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DIAGNÓSTICO (VOLUME 1)

PLANO LOCAL DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL


Município de Vila Velha / Espírito Santo

PREFEITURA MUNICIPAL DE VILA VELHA


Contrato nº014/2015

OUTUBRO/2015
2

Coordenação Técnica:
Arq. Cláudia Damasio
Econ. Gevaci Perroni
Arq. Jacqueline Menegassi

Responsabilidade Técnica:
Arq. Jacqueline Menegassi

Equipe Técnica:
Adm. Renato Gomes
Adm. Rodrigo Maica
Econ. Tiago Silveira
Acad. Pedro Hameister
Acad. Manoela Cagliari Tosin

Responsáveis pelo Relatório


Arq. Jacqueline Menegassi
Econ. Tiago Silveira

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Rodney Miranda
Prefeito

Ana Márcia Erler


Secretária Desenvolvimento
Urbano e Mobilidade

Anna Cláudia Dias Peyneau


Subsecretária Desenvolvimento
Urbano e Mobilidade

Mariana Bettatello
Assessora SEMDU

Elizangela Erler Rocon


Coordenadora de Políticas Habitacionais

Lemir Gimenes Paradella


Gerente de Serviço Social

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DIAGNÓSTICO
RELATÓRIO 1 – DIAGNÓSTICO DO SETOR HABITACIONAL

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Sumário
APRESENTAÇÃO 10
1. ASPECTOS SOCIOECÔNOMICOS 12
1.1. CONTEXTO HISTÓRICO 13

1.1.1. Ocupação do Território e a Formação da RMGV 13

1.1.2. A Evolução Urbana do Município de Vila Velha 17

1.2. DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL - ASPECTOS SÓCIO ECONÔMICOS 23

1.2.1. Dinâmica Demográfica e Migrações 23

1.2.2. Dinâmica de trabalho e renda 27

1.2.3. Desenvolvimento Humano e Desigualdade de Renda 30

1.2.4. Projetos Estratégicos de Desenvolvimento 32

1.2.5. Investimentos 36

2. TERRITóRIO E POPULAÇãO 39
2.1. ASPECTOS FÍSICOS E AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO 40

2.2. DISTRIBUIÇÃO SÓCIO ESPACIAL DA POPULAÇÃO 48

2.2.1. População e Renda 49

2.2.2. Infraestrutura urbana 56

2.3. ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS E SITUAÇÕES DE RISCO 60

2.3.1 Aglomerados Subnormais e ZEIS 61

2.3.2 Setores de risco 65

2.4. SÍNTESE REGIONAL 72

2.5. OPORTUNIDADES TERRITORIAIS PARA HIS 76

3. NECESSIDADES HABITACIONAIS 83
3.1. NECESSIDADES HABITACIONAIS - ALTERNATIVAS DE CÁLCULO 84

3.1.1 A metodologia da FJP e as estimativas do déficit habitacional e da inadequação da


moradia 86

3.1.2 O Déficit Habitacional segundo a metodologia do Instituto Jones Santos Neves 98

3.1.3 O Déficit Habitacional segundo a metodologia desenvolvida pelo PEHAB ES 101

3.2. CADASTRO DA DEMANDA HABITACIONAL (PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA) 105

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3.3. ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS - ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO DAS NECESSIDADES


HABITACIONAIS E DEMANDA POR REGULARIZAÇAO FUNDIARIA 106

3.4. DEMANDA FUTURA POR MORADIA 114

4. POLÍTICA E PRODUÇÃO HABITACIONAL 117


4.1. A PRODUÇÃO DA HIS NO ESTADO DO ES 119

4.2. AS AÇÕES REALIZADAS PELO MUNICÍPIO COM FINANCIAMENTO ESTADUAL E FEDERAL 122

4.3. A POLÍTICA E A PRODUÇÃO DA HIS PELOS AGENTES PRIVADOS E SOCIAIS 126

4.3.1 O Papel Do Movimento Social Organizado na Formulação e Implementação da Política


Habitacional. 126

4.3.2 A Produção Habitacional de Mercado no Espírito Santo 128

4.4. FINANCIAMENTO HABITACIONAL 131

4.4.1 Os Programas Federais de apoio e financiamento da produção habitacional e sua


regulamentação 131

4.4.2 Os Programas do Estado do ES e as Propostas do PEHAB-ES 138

5. CAPACIDADES INSTITUCIONAIS 141


5.1 O LUGAR DA HIS NA GESTÃO MUNICIPAL 142

5.1.1 Estrutura Administrativa, acesso ao financiamento e Investimento realizado 145

5.2 LEGISLAÇAO HABITACIONAL E URBANA 149

5.2.1 As Leis Habitacionais 149

5.2.2 A HIS no Plano Diretor Municipal 150

5.3 INSTRUMENTOS DA GESTÃO PARTICIPATIVA – CONSELHO E FUNDO 151

MAPAS TEMÁTICOS 156

Figuras
Figura 01 - Origens da Conurbação Urbana – Primeira e Segunda Ponte 16
Figura 02 - Ocupação Territorial do Município de Vila Velha, 1968 18
Figura 03 - Ocupação Urbana no período 1970-1978 20
Figura 04 - Ocupação Urbana no período 1998-2010 22
Figura 05 - Quantidade de projetos anunciados por município - Espírito Santo 2013-2018 37
Figura 06 - Uso do Solo RMGV 41
Figura 07 - Mapa APPs e Unidades de Conservação da RMGV 42
Figura 08 - Elementos naturais de destaque no município de Vila Velha 43
Figura 09 - Áreas de Interesse Ambiental no Município de Vila Velha 44
Figura 10 - Carta de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundações município
de Vila Velha - ES 46

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Figura 11 - Principais setores urbanos com problemas se alagamento 47


Figura 12 - Regiões Administrativas de Vila Velha 49
Figura 13 - Mapeamento dos Setores de Vulnerabilidade do Solo à ocupação e de Situações de
Risco 66
Figura 14 – Principais setores no quadro de relevância da moradia 78
Figura 15 - Mapa Síntese das Oportunidades Territoriais para HIS 80
Figura 16 - Mapa Síntese do Valor da Terra no Município de Vila Velha. 82
Figura 17 – Déficit Total Relativo (2010) 88
Figura 18 – Domicílios com pelo menos um componente de inadequação habitacional – relativo ao
total de domicílios por U.F. (%) 94
Figura 19 - Assentamentos Precários 109
Figura 20 - Loteamentos Irregulares 113
Figura 21 - Loteamento Grande Terra Vermelha 113
Figura 22 - Projetos Estruturantes Diretamente Relacionados com a Moradia 144

Gráficos
Gráfico 01 – Taxa de Urbanização Comparada 14
Gráfico 02 - Evolução da População nos municípios da RMGV 15
Gráfico 03 – PEA 2010 RMGV e Vila Velha 28
Gráfico 04 - Distribuição dos Domicílios segundo Região Administrativa. 73
Gráfico 05 - Distribuição dos DPP em Situação de Pobreza nas Regiões 74
Gráfico 06 - Distribuição dos DPP com Renda Domiciliar de até 3 SM nas Regiões 75
Gráfico 07 - Distribuição da Demanda Habitacional – Aglomerados Subnormais e
Cadastro Habitacional 76
Gráfico 08 - Distribuição da Demanda Habitacional – Cadastro Habitacional 76
Gráfico 09 - Déficit Habitacional RMGV 90
Gráfico 10 - Contribuição no Déficit Metropolitano 91
Gráfico 11 - Composição do déficit habitacional de Vila Velha (%) 92
Gráfico 12 - Déficit dos municípios da RMGV por renda 93
Gráfico 13 – Comparativo entre os dados da FJP de 2000 e 2010 referentes ao número de
domicílios com carência de serviços de infraestrutura 95
Gráfico 14 – Comparativo entre os dados da FJP de 2000 e 2010 referentes ao número de
domicílios com ausência de unidade sanitária domiciliar exclusiva 95
Gráfico 15 – Participação dos municípios no Déficit da RMGV 104
Gráfico 16 – Composição do Déficit 105
Gráfico 17 – Cadastro Habitacional por renda 106
Gráfico 18 - Síntese histórica da institucionalização da política de HIS no Estado do ES 119
Gráfico 19 - Distribuição das Unidades habitacionais produzidas pelo INOCOOP-ES com recursos do
SFH por Municípios (%) 124
Gráfico 20 - Evolução da produção Habitacional de Mercado 129
Gráfico 21 - Evolução das Unidades Concluídas nos Municípios Metropolitanos 130
Gráfico 22 – Receita município Vila Velha 149

Quadros
Quadro 01 - Reuniões Realizadas 11
Quadro 02 - Distribuição da População por bairros (%) e os dez bairros mais populosos 51
Quadro 03 - Distribuição dos Domicílios segundo Bairros (%) 52
Quadro 04 - Distribuição dos Domicílios segundo Renda Domiciliar (%) 54
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Quadro 05 - Distribuição dos Domicílios segundo Renda per Capita (%) 55


Quadro 06 - Atendimento dos serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário 57
Quadro 07 - Atendimento dos serviços de Abastecimento de Energia Elétrica e Coleta de Lixo 58
Quadro 08 - Aglomerados Subnormais e sua Ocorrência em Bairros e Regiões. 64
Quadro 09 - Assentamentos Precários, Ocupações e ZEIS em Vila Velha 65
Quadro 10 - Síntese das informações sobre Setores de Risco (CPRM/Defesa Civil) 67
Quadro 11 – Componentes do Déficit - FJP (2010) 86
Quadro 12 – Componentes da Inadequação habitacional urbana / FJP (2010) 87
Quadro 13 – Conceitos IJSN para Déficit Habitacional 99
Quadro 14 – Comparação da metodologia adotada pelo PEHAB para a quantificação do déficit com
a metodologia adotada pela FJP (2010) 102
Quadro 15 - Compatibilização Aglomerados x ZEIS x Setores de Risco 108
Quadro 16 - Proporção das unidades habitacionais produzidas pela CoHAB (1968-86) na RMGV
(%) e os Empreendimentos realizados em Vila Velha 123
Quadro 17 - Proporção de famílias beneficiadas nas ações da COHAB (1987-2002)
na RMGV (%) e os Empreendimentos realizados em Vila Velha 123
Quadro 18 - Financiamento obtido junto aos programas do Governo Federal 148

Tabelas
Tabela 01 – Dinâmica Demográfica Estados do Sudeste 23
Tabela 02 - População dos Municípios RM Grade Vitória 24
Tabela 03 – Dinâmica Demográfica RM da Grande Vitória 25
Tabela 04 – Taxa de Urbanização de Vila Velha 25
Tabela 05 – Migração interna no Espírito Santo: os 10 municípios que mais receberam habitantes
(%) 26
Tabela 06 – Migração interna no Espírito Santo: População Recebida 26
Tabela 07 – Migração interna no Espírito Santo: os 10 municípios que mais receberam habitantes –
Valores Absolutos 26
Tabela 08 – Domicílios Particulares Permanentes com renda domiciliar per capita menor do que
1/8 de salário mínimo 27
Tabela 09 – Domicílios Particulares Permanentes com renda domiciliar per capita menor do que
1/2 salário mínimo 28
Tabela 10 – Dinâmica da População Economicamente Ativa 29
Tabela 11 – Valor Adicionado Bruto Total – 2012 – Região Metropolitana da Grande Vitória 30
Tabela 12 – IDH Municipais Região Metropolitana da Grande Vitória 31
Tabela 13 – IDH Estados do Sudeste 31
Tabela 14 – índice de Gini dos Municípios da Região Metropolitana da Grade Vitória 32
Tabela 15 – índice de Gini dos Estados do Sudeste 32
Tabela 16 – Domicílios Particulares Permanentes Ocupados e Não Ocupados. 50
Tabela 17 - Domicílios com Rendimento Mensal Per Capita e Domiciliar 53
Tabela 18 - Atendimento dos serviços de infraestrutura básica. 56
Tabela 19 - Condições de Urbanização – Características do Entorno 59
Tabela 20 - População e Domicílios segundo Regiões Administrativas 72
Tabela 21 - Grau de Urbanização segundo Regiões Administrativas 73
Tabela 22 - Distribuição da População segundo renda e da demanda habitacional 74
Tabela 23 – Déficit no Estado do Espírito Santo (2010) 88
Tabela 24 – Componentes do Déficit no Estado do Espírito Santo (2010) 88
Tabela 25 – Déficit das Famílias sem Rendimento e com Renda de 0-3 SM (2010) 89
Tabela 26 - Déficit Habitacional do Espírito Santo 2012 (dados PNAD) 89

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Tabela 27 - Déficit Habitacional RMGV 90


Tabela 28 – Composição do Déficit dos municípios da RMGV 91
Tabela 29 – Déficit dos municípios da RMGV por renda 92
Tabela 30 – Componentes de inadequação habitacional no ES (2010) 94
Tabela 31 – Cobertura Inadequada no Espírito Santo 95
Tabela 32 - Inadequação Habitacional – FJP – 2010 96
Tabela 33 - Composição da Inadequação Habitacional - infraestrutura – FJP – 2010 97
Tabela 34 - Composição da Inadequação Habitacional – banheiro e adensamento – FJP – 2010 97
Tabela 35 – Estimativas IJSN para o Déficit 100
Tabela 36 – Maiores e menores déficit municipais – ES - IJSN 101
Tabela 36 – Déficit no Estado do Espírito Santo (2010) 103
Tabela 37 – Componentes do Déficit no Estado do Espírito Santo (2010) 103
Tabela 38 – Déficit Habitacional Urbano e Rural 103
Tabela 39 – Composição do Déficit 104
Tabela 40 – Cadastros da Demanda Habitacional por Região Administrativa 106
Tabela 41 - Urbanização dos Domicílios em Aglomerados Subnormais 111
Tabela 42 – Carência de esgoto e energia 111
Tabela 43 - Projeção Populacional segundo Cedeplar 115
Tabela 44 - Estimativa da Demanda por Domicílios 115
Tabela 45 - Demanda por Domicílios segundo recorte de renda 115
Tabela 46 - Necessidade de Moradia para Atendimento do Déficit e Demanda Futura 115
Tabela 47 - Empreendimentos do INOCOOP-ES em Vila Velha 124
Tabela 48 - Empreendimentos de Interesse Social no Bairro Jabaeté- Governo do Estado 125
Tabela 49 - Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social realizado com Recurso Federal
(PPI–Favelas e Promoradia) 125
Tabela 50 - Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social realizado com Recursos do
MCMV/FAR 125
Tabela 51 - Ações realizadas com recursos OGU/MC – (Prefeitura Vila Velha) 126
Tabela 52 - Ações realizadas com recursos OGU - PAC/MC – (Prefeitura Vila Velha) 126
Tabela 53 - Evolução do Investimento realizado em Habitação e Itens Afins 147

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APRESENTAÇÃO
Este volume (1) apresenta o relatório do Diagnóstico do Setor habitacional que
consolida a segunda etapa do Plano Local de Habitação de Interesse Social de Vila Velha,
conforme Contrato 014/2015. Soma-se a este volume, um segundo (Volume 2) contendo o
Relatório de Levantamento e Análise de Dados e o Relatório da Participação Popular, como
especificado no Plano de Trabalho já apresentado e aprovado.
O Diagnóstico do Setor Habitacional consiste na Etapa 2 do processo de elaboração do
PLHIS, e abrange 3 procedimentos sequenciais que resultam em 3 relatórios
complementares, quais sejam:
I. as atividades de coleta, sistematização e análise de dados relacionados a
distintas temáticas relacionadas com a questão habitacional;
II. as atividades de busca e levantamento de dados junto aos representantes da
população do município, a capacitação destes quanto a Política Nacional de
Habitação e a necessária homologação destes quanto ao diagnóstico elaborado e
III. a elaboração de um Diagnóstico do Setor Habitacional do município que irá
subsidiar os debates para as tomadas de decisões quanto ao planejamento da
questão habitacional de Vila Velha.
As atividades sistematizadas nos relatórios descritos acima ocorreram entre os dias
13/05 e 03/09 de 2015 e contaram com o envolvimento não apenas dos técnicos da SEMDU
(Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Mobilidade) e consultoria, mas de muitos técnicos
da Prefeitura Municipal de Vila Velha que puderam compartilhar seus pontos de vistas sobre
a questão habitacional em Vila Velha através das entrevistas realizadas. Também foram
realizados reuniões com o movimento organizado de luta pela moradia, bem como os
representantes do Conselho Municipal de Habitação, fortalecendo uma visão mais ampla do
município.

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Quadro 01 - Reuniões Realizadas


a. Reuniões de levantamento e analise de dados (Equipes Gestores e Visitas Técnicas)
13/05/2015 Entrevista na Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Mobilidade
13/05/2015 Entrevista na Secretaria de Administração e Planejamento
13/05/2015 Entrevista na Secretaria de Desenvolvimento Sustentável
13/05/2015 Entrevista na Secretaria de Assistência Social
19/05/2015 Entrevista na Secretaria de Saúde
19/05/2015 Entrevista na Secretaria de Infraestrutura Projetos e Obras
19/05/2015 Entrevista na Secretaria de Drenagem e Saneamento
19/05/2015 Entrevista na Defesa Civil
23/06/2015 Vistoria nas áreas de HIS com a presença de lideranças
REUNIÕES REALIZADAS

29/07/2015 9h45min Reunião Equipe Técnica: Vazios Urbanos/Potencialidades territoriais


Reunião Equipe Técnica: Assentamentos Informais e Regularização
29/07/2015 14h45min
Fundiária
Reunião Equipe Técnica: Apresentação e debate – síntese do
30/07/2015 9h30min
Diagnóstico
03/09/2015 9h45min Reunião Equipe Técnica: de Complementação do Diagnóstico
b. Reuniões de Participação da Sociedade e Movimento Organizado
Reunião Setorial participação do movimento pela moradia (resgate
19/05/2015 16h30min
histórico)*
Reunião Setorial Produção Social HIS – movimento organizado e
24/06/2015 14h30min
assessorias técnicas*
Reunião com Conselho Municipal de Habitação (avaliação do conselho-
24/06/2015 16h
papel, atribuições, funcionamento...)*
25/06/2015 15h Setorial produção HIS de mercado-CEF*
Reunião de apresentação e aprovação do diagnostico habitacional para
03/09/2015 14h
o Conselho Municipal de HIS
* reuniões de coleta e de informações

Buscou-se, nestes procedimentos, contemplar um conjunto de temas considerados


necessários para a compreensão da problemática habitacional do Município dentro de uma
visão transversal e articulada da questão. Os conteúdos propostos pelo Termo de
Referência, e outros considerados necessários para alcançar esta abordagem sistêmica da
questão habitacional, foram reorganizados e agrupados em torno de 5 Eixos Temáticos. Tais
eixos permitiram organizar preliminarmente o levantamento e análise das informações e
também estruturam este relatório.
Eixo 1 - Contextualização: Caracterização do município e sua inserção regional;
Eixo 2 - População e Território;
Eixo 3 - Quadro de necessidades habitacionais;
Eixo 4 – Política e produção habitacional;
Eixo 5 - Capacidades Institucionais.
Tais eixos constituem um conjunto de “diagnósticos setoriais” que, na etapa seguinte,
permitirão, através da sua Leitura transversal e articulada, proceder às prospecções
necessárias para a elaboração de cenários que orientarão as propostas do Plano de Ação do
PLHIS de Vila Velha.

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1. ASPECTOS
SOCIOECÔNOMICOS
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1.1. CONTEXTO HISTÓRICO

1.1.1. Ocupação do Território e a Formação da RMGV

A história do município de Vila Velha, no início de sua colonização no século XVI, se


confunde com a própria história do Espírito Santo, quando em 1535 a caravela de Vasco
Coutinho aportou em local conhecido atualmente como Prainha, em Vila Velha.
O território da capitania que hoje corresponde ao Estado do Espírito Santo foi
inicialmente ocupado por fazendas e por algumas reduções jesuíticas instaladas nas faixas
litorâneas. Adversidades preponderantemente relacionadas à hostilidade dos nativos e às
características do sítio natural, de forte incidência do ecossistema da Mata Atlântica, foram
os primeiros elementos inibidores da interiorização.
O estado é caracterizado pela interiorização tardia. Os limites territoriais impostos pela
conformação do ambiente natural e os limites administrativos impostos no período da Coroa
Portuguesa limitaram a ocupação para o interior, concentrando, desde então, o
desenvolvimento na região costeira e em poucas cidades mais interiorizadas. Durante todo o
período colonial brasileiro, o Espírito Santo sobreviveu à margem dos principais ciclos
econômicos que marcaram a formação socioeconômica e cultural das regiões brasileiras -
como o Nordeste com a cana-de-açúcar; Minas Gerais com o ciclo do ouro; e dos pequenos
ciclos que desenvolveram nas franjas destes, como o da pecuária.
Desde meados do século XIX até a década de 1950, nos seus diferentes ciclos, a base
econômica do Estado do Espírito Santo esteve ligada à atividade cafeeira. Inicialmente
atrelada à comercialização do café, e subordinada, portanto, à produção rural, Vitória
incorporaria novos serviços e novas modalidades de inserção na economia
nacional/internacional, com o investimento portuário. O marco que possibilitaria uma futura
diversificação foi o início das operações da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) em 1942.
Durante as décadas de 50 e 60, o Espírito Santo passou por profundo processo de
transformação na sua estrutura produtiva, onde a agricultura cedeu lugar à indústria e ao
comércio. As décadas seguintes seriam de conformação e consolidação de novo modelo de
desenvolvimento da economia capixaba baseado na indústria exportadora, que iniciou nas
décadas de 70/80 com a instalação dos chamados grandes projetos de impacto1, e
posteriormente com as Estações Aduaneiras e atividades correlatas.
Os distintos períodos e ciclos de desenvolvimento foram determinantes no
crescimento populacional e no processo de urbanização do estado. A crise provocada pela

1
Essa transformação se inseria em um projeto maior, dentro de um modelo de crescimento determinado pelo
governo federal e centrado na expansão dos setores produtores de bens intermediários industriais (aço,
minério de ferro aglomerado, celulose etc.). No Espírito Santo resultou principalmente da expansão da Cia.
Vale do Rio Doce e da implantação da Cia. Siderúrgica de Tubarão, da Samarco Mineração e da Aracruz
Celulose.
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erradicação de cafezais intensifica no Espírito Santo o processo de migração campo-cidade,


acelerando a urbanização da sociedade capixaba a partir da década de 60.
Ainda nessa década mais de 70% da população capixaba vivia e produzia no campo. A
sociedade se transforma em predominantemente urbana em meados da década de 70 e o
Espírito Santo vai se equiparar à taxa de urbanização da federação somente nos anos 90.
Gráfico 01 – Taxa de Urbanização Comparada

Dados: IBGE

Com o deslocamento da população para as cidades, a organização do espaço nas


regiões produtoras agrícolas se altera, vindo os centros que se urbanizam a ter maior peso
na nova ordem espacial, onde destacam-se os municípios da Região Metropolitana da
Grande Vitória que vão conformar, junto com mais alguns municípios polos históricos e os
de desenvolvimento mais recente, a atual rede de cidades que polariza o espaço econômico
do Estado.

O processo de formação da Região Metropolitana começa com a consolidação de


Vitória como grande polo comercial do Estado através de seu porto, ao constituir-se, na
década de 1920, como a única área dotada de infraestrutura adequada para atender a
exigências do crescimento urbano-industrial para ampliação dos serviços portuários
fortalecendo os serviços de exportação e importação. Nos anos cinquenta, Vitória passa a
ser a mais importante cidade do estado. Na década de 60, com a crise provocada pela
erradicação do café, e nas décadas seguintes, com a conformação e consolidação de um
novo modelo de desenvolvimento da economia capixaba baseado na indústria exportadora,
que se consolida o desenvolvimento metropolitano e das regiões do entorno, desenhando a
rede de cidades que concentram população e desenvolvimento até os dias atuais.
O reduzido espaço físico da capital impulsionou o crescimento na direção do
continente. Os empreendimentos realizados em sua maior parte na região de influência
imediata da cidade de Vitória, determinando o crescimento e a concentração das atividades
produtivas na região, desencadeou o rápido processo de urbanização envolvendo as cidades

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vizinhas. A região da Grande Vitória abrangendo os municípios de Vila Velha, Serra,


Cariacica, Vitória e Viana, tornou-se polo de atração como opção de vida e oportunidade de
trabalho para os que deixaram o campo.
Quando analisados os dados referentes à população verifica-se o grande crescimento
ocorrido no conjunto dos municípios, a partir da década de 60, onde já se destacam mais
intensamente os municípios de Cariacica, Vila Velha, Serra e Vitória.
O intenso movimento migratório em direção à capital e entorno, coloca Vila Velha - já
no início da década de 70, em termos populacionais, muito próximo da capital Vitória,
passando a ser a cidade mais populosa do estado na década de 90. Nas duas últimas
décadas, o município de Vila Velha aumentou sua população a taxas bem superiores à da
capital, acrescendo em 56% sua população, cerca de 150 mil habitantes.
O gráfico seguinte permite verificar a expressiva concentração de população na capital
Vitória até o inicio da década de 70, período em que Vila Velha vai apresentar um
crescimento exacerbado dobrando sua população e praticamente se igualando à população
de Vitória. Nas décadas seguintes, o crescimento intenso ocorrido nos municípios do
entorno da capital levam Cariacica, Vila Velha e Serra, a ultrapassar a população de Vitória,
Os dois primeiros já em 1991 e o último, na década seguinte.
Gráfico 02 - Evolução da População nos municípios da RMGV

Dados: IBGE

No território, é também a partir da década de 70 que grandes eixos viários são


consolidados e é ampliada a integração viária com a construção da segunda ponte em 1979 -
ligando Vitória a Cariacica, e em 1989, a terceira ponte - ligando Vitória a Vila Velha. No ano
de 1988 também é instituído por decreto o Sistema de transporte coletivo da Grande Vitória
(Transcol), tornando-se estes, elementos fundamentais para a indução do crescimento da
malha urbana, expansão territorial e diversificação do uso do solo nas cidades do entorno da
Capital. Assim, as bases e fatores para tornar o espaço metropolitano contíguo consolidam-
se até a década de 90.

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Neste contexto, a expansão pelo eixo norte se dá com a implantação de grandes


plantas industriais no município de Serra que ampliam o fluxo migratório para o município
elevando o número de habitantes de menor poder aquisitivo atraídos pela oportunidade de
emprego e também de moradia, nos vários conjuntos habitacionais construídos pela política
habitacional dos governos Estadual e Federal.
A urbanização/expansão no eixo sul, particularmente para Cariacica, acompanha a BR-
262, mas também a Rodovia do Contorno/BR-101. Ao longo e no entorno destes eixos
localizam-se as principais atividades indústrias, de comércio e de serviços do município. Os
intensos movimentos de cargas/mercadorias por estes importantes eixos rodoviários, mas
também as atividades portuárias e ferroviárias que se estendem ao longo e pela baía de
Vitória à Cariacica, respondem pela intensa urbanização do município que cresce, também
pela população de baixa renda, que sem investimentos em habitação, resulta na ocupação
de morros, de áreas alagadas e na produção de parcelamentos irregulares em áreas
inadequadas.
Ainda na porção sul, no sentido de Vila Velha, a estrada Estadual Jerônimo Monteiro
possibilitou a consolidação de inúmeros bairros que constituiu uma única mancha urbana
entre Vitória e Vila Velha, ligadas pelas pontes mais antigas situadas no centro de Vitória, e
depois, pela terceira ponte.
Figura 01 - Origens da Conurbação Urbana – Primeira e Segunda Ponte

Ponte Florentino Avidos (1961) Segunda Ponte (1982)

Fonte: IJSN-ES/CAR-UFES

A Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), instituída pela Lei Complementar


N.º 204, de 22 de junho de 2001, com vista “à organização, planejamento e execução de
funções públicas de interesse comum, no âmbito metropolitano”, é atualmente formada
pelos municípios de Cariacica, Fundão, Guarapari, Serra, Viana, Vila Velha e Vitória,
ocupando uma área total de 2.286,54 km2, que representa cerca de 4,9% da área total do
território do Estado do Espírito Santo.

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17

A metrópole foi inicialmente instituída pela Lei Complementar Estadual 58, de


21.02.19952, quando era conhecida como RMV - Região Metropolitana de Vitória e abrangia
os cinco municípios que já conformavam a conurbação urbana da capital. Foi
posteriormente modificada em 1999 e 2001, quando incorpora os municípios de Guarapari e
Fundão, passando a se chamar Região Metropolitana da Grande Vitória - RMGV.
Hoje observa-se dificuldades enfrentadas para a instituição de um sistema de
planejamento e gestão da RMGV e sua institucionalização. A Lei de 1995 estabelecia um
Conselho Metropolitano composto pelo Governador do Estado e os cinco Prefeitos
Municipais, que não se efetivou. Somente com a aprovação da Lei 318 de 2005 institui-se o
Conselho Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Vitória (COMDEVIT) e o Fundo
Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Vitória (FUMDEVIT). Com a reforma
administrativa Estadual, foi também criada a Secretaria de Estado de Economia e
Planejamento (SEP), à qual passou a ser vinculado o IPES, órgão de Apoio Técnico e
Secretaria Executiva do COMDEVIT. Finalmente, em 16 de junho de 2005, é aprovada a LC nº
325, com o objetivo de viabilizar a operacionalização do Sistema Gestor da RMGV e adequar
o IPES para o exercício de suas funções de Secretaria Executiva do COMDEVIT e de execução
orçamentária e financeira do FUMDEVIT3.

1.1.2. A Evolução Urbana do Município de Vila Velha4

Vila Velha teve um crescimento lento e pouco representativo até a primeira metade do
século XX. A partir da segunda metade do século XX, as mudanças econômicas
proporcionaram à Vila Velha alterações significativas em sua dinâmica urbana.
No início da década de 1960 Vila Velha possuía o maior número de bairros e população
do Espírito Santo. Segundo documento pesquisado5 seu centro urbano concentrava-se na
sede municipal e possuía pequeno comércio em expansão. Ainda na década, Vila Velha
apresentou uma aceleração em seu crescimento estimulado pela conclusão e pavimentação
da Rodovia Carlos Lindemberg, que ligaria o município à capital e facilitaria o surgimento de
novos eixos de expansão urbano.

2
A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988 foi delegado aos estados instituir regiões
metropolitanas.
3
Os dados para o resgate da instituição de um sistema de planejamento e gestão da RMGV foram retirados do
documento publicado pelo Instituto de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento – Jones Santos Neves-ES.
Região Metropolitana da Grande Vitória – Sistema gestor e Informações Básicas. Vitória. 2005.
4
Os dados e mapeamentos que constam deste capitulo tem por principal referencia dissertação de mestrado
apresentada ao do Programa de Pos Graduação em Arquitetura e urbanismo da UFES, em 2013, de autoria de
Daniele Goldner Garcia, intitulada “Desafios da Expansão Urbana em Áreas Ambientalmente Frágeis – o
Entorno da Rodovia Darly Santos – Vila Velha; e artigo da autora publicado na internet – “Configurações
Urbana do Município de Vila velha/ES: Reflexões sobre Espaços Livres e Áreas Ambientalmente Frágeis.
5
Goldner Garcia, Daniele. “Desafios da Expansão Urbana em Áreas Ambientalmente Frágeis – o Entorno da
Rodovia Darly Santos – Vila Velha. UFES, Vitória, 2013.
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18

Mapa datado de 1968 permite visualizar a ocupação da época. Verifica-se nos


arredores do Cais do Atalaia o crescimento da estrutura urbana do município que se
prolonga pela extensão da Rodovia Carlos Lindenberg e áreas próximas à região portuária
dando à Vila Velha uma nova direção à sua expansão urbana pela implantação de novos
loteamentos como Cobilândia, Ibes, Santa Inês, Glória e também a Praia da Costa.
Figura 02 - Ocupação Territorial do Município de Vila Velha, 1968

Fonte: Goldner Garcia, Daniele (2013)

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Conforme visto, é na década de 70 que ocorre maior movimento migratório na região


e em maior escala no município de Vila Velha. A ocupação do território ocorre às custas de
graves problemas urbanos e ausência de controle das ocupações em áreas inadequadas,
fato que contribui para a formação da periferia onde as ocupações destruíram paisagens
naturais e comprometeram a qualidade da paisagem urbana. A população migrante, sem
acesso à moradia adequada ocupou os morros, mangues e áreas naturais do ecossistema
costeiro de grande fragilidade ambiental. Agrava ainda mais o problema urbano a existência
de poucas indústrias no município, absorvendo apenas 19% da mão-de-obra local (Goldner
Garcia, 2011 e 2013).
Também merece destaque no processo de ocupação e crescimento populacional do
município, a implantação dos empreendimentos habitacionais em habitação pela
Companhia Habitacional do Espírito Santo (COHAB–ES) e INOCOOP-ES - Instituto de
Orientação às Cooperativas Habitacionais no Espírito Santo (INOCOOP-ES) no final da década
de 1970 e início da década de 1980. Os conjuntos foram construídos em Vila Velha pela
disponibilidade de terrenos com baixos preços o que fortaleceu a especulação imobiliária.
Até 1980, foram construídos 15 conjuntos de habitação popular em Vila Velha, com cerca de
7.127 unidades habitacionais (Goldner Garcia, 2011 e 2013). Dessa maneira Vila Velha
começa a ser vista como cidade dormitório.
A evolução urbana do município de Vila Velha é remontada pela autora referida6. A
partir da comparação de fotos aéreas de distintos períodos, remonta o processo de
expansão da ocupação do território urbano relacionado a implantação dos principais eixos
viários que estruturam o município e a região.
(...) “O primeiro mapa retoma a ocupação de 1970 demonstra que a Rodovia Carlos
Lindenberg, concluída nos anos 50, havia se consolidado como principal eixo viário,
ligando o centro de Vila Velha ao centro de Vitória e também ao município de
Cariacica. Segundo a autora, a importância desse eixo é retratada pela concentração
de ocupações em seu entorno, estendendo-se entre a área central do município, onde
se encontravam o centro cívico, histórico e comercial e a capital, Vitória. Em
contrapartida na direção norte-sul não havia ainda, registros significativos de
ocupações. O rio Jucu, ainda era considerado uma barreira natural para o crescimento
da cidade. Observa-se também, uma predominância das características naturais do
território como a presença de córregos, lagoas, solo arenoso exposto. Os morros
concentram-se na parte norte e são intermediados pela desembocadura de riachos,
uma pequena área de mangue e vegetação.

6
Todo o mapeamento apresentado e sua analise foi retirado de artigo publicado por Goldner Garcia,
conforme já citado em referencia anterior. “Configurações Urbana do Município de Vila velha/ES: Reflexões
sobre Espaços Livres e Áreas Ambientalmente Frágeis.. Acessado em:
https://silviomacedo.files.wordpress.com/2011/11/artigo-6.pdf

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Segundo o mapa de concentração urbana de 1978, com o crescimento populacional do


período as ocupações no entorno da Rodovia Carlos Lindemberg são fortalecidas e a cidade
começa a se expandir pelo seu litoral e áreas adjacentes àquelas anteriormente
estabelecidas. Percebe-se o surgimento de novos loteamentos um pouco mais dispersos
dentro da área urbana. Segundo a autora fator importante no período foi a intensificação
das atividades portuárias em Capuaba contribuindo para o adensamento de construções na
região. Observa-se a consolidação de uma importante ligação viária entre a Rodovia Carlos
Lindemberg e as estruturas portuárias no Cais de Capuaba, atraindo ao seu redor, maior
número de ocupações. As estruturas urbanas estendem-se na direção sul do município, mas
ainda não ultrapassam o limite físico do Rio Jucu. “ (Goldner Garcia, 2011 e 2013).
Figura 03 - Ocupação Urbana no período 1970-1978

Fonte: Goldner Garcia (2011)

(...) “Vinte anos depois o mapeamento registra uma expansão no entorno das áreas
previamente consolidadas e também a expansão na direção sul do município,
transpondo o limite físico do Rio Jucu e iniciando a ocupação na direção Sul. É
perceptível que a ocupação dessa região ocorre em paralelo à consolidação da Rodovia
ES 060 - Rodovia do Sol, conectada à nova ponte Deputado Darcy Castello de

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Mendonça conhecida como “Terceira Ponte”. A formação desse novo eixo viário
influenciou na ocupação do território ao longo de sua extensão.
Apesar da existência da Rodovia Darly Santos, seu entorno era pouco ocupado
reforçando sua função de ligação entre a área portuária e o sul do Estado. Vila Velha já
possuía, nesta década, áreas urbanas consolidadas como o centro municipal e a orla
marítima e também vazios urbanos concentrados especialmente na região de Barra do
Jucu/Ponta da Fruta e no entroncamento da Rodovia Darly Santos com a Rodovia do
Sol, sendo esta última uma área alagadiça composta pelas bacias do rio Jucu e Xuri
sendo consideradas na época, áreas de preservação.
Em 2010, percebe-se que a implantação da Rodovia do Sol, proporcionou um novo
eixo de ocupação urbana em Vila Velha, atraindo novos loteamentos e também uma
grande área de ocupação irregular pela população ávida por habitação e desprovida de
emprego.
O crescimento das atividades portuárias influenciou para que a Rodovia Darly Santos
se constituísse numa importante ligação entre o sul do estado e o porto localizado ao
norte do município sem a necessidade da circulação pelo centro de Vila Velha.
No mapa de concentração urbana, datada do ano de 2010, a expansão da cidade ainda
é evidente. Cortada por três importantes eixos viários, Vila Velha se consolida na área
norte e em seus entornos imediatos. As expansões se dão perante a extensão dos
novos eixos viários como a Rodovia ES 060 e a Rodovia Darly Santos. Atualmente, um
novo vetor está em fase de implantação, a denominada Rodovia Leste-Oeste, que
conectará o complexo portuário de Vila Velha a BR-262, em Cariacica, desviando das
áreas urbanizadas dos dois municípios”. (Goldner Garcia, 2011 e 2013)

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Figura 04 - Ocupação Urbana no período 1998-2010

Fonte: Goldner Garcia (2011)

Hoje, em 2015, Vila Velha é o segundo município em população com 472.762


habitantes, segundo estimativas do IBGE, tendo sido ultrapassada pelo município de Serra
que polariza o crescimento metropolitano e atinge uma população de 485.376 habitantes .
Novas questões estão colocadas para o município que limitam ou induzem sua expansão e
ocupação territorial. Novas ligações viárias, projetos de desenvolvimento, obras de
macrodrenagem vão promover um rearranjo nas oportunidade e limites para a ocupação
que deverão ser potencializados e/ou enfrentados para a promoção da ocupação ordenada,
inclusiva e sustentável. Certamente o processo de revisão do Plano Diretor Municipal que
esta em pauta na administração tratará de entender e ordenar estes novos eixos e setores
territoriais onde o tema da HIS não poderá ser deixado de lado, às custas de Vila Velha
continuar crescendo num processo que exclui e degrada o ambiente natural. As
oportunidades territoriais que o PLHIS debateu, são tratadas no Capitulo 2 que aborda as
questões territoriais.

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1.2. DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL - ASPECTOS


SÓCIO ECONÔMICOS

1.2.1. Dinâmica Demográfica e Migrações

Ao observamos os três últimos Censos (IBGE 1991,2000 e 2010) constatamos que o


Estado do Espírito Santo é o que mais cresceu nos últimos 20 anos, comparado com os
outros estados da região sudeste. Seu crescimento foi de 35,16%, o que em termos
absolutos consiste em 914.334 pessoas. O segundo estado que mais cresceu no período foi
São Paulo (30,62%), estado este que é dez vezes maior do que o Espírito Santo em termos de
população absoluta. Rio de Janeiro e Minas Gerais apresentaram crescimento inferior ao
crescimento nacional que foi de 29,92% no período, como segue respectivamente: 24,85% e
24,48%.

Tabela 01 – Dinâmica Demográfica Estados do Sudeste


91-00 00-10 91-10
Espírito Santo 19,11% 13,48% 35,16%
São Paulo 17,24% 11,41% 30,62%
Rio de Janeiro 12,37% 11,10% 24,85%
Minas Gerais 13,73% 9,45% 24,48%
Fonte: IBGE.

Analisando os municípios da Região Metropolitana, percebemos que todos os


municípios cresceram no período 1991-2010. Analisando a região toda, de 1991 a 2010
houve um crescimento de 48,5%. Observa-se que a Capital Vitória foi a que menos cresceu
no período analisado (26,7%), enquanto Serra teve o maior crescimento (84,2%), seguido de
Guarapari (70,6%) e Fundão (66,8%). Vila Velha teve o 4º maior crescimento do período de
1991 a 2000 (crescimento de 56,1%). Em todos os períodos analisados Vila Velha teve um
crescimento maior que a Região Metropolitana: de 1991 a 2000 o município cresceu 30,3%,
enquanto que a região cresceu 26,5%; de 2000 a 2010 o município cresceu 19,8% e a região
17,3%. Em termos absolutos, Vila Velha tinha uma população de 265.586
habitantes em 1991, destes 99,5% já se localizavam em área urbana. Segundo o Censo de
2010 a população era de 414.586 habitantes, com uma taxa de urbanização também de
99,5%.

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Tabela 02 - População dos Municípios RM Grade Vitória


1991 2000 2010
Metropolitana 1.136.842 1.438.596 1.687.704 100%
Cariacica 274.532 324.285 348.738 21%
Serra 222.158 321.181 409.267 24%
Viana 43.866 53.452 65.001 4%
Vitória 258.777 292.304 327.801 19%
Vila Velha 265.586 345.965 414.586 25%
Fundão 10.204 13.009 17.025 1%
Guarapari 61.719 88.400 105.286 6%
Fonte: IBGE.

O contingente populacional dessa aglomeração urbana aumentou exponencialmente


entre as décadas de 1970 a 1990, período em que se intensifica o processo de urbanização
no estado demonstrando a grande mobilidade da população em direção à capital e seu
entorno. A década de 70 é marcada por intenso processo migratório na região ocasionando
o crescimento urbano "desordenado", com início da ocupação de manguezais, áreas
alagáveis e encostas, ao mesmo tempo em que se inicia um processo de desconcentração
populacional em relação ao município central da aglomeração.
Algumas singularidades caracterizam a RMGV. Um menor peso relativo da capital em
relação aos aspectos populacional e territorial conformam uma região metropolitana que
tende à polinucleação (IPES7). Verifica-se o expressivo crescimento e concentração
populacional dos municípios que conformavam inicialmente a metrópole de Vitória, com
destaque para os municípios de Vila Velha e Cariacica que ultrapassam a população da
capital já na década de 90 e Serra, em 2000. As taxas de crescimento ocorridas de 1991 a
2000 para os quatro municípios superam em muito a taxa metropolitana, tendência que
continua na década seguinte, embora em menor escala para os municípios de Serra, Vila
Velha e Viana.
A centralidade assumida pela RMGV ao longo das três últimas décadas do século
passado provocou uma absorção significativa do contingente populacional das outras
regiões do Estado e do próprio País. Nas décadas de 90 e 2000, o conjunto dos municípios da
RMGV já era responsável respectivamente por 40,95% e 43,17% da população Estadual e
hoje abarca 44,54% dessa população. Essa concentração populacional em um espaço que
ocupa um pouco mais de 5% da área total do Estado trouxe uma série de problemas
característicos de regiões com perfil urbano-industrial.
Chama a atenção na analisa da população da Região Metropolitana da Grande Vitória
que o município de Vitória, Capital do Estado, não é o com maior população. É Vila Velha,
com uma população de 414.586 habitantes (segundo o Censo de 2010) que possuí esse
destaque. Sozinho, o município de Vila Velha tem ¼ (25%) da população da
região metropolitana. Seguido de Vila Velha, vêm o município de Serra (24% da população

7
Instituto de Apoio à Pesquisa e ao Desenvovimento – Jones Santos Neves-ES. Região Metropolitana da Grande
Vitória – Sistema gestor e Informações Básicas. Vitória. 2005.
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analisada) e Cariacica (21%). Somente em 4º lugar, com uma população de 327.801


(participação de 19%) que aparece Vitória. Dos sete municípios, Fundão é o que aparece
com menor população (participação de 1%), antecedido por Viana (4%) e Guarapari (6%).
Tabela 03 – Dinâmica Demográfica RM da Grande Vitória
Municípios 91-00 00-10 91-10
Região Metropolitana 26,5% 17,3% 48,5%
Cariacica 18,1% 7,5% 27,0%
Serra 44,6% 27,4% 84,2%
Viana 21,9% 21,6% 48,2%
Vitória 13,0% 12,1% 26,7%
Vila Velha 30,3% 19,8% 56,1%
Fundão 27,5% 30,9% 66,8%
Guarapari 43,2% 19,1% 70,6%
Fonte: IBGE.

Tabela 04 – Taxa de Urbanização de Vila Velha


1991 2000 2010
População TOTAL 265.586 345.965 414.586
Taxa de Urbanização 99,49% 99,61% 99,51%
Fonte: IBGE.

O estado do Espírito Santo tem na migração interna um fator importante de


atendimento das demandas de mão de obra dentro dos seus domínios. Como podemos
perceber abaixo, Vitória é o município que mais “envia” população pra os outros municípios,
chegando a quase 40% na Serra, ou seja, 38,26% daqueles que residem na Serra e que
tinham residência anterior em outro município vieram de Vitória. Esse dado entre a Serra e
Vitória pode e deve ser amenizado por serem municípios limítrofes. O fator de os municípios
serem limítrofes apresenta grande influência na distribuição da migração interna dos
municípios do Espírito Santo. Quando não são limítrofes surge o fator proximidade, como é o
caso de Vila Velha e Serra.
Dentre os 10 municípios mais populosos do estado, segundo dados do Censo 2010,
Colatina é o único município que não figura entre os 10 municípios que mais receberam
habitantes oriundos de migração interna. Quem ocupou o lugar de Colatina foi o 11º
município mais populoso – Viana – que teve um incremento na população de 9.514
moradores, o que corresponde a 15,95% da sua população. Números estes que destacam
Viana como o município que teve o maior crescimento percentual de população originário
das migrações internas.
O município de Vila Velha foi o segundo município que mais recebeu habitantes
(34.062, 8,26% da população total), ficando atrás apenas da Serra. Destes 34 mil habitantes,
29% eram oriundos de Vitória, quase 17% de Cariacica e 10% da Serra. O movimento
contrário, habitantes que saíram de Vila Velha para um dos municípios analisados, tiveram
como destino dos vila-velhense: Guarapari (21,3%), Cariacica (20,8%) e Vitória (14%).

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Tabela 05 – Migração interna no Espírito Santo: os 10 municípios que


mais receberam habitantes (%)
MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA ANTERIOR
Região Afonso Cachoeiro de São Vila
Cariacica Colatina Linhares Serra Vitória
Cláudio Itapemirim Mateus Velha
Serra 0,93% 1,65% 11,15% 3,43% 4,51% 2,24% 0,00% 11,11% 38,26%
Vila Velha 2,07% 3,73% 16,95% 3,60% 2,23% 2,06% 10,04% 0,00% 29,71%
Vitória 1,73% 5,27% 10,52% 4,83% 4,96% 5,58% 16,65% 14,06% 0,00%
Cariacica 3,01% 1,60% 0,00% 3,45% 2,24% 2,02% 9,09% 20,85% 23,16%
São Mateus 0,00% 1,45% 2,04% 2,07% 9,47% 0,00% 2,92% 4,69% 14,27%
Linhares 0,42% 1,18% 2,83% 8,12% 0,00% 14,86% 6,46% 2,95% 14,77%
Viana 1,66% 0,35% 37,25% 2,26% 1,39% 1,20% 6,01% 13,04% 14,21%
Aracruz 1,18% 0,98% 2,15% 5,77% 15,58% 3,42% 10,55% 3,46% 15,38%
Guarapari 0,59% 7,58% 7,58% 2,51% 1,97% 1,16% 3,54% 21,27% 18,58%
Cachoeiro Itapemirim 1,16% 0,00% 0,77% 0,13% 1,53% 1,56% 0,83% 4,03% 8,38%
Fonte: IBGE.

Tabela 06 – Migração interna no Espírito Santo: População Recebida


Total de população
População População
Região recebida
2010 recebida (%)
na migração interna
Viana 59.632 9514 15,95
São Mateus 84.541 11779 13,93
Aracruz 71.451 8387 11,74
Serra 406.411 42637 10,49
Linhares 121.567 10658 8,77
Vitória 327.801 27850 8,50
Vila Velha 412.575 34062 8,26
Cariacica 337.643 27546 8,16
Guarapari 100.528 8090 8,05
Cachoeiro de Itapemirim 173.589 7442 4,29
Fonte: IBGE.

Tabela 07 – Migração interna no Espírito Santo: os 10 municípios que mais


receberam habitantes – Valores Absolutos
MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA ANTERIOR
Região Afonso Cachoeiro de São Vila
Cariacica Colatina Linhares Serra Vitória Total
Cláudio Itapemirim Mateus Velha
Serra 395 702 4.756 1.461 1.925 956 0 4.737 16.315 42.637
Vila Velha 706 1.269 5.774 1.227 758 702 3.419 0 10.120 34.062
Vitória 483 1.467 2.931 1.345 1.380 1.555 4.637 3.917 0 27.850
Cariacica 828 442 0 951 617 557 2.504 5.743 6.380 27.546
São Mateus 0 171 240 244 1.115 0 344 553 1.681 11.779
Linhares 45 126 302 865 0 1.584 688 314 1.574 10.658
Viana 158 33 3.544 215 132 114 572 1.241 1.352 9.514
Aracruz 99 82 180 484 1.307 287 885 290 1.290 8.387
Guarapari 48 613 613 203 159 94 286 1.721 1.503 8.090
Cachoeiro Itapemirim 86 0 57 10 114 116 62 300 624 7442
Fonte: IBGE.

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1.2.2. Dinâmica de trabalho e renda

O presente estudo tem como intuito de servir de subsídio para a Política de Habitação
de Interesse Social, ou seja, com foco na população mais
carente do município. Dessa forma, estaremos destacando principalmente a população que
possui menor renda, para tanto, daremos ênfase aos que possuem como renda domiciliar
per capita menor que 1/8 de salário mínimo, o que corresponderia à extrema pobreza; e
renda domiciliar per capita menor que 1/2 de salário mínimo, que representa o corte de
pobreza. Abaixo destacamos os municípios da região metropolitana que mais se sobressaem
quando tratamos dos Domicílios Particulares Permanentes (DPP) com renda domiciliar per
capita menor que 1/8 de salário mínimo e analisamos o caso de Vila Velha.
Dentre os sete municípios da região metropolitana, Vila Velha é o com menor
percentagem de domicílios particulares permanentes com renda domiciliar per capita até
1/8 de salário mínimo, cerca de 3% de DPP. Logo atrás dele vêm Vitória (3,3%) e Fundão
(4,1%). A região metropolitana como um todo também apresenta um percentual de 4,1% de
domicílios particulares permanentes com renda domiciliar per capita até 1/8 de salário
mínimo. Dos municípios analisados, aqueles que apresentam maior população
extremamente pobre em relação aos seu domicílios particulares permanentes, segundo o
critério adotado, são Viana (6,4%), Guarapari (5,2%) e Cariacica (4,8%).
Tabela 08 – Domicílios Particulares Permanentes com renda domiciliar per capita
menor do que 1/8 de salário mínimo
Municípios com maior percentual
Municípios Urbano Rural Total
Metropolitana 21.207 4,0% 532 6,7% 21.739 4,1%
Cariacica 4.938 4,7% 267 8,0% 5.205 4,8%
Serra 5.732 4,6% 26 4,1% 5.758 4,6%
Viana 1.163 6,5% 53 4,9% 1.216 6,4%
Vitória 3.600 3,3% 0 - 3.600 3,3%
Vila Velha 3.968 3,0% 28 5,6% 3.996 3,0%
Fundão 162 3,6% 54 6,6% 216 4,1%
Guarapari 1.644 5,2% 104 6,8% 1.748 5,2%
Fonte: IBGE.

O estudo também analisou aquela população pobre, domicílios cuja renda domiciliar
per capita até ½ salário mínimo. O município de Vitória concentra a menor população
pobre, de 12%, em relação aos domicílio particulares permanentes dentre os municípios da
Região Metropolitana da Grande Vitória. Seguida de Vila Velha, com 13,7%. Todos os outros
cinco município possuem uma porcentagem de pobres maior que a da região metropolitana
como um todo, que é de 17,8%. Viana é o município que apresenta a maior concentração de
domicílio particulares permanentes com renda domiciliar per capita de até ½ salário mínimo,
mais de ¼ (25%) dos domicílios encontram-se nessa situação.

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Tabela 09 – Domicílios Particulares Permanentes com renda domiciliar per capita


menor do que 1/2 salário mínimo

Municípios Urbano Rural Total


Metropolitana 92.555 17,6% 2.643 33,5% 95.198 17,8%
Cariacica 23.339 22,3% 1.180 35,5% 24.519 22,7%
Serra 25.482 20,5% 204 31,8% 25.686 20,5%
Viana 4.549 25,5% 313 28,9% 4.862 25,7%
Vitória 13.057 12,0% 0 - 13.057 12,0%
Vila Velha 18.221 13,6% 164 32,5% 18.385 13,7%
Fundão 907 20,2% 285 34,8% 1.192 22,4%
Guarapari 7.000 22,0% 497 32,5% 7.497 22,5%
Fonte: IBGE.

A População Economicamente Ativa (PEA)8 engloba o potencial de mão de obra


disponível para os setores produtivos. Esse potencial é formado pela população ocupada
(que tem trabalho, seja na categoria de empregado, autônomo, etc.) e pela população
desocupada (pessoas que não têm trabalho, mas que estavam dispostas a trabalhar e
tomaram providências quanto a isso).
Gráfico 03 – PEA 2010 RMGV e Vila Velha
RMGV
Vila Velha

Dados: PNUD, IPEA e FJP

Como podemos observar nos dois gráficos acima, as proporções da PEA de Vila Velha e
da Região Metropolitana da Grande Vitória são muito semelhantes, ambas possuem a PEA
ocupada em relação a população com mais de 18 anos com cerca de 70%, já a PEA
desocupada em ambos os casos é de 23%.

8
Segundo o IBGE: População Economicamente Ativa compreende o potencial de mão de obra com que pode
contar o setor produtivo, isto é, a população ocupada e a população desocupada, assim definidas: população
ocupada – aquelas pessoas que, em um determinado período de referência, estavam exercendo atividade
remunerada, ou que estavam empregadas sem trabalhar (por exemplo, em período de férias). População
Desocupada - aquelas pessoas que não estavam exercendo atividade remunerada, em um determinado
período de referência, mas estavam à procura de emprego (consultando pessoas, jornais, etc.).
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Analisando os dados referente ao ano de 2000, observamos na tabela abaixo, que a


taxa de atividade (percentual da população com mais de 18 anos que era economicamente
ativa) manteve-se estável, em 70%, se comparado com 2010. O grau de formalização dos
ocupados cresceu quase 10%, passou de 60,08 para 70%. Da população ocupada formalizada
menos de 3% trabalhavam no setor primário, 11% na indústria de transformação, 8,5% na
construção, 19% no comércio e 51% no setor de serviços.

Tabela 10 – Dinâmica da População Economicamente Ativa

Vila Velha 2000 2010


Taxa de atividade 69,83 69,44
Grau de formalização dos ocupados - 18 anos ou mais 60,08 70,00
Dados: PNUD, IPEA e FJP

Para analisar a produção municipal e a composição desta produção optou-se em


utilizar o Valor Adicionado Bruto, que tem correspondência direta com o Produto Interno
Bruto, por ser o valor que a atividade agrega aos bens e serviços consumidos no seu
processo produtivo. É a contribuição ao Produto Interno Bruto - PIB pelas diversas atividades
econômicas, obtida pela diferença entre o valor de produção e o consumo intermediário
absorvido por essas atividades. Em outras palavras, é o valor da produção sem contar o
imposto.
O município de Vitória, capital do Estado, possui o maior Valor Adicionado Bruto (VAB)
dos municípios capixabas, representando ¼ de todo o valor produzido no Estado. Dos
municípios da Região Metropolitana, ela é responsável por 41,6% do VAB. Juntos os
municípios da RMGV possuem um VAB equivalente à metade gerado por todos os
municípios do Estado. Podemos observar, também, que grande parte dessa produção está
localizada no setor de serviço (em primeiro) e na atividade industrial – destaca-se apenas o
município de Fundão da RMGV com um VAB industrial maior que o setor de serviços.
Em comparação com os outros municípios da Grande Vitória, Vila Velha é o com
terceira participação (14%) ficando logo atrás de Serra (26,5%) e Vitória. O município com
menor VAB (e consequentemente menor participação) dos analisados é Fundão, com apenas
0,3% do VAB.
Quanto ao PIB per capita, Vitória possuí o maior da região, R$ 86mil, Serra vem logo
atrás com R$ 35mil, seguido de Cariacica (R$ 19,2mil), Fundão (R$ 19mil) e Viana (R$
18,7mil). Vila Velha aparece em 6º lugar, na frente somente de Guarapari, com um PIB per
capita de R$ 17,7 mil. Mesmo com um PIB alto, devemos lembrar que Vila Velha sozinha é
responsável por 25% da população da RMGV.

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Tabela 11 – Valor Adicionado Bruto Total – 2012 – Região Metropolitana da Grande Vitória
R$ 1.000
PIB per
VAB
Nome do município INDÚSTRIA capita
AGRO SERVIÇOS munic./VAB
TOTAL (R$)
RM Vitória
Vila Velha 12.094 1.312.890 4.872.844 6.197.828 14,0% 17.732,35
Vitória 7.703 5.174.371 13.184.272 18.366.346 41,6% 86.009,28
Viana 22.640 336.950 652.385 1.011.975 2,3% 18.732,92
Serra 33.387 4.025.987 7.658.282 11.717.656 26,5% 35.144,20
Guarapari 36.947 140.109 945.826 1.122.882 2,5% 11.393,12
Fundão 25.187 150.279 131.902 307.368 0,7% 19.068,38
Cariacica 11.909 1.097.027 4.307.670 5.416.606 12,3% 19.212,59
Fonte: IBGE.

1.2.3. Desenvolvimento Humano e Desigualdade de Renda

Nesta sessão apresentaremos dois índices largamente utilizados na literatura sobre


desenvolvimento para observamos o comportamento dos municípios da região
metropolitana quanto ao seu desenvolvimento humano e desigualdade de renda. Segundo o
PNUD, Programa das Nações Unidade para o Desenvolvimento (PNUD): desenvolvimento
humano é o processo de ampliação das liberdades das pessoas, com relação às suas
capacidades e as oportunidades a seu dispor, para que elas possam escolher a vida que
desejam ter. O processo de expansão das liberdades inclui as dinâmicas sociais, econômicas,
políticas e ambientais necessárias para garantir uma variedade de oportunidades para as
pessoas, bem como o ambiente propício para que cada uma exerça, na plenitude, seu
potencial. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), concebido pelo PNUD reúne três
dos requisitos mais importantes para a expansão das liberdades das pessoas: a oportunidade
de se levar uma vida longa e saudável - saúde -, de ter acesso ao conhecimento – educação -
e de poder desfrutar de um padrão de vida digno - renda.
Vitória apresenta o maior IDH do Espírito Santo (0,845), enquanto o Estado, que figura
em penúltima posição na comparação com os demais Estados do Sudeste, possui um índice
de 0,740. O topo do ranking do Espírito Santo é figurado, principalmente, por municípios
com altos índices de urbanização e com população elevada, incluindo cidades da região
metropolitana.
Vila Velha apresentou uma significativa melhora em seu IDH de 2000 a 2010, passando
de 0,709 a 0,800 – 2º maior IDH da região. Destaca-se na composição do IDH do município o
índice de longevidade, 0,864, maior dentre os municípios da região. Também em
comparação aos municípios analisados, observamos que o índice de educação (0,734) e
Renda (0,807) só ficam atrás dos índices de Vitória. Viana é o município que apresenta
menor IDH (0,686).

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Tabela 12 – IDH Municipais Região Metropolitana da Grande Vitória


IDH-M Composição IDH-M 2010
Município 2000 2010 Renda Longevidade Educação
Região Metropolitana 0,678 0,772 0,782 0,848 0,695
Vitória 0,759 0,845 0,876 0,855 0,805
Vila Velha 0,709 0,8 0,807 0,864 0,734
Viana 0,592 0,686 0,672 0,816 0,589
Fundão 0,598 0,718 0,708 0,839 0,623
Cariacica 0,613 0,718 0,699 0,844 0,628
Serra 0,634 0,739 0,720 0,844 0,664
Guarapari 0,637 0,731 0,746 0,837 0,626
Fonte: PNUD – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.

Tabela 13 – IDH Estados do Sudeste


2000 2010
Espírito Santo 0,640 0,740
Minas Gerais 0,624 0,731
Rio de Janeiro 0,664 0,761
São Paulo 0,702 0,783
Fonte: PNUD – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.

Fonte: PNUD – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.


Legenda: IDH-M = Índice de Desenvolvimento Humano Municipal; IDH-R = Renda; IDH-L = Longevidade; IDH-E =
Educação.

O Coeficiente de Gini, desenvolvido pelo matemático italiano Conrado Gini, é utilizado,


entre outros aspectos, para medir o grau de concentração de renda em determinada
amostra, variando de 0 a 1, onde 0 é a igualdade total de renda entre todas as pessoas e 1 é
a concentração total de renda para uma pessoa.
A seguir, estão elencados os municípios da região metropolitana segundo seu índice de
Gini. Observa-se primeiramente que dos 7 municípios analisados, apenas Guarapari (com
índice 0,58) e Vitória (0,60) não apresentaram uma melhora em seu índice, mantendo-o
inalterado de 2000 a 2010. Os demais 5 municípios apresentaram melhoras em seu índice:
Cariacica, Fundão e Serra apresentaram melhor de 0,05, com índice de Gini em 2010 igual a,
respectivamente, 0,45, 0,49 e 0,47. Viana apresentou uma melhora um pouco menor (de
0,04), porém é o município com menor índice de Gini (0,42), ou seja, com menor grau de
concentração da renda (mais igual). Vila Velha teve uma discreta melhora (de 0,01)
chegando em 2010 com um índice de 0,56, 3º pior da Região Metropolitana, ficando na
frente de Guarapari e Vitória, e igual ao índice Estadual.
Dos estados da região sudeste, todos apresentaram um índice de Gíni de 0,56, com
exceção do Rio de Janeiro que apresenta índice de 0,59, ou seja, um pouco mais desigual.
Espírito Santo foi o segundo estado que mais melhorou entre 2000 e 2010 (melhora de
0,04), ficando atrás de Minas Gerais, que melhorou 0,05 pontos.

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Tabela 14 – índice de Gini dos Municípios da Região Metropolitana da Grade Vitória


2000 2010
Região Metropolitana 0,60 0,57
Cariacica 0,50 0,45
Fundão 0,54 0,49
Guarapari 0,58 0,58
Serra 0,52 0,47
Viana 0,46 0,42
Vila Velha 0,57 0,56
Vitória 0,60 0,60
Fonte: PNUD – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.

Tabela 15 – índice de Gini dos Estados do Sudeste


2000 2010
Espírito Santo 0,6 0,56
Minas Gerais 0,61 0,56
Rio de Janeiro 0,6 0,59
São Paulo 0,58 0,56
Fonte: PNUD – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.

1.2.4. Projetos Estratégicos de Desenvolvimento

Neste presente item é apresentado em síntese o esforço da atual gestão de produzir


um planejamento e projetos estruturantes até 2016 com o objetivo de construir “uma
cidade que seja orgulho de seus moradores ao superar os desafios nas principais áreas de
atuação do governo municipal com soluções inovadoras e eficientes”. Esses projetos foram
apresentados no Plano Estratégico de 2013-2016.
Os projetos foram elaborados com base em 20 principais desafios a serem superados,
dando origem a 20 Projetos Estruturantes. Esses desafios e projetos foram organizados em
quatro áreas de atuação do governo dando “a dimensão do passo-a-passo que deve ser
seguido para que a visão de futuro seja alcançada”.

(i) Melhoria da Gestão: criação de um ambiente favorável no âmbito da equipe do


governo municipal visando ganhos de eficiência e eficácia na regulação e prestação de
serviços públicos.
- DESAFIOS ESTRATÉGICOS: (1) Aperfeiçoar a gestão de pessoas; (2) modernizar a
estrutura física, organizacional e de processos; (3) melhorar, qualificar e simplificar o
atendimento ao cidadão; (4) garantir o equilíbrio das contas públicas; (5) buscar novos
recursos financeiros e garantir a aplicação e (6) ampliar e aperfeiçoar o uso de tecnologias
na gestão e na prestação de serviços.
- PROJETOS ESTRUTURANTES: (1) Profissionalização e eficiência da gestão e (2)
Transparência na Gestão.
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(ii) Desenvolvimento Sustentável: trata das questões relacionadas à organização da


cidade, seu desenvolvimento e ampliação da qualidade de vida de seus moradores.
- DESAFIOS ESTRATÉGICOS: (1) Prevenir e reduzir os alagamentos; (2) ordenar e regular
o uso e ocupação do solo; (3) fomentar novos negócios e fortalecer os atuais; (4) fortalecer a
identidade local e (5) promover a proteção, recuperação, restauração e utilização racional
dos recursos naturais.
- PROJETOS ESTRUTURANTES: (1) Prevenção aos alagamentos; (2) Uso e Ocupação do
Solo; (3) meio ambiente e sustentabilidade; (4) infraestrutura turístico-cultural; (5) sítio
histórico da Prainha; (6) fomento a negócios e (7) Urbanização das Grandes Santa Rita e
Terra Vermelha.

(iii) Serviços à Cidade: melhoramento da mobilidade, limpeza, iluminação e segurança


da cidade.
- DESAFIOS ESTRATÉGICOS: (1) Revitalizar o sistema viário e melhorar a mobilidade
urbana e (2) melhorar a limpeza pública, a iluminação e a segurança.
- PROJETOS ESTRUTURANTES: (1) Gestão de resíduos sólidos; (2) segurança do
cidadão; (3) Mobilidade Urbana e (4) Infraestrutura Urbana.

(iv) Desenvolvimento Social: Ampliar e melhorar a satisfação dos moradores quanto


aos serviços prestados em educação, saúde e assistência.
- DESAFIOS ESTRATÉGICOS: (1) Promover políticas públicas de atenção à infância; (2)
Criar oportunidades de superação da pobreza; (3) melhorar a qualidade e garantir o acesso
ao ensino; (4) melhorar a qualidade e ampliar o acesso aos serviços de saúde; (5) Melhorar a
qualidade e ampliar a oferta de serviços socioassistenciais; (6) proporcionar espaços e
atividades integradas que contribuam para uma vida ativa e saudável e (7) Implantar
mecanismos de prevenção e tratamento ao uso de drogas.
- PROJETOS ESTRUTURANTES: (1) Qualificação dos serviços de saúde; (2) expansão e
melhoria da rede física de saúde; (3) melhoria da qualidade da educação; (4) expansão e
melhoria da rede física escolar; (5) atenção à primeira infância; (6) organização do
atendimento da assistência e (7) ações integradas de esporte e lazer.
Destacamos a seguir aqueles Projetos Estruturantes que se relacionam de uma forma
mais específica com o tema da habitação de interesse social (HIS), como forma de
aprofundar a visão sobre o Planejamento Estratégico do município.
O primeiro projeto que destacamos é a Profissionalização e Eficiência da Gestão (1 da
área Melhoria da Gestão) que visa “dotar a gestão municipal de condições para atender

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melhor a população na prestação de serviços públicos e regulação de atividades”. São seis as


prioridades desse projeto, dos quais destacamos por sua importância para o tema de HIS os
itens iv e vi:
i) Implantar o Programa de Qualidade no Atendimento ao Cidadão;
ii) Implantar o Escritório de Gerenciamento de Projetos;
iii) Implantar o Programa de Controle de Despesas com Pessoal e Custeio;
iv) Executar um plano de capacitação dos servidores municipal;
v) Realizar automação de processos e revitalizar a estrutura tecnológica e
vi) Atualizar o cadastro imobiliário e mobiliário do município.

O segundo projeto estruturante com maior interface com o PLHIS é o Prevenção aos
Alagamentos (1 da área Desenvolvimento Sustentável) tem como objetivo “reduzir os
efeitos negativos que os alagamentos decorrentes de chuvas provocam na cidade”. Suas
prioridades todas tem grande interface com o tema das HIS:

i) Limpar, drenar e desassorear canais e córregos;


ii) Recuperar diques de contenção em rios;
iii) Implantar o Plano de Enfrentamento aos Riscos Associados às Chuvas e
iv) Iniciar a implantação do Plano Municipal de Drenagem.

O terceiro projeto com destaque é o Usos e Ocupação do Solo (2 da área


Desenvolvimento Sustentável) que visa “ordenar o crescimento da cidade e organizar a
ocupação atual”. Também, todas as suas prioridades tem grande interface com o PLHIS:
i) Revisar e implantar o Novo Plano Diretor Municipal;
ii) Realizar a regularização fundiária em áreas carentes e
iii) Construir unidades habitacionais de interesse social para remoção de famílias em
áreas de risco.

Também destacamos devido sua relação com o PLHIS o projeto estruturante Meio
Ambiente e Sustentabilidade (3 da área Desenvolvimento Sustentável) que busca “preservar
áreas verdes da cidade e estimular atitudes sustentáveis”. Das suas três prioridades
destacamos a primeira:
i) Implantar parques urbanos;
ii) Implantar e revitalizar unidades de conservação existentes na cidade e
iii) Implantar plano de arborização da cidade.

O quinto projeto que merece destaque no PLHIS é o Urbanização das Grandes Santa
Rita e Terra Vermelha (7 da área Desenvolvimento Sustentável) que tem como objetivo
“dotar esses aglomerados urbanos de infraestrutura e serviços que permita melhorar a
qualidade de vida dos moradores”. Também, deste projeto estruturante, colocamos que
todas as suar prioridades tem grande relação com o tema:
i) Realizar serviços de drenagem, pavimentação e iluminação de vias;
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ii) Implementar a regularização fundiária;


iii) Expandir e qualificar o atendimento de saúde, educação e assistência social;
iv) Ampliar a oferta de atividades esportivas e de lazer para os moradores e
v) Fomentar atividades que gerem trabalho e renda.

Sexto projeto que merece destaque e a Gestão de Resíduos Sólidos (1 da área de


Serviços à Cidade) que busca “tornar a cidade mais limpa e dar destinação adequada aos
resíduos produzimos”. Das prioridades desse projeto, destaca-se ii:
i) Ampliar e melhorar os serviços de varrição de vias da cidade;
ii) Implantar novo modelo de gestão de resíduos sólidos e
iii) Implantar reciclagem de resíduos sólidos.

Outro projeto estruturante com maior interface com o Plano é o Mobilidade Urbana
(1 da área de Serviços à Cidade) que visa melhorar as condições de mobilidade. Destaca-se
as prioridades iii e iv:
i) Implantar sinalização de logradouros e bairros;
ii) Reabilitar a Rodovia Carlos Lindemberg;
iii) Reorganizar avenidas com implantação de binários;
iv) Melhorar a acessibilidade nos logradouros públicos e
v) Construir ciclovias interligando bairros da cidade.

Também da área Serviços à Cidades, o oitavo projeto que se destaca por uma maior
interface com o tema da Habitação de Interesse Social é o Infraestrutura Urbana com o
objetivo de “expandir a infraestrutura urbana da cidade”. Deste projeto destaca-se a
segunda prioridade.
i) Construir e adequar pontes;
ii) Realizar a pavimentação e drenagem de vias da cidade.

Da área de Desenvolvimento Social, todos os projetos estruturantes poderiam ser


destacados, tendo em vista que a população alvo de uma política de habitação de interesse
social, também é a população mais carente em saúde e educação. Ou seja, toda grande área
Desenvolvimento Social tem grande relação com o PLHIS. Optou-se, porém, pescar apenas
aquele projeto que tem uma interface mais próxima, mais direta com o Plano. Mas coloca-se
em evidências que os projetos (2) Expansão e Melhoria da Rede Física de Saúde e (4)
Expansão e melhoria da Rede Física Escolar são fundamentais para qualquer política de
habitação, entendendo essa como um direito e melhores condições de vida e não apenas
um teto para morar. Assim, o nono projeto estruturante que destacamos é Organização do
Atendimento da Assistência que tem como objetivo “tornar os serviços de assistência mais
próximos da população que demanda atendimento e garantir maior efetividade dos serviços
prestados.” Destacamos suas duas primeiras prioridades:

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i) Melhorar o cadastro de famílias beneficiárias de programas sociais;


ii) Realizar atendimento diretamente nos bairros;
iii) Construir Centro de Convivência do Idoso;
iv) Adequar Casa de Passagem e recuperar abrigos;
v) Implantar Instituto de Longa Permanência do Idoso e
vi) Implantar Casas de Acolhimento.

1.2.5. Investimentos

O Instituto Jones dos Santos Neves vem desde o ano de 2000 fazendo um estudo sobre
os investimentos anunciados para o estado do Espírito Santo. Em setembro de 2014
lançaram uma publicação que traz os principais investimentos para o período de 2013 a
2018. Com base nesse estudo podemos apontar aqueles projetos que mais podem impactar
o município de Vila Velha.
Levando em consideração aqueles investimentos superiores a 1 milhão de reais
(objeto do estudo do IJSN), no ano de 2013-2018 a carteira de investimentos anunciados
atingiu o montante de R$ 120,2 bilhões distribuídos em 1.278 projetos
Assim como em anos anteriores, o setor de Energia representa a maior parcela dos
investimentos dentre os 10 setores estudados, com 45% do montante anunciado
no período, seguido pelo setor Industrial, com 18,8%, e pelo setor de Terminal
Portuário/Aeroporto e Armazenagem, com 13,5%. (IJSN, 2014)

Observa-se que dos 78 municípios do Estado, todos receberam no mínimo 2 projetos.


Aqueles municípios localizados na região litorânea do Estado como São Mateus, Linhares,
Aracruz, Serra, Vitória, Vila Velha e Guarapari, junto com os municípios cortados pelas
principais Rodovias federais e estaduais como Cariacica, Viana, Colatina e Cachoeiro foram
os maiores contemplados com os investimentos, totalizando, esses 11 municípios, 57% do
total do número de projetos.
A Região Metropolitana possui o maior número de projetos anunciados, 43%, porém
correspondem a apenas 23% dos valores dos investimentos. Dos 20 principais investimentos
em execução no Estado, os que o município de Vila Velha tem participação são:
 Projeto da Petrobras para exploração na bacia do Espírito Santo, do setor de
energia com valor de R$ 9.859,3 milhão (esse investimento também é usufruído
pelos municípios Vitória, Serra, Fundão, Aracruz, Serra, Fundão, Aracruz,
Linhares, São Mateus e Conceição da Barra)

 Projeto do Grupo Litting e Grupo Incospal para construção de um shopping


Center em Vila Velha, no setor de Comércio/Serviço/Lazer com o valor de R$
584,8 milhões.

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Na analise do mapa seguinte (referente ao período de 2013-2018) verifica-se que Vila


Velha encontra-se na faixa daqueles municípios que mais receberam/vão receber em
número de projetos, novos investimentos, encontrando-se na faixa de 72 a 156 projetos.

Figura 05 - Quantidade de projetos anunciados por município - Espírito Santo 2013-2018

Fonte: IJSN

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Como podemos observar, Vila Velha tem a maior população entre os municípios da
Região Metropolitana da Grande Vitória, também é o segundo município que mais recebe
habitantes de fora (muitos deles da própria RMGV). Embora em um ritmo de crescimento
menor que da década de 1991 a 2000 (censos), Vila Velha continua crescendo em sua
população, que exigirá mais serviços e infraestrutura urbana.
Do ponto de vista da produção, Vila Velha também é um gigante local, como colocado,
o município possuí grande participação do Valor Adicionado Bruto metropolitana, tem 2/3
de sua população em alguma atividade econômica e destes 70% em atividades formalizadas.
Possuí uma população pobre (rendimento domiciliar per capita até ½ salário mínimo) menor
percentualmente que a mesma população para a Região Metropolitana. Porém, devido a
grande população, o PIB per capita do município fica atrás de outros municípios com uma
dinâmica de produção menor que Vila Velha.
Os dados de desenvolvimento apontam que o município enquadra-se no nível alto
considerado pelo Programa das Nações Unidades para o Desenvolvimento, índice esse só
menor que Vitória, se comparado com o municípios da RMGV. Porém seu Índice de Gini, que
mede a desigualdade de renda, aponta para uma tímida melhora, ou seja, um pequeno
passo para uma renda mais igual, mas ainda um dos mais desiguais dos municípios
metropolitanos.
Vila Velha apresenta uma importante carteira de projetos em seu Planejamento
Estratégico, que devem ser observados para o planejamento da questão habitacional.
Somado a esses projetos locais, observa-se que o município é um grande polo receptor de
inúmeros investimentos privados que certamente terão no futuro influencia sobre as
características sócias econômicas do município.

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2. TERRITÓRIO E POPULAÇÃO

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Avaliam-se aspectos da ocupação territorial no que se refere às questões físicas


ambientais e da distribuição da população. Nas questões físicas tem-se por principal fonte
de informação, os estudos e planos já elaborados pela Prefeitura Municipal e estudos de
outras instituições que agregam informações pertinentes.
A distribuição populacional sobre o espaço físico tem por base as informações
divulgadas pelo censo de 2010. O objetivo da avaliação é caracterizar aspectos relacionados
à maior ou menor concentração da população sobre o território urbano, identificando os
setores de mais baixa renda e de maior precariedade de infraestrutura, para tentar
reconhecer onde a ocupação ocorreu com maior precariedade, assim como os vetores do
atual crescimento.
Particularmente para municípios do Estado do Espírito Santo aspectos relacionados ao
ambiente físico como a preservação e conservação do ambiente natural, região de grande
incidência do bioma da mata atlântica, juntamente com aspectos do relevo e da significativa
malha hídrica que impõem restrições e limites específicos, como as áreas e setores expostos
aos desastres naturais, estão diretamente relacionadas à questão da produção da moradia e
da expansão urbana.
As questões de estruturação e aspectos da ocupação territorial podem determinar
potencialidades e limites para as questões habitacionais. As condições de urbanização e
aspectos da evolução do atendimento dos serviços essências de água e de saneamento
adequado, aliados a uma serie de outros fatores do desenvolvimento determinam ou são
determinados pelos recentes processos da expansão da ocupação e mobilidade populacional
que, no território, se materializa nos crescimento domiciliar e no suprimento ou nas
carências de saneamento básico e nas infraestruturas de serviço urbano e rural.
Também se buscou sistematizar os dados referentes às ocupações informais – os
assentamentos precários - a partir das informações disponíveis e relacionadas às localizações
mais restritivas ambientalmente, às situações de risco, aos aglomerados subnormais
identificados pelo IBGE e a localização das ZEIS já instituídas pelo município.
Limites e oportunidades territoriais para a HIS estão relacionadas ao valor da terra, aos
vazios existentes e adequados a produção habitacional, às oportunidades de novos e
grandes empreendimentos, de estruturação, acessibilidade, entre outros fatores.
Igualmente se procurou identificar e mapear as localizações das principais intervenções já
realizadas e/ou em execução pelo governo municipal relacionadas com a questão
habitacional e também com a qualidade urbana dos setores de HIS.

2.1. ASPECTOS FÍSICOS E AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO


A RMGV caracterizando-se por expressiva diversidade e beleza do ambiente natural
presente nas ricas e distintas paisagens de áreas não urbanizadas e também inseridas na
malha urbana metropolitana que preservam extensas áreas vegetadas e diversos tipos de
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ecossistemas, como os mangues, várzeas, morros, fundos de vale, lagoas, nascentes e


desembocadura de rios, áreas alagadiças e vegetação de restinga. Apesar do recente e
acelerado processo de urbanização das principais cidades metropolitanas, grandes e
importantes extensões e também remanescentes destes sistemas encontram-se
preservados.
Esta diversidade ambiental que caracteriza o território metropolitano confere
particular riqueza aos municípios que a integram, mas confere também vulnerabilidade
ambiental a grandes porções territoriais, impondo limites e restrições tanto para o uso
agrícola, como para a ocupação urbana. A permanente pressão pela ocupação e expansão da
malha junto a estas importantes e sensíveis áreas de valor do ambiente natural, ameaçam o
patrimônio remanescente exigindo instrumentos adequados para a preservação e manejo
no âmbito Estadual e dos governos municipais, nas escalas estaduais e municipais.
Figura 06 - Uso do Solo RMGV

Fonte: Revista Fundação Vale

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Com distintas modalidades e instrumentos de proteção, as áreas onde a preservação ambiental se


impunha mais fortemente foram demarcadas legalmente pelo Estado e, no âmbito municipal, pelos
Planos Diretores, compondo: áreas de reserva e de manejo sustentável do uso, áreas de proteção
ambiental integral, parques, reservas municipais e APPs .

Figura 07 - Mapa APPs e Unidades de Conservação da RMGV

Fonte: Revista Fundação Vale

Vila Velha, inserida no território metropolitano apresenta características bastante


singulares e de grande diversidade do ambiente físico natural, constituído por uma
diversidade de ecossistemas, entre eles os solos encharcados, áreas alagáveis, lagoas e
nascentes, com fauna e flora típica das áreas litorâneas, com predomínio de vegetação da
Mata Atlântica e significativos trechos de restinga. Possuindo cerca de 32km de extensão de
faixa litorânea, o território é formado predominantemente por planícies, afloramentos
rochosos, elevações, mangues, rios e canais. Mais de 90% da sua área é território plano
abaixo dos 100m, com elevações isoladas.
Os morros cuja cota máxima atinge os 235 metros, estão localizados, em sua maioria,
na região norte de Vila Velha, próximos à Baía de Vitória. As principais elevações rochosas do
município são: Morro do Penedo; Outeiro da Penha (onde está instalado o Convento da
Penha); Morro Jaburuna; Morro do Moreno; Morro do Cruzeiro; Morro do Pão Doce; Morro
da Mantegueira; Morro da Phillips/Esso; Morro de Itapebuna e Morro da Concha.
A rede hídrica municipal é bastante complexa, tendo em vista as baixas declividades do
terreno natural e o progressivo adensamento urbano, que alterou significativamente sua
dinâmica natural. Destacam-se em Vila Velha o Rio Marinho, limite natural com o município
de Cariacica, o Rio Aribiri cuja desembocadura ocorre na Baía de Vitória e o Rio Jucu
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responsável por quase todo abastecimento de água potável de Vila Velha que desemboca
no Oceano Atlântico e que praticamente divide o município. Os principais canais são o Canal
da Costa; Canal de Guaranhuns, Canal de Cobilândia e o Canal Bigossi.
Vila Velha esta dividida em quatorze sub-bacias de drenagem da cidade constituídas
por planícies fluvio-marinhas, com canais influenciados pela movimentação das marés,
sendo as bacias do Aribiri, do Canal da Costa e do Canal de Guaranhuns, e do Jucu as de
maior extensão.
Lagoas e nascentes também integram este sistema hídrico a ser preservado. Segundo
Código de Meio Ambiente as lagoas a serem preservadas no município são: Lagoa de
Jabaeté; Lagoa de Itanhangá; Lagoa de Interlagos; Complexo Lagunar de Jacuném; Lagoa
Grande e Lagoa Encantada. As nascentes correspondem à Nascente de Nossa Senhora da
Penha; Complexo de nascentes do Morro do Pão Doce; Nascente de Inhoá e Nascente do rio
Aribiri. A figura seguinte localiza de forma esquemática todos os elementos acima referidos.
Figura 08 - Elementos naturais de destaque no município de Vila Velha

Fonte: Goldner Garcia (2013)

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O PDM (Lei 4575/2007) identifica e delimita as principais áreas de interesse ambiental


do território urbano e rural. As Zonas de Especial de Interesse Ambiental – ZEIA, são
definidas em 3 categorias com objetivos que vão desde a preservação irrestrita, ao manejo
sustentável, aos usos restritos, a manutenção da paisagem, à regularização/urbanização
especial de áreas ocupadas. Assim, morros áreas de preservação permanente junto a rios,
córregos, áreas de mangue, áreas alagáveis, ilhas, lagoas, parques são identificadas no
zoneamento municipal como ZEIA. A ZEIA-A é utilizada para a preservação e manejo das
APP’s identificadas e Unidades de Conservação instituídas.
O Código Ambiental do município (Lei 4999 /2010) classifica as áreas ambientalmente
frágeis de Vila velha em duas categorias – as Áreas de Preservação Permanente – APPs
definidas nos termos do Código Florestal, e as Unidades de Conservação Municipais
instituídas por Lei, e submetidas a um plano de manejo para garantia da proteção, em
conformidade com legislação Federal e Estadual.
A figura seguinte apresenta o conjunto de ZEIA’s identificadas pelo PDM.
Figura 09 - Áreas de Interesse Ambiental no Município de Vila Velha

Fonte: PDM/PMVV
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Pelas características físicas apresentadas (o predomínio das áreas planas, cortadas por
expressivo sistema hídrico - rios e canais sujeitos ao fluxo das marés), o território de Vila
Velha torna-se potencialmente alagável, particularmente em época de chuvas intensas e
prolongadas que levam ao transbordamento dos mesmos.
O crescimento desordenado da ocupação e as ações realizadas para conter o
transbordamento dos cursos d’águas ou para permitir a ocupação da planície de inundação e
áreas alagáveis, com a retificação do Leito dos cursos d’águas, aterro para construções das
estradas, o aumento das edificações e impermeabilização do solo, transformaram a
dinâmica hídrica natural agravando o quadro de inundações.
Apesar de inúmeras obras realizadas, o Plano Diretor Municipal de Drenagem Urbana
Sustentável (PDDUS/2011) expressa a impotência das obras corretivas como a construção do
dique de contenção de terra ao longo do Rio Jucu e o dispositivo de controle composto pela
bateria de comportas mecânicas na saída do canal Guaranhuns. Atualmente, outros estudos
vêm sendo desenvolvidos, de maior amplitude, pelo governo Estadual para o enfrentamento
dos alagamentos constantes – são ações para o controle dos Rios Marinho e Formate e das
Bacias Urbanas do município.
Além dos alagamentos, outras fragilidades ambientais podem oferecer risco à
ocupação. Estudos vêm sendo desenvolvidos em âmbito nacional para melhorar a atuação
dos gestores frente ao crescente quadro ocorrido de desastres naturais. O CPRM 9
desenvolve desde 2011 cartas territoriais de vulnerabilidade do solo e mapeamentos de
setores de risco, de caráter mais informativo que vem permitindo a ampliação e
aprofundamento das informações no âmbito Estadual e dos municípios com a elaboração
dos Planos de Redução de Risco, de Gestão dos Recursos Hídricos, e a implementação de
ações de capacitação e instrumentalização da defesa civil nos municípios.
As cartas mapeiam a vulnerabilidade do solo à deslizamentos, alagamentos, e outras
fragilidades. Tem caráter informativo e são elaboradas para uso exclusivo em atividades de
planejamento e gestão do território, apontando e hierarquizando setores quanto ao
desenvolvimento de processos do meio físico que podem ocasionar desastres naturais.
Em estudo realizado em vários municípios brasileiros considerados com maior
ocorrência de eventos associados ao deslocamento de massas, o CPRM mapeou no Espírito
Santo 528 setores, em 45 municípios, considerados de moderado, alto e muito alto grau de
vulnerabilidade para distintas tipologias de eventos (desmoronamentos, processos erosivos,
queda de blocos, enchentes, alagamentos, entre outras situações).
Os setores de maior vulnerabilidade com ocupações em situação de risco identificados
em Vila velha pela CPRM são apresentados neste capitulo – no item que caracteriza os
assentamentos precários.

9
O Serviço Geológico do Brasil ou CPRM, nome fantasia advindo da razão social Companhia de Pesquisa de
Recursos Minerais, é uma empresa pública que está diretamente ligada a Secretaria de Geologia, Mineração e
Transformação Mineral (SGM) do Ministério de Minas e Energia.
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46

Figura 10 - Carta de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundações


município de Vila Velha - ES

Fonte: CPRM

As enchentes são recorrentes no território do município de Vila Velha. A primeira que


se tem registro ocorreu em 1935. Posteriormente foram registradas as enchentes de 1943,
1960 e 2004 num processo de crescente impacto devido a proporção das áreas urbanas
atingidas. No final de 2013, período de intensas chuvas ocasiona a ultima enchente de
grandes proporções ocorrida em Vila Velha quando vários bairros da cidade ficaram
alagados mesmo após o final das chuvas deixando varias ruas intransitáveis e deixando
famílias desalojadas.
Ações de drenagem urbana e macrodrenagem tem pautado a atuação publica com
intervenções e projetos realizados no âmbito do governo Estadual e municipal. Ações nas
bacias do Congo, Canal da Costa, e Aribiri estão em andamento. E um projeto mais amplo –
que compreende toda a dinâmica hídrica da região, com ações no Formate e Marinho e
todos os rio urbanos de Vila Velha esta sendo desenvolvido no âmbito Estadual.

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Figura 11 - Principais setores urbanos com problemas se alagamento (áreas hachuradas em


azul)

Dados- Plano Estratégico Vila Velha

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2.2. DISTRIBUIÇÃO SÓCIO ESPACIAL DA POPULAÇÃO


A dinâmica populacional é um dos principais pontos a ser destacado para o
planejamento das cidades. Em um cenário onde a população cresce significativamente, a
tendência é de que aumente também as tensões sobre o território. Marcado por acelerado
processo de urbanização e intenso movimento migratório a região metropolitana de Vitória,
como todas as regiões metropolitanas, traz a marca da desigualdade na ocupação dos
espaços urbanos. Reconhece-se com facilidade ocupações em áreas impróprias ou
inadequadas e parcelas de território carentes de infraestrutura, saneamento e de toda sorte
de serviços urbanos, constituindo espaços inacabados de cidade. Tal situação resulta da
pouca capacidade de controle público sobre a ocupação do território frente aos interesses
do mercado imobiliário, e de uma prática de urbanização que concentra investimentos
públicos em determinados setores.
Assim, a distribuição socioespacial é reveladora dos territórios mais valorizados e
daqueles de menor interesse, posto que a urbanização não ocorre de forma linear
resultando na diferenciação dos espaços - com áreas de integral urbanização, e áreas com
precariedade de serviços urbanos e ate mesmo ocupações em áreas inadequadas.
Identificar áreas de concentração da população, principais eixos de crescimento, os
territórios onde habita a população de menor renda e de maior vulnerabilidade social, a
distribuição dos serviços de infraestrutura, são elementos fundamentais para o
planejamento das ações que promovam melhoria nas condições atuais de habitabilidade e
da localização futura de novos empreendimentos.
Questão particularmente importante nesse contexto de análise da ocupação do
território é a identificação de áreas urbanas que ainda se encontram vazias. Esta
identificação, cruzada à análise da oferta de infraestrutura, de condicionantes ambientais e
das características socioeconômicas do entorno, pode ser importante ferramenta de suporte
à decisão locacional de empreendimentos de habitação de interesse social. Pode servir,
inclusive, como insumo ao debate da aplicação de instrumentos do Estatuto da Cidade, que
induzam o uso social da terra e garantam a sua oferta às famílias de baixa renda, matéria do
Plano Diretor Municipal.
Os dados são apresentados por bairro e agregados por Região Administrativa, nas
analises. Neste diagnostico optou-se por subdividir a região 5 em duas sub-regiões –
conforme figura seguinte, considerada a diversidade que as caracteriza. Pela pequena
relevância da população rural no território municipal, os dados são apresentados apenas
para a área urbana.

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Figura 12 - Regiões Administrativas de Vila Velha

Fonte: SEMDU

2.2.1. População e Renda10


A população do município de Vila Velha conforme verificado no capítulo anterior, é
majoritariamente urbana – representa 99,5 % da população total. Em 2010, são 412.575
habitantes morando na cidade e ocupando 155.905 domicílios. População e domicílios
tiveram um crescimento expressivo na última década. A população cresceu 19,8% e os
domicílios aumentaram em maior proporção, com taxa superior à do aumento da
população, cerca de 33%.
O aparente descompasso entre o crescimento populacional e o maior crescimento do
número de domicílios revela a tendência nacional de redução do número de pessoas por
domicílios, mas resulta também do fortalecimento da política de financiamento da produção
de moradias, podendo ser um indicativo da ampliação das condições de acesso à moradia
por aquelas famílias que viviam em condições de coabitação e de situações de
desmembramento familiar.
Avaliando-se a evolução dos domicílios não ocupados verifica-se aumento significativo.
Considerados os domicílios vagos e de uso ocasional o aumento foi de 31%. Se considerados
somente os domicílios vagos o aumento foi um pouco menor, 28%. Os domicílios vagos
representam, em 2010, 11% do estoque construído do município. O crescimento dos

10
Todo o mapeamento apresentado neste e demais itens deste capitulo, elaborados pela consultoria, estão
anexados ao final do documento em escala adequada a sua visualização.
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domicílios vagos pode estar indicando uma produção habitacional não absorvida pela
demanda.
Tabela 16 – Domicílios Particulares Permanentes Ocupados e Não Ocupados.
Espécie de domicílios 2000 2010
Com entrevista realizada 99.280 130.820
Particulares ocupados
Sem Entrevista realizada * 3.736
DPP Fechados 1.549 *
Particulares não ocupados De uso ocasional 3.472 5.035
Vagos 13.460 17.190
* Em 2000 os domicílios fechados foram considerados desocupados. Em 2010 os domicílios fechados foram
incluídos na categoria ocupados, e tiveram sua população estimada.
Dados: IBGE-SIDRA.

O território de Vila Velha na área urbana é subdividido em 91 bairros, o que faz com
que uma análise nesta escala não apresente muito significado. Apresentam-se
primeiramente os dados de população e domicílios mapeados sobre o território urbano com
destaque para os de maior concentração e algumas considerações. Na sequência dos dados
municipais, apresenta-se a síntese por região administrativa.
Os mapas representam a participação de população e domicílios sobre o total
correspondente à área urbana.
A partir dos mapeamentos realizados verifica-se que as maiores concentrações, tanto
de população como de domicílios, praticamente correspondem aos mesmos bairros. Nove
dos dez bairros destacados aparecem nas duas listagens de população e domicílios. Vila
Garrido e centro são as exceções que se alternam.
Verifica-se inicialmente que mais da metade dos bairros (53 para população e 51 para
domicílios) participam com contribuição igual ou menor do que 1% sobre o total da área
urbana, e que, se considerados os 10 maiores, estes representam cerca de 34% da
população e 35% dos domicílios. As maiores concentrações em termos absolutos estão
localizadas na região costeira e na região da Grande Terra Vermelha.
Os quadros seguintes apresentam o mapeamento realizado para verificação da
distribuição de população e domicílios e a listagem dos bairros mais populosos e com maior
numero de domicílios.

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Quadro 02 - Distribuição da População por bairros (%) e os dez bairros mais populosos

Dez bairros que mais


concentram população:
POPULAÇÃO
Bairro %/
total
município
Praia da Costa 31.083 7,6%
Itapuã 22.808 5,6%
Coqueiral de
13.696 3,3%
Itaparica
Barramares 12.405 3,0%
Praia de Itaparica 11.648 2,8%
Rio Marinho 11.377 2,8%
Aribiri 10.222 2,5%
Vale Encantado 10.047 2,4%
Vila Garrido 8.338 2,0%
Soteco 8.189 2,0%
*DPP – Domicílios Particulares Permanentes
Dados: IBGE

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Quadro 03 - Distribuição dos Domicílios segundo Bairros (%)

Os dez bairros que mais concentram


domicilios:
DPP
Bairro %/
total
município
Praia da Costa 11.001 8,2%
Itapuã 7.899 5,9%
Coqueiral de
Itaparica 5.061 3,8%
Praia de Itaparica 3.982 3,0%
Rio Marinho 3.706 2,8%
Barramares 3.483 2,6%
Aribiri 3.353 2,5%
Vale Encantado 3.268 2,4%
Soteco 2.722 2,0%
Centro de Vila Velha 2.719 2,0%
*DPP – Domicílios Particulares Permanentes
Dados: IBGE

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O censo de 2000 não levantou os dados por bairros o que não permite uma verificação
dos principais vetores de crescimento. Entretanto os dados da produção habitacional
permitem observar que a HIS vem incrementando especialmente a região da Grande Terra
Vermelha – e mais particularmente o Bairro Jabaeté que tem historicamente recebido os
empreendimentos habitacionais de interesse social – terá novo incremento, de mais de 1400
novas UH produzidas pelo MCMV. A Grande Terra Vermelha é, sem duvidas, o grande vetor
de crescimento da HIS. Caberá na próxima etapa debater se tal tendência deve ser mantida e
fortalecida ou minimizada.
Em relação à distribuição dos domicílios segundo rendimento, retomam-se os dados
do IBGE de 2010 já apresentados no capitulo anterior, com destaque para os patamares de
rendimento domiciliar per capita de ate 1/2 salário mínimo, e de rendimento domiciliar de
até 3 salários mínimos. Assim, existem no município de Vila Velha 21.843 (16,3%) famílias
vivendo em condição de pobreza (com rendimento de até 1/2 salário mínimo per capita), e
cerca de 58.990 (43,8%) que percebem até 3 salários mínimos como renda domiciliar. Os
dados para a escala do Bairro foram espacializados em termos proporcionais, indicadores da
intensidade em que ocorrem no bairro. Apresenta-se junto ao mapa os bairros de maior
intensidade e maior concentração destes patamares de renda ocorrem.
Tabela 17 - Domicílios com Rendimento Mensal Per Capita e Domiciliar
Classes de Rendimento DPP Classes de Rendimento DPP
Nominal Mensal Familiar ABSOLUTO % Nominal Mensal Percapita ABSOLUTO %
Sem Rendimento 3.465 2,6 Sem Rendimento 3.465 2,6
Até 1/2 Salário Mínimo 794 0,6 Até 1/4 de SM 3.989 3,0
Mais de ½ a 1 SM 11.114 8,3 Mais de 1/4 SM a 1/2 SM 14.389 10,7
Mais de 1 a 2 SM 23.264 17,3 Total até 1/2 SM 21.843 16,3
Mais de 2 a 3 SM 20.353 15,1
Mais de 1/2SM a 1 SM 33.331 24,8
Total até 3 SM 58.990 43,8
Mais de 1 SM a 2 SM 36.840 27,4
Mais de 3 até 5 SM 28.182 21,0
Mais de 2 SM a 3 SM 15.534 11,6
Mais de 5 a 10 SM 27.141 20,2
20.154 15,0 Mais de 3 SM 26.916 20,0
Mais de 10 SM
*DPP – Domicílios Particulares Permanentes
Dados: IBGE

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Quadro 04 - Distribuição dos Domicílios segundo Renda Domiciliar (%)

Bairros c/maior concentração domicílios


com renda familiar de ate 3 SM:
DPP
Bairro
total %
05n - Barramares 2743 79%
04 - Rio Marinho 2073 56%
04 - Vale Encantado 1871 57%
03 – Aribiri 1668 50%
05n - Ulisses Guimarães 1612 75%
03 - Vila Garrido 1489 58%
01 – Div. Espírito Santo 1433 54%
03 - Primeiro de Maio 1390 83%
04 - Jardim Marilândia 1367 54%
01 - Itapuã 1363 17%

Bairros c/maior proporção de domicílios


com renda familiar de ate 3 SM:
DPP
total %
05n - Morada da Barra 1194 86%
03 - Primeiro de Maio 1390 83%
05n - João Goulart 533 82%
05n - Barramares 2743 79%
03 - Zumbi dos Palmares 625 79%
05n - Cidade da Barra 484 77%
05n - Jabaeté 545 76%
05n - Ulisses Guimarães 1612 75%
05n - Vinte Três de Maio 277 74%
05n - Normília da Cunha 273 74%

*DPP – Domicílios Particulares Permanentes


Dados: IBGE

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Quadro 05 - Distribuição dos Domicílios segundo Renda per Capita (%)

Bairros c/maior concentração domicílios


com renda per capita de ate 1/2 SM:
DPP
Bairro
total %
05n - Barramares 1.482 43%
05n - Ulisses Guimarães 760 36%
03 - Primeiro de Maio 741 44%
05n - Morada da Barra 705 51%
04 - Rio Marinho 683 18%
04 - Vale Encantado 673 21%
03 - Vila Garrido 609 24%
03 – Aribiri 515 15%
04 - Alecrim 508 25%
01 - Divino Espírito Santo 491 18%

Bairros c/maior proporção de domicílios


com renda per capita de ate 1/2 SM:
DPP
total %
05n - Morada da Barra 705 51%
05n - João Goulart 296 46%
03 - Primeiro de Maio 741 44%
05n - Barramares 1.482 43%
05n - Jabaeté 298 42%
03 - Zumbi dos Palmares 322 41%
05n - Ulisses Guimarães 760 36%
05n - Normília da Cunha 133 36%
05n - Terra Vermelha 294 35%
05n - Vinte Três de Maio 130 35%
*DPP – Domicílios Particulares Permanentes
Dados: IBGE

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56

2.2.2. Infraestrutura urbana

Em relação às infraestruturas urbanas, avaliados os indicadores gerais disponibilizados


pelo IBGE, pode-se considerar que Vila Velha é bastante bem servida, até mesmo em relação
ao esgotamento sanitário, ainda bastante deficiente na maioria dos municípios brasileiros. A
abrangência do serviço, consideradas as situações adequadas de atendimento, que inclui
atendimento por rede geral, rede pluvial e fossa séptica, chega a 87%. Os demais serviços
tem praticamente abrangência universal.
Entretanto, quando os dados levantados e espacializados por bairros permitem
verificar que apesar da boa abrangência dos serviços básicos de infraestrutura urbana ainda
existem limitações na universalização destes serviços, especialmente no atendimento do
esgotamento sanitário. O dado revela concentrações de não atendimento conformando os
setores menos abastecidos e com maiores deficiências, particularmente nos serviços de
esgotamento sanitário.
Tabela 18 - Atendimento dos serviços de infraestrutura básica.

Grau de Urbanização
Rede geral de esgoto
Rede geral de Agua por rede
Bairro ou pluvial + Fossa Lixo Coletado Tinham Energia Elétrica
esgoto ou pluvial geral
Séptica
VILA VELHA 107.586 81% 116.080 87% 132.248 99% 132.654 99% 133.319 100%
Dados: IBGE

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57

Quadro 06 - Atendimento dos serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário

Dados: IBGE

Em relação ao abastecimento de água encontramos dois bairros com atendimento


inferior a taxa de 60%: o Bairro Morro da Lagoa com 145 domicílios, onde 57% não tem
abastecimento por rede, e o Balneário Ponta da Fruta, com 949 domicílios, sendo 58% não
abastecido por rede. O bairro Nova Ponta da Fruta também tem menor taxa de domicílios
não abastecido por rede - 85% dos 389 domicílios.

Em relação ao esgotamento sanitário praticamente toda a Grande Terra Vermelha tem


taxas de atendimento inferior a 50% à exceção dos bairros Jabaeté, Terra Vermelha, Ulisses
Guimarães, 23 de Maio e Normília.

Em relação ao atendimento do acesso a energia elétrica e a coleta de lixo os


indicadores demonstram a quase universalização para quase todos os bairros. O menor
percentual de atendimento para energia elétrica corresponde a 99% dos domicílios – e isto
ocorre em apenas 4 bairros: Morada da Barra, Pontal das Garças, Ilha da Conceição e Santa
Paula I.

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O lixo tem menor atendimento nos bairros Pontal das Garças, Barramares, Morada da
Barra, Joao Goulart, e Morro da Lagoa, variando de 91 a 96% as taxas de atendimento.

Quadro 07 - Atendimento dos serviços de Abastecimento de Energia Elétrica e Coleta de


Lixo

Dados: IBGE

Quando avaliados os dados referentes a características do entorno (que qualifica o


espaço urbano existente) verifica-se que o município pode melhorar, especialmente nos
quesitos identificação dos logradouros, arborização, bueiros, e acessibilidade/rampas para
cadeirantes. Estes dados não são disponibilizados por bairros.

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Tabela 19 - Condições de Urbanização – Características do Entorno


DPP em áreas DPP em áreas
Características do entorno Existência de urbanas urbanas com
características c/ordenamento ordenamento
do entorno regular (UN) regular (%)
Existe 49.929 39,4
Identificação do logradouro
Não existe 75.536 59,6
Existe 123.572 97,6
Iluminação pública
Não existe 1.893 1,5
Existe 102.529 81,0
Pavimentação
Não existe 22.936 18,1
Existe 91.515 72,3
Calçada
Não existe 33.950 26,8
Existe 95.675 75,5
Meio-fio/guia
Não existe 29.790 23,5
Existe 79.230 62,6
Bueiro/boca de lobo
Não existe 46.235 36,5
Existe 11.267 8,9
Rampa para cadeirante
Não existe 114.198 90,2
Existe 54.812 43,3
Arborização
Não existe 70.653 55,8
Existe 6.654 5,3
Esgoto a céu aberto
Não existe 118.811 93,8
Lixo acumulado nos Existe 5.158 4,1
logradouros Não existe 120.307 95,0
*DPP – Domicílios Particulares Permanentes
Dados: IBGE

Em relação aos serviços urbanos, sempre cabe a verificação da distribuição dos


equipamentos no atendimento das áreas de saúde, educação e assistência social. Para os
objetivos de um PLHIS importa, primeiramente, avaliar se os setores de interesse da política
habitacional (onde reside a demanda) estão sendo atendido por estes serviços; num
segundo momento, instrumentalizar as propostas do Plano de Ação com o objetivo de não
gerar novas demandas de equipamentos, priorizando futuros empreendimentos em áreas
com capacidade de atendimento ou de ampliação do atendimento, e apontando possíveis
ações a serem articuladas nas intervenções habitacionais. Não levantados nesta etapa do
diagnostico, limitações em relação ao atendimento de novas demandas deverão estar sendo
apontadas na etapa subsequente deste PLHIS – o Plano de Ação.
Em termos de demandas por macro estruturação do território urbano ganham
destaque as ações que vem sendo implementadas no setor de drenagem urbana,
macrodrenagem e as questões relacionadas a mobilidade urbana e regional.

Obras e ações foram e estão sendo realizadas no âmbito do projeto pró-moradia para
melhoria das condições de habitabilidade na área de entorno dos principais canais
contemplando a bacia do Aribiri, Bacia do Rio Jucu e bacia do Rio Torquato. O Canal da Costa
também vem recebendo uma serie de intervenções incluindo obras para a macrodrenagem

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e limpeza e desassoreamento de trechos. A macrodrenagem da bacia do canal do Congo, na


Terra vermelha é outro projeto em execução incluindo varias ações.

No âmbito Estadual a dois grandes projetos de macrodrenagem estavam em


desenvolvimento à época da elaboração do PEHAB (2014) incidindo sobre o território de Vila
Velha: o Desassoreamento/Leito e Regularização das Margens do Rio Formate (PAC II), e a
Drenagem e Urbanização Sustentável das Bacias: Marinho, Aribiri, Canal Costa e
Guaranhuns.

As questões relacionadas à mobilidade local e regional não foram levantadas nesta


etapa de diagnóstico, mas poderão ser complementadas na etapa subsequente, nas ações e
aspectos que qualificam os deslocamentos e contribuem para a inclusão sócio-espacial de
áreas periféricas de moradia popular.

2.3. ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS E SITUAÇÕES DE RISCO


O tema é de grande importância para o município que teve um processo de ocupação
espontâneo, com urbanização insuficiente e precária, que deixou grande parcela da
população morando à margem da cidade estruturada e ocupando inadequadamente setores
ambientalmente frágeis.
Assentamentos precários são os assentamentos humanos de baixa renda que
apresentam condições inadequadas de moradia, normalmente caracterizados como
cortiços, loteamentos irregulares, favelas e assemelhados, bem como os conjuntos
habitacionais que se encontram degradados. São espaços simultaneamente marcados por
carências urbanas e sociais, e pela insegurança da posse.
Os assentamentos precários são um fenômeno majoritariamente urbano e
metropolitano, inerente ao próprio modelo de desenvolvimento adotado no país,
caracterizado por um processo de urbanização desigual, espacialmente concentrador,
ambientalmente desordenado e socialmente excludente, marcado por elevados níveis de
desigualdades socioespaciais. Ocorrem na maioria das cidades brasileiras, e estima-se que
mais de 50 milhões de brasileiros urbanos ainda se defrontam com algum tipo de carência
habitacional relativa à ausência de serviços públicos essenciais como água e esgoto,
rusticidade da construção, insegurança da posse, não conformidade com os códigos
urbanísticos, entre outras inadequações.
Usualmente, a irregularidade fundiária que caracteriza estes assentamentos, resulta
como consequência da informalidade na ocupação do solo e urbanização do território. Se
apresenta nas mais diversas faces: inadequação pulverizada na zona urbana – terrenos
isolados que não estão regularizados frente ao Registro de Imóveis; loteamentos irregulares
e clandestinos; ocupações em terrenos alheios, entre outras... Trata-se de um fenômeno
multifacetado e difícil mensuração e avaliação.
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Em nível nacional, as informações disponíveis referem-se tão somente aos setores


subnormais dos recenseamentos do IBGE11; no âmbito municipal usualmente são poucas as
informações sistematizadas.
Assim, a identificação e caracterização dos assentamentos precários têm como
principal fonte de informações as ZEIS delimitadas pelo Plano Diretor Municipal, os
aglomerados subnormais identificados pelo censo de 2010 do IBGE e o mapeamento dos
setores de risco realizado pelo CPMR – Serviço Geológico do Brasil.

2.3.1 Aglomerados Subnormais e ZEIS

As ZEIS são porções do território municipal ocupadas por população de baixa renda,
destinadas prioritariamente à regularização fundiária, à urbanização e à produção de
Habitação de Interesse Social (HIS). Dentre seus objetivos estão a ampliação do acesso à
habitação pelos setores de menor renda e o aumento da oferta de terra para o mercado
urbano de baixa renda. O PDM define 3 categorias de ZEIS segundo finalidades distintas,
quais sejam – aquelas destinadas à regularização fundiária e urbanística das ocupações
urbanas; a reserva de áreas subtilizadas e vazias para programas habitacionais, e áreas a
serem utilizadas para empreendimentos de HIS de forma articulada às operações urbanas.
Entretanto somente duas áreas foram identificadas pelo PDM – a Grande Terra Vermelha e a
ZEIS Dom João Batista- onde se empreendeu um projeto habitacional de urbanização e
regularização fundiária.
Grande parte destas ZEIS coincidem com os aglomerados subnormais e outras são
apontadas pelos técnicos como de menor precariedade. Considera-se que as ZEIS deverão
ser revistas no processo de revisão do Plano Diretor Municipal e este PLHIS pode determinar
diretrizes e/ou indicar novas demarcações. No item que trata das necessidades habitacionais
as ZEIS estão delimitadas e avaliados seus limites juntamente com os aglomerados
subnormais.
Em relação aos Aglomerados Subnormais o IBGE define e identifica os aglomerados de
Vila Velha. O IBGE define o aglomerado subnormal como:
“um conjunto constituído de, no mínimo, 51 unidades habitacionais carentes, em
sua maioria, de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo ocupado, até
período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular) e estando
12
dispostas, em geral, de forma desordenada e densa.”

11
Segundo o IBGE, aglomerado subnormal é: “um conjunto constituído de, no mínimo, 51 unidades
habitacionais carentes, em sua maioria, de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo ocupado, até
período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular) e estando dispostas, em geral, de
forma desordenada e densa.”
12
IBGE. Censo Demográfico 2010 – Aglomerados Subnormais. Primeiros Resultados. http://www.ibge.gov.br/
home/estatistica/populacao/censo2010/aglomerados_subnormais/agsn2010
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62

O IBGE destaca ainda, que o conceito possui certo grau de generalização de forma a
abarcar a diversidade de assentamentos irregulares existentes no País, conhecidos como
favela, invasão, grota, baixada, comunidade, vila, ressaca, mocambo, palafita, entre
outros.”13 A metodologia adotada pelo instituto para identificação destes setores atende aos
seguintes critérios:
 Ocupação ilegal da terra, ou seja, construção em terrenos de propriedade alheia
(pública ou particular) no momento atual ou em período recente (obtenção do
título de propriedade do terreno há dez anos ou menos); e
 Possuírem pelo menos uma das seguintes características: urbanização fora dos
padrões vigentes - refletido por vias de circulação estreitas e de alinhamento
irregular, lotes de tamanhos e formas desiguais e construções não regularizadas
por órgãos públicos; e
 Precariedade de serviços públicos essenciais (abastecimento de água,
esgotamento sanitário, coleta de lixo e fornecimento de energia elétrica).
Apesar do conceito de aglomerado subnormal ter permanecido o mesmo de outros
censos realizados anteriormente, em 2010 foram adotadas algumas inovações
metodológicas e operacionais as quais fazem com que os resultados alcançados com o
último Censo não possam ser comparados diretamente com os dos anteriores. Na nova
metodologia foram utilizados recursos tecnológicos - imagens de satélite de alta resolução.
Tais imagens foram utilizadas para encontrar setores dos municípios que possuíssem
morfologia característica de aglomerados subnormais, posteriormente investigadas em
campo para a confirmação das características. Além disto, foi feita uma pesquisa específica,
sobre as características morfológicas das áreas, e realizadas reuniões sobre o tema nas
Comissões Municipais de Geografia e Estatística.
Apesar dos avanços da metodologia adotada pelo IBGE o que se observa, de modo
geral, é que os aglomerados subnormais reconhecidos ainda não representam o universo de
assentamentos precários existentes nos municípios. Contudo, trata-se de informação valiosa
para a gestão da política habitacional municipal, pois além de identificar o perímetro do
assentamento precário, fornece um perfil sócio-econômico de seus moradores e qualifica as
condições de urbanização desta parcela do território.
Em Vila Velha o censo de 2010 identificou 29 aglomerados subnormais onde habitam
61.479 moradores, em 17.925 domicílios. O IBGE apresenta o mapeamento destes setores e
um conjunto de dados que qualificam cada aglomerado. Os principais dados estão
sistematizados no capitulo que trata do quadro de necessidades habitacionais uma vez que
representam os setores de concentração do quadro de inadequação habitacional e por
muitas vezes também do déficit.

13
IBGE. Censo Demográfico 2010 – Aglomerados Subnormais. Primeiros Resultados.http://www.ibge.gov.br/
home/estatistica/populacao/censo2010/aglomerados_subnormais/agsn2010
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63

Por ora apresentam-se os quantitativos por bairro e região para fins de localização
territorial. O mapa foi produzido a partir dados territoriais fornecidos pelo IBGE no site:
http://www.censo2010.ibge.gov.br/agsn/
No quadro seguinte apresenta-se o mapeamento realizado e sua compatibilização com
bairros e regiões administrativas. A listagem apresenta os bairros onde ocorrem os
assentamentos e a proporção do numero de domicílios em relação ao total de domicílios do
bairro.
Apresenta-se na sequencia pequeno registro fotográfico para caracterização dos
Assentamentos Precários – sejam ZEIS e/ou Aglomerado subnormal.

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Quadro 08 - Aglomerados Subnormais e sua Ocorrência em Bairros e Regiões.

*DPP – Domicílios Particulares Permanentes


Dados: IBGE

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Quadro 09 - Assentamentos Precários, Ocupações e ZEIS em Vila Velha

ZEIS D JOAO BOSCO AREA URBANIZADA ARIBIRI-CANAL SANTA RITA ARIBIRI-CANAL SANTA RITA

AREA REMOÇAO MORADIAS 1º MAIO VISTA GRANDE SANTA RITA PRIMEIRO MAIO

OCUPAÇAO E EWERTON MONTE NEGRO TERRA VERMELHA CANALIZAÇAO CONGO- TERRA VERMELHA
GUIMARÃES

RESIDENCIAL JABAETÉ BARRAMARES BARRAMARES

2.3.2 Setores de risco

Além dos Aglomerados e das ZEIS, compõe a Leitura dos assentamentos precários – as
ocupações em situação de risco, ainda que nem toda situação de risco ocorra em setores
precários. O objetivo aqui e no capitulo das necessidades habitacionais é promover esta
compatibilização. Os dados foram obtidos junto a Defesa Civil do município e

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complementados em busca no site da Instituição, no Estado do Espírito Santo14.


Figura 13 - Mapeamento dos Setores de Vulnerabilidade do Solo à ocupação e de
Situações de Risco

Fonte: Geobases/IJSN

O trabalho resultou na seleção de dezesseis áreas consideradas de risco alto, e muito


alto em função de sua ocupação e dos fenômenos naturais que ocorrem potencializados por
obras e intervenções mal dimensionadas. Os setores de maior vulnerabilidade com
ocupações em situação de risco identificados pelo CPMR em Vila Velha estão sistematizados
na tabela seguinte.

14
http://www.defesacivil.es.gov.br/conteudo/mapas/default.aspx
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Quadro 10 - Síntese das informações sobre Setores de Risco (CPRM/Defesa Civil)


Descrição:
Remoção das famílias localizadas no sentido principal da
drenagem e na linha de atingimento de blocos que encontram-se
no meio da encosta;

Quantidade de imóveis/pessoas em risco:


Aprox. 18 domicílios / 90 pessoas

Remoção imediata das famílias do local;

Mangal
Descrição:
Canal paralelo a linha de costa (praia), com grandes áreas de
alagamentos. A região sofre forte influência das marés que
contribuem para a demora no retorno ao nível normal.

Quantidade de imóveis/pessoas em risco:


Aprox: 500 domicílios / 2.500 pessoas

Sem sugestão de reassentamentos

Canal Do Garanhus/Rua Moacir Gonçalves


Descr ição:
Queda de murro, sem vítimas , deslizamentos localizados,
rolamento de blocos e blocos encaixados em todo o morro.
Ocorrências isoladas e controladas. Área de difícil acesso
controlada pelo tráfico. Áreas mais baixas com pontos de
alagamento.

Quantidade de imóveis/pessoas em risco:


Aprox. 500 domicílios/ 2500 pessoas

Remoção das famílias residentes das partes mais inacessíveis do


Morro Do Jaburuna morro (regiões das escadarias)
Descrição:
Deslizamento planar dentro de parque público, ocorrido há
aproximadamente 4 anos. Parque sem controle efetivo da
entrada de visitantes e poucas vias de acesso, além da ausência
de sinalização de rotas de fuga em caso de necessidade.

Quantidade de imóveis/pessoas em risco:


Aprox. 60 domicílios/ 300 pessoas

Sem sugestão de reassentamentos

Parque da Mantegueira

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Descrição:
Residências de alvenaria em região de encosta, c/deslizamentos
localizados, bem como grandes blocos encaixados no solo,
colocando algumas residências em risco de atingimento. Aguas
servidas descartadas incorretamente. Alguns taludes estão
parcialmente cobertos por lonas.

Quantidade de imóveis/pessoas em risco:


Aprox. 40 domicílios / 200 pessoas

Remoção das famílias residentes na região mais vulnerável a


Rua Pres. Getúlio Vargas e Rua Emydio F. Sacramento deslizamentos e as residências na área de atingimento eminente;
Descrição:
Residências de alvenaria construídas em encosta, muitos blocos
encaixados e s/estabilidade. Área de difícil acesso com presença
do tráfico. Casas com deslizamento de encosta (planares)
ocorridos dia 12/01/12, (Beco do Garrafão), estrutura das casas
comprometidas e sem resistência

Quantidade de imóveis/ pessoas em risco:


Aprox. 100 dom/ 500 pessoas

Remoção das famílias residentes na região de


deslizamentos e as residências na área de atingimento eminente;

Rua Gumercindo Barão – Região entre o Morro


Zumbi e Santa Rita
Descrição:
Escola Estadual localizada na base da encosta, onde há alguns
anos atrás as quadras de esporte foram invadidas por um
deslizamento. Casas construídas no topo do talude (cerca de 12
m), que descartam águas servidas na encosta. Eventualmente
pelos drenos do muro de contenção construído na escola ocorre
vazamento de esgoto, já que não há rede de esgoto e águas
pluviais separadas.

Quantidade de imóveis/pessoas em risco:


Aprox. 10 residências e 1escola/ de 50 a 500 pessoas

Av. Fernando Antonio da Silveira - entre os Sem sugestão de reassentamentos


bairros Ataíde x Aribiri
Descrição:
Residências de madeira e alvenaria, construídas em encostas,
com grandes problemas de drenagem, grandes blocos encaixados
sem estabilidade e ocorrência de deslizamentos em janeiro de
2012, onde já foram removidas as famílias em situação mais
crítica.

Quantidade de imóveis/pessoas em risco:


Aprox. 40 dom. /200 pessoas

Remoção imediata das famílias localizadas na região com


histórico de deslizamento (a montante e jusante)

Rua Eloy Barreto x Rua Floresta - Alecrins

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Descrição:
Residências de alvenaria, construídas na base da encosta, com
grandes problemas de drenagem, grandes blocos encaixados sem
estabilidade e ocorrência de deslizamentos em janeiro de 2012,
além de grande declividade e altura do talude superiora15 m.

Quantidade de imóveis/pessoas em risco:


Aprox. 40/Aprox.200 pessoas

Remoção imediata das famílias localizadas na região com


histórico de deslizamento (a jusante)

Rua 3 Irmão - Hospital Evangélico/Garrido


Descrição:
Residências de alvenaria, construídas na base da encosta,
utilizando os blocos como apoio para as construções.

Quantidade de imóveis/pessoas em risco:


Aprox. 50 domicílios / 250 pessoas

Remoção imediata das famílias que estão com suas casas


escoradas nos blocos;

Rua Pres. Getulio Vargas x Rua Euclides da


Cunha
Descrição:
Área de alto risco de deslizamentos planares e rolamentos de
blocos. Os deslizamentos ocorreram e podem a vir ocorrer, em
função do declive acentuado da encosta, solo pouco espesso e
pela falta de um sistema de drenagem de águas superficiais
eficiente. Na área existem blocos de rocha prontos a atingir
residências localizadas nas porções inferiores da encosta. Indícios
de rastejo como trincas no solo, árvores e pilares inclinados.

Quantidade de imóveis/pessoas em risco:


Aprox. 250 /Aprox. 1250 pessoas

Remoção das famílias na parte superior da encosta;

Rua Resplendor s/n - Bairro Cobi de Cima


Descrição:
Morro de rocha granítica fraturada e com grandes juntas de alivio.
Ocorrência de muitos blocos de rocha soltos ou parcialmente
encaixados que podem atingir as residências a montante. Em
função do solo exposto ser pouco profundo ainda há possibilidade
de formação de corridas de massa, com alto poder destrutivo.

Quantidade de imóveis/pessoas em risco:


Aprox. 400 domicílios/ 2000 pessoas

Remoção imediata dos residentes mais próximos ao topo da


encosta, na área de grande concentração de blocos;

Morro de Boa Vista - Bairro São Torquato

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Descrição:
Área de vale com vertentes recobertas por
blocos de rocha, alguns com grandes juntas de alívio. Região com
histórico de deslizamento. Vertentes com alta declividade,
urbanização irregular e desordenada além de construções sem
fiscalização ou fundações adequadas.

Quantidade de imóveis/pessoas em risco:


Aprox. 320 domicílios / 1600 pessoas

Remoção das famílias situadas nas porções mais a montante da


encosta e próximas aos blocos;

Rua Divinópolis - Bairro Sagrada Família


Descrição:
Área com alto risco de deslizamento planar, em função de obras
com cortes profundos em relevo de vertentes côncavas e com
declive acentuado, em solo pouco espesso. Em períodos de fortes
chuvas, os solos ficam saturados, com alto potencial erosivo e de
desplacamento, resultando em deslizamentos.

Quantidade de imóveis/pessoas em risco:


Aprox. 50 domicílios/250 pessoas

Remoção das famílias abaixo do muro que ainda permanecem no


local;

Rua Américo Bernardes - Pedra do Búzio


Descrição:
Área de encosta com histórico e indícios de deslizamento. Perda
de parte do calçamento em função das fortes chuvas do início do
ano. Situação de risco para as casas localizadas na porção inferior
da encosta com risco de atingimento por descida de material e
blocos.

Quantidade de imóveis pessoas em risco:


Aprox. 25 domicílios/ 125 pessoas

Remoção das famílias na porção inferior da encosta;

Rua Beco Circular - Ilha da Conceição


Descrição:
Área com ocorrências de deslizamentos recorrentes. Obras de
ocupação inadequadas com cortes profundos do talude,
permitindo a erosão. Casas em situação de risco na época de
fortes chuvas uma vez que o solo fica rapidamente saturado.
Ocorrência de queda de muro em residência e casas na parte
superior da encosta com estruturas comprometidas (pilares e
fundações).

Quantidade de imóveis/pessoas em risco:


Aprox. 300 domicílios / 1500 pessoas

Remoção das famílias residentes na região mais vulnerável a


Rua Boapaba (R. Regência) - Rio Marinho deslizamentos e as residências na área de atingimento eminente;

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Descrição:
A área em questão possui diversos blocos rochosos, com mais de
50% aflorados. Parte destes blocos surgiram em decorrência de
fragmentação manual de matacões maiores por parte do
proprietário da área, (extração)

Quantidade de imóveis/pessoas em risco:


Aprox. 40 domicílios / 500 pessoas

Remoção das famílias localizadas no sentido principal da


drenagem e na linha de atingimento de blocos que encontram-se
no meio da encosta;
Rua Des. Augusto Botelho - Praia da Costa
Fonte: CPRM/DEFESA CIVIL/ES

No relatório final algumas orientações são apresentadas: Em linhas gerais Vila Velha
tem ocupação não planejada das áreas de planície litorânea, principalmente na região de
influencia do Rio Jucu e seus afluentes, resultando em alagamentos e enchentes
potencializados pelo acúmulo de lixo, alterações no curso do córrego, cavas de extração de
areia, bem como ocupação em seus morros de forma irregular e não considerando no geral
a ocorrência de perfil de solo pouco espesso e presença constante de blocos de rocha.
As sugestões apresentadas incluem desde a remoção de famílias em situação de
emergência, como as residentes no Bairro Mangal (sobre antigo lixão) e em áreas de
encostas sob risco de deslizamentos e queda de blocos, além de obras e estudos geotécnicos
para avaliação em detalhe, até ações mais simples como trabalho conjunto com as
lideranças locais (bairros) para avisos e alertas de emergência em caso de chuvas mais
fortes. Tais são as recomendações:
I. Remoção imediata das famílias localizadas em: Mangal (área do lixão), Morro do
Jaburuna (porções sem acesso – escadarias), Ataíde x Aribiri (casa em área de
atingimento), Alecrins e Garrido (casas em área de encosta e na parte inferior do
talude), Cobi de Cima, São Torquato, Sagrada Família e Rio Marinho (porções
superiores dos morros) por conta do risco eminente de queda de blocos e
deslizamentos. As demais regiões devem permanecer sob monitoramento
constante.
II. Controle da ocupação das áreas de encosta, com a recuperação da mata local ou
projeto de novo uso destas áreas como, por exemplo, a criação de parques
municipais (áreas verdes e de lazer);
III. Campanhas de educação ambiental para a população, promovendo o
entendimento dos prejuízos causados pelo descarte irregular e o acumulo de lixo
nas encostas e drenagem.

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2.4. SÍNTESE REGIONAL


Os dados apresentados até aqui permitem uma melhor territorialização quando
avaliados na escala regional, posto serem mais de 90 os bairros do município de Vila Velha. A
sistematização das variáveis ate aqui levantadas aparecem nas tabelas na sequencia
apresentadas e avaliadas quanto a questões que possam caracterizar principais diferenças
nos aspectos mais diretamente relacionados aos objetivos de um Plano de Habitação.
Assim, áreas de maior concentração de domicílios, associados a maiores incidências de
indicadores de piores condições de habitabilidade podem contribuir na definição das
prioridades de atendimento das demandas.
Em relação à população e domicílios, a maior concentração - e não poderia ser
diferente - é na região central – a Grande Centro, que concentra 38% dos domicílios
urbanos. As demais regiões, exceto a 5, se aproximam no numero de domicílios e população
– concentram 16 e 17% dos domicílios. Bem menor é o percentual da Região 5 - mesmo que
somadas suas 2 subdivisões – ficando com 13 % dos domicílios.
Tabela 20 - População e Domicílios segundo Regiões Administrativas
População e Domicílio
Participação Participação
Bairros População da Domicílios dos Hab/Dom.
população Domicílios
REGIÃO 1 - GRANDE CENTRO 147.279 36% 50.369 38% 2,9
REGIÃO 2 - GRANDE IBES 69.551 17% 22.613 17% 3,1
REGIÃO 3 - GRANDE ARIBIRI 68.635 17% 21.606 16% 3,2
REGIÃO 4 - GRANDE COBILÂNDIA 65.970 16% 21.186 16% 3,1
REGIÃO 5 - GRANDE JUCU (NORTE) 51.047 12% 15.004 11% 3,4
REGIÃO 5 - GRANDE JUCU (SUL) 8.334 2% 2.654 2% 3,1
VILA VELHA 410.816 100% 133.432 100%
Fonte: IBGE

Embora não tenham sido levantadas nem as áreas correspondentes a cada região, nem
suas densidades populacionais – é possível verificar pelo mapa que a região 5 é a de maior
área territorial – sendo portanto bem menos densa que as demais, com padrão de
ocupação horizontal e rarefeito, uma das tipologias típicas das áreas de HIS – periferias
rarefeitas.

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Gráfico 04 - Distribuição dos Domicílios segundo Região Administrativa.

Fonte: IBGE

Em relação ao grau de urbanização, de maneira geral, a única região que se destaca


com menores índices de atendimento, principalmente no atendimento de esgoto e lixo
coletado, é novamente a região 5. Chama a atenção as maiores taxas para o esgotamento
por rede na região do Grande Aribiri com 91 % dos domicílios ligados à rede –
provavelmente fruto das intervenções publicas na solução dos problemas de drenagem. Os
dados da estruturação urbana (grau de urbanização) tem maior visibilidade na pequena
escala e quando avaliados os aglomerados subnormais – estas diferenças se manifestam
(capitulo 3 deste diagnostico).

Tabela 21 - Grau de Urbanização segundo Regiões Administrativas


Grau de Urbanização
rede de esgoto
rede de esgoto água por rede
Bairro ou pluvial + Lixo Coletado Energia Elétrica
ou rede pluvial geral
Fossa Séptica
REG. 1 - GRANDE CENTRO 43.926 87% 48.350 96% 50.189 100% 50.186 100% 50.354 100%
REG. 2 - GRANDE IBES 19.901 88% 21.133 93% 22.516 100% 22.580 100% 22.602 100%
REG. 3 - GRANDE ARIBIRI 19.617 91% 19.714 91% 21.570 100% 21.552 100% 21.586 100%
REG.4 - GR. COBILÂNDIA 18.188 86% 18.423 87% 21.095 100% 21.144 100% 21.171 100%
REG.5 - GR. JUCU (NORTE) 5.823 39% 7.203 48% 14.812 99% 14.571 97% 14.954 100%
REG.5- GR.JUCU (SUL) 131 5% 1.257 47% 2.066 78% 2.621 99% 2.652 100%
VILA VELHA 107.586 81% 116.080 87% 132.248 99% 132.654 99% 133.319 100%
DADOS: IBGE

Esta ultima tabela é sem duvidas a de maior importância nesta pequena síntese
territorial. Nela se somam os dados que permitem visualizar a distribuição da população
segundo renda – ou seja – áreas onde predominam as populações mais empobrecidas, assim
como aqueles setores que concentram maior precariedade doo habitar – os aglomerados
subnormais. O cadastro da habitação juntamente com os aglomerados subnormais também
pode contribuir enquanto um indicador da localização da demanda habitacional.

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Tabela 22 - Distribuição da População segundo renda e da demanda habitacional


Aglomerados Famílias
Rendimento
Subnormais Cadastro
Rend. Dom. Per Rendimento Total %
Bairro QTD DDP
capita até 1/2 SM familiar até 3 SM Famílias DPP
REG.1 - GRANDE CENTRO 4.311 9% 14.135 28% 1 675 1% 6.351 13%
REG.2 - GRANDE IBES 2.485 11% 8.738 39% 2 836 4% 5.847 26%
REG.3 - GRANDE ARIBIRI 5.040 23% 12.813 59% 8 5.013 23% 3.935 18%
REG.4 - GRANDE COBILÂNDIA 3.903 18% 11.369 54% 10 2.631 12% 3.102 15%
REG.5 - GRANDE JUCU (NORTE) 5.325 35% 10.721 71% 8 8.821 59% 1.061 7%
REG.5 - GRANDE JUCU (SUL) 456 17% 1.214 46% 0 0 0% 242 9%
VILA VELHA 21.520 16% 58.990 44% 29 17.976 13% 20.538
Fonte: IBGE e PMVV

Os DPP em situação de pobreza (com rendimento de até 1/2 SM per capita)


concentram-se majoritariamente nas regiões Grande Jucu Norte (24,7%) e Grande Aribiri
(23,4%). Estes bairros juntos concentram metade do total de domicílios classificados como
em situação de pobreza. A terceira região de maior concentração destes domicílios é a
região centro, entretanto, esta é a de menor proporção da incidência destes domicílios. A
Grande Jucu Norte tem a maior proporção destes domicílios, significando grande
intensidade de pobreza na área.
Gráfico 05 - Distribuição dos DPP em Situação de Pobreza nas Regiões
Distribuição dos DPP c/ renda per Concentração (ABS) e Proporção (%) dos DPP com rendimento de até
capita de ate 1/2 SM 1/2 SM per capita
6.000
35%
5.000

4.000 23%

3.000 18% 17%

2.000 11%
9%

1.000

0
Grande Grande IBES Grande Grande
Grande Grande Jucu Grande Jucu
Centro Aribiri Cobilândia
Combilandia (norte) (Sul)

*DPP – Domicílios Particulares Permanentes


Dados: IBGE e PMVV

Os DPP com rendimento domiciliar de ate 3 SM (critério de atendimento das políticas


habitacionais) concentram-se majoritariamente nas regiões da Grande Centro (24%) –
região de maior numero de domicílios, seguido da Grande Aribri (22%). As maiores
proporções taxas proporcionais estão na Grande Jucu Norte – onde 70% dos domicílios ficam
nesta faixa de rendimentos; e na Grande Aribiri - onde quase 60% dos percebem até 3
salários mínimos, chamando a atenção de que aqui os números absolutos também são
elevados.
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Gráfico 06 - Distribuição dos DPP com Renda Domiciliar de até 3 SM nas Regiões

Distribuição dos DPP c/ renda Concentração (ABS) e Proporção (%) dos DPP com rendimento
domiciliar ate 3 SM domiciliar de até 3 SM
16.000 71%
14.000
59%
12.000 54%
46%
10.000
39%
8.000
28%
6.000
4.000
2.000
0
Grande Grande IBES Grande Grande Grande Jucu Grande Jucu
Grande
Centro Aribiri Cobilândia
Combilandia (norte) (Sul)

*DPP – Domicílios Particulares Permanentes


Dados: IBGE e PMVV

Por fim, cabe ainda algumas considerações sobre os aglomerados subnormais e o


cadastro habitacional, posto que podem constituir indicativos da localização da demanda.
Duas áreas se destacam na localização dos aglomerados subnormais – a Grande Jucu e a
Grande Aribiri, áreas onde as condições de precariedade já foram apontadas neste
diagnostico e onde os governo municipal e Estadual tem atuado mais intensamente nas
questões relacionadas a moradia e a urbanização. Esta demanda associada aos aglomerados
urbanos certamente estas identificada com a “necessidade” proveniente das precárias
condições de moradia.

O Cadastro Habitacional tem maior contribuição dos inscritos nas regiões da Grande
Centro e Grande IBES – regiões que não se destacaram por indicadores mais desfavoráveis e
que tem esta forte contribuição por concentrarem maior população, mas provavelmente
também associada a demanda por moradia proveniente de situações de aluguel,
expectativas de constituir família, enfim – situações talvez menos associada às necessidades.

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Gráfico 07 - Distribuição da Demanda Habitacional – Aglomerados Subnormais e


Cadastro Habitacional
Distribuição dos DPP de Aglomerados Concentração e Intensidade na distribuição dos DPP dos Aglomerados
Subnormais Subnormais
10000
9000 59%
8000
7000
6000
5000
4000 23%
3000
12%
2000
1000
4%
1% 0%
0
Grande Grande IBES Grande Grande
Grande Grande Jucu Grande Jucu
Centro Aribiri Combilandia
Cobilândia; (Norte) (Sul)

*DPP – Domicílios Particulares Permanentes


Dados: IBGE

Gráfico 08 - Distribuição da Demanda Habitacional – Cadastro Habitacional

Distribuição da Demanda do Cadastro Concentração e Intensidade na Distribuição dos Cadastrados


Habitacional
7.000
26%
6.000

5.000
18%
4.000 15%
13%
3.000
9%
2.000 7%

1.000

0
Grande Grande IBES Grande Aribiri Grande
Grande Grande Jucu Grande Jucu
Centro Cobilândia
Combilandia (Norte) (Sul)
;

Dados: IBGE

2.5. OPORTUNIDADES TERRITORIAIS PARA HIS


Finaliza este capitulo alguns temas que, a título de conclusão de parte dos elementos
já expostos, deverão se constituir em desafios relacionados ao território, na etapa seguinte
de proposição das estratégias de ação. Dois temas são centrais nesta abordagem. O
primeiro se relaciona com o desafio de viabilizar terra regular e urbanizada para a política
habitacional. O segundo traz o debate para a pauta do manejo adequado e redistributivo do
solo e das oportunidades territoriais e do desenvolvimento municipal e regional. Aspectos
relacionados a uma gestão metropolitana da questão habitacional relacionada aos espaços
territoriais da HIS, mobilidade e regularização fundiária também integram esta pauta.

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O objetivo deste diagnóstico de sistematizar informações sobre as áreas vazias


disponíveis – a partir dos cadastros municipais, e estabelecer critérios para verificar sua
viabilidade para o empreendimento de interesse social, não foi alcançado.
As oportunidades e limites do território para a política habitacional foram avaliados a
partir do debate realizado com a equipe de gestores onde participaram outras secretarias e
em especial a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Mobilidade com o objetivo de
apontar áreas possíveis de serem indicadas e das estratégias existentes para sua ocupação.
A questão da terra, em Vila Velha, é apontada como grande desafio pela extrema
concentração. Grandes porções do território de área urbana pertencem a poucos
proprietários. Embora não tenham sido quantificados (nem glebas, nem proprietários) esta
questão é sempre referida no âmbito da administração (gestores) e também pelo
movimento organizado. Isto põe em pauta a necessidade do município enfrentar as
questões relacionadas ao manejo redistributivo do solo urbano. Tanto as novas áreas, como
os processos de regularização dos assentamentos irregulares e informais requerem o
enfrentamento do mercado de produção habitacional elitista e da retenção e valorização da
terra urbana.
Na questão referida relacionada ao acesso a terra urbanizada são as ocupações. O
processo histórico da ocupação da região metropolitana demonstrou as inadequações e
desigualdades territoriais ocorridas na disputa pelo local da moradia. A ocupação de áreas
impróprias pelas populações de menor renda ainda e demandam por ações de melhoria das
condições urbana e da regularização fundiária das posses, promovendo a habitabilidade dos
setores já consolidados.
Vila Velha apresenta, conforme visto acima no item que trata dos assentamentos
precários inúmeras áreas que resultam do processo de exclusão dos setores de menor renda
do mercado regular da habitação.
Desta forma, a questão da reserva de áreas adequadas e melhor localizadas, assim
como as questões relacionadas à regularização fundiária são elementos que deverão pautar
o debate de possíveis estratégias a serem empreendidas pela política habitacional do
município.
Cabe então destacar as principais sínteses do levantamento de informações que
poderão contribuir para a definição de prioridades e estratégias consideradas, as
oportunidades territoriais e do desenvolvimento. O município deve iniciar a revisão do seu
Plano Diretor Municipal sendo esta uma oportunidade para avançar neste tema. A terceira
etapa deste PLHIS deverá apontar áreas e estratégias para viabilizar o atendimento da
demanda de interesse social e levar ao debate do novo plano.
A primeira síntese traz a atuação do poder publico em dois principais setores do
território onde o quadro de inadequação da moradia é bastante relevante. Pode-se dizer
que o conjunto de ações publicas relacionadas à melhoria habitacional e atendimento da
demanda estão direcionadas aos setores classificados acima como de grande vulnerabilidade
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e de grande ocorrência das necessidades habitacionais – são eles a região do Aribiri e a


Grande Terra Vermelha. Estas regiões foram identificadas neste diagnostico como áreas
prioritárias do poder publico pelo conjunto de intervenções – projetos, que vem sendo
realizados e que deverão ter continuidade. Estas áreas e suas ações estão mais detalhadas
no capitulo que aborda a política e produção habitacional, mas são aqui destacadas pelas
oportunidades e desafios para sua continuidade. A região do Aribiri traz o desafio da falta de
terras, e do grande contingente populacional (não quantificado) que deverá ser
deslocado/indenizado nas ações de drenagem em andamento e futuras necessárias ao
saneamento da região. A Grande Terra Vermelha traz o desafio da qualificação urbana e
regularização de distintas situações de irregularidades, mas traz o potencial da densificação
pela disponibilidade de lotes e de terras não ocupadas.
Figura 14 – Principais setores no quadro de relevância da moradia
REGIAO DO ARIBIRI – 1º DE MAIO GRANDE TERRA VERMELHA

Fonte: SEMDU/PMVV

A Leitura sobre o território da disponibilidade da terra e dos processos e projetos do


desenvolvimento local e regional permitiram identificar alguns eixos para uma atuação mais
direcionada às questões habitacionais. Grandes setores territoriais inseridos na malha e
aparentemente vazios apresentam limitações ambientais e/ou são necessários dentro dos
planos de drenagem e macrodrenagem urbana; áreas que estão identificadas no Plano
Diretor Municipal como de reserva ao desenvolvimento, como as atividades vinculadas ao
porto (empresarial e retroportuaria - ZEIE) e outras atividades a serem instaladas na zona
rural ( ZEE); os eixos viários mais recentemente implantados e/ou em projeto de
implantação e melhorias, que acarretam no entorno imediato, valorização da terra e a
consequente indução ao uso e instalações do desenvolvimento econômico, entre outros.

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Considerando estes aspectos foram mapeados um conjunto de elementos que


representam a síntese do debate realizado e que apontam 3 principais estratégias para
viabilizar a terra novos empreendimentos de HIS:
1- Vazios potenciais e áreas parcialmente ocupadas por HIS que podem ser densificadas;
2- Áreas publicas disponíveis em empreendimentos realizados pelo município e a busca de
informações sobre disponibilidade de terra de propriedade Estadual e Federal;
3- Legislação especifica para que grandes empreendimentos habitacionais de alta renda com
possibilidade de negociação de parcela de áreas para HIS;
4- Reserva de áreas pelo Plano Diretor Municipal com o gravame de ZEIS particularmente na
região da Grande Terra Vermelha e próximo aos eixos viários que começam a modifica os
usos.

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Figura 15 - Mapa Síntese das Oportunidades Territoriais para HIS

Fonte: PLHIS/Elaboração Latus

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Um ultimo desafio se refere ao enfrentamento da elevada valorização da terra urbana


não só no município, mas na região. No nível municipal, somente uma política fundiária
instruída pelo Plano Diretor Municipal associada a uma política tributaria efetiva poderão
promover algum modificação no quadro atual.

Estratégias de adensamento, de reserva de terra, de alternativas de localização e


maior controle sobre os preços, articuladas ao Plano Diretor Municipal, deverão ter espaço
assegurado na definição das estratégias para o Plano de Ação. Sabe-se, entretanto, que num
território conurbado, como é o da região metropolitana em que o município se insere, essas
questões extrapolam a governabilidade local. E este é mais um desafio que corrobora a
necessidade de aprofundamento do tema.

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Figura 16 - Mapa Síntese do Valor da Terra no Município de Vila Velha.

Fonte: PLHIS/Elaboração Latus

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3. NECESSIDADES
HABITACIONAIS

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84

3.1. NECESSIDADES HABITACIONAIS - ALTERNATIVAS DE


CÁLCULO
Identificar, quantificar e qualificar o quadro de necessidades habitacionais têm sido um
dos principais desafios para os municípios que elaboram seu PLHIS. Isto se dá devido a um
conjunto significativo de fatores, entre os quais podemos destacar:
(i) A necessidade de conceituação do que é efetivamente considerado “problema
habitacional” no município em análise; na medida em que há uma grande
diversidade de situações, exige-se que esta concepção seja adequada à realidade
local;
(ii) A ausência ou carência de informações sistematizadas confiáveis. Mesmo quando o
município conta com cadastros das famílias necessitadas, estes normalmente
foram elaborados sem critérios claros ou com objetivos específicos; outras vezes
são de abrangência questionável ou limitada;
(iii) Insuficientes informações de um dos graves problemas habitacionais de grande
magnitude que é a inadequação fundiária (pesquisas empíricas e levantamentos
de campo já demonstraram que mesmo os dados registrados pelo IBGE sobre os
aglomerados subnormais que subsidiam a quantificação da inadequação
fundiária, não representam a magnitude do problema);
(iv) A existência, em muitas cidades e especialmente as metropolitanas, de uma forte
dinâmica de mobilidade das famílias de baixa renda que migram facilmente por
territórios conurbados e de intensa conectividade, em busca das melhores
oportunidades, que torna os dados existentes sempre desatualizados.
Sendo o PLHIS um instrumento de planejamento da política habitacional, os
programas, ações e metas a serem estabelecidos para o enfrentamento dos problemas de
moradia, devem estar alicerçados na realidade local. Complementarmente, criar uma base
de dados sólida e confiável é fundamental para o futuro monitoramento dos resultados da
aplicação deste plano.
A Secretaria Nacional de Habitação/Ministério das Cidades reforça em seu Guia de
Adesão para Estados, DF e Municípios, a necessidade de caracterizar este quadro. Conforme
o texto,
...é necessário, entre outros aspectos, um esforço constante de coleta,
sistematização e análise de dados relativos às condições habitacionais da
15
população e dos domicílios .

Desta forma, para o processo de elaboração deste diagnóstico, foram identificados


caminhos possíveis para esta caracterização.

15
SECRETARIA NACIONAL DE HABITAÇÃO, Ministério das Cidades. Sistema e Fundo Nacional de Habitação de
Interesse Social. Guia de Adesão para Estados, DF e Municípios. Brasília, 2006.
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Primeiramente é importante salientar que, atualmente no Brasil, o Ministério das


Cidades adota como referência para esta caracterização, a metodologia desenvolvida pela
Fundação João Pinheiro. O primeiro estudo da Fundação João Pinheiro – FJP - foi lançado em
1995 e desde então, sua metodologia tem sido aprimorada. A instituição adota como
informações, as disponibilizadas pelo IBGE, através dos Censos e/ou das PNADs – Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios. A credibilidade alcançada por esta metodologia vem em
decorrência não só da continuidade ao longo das últimas 2 décadas, mas também pela sua
amplitude (para todo o território nacional) e, ainda por trabalhar com informações
produzidas pelo IBGE, instituição técnica que coleta e sistematiza informações a partir de
metodologia consistente e estável.
O trabalho da FJP foi adotado como base para o desenvolvimento de outros dois
outros métodos para a quantificação do déficit habitacional. O primeiro foi desenvolvido
pelo Instituto Jones dos Santos Neves – IJSN – do Governo do Estado do Espírito Santo, no
ano de 200916 e revisto em 2010. Este quantifica o déficit do Estado a partir dos dados do
Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal – Cad. Único. O outro,
desenvolvido no processo de elaboração do PEHAB-ES que utiliza também os microdados17
da amostra do Censo de 2010; mas apresenta algumas adaptações metodológicas em
relação ao trabalho da FJP18.
Sempre merece destaque na elaboração do diagnóstico habitacional, o tema dos
assentamentos precários urbanos. São parcelas do território que, geralmente, concentram
diversificados problemas de moradia. Têm, desta forma, relevância no quadro dos
problemas habitacionais urbanos. E há pouca informação sistematizada que abranja o
universo destes assentamentos. Assim, no processo de elaboração do diagnostico
habitacional de Vila Velha buscou-se construir uma caracterização com base em duas fontes
de informações em especial: o Censo de 2010 (aglomerados subnormais) e as informações
disponibilizadas pelo município referentes às ZEIS e loteamentos irregulares, os setores de
risco identificados pelo CPRM e defesa Civil do município.
Os cadastros municipais da demanda habitacional, embora os limites apresentados,
quase sempre relacionados à sistemática do cadastramento, permitem algumas Leituras que
contribuem pra a caracterização desta demanda.
A identificação destas distintas formas / estratégias de estimativa dos problemas
habitacionais ou de caracterização do quadro de necessidades habitacionais, revela a

16
GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, Instituto Jones dos Santos Neves. Déficit habitacional nos
municípios do Estado do Espírito Santo. Vitória, 2009. (Disponível em:
www.ijsn.es.gov.br/Sitio/index.php?option=com_attachments)
17
Os microdados consistem no menor nível de desagregação dos dados de uma pesquisa, retratando, sob a
forma de códigos numéricos, o conteúdo dos questionários, preservado o sigilo estatístico com vistas à não
individualização das informações (http://www.ibge.gov.br)
18
Tais adaptações foram definidas a partir da experiência da consultoria técnica em trabalhos cujo objetivo
principal, era a quantificação dos problemas habitacionais para fins de formatação de uma política pública
habitacional específica, com foco na população mais carente.
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86

necessidade de uma reflexão sobre os objetivos que nos levam a fazer esta estimativa.
Muito embora haja hoje no Brasil o reconhecimento de que é através da metodologia da FJP
que se chega aos números considerados “oficiais”, no âmbito de um trabalho específico
como o PLHIS, pode-se construir uma estratégia de quantificação distinta, focada nos
objetivos do próprio plano.

3.1.1 A metodologia da FJP e as estimativas do déficit habitacional


e da inadequação da moradia

Segundo a metodologia da FJP, as necessidades habitacionais são compostas por


situações de déficit e de inadequação habitacional.
O déficit indica a necessidade de construção de novas moradias. É o resultado da soma
das seguintes situações: domicílios precários (domicílios rústicos e domicílios improvisados),
coabitação familiar, domicílios alugados com adensamento excessivo e ônus excessivo com
aluguel19. O quadro a seguir descreve cada componente destes:
Quadro 11 – Componentes do Déficit - FJP (2010)
DOMICÍLIOS RÚSTICOS - aqueles cujo material das paredes é: alvenaria,
madeira aparelhada ou taipa revestida.
DOMICÍLIOS PRECÁRIOS
DOMICÍLIOS IMPROVISADOS - todos os locais e imóveis sem fins residenciais
e lugares que servem como moradia alternativa.

Compreende a soma das famílias conviventes secundárias (estimando-se


apenas aquelas que têm intenção de constituir domicílio exclusivo são
COABITAÇÃO FAMILIAR
consideradas déficit habitacional) e das que vivem em domicílios localizados
em cômodos – exceto os cedidos por empregador.

Número de famílias urbanas com renda de até três salários mínimos que
ÔNUS EXCESSIVO COM ALUGUEL URBANO moram em casa ou apartamento (domicílios urbanos duráveis) e que
despendem 30% ou mais de sua renda com aluguel

Número de domicílios alugados com número médio de moradores por


ADENSAMENTO EXCESSIVO EM
dormitório (cômodos que servem de dormitório em caráter permanente e
DOMICÍLIOS ALUGADOS
apenas para os moradores do domicílio) acima de três.

Fonte: FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, Déficit Habitacional Municipal no Brasil 2010. Belo Horizonte, 2013

A inadequação não está relacionada ao dimensionamento do estoque de moradias,


mas sim às especificidades dos domicílios existentes que prejudicam a qualidade de vida de
seus moradores. Pode ocorrer através de uma ou mais das seguintes situações: inadequação
fundiária, inexistência de unidade sanitária domiciliar de uso exclusivo, adensamento
excessivo de imóveis não alugados, cobertura inadequada e carência de serviços de
infraestrutura. Contudo, o trabalho da FJP com base nos dados do Censo de 2010 não incluiu
dois destes componentes devido à ausência das informações necessárias para o seu cálculo

19
Destaca-se que as alterações na metodologia adotada pela FJP ao longo dos anos e das suas sucessivas
publicações, não permitem a construção de séries históricas do déficit.
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87

no próprio Censo – apenas através dos dados das PNADs é possível se fazer a estimativa
destes componentes.20
O quadro a seguir descreve cada componente do cálculo da inadequação habitacional,
segundo o documento da FJP com base no Censo de 2010:
Quadro 12 – Componentes da Inadequação habitacional urbana / FJP (2010)
Domicílios que não dispõem, ao menos, de um dos seguintes serviços:
DOMICÍLIOS URBANOS CARENTES DE esgotamento sanitário (rede geral ou fossa séptica); abastecimento de
SERVIÇO DE INFRAESTRUTURA água (rede geral); abastecimento de energia elétrica (de companhia
distribuidora) e coleta de lixo.

DOMICÍLIOS URBANOS SEM UNIDADE Domicílios que não dispõem de banheiro ou sanitário de uso exclusivo.
SANITÁRIA DOMICILIAR EXCLUSIVA

Número de domicílios próprios com número médio de moradores por


ADENSAMENTO EXCESSIVO EM
dormitório (cômodos que servem de dormitório em caráter
DOMICÍLIOS PRÓPRIOS
permanente e apenas para os moradores do domicílio) acima de três.

Fonte: FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, Déficit Habitacional Municipal no Brasil 2010. Belo Horizonte, 2013

Os componentes que não puderam ser trabalhados a partir do Censo e que são,
tradicionalmente, trabalhados a partir dos dados das PNADs, são:
 inadequação fundiária – quando pelo menos um dos moradores do domicílio
tem a propriedade da moradia, mas não, total ou parcialmente, a do terreno ou
da fração ideal de terreno onde ela se localiza;
 cobertura inadequada - domicílios que, embora possuam paredes de alvenaria
ou madeira aparelhada, têm telhado de madeira aproveitada, zinco, lata ou
palha.
Os dados da FJP são relevantes porque permitem compreender-se a situação da
moradia no Espírito Santo em comparação a das demais Unidades da Federação. Segundo a
FJP, em seu estudo de 2010, o déficit do Estado do Espírito Santo é de 106.447 domicílios, o
que representa 9,6% do total dos seus domicílios21. Comparativamente às demais Unidades
da Federação, o Espírito Santo tem o 4º menor déficit total relativo. E, se compararmos às
demais Unidades da Federação da Região Sudeste, tem o segundo menor déficit total
relativo, logo após o Estado de Minas Gerais (9,2%). O déficit total relativo da Região
Sudeste é 10,6%.

20
Ao contrário do déficit, não é possível obter-se um número total de domicílios inadequados através da soma
dos componentes, pois um mesmo domicílio pode apresentar mais de uma condição de inadequação.
21
O cálculo do déficit relativo é feito pela FJP em relação ao total dos domicílios particulares permanentes
adicionados aos improvisados.
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Figura 17 – Déficit Total Relativo (2010)

Fonte: FJP, 2013.

Em relação à localização deste déficit, os dados apontam que 91,8% deste, está
localizado em zona urbana – 97.696 domicílios. E observando-se estes mesmos dados em
relação ao número de domicílios de cada zona, verifica-se que proporcionalmente também o
déficit é mais expressivo na zona urbana do Espírito Santo, conforme a tabela a seguir.

Tabela 23 – Déficit no Estado do Espírito Santo (2010)


DÉFICIT HABITACIONAL ABSOLUTO DÉFICIT HABITACIONAL RELATIVO

Total Urbano Rural Total Urbano Rural


106.447 97.696 8.751 9,6% 10,5% 5,1%
Dados: FJP, 2013.

Quanto aos componentes do déficit, segundo a FJP, o ônus excessivo com aluguel é o
seu principal componente - responsável por 42,8% do déficit total do Espírito Santo –
seguido pela coabitação familiar. Quando analisados separadamente as realidades urbana e
rural, verifica-se a relevância do problema do aluguel na zona urbana e da coabitação na
zona rural.

Tabela 24 – Componentes do Déficit no Estado do Espírito Santo (2010)


Adensamento excessivo de
Domicílios Precários Ônus excessivo com aluguel Coabitação Familiar
domicílios alugados
11.031 10,4% 45.515 42,8% 43.568 40,9% 6.333 5,9%

Dados: FJP, 2013


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A segmentação do déficit habitacional por faixa de renda aponta uma significativa


concentração nas famílias com renda de 0 a 3 salários mínimos. Nesta faixa de renda a FJP
aponta a existência de um déficit de: 71.548 domicílios, sendo 66.392 urbanos e 5.156
rurais. Se somados os domicílios classificados como “sem rendimento”, ter-se-ão 75.025
domicílios, sendo 69.404 urbanos e 5.621 rurais.

Analisando-se a composição do déficit relacionado aos domicílios sem rendimento e


com rendimento de até 3 salários mínimos, segundo a FJP, verifica-se que a maior proporção
também é de situações de ônus excessivo com aluguel - 45.515 domicílios. Em segundo
lugar, as de coabitação familiar – 16.277 domicílios, os quais representam apenas 37,4% de
todas as situações de coabitação do Estado.

Tabela 25 – Déficit das Famílias sem Rendimento e com Renda de 0-3 SM (2010)
DOMICÍLIOS SEM RENDIMENTO
E COM RENDA DE 0-3 SM
TOTAL DE DOMICÍLIOS
% em relação ao total

do componente
DOMICÍLIOS PRECÁRIOS 11.031 9.118 82,7%
COABITAÇÃO FAMILIAR 43.586 16.277 37,4%
ÔNUS EXCESSIVO COM
45.515 45.515 100,0%
ALUGUEL
ADENSAMENTO EXCESSIVO
6.333 4.115 65,0%
EM DOMICÍLIOS ALUGADOS
TOTAL 106.447 75.025 70,5%
Dados: FJP, 2013.

Periodicamente, a FJP publica novos dados para a atualização do déficit habitacional a


partir dos dados do PNAD. O ultimo estudo publicado (2014) faz a atualização do déficit
para os anos de 2011 e 2012 e apresenta os ajustes metodológicos para comparação do
déficit do período 2007-2012. Segundo a publicação, o estado do Espírito Santo apresentou
a segunda maior redução do déficit habitacional no período, reduzindo seu déficit numa
proporção da ordem 26%. Para 2012 o déficit calculado para o Espirito Santo foi o seguinte:

Tabela 26 - Déficit Habitacional do Espírito Santo 2012 (dados PNAD)


DEFICIT TOTAL DEFICIT POR COMPONENTES
Absoluto Relativo Habitação Coabitação Ônus Excessivo Adensamento
Precária Familiar c/Aluguel Excessivo
80.856 6,6% 1.092 26.227 51.897 1.640
Dados: IBGE.

Este número deverá ser utilizado por este PLHIS apenas como uma referencia em
relação a evolução do déficit do Estado, confirmando a tendência de redução identificada no
âmbito do PEHAB 2030. Entretanto, não ha como compará-lo como os números
especificados para 2010, particularmente em relação à sua composição posto que são
obtidos por fontes diferenciadas.

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Os dados para o déficit habitacional de Vila Velha, calculados a partir dos dados do
censo de 2010 segundo publicação da FJP são avaliados na sequência, de forma
comparativa à RMGV e municípios que a compõem.

Tabela 27 - Déficit Habitacional RMGV


DÉFICIT DÉFICIT DÉFICIT
UNIDADE
HABITACIONAL % HABITACIONAL % HABITACIONAL %
TERRITORIAL
TOTAL URBANO RURAL
RMGV 57.810 10,8% 57.377 10,9% 434 5,5%
Cariacica 10.314 9,6% 10.138 9,7% 176 5,3%
Serra 16.118 12,9% 16.060 12,9% 58 9,0%
Viana 1.882 10,0% 1.825 10,2% 56 5,3%
Vila Velha 15.018 11,2% 14.990 11,2% 28 5,6%
Vitória 10.556 9,7% 10.556 9,7% 0 -
Guarapari 3.365 10,1% 3.312 10,4% 54 3,5%
Fundão 558 10,5% 496 11,0% 62 7,7%
Dados: FJP.

O maior déficit absoluto dentre os municípios da RMGV é o do município de Serra


(16.060 UH) seguido Vila Velha (15.018 UH). Quando considerado o valor relativo
(percentual sobre total de domicílios) as maiores taxas correspondem novamente ao
município de Serra (12,9%) e Vila Velha (11,2%) expressando efetivamente o quadro de
maior necessidade de novas moradias da RMGV.

Gráfico 09 - Déficit Habitacional RMGV

Dados: FJP.

Os dois municípios – Serra e Vila Velha representam juntos cerca de 54% do déficit
metropolitano. A contribuição de cada município na composição do déficit da região
metropolitana esta expressa no gráfico seguinte:

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Gráfico 10 - Contribuição no Déficit Metropolitano

Dados: FJP.

Em relação à composição do déficit Vila Velha tem maior participação do componente


ônus excessivo com aluguel, seguido da coabitação, sendo estes os dois componentes de
maior incidência em todos os municípios da RMGV. A coabitação tem maior contribuição nos
municípios de Cariacica e Viana, municípios onde os domicílios precários apresentam taxas
mais significativas que os demais. A maior participação dos domicílios precários é do
município de Fundão correspondendo a mais de 23% do déficit municipal.

Tabela 28 – Composição do Déficit dos municípios da RMGV


Domicílios Coabitação Ônus excessivo Adensamento
Déficit
Unidade Precários Familiar aluguel dom/ alugados
Habitacional
Territorial % % % %
Total U.H U.H U.H U.H
Deficit Deficit Deficit Deficit
Cariacica 10.314 1.401 13,6% 4.509 43,7% 3.742 36,3% 662 6,4%
Serra 16.118 1.256 7,8% 6.285 39,0% 7.324 45,4% 1.253 7,8%
Viana 1.882 369 19,6% 834 44,3% 557 29,6% 122 6,5%
Vila Velha 15.018 1.266 8,4% 5.444 36,2% 7.364 49,0% 945 6,3%
Vitória 10.556 549 5,2% 4.462 42,3% 4.976 47,1% 568 5,4%
Guarapari 3.365 161 4,8% 1.449 43,1% 1.561 46,4% 194 5,8%
Fundão 558 131 23,4% 195 34,9% 202 36,2% 30 5,4%
RMGV 57.810 5.133 8,9% 23.179 40,1% 25.725 44,5% 3.774 6,5%
Dados: FJP.

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Gráfico 11 - Composição do déficit habitacional de Vila Velha (%)


Adensamento Domicílios
dom/ alugados Precários
6% 9%

Coabitação
Ônus excessivo Familiar
aluguel 36%
49%

Dados: FJP.

Em relação à distribuição do déficit habitacional segundo as faixas de rendimento,


considerados os municípios metropolitanos, Fundão e Guarapari são os que apresentam
maior concentração na faixa de até 3 salários mínimos – 75,1% e71.5% respectivamente. Vila
Velha tem 70,8% do seu déficit concentrado nesta faixa com uma demanda de 10.631
domicílios. Cariacica é o de menor concentração (65,9%).

Tabela 29 – Déficit dos municípios da RMGV por renda


Déficit Habitacional sem % Déficit Habitacional sem
Déficit Habitacional Total
rendimento e até 3 SM rendimento e até 3 SM/
RM Grande Vitória 57.810 39.767 68,8%
Cariacica 10.314 6.799 65,9%
Serra 16.118 11.132 69,1%
Viana 1.882 1.318 70,0%
Vila Velha 15.018 10.631 70,8%
Vitória 10.556 7.059 66,9%
Guarapari 3.365 2.408 71,5%
Fundão 558 419 75,1%
Dados: FJP.

Na avaliação da distribuição do déficit segundo componentes e considerada a faixa de


rendimentos de até 3 salários mínimos visualiza-se, para Vila Velha a grande incidência do
componente ônus excessivo com aluguel representando cerca de 70% do déficit desta faixa
de rendimentos.

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Gráfico 12 - Déficit dos municípios da RMGV por renda

Dados: FJP.

***

A FJP é a única, dentre as metodologias aqui apresentadas, a estimar a inadequação


habitacional utilizando-se dos dados do IBGE e do PNAD.

A publicação de 2013 da FJP apresentou dados relativos às seguintes categorias de


inadequação habitacional: carência de infraestrutura, ausência de unidade sanitária
domiciliar exclusiva e adensamento excessivo em domicílios próprios. Tais dados foram
trabalhados apenas para a zona urbana e não podem ser somados, pois um mesmo domicílio
pode apresentar mais de um tipo de inadequação.

Os componentes citados foram trabalhados pela FJP a partir das informações do Censo
de 2010 e podem ser agregados por municípios.

Segundo a FJP (2013), no Estado do Espírito Santo há 175.657 domicílios urbanos com
pelo menos umas das situações de inadequação habitacional. Tal montante representa
18,9% dos domicílios urbanos do Estado. Comparativamente às demais Unidades da
Federação, o Espírito Santo encontra-se em uma situação privilegiada, sendo a quarta com
menor proporção do Brasil e a terceira em relação à Região Sudeste. São Paulo, Distrito
Federal e Minas Gerais são as Unidades da Federação com menores proporções de
domicílios com pelo menos uma categoria de inadequação habitacional no Brasil.

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Figura 18 – Domicílios com pelo menos um componente de inadequação habitacional –


relativo ao total de domicílios por U.F. (%)

Fonte: FJP, 2013.


Fonte: FJP, 2013.

Tabela 30 – Componentes de inadequação habitacional no ES (2010)

CARÊNCIA DE SERVIÇOS DE AUSÊNCIA DE UNIDADE SANITÁRIA ADENSAMENTO EXCESSIVO EM


INFRAESTRUTURA DOMICILIAR EXCLUSIVA DOMICÍLIOS PRÓPRIOS

159.090 17,1% 6.456 0,7% 19.943 2,1%


Fonte: FJP, 2013.

Diferentemente do que com os componentes do déficit habitacional, é possível se


estabelecer uma comparação entre os dados relativos a alguns dos componentes da
inadequação habitacional produzidos pela FJP com base nos Censos de 2000 e de 2010, pois
não houve alteração na metodologia de cálculo. Isto é possível de ser feito para a carência
de serviços de infraestrutura e para a ausência de unidade sanitária domiciliar exclusiva.

A referida comparação é apresentada no gráfico a seguir e revela uma melhora


significativa dos dois componentes analisados, com uma redução do número de domicílios
inadequados. Tal redução seria ainda mais significativa se considerássemos o aumento do
número de domicílios urbanos ocorrido na última década.

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Gráfico 13 – Comparativo entre os dados da FJP de 2000 e 2010 referentes ao número de


domicílios com carência de serviços de infraestrutura

Dados: FJP

Gráfico 14 – Comparativo entre os dados da FJP de 2000 e 2010 referentes ao número de


domicílios com ausência de unidade sanitária domiciliar exclusiva

Dados: FJP

Sob cobertura inadequada estão incluídos todos os domicílios que, embora possuam
paredes de alvenaria ou madeira aparelhada, têm telhado de madeira aproveitada, zinco,
lata ou palha. Na medida em que o Censo não inclui informações sobre o material da
cobertura dos domicílios, a FJP os trabalha com base nas PNADs.

Os dados da FJP a respeito das situações de cobertura inadequada revelam que não se
trata de um problema significativo no Espírito Santo. A tabela a seguir revela os
quantitativos referentes aos anos: 2007, 2008 e 2009. Mas este é um problema de pouca
incidência em quase todas as regiões brasileiras.

Tabela 31 – Cobertura Inadequada no Espírito Santo


2007 2008 2009

7.610 0,9% 15.261 1,7% 9.381 1,0%

Dados: FJP, 2009.

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Por fim há que se avaliar os dados da inadequação habitacional fornecidos pela FJP
para Vila Velha e os demais municípios da RMGV. Quando a inadequação observa-se que
16%, ou 86.381 domicílios possuíam algum componente inadequado (infraestrutura urbana,
banheiro exclusivo ou adensamento em domicílios próprios. Em Vila Velha essa relação é um
pouco menos, apenas 14% dos domicílios apresentaram alguma inadequação. Para o
município, para a faixa de renda de até 3 SM, são 10.107 domicílios dessa situação.

Tabela 32 - Inadequação Habitacional – FJP – 2010


Inadequação de Inadequação para
Unidade domicílios urbanos Inadequação Inadequação para domicílios com
Territorial (pelo menos um Relativo (%) domicílios sem rendimento rendimento 0-3
componente) Total salários mínimos

RM Grande Vitória 86.381 16 4.045 49.211

Cariacica 23.569 23 1.394 14.653

Serra 21.483 17 850 11.592

Viana 5.406 30 518 3.320

Vila Velha 18.312 14 628 9.479

Vitória 4.077 4 56 1.970

Dados: FJP, 2010.

Observando as tabelas abaixo, vemos que são 15.604 domicílios considerados


inadequados devido a carência em infraestrutura devido a ausência de esgotamento
sanitário. Seguido desse problema, aparece para Vila Velha como o segundo maior causador
de inadequação habitacional o adensamento excessivo em domicílios particulares, com
2.280 domicílios. Em terceiro lugar, é a carência de abastecimento de água, com 1.179
domicílios seguido da inadequação pode carência na coleta do lixo (663 domicílios), carência
na iluminação pública (490 domicílios) e por último, o problema que menos contribuí para a
inadequação habitacional no município é a carência de banheiro de uso exclusivo. Porém,
mesmo que contribua menos do que os demais componentes, são 476 domicílios com essa
inadequação, chama a atenção que essa ausência é muito significativa.

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Tabela 33 - Composição da Inadequação Habitacional - infraestrutura – FJP – 2010


Inadequação de Inadequação de Inadequação Inadequação Inadequação
domicílios domicílios de domicílios de domicílios de domicílios
Unidade
urbanos/Infraestrutura urbanos urbanos / urbanos / urbanos /
Territorial
(pelo menos um /Abastecimento Esgotamento Iluminação Destino do
componente) Total de água Total sanitário Total elétrica Total lixo Total

RM
Grande 76466 10224 65504 2999 9748
Vitória

Cariacica 21114 2250 17359 839 5134

Serra 18486 3058 14986 821 1592

Viana 5126 878 4340 120 1099

Vila Velha 16601 1179 15604 490 663

Vitória 2055 745 888 352 101

Dados: FJP, 2010.

Tabela 34 - Composição da Inadequação Habitacional – banheiro e adensamento – FJP –


2010
Inadequação de
Inadequação de
domicílios urbanos/
Unidade Territorial domicílios urbanos /
Adensamento em
Banheiro exclusivo Total
domicílios próprios Total

RM Grande Vitória 2825 12700

Cariacica 718 3345

Serra 775 3441

Viana 96 626

Vila Velha 476 2280

Vitória 504 1768

Dados: FJP, 2010.

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3.1.2 O Déficit Habitacional segundo a metodologia do Instituto


Jones Santos Neves

Partindo dos conceitos e da metodologia desenvolvida pela FJP, o IJSN desenvolveu


uma adaptação para cálculo do déficit habitacional utilizando os dados do CadÚnico. Este
trabalho foi desenvolvido no ano de 2009 e os dados foram trabalhados para todos os
municípios do Estado do Espírito Santo.

Em agosto de 2011, utilizando o banco de dados de julho do mesmo ano, o estudo foi
atualizado para apresentação interna do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia
Observatório das Metrópoles. A atualização passava pela revisão de decisões metodológicas
a respeito de componentes desconsiderados no cálculo de 2009, justificadas na análise da
realidade social das famílias incluídas no CadÚnico. O trabalho foi revisto e atualizado e seu
resultado publicado em 2015.

A utilização dos dados do CadÚnico na gestão das políticas sociais – como a


habitacional – é uma boa oportunidade para os governos. Ela fortalece a integração dos
diversos programas sociais através de uma base única de dados. Desta forma, ao utilizá-la
para a quantificação do déficit habitacional, o método faz com que o déficit deixe de ser
apenas um número, para ser um conjunto de famílias – identificadas e caracterizadas – que
demandam ações da política habitacional. Outro aspecto positivo, diz respeito ao corte de
renda estabelecido pelo próprio cadastro. Nele, apenas estão inscritas as famílias de baixa
renda – as quais são também público alvo da política de habitação22.

Do ponto de vista da gestão da política habitacional pelo município, a criação de um


método que possibilita o cálculo do déficit a qualquer tempo, ou seja, que permite
atualização permanente, é uma estratégia promissora que se vislumbra a partir do uso dos
dados do CadÚnico. Consolidando-se esta metodologia, qualquer município pode obter o
cálculo do seu déficit de forma atualizada, sem depender de instituições externas, como o
IBGE ou a FJP.

Entretanto o próprio IJSN salienta que, na alimentação do CadÚnico não há ainda um


padrão de coleta dos dados pelos municípios no que diz respeito, especialmente à
abrangência do cadastramento e à frequência de atualização das informações.

22
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, as famílias de baixa renda são aquelas com renda familiar
mensal per capita de até meio salário mínimo e as que possuam renda familiar mensal de até três salários
mínimos. Podem ainda estar inscritas no CadÚnico, famílias com renda superior a três salários mínimos quando
esta esteja vinculada à seleção ou ao acompanhamento de programas sociais implementados por quaisquer
dos três entes da Federação. Sendo assim, as famílias com renda mensal total superior a três salários mínimos
só devem ser cadastradas por demanda para programas específicos, como os programas de habitação e
saneamento que utilizem os registros do Cadastro Único para a seleção das famílias.
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O governo Estadual quando da elaboração do PEHAB apontava para estratégias que


pudessem qualificar os municípios para o aprimoramento desta ferramenta, estabelecendo
como importante papel do próprio PEHAB:
 apontar estratégias para a qualificação do CadÚnico junto aos municípios de
forma a fortalecê-lo enquanto base de dados para a gestão da política
habitacional;
 prever a construção de um instrumento que permita o cálculo do déficit a partir
destes dados pelos municípios;
 prever a capacitação dos municípios para que estes possam calcular o seu déficit,
estimando e qualificando a sua demanda de habitação de interesse social e
orientando a sua própria política23.
Na realização do trabalho o IJSN trabalhou com os mesmos componentes
conceituados pela FJP conforme síntese do quadro publicado:
Quadro 13 – Conceitos IJSN para Déficit Habitacional

23
O Governo do Estado do Espírito Santo já vem utilizando o CadÚnico como base de dados para seus
programas sociais e a Secretaria Estadual de Ação Social tem realizado ações junto aos municípios para
qualificar o seu cadastro. Tais ações estão vinculadas ao Programa Incluir, da Estratégia de Combate à Pobreza
e à Exclusão.
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Segundo descrito no documento foi necessário, primeiramente, verificar a


validade/adequação dos dados do cadastro para a estimativa do déficit, resultando 64% dos
registros foram considerados consistentes. Assim, do montante avaliado cerca de 19% do
cadastro resultou em déficit.

Os números estimados pelo IJSN para o déficit do estado do Espírito Santo a partir do
CadUnico foram os seguintes:

Tabela 35 – Estimativas IJSN para o Déficit

Verifica-se através da estimativa do déficit realizada pelo IJSN primeiramente uma


menor magnitude (57.748) em relação ao déficit estimado pela FJP para a faixa de até 3
salários mínimos (75.025). O maior componente do déficit nesta estimativa é também o
corresponde ao ônus excessivo com aluguel, numa taxa um pouco superior ao da FJP – 82%.
Registro importante é também o numero correspondente à moradia precária (8.238) – de
certa forma bastante próximo ao dado da FJP para esta faixa de rendimento (9.116).

A estimativa do déficit habitacional a partir dos dados do CadUnico também foi


realizada nas agregações territoriais do município e da região administrativa. Os resultados
apontaram para a majoritária concentração na região metropolitana (44%) e para os
municípios de Serra, Vitória, Vila Velha e Cariacica que contribuem respectivamente com
15%, 8,5%, 8,2% e 7,7% do total do déficit do estado do ES. A tabela seguinte apresenta os
municípios com os maiores e menores déficit do Estado.

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101

Tabela 36 – Maiores e menores déficit municipais – ES - IJSN

3.1.3 O Déficit Habitacional segundo a metodologia desenvolvida


pelo PEHAB ES

Partindo da análise dos métodos e dos resultados alcançados pela FJP e pelo IJSN e do
acúmulo alcançado por estas instituições, o PEHAB-ES elaborou estratégia específica para o
cálculo do déficit habitacional do Estado do Espírito Santo, buscando identificar e priorizar a
parcela do déficit habitacional de maior vulnerabilidade para classificá-la como demanda
publica prioritária das políticas a serem implementadas.

Segundo a Política Nacional de Habitação, habitação de interesse social é aquela que


se diferencia de habitação de mercado por ser voltada às famílias que não conseguem, sem
programas ou subsídio público, acessar uma moradia no mercado imobiliário. E neste
contexto, o padrão de renda familiar máxima de 3 salários mínimos mensais tem sido
adotado de forma geral como o patamar que define o que é habitação de interesse social no
Brasil.

O debate estabelecido na elaboração do PEHAB entendeu que a renda familiar de ate


3 salários mínimos mensal, definido como patamar delimitador de um padrão de interesse
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102

social, somente pode ser adotada quando considerado o conjunto de agentes de produção
da HIS. Para a política publica a ser implementada no âmbito Estadual o PEHAB deveria
estabelecer novo recorte.

O PEHAB trouxe a proposta de adotar um patamar de renda per capita, em


substituição ao de renda familiar, objetivando identificar dentro do déficit habitacional,
aquele caracterizado como efetivamente “de interesse social. Para tanto, adotou o critério
de pobreza – rendimento de até 1/2 salário mínimo per capita, utilizado pelas políticas da
assistência social.

O quadro a seguir sintetiza os conceitos utilizados em comparação aos da FJP. De


forma geral, o PEHAB adotou o corte de renda para todos os componentes, excetuando-se o
componente dos domicílios precários, para o qual manteve o conceito original da FJP, tendo
em vista ser o tipo de problema mais intrinsecamente relacionado à pobreza e à
vulnerabilidade social. Com relação à coabitação familiar, incluiu o corte de renda proposto
sem levar em consideração a motivação da família em coabitar.24

Quadro 14 – Comparação da metodologia adotada pelo PEHAB para a quantificação do


déficit com a metodologia adotada pela FJP (2010)

CONCEITOS FJP (2010) CONCEITOS IJSN (2009)

Domicílios sem paredes de alvenaria, madeira


DOMICÍLIOS
PRECÁRIOS

aparelhada ou taipa revestida e aqueles construídos


sem fins residenciais que servem como moradia, tais O mesmo
como barracas, viadutos, prédios em construção,
carros etc.
Compreende a soma das famílias conviventes
Compreende a soma das famílias conviventes
COABITAÇÃO

secundárias (estimando-se apenas aquelas que têm


FAMILIAR

secundárias com rendimento per capita igual ou


intenção de constituir domicílio exclusivo são
inferior a ½ salário mínimo e das que vivem em
consideradas déficit habitacional) e das que vivem
domicílios localizados em cômodos – exceto os
em domicílios localizados em cômodos – exceto os
cedidos por empregador.
cedidos por empregador.
EM ALUGUEL
EXCESSIVO

Número de famílias urbanas com renda de até três Número de famílias urbanas com renda per capita
ÔNUS

salários mínimos que moram em casa ou de até 1/2 salário mínimo, que moram em casa ou
apartamento (domicílios urbanos duráveis) e que apartamento (domicílios urbanos duráveis) e que
despendem 30% ou mais de sua renda com aluguel despendem 30% ou mais de sua renda com aluguel

Número de domicílios alugados, com rendimento


EM DOMICÍLIOS
ADENSAMENTO

ALUGADOS

Número de domicílios alugados com número médio per capita de até ½ salário mínimo, com número
de moradores por dormitório (cômodos que servem médio de moradores por dormitório (cômodos que
de dormitório em caráter permanente e apenas para servem de dormitório em caráter permanente e
os moradores do domicílio) acima de três. apenas para os moradores do domicílio) acima de
três.

Fonte: FJP; Latus Consultoria

24
A FJP estimou o número de famílias que tinham intenção de constituir domicílio exclusivo a partir das da
média aritmética dos percentuais de famílias conviventes consideradas déficit, observados nas
Pnad 2009 e 2011.
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No método desenvolvido pelo PEHAB que trabalha com o parâmetro de ½ salário


mínimo per capita, o déficit total do Espírito Santo foi calculado em 66.586 domicílios, sendo
86,9% deste, localizado na zona urbana, conforme tabela a seguir:

Tabela 36 – Déficit no Estado do Espírito Santo (2010)

DÉFICIT HABITACIONAL ABSOLUTO DÉFICIT HABITACIONAL RELATIVO

Total Urbano Rural Total Urbano Rural

66.586 57.841 8.745 6,0% 6,2% 5,1%


Dados: Latus Consultoria.

Nesta metodologia chega-se a uma distinta composição do déficit. O corte de renda


proposto definiu que o componente principal do déficit habitacional é a coabitação familiar,
conforme se verifica na tabela a seguir. Em um segundo lugar está à situação de ônus
excessivo com aluguel e, após, os domicílios precários. As situações de adensamento
excessivo nos domicílios alugados são as menos significativas.

Tabela 37 – Componentes do Déficit no Estado do Espírito Santo (2010)


Adensamento
Ônus excessivo com
Domicílios Precários Coabitação Familiar excessivo de domicílios
aluguel
alugados
URBANO 7.941 13,7% 17.596 30,4% 29.204 50,5% 3.100 5,4%
RURAL 3.091 35,3% - - 5.454 62,4% 200 2,3%
TOTAL 11.032 16,6% 17.596 30,4% 34.658 52,0% 3300 5,0%
Dados: Latus Consultoria

Segundo a Leitura realizada, que permitiu a estimativa do déficit para a agregação


territorial das regiões e municípios, a Região Metropolitana agrega 54,2% do déficit
habitacional do Espírito Santo (31.782 domicílios).

Na RMGV o déficit habitacional é praticamente urbano representando 98,6% do déficit


total da região. Tem-se a seguinte estimativa do déficit habitacional para os municípios
metropolitanos:

Tabela 38 – Déficit Habitacional Urbano e Rural


Déficit Habitacional Proporção DPP (%)
Urbano Rural Total Urbano Rural Total
RMGV 31.328 454 31.782 6,0% 5,7% 6,0%
Cariacica 6.514 191 6.705 6,2% 5,7% 6,2%
Serra 9.287 66 9.353 7,5% 10,3% 7,5%
Viana 1.372 77 1.449 7,7% 7,1% 7,7%
Vitória 4.872 0 4.872 4,5% - 4,5%
Vila Velha 7.019 16 7.035 5,2% 3,2% 5,2%
Fundão 310 58 368 6,9% 7,1% 6,9%
Guarapari 1.954 46 2.000 6,1% 3,0% 6,0%
Dados: Latus Consultoria

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Considerada a distribuição do déficit entre os municípios, Serra (29,4%), Vila Velha


(22,1%) e Cariacica (21,1%) são os municípios que apresentam as maiores contribuições. São
também os municípios de maior população.

Gráfico 15 – Participação dos municípios no Déficit da RMGV

Dados: Latus Consultoria

O maior déficit dentre os municípios da RMGV, em números absolutos é do município


de Serra, em termos proporcionais (considerado o total de domicílios) é do município de
Viana. A capital Vitória apresenta o menor déficit em termos proporcionais, 4,5%. Vila Velha
apesar de ser o segundo maior déficit absoluto é também o segundo menor déficit
proporcional da região.

Tabela 39 – Composição do Déficit


DEFICIT DOMICILIOS ADENSAMENTO EM
COABITAÇAO ONUS C/ALUGUEL
TOTAL PRECARIOS ALUGUEL

RMGV 31.782 5.132 16,1% 16.254 51,1% 8.700 27,4% 1.696 5,3%
Cariacica 6.705 1.401 20,9% 3.547 52,9% 1.490 22,2% 267 4,0%
Serra 9.353 1.256 13,4% 4.599 49,2% 2.990 32,0% 509 5,4%
Viana 1.449 369 25,5% 783 54,0% 232 16,0% 65 4,5%
Vitória 4.872 549 11,3% 2.658 54,6% 1.401 28,8% 264 5,4%
Vila Velha 7.035 1.266 18,0% 3.265 46,4% 2.008 28,5% 496 7,0%
Fundão 368 130 35,3% 145 39,4% 79 21,5% 14 3,8%
Guarapari 2.000 161 8,1% 1.257 62,9% 500 25,0% 82 4,1%
Dados: Latus Consultoria

Quando considerada a composição do déficit dos municípios metropolitanos,


diferentemente do que ocorre com os dados da FJP, a coabitação é o componente de maior
contribuição em todos os municípios. Vale destacar a incidência significativa do ônus
excessivo com aluguel para os municípios de Serra (32%), Vila Velha (28,5%) e Vitória
(28,8%), e dos domicílios precários em Fundão (35,4%) e Viana (25,5%).

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Gráfico 16 – Composição do Déficit

precarios coabitaçao onus aluguel adensamento


70,0%

60,0%

50,0%

40,0%

30,0%

20,0%

10,0%

0,0%

Dados: Latus Consultoria

3.2. CADASTRO DA DEMANDA HABITACIONAL (PROGRAMA


MINHA CASA MINHA VIDA)
Em 2009, o Governo Federal lança o Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). O
aporte de financiamento federal representa oportunidade ímpar para a produção massiva
da moradia visando a redução do quadro das necessidades habitacionais em geral, e
mobiliza estados, municípios, empreendedores e movimentos sociais organizados para a
sua realização, em parceria com a União. Assim, o programa estabelece um conjunto de
obrigações para cada um destes agentes. Tais obrigações variam conforme a faixa de renda a
ser atendida.
No caso de famílias com renda até R$1.600,00 reais, público alvo principal do
programa, cabe ao município realizar cadastramento da demanda e, após triagem, indicar
famílias para a seleção da Caixa Econômica Federal, órgão repassador dos recursos
financeiros. Desta forma, tal cadastro é parte essencial da produção de habitação de
interesse social, dentro das regras do Programa MCMV.
Em 2009, a Prefeitura Municipal de Vila Velha realiza, no marco do Programa MCMV,
um processo de cadastramento da demanda habitacional, abrangendo entretanto, famílias
com rendimento de ate 10 salários mínimos. Sem critérios estabelecidos para o
cadastramento, somente após digitalizado e colocado em sistema informatizado passa a ter
maior aplicabilidade com a aplicação de filtros específicos.
Hoje Vila Velha trabalha com um universo de cadastrados com rendimento familiar de
ate 3 salários mínimos que totaliza 20.239 famílias inscritas. Deste universo, quase 70%
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situam-se na faixa de rendimentos de zero a 1 salário mínimo. O gráfico seguinte apresenta


a distribuição dos inscritos na faixa de até 3 salários mínimos:
Gráfico 17 – Cadastro Habitacional por renda

Dados: SEMDU

A partir do cadastro, também foi possível verificar em qual região administrativa se


encontrava a maior demanda. Os dados apontaram, em números absolutos, um maior
número de inscrições de moradores da Região 1 e 2, regiões que juntas totalizam quase 60%
da demanda cadastrada nesta faixa de rendimentos.
Tabela 40 – Cadastros da Demanda Habitacional por Região Administrativa
TOTAL
REGIAO ADMINISTRATIVA FAMÍLIAS %
REGIÃO 1 - GRANDE CENTRO 6.351 31%
REGIÃO 2 - GRANDE IBES 5.847 28%
REGIÃO 3 - GRANDE ARIBIRI 3.935 19%
REGIÃO 4 - GRANDE COBILÂNDIA 3.102 15%
REGIÃO 5 - GRANDE JUCU (NORTE) 1.061 5%
REGIÃO 5 - GRANDE JUCU (SUL) 242 1%
Dados: SEMDU

3.3. ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS - ÁREAS DE


CONCENTRAÇÃO DAS NECESSIDADES HABITACIONAIS E
DEMANDA POR REGULARIZAÇAO FUNDIARIA
O tema dos assentamentos precários - já apresentados no capitulo anterior como
áreas de ocupação de maior vulnerabilidade sócio-espacial são aqui retomados, posto que
pelas características que lhe são intrínsecas, concentram grande parte das situações de
déficit habitacional e de inadequação da moradia.

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A identificação deste universo de precariedade urbana e habitacional marcada pela


irregularidade fundiária, constitui um dos principais desafios a serem enfrentados na etapa
do diagnostico habitacional municipal para subsidiar a definição de diretrizes da política
habitacional que fortaleçam e orientem a gestão municipal nos procedimentos de
regularização destas áreas.
No âmbito deste diagnostico são abordados como assentamentos precários, com o
objetivo de delimitar os principais setores que demandam soluções para distintas situações
de inadequação habitacional (e mais particularmente relacionadas à regularização fundiária
e reassentamentos).
As seguintes situações foram avaliadas e quantificadas como assentamentos precários:
(i) os aglomerados subnormais identificados pelo IBGE, em numero de 29 setores com
17.925 domicílios;
(ii) as ZEIS identificadas pelo PDM correspondentes a ZEIS Dom Joao Batista e ZEIS
Terra Vermelha (ambas contendo setores contíguos) e onde o PEHAB estimou a
existência de cerca de 11.800 domicílios;
(iii) os setores de risco classificados pelo CPRM que identifica 17 delimitações com
1.625 imóveis considerados em situação de risco.
Para avançar nesta identificação foi realizada uma compatibilização das informações
disponíveis. O mapeamento realizado constitui um exercício estimativo, devendo ser
checado em vistorias de campo no momento de elaboração dos projetos de intervenção.
Mas considera-se que apesar da fragilidade do produto alcançado, este representa um
insumo importante para o início do processo de caracterização e estimativa do quadro
existente no município, base suficiente, para a definição de prioridades e das diretrizes
orientadoras de uma política de apoio à regularização e qualificação destes assentamentos,
a ser estabelecida por este PLHIS.
Partiu-se primeiramente para a avaliação dos dados no que se refere à abrangência. O
maior universo identificado é o dos aglomerados subnormais do IBGE. Neles esta grande
parte já delimitada pelo município como ZEIS. Algumas ZEIS não coincidem com os
aglomerados subnormais, entretanto o próprio município reconhece que as ZEIS necessitam
ser revistas posto que nelas estão incluídos setores que não tem como característica a
precariedade, e outras áreas de maior precariedade que ainda foram delimitadas como ZEIS.
Os setores identificados como de risco deverão ser considerados em distintas formas de
abordagem – muitos não implicam na precariedade e irregularidade. A compatibilização
mostra aqueles em que tal fato ocorre.
As tabelas e os mapas seguintes apresentam a compatibilização. Destacam-se
primeiramente as ZEIS demarcadas no PDM que não coincidem com os aglomerados
subnormais do IBGE, quais sejam – o bairro Terra Vermelha, o Residencial Jabaeté, o Riviera

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da Barra, e o são Conrado. Numa avaliação preliminar pode-se considerar que são estas as
ZEIS que não correspondem a situações de precariedade, devendo ser revisto tal gravame.
A tabela apresenta os Aglomerados Subnormais. Do total dos aglomerados
subnormais, o primeiro grupo (em rosa) 16 núcleos, com 5.774 domicílios, não são
demarcados como ZEIS, sendo que em 9 deles há correspondência com situações de risco.
Em nove núcleos do universo dos aglomerados subnormais (em verde), com 9.948
domicílios, há total correspondência com os limites demarcados como ZEIS; e os últimos 4
núcleos (com 2.225) que deverão ter os limites revistos e compatibilizados segundo
realidade da precariedade habitacional existente.
Quadro 15 - Compatibilização Aglomerados x ZEIS x Setores de Risco
ID AGLOMERADO SUBNORMAL (IBGE) DOMICILIOS HAB/DOM ZEIS RISCO
1 Alecrim 209 3,39 NÃO SIM
2 Argolas 798 3,21 NÃO SIM
6 Cobi de Baixo 335 3,23 NÃO SIM
7 Cobi de Cima 260 3,1 NÃO SIM
8 Cobilândia 331 3,39 NÃO NÃO
9 Darly Santos 189 3,1 NÃO NÃO
10 Ilha da Conceição 256 3,84 NÃO SIM
12 Jardim Guaranhuns 647 3,39 NÃO SIM
13 Jardim Marilândia 458 3,18 NÃO NÃO
16 Morro do Cruzeiro 183 3,81 NÃO SIM
17 Morro Jaburuna 675 3,31 NÃO SIM
21 Rio Marinho 90 3,41 NÃO NÃO
22 Santa Clara 136 3,57 NÃO NÃO
23 São Torquato 436 3,09 NÃO SIM
26 Vila da Vitória 193 3,42 NÃO NÃO
27 Vila Garrido 578 3,43 NÃO NÃO
3 Barramares 3.399 3,55 SIM
4 Cavaliere 72 3,6 SIM
5 Cidade da Barra 632 3,3 SIM
14 João Goulart 653 3,62 SIM
15 Morada da Barra 1.397 3,54 SIM
18 Normilha 557 3,74 SIM
20 Primeiro de Maio 1.219 3,27 SIM
24 Terra Vermelha (Ulisses Guimares) 205 3,62 SIM
25 Ulisses Guimarães 1.814 3,39 SIM
11 Ilha das Flores 683 3,28 AJUSTAR
19 Pedra dos Búzios 567 3,53 AJUSTAR SIM
28 Vinte e Três de Maio 180 3,35 AJUSTAR
29 Zumbi dos Palmares 795 3,44 AJUSTAR SIM

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Figura 19 - Assentamentos Precários

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Verifica-se assim que os aglomerados subnormais são o universo de maior relevância25


no âmbito deste diagnostico que busca identificar e quantificar setores de inadequação
habitacional. Neste sentido, quadro importante a ser considerado são os indicadores de
infraestrutura dos aglomerados subnormais fornecidos pelo IBGE. Apesar dos indicadores
globais para a cidade e mesmo para o conjunto dos aglomerados se apresentarem bastante
abrangentes, na analise detalhada de cada aglomerado podemos verificar o numero de
domicílios ainda sem acesso a um ou mais dos itens que compõem a inadequação por
carência de infraestrutura.
Os dados referentes ao total de DPP localizados em aglomerados subnormais são os
da tabele seguinte.

25
por abarcarem grande parte das outras duas situações analisadas e considerando-se que as ZEIS não
classificadas como aglomerados não apresentam precariedade.

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Tabela 41 - Urbanização dos Domicílios em Aglomerados Subnormais


Total DPP DPP c/esgoto p/redes DPP c/abast. agua DPP c/ energia
DPP c/ lixo coletado
Município em AS e/ou fossa séptica por rede elétrica distribuid.
DPP DPP % DPP % DPP % DPP %
Vila Velha 17.925 10.823 60,38 17.843 99,54 17.487 97,56 17.687 98,67
Fonte: IBGE

Quando detalhados por aglomerado buscou-se identificar as situações de menor


atendimento considerados os padrões aceitáveis para cada serviço. O abastecimento de
água por rede é quase universal e 82 DPP não atendidos por rede esta pulverizados em 19
núcleos, sendo a maior concentração (22 DPP) na Morada da Barra.
A inexistência de coleta de lixo que acarreta situações inadequadas, ocorre em 438
DPP também dispersos em 13 núcleos. Os de maior relevância são: Barramares (212),
Morada da Barra (73) e Morro Jaburuna (54).
A carência para os demais serviços, por aglomerado, estão registrados a seguir, posto
que são de maior magnitude. Os números absolutos de DPP em situação inadequada de
esgotamento sanitário – o pior quadro – chega a mais de 7.100 DPP; com inadequado
abastecimento de energia elétrica (sem medidor – “gatos”) chega a 1.920 DPP.
Considerou-se adequado no esgotamento sanitário o atendimento por redes (geral de
esgoto e pluvial) e a fossa séptica; no atendimento de energia elétrica considerou-se
adequado o serviço de companhia distribuidora com medidor (individual e coletivo).
Tabela 42 – Carência de esgoto e energia
s/serviço adequado
s/serviço adequado esgoto
de energia
DPP % DPP %
Vila Velha -Total Aglomerados 7.102 39,63 1.920 10,71
Alecrim 81 38,76 25 11,96
Cavaliere 38 52,78 2 2,78
Cidade da Barra 318 50,32 14 2,22
Ilha das Flores 259 38,03 29 4,26
Jardim Guaranhuns 28 4,32 51 7,88
Jardim Marilândia 312 68,12 30 6,55
João Goulart 397 61,17 82 12,64
Morada da Barra 1.101 78,86 176 12,6
Morro do Cruzeiro 2 1,1 78 42,62
Morro Jaburuna 34 5,03 73 10,82
Normilha 226 40,72 78 14,05
Pedra dos Búzios 178 31,39 59 10,41
Primeiro de Maio 179 14,68 277 22,72
Rio Marinho 86 95,55 7 7,78
Santa Clara 6 4,41 2 1,47
Terra Vermelha 178 86,83 10 4,88
Zumbi dos Palmares 1 0,13 18 2,26
Vinte e Três de Maio 29 16,12 20 11,12
Cobilândia 183 55,28 6 1,81
Barramares 2.401 70,84 450 13,28
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Ilha da Conceição 173 68,38 11 4,35


Ulisses Guimarães 259 14,28 73 4,03
Vila da Vitória 186 96,37 22 11,39
Cobi de Baixo 234 69,85 66 19,7
Cobi de Cima 3 1,15 49 18,85
Darly Santos 164 86,77 31 16,4
São Torquato 2 0,46 44 10,09
Argolas 28 3,51 58 7,27
Vila Garrido 16 2,78 79 13,67
Fonte: IBGE

No que se refere à demanda por regularização fundiária para além do identificado


acima como aglomerado subnormal pelo IBGE há que se destacar a prioridade a ser dada
para a produção habitacional realizada pelo setor público e as áreas de maior precariedade
onde a prefeitura já atua, quais sejam: Residencial Jabaeté, Residencial Ewerton Monte
Negro Guimarães, Residencial Zumbi dos Palmares, Dom João Batista e 1º de Maio.
Uma última informação pode ser agregada como demanda por regularização fundiária,
ainda que nem toda ela relacionada com a demanda de interesse social. Trata-se dos
loteamentos irregulares que a secretaria tem registro e vem preliminarmente realizando
estudos para sua regularização. As informações ainda não estão completas e a terceira etapa
deste PLHIS definira as estratégias e prioridades na abordagem também deste quadro.
Na sequencia, a primeira figura apresenta o mapeamento dos loteamentos irregulares
identificados pela SEMDU para a totalidade da área urbana; a seguinte figura foi retirada de
documento obtido na internet que traz estudo especifico com foco na formação da Grande
Terra Vermelha. O mapa registra os loteamentos aprovados (anteriores a Lei Federal 6766),
não implantados, com grande parte dos lotes vendidos e ocupados por terceiros (muitos
fruto de ocupações organizadas pelo movimento, mas também em processos de grilagem). A
área necessita de estudos específicos para melhor encaminhamento das ações de
regularização da área.

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Figura 20 - Loteamentos Irregulares

Fonte: SEMDU

Figura 21 - Loteamento Grande Terra Vermelha

Fonte: Sartorio

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3.4. DEMANDA FUTURA POR MORADIA


Um último ponto deve compor esta analise do quadro de necessidades habitacionais.
Trata-se da projeção da demanda futura da HIS. O objetivo é incluir no atendimento da
política publica aquela parcela que sem acesso à habitação pela produção de mercado pode
vir a constituir novo déficit ao longo de um período estabelecido. O lapso temporal
estabelecido para o PLHIS de Vila velha é o ano de 2030.
Assim, deverão ser projetadas, para o horizonte temporal de 2030, as necessidades
habitacionais quantificadas no capitulo anterior para uma posterior definição de prioridades
e cenários de atendimento da demanda habitacional constituída pelo déficit e sua projeção
futura.

Aqui também podemos adotar metodologias distintas. O PlanHab instruía os cálculos a


partir da projeção populacional do CEDEPLAR26 e aplicava a distribuição da demanda
projetada segundo estudo de tipologia dos municípios que considerava diversas variáveis
para a classificação, de desenvolvimento e porte. A base inicial do calculo era o déficit
calculado pelo método da FJP para todas as faixas de renda. O método do CEDEPLAR
considera o crescimento e as mudanças recentes da dinâmica demográfica e da mobilidade
econômica da população para as unidades da federação.

Para a estimativa da demanda futura por domicílios no Estado do ES o PEHAB também


se utiliza do método de projeção da população do CEDEPLAR e compatibiliza com os
cenários estabelecidos no Planejamento Estratégico do Estado – o ES-2030. As estimativas
realizadas trabalharam a partir da projeção do déficit estimado pelo PEHAB (com recorte de
renda de 1/2 salário mínimo per capita) e trabalha nos distintos cenários a mobilidade
econômica da demanda o que acarretava o deslocamento da demanda para patamares
superiores de renda. O quadro econômico atual não mais reflete este crescimento da renda
fragilizando sua aplicação.

Desta forma, apresenta-se a seguir dois cenários para esta estimativa futura de
demanda – ambos realizados com a projeção da população estabelecida pelo CEDEPLAR,
variando o recorte de renda – até 3 salários mínimos e ate 1/2 salário mínimo per capita.

26
O estudo contratado pela Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades no âmbito do processo
de elaboração do PlanHab é intitulado “Demanda Futura por moradia no Brasil 2003–2023: Uma Abordagem
Demográfica”. Apresenta metodologia para a estimativa da demanda habitacional futura a partir de uma
abordagem demográfica e caracterização socioeconômica. Diferenciando “demanda” de “necessidade
habitacional” projeta a “demanda demográfica” como uma demanda que se espera “de fato efetiva”,
estabelecendo o pressuposto de que a “necessidade” é baseada em evento demográfico. A demanda
demográfica por habitações é quantificada desagregada pela caracterização das moradias, segundo categorias
de carência habitacional, de renda e tamanho.
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Parte-se da projeção da população para o Estado e para Vila Velha do CEDEPLAR; e da


estimativa do numero de domicílios correspondente (realizada a partir da média de
moradores por domicilio do IBGE-2010) que estão registrados nas tabelas seguintes.

Tabela 43 - Projeção Populacional segundo Cedeplar

Estimativas de população 2010 a 2030


UF e Município 2010 2015 2020 2025 2030
Espirito Santo Total 3.697.243 3.919.486 4.119.986 4.291.703 4.428.992
Vila Velha – ES Total 435.200 476.712 515.823 551.680 583.730
Fonte: CEDEPLAR

Projetado o crescimento populacional é possível estimar a demanda por novos


domicílios, considerando a media de moradores por unidade habitacional levantada em
2010 pelo IBGE. São 48.442 os domicílios necessários somente para abrigar o crescimento
populacional.

Quando distribuídos por recorte de renda esta demanda por novos domicílios, nos
intervalos predeterminados na definição da demanda por HIS (1/2 salário mínimo per capita
e 3 salários mínimos domiciliar) podemos verificar o quanto esta demanda se diferencia.
Estes números deverão ser um balizador das metas e na definição das metas e das
prioridades a serem definidas na terceira etapa deste PLHIS.

Tabela 44 - Estimativa da Demanda por Domicílios


2015 2020 2020 2030
41.511 80.623 116.480 148.529 <=== Crescimento da População P/Períodos
13.539 26.294 37.989 48.442 <=== Estimativa Domicílios (3,07 moradores p/dom)

Tabela 45 - Demanda por Domicílios segundo recorte de renda


2015 2020 2020 2030
2.200 4.272 6.172 7.870 <=== % DE DPP ATÉ 1/2 SM P.C. (0,16)
6.010 11.672 16.862 21.502 <=== % DE DPP ATÉ 3 SM (0,44)
*DPP – Domicílios Particulares Permanentes

Por fim agrega-se o déficit à demanda futura de habitações a serem construídas até
2030. São números bastante expressivos e na melhor situação, exigiria uma produção anula
em torno de 934 unidades. Na situação mais abrangente este número chegaria a mais de
2.100 unidades/ano.

Tabela 46 - Necessidade de Moradia para Atendimento do Déficit e Demanda Futura


DEFICIT DEMANDA DÉFICIT + PROJ. 2030
2010 FUTURA 2030 (P/ANO)
LATUS (ATÉ ½ SM P.C.) 7.035 7.870 934 UN/ANO
FJP (ATÉ 3 SM) 10.184 21.502 2.112 UN/ANO

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Estas são estimativas iniciais para serem debatidas e definido o recorte de renda a ser
adotado para apolítica habitacional do município de Vila Velha. A terceira etapa tratara de
construir as alternativas de atendimento, considerados os distintos agentes da produção da
HIS.

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4. POLÍTICA E PRODUÇÃO
HABITACIONAL

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Neste capitulo se pretende o resgate da produção da habitação de interesse social


realizada em Vila Velha, considerado o contexto histórico da política e do financiamento
habitacional federal e Estadual e os períodos que os caracterizam.
De forma geral, até a década de noventa as ações municipais foram pautadas pelo
financiamento centralizado das linhas existentes no âmbito federal, primeiro pelo BNH-
COHABs, e depois, na ausência destes, pelos escassos recursos da CEF (Caixa Econômica
Federal), que priorizam o financiamento privado da HIS. A partir da Constituição Federal de
1988 e na ausência de linhas de financiamento habitacional para o setor publico, começam a
se estruturar as políticas municipais mais direcionadas ao reconhecimento e regularização
das posses urbanas - pautas históricas do movimento popular organizado, e que passam a
incluir, como agentes da produção da moradia, o empreendedor privado e o movimento
organizado que tem acesso ao financiamento.
Em meados da década de noventa, incrementa-se o financiamento federal e retornam
os programas que financiam novamente o poder publico municipal, com ênfase nos
programas de regularização dos assentamentos espontâneos e no financiamento dos
beneficiários.
Bonduki registra a história deste período de mudanças:
“...O crescimento da mobilização dos movimentos de moradias ampliou a pressão
por uma maior participação dos municípios na questão da habitação, pois a
consolidação da democracia tornou o poder local o principal interlocutor das
organizações populares e o responsável pelo equacionamento das demandas
sociais, estando em contato direto com os problemas da população carente.

... Neste quadro, emerge um amplo conjunto de experiências municipais de


habitação de interesse social, realizadas a partir da redemocratização do país.
Ocorre, nas esferas municipal e Estadual, uma fase de atomização de experiências,
com grande heterogeneidade, marcada pela diversidade de iniciativas, mas pouco
articulada em decorrência da ausência de uma política nacional.

... Nesta fase, surgem, ao lado de intervenções tradicionais, programas que adotam
pressupostos inovadores como desenvolvimento sustentável, diversidade de
tipologias, estímulo a processos participativos e autogestionários, parceria com a
sociedade organizada, reconhecimento da cidade real, projetos integrados e a
articulação com a política urbana. Emerge, assim, o embrião de uma nova postura
de enfrentamento do problema habitacional adotada por gestões municipais de
vanguarda, que se tornaram referências nacionais para outros municípios e
também para o próprio governo federal.

... Dentre os programas criados, incluiu-se, como principal alteração, a criação de


programas de financiamento voltados ao beneficiário final, (Carta de Crédito,
individual e associativa), que passou a absorver a maior parte dos recursos do
FGTS. Além deste, criou um Programa voltado para o poder público, focado na
urbanização de áreas de áreas precárias (Pró-Moradia), paralisado em 1998,
quando se proibiu o financiamento para o setor público, e em 1999, foi criado o
Programa de Arrendamento Residencial – PAR”.

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A política estava sendo desenhada na década de 90, com nova concepção, mas com
bases institucionais e de financiamento insuficientes para sua efetivação. Foi com a
aprovação do Estatuto da Cidade em 2001, com novas ferramentas disponibilizadas para a
gestão municipal e, na sequência, com a instituição do novo SNH (Sistema Nacional de
Habitação) (em 2005) que promove um rearranjo institucional associado à larga
disponibilidade de financiamento, que são promovidas condições efetivas para a
institucionalização destas e de novas práticas.
No centro das mudanças, estão a regularização dos assentamentos informais e
precários de baixa renda, o financiamento da produção privada e social da HIS através do
programa MCMV, e os projetos estruturadores, de concepção mais abrangente e integrados,
financiados pelo PAC.
No estado do Espirito Santo este processo se institucionaliza através da COHAB-ES e
depois da sua liquidação, pelo IDURB.
Gráfico 18 - Síntese histórica da institucionalização da política de HIS no Estado do ES

Na sequencia apresenta-se uma breve contextualização da política de HIS no Estado do


Espírito Santo seguido da avaliação dos resultados e da política realizada no município de
Vila Velha.

4.1. A PRODUÇÃO DA HIS NO ESTADO DO ES


O processo histórico de institucionalização do atendimento das demandas
habitacionais no Estado do Espírito Santo não esta dissociado do ocorrido no âmbito federal
relativo às políticas e programas de financiamento vigentes, e remete, minimamente, ao
reconhecimento dos agentes e períodos mais determinantes na sua concepção e
implementação, e seus reflexos na esfera Estadual e municipal.

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Assim, nas décadas de 30 a 50, as Carteiras Prediais vinculadas aos institutos


previdenciários, e depois, a Fundação da Casa Popular (1946) não chegam a induzir a
consolidação de políticas institucionalizadas no âmbito Estadual e municipal. O primeiro,
atuando de forma fragmentada e de abrangência limitada aos seus associados não chega
constituir uma política macro; a FCP de concepção bastante ampla, mas de pouca viabilidade
financeira tem pequeno impacto no Estado do Espírito Santo concentrando suas ações em
outros Estados e cidades27.
A COHAB-ES atuou por um período de mais de 4 décadas desde a sua criação em 1968,
até sua extinção no ano de 2009, quando foi criado o IDURB. Desde sua criação até a
institucionalização do Programa Estadual Nossa Casa (2003), a COHAB-ES produziu (ou
atendeu através de outras ações) mais de 49.000 unidades, o equivalente a cerca de 1.500
unidades/ano. Uma produção bastante significativa que teve seu ápice na vigência do BNH,
período em que é viabilizado o correspondente a 66% desta produção.

No Pós-BNH a COHAB-ES continua sua atuação através do financiamento centralizado


pela CEF (o Pro-Moradia, e o PSH-Programa de Subsidio Habitacional/Resolução-460).
Apesar de reduzidas suas atribuições e capacidade de intervenção a Cohab-ES, no período de
1987-2002 atinge, com as distintas ações, mais 17.053 famílias.

Territorialmente, ainda que atuando em todo o território Estadual, o que se verificou


foi uma massiva concentração da produção na região Metropolitana da Grande Vitória.
Acompanhando o processo de metropolização da capital, os principais municípios da região
receberam 80% das unidades produzidas.
No período de vigência do BNH também teve destaque a produção realizada pelo
INOCOOP-ES, um braço privado da produção habitacional que, através das cooperativas
habitacionais, tinha acesso ao financiamento do SNH. O INOCOOP-ES produziu até 1996,
mais de 31.000 unidades (uma media de 1.126 unidades/ano) concentrando massivamente
sua produção nos municípios de Vila Velha e Serra. Com o fim do BNH o instituto começa a
restringir sua atuação pela escassez do financiamento. Finaliza sua produção dentro do SNH
em 1996, quando se reestrutura e começa a operar com o autofinanciamento, o que vai
mudar substancialmente o perfil da produção, deixando de atingir o mercado popular de
habitação.
Com o programa Nossa Casa, inicia em 2003, um novo momento da política Estadual,
quando o Estado, diante do ainda escasso financiamento federal, começa a estabelecer uma
linha de atuação bastante estruturada no aporte de recursos do Tesouro Estadual,

27
A presença da FCP no Espírito Santo apresentou um registro mínimo de habitações, contando o número de
294 casas, executadas justamente em Vila Velha- com o núcleo residencial Alda Santos Neves inicio de
formação do bairro IBES.

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destinando recursos à produção habitacional e à complementação dos recursos viabilizados


no âmbito dos programas federais.
O Nossa Casa vai aportar recursos para a produção de unidades habitacionais e ações
relacionadas, ou na complementação de recursos viabilizados junto aos programas federais
e também para complementação/contrapartida das ações municipais mediante assinatura
de convenio com o IDURB.

Operando através COHAB até 2009 e a partir daí como IDURB são produzidas, através
do Programa Nossa Casa I, 5.900 unidades28, viabilizadas nas distintas possibilidades de
composições do investimento (execução e/ou complementação financeira). Com a
instituição do IDURB fica mais evidenciado o desempenho das suas atribuições de forma
vinculadas ao SNH e a política por ele estabelecida, quando o Programa Nossa Casa I passa a
atuar sob 3 modalidades: (i) com recursos do governo federal – através do Programa Pró
Moradia; (ii) com recursos da CEF, através da Resolução 460; (iii) e com recursos exclusivos
do Governo Estadual.
A partir de 2012, é instituído legalmente o programa Nossa Casa II, regulamentando a
atuação do Estado em sintonia com o programa federal MCMV. O decreto 3166 que
regulamenta o Programa Nossa Casa II estabelece 4 estratégias orientadoras da atuação
Estadual:
(i) A Estratégia I, é denominada, Infraestrutura de Acesso e disponibiliza recursos do
Programa Nossa Casa para os municípios com mais de 50.000 habitantes, direcionados
à execução/complementação de obras de infraestrutura e saneamento nos
empreendimentos contratados pela CEF e BB (Banco do Brasil) do Programa MCMV;
(ii) A Estratégia II promove Apoio Técnico e Financeiro aos municípios com população
menor do que 50.000 habitantes, disponibilizando recursos de contrapartida para
construção de unidades habitacionais, em complementação ao Programa MCMV –
Oferta Publica (Sub-50) do Governo Federal;
(iii) A Estratégia III viabiliza a transferência de recursos através da realização de
Convênios com os municípios visando a contratação de projetos ou implantação de
infraestrutura básica e pavimentação em áreas de HIS, e a construção de unidades
habitacionais;
(iv) A Estratégia IV se destina à complementação de recursos de produção da moradia
rural para os investimentos viabilizados pelo programa MCMV/PNHR e do Programa
Nacional da Reforma Agrária.
O PEHAB apontava na avaliação da produção habitacional da política do estado, que
no período de final de 2012 a 2014 mais de 10.000 UH tramitavam com pedido de recursos
no âmbito do financiamento Estadual nas distintas modalidades (segundo estratégias

28
Segundo os dados coletados em abril de 2014 junto ao IDURB.
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apresentadas), sendo que mais de 44% dos recursos estavam direcionados ao atendimento
da demanda da Estratégia I. Com a mudança de governo a política então vigente e as
instruções determinadas pelo PEHAB vêm sendo retomadas e revistas devendo ser
consideradas na formulação das propostas da próxima etapa deste PLHIS.

4.2. AS AÇÕES REALIZADAS PELO MUNICÍPIO COM


FINANCIAMENTO ESTADUAL E FEDERAL
Com o objetivo de resgate histórico da produção habitacional de interesse social
retomam-se primeiramente os dados da produção realizada no período de vigência do
BNH/SNH e no período pós-BNH quando os recursos passaram a ser centralizados pela CEF.
Adota-se a escala da RMGV para uma contextualização com ênfase nos dados do município
de Vila Velha.
Assim, no período de vigência do BNH no Estado do ES (1968 a 1986) foram realizados
10 empreendimentos habitacionais com 3.592 unidades habitacionais produzidas em Vila
Velha correspondendo a 14% da produção da RMGV. Serra (com 46%) e Cariacica (com 19%)
foram os municípios que mais receberam unidades habitacionais nos empreendimentos
realizados pela COHAB no período.
De 1987 a 2002, no período pós BNH, Vila Velha teve 8.667 famílias beneficiadas29
pelas ações e empreendimentos realizados pela COHAB-ES e município, com recursos da CEF
(Pró-Moradia do canal Santa Rita/Dom João Batista) e Habitar Brasil/OGU (Jabaeté). Estão
incluídas neste montante o financiamento viabilizado para a cooperativa habitacional
(movimento organizado) também no Jabaeté.
Os gráficos seguintes representam, para cada período, a proporção das
unidades/famílias beneficiadas por município - considerada a RMGV e nas tabelas estão
elencados os empreendimentos realizados.

29
O período caracteriza-se por intervenções mais direcionadas aos assentamentos precários (urbanização,
regularização fundiária e reassentamento) sendo os quantitativos fornecidos por famílias beneficiadas e não
somente por unidades habitacionais construídas.
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123

Quadro 16 - Proporção das unidades habitacionais produzidas pela CoHAB (1968-86) na


RMGV (%) e os Empreendimentos realizados em Vila Velha

Empreendimentos da COHAB/ES - Vila Velha (1968-86)


ITAPARICA I 112 Casas 1970
SANTA MÔNICA I 305 Casas 1970
ITAPARICA II 56 Casas 1971
SANTA MÔNICA II 650 Casas 1975
SANTA MÔNICA II - COMP. 32 Casas 1976
BOA VISTA II 40 Embriões 1976
BOA VISTA 393 Lotes 1978
SANTOS DUMONT 780 Casas 1979
EDIFICO ARAÇANGA 72 Apartamento 1983
BOA VISTA II 1152 Apartamento 1984
Fonte: PEHAB-ES

Quadro 17 - Proporção de famílias beneficiadas nas ações da COHAB (1987-2002)


na RMGV (%) e os Empreendimentos realizados em Vila Velha

Empreendimentos da COHAB/ES - Vila Velha (1987-2002)


urbaniz aglomerados infraestrutura
SANTA RITA 8.000 1993
urbanos básica
habitação e
JABAETÉ 94 Habitar Brasil/OGU 1999
infraestrutura
lote e
JABAETÉ 300 Cooperativa 2002
infraestrutura

Fonte: PEHAB-ES

O INOCOOP-ES foi criado em 1968, e praticamente antecedeu a ação das cooperativas


habitacionais do Estado. Teve papel articulador e formador das cooperativas que atuaram
no estado, capitaneando o processo de produção de habitações pelas cooperativas que
assessorou, sendo que estas foram também por ele fomentadas, na fase inicial dos
financiamentos do SFH.

Em termos de produção de unidades habitacionais o INOCOOP-ES contribuiu para o


atendimento das faixas salariais de renda familiar situadas entre três e meio e oito salários
mínimos através de empreendimentos disseminados por todo o Estado.
Atuou majoritariamente nos municípios da Grande Vitória, com destaque para os
municípios de Serra e Vila Velha que concentraram respectivamente 46% e 38% do total das
unidades produzidas conforme registrado no gráfico seguinte. E na sequencia, o quadro
apresenta os empreendimentos realizados pelo INOCOOP-ES no município de Vila Velha.

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Gráfico 19 - Distribuição das Unidades habitacionais produzidas pelo INOCOOP-ES com


recursos do SFH por Municípios (%)

Fonte: PEHAB-ES

Tabela 47 - Empreendimentos do INOCOOP-ES em Vila Velha


EMPREENDIMENTO/BAIRRO UH TIPOLOGIA ANO
WELINTON PEIXOTO/CONJ.MILITAR 76 CASA 1970
JARDIM COLORADO I e II 318 CASA 1970
JARDIM ASTECA 344 CASA 1972
GUADALAJARA 209 CASA 1972
PRAIA DA COSTA VERA CRUZ 64 S/I 1975
NOVO MEXICO Ie II 845 CASA 1970/1994
COSTA AZUL 200 S/I 1977
PRAIA DA COSTA UNIVERSAL PARQUE 120 S/I 1978
JARDIM ITAPOA 176 S/I 1978
GUARANHUS E NOVO GUARANHUS 471 S/I 1978/1981
BEIRA MAR 320 S/I 1979
ABACATEIROS 456 S/I 1979
ILHA DOS BENTOS 354 CASA 1982
ARAÇAS 1217 CASA 1980
ITAPARICA I a VII 5096 APTO 1981/1984
MAR AZUL I e II 480 S/I 1985
GAIVOTAS 858 CASA/APTO 1990/1996
RESIDENCIAL PRAIA ANDORINHAS 320 S/I 1993
RESIDENCIAL VILA BELA 160 S/I 1994
TOTAL UH 12.084
Fonte: PEHAB-ES

O período seguinte passa a ter maior protagonismo municipal e se fortalecem as ações


de parceria/convênios com governo do estado e governo federal.
Com a institucionalização do programa Nossa Casa e na continuidade dos recursos da
CEF, o Estado viabiliza para o município de Vila Velha, no período 2003-13, a execução de
742 unidades habitacionais, todas no Bairro Jabaeté – ZEIS Grande Terra Vermelha.
No âmbito federal são viabilizados recursos vinculados aos principais programas
federais mais recentemente instituídos. Tratam-se dos projetos Integrados financiados no
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âmbito do PAC/PPI-Favelas (Projeto Baixada do Aribiri) e de empreendimentos habitacionais


financiados pelo MCMV.
As tabelas seguintes apresentam os números dos financiamentos viabilizados junto ao
Estado e Governo Federal e os empreendimentos/programas correspondentes.
Tabela 48 - Empreendimentos de Interesse Social no Bairro Jabaeté- Governo do Estado
Programas UH entregues
Programa Morar Melhor - Jabaeté 26
Programa Habitação de Interesse Social no Residencial Jabaeté 30
Programa Morar Melhor -Jabaeté 106
Programa Habitação de Interesse Social no Residencial Jabaeté 180
Programa Nossa Casa – Jabaeté 400
Fonte: SEMDU

Tabela 49 - Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social realizado com Recurso


Federal (PPI–Favelas e Promoradia)
Programa UH Entregues Bairro
Res. Zumbi dos Palmares/ Baixada do Rio Aribiri s 56 Santa Rita
Res. Ewerton Montenegro/Urb Dom Joao Batista 112 Ataíde
Fonte: SEMDU

Tabela 50 - Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social realizado com Recursos


do MCMV/FAR
Programas UH (entregues/execução) Bairro
Residencial Vila Velha - 1º etapa 496 (entregues) Jabaeté
Residencial Vila Velha - 2º etapa 496 (entregues) Jabaeté
Residencial Vila Velha - 3º etapa 496 (em execução) Jabaeté
MCMV/Entidades – Ed. Boechat 24 UH (entregues) Centro
MCMV/Entidades – UNMP/ES* 400 UH (em execução) GTV
* A UNMP/ES tem recursos pré aprovados no MC para a construção de 1000 UH

Verifica-se que a produção publica da HIS em Vila Velha por parte da Prefeitura esta
vinculada a projetos de macrodrenagem e urbanização das áreas afetadas; como produção
de novas unidades para atendimento de uma demanda reprimida observa-se a centralidade
das ações desenvolvidas pelo Governo do Estado no Bairro Jabaeté.
Por fim, é importante ainda o registro dos recursos obtidos junto ao MC-OGU/PAC
obtidos pela Prefeitura Municipal de Vila Velha nas linhas de financiamento que viabilizam
infraestrutura urbana e equipamentos sociais qualificando os setores de habitação de
interesse social. Do montante obtido pelos municípios da RMGV junto às linhas financiadas
com recursos OGU- não PAC, Vila Velha recebeu o correspondente a 15% do financiamento
aprovado; no montante obtido junto ao PAC, Vila Velha ficou com 26% do montante da
RMGV. Foi o segundo município com maior financiamento aprovado junto ao PAC, ficando
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atrás somente da capital Vitória; e o terceiro no financiamento dos programas do MC/OGU,


onde Serra e Vitória apresentam maior montante. Este é um indicador de que a
administração vem buscando os recursos disponibilizados e atuando para a qualificação dos
espaços habitacionais.
Tabela 51 - Ações realizadas com recursos OGU/MC – (Prefeitura Vila Velha)
Data_ Operações Operações
Operações_Programa Operações_Modalidade Assinatura Repasse Contrapartida
Planejamento Urbano Mcid/Planej Urb- Pavimentação 31/12/2013 R$ 245.850,00 R$ 133.785,86
Pró-Município Médio e Grande Obras Infra Urb. Mun. de
Porte Medio/Grand Porte 23/09/2008 R$ 1.383.200,00 R$ 386.792,31
Pró-Município Médio e Grande Obras Infra Urb. Mun. de
Porte Medio/Grand Porte 31/12/2009 R$ 2.965.600,00 R$ 257.878,26
Pró-Município Médio e Grande Obras Infra Urb. Mun. de
Porte Medio/Grand Porte 31/12/2009 R$ 1.976.600,00 R$ 171.878,26
Fonte: PEHAB-ES

Tabela 52 - Ações realizadas com recursos OGU - PAC/MC – (Prefeitura Vila Velha)
Data_
Operações_Programa Operações_Modalidade Assinatura Investimento
DRE CT ER MA FL Apoio Sist Dren Urb Sust Manej De Ag Pluv 20/11/2009 R$ 55.501.385,90

DRE CT ER MA FL Apoio Sist Dren Urb Sust Manej De Ag Pluv 31/10/2011 R$ 10.700.000,00

Habitação De Interesse Social Elabor Plano Local Habit Interesse Social 30/12/2010 R$ 98.420,00
Intervenções em Favelas/PPI Urb.Assent.Prec E Habitacoes 23/12/2004 R$ 8.892.600,47
Intervenções em Favelas/PPI Urb.Assent.Prec E Habitacoes 28/12/2007 R$ 30.564.539,10

Praças do PAC Implantacao Praca Dos Esportes E Cultura 09/03/2012 R$ 3.500.000,00


Fonte: PEHAB-ES

4.3. A POLÍTICA E A PRODUÇÃO DA HIS PELOS AGENTES


PRIVADOS E SOCIAIS

4.3.1 O Papel Do Movimento Social Organizado na Formulação e


Implementação da Política Habitacional.

Há que se iniciar este registro, destacando que as ações da política habitacional, em


Vila Velha, foram se constituindo muito relacionada à demanda originada pelos movimentos
sociais com forte historia no estado do ES. As informações foram obtidas através das
reuniões realizadas com o movimento organizado e em trabalho pesquisado na internet de
autoria de Sartorio30 que analisa o processo de formação da Grande Terra Vermelha.

30
Sartorio, Fernando Domingos Vieira. Uma Geopolitica do Urbano – a Grande Terra Vermelha. Trabalho de
Conclusão de Curso – Departamento de Geografia/UFES. Vitória – 2012. Acesso pela internet in:
www.geo.ufes.br/sites/geografia.ufes.br/files/field/anexo/fersar.pdf

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Os primeiros loteamentos de interesse social no município se efetivaram no Bairro


Dom João Batista, em área ocupada junto aos manguezais da beira da foz do rio Aribiri, em
terreno da família Vereza, que loteia e inicia a urbanização da área, a pedido e juntamente
com a prefeitura municipal, na década de 80, para os então ocupantes. Área inadequada
para ocupação, os constantes alagamentos e as inadequadas condições de habitabilidade do
local levaram a prefeitura municipal a buscar e promover intervenções de drenagem e
melhor estruturação urbana do local já densamente ocupado. A ZEIS Dom João Batista
tornou-se uma das áreas prioritárias da intervenção publica através da execução de obras e
de projetos viabilizados pela prefeitura e governo do estado, resultando em obras de
drenagem, urbanização e reassentamentos. O núcleo Ewerton Montenegro e a urbanização
do bairro Dom João Batista resultam deste processo.
Também da década de 80, e fruto da demanda originada a partir da ocupação do Dom
João Batista que já esgotava sua capacidade de ocupação, é o Loteamento Santa Clara – área
adquirida pela prefeitura e governo Estadual, próximo à Rodovia Darly Santos, para
atendimento da demanda do movimento popular. (Sartorio – 2012)31
Ambas as ações tem origem na atuação do movimento organizado. Depois disto não
ha outros registros a não ser os relacionados ao objeto de estudo do autor que á a
constituição da Grande Terra Vermelha. Assim, o trabalho de Sartorio traz referencias sobre
o deslocamento do movimento organizado para o sul do município e o processo de
ocupação daquela região, a partir da rede viária à época implantada/em implantação: a
finalização da Avenida Lindemberg, a Rodovia do Sol (ES-60) e a Darly Santos (ES-471), e o
início da construção da terceira ponte.
Segundo o autor, já a partir da década de 50, é possível verificar a presença de
loteamentos aprovados pela prefeitura municipal e não implantados na região da GTV e seu
entorno. Entretanto, nenhum foi implantado, nem habitado, até o final da década de 80.
Somente com o inicio das obras viárias referidas (nas décadas de 70 e 80), começa ocorrer o
movimento de imobiliárias (e também de loteadores informais) para a região, na expectativa
da oportunidade de vendas de lotes próximo à praia.
É somente com a aquisição do loteamento Brunela II (hoje Bairro Terra Vermelha) pelo
governo do Estado, no final da década de 80, que se inicia a implantação e uma ocupação
dispersa de lotes em novos loteamentos, e em alguns dos loteamentos anteriormente
aprovados. A população se desloca efetivamente para a região através do projeto de
interesse social do governo Estadual na área adquirida. O objetivo era construir 575 UH para
famílias que viviam em situação de risco, atendendo a pressão do movimento popular. Em
1989 foram entregues as primeiras, e em 1991 as ultimas. A seleção dos beneficiários foi
realizada pelo movimento organizado.

31
Sartorio, Fernando Domingos Vieira. Uma Geopolitica do Urbano – a Grande Terra Vermelha. Trabalho de
Conclusão de Curso – Departamento de Geografia/UFES. Vitória – 2012. Acesso pela internet in:
www.geo.ufes.br/sites/geografia.ufes.br/files/field/anexo/fersar.pdf
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128

Neste mesmo período foi adquirido pela prefeitura municipal, parte do loteamento do
bairro Ulisses Guimarães (500 lotes). Sem recurso para a execução da infraestrutura a
prefeitura entrega os lotes apenas com as ruas abertas e com a construção de embriões –
realizados com recurso do governo federal (COHAB).
A partir daí a região passa a ter sua ocupação intensificada com a venda clandestina de
lotes e/ou processos de grilagens, e ocupações promovidas pelo movimento organizado. Os
bairros João Goulart (loteamento Castanheiras) e Morada da Barra tem sua ocupação
originada nestes processos, já no inicio da década de 90.
O Bairro Jabaeté, segundo o documento analisado, está atrelado a luta de 15
movimentos organizados do estado do Espírito Santo, em busca de moradia para as famílias
moradoras de áreas de risco. A área foi adquirida pelo governo do estado – COHAB-ES para
atendimento desta demanda de forma regular e com a habitabilidade exigida.
A partir daí, e conforme apresentado no item anterior, são vários os projetos
habitacionais realizados no bairro pelo governo do estado, em parceria com o município,
dando origem e conformando o grande setor que hoje se caracteriza por concentrar o
conjunto das principais intervenções do governo municipal e Estadual na questão
habitacional, juntamente com os setores da Dom João Batista e 1º de Maio, anteriormente
relatadas. Mais recentemente, para a execução do MCMV – Residencial Vila Velha, a
prefeitura adquiriu área contigua ao empreendimento existente.

4.3.2 A Produção Habitacional de Mercado no Espírito Santo

A finalidade da avaliação da produção e oferta habitacional de mercado, num


diagnostico que subsidia a elaboração de um Plano de Ação de uma política Estadual com
foco na habitação de interesse social, é de contribuir para a avaliação do atendimento da
demanda das demais faixas de renda, especialmente das camadas medias, mais próximas da
demanda de interesse social.

Devemos relembrar aqui destacar a diferença de déficit dos conceitos de déficit e


demanda. Por certo, uma política de âmbito público deverá priorizar o atendimento ao
déficit, e para as camadas de mais baixa renda. Mas compreender a dinâmica existente -
produção e oferta, e as condições de acesso ao financiamento para atendimento das
necessidades habitacionais de forma mais geral, traz elementos importantes para uma
avaliação do quadro futuro, com o objetivo de estabelecer estratégias que induzam a
produção privada da moradia ao atendimento também do mercado popular.

O financiamento disponibilizado tem relação direta com a indução dos mercados


habitacionais, conforme ocorre agora com o Programa Minha Casa Minha Vida. Embora as
dificuldades que tal produção vem enfrentando, trata-se de estratégia que efetivamente

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amplia o acesso de setores antes não inseridos na demanda de mercado, induzindo a uma
produção menos elitizada, onde ocorre a oferta de produtos de forma mais diversificada.

Para uma avaliação breve avaliação do mercado habitacional existente hoje no Estado,
recorreu-se às informações disponibilizadas e publicizadas pelas entidades que representam
os setores mais diretamente envolvidos – o SINDUSCON e a ADEMI.

O quadro de expressivo crescimento do mercado imobiliário que ocorreu em todo o


território nacional, também ocorreu no Espírito Santo. Um ciclo virtuoso, segundo as
entidades representativas do setor, que inicia em 2004 e, com algumas oscilações,
permanece crescente. Uma avaliação deste crescimento esta disponibilizada no Censo
Imobiliário Especial – 10 Anos, avaliado pelo PEHAB-ES, e nos censos32 mais recentemente
realizados do qual retiramos algumas informações de maior relevância para este PLHIS.
Segundo dados publicados e avaliados pelo PEHAB, desde 2002 o censo aponta um
mercado crescente. Neste crescimento destaca-se o crescimento das unidades de 2
dormitórios, como provável decorrência do programa MCMV, e tornando menos elitizada a
produção da região.
Gráfico 20 - Evolução da produção Habitacional de Mercado
EVOLUÇAO – MERCADO EM CRESCIMENTO CRESCIMETO DA TIPOLOGIA DOIS DORMITORIOS
20000
40000 2 quartos
35000 18000

30000 16000
25000 14000
20000
12000
15000
10000 10000
3 quartos
5000 8000
0
6000

4000
4 quartos
2000
1 quarto
0 Casas
1º e 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º 19º 20º
Censos Censo Censo Censo Censo Censo Censo Censo Censo Censo Censo Censo Censo Censo Censo Censo Censo Censo Censo

Fonte: Censo 2010- Sinduscon-ES

Numa avaliação direcionada ao município, o censo 10 anos do SINDUSCON revela que


mercado imobiliário é muito forte na cidade. No período 2002/2011, os dados apontam que
quase 50% do somatório total de m2 em obras em execução pelo mercado imobiliário da
região pesquisada, estava em Vila Velha. De 2012 a 2014 as unidades entregues no
município apresentam um crescimento constante: em 2012 foram 362, em 2013 foram
2.343 e em 2014 – 1.486 unidades. O gráfico abaixo representa as proporções de unidades
entregues nas cidades metropolitanas onde se verifica o crescimento do mercado
habitacional de Vila Velha.

32
O Censo Imobiliário é uma pesquisa realizada a cada seis meses pelo Sindicato da Indústria da Construção no
Estado do Espírito Santo. O Censo abrange o universo de empreendimentos em construção, a partir de 800m²,
nos principais bairros dos municípios da Grande Vitória.

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Gráfico 21 - Evolução das Unidades Concluídas nos Municípios Metropolitanos

2012 2013 2014


Fonte: Sinduscon-ES

Outra informação relevante dos Censos do Sinduscon de interesse deste diagnostico


são as unidades em construção por segmento, onde está representado o MCMV. De 2012 a
maio de 2015 a proporção das unidades MCMV aumentou em relação ao total sendo
empreendido. Isto não necessariamente implica em aumento das unidades – não se tem
acesso a este dado. E contrariamente, pode significar um atraso na conclusão frente às
demais do mercado.
Gráfico 22: Unidades em construção por segmentos

2012 2013 2015


Fonte: Sinduscon-ES

Estas Leituras servem tão somente para verificar que Vila Velha, no contexto
metropolitano, vem sendo, sim, localização de interesse do mercado habitacional.
Informações obtidas no relatório do PEHAB e em entrevista com empreendedores que
atuam na faixa do MCMV na faixa de zero a 3 salários mínimos são mais relevantes para
compreender oportunidades de potencializar a produção de interesse social com agentes do
mercado.
Do PEHAB retomam-se algumas considerações acerca do mercado e das dificuldades
para as empresas na produção de interesse social:
“... caracterizando a produção segundo classes de renda, o mercado de Vitória
dirige-se às classes AB e B; Vila Velha abarca as classes B e C, mas também esta
direcionada para a demanda AB. Já o mercado de Serra tem maior produção para
as classes D e C, mas também para a B...

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131

...quanto ao MCMV a informação é de que tem se direcionado predominantemente


para o município de Serra. Em publicação fornecida pela ADEMI – Guia Imobiliário
2013, comprova-se o fato. De uma única empresa construtora, são publicizados
como empreendimentos do MCMV a construir, oito empreendimentos no
município de Serra, um em Vitória e em Vila Velha, e dois em Cariacica...

...foram destacados os principais entraves na produção do mercado popular. A falta


de terra nas cidades metropolitana e/ou de regularização, o preço, e as restrições
legais (ambientais e urbanísticas) foram as principais citações. O custo da
burocracia na construção civil foi destacado como responsável por cerca de 19% do
valor final do imóvel....

...questão que tem preocupado os empreendedores é em relação a gestão dos


imóveis entregues. Segundo informado, as administradoras de condomínio
resistem assumir os empreendimentos de interesse social, e até mesmo aqueles do
MCMV destinados a faixa imediatamente superior a de interesse social. A empresa
é responsável pela qualidade da construção para um prazo de 5 anos... “ (PEHAB,
2014)

Na reunião realizada na Caixa Econômica Federal com empreendedores do MCMV/FAR


(Minha Casa Minha Vida/Fundo de Arrendamento Residencial) e do MCMV/Entidades alguns
pontos foram destacados:

I. Como experiências que vale conhecer: as PPP’s (Parcerias Público Privadas) de São
Paulo, a geo processo de chamamento das empresas para o MCMV via edital; a
COOHAPAR (Paraná) com experiência no banco de terras e banco de projetos;
II. Qualificação dos empreendimentos: empreendimentos mistos (nas atividades e nas
faixas de renda), espaços de lazer dos empreendimentos mantidos pelas empresas;
sustentabilidade – áreas comerciais para contribuir nos condomínios;
III. Quanto às principais dificuldades: preço da terra e localização; aprovações e tramitação
dos processos, principalmente na questão ambiental; desafio com empreendimentos
grandes fica para o poder publico (não se tornar uma favela);
IV. Propostas- que o PLHIS estabeleça os tempos e fluxos de aprovação; ter um banco de
projetos já aprovados; gestão para utilização do território de forma mais efetiva (terra);
chamamento publico para execução; PPP’s.

4.4. FINANCIAMENTO HABITACIONAL

4.4.1 Os Programas Federais de apoio e financiamento da


produção habitacional e sua regulamentação

O Brasil tem dado passos importantes para a solução dos problemas urbanos, os quais
incluem a temática habitacional. No campo jurídico, destaca-se a aprovação do Estatuto da
Cidade, da Lei que institui o Sistema e o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social e
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132

da Lei da Assistência Técnica Gratuita. No campo institucional, não se pode negar os avanços
advindos com a criação do Ministério das Cidades, o qual parte do reconhecimento da
situação urbana brasileira e integra os diversos temas afeitos a ela. Complementarmente,
destaca-se também a criação do Conselho Nacional das Cidades e de sua estrutura
descentralizada (conselhos e conferências estaduais e municipais), a qual garante a
participação democrática de diversos agentes. No campo estratégico e programático, há a
importante contribuição da PNH (Política Nacional de Habitação) e do PLANHAB (Plano
Nacional de Habitação), bem como de todos os PLHIS (Plano Local de Habitação de Interesse
Social) já realizados. E, no campo do investimento financeiro, os programas PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento) e dentro dele o Programa MCMV (Minha Casa Minha Vida).
Os Programas do Ministério da Cidade atuando através da transferência voluntaria de
recursos também tem oportunizado investimentos não somente para a intervenção, mas
especialmente para a qualificação e instrumentalização da gestão direcionada ao
atendimento dos princípios constitucionais e normativa especifica da promoção da função
social da cidade e da justa distribuição dos benéficos e ônus da urbanização, visando a
ocupação ordenada do território.
Todos estes fatos indicam que, após um longo período após a extinção do BNH, a
habitação volta à pauta brasileira, como um importante tema a ser trabalhado na caminhada
para um desenvolvimento mais equilibrado e socialmente inclusivo.
Nesta trajetória, há de ser destacada uma iniciativa concreta adicional que deu
materialidade ao objetivo de tornar o acesso à moradia como um vetor de inclusão – a
inserção do trabalho técnico social–TTS na produção de habitação popular. A relevância do
TTS se dá não só devido à incorporação do tema como uma estratégia no cumprimento das
diretrizes da PNH, mas sobremaneira à quantidade expressiva e abrangência de ações
vinculadas aos atuais programas do governo federal direcionado a uma população de maior
grau de vulnerabilidade.
Destacam-se a seguir, as linhas gerais do Programa de Aceleração do Crescimento nos
eixos e programas mais diretamente relacionados com a questão da moradia, quais sejam -
os Programas Minha Casa, Minha Vida e a Urbanização dos Assentamentos Precários.

Linhas Gerais sobre o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC II


O Programa de Aceleração do Crescimento - PAC foi lançado em sua primeira edição
em 200733 e seu objetivo era o de estabilizar a economia e implementar um novo modelo de
desenvolvimento para o País, combinando crescimento com distribuição de renda. Seu foco
foi o de realizar investimentos em setores estruturantes do País, promovendo o crescimento
do emprego e da renda, construindo um suporte de infraestrutura necessário para o
crescimento nacional. O PAC baseia-se na parceria entre o Governo Federal e os entes

33
Através da Lei 11.578/2007.
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133

federados, bem como conta com a participação da iniciativa privada. Os proponentes das
suas ações podem ser: Municípios, Estados, Distrito Federal, consórcios públicos e entidades
privadas sem fins lucrativos.
Em 2010, o Governo Federal lança a segunda etapa do PAC, ampliando suas áreas de
atuação e os investimentos previstos, os quais passam a ser organizados em seis grandes
eixos incorporando ainda mais ações de infraestrutura social e urbana para enfrentar os
problemas das grandes cidades brasileiras.
Os seis eixos são: Transportes, Energia, Cidade Melhor, Comunidade Cidadã, Água e
Luz para Todos, e o Minha Casa Minha Vida. Os dois eixos estão mais diretamente ligados
aos temas tratados neste diagnostico estão descritos segundo áreas de atuação e metas no
quadro seguinte.
Quadro 18 – Descrição dos Eixos Selecionados do PAC II
EIXO ÁREAS METAS
Saneamento, Prevenção em Áreas de Risco, Enfrentar os principais desafios das grandes
CIDADE
Mobilidade Urbana e Pavimentação. aglomerações urbanas, propiciando melhor
MELHOR
qualidade de vida.
MINHA Minha Casa, Minha Vida, Financiamento SBPE, Redução do déficit habitacional, dinamizando o setor
CASA, Urbanização de Assentamentos Precários de construção civil e gerando trabalho e renda.
MINHA VIDA
Fonte: www.pac.gov.br

A Lei 11.578/2007 prevê as linhas gerais para as transferências de recursos as quais


foram detalhadas em regulamentações posteriores. Prevê a necessidade de um termo de
compromisso entre os agentes envolvidos, o qual deve estabelecer: a identificação do objeto
a ser executadas, as metas a serem atingidas, as etapas ou fases de execução, o plano de
aplicação dos recursos financeiros, o cronograma de desembolso, a previsão de início e fim
da execução do objeto, bem como da conclusão das etapas ou fases programadas, e a
comprovação de que os recursos próprios para complementar a execução do objeto estão
devidamente assegurados.34
A estrutura do PAC II prevê a participação de distintos agentes, cada qual com sua
competência definida que, em linhas gerais, está descrita a seguir:
 GOVERNO FEDERAL - gestão do programa, definição das diretrizes gerais e dos
procedimentos operacionais para sua implementação, seleção das propostas,
dentre outras.
 MANDATÁRIA (Instituição financeira oficial delegada para operacionalização do
programa) - analisar e aprovar a documentação técnica, zelar pela qualidade dos
projetos, verificar a realização do procedimento licitatório, acompanhar a
execução físico-financeira dos objetos compromissados, analisar e aprovar da
prestação de contas, dentre outras.

34
Artigo 3º da Lei 11.578/2007.
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134

 PROPONENTE/COMPROMISSÁRIO (Municípios, Estados, Distrito Federal,


consórcios públicos e entidades privadas sem fins lucrativos) - enviar as
propostas, executar e fiscalizar a consecução do objeto, assegurar a qualidade
técnica dos projetos e de sua execução, dentre outras.
 INTERVENIENTE EXECUTOR - implementar as ações previstas no Plano de
Trabalho apresentado pelo respectivo proponente.
Além destes agentes responsáveis pela gestão, financiamento e execução do programa
e de suas ações, faz parte desta estrutura, o beneficiário final, que é a população
diretamente favorecida pelos investimentos.
É importante destacar ainda a possibilidade de utilização do Regime Diferenciado de
Contratações – RDC – nas ações integrantes do PAC II. O RDC foi instituído em 2011, através
da Lei 12.462/201135, e tem como objetivo principal, ampliar a eficiência nas contratações
públicas, encurtando o tempo do processo licitatório. Inicialmente criado para dar
celeridade às obras da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, o regime
pode ser empregado hoje em todos os empreendimentos do PAC II.

Linhas Gerais sobre o Programa Minha Casa Minha Vida II


Em 2009, o Governo Federal lança o pacote de financiamento habitacional
denominado “Minha Casa, Minha Vida”, tendo como meta a construção de um milhão de
moradias. Sua instituição se deu através da Lei 11.977 de sete de julho de 2009. A referida
Lei e suas posteriores alterações definiram que o PMCMV tem por finalidade criar
mecanismos de incentivo à produção e aquisição de novas unidades habitacionais ou
requalificação de imóveis urbanos e produção ou reforma de habitações rurais.
O PCMV é um programa social, pois objetiva atender a uma demanda fundamental da
população que é a moradia. Além disto, está inserido em uma estratégia para o crescimento
econômico do país a qual se fundamenta no fortalecimento da indústria da construção civil e
de sua cadeia produtiva.
Ao longo de sua implementação aprimoramentos foram sendo feitos, como por
exemplo, a possibilidade dos Municípios com menos de 50 mil habitantes acessarem
recursos do programa.
E, em maio de 2011, o Governo Federal lança a sua segunda etapa36 - PMCMV II, cuja
meta era de contratar em um período de 4 anos, 2 milhões de unidades habitacionais.
O MCMV II compreende os Programas Nacionais de Habitação Urbana – PNHU e
Habitação Rural – PNHR. Também se insere neste eixo do PAC a urbanização e/ou

35
E regulamentado pelo Decreto n° 7.581 de 11 de outubro de 2011.
36
Regulamentado através da Lei 12.424/2011, Decreto 7.499/2011 e Decreto 7.825/2012.
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regularização dos assentamentos precários. Descrevemos na sequência a modalidade que se


aplica a Vila Velha.

Programa Nacional de Habitação Urbana – PNHU:


Os beneficiários do PNHU são as famílias com renda mensal de até R$ 5.000,00, sendo
que as que têm renda de até R$ 3.275,00 (faixa 2), podem receber subvenção econômica da
União. E, no caso das famílias com renda de até R$ 1.600,00 (faixa 1), a União as pode
beneficiar através de recursos do Fundo de Arrendamento Residencial - FAR e do Fundo de
Desenvolvimento Social - FDS. As famílias beneficiadas da faixa I deverão pagar 120
prestações mensais correspondentes a 5% da renda bruta familiar mensal, com valor mínimo
fixado em R$ 25,00, exceto nos seguintes casos: famílias beneficiadas por empreendimentos
do PAC e que serão reassentadas, remanejadas ou cuja casa vá ser substituída; famílias em
situação de emergência ou em locais de calamidade pública reconhecidos pela União37;
famílias desabrigadas que perderam seu único imóvel. Não poderá ser atendido com
subvenções econômicas lastreadas nos recursos do FAR ou FDS, o beneficiário que já tenha
recebido benefício de natureza habitacional oriundo de recursos orçamentários da União,
destes fundos ou de descontos habitacionais concedidos com recursos do FGTS, exceto: as
subvenções destinadas à aquisição de material de construção (para conclusão, ampliação,
reforma ou melhoria de unidade habitacional) e atendimento das famílias em situação de
emergência, em locais de calamidade pública ou desabrigadas que perderam seu único
imóvel.
Além da moradia, o PNHU prevê a possibilidade de custear a edificação de
equipamentos de educação, saúde e outros complementares à habitação, nas operações
realizadas com recursos provenientes do FAR ou FDS. E, nos empreendimentos habitacionais
em edificações multifamiliares, produzidos com os recursos provenientes dos mesmos
fundos, será admitida a produção de unidades destinadas à atividade comercial a eles
vinculada, devendo o resultado de sua exploração ser destinado integralmente ao custeio do
condomínio.
De forma geral o PNHU funciona através da atuação articulada dos seguintes agentes:
Ministério das Cidades, CEF, órgãos das administrações direta ou indireta, que aderirem ao
programa e empresas do setor da construção civil. Quanto às famílias beneficiadas por

37
Segundo a Portaria Interministerial 1, de 24 de julho de 2013, as novas unidades habitacionais deverão ser
implantadas em áreas com nível de risco adequado, podendo ser, excepcionalmente na mesma área atingida
pelo desastre, desde que sejam aplicadas medidas que reduzam o risco a patamares aceitáveis. Nos casos de
inundações, o período de recorrência mínimo adotado no projeto deverá ser de 50 anos. A mesma portaria
ainda determina que o Ministério da Integração Nacional, poderá participar com até 30% dos recursos
financeiros necessários à implantação da infraestrutura pública associada aos empreendimentos
habitacionais e à reurbanização da área sinistrada, cabendo ao ente público local, a título de contrapartida:
os recursos financeiros complementares para a reurbanização da área sinistrada; a demonstração de
titularidade pública das áreas onde ocorrerão as obras e o montante complementar dos recursos financeiros
referentes à infraestrutura dos novos empreendimentos habitacionais.
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recursos do FAR (faixa 1), deverão estar cadastradas (nos cadastros municipais ou estaduais
do programa) e serem priorizadas de acordo com os critérios nacionais, podendo o Distrito
Federal, os Estados ou Municípios proporem até três critérios adicionais de seleção, desde
que harmonizados com os nacionais e aprovados pelos conselhos de habitação.
Tais são os critérios nacionais:
 famílias residentes em áreas de risco ou insalubres ou que tenham sido
desabrigadas;
 famílias com mulheres responsáveis pela unidade familiar; e
 famílias de que façam parte pessoas com deficiência38.
As regulamentações emanadas pelo Ministério das Cidades ainda admitem que
famílias que tiverem que ser realocadas sejam dispensadas da aplicabilidade dos critérios de
seleção previstos, mas esta indicação limita-se a 50% das unidades habitacionais do
empreendimento39. É exigida ainda, a reserva de, no mínimo, 3% das unidades habitacionais
para atendimento dos idosos.
No caso das operações realizadas com os recursos transferidos ao FDS, a indicação dos
candidatos selecionados será de responsabilidade da entidade organizadora proponente.
Em relação aos valores dos imóveis subsidiados para famílias com renda de até R$
1.600,00 (faixa 1), a segunda etapa do programa ampliou de R$ 65.000,00 para R$ 76.000,00
o limite máximo, variando este segundo a Unidade da Federação e o perfil do Município. No
Estado do Espírito Santo estes valores ficaram definidos em R$ 60.000,00 para Vitória e
Região Metropolitana e R$ 58.000,00 para os Municípios com população maior ou igual a 50
mil habitantes40.
Para as operações vinculadas à projetos do PAC (que objetivam reassentamentos e
realocações de famílias) os valores se reduzem na capital e municípios da região
metropolitana para R$51.000,00 e municípios com população acima de 50 mil habitantes
para R$ 47.000,00.
Em relação aos valores máximos dos imóveis financiados com os recursos do FGTS, no
ano de 2012 a Resolução 702/2012 do Conselho Curador do FGTS41 definiu que os imóveis
objetos de financiamentos vinculados aos recursos alocados à área orçamentária de
Habitação Popular, observarão o limite de valor de venda ou de avaliação ou de
investimento de R$ 90.000,00, admitindo-se elevação destes valores nos seguintes casos:

38
Portaria 610, de 26 de dezembro de 2011 do Ministério das Cidades.
39
O Distrito Federal ou o Município deverá providenciar a inclusão ou atualização dos candidatos selecionados
no CadÚnico antes da indicação do candidato aos agentes financeiros.
40
Portaria 168 de 12 de abril de 2013 do Ministério das Cidades.
41
Artigo 20 da referida resolução.
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137

 até R$ 190.000,00, nos casos de imóveis situados no Distrito Federal ou em


Municípios integrantes das regiões metropolitanas ou equivalentes dos Estados
do Rio de Janeiro e de São Paulo;
 até R$ 170.000,00, nos casos de imóveis situados em Municípios com população
igual ou superior a 1.000.000 de habitantes ou em Municípios-sede de capitais
estaduais, não especificados no item anterior;
 até R$ 145.000,00 nos casos de imóveis situados em Municípios com população
igual ou superior a 250.000 habitantes ou em Municípios integrantes de regiões
metropolitanas ou equivalentes, inclusive aqueles integrantes da Região
Integrada do Distrito Federal e Entorno (RIDE); e
 até R$ 115.000,00 nos casos de imóveis situados em Municípios com população
igual ou superior a 50.000 habitantes.
Destaca-se ainda o PMCMV Entidades42. Trata-se de possibilidade de concessão de
financiamento diretamente aos beneficiários, os quais podem ser: pessoa física ou uma
Entidade Organizadora - pessoa jurídica que reúne os beneficiários. Em qualquer dos casos,
esta linha destina-se às famílias da faixa 1 e utiliza os recursos provenientes do Orçamento
Geral da União – OGU depositados no FDS. A Entidade Organizadora pode ser uma
cooperativa habitacional ou mista, uma associação ou uma entidade privada sem fins
lucrativos, desde que previamente habilitada pelo Ministério das Cidades43. Ela e os
beneficiários deverão constituir duas comissões para a viabilização do financiamento, quais
sejam: CRE (Comissão de Representantes); e CAO (Comissão de Acompanhamento de
Obras).
O PMCMV Entidades prevê distintas modalidades de atendimento: para pessoas
físicas, aquisição de terreno e construção; construção em terreno próprio ou de terceiros; e
aquisição de imóvel novo ou para requalificação ou constituintes de patrimônio histórico. No
caso de Entidade Organizadora, pode ser: construção em terreno de sua propriedade;
aquisição de terreno, pagamento de assistência técnica e despesas com legalização;
aquisição de terreno e construção; pagamento de assistência técnica e despesas com
legalização em terrenos transferidos e em processo de transferência pelo poder público ou
de propriedade da Entidade Organizadora; e construção das unidades habitacionais em
terrenos adquiridos ou em transferência. Os empreendimentos, no caso de pessoas físicas,
podem ser através de unidades contíguas ou pulverizadas; já no caso de Entidade
Organizadora, não há a possibilidade de unidades pulverizadas. O programa prevê a
possibilidade do regime de construção se dar através de autoconstrução.

42
Criado a partir da publicação da Lei 11.977, de 07 de julho de 2009, na vigência da primeira etapa do
PMCMV. Regulamentado pela Resolução nº 194/2012, do Conselho Curador do FDS, e pela Instrução
Normativa nº 45/2012, do Ministério das Cidades.
43
Fica dispensada do processo de habilitação a Entidade Organizadora cujo projeto seja voltado ao
atendimento de refugiados, comunidades quilombolas, pescadores artesanais, ribeirinhos, indígenas e
demais comunidades socialmente vulneráveis, localizadas em áreas urbanas.
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138

Estas regulamentações são as vigentes no âmbito federal. Entretanto, o Programa


Minha Casa Minha Vida III esta sendo anunciado desde o final do ano e a expectativa é de
que, de fato, se concretize o novo financiamento. Verificou-se ao longo desta avaliação
histórica da produção habitacional a importância da política e do financiamento publico para
a produção em escala – capaz de atuar com efetivada diante do quadro de déficit. Verificou-
se igualmente a importância do financiamento repassado para o poder publico local – é na
esfera municipal que o atendimento dos setores mais vulneráveis tem espaço para um
atendimento mais adequado às características da sua necessidade. E o financiamento que
promove os agentes sociais em agentes da produção habitacional tem alcançado cada vez
mais efetividade. E o movimento que atua em Vila Velha e região é prova do alcance deste
eixo.

4.4.2 Os Programas do Estado do ES e as Propostas do PEHAB-


ES44

O Estado atua desde 2009 através do IDURB com o Programa Nossa Casa. Com a
instituição legal do programa através da Lei 9899 de agosto de 2012 e seu decreto
regulamentador 3166 do mesmo ano. No marco legal instituído fica preservada a finalidade
original do Programa de operar na construção e reforma de unidades habitacionais, e na
melhoria e ampliação da infraestrutura, através de execução direta e/ou através de
convênios com os municípios, com recursos provenientes do Fundo Estadual de Habitação e
recursos dos programas federais.

A Lei determina as atribuições, competências e condições de implementação do


Programa, e autoriza a execução de ações nas áreas acima referidas, regulamentando
também a complementação de recursos financeiros aos programas federais voltados para
área de habitação urbana e rural de interesse social, com destaque para a complementação
ao programa federal Minha Casa Minha Vida, como se pode verificar nos artigos 3º e 4º da
Lei.
Art. 3º Fica o Estado do Espírito Santo autorizado a aportar recursos financeiros ao
Programa “Minha Casa, Minha Vida”, instituído pela União Federal, pela Lei Federal
nº 11.977, de 07.7.2009 para municípios com população acima de 50.000
(cinquenta mil) habitantes, em limite que será definido pelo Conselho Gestor do
Fundo Estadual de Habitação de Interesse Social – FEHAB, mediante Resolução, nos
termos da competência definida pelo artigo 5º, I, da Lei Estadual nº 8.784, de
21.12.2007.

Art. 4º Fica o Estado do Espírito Santo autorizado a complementar recursos


financeiros ao Programa “Minha Casa, Minha Vida” para municípios com população
de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes, instituído pela União Federal, pela Lei

44
PEHAB – Plano Estadual de Habitação
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139

Federal nº 11.977/09 e regulamentação expedida pelo Ministério das Cidades, em


limite que será definido pelo Conselho Gestor do FEHAB, mediante Resolução, nos
termos da competência definida pelo artigo 5º, I, da Lei Estadual nº 8.784/07.

O decreto 3166 que regulamenta o Programa Nossa Casa estabelece: 2 Subprogramas


-o Programa Estadual de Habitação Urbana – PEHU, e Programa de Habitação Rural – PEHR;
as diretrizes orientadoras, com destaque para o cumprimento dos princípios
constitucionais, entre eles , o cumprimento da função social da cidade e da propriedade, a
justa distribuição dos ônus e benéficos da urbanização, e a democratização da gestão.
Estabelece ainda 4 estratégias orientadoras da atuação que determinam por nova
estruturação da intervenção do Estado, na forma que segue.

(i) A Estratégia I, é denominada, Infraestrutura de Acesso e disponibiliza recursos do


Programa Nossa Casa para os municípios com mais de 50.000 habitantes, direcionados
à execução/complementação de obras de infraestrutura e saneamento nos
empreendimentos contratados pela CEF e BB do Programa MCMV;
(ii) A Estratégia II promove Apoio Técnico e Financeiro aos municípios com população
menor do que 50.000 habitantes, disponibilizando recursos de contrapartida para
construção de unidades habitacionais, em complementação ao Programa MCMV –
Oferta Publica (Sub-50) do Governo Federal;
(iii) A Estratégia III viabiliza a transferência de recursos através da realização de
Convênios com os municípios visando a contratação de projetos ou implantação de
infraestrutura básica e pavimentação em áreas de HIS, e a construção de unidades
habitacionais;
(iv) A Estratégia IV se destina à complementação de recursos de produção da moradia
rural para os investimentos viabilizados pelo programa MCMV/PNHR e do Programa
Nacional da Reforma Agrária.

O programa, a partir da sua instituição legal, passa a ser operado como Programa
Nossa Casa II, com o objetivo operacional de articular recursos do Governo Federal, Estadual
e dos Municípios. A prioridade do atendimento da demanda é estabelecida para famílias
incluídas no CAD-Único e inseridas no Programa INCLUIR, e/ou moradora de áreas de risco,
e/ou residente nos aglomerados identificados pelo programa Estado Presente. Também as
famílias rurais que integram os programas do governo e com aptidão ao PRONAF e Programa
da Reforma Agrária.

O PEHAB finalizado em novembro de 2014 instrui, dentro do financiamento vigente, a


continuidade da atuação em parceria com o financiamento federal junto aos munícipios.
Mas determina um conjunto de metas a serem alcançadas através de nova linha de
financiamento destinada às prioridades pelo plano determinadas. O recurso a ser repassado
para o município e/ou executado pelo próprio Estado teria a seguintes prioridades:

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 O atendimento à demanda correspondente aos domicílios precários;


 O atendimento do déficit dos municípios de pequeno e de médio porte;
 O apoio técnico às ações de regularização fundiária para os municípios
metropolitanos e municípios polo;
 Recursos para atendimento da demanda das obras prioritárias do governo
(drenagem, áreas de risco...).
As possibilidades de financiamento para as ações habitacionais são debatidas e
avaliadas na próxima etapa do PLHIS quando da definição dos cenários de atendimento e da
viabilidade para sua consecução.

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5. CAPACIDADES
INSTITUCIONAIS

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O principal objetivo da sistematização da base de informações administrativas é


dimensionar a capacidade da gestão local. Os dados gerenciais, orçamentários, da estrutura
organizacional, os indicadores de desempenho (quando existentes) e a composição dos
programas e orçamentos na área em analise devem permitir avaliar possíveis medidas a
serem adotadas no atendimento às demandas e problemas apontados.

Considera-se que, em termos de construção de uma Leitura institucional, que avalia a


articulação das ações e do processo de gestão da questão habitacional, o processo foi
deficitário ficando o desafio de melhor entendimento do quadro e da necessária integração
setorial nas ações da temática para a terceira etapa deste PLHIS (Plano Local de Habitação
de Interesse Social).

5.1 O LUGAR DA HIS NA GESTÃO MUNICIPAL


O enfrentamento ao quadro de necessidades habitacionais de um município não deve
se restringir à ampliação da capacidade de produção pública de moradias. Sem reduzir a
importância desta ação, é fundamental que a política habitacional do município seja
pensada de forma estratégica, envolvendo ações relacionadas a todas as faces da questão da
moradia, sejam elas sociais, sejam econômicas, financeiras, territoriais, ambientais, jurídicas,
etc. É importante, sobretudo, que esta visão busque inserir o tema habitacional dentro de
uma concepção de desenvolvimento local, onde a moradia passa a ser entendida como um
vetor de inclusão social e um direito efetivo de todos os cidadãos. Assim, para além de
viabilizar recursos, é exigido dos municípios e dos agentes uma adequação às novas funções.

Conforme abordado ao longo deste diagnóstico, os últimos anos tem se constituído em


momento ímpar do contexto nacional, no campo do financiamento das políticas urbano–
habitacionais, onde o conjunto dos agentes, público, privado e social estão sendo
demandados para efetivar as necessárias mudanças com o objetivo de contribuir para a
erradicação do déficit habitacional de nossas cidades.

A questão habitacional, conforme viso ao longo das analises deste diagnostico, tem
ocupado um espaço ainda tímido nas políticas municipais, especialmente se considerada a
magnitude do quadro a ser enfrentado pela política habitacional.

Ao longo de todo o período de implementação do financiamento federal mais recente


(a partir da criação do Ministério das Cidades e Sistema Nacional de Habitação) o município
tem como ação efetivamente direcionada à melhoria do acesso e/ou das condições de
moradia das populações que demandam por soluções da política publica, a atuação na ZEIS
(Zona Especial de Interesse Social) Dom João Batista (financiamento obtido em 2004) e a
produção das unidades habitacionais dela decorrentes (168 UH)45; e as unidades

45
Referentes aos empreendimentos Ewerton Montenegro e Residencial Zumbi dos Palmares.
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habitacionais produzidas em parceria com o governo do Estado (742 UH) em mais de 10


anos de intervenção no Residencial Jabaeté e região. O montante produzido representa
uma media anual de 90 unidades habitacionais.

Desta forma, é preciso verificar no âmbito do planejamento estratégico do município e


do planejamento da ações e investimentos, como são abordadas as questões relacionadas a
moradia e à qualidade do habitar, bem como ações que promovam a inclusão sócio espacial
dos setores de maior precariedade.

Pra tanto, retoma-se aqui o documentos do Planejamento Estratégico de Vila Velha


2013-2016 (este já abordado no capitulo 1) e o Plano Plurianual – PPA 2014-2017.

No planejamento estratégico, a questão habitacional enquanto produção de moradias


é praticamente abordada relacionada somente à necessidade da demanda dos
reassentamentos em área de risco (Projeto estruturante – Uso e Ocupação do Solo). Apesar
do expressivo déficit que o município apresenta, a produção de novas unidades não esta na
pauta prioritária. Considerado apenas o déficit na faixa de rendimento de ate 1/2 salário
mínimo per capita (cerca de 7.000 unidades) e o lapso temporal de 2030 para o atendimento
total, seriam necessárias cerca de 460 novas unidades/ano; se incluída a demanda futura
desta mesma faixa de renda – a produção necessária seria de mais de 900 unidades /ano.

O segundo projeto estruturante de real interface com a questão da moradia é o da


urbanização da Grande Santa Rita e da Grande Terra Vermelha. Sem duvidas, uma real
necessidade cuja intervenção deverá atender a grande parte da inadequação habitacional
identificada por este diagnóstico.

Entretanto, os números relacionados ao déficit e demanda futura permitem visualizar


a real dimensão do problema e o impacto que tal produção poderá trazer para o território se
não planejado dentro de uma visão integrada do atendimento das demandas por localização
adequada, por serviços infraestruturas e serviços urbanos e sociais adequados. Para além
desta compreensão dentro da gestão territorial sabe-se que estas parcelas de renda vão
demandar estratégias e ações para o desenvolvimento social. Isto posto, conclui-se que a
questão da moradia não esta suficientemente contemplada no plano estratégico do
município e a tendência do quadro diagnosticado será de agravamento.

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Figura 22 - Projetos Estruturantes Diretamente Relacionados com a Moradia

Tomando-se o PPA 2014-2017, documento elaborado em consonância com a Agenda


XXI e com o Plano Estratégico de Vila Velha do qual consta a “Visão de Futuro” para o
município, e onde foram elencados pela participação popular os projetos prioritários,
verifica-se que na área habitacional são três os projetos definidos, quais sejam:

1 – PPI/PAC – Dom João Batista R$ 450.000,00

2 – Habitação de Interesse Social R$ 8.860.781,00

3 – PPI/PAC – Urbanização Integrada R$ 931.426,00


Baixada do Rio Aribiri

Além destes, projetos nas áreas de estruturação, infraestrutura, drenagem urbana e


uso do solo, podem apresentar alguma interface mais direta com a HIS, muito embora não
remetam à qualquer localização da ação que possa ser indicativo desta interface. Assim,
consideram-se somente os projetos acima referidos os relacionados com a pauta
habitacional, mesmo porque as ações de estruturação, infraestrutura e drenagem das áreas
de HIS estão contempladas nos PPI/PAC.

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Os Projetos Estruturantes da Urbanização da Grande Santa Rita e Da Grande Terra


Vermelha não tiveram recursos previstos no PPA que acompanha o planejamento
estratégico do município fragilizando os poucos investimentos previstos e revelando ainda
uma concepção fragmentada da questão que determina o maior montante de recursos no
programa que produz unidades habitacionais sem uma maior vinculação estratégica.

Ademais, tais intervenções tem forte demanda por trabalho social e de articulação a
outras políticas, como educação, saúde, transporte... Para a aprovação do financiamento os
projetos assinam o Termo de Compromisso de executar o Trabalho Técnico Social, sendo
necessária a elaboração do Projeto Técnico Social (PTS) pelo município, que deve ser
aprovado pela instituição proponente e executado pela equipe de Assistentes Sociais da
Coordenação de Habitação. Verificou-se através de entrevista realizada com a SEMDU
(presente no documento Relatório do Levantamento de Dados) a complexidade operacional
e financeira com que os Projetos Técnicos Sociais (PTS) que acompanham as obras do Canal
da Costa, Canal do Congo, Zumbi dos Palmares e o MCMV atuam, especialmente pela
precária estrutura com que a Coordenação opera.

As questões relacionadas à fragmentação da gestão estão colocadas no planejamento


estratégico como uma das questões a serem enfrentadas. A concepção proposta de criação
dos Comitês Executivos e do Gerenciamento por Projetos vem neste sentido. Há que se
avaliar, na continuidade deste trabalho, sua efetivação e alcance.

Os próximos pontos complementam esta avaliação preliminar buscando identificar se


estrutura administrativa e os investimentos efetivamente aplicados correspondem as
intenções expressas nestes documentos.

5.1.1 Estrutura Administrativa, acesso ao financiamento e


Investimento realizado

O tema habitacional no município de Vila Velha esta afeto à Secretaria de


Desenvolvimento e Mobilidade, tendo como principal estrutura operacional a Coordenação
de Políticas Habitacionais. A Lei que aprova a estrutura organizacional básica da prefeitura
municipal é a Lei 4.749 de 2009 com alterações introduzidas em 2010 pela Lei 4958, e em
2013 pela Lei 5.404.
A Lei 4.749 com as alterações de 2013, estabelece os órgãos administrativos e suas
competências onde se inclui a Secretaria de Desenvolvimento Urbano – SEMDU.
A SEMDU tem suas competências estabelecidas pelo artigo 18, em 11 incisos e dentre
eles o inciso iv determina sobre as questões da habitação de interesse social e o inciso v que
discorre sobre a Regularização Fundiária. Tais são as competências legais da SEMDU:

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I. A coordenação de Fiscalização Urbanística;


II. A formulação, coordenação e execução de políticas, planos diretores e
programas de desenvolvimento urbano para o Município;
III. A promoção, coordenação e execução de pesquisas, estudos e diagnósticos
referentes à realidade físico-territorial do Município e ao uso e parcelamento do
solo, visando subsidiar as políticas, planos e projetos urbanos e as ações da
Secretaria;
IV. A promoção de estudos, formulação de políticas, desenvolvimento de
programas e gerenciamento de projetos voltados para a habitação de interesse
social;
V. A formulação de normas e instrumentos para regulação do uso e ocupação do
espaço público e privado do Município, bem como a coordenação e execução de
projetos e ações de regularização fundiária;
VI. O licenciamento e fiscalização do parcelamento do solo urbano, de projetos de
loteamento e de edificação situadas em terrenos públicos e particulares, de
acordo com a legislação e as normas municipais;
VII. A concessão de habite-se e aceitação de edificações situadas em terrenos
públicos ou particulares;
VIII. A coordenação e promoção de estudos e planos para intervenções urbanísticas
em áreas de interesse social, promovendo a fiscalização de sua execução e
controlando o seu crescimento e expansão;
IX. A vistoria de ocorrências ligadas à estabilidade e segurança de edificações,
promovendo o licenciamento, a fiscalização e o acompanhamento da
recuperação estrutural;
X. A organização, manutenção e disponibilização de cadastro técnico de interesse
para as atividades de desenvolvimento urbano do Município;
XI. O desempenho de outras competências afins.

A Lei 4749 também foi anteriormente alterada em 2010 pela Lei 4.958 que cria
subsecretarias, entre elas a Subsecretaria de Habitação na SEMDU, não alterada e vigente
com as seguintes atribuições e estrutura operacional, conforme artigo 2º e artigo 3º e
anexo IV:
Art. 2º: Ficam criadas e inseridas na estrutura organizacional básica da Prefeitura
Municipal de Vila Velha, instituída pela Lei nº 4.749, de 20 de janeiro de 2009, as
seguintes Subsecretarias:

...

II – na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, a Subsecretaria de


Habitação, à qual compete responder pelos expedientes relativos à regularização
fundiária, coordenar a elaboração, execução, fiscalização e gestão de programas,
projetos, inclusive os sociais, de engenharia e arquitetura, os contratos e
convênios, definindo até mesmo os critérios técnicos que serão adotados; (Lei
4749/2010)

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O artigo 3º cria os cargos em comissão determinado para Subsecretaria de habitação


os seguintes cargos:
- Subsecretário De Habitação

- Gerente De Projetos Habitacionais

- Gerente De Regularização Fundiária


- Gerente De Serviço Social

Na pratica, desde o nome da secretaria às estruturas operacionais estabelecidas, se


diferenciam do acima exposto. Na Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Mobilidade –
SEMDU, segundo informações da equipe, o tema habitacional é atribuído à uma
coordenação cuja equipe é toda formada por técnicos sociais. Compõe a estrutura: a
subsecretaria de desenvolvimento urbano e mobilidade; a superintendência de
desenvolvimento urbano; e mais 6 coordenações (no site da prefeitura não está a
coordenação de habitação). A estrutura instituída por Lei conferia maior espaço e condições
de atuação do que a estrutura que hoje opera. Sabe-se, entretanto, que estudos vêm sendo
feitos para nova alterações Ë importante que as novas propostas já estejam sintonizadas
com o PLHIS, mesmo que ainda não finalizado.
Em relação à capacidade de investimento, avaliam-se os dados que representam a
evolução investido efetivamente realizado em habitação e funções correlatas. As
informações foram inicialmente obtidas junto ao IJSN.

Os dados demonstram que nos últimos 4 anos (2010-13) não houve investimento em
habitação. Nos anos anteriores foram bastante reduzidos não ultrapassando o
correspondente a 1,2% do total das despesas. O investimento em urbanismo varia de 16 a
22% do total das despesas.

Tabela 53 - Evolução do Investimento realizado em Habitação e Itens Afins


ITENS 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Urbanismo 40.809.088 35.616.585 55.417.790 60.821.738 119.115.677 84.037.973 114.248.415 135.586.667 171.934.740 126.742.071
Habitação 2.177.776 1.627.731 2.918.617 3.629.391 5.498.950 2.754.771 0 0 0 0
Saneamento 9.033.463 10.237.144 7.082.412 8.953.015 10.926.164 7.492.154 9.829.381 3.991.095 2.644.716 3.073.092
Gestão ambi. 382.734 138.781 216.799 243.880 316.731 106.208 137.335 567.310 177.105 6.750
TOTAL DESPESAS 201.261.845 218.708.362 286.001.544 337.944.341 454.680.330 431.916.407 566.180.354 665.598.098 775.934.827 718.152.012
Urbanismo 20,2% 16,3% 19,4% 18,0% 26,2% 19,5% 20,2% 20,4% 22,2% 17,6%
Habitação 1,1% 0,7% 1,0% 1,1% 1,2% 0,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Saneamento 4,5% 4,7% 2,5% 2,6% 2,4% 1,7% 1,7% 0,6% 0,3% 0,4%
Gestão ambi. 0,2% 0,1% 0,1% 0,1% 0,1% 0,0% 0,0% 0,1% 0,0% 0,0%

Fonte:IJSN

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Os dados apresentados no capitulo referente à produção habitacional representam o


financiamento viabilizado junto ao Governo Federal. Se observadas as datas da assinatura
verificamos que os dois principais financiamentos em habitação (PPI/Intervenção Favelas)
datam de 2004 e 2007. Reproduz-se as tabelas com as informações.

Quadro 18 - Financiamento obtido junto aos programas do Governo Federal

OGU/MC – (Prefeitura Vila Velha) 2009-2013


Data_ Operações Operações
Operações_Programa Operações_Modalidade Assinatura Repasse Contrapartida
PLANEJAMENTO URBANO MCID/PLANEJ URB- Pavimentação 31/12/2013 R$ 245.850,00 R$ 133.785,86
PRÓ-MUNICÍPIO MÉDIO E GRANDE OBRAS INFRA URB. MUN. DE
PORTE MEDIO/GRAND PORTE 23/09/2008 R$ 1.383.200,00 R$ 386.792,31
PRÓ-MUNICÍPIO MÉDIO E GRANDE OBRAS INFRA URB. MUN. DE
PORTE MEDIO/GRAND PORTE 31/12/2009 R$ 2.965.600,00 R$ 257.878,26
PRÓ-MUNICÍPIO MÉDIO E GRANDE OBRAS INFRA URB. MUN. DE
PORTE MEDIO/GRAND PORTE 31/12/2009 R$ 1.976.600,00 R$ 171.878,26

OGU-PAC* (Prefeitura Vila Velha – ATE 2013)


Data_
Operações_Programa Operações_Modalidade Assinatura Investimento
DRE CT ER MA FL APOIO SIST DREN URB SUST MANEJ DE AG PLUV 20/11/2009 R$ 55.501.385,90
DRE CT ER MA FL APOIO SIST DREN URB SUST MANEJ DE AG PLUV 31/10/2011 R$ 10.700.000,00
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL ELABOR PLANO LOCAL HABIT INTERESSE SOCIAL 30/12/2010 R$ 98.420,00
INTERVENÇÕES EM FAVELAS/PPI URB.ASSENT.PREC E HABITACOES 23/12/2004 R$ 8.892.600,47
INTERVENÇÕES EM FAVELAS/PPI URB.ASSENT.PREC E HABITACOES 28/12/2007 R$ 30.564.539,10
PRACAS DO PAC IMPLANTACAO PRACA DOS ESPORTES E CULTURA 09/03/2012 R$ 3.500.000,00

Fonte: PEHAB

Quando analisada a composição da receita do município, verifica-se em relação aos


dois maiores componentes – a receita tributaria, que representa em 2013, 31% da receita
total; e as transferências correntes, item responsável por 51% do total. Na avaliação dos
tributos municipais, é importante destacar o IPTU como margem potencial de crescimento
da arrecadação se associada a uma eficiente política fundiária.

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Gráfico 22 – Receita município Vila Velha


Vila Velha % Total
Receita Tributária 260.201.294 31%
Transferências Correntes 432.412.962 51%
Receita Total 844.069.339

Fonte: IJSN

O conjunto de dados aqui apresentado demonstram a fragilidade das concepções


instruídas no planejamento estratégico e no plano plurianual, frente às capacidades
institucionais aqui analisadas – inadequação das estruturas, insuficiência do investimento. O
debate da próxima etapa deste PLHIS deverá reforçar a importância de priorizar a questão
habitacional na gestão da cidade.

De outra sorte, ficam os indicativos para melhoria da arrecadação em relação ao IPTU


e um potencial ainda não utilizado, proveniente da aplicação dos instrumentos urbanísticos
do Plano Diretor Municipal - não como matéria a ser desenvolvida dentro do PLHIS, mas
dentro do processo de revisão do PDVV (Plano Diretor Municipal de Vila Velha).

5.2 LEGISLAÇAO HABITACIONAL E URBANA

5.2.1 As Leis Habitacionais

O município apresenta legislação especifica e abrangente da temática habitacional


referente a concepção da política e de caráter mais operacional relacionada aos
empreendimento do MCMV. Sem duvida a Lei mais importante de ser aqui analisada é a Lei
5.588. de dezembro de 2014 que instrui sobre a política habitacional do município. De certa
forma, surpreende sua aprovação recente, sem que tenha sido elaborado o plano de

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habitação. Este aparente descompasso, com a avaliação dos conteúdos se desfaz, posto que
muitos dos seus conteúdos deverão contribuir para este PLHIS.
A Lei formula a política habitacional do município, numa concepção ampla e
abrangente. Conceitua e estabelece os componentes desta política, princípios e diretrizes
que estão em plena sintonia com o Estatuto da Cidade e o Sistema Nacional de Habitação
nos aspectos da política e financiamento determinados no âmbito federal.
As diretrizes determinadas no artigo 4º referem conteúdos como: a promoção do
acesso a terra e à moradia digna, de acordo com o princípio da função social da propriedade;
o atendimento a população de baixa renda (c/prioridade para até 03 SM ); à execução de
intervenções articuladas no território; ao estimulo a processos participativos que envolvam
os beneficiários; a atuação articulada com ações de políticas de caráter tanto corretivo,
quanto preventivo; entre outras.
A Lei inova quando estabelece parâmetros e critérios bastante diferenciados dos
usualmente utilizados na definição das prioridades. O processo parece um pouco complexo,
mas ha que ser melhor entendido o proposto, para avaliação não terceira da sua viabilidade.
A Lei também estabelece um conjunto de programas a serem empreendidos no âmbito
municipal compreendendo todas as linhas usualmente apontadas; remete ainda à
elaboração de um plano de regularização fundiária; e cria o sistema de informações
habitacional do município.
A Lei é de fato, bastante completa e poderá contribuir e instruir os conteúdos mais
conceituais do PLHIS, devendo ser pauta de debate da próxima etapa.
As demais legislações são referentes ao Programa MCMV- e tratam de aspectos
operacionais do programa, de incentivos e aspectos facilitadores para a realização dos
empreendimento. São de extrema importância para garantir interesse e realização de
empreendimentos de interesse social; significam o compromisso e empenho do poder
publico para viabilizar a produção privada de HIS. Entretanto, são conteúdos de outra escala -
não são tão relevantes para o PLHIS pois estão mais relacionados ao detalhamento de
normas e procedimentos. As Leis são: a 4851, de 1 de dezembro de 2009; a 4904, de 17 de
março de 2010; e a 5525, de 20 de maio de 2014.

5.2.2 A HIS no Plano Diretor Municipal

A legislação urbanística é de extrema importância para a política de habitação, não só


na expectativa imediata de viabilizar terra adequada para a produção habitacional de
interesse social, mas especialmente porque fornece bases/instrumentos para uma atuação
integrada das políticas territoriais e articulada aos processos de gestão do solo.

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O município de Vila Velha teve seu Plano Diretor Municipal aprovado em 2007 e está
hoje em processo de inicio de sua revisão. No que se refere aos conteúdos relacionados com
a questão habitacional os seguintes pontos podem ser destacados:
(i) O PD apresenta extensa argumentação traduzida em princípios, diretrizes e
estratégias de desenvolvimento direcionadas à promoção do acesso à moradia e da
inclusão territorial. Dá especial ênfase ao tema na estratégia que trata da inclusão
territorial e promoção da moradia digna. Reforça as questões da integração das
políticas, da regularização fundiária e da justa distribuição dos ônus e benefícios da
urbanização;
(ii) Estabelece os mecanismos e instrumentos para a consecução dos objetivos
estabelecidos sendo a ZEIS de fundamental importância para os processos de
regularização fundiária, e de reserva de áreas para empreendimentos de HIS.
Entretanto, da época de aprovação do Plano a hoje, permanecem somente as duas
primeiras áreas instituídas pela própria Lei;
(ii) O Plano remete ainda à elaboração do PLHIS, e institui o Conselho e o Fundo
Municipal de Habitação e orienta quanto aos programas habitacionais;
(iv) O Plano incorporou os instrumentos do Estatuto da Cidade, sem condições de auto
aplicabilidade e a maioria não está regulamentada. As estratégias de reserva de áreas
para HIS e outras ações que facilitariam a promoção de empreendimentos de HIS
seriam fortalecidas com a regulamentação dos instrumentos indutores da ocupação
dos vazios urbanos e áreas subutilizadas, do consórcio imobiliário, do solo criado,
entre outros;
(v) a Lei do Plano Diretor Municipal ainda traz regras especiais para loteamentos de
interesse social e uma serie de mecanismos com o objetivo de promover condições
mais facilitadas e atrativas para os empreendimentos de interesse social.
Assim o que se verifica é que o Plano traz muitos do conteúdos necessários para a
consecução dos objetivos da política habitacional. Entretanto a regra sem adequado
processo de gestão e prioridade política não efetiva o proposto.

5.3 INSTRUMENTOS DA GESTÃO PARTICIPATIVA –


CONSELHO E FUNDO
A Lei municipal Nº. 4713/2008, com alterações introduzidas pela Lei Nº. 5423/2013
dispõe sobre a regulamentação do Conselho Municipal de Habitação de Interesse Social –
CMHIS e do Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social – FMHIS, regulamentando o
artigo 32 da Lei 4575/2007 – do Plano Diretor Municipal - que os institui.

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As alterações introduzidas em 2013 vem vincular Conselho e Fundo à Secretaria


Municipal de Desenvolvimento Urbano, dando nova redação ao artigo primeiro, entre
outros, nos seguintes termos:
Art. 1º Fica vinculado à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano o
Conselho Municipal de Habitação de Interesse Social - CMHIS, órgão permanente
com caráter consultivo, deliberativo e fiscalizador que tem como objetivos básicos
o estabelecimento, acompanhamento, controle e avaliação da Política Municipal de
Habitação, garantindo as ações prioritárias estabelecidas no Plano Local de
Habitação de Interesse Social.

Por Lei, o Conselho Municipal de Habitação tem as seguintes competências:


I – Propor e aprovar as diretrizes, prioridades, estratégias e instrumentos da
Política Municipal de Habitação de Vila Velha;
II – Propor e participar da deliberação, junto ao processo de elaboração do
Orçamento Municipal, sobre a execução de projetos e programas de urbanização,
construção de moradias e de regularização fundiária;
III – Monitorar a implementação da Política Nacional de Habitação de Interesse
Social, observadas as diretrizes de atuação do Sistema Nacional de Habitação de
Interesse Social –SNHIS;
IV – Propor e aprovar os planos de aplicação dos recursos do Fundo Municipal de
Habitação de Interesse Social, instituído pela presente Lei;
V – Definir as condições básicas de subsídios e financiamentos com recursos do
FMHIS;
VI – Regulamentar, fiscalizar e acompanhar todas as ações referentes a subsídios
habitacionais;
VII – Aprovar as contas do FMHIS;
VIII – Apreciar as propostas e projetos de intervenção do Governo Municipal
relativas às ocupações e assentamentos de interesse social;
IX – Apreciar as formas de apoio às entidades associativas e cooperativas
habitacionais cuja população seja de baixa renda, bem como as solicitações de
melhorias habitacionais em autoconstrução ou ajuda mútua de moradias
populares;
X – Propor ao Executivo Municipal a elaboração de estudos e projetos, constituir
comissões especiais e câmaras, quando julgar necessário para o desempenho de
suas funções;
XI – Elaborar seu Regimento Interno;
XII – Convocar e realizar uma Assembleia Anual aberta à população com o objetivo
de prestar contas e dar devidos esclarecimentos à sociedade civil organizada.

O Conselho está instituído em composição paritária, com dezesseis componentes –


titulares e suplentes – com a seguinte representatividade:
13 representantes do Poder Público Municipal na representação dos titulares das
respectivas secretarias ou órgãos (e suplentes) ;
13 representantes da Sociedade Civil (e suplentes), sendo 9 representações
distribuídas entre o Conselho Comunitário de Vila Velha, Os movimentos de luta
pela moradia – MNLM e UNMP e 2 representações de associações comunitárias e
cooperativas.

A Lei determina por reuniões ordinárias realizadas mensalmente, e extraordinárias,


quando convocadas.

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O FMHIS instituído pelo artigo 10 tem seus recursos destinados exclusiva e


obrigatoriamente para financiar programas e projetos da política habitacional. Tem como
origem dos recursos:
I – Os provenientes do Orçamento Municipal, destinados a Habitação de Interesse
Social serão de 1% (um por cento) a 1,5% (um e meio por cento) da Receita
Municipal; (NR).
II – os provenientes das dotações do Orçamento Geral da União, classificados na
função habitação, na sub-função infraestrutura urbana e extra-orçamentária
federais;
III – os provenientes do FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço que lhe
forem repassados;
IV – os provenientes do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador, que lhe forem
repassados, nos termos e condições estabelecidas pelo respectivo Conselho
Deliberativo;
V – as doações efetuadas, com ou sem encargo, por pessoa jurídica de direito,
público ou privado, nacionais ou estrangeiras, bem assim por organismos
internacionais ou multilaterais;
VI – as doações efetuadas por pessoas físicas;
VII – as receitas oriundas dos pagamentos de prestações mensais referentes a
aquisições de moradias, efetuadas por beneficiários do Programa Municipal de
Habitação de Interesse Social;
VIII – de recursos decorrentes da aplicação dos instrumentos previstos pelo
estatuto da Cidade e que poderão ser revertidos para promoção de habitação;
IX – os provenientes de outros fundos municipais instituídos tais como Conselho
Municipal de Desenvolvimento Urbano – COMDUR, Conselho Municipal de Ação
Social – COMASVV, e outros;
X – outras receitas previstas em Lei.

Conforme a Lei, sua administração compete ao órgão municipal responsável pela


política urbana, que poderá delegar competências, o Conselho.
Em reunião realizada com o Conselho para avaliação do seu papel e da forma como
vem operando junto da administração da política habitacional, os conselheiros presentes
avaliaram que o Conselho tem operado como instância de prestação de contas e não da
gestão partilhada da política e suas prioridades. Reivindicam a definição das pautas de
debate. Remetem à revisão do seu papel e atribuições à luz do determinado no PLHIS.
As principais pautas trazidas ao debate contemplaram: o resgate histórico do processo
participativo, destacando ser o primeiro OP do Brasil; e como problemas a serem
enfrentados- a falta de áreas para HIS (impróprias); a melhor articulação com o PDVV, a
especulação das terras, a irregularidade fundiária... Ainda trouxeram questões como a
importância da parceria do movimento com a prefeitura para a produção habitacional em
relação a terra; o desafio na gestão da demanda, posto que cada movimento tem seu
cadastro, e uma preocupação com o crescimento da demanda futura. Ainda segundo os
participantes foi destacado que o Conselho tem hoje espaço para opinar, reunir com
gestores, mas nem sempre foi assim.

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Não chegaram a formalizar propostas para o PLHIS, mas foi destacada a importância
do fortalecimento do conselho e da capacitação dos conselheiros após a aprovação do
PLHIS.
Não é demais destacar aqui a organização e a forte atuação do movimento pela luta
moradia, como co-autor histórico das ações habitacionais empreendidas em Vila Velha pelo
setor publico (município e estado), e sua atuação recente e crescente na produção
habitacional com o financiamento do governo federal. Esta é uma particularidade do
município de Vila Velha que lhe confere uma potencialidade rara, que deverá ser fortalecida,
no que couber, se ampliando as capacidades institucionais de enfrentamento das questões
habitacionais.
***
Por fim, o quadro diagnosticado através dos 5 eixos de analise deste diagnostico
habitacional permite algumas breves considerações de síntese:
 Visualizou-se através do processo de ocupação e urbanização de Vila Velha, no
contexto de expansão da capital e formação da região metropolitana os
impactos sócio-ambientais gerados e a sua influencia na atual conformação das
questões habitacionais hoje encontradas;
 Observou-se ainda os indicadores da continuidade do crescimento populacional
junto ao modelo de desenvolvimento que ainda não se mostrou capaz de dar
conta da inclusão habitacional e urbana dos setores mais vulneráveis e de menor
renda, demandando por políticas publicas que também ainda não alcançaram
resultados efetivos;
 Visualizou-se que ao longo da historia da produção habitacional de interesse
social, Vila Velha ainda não apresentou uma política consistente para o
enfrentamento do quadro de necessidades habitacionais identificado;
 Quantificou-se um quadro de déficit com dois recortes de renda, onde mesmo o
de menor magnitude vai exigir uma capacidade de produção habitacional que
extrapola as atuais condições institucionais dadas;
 Encontrou-se, contudo, um quadro favorável na relação com os agentes sociais e
privados que hoje tem espaço e financiamento para a produção habitacional;
 Verificou-se que a insuficiência da produção habitacional empreendida associada
a um processo histórico de produção informal do lote por agentes públicos e
privados resultou em grave quadro de irregularidade fundiária e de ocupação de
áreas inadequadas que vão demandar do município uma política consistente de
regularização fundiária que passa pela qualificação da gestão das ZEIS já
demarcadas e pela demarcação de novas ZEIS;
 Os assentamentos precários, as ocupações em áreas fragilizadas e de risco, e
setores de precária urbanização e carência de serviços específicos como a
Grande Terra Vermelha e a Grande Santa Rita, áreas que tem sido priorizadas

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nas ações de drenagem e de urbanização permanecem como dois grandes focos


de concentração dos problemas habitacionais.
O conjunto de dados levantados e analisados demonstram que o enfrentamento das
questões habitacionais em Vila Velha, são de grande magnitude, e vão exigir uma mudança
da postura até então assumida pela gestão municipal. A habitação deverá constituir-se em
pauta prioritária das ações e investimentos futuros concebida dentro de um planejamento e
processo de gestão estratégico, proativo, que coloque o tema habitacional articulado às
demais questões territoriais e do desenvolvimento. Considera-se que os elementos até aqui
levantados são suficientes para o debate dos cenários que se pretende alcançar através de
uma política habitacional mais efetiva instruída pelo PLHIS. Este será o desafio da próxima
etapa de trabalho – a elaboração do Plano de Ação.

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MAPAS TEMÁTICOS

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