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PREFEITURA MUNICIPAL DE GUAMARÉ/RN

PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE GUAMARÉ/RN

PRODUTO 2 – DIAGNÓSTICO TÉCNICO-PARTICIPATIVO

VOLUME I - ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS, CULTURAIS, AMBIENTAIS E DE


INFRAESTRUTURA

AGOSTO/2012

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 1


EQUIPE TÉCNICA

COORDENAÇÃO

Ms. Flaviane de Oliveira Silva Magalhães Ferraz

Tecnóloga Ambiental, Mestre em Engenharia Sanitária

Amanda F. G. Posenatto

Turismóloga, Especialista em Gestão Ambiental Urbana

CONSULTORES TEMÁTICOS

Carlos de Souza Junior

Engenheiro Civil, Especialista em Engenharia Sanitária

CREA: 210066471-9

Raulyson Ferreira de Araújo

Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia Sanitária

CREA: 210468049-2

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 2


Danilo Luiz de Magalhaes Ferraz

Tecnólogo Ambiental, Especialista em Engenharia Sanitária

CREA: 210632671-8

Especialista em Meio Ambiente

Msc. Leonlene de Souza Aguiar

Geógrafo - CREA: 210573926-1

Jéssica Domingos
Tecnóloga Ambiental

Profissional da Área de Arquitetura e Urbanismo

Kyvia Brandão Cavalcanti Gomes

Arquiteta e Urbanista

CAU: 117781-8/ CREA: 210922258-1

Profissionais do Direito

Flávio José Silva Dantas

Advogado - OAB: 4086

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Ms. Fábio Ricardo Silva Góis

Advogado - OAB: 2724

Marcelo Maranhão Alves Cardoso

Advogado - OAB: 6306

Profissionais da Área de Ciências Sociais

Ms. Keila Brandão Cavalcanti

Socióloga, Mestre em Administração de Empresas

Ms. Thalita Costa da Silva

Cientista Social, Mestre em Ciências Sociais

Profissionais da Engenharia Civil

Thais Bezerra de Faria

Engenheira Civil - CREA: 210393001-0

Maria Eleonora Silva

Engenheira Civil - CREA: 2103408780

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Profissional de Geoprocessamento

José Petronilo da Silva Júnior

Geógrafo, Especialista em Geoprocessamento

CREA: 210145208-1

APOIO TÉCNICO

Priscila Lopes da Silva

Geógrafa - CREA: 2110691743

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EQUIPE TÉCNICA DO MUNICÍPIO DE GUAMARÉ/RN:

COMITÊ DE COORDENAÇÃO

REPRESENTANTES DO PODER PÚBLICO

WIDNES ROBERT ALVES DA SILVA

Representante da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos

FRANCISCO ADRIANO HOLANDA DIÓGENES

Representante da Secretaria Municipal de Saúde

JOSÉ ADÉCIO COSTA FILHO

Representante da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo

JEFFERSON SOARES DE OLIVEIRA

Representante da Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento


Integrado

REPRESENTANTES DA SOCIEDADE CIVIL

FRANCISCO CANINDÉ DOS SANTOS SILVA

Representante das Comunidades

KELLEY MARGARETH TEIXEIRA

Representante do Empresariado

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EDEÍLSON DA COSTA MATIAS

Representante das Prestadoras dos Serviços de Saneamento

TELMA NUNES GASPAR

Representante dos Movimentos Sociais

COMITÊ EXECUTIVO

JORGE EDUARDO FERNANDES

Representante da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos

ALDA MARIA DE MIRANDA

Representante da Secretaria Municipal de Saúde

ANDREA ADVINCULA DA COSTA

Representante da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo

CLÁUDIO GERALDO CHAVES

Companhia de Águas e Esgotos do RN

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 7


SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.........................................................................................................................12

LISTA DE TABELAS.........................................................................................................................14

LISTA DE QUADROS.......................................................................................................................15

APRESENTAÇÃO.............................................................................................................................16

1. INTRODUÇÃO AO PLANO DE SANEAMENTO DE GUAMARÉ.......................................17

2. HISTÓRICO DO MUNICÍPIO...................................................................................................18

3. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO MUNICÍPIO.......................................................................21

3.1. Localização.............................................................................................................................21

3.2. Geologia..................................................................................................................................24

3.2.1. Formação Jandaíra............................................................................................................26

3.2.2. Grupo ou Formação Barreiras.........................................................................................26

3.2.3. Formação Potengi..............................................................................................................27

3.2.4. Formação Tibau.................................................................................................................27

3.2.5. Depósitos Flúvio-marinhos...............................................................................................27

3.2.6. Depósitos Litorâneos de Praias e Dunas.......................................................................27

3.2.7. Depósitos Aluvionares.......................................................................................................28

3.2.8. Depósitos de Mangue.......................................................................................................28

3.3. Pedologia................................................................................................................................29

3.4. Vegetação...............................................................................................................................33

3.5. Clima........................................................................................................................................41

3.6. Hidrologia................................................................................................................................46

4. ASPECTOS SOCIOECONOMICOS.......................................................................................50

4.1. População...............................................................................................................................50

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 8


4.1.1. Evolução.............................................................................................................................50

4.1.2. Estrutura etária da população..........................................................................................52

4.1.3. Densidade Demográfica...................................................................................................53

4.1.4. Distribuição da População................................................................................................54

4.2. Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)........................................................................55

4.3. Economia................................................................................................................................56

4.3.1. Atividades Econômicas.....................................................................................................57

4.3.2. Evolução Econômica.........................................................................................................59

4.3.3. Desempenho Setorial........................................................................................................62

4.3.4. Estrutura do Emprego Formal..........................................................................................64

4.4. Habitação................................................................................................................................68

4.5. Programas Sociais.................................................................................................................70

5. SERVICOS PÚBLICOS............................................................................................................71

5.1. Educação................................................................................................................................71

5.1.1. População em idade escolar............................................................................................73

5.1.2. Análise de indicadores de desempenho.........................................................................75

5.1.3. Programas de educação...................................................................................................76

5.2. Saúde......................................................................................................................................77

5.2.1. Doenças Notificáveis.........................................................................................................77

5.2.1.1. Diarréia............................................................................................................................78

5.2.1.2. Incidência de outras doenças relacionadas a deficiências no saneamento..........79

5.2.1.3. Desnutrição Infantil........................................................................................................80

5.2.2. Programas de Saúde........................................................................................................81

5.3. Comunicação..........................................................................................................................82

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 9


5.4. Esportes, lazer e cultura.......................................................................................................82

5.4.1. Esporte e Lazer..................................................................................................................82

5.4.2. Artesanato...........................................................................................................................82

5.4.3. Patrimônio Histórico e Cultural.........................................................................................83

5.4.4. Organização Social............................................................................................................86

5.5. Segurança Pública.................................................................................................................88

5.6. Energia elétrica......................................................................................................................88

5.7. Pavimentação.........................................................................................................................88

5.8. Transporte...............................................................................................................................88

6. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO...............................................................................................89

6.1. Ocupações Especiais............................................................................................................89

6.1.1. Faixa de Praia....................................................................................................................89

6.1.2. Áreas Subnormais.............................................................................................................90

6.1.3. Assentamentos Agrícolas (Reforma Agrária).................................................................93

6.1.4. Assentamento Lagoa de Baixo........................................................................................94

6.1.5. Assentamento Santa Paz.................................................................................................94

6.1.6. Assentamento Santa Maria III..........................................................................................94

6.2. Morfologia Urbana.................................................................................................................95

6.2.1. Tecido Urbano....................................................................................................................96

6.2.2. Traçado e Parcelamento...................................................................................................97

7. ESTRUTURA FUNIDÁRIA.......................................................................................................99

REFERÊNCIAS...............................................................................................................................101

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 10


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01: Partie De La Guyane Et Littoral Du Brésil Depuis La Guyan


Jusqu’au Rio Real

FIGURA 02: Localização Do Município De Guamaré

FIGURA 03: Mapa De Geologia De Guamaré.

FIGURA 04: Representação Simplificada dos Horizontes do Solo

FIGURA 05: Mapas de Solos de Guamaré/RN – Baixo Detalhe

FIGURA 06: Mapa de Monitoramento da Vegetação de Caatinga de Guamaré

FIGURA 07: Ocorrência Da Desertificação No Rn

FIGURA 08. Exemplos de Formações Vegetais Presentes no Município de


Guamaré

FIGURA 09: Mapa De Clima De Guamaré

FIGURA 10: Mapa de Precipitação Acumulada no Rio Grande do Norte Entre


Janeiro e Julho de 2012

FIGURA 11: Recursos Hídricos Superficiais (Simplificado) de Guamaré

FIGURA 12: Vista Parcial Da Cidade De Guamaré E Entorno, Mostrando Parte


Dos Recursos Hídricos Do Município.

FIGURA 13: Qualidade das Águas Subterrâneas em Guamaré Conforme a


Situação do Poço.

FIGURA 14: Gráfico da Evolução da População nos Anos de 1980, 1991, 2000 e
2010.
Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 11
FIGURA 15: Gráfico da Pirâmide Etária do Município de Guamaré em 2010

FIGURA 16: Gráfico da Distribuição da População por Zona do Município de


Guamaré em 2010

FIGURA 17: IDH Municípios da Microrregião de Macau/RN

FIGURA 18: Fluxo do Pagamento dos Royalties

FIGURA 19: Gráfico do Índice do Produto Interno Bruto do Rio Grande do Norte
e Guamaré (Dez/2000=100)

FIGURA 20: Organograma Ligado Às Atividades De Saneamento Básico De


Guamaré

FIGURA 21: Edificação Com 04 (Quatro) Pavimentos Localizados Na Sede

FIGURA 22: Notificações De Diarréia Aguda Entre Os Anos De 2009 E 2012*

FIGURA 23: Agravos Notificados entre os Anos de 2009 e 2012*

FIGURA 24: Porcentagem De Crianças De Até Dois Anos Desnutridas,


Atendidas Nas Unidades De Saúde, Entre 2009 E 2012*

FIGURA 25: Igreja Nossa Senhora Da Conceição, Guamaré/RN

FIGURA 26: Foto Da Ilha Do Presídio

FIGURA 27: Foto De Edificações Em Áreas Subnormais

FIGURA 28: Casas Da Comunidade Nova Jerusalém

FIGURA 29: Assentamentos Subnormais, Na Área Urbana

FIGURA 30: Foto Aérea de Baixa do Meio - Identificação do Traçado das Vias e
Formas de Ocupação do Território

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 12


FIGURA 31: Áreas sem Definição Clara dos Limites dos Lotes

FIGURA 32: Vista Aérea do Assentamento Rural de Santa Paz

LISTA DE TABELAS

TABELA 01. Produto Interno Bruto do Rio Grande do Norte e Guamaré 1999-
2008 (Em Mil Reais Dez/2000=100)

TABELA 02. Participação Relativa do Produto Interno Bruto de Guamaré (%)


1999-2008

TABELA 03. Produto Interno Bruto Per Capita Rio Grande do Norte e Guamaré
1999-2009 (Dez/2000=100)

TABELA 04. Participação Dos Grandes Setores No Valor Adicionado Bruto De


Guamaré 1999-2008 (Em %)

TABELA 05. Emprego Formal Segundo Setores Da Atividade Econômica No


Município De Guamaré (%) – 1990-2010

TABELA 06: Matrículas Nas Instituições De Ensino De Guamaré, 2009.

TABELA 07: Docentes nas Instituições de Ensino de Guamaré, 2009.

TABELA 08: Pessoas De 5 Anos Ou Mais De Idade Alfabetizadas Segundo


Grupos De Idade

TABELA 09: Indicadores De Rendimento/Movimento Escolar De Guamaré

TABELA 10. Principais Localidades Do Município, Segundo Quantidade


Aproximada De Edificações

LISTA DE QUADROS

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 13


QUADRO 01: Distritos de Guamaré, localização e distância da Sede

QUADRO 02: Média da precipitação acumulada (mm) entre 1961 a 2010 na


estação de Macau, por trimestre.

QUADRO 03 – Oferta De Programas Sociais Em Guamaré/RN

QUADRO 04. Instituições De Ensino De Guamaré, Segundo Localidade E Nível


Educacional

QUADRO 05: População Em Idade Escolar De Guamaré

QUADRO 06. Abrangência do PSF

QUADRO 07: Programas De Saúde Em Atividade No Município De Guamaré

QUADRO 08: Quadro De Eventos De Guamaré

QUADRO 09: Grupos Socioculturais De Guamaré

QUADRO 10: Associações Presentes Em Guamaré

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 14


APRESENTAÇÃO

O presente documento consiste no Produto 2.1 - Diagnóstico de Limpeza Urbana e


Manejo de Resíduos Sólidos de Guamaré/RN, componente do Diagnóstico Técnico
Participativo do Plano Municipal de Saneamento Básico de Guamaré/RN, cujo
processo de elaboração é coordenado pela Prefeitura por meio da Secretaria de
Meio Ambiente, assessorada pela START Consultoria e Pesquisa.

O diagnóstico é a base orientadora do PMSB. Abrange os quatro componentes do


saneamento básico, consolidando informações sobre as condições dos serviços,
quadro epidemiológico e de saúde, indicadores socioeconômicos e ambientais, além
de toda informação correlata de setores que se integram ao saneamento.

O diagnóstico Técnico Participativo integra os relatórios listados a seguir,


destacando-se o objeto do presente estudo:

 Produto 2.1: Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e


de Infraestrutura;
 Produto 2.2: Políticas do Setor de Saneamento;
 Produto 2.3: Infraestrutura de Abastecimento de Água;
 Produto 2.4: Infraestrutura de Esgotamento Sanitário;
 Produto 2.5: Infraestrutura de Manejo de Águas Pluviais;
 Produto 2.6: Infraestrutura de Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos
Sólidos.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 15


1. INTRODUÇÃO AO PLANO DE SANEAMENTO DE GUAMARÉ

O setor de saneamento foi regulamentado, em 2007, pela Lei nº. 11.445 (Política
Nacional de Saneamento Básico) que estabeleceu as diretrizes nacionais para
prestação dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem
urbana e manejo de águas pluviais e limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

De acordo com esse diploma legal, os serviços públicos de saneamento básico


deverão ser prestados com base nos princípios da eficiência e sustentabilidade
econômica, controle social, segurança, qualidade e regularidade, buscando
fundamentalmente a universalização dos serviços, isto é, o atendimento de todos os
domicílios ocupados pelos serviços de saneamento básico.

O alcance dessa meta será atingida mediante o planejamento dos serviços, cabendo
aos municípios elaborarem seus planos de saneamento básico, instrumento que
traçará as diretrizes, objetivos, metas e ações para um horizonte de 20 anos, sendo
revisados a cada quatro.

Nesse sentido, o decreto nº. 7.217/2010 estabelece que a partir do exercício


financeiro de 2014, a existência de plano de saneamento básico, elaborado pelo
titular dos serviços, será condição para o acesso a recursos orçamentários da União
ou a recursos de financiamentos geridos ou administrados por órgão ou entidade da
administração pública federal, quando destinados a serviços de saneamento básico.

Visando atender as recomendações legais e, sobretudo, fomentar a melhoria da


prestação dos serviços de saneamento básico à população, a Prefeitura de
Guamaré/RN, com recursos próprios, contratou por meio de processo licitatório a
START Consultoria e Pesquisa para assessorar no processo de elaboração do seu
plano municipal de saneamento básico, nos moldes do Termo de Referência da
Fundação Nacional de Saúde – FUNASA.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 16


A fim de concretizar o concretizar o princípio do controle social, o PMSB será
elaborado em consonância com os anseios da população guamareense que
participará do processo por meio de oficinas temáticas e audiências públicas. O
PMSB será elaborado em quatro etapas: 1ª - Plano de trabalho e plano de
mobilização social; 2ª - Diagnóstico técnico participativo; 3ª - Prospectiva e
planejamento estratégico, programas, projetos e ações e plano de execução; 4ª -
Indicadores de desempenho, sistema de informações e minuta do projeto de lei.

2. HISTÓRICO DO MUNICÍPIO

No contexto do Rio Grande do Norte, Guamaré é um dos mais antigos municípios,


sendo sua área considerada, desde os primórdios da colonização, indutora de
desenvolvimento econômico e social, principalmente através da produção salineira
(CANDÉAS, 2010).

A invasão do litoral brasileiro pelos corsários franceses no início do sistema das


Capitanias Hereditárias marcou o período colonial. De acordo com Candéas (2010),
“Guamaré esteve presente quando teve seu nome incluído no Mapa do cartógrafo
francês, Jacques de Vaulx, de Claye, datado de 1579, intitulado “Partie de La
Guyane et Littoral du Brésil Depuis la Guyan Jusqu’au Rio Real” (Figura 01),
retratanto o litoral da Bahia ao maranhão. Este documento, indica a importância
estratégica de Guamaré desde os primeiros registros da história do Rio Grande do
Norte que se tem notícia.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 17


FIGURA 01 - Partie De La Guyane Et Littoral Du Brésil Depuis La Guyan
Jusqu’au Rio Real
Fonte: CANDEAS, 2010.

Em seguida, Guamaré surge novamente como cenário da passagem do Capitão


Pero Coelho de Souza durante sua fuga do Ceará, o qual tentou colonizar, mas não
obteve êxito: foi atacado por tribos de índios ferozes e fugiu para a região onde
atualmente localiza-se Guamaré, salvando a si e a seus homens graças ao consumo
de aratus crus e de água-maré.

Durante a invasão holandesa, Guamaré foi amplamente citado nos documentos


históricos, pois ali se localizavam as salinas naturais que tiveram a primeira
experiência de exploração por “sal aprisionado em rego”, realizado pelo Capitão
Albert Smient, a qual transformou Guamaré em área estratégica, ambicionada tanto
pelas Capitanias do Ceará, quanto pelas Capitanias do Rio Grande do Norte
(MEDEIROS FILHO, 2003).

Entretanto, foi após a expulsão dos holandeses que se iniciou a doação de


Sesmarias, e com elas os comerciantes e militares receberam as terras salineiras
localizadas entre Guamaré e Mossoró. Com o processo de interiorização, Guamaré

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 18


pertenceu à Assu, Angicos e Macau. Em 1837, Guamaré tentou se tornar Villa
Imperial, mas só obteve a emancipação de Macau em 1962.

Após sua emancipação, Guamaré passou por uma longa fase de estruturação
administrativa, porém, a descoberta de petróleo na região litorânea e a localização
estratégica de seu porto passaram a trazer impactos ambientais, econômicos e
sociais, que ocasionaram uma brusca inserção de valores tecnológicos, sociais e
culturais, promovendo uma descaracterização na população local (CANDÉAS,
2010).

Analisando o conjunto de relações que envolveram Guamaré desde o período


colonial, observa-se que diversos elementos contribuíram para sua forte atuação na
história do Rio Grande do Norte: a concentração de salinas naturais, o parque
petrolífero, a abundância de peixes e crustáceos, rios e mangues, apresentar
potencial turístico, dentre outros. Tais elementos atraíram pessoas com interesses
diversos que buscaram fazer a vida em Guamaré.

A terra e o povo, sempre acolhedores, receberam de braços


abertos os visitantes. Observa-se, no entanto, que apesar da
grande contribuição deixada por essas pessoas, elas sempre
levaram mais do que deixaram no município. Isso demonstra
que a cidade é fonte permanente de riqueza. Apesar de ser
politicamente ativa, Guamaré não tem história de luta ramada,
guerra, fome ou tragédias naturais. É um lugar abençoado
(CANDÉAS, 2010)

É notório que o município vem se modificando, e junto com o seu crescimento a


demanda por novas necessidades vem surgindo. Uma grande preocupação é
manter a diversidade ambiental encontrada no município e preservar seus recursos
naturais sem impedir o desenvolvimento. O desafio é buscar nos instrumentos de
planejamento urbano, formas de minimizar os impactos e maximizar os benefícios
oriundos do processo de urbanização.
Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 19
3. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO MUNICÍPIO

3.1. Localização

O município de Guamaré, fundado em 20 de agosto de 1605, localiza-se no litoral


setentrional do estado do Rio Grande do Norte e pertence à Microrregião de Macau,
à Mesorregião Central e à Zona Homogênea Mossoroense. Possui uma extensão
territorial de 259 km² (0,49% do território estadual) e dista 165 quilômetros da capital
do estado, Natal.

As coordenadas geográficas indicam que o município possui latitude de 5º 34’ 36”


Sul e longitude de 36º 54’ 31” Oeste, conforme mostra a Figura a seguir:

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 20


FIGURA 02: Localização Do Município De Guamaré
Elaboração: Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2012.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 21


Em relação a sede dos municípios vizinhos, a sede de Guamaré, que possui 3
metros de altitude, está 46,7 km distante de Pedro Avelino, 5,3 km de Galinhos e
34,8 km de Macau, municípios localizados a sul, leste e oeste, respectivamente.
Limita-se ao norte com o Oceano Atlântico, possuindo assim, grande potencial
salineiro e turístico.

Com uma população estimada em 12.404 habitantes segundo o último censo


realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de
Guamaré é composto de 13 distritos, conforme ilustra o Quadro 01, que apresenta
também, a distância entre estes e a sede municipal:

QUADRO 01: Distritos de Guamaré, localização e distância da Sede

Distrito Distância da sede (km)


Vila Maria 0,880
Ponta de Salina 4,669
Salina da Cruz 4,293
Quilombo 4,335
Lagoa Seca 3,295
Mangue Seco I 8,598
Mangue Seco II 10,192
Lagoa Doce 11,396
Baixa do Meio 16,323
Santa Paz 17,095
Santa Maria 16,057
Lagoa de Baixo 7,978
Canto do Amaro 3,772
Morro do Judas 3,669

Organização: Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2012.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 22


3.2. Geologia

No tocante à classificação geológica do município de Guamaré, pode-se afirmar que


ele está inserido no domínio da Bacia Potiguar. A Bacia Potiguar é resultante dos
esforços extensionais que divergiram as Placas Sul-africana e a Africana durante o
Cretáceo Inferior. Sua configuração fez como que ela fosse recoberta por substratos
sedimentares, que devido às suas características litológicas, hoje culminam,
sobretudo, com a intensa atividade de exploração de recursos energéticos (petróleo
e gás).

Estratigraficamente, o município de Guamaré congrega as formações Jandaíra,


Barreiras, Tibau e Potengi e os Depósitos Flúvio-marinhos e Litorâneos de praia e
dunas móveis, como apresenta a Figura 03. Ainda há os Depósitos Aluvionares e os
Depósitos de Mangue, que por existirem em baixa ocorrência, não foram
representados no mapa devido à escala adotada.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 23


FIGURA 03: Mapa De Geologia De Guamaré.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 24


3.2.1. Formação Jandaíra

Formação geológica constituída por calcarenitos e calcilutitos bioclásticos, cinza


claros e amarelados, com níveis evaporíticos 1 na base, depositados em extensa
planície de maré e numa plataforma rasa, carbonática, apresentando uma área de
exposição que se estende desde o litoral leste do estado do Rio Grande do Norte até
o estado do Ceará. Essa geologia faz parte do denominado Grupo Apodi, o qual
compreende também o Arenito Assú.

Estratigraficamente, o calcário da formação está sobre o arenito e consiste de dois


tipos: o calcário calcítico de cor cinza claro a branca, ou amarelada de granulação
fina a média e, o calcário dolomítico cinza ou amarelo de granulação em geral mais
grossa. Em função de sua característica evaporítica, solúvel em água, podem ser
encontradas áreas de interesse espeleológico, tais como grutas e cavernas, apesar
de não ter sido registrada nenhuma dessas áreas em Guamaré.

3.2.2. Grupo ou Formação Barreiras

Composição de arenitos finos a médios, ou conglomeráticos, com intercalações de


siltitos e argilitos, dominantemente associados a sistemas fluviais, ou seja, é
constituída, basicamente, de sedimentos areno-argilosos não consolidados. Por ser
uma formação mais recente do que a Formação Jandaíra, a Formação Barreiras
nessa área, assenta-se diretamente sobre o calcário. Nunes (2006, p. 23) classifica
a Formação Barreiras como uma rocha sedimentar que apresenta sedimentos de
areia, silte, argila, conglomerados e seixos arredondados de quartzo e limonita,
granulometricamente mal selecionados com certo grau de compactação e oxidação,
os quais tendem a aumentar nas proximidades do litoral, formando os blocos de
lateritas ferruginosas.

1
Evaporitos, formados pela precipitação de sais, quando a água se encontra saturada.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 25


3.2.3. Formação Potengi

A Formação Potengi ocupa uma pequena porção do município de Guamaré. Tal


unidade data do pleistoceno, há aproximadamente 180.000 anos, e sua constituição
é de sedimentos de cor avermelhada predominantemente arenosa, bastante
susceptível a ação eólica, os quais estão, geralmente, sobrepostos aos sedimentos
da Formação Barreiras.

3.2.4. Formação Tibau

Essa formação é a de menor representatividade em relação às demais. Ela tem


idade associada do Neo-campaniano ao holoceno e é composta, em geral, por
arenitos de granulometria grossa, sobrepostos às formações Jandaíra e Barreiras.

3.2.5. Depósitos Flúvio-marinhos

Constituídos por sedimentos de areias e siltes, com granulometria que varia de


média a fina e coloração esbranquiçada e cinza. De acordo com Angelim (2006),
esses depósitos foram originados pela influência integrada dos rios e das marés, de
modo que geralmente formam ilhas nos baixos cursos das principais drenagens. No
caso do município de Guamaré, Silveira (2002) destaca que, a deposição de
sedimentos ocorre no período de estação chuvosa, no qual esses depósitos são
inundados pelo transbordamento das águas dos canais de maré e do rio
Camurupim.

3.2.6. Depósitos Litorâneos de Praias e Dunas

Formados por areias finas e grossas, com níveis de cascalho, associadas às praias
atuais, dunas móveis e planícies de deflação, encontrando-se os sedimentos bem
selecionados.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 26


3.2.7. Depósitos Aluvionares

Os depósitos aluvionares caracterizam-se pela ocorrência de areias com


granulometria variável de grossa a fina, argilas, cascalhos e sedimentos
sílticoargilosos inconsolidados. De uma maneira geral, formam depósitos de
pequena extensão nas várzeas dos rios. No município de Guamaré estão
assentados, sobretudo, nas proximidades do rio Camurupim.

3.2.8. Depósitos de Mangue

Por fim destacam-se os depósitos de mangue, constituídos por sedimentos de areias


finas, siltes, argilas e destaque para o material orgânico lamoso.

Por fim, o Perfil do Município do IDEMA (2000), faz uma correlação dos usos que
podem ser feitos segundo as potencialidades geológicas do município, ao se
associar alguns recursos minerais, como os descritos na sequência:

I − nas áreas de exposição do Jandaíra a potencialidade é para a presença de


calcários cálcicos e magnesianos, bastante utilizados na indústria do cimento, cal,
corretivo agrícola e complemento alimentar para animais. O material é propício,
ainda, para a exploração de rochas ornamentais voltadas para a constituição de
pisos e revestimentos, britas e pedras dimensionadas para construção civil, extração
de gipsita e argilas que são utilizadas pela indústria do cimento e gesso agrícola;

II − as áreas de afloramento das rochas calcárias, por vezes, são exploradas para
extração de pedras utilizadas em calçamentos de vias. Apesar de a atividade ser
considerada incipiente no contexto municipal, devem ser adotados critérios de
procedimento para evitar a degradação ambiental, estando à atividade sujeita ao
licenciamento ambiental;

III − as relacionados às Barreiras, são aproveitados os cascalhos para a construção


civil, seixos e calhaus de calcedônia, utilizado em artesanato mineral e em moinhos
de bolas; e,

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 27


IV − nos Depósitos Litorâneos são encontrados pláceres com rutilo, ilmenita, zircão e
cianita, utilizados em ligas especiais e abrasivos.

3.3. Pedologia

A gênese do solo se dá, através da decomposição da rocha por meio dos


intemperismos químico, físico e biológico. Os solos recobrem as rochas e
desempenham importantes funções para existência dos ecossistemas, além de
influenciarem bastante nas atividades humanas desenvolvidas sobre o território.

Quando se analisa o perfil do solo, variadas propriedades podem ser descritas e a


partir daí podem ser identificados dois ou mais horizontes, que congregam para si
características peculiares. A Figura 04 apresenta, para tanto, o comportamento de
cada horizonte:

FIGURA 04: Representação Simplificada dos Horizontes do Solo


Fonte: Plano Diretor Participativo de Guamaré, 2011.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 28


Na caracterização pedológica de Guamaré, pode-se associar os tipos de solos
encontrados ao clima e à geologia predominantes no município.

As principais classes de solos encontradas no município de Guamaré são: Podzólico


Vermelho-Amarelo eutrófico (Argissolo Vermelho-Amarelo), Areias Quartzosas
distróficas e marinhas (Neossolos Quartzarênicos) e Solonchack (Gleissolo Sálico),
podendo ainda ser verificada a presença isolada do Cambissolo eutrófico.

A Figura 05 apresenta o mapa de solos de Guamaré, espacializando as classes de


solo acima referenciadas, exceto as classes do solo Podzólico e Cambissolo, haja
vista a sua reduzida ocorrência no território do município, não possibilitando ser
detalhado no mapa devido à escala adotada.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 29


FIGURA 05: Mapas de Solos de Guamaré/RN – Baixo Detalhe
Fonte: Adaptado do mapa da EMBRAPA, 2012

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 30


Os solos Podzólicos ou Argissolos (EMBRAPA, 2006), são solos constituídos
principalmente por material mineral, apresenta o horizonte “B” espódico com
acumulação de argilas iluviais. A maioria dos horizontes espódicos e os horizontes
suprajacentes apresenta elevada condutividade hidráulica, porém o horizonte
espódico pode apresentar variação abrupta nos teores de argila, dificultando a
percolação da água e favorecendo o escoamento superficial e subsuperficial na
zona de contato entre os diferentes materiais. Possuem drenagem de moderada a
imperfeita e são medianamente profundos. Esses solos apresentam boa fertilidade,
sobretudo, quando localizados sobre relevo suavemente ondulado ou plano,
podendo ser utilizados pela agricultura, principalmente para cultivo de algodão,
feijão, milho, mandioca e palma forrageira. A maior limitação para a atividade é a
deficiência de água, em função dos períodos de estiagem que ocorrem na região.

As Areias Quartzosas Marinhas (Neossolos Quartzarênicos – EMBRAPA, 2006)


são de origem marinha, depositadas pela ação dos ventos, formando as dunas e
campos dunares, além das planícies de deflação. Apresentam um horizonte “A”
pouco desenvolvido, com baixo teor de matéria orgânica, encontrados geralmente
quando há presença de vegetação. São excessivamente drenados e muito
profundos, com nível de acidez elevado e baixa fertilidade, o que torna esse tipo de
solo fortemente limitado para o uso agrícola.

As Areias Quartzosas distróficas ou Neossolos Quartzarênicos (EMBRAPA,


2006) são solos areno-quartzosos, de coloração vermelha, amarela e branca,
bastante profundos (acima de 2 metros), bastante drenados, ácidos e fertilidade
natural muito reduzida.

Em relação às opções de uso desse solo, podemos citar o desenvolvimento de


atividades agrícolas direcionadas ao plantio de cajueiros e coqueiros, por exemplo,
havendo predominância do cultivo de cajueiros, em Guamaré.

Solonchacks ou Gleissolos Sálicos (EMBRAPA, 2006) são solos caracterizados


por sua salinidade, pouca profundidade, imperfeição na drenagem, podendo ser
Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 31
originados de sedimentos argilosos e arenosos. Não são utilizados para práticas
relacionadas à agricultura, em razão de sua composição química rica em sulfatos.
Todavia, estão sendo utilizados pela carcinicultura e por salinas, pois são
encontrados em áreas baixas (várzeas) desse litoral, além de receberem influência
das marés.

Por fim, os Cambissolos com textura que varia de arenosa a argilosa, e de rasos a
profundos. Possuem uma alta fertilidade natural, rico em nutrientes para as plantas,
e PH que vai de neutro a alcalino. São originários a partir do calcário, e apresentam
cores geralmente amareladas, avermelhadas, acinzentadas e bruno-escuro.
Quando irrigados podem tornar-se bem produtivos com culturas de milho, feijão,
mamona e algodão ou servir para a fruticultura.

Os solos do município de Guamaré, com exceção das Areias Quartzosas Marinhas e


dos Solonchacks, se prestam para a agricultura, apesar de alguns deles exigirem
corretivos agrícolas e ser necessário o auxílio da irrigação naquela região, devido às
irregularidades das chuvas e alto índice de evapotranspiração. Os solos férteis,
agregados ao relevo predominantemente plano, favorecem a presença dos
assentamentos rurais, apesar da necessidade de técnicas de manejo do solo e
eficiente sistema de abastecimento de água para consumo e irrigação, tendo em
vista os poços da região quase sempre apresentarem água salina ou salobra
impróprias para a agricultura.

3.4. Vegetação

As informações apresentadas nesse item foram extraídas do Relatório intitulado


Leitura da Cidade e do Território, estudo integrante do Plano Diretor de Guamaré. A
vegetação mais importante e onipresente no município é a Savana Estépica
(Caatinga), que retrata, em sua fisionomia decidual e espinhosa pontilhada de
cactáceas e bromeliáceas, os rigores da secura, do calor e luminosidade tropicais.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 32


As variações fisionômicas da Caatinga verificam-se não só de um lugar para outro
como também em um mesmo local, conforme a estação do ano (período chuvoso e
seco). Numa época a caatinga está despida, cinzenta e espinhosa, em outra,
encoberta de imenso e novo verde que emana da enorme quantidade de pequenas
folhas. Essa alteração durante o período seco ocorre para evitar a perda de água
pela evapotranspiração, fato típico de uma vegetação caducifólia.

A metodologia adotada, da classificação do tipo de vegetação, considerou as


regiões fitoecológicas trabalhadas pelo IBGE (2004), o qual se utilizou de um
sistema fisionômico2-ecológico3 de classificação da vegetação brasileira. Nessa
classificação, a Savana-Estépica é o termo empregado para generalizar a Caatinga
Nordestina e outras coberturas vegetais brasileiras. É caracterizado pela dupla
estacionalidade: seca e úmida. De acordo com esta classificação, a savana estépica
pode ser dividida nos seguintes subtipos: Savana Estépica Florestada, Savana
Estépica Arborizada, Savana Estépica Parque e Savana Estépica Gramíneo-
lenhosa.

Para o município de Guamaré, a característica vegetal remete-se a Savana Estépica


Arborizada (Caatinga arbustivo-arbórea), apesar de grandes áreas já terem sido alvo
de intervenções humanas, a partir da transformação do espaço para execução de
atividades, principalmente, as ligadas à agropecuária e extração de madeira e lenha.

Essa cobertura vegetal ocorre principalmente na porção setentrional do Rio Grande


do Norte e é facilmente identificada pela sua fisionomia, pois apresenta porte baixo e
dossel irregular, cuja altura não ultrapassa os 05 (cinco) metros. Algumas árvores
chegam a atingir 07 (sete) a 08 (oito) metros de altura. É uma vegetação densa e de
estrutura irregular, muitas vezes formando moitas e descobrindo parcialmente o
solo, além de perderem suas folhas durante a maior parte do período seco.

2
Fisionômico: na Ecologia significa o caráter dado a uma comunidade vegetal pela forma biológica de seus componentes; O
termo ainda pode ser sinônimo de feição, aspecto.

3
Relativo à ecologia, que trata da parte da biologia que estuda as relações entre os seres vivos e o meio ambiente em que
vivem bem como as suas recíprocas influências.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 33


Algumas espécies vegetais importantes pela abundância e/ou pela exclusividade na
Savana Estépica Arborizada, segundo Nunes (2006): Anadenanthera collubrina
(angico), Astronium urundeuva (aroeira), Auxema glazioviana, Auxemma oncocalyx
(pau-branco), Bocoa mollis (café-bravo), Caesalpinia gardneriana (catingueira),
Cnidoscolus phyllacanthus (faveleira), Combretum leprosum (mofumbo),
Commiphora leptophloeos (imburana), Guapira laxa (joão-mole), Piptadenia
moniliformis (catanduba), Cereus jamacaru (mandacaru), Euphorbia tirucalli (aveloz),
Cydonia oblonga (marmeleiro), Urtica dióica (Urtiga).

De acordo com o Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte (IDEMA, 2008), bem
como no Perfil do Município de Guamaré (IDEMA, 2009), foram identificados dois
tipos de formação vegetal em Guamaré: Caatinga Hipoxerófila (arbustivo-arbórea) e
Formação de Praias e Dunas.

a) Caatinga Hipoxerófila - vegetação de clima semiárido apresenta arbustos e


árvores com espinhos e de aspecto menos agressivo do que a Caatinga
Hiperxerófila. Tem por característica a completa ausência de folhagem em grande
parte da estação seca e a dificuldade de penetração em função de sua densidade. O
Ministério do Meio Ambiente tem realizado o monitoramento acerca dos
desmatamentos dos biomas do Brasil. Dados recentes quantificaram as áreas do
Bioma Caatinga (Figura 06), com detalhes para o Estado do Rio Grande do Norte,
que foram alvo de desmatamento, compreendidos o período de 2002 a 2008.

Para o caso específico do Rio Grande do Norte, foi identificada uma área
desmatada, entre o período comentado, de 1.142 km², indicando que os municípios
de Mossoró e Touros foram os que mais tiveram a supressão de vegetação. Antes
disso, já havia sido registrado um desmatamento de 21.418 km². Ou seja, isso
representa o desmatamento do Bioma Caatinga nos limites territoriais do RN, em
quase 50%, já que a área total de caatinga no Estado estende-se por 49.402 km².

Os dados referentes ao desmatamento ocorrido em Guamaré indicam que dos


245,090 km² de caatinga existentes no município, até 2002 haviam sido desmatados
Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 34
114,866 km², e entre 2002 e 2008, um montante de 3,751 km², o que corresponde a
1,53% de desmatamento neste último período.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 35


FIGURA 06: Mapa de Monitoramento da Vegetação de Caatinga de Guamaré
Fonte: Adaptado do Monitoramento de Biomas do MMA (sítio na internet), 2011; Leitura da Cidade e
do Território (Plano Diretor de Guamaré, 2011).

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 36


Os dados são preocupantes, haja vista que, uma vez suprimida a vegetação, a
mesma não se recompõe da mesma maneira, reduzindo cada vez mais a
biodiversidade das espécies, seu porte e densidade. Também deve ser considerado
o fenômeno da desertificação, fato que é acelerado em decorrência das
intervenções antrópicas, caracterizando-se como um processo de degradação
quando não ocorre naturalmente.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 37


FIGURA 07: Ocorrência Da Desertificação No RN
Fonte: Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Recursos Hídricos. Programa de ação de combate à Desertificação e mitigação dos efeitos da seca - PAN
Brasil, 2004, p. 189-194; Leitura da Cidade e do Território (Plano Diretor de Guamaré, 2011).

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 38


A desertificação é a transformação de uma região em deserto pela ação de fatores
climáticos (podendo ser agravado pelo homem). Uma vez consagrado o processo,
pode ocorrer o desaparecimento de toda a atividade humana das áreas afetadas
que aos poucos se transforma em deserto (Figura 07). Deve-se considerar que o
município de Guamaré possui quatro assentamentos rurais que sobrevivem da
agricultura de subsistência e da exploração de monoculturas de cajueiro, e por isso
são necessários cuidados especiais com os solos dessas áreas e das técnicas de
manejo que são adotadas. Atualmente, existe um abastecimento de água através de
sistema de adutora, o que viabiliza os cultivos nessas áreas, extremamente planas,
caso contrário seria difícil o plantio, haja vista a região situar-se numa zona climática
semiárida e rica em água salobra em subsuperfície.

Algumas estratégias que têm sido posta em pauta para o uso sustentável do bioma,
são: desenvolver a educação ambiental, ampliar o ecoturismo, reforçar o papel das
unidades de conservação e, instituição das áreas de reserva legal, este último,
sendo extremamente importante de aplicação em Guamaré, em decorrência da
expansão de atividades, como parques eólicos em extensas faixas de terra, que
exige supressão vegetal, não ficando dispensada a implantação de possíveis áreas
de proteção, onde a vegetação esteja significativamente conservada, além da
implantação da educação ambiental para a população.

b) Formação de Praias e Dunas - vegetação nativa fixadora de areia. A vegetação


que se desenvolve em algumas áreas das dunas móveis e nas praias, quando
aliadas a vegetação das dunas fixas são reconhecidas como vegetação de restinga.
Sua característica principal é que, ocorrendo sobre areias de origem marinha, são
diretamente influenciadas pela salinidade, pelos ventos intensos, pela escassez de
água e resistentes a dinâmica de sedimentos. Ressalta-se que a vegetação que
recobre as dunas é protegida por lei, seja ela restinga ou não, já que é comum a
vegetação de Caatinga atingir o litoral semiárido do RN (FIGURA 08).

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 39


A – Manguezal B – Caatinga Hipoxerófila
FIGURA 08. Exemplos de Formações Vegetais Presentes no Município de Guamaré
Fonte: Prefeitura Municipal, 2004.

Além das formações vegetais de Caatinga e de Praias e Dunas – inclusive restinga,


cabe citar as formações típicas de manguezal, caracterizadas por uma cobertura
bastante uniforme, com árvores de porte médio em sua maioria, e atuam como
produtores de matéria orgânica e nutrientes, servindo de “berçário” para reprodução
de várias espécies da fauna estuarina.

3.5. Clima

Dados climatológicos de Guamaré provenientes do Instituto do Desenvolvimento


Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (IDEMA) indicam que este
município possui Clima Tropical Semiárido (Figura 09). Caracteriza-se por ter 2.400
horas de insolação e umidade relativa média do ar de 68%, devido à influência das
massas de ar equatorial atlântica e continental em conjunto com os ventos alísios de
nordeste.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 40


FIGURA 09: Mapa De Clima De Guamaré
Elaboração: Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2012.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 41


Com temperaturas médias em torno de 27,2 °C, variando com a mínima de 21ºC e a
máxima de 33ºC, as chuvas são escassas e concentradas entre fevereiro e maio,
registrando índices pluviométricos com uma média de 746.0 mm/ano. Tal período
chuvoso tem relação com a atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT),
que se posiciona mais ao sul da linha do Equador (NUNES, 2006).

O Quadro 02 apresenta a média de precipitação por trimestre registrada na Estação


de Macau, responsável pelo registro climatológico da região na qual Guamaré está
inserida.

QUADRO 02: Média da precipitação acumulada (mm) entre 1961 a 2010 na estação de Macau, por
trimestre.

Trimestre Média
jan-fev-mar 215
fev-mar-abr 344
mar-abr-mai 380
abr-mai-jun 297
mai-jun-jul 161
jun-jul-ago 72
jul-ago-set 47
ago-set-out 14
set-out-nov 8
out-nov-dez 12
nov-dez-jan 39
dez-jan-fev 86

Fonte: INMET
Adaptado por: Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2012.

Nota-se, desse modo, que o período que registra menores índices médios
pluviométricos na região na qual Guamaré está inserida é aquele entre os meses de

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 42


setembro e novembro, proporção bastante inferior ao trimestre de março a maio, que
é o de maior incidência de chuvas.

A Figura 10 retrata como tem se apresentado a configuração climática de Guamaré


em relação à precipitação no estado do Rio Grande do Norte no ano de 2012, até o
mês de julho.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 43


FIGURA 10: Mapa de Precipitação Acumulada no Rio Grande do Norte Entre Janeiro e Julho de 2012
FONTE: Adaptado de EMPARN, 2012.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 44


Conforme demonstrado na Figura 09, o município de Guamaré, assim como mais
133 municípios do estado do Rio Grande do Norte, se classifica até então, como
muito seco, apresentando baixas quantis de precipitação e baixos índices de
umidade.

Deve-se atentar para tanto, que é necessário haver um sistema adequado de


drenagem das águas pluviais, pois mesmo que a média anual de precipitação
apresente índices escassos, há concentração das chuvas em determinado período,
não isentando, portanto, o município da responsabilidade de controlar os seus
efeitos.

3.6. Hidrologia

O município de Guamaré é banhado apenas por cursos d’água de ordem


secundária, haja vista que está integralmente inserido na Faixa Litorânea Norte de
Escoamento Difuso (Figura 11).

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 45


FIGURA 11: Recursos Hídricos Superficiais (Simplificado) de Guamaré
Fonte: Adaptado do banco de mapas do IDEMA, 2005.
Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2011.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 46


Dentre os principais recursos hídricos identificados podem ser destacados os rios
Camurupim, Aratuá, Miassaba e os riachos Diamantina e da Mutuca. Já os corpos
de acumulação são as Lagoas Cajarana, Doce, Salgada, de Baixo e do Cravo.

Alguns desses rios e riachos perdem parte de seu volume de água superficial em
decorrência da evapotranspiração ou infiltração nas áreas arenosas (Figura 12). No
período chuvoso, por sua vez, estes cursos passam a aumentar a sua vazão, bem
como sua extensão em relação às margens, ficando as áreas do entorno sujeitas a
inundações.

FIGURA 12: Vista Parcial Da Cidade De Guamaré E Entorno, Mostrando Parte Dos Recursos
Hídricos Do Município.
Fonte: Prefeitura Municipal, 2004.

É de destaque ainda, a vulnerabilidade a alagamentos que as áreas como as


planícies de deflação e áreas recobertas por depósitos eólicos, próximo ao nível do
mar, estão sujeitas. Isto ocorre porque, nessas áreas, o nível do lençol freático é
pouco profundo, potencializando, portanto, o seu afloramento em períodos de chuva.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 47


É importante ainda alertar para o fato de que os usos e ocupações desordenadas às
margens dos rios e lagoas, bem como a inadequada disposição de efluentes e
resíduos sólidos, comprometem a qualidade desses mananciais, enquadrados na
legislação ambiental como sendo Áreas de Preservação Permanente – APP (Lei nº
12.651/2012 e Resolução CONAMA nº 302 e 303/2002).

Em relação à hidrogeologia, Guamaré está enquadrado em dois principais domínios:


o Hidrogológico Intersticial e o Hidrogeológico Kárstico-fissural, cada um com
relação intrínseca à estrutura geológica correspondente.

O Domínio Hidrogeológico Intersticial é composto dos Depósitos Litorâneos e dos


Depósitos Colúvio-Eluviais, e das rochas sedimentares do Grupo Barreiras e da
Formação Tibau. Já o Domínio Kárstico-fissural é constituído dos calcários da
Formação Jandaíra (CPRM, 2005).

No tocante à qualidade da água subterrânea, a Figura 13 apresenta os resultados


obtidos em análises dos poços realizadas pelo CPRM (2005).

FIGURA 13: Qualidade das Águas Subterrâneas em Guamaré Conforme a Situação do Poço.
Fonte: Plano Diretor Participativo de Guamaré (Leitura da Cidade e do Território), 2011.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 48


A Figura mostra que a maioria dos poços em uso oferece água salina,
possivelmente apresentando-se inadequados aos padrões de potabilidade
estabelecidos pela Portaria nº. 2.914/2011, bem como para utilização na agricultura.

Salienta-se ainda a existência de atividades ligadas à carcinicultura e à pesca na


zona estuarina, cujas práticas devem evitar o despejo in natura de efluentes nos
cursos d’água. Os danos podem se estender para áreas mais distantes, inclusive as
localizadas à jusante dos pontos de lançamento, comprometendo a qualidade
dessas águas e, consequentemente, seu uso.

4. ASPECTOS SOCIOECONOMICOS

4.1. População

O estudo da população é fundamental para possibilitar a análise quantitativa e


qualitativa da realidade municipal. Para os gestores, especificamente, é de grande
importância, pois permite traçar metas e estratégias de ação, além de permitir a
elaboração de um planejamento de interesse social para as questões relacionadas
ao saneamento básico.

A população deve ser entendida como parte integrante do processo de elaboração


do plano municipal de saneamento básico por ser afetada diretamente pelos
problemas decorrentes da ausência de saneamento e de educação sanitária.

4.1.1. Evolução

O Município de Guamaré é considerado de pequeno porte, ao levar-se em conta o


tamanho da população do ultimo Censo (12.404 habitantes), conforme apresentado
na Figura 14 a seguir.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 49


FIGURA 14. Gráfico da Evolução da População nos Anos de 1980, 1991, 2000 e 2010.
Fonte: IBGE, 1980, 1991, 2000, 2010.
Organização: Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2011.

A população4 do município, em números absolutos, é de 12.404 habitantes. Em


2000, o Município contava com 8.149 habitantes, havendo um crescimento de mais
de 4.000 habitantes na década apontada (2000-2010). A infraestrutura instalada
apresentou dificuldades na absorção do crescimento populacional observado, e
embora exista atendimento, o mesmo não é suficiente para cobrir as necessidades
básicas de todos os habitantes.

De acordo com os dados levantados, Guamaré vem apresentando um crescimento


médio variável ocasionado, principalmente, pela população que vem se instalando
no município para suprir a mão de obra do parque industrial que vem ampliando
suas instalações no município, seja na indústria petrolífera, seja na indústria eólica.

4
População absoluta é o total de habitantes de um determinado local, que pode indicar se o mesmo é
populoso ou não.
Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 50
4.1.2. Estrutura etária da população

Ainda é necessário destacar a distribuição da população de Guamaré segundo a


idade e o sexo, como pode ser visualizado em uma pirâmide etária, com base nos
dados levantados no Censo 2010 (IBGE):

FIGURA 15: Gráfico da Pirâmide Etária do Município de Guamaré em 2010


Fonte: IBGE, 2010; Leitura da Cidade e do Território (Plano Diretor do Município de Guamaré), 2011.
Organização: Start Pesquisa e Consultoria Técnica.

Em Guamaré, há um estreitamento da população residente em sua base e no topo


da pirâmide, percebendo-se, no entanto, um alargamento na faixa etária
intermediária.

Ainda conforme o diagnóstico contendo a Leitura da Cidade e do Território do Plano


Diretor de Guamaré, essa tendência sugere duplo envelhecimento da população do
município nas próximas décadas. A proporção dos jovens em relação à população
total revela o envelhecimento pela base e a dimensão dos idosos em relação à
população total traduz o envelhecimento pelo topo. Esta pirâmide apresenta uma
população jovem adulta maior e, como conseqüência, a possibilidade de maior taxa

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 51


de natalidade para os próximos anos. Com relação aos números efetivos de
pessoas do sexo masculino e feminino, vale ressaltar que nos últimos 10 anos,
apesar de ter nascido mais pessoas do sexo masculino, além da atividade
petrolífera, atrair grande número de pessoas deste sexo, como mão de obra
qualificada vinda de outros municípios e estados, há uma prevalência de mulheres
sobre os homens, por fatores ligados à menor expectativa de vida masculina e
permanência feminina no município.

4.1.3. Densidade Demográfica

A densidade demográfica é um importante elemento a ser considerado no


planejamento urbano, sobretudo, no que diz respeito ao saneamento básico por ser
o indicador que retrata a distribuição espacial da população no Município, ou seja, o
resultado da divisão entre os habitantes de determinado local e a área que ocupam.

Densidade Demografia (DD) = População Absoluta

Área

Para as questões relacionadas ao saneamento, esses dados são de suma


importância porque a partir deles serão calculadas as projeções de produção de lixo,
esgoto e a demanda de água necessária ao abastecimento da população de acordo
com a unidade de planejamento adotada.

No ano de 2000 havia, no município, em média 31,46 habitantes por km 2. Já em


2010, de acordo com o Censo, passou para 47,90 habitantes por km 2, indicando
uma tendência ao aumento gradativo do adensamento populacional. Ressalta-se
para o fato de que esse crescimento poderá implicar em impactos sociais e
ambientais.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 52


4.1.4. Distribuição da População

No ano 2000, a maioria dos moradores do município (55,84%), estava na zona rural,
enquanto que a minoria (44,16%) da população pertencia ao perímetro urbano. No
ano de 2010, de acordo com o IBGE, houve um salto quantitativo de
aproximadamente 10% dessa população elevando o percentual da população rural
para 64,48% do total de habitantes do município. Atualmente, a população do
Município de Guamaré apresenta-se de forma majoritariamente rural, conforme
representa a Figura X abaixo:

FIGURA 16. Gráfico da Distribuição da População por Zona do Município de Guamaré em 2010
Fonte: IBGE, 2010.
Organização: Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2011.

Conforme observa-se na Figura 16, o aumento da concentração da população na


zona rural deve-se dentre outros fatores, ao grande adensamento do núcleo urbano
(SEDE) ter se dado de forma rápida e desordenada, não observando-se regras
básicas construtivas. Além disso, passou-se a priorizar a moradia no núcleo urbano
para os trabalhadores do parque industrial instalado no município, originando uma

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 53


migração dos nativos da sede para as comunidades rurais e para as zonas de
expansão urbana, como Salina da Cruz e Baixa do Meio.

4.2. Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

De acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento


(PNUD), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),

[...] parte do pressuposto de que para aferir o avanço de uma população não se
deve considerar apenas a dimensão econômica, mas também outras características
sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana.

Assim, as condições de sobrevivência da população devem ser consideradas em


primeiro plano, tendo em vista suas necessidades socioeconômicas e seu acesso
aos direitos humanos universais. Até o ano de 2009, os critérios utilizados para
mensurar o IDH eram: economia, longevidade e educação. Essas três grandezas
possuem a mesma importância no índice, o qual pode variar entre 0 (zero) e 1 (um)
e quanto mais próximo de 1, maior é o IDH de determinado local.

O município de Guamaré pertence à Microrregião de Macau. Além dele, estão


inseridos nessa microrregião: Caiçara do Norte (IDH 0.631), Galinhos (IDH 0.612),
Macau (IDH 0.781) e São Bento do Norte (IDH 0.643). A Figura 17 apresenta os
valores do IDH para os municípios integrantes dessa Microrregião, em escala
comparativa.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 54


FIGURA 17 – IDH Municípios da Microrregião de Macau/RN
Fonte: Start Pesquisa e Consultoria, 2012.

Os dados relacionados registrados no PNUD (2000) apontam Guamaré como o


segundo IDH da Microrregião, com índice de 0.646, ficando atrás somente do
Município de Macau, conforme pode-se visualizar na Figura 17. No entanto, este
dado ainda está longe de ser considerado ideal para um Município com grande
potencial para o desenvolvimento humano, econômico e social.

4.3. Economia

Até a primeira metade da década de setenta, a economia de Guamaré apoiava-se


em atividades tradicionais como a pesca, a produção de sal e, em menor escala, nas
atividades ligadas ao setor primário. A história econômica do município de Guamaré
começa a mudar com a descoberta de petróleo na região e o início da exploração
em 1976. A produção de petróleo confere uma nova dinâmica à economia do

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 55


município, que passa a atrair trabalhadores de outras regiões do estado e do país,
em busca de oportunidades abertas na nova fronteira econômica do município.

As atividades ligadas à exploração e produção de petróleo e gás no município de


Guamaré levaram a um rápido processo de crescimento da cidade. Entre 1992 e
2008 a população de Guamaré dobrou, passando de 6,2 para 12,5 mil habitantes.
Enquanto a população do estado cresceu a uma taxa média anual de 1,3%, o
município de Guamaré cresceu a uma taxa de 3,8%.

É importante compreender as forças econômicas que proporcionaram tal


crescimento, em particular, identificar os setores econômicos que contribuíram
decisivamente para alterar a estrutura econômica e, consequentemente, a
transformação do espaço territorial do município de Guamaré. No entanto, para esse
estudo, foram encontradas algumas limitações, pois os bancos de dados em nível
municipal não contemplam séries longas em muitas temáticas.

4.3.1. Atividades Econômicas

A análise da dinâmica econômica do município de Guamaré permite identificar as


tendências para o desenvolvimento econômico e subsidiar a elaboração do Plano
Municipal de Saneamento Básico, sobretudo, nos aspectos que interferem nos
indicadores de saúde pública diretamente ligados ao nível da qualidade de vida, que
são produtos da oferta de emprego e renda existente no município.

A economia do município de Guamaré é sustentada basicamente pelo comércio


local, funcionários públicos, aposentados, beneficiários de programas sociais do
governo federal, pequenos agricultores e empregados das empresas eólicas e
petrolíferas. No diagnóstico do Plano Diretor, é evidenciado que a população não
utiliza a pesca como fonte de economia no município.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 56


Outra fonte de recursos de suma importância para o município são os royalties,
valores pagos, a título de compensação pela exploração do solo, por empresas
privadas produtoras de petróleo e de gás natural aos governos estaduais e
municipais, além de órgãos da União, através da Agência Nacional do Petróleo
(ANP). Esses pagamentos são realizados mensalmente, creditados dois meses após
a produção, de acordo com a Figura 18 abaixo:

FIGURA 18. Fluxo do Pagamento dos Royalties


Fonte: ANP, 2011.

Após análise do recebimento de royalties por Guamaré no período de 2000 a 2010,


observa-se que nesse período o Município obteve um repasse de aproximadamente
R$ 182.837.251,01, uma média de R$16.621.568,27/ano. A Agência Nacional do
Petróleo/ANP disponibiliza em seu site dados atualizados mensalmente, o que
possibilita à população o acompanhamento da produção petrolífera nacional, bem
como estadual e municipal.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 57


4.3.2. Evolução Econômica

Para análise do desenvolvimento recente do município de Guamaré, utilizou-se, para


mensurar a atividade econômica e a geração de riqueza no período de 1999 a 2008,
o produto interno bruto – PIB.

Na ultima década, o município de Guamaré apresentou um desempenho econômico


bastante significativo. A taxa média de crescimento do PIB entre 1999 e 2008 foi de
20,1%, enquanto o crescimento da economia estadual foi de 3,2%. Os dados
demonstrados na tabela abaixo, o PIB a preços de 2000 e as taxas médias revelam
o crescimento anual para o Rio Grande do Norte e o município de Guamaré. Em
uma década, a economia do município de Guamaré multiplicou por seis o seu
produto interno bruto.

TABELA 01. Produto Interno Bruto do Rio Grande do Norte e Guamaré 1999-2008 (Em Mil Reais
Dez/2000=100)

Rio Grande do Norte Guamaré

Ano Variação Variação


Reais Média Anual Reais Média Anual
(%) (%)
1999 8.889.630,07 86.714,00
2000 9.119.808,00 2,59 99.533,00 14,78
2001 9.383.475,02 2,89 121.146,79 21,72
2002 8.668.055,98 -7,62 116.258,39 -4,04
2003 8.980.549,16 3,61 105.731,85 -9,05
2004 9.254.053,99 3,05 120.130,51 13,62
2005 10.464.915,27 13,08 200.813,52 67,16
2006 11.614.481,19 10,98 277.180,14 38,03
2007 11.973.295,17 3,09 463.168,96 67,10
2008 12.257.664,14 2,38 615.720,18 32,94
Fonte: IBGE. Deflacionado pelo IGP-DI/FGV (dez/2000=100).
Elaboração Start Pesquisa e Consultoria Técnica (2011).

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 58


Considerando-se o índice do produto interno bruto a preços de dezembro de 2000,
pode-se avaliar a evolução da trajetória temporal do PIB do município de Guamaré e
do Rio Grande do Norte na última década conforme Figura abaixo. Fica evidente a
partir de 2004, certo descolamento do desempenho econômico do município em
relação à economia estadual.

Fonte: IBGE. Deflacionado pelo IGP-DI/FGV (dez/2000=100).

FIGURA 19. Gráfico do Índice do Produto Interno Bruto do Rio Grande do Norte e Guamaré
(Dez/2000=100)
Elaboração Start Pesquisa e Consultoria Técnica (2011).

O resultado destes diferenciais de desempenho reflete, ao final do período, em uma


elevação da participação relativa da economia do município de Guamaré, medido
através do PIB, na economia estadual. Em 1999, a economia de Guamaré
representava 1% da economia estadual alcançando 5% em 2008. Mais ainda, em
2008 o município de Guamaré respondeu por 69,7% do PIB da microrregião de
Macau, onde está inserido, contra 36,5% em 1999, conforme apresentado na Tabela
02 abaixo.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 59


TABELA 02. Participação Relativa do Produto Interno Bruto de Guamaré (%) 1999-2008
PIB Guamaré/PIB PIB Guamaré/PIB
Ano PIB Guamaré/PIB RN
Microrregião Mesorregião
1999 36,55 9,75 0,98
2000 34,20 10,62 1,09
2001 40,59 12,62 1,29
2002 41,82 12,68 1,34
2003 39,44 11,76 1,18
2004 40,56 12,91 1,30
2005 47,14 18,00 1,92
2006 51,92 21,27 2,39
2007 66,20 31,12 3,87
2008 69,76 37,09 5,02
Fonte: IBGE. Elaboração Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2011.

O excepcional desempenho econômico do município de Guamaré no período


resulta, igualmente, em excepcional crescimento do PIB per capita, medida da
parcela da riqueza gerada que caberia a cada indivíduo em uma situação ideal de
distribuição da riqueza. Em 1999, o PIB per capita de Guamaré situava-se em 3,2
mil Reais, o que representava 2,8 do PIB per capita do estado. Em 2008, o PIB per
capita de Guamaré alcançou 50,6 mil reais, o que representa 12,8 vezes o PIB per
capita estadual, conforme dados da Tabela 03 abaixo.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 60


TABELA 03. Produto Interno Bruto Per Capita Rio Grande do Norte e Guamaré 1999-2009
(Dez/2000=100)
Guamaré/
Ano Rio Grande do Norte Guamaré
Rio Grande do Norte
1999 3.236,04 9.282,17 2,87
2000 3.277,92 10.375,59 3,17
2001 3.330,48 14.423,95 4,33
2002 3.038,46 13.543,61 4,46
2003 3.109,55 12.034,13 3,87
2004 3.165,69 13.044,90 4,12
2005 3.537,52 21.263,61 6,01
2006 3.880,48 28.643,19 7,38
2007 3.954,99 39.462,29 9,98
2008 4.004,25 50.647,38 12,65
Fonte: IBGE. Elaboração Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2011.

4.3.3. Desempenho Setorial

A questão é saber qual o setor da economia de Guamaré que mais impulsiona o seu
desempenho. Para responder esta questão é importante analisar a participação
relativa dos grandes setores da economia no valor adicionado bruto.

A partir da análise da evolução vetor adicionado nos grandes setores da economia


do município pode-se identificar a fonte de crescimento do município. A Tabela 04
destaca a participação relativa do valor adicionado bruto setorial no valor adicionado
bruto total a preços de 2000.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 61


TABELA 04. Participação Dos Grandes Setores No Valor Adicionado Bruto De Guamaré 1999-
2008 (Em %)
Ano Total Agropecuária Indústria Serviços
1999 100,0 0,6 34,8 64,6
2000 100,0 0,6 42,4 57,0
2001 100,0 0,4 47,9 51,7
2002 100,0 1,2 42,9 55,9
2003 100,0 1,7 36,2 62,2
2004 100,0 1,4 45,2 53,4
2005 100,0 0,8 35,8 63,5
2006 100,0 0,7 38,6 60,6
2007 100,0 0,3 21,7 78,0
2008 100,0 0,3 16,3 83,4
Fonte: IBGE. Elaboração Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2011.

De acordo com a Tabela 04 acima, nota-se, em primeiro lugar, a pequena relevância


da agropecuária para a economia do município. A participação da agropecuária
representou 0,6% do valor adicionado em 1999, e chegou a 0,3% em 2008. A maior
participação relativa da agropecuária no período analisado ocorreu em 2003, em
parte pelo aumento do produto do setor, mas também em decorrência da queda do
produto industrial. As culturas agrícolas que apresentam maior regularidade são:
feijão, milho e mandioca, entre as temporárias; castanha de caju e coco da baía,
entre as permanentes.

A indústria também perde importância relativa na economia de Guamaré. Dos 34,8%


de participação relativa em 1999, restaram 16,3% em 2008, embora tenha
alcançado 47,9 em 2001.

Diante disso, restam os serviços como um dos setores da economia local mais
significativo, compondo a atividade econômica que elevou expressivamente a sua
participação relativa no valor adicionado do município.

Embora, inicialmente, a participação dos serviços apresente uma queda, passando


de 64,6% em 1999, para 51,7% em 2001, alcança 83,4% de participação em 2008.
Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 62
Sobretudo, nos anos de 2007 e 2008, a agropecuária e a indústria apresentaram
queda absoluta no produto, o que potencializou o efeito do aumento no valor
adicionado dos serviços.

Para efeito de comparação, as participações relativas médias dos setores no valor


adicionado bruto do estado do Rio Grande do Norte são: agropecuária 5,2%,
indústria 24,9% e serviços 69,9%. Como os serviços da administração pública
apresentam uma participação menor do que a participação média do estado, então
significa que a grande parcela dos serviços na economia deve-se a outros serviços,
comércio e turismo.

Portanto, a economia do município de Guamaré é essencialmente fundada em


atividades urbanas, indústria e serviços. A produção agrícola é pouco significativa,
representada por algumas poucas culturas de subsistência.

No que diz respeito às lavouras temporárias, tanto a área plantada quanto o valor da
produção representam menos de meio por cento da área plantada assim como do
valor da produção do estado. As lavouras permanentes não apresentam relevância,
nem do ponto de vista da área plantada nem do valor da produção.

4.3.4. Estrutura do Emprego Formal

A análise da estrutura do emprego formal no município de Guamaré utilizando-se os


dados da RAIS – Relação Anual das Informações Sociais do Ministério do Trabalho
e Emprego – revela os setores de maior relevância para a economia do município.
No entanto, ao longo do período analisado, todos os setores apresentam grande
variabilidade.

A participação relativa do emprego formal nos setores da atividade econômica está


representada na tabela abaixo. Como se pode notar, indústria – transformação,
extrativa mineral e construção civil – comércio, serviços e administração pública são

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 63


os setores mais importantes da economia do município. O maior empregador é a
administração pública, absorvendo uma média de 42,3% da mão de obra local ao
longo do período.

Dessa média, 31 trabalhadores são empregados em atividades diretamente ligadas


ao saneamento básico, conforme apresenta a Figura 20:

FIGURA 20. Organograma Ligado Às Atividades De Saneamento Básico De Guamaré


Elaboração: Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2012

Além dos trabalhadores absorvidos pelo poder público municipal há ainda


trabalhadores que fazem parte das empresas Tecnal, responsável pela coleta dos
resíduos sólidos e pela CAERN, responsável pelo abastecimento de água.

A indústria extrativa mineral apresenta uma participação média de 10,2%, enquanto


a indústria de transformação apresenta uma participação média de 9,7% ao longo do
período. A indústria da construção civil ganhou relevância a partir da segunda
Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 64
metade dos anos noventa. A participação média do setor no emprego da força de
trabalho formal foi de 8,6% entre 1990 e 2010. A propriedade marcante de todos os
setores é a alta variabilidade, o que pode estar relacionado com a metodologia da
geração do banco de dados.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 65


TABELA 05. Emprego Formal Segundo Setores Da Atividade Econômica No Município De Guamaré (%) – 1990-2010
Serviços
Extrativ Indústria de
Industriais Construção Administração Outros/
Ano a Transformaç Comércio Serviços Agropecuária Total
de Utilidade Civil Pública ignorados
Mineral ão
Pública
1990 0,00 2,18 0,00 0,00 4,37 37,99 55,46 0,00 0,00 100,00
1991 0,00 1,98 0,00 0,00 3,56 38,34 56,13 0,00 0,00 100,00
1992 0,00 0,61 0,00 0,00 3,05 8,54 0,00 0,00 87,80 100,00
1993 0,00 0,54 0,00 0,00 0,81 5,38 47,04 0,00 46,24 100,00
1994 9,57 21,16 0,00 0,00 20,65 2,27 46,10 0,00 0,25 100,00
1995 20,53 18,76 0,00 0,00 19,43 0,88 40,40 0,00 0,00 100,00
1996 11,31 0,36 0,00 18,67 13,29 23,16 33,21 0,00 0,00 100,00
1997 16,91 1,43 0,00 4,30 22,06 1,43 53,87 0,00 0,00 100,00
1998 48,83 0,50 0,00 6,83 12,33 0,83 30,50 0,17 0,00 100,00
1999 39,04 0,46 0,00 4,48 13,58 1,39 35,49 5,56 0,00 100,00
2000 0,74 23,21 0,00 0,00 14,14 2,98 36,31 22,62 0,00 100,00
2001 1,06 18,45 0,00 1,38 12,20 1,38 48,36 17,18 0,00 100,00
2002 1,47 20,33 0,00 2,51 9,69 1,30 46,80 17,91 0,00 100,00
2003 0,23 14,44 0,00 18,39 6,64 11,06 36,50 12,75 0,00 100,00
2004 0,11 9,81 0,00 58,00 3,25 3,77 19,66 5,39 0,00 100,00
2005 0,12 19,02 0,00 11,05 5,15 6,31 54,19 4,15 0,00 100,00
2006 17,56 5,15 0,00 8,60 2,35 6,45 55,43 4,46 0,00 100,00
2007 16,71 7,24 0,00 5,81 3,96 4,16 58,31 3,81 0,00 100,00
2008 19,58 10,94 0,00 4,16 4,79 11,79 42,80 5,94 0,00 100,00
2009 11,22 6,10 0,00 9,31 3,28 8,54 58,41 3,15 0,00 100,00
2010 0,00 21,49 0,00 27,27 5,22 11,54 33,23 1,25 0,00 100,00
Fonte: RAIS - Elaboração Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2011.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 66


O banco de dados da RAIS refere-se ao estoque de trabalhadores empregados em
31 de dezembro de cada ano. Como o emprego apresenta propriedades sazonais,
em decorrência de fatores como comportamento da demanda, condições climáticas,
etc., isso representa uma limitação dos dados, pois há setores que dispensam
parcela significativa, senão a totalidade da sua força de trabalho em dezembro.

4.4. Habitação

A especulação imobiliária causada pela grande procura de imóveis para locação, por
parte dos trabalhadores do parque industrial de Guamaré, sobretudo, na sede do
município, vem causando um fenômeno de migração da população local para as
áreas rurais do município. Isso ocorre, porque o preço médio dos aluguéis cobrados
está muito acima da média cobrada pelos municípios vizinhos, o que inviabiliza a
moradia para os munícipes, que possuem renda média em torno de um salário
mínimo. Além disso, vem proliferando a quantidade de edificações irregulares e de
habitações utilizadas como meio de hospedagem para esse público.

De acordo com informações obtidas na Secretaria Municipal de Habitação, o


município dispõe de um Programa Social de Locação Habitacional que vem
atendendo cerca de 200 (duzentas) famílias em situação de vulnerabilidade social,
mas a equipe técnica não teve acesso à indicação das localidades dentro do
município que são beneficiadas pelo programa.

Já em relação à tipologia das residências, pode-se afirmar que na Sede, as


edificações estão em processo de reforma constante, passando de residência térrea,
para uso misto com dois ou três pavimentos, chegando até quatro pavimentos,
demonstrando que, em função dos limitadores físicos que caracterizam a área, os
moradores tendem a elevar bastante o potencial construtivo de suas edificações,
ocupando o lote na sua totalidade, sem áreas permeáveis. Este fato pode ser
justificado pela falta de leis e parâmetros urbanísticos, no âmbito do município que
oriente o uso e ocupação do solo.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 67


FIGURA 21. Edificação Com 04 (Quatro) Pavimentos Localizados Na Sede
Fonte: Leitura da Cidade e do Território (Plano Diretor de Guamaré, 2011).

Em Baixa do Meio o padrão construtivo se caracteriza por casas simples, típicas de


cidades do interior, com poucos cômodos e somente com pavimento térreo,
diferenciando apenas das edificações voltadas para a BR, que já foram
transformadas para o uso de comércio e apresentam a edificação em dois
pavimentos, sendo a parte térrea ocupada com comércio e o andar superior
destinada à moradia.
É perceptível o padrão construtivo ser representativo de certo momento histórico. No
levantamento realizado em Baixa do Meio, identificou-se que 63% das edificações
têm um padrão construtivo mais antigo e, 37% com padrão característico de
conjunto habitacional, com equipamentos comunitários que são previamente
destinados para esse fim no partido urbanístico. Há ainda no município edificações
bem recentes, muitas ainda, em processo construtivo.
As casas apresentam elementos construtivos simples, sendo a maioria, em
alvenaria, com cobertura cerâmica (em duas águas), testadas pintadas com cores
claras e fachada do tipo “porta e janela”.
As comunidades que se originaram a partir dos assentamentos cadastrados pelo
INCRA, apresentam tipologia das edificações semelhantes, com área em torno de

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 68


50,00 m² e, construída em alvenaria de tijolo com reboco, telhado em duas águas e
fachada com porta e janela.

4.5. Programas Sociais

Assim como os demais municípios brasileiros, Guamaré participa de Programas


Sociais de transferência de recursos oriundos do governo federal. Em Guamaré,
foram identificados os programas apresentados no Quadro 03 abaixo:

QUADRO 03 – Oferta De Programas Sociais Em Guamaré/RN

Transferência de Renda Diretamente às Famílias em Condição de


Pobreza e Extrema Pobreza (Bolsa Família)
Serviço de Apoio à Gestão Descentralizada do Programa Bolsa
Família (Índice de Gestão Descentralizada – IGD)
Serviços de Proteção Social a Crianças e Adolescentes Vítimas de
Violência, Abuso e Exploração Sexual e suas Famílias (CREAS)
Enfrentamento ao Crack e outras Drogas
Serviços Específicos de Proteção Social Básica (Serviço de Proteção
Social Básica para Criança e Idoso);
Serviços de Proteção Social Básica às Famílias (PAIF/CRAS)
Serviços de Proteção Social aos Adolescentes em Cumprimento de
Medidas Socioeducativas
Avaliação e Operacionalização do Benefício de Prestação Continuada
da Assistência Social e Manutenção da Renda Mensal Vitalícia (BPC)

Fonte: Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2012.

Esses dados de natureza qualitativa apontam a existência de um número muito


elevado de famílias que, economicamente, dependem dos benefícios de programas
governamentais. Estima-se que 27% das famílias identificadas no município,
dependem destes aportes financeiros.

Ressalta-se que não foi identificada a oferta de programas sociais que apresentem
relação direta com as questões do saneamento básico, como incentivo à construção
de banheiros.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 69


5. SERVICOS PÚBLICOS

De acordo com os dados levantados, a atual oferta de serviços públicos e de


infraestrutura instalada no município de Guamaré não tem se mostrado suficiente
para atender a demanda, tanto na Sede do município, quanto no Distrito de Baixa do
Meio e também nas demais comunidades rurais.

De modo geral, verifica-se que a oferta dos serviços públicos, bem como a
infraestrutura não acompanharam o desenvolvimento econômico do município, tanto
em termos de quantidade como de qualidade. Além disso, ressalta-se que a maioria
desses serviços concentra-se na Sede e em Baixa do Meio.

Dentre os serviços públicos disponíveis à população destacam-se: cartório, mercado


municipal, feira livre (aos domingos) em Baixa do Meio, agência do Banco do Brasil
e Bradesco, casa lotérica, agência dos Correios, delegacias de polícia (na Sede e
em Baixa do Meio) e Conselho Tutelar. Ainda há de se destacar a existência de 3
(três) cemitérios no município e 13 (treze) igrejas, sendo 3 (três) católicas e 10 (dez)
evangélicas, distribuídas na Sede e em Baixa do Meio.

Para dar suporte às atividades da população, cabe salientar a adequabilidade do


conjunto de sistemas técnicos de equipamentos e serviços necessários ao
desenvolvimento das funções urbanas, conhecido como infraestrutura urbana.
Dentro desse conjunto, pode-se pontuar como sendo os serviços mais essenciais o
abastecimento de água, serviços de esgotos, energia elétrica, coletas de lixo, rede
telefônica e gás canalizado.

5.1. Educação

Conforme dados obtidos em visita à Secretaria de Educação de Guamaré, existem


24 (vinte e quatro) instituições de ensino em Guamaré, sendo que destas, 21 (vinte e
uma) são públicas e 3 (três) privadas. A distribuição destas instituições de ensino,
segundo a localidade e o nível de ensino, podem ser observadas no Quadro 04.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 70


QUADRO 04. Instituições De Ensino De Guamaré, Segundo Localidade E Nível Educacional
Instituição de ensino Localidade Nível educacional
Escola Mun. Benvinda Nunes Teixeira Sede Fundamental I e II e
EJA
Escola Mun. Profª Francisca Freire de Sede Fundamental I e II
Miranda
Escola Mun. José Silvino de Oliveira Sede Ed. Infantil

Centro Infantil Mun. Olindina da Câmara Sede Ed. Infantil


Vieira Olegário
Escola Mun. Jesuíno Vieira de Melo Sede Ed. Infantil e
Fundamental I e II
Escola Est. Monsenhor Joaquim Honório Sede Fundamental I e II e
Médio
Escola Mun. Monsenhor José Tibúrcio Lagoa Seca Ed. Infantil e
Fundamental I e II
Centro Infantil Mun. Luiz Ferreira de Lagoa Seca Ed. Infantil
Morais
Escola Mun. Felipe Alves Mangue Seco II Fundamental I

Escola Mun. Francisco Maciel de Assis Santa Maria III Ed. Infantil e
Pública

Fundamental I e II
Rede

Escola Mun. Pedro Guilherme Lagoa Doce Ed. Infantil e


Fundamental I
Escola Mun. José Nunes da Silveira Lagoa de Baixo Ed. Infantil e
Fundamental I
Escola Mun. Bibiano Xavier Santa Paz Fundamental I e EJA

Escola Mun. Luiz Cândido Alves Umarizeiro Ed. Infantil e


Fundamental I
Escola Mun. Prof. João Batista Mangue Seco I Fundamental I
Escola Mun. Prof. Antônio Theodorico Salina da Cruz Ed. Infantil e
Fundamental I
Escola Mun. Profª Sebastiana Ricardo Baixa do Meio Fundamental I
dos Santos
Escola Mun. Profª Maria Madalena da Baixa do Meio Fundamental I e II
Silva
Escola Mun. Jessé Pinto Freire Baixa do Meio Ed. Infantil e
Fundamental I
Centro Infantil Mun. Maria do Socorro de Baixa do Meio Ed. Infantil
Pedro Melo
Escola Est. Nádia Câmara Baixa do Meio Fundamental I e II

Centro Educacional Criativo Sede Ed. Infantil e


Rede Privada

Fundamental I
Arca do Saber Sede Ed. Infantil
Coração Valente Sede Ed. Infantil

FONTE: Secretaria Municipal de Educação de Guamaré


Elaboração: Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2012

Nota-se então, que das 24 escolas existentes em Guamaré, em maior


representatividade 9 (nove) delas estão localizadas na Sede, 5 (cinco) em Baixa do
Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 71
Meio e 2 (duas) em Lagoa Seca. As demais localizam-se nos distritos de Mangue
Seco I e II, Lagoa Doce, Santa Maria, Lagoa de Baixo, Santa Paz, Umarizeiro e
Salina da Cruz. É válido destacar também que há apenas uma escola que atende o
ensino médio, sendo ela estadual e localizada na Sede.
Ressalta-se que uma considerável parcela dos jovens do município cursa o ensino
médio e técnico no Instituto Federal de Educação Tecnológica de Macau e
Ipanguaçú.
Ainda segundo o Relatório da Leitura do Território do Plano Diretor de Guamaré, o
município não dispõe de instituição de nível superior, sendo os estudantes
atendidos, em grande parte pelos Campi dos municípios vizinhos, como Macau.
Esse quadro será modificado com a implantação, na sede municipal, da
Universidade Aberta do Brasil, cujas instalações ainda não foram definidas. Tal
instituição iniciará oferecendo os cursos de gestão pública e gestão ambiental.

5.1.1. População em idade escolar

A população em idade escolar é mensurada a partir da contagem da população que


deve freqüentar a escola, que segundo determinações do Ministério da Educação
está entre a faixa etária de 4 a 17 anos. Com base nos dados do IBGE (2010), a
população em idade escolar de Guamaré pode ser visualizada no Quadro 05.

QUADRO 05: População Em Idade Escolar De Guamaré

Total - 4 a 17
0 a 3 anos 4 a 5 anos 6 a 14 anos 15 a 17 anos
anos

641 471 2231 759 3461

FONTE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Considerando a população total de 12.404 habitantes (IBGE, 2010), obtêm-se que a


população em idade escolar perfaz 27,9%. No entanto, vale ressaltar que isso não
significa que necessariamente esse contingente frequente as escolas.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 72


A partir dos dados levantados no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a Tabela 06 apresenta os dados das matrículas efetuadas no ano de 2009,
segundo o nível e a rede escolar.

TABELA 06: Matrículas Nas Instituições De Ensino De Guamaré, 2009.


Escola/Nível Fundamental Médio Pré-escolar Total
Estadual 410 765 - 1175
Municipal 2.251 - 489 2740
Privada 62 - 49 11
Total 2.723 765 538 4026
FONTE: Secretaria Municipal de Educação de Guamaré

Considera-se que a proporção matrícula/população em idade escolar no ensino


fundamental é satisfatória, tendo em vista que foram registradas 2.723 matrículas de
alunos deste nível, e há uma população escolar de 6 a 14 anos de 2231, que
normativamente deve frequentar as séries fundamentais.

Em relação ao ensino médio, a proporção matrícula/população em idade escolar


também se mostra positiva, haja vista a totalidade de 765 matrículas e de 759
adolescentes na idade considerada ideal para o ensino médio.

Outro indicativo da estrutura educacional de Guamaré a ser destacado nesse estudo


diz respeito à quantidade de docentes nas instituições de ensino do município
segundo o nível e a rede escolar, conforme atesta a Tabela 07:

TABELA 07: Docentes nas Instituições de Ensino de Guamaré, 2009.


Rede/Nível Fundamental Médio Pré-escolar Total
Estadual 28 39 - 67
Municipal 112 - 30 142
Privada 6 - 4 10
Total 146 39 34 219
FONTE: Secretaria Municipal de Educação de Guamaré

Totalizando 219 (duzentos e dezenove) professores, as 24 instituições de ensino de


Guamaré contam com esse contingente de docentes. Cabe destacar que a maioria
dos professores está concentrada no nível fundamental, sobretudo, nas escolas
municipais, prevalentes no município.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 73


Outra variável educacional de importante análise é o nível de alfabetização da
população do município, segundo cada grupo de idade. Sendo o total de pessoas
alfabetizadas de 8411, 67,80% da população total de Guamaré são consideradas
alfabetizadas. A Tabela 08 apresenta como se distribui a população alfabetizada do
município de Guamaré segundo grupos de idade, a partir dos dados do IBGE (2010):

TABELA 08: Pessoas De 5 Anos Ou Mais De Idade Alfabetizadas Segundo Grupos De Idade

Grupos de idade Pessoas de 5 anos ou mais de idade,


alfabetizadas
Total Percentual (%)
5 a 9 anos 477 5,67
10 a 14 anos 1127 13,4
15 a 19 anos 1206 14,34
20 a 29 anos 2162 25,7
30 a 39 anos 1571 18,68
40 a 49 anos 1043 12,4
50 a 59 anos 431 5,12
60 anos ou mais 394 4,68
8411 100%

FONTE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010)

5.1.2. Análise de indicadores de desempenho

Conforme dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Educação de Guamaré, o


desempenho educacional do município pode ser mensurado através de indicadores
que retratam o rendimento escolar. Tais indicadores apresentam informações
resultantes do Censo Escolar realizado em 2011, e representam uma média
calculada em conformidade com os índices de todas as escolas do município,
conforme ilustra a Tabela 09:

TABELA 09: Indicadores De Rendimento/Movimento Escolar De Guamaré


Rendimento/movimento Ensino Fundamental Ensino Total
Médio
Taxa de aprovação 75,1 58,0 66,55

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 74


Taxa de reprovação 19,0 7,2 13,1

Taxa de abandono 5,9 34,8 20,35

Taxa de não resposta 3,2 0,95 2,07

FONTE: Secretaria Municipal de Educação de Guamaré

Observa-se a realidade escolar do município de Guamaré através dos dados


apresentados na Tabela 09, haja vista que tais indicadores de rendimento fazem
transparecer a situação dos alunos frente à educação.

É notório então, que no Ensino Fundamental os indicadores apontam os piores


índices de rendimento, pois como se pode verificar na Tabela 09, a taxa de
reprovação é bastante superior à do Ensino Médio.

É necessário salientar, que carece de bastante atenção o alto nível de abandono no


Ensino Médio. Na medida em que o adolescente se distancia da escola se tornam
distantes também as oportunidades de emprego e de qualificação, além de ele estar
mais suscetível aos entraves resultantes da vulnerabilidade social, potencializada
frente à falta de convívio escolar com colegas e profissionais qualificados em fazê-lo
aguçar sua capacidade crítica.

5.1.3. Programas de educação

Ainda conforme informações concedidas pela Secretaria de Educação, não há em


Guamaré programas ou projetos, sejam eles sistemáticos ou esporádicos, voltados
para a Educação Ambiental e práticas de saneamento que elucidem temas como
reciclagem e coleta seletiva.

5.2. Saúde

O município de Guamaré, segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde,


está dividido em 05 (cinco) áreas de atendimento do Programa de Saúde da Família
(PSF). O Quadro 06 abaixo mostra a abrangência do Programa, ressaltando-se que
Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 75
cada comunidade, exceto Santa Maria, é atendida por posto de saúde próprio,
perfazendo um total de 11 (onde) postos de saúde no município.

QUADRO 06. Abrangência do PSF


PSF Abrangência
PSF - 1 Sede municipal
PSF - 2 Vila Maria
PSF - 3 Baixa do Meio, Umarizeiro e Santa Paz
PSF - 4 Baixa do Meio
Salina da Cruz, Lagoa Seca, Lagoa de Baixo I, Lagoa de Baixo II,
PSF - 5
Mangue Seco e Lagoa Doce.
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Guamaré

Verifica-se que o distrito de Baixa do Meio é contemplado por dois PSF’s, cujas
equipes atendem no mesmo posto de saúde.
O município possui também hospital, situado na sede, equipado com 32 (trinta e
dois) leitos. No distrito de Baixa do Meio, encontra-se uma unidade mista de saúde
que oferece tanto o serviço de consulta quanto de urgência, para o qual possui
apenas 03 (três) leitos de observação.
Além da rede pública de saúde, existem no município 02 (duas) clínicas médicas
particulares para atendimento em geral.

5.2.1. Doenças Notificáveis

De acordo com informações cedidas pela Secretaria de Saúde de Guamaré, as


práticas de saúde voltadas para o controle das doenças relacionadas à falta de
saneamento básico restringem-se a um monitoramento constante em todas as
unidades de saúde de casos de diarréia, dengue, hepatites virais, bem como um
acompanhamento sistemático realizado pela Vigilância Sanitária de todas as fontes
de distribuição de água para a população, assim como todos os estabelecimentos
que manipulam alimentos e líquidos.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 76


5.2.1.1. Diarréia

Dentre as doenças relacionadas às deficiências do saneamento básico, a diarreia é


a única que dispõe de monitoramento sistemático no município de Guamaré, visto
que o registro dos casos da doença é feito semanalmente e em todas as unidades
de saúde.

A Figura 22 apresenta o total das notificações da doença no município, entre os


anos de 2009 e o primeiro semestre de 2012.
Casos de diarreia

FIGURA 22: Notificações De Diarréia Aguda Entre Os Anos De 2009 E 2012*


Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Guamaré
*os dados de 2012 são referentes até o mês de junho

Verifica-se que o ano de 2012, até o mês de junho, já apresenta 478 casos de
diarreia a mais do total do ano de 2009, que inclusive foi o que apresentou menor
quantidade de notificações. Destaca-se ainda o ano de 2010, quando se registrou o
maior número de notificações.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 77


5.2.1.2. Incidência de outras doenças relacionadas a deficiências no
saneamento

Ainda é realizado pela Secretaria Municipal de Saúde de Guamaré, o registro anual


de diversos agravos, dos quais se pode destacar neste relatório: dengue e hepatites
virais.

Tais doenças possuem relação com o saneamento básico haja vista que a
transmissão do vírus da dengue se deve a deficiências na gestão dos resíduos
sólidos e da limpeza urbana, e a proliferação das hepatites virais é decorrente do
uso de água imprópria para consumo.

De acordo com a Figura 23, pode-se notar a evolução nas notificações dos casos
das doenças acima referenciadas, entre os anos de 2009 e 2012:

FIGURA 23: Agravos Notificados entre os Anos de 2009 e 2012*


Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Guamaré
*os dados de 2012 são referentes até o mês de junho
**SR: sem registro

Dentre as doenças apontas na figura 23, destaca-se a dengue, sobressaindo-se da


hepatite viral em todos os períodos observados, exceto no ano de 2009. Isso se
deve à proliferação da dengue ser maior devido a condições não evitadas pela

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 78


população, tais como descuido com reservatórios de água, sendo atitudes pouco
combatidas pelo poder público municipal.

5.2.1.3. Desnutrição Infantil

Conforme dados levantados na Secretaria de Saúde do município de Guamaré em


relação ao índice nutricional, compreendendo os anos de 2009 a 2012, os índices de
crianças de até dois anos que estavam desnutridas têm indicado valores entre 0,46
e 1,13 do total de crianças atendidas, conforme ilustra a Figura 24:

FIGURA 24: Porcentagem De Crianças De Até Dois Anos Desnutridas, Atendidas Nas Unidades
De Saúde, Entre 2009 E 2012*
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Guamaré
*os dados de 2012 são referentes até o mês de junho

A partir da figura 24, observa-se que tem decaído a quantidade de crianças


desnutridas, sofrendo um acréscimo apenas no ano de 2012. Segundo a Secretaria
Municipal de Saúde do município, tal fato se deve à intensificação das ações do
Programa Saúde da Família, que dentre suas atribuições, objetiva combater a
desnutrição infantil.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 79


Apesar de os índices de 2012 indicarem os dados obtidos no primeiro semestre,
estes ainda estão abaixo da metade do índice de 1,13, do ano de 2009.

5.2.2. Programas de Saúde

Segundo pesquisa realizada na Secretaria de Saúde de Guamaré, há 11 (onze)


programas de saúde no município, conforme ilustra o Quadro 07 a seguir.

QUADRO 07: Programas De Saúde Em Atividade No Município De Guamaré


Programas de Saúde

Pré-natal

Crescimento e Desenvolvimento Infantil

Hiperdia

Prevenção do câncer de colo cérvico uterino

Programa de Imunização

Hanseníase

Tuberculose

Saúde do Idoso

Saúde do adolescente

Saúde do trabalhador

Atividade física

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Guamaré

Nota-se a partir do quadro 07, que não há nenhum programa de saúde diretamente
voltado para prevenção, controle e tratamento das doenças de veiculação hídrica, ou
relacionadas diretamente à ausência ou deficiência na infraestrutura de saneamento
básico (abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, drenagem e limpeza
urbana).

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 80


5.3. Comunicação

Os serviços de telecomunicações do município de Guamaré, no que concerne a


telefonia móvel são satisfatórios, visto que todas as operadoras (TIM, Oi, Claro e
Vivo) possuem sinal na área. Contudo, existem determinadas áreas em que o sinal é
fraco, ou mesmo, inexistente.

No tocante às emissoras de televisão, além dos canais abertos, tem-se como opção
a televisão por assinatura pela SKY e Embratel.

Com relação a jornais impressos, não há nenhum em circulação no município.


Existem alguns “blogs” na Internet que disseminam as principais notícias da cidade.

Por fim, um último meio de comunicação presente no município a ser destacado, é a


emissora de rádio Maranata que é de administração local.

Outra importante fonte de informação refere-se ao Diário Oficial do Município que


veicula os atos da administração pública, tornando transparentes as ações públicas.

5.4. Esportes, lazer e cultura

5.4.1. Esporte e Lazer

Os principais locais para prática de esporte são os ginásios e as quadras


poliesportivas. A Sede dispõe de ginásio, academia para 3ª idade, clube social e
biblioteca. No distrito de Baixa do Meio, os equipamentos existentes são: ginásio de
esportes, estádio de futebol e academia da 3ª idade.

5.4.2. Artesanato

Em relação ao artesanato, não foi identificada, no município, uma produção


significativa, ou uma associação voltada exclusivamente para este fim, inexistindo
registro ou cadastro dos artesãos existentes no município. Conforme os dados
obtidos no Plano Diretor Participativo do Município de Guamaré, durante a

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 81


realização das Reuniões Comunitárias, Reuniões Técnicas e Visitas de Campo, os
dados levantados não apontam o artesanato como atividade de relevante interesse
para o município.

As atividades que estão ligadas a prática de atividades artesanais dizem respeito a


ações pontuais e isoladas, como por exemplo, àquelas exercidas na Associação de
Proteção e Assistência ao Condenado (APAC) (com sede em Macau, mas que
atende contingente considerável de Guamaré) e na Associação de Proteção e
Amparo aos Dependentes Químicos de Guamaré (APAD). Nestes espaços há
periodicamente confecção de materiais resultantes de reciclagem, dando destinação
artesanal a resíduos sólidos que foram trabalhados a partir de coleta seletiva.

5.4.3. Patrimônio Histórico e Cultural

O principal objetivo deste item é avaliar se os recursos e atrativos que podem ser
identificados como patrimônio histórico e cultural do município de Guamaré
apresentam a infraestrutura de saneamento adequada.

Segundo os estudos disponibilizados pelo IPHAN para análise e consulta, o


município de Guamaré apresenta um rico conjunto de elementos arqueológicos e
pré-históricos, no entanto, dada sua natureza, necessitam ser resgatados e
encaminhados a locais específicos para que fiquem em exposição, já que o
município não possui um local adequado (museu). Atualmente, as peças de
relevante valor estão sendo encaminhadas ao Museu Câmara Cascudo, na cidade
de Natal, para datação e exposição, e também para servir de arcabouço aos
pesquisadores da área.

No município de Guamaré, o elemento mais representativo na categoria Patrimônio


Histórico e Artístico encontrado foi a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, datada
de 1783 (Figura 25). Conforme informações obtidas junto ao município, foi o
português Francisco dos Santos quem mandou edificar a igreja, por ter conseguido
se salvar, juntamente com a tripulação, de uma tempestade em alto mar, a qual fê-lo
aportar posteriormente em Guamaré.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 82


FIGURA 25. Igreja Nossa Senhora Da Conceição, Guamaré/RN
Fonte: www.pascomjovemgmr.blospot.com

De acordo com a Fundação José Augusto, em 2001, houve o tombamento da Igreja


de Nossa Senhora da Conceição pelo Patrimônio Histórico Estadual, sendo
atualmente, considerada como elemento do Patrimônio Histórico do município. Na
ocasião da visita de campo, a Igreja encontrava-se fechada, mas foi possível fazer
uma breve avaliação da área externa: houve sucessivas tentativas de recuperar o
seu padrão arquitetônico original, segundo informações da secretária de turismo do
município, sem, que, no entanto fossem adotadas as técnicas adequadas do
restauro e à manutenção, por isso, a edificação corre o risco de ser
descaracterizada. Não foram localizadas lixeiras e nem sanitários na área externa da
igreja, apesar da grande movimentação de fiéis e ambulantes no seu entorno.

Além da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, não foram identificadas, no


município, edificações de relevante valor histórico cultural que pudessem ser citadas
nesse relatório.

No município de Guamaré, os bens culturais de natureza imaterial podem ser


identificados principalmente através dos eventos que são realizados durante todo o

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 83


ano, atraindo visitantes tanto dos municípios do entorno, quanto turistas hospedados
na capital, Natal, conforme apresenta o Quadro 08:

QUADRO 08: Quadro De Eventos De Guamaré


Festejo

Festa de São Sebastião

Carnaval

Festa de São José

Paixão de Cristo

Coroação de Nossa Senhora

Festa de São João

Festa de Nossa Senhora dos


Navegantes
Festa de Nossa Senhora da Aparecida

Festa de Nossa Senhora da Conceição

Emancipação Política

Verão Vivo (prévia do Carnaval)

Criação do Distrito de Baixa do Meio

Além dos festejos, o patrimônio imaterial do município ainda apresenta


manifestações folclóricas que podem ver identificadas através dos grupos que fazem
parte do Instituto Sócio Cultural. Seu principal representante é o Grupo Tamanco de
Pau, formado por jovens da comunidade, que promovem apresentações culturais,
durante a realização dos festejos tradicionais. Dentre as principais atrações
apresentadas pelo grupo, podem-se destacar as peças teatrais e as danças
folclóricas (Boi de Reis e Pastoril). O Instituto Sócio Cultural funciona em espaço
alugado e é mantido com recursos da prefeitura municipal, mas não trabalha com
questões socioambientais.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 84


5.4.4. Organização Social

É importante que sejam destacadas as iniciativas de organização social do


município de Guamaré, a partir de grupos e atividades que atentam para a
valorização cultural e interação social. Ainda de acordo com este trabalho, deve ser
feita uma correlação destas práticas com o saneamento básico, analisando de que
maneira as atividades trabalham com a percepção de meio ambiente e saúde.

Os grupos e atividades culturais identificadas em entrevista realizada com o


Conselho Tutelar estão mostrados no Quadro 09.

QUADRO 09: Grupos Socioculturais De Guamaré


Grupo Atividades realizadas

Grupo Tamanco de Pau Atividades ligadas à dança, arte e teatro, além de


manifestações folclóricas, tais como bumba meu boi, e
culturais, como a Paixão de Cristo.
Quadrilhas juninas Danças e apresentações ligadas aos festejos juninos.

Grupo de Capoeira - Grupo Alforria Realiza constantemente aulões de capoeira.

Grupo de Artes Marciais Realiza atividades ligadas ao taekwondo e judô.

Escolinha de Futsal Feminino e São realizados treinos semanais e a equipe participa de


Masculino campeonatos anuais tanto a nível municipal quanto
estadual.
FONTE: Conselho Tutelar de Guamaré

A maioria dos grupos identificados realizam suas atividades a partir de iniciativa


voluntária, tal como o caso do Grupo Tamanco de Pau, do Grupo de Capoeira e das
Quadrilhas Juninas. A participação das secretarias municipais ocorre por meio de
parcerias que auxiliam, sobretudo, a realização de grandes eventos.

No tocante à correlação das atividades realizadas às práticas de saúde, a única


ação realizada neste sentido diz respeito a uma peça teatral sobre a prevenção do
mosquito da dengue de iniciativa do Grupo Tamanco de Pau, ocorrida, no entanto,
uma única vez.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 85


Já em relação às associações existentes em Guamaré, foram identificadas 4
(quatro), que possuem grande relevância social, identificadas no Quadro 10 abaixo.

QUADRO 10: Associações Presentes Em Guamaré

Associações

Associação de Proteção e Amparo aos dependentes químicos


de Guamaré (APAD)
Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC)

Associação Espaço Verde

Associação de Moradores Guamaré Voluntários

FONTE: Conselho Tutelar de Guamaré

As associações destacadas são de grande importância para a população de


Guamaré, pois objetivam a realização de atividades que aumentam a eficácia das
políticas públicas, direcionando ações para grupos sociais que são pouco assistidos.
Destaque deve ser dado à APAC, que apesar de ter sede no município de Macau,
atende bastante os cidadãos de Guamaré.

A APAC, que atende pessoas que cumprem regime semiaberto, e a APAD, que
ampara dependentes químicos, ambas realizam atividades ligadas ao
reaproveitamento de materiais recicláveis, praticando o artesanato e valorizando a
prática da coleta seletiva, contribuindo para uma destinação adequada dos resíduos
sólidos.

A Associação de Moradores Guamaré Voluntários também realiza atividades ligadas


diretamente ao saneamento básico. Dentre suas ações, a referida associação
desenvolveu um Projeto de Reciclagem, com propostas para esta prática,
realizando, inclusive, um cadastro dos catadores do lixão. Esta foi a última iniciativa
que realizou um levantamento dos catadores que diretamente trabalham com os
resíduos sólidos. Segundo o Conselho Tutelar, não pôde ter continuidade por falta
de parcerias que dessem suporte e apoio ao projeto.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 86


5.5. Segurança Pública

Para atender as demandas relativas à segurança da população guamareense, o


município dispõe de 02 (duas) delegacias da polícia militar, sendo uma na sede
municipal e a outra no distrito de Baixa do Meio.

5.6. Energia elétrica

A energia é fornecida pela Empresa Energética do Rio Grande do Norte – COSERN


que possuía, em 2009, 4.152 consumidores no município. O uso residencial é
preponderante, perfazendo cerca de 86% das ligações existentes.

O município é em quase sua totalidade atendido por energia elétrica, e os projetos


de ampliação do serviço ocorrem de acordo com a demanda.

Cumpre ressaltar que algumas áreas periféricas da Sede municipal ainda não
dispõem de energia elétrica, como os barracos localizados às margens do rio do
Miassaba, próximo ao antigo heliporto.

5.7. Pavimentação

No tocante à pavimentação, pode-se afirmar segundo a Secretaria de Obras, que a


Sede e Lagoa de Baixo são integralmente pavimentadas. Nas comunidades de
Lagoa Doce e Mangue Seco a pavimentação está em andamento, e em Lagoa Seca
o projeto está em fase de estudo. Nas demais comunidades, constatou-se que não
há pavimentação, nem projeto para tal.

5.8. Transporte

De acordo com o estudo levantado no Diagnóstico do Plano Diretor de Guamaré,


contendo a Leitura da Cidade e do Território, o município não possui sistema de
transporte interurbano, sendo meta da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 87


a sua estruturação e implantação. Esse serviço é prestado por particulares,
principalmente moto-táxi. A empresa - Expresso Cabral possui linha intermunicipal
que faz diariamente a ligação da Sede municipal a Natal.

Quanto ao transporte dos estudantes da zona rural, a Secretaria Municipal de


Educação possui frota própria composta por 04 (quatro) veículos.

A infraestrutura de transporte conta ainda com um píer metálico e um campo de


pouso construído pela PETROBRÁS.

Segundo informação do setor de engenharia da Secretaria Municipal de Obras,


encontra-se em andamento as reformas das rodoviárias da Sede municipal e do
distrito de Baixa do Meio, além das paradas de ônibus.

Desta forma entende-se que a mobilidade, entre outras necessidades relacionadas


ao tráfego local encontra-se prejudicada.

6. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

6.1. Ocupações Especiais

6.1.1. Faixa de Praia

De acordo com o Decreto nº 5.300, de 07 de dezembro de 2004 que trata do Projeto


Orla para a classificação e planejamento da gestão, as orlas marítimas 5 deveram ser
enquadradas segundo aspectos físicos e processos de uso e ocupação
predominantes.

No município de Guamaré, o uso e a ocupação da faixa litorânea estão


representados, principalmente, pelas atividades pesqueiras, destacando-se ao longo
desta faixa costeira, as seguintes praias: do Minhoto, onde se encontram além dos
ranchos de pescadores, para a extração de moluscos, as instalações de dutos da
PETROBRÁS; e a praia do Presídio, praia ilhada em um “braço de mar”, lugar

5
É a faixa contida na zona costeira, de largura variável, compreendendo uma porção marítima e outra terrestre, caracterizada
pela interface entre a terra e o mar.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 88


bastante bucólico que funciona como ponto turístico da região e, até bem pouco
tempo, existia ocupação desse espaço com bares e barracas. Há cerca de 01 ano, o
Patrimônio da União mandou derrubar tudo o que ali existia de irregular.

Deve-se ainda ressaltar que a orla do Município apresenta peculiaridades no que se


refere ao ambiente litorâneo, com trechos de praias abertas, zona de arrebentação
bem desenvolvida, com elevada taxa de circulação e renovação de água, além, da
presença de dunas frontais e trechos que apresentam características intermediárias
entre áreas expostas e abrigadas não urbanizadas, o que define respectivamente,
segundo critérios do Ministério de Meio Ambiente, uma “Orla Exposta” e uma “Orla
Semi-abrigada” (Figura 26).

FIGURA 26. Foto Da Ilha Do Presídio


Fonte: Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2011.

6.1.2. Áreas Subnormais

Na caracterização do uso e ocupação do solo do município de Guamaré, identificam-


se condições diferenciadas do uso residencial, em especial as condições de moradia
da população de menor poder aquisitivo que, denomina-se de assentamentos
subnormais.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 89


Conforme a literatura especializada, esses assentamentos são aglomerados de
habitações que se encontram em processo de vulnerabilidade, com relação às
condições socioespaciais e as características físicas da habitação.

Conforme o Diagnóstico que contém a Leitura da Cidade e do Território do Plano


Diretor de Guamaré, quanto à localização, destacam-se dois tipos de aglomerados,
no município: o urbano e o rural.

Os aglomerados urbanos estão localizados em três pontos dentro da Sede do


município e nas suas proximidades:

a) Ponto 01 - localiza-se na entrada da cidade, no final das ruas Francisco Praxedes


e Matheus de Almeida, margeando o rio Miaçaba. Apesar de o assentamento
apresentar um traçado viário regular, as condições das edificações são precárias
(paredes e telhados construídos com material reciclável). Observa-se, no entorno da
área, a presença de lixo e trechos, da rua marginal do rio, sem pavimentação e
esgoto a céu aberto;

b) Ponto 02 - localiza-se no lado oposto, ao mencionado anteriormente, margeando


o rio Aratuá e a parte do mangue que circula a cidade, no final da Rua Prof. João
Batista. Existem muitas edificações em processo de construção, principalmente, em
locais que deveriam ser voltados para área pública, assim como também assentadas
em locais alagadiços e impróprios para ocupação;

c) Ponto 03 – outro local, bastante citado pelos participantes da oficina técnica,


localiza-se fora do núcleo central, no entanto próximo à via principal que dá acesso a
cidade. O aglomerado denominado de Morro do Judas, localizado nas proximidades
do Quilombo e da localidade de Alto Alegre. É uma formação recente, com as
edificações, na grande maioria, ainda em construção, somando, aproximadamente
50 casas. O assentamento vem sendo ocupado por famílias que se encontram sem
moradia própria e segundo informações locais, também por pessoas, que apesar de
possuírem imóvel no município ocupam a área para futuro investimento, resultado
da situação fundiária peculiar do município (área de domínio da União e da Igreja).

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 90


FIGURA 27. Foto De Edificações Em Áreas Subnormais
Fonte: Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2011.

As comunidades dispersas no território municipal, também apresentam condições de


precariedade nas edificações residenciais, existindo ainda, habitações em alvenaria
de taipa, com evidente processo de deterioração das paredes, das instalações
sanitárias, entre outros fatores construtivos da edificação (Figuras Abaixo).

Na área rural foi identificado um aglomerado denominado de Nova Jerusalém, com


características de loteamento, porém, não apresenta nenhuma forma legal na sua
implantação. É constituído por barracos de madeira, de palha, ou de taipa, entre
outros materiais; área de construção bastante reduzida, na maioria com dois
cômodos e sem instalações sanitárias. No entanto, é importante destacar que
apesar dos moradores desta localidade se considerarem integrantes da população
de Guamaré, a área do assentamento pertence ao município de Macau, conforme
delimitação georeferenciada. A localidade encontra-se as margens da BR 406, bem
próximo a entrada do município pela RN 401.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 91


FIGURA 28. Casas Da Comunidade Nova Jerusalém
Fonte: Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2011.

FIGURA 29. Assentamentos Subnormais, Na Área Urbana


Fonte: Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2011.

6.1.3. Assentamentos Agrícolas (Reforma Agrária)

O município de Guamaré possui 03 (três) assentamentos agrícolas de Reforma


Agrária, afastados do centro urbano principal, mas assistidos pela rede de saúde e
escolar do município, com atendimento do Programa de Saúde Familiar - PSF e

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 92


Transporte escolar para as famílias assentadas. Abaixo, de forma sucinta,
descrevem-se as características físicas de cada assentamento.

6.1.4. Assentamento Lagoa de Baixo

Comunidade localizada próximo a Refinaria Clara Camarão, com acesso pela


rodovia estadual a RN 221, que se encontra em bom estado de conservação
(pavimentação com paralelepípedo e parte em asfalto), com canteiro central e,
apenas uma rua dá acesso as casas do assentamento. A população assentada é
atendida pelos seguintes equipamentos comunitários: escola, ginásio esportivo e
posto de saúde. As casas, no total de 81 moradias, todas construídas em alvenaria,
de padrão regular, implantadas em um partido urbanístico ordenado, apresentam
acessibilidade para os veículos. A comunidade é atendida pelo serviço de energia
elétrica e iluminação pública e, o abastecimento de água efetuado pela adutora.

6.1.5. Assentamento Santa Paz

Localizado ao longo da BR 406, conta com 97 edificações residenciais, escola,


ginásio esportivo em construção e, é atendida pelo Programa PSF. A comunidade é
atendida pelo sistema de abastecimento de água da CAERN, através da adutora de
Macau( Pendência); todas as moradias dispõem de energia elétrica e iluminação no
perímetro urbano. As casas são alinhadas em duas ruas, paralelas a BR 406 e
apresentam bom estado de conservação, com algumas exceções que já tiveram
ampliações e estão sem acabamento.

6.1.6. Assentamento Santa Maria III

Este assentamento está localizado, a aproximadamente, 5,3 Km da BR 406, com


acesso fácil, porém, em estrada de barro. Possui energia elétrica nas edificações e
iluminação pública nas vias do núcleo residencial. É abastecida pela CAERN,

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 93


através da Adutora e, conta com, aproximadamente, 70 edificações. No entanto,
percebe-se que há um processo de ampliação do número de moradias. A Tabela 10
abaixo, apresenta outras comunidades que são expressivas, tanto na quantidade de
famílias, como no papel de indução do crescimento do município:

TABELA 10. Principais Localidades Do Município, Segundo Quantidade Aproximada De


Edificações
Localidades Casas Famílias Localização aproximada
Próximo a Reservado
Mangue Seco I e II 117 410
Tubarão
Dentro da reserva do
Lagoa Doce 85 300
Tubarão
Ponta de Salina 75 270 Próximo a RN
Limite com Galinhos,
Lagoa Seca 169 600
próximo às Salinas
Próximo a RN 401 a 3 Km
Salina da Cruz 590 2.100
da Sede
Morro do Judas (Monte Próximo ao Canto do
111 400
Alegre) Amaro
Quilombo 78 280 Após Salina da Cruz
Total 1.225 4.360
Fonte: Start Pesquisa e Consultoria Técnica, 2011.

6.2. Morfologia Urbana

A morfologia urbana, enquanto aspecto mais visível de uma localidade é, ao mesmo


tempo, produto e produtor de seu desenvolvimento físico-territorial, sendo entendida
como o estudo dos aspectos da forma urbana nas suas características exteriores,
físicas e suas relações recíprocas ao longo do tempo. Segundo Lamas (2001), a
morfologia consiste no “(...) estudo da configuração e da estrutura exterior de um
objeto. É a ciência que estuda as formas, interligando-a com os fenômenos que lhe
deram origem” (p. 37, 2004).
Os estudos mais recentes sobre a temática se concentram na aproximação da
morfologia urbana com a imagem da cidade e se apresentam como referencial
teórico para interpretação e leitura da cidade e da forma urbana.
Tendo como referência esses estudos, este item tem como objetivo identificar os
elementos da morfologia urbana que interferem direta e indiretamente na ocupação
Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 94
e forma do espaço urbano, levando em consideração as características físicas e
espaciais do município de Guamaré.

6.2.1. Tecido Urbano

Baseado nos tipos de tecido urbano definido por Cândido Malta Campos Filho
(2003), o espaço urbano de Guamaré pode ser classificado em quatro tipos. O
primeiro tipo surge e se desenvolve de maneira isolada, usualmente na periferia do
espaço urbano, em virtude da ausência de planejamento, em áreas ambientalmente
frágeis, como pode ser visto, por exemplo, nos assentamentos informais, como o de
Santa Maria.

O segundo tipo ocorre também de maneira espontânea e se relaciona com outros


núcleos urbanos, formando uma malha urbana interligada por uma via, na medida
em que ocorre a expansão de território urbano. Identifica-se essa ocupação nas
habitações localizadas às margens da RN 401, na comunidade de Salina da Cruz e
Ponta de Salina, formando o que o autor chama de centralidades lineares.

O terceiro tipo corresponde aos espaços planejados (conjuntos habitacionais e


loteamentos), que nascem usualmente nas periferias urbanas da época em que são
implantados, e depois podem se tornar centrais devido a expansão urbana,
característica de grande parte da comunidade de Santa Maria e dos novos
loteamentos que estão sendo implantados.

Por fim, o quarto tipo que se caracteriza por áreas que ao longo do tempo se
tornaram centrais, em geral, uma centralidade provocada pelo crescimento
demográfico de áreas adjacentes e por um processo de adensamento urbano
produzido pela própria área, ou pela formação dos dois processos, onde um
fortalece o outro. Este é o caso identificado na Sede do Município e na comunidade
de Baixa do Meio.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 95


6.2.2. Traçado e Parcelamento

De acordo com Vicente Del Rio (1991), “o parcelamento, assim como o traçado
viário, são os ordenadores do espaço, estrutura fundiária, relações, distâncias,
circulação e acessibilidade etc.” da cidade.

O município de Guamaré apresenta basicamente dois tipos de traçados, o primeiro


correspondendo à fração “planejada/organizada”, com a presença de um traçado
mais regular e uniforme encontrado principalmente na localidade de Baixa do Meio e
em alguns pontos da própria Sede. O segundo tipo, “espontâneo/informal”, é
formado por uma parcela da Sede do Município, e nas comunidades próximas a RN
401, nas áreas informais, onde novas vias surgem de maneira espontânea,
formando novos espaços sem que haja uma definição clara dos limites físicos dos
lotes, quadras e do sistema viário. (Figura Abaixo)

FIGURA 30. Foto Aérea de Baixa do Meio - Identificação do Traçado das Vias e Formas de
Ocupação do Território
Fonte: Google Maps, 2006.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 96


FIGURA 31. Áreas sem Definição Clara dos Limites dos Lotes
Fonte: Google Maps, 2006.

Mesmo o surgimento e desenvolvimento do Município tendo se dado


espontaneamente, sem planejamento urbano que ordenasse regulasse seu
crescimento, observa-se na Sede do Município que o ambiente construído se
caracteriza em, sua maioria, por seguir um traçado reto, perpendicular. Em média,
as quadras apresentam 83,00 m de comprimento e 40m de largura.

Na Zona Rural, de acordo com visita de campo, esta apresenta dois tipos de
traçados: o primeiro é espontâneo, encontrado principalmente nas comunidades
rurais e nas ocupações informais da área de expansão; e um segundo tipo é o
formal, dos lotes regulares e quarteirões do tipo quadrangular e retangular alongado,
encontrados, sobretudo, nos conjuntos habitacionais, nos assentamentos rurais
oficiais, e nas áreas de expansão. (Ver Figura Abaixo)

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 97


FIGURA 32. Vista Aérea do Assentamento Rural de Santa Paz
Fonte: Google Maps, 2006.

7. ESTRUTURA FUNIDÁRIA

Conforme apresenta o Relatório da Leitura da Cidade e do Território do Plano


Diretor de Guamaré, o município apresenta um sério conflito fundiário na área
urbana, entre as terras de patrimônio da União e a Igreja, uma vez que as terras
ocupadas pela Sede do município estão assentadas em terreno considerado do
Patrimônio da União, devido à proximidade com o mar, áreas de mangue e rios que
recebem influência da maré.

De acordo com o mapa da SPU que demarca a linha de preamar de 1833, incluindo
a parte acrescida de marinha que soma 33,00m, boa parte das áreas próprias para
edificações, no município, está dentro deste limite. No entanto, a Igreja através da
paróquia de Nossa Sra. da Conceição também reivindica a propriedade dessas
terras que se sobrepõem a área citada anteriormente, gerando um problema
fundiário que caracteriza o acesso a terra no município, há bastante tempo.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 98


É comum, no município, concessões de uso da terra, através de aforamento da
Igreja, fato que vem gerando polêmica e necessitando da intervenção de órgãos
públicos que estão envolvidos na questão da regularização da terra urbana.

É sabido que no processo de formulação do Projeto Orla está incluído na pauta de


discussão as providências cabíveis com a conciliação do conflito, tendo sido
adotadas, por intermédio do Colegiado, medidas mitigadoras, no sentido de
preservar as áreas de fragilidade ambiental que estão sobre a sua jurisdição.

Os problemas fundiários são agravados pela ausência de material cartográfico ou


fotográfico que possa apoiar as medidas conciliatórias do citado conflito, fato
constatado em recente pesquisa aos arquivos do município onde se identifica que
não há nenhum registro ou plantas que possam revelar a forma de apropriação do
solo, tanto pelos ocupantes atuais, como pelos antigos moradores das localidades.

Quanto às áreas rurais também é bastante indefinida a ocupação, através de


documentos legais de titulação. A maioria ocupa grandes extensões de terra que
foram legalizadas à medida que surgiram os interesses econômicos em adquiri-las,
principalmente, com a chegada da Petrobras e outras empresas que são mais
rigorosas na efetivação da compra de áreas.

No município de Guamaré, grandes parcelas de terras são ocupadas para


exploração do petróleo, para as usinas eólicas, fazendas de camarão e as salinas,
cuja forma de cessão é o arrendamento, onde o proprietário não se obriga a
transferir a propriedade para o ocupante, fazendo apenas um contrato de cessão.

Pode-se ainda, inserir nos problemas fundiários, as terras destinadas a Reforma


Agrária, já que o município possui três assentamentos que foram implantados e
acompanhados pelo INCRA, cujos integrantes das comunidades, principalmente as
mais antigas, reivindicam a titulação definitiva de suas glebas.

Acrescentam-se aos problemas de titulação da terra, as irregularidades quanto à


ocupação urbana que vem ocorrendo às margens da BR 406 e na comunidade de
Umarizeiro, com a construção de casas e abertura de vias de forma ilegal. Nesse
sentido, é necessária a adoção, pelo poder público, de medidas urgentes, evitando a

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 99


formação de aglomerados urbanos insalubres e com problemas estruturais. Estas
comunidades estão localizadas fora do perímetro urbano.

Ressalta-se que em boa parte das comunidades que se formou ao longo do tempo
no município, os proprietários não possuem documentação legal do seu imóvel,
evidenciando, portanto, que os problemas fundiários se estendem, por todo o
território municipal. A situação fica mais grave, na faixa costeira do município, com a
ocupação da orla pela atividade pesqueira, envolvendo questões ambientais e de
subsistência de seus ocupantes, que na maioria são pescadores, que fazem uso da
área, como depósito de material para a pesca.

Além, das dificuldades inerentes a ausência de registro e de acervo de informação


na Prefeitura, o Cartório da jurisdição local não atende a demanda de transferência
de imóveis, remetendo todos os requerimentos para o Cartório do município de
Macau, dificultando o acesso as informações.

REFERÊNCIAS

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do autor, 2010.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE Cidades. Disponível em:


< www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em Julho de 2012.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mapa de biomas do Brasil.


Instituto de Geociências, 2004.

IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente. Perfil do


Município de Guamaré. Natal-RN: Biblioteca do IDEMA, 2009.

EMPARN – Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte.


Meteorologia. Disponível em www.emparn.rn.gov.br. Acesso em Julho de 2012.

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MMA – Ministério de Meio Ambiente do Brasil. Programa de Ação Nacional de
Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos das Secas (PAN-BRASIL).
Brasília: agosto, 2004

NUNES, E. Geografia Física do Rio Grande do Norte. Natal: Imagem Gráfica,


2006.

INMET – Instituto Nacional de Meteorologia. Clima. Disponível em


www.inmet.gov.br/portal. Acesso em Julho de 2012.

PROGRAMA NACIONAL DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO.


Disponível em: http://www.pnud.org.br/home/. Acesso: Acesso em: 14 de Jul. de
2012.

Aspectos Socioeconômicos, Culturais, Ambientais e de Infraestrutura Pá gina 101

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