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GESTÃO DE

RECURSOS
AMBIENTAIS

Roger Santos
Camargo
Revisão técnica:

Vanessa de Souza Machado


Bióloga
Mestre e Doutora em Ciências
Consultora Ambiental e Professora do Curso de Tecnologia em
Gestão Ambiental

R375g Reis, Agnes.


Gestão de recursos ambientais / Agnes Reis, Roger Santos
Camargo; [revisão técnica: Vanessa de Souza Machado]. –
Porto Alegre: SAGAH, 2018.

136 p. : il ; 22,5 cm.


ISBN 978-85-9502-356-7

1. Biologia. 2. Meio ambiente. I. Camargo, Roger Santos.


II.Título.
CDU 502.13

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB -10/2147


Órgãos de controle e
fiscalização ambiental:
origens, finalidades
e competências
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Descrever o contexto da origem dos órgãos ambientais.


„„ Caracterizar os órgãos de controle e fiscalização ambientais federais.
„„ Exemplificar e caracterizar os órgãos ambientais em nível estadual
e municipal.

Introdução
Neste capítulo você será apresentado aos problemas ambientais que
resultaram na legislação ambiental e como esta criou diversos órgãos
ambientais para que possam ser cumpridas as suas leis. Conhecer os
principais órgãos ambientais e como eles se relacionam com sua futura
prática profissional é uma das metas propostas por este.
Para compreender todas as competências e as responsabilidades
dos órgãos ambientais, o ideal é a leitura da Política Nacional do Meio
Ambiente, estabelecida com a Lei nº 6.938/81. Também é aconselhável
acessar o site das entidades ambientais para estar ciente de todos os
serviços prestados.
106 Órgãos de controle e fiscalização ambiental: origens, finalidades e competências

O desafio da preservação ambiental


O Brasil ocupa 47% do território da América do Sul — país com tamanho
continental —, concentra 5 biomas com características próprias e rica biodi-
versidade, além de 3,5 milhões km² de litoral. Por falar em biodiversidade, o
país é considerado o que mais possui espécies no planeta, pois cerca de 20%
de todas estão no Brasil. O número de espécimes endêmicas, tanto da flora,
quanto da fauna, também são significativos. Para você ter ideia, há 68 espécies
de mamíferos que vivem apenas no Brasil, 191 de aves, 172 de répteis e 294
de anfíbios. Esses números provavelmente são muito maiores, pois não se
conhece toda a biodiversidade nacional.
Entretanto, o crescimento do país, desde o período colonial, foi marcado
pela exploração dos recursos naturais. Árvores, animais, recursos minerais
e também hídricos foram usados de maneira intensa, voltada apenas para o
maior lucro. O Pau-brasil, presente em boa parte da costa brasileira, quase foi
extinto, acompanhado de seu habitat — a Mata Atlântica. Atualmente, menos
de 10% da floresta original está preservada e ainda sofre com a degradação
ambiental e o aumento da população. Cerca de ¼ das pessoas no Brasil moram
nas zonas costeiras, mesma região que antes era a Mata Atlântica.
Já no interior do país, as grandes plantações de soja, milho e algodão, bem
como os campos de criação de gado, impulsionam a economia, mas com forte
impacto ambiental e redução das áreas florestais, especialmente na Amazônia
e no Cerrado. Queimadas, corte ilegal de árvores, caça, uso indiscriminado da
água, emissão de poluentes e conflitos com indígenas fazem parte dos graves
problemas socioambientais da região. Portanto, não só as grandes metrópoles
da zona litorânea brasileira, mas o território, como um todo, geram graves
danos ambientais, com repercussões que atingem a sociedade.
Em 2014, por exemplo, houve a seca dos reservatórios de água em São
Paulo, e em 2016 a maior seca em 100 anos na Amazônia. Entre as hipóteses,
o desmatamento na floresta amazônica foi a principal causa apontada, pois
influencia o ciclo da água.
O país tem um histórico extenso de danos ambientais causados pela ação
humana. Muitas vezes chamados de desastres ou acidentes, para ambientalistas,
estes nada mais são do que crimes ambientais causados pela má gestão, pela
falha na prevenção, bem como pela falta de tecnologias sustentáveis ou de
estudo detalhado dos impactos ambientais. Entre as tragédias ambientais no
Brasil, destacam-se:
Órgãos de controle e fiscalização ambiental: origens, finalidades e competências 107

„„ O Vale da Morte, em Cubatão (SP), na década de 1980: Cubatão apre-


sentou uma grave crise ambiental, com centenas de casos de intoxicação
pela emissão de gases tóxicos das indústrias da cidade, chuvas ácidas e
perda da biodiversidade da região. Com o agravante da descoberta da
associação de bebês que nasciam com deformidades físicas e a poluição
atmosférica, ocorreram algumas mudanças. Atualmente, Cubatão é
considerada um exemplo de desenvolvimento sustentável, com maior
qualidade de vida dos moradores e aumento da sua área verde e da
biodiversidade (Figura 1).

Figura 1. Cubatão, que recebeu o título, pela Organização das Nações Unidas (ONU), de
mais poluída do mundo, foi apresentada na Rio 92 como modelo de recuperação ambiental.
Fonte: Galvão (2017).

„„ Derramamento de óleo na Baía de Guanabara: no ano de 2000, no


Rio de Janeiro, houve o lançamento no mar de mais de um milhão de
litros de óleo de um navio petroleiro. O prejuízo ambiental foi gigantesco,
com danos à fauna e ao solo das cidades próximas. A multa aplicada
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA) foi em mais de R$50 milhões. O estado do RJ
ainda teve outro grave acidente em 2011.
108 Órgãos de controle e fiscalização ambiental: origens, finalidades e competências

„„ Incêndio no terminal portuário de Santos (SP): em 2015, os terminais


portuários da empresa Ultracargo queimaram durante 9 dias. Bilhões
de litros de água foram gastos até cessar o fogo. Houve intensa emis-
são de gases tóxicos e lançamento de efluentes líquidos em áreas de
preservação, o que resultou em alta mortandade de peixes e prejuízos
aos pescadores. O órgão ambiental do estado de SP aplicou uma multa
no valor de R$22 milhões.
„„ Rompimento de barragem de rejeitos de minério em Mariana (MG):
em novembro de 2015, 62 milhões de metros cúbicos de resíduos da
mineradora Samarco atingiram o Rio Doce e o povoado e encheram de
lodo a localidade. O prejuízo ambiental e social ainda não foi definido.
Em novembro de 2017, o processo, ainda em andamento, fez 2 anos,
com decisão do IBAMA de multa de R$250 milhões e responsabilidade
pelos custos de recuperação da área.

Como você pode compreender pelas informações até o momento, o Brasil,


apesar de ser rico em recursos naturais, apresenta um triste histórico de prejuízo
ambiental. A configuração do desenvolvimento, a sua grandiosidade a nível
populacional, de território e de biodiversidade, é um desafio para os órgãos
ambientais e fiscalizadores. A ação dos órgãos, tal como o IBAMA ou dos
estaduais, é de suma importância para responsabilização dos empreendimentos,
inclusive quanto à gestão dos bens naturais

Os órgãos ambientais federais


O país tem diversas entidades ambientais para tentar dar conta da grande
demanda ambiental que enfrenta. Talvez alguns deles você tenha conheci-
mento, mas sabe definir sua atuação? Para a gestão dos recursos naturais, é
importante saber qual órgão deve ser procurado e em qual situação. Serão
apresentadas as principais instituições que regulamentam e legislam sobre o
meio ambiente e atuam em nível nacional.

Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA)


O SISNAMA foi implementado com a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,
e é o órgão que reúne os demais em nível federal, estadual e municipal, além
de outras fundações. Sua função, resumidamente, é intermediar e coordenar
Órgãos de controle e fiscalização ambiental: origens, finalidades e competências 109

as decisões das políticas públicas ambientais entre os órgãos ambientais e os


poderes públicos distintos. Para tal, o conselho dos SISNAMA é composto por
membros do Conselho do Governo, do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), do Ministério do Meio Ambiente, do IBAMA e das entidades
estaduais que regionalizam as decisões do conselho e também fiscalizam em
seus respectivos estados.
O Decreto nº 3.942, de 27 de setembro de 2001, enumera 19 competências
do SISNAMA, leia algumas destacadas do Artigo 7º:

I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o


licenciamento de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras, a ser
concedido pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios e supervisionada
pelo referido Instituto;
VI - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manuten-
ção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos
ambientais, principalmente os hídricos;
VII - assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo diretrizes de polí-
ticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais;
VIII - deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões
compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à
sadia qualidade de vida;

Ministério do Meio Ambiente (MMA)


Criado em 1992, o MMA tem sua competência registrada na Lei nº 13.502,
de 1º de novembro de 2017. Entre suas funções, está a de organizar, planejar,
gerir e controlar a Política Nacional do Meio Ambiente e dos recursos hídricos.
Outras incumbências incluem manter uma política de preservação ambiental e
desenvolvimento sustentável, zoneamento ecológico-econômico, criar ideias
para avanço da qualidade de vida e da utilização racional dos recursos naturais
e a preservação da Amazônia Legal por meio de programas e normas.
Para cumprir sua missão, o MMA tem, na sua estrutura, forte relação com
os demais órgãos ambientais, que podem enriquecer os debates e as estratégias
para priorizar a sustentabilidade. O Conselho Nacional do Meio Ambiente, da
Amazônia Legal, dos Recursos Hídricos, de Gestão do Patrimônio Genético,
entre outras entidades, estão entre elas. Quando pensamos na gestão dos
recursos naturais, o conhecimento interdisciplinar é fundamental para avaliar
todos os aspectos, e o MMA trabalha dessa forma.
110 Órgãos de controle e fiscalização ambiental: origens, finalidades e competências

O site do Ministério do Meio Ambiente é rico em informações da sua história, dos seus
relatórios, de ações e demais assuntos voltados para o desenvolvimento socioambiental.
É uma ótima fonte de estudos!
Além disso, possui o link “Publicações por tema”, sendo uma maneira confiável de
encontrar informações ambientais do Brasil. Para saber mais, acesse:

www.mma.gov.br

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)


É um grande conselho formado por representantes das esferas federal, estadual
e municipal, por empresários e também pela sociedade civil. As reuniões
acontecem a cada 3 meses e são conduzidas pelo Ministro do Meio Ambiente.
O encontro visa a estudar, orientar e dialogar com o Conselho de Governo
sobre normas e padrões referentes ao meio ambiente equilibrado. As reuniões
são abertas ao público e há como acompanhar os trâmites pelo próprio site
do CONAMA.
O órgão trabalha via atos que são classificados da seguinte forma:

„„ Resoluções: são a divulgação de normas, critérios e diretrizes voltados


para a preservação do meio ambiente e de seus recursos naturais. Para
a gestão ambiental, é de suma relevância entrar em contato com as
resoluções do CONAMA. Um exemplo é a Resolução CONAMA nº
275, de 25 de abril de 2001, que estabeleceu as cores de identificação
dos coletores de acordo com o resíduo.
„„ Moções: são as declarações que envolvem qualquer tema ambiental.
„„ Recomendações: são os pronunciamentos sobre a execução de progra-
mas e políticas do meio ambiente.
„„ Proposições: referem-se aos temas do meio ambiente que serão expe-
didos ao Conselho de Governo ou ao Senado Federal e à Câmara dos
Deputados.
„„ Decisões: envolvem assuntos relacionados a multas ou penalidades
do IBAMA.
Órgãos de controle e fiscalização ambiental: origens, finalidades e competências 111

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e


dos Recursos Renováveis (IBAMA)
Fundado em 1989, com a Lei nº 7.735/89, é o órgão ambiental responsável pela
execução e fiscalização da Política Nacional do Meio Ambiente. O IBAMA
tem poder de polícia ambiental, atribuições referentes ao controle de qualidade
do meio ambiente, ao licenciamento, ao controle e à fiscalização ambiental
e à licença para exploração dos recursos naturais. Ele pode trabalhar em
parceria com demais instituições ambientais e também atuar em programas
de educação ambiental.

Em casos de licenciamento ambiental, a atuação do IBAMA é determinada por critérios


estabelecidos conforme a Lei Complementar nº 140, de 08 de dezembro de 2011, e o
Decreto nº 8.437, de 22 de abril de 2015.
Na Lei Complementar nº 140, artigo 7º, inciso XIV, temos:

XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e


atividades:
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país
limítrofe;
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma con-
tinental ou na zona econômica exclusiva;
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas
pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos
termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e em-
prego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar
nº 97, de 9 de junho de 1999;
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar,
armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que
utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações,
mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); ou
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a
partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a
participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor
e natureza da atividade ou empreendimento.
112 Órgãos de controle e fiscalização ambiental: origens, finalidades e competências

No Decreto nº 8.437, de 22 de abril de 2015, é definido que a instalação de usinas


de energia, rodovias, ferrovias, hidrovias, atividades com petróleo e o processo de
licenciamento ambiental fica a critério do IBAMA.
Para mais detalhes, consulte o decreto no site do Planalto:

https://goo.gl/SXAbm3

Instituto Chico Mendes de Conservação da


Biodiversidade (ICMBio)
O ICMBio foi concebido com a Lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2007, está
vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e é integrante do SISNAMA. O
instituto é incumbido da execução de policiamento ambiental, do desenvolvi-
mento socioambiental, da implementação de normas e gestão e dos programas
de pesquisa e conservação dentro das Unidades de Conservação (UC). O órgão
inspeciona também o uso e a exploração sustentável dos recursos naturais.
Basicamente, o ICMBio tem atribuições similares ao IBAMA, mas atua
somente nas UCs. O IBAMA pode atuar nas unidades quando, por alguma
dificuldade, o ICMBio não conseguir.

O site do ICMBio disponibilizou um vídeo institucional sobre seu papel. Além de ser
bem elaborado, é didático e conta com informações ambientais pertinentes.
Conheça melhor o órgão pelo link:

https://goo.gl/ivKl2B
Órgãos de controle e fiscalização ambiental: origens, finalidades e competências 113

Agência Nacional das Águas (ANA)


A ANA está associada à execução, à implementação e à regulação das ações
da Política Nacional dos Recursos Hídricos, com origem na Lei nº 9.433, de 8
de janeiro de 1997. Atua, por exemplo, na prevenção de secas e alagamentos,
na fiscalização da situação de barragens e na articulação das políticas com os
gestores estaduais. Sua importância é a atenção que dá às bacias hidrográficas
do país, com foco na regulação desse recurso natural tão visado e que é fonte
de preocupação desde a última década.

Órgãos ambientais estaduais e municipais


Em conjunto com as instituições de caráter federal, os órgãos estaduais e/ou
municipais têm a função de executar e contextualizar as políticas ambientais
decididas em Brasília. Dentro do território do estado, a entidade tem total
autonomia para exercer suas atribuições, desde que respeitada a legislação
do meio ambiente do Brasil (veja o quadro Exemplos) e as situações que a lei
requer que seja o IBAMA. Pode haver mais de uma organização ambiental
no estado, como as voltadas para recursos hídricos ou pesquisas.
Exemplos de entidades ambientais com muita informação relevante em
seu site:

„„ Órgãos Estaduais:
■■ Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Eco-
nômico (MS);
■■ Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Estado de
Alagoas e Instituto do Meio Ambiente (AL);
■■ Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amapá (AP);
■■ Sistema Ambiental Paulista (SP).
„„ Órgãos Municipais:
■■ Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Planejamento e Desenvol-
vimento Urbano de Florianópolis (SC);
■■ Conselho Municipal de Meio Ambiente da Cidade do Rio de Janeiro
– CONSEMAC (RJ);
■■ Secretaria Municipal do Ambiente de Londrina (PR);
■■ Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA) de Goiânia (GO).
114 Órgãos de controle e fiscalização ambiental: origens, finalidades e competências

Devido à preocupação com o uso racional dos recursos naturais, a obrigatoriedade de


hidrômetros individuais em prédios condominiais foi estabelecida pela Lei nº 13.312, de
12 de julho de 2016, a qual regulamenta que até 2021 todos os condomínios deverão
estar dentro da regra, que já é exigida para novos prédios. Essa obrigatoriedade é
válida em Pernambuco desde 2004, com a promulgação da Lei nº 12.609, de 22 de
junho de 2004, emitida pela assembleia legislativa do estado.

Então, como você saberá qual órgão ambiental o empreendimento está


submetido na sua cidade? Seguem informações que podem responder e auxiliar
suas dúvidas:

„„ Não é regra, mas muitos estados possuem a Secretaria do Meio Am-


biente, que pode ou não ter exatamente esse nome. É sediado na capital
e o site, em geral, oferece muitas informações úteis ou mesmo servi-
ços, como documentações e primeiros trâmites para o licenciamento
ambiental.
„„ Procure conhecer a legislação ambiental do seu estado. Obviamente a
legislação federal é a regra base, mas, conforme as demandas ambientais
regionais, muitas vezes estas têm até mesmo maior rigor, além disso,
podem pormenorizar conforme as diferenças locais. Veja um exemplo
na Figura 2.
Órgãos de controle e fiscalização ambiental: origens, finalidades e competências 115

Figura 2. O Buriti, árvore de importância econômica, foi elevado, pela Lei nº 1.282, de 3 de
dezembro de 1996, a vegetal símbolo do Distrito Federal.
Fonte: rodrigobark/Shutterstock.com.

„„ Os recursos naturais são diferentes em uma grande nação como o


Brasil. As secretarias estaduais do meio ambiente trazem à tona essa
informação e trabalham conforme a peculiaridade regional. Pense no
Pará, que tem forte indústria de mineração. A secretaria ambiental pode
oferecer oficinas voltadas para esse tema, ou nos estados do Centro-
-Oeste, onde há graves danos ambientais causados por queimadas e o
órgão ambiental pode monitorar os principais focos de incêndio.
„„ Os municípios possuem certa autonomia, dentro do seu território, de
atuarem como agentes ambientais. As entidades ambientais municipais
oferecem serviços, monitoramento e fiscalização. Em caso de o impacto
ser em mais de uma cidade, a orientação deve ser junto ao órgão esta-
dual. Em Porto Alegre (RS), por exemplo, há a Secretaria Municipal do
Meio Ambiente (SMAM), que realiza licenciamento ambiental, entre
muitas atividades. Uma particularidade regional é o resgate, a educação
ambiental e as iniciativas de preservação do ameaçado macaco bugio
(Alouatta guariba).
116 Órgãos de controle e fiscalização ambiental: origens, finalidades e competências

1. O Brasil é considerado um país com 1981, a fim de realizar a articulação


peso na preservação ambiental em das políticas ambientais com os
virtude da sua rica natureza, que é estados. Basicamente, tem um papel
mundialmente famosa. Tanto que, conciliador e facilitador, tanto que
para atender a todo o seu território, há, em sua comissão, representantes
zelar pela sua grande biodiversidade de várias esferas. Sobre o
e manter a exploração sustentável SISNAMA, é correto afirmar que:
dos recursos naturais, há muitas a) ele não se envolve em questões
entidades ambientais. Diante disso, referentes à qualidade do meio
escolha a alternativa correta. ambiente e ao uso responsável
a) Os problemas ambientais no dos recursos naturais, que
país começaram em Cubatão fica a cargo do CONAMA.
(SP). Até a década de 1980, o b) o SISNAMA é um órgão
Brasil era considerado como fiscalizador, com representantes
exemplo de sustentabilidade. de cada estado que levam
b) Os piores impactos as denúncias ambientais
ambientais no país são culpa para serem tratadas.
das grandes metrópoles c) entre outras atribuições, o
das regiões litorâneas, que SISNAMA define normas, critérios
devastaram praticamente e padrões relacionados ao uso
toda a Mata Atlântica. sustentável dos recursos naturais.
c) A única região do país que é d) esse órgão não tem poder
preservada é a Amazônia, pois foi de decisão nos municípios,
estabelecido o desenvolvimento apenas nos estados.
sustentável nos estados do Norte. e) o SISNAMA elabora critérios,
d) Desastres e crimes ambientais normas e regras para que os
sempre fizeram parte da empreendimentos possam
história brasileira. Dessa forma, extrair ao máximo todos os
é um grande desafio para recursos naturais disponíveis
os órgãos ambientais darem no meio ambiente.
conta de todas as demandas. 3. O Conselho Nacional do Meio
e) O país, devido aos seus graves Ambiente (CONAMA) é um órgão
problemas ambientais, ainda não ambiental fundamental por
possui estrutura governamental sempre trabalhar, por meio das
para resolver os danos à reuniões frequentes, em constante
natureza. Faltam organizações atualização e discussão de temas
ambientais e leis que ambientais, como a utilização
contemplem todos os agravos. sustentável dos bens da natureza
2. O Sistema Nacional do Meio deve ocorrer. Seus atos são
Ambiente – SISNAMA – foi criado em classificados da seguinte forma:
Órgãos de controle e fiscalização ambiental: origens, finalidades e competências 117

a) leis ambientais, que fazem b) A licença ambiental que


parte da Política Nacional do envolve radiação pode ser
Meio Ambiente, publicadas emitida pelo órgão ambiental
na Constituição de 1988. estadual ou municipal.
b) resoluções, moções, c) O IBAMA não faz licenciamento
recomendações, proposições ambiental para produções
e decisões. No entanto, que envolvam radiação.
as mais relevantes são as Sua responsabilidade
Resoluções CONAMA. é com a preservação
c) resoluções, moções e a ambiental das florestas.
legislação ambiental em todos d) Para licenciamento ambiental
os níveis de poder. As resoluções com produtos radioativos, é
têm foco nas penalizações necessário contatar o Instituto
de crimes ambientais e as Chico Mendes de Conservação
moções na preservação da Biodiversidade (ICMBio).
e na sustentabilidade dos e) O licenciamento ambiental
recursos naturais. para pesquisas com materiais
d) os atos do CONAMA, chamados radioativos não é obrigatório.
de resoluções e moções, Para outros fins, o IBAMA é o
não são válidos em todo o único que presta o serviço.
território brasileiro, apenas 5. A legislação ambiental delimita
para os lugares que não o papel dos órgãos ambientais
possuem legislação própria. conforme seu foco, suas funções
e) resoluções, moções, e sua territorialidade. Sobre
recomendações, proposições e as entidades ambientais dos
decisões. Cada ato é referente poderes estaduais e municipais,
a uma esfera ambiental. escolha a alternativa correta.
4. O Instituto Brasileiro do Meio a) Um empreendimento que
Ambiente e dos Recursos utilizará recursos naturais de
Renováveis (IBAMA) representa dois municípios, por estar
um dos principais órgãos em área de divisa, precisará
ambientais. Ao IBAMA, atribui-se procurar o órgão ambiental
a função de monitorar e da cidade mais importante.
policiar o meio ambiente, além b) Caso o empreendimento precise
de realizar o licenciamento de licenciamento ambiental e
ambiental. Sobre essa atribuição, estiver em território de duas
selecione a alternativa correta. cidades, o órgão estadual irá
a) Para procedimentos com assumir o devido papel.
materiais radioativos, em c) As entidades do meio ambiente
qualquer tipo de atividade, de estados e municípios
o IBAMA é o único podem criar suas próprias
órgão competente. leis, com total autonomia.
118 Órgãos de controle e fiscalização ambiental: origens, finalidades e competências

d) Um empreendimento que e) Caso o empreendimento precise


utiliza recursos naturais de de licenciamento ambiental e
dois municípios, por estar estiver em território de duas
em área de divisa, precisará cidades, apenas o IBAMA
procurar os órgãos ambientais poderá liberar a licença.
das duas cidades.

BRASIL. Decreto nº 3.942, de 27 de setembro de 2001. Brasília: Presidência da República,


2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/d3942.
htm>. Acesso em: 23 fev. 2018.
BRASIL. Decreto nº 8.437, de 22 de abril de 2015. Brasília: Presidência da república, 2015.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/decreto/
d8437.htm>. Acesso em: 23 fev. 2018.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Brasília: Presidência da República, 1981.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm>. Acesso em:
23 fev. 2018.
BRASIL. Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. Brasília: Presidência da República, 1989.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7735.htm>. Acesso em:
23 fev. 2018.
BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Brasília: Presidência da República, 1997.
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Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/L13312.
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BRASIL. Lei nº 13.502, de 1º de novembro de 2017. Brasília: Presidência da República, 2017.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13502.
htm>. Acesso em: 23 fev. 2018.
BRASIL. Lei complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011. Brasília: Presidência da
República, 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/
Lcp140.htm>. Acesso em: 23 fev. 2018.
Órgãos de controle e fiscalização ambiental: origens, finalidades e competências 119

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolu-


ção CONAMA nº 275, de 25 de abril de 2001. Diário Oficial da União, Brasília, n. 117-E,
seção 1, p. 80, 19 jun. 2001. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/
legiabre.cfm?codlegi=273>. Acesso em: 23 fev. 2017.
GALVÃO, D. “A escassez de recursos naturais vai interferir na cadeia de valor das empre-
sas”: gerente de sustentabilidade da PwC afirma que as empresas podem resolver os
problemas da Terra vendo isso como uma oportunidade de lucro e eficiência. Época,
19 jun. 2017. Disponível em: <http://epoca.globo.com/ciencia-e-meio-ambiente/
blog-do-planeta/noticia/2017/06/escassez-de-recursos-naturais-vai-interferir-na-
-cadeia-de-valor-das-empresas.html>. Acesso em: 23 fev. 2018.
PERNAMBUCO. Lei nº 12.609, de 22 de junho de 2004. Institui a obrigatoriedade da ins-
talação de hidrômetros individuais nos edifícios no Estado de Pernambuco. Recife:
Assembleia legislativa, 2004. Disponível em: <http://servicos.compesa.com.br/wp-
-content/uploads/2016/02/Lei_Estadual_12609_2004.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2018.

Leituras recomendadas
BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Meio ambiente: guia prático e didático. São Paulo:
Érica, 2014.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Biodiversidade brasileira. Brasília: MMA, 2018.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/biodiversidade/biodiversidade-brasileira>.
Acesso em: 12 fev. 2018.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. O que é o CONAMA? Brasília: MMA, 2011. Dispo-
nível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/estr.cfm>. Acesso em: 12 fev. 2018.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis. Site: Brasília: IBAMA, 2018. Disponível em: <http://www.
ibama.gov.br/>. Acesso em: 12 fev. 2018.
GONÇALVES, D. P. Principais desastres ambientais no Brasil no mundo. Jornal da
UNICAMP. 01 dez. 2017. Disponível em: <https://www.unicamp.br/unicamp/ju/no-
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em: 12 fev. 2018.
INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Site. Brasília: ICM-
Bio, 2018. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/>. Acesso em: 12 fev. 2018.
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