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PAULA ANDREA PANNUNZIO MOREIRA

TIPIFICAÇÃO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NAS ZONAS RIPÁRIAS


URBANAS SOB A ÓTICA DA ARQUITETURA E URBANISMO:
UM DIAGNÓSTICO PARA AVALIAR A POSSIBILIDADE DE REVITALIZAÇÃO DE
TRECHOS DEGRADADOS

SOROCABA
2022
1. PAULA ANDREA PANNUNZIO MOREIRA

TIPIFICAÇÃO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NAS ZONAS RIPÁRIAS


URBANAS SOB A ÓTICA DA ARQUITETURA E URBANISMO:
UM DIAGNÓSTICO PARA AVALIAR A POSSIBILIDADE DE REVITALIZAÇÃO DE
TRECHOS DEGRADADOS

Tese apresentada como requisito para a


obtenção do título de Doutor em Ciências
Ambientais da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” na Área de
Diagnóstico e Recuperação Ambiental de
Áreas Urbanas Degradadas.

Orientador: Prof. Dr. Admilson Irio Ribeiro.

Sorocaba
2022
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Unesp Instituto de Ciência e
Tecnologia – Campus de Sorocaba

FICHA CATALOGRÁFICA
2. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

CAMPUS SOROCABA

FICHA DE APROVAÇÃO

TÍTULO DA TESE: Tipificação do uso e ocupação do solo nas zonas ripárias


urbanas sob a ótica da arquitetura e urbanismo:
Um diagnóstico para avaliar a possibilidade de revitalização de trechos degradados

AUTOR: PAULA ANDREA PANNUNZIO MOREIRA


ORIENTADOR: PROF. Dr. ADMILSON IRIO RIBEIRO

BANCA:
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
3.

Dedicatória

Ao meu Pai, Armando Pannunzio Filho,


Sem seus esforços isso não teria
Sido possível,
4. AGRADECIMENTOS

AO MEU PROFESSOR EORIENTADOR: ADMILSON IRIO RIBEIRO;

ALESSANDRA LEITE DA SILVA

ALEXANDRE MARCO

PANNUNZIO MOREIRA, Paula A. Tipificação do uso e ocupação do solo nas zonas ripárias urbanas sob a ótica de uma arquiteta urbanista: um diagnóstico para avaliar a

possibilidade de implantação de projetos de revitalização em trechos degradados. 2023. 125 f. Tese (Doutorado em Ciências Ambientais) - Campus Experimental de Sorocaba,

UNESP - Universidade Estadual Paulista, Sorocaba, 2023.

5. RESUMO
A degradação das zonas ripárias é um dos principais problemas relacionados às
questões ambientais. Com a crescente urbanização e demais atividades antrópicas,
a necessidade por recursos naturais vinculados à obtenção de matérias primas, vêm
contribuindo positivamente para o crescimento econômico das cidades. No entanto,
a ausência de gestão e planejamento urbano pode promover danos ambientais
acentuados em áreas com características naturais. Sendo assim, no Brasil poucos
projetos de desenvolvimento urbano buscam a renaturalização ou revitalização dos
corpos hídricos. Dentro dessa exposição, grande parte das políticas urbanas
mundiais buscam priorizar a mobilidade urbana, ocupações irregulares, áreas de
recreação entre outros temas de desenvolvimento urbano. Essas ações, dentro
dessas temáticas possuem relevância, no entanto, as questões associadas com a
gestão hídrica municipal, ainda carecem de implementação de políticas, programas
e projetos para o desenvolvimento urbano. Nesse sentido, busca-se por meio dessa
proposta o desenvolvimento de um método de tipificação de uso e ocupação dos
solos em trechos de zonas ripárias urbanas, que consiste na caracterização das
feições, físicas, biológicas e antrópicas. Dessa maneira, com o desenvolvimento
deste método, para tipificar rios urbanos pretende-se contribuir com a fase inicial de
diagnóstico ambiental para posterior implantação de ações de revitalização ou
renaturalização em zonas ripárias urbanas degradadas.

Palavras chave: diagnóstico, classificação, áreas degradadas, renaturalização.


6. ABSTRACT

About the degradation of riparian zones and water resources is the aim of the several
problems related to environmental issues. With increasing urbanization and other
anthropic activities, the achievement for natural and ecological purposes has
contributed positively to the economic growth of cities. However, the absence of
management and urban planning can promote accentuated environmental damage in
areas with natural features. Thus, in Brazil, some urban development projects seek
the renaturalization or revitalization of riparian zones and hydric resources. Although
a large part of the world's urban policies seeks to prioritize urban mobility, irregular
occupations, recreation areas, among other urban development issues. All these
actions are relevant, meanwhile, issues associated with about water management,
recover the natural areas, still lack the implementation of policies, programs, and
projects for urban development. In this sense, this study seeks to develop a method
for classify the use and occupation in stretches of urban riparian zones, which
consists of characterizing physical, biological and anthropic features. Therefore, this
method, tend, to typify degraded urban riparian zones contributing to environmental
diagnosis for the subsequent implementation of revitalization or denaturalization
processes in degraded urban riparian zone

Keywords: diagnosis, classification, degraded areas, denaturalization.


Sumári
7. o
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................11
2. OBJETIVOS...........................................................................................................17
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................18
1.1 ZONAS RIPÁRIAS...........................................................................................18

1.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE DEGRADAÇÃO NAS ZONAS RIPÁRIAS.........25

1.3 USO DO SOLO................................................................................................30

1.4 CLASSES DE USO DOS SOLOS...................................................................31

1.5 CLASSIFICAÇÃO DO SOLO URBANO..........................................................31

1.6 DOS USOS RESIDENCIAIS:...........................................................................32

1.7 USOS COMERCIAIS E DE SERVIÇOS..........................................................33

1.8 USOS INDUSTRIAIS.......................................................................................34

1.9 PLANEJAMENTO URBANO............................................................................35

1.10 PLANEJAMENTO URBANO E SUAS MÚLTIPLAS FUNÇÕES..................38

1.11 TIPIFICAÇÃO APLICADA A DIAGNÓSTICOS E AVALIAÇÃO...................41

1.12 METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS E DANOS


AMBIENTAIS.............................................................................................................43

3.1 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM ZONAS


RIPÁRIAS.....................................................................Erro! Indicador não definido.

1.13 SVAP - STREAM VISUAL ASSESSMENT PROTOCOL.............................44

1.14 RFV - RIPARIAN FOREST EVALUATING...................................................44

1.15 QBR – ÍNDICE DE QUALIDADE DEL BOSQUE DA RIBEIRA....................45

1.16 METODOLOGIA DE LEOPOLD...................................................................46

1.17 MÉTODO ARBOLEDA.................................................................................46

4. MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................50
1.18 ÁREA DE ESTUDO......................................................................................50

1.19 TIPIFICAÇÃO DE USO E OCUPAÇÃO DAS ZONAS RIPÁRIAS


URBANAS....................................................................Erro! Indicador não definido.
1.20 SELEÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO.........................................................53

1.21 COLETA DE DADOS....................................................................................54

1.22 INDICADORES AMBIENTAIS......................................................................55

1.23 ANÁLISE DOS INDICADORES......................Erro! Indicador não definido.

1.24 DENSIDADE POPULACIONAL....................................................................56

1.25 DENSIDADE URBANA.................................................................................57

1.26 VAZIOS URBANOS........................................Erro! Indicador não definido.

1.27 EQUIPAMENTOS URBANOS DE LAZER......Erro! Indicador não definido.

1.28 EQUIPAMENTOS URBANOS DE INFRAESTRUTURA........Erro! Indicador


não definido.

1.29 PRESENÇA E DESCARTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS............58

1.30 INDICADORES DO MEIO FÍSICO...............................................................59

1.31 INDICADORES DO MEIO BIÓTICO............................................................59

5 RESULTADOS.......................................................................................................65
6 CONCLUSAO.........................................................................................................77
7 BIBLIOGRAFIA...................................................................................................78
11

1. INTRODUÇÃO
As zonas ripárias ou vegetação marginal aos corpos de água tem recebido,
nos últimos anos, atenção especial de diversos pesquisadores devido à importância
que representa especialmente para os corpos de água, é o que também
denominados de zonas ripárias, em especial atenção às zonas ripárias urbanas, pois
são as mais impactadas e degradadas conforme a urbanização das comunidades.
A zona ripária com suas diferentes denominações encontra-se distribuída em
nosso território, associada a vasta rede hidrológica. Inserida nas diferentes
composições da paisagem, a vegetação marginal (mata ciliar) tornou-se facilmente
vulnerável a exploração. Hoje é possível constatar principalmente nas zonas
urbanas os impactos e danos decorrentes das diversas atividades de urbanização
(PIMENTEL et al., 2021).
Antes de explicar e avaliar os diversos conceitos sobre zonas ripárias, através
das imagens abaixo, onde observa-se situação de zonas ripárias não impactadas, e
a seguir, ZRs impactadas e degradadas, demonstrado atual situação da zona ripária
do rio Sorocaba, em áreas urbanas.
A figura 01 mostra a zona ripária em estado natural, com capacidade de cumprir
suas funções favorecendo os serviços ecossistêmicos.

Tabela 1 imagem de ZR
12

Figura 2- zona ripária parcialmente degradada, Fonte Google 2022

Na Figura acima observa-se a zona ripária, na margem esquerda em condições


salutares e naturais, já na margem direita, observa-se a ZR extremamente
degradada, e que pode culminar para o impacto e degradação da margem esquerda,
pois sofreu remoção da vegetação ripária, exposição do solo, com possibilidade de
contaminação, que favorecem o carreamento de sedimento. Esta situação é
bastante comum nas zonas urbanas e rurais, pois a ação de remoção da vegetação
é fato afirmado das situações decorrentes nos processos atuais.
13

ZONAS RIPÁRIAS NO ESPAÇO URBANO EM SOROCABA

Figura 3 - Zona ripária do rio Sorocaba, calha principal av. Dom Aguirre.. Fonte Google 2022.
14

Figura 1 - trechos da zona ripária na calha principal do rio Sorocaba. Fonte Google 2022

As zonas ripárias, constituem a conexão e entre o ambiente terrestre e


aquático nas bacias hidrográficas. O uso inadequado das zonas ripárias aliados a
falta de projetos de revitalização de áreas urbanas degradadas, faz com que as
cidades venham se deteriorando cada vez mais. Os processos de urbanização
contribuíram e auxiliaram para um relativo bem-estar humano, entretanto, também
promoveram danos ambientais de forma acentuada em diversas áreas naturais.
Além de considerar os aspectos econômicos e sociais, a busca por soluções de
mitigação de danos e impactos são fatores que devem ser considerados em
processos de urbanização das cidades (KUPILAS et al., 2021).
Nas cidades, as zonas ripárias naturais, desempenham importantes funções
devido a provisão dos serviços ecossistêmicos. Podem servir de barreiras contra
inundações e enchentes. Quando vegetadas com espécies arbóreas servem de
abrigo à fauna silvestre, auxiliam na melhoria da qualidade do ar e da água.
Favorecem implantação de áreas naturais, parques lineares e demais áreas de lazer
(PEDRAZA et al., 2021).
Pesquisas relacionadas ao uso do solo, nas zonas ripárias urbanas, são
temas emergentes na comunidade cientifica, mas ainda urgem pela necessidade de
15

soluções na mitigação de problemas ambientais. A falta de metodologias


simplificadas para diagnósticos e avaliação dos impactos e danos ambientais,
contribui para a displicência de projetos de revitalização e recuperação ambiental.
Pode-se dizer que o estudo da qualidade ambiental das zonas ripárias urbanas pode
ser considerado um paradigma recente para profissionais de planejamento e
ordenamento urbano (ARTHUR; HACK, 2022).

Dessa forma, a necessidade por projetos e ações de mitigação de impactos e


danos, nessas áreas, deve ser considerada fundamental para melhoria das
comunidades nos âmbitos, social, ambiental e econômico (ROSENZWEIG et al.,
2021). Um dos desafios para a implantação e gestão dos ambientes naturais em
áreas antropizadas é a compatibilização entre características ecológicas necessárias
para a manutenção da biodiversidade e serviços ecossistêmicos assim como as
garantias urbanas fundamentais para o bem-estar das populações humanas
(PAVEZZII; SILVA, 2012).
No Brasil e no mundo pode-se evidenciar o frequente conflito nas áreas de
preservação permanente que margeiam os rios, principalmente nas zonas urbanas.
Os padrões de qualidade ambiental de zonas ripárias, podem ser variáveis entre as
cidades, entre o urbano, rural, entre países e continentes. Portanto pretendeu-se
elaborar uma concepção relativa baseada em mensurações quali-quantitativa, a
partir de atributos existentes na paisagem. Esses atributos são os indicadores
ambientais, que servem como scores, para se avaliar a dinâmica entre o espaço
urbano e o ambiente natural (RODRIGUES et al., 2022).
A sustentabilidade, aplicada ao espaço urbano, compreende desde a
administração dos riscos e incertezas à capacidade de se adaptar às estruturas
urbanas. Tudo está interligado: a gestão dos fluxos de energia; os materiais
associados ao crescimento urbano; a eficiência do sistema, o qual não deve
provocar desperdícios; a escala urbana, que limita o crescimento econômico e o uso
dos recursos escassos (DE FARIAS et al., 2018), (BITTENCOURT; FARIA, 2021).
Neste contexto, este estudo procurou elaborar um método de diagnóstico
simplificado, para avaliação de uso e ocupação das zonas ripárias urbanas através
de uma matriz de tipificação em classes de impactos e danos, das zonas ripárias
urbanas.
16

O estudo foi organizado em 6 diferentes capítulos conforme a Figura.

O capítulo I inicia com a introdução geral do problema onde são apresentados


os objetivos e a hipótese da pesquisa. O capítulo II apresenta os objetivos gerais e
específicos assim como a hipótese apresenta a fundamentação teórica para tratar a
base conceitual do assunto. O capítulo IV fala sobre a proposta metodológica de
tipificação dos usos e ocupação dos solos nas zonas ripárias urbanas impactadas. O
capítulo V retrata sobre o diagnóstico e avaliação, resultados obtidos. O capítulo VI
detalha as considerações finais, o capítulo VII as referências bibliográficas.

INTRODUÇÃO

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

MATERIAIS E MÉTODOS

RESULTADOS

CONCLUSAO

BIBLIOGRAFIA
17

2. OBJETIVOS
I. OBJETIVO GERAL

Propor um método para tipificar o uso e ocupação da zona ripária de trechos


urbanos visando um diagnóstico ambiental para classificar a (possibilidade) aptidão
de implantação de projetos de revitalização das áreas degradadas.

II. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Identificar na literatura características das paisagens no meio físico, biótico e


antrópico com potencial de serem utilizados numa proposta de tipificação.
 Gerar um conjunto básico de indicadores para a tipificação das paisagens
 Propor um método para a tipificação do uso e ocupação do solo em zonas
ripárias urbana
 Aplicação e avalição do método em trechos degradados
 Análise dos resultados

III. HIPÓTESE
A tipificação do uso e ocupação da zona ripária urbana, pode ser considerado
uma importante metodologia para diagnóstico e avaliação de áreas degradas
urbanas através de classes de impactos e danos?
18

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 ZONAS RIPÁRIAS

Figura 2 - Corte esquemático das Zonas Ripárias de ambientes naturais. Fonte Google 2022.

As zonas ripárias constituem-se em áreas sazonalmente saturadas,


sendo as áreas mais dinâmicas das bacias hidrográficas, determinando o
estabelecimento da mata ciliar e possuindo grande importância no equilíbrio
natural da bacia. Sua delimitação possui uma literatura consolidada em áreas
declivosas e pequenas bacias (CONAMA, 2005).
Rosenzweig, (2021) define que zonas ripárias são áreas de preservação
permanente cuja função deve ser garantir os serviços ecossistêmicos e
proteger o ambiente ecológico .
A recuperação das zonas ripárias é considerada um importante
instrumento para a gestão ambiental. A preocupação mundial com o meio
ambiente decorre de um simples fator: proteger o meio ambiente, em última
análise significa proteger a própria preservação da espécie humana. Diante
disto, a nova consciência ambiental, vem ganhando força e dimensão
destacando o meio ambiente como um dos princípios fundamentais do homem
moderno (DE SOUZA CAMPOS; DE MELO; MEURER, 2007).
A zona ripária inclui o corpo d’água, a margem do riacho e partes das
áreas altas que têm uma forte ligação com a água. As áreas ripárias são
delineadas de acordo com a distância da água, que influencia na mudança de
função do ecossistema (DE MIRANDA; BOTEZELLI; PAMPLIN, 2021). Essas
áreas são sujeitas tanto ao maior escoamento superficial como ao maior
19

escoamento subsuperficial (horizontes saturados próximos à água subterrânea)


(PANGLE et al., 2022).
Nesse sentido as zonas ripárias, também podem ser descritas como:
Ecótonos de interação tridimensionais que incluem os ecossistemas aquático e
terrestre, desde a água subterrânea até as copas, cruzando a planície de
inundação, até as vertentes próximas que drenam a água, lateralmente no
ecossistema terrestre, ao longo do curso d’água, com comprimento variável
(COSTA; PARRAS; TARLÉ, 2019).
Sendo assim, a delimitação das zonas ripárias pode ser considerada
uma das primeiras etapas para avalição dos indicadores de qualidade
ambiental, seus limites estendem-se às margens laterais dos corpos d’água até
o alcance máximo da zona saturada.(ALAMDARI; HOGUE, 2022).
Nesse sentido, através da legislação brasileira a zona ripária é
estabelecida pela largura das lâminas dos corpos d’água, sendo considerada
Área de Preservação Permanente (BRASIL, 1965).
De acordo com Martini (2020), o Brasil já relatou diversa leis e emendas
relacionadas ao uso e ocupação das ZRs, o Código Florestal de 1934 estendia
o alcance das “matas de bordas” para todas aquelas com algum papel físico na
proteção das águas, do solo e das dunas, bem como a florestas que
atendessem funções de defesa nacional, salubridade pública, finalidades
paisagísticas ou preservação de espécies da fauna nativa. Embora inovadora
para o padrão incipiente de proteção ambiental da época, o Código Florestal de
1934 pecava pela generalidade de seus dispositivos e pela ausência ou
insuficiência de regulamentação complementar que tornasse a lei mais efetiva,
principalmente com respeito às dimensões que as florestas ou outra
vegetação nativa deveriam possuir para atender o caráter protetor
explicitado nos setes itens do seu Artigo 4°. De passagem, deve-se observar
que o Código estabelecia o Ministério da Agricultura como organismo de
Estado destinado à definição dessas florestas protetoras, condição que
atribuía ao órgão que fomentava o uso das terras para fins agrícolas o papel
concomitante, e geralmente conflitivo, de reservar áreas para proteção
ambiental permanente. Alguns critérios quantitativos para dimensionar as
florestas protetoras foram acolhidos em 1965 pelo que foi chamado à época
de Novo Código Florestal (BRASIL, 2019b), que definiu como Áreas de
20

Preservação Permanente (APPs) as faixas marginais ao longo dos cursos de


água –de acordo com a largura do rio –, as áreas em torno de nascentes ou
olhos de água e as áreas que circundam lagoas, lagos ou reservatórios d'água
naturais ou artificiais (além de manter as demais finalidades das florestas
protetoras que haviam sido estipuladas no Código de 1934 e introduzir outras)
(MARTINI, 2020).
Alamdari e Hogue, (2022) explicam as dimensões das zonas ripárias,
ou seja, APPs referentes aos corpos hídricos, definidas no Código de 1965
com a seguinte redação: Art. 2º Consideram-se de preservação permanente,
pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural
situadas:
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível
mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será:
Largura do leito do canal Largura da zona ripária (m)

Até 10m 30

Entre 10 e 50m 50

De 50 a 200m 100

200 a 600m 200

Maior que 600m 500


Tabela 2- Legislação sobre largura Zonas Ripárias. Elaborado pelo autor

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou


artificiais;
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos
d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50
(cinquenta) metros de largura.
De acordo com Pittol Martini, (2022), a Lei Federal n. 12.651/2012
manteve a definição de Áreas de Preservação Permanente, ao redor de
nascentes, rios e lagos naturais ou artificiais, e em locais específicos na
paisagem que apresentam susceptibilidade à erosão. É comum a percepção de
que a presença da vegetação ciliar é suficiente para garantir a manutenção do
ecossistema da microbacia, em revisão extensiva sobre o assunto, concluiu
21

que a largura mais indicada para a faixa ciliar, visando a proteção do curso
d’água em áreas florestais, é de 30 metros.
No entanto, é reconhecido que a delimitação da zona ripária na
microbacia nem sempre se restringe ao que estabelece a Lei Federal, porém a
faixa ciliar de 30 metros pode realizar o papel físico de proteção dos cursos
d’água . Estão previstos no código florestal e são espaços legalmente e
ambientalmente considerados vulneráveis, podendo ser de áreas públicas ou
privadas, com ou sem vegetação nativa, a grande polêmica recai sobre as
faixas de proteção das margens dos leitos e sobre as atividades e as
edificações nessas áreas urbanas. (PAVEZZI, 2012).
A nova lei 14.285/2021, estabelece que os municípios podem adquirir
autonomia em áreas urbanas para consolidar novas regras de delimitação de
APPs em áreas urbanas consolidadas.
A zona ripária está intimamente ligada ao curso d’água, mas seus limites
não são facilmente demarcados. a dinâmica da vegetação do corredor ripário é
claramente influenciada pelo regime de distúrbios hidrológicos. Os autores
sugerem que, em contraste, a produtividade e a diversidade da vegetação
podem influenciar os processos biogeoquímicos, especialmente os
relacionados com as mudanças das condições redutoras que ocorrem das
cabeceiras à rede de drenagem. Entretanto, a ligação entre a superfície e a
água subterrânea é o fator predominante de controle da conectividade entre os
ecossistemas terrestre e ripário (DE MIRANDA; BOTEZELLI; PAMPLIN, 2021)
A abrangência da zona ripária na microbacia em relação ao escoamento
subterrâneo, bem como, as características geológicas, ajudam a controlar a
hidrologia da microbacia. Esses dados indicaram que pequenas diferenças na
profundidade do sedimento permeável funcionam como controle da duração da
conexão hidrológica entre a zona ripária e as áreas adjacentes (WOHL et al.,
2005).
Assim, pode-se afirmar que a zona ripária é uma área na paisagem que
inclui, principalmente, as margens e cabeceiras de drenagem dos cursos
d’água, caracterizando-se por um habitat de extrema dinâmica, diversidade e
complexidade (EDWARDS et al., 2020). O conjunto das interações ripárias é
responsável pela manutenção da água em termos de quantidade e qualidade,
bem como da saúde do ecossistema aquático, do controle do escoamento
22

superficial e na contribuição para o armazenamento de água no solo. No


entanto, são áreas que sofrem pressão antrópica, seja por modificações para a
drenagem do solo ou pelo cultivo intensivo em solos de várzea, além da
ocupação territorial urbana ou rural (MARTINI, 2020). A compreensão dos
processos dinâmicos na zona ripária, bem como a relação entre água, solo e
vegetação, são de interesse para pesquisa pois vários estudos demonstram a
relação com a capacidade de resiliência do ambiente ripário. Zonas ripárias são
áreas que margeiam cursos hídricos e são consideradas áreas de
preservação permanente (ABDELKEBIR et al., 2021).
De acordo com Moster (2022), a presença de mata ciliar contribui para
diminuição da temperatura dos corpos aquáticos, assim como, o investimento
na criação de zonas ribeirinhas arborizadas pode proporcionar benefícios
em termos da mitigação de alguns dos efeitos ecológicos da mudança climática
na temperatura da água
Em relação ao aspecto hidrológico e ecológico, o sistema ripário
contribui para a manutenção e resiliência dos córregos e sua vegetação
devido a diversas interações ambientais, podendo aumentar a capacidade de
armazenamento, manter a qualidade da água, estabilizar as margens e
contribuir com equilíbrio térmico (BAI; SON, 2021).
O crescimento urbano desordenado no entorno das zonas ripárias tem
gerado muitos impactos negativos, como desmatamento, enchentes,
compactação do solo, poluição sonora causada pelo excesso de ruído,
despejo de esgoto e resíduos sólidos, gerando contaminação do corpo
hídrico e dos solos, além de gerar odores (PAVEZZI, 2012).
Torna-se cada vez maior a necessidade de monitorar as mudanças
ambientais e avaliando seu impacto nos ecossistemas fluviais. Como
ferramenta de monitoramento desses ecossistemas, a avaliação ambiental e
diagnóstico do uso e ocupação do solo nas zonas ripárias pode constituir um
importante subsídio para a melhoria da qualidade das zonas ripáras e
consequentemente das bacias hidrográficas (MOSTER, 2022) .
As zonas ripárias têm várias funções e dentre estas se destaca a de
promover a conexão entre a paisagem e as comunidades auxiliando o
estabelecimento de um ambiente sustentável (HIGGINS, et al., 2019).
23

As áreas de preservação permanente nas zonas urbanas devem ter o


objetivo de mitigar os impactos socioambientais, causados pelas atividades
antrópicas, podemos dizer que essas zonas são áreas de preservação
permanente, cuja função deve ser garantir os serviços ecossistêmicos. Nesse
contexto os serviços ecossistêmicos são fundamentais para a sobrevivência
humana e ambiental, sua preservação deve ser considerada fundamental, a fim
de garantir a manutenção dos recursos ambientais, essenciais à subsistência e
bem-estar da população local. Além disso a existência de recursos naturais de
qualidade, contribui economicamente com a comunidade, reduzindo gastos
proporcionando melhores qualidade de vida (ARAUJO , et al., 2021).
Os problemas de degradação das zonas riparias urbanas, podem se
agravar muito no futuro, uma vez que mais de 70% da população do Brasil e
maioria da América Latina, assim como em outras regiões do mundo, vivem
nas zonas urbanas, e isso tende a aumentar. No futuro, milhões de novos
residentes, necessitarão de novas moradias, empregos e infraestrutura, que
poderá ainda mais comprometer a situação de suas zonas ripárias,
prejudicando o fornecimento dos serviços ecossistêmicos de uma cidade. por
este motivo, urge a necessidade de implementação que protejam ainda mais
esses ambientes (MARTINI, 2020).
24

3.2 SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS


Os serviços ecossistêmicos são benefícios fundamentais para a
sociedade gerados pelos ecossistemas, em termos de manutenção,
recuperação ou melhoria das condições ambientais, refletindo diretamente na
qualidade de vida das comunidades.
SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS

Regulação do ciclo hidrológico e do clima


Aumento da qualidade do ar, a partir do sequestro de carbono
Contenção da sedimentação e assoreamento nos cursos d’água
Contenção da erosão
VEGETAÇÃO Purificação e qualidade da água
Controle do fluxo de água e drenagem urbana, reduzindo ocorrência de
enchente
Água para consumo e abastecimento humano
Fonte de alimentos e sustento, como a pesca
Autodepuração (capacidade de degradar poluentes naturalmente)
RIO
Transporte
Recreação e lazer
Controle de erosão
Ciclagem de nutrientes
Filtragem da água
SOLO
Abastecimento de aquíferos
Fornecimento de nutrientes para plantas
Tabela 3- exemplo dos Serviços Ecossistêmicos elaborado pelo autor.

Às alterações realizadas nas ZRS, levaram ao avanço das pesquisas


voltadas para uma melhor compreensão do processo de urbanização em zonas
ripárias, obtendo resultados que podem ser utilizados como subsídios para a
gestão adequada dos ambientes naturais antropizados. Diversas pesquisas
comprovam que o crescimento urbano desenfreado vem afetando diretamente
as ZRs e que processos de revitalização modificam significativamente os
ambientes, devolvendo as funções ecossistêmicas aos ambientes naturais
(ALENCAR, 2017).
As transformações nas zonas ripárias geradas pela ação humana podem
ser organizadas em dois grupos principais: as transformações diretas, são
aquelas onde ações antrópicas modificam diretamente a morfologia da ZR no
segundo grupo classificamos, as ações indiretas, por exemplo, são ações no
uso do solo de uma bacia hidrográfica, indiretamente resulta na alteração
adversa da qualidade geral da ZR. A lógica utilizada para a diferenciação dos
dois grupos de transformações ambientais n\as zonas ripárias, geradas pela
ação humana é a mesma para a classificação de medidas de controle de
inundações e drenagem urbana (CARVALHO, BITOUN, & CORREA, 2010).
25

Além da separação em dois grupos, também é comum a classificação de


intervenções nos ambientes ripários de acordo com sua estrutura, o que
chamamos de medidas estruturais quando ocorre interferência na morfologia
do ambiente natural, tais como, canalizações de leitos, remoção da vegetação,
pavimentação, barramentos, ou seja, são constituídas por ações de engenharia
civil. Não estruturais, quando ocorre através ações, mas sem efetivar de
estruturas de engenharia nos canais, podem ocorrer através da bioengenharia.
(BRESSANE & RIBEIRO, 2017).

3.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE DEGRADAÇÃO NAS ZONAS RIPÁRIAS

O conceito degradação é muito amplo e genérico, variando e dando


margem à subjetividade de acordo com o contexto e o ramo profissional. Dessa
forma, a definição de áreas degradadas em um ambiente natural pode ser
diferente daquele presente em um ambiente urbano, assim como, a
degradação sob a ótica de um planejador urbano ou arquiteto pode ser distinta
de um engenheiro ambiental ou de um biólogo (SANCHES; PELLEGRINO,
2016).
Nesse sentido o ambiente natural, através do termo degradação está
fortemente associado a perturbações e distúrbios do ecossistema, contendo
diversas e diferentes fontes que resultam em definições convergentes,
complementando-se e expondo o mesmo conceito. (SANCHES, 2011).
Segundo o Guia de Recuperação de Áreas Degradadas da SABESP
(2003), degradação são “as modificações impostas pela sociedade aos
ecossistemas naturais, alterando as suas características físicas, químicas e
biológicas, e comprometendo, assim, a qualidade de vida dos seres humanos”.   
De acordo com Lemos et al., (2022) definem que “a degradação de uma
área ocorre quando a camada de vegetação nativa e a fauna forem destruídas,
removidas ou expulsas; a camada fértil do solo for perdida, removida ou
enterrada; e a qualidade e regime da vazão do sistema hídrico forem
alterados”.
O Manual de Gerenciamento de áreas contaminadas da CETESB (2009)
define de forma bem simplificada que áreas degradadas são áreas onde
26

ocorrem processos de alteração das propriedades físicas e/ou químicas de um


ou mais compartimentos do meio ambiente.  
No contexto urbano, há poucas referências literárias quanto à definição
do termo. Bitar (1997) defende que nas cidades, onde há muitas variáveis
socioeconômicas e ambientais, e interações complexas, a degradação “está
geralmente associada à perda da função urbana do uso do solo (...)”.
(SANCHES; PELLEGRINO, 2016).
De acordo com Sanches (2008) na literatura há diversos autores que
classificaram as áreas degradadas urbanas de acordo com suas origens e
situação atual, podendo associá‐las a uma ou mais categorias abaixo:
a) Lotes vazios, que estão ou estavam destinados ou preparados para a
construção de alguma edificação que não ocorreu ainda;
b) Parcelas especulativas: podem estar localizadas em áreas de baixo
valor ou áreas transitórias, mantidas desocupadas na espera de um
aumento no valor da terra;
c) Terrenos vazios provenientes de demolição de edificações; Terrenos
com estruturas industriais abandonadas ou construções em geral;
d) Estrutura ferroviária abandonadas, incluindo trilhos entre edifícios,
estações e linhas não mais utilizadas;
e) Estruturas militares abandonadas, como quartéis, centros de
treinamento e transporte;
f) Terras que antes abrigavam agricultura ou horticultura, bem como
instalações e edifícios relacionados ao uso;
g) Áreas danificadas, contaminadas ou com risco de contaminação;
h) Áreas com limitações físicas: em locais impossibilitados de construção
devido à alta declividade, área de drenagem ou outras limitações físicas;
i) Áreas remanescentes: áreas pequenas e formas irregulares.
A degradação dos ambientes naturais é fato emergente em diversas
cidades no âmbito mundial, entretanto, quando se fala em degradação das
zonas ripárias, deve-se considerar os impactos e os danos ambientais
(DAMAME; LONGO; DE OLIVEIRA, 2019).
Nesse sentido a Environment Protection Agency, (EPA EUA, 2006),
estabelece que áreas urbanas degradadas, mais comuns podem ser
encontradas em como, locais abandonados, onde abrigaram antigas
27

instalações industriais, portuárias , bases militares, áreas de mineração, aterros


sanitários desativados; áreas com trechos de infraestrutura desativada, como
linhas ferroviárias, viadutos, ou subutilizada, como passagens de dutos ou
linhas de alta tensão; áreas vazias e residuais, decorrentes de um processo de
urbanização mal planejado ou mal gerido, ou ainda áreas ambientalmente
sensíveis e vulneráveis que se encontram degradadas, como margens de
córrego, nascentes, várzeas e encostas (SANCHES; PELLEGRINO, 2016).
A Environment Protection Agency – EPA, nos Estados Unidos, define
espaços vazios, de antigas industrias inutilizado e abandonados como
“borwnfield”
De acordo com Sanches (2011), vale lembrar que ainda que o termo
brownfields e derelict land (áreas abandonadas), são terminologias citadas na
literatura internacional , porém são distintas do termo vacant land (áreas
vazias). Sendo que, primeiro termo BROWNLAND representa locais que
necessitam de reabilitação ou remediação para serem reutilizadas e
geralmente apresentam estruturas e ruínas das antigas atividades. Já o
segundo termo se refere à áreas vazias não necessitam de requalificação ou
remediação, sendo viáveis a ocupação ou utilização.
Vale ressaltar que a definição de áreas degradadas, de caráter de
abandono e subutilização muitas vezes ocorre em virtude da intensa ocupação
irregular, que é consequência especulação imobiliária já a urbanização de
classes sociais economicamente prejudicadas, acabam vertendo nas periferias,
ocupando áreas de risco, assim como a ocupação irregular de áreas de
preservação permanente, estimulando o desmatamento, assoreando rios,
causando erosão, entre outros impactos as APPs.
Devido à grande diversidade de tipos de áreas degradadas, suas
respectivas causas têm diversas origens. Contudo, pode‐se dizer que todas
estão intimamente relacionadas aos processos e às dinâmicas econômicas e
sociais da cidade, aos problemas ambientais e à ausência de planejamento ou
ineficiência da gestão urbana.
Brundtland (1987), reconhece o vínculo entre ambiente, ações,
ambições e necessidades humanas. Este vínculo torna o ambiente inseparável
do desenvolvimento e em especial do desenvolvimento sustentável. Que pode
ser entendido como o desenvolvimento que garante o atendimento das
28

necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações


futuras atenderem também às suas necessidades.
Nas últimas décadas, autoridades do mundo todo vêm percebendo a
urgência em buscar soluções para as áreas degradadas, bem como, o grande
potencial de reutilização que a maioria destes sítios urbanos possui, uma vez
que muitas estão localizadas em regiões centrais, ricas em infraestrutura. A
revitalização de uma área degradada pode ser, muitas vezes, uma forma de
fomento de um planejamento mais sustentável para as cidades e
principalmente de atração de empregos, novos negócios no entorno e de
aumento na arrecadação de impostos pela prefeitura, além de melhorar a
qualidade ambiental do local (SANCHEZ, 2011).

3.4 IMPACTOS AMBIENTAIS


O conceito oficial de impacto ambiental, segundo a Resolução CONAMA
1/86, é "... qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas
do meio ambiente ...”
A literatura vigente, apresenta vários conceitos de impactos ambientais
abordados na literatura existente:

CONCEITOS DE IMPACTOS AMBIENTAIS

CANTER, Qualquer alteração no sistema físico, químico, biológico, cultural, e sócio


1977 econômico econômico que possa ser atribuída às atividades humanas,
relativas a alternativas em estudo, para satisfazer às necessidades de um
projeto.
RAW, 1980 Qualquer alteração de condições ambientais ou criação de um novo conjunto
de condições ambientais, adversas ou benéficas, causadas ou indizida pela
ação ou conjuntode ações em consideração.
HORBERRY, Impacto ambiental é a estimativa ou julgamento do significado e do valor do
1984 efeito ambiental para os receptores naturais, socioeconômico. Efeito
ambiental é alteração mensurável da produtividade dos sistemas naturais e
da qualidade ambiental, resultante de atividade econômica
WHATERN, Mudança num parâmetro ambiental, dentro de uma determinada atividade
1988 econômica, comparada co a situação que ocorreria se a atividadenão tivess
sido iniciada.
ESPINDOLA, Impacto ambiental é o resultado do efeito de alguma ação antrópica, sobre
2000. algum componente ambiental, biótico ou abiótico
Impacto ambiental é o nome dado a um modificação causada no meio
RIBEIRO, ambiente devido à ação humana. Toda e qualquer atividade humana,causa
2018 impacto no ambiente natural, podendo se positivo ou negativo.
Tabela 4 - Principais autores e suas definições de impactos ambientais Elaborado pelo autor..
29

3.5 DANOS AMBIENTAIS


O dano ambiental pode ser descrito como a consequência do impacto. O
dano também pode considerado qualquer alteração que leva a consequências
negativas (RIBEIRO et al., 2018). O conceito de danos está consequentemente
associado a impacto, portanto degradação é um fator atrelado ao dano
ambiental, resultante de um impacto ; (DA SILVA FALCÃO; et al., 2021).
A definição clássica de impacto ambiental, salienta que impacto
ambiental é toda alteração adversa do meio ambiente decorrente nas
características, físico-químicas e biológicas (SILVA; RIBEIRO; LONGO, 2021).
Os impactos e danos levam à degradação das zonas ripárias que pode
ser descrita como um dos principais problemas relacionados às questões
ambientais. Historicamente, constata-se que a evolução das civilizações,
efetivou-se pela manipulação e usufruto de recursos naturais. As cidades
antigas quantos as atuais, sempre se desenvolveram em regiões próximas aos
rios. Além de exercer fundamental importância para subsistência humana, as
zonas ripárias, bem como seus rios e córregos também eram utilizados como
meio de transportes, atividades sociais, de lazer, político-geográficas,
econômicas (agricultura, pecuária, extrativismo vegetal mineral, caça e pesca),
assim como até hoje, ainda o são (HERZOG; ROSA, 2010).
A revolução industrial, ocorrida no século XVIII, inicialmente na
Inglaterra, resultou num dos principais fatores que determinaram o
desenvolvimento urbano das cidades, como consequência intensificou o
crescimento de economias e o aumento populacional (MEDINA BENINI; et al,
2022). A evolução e desenvolvimento destas desencadearam a formação de
grandes centros urbanos, juntamente com o surgimento de diversos problemas
de natureza social, ambiental e econômica (DA CUNHA SOUZA; AMORIM,
2019).
Grande parte das políticas urbanas mundiais busca priorizar diversas
temáticas entre elas: a mobilidade urbana, ocupações irregulares, saneamento
básico entre outros temas relacionados ao desenvolvimento urbano. Essas
ações, possuem grande relevância, no entanto, as questões associadas com a
gestão hídrica municipal, ainda carecem de implementação de políticas,
programas e projetos para o desenvolvimento urbano (ARROYAVE-MAYA et
al., 2019).
30

Diversos estudos vêm sendo executados por especialistas, entretanto os


resultados apontam consequências negativas que geralmente refletem a falta
de planejamento e urbanização de cidades, esses danos incidem
principalmente nos rios e córregos urbanos. A crescente degradação das zonas
ripárias e dos cursos d'água, compromete não só o funcionamento de cadeia
alimentar e dos ecossistemas, mas também atinge a disponibilidade relativa a
qualidade e quantidade de água (VENDRUSCOLO et al., 2020).
Com a impermeabilização dos solos nas zonas ripárias urbanas,
aumentam-se os picos de cheias e causam inundações, sem citar que o
lançamento de poluentes in natura que é outro problema provocado pela
urbanização (HONG; CHANG, 2020).
Essas degradações, das zonas ripárias, dos rios urbanos e redes de
drenagem podem ocorrer sob diversos aspectos: contaminação, através do
lançamento de rejeitos, efluentes domésticos, agroindustriais, processos de
assoreamento de leito de rios, decorrentes da remoção da mata ciliar,
canalização, retificação dos leitos, construção de barragens, além da
introdução de espécies exótica (PURCELL; CORBIN; HANS, 2007).
A deterioração de áreas adjacentes aos córregos e rios, também
influenciam de forma negativa as ZRs, sejam eles urbanos, periurbanos, rurais
ou naturais, prejudicando a disponibilidade das águas, pois se tornam
degradadas e insuficientes, para uso da sociedade (FENGLER et al., 2015).
Sendo assim, a degradação ambiental das zonas ripárias, requer a busca por
novas tecnologias revitalização. A busca por soluções de recuperação ou
revitalização (DA SILVA; NOGUEIRA, 2021).
Renaturalização, Revitalização e Reabilitação é a melhoria das funções
do ecossistema sem que necessariamente se atinja um retorno a condições
pré-distúrbios. Geralmente é dada ênfase à recuperação de processos e
funções do ecossistema para aumentar o fluxo de serviços e benefícios às
pessoas, mas sem que haja uma intenção explícita em se restabelecer a
composição e estrutura original do ecossistema.
O manejo e recuperação ambiental dessas áreas degradadas são temas
complexos e requerem a busca por novas tecnologias para o diagnóstico e
avaliação (CONCEIÇÃO et al., 2021). Soluções integradas com a natureza
devem simular processos naturais que contribuam para um melhor
31

gerenciamento da questão hídrica (KAISER; FELD; STOLL, 2020). Muitas


pesquisas vêm sendo desenvolvidas, entre estas podemos citar a integração
entre as estruturas verde, cinza e azul, que surgem como alternativa de
sucesso na recuperação de danos ambientais (FERNANDES; et al., 2020).
O Relatório da UNESCO, sobre equilíbrio entre as infraestruturas verde,
cinza e azul que pode ser considerado uma eficiente ferramenta para gestão e
recuperação da degradação ambiental. A chamada infraestrutura verde
concentra-se em preservar as funções dos ecossistemas, fauna e flora. Para a
gestão dos recursos hídricos, alguns autores à denominam como infraestrutura
azul. Já a infraestrutura cinza está relacionada a buscar soluções através da
utilização de elementos da engenharia civil, nos ambientes naturais (ONU,
2018).
A importância da revitalização de zonas ripárias urbanas degradadas
deve ser considerada não só para melhorar a qualidade da água, mas também
para reinserir o ambiente natural no contexto urbano, recuperando sua função
ambiental e conectando os espaços públicos, restaurando os serviços
ecossistêmicos prestados à cidade, considerando principalmente a participação
e conscientização pública. (PERVEEN, 2017).

3.6 USO DO SOLO


A cidade contemporânea, em sua dinâmica atual, reflete processos
complexos que, se não acompanhados pela gestão territorial, produzem
espaços fragmentados, de baixa qualidade, que interferem na vida de toda a
cadeia urbana e, paulatinamente, aumentam os conflitos espaciais,
socioeconômicos e ambientais. Se por um lado, a legislação permanece
estática e, em geral, sofre alterações que favorecem ao setor imobiliário (como
tem ocorrido na maioria das cidades brasileiras e dos países em
desenvolvimento), o planejamento urbano (teoria e prática), em partes,
desconsidera o impacto da forma sobre a vida das pessoas e na dinâmica
urbana (SILVA; ROMERO, 2015).
A sustentabilidade das cidades é marcada pela discussão sobre a sua
densidade como imposição morfológica no espaço urbano, a densidade
determinará o grau de acessibilidade, a proximidade e o acesso ao emprego e
à habitação, com adequada infraestrutura à população economicamente
32

desfavorecida. Por sua vez, a eficiência em infraestrutura e no uso e ocupação


do solo urbano em sinergia com as disponibilidades e suportes ambientais do
sistema-entorno são pontos vitais no processo de planejamento e gestão de
cidades sustentáveis (GIACOMINI, 2021)

O uso do solo pode ser entendido como a forma pela qual o espaço


geográfico vem sendo ocupado pelo ser humano e suas atividades. Práticas
de gestão do território e formas de uso do solo têm grande impacto sobre
os ecossistemas e os recursos naturais, neste caso, a água e o solo (SOUZA;
SILVA; SILVA, 2016) . A avaliação e diagnóstico sobre o uso e ocupação do
solo nas ZRs, pode ser usada para desenvolver soluções para a gestão e
conservação de ambientes naturais, responsáveis pelos ecossistemas urbanos
(DOS SANTOS CARVALHO; et.al, 2021). O levantamento do uso do solo é de
grande importância, na medida em que a ocupação desordenada do solo causa
a deterioração do meio ambiente (BRASIL et al., 2021).

Os processos de erosão, inundações ou assoreamento de leitos e


córregos são consequências do mau uso e ocupação do solo, ocorridos pela
falta de planejamento urbano e ambiental. Esses fatores estão diretamente
relacionados a questões de mudança do clima também (FRANCISCO;
SANTOS; DE BRITO, 2022). Geralmente onde não há planejamento urbano e
ambiental do uso e ocupação do solo, ocorre degradação exacerbada dos
ambientes naturais (SILVA; RIBEIRO; LONGO, 2021).

3.6.1CLASSES DE USO DOS SOLOS


A classificação do uso solo é comumente, definida em duas classes
fundamentais a rural e a urbana. Isto se deve a ocupação e destinação da
função que determina o uso dos terrenos (BARBIN; 2003). Classifica-se como
solo urbano o destinado à urbanização e edificação urbana, e solo rural,
geralmente destinado a atividades agrícolas de pecuária e de preservação
ambiental (CAMPOS; 2020).

3.6.1.CLASSIFICAÇÃO DO SOLO URBANO


Em matéria de classificação do solo como urbano dever-se obedecer a
princípios de adequação, quantitativa e qualitativa, para implementação da
estratégia de desenvolvimento local (BRASIL et al., 2021). São reiterados os
33

propósitos de sustentabilidade, valorização e pleno aproveitamento das áreas


urbanas, subordinados ao ditame da economia dos recursos territoriais (DO
ROSÁRIO et al., 2021).
De acordo com Rosário (2021) neste enquadramento, estabelecem-se
quatro critérios, que deverão verificar-se cumulativamente, para que o solo seja
classificado como urbano:
 inserção no modelo de organização do sistema urbano municipal,
 existência ou previsão de aglomeração de edificações, população e
atividades geradoras de fluxos significativos de população, bens e
informação,
 existência ou garantia de infraestruturas urbanas e de prestação de
serviços associados, incluindo, necessariamente, transportes públicos,
abastecimento de água e saneamento, distribuição de energia e
telecomunicações e
 garantia de acesso da população residente aos equipamentos urbanos
que assegurem a satisfação das necessidades coletivas fundamentais.

Boeing (2021), explica que  American Planning Association desenvolveu


um padrão interessante para o mapeamento e classificação do uso do solo.
Esse padrão baseia-se em 5 dimensões ou categorias de análise, classificando
os usos do solo segundo:

 as atividades desempenhadas (residencial, comercial, industrial etc.);


 a função (econômica) a que servem;
 o tipo de estrutura da edificação;
 o estado de utilização do lote ou gleba (ocupado, não ocupado etc.);
 a propriedade (público, privado etc.);

3.6.2. DOS USOS RESIDENCIAIS:


De todos os tipos de usos, o residencial é o que ocupa mais espaço,
entre 30 e 50% de toda a área construída, deve-se planejar esse tipo de área
de modo a criar alternativas que contemplem valores, necessidades e
possibilidades diferentes, ou seja, assumir a diversidade inerente às
populações urbanas e evitar a segregação (BOEING, 2021). Além disso, é
34

necessário garantir que essas áreas estejam bem conectadas entre si e com o
resto da malha urbana. No levantamento e mapeamento de áreas residenciais,
é comum adotar uma classificação baseada na densidade e na tipologia: Em
síntese, de acordo com Boeing, (2021) as funções das áreas residenciais são
as seguintes:

 Abrigo – função tradicional da habitação, e que inclui também os


serviços considerados essenciais à sua manutenção, tais como água,
esgoto, energia etc.
 Segurança – fornecer um ambiente seguro, estável e ordenado, longe
dos perigos do tráfego, violência, crime e outras ameaças físicas e
psicológicas.
 Ambiente adequado às crianças –prever um local onde crianças possam
interagir com a comunidade local, ou seja, com vizinhos, escolas e
espaços públicos.
 Identificação simbólica – promover o conceito, o sentido de lugar, de
pertinência, orgulho e satisfação com seu local de moradia.
 Interação social – promover as relações sociais através de redes de
contato, instituições e equipamentos comunitários.
 Lazer – fornecer recreação, entretenimento, equipamentos culturais e
educacionais e espaços de lazer.
 Acessibilidade – prover acesso ao emprego, comércio e serviços
necessários para a manutenção da habitação, bem como para opções
de lazer e entretenimento em escala municipal e regional.
 Investimento financeiro – funcionar como investimento para o
proprietário de modo a lhe proporcionar segurança ou a possibilidade de
realizar outros investimentos.
 Eficiência dos recursos públicos – contribuir para a eficiência na
alocação dos recursos públicos principalmente no que diz respeito à
implementação de infraestrutura, evitando sobrecarga e subutilização.
35

3.6.3. USOS COMERCIAIS E DE SERVIÇOS


A localização dos usos comerciais e de serviços também é essencial
numa análise de uso do solo. Esses usos oferecem suporte a uma série de
atividades humanas e, além disso, são responsáveis por uma grande
porcentagem da oferta de empregos. Portanto, sua localização dentro do tecido
urbano exerce influência decisiva na quantidade e na qualidade dos
deslocamentos diários entre residência e trabalho. Do Rosário et al. (2021)
propõe uma classificação baseada no raio de abrangência do comércio ou
serviço em três níveis para realizar sua análise.
O primeiro nível é composto pelos comércios e serviços de apoio direto
ao uso residencial, e de frequência de utilização diária ou semanal. Inclui o
açougue, a padaria, a quitanda, o boteco etc.
O segundo nível são aquelas atividades utilizadas menos
frequentemente e que, por isso, tendem a se localizar um pouco mais distante
das habitações, nos centros de bairro mais consolidados. Inclui a loja de
sapatos, o supermercado etc.
O terceiro nível são aquelas atividades mais especializadas, cuja
frequência de utilização é muito baixa (semestral, anual ou ainda menor) e por
isso, tendem a se localizar em áreas de grande acessibilidade para a cidade
como um todo. Inclui relojoarias, revendas de automóveis, equipamentos
industriais etc. Cada tipo de atividade comercial apresenta algumas
características que devem definir uma localização mais adequada.

3.6.4 USOS INDUSTRIAIS


As indústrias também são responsáveis por uma grande quantidade de
empregos. Por isso, assim como os usos comerciais, exercem grande
influência nos deslocamentos diários nas cidades (GOMES, 2018) .Além disso,
possuem grande potencial de incomodidade causado por fatores como os
deslocamentos, descritos acima, e pela geração de resíduos e de ruídos, o que
demanda uma atenção especial quanto à sua localização. De acordo com
Gomes, (2018) esse quadro vem se modificando em função do advento das
indústrias limpas.
Os locais mais apropriados para o uso industrial são aqueles que:
36

 Possuem baixa declividade;


 Possuem acesso direto a meios de transporte (rodovias, aeroportos,
portos), dependendo do tipo de produto e de seu principal canal de
escoamento;
 Possuem facilidade de acesso a partir das áreas residenciais, de
modo que o tempo de deslocamento dos empregados não seja
exagerado, possuindo acesso às linhas de transporte ou aos grandes
canais de escoamento viário;
 Estão próximos de outros serviços ou indústrias que lhes sejam
complementares;
 São compatíveis com os usos do entorno, principalmente para
aquelas indústrias que produzem ruídos, odores, fumaça, tráfego,
substâncias perigosas e que armazenam resíduos;
 Que possuem um local para o pré-tratamento de dejetos
eventualmente produzidos pela indústria;

3.7.PLANEJAMENTO URBANO
Para se organizar, regular e melhorar a qualidade de vida das
comunidades, é através do planejamento urbano ou urbanismo, podemos dizer
que, é a ciência responsável pelo processo de desenvolvimento de programas
e serviços que visam melhorar a qualidade de vida da população seja em áreas
urbanas ou rurais existentes ou a serem planejadas. Essa ciência, refere-se
principalmente aos processos de produção, estruturação e apropriação do
ambiente e espaço urbano (LEMOS; ANDRADE; MEDEIROS, 2022).
Um projeto de planejamento urbano deve integrar, infraestrutura cinza
construída (ou seja, edifícios e infraestrutura civil de apoio, como estradas,
pavimentos, etc.) com as infraestruturas verde e azul, ou seja, rios e lagos e
outros tipos de superfícies naturais(SHAO et al., 2021).
As definições de sustentabilidade urbana variam, os princípios mais
abrangentes incluem compensar as crescentes pressões sobre o ambiente
natural ou os sistemas de infraestrutura, enquanto proporcionam as mesmas
oportunidades que temos atualmente para as gerações futuras. O projeto
urbano sustentável procura integrar conceitos holísticos no projeto de edifícios
37

(estruturas cinzas); associado ao uso da das infraestruturas verde e azul, no


espaço aberto. As áreas de infraestrutura verde e azul devem ser entendidas
como uma rede estrategicamente planejada para áreas urbanas baseadas na
natureza (PUCHOL-SALORT et al., 2021).
Existem várias características no espaço urbano que fornecem uma
ampla gama de Serviços Ecossistêmicos Urbanos Alguns exemplos de
infraestrutura verde e azul são: rua árvores; pavimentação permeável;
controles de águas pluviais projetados; azul e telhados verdes; fachadas
verdes; parques e espaços abertos; lagoas e cursos d'água; jardins urbanos;
entre outros (GUIMARÃES et al., 2018).
No entanto, definir indicadores de desenvolvimento urbano sustentável
dentro uma política de planejamento urbano e um contexto de tomada de
decisão é difícil, tanto na investigação e nos domínios da prática profissional.
Isso se deve em grande parte as interações complexas entre muitos tipos
diferentes de sistemas em ambientes urbanos (SHAO et al., 2021). Estes
incluem sistemas sociais, construídos e naturais que se cruzam e interagem de
inúmeras maneiras complexas que representam novas pressões urbanas
(mudança de uso da terra, contaminação do ar e do solo, redução de espaço
etc.) e desafios críticos (equidade social, bem-estar, cooperação administrativa
(PUCHOL-SALORT et al., 2021).
Desenvolver a compreensão de todo o sistema é fundamental para:
a) integrar vários aspectos do desenvolvimento sustentável para o verde
azul desenho urbano;
b) avaliar e justificar a sustentabilidade do projeto para várias partes
interessadas;
c) utilizando os múltiplos benefícios proporcionados pelo ambiente
natural por meio da avaliação de serviços;
No contexto da tomada de decisão, o investimento em ecossistemas
naturais versus soluções tradicionais de engenharia é pouco pesquisado e há
pouca evidência para provar seu papel fundamental para a sustentabilidade
urbana. Alcançar a sustentabilidade urbana, portanto, requer uma metodologia
adequada com métricas de avaliação compartilhadas que liga as perspectivas
de planejamento, ecológicas e de design de engenharia dentro dos ambientes
urbanos.(KENT; THOMPSON, 2014).
38

Nesse contexto Guimarães et al. (2018), explicam que essas


perspectivas podem ser vinculadas usando uma abordagem de pensamento
sistêmico, empregada por engenheiros e pesquisadores para desenvolver
modelos quantitativos e novas formas de integração para entender
complexidades urbanas.
Planejamento urbano, também pode ser considerado o processo que
busca controlar o desenvolvimento das cidades por meio de regulamentações
locais e intervenções diretas, para atender a uma série de objetivos, como
mobilidade, qualidade de vida e sustentabilidade (SOUZA; et al., 2016)
Formada por diversos campos, desde engenharia, arquitetura e até
ciências sociais, essa prática foi desenvolvida para corrigir problemas
causados pela expansão das cidades espontaneamente, sem ordenamento e
controle das atividades antrópicas (PIMENTA; WERNECK, 2021).
É possível constatar, que em processos de urbanização as zonas
ripárias são os ambientes naturais que mais sofrem impacto e danos devido à
falta de um planejamento adequado (MACHADO; CAMBOIM, 2019).
Nesse sentido, a realidade urbana das cidades brasileiras, nas últimas
décadas, têm passado por um enorme processo de crescimento demográfico e
expansão territorial. Diante desse quadro as cidades foram se tornando cada
vez mais descontínuas, contribuindo para o crescimento exponencial de
áreas periféricas, colocando em evidência as diferenças entre as classes
sociais, além de transformar o espaço urbano em uma área cada vez mais
fragmentada e segregada, onde nitidamente algumas áreas são ocupadas
por classes de menor poder aquisitivo, por não terem condições
financeiras de adquirir uma moradia mais próxima das áreas centrais da cidade
(TRANNIN, 2021).
O planejador urbano tem como responsabilidade “prever” o futuro,
cabendo a ele criar cenários possíveis, simular desdobramentos e soluções
para problemas prováveis. Nesse contexto, é preciso que este, seja
multidisciplinar, abrangendo o entendimento de todas as áreas, a fim de
projetar cenários que deem conta da complexidade da vida social
contemporânea (GIACOMINI, 2021).
Hoje, algumas das maiores preocupações do planejamento urbano são a
construção de locais, o zoneamento, o transporte, o meio ambiente e o aspecto
39

de uma cidade. O planejamento urbano também procura mitigar as áreas


degradadas procurando sempre preservar o ambiente natural da área
(PIMENTEL et al., 2021).
A urbanização também pode ser entendida como processo de
transformação de uma sociedade, comunidade, região seja em território urbano
e rural (LEMOS; ANDRADE; MEDEIROS, 2022). Esse planejamento também
corresponde ao desenvolvimento das cidades no Brasil, cuja prerrogativa
constitucional da gestão municipal deve corresponder inclusive, pela
delimitação de zonas urbanas, zonas rurais e demais territórios para onde
devem ser direcionados instrumentos de planejamento e preservação
ambiental (MACHADO; CAMBOIM, 2019).

3.7.1 PLANEJAMENTO URBANO E SUAS MÚLTIPLAS FUNÇÕES


O planejamento tem múltiplas funções na vida das comunidades, assim
como também interfere na saúde humana. De acordo com Barton e Grant
(2013), o efeito do lugar na saúde humana é uma importante vertente tanto na
conceituação quanto no desenvolvimento de desenvolvimento de politicas. O
meio ambiente há muito ja é reconhecido como uma determinante da saúde.
Promover programas de saúde aliados ao usufruto e participação das
pessoas em ambientes naturais, têm demonstrado resultados positivos, na
saúde humana e das comunidades. Nesse contexto torna-se necessário uma
reavaliação fundamental da forma como as relações sociais, económicas e
ambientais moldam e são moldados pelo ordenamento do território. Isso exige
uma reavaliação do papel do planejamento e design da habitação humana na
promoção da saúde (JACKSON, 2003).
De acordo com Kent e Thompson, (2014), as evidências mostram que o
planejamento espacial, ou “planejamento urbano,” em nossas vilas e cidades
tem um efeito profundo sobre os riscos e desafios para a saúde da população.
A Iniciativa de Planejamento Urbano Saudável da OMS criou o
programa Cidades Saudáveis Europeias da OMS e incluiu planejamento
urbano saudável (HUP, health Urban Planning) como um dos principais temas
que todas as cidades membros devem desenvolver (BARTON; GRANT, 2013).
De acordo com, Northridge e Freeman, (2011), quase um terço dos
chefes de planejamento consideravam que o planejamento e política eram
40

incompatíveis com a saúde. Vários problemas anti-saúde no planejado


ambiente urbano foram destacados: níveis excessivos de tráfego motorizado,
foco no lucro privado, segregação social e falta de atenção às necessidades
cotidianas, resultando assim, na elaboração do conceito de HUP. Uma
definição abrangente de planejamento urbano saudável, (HUP), foi
desenvolvida para abordar todos os problemas de saúde determinantes
relacionados com o ambiente físico das cidades e para refletir o núcleo
princípios da estratégia da OMS para a saúde para todos como equidade,
participação e cooperação intersetorial.
Um conjunto de 12 objetivos foi adotado para o tema HUP, consistente
com os de desenvolvimento sustentável e Agenda 21.
Os 12 objetivos do planejamento urbano saudável, (HUP), que dizem
respeito à sequência de esferas do mapa de saúde, foram destacados:
 Promoção de estilos de vida saudáveis (especialmente exercício físico
regular);
 Facilitar a coesão social e as redes sociais de apoio;
 Promover o acesso a habitação de qualidade;
 Promover o acesso a oportunidades de emprego;
 Promover a acessibilidade a equipamentos de qualidade (educacionais,
culturais, de lazer, varejo e saúde);
 Incentivar a produção local de alimentos e os mercados de alimentação
saudável;
 Promover a segurança e a sensação de segurança;
 Promover a equidade e o desenvolvimento do capital social;
 Promovendo um ambiente atrativo com níveis de ruído aceitáveis e bom
qualidade do ar;
 Garantir a boa qualidade da água e saneamento saudável;
 Promover a conservação e a qualidade dos recursos terrestres e
minerais; e reduzir as emissões que ameaçam a estabilidade climática.

No entanto, todos os planos setoriais ligados à qualidade de vida no


processo de urbanização, como saneamento básico, moradia, transporte e
41

mobilidade, também constituíram instrumentos de planejamento ambiental


(STEIGLEDER, 2021) .
O fundamental é que esses instrumentos sejam compostos por ações
preventivas e normativas que permitam controlar os impactos territoriais
negativos dos investimentos público-privados sobre os recursos naturais
componentes das cidades (MEDINA BENINI; et al., 2017). Com isso, almeja-se
evitar a subutilização dos espaços já infra estruturados e a degradação urbana
e imprimir uma maior eficiência das dinâmicas socioambientais de conservação
do patrimônio ambiental urbano (MEDINA BENINI; et al., 2017).
De acordo com Tranin (2021), para se criar cidades mais saudáveis e
sustentáveis, há necessidade de se definir os problemas a serem enfrentados.
Caracterizam-se, portanto, como instrumento para potencializar a organização
social da região tendo na sustentabilidade um elemento importante na definição
dos planejamentos territoriais.
Como exemplo disso teríamos o Programa europeu URB-AL.
Destinado a cidades europeias e latino-americanas, o URB-AL se constitui
numa rede de cidades denominada Meio Ambiente Urbano, que visa o
melhoramento da qualidade de vida nos ambientes urbanos. A rede representa
quatro grandes âmbitos de interesse ligados entre si:
1) âmbito territorial: a configuração da cidade, o acesso e a qualidade da
habitação e a composição bioclimática das edificações. O tipo de modelo de
crescimento da cidade, a renovação ou reabilitação dos seus bairros
degradados, especialmente os centros históricos, assim como os padrões de
equipamento comunitário;
2) formas de tratamento e depuração de água, da reciclagem dos resíduos
sólidos, da poluição atmosférica e acústica, do transporte coletivo,
individual e trânsito e da gestão sustentável da energia nas cidades;
3) qualidade de vida: é constituído pelos aspectos sociais e de impulso
econômico do ambiente urbano, as relações cidadãs, o trabalho e o
desemprego, a marginalização social, a imigração nativa e transfronteiriça e a
segurança e;
4) questões tipo legislativo-político: o melhoramento da aplicação da
legislação ambiental existente ao nível urbano, as novas disposições ou
diretivas sobre resíduos, qualidade do ar, água e ruído, assim como as
42

necessárias e quase inexistentes normativas sobre a composição do território e


da habitação.
Nos últimos 50 anos, a população brasileira subiu de 60 para 200
milhões de habitantes, a taxa de urbanização passou de 45% para cerca de
85% e o número de municípios quase triplicou (AFONSO, 2019) . Ao mesmo
tempo, do ponto de vista econômico, testemunhou-se um processo de
diversificação e desconcentração produtiva no País, com a expansão de novas
frentes de ocupação, em especial, para as regiões Centro-Oeste e Norte do
Brasil (LEMOS; ANDRADE; MEDEIROS, 2022; PIMENTA; WERNECK, 2021)
Contudo, essas novas tendências demográficas e econômicas, se por
um lado permitiram a inclusão social de muitos brasileiros, por outro vieram
acompanhadas de significativos impactos sobre os ecossistemas e pelo
aumento da situação de vulnerabilidade de determinadas parcelas da
população, colocando em risco a própria sustentabilidade do desenvolvimento
nacional (HERZOG; ROSA, 2010).
Nesse contexto, mostra-se essencial uma visão estratégica e holística
do território que permita conciliar metas de crescimento econômico e de
combate às desigualdades sociais com a conservação dos recursos naturais
(MEDINA et. al, 2017).
No Brasil, essa visão estratégica tem como elemento central a
preocupação com a valorização do território enquanto objeto de integração dos
diversos planos, programas, políticas e projetos, superando a visão setorial e
tornando mais fácil a compreensão dos problemas e a priorização das ações a
serem implementadas (DA CUNHA SOUZA; AMORIM, 2019).
Sendo assim, é possível constatar, que em processos de urbanização as
zonas ripárias são os ambientes naturais que mais sofrem esse impacto
(MACHADO; CAMBOIM, 2019).
Sendo assim, faz-se necessário a justificativa pela necessidade de
recuperação, revitalização, renaturalização de áreas urbanas
degradadas,assim como políticas de planejamento urbanos e ambientais.
muitos estudos destacam os projetos executados para planejar novos espaços,
porém poucos estudos refletem o paradigma enfrentado pelas antigas cidades
e sua falta de conexão com as zonas ripárias.
43
44

3.8.TIPIFICAÇÃO APLICADA A DIAGNÓSTICOS E AVALIAÇÃO


Tipologia é a ciência que estuda os tipos, diferença intuitiva e conceitual de
formas como modelo ou básicas. A tipologia pode ser usada em diversas áreas
de estudos sistemáticos, para definir diferentes categorias. explica que, a
tipologia de diferentes documentos que é produzida tem como objetivo
comprovar, lembrar, testemunhar fatos e dados e permitir refletir condições
específicas, agrupadas em características e contradições que apresentam uma
identificação própria (PECHE, 2018). Este é um termo que pode abranger
várias áreas, porque diferentes áreas da ciência necessitam de métodos de
categorização. Tipologia pode estar relacionada com tipografia, teologia,
arquitetura, arqueologia, psicologia, entre várias outras ciências. A abordagem
tipológica vem disseminada pela atividade de urbanização, que utiliza o termo
para caracterizar diferentes formas de usos dos solos nas Zonas ripárias
Urbanas (ALVES; TEIXEIRA, 2020).
De acordo com Peche (2018), o emprego de métodos de tipificação se
mostra vantajoso em diversos segmentos da estrutura científica organizacional,
tais como:
 Na classificação/arranjo, por facilitar o entendimento da composição de
conjuntos;
 Na descrição, esclarecendo que os conteúdos veiculados em
determinado formato têm certos dados que são fixos e outros variáveis,
e que este conteúdo ligase de forma obrigatória à espécie que o veicula;
 No serviço aos usuários, pois a identificação dos tipos traz informações
antecedentes e exteriores ao próprio conteúdo em análise, e são
fundamentais para a compreensão do processo de produção ou causa
de origem;
 Na avaliação, porque as valorizações e especificações partem da
identificação das funções refletidas nas composições que se quer avaliar
para estabelecer o destino dos elementos analisados.

Flausino e Gallardo, (2017) relatam que a tipificação, quando aplicada


em estudos de arquitetura, pode retratar características a um tipo de
construção, espaço livre ou de um componente do espaço livre, investigando
45

suas variações, hierarquias e sua relação com o contexto urbano, período


histórico e a sociedade que o produziu. São analisados os tipos edificatórios
que não abrangem apenas os edifícios, mas os muros, as ruas, os pátios, os
jardins, além de outros elementos morfológicos. É importante salientar ainda
que na arquitetura a tipificação pode ser é trabalhada com a escala do edifício
ou do elemento selecionado (BELLOTTO, 2002).
De acordo com esses autores, o tipo pode ser configurado como um
esquema deduzido através de um processo, levando à redução de conjunto de
variantes formais a uma base comum, podendo ser entendida como princípio
que implicando na possibilidade de infinitas variantes formais (PECHE, 2018).
Neste estudo a Tipificação será elaborada através da matriz adaptada
de Arboleda e Leopold, Uma matriz é composta por linhas, dispostas na forma
de linhas e colunas. Em uma das linhas são elencadas as principais atividades
ou ações que compõe o empreendimento; Na outra são elencados os
componentes ou elementos do sistema ambiental. O objetivo das matrizes é
identificar as possíveis interações entre os componentes ou dos indicadores
com os elementos do meio.

3.9 METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS E DANOS


AMBIENTAIS
Atualmente, existe uma série de metodologias de AIA (avaliação de
impactos ambientais) disponíveis em trabalhos relacionados ao tema e
inseridos em várias linhas de pesquisa, como por exemplo: sistema ad
hoc; listas de verificação (check list), sobreposição de mapas; redes de
interação e modelos de simulação. A escolha do método AIA sua adaptação e
desenvolvimento dependem dos objetivos da avaliação, posto que, cada
ferramenta apresenta pontos positivos e negativos, e analisa
especificadamente os problemas e objetivos definidos (MOREIRA, 2002).
O processo completo de avaliação do desempenho ambiental, realizado
em uma base contínua e de forma sistemática e periódica, permite às
empresas verificar se os seus objetivos estão sendo atingidos, além de
fornecer um mecanismo para investigar e apresentar informações confiáveis e
verificáveis, inclusive de natureza financeira, que podem ser relatadas às
46

partes interessadas, por exemplo, acionistas e usuários, órgãos financiadores,


fiscalizadores e ambientais (FERRAZ et al., 2019).
Um dos desdobramentos desse novo paradigma foi o desenvolvimento e
visibilidade de novos conceitos de administração de bens e serviços nas
últimas décadas, como a gestão ambiental.(FERRAZ et al., 2019)
O planejamento ambiental engloba a formulação de um plano para o
cumprimento da política ambiental. Essa etapa envolve a identificação dos
aspectos ambientais; a avaliação dos impactos ambientais correlatos; a
caracterização dos requisitos legais envolvidos; os critérios internos de
desempenho, objetivos e metas; o Programa de Gestão Ambiental (PGA), o
qual operacionaliza o SGA (FERRAZ et al., 2019)

Aspectos ambientais são elementos das atividades, produtos ou serviços


da empresa que podem interagir com o meio ambiente (VALLE, 2009). Já os
impactos ambientais correspondem a qualquer alteração das propriedades
físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por alguma forma de
matéria ou energias e resultante das atividades humanas que direta ou
indiretamente afetem a segurança, saúde, bem-estar, atividades sócio
econômicas, as condições estéticas e sanitárias e a qualidade dos recursos
ambientais. (VALLE, 2009)
Conhecendo-se, previamente, os problemas associados à implantação e
operação do empreendimento, por meio de instrumentos de avaliação de
impacto e planejamento ambientais, pode-se adotar medidas que evitem ou
atenuem tais impactos, reduzindo os danos ambientais e, conseqüentemente,
os custos envolvidos na sua remediação ou correção.

3.9.1.SVAP - STREAM VISUAL ASSESSMENT PROTOCOL


O Stream Visual Assessment Protocol (SVAP) foi desenvolvido
recentemente em um esforço conjunto pelo Serviço de Conservação de
Recursos Naturais (NRCS) dos EUA. Departamento de Agricultura e da
Universidade da Geórgia. O SVAP foi projetado para ser um método
introdutório de avaliação em nível de triagem para pessoas não familiarizadas
com avaliações de fluxo. Ele foi projetado para uso pela equipe de campo que
trabalhou com proprietários de terras agrícolas. O SVAP mede no máximo 15
47

elementos e é baseado na inspeção visual das características físicas e


biológicas dos ambientes ribeirinhos e ribeirinhos. Cada elemento recebe uma
pontuação numérica relativa às condições de referência e uma pontuação geral
para o alcance do fluxo é calculada. A descrição qualitativa do alcance do
córrego é feita com base na pontuação numérica geral. Embora o SVAP não
tenha a intenção de substituir protocolos de avaliação de fluxo mais robustos,
ele fornece informações rápidas e confiáveis para uso em programas de
assistência agrícola do NRCS. É também uma ferramenta educacional por
meio da qual os proprietários de terras podem aprender sobre a conservação
dos recursos aquáticos (BJORKLAND; PRINGLE; NEWTON, 2001).

3.9.2.RFV - RIPARIAN FOREST EVALUATING


O índice de Avaliação de Florestas Riparias (RFV), foi utilizado para
avaliar a condição ecológica de matas ciliares. O estado dos ecossistemas
ribeirinhos tem importância global devido aos benefícios e serviços ecológicos
e sociais que proporcionam. O início da Diretiva-Quadro Europeia da Água
(2000/60/CE) exigiu a avaliação da qualidade hidromorfológica dos canais
naturais.. Essa diretiva descreveu as matas ciliares como um dos componentes
fundamentais que determinaram a estrutura das áreas ribeirinhas. O índice
RFV foi desenvolvido para cumprir o objetivo da Diretiva e complementar as
metodologias existentes para a avaliação das matas ciliares. O índice RFV foi
aplicado em uma ampla gama de córregos e rios na Espanha. O cálculo do
índice RFV foi baseado na avaliação tanto da continuidade espacial da floresta
(nas suas três dimensões centrais: longitudinal, transversal e vertical) quanto
da capacidade de regeneração da floresta, em uma área de amostragem
relacionada à hidromorfologia do rio padronizar. Este índice permitiu avaliar a
qualidade e o grau de alteração das matas ciliares. Além disso, ajuda a
determinou os cenários necessários para melhorar o estado das matas ciliares
e desenvolver processos para restaurar sua estrutura e composição. A
utilização do índice permitiu uma melhor compreensão da situação das matas
ciliares e potencializou melhorias na conservação e manejo das áreas ciliares
(MAGDALENO; MARTINEZ, 2014).
48

3.9.3.QBR – ÍNDICE DE QUALIDADE DEL BOSQUE DA RIBEIRA


O QBR (índice de qualidade florestal ribeirinha) foi aplicado a 157
estações de amostragem localizadas em rios pertencentes a 12 bacias
diferentes na área do Mediterrâneo espanhol. Os resultados indicam que mais
de 34% das estações apresentam valores de qualidade boa e muito boa (QBR
> 75), enquanto 45% apresentam valores de qualidade ruim e ruim (QBR < 50).
De acordo com uma tipologia anterior estabelecida para classificar as estações
de amostragem, os maiores valores de qualidade de QBR ocorrem em
estações de cabeceiras de bacias calcárias e em áreas cársicas. A ausência ou
escassez de matas ciliares de maior qualidade nas bacias peninsulares do sul
pode ser explicada pelo gradiente de aridez que se estabeleceu de norte a sul.
Além disso, há uma evidente deterioração das margens desde as cabeceiras
até a foz dos rios, de modo que ambos os fatores influenciam o estado atual
das margens dos rios mediterrâneos ibéricos (MUNNÉ et al., 2003).

3.9.4.METODOLOGIA DE LEOPOLD
Este é um método que foi criado nos Estados Unidos em 1971 pela Dr.
Luna Leopold como parte de uma equipe de estudos da entidade chamada
U.S. Geological Survey, para fazer avaliações de impacto ambiental em
projetos geológicos e de construção. A matriz de Leopold é baseada na
avaliação das interações que existem entre o projeto e o meio ambiente, mas
sem nomear especificamente cada impacto gerado por tal interação.
Nesse sentido, o método Leopold não funciona como um checklist de
impactos, mas utiliza uma matriz baseada nas metodologias matriciais
normalmente utilizadas para a identificação de impactos. Originalmente, essa
matriz definiu 100 ações diferentes que podem causar impacto e 88 condições
ambientais já identificadas que podem ocorrer, portanto, existem 8.800
interações potenciais. A explicação conceitual da matriz de Leopold que foi
desenhada em 1971 em coerência com a Lei de Política Ambiental de 1969.
Consiste em um método que analisa através da ponderação numérica de
prováveis impactos.
A metodologia baseia-se na aplicação de uma matriz numérica baseada
em dados qualitativos resultantes sobre ações e projetos de engenharia civil.
Essa matriz fornece uma maneira simples de resumir e classificar os impactos
49

ambientais. A vantagem do formato matricial é a organização completa das


ações, fatores e impactos relacionados. A contribuição deste projeto baseou-se
na identificação da lista de ações e atividades que compõem a matriz e que
permite que a atribuição de magnitude seja baseada em informações objetivas,
embora se leve em consideração que a atribuição de importância pode deixar
espaço para a avaliação subjetiva do avaliador (MARTÍNEZ, 2020).

3.9.5.MÉTODO ARBOLEDA

O método Arboleda foi desenvolvido pela Unidade de Planejamento de


Recursos Naturais das Empresas Públicas de Medellín para o ano de 1986,
cujo objetivo inicial era avaliar os efeitos ambientais de projetos hidráulicos da
mesma empresa, mas depois de ver sua aplicabilidade foi adaptado a todos os
tipos de projetos da empresa, bem como por outras entidades e avaliadores
que viram os contributos desta metodologia. Por sua trajetória e rigor técnico,
diferentes entidades ambientais da Colômbia o aprovaram, como a Prefeitura
de Medellín (2014) para realizar análises socioambientais em obras de
infraestrutura pública, bem como por outros organismos internacionais que
avaliam grandes projetos de escala, como o Banco Mundial e o BID (Arboleda,
2015).
Este método é baseado em duas fases importantes, a primeira é a
obtenção dos parâmetros de avaliação e a segunda é a qualificação do impacto
ambiental. A primeira etapa exige que cada impacto seja avaliado levando em
consideração parâmetros ou critérios específicos, descritos a seguir.
Primeira fase: obtenção dos parâmetros de avaliação.
Classe (C): É um critério que serve para definir a direção da mudança
ambiental causada pela ação de um projeto, que pode ser positiva (+, P)
quando melhora as condições ambientais ou, na sua falta, pode ser negativo (-,
N) quando é uma deterioração.
Presença (P): Como em qualquer evento que ainda não ocorreu, podem
ocorrer impactos com alta certeza de ocorrência, mas existem outros que
representam incerteza na análise. Por isso, o P representa a possibilidade que
tem impacto de aparecer e é analisado como uma proporção da probabilidade
de ocorrência:
50

Verdadeiro: quando a probabilidade de ocorrência do impacto for 100%


(a pontuação é 1,0)
Muito provável: a probabilidade do impacto ocorrer está entre 70 e 100%
(a classificação está entre 0,7 e 0,99)
Provável: quando a probabilidade de ocorrência do impacto estiver entre
40 e 70% (0,4 e 0,69)
Improvável: quando a probabilidade do impacto ocorrer está entre 20 e
40% (0,2 e 0,39)
Muito improvável: quando a probabilidade do impacto ocorrer é inferior a
20% (0,01 e 0,19)
Duração (D): É utilizado para avaliar o período em que o impacto estará
presente, “desde o momento em que suas consequências começam a se
manifestar até os efeitos sobre o fator ambiental considerado por último. Deve
ser avaliado independentemente das possibilidades de reversibilidade ou
gestão do impacto” (Arboleda, 2008, p.85). Este critério é integrado na matriz
em função do tempo, tendo em conta:
Muito longo ou permanente: quando o impacto dura mais de 10 anos (a
classificação é 1,0)
Longo: quando o impacto dura entre 7 e 10 anos (0,7 – 0,99)
Médio: quando o impacto dura entre 4 e 7 anos (0,4 e 0,69)
Curto: quando o impacto dura entre 1 e 4 anos (0,2 e 0,39)
Muito curto: quando o impacto dura menos de 1 ano (0,01 e 0,19)
Evolução (E): É um critério utilizado para medir a velocidade com que o
impacto se manifesta ou afeta o meio ambiente. Determina a velocidade com
que se desenrola após as primeiras manifestações até que os efeitos
completos sejam apresentados. Fornece elementos de análise sobre como ela
deve ser gerenciada ou controlada dentro do projeto. As considerações de
avaliação são:
Muito rápido: quando em menos de 1 mês o impacto atinge suas
consequências máximas (é classificado como 1,0)
Rápido: quando entre 1 e 12 meses o impacto atinge suas
consequências máximas (0,7 – 0,99)
Médio: quando entre 12 e 18 meses o impacto atinge suas
consequências máximas (0,4 e 0,69)
51

Lento: quando entre 18 e 24 meses o impacto atinge suas


consequências máximas (0,2 e 0,39)
Muito lento: quando em mais de 24 meses o impacto atinge suas
consequências máximas (0,01 e 0,19)
Magnitude (M): É utilizada para qualificar a magnitude da mudança que
o fator ambiental sofrerá como efeito da intervenção. Para fazer a avaliação, é
utilizado um percentual de afetação de cada fator. É levado em consideração o
seguinte:
Muito alto: quando o fator tem uma afetação superior a 80%, onde é
quase totalmente destruído ou alterado (é pontuado com 1,0)
Alta: quando o fator é afetado entre 60% e 80%, onde a alteração é
parcial do fator analisado (a classificação é 0,7 – 0,99)
Médio: quando o fator tem uma afetação entre 40% e 60%, onde a
afetação é média no fator analisado (0,4 e 0,69)
Baixo: quando o fator tem uma afetação entre 20 e 40%, onde a
afetação é baixa (0,2 e 0,39)
Muito baixo: quando o fator tem efeitos mínimos, menos de 20% (é
classificado com 0,01 e 0,19).
52

1. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 ÁREA DE ESTUDO


Sorocaba está situada na região sudeste do estado de São Paulo, entre
as coordenadas 47° 34’ 1200” W 23° 21’ 3600” e 47’ 18’ 10,800” W 23° 35’
20,058” S, a cidade caracteriza-se principalmente pela atividade industrial. É
considerada a 4° maior cidade do Estado, com uma área aproximada de
450Km² (COMITRE, 2017). O clima de classificação Köppen é do tipo Cwa,
onde observa-se duas estações bem definidas, inverno seco e verão chuvoso
(CEPAGRI, 2018). A cidade é cortada pelo Rio de mesmo nome, sendo o maior
afluente da margem esquerda do Rio Tietê e pertence a UGRH 10.
Os limites geográficos da UGRHI 10 abrangem o território de 52
municípios. Destes, 22 municípios possuem seu território completamente
inserido na bacia, sendo Sorocaba um destes. A Figura 1 apresenta a listagem
dos municípios e sua situação em relação a UGRHI 10.

Figura 3 - Mapa Bacias Hidrográficas UGRH-10 (fonte SIGURH 2022)


A área da Bacia Hidrográfica Sorocaba/Médio Tietê e está subdividida
em Sub-Bacias, sendo três delas compostas por drenagens de pequeno e
53

médio porte, que drenam para o rio Tietê, e outras três que compõem a bacia
do rio Sorocaba, resultando em seis Sub-Bacias: quais sejam: Médio Tietê
Inferior, Médio Tietê Médio, Baixo Sorocaba, Médio Sorocaba, Médio Tietê
Superior e Alto Sorocaba. Conforme Tabela 4

N° Sigla nomenclatura Área Cidades Abrangentes


(Km²)
1 4.141.332 Anhembi, Barra Bonita,
SB1MTI Médio Tietê Bofete, Botucatu, Conchas,
inferior Dois Córregos, Igaraçu do
Tiete, Laranjal Paulista,
Mineiros do Tietê, Pereiras,
Piracicaba, Porangaba,
Saltinho, São Manuel, Tietê,
Torre de Pedra.
2 SB2MTM Médio Tietê médio 1.025.181 Boituva, Cerquilho, Jumirim,
Laranjal Paulista, Porto Feliz,
Rafard, Rio das Pedras,
Saltinho, Sorocaba, Tietê.
3 3.132.384 Alambari, Araçoiaba da
SB3BS Baixo Sorocaba Serra, Boituva, Capela do
Alto, Cerquilho, Cesário
Lange, Guarei, Iperó,
Itapetininga, Jumirim,
Laranjal Paulista, Pereiras,
Piedade, Pilar do Sul,
Quadra, Salto de Pirapora,
Sarapui, Tatuí.
4 SB4MS Médio Sorocaba 1.212.364 Alumínio, Araçoiaba da
Serra, Boituva, Capela do
Alto, Iperó, Itu, Mairinque,
Porto Feliz, Salto de
Pirapora, Sorocaba,
Votorantim.
5 SB5MTS 1.388.065 Araçariguama, Cabreúva,
Médio Tietê Cajamar, Elias Fausto,
superior Indaiatuba, Itapevi, Itu,
Jundiaí, Mairinque, Pirapora
do Bom Jesus, Porto Feliz,
Salto, Santana do Parnaíba,
São Roque
6 SB6AS Alto Sorocaba 924.498 Alumínio, Cotia, Ibiúna,
Mairinque, Piedade, São
Roque, Vargem Grande
Paulista, Votorantim.
Total 11.827.824
Tabela 5 Denominação, área e municípios integrantes das Sub bacias UGRHI 10 – FONTE: SIGURH

Nestas sub bacias predominam as atividades industriais, comerciais e


serviços, nas regiões metropolitanas, com diversos parques industriais,
espalhados por vários municípios, contemplando a produção de componentes
para telecomunicações e informática, montadoras de veículos automotivos,
refinarias de petróleo, fábricas de celulose e papel, indústrias alimentícias e
sucroalcooleiras, complexos industriais de base mineral ligados à produção de
alumínio, de cimento etc. No setor primário destacam-se o cultivo da cana de
54

açúcar e do citrus, além da pecuária. Vegetação remanescente São Paulo,


2009 Apresenta 2.104 km2 de cobertura vegetal nativa que ocupa,
aproximadamente, 17,5% da área da UGRHI. As categorias de maior
ocorrência são a Floresta Ombrófila Densa e a Floresta Estacional
Semidecidual (SIGURH,2022).
A área de estudo está inserida na sub bacia 04 SB4MS Médio Sorocaba
e abrange 25 microbacias hidrográficas, que estão inseridas no território ao
municipal, conforme mostra a Figura 2.

Figura 4 mapa microbacia Rio Sorocaba

O presente estudo foi desenvolvido em uma área da microbacia


hidrográfica do Rio Sorocaba, cujas áreas não possuem fragmentos florestais
remanescentes e apresentam aumento de áreas urbanizadas.
Estas áreas são consideradas degradadas, devido à ocupação urbana, a
remoção da vegetação ripária, canalização do leito e impermeabilização de
55

margens do solo em vários trechos. Sendo assim, este estudo busca classificar
o grau do impacto, dano e degradação da ZRs, estabelecendo a possibilidade
e aptidão para ações e projetos de revitalização.
Visto que, em áreas densamente urbanizadas a aplicação do termo
“revitalização”, muitas vezes pode ser considerada a ação mais adequada, já
que ações de recuperação, renaturalização, restauração, destinam-se a
espaços pouco degradados e de baixa ocupação urbana.
De forma geral, os procedimentos executados para tipificação do uso e
ocupação das zonas ripárias urbanas adotados neste estudo, foram divididos
em 6 etapas principais:

1. seleção das áreas de estudo;


2. coleta de dados e elaboração de indicadores de impacto);
3. aplicação da matriz de tipificação nos trechos de avaliação;
4. análise dos resultados;
5. conclusão

Figura 5 - metodologia da pesquisa- elaborado pelo autor


56

4.2. SELEÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO


Para a tipificação das Zonas Ripárias Urbanas, foram estipulados 06
trechos de amostragem, sendo estes selecionados aleatoriamente, visando-se
a segurança e facilidade de acesso aos trechos e principalmente devido aos
diferentes usos e ocupação das Zonas Riparias.
Por concentrarem-se em áreas urbanas, a maioria dos trechos pode ser
considerada degradada, entretanto, existem ZRUs, que apresentam melhores
condições de qualidade ambiental, do que outras, sendo assim, consideradas
aptas para cumprirem a determinada função. São funções das ZRs urbanas:

Funções das zonas ripárias urbanas

AÇÕES REAÇÕES CONSEQUÊNCIAS


Eliminação de materiais tóxicos Melhoria na qualidade do ar da
Biofiltração particulados e gasosos e sua água de escoamento superficial
incorporação nos ciclos
biogeoquímicos
Manutenção da fauna Manutenção Conforto térmico
Fluxo de energia Interceptação, do equilíbrio dos ciclos Conforto lumínico
absorção e biogeoquímicos Conforto sonoro
reflexão de radiação luminosa Manutenção do microclima Manutenção da biomassa com
Fotossíntese, Manutenção das altas taxas de possibilidade de integração da
evapotranspiração comunidade local
Economia de nutrientes e solos Prevenção de deslizamentos,
Contenção do processo Favorecimento do processo voçorocas, ravinamento e perda de
erosivo sucessional solos
Preservação dos recursos hídricos
para abastecimento e recreação
Infiltração de água pluvial Redução do escoamento superficial
Recarga de aquífero Prevenção de inundações
Diminuição na amplitude das
hidrógrafas
Movimentos de massas de ar Manutenção do clima Conforto térmico e difusão de gases
tóxicos e material particulado do ar
Fluxo de organismos entre Manutenção da diversidade Aumento na riqueza da flora e da
fragmentos rurais e o meio genética fauna
urbano Realce na biofilia

Atenuação sonora Aspectos etológicos da fauna Conforto acústico

Tabela 6 - Funções das Zonas ripárias. Adaptado de Sanches (2011).

Os trechos foram divididos em transectos de comprimento variável, e


determinados devido a presença de obstáculos e facilidade de acessos para
avalição na ZR, à jusante do leito do canal e conforme mapa ilustrativo do
referido trecho. Com relação a largura do transecto estipulou-se 30m em reta
perpendicular ao leito do canal, conforme o código Florestal e plano diretor da
cidade,
57

Em muitos locais, os processos de urbanização são muito mais antigos


que o próprio código florestal e o plano diretor municipal, agenda 21 e demais
códigos relativos a uso e ocupação do solo em zonas ripárias.. No entanto
procuramos avaliar quaisquer espaços livres disponíveis, que podem ser
considerados indicadores de possibilidade e aptidão para processos de
revitalização destas zonas ripárias impactadas.
Os locais abrangeram as zonas ripárias e córregos 2° e 3° ordem em
áreas centrais e densamente urbanizadas, cuja vegetação ripária foi suprimida
e locais com remanescentes impactados.

Figura 6 - trechos da área de esudo elaborado pelo autor - fonte Google 2022.

A área de estudo, abrangeu 06 trechos distintos, no córrego Lavapés,


onde foi possível observar diferentes feições e cenários de degradação nas
zonas ripárias urbanas.

4.3. COLETA DE DADOS


A elaboração do banco de dados foi executada com base em dados
existentes na literatura recente de últimos 02 anos, além de, consulta de
pesquisas anteriormente realizadas no local, tais como, projetos, intervenções,
58

entrevistas com a população local, sobre aspectos e opiniões relacionadas ao


ambiente avaliado.
Base de dados e informações do IBGE, SAAE, SEMA, UGRH, assim
como a utilização de resultados obtidos por pesquisas anteriores relativas à
qualidade ambiental da região.
Visitas in loco, levantamentos fotográficos, análise de imagens
elaboradas por plataformas, tipo Google Earth, arc Gis, foram primordiais para
auxiliar na elaboração e montagem do banco de dados.
A metodologia Ad Hoc também foi amplamente utilizada. O método Ad
Hoc consiste na utilização de informações entre especialistas de diversas
áreas, para se obter dados e informações em tempo reduzido, imprescindíveis
à conclusão dos estudos.

4.4. INDICADORES AMBIENTAIS


De acordo com de Souza Campos et al. (2007), como definição, um
indicador é uma ferramenta que permite a obtenção de informações sobre uma
dada realidade, tendo como característica principal a de poder sintetizar
diversas informações, retendo apenas o significado essencial dos aspectos
analisados (MITCHELL, 2004). O termo indicador origina-se do Latim indicare,
que significa anunciar, tornar público, estimar. Segundo (DA CUNHA SOUZA;
AMORIM, 2019) os indicadores têm como objetivo simplificar, quantificar,
analisar e comunicar. Assim, os fenômenos complexos são quantitativos e
qualitativos.
Dentro deste contexto, pode-se dizer que os indicadores são
ferramentas utilizadas para a organização monitorar determinados processos
(geralmente os denominados críticos) quanto ao alcance ou não de uma meta
ou padrão mínimo de desempenho estabelecido. Visando correções de
possíveis desvios identificados a partir do acompanhamento de dados, busca-
se identificação das causas prováveis do não cumprimento de determinada
meta e propostas de ação para melhoria do processo. Estes dados ainda
fornecem informações importantes para o planejamento e o gerenciamento dos
processos, podendo contribuir no processo de tomada de decisão(DE SOUZA
CAMPOS; DE MELO; MEURER, 2007)
59

A avaliação para classificação dos tipos de ZRs urbanas impactadas, foi


principalmente baseada em resultados obtidos pela ponderação dos
indicadores de impactos ambientais, nos meios físicos, bióticos e antrópicos.
Esses indicadores, foram fundamentais para o diagnóstico das feições e
cenários, encontrados nas zonas urbanizadas.
Os critérios de avaliação foram embasados no conceito de infra‐estutura
verde/azul, visando classificar os tipos de áreas degradadas e suas
potencialidades para projetos de revitalização:
Os critérios da avaliação estão distribuídos em três grandes categorias
relacionadas com suas funções: o grupo antrópico, o grupo físico e grupo
biótico o primeiro, deve atender tanto as questões de lazer, recreação,
mobilidade, além de coesão e inclusão social.
É importante lembrar que os critérios adotados foram fundamentados a
partir de estudos metodológicos.
Foram atribuídas neste estudo as notas, como as variáveis se
relacionam e como são pontuadas. Para cada critério definido foram escolhidos
indicadores quantitativos, com valores contínuos, de forma a gerar uma
pontuação classificatória para as áreas avaliadas de maior para menor
condição ambiental. O valor de cada indicador vai de 1 a 3,.Foi definido
também a escala de trabalho com imagens da aérea. A seguir são
apresentados os principais indicadores definidos para cada categoria conforme
o meio em que se inserem:
Os indicadores analisados foram:

No meio antrópico:
1. Densidade populacional ou ocupação demográfica;
2. Densidade urbana, obras civis e construções permanentes, tais como,
pontes, avenidas, edifícios residenciais, e múltiplos usos;
3. Presença e descarte de resíduos sólidos urbanos;
4. Impermeabilização do solo;
5. Despejo de esgoto domésticos e efluentes

Indicadores do meio físico:


1. Odor da água;
60

2. Cor da água;
3. Assoreamento do leito do canal;
4. Processos erosivos;
5. Enchentes em períodos de precipitação;

Indicadores do meio biótico:


1. Deterioração da estética da paisagem natural;
2. Cobertura vegetal do solo;
3. Presença de espécies arbóreas (nativas ou exóticas);
4. Presença de avifauna;
5. Presença de ictiofauna;

4.4.1. DENSIDADE POPULACIONAL


A densidade populacional corresponde ao, assim, refere-se ao número
de indivíduos pela unidade de superfície, ou seja, número de indivíduos de uma
ilhota, de um quarteirão, de uma cidade, de um país, muito utilizado no
processo de regulamentação e controle do solo urbano. A densidade pode
servir para analisar a intensidade do uso dos espaços por seres humanos. Do
ponto de vista ambiental, uma estrutura espacial ineficiente e mal ordenada
pode diminuir a qualidade de vida, aumentando o tempo gasto em transporte e,
em consequência, aumenta-se a poluição do ar, contribuindo para a expansão
desnecessária da área urbanizada sobre as áreas naturais. Mas também o
empobrecimento da qualidade ambiental pode reduzir a produtividade do
sistema urbano como um todo (SILVA; ROMERO, 2013).
Diversos estudos apontam que a densidade populacional causa
impactos diretos e indiretos em áreas naturais ambientais ou de preservação
permanente, porém esse impacto pode ser controlado, mitigado, permitindo
que áreas naturais, possam ser estabelecidas e integradas no espaço urbano,
através de planejamento e gestão ambiental, educação, políticas públicas
conservacionistas, práticas de conservação e revitalização.
A densidade populacional, é indicador para auxiliar na avaliação de
usufruto da população na área da zona ripária. Áreas densamente ocupadas e
alto trânsito populacional podem dificultar processos de revitalização.
61

Diante do exposto, áreas vazias e de baixa ocupação populacional sem


infraestrutura urbana podem se tornam suscetíveis a ocupação inadequada,
abandono, áreas de descarte irregular de resíduos de diversas naturezas e que
podem acarretar problemas de segurança pública, saúde pública, subutilizados,
podendo levar à situações de atividades ilícitas e criminalidade.
Portanto, deve-se considerar que o tanto a alta quanto a baixa
densidade populacional, podem ser considerados impactos negativos. Alta
densidade, pode ser exemplificada em áreas centrais da cidade com tráfego
intenso da população e de veículos. Já a baixa densidade populacional, remete
à falta de segurança pela população, geralmente decorrente em vazios urbanos
ou áreas sem infraestrutura urbana, tipo iluminação, acesso de veículos,
transportes, entre outros.

4.4.2. DENSIDADE URBANA


A quantidade de espaços livres no tecido urbano é cada vez mais
limitada e a terra considerada um recurso escasso e caro. Para muitas cidades
de países em desenvolvimento, como o Brasil, o problema atual das áreas
degradadas é acentuado por um quadro de fragilidade socioeconômica, de
forte especulação imobiliária associada a uma atuação pouco efetiva do Poder
Público junto ao planejamento urbano e às políticas fundiárias mais
democráticas, merecendo, assim, maior planejamento. entro do cenário das
grandes cidades e metrópoles brasileiras, caracterizado, na maioria das vezes,
pelos conflitos sociais e intensa marginalização da população mais
desfavorecida, propostas de transformar áreas degradadas em novas áreas
verdes se mostram como uma possibilidade ímpar na diminuição da
criminalidade e tensões sociais. O papel social das áreas verdes é
extremamente valioso na promoção de melhoria da qualidade de vida, lazer,
recreação, inclusão e coesão social tantos nas áreas centrais adensadas, rica
em infraestrutura, como na periferia pobre.  Do ponto de vista ecológico, a
população urbana carece de oportunidades de um maior contato com as áreas
naturais, e a cidade, de abrigar maior da biodiversidade, como corredores
ecológicos, parques e áreas de conservação, sem falar nos serviços
ambientais que as áreas verdes promovem, de minimização de enchentes,
assoreamento, erosões, controle da temperatura e melhoria da qualidade do ar.
62

Nesse sentido, a densidade urbana é um dos mais importantes indicadores e


parâmetros de desenho urbano a ser utilizado no processo de planejamento e
gestão das cidades. A densidade é um referencial importante para se
quantificar por meio de princípios técnicos e financeiros a distribuição e o
consumo de terra urbana, infraestrutura, serviços públicos, entre outras
funções dispostas numa área residencial (SILVA; ROMERO, 2015).
Como citado anteriormente estudos apontam que a densidade
populacional a densidade urbana causa impactos diretos e indiretos em áreas
de preservação permanente, porém esses impactos devem ser controlados,
através de planejamento e gestão ambiental (AFONSO, 2019).
Para este estudo utilizou-se o critério de avaliação da área com relação
a ocupação relativa ponderada pela fração da área, ou seja 1/3 da área
ocupação favorável a processos de revitalização, 2/3 da área ocupada, média
dificuldade de revitalização, 3/3 da ocupação da área intensa dificuldade de
revitalização.

4.4.3. PRESENÇA E DESCARTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS


O descarte de resíduos sólidos domésticos, têm sido considerado um
dos principais poluentes das Zonas ripárias urbanas, e na maioria das vezes
contribui para degradação da paisagem natural, assim como o abandono do
local, podendo gerar insegurança, poluição no local, aumento de vetores
urbanos.
Para mitigar esse impacto, o descarte de resíduos, é importante a
prática e o desenvolvimento de ações de educação ambiental e outras politicas
públicas que mostrem o impacto do homem nos ecossistemas gera problemas,
como desmatamento, poluição, escassez de recursos, perda de habitat para os
animais, extinção de espécies e geração de resíduos poluidores e
contaminantes. Essas questões são a origem de diversas adversidades que
enfrentamos, como doenças, falta de água e escassez de alimentos.

4.4.4 PRESENÇA E DESCARTE DE ESGOTO DOMÉSTICOS E EFLUENTES


O crescimento populacional, a urbanização e desenvolvimento
econômico, aliado as inovações tecnológicas vêm sendo acompanhados por
63

alterações no estilo de vida e nos modos de produção e consumo da


população. Como decorrência direta desses processos, vem ocorrendo um
aumento na produção de resíduos sólidos, tanto em quantidade como em
diversidade, principalmente nos grandes centros urbanos. Além do acréscimo
na quantidade, os resíduos produzidos atualmente passaram a abrigar em sua
composição elementos sintéticos e perigosos aos ecossistemas e à saúde
humana, em virtude das novas tecnologias incorporadas ao cotidiano (DIAS DE
OLIVEIRA et al., 2016)
Entretanto, boa parte dos resíduos produzidos atualmente não possui
destinação sanitária e ambientalmente adequada. Embora tenha havido
progresso nos últimos vinte anos, os resíduos ainda são depositados em
vazadouros a céu aberto, os chamados lixões, em mais da metade dos
municípios brasileiros (SIMÃO; et al., 2021). O percentual de municípios que
utilizam aterros controlados, onde os resíduos são apenas cobertos por terra,
manteve-se praticamente inalterado entre 2000 e 2008, e houve aumento na
destinação para os aterros sanitários, que utilizam tecnologia específica de
modo a minimizar os impactos ambientais e os danos ou riscos à saúde
humana (AGUIAR et al., 2021).

4.4.5 EQUIPAMENTOS URBANOS DE INFRAESTRUTURA

Conforme o decreto 7.341/2010 considera-se áreas com ocupações para


fins urbanos já consolidadas, aquelas que apresentam os seguintes elementos:

a) sistema viário implantado com vias de circulação pavimentadas ou não,


que configuram a área urbana por meio de quadras e lotes;

b) uso predominantemente urbano, caracterizado pela existência de


instalações e edificações residenciais, comerciais, voltadas à prestação de
serviços, industriais, institucionais ou mistas, bem como demais equipamentos
públicos urbanos e comunitários; e

II - área de expansão urbana: áreas sem ocupação para fins urbanos já


consolidados, destinadas ao crescimento ordenado das cidades, vilas e demais
núcleos urbanos, contíguas ou não à área urbana consolidada, previstas,
64

delimitadas e regulamentadas em plano diretor ou lei municipal específica de


ordenamento territorial urbano, em consonância com a Lei no 10.257 de 10 de
julho de 2001. 

§ 1o Consideram-se equipamentos públicos urbanos as instalações e


espaços de infraestrutura urbana destinados aos serviços públicos de
abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de águas pluviais,
disposição e tratamento dos resíduos sólidos, transporte público, energia
elétrica, rede telefônica, gás canalizado e congêneres.

4.4.6 IMPERMEABILIZAÇÃO DA ZR
Impermeabilização dos solos na ZR aumenta o risco de inundações e de
escassez de água, contribui para o aquecimento global, coloca em risco a
biodiversidade e é motivo de especial preocupa- ção quando afeta terrenos
agrícolas férteis.

4.5. INDICADORES DO MEIO FÍSICO


Conforme citado anteriormente, os indicadores dos meios físicos, são
diretamente afetados pelas atividades antrópicas, elencou-se como indicadores
dos meios físicos:
a) a qualidade da água, cujos principais parâmetros são:
 Parâmetros físicos cor, turbidez, sabor, odor, temperatura.
 Parâmetros químicos: pH, alcalinidade, acidez, dureza, ferro,
manganês, cloretos, nitrogênio, fósforo, oxigênio dissolvido,
matéria orgânica, micropoluentes orgânicos e inorgânicos.
 Parâmetros biológicos: organismos indicadores, algas, bactérias.
Neste estudo, por se tratar de um diagnóstico inicial, analisaremos
primeiramente os parâmetros físicos, cor, odor. Por se tratar de uma avaliação
preliminar que pode ser feita através de análise visual, perceptiva, a priori, sem
a necessidade de ensaios de laboratório.
b) Assoreamento do leito do canal, o assoreamento do leito do
canal, é importante para demostrar que está ocorrendo
carreamento de sedimentos;
65

c) erosão é outro indicador de distúrbio no meio físico, geralmente


ocorre devido á da remoção da vegetação ripária, juntamente com
exposição do solo natural, e a perde de nutrientes do solo.
d) ocorrência de enchentes em períodos de precipitação,
As enchentes ou cheias são definidas pela elevação do nível
d'água no canal de drenagem devido ao aumento da vazão,
atingindo a cota máxima do canal, porém, sem extravasar. O
alagamento é um acúmulo momentâneo de águas em
determinados locais por deficiência no sistema de drenagem.
e) fluxo hídrico dos leitos dos canais, assim como, a interceptação da
chuva influencia diretamente e positivamente a qualidade das ZRs.

4.6. INDICADORES DO MEIO BIÓTICO


A falta de vegetação nas ZRs leva a degradação da estética da
paisagem natural, e muito outros problemas, tais como, o descarte de RSD e
inertes pela população, debilitação da regulação do ciclo hidrológico, perda da
qualidade do ar, aumento de sedimento no leito dos córregos, aumento e
probabilidade de processos erosivos, afugentamento da fauna e avifauna,
aumento da velocidade de escoamento, entre outros.
Vale ressaltar também que remoção da vegetação ripária, muitas vezes,
é substituída pela inserção de vias públicas, avenidas, e construção de
edifícios.
neste estudo, priorizou-se a presença de espécies arbóreas, sejam nativas ou
exóticas.
A presença de gramíneas e espécies arbóreas, sejam nativas ou exóticas,
foi considerado fator que colabora para a revitalização e conservação do solo.
A presença de Avifauna e ictiofauna, demostra certo nível de preservação
ambiental no local. Com relação a presença de vetores urbanos, pode-se
evidenciar os impactos e degradação do local.

4.7. ELABORAÇÃO DA MATRIZ DE TIPIFICAÇÃO


Após a formulação de dados e indicadores, elaborou-se a matriz, adaptada de
Arboleda, para tipificar as diferentes feições encontradas no uso e ocupação
das Zonas Ripárias Urbanas. Os métodos se basearam avaliar os impactos,
66

estabelecidos conforme pontuação alcançada. Foi proposto a seguinte


equação para ponderação e classificação dos impactos:
K = N * [(P+R) *M], onde:
K= fator de classificação da ZR impactada
N= natureza do impacto, pode ser positivo ou negativo
P= presença / ausência do impacto
R = dificuldade de reversibilidade do dano
A= Abrangência (se é pontual ou difuso)
M= Magnitude, especifica o grau de severidade

Sendo,
N = natureza do dano, é um critério que define a alteração ambiental causada
pela atividade urbana, pode ser positivo ou negativo;
P = presença do impacto, é definido pela manifestação, ou seja, a presença do
impacto, podendo ser 0 quando não há impacto (o que é impossível para zonas
urbanas), 1 quando é pouco presente, 2 quando é mediano e 3 quando intenso
R = grau de reversibilidade do dano, 0 irreversível, 1 baixa possibilidade de
reversão, 2 média possibilidade, 3 alta possibilidade.
A = Abrangência, refere-se à dimensão do dano, conforme escalas acima
citadas, 1 pontual, com facilidade de recuperação, 2 difusa quando o dano
abrange dimensões além da área estudada. 3 dimensões regionais, onde
ultrapassa os limites urbanos e regionais.
M = Magnitude, classificando-se a relevância, a gravidade do dano, onde se
classifica de 1 a 3 onde 1 baixa magnitude do dano, e assim, sucessivamente.
K = Corresponde a pontuação adquirida que identificará tipo da zona ripária
impactada.

INDICAÇÃO INTREPRETAÇÃO PONDERAÇÃO


Determinado a partir
K Classe ou tipo do dano da equação
K=N∗¿
Natureza do dano pode ser -1 maleficio
N
positivo ou negativo, ou neutro +1 benefício
P Presença do impacto 1 baixo
2 médio
67

3 alto
1 baixa dificuldade
Grau de dificuldade de
R 2 média
reversibilidade
3 alta
1 baixo (pontual)
Magnitude relata a severidade do
M 2 médio médio
impacto na ZR
3 alto (regional)
68

Resultado do Fator K conforme o meio avaliado


péssimo Muito ruim regular bom ótimo
ruim
Tipo da ZR conforme avaliação impacto/danos
F E D C B A
<-90 -36 a -80 -1 a -35 O a 35 36 a 80 >80

TRECHO:
Impacto
(pontual Magnitude
Dificuldade de Ponderação
Natureza difuso (gravidade
Reversibilidade. Fator K
ou do dano)
regional)
Densidade
1
demográfica
MEIO ANTRÓPICO

2 Densidade urbana
equip. urbanos de
3
infraestrutura
Impermeabilização
da ZR
4 Resíduos sólidos

5 Esgoto e efluentes

∑ TOTAL

1 Odor da água, cor


Assoreamento do
2
leito do canal
Impermeabilização
MEIO FÍSICO

3
do leito do canal
Presença de
4 processos
erosivos
Inundações e
5
enchentes
6 Fluxo hídrico

∑ TOTAL
Deterioração da
1
paisagem natural
2 Cobertura vegetal
MEIO BIÓTICO

Presença de
3
vegetação arbórea
4 avifauna

5 ictiofauna

∑ TOTAL

TOTAL GERAL Fator K


69
70

PONTUAÇÃO OBTIDA NA AVALIAÇÃO DAS ZONAS RIPÁRIAS URBANAS


DEGRADADAS E SUA POSSIBILIDADE DE MANEJO

                 
  FATOR K <-90 -36 a -80 1 a -35 O a 35 36 a 80 >80
ZRU COM FACILIDADE
TIPOS E CLASSES DE ZONAS RIPÁRIAS URBANAS

TIPO 1 DE REVITALIZAÇÃO
           
OTIMO

ZRU LEVE DIFICULDADE


TIPO 2 DE REVITALIZAÇÃO
           
BOA

ZRU ACENTUADA
TIPO 3 DIFICULDADE DE            
REGULAR REVITALIZAÇÃO

ZRU - INTENSA
TIPO 4 DIFICULDADE DE            
RUIM REVITALIZAÇÃO
ZRU EXTREMA
TIPO 5 DIFICULDADE DE            
MUITO RUIM REVITALIZAÇÃO
ZRU IMPOSSIBILIDADE
TIPO 6 DE REVITALIZAÇÃO            
PÉSSIMO

Tipificação e possibilidade de melhoramento das condições de das Zonas Ripárias


Urbanas Degradadas:

Classe 1 –ÓTIMO baixo nível de degradação, melhoramento viável, com práticas


simples e pequeno emprego de capital. Estas práticas podem ser consideradas
práticas de manejo e conservacionismo e políticas públicas comunitárias. Podem ser
elaboradas com baixo custo e baixa aplicação de capital.

Classe 2 – BOM - aceitável nível de degradação e impacto, apresentando


melhoramento viável, com práticas simples e pequeno emprego de capital. Estas
práticas podem ser consideradas práticas de manejo e conservacionismo. Requer
aplicação de capital e simples tecnologias.

Classe 3 – REGULAR melhoramento com práticas intensas e sofisticadas, requer


considerada aplicação de capital. Esta classe pode ser compensadora de rápido
custo-benefício.
71

Classe 4 – RUIM - nível de degradação e impacto ambiental, melhoramento viável,


somente com práticas intensivas e mais sofisticadas as quais requerem grande
emprego de capital. Baseados em legislação urbana e práticas ambientais de
recuperação de áreas densamente degradadas.

Classe 5 – MUITO RUIM - nível de impacto e dano da ZRUs, dificuldade de


revitalização, melhoramento somente com práticas de grande vulto, aplicadas em
projetos de larga escala, apesar da intensa dificuldade de revitalização vinculado à
utilização de exacerbados recursos financeiros, ainda deve ser considerado viável,
mesmo que a longo prazo

Classe 6 – PÉSSIMO - máximo nível de impacto e dano da ZRUs, extrema


dificuldade de revitalização, melhoramento somente com práticas de grande vulto,
aplicadas em projetos de larga escala, melhoria perceptível somente com projetos
de evacuação total da área. apesar da intensa dificuldade de revitalização vinculado
à utilização de exacerbados recursos financeiros, ainda deve ser considerado viável,
mesmo que a longo prazo
72

5 RESULTADOS
Ainda estou fazendo
A interpretação das imagens, as visitas in loco e a aplicação da matriz, nos
trechos estudados, abrangeu 06 tipos de classes de impacto do uso e ocupação do
solo nas áreas urbanas da microbacia do rio Sorocaba.
De acordo, Bárbara,et.al. (2022), as áreas urbanas são responsáveis pela
conversão de áreas naturais em áreas antropizadas. Este cenário é acompanhado
pela perda de áreas verdes, principalmente nas áreas de vegetação ripária.
Visando a obtenção de uma melhor qualidade de vida para a população
residente, almeja-se a criação de espaços favoráveis para a manutenção da
integridade ecológica e a permanência da comunidade existente, torna-se
necessário a recuperação das funções ecológicas desses ambientes, deve-se
priorizar as áreas de vegetação marginal em processos de recuperação das funções
ecológicas nas áreas urbanas (SZEREMETA; ZANNIN, 2013)
Notou-se em todos os trechos avaliados, sinais de extrema perturbação
antropogênica, no que se refere à capacidade de regeneração das Zonas ripárias
Urbanas, na maioria dos trechos estudados, porém é possível mitigar os impactos e
os danos ambientais na maioria dos trechos estudados.
É de plena convicção que um ambiente antropizado, dificilmente, se
converterá a um espaço natural sem danos e impactos
Foi possível avaliar a opinião pública em relação ao ambiente natural, através
de entrevistas com a comunidade. Como resultado destas entrevistas, foi possível
perceber que, na maioria das comunidades, predomina a falta de conhecimento e de
conceitos ambientais.
O trecho 04 foi o que apresentou melhor espaço de preservação natural da
zona ripária, não possui fácil acesso e não atende requisitos de lazer para a
comunidade, no entanto a comunidade considera como área abandonada, área
perigosa, devido a presença de insetos peçonhentos, roedores, e muitas vezes
ocupada por usuários de drogas.
Existe uma bacia de contenção de águas pluviais que forma um pequeno
lago, para nós cientistas, trata-se de um espaço extremamente impactado, mas a
população local, considera como parque de uso público e usufrui pois o local
73

TRECHO 1
Este trecho foi dividido em 04 partes
1A 1B, 1C, 1D, 1E, 1F

Figura 7 - identificação dos trechos de estudo

TRECHO 1A
O Trecho 1A é correspondente ao córrego do Lavapés, com 167m de
extensão a jusante e dimensão dos transectos maiores que 10m. Apresentou a
melhor pontuação, do trecho 1, classificando-se no TIPO II ou Fator K 125 margem
direita e 89 pontos margem esquerda, devido a sua proximidade com áreas de
preservação permanente e áreas protegidas do Parque Municipal Quinzinho de
Barros. A grande relevância desta área é a existência de grandes espaços e vazios
urbanos, que podem ser utilizados para auxiliar processos de revitalização e
reflorestamento da zona ripária neste trecho.
A margem direita apresenta riqueza de vegetação arbórea nativa, trecho do
leito do rio natural com substrato rochoso, profundidade do leito maior que 50cm
A margem esquerda do mesmo trecho é definida por áreas livres, ou seja,
vazios urbanos, porém ausência de vegetação arbórea, mas cobertura vegetal de
gramíneas na ZR. Não há fauna aquática, presença de avifauna, e vetores urbanos.
74

A presença da vegetação ripária é indispensável para a manutenção dos


processos ecológicos que ocorrem dentro dos ecossistemas ao nível da paisagem
(DOS SANTOS et al., 2017) A sua remoção ou comprometimento, pode corroborar
para uma série de fatores que incidem na perda da qualidade ambiental e os
impactos diretos nos recursos hídricos e na biota (RODRIGUES et al., 2015).

Figura 8 - córrego Lavapés trecho 1A.

Figura 9- vista frontal trecho 1A


75

Trecho 1B
O trecho 1B avaliou-se o comprimento de 203,51m, classificou-se como TIPO IV,
qual atingiu pontuação do Fator K – 22, para a margem esquerda e – 15 para
margem direita, caracterizando-se como zona ripária degradada, tipo IV,
característica ruim, neste trecho ocorre a canalização do leito do córrego, assim
como sua retificação. As margens foram totalmente removidas assim como o solo
impermeabilizado, não ocorre a presença de resíduos sólidos domésticos nas
margens impermeabilizadas, porém, percebe-se o descarte dentro do canal,
principalmente de plásticos PET. Na margem esquerda é notada a presença de
pequenos trechos vazios, resultantes da não apropriação da área. Na margem
direita verifica-se a total impermeabilização da ZR, além da inserção de vias públicas
e médio tráfego de veículos e pessoas. No leito do rio a profundidade é bem baixa,
menor que 30cm em determinados trechos. Não há destaque para a fauna, quanto à
flora, não existe espécie arbórea somente gramíneas.
De acordo com Simonetti (2018), os baixos índices de cobertura vegetal, das
zonas riparias urbanas fazem parte de cenários de expansão urbana vivenciada pelo
pais na segunda metade do século XX, o que contribuiu, para o povoamento das
cidades de forma bastante acelerada e desordenada, e o conhecimento e
diagnóstico das áreas urbanizadas podem auxiliar na compreensão dos impactos
biofísicos, sociais e econômicos decorrentes desse processo.
76

Figura 10 - córrego Lavapés - trecho 1B

Figura 11- vista trecho 1B


77

Figura 12- vista froantal 1B

Trecho 1C
O trecho C abrangeu a distância de 125,14m, caracterizado como tipo IV, atingindo
a pontuação do fator K -48, na margem esquerda e – 36 na margem direita. Neste
trecho da ZR, ocorreu a impermeabilização total das margens, com inserção de vias
nas margens direita e esquerda, remoção total da vegetação ripária, leito do córrego
canalizado, taludes removidos e concretados. O leito do córrego encontra-se quase
inexistente, apenas uma lâmina de água, representa o leito do córrego.
78

Figura 13 - trecho 1C

Figura 14- trecho VF 1C.

Trecho 1D
79

O trecho 1D – TIPO V corresponde ao percurso de 278,03m, resulta num ponto


muito degradado, atingindo pontuação fator K – 124 margens direita e - 108
margens esquerda, não possui espaço livre, para revitalização. Sem espécies
vegetais, sem presença de fauna, encontrou-se vetores urbanos, da espécie insetos
e roedores. Verificou-se o descarte de resíduos sólidos domésticos, a lâmina d’água,
apresenta pontos de esgoto, e mau cheiro, neste local percebeu-se a degradação
extrema da paisagem natural.

Figura 15-Trecho 1D
80

Figura 16 – vista frontal 1D.

Trecho 1E
O trecho 1E foi o mais impactado e degradado das ZRs estudadas, pois é
totalmente canalizado, atingindo pontuação do fator K -167, nas margens direita e
esquerda. Ocorre o descarte de resíduos inertes, assim como o descarte de esgoto
e efluentes domésticos, mais a frente o leito do canal, torna-se fechado, o que
contribui para maior degradação da paisagem natural da ZR. Trata-se de uma área
com extrema dificuldade de recuperação e alto índice de investimentos econômicos,
para recuperação do local.
A redução de áreas verdes nos centroo urbanos também pode resultar no
surgimento de ilhas de calor (DA SILVA; SIMONETTI, 2018).
A presença de mata ciliar contribui para diminuição da temperatura dos
corpos aquáticos, assim como o investimento na criação de zonas ribeirinhas
arborizadas pode proporcionar benefícios em termos da mitigação de alguns dos
efeitos ecológicos da mudança climática na temperatura da água (ZAIMES;
TUFEKCIOGLU; SCHULTZ, 2019). Em relação ao aspecto hidrológico e
ecológico, o sistema ripário contribui para a manutenção e resiliência dos
córregos e sua vegetação devido a diversas interações ambientais, podendo
aumentar a capacidade de armazenamento, manter a qualidade da água, estabilizar
81

as margens e contribuir com equilíbrio térmico (SZEREMETA; ZANNIN, 2013). O


crescimento urbano desordenado no entorno das zonas ripárias tem gerado
muitos impactos negativos, como desmatamento, compactação do solo,
poluição sonora causada pelo excesso de ruído, despejo de esgoto e
resíduos sólidos, gerando contaminação do corpo hídrico e dos solos, além de gerar
odores (DE MIRANDA; BOTEZELLI; PAMPLIN, 2021).

Figura 17 - Trecho 1E – extremamente degradado com remoção total das margens,


canalização do leito, despejo de esgoto e efluentes domésticos. Total ocupação e
uso do solo por construções nas ZRS.
82

Figura 18 – trecho 1 – E tipo V – ZRU – extremo grau de impacto, despejo de esgoto


doméstico, uso e ocupação de margens, , cabalização aberta do leito do canal,
impermeabilização das margens

Figura 19- Trecho 1 E – lado esquerdo – Tipo V – extremo grau de impacto.

Trecho 1 F
83

Neste trecho, pertence atualmente a prefeitura da cidade, porém foi instalação de


uma antiga indústria, atualmente desativada, as margens neste trecho são naturais,
apresentam gramíneas como cobertura vegetal das margens e também aumento
do fluxo hídrico. Este córrego correspondeu ao trecho com a dimensão de 223,05m
a jusante.
Miranda et al. (2021) afirmaram que houve diminuição na qualidade da água
do riacho Cacau, no Portal da Amazônia em Imperatriz, MA, no decorrer dos anos
2015 a 2019, tanto no período de chuva quanto no período de seca, ligando
esse comportamento diretamente às mudanças causadas pelo crescimento
imobiliário influenciando de forma direta a diminuição.
84

6 CONCLUSAO

A cidade de Sorocaba, é muito antiga, 368 anos, um dos motivos que


descreve, desde que, foi colonizada, relata a história, que seu desenvolvimento
ocorreu principalmente junto às margens do Rio. Naquela época as comunidades
não tinham nenhum discernimento em relação a questões ambientais, por conta
disto, procuravam sempre locais próximos a recursos naturais e de fácil extração,
por este motivo, muitos bairros antigos, nesta cidade, tiveram as zonas ripárias
completamente e irregularmente urbanizadas.
Atualmente os novos loteamentos, ou bairros planejados, possuem regras de
acordo com o plano diretor da cidade e o código florestal que estabelece 30m de
APP, nas margens de rios e córregos urbanos.

A terminologia infra‐estrutura atrelada à palavra “verde” é devido à sua contribuição nas


funções de base estrutural e de integração da cidade, como os sistema viário, de energia ou de
abastecimento de água (PELLEGRINO, 2006), que contribuem para o bom funcionamento da
cidade e atende aos padrões mínimos de habitabilidade, qualidade de vida, saneamento básico
e saúde pública. Dessa mesma forma, deve ser visto a função da infra‐estrutura verde, na qual
visa atuar conjuntamente com outras infra‐estruturas, no atendimento:
 da mobilidade e a acessibilidade, ao direcionar e estruturar eixos de circulação, e de
propiciar rotas alternativas para pedestres e ciclistas;
 da drenagem das águas pluviais, regulando o ciclo hídrico, atenuando os picos de cheia e
conduzindo as águas com segurança;
 do lazer, a recreação e o convívio social, além de serem espaços de contemplação e
percepção estética;
 da manutenção dos processos ecológicos, da biodiversidade e da sustentabilidade dos
ecossistemas, colaborando com o aumento da conectividade dos fragmentos naturais.
Cormier29 complementa este quadro de funções estruturais citando o sistema metabólico da
cidade, que está relacionado aos fluxos intra‐urbanos de energia e matéria. A agricultura
urbana, neste caso, é mencionada como um exemplo deste sistema metabólico, se utilizando
das áreas verdes para um propósito produtivo de atendimento das necessidades básicas de
saúde do ser humano.
85

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