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Gêneros Discursivos no ensino de língua materna

Bruna de Oliveira Ferreira¹


Dilcimar de Magalhães Siqueira Fagundes¹
Eduarda Amanda da Silva Ribeiro¹
Flaviana Cristina Melo Santos¹
Wemerson Andrade Gonçalves¹
Maria Elizabete Molinete²
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Letras – Português FLC6357LED
1- INTRODUÇÃO

No Brasil, data-se o ensino de línguas a partir dos gêneros discursivos desde a década
de noventa, com a publicação oficial de documentos da educação. Esses documentos
buscavam trazer praticidade e estratégias para orientar o ensino de línguas no país, pois
organizar textos através de um determinado gênero, tem como base a intenção comunicativa
condicionada a produção dos discursos para uso social. O estudioso russo Mikhail Bakhtin
postula que na interação oral ou escrita o sujeito procura recorrer a determinados estilos
textuais, isto é, os gêneros discursivos são determinados pela esfera discursiva e estão
presentes em toda atividade comunicativa. A língua não é uma realidade autônoma, já que
possui valores e significados que se familiarizam pela sociedade através da cultura apesar de
grande parte da sociedade encontrar dificuldades em praticá-los, seja na linguagem verbal,
não verbal e principalmente na escrita.
Com isso, este trabalho busca trazer visibilidade à língua materna junto às diversidades
dos gêneros discursivos, pois sendo esta a forma como as mães educam seus filhos na
primeira infância, acaba por auxiliar a criança no desenvolvimento de seu aparelho fonador.
Refletir sobre o trabalho com enunciados diversos em sala de aula abre caminho para que se
ensine tanto as regras do idioma, quanto análise e produção textual.
O ensino da língua portuguesa é destinado à capacitação do aluno para lidar com a
linguagem e suas diversas situações de uso e manifestações. Por isso, os domínios maternais
revelam-se fundamentais para o acesso das demais áreas de conhecimento, pois o saber
linguístico implica na leitura compreensiva e crítica de textos diversos. Sendo a Língua
Portuguesa usada como principal instrumento de trabalho por diversos profissionais da
educação, cabe à escola orientar o seu bom uso, intensificando uma reflexão cotidiana sobre
as variedades observáveis na fala de cada aluno. Para Marcos Bagno, o educador deve seguir
três métodos a fim de reverter o preconceito linguístico dentro da língua materna:

1º Que se abandone o tarefismo de mero reprodutor da doutrina gramatical, buscando assumir


a posição cientista e investigadora a fim de produzir seu próprio conhecimento linguístico.
2º Criticar a própria prática de ensino, visando apresentar outras leituras sobre os fenômenos
linguísticos que o professor se vê obrigado a ensinar.
3º Deve manter sempre uma argumentação científica, pautada pelas conquistas linguísticas e
pelo foro institucional e científico instituído pelo PCN de Língua Portuguesa.
Assim dentro destes métodos podemos dizer que o ato de uma boa leitura está
interligado com uma boa escrita, pois diante de uma escrita legível o leitor busca realizá-la
duas vezes melhor, todavia um bom produtor de texto é aquele que nessa linha possui um
repertório maior e mais qualificado o que se integra um bom ato de interpretação. A
compreensão literária é de extrema importância para a construção cidadã, pois através de sua
erudição nasce um sujeito crítico, ativo e pensante.
Neste sentido as práticas tradicionais de letramento visam à aquisição da habilidade de
escrita de forma independente das relações sociais praticadas pelo sujeito. O produtor de
textos possui uma direção da sua prática interdiscursiva através do uso social da língua, já que
a modela dentro do gênero discursivo que utilizará para se expressar. A elaboração de texto

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não envolve apenas produções orais e escritas da língua, mas também sua intersecção com
outras formas de texto que não apenas a linguagem verbal, mas também com a semiótica em
que a palavra é produzida por meio de imagens.

2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1Gêneros discursivos no ensino de leitura e produção de textos.

O pensamento faz parte das características do que se é ser humano. Através dele e da
utilização dos sentidos, percebe-se a natureza e os outros seres ao redor. O homem é o único
animal, que dotado de raciocínio, concretiza suas impressões através da fala, podendo usar
suas escolhas vocabulares, para realizar sua linguagem verbal e compartilhar suas reflexões
com outros que possuem a capacidade de entendê-lo. Ao escolher exteriorizar os pensamentos
dos demais indivíduos através do discurso, seleciona como estes se darão, seja no falar ou no
escrever, visando produzir mensagens dotadas de nexo, buscando comunicar-se dentro de
determinada estrutura, criando então os gêneros discursivos. Para Bakhtin (2003, p.262)
“Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da
língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos
gêneros do discurso. ’’ Estes estão presentes nas diversas sociedades e culturas, independente
do conteúdo e da finalidade, promovendo a inter-relação entre emissor e interlocutor.
No livro “Estética da criação verbal’’ (2003) Bakhtin cita três elementos que compõem
o gênero discursivo: conteúdo temático (sobre o que se fala), plano composicional (estrutura
do texto) e estilo (as escolhas feitas pelo autor sejam elas gramaticais, semânticas, figuras de
linguagem, de composição frasal, de tempos verbais, etc.). O sentido também precisa ser
empregado na criação de um texto para que ele se materialize, pois de acordo Marcushi
(2.008) não se deve simplesmente criar um amontoado de frases ou palavras soltas, já que a
intencionalidade do autor ́conversa` com a participação do seu leitor/ouvinte. Os discursos
realizam-se continuamente no cotidiano dos falantes de forma oral ou escrita, e infinitas são
as possibilidades em que se apresentam, sendo observáveis em manifestações triviais ou
rotineiras da vida diária como na interação com familiares ou indivíduos em geral, ouvindo o
rádio ou assistindo telejornais. Dão-se também informal ou formalmente, no trabalho (atas,
ofícios, correspondências, reuniões), nas artes (músicas, peças teatrais, obras literárias), na
mídia (revistas, jornais, sites especializados em notícias), nas redes sociais (blogs, memes,
vídeos), na escola (material didático usado pelo docente seja em prosa ou verso) e é nesta
onde as crianças, adolescentes e jovens podem tanto compartilhar seus conhecimentos, quanto
adquirir, por isso os gêneros discursivos apresentam grande importância neste processo.
A língua materna acompanha os indivíduos desde o momento em que nascem. Vão
aprendendo-a enquanto crescem, começando a repeti-las na medida em que ocorre seu
desenvolvimento cerebral e este aprendizado será contínuo em todas as fases de sua vida,
porque através da combinação de um conjunto finito de letras, um número infinito de palavras
poderá ser obtido, aumentando assim seu repertório de fala. Ao chegar à escola, o indivíduo já
fala seu idioma, possui sua gramática internalizada, criada de acordo com interações no meio
social no qual está inserido e com o uso do que já lhe é próprio, poderá praticá-la na
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socialização, aprimorando-a através dos ensinos obtidos, nas leituras que fará e nos registros
escritos que irá realizar.
Para trabalhar a Língua Portuguesa em sala de aula, precisa-se levar em consideração
que os aprendizes já sabem o idioma, assim sendo não necessita ensinar o que já se sabe, pois
já o aprenderam e entendem quando outros também o usam. Serão ensinadas as regras de
morfologia, sintaxe, semântica, classes gramaticais, ortografia, uso dos tempos verbais,
pontuação, denotação/conotação e demais assuntos pertinentes ao ensino da gramática
normativa, mas não pode limitar-se somente a isto. Sobre o trabalho com a disciplina
Marcushi (2008) pontua que:

É claro que a gramática tem uma função sócia cognitiva relevante desde
que entendida como uma ferramenta que permite uma melhor atuação comunicativa.
O problema é fazer de uma metalinguagem técnica de uma análise formal o centro
do trabalho com a língua. Também não deve reduzir a língua, a ortografia e as regras
gramaticais. E nesse sentido temos a ver com uma correta identificação do que seja a
gramática. O falante deve saber flexionar os verbos e usar os tempos e os modos
verbais para obter os efeitos desejados; deve saber usar os artigos e os pronomes
para não confundir seu ouvinte; deve seguir a concordância verbo-nominal naquilo
que for necessário à boa comunicação e assim por diante. Mas ele não precisa
justificar com algum argumento porque faz isso ou aquilo nessas escolhas. O falante
de uma língua deve fazer-se entender e não explicar o que está fazendo com a língua
MARCUSHI. (2.008)

Nessa perspectiva os ensinos sobre o vernáculo não se resumem só a imposição de


normas, mas também em seu entendimento de como na prática poderão ser aplicados, para
melhor usá-lo nos contextos enunciativos em que a comunicação se faz necessária, de forma
fluída e que se obtenha êxito no entendimento do interlocutor. O estudo da Língua
Portuguesa, dá-se em três ações simultâneas: aprender as regras para o seu bom
funcionamento enquanto fala e assimila o conhecimento, ou seja, usar a língua para estudar
ela mesma. Diante desta questão do ensino/aprendizagem, trazer alternativas textuais novas
para os alunos contribuirá para que se consiga o entendimento desejado e eles poderão
adquirir os conhecimentos necessários para seguir em sua vida estudantil.
Uma vez que se compreenda o que são os gêneros discursivos, trabalhá-los em sala de
aula traz uma abordagem muito interessante para o contexto escolar e facilita com isso a
leitura e interpretação textual. Recorrer à utilização deste tipo de conteúdo no ensino da
disciplina, de maneira adequada a cada nível escolar, permite que o indivíduo como leitor
aumente seu conhecimento lexical, desenvolva a imaginação, além de outras habilidades e
competências que o ajudarão também na escrita. O hábito de ler permite que se veja a língua
em funcionamento, que se interprete, compreenda e se analise o texto em si de forma
reflexiva, observando também como são suas estruturas e a forma como foram organizados os
enunciados dentro de um determinado contexto. Pode-se dizer que o leitor ao ter acesso aos
escritos de um autor, poderá concordar ou não com o mesmo e ter sua própria interpretação,
tornando-se o falante (BAKHTIN, 2003). Levantar questionamentos e/ou hipóteses como:
Quem escreveu? Há nexo nas informações? Qual a finalidade? Qual a percepção do leitor?
Qual o contexto? Ocorre intertextualidade? É informativo? (MARCUSHI, 2008), permite que
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se enxergue muito além dos escritos, contribuindo igualmente na construção de um leitor mais
atento e crítico. Poderá também ser exposto a formas de falar, expressões, dialetos e outras
variedades linguísticas que não fazem parte de seu vocabulário, mas que o ajudarão a
conhecer melhor seus compatriotas que falam seu idioma, porém de forma diversa.
Diante da infinidade textual existente, cabe aquele que os selecionará, a escolha dos
gêneros mais propícios ao trabalho do conteúdo escolar e que induza o pensamento do aluno
como sujeito analítico. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN 1998, p. 24) “Os
textos a serem selecionados são aqueles que, por suas características e usos, podem favorecer
a reflexão crítica, o exercício de formas de pensamento mais elaboradas e abstratas, bem
como a fruição dos usos artísticos da linguagem”. São muitos os estilos textuais que podem
ser usados no contexto escolar: crônicas, contos, poemas, revistas em quadrinhos, mangás,
memes da internet, artigos de revistas e telegramas são exemplos de textos para se analisar.
Porém um dos gêneros mais democráticos e triviais é a música. Este tipo de texto é universal,
varia em ritmo e de tipo de composição, podendo apresentar rimas, versos, ou até mesmo não
apresentar palavras. Nele se exprimem sentimentos de amor, tristeza, alegria, sonhos,
insatisfações, se faz críticas, opina, debate questões cidadãs, problemas e questões sociais, e
circula entre ouvintes variados, independente de classe social, etnias ou crenças despertando
sensações, lembranças ou reflexões, podendo pôr o corpo em movimento e dar voz aos que
muitas vezes são considerados invisíveis por parte da sociedade. A utilização da música
permite trabalhar, tanto a gramática normativa, a intertextualização com outras disciplinas,
manifestações artísticas e culturais. Ao executar o estudo de letras musicais observa-se a
língua sendo usada, a diversidade de ideias e sua função social ao representar os valores da
sociedade no momento em que a canção foi escrita.
Na letra da canção “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro” pode-se
observar a versatilidade do gênero musical:
(...)
Tudo começou quando a gente conversava
Naquela esquina ali, de frente àquela praça
Veio os homem e nos pararam
Documento por favor
Entao a gente apresento
Mas eles não paravam
É, Qualé negão? Qualé negão?
(...)
Quem segurava com força a chibata agora usa farda
Engatilha a macaca
Escolhe sempre o primeiro negro pra passar
(...)
Que para o negro
Mesmo a AIDS possui hierarquia
Na África a doença corre solta
E a imprensa mundial dispensa poucas linhas
(...)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro ( O RAPPA, 1994)

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Ao analisar-se está letra musical, notam-se temáticas pertinentes a serem estudadas
como: linguagem coloquial, preconceito racial, escravidão, ação policial relacionada aos
negros, HIV, entre outros possíveis temas que podem ser tratados com os alunos, que
permitirão o pensamento reflexivo. A leitura de textos como estes e outros mais, contribui
para tornar o leitor menos passivo, mais resistente a manipulação e mais consciente quanto ao
seu papel de cidadão. Estudar com gêneros discursivos variados permite que se fale
diretamente com os estudantes de forma mais direta e articulada, propiciando a eles o
entendimento de que a escola apresenta alternativas para ajudar no seu desenvolvimento
intelectual, não sendo alheia a sua realidade como indivíduo, e a sua visão como integrante da
sociedade. Ao permitir com que o estudante também traga textos com os quais ele se
identifica, possibilita uma inversão na relação aluno/professor em que este último se torna
aprendiz daquele e nesta parceria, abre-se o debate ao novo, resultando em uma visão mais
ampla de se ensinar e adquirir saberes.
Os aprendizados obtidos na leitura e análise de discursos contribuem para a produção
de textos orais e escritos, pois “o planejamento de um texto oral, ainda que possa se apoiar em
materiais escritos, se dá concomitantemente ao processo de produção: uma correção não pode
ser apagada, é sempre percebida pelo interlocutor” (PCN, 1998, p.74). Os textos orais quando
utilizados em diálogos informais, são mais flexíveis, contendo gírias, sotaques, maneirismos e
formas coloquiais de se falar, focando-se na intencionalidade do emissor, permitindo com que
se utilizem variações na entonação da voz, alterações nas expressões faciais ou usando a
linguagem corporal para criar um tom específico, buscando na escolha de artifícios fazer-se
entendido pelo interlocutor, sentindo-se livre quanto ao uso (ou não) das normas gramaticais.
São facilmente observáveis em conversas, conselhos, reclamações, piadas, entre outros. Para a
criação de textos orais mais formais, o emissor precisa de um planejamento prévio do que irá
dizer e como será dito para evitar possíveis erros e para manter-se coerente com suas
intenções. Como não escrevemos da mesma forma em que nos pronunciamos, é necessário
mais apuração na escolha das palavras, para que se obtenha o impacto desejado e que se possa
ajustar os dizeres ao mesmo tempo em que os produz e entre inúmeros exemplos, pode-se
citar: entrevistas jornalísticas ou de emprego, palestras e apresentação de trabalhos escolares.
Na produção de textos escritos, pode trabalhar-se a princípio utilizando aqueles que já
estejam prontos. Instruir os aprendizes a criar resumos, reproduções, mesclar textos, mudar
nomes de personagens e de locais, fazer paródias ou a refação dos mesmos, ajudará a
introduzi-los na observância dos estilos de outros escritores que poderão servir como
inspiração para criações posteriores de maneira que:

As categorias propostas para ensinar a produzir textos permitem que, de


diferentes maneiras, os alunos possam construir os padrões da escrita,
apropriando-se das estruturas composicionais, do universo temático e estilístico dos
autores que transcrevem, reproduzem, imitam. É por meio da escrita do outro, que
durante as práticas de produção, cada aluno vai desenvolver seu estilo, suas
preferências, tomando suas as palavras do outro. (PCN, 1998, P. 77)

Na medida em que são expostos os enunciados discursivos, o aluno poderá descobrir


os que para ele são mais agradáveis de ler e produzir. Pela comparação e identificação com
obras e autores diversos, poderá usá-los inicialmente como exemplo e estímulo para
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desenvolver e refinar a sua escrita. Escolher os componentes temáticos, estruturais, de estilo e
saber produzir sentido para o texto, são escolhas importantes no ato de se gerar uma obra
escrita, mas não existem roteiros exatos para serem seguidos a fim de ser exitoso na
elaboração do mesmo. Ler muito e escrever ainda mais são estratégias que contribuem para
que se articulem melhor as palavras, para tornar-se alguém competente na arte de se
expressar. A mente humana é uma fonte inesgotável de conhecimento, e é preciso saber
organizar os pensamentos para transportá-los ao papel. A habilidade da escrita necessita ser
constante, progressiva, criativa e acima de tudo persistente, pois quanto mais se escrever,
melhores resultados o autor adquire, fazendo bom uso de seu idioma e compartilhando um
pouco de si com os outros. Autores como Machado de Assis, Érico Veríssimo, Vinícius de
Moraes, Jorge Amado e Ariano Suassuna, se tornaram ilustres no trato com as palavras,
devido além da enorme capacidade de criação, do gosto em escrever e de muita obstinação em
produzir, reescrever, adaptar e mudar quando necessário seus textos e suas obras mais
célebres, o que permitiu com que se tornassem grande referência em estilo próprio e em
renomados autores brasileiros.
As orientações obtidas em obras de Bakhtin, Marcushi e também nos PCN ́s, entre
inúmeros outros trabalhos existentes, orientam os profissionais e os futuros profissionais da
área de educação no entendimento da relevância da utilização dos gêneros discursivos como
forma alternativa de ensino, permitindo com que os textos lidos pelos alunos, os exponham a
variadas formas de falar e entender a flexibilidade que compõem sua língua materna. Também
é necessário que a internet seja uma aliada destes profissionais para que consigam “falar a
mesma língua” que seus alunos usualmente se comunicam, pois se está diante de uma geração
tão moderna e conectada com as redes, e neste intento em acompanhar, auxiliar e aprender
juntamente com eles permite com que a inter-relação entre professor/aluno contribua na
formação de leitores/produtores mais conscientes, críticos e abertos às mudanças contínuas as
quais a Língua Portuguesa está sujeita a sofrer, seja na fala ou na escrita.

3- RESULTADOS E DISCUSSÕES

Em meio às atividades cotidianas desempenhadas em meio as funções representativas


no contexto social, utilizando a língua e apoiando-se por completo nos meios de enunciação,
seja contribuindo para a formação de leitores quanto de escritores. Os gêneros do discurso
foram elaborados para aprimorar a linguagem em vários campos da atividade humana, por
isso são importantes para interação verbal e social, e também para capacitar o sujeito a
interpretar tanto o que ele lê como também o que escreve.

FIGURA 01- CONCEPÇÕES DA INTERPRETAÇÃO:

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FONTE: CANAL DO ENSINO – TENHA SEDE DE CONHECIMENTO.
LINK: www.canaldoensino.com.br|https

Esta tirinha da personagem Mafalda ilustra bem a importância da leitura, pois através
desta pode obter-se conhecimentos que podem ser aplicados em sua vida cotidiana e na sua
formação como indivíduo que não somente sabe ler, mas também entender e formar sua
própria opinião, sem ser induzido ou influenciado por outros. A leitura contribui para que se
interprete o objetivo do emissor, sendo explícito ou implícito, seja usando uma linguagem
subjetiva ou de duplo sentido, o que acaba por confundir ou enganar um leitor mais desatento.
Os gêneros nos permitem ir além de meras interpretações, pois através deles pode-se
analisar as estratégias linguísticas em níveis fonéticos, fonológicos, morfológicos, sintáticos e,
sobretudo, semântico. Dentro das extensões da língua portuguesa o processo de leitura é
primordial na alfabetização dos alunos, e este é um processo que os acompanhará ao longo da
vida adulta, porém antes de passar pelas várias fases de desenvolvimento cognitivo e de
crescimento dos discentes. Capacitar o sujeito dentro da norma culta, interagindo fala e escrita
em determinadas circunstâncias, contribui para a criação de uma espécie de ‘gramática
social.’ Como se sabe, as crianças têm como base a linguagem aprendida em seu núcleo
familiar, iniciando-se no primeiro contato com a mãe, e desta relação irá se formar a base para
uma boa interação social através da língua materna, sendo continuamente aperfeiçoada
através dentro da leitura e escrita.
A formação de leitores/autores de gêneros textuais diversos permite que se alfabetize
letrando, e que também o sujeito compreenda seu uso na sociedade, por isto é necessário que
se invista na diversidade textual. Nos anos iniciais do ensino fundamental as leituras devem
ser lúdicas e interessantes buscando atrair o aluno dentro daquele contexto e é importante que
ele entenda que o texto é um processo comunicativo, ou seja, faz parte da interação
locutor/emissor – receptor/destinatário. Cada vez que o utiliza em uma situação específica de
comunicação, costuma-se rotulá-lo.
A produção textual é uma prática essencial para o desenvolvimento intelectual e para a
formação social dos alunos. Através dela o estudante pode expressar as suas ideias em relação
a diversos assuntos, praticando a língua, encontrando formas de interagir consigo mesmo e
com o universo. Por isso é importante o seu ensino e estudo, pois contribuirá no processo de
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organizar pensamentos e ideias para serem transcritos para o papel e no desenvolvimento da
escrita e da coordenação motora. Além da prática de produção trabalhar os gêneros, ela
também busca estabelecer os critérios semânticos e pragmáticos que compõem o texto, e que
darão fluidez e contribuirão para o bom entendimento do que se pretende dizer.

FIGURA 02- MAPA DOS FATORES DE TEXTUALIDADE:

FONTE: SLIDE TODOC.COM. LINK: https://images.app.goo.gl/muWCR2tbRP..VFWFr39

Os fatores de textualidade são construídos levando-se em conta a inter-relação entre


autor-texto-leitor na construção dos argumentos que serão utilizados no enunciado. O
entendimento desses fatores ajuda na seleção e na escolha do que irá ser falado ou escrito, o
que permitirá que o leitor obtenha a real compreensão do conteúdo produzido pelo
enunciador.
Os fatores de textualidade são:

● Coerência: É a relação harmônica entre as idéias do texto. Produz o nexo dos


enunciados de forma a evitar contradições na produção do sentido.
● Coesão: Dá-se pelo uso de palavras, conectivos, proposições, entre outros
termos que permitem a interligação entre as palavras e frases do texto.
● Aceitabilidade: A forma como o texto é recebido e percebido pelo leitor, alem
da expectativa gerada.
● Informatividade: É o equilíbrio entre as informações já existentes e as novas
que serão adicionadas ao longo do texto.
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● Situacionalidade: Contexto, a situação em que o enunciado é concebido.
● Intertextualidade: É a relação entre o que está sendo produzido e textos já
escritos, seja de forma explícita ou implícita.
● Intencionalidade: Está relacionada à intenção de quem constrói o enunciado,
expressando-se de forma coerente de acordo com o propósito do emissor.

Na produção do discurso busca-se trabalhar o desenvolvimento do texto e as condições


de produção, já o texto trabalha apenas o discurso, sem levar em conta os processos de
produção. Como observa-se no quadro:

Discurso = texto + condições de produção

Texto = discurso - condições de produção

Assim, ao ler o texto o sujeito irá trabalhar muito mais do que a questão lexical, mas
também os possíveis questionamentos reflexivos que um autor faz: o que escrever, para quem
escrever e quais os critérios de textualidade serão usados por ele. O próprio leitor poderá
também se questionar se entendeu corretamente o que o autor queria dizer e se o discurso
utilizado por ele foi bem empregado. Estes questionamentos possuem ligação, já que
leitores/produtores devem trabalhar leituras/dissertações em cima dos preceitos em que o
leitor interpreta a intenção do produtor, e o produtor busca trabalhar os impactos que o outro
receberá ao interpretar, por isso o produtor carrega consigo a responsabilidade de saber
argumentar suas teses.
Os resultados obtidos com a discussão sobre uso dos gêneros discursivos no ambiente
escolar permitem que se veja a sala de aula como um espaço democrático em que se debata
com os alunos assuntos pertinentes ao aprendizado, além do uso da língua materna no
estabelecimento de relações sociais através de diálogos estabelecidos, como também formas
alternativas de ajudar os estudantes a compreender a importância da leitura e aplicabilidade
das normas gramaticais na produção textual. Não se pode conceber a fala oposta a escrita,
porque ambas possuem uma relação de completude, em que quanto mais se lê, melhor se
escreve, e quanto mais se escreve, melhor será o incorporamento de novas palavras ao que se
diz.
É necessário avaliar e repensar a educação e o papel que a mesma tem na formação
dos indivíduos. A escola é um espaço de trocas entre aluno/professor, em que aprender e
ensinar estão interligados, pois enquanto ensinamos também aprendemos. Assim como as
abordagens apresentadas até aqui sobre o tema “Gêneros discursivos no ensino de leitura e
produção de texto”, busca trazer visibilidade e conscientização dentro dos aspectos e a
importância de estudar os gêneros em sala de aula, o que permiti um melhor desenvolvimento
para os educandos..

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REFERÊNCIAS

ALVEZ FILHA, I.B. de F.; ANECLETO, Ú. C.;SACRAMENTO, I. C. O. Memes de


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Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.php/comsertoes/article/view/7280.
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