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Resolução de Exercícios
Nampula
Maio de 2020
Índice
Introdução........................................................................................................................................3
3 Comunidade Linguistica...........................................................................................................4
5 Níveis de Bilinguismo..............................................................................................................5
Conclusão......................................................................................................................................14
Bibliografia....................................................................................................................................15
Introdução
Neste trabalho analisaremos e responderemos questões ligadas a cadeira de sociolinguística,
para tal há que mencionar que a língua então funciona como elemento de interacção entre o
indivíduo e a sociedade em que ele actua. É através dela que a realidade se transforma em signo,
pela associação de significantes sonoros e significados arbitrários, processando, assim, a
comunicação Linguística. A sociedade não é possível a não ser pela língua; e pela língua também
o indivíduo.
Uma comunidade de fala se caracteriza não pelo fato de se constituir por pessoas que falam
do mesmo modo, mas por indivíduos que se relacionam, por meio de redes comunicativas
diversas, e que orientam seu comportamento verbal por um mesmo conjunto de regras. O uso da
língua depende de diversas variáveis: contextuais – situação de uso, estilísticas – jeito próprio do
falante/usuário, etárias – cada idade tem um modo próprio de usar a língua, sociais – as diversas
camadas sociais apresentam usos também específicos.
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1 Norma Culta e Popular
Norma culta, definida através dos padrões de fala das classes media e alta. Ao passo que a norma
popular ou vernácula, reunindo os falares das classes baixas. (Vunguire 2010)
3 Comunidade Linguística
BLOOMFIELD, (1933), ao abordar a questão da linguística considera que a comunidade
linguística resume-se num grupo de pessoas que interagem usando uma linguagem.
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de comunicação social). A situação geográfica não esta na expansão desta, mas sim contribui.
(McCREARY, 2007)
5 Níveis de Bilinguismo
Existem dois níveis de bilinguismo, segundo analise-se desde uma dimensão pessoal ou desde
uma vertente social, ou seja, o bilinguismo individual e bilinguismo social. Esta dimensão
designa coexistência de duas línguas faladas por dois grupos socias, ou a qualidade que um
individuo tem para as falar com fluidez. (Vunguire 2010)
Quando se fala de bilinguismo individual, nos refere ao conhecimento e domínio que uma pessoa
tem de duas línguas; ao uso que um individuo faz das mesmas; aos factores que intervêm no
processo de aquisição, e aas variáveis entre individuo, médio e língua. (Vunguire 2010)
As estatísticas revelam que o português é falado com alguma frequência nas cidades e poucas o
falam no campo. No meio rural, predominam as línguas africanas, ao mesmo tempo que o
português, insistentemente é falado apenas no recinto escolar, com o professor e o director da
escola. (McCREARY, 2007)
A língua portuguesa foi adoptada como língua oficial nos pais. É uma língua internacional, de
ensino, da administração pública e tem uma função literária e é usada na imprensa (escrita e
falada-oral).
As línguas Bantu estão circunscritas a utilização familiar, nas relações sociais, num uso
fundamental e predominantemente oral, uma função que não mudou muito com a independência.
O uso das línguas bantu constitui, por assim dizer, uma forma de luta, de resgate cultural e de
identidade. Com a independência estas línguas têm conhecido novo estatuto e lugar na
sociedade. (Vunguire 2010)
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Contudo, a língua não pode ser reivindicada particularmente por ninguém, visto tratar-se de uma
herança, mas, sobretudo de uma conquista colectiva.
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Os capítulos se dividem de forma que seus argumentos vão aparecendo enquanto sua
metodologia é explicada.
No estudo em Lower East Side, Labov apresenta os estilos que isolou apos muita observação e
estudo. Eles variam em quatro níveis principais: fala informal; fala formal na entrevista
linguística (B); leitura (C); e lista de palavras (D e Dʹ).
Atenção especial é dada ao contexto/estilo A, que envolve o vernáculo, a fala íntima quotidiana.
Observá-la consiste no paradoxo do observador. Contudo, o pesquisador tenta chegar o mais
próximo dela durante a entrevista. O contexto/estilo A1 engloba a fala fora da entrevista; o A2
considera a interacção do entrevistado com uma terceira pessoa; o A3, da fala que não é resposta
a uma das questões da entrevista; o A4 trata das lembranças da infância; e o A5, da ameaça de
morte. (ALKHMIN, 2001)
Factores socioculturais
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A política linguística oficial moçambicana reconhece o português como a única língua
oficial, e a norma do português europeu. A norma europeia integra uma arena para discurso
prescritivista, onde as ideologias do purismo são propostas e também contestadas, isto significa
que esta variedade do português constrange o desenvolvimento e propagação de alternativas
variantes padronizadas que podem surgir desta situação de contacto. (ALKHMIN, 2001)
A escolha de uma norma linguística que é externa à nação na qual a língua é falada significa
que as instituições oficiais como a escola e outras arenas tais como mercado e trabalho, acabam
por exercer controlo sobre quem terá acesso à língua. Uma consequência deste facto é a criação
de certos números de mercados linguísticos, mais ou menos integrado num ʹmercadoʹ linguístico
oficial no qual os falantes podem aproximar-se da norma (europeia), e a existência de simultânea
e paralela de alguns mercados linguísticos não oficiais. Nestes últimos mercados, outros factores
tais como o contexto social local (veja-se em seguida sobre redes sociais) influenciam a forma
que a língua toma. Os indivíduos desenvolverão também atitudes e orientações complexas em
relação a estes mercados integrados. (ALKHMIN, 2001)
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como dimensão de classe social para população em geral, uma vez que a maioria das casas
pertencem ao Estado e as rendas são muito baixas. Da mesma maneira, o nível de educação é
igualmente de pouco uso como variável neste contexto, porque a grande maioria dos falantes de
português em Moçambique tem um baixo índice de escolaridade. Nem o rendimento nem a
ocupação estão claramente relacionadas entre si, nem mesmo qualquer destas variáveis se
relaciona com o nível de educação. (Vunguire 2010)
O único grupo que pode ser extraído na base da classe social é a minoria da elite urbana que
compreende uma pequena fracção da população. Um conceito social mais útil para as condições
moçambicanas é o de rede social. Muitos habitantes de Maputo movem-se entre dois espaços
vitais diferentes, com consequências para as suas redes sociais. Por um lado, as pessoas vivem e
participam em redes tradicionais, familiares e de vizinhança. Por outro lado, muitos indivíduos
participam numa economia de mercado, integrados em redes sociais que não estão relacionadas
com a família ou o bairro. (Vunguire 2010)
A idade como factor subjacente à variação linguística promete uma variável flutuosa para se
estudar o português de Moçambique. Contudo os papéis sociais e as experiências associadas com
a idade estão sujeitas a variabilidade cultural, e isto pode produzir, na língua efeitos distintos dos
que se encontram em sociedades industrializados ocidentais. Na maioria dos casos, por exemplo,
as crianças moçambicanas crescem num ambiente multilingue com uma língua africana em casa,
e tendo uma língua africana e o português, frequentemente com um código misturado, como a
língua da comunidade mediata e do grupo de companheiros.
O estudo deste fenómeno noutros lugares, que tem algumas similitudes com a crioulização,
mostrou resultado de algumas interessantes variantes de discurso. O sentido social da
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adolescência está também sujeito a variação cultural. Por exemplo, embora as redes
moçambicanas dos adolescentes em comparação com as redes da infância mostrem
significativamente mais contactos com uma base regional e social mais alargada, elas tendem,
mesmo assim, a serem fortes, mais permanentes em baseados na vizinhança do que em contexto
do Primeiro Mundo. Para além disso, embora as redes de adolescentes em Moçambique
marquem uma quebra significativa coma a infância, e menos óbvio ate que medida elas também
servem para assinalar a uma divisão nítida relativamente á geração dos pais, uma vez que à
orientação da família e uma partilha de responsabilidade é uma característica muito saliente da
vida social em Moçambique. Linguisticamente, isto significa que as características e os
processos linguísticos associados a adolescência em Moçambique podem ser menos dramáticos e
inovadores do que é geralmente imputado aos adolescentes ocidentais. Dito isto, a objecção
necessária é, naturalmente, a de que a qualidade das redes dos adolescentes divergirá
grandemente, dependendo, por exemplo, de facto de ser ou não rurais/ suburbanas ou urbanas,
das oportunidades que os membros têm de emprego, se os membros migraram ou não há muito
tempo para o local actual de residência.
Em relação à idade adulta jovem, mais uma vez, não é claro ate que medida este período
envolve processos sociais similares em Moçambique tal como em contextos do Primeiro Mundo,
a nossa impressão, que teria de ser substanciada, é a de que os jovens adultos continuam a
manter um contacto relativamente intenso com os companheiros enquanto consolidam
simultaneamente a vida familiar. No mínimo, este é um período extremamente dependente do
sexo dos falantes, onde as mulheres tendem a ter uma maior responsabilidade pela família e os
homens gozam de bastante independência. Contudo, de igual modo, para a adolescência, os
estilos de vida na idade adulta jovem estão também sujeitos à variação dependendo de um
conjunto de factores tais como educação, padrão de local de residência urbano-rural. (Vunguire
2010)
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Por várias razões, os aprendentes mais velhos abordam a tarefa de aprendizagem da língua de
maneira diferente da dos aprendentes jovens, e isto tem implicações para o tipo de Português que
eles irão adquirir e para o grau de ʹnativismoʹ que eles irão atingir na proficiência da língua. Uma
situação comum de aprendizagem para o grupo dos mais velhos é o que Mesthrie (1995, 252)
chama de ciclo de reforço fechado, que os pais/ avós aprendem uma L2 dos netos.
Mais uma vez, trata-se de uma questão aberta, se o significado social atribuído às diferenças
de sexo tem ramificações linguísticas similares, em Moçambique, às que se têm verificado em
contextos do Primeiro Mundo. Tradicionalmente, as mulheres em Moçambique têm tido menos
acesso que os homens às línguas de prestígio, devido a diferenças nas oportunidades
educacionais e também devido ao facto de que, normalmente, possuem ocupações tradicionais.
Uma explicação para isto é que as redes recebem o seu sexo de acordo com a língua; as
ocupações que as mulheres têm são mais orientadas para o uso de línguas bantu locais
contrariamente aos homens, uma vez mais, esta dimensão esta sujeita a variação dependendo de
um conjunto de circunstâncias sociais e económicas.
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Por causa da base estreita que o Português tem na sociedade moçambicana, as instituições e
arenas oficiais públicas, onde o Portuguese e usado numa variedade de funções diárias,
tornaram-se determinantes de relevo na formação de variante do Português. Já notamos acima
como algumas diferenças na proficiência da língua portuguesa estão relacionadas com o sexo, o
que por sua vez esta correlacionado com a profissão/ocupação.
A educação é também um fórum importante para a aquisição do Português, isto significa que
uma grande parte da variação encontrada estará relacionada com registos e estilos ensinados
academicamente e seus concomitantes léxico, discurso e sintaxe. (Vunguire 2010)
Uma das questões mais interessantes referentes ao Português de Moçambique diz respeito à
variedade estatística que rodeia os falantes. Em primeiro lugar, o Português em Moçambique é
uma L2 para a maioria da população, o que, naturalmente, coloca constrangimentos de
proficiência sobre ate que ponto o falante L2 ou não nativo consegue adaptar a sua linguagem
aos diversos contextos. Em segundo lugar, como L2 ou língua não nativa, com usos
predominantemente oficiais. Os falantes raramente se deparam com o Português, assumindo
outros usos que não sejam os oficiais. (Vunguire 2010)
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Conclusão
Como forma de conclusão há que dizer que a sociolinguística não pode ser entendida como
apenas o ramo da linguística que estuda a relação entre a língua e a sociedade. Mas também é o
estudo descritivo do efeito de qualquer e todos os aspectos da sociedade, incluindo as normas
culturais, expectativas e contexto, na maneira como a língua é usada, e os efeitos do uso da
língua na sociedade.
Há três termos importantes para a sociolinguística, que podem ser facilmente confundidos entre
si: Variedade: são as diferentes formas de manifestação da fala dentro de uma língua, a partir dos
diferentes traços que a condicionam, eles podem ser: sociais, culturais, regionais e históricos de
seus falantes. As variedades linguísticas classificam-se como: Dialecto: modo particular de uso
da língua numa determinada localidade. Diferente do que pensam muitos linguistas, o termo
dialecto não serve para designar variedade linguística. Sociolecto: é a variedade linguística de
um determinado grupo de falantes que partilham os mesmos traços e experiências socioculturais.
Cronoleto: variedade pertencente a uma determinada faixa etária, ou seja, modo próprio desta
geração manifestar-se. Variante: termo utilizado nos estudos de sociolinguística para designar o
item linguístico que é alvo de mudança. Assim, no caso de uma variação fonética, a variante é o
alofone. A variante representa, portanto, as formas possíveis de realização. No entanto, na
linguística geral, o termo "variante dialectal" é usado como sinónimo de dialecto.
Variável: traço, forma ou construção linguística cuja realização apresenta variantes observadas
pelo investigador. Em outras palavras, a variável é todo fenómeno linguístico que pode ser
realizado por duas ou mais variantes. A realização de primeira pessoa do plural é uma variável
linguística e as formas "nós" e "a gente" são duas variantes possíveis de realização dessa
variável. Em um fenómeno variável, cabe ao sociolinguista investigar os contextos de uso que
favorecem a presença de uma das variantes. Caso uma variante apresente frequência de uso
maior do que a outra, pode ser que alguma mudança linguística esteja ocorrendo ou esteja prestes
a ocorrer. Por outro lado, caso não haja frequência de uso maior de uma variante, pode ser que se
trate de uma variação estável presente na língua.
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Bibliografia
VUNGUIRE, g.f. (2010) Sociolinguística. Beira, Moçambique: UCM
McCLEARY, L. Sociolinguistica. Curso Licenciatura em Letras-libras. UFSC, 2007.
MOURA, M. C. O surdo: caminhos para uma nova identidade. Rio de Janeiro: Revinter.
2000.
ALKHMIN, T. Sociolinguística. In: MUSSALIM, F. e BENTES, A. C. (org.). Introdução
à Linguística: domínios e fronteiras. Vol.1. São Paulo: Cortez, 2001.