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No Brasil, data-se o ensino de línguas a partir dos gêneros discursivos desde a década
de noventa, com a publicação oficial de documentos da educação. Esses documentos
buscavam trazer praticidade e estratégias para orientar o ensino de línguas no país, pois
organizar textos através de um determinado gênero, tem como base a intenção comunicativa
condicionada a produção dos discursos para uso social. O estudioso russo Mikhail Bakhtin
postula que na interação oral ou escrita o sujeito procura recorrer a determinados estilos
textuais, isto é, os gêneros discursivos são determinados pela esfera discursiva e estão
presentes em toda atividade comunicativa. A língua não é uma realidade autônoma, já que
possui valores e significados que se familiarizam pela sociedade através da cultura apesar de
grande parte da sociedade encontrar dificuldades em praticá-los, seja na linguagem verbal,
não verbal e principalmente na escrita.
Com isso, este trabalho busca trazer visibilidade à língua materna junto às diversidades
dos gêneros discursivos, pois sendo esta a forma como as mães educam seus filhos na
primeira infância, acaba por auxiliar a criança no desenvolvimento de seu aparelho fonador.
Refletir sobre o trabalho com enunciados diversos em sala de aula abre caminho para que se
ensine tanto as regras do idioma, quanto análise e produção textual.
O ensino da língua portuguesa é destinado à capacitação do aluno para lidar com a
linguagem e suas diversas situações de uso e manifestações. Por isso, os domínios maternais
revelam-se fundamentais para o acesso das demais áreas de conhecimento, pois o saber
linguístico implica na leitura compreensiva e crítica de textos diversos. Sendo a Língua
Portuguesa usada como principal instrumento de trabalho por diversos profissionais da
educação, cabe à escola orientar o seu bom uso, intensificando uma reflexão cotidiana sobre
as variedades observáveis na fala de cada aluno. Para Marcos Bagno, o educador deve seguir
três métodos a fim de reverter o preconceito linguístico dentro da língua materna:
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não envolve apenas produções orais e escritas da língua, mas também sua intersecção com
outras formas de texto que não apenas a linguagem verbal, mas também com a semiótica em
que a palavra é produzida por meio de imagens.
2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O pensamento faz parte das características do que se é ser humano. Através dele e da
utilização dos sentidos, percebe-se a natureza e os outros seres ao redor. O homem é o único
animal, que dotado de raciocínio, concretiza suas impressões através da fala, podendo usar
suas escolhas vocabulares, para realizar sua linguagem verbal e compartilhar suas reflexões
com outros que possuem a capacidade de entendê-lo. Ao escolher exteriorizar os pensamentos
dos demais indivíduos através do discurso, seleciona como estes se darão, seja no falar ou no
escrever, visando produzir mensagens dotadas de nexo, buscando comunicar-se dentro de
determinada estrutura, criando então os gêneros discursivos. Para Bakhtin (2003, p.262)
“Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da
língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos
gêneros do discurso. ’’ Estes estão presentes nas diversas sociedades e culturas, independente
do conteúdo e da finalidade, promovendo a inter-relação entre emissor e interlocutor.
No livro “Estética da criação verbal’’ (2003) Bakhtin cita três elementos que compõem
o gênero discursivo: conteúdo temático (sobre o que se fala), plano composicional (estrutura
do texto) e estilo (as escolhas feitas pelo autor sejam elas gramaticais, semânticas, figuras de
linguagem, de composição frasal, de tempos verbais, etc.). O sentido também precisa ser
empregado na criação de um texto para que ele se materialize, pois de acordo Marcushi
(2.008) não se deve simplesmente criar um amontoado de frases ou palavras soltas, já que a
intencionalidade do autor ́conversa` com a participação do seu leitor/ouvinte. Os discursos
realizam-se continuamente no cotidiano dos falantes de forma oral ou escrita, e infinitas são
as possibilidades em que se apresentam, sendo observáveis em manifestações triviais ou
rotineiras da vida diária como na interação com familiares ou indivíduos em geral, ouvindo o
rádio ou assistindo telejornais. Dão-se também informal ou formalmente, no trabalho (atas,
ofícios, correspondências, reuniões), nas artes (músicas, peças teatrais, obras literárias), na
mídia (revistas, jornais, sites especializados em notícias), nas redes sociais (blogs, memes,
vídeos), na escola (material didático usado pelo docente seja em prosa ou verso) e é nesta
onde as crianças, adolescentes e jovens podem tanto compartilhar seus conhecimentos, quanto
adquirir, por isso os gêneros discursivos apresentam grande importância neste processo.
A língua materna acompanha os indivíduos desde o momento em que nascem. Vão
aprendendo-a enquanto crescem, começando a repeti-las na medida em que ocorre seu
desenvolvimento cerebral e este aprendizado será contínuo em todas as fases de sua vida,
porque através da combinação de um conjunto finito de letras, um número infinito de palavras
poderá ser obtido, aumentando assim seu repertório de fala. Ao chegar à escola, o indivíduo já
fala seu idioma, possui sua gramática internalizada, criada de acordo com interações no meio
social no qual está inserido e com o uso do que já lhe é próprio, poderá praticá-la na
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socialização, aprimorando-a através dos ensinos obtidos, nas leituras que fará e nos registros
escritos que irá realizar.
Para trabalhar a Língua Portuguesa em sala de aula, precisa-se levar em consideração
que os aprendizes já sabem o idioma, assim sendo não necessita ensinar o que já se sabe, pois
já o aprenderam e entendem quando outros também o usam. Serão ensinadas as regras de
morfologia, sintaxe, semântica, classes gramaticais, ortografia, uso dos tempos verbais,
pontuação, denotação/conotação e demais assuntos pertinentes ao ensino da gramática
normativa, mas não pode limitar-se somente a isto. Sobre o trabalho com a disciplina
Marcushi (2008) pontua que:
É claro que a gramática tem uma função sócia cognitiva relevante desde
que entendida como uma ferramenta que permite uma melhor atuação comunicativa.
O problema é fazer de uma metalinguagem técnica de uma análise formal o centro
do trabalho com a língua. Também não deve reduzir a língua, a ortografia e as regras
gramaticais. E nesse sentido temos a ver com uma correta identificação do que seja a
gramática. O falante deve saber flexionar os verbos e usar os tempos e os modos
verbais para obter os efeitos desejados; deve saber usar os artigos e os pronomes
para não confundir seu ouvinte; deve seguir a concordância verbo-nominal naquilo
que for necessário à boa comunicação e assim por diante. Mas ele não precisa
justificar com algum argumento porque faz isso ou aquilo nessas escolhas. O falante
de uma língua deve fazer-se entender e não explicar o que está fazendo com a língua
MARCUSHI. (2.008)
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Ao analisar-se está letra musical, notam-se temáticas pertinentes a serem estudadas
como: linguagem coloquial, preconceito racial, escravidão, ação policial relacionada aos
negros, HIV, entre outros possíveis temas que podem ser tratados com os alunos, que
permitirão o pensamento reflexivo. A leitura de textos como estes e outros mais, contribui
para tornar o leitor menos passivo, mais resistente a manipulação e mais consciente quanto ao
seu papel de cidadão. Estudar com gêneros discursivos variados permite que se fale
diretamente com os estudantes de forma mais direta e articulada, propiciando a eles o
entendimento de que a escola apresenta alternativas para ajudar no seu desenvolvimento
intelectual, não sendo alheia a sua realidade como indivíduo, e a sua visão como integrante da
sociedade. Ao permitir com que o estudante também traga textos com os quais ele se
identifica, possibilita uma inversão na relação aluno/professor em que este último se torna
aprendiz daquele e nesta parceria, abre-se o debate ao novo, resultando em uma visão mais
ampla de se ensinar e adquirir saberes.
Os aprendizados obtidos na leitura e análise de discursos contribuem para a produção
de textos orais e escritos, pois “o planejamento de um texto oral, ainda que possa se apoiar em
materiais escritos, se dá concomitantemente ao processo de produção: uma correção não pode
ser apagada, é sempre percebida pelo interlocutor” (PCN, 1998, p.74). Os textos orais quando
utilizados em diálogos informais, são mais flexíveis, contendo gírias, sotaques, maneirismos e
formas coloquiais de se falar, focando-se na intencionalidade do emissor, permitindo com que
se utilizem variações na entonação da voz, alterações nas expressões faciais ou usando a
linguagem corporal para criar um tom específico, buscando na escolha de artifícios fazer-se
entendido pelo interlocutor, sentindo-se livre quanto ao uso (ou não) das normas gramaticais.
São facilmente observáveis em conversas, conselhos, reclamações, piadas, entre outros. Para a
criação de textos orais mais formais, o emissor precisa de um planejamento prévio do que irá
dizer e como será dito para evitar possíveis erros e para manter-se coerente com suas
intenções. Como não escrevemos da mesma forma em que nos pronunciamos, é necessário
mais apuração na escolha das palavras, para que se obtenha o impacto desejado e que se possa
ajustar os dizeres ao mesmo tempo em que os produz e entre inúmeros exemplos, pode-se
citar: entrevistas jornalísticas ou de emprego, palestras e apresentação de trabalhos escolares.
Na produção de textos escritos, pode trabalhar-se a princípio utilizando aqueles que já
estejam prontos. Instruir os aprendizes a criar resumos, reproduções, mesclar textos, mudar
nomes de personagens e de locais, fazer paródias ou a refação dos mesmos, ajudará a
introduzi-los na observância dos estilos de outros escritores que poderão servir como
inspiração para criações posteriores de maneira que:
3- RESULTADOS E DISCUSSÕES
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FONTE: CANAL DO ENSINO – TENHA SEDE DE CONHECIMENTO.
LINK: www.canaldoensino.com.br|https
Esta tirinha da personagem Mafalda ilustra bem a importância da leitura, pois através
desta pode obter-se conhecimentos que podem ser aplicados em sua vida cotidiana e na sua
formação como indivíduo que não somente sabe ler, mas também entender e formar sua
própria opinião, sem ser induzido ou influenciado por outros. A leitura contribui para que se
interprete o objetivo do emissor, sendo explícito ou implícito, seja usando uma linguagem
subjetiva ou de duplo sentido, o que acaba por confundir ou enganar um leitor mais desatento.
Os gêneros nos permitem ir além de meras interpretações, pois através deles pode-se
analisar as estratégias linguísticas em níveis fonéticos, fonológicos, morfológicos, sintáticos e,
sobretudo, semântico. Dentro das extensões da língua portuguesa o processo de leitura é
primordial na alfabetização dos alunos, e este é um processo que os acompanhará ao longo da
vida adulta, porém antes de passar pelas várias fases de desenvolvimento cognitivo e de
crescimento dos discentes. Capacitar o sujeito dentro da norma culta, interagindo fala e escrita
em determinadas circunstâncias, contribui para a criação de uma espécie de ‘gramática
social.’ Como se sabe, as crianças têm como base a linguagem aprendida em seu núcleo
familiar, iniciando-se no primeiro contato com a mãe, e desta relação irá se formar a base para
uma boa interação social através da língua materna, sendo continuamente aperfeiçoada
através dentro da leitura e escrita.
A formação de leitores/autores de gêneros textuais diversos permite que se alfabetize
letrando, e que também o sujeito compreenda seu uso na sociedade, por isto é necessário que
se invista na diversidade textual. Nos anos iniciais do ensino fundamental as leituras devem
ser lúdicas e interessantes buscando atrair o aluno dentro daquele contexto e é importante que
ele entenda que o texto é um processo comunicativo, ou seja, faz parte da interação
locutor/emissor – receptor/destinatário. Cada vez que o utiliza em uma situação específica de
comunicação, costuma-se rotulá-lo.
A produção textual é uma prática essencial para o desenvolvimento intelectual e para a
formação social dos alunos. Através dela o estudante pode expressar as suas ideias em relação
a diversos assuntos, praticando a língua, encontrando formas de interagir consigo mesmo e
com o universo. Por isso é importante o seu ensino e estudo, pois contribuirá no processo de
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organizar pensamentos e ideias para serem transcritos para o papel e no desenvolvimento da
escrita e da coordenação motora. Além da prática de produção trabalhar os gêneros, ela
também busca estabelecer os critérios semânticos e pragmáticos que compõem o texto, e que
darão fluidez e contribuirão para o bom entendimento do que se pretende dizer.
Assim, ao ler o texto o sujeito irá trabalhar muito mais do que a questão lexical, mas
também os possíveis questionamentos reflexivos que um autor faz: o que escrever, para quem
escrever e quais os critérios de textualidade serão usados por ele. O próprio leitor poderá
também se questionar se entendeu corretamente o que o autor queria dizer e se o discurso
utilizado por ele foi bem empregado. Estes questionamentos possuem ligação, já que
leitores/produtores devem trabalhar leituras/dissertações em cima dos preceitos em que o
leitor interpreta a intenção do produtor, e o produtor busca trabalhar os impactos que o outro
receberá ao interpretar, por isso o produtor carrega consigo a responsabilidade de saber
argumentar suas teses.
Os resultados obtidos com a discussão sobre uso dos gêneros discursivos no ambiente
escolar permitem que se veja a sala de aula como um espaço democrático em que se debata
com os alunos assuntos pertinentes ao aprendizado, além do uso da língua materna no
estabelecimento de relações sociais através de diálogos estabelecidos, como também formas
alternativas de ajudar os estudantes a compreender a importância da leitura e aplicabilidade
das normas gramaticais na produção textual. Não se pode conceber a fala oposta a escrita,
porque ambas possuem uma relação de completude, em que quanto mais se lê, melhor se
escreve, e quanto mais se escreve, melhor será o incorporamento de novas palavras ao que se
diz.
É necessário avaliar e repensar a educação e o papel que a mesma tem na formação
dos indivíduos. A escola é um espaço de trocas entre aluno/professor, em que aprender e
ensinar estão interligados, pois enquanto ensinamos também aprendemos. Assim como as
abordagens apresentadas até aqui sobre o tema “Gêneros discursivos no ensino de leitura e
produção de texto”, busca trazer visibilidade e conscientização dentro dos aspectos e a
importância de estudar os gêneros em sala de aula, o que permiti um melhor desenvolvimento
para os educandos..
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REFERÊNCIAS
CABRAL, Abrão Junior; SANTOS. Linguística aplicada a língua portuguesa. Indaial, SC:
Uniasselvi, 2017.
MARCUSHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo:
Parábola Editorial, 2008.
TAFNER, Elisabeth Penzlien. Língua Portuguesa: laboratório de texto. 2ed. Indaial, SC:
Uniasselvi, 2018.
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