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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE DOURADOS


MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS EM
REDE NACIONAL - PROFLETRAS

LILIANY FERREIRA MENTE

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO SOBRE O EMPREGO DAS DESINÊNCIAS


-AM E -ÃO NAS FORMAS VERBAIS DO MODO INDICATIVO

Proposta de trabalho apresentada ao Programa de Pós-


Graduação Mestrado em Letras Profissional em Letras
– PROFLETRAS da Universidade Estadual de Mato
Grosso do Sul, Unidade Universitária de Dourados-
MS, como requisito parcial de avaliação da disciplina
de Gramática. Variação e Ensino, sob orientação das
profª Drª Elza Sabino e profª Drª Sandra Macena.

Dourados/MS-2022
Introdução
O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta de intervenção
do ensino de gramática para alunos do 7º ano do Ensino Fundamental da Educação
Básica. Esta proposta procura desenvolver o trabalho com a conjugação verbal do modo
indicativo, com os alunos dessa série, apresentando para isso a exposição das três
conjugações da Língua Portuguesa e enfatizando a diferença no emprego do -am e -ão
nos finais dos verbos pertencentes à 1ª conjugação nos tempos presente, pretérito e
futuro do presente do modo indicativo.
De acordo com Travaglia, o aluno possui uma gramática internalizada, pois o
mesmo já é falante da língua, portanto o trabalho do professor é sistematizar esse
conhecimento adquirido através do uso da língua materna, assim como professores,
precisamos apresentar o emprego adequado das regras gramaticais dependendo do seu
contexto de uso para que o aluno compreenda que ele tem a possibilidade de empregar a
língua de acordo com a sua situação de comunicação.

“[...] o ensino de Língua Materna se justifica prioritariamente pelo objetivo


de desenvolver a competência comunicativa dos usuários da língua (falante,
escritor/ouvinte, leitor), isto é, capacidade do usuário de empregar
adequadamente a língua nas diversas situações de comunicação"
(TRAVAGLIA, 2006, p. 17)

Nesse contexto, propõe-se apresentar as conjugações terminadas em -am e -ão


do modo indicativo e, a partir de tirinhas e do gênero textual notícia, observar o
emprego desses verbos e propor a identificação dos mesmos no texto, após isso,
produzir um parágrafo com orações que apresentem verbos com as referidas desinências
e, depois, modificar os tempos dessas orações quando possível, fazendo as alterações
necessárias e indicando o tempo empregado.
Com essa proposta de atividade, espera-se que o aluno compreenda a conjugação
verbal do modo indicativo e perceba a diferença dos verbos nos tempos presente,
pretérito e futuro, colaborando, assim, para uma aprendizagem efetiva e propiciando o
uso adequado da gramática da língua portuguesa para expressar-se verbalmente.

Fundamentação Teórica
A importância da sociolinguística

A forma como as pessoas se comunica pode revelar o seu grau de escolaridade e


até mesmo a qualidade da educação ofertada a esse indivíduo, por serem fatores que
influenciam o seu repertório linguístico. Pois, de acordo com estudiosos, o contato com
a modalidade padrão da língua propicia construções comunicativas mais elaboradas,
evidenciando os indivíduos mais escolarizados. Fatos como esse são objeto de estudo da
sociolinguística, afinal, “não se pode entender o desenvolvimento de uma mudança
linguística sem levar em conta a vida social da comunidade em que ela ocorre”
(LABOV, 2008, p.21).
De acordo com Preti (2003) existem tipos de variações extralinguísticas que
estão no campo da ordem externa. Tais variações podem ser geográficas, sociológicas e
contextuais. As variações geográficas estão situadas no campo das variantes regionais;
as variações sociológicas, aparecem relacionadas as variáveis idade, sexo, profissão,
escolaridade, classe social e outros; também temos as variações contextuais que se
demonstram no campo do assunto, do espaço dialógico, e outros. Essas variações foram
apresentadas nos estudos da corrente teórica laboviana e marcaram o início da
sociolinguística, ciência esta que considera o meio social em o falante vive.
Assim, nossos estudos devem apresentar uma consonância com as variantes
externas, pensando que as diferenças no uso da linguagem sempre ocorrem, porém
podemos contribuir para a aprendizagem do nosso aluno, objetivando que ele saiba
identificar em que meio ele deve usar a variante que mais convir. Por exemplo, ele
precisa aprender a empregar a norma padrão em uma situação formal e atentar-se a
formulação de textos escritos dependo do interlocutor a que se referirá.
De acordo com Molica e Braga, 2003, o fenômeno da variação linguística ocorre
universalmente e sugere a existência de formas linguísticas alternativas que são
chamadas de variantes. Dessa forma, nos propõem entender que, variantes são as
diferentes formas alternativas que compõe um fenômeno variável.

Uma variável é concebida como dependente de sentido que o emprego das


variantes não é aleatório, mas influenciado por grupos de fatores (ou
variáveis independentes) de natureza social ou estrutural. Assim, as variáveis
independentes ou grupos de fatores podem ser de natureza interna ou externa
à língua e podem exercer pressão sobre os usos, aumentando ou diminuindo
sua frequência de ocorrência. (BRAGA e MOLICA, 2003, p. 11)
As autoras confirmam no estudo, o que já é proposto pela sociolinguística
contextualizando o que diz respeito aos fenômenos variáveis, às questões
comportamentais de grupos e fatores relevantes. Dessa forma, ressalta Koch (2003) que
é necessário observar que sempre que interagimos por meio da linguagem, pretendemos
conseguir algo, seja estabelecer relações, causar efeitos, desencadear comportamentos,
atuar sobre o próximo ou até mesmo obter reações pretendidas ou não.

É por isso que se pode afirmar que o uso da linguagem é essencialmente


argumentativo: pretendemos orientar os enunciados que produzimos no
sentido de determinadas conclusões (com exclusão de outras). Em outras
palavras, procuramos dotar nossos enunciados de determinada força
argumentativa. (KOCH, 2003, p. 29)

Constata-se a partir da citação, que toda língua está para nos servir e atingirmos
o nosso objetivo de argumentar, pois todo enunciado possui sentido quando construído e
toda língua possui uma gramática capaz de contribuir nessa construção da argumentação
dos enunciados, por isso, quando estudamos temos a oportunidade de aprender a utilizar
mecanismos da língua que possibilitarão alcançar os objetivos previstos numa situação
comunicativa em que se constrói textos argumentativos.
Como podemos observar:

O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos)


concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da
atividade humana. Esses enunciados refletem as condições específicas e as
finalidades de cada referido campo não só por seu conteúdo (temático) e pelo
estilo da linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos
e gramaticais da língua mas, acima de tudo, por sua construção
composicional. [...]. Evidentemente, cada enunciado particular é individual,
mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente
estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do discurso
(BAKHTIN, 1995, p. 261-262).

Estudos bakhtinianos, comprovam que a língua é empregada por meio da


construção de enunciados e reforça que as atividades da humanidade estão ligadas a
utilização da linguagem que é determinada não exclusivamente pela gramática, pelo seu
estilo ou tema, mas por toda construção da enunciação. Assim, a argumentação do
indivíduo é composta por esses enunciados e o falante pode escolher os recursos
disponíveis em sua língua, como léxicos, gramaticais, ideológicos, que lhe possibilitem
ser compreendido, para isso também se observa a importância de, além de verificar a
situação comunicativa (grupo inserido), aprender a usar a gramática normativa de
acordo com as suas regras. Visto que saber identificar o momento adequado de
empregar as regras da língua do falante, é importante para estabelecer os padrões de
determinada língua. Já que, de acordo com Martelotta (2009), a língua pode ser
estudada e preservada através da sua gramática, já que apresenta unidades e estruturas
que permitem o bom uso da língua portuguesa. “Em outras palavras, os falantes ao se
comunicarem, adaptam as restrições presentes no sistema de sua língua não apenas aos
diferentes contextos de comunicação, mas às suas preferências pessoais”
(MARTELOTTA, 2009, p.54).
Assim, as regras são exibidas pela gramática, porém as interações e
movimentações que faz da língua um sistema vivo e mutável, é responsabilidade de
cada falante considerado agente da comunicação.

As aulas de gramática, dialogadas e centradas nos conceitos básicos,


entusiasmam os alunos que descobrem o prazer de pensar a própria língua, de
se envolver em suas tramas e delas sair com maior domínio da ferramenta
mais importante que possuem para a sua sobrevivência. (KLEIMAN e
SEPULVEDA, 2014, p. 25)

Como é apresentado pelas autoras citadas, entende-se que as aulas de gramática


quando mediadas com prazer pelo professor podem estimular os alunos a sistematizar as
regras de sua língua, fazendo o uso delas e levando-os a uma reflexão sobre o seu
emprego. E assim, os estudantes tem a possibilidade de entender que estão na escola
para estudar a gramática, refletir sobre o seu uso e para saber empregá-la no seu
cotidiano, visto que é uma ferramenta de grande poder nas suas relações. Compreender
o emprego de verbos, substantivos, adjetivos e termos gramaticais propiciará uma
satisfação pessoal no desenvolvimento da sua aprendizagem, como também um
progresso no seu conhecimento de mundo. Já que unindo as explicações da
sociolinguística ao uso das regras gramaticais de sua língua, será possível ao estudante
sistematizar o conhecimento que já possui e empregá-lo de forma adequada, sem deixar
de expressar-se e apresentar suas ideologias por meio da linguagem.

Metodologia

A abordagem sobre as terminações dos verbos em -am e -ão nos tempos do


modo indicativo deve iniciar com o professor questionando os alunos se eles já
perceberam a diferença no emprego dessas desinências finais e se sabem empregar o seu
uso. Provavelmente eles respondam que já perceberam, porém também irão afirmar que
existem dúvidas ao grafar essas formas verbais com tais terminações.
Após esses questionamentos, o professor apresentará um diálogo transcrito das
redes sociais e tirinhas em que há o emprego de verbos com essas terminações para que
os alunos possam identificar as formas verbais e discutir esse uso através da sua
mediação.
Para a aplicação dessa proposta, o professor deverá dispensar de ao menos 5
aulas para uma apropriada compreensão.

Atividades Aplicáveis

As atividades a seguir poderão ser utilizadas pelo professor para a explicação do


conteúdo abordado, mediando a aula através de sua metodologia. A imagem a seguir
retrata o uso inadequado dos verbos na escrita, causando uma incompreensão por parte
do interlocutor, assim, o professor pode enfatizar a importância do emprego dessa
variação.
Depois de apresentar a imagem acima e fazer os levantamentos cabíveis,
o professor pode exibir as tirinhas para que os alunos observem o emprego dos verbos, a
fim de que eles possam refletir sobre.
Tirinha 1:

Tirinha 2:

Tirinha 3:

O professor deve transcrever as seguintes orações na lousa para que os alunos


visualizem os exemplos de verbos apresentados nas tirinhas.
Na tirinha 1: “Finalmente as crianças dormiram!”
Na tirinha 2: “Você sabia que os caraíbas chamam jaci de lua... E a m’boi de
cobra?”
Na tirinha 3: “Algum dia provavelmente inventarão alguma coisa que eliminará
o trabalho da casa.” “Já inventaram...”
Depois, fazer os seguintes levantamentos possibilitando a reflexão dos alunos
nos exemplos mencionados:
Quais os verbos presentes em cada oração? Eles referem-se a algo que está
acontecendo, aconteceu ou acontecerá (em cada um dos exemplos)? Então, em que
tempo eles estão?
Dessa forma, o professor apresentará as conjugações de todos os tempos do
modo indicativo, afim de que o aluno possa observar e se familiarizar com os tempos
que já faz uso na sua fala, sistematizando as formas de conjugar os verbos. Lembrando
que o professor explicar que as terminações -am e -ão referem-se a 3ª pessoa do
discurso. De acordo com o quadro:

Logo após, o professor entrega um texto que apresenta o emprego de formas


verbais passíveis a essa forma explicativa. Nessa amostra será uma notícia sobre o tema
cigarro eletrônico, visto, através da vivência com esses jovens, que o assunto atrai o
interesse deles, mas o texto e o assunto podem ficar a critério do professor.

Alunos de Campo Grande são os que mais experimentam


cigarros eletrônicos e drogas, aponta pesquisa do IBGE
Pesquisa com alunos do 9º ano do ensino fundamental (antiga 8ª série) mostrou
que quase metade dos adolescentes afirmaram ter fumado cigarro pelo menos
uma vez.
Por g1 MS — Mato Grosso do Sul 14/07/2022 

PeNSE, do IBGE, apontou que 51,1% dos estudantes entrevistados já tinham experimentado
o narguilé — Foto: TV Morena/Reprodução

Campo Grande lidera o ranking nacional na proporção de adolescentes, entre


13 e 17 anos, que experimentam drogas, cigarros eletrônicos, brigam em
escola e ficam irritados, dentre as capitais do país.
Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), realizada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com dados de 2019.
O levantamento aponta para uma preocupação crescente de especialistas: a
popularidade do "vape" e do narguilé entre os jovens.
Superando a média nacional, em Campo Grande, 41,5% dos estudantes
fumaram cigarro pelo menos uma vez, colocando a capital no topo do ranking.
[...]
Ao g1, o médico cirurgião Carlos Freitas alerta para os riscos do tabagismo.
"O tabagismo está relacionado a várias doenças graves, inclusive câncer.
Todos esses aparelhos são viciantes, e quanto a quantidade de danos é difícil
mensurar pois não conhecemos tudo que tem no narguilé ou cigarro
eletrônico. É preciso alertar a população sobre a importância de evitar o
tabagismo".
O levantamento também apresenta que o percentual de alunos do 9º ano do
ensino fundamental que sofreram algum episódio de embriaguez na vida foi
de 53%, em Campo Grande. [...]

https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2022/07/14/alunos-de-campo-grande-sao-
os-que-mais-experimentam-cigarros-eletronicos-e-drogas-aponta-pesquisa-do-ibge.ghtml
Depois de um tempo destinado a leitura da notícia, iremos analisar o emprego
dos verbos terminados em -am e -ão presentes nesse gênero textual e explorar as
construções sintáticas, observando o uso desses verbos de acordo com o tempo e modo
dos mesmos.
Nesse momento, os estudantes terão condições de identificar e analisar os verbos
das orações que compõe o texto, de acordo com as explicações durante as aulas e
usando também seu conhecimento prévio e sua gramática internalizada associada a
gramática normativa explicada pela professora.

Experimentam- presente do indicativo

Afirmaram- pretérito perfeito do indicativo

Brigam- presente do indicativo

Ficam- presente do indicativo

Fumaram- pretérito perfeito do indicativo

São- presente do indicativo

Sofreram- pretérito perfeito do indicativo

Cabe ao professor destacar o emprego do pretérito perfeito do indicativo, cujas


terminações da 3ª pessoa do plural são as mesmas do pretérito mais-que-perfeito e
aproveitar para explicar as diferenças de sentido e emprego de cada um desses tempos.
A contexto de exercitar o conteúdo ministrado, o professor poderá propor, como
atividade em grupo de 3 alunos, a produção de um parágrafo de uma notícia sobre o
tema abordado, no caso o título e o lide (de no máximo 5 linhas para facilitar a
intervenção). Nessa atividade de produção, os alunos deverão atentar-se ao emprego dos
tempos verbais estudamos e a construção de sentido em seu texto, propiciando uma
interação e reflexão sobre o conteúdo apresentado. Depois, observar e analisar, em
conjunto, os verbos utilizados nas produções dos outros alunos, trocando os textos dos
grupos. O professor pode usar os exemplos a seguir para uma explicação, porém
salientar que não usamos apenas um tempo verbal nas nossas construções de
enunciados.

Alunos de escola de Dourados usam cigarro eletrônico nas salas

Nesta semana as escolas municipais de Dourados convocam os pais de alunos


para uma reunião e comunicam aos responsáveis sobre o constante uso de
“vaper” por esses menores e, ainda explicam, como esses cigarros prejudicam a
saúde dos adolescentes.
Alunos de escola de Dourados usaram cigarro eletrônico nas salas

Na semana passada, as escolas municipais de Dourados convocaram os pais de


alunos para uma reunião, comunicaram aos responsáveis sobre o constante
uso de “vaper” por esses menores e, ainda explicaram, como esses cigarros já
prejudicaram a saúde de adolescentes.

Alunos de escola de Dourados usarão cigarro eletrônico nas salas

Na próxima semana, as escolas municipais de Dourados convocarão os pais de


alunos para uma reunião, comunicarão aos responsáveis sobre o constante uso
de “vaper” por esses menores e explicarão como esses cigarros possivelmente
prejudicarão a saúde dos adolescentes.

Desse modo, pode-se dizer que seja possível os alunos assimilarem essa
explicação e saberem quando usar essas terminações nos verbos. Já que no processo de
ensino/aprendizagem da língua os alunos devem desenvolver a autonomia na
comunicação, adequando a gramática internalizada que o acompanha. E levar os alunos
a refletirem sobre o emprego dos verbos, é necessário para se expressarem cada vez
melhor.

Considerações Finais

A presente proposta procura apresentar uma situação de ensino de gramática da


língua portuguesa a partir da reflexão do uso dos verbos de 1ª conjugação em suas
terminações -am e -ão, afim de proporcionar ao aluno uma reflexão sobre o emprego de
verbos de forma adequada, mais particularmente na escrita, já que oralmente é possível
sim observarmos a tonicidade da sílaba, porém o desenvolvimento desta proposta não
está direcionada a fonética e fonologia neste momento, mas sim, no ensino de gramática
com o objetivo de sanar as dúvidas dos alunos no emprego dos verbos nos tempos
presente, pretérito e futuro do modo indicativo.
Ao trabalhar essa proposta nas aulas de língua portuguesa, o professor poderá
possibilitar ao estudante uma aprendizagem sobre as conjugações verbais, além de
produzir um texto de forma que saiba empregar os verbos, evitando, assim, alguns
empregos inadequados e desenvolvendo a prática da escrita por esses estudantes. “Para
que servem aulas de língua portuguesa se não para fazer refletir sobre a língua e não
oferecer ganho social” (MOURA NEVES, 2004, p. 49).
A vivência em sala de aula, me permitiu observar a dificuldade que os alunos
possuem ao empregar verbos da 1ª conjugação nos tempos do modo indicativo, assim
essa sugestão de atividade visa sanar dúvidas referentes a escrita desses verbos,
permitindo que o aluno pense sobre o uso de verbos, tendo a oportunidade de se
familiarizar com a sistematização das regras da língua. De acordo com Kleiman e
Sepulveda (2014) “O processo de reflexão que consiste na explicitação e sistematização
dos conhecimentos sobre a língua está diretamente relacionado a uma melhor
compreensão do que se deseja expressar”.
Conforme nos aponta Neves “o professor deve zelar pela língua. Protegê-la das
forças dissolventes que estão continuamente a assaltá-la” (2004, p. 49), além de termos
uma postura sóciolinguista enquanto professores, não podemos deixar o ensino de
gramática aquém das nossas aulas, visto que as regras servem de suporte para
considerarmos as várias maneiras do uso da língua e analisarmos seu emprego
observando as variantes sociais.
Segundo Travaglia, o ensino da língua tem se colocado como um grande desafio
a ser enfrentado pelos professores, dessa forma precisamos ser compreendidos pelos
alunos, evidenciando que não queremos somente exigir o emprego adequado da norma
padrão da língua, como também levá-los a pensar sobre esse uso, possibilitando um
emprego adequado da língua de acordo com as diversas situações comunicativas a que
todo falante é submetido.
Com esta intervenção, pode-se dizer que seja possível os alunos assimilarem a
explicação e identificarem as diferenças no seu uso, sabendo, assim, quando usar -am ou
-ão nas terminações dos verbos de 1ª conjugação, distinguindo os tempos verbais. Já
que no processo de ensino/aprendizagem da língua os alunos devem desenvolver a
autonomia na comunicação, adequando a gramática internalizada que o acompanha. E
levar os alunos a refletirem sobre o emprego dos verbos, é necessário para se
expressarem cada vez melhor.
Referência Bibliográfica

BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In BAKHTIN, M. Estética da Criação


Verbal. São Paulo, Martins Fontes,1995.
BRAGA, Maria Luiza e MOLLICA, Maria Cecilia (orgs). Introdução à
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Pereira et al. (Trads). São Paulo: Párabola Editorial, 2008.
MARTELOTTA, Mário Eduardo et alii. Manual de linguística. São Paulo: Contexto,
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PRETI, Dino (org). Fala e escrita em questão - São Paulo: Humanitas / FFLCH / USP,
2000.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de
gramática. São Paulo: Cortez, 2006.

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