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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS

LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA COM HABILITAÇÃO EM TURISMO

ANCHA SUALEI IBRAIMO

IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS DECORRENTES DA EXTRACÇÃO


DE ÁREA PESADAS NA LOCALIDADE DE QUICHANGA DISTRITO
DE PEBANE

Quelimane
2023
ANCHA SUALEI IBRAIMO

IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS DECORRENTES DA EXTRACÇÃO


DE ÁREA PESADAS NA LOCALIDADE DE QUICHANGA DISTRITO
DE PEBANE

Projecto científica apresentado ao Departamento de


Ciência e Tecnologia como requisito parcial para
escrita da monografia para a obtenção do grau
académico de Licenciatura em Ensino de Geografia
com Habilitação em Turismo.
Orientador: Prof. Doutor João Carlos Mendes Lima

Quelimane
2023
Índice
0. INTRODUÇÃO..................................................................................................................................3

0.1. Delimitação do tema.........................................................................................................................4

0.2. Problematização...............................................................................................................................4

0.3. Questões norteadoras........................................................................................................................5

0.4. Justificativa.......................................................................................................................................5

0.5. Objectivos.........................................................................................................................................6

0.5.1. Geral..............................................................................................................................................6

0.5.2. Específicos....................................................................................................................................6

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................................8

1.1. Teoria de base...................................................................................................................................8

1.2. Conceitos básicos.............................................................................................................................8

1.2.1. Areias Pesadas...............................................................................................................................8

1.2. Degradação Ambiental.....................................................................................................................9

1.3. Poluição Ambiental........................................................................................................................10

1.4. Impacto ambiental..........................................................................................................................10

1.5. Classificação dos impactos.............................................................................................................11

1.6. Avaliação do Impacto ambiental....................................................................................................12

1.7. Enquadramento legal......................................................................................................................13

1.8. Impactos socio-ambientais causados pela extracção de areia e seixo............................................14

1.9. A mineração e o desenvolvimento local........................................................................................15

1.10. Riscos e actividade de mineração a céu aberto............................................................................16

1.11. Impactos ambientais da actividade de mineração........................................................................17

1.11.1. Degradação da paisagem...........................................................................................................17

1.11.2. Ruídos e vibração......................................................................................................................17

1.11.3. Tráfego de veículos...................................................................................................................18


1.11.4. Poeira e gases............................................................................................................................18

1.11.5. Rejeito e estéril..........................................................................................................................19

2. METODOLOGIA DA PESQUISA..................................................................................................20

2.1. Método da pesquisa........................................................................................................................20

2.2. Classificação da pesquisa...............................................................................................................20

2.3. Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados..............................................................................21

2.4. Universo e participantes da pesquisa.............................................................................................22

2.5. Cronograma....................................................................................................................................23

2.6. Orçamento......................................................................................................................................23

Referencias Bibliográficas....................................................................................................................24
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0. INTRODUÇÃO
A extracção mineral é uma actividade crescente que tem causado diversos impactos ambientais
nos locais onde elas são desenvolvidas, como também, afecta a localidade próxima por conta da
ausência de fiscalização das áreas de extracção. Por isso, esta questão tem estado a preocupar não só
os residentes nos locais próximos, como também está a atrair a atenção de cientistas, académicos,
políticos e a sociedade em geral. Nos últimos anos, Moçambique tem demonstrado maior
concentração de exploração dos recursos, sendo a extracção de áreas pesados um dos recursos
explorado na costa moçambicana criando influência grave ao meio ambiente. (Afonso e Marques,
1998; Lächelt, 2004; Hartzer et al., 2008; Lehto e Gonçalves, 2008; Chilenge, 2013; Vasconcelos,
2014; e Peixoto, Anjo e Bonito, 2015.)

Por esta questão de exploração de recursos, e no caso vertente de recursos minerais, interessou a
autora para investigar a dimensão dos fenómenos e os impactos daí decorrentes. Nesta linha de
raciocínio, o estudo pretende abordar sobre a temática “Impactos sócio-ambientais decorrentes da
extracção de área pesadas na localidade de Quichanga distrito de Pebaneˮ com o objectivo de
analisar os impactos sócio-ambientais que decorrem da extracção de áreas pesadas com a finalidade
de sugerir medidas de sua minimização no local. Pese embora, a degradação ambiental esteja
associada a actividade económica com proveitos assinaláveis, mas a mesma actividade está a ser
desenvolvida de forma insustentável, provocando consequências negativas tanto ao homem quanto
aos geossistemas.

Entretanto, a exploração mineral por si mesma é uma actividade sustentável, mas necessita de
observação de determinadas técnicas na sua exploração porque em recursos não renováveis o que foi
extraído nunca mais será reposto. Além disso, existem procedimentos que têm de ser utilizados para
minimizar o impacto ambiental da actividade, tanto na cobertura vegetal, na preservação de recursos
hídricos e da paisagem cénica, quanto na manutenção da flora e da fauna da região, no controle sobre
poluição sonora e na deposição de rejeitos, etc.

Nesta vertente, os efeitos ambientais estão associados, de modo geral, às diversas fases de
exploração dos bens minerais, como à abertura da cava, (retirada da vegetação, escavações,
movimentação de terra e modificação da paisagem local), a realização de actividades de extracção
mineral, são de grande importância para o desenvolvimento social, mas também são responsáveis por
impactos ambientais negativos muitas vezes irreversíveis.
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A escolha do distrito como área de estudo, reside no facto da autora ser natural na localidade de
Quichanga distrito de Pebane para o qual, espera desta forma, dar um contributo. Não só, associa-se
também ao facto, o conhecimento de que a actividade de mineração é marcada pela exposição a
diversos riscos, capazes de promover problemas de saúde dos trabalhadores e das pessoas nas
comunidades circunvizinhas. Riscos físicos, químicos, biológicos, ergonómicos e de acidentes são
comuns no sector extractivista mineral.

O projecto de pesquisa, para além da introdução que inclui a delimitação do tema, a


problematização, as questões norteadoras, a justificativa e os objectivos está estruturado em dois
pontos: o primeiro ponto faz menção a fundamentação teórica, onde apresentam-se as teorias que irão
conduzir o raciocínio para além de apresentar conceitos básicos em função do título proposto; no
segundo ponto estão patentes os procedimentos metodológicos do trabalho sendo apresentado o tipo
de pesquisa, os instrumentos e técnicas de recolha de dados, o universo e a amostra que farão parte do
pesquisa terminando com o cronograma e as referências bibliográficas.

0.1. Delimitação do tema


Como referido na introdução, o projecto aborda sobre os impactos sócio-ambientais
decorrentes da extracção de área pesadas, sendo a pesquisa será realizada na localidade de Quichanga,
comunidade esta, que fica localizada no distrito de Pebane. O mesmo enquadra-se na linha de
pesquisa ambiente e desenvolvimento sustentabilidade, virada aos estudos ligados aos impactos
ambientais, sobretudo focalizada no uso de recursos naturais sustentáveis. Quanto a escala temporal a
pesquisa será desenvolvida num período de quatro anos - 2017 a 2021.

0.2. Problematização
A actividade mineral vem se configurando como de extrema importância para o
desenvolvimento mundial e dos países com recursos disponíveis, pois, além de contribuir na matriz
energética mundial, traz benefícios socioeconómicos internos. Os impactos gerados pela extracção
dos recursos naturais abrangem diversas áreas, ocasionando alterações geomorfológicas, biológicas,
hídricas e atmosféricas causando assim danos consideráveis ao meio ambiente (Sánchez 2011, p.34).

As relações desarmónicas do homem com a natureza, constituem factores da devastação dos


recursos naturais, a destruição da camada do ozono, da parte superficial dos solos com o seu meio
ambiente, bem como o processo da desertificação (Dondeyne, 2007). A título de exemplo disso,
assiste-se no distrito de Pebane, concretamente na localidade de Quichanga onde às actividades de
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extracção de areia, ocorre de forma intensiva objectivando assim consequências nefastas a área em
extracção.

Em função das observações na localidade em estudo tem sido lamentável, pese embora a
instalação desta indústria criou emprego para moradores, pagamento de fisco ao tesouro nacional, por
um lado. Por outro lado, observa-se a destruição do ecossistema local, e outras consequências que se
apresentarão futuramente, criando preocupação a nível local. Em função disso, remete-se a seguinte
questão: Quais são os impactos socio-ambientais decorrem da exploração da areia pesada na
localidade de Quichanga, distrito de Pebane?

0.3. Questões norteadoras


Tratando-se de um estudo qualitativo e com uma abordagem descritiva e exploratória não
necessitará de definir hipóteses, mas se colocam as seguintes perguntas norteadoras para guiar o
raciocínio da pesquisa nos seguintes termos:

1. Será que tem sido dado em conta os impactos socio-ambientais em relação ao processo de
exploração das areias pesadas na localidade de Quichanga?
2. Qual tem sido a incidência da exploração de áreas pesadas na área em estudo e a situação em
relação meio ambiente?
3. Quais são as medidas a adoptar de modo a minimizar este cenário na localidade em estudo?

0.4. Justificativa
A escolha do tema parte da observação que a autora teve em relação a exploração dos recursos
naturais na localidade em estudo e por ter percebido em relação aos impactos desta actividade ao
meio ambiente e ao meio social. Sendo que estes impactos devem ser considerados e tratados no
momento de sua ocorrência como um factor que beneficia o homem e ao mesmo tempo prejudica o
meio ambiente que com andar do tempo se fará sentir.

Deste modo, este trabalho encontra uma justificativa à medida que visa gerar informações a
comunidade e a quem é de direito sobre as possíveis consequências que esta extracção irá trazer a
localidade de Quichanga e ao distrito no seu todo de modo a verificar-se a questão de como explorar
esses recursos de forma sustentável, sendo que actividade extractiva de areia tem causado variada
gama de impactos ambientais negativos, impactos esses que vão desde as áreas ocupadas pelos
empreendimentos propriamente ditos, até a projecção para além das áreas de extracção.
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A exploração dos recursos mencionados tem causado sérios problemas, que dentre outros
impactos ambientais, é a alteração da morfologia do relevo devido à intensidade dos processos
morfogenéticos, podendo formar cavas, geralmente associadas à intensificação do escoamento
superficial, redução da infiltração em função do aumento da declividade, além da retirada da
cobertura vegetal da área em estudo, chamando atenção a importância da elaboração de soluções
viáveis para minimizar os impactos socio-ambientais promovidos pela extracção do mineral na
localidade.

O trabalho apresenta relevância a nível científico, social e económico, pois, por meio da
divulgação dessas informações relativas aos impactos no sector de extracção de areia, além de
promover o desenvolvimento de conhecimento científico relativo aos impactos ambientais gerados
na extracção de agregados, também da uma perspectiva das possíveis medidas de
mitigação/minimização que possam ser incrementadas, com vista a atenuar os impactos negativos e
positivos.

A mesma informação poderá servir de alerta para a sociedade, e empreendimentos que é de


extrema importância extrair recursos minerais sem gerar impacto ambientais negativos
significativos, com vista a manter em equilíbrio entre o meio ambiente e a sociedade circunvizinha.
Pretende-se concretamente promover uma reflexão tendo em vista a melhoria da actividade, a fim de
torná-la economicamente correcta sem comprometer a sustentabilidade ambiental e nem contestar,
mas considerando também os impactos positivos dos empreendimentos relativos a extracção de
areia.

0.5. Objectivos
0.5.1. Geral
 Analisar os impactos sócio-ambientais decorrentes da extracção de áreas pesadas na
localidade de Quichanga, distrito de Pebane.

0.5.2. Específicos
 Identificar os impactos socio-ambientais advindos da exploração das areias pesadas na
localidade;
 Avaliar os níveis de incidência socio-ambientais proveniente da exploração da área pesada na
localidade;
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 Propor medidas de minimização dos problemas socioambientais decorrentes da extracção de


áreas pesadas na localidade de Chicanga.
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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1. Teoria de base
Como teoria de base, o estudo singiu-se Metalogénese e Deposição mineral, desenvoldio por
Bradeley, que considera que os depósitos de minerais de areias pesadas, embora em última análise
sejam acumulados num ambiente geológico caracteristicamente sedimentar, estes são de origem ígnea
e metamórfica. A formação das suas jazidas em locais sedimentares, geralmente costeiros é
condicionada certamente por processos geodinâmicos exógenos, particularmente a meteorização,
erosão, transporte e deposição; não só como também estes depósitos estão relacionados com tectónica
de placas.
Os depósitos mineralógicos de areias pesadas podem apresentar sob a forma de dunas
costeiras e planícies, cujas formas podem ser alongadas, em forma de lente e empilhadas. A
importância deste tipo de minerais de areias pesadas, cuja designação é devida ao seu peso em relação
ao quartzo, é justificada pela sua gama de aplicabilidade que encontra principalmente nas indústrias
de pigmentos, materiais refractários, em especial na metalurgia aeronáutica e nuclear.

1.2. Conceitos básicos


1.2.1. Areias Pesadas
São minerais caracterizados por minúsculos cristais extraídos de areia, os quais são usados em
aplicações industriais, tais como, pigmentação de tintas, e outros produtos, ou em sistemas de
abrasão. Permitem, também, a extracção de metais como, ilmenite, rutilo, e zircão, usados em várias
indústrias tecnológicas, incluindo o sector aeronáutico e das telecomunicações (Agência Lusa 2014).
As areias pesadas são exploradas no contexto dos mega-projectos, conhecidos como projectos
complexos, de grande magnitude e significância em termos de impacto ambiental e que atraem um
alto grau de atenção pública e interesse político por causa do imenso impacto directo e indirecto que
provoca na comunidade, no ambiente e nos orçamentos públicos e privados (Decreto no 54/2015).

Minerais pesados são definidos como minerais que têm uma densidade maior do que o quartzo,
o mais comum minerais do solo com uma densidade de 2,65 g/cm 3 de formação de rocha. Em
contraste, os minerais com uma densidade mais baixa do que estes, por exemplo, de areias pesadas a
maioria dos minerais mica, dolomita, aragonite, anidrita, magnesita e quartzo, são chamados minerais
leves (Bradley et al, 2014).
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Em função das abordagens acima mencionadas podemos entender dos autores que as areias
pesadas são assim chamadas, contem minerais pesados tais como, zircão, iliminite, rutilo, monazita, e
são formados por concentração físico mecânica dos minerais erodidos nas rochas mãe pela
meteorização e o seu processo começa no continente de onde as rochas ígneas, metamórficas e
sedimentares erodem e contribuem areais, argilas, silte e drenam para curso dos rios, e assim são
carregados para a áreas costeiras onde são depositados e redistribuídos em vários ambientes tais como
deltas, na foreshore, ilhas de barreiras, dunas e lagunas de marés.

1.2. Degradação Ambiental

A degradação ambiental possui conotação negativa. Seu uso na literatura ambiental científica
é quase sempre ligado a uma mudança artificial ou perturbação de causa humana; é, geralmente, uma
redução percebida das condições naturais ou do estado de um ambiente. Como agentes causadores
de degradação ambiental explicitam-se actividades humanas sobre o meio ambiente e algumas
causas naturais. (Johnson et al. 1997, p.27 citado por António, 2018).

A degradação ambiental de acordo com Sánchez, (2006) é qualquer alteração adversa dos
processos, funções ou componentes ambientais, ou condição adversa da qualidade ambiental.
Degradação ambiental corresponde a impacto ambiental negativo. Sendo assim declara-se
degradação ambiental, o estado de alteração das condições naturais do meio ambiente.

A acelerada modificação do ambiente pelos humanos para o seu próprio bem-estar é


considerável e ultrapassa facilmente qualquer agente natural em termos de rapidez e potencial de
impacto (Roosevelt 1999). Este cenário, também ressalta as consequências da modificação
desenfreada face os impactos ambientais resultantes da acção humana, visando a exploração de
recursos naturais (Guedes 2013, p.10).

Por um lado, a exploração de areias pesadas, mostra-se importante para o desenvolvimento


económico mundial, onde a participação de empresas e empreendimentos que buscam a sua
exploração, denotou preocupação dos investigadores e cientistas pelas alterações ao meio ambiente,
provocadas pelos impactos considerados de grandes proporções (Bonfim 2017, p.25).

Portanto, o estudo dos impactos ambientais da exploração das areias pesadas é considerado de
grande importância, por isso, senão for realizado, de maneira correcta, pode acarretar sérios danos
ambientais.
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1.3. Poluição Ambiental


A poluição ambiental de acordo com Sânchez (idem) é a introdução no meio ambiente de
qualquer forma de matéria ou energia que possa afectar negativamente o homem ou outros
organismos. Desse modo pode-se entender por poluição o despejo ou lançamento ou libertação de
matérias ou substâncias ao meio ambiente com intensidade ou concentrações que alteram o padrão
normal do meio, possibilitando a inutilidade dos mesmos ou nocivos a saúde dos seres.

1.4. Impacto ambiental


Como refere Costa & Martins (2014, p.109) toda e qualquer forma de exploração e uso dos
recursos naturais e dos produtos de transformação, por mais cuidadosa que seja, é potencialmente
causadora de poluição ambiental. Assim para minimizar os efeitos negativos dessa exploração no
meio ambiente recorre-se ao denominado diagnóstico ambiental com o intuito de avaliar para
prevenir o ambiente dessas actividades que lhe são nocivas.

De acordo com Sánchez (2008) impacto ambiental é a alteração da qualidade ambiental que
resulta da modificação de processos naturais ou sociais provocadas por acção humana. O mesmo
autor enfatiza que os impactos ambientais devem ser avaliados levando em consideração os
indicadores de sustentabilidade. O impacto ambiental é qualquer alteração no sistema ambiental
físico, químico, biológico, cultural e socioeconómico que possa ser atribuído às actividades
humanas, relativas às alternativas em estudo para satisfazer as necessidades de um projecto. (Canter,
1977 p.114 citado por António, 2018).

De acordo com Pinheiro, (2016) os inúmeros conceitos relativos ao impacto ambiental


apontam para uma diversidade de interpretações e que geralmente estão relacionados às causas dos
problemas ambientais (pressão), à qualidade do ambiente face às acções antrópicas (estado) e às
providências tomadas pela sociedade diante de tais pressões (resposta). Os impactos podem ser
positivos ou negativos e estão relacionados ao seu compartimento ambiental, ou seja, são
identificados impactos sobre o Meio Físico, Meio Biótico e Meio Socioeconómico (Masterplan,
2013, p.23 citado por Santos, 2019).

Podemos entender diante do que foi descrito acima, que os impactos ambientais são as
consequências das actividades humanas na natureza, e esses impactos podem ser locais, como a
poluição urbana do ar e a poluição do ar em ambientes fechados. Os impactos também podem ser
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regionais, como a chuva ácida. Já os impactos globais são o efeito estufa, o desmatamento, a
degradação costeira e marinha.

1.5. Classificação dos impactos


De acordo com Kapusta & Rodriguez, (2009) são classificados qualitativamente quanto aos
seus critérios de: Natureza: impacto positivo ou benéfico - quando à acção resulta na melhoria da
qualidade de um factor ou parâmetro ambiental. Impacto negativo ou adverso quando à acção resulta
em um dano à qualidade de um factor ou parâmetro ambiental.

Espaço: impacto local - quando à acção afecta apenas o próprio sítio e suas imediações.
Impacto regional quando o impacto se faz sentir além das imediações do sítio onde se dá a acção.
Impacto estratégico quando o componente ambiental afectado tem relevante interesse colectivo ou
nacional.

Ordem: impacto directo - resultante de uma simples relação de causa e efeito. Impacto
indirecto resultante de uma reacção secundária em relação à acção, ou quando é parte de uma cadeia
de reacções.

Duração: impacto temporária - quando seus efeitos têm duração determinada. Impacto
permanente quando uma vez executada a acção, os efeitos não cessam de se manifestar num
horizonte temporal conhecido. Impacto cíclico quando o efeito se manifesta em intervalos de tempo
determinados.

Temporalidade: impacto a curto prazo - quando o efeito surge a curto prazo; Impacto a médio
prazo - quando o efeito surge a médio prazo; Impacto a longo prazo - quando o efeito se manifesta a
longo prazo.

Reversibilidade: impacto reversível quando o factor ou parâmetro afectado, cessada a acção,


retorna às suas condições originais. As medidas compensativas, por sua vez, são aquelas que buscam
dar ao ambiente afectado compensações por impactos não mitigados parcialmente ou totalmente
(Sánchez, 2008).

Portanto, os impactos ambientais podem ser classificados qualitativamente segundo seis


critérios: valor, ordem, espaço, tempo, dinâmica e plástica e podem ocorrer nos meios físico-químico
(abiótico), biótico e socioeconómico, portanto a avaliação de impactos ambientais dos herbicidas
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deve contemplar, sempre que possível, os aspectos ecológicos, sociais e económicos mantendo
estreita distorção em relação a causa-efeito.

1.6. Avaliação do Impacto ambiental


De acordo com a política operacional OP 4.01 do Banco Mundial, avaliação de impacto
ambiental (AIA) é um processo cuja dimensão, profundidade e tipo de análise depende da natureza,
escala e impacto ambiental potencial do projecto proposto que avalia os potenciais riscos ambientais
do projecto na sua área de influência; procuras alternativas ao projecto; identifica maneiras de
melhorar a selecção, localização, planeamento, concepção e execução do projecto, através de medidas
destinadas a evitar, minimizar, mitigar ou compensar os efeitos ambientais adversos, e optimizar os
impactos positivos; e inclui o processo de mitigar e gerir os impactos ambientais adversos ao longo
da execução de todo projecto.

A Avaliação de Impactos Ambiental (AIA) envolve uma análise sistemática dos impactos
ambientais. É um dos principais factores de avaliação do desempenho de todo e qualquer projecto ou
empreendimento. Tem por objectivo garantir que responsáveis pela tomada de decisão apresentem
soluções adequadas à população e ao meio ambiente, gerando medidas de controlo e poluição
(Santos M. D., 2019).

A AIA é um processo de exame das consequências futuras de uma acção presente ou proposta.
O significado e o objectivo da AIA prestam-se a inúmeras interpretações (Sánchez, 2006). Em suma,
a AIA é um processo que visa determinar, quantificar e avaliar as acções ambientais num projecto ou
empreendimento, com o objectivo de compreender a dimensão do impacto gerado. Em Moçambique,
um processo de AIA é uma exigência legal nos termos da Lei do Ambiente (Lei n.º 20/97 de 1 de
Outubro) para qualquer actividade que possa ter impactos directos ou indirectos sobre o meio
ambiente, sejam licenciadas pelo MICOA.

A AIA está virada para o alcance e/ou apoio da protecção ambiental e desenvolvimento
sustentável (Ramasar et al, 2003). É considerado um instrumento de política ambiental consistindo
num conjunto de estudos que envolve métodos e técnicas de gestão ambiental capazes de assegurar e
avaliar, desde o início do projecto de desenvolvimento, a mitigação e o monitoramento dos impactos
ambientais. Permite aprovar ou não a proposta do projecto e os seus resultados devem ser
apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão (Ambiente
Brasil, 2005)
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1.7. Enquadramento legal


A Lei do Ambiente (Lei 20/1997 de 1 de Outubro) tem como objectivo definir a base jurídica
para boa utilização e gestão do ambiente e seus componentes com a finalidade de formar um sistema
de desenvolvimento sustentável em Moçambique. O Artigo 15, da Lei do Ambiente discorre sobre o
Licenciamento Ambiental:

1. O licenciamento e o registo das actividades que pela sua natureza, localização ou dimensão,
sejam susceptíveis de provocar impactos significativos sobre o ambiente, serão feitos de
acordo com o regime a estabelecer pelo governo, por regulamento específico.
2. A emissão da licença ambiental será baseada numa avaliação do impacto ambiental da
proposta de actividade, e precederá a emissão de quaisquer outras licenças legalmente
exigidas para cada caso.

Segundo esta lei, impacto ambiental é qualquer mudança do ambiente, para melhor ou para
prior, especialmente efeitos no ar, na terra, na água e na saúde das pessoas, resultante de actividades
humanas (Lei 20/97, Artigo 1). Não é permitida, no território nacional, a produção, o depósito no
solo e no subsolo, o lançamento para a água ou para a atmosfera, de quaisquer substâncias tóxicas e
poluidoras, assim como a prática de actividades que acelerem a erosão, a desertificação, o
desflorestamento, ou qualquer outra forma de degradação do ambiente, fora dos limites legalmente
estabelecidos Lei nº 20/97, Artigo 9).

Elencam-se alguns dos princípios (Lei nº 20/97, Artigo 4) que orientam a legislação ambiental
em Moçambique e que devem ser considerados no presente estudo, considerando a mineração e os
impactos ambientais gerados.

 Princípio 1: a utilização e gestão racionais dos componentes ambientais, com vista à


promoção da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e à manutenção da biodiversidade e
dos ecossistemas;
 Princípio 2: o reconhecimento e valorização das tradições e do saber das comunidades locais
que contribuam para a conservação e preservação dos recursos naturais e do ambiente;
 Princípio 3: o princípio da precaução, com base no qual a gestão do ambiente deverá
priorizar o estabelecimento de sistemas de prevenção de actos lesivos ao ambiente, de modo
a evitar a ocorrência de impactos ambientais negativos significativos ou irreversíveis,
independentemente da existência de certeza científica sobre a ocorrência de tais impactos;
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 Princípio 5: a importância da ampla participação pública;


 Princípio 6:a igualdade, que garante oportunidades iguais de acesso e uso de recursos
naturais a homens e mulheres;
 Princípio 7: o princípio do poluidor-pagador, com base no qual quem polui ou de qualquer
outra forma degrada o ambiente, tem sempre a obrigação de reparar ou compensar os danos
daí decorrentes.

1.8. Impactos socio-ambientais causados pela extracção de areia e seixo


Os impactos socio-ambientais consideram que a intervenção antrópica no meio ambiente causa
sua degradação, por esse motivo, o espaço natural e a problemática social devem ser analisados em
conjunto, para um melhor entendimento, pois eles são resultantes de mudanças sociais e ecológicas,
estimuladas pelos impulsos das relações entre forças externas e internas à unidade espacial, ecológica,
histórica ou socialmente determinada (Fereira, 2011)

Segundo Carvalho e Lima (2010), as avaliações de impacto ambiental são “estudos realizados
para identificar, prever, e interpretar, assim como prevenir, as consequências ou os efeitos ambientais
que determinadas acções, planos programas ou projectos podem causar à saúde, ao bem-estar humano
e ao entorno. Para o autor, os métodos de avaliação de impactos ambientais são: metodologias
espontâneas (“ad hoc”), método da listagem de controlo (check list) método das matrizes de
interacção, método da sobreposição de cartas (“overlay mapping”), método dos modelos matemáticos
e método das redes de interacção.

Silva (1994) apud Lelles (2004) classificou os impactos ambientais qualitativamente, em:
critério de valor (impacto positivo e negativo), critério de ordem (impacto directo e indirecto), critério
de espaço (impacto local, regional e estratégico), critério de tempo (impacto a curto prazo, médio e
longo prazo), critério de dinâmica (impacto temporário, cíclico e permanente), critério de plástica
(impacto reversível e impacto irreversível).

A actividade mineira gera impacto ambiental, social e económico. Essa actividade mineira tem
como característica primordial a rigidez locacional, obrigando o minerador a lavrar exactamente no
local onde a natureza colocou a substância a ser minerada (Annibelli; Souza Filho, 2007). A
mineração, evidentemente, causa um impacto ambiental considerável. Ela altera intensamente a área
minerada e as áreas vizinhas (Silva, 2007, p.56).
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Assim como qualquer actividade, a mineração apresenta seus pontos positivos e negativos nas
áreas social e ambiental que devem ser avaliados. No social há que se considerar o desenvolvimento
local que sinaliza avanços ou retrocessos. Nesse sentido, a actividade de mineração tem que ser feita
de acordo com os parâmetros legais de forma a garantir uma exploração sustentável dos recursos
naturais, com o mínimo de impacto, e preservando a saúde do trabalhador além de gerar, para o
município, divisas que possibilitem sua aplicação em melhorias para a cidade e comunidade (Faleiro;
Lopes, 2010).

A extracção de areia e seixo, se comparados com a extracção de minerais metálicos, como o


ouro e o ferro, causam impactos negativos menos expressivos ao meio ambiente. Apesar desses
agregados possuírem características de material inerte, não deveria causar grandes danos ao meio
ambiente. De acordo com Annibelli & Souza Filho (2007), os impactos causados pela mineração de
areia e seixo, geralmente, são positivos e negativos.

1.9. A mineração e o desenvolvimento local


O desenvolvimento tem suas facetas, interpretado de diversas formas e com mudanças de
entendimento com passar dos anos. Por muito tempo, acreditava-se que o desenvolvimento estava
ligado apenas com crescimento económico, no entanto, essa concepção vem sendo modificada. Sachs
(2008) defende o entendimento de desenvolvimento como uma combinação de crescimento
económico, aumento igualitário do bem-estar social e preservação ambiental.

O desenvolvimento local deve ter inclusão social, havendo cooperação, criação e alargamento
de esferas públicas, em que diferentes actores políticos, económicos, sociais dialoguem de maneira
transparente a partir de seus próprios interesses em conflito, buscando construir um novo
desenvolvimento local em conjunto (Correia; Akerman, 2015, p.32).

Para um melhor entendimento desta questão, é importante saber a relação dos recursos minerais
com o desenvolvimento. Assim, Borges e Borges (2011) relatam que a mineração se demonstrou
como um sector relevante em economias nacionais e em 2002, em Joanesburgo, na Conferência
Rio+10, essa relevância foi consolida, quando considerou-se a actividade mineral como uma das
actividades fundamentais ao desenvolvimento económico e social de diversos países e regiões, pois
os minerais são bases primárias da constituição da vida moderna.
16

Assim, o desenvolvimento tratado nesta pesquisa é o mesmo adoptado pelos autores que vão ao
encontro do conceito igualitário de desenvolvimento e crescimento económico. O desenvolvimento
tratado aqui leva em consideração o bem-estar social e o equilíbrio ambiental como principais
indicadores de desenvolvimento. Sendo assim, entende por bem-estar social a satisfação das
necessidades básicas, já o equilíbrio ambiental, em tese ocorre onde não há intervenção humana, nos
casos onde ocorre tal intervenção, essa deve acontecer de forma consciente e com responsabilidade
ambiental. (Beck, 2000, p. 19 apud Lima, et al, 2008).

A actividade mineira não pode ser desenvolvida sem a contribuição da comunidade local, mas a
realidade vista em grandes empreendimentos é que os moradores dessa comunidade não possuem
uma melhoria na sua qualidade de vida e a maioria nem faz parte do quadro funcional do
empreendimento.

Para Bradford (2012), o modo dominante de desenvolvimento é caracterizado por uma dinâmica
da exclusão social e da violência ligada à concorrência em benefício de alguns em detrimento de
outros. Os agregados são conhecidos como minerais sociais e é a mineração do progresso social e
económico, pois estão directamente ligados à construção civil. São considerados ainda, vitais para a
melhoria da qualidade de vida das pessoas. Uma característica relevante dos agregados é a relação
preços baixos/grandes volumes.

Portanto, relatam que os agregados são considerados bens minerais imprescindíveis de utilidade
pública e em lei eles são descritos apenas como de interesse social, além disso são pouco percebidos
como minérios pela sociedade.

1.10. Riscos e actividade de mineração a céu aberto


A actividade mineradora consiste na extracção de riquezas minerais dos solos e das formações
rochosas que compõem a estrutura terrestre. No entanto, é preciso ressaltar que essa prática costuma
gerar sérios danos ao meio ambiente. Portanto, as alterações do equilíbrio ecológico e o impacto da
actividade humana sobre a ecosfera terrestre, começaram a se transformar em assunto de preocupação
de alguns cientistas e pesquisadores durante a década de 60, ganharam dimensão política a partir da
década de 70, e são hoje um dos assuntos mais polémicos do mundo, (Silva, 2007).

Não é mais possível implantar qualquer projecto ou discutir qualquer planeamento sem
considerar o impacto sobre o meio ambiente. As actividades humanas, as chamadas económicas,
17

alteram o meio ambiente, sendo a mineração e a agricultura as duas actividades económicas básicas
da economia mundial.

Através destas, o homem extrai recursos naturais que alimentam toda a economia. Sem elas,
nenhuma das actividades subsequentes pode existir. A mineração e a agricultura, junto com a
exploração florestal, a produção de energia, os transportes, as construções civis (urbanização,
estradas, etc.) e as indústrias básicas (químicas e metalúrgicas) são os causadores de quase todo o
impacto ambiental existente na terra. O impacto das demais actividades económicas torna-se pouco
significativo quando comparado às citadas anteriormente, (Silva, 2007).

A mineração, evidentemente, causa um impacto ambiental considerável. Ela altera


intensamente a área minerada e as áreas vizinhas, onde são feitos os depósitos de estéril e de rejeito.
Além do mais, quando tem-se a presença de substâncias químicas nocivas na fase de beneficiamento
do minério, isto pode significar um problema sério do ponto de vista ambiental.

1.11. Impactos ambientais da actividade de mineração


Assim como toda exploração de recurso natural, a actividade de mineração provoca impactos
no meio ambiente seja no que diz respeito à exploração de áreas naturais ou mesmo na geração de
resíduos.
Segundo CPRM (2002) apud Silva (2007 p.3), os principais problemas oriundos da mineração
podem ser englobados em cinco categorias: poluição da água, poluição do ar, poluição sonora,
subsistência do terreno, incêndios causados pelo carvão e rejeitos radioactivos. A seguir, serão
relatadas algumas actividades de exploração mineral onde são abordados os impactos ambientais
gerados durante o processo de exploração e disposição de seus resíduos.

1.11.1. Degradação da paisagem


O principal e mais característico impacto causado pela actividade minerária é o que se refere à
degradação visual da paisagem. Não se pode, porém, aceitar que tais mudanças e prejuízos sejam
impostos à sociedade, da mesma forma que não se pode impedir a actuação da mineração, uma vez
que ela é exigida por essa mesma sociedade (Silva, 2007).

1.11.2. Ruídos e vibração


O desmonte de material consolidado (maciços rochoso s e terrosos muito compactados) é feito
através de explosivos, resultando, em consequência, ruídos quase sempre prejudiciais à tranquilidade
18

pública. Para minimizar estes impactos podem ser adoptadas certas medidas: orientação da frente de
lavra e controle da detonação. A onda de choque gerada por explosivos apresenta comportamentos
distintos, de acordo com a distância e o tipo de material.

Um método para suavizar os impactos causados pela detonação consiste em provocar uma
descontinuidade física no maciço rochoso, (Silva 2007). Para evitar ruídos decorrentes dos
equipamentos de beneficiamento, deve-se aproveitar ao máximo os obstáculos naturais ou então criar
barreiras artificiais, colocando o estoque de material beneficiado ou a ser tratado entre as instalações e
as zonas a proteger.

1.11.3. Tráfego de veículos


O tráfego intenso de veículos pesados, carregados de minério, causa uma série de transtornos
à comunidade, especialmente naquela situação mais próxima às áreas de mineração, como: poeira,
emissão de ruídos, frequente deterioração do sistema viário da região.

1.11.4. Poeira e gases


Um dos maiores transtornos sofridos pelos habitantes próximos e/ou os que trabalham
directamente em mineração, relaciona-se com a poeira. Esta pode ter origem tanto nos trabalhos de
perfuração da rocha como nas etapas de beneficiamento e de transporte da produção. Segundo Silva
(2007 p. 1), “estes resíduos podem ser solúveis, ou particulares que ficam em suspensão como lama e
poeira”.
A contribuição da mineração para a poluição do ar é principalmente uma poluição por poeira.
A poluição por gases a partir da mineração é pouco significativa, e em geral de restringe à emissão
dos motores das máquinas e veículos usados na lavra e beneficiamento do minério. Quanto à poluição
das águas provocada pela mineração, a maior parte das minerações em Moçambique provoca
poluição por lama. A poluição por compostos químicos solúveis, também existe e pode ser
localmente grave, mas é mais restrita.

O controlo no caso de lama é termicamente simples, mas pode requerer investimentos


consideráveis. As minerações de ferro, de calcário, de granito de areia e argila, da bauxita, de
manganês, de cassiterita, de diamante e várias outras, provocam em geral poluição das águas apenas
por lama, (SILVA 2007). O controlo tem que ser feito através de barragens p ara contenção e
sedimentação destas lamas. As barragens são muitas vezes os investimentos mais pesados em
controlo ambiental realizado pelas empresas de mineração.
19

Por outro lado, estas barragens servem também para recirculação de água e podem não ser
consideradas investimentos exclusivos de controlo ambiental. Além da poluição por lama, muitas
minerações provocam poluição de natureza química, por efluentes que se dissolvem na água usa da
no tratamento do minério ou na água que passa pela área de mineração.

1.11.5. Rejeito e estéril


A disposição final de rejeitos não constitui problema mais sério, quando destinados aos
trabalhos de recuperação das áreas. Entretanto, durante a fase da lavra devem ser observados cuidados
especiais para que estes não sejam lançados no sistema de drenagem.

De acordo com Silva (2007 p.9), quando esses depósitos ficam muito volumosos, tornam-se,
por si mesmos, instáveis e sujeitos a escorregamentos localizados. No período de chuvas, devem ser
removidos e transportados continuamente até as regiões mais baixas e, em muitos casos, para cursos
de água. A repetição contínua do processo provoca o transporte considerável desse material,
ocasionando gradativamente o assoreamento dos cursos de água.

Além do volume provindo do material estéril, devem ser consideradas as quantidades


advindas da área das próprias jazidas e o material produzido pela decomposição das rochas e erosão
do solo. O problema pode ser minimizado através do adequado armazenamento do material estéril e
sua posterior utilização para reitero de áreas já mineradas e de tanques de decantação que retenham os
sedimentos finos na própria área, preservando a hidrografia.
20

2. METODOLOGIA DA PESQUISA
A escolha da metodologia está relacionada com os objectivos definidos para este estudo, uma
vez que todo procedimento metodológico tem como objectivo delinear o caminho a ser percorrido
pelo pesquisador na tentativa de relacionar a teoria com a prática. O presente projecto de pesquisa
apresenta os seguintes procedimentos metodológicos, a saber:

2.1. Método da pesquisa


Para esta pesquisa, será usado o método de observação directa assistemática, onde Prodanov
et al (2013, p.104) afirma que o método consiste em recolher e registar os factos da realidade sem que
o pesquisador utilize meios técnicos especiais ou precise fazer perguntas directas. Nisso,
efectuaremos uma observação acerca do tema em questão sobre a exploração da areia pesada na
localidade de Quichanga e seus impactos socioambientais, a sua dinâmica, evolução, as suas
manifestações e efeitos produzidos no meio da comunidade local, com vista a familiarizar a autora do
trabalho em relação ao problema, como forma de adquirir dados concretos da problemática em
estudo.

2.2. Classificação da pesquisa


 Quanto a natureza
Para o presente estudo, será usada a pesquisa qualitativa. Para Prodanov, et al, (2013, p.70) a
pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um
vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode ser
traduzido em números e não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O uso da pesquisa
qualitativa permitirá conhecer o nível de percepção do povoado da localidade de Quichanga em
relação aos impactos socio-ambientais que advêm da extracção de áreas pesadas nesta localidade e os
principais riscos que a comunidade está propensa durante a convivência com este cenário.

 Quanto aos objectivos


Do ponto de vista dos objectivos será usada a pesquisa descritiva, pois segundo Gil (1999), as
pesquisas descritivas têm como finalidade principal a descrição das características de determinada
população ou fenómeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos
que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas aparece
na utilização de técnicas padronizadas de colecta de dados. Portanto, será utilizada esta pesquisa a
medida em que o estudo procurará entender por meio de várias fontes “orais e escritas” dos
21

moradores da localidade de Quichanga e funcionários da área de exploração em relação ao tema em


estudo.

 Quanto aos procedimentos técnicos de pesquisa


Entretanto, para fundamentar esta pesquisa será utilizado a consulta bibliográfica. Este
método, permitirá recolher teorias e ideias de autores conceituados que abordaram temas relacionados
com o trabalho, com vista a fundamentar em detalhes os dados decorrentes das respostas e procurar
estabelecer as relações necessárias entre os dados obtidos nas literaturas visitadas e as respostas dadas
nas questões formuladas.

Mas também, será necessário efectuar a redução das informações quanto ao seu volume para a
sintetização dos conteúdos extraídos em fontes bibliográficas desenvolvida com base em livros e
artigos elaborados por outros autores que tiveram interesse sobre o mesmo tema. A escolha deste
método deveu-se por constituir uma fonte rica de informações e mais estável. Será através deste
método que a autora se colocará em contacto directo com o que será escrito e a sua disposição sobre
os diferentes elementos que corporizarão este trabalho.

2.3. Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados


Para a recolha de informações sobre factos em causa, usar-se-á a observação directa e a
entrevista semi-estruturada.

 Observação
Segundo Cervo & Bervian (2002, p.27), “observar é aplicar atentamente os sentidos físicos a
um amplo objecto, para dele adquirir um conhecimento claro e preciso”. Para esses autores, a
observação é vital para o estudo da realidade e de suas leis. A observação consistirá numa passeata da
autora nos bairros arredores da área de exploração, por considerar como bairros que se mostraram
apresentar evidências em relação aos impactos socioambientais que decorrem da exploração da área
pesada na localidade de Quichanga. Esta passeata auxiliado pelo guião de observação visará obter
dados reais in loco para depois captar as imagens dos diferentes lugares dos bairros que permitirá
realizar uma comparação em relação aos tempos atrás e actualmente que está a se explorar este
recursos na localidade em estudo.
22

 Entrevista semi-estruturada
Segundo Cervo & Bervian (2002), a entrevista é uma das principais técnicas de colectas de
dados e pode ser definida como conversa realizada face a face pelo pesquisador junto ao entrevistado,
seguindo um método para se obter informações sobre determinado assunto . A entrevista será usada
para procurar-se informar a percepção oral dos moradores, onde será aplicada uma amostra de 20
indivíduos, dentre as quais serão distribuído por sexo e idade que variam de 20 anos em diante
constituído por mulheres e homens, que serão escolhidos por indicação pelo Secretário do Bairro e de
indivíduos conhecidos que se predispuserem a fornecer informações concretas nos bairros e
funcionários da empresa que estão a explorar este recurso.

Desse modo este estudo, a entrevista será para a autora o melhor instrumento para perceber as
razões e as consequências que advirão da extracção deste recurso na localidade mencionado, pese
embora haja benefícios pela comunidade local. A opção pela técnica de entrevista semi-estruturada
dever-se-á ao facto de esta proporcionar à entrevistadora melhor entendimento e captação da
perspectiva dos entrevistados. O uso desta técnica exige indicar as dimensões/variáveis de análise a
serem aplicadas e incluir um rol de questões no guião de entrevista para além da técnica a ser usada
para a análise e discussão dos resultados.

2.4. Universo e participantes da pesquisa


 Universo
A pesquisa envolverá a população da localidade de Quichanga, com principal destaque aos
que vivem na zona próxima a exploração, estimados em 11, 529 mil habitantes, divididos em idade e
sexo, conforme o censo populacional e habitacional de 2017 (INE, 2017). Com este grupo de
população será possível identificar e levantar os aspectos relevantes ao objectivo do trabalho. Só com
este grupo alvo, é que foi possível colher informações concretas sobre como se manifesta a
problemática em estudo, quais as consequências bem como as possíveis medidas de mitigação da
mesma.

 Participantes da pesquisa
Como não foi possível trabalhar com todos, foi seleccionada uma amostra de forma
intencional, daqueles que tiveram disponibilidade de colaborar e os que possuíram informações úteis
para o estudo, constituído por 20 moradores de Pebane concretamente da localidade de Quichanga,
dentre estes, (régulo, secretário do bairro, moradores e outras personalidades respeitadas na
23

comunidade e legitimadas pelo seu papel social, cultural e até religioso), por entendermos que estes
saberão explicar, com clareza e precisão, a situação da localidade em torno do fluxo de exploração
das areias pesadas e seus possíveis impactos (social e ambiental).

2.5. Cronograma
Tempo/Período
Acções a Realizar Fev. -Abril Maio- julho Ago.- Set. Out. - Dezembro.
Nov.
Revisão de literatura
Trabalho de Campo
Revisão de Literatura
Trabalho de Campo
Análise e Apuramento
Materialização do
Trabalho
Submissão
Apresentação
Fonte: Elaborado pela autora (2023).

2.6. Orçamento
# Descrição do Material Qt. Preço/Unit. Preço Total

1 Resma de Papel 08 360,00 mts. 2.880,00 mts.


2 Esferográficas 30 15,00 mts. 450,00 mts.
3 Bloco de Notas 10 85,00 mts. 850,00 mts.
5 Embalagens de Mascaras faciais 20 350,00 mts. 7.000,00 mts.
6 Frascos de Álcool em gel 50 95,00 mts. 4.750,00 mts.
7 Garrafas de Água Mineral 60 50,00 mts. 3.000,00 mts.
8 Lanches/Pequenas refeições diárias ------- ----------------- 7.000,00 mts.
9 Adicionais e Diversos ------- ---------------- 23.545,00 mts.
- ---------------------- ------- Total = 50.000,00 mts.
Fonte: Elaborado pela autora (2023).
24

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