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09/08/2018 PressReader.

com - Réplicas de Jornais de Todo o Mundo

“Escaldão” castiga produção de vinho em


2018
As temperaturas elevadas registadas nos últimos dias destruíram uvas e até videiras completas em
várias regiões portuguesas. Os produtores já começaram a reportar às seguradoras os estragos que vão
ter reflexo na próxima vindima.

Jornal de Negócios 8 Aug 2018 ANTÓNIO LARGUESA alarguesa@negocios.pt Direitos reser vados

Problema está a afectar vinhas do Minho ao Alentejo, passando pelo Douro e Setúbal.
Ocalor registado nos últimos dias, com as temperaturas a ultrapassarem os 40 graus em várias regiões, provocou perdas
avultadas para os viticultores e vai ter reflexos na próxima vindima, intensificando a quebra de 3% na produção que tinha
sido estimada pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV).
Os relatos de escaldão na vinha chegam do Minho ao Alentejo, passando pelo Douro e pela península de Setúbal. Depois de
um período de temperaturas amenas para a cultura da vinha, a subida abrupta registada entre quinta-feira e domingo
provocou um choque térmico e as uvas acabaram por colapsar.
Ao Negócios, o presidente do IVV, Francisco Toscano Rico, confirma que “já foram identificadas algumas vinhas com
escaldão de cachos e folhas, de intensidade muito severa”, mas acrescentou que “ainda é prematuro avançar com valores que
quantifiquem o impacto na próxima colheita ao nível regional e nacional”.
O telefone de João Pereira é que não tem parado de tocar nas últimas horas. Além de viticultor é consultor de vários
produtores de vinho verde, calculando “milhares de euros de perdas”, apesar de nesta região haver um seguro colectivo que
cobre os fenómenos climáticos.
“Mas não deixa de ser calamitoso para uma região assente na viticultura. Além da perda da uva há também situações em que
há perda da videira, o que implica plantar uma nova. E são três a quatro anos até ela entrar em produção – mais o custo e o
trabalho de a plantar”, ilustra. Muitos produtores estão de férias e só se vão aperceber dos verdadeiros estragos quando
entrarem novamente nas vinhas. O problema abrange todo o território, considerando João Pereira que “devia ser accionado
um fundo de calamidade ou algo do género”.
Embora detalhando que “o escaldão está a ter efeitos diferentes em função da exposição da vinha e das castas”, o presidente
da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, Francisco Mateus, confirma ao Negócios as “ocorrências de escaldão nas
vinhas, que vão influenciar a produção desta campanha” e absorver uma parte substancial dos ganhos antes estimados.
Na região líder de vendas a nível nacional, com uma quota superior a 40%, a previsão até apontava para uma recuperação de
15% na próxima campanha, para 110 milhões de litros. Para já, o gestor prefere não avançar com novos valores, isto depois
das fortes quebras de produção verificadas nos últimos três anos, num acumulado de perdas a rondar os 20% a 25%.
A Adega de Borba arrisca já uma quebra mínima de 15% – correspondente a um milhão e meio de garrafas no final do ano –
devido à vaga de calor que queimou cachos de uvas em largos hectares de vinhas no concelho. Citado pela TSF, o porta-voz
da cooperativa, Luís Gaspar, sustenta que os associados “nunca viram nada assim” e já estão a accionar os seguros.

https://www.pressreader.com/portugal/jornal-de-neg%C3%B3cios/20180808/281496457106363 1/1

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