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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS


CÂMPUS INHUMAS
CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS/INGLÊS
E SUAS RESPECTIVAS LITERATURAS

Dayana Teles de Barcelos

PROJETO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM LÍNGUA PORTUGUESA

INHUMAS
2017
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DAYANA TELES DE BARCELOS

PROJETO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM LÍNGUA


PORTUGUESA: REGÊNCIA

Projeto parcial para fins avaliativos da disciplina


de Orientação para Estágio supervisionado em
Língua portuguesa, do 5º período do curso de
Licenciatura Plena em Letras – Português/Inglês,
da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus
Inhumas. Orientador: Margarete Pozzobon

INHUMAS
2017
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SUMÁRIO

1 Introdução ........................................................................................................4
2 Problematização ..............................................................................................5
3 Justificativa ......................................................................................................6
4 Fundamentação teórica ................................................................................7
5 Objetivos ......................................................................................................8
Objetivos específicos.....................................................................................8
6 Metodologia .....................................................................................................9
7 Referências ....................................................................................................11
8 Anexos ...........................................................................................................12
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PROJETO DE ESTÁGIO: REGÊNCIA

1 INTRODUÇÃO

Neste projeto será apresentada uma sequência didática para o 6º ano A,


baseada no Currículo Referência da Rede Estadual de Educação de Goiás. A
instituição de ensino onde ocorrerão as aulas para observação da regência no
Colégio Estadual Francisco Maria Dantas, situada na cidade de Goiânia - GO.
A mesma possui uma estrutura física em bom estado de conservação e
também instrumentos de mídia para usar durante as aulas. Uma das
fragilidades da escola seria a questão social dos alunos. Muitos passam o dia
todo na instituição não por necessidade, mas, por escolha dos pais, ou seja,
não há uma família estruturada para a grande maioria dos alunos.
De forma generalizada, a grande maioria dos alunos que estão no 6º
ano não conseguem ler e escrever corretamente. É nítido durante as atividades
de oralidade e escrita que resultam na argumentação a falta de conhecimento
dos mesmos em relação a estes aspectos. São erros gravíssimos. Várias
trocas de letras e acentos, a concordância verbal, escrevem muito da forma
com que falam.
Em questão estas turmas estão passando por grandes problemas por
falta de disciplina e compromisso com suas atividades diárias. São alunos com
caráter de imaturidade muito grande. Ainda possuem a visão de 5º ano, com a
tia que lecionava. Os pais dos mesmos são presentes na escola, tem
interesses em saber como seu filho está se comportando e seu crescimento
como aluno.
Esta instituição possui duas turmas de cada série. Minha escolha pela
6º ano A é devido às características da turma. A mesma é uma turma difícil de
lidar, assim como o 6º ano B em questões de disciplina, todos querem falar ao
mesmo tempo com o tom de voz alto e as brincadeiras fazem sempre
presentes. Mas, minha escolha pela turma A é visando o interesse. Além destes
maus hábitos de comportamento ou dificuldade de seguir regras e se
comportar. São alunos curiosos e interagem melhor que a turma B.
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2 PROBLEMATIZAÇÃO

Em elaboração deste projeto, para a pensar sobre as questões


problemas desta turma. Como a má disciplina, dificuldade em seguir regras,
imaturidade, falta de compromisso, todos querem falar ao mesmo tempo,
alguns ainda encistem em fazer brincadeiras com os colegas. O meu grande
questionamento como evitar estes hábitos, a aula flui, mas, com várias
interrupções dos alunos. Resultando além do ensino, do ato de conhecer, há
também o crescimento critico que a partir deste gera a maturidade. A visão de
mundo começa a ser absorvida levando este aluno a se enquadrar nas
mudanças que ele passa dentro da escola e assim leva para dentro da sua
comunidade.
A problematização voltada para o conteúdo, o que se é exigido pela
Secretária da Educação. Além de ser um sistema fechado, padronizado para o
Estado de Goiás, não havendo algumas concordâncias na sequência didática
para o decorrer do ano. Eu, enquanto professora regente da turma preciso
seguir o currículo e muitas vezes me deparo com as dificuldades dos alunos.
Que deveriam ter sido sanadas enquanto estava cursando a 1ª fase do Ensino
fundamental.
Então, uma grande quantidade de alunos chega no 6º ano com várias
dificuldades. E onde encaixar estas dificuldades no momento em que o aluno
está inserido? O aluno possui dificuldades de leitura, escrita, interpretação, de
reconhecer as principais características de um texto, ou seja, coisas “simples”.
Outro aspecto é a dificuldade na elaboração de uma resposta, de um texto, não
há coesão e coerência. Escrevem muito da forma com que falam. Não
possuem conhecimento sobre vários temas da atualidade, e se não conhecem,
não conseguem fazer argumentos, debates sobre o assunto. Há timidez em
momentos de leitura. Durante a leitura compartilhada alguns mal soltam a voz,
outros já não possuem limites para se contiver e exageram no tom de voz.
Outros se negam em argumentar, em ler, em se expressar verbalmente. Disse
que não sabem, não conseguem.
Portanto, surgi um desafio a cada planejamento de aula. As dificuldades
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de leitura, oralidade, argumentação, escrita é um problema, fato. Um dos


motivos para minha escolha o desafio de sanar estes problemas, voltados
nestes aspectos citados. Neste sentido, a problemática deste projeto será
voltada em como canções podem desenvolver os alunos na oralidade, leitura e
interpretação resultando em uma escrita com coesão e coerência. Trabalhando
da seguinte forma: ouvir canções de forma orientada como rap, músicas
populares brasileiras e outros ritmos musicais da região. Como canções
voltadas pra realidade deles, canções que eles conhecem, ouvem diariamente.
Dialogar sobre temas relativos à cultura juvenil e às praticas sociais locais,
utilizando argumentos coerentes com a posição defendida, fazendo com que os
debates gerem maturidade.

3 JUSTIFICATIVA

O tema escolhido foi Canções (rap, músicas populares, ritmos da


região). Algumas músicas que serão trabalhadas com o estilo do rap, as letras
serão escolhidas com uma linguagem mais fácil para se entender, assim como
letras com críticas sociais. Que levem conhecimento sobre a realidade de seu
país e com isso o aluno será levada a desenvolver seu raciocínio crítico e
argumentativo. Gerando o crescimento social e a maturidade. Meu tema será
desenvolvido nas seguintes reflexões:
• Refletir sobre a estrutura e os recursos expressivos presentes nas
canções.
• Refletir sobre o uso de artigos, substantivos, numeral e adjetivos em
diferentes posições nos gêneros em estudo.
• Refletir sobre o uso da pontuação nos gêneros em estudo.
• Refletir sobre a ortografia nos gêneros em estudo.
• Refletir sobre a variação linguística nos gêneros em estudo.
• Refletir sobre o emprego dos acentos gráficos e da crase nos gêneros
em estudo.
• Refletir sobre o emprego de preposições como elementos de ligação
entre as ideias apresentadas nos gêneros em estudo.
• Refletir sobre o valor de pronomes relativos, conjunções coordenativas
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e subordinativas empregadas como elementos coesivos nos gêneros em


estudo.
• Reescrever os textos produzidos (coletiva e individualmente)

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com o PCNs deve se criar meios em que o ensino da Língua


Portuguesa gera fatores para que os alunos tenha consciência da importância
da língua, entender a língua, perceber a modalidade oral e escrita, saber
argumentar participantes de debates expressando suas ideias criticas,
compreender a norma culta e é a que deve ser utilizada na escola, mas não a
única.
Com isto, visa à mudança no processo de ensino e aprendizagem.
Podendo utilizar diversos recursos além do livro didático durante as aulas.
Levando em consideração que o ato de ensinar não é moldar o aluno ideal
para o mundo, mas sim utilizar dos meios que ele vive a oportunidade de se
alto construir e conhecer novas expressões diante da sua língua materna.
Segundo Martins (1986, p. 07) “o leitor é visto como um decodificador da
letra”. Deste modo se estabelece o meio entre leitura e escrita. Como
começamos a usar o meio de leitura “quando começamos a estabelecer
relações entre as experiências e a tentar resolver os problemas que se nos
apresentam – aí então estamos procedendo leituras, as quais nos habilitam
basicamente a ler tudo e qualquer coisa” (MARTINS, 1986, p. 17).
Há vários autores que definem a importância da leitura “a
aprendizagem da leitura assume a função social de resgate da cidadania, já
que possibilita ao leitor, conhecer, refletir e atuar sobre uma dada realidade”
(BRITO, 2003). Atentando para este fato, o professor deve relacionar o meio
em que seu aluno está inserido e a linguagem a ser utilizada, proporcionando a
interação com a vivência e a leitura utilizada em sala.
Ler não significa apenas a aquisição de um “instrumento” para a futura
obtenção de conhecimentos, mas uma forma de pensamento, um processo de
produção do saber, um meio de interação social com o mundo (CASCAVEL,
2007, p. 144). Por este motivo, o gênero Canções foi o escolhido a trabalhar
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durante o 4º bimestre da turma do 6º ano A. Será intensificado o gênero diante


das citações e buscando enquadrar a vivência dos alunos nas letras das
músicas.

5 OBJETIVO

Para se ensinar primeiro é preciso planejar, gradativamente, cada etapa


do trabalho a ser desenvolvido, levando em consideração a organização do
tempo e vivências dos alunos. Um dos objetivos é que o gênero textual abranja
a diversidade de cada aluno. Estas expectativas para cada atividade:
a) atividades para identificação dos conhecimentos prévios - atividades
que visam identificar o que os estudantes já sabem/ouviram falar sobre o
assunto; como? Por quem souberam? Por que meio de comunicação?
b) atividades de ampliação dos conhecimentos - atividades propostas
para desenvolver novos conteúdos de forma significativa, a fim de que os
estudantes se apropriem dos mesmos.
c) atividades de sistematização dos conhecimentos - atividades de
retomada do percurso e do levantamento do que foi aprendido.

6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Ler canções e comentários sobre debates regrados, ou mesmo sobre


assuntos e temas de interesse do grupo em diferentes suportes, utilizando
diferentes estratégias de leitura como mecanismos de interpretação de textos:
 Formulação de hipóteses (antecipação e inferência).
 Verificação de hipótese (seleção e checagem).
• Ler de forma associativa e comparativa os gêneros em estudo,
observando forma, conteúdo, estilo e função social.
• Produzir canções e roteiros para a realização de debates regrados,
observando os elementos constitutivos dos gêneros em estudo (forma, estilo e
conteúdo) em função das condições de produção.
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6 METODOLOGIA

Serão descritas uma sequência didática de 6 aulas. O conteúdo será


através do gênero textual Canção e Debates regrados(este não).
Desenvolver-se-á com a observação dos elementos constitutivos dos gêneros
em estudo (forma, estilo e conteúdo) em função das condições de produção.
Com temas através da sexualidade, negro, sociedade, politica e outros. No
decorrer das aulas terão desenvolvimento nos seguintes aspectos: os estilos
empregados nos gêneros em estudo, a estrutura e os recursos expressivos
presentes nas canções, o uso de artigos, substantivos, numeral e adjetivos em
diferentes posições, o uso da pontuação, a ortografia, a variação linguística, o
emprego dos acentos gráficos e da crase, o emprego de preposições como
elementos de ligação entre as ideias apresentadas, o valor de pronomes
relativos, conjunções coordenativas e subordinativas empregadas como
elementos coesivos. ESSES CONTEÚDOS NÃO APARECEM NOS
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS DESCRITOS
Utilizarei atividades impressas, com uso de data show e caixa de som. A
proposta é ministrar uma aula dinâmica com os temas escolhidos, ampliar a
capacidade do aluno critico e reflexivo. E culminar a vivência com a interação
em sala de aula, gerando maior interesse e curiosidade a cerca das atividades
e conteúdos.

AULAS

1º 2º e 3º: serão aulas para apresentação do gênero textual Canção,


como conteúdo escolhido para esta sequência didática. Para estas aulas será
trabalhado o estilo musical rap.
“O rap no Brasil”
- Atividade 1:
 Levantamento de conhecimentos prévios e expectativas dos
alunos quanto ao ritmo musical rap;
 apresentação do gênero canção e debate sobre a história do rap
no Brasil. A principal motivação em se estudar o Rap em sala de
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aula é conjugar as reivindicações sociais expressas nas letras e o


cotidiano da periferia das grandes cidades brasileiras. Sendo
assim, o contato inicial em sala de aula irá partir dessas
reivindicações. Conhecer a história do Rap no Brasil é de extrema
importância para contextualizar os valores políticos destacados
em suas letras.
 Leitura de textos sobre a história do rap. A sala será dividida em 4
grupos , a professora levará um texto com um tema específico
para cada grupo e logo após os mesmo farão a apresentação do
seu texto na próxima aula.
Grupo 1: história do rap ( em anexo Texto 1) aqui seria interessante que
os alunos tivessem um roteiro orientador para a leitura dos textos, análise das
músicas e do vídeo. Creio que eles não tem maturidade suficiente para “lerem
sozinhos”
Grupo 2: este grupo ficará responsável em apresentar a história, as
ideias e as letras dos Racionais MC's. ( em anexo Texto 2)
Grupo 3: Responsável por apresentar a história, as ideias e as letras do
MV Bill. ( em anexo Texto 3)
Grupo 4: assistir ao vídeo sobre o grupo GOG.
https://www.youtube.com/watch?v=f6YNWYgULUs&feature=related (pelo
notebook da professora)

4º aula:
- Após a apresentação dos grupos (sobre a Cultura Hip Hop e os artistas
exemplares), os alunos deverão buscar músicas (de diferentes ritmos
musicais?) que estão presentes em seu cotidiano, fazendo a leitura das letras
para identificar a temática que é cantada;
- debater em sala de aula qual das diretrizes de suas letras se aproxima
ou afastam dos temas apresentados(nas letras dos raps??). se for isso, penso
que pode ficar assim o procedimento didático:
- Apresentar as temáticas presentes nas músicas escolhidas pelos
alunos, comparando com as críticas sociais dos raps. Procurar identificar a
temática que é cantada em cada ritmo musical (por exemplo sertanejo, funk,
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samba, MPB, axé...)


- debater sobre músicas que eles ouvem e as letras que fazem
analogias a suas realidades;
- produzir textos escritos sobre as reflexões produzidas a partir das
discussões;
- construir um mural com os resultados das discussões em sala de aula,
apresentando cartazes com versos ou estrofes das músicas, bem como os
textos produzidos. Trabalho será realizado com o mesmo grupo que
apresentou o seminário nas aulas anteriores. Os alunos deverão ser capazes
de comparar os propósitos e as demandas dos rappers e compreender até que
ponto as letras dos músicos se aproximam da “realidade brasileira”.
5º aula: continuando o trabalho desenvolvido com a divisão dos grupos
das aulas anteriores. Será trabalhada a música “Negro Drama”, para esta aula
será utilizado a caixa de som e o notebook da professora, com Xerox da letra
da música que será distribuída para os grupos.
Em um primeiro momento, a verão da música apresentada será a de
Seu Jorge que faz a interpretação da mesma. Os alunos acompanharão pela a
xerox. Logo depois, haverá um debate sobre a questão da interpretação de
Seu Jorge e de algumas estrofes ou versos da letra.
- Quem conhece o Seu Jorge? Qual a sua intenção em apresentar a
interpretação da música Negro Drama?
- Qual estrofe ou verso, você mais gostou? Por que? Qual remete a sua
realidade ou a algum fato que você já presenciou?
- A música aborda qual tema?
- Todos conseguiram entender a crítica que a música faz?

E assim será uma aula inicial de debate sobre o tema. Levando a fazer
reflexões sobre a sociedade, comparando com a história do negro no Brasil.
6º aula: será trabalhada uma atividade xerocopiada. Que engloba a letra
da música (em anexo Atividade).
Antes de começarem a fazer a atividade proposta, será retomada a aula
anterior e introduzido os conceitos de Rimas.
Terão 20 minutos para responder a atividades, a correção será logo depois,
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ainda em sala de aula com a participação de todos. E concluindo nos últimos


10 minutos, colocarei a música para tocar e deixarei um momento para se
expressarem e os que quiseram cantar a letra.
Muito boa sua proposta, Dayana!
Porém, estou achando “pesada” para sexto ano, me pareceu mais
adequada para uma turma de nono rsrs
Enfim, você conhece seu público alvo.

7 REFERÊNCIAS

Currículo Referência da Rede Estadual de Educação de Goiás (p. 12)


SECRETARIA DO ENSINO FUNDAMENTAL. 1998. Parâmetros Curriculares
de Língua Portuguesa. Brasília: MEC.
BRITO, E. V. (org). PCNs de Língua Portuguesa: a prática em sala de aula.
São Paulo: Arte & Ciência, 2003.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986.
BRITO, E. V. (org). PCNs de Língua Portuguesa: a prática em sala de aula.
São Paulo: Arte & Ciência, 2003.
CASCAVEL. Secretaria Municipal de Educação. Currículo para rede Pública
Municipal de Ensino de Cascavel: ensino fundamental - anos iniciais. Cascavel,
PR: SEMED, 2007.

ANEXOS

TEXTO 1

História do RAP

Criado nos Estados Unidos, o rap - uma abreviação para rhythm and
poetry(ritmo e poesia) - é um gênero musical nascido entre negros e
caracterizado pelo ritmo acelerado e pela melodia bastante singular. As longas
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letras são quase recitadas e tratam em geral de questões cotidianas da


comunidade negra, servindo-se muitas vezes das gírias correntes nos guetos
das grandes cidades. Chegou ao Brasil na década de 80, mas somente na
década seguinte ganhou espaço na indústria fonográfica.
Diz-se que o Rap surgiu na Jamaica mais ou menos na década de 60
quando surgiram os "Sound Systems", que eram colocados nas ruas dos
guetos jamaicanos para animar bailes. Esses bailes serviam de fundo para o
discurso dos "toasters", autênticos mestres de cerimônia que comentavam, nas
suas intervenções, assuntos como a violência das favelas de Kingston e a
situação política da Ilha, sem deixar de falar, é claro, de temas mais prosaicos,
como sexo e drogas.
No início da década de 70 muitos jovens jamaicanos foram obrigados a
emigrar para os EUA, devido a uma crise econômica e social que se abateu
sobre a ilha. E um em especial, o DJ jamaicano Kool Herc, introduziu em Nova
Iorque a tradição dos "Sound Systems" e do canto falado, que se sofisticou
com a invenção do scratch, um discípulo de Herc.
O primeiro disco de Rap que se tem notícia, foi registrado em vinil e
dirigido ao grande mercado (as gravações anteriores eram piratas) por volta de
1978, contendo a célebre "King Tim III" da banda Fatback.
O Rap, a principio chamado de "tagarela", ascende e os breakers
formam grupos de Rap. Em 1988 foi lançado o primeiro registro fonográfico de
Rap Nacional, a coletânea "Hip-Hop Cultura de Rua" pela gravadora Eldorado.
Desta coletânea participaram Thaide & DJ Hum, MC/DJ Jack, Código 13 e
outros grupos iniciantes.
Nesse período de ascensão do Rap, a capital paulista passou a ser
governada por uma prefeitura petista, o que muito auxiliou na divulgação do
movimento Hip-Hop e na organização dos grupos. Por esse motivo foi criado
em agosto de 89 o MH2O – Movimento Hip-Hop Organizado, por iniciativa e
sugestão de Milton Salles, produtor do grupo Racionais MC's até 1995. O
MH2O organizou e dividiu o movimento no Brasil. Ele definiu as posses,
gangues e suas respectivas funções.
Nesse trabalho de divulgação do Hip-Hop e organização de oficinas
culturais para profissionalização dos novos integrantes, não podemos esquecer
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de citar a participação do músico de reggae Toninho Crespo. Este trabalho teve


sua continuidade no município de Diadema com o profissionalismo de Sueli
Chan (membro do MNU - Movimento Negro Unificado).
Desde seu surgimento, nos anos 70, numa Nova Yorque violenta como
nunca, o rap impôs a discussão de questão negra. Os Estados Unidos viviam
então a ressaca de conflitos raciais que incluíram desde o pacífico movimento
pelos direitos civis de Marti Luther King até a militância armada dos Panteras
Negras. No Brasil, o debate se intensificou após a projeção do grupo
americano Public Enemy, na segunda metade dos anos 80. Seus clipes
mostraram um novo mundo de idéias para os rappers brasileiros. Grupos como
Racionais e DMN admitem Chuck D & Cia. como influência maior. Os ícones
Malcolm X e Martin Luther King tornaram-se leitura de cabeceira.
http://www.wooz.org.br/musicarap.htm

TEXTO 2

Rap Brasileiro

Rimas dos negros americanos ganham tradução


Silvio Essinger
01/01/1900
A cultura Hip Hop, da qual o rap faz parte junto com o grafite e a dança
break, deu o ar da sua graça no Brasil no começo dos anos 80 (poucos anos
depois de seu surgimento, nos Estados Unidos), mais notadamente em São
Paulo. Ela chegou pelas mãos das equipes que faziam os bailes soul e dos
discos e revistas que começaram a ser vendidos em lojas nas galerias da Rua
24 de Maio, no Centro (mesmo local onde, na mesma época, encontravam-se
os integrantes do nascente movimento punk). Os primeiros a aparecer foram os
dançarinos de break que, expulsos pelos comerciantes e policiais da região,
transferiram-se para a estação de metrô São Bento. Logo houve uma cisão
entre esses breakers e os rappers (também conhecidos como tagarelas), que
começavam a fazer seus versos e tiveram que se bandear para a Praça
Roosevelt. Pouco tempo depois, eles se tornaram a facção mais forte e atuante
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do hip hop paulistano, levando até alguns breakers a tornarem-se rappers.


O registro inicial do rap brasileiro é a coletânea Hip Hop Cultura de Rua
(1988, Eldorado). Ela trouxe faixas dos grupos Thaíde e DJ Hum (produzidas
por Nasi e André Jung, do grupo de rock Ira!), MC Jack, Código 13, entre
outros. Debutava no Brasil o estilo musical baseado em falas ritmadas
despejadas por cima de bases dançantes tiradas de discos de funk, com
eventuais scratches (os arranhões, efeito que os DJs obtêm ao fazer o disco ir
para frente e para trás no prato). No entanto, a estética discursiva típica do rap
já havia sido usada, um ano antes, para a confecção de um grande sucesso de
rádio: Kátia Flávia, que o carioca Fausto Fawcett gravou com os Robôs
Efêmeros. Os scratches também já haviam aparecido em disco em Estação
Primeira (87), da banda paulistana Gueto.
Em 1988, outra coletânea de rap foi lançada em São Paulo: Consciência
Black (primeiro disco do selo Zimbabwe). Nela, estava um grupo que daria
muito o que falar nos anos seguintes: os Racionais MCs. Em suas duas
músicas, Pânico na Zona Sul e Tempos Difíceis, Ice Blue, Mano Brown, Edy
Rock e o DJ KlJay deram uma visão nada amenizada de como era dura a vida
do jovem negro e pobre que mora na periferia paulistana, perdido entre o crime
e a injustiça social. No começo dos anos 90, Thaíde e DJ Hum e os Racionais
eram reconhecidos com os mais sérios e importantes nomes do rap paulistano,
sempre envolvidos com campanhas de conscientização da juventude e
movimentos de divulgação, unificação e promoção do hip hop no Brasil.
Em 1993, quando lançou seu terceiro LP, Raio X Brasil, os Racionais
eram uma unanimidade na periferia, atraindo até 10 mil pessoas por show, e
foram convidados para abrir a apresentação paulistana do Public Enemy, um
dos mais importantes grupos do rap americano. As músicas desse disco
independente – em especial Fim de Semana no Parque e Homem na Estrada –
conseguiram furar o bloqueio das rádios, levando o nome da banda a um
público que talvez nem suspeitasse haver músicas de tal contundência. Logo,
foi editado pela Continental um CD reunindo as músicas dos três discos dos
Racionais.
Naquela mesma época, surgiu no Rio de Janeiro uma inesperada força
do rap: o adolescente branco de classe média alta Gabriel Contino, vulgo
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Gabriel o Pensador, que estourou no final de 1992 nas rádios com a música Tô
Feliz, Matei o Presidente, direcionada para Fernando Collor, que havia acabado
de renunciar em meio a um processo de Impeachment por corrupção.
Contratado por uma grande gravadora, ele voltou às FMs com músicas como
Lôraburra e Retrato de um Playboy, que, apesar do tratamento mais pop da
produção, traziam em suas letras violentas críticas aos costumes da abastada
e deslumbrada juventude carioca. Pouco tempo depois, Gabriel (que sempre
procurou estar ligado ao movimento hip hop), participou da primeira coletânea
de rap carioca, Tiro Incial, da qual fez parte outro nome do qual se iria ouvir
falar: o rapper MV Bill, da Cidade de Deus.
Paralelamente, o rap se espandia para outras partes do Brasil,
inspirando uma série de artistas, como o Câmbio Negro e o GOG (de Brasília),
o Faces do Subúrbio e o Sistema X (de Recife, onde também surgiu o rapper-
embolador Chico Science), Da Guedz e Piá (Porto Alegre) e Black Soul (Belo
Horizonte). Mais para o meio da década, o rap experimentou no Brasil suas
primeiras fusões com o rock, em bandas como a carioca Planet Hemp (de
Marcelo D2) e em grupos de rap que viraram banda, como o paulistano
Pavilhão 9 (referência ao local no presídio do Carandiru onde mais de 100
presos foram executados de uma vez só pela polícia) e Câmbio Negro.
O grande momento do rap brasileiro, porém, foi em 1998, quando os
Racionais MCs lançaram o disco Sobrevivendo no Inferno, a obra-prima do rap
nacional, que ultrapassou a barreira da periferia paulistana com a música Diário
de um Detento. Relato de um prisioneiro do Carandiru sobre a rotina e suas
elocubrações no dia 1o de outubro de 1992 – ou seja, um dia antes do
massacre. O videoclipe, gravado no próprio Carandiru, acompanhou em ritmo
de documentário a arrepiante letra de Mano Brown. Acabou sendo escolhido
pela audiência da MTV o melhor vídeo do ano. O disco, que ainda trazia
músicas como Jorge da Capadócia (de Jorge Ben Jor), Capítulo 4, Versículo 3
e Periferia é Periferia (Em Qualquer Lugar), Sobrevivendo vendeu mais de um
milhão de cópias, recorde para um lançamento independente. Prova da incrível
popularidade (e credibilidade) conquistada pela banda – em maior grau, entre o
público das periferias das grandes cidades brasileiras, ainda que a sua
mensagem tenha tido alguma penetração entre a juventude branca de classe
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média.
O sucesso dos Racionais garantiu uma boa exposição para o rap
brasileiro, levando as gravadoras a contratar mais e mais artistas do gênero no
fim dos anos 90 (época em que o rap também esteve mais forte do que nunca
nos Estados Unidos). MV Bill, apadrinhado dos Racionais, relançou seu disco
de estréia CCD Mandando Fechado com o título Traficando Informação pela
gravadora Natasha, de Paula Lavigne, mulher de Caetano Veloso – e, no Free
Jazz Festival de 1999, apresentou-se com o grupo de rap americano The
Roots. Marcelo D2 lançou seu primeiro disco solo, Eu Tiro É Onda (98), que
trouxe uma inspirada fusão de rap com samba.
Em Recife, o Faces do Subúrbio apostava, por sua vez, na embolada-
rap. São Paulo, porém, permaneceu sendo o grande foco da produção de rap
no Brasil, com uma forte cena baseada em uma série de selos independentes.
De lá, saíram nomes como DMN, De Menos Crime, RZO, Xis e Dentinho e os
Detentos do Rap, formado por presidiários do Carandiru (cujo primeiro disco
trazia a irônica inscrição: "Contatos para shows: não disponível no momento).
Aliás, a fascinação do rap pelo tema da criminalidade (expresso nos Estados
Unidos na chamada vertente Gangsta Rap) levou uma série de artistas a
gravarem, em 1999, um disco só com composições de um dos mais célebres
bandidos cariocas, o ex-líder do tráfico José Carlos dos Reis Encina, o
Escadinha.
Músicas

Corpo Fechado – Thaíde & DJ Hum


Kátia Flávia – Fausto Fawcett & Os Robôs Efêmeros
Fim de Semana no Parque – Racionais MCs
Tô Feliz, Matei o Presidente – Gabriel o Pensador
Diário de um Detento – Racionais MCs
Cachimbo da Paz – Gabriel o Pensador
Marquinho Cabeção – MV Bill
Eu Tiro É Onda – Marcelo D2

http://cliquemusic.uol.com.br/materias/ver/rap-brasileiro
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TEXTO 3

MV Bill e a polêmica com <i>Cidade de Deus</i>

Rapper carioca publica texto na Internet contra a imagem que o


consagrado filme faz da favela onde ele foi criado
O rapper MV Bill encontra-se mais uma vez no centro de uma polêmica
sobre o filme Cidade de Deus. Ontem (dia 21) o artista publicou, no website da
ONG Viva Favela (www.vivafavela.org.br) um texto criticando a visão pessmista
que o filme, dirigido por Katia Lund e Fernando Meirelles, constrói da
comunidade carente da Cidade de Deus (onde o rapper foi criado e mora até
hoje). Na época do lançamento do filme, como membro ilustre da comunidade
da CDD, MV Bill foi consultado pela imprensa sobre as imagens violentas e
agressivas vistas no filme - e preferiu se manifestar evasivamente, dizendo que
"o filme pode ganhar o Oscar, mas a Cidade de Deus só vai ganhar o Oscar da
violência" e afirmando que a fita só mostra o lado negativo da favela. No texto
publicado ontem, o tom do rapper é bem mais direto.

Segundo o antropólogo Hermano Vianna (citado no texto de Bill,


envolvido na pesquisa para Cidade de Deus e atuante em diversos movimentos
sociais nas comunidades carentes cariocas), a opinião do rapper reflete o
pensamento de boa parte da população da CDD. Em comunicado distribuído à
imprensa hoje, Hermano conta: "Fiquei imediatamente muito preocupado com
o que li. Tinha certeza que ninguém - nem a comunidade da Cidade de Deus,
nem os produtores do filme, nem o MV Bill, nem a cultura brasileira - nada tinha
a ganhar com a situação que o texto anunciava." Leia a íntegra da coluna de
MV Bill:

"A bomba vai explodir?


MV Bill

Esse texto será curto e grosso !!!


Dei ao Paulo Lins, Katia Lund, Vídeo Filmes, O2, Globo Filmes e todos
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os seus aliados a chance de reverter e repensar uma postura social em relação


à comunidade da Cidade de Deus. Todo mundo sabe do que estou falando. Eu
nunca fiz críticas abertas ao filme. Apenas disse, e digo, que o Cidade de Deus
ganharia o Oscar e que a nossa Favela ganharia o Oscar da violência.
Pois é, ninguém se mexeu, continuaram ignorando a capacidade que
essas pessoas têm de pensar. Parece que a guerra vai ser inevitável! Acabei
de apertar o botão. Agora, é começar a contar... Vou começar com uma
entrevista coletiva no dia 06 de fevereiro na própria comunidade. Os
interessados podem se inscrever pelo telefone (021) 2450 5125 e falar com
Renata ou Carol!
Aviso: vou colocar todo mundo na bola. O mundo inteiro vai saber que
esse filme não trouxe nada de bom para a favela, nem benefício social, nem
moral, nenhum benefício humano. O mundo vai saber que eles exploraram a
imagem das crianças daqui da CDD. O que vemos é que o tamanho do
estigma que elas vão ter que carregar pela vida só aumentou, só cresceu com
esse filme. Estereotiparam nossa gente e não deram nada em troca para essas
pessoas. Pior, estereotiparam como ficção e venderam como verdade.
Fui omisso, sim. Por respeito à Katia Lund e ao Paulo Lins. Pela nossa
amizade. Mas penso que com esse comportamento não digno, não estou
sendo fiel aos meus princípios, à minha origem, à minha comunidade, e mais
que isso, traí a minha própria consciência.
Todos eles sabem que não queremos dinheiro. Queremos apenas
respeito. Eles, os donos do Cidade de Deus, têm o apoio da mídia. Mas nós,
INFELIZMENTE, temos o apoio do ódio que é a única coisa que nos sobrou.
Não queria aparecer, tanto que nem aqui nesse espaço eu falei sobre esse
assunto. Por outro lado, quem falaria? Assumo aqui como meu esse papel.
Alguém tem que dizer isso a eles. Eu estou dizendo!
A própria "Folha de São Paulo" acaba de produzir uma matéria na
comunidade e eu me recusei a falar, novamente por respeito aos amigos, para
não incitar a comunidade. Não falei por ter noção da minha responsabilidade.
Só que estou cansado. Chegou a hora de botar o cachimbo na boca da cobra,
sem me preocupar se ela vai tragar pelo nariz. Sem me preocupar com as
consequências para cada um de nós. O certo é o certo, o errado é o errado.
20

Dia 13 de fevereiro o caô vai tá formado!


Ao tomar conhecimento da minha posição, algumas autoridades
começaram a entender o nosso sentimento de abandono e começaram a se
mobilizar, mas ainda acho pouco. O prefeito pode fazer 200 obras aqui na
Cidade de Deus, o secretário nacional de Segurança pode fazer mais 200.
Tomara que façam, já está prometido.
Mas que a humilhação pela qual estamos passando sirva de exemplo
para outras comunidades que vivem na miséria. Se algum dia alguém
trasformar suas vidas num grande circo peçam uma contrapartida, mesmo que
seja um simples palhaço. Pois pelo menos alguma alegria estará garantida.
O Hermano Viana (eu que tinha minhas reservas quanto aos intelectuais
vou começar a rever os meus conceitos) - se um terço do que o Celso Athayde
falou a respeito desse maluco aí for verdade, a Cidade de Deus terá um débito
eterno com ele. Imagino que ele seja contra, e a Cidade de Deus vai saber
disso: só para vocês terem uma idéia, esse tal de Hermano aí, ao concordar
que merecemos mais respeito, teve a coragem de vir aqui na favela, sábado
passado, para discutir com os moradores, à noite, embaixo de chuva (ele deve
ser louco!). E mais, teve a coragem até de "bater boca" com os "amigo" (ele é
doido!). Depois disso ele descobriu que a comunidade nada mais queria a não
ser "carinho".
Dia 06 taí. Mas antes eu quero desenrolar com a favela pra saber o que
ela pensa.
Voltando: eu agradeço à sensibilidade do Prefeito, do Secretário e do
Hermano. Mas "o filme" tem que se posicionar também. Eles têm a obrigação
de sentar nessa nossa mesa, e repensar o significado da palavra "amor" . Aí
sim, eu poderei ver a Cidade de Deus feliz para esperar o dia do Oscar chegar
e ter algum motivo para comemorar. Pois até aqui, só a polícia se beneficiou
dessa desgraça retratada em 35 milímetros!
O2 e Vídeo Filmes: "Deus existe e só ele pode ajudar a ganhar um
Oscar, mas talvez seja interessante contar com as preces da Cidade Dele."
Até.
MV Bill
http://cliquemusic.uol.com.br/materias/ver/mv-bill-e-a-polemica-com--i-
21

cidade-de-deus--i-
Letra da música

https://www.vagalume.com.br/racionais-mcs/negro-drama.html

ATIVIDADE

Atividade de Português 6º Ano

Responda:

1) No título da música "Negro Drama", quais sentidos a palavra 'negro'


adquire?

2) Ao cantar os versos: O dinheiro tira um homem da miséria/ Mas não pode


arrancar / De dentro dele / A favela" a quem o rapper se refere?

3) A que se referem as palavras: "Crime, futebol, música"?

4) O drama vivido pelos negros não é de hoje. Em qual (is) trecho (s), esse
passado é retomado?

5) E esse drama incomoda as pessoas? Cite um trecho da música para


justificar sua resposta.

6) Qual palavra representa a polícia?

7) O RAP é ouvido apenas nas favelas. Qual (is) trecho (s) confirma ou refuta
essa afirmação?

8) Em qual momento, há um apelo religioso na música?


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9) Como são as rimas? Ricas ou pobres? Dê exemplos.

10) Percebe-se na letra desvios da língua padrão. Identifique-os. Por que você
acha que eles foram mantidos?

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