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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Sociais e Política


Licenciatura em Desenvolvimento Comunitário

2º Ano

Implementação do projecto de desenvolvimento comunitário

Discente
Lígia José Rassul Buramo

Quelimane
Setembro
2022
Lígia José Rassul Buramo

Implementação do projecto de desenvolvimento comunitário

Trabalho de carácter avaliativo a ser na cadeira


de Desenvolvimento comunitário, leccionado
pelo docente;

Dr. Eng Sultan Natha

Quelimane
Setembro
2022
Índice
1. Introdução..........................................................................................................................................3

1.1. Objectivos do Trabalho...................................................................................................................4

1.1.1. Geral............................................................................................................................................4

1.1.2. Específicos...................................................................................................................................4

1.1.3. Metodologia.................................................................................................................................4

II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................................................5

2.1. Génese e conceitos sobre o Desenvolvimento Comunitário...........................................................5

2.2. Tipos de Desenvolvimento Comunitário........................................................................................6

2.2.1. Como processo dirigido de intervenção externa nas comunidades em função de um melhor
nível de vida...........................................................................................................................................7

2.2.2. Como processo de conjugação de esforços entre povos e governos...........................................7

2.2.3. Como processo metodológico de autonomização dos segmentos da população e de


materialização dos interesses e preocupações da comunidade..............................................................8

2.3. Desenvolvimento Endógeno e Exógeno.........................................................................................8

2.3.1. Desenvolvimento Exógeno..........................................................................................................8

2.3.2. O desenvolvimento endógeno......................................................................................................9

4. Implementação do projecto de desenvolvimento comunitário........................................................10

4.1. Métodos de planificação de projectos...........................................................................................11

5. Técnicas de Planificação de Projectos de Desenvolvimentos Comunitários...................................13

5.1. Técnicas para a Gestão de Projectos Comunitário.......................................................................14

6. Gerenciamento de um Projectos de desenvolvimento comunitário.................................................16

7. Conclusão........................................................................................................................................17

8. Referências bibliográficas...............................................................................................................18
1. Introdução
Quando a temática do desenvolvimento foi introduzida na literatura económica do imediato pós-
guerra, vinha ela carregada pelo peso ideológico da “guerra fria”, que colocava os Estados Unidos e
a União Soviética em pólos opostos, e propunha um modelo de sociedade capitalista, moderna e
democrática, sob a hegemonia americana, em oposição aos modelos socialistas de desenvolvimento
que então se disseminavam pelos continentes europeus e latino-americano (Júnior e Filho 2008).

Portanto, as esperanças creditadas a aquele modelo como paradigma de desenvolvimento para as


então chamadas sociedades atrasadas, subdesenvolvidas ou terceiro mundo não tardaram a
desvanecer-se. Apesar das elevadas taxas de crescimento económico e da acumulação de riqueza que
seguiram à II Guerra Mundial, os problemas de pobreza e de desigualdade social, espacial e sectorial
de renda ainda marcaram a paisagem socioeconómica latino americana, da África e do mundo
subdesenvolvido em geral.

Pese embora, um novo leque de análises começou, então, a surgir na busca de uma maior
aproximação entre os dados empíricos colectados na época e os modelos de crescimento e
desenvolvimento difundidos entre os anos 1950 e 1960. Novas questões foram postas sobre esta
temática, enquanto os economistas permaneciam divididos entre os que advogavam a igualdade
entre desenvolvimento e crescimento económico e aqueles que apenas admitiam o crescimento como
condição necessária, mas não suficiente, para o desenvolvimento.

É nesse âmbito que o presente trabalho irá abordar acerca do Implementação do projecto de
desenvolvimento comunitário, e durante a abordagem serão pormenorizados alguns conceitos
relativos ao desenvolvimento comunitário; distinção entre os dois conceitos e far-se-á
enquadramento do desenvolvimento em Moçambique baseando-se em alguns exemplos e suas
directrizes em reacção a comum deve ser implementados os projectos de desenvolvimento
comunitária.

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1.1. Objectivos do Trabalho
1.1.1. Geral
 Abordar sobre a implementação do projecto de desenvolvimento comunitário

1.1.2. Específicos
 Mencionar a génese e conceitos sobre o desenvolvimento comunitário;
 Descrever os tipos de desenvolvimento comunitário;
 Descrever sobre o desenvolvimento endógeno e exógeno;
 Mencionar como deve ser implementado do projecto de desenvolvimento comunitário;
 Indicar as técnicas de planificação de projectos de desenvolvimentos comunitários;
 Descrever o gerenciamento de um projecto de desenvolvimento comunitário.

1.1.3. Metodologia
Para o alcance do objectivo proposto, a metodologia empregada foi a revisão bibliográfica ou
pesquisa em fontes secundárias, que consiste no levantamento do material já elaborado e publicado
em documentos, tais como livros, teses, e dissertações, com vista a explicar um problema a partir de
referências teóricas. De acordo com Vergara (2006), a pesquisa bibliográfica é o estudo
sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes
electrónicas, isto é, material acessível ao público em geral.

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II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Génese e conceitos sobre o Desenvolvimento Comunitário
Os problemas mundiais ligados à pobreza, saúde, acesso à água e saneamento, à educação e
formação, até afluir aos grandes problemas ambientais, que têm merecido acesos debates na
sociedade global. Particularmente, a pobreza, afigura-se como um dos factores que mutuamente se
relacionam ou se agravam com o ambiente havendo por isso, urgência e prioridade em rechaçá-la. O
momento que vivemos, é marcadamente caracterizado por novas formas de ser e novas exigências, a
questão da cidadania e participação activa das comunidades locais na gestão dos recursos, tem-se
mostrado crucial e um requisito essencial para o desenvolvimento sustentável (Evans, 2007) citado
por Jossefa (2012).

É neste quadro sombrio, que o Desenvolvimento Comunitário (DC) foi consagrado num documento
das Nações Unidas datado de 1950 e intitulado “O progresso Social através do Desenvolvimento
Comunitário” (Silva, 1962 in Carmo, 1999). A génese do DC, à semelhança de muitos outros
conceitos, tem sido alvo e objecto de abundantes gnomas e variadas acepções.

Para Ammann (1992), citado por Jossefa (2012) a ONU institucionalizou o DC com argumentos de
que a pobreza é um entrave e uma ameaça não só para as zonas mais prósperas do planeta, mas
também para as populações pobres, receando que os povos com fome tivessem maior propensão de
absorver a ideologia comunista e que, portanto, o esforço de ajudar os povos a alcançarem um
melhor nível de vida, eliminaria os focos de ascensão do comunismo (Ammann, 1992 in Silva,
2001).

Sem dúvida, pode tratar-se de um olhar alicerçado na guerra fria do século XX que opunha as
principais economias da época, o capitalismo representado pelos Estados Unidos da América num
extremo, e o comunismo recitado pela ex-URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) no
outro.

Num outro prisma, Santos (2002), refere que o DC é o esforço para melhorar as condições de vida
daquelas que habitam um local (a comunidade e o seu espaço geográfico e cultural) tomando em
linha de conta a especificidade desse local. Distingue-se do desenvolvimento de uma população em
geral porque o DC procura o desenvolvimento equilibrado e integrado de uma comunidade, com o
máximo respeito pelos seus valores próprios e procurando tirar partido da sua riqueza histórica. Esta

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definição se afigura semelhante ao que Kashimoto, Marinho e Russef (2002) entendem como DC.
Estes autores referem que o DC demanda a necessidade da observação da cultura do lugar.
Igualmente, importa realçar o pensamento do pedagogo, ensaísta e sociólogo argentino Ezequiel
Ander-Egg.

Para este, o DC é uma técnica social de promoção do homem e de mobilização de recursos humanos
e institucionais, mediante a participação activa e democrática da população, no estudo planeado e
execução de programas ao nível das comunidades de base, destinados a melhorar o seu nível de vida
- defende Egg (1980) citado por Carmo (1999). Este posicionamento, tem sido considerado um dos
mais completos da actualidade por ter subjacentes quatro dimensões do próprio conceito de DC,
nomeadamente:

1) Uma dimensão doutrinária pela implícita filosofia personalizada que defende;


2) Uma dimensão teórica pelos pré-requisitos de análise antropológica, sociológica, política e
económica a que se obriga;
3) Uma dimensão metodológica pelos propósitos de mudança planeada que defende e;
4) Finalmente, uma dimensão prática pelas consequências que a sua aplicação tem no terreno,
tanto pela implicação das comunidades no processo do seu próprio desenvolvimento como
pela alteração das práticas profissionais a que obriga.

No mesmo diapasão da diversidade e diversificação dos conceitos de DC, a sua tipologia está
igualmente prenhe de uma multiplicidade sem precedentes. No entanto, o DC pode ser uma
ferramenta de processos múltiplos, visto que este modelo constitui uma das ferramentas que tem
contribuindo bastante na alavancagem da melhoria das condições de vida da sociedade mais
desfavorecida.

2.2. Tipos de Desenvolvimento Comunitário


Para Francisco (2010), o facto de o DC ser fundamentalmente uma prática, pode ser bastante
frustrante tentar coloca-lo em acção com objectividade sem que tenha uma visão desta problemática
e juízo de concepção sobre o instrumento a ser utilizado para cada realidade. Por isso esta
concepção, é com a qual nos identificamos essencialmente por dar enfoque ao DC como instrumento
múltiplo de processos:

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 Como processo dirigido de intervenção externa nas comunidades em função de um melhor
nível de vida;
 Como processo dirigido em função da conjugação de esforços entre povos e governos e;
 Como processo metodológico de autonomização dos segmentos da população e de
materialização dos interesses e preocupações da comunidade.

2.2.1. Como processo dirigido de intervenção externa nas comunidades em função de um


melhor nível de vida
O estágio de subdesenvolvimento que prevalece em muitos países do mundo, levou a que várias
organizações internacionais prestassem ajuda e assistência técnica a essas nações a partir da década
de 1950. A introdução de novas técnicas, valores e costumes em muitas vezes, tornava-se uma
directriz importante dos programas. Por isso, considerada essa directriz, a cultura das pessoas
passava a ser objecto de muitos estudos e chegando-se a conclusão de que o respeito à cultura local,
era um requisito que poderia levar ao sucesso.

Foi entre estes debates algo antagónicos que o DC passou a ser entendido como: “um processo
técnico de acção dirigida que, partindo do reconhecimento da cultura local, tenta introduzir
mudanças como uma condição facilitadora e necessária rumo ao desenvolvimento e progresso”.

De acordo com Souza (1999), a visão parcial empírica através da qual a realidade social era
retratada, abriu espaço a novos e complexos mecanismos de dominação, levando a que a proposta do
DC, tendesse a contribuir mais para um projecto de dominação do que para um projecto de
libertação dos segmentos das populações mais necessitadas e vulneráveis.

2.2.2. Como processo de conjugação de esforços entre povos e governos


As preocupações com o desenvolvimento social levaram a ONU a aprimorar e empregar a expressão
“desenvolvimento da comunidade” para designar determinados processos dirigidos de trabalhos
comunitários, isto a partir das várias experiencias já existentes. Em 1956 apresenta-se uma definição
que foi aceite internacionalmente principalmente, pelo apoio que a própria ONU dava programas e
experiencias de DC. Seguindo essa definição:

“Desenvolvimento da comunidade – é o processo pelo qual os esforços do


próprio povo se unem com as autoridades governamentais tendo como fito,
melhorar as condições económica, sociais e culturais das comunidades,
integrar estas comunidades na vida nacional e capacitá-las de forma a

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contribuírem plenamente para o progresso do país” (citação de Souza,
1999).

A dinâmica e intensidade de debates em torno de DC, obrigou a ONU a revisitar o seu conceito
apresentando-o em 1958 como:

“Processo pelo qual o próprio povo participa do planeamento e da


realização de programas que se destinam a elevar o padrão de suas vidas
implicando por isso, a colaboração indispensável entre os governos e o povo
para tornar eficazes os esquemas de desenvolvimento viáveis e equilibrados”
(Idem, 1999).

A definição subjacente nesta nova abordagem, veio a coincidir com a década de 60 considerada pela
ONU como sendo a década de desenvolvimento. Assim, o homem enquanto recurso ou capital
humano, é tido como condição básica para o desenvolvimento, onde as demandas de participação e
de planeamento entraram na mecânica em que a participação ocorria dentro de condições
previamente determinadas, o que significa participar executando decisões tomadas noutras instâncias
cuja realidade, preocupações, anseios e interesses podem ser diferentes daqueles que os beneficiários
dos programas poderiam ter.

2.2.3. Como processo metodológico de autonomização dos segmentos da população e de


materialização dos interesses e preocupações da comunidade
O DC é um processo metodológico de organização social da população comunitária através do qual
esta população consegue ampliar as suas condições de vida individual e colectiva bem como,
conseguir controlá-las articulando-se de uma forma crescente para a participação em níveis mais
amplos da sociedade principalmente naqueles atinentes à questões fundamentais das camadas
populares.

À semelhança do que diz Souza (1999), o DC é visto como processo metodológico, também pode ser
percebido como um método, um processo e um fim em si mesmo. Podemos referir que o DC supõe
uma organização da população pois, é na base desta que se pode reflectir e agir sobre sua realidade
quotidiana.

2.3. Desenvolvimento Endógeno e Exógeno


2.3.1. Desenvolvimento Exógeno
A estratégia exógena é baseada em acções e factores externos ao local, em que a região fica
dependente destes factores e acções para que o desenvolvimento ocorra; ela exige muita articulação

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dos autores locais e vem pré-determinada e pronta para o local, embora a participação desta seja
fundamental para que este modelo de desenvolvimento ocorra.

2.3.2. O desenvolvimento endógeno


É o desenvolvimento que surge a partir de um território local ou região. Esta região pode ser uma
delimitação geográfica, política ou até cultural. São iniciativas que partem dos autores locais os
quais passam a ser protagonistas do desenvolvimento da região (Oliveira, 2009).

As desigualdades territoriais são fenómenos económicos, uma vez que as formas de sociabilidade
geradas pela configuração territorial influenciam a estrutura económica. O desenvolvimento regional
pode ocorrer de duas formas: a primeira é forma exógena, que ocorre quando há intervenção de
agentes externos à região, muito comuns nas políticas desenvolvimentistas do Estado durante os
anos de 1970, e a segunda é a forma endógena, que basicamente acontece a partir do local (Caldas,
2008).

As duas formas mais comuns para que ocorra o desenvolvimento exógeno são por meio da
instalação de empresas de fora da região, que vem e se instalam, promovendo, na visão económica o
enriquecimento da região. A outra maneira é através da intervenção directa do governo central, que
constrói instalações e promove o desenvolvimento de municípios e até de regiões.

O desenvolvimento é um fenómeno que resulta das relações humanas. Portanto, são as pessoas que o
fazem. O desenvolvimento depende do desejo de adesão das decisões e das escolhas das pessoas. É
importante salientar que independentemente do modelo de desenvolvimento endógeno ou exógeno a
participação do governo e dos autores locais é muito importante e, geralmente, decisiva para sua
efectivação.

Tendo como base a afirmação de Baréa e Miorin (2009), de que o modelo exógeno de
desenvolvimento tem como principal preocupação o aspecto económico produtivo. No sistema
capitalista, empresas não são criadas para fazer assistência social, elas são criadas para gerar lucros
aos seus donos. O motivo de se instalarem em determinadas regiões e não em outras, é porque viram
na região em que se instalaram algumas vantagens em relação a região de origem.

O modelo exógeno, por sua vez, considera além do aspecto económico produtivo, o aspecto social e,
em alguns casos, o aspecto cultural e ambiental. Os atores locais criam “apegos, envolvendo

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afectividades e desenvolvendo afinidades que, não lhes permite atrair o lugar, estabelecendo assim
acções de manutenção e conservação que acabam se tornando acções que promovem o
desenvolvimento ( Boréa; Miorin (2009).

A fronteira entre “o que é desenvolvimento endógeno” e “o que é desenvolvimento exógeno”


depende da perspectiva em que se está olhando. Mas independentemente do modelo, a participação
dos actores locais é imprescindível. A diferença reside em que se eles serão ou não os articuladores
protagonistas do desenvolvimento. Uma acção olhada a partir de uma microrregião pode ser
concebida como exógena, mas, se olhada a partir da região, pode ser vista como endógena.

Portanto, o desenvolvimento endógeno pode ser entendido como um processo de desenvolvimento


económico que implica uma contínua aplicação da capacidade de geração e agregação de valor sobre
a produção, compreende-se também como a capacidade de absorção da região na retenção do
excedente económico gerado na economia local e na atracção de excedentes provenientes de outras
regiões. Este processo tem como resultado a ampliação do emprego, do produto e da renda local
gerada por uma determinada actividade económica, (Filho, 1996).

O desenvolvimento endógeno requer a existência de três elementos que devem estar ligados entre si:
 O primeiro é a capacidade cultural de inovar e de pensar em si mesmo, ou seja, uma
predisposição cultural de criação e inovação;
 O segundo é a capacidade político-administrativa de articular e executar decisões regionais,
pois sem isto a ocorrência do desenvolvimento endógeno torna-se inalienável, uma vez que
os atores locais dificilmente terão competência ou liderança para articulação entre si.
 O terceiro elemento refere-se à capacidade de produzir e assegurar a ampliação desta
produção local tendo como base os objectivos sociais de desenvolvimento.

4. Implementação do projecto de desenvolvimento comunitário


Actualmente, algumas empresas entendendo os aspectos competitivos do mercado preocupam-se não
apenas com o monitoramento das actividades de todos seus produtos, mas com todos os meios
envolvidos durante sua realização. Nesta incessante busca pela obtenção de resultados quantitativos
e qualitativos, muitas empresas utilizam hoje de uma estrutura voltada para projectos, e estas, muitas
vezes, apresentam uma forte correlação com os investimentos que se fazem necessários para manter
a organização competitiva.

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Projecto é um empreendimento único que deve apresentar um inicio e um fim claramente definidos e
que, conduzido por pessoas possa atingir seus objectivos respeitando os parâmetros de prazo, custo e
qualidade (Menezes, 2001).

Para Vargas (2009) projecto é um empreendimento não repetitivo, caracterizado por uma sequência
clara e lógica de eventos, com início, meio e fim, que se destina a atingir um objectivo claro e
definido, sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros predefinidos de tempo, custo, recursos
envolvidos e qualidade.

Já de acordo com o Bok (2009) um projecto é um esforço temporário empreendido para criar um
produto, serviço ou resultado exclusivo. A sua natureza temporária indica um início e um término
definidos. Por definição cada projecto cria um produto, serviço ou resultado exclusivo e devido a
este carácter de exclusividade pode haver incertezas quanto aos resultados gerados.

4.1. Métodos de planificação de projectos


A planificação de projectos vem ganhando significativa importância frente ao contexto de mudança
e ao elevado nível de qualidade e competitividade. O sucesso da gestão de projectos está
frequentemente associado ao cumprimento de prazos e dos custos orçados, devendo este satisfazer o
cliente final. Para tanto, a definição com clareza dos objectivos, um bom fluxo de informação, uma
boa comunicação, planeamento das tarefas, recursos humanos adequados e motivados,
acompanhamento e uma boa liderança são desafios colocados ao gestor de projectos.

Os recentes avanços tecnológicos e a revolução da informação têm constantemente nos conduzidos a


novos horizontes de possibilidades e níveis de exigência e excelência cada vez mais elevados. Isto
não se aplica apenas aos produtos finais ou serviços em uso, mas também aos projectos e processos,
desde sua concepção até sua implantação (Azanha, 2003)

A partir dessa necessidade de mercado, a planificação de projectos ganhou significativa importância


na gestão de qualquer organização, pois ela se apresenta como uma maneira flexível e ao mesmo
tempo sistemática de gerenciar. Ela está associada a diversos factores no ambiente de negócio,
devendo obter sempre um melhor relacionamento entre custo-benefício.

Para Vargas (1988); planificação de projectos é constituída por várias etapas, sendo importante
perceber qual é a necessidade do "Projecto", buscando identificar os factores internos que geram

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projectos nas organizações. A sua necessidade pode ser percebida em diversas situações, tais como:
melhoria em um determinado produto, lançamento de um novo produto, controle de prestações de
serviços, melhoria nas prestações de serviços, melhoria interna da empresa, mudança organizacional,
gestão estratégica da empresa, implantação de um novo sistema ou lay-out, e etc.

É necessário que seja diferenciado um projecto de uma actividade contínua, pois o projecto assume
uma situação inovadora, sendo a sua perspectiva rigidamente definida, limitada por tempo e
recursos, e os objectivos do projecto são mais específicos. Já a actividade contínua é atrelada a
objectivos em função do retorno sobre o investimento e a sobrevivência de longo prazo, assumindo
situações rotineiras e repetitivas.

Nesse sentido, A definição de planificação de projectos para Vargas (1988) se faz oportuna:
Os projectos têm como características: um empreendimento não repetitivo, sequência
clara e lógica dos eventos, início, meio e fim, objectiva claro e definido, conduzido
por pessoas e parâmetros pré-definidos. Projecto é um empreendimento não
repetitivo, caracterizado por uma sequência clara e lógica de eventos, com início,
meio e fim. Que se destina atingir um objectivo claro e definido, sendo conduzido por
pessoa dentro de parâmetros pré-definidos de tempo, custo, recursos envolvidos e
qualidade. (p.4).

Nesse contexto, a planificação de projectos não consiste somente em controlar o cronograma,


orçamento e a qualidade, mas também em controlar a carga de trabalho que a sua equipe está
assumindo. O controlo deve ser feito individualmente para que tenha uma visão realista das
atribuições de seus funcionários. Isso inclui aqueles que não trabalham por tempo integral no
projecto. Assim, Vargas (1998), afirma que:

Planificação de projectos é o conjunto de ferramentas que permite ao executivo


desenvolver habilidades requeridas para lidar coma as contingências, com as suas
situações sempre novas que o ambiente de mudança contínua impõe. A essência da
ideia de projecto é a não repetição, por oposição às rotinas. (Vargas, 1998, p.04)

Cada planificação de projectos é constituído por várias etapas, devendo ser diferenciado de uma
actividade contínua, pois o projecto é uma situação inovadora, a qual possui tempo e recursos
determinados a acabar, possuindo, portanto um ciclo de vida, e seus objectivos são mais específicos.

Quanto à actividade contínua é atrelada aos objectivos do retorno sobre o investimento e a


sobrevivência de longo prazo, assumindo situações rotineiras e repetitivas. Para se alcançar o
sucesso de um projecto é necessário organização o cumprimento do prazo e dos custos orçados,
devendo este satisfazer o cliente final. Mas é muito importante para obter o sucesso, a clareza dos
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objectivos, um bom fluxo de informação, uma boa comunicação, planeamento das tarefas, recursos
humanos adequados e motivados, acompanhamento e uma boa liderança. (Rabechini, 2001).

5. Técnicas de Planificação de Projectos de Desenvolvimentos Comunitários


As técnicas de planificação de projectos de desenvolvimentos comunitários são ferramentas que
proporcionam elaboração de um projecto e uma linha de seguimento de padrões aceitáveis no
mercado de concorrência e de desenvolvimentos para uma sociedade carente.

Dia desta abordagem de Andrade (2000, p.23) avança que Técnicas de Planificação de Projectos de
Desenvolvimentos Comunitários que são:

 Gerenciamento da Integração do Projecto Comunitário


No contexto do gerenciamento de projectos, a integração inclui características de unificação,
consolidação, negociação e articulação. Desta forma, faz-se necessário a escolha de uma
metodologia de trabalho, com papéis bem definidos. Esta escolha deve ser feita a partir de alguns
factores: as exigências de cada mercado em que a empresa actua, a disponibilidade de mão-de-obra e
a cultura organizacional necessária para adoptá-la.

 Gerenciamento do Escopo do Projecto Comunitário


É o trabalho que deverá ser feito com todas suas actividades para se obter o produto com
determinadas características. É essencial mapear o que fazer ao mesmo tempo em que é salutar
identificar o que não deve ser feito. Tem um ditado que diz: “o óptimo é inimigo do bom”, ou seja:
enquanto perseguimos o “óptimo” nos distanciamos de algo que está bem mais próximo, o “bom”, e
que temos mais chance de obter sucesso. A arte de se definir o escopo do projecto passa por saber o
que abandonar e o que reter do universo de necessidades do cliente. Definido o escopo, é necessário
detalhar as actividades ou tarefas.

 Gerenciamento dos Prazos do Projecto


O cronograma do projecto foi iniciado no momento de detalhamento do escopo, todavia, necessitará
de refinamento para se obter margens de erros reduzidas e admitidas. O caminho mais eficaz é
chamar sua equipe de profissionais alocados no projecto para detalhar este cronograma
conjuntamente, estimar a duração de cada uma das actividades e estabelecer o vínculo entre elas.

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A colaboração da pessoa que executará a actividade, na etapa de planeamento é saudável por duas
razões: a primeira, porque ela é quem melhor sabe quanto tempo precisará e a segunda, que estará se
comprometendo com os prazos assumidos. Entretanto eles deverão partir de um cronograma macro,
desenhado pelo gerente de projecto, a partir de experiências anteriores. Ao final, o gerente deverá
validar a proposta de sua equipe.

5.1. Técnicas para a Gestão de Projectos Comunitário


As técnicas de gestão de projecto comunitário fazem parte dos seguintes preconceitos:

 Definição de metodologia a ser utilizada


No âmbito da gestão de projectos, há diversas metodologias que podem ser utilizadas para melhorar
os principais indicadores e os resultados de seus empreendimentos. Existem opções que apresentam
resultados mais significativos, focando sempre em melhorar a administração de projectos
empresariais.

É necessário definir qual metodologia será utilizada na gestão de seus projectos. Analisar cada uma
das opções é fundamental para garantir que os empreendimentos sejam bem-sucedidos e vantajosos
para os stake holders. Outro ponto que merece destaque é que a definição de qual metodologia será
utilizada interfere directamente no processo de implantação de um efectivo.

 Determinação de escopo e cronograma


Uma técnica que certamente merece destaque é a definição do escopo e cronograma do projecto. O
escopo nada mais é do que todo o trabalho que deve ser realizado para produzir o produto final,
solicitado pelo cliente. Portanto, é importante definir o que deve ser feito, pensando em todas as
etapas necessárias para a materialização do projecto em questão. Ao detalhar o escopo, o gerente
poderá visualizar a proposta em pacotes de trabalhos, subdividindo as tarefas em actividades
menores e mais fáceis de serem executadas.

Já o cronograma, é o desmembramento dos pacotes de trabalho em actividades. A título de exemplo,


a fundação de uma edificação seria um pacote de trabalho, enquanto a concretagem dos blocos seria
uma actividade desmembrada. Sendo assim, a elaboração de um cronograma permitirá que o gestor
de projectos planeje a execução de cada uma das actividades desmembradas, definindo os recursos a
serem utilizados e o tempo médio para a concretização de tais serviços. Dessa forma, será possível

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realizar o planeamento completo do projecto, definindo o prazo de execução e facilitando o processo
de orçamento e definição de custos.

 Gerenciação de indivíduos
Outra técnica excelente para melhorar a gestão de projectos se dá por meio do gerenciamento de
pessoas. Apesar de o mundo estar cada vez mais tecnológico e automatizado, quem efectivamente
coloca a mão na massa e participa activamente da construção do produto final são as pessoas. Então,
é responsabilidade do gestor do projecto prover o melhor ambiente de trabalho possível para seus
subordinados, possibilitando uma atmosfera propícia em termos de criatividade e produtividade.

Uma boa equipa vai muito além de excelentes profissionais. A qualidade e experiência de cada um
deles é importante sim, mas também é fundamental que o gerente de projectos conheça a sua equipe
e tenha ciência das habilidades, competências e preferências de cada um de seus profissionais. Dessa
maneira, a alocação de recursos e a delegação de tarefas serão etapas realizadas de maneira mais
eficiente e funcional, obtendo os melhores resultados possíveis para o projecto e para a empresa
como um todo.

 Atentarão dos riscos
Uns dos principais vilões dos projectos ao redor do mundo são os riscos. Obviamente, todo
empreendimento tem algumas ameaças inerentes, que devem ser monitoradas e controladas. Para
garantir que o seu projecto esteja protegido dos riscos, é necessário que o gerente crie uma matriz
com as principais ameaças que podem afectar o caminho crítico do projecto. Além dos riscos, é
interessante criar um plano de acção, caso eles venham impactar o programa.

É importantíssimo monitorar os perigos continuamente, uma vez que eles podem ter sua ordem de
prioridade alterada devido factores externo (como situações mercadológicas ou acções da natureza),
decisões da directoria ou o avanço do cronograma. Se atente à ordem de prioridade das suas acções,
buscando sempre a erradicação das principais ameaças. Deve-se destacar, porém, que os riscos não
são somente acções negativas. Eles englobam também oportunidades, que devem ser ampliadas e
aproveitadas, melhorando os resultados do empreendimento e a gestão de projectos empresariais.

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 Uso e abuso da tecnologia
A tecnologia também é outro recurso que pode melhorar a gestão de projectos empresariais. Existem
diversos benefícios de se utilizar plataformas específicas em seus empreendimentos. Primeiramente,
utilizar um software para a gestão de projectos pode optimizar a maioria dos processos, uma vez que
você terá acesso aos principais indicadores na palma de sua mão.

Além disso, os softwares utilizam o cloud computing como armazenamento, garantindo maior
segurança aos seus dados e informações. O processo de delegação de tarefas também pode ser
optimizado e controlado, garantindo que nenhum profissional fique ocioso ou sobrecarregado. O uso
desse tipo de sistema permitirá redução de custos,  aumento da performance da equipe e maior
facilidade de todo o processo de tomada de decisões.

Todavia, é fundamental que busque por softwares que sejam fáceis de serem utilizados, sendo de
grande valia para seus projectos. Não adiantará nada contar com sistemas que prometem entregar
mundos e fundos, mas só oferecem problemas. Além do custo da tecnologia, perderá tempo, o que é
um factor importantíssimo para concluir, a técnica. Assim, poderá adquirir novas habilidades para a
sua carreira e agregar mais valor à sua gestão de projectos empresariais.

6. Gerenciamento de um Projectos de desenvolvimento comunitário


Hoje em dia, os projectos envolvem grande complexidade técnica, além de requererem diversidade
de habilidades. Para lidar com essas características bem como com as incertezas inerentes aos
projectos, novas formas de gestão se desenvolveram e o gerenciamento de projectos é uma delas.

Contribuindo com este conceito, Vargas (2009) afirma que:


O gerenciamento de projectos é um conjunto de ferramentas gerências que permitem
que a empresa desenvolva um conjunto de habilidades, incluindo conhecimento e
capacidades individuais, destinados ao controle de eventos não repetitivos, únicos e
complexos, dentro de um cenário de tempo, custo e qualidade predeterminados. (p.6)

Heldman (2006) e Vargas (2009) acrescentam a esta definição que o gerenciamento é utilizado por
pessoas para descrever, organizar e monitorar o andamento das actividades do projecto, podendo
envolver ainda termos técnicos e processos, mas também funções, responsabilidades e níveis de
autoridade. E que a principal vantagem do gerenciamento de projectos está no fato de que ele não é
restrito a propostas gigantescas, de alta complexidade e custo, mas que pode ser aplicado em
empreendimentos de qualquer magnitude.

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7. Conclusão
No desenrolar deste trabalho foram arrolados dois pontos principais; no primeiro ponto foram
abordados os modelos de desenvolvimento, exógeno e endógeno. No segundo ponto destacou-se
sobre a desigualdade e crescimento. Deste modo, as conclusões do persente trabalho também serão
arroladas obedecendo a mesma cronologia.

Em relação ao desenvolvimento exógeno e endógeno, é comumente encontrado nas literaturas, que


se trata de dois modelos diferentes. Mais do que diferente em termos conceituais, encontra-se
também diferenças quando os mesmos conceitos são engajados na realidade social. Portanto, o
desenvolvimento exógeno está apenas virado a benefícios de quem o promove, isto é, não estão
vinculados aos aspectos sociais de uma determinada região.

Em contra partida, o desenvolvimento endógeno vai mais além do que o anterior, porque o mesmo
preocupa-se com o desenvolvimento intrínseco da sociedade. Este modelo oferece as bases para que
uma determinada sociedade desenvolva por seus próprios meios, desde os recursos financeiros e
humanos tendo em consideração aspectos culturais e ambientais.

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8. Referências bibliográficas
1. Ali, R. (2000). Níveis e Tendências da Desigualdade Económica e do Desenvolvimento Humano
em Moçambique: 1966-2006 in: Pobreza, Desigualdade e Vulnerabilidade em Moçambique.

2. Alves, A. F. (2008). Do desenho à implementação de projectos rural sustentável: interfaces e


negociação no Projecto Vida na Roça (Paraná). Tese de doutoramento em Ciências Humanas.
Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. 234 pp.

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Chimoio/Berlim. 2007. Disponível em: www.Iese.co.mz. Acesso ao 08 de Março de 201

5. Castelar, P. U. C. (2007). Crescimento Económico e Desigualdade de Renda no Brasil: Uma


análise de Painel Dinâmico para o Período 1985-2002. Dissertação (mestrado em Economia) –
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6. Jossefa, J. (2012). Desenvolvimento Comunitário e Gestão Ambiental: O Caso das Associações de


Produtores Apoiadas pela Associação Mozal para o Desenvolvimento da Comunidade (AMDC).
Dissertação de Mestrado. Universidade Aberta. Lisboa. 160 pp.

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Territórios Rurais do Rio Grande do Norte. UFRN, Brasil.

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IESE. Conference Paper N°36. Maputo, 2009.

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Maputo.

10. Vergara, S. C. (2006). Projectos de Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas.

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