1) O documento descreve uma experiência de estágio em uma turma de 9o ano para aprimorar as habilidades de leitura e interpretação dos alunos, focando na variação linguística e relações lógico-discursivas.
2) Foram propostas atividades sobre os diferentes tipos de variação linguística e como identificar o locutor e interlocutor de um texto.
3) A autora observou que as atividades contribuíram para a compreensão dos alunos sobre variação linguística e coes
Descrição original:
Título original
Variedade linguística e relações lógico-discursivas em foco na leitura: relato de experiência
1) O documento descreve uma experiência de estágio em uma turma de 9o ano para aprimorar as habilidades de leitura e interpretação dos alunos, focando na variação linguística e relações lógico-discursivas.
2) Foram propostas atividades sobre os diferentes tipos de variação linguística e como identificar o locutor e interlocutor de um texto.
3) A autora observou que as atividades contribuíram para a compreensão dos alunos sobre variação linguística e coes
1) O documento descreve uma experiência de estágio em uma turma de 9o ano para aprimorar as habilidades de leitura e interpretação dos alunos, focando na variação linguística e relações lógico-discursivas.
2) Foram propostas atividades sobre os diferentes tipos de variação linguística e como identificar o locutor e interlocutor de um texto.
3) A autora observou que as atividades contribuíram para a compreensão dos alunos sobre variação linguística e coes
Variedade linguística e relações lógico-discursivas em foco na
leitura: relato de experiência
Dayana Teles de Barcelos
Resumo: Este artigo apresenta as reflexões e aprendizagens produzidas com
a realização do Estágio Supervisionado de Língua Portuguesa do curso de Letras da Universidade Estadual de Goiás. Visando desenvolver habilidades de leitura e escrita do aluno, fundamentada em Brito (2003), Oliveira (2010) e Antunes (2010), propus uma sequência didática sobre os conteúdos Variedade Linguística e Coesão e Coerência para turmas de 9º ano do Ensino Fundamental, com objetivo de identificar as marcas lingüísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto e estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto. Foram propostas atividades de leitura e interpretação de textos, para que o aluno pudesse compreender os fatores socioculturais e geográficos que influenciam a variação lingüística dos falantes da Língua Portuguesa, bem como compreender, conceituar e empregar os mecanismos de coesão e coerência nos textos lidos e produzidos por ele. Como resultado, percebi que as aulas contribuíram para que o aluno aprimorasse tanto a leitura quanto a escrita, compreendendo a linguagem adequada para cada situação de comunicação, além da elaboração e organização textual. As atividades desenvolvidas tiveram resultados satisfatórios, evidenciando a compreensão das variações da língua portuguesa e das marcas textuais de um texto padrão ou não padrão. Durante está experiência como regente de uma sala, pode acrescentar em minha prática pedagógica a vivência de iniciar sequência didática que contribui imensamente para o aprimoramento da escrita e fala dos alunos. Acompanhar o desenvolvimento dos mesmos relatando e observando em qual ponto as dificuldades aparecem e em como sanar as dúvidas. Assim em como aprimorar a minha didática para ter êxito em minhas aulas. Palavras Chave: Estágio Supervisionado. Leitura. Variedade Linguística. Coesão e Coerência.
1. Introdução
Este artigo apresenta o relato detalhado da experiência de estágio de
Língua Portuguesa do curso de Letras da Universidade Estadual de Goiás, campus Inhumas. O Estágio de Licenciatura é uma exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº 9394/96), sendo indispensável 2
para a formação profissional com o intuito de proporcionar experiências e
vivência que prepara o docente para o mercado de trabalho em que o licenciado irá atuar. O projeto de estágio foi desenvolvido em uma turma de 40 alunos de 9º ano, em uma instituição na cidade de Goiânia, que estavam sendo preparados para realizarem a Prova Brasil, portanto, as atividades das aulas visaram aprimorar as habilidades de leitura e interpretação desses alunos, sobretudo em relação a interpretação dos temos trabalhados percebi que alguns tiveram dificuldades na interpretação, de acordo com as atividades e avaliações aplicadas pela unidade escolar. Abordando temas e conteúdos que seriam possíveis para estar na Prova Brasil, foram realizadas aulas expositivas e explicativas mais dinâmicas e descontraídas, proporcionando um ambiente agradável e promovendo o interesse dos mesmos. A interação entre nós, alunos e professor, é nítido ter um maior percentual de aprendizagem por meio deste método. Como um processo de troca de saberes, assumindo ao professor o papel de orientador. Ao longo deste período percebi a dificuldade da maioria dos alunos em interpretação textual e lógica, então procurei estratégias para orientá-los e sanar as duvidas existentes a cerca destes tópicos. Pois o foco a ser desenvolvido era a leitura e compreensão da mesma, resultando em que os alunos seriam capazes de fazer argumentações e discursos, critico reflexivos acerca dos temas. Quando se pensa em leitura e interpretação textual não pode esquecer das variações da linguagem existentes, já que é por meio desta que existe convivência em sociedade pelo homem e a perpetuação e transmissão dos conhecimentos desenvolvidos e produzidos pela humanidade desde os primórdios da civilização até as gerações futuras. Vygotsky reflete sobre a teoria da linguagem nos dá uma grande contribuição para que possa entender o processo de aprendizagem, por meio das mediações socioculturais na formação da consciência. Para Brito (1998), ”a leitura além do aspecto utilitário, que faz com que o indivíduo ultrapasse os obstáculos impostos pelo cotidiano e facilite o acesso ao mercado de trabalho, (…) assumiu uma função social, de resgate da cidadania, uma vez que possibilita o autor conhecer, refletir e atuar sobre uma 3
dada realidade”. A leitura é um processo de interação entre o leitor e o autor
que remetem ao texto, sendo assim é fundamental que o professor forneça condições para que o aluno se torna um aluno-leitor e com isto adquir estratégias de processamento da informação adequada às condições de produção de leitura. A Sociolinguística tem como objeto de estudo analisar os padrões de comportamento linguistico que podem ser observados dentro de uma comunidade de fala e os formaliza analiticamente através de um sistema heterogêneo, constituído por unidades e regras variáveis. Esse modelo visa a responder a questão central da mudança linguística a partir de dois princípios teóricos fundamentais: o sistema linguístico que serve a uma comunidade heterogênea e plural deve ser também heterogêneo e plural para desempenhar plenamente as suas funções; rompendo-se assim a tradicional identificação entre funcionalidade e homogeneidade; os processos de mudança que se verificam em uma comunidade de fala se atualizam na variação observada em cada momento nos padrões de comportamento linguístico observados nessa comunidade, sendo que, se a mudança implica necessariamente variação, a variação não implica necessariamente a mudança (cf. LABOV, 1972, 1974 e 1982 e 1994; e WEINREICH, LABOV e HERZOG, 1968). Nesse sentido, a Variação considera a língua em seu contexto sócio- cultural, uma vez baseia – se na explicação da heterogeneidade que emerge nos usos linguísticos concretos pode ser encontrada em fatores externos ao sistema linguístico e não só nos fatores internos à língua. Portanto, toda variação lingüística é motiva por algum fator exposto dentro de uma comunidade. Na construção de um texto, usamos mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão do que é dito, assim como na fala. Esses mecanismos linguísticos que determinam a conectividade e retomada do que foi escrito ou dito, são os referentes textuais e tem como objetivo garantir a coesão textual para que haja coerência, não só entre os elementos que compõem a oração, como também entre a sequência de orações dentro do texto. 4
2. Metodologia
O projeto de estágio foi desenvolvido em seis aulas para uma
turma de nono ano. O conteúdo proposto na sequência didática foi a leitura e interpretação de textos, a fim de estudar a variação linguística e as relações lógico-discursivas presentes no texto, visando atender aos objetivos contemplados pela avaliação da Prova Brasil. Dentre eles os descritores D13, que tem como objetivo identificar as marcas lingüísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto e o D15, que objetiva estabelecer relações lógico – discursivos presentes no texto marcadas por conjuntos, advérbios, etc. Nesse sentido, a partir dos textos propostos (de gêneros variados – charge, tira, notícia...) a intenção foi discutir a variação linguística, mostrando ao aluno que é, quem e quando se faz uso de uma determinada variação e, apresentar os tipos de variação lingüística: formal, informal, regional, cientifica, literária, jornalística, técnica. Além disso, na análise dos textos foram abordados os conceitos de Coerência e Coesão, mostrando o uso de classes gramaticais como advérbio, conjunções, preposições, que funcionam como elementos de coesão nos textos. Em uma sequência de três aula trabalhando o tema variação lingüística, sendo que a primeira aula foi discutido os conceitos da mesma, na segunda aplicado uma lista com questões objetivas para os alunos pudessem responder sem o auxilio do professor, justamente para analisar os pontos que deveriam ser dado mais ênfase durante as aulas. Na terceira, foi realizado a correção da lista com a interação entre professor-aluno e decorrendo sobre cada tópico. Desde a leitura e interpretação da questão até alternativa correta. Os objetivos eram bem específicos para os alunos desenvolverem a leitura e interpretação textual contextualizando a formação crítica reflexiva de acordo com a comunidade inserida. Com o conteúdo, identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto. E estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc. 5
Por meio destas aulas pude avaliar a habilidade do aluno em identificar
quem fala no texto e para quem ele fala, essencialmente, por meio da presença de marcas linguísticas (o tipo de vocabulário, o assunto, etc.), colocando em discussão, também, a importância do domínio das variações linguísticas que estão presentes na nossa sociedade. Essa habilidade foi avaliada em textos nos quais os alunos foram desafiados a identificar, o locutor e o interlocutor do texto nos diversos domínios sociais, como também são exploradas as possíveis variações da fala: linguagem rural, urbana, formal, informal, incluindo também as linguagens relacionadas a determinados domínio sociais, como, por exemplo, cerimônias religiosas, escola, clube, etc O trabalho com variação linguística é muito importante para o desenvolvimento de uma postura não preconceituosa dos alunos em relação a usos lingüísticos distintos dos seus. Houve momentos de interação para que os alunos refletissem sobre a interferência dos fatores variados, que se manifestam tanto na fala quanto na escrita, que favorecem o desenvolvimento da mesma. Com isto, também desenvolvi em sala questões gramaticais ligadas a leitura e interpretação textual, voltas para a escrita. Como em todo texto aparecem conectores – sejam conjunções, preposições, advérbios e respectivas locuções – que criam e sinalizam relações semânticas de diferentes naturezas. Discutidas e analisadas as mais comuns, como as relações de causalidade, de comparação, de concessão, de tempo, de condição, de adição, de oposição etc. Os alunos do decorrer da sequência didática tiveram que reconhecer o tipo de relação semântica estabelecida por esses elementos de conexão observando que está é uma habilidade fundamental para a apreensão da coerência do texto. Os alunos começaram a ter percepção de relação lógico, enfatizada, muitas vezes, pelas expressões de tempo, de lugar, de comparação, de oposição, de causalidade, de anterioridade, de posteridade, entre outros e, quando necessário, a identificação dos elementos que explicam essa relação. As aulas foram expositivas e explicativas com interação entre professor – aluno e aluno – professor. Após duas aulas com o tema D13 os alunos realizaram uma lista de questões objetivas que pude avaliar como estavam em relação 6
aos conceitos trabalhados e como reagiriam diante da Prova Brasil. Da mesma
forma para o D15. Logo após a execução e avaliação das listas ocorria a correção da mesma e simultaneamente o tira duvidas das questões que marcaram a alternativa incorreta.
3. Resultados e Discussão
Considero que a execução do projeto de estágio foi uma
experiência desafiadora, pois preparar uma turma para uma avaliação externa da dimensão da Prova Brasilnão é uma tarefa fácil. Confesso que me senti um pouco apreensiva para ministrar essas aulas, pois aresponsabilidade é grande quando se trata de avaliar o ensino da instituição na qual se trabalha. Percebi um pouco de dificuldade dos alunos na interpretação textual e também em questões gramaticais. Mas, os resultados foram gratificantes, os alunos se empenharam bastante, assim como eu, para conseguirmos elevar o índice de conhecimento. Todas as quinzenas eram realizadas avaliações objetivas com 20 questões para analisar o crescimento da turma em relação a sequência didática que foi desenvolvida e relatada por meio deste relato. Estas avaliações não eram elaboradas por, foram elaboradas e aplicadas pela coordenação pedagógica escolar, para analisar o desenvolvimento dos alunos em relação a proposta didática que estava sendo desenvolvida em sala, eu só tinha acesso ao resultado final. Durante todo o bimestre o índice cresceu, tendo como média inicial de 5,5 atingiu a média de 9,4 na última avaliação aplicada, significando que os alunos conseguiram desenvolver a partir dos temas levados para a sala de aula, como a leitura e interpretação textual. De acordo com estes resultados fiquei contente pelo desenvolvimento tido pelos alunos e conseqüentemente o meu. O desenvolvimento dos alunos refletiu em todas as matérias, pois trabalhei bastante com interpretação textual principalmente de sentido. Houve vários debates sobre o efeito das conjunções nas orações. Como 7
uma vírgula muda todo o sentido da expressão. Assim como as
variações da língua (regional, rural, cientifica, literária, formal, informal, etc..) os resultados a cerca deste tema foram ótimos. Os alunos levaram exemplos de falas, pedaços de textos que encontravam e achavam interessante como a língua consegue se adaptar a cada contexto que está inserido.
4. Considerações Finais
Para mim, aexperiência de reger aulas de língua
portuguesarepresentou um desafio, pois no início sempre há questionamentos, ansiedade e dúvidas. Logo isso vai desaparecendo, a partir do momento em que se percebe o desenvolvimento dos alunos durante suas aulas, quando se percebe que está havendo aprendizagem. Considero que, assim como os alunos, eu também obtive muita aprendizagem com essa experiência. Em relação aos planejamentos, a partir da definição, da coordenação pedagógica, de qual descritor seria trabalhado eu buscava textos e elaborava questões, a fim de que o aluno pudesse compreender melhor a leitura dos textos, usando de estratégias de leitura e de mediação pedagógica para haver a interação do leitor com o texto. Assim, discutimos cada parte do texto e cada questão, de modo que os alunos argumentassem e debatessem até chegarmos a uma conclusão. Os alunos estavam bem motivados e empenhados para obterbons resultados. Foi de grande valia esta experiência, pois se percebeu que houve melhora na interação entre os alunos e dos alunos com o professor, um ajudando a sanar as dúvidasdo outro, fazendo reflexões e indagações sobre os temas discutidos. Pude perceber a importância do planejamento, pois fui capaz de identificar conteúdos sobre os quais já tinha domínio e os que não tinham, dessa forma pude ampliar meus conhecimentos, o que contribui para maior segurança na prática docente. 8
O que vou levar como aprendizagem para a minha formação
docente e para a atuação profissional é que, quanto mais conhecimento sobre o assunto que será desenvolvido em sala mais segurança pode ter e a aula terá melhor execução e resultado. Os alunos percebem quando o professor sabe e tem domínio sobre o assunto, este fato torna tudo mais agradável, a aula desenvolve melhor e os alunos se interessam mais. Acredito que eles querem ter a compreensão tanto quanto o professor que está ali à frente, tendo o mesmo não só como exemplo educacional, mas como cidadão crítico e reflexivo.