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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de português

Variações e Mudanças Linguísticas em Moçambique

Nome do estudante: Muanassal Ali Amade

Código: 708213253

Monapo, Setembro, 2023


INIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de português

Variações e Mudanças Linguísticas em Moçambique

Corso de Ensino de Língua Portuguesa


Disciplina: Sociolinguística

Ano de Frequência: 3º Ano


Docente:

Nome do estudante: Muanassal Ali Amade

Código: 708213253

Monapo, Setembro, 2023


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Índice

VARIAÇÕES E MUDANÇAS LINGUÍSTICAS EM MOÇAMBIQUE...................4

Variações linguísticas..................................................................................................4

Mudanças Linguística..................................................................................................4

Variações e Mudanças Linguísticas em Moçambique.................................................5

Variação Misturada......................................................................................................5

Normalizada ou Normatizada......................................................................................5

Conclusão.....................................................................................................................9

Bibliografia..............................................................................................................10
INTRODUÇÃO

O presente trabalho de campo da Universidade Católica de Moçambique é da disciplina de


Sociolinguística e tem como tema, Variações e Mudanças Linguísticas em Moçambique.
Tema esse que será abordado observando os seguintes conteúdo: Estrutura, organização,
características discursivas e Características linguísticas.

O trabalho tem como objectivo geral conhecer o decurso das mudanças linguísticas em
Moçambique.

Como Objectivos específicos:

 Definir Variações e Mudanças Linguísticas;

 Caracterizar linguística;

 Apresentar os exemplos.

O trabalho é de carácter avaliativo e quanto a sua elaboração foi necessária a consulta de


algumas obras que abordam assuntos relacionados ao tema em causa, usando o método de
pesquisa e consultas bibliográficas.

De salientar que a variação linguística é um fenómeno natural que ocorre pela


diversificação dos sistemas de uma língua em relação às possibilidades de mudança de seus
elementos (vocabulário, pronúncia, morfologia, sintaxe). Ela existe porque as línguas
possuem a característica de serem dinâmicas e sensíveis a factores como a região geográfica,
o sexo, a idade, a classe social do falante e o grau de formalidade do contexto da
comunicação.

É importante observar que toda variação linguística é adequada para atender às


necessidades comunicativas e cognitivas do falante. Assim, quando julgamos errada
determinada variedade, estamos emitindo um juízo de valor sobre os seus falantes e, portanto,
agindo com preconceito linguístico.

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VARIAÇÕES E MUDANÇAS LINGUÍSTICAS EM MOÇAMBIQUE

Variações linguísticas

Para FERNANDES (2015), As variações linguísticas são as diferenças que uma língua
apresenta mediante factores como a região e as condições culturais ou sociais onde ela é
usada. Por exemplo, existem variações na língua portuguesa falada no Brasil e em Portugal.

A variação linguística é um fenómeno natural que ocorre pela diversificação dos sistemas de
uma língua em relação às possibilidades de mudança de seus elementos (vocabulário,
pronúncia, morfologia, sintaxe). Ela existe porque as línguas possuem a característica de
serem dinâmicas e sensíveis a factores como a região geográfica, o sexo, a idade, a classe
social do falante e o grau de formalidade do contexto da comunicação. (RIGONATTO, 2019
p.9).

VIANA (2022), afirma que quando falamos em variação linguística, analisamos os diferentes
modos em que é possível expressar-se em uma língua, levando-se em conta a escolha de
palavras, a construção do enunciado e até o tom da fala.

A língua é a nossa expressão básica, e, por isso, ela muda de acordo com a cultura, a região, a
época, o contexto, as experiências e as necessidades do indivíduo e do grupo que se expressa.
Veja quantos factores empregamos para adequar a nossa fala à situação e ao grupo em que
nos encontramos.

Mudanças Linguística

Chama-se mudança linguística ao processo de modificação e transformação que todas as


línguas experimentam em geral - e as unidades linguísticas de cada um dos seus níveis, em
particular -, na sua evolução histórica.

A mudança linguística se diferencia da variação linguística. Na mudança linguística, as


modificações são diacrónicas - e, portanto, são objecto de estudo da linguística histórica. Já as
variações linguísticas são sincrónicas e constituem o objecto de análise da sociolinguística,
entre outras disciplinas

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Variação e mudança linguísticas são fenómenos registados na língua, de modo que investigá-
los implica definir uma concepção de língua, pois, conforme Saussure, “é o ponto de vista que
cria o objecto” (SASSURE, 1977, p. 15).

Variações e Mudanças Linguísticas em Moçambique

Moçambique é um país africano, localizado na África Austral, que tem pouco mais de vinte
milhões de habitantes, socioculturalmente divididos em várias etnias, cada uma delas
caracterizado por uma diversidade linguística extensa. Não é conveniente, nesse contexto,
discutir a situação linguística de Moçambique sem fazer alusão à situação linguística em nível
continental.

A língua, independente de qual seja, está sujeita a variações, que podem ser intralingüística,
quando se manifesta nos usos e nas estruturas de um mesmo sistema, ou pode também ser
interlinguística, que é a existente entre os próprios sistemas linguísticos.

Em Moçambique, o português falado em pouco se parece com o estabelecido como norma


padrão. Existem diversas variedades linguísticas do português no país, no entanto, são dois
tipos que mais se destacam e são conhecidos como variedades sócias: Variação Misturada e
Normalizada.

 Variação Misturada

A variação Misturada resulta do contacto interlingue entre as línguas bantu e a língua


portuguesa. Esta variante tem falantes nativos e é caracterizada pela existência de varias
interlinguagens (Selinker – 1972) e por sistemas linguísticos transitórios de “regras
construídas a partir de estratégias diferentes como, por exemplo, simplificação, sobre
generalização de regras e transferência de línguas” (Dias).

 Normalizada ou Normatizada

E a Normatizada, que é utilizada pelas classes médias e elevadas, sendo a variante que mais se
aproxima com a língua dos seus colonizadores. É a Variação Normatizada que é tida como
norma padrão.

Devido a estratificação socioeconômica em Moçambique, a Variação Misturada é a mais


falada pelos moçambicanos e “constitui, na maioria dos casos, o modelo linguístico em

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relação ao qual se processa a aprendizagem da língua portuguesa no domínio familiar e
popular” (Dias).

As novas tendências da Língua Portuguesa falada em Moçambique são agora descritas em


dois volumes no Livro "Português Moçambicano", lançados no dia no dia 5 de Maio.

O trabalho resultou de uma pesquisa de 15 autores, docentes do curso deste idioma


na Universidade Pedagógica de Moçambique. Em entrevista à DW África, a docente
universitária NORBERTO Dias falou sobre as novas tendências do português de
Moçambique.

A finalidade da obra é mostrar ao público e à comunidade linguística, aos professores e a


todos os interessados na Língua Portuguesa que o português de Moçambique apresenta [uma]
série de mudanças, em vários níveis de análise linguística. Na pronúncia, na fonética e na
fonologia. Também a sintaxe, a morfologia e a lexicologia apresentam mudanças. Em
Moçambique, temos palavras diferentes. A nossa maneira de falar também é diferente. Estou
a falar da pronúncia, por exemplo, e da construção de frases. Trazemos estes exemplos nos
artigos. Cada autor aborda um determinado nível, um assunto. Pretendemos mostrar que
estamos a ter uma outra direcção em relação à Língua Portuguesa.

Se observarmos, a culinária moçambicana tem palavras como:

 matapa,
 mucapata,
 tihove,
 xima.

Nós já usamos assim, em qualquer registo e nível de língua. Se eu quero falar sobre a
"matapa" eu digo "matapa" mesmo, pois não há nenhum equivalente de tradução para esta
palavra. Outros exemplos são os nomes de peixes: usamos as palavras "xicoa" ou "pende".
Em português, chamaria "tilápia". Mas é muito raro chamarmos ao peixe "pende" como se
fosse "tilápia". [Outra palavra], xitique: em qualquer região de Moçambique, quando nos
referimos a essa contribuição que é feita entre amigos, colegas e familiares - e que é uma
forma de poupança - dizemos mesmo "xitique". E esta palavra está a ser usada em toda a
nação. Nos transportes, por exemplo, nós usamos os nomes de "txopela", "chapa",
"machimbombo", e são palavras que nos identificam mais como moçambicanos. Sobre a

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sintaxe, a construção das frases, temos o uso dos pronomes 'lhe" e "lho". É mais usual
ouvirmos os moçambicanos dizerem "eu vi-lhe". Então, esta construção está a se fixar e a se
consolidar na Língua Portuguesa usada em Moçambique. Outro exemplo: pipocas, em
Portugal. A pipoca, nós sabemos que é o milho. Em Moçambique, também é milho como
também é um chinelo muito leve.

Nós já usamos assim, em qualquer registo e nível de língua. Se eu quero falar sobre a
"matapa" eu digo "matapa" mesmo, pois não há nenhum equivalente de tradução para esta
palavra.

Outros exemplos são os nomes de peixes: usamos as palavras "xicoa" ou "pende". Em


português, chamaria "tilápia". Mas é muito raro chamarmos ao peixe "pende" como se fosse
"tilápia". [Outra palavra], xitique: em qualquer região de Moçambique, quando nos referimos
a essa contribuição que é feita entre amigos, colegas e familiares e que é uma forma de
poupança - dizemos mesmo "xitique". E esta palavra está a ser usada em toda a nação. Nos
transportes, por exemplo, nós usamos os nomes de "txopela", "chapa", "machimbombo", e são
palavras que nos identificam mais como moçambicanos.

Sobre a sintaxe, a construção das frases, temos o uso dos pronomes 'lhe" e "lho". É mais
usual ouvirmos os moçambicanos dizerem "eu vi-lhe". Então, esta construção está a se fixar e
a se consolidar na Língua Portuguesa usada em Moçambique. Outro exemplo: pipocas, em
Portugal. A pipoca, nós sabemos que é o milho. Em Moçambique, também é milho como
também é um chinelo muito leve.

A nível da semântica, estamos a dar outros significados a determinadas palavras. [Nas


palavras] do sistema de parentesco, por exemplo, eu posso usar a palavra mãe tanto para a
minha biológica como para a minha madrasta, e também para uma senhora de uma certa
idade. Aqui, em Maputo, é muito frequente usar "mãe", tia, em vez de "senhora". Mas nós
ainda não estamos a trazer o português moçambicano falado em todo o país, não. Nós estamos
a trazer estudos linguísticos localizados.

Na sociolinguística conforme LABOV (1972, 1994, 2001), contexto social é anterior


à fala, aos enunciados; é global e duradouro e, como conjunto de condições sociais e
históricas, funciona como sistema de referência explicativo dos usos individuais da
linguagem. Assim sendo, colectividades como classes sociais, comunidades, redes sociais,

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bem como características colectivas dos agentes (sexo, idade, profissão, escolaridade) são
unidades de análise relevantes.

Em WEINREICH, LABOV & HERZOG (1968), há uma afirmação explícita a esse


respeito, quando os autores sintetizam o problema do encaixamento para uma teoria da
variação e mudança linguística: “Na explicação da mudança linguística, é possível alegar que
os factores sociais pesam sobre o sistema linguístico como um todo. Assim, a tarefa do
linguista não é tanto demonstrar a motivação social de uma mudança quanto determinar o
grau de correlação social que existe e mostrar como ela pesa sobre o sistema linguístico
abstracto.

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CONCLUSÃO

Chegado a esse ponto de trabalho, importa lembrar que quando falamos em variação
linguística, analisamos os diferentes modos em que é possível expressar-se em uma língua,
levando-se em conta a escolha de palavras, a construção do enunciado e até o tom da fala. A
língua é a nossa expressão básica, e, por isso, ela muda de acordo com a cultura, a região, a
época, o contexto, as experiências e as necessidades do indivíduo e do grupo que se expressa.
Veja quantos factores empregamos para adequar a nossa fala à situação e ao grupo em que
nos encontramos.

Negar a variação é negar a natureza social do homem, o qual se comunica com seus
semelhantes em diferentes contextos sociais que requerem práticas linguísticas distintas. A
língua não é uma estrutura, como concebera Saussure, apartada do que é social, do sujeito e
da história. A língua é um organismo vivo susceptível a constantes variações e mudanças.

Como pudemos constatar nesta pesquisa, o Português de Moçambique se distancia do


Português Europeu, sobretudo em nível lexical, fonológico e semântico. Este é um rumo
percorrido por qualquer língua viva, pois se assim não fosse estaríamos falando latim.

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BIBLIOGRAFIA

NGUNGA, Armindo. (2012). Interferências de línguas moçambicanas em português falado


em Moçambique. Revista Científica da Universidade Eduardo Mondlane.
VIANA, Guilherme. (2022). Variações linguísticas. Brasil. Disponível
em Variações linguísticas: o que são, tipos, exemplos - Mundo Educação (uol.com.br).
Acessado no sábado, 9 de Setembro de 2023.
Fernandes, Márcia. (2015). O que é variação linguística (tipos e exemplos). Universidade
Católica de Santos.
GUIBUNDA, Stélio. (2022). Novas tendências do português falado em Moçambique. Maputo

BOAVENTURA Netto, P. O. (1996). Grafos: teoria, modelos, algoritmos. São Paulo: Ed.
Edgard Blücher.
LABOV, W. (2008). Padrões sociolinguísticos. Trad. Marcos Bagno, Maria Marta Pereira
Scherre e Caroline Rodrigues Cardoso. São Paulo.

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