o enorme
M.S. C N P K C/N
ESPÉCIE
Mg/ha -1
--------------------------------Kg/ha ------------------------------
-1
Relação
LEGUMINOSAS
Chícharo 3,77 1.583 107 12,8 114 14,8
Ervilhaca Comum 3,82 1,604 93 12,0 77 17,2
Tremoço Azul 4,74 1,991 112 13,0 148 17,8
Ervilha Forrageira 4,02 1,688 97 15,0 72 17,4
NÃO LEGUMINOSAS
Aveia Preta 4,98 2,092 61 11,3 86 34,3
Nabo Forrageiro 4,01 1,684 91 14,3 83 18,5
Gorga 4,27 1,793 62 -- -- 28,9
Pousio 1,25 525 25 5,9 48 21
Observações: Mg = Megagrama [ 1Mg = 1 tonelada ]; M.S. = Matéria seca; C = Carbono; N = Nitrogênio; P = Fósforo e K= Potássio.
poliurônicos são os produtos intermediários da decompo- do-se realizar um planejamento das culturas de adubação
sição, formando substâncias húmicas, favorecendo a for- verde e de sua adaptabilidade aos diversos locais onde
mação de cálcio e fósforo, proporcionando húmus de boa são produzidas sementes de hortaliças, pois algumas es-
qualidade (Primavesi, 1988). pécies utilizadas no Sul do Brasil não se adaptam no Su-
O fato de certas Fabaceae serem más hospedeiras de deste e no Nordeste, e vice-versa. Outro fator essencial é
nematoides formadores de galhas e serem de fácil pro- utilizar as espécies de acordo com a época de cultivo, ou
dução de sementes contribui para a difusão de seu uso seja, inverno e verão.
em sistemas agroecológicos de produção. A ação sobre
os nematoides pode ser caracterizada sob dois aspectos: Adubação verde de inverno
primeiro, pela ação direta na inadequada hospedagem de Nas regiões Sul e Sudeste, tem-se destacado a uti-
algumas espécies e, segundo, pelo maior equilíbrio micro- lização da aveia preta, consorciada com o nabo forragei-
biológico que as espécies utilizadas conferem ao solo por ro, tremoço ou ervilhaca para adubação verde de inverno,
ocasião da distribuição da fitomassa. visando, no verão, espécies de calor como cucurbitáceas,
Na escolha das espécies, é importante optar por aque- solanáceas e o quiabo. No inverno, o consórcio de aduba-
las que apresentarem alta produção de biomassa, deven- ção verde é colocado a campo e, na primavera, ocorre a in-
M.S. C N P K C/N
ESPÉCIE
Mg/ha 1
-------------------------------Kg/ha -------------------------------
-1
Relação
Crotalária-júncea 10.52 4,418 189 13,5 130,0 23,4
Feijão de Porco 5,13 2,155 144 12,0 157,3 15,0
Guandu anão 4,50 1,890 103 10,6 73,3 18,3
Crotalária-spectabilis 6,26 2,629 147 11,0 105,4 17,9
Mucuna-cinza 7,25 3,045 179 13,6 90,3 17,0
Mucuna-preta 7,06 2,965 161 13,8 102,7 18,4
Observações: Mg = Megagrama [ 1Mg = 1 tonelada ]; M.S. = Matéria seca; C = Carbono; N = Nitrogênio; P = Fósforo e K= Potássio.
corporação da massa à superfície do solo. Posteriormente, as sementes de adubação verde possuem um custo de
ocorre o preparo e adubação dos berços (as chamadas co- aquisição elevado.
vas), ou linhas, seguidas do plantio direto dos campos de As adubações verdes de verão, quando compa-
produção de sementes de espécies de verão. radas com as de inverno, possuem mais matéria seca e
A aveia preta também tem sido usada como co- mais capacidade de incorporar Nitrogênio, por serem
bertura nas culturas da cebola e da cenoura. O plantio da originárias de regiões tropicais, com solos altamente
aveia preta é realizado no mês de março em regiões mais intemperizados, apresentando maior quantidade de fi-
frias e, nos meses de maio e junho, trinta dias antes da lo- tomassa, mesmo em solos ácidos e de baixa fertilidade
cação dos campos de sementes, ocorre a incorporação da natural (AITA,2006).
massa da adubação verde de aveia preta. Na Quadro 35, podem-se observar resultados
Alguns estudos de Aita (2000) sobre resíduos dei- obtidos sobre a produção de massa seca e acumúlo de
xados pela adubação verde de inverno podem ser obser- C, N, P e K em diferentes condições edafoclimáticas.
vados no Quadro 34.
Outras plantas que podem ser utilizadas como
cobertura dizem respeito à cultura do sorgo e do gi-
rassol, principalmente para regiões do Nordeste do
Adubação verde de verão Brasil, isto por serem culturas de fotossíntese C4,
Deve-se levar em conta na adubação verde de com maior resistência à salinização e à seca (Prima-
verão o ecossistema local, procurando-se utilizar plan- vesi, 2002); ambos podem ser consorciados com fei-
tas de crescimento rápido para uma cobertura do solo jão miúdo, comumente chamado de feijão de corda
eficiente e também culturas que fechem o ciclo, pois nessa região.
PLANTA Kg de N2
ERVILHACA LISA 90
GUANDU 90
TREMOÇO 128
ERVILHA 148
CROTALÁRIA-JÚNCEA 159
LEUCENA 600
Dica!
Quando o consórcio for realizado
com adubos verdes como aveia preta,
que aceita rebrote, o manejo deve ser
realizado por meio de roçadas sobre
as plantas que estão nas entrelinhas.
As plantas devem ser totalmente
acamadas na fase de florescimento -
CVIII-Foto 1 e CVIII-Foto 2.
CVIII-Foto 2 –
CVIII-Foto 1 – Acamamento tremoço
Tremoço acamado florescido em campo
campo de alface-AAT de alface-AAT
CVIII- Foto 3 – Campo de ervilha consorciado com alface CVIII-Foto 5 – Campo de berinjela consorciado com feijão de 60 dias
A
lgumas questões foram levantadas neste estu- domesticação e criação das diversas espécies de plantas
do, em diversos capítulos referentes à produção cultivadas passou pelas mãos dos indígenas, povos na-
de sementes de hortaliças, que vão desde os as- tivos e agricultores.
pectos importantes das sementes, passando pelo pla- Ao produzirem suas sementes, os agricultores que se
nejamento e instalação de campos sementeiros e seus fundamentaram na pesquisa participativa apresentam im-
manejos, detalhamento da colheita, beneficiamento, portante papel na preservação das bases dos recursos na-
armazenagem, tratamento de sementes até o manejo turais e das tradições, sendo as sementes um importante
agroecológico de cultivo. elo entre os valores culturais enraizados nas famílias que
Tais questões formam um conjunto de implicações trabalham a agroecologia como uma forma de agricultura
que podem afetar positivamente a produção e preserva- sustentável para várias gerações.
ção de sementes de polinização aberta. Para que dúvidas Hoje, perante a legislação brasileira de sementes,
sejam elucidadas, reflexões devem ser realizadas e, para os agricultores familiares, assentados da reforma agrá-
isso, pode-se pensar sobre o que a semente representa ria, quilombolas e indígenas estão amparados e podem
para os agricultores de uma forma geral, e para a agricul- produzir, trocar e vender sementes e, na perspectiva da
tura orgânica. O que é realmente um produto orgânico e conservação da agrobiodiversidade e da agroecologia, é
quais são os princípios que o regem? fundamental que esse direito seja assegurado e mantido.
Inicialmente, ouso dizer que, para que um produto seja E não só isso, mas o interessante é que todos os agricul-
realmente orgânico, é necessário que o cultivo seja realiza- tores tenham esse mesmo direito.
do a partir do plantio de sementes orgânicas, biodinâmi- Deve-se destacar a importância de fomentar iniciati-
cas, naturais, biológicas, etc. Esta visão vai além da obriga- vas por parte de entidades públicas como, universidades
toriedade de atender a uma legislação ou certificação, indo e instituições de pesquisa que desenvolvem investigações
permear o cerne da agroecologia que preza por fatores que baseadas no melhoramento participativo com o intuito de
ligam a produção de sementes a questões sociais, culturais, aproximar-se da sociedade e de suas necessidades. Uma
gastronômicas, religiosas e humanas, não estando ampa- grande ação poderia ser pensada e estruturada a partir
rada somente na visão reducionista da produtividade a da institucionalização de trabalhos de pesquisa com foco
qualquer custo. no melhoramento participativo, ligando a universidade a
Sementes convencionais estão adaptadas aos pacotes grupos de agricultores. Dentro dessa lógica, jovens pes-
tecnológicos que lhe dão suporte, que são os biocidas e quisadores poderiam atuar na cadeia das hortaliças e sua
adubos químicos cuja finalidade é proporcionar altos ren- produção de sementes, pois existe um campo enorme para
dimentos, sem que se pesem consequências ambientais e desenvolver pesquisas nessa área, principalmente com ên-
sociais. Estas sementes, quando manejadas em sistemas fase na agricultura de base ecológica.
orgânicos que trabalham com profundas relações e inte- O livro não tem intenção de ser uma referência na pro-
rações dinâmicas, acabam não tendo as mesmas respostas. dução de sementes, mas sim um espaço de pesquisa em
Do ponto de vista da soberania, a produção de se- que agricultores, estudantes e profissionais da área agríco-
mentes torna-se uma ferramenta de libertação para os la interessados no tema possam sanar suas dúvidas sobre a
agricultores e de autossuficiência, desempenhando im- maneira como produzir sementes de hortaliças.
portantes papéis nas esferas culturais, políticas, sociais Semente é vida, semente é luz, semente é espírito, se-
e, por que não dizer, técnicas, já que todo o processo de mente é renascimento e preservação da natureza.
133
Área da Comunidade-Luz Figueira
A
C omunidade-Luz Figueira, filiada à Fraternidade mento integral em cada ser que se abre à experiência de
- Federação Humanitária (FFHI), é uma associa- viver uma experiência humana mais ampla.
ção civil que, além de ser um centro espiritual, é A Comunidade-Luz mantém o desenvolvimento per-
uma escola viva em que seus integrantes são incentivados manente de práticas autossustentáveis em diversas áre-
a experimentar o amor fraterno e a completa doação de as, como o cultivo e a multiplicação de sementes puras
si. Não constitui sociedade, seita ou instituição, e todos os (não manipuladas geneticamente de forma artificial),
que a ela se agregam são convidados a participar volunta- um sistema de abastecimento de água não prejudicial
riamente da vida grupal e comunitária, a descobrir e ex- ao meio ambiente local, a reciclagem/produção de ma-
pressar um novo padrão de conduta interno e externo, teriais ecológicos para uso diário e a manutenção de hor-
com a aspiração de servir à humanidade e aos Reinos da tas para consumo comum. Em suas atividades de serviço,
Natureza de forma simples, abnegada e amorosa. dispensa um cuidado atencioso aos animais e às árvores
Fundada em 1987 pelo escritor e filósofo espiritua- e também atua na segurança ambiental preventiva atra-
lista José Trigueirinho Netto, localizada na zona rural vés de uma brigada de incêndio formada por membros
de Carmo da Cachoeira, sul de Minas Gerais, Brasil, Fi- da Comunidade-Luz.
gueira oferece um ambiente propício para que as pessoas Em Figueira, todos são incentivados a buscar a cura
possam crescer interiormente e desenvolver aptidões que em um nível profundo, que vai além da eliminação das
as ajudem a ser agentes da paz e do bem comum. Sem desarmonias físicas, emocionais e mentais. Com base
qualquer finalidade lucrativa, suas atividades são realiza- nesse princípio, a alimentação é vegetariana, conscien-
das por voluntários e mantidas por doações espontâneas. te, saudável e sustentável, visando o bem de seus inte-
grantes, sejam eles humanos ou animais, e o cuidado
Comunidade-Luz: a expressão de uma nova vida e preservação da Terra. A base do regime alimentar
O espírito fraterno, a experiência da vida grupal, o ser- são grãos, sementes, cereais, frutas, legumes e verduras
viço aos Reinos da Natureza e as práticas autossustentá- cultivados de forma orgânica na própria Comunidade-
veis são expressões do dia a dia da Comunidade-Luz, que -Luz. Os alimentos são preparados de forma colabora-
proporcionam um permanente campo de aprendizado ao tiva, assim como os pães, o leite vegetal e o tofu, elabo-
estimular, através da simplicidade, a busca do desenvolvi- rados com a soja, a farinha de trigo e o fubá orgânicos
135
Área de plantios da Comunidade-Luz Figueira
137
Área de plantios da Comunidade-Luz Figueira
ACAMAMENTO: o acamamento constitui-se na queda OMBRO VERDE E OMBRO ROXO: coloração verde ou
ou no arqueamento das plantas em virtude da flexão da roxa causada pela luz do sol que incide diretamente na
haste ou má ancoragem propiciada pelas raízes, o que pro- raiz (por exemplo, nas cenouras). O pigmento verde na
voca aumento do autossombreamento das folhas e maior parte superior da raiz é a clorofila. Chuvas torrenciais que
proximidade das vagens ao solo. ocorrem durante a estação de cultivo podem retirar o solo
que cobre as raízes, expondo-as ao sol. A maneira de evitar
ATÍPICO: que se afasta do normal, do característico; a formação do ombro verde ou roxo é manter os ombros
anômalo, incomum, raro. das raízes protegidos da luz solar, ou seja, mantê-las co-
CONDENSAÇÃO: passagem do estado de vapor ao esta- bertas com solo.
do líquido; liquefação. PATÓGENOS: organismos que provocam doenças. Ge-
DESGRANAR: retirar e/ou separar os grãos. ralmente são bactérias, vírus ou fungos, bem como orga-
nismos associados ao grupo dos insetos ou ácaros.
DOMESTICAÇÃO: a domesticação de plantas é o proces-
so pelo qual a seleção feita pela natureza e/ou pelos ho- “PAPOS” BRANCOS: plumagem que protege as cápsulas
mens das características genéticas de um indivíduo e suas das sementes de alface.
condições de adaptação ambiental resulta em mudanças
PENDOAMENTO: o pendoamento é um processo
nas populações, tornando-as mais úteis ao plantio e me-
natural de certas hortaliças, como a alface, para com-
lhor adaptadas à intervenção humana.
pletar seu ciclo de vida, marcando a transição da fase
FISIOLÓGICO: relativo às funções orgânicas e às ativida- vegetativa para a fase reprodutiva, quando a planta so-
des vitais nos seres vivos, tais como crescimento, nutrição fre transformações na sua morfologia e metabolismo e
e respiração. emite seu botão floral.
GAVINHAS: presentes nas plantas trepadeiras, são es- PERFILHAR: gerar rebentos. Ex.: as plantas perfilharam
truturas simples ou bifurcadas na extremidade, com a na primavera...
função de agarrar ramos, galhos, folhas, ou qualquer outro
RENDILHADO: recortado com delicadeza. Trabalho que
objeto que sirva de apoio para a planta em crescimento.
lembra rendas.
INFLORESCÊNCIA: conjunto de flores ou qualquer sis-
SANITÁRIO: relativo à conservação da saúde e higiene.
tema de ramificação que termine em flores, e se caracteri-
ze pela presença da haste. SÍLIQUA: [Botânica] fruto seco, alongado, cujos grãos
aderem alternadamente a duas suturas longitudinais e
LEIRAS: amontoado de terra em linha. Elevação de terra
opostas.
entre dois sulcos.
OLERÍCOLA DE HORTA: Hortaliças. Abrangem as cul- SULCO: rego estreito e comprido, mais ou menos pro-
turas folhosas, raízes, bulbos, tubérculos e alguns frutos fundo.
como o melão e a melancia. TRILHAGEM MECÂNICA: processo mecânico; meio
mecânico. Uso de maquinário próprio para um de-
terminado fim.
UMBELA: conjunto de flores com formato de guarda-
-chuva que parte, de forma homogênea, do eixo central.
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Área de plantios da Comunidade-Luz Figueira
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Artigos. n. 002, 2002. 10p.
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A serviço da ampliação da consciência, a Irdin
Editora tem por objetivo divulgar obras de
natureza filosófico-espiritual que auxiliam a
humanidade a encontrar soluções para os
desafios cada vez mais complexos nesta época
de constantes transformações globais.
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O Guia
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Prático
Prático
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Produção
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profunda
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de forma organizada,
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Fundamentada
Fundamentada em uma
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