Você está na página 1de 43

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE TECNOLOGIA – FT

Heloísa Beltrame Garcia

Diagnóstico e projeção qualitativa da arborização urbana


no município de Limeira/SP

Limeira
2021
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE TECNOLOGIA – FT

Heloísa Beltrame Garcia

Diagnóstico e projeção qualitativa da arborização urbana


no município de Limeira/SP

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Ambiental à Faculdade de
Tecnologia da Universidade Estadual de
Campinas.

Orientador: Prof. Dr. Rafael Costa Freiria

Limeira
2021
Autor: Heloísa Beltrame Garcia
Título: Diagnóstico e projeção qualitativa da arborização urbana no município de
Limeira/SP
Natureza: Trabalho de Conclusão de Curso em Engenharia Ambiental
Instituição: Faculdade de Tecnologia, Universidade Estadual de Campinas

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________
Prof. Dr. Rafael Costa Freiria (Orientador) – Presidente
Faculdade de Tecnologia (FT/UNICAMP)

________________________________________________
Prof. Rafael Ulysses de Miranda – Avaliador
Faculdade de Tecnologia (FT/UNICAMP)

________________________________________________
Profa. Dra. Marta Siviero Guilherme Pires – Avaliadora
Faculdade de Tecnologia (FT/UNICAMP)
AGRADECIMENTOS

Gostaria primeiramente de expressar minha gratidão à Deus por me


iluminar e abençoar em toda minha trajetória, me permitindo manter a fé e a esperança
por um mundo melhor.
Agradeço aos meus queridos pais, Cleide e Marcos, por todo amor,
compreensão, apoio e educação que deram, pois serviram como base para me tornar
a pessoa que sou hoje.
Agradeço a todos os professores da Faculdade de Tecnologia da
UNICAMP, por transmitirem todo o conhecimento necessário para minha formação
educacional e profissional, em especial ao professor Rafael Costa Freiria pela
dedicação, orientações e direcionamento durante o desenvolvimento deste trabalho.
RESUMO

A arborização urbana define-se como toda vegetação constituída no


cenário urbano, requerendo por sua vez políticas públicas que incentivem o
melhoramento contínuo do planejamento, gestão e gerenciamento dessas áreas. O
objetivo principal deste trabalho é analisar as políticas públicas de um modo geral em
relação à arborização urbana nos municípios. Este estudo busca diagnosticar a
situação atual da arborização urbana na cidade de Limeira e ponderar os aspectos
relacionados, como a educação e fiscalização ambiental, verificando de que maneira
essas questões podem impactar na qualidade de vida da população. O conceito de
políticas públicas se baseia em um sistema dotado de múltiplas interfaces, o qual inclui
iniciativas, ações, investimentos e prioridades por parte do poder público decorrentes
das demandas da sociedade. Diante disso, surgem orientações que refletem nas
legislações e demais instrumentos públicos, os quais dão diretrizes de forma a garantir
a organização de um país, estado ou município, e fomentar a democracia. Assim, este
trabalho tem como finalidade estudar a influência das políticas públicas na arborização
urbana, os incentivos existentes por parte dos níveis federal e estadual, apresentando
um panorama sobre a cidade de Limeira e os impactos destes itens aos habitantes.

Palavras-chave: Arborização Urbana. Políticas Públicas. Qualidade de vida.


Urbanização.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Localização do município de Limeira no estado de São Paulo.....................22


Figura 2. Vista aérea da cidade (Faculdade de Engenharia de Limeira) – 1976..........24
Figura 3. Técnica dos três cortes para remoção de galho em seu ponto de origem.....29
Figura 4. Projeção de copa na área urbana de Limeira...............................................32
Figura 5. Cronograma do Plano de Arborização Urbana.............................................32
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Calendário Ambiental Do Município De Limeira..........................................34


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ONU Organização das Nações Unidas

PNEA Política Nacional de Educação Ambiental

MMA Ministério do Meio Ambiente

AVU Áreas Verdes Urbanas

CAU Cadastro Ambiental Urbano

PMVA Programa Município VerdeAzul

BIO Biodiversidade

AU Arborização Urbana

EA Educação Ambiental

EM Estrutura Ambiental

CA Conselho Ambiental

ID Indicadores de Desempenho

DAP Diâmetro à altura do peito

FECOP Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição

CONSEMA Conselho Estadual do Meio Ambiente

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

NBR Norma Brasileira

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

APP Áreas de Preservação Permanente

TCRA Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental

DEA Departamento de Educação Ambiental


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................09
1.1. Cenário Brasileiro......................................................................................10
2. OBJETIVOS...........................................................................................................12
2.1. Geral.........................................................................................................12
2.2. Específicos................................................................................................12
3. METODOLOGIA.....................................................................................................12
3.1. Materiais e Métodos..................................................................................12
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................13
4.1. Políticas Públicas Ambientais, Gestão Ambiental e Legislação.................13
4.2. Educação Ambiental.................................................................................15
4.3. Fiscalização Ambiental.............................................................................16
4.4. Influência das Políticas Públicas Ambientais na Arborização Urbana.......16
4.5. Incentivos Estaduais e Federais na Arborização Urbana nos Municípios..17
4.6. Estudo de Caso (Município de Limeira/SP)...............................................22
5. CONCLUSÕES......................................................................................................36
6. REFERÊNCIAS......................................................................................................38
9

1. INTRODUÇÃO

Durante as últimas décadas, vimos a crescente migração da população


rural para centros urbanos. As cidades acabaram sofrendo um crescimento muito
rápido, na grande maioria das vezes desordenado e sem planejamento, ocasionando
assim diversos problemas que interferem principalmente na qualidade de vida dos
residentes. (PIVETTA & SILVA FILHO, 2002)

De acordo com MORO apud ZINKOSKI & LOBODA (2005), a constante e


desenfreada urbanização nos permite constatar problemas cruciais de
desenvolvimento desproporcional entre as cidades e a natureza.

O tema referente à arborização urbana em território nacional é considerado


recente, e com evolução lenta, na qual as administrações públicas e as comunidades
devem se envolver, cumprindo diferentes papéis. Nas cidades que detêm de um
planejamento das arborizações, o principal desafio consiste em tornar o ambiente
urbano diversificado com relação às espécies empregadas, com maior
homogeneidade e envolvente no que diz respeito à paisagem. (MELO & ROMANINI,
2005)

A presença de áreas arborizadas em cidades tem diversas importâncias.


Segundo PAIVA & GONÇALVES (2002): “A vegetação urbana contribui para a
harmonia da paisagem quebrando a dureza e rigidez do concreto, criando linhas mais
suaves e naturais”.

De acordo com GRAZIANO (1994), a vegetação urbana desempenha


funções consideradas essenciais nos centros urbanos. Sob a ótica fisiológica, agrega
valor pela capacidade de produzir sombra, filtrar ruídos, melhoria da qualidade do ar
e absorção de gás carbônico, amenizando as temperaturas.

No processo de implantação de projetos de arborização urbana, é essencial


que se tenha um planejamento adequado, especificando muito bem os objetivos e a
definição das prováveis metas, sendo elas qualitativas e quantitativas. A partir da
elaboração, deve-se ter a ciência de que, caso este projeto não tenha a clareza
demandada, sua implantação e efeito ficam comprometidos (MILANO & DALCIN,
10

2000). Essa ideia também é citada por Souza abrangendo maiores detalhes
(CABRAL, 2013):

[…] “arborizar não é plantar mudas, ao acaso, na cidade. As árvores do


perímetro urbano são constantemente ameaçadas pelo descuido da
população e do Poder Público e pela instalação ou mesmo localização dos
equipamentos destinados ao atendimento das necessidades públicas (rede
elétrica, de água e esgoto, por exemplo). Assim, é de suma importância a
correta orientação das prefeituras acerca do planejamento da arborização
urbana, desde a escolha adequada da espécie até a forma de plantio e
conservação das árvores, sem que estas interfiram nos serviços e
equipamentos de utilidade pública evitando ainda o sacrifício das árvores,
prejudicando o paisagismo urbano.”

Um dos maiores problemas da arborização sem o devido planejamento


ocorre por conta do plantio de espécies não condizentes com as localidades em que
são alocadas, como por exemplo, espécies de grande porte. Isto ocorre, e é comum
em diversos municípios brasileiros, causando sérios prejuízos, como rompimento de
fios elétricos de alta tensão, entupimentos de redes de esgoto, obstáculos para a
circulação, quebra de pavimentos e acidentes com munícipes, edificações e veículos.
(TAKAHASHI, 1992)

A arborização urbana também é uma questão em que a responsabilidade


não é exclusividade apenas do poder público. Para o seu desenvolvimento é
necessário que haja cooperação, interesse, envolvimento, parceria e adesão da
sociedade, adotando-se estratégias de planejamento e gestão compartilhada,
permitindo que assim a comunidade adquira o aprendizado necessário e contribua
para o crescimento de seu empoderamento.

1.1. Cenário Brasileiro

O ponto inicial de aproximação e tentativa de equilíbrio entre o meio


ambiente e os direitos humanos se deu através da Conferência Internacional de
Estocolmo em 1972, na qual a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas
– ONU levantou discussões políticas acerca da conservação ambiental, resultando,
só em 1987, no Relatório de Brundtland (LE PRESTE, 2000). A partir desta
Conferência, criou-se no Brasil algumas legislações, citando-se a Lei nº 6.803/80, que
dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de
poluição, englobando a permanência de anéis verdes nos espaços de ocupação
(BRASIL, 1980, Art. 2º), a Lei nº 6.938, de 31 de Agosto de 1981, que estabeleceu a
11

Política Nacional do Meio Ambiente, propondo diretrizes de desenvolvimento


sustentável à federação (RIOS, 2005), a Lei da Ação Civil Pública (BRASIL, 1985),
além da Constituição Federal de 1988 (Arts. 23, 24, 30, 182, 216 e 225) – a qual
menciona com clareza a obrigatoriedade da elaboração do Plano Diretor como
instrumento de planejamento urbano para municípios com população superior a vinte
mil habitantes (BRASIL, 1988). A partir daí, novas políticas que contemplam o tema
de meio ambiente foram produzidas, como a Lei nº 9.605/1998 (BRASIL, 1998), a Lei
do Snuc (BRASIL, 2000), o Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001), a Lei da Mata
Atlântica (BRASIL, 2006), o Código Florestal (BRASIL, 2012), a Lei nº 13.731/2018
(BRASIL, 2018), entre outras, incluindo-se as normas estaduais e municipais
específicas.

A arborização urbana, é portanto, classificada como auxiliadora na


composição do meio ambiente, considerada um bem jurídico no qual todos temos
direito à qualidade (SILVA, 2004), possibilitando a efetividade dos atos municipais, de
acordo com REIS (2004, pp. 363/364), sendo eles: “legislar sobre a matéria ambiental;
promover a educação ambiental; criar e organizar sua Secretaria Municipal de Meio
Ambiente; criar e organizar o Conselho Municipal de Meio Ambiente; instituir e manter
o Fundo Municipal de Meio Ambiente; integrar o Sistema Nacional do Meio Ambiente;
exercer a fiscalização ambiental; realizar o licenciamento ambiental”.
12

2. OBJETIVOS

2.1. Geral

Considerando as dificuldades enfrentadas pelos municípios na elaboração


de um plano de arborização urbana, o presente trabalho tem como finalidade realizar
uma análise, com diagnósticos nos aspectos qualitativos do município de Limeira -
São Paulo, e identificar oportunidades de melhorias em todas as esferas (federal,
estadual e municipal).

2.2. Específicos

• Estudar a influência das Políticas Públicas Ambientais no tema de


arborização urbana;
• Analisar e apontar incentivos federais e estaduais quanto à
arborização urbana dos municípios;
• Realizar um estudo de caso na cidade de Limeira/SP, destacando
aspectos na fiscalização e educação ambiental;

3. METODOLOGIA

3.1. Materiais e Métodos

A ideia de se realizar um estudo sobre a arborização urbana surgiu a partir


de um questionamento para esclarecimento acerca de alguns conceitos e de que
maneira acontece o planejamento, gestão e gerenciamento sobre o tema. A partir
disso, surgiram outras questões sobre como a arborização urbana e a educação
ambiental podem influenciar na qualidade de vida das pessoas, procurando entender
como os níveis do poder público (federal, estadual e municipal) interferem e atuam na
sociedade como um todo.
Para este estudo, utilizando-se de uma abordagem qualitativa, foram
realizadas técnicas de levantamento e revisão bibliográfica, levantamento e análise
de documentos, sendo estes extraídos de bibliotecas digitais, livros, artigos científicos
13

e sites oficiais; análise de políticas públicas através de legislações e documentos


governamentais, além da metodologia de estudo de caso para o município de
Limeira/SP, buscando entender mais a fundo os assuntos abordados e relacionar a
teoria com a prática.
A pesquisa bibliográfica se caracteriza por um estudo fundamentado nas
referências literárias, documentos e narrativas orais que viabilizam inúmeras análises
dos fatos, fenômenos e pensamentos. À medida em que há um estudo mais
aprofundado, surgem novas interpretações e compreensões acerca de determinadas
circunstâncias, pessoas, assuntos ou comunidades. (CRESWELL, 1997 apud SATO,
2001, p. 25)
Já o estudo de caso é um dos diversos métodos de se realizar uma
pesquisa, uma vez que possibilita analisar um fenômeno contemporâneo, ou seja,
estuda-se um caso em contexto real ao invés de um caso histórico. Assim, permite
que haja uma coleta de dados concretos através de documentos, se tornando um
método proficiente para efetivar-se uma avaliação. (YIN, 2015)

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1. Políticas Ambientais, Gestão Ambiental e Legislação

Políticas públicas ambientais se caracterizam por um conjunto de objetivos,


diretrizes e instrumentos disponibilizados pelo poder público afim de se gerar
resultados desejáveis de modo integrado e preventivo sobre o meio ambiente,
conduzindo a gestão ambiental por meio de ações originárias do poder público.
(BARBIERI, 2007)
Diante deste contexto, as políticas públicas ambientais exercem papéis
fundamentais na função da proteção ao meio ambiente, integrando tal proteção às
diversas metas da vida social, proporcionando assim uma melhor qualidade de vida,
uma vez que têm a incumbência incisiva e decisiva nos modos de vida e produção,
propiciando o desenvolvimento econômico-social e a garantia da preservação de
recursos às gerações futuras. (SALHEB; et al., 2009)
Os projetos, programas e planos são instituídos através das políticas
públicas e compreendem os tipos de conduta a serem elaborados para que os
14

objetivos pré-estabelecidos sejam efetivos, definindo dessa forma os instrumentos de


gestão e como eles são colocados em prática. (FREIRIA, 2011)
Portanto, segundo BARBIERI (2007), a gestão ambiental pública define-se
como uma das ações delimitadas pelo poder público e conduzidas de acordo com a
política pública ambiental, ou seja, define-se como um complexo de diretrizes, das
quais incluem: planejamento, direção, controle, alocação de recursos, entre outras,
exercidas para a obtenção de efeitos ambientais positivos, seja reduzindo, eliminando
ou evitando eventuais danos ou problemas provenientes das atuações humanas.
Assim, os diferentes níveis de governo (Federal, Estadual e Municipal)
desempenham funções diversificadas em relação à execução da gestão pública
ambiental, que deve ser fundamentada em um agrupamento dos aspectos
institucionais, legais e técnicos para obter-se os objetivos e metas da política
ambiental formulada. (MAGLIO, 2000)
Sendo a gestão ambiental caracterizada pelo diálogo entre os mecanismos
do planejamento e gerenciamento e a política ambiental, torna-se fundamental a
realização de análises e estudos direcionados à adequação do uso, controle e
proteção do meio ambiente, os quais necessitam ser executados, administrados e
monitorados. (SANTOS, 2004)
O Planejamento Ambiental é visto por FRANCO (2008) como o
planejamento das ações humanas (da antropização) na localidade, considerando-se
a eficácia de sustentação dos ecossistemas locais e regionais, ponderando as
demandas continental e planetária, tendo em vista melhorar a qualidade de vida
humana inserida em uma ética ecológica. É, portanto, também um Planejamento
Territorial Estratégico, Econômico-ecológico, Sociocultural, Agrícola e Paisagístico,
para o qual se obtém êxito ao considerar que há a necessidade da
interdisciplinaridade, abrangendo-se todas as áreas que, de alguma forma, constituem
o ambiente a receber o planejamento.
Já se tratando de legislação, esta cada vez mais se concretiza sobre
conceitos e ferramentas da gestão, tendo que, quanto mais amplo os saberes desses
conceitos e ferramentas de gestão, mais extensa é a perspectiva de concretização da
respectiva legislação e, consequentemente, da política ambiental (FREIRIA, 2011). A
legislação torna-se essencial para o estabelecimento de normas, sem as quais as
administrações privam-se de administrar os bens e os serviços de suas respectivas
responsabilidades. A legislação, sobretudo no que diz respeito à arborização urbana,
15

é uma inquietação antiga, embora ainda existam muitas cidades sem uma legislação
adequada ou mesmo inexistente. (PAIVA e GONCALVES, 2002)

4.2. Educação Ambiental

Mundialmente, o tema ganha destaque nos últimos anos diante da crise


ambiental e vem sendo colocado em pauta nas grandes Conferências de Meio
Ambiente, evidenciando a Educação Ambiental como uma forte ferramenta para a
amenização da crise mencionada. (DIAS, 2016)
No Brasil, a educação ambiental foi reconhecida politicamente através da
promulgação da Lei 9.795 de 27 de abril de 1999, a qual instituiu a Política Nacional
de Educação Ambiental – PNEA e possibilitou posteriormente a instituição da
obrigatoriedade em incluir-se a Educação Ambiental nas instituições educacionais
(RUSCHEINSKY, 2012), e se define como uma forma de educação para a cidadania,
sensibilizando as pessoas para incentivá-las a defender a qualidade de vida na qual
são submetidas. Nesse contexto, tal conceito recebe a função de transformar cada
vez mais as formas de interação dos indivíduos com a natureza, objetivando o
desenvolvimento sustentável (TAMAIO, 2000). No âmbito estadual há também a
Política Estadual de Educação Ambiental, instituída através da Lei nº 12.780, de 30
de novembro de 2007 baseada na própria PNEA e na Política Estadual do Meio
Ambiente, salientando-se que a educação ambiental é uma questão essencial a ser
inserida em todos os níveis de processos educativos. (SÃO PAULO, 2007)
A situação de degradação do meio ambiente requere uma transformação
que só é possível mediante um governo comprometido com as questões ambientais,
éticas e sociais. Diante disso, destaca-se a importância do enquadramento da
sociedade às atividades ambientais, criando comprometimento entre ambas as partes.
Entretanto torna-se um desafio envolver todas as classes sociais para que atuem
juntos em busca de um bem comum e rompam barreiras geográficas e culturais a fim
de compreender a interação entre o meio ambiente e a inclusão social e econômica,
requerendo sobretudo uma mudança de intelecto, hábitos e comportamentos.
(RUSCHEINSKY, 2012)
16

4.3. Fiscalização Ambiental

Uma das ferramentas cruciais para se manter a proteção ao meio ambiente


é a fiscalização ambiental, que garante tal proteção em qualquer esfera
socioeconômica, evitando que desastres ambientais aconteçam e assegurando que
as legislações vigentes sejam cumpridas.
O desenvolvimento de ações de controle e a vigilância são
responsabilidades atribuídas à fiscalização, visando impedir ou minimizar danos e
atividades prejudiciais ao meio ambiente e que não estão autorizadas pelos órgãos
ambientais competentes (CIONEK et al., 2019). Através das autuações
administrativas tais órgãos tornam-se aptos a punir os infratores com base nas
sanções previstas em lei, possibilitando inclusive a inclusão do próprio infrator a
reparar os danos ambientais ocasionados. (RÉGIS; MOREIRA; PINTO, 2016)
Em 1998 houve a publicação da Lei Federal de Crimes Ambientais nº 9.605
que colocou em pauta os assuntos sobre a aplicação de atividades disciplinares e
compensatórias em casos de descumprimento das determinações fundamentais à
proteção ambiental, determinando ainda maneiras e ações a serem tomadas pelas
autoridades competentes com a finalidade de autuar os infratores (BRASIL, 1998). A
nível estadual, a Lei nº 9.509, de 20 de março de 1997 dispõe sobre a Política Estadual
do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, propondo
princípios que assegurem qualidade de vida e meio ambiente ecologicamente
equilibrado à todos os cidadãos da presente e futuras gerações, incluindo o tema de
fiscalização em todo o contexto ambiental. (SÃO PAULO, 1997)

4.4. Influência das Políticas Públicas Ambientais na Arborização Urbana

Diante da necessidade do aumento e disposição adequada da arborização


urbana, há objetivos a serem estabelecidos com clareza no planejamento para que os
benefícios das árvores se concretizem e realcem seus aspectos positivos na cidade
(YAMAMOTO et. al. 2004). Assim, a elaboração de um plano de arborização é
fundamental para definir detalhadamente normas, metas, diretrizes e ações visando o
cumprimento de objetivos específicos, seja de curto, médio ou longo prazo, resultando
no Plano Diretor da Arborização Urbana. Dessa forma, torna-se cada vez mais
evidente a importância do planejamento ambiental aliado ao fomento às políticas
17

públicas, facilitando a interação entre o setor público e a sociedade para que se


obtenha êxito na realização de seus objetivos. (ARAUJO E ARAUJO, 2011)
Tendo em vista os problemas de arborização urbana enfrentados, e que
estes podem acarretar em prejuízos à qualidade de vida da sociedade, o controle de
atividades e procedimentos possivelmente nocivos podem ser evitados ou
amenizados através da concretização e aplicação da legislação, tornando o poder
público o principal responsável sobre este tema e que consequentemente detém o
maior poder de decisão. (MILANO, 1987)

4.5. Incentivos Estaduais e Federais na Arborização Urbana nos Municípios

A conservação da arborização urbana respalda-se em legislações


específicas, estando prevista na Constituição Federal de 1988, artigo 225 em que:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”
(BRASIL, 1988) e em diversas outras leis federais e estaduais que trazem à tona o
assunto abordado.
De modo geral, atualmente há poucas informações concretas a respeito da
cobertura vegetal nas áreas urbanas e não existem orientações técnicas ou
recomendações nacionais desenvolvidas que direcionem os municípios brasileiros.
Diante deste contexto e levando-se em conta que a gestão da arborização é um
grande desafio para as cidades, o Governo Federal, através do Ministério do Meio
Ambiente – MMA, lançou recentemente em 21 de setembro de 2020 o Programa
Cidades+Verdes, com o intuito de melhorar a qualidade ambiental através do apoio
aos municípios e promover a execução de projetos de criação, ampliação,
recuperação e integração das Áreas Verdes Urbanas – AVU a curto e médio prazo,
anunciando abertamente seu Plano de Ação juntamente às demais informações do
projeto. Os quatro objetivos firmados neste programa são:
• Criar, ampliar, recuperar e integrar áreas verdes urbanas;
• Aprimorar a gestão ambiental urbana por meio de ferramentas de
mapeamento e monitoramento das áreas verdes urbanas;
• Estabelecer diretrizes, indicadores, categorias e tipologias para o
planejamento, implantação e monitoramento de áreas verdes urbanas;
18

• Melhorar a qualidade de vida nas cidades, valorizando a prestação de


serviços ecossistêmicos dessas áreas.
Nesse sentido, evidencia-se mais uma vez a responsabilidade dos
governos federal e estadual a instituir normas e orientações técnicas acerca do
desempenho dos municípios sobre a gestão ambiental de suas jurisdições. Para
salientar o apoio federal à tal gestão, o MMA criou então o Cadastro Ambiental Urbano
– CAU, uma ferramenta em plataforma digital que permite mapear e conceder
informações sobre AVU, possibilitando dois módulos para acesso: CAU Gestor
(direcionado aos gestores e técnicos dos níveis federal, estadual e municipal com a
função de cadastro e devidas características das AVU); e Módulo Cidadão
(direcionado à todos os cidadãos que desejam obter acesso às informações sobre as
AVU cadastradas na plataforma e também possibilita a inclusão de avaliações das
mesmas). O objetivo desta ferramenta é auxiliar o cadastramento das áreas verdes
urbanas e consequentemente estimular o aumento da frequência nestes ambientes
por parte da população, de forma a gerar avaliações das áreas e ainda contribuir para
o aperfeiçoamento da gestão ambiental em si.
Diante da necessidade constante de fomentos a ações locais, definiu-se
ainda no Programa Cidades+Verdes diretrizes e indicadores gerais para uma gestão
municipal satisfatória:
• Realização de ações concretas para melhoria da qualidade de vida nas
cidades e do bem-estar dos cidadãos, assegurando o acesso às
informações e melhor aproveitamento dessas áreas;
• Realização de mapeamento, avaliação e cadastro das áreas verdes
urbanas, assim como ações para a conservação da biodiversidade, a
conectividade e o conceito de infraestrutura verde, com a utilização de
soluções baseadas na natureza para a solução de problemas urbanos;
• Consolidação de informações e divulgação das AVU, incluindo seus
atributos históricos, sociais e culturais, bem como promoção da
cidadania ambiental, aumentando a acessibilidade e a participação da
sociedade;
• Identificação do potencial econômico, necessidades e formas de
financiamento e instrumentos de gestão;
19

• Promoção da sustentabilidade e da qualidade de vida da população por


meio de áreas verdes urbanas com acesso equitativo, seguro e
democrático e com infraestrutura que garanta acessibilidade e inclusão;
• Promoção da mitigação dos impactos de eventos climáticos extremos e
dos riscos socioambientais;
• Potencialização dos serviços ecossistêmicos e estímulo à utilização de
áreas verdes urbanas como soluções baseadas na natureza para
recuperação de áreas degradadas e para prevenção, mitigação e
superação de desafios sociais e ambientais locais;
• Incentivo ao uso de áreas verdes urbanas para esporte, lazer e ações
de educação ambiental, em consonância com a Lei nº 9.795/1999;
• Priorização do uso de espécies nativas na arborização urbana e na
criação, recuperação, ampliação e manutenção de áreas verdes
urbanas;
• Promoção da preservação do patrimônio físico, cultural e histórico das
AVU;
• Geração de trabalho, emprego e renda em atividades econômicas e
culturais sustentáveis no âmbito do planejamento e gestão de áreas
verdes urbanas;
• Promoção da conservação da biodiversidade e do patrimônio genético
e do uso sustentável das áreas verdes urbanas;
• Incentivo à criação de mecanismos específicos de financiamento para
criação, recuperação, conexão, manutenção, conservação e utilização
de áreas verdes urbanas;
• Estímulo ao alinhamento entre políticas setoriais municipais e de
articulação interfederativa para o planejamento e a gestão integrada de
áreas verdes urbanas;
• Priorização das áreas de vulnerabilidade social e ambiental no
planejamento e gestão para criação, ampliação, recuperação,
integração e manutenção de áreas verdes urbanas;
• Valorização do contexto local e da perspectiva sistêmica no
planejamento e gestão das áreas verdes urbanas;
20

• Incentivo ao desenvolvimento e utilização de ferramentas tecnológicas


nos processos de planejamento, monitoramento e gestão das AVU.

Os indicadores por sua vez, são estabelecidos com a finalidade de realizar


um panorama e uma avaliação dos municípios, relacionando-os com os inúmeros
benefícios que as áreas verdes podem proporcionar à população. (BRASIL, 2020)
Por parte do governo estadual de São Paulo, a Secretaria de Estado do
Meio Ambiente (atual Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente) lançou em 2007
o Programa Município VerdeAzul – PMVA, com o propósito de mensurar ano a ano a
efetividade da gestão ambiental e dar apoio aos municípios paulistas na estruturação
e aplicação das políticas públicas dirigidas ao desenvolvimento sustentável do Estado
e assim impulsionar a questão ambiental na agenda das prefeituras e incentivar o
fortalecimento do planejamento ambiental por parte do Poder Público. A estratégia
utilizada para integrar o programa aos municípios voluntariados se dá através de dez
diretivas, das quais algumas se relacionam com o tema de arborização urbana:
• Diretiva 3 – Biodiversidade – BIO: Proteger e/ou recuperar áreas
estratégicas para a manutenção da biota;
• Diretiva 4 – Arborização Urbana – AU: Incrementar a gestão do meio
ambiente urbano por meio do planejamento e definição de propriedades
para a arborização urbana;
• Diretiva 5 – Educação Ambiental – EA: Implementar a Educação
Ambiental no âmbito formal e informal em três eixos: formação,
capacitação e mobilização da comunidade;
• Diretiva 9 – Estrutura Ambiental – EM: Estimular o fortalecimento das
Secretarias / Departamentos / Diretorias de Meio Ambiente;
• Diretiva 10 – Conselho Ambiental – CA: Estimular o funcionamento
regular dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente.
Por meio de Indicadores de Desempenho – ID relacionados à cada uma
das 10 diretivas, os municípios participantes entregam uma série de documentos
comprobatórios que permitem atribuir notas e gera-se um ranking com todas as
cidades e suas devidas posições. Os ID inseridos na diretiva 4 de Arborização Urbana
contemplam:
21

• Instituir Lei regulamentada contendo a obrigatoriedade de implementar


arborização urbana em novos parcelamentos do solo, às expensas do
empreendedor, contendo responsável técnico, garantia de implantação
e conservação do projeto, período de manutenção, porte, diâmetro à
altura do peito – DAP, número de espécies, fiação (implantada na face
que recebe o sol da manhã – faces sul e/ou leste) e avaliação pelo
Conselho Municipal de Meio Ambiente (AU1);
• Plano de Arborização Urbana (AU2);
• Piloto de Floresta Urbana, caracterizado pela apresentação do projeto
de instalação e implantação em 2013, em pelo menos 100 m de via
pública, nos dois calçamentos, em área viária carente de arborização
(AU3);
• Proporcionalidade à projeção de copa total no perímetro urbano (áreas
públicas e particulares), tomando como referência a meta bianual de
12% da área urbana, excetuando as árvores utilizadas para
reflorestamento comercial (importante: adicionar a avaliação da
distribuição de árvores na área urbana) (AU4);
• Existência de viveiros municipais ou consorciados (AU5);
• Banco de sementes de árvores nativas da região (AU6).

O sistema de pontuação do Programa associa-se à efetivação das diretivas


e consequentemente às atividades cumpridas no município. Deste modo, se uma
cidade já executou uma ação em um ano e pontuou por ela, deve criar novos projetos
e ações para aumentar sua pontuação e subir de posição no ranking. Os municípios
que atingem a nota superior a 80 (oitenta) pontos e cumprem todos os outros
requisitos são premiados com o “Certificado Município VerdeAzul”, o qual atesta uma
boa qualidade na gestão ambiental municipal e concede preferência na obtenção de
recursos do Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição – FECOP. Aqueles
municípios que lideram o ranking recebem o “Prêmio Governador André Franco
Montoro”, uma homenagem ao criador do Conselho Estadual do Meio Ambiente –
CONSEMA. Assim, o fomento à formulação e execução de políticas públicas se dá
através das características locais de cada município e o PMVA torna-se uma
ferramenta útil e transparente à toda sociedade. (SÃO PAULO, 2013)
22

4.6. Estudo de caso (Município de Limeira/SP)

Situado no estado de São Paulo (Figura 1), o município de Limeira se


localiza a 154 km da capital, ante as coordenadas 22º33’54” de Latitude Sul e
47º24’09” de Longitude Oeste, pertencendo à Região Administrativa de Campinas
(LIMEIRA, 2018). Estando a 576 (quinhentos e setenta e seis) metros acima do nível
do mar, apresenta um clima quente e temperado, com uma temperatura média anual
de 20,5 ºC e pluviosidade média anual de 1284 milímetros (CLIMATE-DATA.ORG,
2020). Sua área territorial total corresponde cerca de 581,47 km², sendo que destes,
165,17 km² se caracterizam como área urbana, entretanto, considera-se apenas 61,33
km² devido à presença de um corredor industrial (LIMEIRA, 2018). Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2020), a população estimada do
município é de 308.482 habitantes.

Figura 1: Localização do município de Limeira no estado de São Paulo. Fonte:


PASCOALINO (2008)

A história da cidade se inicia semelhante à de tantas outras cidades


interioranas do estado de São Paulo, através da exploração econômica e expedições
das tropas. Como naquela época os exploradores se locomoviam a pé ou fazendo uso
de burros e mulas, a alimentação era escassa e se limitava aos frutos fornecidos pela
natureza ou até mesmo pela caça. Para amenizar este problema, uma parte da tropa
partia antecipadamente e levava alguns alimentos nativos, fazendo uma pequena
plantação de roça para conceder o sustento necessário ao restante da tropa que
23

chegaria depois. Essas roças ganharam o nome de pousos ou ranchos, e um deles


chamava-se “Rancho do Morro Azul”, localizado no sertão “Tathuiby” às margens do
rio Ribeirão Tatu, o qual já era povoado por pequenas tribos indígenas e grupos de
caboclos, porém que permaneciam por no máximo seis ou sete anos no mesmo local.
Já no fim do século 18 e começo do século 19, o sertão Tathuiby começou a ser
povoado definitivamente por posseiros da região, entretanto o governo iniciou a
doação de sesmarias, que acabou afastando os grupos para outras terras mais
distantes e deu origem às primeiras fazendas pertencentes aos “donos legais”. Entre
eles estavam Capitão Luis Manoel da Cunha Bastos, Bento Manoel de Barros, José
Ferraz de Campos, Nicolau de Campos Vergueiro e Manoel Rodrigues Jordão, que
em meados de 1815 iniciaram o plantio e posteriormente a comercialização de cana-
de-açúcar em suas propriedades. Oito anos depois, com o intuito de facilitar essa
comercialização, o governo concedeu autorização para a construção de uma estrada
que ligaria Morro Azul a Campinas, dando abertura também para a construção de
estalagens, casas, vendas e pontes. Em 1826 a estrada foi inaugurada e o Capitão
Luis Manoel da Cunha Bastos cedeu 112,5 alqueires para a formação de um povoado,
juntamente com a construção de uma capela, esta marcando o ano de fundação do
distrito em 1830, chamado inicialmente de Nossa Senhora das Dores do Tatuibi e
subordinado ao município de Piracicaba. No ano de 1842 desmembrou-se de
Piracicaba e foi elevado à categoria de município, e apenas em 1863 foi renomeado
com o nome de Limeira. (IBGE, 2020)
BRITO (2010) constata que não houve eficácia no desenvolvimento da
cidade através do planejamento urbano, observando-se por meio do mapa municipal
que os conjuntos habitacionais e loteamentos foram instalados bem afastados do
centro, gerando assim conflitos e dificuldade de deslocamento dos munícipes aos
serviços públicos oferecidos, criando o que chama de “vazios urbanos”, estes sendo
bem valorizados devido à especulação imobiliária ao longo do tempo (Figura 2).
24

Figura 2: Vista aérea da cidade (Faculdade de Engenharia de Limeira) – 1976. Fonte:


IBGE (2020)

“O crescimento desordenado das cidades brasileiras e as consequências


geradas pela falta de planejamento urbano despertaram a atenção de
planejadores e da população no sentido de se perceber a vegetação como
componente necessário ao espaço urbano. Dessa forma, mais
expressivamente, a arborização passou a ser vista nas cidades como
importante elemento natural atuando como reestruturador do espaço urbano,
pois as áreas bastante arborizadas apresentam uma aproximação maior das
condições ambientais normais em relação ao meio urbano que apresenta,
entre outros, temperaturas mais elevadas, particularmente, nas áreas de
elevados índices de construção e desprovidas de cobertura vegetal.”
(CARVALHO, 1982, p. 63)

O conceito de Arborização Urbana em Limeira torna-se um dos mais


essenciais na questão de gestão urbana, estabelecendo-se pela ideia de abrangência
de toda a vegetação instituída no cenário ou paisagem do município, integrando
planos, projetos e programas urbanísticos. Pela existência de diferentes
características de cada região municipal, a arborização urbana é administrada de
forma diversificada dentro da própria cidade, diferenciando assim: arborização de
áreas verdes (parques, bosques, praças e jardins) e arborização em vias públicas
(passeios públicos, avenidas, canteiros centrais e rotatórias), sendo esta última a mais
necessitada de planejamento e conscientização ambiental pelo fato de coexistir com
espaços determinados pelos loteamentos e edificações, podendo criar conflitos e
prejuízos à qualidade de vida humana, que no entanto poderiam ser evitados através
das legislações e planejamento. (LIMEIRA, 2018)
“As condições de artificialidade dos centros urbanos em relação às áreas
naturais têm causado vários prejuízos à qualidade de vida dos habitantes.
Sabe-se, porém, que parte desses prejuízos pode ser evitado pela legislação
e controle das atividades urbanas e parte amenizada pelo planejamento
25

urbano, ampliando-se qualitativamente e quantitativamente as áreas verdes


e arborização de ruas.” (MILANO, 1987)

A Lei Complementar nº 442/09, que dispõe sobre o Plano Diretor Territorial-


Ambiental do Município de Limeira e dá outras providências, prevê em seu capítulo IV
a Estratégia de Requalificação Ambiental, a qual aponta algumas diretivas que
garantam o equilíbrio entre a ocupação urbana e a preservação do meio ambiente,
entre elas a elaboração do Código Ambiental Municipal e o Plano de Arborização
Urbana. (Plano Diretor – Prefeitura Municipal de Limeira, 2009)
De acordo com o Plano Municipal de Arborização Urbana (2018)
estabelecido, o objetivo deste documento é propor diretrizes e ações a fim de que a
gestão da arborização urbana seja instituída e embasada no planejamento e na
responsabilidade, determinando cronogramas de plantio e visando adequar a
arborização urbana existente às características dos locais em que ela está inserida.
O planejamento por sua vez, desempenha o papel de conduzir a
arborização urbana de acordo com sua localização e analisar áreas aptas a serem
arborizadas, colocando em prioridade a diversificação da flora e consequentemente a
atração da avifauna. No entanto, a situação em que o planejamento seja ineficiente
ou inexistente é considerada a maior causa de oposições entre os munícipes e as
árvores, resultando em um número elevado de solicitações de remoção dos indivíduos
arbóreos. Constata-se ainda que a maioria destas solicitações vem acompanhada de
justificativas como danos ao passeio público, preocupação pela queda de galhos
devido à altura das árvores, ou até mesmo a queda de folhas – fase natural
pertencente ao ciclo de vida dos indivíduos arbóreos. Evidencia-se, portanto, uma
carência de informações e conscientização por parte da sociedade quando se trata do
assunto arborização, destacando-se que das mais de mil solicitações de remoção,
apenas 20% são deferidas por apresentarem motivos plausíveis para tal. (LIMEIRA,
2018)
É no planejamento que se engloba o minucioso estudo acerca das
condições ambientais e físicas locais, adicionado ao empenho de se optar por
espécies adequadas que tenham a função de refrear futuros problemas, e assim
perfazer as metas da arborização. (MIRANDA, 1970)
A adequação da arborização urbana encarrega-se de substituir
gradativamente as espécies consideradas inadequadas, que estejam em divergência
com as condições urbanas por incompatibilidade das espécies com os aspectos
26

locais. Atualmente em Limeira há pouca diversidade de espécies, o que favorece o


aparecimento de pragas e doenças e que consequentemente leva ao aumento do
número de solicitações de remoção.
Desse modo, o Plano Municipal de Arborização Urbana (2018) estabelece
algumas metas a serem cumpridas:
• Aumentar a diversidade de árvores na cidade de Limeira;
• Incrementar o coeficiente de projeção de copa da zona urbana do
município de Limeira ao limite mínimo de 25%;
• Capacitar tecnicamente os funcionários para a realização do manejo da
arborização urbana a fim de melhorar a qualidade do serviço prestado,
consolidando as atividades de plantio, poda e substituição;
• Criar programas de educação ambiental visando a conscientização da
importância da arborização urbana;
• Reflorestar as áreas verdes e áreas de preservação permanente da
zona urbana;
• Substituir paulatinamente as árvores com estado fitossanitário
comprometido ou inadequadas ao local.
Como estratégias para atingir as metas delimitadas, propõe-se algumas
ações:
• Inventário arbóreo: A criação de um novo inventário arbóreo é
fundamental para se estabelecer um estudo detalhado e conduzir ações
de plantio, manutenção, poda e substituição das árvores em vias
públicas, juntamente com a restauração e preservação das áreas
verdes existentes. Nesse estudo, a inclusão das características é
primordial, especificando a localização, espécie, altura, DAP e demais
propriedades fitossanitárias, além da realização de uma análise
averiguando se há alguma interferência relevante em seu entorno. Para
as áreas verdes e de preservação permanente, faz-se necessário o uso
de aerofotografias e ortofotos para se obter a catalogação.
• Programa de Recuperação de Áreas Degradadas: O objetivo deste
programa é reflorestar em doze anos, apenas com espécies nativas,
todas as áreas verdes e de preservação permanente da zona urbana
das quais a municipalidade possui título de propriedade, plantando-se
27

aproximadamente um hectare por ano, resultando ao final 1700 (mil e


setecentas) mudas.
• Produção de Mudas em Viveiro Próprio: São atribuídas aos viveiros
municipais as tarefas de produzir 50 (cinquenta) mil mudas anuais;
identificar, cadastrar e proteger árvores matrizes utilizadas na geração
de sementes e mudas; instituir um banco de sementes nativas
utilizando-se material genético regional; disseminar e perpetuar
espécies nativas no município; e viabilizar a troca de técnicas, sementes
e mudas com os demais municípios do Estado de São Paulo.
o Seleção, Aquisição e Manejo de Mudas: este tópico aborda algumas
características mínimas das mudas a serem plantadas em vias
públicas, como altura, DAP, bom estado fitossanitário, etc.; e
daquelas a serem utilizadas também em projetos de recomposição,
enriquecimento e recuperação florestal, como diversidade de
espécies e genética, sua relevância para a fauna, pertencer à
listagem de espécies raras ou ameaçadas da Secretaria Estadual de
Meio Ambiente (Resolução SMA 32/14), além de seguir orientações
da mesma para a escolha das espécies e ter boa qualidade
fitossanitária, entre outras.
• Manejo da Arborização Urbana: como base para cumprir-se os objetivos
e metas mencionados, o apoio de alguns instrumentos é essencial para
que se ocorra o manejo adequado, citando-se o Plano Diretor de
Arborização Urbana, que deve se comprometer a promover a educação
ambiental e priorizar parâmetros para que a cobertura arbórea venha a
sombrear vias asfaltadas impermeáveis, escolhendo-se espécies
corretas de acordo com as características dos locais a serem plantados.
o Plantio: para o plantio dos indivíduos arbóreos, estabelece-se
algumas diretrizes, como apresentar DAP mínimo de 2 centímetros;
primeira ramificação a 1,80 (um e oitenta) metros; obedecer
distância mínima de 10 (dez) metros lineares em passeios públicos
de áreas institucionais, e 8 (oito) metros em calçadas entre um
indivíduo e outro; e respeitar as determinações municipais que
mencionam o afastamento de 5 (cinco) metros de esquinas, postes
e sinalizações viárias verticais.
28

o Cuidados pós-plantio: com o intuito de minimizar perdas, adotou-se


uma metodologia de cuidados visando otimizar-se o
desenvolvimento das mudas plantadas, oferecendo irrigação,
adubação e manutenção para erradicar doenças, pragas e ervas
daninhas.
o Poda: para a realização das podas, determina-se que apenas
profissionais capacitados devem fazê-las, estes sendo credenciados
pela Prefeitura com carteirinhas e coletes e submetidos a cursos e
treinamentos anuais embasados na Norma Brasileira – NBR 16246-
1 – Florestas Urbanas – Manejo de árvores, arbustos e outras
plantas lenhosas, da Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT. Estabelece-se ainda que tal prática somente deve ocorrer se
houver real necessidade, com a finalidade de preservar as
condições vitais dos indivíduos arbóreos e seus benefícios
ambientais gerados. Menciona-se também a poda como um fator
cultural, que deve ser desmistificado através da conscientização,
disseminando-se informação e conhecimento por meio da educação
ambiental promovida pelos órgãos municipais competentes.
▪ Métodos de poda: os métodos de poda devem seguir as
determinações da ABNT NBR 16246-1:2013, considerando-
se as características individuais de cada espécie arbórea, o
tipo de poda a ser realizada e a distribuição da folhagem, não
removendo-se mais que 25% de sua copa. Ainda segundo a
norma, são distinguidas e permitidas os seguintes tipos de
poda: poda de limpeza, poda de desrama ou raleamento,
poda de elevação da copa, poda de redução, poda de
condução, pode em árvores jovens, poda emergencial, poda
de restauração, poda de raízes, poda de palmeiras, podas em
redes de serviços públicos e poda de redução de copa junto
a redes elétricas; caracterizando também as podas de
destopo e tipo poodle como inaceitáveis, com exceção de
casos em que tal execução seja extremamente necessária
para posterior supressão da árvore.
29

▪ Técnicas de cortes: aborda-se neste tópico os procedimentos


específicos e detalhados para realização de cortes
adequados na prática de poda (Figura 3).

Figura 3: Técnica dos 3 (três) cortes para remoção de galho em seu ponto de origem.
Fonte: Plano Municipal de Arborização Urbana, Limeira – 2018.

o Corte, Remoção ou Supressão: mesmo seguindo todas as


recomendações citadas, as árvores podem apresentar sinais que
levem à decisão de sua supressão, considerando-se também que
todas elas atingem a senilidade e que esta questão deve ser
ponderada no planejamento ambiental municipal. Assim, determina-
se que toda supressão arbórea só poderá ser executada mediante
autorização do órgão ambiental municipal, tendo em vista as
circunstâncias plausíveis para tal prática previstas em lei.
o Transplante: Este processo consiste em retirar uma árvore de um
local e replantá-la em outro, vista como uma alternativa para
realocação de espécies que estejam plantadas em locais
incompatíveis com seu desenvolvimento, demandando
conhecimento técnico e segurança para assegurar não só sua
sobrevivência, como também a integridade física das pessoas que
executam a ação. Deve-se garantir que o lugar de destino esteja
apto a receber o exemplar arbóreo, observando-se semelhanças
entre este e o local de origem. Igualmente à supressão, o transplante
requer autorização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente
acompanhado de laudo técnico efetuado por profissional habilitado
e demanda supervisão de 12 (doze) meses após o replantio.
30

o Readequação de canteiros e faixas permeáveis: As árvores


plantadas necessitam de uma área permeável em seu entorno para
que haja infiltração da água e aeração do solo, então determina-se
para as vias públicas que o canteiro seja ampliado sempre que
preciso e que o calçamento tenha largura mínima de 1,20 metros
para livre circulação de pedestres.
o Calçada Ecológica: Acompanhando o conceito de “calçadas verdes”,
aconselha-se que as calçadas ecológicas sejam implantadas em
ruas que não possuam um grande fluxo de pedestres e isentas de
arbustos espinhosos ou que atrapalhem a visão. Assim, devem ser
criados projetos para viabilização da construção desse tipo de
calçada, que carecem de autorização e cumprimento de algumas
diretrizes a serem verificadas pelo órgão municipal competente.
• Programa de Substituição de indivíduos em situação de conflito:
Visando se obter êxito no planejamento, torna-se imprescindível que os
exemplares arbóreos sejam compatíveis com a área
predominantemente urbana em que estão inseridos. Por isso, a
substituição das árvores nessas condições de conflito será
gradualmente efetuada pela Prefeitura Municipal de Limeira, mediante
autorização e acompanhada de avaliação e normas técnicas.
• Programa de Erradicação de Espécies Invasoras: Apesar de se dar
preferência ao plantio de espécies nativas, algumas espécies exóticas
podem estar presentes no município e causarem desequilíbrio pelo fato
de serem consideradas agressivas ou invasoras, comprometendo o
desenvolvimento das outras espécies em seu entorno. O Plano de
Arborização prevê a erradicação dessas espécies, executando a
substituição das mesmas concomitantemente com as necessidades,
priorizando-se as Áreas de Preservação Permanente – APP.
• Horto Linear: Desenvolveu-se um projeto da cidade, idealizando-se
plantar mais de 300 (trezentas) árvores em trecho urbano de
aproximadamente 3 (três) quilômetros de extensão, objetivando-se criar
um banco genético que represente a abundância da flora nativa.
• Programa de Educação Ambiental: A partir de parcerias com outras
Secretarias, com o setor privado, com universidades e com a sociedade,
31

salienta-se que o Departamento de Educação Ambiental municipal


recebe a responsabilidade de elaborar programas que visem a
conscientização da comunidade, de forma a fomentar a preservação e
a manutenção da arborização urbana e consequentemente reduzir os
danos causados à vegetação, orientando sobre todos os aspectos
relacionados.
• Compensação Ambiental: Mediante autorização, a supressão de
indivíduos arbóreos pode ser executada, entretanto caberá uma análise
do departamento responsável para determinar se haverá compensação
ambiental, estabelecida pelo Termo de Compromisso de Recuperação
Ambiental – TCRA. Tal Termo estabelece um acompanhamento da área
de no mínimo 24 (vinte e quatro) meses e para cada árvore deverá ser
plantadas ou doadas: 25 (vinte e cinco) mudas se o exemplar suprimido
for de espécie nativa, ou 15 (quinze) mudas se o exemplar suprimido for
de espécie exótica.
• Parcerias e Programas: Buscando a efetivação do Plano Diretor de
Arborização Urbana e a melhoria da arborização em si, recomenda-se
parcerias com universidades, entidades do terceiro setor e com o setor
empresarial a fim de se promover a cooperação e o avanço urbano,
ambiental e paisagístico de Limeira. Há alguns programas de incentivo
instituídos e embasados por Lei, como:
o Para a liberação da documentação de Habite-se, seja para novas
construções, reformas ou desmembramentos, exige-se o plantio de
uma árvore em frente ao imóvel;
o A cada veículo zero quilômetro vendido no município de Limeira
realiza-se a doação ou o plantio de uma árvore;
o A cada nascimento realiza-se o plantio ou doação de uma muda de
árvore, sendo frutífera ou não. (LIMEIRA, 2018)

• Projeção de Copa na Área Urbana de Limeira: (Figura 4)


32

Figura 4: Projeção de copa na área urbana de Limeira. Fonte: Plano Municipal de


Arborização Urbana, 2018.

• Cronograma do Plano de Arborização Urbana: (Figura 5)

Figura 5: Cronograma do Plano de Arborização Urbana. Fonte: Plano Municipal de


Arborização Urbana, 2018.

Há algumas legislações no município de Limeira que abrangem o conceito


de arborização urbana. Dentre elas, a Lei Complementar nº 650/2012, que institui o
Código Municipal do Meio Ambiente no Município de Limeira e dá outras providências,
garante em seu Capítulo XVI – Da Arborização Urbana a proteção e conservação das
árvores utilizando-se da fiscalização e da educação ambiental como instrumentos
para execução das ações previstas, desenvolvendo assim atividades educativas que
33

promovam a inclusão da comunidade (LIMEIRA, 2012). Adicionalmente, a Lei nº


5.999/2018, que dispõe sobre a arborização urbana no município de Limeira e dá
outras providências, detalha em seu conteúdo toda a tratativa a respeito de
arborização municipal, levando-se em conta toda a vegetação de porte arbóreo
existente ou que venha a existir no território do município, seja ela de domínio público
ou privado. (LIMEIRA, 2018)
Tratando-se de educação ambiental, esta respalda-se nas legislações
vigentes, citando-se o Capítulo XVII – Da Educação Ambiental da Lei nº 650/2012 e a
Lei Ordinária Nº 5211, de 27 de Dezembro de 2013, a qual institui a Política Municipal
de Educação Ambiental no município de Limeira e dá outras providências e institui em
seu Capítulo VII o calendário ambiental do município, destacando-se datas
relacionadas ao meio ambiente que permitem a abordagem dos temas nos conteúdos
curriculares das unidades de ensino (Tabela 1). (LIMEIRA, 2013)
34

Mês Dia Comemoração


1 Dia Municipal da Paz
Janeiro
11 Dia do Controle da Poluição por Agrotóxico
6 Dia do Agente de Defesa Ambiental
Fevereiro
21 Dia Internacional da Língua Materna
1 Dia do Turismo Ecológico
20 Dia Internacional da Felicidade
Março
21 Dia Mundial da Floresta
22 Dia Mundial da Água
15 Dia Nacional de Conservação do Solo
17 Dia Nacional da Luta Pela Reforma Agrária
Abril
19 Dia do Índio
22 Dia do Planeta Terra
3 Dia do Sol e Dia do Pau-Brasil
21 Dia Mundial da Diversidade Cultural Para o Diálogo e o Desenvolvimento
Maio
22 Dia Internacional da Biodiversidade
27 Dia Nacional Da Mata Atlântica
3 Dia Nacional da Educação Ambiental
5 Dia Mundial do Meio Ambiente
Junho 8 Dia Mundial dos Oceanos
1 - 15 Semana da Ecoatividade
17 Dia Mundial de Luta Contra a Desertificação
17 Dia de Proteção das Flores
Julho
25 Dia Nacional da Agricultura
9 Dia Internacional dos Povos Indígenas e Dia Interamericano de Qualidade do Ar
14 Dia de Controle da Poluição Industrial
Agosto
27 Dia da Limpeza Urbana
28 Dia Nacional do Voluntariado
5 Dia da Amazônia
11 Dia do Cerrado
15 Aniversário de Limeira - Dia da Cidade
Setembro 16 Dia Internacional pela Preservação da Camada de Ozônio
21 Dia da Árvore
22 Dia da Defesa da Fauna
21 - 27 Semana Verde
4 Dia Mundial da Ecologia e da Natureza e Dia Mundial dos Animais
5 Dias das Aves
Outubro
12 Dia do Mar
13 Dia Regional de Proteção dos Mananciais
8 Dia Mundial do Urbanismo
Novembro 24 Dia do Rio
30 Dia do Estatuto da Terra
10 Dia Internacional dos Direitos Humanos
Dezembro 11 Dia Internacional das Montanhas
22 Dia da Consciência Ecológica
Tabela 1: Calendário Ambiental Do Município De Limeira. Fonte: Lei Ordinária nº
5211/2013.

Em Limeira o principal responsável sobre este assunto é o Departamento


de Educação Ambiental – DEA, o qual se faz presente através da realização de
oficinas, palestras e atividades de sensibilização ambiental, contando com apoio
35

técnico para organização de ações, elaboração e distribuição de cartilhas informativas


e a realização de visitas monitoradas (LIMEIRA, 2018). Há alguns programas ativos
atualmente, como o Escola VerdeAzul criado em 2015, que envolve de forma
voluntária as escolas municipais e do programa Bolsa Creche a promoverem a
capacitação dos profissionais envolvidos e a inclusão da educação ambiental no
currículo pedagógico, fomentando assim a preservação do meio ambiente. (Prefeitura
Municipal de Limeira, 2019)
Já a tratativa das questões de fiscalização ambiental ampara-se,
igualmente à educação ambiental, na Lei nº 650/2012 e na Lei nº 5999/2018,
salientando-se que o exercício de fiscalizar e vistoriar os impasses da cidade fica sob
a competência da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agricultura, por intermédio
dos agentes credenciados pela mesma, mais precisamente apuradas pelo
Departamento de Licenciamento e Fiscalização. Atualmente os meios de denúncia se
restringem através da comunicação dos próprios munícipes via telefone ou
presencialmente, sendo que as autoridades ao tomarem ciência das infrações devem
comunicar aos órgãos estaduais e federais mediante processos administrativos
próprios e encaminhar uma cópia ao Ministério Público se houver indícios de crime e
prova da autoria. (LIMEIRA, 2013)
36

5. CONCLUSÕES

Diante da literatura apresentada, fica evidente que o poder público torna-


se o principal responsável e com maior poder de decisão a respeito destas questões,
e que o planejamento é um instrumento primordial para a efetivação dos objetivos
estabelecidos, possibilitando o aumento e manejo adequado da arborização urbana,
incluindo a execução do Plano Diretor da Arborização Urbana. É fundamental que haja
a implementação do planejamento ambiental em conjunto com políticas públicas que
integrem o poder público e a sociedade e coloque todo o complexo urbano como
objeto de ação.
Segundo o IBGE (2020), Limeira apresenta um índice de 91,5% de
domicílios urbanos arborizados em vias públicas, colocando-a na posição 383 de 645
municípios do estado e ficando em 1345º de 5570 cidades do Brasil.
Nos últimos 4 (quatro) anos, a gestão ambiental promovida pela Prefeitura
limeirense gerou impactos positivos à qualidade de vida da sociedade, contribuindo
para o incentivo à conscientização ambiental da população e ampliando os benefícios
gerados pela arborização, melhorando a qualidade do ar, o conforto térmico e
expandindo a biodiversidade. Neste período, o município ganhou 32.367 novas
árvores, que foram plantadas pelo Departamento de Licenciamento, Fiscalização e
Áreas Verdes e via TCRA. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, isso só foi
possível com a atuação do Departamento de Educação Ambiental, que vem
desempenhando atividades integradas à educação formal e à educação não-formal
até mesmo no ano de 2020 com períodos de isolamento social, como por exemplo a
Semana do Meio Ambiente e a campanha Julho sem Plástico, que foram
desenvolvidas de forma online e impactaram mais de 120 (cento e vinte) mil pessoas
nas redes sociais (Prefeitura Municipal de Limeira, 2020). O município também foi um
dos cem que receberam certificação do PMVA em 2020, reconhecendo que todas as
diretivas do programa foram cumpridas e que as boas práticas de gestão ambiental
foram elaboradas e efetivadas (Prefeitura Municipal de Limeira, 2020). Isso significa
que Limeira está teoricamente bem amparada, dotada de políticas municipais
específicas para arborização urbana e educação ambiental e caminhando assim para
bons resultados, visto que estes só serão realmente notados a médio e longo prazos.
No entanto, há desafios a serem superados para a ascensão da
arborização urbana nos municípios, englobando especialmente a conscientização e
37

sensibilização da população que são alcançadas com a inserção da educação


ambiental no cotidiano. A partir disso, identifica-se a falta de planejamento das ações
a serem elaboradas pelas escolas, a percepção equivocada da educação ambiental
como ação isolada do processo de ensino e aprendizagem, colocando-a como
obrigação apenas dos profissionais educadores, resultando assim no não
envolvimento dos pais e dos demais funcionários das escolas nas ações de educação
ambiental (Programa Município VerdeAzul - PMVA, 2016). Os incentivos advindos dos
níveis federal e estadual também precisam ser ampliados visando o melhoramento
dos índices de forma contínua, firmando-se ações comuns, acordos, consórcios e
convênios que sejam de interesse ambiental coletivo. Acerca da fiscalização
ambiental, observa-se que os canais de encaminhamento de denúncias são estreitos,
tendo potencial para expandir-se à meios online, por exemplo.
Portanto, uma das formas de se obter êxito no planejamento, gestão e
gerenciamento da arborização urbana é através da busca contínua por uma sociedade
ambientalmente mais equilibrada e democrática que seja estimulada ao conhecimento
e que compreenda que também é responsável pela construção de melhorias em suas
próprias condições de vida, objetivando a proteção e valorização do meio ambiente.
Para isso, é importante que não só a cidade, como também as esferas estadual e
federal estejam voltadas para os cidadãos, realizando-se projetos práticos e ações
concretas que garantam o livre acesso às informações e dados acerca das questões
ambientais do município, instigando a reflexão sobre a importância da arborização
urbana e os inúmeros impactos positivos que ela pode proporcionar.
38

6. REFERÊNCIAS

ARAUJO, M. N.; ARAUJO, A. J. Arborização urbana. Série de cadernos técnicos


da Agenda Parlamentar. Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia do Paraná – CREA, 2011.

BARBIERI, J. C. Políticas públicas ambientais. Gestão ambiental empresarial:


conceitos, modelos e instrumentos. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2007. 382p.

BRASIL. LEI Nº 6.803, DE 2 DE JULHO DE 1980. Disponível em:<


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6803.htm>. Acesso em 15 out. 2019.

BRASIL. LEI Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981. Disponível em:<


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm>. Acesso em 15 out. 2019.

BRASIL. LEI Nº 7.347, DE 24 DE JULHO DE 1985. Disponível em:<


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7347orig.htm>. Acesso em 15 out. 2019.

BRASIL, LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998. Disponível em:<


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm>. Acesso em 10 out. 2020.

BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988.


Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>,
Acesso em 15 out. 2019.

BRASIL. LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998. Disponível em:<


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm>. Acesso em 15 out. 2019.

BRASIL. LEI Nº 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000. Disponível em:<


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm>. Acesso em 15 out. 2019.

BRASIL. LEI Nº 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001. Disponível em:<


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10257.htm>. Acesso em 15
out. 2019.

BRASIL. LEI Nº 11.428, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2006. Disponível em:<


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11428.htm>. Acesso
em 15 out. 2019.

BRASIL. LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012. Disponível em:<


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>. Acesso em
15 out. 2019.

BRASIL. LEI Nº 13.731, DE 8 DE NOVEMBRO DE 2018. Disponível em:<


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13731.htm>. Acesso
em 20 nov. 2019.

BRASIL – Programa Cidades+Verdes – 2020.


39

BRITO, E. P. Planejamento, especulação imobiliária e ocupação fragmentada


em Palmas Revista on line Caminhos da Geografia Uberlândia – MG p.94-104
Junho/2010.

CABRAL, Pedro Ivo Decurcio. Arborização urbana: problemas e benefícios.


Especialize Online IPOG, Goiânia, 6ª Edição, v.01/2013, nº 006, dezembro/2013.

CIONEK, V. M.; ALVES, G. H. Z.; TÓFOLI, R. M. Brazil in the mud again; lessons not
learned from Mariana dam collapse. Biodiversity and Conservation, n. 28, p.
1935–1938; mar. 2019.

CLIMATE-DATA.ORG. Climate-data.org, 2020. Dados climáticos para cidades


mundiais. Disponível em:<https://pt.climate-data.org/america-do-sul/brasil/sao-
paulo/limeira-
10497/#:~:text=Limeira%20Clima%20(Brasil)&text=20.5%20%C2%B0C%20%C3%A
9%20a%20temperatura%20m%C3%A9dia.>. Acesso em 13 dez. 2020.

DIAS, L.; LEAL, A.; JUNIOR, S. Educação Ambiental: conceitos, metodologias e


práticas. 1. ed. Tupã: ANAP, 2016.

FRANCO, M. A. R. Planejamento Ambiental para a Cidade Sustentável. 2ªed.


São Paulo: Annablume, Fapesp, 2008.

FREIRIA, R. C. Direito, Gestão e Políticas Públicas Ambientais. São Paulo:


Editora Senac São Paulo, 2011.

GESTÃO AMBIENTAL IMPACTOU POSITIVAMENTE A VIDA DOS LIMEIRENSES.


Prefeitura Municipal de Limeira, 2020. Disponível em <
https://www.limeira.sp.gov.br/sitenovo/news.php?p=11056>. Acesso em 27 dez.
2020.

GRAZIANO, T. T. Viveiros Municipais. Departamento de Horticultura – FCAVJ –


UNESP. Notas de Aula, 1994.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2020. Disponível em:<


https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/sp/limeira.html?>. Acesso em 13 dez.
2020.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2020. Disponível em:<


https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/limeira/historico>. Acesso em 15 dez. 2020.

LE PRESTE, P. G. Ecopolítica Internacional. São Paulo: Senac-SP, 2000.

LIMEIRA – Carta de Serviços – 2018.

LIMEIRA – Lei Complementar N.º 650, de 05 de Dezembro de 2012 – 2012.

LIMEIRA – Lei N.º 5.999, de 06 de Abril de 2018 – 2018.

LIMEIRA – Lei Ordinária Nº 5211, de 27 de Dezembro de 2013 – 2013.


40

LIMEIRA – Plano Diretor Territorial-Ambiental do Município de Limeira – 2009.

LIMEIRA – Plano Municipal de Arborização Urbana – 2018.

LIMEIRA – Programa Município VerdeAzul – PMVA: Diretiva Educação Ambiental


– 2016.

LIMEIRA RECEBE SELO MUNICÍPIO VERDEAZUL E SE DESTACA NA REGIÃO.


Prefeitura Municipal de Limeira, 2020. Disponível em:<
https://www.limeira.sp.gov.br/sitenovo/news.php?p=11031>. Acesso em 27 dez.
2020.

MAGLIO, I. C. A descentralização da gestão ambiental no Brasil: o papel dos


órgãos estaduais e as relações com o poder local, 1900/1999. 2000. Dissertação
(Mestrado em Saúde Pública) - Faculdade de Saúde Pública da Universidade de
São Paulo, São Paulo.

MELO, E.F.R.Q.; ROMANINI, A. Importância da praça na arborização urbana. In:


CONGRESSO BRASILEIRO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 9, 2005, Belo Horizonte.
Anais... São Luís: Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, 2005, 12p.

MILANO, M. S. Avaliação quali-quantitativa e manejo da arborização urbana:


Exemplo de Maringá-PR. 1988. 120 F. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) –
Universidade Federal do Paraná, Curitiba – PR.

MILANO, M. S. O planejamento da arborização, as necessidades de manejo e


tratamentos culturais das árvores de ruas de Curitiba, PR. Floresta 17:15-
21.1987

MILANO, M.S.; DALCIN, E. Arborização de vias públicas. Rio de Janeiro: Light,


2000. 206p.

MIRANDA, M. A. de L. Arborização de vias públicas. Campinas-SP, Secretaria da


Agricultura, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, 1970. 49 p. (Boletim
Técnico SCR, 64).

PAIVA, H. N.; GONÇALVES, W. Florestas urbanas: planejamento para melhoria da


qualidade de vida. Viçosa: Editora Fácil, 2002. 180 p.

PASCOALINO, A. Condições climáticas e suas implicações nas crises


hipertensivas dos citadinos de Limeira-SP 1ºSIMPGEO/SP, Rio Claro, 2008 p.
1141-1154

PIVETTA, K. F. L.; SILVA FILHO, D. F. Arborização urbana. UNESP/ FCAV/


FUNEP: Jaboticabal, 2002. 69 p. (Boletim acadêmico).

PREFEITURA LANÇA EDIÇÃO 2019 DE PROGRAMA DE EDUCAÇÃO


AMBIENTAL. Prefeitura Municipal de Limeira, 2019. Disponível
41

em:<https://www.limeira.sp.gov.br/sitenovo/news_hotsite.php?id=22&news=7225>.
Acesso em 27 dez. 2020.

RÉGIS, E. O.; MOREIRA, M. A. C.; PINTO, A. E. M. Fiscalização Ambiental de


Macaé/RJ: relação entre as características socioeconômicas do município e as
multas aplicadas entre 2005 e 2014. Boletim do Observatório Ambiental Alberto
Ribeiro Lamego, Campos dos Goytacazes/RJ, v. 10 n. 1, p. 23–50, jan./jun. 2016.

REIS, Márlon Jacinto. O município e o meio ambiente. Apontamento sobre ação


ambiental na órbita dos municípios. In Revista de Direito Ambiental nº. 35. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, julho-setembro, 2004, pp. 357/369.

RIOS, A. V. V. O Direito e o desenvolvimento sustentável: curso de direito


ambiental. São Paulo: Peirópolis, 2005.

RUSCHEINSKY, A. Educação Ambiental: Abordagens múltiplas. 2. ed. Porto


Alegre: Penso, 2012.

SALHEB, G. J. M.; et al. Políticas Públicas e Meio Ambiente: Reflexões


Preliminares. Planeta Amazônia - Revista Internacional de Direito Ambiental e
Políticas Públicas (ISSN 2177-1642). Publicação oficial do Programa de Mestrado
em Direito Ambiental e Políticas Públicas da Universidade Federal do Amapá –
UNIFAP, 2009.

SANTOS, R. F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de


Textos, 2004.

SÃO PAULO. LEI Nº 9.509, DE 20 DE MARÇO DE 1997. Disponível em:<


https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1997/lei-9509-
20.03.1997.html#:~:text=Artigo%201.%C2%BA%20%2D%20Esta%20lei,Administra
%C3%A7%C3%A3o%20da%20Qualidade%20Ambiental%2C%20Prote%C3%A7%C
3%A3o.>. Acesso em 06 dez. 2020.

SÃO PAULO. LEI Nº 12.780, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2007. Disponível em:<


https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2007/lei-12780-30.11.2007.html>.
Acesso em 06 dez. 2020.

SÃO PAULO – PMVA 2013 Manual de Orientações – 2013.

SATO, M. Educação: Teoria e Prática - vol. 9, nº 16, jan.-jun.-2001 e nº 17, jul-dez


- 2001, p. 24-35. Disponível
em:<http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/educacao/article/view/16
00/1361>. Acesso em 31 dez. 2020.

SILVA, José Afonso. Direito urbanístico brasileiro, 6ª ed., revista e atualizada. São
Paulo: Malheiros, 2010, p. 273.

TAKAHASHI, L. Y. Monitoramento e informatização da administração e manejo


da arborização urbana. In: CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE ARBORIZAÇÃO
URBANA, 1., 1992, Vitória. Anais... Vitória: PMV/SMMA, 1992. p. 119-124.
42

TAMAIO, I. A Mediação do professor na construção do conceito de natureza.


Campinas, 2000. Dissert.(Mestr.) FE/Unicamp.

YAMAMOTO, M. A.; SCHIMIDT, R. O. L.; COUTO, H. T. Z.; SILVA FILHO, D. F.


Árvores Urbanas, Piracicaba, 2004.

YIN, R. K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. 5. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2015.

ZINKOSKI, A. E.; LOBODA, C. R. Arborização: uma percepção do espaço urbano


na área central de Guarapuava, PR. In: VII Coloquio Internacional de Geocrítica.
Anais... Santiago de Chile: Instituto de Geografía – Pontificia Universidade Católica
de Chile, 2005.

Você também pode gostar