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Campanhas e Programas Ambientais

META 20

O Estado do Paraná tem vivido sob um longo período de estiagem desde 2019,
o que resulta ainda hoje em uma crise hídrica considerada por muitos a maior dos
últimos tempos. Como resultado, diversas cidades do estado passam por
racionamento no abastecimento de água, principalmente na Região Metropolitana de
Curitiba, e outras cidades do interior estão em estado de alerta no abastecimento de
água em suas regiões. Em agosto de 2021 o governo estadual publicou o último
decreto de emergência hídrica no estado, válido por 90 dias.

Além do problema no abastecimento, a estiagem prolongada vem afetando


outras áreas essenciais como a agricultura, saúde e preservação do meio ambiente.
Dentro da área de saúde pública ainda temos o agravante da pandemia de COVID-
19, que coincidiu diretamente com o início do sistema de racionamento de água em
Curitiba e região, mesmo sendo a água um fator essencial para combater o vírus,
além das doenças que a estiagem causa por si só, principalmente relacionadas a vias
aéreas.

Dentro da área de agropecuária o estado vive perdas constantes de produção,


impactando não só na economia do setor, mas também no abastecimento de
alimentos no mercado. A produção de alimentos como feijão e milho tiveram quebras
registradas que giram em torno de 48% a 58% da produção estimada para o período
de colheita em 2021, comparadas ao ano de 2020.

A estiagem prolongada também afeta a preservação do meio ambiente, uma


vez que o número de queimadas aumenta nos períodos de seca prolongada, entre os
meses de julho e agosto de 2021, houve, segundo o governo estadual, um aumento
de 125% de número de focos de queimada em cada um dos meses ao redor do
estado.

Pensando em uma maneira de minimizar os impactos gerados pela estiagem


e o racionamento de água, a empresa Sanepar, a atual detentora da concessão dos
serviços públicos de saneamento básico, lançou a campanha META 20 em 2020, com
o objetivo de reduzir em 20% o volume de água utilizado durante um mês pela
população. A campanha foi realizada com o intuito de conscientizar a população para
a prática de atitudes que levem à economia de água.

Mar de luta

O derramamento de petróleo em mares e oceanos pode ocorrer por diversas


falhas no sistema de extração e transporte do combustível fóssil, ocasionando uma
série de problemas ambientais e econômicos por onde o petróleo deixa seu rastro.
Este tipo de acidente tem capacidade de destruir um ecossistema inteiro ou tirar a
fonte de renda de uma quantidade considerável de pessoas. No Brasil, o maior e mais
recente acidente de derramamento de petróleo ocasionou esses problemas pelos 9
estados da região Nordeste e parte da região Sudeste do país. A ocorrência de 2019
ainda causa impactos aos moradores dos mais de 4 mil quilômetros de costa que a
mancha de combustível atingiu.

Por ser um produto altamente tóxico para os seres vivos e de difícil remoção,
uma vez que o petróleo de alojou em camadas superficiais e subsuperficiais, o
ecossistema das áreas afetadas foi alterado drasticamente, causando danos aos
peixes, tartarugas, corais, aves e baleias da região. Já na economia, o acidente
causou danos ao setor de turismo, pesca e coleta de frutos do mar.

Em 30 de agosto de 2020, após um ano do aparecimento das primeiras


manchas no litoral da Bahia, movimentos sociais de pescadores artesanais e de
organizações de defesa dos direitos humanos e socioambientais se organizaram para
lançar a campanha Mar de Luta, como forma de reivindicar reparação por parte do
governo e alertar a sociedade sobre as condições atuais das comunidades pesqueiras
das áreas afetadas. A campanha conta com um manifesto disponível no website do
Conselho Pastoral dos Pescadores e páginas no Facebook e Instagram que contém
uma série de vídeos apresentando as comunidades afetadas. Em agosto de 2021,
quando o derramamento completou 2 anos, o governo federal ainda não havia
divulgado respostas concretas sobre o acidente.
Pantanal100cinzas

Nos últimos anos, as queimadas registradas no Pantanal ultrapassaram a


média histórica, sendo 2020 o ano onde o bioma teve a sua maior perda, o equivalente
a 26% da área total. Em agosto do ano seguinte, os registros de focos de incêndio e
área afetada também ultrapassaram a média, com o agravante de um período de
estiagem esperado ainda mais severo e em meio a uma crise hídrica, a perda foi de
261,8 mil hectares. Uma estimativa dos Ministérios Públicos de Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul revela que 60% dos incêndios são resultado de ações humanas e
possuem ligação com atividades de agropecuária, dentro de propriedades privadas e
áreas de preservação ambiental.

Para conter os focos de incêndio que aumentam a cada ano, milhares de


bombeiros e brigadistas trabalham para controlar as chamas e evitar que o estrago
seja ainda maior. No ano de 2021 foi lançada a campanha #pantanal100cinzas que
conta com investimento em equipamentos para auxiliar no controle dos incêndios e
uma campanha online, parte composta por divulgação em rádios, material para redes
sociais, cartilhas informativas sobre prevenção e combate ao fogo, divulgação de
números de emergência e informativos com números atualizados sobre o estado atual
das queimadas na região. Participa dessa ação o chamado Comitê do Fogo,
organizado por diversas instituições públicas, ambientais, econômicas e de pesquisa,
como IBAMA, EMBRAPA, WWF Brasil, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Ministério
Público. A campanha ainda conta com recursos da União Europeia.

O principal objetivo da campanha é conscientizar os diversos setores que estão


envolvidos com o bioma como agricultores, pescadores, ribeirinhos, turistas e a
sociedade em geral, difundindo a causa.

Amazônia protege

Entre os principais motivos para o crescimento do desmatamento, estão a


impunidade a crimes ambientais, extração de madeira, mineração, estímulo à
grilagem de terras e retrocessos de políticas ambientais e a atividade pecuária na
região. Um estudo realizado em 2021 revela que 94% do desmatamento que ocorre
nas florestas amazônicas é ilegal, segundo a Instituto Centro de Vida (ICV), do
Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), com apoio da WWF. Além do número alarmante,
o estudo mostra também que falta transparência nos dados coletados pelo governo
sobre o desmatamento, mesmo sob forte pressão internacional para coleta e
divulgação dos dados.

Como forma de combater o desmatamento ilegal, o Ministério Público Federal


desenvolveu o projeto Amazônia Protege, voltado ao uso de imagens de satélite e
cruzamento de dados para auxiliar no desenvolvimento de ações civis públicas que
buscam penalizar os responsáveis pelo desmatamento na região, levando e impedir
a venda de produtos provenientes dessas áreas. O projeto conta com a ajuda do
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da
Universidade Federal de Lavras (UFLA) e pretende aumentar seu alcance com o
passar do tempo. O projeto ainda conta com uma campanha de divulgação para
estimular a sociedade a se envolver de forma ativa na questão.

Mares limpos

Segundo um estudo global publicado pela revista Nature Sustainability, 80%


de todo o lixo encontrado nos oceanos é composto por plásticos, derivados do
consumo desenfreado e irresponsável de diversos produtos descartáveis como
sacolas, garrafas, embalagens e outros. Até mesmo nos ecossistemas de água doce
o plástico está presente em grande escala, compondo cerca de 90% do lixo
encontrado. Estima-se que 11 milhões de toneladas de plástico acabem nas águas
todos os anos e a previsão é para que até 2040 essa quantidade seja triplicada. A
maioria das vítimas de toda essa sujeira são os animais que vivem nas águas, que
acabam por se enroscar nos produtos descartados e até se alimentam deles quando
são confundidos com alimentos.

Pensando em uma solução a médio e longo prazo, o Programa das Nações


Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) desenvolveu a campanha global chamada
Clean Seas, que foi implementada no Brasil em 2017 com o nome Mares Limpos. A
campanha visa conscientizar governos, empresas e sociedade civil sobre a causa e
a necessidade de reduzir a produção e consumo de plásticos descartáveis e
microplásticos, reforçar as leis e orientações sobre o tema e reunir esforços para
evitar que a previsão para o futuro se concretize. Graças ao esforço global já é
possível notar o surgimento de campanhas menores que auxiliam no
desenvolvimento do programa, como o banimento de sacolas ou canudos em alguns
locais.

Referências

• CAMPANHA de conscientização vai distribuir cartilhas digitais sobre manejo


integrado do fogo. [S. l.]: Portal do Governo de Mato Grosso do Sul, 17 de maio
de 2021. Disponível em: http://www.ms.gov.br/campanha-de-conscientizacao-
vai-distribuir-cartilhas-digitais-sobre-manejo-integrado-do-fogo/. Acesso em:
10 de out. De 2021.
• CAMPANHA “Mar de Luta” marca um ano do vazamento de óleo no litoral
brasileiro. [S. l.]: Brasil de Fato, 29 de ago. de 2020. Disponível em:
https://www.brasildefato.com.br/2020/08/29/campanha-mar-de-luta-marca-
um-ano-do-vazamento-de-oleo-no-litoral-brasileiro. Acesso em: 10 de out. de
2021.
• CAMPANHA Mares Limpos promove o direito a um meio ambiente saudável,
incluindo oceanos sem plástico. [S. l.], 9 de jun. de 2021. Disponível em:
https://www.unep.org/pt-br/noticias-e-reportagens/reportagem/campanha-
mares-limpos-promove-o-direito-um-meio-ambiente-saudavel. Acesso em: 10
de out. de 2021.
• COMITÊ do Fogo lança campanha #pantanal100cinzas. [S. l.]: WWF Brasil, 13
de maio de 2021. Disponível em: https://www.wwf.org.br/?78509/Comite-do-
Fogo-lanca-campanha-pantanal100cinzas. Acesso em: 10 de out. de 2021.
• CRISE hídrica: Paraná tem 13 cidades em estado de alerta e outras 18 com
racionamento de água. [S. l.]: G1, 7 de set. de 2021. Disponível em:
https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2021/09/07/crise-hidrica-parana-tem-
13-cidades-em-estado-de-alerta-e-outras-18-com-racionamento-de-
agua.ghtml. Acesso em: 9 de out. de 2021.
• DESMATAMENTO da Amazônia: causas e como combatê-lo. [S. l.]: ECycle.
Disponível em: https://www.ecycle.com.br/desmatamento-da-amazonia/.
Acesso em: 10 de out. de 2021.
• EM 2040, lixo plástico nos oceanos poderá ser o triplo do atual. [S. l.]: National
Geographic Brasil, 30 de jul. de 2020. Disponível em:
https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2020/07/em-2040-
lixo-plastico-nos-oceanos-podera-ser-o-triplo-do-atual. Acesso em: 10 de out.
de 2021.
• GOVERNO do Paraná decreta emergênciahídrica no estado. [S. l.]: CNN
Brasil, 6 de ago. de 2021. Disponível em:
https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/governo-do-parana-decreta-situacao-
de-emergencia-hidrica-no-estado/. Acesso em: 9 de out. de 2021.
• IMPACTO da seca vai além da falta de água: prejudica agricultura, saúde e
agrava riscos de incêndios. [S. l.]: Agência de Notícias do Paraná, 24 de ago.
de 2021. Disponível em:
https://www.aen.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=114733.
Acesso em: 9 de out. de 2021.
• O QUE é o projeto Amazônia Protege. [S. l.]: Amazônia Protege. Disponível
em: http://amazoniaprotege.mpf.mp.br/o-projeto. Acesso em: 10 de out. de
2021.
• O QUE se sabe até agora sobre o derramamento de óleo no Nordeste. [S. l.]:
WWF Brasil, 19 de nov. de 2019. Disponível em:
https://www.wwf.org.br/?73944/O-que-se-sabe-ate-agora-sobre-o-
derramamento-de-oleo-no-Nordeste. Acesso em: 10 de out. de 2021.
• PLÁSTICO é responsável por 80% do lixo nos oceanos. [S. l.]: DW, 11 de jun.
de 2021. Disponível em: https://p.dw.com/p/3ulvk. Acesso em: 10 de out. de
2021.
• UM ANO após perder 26% do bioma, Pantanal corre o risco de ter incêndios
piores neste inverno. [S. l.]: G1, 10 de jul. de 2021. Disponível em:
https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2021/07/10/um-ano-apos-
perder-26percent-do-bioma-pantanal-corre-o-risco-de-ter-incendios-piores-
neste-inverno.ghtml. Acesso em: 10 de out. de 2021.
• VAZAMENTO de petróleo completa um ano sem solução. [S. l.]: WWF Brasil,
30 de ago. de 2020. Disponível em:
https://www.wwf.org.br/?76948/Vazamento-de-petroleo-completa-um-ano-
sem-solucao. Acesso em: 10 de out. de 2021.

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