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Cod. 708204004
1.1. Objectivos.......................................................................................................................................4
1.1.1. Geral............................................................................................................................................4
1.1.2. Específicos...................................................................................................................................4
1.1.3. Metodologia.................................................................................................................................4
2.1. Língua.............................................................................................................................................5
3. Variação linguística...........................................................................................................................6
7. Conclusão........................................................................................................................................12
8. Referências bibliográficas...............................................................................................................13
1. Introdução
O estudo da língua em seu contexto social tem merecido espaço privilegiado por parte de linguistas
com maior ênfase, a partir dos anos 1960. A língua tem uma função social o da comunicação e ela só
pode ser compreendida e interpretada dentro do contexto sociocultural. É importante compreender
que a língua não é um sistema uno, invariado, estático, mas, necessariamente, abriga um conjunto de
variedades, variantes e dialectos. Todas as línguas são moldadas pelos contextos socioculturais e a
sua variação e mudança dependem da forma como os usuários replicam o seu uso.
Em Moçambique, não é excepção. Todas as línguas faladas tendem a mudar com o tempo
desviando-se constantemente com relação à norma. Sendo assim, a norma não é apenas ou
simplesmente um conjunto de formas linguísticas pré-estabelecidas, mas, também, é um agregado de
valores socioculturais usados por uma comunidade linguística.
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1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
Descrever a relação entre a língua, sociedade e a variação linguística
1.1.2. Específicos
Conceituar a língua;
Mencionar as variações linguísticas;
Descrever os tipos de variações linguísticas;
Mencionar as variações linguísticas: Entre a unidade e a variabilidade da língua;
Abordar sobre a variação linguística em Moçambique.
1.1.3. Metodologia
De salientar que para elaboração do trabalho, a autora recorreu a metodologia de consulta de
algumas obras bibliográficas que versam sobre o tema nelas inclinadas e que tais obras estão
referenciadas na lista bibliográfica. Como se não bastasse, tratando-se dum trabalho científico,
importa salientar que está organizado textualmente da seguinte maneira: a introdução,
desenvolvimento e conclusão.
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2. Relação entre a língua, sociedade e a variação linguística
2.1. Língua
Os estudos mais recentes da língua, que resultaram na teoria do discurso, procuram elucidar o
funcionamento dos processos comunicativos e os procedimentos de constituição de sentidos, numa
contribuição decisiva para novos rumos na área de ensino da língua. Sem dúvida, é o sistema de
signos mais vasto e complexo que se relaciona com comunicação, capaz de alojar linguajares
variados e cumprir seu objectivo primordial.
Segundo Bagno (2009) entende-se a língua como a cultura como uma união de formas de acção,
pensamentos e sentimentos de um indivíduo ou de uma sociedade, sendo uma edificação histórica e
variante no espaço e no tempo. Logo, a língua é, além da melhor forma de expressão de uma cultura,
um elemento forte da transformação da mesma, tendo seu mesmo carácter dinâmico.
Partindo desse pressuposto, é possível compreender a língua como um sistema aberto, possibilitando
uma imensa variedade de seu uso. Ao lado das regras sistemáticas que os falantes devem seguir,
surgem as variantes da língua, que podem aludir-se ao uso de um grupo, ou de cada locutor no
momento específico da interacção com o mundo. (Bagno, 2009).
Isso se dá porque a língua é uma das maneiras de manifestação da linguagem, sendo um entre os
sistemas semióticos construídos pelo indivíduo no decorrer da sua história e da sua comunidade. A
variação linguística tem que ser objecto e objectivo do ensino de língua: uma educação linguística
voltada para a construção da cidadania numa sociedade verdadeiramente democrática não pode
desconsiderar que os modos de falar dos diferentes grupos sociais constituem elementos
fundamentais na identidade cultural da comunidade e dos indivíduos particulares, e que denegrir ou
condenar uma variedade linguística equivale a denegrir e a condenar os seres humanos que a falam.
(Bagno, 2009, p.153 – 160).
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conhecimentos sobre as formas pelas quais se estabelecem relações entre sujeitos
sociais e, ainda, conhecimentos sobre os modos de conceber o mundo, ligados aos
grupos sociais dos quais participamos ou com os quais interagimos. (Brasil, 2006,
p.25).
Isto significa dizer que o ensino aprendizagem da língua faz sentido ao educando se se levar em
conta não só os conhecimentos pragmáticos sobre a língua, mas principalmente os conhecimentos
advindos da experiência de vida desse falante inserido num determinado grupo social que servirá de
ponto de partida para aquisição de novos saberes, resultando numa maior apropriação da língua
portuguesa, pois de acordo com as OCEMs é através da linguagem que o indivíduo é capaz de
simbolizar e de interagir, razão e condição pelas quais esse falante construirá novas realidades.
3. Variação linguística
Para Beline (2019), a variação linguística é o movimento comum e natural de uma língua, que varia
principalmente por factores históricos e culturais. Modo pelo qual ela se usa, sistemática e
coerentemente, de acordo com o contexto histórico, geográfico e sociocultural no qual os falantes
dessa língua se manifestam verbalmente. É o conjunto das diferenças de realização linguística falada
pelos locutores de uma mesma língua. Tais diferenças decorrem do fato de um sistema linguístico
não ser unitário, mas comportar vários eixos de diferenciação: estilístico, regional, sociocultural,
ocupacional e etário.
Em função dessa abordagem Ichikawa (2003), a variação e a mudança podem ocorrer em algum ou
em vários dos subsistemas constitutivos de uma língua (fonético, morfológico, fonológico,
sintáctico, léxico e semântico). O conjunto dessas mudanças constitui a evolução dessa língua. A
variação é também descrita como um fenómeno pelo qual, na prática corrente de um dado grupo
social, em uma época e em certo lugar, uma língua nunca é idêntica ao que ela é em outra época e
outro lugar, na prática de outro grupo social.
O termo variação pode também ser usado como sinónimo de variante. Existem diversos factores de
variação possíveis - associados a aspectos geográficos e sociolinguísticos, à evolução linguística e ao
registo linguístico. Variedade ou variante linguística se define pela forma pela qual determinada
comunidade de falantes, vinculados por relações sociais ou geográficas, usa as formas linguísticas de
uma língua natural. É um conceito mais forte do que estilo de prosa ou estilo de linguagem.
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Refere-se a cada uma das modalidades em que uma língua se diversifica, em virtude das
possibilidades de variação dos elementos do seu sistema (vocabulário, pronúncia, sintaxe) ligadas a
factores sociais ou culturais (escolaridade, profissão, sexo, idade, grupo social etc.) e geográficos
(tais como o português do Brasil, o português de Portugal, os falares regionais, etc). A língua padrão
e a linguagem popular também são variedades sociais ou culturais. Um dialecto é uma variedade
geográfica.
Variações de léxico, como ocorre na gíria e no calão, podem ser consideradas como variedades mas
também como registos ou, ainda, como estilos, a depender da definição adoptada em cada caso. Os
idiotismos são às vezes considerados como formas de estilo, por se limitarem a variações de léxico.
Utiliza-se o termo variedade como uma forma neutra de se referir a diferenças linguísticas entre os
falantes de um mesmo idioma. Evita-se assim ambiguidade de termos como língua (geralmente
associado à norma padrão) ou dialecto (associado a variedades não padronizadas, consideradas de
menor prestígio ou menos correctas do que a norma padrão).
O termo "leto" também é usado quando há dificuldade em decidir se duas variedades devem ser
consideradas como uma mesma língua ou como línguas ou dialectos diferentes. Alguns
sociolinguistas usam o termo leto no sentido de variedade linguística - sem especificar o tipo de
variedade. As variedades apresentam não apenas diferenças de vocabulário mas também diferenças
de gramática, fonologia e prosódia.
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4.2. Variações diastráticas
Considera-se essas variações linguísticas que estão relacionadas à estratificação social, isto é, às
condições socioeconómicas dos falantes. No geral, aqueles com pouca ou nenhuma escolaridade
costumam, por exemplo, empregar o singular no lugar do plural (“As árvore” no lugar de “As
árvores”). É válido ressaltar que estamos exprimindo um fato em termos gerais, já que é no decorrer
dos anos escolares que o indivíduo aprende a norma culta por excelência. Mas, mesmo um falante
com nível de escolaridade maior pode deixar de usar o plural em determinado momento.
Há situações em que a linguagem formal aquela que segue as regras gramaticais – precisa ser
utilizada. Isso acontece, sobretudo, no âmbito da escrita, em textos das esferas académica, científica,
religiosa, jurídica, etc. Na oralidade, podemos citar textos como aulas, palestras, missas ou cultos,
etc. É o contexto comunicativo, ou seja, a situação comunicativa é que determina as condições da
linguagem.
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No entanto, a escola enquanto instituição de ensino, muitas vezes privilegia a norma padrão tratando
as demais variações como inferiores, desprestigiadas. Entender a língua como algo dinâmico e vivo é
o ponto principal para evitar o preconceito e o desprestígio linguístico; seus estudos, como afirma
Bagno (2008), devem considerar as pessoas vivas que a falam. A língua é uma fonte renovável
incessante, sendo assim acordante que todas e qualquer língua não é uniforme, mas variáveis,
dinâmicas e múltiplas. Afirmar que a língua apresenta variação também significa compreendê-la
como heterogénea cabido aos aspectos sociais, culturais, económicos, geográficos que a constituí.
De acordo com Rodrigues (2002), existem dois tipos de variação: A primeira ocorre em função do
falante. A segunda em função do ouvinte. A variante que ocorre a partir da função do falante pode
ser nomeada como variação dialectal tanto como variantes espaciais (dialectos geográficos ou
diatópicos), variantes de classe social (dialectos sociais ou diastráticos), variantes de grupos de idade
(dialectos etários), variantes de sexo (dialectos masculinos e femininos), variantes de gerações
(variantes diacrônicas).
A variante em função do ouvinte pode vir a ser denominada por registo, que se transpõe em variantes
de grau de formalismo, variantes de modalidade (falada e escrita) e variantes de sintonia (harmonia
do emissor ao receptor). Destarte, é notório que a variação linguística não sucede apenas no modo de
falar das comunidades ou grupos sociais, pois também se apresenta no comportamento de cada
indivíduo, enfim, de cada falante da língua de acordo com um determinado contexto ou situação,
sendo também nomeado de variação estilística.
Os falantes amoldam suas formas de expressão aos intentos específicos do ato enunciativo gerado,
resultante de uma selecção dentre o agrupamento de formas que concebem o saber linguístico, da
realidade que se apresenta diante desse indivíduo. Bagno (2007) nomeia tal processo de variação
estilística, ou monitoramento estilístico, pois em situações de grande ou pouca formalidade, exige-se
do falante certo controlo, atenção e planeamento maior ou menor de seu comportamento em geral e
verbal.
Esse fenómeno linguístico acontece principalmente porque grupos sociais costumam se subdividirem
em grupos menores. Alkmim (2005. p. 41) defende que “toda língua é adequada à comunidade que a
utiliza, é um sistema completo que permite a um povo exprimir o mundo físico e simbólico em que
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vive”, ou seja, todo falante de uma língua é capaz de se expressar, de se comunicar de maneira
eficiente por dominar os principais mecanismos de funcionamento de sua língua mesmo que não
possua os conhecimentos das normas da língua escrita.
Para Cagliari (1989, apud Ichikawa, 2003), os indivíduos percebem e aprendem a variação
linguística característica das comunidades das quais fazem parte, todavia, a sociedade se utiliza
dessa peculiaridade de se expressar para classificar indivíduos e classes sociais de acordo com seu
modo de falar uma atitude de preconceito, marcando as diferenças linguísticas como índices de
estigma ou prestígio.
Tarallo (1986) enfatiza que a variação é contemplada pela sociedade como um “caos” linguístico,
como uma constante disputa e conflito em nome do bom uso das normas e padrões da língua. Assim
como qualquer outra, a Língua Portuguesa não é expressa na fala da mesma maneira por todos os
indivíduos que fazem uso desta. Ademais, as línguas obtêm um traço de evolução de acordo com o
tempo, transformando-se e adquirindo características próprias em razão de seu uso em determinadas
comunidades específicas.
No entanto, as variações não advêm tão-somente do progresso histórico das línguas e de suas origens
geograficamente definidas, tão pouco para designar grupos étnicos. Portanto, é imprescindível que o
método de ensino da Língua Portuguesa transmita e ensine aos seus aprendizes o processo de
variação linguística, com o objectivo de valorização da língua materna e encorajamento ao
criticismo, visando formar indivíduos mais participativos e actuantes política e socialmente.
Com isso pretende-se dizer que um “dialecto” não é uma língua, pois esse termo traz uma sensação
de preconceituosa, uma sensação de inferioridade. Marco Bagno no seu livro Não é errado falar
assim: Em defesa do português brasileiro dá exemplo do Cineasta moçambicano que considera as
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LB moçambicanas por “dialecto”. Realmente este preconceito existe no seio dos moçambicanos
herança do sistema colonial, aspecto que deve ser combatido, pois as LB são “tão eficientes como
instrumentos de interacção social quanto o português ou qualquer outra língua europeia, ou qualquer
outra do mundo. (Bagno, 2009, p.18).
Os estudos provam que o PM é uma variante diferente do PE e precisa ser mais aprofundado
procurando cada vez mais espaço da sua formação legal a padronização. “Falar de uma variedade é
apenas reconhecer a existência de um ou de vários conjuntos de diferenças, de uma ou de várias
variedade e recusar estabelecer entre essas variedades numa hierarquia.” (Garmadi, 1983, p.29).
Esses fenómenos linguísticos são causados pelo contacto entre línguas, pelo surgimento de
realidades sociais, culturais, políticas e económicas bem diferentes ou mesmo pela diferença de
classes sociais. Entendemos por variação linguística a forma como uma determinada comunidade
linguística se diferencia de outra, sistemática e coerentemente tendo em conta os contextos sociais.
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7. Conclusão
Em função das discussões acima apresentadas, podemos concluir que as variedades em geral
organizam sistemas linguísticos perfeitamente adequados para expressar as necessidades
comunicativas dos falantes, de acordo com os hábitos sociais e culturais de seus grupos sociais.
Reputar determinadas variedades como superiores, e por consequência e estigmatizar as demais é
projectar uma alçada de valor aos falantes dessas variedades, fazendo uso das diferenças linguísticas
como alegação para praticar a discriminação social dos indivíduos ou de uma comunidade.
A língua é legado social, sendo um sistema comum em que se trespassam múltiplos subsistemas,
originados de diferentes situações sociais, culturais e geográficas. A língua realmente falada pelos
brasileiros sugere diversas variações, estas quais provêm da interacção da língua com o ambiente.
Sendo assim, os textos passam ser a principal ferramenta do professor no trabalho com a língua. É
preciso oferecer os mais variados tipos de textos contemporâneos, com linguagens diferentes,
abordagens diferentes, e que seja garantido o espaço para os alunos elaborarem, criarem, discutirem
as intenções e finalidades de cada um.
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8. Referências bibliográficas
Alkmin, T. M. (2005). Sociolinguística Parte I. In: MUSSALIM, F. BENTES, A.C. (Org.).
Introdução à linguística: domínios e fronteiras. 5°. ed. São Paulo: Cortez, p. 30-45.
Bagno, M. (2009). Educação linguística no Brasil: balanço de uma década (1998-2008). Revista de
Linguagens Boca da Tribo, v. 1, n.1, p.153 – 160, abr.
Beline, R. (2019). A variação linguística. In: Fiorin, José Luiz. (org.) et al. Introdução à Linguística.
6.ed. 7ª reimpressão. São Paulo: Contexto P.121-140.
Ichikawa, C. S. (2003). Variação Linguística e o ensino de ortografia: Uma variação teórica. Unopar
Cient., Ciênt. Hum. Educ., Londrina. v. 4, n. 1, p. 43-46, jun.
Péchy, A. (2019). Bê-á-bá potiguar. In: Revista Todos – A vida é feita de histórias. Qual é a sua?
São Paulo: Editora Mol, out/nov. p.36.
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