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ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO

DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

tCAPA
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

ETAPA 2
DIAGNÓSTICO – LEITURAS TÉCNICAS E COMUNITÁRIAS DA CIDADE

Produto 2.3: Diagnóstico Técnico Consolidado

JUAZEIRO DO NORTE
2022
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

FICHA TÉCNICA – ELABORADORES DESTE DOCUMENTO

COORDENAÇÃO DO PROJETO
Diego Coelho do Nascimento COORDENADOR EXECUTIVO
Licenciado em Geografia, Doutor em Geografia.
Francisco Raniere Moreira da Silva COORDENADOR ADMINISTRATIVO
Administrador, Doutor em Administração.
Mariana Brito de Lima COORDENADORA TÉCNICA
Arquiteta e Urbanista, Doutoranda em Geografia.

Wendell de Freitas Barbosa COORDENADOR DE ANÁLISES SOCIAIS


Cientista Social, Doutor em Sociologia .

CONSULTORES TÉCNICOS

Maria Isabel De Sousa Bezerra MOBILIZAÇÃO SOCIAL E ARTICULAÇÃO


Administradora Pública e Gestora Social.
LOCAL
Maria Mirelly da Costa Silva ADMINISTRATIVO
Administradora Pública e Gestora Social.
Caio Ricardo da Silva
Administrador Público e Gestor Social.
Maria Raquel Silva Pinheiro GEOMÁTICA
Geógrafa.

EIXO AMBIENTAL
Germário Marcos Araújo
Graduação em Recursos hídricos/Saneamento
Ambiental, Doutor em Engenharia Civil.
Thiago Alves da Silva
Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental,
Mestre em Recursos hídricos.
Maria Gorethe de Sousa Lima Brito
Engenheira química, Doutora em Engenharia de
Processos.
Janisi Sales Aragão
Engenheira de pesca, Doutora em Engenharia de
pesca.
Joelma Lima Oliveira
Graduação em Saneamento ambiental, Mestre em
Engenharia Civil.
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
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Brenda Tamires Conceição e Sá


Engenheira ambiental, Mestre em
Desenvolvimento regional e sustentável.
Clarice Brito de Santana
Engenheira ambiental.

EIXO TERRITORIAL

Francisco Samuel da Silva Melo


Arquiteto e Urbanista.
Deborah Macedo dos Santos
Arquiteta, Doutora em Arquitetura.
Maria Regilene Gonçalves de Alcantara
Graduação em Tecnologia em Construção de
Edifícios e Doutoranda em Geografia.
Maria Luisa Nicácio Lima
Arquiteta e Urbanista.
Igor Miranda Pinto
Arquiteto, Doutorando em Arquitetura e
Urbanismo.
Ana Patrícia Nunes Bandeira
Engenheira Civil, Doutora em Engenharia Civil.
Sanmia de Lima Pinto
Engenheira Civil, Mestranda em
Desenvolvimento Regional Sustentável.

EIXO SOCIOECÔMICO, HISTÓRICO E CULTURAL

Antônio Lucas Cordeiro Feitosa


Cientista social, Doutor em Sociologia.
Wescley de Freitas Barbosa
Graduação em Ciências Econômicas, Doutor em
Economia.
Polliana de Luna Nunes Barreto
Historiadora, Doutora em Educação.

Priscilla Regis de Queiroz


Historiadora, Doutora em História Social.
Jucieldo Ferreira Alexandre
Historiador, Doutor em História.
Barbara Almeida Oliveira
Administradora Pública e Gestora Social,
Mestranda em Avaliação de Políticas Públicas.
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Hévila Rayara Cruz Ribeiro


Arquiteta e urbanista, Mestranda em Arquitetura e
Urbanismo
ESTAGIÁRIOS
Ana Clara Benjamim Silva
Estudante de Arquitetura e Urbanismo.
Hellen da Silva Sousa
Estudante de Engenharia Ambiental.
Mara Rúbia Ferreira Luna
Estudante de Engenharia Civil.
Eduarda Morais da Silva
Estudante de Engenharia Ambiental.
Daniel Pereira de Morais
Estudante de Engenharia Ambiental.
Fabrynne Mendes de Oliveira
Estudante de Engenharia Ambiental.
Gilvânia Pereira da Costa
Estudante de Engenharia Ambiental.
Ítalo dos Santos Oliveira
Estudante de Arquitetura e Urbanismo.
Emanueli da Silva Viana
Estudante de Comunicação e Design.
Ana Alice Marco Pereira da Cunha
Estudante de Arquitetura e Urbanismo.
Cícera Fernanda Nascimento e Silva
Estudante de Arquitetura e Urbanismo.
Felipe Alves da Costa
Estudante de Arquitetura e Urbanismo.
Maria Beatriz Matos Cirino
Estudante de Arquitetura e Urbanismo.
Maria Eduarda Pereira Quirino
Estudante de Arquitetura e Urbanismo.
Danilo Assunção Arrais
Estudante de Engenharia Civil.
Deyslane Brenda de Almeida Gonçalves
Estudante de Engenharia Civil.
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José Arthur Araújo Moreira


Estudante de Engenharia Civil.
Maria Deise Calou Leite
Estudante de Engenharia Civil.
Willgne Rodrigues Arias
Estudante de Engenharia Civil.
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PREFEITURA MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE

Glêdson Lima Bezerra PREFEITO MUNICIPAL


Walberton Carneiro Gomes PROCURADORIA GERAL
SECRETARIA MUNICIPAL DE
José Maria Ferreira Pontes Neto
INFRAESTRUTURA
SECRETARIA MUNICIPAL DE
Francisco Hélio Alves da Silva
ADMINISTRAÇÃO
SECRETARIA MUNICIPAL DE
Cicero Roberto Sampaio de Lima
AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
Vanderlucio Lopes Pereira SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA
SECRETARIA MUNICIPAL DE
Wilson Soares Silva
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E
INOVAÇÃO
SECRETARIA MUNICIPAL DE
Josineide Pereira de Sousa Lima DESENVOLVIMENTO SOCIAL E
TRABALHO
SECRETARIA MUNICIPAL DE
Pergentina Parente Jardim Catunda
EDUCAÇÃO
SECRETARIA MUNICIPAL DE ESPORTE
Jose Bendimar de Lima Junior
E JUVENTUDE
José Gonçalves de Moura Neto SECRETARIA MUNICIPAL DE FINANÇAS
SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO
Diogo dos Santos Machado
AMBIENTE E SERVIÇOS PÚBLICOS
Francimones Rolim de Albuquerque SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
SECRETARIA MUNICIPAL DE
Silvia Paula Soares Rodrigues
SEGURANÇA
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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa de localização de Juazeiro do Norte e da Região Metropolitana do Cariri


.........................................................................................................................................48
Figura 2: Eixos da Revisão do Plano Diretor Municipal de Juazeiro do Norte (PDM/JN)
.........................................................................................................................................50
Figura 3: Mapa de divisão político-administrativa..........................................................59
Figura 4: Localização da Região de Planejamento do Cariri ..........................................63
Figura 5: Arranjo Populacional de Juazeiro do Norte/CE ..............................................65
Figura 6: Centralidade para aeroporto do AP de Juazeiro do Norte/CE .........................67
Figura 7: Centralidade para compra de itens de calçados e vestuário - AP de Juazeiro do
Norte/CE ..........................................................................................................................68
Figura 8: Centralidade para compra de móveis e eletroeletrônicos - AP de Juazeiro do
Norte/CE ..........................................................................................................................68
Figura 9: Mapa da Região Metropolitana do Cariri ........................................................70
Figura 10: Mapa das sub-bacias hidrográficas do Rio Salgado.......................................84
Figura 11: Mapa das microrregiões hidrográficas de Juazeiro do Norte.........................87
Figura 12: Mapa dos espelhos d’água no município de Juazeiro do Norte – CE ............88
Figura 13: Mapa hidrografia no município de Juazeiro do Norte – CE. .........................90
Figura 14: Esboço esquemático do funcionamento dos sistemas aquíferos da Chapada do
Araripe. ............................................................................................................................91
Figura 15: Mapa da área de rebaixamento do aquífero em Juazeiro do Norte – CE. ......92
Figura 16: Mapa hidrogeológico. Sistema de aquíferos em Juazeiro do Norte -CE.
.........................................................................................................................................93
Figura 17: Mapa hipsométrico (Relevo por curvas de nível). .........................................94
Figura 18: Distribuição dos poços tubulares e amazonas no município de Juazeiro do
Norte. ...............................................................................................................................96
Figura 19: Raio de proteção do Sistema Aquífero Inferior. ............................................99
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Figura 20: Raio de proteção do Sistema Aquífero Médio. ............................................100


Figura 21: Mapa das áreas de ocorrência de alagamentos no município de Juazeiro do
Norte. .............................................................................................................................105
Figura 22: Mapa das áreas de ocorrência de alagamentos no município de Juazeiro do
Norte. .............................................................................................................................107
Figura 23: Mapa de distribuição de todos os poços tubulares e amazonas cadastrados no
município de Juazeiro do Norte - CE. ...........................................................................119
Figura 24: Mapa da distribuição espacial dos poços de abastecimento público que estão
em operação na cidade de Juazeiro do Norte. ...............................................................121
Figura 25: Demanda versus produção do SAA ao longo da vigência do PDAA de Juazeiro
do Norte – CE. ...............................................................................................................125
Figura 26: Modelagem Espacial de NO3- no período seco...........................................130
Figura 27: Modelagem Espacial de NO3- no período chuvoso. ....................................131
Figura 28: Mapa da distribuição espacial das empresas que geram efluentes não sanitários
em Juazeiro do Norte – Ce, em relação a localização dos poços de abastecimento de água
gerenciados pela CAGECE e ao zoneamento urbano. ..................................................133
Figura 29: Mapa da distribuição espacial dos setores hidráulicos do sistema de
abastecimento de água da sede de Juazeiro do Norte– Ce. ...........................................136
Figura 30: Bomba peristáltica para aplicação de cloro na etapa de desinfecção...........140
Figura 31: A malha de distribuição de água da sede de Juazeiro do Norte – Ce...........149
Figura 32: Representação do SES de Juazeiro do Norte – CE. .....................................163
Figura 33: Bairros do entorno do Parque Natural Municipal das Timbaúbas em Juazeiro
do Norte – CE ................................................................................................................165
Figura 34: Vista anterior ao lançamento de esgoto em trecho do Riacho dos Macacos
localizado no interior do PNMT em Juazeiro do Norte - CE. .......................................166
Figura 35: Vista frontal ao lançamento de esgoto em trecho do Riacho dos Macacos
localizado no interior do PNMT em Juazeiro do Norte - CE. .......................................166
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Figura 36: - Primeiro ponto de lançamento de esgoto na Lagoa das Timbaúbas localizada
na área do PNMT...........................................................................................................167
Figura 37: Segundo ponto de lançamento de esgoto na Lagoa das Timbaúbas, localizada
na área do PNMT...........................................................................................................167
Figura 38: Distribuição dos poços do município de Juazeiro do Norte: (a) distribuição em
todo território juazeirense (b) detalhe da distribuição dos poços no entorno do Riacho dos
Macacos. ........................................................................................................................169
Figura 39: Bacias de esgotamento do município de Juazeiro do Norte.........................171
Figura 40: Representação esquemática de um SCE típico ao lado de um sistema
convencional..................................................................................................................173
Figura 41: Possibilidade de localização dos ramais no sistema condominial. ..............175
Figura 42: Mapa Demonstrativo do Indicador de Esgotamento Sanitário Inadequado.178
Figura 43: :Vulnerabilidade Social dos Bairros da Cidade de Juazeiro do Norte. ........179
Figura 44: Limpeza da Rede Coletora de Esgotos no bairro João Cabral. ....................184
Figura 45: ETE Malvas..................................................................................................186
Figura 46: ETE Vila Três Marias. .................................................................................187
Figura 47: ETE PROURB. ............................................................................................188
Figura 48: Mapa da distribuição espacial das empresas que geram efluentes não sani tários
em Juazeiro do Norte – Ce, em relação a localização dos poços de abastecimento de água
gerenciados pela CAGECE e ao zoneamento urbano. ..................................................199
Figura 49: Esgoto doméstico escoando por meios – fios e valas em bairros da cidade de
Juazeiro do Norte – Ce. .................................................................................................213
Figura 50: Canais naturais da drenagem da cidade de Juazeiro do Norte – Ce recebendo
esgotos domésticos. .......................................................................................................214
Figura 51: Vista frontal ao lançamento de esgoto em um trecho do Riacho dos Macacos
localizado no interior do PNMT em Juazeiro do Norte - CE. .......................................216
Figura 52: Mapa da infraestrutura subterrânea de drenagem existente em Juazeiro do
Norte. .............................................................................................................................218
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Figura 53: Mapa da infraestrutura subterrânea de drenagem e dos pontos de alagamentos


existentes na sede de Juazeiro do Norte – Ce. ...............................................................219
Figura 54: Pontos de alagamento no bairro Lagoa Seca, município de Juazeiro do Norte
– Ce. ...............................................................................................................................220
Figura 55: Ponto de alagamento no bairro Jardim Gonzaga, município de Juazeiro do
Norte – Ce......................................................................................................................221
Figura 56: Ponto de alagamento no bairro Cidade Universitária, município de Juazeiro do
Norte – Ce......................................................................................................................222
Figura 57: Ponto de alagamento no bairro Planalto, município de Juazeiro do Norte – Ce.
.......................................................................................................................................222
Figura 58: Resíduos sólidos sendo carreados para o interior de bocas de lobo pelo
escoamento superficial (esgoto) no município de Juazeiro do Norte – Ce....................223
Figura 59: Situação da área onde está localizada a rua Maria Hilda Oliveira de Morais,
bairro Campo Alegre, município de Juazeiro do Norte - Ce: Situação da área onde está
localizada a rua Maria Hilda Oliveira de Morais, bairro Campo Alegre, município de
Juazeiro do Norte - Ce: (a) Mapa da localização da Lagoa em relação a rua Maria Hilda
Oliveira de Morais, (b) Alagamento da rua em período de chuva, (c) Rua coberta por
sedimentos transportados em períodos de alagamento. .................................................225
Figura 60: Abertura na borda da Lagoa do bairro Campo Alegre, município de Juazeiro
do Norte – Ce.................................................................................................................226
Figura 61: Exemplos da situação precária da infraestrutura urbana no bairro Betolândia,
município de Juazeiro do Norte - Ce: Exemplos da situação precária da infraestrutura
urbana no bairro Betolândia, município de Juazeiro do Norte - Ce: (a) Rua Maria dos
Santos Rodrigues coberta por sedimentos, (b) Mureta construída em frente a uma
residência, (c) Rua do Mosteiro coberta por sedimentos e repleta de mato em suas
margens..........................................................................................................................227
Figura 62: Exemplo de pontos de alagamento e situação precária de infraestrutura urbana
no bairro Pedrinhas: (a) e (b) Áreas de alagamento na rua Ministro Colombo de Sousa,
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(c) Rua Ana Maria de Oliveira sem infraestrutura dos serviços de saneamento básico e
(d) Rua sem calçamento e sem infraestrutura de nenhum dos serviços básicos de
saneamento e sem calçamento. ......................................................................................228
Figura 63: Mapa de suscetibilidade a alagamentos no município de Juazeiro do Norte –
Ce. ..................................................................................................................................229
Figura 64: Grau de Susceptibilidade a Alagamentos do Bairro Tiradentes. .................232
Figura 65: Canal de drenagem artificial de Juazeiro do Norte – Ce..............................233
Figura 66: Desague do canal de drenagem artificial no canal natural de drenagem,
Juazeiro do Norte – Ce. .................................................................................................233
Figura 67: Organograma dos programas e projetos sugeridos no PMSB para a drenagem
e manejo de águas pluviais em Juazeiro do Norte - Ce. ................................................235
Figura 68: Serviços de manutenção da drenagem existente e ampliação de pequenos
trechos de extrema necessidade e baixo custo em Juazeiro do Norte – Ce. ..................236
Figura 69: Ponto de Entrega Voluntária (PEV) da Reciclus em um supermercado em
Juazeiro do Norte-Ce. Ano 2022. ..................................................................................250
Figura 70: Ecopontos de recebimentos de pneus inservíveis (A, B) e resíduos
eletroeletrônicos (C, D) em Juazeiro do Norte-Ce. Ano 2022. .....................................252
Figura 71: Ponto de Entrega voluntária (PEV) de embalagens da empresa Boticário em
Juazeiro do Norte-Ce. Ano 2022. ..................................................................................253
Figura 72: Localização dos Pontos de Entrega Voluntária (PEV) disponibilizados pela
prefeitura de Juazeiro do Norte-Ce. Ano 2022. .............................................................255
Figura 73: Ponto de Entrega Voluntária (PEV) de resíduos recicláveis localizado na Praça
Padre Cícero em Juazeiro do Norte-Ce. Ano 2022. ......................................................256
Figura 74: Localização do Aterro Controlado do município de Juazeiro do Norte-Ce. Ano
2022. ..............................................................................................................................259
Figura 75: Aterro Controlado do município de Juazeiro do Norte-Ce. (A – Entrada, B e C
– Interior do aterro). Ano 2022......................................................................................261
Figura 76: Zonas Especiais de Juazeiro do Norte, conforme PDDU de 2000...............271
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Figura 77: Mapa detalhado de uso e ocupação do solo da ZE2. ...................................276


Figura 78: Imagens dos pontos de coleta das amostras P01, P05, P10 e P15 e suas
respectivas localizações na área delimitada da ZE2. .....................................................277
Figura 79: Potencial Poluidor Degradador das atividades empresariais no entorno da ZE2.
.......................................................................................................................................279
Figura 80: Potencial Poluidor Degradador de atividades empresariais no entorno da ZE3.
.......................................................................................................................................282
Figura 81: Dois mirantes do geossítio da Colina do Horto. ..........................................285
Figura 82: Potencial Poluidor Degradador de atividades empresariais no entorno da ZE3.
.......................................................................................................................................286
Figura 83: Descarte irregular de resíduos sólidos e queimadas urbanas na Colina do Horto.
.......................................................................................................................................289
Figura 84: Mapa de Unidades de Conservação e outras áreas ambientais protegidas...291
Figura 85: Malha urbana de Juazeiro do Norte em 2000. .............................................301
Figura 86: Malha urbana de Juazeiro do Norte em 2010. .............................................301
Figura 87: Comparação do Triângulo CRAJUBAR nos anos de 1960 e 2013. ............302
Figura 88: Mapa da evolução urbana de Juazeiro do Norte – CE. ................................304
Figura 89: Mapa da Zona Urbana do Município/divisão por bairros. ...........................306
Figura 90: Avenida Castelo Branco, aos fundos, verticalização do Bairro Triângulo. .323
Figura 91: Bairro Lagoa Seca. Vista da cidade de Juazeiro do Norte. ..........................323
Figura 92: Modelo Padrão Esquemático Para Unidade de Vizinhança – Proposta.......326
Figura 93: Mapa de Equipamentos públicos de saúde. .................................................332
Figura 94: Mapa de Equipamentos públicos de esporte. ...............................................334
Figura 95: Equipamentos públicos de educação............................................................343
Figura 96: Mapa dos Equipamentos públicos de cultura...............................................356
Figura 97: Mapa de Equipamentos públicos de Assistência Social. .............................358
Figura 98: Mapa de Moradias Inadequadas e Áreas de Risco.......................................361
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Figura 99: Mapa de densidade populacional por setor censitário de Juazeiro do Norte –
CE. .................................................................................................................................367
Figura 100: Alagamento ocorrido no Bairro José Geraldo Cruz...................................368
Figura 101: Mapa de zoneamento vigente, PDDU, 2000. .............................................369
Figura 102: Alagamento na Avenida Plácido Aderaldo Castelo, bairro Lagoa Seca. ...384
Figura 103: Mapa dos bairros componentes da área urbana de Juazeiro do Norte - CE.
.......................................................................................................................................386
Figura 104: Mapa da Área Rural do Município de Juazeiro do Norte - CE. ................388
Figura 105: Calçada com grandes desníveis no bairro Horto. .......................................395
Figura 106: Interferências em passeio pela região central. ...........................................396
Figura 107: Calçada segundo a NBR 9050. ..................................................................397
Figura 108: Mapa de Hierarquização Viária. ................................................................400
Figura 109: Mapa Turístico de Juazeiro do Norte. ........................................................403
Figura 110: Mapa de Terminais e estações de apoio aos modais de transporte. ...........407
Figura 111: Mapa de Transporte coletivo, terminais e estações e linhas de operação. .409
Figura 112: Panorama das áreas servidas e não-servidas pelas linhas de operação do
transporte coletivo municipal. .......................................................................................411
Figura 113: Mapa com localização dos Geradores de tráfego.......................................413
Figura 114: Mapa de Risco de deslizamento. ................................................................425
Figura 115: Mapa de Moradias Inadequadas.................................................................426
Figura 116: Mapa de Áreas Irregulares. ........................................................................427
Figura 117: Ilustração de perigo, vulnerabilidade e de área de risco. ...........................431
Figura 118: Ocupações em áreas de Zona Especial em Juazeiro do Norte-CE. Fonte:
Google Earth (2022). .....................................................................................................433
Figura 119: Ações antrópicas na Rua Domingos Savio. ZE2-Parque Ecológico das
Timbaúbas. ....................................................................................................................433
Figura 120: Ações antrópicas na Rua Luíz Galvão Pereira, ZE2- Parque Ecológico das
Timbaúbas. ....................................................................................................................434
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Figura 121: a) Alagamento após 25 mm de chuva no ano de 2018; b) Erosão do solo após
chuvas. Bairro José Geraldo da Cruz, Juazeiro do Norte-CE........................................434
Figura 122: Avanço urbano de Juazeiro do Norte entre 1990 e 2019. ..........................435
Figura 123: Mapa de altimetria do município de Juazeiro do Norte/CE. ......................436
Figura 124: Mapa de Classes de Relevo do Município de Juazeiro do Norte/CE.........438
Figura 125: Mapa de Classes Litológicas do Município de Juazeiro do Norte/CE. ......439
Figura 126: Blocos de rocha granítica, rica em mica, no bairro do Horto, em Juazeiro do
Norte. .............................................................................................................................440
Figura 127: Ocupações em situação de risco, no bairro Horto, em Juazeiro do Norte.
Cicatriz de erosão, devido ao lançamento de águas servidas, recoberta por resíduos
sólidos............................................................................................................................440
Figura 128: Erosões no bairro Limoeiro, na Zona Especial 2 - Parque Ecológico das
Timbaúbas. Coordenadas geográficas: 7°13'18.97"S e 39°18'14.02". ..........................441
Figura 129: Erosões no Brejo Seco, na Zona de Expansão Urbana. .............................441
Figura 130: Patologias em edificação situada no Bairro Leandro Bezerra de Menezes, em
Juazeiro do Norte, devido ao comportamento do solo expansivo. ................................442
Figura 131: Localização de pontos onde foram identificados solos de comportamento
expansivo e colapsível em Juazeiro do Norte................................................................444
Figura 132: Mapa de Classes Pedológicas do Município de Juazeiro do Norte/Ce. .....446
Figura 133: Mapa de Suscetibilidade à Erosão de Juazeiro do Norte/CE. ....................448
Figura 134: Tipologia das residências no bairro do Horto, Juazeiro do Norte/CE........456
Figura 135: Área com potencial de deslizamentos. .......................................................457
Figura 136: Área com potencial de quedas/rolamentos de blocos de rocha. .................457
Figura 137: Sulcos erosivos na localidade do Horto. ....................................................458
Figura 138: Talude de corte sem proteção superficial. ..................................................458
Figura 139: Lançamento de águas servidas diretamente no solo. .................................459
Figura 140: Acúmulo de materiais na crista dos taludes, causando sobrecargas. .........459
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Figura 141: Presença de entulho e de árvores de grande porte no setor SR01 (Risco Médio
- R2). ..............................................................................................................................461
Figura 142: Talude suscetível a deslizamentos de solos e rolamentos de blocos de rochas,
com presença de lixo e de árvores de médio porte no SR02 (Risco Médio - R2). ........462
Figura 143: Setores de Risco 01 e 02, de classe R2- Risco Médio, de deslizamento de
encostas no bairro do Horto, em Juazeiro do Norte-CE. ...............................................463
Figura 144: Tubulações para lançamento de águas servidas no solo, no setor SR03, de
grau de Risco Alto - R3. ................................................................................................464
Figura 145: Presença de materiais causando sobrecarga no talude, no setor SR03 de grau
de Risco Alto - R3. ........................................................................................................464
Figura 146: Setor de Risco 03, de classe R3- Risco Alto, de deslizamento de encostas no
bairro do Horto, em Juazeiro do Norte-CE....................................................................465
Figura 147: Tubulações de águas servidas lançando no talude, no setor SR04, de grau de
Risco Muito Alto - R4. ..................................................................................................466
Figura 148: Lançamento de esgotos a céu aberto, nas ruas do setor SR04, de grau de Risco
Muito Alto - R4. ............................................................................................................466
Figura 149: Reservatório de água e árvores de grande porte, causando sobrecarga no
talude do setor SR04, de grau de Risco Muito Alto - R4. .............................................467
Figura 150: Residência com patologias nas estruturas no setor SR04. .........................468
Figura 151: Patologias no pilar de uma moradia do setor SR04. ..................................468
Figura 152: Lançamento de efluentes no solo, escoando para o talude do setor SR05, de
grau de Risco Muito Alto - R4. .....................................................................................469
Figura 153: Vazamento de tubulação de água de abastecimento no setor SR05, de grau de
Risco Muito Alto - R4. ..................................................................................................470
Figura 154: Tubulação de águas com lançamento concentrado no solo; presença de lixo e
de árvores de grande porte em talude do setor SR06, de grau de Risco Muito Alto - R4.
.......................................................................................................................................471
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Figura 155: Setores de Risco 04, 05 e 06, de classe R4 - Risco Muito Alto, de
deslizamento de encostas no bairro do Horto, em Juazeiro do Norte-CE. ....................472
Figura 156: Talude com potencial de deslizar; presença de árvore de médio porte no talude
do setor SR07, de grau de Risco Alto – R3. ..................................................................473
Figura 157: Talude com blocos rochosos potencial de deslizar no setor SR07, de grau de
Risco Alto – R3. ............................................................................................................474
Figura 158: Setores de Risco 07 e 08, de classe R3 - Risco Alto, de deslizamento de
encostas no bairro do Horto, em Juazeiro do Norte-CE. ...............................................475
Figura 159: Lançamento de águas servidas diretamente no solo e sistemas de drenagens
insuficientes, causando erosão no Setor SR08, de grau de Risco Alto – R3.................476
Figura 160: Lançamento de lixo sobre cicatriz de erosão no Setor SR08, de grau de Risco
Alto – R3. ......................................................................................................................476
Figura 161: Entulho em talude no Setor SR08, de grau de Risco Alto – R3. ...............477
Figura 162: Mapa de Joaseiro em 1875. .......................................................................487
Figura 163: Mapa de Juazeiro do Norte em 1955. ........................................................488
Figura 164: Delimitação do aglomerado subnormal Horto. ..........................................537
Figura 165: Regiões de influência das cidades - Arranjo Populacional de Juazeiro do
Norte/CE - Capital Regional B ......................................................................................551
Figura 166: Quantitativo de Agências de Instituições Financeiras em Municípios do
Ceará. .............................................................................................................................552
Figura 167: Empresas pertencentes à atividade Serviços Financeiros em Juazeiro do
Norte. .............................................................................................................................553
Figura 168: Empresas pertencentes à atividade comércio varejista em Juazeiro do Norte.
.......................................................................................................................................554
Figura 169: Empresas pertencentes à atividade de Alimentação em Juazeiro do Norte.
.......................................................................................................................................555
Figura 170: Empresas pertencentes à atividade de comércio e reparação de veículos
automotores e motocicletas em Juazeiro do Norte. .......................................................556
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

Figura 171: Empresas pertencentes à atividade de atenção à saúde humana em Juazeiro


do Norte. ........................................................................................................................557
Figura 172: Empresas pertencentes à atividade de Preparação de Couros e Fabricação de
Artefatos de Couros, Artigo para Viagem e Calçados em Juazeiro do Norte. ..............558
Figura 173: Empresas pertencentes aos diversos setores que compõem a economia do
município de Juazeiro do Norte.....................................................................................560
Figura 174: Destino das exportações do município de Juazeiro do Norte, valor das
exportações e valor das importações no período de 2017 a 2020. ................................561
Figura 175: PIB dos municípios cearenses. ...................................................................565
Figura 176: Percentual da população ocupada nos municípios cearenses.....................566
Figura 177: Índice de Gini do rendimento domiciliar per capita em 2010 dos bairros de
Juazeiro do Norte...........................................................................................................572
Figura 178: Análise da correlação espacial do índice de GINI dos bairros em Juazeiro do
Norte. .............................................................................................................................573
Figura 179: IPS-B em 2010 dos bairros de Juazeiro do Norte .....................................588
Figura 180: Análise da correlação espacial do IPS-B em Juazeiro do Norte. ...............589
Figura 181: Distribuição do povoamento em 1875 .......................................................600
Figura 182: Praça Padre Cícero e seu entorno em (A) final da década de 1950 e (B) por
volta da década de 1990 – séc. XX................................................................................606
Figura 183: Residência do Dr. Mozart Cardoso de Alencar, localizada no cruzamento das
Ruas Padre Cícero e Alencar Peixoto; hoje é um estacionamento de veículos. ............607
Figura 184: Edificação contemporânea com alto gabarito construída a partir da demolição
de antigas edificações. ...................................................................................................608
Figura 185: Exemplos de edificações com estilo neocolonial (A), ecletico (B),
protomoderno/art-déco (C) e moderno (D). ..................................................................609
Figura 186: Exemplo de intervenções mais recorrentes em fachadas de edificações
históricas do centro histórico de Juazeiro do Norte. ......................................................610
Figura 187: Categorias de classificação de patrimônio .................................................626
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

Figura 188: Estátua do Padre Cícero. ............................................................................633


Figura 189: Casarão do Horto. ......................................................................................634
Figura 190: Acervo do Museu vivo do Padre Cícero. ...................................................635
Figura 191: Museu do Padre Cícero Romão Batista. ....................................................636
Figura 192: Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. ..........................................637
Figura 193: Santuário São Francisco das Chagas..........................................................639
Figura 194: Capela São Vicente de Paulo .....................................................................640
Figura 195: Casa dos Milagres. .....................................................................................641
Figura 196: Interior da Casa dos Milagres. ...................................................................642
Figura 197: Antiga Sede do Bispado situado no Centro na Rua José (nº120). ...........643
Figura 198: Capela Nossa Senhora das Graças situada na Rua Farias Brito, no Bairro
Romeirão. ......................................................................................................................643
Figura 199: Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores. ....................................................646
Figura 200: Igreja do Bom Jesus do Horto. ...................................................................646
Figura 201: Grupo Escolar Padre Cícero.......................................................................649
Figura 202: Casarão dos Viana......................................................................................650
Figura 203: Travessa Genésio Matos com a Rua 24 de Março (nº 68). ........................651
Figura 204: Vila Luzitana..............................................................................................653
Figura 205: Pedra do Joelho – Geossítio Colina do Horto. ...........................................656
Figura 206: Vista da cidade de Juazeiro a partir do Geossítio Colina do Horto. ..........657
Figura 207: Teleférico de Juazeiro do Norte (em implantação) ....................................657
Figura 208: Rua São José (15.09.2021).........................................................................676
Figura 209: Largo do Socorro (02.11.2021)..................................................................677
Figura 210: Frente da Capela São Vicente de Paulo (Rua Santa Rosa). .......................678
Figura 211: Planta da rede coletora de esgotos da cidade de Juazeiro do Norte – Ce...731
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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Aspectos demográficos da RM Cariri ............................................................72


Quadro 2: FPICs, eixos estratégicos e subeixos do PDUI da RM Cariri ........................74
Quadro 3: Tipos de outorga e a quantidade de outorgas de 2009 a 2020. .....................104
Quadro 4: Matriz SWOT aplicada ao diagnóstico dos recursos hídricos de Juazeiro do
Norte – CE. ....................................................................................................................109
Quadro 5: Diplomas legais aplicáveis nos âmbitos: Nacional, Estadual e Municipal...115
Quadro 6: Coleta de Dados............................................................................................118
Quadro 7: Volume de água dos poços tubulares em Juazeiro do Norte no ano de 2021.
.......................................................................................................................................122
Quadro 8: Resultados das determinações das concentrações de nitrato em amostras de
água coletadas em poços da CAGECE localizados em Juazeiro do Norte – Ce, ao longo
dos anos 2018 e 2019.....................................................................................................128
Quadro 9: Análise de conformidade de parâmetros de qualidade da água tratada utilizada
no abastecimento público da sede de Juazeiro do Norte-CE, nos anos de 2021 e 2022.
.......................................................................................................................................141
Quadro 10: Localidades atendidas pelo SISAR BSA em Juazeiro do Norte-CE. .........150
Quadro 11: Matriz SOWT aplicada ao diagnóstico do serviço de abastecimento de água
de Juazeiro do Norte – Ce..............................................................................................152
Quadro 12: Diplomas legais aplicáveis nos âmbitos: nacional, estadual e municipal...156
Quadro 13: Coleta de Dados..........................................................................................159
Quadro 14: Partes constitutivas dos sistemas de esgotos. .............................................172
Quadro 15: Cobertura de Esgotamento Sanitário por bairro. ........................................175
Quadro 16: Bairros Urbanos em Juazeiro do Norte. .....................................................179
Quadro 17: Informações técnicas do sistema coletor de esgotos de Juazeiro do Norte –
CE. .................................................................................................................................181
Quadro 18: Emissários de lançamento. .........................................................................189
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Quadro 19: Análises realizadas nas ETES no período de junho de 2019 à dezembro de
2021. ..............................................................................................................................193
Quadro 20: Eficiência das ETES no período de junho de 2019 à dezembro de 2021. ..194
Quadro 21: Empresas licenciadas pela AMAJU em Juazeiro do Norte que geram efluentes
não sanitários com diferentes estão conectadas a rede de esgoto da CAGECE. ...........196
Quadro 22: Quantidade de empresas por zona em Juazeiro do Norte. ..........................200
Quadro 23: Restrições em relação a implantação de atividades comerciais, de serviços e
industriais nas zonas urbanas de Juazeiro do Norte - Ce...............................................200
Quadro 24: Matriz SWOT aplicada ao diagnóstico do serviço de esgotamento sanitário
de Juazeiro do Norte – Ce..............................................................................................201
Quadro 25: Diplomas legais aplicáveis nos âmbitos: nacional, estadual e municipal...207
Quadro 26: Coleta de Dados..........................................................................................209
Quadro 27: Bairros associados ao grau de suscetibilidade a alagamentos. ...................230
Quadro 28: Matriz SWOT aplicada ao diagnóstico do serviço de drenagem e manejo de
águas pluviais de Juazeiro do Norte – Ce......................................................................237
Quadro 29: Legislações relativas aos Resíduos Sólidos................................................245
Quadro 30: Composição gravimétrica dos resíduos sólidos Juazeiro do Norte-CE. .....247
Quadro 31: Ecopontos da Logística Reversa de Juazeiro do Norte-Ce. Ano 2022. ......249
Quadro 32: Associações e Grupo de catadores de material reciclável em Juazeiro do
Norte-Ce. 2022. .............................................................................................................254
Quadro 33: Diretrizes para cada situação-tipo com suas respectivas diretrizes e
potencialidades/ações das ZEs.......................................................................................293
Quadro 34: Matriz SWOT aplicada ao Zoneamento Ambiental de Juazeiro do Norte CE.
.......................................................................................................................................296
Quadro 35: Crescimento demográfico em Juazeiro do Norte: 1970 a 2021..................303
Quadro 36: Loteamentos licenciados entre 2015 e 2020. ..............................................321
Quadro 37: Matriz SWOT – Evolução Urbana. ............................................................324
Quadro 38: Lista dos equipamentos municipais de saúde. ............................................327
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

Quadro 39: Lista das praças de Juazeiro do Norte. .......................................................335


Quadro 40: Lista dos equipamentos de esportes de Juazeiro do Norte. ........................339
Quadro 41: Lista das escolas municipais de Juazeiro do Norte. ...................................344
Quadro 42: Lista das escolas estaduais de Juazeiro do Norte. ......................................348
Quadro 43: Lista das Instituições de ensino superior públicas de Juazeiro do Norte....350
Quadro 44: Lista das Instituições de ensino básico, particulares, de Juazeiro do Norte.
.......................................................................................................................................350
Quadro 45: Lista das Instituições de ensino particulares de Juazeiro do Norte. ...........353
Quadro 46: Desconformidades que devem ser revistas. ................................................359
Quadro 47: Quadro síntese dos bairros carentes de equipamentos municipais. ............364
Quadro 48: Matriz SWOT - Infraestrutura, serviços e equipamentos. ..........................365
Quadro 49: Uso e Ocupação do Solo PDDU, 2000.......................................................372
Quadro 50: Alterações na Lei de Zoneamento de Juazeiro do Norte. ...........................378
Quadro 51: Matriz SWOT – Uso e ocupação do solo. ..................................................390
Quadro 52: Definição das categorias da hierarquia viária. ............................................398
Quadro 53: Identificação dos pontos turísticos inseridos no mapa turístico do município.
.......................................................................................................................................404
Quadro 54: Identificação dos geradores de tráfego inseridos na malha viária municipal
em conformidade com o uso..........................................................................................414
Quadro 55: Famílias que saíram da condição de risco, segundo a Defensoria Civil.....422
Quadro 56: Famílias que serão contempladas através da promoção de obras urbanas nos
bairros Timbaúbas e Limoeiro.......................................................................................423
Quadro 57: Famílias em áreas de risco..........................................................................423
Quadro 58: Famílias em área de risco. ..........................................................................424
Quadro 59: Matriz SWOT – Ocupações Irregulares. ....................................................427
Quadro 60: Locais onde foram encontrados solos de comportamento colapsível e
expansivo em Juazeiro do Norte....................................................................................443
Quadro 61: Critérios para determinação dos graus de risco. .........................................453
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

Quadro 62: Classificação da vulnerabilidade das construções. .....................................453


Quadro 63: Matriz de correlação do grau de risco. .......................................................454
Quadro 64: Setores de risco de deslizamentos em encostas do bairro do Horto-Juazeiro
do Norte. ........................................................................................................................459
Quadro 65: Matriz SWOT – Áreas de Risco .................................................................480
Quadro 66: Os seis municípios cearenses mais populosos de acordo com censo de 2010 e
estimativa para 2021......................................................................................................492
Quadro 67: Crescimento da população de Juazeiro do Norte por censos e segundo
porcentagem sobre o Ceará............................................................................................493
Quadro 68: Crescimento populacional de Juazeiro do Norte por censos e segundo gênero
e localização. .................................................................................................................493
Quadro 69: Indicadores demográficos da população de Juazeiro do Norte segundo censo.
.......................................................................................................................................494
Quadro 70: População residente de Juazeiro do Norte segundo bairros e distritos, 1991-
2010. ..............................................................................................................................496
Quadro 71: População de Juazeiro do Norte segundo gênero e faixa etária nos censos de
2000 e 2010. ..................................................................................................................499
Quadro 72: Razão de dependência da população de Juazeiro do Norte em 2000 e 2010.
.......................................................................................................................................500
Quadro 73: População de Juazeiro do Norte de 10 anos ou mais de idade, por classes de
rendimento nominal mensal e o gênero, 2010. ..............................................................501
Quadro 74: População de Juazeiro com 10 ou mais anos de idade, por nível de instrução
e segundo gênero, 2010. ................................................................................................502
Quadro 75: População juazeirense por cor ou raça, 2010. ............................................502
Quadro 76: Domicílios particulares ocupados e média de moradores por domicílio,
Juazeiro do Norte, 2010.................................................................................................503
Quadro 77: Dados do abastecimento de água e esgotamento sanitário em Juazeiro do
Norte, 2020. ...................................................................................................................503
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

Quadro 78: Situação dos domicílios em Juazeiro do Norte segundo existência de banheiro
ou sanitário, 2010. .........................................................................................................505
Quadro 79: Matrículas iniciais na educação básica por dependência administrativa,
segundo o nível de ensino, em Juazeiro do Norte, 2020. ..............................................506
Quadro 80: Indicadores educacionais dos níveis fundamental e médio da educação em
Juazeiro do Norte, 2020.................................................................................................506
Quadro 81: Coberturas vacinais em Juazeiro do Norte, 2015-2021..............................508
Quadro 82: Cobertura vacinal em menores de 1 ano de idade (%), por tipo de vacina, em
Juazeiro do Norte, 2015-2020. ......................................................................................508
Quadro 83: Indicadores de saúde em Juazeiro do Norte, 2020. ....................................509
Quadro 84: População de Juazeiro do Norte por distritos e segundo zona urbana e rural
em 2010. ........................................................................................................................509
Quadro 85: População de Juazeiro do Norte por distritos e bairros em 2010. ..............510
Quadro 86: População de Juazeiro do Norte por distritos e bairros segundo gênero, 2010.
.......................................................................................................................................512
Quadro 87: População de Juazeiro do Norte por distritos e bairros segundo cor/raça, 2010.
.......................................................................................................................................513
Quadro 88: População de Juazeiro do Norte por distritos e bairros segundo faixa etária
(anos), 2010. ..................................................................................................................516
Quadro 89: População de Juazeiro do Norte por distritos e bairros segundo alfabetização,
2010. ..............................................................................................................................518
Quadro 90: Domicílios particulares permanentes por localidade segundo existência de
banheiro ou sanitário. ....................................................................................................520
Quadro 91: Domicílios particulares permanentes por localidade segundo tipo de
esgotamento sanitário. ...................................................................................................521
Quadro 92: Domicílios particulares permanentes por localidade segundo tipo de
ocupação. 2010. .............................................................................................................523
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

Quadro 93: Domicílios particulares permanentes por localidade segundo número de


moradores. 2010. ...........................................................................................................524
Quadro 94: Pessoas de 10 ou mais anos de idade por localidade segundo classes de
rendimento nominal mensal. 2010.................................................................................526
Quadro 95: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), 2000 e 2010. ...528
Quadro 96: IDHM e seus indicadores no município de Juazeiro do Norte, 2000 e 2010.
.......................................................................................................................................529
Quadro 97: Longevidade e mortalidade, por gênero e cor/raça em Juazeiro do Norte, 2000
e 2010. ...........................................................................................................................529
Quadro 98: Número de pessoas inscritas no Cadastro Único segundo situação de extrema
pobreza, pobreza e de rua, janeiro de 2022. ..................................................................530
Quadro 99: Localidades Passiveis de regularização fundiária. .....................................532
Quadro 100: Famílias que saíram da condição de risco. ...............................................534
Quadro 101: Famílias em áreas de risco que estavam sendo contempladas com melhorias
e que permaneceriam nos imóveis.................................................................................535
Quadro 102: Famílias em áreas de risco que seriam atendidas pelas propostas do
município para retiradas de risco...................................................................................535
Quadro 103: Famílias em área de risco. ........................................................................535
Quadro 104: Número de moradores e domicílios particulares ocupados no bairro e
aglomerado subnormal Horto em 2010. ........................................................................536
Quadro 105: Domicílios particulares permanentes no aglomerado subnormal Horto, em
Juazeiro do Norte, por algumas características dos domicílios em 2010. .....................537
Quadro 106: Domicílios particulares permanentes aglomerado subnormal Horto, em
Juazeiro do Norte, por algumas características dos domicílios em 2010. .....................538
Quadro 107: Domicílios particulares permanentes aglomerado subnormal Horto, em
Juazeiro do Norte, por algumas características dos domicílios em 2010. .....................538
Quadro 108: Domicílios particulares permanentes aglomerado subnormal Horto, em
Juazeiro do Norte, por algumas características dos domicílios em 2010. .....................538
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
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Quadro 109: Domicílios particulares permanentes aglomerado subnormal Horto, em


Juazeiro do Norte, por algumas características dos domicílios em 2010. .....................538
Quadro 110: Domicílios particulares permanentes aglomerado subnormal Horto, em
Juazeiro do Norte, por algumas características dos domicílios em 2010. .....................539
Quadro 111: Óbitos por ocorrência de agressões em Juazeiro do Norte, 2015-2019....543
Quadro 112: Municípios cearenses com população igual ou superior a 100 mil habitantes
com taxas de Mortes Violentas Intencionais superiores à média nacional em 2020. ....545
Quadro 113: Matriz SWOT - Socioeconômico .............................................................548
Quadro 114: Informações da dinâmica de funcionamento do aeroporto de Juazeiro do
Norte no período de 2017 a 2021. .................................................................................563
Quadro 115: Produto Interno Bruto e sua composição setorial por unidade geográfica –
2019. ..............................................................................................................................564
Quadro 116- Emprego formal por setor, participação do setor, participação no Ceará e
variação em Juazeiro do Norte ......................................................................................567
Quadro 117: Estabelecimentos por setor, participação do setor, participação no Ceará e
variação em Juazeiro do Norte ......................................................................................568
Quadro 118: Indicadores de serviços de saúde, assistência social e educacionais de
Juazeiro do Norte, Região Metropolitana do Cariri (RMC) e Ceará. ............................578
Quadro 119: Estatística descritiva dos indicadores dos bairros de Juazeiro do Norte
utilizados na mensuração do Índice de Privação Social dos bairros no Brasil. .............583
Quadro 120: Estatística descritiva dos indicadores de Juazeiro do Norte, Ceará, Região
Nordeste e Brasil utilizados na mensuração do Índice de Privação Social dos bairros no
Brasil..............................................................................................................................584
Quadro 121: Fatores e Índice de Privação Social dos Bairros de Juazeiro do Norte ...586
Quadro 122: Plataformas - TIC .....................................................................................595
Quadro 123: Unidades escolares do município de Juazeiro do Norte por tipo e localização
.......................................................................................................................................621
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
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Quadro 124: Bens protegidos em município de Juazeiro do Norte por modalidade e


instrumento legal. ..........................................................................................................629
Quadro 125: Grupos de Reisado por bairro de Juazeiro do Norte.................................662
Quadro 126: Grupos de Lapinha por bairro de Juazeiro do Norte. ...............................663
Quadro 127: Registros do Mapa Cultural de Juazeiro do Norte....................................665
Quadro 128: Componentes e estratégias de execução da Linha de Desenvolvimento 1 do
PDDU. ...........................................................................................................................672
Quadro 129: Relações entre PEU e o turismo. ..............................................................673
Quadro 130: Calendário de Romarias. ..........................................................................679
Quadro 131: Perfil (socioeconômico/geográfico). ........................................................680
Quadro 132: Transporte e Hospedagem. .......................................................................681
Quadro 133: Recorrência de Visitação. .........................................................................682
Quadro 134: Consumo Turístico. ..................................................................................683
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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Estimativa da Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos Juazeiro do


Norte - Ce para o ano de 2022. ......................................................................................248
Gráfico 2: Taxa geométrica de crescimento anual da população (%). ..........................495
Gráfico 3: População residente em Juazeiro do Norte, segundo gênero e grupos de idade,
2010. ..............................................................................................................................497
Gráfico 4: População residente em Juazeiro do Norte, segundo gênero e grupos de idade,
2000. ..............................................................................................................................498
Gráfico 5: Taxa de abandono no ensino fundamental e médio em Juazeiro do Norte, 2015-
2020. ..............................................................................................................................507
Gráfico 6: Taxa de distorção idade-série no ensino fundamental e médio em Juazeiro do
Norte, 2015-2020...........................................................................................................508
Gráfico 7: Distribuição por classes e curva de Lorenz do rendimento nominal mensal
domiciliar per capita do Ceará, Juazeiro do Norte e parcela dos bairros de Juazeiro do
Norte em 2010. ..............................................................................................................576
Gráfico 8: Correlação entre o índice de GINI dos bairros de Juazeiro do Norte e o
rendimento domiciliar, percentual da população não branca e o número de domicílios no
Bairro. ............................................................................................................................576
Gráfico 9: Indicadores Comparativos de Gestão Municipal de Juazeiro do Norte em 2019
.......................................................................................................................................580
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LISTA DE SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas;


ACPBRAS - Associação de Catadores para um Brasil Sustentável;
AEPETI - Ações Estratégicas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil;
AHP - Análise Hierárquica de Processo;
AMAJU - Autarquia Municipal de Meio Ambiente de Juazeiro do Norte;
Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária;
AP - Arranjo populacional;
APA - Área de proteção ambiental;
APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais;
API - Área de Proteção Integral;
APP - Áreas de Preservação Permanente;
ARCE - Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará;
ATHIS - Assitência Técnica em Habitação de Interesse Social;
CAGECE - Companhia de Água e Esgoto do Ceará;
CAPS - Centros de Atenção Psicossocial;
CAR - Cadastro Ambiental Rural;
CCBNC - Centro Cultura Banco do Nordeste Cariri;
CCI - Centro Cearense de Idiomas;
CEI - Centro de Educação Infantil;
CEJA - Centro de educação de jovens e adultos;
CMHIS - Conselho Municipal de Habitação de Interesse Social;
CMR - Centrais Municipais de Resíduos;
CODEC - Companhia de Desenvolvimento do Ceará;
COEMA - Conselho Estadual de Meio Ambiente;
COGERH - Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos;
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente;
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CONDEMA - Conselho Municipal de Meio Ambiente de Juazeiro do Norte;


CPM - Escola da Polícia Militar;
CPRM - Companhia de pesquisa de Recursos Minerais;
CRAS - Centro de Referência da Assistência Social;
CREAS - Centro de Referência Especializado da Assistência Social;
CRI - Centro de referência do Idoso;
CRM - Centro de Referência da Mulher;
CRMC - Conselho de Desenvolvimento e Integração da Região Metropolitana do Cariri;
CTR - Central de Tratamento Regional de Resíduos;
DBO - matéria orgânica biodegradável;
DEZ - Zona de Desenvolvimento Econômico;
DMAPU - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas;
EC - Estatuto da Cidade;
EEE - Estações elevatórias de esgoto;
EEEM - Escolas Estaduais de Ensino Médio;
EEEP - Escolas Estaduais de Educação Profissional (;
EEF - Escolas de ensino fundamental;
EEFM - Escolas Estaduais de Ensino Fundamental e Médio;
EEIF - Escolas de educação infantil fundamental;
EEMTI - Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral;
EMEF - Escola municipal de ensino fundamental;
EMEI - Escolas de ensino infantil;
EMEIF - Escolas municipais de ensino infantil e fundamental;
EPI - equipamento de proteção individual;
ETE - Estações de Tratamento de Esgotos;
ETR - Estações de Transferência de Resíduos;
FATEC - Faculdade de Tecnologia do Cariri;
FDMC - Fundo de Desenvolvimento e Integração da Região Metropolitana do Cariri;
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

Flona - Floresta Nacional do Araripe;


FMHIS - Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social;
FMJ-Estácio - Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte;
FMPC - Fundação Memorial Padre Cícero;
FPIC - Funções Públicas de Interesse Comum;
HIS - Habitação de Interesse Social;
IA - Indice de aproveitamento;
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
IDHM - Indice de desenvolvimento humano municipal;
IES - Instituição de ensino superior;
IFCE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará;
IPECE - Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará;
ITDP - Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento;
IVS - Índice de Vulnerabilidade Social;
MMA - Ministério do Meio Ambiente;
MPCE - Ministério Público do Estado do Ceará;
MTur - Ministério do Turismo;
NT - Termo de notificação;
ODS - Objetivos de desenvolvimento sustentável;
OMS - Organização Mundial da Saúde;
ONU - Organização das Nações Unidas;
PBLP - Projeto Básico de Limpeza Pública;
PD - Planos diretores;
PDAA - JUABAR - Plano Diretor de Abastecimento de Água dos municípios de Juazeiro
do Norte e Barbalha;
PDD - Plano Diretor de Drenagem;
PDDU - Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano ;
PDIRS - Pontos de Descarte Irregular de Resíduos Sólidos;
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

PDM/JN - Plano Diretor de Juazeiro do Norte;


PDUI - Plano diretor de desenvolvimento urbano integrado;
PDUI-RMC - Plano diretor de desenvolvimento urbano integrado da Região
metropolitana do Cariri;
PEV - Pontos de Entrega Voluntária;
PGV - polos geradores de viagens;
PIB - Produto interno bruto;
PLANSAB - Plano Nacional de Saneamento Básico;
PLU - Parques Lineares Urbanos;
PMJN - Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte;
PMRR - Plano Municipal de Redução de Risco;
PMSB - Plano Municipal de Saneamento Básico;
PNMT - Parque Natural Municipal das Timbaúbas;
PNRH - Política Nacional de Recursos Hídricos;
PNRS - Política Nacional dos Resíduos Sólidos;
PNSB - Política Nacional de Saneamento Básico;
PPD - Potencial Poluidor Degradador;
PPP - Perímetro de Proteção dos Poços;
PROURB - Projeto de Desenvolvimento Urbano e Gestão de Recursos Hídricos;
PV - Poços de visita;
RCC - Resíduos da Construção Civil;
RDC - Resolução da Diretoria Colegiada;
Reurb - Regularização Fundiária Urbana;
RM Cariri - Região metropolitana do Cariri;
RMF - Região Metropolitana de Fortaleza;
RSS - Resíduos de Serviços de Saúde;
RSU - Resíduos sólidos urbans;
SCE - sistema condominial de esgotos;
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

SEINFRA - Secretaria Municipal de Infraestrutura;


SEMACE - Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Estado do Ceará;
SEMASP - Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Públicos;
SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial;
SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial;
SESC - Serviço Social do Comércio;
SINGREH - Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos;
SISAGUA - Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo
Humano;
SISAR - Sistema Integrado de Saneamento Rural;
SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento;
SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação;
SWOT - Strengths, weakness, opportunities e threats;
UASB - Upflow Anaerobic Sludge Blanket;
UFC - Universidade Federal do Ceará;
UFCA - Universidade Federal do Cariri;
UN - BSA - Unidade de Negócio da Bacia do Salgado;
Unicef - Fundo das Nações Unidas para a Infância;
UniFAP - Centro Universitário Paraíso;
Unijuazeiro - Centro Universitário de Juazeiro do Norte;
Unileão - Centro Universitário Dr. Leão Sampaio;
URCA - Universidade Regional do Cariri;
VLT - Veículo leve sobre trilhos;
ZC - Zona Centralidade;
ZCOR - Zona Corredor;
ZCSE - Zona Comercial e de Serviços Especiais;
ZE - Zona especial;
ZEIS - Zonas Especiais de Interesse Social;
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

ZEM - Zona Eixo de Estruturação e Transformação Metropolitana;


ZEMP - Zona Eixo de Estruturação da Transformação Metropolitana Previsto;
ZEP - Zona Especial de Preservação;
ZEPAM - Zona Especial de Preservação Ambiental;
ZEPEC - Zona Especial de Preservação Cultural;
ZER - Zona Exclusivamente Residencial;
ZERD - Zona Especial de Risco de Deslizamento;
ZEU - Zona Eixo de Transformação Urbana;
ZEUP - Zona Eixo de Estruturação Urbana Previsto;
ZM - Zona Mista;
ZOE - Zona de Ocupação Especial;
ZPDS - Zona de Preservação e Desenvolvimento Sustentável;
ZPI - Zona Predominantemente Industrial;
ZPR - Zona Predominantemente Residencial.
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

APRESENTAÇÃO

Este relatório compõe o Produto 2.1 - Diagnóstico das leituras técnicas, e se


insere na Etapa 2 do Projeto “Estudo Aplicado para fins de Revisão do Plano Diretor
Municipal de Juazeiro do Norte (PDM/JN)”, no âmbito do acordo de parceria nº 01/2021
firmado entre a Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte e a Universidade Federal do
Cariri. O presente documento apresenta o resultado das leituras técnicas da cidade,
realizadas ao longo dos últimos meses por uma equipe inter e multidisciplinar de
especialistas composta por engenheiros, arquitetos e urbanistas, geógrafos,
administradores públicos, economistas, cientistas sociais, historiadores, administradores,
advogados, dentre outros.

Conforme preconizado no Produto 1 – Plano Executivo de Trabalho e


Metodologia, as leituras técnicas foram organizadas partir de 04 eixos conectados e
interdependentes, quais sejam: Eixo 1 - Ambiental; Eixo 2 – Territorial e Urbano; Eixo 3
- Socioeconômico, Histórico e Cultural; Eixo 4 - Governança e Gestão Pública. A
definição das necessidades de cada eixo foi construída a partir do Estatuto da Cidade
(BRASIL, 2001) que traz o amparo legal e norteia o conteúdo mínimo exigido em um
plano diretor, e do Guia para Elaboração e Revisão de Planos Diretores (BRASIL, 2019),
que detalha o conteúdo básico exigido na elaboração do Plano. Some-se a isso a
observação das especificidades do município de Juazeiro do Norte e o seu papel e
influência na dinâmica regional.

À semelhança do que ocorreu no âmbito das Leituras Comunitárias e da escuta


ativa, estes caminhos visando contemplar a diversidade de temas e as singularidades de
Juazeiro do Norte a serem capturadas pelos olhares técnicos que compõem este
documento se iniciaram com reuniões gerais com órgãos da prefeitura e segmentos do
setor produtivo identificados pela equipe responsável pela execução do projeto como os
mais envolvidos com as questões que serão abordadas no processo de revisão. Este
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

primeiro momento antecedeu e auxiliou a elaboração do “Produto 1 - Plano Executivo de


Trabalho e Metodologia'', no qual detalhamos a proposta metodológica. A referida
proposta metodológica foi apresentada em um segundo momento no qual foram
oficializadas e validadas as atividades de revisão.

Na etapa relatada neste documento estão expostos, além desta apresentação, um


texto de introdução e uma caracterização geral do Município e da sua inserção na
dinâmica regional. Após a exposição destes aspectos mais gerais, são apresentados os
relatórios de Diagnóstico – Leitura Técnica, dos eixos temáticos 1, 2 e 3, respectivamente.

Dada a ampla abrangência do diagnóstico, a diversidade de temas e as


particularidades de ordem teórica, metodológica e procedimental inerentes à cada área de
especialidade temática, cada estudo foi desenvolvido de modo independente, a partir do
envolvimento direto de pesquisadores com expertise naquela área. A fim de assegurar a
articulação entre as diretrizes, os objetivos e eixos estratégicos definidos para o PDM/JN,
bem como a coesão interna em cada eixo temático e entre os eixos, antes e durante o
processo de construção do diagnóstico técnico, foram realizados momentos de discussão
coletiva, tanto gerais como por eixos temáticos, envolvendo a equipe de coordenação do
PDM/JN e os especialistas de cada área, tendo em vista o a alinhamento entre os estudos,
a discussão dos conteúdos e das estratégias de coleta dos dados e a validação dos
instrumentos, templates, etc.

No diagnóstico do Eixo 1 – Ambiental, estão incluídos os estudos técnicos nas


áreas de: (a) Recursos hídricos, (b) Sistema de abastecimento de água, (c) Esgotamento
sanitário, (d) Sistema de drenagem e manejo das águas pluviais (e) Resíduos sólidos e (f)
Zoneamento ambiental. No Eixo 2 – Territorial e Urbano, encontram-se os estudos
técnicos nos temas: (a) Evolução Urbana e ocupação do território; (b) Infraestrutura,
serviços e equipamentos urbanos; (c) Uso e ocupação do solo; (d) Transporte e
Mobilidade; (e) Ocupações Irregulares; e (f) Áreas de risco. No diagnóstico técnico do
Eixo 3 – Socioeconômico, histórico e cultural, estão reunidos os estudos: (1) Perfil
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
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socioeconômico; (2) Dinâmica econômica e desenvolvimento; (3) Patrimônio histórico,


cultural, arquitetônico e ambiental.

Por questões de ordem metodológica, e a partir de aspectos evidenciados ao


longo do processo de construção do diagnóstico, optou-se por não incluir nesta etapa o
eixo temático 4, que deverá ser objeto de análise na etapa seguinte, aproveitando-se dos
resultados das leituras técnicas e comunitárias e ocorrendo de modo concomitante à
elaboração das Diretrizes e Plano de Ação. Compartilha-se aqui de uma compreensão de
que os temas incluídos nos eixos 1, 2 e 3 dizem respeito às áreas-fim para as quais e pelas
quais se direciona o planejamento urbano e territorial do município, enquanto a gestão –
tema central do eixo 4, além do seu papel finalístico de garantidor da participação
democrática, comparece neste processo como área-meio, que se alimenta das informações
geradas nas etapas anteriores (Leituras Técnicas e Comunitárias), para avançar na
identificação dos desafios e potencialidades e na construção dos instrumentos de suporte
à decisão e de monitoramento, gestão, avaliação e controle social do PDM.

Ao final de cada estudo técnico se encontra um quadro síntese do diagnóstico,


evidenciando, a partir dos dados coletados e análises empreendidas, os principais pontos
fortes e pontos fracos, bem como as oportunidades e ameaças relacionadas ao tema,
utilizando-se de elementos da metodologia de análise S.W.O.T. Estes quadros-síntese,
além de fornecerem um importante recurso visual de sumarização dos pontos centrais do
diagnóstico, se apresentam como um importante instrumento norteador da construção das
diretrizes e ações prioritárias para a implementação do PDM/JN, que serão objeto da
Etapa 3 deste projeto de revisão do Plano Diretor Municipal.

Em que pese as especificidades que esta leitura técnica guarda em relação às


leituras comunitárias, é sempre importante mencionar a complementaridade e intersecção
entre as duas, que constituem os mecanismos que tornaram possível a construção de um
amplo diagnóstico do município de Juazeiro do Norte, tanto a partir do olhar
especializado – característico dos estudos técnicos, quanto a partir da diversidade e
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pluralidade de olhares e percepções sobre a cidade oriundos dos atores e organizações da


sociedade, apreendidos a partir da escuta ativa nas leituras comunitárias.

Apresenta-se aqui um relatório analítico e propositivo, fruto de um amplo


esforço coletivo de olhar, de modo pormenorizado, para as distintas dimensões da
dinâmica urbana, territorial, ambiental, econômica, social e cultural de Juazeiro do Norte
e, a partir destes olhares e da conexão entre o todo e as partes, oferecer lastro seguro para
a terceira etapa de revisão na qual se propõe a definição de diretrizes, objetivos e
estratégias para o PDM/JN.

Por fim, vale ressaltar que este relatório se constitui em um resultado preliminar,
pois um dos preceitos desta revisão é a manutenção da participação popular em todo o
percurso. Por este motivo, os resultados constantes no presente documento serão
apresentados em Audiência Pública para fins de divulgação, discussão dos resultados e
para a validação do documento.

Após a discussão em audiência pública e feitas as inserções que porventura


surjam do processo de audiência, poderemos considerá-lo um produto acabado, e uma
nova versão deste relatório será entregue, na forma de Diagnóstico Consolidado.
ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................47

2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO.............................................58

2.1 Contextualização Histórica ............................................................................59

2.1.1 Juazeiro do Norte e seu papel na dinâmica regional .........................................62

2.1.2 Inserção regional do município.........................................................................63

3 RECURSOS HÍDRICOS ......................................................................................79

3.1 Metodologia .....................................................................................................81

3.1.1 Tipo de pesquisa................................................................................................81

3.1.2 Fontes de dados.................................................................................................82

3.2 Diagnóstico Dos Recursos Hídricos Em Juazeiro Do Norte........................83

3.2.1 Recursos Hídricos no município de Juazeiro do Norte (Enquadramento e


Classificação da drenagem natural) .................................................................................83

3.2.2 Recursos hídricos superficiais...........................................................................84

3.2.3 Recursos hídricos subterrâneos .........................................................................91

3.2.4 Diagnóstico dos Poços do município de Juazeiro do Norte ..............................95

3.2.5 Delimitação do PPP - Perímetro de proteção dos Poços e identificação das áreas
de recarga do município de Juazeiro do Norte ................................................................97

3.2.6 Diagnóstico dos sistemas Aquíferos do município de Juazeiro do Norte -


Balanço Hídrico e estimativa das ofertas e demandas hídricas .....................................101

3.2.7 Diagnóstico das Outorgas do município de Juazeiro do Norte .......................103

3.2.8 Susceptibilidade à alagamentos no município de Juazeiro do Norte ..............104


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3.2.9 Análises de eventos críticos ............................................................................107

3.3 Problemas, desafios e potencialidades – Recursos Hídricos .....................108

3.4 Considerações ................................................................................................110

4 SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ...............................................111

4.1 Aspectos Introdutórios .................................................................................111

4.1.1 Aspectos legais................................................................................................115

4.2 Metodologia ...................................................................................................116

4.2.1 Tipo de pesquisa..............................................................................................116

4.2.2 Fontes de dados...............................................................................................117

4.2.3 Dados coletados ..............................................................................................118

4.2.4 Caracterização da oferta de água na sede de Juazeiro do Norte .....................118

4.2.5 Quantidade de água ofertada para o abastecimento público na sede de Juazeiro


do Norte 118

4.2.6 Qualidade da água dos poços utilizados para o abastecimento público na sede de
Juazeiro do Norte...........................................................................................................125

4.3 Prestadores do serviço de abastecimento de água......................................134

4.4 Cobertura do serviço de abastecimento público de água ..........................134

4.5 Caracterização do sistema de abastecimento de água da sede do município


de Juazeiro do Norte....................................................................................................135

4.6 Abastecimento de água nos distritos e demais localidades........................150

4.7 Problemas, desafios e potencialidades.........................................................151

4.8 Considerações ................................................................................................153

5 ESGOTAMENTO SANITÁRIO ........................................................................153


ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

5.1 Aspectos Introdutórios .................................................................................153

5.1.1 Aspectos legais................................................................................................156

5.2 Metodologia ...................................................................................................158

5.2.1 Tipo de Pesquisa .............................................................................................158

5.2.2 Fontes de Dados ..............................................................................................158

5.2.3 Dados coletados ..............................................................................................159

5.3 Diagnóstico do sistema de esgotamento sanitário de Juazeiro do Norte..160

5.3.1 Cobertura do serviço de esgotamento sanitário ..............................................160

5.3.2 Caracterização dos sistemas de esgotamento sanitário do município de Juazeiro


do Norte 162

5.3.2.1 Caracterização do sistema de esgotamento sanitário da sede do município


de Juazeiro do Norte......................................................................................................162
5.4 Bacias de esgotamento ..................................................................................171

5.4.1 Sistema Condominial X Sistema Convencional .............................................172

5.4.2 Tecnologias de tratamento de esgotos sanitários ............................................185

5.4.3 Emissários .......................................................................................................188

5.4.4 Atendimento aos padrões de lançamento exigidos pela legislação ambiental 189

5.5 Problemas, desafios e potencialidades – Esgotamento Sanitário..............201

6 SISTEMA DE DRENAGEM E MANEJO DAS ÁGUAS PLUVIAIS


URBANAS ....................................................................................................................202

6.1 Aspectos introdutórios ..................................................................................203

6.2 Aspectos legais ...............................................................................................207

6.3 Metodologia ...................................................................................................208

6.3.1 Tipo de pesquisa..............................................................................................208


ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

6.3.2 Fontes de dados...............................................................................................208

6.4 Dados coletados .............................................................................................209

6.5 Prestadores do serviço de drenagem e manejo das águas pluviais urbanas


no município de Juazeiro do Norte ............................................................................210

6.6 Caracterização do sistema de drenagem e manejo de águas pluviais na sede


do município de Juazeiro do Norte ............................................................................211

6.6.1 Infraestrutura de microdrenagem ....................................................................211

6.7 Infraestrutura de macrodrenagem ..............................................................232

6.8 Atendimento as diretrizes estabelecidas pelo PMSB .................................233

6.9 Problemas, desafios e potencialidades – Sistema de Drenagem e Manejo de


águas pluviais ...............................................................................................................237

7 RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................................................239

7.1 Aspectos Introdutórios .................................................................................239

7.2 Metodologia ...................................................................................................241

7.2.1 Conceitos Fundamentais E Amparo Legal......................................................242

7.2.1.1 Resíduos Sólidos: definições e classificações .............................................242


7.2.1.2 Legislação dos Resíduos Sólidos ................................................................245
7.3 Diagnóstico Dos Resíduos Sólidos De Juazeiro Do Norte..........................246

7.3.1 Geração de Resíduos Sólidos ..........................................................................246

7.3.2 Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos ...........................................247

7.3.3 Logística Reversa............................................................................................249

7.3.4 Reciclagem e Coleta Seletiva..........................................................................253

7.3.5 Resíduos de Serviços de Saúde .......................................................................257

7.3.6 Disposição Final dos Resíduos Sólidos ..........................................................258


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7.3.7 Limpeza Pública..............................................................................................262

7.3.8 Consórcio ........................................................................................................264

7.4 Problemas, desafios e potencialidades.........................................................265

7.5 Considerações ................................................................................................266

8 ZONEAMENTO AMBIENTAL ........................................................................268

8.1 Aspectos Introdutórios .................................................................................268

8.2 Metodologia ...................................................................................................268

8.3 Diagnóstico.....................................................................................................269

8.3.1 Zonas especiais de Juazeiro do Norte: Áreas verdes urbanas existentes ........269

8.3.1.1 Zona Especial Parque Ecológico das Timbaúbas (ZE2) ............................274


8.3.1.2 Zona Especial do Parque do Rio Salgadinho (ZE3) ...................................280
8.3.1.3 Zona Especial Área de Preservação da Serra do Catolé/Horto (ZE5).......283
8.3.2 Demais áreas de conservação e interesse ambiental existentes ......................289

8.4 Síntese das situações-tipo identificadas no diagnóstico .............................292

8.5 Problemas, desafios e potencialidades – Zoneamento Ambiental ............296

8.6 Considerações ................................................................................................297

9 EVOLUÇÃO URBANA E OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO ........................300

9.1 Urbanização e Ocupação do Território ......................................................300

9.2 Evolução Urbana ...........................................................................................302

9.3 Caracterização dos bairros ..........................................................................305

9.4 Dinâmica Imobiliária....................................................................................321

9.5 Problemas, Desafios e Potencialidades ........................................................324

10 INFRAESTRUTURA, SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS URBANOS .........325


ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

10.1 Principais serviços e equipamentos públicos e sua distribuição no território


do município.................................................................................................................327

10.1.1 Saúde ...............................................................................................................327

10.1.2 Praças e Esporte ..............................................................................................333

10.1.3 Educação .........................................................................................................342

10.1.4 Cultura.............................................................................................................355

10.1.5 Assistência Social ...........................................................................................357

10.1.6 Aeroporto e Área de Influência.......................................................................359

10.1.7 Desigualdades socioespaciais e áreas de vulnerabilidade no município.........360

10.2 Principais problemáticas relacionadas à infraestrutura e aos serviços e


equipamentos urbanos ................................................................................................362

10.3 Orientação de projetos prioritários no campo da infraestrutura, serviços e


equipamentos. ..............................................................................................................364

10.4 Problemas, Desafios e Potencialidades – Infraestrutura, serviços e


equipamentos ...............................................................................................................365

11 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ........................................................................366

11.1 Densidade populacional por setor censitário ..............................................367

11.2 Zoneamento e Uso e ocupação do Solo........................................................369

11.2.1 Áreas Urbanas .................................................................................................386

11.2.2 Áreas Rurais....................................................................................................387

11.3 Problemas, Desafios e Potencialidades – Uso e Ocupação do Solo...........390

12 TRANSPORTE E MOBILIDADE.....................................................................392

12.1 Malha Urbana no Município........................................................................393

12.2 Turismo e mobilidade ...................................................................................401


ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

12.3 Modais de transporte ....................................................................................406

12.4 Problemas, Desafios e Potencialidades – Mobilidade Urbana ..................420

13 OCUPAÇÕES IRREGULARES ........................................................................421

13.1 Análise das Áreas de Habitação Consideradas de Risco ...........................421

13.2 Áreas irregulares...........................................................................................426

13.3 Principais Problemas, Desafios e Potencialidades – Ocupações Irregulares


427

14 SOLOS E ÁREAS DE RISCO ...........................................................................428

14.1 Importância do diagnóstico..........................................................................428

14.2 Conceitos Básicos ..........................................................................................429

14.3 Bases legais sobre as áreas de riscos ............................................................431

14.4 Caracterização do Município de Juazeiro do Norte ..................................432

14.5 Metodologia do Mapeamento das Áreas de Riscos de Deslizamentos de


Encostas ........................................................................................................................449

14.6 Resultados do Mapeamento das Áreas de Riscos de Deslizamentos de


Encostas ........................................................................................................................454

14.7 Características dos Setores de Riscos em Encostas....................................460

14.8 Principais problemas ....................................................................................477

14.9 Considerações parciais .................................................................................478

14.10 Problemas, Desafios e Potencialidades – Áreas de Risco ..........................480

15 SOCIOECONÔMICO ........................................................................................483

15.1 Aspectos introdutórios ..................................................................................483

15.2 Fontes utilizadas............................................................................................490


ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

15.3 Características demográficas da população e tendências (gênero, faixa


etária/grupos etários) ..................................................................................................492

15.4 Caracterização dos bairros de Juazeiro do Norte ......................................509

15.5 Vulnerabilidades social em Juazeiro do Norte ...........................................527

15.5.1 Loteamentos, aglomerados subnormais ..........................................................531

15.5.2 Pessoas em situação de rua .............................................................................540

15.6 O fenômeno da violência urbana na Cidade de Juazeiro do Norte ..........541

15.7 Problemas, Desafios e Potencialidades – Aspectos socioeconômicos........548

16 ECONOMICO .....................................................................................................549

16.1 Aspectos Introdutórios .................................................................................550

16.2 Potencialidades Conjuntas nas Atividades de Desenvolvimento Econômico,


Turístico ou de Desenvolvimento Rural Sustentável e Acesso a Serviço Financeiros
551

16.3 Mercado Internacional .................................................................................560

16.4 Infraestrutura – Aeroporto ..........................................................................561

16.5 Fortalecimento da Economia, Mercado de Trabalho, Rendimento e


Redução da Desigualdade de Renda ..........................................................................563

16.6 Economia do Setor público, Assistência Social, Educação, Privação Social e


Saúde 577

16.7 Problemas, Desafios e Potencialidades – Aspectos Econômicos ...............590

17 PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL .................................................591

17.1 Aspectos introdutórios ..................................................................................591

17.2 Fontes utilizadas............................................................................................594

17.3 Juazeiro do Norte enquanto território de disputas ....................................596


ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

17.3.1 O Centro Histórico de Juazeiro do Norte ........................................................604

17.3.2 Políticas Públicas para o patrimônio cultural no município de Juazeiro do Norte-


CE 610

17.3.2.1 Tombamento ................................................................................................612


17.3.2.2 Registro .......................................................................................................614
17.3.2.3 Educação Patrimonial ................................................................................616
17.3.2.4 Patrimônio Cultural do Juazeiro do Norte .................................................625
17.4 Patrimônio Cultural Religioso .....................................................................632

17.5 Patrimônio Cultural Religioso não-acautelado ..........................................644

17.6 Patrimônio Ambiental ..................................................................................654

17.7 Patrimônio Imaterial ....................................................................................660

17.8 Equipamentos de alcance regional - cultura e turismo .............................665

17.9 Romarias e turismo no cenário municipal ..................................................670

17.9.1 O fomento a outras modalidades de Turismo .................................................685

17.10 Problemas, Desafios e Potencialidades – Patrimônio Histórico e Cultural


691

18 REFERÊNCIAS...................................................................................................695

18.1 Recursos Hídricos .........................................................................................695

18.2 Sistema de Abastecimento de Água .............................................................699

18.3 Esgotamento Sanitário..................................................................................701

18.4 Sistema de Drenagem e Manejo de águas pluviais.....................................703

18.5 Resíduos Sólidos ............................................................................................706

18.6 Zoneamento Ambiental ................................................................................707

18.7 Ordenamento Territorial e Urbano.............................................................712


ESTUDO APLICADO PARA FINS DE REVISÃO DO PLANO
DIRETOR MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE (PDM/JN)

18.8 Solos e Áreas de Risco...................................................................................715

18.9 Aspectos Socioeconômicos ............................................................................718

18.10 Aspectos Econômicos ....................................................................................720

18.11 Patrimônio Histórico e Cultural ..................................................................723

19 ANEXOS...............................................................................................................731

19.1 ANEXO 1 – Planta da Rede Coletora .........................................................731

19.2 ANEXO 2 - Modelo Das Fichas De Campo - Solos E Áreas De Risco .....732

19.3 ANEXO 3 - Mapa De Risco De Deslizamentos De Encostas Do Bairro Do


Horto, Juazeiro Do Norte-CE. ....................................................................................735

19.4 ANEXO 4 - Fichas De Campo Dos Setores De Risco .................................736


1 INTRODUÇÃO

Diego Coelho do Nascimento1


Francisco Raniere Moreira da Silva 2
Mariana Brito de Lima3
Wendell de Freitas Barbosa 4
.
Construir o diagnóstico de um município com a ordem de complexidade que
Juazeiro do Norte comporta não é tarefa fácil. Trata-se de um território atravessado por
desafios em diversas áreas (ambiental, social, econômica, cultural, política etc.)
ampliados pelo lapso de tempo transcorrido desde a elaboração do Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano (PDDU), Lei municipal nº 2.572/2000, primeiro e até então
único plano diretor do município, no ano de 2000.
O município de Juazeiro do Norte (Figura 1), localizado no sul cearense na
microrregião do Cariri e Região Metropolitana de mesmo nome, atualmente abriga uma
população que se aproxima dos 300 mil habitantes em um território reduzido de pouco
mais de 250Km², fato que expõe por si só a necessidade de se planejar o território
municipal da forma mais eficaz e eficiente possível de modo a garantir a qualidade de
vida da população atual e das gerações futuras.

1 Licenciado em Geografia, Doutor em Geografia, Docente da UFCA – Coordenador Executivo do


PDM/JN;
2 Administrador, Doutor em Administração, Docente da UFCA – Coordenador Administrativo do

PDM/JN;
3 Arquiteta e Urbanista, Doutoranda em Geografia, Docente do IFCE – Coordenadora Técnica do

PDM/JN;
4 Cientista Social, Doutor em Sociologia, Docente da UFCA – Coordenador de Análises Sociais do

PDM/JN;

47
Figura 1: Mapa de localização de Juazeiro do Norte e da Região Metropolitana do Cariri
Fonte: Equipe de Revisão do PDM/JN

A desatualização do PDDU, elaborado pelo consórcio VBA/Espaço Plano, indica


que o poder público não priorizou o planejamento urbano e territorial do município por,
no mínimo, 12 anos - tempo transcorrido do período regulamentado pelo Estatuto da
Cidade (EC), Lei Nº 10.257/2001, para a revisão dos planos diretores (PD) municipais,
apesar da cobrança de segmentos como o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE,
2020) e a Universidade Federal do Cariri (UFCA, 2019). No período entre 2009 e 2019,
aconteceu uma tentativa de revisão do PDDU pela gestão municipal, descontinuada por
questões político-orçamentárias (VAN DEN BRULE5, 2020).
Para além do que preconiza a legislação, esse atraso na revisão do PD possui
impactos diretos no uso e ocupação do solo urbano, na intensificação de uma série de
problemáticas urbanas e territoriais, na função social da cidade, na conservação e
preservação dos recursos naturais, na qualidade de vida da população e na própria

5 VAN DEN BRULE (2020).

48
sustentabilidade urbana em um território com tantos potenciais e fragilidades como é o
caso de Juazeiro do Norte. Isso sem contar que a elaboração do PDDU é anterior ao
próprio EC e, muitos elementos importantes, não foram considerados como a integração
da zona rural nesse planejamento (A própria nomenclatura enfatiza o urbano).
A dinâmica urbana é intensa e se modifica com uma velocidade acelerada. Em
Juazeiro do Norte não é diferente e, em muitos casos, a velocidade de mudança é ainda
mais intensa e impactante. Muitos dos pontos e questões levantadas na elaboração do
PDDU de 2000 sofreram mudanças, afinal, a cidade mudou, cresceu e se tornou ainda
mais complexa.
Fenômenos como a metropolização passaram a fazer parte do cotidiano da cidade
e impor novas necessidades; problemáticas novas surgiram como a própria demanda por
integração metropolitana; problemáticas antigas se intensificaram como a defasagem da
rede de saneamento básico, aumento dos pontos de alagamentos, baixo percentual de
áreas verdes, expansão de ocupações irregulares, aumento do déficit habitacional e etc;
novos bairros foram criados - muitos com as mesmas problemáticas de infraestrutura e de
serviços que as áreas mais antigas -; a urbanização avança em direção a áreas
anteriormente rurais; novos arruamentos, comércios, prédios surgem; novas políticas e
equipamentos públicos são implantados; potenciais anteriormente identificados foram
explorados como os serviços ligados à educação de nível superior e novos potenciais
foram identificados como à inovação e etc.
O PDDU de 2000 ofertou vários elementos à compreensão da cidade e do
território, bem como indicou diretrizes voltadas para o planejamento urbano e territorial,
porém, por diversos fatores políticos, técnicos e orçamentários, a grande maioria das
diretrizes e projetos não se concretizou e o município padece com os impactos e
consequências da falta de implementação e revisão deste instrumento. Muitas mudanças
no próprio PDDU foram realizadas sem qualquer estudo técnico prévio da viabilidade e
sem considerar as suas necessidades e consequências no tecido urbano, desconfigurando-
o tecnicamente e afastando do seu propósito original de auxiliar no ordenamento e
desenvolvimento urbano com vistas a uma melhor qualidade de vida. O Conselho do

49
Plano Diretor foi descontinuado e tornou as emendas mais fáceis de serem aprovadas sem
debate com a sociedade. Então, a revisão que deveria ter acontecido em meados de 2010
não ocorreu e, pelo contrário, o que se tem são variadas emendas que, em muitos casos,
fragilizaram mais ainda o planejamento do município. Dessa forma, a base da revisão
inexiste, pois a realidade urbana e territorial de 2000 e 2022 são muito diferentes.
Por isso, esta segunda fase da revisão do Plano Diretor Municipal de Juazeiro Do
Norte (PDM/JN) que diz respeito às leituras técnicas e comunitárias do território
adquiriram ainda mais relevância em virtude de ofertarem um diagnóstico atual,
detalhado e participativo (oficinas de leituras comunitárias, reuniões técnicas e setoriais,
consulta pública e outros) nos mais diferentes campos e eixos (cada qual com seus sub-
eixos): Ambiental; Territorial e Urbano; Socioeconômico, Histórico e Cultural ; e,
Governança e Gestão (Figura 2).

Figura 2: Eixos da Revisão do Plano Diretor Municipal de Juazeiro do Norte (PDM/JN)


Fonte: Equipe de Revisão do PDM/JN - UFCA

50
O município de Juazeiro do Norte não possui uma cultura de produção de dados e
informações sobre sua realidade atual e histórica. Somado a isso, o Brasil inteiro convive
com a escassez de dados sociodemográficos, socioespaciais e socioeconômicos de apoio
à elaboração de políticas públicas municipais, estaduais e federais em virtude do atraso
na realização do censo demográfico conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
estatística (IBGE), cuja previsão de realização é para o segundo semestre de 2022 e a
estimativa para a conclusão dos resultados é para o final de 2022 e início de 2023. Dessa
forma, a condução desta etapa diagnóstica foi dificultada neste sentido, mas a partir da
expertise da equipe técnica, conseguiu-se minimizar essas dificuldades com a produção
de alguns dados primários e busca de dados secundários em outras fontes.
Outra das grandes dificuldades encontradas no processo de revisão do PDM/JN
foi a pandemia de Covid 19 a qual ainda estamos atravessando. A logística para a
realização dos eventos relacionados à revisão foi adaptada e readaptada algumas vezes de
modo a garantir a participação, respeitando-se os protocolos sanitários e as medidas de
distanciamento e prevenção à covid 19 a partir dos boletins semanais dos órgãos de saúde
estaduais e municipais. Desse modo, foram utilizadas ferramentas digitais como forma de
ampliar as possibilidades e minimizar os riscos de contração do vírus para a população
participante e para a equipe técnica executora dos momentos.
Apesar de todos os desafios (pandemia, ausência de dados, prazos exíguos,
dificuldades de logística e baixo orçamento para um projeto desta magnitude), a parceria
estabelecida entre a Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte (PMJN) e a Universidade
Federal do Cariri (UFCA) atua de modo a minimizá-los a partir das corresponsabilidades
entre ambas as partes do acordo. A PMJN nesta fase deu suporte de infraestrutura física
e de materiais, bem como auxiliou na divulgação dos momentos e na sensibilização dos
segmentos sociais para a participação. A UFCA atuou no planejamento e execução de
todas as ações e momentos previstos no Produto 01 - Plano Executivo de Trabalho e
Metodologia.
Um dos principais trunfos para a superação dos desafios impostos é que a equipe
técnica responsável pela condução dos trabalhos possui ampla expertise na área de

51
atuação e, pelo fato de se contar com a grande maioria de consultores na condição de
professores-pesquisadores, a adoção de metodologias específicas para o levantamento de
dados primários tornou o trabalho menos dificultoso, tendo-se em vista a escassez de
dados secundários atualizados em muitas das áreas e/ou a completa ausência destes.
A equipe de revisão conta com uma equipe multi e interdisciplinar, assim como
preconiza o estudo da cidade e do território, composta por profissionais como
engenheiros, arquitetos e urbanistas, geógrafos, administradores públicos, economistas,
cientistas sociais, historiadores, administradores, advogados, dentre outros. São mais de
30 consultores especializados em diversas áreas do conhecimento e com atuação, em sua
grande maioria, voltada para os fenômenos, processos e dinâmicas do município de
Juazeiro do Norte. Muitos destes com mais de 10 anos de experiências e estudos
específicos sobre o município. Esse fato precisa ser destacado por ser um marco no
município, pois na história de Juazeiro do Norte é a primeira vez que tantos especialistas,
com uma bagagem prévia de estudos sobre a dinâmica urbana e territorial do município,
debruçam-se, simultânea e especificamente, sobre o planejamento a longo prazo da
cidade. Além deste seleto grupo de profissionais e pesquisadores, as atividades
desenvolvidas ao longo da 2ª etapa contaram com um conjunto de estudantes, estagiários
e voluntários que deram suporte durante todo o período, muitos destes estão em processo
de formação no próprio município ou em cidades vizinhas.
O próprio simbolismo desta revisão ser executada pela UFCA, universidade
pública cuja sede é o município de Juazeiro do Norte, e Instituições de Ensino Superior
(IES) do próprio Cariri, com destaque para o nosso principal parceiro, o Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE - Campus Juazeiro do Norte), diz
muito sobre a atual dinâmica da cidade que nas últimas décadas se tornou polo
universitário no sertão nordestino.
Além do polo universitário, uma outra potencialidade que será abordada no
decorrer deste processo de revisão é a Região Metropolitana do Cariri (RM Cariri 6), cujo

6A RM Cariri foi criada pela Lei Complementar Nº 78 de 2009 e abriga, além dos municípios do Crajubar,
outros seis municípios: Caririaçu, Jardim, Farias Brito, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri.

52
principal núcleo urbano e econômico é a cidade de Juazeiro do Norte, com um processo
de intensificação da conurbação com as cidades vizinhas de Crato e Barbalha, formando
o triângulo CRAJUBAR. Juazeiro do Norte expandiu o seu núcleo urbano na direção dos
municípios vizinhos e recebe diariamente milhares de pessoas para trabalhar, estudar e
consumir bens e serviços na cidade, então a população flutuante é um importante
elemento a ser considerado no próprio planejamento urbano e territorial do município,
tendo-se em vista que há sobrecarga de infraestrutura e serviços em áreas e períodos
específicos. Assim como, é preciso estabelecer um diálogo próximo com os outros
municípios dessa RM, sobretudo Crato e Barbalha, para a adoção de medidas e estratégias
de planejamento territorial integrado, conforme preconiza o Estatuto da Metrópole e o
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI) da Região Metropolitana
do Cariri que está em fase de elaboração.
O município recentemente aprovou a Política Municipal de Ciência, Tecnologia e
Inovação e o Plano Diretor de Tecnologias da Cidade Inteligente de Juazeiro do Norte -
Lei municipal nº 117/2018 - na pretensão de se tornar uma Cidade Inteligente, desse
modo, tal diretriz também será contemplada ao longo do processo de revisão.
A incorporação da zona rural do município ao planejamento territorial do PDM
será outro aspecto inovador, tendo-se em vista que referida área não foi considerada no
PDDU. As especificidades dos Distritos Padre Cícero e Marrocos com relação ao meio
ambiente, uso e ocupação do solo, infraestrutura e políticas públicas serão consideradas
e analisadas.
Ainda sobre potencialidades, o hino de Juazeiro do Norte em um dos trechos
menciona “Salve! Hoje ó Cidade do Progresso, aquela que mais cresce no Ceará…” (grifo
nosso) em uma alusão ao progresso e ao crescimento do município. Esse crescimento não
é especificado e pode estar relacionado tanto ao crescimento econômico como
populacional, ou ambos. Aqui, resgata-se, a percepção de Veiga (2010, p. 56) ao alertar
que “[...] não se deve esquecer que no crescimento a mudança é quantitativa, enquanto
no desenvolvimento ela é qualitativa. Os dois estão intimamente ligados, mas não são a
mesma coisa” ou quando comenta “[...] quando há, de fato, desenvolvimento as pessoas

53
são tanto beneficiárias como agentes de progresso e da mudança que provocam”. Desse
modo, este é um dos principais direcionamentos que o município de Juazeiro do Norte
deve almejar: O desenvolvimento… aquela que mais se desenvolve no Ceará.
Atualmente, o crescimento econômico em Juazeiro do Norte é notável e faz com
que o município figure como a 4ª maior economia do estado e a primeira do interior, cuja
base é o setor de comércio e serviços, com 2,98% de participação na economia do Ceará
e uma trajetória de crescimento estável, mesmo em períodos de crise econômica. Porém,
apenas o crescimento econômico não é sinônimo de desenvolvimento e, por conseguinte,
de qualidade de vida. Portanto, o desenvolvimento deve ser almejado para abrigar
aspectos ligados não somente à expansão populacional e econômica, mas a melhoria de
indicadores sociais, urbanos e ambientais (saúde, educação, infraestrutura, emprego e
renda, segurança pública, saneamento, arborização, assistência social, dentre outros) que,
por sua vez, não obtiveram mudanças positivas tão expressivas quanto o Produto Interno
Bruto (PIB) municipal. Então, a busca é por uma Juazeiro do Norte que mais se
desenvolve no Ceará e seja exemplo de desenvolvimento socioespacial e sustentável para
o estado e para o Nordeste brasileiro, pois quando se “[...] prioriza a efetiva melhoria das
condições de vida dessa população, o crescimento se metamorfoseia em
desenvolvimento” (FURTADO, 2004, p. 4).
A concepção de desenvolvimento que se pretende para Juazeiro do Norte a partir
da elaboração e implementação das diretrizes e projetos constantes no PDM/JN parte da
“[...] possibilidade de as pessoas viverem o tipo de vida que escolheram, e com a provisão
dos instrumentos e das oportunidades de fazerem suas escolhas” (VEIGA, 2010, p. 81),
visão reforçada por Brown, 2004 (apud VEIGA, 2010, p. 81) quando comenta que “A
menos que as pessoas pobres e marginalizadas possam influenciar ações políticas de
âmbitos local e nacional, não é provável que obtenham acesso equitativo a empregos,
escolas, hospitais, justiça, segurança e a outros serviços básicos.”
É preciso que Juazeiro do Norte avance rumo a um desenvolvimento sustentável
que, por sua vez, precisa ser socialmente includente, ambientalmente sustentável e
economicamente sustentado no tempo (SACHS, 2008) ou, em outras palavras, que não

54
vise somente o aspecto econômico, mas “uma distribuição socialmente justa dos
resultados do progresso científico e tecnológico, bem como um processo produtivo que
respeite o meio ambiente. É ainda fundamental o respeito à diversidade cultural das
sociedades-alvo do processo” (CHACON, 2007, p. 124).
Então, a perspectiva de desenvolvimento que se almeja, a partir da elaboração e
execução do PDM, alinha o urbano-territorial à sustentabilidade, visando auxiliar na
mudança da realidade socioespacial do município de Juazeiro do Norte por meio do
tratamento de problemáticas diversas e propiciando um município mais socialmente justo
e inclusivo, ambientalmente equilibrado e culturalmente diverso para todos, em que o
direito à cidade possa ser perceptível em todos as diferentes áreas da cidade, a relação
rural-urbano aconteça de modo complementar e simbiótico e as especificidades e
potencialidades sejam contempladas. Aqui, concorda-se com Souza (2013) quando se
associa o desenvolvimento urbano a dois objetivos principais: melhoria da qualidade de
vida e aumento da justiça social.
Diante do exposto e pautado no atendimento ao que preconiza às legislações com
foco no urbano, territorial e ambiental, bem como na busca pelo alcance dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) e da Nova Agenda Urbana da Organização das
Nações Unidas (ONU), é importante reforçar que o processo o PDM/JN será pautado em
oito grandes diretrizes:
• Planejamento territorial de modo a atender a justa distribuição dos
benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização e a função social
da cidade e da propriedade urbana;
• Garantia de ampla participação da sociedade em todas as etapas do
processo de revisão;
• Estreita articulação entre as dimensões econômica, social e ambiental do
desenvolvimento na construção de uma cidade mais justa, democrática e
sustentável;
• Valorização da escala humana e reconhecimento da diversidade de
sujeitos;

55
• Articulação com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e com a
Nova Agenda Urbana da ONU-Habitat;
• Observância dos Princípios e Diretrizes estabelecidos no documento base
do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana
do Cariri (PDUI-RMC);
• Inovação e Cidades inteligentes como referenciais estratégicos para o
desenvolvimento urbano e a gestão da cidade, utilizando como base a
Política Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação e o Plano Diretor de
Tecnologias da Cidade Inteligente de Juazeiro do Norte;
• Turismo e economia criativa como vetores de desenvolvimento
socioeconômico e identificação de novas potencialidades de atração de
investimentos, emprego e renda;
A Revisão do Plano Diretor do Município de Juazeiro do Norte tem como
objetivos:
a) Realizar o diagnóstico das problemáticas e potencialidades do município
no âmbito das leituras técnicas e comunitárias;
b) Atualizar as diretrizes urbanísticas e territoriais do município, de acordo
com a realidade atual, explorando os principais desafios, potencialidades
e propostas para o desenvolvimento do município;
c) Estabelecer diretrizes e normas para um desenvolvimento urbano e
territorial includente, justo e sustentável do município;
d) Garantir ampla participação de atores e organizações da sociedade civil,
do poder público e da iniciativa privada em todas as fases do processo;
e) Propiciar a articulação entre os diferentes eixos que permeiam o território
do município (ambiental, territorial, socioeconômico e cultural e de
governança e gestão);
f) Adequar o Plano Diretor Municipal e a sua legislação acessória aos
princípios do desenvolvimento sustentável e do Direito à Cidade;

56
g) Adequar o PDM para o atendimento da função social da cidade e da
propriedade e da integração metropolitana;
h) Reforçar os potenciais atuais do município (metropolização, turismo e
romarias, comércio e serviços - polo universitário, gastronômico e de
inovação) visando o desenvolvimento econômico e a geração de emprego
e renda;
i) Estabelecer estratégias de governança e gestão visando à implementação
e aplicabilidade do PDM;
j) Auxiliar o município de Juazeiro do Norte a se tornar referência nordestina
em planejamento urbano e territorial;
A 2ª Etapa do processo de revisão do PDM/JN intitulada “Leituras Técnicas e
Comunitárias da Cidade” tem por objetivo geral levantar e analisar dados primários e
secundários a fim de construir os diagnósticos setoriais e estabelecer as principais
tendências de desenvolvimento urbano e territorial para o município de Juazeiro do Norte
e tem como objetivos específicos:
• Levantar e analisar dados primários e secundários a fim de construir os
diagnósticos setoriais e estabelecer as principais tendências de
desenvolvimento urbano e territorial para o município;
• Promover oficinas de leitura comunitária com a finalidade de escuta ativa
da população e identificação de demandas e potencialidades manifestadas
pelos munícipes;
• Analisar o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano atual e as
legislações a ele vinculadas para identificar as principais lacunas, as
diretrizes implementadas e os principais eixos de intervenção no processo
de revisão em vigência;
• Contemplar o contexto metropolitano no qual Juazeiro do Norte está
inserido, bem como o fenômeno das romarias, de modo a refletir sobre os
impactos e necessidades da população flutuante sobre o território do
município;

57
• Confrontar e associar a leitura técnica da cidade com a leitura comunitária
a fim de envolver a participação popular nesta fase diagnóstica e nas
seguintes;
• Promover oficinas, audiência pública, seminários, visitas às áreas e
trabalho de campo, bem como, produção de relatórios das ações realizadas.
Com base nas diferentes percepções, expressividades e dados levantados ao longo
desta etapa, temas que são comumente esquecidos nas leituras da cidade em processos de
revisão e elaboração de planos diretores foram levados em consideração. Destacamos
questões como as marcas da desigualdade social, bem como de diferentes expressões da
vulnerabilidade da população (social, ambiental e econômica etc.) que surgiram como
temáticas a serem consideradas no planejamento territorial da cidade de Juazeiro do
Norte. Temas como o crescimento da violência urbana e no trânsito, as desigualdades
socioespaciais do município e a condição de vulnerabilidade experimentada por parte
significativa da população podem ser destacados nesse sentido. Também ganham
contornos expressivos a riqueza do patrimônio cultural e a diversidade cultural e religiosa
que comporta a cidade. Estas questões precisam ser objeto de melhor gestão e cuidados
para o planejamento territorial do município, bem como da conservação e gestão de sua
memória social, riqueza cultural e arquitetônica de Juazeiro do Norte.

2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO

Francisco Raniere Moreira da Silva 7


Diego Coelho do Nascimento8

O município de Juazeiro do Norte-Ce, possui uma população estimada em


278.264 pessoas (IBGE, 2021), distribuída em um território de 258,788 km², o que resulta

7 Administrador, Doutor em Administração, Docente da UFCA – Coordenador Administrativo do


PDM/JN;
8 Licenciado em Geografia, Doutor em Geografia, Docente da UFCA – Coordenador Executivo do

PDM/JN;

58
em uma densidade demográfica de 1.004,45 hab/km². De acordo com os dados do IBGE
(2020), o município possui uma população eminentemente urbana, com 96,1% dos
habitantes residindo na área urbana. Juazeiro do Norte é formado por três distritos, sendo
o distrito sede correspondente à sua zona urbana e os distritos Marrocos e Padre Cícero,
que constituem a zona rural do município (Figura 3).

Figura 3: Mapa de divisão político-administrativa


Fonte: Equipe de Revisão do PDM/JN

2.1 Contextualização Histórica

Em termos históricos, alguns marcos da trajetória do município merecem destaque


e serão aqui brevemente mencionados, não com o intuito de aprofundar a sua análise, mas

59
tão somente de remontar a fatos que caracterizam a formação histórica, social, cultural e
política de Juazeiro do Norte e oferecem pistas para a compreensão dos seus processos
de desenvolvimento e expansão urbana recentes. O primeiro deles diz respeito à sua
própria emancipação política, ocorrida em 1911 a partir do desmembramento do
município do Crato, do qual era distrito. Tal feito se deveu em grande medida ao
protagonismo exercido pelo Padre Cícero Romão Batista, que foi o seu primeiro prefeito.
Sua formação histórica, estreitamente relacionada à figura do Padre Cícero, faz da cidade
ainda hoje um destacado destino de romarias, com vocação religiosa, artística, cultural e
turística.
Outro marco importante remonta à segunda metade do Século XX e está
relacionado às políticas de desconcentração econômica e desenvolvimento regional
empreendidas pelo governo do Ceará e materializadas, no Cariri, com o Projeto Asimow 9.
A referida iniciativa foi implantada na década de 60 e consistiu na instalação de indústrias
nos municípios de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, impulsionando o crescimento
socioeconômico e a expansão urbana dos municípios. Esse movimento de
industrialização e desenvolvimento regional, apesar do seu malogro (QUEIRÓZ, 2014)
foi determinante para promover um maior dinamismo econômico do território do sul
cearense, acentuar o processo de conurbação e movimentos pendulares entre os três
municípios e ampliar as relações de influência exercidas, sobretudo por Juazeiro do Norte,
sobre regiões dos estados vizinhos como Pernambuco, Paraíba e Piauí.
Como terceiro marco, ocorrido na transição para este século, tem-se o conjunto de
intervenções empreendidas pelos governos estadual e federal e motivadas pelo
reconhecimento da dinâmica urbana e da importância estratégica regional de Juazeiro do
Norte e seu arranjo populacional. Destacam-se nesta seara o Projeto de Desenvolvimento

9 O Projeto Asimow foi implantado no Cariri em 1961, a partir de um acordo entre a Universidade Federal
do Ceará (UFC) e a Universidade da Califórnia (UCLA), com apoio da Agência dos Estados Unidos para
o Desenvolvimento Internacional (USAID). As empresas ligadas ao Projeto Asimov foram: Cecasa -
Cerâmica do Cariri S.A. (Barbalha); IMOCASA - Indústria de Moagem do Cariri S.A. (Crato); CIMASA
- Companhia Industrial de Mandioca S.A. (Crato); IESA - Indústria Eletromáquina S.A. (Juazeiro do Ne);
LUNASA - Luna S.ortA. (Juazeiro do Norte). Disponível em
http://juazeiroanos60.blogspot.com.br/2012/02/juazeiro-fabricava-radio-nosanos-60.html, consulta
realizada em 14/03/2022

60
Urbano e Gestão de Recursos Hídricos (PROURB), de iniciativa do governo estadual em
parceria com o governo federal (desenvolvido entre os anos de 1995 e 2003) e o Projeto
Cidades do Ceará I - Cariri Central, iniciativa do Governo do Ceará desenvolvida entre
os anos de 2011 e 2017, a partir de acordo de empréstimo junto ao Banco Interamericano
de Desenvolvimento, cujo foco era o fortalecimento dos centros urbanos do interior do
estado (PDUI, 2018), por meio da criação/requalificação de infraestruturas e consequente
ampliação da oferta de emprego e serviços.
Um dos principais legados do PROURB para Juazeiro do Norte foi a elaboração
do seu Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), elaborado pelo consórcio
VBA/Espaço Plano e aprovado pela Lei Municipal no 2.572, de 8 de setembro de 2000.
Apesar da tentativa de revisão ocorrida entre 2010 e 2012 - que não foi concluída - e em
que pese a defasagem já mencionada anteriormente, esta segue sendo a principal
legislação de planejamento e ordenamento urbano-territorial do município.
No âmbito do projeto Cidades do Ceará 1 - Cariri Central, foram implementados
em Juazeiro do Norte projetos de qualificação territorial, como a Avenida do Contorno
(Anel Viário - etapas 1, 2 e 3), Roteiro da Fé, Centro Multifuncional de Serviços e
melhorias no Geossítio Colina do Horto, além de ações voltadas à inovação e apoio a
arranjos produtivos locais - com foco no turismo e calçados, e de gestão e fortalecimento
institucional (PDUI, 2018).
Por fim, tem-se o marco da consolidação de Juazeiro do Norte como polo de
educação superior. De acordo com Nascimento (2018), até o início do século a função
universitária da região era exercida pelo município do Crato, sobretudo em função de ser
a sede da Universidade Regional do Cariri (URCA). Com a criação de outros campi da
URCA, a instalação do Campus Cariri da Universidade Federal do Ceará (UFC) - que
posteriormente viria a se tornar a UFCA - e da Faculdade de Tecnologia do Cariri
(FATEC) sediadas em Juazeiro do Norte, a criação do IFCE - Campus Juazeiro do Norte,
e a expansão da oferta privada de cursos superiores, a configuração regional universitária
mudou consideravelmente e Juazeiro do Norte assumiu a função de polo universitário do
Cariri.

61
Como se pode notar, ao longo da sua história, e de modo ainda mais acentuado
nas últimas três décadas, Juazeiro do Norte se consolidou como importante polo regional
irradiador de diversas atividades econômicas, com destaque para o setor do comércio e
serviços. A expressiva expansão urbana, os investimentos industriais e de infraestrutura,
a instalação de equipamentos públicos e a consolidação do polo de educação superior
evidenciam este processo.
Esta centralidade de Juazeiro do Norte, que juntamente com as cidades de Crato e
Barbalha forma o aglomerado urbano do CRAJUBAR, foi decisiva para a criação da
Região Metropolitana do Cariri, pela Lei Complementar Estadual nº 78 de Junho de 2009
(CEARÁ, 2009).

2.1.1 Juazeiro do Norte e seu papel na dinâmica regional


Dada a influência no contexto regional e a posição de centralidade exercida por
Juazeiro do Norte na estruturação da rede urbana, faz-se necessária uma caracterização
da inserção do município no quadro mais amplo da dinâmica regional. Este é um aspecto
fundamental para a compreensão dos fluxos, interações, interdependências e
proximidades geográficas e não geográficas presentes na região.
No presente documento, leva-se em consideração duas escalas de análise, sendo a
primeira no nível macro, compreendendo a Região de Planejamento do Cariri, e a outra
no nível micro, correspondente à Região Metropolitana do Cariri. A pertinência deste
recorte se dá tanto pelas relações motivadas pelos aspectos geográficos, socioeconômicos
e culturais (IPECE, 2006), quanto pelo panorama da regionalização adotado pelo estado
do Ceará como referência para as atividades de planejamento, monitoramento e
implementação de políticas públicas de forma regionalizada (IPECE, 2015), assumindo
assim uma dimensão político-administrativa.
Para a caracterização do papel desempenhado por Juazeiro do Norte na dinâmica
regional e na estruturação da rede urbana, utilizou-se como referência dados primários e
secundários levantados por pesquisadores da Universidade Federal do Cariri, os estudos
do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) acerca do perfil da
Região de Planejamento do Cariri e seus municípios, o estudo Regiões de Influência das

62
Cidades – REGIC (IBGE, 2018), e os documentos produzidos no âmbito do Plano de
Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana do Cariri – PDUI-RM
Cariri (Diagnóstico e Plano de Ação).

2.1.2 Inserção regional do município

O município de Juazeiro do Norte está situado na porção sul do estado do Ceará e


é o principal núcleo urbano da Região Metropolitana do Cariri, integrando também a
Região de Planejamento de mesmo nome (Figura 4).

Figura 4: Localização da Região de Planejamento do Cariri


Fonte: IPECE (2015)

63
Referida região de planejamento é formada por 29 municípios, quais sejam:
Abaiara, Altaneira, Antonina do Norte, Araripe, Assaré, Aurora, Barbalha, Barro, Brejo
Santo, Campos Sales, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Granjeiro, Jardim, Jati, Juazeiro do
Norte, Lavras da Mangabeira, Mauriti, Milagres, Missão Velha, Nova Olinda, Penaforte,
Porteiras, Potengi, Salitre, Santana do Cariri, Tarrafas e Várzea Alegre.
O Cariri é a região de planejamento cearense com o maior número de municípios
(29 ao todo), a segunda maior em área territorial, com 17.417 km² (IPECE, 2021) e a mais
populosa do interior do estado, cujo montante populacional estimado para o ano de 2020
era de 1.031.033 habitantes (IBGE, 2020; IPECE, 2021). Para além dos aspectos
demográficos, a expressividade da região do Cariri também se observa a partir dos
indicadores econômicos, configurando-se também como a região do interior do estado
com o maior PIB.
Em termos intrarregionais, vale mencionar a centralidade exercida pelo Arranjo
Populacional formado pelos municípios de Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte –
popularmente conhecido como CRAJUBAR – e que tem neste último município a
principal referência. De acordo com a classificação do IBGE relativa às regiões de
influência das cidades (REGIC, 2018), o arranjo populacional de Juazeiro do Norte
(Figura 5) é considerado como Capital Regional B.
Para uma melhor compreensão, é importante explicitar como esta classificação é
realizada. De acordo com a REGIC, IBGE (2018), a hierarquia urbana indica a
centralidade da cidade de acordo com a atração que exerce a populações de outros centros
urbanos para acesso a bens e serviços e o nível de articulação territorial que possui por
estar inserida em atividades de gestão pública e empresarial. São cinco níveis
hierárquicos, com onze subdivisões: Metrópoles (1A, 1B e 1C), Capitais Regionais (2A,
2B e 2C), Centros Sub-Regionais (3A e 3B), Centros de Zona (4A e 4B) e Centros Locais
(5). Alguns municípios são muito integrados entre si e constituem apenas uma cidade para
fim de hierarquia urbana, trata-se dos Arranjos Populacionais. Este é o caso do Arranjo
Populacional (AP) de Juazeiro do Norte, formado pelos municípios de Juazeiro do Norte,
Crato e Barbalha.

64
Figura 5: Arranjo Populacional de Juazeiro do Norte/CE
Fonte: REGIC, IBGE (2018)

A partir da análise do primeiro mapa, região de influência, é possível observar a


estrutura da rede urbana e das conexões, diretas ou mediadas, estabelecidas desde o AP
Juazeiro do Norte, bem como das interações adjacentes à própria rede. Para além da
centralidade exercida no âmbito da região de planejamento do Cariri, vale ressaltar que a
influência de Juazeiro do Norte se expande para outras regiões (centros sub-regionais e
centros de zona) do Ceará, a exemplo de Iguatu e Icó – localizados no Centro-Sul
cearense, e para outros estados vizinhos, com destaque para Araripina, Ouricuri e
Salgueiro (PE), Conceição (PB) e Simões (PI).
Do ponto de vista das conexões externas, conforme demonstrado no segundo
mapa, observa-se importantes ligações do AP Juazeiro do Norte com outros centros fora

65
da sua região de influência, a exemplo das conexões com as metrópoles nordestinas
Fortaleza e Recife, com Brasília e São Paulo, respectivamente classificadas como
metrópole e grande metrópole nacional e com outras capitais regionais e centros sub-
regionais, como o AP Petrolina-Juazeiro (PE/BA), Serra Talhada (PE) e Picos (PI).
Ainda de acordo com a REGIC (2018), os deslocamentos para o arranjo
populacional de Juazeiro do Norte são motivados sobretudo para acessar o aeroporto
(Figura 6) e atividades ligadas ao comércio, serviços de saúde, atividades financeiras,
cursos superiores e atividades culturais. Esta constatação é importante pois vai ao
encontro das evidências de centralidade e atratividade regional exercidas por Juazeiro do
Norte, com rebatimentos diretos na dinâmica socioespacial, movimentos pendulares e
pressão sobre o ambiente e sobre os equipamentos e serviços públicos.
Seguindo com os dados da pesquisa, obtém-se que o AP de Juazeiro do Norte/CE
possui seus três maiores índices de atração nas categorias: (i) destino para moradores de
outros municípios para aeroporto (2042968,99); (ii) destino para moradores de outros
municípios para compra de itens de calçados e vestuário (Figura 7) (966126,64) e (iii)
destino para moradores de outros municípios para compra de móveis e eletroeletrônicos
(Figura 8) (898680,53). Nos mapas a seguir ilustram-se as cidades de origem.

66
Figura 6: Centralidade para aeroporto do AP de Juazeiro do Norte/CE
Fonte: REGIC, IBGE (2018)

67
Figura 7: Centralidade para compra de itens de calçados e vestuário - AP de Juazeiro do Norte/CE
Fonte: REGIC, IBGE (2018)

Figura 8: Centralidade para compra de móveis e eletroeletrônicos - AP de Juazeiro do Norte/CE


Fonte: REGIC, IBGE (2018)

Nesse quesito, é relevante destacar que apenas o aeroporto Orlando Bezerra de


Menezes localizado em Juazeiro do Norte atende a região. Quanto ao índice de
atratividade para compra de itens de “calçados e vestuário” e para compra de “móveis e
eletroeletrônicos” destaca-se ainda que Juazeiro do Norte possui 66% dos
estabelecimentos formais existentes nas três cidades que compõem o arranjo (SEBRAE,
Receita Federal, 2022). Para todos os casos destaca-se que as cidades a procurarem o AP
de Juazeiro do Norte/CE estende-se fortemente além daquelas que compõem a RM Cariri.
A cidade de Juazeiro do Norte é sede de diversos empreendimentos empresariais
da indústria, comércio e serviços, além de equipamentos e serviços públicos de
abrangência regional, a exemplo do já mencionado Aeroporto Regional Orlando Bezerra
de Menezes, Hospital Regional do Cariri, Centro Cultural Banco do Nordeste, Receita

68
Federal, entre outros. O município também é um importante polo de educação superior
do interior do Nordeste, sediando campi de universidades, centros universitários e
faculdades públicas e privadas, a exemplo da Universidade Federal do Cariri (UFCA),
Universidade Regional do Cariri (URCA), Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Ceará (IFCE), Faculdade de Tecnologia do Cariri (FATEC), Centro
Universitário Dr. Leão Sampaio (Unileão), Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte
(FMJ-Estácio), Centro Universitário de Juazeiro do Norte (Unijuazeiro), Centro
Universitário Paraíso (UniFAP), entre outros.
Para além do fluxo de deslocamento inter e intraurbano característico dos
movimentos pendulares, vale mencionar ainda os deslocamentos eventuais que, no caso
específico de Juazeiro do Norte, tem como principais motivações as romarias e o turismo
religioso em torno da figura do Pe. Cícero Romão Batista, cuja análise foi objeto de um
estudo técnico específico no âmbito deste diagnóstico, a ser apresentado mais adiante.
Outro elemento relevante para a compreensão da dinâmica regional na qual
Juazeiro do Norte se insere reside na institucionalização da Região Metropolitana do
Cariri (RM Cariri), criada em 2009 pela Lei Complementar Estadual nº 78/2009 e
formada pelos 09 municípios que ocupam a porção central da Região de Planejamento do
Cariri. Estes correspondem à conurbação formada por Juazeiro do Norte, Crato e
Barbalha, à qual se somam outros seis municípios limítrofes, quais sejam: Cariri açu,
Farias Brito, Jardim, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri (Figura 9).

69
Figura 9: Mapa da Região Metropolitana do Cariri
Fonte: IPECE (2010)

O acelerado processo de urbanização, desencadeado principalmente a partir da


década de 1970, gerou grandes transformações na configuração do território brasileiro,
podendo-se destacar entre estas a institucionalização de Regiões Metropolitanas (RMs).
Com o advento da Constituição Federal de 1988, que ocasionou mudanças marcantes na
cena metropolitana ao passo que delegou aos Estados a instituição de RMs e promoveu
assim uma descentralização do Estado, cresceu consideravelmente o número de
aglomerados metropolitanos no país. Das 74 (setenta e quatro) regiões metropolitanas
existentes atualmente (IBGE, 2020), 65 (sessenta e cinco) foram criadas após a
promulgação da nova Constituição Federal.
Essas mudanças somadas ao estímulo à expansão de cidades médias, sobretudo
no interior do país (ARAÚJO, 2017) contribuíram para que o Nordeste incorporasse
também a tendência de metropolização. A microrregião do Cariri Central - notadamente

70
o aglomerado urbano do CRAJUBAR, acompanha de perto tal tendência, dando base para
a constituição da RM Cariri.
A trajetória na busca de arranjos regionais inovadores na região do Cariri não é
tão recente. Autores como Queiroz (2014) e Rodrigues, Alves e Pinheiro (2017) alertam
para a existência de tentativas de planejamento governamental para a região desde a
década de 1960. Nesse sentido, destacam-se as iniciativas de incentivo ao
desenvolvimento industrial da região a partir da tentativa de identificação de
oportunidades industriais pela Companhia de Desenvolvimento do Ceará (CODEC) e
pela tentativa de implantação de um distrito industrial, nos anos 80.
Queiroz (2014) recorda que as “pretensões autonomistas” do Cariri estiveram
quase sempre ancoradas pela condição geoambiental da região que lhe conferia um
destaque em meio ao sertão árido do Nordeste. Com base em Rodrigues, Alves e Pinheiro
(2017) as cidades de Crato e Barbalha destacavam-se sobretudo pelos seus recursos
naturais e potencial hídrico, condições favoráveis para uma base agrícola diversificada,
enquanto Juazeiro do Norte passa por um processo de ascensão no início do século XX,
ocasionado pela influência política, religiosa e ideológica do Padre Cícero. Pontes (2009)
afirma que já nos anos 1950, Juazeiro do Norte apresentava altas taxas de urbanização,
ao lado de Fortaleza. A partir de 1970, a região teve maior fervor na sua dinâmica
populacional, sendo as cidades supracitadas as que tinham maior destaque e cuja
proximidade física e a complementaridade de serviços deram origem ao aglomerado
urbano do CRAJUBAR (QUEIROZ, 2014).
A primeira tentativa de instituir uma unidade regional de integração das principais
unidades locais do Cariri foi em 2000, por iniciativa da então Deputada Estadual Íris
Tavares, que almejava a criação da Região Cícero Metropolitana do Cariri Cearense
(QUEIRÓZ, 2014; NASCIMENTO, 2018; PDUI, 2018). No entanto, o projeto não teve
apoio na Assembléia Legislativa do Ceará. Tal proposta foi um ponto de partida para
várias discussões políticas e institucionais desencadeadas desde então, provocando, quase
dez anos depois, a criação da RM Cariri em 2009.

71
Nascimento (2013) posiciona a criação da RM Cariri como alternativa de
minimização das desigualdades socioeconômicas existentes entre a Região Metropolitana
de Fortaleza (RMF) e o interior do Estado. Cartaxo (2018), complementa essa afirmativa
ao mencionar o equilíbrio em termos de atração populacional, bem como, de
equipamentos, serviços e investimentos públicos e privados que a nova região
metropolitana possibilitaria em relação à RMF. Adicionalmente, vale mencionar o
propósito de minimizar o desenvolvimento desigual do triângulo CRAJUBAR em relação
aos municípios vizinhos (PDUI, 2018).
As diferenças entre os municípios integrantes da RM Cariri se expressam desde
os aspectos demográficos (Quadro 1), passando pelo seu próprio processo de
institucionalização, e se tornam ainda mais visíveis quando se observam os aspectos
econômicos, sociais e urbanísticos.

Quadro 1: Aspectos demográficos da RM Cariri

POPULAÇÃO
POPULAÇÃO POPULAÇÃO CONTRIBUIÇÃ
MUNICÍPIO ÁREA (Km²) URBANA -
RURAL - 2010 TOTAL – 2010 O NA RMC (%)
2010
Barbalha 481,07 17.301 38.022 55.323 9,63%
Caririaçu 623,82 12.362 14.031 26.393 4,59%
Crato 1013,76 20.512 100.916 121.428 21,14%
Farias Brito 503,6 10.136 8.871 19.007 3,31%
Jardim 552,42 17.694 8.994 26.688 4,65%
Juazeiro do
248 9.811 240.128 249.939 43,51%
Norte
Missão Velha 645,71 18.855 15.419 34.274 5,97%
Nova Olinda 284,4 4.560 9.696 14.256 2,48%
Santana do
855,6 8.348 8.822 17.170 2,99%
Cariri
RM Cariri 119.579 444.899 574.478 100,00%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Censo Demográfico, IBGE (2010).

72
Como se pode observar pelo Quadro 1, em que pese possuir a menor área
territorial, Juazeiro do Norte é o município mais populoso, concentrando mais de 40% da
população da RM Cariri.
Em termos de instâncias de governança e instrumentos de gestão metropolitana, a
Lei Complementar Estadual 78/2009, ao instituir a Região Metropolitana do Cariri, criou
também o Conselho de Desenvolvimento e Integração da Região Metropolitana do Cariri
(CRMC) e o Fundo de Desenvolvimento e Integração da Região Metropolitana do Cariri
(FDMC). O primeiro possui atribuições de planejamento e gestão, tais como como
aprovar instrumentos de planejamento regional, definir as Funções Públicas de Interesse
Comum (FPIC), criar câmaras técnicas setoriais para a discussão das questões regionais,
entre outras. O segundo, vinculado à Secretaria das Cidades, teria o fito de custear
atividades de planejamento, gestão, execução de FPIC´s e serviços urbanos de interesse
comum. Até 2017, esta lei complementar foi o único instrumento jurídico e institucional
relacionado à RM Cariri.
Com a promulgação da Lei 13.089/2015, denominada Estatuto da Metrópole
(BRASIL, 2015), e a necessidade de adequação, por parte dos estados, dos instrumentos
de governança e gestão metropolitana ao novo marco regulatório, em janeiro 2018 foi
promulgado o decreto estadual n° 32.490, formalizando novas diretrizes para o
funcionamento e gerenciamento das regiões metropolitanas e aglomerações urbanas do
Ceará. Referido decreto foi tornado lei ainda em 2018 com a aprovação da Lei
Complementar Estadual 180/2018, denominada Ceará um Só.
A referida Lei criou o Programa de Governança Interfederativa do Ceará, tendo
como princípio a ação coletiva institucional para apoiar o planejamento, a gestão,
execução e monitoramento das funções públicas de interesse comum em regiões
metropolitanas e em aglomerações urbanas instituídas pelo Estado do Ceará (CEARÁ,
2018). Foram definidos os princípios e a estrutura de governança interfederativa, os
instrumentos de desenvolvimento urbano integrado e as funções públicas de interesse
comum (FPICs).

73
Enquanto estrutura básica de governança interfederativa, o Art. 10 da Lei
180/2018 institui 04 dispositivos, quais sejam: I - instância executiva, composta pelos
representantes do Poder Executivo dos entes federativos integrantes das unidades
territoriais; II - instância colegiada deliberativa com representação da sociedade civil; III
- organização pública com funções técnico-consultivas; e IV - sistema integrado de
alocação de recursos e de prestação de contas.
No caso específico da RM Cariri, entre os anos de 2017 e 2018 houve um esforço
significativo, notadamente por parte do governo estadual, no sentido de estruturação das
instâncias de governança e elaboração do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado -
PDUI (SILVA; NASCIMENTO, 2020). Destaca-se aqui a elaboração de estudos
técnicos, realização de seminários, oficinas e audiências públicas que resultaram em dois
documentos que serviram de base para a construção da Minuta de Lei do PDUI, quais
sejam: o Diagnóstico Técnico e Participativo da Região Metropolitana do Cariri e o Plano
de Ação do PDUI - RM Cariri.
A partir do diagnóstico, foram priorizadas duas funções públicas de interesse
comum (FPICs), cada uma delas agrupando serviços e políticas públicas a serem objeto
de investimentos e ação compartilhada entre o governo do estado e dos municípios da
RM Cariri. As duas FPICs foram: I - Promoção do Desenvolvimento Sustentável e, II -
Promoção da Mobilidade Urbana (Quadro 2).

Quadro 2: FPICs, eixos estratégicos e subeixos do PDUI da RM Cariri

FPIC Eixo estratégico Subeixo


Aspectos Gestão ambiental
Institucionais da
gestão ambiental
Gestão em saneamento
e de saneamento
PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO Vulnerabilidade da Abastecimento de água potável
SUSTENTÁVEL infraestrutura de água
e esgoto Esgotamento sanitário e drenagem

Tratamento de resíduos Gestão Municipal de resíduos sólidos


sólidos
Coleta domiciliar

74
Coleta seletiva

Destinação dos resíduos sólidos coletados

Condição de Ocupação do Imóvel

Padrão de revestimento dos domicílios

Vulnerabilidade Ações estaduais em habitação, o programa


habitacional Minha Casa Minha Vida (PMCMV) e as Obras
do PAC com impacto metropolitano

Produção de gases de efeito estufa,


Pressão sobre o queimadas, desmatamento e o cenário da
ambiente desertificação e de outros impactos
natural ambientais

Caracterização das Caracterização das unidades de conservação,


áreas verdes e dos geossítios e reservas particulares do patrimônio
geossítios natural

Cenário dos recursos Precipitação pluviométrica, recursos e


hídricos demanda hídrica

Abrangência das linhas regulares e


complementares de transporte rodoviário

Problemas operacionais das linhas regulares e


complementares de transporte rodoviário
Sistema de Transporte
Público A questão da Integração e os problemas entre os
modais de transporte público

PROMOÇÃO DA Mobilidade urbana como forma de promoção


MOBILIDADE do turismo regional
URBANA
Rodovias e estacionamentos

Apoio ao transporte público rodoviário


Infraestrutura de
Apoio ao transporte sobre trilhos
Transporte
Apoio ao transporte cicloviário

Apoio ao pedestre

75
Governança e Planejamento em mobilidade urbana
Planejamento em
Mobilidade Urbana Fiscalização - área de mobilidade urbana

Fonte: PDUI (2018)

Conforme expressa o Plano de Ação do PDUI da RM Cariri,

A análise destas funções públicas de interesse comum no contexto


metropolitano do Cariri apresenta uma especificidade quanto a sua dinâmica
econômica, turística e cultural, principalmente, do triângulo CRAJUBAR. De
fato, este é o polo econômico regional e segunda maior concentração
populacional do Estado e este desenvolvimento se dá incrustado em uma região
ambientalmente sensível, a Área de Preservação Ambiental do Araripe e a
Floresta Nacional do Araripe, a qual estabelece a preservação da flora e da
fauna características da Região. Neste sentido, uma das grandes questões que
surge desta confluência é o desafio da construção de um desenvolvimento
econômico e de uma mobilidade ambientalmente sustentáveis e socialmente
justos, uma vez que a RMC expressa graves conflitos sociais e a pobreza é uma
realidade em grande parte dos domicílios. (PDUI, 2018, p. 21).

Com relação às instâncias de governança metropolitana e o PDUI da RM Cariri,


vale salientar que, de acordo com as informações da Secretaria das Cidades do Ceará, as
instâncias executiva e colegiada deliberativa foram nomeadas e instaladas no ano de 2018.
Não foram identificados, todavia, registros sobre o seu funcionamento até o momento,
tais como atas de reuniões, relatórios de gestão, etc. No que diz respeito ao PDUI, após
uma paralisação entre os anos de 2019 e 2020, os trabalhos para a sua elaboração foram
retomados em 2021 e encontram-se em fase de finalização, para posterior aprovação em
Audiência Pública Regional e encaminhamento à Assembleia Legislativa do Ceará, a fim
de que seja tornado Lei, conforme preconiza o Estatuto da Metrópole.
Estes aspectos revelados pela análise do Diagnóstico e Plano de Ação do PDUI
da RM Cariri são relevantes no contexto do processo de revisão do Plano Diretor
Municipal de Juazeiro do Norte por dois motivos. O primeiro deles se refere às
convergências em termos de achados relativos aos desafios e às potencialidades locais e
regionais, conforme será detalhado nos resultados das leituras técnicas e comunitárias da
cidade. O segundo diz respeito à necessidade de levar em consideração, no âmbito do
planejamento municipal, as diretrizes e planos prioritários pensados na escala regional,

76
seja pela centralidade que o município de Juazeiro do Norte ocupa na região, pela
complementaridade de funções políticas, econômicas, sociais e de serviços públicos e
ainda pela necessidade de um planejamento urbano integrado e convergente, que
reconheça e valorize as especificidades locais, mas esteja em consonância com outras
agendas mais amplas - nos planos regional, nacional e internacional, com as quais o
desenvolvimento de Juazeiro do Norte possa dialogar.

77
78
3 RECURSOS HÍDRICOS

Germário Marcos Araújo10


Thiago Alves da Silva11

A água é fundamental à própria vida e essencial à várias atividades humanas. Os


diversos usos dos recursos hídricos incluem à irrigação, o abastecimento público, a
mineração, a industrialização, a produção de energia hidrelétrica, a dessedentação animal,
a navegação, a recreação e o turismo. Em decorrência da escassez e/ou do incremento da
demanda de água, podem surgir conflitos entre usos e usuários de recursos hídricos. Os
conflitos pelo uso da água demandam estratégias e medidas de controle para a gestão dos
recursos hídricos com a perspectiva de múltiplos usos (TUNDISI et al., 2008).
Nos centros urbanos, os usos estão mais associados ao abastecimento humano e
industrial, que somados a problemática da poluição das águas, principalmente em locais
em que a cobertura do esgotamento sanitário não atende toda a população, podem
prejudicar a qualidade e quantidade dos recursos hídricos.
A importância do tema água é reconhecida pela ONU e consta no objetivo VI dos
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ODM “Água e Saneamento”, visando
garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos.
Os recursos hídricos no Brasil são regulamentados pela Lei Federal 9.433, de 08
de janeiro de 1997, também conhecida como “Lei das Águas”, a qual instituiu a Política
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento
dos Recursos Hídricos (SINGREH). Essa lei tem como fundamentos: a água como um
bem de domínio público, dotado de valor econômico, cuja prioridade de seu uso, em caso
de escassez, está voltada ao consumo humano e à dessedentação de animais (BRASIL,
1997).
O artigo 31 da Lei nº 9.433/1997 informa que, na implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos, os municípios promoverão a integração das políticas

10 Graduação em Recursos hídricos/Saneamento Ambiental, Doutor em Engenharia Civil.


11 Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental, Mestre em Recursos hídricos.

79
locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e de meio ambiente
com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos.
O Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257 de 10 de julho de 2001) regulamentou
os artigos 182 e 183 da CF, definindo diretrizes gerais para a política urbana (BRASIL,
2001). O capítulo III da supracitada Lei, traz as diretrizes relacionadas ao Plano Diretor,
onde, em seu artigo 39, aborda sobre a ordenação das cidades e a função social do solo
urbano. Assim sendo, a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenamento da cidade expressas no Plano Diretor,
assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à
justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas, e incorpora conteúdos
relacionados ao debate ambiental no desenvolvimento urbano. Ambas se articulam e
formam um cenário com duas unidades de planejamento, os territórios municipais e as
bacias hidrográficas. (BRASIL, 2001, Art.39).
Segundo Pizella (2015), os Planos Diretores Municipais devem integrar as
diretrizes presentes no gerenciamento dos Recursos Hídricos, identificando instrumentos
de controle e fiscalização, por meio dos quais os cidadãos e também a administração
pública possam fiscalizar e garantir seu efetivo cumprimento. Ressalta-se que os Comitês
de Bacia Hidrográfica, que é o parlamento da água, precisam considerar o planejamento
de uso do solo em âmbito municipal e suas influências sobre os recursos hídricos na bacia
hidrográfica como um todo.
Tratando-se de recursos hídricos, a ordenação territorial por meio dos Planos
Diretores deve se traduzir em proteção de áreas de captação, áreas de recarga de águas
subterrâneas e zonas-tampão de áreas protegidas, bem como em relação aos sistemas de
drenagem natural e controles áreas de inundação e áreas ecologicamente relevantes
(CARMO, 2021).
Peres e Silva (2013), afirmam que a questão ambiental com foco nos recursos
hídricos é abordada nos Planos Diretores, ainda, em termos genéricos. Os instrumentos
não definem como a proteção dos recursos hídricos deve ser garantida pela esfera
municipal e de que forma ela se relacionará com outras esferas, regionais, estaduais e

80
federais, e com outras dimensões, sociais, econômicas e políticas, consideradas essenciais
para a gestão urbana.
Conhecer e proteger os recursos hídricos é fundamental para o sadio crescimento
das cidades, em especial em Juazeiro do Norte, que para o consumo humano, é totalmente
abastecida por água subterrânea. Nesse sentido, o diagnóstico ambiental de recursos
hídricos (superficiais e subterrâneos) é uma ferramenta de suporte à revisão do Plano
Diretor do Município de Juazeiro do Norte/CE.
De acordo com os dados dos censos populacionais disponibilizados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, o município de Juazeiro do Norte, nos anos
2000, possuía uma população de aproximadamente 212.133 habitantes, já no ano de 2010
essa população chegou a totalizar 249.939 pessoas e no ano de 2021 estimou-se que a
população chegou a marca de 278.263 habitantes (IBGE, 2021; IPECE, 2022). Dessa
maneira é possível afirmar que o número de residentes do município estudado variou
17,82% entre os anos de 2000 e 2010, e cresceu aproximadamente 11,33% entre os anos
de 2010 e 2021. Esse crescimento populacional no município trouxe consigo uma grande
demanda não só de bens de consumo e serviços, mas também de terras e de consumo de
água.

3.1 Metodologia

3.1.1 Tipo de pesquisa

A presente pesquisa possui abordagem qualitativa e quantitativa, de natureza


aplicada. A pesquisa aplicada tem como objetivo gerar conhecimento para aplicação
prática dirigida à solução de problemas específicos (GIL, 2010), envolvendo verdades e
interesse local (PEREIRA, 2012). Usa-se a pesquisa aplicada para estudar o problema em
um contexto, buscando soluções para os desafios enfrentados nesse ambiente específico.
Esse tipo de pesquisa é bem ligado à pratica, mas nem por isso pode deixar de incluir uma
reflexão teórica (MASCARENHAS, 2012).

81
Quanto ao objetivo, a pesquisa é do tipo descritiva, pois pretende-se analisar as
características dos recursos hídricos existentes na cidade de Juazeiro do Norte a fim de
obter maior familiaridade e para que seja possível identificar as fragilidades existentes.
Com relação aos procedimentos técnicos, as pesquisas são classificadas como
bibliográfica, documental, experimental, levantamento, estudo de caso, pesquisa-ação e
pesquisa participante. Esta pesquisa se caracteriza como uma pesquisa documental, uma
vez que irá analisar dados de fontes primárias, e bibliográfica, estando relacionada a
revisão de obras publicadas sobre o tema em questão.

3.1.2 Fontes de dados


Na pesquisa documental, os dados utilizados no diagnóstico dos Recursos
Hídricos do município de Juazeiro do Norte, foram obtidos através das bases de dados do
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS e do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE, além daqueles disponibilizados através de respostas dos
ofícios enviados diretamente à Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Ceará –
COGERH; e Memoriais descritivos enviados pela Prefeitura Municipal de Juazeiro do
Norte - CE. Também foram analisadas as legislações que tratam do tema recursos
hídricos, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Juazeiro do Norte, instituído
pela Lei nº 2.570 de 08/09/2000, planos diretores vigentes em outros municípios
brasileiros e o documento da versão teste do Guia para Elaboração e Revisão de Planos
Diretores elaborada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional.
Em relação ao levantamento bibliográfico, a pesquisa foi direcionada para a
análise de relatórios técnicos, dissertações de mestrado acadêmico, teses de doutorado e
artigos científicos publicados que abordavam aspectos ambientais, notadamente os
relacionados aos recursos hídricos em Juazeiro do Norte.
Para a confecção dos mapas temáticos dos recursos hídricos superficiais,
subterrâneos e correlatos do município de Juazeiro do Norte, foi utilizado como base
cartográfica as fontes disponíveis em SIG dos Órgãos: FUNCEME, COGERH,/SRH,
IBGE, IPECE nas escalas 1:100.000 e 1:500.000.

82
A vetorização foi produzida a partir de uma conjunção de softwares como ArcMap
Arcview da Esri, ZWCAD 2021, GTM GPS TRACKMAKER todos devidamente
licenciados e também contou-se com o apoio de imagens livres da plataforma SIG do
Google Earth. As feições foram extraídas, classificadas e exportadas no formato SHP-
Shapefile e finalizadas no layout de base dos mapas propostos.

3.2 Diagnóstico Dos Recursos Hídricos Em Juazeiro Do Norte

3.2.1 Recursos Hídricos no município de Juazeiro do Norte (Enquadramento e


Classificação da drenagem natural)

O município de Juazeiro do Norte possui uma área territorial da ordem de 258,78


Km² e está totalmente inserido na bacia hidrográfica do Salgado. Neste contexto da
unidade de planejamento, Juazeiro do Norte está inserido na Micro Bacia III, da sub-bacia
do Rio Salgado como mostra a Figura 10, sendo composta pelos municípios de Crato,
Juazeiro do Norte, Barbalha, Caririaçu e Jardim, com uma população aproximada de
525.146 habitantes; Área: 479.771 Km²; Drenagem: 1.395 Km; Área hidrográfica: 2.076
Km² (Fonte: IBGE 2021).

83
Figura 10: Mapa das sub-bacias hidrográficas do Rio Salgado.
Fonte: SRH/COGERH 2022.

Os recursos hídricos têm seu arcabouço hidrológico e hidrogeológico e apresenta


as seguintes características:

3.2.2 Recursos hídricos superficiais

O município possui 06 drenagens secundárias, que são rios de menor


representatividade, e 01 uma drenagem principal, rio de maior vazão. A drenagem
principal é o Rio Batateiras que nasce no sítio Luanda, município do Crato, que cruza
toda a área territorial de Juazeiro do Norte e possui uma extensão de 24.188,19 metros de

84
forma local. Vale ressaltar que apesar de ser intermitente em alguns trechos do Rio
Batateiras é conhecido popularmente como Rio Salgadinho.
As demais 06 drenagens estão classificadas como riachos de 1° e 2° ordem, no
entanto, desenvolvem um papel fundamental no escoamento das águas superficiais em
sua maior parte na área urbanizada e outra parte na zona rural. As drenagens são:
- Riacho São José que nasce nas limitações do bairro São José com o município do Crato,
possui uma extensão territorial local de 617,62 metros e, por si só, é o único riacho perene
na região do Cariri.
- Riacho dos Macacos que nasce dentro do Parque municipal das Timbaúbas e se encontra
com o riacho Timbaúbas no bairro de Fátima, município de Juazeiro do Norte, e possui
uma extensão territorial local da ordem de 4.147,47 metros e é classificado como
efêmero12.
- Riacho das Timbaúbas nasce no bairro Novo Juazeiro, dentro do município de Juazeiro
do Norte e se encontra com o riacho dos macacos no Bairro de Fátima, e possui uma
extensão territorial local da ordem de 3.093,06 metros, e é classificado como
intermitente13.
- Riacho Carás do Umari nasce no sítio Mingu no município do Crato, porém, é uma
drenagem efêmera e perenizada pela Barragem Thomas Osterne (Açude do Umari) e
possui uma extensão territorial local da ordem de 5.200,71 metros e é classificado como
efêmero.
- Riacho dos Carneiros nasce no sítio Carneiros, dentro do município de Juazeiro do Norte
em área limítrofe com o município de Caririaçu, é uma drenagem efêmera e perenizada
pela Barragem Manoel Balbino (Açude dos Carneiros) e possui uma extensão territorial
local da ordem de 4.358,01 metros e é classificado como efêmero.
- Riacho Karás é a junção das drenagens Carás do Umari com o Riacho dos Carneiros.
Ele nasce dentro do município de Juazeiro do Norte, porém, é uma drenagem efêmera e
perenizada pelas Barragens Thomas Osterne (Açude do Umari) e Manoel Balbino (Açude

12 Efêmeros existem somente quando fortes chuvas acontecem


13 Intermitentes são aqueles cujos leitos secam durante algum período do ano

85
dos Carneiros) com uma extensão territorial local da ordem de 17.582,18 metros e é
classificado como efêmero.
- Riacho Gavião que nasce no sítio Brejo Seco, dentro do município de Juazeiro do Norte
e possui uma extensão territorial local da ordem de 4.971,38 metros e é classificado como
efêmero.
É notório que a hidrografia do município de Juazeiro do Norte, quando
acrescidas as microdrenagens, terá a sua extensão territorial local maior, no entanto são
drenagens que do ponto de vista de classificação são de baixa representatividade no
contexto de revisão do PDM de Juazeiro do Norte. A soma das 7 drenagens é da ordem
de 64.158,62 metros de hidrografia radial e geometria serpenteante. A Figura 11 traz um
mapa que ilustra as microrregiões hidrográficas de Juazeiro do Norte. Nota-se a
microbacia hidrográfica - MBH do Riacho Karás e Carneiros, a MBH Batateiras, a MBH
do Riacho dos Macacos e Timbaúbas e a MBH do Gavião.
Percebe-se que os recursos hídricos são efêmeros ou intermitentes, ou seja, que
só possuem vazão em seu leito no período chuvoso, no entanto, a falta do saneamento,
principalmente no tocante a coleta de esgoto, faz com que a população utilize essa
drenagem natural como fonte receptora de parte dos esgotos, o que compromete a
qualidade da água, principalmente nos trechos urbanos.

86
Figura 11: Mapa das microrregiões hidrográficas de Juazeiro do Norte.
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN

O município ainda possui um montante de 16 pequenos reservatórios


particulares e 01 reservatório público denominado Açude Manoel Balbino (Açude dos
Carneiros) com capacidade de armazenamento de 37.180.000 m³ (responsável
principalmente pelo abastecimento do município vizinho de Caririaçu). Na Figura
12observa-se a distribuição dos espelhos d’água no município de Juazeiro do Norte – CE.

87
Figura 12: Mapa dos espelhos d’água no município de Juazeiro do Norte – CE
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN

Na Figura 13 é possível visualizar o mapa da hidrografia onde percebe-se a


hidrografia principal e a drenagem secundária. Sobre o enquadramento dos corpos
hídricos superficiais é importante salientar que este diagnóstico não tem objetivo de
enquadrar os corpos hídricos. A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH),
juntamente com a Resolução 357/05 do CONAMA e a Resolução 91/2008 do Conselho
Nacional de Recursos Hídricos dispõem que as classes de corpos de água serão
estabelecidas pela legislação ambiental e delega às Agências de Bacia competência para
propor aos respectivos Comitês de Bacia o enquadramento dos corpos de água nas classes
de uso para encaminhamento ao respectivo Conselho Nacional ou Conselhos Estaduais
de Recursos Hídricos, de acordo com a dominialidade. Foram realizadas pesquisas no
documento Panorama do enquadramento dos corpos d’águas, da Agência Nacional de

88
Águas e no site do Comitê da sub-bacia hidrográfica do Rio Salgado e não consta nada
sobre o enquadramento dos recursos hídricos.

89
Figura 13: Mapa hidrografia no município de Juazeiro do Norte – CE.
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN

90
3.2.3 Recursos hídricos subterrâneos

O município de Juazeiro do Norte está assentado em cima de uma estrutura


hidrogeológica complexa e heterogênea. Com base nos dados oficiais temos as seguintes
unidades hidrogeológicas e suas seguintes formações pertinentes na escala local:
Formação Missão Velha e o Sistema Aquífero Médio, Formação Mauriti e Sistema
Aquífero Inferior, Aquiclude Brejo Santo e Formação Brejo Santo, Embasamento
Cristalino e Pré-cambriano e Coberturas Recentes Arenosas e Areno-argilosas (Figura
13). Suas espessuras variam entre 100 à 400 metros de profundidade. A Figura 15 mostra
a área de rebaixamento do aquífero no município de Juazeiro do Norte – CE. Na Figura
16 é possível visualizar o mapa hidrogeológico com o sistema de aquíferos em Juazeiro
do Norte -CE. A Figura 17 mostra o mapa hipsométrico onde é possível visualizar o
relevo por curvas de nível em Juazeiro do Norte – CE.

Figura 14: Esboço esquemático do funcionamento dos sistemas aquíferos da Chapada do Araripe.
Fonte: Mendonça 2001.

91
Figura 15: Mapa da área de rebaixamento do aquífero em Juazeiro do Norte – CE.
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN
92
Figura 16: Mapa hidrogeológico. Sistema de aquíferos em Juazeiro do Norte -CE.
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN
93
Figura 17: Mapa hipsométrico (Relevo por curvas de nível).
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN
94
De forma análoga ao relatado no item recursos hídricos superficiais, o
enquadramento dos corpos hídricos subterrâneos não será realizado neste diagnóstico. O
enquadramento dos corpos de água se dá por meio do estabelecimento de classes de
qualidade conforme disposto nas Resoluções do CONAMA 396 de 2008 para águas
subterrâneas sendo que o enquadramento deve ocorrer conforme descrito na Resolução
Nº 91, de 05 de novembro de 2008, que dispõe sobre procedimentos gerais para o
enquadramento dos corpos de água superficiais e subterrâneos.

3.2.4 Diagnóstico dos Poços do município de Juazeiro do Norte

Em Juazeiro do Norte, a principal fonte hídrica que atende à demanda de


abastecimento humano são os poços tubulares. Apesar do município compor a bacia
sedimentar do Araripe, o mesmo não possui nenhuma fonte natural já que sua posição
está afastada aproximadamente 12 km de forma linear das áreas de afloramento das 317
fontes existentes na bacia do Rio Salgado.
Segundo a COGERH (2022), atualmente o Estado do Ceará possui um montante
de 35.146 poços cadastrados e destes 576 estão localizados no município de Juazeiro do
Norte. Destes 576 poços, apenas 55 poços tubulares profundos abastecem a sede
municipal por meio da CAGECE – Companhia de Águas e Esgotos do Estado do Ceará.
Na Figura 18 é possível visualizar a distribuição dos poços tubulares e amazonas no
município de Juazeiro do Norte – CE.

95
Figura 18: Distribuição dos poços tubulares e amazonas no município de Juazeiro do Norte.
Fonte: PDM/JN

Em decorrência do papel fundamental da água nas diversas atividades humanas,


não é difícil prever que conflitos podem facilmente surgir em situações de escassez, tanto
diante de uma demanda elevada, quanto da gestão inadequada (PINHEIRO et. al, 2011).
Apesar de uma demanda elevada, Juazeiro do Norte, não enfrenta grandes problemas de
conflitos pela água. Os relatos ocorrem nos períodos de romaria, onde alguns bairros têm
interrupção no fornecimento de água.
Segundo o relatório, Estudos das Águas Subterrâneas da Bacia do Araripe, no
Estado do Ceará (2018), os usos de água em Juazeiro do Norte estão divididos entre
abastecimento humano e industrial, consumo animal, irrigação, turismo e lazer.

96
3.2.5 Delimitação do PPP - Perímetro de proteção dos Poços e identificação das áreas
de recarga do município de Juazeiro do Norte

Há a necessidade de fortalecer a Política Estadual dos Recursos Hídricos do


Estado do Ceará no tocante ao estabelecimento de Perímetros de Proteção dos Poços já
existentes e ou poços que venham a existir e sempre que, no interesse da conservação,
proteção e manutenção do equilíbrio natural das águas subterrâneas, dos serviços de
abastecimento de água, ou por motivos geotécnicos ou geológicos, se fizer necessário
restringir a captação e o uso dessas águas.
Considerando a Política Estadual dos Recursos do Estado do Ceará Lei
14.884/2010 em seu Capítulo VI Artigo 32, Inciso II – Estabelecer distâncias mínimas
entre poços e o Artigo 33 Inciso III, Realizar e manter atualizado o cadastro de empresa
de construção de poços.
Considerando o parecer técnico de atendimento ao Requerimento 027/2018 CSBH
/ Ofício nº 042/2018 da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos – COGERH.
Tendo em vista a necessidade de proteção dos sistemas aquíferos médio e inferior,
em Juazeiro do Norte, recomenda-se que sejam adotados os seguintes raios de PPP -
Perímetro de Proteção dos Poços:
- Estabelecer o raio de proteção do Sistema Aquífero Inferior de 98,34 metros (Figura
19);
- Estabelecer o raio de proteção do Sistema Aquífero Médio de 45,32 metros (Figura 20);
O método utilizado para efetivação do cálculo foi MRFC – Método do Raio Fixo
Calculado.
Sendo permitido a perfuração e ou exploração nas áreas de maior rebaixamento
do aquífero médio no município após aprovação do órgão gestor dos Recursos Hídricos
do Estado acrescido de parecer favorável do Conselho Municipal de Meio Ambiente de
Juazeiro do Norte (CONDEMA).
Para fins de definição das áreas de recarga do município de Juazeiro do Norte,
tomou-se como base a área de afloramento dos Sistemas Aquíferos Médio e Inferior.

97
Esses sistemas ocorrem de forma espacial regionalizada no conglomerado de 09
municípios e suas áreas de recarga direta estão totalmente inseridas no platô da Floresta
Nacional do Araripe (Flona) e da APA. A recarga de todo o sistema aquífero existente na
bacia sedimentar do Araripe e em consonância com a Sub-bacia hidrográfica do Rio
Salgado ocorre a partir das chuvas e o seu sentido de fluxo se dá no sentido da Flona para
o vale do Cariri.
O município de Juazeiro do Norte está afastado aproximadamente 12,00 Km da
zona pediplano14 da chapada e por isso pouco ou quase nenhuma área de recarga direta
existe, com exceção dos drenos, ou seja, dos 6 riachos e parte do rio batateiras que de
certa forma contribui para uma pequena parcela de recarga direta nos aquíferos outrora
mencionados.
Por esse motivo pode-se ressaltar a importância do Parque Municipal das
Timbaúbas nesse contexto, pois é a única área verde com resquício de mata atlântica onde
pode ocorrer a infiltração com mais garantia de recarga direta. Nesse sentido, entende-se
a importância da preservação e a definição das áreas de proteção desses drenos na unidade
de conservação. Vale ressaltar ainda que na área do Parque das Timbaúbas estão vários
poços de captação de água da CAGECE e que apresentam elevadas vazões, reforçando a
necessidade de proteção da área.

14Superfície que apresenta topografia plana a suavemente inclinada e dissecada, truncando o substrato
rochoso

98
Figura 19: Raio de proteção do Sistema Aquífero Inferior.
99
Figura 20: Raio de proteção do Sistema Aquífero Médio.
100
3.2.6 Diagnóstico dos sistemas Aquíferos do município de Juazeiro do Norte -
Balanço Hídrico e estimativa das ofertas e demandas hídricas

A recarga dos aquíferos ocorre quando existem condições geomorfológicas


(declividade, p.ex.) e geológicas favoráveis à infiltração de água no solo, resultando em
um volume adicionado ao reservatório subterrâneo.
Para um local de mesma precipitação, as taxas de recarga para áreas com
sedimentos mais arenosos são maiores que as áreas com sedimentos mais argilosos. Além
disso, escoamentos superficiais para áreas com depressão ocasionam maiores recargas,
corpos d’água podem ser uma fonte de recarga em áreas onde o nível de água do aquífero
é inferior ao nível dos rios ou lagos (DELIN e FALTEISEK, 2007).
A região da Bacia Sedimentar do Araripe apresenta alta taxa de explotação de suas
águas subterrâneas, onde a maior parte do volume é destinado ao abastecimento humano,
industrial e à irrigação. Essa explotação acaba influenciando e interferindo no
comportamento natural dos níveis estáticos, uma vez que podem existir interferências
entre os poços de bombeamento e os de monitoramento dos níveis, carregando incertezas
para as estimativas de recarga baseadas nos mesmos.
Para mensuração e quantificação das reservas hídricas subterrâneas do município
de Juazeiro do Norte tomou-se como base os dados oficiais extraídos do relatório
“Estudos das Águas Subterrâneas da Bacia do Araripe, no Estado do Ceará (2018)”. De
acordo com o relatório, com base no ano de 2014, o município de Juazeiro do Norte possui
uma infiltração efetiva para o Sistema Aquífero Médio no período chuvoso equivalente a
uma reserva reguladora total de 17.744.416 m3/ano. A infiltração efetiva em mm/ano é
de 109,9 mm. A área de afloramento do Sistema Aquífero Médio principal sistema
explorado para atendimento da demanda de abastecimento humano é de 161,5 Km².
Dessa mesma forma e de acordo com o relatório, o município de Juazeiro do Norte
possui uma infiltração efetiva em m³ para o Sistema Aquífero Inferior nos meses janeiro,
fevereiro, março e abril respectivamente, da ordem de 18.523 m³, 1.344.895 m³,
2.776.099 m³ e 850.271 m³ os quais equivalem a uma reserva reguladora total de

101
4.989.789 m3/ano. Os dois aquíferos (médio e inferior) totalizam uma recarga de
22.734.205 m3/ano.
Ainda no município a área de afloramento do Sistema Aquífero Inferior, outro
sistema pouco explorado para atendimento de demandas diversas e difusas, é de 30,2
Km². A infiltração efetiva em mm/ano é de 165,3 mm.
A demanda de água apontada no mesmo estudo foi de 23.039.679 m 3/ano para o
abastecimento humano e industrial, de 295.067 m 3/ano para demanda animal, de
1.342.022 m3/ano para irrigação e 41.508 m 3/ano para recreação, totalizando uma
demanda de água de 24.738.276 m3/ano.
O Estudo das Águas Subterrâneas da Bacia do Araripe, no Estado do Ceará (2018)
apresenta projeções para o ano de 2025, que mostram uma demanda ainda maior de água,
chegando a valor de 24.378.767 de m3/ano para abastecimento humano e industrial;
1.699.339 m3/ano para a irrigação; 414.252 m3/ano para consumo animal; 245.650
m3/ano para o turismo e lazer, totalizando uma demanda de 26.738.008 m3/ano.
Observa-se que a demanda hídrica de Juazeiro do Norte é maior do que a oferta,
no entanto, não significa dizer que Juazeiro não dispõe de água no aquífero, já que o
aquífero ocorre de forma regional, ou seja, as reservas são maiores neste contexto. Isso
não descarta a necessidade de um reordenamento no consumo de água das reservas no
município.
Estes dados mostram ainda a fragilidade da água subterrânea na cidade de Juazeiro
do Norte, a necessidade de intenso acompanhamento para que a exploração do volume
seja correspondente à recarga, evitando depleção nas reservas permanentes.
Os dados corroboram com o estudo realizado pela World Resources Institute, o
relatório reúne os principais locais do mundo que podem vir a sofrer com a falta d’água.
Três cidades do Nordeste marcam presença na lista, sendo Juazeiro do Norte a única do
Ceará (PORTAL TRATAMENTO DE ÁGUA, 2019). Chamado de “Aqueduct Water
Risk Atlas”, o estudo avalia a situação das cidades e regiões de 189 países e lista quais
correm mais risco de sofrer com estresse hídrico.

102
O Estresse hídrico ocorre quando não há água o suficiente para suprir a demanda
em uma localidade. A instituição cita a crise climática, degradação do meio-ambiente,
consumo excessivo e desperdício como os maiores responsáveis pela falta do recurso
natural. Além disso, o clima, a vegetação do município cearense já são indicadores de
risco de escassez de água.

3.2.7 Diagnóstico das Outorgas do município de Juazeiro do Norte

A outorga é um ato administrativo pelo qual o poder público expressa os termos e


as condições de uso dos recursos hídricos, e que assegura o direito de todos de acesso a
água (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2011). A outorga se aplica para quaisquer
usos, fins, ou atividade que altere a qualidade e a quantidade do corpo hídrico, tanto
superficial como subterrânea. Tal ato é um dos instrumentos previstos na Política
Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei n° 9.433 de 8 de janeiro de 1997, mais
conhecida como Lei das Águas. Em seu Art. 12, §1, a Lei das Águas também estabelece
que determinados tipos de uso independem de outorga, por utilizarem vazões pequenas,
que são consideradas insignificantes. (STINGHEN e MANNICH, 2019).
De acordo com os dados oficiais disponibilizados pela COGERH, atualmente o
panorama das Outorgas de Direito de Uso dos Recursos Hídricos entre outras finalidades
estão divididas nas seguintes categorias: Abastecimento humano; Industria; Irrigação;
Aquicultura; Dessedentação animal; Diluição de efluente; Serviço e comércio e demais
usos.
O relatório fornecido, apresentou uma série histórica para o período de 2009 a
2020. Este, foi gerado através do Sistema de Outorgas e Licenças – SOL, da COGERH,
que através deste, é possível gerar informações gerenciais dos pedidos de outorga de uso
da água e de licenças para obras de interferência hídrica e demais processos relacionados
a outorga. No Quadro 3 consta os tipos de outorga e a quantidade de processos de 2009 a
2020 para o município de Juazeiro do Norte – CE.

103
Quadro 3: Tipos de outorga e a quantidade de outorgas de 2009 a 2020.

TIPOS DE OUTORGA QUANTIDADE DE OUTORGAS

Abastecimento humano 71
Aquicultura 1

Demais usos 106


Dessedentação animal 3
Diluição de efluente 8

Industria 87
Irrigação 35
Serviço e comercio 50

Os dados das outorgas de uso da água representam um reflexo do crescimento


populacional e econômico. Em Juazeiro do Norte, as outorgas e concedidas confirmaram
que os setores, abastecimento humano, agropecuário, industrial, turismo e lazer, são os
que refletem a maioria das solicitações. O acompanhamento é de suma importância para
controle dos usos dos recursos hídricos e dos lançamentos de efluentes provenientes de
processos industriais e de saneamento, já que essas são as atividades de maior demanda.
É importante que a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos acompanhe e fiscalize as
outorgas no município.

3.2.8 Susceptibilidade à alagamentos no município de Juazeiro do Norte

A Região Metropolitana do Cariri (RMC) encontra-se com um quadro vulnerável


relacionado à gestão das águas pluviais, visto às intensas taxas de impermeabilização do
solo e ocupação urbana ao redor de cursos d’água, trazendo variados níveis de degradação
ambiental (MOURA-FÉ et al., 2019). Dos municípios que compõem a RMC, Juazeiro do
Norte possui a maior área urbanizada da região e a quinta maior do estado (PEREIRA,
2013), sendo um grande fator condicionante para o alagamento (HUSSAIN et al., 2021),
visto que qualquer tipo de mudança no uso do solo resultante da urbanização leva a

104
eventos de alagamento dado o aumento do coeficiente de precipitação escoada
(DAMMALAGE E JAYASINGHE, 2019).
Em estudo realizado por Palácio et.al, 2021, foi constatado pelos pesquisadores
que, Juazeiro do Norte equivale, a município de média a alta susceptibilidade a
alagamento, reflexo dos critérios físicos do município, como: concentrações de baixas
declividades no perímetro urbana da cidade (área pavimentada), área em que possui
elevada impermeabilidade; possuir consideráveis curva número ao sudeste e ao sudoeste
da área urbana que geram muitas vezes escoamentos acima do que a cidade foi planejada
e projetada a receber (Figura 21).

Figura 21: Mapa das áreas de ocorrência de alagamentos no município de Juazeiro do Norte.
Fonte: Equipe PMD/JN.

105
As Figura 22 (a) e 22 (b) mostram os mapas de algumas das áreas de ocorrência
de alagamentos em Juazeiro do Norte – CE e em destaque áreas susceptíveis a inundação
a partir de observação em campo.

(a)

106
(b)
Figura 22: Mapa das áreas de ocorrência de alagamentos no município de Juazeiro do Norte.
Fonte: Equipe PDM/JN.

3.2.9 Análises de eventos críticos

Os eventos críticos relacionados aos recursos hídricos no município de Juazeiro


do Norte estão conexos a dois principais aspectos, um referente ao consumo elevado de
água, principalmente nos períodos de romaria e o outro no tocante as áreas de alagamento.
Segundo Palácio (2020), o município de Juazeiro do Norte ampliou rapidamente
sua malha urbana e sua concentração comercial, tanto em decorrência do turismo
religioso, como pela instalação de indústrias, instituições, atraindo mão de obra e
serviços.
O turismo religioso na cidade é muito forte e recebe, por ano, quatro grandes
romarias, e cerca de 2 milhões de fiéis (PREFEITURA MUNICIPAL DE JUAZEIRO

107
DO NORTE, 2019). A população de Juazeiro do Norte chega a triplicar nos maiores
eventos, como a romaria de finados (COSTA, 2015).
Para atendimento à população flutuante, parte do volume de abastecimento de
água dos bairros periféricos é remanejada para os locais de grande concentração de
turistas. No entanto, quando verificado o valor per capita total distribuído na cidade, não
há grandes alterações nos indicadores da companhia responsável pelo abastecimento de
água, mesmo em meses de grande aumento da população (CAGECE, 2018; LIMA 2021).
Percebe-se que esse remanejamento da água nos períodos de romaria deixa parte da
população sem acesso a água, ou tem sua vazão reduzida, estas situações geram inúmeros
conflitos pela água, refletindo em grandes reclamações, procura de fontes alternativas e
individuais, como a perfuração desordenada de poços, execução de fraudes, entre outras.
A drenagem foi instalada parcialmente dentro da área urbana do município, tendo
bairros importantes não contemplados pela rede, como o Frei Damião, Lagoa Seca e
Jardim Gonzaga. Além disso, nos locais em que foi inserido o sistema, não houve um
devido estudo e análise da capacidade de suporte de escoamento gerado localmente,
causando diversos transtornos de saúde pública e mobilidade urbana em períodos de
precipitação intensa. Sem contar que não há manutenção da integridade estrutural da
microdrenagem existente e limpeza das bocas de lobo, provocando o acúmulo de resíduos
sólidos. Tendo como intensificador da problemática, a comunidade, que em sua grande
parte, realiza ligações clandestinas de águas residuárias à galeria pluvial. Diante disso, o
município torna-se um cenário susceptível a eventos de alagamento, visto também suas
características físicas e a ocorrência de chuvas intensas em áreas impermeabilizadas, onde
a rede de drenagem pluvial não consegue escoar uma vazão superior àquela para a qual
foi projetada (PALÁCIO, 2020).

3.3 Problemas, desafios e potencialidades – Recursos Hídricos


No Quadro 4 consta a síntese dos principais problemas, desafios e potencialidades
relacionados aos recursos hídricos de Juazeiro do Norte - CE (análise SWOT).

108
Quadro 4: Matriz SWOT aplicada ao diagnóstico dos recursos hídricos de Juazeiro do Norte – CE.

RECURSOS HÍDRICOS
Potencialidades Desafios
Pontos fortes Pontos fracos
• Existência de um aquífero subterrâneo • Exploração exagerada de água o que pode
com águas provenientes da bacia comprometer a recarga do aquífero.
sedimentar do Araripe com quantidade • Ausência de rede coletora de esgoto que
elevada de água. contemple toda a cidade, fazendo com
• Existência de 01 rio principal e 06 riachos que a população procure alternativas de
secundários contribuem para o sistema de disposição inadequadas para os esgotos,
drenagem natural das águas no que em geral alcançam os recursos
município. hídricos superficiais e subterrâneos.
• Existência da companhia de gestão dos • Dificuldade na obtenção de dados e/ou
recursos hídricos, da companhia de ausência de informações dos recursos
saneamento e do órgão ambiental do hídricos em termos de qualidade e
município, refletindo na proteção e quantidade
ordenamento dos recursos hídricos do • Lançamento de esgotos e resíduos sólidos
município no sistema de drenagem pluvial que
• Existência de um Parque Ecológicos das alcançam a área do parque ecológico das
Timbaúbas que atua como área de Timbaúbas;
amortecimento de cheias e onde se • Intensa urbanização do entorno;
localiza a maior parte dos poços
profundos
Oportunidades Ameaças
• Articular a possibilidade de expansão do • Utilização de água subterrânea sem
uso e reúso da água para diversos fins outorga e/ou de forma desordenada.
visando o crescimento populacional e • Interligação de esgotos na rede de
econômico. drenagem de águas pluviais
• Recursos hídricos que podem contribuir • Falta de conscientização ambiental e de
além da drenagem das águas urbanas, fiscalização pelos órgãos competentes
para utilização desta água para diversos • Lançamento de efluentes próximo à
usos. poços tubulares e em cursos d'àgua.
• Ordenar os usos de água e proteção dos
recursos hídricos e de ambientes no
entorno dos mananciais
• Eliminar os lançamentos de esgotos e
resíduos no sistema de drenagem de
águas pluviais e de esgotos sem
tratamento nos cursos d'água.

Fonte: Equipe PDM/JN.

109
3.4 Considerações

Os recursos hídricos representam parte estruturante do território de qualquer


município. No entanto, muitos são aqueles que não conseguem promover uma integração
adequada desses recursos à dinâmica urbana. O crescimento da desordenado da ci dade,
exploração exagerada da água subterrânea, a canalização e o tamponamento de córregos,
assim como o esgotamento a céu aberto desses cursos d’água expressam a forma
insustentável que, historicamente, os recursos hídricos são tratados no desenvolvimento
das cidades no Brasil. Uma nova forma de o município integrar-se aos recursos hídricos
se faz necessária.
Ao concluir o diagnóstico, percebeu-se que os recursos hídricos superficiais são
efêmeros ou intermitentes, ou seja, que só possuem vazão em seu leito no período
chuvoso, no entanto, a falta do saneamento, principalmente no tocante a coleta de esgoto,
faz com que a população utilize essa drenagem natural como fonte receptora de parte dos
esgotos, o que compromete a qualidade da água, principalmente nos trechos urbanos.
Para os recursos hídricos subterrâneos notou-se que a demanda hídrica de Juazeiro
do Norte é maior do que a oferta, no entanto, não significa dizer que Juazeiro não dispõe
de água no aquífero, já que o aquífero ocorre de forma regional, ou seja, as reservas são
maiores neste contexto. Isso não descarta a necessidade de um reordenamento no
consumo de água das reservas no município.
Estes dados mostram ainda a fragilidade da água subterrânea na cidade de Juazeiro do
Norte, a necessidade de intenso acompanhamento para que a exploração do volume seja
correspondente à recarga, evitando depleção nas reservas permanentes.
A existência de um plano diretor, que considere os recursos hídricos, deve fazer
parte da gestão do município de Juazeiro do Norte. A integração com educação ambiental,
o saneamento, o uso racional da água nos diversos usos, a proteção de áreas de recarga,
são de fundamental importância para garantir a segurança hídrica no município.

110
4 SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Maria Gorethe de Sousa Lima Brito 15

O presente estudo visa realizar um diagnóstico do sistema de abastecimento de


água do município de Juazeiro do Norte – CE a fim de auxiliar no processo de revisão do
Plano Diretor de Juazeiro do Norte (PDM/JN). Para isso, foi necessário caracterizar a
oferta e a demanda de água neste município, identificar o índice de cobertura do serviço
de abastecimento público de água e realizar uma caracterização das unidades que o
compõem, além de avaliar o atendimento do referido sistema as diretrizes estabelecidas
no Plano Municipal de Saneamento Básico e no Plano Diretor de Abastecimento de Água.

4.1 Aspectos Introdutórios

A forma de urbanização da maioria das cidades que cresceram ao longo da


segunda metade do século 20 causou uma série de impactos negativos de ordem social,
econômica e ambiental. Esses impactos têm acarretado uma série de dificuldades aos
administradores públicos referentes a prestação de serviços públicos urbanos, as
condições de habitabilidade e de vida da população.
Neste sentido, o saneamento básico se estabelece como um importante
instrumento para a garantia da salubridade do meio ambiente, uma vez que consiste em
um conjunto de procedimentos que buscam à manutenção da higiene e da saúde pública.
Para sua caracterização, pode-se destacar quatro frentes de atuação: o abastecimento de
água potável, o esgotamento sanitário, a limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos e
a drenagem e o manejo das águas pluviais urbanas (BRASIL, 2007; NOHARA; POSTAL
JÚNIOR, 2018).
O abastecimento de água potável é um dos serviços do saneamento básico
constituído pelas atividades e pela disponibilização e manutenção de infraestruturas e

15 Engenheira química, Doutora em Engenharia de Processos. Docente da UFCA.

111
instalações operacionais necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a
captação até as ligações prediais e seus instrumentos de medição (BRASIL, 2020).
O acesso a este serviço possibilita crescimento econômico, promoção da saúde
pública e redução de gastos públicos, uma vez que contribui para a redução da
proliferação de doenças, promove hábitos higiênicos na população, facilita a limpeza
pública e as práticas desportivas, aumenta a vida produtiva do indivíduo, quer pelo
aumento da vida média quer pela redução do tempo perdido com doença, e facilita a
instalação de indústrias.
Porém, de acordo com o relatório “Progress on drinking water, sanitation and
hygiene: 2000-2017: Special focus on inequalities (água, saneamento e higiene)”
divulgado em 18/06/19, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de 2,2 bilhões de pessoas no mundo não
têm serviços de água potável gerenciados de forma segura, 4,2 bilhões de indivíduos não
têm acesso a esgotamento sanitário seguro e 3 bilhões de pessoas não possuem instalações
básicas para lavar as mãos de forma adequada Organização Mundial de Saúde, 2019).
No Brasil, o índice de atendimento total com rede de água é de 84,13%. Na
região Nordeste este índice é de 74,9% e no Estado do Ceará é de 61,5%. Em área urbana,
93,4% da população total do Brasil é atendida por rede de água, enquanto em áreas
urbanas do Nordeste brasileiro e do Estado do Ceará, os percentuais são de 89,7 e 75,1%,
na devida ordem (SNIS, 2020). Estes dados revelam que ainda existe uma importante
parcela da população brasileira que não é atendida por formas seguras de abastecimento
de água potável e que o déficit de atendimento com rede de água pode se tornar maior em
alguns agrupamentos e unidades da federação.
Para reverter o déficit histórico de infraestrutura de saneamento, o Brasil, por
meio da Lei Nº 11.445/2007, atualizada pela Lei Nº 14.026/2020, estabeleceu diretrizes
nacionais para o saneamento básico no país, tendo como princípios fundamentais a
universalização de acesso e a integralidade de todos os serviços que se referem ao
saneamento básico.

112
Em relação ao serviço de abastecimento de água potável, ficou estabelecido que
devem ser definidas metas de universalização que garantam o atendimento de 99% da
população com água potável, assim como metas quantitativas de não intermitência do
abastecimento, de redução de perdas e de melhoria dos processos de tratamento
(BRASIL, 2007; BRASIL, 2020). Esta meta visa atender ao sexto Objetivo de
Desenvolvimento Sustentável (ODS 6) da Organização das Nações Unidas (ONU), que
tem o propósito de assegurar que o acesso à água e saneamento seja garantido para todos,
independentemente de condição social, econômica e cultural.
Para garantir o cumprimento das referidas leis a nível local, os municípios devem
traçar metas e ações voltadas para a ampliação e universalização da oferta de
abastecimento de água e esgotamento sanitário, através de medidas que envolvam o
planejamento e a formulação do Plano Municipal de Saneamento Básico, o qual deve ser
elaborado a partir do diagnóstico da situação de cada um dos componentes do saneamento
básico.
Com o objetivo de atender aos princípios da Política Nacional de Saneamento
Básico, a Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte firmou, com a Secretaria das Cidades,
um Termo de Cooperação Técnica (Nº 003/CIDADES/2009) que resultou no Contrato nº
008/CIDADES/2010, instituído entre a Secretaria das Cidades e o Consórcio DGH -
Cariri, com o objetivo de prestar assessoria e consultoria na elaboração do Plano
Municipal de Saneamento Básico - PMSB.
Para formulação dos programas, projetos e ações para o PMSB de Juazeiro do
Norte, foram consideradas as metas previstas nos planos setoriais, para que as proposições
estivessem compatíveis com os planos governamentais existentes para cada área do
saneamento básico.
Para o setor de abastecimento de água foram definidos os seguintes programas,
com seus respectivos projetos (PMSB - RPPA, 2013):
a) Gestão dos serviços de abastecimento de água: Estabelecimento de Parceria
entre o setor de abastecimento de água e a Gestão dos Recursos Hídricos,

113
Desenvolvimento de banco de dados operacionais e Desenvolvimento de um sistema de
indicadores de desempenho;
b) Operação, manutenção e monitoramento do sistema de abastecimento de água:
Desenvolvimento de um sistema de eficiência energética, Atendimento ao Plano de
Romaria, Controle de perdas, Adequação da qualidade da água fornecida, Hidrometração,
Continuidade do abastecimento de água;
c) Universalização do acesso ao abastecimento de água: Ampliação da cobertura
de abastecimento de água e Implantação de soluções simplificadas para o abastecimento
de água na zona rural.
Ressalta-se que o Plano Municipal de Saneamento Básico deve ser compatível e
integrado com todas as políticas e planos do município, suas diretrizes devem estar
alinhadas com as estabelecidas no Plano Diretor Municipal (PDM), uma vez que este é o
principal instrumento de gestão territorial do município. Porém, ao se analisar a legislação
relativa ao planejamento urbano do município de Juazeiro do Norte - CE, percebe-se que
seu Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano atual está defasado em 20 anos, uma vez
que após ter sido promulgado, por meio da Lei nº 2.572, em 8 de setembro de 2000, agora
que passa por sua primeira revisão. Esta constatação sugere que os objetivos e diretrizes
definidos no Plano Estratégico e no Plano de Estruturação Urbana, no sentido de orientar
o processo de transformação do município, não correspondem à realidade urbana atual.
Por outro lado, o PMSB de Juazeiro do Norte só foi publicado em 2013, ou seja, 13 anos
após a promulgação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano.
Nesse contexto, com o objetivo de contribuir com a Revisão do Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano em vigência, o presente estudo visa realizar um diagnóstico do
sistema de abastecimento de água do município de Juazeiro do Norte – Ce. Para isso, é
necessário caracterizar a oferta e a demanda de água neste município, identificar o índice
de cobertura do serviço de abastecimento público de água e realizar uma caracterização
das unidades que o compõem, além de avaliar o atendimento do referido sistema as
diretrizes estabelecidas no Plano Municipal de Saneamento Básico e no Plano Diretor de
Abastecimento de Água que estão em vigor.

114
4.1.1 Aspectos legais

No Quadro 5 consta a relação das legislações que nortearam a realização do


diagnóstico do sistema de esgotamento sanitário de Juazeiro do Norte – Ce.

Quadro 5: Diplomas legais aplicáveis nos âmbitos: Nacional, Estadual e Municipal.


LEGISLAÇÃO/
ÂMBITO REGULAMENTAÇÃO
NORMAS
Art. 21. Compete à União: ... XX - instituir diretrizes para o
desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento
básico e transportes urbanos;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios: ... IX - Promover
programas de construção de moradias e a melhoria das
Constituição Federal condições habitacionais e de saneamento básico;
Art. 200. Ao Sistema Único de Saúde compete, além de
outras atribuições, nos termos da lei: ... IV - Participar da
formulação da política e da execução das ações de
saneamento básico;
NACIONAL ... VI - Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o
controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas
para consumo humano;
Política Nacional de Saneamento Básico: Estabelece as
Lei Federal N° 11.445/07 diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a
Política Federal de Saneamento Básico.
Atualiza o marco legal do saneamento básico e altera, dentre
Lei Federal Nº
outras leis, a lei nº 11.445/2007, para aprimorar as condições
14.026/2020
estruturais do saneamento básico no país.
Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o
Lei Federal Nº
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e
9.433/1997
dá outras providências.
Política Estadual de abastecimento de água e esgotamento
sanitário: apresenta as diretrizes para a prestação de serviços,
Lei Estadual Nº a regulação, o controle social, o planejamento e o
162/2016 financiamento do setor, tanto para as áreas urbanas quanto
rurais. Também define as responsabilidades de cada entidade
envolvida com esta temática, inclusive os próprios usuários
ESTADUAL Altera o decreto nº 32.024 de 29 de agosto de 2016, que
regulamenta a lei complementar nº 162 de 20 de junho de
2016, a qual institui a Política Estadual de Abastecimento
Decreto nº 34028 de
de Água e de Esgotamento Sanitário no estado do Ceará, o
07/04/2021
Sistema Estadual de Abastecimento de Água e Esgotamento
Sanitário, o Sistema Estadual de Informações em
Saneamento, e cria o Fundo Estadual de Saneamento.

115
Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos,
Lei Estadual Nº 14.844,
institui o Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos
de 28.12.10
- SIGERH, e dá outras providências.
Autoriza o chefe do poder executivo municipal emitir
“autorização específica” às associações comunitárias ou
Lei nº 5202, de 16 de multicomunitárias para realizarem ações e serviços de
novembro de 2021 saneamento básico rural, de responsabilidade privada, em
MUNICIPAL
localidades rurais de pequeno porte do município e dá
outras providências.
Lei nº 2.570 de 08 de Dispõe sobre o parcelamento, uso e ocupação do solo da
setembro de 2000 cidade de Juazeiro do Norte e dá outras providências
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN.

É importante registrar que da Carta Magna do Brasil, que serve de parâmetro para
as demais legislações vigentes no país, é possível chegar às seguintes conclusões acerca
dos serviços de saneamento básico:
(i) Trata-se de objeto de política urbana.
(ii) Quando os serviços de saneamento básico forem voltados aos administrados
em geral, serão serviços públicos, já que são de titularidade pública.
(iii) As políticas de saneamento básico são instrumentos para a efetivação do
direito à saúde.

4.2 Metodologia

4.2.1 Tipo de pesquisa

O presente trabalho de pesquisa possui abordagem qualitativa e quantitativa, de


natureza aplicada. Segundo Prodanov e Freitas (2013), a pesquisa aplicada objetiva gerar
conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos e
envolve verdades e interesses locais.
Quanto ao objetivo, a pesquisa é do tipo descritiva, pois pretende-se analisar as
características do sistema de esgotamento sanitário existente na cidade de Juazeiro do
Norte a fim de obter maior familiaridade com o sistema para que seja possível identificar
as fragilidades existentes.

116
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, é uma pesquisa documental, uma
vez que irá analisar dados de fontes primárias, e bibliográfica, estando relacionada a
revisão de obras publicadas sobre o tema ora em apreço.

4.2.2 Fontes de dados

Na pesquisa documental, foram analisados dados obtidos de documentos


disponibilizados pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), pela Autarquia
Municipal de Meio Ambiente de Juazeiro do Norte (AMAJU), pela Agência Reguladora
de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará (ARCE), pelo Sistema Integrado de
Saneamento Rural (SISAR) e pelas bases de dados da Companhia de Gestão de Recursos
Hídricos do Ceará (COGERH), do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
– SNIS e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Também foram
analisadas as legislações que tratam do tema abastecimento de água, o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano de Juazeiro do Norte, instituído pela Lei N⸰ 2.570 de 08 de
setembro de 2000, planos diretores vigentes em outros municípios brasileiros, o Plano
Municipal de Saneamento Básico de Juazeiro do Norte, o Plano Diretor de Abastecimento
de Água dos municípios de Juazeiro do Norte e Barbalha (PDAA - JUABAR) e o
documento da versão teste do Guia para Elaboração e Revisão de Planos Diretores
elaborada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, que norteia quais dados devem
ser coletados para possibilitar o levantamento das problemáticas em relação a temática
trabalhada.
Em relação ao levantamento bibliográfico, a pesquisa foi direcionada para a
análise de relatórios técnicos, dissertações de mestrado acadêmico, teses de doutorado e
artigos científicos publicados que abordavam a temática abastecimento de água potável
em Juazeiro do Norte.

117
4.2.3 Dados coletados

No Quadro 6 consta a relação dos estudos realizados no âmbito do diagnóstico,


objeto desta pesquisa, com seus respectivos dados e suas fontes de pesquisa.

Quadro 6: Coleta de Dados.

ESTUDOS DADOS COLETADOS FONTE

- Laudos e relatórios de qualidade da água


Caracterização qualitativa e bruta de poços;
quantitativa da água bruta dos - Base cartográfica em SIG (formato
CAGECE/COGERH
poços de abastecimento de SHAPE) no DATUM SIRGAS 2000 dos
Juazeiro do Norte - Ce poços de captação na escala de 1:500.000 e
1:100.000.

- Malha da rede de abastecimento de água


Caracterização do sistema de georreferenciada;
CAGECE
abastecimento de água - Mapa temático do sistema de
abastecimento de água.

- Dados de vazões de operação;


- Índice de atendimento da qualidade de água
aos padrões de potabilidade;
Condições operacionais do - Tecnologias de tratamento de água;
sistema de abastecimento de - Laudos da qualidade físico-química e
CAGECE/SISAR
água microbiológica da água fornecida à
população;
- Pressões ao longo da rede de distribuição de
água.
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN.

4.2.4 Caracterização da oferta de água na sede de Juazeiro do Norte

A caracterização da oferta de água do sistema público de abastecimento de água


foi realizada por meio da análise de aspectos quantitativos e qualitativos.

4.2.5 Quantidade de água ofertada para o abastecimento público na sede de Juazeiro


do Norte

118
A cidade de Juazeiro do Norte explota água dos sistemas aquífero médio e
inferior, que correspondem as formações superficiais Rio da Batateira e Missão Velha,
para abastecimento público e privado. A água explotada é utilizada para abastecimento
humano e industrial, consumo animal, irrigação, turismo e lazer (COGERH, 2018).
De acordo com dados da COGERH (2022), atualmente existem 576 poços
(tubulares e amazonas) localizados no município de Juazeiro do Norte. Destes, apenas 55
poços tubulares profundos abastecem a sede municipal por meio da CAGECE. Na Figura
23 consta o mapa de distribuição de todos os poços tubulares e amazonas cadastrados no
município de Juazeiro do Norte.

Figura 23: Mapa de distribuição de todos os poços tubulares e amazonas cadastrados no município de
Juazeiro do Norte - CE.
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN.

119
Dos poços referenciados na Figura 24, a CAGECE dispõe de 72, do tipo tubular,
para exploração de água subterrânea na cidade de Juazeiro do Norte, sendo que 61 estão
ativos e 11 desativados (CAGECE, 2022).
Na Figura 25 consta o mapa da distribuição espacial dos poços que estão em
operação. No Quadro 7 constam o volume total de água produzida mensalmente por estes
poços, ao longo do ano 2021. Dentre as causas da desativação dos 11 poços tubulares da
CAGECE, destacam-se a inadequada qualidade da água, associada a elevadas
concentrações de ferro e de nitrato, e problemas estruturais. Ressalta-se que alguns poços
nunca chegaram a ser ativados.

120
Figura 24: Mapa da distribuição espacial dos poços de abastecimento público que estão em operação na cidade de Juazeiro do Norte.
Fonte: Equipe de Revisão do PDM/JN

121
Quadro 7: Volume de água dos poços tubulares em Juazeiro do Norte no ano de 2021 .

MESES VOLUME PRODUZIDO (M3 ) VOLUME DISTRIBUÍDO (M3)


Janeiro 1.431.554 1.431.554
Fevereiro 1.278.106 1.278.106
Março 1.417.805 1.417.805
Abril 1.397.470 1.397.470
Maio 1.426.506 1.426.506
Junho 1.384.180 1.384.180
Julho 1.405.677 1.405.677
Agosto 1.444.210 1.444.210
Setembro 1.410.328 1.410.328
Outubro 1.482.210 1.482.210
Novembro 1.392.362 1.392.362
Dezembro 1.434.537 1.434.537
Fonte: CAGECE (2022).

Da análise do Quadro 7, verifica-se que os poços em operação utilizados para o


abastecimento público na cidade de Juazeiro do Norte apresentam uma oferta hídrica
mensal atual na ordem de 1.408.747 m³ e um volume mensal de distribuição de
aproximadamente 1.771.671 m³, o que resulta em uma diferença em relação ao volume
produzido de 362.924 m³. Para suprir este déficit, a CAGECE importa água captada de
poços localizados no município de Barbalha – CE.
Cabe ressaltar que a ARCE, ao realizar uma fiscalização indireta emergencial do
sistema de abastecimento de água do município de Juazeiro do Norte, em 2021, constatou
que o referido sistema opera com intermitência e paralisações que afetam a continuidade
do abastecimento de forma prolongada. Foi identificado que no período de ago/2021 a
out/2021 ocorreram 70 paralisações, sendo 51 referentes a baixa vazão e 19 relacionadas
a problemas eletromecânicos, vazamento na adutora, substituição de registro e falta de
energia (ARCE, 2022).
Em relação a demanda futura, foram considerados os estudos realizados no âmbito
do Plano Diretor de Abastecimento de Água - PDAA de Juazeiro do Norte, uma vez que
este foi elaborado para atender a demanda de água para um alcance de projeto de 30 anos
(de 2010 a 2030).

122
Publicado em 2011, o referido plano abrange uma área total de aproximadamente
7.391 hectares. Essa área compreende basicamente o núcleo urbano da cidade, com a zona
mais central e os bairros que o compõem. Porém, áreas ocupadas além dos limites legais
estabelecidos no ano 2000 pelo PDDU foram incorporadas à área de abrangência do
PDAA, cabendo citar as seguintes: parte do bairro Brejo Seco, bairro São José, área
adjacente ao bairro Frei Damião e ao Distrito Industrial e o loteamento Campo Alegre.
Também foram incorporadas a sede municipal do Distrito de Padre Cícero, Palmeirinha,
além de parte do Distrito Industrial do Cariri - DIC e cinco localidades situadas nas
proximidades da cidade de Juazeiro do Norte: Popó, Catolé, Planalto (já atendidas pela
CAGECE), Pau-Seco e Logradouro (PDAA JUABAR - 10º RELATÓRIO, 2011).
Na avaliação da população flutuante, foi considerada como significativa apenas a
população de romeiros. Após análise da sua localização espacial, necessária para o
dimensionamento das partes integrantes do sistema de abastecimento de água, como fonte
de produção, elevatórias, adutoras, reservatórios e rede de distribuição, foi constatado que
esta população se concentrava quase que totalmente na área do Subsistema Principal, não
sendo significativo o impacto, em termos de demanda percentual de água, nas demais
áreas compreendidas pelos outros subsistemas da CAGECE.
Na determinação da demanda de água foram considerados os seguintes
parâmetros: índice de atendimento, considerando uma cobertura de 100% em relação ao
fornecimento de água tratada no ano 2010, para atender ao princípio da universalização;
variações horária e diária de consumo, índice de perdas no sistema e consumo per capita.
Ao se avaliar o atendimento da fonte produtora às demandas a serem atendidas no
final da vigência do PDAA da cidade de Juazeiro do Norte, constata-se, na Figura 25 que
para um período de funcionamento dos poços de 20h, seria necessária uma vazão de
2.177.280 m3/mês para atender a demanda da população residente e de 2.721.600 m3/mês
para atender conjuntamente a demanda da população residente e da população flutuante
externa (romeiros). A análise destes dados sugere que vai ocorrer, no final do plano, um
déficit de volume produzido mensalmente pelos poços da CAGECE de aproximadamente
768.533 m3/mês (para atender a demanda da população residente) e de 1.312.853 m3/mês

123
(para atender a demanda da população residente e a população flutuante externa).
Ressalta-se que apesar dos valores das demandas terem sido avaliados anualmente para a
cidade de Juazeiro do Norte, para Palmeirinha e para as localidades de Pau Seco,
Catolé/Popó/Planalto e Logradouro, as demandas exercidas pela cidade de Juazeiro do
Norte correspondem a mais de 98% da demanda total.
Ante o exposto, depreende-se que é necessário fazer ajustes e alterações no
sistema da fonte produtora de água para atender de forma adequada a demanda futura da
população urbana do município, além de corrigir as não conformidades identificadas pela
ARCE e atender as diretrizes estabelecidas no PDAA de Juazeiro do Norte.
Neste contexto é importante registrar que, em atendimento às diretrizes da Política
Estadual dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará, notadamente no que se refere ao
estabelecimento de Perímetros de Proteção dos Poços já existentes e ou poços que venham
a existir e sempre que, no interesse da conservação, proteção e manutenção do equilíbrio
natural das águas subterrâneas, dos serviços de abastecimento de água, ou por motivos
geotécnicos ou geológicos, se fizer necessário restringir a captação e o uso dessas águas,
a COGERH recomenda que sejam adotados os seguintes raios de Perímetro de Proteção
dos Poços (PPP):
- No Sistema Aquífero Inferior: raio de proteção 98,34 metros.
- No Sistema Aquífero Médio: raio de proteção de 45,32 metros.
Em relação aos poços particulares, a COGERH não tem controle total sobre eles,
exceto para os poços que atendem a grandes empreendimentos, uma vez que precisam de
alguma licença ambiental ou são financiados por algum banco. Nestes casos, os bancos e
a Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Estado do Ceará (SEMACE), ou
autarquias ambientais municipais, exigem que os empreendimentos solicitem outorga.
Para os pequenos empreendimentos, a COGERH não tem grande controle sobre as
perfurações, uma vez que a fiscalização ocorre quando surgem denúncias ou são
fiscalizados no momento da obra (quando encontrados). Ainda existe a situação das
residências unifamiliares, nas quais há muitos poços sem outorga (nas quais a solicitação
de outorga também é obrigatória), mesmo que os proprietários sejam identificados

124
futuramente como isentos na análise, que se enquadra aos casos em que os usos são de
caráter residencial e unifamiliar para a satisfação das necessidades básicas da vida. Além
disso, atualmente, qualquer pagamento referente a outorga (taxas administrativas), ou a
cobrança pela explotação da água (tarifa mensal) são isentas para pequenas vazões.
Com o intuito de reverter tal situação, a COGERH realizou uma campanha de
fiscalização para regularização de poços perfurados no município de Juazeiro do Norte.
A recomendação feita nesta campanha foi a de que os proprietários destes poços
solicitassem junto a COGERH a outorga para uso da água (COGERH, 2022).

Figura 25: Demanda versus produção do SAA ao longo da vigência do PDAA de Juazeiro do Norte – CE.
Fonte: PDAA JUABAR – 2 Relatório, 2011

4.2.6 Qualidade da água dos poços utilizados para o abastecimento público na sede de
Juazeiro do Norte

125
De acordo com o Relatório Anual para Informação ao Consumidor
disponibilizado no site da CAGECE (CAGECE, 2022), a qualidade da água dos
mananciais que abastecem o sistema de Juazeiro do Norte é apropriada para adequá-la
aos padrões de potabilidade. Contudo, a este respeito, ressalta-se que ao longo dos anos
vem sendo relatado em literatura especializada (FRANCA et al. 2006; BEZERRA et al.,
2012; BEZERRA, SOUZA E ALMEIDA, 2012; URSULINO et al., 2015; FRANCA et
al. 2018; SILVA et al., 2019; SILVA, 2020) que a concentração de nitrato nas águas de
alguns poços operados pela CAGECE está acima do padrão de potabilidade estabelecido
pela Portaria do Ministério da Saúde que dispõe sobre os procedimentos de controle e de
vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.
Silva (2020), ao avaliar a relação entre a cobertura de esgotamento sanitário e a
densidade populacional com a poluição do aquífero, em relação à presença de nitrato, em
Juazeiro do Norte, verificou que poços tubulares localizados na área central urbana deste
município, bem como às margens e próximo ao riacho dos Macacos e nos bairros João
Cabral, Real Ville - Mutirão e Timbaúba, apresentaram concentrações de nitrato (NO3-)
acima do limite de potabilidade. Ao se avaliar os dados desta autora, verifica-se que os
elevados teores de nitrato, que em algumas amostras de água atingiram valores de 23,46
mg/L, foram obtidos em poços localizados na zona central da área urbana, considerada
área antiga da cidade e na qual, apesar de possuir rede pública de esgotos, em torno de 35
% das ligações disponíveis ainda não estavam ativas. As economias que ainda não
estavam interligadas a rede coletora destinavam suas excretas em fossas sépticas,
dimensionadas, muitas vezes, sem nenhum critério técnico. Esta prática contribui para a
poluição do solo e da água subterrânea.
Acrescente-se o fato de que, ao longo dos anos, as águas cinzas geradas na região
central do município, bem como em bairros de regiões periféricas, escoam a céu aberto,
ou são lançadas indevidamente em galerias de águas pluviais, em direção a rede de
drenagem natural do município. De fato, Franca et al. (2006) relata que as maiores
concentrações de nitrato no poço PT 02 (15,6 mg N-NO3 - /L) foi obtida no período seco,

126
o que indica poluição por esgotos domésticos devido a sua proximidade ao Riacho dos
Macacos, perenizado por esgotos domésticos.
Ao avaliar os dados obtidos das análises realizadas pela CAGECE durante o
monitoramento da qualidade da água bruta nos anos 2018 e 2019 (Tabela 1), foi
constatado que amostras de águas dos poços PT 02, PT 03, PT 06, PT 07, PT 27, PT 28,
PT 35 e PT 36 apresentaram concetrações de nitrato acima do estabelecido pelo padrão
de potabilidade. As concentrações nestes poços variaram de 10,48 (PT 27) a 22,31 mg N-
NO3-/L (PT 03). Na Figura 28, observa-se que a maioria destes poços estão localizados
no entorno do Riacho dos Macacos, que é um dos principais cursos de drenagem de
Juazeiro do Norte e se encontra perenizado por efluentes domésticos devido as precárias
condições do sistema de esgotamento sanitário na sua microbacia de drenagem.
Ressalta-se que a análise da qualidade da água bruta se restringiu aos dados
coletados no período de 2018 a 2019 porque os dados enviados pela CAGECE são
referentes a este período.
Cabe destacar que apesar das elevadas concentrações de nitrato terem sido obtidas
em amostras de água bruta, a CAGECE não utiliza tecnologia de remoção de nitrato em
suas estações de tratamento de água na cidade de Juazeiro do Norte. Assim, para adequar
a qualidade água ao padrão estabelecido pela Portaria GM/MS Nº 888/2021, que é de no
máximo 10 mg N-NO3-/L, é utilizado o método da diluição. Para isto, a CAGECE realiza
a mistura, em reservatórios de distribuição, das águas dos poços com elevadas
concentrações de nitrato com águas provenientes de poços que apresentam baixas
concentrações do referido parâmetro.
Porém, ao se comparar os dados obtidas nos anos 2018 e 2019 (Quadro 8) com as
obtidas por Franca et al. (2006), nos poços PT 03 e PT 07, verifica-se que ocorreu um
aumento expressivo ao longo dos últimos treze anos (2006 a 2019). Essa constatação
suscita um alerta em relação a necessidade de execução de ações urgentes voltadas à
universalização do esgotamento sanitário na cidade de Juazeiro do Norte, bem como da
retirada de possíveis vazamentos da rede existente, uma vez que a contaminação das
águas superficiais e subterrâneas por nitrato pode ocorrer, em locais onde não há

127
saneamento, pelas fossas ‘sépticas e negras’, e nas áreas com redes de esgoto, por
vazamentos na rede existente.
A continuidade da contaminação da água subterrânea por esgotos domésticos
poderá comprometer, a médio e longo prazo, a possibilidade de utilização de outros poços
da CAGECE como fonte de abastecimento da população.

Quadro 8: Resultados das determinações das concentrações de nitrato em amostras de água coletadas em
poços da CAGECE localizados em Juazeiro do Norte – Ce, ao longo dos anos 2018 e 2019.
Nitrato (mg N-NO3-/L)
MANANCIAL
Ano 2018 Ano 2019
PT - 01 6,21 5,89
PT - 02 21,48 22,18
PT - 03 16,19 22,31
PT - 04 6,81 5,43
PT - 05 3,81 5,16
PT - 07 13,97 17,69
PT - 08 ND 5,03
PT - 09 2,04 1,78
PT - 10 5,02 4,96
PT - 11 2,22 2,01
PT - 12 3,3 2,64
PT - 13 ND 3,44
PT - 14 2,69 2,66
PT - 15 1,55 1,4
PT - 18 0,88 0,81
PT - 19 3,76 ND
PT - 20 0,12 1,24
PT - 21 0,82 0,91
PT - 22 2,9 0,88
PT - 23 5,61 4,02
PT - 24 2,99 2,43
PT - 26 2,54 2,82
PT - 27 10,48 6,45
PT - 28 2,38 12,85
PT - 29 13,29 ND
PT - 30 5,97 4,46
PT - 31 2,31 3,01
PT - 34 0,27 0,1
PT - 35 9,42 13,98
PT - 36 9,64 10,84
PT - 37 1,68 2,14
PT - 38 0,89 0,66
PT - 39 2,77 0,8
PT - 40 2,84 2,33
PT - 41 2,56 3,36
PT - 42 0,62 ND

128
PT - 43 1,71 1,58
PT - 44 ND 1,37
PT - 45 3,06 2,58
PT - 47 ND 0,97
PT - 48 1,24 1,2
PT - 50 0,96 ND
PT - 52 3,79 ND
PT – 53 1,6 ND
Com destaque negrito para os poços que apresentam concentração acima do
padrão de potabilidade.
Fonte: CAGECE (2022)

Em estudo realizado por Silva et al. (2021), ao avalirem a qualidade das águas
subterrâneas amostradas de 22 poços monitorados na Bacia Sedimentar do Araripe
(BAS), na qual o município de Juazeiro do Norte está inserido, constataram que as
variáveis fósforo, nitrato-N, coliformes termotolerantes, pH e turbidez ultrapassaram os
limites regulatórios, principalmente em áreas afetadas por fontes antrópicas com rede de
esgoto insuficiente.
Nos resultados obtidos na pesquisa de Santos (2022), ao realisar uma análise
multivariada e modelagem espacial de parâmetros hidroquímicos dos sistemas aquíferos
médio e inferior da bacia sedimentar do cariri cearense, também identificou que o nitrato
(NO3-) apresentou-se com relação diretamente proporcional a taxa de concentração
urbana dos municípios estudados, indicando contribuição de poluição de origem
antrópica (e.g. esgoto) percolado nos aquíferos. Nesta pesquisa foi verificado que a
concentração de NO3- em alguns poços localizados no município de Juazeiro do Norte
variou de 54,6 a 73,1 mg/L, superior ao permitido (45 mg/L) pela norma vigente,
refletindo a possível ação antrópica na qualidade da água de alguns poços pesquisados,
tanto no período seco (Figura 26) como no período chuvoso (Figura 27).

129
Figura 26: Modelagem Espacial de NO3- no período seco.

Fonte: Santos (2022).

130
Figura 27: Modelagem Espacial de NO3- no período chuvoso.

Fonte: Santos (2022).

Destaca-se que, de acordo com Wellman e Rupert (2013), o nitrato pode persistir
em águas subterrâneas por várias décadas. Sua presença na água em elevadas
concentrações pode afetar negativamente a saúde humana, uma vez que está associado a
problemas de câncer no trato gastrointestinal e a síndrome do bebê azul (IA.f.R.o., 2010ª;
STAYNER et al., 2017; TIAN et al., 2020; REZVANI GHALHARI et al., 2021).
Também é importante registrar que existem 98 empresas privadas registradas em
Juazeiro do Norte que geram efluentes não sanitários. Algumas destas empresas lançam
seus efluentes diretamente na rede coletora de esgotos da CAGECE, outras os tratam em
Estações de Tratamento de Esgotos (ETE) próprias e posteriormente os dispõem no solo.
Na Figura 28 consta o mapa da distribuição espacial das empresas que fazem a disposição
de seus efluentes no solo, após tratamento, em relação a localização dos poços de
abastecimento de água gerenciados pela CAGECE.

131
Da análise da Figura 29, verifica-se que existe uma importante bateria de poços
de abastecimento de água da CAGECE circundada por empresas que desenvolvem
atividades de médio e, principalmente, alto Potencial Poluidor Degradador (PPD) e que
lanças os efluentes de suas ETEs no solo. Observa-se também que esta bateria de poços
está localizada em áreas muito próximas ao Riacho dos Macacos, que atualmente
encontra-se perenizado por esgotos. Esta situação enseja a necessidade de programas de
monitoramento e controle ambiental bastante criteriosos, notadamente em relação a
qualidade dos efluentes das ETEs das referidas empresas e a interrupção da poluição
pontual e difusa das águas do Riacho dos Macacos.
Ressalta-se que da análise do Relatório Final da Qualidade da Água da Bacia do
Araripe, no Estado do Ceará, foram verificadas concentrações acima dos padrões de
restrição para consumo humano em poços analisados no sistema aquífero médio para os
seguintes contaminantes: alumínio, bário, berílio, chumbo, manganês, níquel, nitrato,
coliformes totais e Escherichia coli (COGERH, 2017). Estes resultados sugerem
contaminação da água subterrânea por esgotos domésticos e industriais.

132
Figura 28: Mapa da distribuição espacial das empresas que geram efluentes não sanitários em Juazeiro do Norte – Ce, em relação a localização dos poços de abastecimento de água
gerenciados pela CAGECE e ao zoneamento urbano.
Fonte: Fonte: Equipe PDM, 2022.

133
4.3 Prestadores do serviço de abastecimento de água

O município de Juazeiro do Norte é composto pela sede, distritos de Padre


Cícero e Marrocos e as localidades da zona rural: Campinas, Catolé, Vila Planalto, Chã,
Baixio do Popó, Vila Serraria, Sítio Leite, Sítio Maroto, Sítio Novo, Lagoa do Sapo,
Várzea da Lama, Sítio São José, Sítio Retiro, Muquém, Coité, Carnaúba, Tabuleiro da
Sagrada Família, Sítio dos Carneiros, Cabeça da Vaca, Sítio Riachão 2, Placas, Sítio
Riachão, Fazenda Taquari, Espinho, Fazenda Mineiro, Várzea da Ema, Carás do Umari,
Porções, Junco, Vila Santo Antônio, Brejinho, Sertãozinho, Jurema, Amaro Coelho,
Enxerta, Suçuaruna, Cachoeirinha, Cachoeira, Catolé, Sabiá e Sítio Gavião (PDM –
RELATÓRIO CONSOLIDADO, 2013).
Na sede do município de Juazeiro do Norte, a concessionária responsável pelos
serviços de água e esgotos é a Companhia de Água e Esgotos do Ceará (CAGECE) -
Unidade de Negócio da Bacia do Salgado (UM - BSA). Na zona rural, a responsabilidade
é do Sistema Integrado de Saneamento Rural (SISAR). Porém, nas comunidades rurais
onde o modelo de concessão de prestação dos serviços de abastecimento de água e
esgotamento sanitário não se mostre viável, seja do ponto de vista econômico, seja do
ponto de vista operacional, e incompatíveis com a capacidade de pagamento dos usuários,
a câmara municipal aprovou e sancionou a Lei Nº 5202, de 16/11/2021. Esta Lei autoriza
o chefe do poder executivo municipal a emitir “autorização específica” às associações
comunitárias ou multicomunitárias para realizarem ações e serviços de saneamento básico
rural, de responsabilidade privada, em localidades rurais de pequeno porte do município
e dá outras providências (Juazeiro do Norte, 2021).

4.4 Cobertura do serviço de abastecimento público de água

No ano de 2021, a rede de distribuição do sistema de abastecimento de água da


cidade de Juazeiro do Norte garantia um índice de cobertura de 98,47%. Em relação ao

134
número de ligações ativas, o índice de atendimento era de 74,36% (CAGECE, 2022). Este
dado informa que aproximadamente 22.270 domicílios ainda estão sem atendimento pelo
sistema público de abastecimento de água.

4.5 Caracterização do sistema de abastecimento de água da sede do município de


Juazeiro do Norte

O sistema de abastecimento de água da sede de Juazeiro do Norte é constituído


por 24 subsistemas (Figura 31).

135
Figura 29: Mapa da distribuição espacial dos setores hidráulicos do sistema de abastecimento de água da sede de Juazeiro do Norte– Ce.
Fonte: Equipe PDM, 2022.

136
Cada setor hidráulico (ou subsistema) é constituído por poços que abastecem
diretamente reservatórios e elevatórias, assim como existem alguns que se constituem em
unidades isoladas, que alimentam diretamente a rede de distribuição das áreas no seu
entorno.
As unidades interdependentes de cada subsistema existente são: produção (poço,
adutora, elevatória), reservação e distribuição. A unidade de reservação constitui-se o
critério principal para identificação de cada subsistema, pois a ela vincula-se determinada
produção e determinada área de atendimento.
Ressalta-se que a quantidade e os arranjos dos subsistemas ilustrados na Figura
32 estão em desacordo com o recomendado no 10º Relatório - Sinopse do Plano Diretor
de Abastecimento de Água do município de Juazeiro do Norte (PDAA JUABAR - 10º
RELATÓRIO, 2011). De acordo com este relatório, a melhor situação para o
abastecimento da sede de Juazeiro do Norte, em termos da quantidade subsistemas e
componentes principais de cada susbsistema seria:
Subsistema Principal (Único) - Produção dos poços: Bateria II, III, VII e
excedente das Baterias I e VII; - Estações Elevatórias: EEAB-01, EEAB-03, EEAB-07,
EEAB-08, EEAB-17, EEAB19, EEAT-12 e EEAT-20; - Adutoras das EEs: EEAB-
01/ETA; EEAB-03/ETA; EEAB-07/ETA; EEAB-08/ETA; EEAB-17/ETA; EEAB-
19/ETA e EEAT-12/REL-02; - Estações de Tratamento: ETA Principal, capacidade de
850 L/s e Tanque de Contato de 1.500 m3 ; - Reservação: RAP-01, RAP-02, RAP-03,
REL-01, REL-02 e REL-11; - Zonas de Abastecimento: 08 zonas; - Extensão de Rede de
Distribuição: 46,0 km (existente) e 39,4 km (proposta).
Subsistema Timbaúba - Produção dos poços: Baterias I e IV; - Estações
Elevatórias: EEAB-09 e EEAT-21; - Adutoras das EEs: EEAB-09/ETA Timbaúba e
EEAT-21/REL-10; - Estações de Tratamento: ETA Timbaúba, capacidade de 100 L/s e
Tanque de Contato de 200 m3; - Reservação: RAP-07 e REL-10; - Zonas de
Abastecimento: 02 zonas; - Extensão de Rede de Distribuição: 5,5 km (existente) e 11,8
km (proposta).

137
Subsistema Vaquejada - Produção dos Poços: PT-17, PT-27, PT-34, PT-38, PT-
41 e PT-39; - Estações Elevatórias: EEAB-10 e EEAT-16; - Adutoras das EEs: EEAB-
10/ETA Vaquejada e EEAT-16/REL-06; 58 - Estações de Tratamento: ETA Vaquejada,
capacidade de 100 L/s e Tanque de Contato de 200 m3 ; - Reservação: RAP-08 e REL-
06 - Zonas de Abastecimento: 05 zonas; - Extensão de Rede de Distribuição: 4,0 km
(existente) e 17,6 km de rede proposta em 1º etapa e 6,7 km de rede proposta em 2º etapa.
Subsistema Horto - Produção dos poços: PT-20 e PT-25; - Estações Elevatórias:
EEAT-04, EEAT-05, EEAT-06, EEAT-14 e EEAT-23; - Adutoras das EEs: EEAT-
04/EEAT-05, EEAT-05/RAP-13 e REL-05, EEAT-06/REL03, EEAT-14/RAP-19 e
EEAT-23/REL-12; - Estações de Tratamento: ETA Horto, capacidade de 30 L/s e Tanque
de Contato de 50 m3 ; - Reservação: RAP-13, RAP-14, RAP-17, RAP-19, REL-03, REL-
05 e REL-11; - Zonas de Abastecimento: 09 zonas; - Extensão de Rede de Distribuição:
rede em precário estado e pequena extensão. Na verdade, as próprias adutoras trabalham
com rede de distribuição.
Subsistema Aeroporto - Produção dos poços: PT-23; - Estações Elevatórias:
EEAT-22; - Adutoras das EEs: EEAT-22/REL-08; - Estações de Tratamento: ETA
Aeroporto, capacidade igual a 30 L/s e Tanque de Contato de 50 m3; - Reservação: RAP-
15, RAP-21 e REL-08; - Zonas de Abastecimento: 01 zona; - Extensão de Rede de
Distribuição: 1,5 km (existente) e 4,7 km (proposta).
Subsistema Frei Damião - Produção dos poços: PT-21 e PT-22; - Estações
Elevatórias: EEAT-11; 59 - Adutora das EEs: EEAT-11/REL-04; - Estações de
Tratamento: ETA Frei Damião, capacidade 30 L/s e Tanque de Contato de 50 m3; -
Reservação: RAP-18 e REL-04; - Zonas de Abastecimento: 02 zonas; - Extensão de Rede
de Distribuição: 1,1 km (existente) e 5,5 km (proposta).
Subsistema Distrito Industrial Cariri - Produção dos poços: 01 poço existente
e 02 poços a perfurar e equipar; - Estações Elevatórias: não tem; - Estações de
Tratamento: ETA Cariri, capacidade igual a 45 L/s e Tanque de Contato de 100 m3; -
Reservação: reservatório apoiado existente e outro a implantar; - Zonas de

138
Abastecimento: 01 zona; - Extensão de Rede de Distribuição: crescimento vegetativo em
função da demanda.
Na Figura 29 também são obtidas as localizações geográficas dos poços tubulares
responsáveis pelo abastecimento das unidades básicas operacionais do sistema
distribuidor de água de cada setor de abastecimento, os quais foram definidos levando-se
em consideração as condições topográficas, o perfil dos consumidores na área atendida,
o máximo aproveitamento das unidades e componentes existentes e o mínimo gasto
enérgico. A partir do conhecimento desses parâmetros, foram posicionados os
reservatórios, dimensionadas as linhas de distribuição e definidos todos os acessórios
necessários ao abastecimento.
Porém, de acordo com o Termo de Notificação (NT) da ARCE à CAGECE (D1
(RF/CSB/001/2022), a primeira constatou que o SAA de Juazeiro do Norte opera com
intermitência e paralisações que afetam a continuidade do abastecimento de forma
prolongada. De fato, no período de ago/2021 a out/2021, ocorreram 70 paralisações,
sendo 51 referentes a baixa vazão e 19 divididas em problemas eletromecânicos,
vazamento na adutora, substituição de registro e falta de energia.
Em atendimento a determinação de um segundo TN, feito à CAGECE pela ARCE
em 2022 (D2 (RF/CSB/001/2022)), a CAGECE realizou medição contínua de pressão na
rede de distribuição do SAA de Juazeiro do Norte, com a instalação de aparelhos
datalogger nos períodos de 18/11 a 19/11/2021 e 23/11 a 28/11/2021, em 6 endereços.
Constatou-se descontinuidade no abastecimento nos seguintes endereços: Rua Otacílio
Almeida, 59, Campo Alegre e Rua Francisco Firmino de Lavor, 278, José Geraldo Cruz.
Além disso a CAGECE apresentou o Relatório de Reclamações referente ao período de
nov/2020 a out/2021, onde foram registradas 748 reclamações, sendo 362 de falta de água
e 386 de baixa pressão, o que corrobora com a afirmativa de descontinuidade no SAA de
Juazeiro do Norte (ARCE, 2022).
Cabe salientar que os problemas de continuidade e baixa pressão são
potencializados nos períodos de romarias, devido ao aumento significativo da demanda
de água, conforme relatado nos relatórios de fiscalização da ARCE elaborados desde

139
2006. Contudo, para minimizar os referidos problemas, a CAGECE elaborou o Plano de
Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário para o período de Romarias em Juazeiro
do Norte para os anos de 2016 e 2017, no qual são previstas ações voltadas para a
implantação/ativação de novos poços e redução nos horários de abastecimento de
determinadas áreas urbanas. Para tanto, a CAGECE disponibiliza equipes de plantão
compostas por motoristas, encanadores, técnicos de automação, eletricistas, ajudantes e
manobristas de rede.
O tratamento da água é realizado por meio da aplicação de agente desinfetante,
através de bombas do tipo peristáltica (Figura 30) e cloradores de pastilha, em 33 pontos
distribuídos ao longo das unidades operacionais.
De acordo com a CAGECE, a água fornecida para a população atende aos
parâmetros de qualidade exigidos pela Portaria GM/MS N° 888/2021. O monitoramento
da qualidade da água é realizado através do VIGIAGUA, divulgados por meio do Sistema
de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano - SISAGUA.

Figura 30: Bomba peristáltica para aplicação de cloro na etapa de desinfecção.


Fonte: Equipe PDM, 2022.

A Quadro 9 mostra resultados da análise de conformidade de parâmetros de


qualidade da água utilizada no abastecimento público da sede de Juazeiro do Norte com

140
os padrões de potabilidade. Os dados dos parâmetros de qualidade da água analisados
foram obtidos no site do SISAGUA, para amostras coletadas nos anos de 2021 e 2022.
A análise dos dados da Quadro 9 mostra que não foi realizada nenhuma análise
bacteriológica na água ao longo do ano 2021. Este fato pode estar associado as limitações
impostas pela pandemia por COVID 19. Em relação aos demais parâmetros avaliados,
verifica-se que os valores de turbidez estavam acima do limite estabelecido pelo padrão
de potabilidade para este parâmetro, estando este fato associado a presença de materiais
em suspensão na água (e.g, materiais orgânicos e inorgânicos, microrganismos). Em
relação aos primeiros meses do ano 2022, verifica-se que os valores de todos os
parâmetros analisados estavam em conformidade com os padrões estabelecidos pela
Portaria GM/MS N° 888/2021.
Não foram encontrados dados de nitrato na água tratada no banco de dados do
SISAGUA e nem foram fornecidos pela CAGECE.
Quadro 9: Análise de conformidade de parâmetros de qualidade da água tratada utilizada no
abastecimento público da sede de Juazeiro do Norte-CE, nos anos de 2021 e 2022.

2021
AEROPORTO n° amostras Período NC VMP
Cloro Residual Livre 9 jan à dez 0 5
Fluoreto 1 jan 0 1,5
Turbidez 9 jan à dez 0 1
ANTONIO VIEIRA
Cloro Residual Livre 16 jun à dez 0 5
Fluoreto 1 jul 0 1,5
Turbidez 16 jun à dez 2 1
BETOLÂNDIA
Cloro Residual Livre 4 jun 0 5
Turbidez 4 jun 0 1
CAMPO ALEGRE
Cloro Residual Livre 6 jul e nov 0 5
Turbidez 6 jul e nov 0 1
CARITE
Cloro Residual Livre 3 jul 0 5
Turbidez 3 jul 0 1

141
CENTRO
Cloro Residual Livre 36 jul à dez 0 5
Fluoreto 9 out 0 1,5
Turbidez 36 jul à dez 20 1
FATIMA
Cloro Residual Livre 15 jan à nov 0 5
Fluoreto 7 jan e nov 0 1,5
Turbidez 16 jan à nov 1 1
FRANCISCANOS
Cloro Residual Livre 30 jan à dez 0 5
Fluoreto 5 jan, fev e ago 0 1,5
Turbidez 30 jan à dez 2 1
FREI DAMIÃO
Cloro Residual Livre 35 jan à nov 0 5
Fluoreto 11 jan à nov 0 1,5
Turbidez 33 jan à nov 11 1
HORTO
Cloro Residual Livre 9 mar e jun 0 5
Fluoreto 4 mar 0 1,5
Turbidez 9 mar e jun 0 1
JARDIM GONZAGA
Cloro Residual Livre 18 fev à out 0 5
Turbidez 16 fev à out 2 1
JOÃO CABRAL
Cloro Residual Livre 17 jan à nov 0 5
Fluoreto 5 set e nov 0 1,5
Turbidez 16 jan à nov 4 1
JOSÉ GERALDO DA CRUZ
Cloro Residual Livre 29 fev à ago 0 5
Fluoreto 14 fev à ago 0 1,5
Turbidez 29 fev à ago 5 1
JUVENCIO SANTANA
Cloro Residual Livre 11 mar à dez 0 5
Fluoreto 1 mar 0 1,5
Turbidez 11 mar à dez 6 1
LAGOA SECA
Cloro Residual Livre 11 jun à dez 0 5
Fluoreto 5 jun à dez 0 1,5

142
Turbidez 11 set, nov e dez 3 1
LEANDRO BEZERRA DE MENEZES
Cloro Residual Livre 3 mar e set 0 5
Fluoreto 3 mar e set 0 1,5
Turbidez 3 mar e set 0 1
LIMOEIRO
Cloro Residual Livre 13 fev à dez 0 5
Fluoreto 6 fev, jul e set 0 1,5
Turbidez 13 fev à dez 4 1
NOVO JUAZEIRO
Cloro Residual Livre 6 jul e nov 0 5
Turbidez 6 jul e nov 0 1
PADRE CICERO
Cloro Residual Livre 6 mar e ago 0 5
Fluoreto 3 mar 0 1,5
Turbidez 6 mar e ago 1 1
PEDRINHAS
Cloro Residual Livre 17 jan à dez 0 5
Fluoreto 9 jan e mai 0 1,5
Turbidez 17 jan à dez 3 1
PIO XII
Cloro Residual Livre 21 jan à dez 0 5
Fluoreto 3 jan e nov 0 1,5
Turbidez 21 jan à dez 2 1
PIRAJÁ
Cloro Residual Livre 22 jan à dez 0 5
Fluoreto 8 fev à nov 0 1,5
Turbidez 21 jan à dez 2 1
PLANALTO
Cloro Residual Livre 7 fev, set e nov 0 5
Fluoreto 1 set 0 1,5
Turbidez 7 fev, set e nov 1 1
ROMEIRÃO
Cloro Residual Livre 11 jan à dez 0 5
Fluoreto 5 fev, set e dez 0 1,5
Turbidez 11 jan à dez 2 1
SALESIANOS
Cloro Residual Livre 30 mar à dez 0 5

143
Fluoreto 10 abril à dez 0 1,5
Turbidez 31 mar à dez 6 1
SALGADINHO
Cloro Residual Livre 5 mar, out e dez 0 5
Turbidez 5 mar, out e dez 1 1
SANTA TEREZA
Cloro Residual Livre 58 jan à dez 1 5
Fluoreto 41 jan à dez 0 1,5
Turbidez 59 jan à dez 18 1
SANTO ANTONIO
Cloro Residual Livre 12 abr à nov 0 5
Fluoreto 5 jul 0 1,5
Turbidez 12 abr à nov 0 1
SÃO JOSÉ
Cloro Residual Livre 23 jan à dez 0 5
Fluoreto 10 jan, nov e dez 0 1,5
Turbidez 23 jan à dez 0 1
SÃO MIGUEL
Cloro Residual Livre 17 mai à dez 0 5
Fluoreto 1 nov 0 1,5
Turbidez 18 mai à dez 1 1
SOCORRO
Cloro Residual Livre 8 mar à dez 0 5
Fluoreto 2 mar e dez 0 1,5
Turbidez 8 mar à dez 3 1
TIMBAUBA
Cloro Residual Livre 30 fev à dez 0 5
Fluoreto 19 mar à nov 0 1,5
Turbidez 30 fev à dez 2 1
TIRADENTES
Cloro Residual Livre 42 fev à nov 0 5
Fluoreto 17 mai à set 0 1,5
Turbidez 43 fev à nov 13 1
TRÊS MARIAS
Cloro Residual Livre 8 jul à ago 0 5
Turbidez 8 jan 3 1
TRIÂNGULO
Cloro Residual Livre 37 jan à dez 0 5

144
Fluoreto 9 mar, nov e dez 0 1,5
Turbidez 37 jan à dez 3 1
2022
AEROPORTO n° amostras Período NC VMP
Cloro Residual Livre 10 jan e mar 0 5
Coliformes totais 10 jan e mar 0 *
Escherichia coli 10 jan e mar 0 **
Fluoreto 6 jan e mar 0 1,5
Turbidez 10 jan e mar 0 1
ANTONIO VIEIRA
Cloro Residual Livre 14 fev e mar 0 5
Coliformes totais 14 fev e mar 0 *
Escherichia coli 14 fev e mar 0 **
Fluoreto 5 fev e mar 0 1,5
Turbidez 14 fev e mar 0 1
FATIMA
Cloro Residual Livre 4 jan 0 5
Coliformes totais 4 jan 0 *
Escherichia coli 4 jan 0 **
Turbidez 4 jan 0 1
FRANCISCANOS
Cloro Residual Livre 6 jan 0 5
Coliformes totais 6 jan 0 *
Escherichia coli 6 jan 0 **
Turbidez 6 jan 1 1
FREI DAMIÃO
Cloro Residual Livre 14 jan e mar 0 5
Coliformes totais 14 jan e mar 1 *
Escherichia coli 14 jan e mar 0 **
Turbidez 14 jan e mar 0 1
JOÃO CABRAL
Cloro Residual Livre 10 jan e fev 0 5
Coliformes totais 10 jan e fev 0 *
Escherichia coli 10 jan e fev 0 **
Fluoreto 5 jan e fev 0 1,5
Turbidez 10 jan e fev 0 1
JUVENCIO SANTANA
Cloro Residual Livre 4 mar 0 5

145
Coliformes totais 4 mar 0 *
Escherichia coli 4 mar 0 **
Turbidez 4 mar 0 1
LAGOA SECA
Cloro Residual Livre 1 fev 0 5
Coliformes totais 1 fev 0 *
Escherichia coli 1 fev 0 **
Fluoreto 1 fev 0 1,5
Turbidez 1 fev 0 1
LIMOEIRO
Cloro Residual Livre 2 fev 0 5
Coliformes totais 2 fev 1 *
Escherichia coli 2 fev 0 **
Turbidez 2 fev 0 1
NOVO JUAZEIRO
Cloro Residual Livre 3 fev 0 5
Coliformes totais 3 fev 0 *
Escherichia coli 3 fev 0 **
Fluoreto 3 fev 0 1,5
Turbidez 3 fev 0 1
PEDRINHAS
Cloro Residual Livre 12 jan e mar 0 5
Coliformes totais 12 jan e mar 0 *
Escherichia coli 12 jan e mar 0 **
Fluoreto 12 jan e mar 0 1,5
Turbidez 12 jan e mar 0 1
PIO XII
Cloro Residual Livre 17 jan, fev e mar 0 5
Coliformes totais 17 jan, fev e mar 1 *
Escherichia coli 17 jan, fev e mar 0 **
Turbidez 17 jan, fev e mar 0 1
PIRAJÁ
Cloro Residual Livre 2 fev 0 5
Coliformes totais 2 fev 0 *
Escherichia coli 2 fev 0 **
Turbidez 2 fev 0 1
PLANALTO
Cloro Residual Livre 1 fev 0 5

146
Coliformes totais 1 fev 0 *
Escherichia coli 1 fev 0 **
Fluoreto 1 fev 0 1,5
Turbidez 1 fev 0 1
ROMEIRÃO
Cloro Residual Livre 3 fev e mar 0 5
Coliformes totais 3 fev e mar 0 *
Escherichia coli 3 fev e mar 0 **
Fluoreto 2 mar 0 1,5
Turbidez 3 fev e mar 0 1
SANTA TEREZA
Cloro Residual Livre 16 jan, fev e mar 0 5
Coliformes totais 16 jan, fev e mar 1 *
Escherichia coli 16 jan, fev e mar 0 **
Fluoreto 16 jan, fev e mar 0 1,5
Turbidez 16 jan, fev e mar 0 1
SANTO ANTONIO
Cloro Residual Livre 4 fev 0 5
Coliformes totais 4 fev 1 *
Escherichia coli 4 fev 0 **
Turbidez 4 fev 0 1
SÃO JOSÉ
Cloro Residual Livre 10 fev e mar 0 5
Coliformes totais 10 fev e mar 2 *
Escherichia coli 10 fev e mar 0 **
Turbidez 10 fev e mar 0 1
SÃO MIGUEL
Cloro Residual Livre 4 jan 0 5
Coliformes totais 4 jan 0 *
Escherichia coli 4 jan 0 **
Turbidez 4 jan 0 1
TIMBAUBA
Cloro Residual Livre 14 jan, fev e mar 0 5
Coliformes totais 14 jan, fev e mar 1 *
Escherichia coli 14 jan, fev e mar 0 **
Turbidez 14 jan, fev e mar 0 1
TIRADENTES
Cloro Residual Livre 3 fev 0 5

147
Coliformes totais 3 fev 0 *
Escherichia coli 3 fev 0 **
Fluoreto 3 fev 0 1,5
Turbidez 3 fev 0 1
TRÊS MARIAS
Cloro Residual Livre 1 jan 0 5
Coliformes totais 1 jan 0 *
Escherichia coli 1 jan 0 **
Turbidez 1 jan 0 1
TRIÂNGULO
Cloro Residual Livre 4 fev e mar 0 5
Coliformes totais 4 fev e mar 0 *
Escherichia coli 4 fev e mar 0 **
Turbidez 4 fev e mar 0 1
*Ausência em 100 mL em 95% das amostras examinadas no mês pelo responsável pelo
sistema que atende a partir de 20.000 habitantes. ** Ausência em 100 mL
Fonte: Autora (2022) adaptado da CAGECE (2022).

A malha de distribuição de água é composta por 696.000 m de rede, de diâmetros


variados, desde DN 400mm a 50mm, de materiais em PVC, FoFo e DeFoFo (CAGECE,
2022). A Figura 31 ilustra a malha de distribuição de água da sede de Juazeiro do Norte
– Ce.

148
Figura 31: A malha de distribuição de água da sede de Juazeiro do Norte – Ce.

149
Em relação as perdas de água, o índice chega próximo dos 40%. Para resolver este
problema, a malha de distribuição está sendo dividida em distritos para permitir maior
monitoramento. Cada distrito terá um monitoramento mais preciso, para controlar as
perdas.
Na nova malha de distribuição estão sendo utilizadas tubulações mais flexíveis e
mais resistentes a pressões elevadas e ao vácuo para evitar rompimentos.

4.6 Abastecimento de água nos distritos e demais localidades

Não foi possível realizar o diagnóstico do abastecimento de água nos distritos e


demais localidades do município de Juazeiro do Norte por não ter sido possível obter, do
SISAR, dados atualizados de tais sistemas. A Quadro 10 mostra dados referentes ao
abastecimento das comunidades atendidas pelo SISAR nos distritos e demais localidades.

Quadro 10: Localidades atendidas pelo SISAR BSA em Juazeiro do Norte-CE.

LOCALIDADES ATENDIDAS PELO SISAR BSA EM JUAZEIRO DO NORTE


ÍNDICE DE
POPULA HIDROMET
POPULA PERIODICI
COMUNID ÇÃO RAÇÃO DAS DESCRIÇÃO DO SAA TRATAMEN
ÇÃO DADE DAS
ADE ATENDI COMUNIDA (CONCEPÇÃO) TO
TOTAL COLETAS
DA DES
ATENDIDAS
Captação subterrânea,
adução, tratamento,
BARRO simples
941 684 100% MENSAL reservação, rede de
BRANCO desinfecção
distribuição e ligações
prediais
Captação subterrânea,
adução, tratamento,
simples
CATOLÉ 87 775 100% MENSAL reservação, rede de
desinfecção
distribuição e ligações
prediais
Captação subterrânea,
adução, tratamento,
CHUMBA simples
518 382 100% MENSAL reservação, rede de
DA desinfecção
distribuição e ligações
prediais
GAVIÃOZ Captação subterrânea, simples
416 318 100% MENSAL
INHO adução, tratamento, desinfecção

150
reservação, rede de
distribuição e ligações
prediais
Captação subterrânea,
adução, tratamento,
LOGRAD simples
1021 839 100% MENSAL reservação, rede de
OURO desinfecção
distribuição e ligações
prediais
Captação subterrânea,
MARIA adução, tratamento,
simples
CELIA 567 397 100% MENSAL reservação, rede de
desinfecção
CALOU distribuição e ligações
prediais
Captação subterrânea,
PAU simples
420 318 100% MENSAL rede de distribuição e
SECO desinfecção
ligações prediais
Captação subterrânea,
adução, tratamento,
SÍTIO simples
597 427 100% MENSAL reservação, rede de
LEITE desinfecção
distribuição e ligações
prediais
Captação subterrânea,
adução, tratamento,
SÍTIO simples
404 295 100% MENSAL reservação, rede de
NOVO desinfecção
distribuição e ligações
prediais
TABULEI Captação subterrânea,
RO adução, tratamento,
simples
SAGRAD 163 151 100% MENSAL reservação, rede de
desinfecção
A distribuição e ligações
FAMILIA prediais
Captação subterrânea,
VILA adução, tratamento,
simples
SANTO 658 552 100% MENSAL reservação, rede de
desinfecção
ANTONIO distribuição e ligações
prediais
Captação subterrânea,
adução, tratamento,
VÁRZEA simples
253 227 100% MENSAL reservação, rede de
DA EMA desinfecção
distribuição e ligações
prediais
Fonte: SISAR, 2022.

4.7 Problemas, desafios e potencialidades

151
No Quadro 11 consta a síntese dos principais problemas, desafios e
potencialidades relacionados ao sistema de abastecimento de Juazeiro do Norte - Ce
(análise SWOT).

Quadro 11: Matriz SOWT aplicada ao diagnóstico do serviço de abastecimento de água de Juazeiro do
Norte – Ce.

SISTEMA DE ABASTECIMENTO
Potencialidades Desafios
Pontos fortes Pontos fracos
• Existência de Plano Municipal de • Baixa cobertura da rede de água em áreas
Saneamento Básico e do Plano Diretor de rurais.
Abastecimento de Água • Elevado índice de perdas de água ao
• Existência de uma Agência Reguladora longo da malha de distribuição (superior
de Serviços Públicos Delegados do a 50 %)
Estado do Ceará (ARCE). • Necessidade de importação de água de
• Existência de um sistema integrado de outro município para atender a demanda
saneamento rural "SISAR" e de uma lei da sede de Juazeiro do Norte
municipal que trata das ações e serviços • Baixa pressão na rede de distribuição,
de saneamento básico rural, de causando descontinuidade no
responsabilidade privada, em localidades abastecimento
rurais de pequeno porte do município. • Contaminação da água de alguns poços
• Elevado índice de atendimento com rede por nitrato.
de água na sede do município
• Elevado índice de conformidade das
características da água distribuída à
população em relação aos padrões
estabelecidos na Portaria GM/MS N°
888/2021.
• Existência de um Conselho Estadual de
Meio Ambiente (COEMA), que trata dos
padrões e condições de lançamento de
efluentes líquidos gerados por fontes
poluidoras, e de órgão de licenciamento e
fiscalização municipal para atividades de
impacto local.

Oportunidades Ameaças
• Implantação de soluções simplificadas • Ausência de um sistema de indicadores
para o abastecimento de água na zona de desempenho, conforme recomendado
rural pelo PMSB
• Alteração da malha atual de distribuição • Ausência de banco de dados
para melhor monitoramento e controle operacionais, conforme recomendado
das perdas. pelo PMSB
• Complementar os sistemas existentes, • Poços tubulares desativados
inclusive com a implantação de sistemas • Ausência de articulação entre as políticas
isolados. públicas municipais (planejamento

152
• Adequar as pressões na rede de urbano, ocupação do solo e saneamento
distribuição por meio da redução das básico).
perdas de água, bem como por meio da • Lançamento de efluentes domésticos e
otimização dos setores hidráulicos industriais próximo à poços tubulares e
• Dar celeridade à universalização do em cursos d'àgua
serviço de esgotamento sanitário no
município para eliminar as fontes de
contaminação das águas por nitrato
Fonte: Equipe PDM/JN.

4.8 Considerações

Diante do exposto, conclui-se que o sistema de abastecimento de água de Juazeiro


do Norte possui diversos problemas operacionais como demanda de água superior a
produção, descontinuidade do abastecimento, baixa pressão na rede de distribuição,
elevado índice de perdas (superior a 30%) e contaminação da água de alguns poços por
nitrato, que acabam por prejudicar a qualidade dos serviços oferecidos ao município.

5 ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Maria Gorethe de Sousa Lima Brito 16

5.1 Aspectos Introdutórios

A forma de urbanização da maioria das cidades que cresceram ao longo da


segunda metade do século 20 causou uma série de impactos negativos de ordem social,
econômica e ambiental. Esses impactos têm acarretado uma série de dificuldades aos
administradores públicos referentes a prestação de serviços públicos urbanos, as
condições de habitabilidade e de vida da população.

16 Engenheira química, Doutora em Engenharia de Processos. Docente da UFCA.

153
Neste sentido o saneamento básico se estabelece como um importante instrumento
para a garantia da salubridade do meio ambiente, uma vez que consiste em um conjunto
de procedimentos que buscam à manutenção da higiene e da saúde pública. Para sua
caracterização pode-se destacar quatro frentes de atuação: o abastecimento de água
potável, o esgotamento sanitário, a limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos e a
drenagem e o manejo das águas pluviais urbanas (BRASIL, 2007; NOHARA; POSTAL
JÚNIOR, 2018).
No que se refere ao esgotamento sanitário, de acordo com relatório da
Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda em 2020, 3,6 bilhões de pessoas não
possuíam serviços de esgotamento sanitário de forma segura. A cobertura global
aumentou de 47% em 2015 para 54% em 2020, mas nas taxas atuais de progresso, estima-
se que o mundo alcançará apenas 67% de cobertura em 2030. Embora haja progressos
significativos para alcançar o acesso universal ao saneamento básico, ainda há enormes
lacunas na qualidade dos serviços prestados (OMS, 2021).
No Brasil, 60,27% do esgoto é coletado e, deste percentual, 79,84% recebe
tratamento antes de ser lançado em corpos receptores (SNIS, 2020). Para reverter esse
déficit histórico de infraestrutura de saneamento, o Brasil, por meio da Lei Nº
11.445/2007, estabeleceu diretrizes nacionais para o saneamento básico no país, tendo
como princípios fundamentais a universalização de acesso e a integralidade de todos os
serviços que se referem ao saneamento básico, comprometendo-se através do Plano
Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB) a aumentar a taxa de cobertura da rede
coletora de esgoto para 100% do território nacional nos próximos 20 anos. No novo
Marco Legal do Saneamento (Lei Nº 14.026, de 15 de julho de 2020) foi estabelecida a
meta de se atingir um índice de cobertura de tratamento do esgoto coletado no país de até
90% até o ano de 2033 (BRASIL, 2020). Esta meta visa atender ao sexto Objetivo de
Desenvolvimento Sustentável (ODS 6) da Organização das Nações Unidas (ONU), que
tem o propósito de assegurar que o acesso à água e saneamento seja garantido para todos,
independentemente de condição social, econômica e cultural.

154
No estado do Ceará, o índice de coleta de esgotos é de apenas 38,93%. Deste
percentual, 84,61% são tratados (SNIS, 2020). Essa situação causa, dentre outras
consequências, a poluição de recursos hídricos, tornando-os inadequados para outros
usos, como abastecimento de água, além de causar impactos à saúde humana
(GONÇALVES, 2020).
Diante do exposto depreende-se o quão importante é que os gestores públicos se
comprometam a prestarem adequados serviços de coleta, tratamento e destinação final de
esgotos sanitários, para, assim, contribuírem para a sustentabilidade socioeconômica e
ambiental urbana. Neste sentido, sendo os sistemas de esgotamento sanitário um dos
principais desafios ambientais do Brasil, uma vez que as recorrentes crises na gestão
sociopolítico econômica restringem os investimentos no setor de saneamento, torna-se
fundamental que este serviço público seja considerado como uma das diretrizes da
política urbana a serem atendidas pelo município no âmbito do Plano Diretor Municipal.
Porém, ao se analisar a legislação relativa ao planejamento urbano do município
de Juazeiro do Norte - CE, percebe-se que seu Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
atual está defasado em 20 anos, uma vez que após ter sido promulgado, por meio da Lei
nº 2.572, em 8 de setembro de 2000, ainda não foi revisado. Esta constatação sugere que
os objetivos e diretrizes definidos no Plano Estratégico e no Plano de Estruturação
Urbana, no sentido de orientar o processo de transformação do município, não
correspondem à realidade urbana atual.
Neste cenário está a rede coletora de esgotos do supracitado município, a qual foi
implantada em 1988, ou seja, 12 anos antes da promulgação do Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano. Acrescente-se o fato de que, ao longo dos últimos 20 anos, de
acordo com dados do IBGE, Juazeiro do Norte recebeu mais de 60 mil habitantes (IBGE,
2021). Em contrapartida, pouco se avançou no quesito índice de cobertura do sistema de
esgotamento sanitário. Esta conjuntura retrata a ausência de articulação entre as políticas
públicas municipais (planejamento urbano, ocupação do solo e saneamento básico), bem
como entre estas e as políticas nacional e estadual de recursos hídricos.

155
Neste contexto, o presente estudo visa conhecer as características e as condições
operacionais do sistema de esgotamento sanitário do município de Juazeiro do Norte –
CE, a fim contribuir para a identificação de suas fortalezas e fragilidades, visando propor,
quando necessárias, melhorias nas práticas e políticas públicas voltadas para esta matéria,
priorizando as intervenções públicas mais urgentes, no âmbito do projeto de revisão do
Plano Diretor Municipal. Para alcançar tal objetivo, é necessário: identificar as unidades
que constituem o sistema de esgotamento sanitário da área estudada, bem como suas
condições operacionais; conhecer os índices de cobertura da rede coletora pública de
esgotos e do esgoto doméstico tratado; avaliar o desempenho operacional das tecnologias
de tratamento de esgotos domésticos e a qualidade dos seus efluentes; identificar a
distribuição das estações de tratamento de esgotos por bacia de esgotamento sanitário;
avaliar as atividades industriais e do setor de serviços licenciadas pelos órgãos ambientais
municipal e estadual, quanto aos seus potenciais poluidores degradadores e as tecnologias
de tratamento e as características dos seus efluentes; e identificar os pontos de lançamento
dos efluentes das ETE’s e seus respectivos corpos receptores.

5.1.1 Aspectos legais

No Quadro 12 consta a relação das legislações que nortearam a realização do


diagnóstico do sistema de esgotamento sanitário de Juazeiro do Norte – Ce.

Quadro 12: Diplomas legais aplicáveis nos âmbitos: nacional, estadual e municipal.
ÂMBITO LEGISLAÇÃO/NORMAS REGULAMENTAÇÃO
Art. 21. Compete à União: ... Xx - instituir diretrizes para
o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,
saneamento básico e transportes urbanos;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do
Nacional Constituição Federal Distrito Federal e dos Municípios: ... IX - promover
programas de construção de moradias e a melhoria das
condições habitacionais e de saneamento básico;
Art. 200. Ao Sistema Único de Saúde compete, além de
outras atribuições, nos termos da lei: ... IV - participar da

156
formulação da política e da execução das ações de
saneamento básico;
... VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o
controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas
para consumo humano;
Lei Federal N° 11.445/07 Política Nacional de Saneamento Básico: estabelece as
diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a
Política Federal de Saneamento Básico.
Atualiza o marco legal do Saneamento Básico e altera,
Lei Federal Nº 14.026/2020 dentre outras leis, a lei nº 11.445/2007, para aprimorar as
condições estruturais do saneamento básico no país.
Política Estadual de Abastecimento de Água e
Esgotamento Sanitário: apresenta as diretrizes para a
prestação de serviços, a regulação, o controle social, o
Lei Estadual Nº 162/2016 planejamento e o financiamento do setor, tanto para as
áreas urbanas quanto rurais. Também define as
responsabilidades de cada entidade envolvida com esta
temática, inclusive os próprios usuários
Altera o decreto nº 32.024 de 29 de agosto de 2016, que
regulamenta a lei complementar nº 162 de 20 de junho de
2016, a qual institui a Política Estadual de Abastecimento
Estadual
Decreto Nº 34028 de de Água e de Esgotamento Sanitário no estado do Ceará,
07/04/2021 o Sistema Estadual de Abastecimento de Água e
Esgotamento Sanitário, o Sistema Estadual de
Informações em Saneamento, e cria o Fundo Estadual de
saneamento.
Resolução COEMA Nº 2 de Dispõe sobre padrões e condições para lançamento de
02/02/2017 efluentes líquidos gerados por fontes poluidoras
Dispõe sobre normas técnicas e administrativas
Portaria SEMACE Nº 151
necessárias à execução e acompanhamento do
de 25/11/2002
automonitoramento de efluentes líquidos industriais.
Autoriza o chefe do poder executivo municipal emitir
“autorização específica” às associações comunitárias ou
Lei nº 5202, de 16 de multicomunitárias para realizarem ações e serviços de
novembro de 2021 saneamento básico rural, de responsabilidade privada, em
Municipal
localidades rurais de pequeno porte do município e dá
outras providências
Lei Nº 2.570 de 08 de Dispõe sobre o parcelamento, uso e ocupação do solo da
setembro de 2000 cidade de Juazeiro do Norte e dá outras providências
Fonte: Autora.

157
É importante registrar que da Carta Magna do Brasil, que serve de parâmetro
para as demais legislações vigentes no país, é possível chegar às seguintes conclusões
acerca dos serviços de saneamento básico:
i. Trata-se de objeto de política urbana.
ii. Quando os serviços de saneamento básico forem voltados aos administrados em
geral, serão serviços públicos, já que são de titularidade pública.
iii. As políticas de saneamento básico são instrumentos para a efetivação do direito à
saúde.

5.2 Metodologia

5.2.1 Tipo de Pesquisa

O presente trabalho de pesquisa possui abordagem qualitativa e quantitativa, de


natureza aplicada. Segundo Prodanov e Freitas (2013), a pesquisa aplicada objetiva gerar
conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos e
envolve verdades e interesses locais.
Quanto ao objetivo, a pesquisa é do tipo descritiva, pois pretende-se analisar as
características do sistema de esgotamento sanitário existente na cidade de Juazeiro do
Norte a fim de obter maior familiaridade com o sistema para que seja possível identificar
as fragilidades existentes.
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, é uma pesquisa documental, uma
vez que irá analisar dados de fontes primárias, e bibliográfica, estando esta relacionada a
revisão de obras publicadas sobre o tema ora em apreço.

5.2.2 Fontes de Dados

Na pesquisa documental, foram analisados dados obtidos de documentos


disponibilizados pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), pela Autarquia

158
Municipal de Meio Ambiente de Juazeiro do Norte (AMAJU), pela Superintendência
Estadual de Meio Ambiente do Ceará (SEMACE), pela Agência Reguladora de Serviços
Públicos Delegados do Estado do Ceará (ARCE), pelo Sistema Integrado de Saneamento
Rural (SISAR) e pelas bases de dados do Sistema Nacional de Informações sobre
Saneamento – SNIS e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Também
foram analisadas as legislações que tratam do tema esgotamento sanitário, o Plano Diretor
de Desenvolvimento Urbano de Juazeiro do Norte, instituído pela Lei N⸰ 2.570 de 08 de
setembro de 2000, planos diretores vigentes em outros municípios brasileiros, o Plano
Municipal de Saneamento Básico de Juazeiro do Norte e o documento da versão teste do
Guia para Elaboração e Revisão de Planos Diretores elaborada pelo Ministério do
Desenvolvimento Regional, que norteia quais dados devem ser coletados para possibilitar
o levantamento das problemáticas em relação a temática trabalhada.
Em relação ao levantamento bibliográfico, a pesquisa foi direcionada para a
análise de relatórios técnicos, dissertações de mestrado acadêmico, teses de doutorado e
artigos científicos publicados que abordavam aspectos ambientais em Juazeiro do Norte,
notadamente os relacionados aos impactos ambientais associados a ausência de
esgotamento sanitário em Juazeiro do Norte.

5.2.3 Dados coletados

No Quadro 13 consta a relação dos estudos realizados no âmbito do diagnóstico,


objeto desta pesquisa, com seus respectivos dados e suas fontes de pesquisa.

Quadro 13: Coleta de Dados.

Estudos Dados coletados Fonte


• Traçado da rede coletora de
Elaboração do mapa
esgoto ou o mapa desta rede
temático do Sistema de
georreferenciado; CAGECE/SISAR
Esgotamento Sanitário de
Juazeiro do Norte. • Identificação, no mapa, da rede
condominial e convencional;

159
• Identificação das estações
elevatórias;
• Identificação dos pontos de
lançamento dos efluentes tratados
das ETES e dos corpos receptores.

Identificação de atividades • Localização, potencial poluidor- AMAJU, se a atividade


passíveis de licenciamento degradador, tecnologia de for de impacto local.
existentes em Juazeiro do tratamento utilizada, laudos SEMACE, se a atividade
Norte técnicos. for de impacto regional

• Percentual de cobertura da rede


coletora existente, especificando
as convencionais e condominiais.

• Percentual de esgoto tratado. CAGECE, se os dados


Estudo das características e forem da sede de Juazeiro
das condições operacionais • Quantidade e tipo das ETEs, suas (área urbana).
do sistema de esgotamento localizações, condições
sanitário operacionais e qualidade dos seus SISAR, se os dados forem
efluentes. da zona rural.
• Pontos de lançamento dos
efluentes das ETEs e seus
respectivos corpos receptores.
Fonte: Equipe PDM/JN.

5.3 Diagnóstico do sistema de esgotamento sanitário de Juazeiro do Norte

5.3.1 Cobertura do serviço de esgotamento sanitário

Conforme definição legal, estabelecida pela Lei Federal 14.026 de 15/07/2020,


esgotamento sanitário é constituído pelas atividades e pela disponibilização e manutenção
de infraestruturas e instalações operacionais necessárias à coleta, ao transporte, ao
tratamento e à disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações
prediais até sua destinação final para produção de água de reúso ou seu lançamento de
forma adequada no meio ambiente.
O acesso a este serviço garante crescimento econômico, promoção da saúde
pública e redução de gastos públicos, uma vez que contribui para a redução da
proliferação de doenças, da poluição de corpos hídricos, promove hábitos higiênicos e

160
saudáveis, melhora a limpeza pública básica e, consequentemente, a qualidade de vida da
população. Além da melhoria na educação, na expansão do turismo, na valorização dos
imóveis e na renda do trabalhador.
Contudo, apesar da indiscutível e amplamente reconhecida importância do serviço
ora em apreço, de acordo com dados do Sistema Nacional de Informações sobre
Saneamento (SNIS, 2020), o índice de coleta de esgotos no município de Juazeiro do
Norte é de apenas 21,97 %. Em relação ao índice de atendimento urbano, o percentual é
de 24,3. Estes dados evidenciam o quanto ainda é necessário e urgente fomentar uma
reforma institucional que envolva governos, prestadores de serviço, indústria, agentes
financeiros e sociedade por meio de suas organizações e dos canais de participação, na
busca da prestação de um serviço de melhor qualidade, por meio da reorganização e do
fortalecimento institucional das atividades de gestão – planejamento, regulação,
fiscalização, prestação de serviços e controle social. Em relação a zona rural, não foi
possível obter informação em relação ao índice de coleta de esgotos nesta área.
Neste contexto ressalta-se que a Política Nacional de Saneamento Básico (PNSB)
estabelece princípios fundamentais que norteiam todas as ações voltadas para este setor.
Resguardada a importância de todos os princípios da PNSB, serão aqui destacados três
que devem nortear todas as políticas e diretrizes na área de saneamento:
- Universalização do acesso: parte da premissa de que o saneamento é entendido
como direito humano fundamental e, portanto, como serviço público que deve ter alcance
universal;
- Integralidade: entendida como o conjunto de todas as atividades e componentes
de cada um dos diversos serviços de saneamento básico, propiciando à população o acesso
na conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia das ações e resultados.
É o pressuposto para se conceber e se implantar qualquer intervenção de saneamento
básico no território;
- Participação popular e o controle social, como atividades de gestão que
perpassam a formulação da política, o planejamento, a regulação, a prestação e a

161
fiscalização dos serviços, bem como o acompanhamento e a avaliação de políticas,
programas e projetos. Tem como pressuposto a gestão democrática participativa.

5.3.2 Caracterização dos sistemas de esgotamento sanitário do município de Juazeiro


do Norte

Na sede do município de Juazeiro do Norte, a concessionária responsável pelos


serviços de água e esgotos é a Companhia de Água e Esgotos do Ceará (CAGECE) -
Unidade de Negócio da Bacia do Salgado (UN - BSA). Na zona rural, a responsabilidade
é do Sistema Integrado de Saneamento Rural. Porém, nas comunidades rurais onde o
modelo de concessão de prestação dos serviços de abastecimento de água e esgotamento
sanitário não se mostre viável, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista
operacional, e incompatíveis com a capacidade de pagamento dos usuários, a câmara
municipal aprovou e sancionou a Lei Nº 5202, de 16/11/2021. Esta Lei autoriza o chefe
do poder executivo municipal a emitir “autorização específica” às associações
comunitárias ou multicomunitárias para realizarem ações e serviços de saneamento básico
rural, de responsabilidade privada, em localidades rurais de pequeno porte do município
e dá outras providências (JUAZEIRO DO NORTE, 2021).

5.3.2.1 Caracterização do sistema de esgotamento sanitário da sede do município de


Juazeiro do Norte

A Figura 30 mostra o mapa do sistema de esgotamento sanitário da área urbana


de Juazeiro do Norte, com a especificação da localização das redes coletoras de esgotos,
estações elevatórias, estações de tratamento de esgotos sanitários, emissários e pontos
de lançamento dos efluentes das ETEs.

162
Figura 32: Representação do SES de Juazeiro do Norte – CE.
Fonte: Adaptado de Santos, 2022.

O sistema de coleta de esgotos foi concebido para ser do tipo separador absoluto
(GPROJ, 2019 apud ALMEIDA, 2020), caracterizado por possuir duas redes de
tubulações separadas. Uma delas dimensionada para atender apenas as contribuições de
esgoto geradas, conduzindo os efluentes a uma estação de tratamento de esgotos. A outra
rede, por sua vez, é composta pelas galerias de águas pluviais responsáveis pela drenagem
urbana, que normalmente direcionam essas águas para um corpo receptor (MUTTI,
2015). Porém, na maioria das residências de Juazeiro do Norte parte das águas cinzas não
são interligadas à caixa coletora de esgoto ou a sumidouros, sendo as mesmas lançadas
nas sarjetas e bocas de lobo que ficam localizadas em frente ou próximas às residências
(SILVA, 2020). Em consequência, essas águas escoam até os corpos hídricos tornando
suas águas mais vulneráveis a poluição ou contaminação.

163
Santos (2022), ao realizar uma pesquisa com o objetivo de diagnosticar a área
do entorno do Parque Natural Municipal das Timbaúbas (PNMT), localizado em Juazeiro
do Norte - CE, para fins de demarcação da sua Zona de amortecimento, verificou que o
referido Parque recebe contribuições de esgotos por meio da rede de drenagem pluvial de
bairros como João Cabral, José Geraldo da Cruz, Lagoa Seca, Romeirão e Tiradentes
(Figura 33). Destaca-se que o bairro João Cabral possui apenas 49,6% de domicílios
interligados a rede coletora de esgotos, o Romeirão 67 %, o José Geraldo da Cruz 11% e
o Tiradentes não possui rede coletora de esgotos (CAGECE, 2018 apud Macedo, 2019).
A partir destes dados depreende-se que a maioria dos domicílios dos referidos bairros
lançam esgotos, indevidamente, na rede de drenagem pluvial da microbacia da área do
PNMT (Macedo, 2019).
Ressalta-se que o PNMT foi classificado pelo SNUC como uma unidade de
conservação de uso indireto, sendo, portanto, enquadrado na categoria de Área de
Proteção Integral, com a função principal de proteção dos recursos hídricos.

164
Figura 33: Bairros do entorno do Parque Natural Municipal das Timbaúbas em Juazeiro do Norte – CE
Fonte: Adaptado de Santos, 2022.

Nas Figuras Figura 34, Figura 35, Figura 36 e Figura 37 estão os registros
fotográficos feitos por Santos (2022), em um período de estiagem (novembro de 2021),
de esgotos sendo lançados por galerias de águas pluviais em um trecho do Riacho dos
Macacos e na Lagoa das Timbaúbas, localizados no interior do PNMT. É importante
ressaltar que as galerias de águas pluviais não foram projetadas para receberem
contribuição de esgotos. Portanto, além de poluir os recursos hídricos localizados no
interior do Parque, a prática do lançamento de esgotos na rede de drenagem de águas
pluviais compromete a vida útil destas tubulações.
De fato, Macedo (2019), constatou que a qualidade da água da Lagoa das
Timbaúbas, localizada no interior do Parque Natural Municipal das Timbaúbas, variou de

165
razoável a ruim, fato este atribuído ao aporte diário de águas cinzas provenientes do
sistema de drenagem de águas pluviais.

Figura 34: Vista anterior ao lançamento de esgoto em trecho do Riacho dos Macacos localizado no
interior do PNMT em Juazeiro do Norte - CE.
Fonte: Santos, 2022.

Figura 35: Vista frontal ao lançamento de esgoto em trecho do Riacho dos Macacos localizado no in terior
do PNMT em Juazeiro do Norte - CE.
Fonte: Santos, 2022.

166
Figura 36: Primeiro ponto de lançamento de esgoto na Lagoa das Timbaúbas localizada na área do
PNMT.
Fonte: Santos, 2022.

Figura 37: Segundo ponto de lançamento de esgoto na Lagoa das Timbaúbas, localizada na área do
PNMT.
Fonte: Santos, 2022.

167
Em uma revisão integrativa sistemática para avaliar a qualidade ambiental da
Zona Especial 2 (ZE2) em Juazeiro do Norte – CE, Sá (2021) verificou que as águas do
Riacho dos Macacos (RM), no entorno do qual encontra-se uma importante bateria de
poços que abastece a população juazeirense (Figura 38), vem recebendo importantes
cargas de poluentes por meio do lançamento diário de esgotos domésticos e industriais ao
longo do seu curso, bem como do acúmulo irregular de resíduos sólidos urbanos no
entorno, ressaltando a necessidade de ações de intervenções que visem a sua recuperação,
reabilitação ou revitalização. A autora também constatou que ao longo de quase 10 anos
de pesquisas não houve melhoria no quesito qualidade das águas do RM (OLIVEIRA,
2014; BISPO, 2015; MAIA et al., 2015; OLIVEIRA et al., 2015; XAVIER et al., 2019)
e das águas dos poços de abastecimento público, localizados na ZE2, próximos as
margens do RM: a maioria dos poços analisados apresentaram teores elevados de nitrato,
acima do valor limite permitido pelo Ministério da Saúde para água tratada (BEZERRA
et al., 2012; BEZERRA; SOUZA E ALMEIDA, 2012; URSULINO et al., 2015; SILVA
et al., 2019).

168
(a)

(b)
Figura 38: Distribuição dos poços do município de Juazeiro do Norte: (a) distribuição em todo território
juazeirense (b) detalhe da distribuição dos poços no entorno do Riacho dos Macacos.
Fonte: PDM/JN, 2022.

169
Silva (2020), ao avaliar a relação entre a cobertura de esgotamento sanitário e a
densidade populacional com a poluição do aquífero, em relação à presença de nitrato, em
Juazeiro do Norte, verificou que poços tubulares localizados na área central urbana deste
município, bem como às margens e próximo ao riacho dos Macacos e nos bairros João
Cabral, Real Ville - Mutirão e Timbaúba, apresentaram concentrações de nitrato (NO 3-)
acima do limite de potabilidade estabelecido pela Portaria de Consolidação N 05/2017,
anexo XX, do Ministério da Saúde. Ao se avaliar os dados desta autora verifica-se que os
elevados teores de nitrato, que em algumas amostras de água atingiram valores de 23,46
mg/L, foram obtidos em poços localizados na zona central da área urbana, considerada
área antiga da cidade e na qual, apesar de possuir rede pública de esgotos, em torno de
35% das ligações disponíveis ainda não estavam ativas. As economias que ainda não
estavam interligadas a rede coletora, destinavam suas excretas a fossas sépticas,
dimensionadas, muitas vezes, sem nenhum critério técnico. Ao longo dos anos suas águas
cinzas escoam a céu aberto, ou são lançadas, indevidamente, em galerias de águas
pluviais, em direção a rede de drenagem natural do município.
Os poços que apresentaram teores de nitrato em consonância com o estabelecido
pela portaria do Ministério da Saúde que trata desta matéria, ou seja, de até 10 mg N-
NO3- não apresentando, portanto, riscos à saúde da população, estão inseridos nas áreas
mais afastadas do centro urbano, com densidade populacional baixa ou com
disponibilidade do sistema de esgotamento sanitário. É importante registrar que as águas
de todos os poços tubulares que ficam às margens ou próximos ao riacho dos Macacos
que apresentam teores de nitrato acima de 10,0 N-NO3- ou acima de 5,0 N-NO3- até 10,0
N-NO3- eram diluídas com águas de uma outra bateria de poços tubulares que
apresentavam teores de nitrato abaixo de 5,0 N-NO3-, reduzindo os valores de nitrato ao
limite estabelecido pela legislação vigente.
Por fim, ao mesmo tempo em que a autora afirma que toda água tratada que
abastece Juazeiro do Norte apresenta teores de nitrato abaixo do estabel ecido pela
legislação vigente, sendo, assim, própria para o consumo humano, ela recomenda que a

170
CAGECE deve ficar atenta a necessidade de manutenção dos pontos de vazamentos nas
redes de esgotos e da proteção e manutenção de suas áreas de captação, além de atuar nas
campanhas educativas à população, conscientizando-as em relação a importância da
interligação ao sistema de esgotamento sanitário, e buscar recursos financeiros junto ao
governo estadual e instituições privadas para universalizar o esgotamento sanitário no
município.

5.4 Bacias de esgotamento

O estudo das curvas de nível e a inspeção “in loco” na cidade de Juazeiro do


Norte possibilitaram identificar três principais vias de escoamento (o Rio Batateira, ao
norte, o Riacho dos Macacos e o Riacho das Timbaúbas, ambos no sentido Sul-Norte,
desembocando a Leste no Rio Salgadinho). De fato, na Figura 39, verifica-se que
atualmente o Rio Batateira e os Riachos dos Macacos e das Timbaúbas são os principais
corpos receptores dos efluentes das ETEs gerenciadas pela CAGECE. A partir da
identificação destas três vias de escoamento, a cidade foi dividida em 5 bacias de
esgotamento, de forma que o escoamento do esgoto ocorresse por ação da gravidade
(CAGECE, 1988). A Figura 39 mostra a divisão destas bacias.

Figura 39: Bacias de esgotamento do município de Juazeiro do Norte.


Fonte: CAGECE, 1988.

171
Os bairros Centro, São Miguel, uma parte do Santa Tereza e Salesiano, que
correspondem a parte mais antiga da cidade e fazem parte da bacia de esgotamento A,
foram os únicos a serem contemplados pela rede coletora de esgotos no início de plano
do projeto. O sistema adotado foi do tipo convencional. A exceção foi o bairro Salesiano,
no qual foi implantado o sistema condominial.

5.4.1 Sistema Condominial X Sistema Convencional

O sistema convencional é constituído de um ramal predial, rede coletora, coletor


tronco, dispositivos e assessórios, interceptor, emissário, estação elevatória e por fim
estação de tratamento de esgotos (MOURA, 2019). Na decorrência dessa concepção, vêm
os seus elevados custos de implantação, dificuldades construtivas e uma característica de
inflexibilidade diante da realidade das cidades e de seus concessionários (MELO, 2008,
p.25). O sistema condominial, por sua vez, é caracterizado por receber o esgoto gerado
de um conjunto de casas interligadas, assim como acontece com os apartamentos
interligados de um edifício. Nesses ramais interligados, chamados de ramais
condominiais, são usados tubos de baixo diâmetro que são enterrados a pequenas
profundidades.
No Quadro 14 pode-se observar as partes constitutivas dos sistemas de esgotos e
concluir que o sistema convencional requer mais dispositivos que o condominial
(FUNASA, 1999):

Quadro 14: Partes constitutivas dos sistemas de esgotos.

172
SISTEMA CONVENCIONAL SISTEMA CONDOMINIAL
Ramal predial Ramal condominial - de passeio (0,70m de
Coletor de esgotos distância do muro), de fundo de lote e de
Coletor tronco jardim
Interceptor Rede básica 17
Emissário Poços de visita (PV)
Poços de visita (PV) ETE
Elevatória Disposição final
ETE
Disposição Final
Fonte: FUNASA, 1999.

Na Figura 38 consta o esquema de um sistema condominial de esgoto típico ao


lado de um sistema convencional.

Figura 40: Representação esquemática de um SCE típico ao lado de um sistema convencional.


Fonte: Alem Sobrinho et al. (2007) adapt.

Como pode ser visto na Figura 40 há uma mitigação no número de ligações à rede
principal e uma sensível diminuição de comprimento da rede pública no SCE, o que
contribui para a diminuição dos custos do sistema. As menores extensão e profundidade

17 Uma das características principais de sistemas condominiais é a divisão da rede coletora em rede básica
e ramais condominiais. Esses receberão as contribuições sanitárias de cada lote enquanto aquela receberá
apenas contribuições dos ramais, funcionando como um coletor (PAFFRATH, 2013).

173
da rede coletora, menor escavação, utilização de unidades de inspeção mais simples e a
concepção de microssistemas descentralizados de tratamento, proporciona uma economia
de custos de até 65% em relação ao sistema convencional de esgotamento (SANTIAGO,
2008; FUNASA, 2006).
Por suas virtudes e características, instituições como a Organização das Nações
Unidas (ONU), o Banco Mundial e a Organização Mundial de Saúde (OMS) consideram
o modelo condominial como uma das mais importantes inovações no campo do
esgotamento sanitário (BRASIL, 2022).
No Brasil, a Lei nº 14.026, em seu Art. 53, estabelece como política federal de
saneamento básico a execução de obras de infraestrutura básica de esgotamento sanitário
e abastecimento de água potável em núcleos urbanos formais, informais e informais
consolidados, passíveis de serem objeto de Regularização Fundiária Urbana (Reurb), nos
termos da Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017, salvo aqueles que se encontrarem em
situação de risco. Em continuação, em seu parágrafo único, admite-se, prioritariamente,
a implantação e a execução das obras de infraestrutura básica de abastecimento de água
e esgotamento sanitário mediante sistema condominial, entendido como a participação
comunitária com tecnologias apropriadas para produzir soluções que conjuguem redução
de custos de operação e aumento da eficiência, a fim de criar condições para a
universalização (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020).
O traçado do ramal condominial pode passar no passeio, no jardim ou no fundo
do lote e deve ser o mais racional e eficaz possível, ou seja, deve possuir maior relação
custo/benefício quanto à segurança sanitária e ao alcance social (TSUTIYA e ALEM
SOBRINHO, 2000; FUNASA, 2006). Na Figura 41, pode-se observar as possibilidades
de localização dos ramais.

174
Figura 41: Possibilidade de localização dos ramais no sistema condominial.
Fonte: José Melo, 1994.
Para garantir a manutenção desses sistemas são instaladas caixas de inspeção.
Cada bloco condominial formado descarrega seu esgoto em canalizações da rede
principal de diâmetro maior, ou na rede de um sistema convencional para posterior
encaminhamento e tratamento do esgoto coletado.
De acordo com Silva (2020), em 2019, dos 37 bairros existentes na cidade de
Juazeiro do Norte, 14 possuíam rede coletora de esgotos do tipo convencional e 10 do
tipo condominial. Os 13 bairros restantes não possuíam nenhum sistema de coleta de
esgotos (Quadro 15). Porém, na análise deste quadro constata-se que nem todos os
domicílios dos bairros Frei Damião, Triângulo e José Geraldo da Cruz estão interligados
a algum tipo de rede coletora de esgotos.
Nos domicílios que não estão ligados a nenhum tipo de sistema de coleta de
esgotos, os esgotos sanitários são destinados em fossas domiciliares, em canaletas, junto
ao meio-fio e a céu aberto e em galerias pluviais.

Quadro 15: Cobertura de Esgotamento Sanitário por bairro.

COBERTURA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO POR BAIRRO


SEM DENSIDADE
ESGOTO ESGOTO
BAIRROS REDE DE DEMOGRÁFICA
CONVENCIONAL CONDOMINIAL
ESGOTO HAB./10.000M²
João Cabral X 258,08

175
Pirajá X 200,81
Frei Damião X X 19,25
Salesiano X 92,53
Timbaúba X 122,02
Franciscano X 166,98
Limoeiro X 86,74
Pio XII X 238,18
Tiradentes X 41,76
São José X 23,62
Triângulo X X 71,35
Pedrinhas X 18,62
São Miguel X 143,67
Romeirão X 130,94
Santa Teresa X 105,58
Antonio
X 73,30
Vieira
Jardim
X 14,06
Gonzaga
Santo Antônio X 60,87
Centro X 36,58
Lagoa Seca X 15,66
Horto X 9,83
José Geraldo
X X 22,14
da Cruz
Juvêncio
X 23,10
Santana
Vila Fátima X 31,16
Novo Juazeiro X 45,43
Leandro
X 19,87
Bezerra
Socorro X 12,18
Campo Alegre X 100,04
Vila Três
X 8,76
Marias
Betolândia -
MCMV
X 5,52
Manoel
Santana
Salgadinho X 11,47

176
Aeroporto -
MCMV
X 7,52
Tenente
Coeho
Vila Carité X 2,35
Brejo Seco X 4,24
Planalto X 4,02
Cidade
X 2,24
Universitária
Profa. Maria
Geli de Sá -
X 1,26
MCMV São
Sebastião
Fonte: Adaptado de SILVA, 2020.

Ao se comparar os dados de cobertura da rede coletora de esgotos dos bairros de


Juazeiro do Norte (Figura 42) com a situação de vulnerabilidade social destes bairros
(Figura 43), obtida por Landim (2017), verifica-se que a maioria dos bairros que não
possuem rede coletora de esgotos, seja a convencional ou a condominial, possuem as
piores condições de vulnerabilidade social. O Quadro 16 mostra as abreviações utilizadas
para os bairros urbanos de Juazeiro no Norte representados nas Figuras 40 e 41.
Assim, depreende-se que a ausência de esgotamento sanitário em bairros do
município pesquisado piora a condição de vulnerabilidade social dos seus habitantes e
que, portanto, demandam das autoridades competentes soluções mais assertivas para o
esgotamento sanitário de tais áreas, de tal forma que sejam consideradas as dimensões
ecológicas, econômicas e sociais das áreas em questão.
Investir em alternativas adequadas de esgotamento sanitário, considerando as
particularidades da área a ser contemplada por este serviço, contribui de forma decisiva
para atender ao sexto objetivo do desenvolvimento sustentável estabelecido pela
Organização das Nações Unidas (2012), que é o de garantir disponibilidade e manejo
sustentável da água e saneamento para todos.
Ressalta-se que Landim (2017) considerou 12 indicadores para avaliar o IVS dos
bairros estudados: abastecimento de água, coleta de lixo e esgotamento sanitário para

177
compor as características infraestruturais; informes sobre renda e ocupação, integrando a
dimensão renda e trabalho; e características referentes às mães menores de 18 anos e
educação como base para avaliar o capital humano.

Figura 42: Mapa Demonstrativo do Indicador de Esgotamento Sanitário Inadequado.


Fonte: Landim, 2017.

178
Figura 43: :Vulnerabilidade Social dos Bairros da Cidade de Juazeiro do Norte.
Fonte: Landim, 2017.

Quadro 16: Bairros Urbanos em Juazeiro do Norte.


AE Aeroporto LIM Limoeiro
AV Antônio Vieira NJ Novo Juazeiro
BET Betolândia PED Pedrinhas
BS Brejo Seco PIO Pio XII
C.AL Campo Alegre PJA Pirajá
CARIT Carité PLAN Planalto
CTRO Centro RM Romeirão
C.UN Cidade Universitária SALE Salesianos
FAT Fátima SALG Salgadinho
FRANC Franciscanos ST Santa Tereza
F.DAM Frei Damião SA Santo Antônio
HORT Horto SJ São José
J.GON Jardim Gonzaga SM São Miguel
JC João Cabral SOC Socorro

179
J.Ger José Geraldo da Cruz TIM Timbaúba
JS Juvêncio Santana TIR Tiradentes
LS Lagoa Seca 3M Três-Marias
LB Leandro Bezerra de Menezes TRI Triângulo

Fonte: Adaptado de Landim, 2017.

Ao se comparar os dados de cobertura de rede de esgotos condominial e


convencional por bairro, em Juazeiro do Norte, com os dados de densidade demográfica
dos bairros correspondentes, verifica-se que a maioria dos bairros contemplados pela rede
condominial possuem as maiores densidades demográficas. A escolha desta solução está
associada a necessidade de adequação do traçado da rede à realidade socioambiental do
local, uma vez que a ocupação territorial destes bairros ocorreu de forma desordenada.
De fato, de acordo com Arimura et al. (2005), o adensamento de moradias desenha um
traçado bastante irregular, dificultando o acesso dos serviços públicos e encarecendo a
implantação da infraestrutura urbana.
Neste contexto, IBAM (2008) afirma que a utilização do sistema convencional de
esgotamento sanitário em comunidades de baixa renda localizadas em áreas ocupadas
espontaneamente, sempre bem adensadas e com condições precárias de atendimento de
serviços públicos, enfrenta o problema da irregularidade do traçado resultante do processo
de ocupação. Assim, partindo do princípio da adaptação da tecnologia às condições da
organização socioespacial da comunidade a ser servida, o esgoto condominial adota um
traçado de rede flexível, passando as tubulações de coleta no fundo dos lotes, na frente
das casas, nos becos ou vielas ou combinando estas situações de acordo com as exigências
do local, em vez de localizá-los nas vias públicas como no sistema convencional.
No sistema convencional, usualmente as redes coletoras localizam-se no terço
médio mais baixo das ruas. Já no sistema condominial este procedimento é evitado e
procura-se sempre que possível lançar as redes no passeio, fora das ruas pavimentadas
onde há tráfegos de veículos. Com isso é permitido reduzir o recobrimento das tubulações
sem, contudo, oferecer riscos de rompimento das mesmas e sem ferir as recomendações
das normas vigentes (FUNASA, 2006).

180
No Quadro 17 constam algumas características do sistema coletor de esgotos em
Juazeiro do Norte. Ao observar os dados deste quadro, verifica-se que o sistema
condominial implantado em bairros de Juazeiro do Norte é do tipo fundo e frente de lote.
Nestes tipos de sistema, porém, ocorrem muitas obstruções porque os clientes têm a
cultura de varrerem seus quintais e jogarem todo o lixo dentro da caixa coletora
(CAGECE, 2019).
Um exemplo deste tipo de problema foi obtido no Relatório de Fiscalização
(RF/CSB/009/2019 PCSB/CSB/0042/2019) da Agência Reguladora do Estado do Ceará
(ARCE), resultado de uma fiscalização emergencial para verificar os problemas de
extravasamentos relativos ao esgoto condominial nos bairros Limoeiro e Pio XII, no
município de Juazeiro do Norte – CE, em atendimento ao disposto na Resolução ARCE
n° 130/2010. Após ser notificada pela ARCE, a CAGECE, para sanar este problema,
realizou uma obra de assentamento de rede coletora de esgoto auxiliar, a qual promoveu
a redistribuição da vazão do esgoto, com consequente melhoria na fluidez do sistema
coletor e solução do problema de constantes obstruções nos bairros em questão (ARCE,
2019).

Quadro 17: Informações técnicas do sistema coletor de esgotos de Juazeiro do Norte – CE.
Bairro Tipo do Sistema Coletor Diâmetro Material
Mutirão Condominial fundo de lote 150 mm PVC Ocre

Triângulo Condominial fundo e frente de lote 150 mm PVC Ocre

150, 200, 250,


Lagoa Seca Convencional PVC Ocre
300mm

João Cabral Condominial fundo e frente de lote 150 e 200mm PVC Ocre

Romeirão Condominial fundo e frente de lote 150 mm PVC Ocre

Pirajá Condominial fundo e frente de lote 150, 200, 250mm PVC Ocre

Santa Tereza Condominial fundo e frente de lote 150 mm PVC Ocre

181
Franciscanos Condominial fundo e frente de lote 150 mm PVC Ocre

Pio XII Condominial fundo de lote 150, 250, 110mm PVC Ocre

Concreto,
Pio XII Interceptor 400, 500mm
defofo
PVC Ocre,
Fátima Condominial frente de lote 150, 250mm
fofo
São Miguel Convencional 150 mm PVC Ocre
Interceptor 400 mm PVC Ocre
Socorro Convencional 150 mm PVC Ocre
Socorro Interceptor 500 mm PVC Ocre
Salesianos Convencional 150, 250mm PVC Ocre
Centro Convencional 150 mm PVC Ocre
Condominial fundo, frente de lote e
Três-Marias 150 mm Defofo
convencional
Leandro Bezerra Condominial fundo de lote 150 mm PVC Ocre
MCMV Leandro
Convencional 150 mm PVC Ocre
Bezerra
MCMV Tenente
Convencional 150 mm PVC Ocre
Coelho
MCMV Manoel
Convencional 150 mm PVC Ocre
Santana
MCMV São Sebastião Convencional 150 mm PVC Ocre
MCMV Padre Cícero
Convencional 150 mm PVC Ocre
2
MCMV Padre Cícero
Convencional 150 mm PVC Ocre
3
Conjunto Cohabece Condominial fundo de lote 150 mm PVC Ocre
OBS: as profundidades da rede coletora de esgoto variam de 1,20 à 150m e as profundidade dos
emissários de 1,50 à 2,50m.

Fonte: CAGECE, 2022.


Em anexo consta a planta da rede coletora de esgotos da cidade de Juazeiro do
Norte – Ce.
Mara (2002) relata que a principal limitação apresentada pelo sistema condominial
de esgotos (SCE) é a de que a comunidade deve aceitar a responsabilidade de operação e
de manutenção do sistema. O autor ainda diz que a comunidade deve promover a limpeza
dos ramais condominiais quando necessário; as autoridades (companhias responsáveis
pelo sistema) devem promover inspeções regulares na tubulação principal; manutenção

182
das estações elevatórias e operação do sistema de tratamento. Contudo, nem sempre a
participação da comunidade ocorre da maneira esperada, seja por falha no processo de
educação sanitária, que é parte do SCE, ou por outros fatores. Assim, as autoridades
devem assumir o papel da comunidade, pois a utilização do SCE ainda nesse caso pode
mostrar-se vantajosa.
Nesta tipologia de coleta de esgotos, o ramal de fundo de lotes tem sido o mais
utilizado em áreas de baixa renda, em função da ocupação mais intensiva dos lotes. Entre
as vantagens desta alternativa pode-se destacar a tendência ao melhor funcionamento
hidráulico e manutenção, pela menor extensão e maior fluxo por unidade de comprimento
(menor probabilidade de obstruções); a melhor conservação, devido naturalmente a maior
vigilância e ao melhor uso pelos próprios moradores; e, principalmente o menor custo, na
decorrência das menores extensões e profundidades necessárias, e minimização da quebra
de pavimentos pela grande capacidade de recortar obstáculos (JOSÉ MELO, 1994).
No âmbito da discussão da necessidade de manutenção da rede coletora de
esgotos, ressalta-se que a tipologia convencional também necessita de um olhar cauteloso
por parte da concessionária responsável por tal serviço. Neste contexto, Almeida (2020),
ao avaliar a influência da adequação das vazões de projeto sobre os requisitos hidráulicos
e sanitários da rede coletora de esgotos do bairro Centro no município de Juazeiro do
Norte-CE, constatou mau uso desta rede pela população, resultando em prejuízos em
relação ao seu funcionamento.
Em entrevista ao site BADALO e ao jornal Diário do Nordeste, em 24 de outubro
de 2019, a supervisora de tratamento de esgoto e meio ambiente da Companhia de Água
e Esgoto do Ceará em Juazeiro informou que técnicos da Cagece, ao realizarem limpezas
nas redes coletoras de esgotos em ruas dos bairros João Cabral (rede condominial) e
Centro (rede convencional) retiraram mais de uma tonelada de entulho, areia, buchas e
materiais plásticos. Na tubulação do centro da cidade foi retirado principalmente gordura.
Estes materiais comprometem o bom funcionamento do sistema e provocam ocorrências
de extravasamento de esgoto nas vias.

183
A Figura 44 ilustra a execução de manutenção na rede coletora de esgotos do
bairro João Cabral, em Juazeiro do Norte - Ce.

Figura 44: Limpeza da Rede Coletora de Esgotos no bairro João Cabral.


Fonte: Divulgação/Cagece, apud Diário do Nordeste online (2019).

Almeida (2020) também verificou que dois trechos da rede coletora de esgotos
do bairro Centro possuíam valores inadequados de tensão trativa, o que pode contribuir
para o acúmulo de material sedimentável com consequente comprometimento do
funcionamento da rede. No que se refere ao dimensionamento hidráulico da rede coletora
para os trechos que iniciaram com ponta seca dentro do bairro Centro, a referida autora
verificou que, apesar de ter ocorrido o aumento da vazão doméstica e da taxa de
contribuição linear ao longo dos anos, no ano de 2018 a rede coletora permaneceu em
boas condições de funcionamento, uma vez que atendeu aos critérios hidráulicos de
lâmina d’água, velocidade final e crítica e tensão trativa.
No Projeto Conceitual do Sistema de Esgotamento Sanitário do município de
Juazeiro do Norte (PPI SANEAMENTO CAGECE, 2021) está previsto, dentre os
serviços necessários para a universalização do sistema de esgotamento sanitário no
horizonte de até 35 anos, a substituição de 89.186 m de rede (já incluso a substituição de

184
rede condominial, manilha de barro e cimento amianto). Esta substituição está prevista
para acontecer até os 5 primeiros anos do horizonte do projeto.
Porém, os autores do Projeto Conceitual citado acima fizeram a ressalva de que
a solução apresentada neste projeto não é condição obrigatória a ser seguida na fase de
elaboração dos projetos básicos. Esta solução inicial pode ser completamente alterada
após os estudos topográficos e de sondagem das áreas a serem atendidas pelas unidades
que compõem os sistemas de esgotamento sanitário, uma vez que estes estudos propiciam
a condição de elaboração de uma solução mais detalhada.

5.4.2 Tecnologias de tratamento de esgotos sanitários

O primeiro sistema de tratamento de esgotos sanitários implantado em Juazeiro


do Norte foi o sistema de lagoas de estabilização constituído por duas lagoas anaeróbias,
duas lagoas de estabilização e uma lagoa de maturação, conhecido por ETE Malvas
(Figura 43). Atualmente, além da ETE Malvas, existem mais três ETEs, sendo duas delas
constituídas por reatores UASB (Figura 46) e uma por um decanto-digestor (Figura 47)
(CAGECE, 2022). A seguir são apresentadas algumas características básicas destas
ETEs.
• Estação de tratamento de esgoto Malvas: o sistema de esgotamento sanitário
Malvas é o maior e o principal. É composto por nove unidades operacionais: uma
estação de tratamento de esgoto do tipo lagoas de estabilização (Figura 45), sete
estações elevatórias de esgoto de tratamento preliminar e uma estação de
tratamento preliminar: estação elevatória de esgoto Lagoa Seca, estação de
tratamento preliminar Avenida Paraná, estação elevatória de esgoto Manoel
Santana, estação elevatória de esgoto Almino Loiola, estação elevatória de esgoto
da Vila Fátima, estação elevatória de esgoto Malvas, estação elevatória de esgoto
Salesianos, estação elevatória de esgoto Multifuncional.

185
Figura 45: ETE Malvas.
Fonte: Trata Brasil (2011).

• Estação de tratamento de esgoto da Vila Três Marias: é constituída por um reator


anaeróbio de fluxo ascendente com manta de lodo (Upflow Anaerobic Sludge
Blanket - UASB). O percentual de cobertura de rede coletora de esgoto do sistema
é de 28%, com um total de 86 economias ativas. Na Vila Três Marias a rede
coletora de esgoto é de 714 metros.

186
Figura 46: ETE Vila Três Marias.
Fonte: Captura feita pela autora (Google Earth).

• Sistema de tratamento de esgoto Minha Casa Minha Vida Tenente Coelho: a ETE
deste sistema é constituída de um UASB, seguido de filtro submerso aerado,
decantador convencional e tanque de contato para desinfecção. O percentual de
cobertura de rede coletora de esgoto do sistema é de 100%, com um total de 1.274
economias ativas de esgoto. Existe no sistema 2.288 metros de rede coletora de
esgoto.
• Estação de tratamento de esgoto Prourb – Triângulo (Figura 47): O sistema do
conjunto habitacional Prourb é composto de um conjunto de decanto-digestores,
e recebe contribuição de 350 ligações ativas.

187
Figura 47: ETE PROURB.
Fonte: Captura feita pela autora (Google Earth).

5.4.3 Emissários

A Quadro 18 mostra as características dos emissários de lançamento dos efluentes


das ETEs e seus respectivos corpos receptores.
Ressalta-se que o lançamento dos efluentes da ETE PROURB em galeria de
águas pluviais pode causar, em períodos de chuva, alagamentos devido a incapacidade de
a galeria dar vazão às águas pluviais e aos efluentes da ETE conjuntamente, já que foi
dimensionada para escoar apenas águas pluviais. Esta prática também pode resultar em
risco para a saúde pública associado aos poluentes presentes nos esgotos. Salienta-se que
a tecnologia utilizada na ETE PROURB, isoladamente, não gera efluentes com
características adequadas para lançamento em corpos receptores, principalmente em
relação a densidade de organismos patogênicos.
De acordo com a literatura especializada (Jordão & Pessoa, 1995; Valentim,
2003; Chernicharo, 2007; Colares, 2013), as eficiências de remoção de matéria orgânica
(expressa na forma de Demanda Bioquímica de Oxigênio), sólidos suspensos totais e

188
microrganismos patogênicos em decanto digestores são consideradas moderada (30 –
50%), boa (60 a 70 %) e fraca (30 – 40%), na devida ordem. Especificamente em relação
ao desempenho operacional da PROURB, não foi possível fazer esta avaliação por falta
dos dados das características do esgoto bruto e tratado desta ETE.
Destaca-se que de acordo com a Resolução n 2/2017 do COEMA, em seu Art.
7º, Parágrafo único, é proibida a diluição de efluentes em águas pluviais em qualquer
quantidade para fins de lançamento. Outro aspecto a ser considerado é o fato de que os
esgotos, por possuírem sulfatos e ácidos agressivos provenientes da transformação da
matéria orgânica em ambientes anaeróbios, podem causar patologias nas galerias de águas
pluviais, comprometendo seu tempo de vida útil.

Quadro 18: Emissários de lançamento.

ETE
Características dos
emissários ()
VILA TRÊS TENENTE
PROURB
MALVAS MARIAS COELHO

DN (mm) 500 150 250 150


Material FOFO PVC OCRE PVC OCRE PVC OCRE
Riacho das Galeria de águas pluviais /
Ponto de lançamento Rio Batateira
Timbaúbas Rio Batateira
Fonte: CAGECE, 2021.

5.4.4 Atendimento aos padrões de lançamento exigidos pela legislação ambiental

Antes de iniciar a discussão em relação ao atendimento das características dos


efluentes das ETEs gerenciadas pela CAGECE aos padrões de lançamento estabelecidos
pela legislação pertinente (Resolução COEMA N 02/2017), salienta-se que não foi
possível obter os laudos técnicos necessários para tal avaliação junto à SEMACE, que é
o órgão ambiental competente detentor de tais informações, uma vez que, conforme o
Anexo I da Resolução do COEMA n 07/2019, sistemas de esgotamento sanitário e

189
estações de tratamento de efluentes, independentes do porte (micro, pequeno, médio,
grande e excepcional), são classificados como de impacto regional. Assim, cabe a
SEMACE, nos termos da Constituição Federal de 1988 e da Lei Complementar nº
140/2011, realizar os procedimentos de licenciamento e autorização ambiental, no âmbito
do Estado do Ceará. Já as estações elevatórias de esgoto (EEE) com tratamento
preliminar, independente do porte, o impacto é local. Neste caso, a competência pelo
licenciamento e autorização ambiental é da AMAJU, que é o órgão ambiental municipal.
Esta descentralização das competências relacionadas as atividades de controle
da poluição ambiental no território juazeirense se constitui em um entrave no sentido do
pleno cumprimento dos aspectos legais por empresas que desenvolvem atividades
classificadas como de impacto regional, uma vez que o órgão ambiental municipal,
AMAJU, desconhece as condicionantes dos processos de licenciamento de tais
atividades, bem como a situação de cada empresa no contexto do atendimento a legislação
ambiental vigente.
Na Quadro 19 consta a síntese da avaliação dos relatórios de análises geral
(analítico) fornecidos pela CAGECE para as ETE Vila Três Marias, Tenente Coelho e
Malvas. Os laudos referentes ao monitoramento dos efluentes da ETE PROURB não
foram fornecidos pela CAGECE.
Nos relatórios constam os dados dos parâmetros físico-químicos e
bacteriológicos obtidos das análises dos efluentes das ETEs Vila Três Marias, Tenente
Coelho e Malvas referentes ao período de junho de 2019 a dezembro de 2021 e a
verificação do atendimento da qualidade dos efluentes avaliados aos padrões e condições
para lançamento de efluentes sanitários em corpos receptores estabelecidos no Artigo 12
da Resolução COEMA N 02 de 02/02/2017.
Ressalta-se que durante os 31 meses de monitoramento dos efluentes das
referidas ETEs foram realizadas coletas mensais de amostras dos efluentes para análises
laboratoriais, porém nem todos os parâmetros estabelecidos pela legislação ambiental
foram analisados mensalmente em cada ETE. Na ETE Malvas foi determinado o maior
número de parâmetros por mês, sendo 5 o menor número de parâmetros avaliados. Este

190
valor corresponde a 56 % do número de parâmetros estabelecidos pela legislação
ambiental. Na ETE Vila Três Marias e ETE Tenente Coelho, os sólidos suspensos totais
foram analisados em todas as amostras coletadas ao longo do período de monitoramento.
Os demais parâmetros foram avaliados em uma frequência menor (Quadro 19). Em 21
das coletas realizadas nestas ETE, foram analisados apenas os sólidos suspensos totais, o
que corresponde a 11 % dos parâmetros recomendados pela legislação. A Escherichia
coli foi avaliada em 16 % das amostras coletadas nas ETEs Vila Três Marias e Malvas e
em 13% nas amostras coletadas na ETE Tenente Coelho.
Apesar do Artigo n 12 da Resolução N 2 do COEMA não especificar o cloro
residual como um dos parâmetros de avaliação das condições dos efluentes sanitários a
serem lançados em corpos hídricos, a CAGECE o utilizou no programa de monitoramento
dos efluentes da ETE da Vila Três Marias e da ETE Tenente Coelho, uma vez que a
desinfecção dos efluentes destas ETEs é feito por meio da cloração. Na ETE Malvas, a
desinfecção do efluente ocorre na lagoa de maturação. Em relação ao número de amostras
coletadas para análise de cloro residual, na ETE Vila Três Marias esse parâmetro foi
determinado em 19 % das amostras coletadas, enquanto na ETE Tenente Coelho foi em
16%. Quanto ao valor residual de cloro, na ETE da Vila Três Marias não foi detectada a
presença de cloro nas amostras analisadas. Na ETE Tenente Coelho, as concentrações de
cloro residual variaram de 0,0 a 3 mg.L-1 (Quadro 19).
A cloração de efluentes de estações de tratamento de esgotos sanitários, apesar
de ainda ser considerada viável para ser implantada em uma ETE, por, dentre outras
razões, possuir elevada eficiência na inativação de microrganismos e oxidação da matéria
orgânica, promove a formação de subprodutos de oxidação – SPOs, potencialmente
tóxicos à fauna, flora e à saúde humana. Dentre os principais SPOs tem-se os
trialometanos – TAMs, os ácidos haloacéticos – AHA, haloacetonitrilas – HANs e as
haloacetonas – HC (KRASNER et al., 2009, ZANG, CHOI; SEO, 2013). Por esta razão,
Fukumoto et al. (2018) destacam a importância da análise prévia do efluente antes de
realizar a cloração, uma vez que para amostras com elevada carga orgânica, eles
observaram maior concentração de SPOs. Este resultado corrobora com os resultados de

191
outros especialistas na área, os quais afirmam que quanto maior a concentração de matéria
orgânica presente nos efluentes sanitários, maior será a concentração de SPOs gerados
após o emprego da cloração.
Neste contexto ressalta-se que a concentração de matéria orgânica biodegradável
(DBO5) variou de 15,64 a 508,52 mg.L-1 e de 2,29 a 118,82 mg.L-1 na ETE da Vila Três
Marias e na ETE Tenente Coelho, respectivamente. Em relação a matéria orgânica total
(biodegradável e recalcitrante), a variação foi de 124,53 a 540,69 mg.L-1 (ETE da Vila
Três Marias) e de 150,57 a 199,49 mg.L-1 (ETE Tenente Coelho).
Diante do exposto, recomenda-se uma avaliação criteriosa para averiguar a
possibilidade de formação de subprodutos da oxidação da matéria orgânica, como os
trialometanos – TAMs. Salienta-se que quanto maior a dosagem de cloro (acima de
30ppm), maior será a probabilidade de formação de TAM. A forma sob a qual o cloro se
apresenta também é importante; o cloro livre tem maior poder de formação de THM do
que o cloro combinado (MEYER, 1994).
A análise dos demais dados da Quadro 19 mostra que os valores dos parâmetros
óleos e graxas, pH, sólidos sedimentáveis e temperatura, obtidos nas três ETE avaliadas,
estão em conformidade com os padrões estabelecidos pela legislação pertinente. Em
contrapartida, as concentrações de matéria orgânica biodegradável (expressa na forma de
DBO), sólidos suspensos totais, materiais flutuantes e sulfetos, bem como a densidade de
Escherichia coli em algumas amostras analisadas estão em desconformidade com a
legislação que trata desta matéria. A Quadro 20 mostra a eficiência de tratamento destas
ETE’s em comparação com os parâmetros da legislação.

192
Quadro 19: Análises realizadas nas ETES no período de junho de 2019 à dezembro de 2021.

ETE VILA TRÊS MARIAS ETE TENENTE COELHO ETE MALVAS


Parâmetros N° de análises (% de parâmetros Não N° de análises (% de parâmetros Não N° de análises (% de parâmetros Não
determinados) conformidade determinados) conformidade determinados) conformidade
DBO
6 (19) 4 5 (16) 0 31 (100) 5
(mg.L-1)
Óleos e Graxas
2 (6) 0 3 (10) 0 6 (19) 0
(mg.L-1)
Escherichia coli
5 (16) 5 4 (13) 1 5 (16) 2
(NMP.100ml-1)
Materiais
flutuantes 2 (6) 0 2 (6) 1 5 (16) 0
(mg.L-1)
pH 6 (19) 0 5 (16) 0 5 (16) 0
Sólidos
Sedimetáveis 6 (19) 0 6 (19) 0 31 (100) 0
(ml.L-1 )
Sólidos Suspensos
Totais 31 (100) 9 31 (100) 1 31 (100) 15
(mg.L-1)
Sulfeto
6 (19) 1 6 (19) 0 31 (100) 9
(mg.L-1)
Temperatura
2 (6) 0 2 (06) 0 5 (16) 0
(°C)
Cloro Residual Livre (mg.L-1)
N° de análises (% de Valor (mín. – N° de análises (% de Valor (mín. – N° de análises (% de Valor (mín. –
parâmetros determinado) máx.) parâmetros determinado) máx.) parâmetros determinado) máx.)
6 (19) Não identificado 5 (16) 0,0 – 3,0 Não identificado Não identificado

Fonte: CAGECE, 2022.

193
Quadro 20: Eficiência das ETES no período de junho de 2019 à dezembro de 2021.

ETE MALVAS
2019 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉDIA
Coliformes Totais 99,89% 99,76% 99,74% 99,78% 99,76% 99,79%
DBO 86,78% 91,65% 86,33% - - 84,42% 83,20% 86,47%
DQO 67,34% 68,54% 76,01% 55,27% 38,18% 61,07%
Escherichia coli 99,89% 99,95% 99,99% 99,98% 99,97% 99,96%
pH -8,37% -10,35% -4,19% -10,35% -9,48% -8,55%
Sólidos Sedimentaveis 90,53% 90,53% 91,35% 84,08% 73,12% 90,27% 93,70% 87,65%

Sólidos Suspensos Totais 63,90% 65,50% 64,89% 30,43% 10,20% 55,23% 65,85% 50,86%
Sulfeto 25,64% 68,88% 71,35% -5,56% 17,22% -59,49% 60,00% 25,43%
Temperatura 6,90% 6,67% -11,54% 9,68% 10,94% 4,53%
2020 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉDIA
DBO - - 85,75% 89,27% 86,97% 88,00% 89,88% 93,22% 92,80% 89,11% 93,07% 89,07% 89,71%
Sólidos Sedimentaveis 84,18% 81,20% 91,58% 84,18% 98,07% 93,70% 97,61% 94,70% 95,81% 96,86% 98,33% 87,98% 92,02%

Sólidos Suspensos Totais 61,21% 43,75% 61,05% 48,43% 75,43% 60,52% 74,38% 78,91% 66,67% 3,57% 89,79% 53,81% 59,79%
Sulfeto 12,86% 31,13% -233,96% 28,22% 62,83% 43,36% 83,69% 63,70% 43,62% -2,33% 32,99% -77,36% 7,40%
2021 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉDIA
DBO 89,17% 91,11% 86,51% 95,77% 90,53% 90,54% 86,73% 92,17% 91,27% - 78,60% 73,71% 87,83%
Sólidos Sedimentaveis 93,28% 81,20% 92,80% 87,98% 81,20% 93,28% 81,20% 84,18% 92,24% 87,98% 74,49% 90,81% 86,72%

Sólidos Suspensos Totais 59,57% 33,62% 70,80% 66,33% 63,48% 72,06% 38,78% 74,64% 72,51% 46,00% 26,09% -3,14% 51,73%
Sulfeto 7,41% 68,26% 10,17% 37,65% 56,20% 44,79% 68,26% 56,20% 72,11% 54,55% -24,53% 54,27% 42,11%

194
ETE VILA TRÊS MARIAS
2019 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉDIA
DQO 48,77% -7,66% -29,57% -25,39% 53,97% 8,03%
ETE TENENTE COELHO
2019 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉDIA
DQO 80,28% 78,04% 82,70% 76,98% 73,42% 78,28%

Fonte: Autora, 2022.

195
Ante o exposto, recomenda-se um maior controle operacional das ETE avaliadas
neste estudo, por meio de um eficiente programa de monitoramento das suas condições
operacionais e da qualidade dos seus efluentes. Também é necessário monitorar a
qualidade dos cursos d`água nos pontos antes e após os lançamentos dos efluentes das
ETE. Esta medida possibilitará o acompanhamento de alterações na qualidade das águas
dos cursos d`água que recebem diariamente efluentes das ETE’s .
Ainda em relação as estações de tratamento de esgotos existentes na sede
de Juazeiro do Norte, é importante registrar que, além das ETE gerenciadas pela
CAGECE, existem 98 localizadas em empresas privadas que geram efluentes não
sanitários e desenvolvem atividades de alto, médio e baixo Potencial Poluidor Degradador
(PPD), as quais, por serem classificadas como de impacto local, são licenciadas e
fiscalizadas pela AMAJU. No Quadro 21 consta a relação das atividades desenvolvidas
por tais empresas, com seus respectivos PPD e situação de atendimento as diretrizes
estabelecidas pela Resolução do COEMA 02/2017.

Quadro 21: Empresas licenciadas pela AMAJU em Juazeiro do Norte que geram efluentes não sanitários
com diferentes estão conectadas a rede de esgoto da CAGECE.
Atendimento a
PPD
Resolução n.
Decreto Atividade
02/2017 do
486/2011
COEMA
ALTO Fabricação de Semi-Joias (Bijouterias) - Com banho Sim
ALTO Fabricação de Semi-Joias (Bijouterias) - Com banho Sim
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ALTO Fabricação de Semi-Joias (Bijouterias) - Com banho Sim
ALTO Fabricação de Semi-Joias (Bijouterias) - Com banho Sim
ALTO Fabricação de Semi-Joias (Bijouterias) - Com banho Sim

196
ALTO Fabricação de Semi-Joias (Bijouterias) - Com banho Sim
ALTO Fabricação de Semi-Joias (Bijouterias) - Com banho Sim
ALTO Fabricação de Semi-Joias (Bijouterias) - Com banho Sim
ALTO Fabricação de carne de sol Sim
ALTO Abatedouro de Aves Sim
ALTO Abatedouro de Aves Sim
Preparação, Beneficiamento e Industrialização de Leite e Derivados –
ALTO Sim
Laticínios
Preparação, Beneficiamento e Industrialização de Leite e Derivados –
ALTO Sim
Laticínios
ALTO Salga de couro Sim
ALTO Sistema de incineração de resíduos de serviços de saúde e industriais. Sim
ALTO Produção de Óleos, Gorduras e Ceras Vegetais e Animais Sim
ALTO Estação de Tratamento de Efluentes Sim
ALTO Estação de Tratamento de Efluentes Sim
MÉDIO Hospitais Clínicas e Congêneres Sim
MÉDIO Hospitais Clínicas e Congêneres Sim
MÉDIO Hospitais clínicas e congêneres Sim
MÉDIO Reciclagem de Plásticos Sim
Fabricação de Domissanitários: Desinfetantes, Saneantes, Inseticidas,
MÉDIO Sim
Germicidas e Fungicidas
MÉDIO Fabricação de Preparos para Limpeza e Polimento Sim
MÉDIO Fabricação de Preparos para Limpeza e Polimento Sim
MÉDIO Fabricação de sabão Sim
MÉDIO Fabricação de Produtos Farmacêuticos e Veterinários Sim
MÉDIO Fabricação de Sorvetes Sim
MÉDIO Lavanderia Industrial Sim
MÉDIO Fabricação de Perfumarias e Cosméticos Sim
MÉDIO Beneficiamento de Borracha Natural Sim
BAIXO Lavagem de Veículos Sim
BAIXO Lavagem de Veículos Sim
BAIXO Lavagem de Veículos Sim
BAIXO Lavagem de Veículos Sim
BAIXO Lavagem de Veículos Sim
BAIXO Lavagem de Veículos Sim
BAIXO Lavagem de Veículos Sim
BAIXO Lavagem de Veículos Sim
BAIXO Lavagem de Veículos Sim
BAIXO Lavagem de Veículos Sim
BAIXO Lavagem de Veículos Sim

197
Serviços de Lavagem, lubrificação e polimento de veículos
BAIXO Sim
automotores
BAIXO Outros Empreendimentos Comerciais de Prest de Serviços Sim
BAIXO Outros Empreendimentos Comerciais de Prest de Serviços Sim
BAIXO Outros Empreendimentos Comerciais de Prest de Serviços Sim
BAIXO Outros Empreendimentos Comerciais de Prest de Serviços Sim
BAIXO Outros Empreendimentos Comerciais de Prest de Serviços Sim
BAIXO Outros Empreendimentos Comerciais de Prest de Serviços Sim
BAIXO Outros Empreendimentos Comerciais de Prest de Serviços Sim
BAIXO Outros Empreendimentos Comerciais de Prest de Serviços Sim
BAIXO Outros Empreendimentos Comerciais de Prest de Serviços Sim
BAIXO Outros Empreendimentos Comerciais de Prest de Serviços Sim
Serviços de Manutenção e Reparação Mecânica de Veículos
BAIXO Sim
Automotores
Serviços de Manutenção e Reparação Mecânica de Veículos
BAIXO Sim
Automotores
Serviços de Manutenção e Reparação Mecânica de Veículos
BAIXO Sim
Automotores
BAIXO Comércio por atacado de caminhões novos e usados Sim
BAIXO Comércio e varejo de automóveis com manutenção e troca de óleo Sim
BAIXO Comércio a varejo de motocicletas e motonetas novas Sim
Fonte: AMAJU (2022).

Na Figura 48 consta o mapa da distribuição espacial das empresas listadas no


Quadro 22, em relação a localização dos poços de abastecimento de água gerenciados
pela CAGECE e ao zoneamento estabelecido no Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano de Juazeiro do Norte em vigência. Dá análise deste mapa verifica-se que em um
raio de até 2 km existe uma importante bateria de poços de abastecimento de água da
CAGECE circundada por inúmeras empresas que desenvolvem atividades de alto, médio
e baixo PPD. Esta situação enseja a necessidade de programas de monitoramento
ambiental bastante criteriosos, notadamente em relação ao controle da poluição dos
corpos receptores localizados nesta área.

198
Figura 48: Mapa da distribuição espacial das empresas que geram efluentes não sanitários em Juazeiro do Norte – Ce, em relação a localização dos poços de abastecimento de
água gerenciados pela CAGECE e ao zoneamento urbano.
Fonte: Autora (2022).

199
Diante do exposto, é importante registrar que uma quantidade expressiva das
empresas mencionadas acima faz a disposição dos seus efluentes tratados no solo. Assim,
se o tratamento de seus esgotos não for satisfatório, tanto a qualidade do solo quanto das
águas (subterrâneas e superficiais) pode ser seriamente comprometida.
Em relação a localização das empresas no território juazeirense, foi constatado
que existe uma grande quantidade de empresas que estão localizadas em zonas
Residencial, Comercial, de Serviços Especiais e de Uso Misto. A Quadro 22 mostra a
quantidade de empresas, por zona, com seu potencial poluidor degradador.

Quadro 22: Quantidade de empresas por zona em Juazeiro do Norte.

PPD R1 R2 R3 R4 CSE UM ZI ZE
ALTO 3 7 3 9 7 3 1 2
Quant.
De MÉDIO - 4 7 2 3 4 0 1
Empresas
BAIXO - 4 3 5 7 8 6 1
ZR - zona residencial; ZCSE – zona de uso comercial e de serviços; ZU – zona de uso
misto; ZI – zona de uso industrial; ZE – zona especial.
Fonte: A autora.

A análise dos dados do Quadro 22 será feita tomando-se por base as diretrizes
estabelecidas na Lei municipal atual de Uso e Ocupação do Solo (Lei nº 2.570 de 08 de
setembro de 2000), a qual estabelece as restrições de uso do solo das zonas da cidade de
Juazeiro do Norte.
No Quadro 23 contam as restrições em relação a implantação de atividades
comerciais, de serviços e industriais em cada zona.

Quadro 23: Restrições em relação a implantação de atividades comerciais, de serviços e industriais nas
zonas urbanas de Juazeiro do Norte - Ce.
Zona Restrições
ZR1 Proibidas, com exceção das de recreação e alguns usos institucionais
ZRI2 Proibidas as de médio e grande porte, com exceção das de recreação e alguns usos
institucionais
ZRI3 Proibidas as de médio e grande porte, com exceção das de recreação, usos institucionais,
comércio de caráter local e oficinas semi-artesanais
ZR4 Proibidas as de grande porte e as de médio e pequeno porte poluentes

200
ZCSE Proibidas as de médio e grande porte
ZUM Proibidas as de grande e médio porte e de pequeno porte poluentes
ZI Não existe
ZE As atividades que não tenham vínculo funcional direto com o objeto de sua criação.
Fonte: Adaptado Juazeiro do Norte (2000).

Do total de empresas listadas no Quadro 22, 52% estão localizadas em zonas


residenciais, que possuem restrições a este tipo de uso (Quadro 23), sendo que 25%
desenvolvem atividades de APPD. Destaque também deve ser dado para a ZE, na qual
estão localizadas 4 empresas, sendo 2 de alto PPD, 1 de médio PPD e 1 de baixo PPD.

5.5 Problemas, desafios e potencialidades – Esgotamento Sanitário

No Quadro 24 consta a síntese dos principais problemas, desafios e


potencialidades relacionados ao sistema de esgotamento sanitário de Juazeiro do Norte -
Ce (análise SWOT).

Quadro 24: Matriz SWOT aplicada ao diagnóstico do serviço de esgotamento sanitário de Juazeiro do
Norte – Ce.
ESGOTAMENTO SANITÁRIO
Potencialidades Desafios
Pontos fortes Pontos fracos
• Existência de Estações de Tratamento de • Baixa cobertura da rede de coleta de
Esgotos do tipo lagoas de estabilização e esgotos, principalmente nos bairros com
UASB. as piores condições de vulnerabilidade
• Existência de um conselho estadual de social.
meio ambiente, que trata dos padrões e • Dificuldade de implantação de rede
condições de lançamento de efluentes coletora convencional de bairros com
líquidos gerados por fontes poluidoras, e elevada densidade demográfica, em
de órgão de licenciamento e fiscalização função da dificuldade de adequação do
municipal para atividades de impacto traçado da rede à realidade
local. socioambiental do local.
• Existência de um sistema integrado de • Mal uso da rede coletora de esgotos por
saneamento rural "SISAR" e de uma lei parte da população.
municipal que trata das ações e serviços • Lançamento de esgotos no sistema de
de saneamento básico rural, de drenagem pluvial.
responsabilidade privada, em localidades • Falta de dados atualizados sobre o SES
rurais de pequeno porte do município. existente, principalmente com relação à

201
• 100% do esgoto coletado é tratado qualidade dos efluentes de estações de
• O sistema de lagoas de estabilização tratamento de esgotos localizadas no
possui um padrão de monitoramento município.
mensal. • Presença de empresas em Zonas
• O sistema de Lagoas de estabilização Residenciais e Zona Especial de interesse
possui um padrão de monitoramento ambiental.
mensal.
Oportunidades Ameaças
• Articular a expansão das redes de • Lançamento de efluentes próximo à
esgotamento sanitário às ações de poços tubulares e em cursos d'àgua.
urbanização • Estações de tratamento de esgotos
• Eliminar os lançamentos de esgotos no desativadas
sistema de drenagem de águas pluviais e • Ausência de programas contínuos de
de esgotos sem tratamento nos cursos educação ambiental com os usuários da
d'água rede coletora de esgotos do tipo
• Complementar os sistemas existentes, condominial.
inclusive com a implantação de sistemas • Ausência de articulação entre os órgãos
isolados. ambientais municipal e estadual, em
• Manter e cadastrar as redes existentes. relação ao compartilhamento de
• Complementar os sistemas existentes, informações referentes as condicionantes
inclusive com a implantação de sistemas dos processos de licenciamento, bem
isolados. como ao atendimento a legislação
• Manter e cadastrar as redes existentes. ambiental vigente, de empresas que
desenvolvem atividades de impacto local
(licenciadas pelo órgão ambiental
municipal) e regional (licenciadas pelo
órgão ambiental regional).
• Ausência de programas de
monitoramento da qualidade de corpos
receptores (solo e cursos d`água) que
recebem efluentes sanitários e não-
sanitários.
Fonte: Equipe PDM/JN.

6 SISTEMA DE DRENAGEM E MANEJO DAS ÁGUAS PLUVIAIS


URBANAS

Maria Gorethe de Sousa Lima Brito 18


Thiago Alves da Silva19

18 Engenheira química, Doutora em Engenharia de Processos. Docente da UFCA.


19 Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental, Mestre em Recursos hídricos.

202
6.1 Aspectos introdutórios

A forma de urbanização da maioria das cidades que cresceram ao longo da


segunda metade do século 20 causou uma série de impactos negativos de ordem social,
econômica e ambiental. Esses impactos têm acarretado uma série de dificuldades aos
administradores públicos referentes a prestação de serviços públicos urbanos, as
condições de habitabilidade e de vida da população.
Neste sentido, o saneamento básico se estabelece como um importante
instrumento para a garantia da salubridade do meio ambiente, uma vez que consiste em
um conjunto de procedimentos que buscam à manutenção da higiene e da saúde pública.
Para sua caracterização pode-se destacar quatro frentes de atuação: o abastecimento de
água potável, o esgotamento sanitário, a limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos e
a drenagem e o manejo das águas pluviais urbanas (BRASIL, 2007; NOHARA; POSTAL
JÚNIOR, 2018).
A Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas (DMAPU) é um dos serviços
do saneamento básico constituído pelas atividades, pela infraestrutura e pelas instalações
operacionais de drenagem de águas pluviais, transporte, detenção ou retenção para o
amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais
drenadas, contempladas a limpeza e a fiscalização preventiva das redes (BRASIL, 2020).
Ressalta-se que as águas pluviais escoam na superfície por caminhos naturais
estabelecidos de acordo com o relevo das bacias hidrográficas. No entanto, nas cidades,
a ocupação de ambientes naturais, impermeabilização do solo e disposição inadequada de
resíduos sólidos e esgotos, interfere no ciclo da água e no processo natural de drenagem.
Em consequência, resultantam em eventos hidrológicos impactantes. Nessa condição se
enquadram inundações, enxurradas e alagamentos que ocorrem em áreas urbanas,
especialmente nas que se caracterizam por ocupação desordenada de encostas e áreas
naturais de drenagem, resultando na alteração e assoreamento de cursos hídricos e
impermeabilização do solo.

203
Ao contrário das enchentes e inundações, que estão diretamente relacionados ao
aumento do nível da água no leito do corpo hídrico decorrente de fortes pluviosidades, os
alagamentos, segundo definição de Carvalho et al. (2007), são acumulações de água na
superfície de um terreno qualquer, devido a características do meio físico, mau
funcionamento de obras de drenagem e escoamento e/ou precipitações pluviométricas de
alta intensidade.
Dentre os efeitos adversos causados pelos eventos extremos de alagamento nas
zonas urbanas, podem ser citados: a degradação física da infraestrutura das cidades, que
passam por processos de erosão, que muitas vezes afeta as redes pluviais e coletor as de
esgoto. Há também o aumento da poluição hídrica causado pela lixiviação de sedimentos
e resíduos depositados sobre as áreas de deflúvio que, somado a expansão de zonas de
proliferação de vetores de doenças de veiculação hídrica, afeta diretamente a s aúde
pública (PALÁCIO, 2020).
Para minizar os impactos de eventos extremos, são necessárias intervenções. São
as chamadas medidas de controle, formadas por ações estruturais (intervenções físicas) e
estruturantes (diretrizes, normas legais, fiscalização, educação) (SNIS, 2021).
As ações estruturais são constituídas por sistemas de condução, como elementos
de micro e macrodrenagem, e de sistemas compensatórios, como estruturas de retenção
e detenção (reservatórios de amortecimento, barragens), pavientos permeáveis e semi
permeáveis, parques lineares, áreas de infiltração (bacias, trincheiras, valas e poços),
retificação de cursos hídricos e recomposição de cobertura vegetal.
As medidas de controle relacionadas as ações estruturantes envolvem: Plano
Diretor de Uso e Ocupação do Solo, Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB),
Plano Diretor de Drenagem (PDD), cadastro técnico de obras lineares, mapeamento de
áreas de risco de inundação, sistemas de alerta de riscos de inundação, ordenamento do
uso e ocupação do solo e regulação dos serviços de drenagem e manejo das águas pluviais
urbanas.

204
Porém, no Brasil, o sistema de drenagem urbana foi construído ao longo de anos
de forma descontinuada, sem planejamento adequado e sob o critério de escoamento
rápido das águas pluviais do meio urbano (Tucci, 2005). Também é importante registrar
que, historicamente, a drenagem de águas pluviais no Brasil recebeu menores
investimentos públicos que os demais setores da infraestrutura urbana, tais como o
sistema viário, energia elétrica e abastecimento de água.
De acordo com o SNIS (2022), em 2020, foram investidos R$ 38,21/hab./ano.
No município de Juazeiro do Norte - Ce, o investimento foi de R$ 1,10/hab/ano. Também
foi verificado que 34,8% dos municípios possuiam cadastro técnico no sistema de
DMAPU e apenas 17,4% possuiam Plano Diretor de DMAPU.
Dentre os municípios brasileiros que não possuem Plano Diretor de DMAPU
está Juazeiro do Norte. As diretrizes para a prestação deste serviço estão no Plano
Municipal de Saneamento Básico do referido município, que já está desatualizado, uma
vez que, além de ter sido publicado em 2013, o diagnóstico da situação da drenagem e do
manejo de águas pluviais foi realizado em anos anteriores ao da publicação do PMSB.
Para a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico, a Prefeitura
Municipal de Juazeiro do Norte firmou, com a Secretaria das Cidades, um Termo de
Cooperação Técnica (Nº 003/CIDADES/2009) que resultou no Contrato nº
008/CIDADES/2010, instituído entre a Secretaria das Cidades e o Consórcio DGH -
Cariri, com o objetivo de prestar assessoria e consultoria na elaboração do referido plano.
Considerando que o objetivo principal do PMSB é promover a prestação dos
serviços públicos de saneamento básico de acordo com os princípios estabelecidos na Lei
Federal nº 14.020/2020, o objetivo específico do plano para a DMAPU é disponibilidade,
nas áreas urbanas, de serviços de drenagem e manejo das águas pluviais, tratamento,
limpeza e fiscalização preventiva das redes, adequados à saúde pública, à proteção do
meio ambiente e à segurança da vida e do patrimônio público e privado (Brasil, 2020).
Ressalta-se que nos programas, projetos e ações para o PMSB de Juazeiro do
Norte, foram consideradas as metas previstas nos planos setoriais, para que as proposições

205
estivessem compatíveis com os planos governamentais existentes para cada área do
saneamento básico.
Para o setor de Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas foram definidos
os seguintes programas, com seus respectivos projetos (PMSB - RPPA, 2013):
a) Gestão dos Serviços de Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas:
capacitação dos profissionais do setor, desenvolvimento de um sistema de indicadores de
desempenho e criação de sistema tarifário para a drenagem.
b) Gerenciamento dos serviços de Drenagem e Manejo das Águas Pluviais
Urbanas: implantação do sistema de micro e macrodrenagem, zoneamento das áreas com
riso de enchentes e desapropriação das áreas de risco e realocação da população.
c) Universalização do acesso ao serviço de Drenagem e Manejo das Águas
Pluviais Urbanas: ampliação da cobertura de drenagem e manejo de águas pluviais
urbanas.
Considerando que o Plano Municipal de Saneamento Básico deve ser compatível
e integrado com todas as políticas e planos do município, suas diretrizes devem estar
alinhadas com as estabelecidas no Plano Diretor Municipal (PDM), uma vez que este é o
principal instrumento de gestão territorial do município.
Diante do exposto, e considerando-se que o Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano de Juazeiro do Norte está sendo revisado, o diagnóstico atual do sistema de
drenagem e manejo de águas pluviais urbanas possibilitará a formulação de diretrizes
municipais para este importante serviço do saneamento básico a serem incorporadas no
Plano Diretor Municipal revisado.
Neste contexto, o presente estudo visa realizar um diagnóstico do sistema de
drenagem e manejo de águas pluviais urbanas da cidade de Juazeiro do Norte – Ce, a fim
de contribuir para a identificação de suas fortalezas e fragilidades, visando propor, quando
necessárias, melhorias nas práticas e políticas públicas voltadas para esta matéria,
priorizando as intervenções públicas mais urgentes, no âmbito do projeto de revisão do
Plano Diretor Municipal.

206
6.2 Aspectos legais

No Quadro 25 consta a relação das leis que nortearam a realização do diagnóstico


do sistema de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas de Juazeiro do Norte – Ce.

Quadro 25: Diplomas legais aplicáveis nos âmbitos: nacional, estadual e municipal.
ÂMBITO LEGISLAÇÃO REGULAMENTAÇÃO
Art. 21. Compete à União: ... XX - instituir
diretrizes para o desenvolvimento urbano,
inclusive habitação, saneamento básico e
transportes urbanos;
Art. 23. É competência comum da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
Constituição Federal
... IX - promover programas de construção de
moradias e a melhoria das condições
habitacionais e de saneamento básico;
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete,
além de outras atribuições, nos termos da lei: ...
IV - participar da formulação da política e da
NACIONAL
execução das ações de saneamento básico.
Lei Federal n° 11.445/07 Política Nacional de Saneamento Básico:
Estabelece as diretrizes nacionais para o
saneamento básico e para a política federal de
saneamento básico.
Altera, dentre outras leis, a Lei nº 11.445/2007,
Lei Federal nº
para aprimorar as condições estruturais do
14.026/2020
saneamento básico no País.
Institui a Política Nacional de Recursos
Lei Federal Nº Hídricos, cria o Sistema Nacional de
9.433/1997 Gerenciamento de Recursos Hídricos e dá
outras providências.
Dispõe sobre o Parcelamento, Uso e Ocupação
Lei nº 2.570 de 08 de
do Solo da Cidade de Juazeiro do Norte e dá
setembro de 2000
outras providências
Municipal Lei Complementar nº 10,
Institui o Código de Postura do Município de
de 19 de maio de 2006 -
Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, e dá outras
Código de Posturas do
providências.
Município

207
É importante registrar que da Carta Magna do Brasil, que serve de parâmetro
para as demais legislações vigentes no país, é possível chegar às seguintes conclusões
acerca dos serviços de saneamento básico:
(i) Trata-se de objeto de política urbana.
(ii) Quando os serviços de saneamento básico forem voltados aos administrados em geral,
serão serviços públicos, já que são de titularidade pública.
(iii) As políticas de saneamento básico são instrumentos para a efetivação do direito à
saúde.

6.3 Metodologia

6.3.1 Tipo de pesquisa

O presente trabalho de pesquisa possui abordagem qualitativa e quantitativa, de


natureza aplicada. Segundo Prodanov e Freitas (2013), a pesquisa aplicada objetiva gerar
conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos e
envolve verdades e interesses locais.
Quanto ao objetivo, a pesquisa é do tipo descritiva, pois pretende-se analisar as
características do sistema de esgotamento sanitário existente na cidade de Juazeiro do
Norte a fim de obter maior familiaridade com o sistema para que seja possível identificar
as fragilidades existentes.
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, é uma pesquisa documental, uma
vez que irá analisar dados de fontes primárias, e bibliográfica, estando esta relacionada a
revisão de obras publicadas sobre o tema ora em apreço..

6.3.2 Fontes de dados

208
Na pesquisa documental, foram analisados dados obtidos de documentos
disponibilizados pela Secretaria de Infraestrutura de Juazeiro do Norte (SEINFRA), pelo
Sistema Integrado de Saneamento Rural (SISAR) e pelas bases de dados do Sistema
Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS. Também foram analisadas as
legislações que tratam do tema drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, o Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano de Juazeiro do Norte, instituído pela Lei N⸰ 2.570
de 08 de setembro de 2000, planos diretores vigentes em outros municípios brasileiros, o
Plano Municipal de Saneamento Básico de Juazeiro do Norte e o documento da versão
teste do Guia para Elaboração e Revisão de Planos Diretores elaborada pelo Ministério
do Desenvolvimento Regional, que norteia quais dados devem ser coletados para
possibilitar o levantamento das problemáticas em relação a temática trabalhada.
Em relação ao levantamento bibliográfico, a pesquisa foi direcionada para a
análise de livros, relatórios técnicos, dissertações de mestrado acadêmico, teses de
doutorado e artigos científicos publicados que abordavam a temática drenagem e manejo
de águas pluviais urbanas e processos de erosão em bordas de reservatórios.

6.4 Dados coletados

No Quadro 26 consta a relação dos estudos realizados no âmbito do diagnóstico,


objeto desta pesquisa, com seus respectivos dados e suas fontes de pesquisa.

Quadro 26: Coleta de Dados.

DADOS COLETADOS FONTE

Prestadores responsáveis pelo serviço de drenagem e


manejo das águas pluviais urbanas
SEINFRA

Características do sistema de micro e macrodrenagem

209
Grau de suscetibilidade dos bairros de Juazeiro do Norte
Palácio (2022)
a alagamentos

Áreas propícias a alagamentos e inundações Pesquisa de campo

Atendimento dos serviços de drenagem e manejo de


águas pluviais urbanas as diretrizes estabelecidas pelo PMSB
PMSB

Fonte: Autores.

6.5 Prestadores do serviço de drenagem e manejo das águas pluviais urbanas no


município de Juazeiro do Norte

O município de Juazeiro do Norte é composto pela sede, distritos de Padre


Cícero e Marrocos e as localidades da zona rural: Campinas, Catolé, Vila Planalto, Chã,
Baixio do Popó, Vila Serraria, Sítio Leite, Sítio Maroto, Sítio Novo, Lagoa do Sapo,
Várzea da Lama, Sítio São José, Sítio Retiro, Muquém, Coité, Carnaúba, Tabuleiro da
Sagrada Família, Sítio dos Carneiros, Cabeça da Vaca, Sítio Riachão 2, Placas, Sítio
Riachão, Fazenda Taquari, Espinho, Fazenda Mineiro, Várzea da Ema, Carás do Umari,
Porções, Junco, Vila Santo Antônio, Brejinho, Sertãozinho, Jurema, Amaro Coelho,
Enxerta, Suçuaruna, Cachoeirinha, Cachoeira, Catolé, Sabiá e Sítio Gavião.
Na sede do município de Juazeiro do Norte, a responsabilidade pelo sistema de
drenagem e manejo das águas pluviais urbanas é da Secretaria Municipal de
Infraestrutura. Nos distritos e localidades da zona rural não existe sistema de drenagem,
uma vez que não existe geração de grandes fluxos.

210
6.6 Caracterização do sistema de drenagem e manejo de águas pluviais na sede do
município de Juazeiro do Norte

6.6.1 Infraestrutura de microdrenagem

De acordo com o PMSB (2013), o sistema de microdrenagem da sede municipal


de Juazeiro do Norte cobria, em 2013, cerca de 75% das ruas pavimentadas com estrutura
de drenagem superficial (PMSB, 2013). Ressalta-se que não foi possível atualizar esta
informação porque a SEINFRA não possui um banco de dados com todas as informações
e bases cadastrais atualizadas sobre os serviços, equipamentos e infraestrutura
relacionadas ao sistema de drenagem e manejo de águas pluviais no município.
Em visita em campo foi verificado que a estrutura formal de drenagem, na forma
de sarjetas, é muito precária. Acrescenta-se que este percentual de estrutura de drenagem
superficial não está conectado a bocas de lobo e galerias subterrâneas, não se constituindo,
portanto, em um sistema completo e funcional de drenagem. A recomendação técnica é a
de que, caso não seja analisada a capacidade de descarga da sarjeta, deve haver uma boca
de lobo a cada 60 metros no máximo para evitar que eventuais enxurradas formem uma
lâmina mais funda do que a capacidade de escoamento da sarjeta (SÃO PAULO, 2012).
Outro aspecto a ser considerado refere-se ao fato da existência inadequada de
valas que dão continuidade ao meio fio e transpõem vias urbanas, ocasionando
alagamentos nos cruzamentos em períodos de chuva. Acrescente-se o fato de que, em
vários bairros da cidade, esgotos domésticos escoam diariamente por meios-fios, os quais
são projetados para escoarem apenas água de chuva. Esta situação transforma ruas e
calçadas em ambientes insalubres, propícios à proliferação de doenças de veiculação
hídrica, além de contribuírem para a poluição dos recursos hídricos.
A Figura 49 ilustra o escoamento de esgoto por meios-fios e valas de vários
bairros da cidade. Na Figura 50 pode ser observado alguns canais naturais de drenagem
recebendo esgotos.

211
(a) (b)

212
(c) (d)

Figura 49: Esgoto doméstico escoando por meios – fios e valas em bairros da cidade de Juazeiro do Norte – Ce.
Fonte: Equipe PDM/JN.

213
(a) (b)

Figura 50: Canais naturais da drenagem da cidade de Juazeiro do Norte – Ce recebendo esgotos domésticos.
Fonte: Equipe PDM/JN.

214
Além disto, nos bairros que possuem o sistema, foram identificados em visita
em campo, vários pontos de estrangulamentos e obstruções causadas por resíduos sólidos,
sedimentos, sobrecarga de esgotos (decorrente de ligações clandestinas de águas
residuárias à galeria pluvial) e manutenção inadequada, inclusive da integridade estrutural
dos elementos que constituem a microdrenagem existente. Esta situação se agrava em
períodos de intensa precipitação pluviométrica, resultando em diversos transtornos para
a saúde pública, mobilidade urbana e meio ambiente.
Santos (2022), ao realizar uma pesquisa com o objetivo de diagnosticar a área
do entorno do Parque Natural Municipal das Timbaúbas (PNMT), para fins de
demarcação da sua Zona de amortecimento, verificou que o referido Parque recebe
contribuições de esgotos por meio da rede de drenagem pluvial de bairros como João
Cabral, José Geraldo da Cruz, Lagoa Seca, Romeirão e Tiradentes. Destaca-se que o
bairro João Cabral possui apenas 49,6% de domicílios interligados a rede coletora de
esgotos, o Romeirão 67 %, o José Geraldo da Cruz 11% e o Tiradentes não possui rede
coletora de esgotos (CAGECE, 2018 apud Macedo, 2019). A partir destes dados
depreende-se que a maioria dos domicílios dos referidos bairros lançam esgotos,
indevidamente, na rede de drenagem pluvial da microbacia da área do PNMT (MACEDO,
2019).
Salienta-se que o Parque Natural Municipal das Timbaúbas (PNMT),
enquadrado em 2017 pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) na
categoria de Área de Proteção Integral (API), tem como principal característica, a
conservação dos recursos hídricos. Ele está localizado em uma importante área de
interesse ambiental denominada pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do
município de Juazeiro do Norte de Zona Especial 2 (ZE 2), a qual conforma, além do
Parque, os riachos dos Macacos e das Timbaúbas e uma extensa faixa de vegetação
ripária.
Na Figura 51 observa-se o lançamento de esgotos por meio de uma galeria de
águas pluviais em um trecho do Riacho dos Macacos localizado na área do PNMT. É

215
importante esclarecer que este registro fotográfico foi feito em período de estiagem, o que
descarta a possibilidade do referido riacho estar recebendo águas pluviais, já que, de
acordo com o Parecer Técnico nº 337/2018 da Companhia de Gestão dos Recursos
Hídricos do Ceará (COGERH), seu fluxo é intermitente (COGERH, 2018). Este parecer
foi concedido para a Autarquia Municipal de Meio Ambiente de Juazeiro do Norte –
AMAJU.

Figura 51: Vista frontal ao lançamento de esgoto em um trecho do Riacho dos Macacos localizado no
interior do PNMT em Juazeiro do Norte - CE.
Fonte: SANTOS (2022).

Outro aspecto a ser considerado é a grande resistência que boa parte da


população tem para realizar a ligação do seu esgoto a rede da CAGECE, resultando em
um grande problema de saúde pública. Tal resistência está diretamente associada a tarifa
a ser paga pelo serviço de esgotamento sanitário prestado pela companhia de saneamento
do Estado.

216
Como consequência dos problemas identificados no sistema de drenagem de
Juazeiro do Norte, associado as características físicas do seu território e a ocorrência de
chuvas intensas em áreas impermeabilizadas, onde a rede de drenagem pluvial não
consegue escoar uma vazão superior àquela para a qual foi projetada, a cidade torna-se
susceptível a eventos de alagamentos (PALÁCIO, 2020).
É importante destacar que parte do escoamento das principais drenagens (Rio
Batateiras, Riacho dos Macacos e Riacho das Timbaúbas) é poluída por esgoto doméstico
gerado no município de Juazeiro do Norte. Porém, o Rio Batateiras também recebe
contribuição de esgotos da cidade do Crato, que contribui para a contaminação induzida
do Sistema Aquífero Médio (responsável pelo abastecimento humano da zona urbana de
Juazeiro do Norte).
Em relação a infraestrutura subterrânea de drenagem, a SEINFRA (informação
verbal20) informou que as águas que escoam pelas galerias desaguam no Rio Batateira e
nos riachos dos Macacos e das Timbaúbas (Figura 51). Ressalta-se que a não visualização
dos pontos de desague de alguns trechos das galerias nos referidos cursos d’água é
atribuída ao desconhecimento do traçado destas galerias pela SEINFRA, uma vez que não
existe um banco de dados com informações históricas sobre os serviços, equipamentos e
infraestrutura relacionadas ao sistema de drenagem e manejo de águas pluviais no
município. Para sanar este problema, a referida secretaria está fazendo um levantamento
de campo para mapeamento da micro e macro drenagem existente e das condições de
funcionamento.

20 Fala de um funcionário da SEINFRA, em 12 de maio de 2022.

217
Figura 52: Mapa da infraestrutura subterrânea de drenagem existente em Juazeiro do Norte.
Fonte: Adaptado da SEINFRA (2022).

Da análise da distribuição dos pontos de alagamento na cidade de Juazeiro do


Norte (Figura 52), observa-se que em vários bairros contemplados por galerias de águas
pluviais ainda ocorrem eventos críticos de alagamentos, como nos bairros Lagoa Seca
(Figura 54 a e b), Jardim Gonzaga (Figura 55), Cidade Universitária (Figura 56) e Planalto
(Figura 57). Este cenário pode ser atribuído ao fato do sistema de drenagem não atender
todas as áreas alagáveis dos bairros, como na Cidade Universitária e no Planalto, bem
como há projetos de drenagem inadequados, uma vez que a SEINFRA não possui dados
consistentes dos parâmetros de previsão de vazão (coeficiente de escoamento superficial
da bacia, intensidade de precipitações pluviométricas, período de retorno e área da bacia
contribuinte) e dos demais parâmetros de projeto recomendados em normas técnicas que

218
asseguram durabilidade e o bom funcionamento de todos os elementos que constituem o
sistema.
Acrescente-se o fato de que muitas bocas de lobo e galerias são obstruídas por
partículas de solo carregadas em períodos de chuva, por resíduos sólidos dispostos
inadequadamente pela população em vias públicas (Figura 49 c), os quais também são
carreados para o interior das bocas de lobo pelo escoamento superficial (água pluvial ou
esgoto) (Figura 58), e por sólidos presentes nos esgotos que escoam pelos elementos
constituintes do sistema de drenagem (Figura 49 a). Estes fatores reduzem a capacidade
de escoamento das águas pluviais pelas galerias com consequente alagamento das vias
urbanas.

Figura 53: Mapa da infraestrutura subterrânea de drenagem e dos pontos de alagamentos existentes na
sede de Juazeiro do Norte – Ce.
Fonte: Adaptado da SEINFRA (2022).

219
(a) (b)

Figura 54: Pontos de alagamento no bairro Lagoa Seca, município de Juazeiro do Norte – Ce.
Fonte: Equipe PDM/JN.

220
(a) (b)

Figura 55: Ponto de alagamento no bairro Jardim Gonzaga, município de Juazeiro do Norte – Ce.
Fonte: Equipe PDM/JN.

221
Figura 56: Ponto de alagamento no bairro Cidade Universitária, município de Juazeiro do Norte – Ce.
Fonte: Equipe PDM/JN.

Figura 57: Ponto de alagamento no bairro Planalto, município de Juazeiro do Norte – Ce.
Fonte: Equipe PDM/JN.

222
Figura 58: Resíduos sólidos sendo carreados para o interior de bocas de lobo pelo escoamento
superficial (esgoto) no município de Juazeiro do Norte – Ce.
Fonte: Equipe PDM/JN.

Em relação aos bairros que não possuem infraestrutura superficial e subterrânea


de drenagem, destaque será dado aos bairros Campo Alegre, Betolândia e Pedrinhas.
Estes bairros possuem sérios problemas associados aos recorrentes eventos críticos de
alagamentos, além de não serem atendidos pelo sistema público de esgotamento sanitário
e muitas das suas ruas não serem calçadas.
No bairro Campo Alegre, por exemplo, os moradores da rua Maria Hilda
Oliveira de Morais sofrem situações recorrentes de alagamentos em períodos de chuva,
originados a partir do escoamento superficial da água proveniente de uma abertura feita
na borda de uma lagoa natural, que fica a aproximadamente 63 m da referida rua. Porém,
no local da abertura se estabeleceu um processo de erosão que resulta na liberação de
sedimentos (solo da borda da lagoa) que são transportados juntamente com a água e vão
se depositando ao longo da rua Maria Hilda Oliveira de Morais (Figura 59 a, b e c),

223
causando inúmeros impactos socioambientais. É muita água, lama e resíduos de
construções (informação verbal 21). Esta informação revela que a lagoa recebe material
alóctone relacionado ao uso e ocupação do solo da sua bacia de drenagem.
Isto posto, ressalta-se a necessidade de uma avaliação criteriosa para averiguar
se existe risco de ruptura das bordas da lagoa em períodos de intensa precipitação
pluviométrica. Sendo este risco confirmado, devem ser implementadas medidas de
intervenção no sentido de eliminá-lo. Também se recomenda a realização de estudos para
avaliar a possibilidade de agravamento do processo de erosão na área onde foi realizada
a abertura para o escoamento da água (Figura 59) e da elaboração de um projeto de
recuperação desta área. Por fim, e não menos importante, recomenda-se a elaboração e
execução de um projeto de um canal extravasor para escoar a água da lagoa, evitando,
assim, seu transbordamento em períodos chuvosos, que é quando ocorre a elevação do
nível do espelho d’água.
De acordo com Martins (2017), o problema causado por uma erosão em borda
de reservatórios de água pode ser analisado por diferentes ângulos, mas certamente dois
chamam a atenção: O impacto ambiental e/ou socioambiental causado no local da erosão
e a deposição dos sedimentos arrancados em local mais a jusante da posição de origem, e
quase sempre dentro de um curso d’água ou reservatório.

21 Falade um morador da rua Maria Hilda Oliveira de Morais, bairro Campo Alegre, Juazeiro do
Norte - Ce, em 15 de maio de 2022.

224
(a)

(b) (c)

Figura 59: Situação da área onde está localizada a rua Maria Hilda Oliveira de Morais, bairro Campo
Alegre, município de Juazeiro do Norte - Ce: Situação da área onde está localizada a rua Maria Hilda
Oliveira de Morais, bairro Campo Alegre, município de Juazeiro do Norte - Ce: (a) Mapa da
localização da Lagoa em relação a rua Maria Hilda Oliveira de Morais, (b) Alagamento da rua em
período de chuva, (c) Rua coberta por sedimentos transportados em períodos de alagamento.

225
Fonte: Equipe PDM/JN.

Figura 60: Abertura na borda da Lagoa do bairro Campo Alegre, município de Juazeiro do Norte – Ce.
Fonte: Equipe PDM/JN.

No bairro Betolândia, muitas famílias também moram em ruas cobertas por


sedimentos transportados pelo escoamento superficial, advindo, inclusive, da Lagoa do
bairro Campo Alegre. Existe uma lagoa que possui o mesmo nome do bairro (Lagoa da
Betolândia) que recebe água de sua área de drenagem.
Em períodos chuvosos, ao longo da bacia de drenagem da Lagoa da Betolândia
(Figura 61 a) para evitar que a água e a lama adentrem suas residências durante períodos
de alagamento, os moradores constroem muretas nas frentes das casas (Figura 61 b).
Também foram encontradas ruas que não eram atendidas pelo serviço de limpeza urbana

226
(Figura 61 c). Este cenário retrata a condição de insalubridade a que os moradores deste
bairro estão expostos, com sérias consequências para a saúde.

(a) (b)

(c)

Figura 61: Exemplos da situação precária da infraestrutura urbana no bairro Betolândia, município de
Juazeiro do Norte - Ce: Exemplos da situação precária da infraestrutura urbana no bairro Betolândia,
município de Juazeiro do Norte - Ce: (a) Rua Maria dos Santos Rodrigues coberta por sedimentos, (b)
Mureta construída em frente a uma residência, (c) Rua do Mosteiro coberta por sedimentos e repleta de
mato em suas margens.
Fonte: Equipe PDM/JN.
Em relação ao bairro Pedrinhas, a rua Ministro Colombo de Sousa é uma das áreas
mais críticas em relação a incidência de alagamentos (Figura 62 a e b). Nesta, e em várias
outras ruas deste bairro, também foi verificada a ausência de calçamento e de
infraestrutura de saneamento básico (Figura 62 c e d).

227
(a) (b)

(c) (d)

Figura 62: Exemplo de pontos de alagamento e situação precária de infraestrutura urbana no bairro
Pedrinhas: (a) e (b) Áreas de alagamento na rua Ministro Colombo de Sousa, (c) Rua Ana Maria de
Oliveira sem infraestrutura dos serviços de saneamento básico e (d) Rua sem calçamento e sem
infraestrutura de nenhum dos serviços básicos de saneamento e sem calçamento.
Fonte: Equipe PDM/JN.

Ressalta-se que, de acordo com a CPRM (2005), o estado do Ceará apresenta,


em termos gerais, um regime pluviométrico do tipo tropical, marcada pela irregularidade
das chuvas no tempo e no espaço. No tempo, pela concentração das chuvas num curto
intervalo, caracterizando a existência de dois períodos distintos: um chuvoso e outro seco.
E no espaço, pela irregular distribuição das chuvas de um ano para o outro em áreas
diferentes e, sobretudo, num mesmo ano e numa mesma área.

228
O período crítico de alagamentos em Juazeiro do Norte ocorre, na maioria das
vezes, entre janeiro e abril, intervalo da quadra invernosa, em que há máximas
precipitações. Porém, de acordo com Palácio (2020), independente de precipitações
mínimas ou máximas há publicidade de eventos de alagamento, visto a influência de
outros fatores decisivos para a ocorrência dos alagamentos, como os fatores pedológicos,
morfológicos, hidrológicos e de impermeabilidade no município.
PALÁCIO (2020), ao avaliar os níveis de suscetibilidade a alagamentos em
Juazeiro do Norte, pelos métodos apresentados nos trabalhos de Soares Neto (2017) e
Vojte (2019), gerou o mapa ilustrado na Figura 63.

Figura 63: Mapa de suscetibilidade a alagamentos no município de Juazeiro do Norte – Ce.

Fonte: Palácio (2022).

229
De acordo com Palácio (2020), quanto ao grau de participação das classes de
susceptibilidade a alagamentos (porcentagem de área), a maior participação foi registrada
na classe de média (52,17 %), seguida pela classe de baixa suscetibilidade (30,3 %) e, por
fim, pela classe de alta suscetibilidade (17%). Assim, depreende-se que o município de
Juazeiro do Norte pode ser considerado um município de médio grau de susceptibilidade
a alagamentos. Esta constatação também é válida para a área urbana, que representa 15%
do município. Porém, ressalta-se que 23,53% da área urbana total corresponde às áreas
mais susceptíveis a processos de alagamento.
Da análise do Quadro 27 verifica-se que os bairros São Miguel e Leandro
Bezerra destacam-se como de “Médio” e “Baixo” nível de vulnerabilidade a alagamentos,
nesta ordem. De fato, poucos são os registros de alagamento no bairro Leandro Bezerra,
visto sua baixa ocupação urbana e média cobertura de caatinga densa e mata ciliar que
elevam a taxa de infiltração na área. São mais presenciados e noticiados eventos críticos
de alagamento nos bairros Tiradentes e Lagoa Seca (PALÁCIO, 2020).
No Quadro 27 consta os graus de suscetibilidade dos bairros do município de
Juazeiro do Norte.

Quadro 27: Bairros associados ao grau de suscetibilidade a alagamentos.

Graus de Suscetibilidade
Baixo Média Alto Total
Bairros (%) (%) (%) (ha)
Aeroporto 3 45 23 464
Antônio Vieira 11 77 12 90
Betolândia 20 50 30 183
Brejo Santo 55 34 11 447
Campo Alegre 52 33 15 276
Caritê 11 67 22 223
Centro 22 69 9 156
Cidade
Universitária 54 39 6 216
Fátima 55 42 3 122
Franciscanos 6 88 6 74
Frei Damião 42 41 17 716

230
Horto 33 48 19 517
Jardim Gonzaga 33 47 20 445
João Cabral 29 61 10 69
José Geraldo da
Cruz 21 50 29 195
Juvêncio Santana 44 42 14 185
Lagoa Seca 14 14 31 329
Leandro Bezerra 56 33 12 166
Limoeiro 22 56 22 139
Novo Juazeiro 30 41 29 77
Pedrinhas 53 40 7 513
Pio XII 9 87 4 46
Pirajá 11 77 12 74
Planalto 41 42 18 156
Romeirão 13 82 5 54
Salesiano 9 80 11 150
Salgadinho 10 62 28 172
Santa Tereza 9 85 7 65
Santo Antônio 27 64 9 100
São José 19 59 23 423
São Miguel 3 90 6 58
Socorro 10 84 6 24
Tiradentes 17 44 40 242
Timbaúba 38 52 10 102
Três Marias 49 40 11 398
Triângulo 13 78 9 134
Total 7.394
Fonte: PALÁCIO (2020).

O modelo proposto por Palácio (2020) aponta que as áreas mais susceptíveis a
processos de alagamento das áreas urbanas estão nos bairros: Tiradentes (40%), Lagoa
Seca (31%), Betolândia (30%), Novo Juazeiro (29%) e José Geraldo da Cruz (29%). O
bairro Tiradentes está em maior evidência, já que o “Alto” grau de susceptibilidade a
alagamentos cobre quase metade de sua extensão, além de estar bem distribuído na área
(Figura 64). Embora seja contemplado com o solo Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA),

231
que tem como característica boa drenagem, sua baixa declividade e intensa
impermeabilização do solo pela ocupação urbana levam a esse nível de susceptibilidade
a alagamentos.

Figura 64: Grau de Susceptibilidade a Alagamentos do Bairro Tiradentes.

Fonte: PALÁCIO (2022).

6.7 Infraestrutura de macrodrenagem

A infraestrutura de macrodrenagem é constituída pelo canal artificial que se inicia


no Parque das Timbaúbas (Figura 65) e recebe toda água pluvial que vem da Lagoa Seca
e se estende até a Avenida Castelo Branco (Figura 66), onde desagua no rio Batateira.
Para diminuir os alagamentos que ocorriam com frequência nas áreas próximas ao
canal, foram construídas pontes, porém, as casas que estão nas margens do canal ainda
estão expostas aos eventos de alagamentos. Para resolver esta situação, a prefeitura
realizou um projeto para demolir essas casas e deslocar as pessoas que vivem nesses
locais para outras localidades. Porém, até o momento desta pesquisa nada foi feito e as

232
referidas áreas continuam sendo alvos de alagamentos e descartes irregulares de resíduos
sólidos.
Ressalta-se que as técnicas sustentáveis em Drenagem Urbana podem ser
utilizadas como solução alternativa, econômica e viável para o sistema tradicional de
macrodrenagem urbana, dentre as quais podem ser destacadas: pavimento permeável,
poço de infiltração, jardim de chuva, faixa gramada, vala de infiltração, trincheira de
infiltração e telhado verde. Estas técnicas se destacam por possibilitarem o controle do
escoamento superficial na fonte, contribuindo, assim, para evitar a ocorrência de
inundações e alagamentos à jusante da bacia hidrográfica urbanizada.

Figura 65: Canal de drenagem artificial de Figura 66: Desague do canal de drenagem
Juazeiro do Norte – Ce. artificial no canal natural de drenagem, Juazeiro
do Norte – Ce.
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.

6.8 Atendimento as diretrizes estabelecidas pelo PMSB

Ao se avaliar quais dos programas e projetos estabelecidos no Plano Municipal


de Saneamento Básico (Figura 67) foram implementados desde a publicação deste plano
até a data da elaboração do diagnóstico, ora em discussão, foi verificado que:

233
- Em relação aos projetos relacionados ao programa Gestão dos Serviços de
Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas, nada foi feito.
- Em relação aos projetos relacionados aos programas Gerenciamento dos
serviços de Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas e Universalização do acesso
ao serviço de Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas, não foi possível obter
nenhuma conclusão, uma vez que, de acordo com a SEINFRA (informação verbal ),
devido a inexistência de um banco de dados sobre o sistema de drenagem do município,
a referida secretaria está em processo de levantamento da rede de drenagem existente.
Ainda segundo a SEINFRA, os projetos hidrológicos já foram realizados.
Atualmente estão sendo realizados serviços de manutenção da drenagem
existente e desenvolvimento de pequenos trechos de extrema necessidade e baixo custo
(Figura 68 a, b c e d).

234
Figura 67: Organograma dos programas e projetos sugeridos no PMSB para a drenagem e manejo de águas pluviais em Juazeiro do Norte - Ce.

Capacitação dos profissionais do setor


Programas definidos para o setor de drenagem e manejo de

Gestão dos serviços de drenagem e


Desenvolvimento de um sistema de indicadores
manejo de águas pluviais urbanas
de desempenho

Criação de sistema tarifário para a drenagem


águas pluviais urbanas

Implantação do sistema de micro e macro-


drenagem

Gerenciamento dos serviços de Zoneamento das áreas com risco de enchentes


drenagem e manejo de águas pluviais
urbanas Desapropriação das áreas de risco e
realocação da população
Universalização do acesso aos
Ampliação da cobertura de drenagem e manejo
serviços de drenagem e manejo de
de águas pluviais urbanas
águas pluviais urbanas

Fonte (PDM, 2013).

235
(a) (b)

(c) (d)

(e)
Figura 68: Serviços de manutenção da drenagem existente e ampliação de pequenos trechos de extrema
necessidade e baixo custo em Juazeiro do Norte – Ce.
Fonte: SEINFRA (2022).

236
6.9 Problemas, desafios e potencialidades – Sistema de Drenagem e Manejo de
águas pluviais

No Quadro 28 consta a síntese dos principais problemas, desafios e


potencialidades relacionados ao sistema de drenagem e manejo de águas pluviais em
Juazeiro do Norte - Ce (análise SWOT).

Quadro 28: Matriz SWOT aplicada ao diagnóstico do serviço de drenagem e manejo de águas pluviais de
Juazeiro do Norte – Ce.

SERVIÇO DE DRENAGEM E MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS


Potencialidades Desafios
Pontos fortes Pontos fracos
• Existência do Plano Municipal de • Ausência do Plano Diretor de Drenagem
Saneamento Básico. e Manejo de Águas Urbanas.
• Existência de elementos de drenagem e • Não atendimento as diretrizes do Plano
manejo de águas pluviais em vários Municipal de Saneamento Básico.
bairros do município. • Inadequadas condições de funcionamento
• Existência de uma Agência Reguladora do sistema de drenagem e das vias de
de Serviços Públicos Delegados do escoamento, decorrentes das obstruções
Estado do Ceará (ARCE). por esgotos e resíduos sólidos ou por
• Existência da Companhia de Gestão dos problemas estruturais.
Recursos Hídricos do Ceará (COGERH), • Disposição inadequada de esgotos e
do Conselho Estadual de Meio Ambiente resíduos sólidos no sistema de drenagem
(COEMA), da Autarquia Municipal de pluvial.
Meio Ambiente (AMAJU), da Secretaria • Ausência de articulação entre as políticas
Municipal de Meio Ambiente e Serviços públicas municipais (planejamento
Públicos (SEMASP) e do Conselho urbano, ocupação do solo e saneamento
Municipal de Defesa do Meio Ambiente básico) e estadual de recursos hídricos.
(COMDEMA).
Oportunidades Ameaças
• Assegurar o fortalecimento institucional • Ausência de medidas de prevenção de
do órgão municipal envolvido com o alagamentos e inundações, incluindo o
planejamento, execução e operação do controle de processos de
sistema de drenagem urbana. impermeabilização, de movimentos de
terra, de transporte e disposição de
resíduos sólidos, combate ao

237
• Desobstruir e manter as condições de desmatamento e controle da ocupação nas
funcionamento da rede de drenagem e das áreas de interesse para drenagem.
vias de escoamento. • Ausência de um plano de investimentos
• Adotar medidas que minimizem a em obras de drenagem e manejo de águas
poluição difusa carreada para os corpos pluviais urbanas.
hídricos. • Ausência de publicitação de banco de
• Intensificar a articulação entre as políticas dados operacionais, conforme
públicas municipais (planejamento recomendado pelo PMSB
urbano, ocupação do solo e saneamento • Intensificar a articulação entre diferentes
básico) e estadual de recursos hídricos. entes da federação, para angariar recursos
a serem aplicados na ampliação e
recuperação dos sistema de drenagem e
manejo de águas pluviais urbanas.
Fonte: Autora.

238
7 RESÍDUOS SÓLIDOS

Janisi Sales Aragão22


Joelma Lima Oliveira23

7.1 Aspectos Introdutórios

O diagnóstico ambiental de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) é uma ferramenta


de suporte à revisão do Plano Diretor do Município de Juazeiro do Norte-Ce. Este consiste
num levantamento de dados sobre a geração, composição gravimétrica, coleta, transporte,
tratamento, disposição final, coleta seletiva, reciclagem, limpeza pública, além da
participação do município no Consórcio Municipal para Aterro de Resíduos Sólidos
COMARES – UC - Unidade Crato.
Essa ferramenta é indispensável para que se possa fazer o prognóstico ambiental
dos RSU, o que permitirá a adequada elaboração dos planos de gestão de resíduos do
município.
A primeira parte consiste na introdução, onde é discutido a importância da gestão
dos resíduos sólidos, e como ela foi discutida no Plano Diretor de Juazeiro do Norte no
ano de 2000. Posteriormente, é apresentado a metodologia utilizada para o
desenvolvimento desse documento, seguida de alguns conceitos fundamentais para o
entendimento dessa discussão, além do amparo legal relacionado aos resíduos sólidos.
Por fim, através de uma compilação de dados disponibilizados em bancos de dados
acadêmicos, revistas especializadas e pela prefeitura municipal, foi elaborado o
diagnóstico dos resíduos sólidos de Juazeiro do Norte.
Vale destacar que a Autarquia Municipal de Meio Ambiente (AMAJU) e a
Secretária Municipal de Meio Ambiente e Serviços Públicos (SEMASP), dividem as
atribuições referentes à gestão ambiental do município de Juazeiro do Norte, assim como,

22 Engenheira de pesca, Doutora em Engenharia de pesca.


23 Graduação em Saneamento ambiental, Mestre em Engenharia Civil.

239
o papel de execução das políticas públicas voltadas ao meio ambiente e a promoção do
desenvolvimento sustentável.
A geração de resíduos sólidos nas diferentes atividades humanas causa
degradação ambiental, como a poluição do solo, das águas e do ar, além de riscos à saúde
pública, o que tem influenciado no dano à qualidade de vida da população. Com tudo
isso, o aumento na geração aliado ao descarte inadequado, tem colocado os resíduos
sólidos no foco dos debates entre governo, setor privado e a sociedade, fazendo parte
inclusive dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Organização das
Nações Unidas (ONU). Neste, a gestão dos resíduos sólidos colabora diretamente com o
ODS 12 - Consumo e Produção Sustentável, tendo como uma das metas estabelecidas,
reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução,
reciclagem e reuso. Além disso, contribuem também com o ODS 6 – Água Potável e
Saneamento.
A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) instituída em 2010, prevê uma
hierarquização na gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos, com ações que priorizem
a não geração, a redução, a reutilização, a reciclagem, o tratamento e a disposição
ambientalmente adequadamente (BRASIL, 2010).
O Plano Diretor Municipal de Desenvolvimento Urbano de Juazeiro do Norte,
Lei nº 2.572 de 08 de setembro de 2000, no parágrafo 5 que trata sobre as políticas básicas
de infra-estrutura e serviços públicos, menciona que deverá ser criado alternativa
adequada para destinação final do lixo, através de sistemas mistos de aterros sanitários e
implantação gradativa de coleta seletiva e reciclagem de materiais.
Já, o Código de Obras e Postura, Lei n° 2.571 de 08 de setembro de 2000, traz
alguns pontos relacionados ao gerenciamento dos resíduos sólidos, como a proibição para
depositar, dispor, descarregar, enterrar, infiltrar ou acumular resíduos em qualquer estado
da matéria, no solo ou subsolo do município. E que, o armazenamento, acumulação ou
destinação final de substâncias, produtos ou resíduos de qualquer natureza, no solo ou
subsolo, só poderá ser feita de forma tecnicamente adequada. Além disso, informa que é
proibida a queima ao ar livre de resíduos sólidos.

240
Contudo, apesar de 22 anos após a elaboração da lei do PDDU, e 12 anos da
PNRS, o município de Juazeiro do Norte, ainda não atendeu de fato a nenhuma das leis
instituídas. Na lei do PDM já se falava na implantação de coleta seletiva e reciclagem
como destinação dos resíduos sólidos, mesmo antes da PNRS, que traz essa temática
como um dos instrumentos para o correto gerenciamento dos resíduos. Todavia, Juazeiro
do Norte ainda não implementou efetivamente essa iniciativa, como também não faz a
correta disposição final desses resíduos, ocorrendo inclusive a queima a céu aberto, pela
população, prática proibida tanto pelo Código de Obras e Postura como pela PNRS.
Por outro lado, Juazeiro do Norte tem cumprido com algumas ações definidas
no atual PDM, como a responsabilidade do poder público municipal, pelo sistema de
coleta, tratamento e destinação dos resíduos sólidos urbanos, a obrigatoriedade da
incineração de resíduos de serviços de saúde, e a responsabilidade por parte dos geradores
de resíduos, excetuando os domiciliares, a gerenciá-los, nas etapas de coleta, transporte e
tratamento.
Apesar disso, é necessária uma atualização do atual PDM de Juazeiro do Norte,
pois além do atraso na revisão, o mesmo encontra-se defasado em alguns termos técnicos,
o que pode comprometer seu entendimento, além da necessidade da ampliação de ações
na gestão dos resíduos sólidos dentro do município, para que este fique acordado com a
atual Política Nacional de Resíduos Sólidos, assim como, com as ações atual mente
desenvolvidas pelo Governo do Estado no âmbito dos resíduos sólidos.

7.2 Metodologia

Os dados utilizados no diagnóstico dos resíduos sólidos do município de


Juazeiro do Norte, foram compilados de levantamentos bibliográficos acerca do tema,
além daqueles disponibilizados através de Ofícios enviados diretamente pela Autarquia
Municipal de Meio Ambiente (AMAJU) e à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e
Serviços Públicos (SEMASP) de Juazeiro do Norte.

241
Para além disso, foram realizadas visitas in loco, entre os dias 14 de fevereiro e
05 de março do ano corrente, para observação da veracidade de alguns dados, como
observação dos Ecopontos, dos Pontos de Entrega Voluntária (PEV), Associações de
Catadores de Material Reciclável e do Aterro Controlado. Nessa ocasião foram realizadas
entrevistas com os presidentes e/ou responsáveis pelos estabelecimentos sobre o
gerenciamento dos resíduos sólidos recebidos e registros fotográficos.
Para a confecção dos mapas de localização do Aterro Controlado e dos Pontos
de Entrega Voluntárias (PEV) de Juazeiro do Norte, foi realizado inicialmente uma
demarcação da área do perímetro que engloba tanto o aterro controlado, como o dos
pontos de localização de cada PEV existente no município, através do Software Google
Earth Pro, em seguida foi criado o vetor no formato KML e inserido no campo vetorial
do Software Qgis, sendo salvo posteriormente como Shapefile. Com uso dos demais
componentes Shapefile obtidos a partir do Portal IBGE (2022) foram apresentadas as
informações contidas nos mapas construídos na escala de 1:500m.

7.2.1 Conceitos Fundamentais E Amparo Legal


7.2.1.1 Resíduos Sólidos: definições e classificações

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) na norma NBR nº


10004:2004, define resíduos sólidos como:

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de


origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de
varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas
de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de
controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de
água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em
face à melhor tecnologia disponível .

Já a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) instituída pela lei n° 12.305


de 02 de agosto de 2010, faz uma diferenciação entre resíduos sólidos e rejeitos, onde cita
que:

242
Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante
de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se
propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos
ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

Rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades


de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e
economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a
disposição final ambientalmente adequada.

A NBR nº 10004:2004 da ABNT, esta classifica os resíduos sólidos conforme


os riscos potenciais à saúde humana e ao meio ambiente, classificando-os da seguinte
forma:

a) resíduos classe I – Perigosos: são aqueles que apresentam riscos à saúde


humana ou ao meio ambiente, possuem características de periculosidade,
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade;

b) resíduos classe II – Não perigosos;

– resíduos classe II A – Não inertes: resíduos que possuem propriedades como


biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água, e que não se
enquadram nas classificações de resíduos Classe I ou de resíduos Classe II B;

– resíduos classe II B – Inertes: aqueles que não têm nenhum de seus


constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de
potabilidade de água, exceto aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

Os resíduos sólidos podem ainda ser classificados de acordo com a origem,


segundo a PNRS (2010), em: resíduos domiciliares (originários de atividades domésticas
em residências urbanas); resíduos de limpeza urbana (originários da varrição, limpeza de
logradouros e vias públicas); resíduos sólidos urbanos (engloba os resíduos domiciliares
e de limpeza pública); resíduos agrossilvopastoris (gerados nas atividades agropecuárias
e silviculturais); resíduos de serviços de transportes (originários de portos, aeroportos,
terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira); resíduos de
mineração (gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios);
resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços; resíduos dos serviços

243
públicos de saneamento básico; resíduos industriais; resíduos de serviços de saúde e;
resíduos da construção civil.
Os Resíduos da Construção Civil (RCC), segundo a Resolução CONAMA
307/2002, são:

Os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de


construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais
como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais,
resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas,
pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc,
comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.

Esses são ainda, segundo o CONAMA 307/2002, classificados em 4 classes: A


(resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados: de construção, demolição,
reformas e reparos de pavimentação, de edificações, e de processo de fabricação e/ou
demolição de peças pré-moldadas em concreto); B (resíduos recicláveis: plásticos,
papel/papelão, metais, vidros, madeiras); C (resíduos para os quais não foram
desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem/recuperação); D (resíduos perigosos: tintas, solventes, óleos, etc).

Os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) são regulamentados pela Resolução da


Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Nº
222/2018, e esta considera geradores desse tipo de resíduos todos os serviços cujas
atividades estejam:

Relacionadas com a atenção à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de


assistência domiciliar; laboratórios analíticos de produtos para saúde;
necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de
embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina
legal; drogarias e farmácias, inclusive as de manipulação; estabelecimentos de
ensino e pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses;
distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores de
materiais e controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento
à saúde; serviços de acupuntura; serviços de piercing e tatuagem, salões de
beleza e estética, dentre outros afins.

Os RSS são diferenciados em 4 grupos: A (resíduos com a possível presença de


agentes biológicos); B (resíduos contendo produtos químicos); C (rejeitos radioativos); D

244
(resíduos equiparados aos resíduos domiciliares); E (resíduos perfurocortantes ou
escarificantes) (RDC 222/18).

7.2.1.2 Legislação dos Resíduos Sólidos

O Brasil possui uma estrutura legal que orienta e regula a gestão dos resíduos
sólidos através de leis federais, estaduais e municipais, decretos, resoluções, normas
técnicas, instruções normativas e portarias, como apresentado alguns exemplos abaixo
(Quadro 29).

Quadro 29: Legislações relativas aos Resíduos Sólidos.

Legislação no âmbito Federal


- Lei Nº 9.795/1999 - Política Nacional de Educação Ambiental.
- Lei Nº 11.107/2005 - Normas de Contratação de Consórcios Públicos.
- Lei Nº 12.305/2010 - Política Nacional de Resíduos Sólidos.
- Lei Nº 14.026/2020 - Marco Legal do Saneamento Básico.
- Decreto Nº 10.936/2022 - Regulamenta a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Legislação no âmbito Estadual


- Lei Nº 12.225/1993 - Considera a Coleta Seletiva e a Reciclagem do Lixo como Atividades Ecológicas
de Relevância Social e de Interesse Público no Estado.
- Lei Nº 12.944/1999 – dispõe sobre o Descarte de Pilhas de até 9 (nove) volts, de Baterias de Telefone
Celular e de artefatos que contenham metais pesados e dá outras providências.
- Lei Nº 16.077/2016 – define normas para a coleta e descarte adequado das lâmpadas de mercúrio de
baixa pressão.
- Lei Nº 16.032/2016 - Política Estadual de Resíduos Sólidos no âmbito do Estado do Ceará.
- Lei Nº 16.309/2017 – Dispõe sobre Medidas de Coleta e Reciclagem de Óleos e Gorduras usados, de
origem vegetal e animal de uso culinário e seus resíduos a fim de minimizar os impactos ambientais que
seu despejo inadequado pode causar.
- Lei Nº 17.377/2020 - Programa Auxílio Catador.

Legislação no âmbito Municipal


- Lei Orgânica do Município de Juazeiro do Norte de 1990.
- Lei Nº 5.207/2021 - Reconhece de Utilidade Pública a Associação Kariri Ambiental Metropolitano dos
Recicladores de Resíduos Sólidos JN.
- Lei N° 5.239/2022 - Selo Empresa Amiga do Meio Ambiente do Município de Juazeiro do Norte.
- Decreto Nº 660/2021 - Dispõe sobre a afetação de área pública destinada ao funcionamento da Central
Municipal de Resíduos de Juazeiro do Norte.

Resoluções e Normas Técnicas


- Conama Nº 5/1993 - Dispõe sobre o gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos,
terminais ferroviários e rodoviários.
- Conama Nº 275/2001 - Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado
na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas da coleta seleti va.

245
- Conama Nº 307/2002 - Diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos Resíduos da Construção
Civil.
- Conama Nº 316/2002 - Procedimentos e Critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento
térmico de resíduos.
- Conama Nº 358/2005 - Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos Resíduos dos Serviços de
Saúde.
- Conama Nº 404/2008 - Estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro
sanitário de pequeno porte de resíduos sólidos urbanos.
- Conama Nº 416/2009 - Dispõe sobre a prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis
e sua destinação ambientalmente adequada.
- RDC Nº 222/2018 - Regulamenta as Boas Práticas de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de
Saúde.
- ABNT - NBR N° 10004:2004 - Resíduos Sólidos – Classificação
- ABNT NBR Nº 12808:2016 – Resíduos de Serviços de Saúde – Classificação.
Fonte: Elaborado pela equipe de revisão do PDM/JN

7.3 Diagnóstico Dos Resíduos Sólidos De Juazeiro Do Norte

7.3.1 Geração de Resíduos Sólidos

Em relação aos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), segundo a ABRELPE (2021),


o Brasil gerou cerca de 82,5 milhões de toneladas/ano, o que equivale a 225.965 toneladas
diárias. Ainda segundo esse relatório, a região Nordeste junto com a Norte, ainda deixam
de coletar cerca de 20% dos resíduos gerados.
Juazeiro do Norte não apresenta dados recentes sobre o diagnóstico dos RSU
gerados no município. O último dado foi gerado em 2016, quando a Prefeitura Municipal
de Juazeiro do Norte, por meio da Autarquia Municipal de Meio Ambiente (AMAJU)
solicitou o Diagnóstico de Resíduos Sólidos do município. Na época, o projeto foi
realizado pela Prática Consultoria em parceria com a EnviTeSB (CEARÁ, 2017).
Sendo assim, fazendo-se uma estimativa baseada nos dados da ABRELPE
(2021), onde afirma que o Nordeste foi responsável por 24,7% do total de RSU gerados
no país, correspondendo a uma geração per capita de 0,971kg/hab/dia, Juazeiro do Norte
geraria então, em torno de 270,19 ton/dia.

246
7.3.2 Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos

Em se tratando dos tipos de resíduos gerados, ou seja, a composição


gravimétrica, mais uma vez os resultados disponibilizados pela Autarquia AMAJU
(2022) são baseados numa estimativa relacionada com dados de 2016 (Quadro 30).

Quadro 30: Composição gravimétrica dos resíduos sólidos Juazeiro do Norte-CE.

TIPOLOGIA MASSA (TON/DIA) MASSA (%)


PLÁSTICO GERAL 25,48 9,43
PAPEL/PAPELÃO 24,13 8,93
TÊXTIL 11,13 4,12
METAL EM GERAL 4,11 1,52
MADEIRA 0,73 0,27
VIDRO 1,35 0,50
BORRACHA 1,92 0,71
TETRA PAK 2,67 0,99
RESÍDUOS CONSTRUÇÃO CIVIL - RCC 39,37 14,57
ELETRÔNICOS 1,08 0,40
ÓLEO DE COZINHA 0,03 0,01
ALIMENTO ORGÂNICO 69,74 25,81
PODA 27,48 10,17
BATERIAS 0,05 0,02
ÓLEO LUBRIFICANTE 0,03 0,01
REJEITOS 59,14 21,89
RESÍDUOS SERVIÇOS DE SAÚDE - RSS 1,76 0,65
Fonte: AMAJU/2022

O estudo da composição gravimétrica dos resíduos sólidos dentro de um


município é extremamente importante para se conhecer os tipos de resíduos gerados e
escolher o melhor tratamento e/ou disposição final para estes. Essa composição pode
variar em função de diferentes fatores, como o número de habitantes do município, o nível
educacional da população, o poder aquisitivo e o nível de renda familiar, os hábitos e
costumes da população, as condições climáticas e sazonais e a industrialização de
alimentos (VIEIRA et al., 2000).
Diante disso, é fundamental que o município tenha dados mais atuais sobre essa
composição, ainda mais, nos últimos dois anos, devido às condições adversas impostas

247
pela pandemia do novo Coronavírus, o qual pode ter influenciado na composição
gravimétrica apresentada.
No Gráfico 1, elaborado a partir do Quadro 30, podemos observar que a maior
geração é de resíduos orgânicos (alimento orgânico – 26%), seguido pelos rejeitos (22%),
RCC (resíduos da construção civil – 15%) e podas (10%). Os plásticos e os
papéis/papelões aparecem com 9%, e os resíduos têxtil com 4%. Os demais tipos de
resíduos aparecem com 1% ou abaixo disso, como pôde ser visualizado no Quadro 30.

Gráfico 1: Estimativa da Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos Juazeiro do Norte - Ce para o
ano de 2022.
Fonte: AMAJU, 2022.

Contudo, apesar de alguns tipos de resíduos aparecerem como pouca geração,


isso não elimina a importância de conhecer onde esses resíduos são gerados e como estão
sendo gerenciados, pois muitos deles são considerados resíduos perigosos. Além disso, é
preciso lembrar que esses dados são estimativas e não contemplam a totalidade dos
resíduos gerados pelos munícipes.

248
7.3.3 Logística Reversa
A periculosidade dos RS está descrita tanto na PNRS como nas normas ABNT,
onde esta última cita que a periculosidade está relacionada aos riscos potenciais ao meio
ambiente e à saúde pública (ABNT, 2004). Por isso, os resíduos de óleos lubrificantes,
baterias e eletrônicos que aparecem na composição gravimétrica (Quadro 31) com uma
baixa geração, requerem de atenção especial por serem considerados resíduos perigosos,
e segundo a PNRS (2010), precisam participar dos Sistemas de Logística Reversa. Este,
é um “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto
de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos
resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros
ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada” (PNRS, 2010).
Ainda segundo a PNRS (2010), cabe aos fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes de produtos como: agrotóxicos, seus resíduos e
embalagens; pilhas, baterias, telefones celulares e acessórios; pneus; óleos lubrificantes,
seus resíduos e embalagens; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio ou de mercúrio, e
de luz mista; e eletrodomésticos e produtos eletrônicos, tomar todas as medidas
necessárias para implementar e operacionalizar o sistema de logística reversa de forma
independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos.
Segundo a AMAJU (2022), atualmente essa Autarquia faz o acompanhamento
da logística reversa de pneus inservíveis, eletroeletrônicos e lâmpadas, sendo os
Ecopontos distribuídos de acordo com o Quadro 31.

Quadro 31: Ecopontos da Logística Reversa de Juazeiro do Norte-Ce. Ano 2022.

RESÍDUOS PONTOS LOCALIDADE


ECOPONTO PNEUS Ecoponto de Pneus Inservíveis Rua do Seminário s/n-
Centro. Antiga Usina dos
Bezerras
ECOPONTO Associação Kariri Ambiental Rua do Seminário nº460,
ELETROELETRÔNICOS E Metropolitano dos Recicladores Centro
LÂMPADAS de Juazeiro do Norte
ECOPONTO Associação Engenho do Lixo Avenida Paulo Maia
ELETROELETRÔNICOS nº1500- São José

249
ECOPONTO LÂMPADAS Atacadão AS Av. Padre Cícero, nº4385,
São José

ECOPONTO LÂMPADAS Assaí atacadista Av. Padre Cícero, nº4400,


São José

ECOPONTO DE LÂMPADAS Carajás - Home Center Rua Moacir Gondin Locio,


nº1140, São José

Fonte: Elaborado pela equipe de revisão do PDM/JN

Ainda segundo a AMAJU (2022), os três ecopontos localizados no Atacadão,


Assaí e Carajás são uma iniciativa da RECICLUS (Figura 69) e estão em negociação com
a mesma empresa para a ampliação destes. A RECICLUS é a associação responsável por
operacionalizar a logística reversa das lâmpadas que contém mercúrio em sua composição
e disponibiliza Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) em estabelecimentos comerciais em
todo Brasil, para que pessoas físicas possam descartar suas lâmpadas usadas para
posterior coleta, transporte e destinação correta (RECICLUS, 2022).

Figura 69: Ponto de Entrega Voluntária (PEV) da Reciclus em um supermercado em Juazeiro do Norte-
Ce. Ano 2022.

Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN

250
Segundo o presidente da Associação Kariri Ambiental Metropolitano dos
Recicladores de Juazeiro do Norte, senhor Francisco Alvino, em entrevista no dia 04 de
março do corrente ano, a associação recebe em média de 4 a 5 ton/mês de resíduos
eletroeletrônicos e lâmpadas. As lâmpadas são coletadas por uma empresa de Belo
Horizonte, quando alcançada a marca de 25.000 unidades, e os eletroeletrônicos, são
separados os plásticos das placas eletrônicas. Os plásticos são enviados
para uma empresa localizada no município de Crato-Ce e as placas eletrônicas
enviadas para o estado de São Paulo. Já os pneus, segundo o presidente, também são
coletados na associação, em uma média de 40 a 50 ton/mês, sendo estes recolhidos pela
Reciclanip por meio do programa da logística reversa das empresas fabricantes de pneus
do Brasil (Figura 70).

A C

251
B D

Figura 70: Ecopontos de recebimentos de pneus inservíveis (A, B) e resíduos eletroeletrônicos (C, D) em
Juazeiro do Norte-Ce. Ano 2022.
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN

Os produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro,


também devem participar dos sistemas de logística reversa, considerando,
prioritariamente, o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos
resíduos gerados (PNRS, 2010).
Com isso, é possível observar algumas ações pontuais de logística reversa de
embalagens em Juazeiro do Norte, como o da empresa Boticário que tem um PEV no
supermercado Assaí Atacadista (Figura 71).

252
Figura 71: Ponto de Entrega voluntária (PEV) de embalagens da empresa Boticário em Juazeiro do Norte-
Ce. Ano 2022.
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN

Uma outra iniciativa do setor privado é a coleta de óleo de cozinha realizada pela
empresa Sabão Juá. Segundo o site da empresa (2020), o projeto funciona desde 2016 e
já recolheu quase 38.000,00 Kg de óleo de fritura e similares. Cada litro de óleo
arrecadado é revertido em benefício financeiro para instituições que executam projetos
de relevância social na região do Cariri.

7.3.4 Reciclagem e Coleta Seletiva

Em relação aos materiais recicláveis como plásticos, papel, papelão, alumínio,


vidro etc., parte do trabalho de coleta desses resíduos fica a cargo das associações de
catadores de materiais recicláveis e dos catadores autônomos.
A PNRS (2010) incentivou a reciclagem e a coleta seletiva, tendo esta última
segundo a Abrelpe (2020), um aumento expressivo no Brasil, saindo de 3.152 municípios
em 2010, para 4.070 municípios com algum tipo de iniciativa de coleta seletiva em 2020.
Um dos atores mais importantes para esse crescimento foram os catadores de materiais

253
recicláveis, fundamentais para a reinserção dos materiais recicláveis no ciclo produtivo a
partir da coleta seletiva.
Atualmente, existem 04 (quatro) associações legalizadas e em processo de
regularização de suas licenças, e 01 (um) grupo de catadores organizados (Quadro 32),
totalizando 400 (quatrocentos) catadores de materiais recicláveis associados. Já em
relação aos catadores autônomos, estima-se cerca de 100 (cem) catadores circulando no
município de Juazeiro do Norte (AMAJU, 2022).
Quadro 32: Associações e Grupo de catadores de material reciclável em Juazeiro do Norte-Ce. 2022.

Fonte: AMAJU/2022

A Associação de Catadores para um Brasil Sustentável (ACPBRAS), é a única


que faz o trabalho de catação dentro do aterro controlado. Os catadores são divididos em
02 (dois) grupos de trabalho, um no turno da manhã, no horário de 05h às 17h e o outro
no turno da noite, de 17h às 00h. Todo o material é separado e vendido no próprio local.
Já, para a associação Engenho do Lixo, a prefeitura subsidia 100 L/dia de combustível
para os caminhões, segundo a AMAJU.
ASSOCIAÇÃO REGULARIZAÇÃO
Associação Engenho do Lixo Sim
Associação Catadores e Catadoras de Material Reciclável de Juazeiro Sim
do Norte - ACCJ
Associação Kariri Ambiental Metropolitano dos Recicladores de Sim
Resíduos Sólidos – JN
Associação de Catadores para um Brasil Sustentável – ACPBRAS. Sim
GRUPO DE CATADORES REGULARIZAÇÃO
CooperMaravilha Não
De acordo com a AMAJU (2022), a coleta seletiva no município de Juazeiro do
Norte existe, todavia, esta acontece de forma descentralizada e desorganizada, sendo
realizada pelos catadores autônomos, onde atualmente somente dois condomínios
residenciais possuem coleta porta a porta com o acompanhamento do município, sendo
eles, o condomínio Bezerra de Menezes e o edifício Santiago Residence, ambos
localizados no bairro São José. Apesar da Autarquia afirmar que faz o acompanhamento
dessa coleta, não foi informado a quantidade de resíduos coletados, e nem os tipos.

254
As associações de catadores coletam os resíduos gerados por pequenos e grandes
geradores, como residências, de porta em porta, de forma descentralizada, pequenos
comércios e prestadores de serviços, Universidades, Institutos, indústrias, dentre outros
estabelecimentos geradores que aceitem destinar seus resíduos para essas entidades. Não
obstante, também funcionam como PEVs, recebendo material da comunidade
circunvizinha a sua localidade, bem como de outras regiões da cidade. A AMAJU estima
que 124,5 ton/mês de resíduos recicláveis sejam coletados no município de Juazeiro do
Norte.

Figura 72: Localização dos Pontos de Entrega Voluntária (PEV) disponibilizados pela prefeitura de
Juazeiro do Norte-Ce. Ano 2022.
Fonte: Equipe de Revisão do PDM/JN

Em relação aos PEVs, a prefeitura disponibiliza 04 (quatro) PEVs instalados em


ambientes públicos, a saber: Praça Padre Cícero, Praça do Socorro, Praça do Mateu e na
sede da AMAJU (Figura 72). Porém, o equipamento instalado na Praça Padre Cícero não
possuía informações claras para a população sobre o que poderia ser dispostos ali, como
mostrado no registro do dia 18 de fevereiro de 2022 (Figura 73).

255
Figura 73: Ponto de Entrega Voluntária (PEV) de resíduos recicláveis localizado na Praça Padre Cícero
em Juazeiro do Norte-Ce. Ano 2022.
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN

Durante as visitas in loco no dia 04 de março de 2022, foi observado que não
havia, na Praça do Mateu, a disponibilidade do PEV. Contudo, em contato com os
responsáveis na AMAJU, foi informado que o funcionamento do PEV é somente nos dias
de segunda, quarta e sexta a tarde, e que este ainda estava no início de sua implantação,
sendo a associação ACCJ a responsável pelo local.
Conforme a AMAJU, os materiais dispostos pela população nos PEVs
localizados na Praça Padre Cícero, Praça do Socorro, Praça do Mateu e na sede da
AMAJU, são coletados pelos catadores associados residentes nas proximidades. A
frequência de coleta varia de acordo com a localidade. No caso dos PEVs localizados nas
praças, a frequência segue a rota natural do catador, enquanto o PEV localizado na
AMAJU, é conforme a demanda.
Também, durante as visitas in loco, foram encontrados outros locais de
recebimento de resíduos recicláveis, como o do seu Dimar. Este fica localizado na avenida

256
Castelo Branco S/N. Segundo o responsável pelo local, eles trabalham há 14 anos
comprando materiais dos catadores autônomos, e da população do entorno. Os principais
materiais recebidos são o plástico, ferro e vidro (garrafas de cachaça), numa média de 800
kg/dia. Os plásticos são vendidos para a empresa Arplast, localizada em Juazeiro do
Norte, e os ferros e vidros são vendidos para uma empresa de Fortaleza. Vale destacar,
que o local não funciona como associação, e segundo um funcionário, eles preferem
assim, pois ganham mais.
A Usina Recicle, localizada na avenida Prefeito Carlos Cruz nº 1415, no bairro
Franciscanos, também compra material de catadores autônomos e da população. Segundo
o responsável pelo local, no dia da visita (04/03/22), a atividade é licenciada e possui
CNPJ. Os materiais recebidos são papel, vidro (garrafas de cachaça), PET, latas de
alumínio, ferro, plásticos, tendo uma estimativa de recebimento de aproximadamente
3.000 kg/mês de PET, e de papel/papelão de 4.000 a 5.000 kg/mês. Todo esse material é
vendido para a empresa Arplast.
Vale ressaltar que para os resíduos de vidro, atualmente, somente as garrafas sem
defeitos ou avarias são coletadas e tem comercialização no âmbito municipal. Os resíduos
de vidro quebrado, ainda não possuem um Ecoponto específico para a sua devida
destinação. A AMAJU informou que na região não tem empresas que fazem essa coleta
ou compra dos vidros quebrados, sendo a mais próxima localizada na cidade de Fortaleza,
Ceará. No entanto, esta empresa somente faz a coleta a partir de 30.000 quilos,
necessitando de uma área com condições específicas para armazenamento desse material.
Logo, a ausência de um local adequado dificultou as negociações com a empresa
especializada nesse tipo de material para fazer a coleta e destinação correta.

7.3.5 Resíduos de Serviços de Saúde

No que se refere aos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), Juazeiro do Norte


conta hoje, com uma empresa de incineração, a CTI Ambiental - Coleta, Transporte e

257
Incineração Ltda24. De acordo com a AMAJU, todas as empresas licenciadas pela
Autarquia ou pela SEMACE, geradoras de RSS classificados como perigosos, destinam
seus resíduos para a referida empresa. E ainda que o município tem contrato com esta
empresa para que todo RSS municipal seja incinerado. Já, os demais resíduos, aqueles
equiparados aos não perigosos, são destinados ao aterro sanitário privado ou para a coleta
pública municipal, a depender do porte da empresa.
Não foi possível obter até o fechamento deste documento dados sobre a
quantidade de RSS gerados pelo município de Juazeiro do Norte.

7.3.6 Disposição Final dos Resíduos Sólidos

No tocante à disposição final dos RS, o município de Juazeiro do Norte destinava


os RSU para o lixão municipal. Contudo, a partir de 2021 a prefeitura começou a realizar
algumas melhorias na área de disposição dos resíduos e na operação, como por exemplo,
o cercamento da área, o controle da entrada dos resíduos, a organização dos catadores
locais, o recobrimento dos resíduos, o que traz como vantagem uma pequena diminuição
dos impactos gerados por essa disposição inadequada, tornando essa área em ater ro
controlado.
O aterro controlado fica localizado na área rural do município, na Rodovia Padre
Cícero CE-060, S/N, Vila Padre Cícero, e tem 60 ha de área ocupada. A via de acesso é
pavimentada e está em boas condições. O local é todo cercado com arame farpado, com
a frente murada, portão de entrada e guarita. Porém, na entrada não há pesagem dos
veículos para controle da quantidade de resíduos recebidos e todo material é descartado
diretamente no solo sem qualquer tipo de proteção ou impermeabilização. Foi observado
durante a visita in loco, a presença dos catadores, na sua grande maioria formados por
homens, o qual fazem a catação manual dos resíduos recicláveis, muitos sem nenhum tipo
de equipamento de proteção individual (EPI), além da presença de animais, como
cachorros, cavalos, urubus e garças (Figura 75).

24Localizada na avenida do agricultor, com sede administrativa na rua Catulo da Paixão Cearense, 175 –
Triângulo, Juazeiro do Norte – Ce.

258
Figura 74: Localização do Aterro Controlado do município de Juazeiro do Norte-Ce. Ano 2022.
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN

259
B

260
C

Figura 75: Aterro Controlado do município de Juazeiro do Norte-Ce. (A – Entrada, B e C – Interior do


aterro). Ano 2022.
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN

Atualmente, de acordo com a AMAJU (2022), o aterro controlado recebe os


RSU (resíduos domiciliares e de limpeza urbana), além dos resíduos da construção civil
(RCC - Classe A) e os de poda, resultantes da manutenção de parques, jardins e áreas
verdes. Os RCC recebidos na área de disposição, servem para a revitalização das vias de
acesso e recobrimento da massa de resíduos. Já os resíduos de poda, são dispostos na área
interna do aterro, ocupando uma área de 0,31 ha (AMAJU, 2022). Toda a operação da
área do aterro controlado é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e Serviços Públicos (SEMASP).
É importante frisar que apesar da destinação atual dos RSU de Juazeiro do Norte
estar sendo realizado em um aterro controlado, esta ainda não é a destinação final
ambientalmente correta. Para estar em concordância com a PNRS, a destinação dos RSU

261
deveria ser em aterro sanitário. Pois esta, é uma obra de engenharia projetada sob critérios
técnicos de forma que os impactos provocados pela resíduos sólidos no meio ambiente e
na saúde pública sejam minimizados.
O município de Juazeiro do Norte dispõe de um aterro sanitário privado, Revert
Soluções Ambientais. Este fica localizado na Rodovia 060, 2167, Sítio Caras Do Massapê
- Km 02. Contudo, não foi possível obter informações sobre a quantidade de resíduos
recebidos, e nem quais empresas disponibilizam seus resíduos para o aterro sanitário.

7.3.7 Limpeza Pública

Em relação a limpeza pública, os dados apresentados neste texto estão em


conformidade com a documentação do Projeto Básico de Limpeza Pública (PBLP) do
município de Juazeiro do Norte apresentado pela SEMASP, e que serve como uma
diretriz para as empresas contratadas para a realização desse serviço.
Os serviços englobados pela limpeza pública de acordo com o (PBLP) são: a
varrição de vias e logradouros públicos, a capina e roçagem das vias e logradouros
públicos, a coleta e transporte dos resíduos sólidos domiciliares e públicos, e coleta e
transporte de resíduos da construção civil, pinturas de guias e poda.
Os resíduos da varrição de vias e logradouros públicos são aqueles compostos
por areia, terra, folhas, bitucas de cigarro, fezes de animais e quaisquer resíduos
acumulados nas vias públicas. No que se refere a esses serviços, Juazeiro do Norte foi
atendido desde julho de 2021 até fevereiro de 2022 pela empresa Revert Soluções
Ambientais. Segundo informações do site da prefeitura, a contratação tinha um valor de
R$ 2,4 milhões mensais e a empresa seria responsável pelos serviços de coleta do lixo
domiciliar, poda de árvores, capinação e pintura de meio-fio (PREFEITURA DE
JUAZEIRO DO NORTE, 2021). Ainda de acordo com a SEMASP, uma nova empresa
está assumindo os serviços de limpeza pública no município a partir de março de 2022.

262
Segundo o PBLP, a população urbana beneficiada pelos serviços de limpeza
pública será de 278.264 habitantes, pela estimativa do censo do IBGE (2021). A
quantidade de RSU gerados em Juazeiro do Norte é de 380.139,26 kg/dia.
Para a operação da coleta e transporte dos 7.881,43 ton/mês de resíduos
domiciliares, a empresa utilizará 10 (dez) caminhões compactadores, adotará dois turnos
de trabalho, um total de 80 (oitenta) coletores e 20 (vinte) motoristas.
Já os resíduos sólidos de construção e demolição, segundo o PBLP, 1.468,57
ton/mês serão coletados e transportados em 05 (cinco) caminhões basculantes. Para isso,
serão necessários a contratação de 15 (quinze) coletores e 05 (cinco) motoristas para 01
(um) turno de trabalho.
A coleta de resíduos sólidos especiais, será realizada por 03 (três) caminhões
poliguindaste em 01 (um) turno de trabalho. O total de contêineres adotado será de 104
unidades.
Outra atividade realizada será a coleta seletiva de materiais recicláveis. Os dados
admissíveis de acordo com PBLP, é de um total de 03 (três) coletores e 02 (dois)
caminhões do tipo carroceria para a realização deste trabalho. Contudo, não foi informado
a estimativa da quantidade do material coletado, nem os locais de coleta.
No que concerne à varrição de vias e logradouros públicos do município de
Juazeiro do Norte, a área total mensal a ser varrida é de 6.624.222,86 m 2/mês. Com uma
capacidade de variação por pessoa de 1.500 m 2, o número ideal de varredores será de 170
(cento e setenta), e 08 (oito) auxiliares de campo.
Oitocentos e trinta e três metros quadrados (833,091 m 2) é a área a capinar no
perímetro do município de Juazeiro do Norte. Adotando-se uma produção de
120m2/pessoa, será necessário um total de 70 (setenta) funcionários, sendo 03 (três)
auxiliares de campo. Para os serviços de pintura de guias, este será realizado em 50% do
perímetro urbano atendido, e precisará de 25 trabalhadores. A poda arbórea será realizada
por 21 trabalhadores em um total de árvores por mês de 10.996,67.

263
7.3.8 Consórcio

O município de Juazeiro do Norte, está participando do Consórcio para Aterro


de Resíduos Sólidos COMARES – UC - Unidade Crato, integrado pelos municípios de
Altaneira, Barbalha, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Jardim, Missão Velha, Nova Olinda e
Santana do Cariri, tendo como primeiro ano de concessão o ano de 2022 (COMARES -
ESTUDOS DE ENGENHARIA, 2021).
Segundo o documento disponibilizado na internet (COMARES - ESTUDOS DE
ENGENHARIA, 2021), os serviços de manejo de RSU indicados para os municípios
participantes dos consórcios são:

• Implantação, operação e manutenção de Central de Tratamento Regional de


Resíduos (CTR), incluindo: Unidade de Triagem Automatizada; Unidade de
Compostagem Aeróbia; Aterro Sanitário Regional.
• Implantação, operação e manutenção de 04 (quatro) Estações de Transferência de
Resíduos (ETR).
• Implantação, operação e manutenção de 10 (dez) Unidades de Compostagem
Aeróbia para os resíduos verdes e de feiras livres;
• Implantação de 10 (dez) Galpões de Triagem Manual de materiais recicláveis.
• Destinação final temporária em aterro privado.

O Governo do Estado do Ceará em 2017, entregou aos municípios cearenses os


Planos das Coleta Seletiva por Bacia, e nesse documento foi estabelecido a criação das
Centrais Municipais de Resíduos (CMR), a qual é uma área de manejo para resíduos
verdes, volumosos, galpão para resíduos secos e área para recepção de resíduos da
logística reversa, área para operação de resíduos da construção civil, uma unidade de
compostagem para resíduos orgânicos.
No âmbito desse projeto, com o objetivo de viabilizar a implantação das CMRs,
o consórcio Comares-UC considera que os Galpões de Triagem Manual e as Unidades de

264
Compostagem Aeróbia de resíduos verdes e feiras livres sejam realizados dentro dessas
áreas já escolhidas.
A afetação do terreno para a instalação da CMR foi realizada por meio de
Decreto Municipal (Nº 660/2021), e corresponde a uma área de 32.123,73 m², e está
localizada no Loteamento Juá Ville, no bairro Romeiro Aureliano Pereira, limitada ao sul
pela Rua Maria de Lourdes Fernandes Barbosa (Comares - Estudos de Engenharia, 2021).
De acordo com o Comares - Estudos de Engenharia (2021), Juazeiro do Norte
terá um galpão de triagem manual de 2.000 m²; uma unidade de compostagem aeróbia
para os resíduos de poda, capina e de feiras livres numa área estimada de 21.000 m 2; uma
unidade de triagem automatizada dos resíduos; um compostagem aeróbia de processo
natural para o tratamento da matéria orgânica segregada na unidade de triagem
automatizada; e ainda, balanças rodoviárias para pesagem dos resíduos na CMR e na
CTR, e por fim, não possuirá estação transferência de resíduos, enviando seus resíduos
diretamente para a CTR.

7.4 Problemas, desafios e potencialidades

265
7.5 Considerações

Com base nas informações coletadas neste diagnóstico é possível inferir sobre
aspectos negativos e positivos da gestão de RSU no município de Juazeiro do Norte.
Sendo os principais negativos evidenciados:

• A ausência de dados atualizados sobre os resíduos sólidos urbanos gerados no


município;
• A ausência de dados e mecanismos de monitoramento referentes a geração de
resíduos da construção civil, assim como, a inexistência de tratamento
ambientalmente adequado para esses resíduos;
• A ausência de dados e mecanismos de monitoramento referentes a geração de
resíduos de serviços de saúde;

266
• A ausência de dados reais sobre os serviços da limpeza urbana, pois, para esse
diagnóstico foram utilizados dados estimados do Projeto Básico de Limpeza
Pública do Município;
• A disposição final dos resíduos sólidos gerados no município ainda, apesar das
melhorias, de forma inadequada. Para mais, que a coleta seletiva não está
totalmente implantada e organizada, fazendo como que muitos desses resíduos
cheguem ao aterro controlado;
• A dificuldade de obtenção de informações sobre o gerenciamento dos resíduos
sólidos junto aos órgãos públicos e ao setor privado que atuam no município.

Por outro lado, também foi possível evidenciar aspectos positivos sobre a gestão
dos RSU em Juazeiro do Norte, sendo estes:

• A atuação de empresas de logística reversa no município;


• A instalação de Ecopontos para recebimento de resíduos perigosos;
• A instalação de equipamentos de Ponto de Entrega Voluntária para recebimento
de resíduos sólidos recicláveis, apesar de ser apenas em 4 bairros do município;
• A presença e regularização das Associações de Catadores de Materiais
Recicláveis no município;
• Auxílio e incentivos municipais às Associações de Catadores de Materiais
Recicláveis no município;
• A presença no município de uma planta de incineração para o tratamento dos
Resíduos de Serviços de Saúde;
• A transformação do lixão municipal em aterro controlado,
• O funcionamento do sistema de coleta e limpeza urbana;
• A participação do município no Consórcio Municipal para Aterro de Resíduos
Sólidos COMARES – UC - Unidade Crato.

O Plano de Coletas Seletivas Múltiplas da Bacia do Salgado junto à concessão


de Juazeiro do Norte ao Consórcio Municipal, indica o caminho a ser seguido para que o

267
município atenda as legislações vigentes, e ofereça a população serviços mais adequados
e ambientalmente seguros, o que implica numa melhoria da qualidade de vida e da
preservação do meio ambiente.
Em contrapartida, o município precisa ter conhecimentos mais fidedignos da
quantidade, dos tipos e locais que esses resíduos são gerados, permitindo escolher as
estratégias mais adequadas para todas as etapas do gerenciamento.

8 ZONEAMENTO AMBIENTAL

Brenda Tamires Conceição e Sá25


Clarice Santana26

8.1 Aspectos Introdutórios

O diagnóstico ambiental de zoneamento ambiental consiste em etapa


fundamental para compor a revisão do Plano Diretor de Juazeiro do Norte. Esse
diagnóstico visa complementar os dados de diagnóstico do Eixo Ambiental,
compreendendo o levantamento das áreas de conversação e interesse ambiental e
ecológico existentes no município e resultará na análise das informações e dados apurados
para, posteriormente, servirem de base para as análises prospectivas e tendências.

8.2 Metodologia

Os dados utilizados no diagnóstico do zoneamento ambiental de Juazeiro do


Norte foram adquiridos durante o período de 2021 e 2022, através do levantamento
bibliográfico de legislações ambientais e urbanísticas vigentes e informações coletadas

25 Engenheira ambiental, Mestre em Desenvolvimento regional e sustentável.


26 Engenheira ambiental.

268
junto aos órgãos públicos municipais, em especial, a Autarquia Municipal de Meio
Ambiente de Juazeiro do Norte (AMAJU) e a Secretaria Municipal de Infraestrutura
(SEINFRA) para leitura e análise, bem como de artigos científicos publicados em
periódicos nacionais e internacionais e teses e dissertações disponibilizadas nos websites
dos respectivos programas de pós-graduação das universidades.
Priorizou-se aquelas pesquisas científicas que abordassem teorias, conceitos,
diagnósticos e análises voltadas às seguintes temáticas: áreas verdes urbanas, zonas
especiais de Juazeiro do Norte, áreas de proteção ambiental, áreas de conservação
ambiental e temas semelhantes, tendo como área objeto de estudo o município de Juazeiro
do Norte e/ou áreas circunvizinhas e contextos semelhantes. Utilizou-se também dados
disponibilizados no website do Ministério do Meio Ambiente (MMA), do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Sistema de Cadastro Ambiental Rural
(CAR).

8.3 Diagnóstico

8.3.1 Zonas especiais de Juazeiro do Norte: Áreas verdes urbanas existentes

De acordo com a LEI Nº 2.570, art. 57 do Plano Diretor de Desenvolvimento


Urbano do município de Juazeiro do Norte do ano de 2000, ficou estabelecido as seguintes
zonas especiais, a ZE1 – Parque Central; ZE2 – Parque Ecológico das Timbaúbas; ZE3 –
Parque do Rio Salgadinho; ZE4 – Aeródromo; e ZE5 – Área de Preservação da Serra do
Catolé/Horto. (JUAZEIRO DO NORTE, 2000).
Essas zonas são definidas como espaços que constituem:

Art. 55 - [...] áreas para implantação de equipamentos institucionais, públicos


ou privados, de grande porte, cujo raio de abrangência extrapole a Cidade de
Juazeiro do Norte e que, por suas características físicas relevantes e peculiares,
estejam sujeitas a normatizações específicas das esferas federal, estadual ou
municipal.
Art. 56 [...] áreas sensíveis e de interesse ambiental, conformadas pelos parques
urbanos, pelas áreas de preservação ecológica, em suas várias modalidades,
pelas faixas de preservação e proteção de todos os recursos hídricos incidentes
no território da Cidade de Juazeiro do Norte.

269
[...]

A ZE1, antigo “Parque Central”, localizada no centro da cidade, foi alterada em


2014, através da Lei Municipal nº 4.317, para Zona Comercial e de Serviços Especiais
(ZCSE). Atualmente ela se encontra totalmente urbanizada. Enquanto a ZE4, compreende
o Aeroporto Regional de Juazeiro do Norte - Orlando Bezerra de Menezes, tratando-se
de uma área para fins institucionais.
Destas zonas, apenas as ZE2, ZE3 e ZE5 consistem em “áreas sensíveis e de
interesse ambiental, conformadas pelos parques urbanos, pelas áreas de preservação
ecológica, em suas várias modalidades, pelas faixas de preservação e proteção de todos
os recursos hídricos incidentes no território da Cidade de Juazeiro do Norte” (JUAZEIRO
DO NORTE, 2000), tratando-se, respectivamente, do “Parque Ecológico das
Timbaúbas”, “Parque do Rio Salgadinho” e “Área de Preservação da Serra do Catolé /
Horto”. As Zonas Especiais acima descritas, exceto a ZE1 (alterada), podem ser
observadas na Figura 76.

270
Figura 76: Zonas Especiais de Juazeiro do Norte, conforme PDDU de 2000.
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN
271
O Plano Diretor, ainda em vigência, determina ainda que todas essas áreas -
citadas no art. 57 - se configuram como Unidades de Proteção Ambiental, objetivando
proteger e preservar amostras dos ecossistemas ali existentes, de forma a proporcionar
oportunidades controladas para uso público e privado.
Compreender as diversidades dos aspectos dessas zonas urbanas é uma grande
preocupação para o planejamento e gerenciamento urbano, visto que as cidades brasileiras
têm passado por profundas modificações na cobertura do solo. Consequência disso, é o
crescimento desenfreado da urbanização nas últimas décadas. A ausência de políticas
eficientes responsáveis pelo desenvolvimento das cidades está diretamente ligada aos
resultados adversos desse avanço (BARGOS E MATIAS, 2008).
Segundo Prado e Martins (2020), o crescimento desordenado das grandes
cidades intensifica a ausência de planejamento dessas áreas urbanas, colaborando com
vários problemas que provocam o comprometimento da saúde da população. A ocupação
irregular dessas áreas, ocasionam o aumento da impermeabilização dos solos diminuindo
as áreas naturais, que são responsáveis pelo conforto térmico e bem-estar da população.
De acordo com Braga (2012), a revolução na forma de se estudar o conceito de
sustentabilidade relaciona-se à relação entre os problemas sociais e ambientais urbanos,
assim como os desafios problemáticos gerais e globais da sustentabilidade ambiental.
Essas zonas representam um enorme significado para a sustentabilidade urbana
da cidade de Juazeiro do Norte, pois, está inserido em um ambiente que é capaz de
possibilitar inúmeros benefícios para maior satisfação na qualidade de vida da população
local, serve também de espaço para as práticas da educação ambiental, através das ações
como o Viveiro de Mudas e a Escola de Educação Ambiental.
Segundo Nascimento, Rocha e Nascimento (2015), as áreas verdes urbanas da
cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, são um retrato do modelo encontrado na maior parte
dos municípios brasileiros. Contudo, diferentemente de muitas áreas verdes urbanas,
essas zonas especiais, apesar de estarem localizadas em toda a sua extensão dentro da
zona urbana de Juazeiro do Norte, apresentam uma área de vegetação preservada
considerável, com poucos ou nenhum equipamento construído, exceto pela ZE2 que é

272
intensamente impactada e modificada pela urbanização ao seu redor, bem como
compreendem Áreas de Preservação Permanente (APPs).
A inclusão ou retorno das áreas verdes em meio urbano está diretamente
relacionada à permeabilidade do solo, ao sombreamento, a preservação da umidade do ar
e do solo, proteção da mata ciliar, à sucção de calor e de poluição. A utilização da
arborização para a formação de sistemas de manchas verdes, dispõem de diversos
benefícios para a restauração ambiental dentro do espaço urbano (FREITAS; AZERÊDO;
BARBOZA, 2016).
A disposição desses locais deve atender a toda população, buscando atingir as
necessidades e expectativas para o lazer. Essas áreas, por serem espaços livres cujo
componente principal é a vegetação, sua presença é responsável pelas áreas com melhor
qualidade de vida nos ecossistemas urbanos (BARGOS E MATIAS, 2011).
Para Feiber (2004) as arborizações em espaços urbanos são importantes para a
qualidade ambiental, sendo responsáveis pelo equilíbrio entre os espaços urbanos
alterados e o meio ambiente. As áreas verdes desempenham um papel importante na
mitigação dos efeitos provocados pela intensa aceleração dos ambientes urbanos, que,
consequentemente, causa impactos negativos no microclima das regiões que poderão ser
atenuados com a permanência dessa vegetação nesses locais.
Juazeiro do Norte é o terceiro município mais populoso do Ceará, de acordo com
os dados encontrados na literatura, o índice de áreas verdes públicas da cidade é
considerado baixo quando se leva em consideração a população total do município sendo
cerca de 0,959 m²/hab (NOGUEIRA e FALCÃO, 2021). A preservação desses ambientes
verdes na cidade é imprescindível para o planejamento sustentável e controle do uso e
ocupação do solo em áreas destinadas à proteção ambiental, tal como a conservação dos
corpos hídricos.
De acordo com Almeida (2010), os rios assumem importante papel na dinâmica
geoambiental, como também na forma de interação do homem com a bacia hidrográfica
que está inserida. Os rios são estruturas vivas, as águas que correm nesses ambientes têm
importância na configuração da paisagem, tornando essencial a compreensão dos cursos
d’águas. Rios, riachos e córregos são passagens de água doce que procuram o balanço
273
hidrostático, esse processo bastante complexo serve como base para o monitoramento de
diversos ecossistemas.
Diante do exposto, vê-se que diferentemente de muitos municípios, Juazeiro do
Norte ainda apresenta uma parcela do seu espaço territorial composto por áreas verdes e
em localidades relativamente centrais de fácil acesso à população. No entanto, elas vêm
sofrendo diferentes impactos ambientais, ocasionando impactos negativos para o meio
ambiente e para a população, incluindo o impacto visual negativo que tem prejudicado as
atividades sociais e econômicas localizadas nas proximidades desses espaços.
A seguir, apresenta-se um diagnóstico simplificado das zonas especiais 2, 3 e 5.

8.3.1.1 Zona Especial Parque Ecológico das Timbaúbas (ZE2)

A ZE2 compreende o Riacho dos Macacos, uma das principais drenagens do


município de Juazeiro do Norte. A área desse riacho vem sofrendo nos últimos anos com
forte intervenção humana. Encontra-se inserido nesse riacho a maioria dos poços que são
utilizados para abastecimento do município de Juazeiro do Norte, correspondendo uma
das principais drenagens do município, que foi completamente substituída por águas
residuárias. O riacho é um dos principais afluentes do Rio Salgado, este era perene, no
entanto hoje é intermitente marcado pela intensa poluição dos corpos hídricos superficiais
e subterrâneos (BEZERRA et al; 2015).
Segundo Sá (2021), esse riacho, um dos principais pontos de recarga do aquífero
da região e que abastece o município de Juazeiro do Norte, vem sofrendo contaminação
por efluentes domésticos e industriais, bem como o acúmulo irregular de resíduos sólidos
urbanos no seu entorno, ressaltando a necessidade de ações de intervenções que visem a
sua recuperação, reabilitação e revitalização. Em contemplação aos resultados de relevo,
foi verificado que as microbacias possuem declividades de média a baixa, com amplitudes
altimétricas baixas, as quais, associadas a pequenas áreas de contribuição das
microbacias, indicam velocidades de escoamento relativamente baixas e maiores tempos
de concentração. Esta condição poderia contribuir para uma boa infiltração e uma menor

274
suscetibilidade à degradação por erosão, o que diminuiria a possibilidade de assoreamento
dos leitos de seus riachos. No entanto, o processo de uso e ocupação do solo alteram essas
condições e, quando aliada com a caracterização do solo dessas localidades, pode
favorecer os processos erosivos.
Das ZEs que gradativamente vem sofrendo interferências antrópicas, a ZE2 vem
sendo a mais afetada. No mapa detalhado de uso e ocupação do solo da ZE2 (Figura 63),
retirado da pesquisa de Sá (2021), a área é dividida em três setores de ocupação para
melhor observação: A, B e C. No setor A, ao sul da ZE2, a área é constituída
predominantemente por espaços livres com parte da vegetação de porte arbóreo, arbustivo
e outra com vegetação de pasto. Esse setor integra o Parque Natural Municipal das
Timbaúbas (PNMT), a área mais conservada da zona com vegetação remanescente típica
da Floresta Nacional do Araripe (FLONA).
O setor B – área central da ZE2 – apresenta uma concentração maior de
ocupações residenciais e comerciais com indícios de crescimento, ocasionando o
estreitamento da mata ciliar do riacho dos macacos. Esse setor também possui a maior
parcela dos PDIRS, recebendo uma alta carga de resíduos da construção civil.
No setor C, área localizada na foz do riacho das Timbaúbas - ao norte da ZE2 –
a parcela de área livre também é significativamente ocupada em parte por vegetação
arbustiva e vegetação de pasto e outra por área de convergência dos riachos dos macacos
e das timbaúbas caracterizando-se por terreno plano, de extensão mais ou menos
considerável e alagadiço, porém com sinais de expansão urbana sobre a zona, incluindo
alterações recentes no seu zoneamento.

275
Figura 77: Mapa detalhado de uso e ocupação do solo da ZE2.
Fonte: Sá (2021)

A área mais afetada fica na parte mais central da ZE2 – área que, conforme será
observado nos padrões de uso e ocupação do solo, sofre maior pressão antrópica,
fundamentado por Sá (2021), com a presença dos Resíduos Sólidos da Construção Civil
(RSCC), interferindo diretamente na obtenção dos resultados do ensaio de
permeabilidade das amostras de solo analisadas. Acredita-se que por se tratar de uma zona
de aluvião com áreas baixas, deprimidas e sujeitas a inundações e influência do lençol
freático, os proprietários de terrenos nas limitações da ZE2 utilizam os RSCC para o
aterramento dessas áreas, já que são materiais que não representam custo e se constituem
em uma problemática ambiental em decorrência das implicações legais associadas ao seu
descarte inadequado.

276
Alguns Pontos de Descarte Irregular de Resíduos Sólidos (PDIRS) observados
na Figura 77Figura 78 foram dados como mais críticos por Sá (2021), conforme a Figura
78, por apresentarem significativa quantidade de Resíduos Sólidos da Construção Civil
(RSCC) misturados no solo. Estes pontos ficam na parte mais central da zona.

Figura 78: Imagens dos pontos de coleta das amostras P01, P05, P10 e P15 e suas respectivas localizações
na área delimitada da ZE2.
Fonte: Sá (2020)

Ainda no mesmo estudo de Sá (2021), constatou-se que essa zona possui solos
com predominância da parcela de areia (fina, média e grossa), variando de 62% a 94,4%.
Destas amostras, 72% apresentaram teores maiores que 80% de areia (SÁ, 2021). Tais
características atribui ao solo uma tendência de apresentar baixa capacidade de suporte,

277
portanto, quando submetidos a cargas elevadas se deformam, inviabilizando
determinados tipos de obras.
Além dos fatores anteriormente descritos, através do levantamento do Potencial
Poluidor Degradador (PPD) das atividades empresariais nas redondezas das zonas
especiais, pôde-se observar que a zona com maior intensidade de empresas é a ZE2
(Figura 79). Dentro de um raio de 2 km de distância de um ponto central estabelecido na
ZE2, cerca de 52,1% das empresas são de PPD alto. Isso significa que estão entre
atividades que representam um significativo risco de impacto ao meio ambiente em
virtude da atividade produtiva desenvolvida, do potencial poluidor dos resíduos gerados,
sejam eles sólidos, líquidos ou gasosos. Como Sá (2021) observou, essa zona é a área
mais baixa de sua microbacia e, consequentemente, recebe a maior carga de contribuição
do escoamento superficial da mesma. Além de que, somente nas limitações da ZE2, tem
10 poços tubulares da CAGECE para fins de abastecimento de água para população de
Juazeiro do Norte. Tais dados reforçam mais ainda a necessidade de um monitoramento
eficaz sobre as empresas em exercício nessa localidade.

278
Figura 79: Potencial Poluidor Degradador das atividades empresariais no entorno da ZE2.
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN
279
8.3.1.2 Zona Especial do Parque do Rio Salgadinho (ZE3)

A ZE3 compreende parte da extensão do Rio Salgado, principal afluente da


Bacia do Salgado e uma das principais drenagens do município de Juazeiro do Norte,
possuindo um comprimento de 308 km. Esse rio é composto por 23 municípios, por causa
de sua grandeza, se dividiu em cinco microbacias, o mesmo apresenta uma capacidade de
vazão de águas superficiais de 447,41 milhões de metros cúbicos.
O rio Salgadinho, como assim é denominado, é o principal rio da cidade de
Juazeiro do Norte - CE, possui uma grande importância histórica e cultural. Atualmente
sofre com a existência de incidência de poluição difusa, sobretudo por atividades
industriais, comerciais e ocupação por residências. O rio ainda recebe o lançamento de
arremesso de líquido tratado por lagoas de estabilização, partidas da maior Estação de
Tratamento de Esgoto Doméstico do município, denominada, ETE Malvas,
operacionalizada pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE), gerando
assim, desconfiança por parte da população e órgãos ambientais em relação ao
comprometimento que este efluente provoca no rio (SANTOS et al., 2019).
O rio Salgado durante o século XVIII e XIX foi um fomentador do
desenvolvimento regional no Cariri, colaborando com a ocupação e as atividades da
agropecuária nesta Região do Sul cearense. Composto de inúmeras nascentes da encosta
da Chapada do Araripe, o rio Salgado contribuia na irrigação por inundação da cana de
açúcar e para a sedentação animal. No decorrer das décadas este rio foi sofrendo várias
alterações, como também impactos ambientais adversos (SIEBRA; JÚNIOR; XAVIER,
2017).
Juazeiro do Norte possui como fonte hídrica o manancial subterrâneo, que
corresponde a única fonte de abastecimento d'água. A população urbana majoritariamente
é abastecida principalmente com água oriunda de 53 poços tubulares introduzidos pela
CAGECE desde 1976 (SILVA, 2020).
O rio salgado tem início na fonte da batateira, região da chapada de Araripe, na
cidade do Crato, o mesmo, anteriormente, era conhecido como rio batateira, perpassa
áreas das encostas e recebe um aporte hídrico do rio Grangeiro, agora no município

280
vizinho Juazeiro do Norte é denominado rio Salgadinho, recebendo contribuições dos
afluentes riacho dos macacos e rio Carás, porém, o rio também recebe afluentes externos
de frigoríficos, curtumes, ourivesarias e lagoas de estabilização que são tratados na cidade
de Juazeiro do Norte (SABIÁ, 2008).
Através de análise virtual simples, Silva et al. (2019) percebeu que existe
pouquíssima área verde (mata ciliar) no entorno do rio salgado tanto para o ano de 2013
quanto para 2016, apresentando, inclusive, diminuição ao comparar os dois anos (2013:
29241m²; 2016: 28379m²). Além disso, o mesmo autor observou que a área pertinente a
poligonal do Rio Salgadinho entre 2013 e 2016 sofreu redução (2013: 2271 m²; 2016:
1627m²) o que pode indicar início do processo de assoreamento.
Além da vegetação, o estudo de Nunes et al. (2019), constatou que a análise de
três amostras coletadas no rio salgadinho apontou resultados positivos para bactérias do
grupo coliformes totais e termotolerantes em 100% das amostras analisadas dos três
pontos de coleta. Essa ocorrência pode ser esclarecida seguramente pelas más
circunstâncias que o rio em toda sua extensão se encontra, confirmando a importância e
a necessidade da preservação do rio e a do saneamento básico na cidade de Juazeiro do
Norte (NUNES et al., 2019).
Em dois dos principais afluentes do rio salgadinho no território de Juazeiro do
Norte, foi constatado por Silva (2013), em dois pontos distintos, um no Riacho do
Salesianos e outro no Riacho dos Macacos, a presença de níveis variados de poluição
para, respectivamente, Ag, Cd, Cr e Pb, para o primeiro e Ag, Cd, Na, Pb e Zr, para o
segundo. Estes resultados podem ser atribuídos a presença de indústrias de galvanoplastia
e de metalurgia, próximas a estes pontos de coleta.
Na Figura 66, pode-se observar uma significativa quantidade de empresas com
PPD alto nas proximidades da ZE3 e, consequentemente, do rio salgadinho, com 14
empreendimentos dessa categoria a uma distância máxima de cerca de 1,5 km do lei to do
rio salgadinho. Em um raio de 2km do ponto médio estabelecido, 46,43% das empresas
existentes são de PPD Alto. Dentre as empresas, parte delas são indústrias de
galvanoplastia e de metalurgia, refletindo diretamente na qualidade ambiental desse
espaço.

281
Figura 80: Potencial Poluidor Degradador de atividades empresariais no entorno da ZE3.
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN
282
Com as aberturas desordenadas de poços, carência de saneamento básico, o uso
indiscriminado de produtos químicos nas atividades agrícolas para intensificar a produção
e eliminar pragas nas plantações, a intensificação do avanço industrial dos mais diversos
setores de produção, o Riacho dos Macacos e Rio Salgado vem sendo comprometidos,
portanto, arriscando a qualidade das águas subterrâneas que abastecem a população do
município de Juazeiro do Norte, como também das cidades vizinhas (SILVA, 2020).
De acordo com Gadêlha; Albuquerque; Belém (2017) Juazeiro do Norte dispõe
uma preocupante escassez no quesito de sistema de drenagem de águas pluviais, uma vez
que essa sistematização está concentrada somente na área central da cidade. O rio enfrenta
ainda outra problemática, pois recebe águas residuárias de esgotos a céu aberto presentes
na região, acarretando sérios problemas de poluição dessas águas, visto que sua
disposição se dá no Rio Salgadinho.

8.3.1.3 Zona Especial Área de Preservação da Serra do Catolé/Horto (ZE5)

O Geossítio Colina do Horto, antiga Serra do Catolé, está incluído na ZE5. Esta
área é de grande relevância por ser um local de interesse ambiental, cultural, turístico e
religioso. O geossítio integra a rede de nove monumentos naturais que representam o
Geopark Araripe. A seleção desses monumentos ocorreu devido à importância ambiental
e a carência pela proteção dessas áreas.
A Colina do Horto constitui o ponto mais alto do município de Juazeiro do Norte,
a aproximadamente 550 m de altitude. A colina é sustentada por rochas do embasamento
cristalino da Bacia Sedimentar do Araripe, datadas em cerca de 650 milhões de anos
(MOCHIUTTI, 2012). Além da descrição da base cristalina, é uma área com aspectos de
turismo religioso, onde ocorre o manifesto às devoções populares, sendo o palco de uma
das maiores manifestações religiosas do país, a romaria dedicada ao Padre Cícero, ícone
da cultura religiosa nordestina (MOCHIUTTI, 2012). Nela, encontra-se a Estátua do
Padre Cícero - terceira maior estátua do mundo esculpida em concreto - com 27 metros
de altura e foi esculpida por Armando Lacerda em um local que era sempre escolhido

283
pelo sacerdote para os seus retiros espirituais. Estima-se que o monumento receba cerca
de 2,5 milhões de visitantes por ano (IBGE, 2022).
Além dos atrativos religiosos, este geossítio ainda inclui uma trilha com
aproximadamente 3 km que leva até o Santo Sepulcro, onde se encontra a Capela da
Senhora Santana, construídas a mando do Padre Cícero, com grande valor paisagístico
natural e, também, didático, uma vez que há rochas ígneas (granito), metamórficas (filito)
e sedimentares (arenito) aflorando no percurso, constituindo uma verdadeira aula a céu
aberto sobre o ciclo das rochas (MOCHIUTTI, 2012). Ao longo dessa, podem ser
encontradas, também, pedras empilhadas por romeiros, inclusive em placas do GeoPark
Araripe, em sinal de devoção, agradecimento ou renovação dos votos de fé, o que inclui
o retorno à cidade no ano seguinte (MOURA-FÉ et al., 2018).
Segundo Siebra (2011), a importância do geossítio Colina do Horto está
associada com o objetivo de conservar o patrimônio histórico, cultural e natural presente
na bacia sedimentar do Araripe.
Ademais, por ser um local topograficamente elevado, existem alguns mirantes
(Figura 81 - A e B), como o do monumento do Padre Cícero - o principal - que permitem
uma vista panorâmica das paisagens locais, como a Chapada do Araripe, a vegetação da
caatinga, e das cidades de Juazeiro do Norte, Barbalha e Crato, evidenciando assim, um
valor estético para este geossítio.

284
A - Vista do “Mirante Pedra do Vento” ao B - Vista panorâmica a partir da Estátua do Padre Cícero.
nascer do sol.

Figura 81: Dois mirantes do geossítio da Colina do Horto.


Fonte: Autor (2021) e TripAdvisor (2022).

Em virtude de sua topografia (altitude e declividade elevada), a área não se torna


atrativa para atividades empresariais e, a depender da atividade, torna-se restritiva. Isso
pode ser observado na Figura 82, a seguir. As empresas em um raio de 2 km do ponto
médio definido na ZE5 têm potencial de exercer mais influência sobre a ZE3 do que a
zona em questão, por estarem nas áreas externas e mais baixas da zona.

285
Figura 82: Potencial Poluidor Degradador de atividades empresariais no entorno da ZE3.
Fonte: Equipe de revisão do PDM/JN
286
Não obstante, pode-se observar a importância da manutenção da ZE5, por
compreender uma área que apresenta alto nível de interesse científico, de conservação,
turístico e econômico para o município de Juazeiro do Norte. Moura-Fé (2018), ao
desenvolver uma pesquisa junto à população residente na Colina do Horto, verificou em
sua pesquisa que mesmo com pouco entendimento do assunto, as pessoas entendem o que
é patrimônio, entendem como tudo aquilo tem um valor e merece ser preservado para as
futuras gerações.
Diante do exposto, apesar de toda essa riqueza sociocultural e ambiental
existente nessa área, pode-se observar situações típicas de regiões urbanas que crescem
de forma acelerada, descartes irregulares de resíduos, esgotamento sanitário inadequado
ou inexistente, dentre outros. Na Colina do Horto, compreendendo a ZE5, pôde-se
verificar o descarte irregular de resíduos sólidos no morro, bem como frequentes
queimadas (Figura 83). As imagens de queimadas foram repassadas pela AMAJU, as
quais são provenientes de denúncias realizadas por moradores. Essas queimadas ocorrem
com maior intensidade no período mais seco da região, entre os meses de setembro e
dezembro, período, este, mais suscetível a queimadas acidentais e a se espalhar a partir
de pequenos focos de incêndio.

287
A - Vista lateral de estrutura de drenagem das B - Vista de cima da estrutura de drenagem das
águas pluviais em ponto na Colina do Horto com águas pluviais em ponto na Colina do Horto com
acúmulo de resíduos sólidos. Fonte: Autor (2021) acúmulo de resíduos sólidos. Fonte: Autor (2021)

288
C - Imagem de queimadas na Colina do Horto - D - Imagem de queimada no período noturno na
proximidades da ZE5. Fonte: AMAJU (2021) Colina do Horto - ZE5. Fonte: AMAJU (2021)
Figura 83: Descarte irregular de resíduos sólidos e queimadas urbanas na Colina do Horto.

8.3.2 Demais áreas de conservação e interesse ambiental existentes

Além das ZEs especificadas anteriormente, outras áreas de conservação e


interesse ambiental existem no território de Juazeiro do Norte, apesar que, a maioria
encontra-se na zona rural do município.
Essas áreas compreendem a UC PNMT, áreas de reserva legal, de vegetação
nativa e as de uso restrito, essas três últimas registradas no SICAR, conforme pode ser

289
observado no Mapa de Unidades de Conservação e outras áreas ambientais protegidas
(Figura 84).
As reservas legais consistem em áreas com cobertura de vegetação nativa,
localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, com a função de assegurar o
uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a
conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da
biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa
(BRASIL, 2012).
Coincidentemente, as áreas de remanescentes da vegetação nativa registradas no
SICAR estão localizadas, em sua maioria, dentro das reservas legais existentes. Essas
áreas exercem um papel fundamental na manutenção das funções ecossist êmicas
auxiliando na proteção dos recursos hídricos e edáficos, além de contribuir para a
conectividade de áreas de vegetação nativa, facilitando o fluxo gênico de espécies
vegetais e animais e, consequentemente, a manutenção da biodiversidade do bioma local.
Quanto às áreas de uso restrito, que consistem em áreas dos pantanais e planícies
pantaneiras e em as áreas de inclinação entre 25° e 45°, foram identificadas apenas duas
áreas restritas por terem declividade de 25 a 45 graus, ambas em zona rural.
As áreas anteriormente descritas predominam em zona rural, consequentemente,
em virtude da sua exigência legal está vinculada a essa zona, bem como, pelo banco de
dados utilizados para sua coleta – o SICAR. No entanto, tais dados demonstram, também,
que Juazeiro do Norte encontra-se em constante e intensa expansão da sua zona urbana,
tendo em vista a existência de áreas de reserva legal e vegetação nativa nessa zona.

290
Figura 84: Mapa de Unidades de Conservação e outras áreas ambientais protegidas.

Fonte: Equipe PDM/JN

291
Partindo para a zona urbana, predominam as ZEs – caracterizadas no tópico
anterior - e uma única unidade de conservação de proteção integral, o PNMT, inserido,
inclusive, nas limitações de uma ZE. Essa UC possui 23,40 hectares, localizando-se na
parte mais baixa de um dos bairros mais populosos de Juazeiro do Norte, João Cabral, e
com condições de esgotamento sanitário ineficientes. Essa UC tem como alguns de seus
objetivos o de contribuir para o equilíbrio do regime hídrico e melhoria da qualidade das
águas do Município, de desenvolver atividades de educação e interpretação ambiental e
de recreação, em contato com a natureza, de propiciar o turismo ecológico e o lazer de
forma compatível com os demais objetivos do Parque e, ainda, de assegurar condições de
bem-estar público visando a melhoria da qualidade de vida em Juazeiro do Norte/CE.
No entanto, tal área possui uma delimitação pequena em comparação a ZE2 – na
qual está inserida – demonstrando o potencial que a mesma tem em ser ampliada ou
integrada a outras áreas de conservação.
Diante do exposto, Feitosa e Bandeira (2011) destacam que os fatores naturais
como textura do solo, declividade acentuada e deficiência da cobertura vegetal aliados
aos fatores antrópicos estão agravando os processos erosivos na região do Cariri. Dados
como esses, aliados a identificação de áreas verdes como as apresentadas, apenas
enfatizam a necessidade de considerá-las em um planejamento de uso e ocupação do solo,
visando garantir a qualidade ambiental e social das cidades em desenvolvimento.
Para Nogueira e Falcão (2021) um dos principais objetivos da sustentabilidade
ambiental, é atender às necessidades da sociedade e seguir possibilitando que o planeta
siga com a capacidade de produzir recursos para o futuro, produzindo menos impactos
ambientais adverso, construindo melhores reservas financeiras a médios e longos prazos,
melhorando simultaneamente a qualidade de vida da população.

8.4 Síntese das situações-tipo identificadas no diagnóstico

A seguir, elencou-se as principais situações-tipo (Quadro 33), caracterizadas pelos


problemas e conflitos identificados nas ZEs, com as respectivas diretrizes e

292
potencialidades/ações dessas áreas, com base nos três pilares da sustentabilidade e nos
princípios do Desenvolvimento Sustentável.

Quadro 33: Diretrizes para cada situação-tipo com suas respectivas diretrizes e potencialidades/ações das
ZEs.

SITUAÇÕES- TIPO DIRETRIZES POTENCIALIDADES/


AÇÕES
SOCIAL
Negligência Caracterização Ações de educação ambiental
socioambiental socioambiental das que visem a sensibilização dos
microbacias; moradores; resgatar o papel
valorização da histórico do rio e dos riachos
identidade existentes, do Geossítio Colina
sociocultural- do Horto, da fauna e flora
ambiental presente presentes na região e, por fim,
nas ZEs junto aos dar publicidade a isso.
moradores. Despertar na população o
sentimento de pertencimento e
cuidado necessários para a
manutenção dos recursos
existentes;

Ocupações irregulares Contenção do avanço No caso de ocupações por


da urbanização; residências, desenvolver
Novas formas de trabalho conjunto entre as
assentamento urbano secretarias competentes para
respeitando os desapropriar aquelas em
recursos naturais. situação de risco, direcionando
essas famílias para locais mais
adequados de moradia; para
empreendimentos comerciais,
a sua desapropriação ou
disciplinamento, conforme
legislações ambientais e de uso
e ocupação específicas; e, por
fim, a desapropriação dos
imóveis privados não
edificados por meios legais.

Mobilidade urbana e Melhoria da Obras de engenharia com


lazer as margens dos mobilidade urbana implantação de Parques
Riachos por meio do Lineares Urbanos (PLU) com
tratamento marginal, pistas de passeios/corrida,
garantindo o uso ciclovias, espaços para
sustentável desses atividades recreativas
espaços. devidamente arborizado com
árvores nativas e/ou
Corredores Ecológicos,
conforme preconiza o SNUC.
A potencialidade de um PLU

293
adequa-se mais as
características da ZE2,
acompanhado de uma mata
ciliar preservada, remodelação
das vias marginais, passando à
mão única, em traffic calming,
além de uso de pavimentos
permeáveis, configurando-se
ações emergenciais às margens
do Riacho dos Macacos que
sofre maior pressão do tráfego
de veículos em ambos os lados
de suas margens;
AMBIENTAL
Mata ciliar Preservação das Definição das margens do Rio
margens do rio e Salgadinho, do Riacho dos
riachos que integram Macacos e do Riacho das
as ZEs. Timbaúbas como APP de
interesse social, previsto no art.
6º do Código Florestal (Lei
12.651/2012) mediante lei
municipal determinando
princípios, diretrizes e
restrições de uso e ocupação,
além de Plano de Recuperação
da mata ciliar com vegetação
de porte arbóreo e arbustivo
adequadas para essa área.

Trecho do Riacho dos Revitalização da Estudar a possibilidade de


Macacos canalizado drenagem natural das recomposição dos aspectos
áreas. morfológicos do Riacho dos
Macacos.

Despejo de esgoto Interromper o despejo Instalação de infraestrutura de


doméstico de efluentes esgotamento sanitário em toda
domésticos in natura a área de contribuição de
no leito dos rios e escoamento superficial da ZE2
riachos, através de e ZE3; Se necessário, instalar
medidas estruturais e ETEs descentralizadas
não estruturais. direcionando o efluente tratado
para o leito dos riachos e
garantir o monitoramento da
ETE Malvas.

Despejo de efluentes Garantir o Aumentar o monitoramento


industriais desenvolvimento ambiental e aplicação das
sustentável das áreas legislações vigentes; pode-se
que exercem em acréscimo criar um “Selo
influência direta e Sustentável” que vise
indireta sobre as ZEs. incentivar essas empresas a se
adequarem ao modelo

294
sustentável de gerenciamento e
tratamento de seus resíduos.

Água dos riachos dos Revitalização da Aplicação de sistemas de


macacos e das qualidade das águas Wetlands (pântanos) para
timbaúbas poluída dos riachos retenção de poluentes e
tratamento da água, em pontos
a serem determinados
estrategicamente a partir de
estudos prévios.

Descarte Irregular dos Controlar e fiscalizar Instalar unidades de


Resíduos Sólidos as atividades dos recebimento voluntário de
geradores sujeitas a resíduos sólidos diversos
licenciamento (Ecopontos) no município de
ambiental pelo órgão, Juazeiro do Norte, garantindo
bem como aqueles pelo menos 1 para cada 25 mil
isentos do habitantes, compreendendo
licenciamento mas RSCC, resíduos volumosos
que devem possuir (móveis inservíveis ou velhos;
plano de resíduos de poda, resíduos de
gerenciamento de madeira etc.), materiais
resíduos sólidos. recicláveis secos, pneus
inservíveis e resíduos
eletrônicos. Esses espaços
devem ter estrutura adequada
para o recebimento e
armazenamento temporário,
operadores de controle na
guarita e plano de
gerenciamento.
Ausência de drenagem Aumentar a taxa de Instalar redes de drenagem
urbana nas áreas infiltração de água adequada das águas pluviais
impermeabilizadas ao pluvial no solo e nos pontos de maior
redor das ZEs controlar o concentração do fluxo de
escoamento escoamento superficial,
superficial. direcionando esse fluxo para os
riachos, porém com sistemas
de tratamento preliminar
descentralizados antes do
despejo.
ECONÔMICO Desvalorização Valorizar os espaços Produção e venda de espécies
econômica das ZEs verdes / livres como vegetais nativas locais;
geradores de emprego concentração de atividades
e renda para a rentáveis: quiosques, novos
população local. centros gastronômicos em
possíveis “zonas
administrativas” ou “zonas de
amortecimento”; Valorização
dos catadores de materiais

295
recicláveis existentes na
localidade através dos
Ecopontos, bem como
associação de todas as ações
descritas anteriormente;
Incentivo a atividades de
ecoturismo, com a realização
de trilhas, visitas a mirantes
etc.
Fonte: Adaptado de Sá (2021).

8.5 Problemas, desafios e potencialidades – Zoneamento Ambiental

No Quadro 34 consta uma síntese dos principais problemas, desafios e


potencialidades relacionados ao eixo Zoneamento Ambiental, tomando como base o
diagnóstico realizado.

Quadro 34: Matriz SWOT aplicada ao Zoneamento Ambiental de Juazeiro do Norte CE.

Potencialidades Desafios
(pontos fortes) (pontos fracos)

• Potencial de transmissão e armazenamento • Despertar na população o sentimento de


de água subterrânea; pertencimento e cuidado necessários para a
manutenção dos recursos existentes;
• Alto nível de interesse para o
desenvolvimento de pesquisa científica, de • Necessidade de desapropriação de edificações em
conservação, turístico e econômico; áreas de risco, bem como de recuperação da
vegetação nativa em alguns trechos e
• Fundamental ao ciclo natural das águas e no
recomposição dos aspectos morfológicos do
amortecimento das enchentes em período
Riacho dos Macacos;
chuvoso;
• Ausência de ligação com a rede coletora de esgoto
• Potencial para atividades de ecoturismo,
sanitário ou sistema individual de tratamento dos
lazer, socioculturais e históricas;
efluentes em parcela das edificações (residenciais
• Compreendem áreas públicas de lazer ou comerciais) dos bairros circunvizinhos às áreas
de interesse;
• existentes, com predominância de áreas
livres (públicas ou privadas). • Necessidade de regularização fundiária de parte
das propriedades privadas;
• Reconhecimento do município como “smart
city” • Necessidade de revitalização da qualidade das
águas dos riachos dos macacos e das timbaúbas;
• Controlar e fiscalizar as atividades dos
empreendimentos sujeitos ou não a licenciamento
ambiental pelo órgão competente;
• Falta de integração e colaboração entre alguns
órgãos municipais competentes e detentores de
informação.

296
Oportunidades Ameaças

• Podem se tornar UCs ou servir de corredor • Ausência de setor específico para atuação sobre as
verde para as UCs existentes; áreas verdes de interesse ambiental nos órgãos
municipais;
• Podem ser utilizadas para implantação de
uma área ambiental de drenagem, no intuito • Expansão da malha urbana, com a construção de
de receber o escoamento superficial das edificações em andamento (legalizadas ou não) na
águas pluviais; área de interesse;
• Instalação de Estações de Tratamento de • Falta de recursos humanos e financeiros
Esgoto (ETEs) doméstico descentralizadas, necessários para o desenvolvimento de ações para
desde que não ocupem uma área superior a fins de análise e monitoramento;
100m² (em especial, na área da ZE2);
• Falta de políticas de Estado voltadas para o
• Instalação de novas áreas com atrações desenvolvimento regional sustentável.
socioculturais e socioambientais, como
viveiros de plantas, entre outras de caráter
sustentável. E manutenção das existentes;
• Fomento a economia local, construindo polo
gastronômico com comidas típicas e
regionais;
• Melhoria da mobilidade urbana por meio do
tratamento marginal da ZE2, garantindo o
uso sustentável desse espaço.

8.6 Considerações

Em conformidade com o que foi apresentado, verifica-se que as ZEs estão


sofrendo com o avanço do processo de urbanização da cidade. A falta de comunicação
entre poder Público e população civil é uma grande adversidade, pois sem a comunicação
e o real entendimento sobre a relevância e necessidade destas áreas, torna-se irrealizável
a proteção e preservação das mesmas.
Isso posto, as áreas ZE2, ZE3 e ZE5 são vastas com uma grande área de
vegetação arbustiva, santuário para animais silvestres que já não encontram mais espaço
no perímetro urbano, porém, são vistas como áreas marginalizadas para furtos, uso de
drogas e depósitos de entulhos da comunidade do entorno, necessitando de maior atenção
e integração nas políticas públicas de uso e ocupação do solo.

297
Dito isso, essas zonas apresentam elevado potencial de se manterem como zonas
de interesse ambiental, ecológico, histórico e cultural na revisão do Plano Diretor de
Juazeiro do Norte.

298
CAPA

299
9 EVOLUÇÃO URBANA E OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO

Francisco Samuel da Silva Melo27


Mariana Brito de Lima28
Maria Raquel Silva Pinheiro29

9.1 Urbanização e Ocupação do Território


Desde o lançamento do “Plano diretor de desenvolvimento urbano de Juazeiro
do Norte” - PDDU, no ano 2000, o município de juazeiro teve significativo aumento na
quantidade de seus ocupantes. Segundo o IBGE, a população urbana do município no ano
2000 era de 202.227 residentes, em 2010 subiu para 240.128, correspondendo a
aproximadamente 96,07% da população municipal. Já a população da área rural era de
9.906 e em 2010 e decresceu para 9.811 residentes.
Como consequência, observa-se também a expansão da ocupação de seu
território urbano. Os mapas a seguir (Figura 85 e Figura 86) foram cedidos pela prefeitura
em 2012 e publicados em um capítulo de livro de Santos (2013). Eles mostram
respectivamente a malha urbana (não delimitada) do município dos anos 2000 e 2010.

27 Arquiteto e Urbanista.
28 Arquiteta e Urbanista, Doutoranda em Geografia.
29 Geografá.

300
Figura 85: Malha urbana de Juazeiro do Norte Figura 86: Malha urbana de Juazeiro do Norte em
em 2000. 2010.
Fonte: Santos, 2013. Fonte: Santos, 2013.

Observa-se que muitos bairros se consolidaram na primeira década do plano


diretor (entre 2000 e 2012), como o Distrito Industrial, São José, Logradouro, Cidade
Universitária, Pedrinhas e Prefeito Mauro Sampaio. Em teoria estes novos bairros
deveriam nascer ordenados pelas ideias centrais do plano, seguir o código de obras
padrão, possuir as centralidades marcadas pelas unidades de vizinhança, entre outros.
Entretanto, a pesquisa de Santos (2013), indicou que mesmo após a existência
do PDDU (2000), as construções continuaram seguindo o partido de construções
geminadas, ignorando a recomendação de obedecer às medidas de recuos lateral, frontal
ou de fundos, constantes em todas as zonas do município, além de indicar uma tendência
de espraiamento30 da malha urbana. Em 2020, observa-se que a dinâmica do espraiamento
da malha urbana continuou ocorrendo, sem o cumprimento dos índices urbanísticos e
ainda com tendências de verticalização em algumas áreas.

30Segundo IPEA (2010), espraiamento urbano é crescimento urbano que é desconcentrado, não denso
e que deixa vazios urbanos dentro da mancha urbana.

301
9.2 Evolução Urbana
O município de Juazeiro do Norte apresenta constante crescimento urbano
(Figura 87), tanto em termos populacionais de ocupação do território, gerando novos
adensamentos e centralidades. Quando o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano foi
implementado, em 2000, a cidade contava com 212.133 habitantes, segundo o IBGE. Em
2021, ano da última projeção, o número aumentou para 278.264 pessoas, indicando a
necessidade de revisão e adequação dos instrumentos norteadores do planejamento
urbano para a nova realidade.

Figura 87: Comparação do Triângulo CRAJUBAR nos anos de 1960 e 2013.


Fonte: Silva (2001) com dados de Harwort (2012) apud Pereira (2014a) e Anderson Duarte (2017).

É importante ressaltar, também, que a forte presença dos romeiros (indivíduos


que realizam peregrinações religiosas em busca ou agradecimento por graças alcançadas),
como visto em Cordeiro (2010) e reforçado por Gurgel (2012), em um calendário que
conta com 11 romarias distribuídas por todo o ano, além da relação intrínseca com os
municípios de Barbalha e Crato, geram uma população flutuante que contribui ainda mais
para esse adensamento e sobrecarrega a infraestrutura existente. Portanto, uma leitura
técnica e comunitária do ordenamento territorial e urbano faz-se necessária para construir
um diagnóstico que revise criticamente os documentos existentes e estabeleça as
principais tendências de desenvolvimento urbano e territorial para o município.

302
A fim de compreender o desenvolvimento urbano da cidade, foi desenvolvido o
mapa de evolução urbana (Figura 88), que está segmentado em dez períodos
cronológicos, descritos da seguinte forma: Núcleo original; 1900-1910; 1910-1920; 1920-
1940; 1940-1960; 1960-1980; 1980-1990; 1990-1998; 1998-2010; 2010-2022, detalhado
no Quadro 35. Em síntese, a cidade parte da sua ocupação inicial, datada em 1872, e se
expande a partir do centro nos primeiros períodos, sobretudo em direção ao sul e ao leste
do território.

Quadro 35: Crescimento demográfico em Juazeiro do Norte: 1970 a 2021.

População População População População População População


1970 1980 1991 2000 2010 estimada 2021

Urbana 80.549 126.032 164.922 202.227 240.128 -

Rural 15.498 9.588 8.644 9.906 9.811 -

Total 96.047 135.620 173.566 212.133 249.939 278.264

Fonte: Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará - IPECE

A partir da década de 1980, dado o contexto do aumento demográfico, os


aglomerados espalhados nas rodovias do CRAJUBAR (Acrônimo de Crato, Juazeiro e
Barbalha, conurbação da Região Metropolitana do Cariri) começam a se adensar e bairros
como Pirajá, Lagoa Seca, Triângulo e Pedrinhas se consolidam no território urbano, tendo
como consequência uma explosão imobiliária. Desde então, a mancha urbana continua
crescendo e hoje se estende até o perímetro do território municipal, especialmente junto
às cidades de Crato e Barbalha, o que caracteriza o fenômeno da conurbação.

303
Figura 88: Mapa da evolução urbana de Juazeiro do Norte – CE.
Fonte: Equipe PDM, 2022.

Vale salientar que o avanço urbano dos últimos anos suprimiu parte de
importantes áreas naturais, em especial a região do Riacho das Timbaúbas, trazendo como
consequência construções passíveis de inundações e impactando nos poços profundos de
abastecimento hídrico. Outro ponto importante a ser citado é que parcela considerável da
referida área ainda se trata de propriedades privadas, o que dificulta ainda mais a
ocupação sustentável do riacho. A questão ambiental citada aqui foi detalhada nos
relatórios do eixo ambiental.
É possível observar que o crescimento urbano se deu de forma fragmentada, em
direção aos limites do Município, não configurando uma única mancha contínua de
expansão do território. Destaca-se a expansão apresentada nos bairros que marcam a
divisa entre Juazeiro do Norte e os municípios vizinhos, Crato e Barbalha, como é o caso
do bairro Antônio Vieira, São José e Lagoa Seca que surgiram as margens das avenidas

304
Padre Cícero e Leão Sampaio, Jardim Gonzaga, pela proximidade da Avenida Leão
Sampaio e mais recentemente pela inauguração do trecho do anel viário, Planalto e
Cidade Universitária pela concentração de instituições de ensino técnico e superior.
Na parte superior do mapa já apresentado, onde estão localizados bairros como
Horto, Três Marias, Romeiro Aureliano, Beanôra Gondim, Pedrinhas e Aeroporto (parte
norte e nordeste do Município) também houve aumento expressivo da malha urbana,
contudo desintegradas da malha consolidada. Chamamos atenção às novas manchas que
surgiram entre o território dos bairros Horto e Logradouro, caracterizados por novos
loteamentos.
Ainda é possível encontrar vazios urbanos, que consistem tanto em áreas ainda
não parceladas quanto em loteamentos onde não houve adensamento significativo. Tais
descontinuidades são observadas inclusive em bairros cuja consolidação já ultrapassa os
vinte anos, como Lagoa Seca, Jardim Gonzaga, Frei Damião, Campo Alegre, Fátima,
Leandro Bezerra, José Geraldo da Cruz e Tiradentes. Isto implica dizer que ainda há
imenso potencial construtivo nesses lugares, sem haver urgência no espraiamento do
tecido urbano.

9.3 Caracterização dos bairros

De acordo com a Lei Nº 4945 de 18 de Março de 2019, que altera o perímetro


urbano, a divisão de bairros da cidade de Juazeiro do Norte e estabelece as sedes dos
distritos de Padre Cícero e Marrocos, ficam definidos quarenta e três bairros apresentados
naFigura 89: Mapa da Zona Urbana do Município/divisão por bairros.Figura 89 e
caracterizados a seguir.

305
Figura 89: Mapa da Zona Urbana do Município/divisão por bairros.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

1. Aeroporto: Tem como principais acessos à Avenida Carlos Cruz, Avenida


Manoel Coelho de Alencar, CE-292 e a Avenida Virgílio Távora, eixo principal
de conexão ao Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes, cujo sítio aeroportuário
ocupa mais de um quarto da área total do bairro. Pelo mesmo eixo aconteceram
as primeiras ocupações, marcadas por grandes lotes residenciais de alto padrão
construtivo. Parcela expressiva da sua apropriação aconteceu após execução do
Conjunto Residencial Tenente Coelho e do Loteamento Conviver, sendo este de
uso majoritariamente residencial, mas ainda com muitos lotes vazios. Pelo bairro
ainda se encontra uma importante mancha verde decorrente de áreas ainda
passíveis ao parcelamento e um braço do Riacho das Timbaúbas, mas carece de
arborização ao longo das vias. Problemáticas na região incluem o ruído advindo

306
do aeródromo, ausência de saneamento básico, insuficiência de transporte,
serviços e espaços de lazer públicos.
2. Antônio Vieira: O bairro Antônio Vieira é bem adensado e tem seu tipo de
ocupação obedecendo um gradiente que vai do residencial unifamiliar (na faixa
da Av. Paulo Maia, onde passa a linha férrea) ao comercial de grande porte (nas
margens da CE-292, também denominada Av. Padre Cícero). Margeando a linha
férrea se encontra a Estação Antônio Vieira do VLT do Cariri e já foi área de risco
de deslizamento, mas já foi agraciada com obras de contenção da encosta e de
drenagem pluvial. Aspectos como acessibilidade dos passeios, arborização,
espaços de lazer e transporte público deixam a desejar.
3. Beanôra Gondim: É o bairro de maior área da cidade e é atravessado pelas
principais vias de acesso à zona rural do município. Sua ocupação ainda é
incipiente, predominando as áreas ainda não parceladas e por esta razão mantém
um perfil ainda rural. O uso característico é o residencial unifamiliar com
ressalvas para o Conjunto Residencial Leandro Bezerra de Menezes. O referido
bairro sofre com ausência de saneamento básico, de pavimentação e equipamentos
urbanos.
4. Betolândia: Trata-se de um bairro majoritariamente residencial com expressão de
alguns comércios locais, tendo sua urbanização intensificada após a entrega de
unidades habitacionais do Residencial Nossa Senhora das Dores. As principais
vias de acesso ao bairro são a Avenida Castelo Branco e Avenida Manoel Coelho
de Alencar. Ainda detém grandes vazios urbanos e enfrenta problemas como falta
de saneamento básico, pavimentação inadequada, insuficiência de transporte
público e ausência de espaços públicos de lazer.
5. Cajuína São Geraldo: Como o próprio nome sugere, neste bairro está localizada
a indústria de refrigerantes Cajuína São Geraldo e foi criado após divisão da área
original do bairro Antônio Vieira. Tem sua ocupação predominante em
estabelecimentos comerciais e de serviços, mas ainda assim com presença de
residências unifamiliares do tipo geminada.

307
6. Campo Alegre: O bairro campo alegre é historicamente negligenciado pois foi
criado a partir de um loteamento que não contemplava nenhum tipo de
infraestrutura. Nele se encontra o uso residencial e industrial de grande porte, mas
ainda apresenta muitos lotes desocupados. Sua população enfrenta problemas
relacionados à infraestrutura urbana/social e à insegurança pública. Equipamentos
relevantes neste bairro são a Penitenciária Industrial Regional do Cariri, Cadeia
Pública de Juazeiro do Norte e Escola de Ensino Fundamental Professora Odete
Oliveira Monteiro (esta sendo a primeira escola de ensino fundamental do bairro
inaugurada apenas no ano de 2021).
7. Carité: Menos de 10% da área deste bairro é urbanizada, ocupada na maioria por
residências seguidas de comércios locais. Apresenta-se ainda como uma área de
transição entre perfil rual e urbano, uma vez que boa parte da atividade está
relacionada à pecuária. A face norte do seu perímetro é delimitada pelo l eito do
Rio Batateira e conserva ainda uma extensa mancha de vegetação. Problemáticas
como acessibilidade, infraestrutura social e arborização urbana são fortes na
localidade.
8. Centro: O centro é o bairro onde se formou o núcleo urbano original a partir da
construção da Capela de Nossa Senhora das Dores. O rápido e desordenado
crescimento urbano contribuiu para o processo de descaracterização ou demolição
de grande parcela das edificações históricas que existiam na área. É consolidado
como um bairro de predominância comercial, cuja influência extrapola o nível
municipal e atrai fluxos de toda a região do Cariri. Os principais eixos comerciais
são as ruas São Pedro, São Paulo e Padre Cícero (sentido norte-sul) e as ruas Santa
Luzia, Conceição, São Francisco e Cruzeiro (sentido leste-oeste). As atividades
locais mais representativas são as relacionadas ao comércio varejista e atacadista,
clínicas médicas e odontológicas, escritórios, bancos e cartórios. O referido bairro
transforma-se no foco principal de aglomerações quando em período de romaria,
uma vez que integra o conhecido “Roteiro da Fé” com edificações emblemáticas,
como a Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, Museu do Padre Cícero e Praça

308
Padre Cícero. Outros pontos de interesse que movimentam a região são o Mercado
Central, Vapt Vupt, Praça da Prefeitura Municipal, Sesc e a Estação Romeiros
(Teleférico do Horto). Ainda há presença de residências unifamiliares e
multifamiliares, nenhuma delas ligadas à produção de habitações de interesse
social. Trata-se de um bairro que sofre com insuficiência na drenagem pluvial e
com desenho urbano comprometido, sem plena acessibilidade e conforto nos
principais corredores, uma vez que não há arborização nos passeios. Durante a
noite torna-se em sua maior parte ocioso, corroborando com a falta de segurança.
9. Cidade Universitária: É o bairro compreendido pelos principais campus
universitários da região do Cariri, como o IFCE, UFCA, Unileão e Estácio FMJ.
Além disso, apresenta expressivo uso residencial unifamiliar e recente abertura de
loteamentos, tendo seu perfil morfológico em plena transformação. Repetem -se
problemas relacionados ao transporte público, insegurança e pavimentação.
10. Distrito Industrial: Criado na década de 80 para atender e atrair indústrias na
região do CRAJUBAR, localiza-se na tríplice divisa entre Juazeiro do Norte,
Crato e Barbalha. No entanto, menos de 50% da sua área foi ocupada muito devido
a insuficiência de infraestrutura.
11. Fátima: O bairro recebe grande influência do Centro e é intrinsecamente de uso
misto com residências unifamiliares e pequenos comércios locais. Seu perfil é de
média densidade e residências entre baixo e médio padrão construtivo. Sua
expansão é contida muito devido a presença do Riacho das Timbaúbas e do Riacho
do Touro, apesar de haver supressão de áreas verdes com a abertura de novos
loteamentos e condomínios fechados. Notáveis fraquezas são as relativas a
acessibilidade dos passeios, arborização urbana e ausência de espaços de lazer.
12. Franciscanos: Integra também o “Roteiro da Fé” ao ser um foco das romarias
com o Santuário de São Francisco das Chagas. É bastante diversificado entre usos
residenciais de padrão popular e comércios locais, mas enfrenta problemas como
insuficiência de arborização e acessibilidade nos passeios.

309
13. Frei Damião: Resultado de lutas de movimentos sociais por moradia, o Frei
Damião enseja como um dos mais estereotipados bairros da cidade, muito devido
a discrminação social dos seus habitantes. Conhecido até hoje como “Mutirão da
Vida”, suas construções seguem o padrão típico de conjuntos habitacionais e tem
sua porção mais ao sul fragmentada do tecido urbano por estar cercado de grandes
vazios urbanos. Os usos característicos são o residencial e o comercial local.
Persistem no bairro os problemas de segurança pública, pavimentação,
saneamento básico, espaços de lazer, coleta de lixo e transporte público.
14. Horto: O Horto é o ponto de maior altitude da cidade e sua ocupação se
intensificou após a construção da estátua do Padre Cícero na década de 1970. O
local está inserido na área do Geossítio Colina do Horto e tem um papel muito
importante tanto na imagem da cidade quanto na economia por ser um símbolo de
religiosidade e foco do turismo religioso. A topografia acentuada realça dois
aspectos importantes: a da penitência, uma vez que o acesso é dificultoso e a da
imponência, por ser um marco visual que pode ser vislumbrado a partir de toda a
cidade. Existem duas vias de acesso ao Horto, sendo a “estrada velha”
pavimentada em paralelepípedo, ocupada por habitações e comércios locais,
percurso das romarias e onde se celebram as estações da via sacra e a “estrada
nova”, a Avenida Padre Jezú Flor, em pavimentação asfáltica, bifurcação da CE-
060, puramente de caráter rodoviarista, mantendo acesso mais seguro de veículos.
O bairro é notadamente negligenciado no que toca ao saneamento básico, espaços
de lazer e incrementação de atrativos ao turismo, uma vez que boa parte da
população sobrevive da sazonalidade das romarias.
15. Jardim Gonzaga: Trata-se de um bairro predominantemente habitacional de alto
padrão e baixa densidade, com presença marcante de edifícios multifamiliares de
médio-alto padrão. Sua densidade aumenta na direção oeste, onde faz divisa com
o bairro Frei Damião, mas ainda tem muitos lotes vazios e áreas maiores passíveis
de parcelamento. Problemáticas do bairro incluem insegurança pública, ausência

310
de pavimentação, drenagem urbana insuficiente e insuficiência de espaços
públicos de lazer.
16. João Cabral: O João Cabral é o bairro mais populoso da cidade. Sua ocupação
aconteceu de forma irregular e atraiu as camadas mais marginalizadas, condição
notadamente revelada pelas construções diminutas e precariedade dos materiais
empregados, ainda mantendo casas de taipa não revestidas. O bairro é bastante
rico em aspectos socioculturais, com bastante influência de atividades artísticas
populares, mas carece de uma assistência social mais efetiva por parte do estado,
embora essa força esteja muito presente pela ação policial na região. Repete-se no
referido bairro os problemas com saneamento básico e insuficiência de
equipamentos públicos de lazer.
17. José Geraldo da Cruz: É o bairro onde se localiza o Parque Municipal das
Timbaúbas, o qual recebe o escoamento pluvial dos bairros circundantes.
Caracteriza-se em uma região de baixa densidade com a presença de grandes lotes
na porção sudeste e cresce de densidade à medida que se aproxima da parte
nordeste e noroeste. Há presença relevante de um núcleo de gastronomia e
entretenimento na região, atrativos para o uso noturno. Ainda apresenta áreas de
possível parcelamento e alguns lotes vazios. Uma problemática que se encontra
no local é a descontinuidade do parque, uma vez que é cortado por propriedades
ao longo do leito do riacho. O parque é circundado por equipamentos
institucionais como a SEMASP e a Câmara Municipal. Recebeu atenção mais
recente com obras de urbanização, mas ainda sofre com a poluição por resíduos
sólidos.
18. Juvêncio Santana: Antigamente conhecido por Malvas, o bairro é antigo e faz
parte da área de influência do Centro, surgiu de um dos eixos de entrada da cidade,
a Avenida Dr. Floro Bartolomeu. É bastante diversificado em usos comerciais de
pequeno porte e residências de médio padrão construtivo. Tem o perfil muito
semelhante ao do bairro Fátima, com extensa área verde decorrente do Riacho
Batateira onde está localizado a Estação de Tratamento de Esgoto do município

311
(ETE-MALVAS). Tem áreas bem arborizadas e áreas mais rarefeitas,
compartilhando fraquezas presentes em outros bairros como carência por espaços
de lazer, acessibilidade dos passeios comprometida e esgotos a céu aberto.
19. Lagoa Seca: A Lagoa Seca é o bairro mais nobre do município, para onde
migraram as classes mais altas de Juazeiro do Norte e cidades vizinhas a partir da
década de 1970. É marcado pela baixa densidade com lotes grandes e residências
de alto padrão construtivo, embora estejam paulatinamente dando lugar às torres
residenciais de alto padrão. A valorização do local é favorecida também pela
oferta de serviços de entretenimento, hotelaria e gastronomia, estabelecendo uma
centralidade. Ao longo da Avenida Leão Sampaio (CE-060) perpetua o uso
comercial de médio e grande porte, além dos já citados estabelecimentos. Apesar
de todo status, a região sofre bastante em períodos de chuva ao ponto de
interromper o fluxo nas principais vias do bairro, além de ter pontos com
pavimentação precária.
20. Leandro Bezerra de Menezes: É um bairro dividido pelo Riacho do Touro que
o corta no sentido Norte-Sul. É possível observar quatro perfis tipológicos na
localidade: a porção noroeste ao riacho, que é mais adensada e com tipologia
comercial e residencial de médio padrão construtivo; a centro oeste do tipo
residencial de baixa densidade; a sudoeste com maior presença de indústrias de
grande porte; e toda a faixa leste ao riacho, de ocupação mais recente como
abertura de loteamentos ainda com muitos lotes vazios, cujos usos tendem ao
residencial de média densidade. As problemáticas de outros bairros se repetem:
insuficiência de espaços de lazer, pavimentação viária, infraestrutura e transporte
público.
21. Limoeiro: O bairro do Limoeiro também pode ter seu perfil de ocupação
delimitado pela presença do Riacho das Timbaúbas. O lado oeste é de ocupação
mais densa de padrão popular, enquanto o lado leste apresenta menor
adensamento, lotes maiores e habitações de padrão médio. Ao longo da Avenida
Presidente Castelo Braco, na sua extremidade sul, o perfil é comercial de grande

312
porte. O bairro dispõe de importantes equipamentos como a UPA Limoeiro e
recebeu obras de urbanização no leito do riacho. Ainda assim, carece de
arborização viária e maior infraestrutura social.
22. Logradouro: Bairro ainda com fortes características de zona rural e fragmentado
do tecido urbano, uma vez que sua extensão é paralela à margem oeste do Rio
Batateira, que separa da área urbana principal. Seu povoamento ainda é minguado,
com residências mais isoladas entre si, embora haja parte com loteamento de
traçado mais regular e residência de médio padrão construtivo. Na sua porção
norte, no sopé da Serra do Catolé acontecem atividades de extração mineral.
23. Monsenhor Murilo: Também recentemente incorporado à zona urbana, o bairro
Monsenhor Murilo é exemplo de crescimento fragmentado, uma vez que está
circundado de vazios urbanos. Está quase em sua totalidade parcelado, mas com
a maior parte dos lotes desocupados.
24. Novo Juazeiro: O Novo Juazeiro é um bairro de ocupação entre as décadas de
1980 e 1990 quando grande parte das terras agrícolas começaram a ser parceladas
nos moldes urbanos. Está consolidado como uma centralidade no território do
município, tendo como principal eixo de ocupação às margens da Avenida Castelo
Branco, onde se situam os principais estabelecimentos comerciais e a Igreja
Menino Jesus de Praga. Em direção a porção Norte, seu uso é predominantemente
residencial, variando entre tipologias de média e baixa densidades, dispondo ainda
de casas de alto padrão. Problemas pertinentes a serem apontados são: insegurança
pública, pavimentação precária e ausência de saneamento básico.
25. Pedrinhas: Trata-se de um bairro sem centralidade relevante, uma vez que foi
criado nos moldes das urbanização descontínua, tendo por muito tempo se situado
em uma região margeada de vazios urbanos e terras agrícolas. Só recentemente
recebeu investimento para regularização fundiária por parte do Governo do Estado
do Ceará, uma vez que sua ocupação aconteceu de forma desordenada. Com o
desenvolvimento do bairro Aeroporto, passa a integrar uma região com mais
oportunidades de trabalho. Sua tendência de padrão morfológico é de média

313
densidade, com edificações de até dois pavimentos e com uso residencial e
comercial local. Sua população ainda carece de infraestrutura urbana e social,
sobretudo de transporte, lazer e saneamento básico.
26. Pirajá: O Pirajá define outra centralidade do município a partir do Mercado do
Pirajá e do comércio desenvolvido ao longo da Avenida Ailton Gomes, foi a
primeira área da cidade a receber estabelecimentos comerciais além do bairro
central a partir da década de 1980. Desde a sua origem, datada do final da década
de 1930 quando se instalaram as primeiras habitações, o Pirajá tem se
desenvolvido e atualmente é um dos mais populosos. Quanto a sua morfologia
urbana, predominam edificações térreas, seguidas de pequenos edifícios de até
três pavimentos, não raro alguns com até cinco pavimentos. O uso predominante
é o comercial ao longo das vias principais (Avenida Castelo Branco e Avenida
Ailton Gomes) e vai se transformando em residencial com comércios locais à
medida que se afastam desses eixos. Trata-se de um bairro bastante adensado,
quase inexistindo construções com recuos frontais ou laterais e sem massa
vegetativa expressiva. As problemáticas estão relacionadas com a gestão e
logística das feiras no referido mercado, questões de segurança, iluminação
pública, acessibilidade e espaços de lazer para a população.
27. Pio XII: É um bairro caracteristicamente residencial e popular, um dos mais
populosos e adensados, com construções sem recuos e que não ultrapassam os
dois pavimentos. Sua ocupação ocorreu entre as décadas de 1960 e 1980, se
consolidando em seguida dos bairros Franciscanos, Fátima e São Miguel. Tem
certa independência do Centro devido a presença do Mercado Pio XII e de um
expressivo comércio local. Embora não tenha uma massa de vegetação
significativa, é limitado pela área ambiental das timbaúbas, mas não há
arborização suficiente nos passeios. Outras fraquezas incluem falta de
acessibilidade nos passeios, iluminação pública insuficiente e problemas com
segurança pública.

314
28. Planalto: Localidade ainda pouco ocupada, caracterizada por lotes grandes e com
tendências a tipologias de alto padrão. Predomina o uso residencial multifamiliar
com condomínios horizontais e verticais de até três andares. No bairro estão
inseridos equipamentos urbanos de relevância como Parque de Eventos Padre
Cícero e EEEP Aderson Borges de Carvalho, bem como importantes
estabelecimentos industriais, comerciais, de educação privada e de
entretenimento, como é o caso do Hotel Verdes Vales. Problemas diagnosticados
na região são a ausência de espaços públicos de lazer e a insegurança na
caminhabilidade.
29. Prefeito Mauro Sampaio: Bairro de incorporação recente à área urbana após a
execução da CE-292, mantém características rurais e é um exemplo de
urbanização descontínua. Boa parte do seu território ainda é suscetível ao
parcelamento e a área já parcelada não tem ocupação expressiva. Problemas
incluem a falta de saneamento básico, pavimentação precária e ausência de
espaços de lazer público.
30. Professora Maria Geli: Compreende grande parte do que antes era o bairro Brejo
Seco e a maior parte do seu território ainda é vazio urbano. Os loteamentos
executados no local são do tipo residencial de média densidade incluindo o
Conjunto Habitacional São Sebastião, criando via programa de habitação de
interesse social nacional do governo federal. Mantém certa continuidade com o
bairro Betolândia, mas ainda muito fragmentado do tecido urbano. Junto às
problemáticas relativas ao saneamento básico, acessibilidade dos passeios,
pavimentação viária, lazer público e segurança pública, a população carece de
assistência por parte do poder público.
31. Romeirão: O bairro recebe esse nome devido a existência da Arena Romeirão.
Sua ocupação se intensifica concomitantemente ao desenvolvimento dos bairros
Pirajá e Triângulo durante a década de 1980. Sua faixa oeste é ocupada quase em
sua totalidade por equipamentos institucionais de grande porte, como o SESI,
Hemonúcleo, Delegacia Regional de Polícia Civil, Receita Federal e CAGECE.

315
Já adentrando ao bairro, o uso mais característico é o comercial local e residencial
de média densidade e construções sem recuos frontais ou laterais. Recentemente
se constata uma tendência de aumento do adensamento com a construção de
edifícios multifamiliares de até três pavimentos, embora a maioria das construções
sejam térreas. Algumas ruas são bem arborizadas, mas no geral falta vegetação.
Outros problemas incluem a falta de acessibilidade nos passeios e carência por
espaços públicos de lazer.
32. Romeiro Aureliano: É um bairro que teve sua ocupação principal por habitações
mais populares nas margens da CE-060 com lotes estreitos e irregulares,
contrastando com outras propriedades locais maiores e de alto padrão. Atualmente
sua ocupação tem ocorrido devido a abertura de novos loteamentos que ainda não
foram expressivamente habitados. Fraquezas da localidade estão relacionadas
com a mingua pavimentação, ausência de saneamento básico e pouca assistência
de equipamentos urbanos.
33. Salesianos: É um bairro com forte apelo religioso tanto pela presença da ordem
salesiana no Colégio Salesianos quanto por fazer parte do roteiro das romarias,
com foco no Santuário do Sagrado Coração de Jesus. Nos trechos por onde passa
a Avenida Padre Cícero e a Rua São Pedro, o uso se torna inteiramente comercial
abrangendo vários setores. Ademais, seu uso consiste em residências
unifamiliares de padrão médio, sem recuos frontais ou laterais, comércios locais
e pequenos edifícios habitacionais. Destaca-se também a presença do Mercado
Senhora Santana, que divide o fluxo comercial da parcela mais centralizada. Os
problemas que se apontam na região tangem a respeito da acessibilidade dos
passeios, da arborização e na presença de espaços públicos de lazer.
34. Salgadinho: Grande parcela do bairro encontra-se no baixio do Rio Batateira,
mais conhecido como Rio Salgadinho, de onde vem a nomeação do bairro. Por
esta razão, o solo encharcado não é propício à urbanização. Sua ocupação
primordial foi espontânea e isso explica o traçado e divisão de lotes irregular na
sua porção sudeste, marcadamente misto com presença de comércios locais,

316
clínicas, residências unifamiliares com lotes grandes e outras de lotes estreitos.
Na face Oeste, divisa com o bairro Logradouro a ocupação foi mais recente com
a abertura de loteamentos residenciais ainda com muitos lotes vazios. A Avenida
José de Melo, com trecho sobre o riacho, é a via de acesso para a “ladeira do
Horto”, por onde passam as procissões em devoção ao Padre Cícero, culminando
na estátua do referido ícone religioso. Encontra-se no bairro uma das mais
importantes edificações históricas do município, o Museu do Padre Cícero.
35. Santa Tereza: O bairro Santa Tereza está inserido no polígono formado entre
quatro avenidas de fluxo intenso: Avenida Prefeito Carlos Cruz ao Norte, Avenida
Castelo Branco ao Sul, Avenida Ailton Gomes ao Leste e Avenida Padre Cícero
ao Oeste, sendo estas três últimas os maiores corredores comerciais da cidade.
Não distintamente, no seu perímetro se concentra os usos comerciais e
institucionais e vai se transformando em residencial na direção do miolo. Como
equipamentos urbanos mais relevantes é possível elencar o Colégio da Polícia
Militar, Colégio Polivalente, Colégio Adauto Bezerra, Hospital Estephânia,
Secretaria de Saúde, CREDE 19 e Delegacia da Mulher. A população não usufrui
de arborização adequada, nem boa acessibilidade nos passeios.
36. Santo Antônio: Fazia parte do bairro Salesianos e foi desmembrado após a
ocupação do loteamento Santo Antônio. Suas características morfológicas são
bastante diversificadas, como construções com recuos frontais e laterais na parcela
mais ao norte e as sem recuos na parte mais próxima da linha férrea, em sua
maioria térreas. Quanto ao uso, a maioria é residencial unifamiliar com a presença
de pequenos edifícios de apartamentos, incrementado com o uso comercial local
que aumenta a variedade no bairro. Algumas propriedades maiores (com
característica de chácaras) tem seus muros demasiado altos, o que causa sensação
de insegurança para os que por ali circulam, sendo um problema observado e
repetindo-se aqueles apontados nos demais bairros: não há espaços de lazer, os
passeios são irregulares, não há arborização suficiente e o transporte público não
atende plenamente às demandas.

317
37. São José: No bairro São José está delineada outra centralidade do município,
desta vez relacionada ao comércio atacadista dada a presença de três
estabelecimentos do segmento na CE-292. Além disso, há presença de outros
comércios que corroboraram e corroboram com os fluxos e a ocupação, ponta de
conurbação com a cidade de Crato. No local também está situada a sede da TV
Verdes Mares Cariri, afiliada da Rede Globo. O bairro é um dos maiores em
extensão territorial, apresenta ainda tanto grandes vazios urbanos, quanto núcleos
mais adensados de residências unifamiliares. Existem muitos equipamentos
urbanos no local como a EEEP Raimundo Saraiva Coelho, Fórum da Justiça do
Trabalho, Unidades básicas de Saúde, mas ainda carece de uma distribuição mais
adequada e que atenda de forma equitativa a população. Outros problemas
incluem a precária drenagem urbana, se tratando do ponto onde mais há
alagamentos na cidade, pavimentação insuficiente ou inexistente, esgotos a céu
aberto, coleta de lixo irregular, insegurança, falta de arborização e ausência de
espaços de lazer.
38. São Miguel: É um bairro bem servido de infraestrutura urbana e social,
predominantemente residencial com habitações de classe média. Encena um dos
pontos de interesse das romarias com foco na Paróquia de Nossa Senhora de
Lourdes (Igreja de São Miguel). Seu uso é bastante diversificado com a presença
de comércios locais, instituições de ensino público e privado, equipamentos de
saúde, terminal de ônibus e diversos serviços públicos, tudo isso se tratando de
um dos menores bairros em extensão, sendo bastante atrativo. Por esta razão, tem
se promovido uma verticalização no bairro com pequenos edifícios
multifamiliares como ampliação das antigas casas, uma vez que não há mais lotes
vazios dentro do bairro. Apesar de ser bem assistido por tratamento de esgoto,
coleta de lixo, transporte público e praças, o bairro se vê supersaturado em época
de romarias, pois muitos romeiros se acomodam no referido bairro, o que acentua
os problemas de acessibilidade nas calçadas e arborização escassa.

318
39. Socorro: O bairro Socorro encena como o primeiro bairro a surgir em seguida do
núcleo original e foi palco da vida do Padre Cícero. É um bairro carregado de
misticismo devido a carga simbólica que ele incorpora ao resguardar relíquias da
religiosidade, como restos mortais de importantes figuras relacionadas ao Padre
Cícero e dele próprio. Esse aspecto é reforçado na Igreja de Nossa Senhora do
Perpétuo Socorro e no seu cemitério adjunto, ponto de extrema importância e de
notória concentração durante as romarias. É o menor bairro em extensão e
caracteriza-se pelos lotes estreitos e compridos sem recuos frontais ou laterais,
predominando a tipologia residencial de até dois pavimentos. Há também
presença de pequenos comércios locais e algumas clínicas privadas, como
extensão do Centro. A população ressente-se da escassa arborização urbana, ruas
estreitas, calçadas curtas e sem acessibilidade.
40. Timbaúbas: Recebe essa nomeação por conta do Riacho Timbaúbas, que
atravessa o bairro no sentido transversal. Dessa forma, podemos caracterizar a sua
margem oeste como uma região muito adensada, com lotes estreitos e sem recuos
frontais ou laterais, predominando a tipologia residencial e em seguida os
comércios locais; já na margem leste a morfologia é mais variada, ora com lotes
estreitos e super adensados, ora com lotes maiores e construções isoladas, criando
contrastes no tecido urbano. Recentemente o bairro foi beneficiado com obras de
urbanização ao longo do leito do riacho e melhoria de praças, criando áreas de
lazer para a população. Fraquezas do local estão relacionadas com a carência por
arborização urbana e acessibilidade dos passeios prejudicada.
41. Tiradentes: O bairro Tiradentes teve sua ocupação iniciada nos anos 80 e por
muito tempo manteve extensas áreas de vazios urbanos. Hoje encontra-se
totalmente habitado restando poucos lotes vazios e prevalecendo o uso
residencial, coexistindo tipologias habitacionais de alto padrão com lotes grandes,
casas de padrão médio, habitações do tipo popular e alguns pequenos condomínios
de apartamentos. Há também presença de comércio local, sobretudo na sua faixa
Norte delimitada pela Avenida Castelo Branco. Problemas o bairro são:

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arborização urbana escassa, calçadas irregulares, transporte público não supre as
demandas, ausência de saneamento básico e pavimentação inexistente em
algumas vias.
42. Três Marias: O bairro Três Marias compreende uma pequena área povoada que
se desenvolveu na margem esquerda na CE-060 com características tipológicas
de casas populares e residências de médio padrão construtivo, também
desenvolvendo um comércio local que garante certo nível de independência uma
vez que está fragmentado do núcleo de urbanização principal. Sua parcela oeste e
noroeste compreende a planície do leito do Rio Salgadinho e o sopé da Serra do
Catolé, ocupada inicialmente por grandes propriedades com características rurais
e que hoje tem dado lugar à abertura de novos loteamentos residenciais ainda não
inaugurados. Essa transformação se deu pela valorização da terra em decorrência
das obras do Anel Viário do Cariri, que facilita os fluxos no triângulo Crajubar e
no próprio município. Problemas que se apontam no bairro são a falta de
saneamento básico e pavimentação precária.
43. Triângulo: É o bairro que se desenvolveu na interseção das vias que conectam os
municípios de Crato, Juazeiro e Barbalha, o famoso triângulo Crajubar. Está
consolidado como mais uma centralidade no município, devido sobretudo à
presença do Cariri Garden Shopping, localizado na parte leste do bairro. Nesta
mesma parte encontram-se outros equipamentos importantes, como o Ginásio
Poliesportivo, Hospital Regional do Cariri, URCA, FATEC, Rodoviária e Praça
do Giradouro, além de diversas torres comerciais e residenciais de alto padrão,
hotéis e concessionárias. Na parte restante, a oeste, localizam-se indústrias,
comércios de grande porte e concessionárias. No interior do bairro prevalece o
uso residencial com tipologias que variam do padrão popular com lotes estreitos
às habitações de padrão médio. Encontra-se bem adensado, mas ainda é possível
encontrar lotes vazios e edificações sem uso, o que aponta para uma possibilidade
de expansão. A medida que se aproxima do bairro Jardim Gonzaga, problemas de

320
pavimentação precária, insuficiência de transporte público e ausência de espaços
de lazer começam a ficar mais evidentes.
44. Vila Real: A Vila Real tem uma ocupação mais concisa a partir de 2006, quando
se intensificou a construção de residências de caráter mais popular com lotes
estreitos e compridos, sendo atualmente bem adensado. Na faixa que se aproxima
da CE-292 é possível encontrar várias indústrias de grande porte, bem como
algumas de pequeno porte no interior do bairro.

9.4 Dinâmica Imobiliária


Nos últimos 5 anos o município se expande com a abertura de loteamentos, como
se constata no Quadro 36, entre 2015 e 2020 foram licenciados 38 loteamentos no
município, cerca de 8 loteamentos novos por ano.

Quadro 36: Loteamentos licenciados entre 2015 e 2020.


ANO
EMPRESA RESPONSÁVEL
LICENCIAMENTO
2015 Dantas e Sampaio Empreendimentos Imobiliários SPE Ltda
2015 AC Imóveis e Engenharia Limitada ME
2015 Associação Bíblica e Cultural do Cariri
2015 AG Imobiliária LTDA (Conviver VII)
2015 Fortal Construções e Serviços Imobiliários LTDA – ME (Jardins do Juá)
2015 FAE Empreendimentos Imobiliários LTDA - ME
2015 FAE Empreendimentos Imobiliários LTDA - ME
2015 FAE Empreendimentos Imobiliários LTDA - ME
2015 FAE Empreendimentos Imobiliários LTDA - ME
2015 FAE Empreendimentos Imobiliários LTDA - ME
2015 Corretora de Imóveis Fernandes e Medeiros LTDA - EPP
2015 Juaço Empreendimentos Imobiliários LTDA - EPP
2015 Terrara Urbanismo Construtora e Imobiliária LTDA - ME
2015 João Aécio Sabiá Eireli – ME
2016 Acinbel Agro Comércio e Indústria Bezerra LTDA - EPP (Cinbel)
2016 Juazeiro Urbanismo LTDA (Juazeiro Urbanismo)
Dantas e Sampaio Empreendimentos Imobiliários SPE LTDA (Loteamento Vista do
2016 Vale)
2016 Imobiliária Pau Darco LTDA / Loteamento Parque do Jatobá
2016 João Aécio Sabiá Eireli - ME (Recanto dos Pássaros Residencial)
2016 JHE Empreendimentos Imobiliários LTDA

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2016 Vila Juá Negócios Imobiliários
2017 AG Imobiliária LTDA
2017 AG Imobiliária LTDA
2017 MC Empreendimentos Imobiliários SPE LTDA - ME
2017 Imobiliária Pau Darco LTDA
2017 Mota E Novaes Empreendimentos Imobiliários Eireli - ME
2017 TERRARA URBANISMO CONSTRUTORA E IMOBILIARIA LTDA- EPP
2018 Acinbel Agro Comercio e Indústria Bezerra LTDA - EPP
2018 JUAÇO EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA
2019 TERRARA URBANISMO CONSTRUTORA E IMIBILIÁRIA LTDA
2020 CONSTRUTORA QUIPA LTDA
2020 FAE EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA. / (HEVERTON)
2020 FAE EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA. (HEVERTON)
2020 JHE EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA / (MARINA)
2020 FS EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA
2020 JUAÇO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS- LTDA
2020 LOTEAR URBANISMO E EXTRAÇÕES LTDA.
2020 MOTA & NOVAES EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS EIRELI
Fonte: Equipe PDM a partir de dados da AMAJU, 2020.

Isto posto, verifica-se uma ainda crescente tendência à formação dos subúrbios,
caracterizados pela ocupação de áreas próximas do perímetro urbano e média densidade
populacional, prevalecendo a tipologia residencial unifamiliar. Atribui-se o fomento a
esse comportamento às obras de expansão rodoviária, como o Anel Viário do Cariri, que
facilita a mobilidade entre Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha.
Para além dos loteamentos licenciados, verificou-se que as produções
imobiliárias mais recentes são bastante diversificadas (Figura 90 e Figura 91), indo de
condomínios de alto padrão (horizontais e verticais), localizados em sua maioria nos
bairros Lagoa Seca e Triângulo; edifícios de pequenos apartamentos (até 4 pavimentos)
nos bairros cidade universitária, Aeroporto, Jardim Gonzaga; loteamentos abertos por
toda à área de expansão; edifícios comerciais nos bairros Centro, Triângulo e Lagoa Seca
e habitações de interesse social, inauguradas nos bairros Aeroporto, Betolândia, Leandro
Bezerra, Professora Maria Gerli e Beanôra Gondim Pereira.

322
Figura 90: Avenida Castelo Branco, aos fundos, verticalização do Bairro Triângulo.
Fonte: Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte

Figura 91: Bairro Lagoa Seca. Vista da cidade de Juazeiro do Norte.


Foto: Gabriela Meneses - DCom/UFCA (https://ufca.edu.br)

Importantes instrumentos da política urbana que visam a democratização do


direito à moradia como delimitação de ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social),
instrumentalização da ATHIS (Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social) e
institucionalização da locação social não estão pré-definidas pelo plano diretor vigente,

323
constando no máximo diretrizes acerca das localidades mais apropriadas para locação de
HIS (Habitação de Interesse Social). No entanto, existe no município o Conselho
Municipal de Habitação de Interesse Social (CMHIS) e o Fundo Municipal de Habitação
de Interesse Social (FMHIS), inicialmente instituídos pela Lei Nº 3148 de 08 de junho de
2007 e redefinidos pela Lei N° 4.996, de 06 de agosto 2019.
Embora existam esforços para suprimento do déficit habitacional, persiste ainda
a desigualdade socioespacial nesta nova produção, uma vez que os loteamentos mais
populares e habitações de interesse social estão localizadas em áreas mais distantes das
centralidades e, portanto, usufruem de uma infraestrutura mais limitada principalmente
àquela relacionada ao transporte.

9.5 Problemas, Desafios e Potencialidades

Quadro 37: Matriz SWOT – Evolução Urbana.

EVOLUÇÃO URBANA

Potencialidades Desafios
pontos fortes pontos fracos

● Grandes áreas susceptíveis a ● Crescimento fragmentado da mancha urbana;


urbanização; ● Ausência de delimitação de ZEIS pelo plano
● Tendências diversificadas na expansão diretor vigente;
urbana. ● Ausência de instrumentos como ATHIS que
visam a democratização do direito à moradia.

Oportunidades Ameaças

● A expansão urbana em curso salienta a ● Supressão de importantes áreas ambientais;


importância dos indicadores urbanos na ● Desigualdade socioespacial.
produção espacial;
● A crescente expansão da atividade
imobiliária gera maior circulação de dinheiro,
criação de empregos e maior arrecadação de
IPTU.

Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

A respeito do setor imobiliário e da habitação, a cidade de Juazeiro do Norte


ainda se mostra como uma cidade com forte crescimento, fruto de um setor amplo de

324
comércio e turismo que se traduzem em vários empreendimentos imobiliários, cabe a
administração pública ser um ator presente para nortear este crescimento e garantir o
respeito às legislações já vigentes de forma a garantir assim o bem estar e o acesso à
moradia digna.

10 INFRAESTRUTURA, SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS URBANOS

Deborah Macedo dos Santos 31


Mariana Brito de Lima32
Maria Raquel Silva Pinheiro33

Este diagnóstico aponta a situação da ocupação do território a partir dos


equipamentos públicos, das características socioespaciais dos diferentes bairros e zona
rural, das áreas de vulnerabilidade e condições de infraestrutura de maneira geral.
Antes de iniciar essa revisão diagnóstica, faz-se necessária uma breve discussão
sobre o conceito de unidade de vizinhança34, pois esta foi a principal estratégia do PDDU
2000 para o ordenamento urbano. Ela orienta a dispersão dos serviços públicos no
município e se caracteriza por um espaço de centralidade definida com rigor para que os
serviços e equipamentos sociais básicos principais fiquem equidistantes de todas as
habitações, num raio médio de 600 metros de distância. Estas unidades de vizinhança
seriam um local de convergência social, tendo ainda como elemento focal a estação de
transporte público, funcionando como portal de acesso a essa unidade. O entorno desta
unidade deveria apresentar uso residencial de alta densidade predominantemente com
gradiente decrescente de densidades, conforme distanciamento.
O projeto indicava inclusive os equipamentos sociais que as Unidades de
vizinhança deveriam conter. Seriam estes: Estação de transporte público, Centro de

31 Arquiteta, Doutora em Arquitetura.


32 Arquiteta e Urbanista, Doutoranda em Geografia.
33 Geógrafa.
34 “o centro da Unidade de Vizinhança deverá absorver o comércio, os serviços e os equipamentos sociais

básicos principais, devendo os mesmos ficar eqüidistantes de todas as habitações num raio médio de
caminhabilidade de 600,0 metros” Projeto 05 do PDDU 2000, pág.10

325
Saúde, Central comunitária, polo de atendimento para adolescentes, Centros de Educação
infantil (CEI), Escola de Ensino fundamental, Escola de ensino médio, e posto policial
(Figura 92). Ou seja, de modo mais genérico são serviços de mobilidade, saúde, educação,
segurança e cultura.

Figura 92: Modelo Padrão Esquemático Para Unidade de Vizinhança – Proposta.


Fonte: PDDU, 2000.

Embora esta centralidade não tenha sido consolidada com o rigor inicialmente
delineado, foi feito um esforço neste documento de rastrear se, pelo menos, a implantação
dos principais equipamentos de serviços sociais atende às habitações dentro do raio 600
metros, que foi proposto no PDDU 2000.
Considera-se importante que se mantenha a proposta de dispor os equipamentos
dos principais serviços dentro de um raio máximo de distanciamento das habitações,
tornando os deslocamentos cotidianos viáveis a pé. A literatura científica internacional
aponta que este raio deve estar compreendido idealmente entre 400 e 800 metros
(CARSTENS, 1993; TOLLEY, 2003), e aponta como importante ação de promoção da
“caminhabilidade” (termo que vem do inglês “walkability” e se refere ao conjunto de

326
estratégias que estimulam o deslocamento pedonal). Provoca melhorias diretas na
mobilidade dos habitantes, diminuindo o tempo de percurso e os congestionamentos de
trânsito. Também tem benefícios diretos na saúde e longevidade dos habitantes pelo
estímulo da atividade física cotidiana - caminhadas (CARSTENS, 1993; TOLLEY, 2003;
ALVES et al, 2020).

10.1 Principais serviços e equipamentos públicos e sua distribuição no território do


município

Os equipamentos urbanos comunitários têm grande potencial para o


planejamento urbano. Por meio deles, podem ser criados ambientes com maior qualidade
socioespacial e distribuição espacial coerente. Para isso, é necessário o entendimento
qualitativo e técnico das diferentes formas de planejar a implementação desses
dispositivos.
A partir de levantamento de dados, foram produzidos cinco mapas para ilustrar
a dispersão dos equipamentos públicos no tecido do município de Juazeiro do Norte. São
estes os mapas de equipamentos de saúde, de equipamentos de esporte, de equipamentos
de educação, de equipamentos de cultura e de equipamentos de assistência social.

10.1.1 Saúde
A partir dos dados fornecidos pela prefeitura municipal de Juazeiro do Norte
foram catalogados 67 equipamentos municipais de saúde (Quadro 38). Estes são: 2
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), 1 centro de dermatologia, 1 Centro de
zoonoses, 1 CEO municipal, 1 Centro de Referência em Saúde do Trabalhador
(CEREST), 1 Clínica monteneuro, 1 policlínica municipal (Estefânia), 1 Pronto Socorro
Infantil do Cariri, 2 hospitais e 57 Unidades Básicas de Saúde.

Quadro 38: Lista dos equipamentos municipais de saúde.

EQUIPAMENTO ENDEREÇO BAIRRO ZONA

327
UBS Marrocos - São Gonçalo Rua Antônio Gomes Ferreira, 21 Sítio Marrocos Rural

UBS Palmerinha Avenida do Agricultor, S/N Palmeirinha Rural

UBS Horto I - Ma. Francisca Rua Caminho do Horto, 385 Horto Urbana
Germana

UBS Gavião e Sabiá Sitio Sabiá, 20 Sítio Gavião e Rural


Sabiá

UBS Frei Damião I Rua Vereador Raimundo José da Silva, Frei Damião Urbana
S/N

UBS Novo Juazeiro Avenida Castelo Branco, 3765 Novo Juazeiro Urbana

UBS Jardim Gonzaga - Lagoa Rua Manoel Miguel dos Santos, 44 Jardim Gonzaga Urbana
Seca I

UBS Tiradentes I Rua Antônio Gonçalves Sobreira, 499 Tiradentes Urbana

UBS João Cabral I e II Av. Paraiba, 1203 João Cabral Urbana

UBS São José I Av. Cicero Goncalves, 04 São José Urbana

UBS São José II Rua José Domingos da Silva, 100 Triângulo / São Urbana
José

UBS Betolândia Rua Francilia Maria Martins Lopes, 79 Betolândia Urbana

UBS Antônio Vieira Rua José Sabino, 540 Antônio Vieira Urbana

UBS Timbaúbas Rua Assis Sobreira, 169 Timbaúbas Urbana

UBS Salesianos Rua Santa Clara, S/N Salesianos Urbana

UBS Frei Damião II Rua Renan Felinto de C. Gonçalves, Frei Damião Urbana
93

UBS Romeirão Rua Odilio Figueiredo, 210 Romeirão Urbana

UBS Pio XII I e II Av. Carlos Cruz, 1900 Pio XII Urbana

UBS João Cabral II e IV Rua Senhor do Bonfim n° 555 (562) João Cabral Urbana

UBS Triângulo Rua Engenheiro Jose Batista, S/N Triângulo Urbana

UBS Vila São Francisco Rua Francisca Pereira Lopes, 385 Pedrinhas Urbana

328
UBS Vila Fátima - Padre Silvino Rua Pedro Guilherme, 93 Vila Fátima Rural

UBS Limoeiro Rua Luiz Soares Couto, S/N Limoeiro Urbana

USB Franciscanos I Rua São Bento, 1167 Franciscanos Urbana

UBS Santa Tereza I Rua São Damião, 364 Santa Tereza Urbana

UBS Romeirão Rua Odilio Figueiredo, 210 Romeirão Urbana

UBS Socorro - Salgadinho Rua das Dores, 185 B Socorro/Salgadin Urbana


ho

UBS Juvêncio Santana Rua Padre Medeiros, 235 Juv. Santana / Urbana
Carité

UBS Leandro Bezerra - Aeroporto Rua Cícera Patrícia Costa, 500 Leandro Bezerra Urbana

UBS Pio XII III Rua Antonio Dias Sobreira, S/N Pio XII Urbana

UBS Pirajá I Rua Terezinha Felix de Jesus, S/N Pirajá Urbana

UBS Antônio Vieira Rua José Sabino, 540 Antônio Vieira Urbana

UBS Salesiano I Rua Marieta França de Menezes, 316 Salesianos Urbana

UBS São Miguel Rua São Francisco, 1225 São Miguel Urbana

UBS Fransciscanos II Rua Campos Elisios, S/N Pirajá / Urbana


Franciscanos /
SantaTereza

UBS Pirajá I Rua Terezinha Felix de Jesus, S/N Pirajá Urbana


Rua Antonio Walter Honorato Teles

UBS Vila Três Marias Rua Padre Silvino, 32 Vila Três Marias Rural
Rua Antônio Gonçalves Torres, 22

UBS Tiradentes II Rua Professora Ivani Feitosa, S/N Tiradentes III Urbana

UBS Vila Real - Frei Damião Rua Francisco Martins, 98 Frei Damião Urbana

UBS José Geraldo da Cruz Rua Francisco Leandro de Sousa, S/N José Geraldo da Urbana
Cruz / Tiradentes

UBS Horto II Rua Padre Jesu Flor Horto Urbana


Rua Travessa dos Pombos

329
UBS Sítio Taquari - Junco Sítio Junco, 01 Sitio Taquari / Rural
Junco

UBS Fransciscanos II Rua Campos Elisios, S/N Pirajá / Urbana


Franciscanos /
SantaTereza

UBS Jardim Gonzaga - Lagoa Rua Arnóbio Bacelar Caneca, S/N Jardim Gonzaga / Urbana
Seca II Lagoa Seca

UBS Salesianos - Tia Nena Rua Professora Maria Pedrina, 463 Salesianos Urbana

UBS Centro Avenida do Agricultor, S/N Centro Urbana

UBS São José III Rua Luiz Silva Soares, S/N São José Urbana

UBS Vila Nova I e II Rua Joaquim Leandro de Sousa, 1 Vila Nova Urbana

UBS Campo Alegre Rua Francisco Medeiros da Silva, S/N Campo Alegre Urbana

UBS São Miguel Rua São Francisco, 1225 São Miguel Urbana

UBS Timbaúbas III Avenida Senador Virgílio Távora, S/N Timbaúba Urbana

MCMV - Aeroporto

MCMV - Betolândia

MCMV - São Sebastião

CAPS I Rua Manoel Miguel dos Santos, 125- Lagoa Seca Urbana
A

CAPS AD III AV. Leandro Bezerra, 335 Socorro Urbana

Policlínica Municipal (Estefênia) Rua São Pedro, S/N Santa Tereza Urbana

Hospital Municipal Maria Amélia Rua São Paulo, 2215 Santa Tereza Urbana
Bezerra de Menezes

CEO Municipal Praça dos Ourives, S/N Franciscanos Urbana

Sede da Secretaria de Saúde Rua José Marrocos, S/N Santa Tereza Urbana

Centro de Zoonoses Rua Tenente Raimundo Rocha, S/N Planalto Urbana

Centro de Dermatologia Rua Tabelião Machado, 195 Santa Tereza Urbana

330
Central de Abastecimento Rua Tabelião Machado, S/N Santa Tereza Urbana
Farmacêutico - CAF

CEREST Rua Tabelião Machado, S/N Santa Tereza Urbana

Fonte: Equipe PDM/JN a partir de dados da Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte, 2022.

Observa-se (Figura 93) que nos bairros mais periféricos a oferta ainda é pequena
ou inexistente, exigindo maior deslocamento dos munícipes diante da necessidade. Não
foi encontrada a oferta de equipamentos públicos de saúde nos bairros: Cidade
Universitária, Monsenhor Murilo de Sá Barreto, Professora Maria Goreti, Prefeito Mauro
Sampaio, Carité, Aeroporto, Beanora Gondim Pereira, Romeiro Aureliano Pereira,
Logradouro e Distrito Industrial.
Em alguns outros bairros que possuem equipamento deste tipo, não estão em
quantidade ou disposição suficientes para satisfazer o raio médio de caminhabilidade de
600m em toda sua extensão, como preconizava o projeto 05 do PPDU de Juazeiro do
Norte, 2000. São estes: Planalto, Campo Alegre, Betolândia, e São José. Os demais
bairros e zona rural têm dispersão geográfica adequada destes equipamentos. Quanto aos
equipamentos de saúde, destaca-se o bairro Santa Teresa que concentra cinco tipos de
equipamentos diferentes, nomeadamente 1 Unidade Básica de Saúde, 1 Policlínica, 1
Pronto Socorro Infantil do Cariri, 1 Centro de Dermatologia.

331
Figura 93: Mapa de Equipamentos públicos de saúde.
Fonte: Equipe PDM, 2022.

Além dos equipamentos municipais, o município possui um hospital público da


rede estadual, o Hospital Regional do Cariri. Está localizado na R. Catulo da Paixão
Cearense, s/n - Bairro Triângulo. Sua menção aqui se faz importante, pois mesmo que as
propostas do PDM não possam fazer gerência sobre o mesmo, ele se apresenta como um
importante equipamento público (único que pertence integralmente ao Sistema Único de
Saúde - SUS - na região do Cariri) que atende a 45 municípios da região do sul cearense.
A Política Nacional de Promoção à Saúde (Ministério da Saúde, 2014) 35 tem
como segunda diretriz “o fomento ao planejamento de ações territorializadas de promoção
da saúde…” reconhece na saúde uma parte fundamental da busca da equidade, da
melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. A promoção da saúde não se restringe

35 Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt2446_11_11_2014.html

332
a distribuição dos equipamentos de saúde, mas são importante componente para o acesso
aos seus serviços mais básicos e urgentes. Foram constatadas aqui diversas áreas
descobertas deste tipo específico de equipamentos.
Seria uma diretriz importante construir mais equipamentos deste tipo nos
bairros: Cidade Universitária, Monsenhor Murilo de Sá Barreto, Professora Maria Goreti,
Prefeito Mauro Sampaio, Carité, Aeroporto, Beanora Gondim Pereira, Romeiro
Aureliano Pereira, Logradouro e Distrito Industrial. Além de ampliar a oferta nos bairros
Planalto, Campo Alegre, Betolândia, e São José. Pois a oferta destes últimos ainda fica
bastante distante em determinadas áreas mais periféricas. Para além desta indicação, neste
documento não foram aferidos critérios qualitativos, como a qualidade dos serviços
prestados e a qualidade dos equipamentos construídos, que, decerto, também podem
influenciar no atendimento social prestado por estes equipamentos.

10.1.2 Praças e Esporte

A partir dos dados fornecidos pela Prefeitura municipal de Juazeiro do Norte


identificaram-se 125 praças e equipamentos esportivos (Figura 94). Estes são: 69 Praças,
5 complexos esportivos, 1 estádio (arena Romeirão), 15 academias populares, 13 Campos
esportivos, 2 pistas de skate e 23 quadras.
Assim como com os equipamentos de saúde, observa-se que nos bairros mais
periféricos a oferta ainda é pequena ou inexistente, exigindo maior deslocamento dos
munícipes diante da necessidade.

333
Figura 94: Mapa de Equipamentos públicos de esporte.
Fonte: Equipe PDM, 2022.

Chama a atenção a carência de praças em diversos bairros, são eles: Logradouro,


São José, Antônio Vieira, Vila Real, Distrito Industrial, Frei Damião, Planalto, Antonio
Vieira, Campo Alegre, Betolândia, Monsenhor Murilo de Sá Barreto, Prefeito Mauro
Sampaio, Pedrinhas, Carité, Fátima Juvêncio Santana, Beanora Gondim Pereira, e
Salgadinho. Há ainda bairros sem qualquer equipamento de esportes. São estes:
Logradouro, Distrito Industrial, Vila Real, Frei Damião, Prefeito Mauro Sampaio e
Beanora Gondim. Pereira. Vale ressaltar que mesmo os bairros que possuem equipamento
deste tipo, alguns deles (Aeroporto, Leandro Bezerra de Menezes, Professora Maria Gerli,
Jardim Gonzaga, Triângulo, Fátima e Juvêncio Santana) não estão em quantidade ou
disposição suficientes para satisfazer o raio médio de caminhabilidade de 600m em toda
sua extensão, como preconizava o projeto 05 do PPDU de Juazeiro do Norte, 2000. Ou
seja, precisaria incluir mais equipamentos deste tipo.

334
Quanto aos equipamentos de esportes, destaca-se o Estádio Municipal Mauro
Sampaio (Arena Romeirão), que recentemente foi inaugurada (março de 2022), pois
passou por obras de reforma e ampliação pelo Governo do Estado do Ceará, o qual
intenciona ainda incluir em suas dependências o museu da história do futebol no Cariri36.
A seguir pode-se ver a lista de todas as 74 praças de Juazeiro do Norte com sua
respectiva localização (Quadro 39).

Quadro 39: Lista das praças de Juazeiro do Norte.

EQUIPAMENTO LOCALIZAÇÃO BAIRRO

Praça Cap. Aviador Samuel Wagner Av. Virgílio Távora (em frente ao Aeroporto Regional do
Aeroporto
Marques de Almeida Cariri)

Av. Virgílio Távora (próx. ao aeroporto, em frente ao


Praça Joedson Humberto Figueiredo Aeroporto
aeroclube)

Rua Silvino Pereira Lima com Rua Pedro Matos Neto (em José Geraldo da
Praça José Boa Ventura de Souza
frente à Capela) Cruz

Rua Gilvani Cirilo de Souza com Rua Comerciante João J. Geraldo da


Praça José Bezerra Lima
Cecé Cruz

J. Geraldo da
Praça Mãe Rainha Rua Maria de Lourdes Pimentel com Rua Otônio Lira Cruz
Cruz

Rua Cícera Patrícia da Costa com Rua Eleutério Tavares


Praça Maria Alves Bezerra Leandro Bezerra
de Lira

Praça do Parque São Geraldo Final da Rua Patrícia (Terminal de ônibus) Leandro Bezerra

Praça Doroteu Sobreira da Cruz Rua São Benedito com Rua Vereador José Rodrigues Limoeiro

Praça Geraldo Rocha Sobreira Rua Ver. Antônio Brás com Rua Estelita Silva Limoeiro

Praça Dr. Geneflides Matos Rua Ver. Antônio Limoeiro

Pracinha Eduardo Granjeiro


Rua Valdemar Furtado Leite com Rua Capitão Domingos Limoeiro
Fernandes (Dudu)

Praça Dona Joaquina Vicência


Rua Rafael Xavier Oliveira com Alameda Juazeiro Novo Juazeiro
Romana

36 https://www.ceara.gov.br/2022/03/29/inaugurada-em-juazeiro-do-norte-arena-romeirao-e-o-estadio-

mais-moderno-no-interior-do-brasil/

335
Praça Industrial Aderson Borges de
Rua Olgivi Magalhães de Melo com a Av. Castelo Branco Novo Juazeiro
Carvalho (Praça da Alegria)

Praça Manoel Vieira da Silva (Praça


Rua Manoel Luiz Costa com Rua Sinharinha Granja Novo Juazeiro
da Promessa)

Rua Fiscal Luiz Fernandes Coimbra com Av. Castelo


Praça Rogério Olivieri Cavalcante Novo Juazeiro
Branco (lado oeste da EEFM Tiradentes)

Av. Castelo Branco (no entorno da Igreja Menino Jesus de


Praça Dr. Antônio Yoni Rodrigues Novo Juazeiro
Praga)

Praça Monsenhor Azarias Sobreira


Av. José Bezerra com Rua Nossa Senhora do Carmo Timbaúbas
Lobo

Praça Teodoro de Jesus Germano


Rua Rui Barbosa com Av. Humberto Bezerra Timbaúbas
(Doro Germano)

Rua Roque Antônio dos Santos (próximo à Rua Francisco


Praça José de Amorim da Silva Tiradentes
Dias Sobreira)

Praça Aissa Maria de Oliveira Rua Raimoldo Bender com Rua Cel. Manoel Germano Tiradentes

Professora Maria
Praça (Loteamento São Sebastião I e
Localizada no Loteamento São Sebatstião I e II Geli de Sá
II)
Barreto

Sítio Carás do
Praça Joaquim José Mascarenhas Sítio Carás do Umari
Umari

Praça do Sítio São Gonçalo (Manoel Sítio São


Sítio São Gonçalo
Miguel) Gonçalo

Praça Joaquim do Nascimento Sítio Taquari Sítio Taquari

Praça Dr. Alceu Sobreira de Rua Antônio Gondim Sobreira com Rua Antônia Pereira Aureliano
Figueiredo da Silva Pereira

Praça Maria Silvia de Oliveira Campo Alegre Campo Alegre

Praça Padre Cícero Rua Padre Cícero com Rua São Francisco Centro

Praça Dirceu Inácio de Figueiredo Rua São Pedro (em frente ao Palácio José Geraldo da Cruz) Centro

Praça Leandro Bezerra de Menezes Av. Carlos Cruz com Rua Vicente Patu Centro

Praça Monsenhor Pedro Esmeraldo Rua São Pedro com Rua da Matriz Centro

Praça Antônio Correia Celestino entre a Av. do Agricultor e a Rua Joaquim Romão Batista Centro

Av. Monsenhor Joviniano Barreto (sul da EEF Padre


Praça Josino Euclides Araruna Fátima
Cícero)

336
Praça José Geraldo da Cruz
Av. Carlos Cruz com Rua Monsenhor Esmeraldo Franciscanos
(Estação)

Praça Monsenhor Joviniano Barreto Av. Airton Senna x R. Monsenhor Esmeraldo Franciscanos

Praça Professora Norma Ribeiro


Rua Pimpim Almeida com Av. Airton Senna Franciscanos
Mendonça

Praça da Juventude Loteamento Cicerópolis Frei Damião

Praça Proares - Frei Damião

Praça Padre Francisco Murilo de Sá Praça do entorno do monumento a Padre Cícero, Colina do
Horto
Barreto Horto

Praça Antônio Vieira Caminho do Horto (em frente à Creche Dayse Sampaio) Horto

Rua Padre Manoel Germano com Rua José Sebastião


Praça Felipe Neri da Silva Jardim Gonzaga
Carvalho

Rua José Bezerra Chaves com Rua Maria Olésia


Praça Amélia Francisca Duarte Jardim Gonzaga
Nascimento Araruna

Praça José Adones Callou Rua Jaime Dorcy com Rua das Flores João Cabral

Praça José Ilânio Couto Gondim Av. Leão Sampaio com Rua José de Matos França Lagoa Seca

Praça Prefeito Antônio Conserva


Rua Dr. Mauro Sampaio com Av. Presidente Médici Lagoa Seca
Feitosa

Praça Manoel Germano Rua Dr. Ney com Rua Padre Manoel Germano Lagoa Seca

Praça Eng. Paulo Maurício Castelo


Rua Manoel Pires com Av. Presidente Médici Lagoa Seca
Branco Sampaio

Praça Radialista Francisco Alan Rua Dr. Luciano Torres de Melo com Rua Genário Oliveira
Lagoa Seca
Paiva (em frente à Capela)

Praça Poeta Silvio Grangeiro Rua Dr. Belém de Figueiredo Lagoa Seca

Praça Bárbara Cardoso Sítio Palmeirinha Palmeirinha

Rua 7 de Setembro (em frente à Capela da Imaculada


Praça Josefa Gomes Ramos da Silva Pio XII
Conceição

Praça Dr. Gregório Callou Av. Ailton Gomes com Rua Rui Barbosa Pirajá

Praça Nicolau Monteiro de Macêdo Rua Otávio Aires com Rua do Limoeiro Pirajá

337
Praça Tibério César Cabral Rua Capitão Coimbra com Av. Ailton Gomes Pirajá

Praça Alameda Coronel Francisco


Av. Castelo Branco (em frente ao 2º BPM) Romeirão
Filgueira Cruz

Praça Unias Menandro Filgueiras Rua José Andrade de Lavor com Av. Salgueiro Romeirão

Praça do Santuário Sagrado Coração Rua Padre Cícero (no entorno do Santuário do Sagrado
Salesianos
de Jesus Coração de Jesus

Praça Industrial Aderson Tavares


Rua Professora Maria Pedrina Salesianos
Bezerra

Praça Eng. Carlos Alberto Bezerra Prolongamento da Av. Dr. Floro Bartolomeu Salgadinho

Praça Dr. Edward Teixeira Férrer


Av. Castelo Branco com Rua São Paulo Santa Tereza
(Praça da Bíblia)

Praça Frei Damião Rua São Damião com Rua Senhora Santana Santa Tereza

Praça Antônio Ribeiro de Melo Av. Castelo Branco com Rua José de Alencar Santa Tereza

Praça Desembargador Juvêncio


Rua Conceição com Rua 15 de Novembro S.Miguel
Santana

Praça Mosenhor Dr. Manoel Correia


Rua Santa Luzia com Rua Conceição S. Miguel
de Macêdo

Praça Cônego Climério Rua Santa Cecília com Rua Santa Luzia Socorro

Praça Coronel José Pedro da Silva Av. Leandro Bezerra com Rua da União Socorro

Av. Monsenhor Joviniano no Barreto (sul do EEF Padre


Praça Presidente José Sarney Socorro
Cícero)

Praça Padre Silvino Moreira Dias em frente à Reitoria do Socorro Socorro

Av. Monsenhor Joviniano Barreto com Av. Leandro


Praça Senador Carlos Jereissate Socorro
Bezerra

Praça Vereador Raimundo de Sá de Rua Carolino Salviano de Souza com Av. Joaquim Romão
Três Marias
Souza Batista

Rua Maria Pereira de Moura com Rua Manoel Alexandre


Praça da Vila Três Marias Três Marias
Damasceno

Av. Padre Cícero (em frente ao Hospital Regional do


Praça José Feijó de Sá Triângulo
Cariri)

Rua José Andrade de Lavor (em frente ao Terminal


Praça Cantor Nelson Gonçalves Triângulo
Rodoviário)

338
Praça Antônio François Tavares
Rua Padre Alcântara com Rua Luciano Teófilo Triângulo
Lopes

Av. Padre Cícero (calçadão ao lado do Cariri Garden


Praça Seminário Batista Triângulo
Shopping)

Fonte: Equipe PDM/JN a partir de dados da Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte.

A seguir pode-se ver a lista de todos os equipamentos de esportes de Juazeiro do


Norte com sua respectiva localização (Quadro 40), sendo 12 academias populares, 13
campos, 5 complexos esportivos, duas pistas de skate e 23 quadras.

Quadro 40: Lista dos equipamentos de esportes de Juazeiro do Norte.

Equipamento Local Endereço Bairro

José Geraldo da
Academia popular Parque Ecológico Av. Ailton Gomes, 1139
Cruz

Academia popular Praça da Alegria Rua Vicentina Gonçalves de Lucena, 84 Novo Juazeiro

Academia popular Praça da Areninha Rua Rui Barbosa, 47 Limoeiro

Academia popular Praça da Bíblia Av. Castelo Branco, 4514 Santa Tereza

Praça da Igreja Nossa


Academia popular
Sra. Conceição

Praça da Igreja de Santo


Academia popular Rua Dr. Luciano Torres de Melo, 159 Lagoa Seca
Expedito

Academia popular Praça do CIOPAER Av. Virgílio Távora, 525 Aeroporto

Academia popular Praça do Giradouro Av. Leão Sampaio, 2744 Triângulo

Academia popular Praça do Municipal Rua Quinze de Novembro, 188 São Miguel

Praca José Geraldo da


Academia popular Rua São Domingos Centro
Cruz

Praça Teatro Maquise


Academia popular Av. Paulo Maia, 122 Triângulo
Branca

Academia popular Pracinha do Horto Rua do Horto, 245 Horto

Sítio Carás do
Academia popular Sítio Carás do Umari
Umari

Academia popular Sítio São Gonçalo Sítio São Gonçalo

339
Academia popular Vila Três Marias Vila Três Marias

Campos Campão do Horto Av. José de Melo, 1385 Salgadinho

Campinho da Praça da
Campos Rua Vicentina Gonçalves de Lucena, 137 Novo Juazeiro
Alegria

Campos Campo da Areninha

Campos Campo da Microempresa

Campos Campo da Vaquejada Rua Carlos Alberto Alves Quirino, 148 Planalto

Campos Campo do Chapolim Rua Helena Bezerra Dantas, 253 Brejo Seco

Campo do Jardim
Campos Rua Maria de Jesus dos Santos, 1950 Jardim Gonzaga
Gonzaga

Campos Campo do Pelo Sinal

Campos Campo Sítio Popô Sítio Popô

Campo Sítio São


Campos Sítio São Gonçalo
Gonçalo

Campos Campo Vila Nova Vila Nova

Mini Campo Praça de


Campos Rua Vereador Antônio Brás, 686 Limoeiro
Lazer Timbaúbas

Mini Campo Vila Três


Campos Vila Três Marias
Marias

Complexos
CEUS Aeroporto Rua Joaquim Leandro de Souza, 1358 Pedrinhas
Esportivos

Complexos CIE (Centro de Iniciação


Av. Ailton Gomes, 2932 Franciscanos
Esportivos Esportiva)

Complexos
Ginásio Poliesportivo Rua Catulo da Paixão Cearense, 244 Romeirão
Esportivos

Complexos
Parque Ecológico Av. Ailton Gomes, 3002 Franciscanos
Esportivos

Complexos
Praça da Juventude Rua Manoel Tavares Lopes, 2520 Frei Damião
Esportivos

Pistas de Skate CEUS Rua Joaquim Leandro de Souza, 1358 Pedrinhas

Pistas de Skate Parque Ecológico Av. Ailton Gomes, 2942 João Cabral

340
Quadras Quadra Sítio Espinho Sítio Espinho

Quadra Aeroporto-
Quadras Rua Francisca Pereira Lopes, 433 Pedrinhas
Pedrinhas

Quadra Bairro Leandro Cj Dep. Almino


Quadras Rua Eleotério Tavares de Lira, 36
Bezerra Loyola

Quadras Quadra Bairro São José Rua Vicência Maria de Oliveira, 53 São José

Quadra Betolândia
Quadras (Minha Casa Minha Rua José Teodoro do Nascimento, 84 Betolândia
Vida)

Quadra Betolândia-
Quadras Av. Sebastião Mariano da Silva, 341 Betolândia
Tiradentes

Quadras Quadra da Areninha Rua Eduardo Gomes, 408 Limoeiro

Quadras Quadra da Palmeirinha Sítio Palmeirinha

Quadras Quadra das Malvas Rua Manoel Lourenço de Souza, 15a Juvêncio Santana

Quadras Quadra do CC Rua das Flores, 516 João Cabral

Quadra do CEUS
Quadras Rua da Saudade, 04 Pedrinhas
Aeroporto

Quadras Quadra do CSU Rua Monsenhor Esmeraldo, SN Franciscanos

Quadras Quadra do Municipal Rua Quinze de Novembro, 130 São Miguel

Quadra do Sítio São


Quadras Vila São Gonçalo, 152 São Gonçalo
Gonçalo

Quadras Quadra Jardim Gonzaga Rua Cesarina Venâncio de Oliveira, 70 Lagoa Seca

Quadra Novo Juazeiro


Quadras Travessa Sinhazinha Granja, 42 Novo Juazeiro
(3a Etapa)

Quadra São Sebastião


Quadras (Minha Casa Minha Rua Augusto Dias de Oliveira, 559 Betolândia
Vida)

Quadra Sítio Caras do Sítio Caras do


Quadras
Umari Umari

Quadras Quadra Vila Fátima Rua José Ferreira Duarte, 255 Fátima

Quadras Quadra Vila Três Marias Rua João Antônio de Araújo, 121 Três Marias

341
Quadras do Parque José Geraldo da
Quadras Av. Ailton Gomes, 2881
Ecológico Cruz

Quadras Praça de Lazer


Quadras Rua Madre Nely Sobreira, 1085 Limoeiro
Timbaúbas

Quadras Quadras Poliesportivo Rua Catulo da Paixão Cearense, 244 Romeirão

Fonte: Equipe PDM/JN a partir de dados da Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte.

Os espaços públicos de lazer, como os equipamentos de esportes e as praças, são


fundamentais para a qualidade de vida de um município. A política nacional de promoção
da saúde (Ministério da Saúde, 2014) já reconhece os benefícios relativos à saúde e
qualidade de vida com a ampliação de ações que promovam autonomias individuais e
coletivas para a vivência do território.
Infelizmente ainda há regiões de pouco ou nenhum acesso pedonal a
equipamentos deste tipo no município de Juazeiro do Norte. Assim temos como
encaminhamento: 1- ampliar a oferta de praças, prioritariamente nos bairros:
Logradouro, São José, Antônio Vieira, Vila Real, Distrito Industrial, Frei Damião,
Planalto, Antonio Vieira, Campo Alegre, Betolândia, Monsenhor Murilo de Sá Barreto,
Prefeito Mauro Sampaio, Pedrinhas, Carité, Fátima Juvêncio Santana, Beanora Gondim
Pereira, e Salgadinho; 2 - ampliar a oferta de equipamentos de desporto prioritariamente
nos bairros: Logradouro, Distrito Industrial, Vila Real, Frei Damião, Prefeito Mauro
Sampaio e Beanora Gondim. Pereira.
Não foram catalogados dados de equipamentos públicos de entretenimento
infantil (parquinhos). Indica-se também a ampliação deste tipo de equipamento.

10.1.3 Educação
A partir dos dados fornecidos pela Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte foi
possível catalogar 93 equipamentos de educação pública municipal (Figura 95). Estes são:
6 Escolas municipais de ensino infantil e fundamental (EMEIF), 9 Escolas de educação
infantil fundamental (EEIF), 19 Escolas de ensino fundamental (EEF), 25 Escolas de
ensino infantil (EMEI), 22 Escola municipal de ensino fundamental (EMEF), 5 Centros

342
de educação Infantil (CEI), 1 Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), 1
PROURB no bairro triângulo, 1 SESC, 1 CEJA, 1 Escola técnica do SENAI, 2 SENAC.

Figura 95: Equipamentos públicos de educação.


Fonte: Equipe PDM, 2022.

No levantamento, não foi encontrada qualquer oferta de equipamentos públicos


municipais de educação nos bairros: Distrito Industrial, Cidade Universitária, Planalto,
Monsenhor Murilo de Sá Barreto e Prefeito Mauro Sampaio, José Geraldo da Cruz e
Cajuína São Geraldo.
Em muitos dos bairros mais periféricos que possuem equipamento municipal
deste tipo, não estão em quantidade ou disposição suficientes para satisfazer o raio médio
de caminhabilidade de 600m em toda sua extensão, como preconizava o projeto 05 do
PPDU de Juazeiro do Norte, 2000. São estes: Professora Maria Gerli, Aeroporto,
Pedrinhas, Juvêncio Santana, Carité, Logradouro, São José e Tiradentes. Os demais
bairros e zona rural têm dispersão geográfica adequada destes equipamentos.

343
Segue Quadro 41 com lista das 90 Instituições de Ensino Infantil e Fundamental
Públicas Municipais.

Quadro 41: Lista das escolas municipais de Juazeiro do Norte.

Equipamento Tipo Endereço Bairro

03 de junho EMEIF Avenida Leandro Bezerra, Salgadinho


4060

Adalgisa Gomes de Figueiredo EMEI Rua Um,196 Frei Damião

Afro Alves de Macena EMEI

Alayde Oliveira de Andrade CEI Rua José Saraiva Macedo, Limoeiro


207

Ana Amalia Bezerra de Menezes CEI Rua Vereador José Pirajá


Sousa Rodrigues Soares, 251a

Antonio Benjamin de Moura EMEIF Sítio Porções

Antonio Bezerra Monteiro EMEF Rua Doutor Sebastião Timbaúba


Cavalcante, 503

Vereador Antonio Fernandes EEIF Rua Fiscal Jose Isidoro, Salesiano


Coimbra 154

Antonio Ferreira de Melo EMEF Avenida Padre Cicero, 544 São José

Associação de Pais e Amigos dos


Excepcionais - APAE

Professora Assunção Gonçalves EMEI Rua Professor Ivany Tiradentes


Feitosa de Oliveira, 320

Carolina Sobreira EEF Rua Odilon Gomes de Tiradentes


Alencar, 1173

Cecília Cruz de Alencar Avenida Presidente Castelo Tiradentes


Branco, 2992

Cícera Germano Correia EMEF Rua Sebastião Palmeira, Pedrinha


3067

Cícera Maria dos Santos EMEF Rua Raimundo João Frei Damião
Gonçalves,64

Dayse Sampaio EMEI Rua do Horto, 157 Horto

344
Demostenes Ratts Barbosa EEF Avenida Ailton Gomes, Franciscanos
2077

CAIC D. Antonio Campelo de CEI Rua Luiz Izidro, 15 Frei Damião


Aragão

Dom Vicente de Paula A. Matos EEF Rua Rui Barbosa, 2237 Limoeiro

Dona Odorina Castelo B. Sampaio EMEF Rua Capitão Domingos, Limoeiro


408

Dr. Leão Sampaio EEF Avenida Doutor Floro Juvêncio Santana


Bartolomeu, 579

Dra. Zilda Arns CEI

Edvard Teixeira Ferrer EMEF Rua Dom Pedro II,1666 Franciscanos

Professora Chiquita Callou EMEI Sítio Marrocos

Senhor Callou EMEF Sítio Amaro Coelho

Líder Comunitário Antonio Miguel EMEIF Sítio Pau Seco


de Sousa

Irmã Iva EEF Rua Rafael Malzoni, 02 Socorro

Nossa Senhora de Fátima EEIF Sítio Carás do Umari

Escola o Semeador

Escola Poço de Jacó

Fundação Educacional Rotary EEF

Escola Vila Três Marias Vila Três Marias

Felipe Neri EEF Rua Primeiro de Maio, Limoeiro


1059

Profa. Fca. Leticia do Amaral EMEI Rua Antônio Alvino São José
Brasileiro Gonçalves, 490

Governador Manoel de Castro EMEF Rua Professor Ivany Tiradentes


Feitosa de Oliveira, 304

Padre Cícero EEIF

Helena Vieira dos Santos EMEI

Heloisa Sobreira Dias Camilo EEF Rua Maria Arlete Ribeiro Pio XII
Cruz, 39

345
Irmã Ana Terezinha EMEI Rua Joaquim Leandro de Pedrinha
Souza, 1475

Izabel da Luz EEF Avenida Ailton Gomes, Pirajá


4502

Jerônimo Freire EMEF Rua Beata Maria de João Cabral


Araújo,1112

Joana Tertulina de Jesus EMEI Rua Raimundo Elias Salesianos


Pereira, 07

João Romão de Sá Barreto EEIF

Joaryvar Macedo EMEI

José de Araújo EMEF

José Ferreira Menezes EMEF Rua Pedro Guilherme, 104 Fátima

José Geraldo da Cruz EMEF Rua do Rosario, 601 Salesiano

José Marrocos EMEF Rua 07 de Setembro,91 Pio XII

Prefeito José Monteiro EEF Rua São Salvador, 476 Juvêncio Santana

José Perboyre Sampaio Sabiá EMEI Rua Vereador Antônio São José
Araújo da Silva

José Sabiá EMEIF Sítio Sabiá

Laurentino Alves Macena EMEF Sítio Leite

Lili Neri da Silva EMEF Rua Padre Alcântara, 210 João Cabral

Mário da Silva Bem EMEF Rua Francisco Martins de Frei Damião


Souza, 290

Madre Maria Villac EMEI Rua Tenente José Dias, Pirajá


1069

Manoel Balbino da Silva EEIF Estrada do Carite, 448 ViIa Carite

Maria Bernardino Machado EEF Sítio Espinho

Maria de Lourdes Lopes EMEIF Rodovia CE 060, 1733 Vila Três Marias

Maria de Lourdes Ribeiro Jereissati EMIF Rua José Dourado da Silva, São José
1011

Maria Dirciola Germano EMEI Rua Doutor Luciano Torres Jardim Gonzaga
de Melo, 228

346
Maria do Socorro Cardoso EEIF

Maria do Socorro Cruz EMEI Rua das Flores, 1984 João Cabral

Enfermeira Maria dos Santos EMEI Sítio São Gonçalo

Maria Francisca de Sousa EMEI Rua Francisca Pereira Pedrinhas


Lopes, 433

Professora Maria Germano EEF Rua Manoel Lopes Bezerra, Lagoa Seca
68

Maria Quirino da Silva EMEI Rua Pedro Guilherme, 58 Fátima

Maria Raimunda dos Anjos EMEI Rua Padre Medeiros, 248 Juvêncio Santana

Maria Rodrigues do Nascimento EMEI Vila Santo Antônio

Monsenhor Joviniano Barreto EEIF Rua do Cruzeiro,657 São Miguel

Zuila Morais EMEI

Odete Matos de Alencar EMEIF Avenida Presidente Castelo Pirajá


Branco, 3788

Pelusio Correia de Macedo EMEF Rua Marieta França, 449 Santo Antônio

Maria Pedrina EEIF Sítio Popo

Pref. Dr. Mozart Cardozo de Rua Arnóbio Barcelar Lagoa Seca


Alencar Caneca, 2a

Professora Doralice Rocha EEF Rua da Saudade, 14 Pedrinhas

Professora Francisca Pereira Matos EMEI Rua Miguel Pedro de Brito, Pio XII
42

Professora Iva Emídio Gondim EEF Rua Pio Norões, 783 Romeirão

Professora Maria Luiza Dantas EMEI Rua Odilio Figueiredo, 295 Romeirão

Professora Nair Silva EMEI Rua Jacobina de Souza, 65 Frei Damião

PROURB (Triângulo) Rua Chanceler Edson Triângulo


Queiroz, 313

Raimundo Domingos EEIF Sítio Taquari

São Geraldo EEF Avenida Valdenice Pedrinhas


Leandro de Menezes
Figueiredo, 157

347
Sebastião Teixiera Lima EMEF Avenida Padre Jezú Horto
Flor,820

Senadora Alacoque Bezerra EMEI Caminho do Horto, 584 Salgadinho

Tabelião Expedito Pereira EMEF Avenida José Bezerra, 750 Pio XII

Tabelião Vicente Pereira EEF Avenida Dr. Floro Juvêncio Santana


Bartolomeu,1208

Vereador Francisco Barbosa EMEF

Vereador Getulio Grangeiro CEI Rua Cícera Patríca da Conj. Dep. Almino
Pereira Costa, 450 Loiola

Zila Belém EEF Rua Fco Vicente da Silva Triângulo


Cavalcante,66

João Alencar de Figueiredo Avenida Presidente Castelo Pirajá


Branco, 1148

Fonte: Equipe PDM/JN a partir de dados da Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte.

Também foi feito o levantamento das instituições de ensino públicas estaduais.


Pois apesar de não fazerem parte da gerência do município, podem configurar novas
demandas de infraestrutura, serviços e mobilidade. Foram catalogadas 3 Escolas
Estaduais de Ensino Fundamental e Médio (EEFM), 3 Escolas Estaduais de Educação
Profissional (EEEP), 4 Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI), 4 Escolas
Estaduais de Ensino Médio (EEEM), 1 Centro de educação de jovens e adultos (CEJA),
1 Centro Cearense de Idiomas (CCI), 1 Escola da Polícia Militar (CPM). Totalizando 17
instituições de ensino (Quadro 42).

Quadro 42: Lista das escolas estaduais de Juazeiro do Norte.

EQUIPAMENTO TIPO ENDEREÇO

GETÚLIO VARGAS – Farias Brito EEFM Rua Professora Maria Stela Pereira, 01
CEP.: 63.185-000

E E F M AMÁLIA XAVIER EEFM Rua Rui Barbosa, 468 – Bairro Santa


Tereza
CEP : 63050380

348
EEFM DONA CLOTILDE SARAIVA COELHO EEFM R. do Limoeiro, 2338 - Pirajá, Juazeiro
do Norte - CE, 63034-090

EEEP – Aderson Borges de Carvalho EEEP Rua Vicente Teixeira de Macedo, 561.
CEP 63040-380

Escola de Educação Profissional Raimundo EEEP Avenida Paulo Maia, S/N – São José –
Saraiva Coelho Juazeiro do Norte – CE –
CEP 63024-685

EEEP PROFESSOR MOREIRA DE SOUSA EEEP Rua do Cruzeiro 497 Centro. CEP
63010212

EEMTI PRESIDENTE GEISEL – Polivalente EEMTI RUA JOSÉ MARROCOS S/N.


BAIRRO: SANTA TEREZA. CEP.
63010-095

EEMTI TIRADENTES EEMTI AVENIDA CASTELO BRANCO S/N


BAIRRO NOVO JUAZEIRO CEP
63030-650

EEMTI DOM ANTÔNIO CAMPELO DE EEMTI R. Ver. José Raimundo da Silva, 305.
ARAGÃO Frei Damião, Juazeiro do Norte – CE.
CEP: 63043-250

EEMTI FIGUEIREDO CORREIA EEMTI R. Praca da Conceicao, 5 - Pio XII,


Juazeiro do Norte - CE, 63020-710

EEM JOSÉ BEZERRA EEM Rua São Jorge , 440 CEP: 63010473

EEM GOVERNADOR ADAUTO BEZERRA EEM Avenida Castelo Branso, S/N – Bairro
Santa Tereza – Juazeiro do Norte

ESCOLA DE ENSINO MÉDIO PREFEITO EEM Rua Construtor José Sabino 736
ANTÔNIO CONSERVA FEITOSA Parque Antônio Vieira – CEP
63022100

EEM PLÁCIDO ADERALDO CASTELO EEM Rua Carlos Morais n°752 Centro cep:
63220 000

CEJA -CENTRO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS CEJA Rua do Cruzeiro, 14440 Bairro São
E ADULTOS Miguel
Profa. Cicera Germano Correia CEP 63010.485 – Juazeiro do Norte

CCI Juazeiro CCI Rua 15 de novembro S/N, Bairro São


Miguel, Juazeiro do Norte –CE
CEP: 63010-480

CPM Juazeiro. Escola Militar de Juazeiro do Norte CPM Av. Castelo Branco, 401 – Bairro Santa
Tereza CEP: 63.050-405

Fonte: Equipe PDM/JN a partir de dados da CREDE19. Disponível em:


https://www.crede19.seduc.ce.gov.br/.

349
O município abriga ainda quatro campi de instituições de ensino superior
públicas. Um campus da Universidade Federal do Cariri e um campus do Instituto Federal
do Ceará, ambos no bairro Cidade Universitária. Um campus da Universidade Regional
do Cariri, no bairro Lagoa Seca e um campus do Centro de Ensino Tecnológico no Bairro
Triângulo (Quadro 43).

Quadro 43: Lista das Instituições de ensino superior públicas de Juazeiro do Norte.

Equipamento Endereço

Universidade Federal do Cariri Av. Ten. Raimundo Rocha, 1639 - Cidade Universitária,
Juazeiro do Norte - CE, 63048-080

Instituto Federal do Ceará – Campus Av. Plácido Aderaldo Castelo, 1646 - Planalto, Juazeiro do
Juazeiro do Norte Norte - CE, 63040-540

Universidade Regional do Cariri Av. Leão Sampaio, 107 - Lagoa Seca, Juazeiro do Norte -
CE, 63041-145

FATEC CARIRI - Faculdade de R. Profª Francismar Roque, S/N - Triângulo, Juazeiro do


Tecnologia Centec - Cariri Norte - CE, 63041-190

Fonte: Equipe PDM.

Juazeiro do Norte abriga ainda diversas Instituições de ensino básico particulares


(77 unidades, segundo o relatório do Conselho municipal de educação 37), conforme
apresentado no Quadro 44.

Quadro 44: Lista das Instituições de ensino básico, particulares, de Juazeiro do Norte.
Nome Da Escola Endereço
12 De Outubro, Colegio Rua Princesa Isabel,1189, São Miguel
15 De Novembro, Colégio Rua Edgar Coelho De Alencar, 83, São José
4 De Outubro, Escola Rua Joao Marcelino 719, Pio Xii
Aguias, Colegio Rua Ozana Pereira, 1068 A - João Cabral
Agape Do Cariri Colegio Rua São Benedito, 2009, Pirajá
Alternativo, Colegio Rua 22 De Julho 1313, Limoeiro
Alegria Do Saber, Eeif Rua Construtor Jose Sabino, 81 - Antônio Vieira
Angelo Gabriel, Colegio Rua João Cândido Fontes, 23 - Triângulo

37 Disponível em: https://www.cmejuazeirodonorte.com.br/escolas-privadas/

350
Anjinhos Felizes, Educandário Rua Francisco Vicente Da Silva Cavalcante, 113 -
Triângulo
Arte Do Saber, Escola Rua Jose Antônio Severino, 340 - Brejo Seco
Amigos Do Saber, Escola Rua Antonio Pinheiro Landim, 278, Parque
Antonio Vieira
Arco Iris Colegio Rua Sao Benedito, 832, Franciscanos
Aquarela, Colégio Rua José Fco. Do Nascimento, 857 - Betolandia
Aurélio Buarque, Colégio Rua Leonardo Da Silva Fontes, Frei Damião
Autentico, Colegio Av. Humberto Bezerra, 1003, Novo Juazeiro
Educar Sesc Juazeiro Rua José Marrocos, 2265, Romeirão
Casa Da Árvore Schoenberg, Escola Rua Dr. Mário Malzoni, 593 - Lagoa Seca
Mickey E Mouse, Educandário Rua Das Flores, 1436 - Romeirão,
Baby Disney Eeif Avenida Maceio, N 246, Romeirao
Batista Do Cariri, Colegio Rua Sao Paulo, 797, Centro
Bom Jesus, Creche Comunitária Da Vila Vila Bom Jesus, Horto
Braz, Colegio Rua Madre Maria Nely Sobreira, 298 - Limoeiro
Carinho Da Mamae, Colegio Av. Hildegarda Barbosa Nº 531, Parque Antonio
Vieira
Castelinho Encantado, Iece Rua: Todos Os Santos, 1540, Romeirão
Christo Rei, Colegio Rua Do Limoeiro 1564, São Miguel
Comecinho De Vida, Eeif Rua João Rocha,632, Pedrinhas
Compania Das Letrinhas, Centro Educativo Rua São Paulo 2080, Santa Teresa
Compasso Colegio Rua Odilon Gomes 474, Tiradentes
Crianca Esperanca, Escola De Ensino Infantil E Rua Amadeu Cordeiro N° 158, Triangulo
Fundamental
Criativo, Colégio Av.Ailton Gomes De Alencar, Franciscanos
Desafio, Centro De Educação Infantil E Fundamental Rua Nossa Senhora De Lourdes , 221, Franciscanos
Destaque Do Cariri, Colegio Cônego Climério 429, Pio Xii
Dinamico, Colegio Rua Leão Xiii, 514, Salesianos
Domum, Colégio Rua Professora Vaneida Soares Bezerra, 100,
Planalto
Educar Alpha, Colégio Rua Santa Tereza, 489, São Miguel
Esperança, Colégio Rua José Esmeraldo Pinheiro -300, São José
Estrela, Colégio Rua Todos Os Santos, 2317, Romeirao
Estrela Da Sabedoria, Cento Educacional Rua Manoel Lourenço De Souza, S/N – Juvencio
Santana
Exito Do Cariri, Colegio Avenida Castelo Branco,2226, Novo Juazeiro
Exito Do Cariri, Colegio Rua Ezequiel Almeida, 900, Tiradentes

351
Fenix, Escola Rua Jose Henrique Brasileiro ,700, Tiradentes
Francisco De Assis, Colegio Sao Rua Nossa Senhora Do Carmo S/N, Franciscanos
Futuro Feliz, Educandário Rua João Maciel Nº149, Triangulo
Genios, Colegio Rua Das Flores,44, Salesianos
Gente Inocente Eeief Rua Raimundo Daniel De Freitas, 487, Timbaubas
Juventude Independente, Centro Educacional Rua Santa Clara, 459 - Salesiano
Jose Paulo Ferreira, Eeif Rua Joaquim Cruz, 933 - Aeroporto
Gente Miuda, Centro Educacional Rua Frei Ibiapina 198a, Pio Xii
Global Eeief Rua Jose De Alencar Nº 1093, Santa Tereza
Interativo, Colégio Rua Manoel Cassemiro,374, Triangulo
Instituto Crescer Rua Antônio Torres De Melo ,228 - Bairro São
José
Interativo Kids, Colegio Rua Primeiro De Maio, 714 - Pio Xii
Joaquim Ancelmo, Colegio Rua Santa Tereza, 430, São Miguel
Jardim Lirio Do Vento Rua Hilda Maria De Lima 114 - Lagoa Seca
Kids, Colegio Rua José Sebastião De Carvalho, 454, Lagoa Seca
Marcel, Colegio San Rua Das Flores, 187, Salesiano
Lilica, Educandário Da Rua Joaquim Da Rocha, 967 - João Cabral
Medalha Milagrosa Colegio Rua São Bento 1032, Franciscanos
Miney E Mickey, Eeif Rua Da Paz, 1190 - Romeirao
Mini Mundo, Colégio Rua Maria Tavares De Jesus, 356 - São José
Max, Colégio Rua Farias Brito, N° 722 - Romeirão
Mundo Novo, Eeief Rua Videlina Saraiva Landim, 96 - Timbaúbas
Mellilla, Educandario Rua Coronel Filemon Teles, 165, Tiradentes
Nana Neném, Centro Educacional Avenida Ailton Gomes, 4020 - Lagoa Seca
Mundo Azul, Escola Rua Primeiro De Maio, 895 - Limoeiro
Modulo Objetivo, Centro Educacional Rua Dr Floro Bartolomeu, 770, Centro
Monteiro Lobato, Escola De Ensino Fundamental Av.Antonio Sales , 317, Novo Juazeiro
Mundo Magico, Colegio Rua Do Cruzeiro, 1172, São Miguel
Mundo Disney, Colégio Rua Perpetua Carneiro Da Cunha, 1099, Joao
Cabral
Mundo Magico, Eeif Rua Antonio Nunes De Alencar No 120 –
Tiradentes, Tiradentes
Petit Baby, Berçario E Escola Rua Sgt José Marcolino Brasileiro - Lagoa Seca
São Nicolau, Escola Rua Assis De Melo, 336 - São José
Poço De Jacó Horto, Juazeiro Do Norte
O Senninha Colegio Rua Padre Cícero 612, Centro

352
Os Sabidinhos, Centro Educacional Rua Luiz Karimaia, Novo Juazeiro
Otacilio Pereira Eeif Rua Ozana Pereira, 163, Romeirao
Paraiso Colegio Rua Sao Benedito, 326, Sao Miguel
Paraiso Colegio Rua Gomes De Matos 420 - Planalto
Pedro Eef Sao Rua Santa Rosa, 876, Salesianos
Pequeno Genio, Educandario Avenida Ailton Gomes 1546, Piraja
Primeiro Passo, Colégio Rua Beato Jose Lourenço 177, Tiradentes
Sagrada Familia Colegio Rua Do Limoeiro, 987, Franciscanos
Instituto Salesiano São João Bosco Rua Padre Cicero, 1492, Salesianos
Schoenberg Complexo Cultural Rua Edward Mclain, 05, Santa Tereza
Sede Do Saber Colegio Rua Valdomiro Marçal,361, Parque Triângulo
Semeador, Centro De Educacao Comunitaria Rua Dona Leopoldina, 345, Aeroporto
Sorriso De Criança Em Ação, Universidade – Usca Rua Jose De Alencar 1821, Joao Cabral

Sossego, Colegio Rua São Domingos, 59, Centro


Sonho Educativo Rua Leão Xiii, 530 - Salesiano
Semar, Escola De Ensino Infantil Rua João Luciano Moreira, 92 - Tiradentes
Unicenter, Colegio Rua São Francisco, 841, São Miguel
Vera Cristo, Colegio Rua Padre Pedro Ribeiro 506, Centro
Versatil, Colégio Francisco Martins De Souza, Lagoa Seca
Vida, Escola Avenida Antonio Sales 379, Novo Juazeiro
Rosa Mistica, Colegio Rua Da Paz,852 A

Fonte: Equipe PDM a partir de Relatório do Conselho Municipal de educação.

O município de Juazeiro do Norte abriga 19 campi de Instituições de ensino


superior(IES) particulares. Algumas destas instituições são reconhecidamente polos
geradores de viagens (PGV) e demandam atenção especial aos serviços públicos como o
de transporte, por exemplo. Por isso, também foram listadas a seguir as IES particulares
(Quadro 45).

Quadro 45: Lista das Instituições de ensino particulares de Juazeiro do Norte.

Equipamento Tipo Endereço

Estácio - FMJ IES Avenida, Av. Ten. Raimundo Rocha, 515 - Cidade
Universitária, Juazeiro do Norte - CE, 63040-360

353
Unileão - Centro Universitário Doutor IES Av. Maria Letícia Leite Pereira s/n, Lagoa Seca - Cidade
Leão Sampaio. Campus Lagoa Seca Universitária, Juazeiro do Norte - CE, 63040-405

Unileão - Centro Universitário Doutor IES Av. Padre Cícero, 2830 - Triângulo, Juazeiro do Norte -
Leão Sampaio. Campus Crajubar CE, 63041-140

Unileão - Centro Universitário Doutor IES Av. Leão Sampaio, km 3, bairro Lagoa Seca, Juazeiro
Leão Sampaio. Campus Saúde do Norte – CE

Unijuazeiro IES R. São Francisco, 1224 - São Miguel, Juazeiro do Norte


- CE, 63010-475

Unopar IES R. do Seminário, 515 - Franciscanos, Juazeiro do Norte


- CE, 63010-145

Unifap IES R. Conceição, 1228 - São Miguel, Juazeiro do Norte -


CE, 63010-465

Unicesumar IES R. do Cruzeiro, 234 - Centro, Juazeiro do Norte - CE,


63010-212

Unip IES Rua: Raimundo Machado da Silva, 60 - Triângulo,


Juazeiro do Norte - CE, 63041-187

Uniasselvi IES R. Belo Horizonte, 288 - José Geraldo da Cruz, Juazeiro


do Norte - CE, 63033-015

Unifcv - polo Juazeiro do Norte IES R. do Cruzeiro, 930A - São Miguel, Juazeiro do Norte -
CE, 63010-485

UniDBSCO IES R. Conceição, 474 - São Miguel, Juazeiro do Norte - CE,


63010-222

Faculdade Padre Cícero IES R. do Seminário, 515 - São Miguel, Juazeiro do Norte -
CE, 63010-145

Unifatecie IES R. do Cruzeiro - São Miguel, Juazeiro do Norte - CE,


63010-485

Instituto Juazeiro de Educação IES R. da Glória, 175 - Centro, Juazeiro do Norte - CE,
Superior - UNIBTA 63010-460

Uniftb IES R. Santa Luzia, 1187 - São Miguel, Juazeiro do Norte -


CE, 63010-459

Cecape IES Av. Padre Cícero, 3917 - São José, Juazeiro do Norte -
CE, 63024-015

EAD Laureate IES R. Leão XIII, 620 - Salesianos, Juazeiro do Norte - CE,
63050-030

Fonte: Equipe PDM.

354
O município de Juazeiro do Norte possui 93 equipamentos de educação básica
pública municipal,17 instituições de ensino básico estaduais, 77 instituições de ensino
básico particulares, 4 campi de Instituições de ensino superior públicas e 19 campi de
Instituições de ensino superior particulares.
Pela quantidade de estudantes a comparecer e se despedir destas edificações no
mesmo momento, estas se configuram como pólos geradores de viagens (PGV) e carecem
de atenção especial quanto às estratégias de mobilidade urbana (transporte coletivo,
incentivo de diferentes modais, incentivo ao acesso pedonal, etc.). Geram ainda demandas
ligadas à infraestrutura (vias de acesso, calçadas mais largas, estacionamentos), energia,
saneamento e serviços diversos como alimentação, reprografia, vestuário específico, entre
outros.

10.1.4 Cultura
O município não disponibilizou um repertório dos seus equipamentos de cultura,
assim, este levantamento foi feito a partir de visitas in loco. Foram localizados 10
equipamentos de cultura (Figura 96) no Município, nomeadamente: 2 teatros, 1 anfiteatro
no parque ecológico, 1 Núcleo de arte educação e cultura Marcus Jussier, 2 museus, 1
centro cultural Mestre Noza, 1 biblioteca pública municipal.
Estes equipamentos estão localizados em 6 bairros do município, dentro do
perímetro de sua zona urbana. Nomeadamente nos bairros: Horto, Socorro, Centro,
Salesianos, Pirajá e José Geraldo da Cruz. Apesar da existência deste tipo de
equipamentos públicos no município, ainda é pequena a oferta destes equipamentos com
relação a quantidade da sua população. Fica evidente ainda que há poucas opções de
passeios culturais ofertadas.

355
Figura 96: Mapa dos Equipamentos públicos de cultura.
Fonte: Equipe PDM, 2022.

Não somente a quantidade, mas a qualidade dos equipamentos culturais deve ser
melhorada. O município de Juazeiro do Norte tem reconhecido potencial cultural, pelo
qual muitas oportunidades de turismo e negócios são ancoradas na região. A cultura tem
papel fundamental no desenvolvimento das cidades e dos cidadãos que a tem como
primeiro elemento de práticas de cidadania que se manifestam no patrimônio, na
arquitetura, no design, na arte pública, na paisagem, no relacionamento com o espaço
ordenado. Para citar dois exemplos de como o planeta já está de acordo e assumiu
compromissos com esta temática, temos afirmações semelhantes nos documentos da

356
Agenda 21 para a cultura38, assinada em Barcelona em 2004 por representantes de
centenas de cidades do mundo e do Movimento Cidades e Governos Locais Unidos 39.
“O planeamento urbano que não considera explicitamente os fatores culturais
tem efeitos negativos na preservação do património, e torna-se num obstáculo para a
memória, a criatividade e a coexistência, promove a homogeneização e limita as
oportunidades de aceder e participar na vida cultural. Resumindo, o ordenamento urbano
deve incluir, nos nossos dias, uma avaliação do impacto cultural, tal como passou a
incorporar, no século XX, os estudos de impacto ambiental.” (Agenda 21 para a cultura,
pag.16)
Como diretriz, é necessário que o município crie, atualize frequentemente e
disponibilize livremente um repertório dos seus espaços públicos de teor
cultural/artístico. Além disso, indica-se a ampliação da oferta e a criação de programas
para promover e gerir o desenvolvimento e a conservação de obras públicas de arte.
Mesmo sem dados fornecidos, é evidente que será necessária ainda a ampliação da
quantidade de equipamentos deste tipo.

10.1.5 Assistência Social

A partir dos dados fornecidos pela prefeitura municipal de Juazeiro do Norte,


foram catalogados 27 equipamentos de assistência social (Figura 97). São estes: Ações
Estratégicas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (AEPETI), Bolsa família,
Unidade de acolhimento, Casa do povo, Central de Libras, Centros de Referência
Especializado para a População em situação de Rua, Centro de Referência Especializado
da Assistência Social (CREAS), Centro de referência do Idoso (CRI), Centro de
Referência da Mulher (CRM), PAA E banco de alimentos, Polo de convivência Dra.
Rosiane Limaverde, Pousada Social, Restaurante Popular, Centro de Referência da

38 Disponível em:
https://www.agenda21culture.net/sites/default/files/files/documents/multi/c21_2015web_pt.pdf
39 Disponível em: https://www.uclg.org/

357
Assistência Social (CRAS), Conselho Tutelar, Centro de apoio aos romeiros, Cozinhas
comunitárias. Na zona rural há presença de centro de referência da Assistência Social
(CRAS), todos os outros estão localizados na zona urbana, de modo mais concentrado na
área central.

Figura 97: Mapa de Equipamentos públicos de Assistência Social.


Fonte: Equipe PDM, 2022.

No levantamento, não foi encontrada a oferta de quaisquer equipamentos


públicos municipais de assistência social nos bairros:Logradouro, São José, Distrito
Industrial, Vila Real, Antônio Vieira, Cajuína São Geraldo, Santo Antônio, Santa Teresa,
Romeirão, Pirajá, Limoeiro, José Geraldo da Cruz, Planalto, Cidade Universitária,
Tiradentes, Novo Juazeiro, Betolândia, Professora Maria Gerli, Monsenhor Murilo de Sá
Barreto, Prefeito Mauro Sampaio, Aeroporto, Carité, Juvêncio Santana, Beanôra Gondim
Pereira, Romeiro Aureliano Pereira, Três Marias e Salgadinho.

358
10.1.6 Aeroporto e Área de Influência

Dentre os equipamentos do município, merece destaque o aeroporto Orlando


Bezerra de Menezes que está situado no Bairro Aeroporto, ou seja, dentro da malha
urbana do município. Sua área de influência (de 20 quilômetros de distância) impacta
diretamente nas decisões de planejamento urbano e construção civil, visto que o gabarito
máximo das edificações, antenas e até vegetações não deve violar a superfície de
aproximação40 de seus elementos.
Atualmente a carta aérea do aeroporto situado do Município de Juazeiro do
Norte, apresenta cerca de 15 desconformidades que devem ser revistas e sanadas
(AISWEB, 2022). Em sua maioria são antenas e edificações com altura superior ao plano
básico da zona de proteção do aeródromo (Quadro 46).

Quadro 46: Desconformidades que devem ser revistas.

OBSTÁCULO DE AERÓDROMO

1. OBST LGTD (ANTENA) COORD 071440.31S/0391818.88W ELEV 480.43M (violando o


plano básico de zona de proteção do AD).

2. OBST LGTD (ANTENA) COORD 071427.67S/0391810.59W ELEV 469.77M (violando o


plano básico de zona de proteção do AD).

3. OBST LGTD (ANTENA) COORD 071332.55S/0391740.62W ELEV 474.27M (violando o


plano básico de zona de proteção do AD).

4. OBST LGTD (ANTENA) COORD 071338.46S/0391918.45W ELEV 506.91M (violando o


plano básico de zona de proteção do AD).

5. OBST LGTD (ANTENA) COORD 071250.76S/0391852.48W ELEV 463.05M (violando o


plano básico de zona de proteção do AD).

6. OBST LGTD (IGREJA) COORD 071250.87S/0391849.90W ELEV 456.68M (violando o plano


básico de zona de proteção do AD).

7. OBST LGTD (PREDIO) COORD 071327.88S/0391922.94W ELEV 512.37M (violando o


plano básico de zona de proteção do AD).

40A superfície de aproximação descrita no plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromo (PBZPA) é
definida em função das superfícies limitadoras de obstáculos de aeródromos e de procedimentos de
navegação aérea.

359
8. OBST LGTD (NDB) COORD 071249.67S/0391628.35W ELEV 445.47M (violando o plano
básico de zona de proteção do AD).

9. OBST LGTD (ANTENA) COORD 071402.59S/0391651.08W ELEV 455.18M (violando o


plano básico de zona de proteção do AD).

10. OBST LGTD (IGREJA) COORD 071035.85S/0392000.55W ELEV 629.26M (violando o plano
básico de zona de proteção do AD)

11. OBST LGTD (ANTENA) COORD 071046.27S/0391935.95W ELEV 648.60M (violando o


plano básico de zona de proteção do AD)

12. OBST LGTD (ANTENA) COORD 071028.43S/0391925.97W ELEV 645.36M (violando o


plano básico de zona de proteção do AD)

13. OBST LGTD (ANTENA) COORD 071402.59S/0391651.08W ELEV 480.43M (violando o


plano básico de zona de proteção do AD)

14. OBST LGTD (ANTENA) COORD 071324.64S/0391739.91W ELEV 490.07M (violando o


plano básico de zona de proteção do AD)

15. OBST LGTD (PREDIO) COORD 071327.88S/0391922.94W ELEV 463.05M (violando o


plano básico de zona de proteção do AD)

Fonte: Dados extraídos do site AISWEB (Departamento de Controle do espaço aéreo). 2022.

Há uma legislação especial que versa sobre a necessidade da criação de um plano


de zoneamento de ruídos, que inclui diretrizes para garantir a compatibilidade do uso do
solo nos arredores de aeródromos e linhas de influência (ANAC, 2021). Em Juazeiro do
Norte, há a lei municipal n.º 4643 de 22 de agosto de 2016 que dispõe sobre o plano
específico de zoneamento de ruído - PEZR, do aeroporto de Juazeiro do Norte e outras
providências.
Em 2018 foi realizado o Plano de Integração operacional urbana do aeroporto de
Juazeiro do Norte (PLIU - SBJU). Para além disso, há a portaria geral de número 957/GC3
de julho de 2015, do comando da aeronáutica - Ministério da defesa - que versa sobre a
política nacional de aviação, e sua atualização, a portaria.

10.1.7 Desigualdades socioespaciais e áreas de vulnerabilidade no município

360
Foram encontradas pesquisas científicas publicadas que denunciam a
vulnerabilidade de algumas áreas do município. Como é o caso do Horto. RODRIGUES
et al. 2018 identificaram em seu estudo construções com problemas técnicos estruturais,
oriundas do método construtivo predominante da autoconstrução. Apontam também áreas
ocupadas com percentual de inclinação maior do que 15% - inclinação superior ao
regulamentado pelo PDDU vigente, sugerindo perigos de possíveis deslizamentos.
Há ainda um relatório da defesa civil de 2020 (cedido pela prefeitura municipal
de Juazeiro do Norte) que aponta novamente a área do Horto como área de risco de
desabamento, confirmando a potencial fragilidade na estrutura das casas por carência de
projetos estruturais no período das obras. Outras áreas de risco também são apontadas
neste documento, como as áreas construídas sob as redes de alta tensão (Figura 98).

Figura 98: Mapa de Moradias Inadequadas e Áreas de Risco.


Fonte: Equipe PDM, 2022.

361
10.2 Principais problemáticas relacionadas à infraestrutura e aos serviços e
equipamentos urbanos

O crescimento urbano nos últimos 22 anos (desde o lançamento do PPDU


vigente), não parece ter acontecido respeitando as premissas do plano, que tinha por ideal
ofertar os principais serviços públicos municipais de modo que a população de qualquer
parte da cidade pudesse ter acesso a pé, por meio de uma caminhada com
aproximadamente 600 m de distância máxima. Visto que esse objetivo está
comprometido, num segundo momento, com auxílio da participação popular e técnica, há
de se pensar que estratégias podem ser aplicadas para garantir uma menor desigualdade
socioespacial e favorecer os fluxos da cidade.
Regiões inteiras foram construídas sem observar questões básicas de prevenção
à insalubridade como respeitar recuos (lateral, frontal ou de fundos) indicados na lei de
zoneamento, nem questões básicas de acessibilidade como garantir que as calçadas sejam
contínuas e livres. São exemplos o bairro Horto, porções do centro da cidade e outras
regiões periféricas, frutos de ocupações informais e espontâneas.

“Art 92. § 1º - Todas as calçadas deverão ser pavimentadas com material que
facilite o tráfego de pessoas e nela não deverá existir qualquer elemento que
impeça ou dificulte a livre circulação de pedestres e deficientes físicos”
(Código de Obras e Posturas PDDU juazeiro do Norte, 2000. Pág. 43.

Como síntese, pôde-se observar que as unidades de vizinhança não foram


rigorosamente implementadas. Entretanto nota-se um esforço de distribuir os
equipamentos por bairros, garantindo alguma distribuição socioespacial. Mesmo assim,
devido a grande extensão de alguns bairros, como o Bairro Campo Alegre, ocorre do
equipamento não suprir o distanciamento máximo de 600m de todas as habitações de seu
entorno. Dificultando seu acesso pedonal.
Ressalta-se que o distanciamento máximo de 600 metros é apenas uma das
iniciativas para garantir a caminhabilidade, que também é afetada negativamente pela
falta de acessibilidade de calçadas (que muitas vezes nem existem), pela falta de
arborização e sombreamento (devido às condições extremas do clima do semiárido), pela

362
falta de saneamento básico (onde águas servidas são depositadas nas calçadas), pela falta
de segurança, entre outros fatores também relevantes.
Outra problemática encontrada neste diagnóstico foi a carência de equipamentos
de saúde, educação, cultura e assistência social em diversos bairros, sobretudo os mais
periféricos. O Bairro Prefeito Mauro Sampaio, por exemplo, não contempla nenhum
destes equipamentos. A ampliação da oferta desses equipamentos deve ser uma diretriz
deste novo plano. Silva (2021) complementa a síntese sobre a distribuição dos
equipamentos:
Bairros existentes desde a elaboração do PDDU (2000): Por exemplo, Antônio
Vieira, Planalto e Betolândia não tinham ou chegaram a receber nenhum dos
equipamentos observados, ou seja, até 2019 não possuíam praças públicas ou
escolas municipais.
Bairros criados a partir de desmembramento de outros: Aqueles criados pelo
desmembramento de outros bairros existentes dentro do perímetro urbano
vigente de Juazeiro do Norte, por exemplo, Cajuína São Geraldo (criado em
2013), não cobre área com a existência de nenhum desses equipamentos, assim
como não receberam.
Bairros criados simultaneamente pelo desmembramento e expansão do
perímetro urbano: Romeiro Aureliano, Profa. Maria Geli Sá Barreto, Cidade
Universitária e Monsenhor Francisco Murilo de Sá Barreto, em que apenas os
dois primeiros apresentaram algum tipo de equipamento por se situarem em
área que já o comportava. (SILVA, 2021)

A proposição das Unidades de Vizinhança trouxe uma abordagem interessante


para implantação da infraestrutura proposta de forma capilarizada pelo território. No
entanto, não foi implementada e com isso minada a possibilidade em diminuir a
desigualdade socioespacial que já existia entre os bairros de Juazeiro do Norte quando da
aprovação do Plano Diretor.
Assim, levantam-se questionamentos sobre o motivo pelo qual a execução do
plano não existiu. A elaboração do plano através do consórcio e a partir de uma iniciativa
da gestão estadual é uma dessas incógnitas. Esse distanciamento em relação à gestão
municipal, apesar da presença de alguns técnicos acarreta em prejuízos como a desatenção
a peculiaridades municipais.

363
10.3 Orientação de projetos prioritários no campo da infraestrutura, serviços e
equipamentos.

Conforme revelado pelas figuras/mapas, há carência principalmente nos bairros


mais periféricos de serviços públicos básicos como equipamentos de saúde, esporte e
assistência social. Segue no Quadro 47, síntese que aponta essas áreas carentes, por isso
estes serviços devem ser ampliados prioritariamente.

Quadro 47: Quadro síntese dos bairros carentes de equipamentos municipais.

Bairros que possuem equipamentos


Bairros que não possuem equipamentos
municipais, mas não atendem ao
municipais
raio de 600m41

Cidade Universitária, Monsenhor Murilo de Sá


Barreto, Professora Maria Goreti, Prefeito Mauro
Planalto, Campo Alegre, Betolândia,
Saúde Sampaio, Carité, Aeroporto, Beanora Gondim
e São José
Pereira, Romeiro Aureliano Pereira, Logradouro e
Distrito Industrial.

Logradouro, São José, Antônio Vieira, Vila Real,


Distrito Industrial, Frei Damião, Planalto, Antonio Aeroporto, Leandro Bezerra de
Vieira, Campo Alegre, Betolândia, Monsenhor Menezes, Professora Maria Gerli,
Praças
Murilo de Sá Barreto, Prefeito Mauro Sampaio, Jardim Gonzaga, Triângulo, Fátima e
Pedrinhas, Carité, Fátima Juvêncio Santana, Juvêncio Santana
Beanora Gondim Pereira, e Salgadinho.

Aeroporto, Leandro Bezerra de


Logradouro, Distrito Industrial, Vila Real, Frei
Menezes, Professora Maria Gerli,
Esporte Damião, Prefeito Mauro Sampaio e Beanora
Jardim Gonzaga, Triângulo, Fátima e
Gondim. Pereira
Juvêncio Santana

Distrito Industrial, Cidade Universitária, Planalto,


Professora Maria Gerli, Aeroporto,
Monsenhor Murilo de Sá Barreto e Prefeito
Educação Pedrinhas, Juvêncio Santana, Carité,
Mauro Sampaio, José Geraldo da Cruz e Cajuína
Logradouro, São José e Tiradentes
São Geraldo

41Equipamentos de cultura e de entretenimento infantil foram analisados de forma mais subjetiva , visto
que não foram recebidos dados do poder municipal, mas também necessitam de ampliação da oferta.

364
Logradouro, São José, Distrito Industrial, Vila
Real, Antônio Vieira, Cajuína São Geraldo, Santo
Antônio, Santa Teresa, Romeirão, Pirajá,
Limoeiro, José Geraldo da Cruz, Planalto, Cidade
Assistênc Universitária, Tiradentes, Novo Juazeiro,
ia Social Betolândia, Professora Maria Gerli, Monsenhor
Murilo de Sá Barreto, Prefeito Mauro Sampaio,
Aeroporto, Carité, Juvêncio Santana, Beanôra
Gondim Pereira, Romeiro Aureliano Pereira, Três
Marias e Salgadinho

Fonte: Equipe PDM.


Outro ponto prioritário é vencer as 15 desconformidades existentes na área de influência
do aeroporto, e detalhar no zoneamento e ocupação do solo a Zona de proteção do
Aeroporto.

10.4 Problemas, Desafios e Potencialidades – Infraestrutura, serviços e


equipamentos

Quadro 48: Matriz SWOT - Infraestrutura, serviços e equipamentos.

INFRAESTRUTURA SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS URBANOS

Potencialidades Desafios
pontos fortes pontos fracos

• Os bairros mais centrais já estão • Os bairros mais periféricos não estão


assistidos pela infraestrutura de completamente assistidos pela infraestrutura de
equipamentos públicos básicos. equipamentos públicos básicos.
• Há ainda construções (inclusive públicas) em
áreas sujeitas a desmoronamento no horto e áreas sob
fios de alta tensão que devem ser revistos com maior
urgência.
• Há 15 desconformidades de elementos com
gabarito superior ao máximo aceitável na área de
influência do aeroporto.

Oportunidades Ameaças

• Sabendo das fragilidades, é oportuno saná- • Desmoronamento e descarga elétrica em


las, Ampliando a oferta de serviços públicos nas regiões específicas com construções existentes.
áreas em que ainda há carência e melhorar as Interferência em manobras de risco relacionadas ao
condições na área de influência do aeroporto para aeroporto.
melhor segurança dos viajantes.

Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

365
A respeito dos indicadores de infraestrutura, serviços e equipamentos Urbanos,
o documento demonstrou que o município oferta parcialmente este itens, havendo
necessidade de implantação de novos equipamentos em algumas áreas majoritariamente
localizadas nos bairros mais periféricos.

11 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Igor Miranda Pinto42


Mariana Brito de Lima43
Maria Raquel Silva Pinheiro44

A Lei de Uso e Ocupação do Solo é fundamental para que o município possa


estabelecer uma ocupação mais ordenada, possibilitando maior controle sobre seu
crescimento. A partir desse instrumento, pode-se definir o que é mais adequado para cada
área da cidade e estabelecer zonas de proteção livres da especulação imobiliária,
fornecendo meios de desenvolvimento que respeitem o meio ambiente e o
desenvolvimento sustentável, alinhando-se aos Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS).
Para o estabelecimento do uso e ocupação do solo, é preciso analisar as
infraestruturas existentes para que se possa entender como realizar projeções mais
assertivas quanto ao zoneamento. Para este diagnóstico, que compõe um produto da
revisão do PDDU de Juazeiro do Norte, consideram-se os aspectos das zonas rural e
urbana, a partir da leitura da ocupação desses territórios. Foram analisados aspectos como
densidade, lotes vazios, gabarito e cadastro de propriedades rurais existentes para
entender quais diretrizes são prioritárias para as etapas futuras da revisão proposta.

42 Arquiteto, Doutorando em Arquitetura e Urbanismo.


43 Arquiteta e Urbanista, Doutoranda em Geografia.
44 Geógrafa.

366
11.1 Densidade populacional por setor censitário

O mapa de diagnóstico de densidade populacional por setor censitário (Figura


99) nos mostra que a porção centro-sul do município apresenta maior concentração
populacional, o que é facilmente explicado pela distribuição da ocupação em bairros com
maior oferta de serviços, como Limoeiro, João Cabral, Centro e Lagoa Seca, e naqueles
de ocupação mais antiga, embora nem todos possuam uma boa oferta de serviço, porém
preservam uma população mais tradicional, fixada ao território também por questões
identitárias e laços de comunidade construídos. Considerando a mesma lógica, bairros
como Três Marias e parte do Horto, por se localizarem próximos à zona rural, apresentam
menor densidade, visto que a ocupação é menor e uma maior quantidade de área é
dedicada à produção de ordem rural.

Figura 99: Mapa de densidade populacional por setor censitário de Juazeiro do Norte – CE.

367
Fonte: Equipe PDM, 2022.

É preciso destacar, porém, que bairros como Horto, Salesianos e algumas regiões
do Centro, principalmente aquelas próximas às igrejas, possuem um aumento temporário
de circulação de pessoas e fixação de comércio informal devido ao calendário de
romarias. A partir disso, é necessário pensar em uma infraestrutura tanto de saneamento
e abastecimento quanto de transporte (público e pedonal) que atenda essa totalidade.
Bairros como Limoeiro, Centro, João Cabral, José Geraldo Cruz 45 e São Miguel,
que possuem maior adensamento, necessitam de políticas específicas relacionadas
principalmente ao saneamento. A quantidade de alagamentos na região central, por
exemplo, gera transtornos à população todos os anos. Além disso, a infraestrutura de
deslocamento também não corresponde à demanda relacionada a esse adensamento. As
linhas e a frequência de transporte público são pequenas e as calçadas, em sua maioria,
não atendem ao mínimo recomendado pela NBR 9050 (2020), o que contribui para a
desorganização dos fluxos da região e para a falta de acessibilidade universal ( Figura
100).

Figura 100: Alagamento ocorrido no Bairro José Geraldo Cruz.


Fonte: Luciano Carvalho/Arquivo Pessoal, reprodução do Portal g1, 2021.

45Casas ficam alagadas durante chuva em Juazeiro do Norte, no Ceará. Portal g1, 2021. Disponível em
<https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2021/01/04/casas-ficam-alagadas-durante-chuva-em-juazeiro-do-
norte-no-ceara.ghtml>. Acesso em 16 de abril de 2022.

368
11.2 Zoneamento e Uso e ocupação do Solo

O zoneamento municipal de Juazeiro do Norte (Figura 101) sofreu diversas


alterações ao longo das últimas duas décadas. Os dados a seguir representam um
compilado de informações retiradas do documento do PDDU de 2000.

Figura 101: Mapa de zoneamento vigente, PDDU, 2000.


Fonte: Prefeitura de Juazeiro do Norte

A Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo do ano 2000 visava:


● reestruturar o zoneamento através de uma estrutura policêntrica, com uso
misto e incremento de densidade;
● incentivar a permanência e incrementar a moradia na zona central;

369
● apoiar a configuração da cidade como um conjunto de Unidades de
Vizinhanças;
● garantir, para as novas Unidades de Vizinhança, a coexistência de
atividades de moradia, trabalho, comércio, lazer e acessibilidade aos
serviços públicos, além dos equipamentos de segurança, saúde e educação;
● configurar nas Vizinhanças as atividades de convergências coletivas em
torno de um espaço público central; criar um modelo de ocupação
industrial descentralizado e polinucleado, bem como estrategicamente
localizado, do ponto de vista ambiental, do sistema viário, facilitando o
acesso de transportes de carga e da proximidade com a força de trabalho;
● incentivar a parceria entre os diversos níveis do Poder Público;
● criar uma malha troncal de vias para priorizar a ligação entre os Centros
Focais de Unidades de Vizinhança através do transporte coletivo, ciclovias
e percursos preferenciais de pedestres;
● ajustar os programas de expansão das redes de abastecimento d'água,
esgotamento sanitário, energia elétrica e telefonia, com os programas de
desenvolvimento e consolidação das Unidades de Vizinhança;
● integrar as políticas de drenagem urbana e meio ambiente;
● conceber, na área social, a oferta de equipamentos conectados a uma rede
hierarquizada, segundo o princípio de complexidade crescente dos
serviços; e compatibilizar o uso e ocupação do solo com o meio ambiente.

O texto caracteriza ainda que é a partir do zoneamento que “o planejamento


urbano pode evitar conflitos de desempenho das diversas atividades que compõem o
cenário urbano” e a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo atua na
compatibilização destes com as diversas funções e infraestrutura existente. Sendo assim,
a divisão em zonas serve para ajudar nessa organização, além da proteção de outras áreas,
como disposto anteriormente. A Cidade de Juazeiro do Norte possui, segundo o
documento de 2000, sete tipos de zonas de uso e ocupação: Zona Residencial, ZR,
subdividida em: ZR1, ZR2, ZR3 e ZR4; Zona Comercial e de Serviços Especiais, ZCSE;

370
Zona de Uso Misto, ZUM; Centro de Unidade de Vizinhança, CEUV; Zona de Renovação
Urbana, ZRU; Zona Industrial, ZI; e Zona Especial, ZE.
A seguir, apresentam-se os indicadores urbanos de ocupação do solo, que são
importantes instrumentos para o correto desenvolvimento do município, levando em
consideração a densidade, questões ambientais, de saneamento e infraestrutura. A divisão
se dá por zona, conforme o PDDU do ano 2000 (Quadro 49):

371
Quadro 49: Uso e Ocupação do Solo PDDU, 2000.

RECUOS (m) ÁREA


TAXA DE TAXA DE ÍNDICE DE
DO
ZONA USO PERMEABILIDADE OCUPAÇÃO APROVEITAMENTO OBS
LOTE
(%) (%) (IA)
FRENTE FUNDO LATERAL (m2)

Residencial Unifamiliar 35 50 1,0 5 3,0 3,0 800

ZR1 Institucional (creches,


escola de 1º grau e 35 50 1,0 5 3,0 3,0 800
assemelhados)

Residencial Unifamiliar 30 50 1,0 3 1,5 1,5 250

Comercial e de serviços
de pequeno porte com 20 50 1,5 0 3,0 1,5 300
caráter local

ZR2 O uso não


Misto (residência
residencial não
associada à comércio
20 50 1,0 3 1,5 1,5 250 deve ocupar mais
varejista e serviços em
de 50% da
geral)
edificação

Industrial leve e semi-


20 50 1,5 0 3,0 1,5 300
artesanal

372
Institucional (creches,
escola de 1º grau e 30 50 1,0 3 1,5 1,5 250
assemelhados)

Residencial Unifamiliar 30 50 1,0 3 1,5 1,5 250

Comercial e de serviços
de pequeno porte com 20 50 1,5 0 3,0 1,5 300
caráter local

Misto (residência Os usos não


associada à comércio residenciais podem
ZR3 20 50 1,75 0 3,0 1,5 300
varejista e serviços em ser misturados entre
geral) si

Industrial leve e semi-


20 50 1,5 0 3,0 1,5 300
artesanal

Institucional (creches,
escola de 1º grau e 30 50 1,0 3 1,5 1,5 250
assemelhados)

Residencial unifamiliar 35 50 1,0 5 3,0 3,0 800

Residencial multifamiliar 20 50 1,5 0 3,0 1,5 300


ZR4
Comercial varejista, de
serviços em geral e
20 50 1,5 0 3,0 1,5 300
indústrias de pequeno
porte, não poluentes

373
As edificações
poderão ter, no
máximo, 04
Misto (residência
(quatro)
associada a comércio
pavimentos,
varejista e/ou serviços em
incluindo o
geral e/ou indústrias de
20 50 1,75 0 3,0 1,5 300 pavimento térreo.
pequeno porte, não
poluentes, ou usos não
Os usos não
residenciais associados
residenciais podem
entre si)
ser associados entre
si em uma mesma
edificação

Comercial Atacadista
(Secos e Molhados,
Hortifrutigranjeiros em 35 50 3,0 6 3,0 1,5 500
geral) e serviços
relacionados

Comercial varejista e de
ZCSE serviços relacionados ao
uso rodoviário
(autopeças, maquinário,
concessionárias, oficinas 35 50 3,0 6 3,0 1,5 125
mecânicas, postos de
abastecimento de
combustível e lojas de
conveniência)

374
Comercial relacionado a
lazer e entretenimento
(hotéis, motéis, casas de 35 50 1,5 5 3,0 1,5 250
shows, restaurantes e
bares)

Industrial leve e semi-


20 50 1,5 0 3,0 1,5 300
artesanal

Residencial Unifamiliar 20 50 1,0 0 3,0 0 125

Residencial Multifamiliar 20 50 1,5 0 3,0 1,5 125

Residencial Unifamiliar 20 50 1,0 0 3,0 0 125


Nas quadras
contidas no centro
Residencial Multifamiliar 20 60 1,5 0 3,0 1,5 125 histórico não será
permitido
Comercial varejista, de construções acima
serviços em geral e de 9,0m de altura.
20 60 3,0 0 3,0 1,5 125
indústrias de pequeno Nas outras zonas,
ZUM porte, não poluentes quando a edificação
possuir mais de
Misto (residência 14,0m de altura, o
associada a comércio recuo frontal deverá
varejista e/ou serviços em ser de 5,0m, a partir
20 60 1,75 0 3,0 1,5 125
geral e/ou indústrias de do primeiro
pequeno porte, não pavimento.
poluentes, ou usos não

375
residenciais associados
entre si)

Institucional 20 60 1,5 0 3,0 1,5 125

Comercial varejista e de
serviços em geral e
20 60 3,0 0 3,0 1,5 125
indústrias de pequeno
porte, não poluentes

Institucional (Ginásios,
Mercado Público,
Templos, Pólo de
Atendimento para
Adolescentes, Escola de
2º Grau, Central
Comunitária, Oficina para
CEUV cursos Projeto sujeito à
profissionalizantes, análise preliminar
Auditório para reuniões por parte do
30 40 1,0 3 3,0 3,0 250
comunitárias e eventos COnselho
culturais, Salas de Municipal do Plano
reuniões, “Balcão da Diretor
Cidadania”, Biblioteca e
Centro de Documentação,
Centro de Estudos sobre a
Família e a COmunidade,
Central Interprofissional
de Serviços, Posto
policial, Posto telefônico

376
e serviço de correios,
Creche e Centro de Saúde

Os indicadores de
Comercial varejista e uso para essas
serviços em geral, zonas serão
ZRU residencial de média - - - - - - - definidos quando
densidade, misto e da elaboração dos
institucional estudos técnicos
para cada área.

Com exceção de
gêneros
Comercial atacadista 30 50 1 5 3,0 1,5 300 alimentícios (secos
e molhados e
hortifrutigranjeiros)
ZI
Serviços pesados
vinculados à atividade 30 50 1 5 3,0 1,5 300 Ouvida a SEMACE
industrial

Indústria em geral 30 50 1 6 3,0 3,0 800

ZE Institucional - - - - - - -

Fonte: PDDU, 2000.

377
As demais especificidades a respeito do zoneamento são encontradas na íntegra do
documento, além do mapa base que demonstra a distribuição das mesmas. As categorias
de usos, classificação de atividades, limites e demais regras podem ser conferidas no
documento público. Para a presente revisão, são importantes as informações do Quadro
50 a seguir, que, quando cruzadas com as informações do zoneamento do ano 2000,
demonstram que foram realizadas pelo menos 29 alterações na Lei de Zoneamento do
Município, em levantamento feito junto ao site da câmara municipal, o que corrobora a
necessidade de um novo mapeamento.

Quadro 50: Alterações na Lei de Zoneamento de Juazeiro do Norte.

Nº LEI DATA DESCRIÇÃO DISPONÍVEL EM

1 Lei nº 2774 de 20 de Altera dispositivos da Lei nº https://www.juazeirodonort


novembro de 2003 2570 de 08 de setembro de 2000 e.ce.gov.br/site/midia/9158
- Parcelamento, Uso e Ocupação /LEI%20Nº%202774-
do Solo, e adota outras 2003%20ALTERA%20A
providências. %20LEI%202750-
2000.pdf

2 Lei nº 2965 de 03 de Altera a planta oficial de https://intellgest-sigl-


novembro de 2005 Parcelamento, Uso e Ocupação media.s3.amazonaws.com/
do Solo Urbano de que trata o media/sigg/public/normaju
anexo II, da Lei municipal nº ridica/2005/3403/_000000
2570, de 08 de setembro de 1_-_2019-04-
2000, que dispõe sobre o 26t102251.787.pdf
Parcelamento, Uso e Ocupação
do Solo Urbano.

3. Lei nº 3144 de 30 de maio de Altera o projeto para https://intellgest-sigl-


2007 desmembramento de lotes no media.s3.amazonaws.com/
bairro josé geraldo da cruz, - media/sigg/public/normaju
condomínio timbaúba, em ridica/2007/3598/_000000
juazeiro do norte e adota outras 1_82.pdf
providências.

4. Lei nº 3147 de 08 de junho de Estabelece diretrizes e normas https://intellgest-sigl-


2007 da política municipal de media.s3.amazonaws.com/
habitação de interesse social de media/sigg/public/normaju
Juazeiro do Norte - e dá outras ridica/2007/3601/_000000
providências. 1_85.pdf

378
5. Lei nº 3240 de 21 de fevereiro Altera a planta oficial de https://intellgest-sigl-
de 2008 parcelamento, uso e ocupação media.s3.amazonaws.com/
do solo urbano de que trata o media/sigg/public/normaju
anexo ii, módulo 1, da lei ridica/2008/3720/_000000
municipal nº2570, de 08 de 1_-_2019-04-
setembro de 2000, que dispõe 26t162234.226.pdf
sobre o parcelamento, uso e
ocupação do solo.

6. Lei nº 3399 de 29 de Dispõe sobre os procedimentos https://intellgest-sigl-


dezembro de 2008 para licenciamento, construção e media.s3.amazonaws.com/
instalação de posto de media/sigg/public/normaju
combustíveis no município de ridica/2008/3919/_000000
Juazeiro do Norte e altera a lei 1_-_2019-04-
municipal nº 2570 de 08 de 27t094901.822.pdf
dezembro de 2000.

7. Lei nº 3475 de 21 de julho de Dá nova redação ao art. 232 da https://intellgest-sigl-


2009 lei nº 2571 de 08 de setembro de media.s3.amazonaws.com/
2000, que institui o código de media/sigg/public/normaju
obras e postura do município de ridica/2009/4031/_000000
juazeiro do norte e dá outras 1_-_2019-04-
providências. 27t105805.102.pdf

8. Lei nº 3535 de 03 de setembro Altera a lei nº 2.569, de 08 de https://intellgest-sigl-


de 2009 setembro de 2000, no que se media.s3.amazonaws.com/
refere ao perímetro urbano da media/sigg/public/normaju
sede e redefine a divisão de ridica/2009/4057/_000000
bairros da cidade de Juazeiro do 1_-_2019-04-
Norte. 27t111033.407.pdf

9. Lei nº 3655 de 23 de março de Autoriza o desmembramento https://intellgest-sigl-


2010 localizado no bairro Pedrinhas, media.s3.amazonaws.com/
pertencente ao município de media/sigg/public/normaju
Juazeiro do Norte, e adota outras ridica/2010/4186/_000000
providências. 1_68.pdf

10 Lei nº 4081 de 20 de agosto de Altera os incisos ii e iii do artigo https://intellgest-sigl-


. 2012 86, o caput do art. 87 e acresce media.s3.amazonaws.com/
os parágrafos 10 e 11 da lei media/sigg/public/normaju
municipal nº 2570/2000 (pddu - ridica/2012/4263/4081.pdf
plano diretor e desenvolvimento
urbano) da cidade de Juazeiro
do Norte.

379
11 Lei nº 4202 de 14 de junho de Altera o zoneamento urbano do https://intellgest-sigl-
. 2013 município em área específica, media.s3.amazonaws.com/
definida na lei nº 2570 de 08 de media/sigg/public/normaju
setembro de 2000, que dispõe ridica/2013/3691/4202.pdf
sobre o uso e aparecimento do
solo e adota outras providências.

12 Lei nº 4309 de 10 de abril de Altera a planta oficial de https://intellgest-sigl-


. 2014 parcelamento, uso e ocupação media.s3.amazonaws.com/
do solo urbano de que trata o media/sigg/public/normaju
anexo ii, módulo 1. da lei ridica/2014/2545/lei_4309
municipal nº 2570, de 08 de _2014.pdf
setembro de 2000, que dispõe
sobre o parcelamento, uso e
ocupação do solo.

13 Lei nº 4319 de 22 de maio de Altera a planta oficial de https://intellgest-sigl-


. 2014 parcelamento, uso e ocupação media.s3.amazonaws.com/
do solo urbano de que trata o media/sigg/public/normaju
anexo ii, módulo 1, da lei ridica/2014/2538/lei_4319
municipal nº 2570, de 08 de _2014.pdf
setembro de 2000, que dispõe
sobre o parcelamento, uso e
ocupação do solo.

14 Lei nº 4317 de 22 de maio de Altera a lei nº 4309, de https://intellgest-sigl-


. 2014 10.04.2014, para inserir media.s3.amazonaws.com/
parágrafo 3º ao art. 25 e inciso media/sigg/public/normaju
iii do art. 26 da lei nº 2570/2000 ridica/2014/2540/lei_4317
que dispõe sobre a planta oficial _2014.pdf
de parcelamento, uso e
ocupação do solo urbano.

15 Lei nº 4517 de 20 de agosto de Cria o bairro professora maria https://intellgest-sigl-


. 2015 geli sá barreto, extinguindo a media.s3.amazonaws.com/
nomenclatura do bairro brejo media/sigg/public/normaju
seco. ridica/2015/1318/lei_4517
_2015.pdf

16 Lei nº 4533 de 21 de setembro Dispõe sobre prolongamento de https://intellgest-sigl-


. de 2015 artérias localizadas no media.s3.amazonaws.com/
loteamento conviver lífe, a rua media/sigg/public/normaju
ana de jesus pita, rua joão ridica/2015/1256/lei_4533
barbosa de oliveira, rua _2015.pdf
francisco de assis menezes, rua
joão souza menezes, rua
otaciano josé de oliveira e adota
outras providências.

380
17 Lei nº 4535 de 29 de setembro Altera a tabela para estabelecer https://intellgest-sigl-
. de 2015 valores máximo e mínimo do m² media.s3.amazonaws.com/
(metro quadrado) nos terrenos media/sigg/public/normaju
localizados no município e adota ridica/2015/1248/lei_4535
outras providências. _2015.pdf

18 Lei nº 4536A de 08 de outubro Dispõe sobre a criação do polo https://intellgest-sigl-


. de 2015 gastronômico da lagoa seca no media.s3.amazonaws.com/
município de juazeiro do norte e media/sigg/public/normaju
adota outras providências. ridica/2015/1237/lei_4536
a_2015.pdf

19 Lei nº 4542 de 13 de outubro Altera a planta oficial de


. de 2015 parcelamento, uso e ocupação
do solo urbano de que trata o
anexo ii, módulo 1, da lei
municipal nº 2570, de 08 de
setembro de 2000, que dispõe
sobre o parcelamento, uso e
ocupação do solo.

20 LEI N° DE 13 DE Altera a planta oficial de https://www.juazeirodonort


. 4.766 SETEMBRO DE parcelamento do solo urbano, e.ce.gov.br/site/midia/9158
2017 que compõe o pddu – plano /LEI%20Nº%204766-
diretor de desenvolvimento 2017-
urbano do município de juazeiro Altera%20a%20Planta%20
do norte e adota outras Oficial%20de%20Parcela
providências. mento%20do%20Solo%20
Urbano,%20que%20comp
õe%20o%20PDDU%20–
%20Plano%20Diretor%20
de%20Desenvolvimento%
20Urbano%20do%20Muni
cípio%20de%20Juazeiro%
20do%20Norte%20e%20a
dota%20outras%20p.pdf

21 Lei nº 4846 de 25 de abril de Dá nova redação ao artigo 2º da https://intellgest-sigl-


. 2018 lei municipal nº4542 de 13 de media.s3.amazonaws.com/
outubro de 2017, que dispõe media/sigg/public/normaju
sobre alteração na planta oficial ridica/2018/71/leis_4846_2
de parcelamento, uso e 018_1.pdf
ocupação do solo urbano.

381
22 Lei nº 4857 de 17 de maio de Suprime o artigo 10 da lei nº https://intellgest-sigl-
. 2018 3.399, de 29 de dezembro de media.s3.amazonaws.com/
2008, que dispõe sobre os media/sigg/public/normaju
procedimentos para ridica/2018/60/leis_4857_2
licenciamento, construção e 018_0000001.pdf
instalação de postos de
combustíveis no município de
Juazeiro do Norte e dá outras
providências.

23 Lei nº 4869 de 11 de junho de Dá nova redação ao § 3º art. 1º https://intellgest-sigl-


. 2018 da lei municipal nº 4.319, de 22 media.s3.amazonaws.com/
de maio de 2014, que alterou a media/sigg/public/normaju
planta oficial de parcelamento, ridica/2018/48/leis_4869_2
uso e ocupação do solo urbano. 018_1.pdf

24 Lei nº 4872 de 22 de junho de Altera os arts. 86 e 87, da lei https://intellgest-sigl-


. 2018 municipal nº 2570, de 08 de media.s3.amazonaws.com/
setembro de 2000, que dispõe media/sigg/public/normaju
sobre o parcelamento, uso e ridica/2018/45/leis_munici
ocupação do solo da cidade de pais_4872_2018_1.pdf
juazeiro do norte e revoga a lei
municipal nº 4.081.

25 Lei nº 5026 de 22 de Altera a planta oficial de https://intellgest-sigl-


. novembro de 2019 parcelamento, uso e ocupação media.s3.amazonaws.com/
do solo urbano de que trata o media/sigg/public/normaju
anexo ii, da lei municipal nº ridica/2019/4914/lei_no_5
2.570/2000. 026_de_2019.pdf

26 Lei nº 5036 de 23 de Altera a planta oficial de https://intellgest-sigl-


. dezembro de 2019 parcelamento, uso e ocupação media.s3.amazonaws.com/
do solo urbano de que trata o media/sigg/public/normaju
anexo ii, da lei municipal nº ridica/2019/5001/lei_no_5
2570/2000. 036_de_2019.pdf

27 Lei nº 5062 de 03 de março de Altera a planta oficial de https://intellgest-sigl-


. 2020 parcelamento, uso e ocupação media.s3.amazonaws.com/
do solo urbano de que trata o media/sigg/public/normaju
anexo ii, da lei municipal nº ridica/2020/5213/lei_no_5
2.570/2000. 062_de_2020.pdf

28 Lei nº 5088 e 26 de outubro de Altera a planta oficial de https://intellgest-sigl-


. 2020 parcelamento, uso ocupação do media.s3.amazonaws.com/
solo urbano de que trata o anexo media/sigg/public/normaju
ii, da lei municipal nº ridica/2020/5581/lei_no_5
2.570/2000. 088_de_26.10.2020.pdf

382
29 Lei nº 5091 de 29 de outubro Dispõe sobre alteração na planta https://intellgest-sigl-
. de 2020 oficial de parcelamento, uso e media.s3.amazonaws.com/
ocupação do solo urbano de que media/sigg/public/normaju
trata o anexo II, módulo I, da lei ridica/2020/5584/lei_no_5
municipal nº 2570, de 08 de 091_de_29.10.2020.pdf
setembro de 2000, que dispõe do
parcelamento, uso e ocupação
do solo.

Fonte: Equipe PDM/JN a partir de informações do portal da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte,
2022.

A partir do zoneamento vigente e das alterações realizadas ao longo das últimas


duas décadas, percebe-se que muitas das modificações, realizadas em caráter de urgência
devido à falta de atualização do Plano Diretor, acarretaram em uma expansão por vezes
desordenada da cidade, respeitando interesses imobiliários, porém desconsiderando
aspectos ambientais e de adensamento que devem acompanhar alterações na ocupação do
solo, seja urbano ou rural.
A exemplo, percebemos em matéria do Portal g1, publicada em março de 2022
(Figura 102), a importância do respeito a índices urbanísticos como taxa de
permeabilidade, além da preservação massiva de áreas de proteção permanente, como
margens de rios. Tais cuidados, associados à medidas de saneamento, levam a uma
expansão sem transtorno aos habitantes. Quando não observado, o desrespeito aos índices
leva a situações como o alagamento no bairro Lagoa Seca, como mostra a imagem a
seguir:

383
Figura 102: Alagamento na Avenida Plácido Aderaldo Castelo, bairro Lagoa Seca.
Fonte: Patrícia Silva/Sistema Verdes Mares - Reprodução: portal g1.

A urgência na atualização dos índices também é demonstrada pelas construções


sem afastamento adequado por toda a cidade, gerando adensamento e onerando a
infraestrutura existente. O município de Juazeiro do Norte, assim como toda a Região
Metropolitana do Cariri, apresenta constante desenvolvimento, impulsionado
principalmente por comércio e turismo, o que reforça sua expansão.
Algumas áreas componentes de núcleos de centralidades, como os bairros Horto,
João Cabral e Limoeiro ainda precisam de propostas de urbanização em diversos pontos,
além dos limites de outras áreas (e do próprio Horto) com a zona rural, o que revela a
necessidade de aumento do perímetro urbano, acompanhado de infraestrutura adequada.
É preciso repensar o zoneamento considerando as rápidas transformações pelas
quais passa um município em desenvolvimento. O zoneamento vigente falha no controle
da verticalização que segue acontecendo, embora freada pela pandemia mundial da covid-
19, além de outras questões territoriais e ambientais, como a reserva de mais espaços
livres públicos, contribuindo para a preservação de áreas permeáveis e incentivo a
esporte, lazer e saúde.
A Lei de Zoneamento da cidade de São Paulo(2016) 46 pode ser utilizada como
referência quando propõe a divisão do território em três grandes áreas: territórios de
transformação, de qualificação e de preservação. O primeiro considera um adensamento
“construtivo e populacional das atividades econômicas e dos serviços públicos, a
diversificação de atividades e a qualificação paisagística dos espaços públicos de forma
a adequar o uso do solo à oferta de transporte coletivo”, realizando um diálogo
indispensável entre infraestrutura de mobilidade urbana e ocupação, além da importância
da manutenção da paisagem enquanto elemento de contemplação, mas principalmente de
infraestrutura, visto que o paisagismo urbano contribui para um deslocamento mais
confortável, principalmente à pé e de bicicleta, o que pode ocorrer a partir do
estabelecimento de corredores verdes nos principais eixos estruturantes da cidade.

46 Lei de Zoneamento. Disponível em <https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco-


regulatorio/zoneamento/>. Acesso em 17 de abril de 2022.

384
Os territórios de transformação, ainda segundo a Lei de Zoneamento da Cidade
de São Paulo (2016), são formados pelas Zona Eixo de Transformação Urbana (ZEU),
Zona Eixo de Estruturação Urbana Previsto (ZEUP), Zona Eixo de Estruturação e
Transformação Metropolitana (ZEM) - esta especialmente necessária em um território
conurbado e componente de uma região metropolitana com outros oito municípios - e
Zona Eixo de Estruturação da Transformação Metropolitana Previsto (ZEMP).
Os territórios de qualificação dispostos na referida lei buscam a “manutenção de
usos não residenciais existentes, o fomento às atividades produtivas, a diversificação de
usos ou o adensamento populacional moderado”, importantes para a promoção da
diversidade no território e compostos pela Zona de Ocupação Especial (ZOE), Zona
Predominantemente Industrial (ZPI), Zona de Desenvolvimento Econômico (ZDE), Zona
Especial de Interesse Social (ZEIS), Zona Mista (ZM), Zona Corredor (ZCOR) e Zona
Centralidade (ZC).
Por último, os territórios de preservação são compostos por aquelas áreas que se
destinam à “preservação de bairros consolidados de baixa e média densidades, de
conjuntos urbanos específicos e territórios destinados à promoção de atividades
econômicas sustentáveis”, dialogando com iniciativas de preservação ambiental e
cultural, essenciais para o desenvolvimento saudável das cidades e manutenção do
patrimônio material e imaterial. As zonas componentes deste território são a Zona
Especial de Preservação Cultural (ZEPEC), Zona Especial de Preservação (ZEP), Zona
Especial de Preservação Ambiental (ZEPAM), Zona de Preservação e Desenvolvimento
Sustentável (ZPDS), Zona Exclusivamente Residencial (ZER) e Zona
Predominantemente Residencial (ZPR).
A referência destacada nos parágrafos anteriores é interessante por considerar
um território adensado, mas em constante transformação, acomodando interesses
públicos e privados sem que sejam desconsiderados os aspectos ambientais,
socioculturais, os deslocamentos e o diálogo com a região metropolitana, características
comuns ao município de Juazeiro do Norte.

385
11.2.1 Áreas Urbanas

Foram identificados os seguintes bairros componentes da área urbana do


município de Juazeiro do Norte (Figura 103): Distrito de Padre Cícero, Distrito de
Marrocos (ambos completamente margeados pela zona rural), Horto, Três Marias,
Romeiro Aureliano Pereira, Beanôra Gondim Pereira, Logradouro, Salgadinho, Socorro,
Centro, Juvêncio Santana, Carité, Pedrinhas, São Miguel, Fátima, Santo Antônio,
Salesianos, Franciscanos, Pio XII, Timbaúbas, Aeroporto, Prefeito Mauro Sampaio,
Antônio Vieira, Cajuína São Geraldo, Santa Tereza, São José, Vila Real, Triângulo,
Romeirão, Pirajá, Limoeiro, Leandro Bezerra de Menezes, Novo Juazeiro, Betolândia,
Professora Maria Gerli, Monsenhor Murilo de Sá Barreto, Tiradentes, Campo Alegre,
José Geraldo da Cruz, Planalto, Cidade Universitária, Lagoa Seca, João Cabral, Jardim
Gonzaga, Frei Damião e Distrito Industrial.

Figura 103: Mapa dos bairros componentes da área urbana de Juazeiro do Norte - CE.
Fonte: Equipe PDM, 2022.

386
A ocupação é bastante diferente entre os referidos bairros, compondo diferentes
centralidades. A região central, mais adensada, é fruto da gênese do município de Juazeiro
do Norte e quase não apresenta atendimento aos índices urbanísticos. Um dos braços de
expansão do município, a região onde estão os bairros Triângulo e Lagoa Seca,
apresentam verticalização e tendência de crescimento, que deve ser acompanhada pela
oferta de infraestrutura adequada ao adensamento vertical. O bairro Jardim Gonzaga,
vizinho aos anteriores, apresenta loteamento planejado e, por essa característica, também
compõe uma área de expansão, embora ainda apresente pouco adensamento.
Ao norte, bairros como Horto e Três Marias apresentam concentrações
específicas, porém o adensamento ainda é pouco, tanto pela proximidade com a zona
rural, como pelas problemáticas de infraestrutura e acesso. Outras áreas de expansão que
valem destaque são os bairros aeroporto, que deve ser acompanhado de perto para que
não ocorra qualquer tipo de descumprimento que ponha em risco os deslocamentos aéreos
e também apresenta potencial para abrigar chegadas e partidas de quem visita a cidade
principalmente a trabalho, e cidade universitária, que possui configuração espraiada, mas
pode ser explorado principalmente a partir do seu potencial para moradias universitárias.
Outras áreas com oferta de grandes lotes vazios e próximas a serviços e
transporte são indicadas para a reserva de zonas de interesse social, para que futuros
conjuntos habitacionais de interesse social sejam integrados aos núcleos centrais e não
sofram com a pouca oferta de espaços públicos, equipamentos de saúde, comércio e oferta
de transporte público, principalmente.

11.2.2 Áreas Rurais

A zona rural do município (Figura 104) está situada ao norte, nordeste e noroeste
do território municipal, dividido entre a área do distrito Padre Cícero e Marrocos e
composta por Campinas, Catolé, Vila Planalto, Chã, Baixio do Popó, Vila Serraria, Sítio
Leite, Sítio Maroto, Sítio Novo, Lagoa do Sapo, Várzea da Lama, Sítio São José,
Muquém, Sítio Retiro, Tabuleiro da Sagrada Família, Carnaúba, Coité, Sítio dos
Carneiros, Sítio Riachão, Sítio Riachão 2, Placas, Cabeça da Vaca, Fazenda Taquari,

387
Espinho, Fazenda Mineiro, Várzea da Ema, Carás do Umari, Sertãozinho, Enxerta,
Amaro Coelho, Suçuarana, Cachoeirinha, Jurema, Cachoeira, Catolé, Brejinho, Junco,
Porções, Vila Santo Antônio, Sabiá e Sítio Gavião.

Figura 104: Mapa da Área Rural do Município de Juazeiro do Norte - CE.


Fonte: Equipe PDM, 2022.

É importante ressaltar que não foram encontrados dados cadastrais de


propriedades rurais por tipo de produção, tampouco existem limites bem definidos para
essas áreas, que representam grande parte do território, como observado no mapa.
Ressalta-se que o PDDU do ano 2000 foi concebido antes do advento do Estatuto da
Cidade, deixando de contemplar a zona rural.
As áreas rurais são importantes parcelas municipais, principalmente em cidades
pequenas e médias, responsáveis, muitas vezes, por parte do abastecimento do perímetro
urbano e por abrigar trabalhadores que se deslocam diariamente, mesmo com baixa oferta
de transporte público.

388
Devido à falta de planejamento principalmente por não ter sido contemplada no
PDDU, a área sofre atualmente com problemáticas de ordens diversas, incluindo
problemas de abastecimento hídrico, saneamento, infraestrutura de deslocamento
motorizado e não motorizado, infraestrutura de iluminação, recolhimento de lixo, além
da ausência de zoneamento rural, o que gera construções e loteamentos irregulares.

2.5 Gabarito

As regiões onde prevalecem edificações com mais de três pavimentos são Lagoa
Seca, Centro, Planalto, Triângulo, Romeirão e Aeroporto, sendo que esta última deveria
apresentar maiores restrições em razão do plano aeroviário, devido aos riscos que
possíveis obstáculos representam para as decolagens e aterrissagens. Existem outras com
dois pavimentos, mescladas ao longo das ruas. No centro, as edificações de dois e três
pavimentos são distribuídas de forma aleatória, grande parte de uso misto, porém outras
edificações são residenciais.
Nos demais bairros prevalecem edificações de um a dois pavimentos. Os bairros
Franciscanos e Timbaúbas apresentam edificações de um pavimento ocupando grandes
áreas e os bairros Timbaúba, Limoeiro, Cidade Universitária, Santo Antônio e Salesianos
possuem edificações de um pavimento com lotes vazios em seu redor. O bairro Cidade
Universitária possui muitas ocupações de dois pavimentos, assim como Pirajá, São
Miguel e Frei Damião.
A tendência à verticalização é um processo comum às cidades em
desenvolvimento, principalmente as cidades médias que compõem o interior do país. No
entanto, é preciso pensar com cuidado sobre o aumento desenfreado de gabaritos,
principalmente considerando áreas que não possuem infraestrutura, sobretudo de
saneamento, que comporte o adensamento vertical.
Contrariando o senso comum, que associa a verticalização ao desenvolvimento,
o processo deve ser controlado, de modo a evitar a impermeabilização do solo, formação
de ilhas de calor, sobretudo em um município do sertão nordestino, a sobrecarga do
sistema de transporte público e do sistema viário, visto que uma maior concentração de
pessoas gera um expressivo aumento da demanda, além da sobrecarga de energia e dos

389
sistemas públicos de ensino das centralidades. Além disso, é preciso dar atenção especial
ao patrimônio, que por vezes é destruído para dar lugar a edificações maiores.

11.3 Problemas, Desafios e Potencialidades – Uso e Ocupação do Solo

Quadro 51: Matriz SWOT – Uso e ocupação do solo.

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Potencialidades Desafios
pontos fortes pontos fracos

● Gabaritos ainda pequenos que, além de ● Falta de dados atualizados ou inexistência


indicar algumas oportunidades de expansão de coletas relacionadas ao desenvolvimento dessas
vertical, também guardam uma característica de informações, como a dificuldade na produção de um
cidade média ainda não muito verticalizada mapa de vazios que possa considerar áreas privadas
também importante, pois preserva elementos e áreas públicas com potencial para a construção de
socioculturais próprios e importantes para a novos equipamentos para o município;
manutenção do turismo. É imprescindível ● Falta de um cadastramento atualizado das
destacar que a verticalização não significa propriedades rurais também gera um ponto de
progresso; fraqueza, pois contribui para a geração de dúvidas a
● Relações entre meio urbano e rural, respeito das áreas livres para proposição de
fazendo com que esses limites se percam um equipamentos e atividades;
pouco e fortalecendo dinâmicas territoriais. ● Falta de estratégias de monitoramento de
políticas públicas e de dados.

Oportunidades Ameaças

● Expansão do município e o consequente ● Especulação imobiliária desenfreada;


estabelecimento de novas centralidades, o que ● As muitas alterações quanto ao uso e
contribui para o fortalecimento das dinâmicas ocupação do solo mostram a necessidade do
municipais a partir de um relacionamento mais estabelecimento de novos e fortes limites que
íntimo entre os bairros, desonerando preservem as centralidades e as áreas de proteção
infraestruturas e contribuindo para ambientais do município, além da preservação de
deslocamentos menores; uma ocupação suportada pela infraestrutura
● Construção de novo zoneamento, mais existente, para que problemas frequentes como
adequado às constantes transformações do alagamentos não ocorram em diversos pontos do
município e acomodando as tendências do município, como os bairros centrais.
desenvolvimento sustentável;
● Revisão dos índices urbanísticos,
acomodando necessidades atuais que dialoguem
com a expansão.

Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

Quanto ao Uso e ocupação do solo, demonstra-se a necessidade no levantamento


e atualização das informações, principalmente aquelas cadastrais, para melhor controle

390
da expansão urbana. Além disso, é importante um olhar cada vez mais atento para as
alterações na lei de zoneamento, tanto para gerar materiais que condizem com a realidade
enfrentada pelo município quanto para evitar mecanismos especulativos e predatórios dos
espaços públicos.

391
12 TRANSPORTE E MOBILIDADE

Maria Regilene Gonçalves de Alcantara 47


Maria Luisa Nicácio Lima 48
Igor Miranda Pinto49
Maria Raquel Silva Pinheiro50

A mobilidade urbana representa, antes de tudo, um instrumento de acesso ao


território. Não existe ocupação democrática das cidades sem que haja um sistema coeso
de deslocamento, que considere uma malha de transportes variada, intermodal e com
ênfase no transporte público e nos deslocamentos não-motorizados.
Vasconcellos (2012) discorre que a boa circulação urbana deve se preocupar com
a acessibilidade, considerando tanto seus aspectos macro quanto micro, a fluidez, o
transporte público de qualidade, o custo do transporte (levando em consideração a
frequência, os tipos de veículos e a quantidade de usuários), a segurança de trânsito e os
aspectos ambientais. Dessa forma, é a combinação desses aspectos em um sistema
interligado que contribuirá para uma boa dinâmica de transportes.
A mobilidade urbana se trabalhada com base na oferta de sistemas de transporte
público eficientes, estimulando caminhadas e o ciclismo são atitudes que visam aumentar
a sustentabilidade de uma cidade e contribui para se atender à exigência da Nova Agenda
Urbana da ONU (2017), de um desenvolvimento urbano sustentável (HANSEN et al.,
2019).
A Política Nacional de Mobilidade Urbana, Lei Nº 12,587, de 03 de janeiro de
2012, reforça a priorização do transporte ativo em detrimento ao individual motorizado e
a importância de uma política de mobilidade integrada, que considere os pedestres e

47 Graduação em Tecnologia em Construção de Edifícios e Doutoranda em Geografia.


48 Arquiteto e Urbanista.
49 Arquiteto, Doutorando em Arquitetura e Urbanismo.
50 Arquiteta e Urbanista, Doutoranda em Geografia.

392
ciclistas como centro do planejamento. Além disso, apresenta o Plano de Mobilidade
Urbana como seu instrumento de efetivação, sendo obrigatório aos municípios com mais
de 20 mil habitantes e/ou componentes de regiões metropolitanas, devendo ser revisado
pelo menos a cada 10 anos.

12.1 Malha Urbana no Município

No presente documento, a análise das especificidades que dizem respeito à


temática da mobilidade foi desenvolvida tendo como base o traçado urbano do núcleo de
formação do município, visto que representa um elemento estruturante e determinante
para a definição dos primeiros espaços e, consequentemente, para a delimitação dos
fluxos viários e das conexões entre as parcelas urbanas.
A malha urbana, com o passar do tempo e em decorrência das distintas dinâmicas
de ocupação do espaço, como a atual área de ocupação da Universidade Federal do Cariri
(UFCA), Instituto Federal do Ceará - Campus Juazeiro do Norte (IFCE), Centro
Universitário Doutor Leão Sampaio (UNILEÃO) com três Campus institucionais e seus
entornos, estruturou-se tendo como base as primeiras vias urbanas consolidadas,
localizadas na área central do território (Bairros Centro, Socorro, Salgadinho), evoluindo
para um padrão de ocupação espraiado, que gerou novas centralidades, a exemplo dos
bairros Triângulo, Lagoa Seca, Novo Juazeiro e Betolândia. Todavia, não houve
infraestrutura de deslocamento que acompanhasse a totalidade dessas ocupações.
As localizações mais afastadas da área central do núcleo de formação citados
anteriormente, além dos bairros do Horto, Três Marias, Romeiro Aureliano Pereira,
Beanora Gondim Pereira, Carité, Pedrinhas, Prefeito Mauro Sampaio, Professora Maria
Gerli, Monsenhor Murilo de Sá Barreto, Campo Alegre, Planalto, Cidade Universitária,
Jardim Gonzaga, Frei Damião, Distrito Industrial, Vila Real, Antônio Vieira, Santo
Antônio, Logradouro, Salgadinho e Horto, apresentam-se de forma menos integrada ao
tecido urbano, situação que evidencia a falta de assistência no que diz respeito ao
transporte coletivo.

393
No entanto, espera-se que o projeto do teleférico, em fase inicial de operação,
contribua no sentido de o uso não ser apenas turístico, mas também venha a melhorar o
transporte de turistas para a visita à Estátua do Padre Cícero e principalmente contribuir
para a facilitação do acesso da população que habita o bairro Horto e seu entorno, sendo
entendido, dessa maneira, como mais um modal no município.
Ainda no que se refere às problemáticas, os passeios (calçadas) adjacentes às
vias não atendem em sua maioria às condições recomendáveis em normativas como a
Norma Brasileira 9050 (NBR 9050; 2015, 2020) de atuação nacional, que discorre sobre
a acessibilidade à edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos,
contemplando a temática de circulação externa e o deslocamento contínuo e acessível.
Cumpre ressaltar que a construção, a pavimentação e a manutenção dos passeios
atualmente é de responsabilidade do proprietário do imóvel e/ou do lote. Este cenário
viabiliza a utilização de materiais para revestimento dessa área por vezes impróprios para
o deslocamento seguro, a implantação de interferências (ajardinamentos, volumes
externos à fachada para publicidade), além da alteração na faixa livre de acesso pelo
pedestre e no nivelamento do percurso, inviabilizando o acesso e a segurança para
circulação dos pedestres e das pessoas com mobilidade reduzida (Figura 105).
Vale apontar que, principalmente em cidades pequenas e médias e nas periferias
das grandes cidades, a ocupação informal do território gera situações de difícil aplicação
da NBR 9050, cabendo à gestão pública pensar alternativas que facilitem o deslocamento,
porém preservando as habitações.

394
Figura 105: Calçada com grandes desníveis no bairro Horto.
Fonte: Igor Miranda (2021)

As áreas voltadas exclusivamente para a circulação da população apresentam


interferências (desníveis para implantação de rampas de acesso à garagem dos imóveis,
desníveis para estruturação da calçada conforme o proprietário do imóvel, apropriação
para instalação de comércio de rua, abertura de portões e portas sobre as calçadas) e
obstáculos (árvore, postes de iluminação, sinalização e estruturas de apoio à coleta de lixo
fora das faixas de serviço), principalmente na área concernente ao núcleo do município,
visto um maior grau de alterações físicas (elementos visuais de publicidade e propaganda
que contribuem para a poluição visual) e efêmeras (instalação do comércio de
rua/comércio ambulante) em virtude do desenvolvimento das atividades comerciais
predominante nesta área da cidade (Figura 106).

395
Figura 106: Interferências em passeio pela região central.
Fonte: Igor Miranda (2021)

As alterações anteriores interferem, por sua vez, na largura do passeio, tendo em


vista as variações de dimensões existentes, e especificamente para o caso da apropriação
dos passeios para comercialização de itens variados, há um desacordo com as diretrizes
estabelecidas pelo código de obras, ainda em vigência.
Ademais, a largura do passeio não é definida conforme a sua utilização. Como
proposto na NBR 9050 (Figura 107), as faixas de uso do passeio são subdivididas em três:
i) faixa de serviço (largura mínima de 0,70 cm); ii) faixa livre ou passeio (largura mínima
de 1,20 cm); iii) faixa de acesso (para calçadas com largura superior a 2m e de dimensão
variável).

396
Figura 107: Calçada segundo a NBR 9050.
Fonte: NBR 9050, 2020.

Contudo, a estrutura dos passeios existentes não apresenta delimitações


compatíveis com a função, ocorrendo uma interposição de funções em uma faixa única,
como visto nas imagens anteriores, impactando diretamente na utilização de maneira
livre, segura e acessível para o pedestre, com exceção dos projetos 51 em processo de
renovação e implantação objetivando a compatibilidade com o uso a que se propõe,
divulgados no portal da prefeitura municipal.

51 Embora a gestão atual esteja trabalhando para que alguns pontos da cidade sejam reavaliados e novas
alterações sejam feitas, não há como prever um mapeamento dos pontos de alteração, sabe-se por meio de
notas publicadas no site que são realizadas alterações na pavimentação e nos passeios e que podem ser
visualizadas na área referente ao setor de obras, disponível em: <
https://www.juazeirodonorte.ce.gov.br/obras.php?id=11 >.

397
No que diz respeito às análises da atual situação do tecido urbano, foram
contrapostos os padrões de ocupação imediatos à via, a função da mesma com relação às
demais e o dimensionamento (largura), para elaboração do arquivo geoespacial vetorial
“Malha viária” de Juazeiro do Norte, editado a partir do dado fornecido pela Prefeitura
Municipal de Juazeiro do Norte, possibilitando a hierarquização das vias urbanas e rurais
(Quadro 52), tendo como referência a Lei municipal do sistema viário básico, lei n°
2.573/2000.

Quadro 52: Definição das categorias da hierarquia viária.

Hierarquização Viária conforme a largura em metros (m) tendo como base a lei nº 2573/2000

VIA LOCAL COLETORA ARTERIAL

LARGURA Até 12 m 12,2 m a 25 m 28 m a 40,6 m

Fonte: PDDU (2000), sistematizado pela Equipe PDM/JN, 2022.

A classificação das vias instituídas pelo Plano Diretor de Desenvolvimento


Urbano (PDDU, 2000) sofreu algumas alterações conforme a atualização realizada, em
virtude da da expansão e reconfiguração da malha ao longo dos anos, até o momento da
produção deste material em conformidade com as análises.
Cumpre ressaltar que os principais acessos ao município de Juazeiro do Norte
pelas localidades adjacentes são proporcionados pela estrutura viária orientada: a sul,
conectando Juazeiro ao município de Barbalha, pela rodovia CE-060 que se estende ao
norte no sentido do município de Caririaçu, interseccionado pelo trecho finalizado do
Anel Viário do Cariri, e no sentido oeste pela rodovia CE-292, conectando a malha viária
de Juazeiro ao município do Crato, configurando o entroncamento entre as vias pela
rotatória denominada Triângulo CRAJUBAR, sendo esta rodovia um ponto de
intersecção com o trecho finalizado do projeto estruturante do anel viário do Cariri,
tratado no plano de estruturação urbana do ano 2000 e no Programa de Desenvolvimento
Econômico Regional Cidades do Ceará – Cariri Central.

398
No que diz respeito propriamente ao sistema viário municipal e a sua hierarquia,
foram identificadas duas vias pedonais, voltadas ao deslocamento exclusivo de pedestres.
A Travessa Maria Gonçalves (Nº1), localizada adjacente à Fundação Memorial Padre
Cícero (FMPC) no bairro Socorro, e a Rua Sem identificação (Nº2) existente no espaço
intra-quadra, ao lado do Mercado Municipal Central localizado no bairro Centro. Todavia
a quantidade identificada é insuficiente, visto que a cidade recebe um grande fluxo de
pedestres na região central em virtude das romarias que acontecem ao longo do ano, além
da inconformidade com a Política Nacional de Mobilidade Urbana.
Além disso, a denominação “arterial” renomeia as vias anteriormente
classificadas como “troncal”, ocorrendo especificamente uma alteração referente à
categorização da Rua São Pedro, anteriormente denominada coletora, e reclassificada em
razão da relevância que exerce no traçado, conectando-se com diferentes bairros e
localidades imediatas, como artéria de conectividade, além da importante função
enquanto eixo comercial principal da cidade. Porém, é necessário que exista um
tratamento adequado à NBR 9050 em função da pluralidade de modais que percorrem a
via diariamente.
Ademais, as vias reconhecidas como “coletoras e locais” permaneceram nesta
mesma categoria no Sistema de informações Geográficas – SIG do processo de Revisão
do Plano Diretor Municipal (2022), e as demais vias que não contavam com a descrição
do PDDU (2000), foram atualizadas considerando a função que a mesma exerce no
sistema viário (Figura 108).

399
Figura 108: Mapa de Hierarquização Viária.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

Pode-se revelar, conforme a imagem anterior e as observações sobre a mesma,


que a malha urbana encontra-se em processo de estruturação com os novos tecidos
urbanos, no tocante às bordas do município orientadas ao Norte (bairro Horto,
Logradouro, Romeiro Aureliano Pereira, Beânora Gondim Pereira, ao Sul (Lagoa Seca,
Cidade Universitária) e Sudoeste (Jardim Gonzaga, Frei Damião), como consequência do
processo de novas produções imobiliárias e implantação de habitações de interesse social,
orientados a Norte (Professora Maria Gerli, Beânora Gondim Pereira), a Leste (Leandro
Bezerra) e a Sudeste (Aeroporto e Betolândia), como exposto no item 5 (Dinâmica
imobiliária e habitacional), e integração com as demais vias existentes e do Anel Viário
do Cariri.

400
Cumpre destacar que existem vias desintegradas do tecido viário consolidado, –
áreas concernentes ao núcleo juazeirense – , além das vias classificadas como arteriais e
coletoras que apresentam grau de conectividade com as vias adjacentes e com os espaços
do município além da intensidade do fluxo, elevados, embora os trechos finalizados do
Anel rodoviário, intitulado Anel Viário do Cariri distribuam o tráfego de passagem de
pessoas e de cargas, propiciando rotas alternativas de modo a desafogar o trânsito na área
central, a medida em que permite novas conexões viárias nas imediações do mesmo.
A desintegração dos espaços localizados nas franjas do município, citados
anteriormente, justifica-se pelo surgimento de novas áreas/subdivisões do território em
processo de urbanização e parcelamento do solo, com ênfase nos novos loteamentos
particulares, gerando, também, novas centralidades e áreas de interesse, que necessitam
de integração intermodal.
A delimitação das porções dos lotes em um traçado delimitado pelas quadras
consequentemente demarca novas vias, em fase de estruturação física e conectividade
com o tecido imediato existente, de modo geral precário. Esta circunstância de integração,
desenvolve-se gradualmente conforme a finalização das etapas de estruturação dos novos
loteamentos.
No entanto, a curto prazo, a inexistência de uma malha urbana estruturada
impacta a vida dos novos moradores destas novas localidades, que se instalam em áreas
distantes dos equipamentos urbanos e dos pontos comerciais voltados à prestação de
serviços, localizados primordialmente no centro e pulverizados em outros bairros do
município (Ver mapa de equipamentos), além dos pontos de apoio ao transporte coletivo
que atualmente têm seu raio de cobertura de atendimento limitado, como será detalhado
no mapa denominado Panorama de áreas-servidas e não-servidas, além de baixa
frequência.

12.2 Turismo e mobilidade

401
Especificamente para o caso de Juazeiro do Norte, a mobilidade física ocorre de
maneira acentuada, em virtude dos deslocamentos promovidos pelos citadinos, turistas e
pela população flutuante proveniente das localidades vizinhas, em razão da localização
desse núcleo urbano e dos fatores atrativos, dos terminais de apoio que viabilizam os
deslocamentos sazonais e pendulares ao município, bem como do contexto histórico-
cultural e religioso que proporciona as constantes visitas à cidade por razões sobretudo
religiosas.
Neste contexto, destaca-se a importância da figura do Padre Cícero 52,–
responsável pelo processo de ocupação vertiginosa e desenvolvimento urbano e turístico
do município, que teve sua imagem perpetuada em forma de estátua, localizada na Colina
do Horto, um dos atrativos de maior relevância para a localidade.
A prática turística além de estimular a criação de novos projetos urbanos e
arquitetônicos, se vale dos existentes outrora construídos em contextos históricos e
socioculturais distintos na escala temporal, como ocorre em Juazeiro do Norte. As
edificações históricas que permaneceram ao longo do tempo desde o processo de
urbanização local, modernização e especulação imobiliária, conservam em sua maioria
uma carga simbólica atribuída pela sociedade, sejam os citadinos ou visitantes.
Embora alguns espaços urbanos públicos, a exemplo da Praça Padre Cícero, do
largo adjacente à Capela de Nossa Senhora do Socorro, do Santo Sepulcro, e as
edificações consideradas atrativos não apenas local mas reconhecidas a nível nacional,
pelo Ministério do Turismo (MTur), como o Casarão do Padre Cícero, a Basílica Menor
de Nossa Senhora das Dores, o Santuário do Sagrado Coração de Jesus, o Santuário São
Francisco das Chagas, a Igreja de São Miguel, a Igreja Menino Jesus de Praga, a Abadia
de Nossa Senhora da Vitória e o Centro Cultural Mestre Noza, não guardassem relações
primordialmente turísticas desde a sua existência sobretudo em razão da sua natureza,
tem em seu cerne vínculos associativos com a figura do Padre Cícero, com a religiosidade

52 Para mais informações, consultar Eixo Histórico e Cultural.

402
predominante fomentada pelo sacerdote, referente ao catolicismo, e/ou com o processo
de desenvolvimento urbano e cultural da localidade.
Note-se que o estudo produzido mediante parceria entre a Prefeitura Municipal,
a Secretaria de Turismo e Romaria e o Curso de Turismo do Instituto Federal do Ceará
(IFCE) - Campus de Fortaleza, divulgado no ano de 2020 durante a programação da
Romaria dos 150 anos de Ordenação Sacerdotal do Padre Cícero (Figura 109), promovida
pelos organizadores da Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores, enfatiza
sobremaneira os atrativos de natureza cultural e religiosas, os casos híbridos, e as novas
configurações espaciais e atrativas, voltadas a turistificação.

Figura 109: Mapa Turístico de Juazeiro do Norte.


Fonte: Site Miséria (2020), produzido pela Prefeitura Municipal (2020).

Como exposto na figura acima, foram identificados 31 pontos turísticos inseridos


em 14 bairros distintos do município, sobressaindo em maior quantidade os atrativos

403
localizados no Bairro Horto (5), Centro (7) e Salesianos (3), ambos relevantes em virtude
da implantação de edificações religiosas, incluindo nesta circunstância os bairros
Franciscanos (2), Socorro (2), São Miguel (1), Novo Juazeiro (1) e Tiradentes (1), todavia
envolvendo uma menor quantidade de atrativos.
Descritos de forma detalhada no Quadro 53, conforme a localização (bairro) e a
natureza (religioso, cultural, comercial, lazer, serviços, esporte, Área non aedificandi -
contemplação/lazer, sendo pontuados os casos híbridos em que se enquadram duas
naturezas sobre um determinado ponto turístico, tem-se a sistematização.

Quadro 53: Identificação dos pontos turísticos inseridos no mapa turístico do município.

CONFORME BAIRRO NO QUAL ESTÁ
PONTO TURÍSTICO NATUREZA(S)
INDICAÇÃO INSERIDO
NO MAPA
1 Santo Sepulcro Horto Religioso
2 Casarão do Padre Cícero Horto Religioso/Cultural
3 Estátua do Padre Cícero Horto Religioso/Cultural
4 Pedra do Joelho Horto Religioso
5 Estações da Via Sacra Horto Religioso
Fundação Memorial Padre Cícero
6 Socorro Cultural
(FMPC)
7 Capela de Nossa Senhora do Socorro Socorro Religioso
Alameda Juazeiro - Centro de
8 Centro Comercial/Lazer
Gastronomia Rita Araújo
9 Museu do Padre Cícero Salgadinho Cultural
Basílica Menor de Nossa Senhora das
10 Centro Religioso
Dores
Centro de Apoio aos
Romeiros/Anfiteatro/Sede da
11 Centro Comercial/Serviços
SETUR/Gráfica Lira Nordestina/
Teleférico*53
12 Luzeiro da Fé Centro Cultural
13 Praça Padre Cícero Centro Lazer
14 Mercado Central de Juazeiro do Norte Centro Comercial
15 Centro Cultural Popular Mestre Noza Centro Comercial/Cultural
16 Santuário do Sagrado Coração de Jesus Salesianos Religioso

53Embora o mapa turístico tenha sido divulgado no ano de 2020, a instalação do teleférico já estava prevista.
Sendo assim, a Equipe do PDM (2022) inseriu este equipamento/modal de tran sporte como ponto turístico,
integrando os demais atrativos inseridos no Nº11 que encontram-se próximos uns aos outros.

404
17 Teatro Marquise Branca Salesianos Cultural
18 Estação Teatro (VLT) Salesianos Serviço
19 Cariri Garden Shopping Triângulo Comercial/Serviço
20 Rotatória do Giradouro Triângulo Lazer
Terminal Rodoviário de Juazeiro do
21 Triângulo Serviço
Norte
Estádio Municipal Mauro Sampaio -
22 Pirajá Esporte/Lazer
Romeirão
23 Santuário São Francisco das Chagas Franciscanos Religioso
24 RFFSA/Estação Juazeiro (VLT) Franciscanos Serviço
25 Igreja de São Miguel São Miguel Religioso
26 Estação Fátima (VLT) Fátima Serviço
Área non aedificandi
27 Parque Ecológico das Timbaúbas Timbaúbas
Contemplação/Lazer
28 Igreja Menino Jesus de Praga Novo Juazeiro Religioso
29 Abadia de Nossa Senhora da Vitória Tiradentes Religioso
Aeroporto Orlando Bezerra de
30 Aeroporto Serviço
Menezes
31 Polo Gastronômico Lagoa Seca Lagoa Seca Comercial/Lazer

Fonte: Prefeitura Municipal (2020), sistematizado pela Equipe PDM (2022).

Faz-se necessário mencionar que a inserção do Teleférico, da Estação Teatro e


Fátima do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) Cariri, da Rotatória do Giradouro, do
Terminal Rodoviário de Juazeiro do Norte e do Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes
no mapa turístico, não necessariamente torna-os pontos turísticos, muito embora sejam
essenciais para a composição da infraestrutura urbana, os atrativos mencionados
viabilizam os deslocamentos a localidade e aos atrativos próximos a estes modais.
Cumpre destacar que o município é considerado uma das principais rotas
referentes ao turismo religioso brasileiro, integrando o Programa de Regionalização do
Turismo, instituído pelo Ministério do Turismo (MTur) em 2004 que tem como objetivo
o desenvolvimento sustentável do turismo no Brasil, com enfoque nas localidades que se
destacam pelo desempenho da sua economia voltada a este setor, sendo este incluído na
categoria B, conforme atendimento as variáveis.
Esses municípios estabelecidos e inseridos bianualmente no mapa do turismo
brasileiro, conforme categorização fundamentada em cinco variáveis quantificáveis

405
(estabelecimentos de hospedagem e empregos, visitantes domésticos e internacionais e
arrecadação de impostos federais a partir dos meios de hospedagem local), traduzem
mediante cinco classificações dinâmicas e passíveis de atualização (A,B,C,D,E), o
desempenho econômico, possibilitando a elaboração de políticas específicas voltadas ao
turismo, além de uma melhor distribuição dos recursos públicos.

12.3 Modais de transporte

A identificação de pontos de apoio aos modais, no mapa turístico local, fortalece


a importância de serem desenvolvidos projetos voltados à intermodalidade no município.
Nesse contexto, faz-se necessário pormenorizar a respeito da variedade de modais de
transporte existentes implantados em áreas distintas do território, possibilitando os
deslocamentos a curta, média e longa distância, indicados conforme indicação do
perímetro de cobertura variando entre 500 metros e 1000 metros, em conformidade com
as distâncias propostas no caderno de parâmetros referenciais do Instituto de Políticas de
Transporte e Desenvolvimento (ITDP) Brasil.
Foram identificados como modais Rodoviários (Figura 110), o Terminal
Rodoviário Municipal e a Via de contorno oferecendo o suporte aos veículos das frotas
atuantes no município, estendendo a linha de operação intermunicipal para os municípios
de Crato, Barbalha e Missão Velha. Seguindo esta linha de operação intermunicipal
encontra-se em atividade, sobre a linha férrea com extensão de 13,6 quilômetros
estruturado com nove estações de apoio, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) Cariri que
conecta o Crato – município vizinho –, a Juazeiro do Norte, pertencendo o modal
ferroviário.
Ainda na categoria de modais, enquadra-se a Rodoviária Interestadual e o
Terminal Rodoviário Estadual como modais Rodoviários, em contraposição ao modal
aéreo, assegurado mediante o funcionamento do Aeroporto possibilitando a conexão do
município a distintas localidades brasileira, e do Teleférico do Horto, todavia apenas com
uma linha operação restrita aos dois bairros do município, conectados por intermédio da

406
infraestrutura tendo como apoio para o seu funcionamento duas estações, a Estação
Romeiros (bairro Centro) e Horto (bairro Horto), caracterizando-se como um modal
primordialmente turístico.

Figura 110: Mapa de Terminais e estações de apoio aos modais de transporte.


Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

Nesse contexto de modais, salienta-se a implementação de áreas dedicadas às


ciclovias, contudo particionadas principalmente nas áreas orientadas a Sul (ver mapa
anterior), o que reforça a desintegração dos modais e a carência de uma malha cicloviária
estruturada possibilitando o deslocamento do público que utiliza este modal ativo as
demais parcelas urbanas do município.
Como exposto no mapa, foram identificados nove trechos cicloviários, nos quais
os trechos (1-5-6-7-8) estruturam-se com o anel viário do Cariri em um canteiro central,
os trechos (2-3) igualmente implantados em uma faixa central definem fisicamente a faixa

407
de circulação exclusiva de ciclistas e simultaneamente as vias arteriais de sentidos
divergentes, conectando o município de Juazeiro ao Crato, denominada Avenida Padre
Cícero (Rodovia, CE-292) em ambos sentidos, além dos trechos 4 e 9, orientados ao Sul
do mapa anterior , permitindo o deslocamento entre Juazeiro e o município de Barbalha
(Trecho 4) conforme o percurso da Avenida Leão Sampaio (Rodovia, CE-060) e de modo
particionado e desconexo, o deslocamento de modo seguro e apropriado no trecho
adjacente à Avenida Ailton Gomes, localizada no Bairro Pirajá, no sentido do bairro
Lagoa Seca.
Ao mencionarmos a carência de ciclovias integradas que possibilitem o
deslocamento contínuo e seguro, devemos ampliar essa situação para as linhas de
operação de transporte coletivo existentes no município, viabilizado por uma única
empresa, a Via Metro, mediante a disponibilidade da frota com um quantitativo de 11 54
ônibus para as linhas ativas no município e 3 linhas intermunicipais que no entanto não
suprem a necessidade da população que utiliza desta prestação de serviço para locomover-
se, induzindo indiretamente a utilização de transportes alternativos e comparti lhados
(Figura 111).

54 De acordo com as disposições no site da empresa Via Metro a população juazeirense é atendida por
intermédio de 11 rotas de operação, contudo, a rota 7001 apresenta duas áreas de atendimento. O Bairro
Centro, Novo Juazeiro e Betolândia, e o Bairro Centro, Novo Juazeiro e Brejo Seco, ambas com o mesmo
percurso, o que esclarece a indicação da rota 7001 uma única vez no mapa.

408
Figura 111: Mapa de Transporte coletivo, terminais e estações e linhas de operação.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

Ao observarmos o mapa anterior, visualizamos sobreposições das linhas de


operação de maneira que diversas áreas territoriais não são atendidas, apesar de ocorrer
uma distribuição mediana se considerarmos todos os pontos cardeais do mapa (norte-sul-
leste-oeste), cenário este que poderia ser alterado com a reestruturação dos percursos
existentes de maneira que as rotas atendessem outras áreas (bairros), aliando as novas
configurações a um sistema de integração entre os modais existentes concernent es ao
VLT e o Teleférico do Horto, além das linhas de operação das localidades que constituem
a aglomeração urbana CRAJUBAR (Crato-Juazeiro-Barbalha).
A seguir, o mapa fornece um panorama elucidativo das áreas servidas e não-
servidas, tendo como base para constatação os raios de abrangência gerados, concernentes
aos pontos de embarque e desembarque (500 metros) e as estações ou terminais de

409
transporte coletivo de média e alta capacidade (1000 metros), em conformidade com as
distâncias propostas pelo ITDP outrora citada para cada linha de operação existente e
disponibilizada pela empresa responsável pela prestação deste serviço.
Destaca-se nesse sentido que o PDDU (2000) definiu este raio de
caminhabilidade a 600 metros, tendo como referência o ponto de convergência das
unidades de vizinhança (bairros) estruturadas com áreas comerciais, sociais, voltadas ao
lazer, as funções cívicas e o circuito de transporte e acessibilidade. Todavia, este espaço
convergente de equipamentos de apoio por unidades não foi efetivado, o que torna esta
utilização do dado inviável para sua utilização no diagnóstico municipal atual, reforçando
a utilização do indicador proposto pelo ITDP.
Utilizando o parâmetro do ITDP (2018), enquadra-se no raio de abrangência
referente aos 1000 metros, as estações localizadas nas extremidades da rota do VLT do
Cariri, pontos iniciais e finais da rota existente, correspondendo a distância entre os
municípios de 13,6 quilômetros, além do Aeroporto, do Teleférico e das Rodoviárias
Interestaduais e Estaduais e da via de contorno, o que permite visualizar de forma genérica
a cobertura dos modais de transporte.
Para os pontos de extremidade das vias urbanas nas quais foram definidos os
pontos de embarque e desembarque de apoio ao transporte coletivo, foi delimitado o raio
de abrangência de 500 metros. A identificação dos pontos no mapa (Figura 112) foi
realizada por intermédio dos dados disponíveis na plataforma online denominada
MeuOnibusCariri, contribuindo para visualização geral das áreas servidas e não-servidas
pelas linhas de operação, visto a inviabilidade da utilização dos dados de cada ponto de
apoio fornecido pelo aplicativo.

410
Figura 112: Panorama das áreas servidas e não-servidas pelas linhas de operação do transporte coletivo
municipal.
Fonte: Equipe PDM, 2022.

Considerando a setorização proposta referente ao agrupamento dos bairros do


município em 12 setores 55, e tendo como base as informações sistematizadas no mapa
anterior, foram identificadas as áreas que não se inserem nos raios de abrangência do
transporte coletivo, referentes ao:
i) Setor 01, de modo geral, dedicado a Zona Rural - Distrito Padre Cícero, Palmeirinha e
Distrito Marrocos;

55A descrição detalhada dos setores encontra-se no Plano Executivo de Trabalho e Metodologia (2021). Os
bairros descritos com a seguinte simbologia *, foram criados após a realização do Censo Demográfico de
2010, mediante legislações municipais diversas.

411
ii) Setor 02, de modo geral, concernente aos bairros Horto, Salgadinho, Logradouro, Três
Marias, Romeiro Aureliano Pereira, Beanôra Gondim Pereira e
iii) Setor 03, Juvêncio Santana, Carité;
iv) Setor 09, Prefeito Mauro Sampaio*;
v) Setor 10, Professora Maria Geli *e Monsenhor Francisco Murilo*;
vi) Setor 11, Vila Real*;
Todavia, a ausência dos demais bairros não os categoriza como áreas atendidas
pelo sistema de transporte existente. Estes encontram-se inseridos nos limites dos raios
propostos, e considerando que a delimitação dos raios de abrangência tem como ponto de
referência os pontos de embarque e desembarque dos passageiros, ainda assim tornam -se
áreas com escassez de atendimento pelo transporte coletivo, visto que os usuários terão
que se deslocar em um percurso com a média de 500 metros, para o ponto mais próximo
de atendimento pelo transporte coletivo.
As problemáticas concernentes à mobilidade urbana permaneceram ao longo dos
anos, desde a elaboração do diagnóstico municipal, realizado no ano 2000. A
incompatibilidade com a oferta de veículos, pela empresa atuante, na prestação de
serviços de transporte, a elevada demanda local, a ausência de um plano de rotas que
considere não apenas a convergência com as vias urbanas inseridas no núcleo de formação
(área central) estendendo suas linhas de operação para os bairros mais afastados, a
escassez de áreas de apoio estruturadas para embarque e desembarque, bem como a
estruturação da malha viária com definições padronizadas (dimensões, pavimentação)
que possibilitem a fluidez no tráfego, permanecem como pontos principais a serem
solucionados.
Além do ambiente físico e dos condicionantes ambientais, o uso e ocupação do
solo torna-se um fator determinante para a definição do traçado urbano. Conseguinte, a
diversidade de usos no que se refere ao setor comercial, a prestação de serviços e a vasta
oferta de cursos, resultante da ampla estrutura institucional/educacional no município de
Juazeiro, favoreceram diretamente as constantes transformações nas dinâmicas espaciais
e de valorização do preço da terra, com a implantação de empreendimentos outrora

412
denominados geradores de tráfego, conforme a relevância funcional e a área de
implantação no município.
Ademais, a prática turística em períodos sazonais, motivada primordialmente
pelo caráter religioso que fomenta uma parcela do desenvolvimento econômico local e
que contribuiu com o aumento populacional e concomitantemente com as transformações
urbanas, consolidou não somente as áreas atrativas (geradores de tráfego, Figura 113)
segundo o caráter turístico, voltadas às áreas culturais e aos pontos de visitação e práticas
religiosas, as instituições religiosas, como também as vias de maior intensidade de fluxo
em períodos de romarias (manifestação cultural e religiosa), coincidindo com a malha de
tráfego moderado e intenso predominante na área central do município, exposta na
representação a seguir.

Figura 113: Mapa com localização dos Geradores de tráfego.


Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

413
Os geradores de tráfego (Quadro 54) identificados foram simbolizados de acordo
com o tipo de uso. Conforme o mapeamento produzido, observa-se que sobressaíram
dentre os 99 geradores indicados, as instituições de ensino (31) pulverizadas em distintas
parcelas urbanas, os pontos comerciais (20) e os estabelecimentos voltados a prestação
de serviços (15), sobressaindo os bairros: centro, onde convergem diferentes usos do solo
(comercial, serviço, religioso, lazer), São Miguel ( com equipamentos gerenciados pela
esfera municipal, o Restaurante popular e o Hospital e maternidade São Lucas, além de
instituições de ensino particulares), e Cidade Universitária (nos quais os polos geradores
de tráfego direcionam o fluxo no sentido das instituições de ensino superior particular e
pública).

Quadro 54: Identificação dos geradores de tráfego inseridos na malha viária municipal em conformidade
com o uso.
BAIRRO NO QUAL
USO GERADOR DE TRÁFEGO
ESTÁ INSERIDO
Cultural Museu Vivo do Padre Cícero Horto
Cultural Monumento do Padre Cícero Horto
Cultural Casa Museu do Padre Cícero Salgadinho
Cultural Fundação Memorial Padre Cícero (FPMC) Socorro
Religioso Igreja Bom Jesus do Horto Horto
Religioso Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores (Matriz) Centro
Religioso Capela Nossa Senhora do Socorro Socorro
Religioso Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes - Igreja São Miguel São Miguel
Religioso Santuário do Sagrado Coração de Jesus Salesianos
Religioso Santuário São Francisco das Chagas Franciscanos
Religioso Igreja Menino Jesus de Praga Novo Juazeiro
Industrial Arplast Recicláveis Três Marias
Industrial Cajuína São Geraldo Cajuina São Geraldo
Leandro Bezerra de
Industrial Área Industrial 1
Menezes
Industrial Área Industrial 2 Planalto
Industrial Área Industrial 3 Distrito Industrial
Lazer Espaço esportivo - Campo de Futebol Salgadinho
Lazer Praça Padre Cícero Centro
Lazer Praça José Geraldo da Cruz Franciscanos
Lazer Espaço esportivo - Areninha Timbaúbas

414
Lazer Praça da Bíblia Santa Tereza
Lazer Arena Romeirão Romeirão
Lazer Praça do Giradouro Triângulo
Lazer Praça José Ilânio Couto Gondim Lagoa Seca
Lazer Ginásio Poliesportivo Triângulo
Serviço Serviço Social do Comércio (SESC) Centro
Serviço AeC- Centro de contatos Centro
Serviço VaptVupt - Central de atendimento ao cidadão Centro
Centro de Apoio aos Romeiros - Mercado Nossa Senhora das
Serviço Centro
Dores
Serviço Companhia de energia elétrica - ENEL Salgadinho
Serviço Restaurante Popular Municipal São Miguel
Serviço Banco do Nordeste Centro
Serviço Banco do Brasil Centro
Serviço Caixa Econômica Federal - Agência Centro Centro
Serviço Banco Bradesco Centro
Serviço Agência Itaú Centro
Serviço Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte Centro
Serviço Centro Social Urbano (CSU) Franciscanos
Serviço Secretaria de Saúde Santa Tereza
Serviço Centro de Dermatologia Lourival Gondim Santa Tereza
Serviço Delegacia Regional de Polícia Civil Romeirão
Serviço Caixa Econômica - Agência Pirajá Pirajá
Comércio
Feira Livre - São Miguel São Miguel
efêmero
Comércio
Feira Livre - Pirajá Pirajá
efêmero
Comércio Trevo do Horto Restaurante Romeiro Aureliano Pereira
Comércio Panificadora e confeitaria Raimundo Nonato Salgadinho
Comércio Centro de Gastronomia Rita Araújo da Silva (Alameda) Centro
Comércio Super Lagoa Centro
Comércio Mercado Municipal Central Centro
Comércio Mercado Municipal Senhora Sant’Ana Salesianos
Comércio Mercado Municipal do bairro Pio XII Pio XII
Comércio Mercantil da Hora Fátima
Comércio Padaria Pão Nosso Fátima
Comércio Supermercado Opção Franciscanos
Comércio Mercado Municipal do bairro Pirajá Pirajá
Comércio Econômico Supermercado - Unidade Aeroporto Aeroporto

415
Comércio Juazeiro OpenMall Santa Tereza
Comércio Cariri Garden Shopping Triângulo
Comércio Edifício Office Cariri Triângulo
Comércio Edifício Cariri Medical Center Triângulo
Comércio Assaí Atacadista São José
Comércio Maxxi Atacado São José
Comércio Atacadão São José
Comércio Polo gastronômico 1 - bairro Lagoa Seca Lagoa Seca
Comércio Feira de Troca João Cabral
Comércio Polo gastronômico 2 - bairro Lagoa Seca Lagoa Seca/Planalto
Comércio Percurso atrativo Lagoa Seca
Comércio Polo gastronômico 3 - bairro Lagoa Seca Lagoa Seca
Comércio La plaza Mall Lagoa Seca
Institucional EFF Vereador José Neri Rocha Romeiro Aureliano Pereira
Institucional EFF Professora Maria de Lourdes Lopes de Souza Três Marias
Institucional EEEEP Professor Moreira de Souza Centro
Institucional Colégio Objetivo 1 São Miguel
Institucional Colégio Objetivo 2 São Miguel
São Miguel
Institucional Centro Universitário de Juazeiro do Norte - UniJuazeiro
São Miguel
Institucional Faculdade Paraíso (FAP)
São Miguel
Institucional Colégio Paraíso - Unidade Centro
Institucional Centro Educacional do Cariri Colégio Adauto Bezerra Centro
Institucional Colégio Sossego Centro
Institucional Colégio Salesiano - São João Bosco Salesianos
Institucional Colégio São Francisco de Assis Franciscanos
Institucional EEF Doutor Edvard Teixeira Férrer Franciscanos
Institucional EEEEP Raimundo Saraiva Coelho São José
Institucional EEMTI Dona Maria Amália Bezerra Santa Tereza
Institucional EEMTI Presidente Geisel (Polivalente) Santa Tereza
Colégio da Polícia Militar Coronel PM Hervano Macêdo
Institucional Santa Tereza
Júnior
Institucional EEM Governador Adauto Bezerra (Segundo Grau) Santa Tereza
Institucional Centro de Artes da Universidade Regional do Cariri (URCA) Romeirão
Centro Universitário Doutor Leão Sampaio - Campus
Institucional Cajuina São Geraldo
CRAJUBAR
Institucional Escola Sesi-Senai Romeirão
Institucional Escola Educar-Sesc Romeirão

416
Institucional Centro de Ensino Tecnológico (CENTEC)/FATEC Triângulo
Institucional Universidade Regional do Cariri (URCA) - Campus Juazeiro Triângulo
Institucional Centro Universitário Doutor Leão Sampaio - Campus Saúde Triângulo
Institucional Colégio Paraíso - Conceito Cidade Universitária
Institucional Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia (IFCE) Cidade Universitária
Institucional Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte (FMJ) Cidade Universitária
Institucional Estácio - Unidade Juazeiro Cidade Universitária
Centro Universitário Doutor Leão Sampaio - Campus Lagoa
Institucional Cidade Universitária
Seca
Institucional Universidade Federal do Cariri (UFCA) Cidade Universitária
Institucional EEEP Anderson Borges de Carvalho (Liceu) Planalto
Serviço/Saúde Hospital Unimed Cariri Centro
Serviço/Saúde Hospital e Maternidade São Lucas São Miguel
Serviço/Saúde Hospital Estephânia Rocha Lima Santa Tereza
Serviço/Saúde Hospital Regional do Cariri (HRC) Triângulo
Serviço/Saúde Hospital Geral Padre Cícero Triângulo
Serviço/Saúde Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 Horas - Limoeiro Limoeiro

Fonte: Equipe PDM, 2022.

Cumpre evidenciar que as questões supracitadas fortalecem a relevância do


município, dentre os demais que integram a Região Metropolitana do Cariri 56 (RMC). Em
contrapartida, deve-se ressaltar que existem problemáticas no que se refere à mobilidade
urbana, a infraestrutura viária, os serviços de transporte de pessoas e de cargas e a
acessibilidade, acentuadas em decorrência desse vertiginoso processo de transformação e
reconfiguração territorial que sobrecarrega a infraestrutura existente, inviabiliza a fluidez
e a segurança nos deslocamentos, decorrentes da intersecção do tráfego entre o transporte
coletivo, ativo e de uso individual, sem o devido monitoramento , compromete por vezes
o tempo e a qualidade de vida da população e até mesmo do público visitante.
Nesse contexto de comprometimento na cobertura de atendimento, o público
mais prejudicado refere-se a população residente nos bairros mais afastados da área

56Criada em 2009 mediante a instituição da lei complementar nº 78, a Região Metropolitana do Cariri visa
o desenvolvimento e a integração regional do agrupamento de nove municípios que a compõe, a saber:
Barbalha, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Jardim, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana
do Cariri.

417
central e nas franjas urbanas do município – outrora detalhados –, em contínuo processo
de estruturação (geradores de demanda), impossibilitadas de se deslocarem com
facilidade e segurança mediante o uso de transporte coletivo, em razão da baixa oferta de
veículos, e da má distribuição das linhas operantes pela concessionária atuante,
impactando diretamente na eficiência do transporte coletivo.
Assim como a problemática referente a ineficiência do transporte coletivo, foram
identificadas quatro questões a serem inseridas na análise estratégica que aborda as
strengths (forças), weaknesses (fraquezas) , opportunities (oportunidades) e threats
(ameaças) (SWOT) da temática, mediante a adoção de uma política de mobilidade urbana,
integrada ao plano diretor e/ou a política de desenvolvimento urbano, exigida para os
municípios com mais de 20 mil habitantes, conforme disposições da lei federal nº
12587/2012, como mencionado inicialmente na introdução deste sub-eixo.
Nesse sentido, vale ressaltar que a lei nº 14.000/2020, estende a elaboração do
plano para localidades de interesse turístico, nas quais a dinâmica de mobilidade urbana
é alterada em decorrência do afluxo de visitantes, uma nova condição que incorpora o
município caririense referenciado.
Por fim, as questões outrora mencionadas compreendem a estruturação de uma
malha cicloviária integrada às demais existentes no município, viabilizando o
deslocamento dos ciclistas que utilizam o meio ativo para locomoção, a estruturação e
qualificação das calçadas, sobretudo nas principais vias e espaços urbanos da área central
do município, visando a acessibilidade para a população de modo geral, o que inclui as
pessoas com deficiência ou restrição de mobilidade, o monitoramento no que diz respeito
à ocupação das calçadas e das margens das vias, tornando o trajeto de deslocamento
inseguro para os pedestres e conflituoso quanto aos veículos, além do planejamento das
rotas de transporte público e estudantil.
Condições como o atendimento às instituições educacionais do setor público de
modo a atender a população dos bairros do município, e a manutenção da frota para
atendimento à população de modo geral devem ser priorizadas, independente de datas
celebrativas ou do calendário letivo, circunstâncias estas que influenciam a

418
disponibilidade de transporte para os residentes das áreas imediatas principalmente para
a cidade universitária, área que concentra instituições educacionais de grande porte,
devem ser consideradas, visando a inclusão social e a promoção do acesso aos serviços
básicos e aos equipamentos sociais do município.
É importante destacar que a falta de um Plano de Mobilidade Urbana,
instrumento básico da Política Nacional de Mobilidade Urbana, reforça várias das
problemáticas comentadas ao longo do presente documento, visto que é essencial para o
planejamento dos deslocamentos, contando com a expansão e conexão entre as diferentes
malhas e modais de transporte.
O município de Juazeiro do Norte, embora apresente uma pluralidade de modais
que inclusive não é vista em todas as capitais brasileiras, não conta com intermodalidade,
instrumento básico para a estruturação de uma rede coesa de deslocamentos. Os veículos
particulares, táxis, motocicletas, transporte coletivo (ônibus, VLT e agora o teleférico),
além das bicicletas e transporte a pé, quase não possuem conexão, o que dificulta o acesso.
A rede intermodal precisa compor uma malha conectada em diversos pontos, de
modo a oferecer diferentes alternativas de deslocamento aos cidadãos, principalmente
àqueles que fazem uso do transporte público e ativo. O VLT, por exemplo, compõe uma
única linha, interessante pela conexão do centro de Juazeiro do Norte ao centro do
município de Crato, mas insuficiente para atender à totalidade da população quando não
possui conexão com outros modais, além da baixa frequência, limitação de circulação aos
finais de semana e feriados e percurso reduzido.
Por fim, é preciso refletir sobre importantes iniciativas como o bilhete único, já
aplicado em diversas regiões metropolitanas, mas inexistente no transporte público do
município de Juazeiro do Norte. A iniciativa permite que o usuário tenha a liberdade de
fazer as trocas necessárias ao seu percurso com maior liberdade, sem a necessidade de
realizar baldeações em terminais específicos, desafogando estes equipamentos, que
também possuem importância enquanto estações intermodais, criando referências nas
centralidades.

419
12.4 Problemas, Desafios e Potencialidades – Mobilidade Urbana

MOBILIDADE E TRANSPORTE

Potencialidades Desafios
pontos fortes pontos fracos

• Um potencial para estudo, elaboração e implantação • Baixa oferta de linhas de transporte público,
de uma política de mobilidade urbana integrada ao • ausência de integração entre os modais, calçadas sem
plano diretor e/ou a política de desenvolvimento acessibilidade dificultando o caminhar,
urbano, exigida para os municípios com mais de 20 • baixa infraestrutura viária
mil habitantes, conforme disposições da lei federal nº • Ausência do plano de mobilidade urbana municipal
12587/2012.
• A existência de terminais rodoviários municipais,
intermunicipais e estaduais.
• A implementação de transportes escolares.
• Reconhecimento do município como “smart city”
• A existência de veículos de cooperativas que se
destinam a Juazeiro buscando atender a necessidade
da população das cidades imediatas (fluxo pendular)
• A diversidade de prestadores de serviços de
transportes (praças de táxi, moto-táxi).

Oportunidades Ameaças

• Ampliar a malha urbana de mobilidade integrando os • As ameaças estão ligadas a estruturação atual e o não
modais existentes abrangendo os bairros menos compartilhamento de informações e a ausência de
abastecidos. integração com setores ligados à mobilidade urbana.
• Ampliação do VLT, finalização do Roteiro da Fé, • O tempo e os recursos (financeiros, pessoais e
implantação de ciclovias interligadas, construção de técnicos) indisponíveis para a realização das análises.
terminais integradas (a lista é imensa)
• Estruturação dos terminais e estações possibilitando a
integração intermodal.
• Apoio e incentivo do governo federal para
modernização dos sistemas e plataformas de
gerenciamento e monitoramento do estado atual das
condições de infraestrutura, segurança, mobilidade e
dos serviços realizados pelas secretarias, além do
apoio ao desenvolvimento sustentável da localidade.

Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

A respeito dos indicadores de Mobilidade Urbana, ainda faltam dados para


mapear os locais das topics das cooperativas com os pontos de apoio, às praças de táxi,

420
os pontos de mototáxis, os postos de táxis, o trajeto e as abrangências do transporte
escolar.
Por fim, percebe-se que o município teve um crescimento significativo ao longo
dos últimos 20 anos com espraiamento da sua malha urbana e que, mesmo dotando de um
Plano Diretor, diversos pontos não foram observados como a construção de calçadas
livres de obstáculos e em mesmo nível, adoção de recuos mínimos, lotes mínimos por
vezes fracionados, entre outras questões. Assim sendo, cabe ao município de Juazeiro e
as suas autoridades zelar para que as propostas futuras deste plano sejam cumpridas em
prol do desenvolvimento sustentável e ordenado do município nos próximos anos

13 OCUPAÇÕES IRREGULARES

Francisco Samuel da Silva Melo57


Mariana Brito de Lima58
Maria Raquel Silva Pinheiro59

As áreas de risco são regiões onde não se recomenda a construção de casas ou


qualquer tipo de instalação devido ao risco iminente de desastres naturais ou àqueles
diretamente relacionados à ação antrópica. Após análise de documentos da Defesa Civil
Municipal em conjunto com a Secretaria de Infraestrutura (SEINFRA) foram
categorizados quatro tipos de risco no referido município: inundação, insalubridade por
alta tensão, alagamento e colapso de edificações.

13.1 Análise das Áreas de Habitação Consideradas de Risco

Em 15 de maio de 2020, a Defesa Civil e a Secretaria de Infraestrutura -


SEINFRA, sob inspeção técnica do engenheiro Pedro Alysson de Brito Pereira,

57 Arquiteto e Urbanista.
58 Arquiteta e Urbanista, Doutoranda em Geografia.
59 Geógrafa.

421
elaboraram um documento que mapeou as áreas de risco onde há permanência de
famílias, bem como apresentou as medidas mitigatórias que foram/estão sendo adotadas
para reverter esse quadro. O documento define como áreas de risco regiões onde é
recomendada a não construção de edificações ou instalações, devido à exposição a
possíveis desastres naturais, desta forma, necessitam de intervenção preventiva de
iniciativa pública.
De acordo com o relatório de 2018, também elaborado pela Defesa Civil, havia
em Juazeiro do Norte 1281 famílias em áreas de risco, estando localizadas nos seguintes
bairros: Betolândia, Horto, João Cabral, Limoeiro/Timbaúbas60, Socorro/Salesianos61 e
Tiradentes/José Geraldo da Cruz. 62 Visitas in loco foram feitas nos anos de 2019 e 2020,
onde foi possível levantar a mudança desse quantitativo de famílias em moradias
localizadas em áreas de risco.
Os bairros João Cabral e Triângulo estavam situados dentro de uma área de alta
tensão, conferindo risco a 345 famílias que viviam no entorno. A Defesa Civil alega que
o risco foi eliminado através do trabalho promovido pela Distribuidora de Energia
Elétrica - ENEL, que transformou a rede elétrica dentro dos parâmetros urbanos. Algumas
áreas dos bairros como Socorro e Salesianos corriam risco de inundação, o que, de acordo
com o relatado, não confere com o atual cenário, uma vez que essas localidades foram
beneficiadas com as obras advindas do Anel Viário: drenagem, pavimentação asfáltica, e
passeios. A seguir pode-se observar o Quadro 55 que esquematiza essas informações:

Quadro 55: Famílias que saíram da condição de risco, segundo a Defensoria Civil.

BAIRRO Nº DE FAMÍLIAS RISCO

JOÃO CABRAL 184 INSALUBRIDADE (ALTA TENSÃO)

SOCORRO/SALESIANOS 96 INUNDAÇÃO

TRIÂNGULO 161 INSALUBRIDADE (ALTA TENSÃO)

TOTAL DE FAMÍLIAS: 441

60 Agrupamento definido pelo laudo técnico.


61 Agrupamento definido pelo laudo técnico.
62 Agrupamento definido pelo laudo técnico.

422
Fonte: Equipe PDM/JN a partir de dados da SEINFRA e Defesa Civil, 2020.

Mais à frente, no Quadro 56, é levantada a promoção das obras de urbanização


do Riacho das Timbaúbas, que visa retirar 227 famílias da ameaça de inundação. A obra
também visava a construção de cinco pontes, mecanismo de drenagem pluvial,
pavimentação asfáltica, requalificação das vias, sinalização de trânsito e ilumina ção
pública.

Quadro 56: Famílias que serão contempladas através da promoção de obras urbanas nos bairros
Timbaúbas e Limoeiro.

BAIRRO Nº DE FAMÍLIAS RISCO

TIMBAÚBA / LIMOEIRO 227 INUNDAÇÃO

TOTAL DE FAMÍLIAS: 227

Fonte: Equipe PDM/JN a partir de dados da SEINFRA e Defesa Civil, 2020.

O bairro Betolândia é mencionado como área de risco de alagamento, sendo


descrito o nome de três ruas: rua Maria dos Santos Rodrigues, rua Projetada e rua
Esmeraldino Tavares de Souza. Foi constatado que esse risco de alagamento é
considerado em épocas de chuva. Ainda é mencionado o ponto de convergência existente
nessa região, referente às águas da microbacia hidrográfica.
Bairros como Tiradentes e José Geraldo da Cruz são enquadrados como
portadores de um “risco nocivo, silencioso e permanente”, de acordo com o documento.
Essa condição existe devido a permanência da rede de energia elétrica. Na data em que
foi redigido o documento supracitado, foi emitido uma solicitação ao Ministério Público,
para que a ENEL pudesse ser acionada para a alteração dessa situação, bem como foi feito
nos bairros Triângulo e João Cabral. Observa-se no Quadro 57 abaixo:

Quadro 57: Famílias em áreas de risco.

BAIRRO Nº DE FAMÍLIAS RISCO

BETOLÂNDIA 39 ALAGAMENTO

423
TIRADENTES / JOSÉ 370 INSALUBRIDADE (ALTA TENSÃO)
GERALDO DA CRUZ

TOTAL DE FAMÍLIAS: 409

Fonte: Equipe PDM/JN a partir de dados da SEINFRA e Defesa Civil, 2020.

A situação encontrada no bairro Horto expressa grande preocupação, uma vez


que há risco constatado de possível colapso de moradias localizadas sob relevo irregular
(Quadro 58). É destacada a situação dos moradores das ruas Caminho do Horto e Bela
Vista. O documento ressalta que, o fato de as casas estarem edificadas nesta localidade
há muito tempo não exime o risco de um possível desabamento. Ainda é ressaltado que
essas famílias se colocam resistentes frente a proposta de realocação de suas moradias,
tendo o fator afetivo como principal condicionante.

Quadro 58: Famílias em área de risco.

BAIRRO Nº DE FAMÍLIAS RISCO

HORTO 36 COLAPSO DE EDIFICAÇÃO

TOTAL DE FAMÍLIAS: 36

Fonte: Equipe PDM/JN a partir de dados da SEINFRA e Defesa Civil, 2020.

Como o relatório é datado no ano de 2020, e não foi obtido nenhum outro parecer
técnico que atualize o panorama do contexto aqui expostos, não se sabe como ocorreu o
desempenho das medidas adotadas, bem como o avanço das solicitações feitas para a
promoção da melhora de cenários como o apresentado pelos bairros Tiradentes e José
Geraldo da Cruz. O documento ainda traz algumas imagens que ilustram as localidades
que aqui foram mencionadas, devido a baixa resolução desse material gráfico , optou-se
por não trazê-lo a este diagnóstico.
Através desses dados, a equipe do PDM pode desenvolver mapas que ilustram a
localização desses pontos mais críticos, a fim de viabilizar análises que possam considerar
outros condicionantes da dinâmica territorial. O mapa a seguir traz a demarcação da área

424
situada no bairro Horto, a qual apresenta risco de deslizamento, de acordo com o que foi
mencionado anteriormente (Figura 114).

Figura 114: Mapa de Risco de deslizamento.


Fonte: Equipe PDM, 2022.

É importante mencionar que o Horto se trata do bairro localizado no ponto mais


alto do município. Suas ruas são marcadas por uma topografia acidentada e em períodos
chuvosos é comum enxurradas, como mencionado por alguns moradores durante a leitura
comunitária do agrupamento referente a essa zona.
Além do mapa das áreas de risco de deslizamento, também foi desenvolvido o
mapa alocando todos os pontos anteriormente mencionados nesta análise, tipificando o
risco encontrado em cada área expressa no mapa, como pode ser observado na Figura
115.

425
Figura 115: Mapa de Moradias Inadequadas.
Fonte: Equipe PDM, 2022.

13.2 Áreas irregulares

Sobre as áreas irregulares, foi feito um levantamento preliminar das áreas de


ocupações consideradas irregulares perante o zoneamento do município. Para isso foram
utilizadas ferramentas como mapas cedidos pela SEINFRA e imagens de satélite.
Foi utilizada como metodologia para a confecção do mapa a análise da mancha
urbana dentro das Zonas Especiais (verde) e das Zonas Industriais (vermelho). Podendo-
se constatar a presença de áreas irregulares nos dois tipos de zonas que se encontram nas
áreas de ocupação mais antiga (Figura 116).

426
Vale ressaltar que das três zonas que ainda não tem ocupações irregulares dentro
delas, encontra-se em áreas mais periféricas da cidade e, portanto, com pouco
adensamento. O que pode ser visto como mais um indicativo da pressão imobiliária feita
sobre estas áreas que tem papel na preservação dos corpos d’água urbanos ou para
diminuição dos efeitos da poluição industrial sobre áreas residenciais.

Figura 116: Mapa de Áreas Irregulares.


Fonte: Equipe PDM, 2022.

13.3 Principais Problemas, Desafios e Potencialidades – Ocupações Irregulares

Quadro 59: Matriz SWOT – Ocupações Irregulares.

OCUPAÇÕES IRREGULARES

427
Potencialidades Desafios
pontos fortes pontos fracos

• atuação do poder público, sobretudo da


Defesa Civil, no tocante às populações
• Ausência de plano de regularização fundiária
inseridas em nas principais áreas de risco
municipal
(localidades com risco de alta tensão e
alagamentos).

Oportunidades Ameaças

● potencial da cidade na manutenção dos


● ausência de medidas efetivas para
aspectos ambientais, especialmente as relativas
realocação das populações em áreas de risco, além
aos recursos hídricos e parques urbanos, como
de uma produção habitacional popular que repete
por exemplo considerar a expansão do Parque
padrões pouco agregadores na qualidade de vida
das Timbaúbas e a instituição de uma área de
das pessoas.
proteção ambiental dentro do município.

Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

14 SOLOS E ÁREAS DE RISCO

Ana Patrícia Nunes Bandeira63


Sanmia de Lima Pinto64

14.1 Importância do diagnóstico

As políticas de ordenamento territorial, de defesa civil, de recursos hídricos, de


saneamento, de habitação e, mais modernamente, o Estatuto da Metrópole, devem estar
alinhadas e integradas ao Plano Diretor dos Municípios. Nessa articulação entre as
políticas existentes, realizar o mapeamento das áreas de risco, elaborar um adequado
zoneamento das áreas que são possíveis de ocupação, fixar diretrizes de uso, melhorar as
ações de saneamento básico, tratar com seriedade a definição de ações e estratégias de

63 Engenheira Civil, Doutora em Engenharia Civil.


64 Engenheira Civil, Mestranda em Desenvolvimento Regional Sustentável.

428
defesa civil, dar diretrizes de regularização fundiária e promover habitação de interesse
social são importantes passos para a prevenção dos desastres naturais.
Os desastres naturais, como os causados pelos escorregamentos de encostas e
pelas inundações, estão geralmente associados ao inadequado uso e ocupação do solo,
pelos quais deveriam ocorrer com base em critérios técnicos, buscando harmonizar o
desenvolvimento econômico e social com as questões ambientais. A inadequada forma
da expansão urbana e as características dos terrenos ocupados (que podem ser
naturalmente suscetíveis aos processos) têm contribuído para o aumento das ocorrências
dos desastres (Santos, 2012). No planejamento e controle do uso do espaço, do
parcelamento e da ocupação do solo, os municípios têm competência para promover um
ordenamento territorial adequado e legislar sobre assuntos de interesse local (Martins,
2003), sendo o Plano Diretor um dos principais instrumentos da política municipal de
desenvolvimento e expansão urbana. Desta forma é indispensável considerar as
informações dos mapas das áreas de riscos dos municípios na elaboração ou atualização
dos planos diretores, para orientar o uso e a ocupação dos territórios.
Neste contexto, realizou-se um diagnóstico das áreas de risco de deslizamentos de
encostas do município de Juazeiro do Norte-CE, para auxiliar a atualização do Plano
Diretor Municipal, sendo apresentado neste documento, um Mapa de Áreas de Risco de
Deslizamentos de Encostas como produto do diagnóstico.

14.2 Conceitos Básicos

Para o entendimento do diagnóstico das áreas de riscos de deslizamentos de


encostas faz-se necessário descrever alguns conceitos dos termos básicos citados neste
documento. A seguir encontram-se as definições dos principais termos, por ordem de
entendimento, sendo as definições citadas, segundo publicações do Ministério da
Integração Nacional, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo e de
outras referências bibliográficas, que descrevem sobre o tema.

429
- DESLIZAMENTOS: São movimentos gravitacionais de massa, rápidos, com
volumes definidos, deflagrados em porções inclinadas do terreno. Neles há
deslocamento descendente de solo, rocha e/ou material orgânico sob a ação da
gravidade (TOMINAGA, 2012).
- EROSÃO: Processo resultante da desagregação e remoção de partículas do solo ou
fragmentos e partículas de rocha, pela ação da água e da gravidade combinadas, além
de vento, gelo e/ou organismos (SALOMÃO; IWASA, 1995). A erosão acelerada
acarreta problemas ambientais, sociais e econômicos, tais como: perda de fertilidade
dos solos; assoreamentos de rios e lagos; deslizamentos em áreas de risco; e
comprometimentos de serviços públicos, como a interdição de estradas e a exposição
ou ruptura de canalizações e dutos enterrados.
- QUEDA DE BLOCOS: São movimentos gravitacionais de massa em que um ou
mais blocos caem como uma ação de queda livre, a partir de uma elevação, com
ausência de superfície de movimentação. A queda pode estar associada a outros
movimentos como rolamento dos blocos e fragmentação no impacto com o substrato.
(GUIDICINI & NIEBLE, 1984).
- EVENTO: Fenômeno com características, dimensões e localização geográfica
registrada no tempo, sem causar danos econômicos e/ou sociais.
- DESASTRE: resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem
sobre um cenário vulnerável, causando grave perturbação ao funcionamento de uma
comunidade ou sociedade, envolvendo extensivas perdas e danos humanos, materiais,
econômicos ou ambientais, que excede a sua capacidade de lidar com o problema
usando meios próprios.
- PERIGO (HAZARD): Condição ou fenômeno com potencial para causar uma
consequência desagradável dentro de um certo período.
- VULNERABILIDADE: Grau de perda para um dado elemento, grupo ou
comunidade dentro de uma determinada área passível de ser afetada por um fenômeno
ou processo.
- RISCO: Relação entre a possibilidade de ocorrência de um dado processo ou
fenômeno, e a magnitude de danos ou consequências sociais e/ou econômicas sobre
um dado elemento, grupo ou comunidade. Quanto maior a vulnerabilidade, maior o
risco. O potencial de risco pode ser classificado em uma das quatro diferentes classes
(baixo, médio, alto ou muito alto).
- SUSCETIBILIDADE: Indica a potencialidade de ocorrência de processos naturais e
induzidos em uma dada área, expressando-se segundo classes de probabilidade de
ocorrência. Pode ser atribuído três ou quatro diferentes classes (baixa, média, alta ou
muito alta).
- AREA DE RISCO: Área passível de ser atingida por fenômenos ou processos
naturais e/ou induzidos que causem efeito adverso. As pessoas que habitam essas
áreas estão sujeitas a danos a integridade física, perdas materiais e patrimoniais.
Normalmente, no contexto das cidades brasileiras, essas áreas correspondem a núcleos
habitacionais de baixa renda, também chamados de assentamentos precários.

A Figura 117 ilustra uma situação hipotética de área de risco, indicando as


situações de perigo, vulnerabilidade, área crítica e área de dispersão. Observa-se que o

430
perigo se dá pela possibilidade do processo (deslizamento, por exemplo) causar uma
consequência desagradável, tanto na área crítica (onde ocorre o processo) quanto na área
de dispersão (onde o processo pode alcançar). Quando o grau do perigo é atribuído,
obtém-se a suscetibilidade. Associando a suscetibilidade com o grau da vulnerabilidade,
obtém-se o grau de risco da área.

Figura 117: Ilustração de perigo, vulnerabilidade e de área de risco.


Fonte: Adaptado de Dario Peixoto, 2017 (Apud CPRM, 2018).

14.3 Bases legais sobre as áreas de riscos

A Lei Federal do Parcelamento do Solo Urbano (Lei 6.766/79), regulamenta o


parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas, de expansão urbana ou de
urbanização específica, assim definidas pelo plano diretor ou aprovadas por lei municipal.
Chama atenção para os terrenos suscetíveis aos processos de deslizamentos; não
permitindo o parcelamento do solo em terrenos com declividade igual ou superior a 30%,
salvo se atendidas exigências específicas das autoridades competentes; e em terrenos onde
as condições geológicas não aconselham a edificação. Portanto, áreas de risco de
deslizamentos (artigo 3º, parágrafo único, da Lei 6.766/79), em regra, e áreas não
edificáveis (artigo 4.º, inciso III, da Lei nº 6.766/79) não são contempladas como áreas
regularizáveis.

431
As áreas de risco, segundo a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (Lei
nº 12.608/12) devem ser incorporadas na gestão territorial e no planejamento das políticas
setoriais. Neste contexto, a Lei nº 12.608/12 traz diversos incentivos, com destaque ao
desenvolvimento de cidades resilientes e de processos sustentáveis de urbanização, de
forma a evitar as ocorrências dos desastres naturais ou reduzir as consequências. Esta lei
também traz estímulos ao ordenamento da ocupação do solo urbano e rural e o combate
à ocupação de áreas ambientalmente suscetíveis e de risco. Neste contexto, o Plano
Diretor deve contemplar ações de gestão de risco, no sentido de incorporar diretrizes da
política urbana nas demais políticas setoriais (habitação, recursos hídricos, saneamento,
defesa civil, ordenamento territorial), focando na prevenção dos desastres para redução
dos danos correlatos.

14.4 Caracterização do Município de Juazeiro do Norte

O município de Juazeiro do Norte, em 1991, contabilizava uma população de


173.566 habitantes; de 212.133 habitantes em 2000; de 249.939 em 2010; e de 274.207
habitantes em 2019, segundo dados do Censo do IBGE. Dados do Censo de 2010 revelam
que 24,3% da população encontrava-se abaixo da linha da pobreza. Entre os anos de 1991
e 2019, a taxa de crescimento populacional foi de 58%, o que deve ter contribuído para o
quantitativo da linha de pobreza. Esse crescimento populacional favoreceu o aumento de
ocupações precárias em diversas áreas da zona urbana do município, inclusive nas Zonas
Especiais, que são áreas de ocupação restrita, protegidas por lei municipal, por
constituírem áreas sensíveis e de interesse ambiental. O recorte da imagem do Google
Earth, apresentado na Figura 118, mostra ocupações na ZE 2-Parque Ecológico das
Timbaúbas; e as imagens das Figura 119 e Figura 120 apresentam ações antrópicas nas
Ruas Domingos Savio e Luiz Galvão Pereira, respectivamente.

432
Figura 118: Ocupações em áreas de Zona Especial em Juazeiro do Norte-CE.
Fonte: Google Earth (2022).

a) Ocupação na Rua Domingos Savio. b) Aterro inadequado na ZE2.


Figura 119: Ações antrópicas na Rua Domingos Savio. ZE2-Parque Ecológico das Timbaúbas.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

433
c) Ocupações na Rua Luíz Galvão d) Vista frontal das ocupações na Rua
Pereira. Luíz Galvão Pereira.
Figura 120: Ações antrópicas na Rua Luíz Galvão Pereira, ZE2- Parque Ecológico das Timbaúbas.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, correspondente ao período de 1991 a


2012, apresenta 09 registros oficiais de desastres naturais no município de Juazeiro do
Norte, sendo: 06 de estiagem e seca, ocorridos nos anos de 1993, 2001, 2005, 2007 e
2012, sendo neste último ano registrado dois desastres; 01 registro de enxurrada em 2003;
e 02 registros de inundações, nos anos de 2004 e 2008. Apesar do baixo número de
desastres, quando comparado a outros centros urbanos, a população atual tem sofrido com
os alagamentos e erosões durante os eventos chuvosos mais recentes, que, por
consequência, interferem nos serviços urbanos. As imagens da Figura 5 apresentam
exemplos de alagamento e erosão em Juazeiro do Norte registrados no ano de 2018. Esses
problemas tendem a se intensificarem devido ao aumento populacional e crescimento
urbano ocorrido nos últimos 10 anos.
As erosões e os alagamentos são consequências dos problemas decorrentes do
crescimento urbano acentuado, nos últimos 10 anos, em que o solo urbano foi usado e
ocupado sem políticas públicas adequadas, ignorando os critérios técnicos, que
respeitassem as condições naturais do relevo e as características do solo (Figura 121).

a) b)

Figura 121: a) Alagamento após 25 mm de chuva no ano de 2018; b) Erosão do solo após chuvas.
Bairro José Geraldo da Cruz, Juazeiro do Norte-CE.

434
Fonte: Jornal G1 Ceará (2018), a partir de Pinto (2021).

A Figura 122 traz um mapa que ilustra o avanço urbano do município de Juazeiro
do Norte, entre os anos de 1990 e 2019. Nota-se a convergência deste processo para leste,
em direção ao Crato e para oeste, em direção à Missão Velha, no relevo de cota mais
baixa, de 330m, segundo mapa de altimetria (Figura 123). Observa-se também que no
bairro do Horto, que é enquadrado como de Zona Especial (ZE5 – Área de Preservação
da Serra do Catolé / Horto), houve crescimento urbano. Este bairro concentra a porção de
cota mais elevada do município, 590m de altitude.

Figura 122: Avanço urbano de Juazeiro do Norte entre 1990 e 2019.


Fonte: Mapbiomas (2008); Elaborado por Pinto (2021).

435
Figura 123: Mapa de altimetria do município de Juazeiro do Norte/CE.
Fonte: JAXA (2008), Elaborado por Pinto (2021).

436
Juazeiro do Norte apresenta apenas 20% de seu relevo com declividade entre
45% a 75% (ver Mapa de Classes de Relevo, Figura 124), concentrado no bairro do Horto
– sendo litologicamente caracterizado pelo embasamento cristalino, do tipo granitóide,
conforme apresentado no Mapa de Classes Litológicas (Figura 125). Outras porções do
revelo também tem declividade acentuada como as categorizadas como alinhamento de
cristas. Salienta-se que a rocha granítica do bairro do Horto é rica em quarto, feldspato e
minerais do grupo de mica, sendo este último caracterizado pelo aspecto brilhoso (Figura
10), de fácil decomposição química e física, que fragiliza os blocos de rocha e contribuem
para as ocorrências dos processos do meio físico.
O bairro do Horto trata-se de uma área com possibilidade de ocorrências de
processos de movimentos de massa, do tipo deslizamentos de solo/rocha e
quedas/rolamentos de blocos de rocha, com algumas áreas apresentando focos erosivos.
Neste bairro, as ocupações de baixa renda concentram-se nas cristas das escarpas rochosas
e/ou nos topos dos taludes, sendo frequente ocorrências de lançamentos de águas servidas
diretamente no solo e de resíduos sólidos, potencializando o risco (Figura 126). Em
relação à porção mais plana do município, o relevo categorizado como plano a ondulado
(declividade entre 0 a 20%, Figura 123) corresponde a 80% do território, estando a
ocupação urbana concentrada nesta porção.
Quanto à litologia, a ocupação da área mais plana encontra-se concentrada sobre
a Formação Barbalha (K1ba) e sobre os Depósitos aluvionares (Q2a) e Colúvio-Eluviais
(N2Q1c), conforme observa-se no Mapa de Classes Litológicas apresentado na Figura
125. Na Formação Barbalha, o solo constitui-se predominantemente de areia, com
intercalações de argilitos e siltitos avermelhados e amarelados, além de folhelhos escuros
(Silvestre et al., 2020); já nos Depósitos Aluvionares, os sedimentos são inconsolidados
de seixos, areias finas a grossas e argilas; e nos Depósitos Colúvio-Eluviais (N2Q1c) os
sedimentos são formados por depósitos de areias e argilas.

437
Figura 124: Mapa de Classes de Relevo do Município de Juazeiro do Norte/CE.
Fonte: JAXA (2008), elaborado por Pinto (2021).

438
Figura 125: Mapa de Classes Litológicas do Município de Juazeiro do Norte/CE.
Fonte: Elaborado por Pinto (2021).

439
Figura 126: Blocos de rocha granítica, rica em mica, no bairro do Horto, em Juazeiro do Norte.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

Figura 127: Ocupações em situação de risco, no bairro Horto, em Juazeiro do Norte. Cicatriz de erosão,
devido ao lançamento de águas servidas, recoberta por resíduos sólidos.

440
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

Esses aspectos litológicos e geomorfológicos mostram que os processos do meio


físico, que causam desastres naturais no município, têm pouca relação com as ações
gravitacionais, devido à baixa declividade do terreno onde há maior concentração da
ocupação populacional; porém, tem forte ligação com as ações antrópicas inadequadas,
como a remoção da cobertura vegetal, que deixa o solo exposto ao processo, e a ausência
de disciplinamento das águas, que agrava o risco. O solo da porção plana do município,
de predominância arenosa, é muito suscetível à erosão, por exemplo. Tal processo é
perceptível em diversos pontos do município, como observa-se nas imagens das Figura
128 e Figura 129.

Figura 128: Erosões no bairro Limoeiro, na Zona


Especial 2 - Parque Ecológico das Timbaúbas. Figura 129: Erosões no Brejo Seco, na Zona de
Coordenadas geográficas: 7°13'18.97"S e Expansão Urbana.
39°18'14.02". Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

Ressalta-se alguns cuidados que devem ser tomados durante o processo do uso
e ocupação do solo urbano em Juazeiro do Norte. Em terrenos caracterizados
litologicamente por Formação Barbalha (Figura 129), que podem apresentar camadas de
folhelhos, é necessário avaliar as condições geológico-geotécnicas do subsolo, para fins
de elaboração e execução de fundações das edificações. Os solos de folhelhos podem
apresentar comportamento do tipo expansivo. Os solos expansivos são sensíveis à

441
variação de umidade, apresentando aumento de volume quando umedecidos e contração
quando ressecados. Essa variação de volume, devido à mudança de umidade, pode causar
danos socioeconômicos e ambientais para as obras de engenharia. Em alguns locais no
município de Juazeiro do Norte já foram identificados solos com este tipo de
comportamento, como nos Bairros Leandro Bezerra e Horto. As Figura 130 apresenta
danos em alvenarias associados à expansão do solo, podendo comprometer a estabilidade
total da obra.

a) Fissuras Inclinadas nas alvenarias. b) Levantamento e abertura de piso.


Figura 130: Patologias em edificação situada no Bairro Leandro Bezerra de Menezes, em Juazeiro do
Norte, devido ao comportamento do solo expansivo.
Fonte: Bandeira et al (2015) e Grangeiro (2014).

A mesma recomendação de cuidados no uso e ocupação do solo é dada para as


áreas caracterizadas por sedimentos inconsolidados de areias finas a grossas, como
ocorrem nos Depósitos Aluvionares. Os solos oriundos dessa litologia podem apresentar
comportamento colapsível, que se trata de uma redução brusca de volume, quando estão
submetidos a carregamentos, mesmo que constantes, porém sujeitos a elevação do teor
de umidade. Essa redução de volume, causada pela reestruturação das partículas do solo,
também pode causar danos nas edificações quando não são considerados na elaboração
dos projetos e na execução das obras. Em diversos locais de Juazeiro do Norte também
foram identificados solos com este tipo de comportamento.
A localização de alguns pontos onde foram identificados solos de
comportamento expansivo e colapsível, em Juazeiro do Norte, por meio do Grupo de

442
pesquisas da UFCA (GEOTSA - Grupo de Pesquisas Geotécnicas do Semiárido), do curso
de Engenharia Civil, está apresentado no Quadro 60 e na Figura 131.

Quadro 60: Locais onde foram encontrados solos de comportamento colapsível e expansivo em Juazeiro
do Norte.
Comportamento do
Bairro / Localidade Coordenadas Referência
solo
Batista e Bandeira
São José / EEEP Raimundo -7.22030, (2015)
Colapsível
Saraiva Coelho -39.34634 Gonçalves e Bandeira
(2013)
Lagoa Seca / Conjunto -723973, Batista e Bandeira
Colapsível
Residencial Maria Gorethe -39.31530 (2015)
Triângulo / Cariri Garden -7.22326, Melo
Colapsível
Shopping -39.32656 (2013)
Batista e Bandeira
Cidade Universitária / Campus -7.25836, (2015)
Colapsível
da UFCA -39.30340 Xavier et al.
(2018)
Três Maria / Conjunto
-7.17656, UFCA
Expansivo Habitacional Leandro Bezerra
-39.29943 (2019)
de Menezes
Betolândia / Próximo do
Conjunto Minha Casa Minha -7.22296, Bandeira et al.
Expansivo
Vida; Residencial Nossa -39.27864 (2015)
Senhora das Dores
Fonte: Adaptado por equipe PDM/JN, 2022.

Esses tipos de solos de comportamento expansivo e colapsível é muito comum de


ocorrer nas regiões de clima semiárido, como já foram encontrados nos municípios do
Crato (Bandeira et al, 2017), Barbalha (Guilherme et al, 2016), Missão Velha (Moura,
2016), Brejo Santo (Bandeira e Temóteo, 2014), Iguatu (Silva, 2014) e em cidades de
estados vizinhos, como Petrolândia-PE (UFCA, 2021) e Picos-PI (Oliveira et al, 2018).

443
Figura 131: Localização de pontos onde foram identificados solos de comportamento expansivo e
colapsível em Juazeiro do Norte.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

Com relação às características pedológicas do município, essas têm forte relação


com os processos do meio físico, como os de erosões. A Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária - EMBRAPA (2018) classifica, pedologicamente, os principais solos do
município de Juazeiro do Norte/Ce, como: i) Argissolos Vermelhos (PVe), distribuídos
predominantemente na porção central e oeste, sendo pouco permeáveis, de textura e
profundidades variáveis, bastante suscetíveis à erosão; ii) Neossolos Flúvicos (RYve),
provenientes dos depósitos aluvionares dos rios Salgadinho e Timbaúbas, em áreas de
drenagem, sendo solos profundos, formados em sedimentos aluvionares ou lacustres
recentes, sem presença de lençol freático, com risco de inundações nos períodos
chuvosos; e iii) Neossolos Litólicos (RLe), localizados na porção norte municipal, sendo
solos rasos, muito suscetíveis à erosão, com grande potencial para o escoamento

444
superficial. A Figura 132 apresenta o mapa de classes pedológicas, na escala de
1:110.000, apresentado por Pinto (2021), a partir de dados do IBGE e EMBRAPA.

445
Figura 132: Mapa de Classes Pedológicas do Município de Juazeiro do Norte/Ce.
Fonte: IBGE (2021) e EMBRAPA (2018). Elaborado por Pinto (2021).

446
Com base nas características do uso e ocupação do solo, relevo, geologia,
pedologia e pluviometria, Pinto (2021) elaborou um Mapa de Suscetibilidade à Erosão do
Município de Juazeiro do Norte, na escala de 1:25.000 (Figura 133). O Mapa foi
produzido por meio de cruzamento de mapas temáticos dessas características citadas,
mediante a aplicação da Análise Hierárquica de Processo (AHP) e validado em campo,
quanto ao grau de suscetibilidade das áreas. Através do Mapa de Suscetibilidade à Erosão,
Pinto (2021) verificou que: cerca de 41% da área territorial do município (10,5 mil ha)
está enquadrada como de baixa suscetibilidade aos processos erosivos; cerca de 37% (9,5
mil ha) da área está enquadrada como de média suscetibilidade e 22% da área do território
(5,7 mil ha) está enquadrada como de alta suscetibilidade à erosão. Apesar da
predominância da baixa declividade dos terrenos, as suscetibilidades média e alta
totalizaram 59% da área do território municipal, correspondendo a um total de 15,2 mil
ha, estando relacionadas às características geológico-geotécnica dos terrenos e às ações
antrópicas inadequadas de uso e ocupação do solo.

447
Figura 133: Mapa de Suscetibilidade à Erosão de Juazeiro do Norte/CE.
Fonte: Elaborado por Pinto (2021).

448
Pinto (2021) ainda observou que na Zona Especial 2, especificamente no Parque
Natural Municipal das Timbaúbas, o processo de urbanização contribui para o elevado
grau de suscetibilidade à erosão; devido a retirada da vegetação e ao lançamento de águas
concentradas diretamente no solo que é naturalmente suscetível ao processo, por ser de
textura predominantemente arenosa, conforme apresentado nos trabalhos de Macêdo et
al. (2019) e Bandeira et al. (2021). Outra observação de Pinto (2021) foi que o município
cresceu, mais acentuadamente, em direção ao município de Crato e de forma mais sutil
em direção à Missão Velha, onde nesta última, a classe de suscetibilidade à erosão é baixa,
assim como enquadrou-se a porção ao norte do Rio Salgadinho, sugerindo que essas áreas
possam ser indicadas para expansão urbana. Salienta-se que a ocupação urbana, em
qualquer área, mesmo de baixa suscetibilidade à erosão, seja acompanhada de obras de
drenagens e de proteção do solo, para evitar processos induzidos de erosões.

14.5 Metodologia do Mapeamento das Áreas de Riscos de Deslizamentos de


Encostas

A metodologia utilizada para o mapeamento das áreas de risco de deslizamentos


em encostas em Juazeiro do Norte-CE, foi a disponível em Brasil (2007). Esta
metodologia, desenvolvida pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT),
tem por finalidade, a identificação e caracterização de áreas, com vistas à implementação
de uma política pública de reordenamento urbano e gerenciamento de risco. Salienta-se
que na elaboração do Mapa também foram consideradas recomendações do Manual de
Mapeamento de Perigo e Risco a Movimentos Gravitacionais de Massa (CPRM, 2018),
cujo documento foi desenvolvido através do Projeto de Fortalecimento da Estratégia
Nacional de Gestão Integrada de Desastres Naturais – Projeto GIDES.
As atividades do Mapeamento das Áreas de Riscos em Encostas de Juazeiro do
Norte-CE foram realizadas em três grandes etapas de trabalho, envolvendo atividades de
escritório e de campo:

449
i) Em escritório: Preparação de mapas temáticos, de imagens aéreas e de Fichas
de Campo (Anexo 1);
ii) No Campo: Vistorias técnicas para observação dos fatores de suscetibilidade e
vulnerabilidade, com registro nas Fichas de Campo; delimitação dos setores
de risco; registros fotográficos dos problemas ambientais; e atribuição do grau
de risco das áreas; e
iii) Em escritório: Geoprocessamento do Mapa de Áreas de Riscos em Encostas,
com a setorização das áreas (atividade de escritório).
A preparação de mapas temáticos consistiu em obter mapas topográfico, litológico
e de uso e ocupação do solo, em escalas adequadas ao mapeamento. As imagens aéreas
foram importantes para auxiliar no traçado dos setores de risco e na marcação dos pontos
de interesse. As fichas de campo foram adaptadas para as características do município,
principalmente as características litológicas.
As vistorias de campo são indispensáveis no mapeamento das áreas de riscos. Por
meio desta atividade foram observados os fatores de suscetibilidade e de vulnerabilidade,
que agravam os riscos, como: as evidências de movimentação, ocorrências de
lançamentos de águas no solo, ausência de proteção dos taludes, resistência das
construções para avaliação da vulnerabilidade, dentre outros, cujas informações foram
anotadas nas Fichas de Campo que permitiram uniformizar e comparar as informações
que foram coletadas. Ressalta-se que todas as vistorias foram realizadas com o
acompanhamento do atual coordenador da Defesa Civil do município de Juazeiro do
Norte, sendo isto importante, pois permitiu a obtenção de informações valiosas para a
elaboração do Mapa de risco.
Com relação à delimitação dos setores de risco, o Manual de Mapeamento de
Perigo e Risco a Movimentos Gravitacionais de Massa (CPRM, 2018) recomenda que
seja realizada em função da topografia do local, sendo indispensável as informações das
curvas de níveis de detalhe, a cada 1,0 m, por exemplo. Na delimitação, o setor de risco
deve compreender, além das áreas potenciais de ocorrências dos processos destrutivos, as
áreas potenciais de serem atingidas pela deposição dos materiais, compondo as áreas

450
crítica e de dispersão, sendo associadas à existência da vulnerabilidade exposta ao perigo.
Apesar da metodologia proposta por CPRM (2018), ficou explícito no Manual que, diante
da reduzida quantidade de dados das condições topográficas e da inexistência de uma
norma técnica referente à resistência das edificações frente aos movimentos
gravitacionais de massa faz-se necessário estudos para aperfeiçoar a metodologia de
delimitação dos setores de riscos que foi proposta no Manual. Diante da inexistência de
um mapa topográfico, em escala de detalhe, do município de Juazeiro do Norte, a
delimitação dos setores levou em consideração a área crítica e a área de dispersão, sendo
esta última considerada em trecho mais acentuado de declividade adjacente à área crítica.
Após a coleta das informações, registro fotográfico e delimitação dos setores de riscos, o
grau de risco de cada setor foi atribuído, segundo os critérios apresentados no

451
Quadro 61, sendo expresso em mapa, de acordo com as cores semafóricas: verde,
para risco baixo (R1); amarelo, para risco médio (R2); laranja, para risco alto (R3); e
vermelho, para risco muito alto (R4). Ressalta-se que CPRM (2018) recomenda
considerar risco baixo (R1), apenas a área onde as construções são de alvenaria bem
construídas, sem apresentação de danos, com laudo técnico específico, que comprove a
resistência ao impacto (baixa vulnerabilidade - V1, ver Quadro 62); além disso, para este
classe de grau de risco, a suscetibilidade/perigo do meio físico deve também ser
enquadrada como baixa (P1); caso contrário, a área será classificada, como de risco
médio, alto ou muito alto (R2, R3 ou R4), conforme apresentada na matriz de correlação
entre a vulnerabilidade das construções (V) e o grau de perigo (P-suscetibilidade) do
terreno (Quadro 63). Esta recomendação foi considerada no mapeamento das áreas de
risco de Juazeiro do Norte. Como as moradias do município não tem laudo técnico
específico que comprove a resistência ao deslizamento ou queda/rolamento de rochas, o
risco médio (R2) seria o menor grau de risco a ser atribuído aos setores.

452
Quadro 61: Critérios para determinação dos graus de risco.

. Fonte: CPRM (2018).

Quadro 62: Classificação da vulnerabilidade das construções.

Fonte: CPRM (2018).

453
Quadro 63: Matriz de correlação do grau de risco.

Fonte: CPRM (2018).

14.6 Resultados do Mapeamento das Áreas de Riscos de Deslizamentos de Encostas

As áreas de risco em encostas do município de Juazeiro do Norte estão


concentradas no bairro do Horto, devido à alta declividade do relevo nesta área (45% a
75%), sendo este bairro enquadrado na Zona Especial (ZE5 – Área de Preservação da
Serra do Catolé / Horto). Em relação ao número de habitantes, dos 62 bairros do
município de Juazeiro do Norte, o Horto é o 22° mais populoso, com registro de 5.073
habitantes, equivalente a cerca de 2% da população municipal (POPULAÇÃO.NET,
2022).
Observando o padrão das ocupações, o bairro do Horto apresenta baixo nível de
planejamento urbano. Atualmente a ocupação pode ser enquadrada como parcialmente
consolidada, com infraestrutura básica razoável, onde apenas as ruas principais são
pavimentadas, devido ao acesso ao monumento do Padre Cícero, uma das atrações do
turismo religioso na cidade. Com relação à tipologia das residências, a maioria são
construídas em alvenaria, com características de casas populares, de pequeno e médio

454
porte; algumas moradias de médio porte, tem mais de um pavimento que transferem ao
subsolo pressões que podem comprometer a estabilidade dos taludes, devido à sobrecarga
na crista (Figura 134).
Durante as vistorias de campo observou-se que os taludes são de elevada
potencialidade à movimentos de massa, sendo mais significativos os tipos: deslizamentos
de solos e/ou rochas (Figura 135) e quedas/rolamentos de blocos de rocha (Figura 136).
Os processos erosivos (Figura 137) também foram identificados em alguns setores de
risco. Os potenciais aos processos de movimentos de massa na área de estudo são
intensificados pelas ações antrópicas inadequadas, tais como: retirada da cobertura
vegetal e corte no talude com declividade inadequada, deixando-o sem proteção
superficial (Figura 138); lançamento de águas servidas diretamente no solo, reduzindo a
resistência devido ao encharcamento do solo (Figura 139); e acúmulo de materiais
diversos na crista dos taludes, causando sobrecargas que podem contribuir para os
deslizamentos (Figura 140).

a) Residências em alvenaria. b) Residência com mais de um pavimento.

455
d) Detalhe de residência de médio porte.
c) Detalhe de residência de pequeno porte.

Figura 134: Tipologia das residências no bairro do Horto, Juazeiro do Norte/CE.


Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

456
Figura 136: Área com potencial de
quedas/rolamentos de blocos de rocha.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

Figura 135: Área com potencial de


deslizamentos.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

457
Figura 137: Sulcos erosivos na localidade do Figura 138: Talude de corte sem proteção superficial.
Horto.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

458
Figura 139: Lançamento de águas servidas Figura 140: Acúmulo de materiais na crista dos
diretamente no solo. taludes, causando sobrecargas.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022. Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

O mapeamento no bairro do Horto totalizou 438.784 m² de áreas de riscos de


deslizamentos de encostas, sendo distribuídas em 08 setores de risco; dos quais 03 setores
foram classificados como de risco muito alto (R4); 03 setores como de risco alto (R3); 02
setores foram classificados como de risco médio (R2). As áreas classificadas como de
risco alto e muito alto totalizaram 274.086 m²; com 67 moradias em situação mais crítica
de risco. No Anexo 2 encontra-se o Mapa de Risco de Deslizamento de Encostas do bairro
do Horto, Juazeiro do Norte-CE. OQuadro 64 sintetiza as informações de cada setor de
risco, contendo o respectivo grau de potencialidade, o número de casas no setor, o número
de moradias que se encontram atualmente ameaçadas a sofrer impactos e a área em m 2 de
cada setor.

Quadro 64: Setores de risco de deslizamentos em encostas do bairro do Horto-Juazeiro do Norte.

459
Nº de casas do Nº de casas Área do setor
Setor de Risco Grau de Risco
setor Ameaçadas* (m²)
SR01 R2-médio 52 01 78.577
SR02 R2-médio 102 00 86.121
SR03 R3-alto 29 03 26.971
SR04 R4-muito alto 54 17 27.848
SR05 R4-muito alto 76 12 37.165
SR06 R4-muito alto 63 20 49.257
SR07 R3-alto 212 07 74.491
SR08 R3-alto 118 07 58.354
TOTAL 706 67 438.784
* Moradias ameaçadas de sofrer impactos dos deslizamentos. Não foram identificadas casas indicadas
para serem removidas e nem casas destruídas por processos pretéritos.
Fonte: Equipe PDM/JN

14.7 Características dos Setores de Riscos em Encostas

a) Setor de Risco 01 (SR01)


O Setor de Risco 01 (SR01), com área aproximada de 78.577 m², foi classificado
com grau de Risco Médio (R2). Os taludes apresentam altura média de 50 metros e
declividade superior a 100%; no entanto não foram identificados indícios significativos
de processos de movimento de massa ocorridos no passado. Observou-se, porém, fatores
que contribuem para as ocorrências de processos de movimento de massa, como
lançamento de águas servidas no solo e vazamentos de tubulações de água nas ruas,
enxarcando e fragilizando o solo. Também foi constatado a presença de lixo e entulho nos
taludes, assim como árvores de grande porte (Figura 141). Recomenda-se à Defesa Civil
municipal a realização de monitoramento constante de uma moradia, que se encontra em
situação mais grave de risco, estando o endereço descrito na Ficha de Campo, que se
encontra no Anexo 3, incluindo todos os fatores de suscetibilidade e vulnerabilidade
observados neste setor.

460
Figura 141: Presença de entulho e de árvores de grande porte no setor SR01 (Risco Médio - R2).
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

b) Setor de Risco 02 (SR02)


O Setor de Risco 02 (SR02), com área aproximada de 86.121 m², foi classificado
como de grau de Risco Médio (R2). Os taludes apresentam altura média de 40 metros e
declividade superior a 100%. Há indícios de processos de movimentos de massa (erosões
e deslizamentos), agravados pelo lançamento de águas servidas nos taludes. Dentre outros
fatores que agravam a suscetibilidade aos processos, identificados neste setor, destacam-
se os vazamentos de tubulações de água, a deposição de lixo e entulho nos taludes, e a
presença de árvores de médio a grande porte (Figura 142). Não foram identificadas
moradias que necessitem de constante monitoramento, exceto em período de chuvas
intensas, onde a Defesa Civil Municipal deve executar suas funções. A Ficha de Campo
desse setor também se encontra nos anexos.

461
Figura 142: Talude suscetível a deslizamentos de solos e rolamentos de blocos de rochas, com presença
de lixo e de árvores de médio porte no SR02 (Risco Médio - R2).
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

O mapa dos Setores de Risco 01 e 02 (SR01 e SR02), que foram classificados


como de Risco Médio (R2), está apresentado na Figura 143.

462
Figura 143: Setores de Risco 01 e 02, de classe R2- Risco Médio, de deslizamento de encostas no bairro
do Horto, em Juazeiro do Norte-CE.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

c) Setor de Risco 03 (SR03)

O Setor de Risco 03 (SR03), com área aproximada de 26.971 m², foi enquadrado
na classe de grau de Risco Alto (R3). Os taludes apresentam altura média de 30 metros e
inclinação superior a 45º (57% de declividade). As causas e fatores agravantes na
instabilização dos taludes identificados no setor foram: lançamento de águas servidas no
solo Figura 144, vazamentos de tubulações de água, contribuindo para a ocorrência de
processos erosivos, presença de lixo/entulho e de materiais que causam sobrecarga nos
taludes Figura 145, assim como árvores de grande porte na crista das encostas.
Recomenda-se o monitoramento constante de 03 moradias, pela Defesa Civil municipal,

463
que se encontra em situação mais grave de risco. Os endereços dessas moradias
encontram-se na Ficha de Campo deste setor, no Anexo 3, além dos fatores de
suscetibilidade e vulnerabilidade encontrados na área. O mapa do Setor de Risco (SR03)
está apresentado na Figura 146.

Figura 144: Tubulações para lançamento de águas Figura 145: Presença de materiais causando
servidas no solo, no setor SR03, de grau de Risco sobrecarga no talude, no setor SR03 de grau de
Alto - R3. Risco Alto - R3.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022. Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

464
Figura 146: Setor de Risco 03, de classe R3- Risco Alto, de deslizamento de encostas no bairro do Horto,
em Juazeiro do Norte-CE.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

d) Setor de Risco 04 (SR04)


O Setor de Risco 04 (SR04), enquadrado na classe de Grau de Risco Muito Alto
(R4), tem uma área aproximada de 27.848 m². Os taludes apresentam altura média de 40
metros, com declividade maior que 100%. Os processos atuantes identificados são de
erosões e deslizamentos (solo e rocha), agravados pelas ações antrópicas inadequadas. Há
taludes sem proteção vegetal ou artificial; o sistema de microdrenagem para
disciplinamento das águas superficiais é insuficiente, não tendo destinação final
adequada. Foram identificadas diversas casas lançando águas servidas no solo ( Figura
147) e lançamento de esgotos pelas ruas (Figura 148). Também foram observados a
existência de tubulações de água com vazamentos, lançando água no solo e encharcando-
o; lançamento de lixo e de entulho nas encostas; reservatório de água na crista, causando
sobrecarga, além de árvores de grande porte na crista dos taludes (Figura 149).

465
Recomenda-se à Defesa Civil municipal a realização de monitoramento constante de 17
moradias, que se encontram em situação mais grave de risco dentre as 54 existentes no
setor; essas moradias estão envolvidas no Polígono MM1, que aparece no mapa. A Ficha
de Campo deste setor, que se encontra no Anexo 3, inclui todos os fatores de
suscetibilidade e vulnerabilidade observados no campo. O mapa do Setor de Risco 04
(SR04) encontra-se mais adiante, após a descrição do Setor de Risco 06, junto com a
delimitação dos setores SR05 e SR06.

Figura 147: Tubulações de águas servidas Figura 148: Lançamento de esgotos a céu aberto,
lançando no talude, no setor SR04, de grau de nas ruas do setor SR04, de grau de Risco Muito
Risco Muito Alto - R4. Alto - R4.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022. Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

466
Figura 149: Reservatório de água e árvores de grande porte, causando sobrecarga no talude do setor
SR04, de grau de Risco Muito Alto - R4.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

Vale comentar um problema estrutural de uma moradia neste setor. Durante a


vistoria foi verificada que uma residência, de mais de um pavimento, localizada em talude
íngreme, apresenta patologias nas estruturas, com risco elevado de danos maiores. As
imagens das Figura 150 e Figura 151ilustram a situação.

467
a) Vista geral da moradia com dados estruturais. b) Detalhe de uma fissura na parede/pilar
interno.
Figura 150: Residência com patologias nas estruturas no setor SR04.

a) Rachadura no pilar externo. b) Detalhe da rachadura no pilar externo.


Figura 151: Patologias no pilar de uma moradia do setor SR04.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

468
e) Setor de Risco 05 (SR05)
O Setor de Risco 05 (SR05) tem uma área aproximada de 37.165m² e taludes de
até 40 metros de altura, com declividade superior a 100%. Os processos atuantes
identificados são de erosões e deslizamentos (solo), intensificados pelas ações antrópicas
inadequadas. No setor, foram identificados: lançamento de efluentes no talude (Figura
152) e tubulações de água de abastecimento com vazamentos, conforme apresentado na
(Figura 153), fragilizando o solo pelo encharcamento. Também foram observados taludes
com ausência de proteção vegetal ou artificial; sistemas de drenagens insuficientes e
árvores de grande porte na crista dos taludes. Recomenda-se à Defesa Civil municipal o
monitoramento constante de 12 moradias (Polígono MM2), que se encontram em situação
mais grave de risco, dentre as 76 existentes no setor. A Ficha de Campo deste setor se
encontra nos anexos. O mapa do Setor de Risco 05 (SR05) encontra-se mais adiante, após
a descrição do Setor de Risco 06, junto com a delimitação dos setores SR04 e SR06.

Figura 152: Lançamento de efluentes no solo, escoando para o talude do setor SR05, de grau de Risco
Muito Alto - R4.

469
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

Figura 153: Vazamento de tubulação de água de abastecimento no setor SR05, de grau de Risco Muito
Alto - R4.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

f) Setor de Risco 06 (SR06)


O Setor de Risco 06 (SR06) foi classificado como de Grau de Risco Muito Alto
(R4). Possui área aproximada de 49.257 m², com taludes de até 40 metros de altura e
declividade superior a 100% (inclinação de 45º). Os processos atuantes identificados são
de erosões e deslizamentos (solo) agravados pelo lançamento de efluentes no solo (Figura
154). Apresentou os mesmos fatores agravantes da suscetibilidade: tubulações com
vazamentos; taludes com ausência de proteção vegetal ou artificial; sistemas de drenagens
insuficientes e árvores de grande porte na crista dos taludes. Recomenda-se à Defesa Civil
municipal a realização de monitoramento constante de 20 moradias (Polígono MM3), que
se encontram em situação mais grave de risco, dentre as 63 existentes no setor. A Ficha
de Campo deste setor se encontra no Anexo 3, que apresenta os fatores de suscetibilidade

470
e vulnerabilidade. O mapa do Setor de Risco 06 (SR06), apresentado na Figura 155,
encontra-se junto com as delimitações dos setores SR04 e SR05, que foram classificados
como de Risco Muito Alto (R4).

Figura 154: Tubulação de águas com lançamento concentrado no solo; presença de lixo e de árvores de
grande porte em talude do setor SR06, de grau de Risco Muito Alto - R4.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

471
Figura 155: Setores de Risco 04, 05 e 06, de classe R4 - Risco Muito Alto, de deslizamento de encostas
no bairro do Horto, em Juazeiro do Norte-CE.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

g) Setor de Risco 07 (SR07)


O Setor de Risco 07 (SR07) foi classificado como de Grau de Risco Alto (R3).
Possui área aproximada de 49.257 m², com taludes apresentando média de altura de 50
metros e declividade superior a 100% (inclinação de 45º). Os processos atuantes
identificados como potenciais são de erosões e deslizamentos/rolamento (solo/rocha,
Figura 156). Neste setor também foram observados: tubulações com vazamentos; taludes
com ausência de proteção vegetal ou artificial; sistemas de drenagens insuficientes;
árvores de médio e grande porte na crista dos taludes; e blocos rochosos com
potencialidade em deslizar/rolar sobre residências (Figura 157). Recomenda-se à Defesa
Civil municipal a realização de monitoramento constante de 07 moradias, que se

472
encontram em situação mais grave de risco, dentre as 212 existentes no setor. No Anexo
3 encontra-se a Ficha de Campo, com o endereço das moradias para monitoramento. A
Figura 158 apresenta o mapa do Setor de Risco 07, juntamente com a delimitação do Setor
SR08.

Figura 156: Talude com potencial de deslizar; presença de árvore de médio porte no talude do setor SR07,
de grau de Risco Alto – R3.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

473
Figura 157: Talude com blocos rochosos potencial de deslizar no setor SR07, de grau de Risco Alto – R3.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

474
Figura 158: Setores de Risco 07 e 08, de classe R3 - Risco Alto, de deslizamento de encostas no bairro do
Horto, em Juazeiro do Norte-CE.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

h) Setor de Risco 08 (SR08), de Grau Muito Alto (R3)


O Setor de Risco 08 (SR08) foi classificado como de Grau de Risco Alto (R3).
Possui área aproximada de 58.354m², com taludes apresentando média de altura de 40
metros e declividade superior a 100% (inclinação de 60º). Os processos atuantes
identificados como potenciais são de erosões e deslizamentos/rolamento (solo/rocha).
Neste setor, os fatores agravantes da instabilidade dos taludes são os mesmos dos setores
anteriores: lançamento de águas servidas diretamente no solo e sistemas de drenagens
insuficientes (Figura 159); taludes com ausência de proteção vegetal ou artificial; árvores
de grande porte na crista dos taludes; lançamento de lixo (Figura 160) e entulho em locais
inadequados (Figura 161). Recomenda-se à Defesa Civil municipal o monitoramento
periódico de 07 moradias, que se encontram em situação mais grave de risco, dentre as

475
112 existentes no setor. No Anexo 3 encontra-se a Ficha de Campo com o endereço das
moradias recomendadas para monitoramento. A Figura 160, apresentada anteriormente,
consta a delimitação do Setor de Risco 08 (SR08), juntamente com o Setor de Risco 07
(SR07).

Figura 159: Lançamento de águas servidas diretamente no solo e sistemas de drenagens insuficientes,
causando erosão no Setor SR08, de grau de Risco Alto – R3.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

Figura 160: Lançamento de lixo sobre cicatriz de erosão no Setor SR08, de grau de Risco Alto – R3.

476
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

Figura 161: Entulho em talude no Setor SR08, de grau de Risco Alto – R3.
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

14.8 Principais problemas

• Crescimento populacional acentuado nos últimos 20 anos, sem as devidas adequações


do planejamento do uso e ocupação do solo;
• As políticas públicas habitacionais foram insuficientes nos últimos 20 anos,
contribuindo para o crescimento das ocupações irregulares;
• As Zonas Especiais, restritas de ocupações, foram perdendo espaços para as ocupações
formais (loteamentos e ocupações individualizadas) e ocupações informais
(ocupações precárias);
• A maior parte da área territorial do município apresenta suscetibilidade a processos
erosivos, de grau médio a alto, devido às características geológico-geotécnica dos
terrenos e às ações antrópicas inadequadas;
• O uso e ocupação do solo se deram, em diversas áreas, sem o conhecimento prévio do
comportamento do subsolo, se colapsível ou expansivo, resultando no aumento de
moradias com rachaduras;
• No município há uma extensão de 438.784 m² de áreas de riscos de deslizamentos de
encostas, sendo 274.086 m² de grau de risco alto e muito alto e 164.698 m² de grau de
risco médio, concentradas no bairro do Horto;
• No bairro do Horto verificou-se que 67 moradias se encontram em situação mais
crítica de risco, necessitando de monitoramento frequente da Coordenadoria de Defesa
Civil Municipal;

477
• No bairro do Horto, o escoamento de esgoto a céu aberto e as ações antrópicas
inadequadas (lançamento indiscriminado de lixo e de águas servidas nos taludes)
elevam o grau de risco das áreas;
• A população moradora das áreas de risco não tem a percepção do perigo, do grau de
vulnerabilidade que vivem. Há falta de conhecimento sobre os riscos que convivem.

14.9 Considerações parciais


Os desastres por deslizamentos de encostas produzem grande impacto social,
ambiental e econômico. Para evitar este tipo de desastre no município de Juazeiro do
Norte é necessário adotar medidas de gerenciamento nas áreas de riscos já existentes e
adotar ações de planejamento urbano, do uso e ocupação adequado do solo, para evitar o
surgimento de novas áreas de risco.
A implementação de políticas adequadas para se desenvolver ações efetivas de
correção e de prevenção, em áreas a serem parceladas, deve envolver aspectos técnicos,
com base nos estudos e conhecimento do meio físico, sendo o Mapa de Áreas de Risco,
o Mapa de Suscetibilidade de Processos e a Carta Geotécnica de Aptidão à Urbanização,
instrumentos que auxiliam na construção de uma cidade sustentável.
Por meio do diagnóstico das áreas de riscos em encostas, realizado em Juazeiro
do Norte, foi verificado que essas áreas estão concentradas no Bairro do Horto, onde a
declividade do relevo do município é mais significante para os processos de movimentos
de massa, sendo este bairro enquadrado na Zona Especial (ZE5 – Área de Preservação da
Serra do Catolé / Horto). As áreas de riscos do bairro do Horto deixam evidentes que as
construções no topo das encostas são frutos de ocupações sem planejamento e
observância das legislações urbanísticas.
Ao concluir o diagnóstico, verificou-se a existência de 438.784m² de áreas de
riscos de deslizamentos de encostas; sendo que 274.086m² de área foram classificadas
como de risco alto (03 setores) e muito alto (03 setores). Um total de 706 moradias foram
incluídas nos setores de riscos, sendo que 67 foram enquadradas em situação mais crítica,
necessitando de um monitoramento constante da Defesa Civil municipal.
As moradias das áreas de risco no Horto apresentam-se de baixo a médio padrão
de construção, com existência de casas com mais de um piso (inferior e superior). Os

478
possíveis processos de movimentos de massa são: deslizamento (solo/rocha), rolamento
de blocos de rocha, deslizamento de lixo. Os principais fatores que agravam a situação
das áreas de risco estão relacionados às ações antrópicas inadequadas, estando muito
marcante, em todos os setores, os seguintes: cortes no talude com declividade inadequada;
retirada da cobertura superficial das encostas, lançamento de águas servidas diretamente
no solo; lançamento de lixo em locais inadequados; insuficiência de drenagem; e acúmulo
de entulho na crista dos taludes. O crescimento acelerado da ocupação nas encostas e a
insuficiência do sistema de micro drenagem favorecem o aumento do escoamento das
águas superficiais em direção aos taludes, contribuindo para o surgimento de desastres,
mesmo em locais onde não há registros pretéritos.
Diante do diagnóstico obtido faz-se necessário adotar medidas de controle de
ocupação no Bairro do Horto, assim como em outras áreas que são suscetíveis a processos
de movimentos de massa, para evitar o surgimento de novas áreas de risco e desastres nas
áreas já existentes. Neste contexto, sugere-se estabelecer no Plano Diretor uma Zona
Especial de Risco de Deslizamento (ZERD), que constitui de áreas suscetíveis a
ocorrências de processos de movimentos de massa (deslizamento e erosões) devido aos
condicionantes naturais e antrópicos.
Com base no Mapa de Suscetibilidade à Erosão do Município de Juazeiro do
Norte, na escala de 1:25.000, produzido por Pinto (2021), e diante de alguns dados sobre
solos de comportamento colapsível e expansivo obtidos em amostras de Juazeiro do
Norte, através do Grupo de Pesquisas Geotécnicas do Semiárido, da UFCA, recomenda-
se estabelecer parâmetros/critérios técnicos para ocupação urbana nas áreas que ainda não
foram ocupadas e nos novos parcelamentos do solo urbano. Mesmo não tendo a Carta
Geotécnica de Aptidão à Urbanização do município de Juazeiro do Norte (um instrumento
de grande importância para o ordenamento territorial), as informações do Mapa das Áreas
de Risco em Encostas, Mapa de Suscetibilidade à Erosão e de estudos sobre
comportamento de solos colapsíveis e expansivos poderão fornecer dados básicos para
adoção de normas, que objetivem o adequado o uso e ocupação do solo, em prol do bem
coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental;

479
como prediz o artigo 182 da Constituição Federal e o Estatuto da Cidade que é dever do
município estabelecer tais normas, de ordem pública e interesse social, para regular o uso
da propriedade urbana.
A existência de um plano diretor, que considere a delimitação das áreas de risco e
com medidas voltadas à minimização dos desastres socioambientais deve fazer parte da
gestão do município de Juazeiro do Norte. A integração disso com outros instrumentos
de planejamento, como o Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR), a carta
geotécnica de aptidão à urbanização e lei de uso e de ocupação do solo, são essenciais
para que o município alcance o nível de um desenvolvimento urbano sustentável.

14.10 Problemas, Desafios e Potencialidades – Áreas de Risco

Quadro 65: Matriz SWOT – Áreas de Risco


ÁREAS DE RISCO

Potencialidades Desafios
pontos fortes pontos fracos

• Equipe de Defesa Civil reduzida, podendo limitar a


execução das diretrizes e das ações propostas;
• Ausência ou insuficiência de articulação/diálogo entre
as secretarias municipais. Uma secretaria que estaria
desenvolvendo um produto não se comunica com
outra, que teria interesse no mesmo produto;
• Existência de Coordenadoria de Defesa Civil • Inexistência de NUPDEC (Núcleo de Proteção e
municipal, com um coordenador bem atencioso e Defesa Civil), formada por moradores de áreas de
atuante na gestão dos riscos. Este fato pode facilitar a risco, para dar apoio à Coordenadoria de Defesa Civil
execução das diretrizes e das ações propostas. Municipal;
• Inexistência de programas de educação ambiental
específico para áreas de riscos de deslizamentos,
diminuindo as ações de boas práticas por parte da
população;
• Insuficiência na limpeza das áreas de risco e na
existência dos sistemas de drenagem urbana;

Oportunidades Ameaças

480
• Incorporar a Política Nacional de Proteção e
Defesa Civil (Lei nº 12.608/12) na gestão
territorial e no planejamento das políticas • Aumento da ocupação no bairro no Horto, onde
setoriais para melhoria da gestão dos desastres; concentra-se das áreas de risco, devido ao espaço
• Firmar parcerias com Grupos de atrativo para a população de baixo poder aquisitivo,
Pesquisas/Estudos de instituições de Ensino pela possibilidade de gerar renda relacionada ao
Superior do Cariri, que trabalham nos temas turismo;
afins e que podem contribuir para o • Ocupações, sem cuidados técnicos, em áreas de
desenvolvimento urbano sustentável do suscetibilidade alta e muito alta de processos erosivos,
município. podendo contribuir para ocorrências de erosões
• Controlar o uso e ocupação do solo no espaço intensas, como voçorocas;
urbano, respeitando as características dos • Redução de áreas nas Zonas Especiais, que são de
terrenos; ocupações restritas, devido à ausência de critérios
• Estabelecer critérios técnicos para ocupação das técnicos mais bem definidos;
Zonas urbanas; • - Aumento da população em áreas de risco,
• Realizar monitoramento permanente nas áreas contribuindo para ocorrências de futuros desastres
de risco; naturais;
• Implantar Políticas Públicas de Habitação
Popular;
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022.

481
CAPA

482
15 SOCIOECONÔMICO

Antônio Lucas Cordeiro Feitosa 65

15.1 Aspectos introdutórios

Ao apresentar o terceiro maior contingente populacional do Ceará (ficando atrás


apenas da capital Fortaleza e de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza) e o maior
da Região Metropolitana do Cariri (RMC), o município de Juazeiro do Norte se torna não
só uma concentração demográfica, como também de serviços e investimentos públicos e
privados, o que retroalimenta seu potencial de atração de pessoas e recursos. Embora a
taxa de crescimento da população total tenha desacelerado (foi de 2,25, em 2000, para
1,65 em 2010), o município ainda se mantem como um dos mais populosos do estado e
da região do Cariri. Essa tendência se manifesta sobretudo em termos do desenvolvimento
da população urbana de Juazeiro, que ao longo dos últimos censos sempre apresentou alta
participação na composição demográfica do município, chegando a 96,07% em 2010.
Esses dados, para além de despertarem interesse para a grandiosidade do
município e sua projeção frente aos demais da Região Metropolitana do Cariri, também
prenunciam os possíveis desafios de administração e a necessidade de pensar a gestão
pública de forma mais eficiente. Nesse sentido, trata-se tanto de tomar decisões públicas
que favoreçam o desenvolvimento de Juazeiro, como também que propiciem que este
ocorra sem que reproduza as desigualdades já existentes ou que crie novas, sem que
comprometa gerações futuras. Assim, o momento que a revisão do Plano Diretor
Municipal oportuniza também pode ser visto como importante para que se pense no lugar
do município diante dos demais do estado, sobretudo da Região Metropolitana do Cariri,
e nas responsabilidades da gestão pública, especialmente no que tange aos princípios da
transparência e publicidade. Ou seja, trata-se não apenas de considerar a importância e

65 Cientista social, Doutor em Sociologia.

483
influência de Juazeiro em termos econômicos e materiais, mas também em termos de
qualidade de vida e dos serviços públicos oferecidos.
Uma vez que seu território é menor do que de municípios vizinhos e que a taxa
de urbanização chega a 96%, Juazeiro se configura sobretudo enquanto cidade, o que
significa pensar especialmente os problemas e necessidades urbanas, presentes e futuros.
Já outros desafios ao desenvolvimento do município dizem respeito ao perfil demográfico
de seus habitantes, como é o caso da tendência de envelhecimento da população. As
pirâmides etárias permitem visualizar esse movimento, evidenciando a redução dos
grupos etários em suas bases (grupos etários mais jovens) e o crescimento dos grupos
subsequentes até o topo (grupos de idades mais avançadas). Tendência nacional, esse
deslocamento exigirá o planejamento das cidades tanto em termos de infraestrutura
quanto de serviços públicos e privados. A forma como esses recursos e investimento serão
distribuídos na cidade também deve ser pensada, uma vez que há bairros em que a
concentração da população idosa é mais acentuada, como é o caso dos bairros Centro e
Socorro. Assim, a promoção dos bairros com serviços e equipamentos que procurem
atender o envelhecimento da população deve ponderar essa distribuição desigual.
Aspecto articulado com essa dimensão do envelhecimento e que merece atenção
diz respeito ao possível risco de “esvaziamento” do centro da cidade. Uma vez que os
bairros mais próximos a sua região central têm apresentado tendência a grupos de idade
mais avançada e sucessivamente, ao longo dos censos, vêm perdendo população, tais
localidades podem sofrer redução enquanto zonas residenciais, tornando-se sobremaneira
comerciais e de serviços. Se somado a outras dinâmicas, isso pode acarretar um
esvaziamento do centro à noite e nos finais de semana, por exemplo. Equipamentos
culturais e de lazer na região, como o Memorial Padre Cícero, o Centro Cultura Banco do
Nordeste Cariri (CCBNC), a Escola de Saberes Daniel Walker, a unidade do Serviço
Social do Comércio (SESC), o Centro de Gastronomia Rita Araújo da Silva – Alameda
Juazeiro, podem fazer frente a isso, mas exigem que as formas de acesso sejam eficientes
para que haja visitação, criando circulação de pessoas e reduzindo inseguranças. Além
disso, investimento nesse sentido se faz necessário para que o centro não seja

484
transformado em um espaço sazonal, ou seja, movimentado especialmente nos dias úteis
e nos períodos de romaria.
Os dados congregados no diagnóstico socioeconômico também evidenciam que
em relação à longevidade, escolaridade e renda, por exemplo, há desigualdades sociais
baseadas em gênero e cor/raça. Para além dos dados específicos (classes de rendimentos,
nível de instrução, faixas de idade), o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal –
IDHM geral e por indicadores dimensiona bem essas desigualdades. Assim, em termos
raciais, em 2010 a defasagem entre o IDHM da população negra em relação à população
branca era de 0,069 (sendo de 0,740 para brancos e 0,671 para negros). Para todos os três
indicadores que compõem o IDHM (educação, longevidade e renda), a população negra
apresentava resultados desfavoráveis comparativamente à população branca. Já em
relação ao gênero, em 2010 o IDHM para mulheres e homens em Juazeiro era de 0,727 e
0,672, respectivamente. Em números absolutos, a diferença entre ambos era de 0,055.
Embora apresentando IDHM total e de educação e longevidade mais elevados do que o
de homens, em relação ao IDHM de renda uma pequena diferença assinalava uma
desvantagem para as mulheres, que para esse indicador apresentavam IDHM de 0,642,
enquanto os homens tinham 0,645.
Tais desigualdades também devem ser ponderadas a partir de seus
intercruzamentos, ou seja, como se apresentam quando diferentes marcadores estão em
intersecção (gênero, cor/raça, lugar de origem, idade, por exemplo). Em um município
constituído majoritariamente por mulheres (52,65%) e negros (65,45%), segundo dados
de 2010, a atenção aos indicadores de desigualdades sociais é importante para que se
pense decisões públicas que procurem reduzir abismos e que mitiguem possíveis riscos
de reproduzi-los.
Esses aspectos, dentre outros apontoados ao longo do diagnóstico
socioeconômico, implicam diretamente em se pensar a cidade como espaço público
composto por diferentes sujeitos que se apropriam, significam e se utilizam de formas
distintas da cidade, do mesmo modo que também são impactados de maneiras distintas
por essa cidade.

485
Nesse sentido, criar mecanismos que propiciem a participação democrática na
formulação, implementação e avaliação das decisões públicas é decisivo. Isso significa
não apenas encarar os citadinos juazeirenses como destinatários de tais decisões e da
cidade. Tal raciocínio implicaria entender que a cidade seria feita por alguns e que apenas
seria algo de que outros se utilizam, de que se faz o uso. Ao assumir seriamente as/os
cidadãs/ãos enquanto sujeitos que participam da tomada de decisões públicas sobre a
cidade, também se encampa estes como responsáveis pela produção da própria cidade.
Entendendo que os indivíduos, ao utilizarem, atribuírem significados, se apropriarem de
lugares, equipamentos, serviços, etc. criam e fazem a cidade com base em lógicas nem
sempre coincidentes com as do planejamento racional do espaço, pois fundamenta em
aspectos mais simbólicos, pode-se aí compreender que o direito à cidade também é o
direito de participar de seu destino, de mudá-la como bem coletivo. Considerar essas
dinâmicas no processo de gestão da cidade é um passo significativo na construção de uma
cidade mais democrática e menos desigual.
Portanto, é importante compreender que os indivíduos criam, transformam e
fazem a cidade a partir das suas práticas cotidianas; que isso implica que não se pode
entender a cidade como algo que alguns planejam para outros, que apenas usufruem dela;
e que, por consequência, é importante considerar os indivíduos como sujeitos com
participação ativa nos processos de elaboração, implementação, execução e avaliação das
políticas e serviços públicos.
Tal compreensão também ajuda a entender como a cidade é dinâmica. Assim,
pouco contribui questionar sobre o que é a cidade, o que é Juazeiro enquanto cidade. Se
a cidade é algo que se faz, que se produz e transforma, então é decisivo perguntar o que
faz a cidade de Juazeiro? Quais são as dinâmicas que a constituem? Lançar tais
indagações em relação à Juazeiro parece ser algo desafiador, instigante e importante para
a compreensão e planejamento da cidade, especialmente por se tratar de um lugar
dinâmico (a paisagem muda constantemente) e que rotineiramente é atravessado por
diferentes sujeitos (romeiros, estudantes, profissionais de diferentes áreas, pessoas
procurando espaços de lazer e serviços no geral, etc.).

486
Esses processos são visíveis em Juazeiro não apenas na transformação da
paisagem das ruas, com a constante mudança dos estabelecimentos comerciais, ou com o
boom das edificações verticais dos últimos anos. Também podem ser percebidos na
constituição do que tem sido chamado de “novos centros” ou “novas centralidades”, o
que tem resultado em uma “cidade multi(poli)nucleada” (PEREIRA, 2014). Essa
perspectiva dá vazão sobretudo às dinâmicas econômicas, de localização de serviços e
como isso impacta os indivíduos. Por outro lado, se atentarmos para os locais de moradia
na cidade também observaremos deslocamentos ao longo do tempo.
O mapa (Figura 162) abaixo é apresentado no livro Milagre em Joaseiro, do
historiador americano Ralph Della Cava (1976). Como legenda, temos: “Joaseiro em
1875 (área sublinhada) com sua capela original e suas 32 casas [...]”. Assim, a cartografia
registra a “cidade” em 1875, ficando entendido que naquele momento o povoamento
estava concentrado em volta da “capela original”, hoje Igreja Matriz, e “suas 32 casas”.
A fora esse recorte, o restante fica como “brejos”.

Figura 162: Mapa de Joaseiro em 1875.


Fonte: Della Cava (1976).

487
Já o mapa (Figura 163) a seguir foi publicado em 1968, no livro Cariri: Crato-
Juazeiro do Norte (SOARES, 1968), e elaborado em 1966 pelo geógrafo baiano Douracy
Soares. O registro colige informações de 1955, como é o caso do que denomina de “área
ocupada pela população marginalizada. expansão recente – 1955 – (favelas)”.

Figura 163: Mapa de Juazeiro do Norte em 1955.


Fonte: Douracy (1968).

Nesse mapa, visualiza-se melhor o adensamento, no centro da cidade, do


comércio, das “famílias tradicionais e dirigentes”, “‘novos ricos’ e a classe média
intelectualizada”. Em relação a estes segmentos, embora ainda próximos da Igreja Matriz,
percebe-se haver uma expansão geográfica. Além dessa expansão da área de povoamento
em relação ao que consta no mapa anterior (DELLA CAVA, 1976), destaca-se a

488
concentração das áreas identificadas como ocupadas pela “população marginalizada.
expansão recentre – 1955 – (favelas)” nas proximidades da linha do trem. Dessas áreas,
a “Cidade Perdida” é maior que todas as outras e é uma das poucas em todo o mapa a
receber uma denominação própria.
Renato Dantas (2012), memorialista juazeirense, informa um pouco mais sobre
a localização dessas áreas na cidade e, assim como no mapa anterior, entende-se que elas
não estavam distantes de outras consideradas habitadas por pessoas mais abonadas. Para
ele:

Os romeiros de posse moram no núcleo central do povoado, os pobres vão para


o Arisco [ou arrebaldes, que significava periferia], que compreendia o largo do
Socorro (próximo à capela), as ruas São José, dos Passos, das Dores, como
também os aglomerados junto à capela São Miguel e a Cidade Perdida
(DANTAS, 2012, p. 80).

Por outro lado, como não poderia deixar de ser, o mapa de Soares não cartografa
dinâmicas posteriores a sua elaboração. É o caso, por exemplo, da expansão das periferias
(entendidas seja no sentido de localização em relação ao centro da cidade, seja como
localidades difusamente marcadas por narrativas depreciativas e estigmatizantes). Assim,
não constam no mapa bairros como João Cabral e Frei Damião. Também está ausente
áreas distantes do centro da cidade e que foram habitadas pela população mais abastada,
a exemplo do bairro Lagoa Seca. No caso deste último, sua ocupação foi consolidada
seguindo a tendência do processo de urbanização brasileiro. Tomando como referência a
cidade de São Paulo, Caldeira (2000, p. 263) afirma que: “Os empreendimentos
imobiliários para a elite longe do centro da cidade tornaram-se significativos só no final
dos anos 70”. No caso de Juazeiro, Ramos (2012, p. 121-122) afirma:

Desde a década de 1980 Juazeiro vem se configurando de outro modo.


Seguindo a tendência das grandes cidades brasileiras, a “Terra do Padre
Cícero” continuou a ter grande crescimento na proporção da malha urbana e
na dimensão das desigualdades sociais, mas o lugar de morada dos ricos
transferiu-se das regiões centrais para bairros afastados, que se transformaram
em “ilhas de prosperidade”, com muros altos e vigiados, longe do movimento
comercial.

489
Essas mudanças evidenciam alguns dos processos dinâmicos de Juazeiro do
Norte, sobretudo em temos da constituição das áreas de habitação/residências. É de se
pensar quais são os mais recentes e futuros processos dinâmicos, e se eles guardam ou
reproduzem assimetrias sociais. Nesse sentido, é de se pensar (em termos de compreender
e planejar) na expansão de áreas com condomínios horizontais e verticais; no boom de
construções verticais e de alto padrão; nas localidades com projetos habitacionais
destinados às classes populares; nas mudanças que bairros considerados populares e de
periferia têm passado a partir do impacto de transformações urbanas recentes (como os
bairros João Cabral, próximo à regiões de expansão vertical, e o bairro Frei Damião,
próximo a um dos eixos do anel viário).
Dimensionar tais questões é importante para compreender novos deslocamentos
que as áreas comerciais e residenciais, por exemplo, podem passar, como também para
compreender como os indivíduos são impactados. Com isso, pode-se criar processos mais
adequados para que a cidade seja um direito de todos, o que implica pensar em uma série
de outros direitos (à mobilidade, educação, saúde, lazer, saneamento básico, moradia,
etc.).

15.2 Fontes utilizadas

Para a elaboração do diagnóstico socioeconômico do município de Juazeiro do


Norte, considerou-se bases de dados confiáveis, de qualidade e o mais atualizado possível.
Adotando esses critérios, foi possível não só traçar um diagnóstico das condições
contemporâneas do município e que abrangesse diferentes dimensões, como também, em
alguns casos, elucidar o desenvolvimento recente comparativamente a anos anteriores.
Uma vez que as informações produzidas pelo Censo realizado pelo IBGE
abrangem amplos aspectos das condições de vida e do perfil da população, permitindo
conhecer minuciosamente os habitantes, os bairros e o município como um todo, e uma
vez que esses dados são produzidos a partir dos mesmos critérios metodológicos,
auferindo-lhes consistência e qualidade, a defasagem dos dados do último Censo,

490
realizado em 2010, torna mais desafiador a elaboração de um diagnóstico socioeconômico
do município. Em função disso, procurou-se outras bases de dados.
Pondere-se que o atraso na realização do recenseamento brasileiro, embora seja
algo extremamente excepcional, evidencia mais ainda a necessidade de o próprio
município criar mecanismos que lhe permitam produzir, organizar, gerenciar e
disponibilizar, sobretudo para as instâncias que compõem a administração municipal,
informação sobre o seu território e munícipes. Dispor de informação organizadas,
atualizadas e de qualidade, que possam ser compartilhadas e acessadas pelos diferentes
setores da gestão municipal, contribui para a elaboração, implementação e administração
de políticas e serviços públicos de forma eficiente, otimizada e de qualidade (algo
abrangido pelo ODS 17 – Parcerias e Meios de Implementação).
De forma sintética, na produção do diagnóstico socioeconômico de Juazeiro do
Norte foram consultadas e se extraiu dados das seguintes fontes:
❖ Cidades@ (sistema do IBGE que agrega algumas informações que permitem
conhecer o município).
❖ Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA (entre outras informações,
contém um banco de tabelas estatísticas dos censos realizados pelo IBGE).
❖ Sistema de Informações Geossocioeconômicas do Ceará – IPECEDTA (base de
dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará – IPECE que
sistematiza alguns dos dados produzidos nos Censos do IBGE e disponibiliza
outros fornecidos por instituições do Ceará, como secretarias estaduais e empresas
públicas).
❖ Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações, do Mistério da
Saúde.
❖ Portal do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.
❖ Portal do Ministério da Cidadania com sistematização de informações do Cadastro
Único.
❖ Foram utilizadas informações encaminhadas pela Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Social e Trabalho (ofício 73/2022-SEDEST), pela

491
Superintendência/ Autarquia Municipal de Meio Ambiente (ofício 01/2022-
AMAJU, parecer técnico nº 236/2021 AMAJU), pelo Centro de Referência
Especializado para População de Rua – Centro POP (relatório do coordenador).

No caso de informações mais específicas, foram consultados:

❖ Sobre população em situação de rua, o “Plano Estadual de Atenção a População em


Situação de Rua (período 2019 – 2020)”, do Governo do Estado do Ceará.
❖ Sobre aglomerados subnormais, publicação “Censo demográfico 2010: aglomerados
subnormais – primeiros resultados” e Portal de Mapas do IBGE.
❖ Sobre violência, consultou-se publicações que apresentassem dados sobre municípios,
incluindo Juazeiro do Norte. Foi o caso do “Anuário Brasileiro de Segurança Pública
2021”, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e o “Atlas da Violência
2017”, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública.

15.3 Características demográficas da população e tendências (gênero, faixa


etária/grupos etários)

O município de Juazeiro do Norte tem apresentado alta concentração


populacional, sendo o terceiro mais populoso do Ceará, ficando atrás apenas da capital
Fortaleza e de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. Além de ser o maior
município da região sul do estado, o Cariri, Juazeiro do Norte também concentra serviços
e investimentos públicos e privados. Esses dados e outros sobre o desenvolvimento e
perfil do município são apresentados a seguir (Quadro 66).

Quadro 66: Os seis municípios cearenses mais populosos de acordo com censo de 2010 e estimativa para
2021.
Município População em 2010 População estimada 2021
Fortaleza 2.452.185 2.703.391

492
Caucaia 325.441 368.918
Juazeiro do Norte 249.939 278.264
Maracanaú 209.057 230.986
Sobral 188.233 212.437
Crato 121.428 133.913

Fonte: IBGE Cidades (2022).

No Quadro 67, é possível visualizar o crescimento da população total de Juazeiro


do Norte desde a década de 1970. Interessante notar que à medida que ocorria o
crescimento populacional, também crescia a participação do percentual municipal sobre
a população do estado do Ceará.

Quadro 67: Crescimento da população de Juazeiro do Norte por censos e segundo porcentagem sobre o
Ceará.
1970 1980 1991 2000 2010
Discrim Nú Nú Nú Nú Nú
inação % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre
me me me me me
o Estado o Estado o Estado o Estado o Estado
ro ro ro ro ro
135 173 212 249
96.
Total 2,20 .62 2,56 .56 2,73 .13 2,85 .93 2,96
047
0 6 3 9
Fonte: IPECEDATA (2022).

Já nos quadros abaixo, observa-se que enquanto o número absoluto de habitantes


situados na zona urbana do município aumentou consideravelmente desde a década de
1970, com taxa de urbanização sempre alta (83,86% em 1970, 96,07% em 2010) e acima
da média estadual, a população rural teve uma redução de 36,70%, oscilando pouco a
participação no estado e seguindo a tendência estadual. No Quadro 68 também é possível
notar que nos cinco censos predomina a população feminina em relação à masculina,
sendo que para o ano de 2010 os valores são, respectivamente, 52,65% e 47,35%.

Quadro 68: Crescimento populacional de Juazeiro do Norte por censos e segundo gênero e localização.
1970 1980 1991 2000 2010

493
% %
sobre sobre % %
Popu Núm % sobre Númer Númer Núme Númer
o o sobre o sobre o
lação ero o Estado o o ro o
Estad Estad Estado Estado
o o
Urba 80.54 202.22 240.12
4,52 126.032 4,48 164.922 3,96 3,80 3,78
na 9 7 8
15.49
Rural 0,60 9.588 0,39 8.644 0,39 9.906 0,47 9.811 0,47
8
Hom 44.00 100.14 118.35
2,07 62.180 2,42 80.361 2,60 2,76 2,87
ens 2 0 3
Mulh 52.04 111.99 131.58
2,33 73.440 2,70 93.205 2,84 2,95 3,04
eres 5 3 6
Fonte: IPECEDATA (2022).

O Quadro 69, abaixo, indica que ao longo das últimas cinco décadas abrangidas
pelos censos ocorreu uma redução na taxa de crescimento anual da população total de
Juazeiro. Enquanto a taxa de crescimento da população urbana se manteve positiva à
medida que teve redução, o mesmo não ocorreu com a população rural, que decresceu.

Quadro 69: Indicadores demográficos da população de Juazeiro do Norte segundo censo.

1970 1980 1991 2000 2010


Discriminação Juaze Cea Juaze Cea Juaze Cea Juaze Cea Juaze Cea
iro rá iro rá iro rá iro rá iro rá
Densidade demográfica 792,5 43, 905,0 51, 1.004, 56,
- - - -
(hab./km²) 4 85 0 00 45 76
Taxa geométrica de crescimento anual (1) (%)
1,9 1,7 1,7 1,3
Total - - 3,51 2,27 2,25 1,65
5 0 3 0
4,6 3,6 2,7 1,7
Urbana - - 4,58 2,48 2,29 1,73
7 3 5 9
- - - -
Rural - - -4,69 0,4 -0,94 1,0 1,53 0,4 -0,10 0,0
0 6 6 5
53, 65, 71, 75,
Taxa de urbanização (%) 83,86 - 92,93 95,02 95,33 96,07
14 37 53 09
95, 95,
Razão de sexo (2) - - - - 86,22 89,42 89,94
41 10
Legenda: (1) 1980/1991, 1991/2000 e 2000/2010. (2) Representa o número de homens para cada 100
mulheres. Fonte: IPECEDATA (2022).

494
A dinâmica demográfica do município pode ser mais bem visualizada no gráfico
a seguir (Gráfico 2).

2,5 2,48 2,29

2,27 2,25
2,0
1,73
1,5 1,53 1,65

1,0

0,5
(0,10)
0,0

-0,5

-1,0 (0,94)
1991 2000 2010
Total Urbana Rural

Gráfico 2: Taxa geométrica de crescimento anual da população (%).


Fonte: Elaborado a partir de dados extraídos do IPECEDATA (2022).

O movimento populacional (Quadro 70) também pode ser observado por bairro
e distrito, a partir das variações no número de habitantes por localidade. Até o censo de
2010, a divisão político-administrativa de Juazeiro se configurava em três distritos (o
distrito sede, Juazeiro do Norte, criado em 1911 e composto por 36 bairros, e os Distrito
Padre Cícero e Marrocos, criados em 1938).

495
Quadro 70: População residente de Juazeiro do Norte segundo bairros e distritos, 1991-2010.
1991 1996 2000 2010
Total 173.566 189.161 212.133 249.939
Bairros e distritos
Urbana 164.992 180.142 202.227 240.128
Rural 8.644 9.019 9.906 9.811

Distrito Juazeiro do Norte 167.307 182.800 205.213 243.195


Distrito Marrocos 3.105 2.830 2.622 2.644
Distrito Padre Cícero 3.154 3.531 4.298 4.100
Centro 7.764 6.990 5.706
Juvêncio Santana 3.905 4.260 4.296
São Miguel 9.658 9.020 8.261
Carité 556 665 938
Fátima 3.478 3.358 3.833
Pedrinhas 1.584 999 9.198
Aeroporto 328 3.689 1.096
Brejo Seco 313 615 900
Betolândia 763 930 2.076
Novo Juazeiro 2.384 2.903 3.471
Leandro Bezerra de Menezes 630 2.566 3.239
Timbaúba 9.116 9.939 12.446
Pio XII 12.126 11.713 11.099
Franciscanos 14.450 11.725 12.390
Limoeiro 10.433 10.811 12.143
Pirajá 14.336 15.399 14.800
Romeirão 8.159 7.888 7.110
João Cabral 13.352 14.771 17.859
Triângulo 5.720 8.130 9.632
Antônio Vieira 4.770 3.702 6.858
Santa Teresa 9.048 8.472 6.926
Salesianos 20.072 21.123 13.879
Socorro 2.647 2.432 2.421
Salgadinho 1.510 1.680 1.301
Horto 966 4.278 5.073
Três-Marias 3.983 1.187 2.201
Planalto 27 50 345
Lagoa Seca 2.611 3.405 5.136
Jardim Gonzaga 5.949 11.387 6.139
São José 1.614 7.075 10.061

496
José Geraldo da Cruz 2.063 3.171 4.640
Tiradentes 4.768 6.677 10.107
Campo Alegre 2.401
Cidade Universitária 269
Frei Damião 14.677
Santo Antonio 6.011
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

Para analisar o movimento demográfico da população em termos de faixa etária


e gênero, as pirâmides etárias a seguir permitem visualizar as variações de acordo com os
censos de 2000 e 2010. Interessante observá-las também a partir dos dados estatísticos
apresentados na sequência (Gráfico 3 e Gráfico 4).

80 anos ou mais
75 a 79 anos
70 a 74 anos
65 a 69 anos
60 a 64 anos
55 a 59 anos
50 a 54 anos
45 a 49 anos
40 a 44 anos
35 a 39 anos
30 a 34 anos
25 a 29 anos
20 a 24 anos
15 a 19 anos
10 a 14 anos
5 a 9 anos
0 a 4 anos
15.000 10.000 5.000 0 5.000 10.000 15.000
Homens Mulheres

Gráfico 3: População residente em Juazeiro do Norte, segundo gênero e grupos de idade, 2010.
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

497
80 anos ou mias
75 a 79 anos
70 a 74 anos
65 a 69 anos
60 a 64 anos
55 a 59 anos
50 a 54 anos
45 a 49 anos
40 a 44 anos
35 a 39 anos
30 a 34 anos
25 a 29 anos
20 a 24 anos
15 a 19 anos
10 a 14 anos
5 a 9 anos
0 a 4 anos
15.000 10.000 5.000 0 5.000 10.000 15.000

Homens Mulheres

Gráfico 4: População residente em Juazeiro do Norte, segundo gênero e grupos de idade, 2000.
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

No Quadro 71 essa dinâmica populacional pode ser visualizada a partir das


variações nas porcentagens por grupo de idade (faixa etária). Percebe-se que em 2000, a
população total estava concentrada no intervalo entre 0 e 14 anos (maior percentual entre
10-14 anos, 11,47%), apresentando redução para os grupos seguintes. Enquanto isso, em
2010 o intervalo etário que agregava maioria populacional se estendeu, sendo entre os 20-
24 anos em que se encontrava o maior percentual (10,28%). É significativo notar que,
comparativamente ao ano de 2000, a faixa etária de 20 a 24 anos é um ponto de inflexão
no crescimento populacional de Juazeiro, uma vez que é nessa faixa que a população total
começa a aumentar em 2010 ao passo que apresenta redução nas faixas inferiores (0-19
anos) vis-à-vis ao ano de 2000. Assim, com base nesses dados dos censos de 2000 e 2010,
observa-se que a população juazeirense segue a tendência nacional de envelhecimento.
Essa mudança pode ser observada nas pirâmides apresentadas anteriormente, em que se
nota redução da base da pirâmide (grupos etários mais jovens) no ano de 2010, ao mesmo
tempo em que no mesmo ano houve aumento de concentração dos grupos de idade
subsequentes até o topo da pirâmide.

498
Note-se que no ano de 2000, para todas as faixas etárias até os 24 anos, os homens
apresentam maior idade que as mulheres, sendo que para ambos os maiores valores se
encontravam entre 10-14 anos (homens com 12,14%, mulheres com 10,86%). Já a partir
dos 25 anos, as mulheres passam a concentrar as maiores percentagens. Isso significa que
esse período é um ponto de inflexão da expectativa de vida dos homens. Dinâmica
semelhante também se apresenta para o ano de 2010, mas nesse ano a população feminina
tem maior percentual na faixa entre 20-24 anos (10,17%), enquanto o maior quantitativo
de homens ainda permaneceu entre os 10-14 anos (10,85%). Isso reflete a tendência
manifesta no censo de 2000, em que as mulheres passavam a apresentar mais idade que
os homens em grupos etários pós 25 anos, de forma que no censo de 2010 elas já se
concentravam no grupo etário de 20-24 anos.

Quadro 71: População de Juazeiro do Norte segundo gênero e faixa etária nos censos de 2000 e 2010.
Faixas 2000 2010
etárias Home Mulhe Home Mulhe
(anos) Total % % % Total % % %
ns res ns res
11,2 12.12 12,1 10,4 20.5 10.47
0a4
23.781 1 9 1 11.652 0 80 8,23 8 8,85 10.102 7,68
10,6 11.45 11,4 20.8 10.72
5a9
22.529 2 9 4 11.070 9,88 90 8,36 3 9,06 10.167 7,73
11,4 12.15 12,1 10,8 25.3 10,1 12.84 10,8
10 a 14
24.322 7 8 4 12.164 6 84 6 6 5 12.538 9,53
10,7 11.14 11,1 10,3 24.2 11.96 10,1
15 a 19
22.736 2 5 3 11.591 5 02 9,68 2 1 12.240 9,30
10.11 10,1 25.6 10,2 12.30 10,4 10,1
20 a 24
21.182 9,99 6 0 11.066 9,88 83 8 6 0 13.377 7
22.6 10.93
25 a 29
16.330 7,70 7.640 7,63 8.690 7,76 16 9,05 9 9,24 11.677 8,87
20.9
30 a 34
14.607 6,89 6.762 6,75 7.845 7,00 69 8,39 9.896 8,36 11.073 8,42
17.0
35 a 39
12.683 5,98 5.667 5,66 7.016 6,26 87 6,84 8.031 6,79 9.056 6,88
15.1
40 a 44
10.443 4,92 4.619 4,61 5.824 5,20 30 6,05 6.929 5,85 8.201 6,23
12.5
45 a 49
8.876 4,18 3.908 3,90 4.968 4,44 47 5,02 5.599 4,73 6.948 5,28
9.96
50 a 54
7.914 3,73 3.577 3,57 4.337 3,87 6 3,99 4.369 3,69 5.597 4,25
8.49
55 a 59
6.507 3,07 2.779 2,78 3.728 3,33 3 3,40 3.645 3,08 4.848 3,68

499
7.42
60 a 64
6.073 2,86 2.539 2,54 3.534 3,16 2 2,97 3.131 2,65 4.291 3,26
6.03
65 a 69
4.643 2,19 1.866 1,86 2.777 2,48 2 2,41 2.534 2,14 3.498 2,66
5.02
70 a 74
3.742 1,76 1.447 1,44 2.295 2,05 7 2,01 2.039 1,72 2.988 2,27
3.53
75 a 79
2.819 1,33 1.175 1,17 1.644 1,47 0 1,41 1.364 1,15 2.166 1,65
4.38
80 ou +
2.946 1,39 1.154 1,15 1.792 1,60 1 1,75 1.562 1,32 2.819 2,14
212.13 100, 100.1 100, 111.99 100, 249. 100, 1183 100, 131.58 100,
Total
3 00 40 00 3 00 939 00 53 00 6 00
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

A partir da distribuição da população por grupos etários, é possível calcular a


razão de dependência (Quadro 72), isto é, a razão entre os grupos de pessoas
economicamente dependentes (jovens de 0 a 14 anos de idade e idosos de 60 ou mais
anos) e aqueles potencialmente ativos (de 15 a 59 anos de idade).

Quadro 72: Razão de dependência da população de Juazeiro do Norte em 2000 e 2010.


Razão de dependência 2000 2010
Razão de dependência total 74,91 54,77
Razão de dependência de jovens
58,24 42,67
(0-14 anos)
Razão de dependência de idosos
16,67 12,11
(60 ou mais anos)

Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

De 2000 a 2010, a razão de dependência total e a razão de dependência de


jovens e de idosos por 100,0 pessoas em idade potencialmente ativa apresentou redução,
sendo a oscilação menos expressiva em relação aos idosos (de 16,67 em 2000 para 12,11
em 2010).
No que diz respeito ao perfil da população em termos econômicos, em 2010
havia uma predominância de rendimentos nas faixas “sem rendimento” (o que inclui
quem recebia somente benefícios) e “mais de 1/2 a 1 salário-mínimo” entre a população

500
juazeirense total com 10 ou mais anos de idade (39,85% e 32,14, respectivamente).
Quando se observa o Quadro 73 abaixo, nota-se que entre homens e mulheres também há
uma concentração nessas duas faixas de rendimento, mas que enquanto a maior parte dos
homens ganhava entre meio salário e um salário (35,93%, e mulheres 28,83%), as
mulheres estavam concentradas na categoria sem rendimento (44,89%, e homens
34,07%). Ou seja, em Juazeiro também se manifesta a desigualdade de gênero quanto aos
rendimentos, com mais mulheres nas categorias de rendimento mais baixas, e mais
homens nas faixas mais elevadas.

Quadro 73: População de Juazeiro do Norte de 10 anos ou mais de idade, por classes de rendimento
nominal mensal e o gênero, 2010.
Mulhere
Total município % Homens % %
s
100,0 100,0 100,0
Total 208.469 0 97.152 0 111.317 0
Até 1/4 de salário-mínimo 10.544 5,06 2.277 2,34 8.267 7,43
Mais de 1/4 a 1/2 salário-mínimo 12.331 5,92 4.841 4,98 7.490 6,73
Mais de 1/2 a 1 salário-mínimo 67.008 32,14 34.911 35,93 32.097 28,83
Mais de 1 a 2 salários-mínimos 21.295 10,21 13.032 13,41 8.263 7,42
Mais de 2 a 3 salários-mínimos 5.304 2,54 3.307 3,40 1.997 1,79
Mais de 3 a 5 salários-mínimos 4.539 2,18 2.749 2,83 1.790 1,61
Mais de 5 a 10 salários-mínimos 3.141 1,51 2.035 2,09 1.106 0,99
Mais de 10 a 15 salários-mínimos 464 0,22 323 0,33 141 0,13
Mais de 15 a 20 salários-mínimos 445 0,21 318 0,33 127 0,11
Mais de 20 a 30 salários-mínimos 189 0,09 150 0,15 39 0,04
Mais de 30 salários-mínimos 139 0,07 114 0,12 25 0,02
Sem rendimento** 83.070 39,85 33.095 34,07 49.975 44,89
Sem declaração 0 0,00 0 0,00 0 0,00
* Salário-mínimo utilizado: R$ 510,00.
** A categoria “sem rendimento” inclui as pessoas com rendimento nominal mensal somente em benefícios.
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

Já no que tange à escolaridade, o quadro abaixo apresenta a população segundo


nível de instrução. No total e assim como para homens e mulheres, a maior parte se
encontrava na categoria “sem instrução e fundamental incompleto” (52,83%, 26,20% e
26,63%, respectivamente). Nesse aspecto, as mulheres apresentam nível de instrução

501
melhor que o de homens, uma vez que elas detêm, em relação a eles, maiores valores em
níveis mais elevados de instrução (Quadro 74).

Quadro 74: População de Juazeiro com 10 ou mais anos de idade, por nível de instrução e segundo
gênero, 2010.
Mulhere
Total % Homens % s %
100,0 46,6
Total 208.158 0 96.992 0 111.166 53,4
26,2
Sem instrução e fundamental incompleto 109.973 52,83 54.539 0 55.435 26,63
Fundamental completo e médio incompleto 36.491 17,53 17.547 8,43 18.944 9,10
10,0
Médio completo e superior incompleto 50.150 24,09 20.812 0 29.339 14,09
Superior completo 10.823 5,20 3.749 1,80 7075 3,40
Não determinado 720 0,35 346 0,17 374 0,18
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

No último censo brasileiro, de 2010, a maioria da população juazeirense se


autodeclarou parda (60,70%). Quando se considera as categorias “preto” e “pardo” de
forma agrupada e constituindo o que se convencionou denominar de “negro”
(observando-se todas as ressalvas, como não se tratando de uma autodeclaração, como
havendo distinção das dinâmicas racistas em relação à essas categorias etc.), chega a
65,45% o percentual de negros no município (Quadro 75).

Quadro 75: População juazeirense por cor ou raça, 2010.


Cor ou raça Total % Urbana % Rural %
Total 249.939 100,00 240.128 96,07 9.811 3,93
Branca 83.413 33,37 81.185 32,48 2.228 0,89
Preta 11.867 4,75 11.603 4,64 264 0,11
Amarela 2.588 1,04 2546 1,02 42 0,02
Parda 151.711 60,70 144.435 57,79 7.276 2,91
Indígena 355 0,14 354 0,14 1 0
Sem declaração 5 0 5 0 - -
Negra* 163.578 65,45 156.038 64,98 7.540 76,85
* Embora o censo brasileiro não utilize a categoria “negro” e embora não seja consensual e haja
divergências quanto ao entendimento de que pretos e pardos compartilham de condições sociais

502
semelhantes, é comum nas análises considerar pretos e partos de forma agrupada na categoria negro
(CALDEIRA, 2000).
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

De acordo com os dados do censo de 2010, naquele ano Juazeiro do Norte


apresentava um total de 69.151 domicílios particulares ocupados e uma média de 3,60
moradores por domicílio. Tanto em relação à população total, como a população urbana
e rural, essa média ficou acima da estadual, como pode ser observado no Quadro 76.

Quadro 76: Domicílios particulares ocupados e média de moradores por domicílio, Juazeiro do Norte,
2010.
Domicílios particulares ocupados Média de moradores por domicílio
Discriminação
Número % sobre o estado Juazeiro do Norte Ceará
Total 69.151 2,92 3,60 3,56
Rural 2.531 0,46 3,86 3,78
Urbana 66.620 3,68 3,59 3,50

Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do IPECEDATA (2022).

Em relação à cobertura do abastecimento de água e do esgotamento sanitário


na zona urbana do município de Juazeiro do Norte (Quadro 77), observa-se que enquanto
o primeiro atende a praticamente todos os 240.128 habitantes da cidade, a rede de esgoto
cobre apenas 35,27% desses, o que se constitui um problema visível nas ruas e com
diferentes comprometimentos (ambientais, de saúde pública, de acessibilidade urbana
(caminhabilidade), paisagísticos, etc.).

Quadro 77: Dados do abastecimento de água e esgotamento sanitário em Juazeiro do Norte, 2020.
Esgotamento
Abastecimento de água
sanitário
Discriminação Discriminação
% sobre % sobre
Número Número
Estado Estado
Ligações reais 96.070,00 4,99 Ligações reais 26.640,00 3,60
Ligações ativas 90.014,00 5,31 Ligações ativas 24.507,00 3,77
Extensão da rede Extensão da rede coletora 185.004,7
723.336,00 4,75 3,70
distribuidora (m) (m) 6

503
Volume produzido (m³) Taxa de cobertura de
21.355.511,00 5,30 35,27 -
esgoto urbana (%)
Taxa de cobertura
99,19
d´água urbana (%)
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do IPECEDATA (2022) e que foram fornecidos ao órgão
pela CAGECE.

Comparando esses dados, que se referem ao ano de 2020, com os do Censo de


2010, percebesse-se que pouco mudou em relação à cobertura da rede de esgoto, uma vez
que naquele ano apenas 34,54% dos 69.151 domicílios do município estavam conectados
à rede de esgoto, sendo que a maior parte (49,25%) fazia uso de fossa rudimentar (Quadro
78). Mesmo se tratando de indicadores produzidos por instituições distintas (os primeiros
pela CAGECE e os segundos pelo IBGE), o resultado aproximado dos dois pode sinalizar
que é cabível fazer outras comparações. Isto é, se pouco mudou na taxa de cobertura de
esgoto entre os anos de 2010 e 2020, então ainda podem existir domicílios sem banheiro
e sanitário, uma vez que em 2010 esses eram 1,56% (1.078). observe-se que essa situação
se apresentava de forma mais crítica na zona urbana (1,01%) do que na zona rural
(0,55%).

504
Quadro 78: Situação dos domicílios em Juazeiro do Norte segundo existência de banheiro ou sanitário, 2010.

Total Urbana Rural


Não
Tinham Tinha Tinha Não tinham Tinham Tinha Não tinham
Tipo de Total tinham Total Tinham banheiro Total
banheiro de m m banheiro banheiro de m banheiro
esgotament de banheiro de de uso exclusivo de
uso exclusivo sanitá sanitá nem uso exclusivo sanitá nem
o sanitário domi nem domi do domicílio domi
do domicílio rio rio sanitário do domicílio rio sanitário
cílios sanitário cílios cílios
Total Total Total Total Total Total Total Total Total
Total de 6662
69151 65172 2901 1078 63516 2406 698 2531 1656 495 380
domicílios 0
Rede geral
2388
de esgoto ou 23885 23464 421 - 23462 421 - 2 2 - -
3
pluvial
Fossa
9100 8950 150 - 9079 8929 150 - 21 21 - -
séptica
Fossa 3219
34060 31979 2081 - 30531 1666 - 1863 1448 415 -
rudimentar 7
Vala 483 368 115 - 443 358 85 - 40 10 30 -
Rio, lago ou
39 31 8 - 37 29 8 - 2 2 - -
mar
Outro tipo 506 380 126 - 283 207 76 - 223 173 50 -
Não tinham 1078 - - 1078 698 - - 698 380 - - 380

Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA (2022).

505
Segundo dados da Secretaria Estadual da Educação, em 2020 Juazeiro do Norte
apresentava 204 estabelecimentos de educação básica, sendo 98 particulares, 90
municipais, 15 estaduais e um federal. Naquele ano, as matrículas estavam assim
distribuídas (Quadro 79):

Quadro 79: Matrículas iniciais na educação básica por dependência administrativa, segundo o nível de
ensino, em Juazeiro do Norte, 2020.
Total Federal Estadual Municipal Particular
Nível de % % % sobre %
ensino Núme Núme % sobre Núme Núm Núm
sobre o sobre o o sobre o
ro ro o Estado ro ero ero
Estado Estado Estado Estado
32.69 22.60
Total 71.755 3,37 540 4,16 15.918 3,82 2,50 5,76
5 2
Educação
13.353 3,20 - - - - 7.360 2,30 5.993 6,18
infantil
Ensino 23.58 12.77
36.830 3,16 - - 480 3,09 2,59 5,34
fundamental 0 0
Ensino médio 11.776 3,25 211 3,83 10.271 3,15 1.294 4,24
Educação de
jovens e 7.399 4,66 138 100,00 5.167 7,09 1.755 2,18 339 6,51
adultos
Educação
- - - - - - - - -
especial
Educação
2.397 8,52 191 2,79 - - - - 2.206 10,53
profissional
Fonte: Elaborado a partir de dados extraídos do IPECEDATA (2022) e que foram fornecidos ao órgão
pela Secretaria Estadual da Educação.

No Quadro 80, é possível verificar que enquanto no ensino fundamental a


taxa de aprovação é ligeiramente superior (99%) à estadual (98,9%), no ensino médio há
inversão (a taxa de aprovação do município é inferior (94,6%) à do estado, que chega a
97%). Além disso, também para o ensino médio a taxa de abandono é superior a estadual.
No caso da taxa de distorção entre idade-série/ano, tanto para o ensino fundamental como
para o médio ela atinge índices superiores aos do estado.

Quadro 80: Indicadores educacionais dos níveis fundamental e médio da educação em Juazeiro do Norte,
2020.
Ensino fundamental Ensino médio
Discriminação
Município Estado Município Estado
Taxa de aprovação (%) 99,0 98,9 94,6 97,0
Taxa de reprovação (%) 0,1 0,2 0,1 0,2

506
Taxa de abandono (%) 0,9 0,9 5,3 2,8
Taxa de distorção idade-série (%) 12,3 10,7 24,8 22,7
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do IPECEDATA (2022) e que foram fornecidos ao órgão
pela Secretaria Estadual da Educação.

Nos gráficos a seguir, é possível visualizar as variações quanto ao abandono


e defasagem idade-série entre 2015 e 2020. No Gráfico 5, percebe-se que o abandono
escolar estava em queda no ensino fundamental e médio desde o ano de 2016. Porém, em
2020, ano do início da pandemia provocada pelo novo coronavírus, a tendência se
inverteu, sobretudo em relação ao ensino médio, havendo significativa alta do abandono
escolar. No caso da defasagem idade-série, a taxa também declinava desde 2016, mas em
2019 apresentou significativa alta (passando a 12,3% no ensino fundamental e 24,8% no
ensino médio), mantendo-se inalterada em 2020 (Gráfico 6). Será importante observar
esses resultados para os anos de 2021 e 2022, quando a situação epidemiológica deixou
de ser tão crítica e o ensino presencial foi retomado, de forma a verificar se as taxas se
mantiveram altas, se cresceram ou declinaram e, a partir do diagnóstico, traçar planos
estratégicos de remediação.
9,0
7,8
8,0
7,0
6,0 5,6
5,3
5,0 4,5 4,3
4,0 3,7

3,0 2,5 2,3


1,9
2,0 1,3
0,8 0,9
1,0
0,0
2015 2016 2017 2018 2019 2020

Fundamental Médio

Gráfico 5: Taxa de abandono no ensino fundamental e médio em Juazeiro do Norte, 2015-2020.


Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do IPECEDATA (2022).

507
30,0

24,8 24,8
25,0

20,0 18,2
16,9 17,2
16,3
15,0
11,6 12,3 12,3
10,5 9,8
10,0 8,9

5,0

0,0
2015 2016 2017 2018 2019 2020

Ensino fundamental Ensino médio

Gráfico 6: Taxa de distorção idade-série no ensino fundamental e médio em Juazeiro do Norte, 2015-
2020.
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do IPECEDATA (2022).

No que se refere à saúde, o Quadro 81 abaixo permite visualizar a queda nas


coberturas vacinais no município para o período de 2015 a 2021.

Quadro 81: Coberturas vacinais em Juazeiro do Norte, 2015-2021.


2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Total
96,78 55,05 87,20 80,06 72,42 72,19 61,21 73,46

Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (2022).

No que tange à vacinação de menores de um ano de idade, o Quadro 82 a


seguir verifica-se que para os quatro tipos de vacinas identificados, em todos houve
redução nas taxas de imunização entre os anos de 2015 e 2020. No período compreendido,
a oscilação negativa na aplicação das vacinas BCG, Poliomielite, Pentavalente e
Rotavirus-Vorh foi de -16,1%, -12,5%, -9,3% e -10,5%, respectivamente. No caso da
Poliomielite, a cobertura vacinal nacional também caiu, passando de 96,55% em 2012
para 67,71 em 2021, o que tem despertado atenção sobre o alto risco de reintrodução da
doença no Brasil.

Quadro 82: Cobertura vacinal em menores de 1 ano de idade (%), por tipo de vacina, em Juazeiro do
Norte, 2015-2020.
Tipo de vacina 2015 2016 2017 2018 2019 2020

508
BCG 100,0 100,0 100,0 96,7 92,1 83,9
Poliomielite 100,0 96,4 95,1 92,0 88,6 87,5
Pentavalente 95,8 100,0 96,8 90,9 82,6 90,7
Rotavirus-Vorh 93,4 100,0 92,2 93,3 90,7 89,5
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do IPECEDATA (2022) e que foram fornecidos ao órgão
pela Secretaria Estadual da Saúde.

Outro indicador de saúde, as médias de médicos e de leitos por 1 mil


habitantes em Juazeiro do Norte no ano de 2020 ficaram acima das médias estaduais
(Quadro 83.

Quadro 83: Indicadores de saúde em Juazeiro do Norte, 2020.


Discriminação Município Estado
Médicos por 1.000 habitantes 2,0 1,7
Dentistas por 1.000 habitantes 0,4 0,4
Leitos por 1.000 habitantes 2,2 1,9

Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do IPECEDATA (2022) e que foram fornecidos ao órgão
pela Secretaria Estadual da Saúde.

15.4 Caracterização dos bairros de Juazeiro do Norte

Como mencionado anteriormente, o município de Juazeiro é dividido em três


distritos, sendo eles: o distrito sede, Juazeiro do Norte, que concentrava 97,30% da
população total do município; e os distritos José Marrocos e Padre Cícero, cada um com
pouco mais de um por centro do contingente populacional total (Quadro 84).
No que diz respeito à população urbana, ela se encontrava sobretudo na sede
municipal, sendo composta, em 2010, pelos 36 bairros então existentes mais uma
diminuta população rural. Os outros dois distritos, Marrocos e Padre Cícero, são
majoritariamente rurais (99,58% e 71,24%, respectivamente).

Quadro 84: População de Juazeiro do Norte por distritos e segundo zona urbana e rural em 2010.
Total Urbana Rural
Distritos e total Total % Total % Total %
Distrito Juazeiro do Norte 243.195 97,30 238.938* 98,25 4.257 1,75
Distrito Marrocos 2.644 1,06 11 0,42 2.633 99,58
Distrito Padre Cícero 4.100 1,64 1.179 28,76 2.921 71,24
População total do município 249.939 100,00 240.128 96,07 9.811 3,93

509
* A população urbana do distrito Juazeiro do Norte (sede do município) corresponde à soma da população
dos 36 bairros da cidade existentes em 2010.
Fonte: Elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

Já no quadro abaixo, é apresentada a distribuição da população total do


município pelos 36 bairros e os três distritos. Os bairros que mais apresentam participação
na composição da população do município como um todo são: 1º) João Cabral (7,15%),
2º) Pirajá (5,92%), 3º) Frei Damião (5,87%), 4º) Salesianos (5,55%) e 5º) Timbaúba
(4,98%).
Importante destacar que bairros como o João Cabral e Frei Damião, cuja
população é superior à de municípios da região do Cariri 66, são rotineiramente
classificados nos discursos citadinos como bairros violentos, perigosos, pobres,
periféricos. Enquanto o bairro João Cabral está localizado próximo a regiões centrais da
cidade, como a área ao redor do shopping center mais antigo da região, ao lado do bairro
Lagoa Seca e de avenidas importantes, o bairro Frei Damião está situado no limite
intermunicipal. Além do estigma de que são alvo e de compartilharem de povoamento
com características semelhantes, uma vez que inicialmente foram habitados por
populações empobrecidas, atualmente os dois bairros também são atingidos pelos
processos de urbanização mais recentes da cidade, como a segunda etapa do anel viário
(interliga a rodovia de acesso a Crato à rodovia que liga Juazeiro à Barbalha), que
contorna o bairro Frei Damião, e a expansão de condomínios verticais na região ao redor
do bairro João Cabral, incluindo um shopping center no bairro Lagoa Seca. É de se atentar
para o fato de que áreas então desvalorizadas social e economicamente, com alta
concentração populacional e habitadas pela população empobrecida, podem passar por
processos de pressão imobiliária, com aumento do custo de vida, acarretando em
acirramento da vulnerabilidades materiais e simbólicas e deslocamento para outras
regiões da cidade (Quadro 85).

Quadro 85: População de Juazeiro do Norte por distritos e bairros em 2010.

Bairros e distritos Total %

66
Em 2010, os municípios de Altaneira, Nova Olinda e Santana do Cariri, por exemplo, contavam com
respectivamente, 6.856, 14.256 e 17.170 habitantes.
510
Total do município** 249.939 100,00
Distrito Juazeiro do Norte* 243.195 97,30
Distrito Marrocos 2.644 1,06
Distrito Padre Cícero 4.100 1,64
Centro 5.706 2,28
Juvêncio Santana 4.296 1,72
São Miguel 8.261 3,31
Carité 938 0,38
Fátima 3.833 1,53
Pedrinhas 9.198 3,68
Aeroporto 1.096 0,44
Brejo Seco 900 0,36
Betolândia 2.076 0,83
Novo Juazeiro 3.471 1,39
Leandro Bezerra de Menezes 3.239 1,30
Timbaúba 12.446 4,98
Pio XII 11.099 4,44
Franciscanos 12.390 4,96
Limoeiro 12.143 4,86
Pirajá 14.800 5,92
Romeirão 7.110 2,84
João Cabral 17.859 7,15
Triângulo 9.632 3,85
Antônio Vieira 6.858 2,74
Santa Teresa 6.926 2,77
Salesianos 13.879 5,55
Socorro 2.421 0,97
Salgadinho 1.301 0,52
Horto 5.073 2,03
Três-Marias 2.201 0,88
Planalto 345 0,14
Lagoa Seca 5.136 2,05
Jardim Gonzaga 6.139 2,46
São José 10.061 4,03
José Geraldo da Cruz 4.640 1,86
Tiradentes 10.107 4,04
Campo Alegre 2.401 0,96
Cidade Universitária 269 0,11
Frei Damião 14.677 5,87
Santo Antonio 6.011 2,40
* Na composição da população total do distrito Juazeiro do Norte (sede do município) se encontra a
população dos 36 bairros da cidade.
511
** Todas as porcentagens foram calculadas considerando a população total do município.
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

Em um município em que 52,65% da população é composta por mulheres,


apenas três bairros entre o total de 36 apresentam maioria de homens (Quadro 86): Frei
Damião (50,07%), Carité (50,53%) e Campo Alegre (55,85%). Fora esses, todos os
demais contam com maior participação feminina, o Centro detendo o maior percentual
(58,41%) e Pedrinhas o menor (50,01%).

Quadro 86: População de Juazeiro do Norte por distritos e bairros segundo gênero, 2010.
Distritos e bairros Homens % Mulheres %
Total do município 118353 47,35 131586 52,65
Distrito Juazeiro do Norte 115006 47,29 128189 52,71
Distrito Marrocos 1320 49,92 1324 50,08
Distrito Padre Cícero 2027 49,44 2073 50,56
Centro 2373 41,59 3333 58,41
Juvêncio Santana 2005 46,67 2291 53,33
São Miguel 3555 43,03 4706 56,97
Carité 474 50,53 464 49,47
Fátima 1805 47,09 2028 52,91
Pedrinhas 4598 49,99 4600 50,01
Aeroporto 537 49,00 559 51,00
Brejo Seco 436 48,44 464 51,56
Betolândia 1023 49,28 1053 50,72
Novo Juazeiro 1581 45,55 1890 54,45
Leandro Bezerra de Menezes 1555 48,01 1684 51,99
Timbaúba 6039 48,52 6407 51,48
Pio XII 5157 46,46 5942 53,54
Franciscanos 5487 44,29 6903 55,71
Limoeiro 5705 46,98 6438 53,02
Pirajá 6924 46,78 7876 53,22
Romeirão 3320 46,69 3790 53,31
João Cabral 8506 47,63 9353 52,37
Triângulo 4701 48,81 4931 51,19
Antônio Vieira 3253 47,43 3605 52,57
Santa Teresa 3143 45,38 3783 54,62
Salesianos 6153 44,33 7726 55,67
Socorro 1090 45,02 1331 54,98

512
Salgadinho 616 47,35 685 52,65
Horto 2446 48,22 2627 51,78
Três-Marias 1082 49,16 1119 50,84
Planalto 172 49,86 173 50,14
Lagoa Seca 2421 47,14 2715 52,86
Jardim Gonzaga 3014 49,10 3125 50,90
São José 4962 49,32 5099 50,68
José Geraldo da Cruz 2289 49,33 2351 50,67
Tiradentes 4814 47,63 5293 52,37
Campo Alegre 1341 55,85 1060 44,15
Cidade Universitária 129 47,96 140 52,04
Frei Damião 7349 50,07 7328 49,93
Santo Antonio 2786 46,35 3225 53,65
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

No município, a população autodeclarada parda predomina (60,70%), sendo


seguida por autodeclarados brancos (33,37%). Na composição por bairro (Quadro 87), o
Horto, Campo Alegre, Pedrinhas e Jardim Gonzaga, e os distrito Marrocos e Padre Cícero
despontam com predominância de pessoas pardas (entre 74,37% e 70,17%). Já em termos
de população autodeclarada branca, os bairros Planalto e Centro são os únicos com
maioria nessa categoria (60,87% e 55,71%, respectivamente).

Quadro 87: População de Juazeiro do Norte por distritos e bairros segundo cor/raça, 2010.
Branca Preta Amarela Parda Indígena Sem declaração
Distrito e bairro
% % % % % %
Total do município 33,37 4,75 1,04 60,70 0,14 0
Distrito Juazeiro do Norte* 33,58 4,83 1,06 60,39 0,15 0
Distrito Marrocos 25,76 1,66 0,23 72,35 - -
Distrito Padre Cícero 25,78 2,05 0,39 71,78 - -
Centro 55,71 2,82 0,58 40,75 0,14 -
Juvêncio Santana 40,25 8,71 1,98 48,14 0,93 -
São Miguel 41,84 3,97 0,75 53,35 0,1 -
Carité 28,89 2,99 2,24 65,88 - -
Fátima 33,79 2,9 0,99 62,3 0,03 -
Pedrinhas 25,17 3,64 0,8 70,17 0,22 -
Aeroporto 37,77 2,74 0,64 58,85 - -
Brejo Seco 40,11 1,22 0,11 58,56 - -
Betolândia 30,35 6,41 1,2 62,04 - -
513
Novo Juazeiro 46,64 1,76 1,15 50,42 0,03 -
Leandro Bezerra de Menezes 38,9 3,8 0,49 56,53 0,28 -
Timbaúba 30,49 5,58 0,43 63,43 0,06 -
Pio XII 29,24 6,19 1,21 63,31 0,05 -
Franciscanos 41,95 3,21 1,11 53,54 0,19 -
Limoeiro 39,03 5,27 0,68 54,86 0,16 -
Pirajá 35,54 3,93 0,84 59,63 0,05 -
Romeirão 26,95 4,11 1,1 67,76 0,08 -
João Cabral 26,63 5,48 0,9 66,61 0,38 -
Triângulo 31,09 5,25 2,38 61,04 0,24 -
Antônio Vieira 32,18 4,35 0,96 62,45 0,06 -
Santa Teresa 35,2 7,19 1,13 56,38 0,1 -
Salesianos 39,79 4,14 1,2 54,65 0,21 -
Socorro 38,12 3,59 0,78 57,5 - -
Salgadinho 30,28 4 0,77 64,95 - -
Horto 19,79 5,11 0,67 74,37 0,06 -
Três-Marias 25,35 10,09 1,64 62,84 0,09 -
Planalto 60,87 1,74 1,16 36,23 - -
Lagoa Seca 42,83 3,66 0,7 52,67 0,14 -
Jardim Gonzaga 25,66 3,36 0,75 70,17 0,07 -
São José 34,09 3,92 1,76 60,10 0,08 0,05
José Geraldo da Cruz 34,76 6,31 0,78 58,15 - -
Tiradentes 36,79 5 1,28 56,64 0,30 -
Campo Alegre 21,49 6,16 1,29 71,05 - -
Cidade Universitária 43,49 1,49 2,97 52,04 - -
Frei Damião 25,88 8,59 1,61 63,88 0,04 -
Santo Antonio 36,32 2,03 0,48 61,1 0,07 -
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

Já no quadro abaixo, é possível visualizar o perfil da população por localidade


segundo a faixa etária. Em 2010, a população municipal se concentrava na faixa etária de
20 a 24 anos (10,28%). Entre as 39 localidades identificadas (3 distritos e 36 bairros),
cinco bairros tinham suas populações concentradas em grupos etários acima dessa média,
como era o caso dos bairro Centro e Socorro, com, respectivamente, 12,88% e 9,25% de
pessoas com 70 ou mais anos de idade. Já o bairro Planalto destoava das demais
localidades por apresentar concentração de pessoas na faixa de 30 a 34 anos, com 11,01%

514
(o bairro Cidade Universitária tinha percentuais de 13,01% para as faixas de 20 a 24 e 25
a 29 anos.
Já localidades como o distrito Marrocos e os bairros Carité, Pedrinhas,
Aeroporto, Timbaúba, Romeirão, João Cabral, Horto, Três-Marias, Jardim Gonzaga, São
José e Frei Damião tinham população concentrada no grupo etário de 10 a 14 anos. No
caso do distrito Padre Cícero, o grupo predominante se encontrava dos 15 aos 19 anos
(Quadro 88).

515
Quadro 88: População de Juazeiro do Norte por distritos e bairros segundo faixa etária (anos), 2010.
Localidade 0-4 5-9 10-14 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-69 70-mais
Total do município 8,23 8,36 10,16 9,68 10,28 9,05 8,39 6,84 6,05 5,02 3,99 3,4 5,38 5,18
D. Juazeiro do Norte 8,24 8,36 10,12 9,65 10,29 9,08 8,41 6,84 6,06 5,03 3,99 3,39 5,37 5,17
D. Marrocos 8,59 9,04 12,48 10,59 9,3 8,17 7,22 6,16 5,79 4,01 3,82 3,59 6,28 4,95
D. Padre Cícero 7,66 7,85 10,76 10,83 9,88 7,68 7,9 7,34 6,02 5,02 4,07 3,49 5,56 5,93
Centro 3,82 4,35 6,55 8,04 9,1 7,62 5,99 5,96 6,99 6,94 6,69 5,17 9,88 12,88
Juvêncio Santana 7,29 7,57 8,99 9,47 9,99 9,73 9,05 5,91 5,84 5,21 4,73 3,38 5,56 7,29
São Miguel 4,9 5,42 7,43 8,51 9,93 8,5 6,95 6,84 7,01 6,38 6,02 5,19 7,51 9,42
Carité 11,62 8,85 11,83 10,87 11,19 9,49 8,53 6,72 4,69 4,69 2,45 1,39 4,26 3,41
Fátima 8,3 7,83 9,31 9,31 10,83 9,91 9,16 6,86 5,77 4,67 4,96 3,42 5,19 4,49
Pedrinhas 10,47 10,18 12,29 10,4 10,23 8,24 7,62 6,9 6,01 4,09 3,08 2,59 4,26 3,64
Aeroporto 7,39 9,85 11,13 10,22 9,76 8,39 7,94 7,3 5,75 5,2 4,38 4,11 5,02 3,56
Brejo Seco 10,33 8,56 11,67 12,44 12,56 8,22 6,56 5,33 6,44 4,33 3,11 3,11 2,56 4,78
Betolândia 9,25 9,73 9,1 9,49 10,93 10,26 10,31 7,08 5,3 3,85 3,61 3,37 4,24 3,47
Novo Juazeiro 7,23 7,52 8,15 7,89 10,57 10,03 8,44 6,54 6,74 6,86 5,62 4,49 4,84 5,07
Leandro Bezerra de Menezes 8,31 8,15 10,4 10,56 10,87 9,45 8,61 6,67 6,39 5,84 3,77 3,18 4,91 2,9
Timbaúba 9,25 9,3 11,4 10,08 10,59 9,46 8,97 7,15 5,13 4,39 3,17 2,67 4,46 3,99
Pio XII 8,29 8,34 9,77 9,05 9,84 9,07 8,27 6,99 6,19 4,96 4,07 3,33 6,02 5,81
Franciscanos 5,86 6,36 8,17 9,02 9,51 8,35 7,82 6,92 7,08 5,46 4,94 4,3 7,82 8,4
Limoeiro 7,66 8,31 9,95 9,73 9,96 9,02 8,95 7,58 6,61 5,23 3,87 3,37 5,06 4,69
Pirajá 7 7,57 9,21 9,81 10,49 9,14 8,28 6,66 6,01 5,29 4,34 3,97 6,33 5,89
Romeirão 7,62 7,92 10,28 9,68 10,25 8,97 8,71 6,86 5,32 4,78 3,83 3,56 6,72 5,5
João Cabral 10,17 9,78 11,88 10,31 11,03 9,03 8,27 6,45 5,22 4,34 3,23 2,81 4,22 3,27
Triângulo 9,42 8,82 10,48 10,39 11,24 9,78 8,75 7,24 5,73 4,55 3,66 2,55 4,2 3,18
516
Antônio Vieira 8,46 8,68 10,73 9,81 10,76 9,1 8,97 6,97 6,59 5,13 3,62 2,95 4,18 4,05
Santa Teresa 7,33 7,45 9,4 9,62 10,06 8,48 8,91 5,95 6,18 5,01 4,24 4,16 6,81 6,4
Salesianos 6,08 6,41 7,93 8,73 9,74 9,09 7,89 7,01 6,74 5,73 5,02 4,5 7,13 8
Socorro 4,96 5,29 7,68 8,92 9,17 7,97 8,01 5,66 7,6 6,32 5,99 4,75 7,72 9,95
Salgadinho 5,76 6,69 8,07 8,92 9,76 8,99 7,53 6,92 6,61 5 4,77 4,53 7,07 9,38
Horto 9,4 9,62 12,46 11,2 10,07 6,9 7,41 5,99 5,38 4,02 3,41 3,35 5,2 5,58
Três-Marias 10,95 9,9 12,27 11,04 9,86 8,36 7 6,59 4,54 4,63 3,23 2,68 5,09 3,86
Planalto 7,54 10,14 7,54 8,7 10,14 8,99 11,01 9,57 7,83 9,28 2,32 2,03 2,32 2,61
Lagoa Seca 8,12 7,42 9,15 9,03 11,33 10,71 10,22 6,74 6,64 4,58 3,89 3,64 5,24 3,29
Jardim Gonzaga 9,72 9,89 11,11 10,38 10,15 8,94 8,16 6,99 6,16 5,07 3,4 2,66 3,93 3,45
São José 9,07 9,6 10,83 9,21 9,39 9,95 10,52 7,68 5,92 5,09 3,07 2,71 3,76 3,18
José Geraldo da Cruz 10,11 8,92 10,54 9,89 11,16 9,44 9,87 7,11 6,25 5,15 3,1 2,39 3,47 2,59
Tiradentes 8,52 8,54 9,86 9,83 11,11 10,29 9,08 7,29 5,94 5,16 3,66 3,15 4,17 3,39
Campo Alegre 9,58 9,7 11,04 9,25 11,91 10,54 10,62 7,25 6,12 3,71 2,33 2,04 3,29 2,62
Cidade Universitária 8,18 7,43 5,2 10,41 13,01 13,01 10,78 7,06 7,81 5,58 2,97 2,23 4,46 1,86
Frei Damião 11,22 10,96 12,92 10,19 9,65 9 7,73 6,32 4,83 3,97 3,05 2,4 4,16 3,6
Santo Antonio 6,99 8,18 9,57 8,92 10,65 8,67 7,65 7,42 7,7 6,39 4,26 3,34 5,22 5,04
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA (2022).

517
A população total de Juazeiro do Norte apresenta uma taxa de alfabetização
de 83,62%, acima da estadual (81,24%) e abaixo da nacional (89,08%). Quando se
observa esse indicador por bairro, verifica-se que os cinco primeiros colocados têm entre
94,98% e 90,36% de suas populações alfabetizadas (são os bairros Lagoa Seca, Leandro
Bezerra de Menezes, Juvêncio Santana, Carité e Jardim Gonzaga). Já em termos de não
alfabetizados, destacam-se os bairros Planalto, Centro, Três-Marias e Santo Antonio,
além do distrito Padre Cícero, cujas taxas ficam entre 30,31% e 25,08%. Ao todo, são 10
bairros que ficam abaixo de 80% da população alfabetizada e, portanto, distantes da média
municipal (Quadro 89).

Quadro 89: População de Juazeiro do Norte por distritos e bairros segundo alfabetização, 2010.
Alfabetizadas Não alfabetizadas
Distrito e bairro
% %
Total do município 83,62 16,38
Distrito Juazeiro do Norte 83,62 16,38
Distrito Marrocos 83,92 16,08
Distrito Padre Cícero 72,45 27,55
Centro 72,98 27,02
Juvêncio Santana 94,35 5,65
São Miguel 85,44 14,56
Carité 92,54 7,46
Fátima 75,87 24,13
Pedrinhas 89,22 10,78
Aeroporto 76,51 23,49
Brejo Seco 87,39 12,61
Betolândia 78,31 21,69
Novo Juazeiro 86,04 13,96
Leandro Bezerra de Menezes 94,38 5,62
Timbaúba 89,6 10,4
Pio XII 80,09 19,91
Franciscanos 82,57 17,43
Limoeiro 87,86 12,14
Pirajá 85,49 14,51
Romeirão 84,6 15,4
João Cabral 80,42 19,58
Triângulo 77,36 22,64

518
Antônio Vieira 83,32 16,68
Santa Teresa 87,3 12,7
Salesianos 82,16 17,84
Socorro 89,22 10,78
Salgadinho 89,14 10,86
Horto 86,38 13,62
Três-Marias 73,89 26,11
Planalto 69,69 30,31
Lagoa Seca 94,98 5,02
Jardim Gonzaga 90,36 9,64
São José 82,28 17,72
José Geraldo da Cruz 85,58 14,42
Tiradentes 88,8 11,2
Campo Alegre 87,67 12,33
Cidade Universitária 77,06 22,94
Frei Damião 85,02 14,98
Santo Antonio 74,92 25,08
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

Outro indicador relevante sobre as desigualdades sociais diz respeito a existência


ou não de banheiro nos domicílios (Quadro 90). Quanto a isso, 94,25% dos 69.151
domicílios existentes em Juazeiro do Norte no ano de 2010 tinham banheiro de uso
exclusivo, sendo que 1,56% não tinham nem banheiro e nem sanitário (para esses
indicadores, as médias do estado eram de 84,38% e 7,24%, respectivamente). Nesse
sentido, há 25 bairros em que esse indicador fica acima da média municipal, alguns
chegando a 99,65%, como é o caso do bairro Leandro Bezerra. Os cinco principais
distritos e bairros em que esses equipamentos estavam ausentes eram: os distritos
Marrocos (17,12%) e Padre Cícero (10,17%), e os bairros Horto (9,58%), Campo Alegre
(5,89%) e Três-Marias (5,79%). Os demais bairros apresentavam percentuais inferiores a
5%. No caso do Horto, ressalte-se que em 2010, do total da população (5.073 habitantes)
e dos domicílios (1.325) do bairro, 84,80% e 85,28%, respectivamente se encontravam
na categoria de aglomerado subnormal, o que, entre outras cosas, indica precariedade nos

519
serviços públicos essenciais. Pondere-se também ser o Horto o bairro do município que
mais concentrava pessoas autodeclaradas pardas em 2010 (74,37%).

Quadro 90: Domicílios particulares permanentes por localidade segundo existência de banheiro ou
sanitário.
Tinham banheiro de uso exclusivo Tinham Não tinham banheiro
Distrito e bairro do domicílio sanitário nem sanitário
Total Total Total
Total do município 94,25 4,20 1,56
D. Juazeiro do Norte 94,87 3,86 1,27
D. Marrocos 67,27 15,61 17,12
D. Padre Cícero 72,14 17,69 10,17
Centro 98,53 0,74 0,74
Juvêncio Santana 97,93 1,98 0,09
São Miguel 98,23 1,4 0,37
Carité 88,59 7,6 3,8
Fátima 98,97 0,94 0,09
Pedrinhas 91,11 4,58 4,31
Aeroporto 98,84 0,78 0,39
Brejo Seco 91,78 5,48 2,74
Betolândia 91,26 6,51 2,23
Novo Juazeiro 99,19 0,71 0,1
Leandro Bezerra de
Menezes 99,65 0,35 -
Timbaúba 94,62 5,09 0,29
Pio XII 98,92 0,76 0,32
Franciscanos 97,57 2,05 0,39
Limoeiro 96,94 2,59 0,47
Pirajá 97,17 2,71 0,12
Romeirão 93,37 6,37 0,25
João Cabral 95,07 4,51 0,42
Triângulo 95,2 3,56 1,24
Antônio Vieira 99,05 0,68 0,26
Santa Teresa 97,2 2,5 0,31
Salesianos 98,48 1,29 0,22
Socorro 97,88 1,27 0,85
Salgadinho 98,85 0,57 0,57
Horto 74,11 16,3 9,58
Três-Marias 91,23 2,98 5,79

520
Planalto 95,41 3,67 0,92
Lagoa Seca 98,67 1,33 -
Jardim Gonzaga 89,62 8,67 1,71
São José 97,72 1,81 0,47
José Geraldo da
Cruz 94,92 4,28 0,81
Tiradentes 97,65 1,88 0,48
Campo Alegre 81,75 12,36 5,89
Cidade Universitária 91,76 4,71 3,53
Frei Damião 86,96 10,04 3
Santo Antonio 99,46 0,54 -
Fonte: Elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

Quando se observa o tipo de esgotamento sanitário das localidades do município


(Quadro 91), enquanto a média municipal é de apenas 34,54% dos 69.151 domicílios
conectados à rede geral de esgoto ou pluvial (acima da estadual, de 32,76%), bairros como
São Miguel, Pio XII, Romeirão e Franciscanos tinham taxas entre 74,67% e 61,91%.
Outros 10 bairros também ficam acima da média do município, com percentuais entre
59,21% e 35,36%. No caso do bairro Brejo Seco, além de não ter nenhum dos seus
domicílios conectados à rede de esgoto, 94,52% deles faziam uso de fossa rudimentar.
Em relação ao município, o uso desse instrumento chegava a 49,25% dos domicílios
(acima da média estadual, de 45,43%), ao todo existindo 25 localidades em que as
porcentagens ficavam acima dessa média.

Quadro 91: Domicílios particulares permanentes por localidade segundo tipo de esgotamento sanitário.
Rede geral de esgoto ou Fossa Fossa Outros e não
Distrito e Bairro
pluvial séptica rudimentar tinham
Total do município 34,54 13,16 49,25 3,05
Distrito Juazeiro do
Norte 35,36 13,47 48,75 2,42
Distrito Marrocos 0,3 2,58 51,67 45,45
Distrito Padre Cícero 4,67 0,37 79,19 15,76
Centro 57,97 1,93 37,27 2,84
Juvêncio Santana 25,86 31,21 42,41 0,52
São Miguel 74,67 6,48 18,28 0,57

521
Carité 0,38 87,07 8,75 3,8
Fátima 51,73 13,03 32,15 3,09
Pedrinhas 2,86 7,52 85,07 4,55
Aeroporto 3,49 1,94 93,8 0,78
Brejo Seco - 1,37 94,52 4,11
Betolândia 1,3 15,06 80,86 2,79
Novo Juazeiro 6,48 1,52 91,3 0,71
Leandro Bezerra de
Menezes 55,93 7,56 35,35 1,16
Timbaúba 29,84 2,03 67,18 0,96
Pio XII 74,5 5,97 18,99 0,55
Franciscanos 61,91 8,63 28,41 1,06
Limoeiro 41,34 6,41 51,37 0,87
Pirajá 59,21 13,89 26,43 0,47
Romeirão 68,89 2,83 27,97 0,3
João Cabral 49,3 9,61 39,82 1,27
Triângulo 6,48 18,14 73,91 1,46
Antônio Vieira 24,71 19,72 51,42 4,15
Santa Teresa 35,63 16,56 46,84 0,97
Salesianos 58,82 5,28 35,23 0,66
Socorro 40,82 14,27 43,36 1,55
Salgadinho 13,18 - 86,25 0,57
Horto 5,36 7,32 62,79 24,52
Três-Marias 20 2,63 68,77 8,6
Planalto 3,67 58,72 34,86 2,75
Lagoa Seca 19,61 35,45 42,85 2,1
Jardim Gonzaga 15,02 28,94 49,45 6,59
São José 17,83 41,79 39,11 1,27
José Geraldo da Cruz 14,61 12,03 72,15 1,21
Tiradentes 5 8,27 85,99 0,74
Campo Alegre 1,52 29,66 61,6 7,22
Cidade Universitária 8,24 70,59 14,12 7,06
Frei Damião 12,76 22,7 61,02 3,52
Santo Antonio 11,01 37,44 50,89 0,66
Fonte: Elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

No que tange ao tipo de ocupação dos domicílios (Quadro 92), no município


predomina aqueles próprios já quitados (56,30%). Nessa categoria, 13 localidades

522
ficavam acima dessa média, com valores entre 87,73% (distrito Marrocos) e 57,35%
(bairro Tiradentes). Em termos de domicílios alugados, enquanto o percentual municipal
ficava em 35,37%, 20 bairros apresentavam taxas entre 44,24% (bairro Pio XII) e 35,09%
(bairro Juvência Santana).

Quadro 92: Domicílios particulares permanentes por localidade segundo tipo de ocupação. 2010.
Próprio já Próprio em
Alugado Cedido
Localidade quitado aquisição
Total Total Total Total
Total do município 56,30 3,13 34,37 6,02
Distrito Juazeiro do Norte 55,62 3,21 35,12 5,89
Distrito Marrocos 87,73 - 1,82 10
Distrito Padre Cícero 79,29 0,27 7,61 11,64
Centro 55,93 0,51 39,65 3,29
Juvêncio Santana 56,12 1,98 35,09 6,21
São Miguel 52,23 1,28 40,55 5,73
Carité 56,27 2,28 29,66 11,79
Fátima 55,2 1,97 37,21 5,62
Pedrinhas 64,66 2,51 24,29 8,5
Aeroporto 72,87 0,39 7,75 18,22
Brejo Seco 62,1 1,37 20,55 15,98
Betolândia 64,13 12,83 14,5 8,55
Novo Juazeiro 67 3,24 25,4 4,35
Leandro Bezerra de Menezes 42,44 29,19 22,09 6,16
Timbaúba 51 2,46 40,52 5,99
Pio XII 50,68 0,29 44,24 4,26
Franciscanos 51,7 0,72 41,77 5,75
Limoeiro 50,44 5,51 39,15 4,9
Pirajá 50,74 1,07 42,58 5,54
Romeirão 52,86 0,86 40,47 5,77
João Cabral 52,82 1,66 40,09 5,39
Triângulo 49,96 2,29 43,1 4,42
Antônio Vieira 54,57 2,21 37,7 5,36
Santa Teresa 52,96 0,56 40,62 5,81
Salesianos 50,46 2,22 41,45 5,63
Socorro 52,68 1,41 40,54 5,37
Salgadinho 47,85 0,29 43,27 8,6
Horto 72,3 0,83 18,42 8,45
Três-Marias 71,4 2,81 16,84 8,6

523
Planalto 44,04 17,43 29,36 9,17
Lagoa Seca 53,73 2,65 39,01 4,61
Jardim Gonzaga 66,91 1,77 26,62 4,33
São José 54,66 15,95 24,36 4,86
José Geraldo da Cruz 51,9 10,17 30,99 6,38
Tiradentes 57,35 4,52 33,24 4,82
Campo Alegre 65,59 1,52 23,57 9,13
Cidade Universitária 52,94 10,59 32,94 3,53
Frei Damião 69,44 3,49 20,83 6,13
Santo Antonio 53,63 1,85 38,81 5,12
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

Em termos da quantidade de moradores por domicílio (Quadro 93), a média


municipal era de 43,34% das residências com 2 ou 3 moradores, havendo bairros em que
esse percentual chega a 49,41% (bairro Cidade Universitária) – outras 19 localidades
apresentavam percentuais acima do valor municipal. Único bairro em que os domicílios
eram mais habitados com 4 ou 5 moradores, o Aeroporto tinha 43,80% de residências
nesse grupo.

Quadro 93: Domicílios particulares permanentes por localidade segundo número de moradores. 2010.
Distrito e bairro 1 morador 2 ou 3 moradores 4 ou 5 moradores 6 ou mais moradores
Total do município 9,12 43,34 35,49 12,03
Distrito Juazeiro do Norte 9,12 43,45 35,54 11,89
Distrito Marrocos 10,15 35,91 33,03 20,91
Distrito Padre Cícero 8,8 41,52 34,55 15,12
Centro 14,92 46,9 31,59 6,57
Juvêncio Santana 7,16 43,71 37,15 11,99
São Miguel 12,91 42,07 35,47 9,52
Carité 9,51 45,25 32,32 12,92
Fátima 8,25 43,21 38,33 10,2
Pedrinhas 9,56 42,95 35,46 12,03
Aeroporto 3,88 32,56 43,8 19,79
Brejo Seco 6,85 36,98 36,07 20,1
Betolândia 5,02 43,68 35,88 15,44
Novo Juazeiro 7,49 44,13 40,08 8,29
Leandro Bezerra de Menezes 5,93 41,86 40,24 11,98

524
Timbaúba 8,71 43,88 35,54 11,88
Pio XII 8,86 45,57 35,34 10,24
Franciscanos 11,31 45,67 32,67 10,34
Limoeiro 8,08 45,31 36,56 10,06
Pirajá 9,44 45,26 34,22 11,07
Romeirão 8,55 44,56 35,41 11,48
João Cabral 8,46 41,84 36,15 13,55
Triângulo 8,32 44,53 34,59 12,55
Antônio Vieira 8,31 43,37 36,6 11,73
Santa Teresa 11,72 42,56 33,59 12,12
Salesianos 11,97 43,34 33,78 10,89
Socorro 11,86 46,61 30,22 11,3
Salgadinho 13,18 39,83 36,97 10,04
Horto 10,19 40,23 31,24 18,33
Três-Marias 10,88 36,67 32,98 19,48
Planalto 23,85 33,94 33,03 9,18
Lagoa Seca 9,28 43,26 35,94 11,52
Jardim Gonzaga 7,63 42,07 36,45 13,85
São José 6,02 45,7 37,23 11,05
José Geraldo da Cruz 5,49 43,67 37,53 13,32
Tiradentes 6,36 43,13 38,68 11,82
Campo Alegre 3,61 46,01 32,7 17,68
Cidade Universitária 10,59 49,41 32,94 7,06
Frei Damião 8,41 39,99 36,13 15,48
Santo Antonio 8,57 41,85 40,78 8,81
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

No que se refere à classe de rendimento nominal mensal (Quadro 94), no


município a média de pessoas com 10 ou mais anos se encontrava na categoria sem
rendimento (39,85%), o que inclui quem recebia somente em benefícios. Em 18 das
localidades do município, nessa categoria os percentuais ficavam entre 53,03% (distrito
Marrocos) e 39,99% (bairro Triângulo). A segunda classe de rendimentos predominante
no município correspondia a quem recebia entre mais de meio salário a um salário, sendo
a única exceção o bairro Socorro, em que essa classe de rendimento era a principal entre
a população do bairro (35,43%, enquanto sem rendimento era 34,33%).

525
Quadro 94: Pessoas de 10 ou mais anos de idade por localidade segundo classes de rendimento nominal
mensal. 2010.
Até Mais Mais Mais Mais Mais Mais
Distrito e Sem
1/2 s de 1/2 de 1 a de 2 a de 5 a de 10 a de 20 s
bairro rendimento
m a1sm 2sm 5sm 10 s m 20 s m m
Total do
município 10,97 32,14 10,21 4,72 1,51 0,44 0,16 39,85
D. Juazeiro do
Norte 10,8 32,21 10,37 4,82 1,54 0,45 0,16 39,65
D. Marrocos 15,89 28,01 2,57 0,41 0,09 - - 53,03
D. Padre Cícero 17,87 30,63 6,09 1,79 0,26 0,03 - 43,33
Centro 3,49 25,69 15,44 14,87 5,44 2,08 0,53 32,46
Juvêncio
Santana 9,49 33,05 12,25 4,07 1,09 0,19 0,03 39,83
São Miguel 6,25 31,7 12,57 9,83 3,1 0,5 0,12 35,93
Carité 21,98 31,77 7,91 1,88 0,13 0,13 - 36,19
Fátima 8,93 35,3 11,6 4,98 1,87 0,37 0,09 36,86
Pedrinhas 17,8 30,74 7,88 1,86 0,29 0,01 0,01 41,4
Aeroporto 3,75 26,35 5,4 6,06 5,07 1,65 1,21 50,5
Brejo Seco 17,4 29,59 5,07 3,42 1,64 0,55 - 42,33
Betolândia 12,49 29,79 12,43 8,38 2,2 0,48 0,12 34,13
Novo Juazeiro 4,29 27,68 14,77 11,93 4,09 0,71 0,14 36,4
Leandro
Bezerra de
Menezes 6,98 33,74 11,01 5,8 1,26 0,26 - 40,95
Timbaúba 15,03 34,33 9,07 2,43 0,57 0,06 0,02 38,49
Pio XII 10,76 37,54 9,01 2,09 0,32 0,01 - 40,26
Franciscanos 6,46 37,6 10,84 4,81 1,01 0,11 0,03 39,14
Limoeiro 10,22 32,65 11,24 5,93 1,8 0,6 0,16 37,4
Pirajá 9,63 36,4 10,71 3,58 0,74 0,1 0,03 38,8
Romeirão 11,54 37,17 9,48 2,75 0,35 0,05 0,02 38,65
João Cabral 15,79 31,66 7,97 1,45 0,22 0,03 - 42,89
Triângulo 11,29 33,14 10,3 3,67 1,1 0,39 0,11 39,99
Antônio Vieira 8,24 30,11 12,18 4,59 1,39 0,4 0,05 43,04
Santa Teresa 10,13 34,68 9,86 3,61 1,12 0,2 0,05 40,34
Salesianos 6,92 34,14 13,07 7,52 1,75 0,39 0,12 36,11
Socorro 5,66 35,43 13,76 8,33 2,07 0,37 0,05 34,33
Salgadinho 3,86 35,47 11,68 7,81 3,07 0,88 0,18 37,05
Horto 15,68 29,04 5,7 0,8 0,12 - - 48,66
Três-Marias 21,99 30,25 5,34 1,38 0,17 - 0,06 40,82
Planalto 3,17 14,44 4,93 10,92 15,14 6,34 9,86 35,21
Lagoa Seca 6,5 24,09 10,81 8,53 7,84 4,36 2,4 35,48

526
Jardim
Gonzaga 10,6 29,5 8,23 4,44 3,24 2,13 0,81 41,05
São José 10,3 29,06 11,84 7,24 2,37 0,67 0,17 38,34
José Geraldo da
Cruz 11,23 27,04 13,36 6,28 1,62 0,32 0,03 40,11
Tiradentes 9,21 29,19 12,6 7,19 2,29 0,47 0,14 38,91
Campo Alegre 16,67 24,97 5,37 1,44 0,21 - - 51,34
Cidade
Universitária 8,81 18,06 5,73 8,37 7,93 3,96 0,88 46,26
Frei Damião 16,02 29,57 7,28 1,67 0,37 0,06 - 45,03
Santo Antonio 6,73 31,79 13,14 6,65 2,35 0,37 0,14 38,83
* A categoria Sem rendimento inclui as pessoas que recebiam somente em benefícios.
* Salário mínimo utilizado: R$ 510,00.
Fonte: elaborado a partir de dados extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA
(2022).

15.5 Vulnerabilidades social em Juazeiro do Norte

A cidade de Juazeiro do Norte aparece fortemente marcada por processos de


desigualdade socioespacial que provocam diversas formas de vulnerabilidade a parte
significativa de sua população. Trata-se de uma cidade fragmentada e segregada do ponto
de vista da sua configuração urbana quando observamos as características e a distribuição
da população em seu território. Essa desigualdade se expressa pelas características da
população, a precariedade de acesso a equipamentos e serviços públicos, bem como as
características e indicadores agregados por bairros.
A situação da vulnerabilidade social no município pode ser averiguada a
partir de alguns indicadores. Segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil
(2022), entre 2000 e 2010 houve redução no percentual de crianças extremamente pobres,
que passou de 29,85% para 10,55%, respectivamente. Já o percentual de mães chefes de
família sem ensino fundamental completo e com filhos menores de 15 anos passou, no
mesmo período, de 19,03% para 18,45%. Ainda conforme o Atlas do Desenvolvimento
Humano no Brasil (2022): “Neste mesmo período, é possível perceber que houve redução
no percentual de pessoas de 15 a 24 anos que não estudam nem trabalham e são
vulneráveis à pobreza, que passou de 20,67% para 15,55%”. E, como já se observou

527
anteriormente, entre 2000 e 2010 também houve crescimento no percentual da população
em domicílios com banheiro e água encanada (Quadro 95e Quadro 96). Em 2000, o
percentual era de 72,94% e, em 2010, o indicador registrou 90,63%. Dados de 2020 e que
foram apresentados na Quadro 77 indicavam que a cobertura da rede de abastecimento de
água já chegava a 99,19%.
Em 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM de
Juazeiro do Norte ocupava a 2078ª posição entre os 5.565 municípios brasileiros e a 5ª
posição entre os municípios cearenses (Quadro 95). Entre os anos de 2000 e 2010, esse
indicador apresentou aumento, passando de 0,544 para 0,694 em relação a Juazeiro e de
0,541 para 0,682 em relação ao estado (quanto mais próximo de 1,000, maior o
desenvolvimento humano). Assim, a evolução do índice foi de 27,57% no município e
26,06% no Ceará. Com isso, o IDHM foi médio (na faixa entre 0,600 e 0,699).

Quadro 95: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), 2000 e 2010.

IDHM IDHM IDHM Renda IDHM Longevidade IDHM Educação


Territorialidades
2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010
Brasil 0,612 0,727 0,692 0,739 0,727 0,816 0,456 0,637
Ceará 0,541 0,682 0,588 0,651 0,713 0,793 0,377 0,615
Juazeiro do Norte 0,544 0,694 0,578 0,644 0,713 0,81 0,39 0,642
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2022).

O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2022) também permite


observar os dados do IDHM de forma desagregada por gênero (homens e mulheres) e
cor/raça (negros e brancos), permitindo visualizar desigualdades sociais a partir desses
grupos. Assim, em 2010 o IDHM em Juazeiro do Norte para as mulheres e os homens era
de 0,727 e 0,672, respectivamente. Em números absolutos, a diferença entre ambos era
de 0,055. Já a defasagem entre o IDHM da população negra em relação a população
branca era de 0,069, sendo 0,671 para os primeiros e 0,740 para os segundos, em 2010.
No quadro abaixo, pode-se observar as variações para homens e mulheres, brancos e
negros dos valores correspondentes a cada um dos três indicadores que compõem o IDHM

528
(educação, longevidade e renda), o que permite dimensionar melhor as desigualdades
sociais quanto aos marcadores de gênero e cor/raça (Quadro 96).

Quadro 96: IDHM e seus indicadores no município de Juazeiro do Norte, 2000 e 2010.
Total 2010 2010
Indicadores
2000 2010 Negros Brancos Diferença Mulheres Homens Diferença
IDHM 0,544 0,694 0,671 0,740 0,069 0,727 0,672 0,055
IDHM 0,39 0,642 0,613 0,709 0,682 0,644
0,096 0,038
Educação
IDHM 0,713 0,810 0,805 0,824 0,877 0,732
0,019 0,145
Longevidade
IDHM Renda 0,578 0,644 0,611 0,693 0,082 0,642 0,645 0,003

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2022).

No Quadro 97, abaixo, é possível dimensionar desigualdades de gênero e


cor/raça no que diz respeito aos indicadores mortalidade infantil e esperança de vida ao
nascer. Esses dados ajudam a entender, por exemplo, aqueles apresentados no Quadro 86,
em que no ano de 2010 a população feminina apresentava maior percentual de
concentração na faixa entre 20-24 anos (10,17%), enquanto o maior quantitativo de
homens se encontrava entre os 10-14 anos (10,85%). Assim, a diferença entre a esperança
de vida de homens e mulheres era de 8,74 anos.

Quadro 97: Longevidade e mortalidade, por gênero e cor/raça em Juazeiro do Norte, 2000 e 2010.
Total Negros Brancos Mulheres Homens
Indicadores
2000 2010 2010 2010 2010 2010
Mortalidade infantil 40,94 18,12 18,72 16,39 16,97 19,12
Esperança de vida ao nascer 67,76 73,58 73,29 74,43 77,64 68,90

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2022).

Como outro elemento do levantamento diagnóstico que expressa essa


condição da vulnerabilidade de parte da população Juazeirense, observou-se que em
janeiro de 2022, de acordo com dados do Ministério da Cidadania, registrava-se o total
de 161.690 pessoas inscritas no Cadastro Único no município (Quadro 98). Dessa

529
população, 35,62% e 33,11% se encontrava em famílias em situação de extrema pobreza
e de baixa renda, respectivamente. Quanto a essas dimensões da vulnerabilidade social,
os dados abaixo estão organizados por famílias cadastradas e por quantidade de pessoas
nas famílias, além de indicar o número de famílias em situação de rua.

Quadro 98: Número de pessoas inscritas no Cadastro Único segundo situação de extrema pobreza,
pobreza e de rua, janeiro de 2022.
Situação Número %
Famílias cadastradas 63.762 100,00
Famílias em situação de extrema
19.054 29,88
pobreza
Famílias em situação de pobreza 11.246 17,64
Famílias de baixa renda 20.342 31,90
Famílias acima de ½ sal. mín. 13.120 20,58
Famílias em situação de rua (em
196 -
11/2021)*
Pessoas cadastradas 161.690 100,00
Pessoas cadastradas em famílias
57.594 35,62
em situação de extrema pobreza
Pessoas cadastradas em famílias
31.639 19,57
em situação de pobreza
Pessoas cadastradas em famílias
53.532 33,11
de baixa renda
Pessoas cadastradas em famílias
com renda per capita mensal 18.925 11,70
acima de ½ sal. mín.
* Único dado de 11/2021. Ministério da Cidadania (2022b).
Fonte: Ministério da Cidadania (2022a).

A crise econômica, com efeitos como desemprego, escalada da inflação, e o


contexto de calamidade pública instaurado pela pandemia gerada pelo novo coronavírus,
especialmente a partir de março de 2020, pode ter feito retroceder algumas das conquistas
alcançadas nos últimos anos, como ganhos na escolaridade (como a redução do abandono
escolar e da distorção idade-série, e aumento do rendimento escolar, etc.), na saúde

530
(redução das coberturas vacinais), e maior incidência de vulnerabilidades em relação às
populações pobres (como aumento do contingente populacional e agravamento da
situação de moradores em situação de rua, pobreza e extrema pobreza). Assim, é de se
atentar para os dados relativos aos anos de 2021 e 2022, de forma a se ter diagnósticos
mais atualizado frente aos acontecimentos mais recentes e para que, com base neles, seja
possível redefinir ou revisar as estratégias a serem adotadas.
É preciso que o município construa levantamentos georreferenciados dessa
população, entendendo as dinâmicas da distribuição territorial de vulnerabilidades
provocadas pela pobreza e desigualdade social da cidade. Esses dados de espacialização
ajudarão a compreender como definir o planejamento das políticas públicas e o
desenvolvimento de estratégias para mitigação dessas problemáticas.

15.5.1 Loteamentos, aglomerados subnormais

No levantamento de dados junto ao município, buscou-se informações com a


gestão municipal visando a identificação de localidades e configurações de habitação que
possam indicar situações de vulnerabilidade socioespacial. Foram solicitadas
informações sobre condições de moradia consideradas “vulneráveis”, “de risco”,
“irregulares”, “precárias”, “aglomerados subnormais”. Na análise dos materiais
fornecidos, constam documentos sobre localidades passíveis de regularização fundiária
que estão sendo monitoradas e regularizadas.
Nas manifestações da Secretária de Desenvolvimento Social e Trabalho, a
secretaria informou que constavam em seus arquivos:

“[…] levantamentos realizados pelo setor de habitação, das áreas passíveis de


regularização fundiária. Sendo estes, espaços ocupados através de projetos
habitacionais de reassentamentos ou construídos pelo município com a
finalidade de sanar demandas de moradias, consideradas vulneráveis, de risco
ou irregulares”. (SEDEST, 2022).

531
Nos dados informados pelo município, as localidades “passiveis de
regularização fundiária” estão distribuídas nos seguintes bairros, apresentadas no Quadro
99:
Quadro 99: Localidades Passiveis de regularização fundiária.
LOCALIDADE QTD. de UN HABITACIONAIS
Conjunto Almino Loiola – Leandro Bezerra 724
Programa Morar Brasil – Tiradentes 29
Programa Habitar Brasil - Jardim Gonzaga 45
Conjunto Ciceropoles – Frei Damião 88
PROURB – TRIANGULO 167
Conjunto Cidade de Deus - São José 48
Conjunto N. Senhora das Dores – São José 166
Vila Palmeirinha 163
Conjunto Blandina Sobreira -Betolândia 58

Fonte: SEDEST, 2022 (OFÍCIO 73/2022-SEDEST).

Cabe observar que a informação diz respeito a “projetos habitacionais de


reassentamentos ou construídos pelo município com a finalidade de sanar demandas de
moradias, consideradas vulneráveis, de risco ou irregulares”. Com isso, não se apresentou
informações que permitam identificar a localização das áreas consideradas como
“vulneráveis, de risco ou irregulares”, o quantitativo de moradias nessas condições e o
número de moradores reassentados.
Ainda sobre esse tópico, nas manifestações recebidas oriundas da
Superintendência/ Autarquia Municipal de Meio Ambiente, afirma-se que:

“De acordo com o parecer técnico nº 236/2021 AMAJU – em ANEXO, não há


loteamentos irregulares, do ponto de vista urbanístico, cartorial e jurídico
licenciados na Autarquia Municipal de Meio Ambiente de Juazeiro do Norte –
AMAJU, posto que no último ano envidamos esforços em auditorias, busca
ativa e correções através dos nossos analistas ambientais, conforme relatório
que encaminhamos”. (AMAJU, 2021)

Nesse sentido, o referido parecer (236/2021 AMAJU) trata dos


loteamentos/parcelamentos de solo no município de Juazeiro do Norte,
licenciados na Autarquia Municipal de Meio Ambiente – AMAJU”

532
(PARECER 236/2021 AMAJU, f. 1). Em função de se tratar de
empreendimentos já licenciados pela autarquia, é de se esperar que entre
estes inexistam irregularidades, ressaltando que estas são identificadas no
ofício (“não há loteamentos irregulares do ponto de vista urbanístico,
cartorial e jurídico”. (AMAJU, 2021)

O parecer técnico ainda informa que desde 2012, ano de início das atividades
da AMAJU, foram licenciados 35 loteamentos. Desses, os últimos 24 licenciados
passaram “por auditoria completa em seus respectivos processos”, no primeiro semestre
de 2021.
Apesar disso, o mesmo parecer técnico apresenta ponderações que são
pertinentes de serem observadas no processo de revisão do Plano Diretor do Município,
uma vez que chamam a atenção para a possibilidade da existência de loteamentos não
regulares junto ao órgão, identificação de casos em desacordo com a legislação do Plano
Diretor vigente e de áreas de expansão imobiliária que não estão abrigadas pela legislação
atual. Dada a importância de tais informações face ao processo de revisão do Plano
Direito, a seguir reproduzo trechos do parecer tal como escrito:

Não descarto a possibilidade de haver loteamentos não licenciados sujeitos a


fiscalização para fins de regularização ambiental junto a esta autarquia” (f. 2).

Quanto a ocupação do território, é importante ressalta que alguns desses


loteamentos estão localizados fora do zoneamento urbano da Lei de
Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo do Município de Juazeiro do Norte
(Lei n° 2.570 de 08 de setembro de 2000). No entanto todos contam com
CERTIDÃO DE ANUÊNCIA DO MUNICÍPIO, emitida em caráter especial
pelo órgão responsável, SEMASP (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e
Serviços Públicos), aos quais os critérios para a emissão são alheios a esta
Autarquia, como os loteamentos da vila planalto na colina do horto, onde há
três empreendimentos em zona rural: Loteamento Recanto da Colina;
Loteamento Caminho do Horto e Loteamento Conquista Vale do Cariri. Além
desses, há outros que se encontram em zonas de expansão delimitadas em leis
posteriores a Lei nº 2.570 de 08 de setembro de 2000” (f. 2).

Áreas de expansão, como a serra do catolé (horto), o rumo norte as margens


da rodovia que liga Juazeiro do norte ao município de Caririaçu e no sentido
da rodovia que liga Juazeiro do Norte ao município de Missão Velha, são áreas
não inclusas na lei de zoneamento e não há, atualmente, restrições legais
quanto ao seu uso, tornando essas áreas conflituosas e pontos de atenção
quanto a revisão do Plano Diretor do município”.

“E que devido a especulação imobiliária associada ao crescimento rápido da


cidade de Juazeiro do Norte e a defasagem da lei de zoneamento do município,

533
houve a instalação de loteamento, com a devida anuência do município, além
dos limites do zoneamento urbano” (f. 2).

Nessa direção, manifestação técnica datada de maio de 2020 e elaborada pela


Secretaria Municipal de Infraestrutura (SEINFRA) e pela Defesa Civil de Juazeiro do
Norte apresenta um melhor detalhamento sobre as “áreas de risco”. Na manifestação, tais
áreas são consideradas como: “[...] regiões onde é recomendada a não construção de
edificações ou instalações, pois são muito expostas a desastres naturais, como
desabamentos, inundações, colapso de edificação”. Reunindo informações relativas ao
ano de 2018 e do período compreendido entre dezembro de 2019 e abril de 2020, o
documento mapeia em alguns bairros as áreas consideradas de risco, o quantitativo de
famílias atingidas e medidas adotadas.
Assim, em 2018, relatório da Defesa Civil Municipal contabilizou 1281
famílias em áreas de risco “pulverizadas” em diferentes localidades da cidade, sendo
citados os bairros Betolândia, Horto, João Cabral, Limoeiro/Timbaúba,
Socorro/Salesianos e Tiradentes/José Geraldo da Cruz.
Segundo a manifestação técnica conjunta da Secretaria Municipal de
Infraestrutura e a Defesa Civil Municipal, após a adoção de medidas, visitas técnicas
realizadas entre dezembro de 2019 e abril de 2020 constataram que esse quantitativo
sofreu alterações, como pode ser visualizado no Quadro 100, Quadro 101, Quadro 103 e
Quadro 103, que constam na manifestação técnica.

Quadro 100: Famílias que saíram da condição de risco.

Bairro Número de famílias Caracterização do risco


Insalubridade divo à rede elétrica de alta
João Cabral 184
tensão (69 KV)
Socorro/Salesianos 96 Inundação
Insalubridade divo à rede elétrica de alta
Triângulo 161
tensão (69 KV)
Total 441 famílias
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022 a partir de dados da SEINFRA e Defesa Civil.

534
Quadro 101: Famílias em áreas de risco que estavam sendo contempladas com melhorias e que
permaneceriam nos imóveis.

Bairro Número de famílias Caracterização do risco


Timbaúba/Limoeiro 227 Inundação
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022 a partir de dados da SEINFRA e Defesa Civil.

Quadro 102: Famílias em áreas de risco que seriam atendidas pelas propostas do município para retiradas
de risco.

Bairro Número de famílias Caracterização do risco


Betolândia 39 Alagamento
Insalubridade divo à rede
Tiradentes/José Geraldo da Cruz 370
elétrica de alta tensão (69 KV)
Total 409 famílias
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022 a partir de dados da SEINFRA e Defesa Civil.

Quadro 103: Famílias em área de risco.

Bairro Número de famílias Caracterização do risco


Colapso de edificação devido
Horto 36
ao relevo irregular
Fonte: Equipe PDM/JN, 2022 a partir de dados da SEINFRA e Defesa Civil.

Ainda nesse sentido, dados do último recenseamento brasileiro realizado pelo


IBGE caracterizam e dão conta da existência de um único “aglomerado subnormal” em
Juazeiro do Norte. Sobre esse termo, o órgão observa que: “Possui certo grau de
generalização de forma a abarcar a diversidade de assentamentos irregulares existentes
no País, conhecidos como: favela, invasão, grota, baixada, comunidade, vila, ressaca,
mocambo, palafita, entre outros” (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA (2010, p. 26). O conceito é definido como:

É um conjunto constituído de, no mínimo, 51 unidades habitacionais (barracos,


casas etc.) carentes, em sua maioria de serviços públicos essenciais, ocupando
ou tendo ocupado, até período recente, terreno de propriedade alheia (pública
ou particular) e estando dispostas, em geral, de forma desordenada e densa”
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (2010, p.
19).

Os critérios para identificação dessas localidades são os seguintes:

535
a) Ocupação ilegal da terra, ou seja, construção em terrenos de propriedade
alheia (pública ou particular) no momento atual ou em período recente
(obtenção do título de propriedade do terreno há 10 anos ou menos); e
b) Possuírem pelo menos uma das seguintes características:
• urbanização fora dos padrões vigentes - refletido por vias de circulação
estreitas e de alinhamento irregular, lotes de tamanhos e formas desiguais e
construções não regularizadas por órgãos públicos; ou
• precariedade de serviços públicos essenciais (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010, p. 19).

Segundo os dados do Censo de 2010, naquele ano, Juazeiro do Norte estava


entre os 14 municípios cearenses com aglomerados subnormais, sendo o único da região
sul do estado67. Apresentando apenas uma localidade assim classificada e sendo
identificada como “Horto”, no aglomerado residiam 4.302 pessoas em 1.130 domicílios
particulares ocupados (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, 2010, p. 87). Note-se que enquanto bairro, o Horto tinha, em 2010, 5.073
habitantes morando em 1.325 domicílios particulares. Uma vez estando o aglomerado
subnormal Horto localizando no bairro de mesmo nome (Figura 164), percebe-se que
mais de 80% dos moradores e dos domicílios do bairro se encontram na situação de
aglomerado subnormal (Quadro 104).

Quadro 104: Número de moradores e domicílios particulares ocupados no bairro e aglomerado subnormal
Horto em 2010.
Categorias Número de moradores % Número de domicílios %
Bairro Horto 5.073 100,00 1.325 100,00
Aglomerado subnormal
4.302 84,80 1.130 85,28
Horto

Fonte: Equipe PDM/JN, 2022 a partir de dados do IBGE (2010).

67
Os demais municípios são: Aquiraz, Camocim, Caucaia, Fortaleza, Granja, Guaiúba, Itaitinga,
Maracanaú, Maranguape, Pacatuba, Pentecoste, Quixadá, Senador Pompeu.

536
Figura 164: Delimitação do aglomerado subnormal Horto.
Fonte: IBGE MAPAS (2022).

O Quadro 105, Quadro 106, Quadro 107, Quadro 108, Quadro 109 e Quadro 110
permitem caracterizar, em termos de serviços de abastecimento de água, coleta de esgoto
e lixo, e fornecimento de energia elétrica, os domicílios particulares permanentes
existentes no aglomerado subnormal Horto, em Juazeiro do Norte. A caracterização
desses serviços está relacionada com os critérios de identificação e classificação dessas
localidades.

Quadro 105: Domicílios particulares permanentes no aglomerado subnormal Horto, em Juazeiro do


Norte, por algumas características dos domicílios em 2010.
Algumas características dos domicílios
Formas de abastecimento
Total Tipo de esgotamento sanitário
de água
Rede geral de Rede geral de esgoto ou Fossa Não tinha banheiro ou
Outra Outra
distribuição pluvial séptica sanitário
1129 1068 61 66 96 861 106

Fonte: IBGE (2010).

537
Quadro 106: Domicílios particulares permanentes aglomerado subnormal Horto, em Juazeiro do Norte,
por algumas características dos domicílios em 2010.
Algumas características dos domicílios
Destino do lixo Existência de energia elétrica

De companhia
distribuidora e com Não existe
Coletado Outra
medidor de uso energia elétrica
Outra exclusivo do domicílio

Em caçamba de
Diretamente por
serviço de
serviços de limpeza
limpeza
892 5 232 1045 67 17
Fonte: IBGE (2010).

Quadro 107: Domicílios particulares permanentes aglomerado subnormal Horto, em Juazeiro do Norte,
por algumas características dos domicílios em 2010.
Forma de abastecimento de água
Água da
Rede geral Poço ou Água da Rios,
Total Poço ou chuva
de nascente fora Carro- chuva açudes,
nascente na armazenada Outra
distribuiçã da pipa armazenada lagos ou
propriedade de outra
o propriedade em cisterna igarapés
forma
1129 1068 14 2 - - 1 - 44

Fonte: IBGE (2010).

Quadro 108: Domicílios particulares permanentes aglomerado subnormal Horto, em Juazeiro do Norte,
por algumas características dos domicílios em 2010.

Tipo de esgotamento sanitário


Total
Rede geral Não tinham
Fossa Fossa Rio,
de esgoto Vala Outro banheiro ou
séptica rudimentar lago ou mar
ou pluvial sanitário
1129 66 96 689 139 2 31 106

Fonte: IBGE (2010).

Quadro 109: Domicílios particulares permanentes aglomerado subnormal Horto, em Juazeiro do Norte,
por algumas características dos domicílios em 2010.

538
Destino do lixo
Coletado

Total Em Jogado em
Jogado
Diretamente caçamba terreno
Queimado Enterrado em rio, Outro
Total por serviço de serviço baldio ou
lago
de limpeza de logradouro
limpeza

1129 897 892 5 90 - 137 2 3

Fonte: IBGE (2010).

Quadro 110: Domicílios particulares permanentes aglomerado subnormal Horto, em Juazeiro do Norte,
por algumas características dos domicílios em 2010.
Existência de energia elétrica
Tinham
Total De competência distribuidora De outra Não
Tota fonte tinham
l Tota Com medidor de uso Com medidor comum a Sem
l exclusivo do domicílio mais de um domicílio medidor
111 108
1129 1045 29 15 23 17
2 9

Fonte: IBGE (2010).

Em vista dos critérios de classificação e características de identificação do que


o IBGE nomeia de aglomerado subnormal, do perfil de algumas áreas do território de
Juazeiro do Norte e em vista de dados mais atualizados (levantamentos, cadastros, mapas,
relatórios, etc.), junto à Prefeitura Municipal, sobre localidades e moradias “vulneráveis”,
“de risco”, “irregulares”, “precárias”, “aglomerados subnormais”, no município se faz
necessário a instituição de serviço que permita a busca ativa e sistematização de
informações, de forma que fiquem acessíveis por outros órgãos da administração
municipal, como setores responsáveis pela assistência social; a elaboração de planos
estratégicos de ação e o acompanhamento contínuo dessas áreas, seus moradores e
moradias. Se, no caso do aglomerado subnormal Horto, os indicadores relativos aos
serviços públicos essenciais possam ter melhorado desde 2010, por exemplo, o fato de se
tratar de povoamento de área com acentuada declividade, o que apresenta desafios à
urbanização regular e aparente risco ambiental, parece demandar acompanhamento

539
constante. Por outro lado, é de se verificar a existência no território municipal de
dispersão de casos de pequenos aglomerados subnormais, isto é, com número de unidades
habitacionais abaixo do mínimo definido pelo IBGE (51 unidades habitacionais), uma
vez que até a manifestação técnica da SEINFRA e Defesa Civil Municipal, de maio de
2020, considera a existência de áreas de risco “pulverizadas”.

15.5.2 Pessoas em situação de rua

Em relação aos planos de gestão relativos à pobreza e vulnerabilidade social,


diante das solicitações feitas, não foram enviados nenhum documento oficial do
município que enfrente essa questão.
No caso de pessoas em situação de rua, relatório encaminhado pelo
coordenador do Centro de Referência Especializado para População de Rua - Centro POP
informa que o órgão realiza o acompanhamento de aproximadamente 150 assistidos e em
média 950 atendimentos/mês. Ainda segundo o relatório, “a grande maioria” dos
assistidos apresenta o seguinte perfil: faixa etária de 18 a 39 anos; em torno de 90% do
gênero masculino, “muitos fazem uso substâncias psicoativas, mais precisamente álcool
e drogas” e “são migrantes que procuram o município atraídos pelo turismo religioso e
buscando melhores condições de vida”.
Dados do Ministério da Cidadania (2022b) revelam que entre as famílias do
município inscritas no Cadastro Único em novembro de 2021, havia um total de 195 em
situação de rua, tendo chegado a 219 em abril do mesmo ano.
Já segundo dados de 2017 do Censo e Mapa de Riscos Pessoal e Social –
Cemaris da Secretaria Estadual da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e
Direitos Humanos (GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, 2022), naquele ano Juazeiro
do Norte estava entre os 66 municípios cearenses que registraram pessoas em situação de
rua. Assim, segundo o Cemaris, em 2017 o quantitativo de pessoas nessa situação no
município era de 258.

540
Uma vez que estudos mais recentes estimam que a população em situação de
rua cresceu 140% a partir de 2012, chegando 221.869 brasileiros em março de 2020; que
a estimativa para março de 2020 era de que a região Nordeste tivesse 38.237 Pessoas em
Situação de Rua (PSR), ficando atrás apenas do Sudeste em contingente; que a maioria
das PSR (81,5%) se encontrava em municípios com mais de 100 mil habitantes; que a
estimativa, em março de 2020, para grandes cidades como Juazeiro do Norte (entre 100
e 900 mil habitantes) era de 88.565 PSR, com taxa de crescimento (set./2012-mar./2020)
de 135% (NATALINO, 2020); e considerando que a crise econômica e a situação de
calamidade pública desencadeada pela pandemia provocada pelo novo coronavírus
possivelmente geram consequências para esse segmento da população, é importante que
Juazeiro do Norte disponha de informações atualização e de qualidade sobre PSR.
Ponderando ser o município polo de atração de pessoas oriundas de distintas localidades,
a mensuração das vulnerabilidades sociais e o estabelecimento de planos de gestão
relativos a elas é fundamental para a administração da população.

15.6 O fenômeno da violência urbana na Cidade de Juazeiro do Norte

O Nordeste brasileiro tem observado nos últimos anos uma forte presença do
fenômeno da violência e suas mais diferentes expressões, sobretudo constatada pelo
aumento nos indicadores de violência letal, observados por diferentes estudos, entre eles
o Atlas da Violência, publicação anual lançada pelo IPEA, utilizando como fonte de dados
as informações do Sistema de Informações de Agravo de Notificação do Sistema Único
de Saúde.
Conforme observam Barbosa e Sobreira (2022, p.7), “[...] o Nordeste
acumulou entre os anos de 1996 e 2016 o total de 319.234 homicídios, representando
30,14% de todos os homicídios em todo Brasil no mesmo período, ficando atrás apenas
da região Sudeste, que teve o total de 449.076 homicídios, uma diferença de 129.842
casos” com a ressalva de que o Sudeste possui uma população superior à região do
Nordeste.

541
Essa migração das estatísticas de violência letal para o Nordeste, se reflete na
situação enfrentada pelo Ceará, que tem figurado nas primeiras posições dos Estados da
Federação no ranking de mortes violentas, de acordo com o Atlas da Violência, estando
acima da média nacional, quando consideradas as estatísticas por 100 mil habitantes, nos
anos de 2010 a 2018, de acordo com esses mesmos dados. Embora haja um decréscimo
nessa estatística no ano de 2019, há um aumento repentino nas mortes por causa
indeterminadas no mesmo ano, considerando a série histórica, de acordo com os dados
apresentados pelo estudo (IPEA, 2021). Para se ter uma ideia, em 2018 havia sido
registradas 538 mortes por causa indeterminadas no Estado, já no ano seguinte esse
número saltou para 992, o que significa um aumento de 85,9%. Este recuo no ano de 2019
deve ser observado com cautela por essas razões.
Durante o ano de 2017 houve a maior quantidade de homicídios já registrados
na série histórica do Ceará. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa
Social do Governo do Estado, a média diária de assassinatos foi superior a 14. A
quantidade de homicídios superou em mais de 50% os registros do ano de 2016.
Diferentes matérias que foram veiculadas na mídia nacional e internacional
apontam o município de Juazeiro do Norte como um dos lugares mais violentos do mundo
e do Brasil, quando comparadas as taxas por 100 mil habitantes. Em reportagem publicada
pelo The Economist, em 2017, juazeiro do Norte ocupava a 37 posição entre as 40 cidades
mais violentas do mundo68.
Neste ano especialmente, Juazeiro obteve uma taxa de 47,4 homicídios por
100 mil habitantes, número superior à média do próprio Estado, 46,7 e nacional, de 29,9
aquela época de acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Em 2021, Juazeiro do Norte figurou no ranking elaborado por pesquisadores
do IPEA69, com base em dados extraídos do Sistema Nacional de Segurança Pública no

68 Disponível em: <<https://www.economist.com/graphic-detail/2017/03/31/the-worlds-most-dangerous-


cities>>
69 O levantamento foi elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e divulgado na

quarta-feira, 23, por meio de uma nota técnica que traz um levantamento que ordena os 120 municípios
mais violentos do Brasil.

542
período de 2018 a 2020, alcançando a média de 68,8 homicídios por 100 mil habitantes,
tornando-se a 8ª cidade mais violenta do Brasil, de acordo com a nota técnica publicada
pelo instituto (IPEA 2021).
Utilizando a mesma fonte de dados construída pelo Atlas da Violência,
conseguimos observar que as vítimas preferenciais dessas mortes violentas na cidade de
Juazeiro do Norte possuem uma característica bem definida que reforça essa
vulnerabilidade racial já apontada por esses estudos. O quadro 109 dimensiona a
distribuição desigual em relação aos óbitos por ocorrência de agressões entre os anos de
2015 e 2019. Das 658 mortes ocorridas no período, 83,74% tiveram como vítimas
indivíduos classificados como pretos.

Quadro 111: Óbitos por ocorrência de agressões em Juazeiro do Norte, 2015-2019.

Cor/ 2015 % 2016 % 2017 % 2018 % 2019 % Total %


raça e
total 143 100 156 100 156 100 116 100 87 100 658 100
Branca 18 12,6 19 12,2 22 14,1 13 11,2 7 8,1 79 12,01
Preta 4 2,8 5 3,2 4 2,6 3 2,6 2 2,3 18 2,74
Parda 118 82,5 131 84,0 128 82,1 97 83,6 77 88,5 551 83,74
Ignora-
3 2,1 1 0,6 2 1,3 3 2,6 1 1,2 10 1,52
do
* Não foram registradas ocorrências para as categorias amarela e indígena.
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIMbr (2022).

Esses dados seguem a tendência nacional. De acordo com os relatórios do Atlas


da Violência, em geral, na média nacional, a taxa de homicídio de negros (pretos e pardos)
equivale a 2,5 vezes a taxa de homicídio de não negros (brancos, amarelos e indígenas)
(IPEA, 2019, 2020, 2021). Em 2019, a publicação “Desigualdades Sociais por Cor ou
Raça no Brasil” (IBGE, 2022, p. 9) registrava que:

De fato, no Brasil, a taxa de homicídios foi 16,0 entre as pessoas brancas e 43,4
entre as pretas ou pardas a cada 100 mil habitantes em 2017. Em outras
palavras, uma pessoa preta ou parda tinha 2,7 vezes mais chances de ser vítima
de homicídio intencional do que uma pessoa branca. A série histórica revela
ainda que, enquanto a taxa manteve-se estável na população branca entre 2012
e 2017, ela aumentou na população preta ou parda nesse mesmo período,
passando de 37,2 para 43,4 homicídios por 100 mil habitantes desse grupo

543
populacional, o que representa cerca de 255 mil mortes por homicídio
registradas no Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM, do Ministério
da Saúde, em seis anos.

O que tem se observado nos padrões de como a violência letal se comporta do


ponto de vista das suas regularidades é a forte suscetibilidade de camadas específicas da
população ao processo de vitimização. Essas estatísticas confirmam que o perfil dessa
vítima coincide com o quadro social dos processos de pobreza, racismo e vulnerabilidade
social vitimando em sua maior parte, indivíduos jovens do sexo masculino, na faixa etária
de 15 a 29 anos, sobretudo da população negra (pretos e pardos) com baixa escolaridade.
Outra triste estatística trazida por esses relatórios são as altas taxas de violência
letal contra a mulher na sociedade brasileira, sobretudo atingindo mulheres em situação
de pobreza também pertencentes à população negra jovem e adulta compreendida na
faixa-etária de 15 a 29 anos. Quando comparamos o Brasil ao restante do mundo, o Brasil
é um dos países que mais vitimiza mulheres nesse tipo de crime. Infelizmente, tanto a
vitimização de jovens do sexo masculino quanto a vitimização de mulheres, se refletem
no território da cidade de Juazeiro do Norte e Região Metropolitana do Cariri e revelam
um tema de preocupação para o desenvolvimento do município nos próximos anos.
É preciso entender que os indicadores de violência letal remontam apenas a face
visível do iceberg da violência e das diferentes faces da criminalidade violenta no
contexto das cidades brasileiras. Dito de outra forma, essa é a expressão mais visível da
violência que traz em sua retaguarda uma grave crise social dos códigos de convivência
pacífica e da observação de padrões de formas de resolução violenta de conflitos como
uma tendência da nossa sociedade.
Em Juazeiro do Norte, esses indicadores que comparam o nosso município aos
locais mais violentos do mundo, acendem o sinal de alerta quanto a necessidade de
atenção das autoridades e políticas públicas para a construção de diagnósticos e soluções
para prevenção e resposta a essa grave problemática social. É possível desprender disso
um forte processo de naturalização dos homicídios no brasil e dessas formas de resolução
de violenta de conflitos que se refletem também no município de Juazeiro do Norte.

544
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021 (FÓRUM
BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2022), que reúne dados referentes ao ano
de 2020, no ano em que teve início no país a pandemia provocada pelo novo coronavírus,
a taxa de mortes violentas intencionais no Brasil apresentou aumento de 4% em relação
a 2019, chegando a 23,6 mortes violentas intencionais por 100 mil habitantes. Na
categoria Mortes Violentas Intencionais (MVI) são somadas mortes decorrentes de
homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e mortes decorrentes
de intervenções policiais ocorridas em determinado território.
No caso do Ceará, essa taxa ficou em 45,2 por 100 mil habitantes em 2020 e sete
municípios cearenses com população igual ou superior a 100 mil habitantes figuram entre
os que apresentaram taxas de MVI superiores à média nacional. Juazeiro do Norte é um
desses municípios, tendo apresentado, em 2020, 134 MVI e taxa de 48,5 MVI por 100
mil habitantes, valor igual ao da capital cearense (Quadro 110).

Quadro 112: Municípios cearenses com população igual ou superior a 100 mil habitantes com taxas de
Mortes Violentas Intencionais superiores à média nacional em 2020.

Taxa por 100 mil


Município População em 2010 Total MVI em 2020
habitantes
Caucaia 325.441 360 98,6
Maranguape 113.561 103 79,0
Maracanaú 209.057 180 78,4
Fortaleza 2.452.185 1.303 48,5
Juazeiro do Norte 249.939 134 48,5
Sobral 188.233 136 64,5
Crato 121.428 53 39,8
Fonte: elaboração a partir de dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021 (FÓRUM
BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2022).

Esse quantitativo de mortes que permitiu que a taxa de MVI em Juazeiro ficasse
acima da média nacional (de 23,6) pode ser compreendido a partir de fatores que
atingiram o estado como um todo e que o fizeram ter o maior crescimento de MVI no país
em relação a 2019 (aumento de 75,1%). Assim, segundo o relatório Anuário Brasileiro
de Segurança Pública 2021 (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA,
2022, p. 22)

545
E, já é consenso, que isso ocorreu pela conjunção de fatores desencadeados
pelo motim da Polícia Militar no estado [no início de 2020], que desarranjou a
cena local da criminalidade e as políticas públicas que estavam em curso e que
faziam do estado um dos principais responsáveis pela redução da taxa nacional
em 2018 e 2019. Esse processo de desarranjo político das instituições cearense
deu margem para os planos de expansão do Comando Vermelho local, que
iniciou uma ofensiva sobre os territórios dos Guardiões do Estado – seu maior
rival local, e a violência, que estava contida, voltou.

Pesquisas do Laboratório de Estudos em Violência e Segurança Pública da


UFCA levantaram evidências da presença e atuação das principais facções criminais do
Ceará no contexto do município de Juazeiro do Norte e da Região Metropolitana do
Cariri.
De acordo com Paiva (2019, p. 170), as facções são:

[...]é um coletivo constituído por associações, relacionamentos,


aproximações, conflitos e distâncias necessárias entre pessoas
comprometidas em fazer o crime, desenvolvendo relações afetivas
profundas, laços sociais elaborados como os de família, e um sentimento
de pertença desenvolvido pela crença em determinadas orientações
políticas e éticas que a sustentam. São coletivos móveis de pessoas que
fazem o crime como um meio de integrar a sociedade, pois não visam à
sua destruição, e sim à participação em um sistema de bens materiais e
simbólicos agenciados de múltiplas maneiras. Em alguma medida, as
facções são coletivos compostos por convergências de intencionalidades
de alcances variados, com pessoas ocupando posições privilegiadas nos
esquemas do coletivo e outras atuando em suas margens. (PAIVA, 2019,
p. 170)

Esses Coletivos Criminais tem expandido suas fronteiras de atuação, sobretudo


na gestão de mercados ilícitos nos territórios das cidades brasileiras de médio e grande
porte, sendo peças chaves da compreensão das dinâmicas da violência urbana. É
importante frisar que a força dessas organizações é justamente a condição de
vulnerabilidade a esquecimento do Estado e das Políticas Públicas para com essas
populações.
As evidências mais fortes foram encontradas em a) pesquisas realizadas nas
unidades prisionais do município, Barbosa, Rocha, et al. (2019), quando foram
observadas atuação e identificação dos pressos com esses “coletivos criminais” (PAIVA,
2019) articulando relações entre as prisões e os territórios da cidade; b) pesquisas

546
realizadas sobre a configuração das dinâmicas dos homícidios na cidade Barbosa, Rocha
e Santos (2021), quando a presença dessas facções pôde ser identificiada pelo relato de
operadores de segurança pública e por pixações na cidade com referências a pelo menos
três dos principais coletivos criminais em atividade no Ceará, a saber, grafias com menção
às facções Guardiões do Estado (GDE), Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando
Vermelho (CV).
Conforme observam os autores, essas facções:

têm expandido suas fronteiras das prisões para os bairros dessas cidades. São
comuns pichações nos muros de equipamentos públicos e residências nos
bairros dos três municípios centrais da Região Metropolitana do Cariri (Crato,
Juazeiro do Norte e Barbalha) [...] A problemática da violência urbana e sua
manifestação por meio dos crimes violentos letais intencionais permeiam o
cotidiano e os territórios desses municípios. Observando a atuação do poder
público municipal na última década diante desse drama social, não há nenhuma
articulação significativa capitaneada pelas gestões municipais de modo a
elaborar e integrar políticas para a prevenção e atendimento social dos
familiares por meio de seus equipamentos públicos. (BARBOSA, ROCHA E
SANTOS, 2021, p 10)

Embora a segurança pública seja de competência dos entes federais e


estaduais, a atuação sobre a prevenção pode se dar a partir de iniciativas municipais.
Como observam Barbosa e Sobreira (2022, p. 17):

Embora os estudos de vitimização tenham caracterizado a regularidade das


faces da violência letal, especialmente no perfil preferencial desses crimes, as
linhas de atuação do poder público ainda são tímidas em construir caminhos
no sentido da prevenção e acabam reforçando fórmulas tradicionais, em alguns
casos autoritárias e no recrudescimento da expansão do policiamento e
negligenciado os papéis do trabalho de prevenção e da inteligência[...] Juazeiro
do Norte tem convivido com números comparáveis ao cenário de grandes
capitais brasileiras, no entanto com diagnósticos e ações ainda tímidas, diante
da gravidade e complexidade desse cenário. Essa desatenção pública
combinada falta de políticas preventivas, parecem criar um ambiente fértil para
a expansão e reprodução desses padrões de resolução violenta dos conflitos
sociais no interior do Ceará.

A existência da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Cidadania no


município de Juazeiro do Norte, pode ser apontada com uma potencialidade na construção
de alternativas diante dessa grave crise social. Nem todos os municípios brasileiros

547
possuem essa instância no seu quadro administrativo. Por outro lado, a atuação dessa
secretaria ou da administração municipal como um todo em relação à esfera da segurança
pública poderia se dar no sentido de monitorar as dinâmicas da violência no território
local tanto como forma de gerenciar as políticas e serviços públicos no geral e de atuar
na prevenção de mortes e envolvimentos de indivíduos em ações ilegais, como também
de a partir da mensuração desses eventos ter condições de melhor dialogar e reivindicar
dos governos estaduais e federais o enfrentamento da violência.
Dadas as tendências da violência letal indicadas aqui, é preciso que o município
assuma um papel proativo no levantamento e sistematização de dados relativos à
violência urbana e a segurança pública, bem como a análise de sua configuração
georreferenciada. O uso de métodos científico para categorização e análise do fenômeno
deve ser incentivado de modo a não reproduzir processos de estigmatização socioespacial
de determinados territórios da cidade como violentos, sem considerar as proporções
populacionais e o contexto da precariedade e do desenvolvimento territorial dessas
localidades. Um diagnóstico aprofundado cientificamente embasado é o melhor ponto de
partida para o desenho e implementação de políticas públicas nesta seara, bem como da
definição de parcerias com órgãos do Governo Estadual e Federal na construção de
soluções e formas de mitigação dessa problemática, seja atuando na frente da prevenção
ou da resposta diante dessa realidade.

15.7 Problemas, Desafios e Potencialidades – Aspectos socioeconômicos

Quadro 113: Matriz SWOT - Socioeconômico

ASPECTOS SOCIOECONOMICOS DA CIDADE

Potencialidades Desafios
pontos fortes pontos fracos

548
Tendência de melhoria dos indicadores sociais Ausência de dados sistematizados, de qualidade e
(como de educação, cobertura de rede de esgoto e atualizados sobre a população e suas localidades,
água, aumento do IDHM, redução da situação de suas condições de vida;
extrema pobreza etc.) entre os anos de 2000 e
2010; Incipiente difusão e compartilhamento de dados
produzidos pelas repartições da administração
Redução do ritmo de crescimento da população no pública, o que cria dificuldades para atuações
período de 2000 a 2010 (1,65%); intersetoriais em localidades vulneráveis;

Existência de Secretaria Municipal que trata de Ausência (ou não divulgação) de planos de gestão
questões relativas à segurança pública e cidadania. relativos à pobreza, vulnerabilidade social, pessoas
em situação de rua;

Crescimento e expansão da violência urbana no


território da cidade.

Oportunidades Ameaças

A expansão da qualificação de pesquisadores de A crise econômica, com efeitos como desemprego e


diferentes áreas de formação vinculados às e a escalada da inflação, e o contexto de calamidade
capacitados nas instituições de ensino superior da pública instaurado pela pandemia gerada pelo novo
região do Cariri; coronavírus;

A existência de estudos sobre localidades e Maior incidência de vulnerabilidades em relação às


condições de vida da população juazeirense, populações pobres (como aumento do contingente
produzidos por diferentes atores locais, pode se populacional e agravamento da situação de
revelar como oportunidade para parcerias moradores em situação de rua, pobreza e extrema
institucionais e/ou individuais; pobreza),

Compartilhamento e consulta das informações Acirramento de formas de resolução violenta de


produzidas a partir de estudos realizados sobre o conflitos e expansão da violência urbana, incluindo a
município e que mensuram suas dinâmicas sociais, violência de gênero;
que produzem diagnósticos, análises e avaliações
de serviços e políticas públicas; A expansão e interiorização do crime organizado,
com ramificações locais a partir das facções
criminosas e seus enraizamentos no território da
cidade.

Fonte: Equipe PDM/JN.

16 ECONOMICO

Wescley de Freitas Barbosa 70

70 Graduação em Ciências Econômicas, Doutor em Economia.

549
16.1 Aspectos Introdutórios

Juazeiro do Norte, município cearense, detentor de uma área de 258,79 km² e


uma população estimada em 2021 de 278.264 pessoas alcançou, em 2019, a 4ª posição
no ranking das maiores economias municipais do Ceará, aferido pelo tamanho do Produto
Interno Bruto, que corresponde a soma de todos os bens e serviços produzido no
município no ano em análise.
No tocante ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Juazeiro do Norte
perfez em 2010 o índice de 0,694, retomando a 5ª posição no ranking estadual, uma vez
que nos anos de 1991 e de 2000, obteve, respectivamente a 5ª e a 7ª posição. No que diz
respeito a sua vulnerabilidade à aspectos climáticos, agrícolas e de assistência social,
conforme Índice Municipal de Alerta (IMA), que compreende o intervalo de 0 a 1,
Juazeiro do Norte perfez, em 2021, o valor de 0,6576, ou seja, superior a 0,5 inserindo-
se no grupo dos municípios cearenses mais vulneráveis em relação aos aspectos
analisados (MEDEIROS, 2021).
Pertence a Região Metropolitana do Cariri (RMC) que além de Juazeiro do Norte
compreende também os munícipios de Barbalha, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Jardim,
Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri com destaque para conurbação de
Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte. Ele perfez, em 2021, a terceira maior densidade
demográfica do Ceará, em torno de 1.075 habitantes por km². Conforme classificação do
IBGE, Juazeiro do Norte é uma capital regional B, ou seja, faz parte de um grupo
geralmente composto por cidades de referência do interior do Estado. Integra o Arranjo
Populacional de Juazeiro do Norte/CE o qual, em 2018, apresentava um contingente
populacional de 1.975.953 habitantes distribuídos em uma área de 54.434 km²
englobando 64 cidades (Figura 165).

550
Figura 165: Regiões de influência das cidades - Arranjo Populacional de Juazeiro do Norte/CE - Capital
Regional B
Fonte: Adaptado de Regiões de Influência - IBGE (2020)

Inicialmente, já compreendida como cidade de elevado potencial de crescimento


e consequente redução tanto das disparidades socioeconômicas regionais no Ceará quanto
da polarização econômica existente na capital Fortaleza, Juazeiro do Norte já se
transformou em um polo de oportunidade de emprego e de interiorização do ensino
superior e da atividade econômica industrial, comercial varejista e atacadista e de serviços
financeiros.

16.2 Potencialidades Conjuntas nas Atividades de Desenvolvimento Econômico,


Turístico ou de Desenvolvimento Rural Sustentável e Acesso a Serviço
Financeiros

Destaca-se que as empresas pertencentes ao setor financeiro tendem a se instalar


em regiões que se sobressaem no quantitativo de negociações realizadas e
consequentemente na demanda por transações financeiras. Considerando o ambiente de
negócio da região do Cariri bastante propício, a instalação dessas instituições financeiras
contribui para o fortalecimento do mercado, ganhos de competitividade e redução dos
custos de transação.

551
No tocante ao quantitativo de instituições financeiras, o município de Juazeiro
Norte ocupa a 2ª posição no ranking estadual, computando a presença de 12 agências
conforme dados do IBGE e 59 empresas classificadas no setor de serviços financeiros
conforme dados da Receita Federal. Em relação a dispersão espacial, como pode ser
observado na Figura 166, as empresas se concentram na região central do município,
abrangendo os bairros Centro (13) e Salesianos (8), assim como, está presente em outros
bairros fora da região central tradicional como, por exemplo, no bairro Lagoa Seca (15).
Além disso, do ponto de vista da demanda, em 2020, Juazeiro do Norte movimentou em
operações de crédito a quantia de R$ 1.215.270.631,00 perfazendo o segundo maior valor
municipal no Estado.

Figura 166: Quantitativo de Agências de Instituições Financeiras em Municípios do Ceará.


Fonte: Adaptado de IBGE Cidades (2022)

552
BAIRRO Lagoa Seca Centro Salesianos Outros TOTAL
EMPRESAS 15 13 8 23 59
Figura 167: Empresas pertencentes à atividade Serviços Financeiros em Juazeiro do Norte.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados de 2021 da Receita Federal disponibilizados pela SEDECI.

Com relação ao comércio varejista, percebe-se que o setor está presente em


praticamente todo o território municipal, contudo, bairros centrais como o próprio Centro
(1.490) e o Salesianos (541) lideram o ranking e logo em seguida, tem-se o bairro Pirajá
(444) o qual tem se consolidado, juntamente a outras regiões da cidade (Lagoa Seca, São
José e Triângulo), como nova centralidade comercial complementar ao centro tradicional
do município em um movimento autônomo de reestruturação do espaço urbano trazendo
para o município um perfil de cidade policêntrica, mas sem autossuficiência nos novos
polos e com dificuldades de interligação/conectividade viária entre os “centros
complementares” e o centro tradicional. No total, há 7.308 estabelecimentos situados no
município, sendo que 4.406, o equivalente a 60,3% são microempreendedores
individuais.

553
BAIRRO Centro Salesianos Pirajá Outros Total
EMPRESAS 1.490 541 444 4.833 7.308

Figura 168: Empresas pertencentes à atividade comércio varejista em Juazeiro do Norte.


Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados de 2021 da Receita Federal disponibilizados pela SEDECI.

Também pertencente ao setor de serviços, o setor de alimentação é o segundo


maior no município abrangendo 1.864 empresas. Detém altíssima relevância para o
desenvolvimento do município considerando que parte significativa da atividade
econômica está relacionado ao turismo. Os bairros Centro (185) e Salesianos (158) se
destacam no quantitativo de empresa instaladas desse setor. Diferentemente do setor de
comércio varejista, tem-se o bairro Lagoa Seca (140) concentrando a maior parcela de
estabelecimentos não pertencentes a região central da cidade.

554
BAIRRO Centro Salesianos Lagoa Seca Outros Total
EMPRESAS 185 158 140 1.381 1.864

Figura 169: Empresas pertencentes à atividade de Alimentação em Juazeiro do Norte.


Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados de 2021 da Receita Federal disponibilizados pela SEDECI.

Terceira atividade com o maior quantitativo de empresas é o segmento de


comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas. Concentra-se
principalmente nos bairros Salesianos (162), Santa Tereza (98) e São José (88) e detém
significativa importância para o município considerando que o estado do Ceará detém a
segunda maior frota de veículos da região Nordeste, perfazendo um total de 3,3 milhões
e Juazeiro do Norte no período de 2011 a 2020 viu sua frota de veículos passar de 72.088
para 129.212. O crescimento de automóveis nesse período foi de 87,4% e de motocicletas
foi de 65,6%. No ranking estadual, Juazeiro do Norte, perfaz a segunda colocação no
quantitativo de motocicletas e a terceira colocação no quantitativo de automóveis.

555
BAIRRO Salesianos Santa Tereza São José Outros Total
EMPRESAS 162 98 88 646 994

Figura 170: Empresas pertencentes à atividade de comércio e reparação de veículos automotores e


motocicletas em Juazeiro do Norte.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados de 2021 da Receita Federal disponibilizados pela SEDECI.

No tocante a atividade de atenção à saúde humana, as empresas pertencentes a


essa atividade estão localizadas principalmente nos bairros Triângulo (241), Centro (213)
e Lagoa Seca (63). O crescimento na oferta de serviços relacionados a atenção a saúde é
de grande importância para população do município de Juazeiro do Norte, assim como,
da população de municípios pertencentes a sua região de influência, uma vez que facilita
o acesso aos cuidados necessários para manutenção da saúde humana próximo a sua área
de residência diminuindo a dependência dos prestadores de serviços localizados na
Capital.

556
BAIRRO Triângulo Centro Lagoa Seca Outros Total
EMPRESAS 241 213 63 222 739

Figura 171: Empresas pertencentes à atividade de atenção à saúde humana em Juazeiro do Norte.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados de 2021 da Receita Federal disponibilizados pela SEDECI.

Juazeiro do Norte detém, no seu portfólio industrial, um dos principais polos


calçadistas do Brasil quando se leva em consideração o quantitativo de empresas
localizadas no mesmo município, constituindo‐se no maior arranjo calçadista do Estado
especializado em calçados confeccionados com base em material sintético (COSTA,
2012).
As empresas pertencentes a atividade de preparação de couros e fabricação de
artefatos de couros, artigo para viagem e calçados se concentram principalmente nos
bairros Salesianos (32), Centro (26) e Franciscanos (23) e totalizam, no município, 342
unidades. Vale destacar também que ao analisar a pauta de exportação do municípi o, no
período de 2017 a 2021, constata-se que os produtos ligados ao segmento de calçados
lideram as negociações internacionais.
A atividade industrial cearense está se desconcentrando, do ponto de vista
espacial, dentro da Região Metropolitana de Fortaleza e no entorno de rodovias, como a

557
BR-222, que passa por Sobral e a BR-116, que passa pelo Cariri. No tocante a mudança
da composição setorial da indústria de transformação cearense, constata-se que o setor de
Couros e Calçados mais do que dobrou sua participação no período de 1996 a 2010.
Contudo, apresentou retração em 2019, em relação a 2010, tanto no valor agregado quanto
no número de pessoas ocupadas, mas, mesmo assim, acumula uma alta no emprego de
403,6% no período de 1996 a 2019. Além disso, o setor apresenta redução do valor
agregado por empresa, de R$ 19,4 milhões para R$15,6 milhões, entre 1996 e 2019, e
uma redução, mais acentuada, de aproximadamente 50% do verificado em 1996, do valor
agregado por posto de trabalho havendo um forte indicativo de que esse setor, do ponto
de vista estadual, é intensivo em mão de obra pouco qualificada (PONTES, 2021).

BAIRRO Salesianos Centro Franciscanos Outros Total


EMPRESAS 32 26 23 261 342

Figura 172: Empresas pertencentes à atividade de Preparação de Couros e Fabricação de Artefatos de


Couros, Artigo para Viagem e Calçados em Juazeiro do Norte.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados de 2021 da Receita Federal disponibilizados pela SEDECI.

Em juazeiro do Norte, o setor de construção de edifícios detém 421 empresas


instaladas, sendo que suas unidades estão mais presentes nos bairros Lagoa Seca (68),

558
Centro (50) e São José (35). Conforme análise realizada por Paiva (2022) sobre o setor
da construção no Ceará, os anos entre 2016 e 2019 são marcados por taxas negativas na
evolução, em termos reais, do seu valor adicionado bruto retratando os efeitos do
ambiente econômico e político nacional. Destaca-se que em 2015 o setor respondia por
41,5% do valor adicionado bruto de toda indústria cearense e em 2019 totalizou apenas
24,8%. Em 2016 e 2017 o cenário foi o mais desafiador, pois a construção recuou,
respectivamente, -12,9% e -11,4%, enquanto no período de 2018 e 2019, o recuo foi um
pouco menor perfazendo, respectivamente, -1,8% e -1,2%. Em 2020 o crescimento foi de
5,9%, sinalizando que há uma tendência de reversão no cenário, mas que não assegura o
retorno a uma trajetória de crescimento sustentada nos próximos anos.
Como bem pontuado por Pontes (2021) as transformações econômicas em uma
região é algo que tende a ser rotineiro, onde alguns setores podem entrar em declínio
enquanto outros vão assumindo maior participação com o passar do tempo.
Avanços tecnológicos, escassez de recursos naturais e abertura de novos mercados
dão dinamismo as atividades agrícolas, industriais e comerciais. Desta forma, é esperado
que novas atividades ganhem destaque na economia juazeirense e que atividades
tradicionais passem por significativas transformações.
Portanto, é de grande importância que o poder público monitore essa dinâmica e
implemente infraestruturas resilientes, promova a industrialização inclusiva e sustentável
e não deixe de fomentar a inovação contribuindo para que essas transformações
proporcionem melhoria de bem-estar para sociedade promovendo o crescimento
econômico sustentado, inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo, assegurando
padrões de produção e de consumo sustentáveis em sintonia com a agenda 2030 do
desenvolvimento sustentável.

559
BAIRRO Centro Salesianos Triângulo Outros Total
EMPRESAS 3.267 1.642 1.531 14.772 21.212

Figura 173: Empresas pertencentes aos diversos setores que compõem a economia do município de
Juazeiro do Norte.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados de 2021 da Receita Federal disponibilizados pela SEDECI.

16.3 Mercado Internacional

A Figura 174 apresenta os principais destinos das exportações juazeirenses e o


valor exportado e importado por Juazeiro do Norte de 2017 a 2020. Constata-se que em
2017, tem-se uma maior diversidade entre os países que importaram produtos
provenientes de Juazeiro do Norte e no valor negociado, tanto nas exportações, R$
1.565.430,00 quanto nas importações que totalizaram R$ 6.332.311,00.
Contudo, ao longo dos anos, percebe-se uma redução das transações comerciais
internacionais, sendo que em 2019 as exportações quase que se resumiram apenas a
América do Sul e representaram apenas 44,1% do valor de 2017. Em 2020, foram
retomadas negociações com outros países, mas nota-se um cenário distante do verificado
em 2017 mesmo a economia brasileira vivenciando um cenário no qual o câmbio se

560
encontra mais desvalorizado trazendo mais competitividade as exportações. Ademais,
dentre os produtos exportados nesse período, pode-se destacar os calçados, máquinas de
costura e materiais corantes.

2017 2018 2019 2020


Exportações -Valor FOB (US$) 1.565.430 477.779 690.758 664.802
Importações -Valor FOB (US$) 6.332.311 3.985.890 3.013.724 2.603.145
Figura 174: Destino das exportações do município de Juazeiro do Norte, valor das exportações e valor das
importações no período de 2017 a 2020.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados disponibilizados pela SEDECI e MDIC.

16.4 Infraestrutura – Aeroporto

O Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes (OBM), inaugurado em 1954,


localizado na cidade de Juazeiro do Norte, possui posição estratégica para o
desenvolvimento socioeconômico do interior do Ceará. Atende as regiões Centro Sul do
Ceará, Noroeste de Pernambuco, Alto Sertão da Paraíba e Sudoeste do Piauí. Durante

561
todo o ano recebe o mais variado público devido às muitas potencialidades da região do
Cariri, destacando-se o turismo religioso71, de negócios e ecológico72.
O Aeroporto OBM, atualmente, faz parte do Bloco Nordeste junto com outros
cinco aeroportos regionais (Recife, Maceió, Aracaju, João Pessoa e Campina Grande), o
qual foi concedido à iniciativa privada, pelos próximos 30 anos, em leilão realizado no
dia 15 de março de 2019 conforme contrato de concessão assinado com a Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac). O Bloco Nordeste foi arrematado pela AENA
Desarrollo Internacional SME S/A por R$ 1,9 bilhão, com ágio de 1.010% em relação ao
lance mínimo inicial (R$ 171 milhões), que desde o dia 13 de janeiro de 2020, passou a
ser a gestora do aeroporto, conforme previa o plano de transição operacional (PTO) 73.
Como pode ser observado na Quadro 114, desde 2017 o quantitativo de voos em
Juazeiro do Norte vem sendo reduzido passando de 5.857 voos em 2017 para 4.764 em
2019, contudo no período de 2017 a 2019 a redução foi menor que a verificado no período
de 2019 a 2021, que oscilou para 2.455 em virtude do impacto que o setor sofreu no
período da pandemia de Covid-19.
No que se refere ao quantitativo de passageiros recebido no aeroporto de 2017 a
2019, percebe-se que houve crescimento de 532,3 mil para 541,3 mil, sinalizando que o
aeroporto passou a receber voos com uma média de passageiros maior a qual pouco
oscilou nesse intervalo de três anos. Ademais, a taxa média de ocupação dos voos de 2019
(81,3%) a 2021 (82,4%) superou o observado de 2017 (77,1%) a 2018 (73,4%).
Considerando a importância regional do aeroporto de Juazeiro do Norte, a
expansão da sua pista e do seu terminal de passageiros, posicionando-o como principal
ferramenta de locomoção aérea do interior da região Nordeste é um dos principais
desafios associados a infraestrutura de logística no município de Juazeiro do Norte.

71 Para mais detalhes ver Santana e Botelho (2019)


72 https://biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca-catalogo.html?id=436411&view=detalhes Acesso em Março de
2022.
73 https://www.anac.gov.br/assuntos/paginas-tematicas/concessoes/aeroportos-concedidos/bloco-nordeste

Acesso em Março de 2022

562
Quadro 114: Informações da dinâmica de funcionamento do aeroporto de Juazeiro do Norte no período de
2017 a 2021.

2017 2018 2019 2020 2021


Voos 5.857 5.788 4.764 2.770 2.455
Passageiros (1.000) 532,3 562,2 541,3 326,4 308,7
Carga (Toneladas) 864 1.130 989 549 489
Taxa de ocupação 77,1% 73,4% 81,3% 79,2% 82,4%
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da ANAC (2021) disponibilizados pela SEDECI.

16.5 Fortalecimento da Economia, Mercado de Trabalho, Rendimento e Redução


da Desigualdade de Renda

Juazeiro do Norte tem como desafio o fortalecimento e desenvolvimento das


atividades econômicas com maior potencial de transbordamento da região, assim como,
a atração de novas frentes de desenvolvimento e, simultaneamente, atuar em sintonia com
o décimo objetivo da agenda 2030 do desenvolvimento sustentável que busca a redução
da desigualdade social interna e externa que, naturalmente, tendem a surgir nas regi ões
em expansão econômica e populacional.
Analisando os dados disponíveis para o Produto Interno Bruto (PIB) no período
de 2015 a 2019, o município demonstrava oscilação entre a quarta e quinta posição no
ranking Estadual até 2018, mas em 2019 se manteve na quarta colocação com um PIB de
R$ 4,87 bilhões contudo, em termos Nacionais, neste mesmo intervalo de dois anos, ele
regrediu 10 posições perfazendo, em 2019, a 227ª posição entre o 5.570 Municípios.
Levando-se em consideração o valor adicionado bruto, o qual consiste na
contribuição no PIB das diversas atividades econômicas e é mensurado pela diferença
entre o valor bruto da produção e o consumo intermediário absorvido pelas atividades, a
posição no ranking setorial estadual foi, respectivamente, no setor rural, industrial e de
serviços, 95º, 9º e 3º.
Em termos monetários, o setor agropecuário, industrial, de serviços e
administração pública, totalizaram em 2019, respectivamente, o valor de R$ 23 milhões,
R$ 376 milhões, 2,98 bilhões e 969 milhões perfazendo, aproximadamente, R$ 4,35

563
bilhões o que abrange 53,0% do Valor Adicionado Bruto da Região Metropolitana do
Cariri e cerca de 3% do VAB observado no estado do Ceará.
Do ponto de vista setorial, Juazeiro do Norte participa, no VAB da RMC, com
cerca de 63,4% no setor de serviço, 50,5% no setor industrial e 4,6% na agropecuária.
Desta forma, percebe-se que o setor de maior relevância na geração de renda do município
é o setor de serviços impulsionado pelo turismo religioso dinamizando os segmentos de
comércio, de transporte, de alimentação, de lazer e de hospedagem.
Em Juazeiro do Norte, no ano de 2019, o Valor Adicionado Fiscal (VAF) totalizou
R$1,55 bilhão, pouco superior ao observado em 2018 (R$ 1,54 bilhão) e posicionou o
município na 8ª colocação no ranking Estadual 74. O VAF, para computo do Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), busca identificar o valor das mercadorias
saídas, acrescido do valor das prestações de serviços, no seu território, deduzido o valor
das mercadorias entradas, em cada ano civil.
Considerando que a exatidão dos dados declarados nos documentos de
informações econômico-fiscais utilizados na apuração do valor adicionado é de
responsabilidade do contribuinte e que irá afetar os recursos transferidos para o município
é de grande importância que ocorra, por parte da administração pública municipal o
monitoramento da dinâmica dessa informação e dos demais indicadores de qualidade
educacional, de qualidade de saúde, de qualidade de meio ambiente adotados no cálculo
da distribuição do produto da arrecadação do ICMS.
Quadro 115: Produto Interno Bruto e sua composição setorial por unidade geográfica – 2019.

PIB R$ Impostos R$ VAB VAB R$ milhões


milhões milhões Total Agropecuária Indústria Serviços Adm.
R$ Pública
milhões
Brasil 7.389.131 1.032.447 6.356.684 310.714 1.385.804 3.554.075 1.106.091
Nordeste 1.047.766 130.746 917.020 59.883 169.409 450.662 237.066
Ceará 163.575 20.447 143.128 7.360 24.408 77.038 34.322
RM Cariri 9.068 867 8.201 495 745 4.705 4.705
Juazeiro do 4.873 525 4.349 23 376 2.981 969
Norte
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados das Contas Nacionais disponibilizadas pelo IBGE.

74 Portaria 274/2020 do governo do estado do Ceará.

564
No tocante ao contingente populacional do município, a evolução do quantitativo
populacional residente estimado no período de 2011 a 2020 de Juazeiro do Norte perfez
uma taxa de crescimento de 9,26%, enquanto a média dos demais municípios cearenses
totalizou 6,35%, ou seja, a taxa de crescimento populacional de Juazeiro do Norte superou
em 46% a média dos demais municípios cearenses, assim como, superou o crescimento
observado em Fortaleza o qual perfez 8,48%.
Embora o Município seja a 4ª economia do Estado ele detém a terceira maior
população residente e significativa população flutuante por ser um polo universitário e
comercial, logo, ele está sujeito a uma maior pressão por empregos e políticas sociais.
Como PIB consiste em uma variável macroeconômica agregada, torna-se relevante
analisá-la do ponto de vista médio por habitante. Feito esse cálculo, constata-se que o
município passa a ocupar, no tocante ao PIB per capita, a 18ª posição no ranking Estadual
e a 2.849ª no ranking Nacional.

Figura 175: PIB dos municípios cearenses.


Fonte: Adaptado de IBGE Cidades (2022)

565
No que se refere ao mercado de trabalho no Ceará, em 2020, existiam 3,1 milhões
de pessoas residentes de 14 anos ou mais de idade ocupadas, dos quais 59,4% pertenciam
ao gênero masculino, 66,6% eram pardos, 54,8% pertenciam a faixa etária entre 18 e 39
anos e 24,6% não tinha completado o ensino fundamental. A preços médios de 2022, o
rendimento médio mensal da população ocupada perfazia R$ 1.845,00 correspondendo
um valor 33% menor que o observado, em média, no Brasil (RODRIGUES, 2021).
Juazeiro do Norte, em 2019, ocupava a posição 11º no ranking estadual de
percentual da população ocupada, o qual abrangia 20,3%, o que corresponde a 55.724
pessoas. No período de 2016 a 2019 o percentual da população ocupada pouco oscilou
ficando em torno de 19 a 20%.
O salário médio totalizava 1,8 salário-mínimo e 42,4% da sua população se
encontram em domicílios com rendimento mensal domiciliar de até meio salário-mínimo
per capita. Os salários e outras remunerações, no ano de 2019, totalizaram cerca de R$
1,18 bilhão perfazendo o 4º maior valor do estado (IBGE, 2022).

Figura 176: Percentual da população ocupada nos municípios cearenses.


Fonte: Adaptado de IBGE Cidades (2022)

Do ponto de vista setorial, assim como no VAB, o setor de serviços lidera a


geração de emprego englobando 38,2% dos empregos formais. Logo em seguida, tem-se

566
o setor comercial (25,9%) e administração pública (18,3%). Na 4ª posição, situa-se o setor
da indústria de transformação com 14,3% dos empregos gerados.
No que se refere a participação na economia Estadual, destacam-se os setores de
serviços industriais de utilidade pública (3,6%), comercial (2,5%), serviços (1,9%) e da
indústria de transformação (1,5%). Desta forma, constata-se que a geração de empregos,
em Juazeiro do Norte, está bastante associada ao setor de serviços e comercial.

Quadro 116- Emprego formal por setor, participação do setor, participação no Ceará e variação em
Juazeiro do Norte

Setor - IBGE Emprego % Por setor % na UF Variação


em 2019 em 2020
Extrativa mineral 9 0,0% 0,2% 74.3%
Indústria de transformação 7.107 14,3% 1,5% -11.7%
Serviços industriais de utilidade pública 695 1,4% 3,6% 9.6%
Construção Civil 905 1,8% 0,8% 9.1%
Comércio 12.873 25,9% 2,5% -2.5%
Serviços 19.011 38,2% 1,9% -2.8%
Administração Pública 9.075 18,3% 1,2% -84.6%
Agropecuária. extração vegetal. caça e pesca 37 0,1% 0,1% -42.3%
Total 49.712 100% 1,7% -13%
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da RAIS/ME

Em 2020, o mundo foi fortemente assolado pela pandemia de Covid-19, gerando


inúmeros entraves sociais e econômicos. No município de Juazeiro do Norte, como pode
ser observado no quadro 113, a atividade econômica do município foi reduzida afetando
o mercado de trabalho com a redução de cerca de 13% no emprego formal, sendo que
entre os setores mais representativos na geração de emprego, o da administração pública
(-84,6%) e da indústria de transformação (-11,7%) apresentaram as maiores reduções no
período.
Em relação ao quantitativo de estabelecimentos, como pode ser observado na
Quadro 117, o setor comercial (44,8%) se destaca no município de Juazeiro do Norte,
seguido pelos prestadores de serviços (35,7%) e a indústria de transformação (14,8%).
Vale ressaltar a participação dos estabelecimentos da indústria de transformação
juazeirense na Economia Estadual, a qual perfez 3,4%, valor bastante expressivo quando
comparado com o setor de serviço (2,3%) que detém a maior geração de valor e emprego

567
sinalizando que há um volume significativo de estabelecimentos empreendendo na
indústria da transformação e com potencial para elevar a participação do município no
PIB industrial estadual.

Quadro 117: Estabelecimentos por setor, participação do setor, participação no Ceará e variação em Juazeiro do
Norte

Setor - IBGE Estabelecimentos % Por % na UF Variação


em 2019 setor em 2020
Extrativa mineral 3 0,1% 0,8% 0.0%
Indústria de transformação 684 14,8% 3,4% -18.6%
Serviços industriais de utilidade pública 14 0,3% 2,8% -21.4%
Construção Civil 189 4,1% 1,8% 9.5%
Comércio 2.068 44,8% 2,6% -0.7%
Serviços 1.647 35,7% 2,3% -1.2%
Administração Pública 4 0,1% 0,3% 0.0%
Agropecuária. extração vegetal. caça e pesca 8 0,2% 0,3% 0.0%
Total 4,617 100% 2,4% -3.2%
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da RAIS/ME.

Mesmo havendo uma associação positiva entre o dinamismo econômico de uma


Região e o seu desenvolvimento, uma análise restrita a essa métrica não é suficiente para
inferir diferenças na qualidade de vida no município analisado dado que não leva em
consideração a desigualdade na distribuição da renda.
No tocante a desigualdade da distribuição da renda domiciliar per capita, aferida
pelo índice de Gini, o município de Juazeiro do Norte no período de 1991, 2000 e 2010
perfazia o valor de, respectivamente, 0,59; 0,61 e 0,55.
Dado que quanto mais o GINI se aproxima da unidade, maior é o grau de
concentração de renda, em 2010 houve um processo de redução da desigualdade que
havia se acentuado no início dos anos 2000, mesmo assim, o município regredi u, em
2010, 37 posições no ranking estadual em relação a 1991 e se encontra na 70ª posição,
sendo, desta forma um município de elevada desigualdade.
Além disso, destaca-se que a dinâmica recente de arrefecimento da atividade
econômica e da geração de emprego, assim como, as consequências da crise sanitária
resultante da pandemia tendem a afetar de forma mais significativa a população em
situação de vulnerabilidade, logo, a depender dos resultados alcançados pela política de

568
proteção social implementada, é possível que ocorra uma significativa alteração na
dinâmica da desigualdade existente e que ela oscile conforme o perfil da população dos
municípios demandando uma atenção especial dos analistas e formuladores de políticas
públicas.
Do ponto de vista do nível de desigualdade de rendimento individual no Ceará,
entre 2012 e 2014 a desigualdade do rendimento médio real de todos os trabalhos
apresentou uma tendência de redução, entretanto, a partir de 2015 passa a crescer
continuamente alcançando um índice de 0,54 em 2019 e permanecendo constante em
2020, ficando acima dos níveis observados para o Nordeste (0,532) e o Brasil (0,500).
Com relação a desigualdade da renda domiciliar per capita, de 2012 a 2014 houve uma
redução em sintonia com o observado na região Nordeste e no Brasil. Entretanto, de 2015
a 2019 o Ceará tem seu nível de desigualdade elevado até 2019 (0,562) e em decorrência
da implementação do Auxílio Emergencial e da redução no número de ocupados no País
reduz, em 2020, para 0,544, mas ainda detém patamar superior ao Nordeste (0,526) e ao
Brasil (0,524) (RODRIGUES, 2021).
Considerando que a redução da desigualdade consiste em um dos principais
objetivos da agenda 2030 do desenvolvimento sustentável, realizou-se uma análise da
desigualdade da faixa de rendimento domiciliar per capita dos bairros de Juazeiro do
Norte considerando os dados divulgados pelo IBGE referente ao último censo realizado
em 2010.
Como pode ser observado nas Figura 176 e Figura 177 o índice de Gini dos bairros
de Juazeiro do Norte variou de 0,37 a 0,66, revelando elevadas disparidades internas em
determinados bairros, assim como, significativa heterogeneidade entre os bairros do
município constatadas tanto pela mensuração do GINI, quanto pela distribuição dos
domicílios pelas classes de rendimento e pelas curvas de Lorenz esboçadas.
Destaca-se que a curva de Lorenz permite representar graficamente o confronto
da percentagem da renda per capita acumulada pelos domicílios no eixo vertical com a
percentagem acumulada de domicílios no eixo horizontal possibilitando identificar o grau

569
de desigualdade em termos de repartição do rendimento. Quanto mais afastada a curva da
bissetriz do gráfico maior a desigualdade.
Os bairros com maiores índice de Gini foram, respectivamente, a Cidade
Universitária (0,66), o Jardim Gonzaga (0,64), Aeroporto (0,63) e Lagoa Seca (0,60)
perfazendo valores superiores ao verificado de forma global em Juazeiro do Norte (0,52)
e para o estado do Ceará (0,58).
Os bairros da região mais próxima ao centro comercial do Município
apresentaram um perfil de menor desigualdade de rendimento, com destaque para
Romeirão (0,37), Pirajá (0,41), João Cabral (0,41), Planalto (0,41) e Timbaúba (0,42).
Exceto o bairro planalto, os demais bairros de Juazeiro do Norte que apresentaram um
valor reduzido para o índice de Gini detém baixo ou intermediário nível de renda, ou seja,
a desigualdade não é tão expressiva nessas localidades, mas há uma significativa privação
social.
Percebe-se também, com base no Gráfico 7, que bairros mais afastados do centro
tradicional concentram as maiores desigualdade do município e com base nos gráficos de
dispersão presente na Gráfico 8, nota-se que há uma correlação positiva entre bairros de
maior renda média e a desigualdade de rendimento, exceto o bairro planalto que se
mostrou um outlier por deter alto nível de renda, mas baixa desigualdade entre seus
domicílios.
Não há indícios de correlação significativa entre o quantitativo de moradores não
brancos no bairro e a desigualdade de rendimento, ao passo que os bairros que apresentam
menor quantidade de domicílios apresentam maior nível de desigualdade. A análise de
correlação espacial, utilizando o I de Moran, sinalizou que do ponto de vista global há
correlação espacial significante a 5%, sendo que os bairros Lagoa Seca, Jardim Gonzaga
e Frei Damião e os bairros Romeirão e Timbaúba apresentaram correlação espacial
significativa, mas com distintos padrões de correlação diferentemente da maioria dos
bairros da região central que não apresentaram indícios significativos de corr elação
espacial da desigualdade.

570
Enquanto a relação entre os bairros Lagoa Seca e Jardim Gonzaga é de alta
desigualdade interna associada a alta desigualdade na vizinhança, a relação no bairro Frei
Damião é de um bairro com baixo nível de renda média e baixa desigualdade que conta
com uma vizinhança de renda média/alta e com alta desigualdade repercutindo em um
conglomerado de bairros que se analisados de forma agrupada detém elevadíssima
desigualdade de renda domiciliar per capita. Por fim, os bairros Romeirão e Timbaúba
também apresentaram correlação espacial significativa, mas com o padrão de baixa
desigualdade de renda com vizinhança de perfil semelhante.
Para reversão desse cenário de intensa desigualdade social, necessita-se da adoção
de medidas que progressivamente elevem a renda da população mais pobre a uma taxa
maior que a média municipal, empodere e promova a inclusão social, econômica e política
de todos, independentemente de idade, sexo, deficiência, raça, etnia, origem, religião,
condição econômica ou outra, garantindo a igualdade de oportunidades e, por fim, adoção
de políticas de proteção social de modo a viabilizar progressivamente o crescimento da
atividade econômica em um cenário de melhor distribuição de renda. Ressalta-se que tais
ações tomam como referência os ODS da agenda 2030.

571
Figura 177: Índice de Gini do rendimento domiciliar per capita em 2010 dos bairros de Juazeiro do Norte
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de resultados da pesquisa e dados do Censo Demográfico de 2010.

572
Figura 178: Análise da correlação espacial do índice de GINI dos bairros em Juazeiro do Norte.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de resultados da pesquisa e dados do Censo Demográfico de 2010.

Cea rá Curva de Lorenz - Ceará - GINI: 0,576

700000 1,00
nominal mensal domiciliar per capita
Proporção da classe de rendimento

0,90
600000
0,80
500000 0,70
400000 0,60
0,50
300000
0,40
200000 0,30
100000 0,20
0,10
0 Até 1/8 de Ma is de 1/8 a Ma is de 1/4 a Ma is de 1/2 a Ma is de 1 a 2 Ma is de 2 a 3 Ma is de 3 a 5 Ma is de 5 a Ma is de 10 Se m 0,00
sal ário 1/4 de sa lário 1/2 sal ário 1 salá rio sal ários sal ários sal ários 10 sa lários sal ários rendi mento
mínimo mínimo mínimo mínimo mínimos mínimos mínimos mínimos mínimos
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

Classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita Proporção dos Domicílios particulares permanentes

573
Jua zeiro do Norte Curva de Lorenz - Juazeiro do Norte - GINI: 0,515

25000 1,00

nominal mensal domiciliar per capita


Proporção da classe de rendimento
0,90
20000 0,80
0,70
15000 0,60
0,50
10000 0,40
0,30
5000 0,20
0,10
0 Até 1/8 de Ma is de 1/8 a Ma is de 1/4 a Ma is de 1/2 a Ma is de 1 a 2 Ma is de 2 a 3 Ma is de 3 a 5 Ma is de 5 a Ma is de 10 Se m 0,00
sal ário 1/4 de sa lário 1/2 sal ário 1 salá rio sal ários sal ários sal ários 10 sa lários sal ários rendi mento
mínimo mínimo mínimo mínimo mínimos mínimos mínimos mínimos mínimos 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

Classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita Proporção dos Domicílios particulares permanentes

Jua zeiro do Norte - Bairro Aeoporto Curva de Lorenz - Bairro Aeroporto - GINI: 0,626

70 1,00

nominal mensal domiciliar per capita


Proporção da classe de rendimento
60
0,80
50
40 0,60

30 0,40
20
0,20
10
0 0,00
Até 1/8 de Ma is de 1/8 a Ma is de 1/4 a Ma is de 1/2 a Ma is de 1 a 2 Ma is de 2 a 3 Ma is de 3 a 5 Ma is de 5 a 10 Ma is de 10 Se m
sal ário mínimo 1/4 de sa lário 1/2 sal ário
mínimo mínimo
1 salá rio
mínimo
sal ários
mínimos
sal ários
mínimos
sal ários
mínimos
sal ários
mínimos
sal ários
mínimos
rendi mento 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
-0,20
Classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita Proporção dos domicílios Pa rticulares permanentes

Jua zeiro do Norte - Bairro Jardim Gonzaga Curva de Lorenz - Bairro Jardim Gonzaga - GINI: 0,639

600 1,00
nominal mensal domiciliar per capita
Proporção da classe de rendimento

0,90
500
0,80
400 0,70
0,60
300 0,50
0,40
200
0,30
100 0,20
0,10
0 Até 1/8 de Ma is de 1 /8 a Ma is de 1/4 a Ma is de 1/2 a Ma is de 1 a 2 Ma is de 2 a 3 Ma is de 3 a 5 Ma is de 5 a 10 Ma is de 10 Se m 0,00
sal ário 1/4 de sa lário 1/2 sal ário 1 salá rio sal ários sal ários sal ários sal ários sal ários rendi mento
mínimo mínimo mínimo mínimo mínimos mínimos mínimos mínimos mínimos
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

Classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita Proporção dos domicílios Pa rticulares permanentes

574
Jua zeiro do Norte - Bairro Lagoa Seca Curva de Lorenz - Bairro Lagoa Seca - GINI: 0,598

350 1,00

nominal mensal domiciliar per capita


Proporção da classe de rendimento
300
0,80
250
200 0,60
150
0,40
100
50 0,20

0 Até 1/8 de Ma is de 1 /8 a Ma is de 1/4 a Ma is de 1/2 a Ma is de 1 a 2 Ma is de 2 a 3 Ma is de 3 a 5 Ma is de 5 a 10 Ma is de 10 Se m 0,00


sal ário 1/4 de sa lário 1/2 sal ário 1 salá rio sal ários sal ários sal ários sal ários sal ários rendi mento
mínimo mínimo mínimo mínimo mínimos mínimos mínimos mínimos mínimos
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

Classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita Proporção dos domicílios Pa rticulares permanentes

Jua zeiro do Norte - Bairro Romeirão Curva de Lorenz - Bairro Romeirão - GINI: 0,373

800 1,00

nominal mensal domiciliar per capita


Proporção da classe de rendimento
700
0,80
600
500 0,60
400
300 0,40
200
0,20
100
0 Até 1/8 de Ma is de 1 /8 a Ma is de 1/4 a Ma is de 1/2 a Ma is de 1 a 2 Ma is de 2 a 3 Ma is de 3 a 5 Ma is de 5 a 10 Ma is de 10 Se m 0,00
sal ário 1/4 de sa lário 1/2 sal ário 1 salá rio sal ários sal ários sal ários sal ários sal ários rendi mento
mínimo mínimo mínimo mínimo mínimos mínimos mínimos mínimos mínimos
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

Classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita Proporção dos domicílios Pa rticulares permanentes

Jua zeiro do Norte - Bairro João Cabral Curva de Lorenz - Bairro João Ca bral - GINI: 0,408

2000 1,00
nominal mensal domiciliar per capita
Proporção da classe de rendimento

1500 0,80

0,60
1000
0,40
500
0,20
0 Até 1/8 de Ma is de 1/8 a Ma is de 1 /4 a Ma is de 1/2 a Ma is de 1 a 2 Ma is de 2 a 3 Ma is de 3 a 5 Ma is de 5 a Ma is de 10 Se m 0,00
sal ário 1/4 de sa lário 1/2 sal ário 1 salá rio sal ários sal ários sal ários 10 sa lários sal ários rendi mento
mínimo mínimo mínimo mínimo mínimos mínimos mínimos mínimos mínimos
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

Classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita Proporção dos domicílios Pa rticulares permanentes

575
Jua zeiro do Norte - Bairro Planalto Curva de Lorenz - Bairro Planalto - GINI: 0,407

40 1,00

nominal mensal domiciliar per capita


Proporção da classe de rendimento
30 0,80

0,60
20
0,40
10
0,20
0 Até 1/8 de Ma is de 1/8 a Ma is de 1/4 a Ma is de 1/2 a Ma is de 1 a 2 Ma is de 2 a 3 Ma is de 3 a 5 Ma is de 5 a 10 Ma is de 10 Sem
sal ário mínimo 1/4 de sa lário 1/2 sal ário 1 salá rio sal ários sal ários sal ários sal ários sal ários rendi mento 0,00
mínimo mínimo mínimo mínimos mínimos mínimos mínimos mínimos
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
Classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita Proporção dos domicílios Pa rticulares permanentes

Gráfico 7: Distribuição por classes e curva de Lorenz do rendimento nominal mensal domiciliar per capita
do Ceará, Juazeiro do Norte e parcela dos bairros de Juazeiro do Norte em 2010.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Censo Demográfico de 2010 e resultados da pesquisa.

Rendimento Domiciliar % da População Declarada Não Branca

10000 90,3
% da população não branca
Rtendimento Domiciliar

80,3
8000 70,3
60,3
6000 50,3
4000 40,3
30,3
2000 20,3
10,3
0 0,3
0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
GINI GINI

Rendimento Domiciliar ( Sem outlier) Número de Domicílios no Bairro

6000 6000
Rendimento Domiciliar

5000
Nº de domicílios

4000 4000
3000
2000 2000
1000
0 0
0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0 0,2 0,4 0,6 0,8
GINI GINI

Gráfico 8: Correlação entre o índice de GINI dos bairros de Juazeiro do Norte e o rendimento domiciliar,
percentual da população não branca e o número de domicílios no Bairro.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Censo Demográfico de 2010 e resultados da pesquisa.

576
16.6 Economia do Setor público, Assistência Social, Educação, Privação Social e
Saúde

No
Quadro 118 é possível observar, a partir de um levantamento de dados presentes no estudo
de Firmiano, Medeiros e Sousa (2018) e consulta no IPECEDATA, um panorama de
indicadores associados a área da Educação, da Saúde e da Assistência Social do município
de Juazeiro do Norte e compará-los com a realidade observada na RMC e no estado do
Ceará.
No tocante a oferta na área da saúde, como pode ser observado no Quadro 118,
tem-se informações relativas as unidades de saúde (0,49), profissionais de saúde (8,02),
leitos (2,11), médicos (1,82), enfermeiros (0,93) e dentistas, em 2017, por mil habitantes.
Constata-se que exceto no quantitativo de leitos, o município de Juazeiro do Norte
apresenta valores superiores à média Estadual e que a RMC se destaca em todos os
indicadores contribuindo para melhoria da prestação de serviços de saúde para população
juazeirense, tento em vista que o planejamento das ações de saúde é realizado por meio
da regionalização da Saúde e que Juazeiro do Norte estando inserido na macrorregião do
Cariri, beneficia-se dessa estrutura regional. Ademais, conforme dados disponibilizados
pela SEDECI, vale destacar que Juazeiro do Norte detém onze hospitais sediados no
município perfazendo uma taxa 0,040 hospitais por 1.000 habitantes, valor superior à
média Estadual que perfaz 0,036.
Apesar disso, enquanto o indicador de mortalidade infantil, o qual reflete o risco
de um nascido vivo morrer durante o seu primeiro ano de vida se mostra similar a média
da RMC e inferior a taxa estadual, a internação por AVC na população acima de 40 anos
supera os verificados tanto na RMC como no estado do Ceará demandando uma análise
especial nas políticas públicas preventivas ao acometimento de AVC para que seja
assegurado uma vida saudável para todos, em todas as idades, como preconiza os ODS.
Em relação aos indicadores educacionais, conforme Quadro 118, a taxa de
escolarização líquida, a qual verifica o acesso ao sistema educacional daqueles que se

577
encontram na idade recomendada para determinado nível de escolaridade, perfez em
Juazeiro do Norte, em 2015, 88,09%, valor similar a média estadual de 89,64, mas inferior
a 92,87% que é observado na RMC.
No tocante a taxa de distorção idade/série no ensino fundamental, a qual reflete o
percentual de alunos, em cada série, com idade superior à idade recomendada totalizou,
em 2020, em Juazeiro do Norte, 12,30, bastante superior a taxa estadual (10,77)
demandando o desenvolvimento de políticas que revertam a distorção idade/série destes
estudantes assegurando a educação inclusiva e equitativa de qualidade, promovendo
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos como demandam os ODS e
a agenda 2030.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) dos anos iniciais do
ensino fundamental totalizou, em 2019, 5,5 e nos anos finais 5,0 posicionando o
município, respectivamente, na 158º e 110ª posição do ranking Estadual. Ademais, o
quantitativo de alunos em relação ao quantitativo de salas de aulas utilizadas são similares
entre o município de Juazeiro do Norte (24,43), RMC (25,01) e o estado do Ceará (25,62).
Em relação a assistência social, o município de Juazeiro do Norte apresentava, em
2016, 20.907 famílias participantes do programa Bolsa Família, uma média municipal
bastante superior à média dos municípios da RMC (7.191) e do estado do Ceará (5.664),
evidenciando a elevada dimensão da demanda por políticas de proteção social presente
em um município do seu porte populacional.

Quadro 118: Indicadores de serviços de saúde, assistência social e educacionais de Juazeiro do Norte,
Região Metropolitana do Cariri (RMC) e Ceará.

Juazeiro do RMC CE
Norte
Unidades de Saúde por mil hab. em 2017 0,49 0,62 0,44
Leitos por mil hab. em 2017 2,11 2,85 2,19
Profissionais de Saúde por mil hab. em 2017 8,02 9,16 7,81
Médicos por mil hab. em 2017 1,82 2,12 1,45
Enfermeiros por mil hab. em 2017 0,93 0,99 0,93
Dentistas por mil hab. em 2017 0,39 0,44 0,34
Mortalidade infantil em 2017 11,66 11,65 13,20
Internação por AVC > 40 anos em 2016 53,83 47,12 27,06

578
Taxa de Escolarização Líquida – Ens. Fundamental 88,09 92,87 89,64
em 2015
Taxa de Distorção Idade/Série no ensino fundamental 12,30 - 10,77
em 2020*
Nº de Aluno / Nº de salas de aulas utilizadas em 2016 24,43 25,01 25,62
Famílias Beneficiadas pelo Bolsa Família em 2016 20.907 64.716 1.042.087

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Firmiano, Medeiros e Sousa (2018) e IPECEDATA. *A taxa de
distorção idade/série no ensino fundamental em 2020 foi obtido no IPECEDATA*

O Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) mensura,


anualmente, o Índice Comparativo da Gestão Municipal (ICGM) e a edição de 2019 foi
analisado no estudo de Lócio et al (2021), o qual se propõe a subsidiar, com evidências,
a gestão pública para a tomada de decisão em políticas públicas. O IGCM é composto por
quatorze indicadores agrupados em quatro dimensões: Planejamento, Recursos
Financeiros, Serviços e Transparência. Sua análise é estratificada por grupo populacional.
Neste caso, Juazeiro do Norte pertence ao primeiro grupo que agrega os nove municípios
cearenses com população acima de 100 mil habitantes.
O ICGM de 2019 observado em Juazeiro do Norte foi de 0,27, distante do
primeiro colocado que perfez 0,68 e obteve destaque em apenas dois indicadores, são
eles: Planejamento da Despesa e Complexidade Tributária. Nos demais 75, o município
obteve resultado abaixo de 0,5, sinalizando que seus indicadores estão performando
abaixo de 50% dos melhores valores observados nos demais municípios do seu grupo,
colocando-o em último lugar entre os municípios com população acima de 100 mil
habitantes no Ceará.

75No caso de um município em que o valor de determinado indicador não estiver disponível, foi arbitrado
pelos pesquisadores que o valor de seu indicador padronizado será igual a zero

579
Gráfico 9: Indicadores Comparativos de Gestão Municipal de Juazeiro do Norte em 2019
Fonte: Elaboração própria a parti dos dados presentes em Lócio et al (2021).

Entre os ODS da agenda 2030, tem-se o propósito de acabar com a pobreza em


todas as suas formas, em todos os lugares, acabar com a fome, alcançar a segurança
alimentar e a melhoria da nutrição, promover a agricultura sustentável, assegurar a
disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos, assegurar o acesso
confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia, para todos e tornar as
cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
Desta forma, para elaboração de uma estratégia que possibilite a superação do
cenário atual de vulnerabilidade social da população de Juazeiro do Norte, é de grande
importância compreender como se distribuiu a privação social dos seus habitantes, ou
seja, o estado de desvantagem observável e demonstrável em fatores ligados a, por
exemplo, alimentação, habitação, instalações domésticas, trabalho, educação, lazer e
emprego vivenciada pelo individuo/família na sociedade, em uma análise desagregada

580
por bairro, mas sem deixar de considerar a heterogeneidade existente nos demais
munícipios brasileiros.
Neste estudo, a análise dos dados de privação social se deu por meio do emprego
da técnica estatística multivariada de análise fatorial pelo método de componentes
principais. A mensuração do Índice de Privação Social dos Bairros (IPS-B) o qual tomou
como referência o estudo realizado por França et al (2021) e tem o objetivo de estimar
um indicador que reflita a condição de pobreza dos bairros em um aspecto
multidimensional.
De acordo com Hair Jr. et al. (2005); Hardle e Simar (2007) e Johnson e Wichern
(2007), esse instrumental estatístico é utilizado para avaliar a estrutura das correlações
entre grande número de variáveis explicativas, definindo um conjunto de fatores que são
formados para maximizar seu poder de explicação do conjunto inteiro de variáveis.
Para verificar a adequabilidade da aplicação da análise fatorial será considerada o
Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), que corresponde ao somatório dos quadrados das
correlações de todas as variáveis dividido por essa mesma soma acrescentada da soma
dos quadrados das correlações parciais de todas as variáveis.
Para Mingoti (2005), esse modelo construído a partir da matriz de correlação
relaciona linearmente as variáveis padronizadas e os fatores comuns. As estimativas
iniciais das cargas fatoriais não são definitivas. Assim, pode-se empregar o recurso da
transformação ortogonal dos fatores originais para que se obtenha uma estrutura mais
simples de ser interpretada (HAIR et al., 2005; MINGOTI, 2005). Nesta análise, utilizou-
se a rotação Varimax, que busca soluções pelas quais se pretende maximizar as
correlações de cada variável com apenas um fator.
Após a rotação ortogonal da estrutura fatorial original, foram estimados os escores
dos fatores para cada bairro, os quais foram utilizados na formação do Índice de Privação
Social dos Bairros (IPS-B) no Brasil do qual será analisado com maior ênfase, para fim
desse relatório, os pertencentes ao município de Juazeiro do Norte.

581
Esse índice pode ser representado pela combinação linear dos escores fatoriais,
obtidos pela análise fatorial, como a proporção da variância explicada pelos fatores
individuais em relação à variância comum.
Conforme descrito, as variáveis que fizeram parte do modelo de análise fatorial
correspondem a 12 indicadores associados as características domiciliares que englobam
as dimensões da renda, educação, condições domiciliares e composição populacional,
disponibilizados pelo Censo do IBGE de 2010 e são descritas na Quadro 119. Essas
variáveis foram escolhidas, pois a privação social vai além da ausência de renda, ela
reflete a privação das necessidades básicas individuais.
Todas as variáveis foram padronizadas, seguindo a metodologia de França et al
(2021), de forma que valores mais elevados indicam que o bairro tem um maior nível de
privação no indicador. Ademais, após mensuração do IPS-B, obteve-se o coeficiente de
correlação com medidas de pobreza para checar a robustez do índice em refletir a situação
de pobreza observada nos bairros brasileiros.
Como pode ser observado no Quadro 119, há significativa heterogeneidade na
composição dos bairros de Juazeiro do Norte, em que, por exemplo, bairros contam com
100% (Brejo Seco) dos domicílios sem acesso à esgotamento sanitário ao mesmo tempo
em que apenas 25% dos domicílios do São Miguel se encontram nessa situação.
Em 2014, estudo realizado pela Agência Reguladora de Serviços Públicos
Delegados do Estado do Ceará (Arce), Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece),
Ministério Público do Cea - rá (MPCE), Instituto Federal do Ceará (IFCE), Companhia
de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e Instituto Trata Brasil, constatou uma
relevante redução na qualidade das águas subterrâneas da RMC em função da presença
constante de nitrato nas amostras recolhidas. A má qualidade pode ser justificada pela
infiltração das fossas domésticas, bem como pela existência de esgotos lançados a céu
aberto e/ou nas redes de drenagem de águas pluviais. Os mesmos estudos apontaram
traços de metais pesados, provenientes, possivelmente, das atividades industriais que
atuam, principalmente, em Juazeiro do Norte (MAIA, 2018).

582
Além disso, conforme levantamento realizado pelo Instituto Trata Brasil, a pior
cidade colocada das cearenses e uma das piores do Brasil no Ranking do Saneamento
2017 nas 100 maiores cidades do Brasil é Juazeiro do Norte, que ocupa a 95ª posição
entre as 100 cidades analisadas. O município da região do Cariri está entre os 10 piores
em coleta de esgoto, com apenas 21,1% da população beneficiada. Além disso, a cidade
cearense figura entre as 10 piores com relação à razão entre investimentos e arrecadação,
registrando um investimento de apenas 4,3% do valor arrecadado com os serviços
sinalizando que a região precisa priorizar e garantir maiores investimentos para o
Saneamento como um todo, contemplado o esgotamento Sanitário, mas também o
abastecimento de água, a Gestão de Resíduos Sólidos e a Drenagem das Águas Pluviais
(MAIA, 2018).
Observa-se também diferenças significativas, entre os bairros, no que se refere a
cor declarada pela população, em que 80,2% dos moradores do Horto se declaram como
não brancos, ao passo que no bairro Planalto esse percentual é de apenas 39,1%.
Ademais, o acesso a coleta de lixo também se mostra heterogêneo, em que, por
exemplo 53,2% dos domicílios do bairro Campo Alegre não apresentavam acesso a coleta
de lixo diferentemente da realidade vivenciada pelos moradores do bairro Salesiano em
que há coleta de lixo em sua plenitude.

Quadro 119: Estatística descritiva dos indicadores dos bairros de Juazeiro do Norte utilizados na
mensuração do Índice de Privação Social dos bairros no Brasil.

Variável N Média Desvio Padrão Min Max


% de Não Brancos 36 64,9% 0,09 39,1% 80,2%
% de Não alfabetizados até os 10 anos 36 35,6% 0,06 19,2% 43,8%
% de Domicílios com água encanada 36 87,3% 0,21 7,8% 99,5%
% de Domicílios com apenas um morador 36 12,5% 0,05 4,9% 32,4%
% de Domicílios chefiados por mulheres 36 39,6% 0,09 19,4% 60,2%
% de Domicílios sem energia elétrica 36 0,5% 0,01 0,0% 2,1%
% de Domicílios sem emigrantes 36 99,5% 0,00 98,0% 100,0%
% de Domicílios sem coleta de lixo 36 8,4% 0,13 0,0% 53,2%
% de Domicílios sem banheiro 36 5,2% 0,05 0,4% 25,9%
% da População com 60 anos ou mais 36 12,0% 0,05 5,8% 26,8%

583
% da População com mais de 14 anos e sem
36 40,9% 0,04 33,4% 52,8%
rendimento
% da População sem acesso a esgotamento
36 72,8% 0,24 25,3% 100,0%
sanitário
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Censo Demográfico de 2010. As variáveis escolhidas
tomaram como referência o estudo realizado por França et al (2021).

O Quadro 120 permite a comparação entre o perfil dos bairros de Juazeiro do


Norte, com o verificado no estado do Ceará, na região Nordeste e no Brasil. Constata-se
que o perfil e a heterogeneidade interna se repetem de forma homogênea na esfera
estadual e na região Nordeste para maioria dos indicadores, exceto para ausência de
acesso a esgotamento sanitário que é um pouco maior em Juazeiro do Norte (72,8%) em
relação ao Ceará (67,7%) e a região Nordeste (65,1%), com tudo, quando comparado ao
cenário Nacional, identifica-se diferenças mais significativas em parcela dos indicadores
analisados.

Quadro 120: Estatística descritiva dos indicadores de Juazeiro do Norte, Ceará, Região Norde ste e Brasil
utilizados na mensuração do Índice de Privação Social dos bairros no Brasil.
Juazeiro do Norte Ceará Nordeste Brasil
Variável N Média N Média N Média N Média
% de Não Brancos 36 64,9% 1.079 66,6% 2.643 65,4% 13.940 44,0%
% de Não alfabetizados
36 35,6% 1.079 34,0% 2.643 33,4% 13.940 33,5%
até os 10 anos
% de Domicílios com
36 87,3% 1.079 92,5% 2.643 90,6% 13.940 89,3%
água encanada
% de Domicílios com
36 12,5% 1.079 13,1% 2.643 13,5% 13.940 16,1%
apenas um morador
% de Domicílios
36 39,6% 1.079 41,7% 2.643 42,3% 13.940 38,8%
chefiados por mulheres
% de Domicílios sem
36 0,5% 1.079 0,6% 2.643 0,6% 13.940 0,4%
energia elétrica
% de Domicílios sem
36 99,5% 1.079 99,3% 2.653 99,1% 14.040 98,0%
emigrantes
% de Domicílios sem
36 8,4% 1.082 8,6% 2.643 7,9% 13.940 3,7%
coleta de lixo
% de Domicílios sem
36 5,2% 1.079 7,7% 2.643 6,5% 13.940 3,0%
banheiro
% da População com 60
36 12,0% 1.079 13,5% 2.643 12,8% 13.940 13,0%
anos ou mais

584
% da População com
mais de 14 anos e sem 36 40,9% 1.079 40,2% 2.654 40,5% 14.042 34,8%
rendimento
% da População sem
acesso a esgotamento 36 72,8% 1.083 67,7% 2.643 65,1% 13.940 49,4%
sanitário
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Censo Demográfico de 2010.

Antes de determinar os Índices de Privação Social dos bairros brasileiros,


investigou-se a adequação dos dados ao emprego da análise fatorial por meio do Kaiser-
Meyer-Olkim (KMO). Os resultados mostram que o valor obtido foi de 0,761, o que
corrobora a adequação aos dados, pois, conforme Hair et al. (2005), valores acima de 0,5
indicam que a amostra é adequada ao emprego da análise fatorial. Quatro fatores
sintetizam as 12 variáveis consideradas os quais são capazes de explicar 61,7% da
variância total dos dados.
Os resultados presentes no Quadro 121 revelam os diferentes contrastes existentes
nos bairros de Juazeiro do Norte. Quanto mais próximo da unidade, maior é o nível de
privação social dos moradores daquele bairro. Nota-se que o bairro Campo Alegre
apresentou o maior IPS do município perfazendo o valor de 0,85 em seguida, tem-se o
bairro do Horto (0,81), Frei Damião (0,78), Aeroporto (0,77), Pedrinhas (0,76) e João
Cabral (0,76).
É importante ressaltar que embora esses bairros tenham recebidos novas unidades
prestadoras de serviços públicos de saúde, assistência social e educação, assim como
ações de infraestrutura nesse período, eles apresentam uma população com elevado grau
de privação social que precisa ser revertido de forma mais intensa demandando inclusive
a busca ativa para que se reduza a disparidade existente em relação as outras localidades
do município, pois parte da população pode estar em uma situação que enfrenta
dificuldades até mesmo de procurar o poder público ocasionando a persistência da
desigualdade no município.
No que se refere a composição dos fatores, tem-se que o fator 1 está associado as
informações de alfabetização, número de moradores no domicílio, idade e ausência de

585
rendimento na população acima de 14 anos. No tocante ao fator dois, tem-se aspectos
ligados a infraestrutura como o acesso a água encanada, a ausência de acesso à energia
elétrica, a coleta de lixo e de banheiro no domicílio. O fator três está mais associado a cor
da população e a mulher como responsável pelo domicílio e, por fim, o quarto fator
engloba a presença no domicílio de pessoas que emigraram e a ausência de acesso a
esgotamento sanitário.
Em síntese, o IPS-B de Juazeiro do Norte, perfez 0,730, semelhante à média do
estado do Ceará 0,728 e a média da região Nordeste de 0,726, mas superior à média
observada no Brasil de 0,665, resultado relativamente esperado tendo em vista a
homogeneidade das estatísticas presente no Quadro 120 para o município de Juazeiro do
Norte, o estado do Ceará e a região Nordeste. O IPS-B médio nacional foi inferior ao
observado em 97% dos bairros de Juazeiro do Norte.
O único bairro de Juazeiro do Norte com IPS menor que a média Nacional foi o
bairro Centro, que é predominantemente comercial. Todos os demais tiveram resultados
ou próximos da média Nacional, como o bairro Planalto (0,668) e São Miguel (0,669) ou
significativamente superior como pode ser observado no Quadro 121 e está ilustrado na
Figura 179.

Quadro 121: Fatores e Índice de Privação Social dos Bairros de Juazeiro do Norte

Bairro Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 IPS


Centro 0.63 0.09 0.78 0.90 0.61
Juvêncio Santana 0.78 0.08 0.73 0.91 0.72
São Miguel 0.71 0.08 0.77 0.89 0.67
Carité 0.79 0.13 0.65 0.92 0.74
Fátima 0.81 0.07 0.70 0.89 0.72
Pedrinhas 0.80 0.13 0.68 0.91 0.76
Aeroporto 0.83 0.19 0.56 0.91 0.77
Brejo Seco 0.75 0.21 0.56 0.95 0.74
Betolândia 0.81 0.12 0.65 0.92 0.74
Novo Juazeiro 0.79 0.07 0.70 0.92 0.71
Leandro Bezerra de Menezes 0.82 0.07 0.72 0.89 0.74
Timbaúba 0.81 0.08 0.71 0.91 0.74
Pio XII 0.79 0.07 0.75 0.88 0.73

586
Franciscanos 0.73 0.08 0.77 0.89 0.69
Limoeiro 0.80 0.07 0.69 0.90 0.71
Pirajá 0.78 0.08 0.74 0.89 0.71
Romeirão 0.79 0.08 0.75 0.88 0.73
João Cabral 0.83 0.09 0.71 0.89 0.76
Triângulo 0.81 0.09 0.70 0.91 0.75
Antônio Vieira 0.82 0.08 0.71 0.90 0.75
Santa Teresa 0.76 0.09 0.76 0.90 0.72
Salesianos 0.73 0.08 0.75 0.89 0.68
Socorro 0.69 0.08 0.81 0.92 0.69
Salgadinho 0.72 0.10 0.73 0.91 0.69
Horto 0.78 0.18 0.76 0.91 0.81
Três-Marias 0.77 0.13 0.72 0.91 0.75
Lagoa Seca 0.79 0.09 0.64 0.91 0.70
Jardim Gonzaga 0.81 0.13 0.70 0.91 0.78
São José 0.83 0.08 0.66 0.91 0.74
José Geraldo da Cruz 0.85 0.08 0.67 0.91 0.75
Tiradentes 0.82 0.09 0.69 0.92 0.74
Campo Alegre 0.83 0.22 0.66 0.91 0.85
Cidade Universitária 0.77 0.14 0.64 0.92 0.73
Frei Damião 0.82 0.12 0.71 0.91 0.78
Santo Antonio 0.80 0.08 0.71 0.91 0.73
Planalto 0.74 0.14 0.56 0.94 0.67

Fonte: Equipe PDM/JN.

Com o propósito de identificar a existência de correlação espacial da privação


social dos bairros de Juazeiro do Norte, estimou-se o I de Moran, identificando que não
houve significância estatística de correlação espacial em parcela significativa dos bairr os,
como pode ser observado na Figura 180, exceto na região que abrange os bairros do
Horto, Três Marias, Salgadinho e Centro.
Nessa região, os Bairros Horto e Três Marias apresentaram alta privação social,
mas do ponto de vista da correlação espacial, enquanto o bairro Três Marias apresentou
uma relação alta-alta por estar próximo do bairro Horto que tem perfil semelhante ao seu,
o bairro Centro apresentou uma relação baixa-baixa, dada sua proximidade a outros
bairros de menor padrão de privação social na região central da cidade.

587
Desta forma, ressalta-se a importância de o poder público municipal monitorar as
áreas que apresentaram maior vulnerabilidade e reforçar sua política de investimento nos
bairros mais carentes do município, principalmente nos que apresentaram indicadores em
situação mais alarmante possibilitando a minimização das disparidades atualmente
existentes no município.

Figura 179: IPS-B em 2010 dos bairros de Juazeiro do Norte


Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados do Censo do IBGE (2012).

588
Figura 180: Análise da correlação espacial do IPS-B em Juazeiro do Norte.
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados do IBGE (2012).

589
16.7 Problemas, Desafios e Potencialidades – Aspectos Econômicos

ASPECTOS ECONÔMICOS DA CIDADE

Potencialidades Desafios
pontos fortes pontos fracos

• Localização geográfica estratégica em • Elevado nível de desigualdade de renda


relação ao Nordeste, elevado potencial entre seus habitantes;
turístico e comercial, assim como, • Elevado nível de privação social em sua
referência regional no arranjo populacional população;
no interior do Estado; • Infraestrutura precária de esgotamento
• Posiciona-se na 4ª colocação no ranking sanitário e implicações negativas no
das maiores economias do Ceará; abastecimento de água do município;
• Posiciona-se na 2ª colocação no ranking • Menor valor observado no Índice
de instituições financeiras e de Comparativo de Gestão Municipal (ICGM)
movimentação de operações financeiras do em 2019 entre os municípios com mais de
Ceará; 100 mil habitantes no Ceará.
• Detém um dos maiores polos
universitários no interior do Ceará
contribuindo para suprir a demanda por
capital humano no setor agrícola,
comercial, industrial e na administração
pública da região.

Oportunidades Ameaças

• Novo marco legal do saneamento pode • Dinâmica de redução da produtividade e


destravar investimentos elevando o acesso do valor adicionado bruto do setor
a água potável e esgoto tratado; industrial calçadista no Ceará;
• Migração de capital humano em busca de • Suporte da capacidade instalada para
qualificação, provenientes de cidades transporte de passageiros e cargas (Pista e
vizinhas, fortalece o mercado de trabalho Terminal de passageiros) do aeroporto de
da cidade; Juazeiro do Norte em um cenário de
• Avanços da infraestrutura da Região e da elevação da demanda;
conexão com outros municípios; • Retração da capacidade orçamentária do
• Realização frequente de eventos na Região Governo Federal de investimento em
com grande potencial de atração de infraestrutura e de políticas de expansão da
investimentos privados. atividade econômica e proteção social;
• Risco de incidência de grandes secas e
fortes chuvas capazes de impactar a
dinâmica da cidade.

590
17 PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL

Polliana de Luna Nunes Barreto76


Priscilla Regis de Queiroz 77
Jucieldo Ferreira Alexandre 78
Hévila Rayara Cruz Ribeiro79
Barbara Almeida Oliveira 80

17.1 Aspectos introdutórios

O estudo aqui apresentado tem por objetivo expor o panorama dos aspectos
referentes ao patrimônio cultural do município de Juazeiro do Norte considerando, nesse
sentido, a identificação dos instrumentos de proteção do patrimônio cultural e ambiental
bem como as potencialidades conjuntas para as atividades de desenvolvimento
econômico, turístico e da economia criativa no desenvolvimento sustentável do
município.
O presente capítulo dedica-se ao diagnóstico do patrimônio histórico e se divide
em quatro seções, sendo que a primeira delas compreende o Percurso Metodológico e
tem como finalidade apresentar ao leitor os procedimentos utilizados no desenvolvimento
deste documento. Destacando nesse percurso que o uso das Tecnologias da Informação e
Comunicação compreenderam ferramentas determinantes na construção do presente
estudo. A rede foi, em fase preliminar e no decorrer do desenvolvimento deste
documento, a principal fonte de coleta de dados primários e informações, seguida pelo
levantamento documental junto aos órgãos municipais que atuam em torno da temática,
e produção de fontes imagéticas que subsidiaram especialmente a identificação do
patrimônio histórico edificado. As referências aos documentos consultados podem ser

76 Historiadora, Bacharel em Direito, Doutora em Educação.


77 Historiadora, Doutora em História Social.
78 Historiador, Doutor em História.
79 Arquiteta e urbanista, Mestranda em Arquitetura e Urbanismo.
80 Administradora Pública e Gestora Social, Mestranda em Avaliação de Políticas Públicas.

591
encontradas tanto nas notas de rodapé ao longo do arquivo, como na seção bibliográfica
utilizada ao final desse estudo.
Ressaltamos que a utilização da internet bem como a pesquisa bibliográfica em
larga escala se justifica não apenas como estratégica na agilização de informações, mas
ainda pelas fragilidades na transparência e acesso aos dados disponibilizados pelos órgãos
públicos. Considerando que apesar de ter sido ferramenta essencial no decorrer desse
processo, pela quantidade e variabilidade de informações, comumente identificam -se
contradições dos dados checados em plataformas distintas.
Nesse contexto, pontua-se a necessidade urgente de melhor difusão das
informações sobre Patrimônio Cultural, Turismo, Romarias pelo poder público,
construção de um banco de dados oficial que mantenha arquivados e atualizados todos os
documentos referentes às dinâmicas do patrimônio histórico e cultural local. Igualmente
faz-se necessário tornar acessível e uniformizadas informações sobre o tema não apenas
para pesquisadores, mas a diferentes públicos, desde turistas e romeiros que chegam ao
longo de todo o ano no território, ao setor privado na localização dos seus
empreendimentos e serviços, entre outros interessados em tais dados.
A segunda seção intitulada Juazeiro do Norte enquanto território de disputas
elabora uma problematização acerca desse lugar sobre o qual o estudo se debruça, numa
perspectiva histórica marcando em particular o processo de colonização que influencia a
elaboração da compreensão de patrimônio histórico e sua salvaguarda. Dessa forma,
parte-se do princípio de que o que se compreende hoje como referência cultural no
território mantém vinculação direta com o contexto histórico.
Seguidamente, a seção Políticas públicas para o patrimônio cultural no município
de Juazeiro do Norte-CE apresenta um balanço das ações de promoção, proteção,
manutenção, restauração e/ou requalificação dos bens imóveis acautelados e do
patrimônio imaterial do município. Com fins de melhor explicitar os aspectos abordados
tratamos das estratégias de preservação à luz do referencial teórico que os divide em três
instrumentos de acautelamento: Tombamento, utilizado desde a década de 1930,
demarca, de forma efetiva, o início da política de preservação no Brasil; Registro,

592
dedicada aos bens intangíveis, que por muito tempo foi considerado à parte na política
patrimonial; tal instrumento, além de possibilitar a ampliação do entendimento de
patrimônio, inseriu na agenda pública a diversidade de referências e representações
implicadas pelo patrimônio Cultural; e por último, a Educação Patrimonial, partindo do
entendimento que tal estratégia possui potencial de desenvolver-se de forma horizontal e
descentralizada trazendo à cena não apenas a diversidade de atores, e sua maioria em
formação (educandos), mas ainda a diversificação do que a comunidade – de forma
localizada – entende como patrimônio cultural, pautando-se, assim, no conceito de
referência cultural.
Em que pese, esse tópico apresenta-se pelas suas potencialidades, principalmente
no contexto abordado, considerando que a dispersão das unidades educacionais – também
tomadas aqui como equipamentos culturais – possuem no processo de preservação,
valorização e difusão da memória, história e heranças da comunidade que partam dos
próprios sujeitos, e não de instrumentos normativos elaborados, de forma geral, distante
das diversas realidades em que se encontram tais sujeitos. Assim, ao tratar da Educação
Patrimonial como objetivo diagnóstico já o apontamos como diretriz a ser considerada e
consolidada nas políticas públicas para o patrimônio histórico e cultural do município.
Ainda ressaltamos que a apresentação dos bens culturais (tangíveis e intangíveis)
listados sustentou-se na legislação em vigor no município. Dessa forma, considera-se que
qualquer seleção ou exclusão, que porventura seja identificada, reflete na inexistência de
instrumentos normativos, até o presente. Cabe destacar, que em relação ao Patrimônio
Natural este trabalho de seleção foi empreendido a partir da identificação de áreas de
preservação, considerando que há ainda o indicativo, por parte das autoras, - sustentado
no entendimento da natureza como patrimônio - do que pode ser considerado Patrimônio
Natural do território.
Em relação aos espaços em que se identificam interseções entre o Patrimônio
Cultural e o Turismo na cidade, listou-se um conjunto de equipamentos culturais que
operam, tanto no nível público quanto privado. O termo equipamento cultural, para fins
conceituais, utilizou-se da definição elaborada por Coelho (1997), compreende

593
edificações destinadas a práticas culturais. Dessa forma, tendo em conta que se tenta
estabelecer aqui o diálogo entre Patrimônio Cultural e Turismo, os equipamentos listados
abrangem campos distintos, como educacional, economia criativa, artístico e produção
cultural, considerando nesse contexto a relevância dos mesmos no cenário local e
regional, assim como sua importância educacional, cultural e econômica no território.
Finalmente a seção Romarias no cenário das políticas públicas municipais
demonstra as dinâmicas das romarias e do turismo religioso em Juazeiro do Norte na
medida em que analisa seus impactos e apresenta suas potencialidades para o esse
território.

17.2 Fontes utilizadas

A presente seção tem como finalidade apresentar o percurso metodológico


utilizado na construção deste relatório. Dessa forma são expostos a abordagem e os
métodos de coleta de dados para construção deste. Percurso em que se destacam como
ferramentas para coleta de dados e informações tanto os meios vinculados às Tecnologias
Informação e Comunicação (TICs) como a pesquisa de campo que compreende todo
trabalho de identificação e catalogação imagético apresentado ao longo desse relatório.
Quanto à abordagem metodológica, a pesquisa tem caráter quanti-qualitativo,
afirmando o entendimento do caráter complementar dos métodos quantitativo e
qualitativo. No que diz respeito aos objetivos, a pesquisa é exploratória e descritiva. Em
seu viés exploratório, o estudo busca ampliar o entendimento acerca do objeto da
pesquisa, viabilizando a construção de hipóteses. Ainda em relação à abordagem
exploratória, em que pese o objetivo fundamental desta em descrever ou caracterizar a
natureza das variáveis/categorias que se quer conhecer, o esforço empreendido na coleta
teve como finalidade a localização de informações, que subsidiaram o desenvolvimento
da pesquisa documental e iconográfica. Atentando ainda que na própria literatura tal
abordagem é entendida como primordial no aprofundamento do conhecimento sobre
determinado fenômeno (GIL, 2001, 2008; LAKATOS; MARCONI, 2003).

594
Quanto aos procedimentos para coleta de dados da fase exploratória foi composta
por três etapas integradas: pesquisa bibliográfica, documental e iconográfica.

a) Pesquisa bibliográfica: Partindo do pressuposto que toda pesquisa é bibliográfica, tal


procedimento compreendeu a fase preliminar deste percurso e foi aqui utilizado ainda
como estratégia na coleta de dados e informações, que tiveram como finalidade
proporcionar mais referências sobre o processo aqui relatado. Nesse sentido, a pesquisa
bibliográfica foi norteadora na discussão teórica desenvolvida a partir de material já
publicado, impresso ou em plataformas digitais. Constituiu-se principalmente de livros,
dissertações, teses, artigos científicos, artigos de periódicos (impressos e digitais),
material cartográfico. Ressaltando que no uso da TICs atentou-se para a veracidade dos
dados apresentados, considerando as possíveis contradições ou incoerências nestes.

b) Pesquisa documental: Utilizada de forma integrada e dialogada como a pesquisa


bibliográfica, utilizou-se como fontes primárias que, conforme Gil (2008) ainda não
receberam um tratamento analítico ou que podem ser reelaboradas de acordo com os
objetivos da pesquisa, no caso aqui delineado, construção de um diagnóstico técnico que
integra o processo de revisão do Plano Diretor do município de Juazeiro do Norte.
Nesse percurso cabe destacar que a principal base de coleta de dados ocorreu
através das TICs, em que se desenvolveu a interação dos métodos da pesquisa
bibliográfica e documental, refletindo na definição utilizadas na busca por descritores.
Dessa forma a pesquisa bibliográfica corresponde a principal base de formulação das
categorias utilizadas e orientadoras na coleta de informações da pesquisa documental.
Processo retroalimentado ao passo que as informações de um são complementadas por
outro (Quadro 122). Nesse sentido, os principais buscadores utilizados foram Google e
Firefox, destacando que as plataformas abrangem tanto o âmbito acadêmico como
institucional.

Quadro 122: Plataformas - TIC


PESQUISAS ACADÊMICAS PORTAIS OFICIAIS

595
Scientific Electronic Library Online (Scielo) Prefeitura do Juazeiro do Norte
Google Acadêmico IPHAN
Academia.edu IBGE
HighBeam Research Portal da Transparência
Repositório da UFC
Repositório da UFPB
Elaborado: autoras (2021)

c) Pesquisa Iconográfica: desenvolvida através da pesquisa de campo, compreendeu


principalmente no registro imagético de determinados contextos identificados na pesquisa
bibliográfica e documental. Dessa forma, as imagens aqui utilizadas como fonte de
pesquisa foram obtidas na pesquisa de campo, através da identificação realizada na
revisão de bibliografia.
Em relação ao viés descritivo, este é empregado em complemento à perspectiva
exploratória. Os procedimentos nesta fase centraram-se no registro, sistematização e
descrição dos fatos observados. Tal abordagem compreende a descrição das
características dos objetos deste relatório.

17.3 Juazeiro do Norte enquanto território de disputas

O município de Juazeiro do Norte é hoje um dos maiores centros de atração


turística do Estado do Ceará (SETUR, 2020). Apesar de parte significativa desse fluxo
estar vinculada diretamente aos movimentos das Romarias, não podemos desconsiderar
a diversidade de práticas e manifestações culturais que reservam o território.
Considerando nesse percurso que, historicamente, a própria colonização do Brasil contou
com a participação direta da igreja, uma vez que a religião, especificamente a católica,
foi utilizada como justificativa para legitimação da conquista/invasão do território
americano pelos ibéricos (CHASTEEN, 1999; TEIXEIRA, 2005).
As relações entre a religião e as configurações espaciais, sociais, culturais e políticas,
por essa perspectiva, fazem parte da própria formação histórica do Brasil. Sanchis (2009)
defende que o processo de formação do Brasil desenvolveu, em conjunto com a Igreja,
uma ideologia do país que se define por ser “essencialmente e sociologicamente católico”.

596
Fator que corrobora na “persistência dos traços dominantes da matriz cultural original”,
implicando na dependência em relação à Coroa e a Igreja (FURTADO, 1999, p. 61-60).
De forma descentralizada é possível, através da análise historiográfica, compreender as
diversas formas em que se deu essa relação entre igreja e ocupação do território
considerando a atuação das ordens religiosas e a formação dos primeiros agrupamentos
no interior da Capitania do Ceará.
Nesse cenário, o processo de ocupação se desenvolveu de forma desigual na
colônia portuguesa, corroborado na dependência econômica entre as regiões que perdurou
por séculos. A Capitania do Ceará é um exemplo desse fato, em que o donatário sequer
veio tomar posse das terras concedidas pelo rei, estando inicialmente submetida ao Grão
Pará e Maranhão e posteriormente a Capitania de Pernambuco (FAUSTO, 1994;
LEMENHE, 1981).
Na capitania do Ceará, o clima inadequado do território semiárido inviabilizou a
produção açucareira em larga escala, corroborando com a exclusão do território do
domínio de exploração econômica, a exemplo do que se desenvolvia nas capitanias do
Pernambuco e da Bahia ainda no século XVII (DANTAS, 2006; LEMENHE, 1981).
De acordo com Dantas (2006) até meados do século XVIII a economia da
capitania cearense esteve associada à demanda da zona da mata. Por consequência as
cidades interioranas que se formavam desempenhavam produção e comercialização da
carne seca. Nesse sentido, se incentiva a pecuária no interior da colônia, e para tal ocorre
entre 1678 e 1782 a doação das primeiras sesmarias da região nas imediações do Rio
Jaguaribe no sentido Aracati para o Sul, em direção ao Rio Salgado. (DANTAS, 2006;
PONTES, 2010). Dessa forma, é possível compreender a importância da pecuária na
constituição de núcleos urbanos, principalmente em direção ao interior do território.
Segundo Francisco José Pinheiro, o processo de ocupação do sertão cearense por
parte dos colonizadores foi marcado pela violência renhida contra os indígenas que o
habitavam. Expropriaram as terras indígenas, especialmente pela Ribeira do Jaguaribe,
onde instalaram suas fazendas de gado. Houve embates intensos, extermínio e
escravização indígena (PINHEIRO, 2008, p. 22). Neste cenário, os aldeamentos e as

597
missões serviram como peça estratégica, costurando interesses da Igreja, dos colonos e
da Coroa lusa, em detrimento dos povos originários, compulsoriamente aldeados e
catequizados.
O Cariri cearense, batizada com o nome dos povos que habitavam essa região –
os índios Kariris, grupo étnico-linguístico que compõe os indígenas tapuias – se insere
nesse processo de ocupação tardia. As primeiras sesmarias no Cariri foram concedidas
pela Casa da Torre por volta de 1702/1703 e em 1730 já tinha iniciado a catequese dos
índios pelos Capuchinhos desenvolvidas na Missão de São José dos Cariris Novos, atual
Missão Velha, e na Missão do Miranda, onde hoje se localiza a cidade de Crato
(GONÇALVES, 2016).
No que concerne à constituição geográfica do Cariri, Célio Batista e Halley Batista
(2020) defendem que a formação dos municípios da região deu-se a partir do termo da
Vila de Icó em 1735, que formava com Aquiraz (1699) e Fortaleza (1725) o Siará Grande.
Dessa forma, os autores sustentam a noção de geração de um território a partir de outro.
Até 1764 toda a região que hoje compreende o território do Cariri integrava o termo da
vila de Icó (BATISTA, C.; BATISTA, H., 2020, p. 29).
Por essa análise, os autores supracitados advogam que a configuração político-
geográfica atual do território resulta de gerações de simples aglomerados e com
crescimento gradual até alcançarem o status de município. Nessa conjuntura de
“geração”, o município de Juazeiro do Norte surgiu a partir do município de Crato. O
povoado, denominado anteriormente de Tabuleiro Grande, data do século XVIII. O
território, também se formou a partir do sistema de sesmarias. Os registros históricos
apontam que o espaço em que se encontra a cidade atualmente foi adquirido em 1703
pelo capitão-mor Manuel Rodrigues Ariosa, originário do Rio Grande do Norte. A terra
não foi efetivamente ocupada, mas foram passadas sucessivamente por direitos de compra
e de herança. A ocupação direta ocorreu por volta da segunda metade do século XVIII
com a instalação de Leandro Bezerra (BATISTA, C.; BATISTA, H., 2020, p. 208).
Para Célio Batista e Halley Batista (2020) foi o sargento-mor Leandro Bezerra
Monteiro que iniciou o processo de urbanização da localidade de Tabuleiro Grande que

598
daria origem ao povoado de Joazeiro. No entanto, para Walker (2010) a fundação do
povoado coube ao primeiro capelão de Juazeiro, o Padre Pedro Ribeiro Silva. Della Cava
(1976) também aponta que o povoamento de Juazeiro do Norte se iniciou com o Padre
Pedro Ribeiro da Silva. Herdeiro das terras, o Padre Pedro Ribeiro Silva, desenvolveu
trabalho de catequização dos moradores do vilarejo e foi o responsável pela edificação da
Capela de Nossa Senhora das Dores em 1827, mesmo ano em que iniciou-se o
povoamento. A construção da capela é entendida como elemento que contribuiu na
consolidação do aglomerado urbano que já se encontrava caracterizada como “Povoação
de Joaseiro” em 1835 (CEARÁ, 2000d; WALKER, 2010).
Dessa forma, é possível visualizar que a dimensão religiosa revelou-se uma
constante na formação do território (DELLA CAVA, 1976; WALKER, 2010). Apesar
disso, a projeção e consolidação do território como centro econômico no território do
Cariri cearense se dará apenas no final do século XIX e está diretamente vinculada à
história e ações do Padre Cícero.
O sacerdote Cícero Romão Batista nasceu em 24 de março de 1844 no município
de Crato, desde muito cedo passou a dedicar-se a vida religiosa, ordenou-se no ano de
1870 no Seminário da Prainha em Fortaleza e, em 1872 muda-se para o povoado de
Juazeiro. A decisão de se estabelecer nesse povoado, conforme relatos do padre, originou-
se após um sonho que teve com Jesus e os doze apóstolos orientando-o a cuidar do povo
de Juazeiro (DELLA CAVA, 1976; RAMOS, 2014; WALKER, 1999).
Ainda em 1875, o pequeno vilarejo, conforme Della Cava (1976, p. 36),
“conservava traços essenciais de uma fazenda de cana-de-açúcar”. A maior parte da
população era constituída de trabalhadores ligados às fazendas de açúcar de uma das cinco
famílias mais importantes do povoado: Macedos, Sobreiras, Landins e Bezerra de
Menezes (DELLA CAVA, 1976).
Quando da chegada de Padre Cícero ao pequeno povoado, de acordo com a
descrição de Della Cava (1976), encontrava-se no local apenas uma capela, uma escola e
32 prédios com tetos de palha, o comércio era incipiente, os mercadores passavam pelo
povoado, vindos de Missão Velha, com destino à Crato.

599
Figura 181: Distribuição do povoamento em 1875
Fonte: Della Cava (1976, p. 37)

A imagem acima, representa a distribuição do povoamento em 1875.


Configurações que se alterariam e se expandiram após 1889. Desde a chegada de Padre
Cícero ao território, esse se empenhou em “trazer de volta à Igreja os elementos
desordeiros da população de Joazeiro” (DELLA CAVA, 1976, p. 37). Nesse sentido,
diferentes autores concordam a influência que o padre exercerá na vida social e religiosa
do pequeno povoado (DELLA CAVA, 1976; FORTI, 1999; NETO, 2009; RAMOS,
2014).
Com os eventos que passaram a ser denominados de “Milagre da Hóstia” essa
relação entre Padre Cícero e o território de Joazeiro exacerbaram-se. O ano de 1889
demarca, cronológica e historicamente, a inserção do Juazeiro como centro de

600
peregrinação no Nordeste brasileiro. As notícias sobre o fenômeno da hóstia
protagonizado pela Beata Maria de Araújo e pelo Padre Cícero - em que a hóstia se
transmutou em sangue, durante a comunhão - espalharam-se rapidamente pelo sertão e
atraiu milhares de peregrinos à "Terra Santa”, onde o sangue de Cristo foi novamente
derramado. O fenômeno da hóstia, demarca ainda o início dos conflitos entre o Padre
Cícero e a alta hierarquia da Igreja. Conflito este que se delineia no bojo das tentativas de
Romanização do catolicismo brasileiro pautadas em preceitos europeus e na afirmação da
hierarquia e doutrina católica, em contraposição ao catolicismo popular que vigorava no
Cariri (FORTI, 1999; DELLA CAVA, 1976; RAMOS, 2014).
“Como poderia Cristo deixar de se manifestar na Europa para se evidenciar no
sertão nordestino?” (FORTI, 1999), perguntou o Padre Chevallier, francês reitor do
Seminário da Prainha. A Igreja, após dois inquéritos com conclusões contraditórias, taxou
de embuste o fenômeno da hóstia e aplicou pesadas penas à Beata Maria de Araújo -
iniciando um processo de silenciamento e apagamento histórico dela -, e ao Padre Cícero
que acabou afastado de suas funções eclesiásticas.
Mesmo com toda a oposição da Igreja, não impediu a consagração, ainda em vida,
de Padre Cícero como santo popular e dos locais também sacralizados sem o aval ou
concordância da Igreja/instituição. Mesmo com os atritos com a alta hierarquia da Igreja,
as Romarias a “Terra da mãe de Deus” – condenadas pelo bispo D. Joaquim, principal
opositor ao Padre Cícero e do milagre, por encará-las como movimento de fanáticos –
corroborou na consolidação da cidade como centro de atração de inúmeras pessoas, que
não se arrefeceu nem com a suspensão da ordem e nem com a morte de Padre Cícero em
1934 (DELLA CAVA, 1976; RAMOS, 2014; WALKER, 2010).
A influência do sacerdote não se restringiu apenas na vida religiosa da população,
mas ainda na trajetória política do território. Padre Cícero, apesar de ter tentando manter
uma postura de neutralidade diante dos poderes dos coronéis-políticos no território, na
primeira década do século XX, envolveu-se diretamente com o movimento de
emancipação do pequeno vilarejo de Joazeiro no ano de 1911 (DELLA, CAVA, 1976;
WALKER, 1999). O padre ainda tornou-se conhecido pelas suas alianças com os coronéis

601
da região, exemplo simbólico desse fato foi que o mesmo esteve à frente da tentativa de
aliança firmada através do “Pacto dos Coronéis” em 1911.
O Pacto dos Coronéis foi uma aliança estabelecida com os chefes políticos do
Cariri em apoio a Acioly e contra o então presidente do estado, o salvacionista Marcos
Franco Rabelo. Representou uma tentativa de manutenção das velhas lideranças no
Estado. O movimento oposicionista acabou provocando o deslocamento de tropas para
Joaseiro, fator que corroborou na eclosão do episódio conhecido como “Sedição de
Juazeiro”. O movimento só chegou ao fim com a deposição de Franco Rabelo em 1914.
(WALKER, 1999).
O legado de Padre Cícero foi além da sua passagem pelo município, contestando
a tese de alguns que afirmavam que a cidade não se desenvolveria após a sua morte
(CAVA, 2014; RAMOS, 2014; WALKER, 1999). Segundo Amanda Teixeira da Silva, o
“Padre Cícero não era imortal. Morreu. Mas quem esteve mais morto não foi o Padrinho,
foi o padre político. O santo Padre Cícero nunca esteve tão vivo quanto após 1934”
(SILVA, 2018, p. 261). Nesse contexto, aponta-se os impactos da chegada constante de
milhares de romeiros em Juazeiro do Norte, assim como a fixação deste ao território. De
acordo com Della Cava (1976, p. 120) entre 1890 e 1898 a população de Juazeiro do
Norte mais que duplicou, ultrapassando 5 mil habitantes em 1905. Em 1909 alcançou 12
mil habitantes, em 1909 chegou à marca de 15 mil. Considerando nesse contexto que a
peregrinação foi o principal expoente da rápida expansão do território de Juazeiro do
Norte (DELLA CAVA, 1976, p. 120).
Por conseguinte, diferentes pesquisadores (DELLA CAVA, 1976; FORTI, 1999;
NETO, 2009; RAMOS, 2014) observam os impactos das peregrinações no processo de
crescimento demográfico do território juazeirense. Conforme Ramos (2014) e Della Cava
(1976) o crescimento populacional de Juazeiro do Norte, em sua origem, está atrelado às
romarias. Para esses historiadores, o fluxo constante de peregrinos e migrantes
incrementou o comércio, a produção artesanal e agrícola, corroborando na consolidação
da cidade como a mais importante da região do Cariri e do sul do Estado do Ceará
(RAMOS, 2014, p. 15).

602
Essa breve contextualização permite compreender que a identidade espacial e
simbólica do território se (co)fundem com as dimensões da religiosidade, especialmente
a católica nas suas formas mais diversas, especialmente aquelas que se desenvolvem à
margem das instituições. Não desconsiderando a importância social, cultural que outras
religiões possuem na vida e forma de organização dos indivíduos que residem no território
juazeirense.
Nesse sentido, podemos considerar que não há como dissociar atualmente o
território do Juazeiro das manifestações e práticas religiosas vinculadas ao Padre Cícero
e ao catolicismo, até mesmo pelo fato destas terem sido integradas às dinâmicas do
turismo religioso, setor estratégico para o desenvolvimento econômico e urbano nas
últimas duas décadas. Dessa forma, atenta-se que a predominância dos símbolos, ícones,
manifestações, práticas vinculadas a tal dimensão mantém relação direta com a formação
do território.
Ao mesmo tempo faz-se necessário considerar, no conjunto de símbolos e
representações, o papel do sincretismo religioso das elaborações e reelaborações de ritos
e rituais que compõem o patrimônio imaterial do território, ainda que este não seja objeto
de salvaguarda. Apesar da marcante expressividade da religião católica nas
manifestações, história, memória e identidade da cidade de Juazeiro do Norte, outra
presença marcante no território tem vinculação direta às heranças etnico-raciais,
especialmente a africana. Aliás, conforme demonstra a tese de Daniela Medina Agapto,
o fenômeno religioso de Juazeiro teve início em 1889, no tempo do pós-abolição, quando
milhares de pessoas ganharam uma liberdade precarizada, pois não ancorada em políticas
de educação e trabalho que dessem dignidade aos novos cidadãos brasileiros. Por outro
lado, era um tempo de esperança e mobilidade para homens e mulheres que saiam da
infame instituição que fora pilar da contraditória sociedade brasileira por mais de
trezentos anos. Do Juazeiro vinha a notícia de um milagre envolvendo uma beata negra e
um sacerdote que ganhava fama de bondoso e acolhedor. Desta forma, as romarias
atraíram milhares de pessoas negras, que acabaram fixando-se em Juazeiro, movidas pela
fé, pela crença no acolhimento do padre Cícero e pela esperança de construção de suas

603
liberdades (AGAPTO, 2020, p. 236). Ao longo das décadas seguintes, intensificou-se o
aumento da população negra e a sua contribuição na formação social e cultural de Juazeiro
do Norte.
Conforme Soares (2019) e Nunes (2007) há uma presença marcante de negros
em bairros periféricos como João Cabral, Horto, Multirão e outros. Nesse sentido, Santos
(2019) observa que nesses espaços periféricos é possível encontrar concentrados os
terreiros de Umbanda e Candomblé. Conforme levantamento de Soares (2019), apenas
no João Cabral encontram-se 11 terreiros espalhados pelo bairro. Espaços “camuflados”
uma vez que ainda tem que lidar com o preconceito, desconhecimento e intolerância com
as religiões de matriz africana. Ao contrário das festividades e cultos do catolicismo
popular, os rituais e cultos realizados pelas religiões de matrizes africanas, apesar de
abertas ao público em geral, mesmo os não-praticantes, se realizam em espaços fechados.
Por isso, consideramos fundamental o desenvolvimento de estudos diagnósticos
que viabilizem ações propositivas com foco no fortalecimento das variadas manifestações
da cultura local e reconhecimento dos saberes, práticas e valores que se ampliam e ao
mesmo tempo dialogam com o conjunto de representações culturais vinculadas às práticas
cristãs católicas. Entendemos que as variadas manifestações culturais locais são
potenciais geradoras de saber e inovação. Nesse sentido, os desdobramentos educativos
dessas práticas podem ser catalisadores de ações culturais e sociais tanto par a seus
participantes como para a sociedade em geral. O fomento da interação entre sociedade,
movimentos culturais locais e instituições educacionais, por exemplo, pode fazer
reverberar práticas e iniciativas de sujeitos e movimentos culturais múltiplos,
promovendo impacto nas diversas áreas da educação - formal (escolas), não formal
(práticas educativas cidadãs) e informal (socialização familiar e de origem).

17.3.1 O Centro Histórico de Juazeiro do Norte

604
A delimitação do Centro Histórico de Juazeiro é especificada no Plano Diretor
de Desenvolvimento Urbano do município (PDDU), Título VI, inciso III do Art. 64,
define que:
Centro Histórico ou Zona Central – Refere-se à área onde surgiu a cidade, sítio inicial
da ocupação urbana e/ou centro urbano, onde concentra-se a maior parte do comércio
e serviços da cidade. Em Juazeiro do Norte, esta área refere-se ao trecho entre o Rio
Salgadinho e a via férrea e Rua Leão XIII ao sul, Rua São Benedito a leste, Rua do
Rosário a oeste (CEARÁ, 2000, p. 38).

Usando como base o Mapa de Evolução Urbana, identificou-se que a delimitação


do Centro Histórico, é composta pelo pelo núcleo original em 1872 à expansão territorial
da década de 1940, excluindo-se algumas áreas. Não foram encontradas informações
acerca dos critérios utilizados para a delimitação desta zona (RIBEIRO, 2019).
Uma parcela dos bairros Centro, Socorro, Salgadinho, Juvêncio Santana, São
Miguel e Salesianos compõem o Centro Histórico. O bairro Centro abriga a área do núcleo
original em 1872 e parte das áreas de expansão da primeira década do século XX e da
década de 1940. O bairro Socorro é composto pela área de expansão da primeira década
do século XX. O bairro Juvêncio Santana compõe-se de parcela da expansão entre os anos
de 1910 e 1920; enquanto os bairros São Miguel, Franciscanos e Salesianos foram
formados pela expansão entre as décadas de 1920 e 1940 (RIBEIRO, 2019). O bairro
Salgadinho no Mapa de Evolução Urbana (CEARÁ, 2000) era caracterizado como área
ainda não urbanizada/agrícola, atualmente encontra-se em desenvolvimento com um
crescente número de imóveis, devido a construção do Anel Viário do Cariri (RIBEIRO,
2019).
No final da década de 1990, o Centro Histórico já passava pelo processo de
descaracterização das edificações históricas, com concentração no bairro Centro devido
ao crescimento da atividade comercial e a necessidade de adaptação dessas edificações
ao novo uso (CEARÁ, 2000). Comparando duas fotografias da Praça Padre Cícero
(Figura 182), principal área do Centro Histórico, a primeira do final da década de 1950
(Figura 182-A) e a segunda pela década de 1990 (Figura 182-B), identifica-se a alteração
de escala e de uniformidade tipológica das edificações.

605
Figura 182: Praça Padre Cícero e seu entorno em (A) final da década de 1950 e (B) por volta da década de
1990 – séc. XX.

606
Fonte: Acervo Renato Dantas e Daniel Walker.

Nos últimos anos pode-se observar uma nova tendência, a destruição ou


descaracterização de edificações históricas para construção de estacionamentos
particulares, intensificada pela infraestrutura urbana inadequada para o intenso tráfego de
veículos (Figura 183).

Figura 183: Residência do Dr. Mozart Cardoso de Alencar, localizada no cruzamento das Ruas Padre
Cícero e Alencar Peixoto; hoje é um estacionamento de veículos.

Disponível em: < http://museudejuazeirodonorte.blogspot.com/p/joias-da-arquitetura.html>. Acesso em


mar. de 2022.

Segundo a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do solo de Juazeiro do Norte-


CE, Lei Nº 2570/2000, as quadras contidas no Centro Histórico do município não são
permitidas construções acima de 9,00 metros de altura (JUAZEIRO DO NORTE, 2000).
Entretanto, observou-se a construção de imóveis com altura superior à permitida pela
legislação. A Figura 184 a seguir, apresenta um edifício de cinco pavimentos localizado
em frente a praça Padre Cícero, inaugurado no ano de 2014, a partir da demolição de duas
edificações (RIBEIRO, 2019).

607
Figura 184: Edificação contemporânea com alto gabarito construída a partir da demolição de antigas
edificações.
Fonte: RIBEIRO, 2019, p. 93.

Identificou-se na área do centro histórico edificações destinadas às seguintes


atividades: residencial unifamiliar e multifamiliar, comercial, hotelaria, institucionais,
serviço, estacionamento, depósito e de uso misto (residencial/comercial,
comercial/hotelaria). O uso comercial apresenta-se como o mais deletério à preservação
de edificações históricas, enquanto o uso residencial unifamiliar o que mais contribuiu
para a conservação (RIBEIRO, 2019).
Analisando as características formais exteriores (fachadas) de edificações ainda
conservadas no centro histórico do município, identificou-se que construções com estilo:
neocolonial, eclético, protomoderno/art-déco e moderno (Figura 185). Essa variedade de
estilos encontrados numa mesma área demonstra o processo de construção e modificação
pela qual o núcleo histórico do município passou.

608
Figura 185: Exemplos de edificações com estilo neocolonial (A), ecletico (B), protomoderno/art-déco (C)
e moderno (D).
Fonte: Acervo dos autores, 2019.

Entre as edificações com fachadas modificadas, mas que ainda é possível


observar alguns de seus elementos originais, identificou-se que as intervenções mais
recorrentes são (Figura 186): (1) substituição de esquadrias e/ou acréscimo de grades; (2)
abertura de vão para garagem ou comércio; (3) aplicação de novos revestimentos na
fachada e (4) interferência de publicidade (letreiros) (RIBEIRO, 2019).

609
Figura 186: Exemplo de intervenções mais recorrentes em fachadas de edificações históricas do centro
histórico de Juazeiro do Norte.
Fonte: Ribeiro, 2019, p.116.

As edificações históricas que encontram-se conservadas são influenciadas


negativamente pela leitura do conjunto, frente ao caos da paisagem urbana do centro.
Apesar das inúmeras transformações que ocorreram/ocorrem na área do centro histórico
de Juazeiro do Norte, ainda encontra-se um número considerável de edificações históricas
que devem ser conservadas e protegidas.

17.3.2 Políticas Públicas para o patrimônio cultural no município de Juazeiro do Norte-


CE

Patrimônio Cultural pode ser lido como elementos que congregam, de forma
tangível e intangível, a identidade, história, memória, tradição de uma comunidade, de
um povo. O termo patrimônio remete a noção de herança, repassado de uma geração para
outra. A origem do termo reafirma essa ideia, uma vez que sua etimologia latina nasce

610
relacionada ao direito de propriedade, com valor aristocrático e privado, compreendendo
a transmissão de bens (FUNARI; PELEGRINI, 2009; BENHAMOU, 2016).
Apesar de ser possível encontrar na literatura dimensões distintas sobre o que se
entende por patrimônio cultural, uma das convergências nesse campo é o entendimento
que este compreende uma construção social e histórica (CANCLINI, 2012;
BENHAMOU, 2016) que nasce de seleções e exclusões. Diante da impossibilidade de
consagrar ou institucionalizar todos os bens representativos da memória, história e
identidade de uma sociedade o próprio processo impele para tais seleções agenciadas,
muitas vezes, por grupos/atores privilegiados – o que pode ser contatado, a título de
exemplo nos primeiros atos de acautelamento do patrimônio cultural no país que delegou
às “Bellas Artes” e à arquitetura, em especial a barroca, caráter privilegiado. Entretanto,
o valor delegado pela comunidade/povo a determinados bens representativos não é menos
importante.
Pelo contrário, ao considerarmos que o Brasil é um país de dimensões continentais
e que reserva em seu território representações multiculturais, o que implica em referências
plurais do seu patrimônio cultural, deve-se pensar em estratégias diversas de proteção,
preservação e valorização dos bens culturais e que envolve diferentes atores, não apenas
aqueles que estão vinculados a esferas estatais (Federal, Estadual e Municipal) a
integrantes da comunidade e sociedade civil.
Nesse escopo a Constituição Federal de 1988 pode ser tomada como um marco,
que possibilitou maior autonomia no decorrer desse processo. Atualmente é possível
observar que os municípios possuem mais autonomia e liberdade em relação à
institucionalização e proteção de seus bens culturais, aproximando-se dos sujeitos a quem
interessa a regulamentação e salvaguarda desses bens. Além disso, observa-se no texto
constitucional a co-responsabilização da sociedade civil e entidades públicas e privadas
na salvaguarda dos bens culturais. Essa chamada à responsabilidade comum anima a
perspectiva de promoção de debates e ações de colaboração institucional e com a
comunidade.

611
Observando a definição estabelecida no artigo 216 da Constituição Federal, que
definiu Patrimônio Cultural como os bens de natureza material e imaterial, considerados
de forma individual ou em conjunto que são compreendidos como “portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira”, fixou-se como responsabilidade do poder público em colaboração com a
comunidade a promoção e proteção do patrimônio cultural. Foram apontadas como
estratégias para tais ações os inventários, registros, vigilância, tombam ento e
desapropriação (BRASIL, 1988, Art. 216, § 1º), deixando em aberto a possibilidade de
integração de outras formas de acautelamento e preservação.
Nesse sentido, considerando o definido pela norma, pontuam-se aqui categorias
que, de uma forma geral, apresentam-se no âmbito epistemológico e prático como as
principais ações e estratégias de preservação, proteção e valorização do patrimônio
cultural em âmbito nacional.

17.3.2.1 Tombamento

A palavra tombamento tem sua origem associada à história portuguesa. A palavra


tombo refere-se a registro, e foi empregada inicialmente pelo Arquivo Nacional
Português, fundado por D. Fernando, em 1375. O arquivo instalado em uma das torres da
edificação que protegia a cidade de Lisboa foi posteriormente denominado de Torre do
Tombo. O local mantinha os livros de registros especiais ou livros do tombo. Mas o
sentido moderno da palavra traz outra referência. Associado aos acontecimentos
desencadeados após a Revolução Francesa (1789) em que emergiu a preocupação em
criar um modelo de tombamento dos monumentos e objetos de interesse nacional, diante
das destruições que se abatia sobre alguns símbolos do Antigo Regime, como igrejas e
castelos, dispersão e destruição de coleções e de bibliotecas (BENHAMOU, 2016;
FUNARI; PELEGRINI, 2009). A noção atrelou-se ainda à necessidade de preservação de
símbolos que representassem a identidade da “nação” que se formava.

612
No contexto brasileiro, o conceito de tombamento emerge com as transformações
sociais, econômicas, culturais e políticas que o país passava no início do século XX. O
Decreto-lei nº 25 de 1937 é considerado um marco na nossa política de preservação do
patrimônio cultural (FUNARI; PELEGRINI, 2009). O referido instrumento situou o
patrimônio cultural material como uma responsabilidade do poder público, definindo que
o patrimônio histórico e artístico nacional constituía-se por um conjunto dos bens móveis
e imóveis, vinculados a fatos memoráveis da história do Brasil, e de excepcional valor
arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico (BRASIL, 1937). O decreto
equipara ainda os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens aos bens culturais
sujeitos ao tombamento.
Dessa forma, o Decreto-lei nº 25 fixou a inscrição do bem material passível de
acautelamento e um dos quatro Livros do Tombo81:
● Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico: abrange bens
culturais de valor arqueológico, representados pelos vestígios da ocupação
humana pré-histórica ou histórica; de valor etnográfico ou de referência para
determinados grupos sociais (indígenas, quilombolas, etc.) e; valor paisagístico,
que compreende tanto áreas naturais, como os lugares criados pelo homem.
● Livro do Tombo Histórico: no qual são inscritos bens culturais que possuem
valor histórico, vinculados a fatos memoráveis da história do Brasil, que se divide
em: bens imóveis (edificações, fazendas, marcos, chafarizes, pontes, centros
históricos, por exemplo) e móveis (imagens, mobiliário, quadros e xilogravuras,
entre outras peças).
● Livro do Tombo das Belas Artes: compreende bens culturais protegidos em
função do valor artístico.
● Livro do Tombo das Artes Aplicadas: inclui bens culturais em função do valor
artístico, associado à função utilitária. Nesse caso faz referência a produção
artística que se orienta para a criação de objetos, peças e construções utilitárias.

81
IPHAN. Livros do Tombo. Livros do Tombo. Disponível
em:<http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/608>. Acessado em: nov. de 2021

613
17.3.2.2 Registro

No ano 2000 foi aprovado o Decreto nº 3.551, que instituiu o Registro de Bens
Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro e criou o
Programa Nacional do Patrimônio Imaterial. Apesar do projeto original escrito por Mário
de Andrade - que serviu de base para a criação do SPHAN em 1937 - já ter indicado a
importância de políticas de proteção ao que hoje chamamos de bens culturais intangíveis
(OLIVEIRA, 2008, p. 119), o decreto nº 3.551 foi a materialização de um processo que
se organizava desde a segunda metade do século XX no Brasil. Como marcos desse
processo é possível identificar a instituição da Comissão Nacional do Folclore em 1947
que desenvolveu a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, considerado expressão
da cultura brasileira; a criação em 1975 do Centro Nacional de Referência Cultural
(CNRC) que tinha entre seus objetivos contemplar bens culturais imateriais que não
recebiam atenção governamental; a realização do Seminário “Patrimônio Imaterial:
estratégias e formas de proteção”, sediado na capital cearense e que originou a Carta de
Fortaleza, influenciou as primeiras concepções sobre a regularização dos instrumentos
legais e administrativos destinados a preservação do patrimônio intangível
(CAVALCANTI; FONSECA, 2008).
Apoiado na trajetória de constituição de compreensão do que definiu como
patrimônio cultural imaterial foram estabelecidos quatro livros de registros divididos em:
● Livro de Registro dos Saberes, onde serão inscritos conhecimentos e modos de
fazer enraizados no cotidiano das comunidades;
● Livro de Registro das Celebrações, onde serão inscritos rituais e festas que
marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de
outras práticas da vida social;
● Livro de Registro das Formas de Expressão, onde serão inscritas manifestações
literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas;

614
● Livro de Registro dos Lugares, onde serão inscritos mercados, feiras,
santuários, praças e demais espaços onde se concentram e reproduzem práticas
culturais coletivas (BRASIL, 2000, Art.1º, § 1o ).

É importante destacar que o simbolismo e impacto cultural das romarias levou o


Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a desenvolver um inventário com
vistas à candidatura da cidade ao Livro de Registro dos Lugares. As pesquisas foram
iniciadas na década de 2000, relacionando-se também a outros bens culturais do Cariri,
como a Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio de Barbalha, registrada como
Patrimônio Cultural Brasileiro, no Livro das Celebrações, em 2015. O inventário em
Juazeiro do Norte centrou-se na pesquisa sobre os principais lugares relacionados às
romarias, palco de manifestações culturais significativas. A demora do IPHAN na
conclusão do inventário e preparação do dossiê de candidatura deve ser objeto de atenção
por parte da Prefeitura Municipal, que pode encetar um diálogo mais próximo com a
Superintendência do IPHAN no Ceará. O possível registro de Juazeiro no Livro dos
Lugares será um marco definitivo no reconhecimento da relevância patrimonial da cidade
e suas romarias, trará oportunidades de desenvolvimento e demandará novas políticas de
salvaguarda e educação patrimonial.
Ainda tratando do patrimônio imaterial, no âmbito estadual é importante destacar
a política da Secretaria de Cultura do Ceará voltada ao registro dos mestre da cultura
popular, pioneira entre os demais estados da federação brasileira. A lei nº 13.351, de 27
de agosto de 2003, ampliada pela Lei dos Tesouros Vivos, nº 13.842, de 27 de novembro
de 2016, criou mecanismos de reconhecimento dos saberes tradicionais, premiando os
mestres da cultura com diploma de “Tesouro Vivo da Cultura” e auxílio financeiro
vitalício, estimulando, em contrapartida, a transmissão dos conhecimentos tradicionais às
novas gerações (CUNHA FILHO; FERREIRA NETO, 2014, 171). Desde a sua criação,
a legislação da Secult/CE registrou diversos mestres moradores de Juazeiro do Norte, o
que demonstra a importância dessa política para a cultura local, ao mesmo tempo em que

615
se reconhece a relevância das manifestações culturais da cidade para a compreensão da
diversidade cultural cearense.

17.3.2.3 Educação Patrimonial

Esta seção discute a importância da Educação patrimonial como elemento fundante


de territórios justos e inclusivos, em vista da elaboração e implementação de Planos
Diretores municipais. Para tanto voltou-se a literatura sobre o tema e à legislação
concernente.
Já no momento da sua criação, em 1937, o Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional - IPHAN - indicou que ações de caráter educativo concorrem para a
proteção e preservação do patrimônio. Nomes como Mário de Andrade, Rodrigo de Melo
Franco de Andrade e Aloísio Magalhães, em diferentes momentos da trajetória do
instituto, indicaram a importância de desenvolvimento de uma dimensão pedagógica do
patrimônio (LONDRES, 2012). De maneira institucional, mas também de modo
descentralizado, o debate sobre conceitos e metodologias para o desenvolvimento da
educação patrimonial vem se ampliando no Brasil apontando para o caráter estratégico
dos equipamentos culturais e patrimoniais nas políticas públicas de educação.
Educação Patrimonial é para Horta (1999) um processo “que possibilita ao indivíduo
fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sociocultural
e da trajetória histórico-temporal em que está inserido”. (HORTA, apud ORIÁ, s.d., p.
1.). A Educação Patrimonial reúne as características necessárias à elaboração de um
conhecimento inclusive acerca das comunidades. Especialmente porque se constitui como
um saber construído pelos sujeitos sobre eles mesmos, sem interferências externas
arbitrárias. Ela se apresenta como um processo formativo e educacional que se constitui
sistematicamente e se centra no patrimônio cultural como o alicerce para a produção de
saberes comunitários e aplicação desses saberes na busca de solução para os problemas
que fazem parte do cotidiano dos grupos sociais (HORTA, 1999).
Apesar da ampliação do debate acerca da Educação Patrimonial no Brasil e da
crescente implementação de projetos e programas com essa temática, observa-se com

616
frequência a dificuldade em manter esses esforços sistematizados e contínuos (IPHAN,
2014). Esse cenário aponta para a necessidade de romper com a lógica de implementação
de ações esporádicas e relacionar, cada vez mais, as ações de educação patrimonial com
a condução das políticas públicas de educação. Afinal, a Educação Patrimonial não se
encerra em si mesma. Neste intento, as escolas de ensino básico aparecem como espaço
promissor para construção de uma Educação Patrimonial mais sistemática.
Na medida em que os saberes sobre o patrimônio cultural ganham centralidade na
política educacional de um território se consolida um processo ativo de apropriação e
valorização da herança cultural levando a uma educação muito mais abrangente
viabilizando uma reflexão acerca do lugar do sujeito no conjunto social que está inserido,
bem como seu papel na busca de mudanças positivas no seu entorno. A Educação
patrimonial contribui para a formação de sujeitos mais envolvidos com a problemática de
seu território, pode viabilizar maior participação social, dessa forma contribui para a
consolidação da cidadania. A LDB 9394/96 – Lei de Diretrizes Bases da Educação
Nacional indica, em seu artigo 1º, que

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida


familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais (LDBEN, art. 1º).

Nesse sentido, o trabalho com a Educação Patrimonial compõem de forma reflexa


as orientações legais para a elaboração da educação brasileira, ao tratar das manifestações
culturais a Educação patrimonial nas escolas se distancia de uma mera repetição de fatos
e datas numa perspectiva positivista ao contrário vai ao encontro de uma historicidade
dinâmica que coloca a criança, o adolescente, suas famílias e toda a comunidade escolar
como protagonista da história da comunidade, do bairro e da cidade. Dessa forma, leva o
sujeito a refletir sobre sua responsabilidade para o desenvolvimento local.
Ainda em seu artigo 26 a LDB dispõe que a parte diversificada dos currículos
do ensino fundamental e médio deve observar as características regionais e locais da
sociedade e da cultura. O Parâmetros Curriculares Nacionais que tratam de orientações

617
a serem seguidas no Ensino Básico discute a necessidade de situar a “Pluralidade
Cultural” como elemento Básico que perpassa todos os componentes curriculares a
partir do que chamamos de temas transversais (ORIÁ, 2009).
A preocupação com o reconhecimento de um patrimônio cultural nacional tem
como marco o movimento modernista, quando se observou uma clara reação ao
transplante de uma cultura europeia e não demarcação de uma identidade nacional. A
postura dos modernistas criou um ambiente favorável para a busca do que seria
genuinamente brasileiro. Fomentou-se uma identificação artística própria e foram
viabilizadas legislações que tinham como fito a questão do patrimônio cultural.
Naquele momento o apelo estava voltado para as artes, razão porque essa
legislação deu maior ênfase às obras de artes e aos conjuntos arquitetônico, ainda não
foi o momento de reconhecer a imaterialidade do patrimônio, contudo o movimento
modernista foi importante para lançar as bases de uma preocupação com a necessidade
de reconhecimento do Brasil por si mesmo.
Essa primeira forma de legislar sobre o patrimônio caracterizou-se por dar
ênfase aos bens elitizados e acabou excluindo as diferenças e pluralidades étnicas da
nossa história. Isso levou a frequentemente ter sido o patrimônio relacionado aos
prédios, monumentos e todo o conjunto de bens arquitetônicos. As atuais discussões
sobre o patrimônio se ampliam de forma considerável a fim de integrar todos as formas
de bens e saberes, consolidando um patrimônio que faz parte do cotidiano das
comunidades e não de um passado remoto imobilizado na “pedra e cal”, por essa razão
existe um cenário animador para a inserção das escolas e do sistema educacional no
debate sobre a salvaguarda do patrimônio e sua potência para a consolidação da
cidadania.
A segunda metade do século XX testemunhou uma forte produção acadêmica
especialmente no campo das Ciências Sociais que alavancada pelos movimentos
sociais e pela crise do paradigma positivista trouxe um patrimônio cultural
multifacetado e plural para o centro dos debates teóricos e isso viabilizou a formação
de uma base intelectual legítima para dar vazão às políticas públicas para o patrimônio

618
cultural, nesse sentido a Educação patrimonial passou a ter legitimidade teórica e
política.
Atualmente são compreendidos como patrimônios culturais elementos que vão
desde construções de reconhecido valor histórico a manifestações culturais
corriqueiras, pratos típicos, danças, fazeres e costumes em geral.
A atual Constituição Brasileira adotou a denominação Patrimônio Cultural e,
no seu artigo 216, seção II – Da Cultura, coloca que:

Constituem Patrimônio Cultural Brasileiro os bens de natureza material e


imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência
à identidade, à ação, à memória dos grupos formadores da sociedade
brasileiras, nos quais se incluem:
I – As formas de expressão;
II – Os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, os objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais;
V – Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico e
artístico.

O seminário “O Uso Educacional de Museus e Monumentos”, realizado em 1983


no Museu Imperial de Petrópolis, anunciou para o Brasil a educação patrimonial como
uma proposta metodológica viável para pôr em prática um processo sistemático de
educação para a cultura. A inspiração foi o trabalho pedagógico voltado ao patrimônio
desenvolvido na Inglaterra (LONDRES, 2012), buscando que as pessoas envolvidas nas
ações de Educação patrimonial despertassem para a apropriação e valorização de suas
tradições. A educação foi reconhecida como mecanismos de conhecimento e aprendizado
não apenas das manifestações culturais de um povo, mas da reflexão sobre os processos
de significação e ressignificação desse mesmo povo.
A partir desse primeiro esforço os demais se centraram na elaboração de meios
práticos para colocar em prática nas comunidades ações de Educação Patrimonial.
Destacamos a Cartilha do Patrimônio (1989) e o Guia Básico de Educação Patrimonial
(IPHAN, 1999), importante material de apoio para ações educativas realizadas pelo
IPHAN (IPHAN, 2014). Nesses documentos já eram destaques as instituições que fazem
parte da vida da comunidade como as igrejas, as associações comunitárias e as escolas.

619
Destacaram, ainda, a importância das experiências de professores, alunos e técnicos das
superintendências do IPHAN, afirmando o caráter estratégico da cooperação na
formulação de conteúdos e práticas para o sucesso da educação patrimonial.
Outra ação do IPHAN no fomento à educação patrimonial tomou forma com a
criação das Casas do Patrimônio, que têm como base as orientações da Carta de Nova
Olinda (2009). Elas tornaram-se referência na descentralização e articulação de políticas
de promoção do patrimônio, instituindo ações voltadas à valorização e fruição dos bens
culturais materiais e imateriais pelas comunidades deles detentoras. Os sentidos
identitários do patrimônio foram assim reforçados pelas Casas do Patrimônio.
É válido destacar o potencial da articulação das ações patrimoniais nas
instituições escolares. Toda a comunidade escolar se apresenta como protagonista da
produção de um saber pertinente à história do território e de seus sujeitos. Assim os
professores são mediadores do processo de aprendizagem e propõem atividades como
visitas a monumentos, seguidas de palestras e debates; redações sobre o patrimônio
cultural; a realização, juntamente com os alunos, de pesquisas sobre a comunidade, a
organização de minimuseus escolares, entre outras. Igualmente o Guia Básico de
Educação Patrimonial apresenta metodologias para inserção da questão do patrimônio
cultural na educação Básica. As etapas metodológicas propostas são mais concretas e
dizem respeito a produção e registro de um saber produzido pelo aluno. A ação passaria
pelas etapas de a) observação – que envolve exercícios de percepção visual e sensorial;
b) Registro – em forma de desenho, descrição verbal ou escrita; c) Exploração – através
de levantamento de hipóteses sobre o objeto investigado; d) Apropriação – que envolve
a recriação, a dramatização e demais formas de releitura do objeto/fenômeno/
monumento observado.
A Educação Patrimonial na escola se apresenta como demanda urgente para um
processo de formação pertinente, que reconheça os valores que cada território partilha e
contribua para alcançar a cidadania plena. Está relacionada à participação social
necessária para as mudanças qualitativas nas comunidades. É possível apostar na
participação dos cidadãos: quando estes elaboram sentidos de pertença com seus

620
territórios passam a demandar do poder público e exigir sua interferência na elaboração,
implementação e avaliação das políticas públicas. Por essa razão vemos que a Educação
Patrimonial se faz necessária para um planejamento de médio e longo prazo para as
cidades e esta ferramenta pode e deve estar à disposição das comunidades escolares.
Nas cidades do interior dos estados, a instituição mais próxima de cada indivíduo
é a escola, a despeito da fragilidade do sistema educacional, bem diferente do acesso a
museus e outros equipamentos culturais é a escola o espaço comunitário por excelência.
Nesse sentido, em cada bairro a escola pode ser o espaço de irradiação de ações de
educação patrimonial não apenas voltadas para a comunidade escolar, mas também para
os demais sujeitos que vivenciam o território. Para tanto, reforçamos a necessidade de
que a política educacional dos municípios esteja em acordo e integrada a políticas
culturais desses mesmos territórios.
O município de Juazeiro do Norte na ocasião em que elabora seu plano diretor
identifica as comunidades escolares e as escolas em particular como espaços propícios
ao desenvolvimento de ações de educação patrimonial de forma a levar a todas as
localidades do município o debate sobre o patrimônio cultural e o exercício da cidadania.
Segundo dados da Secretaria de Educação municipal disponíveis em seu sítio eletrônico
Juazeiro conta em 2021 com noventa e uma unidades escolares distribuídas entre
quarenta e seis bairros na zona urbana do município e por suas comunidades da zona
rural.
As unidades são do tipo Centro de Educação Infantil (CEI); Escola Municipal de
Educação Infantil (EMEI); Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental (EMEIF);
Escola de Ensino Fundamental (EEF) e Escola de Ensino Fundamental em Tempo
Integral (EEFTI). Esses espaços têm o condão de reunir a comunidade convergindo para
ações de reconhecimento do patrimônio cultural local. A seguir o levantamento das
unidades (Quadro 123).

Quadro 123: Unidades escolares do município de Juazeiro do Norte por tipo e localização
UNIDADE TIPO BAIRRO
CEI ALAYDE OLIVEIRA DE ANDRADE CEI LIMOEIRO

621
CEI ANA AMÉLIA BEZERRA DE MENEZES E SOUSA CEI PIRAJÁ
CEI CAIC - DOM ANTÔNIO CAMPELO DE ARAGÃO CEI FREI DAMIÃO
CEI DRA. ZILDA ARNS CEI CAMPO ALEGRE
CEI HELENA VIEIRA DOS SANTOS CEI TRIÂNGULO
CEI IRMÃ ANA TEREZINHA CEI AEROPORTO
CEI PROFESSORA FRANCISCA LETICIA DO AMARAL CEI SÃO JOSE
BRASILEIRO
CEI VEREADOR GETULIO GRANGEIRO PEREIRA CEI PARQUE SÃO GERALDO
EEF ANTÔNIO BENJAMIM DE MOURA EEF SÍTIO PORÇOES
EEF ANTONIO BEZERRA MONTEIRO EEF TIMBAÚBAS
EEF ANTONIO FERREIRA DE MELO EEF SÃO JOSÉ
EEF CAROLINA SOBREIRA EEF TIRADENTES
EEF CÍCERA GERMANO CORREIA EEF AEROPORTO
EEF DEMÓSTENES RATTS BARBOSA EEF PIRAJA
EEF DOM VICENTE DE PAULA ARAÚJO MATOS EEF TIMBÁUBAS
EEF DR. EDVARD TEIXEIRA FÉRRER EEF FRANCISCANOS
EEF FELIPE NERI DA SILVA EEF LIMOEIRO
EEF FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROTARY EEF LAGOA SECA
EEF GOVERNADOR MANOEL DE CASTRO FILHO EEF TIRADENTES
EEF HELOÍSA SOBREIRA DIAS CAMILO EEF PIO XII
EEF IRMÃ IVA EEF SALESIANOS
EEF JERÔNIMO FREIRE DOS SANTOS EEF JOAO CABRAL
EEF JOÃO ALENCAR DE FIGUEIREDO EEF ROMEIRÃO
EEF JOSÉ FERREIRA MENEZES EEF VILA FÁTIMA
EEF JOSÉ GERALDO DA CRUZ EEF SALESIANOS
EEF JOSÉ MARROCOS EEF SÃO MIGUEL
EEF LAURENTINO ALVES MACENA EEF SÍTIO LEITE
EEF MONSENHOR JOVINIANO BARRETO EEF CENTRO
EEF PELUSIO CORREIA DE MACEDO EEF PARQUE SANTO
ANTONIO
EEF PREF. MOZART CARDOSO DE ALENCAR EEF LAGOA SECA
EEF PROFESSORA IVA EMIDIO GONDIM EEF JOAO CABRAL
EEF PROFESSORA MARIA GERMANO EEF LAGOA SECA
EEF SEBASTIÃO TEIXEIRA LIMA EEF HORTO
EEF SENHOR CALLOU EEF SÍTIO AMARO COELHO
EEF TARCILA CRUZ ALENCAR EEF NOVO JUAZEIRO
EEF ZILA BELÉM EEF TRIÂNGULO
EEFTI DONA ODORINA CASTELO BRANCO SAMPAIO EEFTI LIMOEIRO
EEFTI DR. LEÃO SAMPAIO EEFTI CENTRO
EEFTI LILI NERI EEFTI JOÃO CABRAL

622
EEFTI PROFESSORA CÍCERA MARIA DOS SANTOS EEFTI FREI DAMIÃO
EEFTI TABELIÃO EXPEDITO PEREIRA EEFTI PIO XII
EEFTI VER. FRANCISCO BARBOSA DA SILVA EEFTI HORTO
EEIF PADRE CÍCERO EMEIF SOCORRO
EMEF IZABEL DA LUZ EMEF PIRAJÁ
EMEF MARIA DE LOURDES RIBEIRO JEREISSATI EMEF SÃO JOSÉ
EMEF MÁRIO DA SILVA BEM EMEF FREI DAMIÃO
EMEF PROFA. DORALICE DE FIGUEIREDO ROCHA EMEF VILA NOVA
EMEI ADALGISA GOMES DE FIGUEREDO EMEI FREI DAMIÃO
EMEI AFRO ALVES DE MACENA EMEI SÍTIO LEITE
EMEI DAYSE SAMPAIO EMEI HORTO
EMEI ENFERMEIRA MARIA DOS SANTOS EMEI VILA SÃO GONÇALO
EMEI JOANA TERTULINA DE JESUS EMEI SALESIANO
EMEI JOAQUIM ALVES RIBEIRO EMEI BREJO SECO
EMEI JOARYVAR MACÊDO EMEI SALESIANOS
EMEI JOSÉ PERBOYRE SAMPAIO SABIÁ EMEI SÃO JOSÉ
EMEI MADRE MARIA VILLAC EMEI LIMOEIRO
EMEI MARIA DIRCÍOLA GERMANO EMEI JARDIM GONZAGA
EMEI MARIA DO SOCORRO CRUZ EMEI JOÃO CABRAL
EMEI MARIA FRANCISCA DE SOUSA EMEI AEROPORTO
EMEI MARIA QUIRINO DA SILVA EMEI FÁTIMA
EMEI MARIA RAIMUNDA DOS ANJOS EMEI JUVENCIO SANTANA
EMEI MARIA RAIMUNDA DOS ANJOS EMEI SÃO JOSÉ
EMEI MONSENHOR MANOEL CORREIA DE MACÊDO EMEI LIMOEIRO
EMEI PADRE FRANCISCO JACINTO DE BARROS EMEI TRIÂNGULO
EMEI PROFESSORA ASSUNÇÃO GONÇALVES EMEI TIRADENTES
EMEI PROFESSORA CHIQUITA CALLOU EMEI VILA MARIA CÉLIA
CALLOU
EMEI PROFESSORA FRANCISCA PEREIRA DE MATOS EMEI PIO XII
EMEI PROFESSORA MARIA DA CONCEIÇÃO RIBEIRO EMEI FREI DAMIÃO
DE SOUSA
EMEI PROFESSORA MARIA LUIZA DANTAS EMEI JOÃO CABRAL
EMEI PROFESSORA NAIR SILVA EMEI FREI DAMIÃO
EMEI SENADORA ALACOQUE BEZERRA EMEI HORTO DE CIMA
EMEI ZUILA MORAIS EMEI VILA TRÊS MARIAS
EMEIF 03 DE JUNHO EMEIF SÍTIO SALGADINHO
EMEIF JOÃO ROMÃO DE SÁ BARRETO EMEIF SÍTIO BREJO SECO
EMEIF JOSÉ ARAÚJO EMEIF VILA SÃO GONÇALO
EMEIF JOSÉ SABIÁ EMEIF SÍTIO SABIÁ
EMEIF LÍDER COM. ANTONIO MIGUEL DE SOUZA EMEIF SÍTIO PAU SECO

623
EMEIF MANOEL BALBINO DA SILVA EMEIF SÍTIO CARITÉ
EMEIF MARIA BERNARDINO MACHADO EMEIF SÍTIO ESPINHO
EMEIF MARIA DO SOCORRO CARDOSO EMEIF VILA PADRE CÍCERO
EMEIF MARIA PEDRINA EMEIF SÍTIO POPÔS
EMEIF NOSSA SENHORA DE FÁTIMA EMEIF SITIO CARAS DO UMARI
EMEIF ODETE MATOS DE ALENCAR EMEIF NOVO JUAZEIRO
EMEIF PREFEITO JOSÉ MONTEIRO DE MACEDO EMEIF JUVENCIO SANTANA
EMEIF PROFESSORA MARIA DE LOURDES LOPES DE EMEIF VILA TRÊS MARIAS
SOUSA
EMEIF RAIMUNDO DOMINGOS EMEIF SÍTIO TAQUARI
EMEIF RAIMUNDO PESSOA EMEIF SÍTIO GAVIÃO
EMEIF SÃO GERALDO EMEIF VILA PEDRINHAS
EMEIF TABELIÃO VICENTE PEREIRA DA SILVA EMEIF JUVENCIO SANTANA
EMEIF VER. ANTÔNIO FERNANDES COIMBRA EMEIF SANTA TEREZA
ESCOLA AMBIENTAL MONSENHOR MURILO DE SÁ TIMBAÚBAS
BARRETO
Fonte: Secretaria de Educação de Juazeiro do Norte.
https://www.juazeirodonorte.ce.gov.br/secretaria.php?sec=9

A educação patrimonial ao compor o currículo da escola e se constituir de forma


integrada a políticas culturais viabiliza o melhor uso dos equipamentos da cultura,
redireciona de forma mais eficaz os recursos e agrega os recursos humanos das duas
áreas com vistas a um objetivo comum qual seja o reconhecimento do patrimônio
cultural local, a consolidação da cidadania e o desenvolvimento econômico e social dos
territórios envolvidos.
Os museus, os centros de memória e os centros culturais têm assumido a
realização de diversos trabalhos de Educação Patrimonial, realizados com um caráter de
interatividade, e a partir de projetos, cursos de aperfeiçoamento e seminários com
professores e estudantes. Contudo, muitas vezes essas ações não fazem parte de uma
política pública integrada, como aponta a historiadora Michele Arroyo (2005) que indica
como principal fator de entrave ao trabalho com a Educação Patrimonial a existência de
práticas isoladas, em descompasso com as políticas públicas de proteção.
A Educação Patrimonial, mesmo tendo o seu significado e suas metodologias
definidas, envolve diversos aspectos que acabam por simplificar ou mesmo não
considerar sua relevância no processo de educação formal. Planejar a Educação

624
Patrimonial no currículo deve considerar, além da visita a equipamentos culturais, um
trabalho constante de articulação com a realidade, seja por meio dos temas transversais
colocados pelos PCN seja pela metodologia apresentada pelo Guia Básico de Educação
Patrimonial. Especialmente a educação patrimonial deve se apresentar como uma
diretriz nos planos diretores municipais de forma intersetorial a fim de que a reflexão
acerca de aspectos relativos à herança cultural e todo os seus elementos possam levar a
conscientização sobre o espaço urbano ao qual cada sujeito pertence.
Para Arroyo (2005) as linguagens da cidade têm um caráter pedagógico: porque
a materialidade e a subjetividade da cidade expressam as relações e os valores sociais,
políticos, racistas, de classe, de exclusão ou inclusão, que estão presentes na sociedade.
A necessidade de incluir a Educação patrimonial como uma diretriz para o
desenvolvimento da cidade encontra guarida nas lições de Horta (2004): os estudos dos
remanescentes do passado levam cada um de nós a desejar compreender e avaliar o
modo de vida e os problemas enfrentados por aqueles que vieram antes de nós, bem
como buscar soluções para esses mesmos problemas. Assim, cada vez mais, teremos
pessoas comprometidas com a mudança da realidade. Para Horta, o reconhecimento
dessa história, a crítica consciente e a busca por soluções ideiais para o futuro se
aproxima do exercício da consciência crítica e da cidadania. Assim, toda escola é por
excelência um equipamento cultural que ao fazer da educação patrimonial uma
metodologia cotidiana pode contribuir para o desenvolvimento dos territórios.

17.3.2.4 Patrimônio Cultural do Juazeiro do Norte

De uma forma geral é possível compreender que o patrimônio assume formas


distintas que vão ao encontro das referências à memória, história, identidade e formação
da comunidade/povo. Logo, indicar ou fixar o que é ou não patrimônio dentro de
categorias pré-estabelecidas compreende um desafio uma vez que tal processo implica
uma seleção que é realizada a partir de determinados lugares sociais.

625
Considerando todo o percurso até aqui esboçado, pontuamos que as categorias
utilizadas se sustentam em normas anteriores. De uma forma geral a identificação dos
bens aqui apontados se enquadram, de forma imediata, nas categorias fixadas no esquema
abaixo.

Figura 187: Categorias de classificação de patrimônio


Elaboração: autoras, 2021.
Fontes: (BRASIL, 1937, 2000)

Em Juazeiro do Norte, a política de preservação tem como base a Lei Nº 2121 de


23 de agosto de 1996, a qual cria o Serviço do Patrimônio Histórico, Cultural e Artístico
do município e seu regimento. A Lei define que:

Art. 2º - Para efeitos desta Lei, define-se como Patrimônio Histórico, Cultural e
Artístico, todos documentos e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e sítios arqueológicos, o conjunto de bens
móveis e imóveis, que tragam registros, notícias ou conhecimentos da história do

626
Município de Juazeiro do Norte e dos acontecimentos que digam respeito ao Padre
Cícero Romão Batista e outros vultos históricos deste município (JUAZEIRO DO
NORTE, 1996, s.p.).

Essa legislação municipal tem como objetivo “impedir a evasão, destruição e


descaracterização de documentos, obras de artes e outros bens de valor histórico, artístico
ou cultural que retratam a história da cidade e do Padre Cícero ”(Art.5 – JUAZEIRO DO
NORTE, 1996; p.4). O município tem a total responsabilidade de preservação, guarda e
manutenção. Além disso, regulamenta que outros bens devem ser tombados através de
Decretos do Poder Executivo, tendo o tombamento caráter compulsório ou voluntário
(JUAZEIRO DO NORTE, 1996).
Apesar da existência da lei municipal, identifica-se a necessidade de uma revisão
e atualização desta norma de forma a acrescentar os bens Culturais de Natureza Imaterial,
além dos inventários e registro como instrumentos de proteção. É preciso, ainda,
problematizar quem seriam os “vultos históricos” da cidade, superando uma visão elitista,
com vista a reconhecer que as pessoas comuns, com seu saber-fazer, celebrações e formas
de expressão, também construíram o patrimônio cultural de Juazeiro do Norte. Ademais,
percebeu-se uma inconformidade no processo de proteção dos bens culturais locais, visto
que alguns são tombados por Lei e outros por Decreto.
Aponta-se também a carência de revisão das próprias normativas de instauração
da salvaguarda dos bens culturais imateriais, como por exemplo as quadrilhas juninas e
as renovações. Seguindo o decreto federal nº 3.551, as formas de expressão; os modos de
criar, fazer e viver; as criações científicas, tecnológicas e artísticas; devem ter o regis tro
como instrumento administrativo de proteção e não o tombamento (BRASIL, 2000).
Aderindo a concepção de que o patrimônio cultural é uma construção social (CANCLINI,
2012; BENHAMOU, 2016) observa-se que parte significativa dos bens acautelados no
município de Juazeiro do Norte possui uma relação direta ou indireta com a história e
memória do Padre Cícero, assim com a dimensão religiosa, em especial aquelas que
envolve os itinerários realizados pelos romeiros.
A partir do ano de 2002, percebeu-se uma preocupação inicial com o patrimônio
histórico arquitetônico local. Em 2010, próximo às comemorações do primeiro centenário

627
municipal, ocorreu o tombamento de cinco edificações históricas no entorno da praça
Padre Cícero. Os bens acautelados por ocasião do decreto nº 425/2010 são:
Imóvel sito à Rua Padre Cícero, 300 (Residencial Alacoque Bezerra);
Imóvel sito à Rua Padre Cícero, 312 (Residencial Humberto Bezerra);
Imóvel sito à Rua Padre Cícero, 324 (Farmácia dos Pobres);
Imóvel sito à Rua Padre Cícero, 362 (Casarão Bezerra de Menezes);
Imóvel sito à Rua Padre Cícero, 376 (Casarão Família Viana);

Porém, em 2011, os decretos Nº 469 (25/03/2011) e Nº 510 (07/12/2011),


revogaram o tombamento dos imóveis Residencial Alacoque Bezerra e o Casarão da
Família Viana, respectivamente. Sendo o último objeto, mais uma vez, do instituto do
tombamento provisório por meio do decreto Nº 459/2019 junto com mais vinte e três
edificações.
A partir de dados coletados junto a SECULT e no portal da prefeitura municipal
foi possível identificar 49 bens sob proteção formal do poder público. Conforme prevê o
decreto lei federal de Nº 25/1937 o tombamento dos bens poderá ser provisório ou
definitivo, conforme esteja o respectivo processo iniciado pela notificação ou concluído
pela inscrição dos referidos bens no competente Livro do Tombo. Disso depreende-se que
os bens acautelados com tombamento provisório são objeto de processo administrativo
com fins de decidir pela viabilidade ou não do tombamento definitivo.
Da produção legislativa sobre o tema entre os anos 1996 e 2019 depreende-se
continuidades e descontinuidades no que tange à proteção de bens arquitetônicos. Até o
fechamento deste diagnóstico não foi possível acessar documentos referentes aos
processos administrativos a que se refere o decreto municipal 459/2019 e que são
fundamentais para a definição do tombamento definitivo ou revogação do tombamento
provisório. Igualmente não chegamos a documentos que possam demonstrar as razões de
mérito que levaram à derrogação do decreto nº 425/2010.
A quadro a seguir apresenta um quadro-síntese dos bens protegidos formalmente
pela legislação (Quadro 124), a partir de dados disponibilizados pela Secretaria Municipal

628
de Cultura (SETUR) e legislação disponível no portal da Prefeitura Municipal de Juazeiro
do Norte.

Quadro 124: Bens protegidos em município de Juazeiro do Norte por modalidade e instrumento legal.

BEM MODALIDADE LEI

Testamento do Padre Cícero Tombado Lei nº 2121/1996

Inventário do Padre Cícero Tombado Lei nº 2121/1996

Livro de Registro Civil de óbito do 1º Tombado Lei nº 2121/1996


Cartório

Inventário do Dr. Floro Tombado Lei nº 2121/1996

Acervo do Museu Vivo de Padre Tombado Decreto nº1385/2000


Cícero

Monumento do Padre Cícero Tombado Decreto nº1385/2000

Estação ferroviária Tombado Decreto nº 1531/2002

Escola Tombado Decreto nº423/2010


Técnica em Comércio de

Casarão Bezerra de Menezes (Imóvel Tombado Decreto nº 425/2010


sito à Rua Padre Cícero, 362 )

Farmácia dos Pobres (Imóvel sito à Tombado Decreto nº 425/2010


Rua Padre Cícero, 324)

Residencial Alacoque Bezerra Tombado Decreto nº 425/2010


(Imóvel sito à Rua Padre Cícero,
300)82

Residencial Humberto Tombado Decreto nº 425/2010


Bezerra(Imóvel sito à Rua Padre
Cícero, 312);

Casarão Bezerra de Menezes Tombado Decreto nº 425/2010

Quadrilhas Juninas Registro Lei nº 4249/2013

Festejos Religiosos (Nossa Senhora Lei nº 4268/2013


das Dores, Finados, Candeias)83

82Destombado pelo Decreto nº 469, de 25 de março de 2011.


83 O texto da respectiva lei não se encontra no portal institucional da prefeitura e também não foi
disponibilizado pela secretaria responsável.

629
Manifestações populares Registro Lei nº 4412/2014
culturais:Lapinhas, Reisados, Bandas
Cabaçais, Maneiro Pau, Dança de
Coco,
Bacamarteiros e Autos Natalinos”.

Praça Padre Cícero e todo seu Tombado Lei nº 4364/2014


complexo

Escola Normal Rural Tombado Lei nº 2829/2014

Marco (Pedra Fundamental) da Tombado LEI nº 4366/2014


Estação
Ferroviária da Rede Viação Cearense
(RVC)

Monumento da Ceia Larga Tombado Lei nº 4400/2014

Renovações Registro Lei nº 4307/2014


(entronização) ao Sagrado Coração de
Jesus e Maria

Tiradeiras de renovação Registro Lei nº 4307/2014


de culto católico

Estações da Via Sacra Tombado Lei nº 4451/2015

Arte de fazer Xilogravura e o Cordel Lei nº 4492/201584


Literário -

Bangalô de Sebastião Amorim Tombado Decreto nº332/2017

Casarão do Horto - Colina do Horto Tombado Decreto nº 459/2019

Casa Museu do Padre Cícero Tombado Decreto nº 459/2019

Associação Artesão Mãe das Dores Tombado Decreto nº 459/2019

Grupo Escolar Padre Cícero Tombado Decreto nº 459/2019

Santuário São Francisco das Chagas Tombado Decreto nº 459/2019

Abrigo Nossa Senhora das Dores – Tombado Decreto nº 459/2019


Rua São José, nº 216

Antiga Sede do Bispado – Rua São Tombado Decreto nº 459/2019


José, nº 120

Capela São Vicente de Paulo – Rua Tombado Decreto nº 459/2019


Santa Rosa, nº 19

84 A referida lei não foi localizada no portal institucional da prefeitura municipal de Juazeiro do Norte.

630
Capela Nossa Senhora das Graças – Tombado Decreto nº 459/2019
Rua Farias Brito, Bairro Romeirão.

Casa dos Milagres – Largo do Tombado Decreto nº 459/2019


Socorro, nº 159

Capela do Socorro Tombado Decreto nº 459/2019

Agência dos Correios – Rua da Tombado Decreto nº 459/2019


Conceição, nº 354

Av. Padre Cícero, nº 592 85 Tombado

Associação Comercial – Rua São Tombado Decreto nº 459/2019


Pedro, nº 163

Travessa Genésio Matos com Rua 24 Tombado Decreto nº 459/2019


de Março, nº 68

Casa Santinho Xavier – Av. Dr. Floro, Tombado Decreto nº 459/2019


nº 173

Cantina Zé Ferreira – Av. Padre Tombado Decreto nº 459/2019


Cícero, nº 158

Rua São José, nº 110 Tombado Decreto nº 459/2019

Rua São José, nº 268 Tombado Decreto nº 459/2019

Casarão dos Viana – Rua São Tombado Decreto nº 459/2019


Francisco com Av. Padre Cícero, nº
376

Rua Padre Cícero esquina com Rua Tombado Decreto nº 459/2019


do Cruzeiro, nº 286

Vila Lusitana – Rua São José, nº 509 Tombado Decreto nº 459/2019

Rua Alencar Peixoto, nº 276 Tombado Decreto nº 459/2019


Desconstituído o tombamento Decreto nº 593/2020

Rua Padre Cícero, nº 42 Tombado Decreto nº 459/2019

Fonte: SETUR

Importa ressaltar que o processo de coleta de dados para fins de diagnóstico


demonstrou a fragilidade da política de comunicação referente à publicização dos bens

85Nomenclatura não condiz com o prédio tombado que na verdade está localizado na Rua Padre Cicero,
592, Bairro Centro.

631
protegidos. Sendo a publicidade um princípio constitucional a ser perseguido pela
Administração Pública em sua atuação e ainda em face da importância da participação da
sociedade na tutela do patrimônio histórico é de suma importância a criação de
instrumentos que informem à população de maneira transparente acerca dos processos de
tombamento e registro.
Ressalte-se que o direito à informação que se depreende do princípio da
publicidade não é absoluto tendo em vista que em uma perspectiva negativa possibilita
ao Estado o sigilo das informações quando de tal sigilo depender a segurança da
sociedade, do estado e o direito à intimidade. Contudo, ao tratar do patrimônio histórico
do município a regra de compreensão deve ser positiva tendo em vista que a publicidade
dos atos referentes ao acautelamento de bens contribui para sua proteção.
Nesse sentido Canotilho (2003) chama atenção para a importância do princípio da
publicidade a partir de quatro vertentes: direito de conhecer os expedientes e motivos
concernentes à ação administrativa, em face do direito fundamental à informação;
garantia frente ao processo de produção de decisões administrativas; direito subjetivo de
acesso aos arquivos e registros públicos, em decorrência direta do princípio democrático
e por fim o direito de exigir do Estado ações positivas para possibilitar a visibilidade,
cognoscibilidade, e controle das ações administrativas.

17.4 Patrimônio Cultural Religioso

Destacamos nesta seção amostras do patrimônio cultural religioso de Juazeiro


do Norte, com a finalidade de demonstrar o relevo do conjunto de bens em processo de
acautelamento ou ainda aqueles que não contando com a proteção formal do poder
público guardam relação com a narrativa histórica de cidade da fé.

Monumento do Padre Cícero: Declarada patrimônio histórico, cultural e artístico do


município no ano 2000 através do Decreto nº 1.385/2000, o monumento localizado no
alto da colina do Horto, lugar usado pelo Padre Cícero Romão Batista para retiro

632
espiritual, encontra-se o monumento mais visitado de Juazeiro do Norte. A estátua criada
em homenagem ao Padre, construída por iniciativa do então prefeito Mauro Sampaio
1969, foi esculpida do projeto do arquiteto Armando Lacerda e o engenheiro Rômulo
Ayres, mede vinte e sete metros de comprimento. O local para construção do monumento
foi estratégico e remete ainda a mística que se tentou imprimir no percurso de
patrimonialização do espaço. No lugar em que foi edificada a estátua havia um
“monumento natural”, a árvore Timbaúba, chamada pelos moradores e romeiros de pé de
Tambor. Utilizada como “anteparo ao sol e proporcionando acolhimento para o descanso”
para os que iam até o local acompanhar Padre Cícero, a árvore de tamanho descomunal
era considerada sagrada (ARAGÃO, 2015).

Figura 188: Estátua do Padre Cícero.


Fonte: Acervo dos autores

633
Casarão do Horto: Tombado provisoriamente em 2019 pelo decreto Decreto n° 459, a
edificação foi construída em 1907, e era utilizada por Padre Cícero como refúgio para
retiro espiritual. O imóvel em linguagem art déco, de primeiro andar, possui grande
número de quartos e salas e pode ser dividido em duas partes: a Capela do Bom Jesus do
Horto e o Museu Vivo.

Figura 189: Casarão do Horto.


Fonte: Acervo dos autores

Acervo do Museu vivo do Padre Cícero: localizado dentro do Casarão, local teve seu
acervo declarado patrimônio histórico, cultural e artístico também no ano 2000, através
do Decreto nº 1.385/2000, encontra-se ainda registrado pelo IBRAM no Cadastro
Nacional de Museu86. O museu foi instalado em 1999 através do projeto de revitalização
do Casarão. Identificado como um museu de arte religiosa, o espaço é compartimentado
entre as ambientações das encenações do cotidiano do Padre Cícero e outros personagens
históricos locais e as salas de ex-votos. As salas como encenações estão situadas em cinco
cômodos do Casarão, em que se encontram dispostas as esculturas em tamanho real feitas
em resina poliéster esculpidas pelo artista pernambucano Mozart Guerra. As salas dos ex-
votos encontram-se em outros seis cômodos, no teto, nas paredes, corredores estão
dispostos milhares de ex-votos de tamanhos, origens e formatos distintos. São réplicas de

86
IBRAM. Cadastro Nacional de Museus. Disponível
em:<http://sistemas.museus.gov.br/cnm/pesquisa/avancada?FiltroConsultaAvancadaForm=&pesquisaAva
ncada_page=33>. Acesso em: nov. de 2021.

634
partes do corpo feitas de madeira, fotografias, brinquedos, cópias de diplomas, roupas,
entre outros.

Figura 190: Acervo do Museu vivo do Padre Cícero.


Fonte: Acervo dos autores

635
Museu do Padre Cícero Romão Batista: Integrante da lista dos 24 bens tombados
provisoriamente pelo decreto 459 de 2019 o museu, localizado na Rua São José, 242 – no
centro da cidade, foi instalado em 1952 no local em que o sacerdote passou os últimos
anos de vida (1932-1934). O local foi no decorrer de sua vida, a sua casa de morada e o
local em que constantemente se juntavam diversos fiéis para escutar os sermões do padre,
mesmo após ser afastado das suas funções eclesiásticas. No espaço encontram-se peças
de uso pessoal do Padre Cícero, como louças, paramentos do seu sacerdócio, usados
durante as celebrações religiosas, bem como objetos pessoais, fotos e doações de valor
histórico.

Figura 191: Museu do Padre Cícero Romão Batista.


Fonte: Acervo dos autores

Monumento da Ceia Larga: Monumento de memória declarado patrimônio material e


religioso do povo juazeirense pela Lei nº 4400/2014. Inaugurado no dia 11 de abril de
1992 em comemoração aos 120 anos da vinda definitiva do Padre Cícero Romão Batista

636
para o Juazeiro do Norte, o monumento construído em concreto armado e painel em alto
relevo, medindo 4 metros de altura por 17 metros de largura, recria a obra de Leonardo
da Vinci a última ceia de Jesus Cristo, denominada “ceia larga”.

Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro: Tombada provisoriamente pelo Decreto


nº 459 de 2019, localiza-se no Bairro Socorro, limítrofe ao bairro Centro. Essa edificação
é fruto de uma promessa feita por Hermínia Gouveia a Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro, diante de enfermidade que acometia Padre Cícero em 1906 (RAMOS, 2014. p.
64). A construção, iniciada ainda em 1906, logo após a melhora do sacerdote, foi
finalizada em 1908. A capela foi o local onde foram sepultados o Padre Cícero (1934), e
a Beata Maria de Araújo, personagens (1914) do Milagre da Hóstia.

Figura 192: Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.


Fonte: Acervo dos autores

637
Santuário São Francisco das Chagas: Tombado provisoriamente pelo Decreto nº 459
de 2019, situa-se na Praça Mons. Joviniano Barreto, s/n, Bairro Franciscanos, esse templo
teve sua construção iniciada em 1950 e inaugurada em 1956. A história do templo se
insere como uma estratégia da igreja reduzir a influência e dimensões das romarias que
aconteciam desde o Milagre da Hóstia, tentando assim, constituir espaços devocionais
desvinculados da narrativa do milagre. O início da construção foi marcado por uma
fatalidade, o assassinato do monsenhor Joviniano Barreto, apontado como inimigo do
Padre Cícero, no dia do lançamento da “Pedra Fundamental” do Santuário (RAMOS,
2014). Apesar da tragédia, as obras continuaram e no decorrer do tempo os ritos em
devoção a São Francisco se integraram ao ciclo das Romarias de Juazeiro. Em períodos
de Romaria o Santuário São Francisco das Chagas chega a comportar cerca de 30 mil
pessoas87.

87 IBGE. Catálogo-Santuário São Francisco das Chagas. Disponível


em:<https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=436426>. Acesso
em: nov. de 2021

638
Figura 193: Santuário São Francisco das Chagas.
Fonte: Acervo dos autores

Capela São Vicente de Paulo: Localizada na Rua Santa Rosa, no Bairro do Socorro, a
capela, tombada provisoriamente em 2019 pelo decreto Decreto n° 459, foi construída em
1922, com autorização do Bispado do Crato, em terreno adquirido por José Geraldo da
Cruz Bezerra de Menezes em honra a São Vicente. A construção da igreja contou com
trabalho coletivo e por etapas, convocado e organizado por José Geraldo da Cruz,
momentos intitulados de “festas”. A pequena capela foi concluída em 1923.

639
Figura 194: Capela São Vicente de Paulo
Fonte: Acervo dos autores

Casa dos Milagres: Localizada no Bairro do Socorro, tombada provisoriamente pelo


Decreto nº 459 de 2019, foi construída em 1936 e aberta ao público em 1938, por João
Monteiro - amigo de Padre Cícero - com a finalidade de receber os objetos de fé dos
romeiros, que até então eram deixados em um oratório do lado de fora da Igreja do
Socorro, uma vez que a instituição não reconhecia à santidade do Padre Cícero, do
Milagre, nem a legitimidade dos movimentos das Romarias. O local constitui-se em um
dos pontos de visitação dos romeiros que vem ao Juazeiro do Norte e reserva milhares de
ex-votos, fotografias, imagens de santos (como os Sagrados Coração de Jesus, popular no

640
interior do Nordeste) deixados pelos romeiros como promessas alcançadas feitas ao Padre
Cícero e à Nossa Senhora das Dores 88. O espaço ainda encontra-se sob os cuidados da
família do idealizador do espaço.

Figura 195: Casa dos Milagres.


Fonte: Acervo dos autores

88 JUAZEIRO DO NORTE. Pontos Turísticos do Município - Casa dos Milagres. Disponível


em:<https://juazeirodonorte.ce.gov.br/pontosturisticos.php?id=14>. Acesso: Jan. de 2022; DIÁRIO DO
NORDESTE. Incêndio destrói Casa dos Milagres em Juazeiro.Disponível
em:<https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/regiao/incendio-destroi-casa-dos-milagres-em-juazeiro-
1.404723>. Acesso: Jan. de 2022.

641
Figura 196: Interior da Casa dos Milagres.
Fonte: Acervo dos autores

Foram tombados ainda pelo decreto Decreto nº 459 de 2019 integrantes do grupo dos
bens arquitetônicos religiosos:

642
Figura 197: Antiga Sede do Bispado situado no Centro na Rua José (nº120).
Fonte: Acervo dos autores

Figura 198: Capela Nossa Senhora das Graças situada na Rua Farias Brito, no Bairro Romeirão.
Fonte: Acervo dos autores

643
Estações da Via Sacra da Rua Caminho do Horto: Integrante também do patrimônio
cultural religioso do município, declarada pela Lei nº 4451/2015 as estações que são
objeto da tutela do poder público estão distribuídas ao longo do caminho que interliga a
parte central (inicia na Avenida Leandro Bezerra) até a Colina do Horto (Rua Caminho
do Horto). Percurso composto por quinze estações, formato painel em alto relevo,
retratando as imagens da Via Crúcis (Via Sacra). Apesar de ser tombada, os painéis das
estações já foram substituídos e atualmente não correspondem aos que estão descritos na
lei em vigor. No ano de 2019, a Prefeitura por meio da Secretaria de Turismo e Romaria
(Setur), deu início às obras para instalação de uma nova Via Sacra da Rua Caminho do
Horto, as estações tem como base a xilogravura e cada uma assinada por um artista visual
do Cariri. As alterações no monumento demandam a necessidade de revisão desta lei 89.

A seguir destacamos as edificações que apesar de não terem sido identificados


instrumentos de proteção a elas referentes, por sua vinculação direta ou indireta como a
história do município e por se apresentarem como locais de visitação durante as romarias
também são aqui consideradas integrantes do Patrimônio Cultural Religioso do
Município. Cabe destacar que a Igreja do Bom Jesus do Horto, apesar de ainda encontrar-
se em processo de construção, também já se apresenta como um dos locais integrados ao
“Roteiro da Fé” realizado pelos visitantes. Nesse sentido destacamos tais bens a seguir
como Patrimônio Cultural Religioso não-acautelado:

17.5 Patrimônio Cultural Religioso não-acautelado

Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores: Localizada na parte central da cidade, Rua Pe.
Cícero, 147, Bairro Centro, a igreja teve suas obras iniciadas em 1875 e finalizadas em
1884. A construção do templo foi uma iniciativa do Padre Cícero, que escolheu, de forma

89DIÁRIO DO NORDESTE. Juazeiro do Norte ganha Via Sacra com traçados de xilogravura. Disponível
em:<http://blogs.diariodonordeste.com.br/cariri/cidades/juazeiro-do-norte/juazeiro-do-norte-ganha-via-
sacra-com-tracados-de-xilogravura/23139>. Acesso em: Fev. de 2022.

644
estratégica, a parte central do vilarejo para a construção, erigida em regime de mutirão
(RAMOS, 2014; SANTOS, 2019). De importância simbólica e histórica, a Igreja Nossa
Senhora das Dores foi o local onde ocorreu o milagre da hóstia em 1889 tornando-se,
inicialmente, o principal ponto de peregrinação. Ao longo das décadas, a edificação
passou por intensos processos de transformações externas e internas, já não
correspondendo à sua originalidade e à época de vida do Padre Cícero. Sua fachada foi
reestruturada nas primeiras décadas do século XX, tendo as duas torres laterais
substituídas por uma torre central. Entretanto, é ainda onde acontece parte das celebrações
das Romarias das Candeias, entre os meses de janeiro e fevereiro, momento de maior
fluxo de romeiros no município, assim como sedia parte das celebrações das Romarias de
Nossa senhora das Dores, entre os meses de agosto e setembro. Em 2008 foi elevada à
condição de Basílica Menor, denotando a importância religiosa da mesma na cidade 90.

90 Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores. Título de Basílica Menor. Disponível
em:<https://www.maedasdoresjuazeiro.com/basilica-santuario>. Acesso em: nov. de 2021.

645
Figura 199: Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores.
Fonte: Acervo dos autores

Santuário do Sagrado Coração de Jesus: Localizado na Rua Pe. Cícero, 1440, no


Bairro Salesianos, a igreja teve suas obras iniciadas em 1949 e concluída em 1978. A
construção da igreja foi um empreendimento dos Salesianos atendendo aos anseios do
Padre Cícero, dedicando o templo a um dos símbolos de devoção de Padre Cícero, o
Sagrado Coração de Jesus.

Igreja do Bom Jesus do Horto: a construção da igreja foi iniciada em 1999 e ainda
encontra-se em andamento. Sua localização, no Horto, evoca a memória sobre o Padre
Cícero. O templo possui forma cônica e uma torre de 48 metros de altura. Apesar de estar
em processo de construção, já são realizadas celebrações no local.

Figura 200: Igreja do Bom Jesus do Horto.


Fonte: Acervo dos autores

● Patrimônio Cultural Material (Lugares - valor paisagístico)

646
Praça Padre Cícero e o seu complexo: Localizada no centro da cidade de Juazeiro do
Norte, foi declarada patrimônio cultural e material em 2014 através da Lei nº 4364. A
referida lei estabelece que constitui o patrimônio histórico e material o conjunto dos bens
monumentais, arquitetônicos, histórico e paisagístico (arbóreo) existentes na Praça Padre
Cícero Romão Batista, considerando sua vinculação a fatos memoráveis da história de
Juazeiro do Norte e o seu excepcional valor histórico, cultural, material, arquitetônico
e/ou paisagismo natural e de seu arbóreo. O tombamento abarca: a) Estátua do Padre
Cícero Romão Batista em bronze e em tamanho natural; b) Colina do Horto, construída
no centro da praça; c) As árvores de juá, plantadas na década de 1930, em toda parte da
praça; d) As palmeiras imperiais. Devemos ressaltar a necessidade de revisão da referida
lei para correção do termo “Colina do Horto” tendo em vista que a referida nomenclatura
não tem correspondência com a descrição do bem acautelado.

● Patrimônio Cultural Material

Monumento Marco (Pedra Fundamental) da Estação Ferroviária da Rede Viação


Cearense (RVC): Declara patrimônio histórico e material pela Lei nº 4366/2014 o Marco
(Pedra Fundamental) da Estação Ferroviária da antiga RVC encontra-se no centro do
cruzamento das ruas São Bernardo com a rua São Jorge. O monumento foi edificado em
1925, por ocasião do lançamento da pedra fundamental da estação ferroviária do
município. O evento, ocorrido em 12 de setembro de 1925, foi um dos grandes marcos
do poder político e da administração do Padre Cícero, enquanto prefeito da cidade. Este
é o único marco existente na cidade com o nome do Padre Cícero como prefeito
(TENÓRIO, 2011).

Estação Ferroviária da Rede Viação Cearense (RVC): A edificação foi inaugurada em


foi inaugurada em 07 de novembro de 1926. A chegada da linha férrea facilitou a
exportação de algodão, principal produto agrícola na região durante a década de 1920. A

647
localização da Estação foi escolha do próprio Padre Cícero. Locada no limite da zona
urbana da cidade à época, possibilitou a expansão do perímetro urbano e de parte do
comércio e indústria local para essa área mais periférica. O imóvel foi tombado como
patrimônio cultural do município, através do Decreto Nº 1531- 02/12/2002, mas em 2008,
sofreu intervenções na sua plataforma e arredores quando da instalação do V.L.T (Veículo
Leve Sobre Trilhos), pelo Governo do Estado. Atualmente o imóvel encontra-se sem uso
e apresenta necessidade de restauração.

Prédio da Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte: Em 1934 foi criada a primeira
Escola Normal Rural do Brasil. Declarado Patrimônio Histórico do município pela Lei nº
2829/2004, a Escola, em 1973, passou a ser denominada Centro Educacional Professor
Moreira de Sousa91. De fachada eclética, com elementos da arquitetura neoclássica,
percebeu-se algumas alterações estéticas, como o fechamento de janelas e retirada de
elementos em alto relevo. Porém, é uma área que passou a ser subutilizada, pois com a
ampliação da escola ao longo dos anos, o acesso principal se dá pela Rua do Cruzeiro,
que não possui ligação com as características arquitetônicas da fachada anterior. Mesmo
sendo uma edificação de grande importância histórica para a cidade, não há nenhum tipo
de proteção ao patrimônio.

Grupo Escolar Padre Cícero: Criado em 1927, o agrupamento das classes para a
formação do Grupo Escolar foi instalado, inicialmente, no Sobrado do Cel. Manoel
Fernandes, no cruzamento das ruas Padre Cícero com São Francisco, sob direção da
Professora Maria Gonçalves. O prédio localizado na Rua Santa Rosa (atual Monsenhor
Joviniano Barreto), acautelado pelo decreto 459/2019, foi concluído somente em 1935. O
Grupo Escolar possui importância cultural, histórica e educacional para o município. Foi
responsável pela formação de nomes políticos que se destacaram no cenário local e

91
IBGE. Catálogo- Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte. Disponível
em:<https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?id=436433&view=detalhes:>. Acesso
em: Nov. de 2021.

648
regional, assim como profissionais de diversas áreas. Extinto no início dos anos 2000 da
rede estadual, foi novamente reintegrada ao Sistema de Ensino Municipal em 2005,
adotando a nomenclatura Escola de Ensino Infantil e Fundamental Padre Cícero e com a
proposta de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais
(ALMEIDA;RODRIGUES, 2018). Em 2020 a edificação passou por um processo de
requalificação, na qual tentou-se reconstruir suas fachadas originais. Antes da
reforma/restauração, os elementos geométricos originais foram destruídos e as esquadrias
foram substituídas por uma de menor dimensionamento e com peitoril mais elevadas. Não
foi possível identificar o período que estas alterações ocorreram, visto a ausência de
fotografias e registros documentais até o presente momento. As platibandas não
aparentam ter sofrido alterações.

Figura 201: Grupo Escolar Padre Cícero.


Fonte: Acervo dos autores

649
Casarão dos Viana: Antes de ser construído o “Casarão dos Viana”, existia o sobrado
do Cel. Manoel Fernandes da Costa, onde foi instalada provisoriamente em 1927 o Grupo
Escolar Padre Cícero. Situado na esquina da Rua Padre Cícero com São Francisco, o
Casarão dos Viana foi construído em 1940. O bem foi tombado em 2010, mas teve o
tombamento desconstituído em 2011 para novamente encontrar-se na lista dos bens
tombados provisoriamente em 2019 por meio do Decreto nº459.

Figura 202: Casarão dos Viana.


Fonte: Acervo dos autores

Travessa Genésio Matos com a Rua 24 de Março (nº 68): Também conhecido como
bangalô de Odilon Figueiredo o imóvel encontra-se em estado visível de deterioração.
Construído pelo comerciante Odilon Figueiredo em 1942, o imóvel foi ocupado por mais
tempo por Mozart Cardoso de Alencar, prefeito do município entre (1973-1975) morador
que deu fama ao imóvel, tendo sido o que o habitou por mais tempo.

650
Figura 203: Travessa Genésio Matos com a Rua 24 de Março (nº 68).
Fonte: Acervo dos autores

Associação Artesão Mãe das Dores: Tombada provisoriamente pelo Decreto nº


459/2019, a associação encontra-se instalada em prédio histórico de primeiro andar na
Av. Padre Cícero (nº 210) próximo a Basílica Nossa Sra. das Dores. A Associação dos
Artesãos da Mãe das Dores do Pe. Cícero foi fundada em 1984 por duas freiras. Hoje
compreende uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos. A parte térrea é
aberta à visitação, exposição e comercialização das peças artesanais produzidas pelos
artesãos da região do Cariri que estão vinculados à associação. A Associação dos Artesãos
da Mãe das Dores possui importância e abrangência cultural e social determinantes no
território, à medida que contribuir não apenas para o fortalecimento do artesanato,
preservando a identidade cultural e regional do Cariri cearense, mas ainda socioeducativo
e socioambiental focada no artesanato desenvolvendo, incentivando e valorizando os

651
saberes e fazeres populares, alicerçado nos princípios e valores de integração,
associativismo, solidariedade, sustentabilidade, criatividade e transparência. 92

Abrigo Nossa Senhora das Dores: Localizado no Centro na Rua São José (216) o prédio
do abrigo foi um dos bens imóveis tombados provisoriamente pelo Decreto nº 459/2019.
O imóvel (sobrado) foi construído, na primeira década de do século XX, por iniciativa de
Padre Cícero para servir de de Palácio Episcopal para a nova Diocese no Cariri, o que não
se concretizou em decorrência dos atritos entre Dom Joaquim e o sacerdote caririense.
Em 1956 por iniciativa de João Batista de Menezes Barbosa foi fundado o abrigo que
acolhe idosos, em sua maioria abandonados, da cidade e de localidades vizinhas 93.

Vila Luzitana: Localizada no Centro, no cruzamento da Rua São José (nº 509) com à
Rua Conceição, o imóvel foi construído entre 1937 e 1938 pelo português Ângelo de
Almeida. A antiga residência compreende um dos 24 imóveis tombados provisoriamente
pelo Decreto nº 459/2019. Atualmente, o prédio sedia uma Pousada Social que recebe
pessoas em situação de rua 94.

92 Mapa Cultural de Juazeiro do Norte. Associação Mãe Das Dores. Disponível


em:<https://mapacultural.juazeiro.ce.gov.br/espaco/1713/>. Acesso em: Jan. de 2022; Rede Globo.
Associação dos Artesãos da Mãe das Dores promove o trabalho coletivo (25.01.2013). Disponível
em:<http://redeglobo.globo.com/acao/noticia/2013/01/associacao-dos-artesaos-da-mae-das-dores-
promove-o-trabalho-coletivo.html>. Acesso em: Jan. de 2022.
93 ANDRADE, Fagner José de. “É tudo milagre do padrinho”: materialidades sacralizadas na cidade

santuário de Juazeiro do Norte-CE. 2020. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de


Pernambuco; GAZETA CARIRI. Abrigo Nossa Senhora das Dores completa 60 anos, mas ainda enfrenta
muitas dificuldades financeiras. Disponível em:<http://www.gazetadocariri.com/2016/01/abrigo-nossa-
senhora-das-dores-em.html>. Acesso em: Jan. de 2022; MÃE DAS DORES JUAZEIRO DO NORTE. Dom
Gilberto Pastana, na companhia do Padre Cícero José, visita o Abrigo Nossa Senhora das Dores. Disponível
em:<https://maedasdoresjuazeiro.com/postagens/dom-gilberto-pastana-visita-o-abrigo-nossa-senhora-das-
dores>. Acesso em: Jan. de 2022; CARIRI DAS ANTIGAS. A casa, ainda existente, em que o Padre Cícero
viveu mais tempo (11.02.2021). Disponível em:<https://cariridasantigas.com.br/a-casa-ainda-existente-
em-que-o-padre-cicero-viveu-mais-tempo/>. Acesso em: Jan. de 2022.
94 CARIRI DAS ANTIGAS. A Vila Luzitana – Juazeiro do Norte (26.07.2018). Disponível
em:<https://cariridasantigas.com.br/a-vila-luzitana-juazeiro-do-norte/>. Acesso em: Jan. de 2022.

652
Figura 204: Vila Luzitana.
Fonte: Acervo dos autores

Entre os bens imóveis arquitetônicos arrolados pelo Decreto nº 459/2019 de


tombamento provisório estão também: Agência dos Correios (Rua da Conceição, nº 354);
Associação Comercial (Rua São Pedro, nº 163); Cantina Zé Ferreira (Av. Padre Cícero,
nº 158). O decreto tomba ainda os imóveis situados na: Rua São José (nº 110 e nº 268);
na Rua Padre Cícero (nº 376); na Rua Padre Cícero esquina com Rua do Cruzeiro (nº
286); Rua Padre Cícero (nº 42); Casa Santinho 95 Xavier, na Avenida Dr. Floro (nº173); e
na Avenida Padre Cícero (nº 592).

95 Há dúplice nomenclatura para o bem, o decreto nº 459/2019 nomeia Casa Santinho Xavier; documentação
enviada pela SETUR nomeia Casa Santino Xavier, o que ressalta a importância de revisão dos instrumentos
legais.

653
Devemos ressaltar que o instituto do tombamento não é suficiente para a proteção
do patrimônio histórico edificado, muitas vezes o instrumento se apresenta como
mecanismo de disputa entre o poder público e o particular. Assim é necessário que os
sujeitos, que têm o direito de usar, fruir e dispor limitado pelo tombamento, recebam do
poder público compensações de ordem patrimonial seja através de incentivos financeiros
por meio de possíveis benefícios fiscais, seja por meio de acesso à políticas de
desenvolvimento local que façam dos bens salvaguardados mecanismos para fomento de
emprego e renda.
De forma complementar o poder público deve manter uma dinâmica de uso e
preservação dos bens públicos tombados. Esses ao se agregar ao cotidiano da população
como equipamentos que passam a ter significado podem atrair o interesse da comunidade
em sua proteção.

17.6 Patrimônio Ambiental

Desde a segunda metade do século XX a relação dinâmica entre sociedade e


natureza tem sido frequentemente objeto de reflexão por parte de diversos setores das
sociedades, apontando para um paradigma de preservação e valorização da natureza. Ao
mesmo tempo, estudos científicos indicam a exaustão de Regiões e paisagens pelo uso
desenfreado dos recursos naturais. Nesse contexto, a temática do patrimônio ambiental
avançou, abrindo novos caminhos para problematização das relações humanas com o
mundo natural.
Em meio aos desdobramentos da discussão em escala global da temática
ambiental, expressam-se, cada vez mais, valores de sustentabilidade, dialogando
diretamente com necessidades locais bem focalizadas, pois decorrentes da relação direta
entre as pessoas e o lugar onde estão inseridos. Nesse contexto, ideias de sustentabilidade
socioambiental global ganharam destaque, sobretudo a partir das diretrizes apontadas pela
Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), setorial
da Organização das Nações Unidas (ONU) que operacionaliza o debate educacional.

654
Como desdobramento desse panorama, a Educação ambiental focada na
conscientização acerca das boas condutas ambientais individuais e coletivas é um
incremento positivo desses novos debates. Para ir adiante no trato das complexas
demandas ambientais em suas diversas escalas (local, regional, nacional e mundial), é
possível associar a conscientização ambiental ao debate sobre a construção dos territórios
e das identidades, integrando ações nas searas da cultura, do meio ambiente e do
patrimônio. Nesse sentido, as iniciativas de educação para a preservação ambiental
podem assumir um escopo mais amplo associando a perspectiva patrimonial a suas
práticas (SILVA, 2014).
A natureza entendida como bem patrimonial é uma concepção mais recente. Vale
destacar que o patrimônio natural pode ser entendido como produto de uma cultura, logo
pode ser também lido como um patrimônio cultural (LANNA, 2003). A noção do
patrimônio natural (ambiental) pensado como um dos elementos do patrimônio cultural
converge ainda para os entendimentos que a fisionomia da paisagem “remete à uma
cultura, a saberes e a tradições que contribuem para moldar a terra e o ambiente
construído” (Benhamou, 2016, p. 11). Destacando que este possui um caráter
diferenciado, visto que foi produzido, sobretudo, por forças naturais (processos
biogeoquímicos) e apreendido pela sociedade no processo de construção de sua relação
com a natureza (LANNA, 2003).
Nos últimos anos, a Região do Cariri tem se destacado na valorização do
patrimônio ambiental dando evidência sobretudo aos conjuntos patrimoniais naturais
incorporados paulatinamente nos roteiros turísticos da Região, com destaque para as
atividades do Geopark Araripe.
A cidade de Juazeiro do Norte possui um dos geossítios que compõem o território
do Geopark Araripe, instituição reconhecida pela Unesco e ligada à Universidade
Regional do Cariri. O geossítio Colina do Horto integra um rico patrimônio geológico e
cultural de forte interesse para cientistas, turistas, romeiros do Padre Cícero e moradores
de Juazeiro do Norte. A formação geológica do geossítio apresenta as rochas mais antigas
do Cariri, com cerca de 650 milhões de anos, substrato das rochas sedimentares que

655
integram a Bacia do Araripe (GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, 2012, p. 77).
Portanto, os afloramentos de grandes rochas graníticas que caracterizam a colina,
especialmente na região do Santo Sepulcro, são testemunhos de fenômenos geológicos
que, em milhões de anos, constituíram as especificidades naturais que caracterizam o
Cariri. Além disso, o geossítio também destaca-se pela presença de vegetação típica da
Caatinga, reforçando seu valor enquanto patrimônio natural. Valor este acrescido pelos
sentidos religiosos e sociais dados ao Horto e ao Santo Sepulcro por gerações e gerações
de pessoas, que constituíram tais lugares como espaços sagrados, no qual promessas são
feitas e são pagas e onde fendas de pedras, formadas há milhões de anos, viram espaços
para a expiação de pecados. Acresce-se a isto o artesanato diverso e comércio intenso que
cercam os bens patrimoniais edificados na colina, como a estátua do Padre Cícero e o
Museu Vivo, aliando a fé dos devotos com o sustento dos moradores do Horto. Ao
integrar natureza e cultura de forma tão íntima, nota-se a importância do geossítio Colina
do Horto para as ações patrimoniais de Juazeiro do Norte. Ao mesmo tempo destacamos
oportunidades a serem exploradas nesse espaço, a exemplo da implantação do teleférico
que se apresentará quando em funcionamento como um impulsionador do turismo.

Figura 205: Pedra do Joelho – Geossítio Colina do Horto.


Fonte: Acervo dos Autores

656
Figura 206: Vista da cidade de Juazeiro a partir do Geossítio Colina do Horto.
Fonte: Acervo dos Autores

Figura 207: Teleférico de Juazeiro do Norte (em implantação)


Fonte: Acervo dos Autores

Além desse importante patrimônio ambiental inserido diretamente na construção


da identidade cultural do município e da Região, Juazeiro do Norte se destaca pela
existência do Parque Ecológico das Timbaúbas que foi concebido para recuperar a Várzea
da Timbaúba e proteger seus mananciais.

657
Ocupando 634,50 hectares, numa faixa de terra ao longo das calhas dos rios
Salgadinho e Timbaúbas, além de outros afluentes de menor porte, o Parque é a maior
área verde dentro no município, que tem a maior parte de sua extensão já urbanizada. No
que diz respeito à infraestrutura interna, o parque conta com 2 campos de futebol, 4
quadras de vôlei de areia, uma quadra de futsal e uma quadra de vôlei em cimento. No
interior do Parque estão localizadas 11 fontes naturais, que são responsáveis por 70% do
abastecimento da cidade com água potável. 96
Importante área verde dentro de Juazeiro do Norte, o Parque Natural das
Timbaúbas foi criado a partir de decreto, no 23 de outubro de 2017, sendo a primeira
unidade de conservação do Município, enquadrada como Área de Proteção Integral. Após
ingressar nos Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) e
Sistema Estadual de Unidades de Conservação do Ceará (SEUC).97
Com características naturais e diversidade biológica de extrema importância, as
Unidades de Conservação (UCs) são áreas naturais resguardadas, constituídas por meio
de instrumento legal.98 Dentro das unidades de conservação algumas atividades são
proibidas, ou possuem seu desenvolvimento restrito. Assim, nas UCs os atributos naturais
são garantidos, sofrendo o mínimo impacto, convergindo para manutenção de recursos,
preservação da biodiversidade e da beleza natural e o equilíbrio ecológico.
A despeito da existência da referida unidade de conservação não foram
identificados instrumentos formais de proteção do que concerne ao seu valor como
patrimônio ambiental.
Diante do exposto acerca da existência de relevantes áreas de interesse cultural e
natural em Juazeiro do Norte, os debates sobre o patrimônio ambiental no município

96 SEMACE. Parque Ecológico das Timbaúbas. Disponível em:


https://www.semace.ce.gov.br/2010/12/09/parque-ecologico-das-timbaubas/ Acesso em: 20 de fevereiro
de 2022.
97 SEMACE. Parque Ecológico das Timbaúbas. Disponível em:
https://www.semace.ce.gov.br/2010/12/09/parque-ecologico-das-timbaubas/ Acesso em: 20 de fevereiro
de 2022.
98 O conjunto de todas as UC existentes no Brasil constituem o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza (SNUC), instituído pela Lei 9.985/2000. Ver: SEMACE. Unidades de
Conservação. Disponível em: https://www.sema.ce.gov.br/unidades-de-conservacao-2/. Acesso em: 20 de
fevereiro de 2022.

658
devem contemplar os desafios inerentes à sustentabilidade e conservação em área urbana,
portanto, bens analisados e compreendidos como decorrência de todas as interações entre
sujeitos sociais e seu ambiente (SILVA, 2014, p. 62-63).
Nesse sentido, postula-se que ações para a salvaguarda do patrimônio ambiental
urbano de Juazeiro do Norte devem contemplar estratégias educativas que favoreçam a
dimensão ambiental, mas também sociocultural, direcionadas ao público em geral mas
com especial atenção às populações que vivem e se relacionam diretamente com o
ambiente objeto da preservação. Assim, entende-se ser possível desenvolver estratégias
para inserir a temática patrimonial ambiental urbana por meio de projetos e ações
educativas fomentando valores e práticas de preservação relacionadas às vivências
cotidianas.
Como apontado na explanação sobre o patrimônio cultural e educação
patrimonial, a comunidade escolar tem papel fundamental na construção da valorização,
reconhecimento e salvaguarda do patrimônio, essa ação primordial das comunidades
escolares também pode concorrer para a preservação do patrimônio ambiental urbano.
Para tal empresa, são necessárias políticas públicas educacionais que privilegiem
as relações afetivas das comunidades com as áreas de preservação e paisagens ambientais,
bem como debatam o uso sustentável dos recursos naturais, envolvendo alunos dos mais
diversos segmentos educacionais.
É promissora a criação de um projeto educacional que relaciona ações de
Educação Patrimonial ao debate ambiental através de práticas que tenham por base a
sustentabilidade e representações socioculturais das comunidades que vivem no entorno
do Horto e do Parque das Timbaúbas. Este último, enquanto Área de Proteção Integral
(API), acolhe apenas o uso indireto dos seus atributos naturais de forma contemplativa
ou voltada à pesquisa científica, podendo, cada vez mais, admitir a promissora
participação das Universidades e Faculdades da Região por meio de projetos de pesquisa
e extensão.
Por fim, destaca-se que, de modo geral, as questões acerca da Educação para
preservação e reconhecimento do Patrimônio Cultural e Ambiental correm em paralelo

659
das mobilizações em torno dos investimentos públicos e privados voltados para a
consolidação das atividades turísticas. Afinal, o fomento de boas práticas de preservação
e a valorização dos bens culturais e ambientais por parte dos moradores da cidade podem
fortalecer o estabelecimento de políticas públicas e a implementação e uso dos
equipamentos voltados para atividades socioeconômicas e de turismo.
Nesse sentido, cabe a municipalidade atuar na prevenção de danos ambientais
apoiando as iniciativas a favor da defesa do patrimônio ambiental urbano e do meio
ambiente, através do levantamento de informações acerca das áreas de preservação,
reparação dos danos ambientais através do replantio e revitalização de áreas verdes
associada a conscientização dos cidadãos sobre boas práticas ambientais e sustentáveis.

17.7 Patrimônio Imaterial

No Brasil o patrimônio cultural imaterial ganhou contornos mais definidos como


o Decreto 3.551/2000 que abrangeu saberes, celebrações, formas de expressões e lugares,
ou seja, bens intangíveis que fazem parte da formação da identidade, memória e história
do povo/comunidade.
Considerando tanto o Decreto 3.551/2000 e o artigo 216 da Constituição Federal
de 1988 identificamos que no município há apenas dois instrumentos de salvaguarda
referentes a bens imateriais:

Quadrilhas Juninas (Lei nº 4.249/2013)


Festejo de caráter popular e espontâneo, as quadrilhas juninas compreendem uma
das manifestações que se espalham por todo o Brasil. De acordo com Soares (2019, p.
192) em decorrência de um processo de cooptação empreendido pelo Estado em em prol
do Turismo e do comércio o São João foi transformado em um megaevento. Nesse
sentido, observa-se nos últimos anos a formação e profissionalização - em certo nível do
termo - dos brincantes, que se preparam durante muitos meses para competir com outros
grupos durante os festejos juninos.

660
Renovações (entronização) ao Sagrado Coração de Jesus e Maria e as tiradeiras de
renovação de culto católico (LEI Nº 4307/2014)
Prática típica do interior do Nordeste brasileiro, a Entronização ao Sagrado
Coração de Jesus e Maria, ou como popularmente é denominada, Renovações, foi
introduzida pelo Padre Cícero Romão Batista. A chegada da imagem do Coração de Jesus,
que preside o altar doméstico, à residência do devoto é como um marco que simboliza o
batismo da moradia, uma dádiva digna de gratidão eterna deste. Alguns desses devotos
adotam a prática de “renovar” esses votos anualmente (ROCHA, 2019).
Francisco Régis Lopes pontua que inicialmente a devoção ao Coração de Jesus
fora invertida no Juazeiro, uma vez que a concepção norteadora era aumentar o domínio
dos padres sobre os rituais operados pelos devotos, situando como fundamental receber
os sacramentos da Igreja Católica e não as relações mais diretas entre o devoto e o
sagrado, como acabou por se popularizar no interior no nordeste (RAMOS, 2014, p.52).
As Renovações do Sagrado Coração de Jesus são momentos de sociabilidade em
que há aproximação do sagrado ao culto doméstico imerso em simbolismos. A data
escolhida para a renovação dos votos, podem representar momento especial para a
família, a data de uma “graça alcançada”, a data de um santo específico, entre outros. E
nesse contexto, a intermediária ou condutora dos ritos, que inicialmente eram realizados
por uma beata, hoje é desenvolvido pelas tiradeiras. Processo que evidencia o
fortalecimento dos vínculos diretos com o sagrado, sem intermédio dos representantes
institucionais da igreja (CORDEIRO, 2010).

Manifestações populares culturais denominadas “lapinhas, reisados ou folia de reis,


guerreiros, bandas cabaçais, maneiro pau, dança de coco, bacamarteiros e autos
natalinos” (LEI N.º 4412/2014)
As manifestações listadas na referida lei compreende o grupo de práticas e
manifestações do campo popular (ARANTES, 1998). Partindo do princípio que o
conceito de cultura popular é multifacetado e plural e que não há uma definição fixa e

661
imutável, o que o município de Juazeiro do Norte estabelece como manifestações
populares compreende um conjunto de ritos e práticas, com origens e tradições distintas.
Agenciada por sujeitos diversos que tentam manter vivas memórias e práticas da
comunidade, das tradições em que se inserem.

Reisado
No território brasileiro, o Reisado assumiu diferentes feições. Isso pode ser
observado, conforme Barroso (2008), nas denominações que se atribuem a essa
manifestação no país: Reisado – de Congo, de Caretas ou de Couro, de Caboclos, de
Bailes -, Boi, Rancho de Reis, Guerreiros – Terno de Reis, Tiração de Reis, Folia de Reis.
Em relação a origem, ocorre uma certa contradição, à medida que se aponta para
uma origem europeia atrelada aos festejos natalinos (BARROSO, 2008) e out ros
associam a uma prática da cultura popular herdada dos escravos, que além de estratégia
de manter viva referências das suas culturas, também eram momentos de lazer em meio
ao a opressão e violência que foram submetidos. Essa segunda corrente defende que no
Brasil, essas manifestações nasceram atreladas às Irmandades de Homens Pretos, que se
constituíram em espaços/grupos determinantes na preservação cultural de seus
integrantes (NUNES, 2007; RODRIGUES, 2005).
Independente da origem, essas manifestações integram hoje as práticas culturais
presentes no Brasil e no Ceará. Nunes (2007) defende que o Reisado é uma das
manifestações mais fortes no território de Juazeiro do Norte, desenvolvendo-se
principalmente nos bairros mais carentes do município, como o João Cabral (Quadro
125). Os registros do Reisado no Mapa Cultural na área de Cultura Popular do tipo “Bens
culturais de natureza imaterial” representam 72, 2% das indicações.

Quadro 125: Grupos de Reisado por bairro de Juazeiro do Norte.


Grupos Bairro
Terreirada Reisado Nossa Senhora das Dores de Mestre Musquito Frei Damião
Terreirada Reisado Santa Helena Frei Damião
Terreirada Reisado São Jorge do Mestre Bagaceira Frei Damião
Terreirada Reisado Arcanjo Gabriel de Mestre Valdir Frei Damião

662
Terreirada Reisado São Severino de Mestre Adriano Jardim Gonzaga
Terreirada Reisado São Francisco de Mestre Dodô Romeirão
Terreirada Guerreiro de Nossa Senhora Aparecida de Mestre Cosmo João Cabral
Terreirada Reisado Estrela Guia de Mestra Lúcia João Cabral
Terreirada Reisado Santa Luzia de Mestre Zezim José Geraldo da Cruz
Terreirada Reisado Sagrada Família do Mestre Xexeu Pirajá
Terreirada Reisado Manoel Messias de Mestre Cicinho Pio XII
Terreirada Reisado Mirim Santo Expedito de Mestra Flaternara Pio XII
Terreirada Reisado São Luiz de Mestre Luiz Vila Nova
Fonte: Mapa de Cultura de Juazeiro do Norte.

Lapinha
Outro folguedo registrado no Mapa Cultural de Juazeiro do Norte e listado na Lei
nº 4412/2014 é a Lapinha. Integrante do ciclo das festas natalinas da região do Nordeste
é um tipo de dramatização ou teatro religioso introduzido pela Companhia de Jesus ainda
no século XVI (Bezerra, 2013; BEZERRA; LEMOS, 2013).
Diferente do reisado, a lapinha tem suas manifestações concentradas
principalmente entre os meses de novembro e dezembro, uma vez que se associa a
manifestações em torno dos festejos natalinos. No Mapa da Cultura do município de
Juazeiro do Norte foram registrados os seguintes grupos (Quadro 126):

Quadro 126: Grupos de Lapinha por bairro de Juazeiro do Norte.


Grupos Bairro
Lapinha Três Reis Magos de Mestra Zefinha Socorro
Lapinha Menino Jesus de Mestra Regina Socorro
Lapinha Santa Clara de Mestra Vanda Salesianos
Lapinha Menino Jesus de Praga de Mestra Toinha Novo Juazeiro
Lapinha Nossa Senhora Auxiliadora de Mestra Cecília Novo Juazeiro

Fonte: Mapa de Cultura de Juazeiro do Norte.

Bandas Cabaçais
A banda cabaçal, banda de couro, zabumba ou banda de pífanos pode ser
definida como um agrupamento musical da cultura tradicional do Cariri cearense, mesmo
não se restringindo ao território (MONTEIRO, 2015). Conforme Monteiro (2015) a

663
formação básica de uma banda cabaçal compreende um par de pífanos, uma zabumba e
uma caixa. Entretanto, tal composição pode variar de acordo com a região.
Uma particularidade desse tipo de manifestação é que a tradição é repassada de
geração para geração e conta com o laços familiares como pode ser visto nos relatos
apresentados no Mapa da Cultura pelos próprios agentes. Tanto no portal do Mapa
Cultural como no portal dos Tesouros Vivos da Cultura do Estado do Ceará 99 encontramos
referências a alguns grupos, entretanto as informações são escassas, mas destaca-se aqui
os grupos: de Mestre Expedito Caboco (Expedito Antonio do Nascimento) e de Mestre
Leandro ambos no Bairro Frei Damião; entre os Tesouros Vivos da Cultura está registrado
o Mestre Miguel (falecido).

Maneiro Pau
O Maneiro Pau é um folguedo nascido no interior do Ceará e mantém relação com
o universo camponês. O folguedo/dança/brincadeira constitui-se da reunião de pessoas
em roda, cantando e dançando ao mesmo tempo em que tocam “cacetes de tronco de jucá
que dão percussão e sintonia” 100.

Dança de Coco
Manifestação que possui influências tanto africanas como indígenas. O folclorista
Câmara Cascudo (1979) defende que essa dança foi introduzida no Nordeste brasileiro
pelos africanos escravizados que cantavam e quebravam coco em um determinado ritmo
de trabalho do qual emergiu a música. Araújo (2013, p. 23) observa que Os Cocos podem
ser classificados em três gêneros: dançado, embolada e literatura de cordel. Considerando,
conforme o autor supracitado que tais classificações são atravessadas por “variações
existentes no uso da linguagem oral e/ou escrita, assim como os instrumentos musicais

99 Ceará da Cultura.TESOUROS VIVOS DA CULTURA DO ESTADO DO CEARÁ. Disponível


em:<https://www.anuariodoceara.com.br/mestres-da-cultura-do-ceara/#>. Acesso em: Jan. de 2022.
100 DIÁRIO DO NORDESTE. Comunidade ‘resgata’ tradição do maneiro-pau em Limoeiro do Norte
(03.11.2021). Disponível em:<https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/regiao/comunidade-resgata-
tradicao-do-maneiro-pau-em-limoeiro-do-norte-1.3155008>. Acesso em: Jan. de 2022.

664
utilizados e os respectivos atos corporais, dançados ou não, para diferenciar cada uma das
tradições” (ARAÚJO, 2013, p. 23).

Bacamarteiros
O Bacamarteiro é um folguedo comum no interior da Região Nordeste que
consiste em uma apresentação cênico-performática, composta por um grupo de 15 a 20
pessoas (LIMA, 2013). De acordo com Lima (2013) comumente se atribui à origem do
folguedo ao bacamartes - uma arma de fogo, de cano curto e largo - que foram utilizadas
na Guerra do Paraguai (1865), e adaptadas para uso de bacamarteiros nas festas do interior
de Pernambuco, mas alguns autores defendem que o folguedo surgiu para saudar os santos
católicos em durante as festejos juninos. O autor supracitado por sua vez, defende que o
folguedo foi criado por pessoas da zona rural como homenagem à valentia do homem
nordestino, e acabaram por integrar diversos elementos culturais provenientes dos mitos
da região.
No Mapa Cultural de Juazeiro do Norte há três grupos registrados, entretanto o
registro do Mestre Nena encontra-se duplicado e também associado ao maneiro-pau:

Quadro 127: Registros do Mapa Cultural de Juazeiro do Norte.

GRUPO BAIRRO

Francisco Gomes Novais - Mestre Nena João Cabral

Bacamarteiros da Paz João Cabral

Fonte: Mapa de Cultura de Juazeiro do Norte.

17.8 Equipamentos de alcance regional - cultura e turismo

Teoricamente, equipamento cultural pode ser compreendido tanto como


“edificações destinadas a práticas culturais” (COELHO, 1997, p.164) - a exemplo de
galerias, teatros, cinemas, bibliotecas, centros de cultura, museus, entre outros - como

665
“grupos de produtores culturais abrigados ou não, fisicamente, numa edificação ou
instituição”, como orquestras sinfônicas, corais, companhias, etc.
Nesse contexto, o município de Juazeiro do Norte se apresenta como pólo de
atração regional em face dos equipamentos culturais, educacionais, compras e turismo.
Apresenta forte participação do setor de serviços em face de sua consolidação como pólo
universitário e de serviços de saúde, além da existência de grandes redes de comércio
varejista e atacadista. Esse cenário destaca Juazeiro do Norte como locus para onde aflui
a população da Região do Cariri em busca desses serviços. Ao mesmo tempo, a dinâmica
das Romarias e a existência de forte presença cultural faz emergir espaços que se
constituem como elos dessa cadeia de atração.
A seguir apresentamos um conjunto de equipamentos com potencial de alcance
para a cultura e o turismo local.

Instituições de Ensino Superior (IES)

A Universidade Federal do Cariri é uma instituição de ensino superior pública federal


brasileira, criada em 2013.

A Universidade Regional do Cariri é uma instituição de ensino superior pública estadual.

O Centro Universitário Doutor Leão Sampaio (Unileão) é uma instituição particular de


Ensino Superior, criada em 2001.

O Centro Universitário de Juazeiro do Norte obteve seu credenciamento a partir da


portaria ministerial nº 3.763 de 12 de dezembro de 2003 e foi transformada em Centro
Universitário em 2020.

Centro Universitário Paraíso do Ceará (UniFAP) é uma instituição particular de Ensino


Superior, criada em 2006.

666
Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte – FMJ,é uma instituição particular de Ensino
Superior, criada em 1998.

Biblioteca Pública Municipal Dr Possidônio da Silva Bem: Segundo o Mapa Cultural


de Juazeiro do Norte o equipamento é a Biblioteca Pólo para a Região do Cariri. Seriam
Bibliotecas localizadas em Municípios capazes de exercer liderança cultural na região e
atuam como coordenações regionais do sistema estadual de bibliotecas, orientando e
coordenando as atividades de um determinado número de equipamentos de outros
municípios.

Centro de Arte e Cultura Marcus Jussier: Local para formação em arte educação e
cultura. Abriga projetos ligados às manifestações culturais locais, entre elas as quadrilhas,
grupos de tradição e Ciclo de Reis. É um equipamento que tem como público-alvo a
população em geral com destaque para atividades e eventos e encontros de finalidade
cultural ou educativa.

Centro de Cultura Popular Mestre Noza: Criado em 1983 em homenagem a Inocêncio


Medeiros da Costa (Mestre Noza), considerado primeiro artesão da região, o Centro de
Cultura abriga obras de mais de 100 artesãos da região. Natural de Pernambuco, Mestre
Noza tornou-se, ainda na década de 1930, reconhecido por sua arte, em particular a
xilogravuras e esculturas e em 1965 suas impressões já eram expostas e comercializadas
fora do país. A sede do Centro de Cultura Popular Mestre Noza, comporta atualmente
trabalhos de mais de 100 artistas e artesãos do Cariri. O espaço é utilizado não apenas
para comercialização, ainda abriga um centro de apoio aos associados.

Polo Gastronômico da Lagoa Seca: Criado através da Lei nº 4536, de 08 de outubro de


2015, está localizado no Bairro Lagoa Seca, entre as cidades de Juazeiro do Norte e
Barbalha e compreende uma grande área, de acordo com a lei supracitada, que em à

667
seguinte abrangência: PONTO INICIAL: Pelas Ruas Maria Diva Sobreira de Carvalho e
Virgínia de Mendonça, sentido leste/oeste, seguindo por estas até a Avenida Prefeito
Ailton Gomes, sentido sul, indo por esta até a Rua Frei Damião, indo por esta até a Rua
Odilon Figueiredo, sentido oeste, indo por esta até a linha imaginária de limites dos
municípios Juazeiro/Barbalha, sentido sul, indo por esta linha no sentido leste, até a Rua
Dra. Ângela de Albuquerque Matos, sentido leste, até a Rua José Sebastião de Carvalho,
indo por esta no sentido norte, até o cruzamento com as Ruas Maria Diva Sobreira de
Carvalho/Virgínia de Mendonça – PONTO FINAL. Estão presentes no polo mais de 30
estabelecimentos entre bares, hamburguerias, restaurantes e hotéis.

O Mercado Central: Localizado no centro comercial do município, foi inaugurado em


1979. Apresenta-se atualmente como centro popular de compras do Cariri, rico em peças
do artesanato regional, feitas em madeira, flandre, gesso, renda, bordados, pintura manual
e comidas típicas.

O Memorial Padre Cícero: Inaugurado em 1988, recebeu do Instituto Brasileiro de


Museus o certificado de Registro de Museus em 2018 (DIÁRIO DO NORDESTE, 2018).
A instituição atua no campo da promoção, preservação e divulgação da memória e a
tradição da cultura material e imaterial de Juazeiro do Norte, principalmente vinculada à
história do Padre Cícero. Nas duas últimas décadas tem se consolidado como espaço de
desenvolvimento e promoção científica e cultural, sendo um dos responsáveis pela
organização do Simpósio Internacional do Padre Cícero que atrai pesquisadores de todo
o Brasil. O espaço abriga ainda uma biblioteca com um acervo de mais de três mil itens,
entre livros, jornais, periódicos, cordéis e fotografias. Todos relacionados de alguma
forma com a vida do Padre Cícero e com a cidade de Juazeiro do Norte.

Teatro Marquise Branca: Em 2003, o antigo Matadouro Público Municipal passou por
obras de recuperação e adaptações para tornar-se um teatro. A fachada externa e algumas
estruturas internas foram mantidas. O prédio remonta à época do Padre Cícero, contudo,

668
hoje atua como instrumento de fomento à arte teatral no município. Contrasta com a
paisagem e ritmo movimentado da principal avenida da cidade. Não é difícil notar um
dos prédios mais antigos de Juazeiro de arquitetura peculiar situado ao lado da Estação
Teatro, do Metrô do Cariri, que por sua vez apresenta arquitetura contemporânea.

Luzeiro da Fé: Entre os Monumentos de Memória que encontra-se na cidade e que


consolidaram-se como pontos turísticos podemos indicar o Luzeiro. Com mais de 100
metros de altura e 250 toneladas de aço, criado pelo arquiteto Luiz Deusdara, é uma
homenagem aos milhares de romeiros que visitam Juazeiro do Norte e foi inaugurado em
novembro de 2005.

Sede do “Mulheres da Palha”: apresenta-se como equipamento cultural, localizado na


Rua do Horto, onde funciona a sede da associação. O local é utilizado para reuniões,
encontros e produção de artesanato.

Centro de Apoio aos Romeiros: Empreendimento iniciado em 1998 e concluído em


2011, o Centro de Apoio aos Romeiros é utilizado como equipamento de apoio e
informação para o turismo religioso, espaço comercial e nos últimos anos tem abrigado
ainda equipamento que prestam serviços ao público como o Vapt Vupt.

O Estádio Mauro Sampaio: A edificação original foi inaugurada em 01 de maio de


1970, construída com recursos municipais durante o mandato do então prefeito Mauro
Sampaio. Ao longo do tempo, o Estádio foi utilizado para eventos esportivos tanto
profissional como amador, em diferentes modalidades esportivas (Futebol, Rugby e
Atletismo), além de eventos religiosos. Em 2019, o Governo do Estado em parceria com
a Prefeitura Municipal iniciou a construção da Arena Romeirão, um novo complexo
esportivo para abrigar eventos de maior porte. Para atender às novas demandas, o antigo
estádio foi completamente demolido.

669
17.9 Romarias e turismo no cenário municipal

Historicamente, o deslocamento de romeiros, vindos de diferentes estados do


Nordeste - por exemplo, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte - é apontado como
um dos fatores que influenciaram o crescimento demográfico, assim como a
diversificação das atividades comerciais no município de Juazeiro do Norte (DELLA
CAVA, 1976; RAMOS, 2014). Dessa forma, a própria história do local constitui-se
atrelada a esses movimentos, assim como à fixação de parte desses sujeitos na “Nova
Jerusalém”.
A constituição das Romarias como elemento de indução, ou matéria-prima, da
atividade turística é um movimento recente. Ramos (2014) aponta, a título de exemplo,
apenas na década de 1970 a igreja passa a reconhecer as romarias como expressões
populares da religião, afastando-se assim da ideia de “fanatismo” que imperava até então.
Movimento que se desenvolveu através da supressão e esquecimento da memória e
imagem da Beata Maria de Araújo e reafirmação da figura de Padre Cícero.

Em meados da década de 1970, a Igreja começava a aceitar o “fanatismo”


como expressões da “religiosidade popular”, percebendo que, se não dava para
ir contra eles, era melhor juntar-se a eles com certas restrições, com a missão
de educá-los por vias de violência menos explícita. E, quanto à memória do
sangue derramado, houve um rearranjo de crenças. Enquanto Maria de Araújo
perdia importância no imaginário dos romeiros, Padre Cícero assumia o papel
de grande santo do Sertão (RAMOS, 2014, p. 62).

Em um contexto mais amplo devemos observar que tal atuação se insere em uma
contexto em que o turismo passa a ganhar dimensões massificadas. Logo, tais ações, por
uma perspectiva histórica, atrelam-se às potencialidades desse setor da economia para
distintos grupos.
De uma forma geral, o turismo tem se constituído nas últimas décadas em um
fenômeno globalizado que movimenta milhões de pessoas ao redor do globo.
Compreendido como fenômeno social, econômico e cultural as atividades turísticas
mantêm relação intrínseca com o território em que se desenvolve. Dessa forma t orna-se
indispensável pensar essa atividade e seus impactos no processo de planejamento urbano.

670
No contexto regional não é diferente, isso ficou estabelecido inclusive como uma
das diretrizes e linhas estratégicas de desenvolvimento do município no PDDU aprovado
no ano de 2000. Logo, não podemos desconsiderar a importância social, econômica e
urbana do turismo no processo de planejamento na cidade de Juazeiro do Norte.
No Capítulo III do PDDU é apresentado o Plano Estratégico de Desenvolvimento
que tem como objetivo “assegurar um grau de desenvolvimento econômico sustentável
com justiça social, através da oferta de serviços de qualidade, oferecendo aos moradores
e visitantes uma cidade atraente e equilibrada, física e socialmente” (CEARÁ, 2000, Art.
7º). Constituído por quatro linhas básicas de atuação, o PDDU fixa como a primeira linha
estratégica de desenvolvimento tornar o Juazeiro do Norte “um importante centro de
turismo religioso da América Latina” (CEARÁ, 2000, Art. 7º, I).
Para a execução desta linha estratégica foram elencadas como como componentes
básicos a criação de infra-estrutura básica e social para promover e incrementar o turismo
religioso, atentando ainda para a manutenção e preservação dos valores culturais
desenvolvidos pela população local e assimilados pelos visitantes (CEARÁ, 2000a, Art.
8º, I); e o aproveitamento das sinergias do turismo religioso em concomitância com outras
formas de turismo verificadas em Juazeiro do Norte e municípios circunvizinhos
(CEARÁ, 2000a, Art. 8º, I). Nesse sentido, é possível constatar que o turismo religioso
tem ao longo desses anos constituindo-se em uma das dimensões estratégicas do
desenvolvimento urbano e econômico do município.
Dessa forma os instrumentos auxiliares - Plano de Estruturação Urbana (PEU) e
o Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) são determinantes para compreender,
pela perspectiva aqui delineada, como foi planejado à promoção e execução das relações
entre o turismo, principalmente o do segmento religioso, e o desenvolvimento urbano e
econômico da cidade nas duas últimas décadas.
O Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) é apresentado como uma
ferramenta gerencial imprescindível no processo de tomada de decisões a partir de uma
visão de curto, médio e longo prazo. Com a finalidade de identificar os setores
econômicos do município a se impulsionar, auxiliado ainda na definição dos projetos

671
estruturantes a serem implantados. O PED apresenta as estratégias adotadas pelo
município no que concerne às quatro linhas de desenvolvimento econômico, assinalando
a dimensão da sustentabilidade com justiça social (Quadro 128). Dessa forma apresenta
às ações e componentes são considerados no processo de oferta de serviços de turismo de
qualidade.

Quadro 128: Componentes e estratégias de execução da Linha de Desenvolvimento 1 do PDDU.

COMPONENTES AÇÕES PROJETOS


1. Criar sistema de informação aos 1:Central de informações turísticas.
Infraestrutura para turistas religiosos 2: Pesquisas sistemática de fluxo
promover o Turismo 2. Construção de Via Perimetral. turístico.
Religioso. 3. Adequar área de turismo religioso 3:Construção de via de acesso aos pontos
4. Preparar infraestrutura de turísticos religiosos perimetral ao centro
abastecimento de água, esgotamento comercial.
sanitário e coleta de lixo para suportar 4: Delimitação e urbanização da área de
picos na alta estação. roteiro religioso.
5. Facilitar e estilizar acesso à estátua 5: Dimensionamento do abastecimento
do Padre Cícero.. de água, esgotamento sanitário e coleta
6. Preparar área em torno da estátua do de lixo para períodos de alta estação.
Padre Cícero para receber 6: Teleférico (Centro-Horto).
adequadamente os turistas. 7: Delimitação e urbanização de zona
7. Capacitar mão-de-obra para atender a turística em torno da Estátua do Padre
demanda por serviços qualificados. Cícero.
8. Estimular a iniciativa privada a 8: Construção de hotéis, pousadas,
investir na área de entretenimento e restaurantes e casas de shows.
hospedagem. 9: Oferta de educação ambiental para a
9. Promover cursos de educação população.
ambiental.
1. Consolidar o turismo de negócios de 1: Realização de eventos profissionais.
Juazeiro do Norte através da atração de 2: Extensão do roteiro religioso ao Crato.
Sinergias do Turismo feiras/exposições de negócios e eventos 3: Realização de campanha regional de
Religioso com outras profissionais (congressos, jornadas). marketing do turismo.
formas de Turismo 2. Promover cultura do artesanato
(gesso, couro, madeira), da literatura de
cordel e da formação religiosa do povo
juazeirense.
3. Estender o turismo religioso ao Crato
através de visitação a lugares da
infância e juventude do Padre Cícero.
4. Divulgar e promover visitação às
atrações ecológicas e científicas dos
municípios vizinhos (Crato,
Barbalha, Santana do Cariri e Nova
Olinda).
Fonte: Ceará (2000b)

672
No que toca ao Plano de Estruturação Urbana (PEU), orientações no seu conjunto
são proposições voltadas para o caráter físico-urbanístico que se guiam pela definição de
um “modelo de cidade pretendida para Juazeiro do Norte”.
Nesse sentido, o PEU orienta para criação de “uma nova visibilidade para a
imagem urbana da cidade, incluindo os marcos visuais e afetivos que compõem o
contexto da religiosidade de Juazeiro do Norte e os remanescentes do patrimônio
histórico” a partir da execução da nova rede de vias para o transporte público, aliada aos
caminhos de pedestres e ciclovias (CEARÁ, 2000c, p.18). À vista disso, as intervenções
urbanas, conforme o PEU, deveriam assegurar “a manutenção e preservação das tradições
e manifestações culturais e religiosas, como aspecto definidor do desenho urbano a ser
idealizado para a cidade” (CEARÁ, 2000c, p.20).
Por essa concepção, delega-se importância à preservação e restauração dos
resquícios do patrimônio arquitetônico, à valorização dos monumentos sagrados da
religiosidade juazeirense considerando a necessidade de manutenção da uniformidade de
desenho, escalas e tipologias no entorno do monumento ou local sagrado com a finalidade
de deslocá-los do contexto histórico no qual está inserido.
Em relação aos pontos elencados no PEU aqueles que estão direta ou
indiretamente vinculados aos uso do solo em inseridos em um contexto de turistificação
da cidade podemos apontar:

Quadro 129: Relações entre PEU e o turismo.

RELAÇÕES PONTOS ESSENCIAIS

Urbanização e Romarias Garantir que a urbanização preserve o caráter da Cidade, a religiosidade e


pluralidade de traços culturais, valorizando o conforto dos habitantes, romeiros e
visitantes que afluem a Juazeiro durante o ano inteiro, ao mesmo tempo permitindo
a expansão e convivência harmoniosa entre romaria, economia e população.

Desenho da Cidade Aprimorar o desenho urbano da Cidade, principalmente da zona central, de modo
a melhorar a qualidade dos espaços e o conforto para os usuários, além de valorizar
os locais sagrados da religiosidade juazeirense e os remanescentes do patrimônio
arquitetônico histórico, como meio de fortalecer a identidade da Cidade

Espaço de caminhabilidade do Reordenar os percursos de caminhabilidade identificados como parte de um


Roteiro Religioso “roteiro religioso” e comercial, criando um programa de novos usos e padrões de
ocupação e introduzindo o verde dentro da grande massa edificada da Cidade, com

673
redesenho dos espaços públicos.

Preservação da Serra do Catolé Preservar as condições ambientais da Serra do Catolé e ordenar de maneira
(Horto) definitiva o seu uso, possibilitando a manutenção adequada de suas condições
ambientais, compatibilizando a atividade em torno das romarias à Estátua do Padre
Cícero e outros locais sagrados

Fonte: Ceará (2000c, p. 21-22)

Uma das diretrizes fixadas pelo PEU foi a definição de uma “configuração
definitiva para o espaço linear das romarias, através de um projeto de renovação urbana
que possibilita acomodar de maneira confortável a atividade e sua expansão” (CEARÁ,
2000c, p.20). A delimitação e fixação desse espaço pode ser encontrado no Projeto
Estruturante Roteiro da Fé. Por consequência, deve-se considerar que o Projeto
Estruturante Roteiro da Fé é um dos instrumentos fixados pelo município em 2000,
apontado como instrumento de consolidação das Políticas Básicas de Uso do Solo,
Desenho Urbano e Forma da Cidade, principalmente no que concerne ao fluxo constante
de pessoas recepcionado pelo município.
O espaço que compreende a área de intervenção do Projeto Estruturante do
Roteiro da Fé foi fixado a partir do Centro Histórico do município. Nessa área, assim
como próxima ao seu espaço de caminhabilidade foram realizado inúmeros
empreendimentos financiados pelo poder público municipal e estadual, como o Centro de
Apoio aos Romeiros (1998-2011), o Luzeiro da Fé (2005) o Centro de Gastronomia Rita
Araújo da Silva (2018-2019) e o mais recente, o Teleférico (2020 - ainda em construção).
É nessa área, ainda, que se encontram parte significativa do patrimônio cultural
edificado protegido pelo tombamento vinculados ao figura, memória e história do Padre
Cícero como a Casa Museu do Padre Cícero, Igreja do Socorro, Casa dos Milagres; assim
como edificações de interesse arquitetônico e histórico como as tombadas pelo Decreto
nº459/2019 da Rua São José.
Em relação aos dados sobre o fluxo das romarias no município ainda mostram-se
insuficientes e deficientes. O PED identificou o movimento religioso das romarias
movimentam aproximadamente 2 milhões de visitantes por ano impactando de forma

674
direta no setor terciário do município, porquanto nos períodos de maior fluxo, que têm a
duração de três a quatro dias, a população do município chega a duplicar. Ao mesmo
tempo que chegamos a esses dados via levantamento documental, não foi possível
localizar instrumentos sistemáticos de acompanhamento do fluxo de visitantes no
município, a fim de que fosse possível planejar com base em dados confiáveis políticas
públicas voltadas à organização da cidade em época de romarias.
Esse aumento substancial na população do município, que ainda carece de ser
melhor estudado, acaba por gerar aumento nas receitas e forçar as melhorias
infraestruturais que o município vem implementando nos últimas décadas, a exemplo da
revitalização das ruas do Centro Histórico. A despeito dos investimentos uma série de
problemas identificados no início nos anos 2000 ainda persistem, como o
desabastecimento de água nos períodos das romarias 101, trânsito caótico102, aumento
considerável de comércio irregular que ocupa o espaço e dificulta a mobilidade. As
imagens a seguir foram captadas durante as de Nossa Senhora das Dores e Finados de
2021. Observa-se, por exemplo, que apesar das restrições impostas por ocasião da
pandemia do novo coronavírus é possível registrar a proximidade entre as barracas e
aglomeração de pessoas.

101ARCE. Relatório de Fiscalização - Acompanhamento do Plano para Abastecimento de Água e


Esgotamento Sanitário para o Período de Romaria de Aniversário de Nascimento do Padre Cícero
(2010). Disponível em:<https://www.arce.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/53/2010/12/rf-csb-020-
2010-romaria-pe.-cicero-jn-1.pdf>. Acesso em: Jan de 2022; G1.Cagece reduz abastecimento de água
durante Romaria de Finados em Juazeiro do Norte (29.10.2019) . Disponível
em:<https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2019/10/29/cagece-reduz-abastecimento-de-agua-durante-
romaria-de-finados-em-juazeiro-do-norte.ghtml>. Acesso em: Jan de 2022;
102 DIÁRIO DO NORDESTE.Começa maior romaria do Cariri (31.10.2006). Disponível

em:<https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/regiao/comeca-maior-romaria-do-cariri-1.87203>.
Acesso em: Jan de 2022.

675
Figura 208: Rua São José (15.09.2021).
Fonte: Acervo dos autores.

676
Figura 209: Largo do Socorro (02.11.2021).
Fonte: Acervo dos autores.

677
Figura 210: Frente da Capela São Vicente de Paulo (Rua Santa Rosa).
Fonte: Acervo dos autores.

O que se sabe sobre a população flutuante durante as romarias é oriunda de


estimativas, veiculadas principalmente por meios de comunicação. É possível encontrar
reportagem que estimam cerca de 150 mil romeiros a 350 mil pessoas para romaria das
Candeias103 em 2007, 800 mil durante as romarias de finados 104 em 2006, já em 2019 a
estimativa para o mesmo período era de 400 mil pessoas 105.
O que se pode inferir desse fluxo de pessoas rumo à cidade é à importância
econômica que tem assumido o turismo para Juazeiro do Norte, assim como para os

103 DIÁRIO DO NORDESTE.Juazeiro espera 350 mil romeiros (30.01.2007). Disponível


em:<https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/regiao/comeca-maior-romaria-do-cariri-1.87203>.
Acesso em: Jan de 2022;
104 DIÁRIO DO NORDESTE.Começa maior romaria do Cariri (31.10.2006). Disponível

em:<https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/regiao/juazeiro-espera-350-mil-romeiros-1.440881>.
Acesso em: Jan de 2022.
105 G1.Juazeiro do Norte, no Ceará, deve receber 400 mil fiéis até a Romaria de Finados no sábado

(28.10.2019). Disponível em:<https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2019/10/28/juazeiro-do-norte-no-


ceara-deve-receber-400-mil-fieis-ate-a-romaria-de-finados-no-sabado.ghtml>. Acesso em:Jan de 2022.

678
municípios limítrofes. Atualmente, é possível visualizar a importância do turismo na
região do Cariri através do Mapa do Turismo Brasileiro, estabelecido pela Portaria
313/2013106, que divide o território em Regiões Turísticas 107 e categoriza a economia do
turismo em 5 (de A a E). A Região Turística do Cariri é composta por: Assaré, Barbalha,
Crato, Juazeiro do Norte, Brejo Santo, Missão Velha, Nova Olinda, Santana do Cariri e
Várzea Alegre. Deste, apenas Barbalha, Crato, Juazeiro do Norte são categorizados como
B. Em um panorama geral, dos 68 municípios divididos em suas respectivas Regiões
Turísticas, até o ano de 2019, apenas 17,65% estavam categorizados como B.
Em 2020 a Secretaria de Turismo e Romaria de Juazeiro do Norte-CE demonstrou
que a respeito dos Ciclos das Romarias são especificamente três eventos que mais atraem
romeiros-turistas, a saber: Candeias, Nossa Senhora das Dores e Finados. O Relatório da
Setur Quanto utilizou-se de questionário em profundidade composto de 46 perguntas
elaborado pela Fundação Getúlio Vargas Projetos, aplicados a uma amostra de 909
indivíduos, no período de romarias em Setembro e Novembro de 2019, e Janeiro de 2020.
Cabe destacar que o calendário de romarias ocupa, praticamente, o ano inteiro, o que
impacta na diluição dos movimentos de romeiros-turistas no território, apesar das
Romarias das Candeias, Nossa Senhora das Dores e Finados terem se consolidado como
os momentos de maior atração.

Quadro 130: Calendário de Romarias.

ROMARIAS PERÍODO (DATA)

Celebração em memória da morte da Beata Maria de Araújo 17 de janeiro

São Sebastião 18 a 20 de janeiro

Nossa Senhora das Candeias 29 de janeiro a 2 de fevereiro

Semana do nascimento do Padre Cícero 24 de março

Romaria da semana Santa (data móvel)

106A Portaria 313/2013 foi revogada pela Portaria MTUR nº 41, de 24 de novembro de 2021.
107 O Estado do Ceará possui 12 Regiões Turísticas (Cariri, Centro Sul/Vale do Salgado, Chapada da
Ibiapaba, Fortaleza,Litoral Extremo Oeste,Litoral Leste, Litoral Oeste,Serras de Aratanha e Baturité,Sertão
Central,Sertão dos Inhamuns,Vale do Acaraú,Vale do Jaguaribe).

679
Em memória da morte do Padre Cícero 20 de julho

Nossa Senhora das Dores 10 a 15 de setembro

São Francisco 24 de setembro a 5 de outubro

Finados 29 de outubro a 2 de novembro

Ordenação do Padre Cícero 30 de novembro

Ciclo Natalino (Romaria de Reis) 23 de dezembro a 6 de janeiro

Fonte: Ceará (2019)108 ; SETUR (2020).

O primeiro ponto a ser considerado do Relatório da SETUR (2020) é à posição


que o município ocupa no segmento do turismo do turismo religioso, atrás de Aparecida
(SP) e Nova Trento (SC), Juazeiro do Norte-CE é considerado um dos três maiores
centros de religiosidade popular do Brasil. De uma forma geral o perfil apresentado no
Relatório Sobre o Ciclo das Romarias contempla as dimensões: Socioeconômico e
geográfico, Recorrência de Visitação, Transporte, Hospedagem, Gastos Alimentícios,
Comportamento Turístico e Consumo de Bens.
Em relação ao perfil socioeconômico e geográfico dos romeiros atenta-se para os
seguintes indicadores apontados pelo relatório.

Quadro 131: Perfil (socioeconômico/geográfico).

CATEGORIA PERÍODO PERCENTUAL


Alagoas (70, 8%), Pernambuco (24,2%), Paraíba (1,4%), Ceará (1,4%)
Setembro
Pernambuco (58,1%), Sergipe (18,5%), Bahia (7,2%), Piauí (5%),
Novembro
Origem Alagoas (4,5%),Ceará (3,6%), Paraíba (2,3%)
Alagoas (49,3%), Pernambuco (31,5%), Sergipe (4,1%), Rio Grande
Janeiro do Norte (3,7%), Ceará (3,7%), Paraíba (3,3%), São Paulo (1,1%),
Maranhão (1,1%)
56 a 65 anos (29%), mais de 65 anos (24%), de 46 a 55 anos (21%),
Setembro entre 36 e 45 anos (11%), entre 26 e 35 anos (5%), entre 18 e 25
anos (8%).

108
CEARÁ. Lei nº 16.927, de 09.07.19 (D.O. 10.07.19). Ficam incluídas, no Calendário Oficial de Eventos
do Estado do Ceará, as datas de Romarias do município de Juazeiro do Norte. Disponível
em:<https://belt.al.ce.gov.br/index.php/legislacao-do-ceara/datas-
comemorativas/itemlist/tag/DATAS%20DE%20ROMARIAS%20DO%20MUNIC%C3%8DPIO%20DE
%20JUAZEIRO%20DO%20NORTE>. Acesso: Jan. de 2022.

680
Faixa Etária 56 a 65 anos (24%), entre 46 e 55 anos(20%), entre 36 e 45 anos
Novembro (18%), mais de 65 anos (15%), entre 26 e 35 (14%), entre 18 e 25 anos
( 8%).
56 a 65 anos (25%), mais de 65 anos (19,9%), entre 46 e 55 anos
Janeiro (19,1%), entre 36 e 45 anos (13,5%), entre 26 e 35 (11,2% ), entre
18 e 25 anos (10.5%).
até R$ 2.500,00 (77,8%), entre R$ 2.501,00 reais e R$ 5.000,00
Renda Setembro (13,8%), entre R$ 5.001,00 e R$ 10.000,00 (0,2%), acima de R$ 20
familiar bruta mil reais (0,2%)
até R$ 2.500,00 (68.9%), entre R$ 2.501,00 reais e R$ 5.000,00
Novembro (15.8%), entre R$ 5.001,00 e R$ 10.000,00 (3.2%), acima de R$ 20
mil reais (4.5%), não possui renda ( 2.7%).
até R$ 2.500,00 (64%), entre R$ 2.501,00 reais e R$ 5.000,00 (19%),
Janeiro entre R$ 5.001,00 e R$ 10.000,00 (5%), acima de R$ 20 mil reais
(2%), não possui renda (3%).
Analfabetos (48%),, Ensino Fundamental I incompleto (29%),
Fundamental I completo/Fundamental II incompleto (10%),
Escolaridade Setembro Fundamental II completo/Médio incompletos (7%), Médio
completo/Superior incompleto (29%), superior completo (4%), pós-
graduado (1%), Mestrado/Doutorado (1%).
Analfabeto/Fundamental I incompleto (36%), Médio
completo/Superior incompleto (26%), Fundamental I
Novembro completo/Fundamental II incompleto (14%), Fundamental II
completo/Médio incompleto (11%) Superior completo (11%), Pós-
Graduado (1%)
Analfabeto/Fundamental I incompleto (30%), Médio
completo/Superior incompleto (25%), Fundamental I
Dezembro completo/Fundamental II incompleto (19%), Superior completo
(14%), Fundamental II completo/Médio incompleto (6%), Pós-
Graduado (4%), Mestrado/Doutorado (2%).
Fonte: SETUR (2020)
Dessa forma é possível inferir que parcela significativa dos romeiros são oriundos
da própria região do Nordeste, idosos e com baixa escolaridade em sua maioria. Por essa
perspectiva é possível compreender que há necessidade de realizar determinadas
adaptações para esse público como acessibilidade tanto no que diz respeito ao trânsito
destes no território, como de informação.
As formas de chegar e permanecer no território apresentam relativa similaridade
nos três períodos como mostrado no Quadro 13230.

Quadro 132: Transporte e Hospedagem.

CATEGORIAS PERÍODO PERCENTUAL


Transporte Ônibus fretado (89,9%), carro próprio (4,1%), topique/van
Setembro
(3,9%), avião (0,7%).

681
Ônibus fretado (58,1%), carro próprio (17,6%), topique/van
Novembro
(19,4%), ônibus de rodoviária (3,5%), avião (0,4%).
Ônibus fretado (76.5%), Topique/van ( 10.1%), carro próprio
Janeiro (6.9%), avião (3.2%), ônibus de rodoviária (2.2%), outros
meios (0.7%) e carro alugado (0.4%)
Hospedagem Hotéis e pousadas (48%),rancho (41%), não usou
Setembro
hospedagem (4%), casa de amigos e parentes (3%), casa ou
apartamento próprio (1%).
Rancho (44%), Hotéis e pousadas (30%), casa de amigos e
Novembro parentes (11%), casa ou apartamento próprio (1%), não usou
hospedagem (1%), Albergue/Hostel (1%)
Hotéis e pousadas (46,4%),rancho (37,7%), casa de amigos
Janeiro e parentes (6,2%), casa ou apartamento próprio (5,4%),
outro (1,8%), não usou hospedagem (0,7%).
Fonte: SETUR (2020)
Sobre a pretensão de retornar à cidade os índices oferecem um panorama inclusive
para o futuro, uma vez que demonstram que estes revelam a constância do fluxo de
pessoas rumo à Juazeiro do Norte - considerando ainda os fatores que podem impactar
nesse processo, como uma pandemia.

Quadro 133: Recorrência de Visitação.

CATEGORIA PERÍODO PERCENTUAL


Mais de uma vez (93%)
Setembro Primeira vez que veio (7%)
Recorrência Mais de uma vez (83%)
Novembro
de visitação Primeira vez que veio (17%)
Mais de uma vez (85%)
Janeiro
Primeira vez que veio (15%)
Pretendem voltar a Romaria de Nossa Senhora das Dores (97,1%);
Não pretendem voltar a Romaria de Nossa Senhora das Dores
Pretensão de (2,4%);
Setembro
Retorno Pretendem voltar à outras romarias (71%)
Não pretendem voltar à outras romaria (28%)
Pretendem voltar a Romaria de Finados (99%);
Não pretendem voltar a Romaria de Finados (1%);
Novembro
Pretendem voltar à outras romarias (73%)
Não pretendem voltar à outras romaria (25%)
Pretendem voltar a Romaria das Candeias (95%);
Não pretendem voltar a Romaria de Finados (1%) e não sabe (94%)
Janeiro
Pretendem voltar à outras romarias (81%)
Não pretendem voltar à outras romaria (7%)
Não pretende retornar à cidade fora do período de romarias (57%).
Pretensão de Setembro Pretendem retornar ao Juazeiro do Norte fora do período de romaria
retorno fora de (42%)
Novembro Não pretende retornar à cidade fora do período de romarias (57%).

682
período Pretendem retornar ao Juazeiro do Norte fora do período de romaria
religioso 109 (42%)
Não pretende retornar à cidade fora do período de romarias (47%).
Janeiro Pretendem retornar ao Juazeiro do Norte fora do período de romaria
(36%) e não sabe (17%).
Fonte: SETUR (2020).
Nesse contexto, elemento determinante são os hábitos de consumo dos romeiros-
turistas. De uma forma geral os gastos podem ser distribuídos da seguinte forma:

Quadro 134: Consumo Turístico.

CATEGORIA PERÍODO PERCENTUAL


Gasto Setembro Média de R$ 14 reais
Entretenimento 110 Novembro Média de R$ 14 reais
Janeiro Média de R$ 88 reais
Gasto médio total dos romeiros com alimentação - R$ 156,00.
Consumo Gasto médio no restaurante do hotel ou pousada - R$ 119,00.
Gastronômico Gasto médio com alimentação em restaurantes da cidade -
R$ 98,00
Setembro
Gastos médio com alimentação em lanchonete, café, bares da
cidade - R$ 55,00
Gastos médio nas barracas montadas na romaria - R$ 60,00
Gasto médio total dos romeiros com alimentação - R$ 138,70.
Gasto médio com alimentação em restaurantes da cidade -
R$ 87,00
Novembro111
Gastos médio com alimentação em lanchonete, café, bares da
cidade - R$ 33,00
Gastos médio nas barracas montadas na romaria - R$ 39,00
Gasto médio total dos romeiros com alimentação - R$ 130,00.
Gasto médio no restaurante do hotel ou pousada - R$ R$ 47,00.
Gasto médio com alimentação em restaurantes da cidade -
Janeiro R$ 35,00
astos médio com alimentação em lanchonete, café, bares da
cidade - R$ 44,00
Gastos médio nas barracas montadas na romaria - R$ 88,00.
Lembranças da cidade - souvenires (59%), artigos religiosos
Bens e Produtos (55%), artesanato (21%), vestuário (25%) e outros produtos
(23%)
Setembro
Gasto médio artigos religiosos e artesanato - R$ 96,00 reais.
Gasto médio com outras compras e souvenires foram de
R$ 102,00.

109 Setembro e Novembro apresentaram o mesmo percentual para os entrevistados que responderam sobre
suas pretensões de retornar à cidade fora do período de romarias.
110 A média de gasto com entretenimento nos meses de setembro e novembro fo i de 14 reais. Não há

explicação no relatório sobre o conceito de entretenimento.


111 O mês de novembro não apresenta gasto médio no restaurante do hotel ou pousada.

683
Lembranças da cidade – souvenir (30%), Artigos religiosos
(28%), Artesanato (15%), Vestuário (16%), outros produtos
(11%).
Novembro
Gasto médio artigos religiosos e artesanato - R$ 88,00 reais.
Gasto médio com outras compras e souvenires foram de
R$ 109,60.
Artigos religiosos (62%), Lembranças da cidade - souvenires
(46%), artesanato (33%), vestuário (30%) e outros produtos
(3%)
Janeiro
Gasto médio artigos religiosos e artesanato - R$ 93,00 reais.
Gasto médio com outras compras e souvenires foram de
R$ 66,00.
Fonte: SETUR (2020)

Esses dados, de uma forma geral, fornecem indicativos não apenas do perfil do
romeiro que chega ao território de Juazeiro do Norte, mas ainda de uma cadeia produtiva
que é impactada pela chegada dessa população flutuante. Esse tipo de pesquisa demonstra
a importância e urgência de se elaborar, de forma sistemática, um panorama mais
completo desse fenômeno, o que fornecerá instrumental para atuação do poder público
municipal.
Assim, como apontado desde o início desse levantamento, o frágil acesso à
informação constitui-se em uma das principais barreiras para o fortalecimento do turismo
com vistas ao desenvolvimento econômico e social. De forma representativa podemos
entender tal processo na readaptação promovida pela gestão pública do Centro de Apoio
ao Romeiro, visto que atualmente o equipamento não funciona com vistas ao apoio ao
romeiro. O Centro de Informação apontado tanto pelo PED como pelo PEU, como
estratégias de intervenção e de produção de informações, não se concretiza de fato, uma
vez que o Centro de Apoio ao Romeiro não exerce a função para a qual foi pensado
inicialmente. Dessa forma, uma das problemáticas apontadas ainda em 2000 em torno da
comunicação e informação ao romeiro-turista continua como uma realidade. E não apenas
aos visitantes, mas também as classes empresariais, pesquisadores e demais interessados
em conhecer o fenômeno. Apesar de serem importantes os stands e ações móveis,
comumente utilizadas pela gestão municipal, elas não são capazes de abranger a

684
complexidade do movimento, nem gerar dados confiáveis que possam auxiliar na
compreensão da dimensão e do impacto das romarias no território.

17.9.1 O fomento a outras modalidades de Turismo

O Cariri cearense possui potencial diversificado para a realização da atividade


turística. Dotado de infraestrutura básica como alojamentos, aeroporto, rodovias que
ligam os principais centros turísticos da região, o planejamento das atividades realizadas
de forma integrada pode auxiliar no aumento da estadia dos turistas na região.
A iniciativa mais recente que demonstra a função do poder público no processo
de fomento e desenvolvimento do turismo no Cariri deu-se em 2020, quando foi lançado
pelo governo do Estado o Projeto Rota Cariri. O roteiro elaborado em parceria pela
Secretaria do Turismo do Ceará (Setur), em parceria com a Secretaria da Cultura do
Estado (Secult) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)
é representativo à medida que reforça a nível estadual e nacional a importância do Cariri
como centro de turismo na região.
De uma forma geral o Rota Cariri é um produto de divulgação, que opera - de
maneira imediata - na ampla visibilidade em diversas plataformas e meios de
comunicação. Dessa forma, o roteiro composto de de 55 pontos turísticos, foi concebido
com a finalidade de impulsionar o fluxo turístico na região que contempla os municípios
de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Nova Olinda, Santana do Cariri e Assaré. O Projeto
Rota do Cariri vem auxiliar na promoção e diversificação do turismo na região ao
considerar que o Cariri Cearense possui grande potencial turístico para diferentes
segmentos, com destaque para o ecoturismo e o cultural.
Nesse sentido, ao longo das últimas duas décadas algumas instituições têm atuado
de forma direta e decisiva no desenvolvimento e consolidação de determinados
segmentos na região, tornando-se reconhecida nacionalmente e internacionalmente por
tal atuação. Dentre estas podemos destacar o trabalho desenvolvido pelo Geopark Araripe
e a difusão tanto no campo acadêmico como entre as comunidades locais do turismo

685
sustentável, através da promoção, preservação e valorização do patrimônio geológico,
paleontológico e histórico da região; SESC e o Centro Cultural do BNB que através de
seus projetos tem atuado na divulgação e promoção da cultura local; instituições do
sistema S, além do SESC, como o SENAI e Sebrae que tem promovido eventos em
diferentes épocas do ano; as universidades públicas e privadas que têm organizado
encontros, simpósios, congressos, colóquios à nível local, nacional e internacional e
promovido não apenas o conhecimento produzidos nestes espaço, mas possibilitando o
contato direto que pesquisas desenvolvidas em diferentes locais. Não vinculados a
instituições específicas, mas configurando-se em espaços de lazer, utilizados amplamente
pela população local, encontra-se um número significativo de balneários como o Serrano
e o Crato Tênis Clube em Crato, o Balneário Termas do Caldas, o Arajara Park e o
Balneário Caminho das Águas em Barbalha.
Como estratégia de planejamento, poderíamos então segmentar da seguinte forma:

1. GEOPARK ARARIPE E O TURISMO SUSTENTÁVEL

Situado no sul do Ceará, o Geopark Araripe, criado em 2006, foi o primeiro


geoparque das Américas e do hemisfério sul com selo da UNESCO e integrado a Rede
Global de Geoparques. É administrado pela Universidade Regional do Cariri (URCA),
com financiamento do Governo do Estado do Ceará. A instituição tem sido uma das
responsáveis por promover o valor científico, cultural, geológico, paleontológico e
histórico nos seus geossítios.
Os geossítios do Geopark Araripe, abertos para a visitação do público, são
ambientes que possuem relevância científica e educacional, assim como para o
desenvolvimento de atividades turísticas. Esses locais reservam parte significativa do
patrimônio geológico, paleontológico, geomorfológico, ecológico, arqueológico,
histórico e cultural da região.
Atualmente, o Geopark Araripe é composto por nove geossítios: Batateira, Colina
do Horto, Riacho do Meio, Cachoeira de Missão Velha, Floresta Petrificada, Ponte de

686
Pedra, Pedra Cariri, Pontal de Santa Cruz e Parque dos Pterossauros. Esses Geossítios
abrangem seis municípios distintos: Crato, Barbalha, Juazeiro do Norte, Missão Velha,
Nova Olinda e Santana do Cariri, com área total de 3.789 km² (GEOPARK ARARIPE,
2018).
Destaca-se na região o patrimônio geológico e paleontológico. Este último, com
fósseis que registram entre 150 e 90 milhões de anos “de relevância internacional é
caracterizada pelo importante registro geológico do período Cretáceo, com destaque para
seu conteúdo paleontológico” (GEOPARK ARARIPE, 2018, p. 16). Entre seus objetivos
vinculados ao turismo e desenvolvimento sustentável da região podemos apontar:

• Proporcionar a população local e aos visitantes oportunidades de conhecer e


compreender os contextos científicos, culturais e o ecossistema da região;
• Intensificar relações com atividades turísticas e econômicas, com ênfase na
arqueologia, paleontologia e na história evolutiva da Terra e da Vida.
• Divulgar a história da ocupação do território, a cultura regional e suas
manifestações, e as formas de utilização sustentável dos recursos naturais na
região;
• Promover a inclusão social, considerando a participação da sociedade como
um dos pilares do desenvolvimento do Geopark Araripe enquanto território de
ciência, educação e cultura;
• Intensificar o turismo de qualidade, baseado nas múltiplas valências do
território, através de uma estratégia de promoção e divulgação de nível
internacional;
• Cooperar em articulação estreita com parceiros do território e os poderes
públicos municipal, estadual e federal, de forma a garantir um contínuo
desenvolvimento do território (CEARÁ, 2012, p. 33-34).

A atuação do Geopark Araripe como instância determinante na promoção,


valorização e preservação do patrimônio natural, na região do Cariri através da Educação
Ambiental a mais de uma década (MOURA-FÉ, 2015, 2016). Para Moura-Fé (2015) os
geossítios podem ser compreendidos como um elo bem estruturado entre os conceitos de
geodiversidade, geoconservação e geoturismo, entendidos como trinômio essencial para
a divulgação, valorização e conservação do patrimônio natural.
Cabe destacar que o portal do Geopark Araripe é uma das ferramentas mais
organizadas e informativas que podemos encontrar em relação ao ecoturismo e/ou
geoturismo na região. Além de material científico sobre os geossítios, traz uma série de
informações sobre os roteiros que podem ser realizados pelos visitantes. Três dos roteiros

687
(Barbalha, Santana do Cariri e Nova Olinda) expostos no portal trazem ainda opções de
atrativos, apontando para o patrimônio histórico, ferroviário, religioso e arquitetônico dos
espaços.

2. TURISMO CULTURAL E DE EVENTOS: SESC E O CENTRO


CULTURAL DO BNB

A atuação do SESC na região do Cariri tem se mostrado diversificada tanto na


organização de eventos socioculturais, como ainda na promoção e valorização da cultura
local, dos saberes, tradições e arte, o patrimônio cultural e natural do cariri cearense. O
Projeto da Mostra SESC de Culturas é um exemplo simbólico e representativo nesse
contexto.
Já com mais de vinte edições realizadas a Mostra Sesc Cariri de Culturas tem
atuado como agente ativo na preservação do legado artístico, natural e histórico dos
territórios culturais cearenses.Ações que se orientam pela preservação do legado artístico,
natural e histórico da região, prova disso é, no momento, a atuação em conjunto com
outras organizações em torno da campanha de reconhecimento da Chapada do Araripe
como Patrimônio da Humanidade, iniciada pelo Sesc Ceará em 2019.
Dessa forma, é possível considerar a atuação do SESC e seus projetos como
determinantes na promoção do turismo cultural e de eventos na região. Além de trazer
uma diversidade de atrativos para públicos distintos distribuídos ao longo do ano.
O Centro Cultural do BNB também tem atuado de forma direta na promoção e
difusão da cultura local. Funcionando desde 2006 em Juazeiro do Norte, é exposta como
objetivo do Centro Cultural do BNB fortalecer o desenvolvimento regional através da
inclusão social na cadeia produtiva da cultura. Dessa forma, a cultura é considerada nas
ações promovidas pela instituição como elemento de desenvolvimento, não apenas
econômico, mas ainda social.

3. TURISMO DE NEGÓCIOS E O SISTEMA S

688
O turismo de negócios e eventos vem demonstrando importância significativa no
território brasileiro nos últimos anos. Na região do Cariri, instituições do Sistema S
(SESC, SENAI, SEBRAE) têm representado os principais agentes na promoção desses
segmentos. De modo dinâmico e distribuído ao longo do ano, os eventos promovidos por
essas instituições, trazem à região diversas pessoas que se utilizam, de uma forma geral,
da infraestrutura e equipamentos turísticos, considerando que também atraem a população
local. Além da projeção econômica viabilizada por tais encontros.
Entre os eventos que já se tornaram tradicionais no Cariri, as feiras de negócios
voltadas ao setor coureiro-calçadista têm ganhado destaque, entre estas, a Feira de
Tecnologia e Calçados do Cariri (Fetecc), organizada pelo Sebrae desde 1998.
Considerado Pólo Calçadista (IPECE, 2012), o eixo CRAJUBAR é uma dos locais que
sedia a Fetecc que traz à região centenas de expositores .

4. TURISMO BALNEAR

O turismo balnear é um dos segmentos distribuídos na região do Cariri, pois além


de parques e clubes que atuam nesse nicho há alguns hotéis da região que também têm
ganhado destaque na oferta do serviço.
Na Cidade de Crato é possível encontrar destinos já “tradicionais” entre a própria
população. O Crato Tênis Clube, fundado em 1950 o clube também funciona como espaço
cultural, sediando apresentações artísticas de diversas linguagens. O Serrano Atlético
Cratense, fundado em 1990, localiza-se ao pé da Chapada Araripe e encontra-se próximo
a inúmeros restaurantes e bares que oferecem um pouco da culinária regional. Outro local
ideal para a prática do Turismo Balnear é a Cascata do Crato. Formada pelas águas do
Rio Batateiras, que deságua na região formando um poço utilizado para banho, localizado
no bairro Lameiro. O local também foi ocupado por alguns empreendimentos do ramo
alimentício que atende os visitantes em feriados e finais de semanas.
A cidade de Barbalha é outro destino ideal para a prática de diversas formas de
turismo, inclusive a balnear. Recentemente foi inaugurado na cidade o Complexo

689
Ambiental Mirante do Caldas, situado na Floresta Nacional do Araripe, o
empreendimento tem entre seus objetivos aumentar o fluxo de visitação ao distrito
Caldas, que integra o circuito turístico da região do Cariri. O território é conhecido no
Cariri por sediar o Balneário Termas do Caldas, Parque Aquático Arajara Park e o
Balneário Caminho das Águas, todos localizados na Zona Rural de Barbalha.
O Balneário Termas do Caldas, ao pé da Chapada do Araripe, oferece além de
fontes para banhos com água natural e comidas típicas da região. Assim como o o
Balneário Caminho Das Águas, também localizado no distrito de Caldas, no Sítio Santo
Antônio. Outro espaço consagrado no roteiro do turismo balnear está o Arajara Park, "o
maior parque aquático do interior do Nordeste”, localizado no distrito de Arajara. Uma
das particularidades do entorno desses locais é que é possível encontrar uma oferta
significativa de empreendimentos alimentícios e hospedaria próximos, além da qualidade
das estradas que permitem o acesso a estes locais. Não é atoa que tais espaços atraem
visitantes de diversas localidades do Cariri, considerado a oferta de serviços de lazer neste
território.

5. TURISMO CIENTÍFICO: AS UNIVERSIDADES DO CARIRI

O Cariri nas duas últimas décadas vem se consolidando como Polo Universitário
no interior do Nordeste. Juazeiro do Norte é um dos exemplos mais significativos desse
processo, apesar de ser um município relativamente jovem, sedia universidades públicas
à nível estadual e federal, além de centros universitários privados.
A atuação dessas instituições no território atraem para o Cariri pesquisadores de
diferentes localidades do Brasil, não apenas para os eventos acadêmicos organizados em
determinados períodos do ano, mais ainda por possuírem instituições responsáveis pela
preservação, conservação e estudo do patrimônio histórico, cultural e natural na região, a
título de exemplo do Memorial Padre Cícero, Geopark Araripe, Fundação Casa Grande,
Museu de Paleontologia .

690
Geograficamente, há uma proximidade destes espaços seus eventos/ações
encontram-se muito próximas e podem ser integradas a estratégias de aumentar o tempo
de permanência do romeiro/turista que chega ao Juazeiro do Norte em períodos de
romarias. Considerando todas as potencialidades e possibilidade de atuação no campo do
turismo no Cariri, cabe destacar que ainda há necessidade de um planejamento integrado
que se sustente nas interseções entre os diversos segmentos.

17.10 Problemas, Desafios e Potencialidades – Patrimônio Histórico e Cultural

PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL

Potencialidades Desafios
pontos fortes pontos fracos

• O município de Juazeiro do Norte se • Fragilidade na comunicação


apresenta como polo de cultura na região institucional que pode inviabilizar o
do Cariri, com destaque no cenário envolvimento da comunidade local com
estadual. as iniciativas de proteção e promoção do
patrimônio histórico e cultural;
• Juazeiro conta com uma rede
consolidada de instituições de ensino • Descontinuidades quanto à instituição
superior que podem contribuir na dos instrumentos de salvaguarda a
produção de conhecimentos e saberes exemplo dos procedimentos de
necessários à implementação do plano tombamento e sua desconstituição sem a
diretor municipal. Ao mesmo tempo são ampla publicidade dos atos, aí
instrumentos imprescindíveis para a compreendida não apenas a publicação
formação de recursos humanos com vista do ato em diário oficial mas a elaboração
ao desenvolvimento local. de uma comunicação assertiva.

• O poder público municipal, a despeito • Ausência de inventários ou ausência de


das descontinuidades, tem buscado publicização destes no âmbito dos
elaborar mecanismos de salvaguarda do processos de acautelamento.
patrimônio histórico local.
• Disponibilização superficial para fins
• Apesar das pressões imobiliárias e científicos ou inexistência de dados
financeiras que o vem impulsionando à consolidados referentes ao turismo e
descaracterização de parte do patrimônio patrimônio histórico e cultural.
arquitetônico do Centro Histórico de

691
Juazeiro do Norte, o território ainda • Aparente inexistência de políticas
possui bens arquitetônicos que permitem públicas continuadas para o patrimônio
a configuração identitária do espaço, histórico e cultural. Os dados
principalmente na área do Roteiro da disponibilizados ou a ausência destes
Fé112. levou à hipótese de que as ações em
curso voltadas para o patrimônio
histórico e cultural a cada momento
• Diferentemente de outras localidades dependem de políticas de governo que se
que se consolidou como centros alteram conforme sucedem-se as gestões
turísticos - a exemplo de Canindé e municipais.
Barbalha que tem uma concentração
maior de turistas em determinados • Inexistência, ou não publicização, de
períodos - Juazeiro do Norte possui um estudos sobre o patrimônio natural do
calendário de romarias bem distribuído município, inviabilizando não apenas o
no tempo, ocupando praticamente todo o conhecimento, sensibilização e
ano. conhecimento da população acerca deste
e da própria produção de conhecimento.
• Grande circulação de pessoas e capital,
sem está concentrado em determinadas • Ausência de monitoramento sistemático
épocas, que fomenta o comércio local e dos impactos - negativos e positivos - das
o desenvolvimento de uma rede de romarias sobre o território.
atividades laborais e econômicas.
• A acessibilidade encontra inúmeras
• Intercâmbio cultural e promoção do barreiras no território, gerando
desenvolvimento humano. dificuldades tanto para os romeiros-
turistas como para os residentes. A
• As romarias trazem um público que ocupação das ruas por inúmeras
possui atividades diversas, dentre estas barracas, principalmente próximas aos
estão as práticas de consumo, que principais pontos de Romarias torna
conduzem esses visitantes a espaços difícil e caótico o trânsito de pessoas e
comerciais como o Mercado Central veículos.
Adauto Bezerra, o Mercado do Pirajá e o
Cariri Garden Shopping.113

112 O projeto do Centro de Gastronomia Rita Araújo da Silva, na Alameda Juazeiro, localizado no antigo
terminal intermunicipal é um exemplo expressivo das ações empreendidas pelo município na tentativa de
“resgatar” ou construir determinadas representações que reforcem a imagem preconizada ainda no ano 2000
nos instrumentos de planejamento.
113 FOLHA DE SÃO PAULO. Juazeiro do Norte vive romaria do consumo (09.06.2013). Disponível

em:<https://m.folha.uol.com.br/mercado/2013/06/1292107-juazeiro-do-norte-vive-romaria-do-
consumo.shtml>. Acesso em: Fev. de 2022; DIÁRIO DO NORDESTE.Romaria de Finados movimenta
comércio em Juazeiro do Norte (31.10.2018). Disponível
em:<https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/regiao/romaria-de-finados-movimenta-comercio-em-

692
• Ausência de política permanente e
• Juazeiro do Norte tem implementado sistemática de apoio e acolhimento ao
ações temporárias de recepção e romeiro/turista.
acolhimento dos romeiros através de
tendas-estandes, o que possibilita
descentralizar o atendimento e cobrir
uma área que acesse os principais
espaços que constituem o itinerário dos
visitantes.

• O município conta com uma rede de


escolas de ensino fundamental bem
capilarizada, estando presente em todos
os bairros na zona urbana e algumas
comunidades rurais, razão pois há forte
potencial para a implementação da
Educação Patrimonial de forma
integrada a outros meios de proteção e
promoção do patrimônio histórico,
cultural e ambiental.

• Juazeiro do Norte possui um número


significativo de instituições que
preservam um acervo de artefatos da
memória, história e cultura da cidade,
como o Memorial Padre Cícero, Casa
Museu, Museu Vivo, Casa dos Milagres.

Oportunidades Ameaças

juazeiro-do-norte-1.2020319>. Acesso em: Fev. de 2022; G1. Romaria de Finados aquece comércio de
velas e artigos religiosos em Juazeiro do Norte, no Ceará (30.10.2019). Disponível
em:<https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2019/10/30/romaria-de-finados-aquece-comercio-de-velas-e-
artigos-religiosos-em-juazeiro-do-norte-no-ceara.ghtml>. Acesso em: Fev. de 2022.

693
• Implementação de uma política • A desarticulação que existe entre as
compensatória para os particulares que ações entre diferentes agentes que atuam
têm limitada propriedade por ocasião do entre instâncias do patrimônio cultural.
tombamento, a exemplo de
compensações de ordem patrimonial • A falta de infraestrutura pode gerar
como possíveis benefícios fiscais e ainda períodos de romarias o sentimento de
fomento à transferência do direito de apatia - ou xenofobia - dos moradores em
construir. relação aos visitantes, uma vez que nos
períodos de maior fluxo ocorre o
• Implementação de políticas de desabastecimento de água em alguns
desenvolvimento local integradas ao bairros da cidade, o trânsito torna-se
potencial do patrimônio histórico, caótico, dificultando à mobilidade dos
cultural e ambiental que façam dos bens moradores, aumento do número de
salvaguardados mecanismos para pessoas utilizando o transporte público,
fomento de emprego e renda. o descarte irregular de resíduos sólidos,
aumento dos preços, entre outros fatores.
• Diversificação dos segmentos turísticos.
Pela expressiva quantidade de pessoas • Ausência de políticas públicas
que chegam ao território o município, permanentes e sistemáticas de apoio e
junto à outros agentes poderiam acolhimento ao romeiro/turista.
desenvolver melhor à comunicação em
torno de outros produtos turísticos com a • A escassez de informações sobre o
finalidade de diversificar a atividade turismo no território pode conduzir a
turística no território, antecipando-se avaliações que não representem a real
assim a questões relativas à sazonalidade situação dessa atividade no e para o
de meses em que não há eventos município. Exemplo expressivo desse
religiosos vinculados às romarias. fato é que até o momento do
desenvolvimento do presente estudo o
portal da prefeitura não disponibiliza
• Procedimento no IPHAN referente ao
instrumentos básicos para conhecer à
inventário e preparação do dossiê de
gestão do turismo no município, como à
candidatura para possível registro de
Política de Turismo do Município, o
Juazeiro no Livro dos Lugares. Essa
Plano de Turismo Municipal e o Guia de
oportunidade deve ser objeto de atenção
Turismo, os dois últimos citados pelo
por parte da Prefeitura Municipal, que
Relatório da SETUR (2020).
pode encetar um diálogo mais próximo
com a Superintendência do IPHAN no
• Abandono de prédios com potencial
Ceará. O possível registro de Juazeiro no
apelo histórico.
Livro dos Lugares será um marco
definitivo no reconhecimento da
relevância patrimonial da cidade e suas • Pressão imobiliária que leva a alienação
romarias, trará oportunidades de de bens históricos e destruição do
desenvolvimento e demandará novas patrimônio edificado.

694
políticas de salvaguarda e educação
patrimonial. • Desinteresse do particular em atuar para
a proteção dos bens tombados sob sua
• Lei dos Tesouros Vivos, nº 13.842, de 27 propriedade ou posse, tendo em vista a
de novembro de 2016, que criou que o direito de usar, fruir e dispor é
mecanismos de reconhecimento dos limitado pelo tombamento.
saberes tradicionais, premiando os
mestres da cultura com diploma de
“Tesouro Vivo da Cultura” e auxílio
financeiro vitalício, estimulando, em
contrapartida, a transmissão dos
conhecimentos tradicionais às novas
gerações.

• Existência de uma plataforma


colaborativa e livre intitulada Mapa da
Cultura de Juazeiro do Norte que tem
potencial para publicização dos aspectos
referentes ao patrimônio histórico e
cultural de forma coordenada pelo poder
público com participação direta da
sociedade civil. Sugere-se o
fortalecimento do instrumento e criação
de iniciativas nessa direção.

18 REFERÊNCIAS

18.1 Recursos Hídricos


AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Panorama do enquadramento dos
corpos d’água do Brasil, e, Panorama da qualidade das águas subterrâneas no
Brasil. / coordenação geral, João Gilberto Lotufo Conejo; coordenação executiva,
Marcelo Pires da Costa, José Luiz Gomes Zoby. Brasília: ANA, 2007. 124 p. : il.
(Caderno de Recursos Hídricos, 5). ISBN: 978-85-89629-29-4.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Cadernos de Capacitação em


Recursos Hídricos - Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos. Brasília:
ANA, 2011. V. 6. ISBN 978-85-89629-78-2.

695
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e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá
outras providências. Diário Oficial [da] União, Brasília, DF, 10 de jul. de 2001.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10257.htm.
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Recursos Hídricos. Diário Oficial [da] União, Brasília, DF, 8 de jan. de 1997.
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FATURAMENTO E ARRECADAÇÃO – GEFAR. Cálculo da fatura de água por
metro cúbico e por categoria. Fortaleza, 12 março de 2018.

CARMO, Alexandre Batista do. A Conexão dos Planos Diretores Municipais e


Planos de Bacia Hidrográfica: A Integração Entre os Instrumentos de Gestão.
Dissertação de Mestrado UNESP, 2021.

CEARÁ. Lei N. 14.844, de 28 de dezembro de 2010. Trata da atualização da


legislação estadual de recursos hídricos com base na legislação federal de 1997.
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Consultoria Especializada em Aspectos Qualiquantitativos de Águas Subterrâneas, para
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SOARES, Anael Ribeiro. Nas tramas do vivido: contradições e conflitos no
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___________. Decreto-lei n° 2.572, de 08 de setembro de 2000. Dispõe sobre o Plano
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___________. PLANO ESTRATÉGICO. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
do Município de Juazeiro do Norte. Prefeitura municipal, Juazeiro do Norte – CE,
2000b.
___________. PLANO DE ESTRUTURAÇÃO URBANA. Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano do Município de Juazeiro do Norte. Prefeitura municipal,
Juazeiro do Norte – CE, 2000c.
___________. Termos de Referência para Elaboração de Projeto Executivo
(Projeto 01: Roteiro da Fé). Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município
de Juazeiro do Norte 2000. Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte – CE, 2000d.
JUAZEIRO DO NORTE. Lei nº 2121, de 23 de agosto de 1996. Cria o Serviço do
Patrimônio Histórico, Cultural e Artístico do município de Juazeiro do Norte e adota
outras providências. Juazeiro do Norte, 1996.

___________.Decreto no 1.385, de 03 de outubro de 2000. Declara patrimônio


histórico, cultural e artístico do município de Juazeiro do Norte, o acervo do Museu
Vivo de Padre Cícero e o monumento do Padre Cícero. Juazeiro do Norte - CE, 2000.
___________. Lei nº 1531, de 02 de dezembro de 2002. Declara “Patrimônio
Histórico” do município de Juazeiro do Norte, o imóvel que indica e adota outras
providências. Juazeiro do Norte - CE, 2002.

727
___________. Lei no 2829, de 26 de outubro de 2004. Declara Patrimônio Histórico
do Município de Juazeiro do Norte, o prédio da antiga Escola Normal Rural e adota
outras providências. Juazeiro do Norte - CE, 2004.
___________. Decreto no 425, de 13 de setembro de 2010. Declara patrimônio
histórico, cultural e artístico do Município de Juazeiro do Norte, o conjunto residencial
constituído de edifícios ao longo da Rua Padre Cícero. Juazeiro do Norte-CE, 2010.
___________.Decreto n° 423, de 31 de agosto de 2010. Declara patrimônio histórico,
cultural e artístico do Município de Juazeiro do Norte, o prédio da Escola Técnica em
Comércio de Juazeiro do Norte. Juazeiro do Norte - CE, 2010.
___________. Decreto n° 425, de 10 de Setembro de 2010. Declara patrimônio
histórico, cultural e artístico do município de Juazeiro do Norte, o conjunto residencial
constituído de edifícios ao longo da Rua Padre Cícero, nesta cidade, adotando outras
providências. Juazeiro do Norte - CE, 2010.
___________. Decreto n° 469, de 25 de março de 2011. Revoga o no 1, do art.1o do
Decreto Municipal no 425, de 13 de setembro de 2010, que dispõe sobre o tombamento
como patrimônio histórico, cultural e artístico do Município, o conjunto residencial
constituído de edifícios ao longo da rua Padre Cícero e adota outras providências.
Juazeiro do Norte - CE, 2011.
___________. Decreto nº 510 de 07 de dezembro de 2011. Revoga o nº 5, do art. 1.o
do Decreto Municipal nº 425, de 13 de setembro de 2010. Diário Oficial do Município,
Juazeiro do Norte - CE, 2011.
___________. Lei nº 4249, de 04 de outubro de 2013. Declara Patrimônio Cultural
Imaterial do Povo Juazeirense as Quadrilhas Juninas e adota outras providências.
Juazeiro do Norte - CE, 2013.
___________. Lei nº 4307, de 02 de abril de 2014. Declara patrimônio cultural
imaterial do povo juazeirense, as renovações (entronização) ao Sagrado Coração de
Jesus e Maria e as tiradeiras de renovação de culto católico nesta urbe. Juazeiro do
Norte - CE, 2014.
___________. Lei nº 4364, de 12 de agosto de 2014. Declara patrimônio cultural e
material do povo juazeirense a Praça Padre Cícero Romão Batista e todo o seu
complexo. Juazeiro do Norte - CE, 2014.
___________. Lei nº 4366, de 22 de agosto de 2014. Declara patrimônio histórico e
material do povo juazeirense o Marco (Pedra Fundamental) da Estação Ferroviária da
RVC – Rede Viação Cearense e adota outras providências. Juazeiro do Norte - CE,
2014.
___________. Lei nº 4400, de 30 de outubro de 2014. Declara patrimônio material e
religioso do povo juazeirense e adota outras providências.Juazeiro do Norte - CE, 2014.
___________. Lei nº 4412, de 05 de dezembro de 2014. Declara patrimônio cultural e
imaterial do povo juazeirense as manifestações populares culturais denominadas

728
“lapinhas, reisados ou folia de reis, guerreiros, bandas cabaçais, maneiro pau, dança de
coco, bacamarteiros e autos natalinos”. Juazeiro do Norte - CE, 2014.
___________. Lei nº 4451, de 06 de abril de 2015 (Republicada por incorreção).
Declara Patrimônio Material, Cultural e Religioso do Povo Juazeirense, a Via Sacra do
Caminho do Horto e adota outras providências. Juazeiro do Norte - CE, 2015.
___________. Lei nº 4536a, de 08 de outubro de 2015. Dispõe sobre a criação do polo
gastronômico da lagoa seca no Município de Juazeiro do Norte e adota outras
providências. Juazeiro do Norte - CE, 2015.
___________. Decreto nº 332, de 11 de julho de 2017. Declara patrimônio histórico,
cultural e artístico do Município de Juazeiro do Norte, o Casarão residencial constituído
do edifício ao lado Oeste da Rua Padre Cícero, sob o no 714 nesta cidade e adota outras
providências.Juazeiro do Norte - CE, 2017.
___________.Decreto n° 459, de 27 de maio de 2019. Institui o Tombamento
Provisório de
diversos bens localizados no Município de Juazeiro do Norte/CE. Diário Oficial do
Município, Juazeiro do Norte, 28 de maio de 2019.
___________.Decreto nº 593, de 23 de novembro de 2020. Dispõe sobre a
desconstituição de tombamento provisório de imóvel e adota outras
providências.Juazeiro do Norte - CE, 2020.
CEARÁ. Geopark Araripe: Histórias da Terra, do meio ambiente e da cultura.
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DIÁRIO DO NORDESTE. Fundação Memorial Padre Cícero é certificada com o
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cicero-e-certificada-com-o-registro-de-museus/21396>. Acesso em: nov. de 2021.
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Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), 2012. Disponível
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SETUR. PESQUISA SOBRE O CICLO DE ROMARIA 2019-2020. Juazeiro Do

729
Norte-Ce, Secretaria de Turismo e Romaria de Juazeiro do Norte-CE. Disponível
em:<http://www2.juazeiro.ce.gov.br/arquivos/RELATORIO-PESQUISA.pdf>. Acesso
em: Nov. de 2021.

730
19 ANEXOS

19.1 ANEXO 1 – Planta da Rede Coletora

Figura 211: Planta da rede coletora de esgotos da cidade de Juazeiro do Norte – Ce.

731
19.2 ANEXO 2 - Modelo Das Fichas De Campo - Solos E Áreas De Risco

FICHA 1 – SÍNTESE DA LOCALIDADE


IDENTIFICAÇÃO DA LOCALIDADE
Localidade/código: Bairro:
Município: MicroRegião:
Técnico responsável: Líder comunitário/ OP:

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA LOCALIDADE


Modo de Ocupação Estágio da Ocupação Padrão das Edificações
( ) – espontânea (informal) ( ) – consolidada ( ) – alvenaria
( ) – planejada (formal) ( ) – inconsolidada ( ) – taipa
( ) – parcialmente planejada ( ) – parcialmente consolidada () – madeira ( )outros materiais

Relevo Hidrografia Vegetação no taludes


( ) – interflúvios de topo plano ( ) – rede fluvial esparsa ( ) – vegetação esparsa
( ) – interflúvios de topo aguçado ( ) - rede fluvial densa ( ) – vegetação rasteira natural
( ) – alvéolos ( ) – alta concentração de águas ( ) – gramínea
( ) – morros ( ) - nível freático alto (cacimbas) ( ) – capim
( ) – colinas ( ) – canais retilineos ( ) – arbustos
( ) – anfiteatro (microbacia aberta) ( ) – canais meandrantes ( ) – árvores de grande porte
( ) – planície alagável ( )– ( ) – bananeiras

CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICAS
Tipo de Litologia Texturas e Estruturas dos Solos Estabilidade das Encostas
( ) – Formação Cariri (ou Mauriti) ( ) – alta permeabilidade ( ) – encosta estável
( ) – Formação Brejo Santo ( ) – baixa permeabilidade ( ) – evidências de deslizamento
( ) –Formação Barbalha ( ) – estratificação horizontal ( ) – evidências de erosão
( ) – Fm. Missão Velha ( ) – falhas/fraturas/xistosidade ( ) – evidências de solapamento
( ) – Depósitos Aluvionares ( ) – crosta / blocos lateríticos ( )- sem evidências de processos
( ) – Depósitos Colúvio-Eluviais ( ) – matacões de rocha
( ) – Cobertura sedimentar do Cenozóico
( ) – Rochas granitóides
( ) – Rochas granitóides cobertas por Neossolos
Litólicos

SÍNTESE DOS SETORES DE RISCO

732
Setor: Grau de Nº de casas do Nº de casas Nº de casas Nº de casas Nº de casas
Risco: Setor Ameaçadas p/ Remoção Destruídas Removidas

FICHA 2- SETOR DE RISCO (AVALIAÇÃO DE RISCO) (CHECK LIST)


Assentamento: SETOR:
Município Bairro: Região: RISCO:
Técnico responsável: Data: / /

FATORES DE SUSCETIBILIDADE (*)


Tipos e caracterização dos processos atuantes
( ) –Deslizamento planar em solo sedimentar ( ) – Deslizamento Planar em solo residual
( ) – Deslizamento rotacional em solo sedimentar ( ) – Deslizamento Rotacional em solo residual
( ) – Deslizamento em aterros ( ) – Deslizamento de lixo / entulhos
( ) – Erosão em aterros ( ) – Rolamento de matacões
( ) – Erosão superficial (sulco) ( ) – Queda de blocos de rocha ou de crostas
( ) – Erosão severa (ravinas profundas/voçorocas) ( ) – Sem evidências de processos destrutivos
( ) – Solapamento de solo em margem de córrego ( )–

Causas e agravantes da instabilização


( ) – Ocupação de bordas de tabuleiros ( ) – Exploração de jazidas em áreas ocupadas
( ) – Ocupação de cabeceiras de drenagem ( ) – Sobrecarga de edificações de grande porte
( ) – Taludes de corte/aterro sem proteção vegetal ( ) – Lançamento de lixo nas encostas e drenagem
( ) – Altura dos taludes..............................m ( ) – Lançamento de entulho nas encostas e drenagem
( ) – Declividade dos taludes ..............graus ( ) – Árvores de grande porte na crista dos taludes
( ) – Ausência / insuficiência de microdrenagem ( ) – Concentração de bananeiras nos taludes
( ) – Concentração de águas de chuva nos taludes ( ) – Presença de surgências de água nos taludes
( ) – Lançamento de águas servidas no solo ( ) – Presença de fendas e batentes no solo
( ) – Vazamento nas tubulações de água e esgoto ( ) –Recorrência dos processos ................. ano
( ) – Fossas drenantes próximas às cristas ( ) – Cisterna / cacimba próximo a crista
(*) definidos em função das características da área analisada

FATORES DE VULNERABILIDADE
( ) – Número de edificações no setor ................. ( ) – Infra-estrutura / Equip. públicos ameaçados
( ) – Nº de edificações ameaçadas(monitoramento)..... ( ) – Nºedificações removidas
( ) – Nº de edificações p/ remoção .............. ( ) – Nº de edificações destruídas em acidente ...............

733
Registros ou relatos de acidentes (dia/mês/ano – mortes, feridos, endereços, tipos de processo atuantes,
volumes, distancias).

Moradias Indicadas para monitoramento (M) e Remoção (R)

Endereço (rua, nº) Coordenadas UTM FOTOS M R


(GPS)*

(*) Para as moradias que não constam nas imagens aéreas utilizar FOTOS DO SETOR

734
19.3 ANEXO 3 - Mapa De Risco De Deslizamentos De Encostas Do Bairro Do Horto, Juazeiro Do Norte-CE.

735
19.4 ANEXO 4 - Fichas De Campo Dos Setores De Risco

FICHA 1 – SÍNTESE DA LOCALIDADE


IDENTIFICAÇÃO DA LOCALIDADE
Localidade/código: BAIRRO HORTO Bairro: HORTO
Município: JUAZEIRO DO NORTE MicroRegião: ---
Técnico responsável: SANMIA DE LIMA PINTO Líder comunitário/ OP: Sr. Antônio

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA LOCALIDADE


Modo de Ocupação Estágio da Ocupação Padrão das Edificações
(X) – espontânea (informal) (X) – consolidada ( X ) – alvenaria
( ) – planejada (formal) ( ) – inconsolidada ( ) – taipa
( ) – parcialmente planejada ( ) – parcialmente consolidada () – madeira ( )outros materiais

Relevo Hidrografia Vegetação nos taludes


( ) – interflúvios de topo plano (X) – rede fluvial esparsa ( ) – vegetação esparsa
( ) – interflúvios de topo aguçado ( ) - rede fluvial densa (X) – vegetação rasteira natural
( ) – alvéolos ( ) – alta concentração de águas ( ) – gramínea
(X) – morros ( ) - nível freático alto (cacimbas) (X) – capim
(X) – colinas ( ) – canais retilineos (X) – arbustos
(X) – anfiteatro (microbacia aberta) ( ) – canais meandrantes (X) – árvores de grande porte
( ) – planície alagável ( ) – bananeiras

CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICAS
Tipo de Litologia Texturas e Estruturas dos Solos Estabilidade das Encostas
( ) – Formação Cariri (ou Mauriti) ( ) – alta permeabilidade ( ) – encosta estável
( ) – Formação Brejo Santo (X) – baixa permeabilidade (X) – evidências de deslizamento
( ) –Formação Barbalha (X) – estratificação horizontal (X) – evidências de erosão
( ) – Fm. Missão Velha ( ) – falhas/fraturas/xistosidade ( ) – evidências de solapamento
( ) – Depósitos Aluvionares ( ) – crosta / blocos lateríticos (X) - sem evidências de processos
( ) – Depósitos Colúvio-Eluviais (X) – matacões de rocha
( ) – Cobertura sedimentar do Cenozóico
(X) – Rochas granitóides
( ) – Rochas granitóides cobertas por Neossolos
Litólicos

SÍNTESE DOS SETORES DE RISCO


Setor Grau de Risco Nº de casas Nº de casas Nº de casas Nº de casas Nº de casas
do Setor Ameaçadas* p/ Remoção* Destruídas Removidas
SR01 R2-Médio 52 1 0 0 0
SR02 R2-Médio 102 0 0 0 0
SR03 R3- Alto 29 3 0 0 0
SR04 R4-Muito Alto 63 17 0 0 0
SR05 R4-Muito Alto 76 12 0 0 0
SR06 R4-Muito Alto 63 20 0 0 0

736
SR07 R3- Alto 212 7 0 0 0
SR08 R3- Alto 118 7 0 0 0

FICHA 2 - SETOR DE RISCO (AVALIAÇÃO DE RISCO) (CHECK LIST)


Assentamento: BAIRRO HORTO SETOR: 01
Município: JUAZEIRO Bairro: HORTO Região: URBANA RISCO: MÉDIO (R2)
DO NORTE
Técnico responsável: SANMIA DE LIMA PINTO Data: 14/03/2022

FATORES DE SUSCETIBILIDADE (*)


Tipos e caracterização dos processos atuantes
( ) – Deslizamento planar em solo sedimentar ( ) – Deslizamento Planar em solo residual
( ) – Deslizamento rotacional em solo sedimentar ( ) – Deslizamento Rotacional em solo residual
( ) – Deslizamento em aterros ( ) – Deslizamento de lixo / entulhos
( ) – Erosão em aterros ( ) – Rolamento de matacões
( ) – Erosão superficial (sulco) ( ) – Queda de blocos de rocha ou de crostas
( ) – Erosão severa (ravinas profundas/voçorocas) (X) – Sem evidências de processos destrutivos
( ) – Solapamento de solo em margem de córrego

Causas e agravantes da instabilização


(X) – Ocupação de bordas de tabuleiros ( ) – Exploração de jazidas em áreas ocupadas
( ) – Ocupação de cabeceiras de drenagem ( ) – Sobrecarga de edificações de grande porte
( ) – Taludes de corte/aterro sem proteção vegetal (X) – Lançamento de lixo nas encostas e drenagem
( ) – Altura dos taludes 50 m (X) – Lançamento de entulho nas encostas e drenagem
( ) – Declividade dos taludes 45 graus (X) – Árvores de grande porte na crista dos taludes
(X) – Ausência / insuficiência de microdrenagem ( ) – Concentração de bananeiras nos taludes
( ) – Concentração de águas de chuva nos taludes ( ) – Presença de surgências de água nos taludes
(X) – Lançamento de águas servidas no solo ( ) – Presença de fendas e batentes no solo
(X) – Vazamento nas tubulações de água e esgoto ( ) – Recorrência dos processos ................. ano
( ) – Fossas drenantes próximas às cristas ( ) – Cisterna / cacimba próximo a crista
(*) definidos em função das características da área analisada

FATORES DE VULNERABILIDADE
( ) – Número de edificações no setor 52 (1) – Infra-estrutura / Equip. públicos ameaçados
( ) – Nº de edificações ameaçadas(monitoramento) 1 (0) – Nº de edificações removidas
( ) – Nº de edificações p/ remoção 0 ( ) – Nº de edificações destruídas em acidente 0

Registros ou relatos de acidentes (dia/mês/ano – mortes, feridos, endereços, tipos de processo atuantes,
volumes, distancias).

Moradias Indicadas para monitoramento (M) e Remoção (R)

Endereço (rua, nº) Coordenadas UTM (GPS) FOTOS M R

Av. Padre Jezú Flor, 400 464143 E, 9206428 S P02 X

737
FICHA 2 - SETOR DE RISCO (AVALIAÇÃO DE RISCO) (CHECK LIST)
Assentamento: BAIRRO HORTO SETOR: 02
Município: JUAZEIRO Bairro: HORTO Região: URBANA RISCO: MÉDIO (R2)
DO NORTE
Técnico responsável: SANMIA DE LIMA PINTO Data: 14/03/2022

FATORES DE SUSCETIBILIDADE (*)


Tipos e caracterização dos processos atuantes
( ) – Deslizamento planar em solo sedimentar ( X ) – Deslizamento Planar em solo residual
( ) – Deslizamento rotacional em solo sedimentar ( ) – Deslizamento Rotacional em solo residual
( ) – Deslizamento em aterros ( ) – Deslizamento de lixo / entulhos
( ) – Erosão em aterros ( ) – Rolamento de matacões
( X ) – Erosão superficial (sulco) ( ) – Queda de blocos de rocha ou de crostas
( ) – Erosão severa (ravinas profundas/voçorocas) ( ) – Sem evidências de processos destrutivos
( ) – Solapamento de solo em margem de córrego

Causas e agravantes da instabilização


(X) – Ocupação de bordas de tabuleiros ( ) – Exploração de jazidas em áreas ocupadas
( ) – Ocupação de cabeceiras de drenagem ( ) – Sobrecarga de edificações de grande porte
( ) – Taludes de corte/aterro sem proteção vegetal (X) – Lançamento de lixo nas encostas e drenagem
( ) – Altura dos taludes 40 m (X) – Lançamento de entulho nas encostas e drenagem
( ) – Declividade dos taludes 45 graus (X) – Árvores de grande porte na crista dos taludes
(X) – Ausência / insuficiência de microdrenagem ( ) – Concentração de bananeiras nos taludes
( ) – Concentração de águas de chuva nos taludes ( ) – Presença de surgências de água nos taludes
(X) – Lançamento de águas servidas no solo ( ) – Presença de fendas e batentes no solo
(X) – Vazamento nas tubulações de água e esgoto ( ) – Recorrência dos processos ................. ano
( ) – Fossas drenantes próximas às cristas ( ) – Cisterna / cacimba próximo a crista
(*) definidos em função das características da área analisada
FATORES DE VULNERABILIDADE
( ) – Número de edificações no setor 102 (0) – Infra-estrutura / Equip. públicos ameaçados
( ) – Nº de edificações ameaçadas(monitoramento) 0 (0) – Nº de edificações removidas
( ) – Nº de edificações p/ remoção 0 ( ) – Nº de edificações destruídas em acidente 0

Registros ou relatos de acidentes (dia/mês/ano – mortes, feridos, endereços, tipos de processo atuantes,
volumes, distancias).

Moradias Indicadas para monitoramento (M) e Remoção (R)

Endereço (rua, nº) Coordenadas UTM FOTOS M R


(GPS)

FICHA 2 - SETOR DE RISCO (AVALIAÇÃO DE RISCO) (CHECK LIST)


Assentamento: BAIRRO HORTO SETOR: 03

738
Município: JUAZEIRO Bairro: HORTO Região: URBANA RISCO: ALTO (R3)
DO NORTE
Técnico responsável: SANMIA DE LIMA PINTO Data: 11/03/2022

FATORES DE SUSCETIBILIDADE (*)


Tipos e caracterização dos processos atuantes
( ) – Deslizamento planar em solo sedimentar (X) – Deslizamento Planar em solo residual
( ) – Deslizamento rotacional em solo sedimentar ( ) – Deslizamento Rotacional em solo residual
( ) – Deslizamento em aterros ( ) – Deslizamento de lixo / entulhos
(X) – Erosão em aterros (X) – Rolamento de matacões
( ) – Erosão superficial (sulco) ( ) – Queda de blocos de rocha ou de crostas
( ) – Erosão severa (ravinas profundas/voçorocas) ( ) – Sem evidências de processos destrutivos
( ) – Solapamento de solo em margem de córrego

Causas e agravantes da instabilização


(X) – Ocupação de bordas de tabuleiros ( ) – Exploração de jazidas em áreas ocupadas
( ) – Ocupação de cabeceiras de drenagem ( ) – Sobrecarga de edificações de grande porte
(X) – Taludes de corte/aterro sem proteção vegetal (X) – Lançamento de lixo nas encostas e drenagem
( ) – Altura dos taludes 30 m (X) – Lançamento de entulho nas encostas e drenagem
( ) – Declividade dos taludes 45 graus (X) – Árvores de grande porte na crista dos taludes
(X) – Ausência / insuficiência de microdrenagem ( ) – Concentração de bananeiras nos taludes
( ) – Concentração de águas de chuva nos taludes ( ) – Presença de surgências de água nos taludes
(X) – Lançamento de águas servidas no solo ( ) – Presença de fendas e batentes no solo
(X) – Vazamento nas tubulações de água e esgoto ( ) – Recorrência dos processos ................. ano
( ) – Fossas drenantes próximas às cristas (X) – Cisterna / cacimba / Reservatório próximo a crista
(*) definidos em função das características da área analisada

FATORES DE VULNERABILIDADE
( ) – Número de edificações no setor 29 (0) – Infra-estrutura / Equip. públicos ameaçados
( ) – Nº de edificações ameaçadas(monitoramento) 3 (0) – Nº de edificações removidas
( ) – Nº de edificações p/ remoção 0 ( ) – Nº de edificações destruídas em acidente 0

Registros ou relatos de acidentes (dia/mês/ano – mortes, feridos, endereços, tipos de processo atuantes,
volumes, distancias).

Moradias Indicadas para monitoramento (M) e Remoção (R)

Endereço (rua, nº) Coordenadas UTM FOTOS M R


(GPS)
Rua do Horto, em torno da casa 10 463632 E, 9206339 S P04 X

FICHA 2 - SETOR DE RISCO (AVALIAÇÃO DE RISCO) (CHECK LIST)


Assentamento: BAIRRO HORTO SETOR: 04
Município: JUAZEIRO Bairro: HORTO Região: URBANA RISCO: MUITO ALTO
DO NORTE (R4)
Técnico responsável: SANMIA DE LIMA PINTO Data: 10/03/2022

FATORES DE SUSCETIBILIDADE (*)

739
Tipos e caracterização dos processos atuantes
( ) – Deslizamento planar em solo sedimentar (X) – Deslizamento Planar em solo residual
( ) – Deslizamento rotacional em solo sedimentar ( ) – Deslizamento Rotacional em solo residual
( ) – Deslizamento em aterros ( ) – Deslizamento de lixo / entulhos
(X) – Erosão em aterros ( ) – Rolamento de matacões
( ) – Erosão superficial (sulco) ( ) – Queda de blocos de rocha ou de crostas
( ) – Erosão severa (ravinas profundas/voçorocas) ( ) – Sem evidências de processos destrutivos
( ) – Solapamento de solo em margem de córrego

Causas e agravantes da instabilização


(X) – Ocupação de bordas de tabuleiros ( ) – Exploração de jazidas em áreas ocupadas
( ) – Ocupação de cabeceiras de drenagem ( ) – Sobrecarga de edificações de grande porte
(X) – Taludes de corte/aterro sem proteção vegetal (X) – Lançamento de lixo nas encostas e drenagem
( ) – Altura dos taludes 40 m (X) – Lançamento de entulho nas encostas e drenagem
( ) – Declividade dos taludes 80 graus (X) – Árvores de grande porte na crista dos taludes
(X) – Ausência / insuficiência de microdrenagem ( ) – Concentração de bananeiras nos taludes
( ) – Concentração de águas de chuva nos taludes ( ) – Presença de surgências de água nos taludes
(X) – Lançamento de águas servidas no solo ( ) – Presença de fendas e batentes no solo
(X) – Vazamento nas tubulações de água e esgoto ( ) – Recorrência dos processos ................. ano
( ) – Fossas drenantes próximas às cristas (X) – Cisterna / cacimba próximo a crista
(*) definidos em função das características da área analisada

FATORES DE VULNERABILIDADE
( ) – Número de edificações no setor 54 (0) – Infra-estrutura / Equip. públicos ameaçados
( ) – Nº de edificações ameaçadas(monitoramento) 17 (0) – Nº de edificações removidas
( ) – Nº de edificações p/ remoção 0 ( ) – Nº de edificações destruídas em acidente 0

Registros ou relatos de acidentes (dia/mês/ano – mortes, feridos, endereços, tipos de processo atuantes,
volumes, distancias).

Moradias Indicadas para monitoramento (M) e Remoção (R)


Endereço (rua, nº) Coordenadas UTM FOTOS/POLÍGONOS M R
(GPS)
Rua do Bela Vista, 103 463581 E, 9206170 S P07 X
Rua do Bela Vista, 98 463597 E, 9206169 S P08 X
Rua do Bela Vista, 94 463567 E, 9206158 S P09 X
Rua do Bela Vista 463567 E, 9206158 S MM1 X
Rua do Bela Vista 463567 E, 9206158 S MM1 X
Rua do Bela Vista 463567 E, 9206158 S MM1 X
Rua do Bela Vista 463567 E, 9206158 S MM1 X
Rua do Bela Vista 463567 E, 9206158 S MM1 X
Rua do Bela Vista 463567 E, 9206158 S MM1 X
Rua do Bela Vista 463567 E, 9206158 S MM1 X
Rua do Bela Vista 463567 E, 9206158 S MM1 X
Rua do Bela Vista 463567 E, 9206158 S MM1 X

740
Endereço (rua, nº) Coordenadas UTM FOTOS/POLÍGONOS M R
(GPS)
Rua do Bela Vista 463548 E, 9206142 S MM1 X
Rua do Bela Vista 463567 E, 9206158 S MM1 X
Rua do Bela Vista 463567 E, 9206158 S MM1 X
Rua do Bela Vista 463567 E, 9206158 S MM1 X
Rua do Bela Vista 463567 E, 9206158 S MM1 X

FICHA 2 - SETOR DE RISCO (AVALIAÇÃO DE RISCO) (CHECK LIST)


Assentamento: BAIRRO HORTO SETOR: 05
Município: JUAZEIRO Bairro: HORTO Região: URBANA RISCO: MUITO ALTO
DO NORTE (R4)
Técnico responsável: SANMIA DE LIMA PINTO Data: 10/03/2022

FATORES DE SUSCETIBILIDADE (*)


Tipos e caracterização dos processos atuantes
( ) – Deslizamento planar em solo sedimentar (X) – Deslizamento Planar em solo residual
( ) – Deslizamento rotacional em solo sedimentar ( ) – Deslizamento Rotacional em solo residual
( ) – Deslizamento em aterros ( ) – Deslizamento de lixo / entulhos
(X) – Erosão em aterros ( ) – Rolamento de matacões
( ) – Erosão superficial (sulco) ( ) – Queda de blocos de rocha ou de crostas
( ) – Erosão severa (ravinas profundas/voçorocas) ( ) – Sem evidências de processos destrutivos
( ) – Solapamento de solo em margem de córrego

Causas e agravantes da instabilização


(X) – Ocupação de bordas de tabuleiros ( ) – Exploração de jazidas em áreas ocupadas
( ) – Ocupação de cabeceiras de drenagem ( ) – Sobrecarga de edificações de grande porte
(X) – Taludes de corte/aterro sem proteção vegetal (X) – Lançamento de lixo nas encostas e drenagem
( ) – Altura dos taludes 40 m (X) – Lançamento de entulho nas encostas e drenagem
( ) – Declividade dos taludes 60 graus (X) – Árvores de grande porte na crista dos taludes
(X) – Ausência / insuficiência de microdrenagem ( ) – Concentração de bananeiras nos taludes
( ) – Concentração de águas de chuva nos taludes ( ) – Presença de surgências de água nos taludes
(X) – Lançamento de águas servidas no solo ( ) – Presença de fendas e batentes no solo
(X) – Vazamento nas tubulações de água e esgoto ( ) – Recorrência dos processos ................. ano
( ) – Fossas drenantes próximas às cristas ( ) – Cisterna / cacimba próximo a crista
(*) definidos em função das características da área analisada

FATORES DE VULNERABILIDADE
( ) – Número de edificações no setor 76 (0) – Infra-estrutura / Equip. públicos ameaçados
( ) – Nº de edificações ameaçadas(monitoramento) 12 (0) – Nº de edificações removidas
( ) – Nº de edificações p/ remoção 0 ( ) – Nº de edificações destruídas em acidente 0

Registros ou relatos de acidentes (dia/mês/ano – mortes, feridos, endereços, tipos de processo atuantes,
volumes, distancias).

Moradias Indicadas para monitoramento (M) e Remoção (R)

741
Endereço (rua, nº) Coordenadas UTM (GPS) FOTOS/POLÍGONO M R

Rua do Bela Vista, 103 463392 E, 9206141 S P10 X


Rua do Bela Vista 463392 E, 9206141 S MM2 X
Rua do Bela Vista 463392 E, 9206141 S MM2 X
Rua do Bela Vista 463392 E, 9206141 S MM2 X
Rua do Bela Vista 463392 E, 9206141 S MM2 X
Rua do Bela Vista 463392 E, 9206141 S MM2 X
Rua do Bela Vista 463392 E, 9206141 S MM2 X
Rua do Bela Vista 463392 E, 9206141 S MM2 X
Rua do Bela Vista 463392 E, 9206141 S MM2 X
Rua do Bela Vista 463392 E, 9206141 S MM2 X
Rua do Bela Vista 463392 E, 9206141 S MM2 X
Rua do Bela Vista 463392 E, 9206141 S MM2 X

FICHA 2 - SETOR DE RISCO (AVALIAÇÃO DE RISCO) (CHECK LIST)


Assentamento: BAIRRO HORTO SETOR: 06
Município: JUAZEIRO Bairro: HORTO Região: URBANA RISCO: MUITO ALTO
DO NORTE (R4)
Técnico responsável: SANMIA DE LIMA PINTO Data: 10/03/2022

FATORES DE SUSCETIBILIDADE (*)


Tipos e caracterização dos processos atuantes
( ) – Deslizamento planar em solo sedimentar (X) – Deslizamento Planar em solo residual
( ) – Deslizamento rotacional em solo sedimentar ( ) – Deslizamento Rotacional em solo residual
( ) – Deslizamento em aterros ( ) – Deslizamento de lixo / entulhos
(X) – Erosão em aterros ( ) – Rolamento de matacões
( ) – Erosão superficial (sulco) ( ) – Queda de blocos de rocha ou de crostas
( ) – Erosão severa (ravinas profundas/voçorocas) ( ) – Sem evidências de processos destrutivos
( ) – Solapamento de solo em margem de córrego

Causas e agravantes da instabilização


(X) – Ocupação de bordas de tabuleiros ( ) – Exploração de jazidas em áreas ocupadas
( ) – Ocupação de cabeceiras de drenagem ( ) – Sobrecarga de edificações de grande porte
(X) – Taludes de corte/aterro sem proteção vegetal (X) – Lançamento de lixo nas encostas e drenagem
( ) – Altura dos taludes 40 m (X) – Lançamento de entulho nas encostas e drenagem
( ) – Declividade dos taludes 45 graus (X) – Árvores de grande porte na crista dos taludes
(X) – Ausência / insuficiência de microdrenagem ( ) – Concentração de bananeiras nos taludes
( ) – Concentração de águas de chuva nos taludes ( ) – Presença de surgências de água nos taludes
(X) – Lançamento de águas servidas no solo ( ) – Presença de fendas e batentes no solo
(X) – Vazamento nas tubulações de água e esgoto ( ) – Recorrência dos processos ................. ano
( ) – Fossas drenantes próximas às cristas (X) – Cisterna / cacimba próximo a crista
(*) definidos em função das características da área analisada

FATORES DE VULNERABILIDADE
( ) – Número de edificações no setor 63 (0) – Infra-estrutura / Equip. públicos ameaçados

742
( ) – Nº de edificações ameaçadas(monitoramento) 20 (0) – Nº de edificações removidas
( ) – Nº de edificações p/ remoção 0 ( ) – Nº de edificações destruídas em acidente 0

Registros ou relatos de acidentes (dia/mês/ano – mortes, feridos, endereços, tipos de processo atuantes,
volumes, distancias).

Moradias Indicadas para monitoramento (M) e Remoção (R)


Endereço (rua, nº) Coordenadas UTM (GPS) FOTOS/POLÍGONO M R

Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 40 463367 E, 9205777 S P12 X


Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 07 463328 E, 9205749 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 18 463344 E, 9205747 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 23 463347 E, 9205747 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 27 463353 E, 9205747 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 51 463358 E, 9205746 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 41 463368 E, 9205746 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 43 463373 E, 9205744 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 45 463378 E, 9205744 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 69 463388 E, 9205750 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 72 463401 E, 9205743 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 83 463408 E, 9205741 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 85 463419 E, 9205737 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 90 463428 E, 9205737 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 95 463430 E, 9205737 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 100 463438 E, 9205737 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 121 463442 E, 9205738 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 141 463451 E, 9205737 MM3
Rua Luiz Ivan Bezerra Filho, 143 463461 E, 9205734 MM3

FICHA 2 - SETOR DE RISCO (AVALIAÇÃO DE RISCO) (CHECK LIST)


Assentamento: BAIRRO HORTO SETOR: 07
Município: JUAZEIRO Bairro: HORTO Região: URBANA RISCO: ALTO (R3)
DO NORTE
Técnico responsável: SANMIA DE LIMA PINTO Data: 11/03/2022

FATORES DE SUSCETIBILIDADE (*)


Tipos e caracterização dos processos atuantes
( ) – Deslizamento planar em solo sedimentar (X) – Deslizamento Planar em solo residual
( ) – Deslizamento rotacional em solo sedimentar ( ) – Deslizamento Rotacional em solo residual
( ) – Deslizamento em aterros ( ) – Deslizamento de lixo / entulhos
(X) – Erosão em aterros ( ) – Rolamento de matacões
( ) – Erosão superficial (sulco) ( ) – Queda de blocos de rocha ou de crostas
( ) – Erosão severa (ravinas profundas/voçorocas) ( ) – Sem evidências de processos destrutivos

743
( ) – Solapamento de solo em margem de córrego

Causas e agravantes da instabilização


(X) – Ocupação de bordas de tabuleiros ( ) – Exploração de jazidas em áreas ocupadas
( ) – Ocupação de cabeceiras de drenagem ( ) – Sobrecarga de edificações de grande porte
(X) – Taludes de corte/aterro sem proteção vegetal (X) – Lançamento de lixo nas encostas e drenagem
( ) – Altura dos taludes 50 m (X) – Lançamento de entulho nas encostas e drenagem
( ) – Declividade dos taludes 45 graus (X) – Árvores de grande porte na crista dos taludes
(X) – Ausência / insuficiência de microdrenagem ( ) – Concentração de bananeiras nos taludes
( ) – Concentração de águas de chuva nos taludes ( ) – Presença de surgências de água nos taludes
(X) – Lançamento de águas servidas no solo ( ) – Presença de fendas e batentes no solo
(X) – Vazamento nas tubulações de água e esgoto ( ) – Recorrência dos processos ................. ano
( ) – Fossas drenantes próximas às cristas ( ) – Cisterna / cacimba próximo a crista
(*) definidos em função das características da área analisada
FATORES DE VULNERABILIDADE
( ) – Número de edificações no setor 212 (0) – Infra-estrutura / Equip. públicos ameaçados
( ) – Nº de edificações ameaçadas(monitoramento) 7 (0) – Nº de edificações removidas
( ) – Nº de edificações p/ remoção 0 ( ) – Nº de edificações destruídas em acidente 0

Registros ou relatos de acidentes (dia/mês/ano – mortes, feridos, endereços, tipos de processo atuantes,
volumes, distancias).

Moradias Indicadas para monitoramento (M) e Remoção (R)


Endereço (rua, nº) Coordenadas UTM FOTOS M R
(GPS)
Rua do Horto, 993 463342 E, 9205563S P13 X
Rua do Horto, 988 463359 E, 9205554 S X
Rua do Horto, 986 463366 E, 9205552 S X
Rua do Horto, 785 463568 E, 9205552 S X
Rua do Horto, 771 463575 E, 9205552 S X
Rua do Horto, 777 463579 E, 9205557 S X
Rua do Horto, 781 463593 E, 9205554 S P15 X

FICHA 2 - SETOR DE RISCO (AVALIAÇÃO DE RISCO) (CHECK LIST)


Assentamento: BAIRRO HORTO SETOR: 08
Município: JUAZEIRO Bairro: HORTO Região: URBANA RISCO: ALTO (R3)
DO NORTE
Técnico responsável: SANMIA DE LIMA PINTO Data: 11/03/2022

FATORES DE SUSCETIBILIDADE (*)


Tipos e caracterização dos processos atuantes
( ) – Deslizamento planar em solo sedimentar (X) – Deslizamento Planar em solo residual
( ) – Deslizamento rotacional em solo sedimentar ( ) – Deslizamento Rotacional em solo residual
( ) – Deslizamento em aterros ( ) – Deslizamento de lixo / entulhos
(X) – Erosão em aterros ( ) – Rolamento de matacões
( ) – Erosão superficial (sulco) ( ) – Queda de blocos de rocha ou de crostas
( ) – Erosão severa (ravinas profundas/voçorocas) ( ) – Sem evidências de processos destrutivos

744
( ) – Solapamento de solo em margem de córrego

Causas e agravantes da instabilização


(X) – Ocupação de bordas de tabuleiros ( ) – Exploração de jazidas em áreas ocupadas
( ) – Ocupação de cabeceiras de drenagem ( ) – Sobrecarga de edificações de grande porte
(X) – Taludes de corte/aterro sem proteção vegetal (X) – Lançamento de lixo nas encostas e drenagem
( ) – Altura dos taludes 60 m (X) – Lançamento de entulho nas encostas e drenagem
( ) – Declividade dos taludes 60 graus (X) – Árvores de grande porte na crista dos taludes
(X) – Ausência / insuficiência de microdrenagem ( ) – Concentração de bananeiras nos taludes
( ) – Concentração de águas de chuva nos taludes ( ) – Presença de surgências de água nos taludes
(X) – Lançamento de águas servidas no solo ( ) – Presença de fendas e batentes no solo
(X) – Vazamento nas tubulações de água e esgoto ( ) – Recorrência dos processos ................. ano
( ) – Fossas drenantes próximas às cristas ( ) – Cisterna / cacimba próximo a crista
(*) definidos em função das características da área analisada

FATORES DE VULNERABILIDADE
( ) – Número de edificações no setor 118 (0) – Infra-estrutura / Equip. públicos ameaçados
( ) – Nº de edificações ameaçadas(monitoramento) 7 (0) – Nº de edificações removidas
( ) – Nº de edificações p/ remoção 0 ( ) – Nº de edificações destruídas em acidente 0

Registros ou relatos de acidentes (dia/mês/ano – mortes, feridos, endereços, tipos de processo atuantes,
volumes, distancias).

Moradias Indicadas para monitoramento (M) e Remoção (R)


Endereço (rua, nº) Coordenadas UTM (GPS) FOTOS M R
Rua do Horto, 986 463341 E, 9205546 S P14 X
Rua do Horto, 813 463522 E, 9205520 S P16 X
Rua do Horto, 781 463573 E, 9205521 S P17 X
Rua do Horto, 762 463619 E, 9205455 S P18 X
Rua do Horto, 1123 463303 E, 9205554 S X
Rua do Horto, 1143 463293 E, 9205566 S X
Rua do Horto, 964 463375 E, 9205521 S X

745

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