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Universidade Aberta

Análise da Urbanização, Planeamento e Sustentabilidade Urbana


em Moçambique: O Caso da Cidade da Beira (2007 – 2016)

Castigo Januário Chicava

Plano de Tese de Doutoramento em Sustentabilidade Social e


Desenvolvimento

2016
Universidade Aberta

Análise da Urbanização, Planeamento e Sustentabilidade Urbana


em Moçambique: O Caso da Cidade da Beira (2007 – 2016)

Castigo Januário Chicava

Plano de Tese de Doutoramento em Sustentabilidade Social e


Desenvolvimento

Plano de Tese de Doutoramento orientado pelo


Professor Doutor Carlos Pardo

2016

2
Índice
RESUMO ........................................................................................................................................ 2
ABSTRACT .................................................................................................................................... 3
1. Introdução ................................................................................................................................... 4
1.1. Objectivos do Trabalho ............................................................................................................ 5
1.1.1. Objectivo Principal ............................................................................................................... 5
1.1.2. Objectivos Específicos .......................................................................................................... 5
1.2. Problematização (Definição do Problema) .............................................................................. 5
1.3. Delimitação .............................................................................................................................. 7
1.4. Justificativa .............................................................................................................................. 9
2. Revisão Preliminar da Literatura .............................................................................................. 10
2.1. Urbanização ........................................................................................................................... 10
2.2. Planeamento Urbano .............................................................................................................. 10
2.3. Sustentabilidade Urbana ........................................................................................................ 11
2.4. Conceitos-chave ..................................................................................................................... 12
3. Metodologia .............................................................................................................................. 12
3.1. Teorias de Suporte para o Desenho da Investigação ............................................................. 12
3.2. Participantes do Estudo (Amostra) ........................................................................................ 12
3.3. Técnica de Recolha de Dados ................................................................................................ 13
3.3.1. Observação Participante...................................................................................................... 13
3.3.2. Entrevista ............................................................................................................................ 13
3.3.3. Pesquisa Documental .......................................................................................................... 14
3.3.4. Pesquisa Bibliográfica ........................................................................................................ 14
3.3.5. Análise de Conteúdo ........................................................................................................... 14
3.4. Técnicas de Análise de Dados ............................................................................................... 15
3.5. Validação dos Resultados ...................................................................................................... 15
4. Cronograma............................................................................................................................... 16
5. Índice Provisório ....................................................................................................................... 18
4.3. Artigos a Publicar no Decorre da Investigação...................................................................... 19
Bibliografia ................................................................................................................................... 20

1
RESUMO
A intensificação do processo de urbanização nos municípios moçambicanos produz profundas
transformações no meio ambiente urbano que atingem, principalmente, os sectores político-
económicos, sociocultural, espacial e principalmente afecta a qualidade de vida das populações.
Sendo assim, a busca pela sustentabilidade urbana tem-se constituído num dos maiores desafios
da actualidade. Tal busca está associada ao desenvolvimento e às políticas urbanas, pois uma
parcela significativa da população mora nas cidades. Portanto, faz-se necessário planeá-las para
que se tornem lugares seguros e agradáveis de viver. Este trabalho tem como objectivo principal
analisar o processo de urbanização e os instrumentos de planeamento em Moçambique e a sua
relação com a sustentabilidade urbana. A metodologia utilizada para a concretização do referido
trabalho será a pesquisa qualitativa-exploratória. Como estratégias/técnicas de recolha de dados
será usado o estudo de caso, a observação participante e a observação individual, entrevistas,
pesquisa documental e análise de conteúdo. Serão realizadas leitura de livros, artigos científicos,
relatórios e documentos oficiais para dar suporte ao tema abordado. Após a colecta dos dados, os
mesmos serão analisados e posteriormente serão feitas as conclusões e as respectivas
recomendações acerca do problema do objecto de estudo.

Palavras-chave: Urbanização. Planeamento Urbano. Sustentabilidade Urbana. Crescimento


Desordenado.

2
ABSTRACT
The intensification of the urbanization process in Mozambican municipalities produce profound
changes in the urban environment, which affect mainly the political and economic sectors, socio-
cultural,spacial and mainly affects the quality of life of the populations. Therefore, the search for
urban sustainability has constituted to be one of the greatest challenges of our time. This
searching is associated with the development and urban policies because a significant portion of
the population lives in cities. Therefore, it is necessary to plan for them to become safe and
pleasant places to live. This research work aims to discuss the role of urban planning for urban
sustainability and the consequences of uncontrolled growth of cities and the impact they have on
the environment. The methodology used for the completion of this work will be the qualitative
exploratory research. The strategies/techniques of data collection that will be used are: the case
study, participant observation and individual observation, interviews, documentary research and
content analysis. The literature review will be included books, scientific articles, reports and
official documents to support the topic discussed.After the data are collected, they will be
analyzed and the conclusions and recommendations about the problem of the object of study will
be made later

Keywords: Urbanization. Urban Planning. Urban Sustainability. Disorderly Growth.

3
1. Introdução
De acordo com as Nações Unidas, Moçambique tem (em 2007) uma das mais elevadas
proporções de população urbana na África Oriental, cifrada em 36% (UNFAPA 2007) e que se
prevê que cresça para 60% até 2030 (UN 2006, apud Banco Mundial, 2009). Para 2007 o
crescimento médio anual da população foi de 2,5%, enquanto o crescimento da população urbana
foi de 3,0% ao ano e a população municipal cresceu 2,8% ao ano. As taxas de crescimento, tanto
urbana como municipal foram superiores às taxas nacional e rural (2,3%). Isto significa que, nos
últimos dez anos, as populações, urbana e municipal, tiveram um crescimento absoluto de 1,6 e
1,3 milhões de pessoas, respectivamente (Banco Mundial, 2009:12).

A construção do espaço urbano e o surgimento das cidades representam um significativo


aumento nos impactos das acções dos homens sobre os recursos naturais, uma vez que as
estruturas urbanas devem absorver as novas demandas da população crescente, adaptando-se às
transformações da sociedade em suas actividades de produção e consumo, comportamentos,
modos de vida, tipos de relações, entre outros (Martins e Cândido, 2013).

De acordo com Jordão Filho e Oliveira (2013), a ocupação desordenada do espaço urbano vem
crescendo constantemente, desencadeando um círculo vicioso, que envolve muitos factores tais
como o crescimento urbano desordenado, o acúmulo de resíduos urbanos, aumento da densidade
populacional, exclusão social e territorial, violência, fome, poluição, falta de saneamento, além
de problemas económicos, sociais e políticos.

Portes afirma que:


O ambiente natural tem sido modelado ao longo da evolução do homem e sua consequente antropização do
espaço. A harmonia do homem com a natureza foi rompida devido ao crescimento desordenado e sem
planeamento, posteriormente agravada do mercado imobiliário e as consequências da densificação e
expansão urbana, e isto gerou a desqualificação de certos espaços urbanos, bem como o comprometimento
do meio natural. O modelo social capitalista é um dos fatores que tem perpetuado esta situação, pois este
passou a usar a natureza de maneira predatória, comprometendo os recursos naturais e gerando estruturas e
resíduos que podem vir a colocar em risco à sobrevivência equilibrada do ser humano, e sua existência.
(Portes, 2013:18)

A sustentabilidade urbana surge como forma de desenvolver esses espaços respeitando o


ambiente natural, bem como, todas as formas de relação que se estabelece nesse processo
evolutivo, na busca pelo equilíbrio para atender aos diversos interesses, onde a cidade passa a ser

4
vista como um lugar que pode ser construído em bases sustentáveis ou transformado para uma
realidade melhor.

1.1. Objectivos do Trabalho


1.1.1. Objectivo Principal
 Analisar o processo de urbanização e os instrumentos de planeamento em Moçambique e
a sua relação com a sustentabilidade urbana.

1.1.2. Objectivos Específicos


 Identificar as políticas e instrumentos de planeamento e gestão da cidade e seu impacto
no ordenamento urbano e na qualidade de vida dos habitantes da cidade da Beira;
 Descrever as principais características decorrentes do processo de urbanização na cidade
da Beira e a sua relação com a sustentabilidade urbana;
 Avaliar o impacto da urbanização no ordenamento do território e as consequências deste
ao meio ambiente;
 Analisar de que forma é feita a articulação entre o planeamento urbano e a
sustentabilidade.

1.2. Problematização (Definição do Problema)


Segundo a Direcção Nacional de Planeamento e Ordenamento Territorial – DINAPOT (2006),
em 1975 Moçambique obteve a sua independência. De um total de uma população estimada na
altura em 12.000.000 de habitantes, a população urbana era de aproximadamente 1.000.000 a
1.400.000 habitantes. De um modo geral, as maiores densidades populacionais ocorriam junto à
costa e, particularmente nas zonas de maior incidência de projectos de exploração económica
onde predominavam as monoculturas de exploração e na região sul do país, onde está localizada
a capital do país, Maputo, como zona privilegiada do desenvolvimento industrial e do
estabelecimento de machambas de colonos com vista ao abastecimento em géneros à burguesia
colonial.

Segundo Pereira (2012), as cidades […] moçambicanas são quase todas de origem colonial e
matriz europeia, tendo-se expandido depois da declaração da independência, em 1975, com
inclusão da periferia na entidade administrativa. Com a sua densificação e crescimento acelerado

5
e descontrolado e com o aumento da segregação e fragmentação os seus problemas acentuaram-
se.

A Cidade da Beira, capital da província de Sofala, tem o estatuto de cidade desde 20 de Agosto
de 1907 e, do ponto de vista administrativo, é um município com um governo local eleito. Sendo
a segunda maior cidade de Moçambique (em termos de extensão), conta com uma população de
cerca de 431.583 habitantes.De acordo com o INE (2007),
osbairrosabrangidospeloestudotêmcerca76.513 habitantes, distribuidos da seguinte forma:
Chipangara (25.023 habitantes), Macurungo Expansão (20.944 habitantes) e Munhava Central
(30.546 habitantes).

A cidade cresce em dois sentidos: vertical e horizontal. Vêem-se um pouco por todo o lado obras
de construção de edifícios modernos, mantendo a linha arquitectónica de uma urbe construída no
século XIX. Por outro lado, enquanto despontam vivendas nas novas zonas residenciais de uma
elite emergente, alguns edifícios vão-se degradando e ganhando um aspect abandonado. Mas o
grande problema reside nos bairros suburbanos1.Na verdade, os bairros suburbanos
(desordenados) têmsido um desafio complexo para a edilidade que afirma que as zonas
residenciais como Munhava Central e Chipangar aprecisam de ser requalificadas.

Com o aumento constante da população na área urbana, faz-se necessário que sejam tomadas
medidas de prevenção em relação ao meio ambiente, pois, junto com o crescimento
populacional, ocorre também o aumento da poluição. Devido aos diversos problemas ambientais
verificados nas cidades, a sustentabilidade urbana tem sido um dos maiores desafios da
actualidade, sendo tal noção associada ao desenvolvimento de políticas urbanas. A
sustentabilidade urbana, portanto, surge como uma solução para o alcance da qualidade por meio
de mudanças de valores e atitudes (Jordão Filho e Oliveira, 2013).

1
http://www.verdade.co.mz/tema-de-fundo/35-themadefundo/38638-um-municipio-independente

6
Quando há urbanização sem planeamento urbano, os problemas sociais se multiplicam nas
cidades como, por exemplo, criminalidade, desemprego, poluição, destruição do meio ambiente e
desenvolvimento de sub-habitações.

Dada esta situação, coloca-se a seguinte questão:


 Até que ponto os instrumentos de planeamento urbano em Moçambique contribuem para
o processo de urbanização e como eles estão alinhadas com os princípios da
sustentabilidade?

1.3. Delimitação
Quanto a delimitação contextual trabalho enquadra-se no módulo de Espaço e Sustentabilidade
do meio urbano, nos países em vias de desenvolvimento como é o caso de Moçambique. A
pesquisa será realizada na região Centro de Moçambique, na Província de Sofala, concretamente
na Cidade (Município) da Baira e irá abranger os bairros da Munhava Central, Chipangara e
Macurungo Expansão. O trabalho compreende os períodos de 2007 a 2016. A escolha deve-se ao
facto de neste período ter havido aumento, por decreto, da área das cidades, alterando seus
limites administrativos, com o argumento de que a cidade necessita de novas áreas de expansão.

7
Fonte: Criado por ArcGIS 10.2.1

8
1.4. Justificativa
O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental classifica as áreas urbanas tendo em
consideração a sustentabilidade de centros urbanos em termos de uso de solo urbano, saneamento
e ambiente, desenvolvimento de infra-estruturas de transportes e comunicações, e condições de
alojamento. Esta classificação procura: (i) promover a sustentabilidade de áreas urbanas; (ii)
melhorar a gestão de terrenos urbanos entre as municipalidades e a administração central; (iii)
garantir um melhor planeamento para o desenvolvimento das cidades urbanas (Banco Mundial,
2009).

Observou-se então nos últimos anos um crescimento surpreendentemente das cidades, em


tamanho, população e densidade, o que trouxe para ela a concentração dos problemas que
afligem a humanidade, desafiando a sociedade (Santos, s/d).

Pelo que se observa nos diferentes bairros das cidades da Beira, são evidentes algumas
características comuns que podem sugerir uma certa tendência de caracterização urbana.

Um dos aspectos importantes da pesquisa deve-se ao facto de ainda não ter existido um estudo
semelhante no país e os estudos sobre urbanização existentes não abordam a questão da
sustentabilidade. A pesquisa trás a visão de vários pesquisadores, que vão tratar de alguns
instrumentos de planeamento e sustentabilidade urbana para resolver tanto os problemas
vivenciados dentro das cidades quanto os problemas causados por cidades, reconhecendo que as
próprias cidades têm potencial para encontrar soluções e também constituirá um estudo
indispensável para quem trabalha com políticas públicas de planeamento urbano, base para
assegurar o que determina o Estatuto da Cidade, que é o direito subjectivo de todo cidadão a uma
cidade sustentável.

9
2. Definição de Conceitos-chave
2.1. Urbanização
Para Maniçoba (2006:75), “a definição mais comummente ligada ao termo urbanização refere-se
a esta como sendo o crescimento de números de cidades e o aumento da população urbana”.
Souza (1996:5 apud Maniçoba, 2006:75) confirma esta afirmação “segundo a qual a
urbanização, considerada em seu sentido quantitativo, é o aumento do percentual da população
vivendo em espaços urbanos, bem como o crescimento destes”.

A noção de urbanização abrange quer o fenómeno demográfico em si (concentração


populacional em espaços urbanos), quer o processo de reabilitação/requalificação em cidades
como resultado de alterações no modo de vida da população2.

Castells (1983:39 apud Maniçoba, 2006:76), em sua análise sobre o fenómeno urbano, destaca
que, das inúmeras definições dadas pelos sociólogos para o termo urbanização, é possível
distinguir dois sentidos distintos: 1) concentração espacial de uma população, a partir de certos
limites de dimensão e de densidade; 2) difusão do sistema de valores, atitudes e comportamentos
denominados cultura urbana.

Para Gaspar (s/d,:285), “urbanizar implica ainda o acesso a um mínimo de infra-estruturas – vias,
abastecimento de águas, esgotos, energia – e de serviços, que constituirão os requisitos básicos
que permitem identificar o fenómeno em diferentes latitudes e distintos níveis de
desenvolvimento económico e tecnológico”.

2.2. Planeamento Urbano


Segundo Jordão Filho e Oliveira (2013:55), o planeamento urbano é um processo no qual são
criados programas que buscam melhorar aspectos relacionados à qualidade de vida da população,
dentro de uma dada área urbana ou de uma nova área urbana em uma dada região. O objectivo é
o de proporcionar aos habitantes uma vida mais digna.

Considerando que as mudanças concretas na cidade podem alterar as relações económicas,


sociais e culturais, compete ao planeamento urbano prever essas modificações na organização

2 http://conceito.de/urbanizacao

10
espacial da cidade. Por meio do planeamento urbano são tomadas medidas para o alcance dos
objectivos almejados, tendo em vista os recursos disponíveis e os factores externos que podem
influir nesse processo (Jordão Filho e Oliveira, 2013).

O planeamento urbano reconhece e localiza as tendências ou as propensões naturais (locais ou


regionais) para o desenvolvimento. Além de estabelecer regras de ocupação do solo, define as
principais estratégias e políticas do município, explicitando as restrições, as proibições e as
limitações que deverão ser observadas, de forma a manter e aumentar a qualidade de vida de seus
munícipes.

2.3. Sustentabilidade Urbana


A associação da noção de sustentabilidade ao debate sobre desenvolvimento das cidades tem
origem nas rearticulações políticas pelas quais um certo número de actores envolvidos na
produção do espaço urbano procura dar legitimidade a suas perspectivas, evidenciando a
compatibilidade delas com os propósitos de dar durabilidade ao desenvolvimento, de acordo com
os princípios da Agenda 21, resultante da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento e Meio
Ambiente (Acselrad, 1999:81).

A sustentabilidade urbana “possui sua ênfase nas esferas social e de comunidade, já que os
principais problemas urbanos têm sua origem nas relações humanas. Por outro lado, a expansão
urbana nega os limites naturais impostos aos recursos finitos do planeta, colocando em conflito o
sistema económico vigente que promulga o desenvolvimento ilimitado do capital” (Portes,
2013:23).

A sustentabilidade urbana é definida por Henri Acselrad como a capacidade das políticas urbanas
se adaptarem à oferta de serviços, à qualidade e à quantidade das demandas sociais, buscando o
equilíbrio entre as demandas de serviços urbanos e investimentos em estrutura (Acselrad, 2001).
No entanto, também é imprescindível para a sustentabilidade urbana o uso racional dos recursos
naturais, a boa forma do ambiente urbano baseado na interacção com o clima e os recursos
naturais, além das respostas às necessidades urbanas com o mínimo de transferência de dejectos
e rejeitos para outros ecossistemas actuais e futuros.

11
2.4. Conceitos-chave
 Urbanização
 Planeamento Urbano
 Sustentabilidade Urbana
 Crescimento Desordenado

3. Metodologia
3.1. Teorias de Suporte para o Desenho da Investigação
Para o presente trabalho, a teoria do desenho da investigação será a Grounded Theory pois, de
acordo com (Strauss & Corbin, 1994, p. 273 apud por Amaro, 2006), esta diz respeito a uma
metodologia de base qualitativa, tendo em vista o desenvolvimento de teoria baseada em dados
sistematicamente recolhidos e analisados. A teoria resultante pode também ser designada
grounded theory no sentido que é uma teoria assente em dados empíricos.

Merton (1968:51 apud Amaro, 2006:2) destaca que “o objectivo desta metodologia é a
construção de quadros explicativos de médio alcance, isto é, teorias que partindo de algumas
generalizações empíricas, fornecem um contexto explicativo mais vasto e abstracto com
aplicação a um maior número de situações”.

Neste quadro de investigação qualitativa, optou-se por um tipo de investigação estudo de caso. O
estudo de caso é uma metodologia de investigação particularmente apropriada quando se procura
compreender, explorar ou descrever acontecimentos e contextos complexos, nos quais estão
envolvidos factos. No que tange aos objectivos, é caracterizada como exploratória. A pesquisa é
também descritiva, que objectiva conhecer e interpretar a realidade sem nela interferir para
modificá-la.

3.2. Participantes do Estudo (Amostra)


Segundo Moresi (2003), população (universo da pesquisa) é a totalidade de indivíduos que
possuem as mesmas características definidas para um determinado estudo. Para efeitos do
presente estudo, será usado o método de selecção intencional segundo o qual o serão
seleccionados elementos específicos consoante o tipo de informação que se pretende aceder,
tendo em conta, que estes têm o domínio da informação inquerida.

12
A cidade da Beira, capita da província de Sofala, é o segundo maior centro urbano do país depois
de Maputo. Com uma superfície geográfica de 633 km² (Resolução n°3/81, de 2 de Setembro) e
de acordo com o último senso feito pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) actualmente tem
uma população estimada em 436.240 (INE, 2008), tem como limites geográficos o distrito de
Dondo a Norte, o Oceano Indico ao Sul e Este e o rio Púnguè a Oeste (Chaimite, 2010).

A cidade possui 26 bairros. Será aplicado a uma amostra de cerca de 3 bairros, nomeadamente:
Chipangara, Macurungo e Munhava Central, onde serão aplicadas as entrevistas e efectuadas as
observações. As entrevistas também serão aplicadas para as autoridades municipais, dois
especialistas de planeamento e dois ambientalistas.

3.3. Técnica de Recolha de Dados


3.3.1. Observação Individual
Segundo Marconi e Lakatos (2010:190), “a observação é uma técnica de colecta de dados para
conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade.
Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar factos ou fenómenos que se
desejam estudar”.
Para o objecto em estudo será feita uma observação individual (directa) não estruturada ou
assistemática porque apenas serão recolhidos e registados os factos(dados) da realidade sem a
utilização de meios técnicos especiais ou se precise fazer perguntas directas. A observação irá
ajudar a materializaro segundo e o terceiro objectives especícificos.

3.3.2. Entrevista
Entrevista, que definida por Moresi (2003), é uma técnica que visa obter informações de um
entrevistado, sobre determinado assunto ou problema. Ela pode ser padronizada ou estruturada.
A Entrevista possibilita a obtenção de dados referente aos mais diversos aspectos em torno do
tema.

Enquanto técnica de colecta de dados, “a entrevista é bastante adequada para a obtenção de


informações acerca do que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou desejam, pretendem
fazer, fazem ou fizeram, bem como acerca das suas explicações ou razões a respeito das coisas
precedentes” (Selltiz et al., 1967:273 apud Gil, 2007:117).
13
As entrevistas serão feitas aos gestores municipais, especialistas de planeamento e também aos
ambientalistas. E, ajudará na análise e aprofundamento das questões sobre os instrumentos de
planeamento urbano e na materialização do quarto e último objectivo específico.

3.3.3. Pesquisa Documental


Carmo e Ferreira (1998), definem a análise documental como sendo aquela que envolve a
investigação em documentos internos ou externos da organização. Trata-se portanto, de estudar o
que se tem produzido sobre uma determinada área para poder “introduzir algum valor acrescido à
produção científica sem correr o risco de estudar o que já está estudado.
Esta técnica servirá de suporte para o alcance do primeiro objectivo específico porque através
dela serão analisados relatórios, legislação e documentos oficiais sobre as políticas e
instrumentos de planeamento e gestão da cidade e seu impacto no ordenamento urbano e na
qualidade de vida dos habitantes da cidade da Beira.

3.3.4. Pesquisa Bibliográfica


Todo trabalho científico deve iniciar com uma pesquisa bibliográfica como forma de procurar
conhecer o que está estudado sobre o tema e relacioná-lo com os objectivos do mesmo.

Segundo Koche (2013:122), “o objectivo da pesquisa bibliográfica […] é o de conhecer e


analisar as principais contribuições teóricas existentes sobre um determinado tema ou problema,
tornando-se um instrumento indispensável para qualquer tipo de pesquisa”.

3.3.5. Análise de Conteúdo


Silva e Fossá (2013: 2), a análise de conteúdo é uma técnica de análise das comunicações, que
irá analisar o que foi dito nas entrevistas ou observado pelo pesquisador. Na análise do material,
busca-se classificá-los em temas ou categorias que auxiliam na compreensão do que está por trás
dos discursos. Também serão analisados notícias de jornais (nacionais e internacionais – se
possível) sobre o tema no período abrangido pelo estudo.

14
3.4. Técnicas de Análise de Dados
A análise, interpretação e sistematização dos dados que serão recolhidos no campo, considerando
o contacto que será tido com os entrevistados, e com a realidade a ser pesquisada, associados aos
pressupostos teóricos que irão sustentar o presente trabalho, com base nos dados que serão
colhidos será feita uma análise qualitativa a partir da qual serão reduzidos, apresentados de
forma sistemática para uma posterior conclusão que consistirá na revisão para considerar o
significado dos dados, seus padrões e explicações.

3.5. Validação dos Resultados


Uma vez que serão usados dois tipos de entrevistas para grupos de entrevistados diferentes, a
validação dos dados será feita de forma separada e a posterior será feita uma triangulação dos
dados com o objectivo de obter resultados padronizados.

A avaliação dos dados colhidos nas duas entrevistas será pertinente como forma de garantir a
existência de informações suficientes para a resolução do problema em estudo. Não existirão
limitações em descrições, e a insuficiência de dados abrirá espaço para uma outra entrevista.

15
4. Cronograma

2016 2017
Actividades Jan Fev Marc Abril Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez Jan Fev Mar
Definição de Projecto de Investigação
Pesquisa de bibliográfica
Desenho do estudo (definição da metodologia)
Redacção de Projecto de Pesquisa
Entrega de projecto parcial
Elaboração do projecto final
Elaboração de guião de entrevistas
Entrevistas
Observação do ambiente em estudo
Recolha de Dados
Analise dos resultados das entrevistas realizadas
Análise dos dados
Redacção da tese
Revisão da tese
Entrega da tese parcial
Entrega da tese final

16
5. Índice Provisório

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
1.1.2. Específicos
1.2. Problematização do objecto de estudo
1.3. Justificativa
1.4. Perguntas de Pesquisa
1.5. Delimitação da pesquisa
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
PARTE I:
2.1. Urbanismo e Planeamento Urbano
2.1.1. Início do Planeamento Urbano
2.1.2. Movimento Moderno
2.1.3. Pós-Modernismo e a Carta de Atenas
2.2. Teoria Geral de Sistema de Planeamento Urbano
2.3. Urbanização
2.4. Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável
2.4.1. Sustentabilidade Urbana
2.4.2. Urbanização Sustentável
2.4.3. Cidade Sustentável
PARTE II: A URBANIZAÇÃO EM MOÇAMBIQUE
2.5. A Génese da Urbanização em Moçambique
2.5.1. Características das Cidades de Moçambique
2.5.2. O Processo de Urbanização da Cidade da Beira
2.6. Os Sistemas de Planeamento em Moçambique
2.7. Instrumentos de Gestão e Planeamento Urbano e Regional em Moçambique
2.7.1. Lei dos Municípios (1994)
2.7.2. A Lei de Terras (1997)
2.7.3. O Regulamento do Solo Urbano (2006)
2.7.4. A Lei do Ordenamento do Território (2007)
CAPÍTULO IV: METODOLOGIA DE PESQUISA
3.1. Tipo de pesquisa
3.2. Universo populacional
3.3. Amostra
3.4. Técnicas e instrumentos de colecta de dados
3.5. Instrumentos de análise de dados

17
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1. Apresentação dos Resultados
4.2. Análise e Discussão dos Resultados
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO
5.1. Considerações Finais
5.2. Recomendações
5.3. Bibliografia
Apêndices
Anexos

4.3. Artigos a Publicar no Decorre da Investigação

Apresentação do estudo preliminar nas Jornadas Científicas na Faculdade de Economia (FEG) da


Universidade Católica e também Conferência Internacional da UCM.
 Apresentação de um artigo em Outubro de 2016 (Jornadas Científicas da FEG)

Publicação de parte da tese (resultados da pesquisa) na Revista Electrónica da UCM.

17
Bibliografia
Acselrad, H. (2001). Novas premissas da sustentabilidade democrática. Revista Brasileira de
Estudos Urbanos e Regionais, 1.

Acselrad, H.(1999). Discursos daSustentabilidade Urbana. R. B. ESTUDOS URBANOS E


REGIONAIS N º 1/MAIO 1999

Amaro, F. (2006). Introdução à Grounded Theory. Disponível em:


http://elearning.uab.pt/pluginfile.php/334399/mod_resource/content/2/Grounded_Theory.pdf

Banco Mundial (2009). Desenvolvimento Municipal em Moçambique: As Lições da Primeira


Década. Volume II: Relatório Completo. Relatório No: 47876-MZ. Banco Mundial. Disponível
em http://siteresources.worldbank.org/INTMOZAMBIQUE/Resources/MunicipalPort.pdf

Carmo, H. & Ferreira, M. (1998). Metodologia da Investigação. Lisboa: Universidade Aberta.

Chaimite, E. E. (2010). Descentralização e Competição Política: A Questão da Delimitação do


Município da Beira. Texto inédito. Dissertação de Licenciatura. Universidade Eduardo
Mondlane, Faculdade de Letras e Ciências Sociais, Maputo, Moçambique.

Direcção Nacional de Planeamento e Ordenamento Territorial - DINAPOT (2006). Moçambique,


Melhoramento dos Assentamentos Informais, Análise da Situação & Proposta de Estratégias de
Intervenção. DINAPOT: Maputo.

INE (2008). Estatísticas Básicas de Moçambique, 2008. Instituto nacional de Estatística:


Maputo.

Gil, A. C. (2007). Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª Edição. Editora Atlas: São Paulo.

Gaspar, J. (s/d). Cidade e Urbanização no Virar do Milénio. Lisboa: Centro de Estudos


Geográficos da Universidade de Lisboa.

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Jordão Filho, R. S. & Oliveira, T. S. M. (2013). Planejamento e Sustentabilidade Urbana.
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