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Universidade Católica de Moçambique

Centro de Ensino à Distância – Nampula

Licenciatura em Ensino de Português

Resolução de Exercícios

Discente: Emelita Carlitos

Docente: Carlos Mepula Vilele

Nampula

Maio de 2020
Índice

Introdução........................................................................................................................................3

1 Norma Culta e Popular.............................................................................................................4

2 Diferença entre língua e sociedade...........................................................................................4

3 Comunidade Linguistica...........................................................................................................4

4 Diferença entre Factores de Expansão linguística e factores geográficos................................4

5 Níveis de Bilinguismo..............................................................................................................5

6 Plurilinguismo e multilinguismo em Moçambique..................................................................5

7 Posição de Bernestein em relação à escola e os códigos linguísticos......................................6

8 Diferença entre política linguística e planificação linguística..................................................6

9 Como fazer uma pesquisa em Sociolinguística........................................................................6

10 Os diferentes factores que condicionam as variações linguísticas na rede moçambicana....7

Conclusão......................................................................................................................................14

Bibliografia....................................................................................................................................15
Introdução
Neste trabalho analisaremos e responderemos questões ligadas a cadeira de sociolinguística,
para tal há que mencionar que a língua então funciona como elemento de interacção entre o
indivíduo e a sociedade em que ele actua. É através dela que a realidade se transforma em signo,
pela associação de significantes sonoros e significados arbitrários, processando, assim, a
comunicação Linguística. A sociedade não é possível a não ser pela língua; e pela língua também
o indivíduo.

O objecto da Sociolinguística é a língua falada/sinalizada, observada, descrita e analisada


em seu contexto social, isto é, em situações reais de uso. Seu ponto de partida é a comunidade
Linguística, um conjunto de pessoas que interagem verbalmente e que compartilham um
conjunto de normas a respeito dos usos linguísticos.

Uma comunidade de fala se caracteriza não pelo fato de se constituir por pessoas que falam
do mesmo modo, mas por indivíduos que se relacionam, por meio de redes comunicativas
diversas, e que orientam seu comportamento verbal por um mesmo conjunto de regras. O uso da
língua depende de diversas variáveis: contextuais – situação de uso, estilísticas – jeito próprio do
falante/usuário, etárias – cada idade tem um modo próprio de usar a língua, sociais – as diversas
camadas sociais apresentam usos também específicos.

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1 Norma Culta e Popular
Norma culta, definida através dos padrões de fala das classes media e alta. Ao passo que a norma
popular ou vernácula, reunindo os falares das classes baixas. (Vunguire 2010)

2 Diferença entre língua e sociedade


A língua pode ser definida como um elemento de identificação, de diferenciação e de educação.
Quanto mais falantes existirem, utilizando uma dada variedade linguística, maior será a sua
vitalidade, autonomia, historicidade e normalização. (Vunguire 2010)

Atitude perante a língua

Normalização: trata da definição de normas padrões do uso da língua;

Historicidade: encarrega-se pela procura de uma história passada de modo a salientar as


variantes que se tornam autónomas. Esta fornece a base e as variações vocabular que se impõe aa
língua. As variantes se tornam historicidade quando são uma ideologia, uma tradição.

Vitalidade: é uma capacidade de verificação da vitalidade da língua em todas as funções vitais.


A sua presença define a atitude dos homens perante uma variedade linguística. Quanto mais
falantes existirem, utilizando uma dada variedade linguística, maior será a sua vitalidade,
autonomia, historicidade e normalização. (Vunguire 2010)

3 Comunidade Linguística
BLOOMFIELD, (1933), ao abordar a questão da linguística considera que a comunidade
linguística resume-se num grupo de pessoas que interagem usando uma linguagem.

4 Diferença entre Factores de Expansão linguística e factores geográficos


Factores de expansão linguística o grau de uma língua é medido a partir do número de falantes
que não a tem como língua materna. Nenhuma instituição política pode determinar a
veicularidade de uma língua, ela é-o na medida em que o número de seus falantes aumenta. Ao
passo que, Factor geográfico: estas línguas localizam-se nas costas, passagens de estradas (meio

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de comunicação social). A situação geográfica não esta na expansão desta, mas sim contribui.
(McCREARY, 2007)

5 Níveis de Bilinguismo
Existem dois níveis de bilinguismo, segundo analise-se desde uma dimensão pessoal ou desde
uma vertente social, ou seja, o bilinguismo individual e bilinguismo social. Esta dimensão
designa coexistência de duas línguas faladas por dois grupos socias, ou a qualidade que um
individuo tem para as falar com fluidez. (Vunguire 2010)

Quando se fala de bilinguismo individual, nos refere ao conhecimento e domínio que uma pessoa
tem de duas línguas; ao uso que um individuo faz das mesmas; aos factores que intervêm no
processo de aquisição, e aas variáveis entre individuo, médio e língua. (Vunguire 2010)

6 Plurilinguismo e multilinguismo em Moçambique


Moçambique, é um país multilingue. A maioria dos moçambicanos tem como língua materna
uma língua de origem Bantu, sendo que o português constitui língua segunda para muitos dos
cidadãos. (McCREARY, 2007)

As estatísticas revelam que o português é falado com alguma frequência nas cidades e poucas o
falam no campo. No meio rural, predominam as línguas africanas, ao mesmo tempo que o
português, insistentemente é falado apenas no recinto escolar, com o professor e o director da
escola. (McCREARY, 2007)

A língua portuguesa foi adoptada como língua oficial nos pais. É uma língua internacional, de
ensino, da administração pública e tem uma função literária e é usada na imprensa (escrita e
falada-oral).

As línguas Bantu estão circunscritas a utilização familiar, nas relações sociais, num uso
fundamental e predominantemente oral, uma função que não mudou muito com a independência.

O uso das línguas bantu constitui, por assim dizer, uma forma de luta, de resgate cultural e de
identidade. Com a independência estas línguas têm conhecido novo estatuto e lugar na
sociedade. (Vunguire 2010)

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Contudo, a língua não pode ser reivindicada particularmente por ninguém, visto tratar-se de uma
herança, mas, sobretudo de uma conquista colectiva.

7 Posição de Bernstein em relação à escola e os códigos linguísticos


O trabalho de Bernstein gerou intensa discussão e muito interesse, pois coincidiu com um
período em que era grande a preocupação com o fracasso escolar de crianças de classes sociais
desfavorecidas. A interpretação que ganhou notoriedade para a explicação do fracasso escolar
baseou-se em preconceitos deterministas e foi influenciada pela tese dos dois códigos nomeados
por Bernstein, concluindo que a linguagem de crianças das classes baixas é pobre, sem
imaginação, sem coesão, impropria para abstracções e classificações. As crianças que utilizam o
código restrito seriam portadoras de uma "deficiência linguística", o que implicaria uma
deficiência cognoscitiva e daí, o fracasso escolar. (Moura, 2000)

8 Diferença entre política linguística e planificação linguística


Política linguística – define-se como o conjunto de posições, opções e escolhas conscientes que
partem da realidade linguística do país, realmente feitas pelo Estado, sendo evidente que haja um
conhecimento profundo linguística do país. Em quanto a Planificação linguística – é a pesquisa e
a realização de acções necessárias para a aplicação da política linguística, e a concretização da
política linguística (põe em marcha as opções feitas), determina as acções que devem ser levadas
a cabo em cada etapa até chegar ao objectivo visado. (Moura, 2000)

A passagem da política linguística a planificação linguística compreende, entre outros factores, a


intervenção do estado. (Moura, 2000)

A planificação linguística implica a existência de uma política linguística.

9 Como fazer uma pesquisa em Sociolinguística


A pesquisa em sociolinguística deve ser feita de acordo com uma metodologia e uma concepção
de investigação científica conhecida como quantitativa. Deste livro surgiram as directrizes para
inúmeras pesquisas no âmbito da linguística com interesse na inserção da língua no contexto
social. (ALKHMIN, 2001)

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Os capítulos se dividem de forma que seus argumentos vão aparecendo enquanto sua
metodologia é explicada.

No estudo em Lower East Side, Labov apresenta os estilos que isolou apos muita observação e
estudo. Eles variam em quatro níveis principais: fala informal; fala formal na entrevista
linguística (B); leitura (C); e lista de palavras (D e Dʹ).

Atenção especial é dada ao contexto/estilo A, que envolve o vernáculo, a fala íntima quotidiana.
Observá-la consiste no paradoxo do observador. Contudo, o pesquisador tenta chegar o mais
próximo dela durante a entrevista. O contexto/estilo A1 engloba a fala fora da entrevista; o A2
considera a interacção do entrevistado com uma terceira pessoa; o A3, da fala que não é resposta
a uma das questões da entrevista; o A4 trata das lembranças da infância; e o A5, da ameaça de
morte. (ALKHMIN, 2001)

A imersão na Comunidade de Fala estudada é essencial para qualquer pesquisa linguística, o


pesquisador deve recorrer a outros índices de pesquisa que tiveram, sua região de estudo,
também como o objecto.

10 Os diferentes factores que condicionam as variações linguísticas na rede moçambicana


Factores históricos da variação linguística

Duma perspectiva histórica, as condições de formação subjacentes às variedades actuais do


Português de Moçambique encontram-se, e parte, nas suas raízes coloniais, onde serviram para
criai e manter a hegemonia duma elite colonial, e, parcialmente, no papel desempenhado na
altura da independência como língua da resistência e ʹferramentaʹ da unidade nacional e étnica.
Antes da independência, politicas linguísticas rígidas regulamentavam a relação entre o
Português e as línguas africanas. Estas políticas desempenhavam um importante papel como
parte de uma legislação colonial que ajudou a construir espaços sociais e culturais separados para
negros e brancos. O conhecimento do Português tornou-se um bem de consumo valioso, uma vez
que o seu domínio significava que um moçambicano negro podia aspirar aos direitos de um
assimilado. (ALKHMIN, 2001)

A função discriminatória do Português mudou com a independência, quando houve uma


quebra significativa na política linguística colonial, e subsequentemente no estatuto social
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atribuído à língua portuguesa. O advento da independência requereu o desenvolvimento e
difusão de outra postura ideológica em relação ao Português, como língua de resistência e
unidade. Actualmente, as atitudes linguísticas em relação ao Português e às línguas bantu são
complexas e multifacetadas, compreendendo valores herdados da era colonial ao mesmo tempo
que reflectem a dinâmica social do Moçambique de hoje.

A influência mais importante sobre o desenvolvimento do Português desde a independência


encontra-se nas áreas urbanas. A base demográfica urbana alterou-se radicalmente na altura da
independência quando grande número de moçambicanos negros se transferiu para a cidade,
quase que da noite para o dia, o português tornou-se parte de uma ecologia multilingue urbana. A
partir de então, a cidade continuou a experimentar um enorme crescimento, parcialmente devido
ao fluxo de refugiados provocado pela guerra, predominantemente das áreas rurais do país, e
parcialmente devido a um substancial movimento urbano de desempregados em busca de
trabalho. (ALKHMIN, 2001)

Um novo desenvolvimento interessante com o advento da paz é o regresso em larga escala de


populações às áreas rurais, onde surge um novo ambiente de contacto para a aquisição de
Português entre a população rural.

Factores socioculturais

As condições socioculturais em que o Português de Moçambique esta inserido são também


factores na formação da amplitude das variedades que se podem distinguir. No português de
Moçambique, são números os exemplos, de linguagem socioculturalmente especifica. Algumas
das manifestações mais salientes deste factor são os itens lexicais comuns que se referem a
aspectos da cultura moçambicana, tais como chapa-cem, machimbombo. (ALKHMIN, 2001)

Um exemplo da influência sociocultural nos padrões de discurso é o uso intensivo da


repetição da sua própria elocução ou a do outro falante para finalizar ou assinalar a mudança de
tópico. O português de Moçambique diferencia-se também do português Europeu na forma como
certas rotinas interactivas ou conversacionais são executadas, tal como se verifica relativamente
a distribuição das formas tu e você.

Politica linguística nacional como factor da variação

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A política linguística oficial moçambicana reconhece o português como a única língua
oficial, e a norma do português europeu. A norma europeia integra uma arena para discurso
prescritivista, onde as ideologias do purismo são propostas e também contestadas, isto significa
que esta variedade do português constrange o desenvolvimento e propagação de alternativas
variantes padronizadas que podem surgir desta situação de contacto. (ALKHMIN, 2001)

A escolha de uma norma linguística que é externa à nação na qual a língua é falada significa
que as instituições oficiais como a escola e outras arenas tais como mercado e trabalho, acabam
por exercer controlo sobre quem terá acesso à língua. Uma consequência deste facto é a criação
de certos números de mercados linguísticos, mais ou menos integrado num ʹmercadoʹ linguístico
oficial no qual os falantes podem aproximar-se da norma (europeia), e a existência de simultânea
e paralela de alguns mercados linguísticos não oficiais. Nestes últimos mercados, outros factores
tais como o contexto social local (veja-se em seguida sobre redes sociais) influenciam a forma
que a língua toma. Os indivíduos desenvolverão também atitudes e orientações complexas em
relação a estes mercados integrados. (ALKHMIN, 2001)

Contacto de línguas como factor da variação

Em Moçambique, são faladas potencialmente, entre 15 a 20 línguas bantu (as estimativas


variam), assim como um punhado de línguas de origem asiática. Nas áreas urbanas onde é
falado, o português ocorre em situações diferentes de contacto linguístico diário com estas
línguas. Em áreas urbanas centrais, é o meio de comunicação de quotidiano mais frequente. Por
outro lado, nas áreas suburbanas é etnicamente mistas, o português pode funcionar somente
como uma língua franca entre falantes com diversas línguas nativas. Finalmente, em distritos
onde a maior parte dos membros da comunidade partilham uma ou mais línguas bantu
mutuamente inteligíveis, o português será confinado a um leque limitado de funções e contextos
de L2. Estes ambientes diferentes significam que tanto a quantidade como a qualidade do
português variara bastante dependendo do lugar onde é falado. (Vunguire 2010)

Factores sociais da variação

A noção de classe social é notoriamente difícil de se aplicar à sociedade moçambicana já que


os factores geralmente incluídos no indicador de classe social não são de fácil utilização entre a
população moçambicana. Em Maputo, por exemplo, pouco sentido faz usar a área residencial

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como dimensão de classe social para população em geral, uma vez que a maioria das casas
pertencem ao Estado e as rendas são muito baixas. Da mesma maneira, o nível de educação é
igualmente de pouco uso como variável neste contexto, porque a grande maioria dos falantes de
português em Moçambique tem um baixo índice de escolaridade. Nem o rendimento nem a
ocupação estão claramente relacionadas entre si, nem mesmo qualquer destas variáveis se
relaciona com o nível de educação. (Vunguire 2010)

O único grupo que pode ser extraído na base da classe social é a minoria da elite urbana que
compreende uma pequena fracção da população. Um conceito social mais útil para as condições
moçambicanas é o de rede social. Muitos habitantes de Maputo movem-se entre dois espaços
vitais diferentes, com consequências para as suas redes sociais. Por um lado, as pessoas vivem e
participam em redes tradicionais, familiares e de vizinhança. Por outro lado, muitos indivíduos
participam numa economia de mercado, integrados em redes sociais que não estão relacionadas
com a família ou o bairro. (Vunguire 2010)

Idade como factor da variação

A idade como factor subjacente à variação linguística promete uma variável flutuosa para se
estudar o português de Moçambique. Contudo os papéis sociais e as experiências associadas com
a idade estão sujeitas a variabilidade cultural, e isto pode produzir, na língua efeitos distintos dos
que se encontram em sociedades industrializados ocidentais. Na maioria dos casos, por exemplo,
as crianças moçambicanas crescem num ambiente multilingue com uma língua africana em casa,
e tendo uma língua africana e o português, frequentemente com um código misturado, como a
língua da comunidade mediata e do grupo de companheiros.

Em Maputo, contudo, os casamentos interétnicos tornaram-se mais comuns desde os meados


dos anos 80 e isto quer dizer que os pais, muitas vezes, não têm uma língua mutuamente
inteligível em comum. Nestes casos, a língua da família será, frequentemente uma versão L2 do
português. As versões do português falado nos grupos de amigos das crianças diferem das de
casas. De facto, é muito provável que estejamos a assistir à transformação de uma L2 numa
língua primeira em contextos de socialização de companheiro-companheiro. (Vunguire 2010)

O estudo deste fenómeno noutros lugares, que tem algumas similitudes com a crioulização,
mostrou resultado de algumas interessantes variantes de discurso. O sentido social da

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adolescência está também sujeito a variação cultural. Por exemplo, embora as redes
moçambicanas dos adolescentes em comparação com as redes da infância mostrem
significativamente mais contactos com uma base regional e social mais alargada, elas tendem,
mesmo assim, a serem fortes, mais permanentes em baseados na vizinhança do que em contexto
do Primeiro Mundo. Para além disso, embora as redes de adolescentes em Moçambique
marquem uma quebra significativa coma a infância, e menos óbvio ate que medida elas também
servem para assinalar a uma divisão nítida relativamente á geração dos pais, uma vez que à
orientação da família e uma partilha de responsabilidade é uma característica muito saliente da
vida social em Moçambique. Linguisticamente, isto significa que as características e os
processos linguísticos associados a adolescência em Moçambique podem ser menos dramáticos e
inovadores do que é geralmente imputado aos adolescentes ocidentais. Dito isto, a objecção
necessária é, naturalmente, a de que a qualidade das redes dos adolescentes divergirá
grandemente, dependendo, por exemplo, de facto de ser ou não rurais/ suburbanas ou urbanas,
das oportunidades que os membros têm de emprego, se os membros migraram ou não há muito
tempo para o local actual de residência.

Em relação à idade adulta jovem, mais uma vez, não é claro ate que medida este período
envolve processos sociais similares em Moçambique tal como em contextos do Primeiro Mundo,
a nossa impressão, que teria de ser substanciada, é a de que os jovens adultos continuam a
manter um contacto relativamente intenso com os companheiros enquanto consolidam
simultaneamente a vida familiar. No mínimo, este é um período extremamente dependente do
sexo dos falantes, onde as mulheres tendem a ter uma maior responsabilidade pela família e os
homens gozam de bastante independência. Contudo, de igual modo, para a adolescência, os
estilos de vida na idade adulta jovem estão também sujeitos à variação dependendo de um
conjunto de factores tais como educação, padrão de local de residência urbano-rural. (Vunguire
2010)

A meia-idade e a velhice em Moçambique, tal como em contextos do Primeiro Mundo,


envolvem também, provavelmente, uma consolidação de normas de língua adquiridas em fases
anteriores da vida. Contudo, devido à nova situação político linguística, apos a independência, a
meia-idade e a velhice envolvem também uma quantidade significativa de aprendizagem de L2
entre os que, previamente, pouco ou nenhum acesso haviam tido ao Português. (Vunguire 2010)

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Por várias razões, os aprendentes mais velhos abordam a tarefa de aprendizagem da língua de
maneira diferente da dos aprendentes jovens, e isto tem implicações para o tipo de Português que
eles irão adquirir e para o grau de ʹnativismoʹ que eles irão atingir na proficiência da língua. Uma
situação comum de aprendizagem para o grupo dos mais velhos é o que Mesthrie (1995, 252)
chama de ciclo de reforço fechado, que os pais/ avós aprendem uma L2 dos netos.

As diferenças de idade em relação ao Português são melhor conceptualizadas, em larga


medida, como originando um continuum de proficiência, em que os falantes mais velhos do
mesmo sexo serão, em geral, menos proficientes em Português que os mais novos, na maioria
das classes sociais.

Sexo como factor da variação

Mais uma vez, trata-se de uma questão aberta, se o significado social atribuído às diferenças
de sexo tem ramificações linguísticas similares, em Moçambique, às que se têm verificado em
contextos do Primeiro Mundo. Tradicionalmente, as mulheres em Moçambique têm tido menos
acesso que os homens às línguas de prestígio, devido a diferenças nas oportunidades
educacionais e também devido ao facto de que, normalmente, possuem ocupações tradicionais.

Embora as mulheres moçambicanas hoje tenham maiores oportunidades de adquirirem o


Português do que antes da independência, os seus deveres familiares, combinados com a
estrutura do mercado de trabalho a que têm normalmente acesso, constrange ainda fortemente o
tipo de linguagem que elas encontram. É curioso que, embora as mulheres e os homens tenham
exactamente a mesma variedade e tipo de redes sociais, os indivíduos do sexo masculino falam
um Português mais padrão do que as mulheres, e estas falam melhor as línguas bantu locais que
os homens. (Vunguire 2010)

Uma explicação para isto é que as redes recebem o seu sexo de acordo com a língua; as
ocupações que as mulheres têm são mais orientadas para o uso de línguas bantu locais
contrariamente aos homens, uma vez mais, esta dimensão esta sujeita a variação dependendo de
um conjunto de circunstâncias sociais e económicas.

Profissão e educação como factores da variação

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Por causa da base estreita que o Português tem na sociedade moçambicana, as instituições e
arenas oficiais públicas, onde o Portuguese e usado numa variedade de funções diárias,
tornaram-se determinantes de relevo na formação de variante do Português. Já notamos acima
como algumas diferenças na proficiência da língua portuguesa estão relacionadas com o sexo, o
que por sua vez esta correlacionado com a profissão/ocupação.

A educação é também um fórum importante para a aquisição do Português, isto significa que
uma grande parte da variação encontrada estará relacionada com registos e estilos ensinados
academicamente e seus concomitantes léxico, discurso e sintaxe. (Vunguire 2010)

Contexto como factor da variação

Uma das questões mais interessantes referentes ao Português de Moçambique diz respeito à
variedade estatística que rodeia os falantes. Em primeiro lugar, o Português em Moçambique é
uma L2 para a maioria da população, o que, naturalmente, coloca constrangimentos de
proficiência sobre ate que ponto o falante L2 ou não nativo consegue adaptar a sua linguagem
aos diversos contextos. Em segundo lugar, como L2 ou língua não nativa, com usos
predominantemente oficiais. Os falantes raramente se deparam com o Português, assumindo
outros usos que não sejam os oficiais. (Vunguire 2010)

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Conclusão
Como forma de conclusão há que dizer que a sociolinguística não pode ser entendida como
apenas o ramo da linguística que estuda a relação entre a língua e a sociedade. Mas também é o
estudo descritivo do efeito de qualquer e todos os aspectos da sociedade, incluindo as normas
culturais, expectativas e contexto, na maneira como a língua é usada, e os efeitos do uso da
língua na sociedade.

Há três termos importantes para a sociolinguística, que podem ser facilmente confundidos entre
si: Variedade: são as diferentes formas de manifestação da fala dentro de uma língua, a partir dos
diferentes traços que a condicionam, eles podem ser: sociais, culturais, regionais e históricos de
seus falantes. As variedades linguísticas classificam-se como: Dialecto: modo particular de uso
da língua numa determinada localidade. Diferente do que pensam muitos linguistas, o termo
dialecto não serve para designar variedade linguística. Sociolecto: é a variedade linguística de
um determinado grupo de falantes que partilham os mesmos traços e experiências socioculturais.
Cronoleto: variedade pertencente a uma determinada faixa etária, ou seja, modo próprio desta
geração manifestar-se. Variante: termo utilizado nos estudos de sociolinguística para designar o
item linguístico que é alvo de mudança. Assim, no caso de uma variação fonética, a variante é o
alofone. A variante representa, portanto, as formas possíveis de realização. No entanto, na
linguística geral, o termo "variante dialectal" é usado como sinónimo de dialecto.

Variável: traço, forma ou construção linguística cuja realização apresenta variantes observadas
pelo investigador. Em outras palavras, a variável é todo fenómeno linguístico que pode ser
realizado por duas ou mais variantes. A realização de primeira pessoa do plural é uma variável
linguística e as formas "nós" e "a gente" são duas variantes possíveis de realização dessa
variável. Em um fenómeno variável, cabe ao sociolinguista investigar os contextos de uso que
favorecem a presença de uma das variantes. Caso uma variante apresente frequência de uso
maior do que a outra, pode ser que alguma mudança linguística esteja ocorrendo ou esteja prestes
a ocorrer. Por outro lado, caso não haja frequência de uso maior de uma variante, pode ser que se
trate de uma variação estável presente na língua.

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Bibliografia
 VUNGUIRE, g.f. (2010) Sociolinguística. Beira, Moçambique: UCM
 McCLEARY, L. Sociolinguistica. Curso Licenciatura em Letras-libras. UFSC, 2007.
 MOURA, M. C. O surdo: caminhos para uma nova identidade. Rio de Janeiro: Revinter.
2000.
 ALKHMIN, T. Sociolinguística. In: MUSSALIM, F. e BENTES, A. C. (org.). Introdução
à Linguística: domínios e fronteiras. Vol.1. São Paulo: Cortez, 2001.

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