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Avaliação de uma seqüência didática do gênero relato de

experiência vivida

Jacqueline Cardoso Robel

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Londrina – Pr.
e-mail: jacquelinerobel@pop.com.br

Universidade Estadual de Londrina


Avaliação de uma seqüência didática do gênero relato de experiência vivida

Jacqueline Cardoso Robel

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo avaliar uma unidade didática utilizando o
gênero relato de experiência vivida. Essa avaliação fundamenta-se no interacionismo
sócio-discursivo que aponta procedimentos de análise de textos baseados no contexto de
produção e nos recursos lingüísticos. Também nos fundamentaremos nas capacidades de
linguagem propostas por Dolz e Schneuwly (2004) e nos critérios de avaliação do livro
didático proposto pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Acreditamos que a
análise desta unidade contribuirá para reforçar ainda mais a importância de uma
abordagem baseada em gêneros textuais.

Palavras-chave: seqüência didática, avaliação, gêneros textuais, capacidades de


linguagem

A didactic sequence evaluation of story of life genre

Abstract

This work has the objective to evaluate one didactic sequence using the story of life
genre. This evaluation is based on a socio-discoursive interacional perspective, that points
texts analysis procedures based on the production context and in the linguistic resources.
We based on the language capacities proposed by Dolz and Schneuwly (2004) and in the
evaluation criteria proposed by Didactic Book National Program. We believe that this
didactic sequence analysis will contribute to reinforce the importance of an approach
based on genre.
Key words: didactic sequence, evaluation, genre, language capacities.

1 Introdução

Sabe-se que o ensino de Língua Inglesa nas escolas públicas não tem demonstrado
resultados satisfatórios no que tange à formação de cidadãos que analisem o que está
implícito no discurso de outra pessoa, seja ele escrito ou falado. Além disso, os alunos
encontram muita dificuldade em perceber pontos relevantes do contexto de produção de
um discurso oral ou escrito, bem como em apontar aspectos implícitos no mesmo.
(Coracini, 1995)
Pode-se apontar vários pontos negativos no ensino de Língua Inglesa em nosso país
os quais são pertinentes nos péssimos resultados obtidos com os educandos .
Para dar ênfase a essa afirmação é válido citar o que dizem os Parâmetros
Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira:

“Todas as propostas apontam para as circunstâncias difíceis em que


se dá o ensino e aprendizagem de Língua Estrangeira: falta de
materiais adequados, classes excessivamente numerosas, número
reduzido de aulas por semana, tempo insuficiente dedicado à
matéria no currículo e ausência de ações formativas contínuas junto
ao corpo docente”. (Brasil,1998, p.24)

Além disso, ao se lidar com o ensino de Língua Inglesa, percebe-se que o que tem
contribuído para o despreparo dos educandos ao analisar diferentes textos é a forma como
o professor trabalha com os conteúdos propostos. Muitos professores de Língua Inglesa
têm se preocupado demasiadamente em utilizar em suas aulas apenas tradução, exercícios
que envolvam apenas pontos gramaticais e vocabulário sempre descontextualizados,
embora a maioria das propostas situam-se na abordagem comunicativa. (Brasil,1998)
Há também instituições que adotam livros didáticos nos quais figuram textos
reformulados, pois deduz-se que dessa forma o aluno será capaz de compreendê-lo
melhor.
Considerando os aspectos mencionados, pretende-se com este trabalho pesquisar
outra abordagem do ensino-aprendizagem no qual o aluno seja agente e não mero receptor
do processo ensino-aprendizagem. Essa abordagem baseia-se na discussão e análise de
gêneros textuais .
A partir do referencial teórico de Bronckart (1999) e de Dolz & Schnewly (2004),
foi elaborada uma unidade didática utilizando o gênero relato de experiência vivida. O
presente trabalho tem como objetivo:
Avaliar se essa unidade apresenta atividades que proporcionem ao educando o
desenvolvimento de capacidades lingüístico-discursivos e também a compreensão do
contexto histórico do gênero trabalhado.

2 Fundamentação Teórica

Do ponto de vista teórico, é válido ressaltar a importância das contribuições de


Bakhtin (2003) nas pesquisas que envolvam gêneros textuais, pois de acordo com esse
autor:

“Muitas pessoas que dominam magnificamente uma língua sentem


amiúde total impotência em alguns campos de comunicação
precisamente porque não dominam na prática as formas de gêneros
de dadas esferas. Freqüentemente, a pessoa que domina
magnificamente o discurso em diferentes esferas de comunicação
cultural, sabe ler o relatório, desenvolver uma discussão científica,
fala magnificamente sobre questões sociais, cala ou intervém em
uma conversa mundana.” (p.284 – 285)

Podemos mencionar também pesquisas de cunho didático envolvendo a utilização


de diferentes gêneros textuais no ensino de língua materna ou estrangeira pela equipe de
Serviço de Didática de Línguas da Faculdade de Ciências e Educação e de Psicologia da
Universidade de Genebra. Dentre esses pesquisadores estão Dolz & Scheneuwly que se
apóiam principalmente nos fundamentos teóricos do interacionismo sócio-discursivo
(ISD) de Bronckart (1999).

“No interacionismo sócio-discursivo (ISD) tal como é proposto por


Bronckart parte-se, primeiramente, do exame das relações que as
ações de linguagem mantêm com os parâmetros do contexto social
em que se inscreve, a seguir das capacidades que as ações colocam
em funcionamento e, sobretudo, das condições de construção
dessas capacidades. Em relação às ações de linguagem e aos textos
que as concretizam, o ISD propõe que primeiro se faça a análise
das ações semiotizadas ( ações de linguagem ) na sua relação com o
mundo social e com a intertextualidade. A seguir, a análise da
arquitetura interna dos textos e do papel que aí desempenham os
elementos da língua. Enfim, que se analise a gênese e o
funcionamento das operações (psicológicas e comportamentais)
implicadas na produção dos textos e na apropriação dos gêneros
textuais.” (Cristovão, 2005, p.37)

Uma proposta das contribuições feitas sobre as interações leitura-escrita é a de Dolz


e Schneuwly (2004), que apontam a necessidade do desenvolvimento da autonomia do
educando que, “é, em grande parte, conseqüência da maestria do funcionamento da
linguagem em situações de comunicação”. (Dolz & Schneuwly, 2004, p. 47). Um dos
objetivos mais importantes é o de “instrumentalizar o aprendiz” (Dolz & Schneuwly,
2004,p. 47) a fim de que ele compreenda as várias situações de comunicação e o valor das
unidades lingüísticas.
Segundo Dolz & Schneuwly (2004), o gênero pode ser utilizado como ferramenta
para que se alcancem os objetivos propostos acima, pois se considerarmos o sujeito, a
ação e o instrumento como elementos centrais de uma atividade humana, o gênero pode
ser considerado como ferramenta “na medida em que o sujeito – o enunciador – age
discursivamente numa situação definida – a ação – por uma série de parâmetros, com a
ajuda de um instrumento semiótico – o gênero. A escolha do gênero se dá em função dos
parâmetros da situação que guiam a ação e estabelecem a relação meio-fim, que é a
estrutura básica de uma atividade humana.” ( Koch, 2003, p. 55).
Dolz & Schneuwly (2004) defendem a idéia de que deve-se ensinar os educandos a
comunicar-se oralmente ou por escrito e propõem a seqüência didática como estratégia
utilizada para a produção oral e escrita. “As seqüências didáticas instauram uma primeira
relação entre projeto de apropriação (grifo do autor) de uma prática de linguagem e os
instrumentos (grifo do autor) que facilitam essa apropriação. Desse ponto de vista, elas
buscam confrontar os alunos com práticas de linguagem historicamente construídas, os
gêneros textuais para lhes dar a possibilidade de reconstruí-las e delas se apropriarem.
Essa reconstrução realiza-se graças à interação de três fatores: as especificidades das
práticas de linguagem que são objeto de aprendizagem, as capacidades de linguagem dos
aprendizes e as estratégias de ensino propostas pela seqüência didática” ( Dolz &
Schneuwly, 2004, p. 51).
De acordo com Dolz e Schneuwly (2004), práticas de linguagem são adquiridas pela
humanidade através das interações sociais.
As capacidades de linguagem são aptidões que o educando precisa ter para utilizar
um gênero em uma situação comunicativa adequada e essas capacidades englobam:
“adaptar-se às características do contexto e do referente (capacidades de ação); mobilizar
modelos discursivos (capacidades discursivas)e de dominar as operações psicolingüísticas
e as unidades lingüísticas (capacidades lingüístico-discursivas).”( koch, 2003, p.56)
As estratégias de ensino visam fornecer aos alunos os instrumentos que são
necessários para que eles possam utilizar melhor os gêneros adequando-os às diversas
situações de comunicação.
No entanto, a escolha do gênero a ser adotado para se elaborar as seqüências
didáticas “deve poder ser adaptado a um destinatário preciso, a um conteúdo preciso, a
um objetivo determinado numa dada situação-escolha e adaptação constituindo
capacidades discursivas...” (Dolz e Schneuwly , 2001, p. 140).

3 Metodologia

Com base nestes construtos teóricos avaliamos a unidade produzida verificando se a


gradação de suas atividades pode proporcionar ao educando compreensão das
características do gênero contemplado, seus possíveis meios de veiculação e também se a
mesma possibilita que o aluno aprimore suas competências lingüísticas e discursivas.
A elaboração dessa unidade teve várias contribuições do grupo que pertence ao
projeto de elaboração de material didático para a Educação Básica.
Esse projeto é realizado semanalmente no Núcleo de Assessoria Pedagógica da
UEL, tem como supervisora e coordenadora a Profª Drª Vera Lúcia Lopes Cristovão e
conta com a participação de 15 professores que atuam em escolas estaduais da região de
Londrina e de uma professora que leciona numa escola pública em Joinville. Dentre essas
professoras, uma é aluna regular do mestrado e outra está cursando o doutorado na mesma
instituição.
Há 3 alunos professores que estão cursando Letras Anglo-Portuguesa da
Universidade.
As atividades preparadas neste projeto são feitas em grupos que seguem a objetivos
previamente estipulados pelo grupo e que procuram atender as necessidades de alunos de
escola pública.

4 Descrição da unidade:

A unidade foi preparada em torno de um relato de experiência vivida (R.E.V)


retirado da internet. A ênfase dada é na habilidade de leitura .
No início da atividade são sugeridos exercícios de contextualização. Atividades com
o texto em Inglês são sugeridas logo em seguida, porém com o objetivo de relacionar o
texto com o contexto. Ao se fazer perguntas aos alunos, pede-se que o aluno justifique sua
resposta a fim de fazê-los refletir e não dar apenas respostas intuitivas.
O trabalho com os componentes lingüísticos pertinentes ao texto é sugerido antes de
se exigir uma leitura mais detalhada, de modo que o aluno não saiba apenas o significado
dos mesmos, mas também o motivo de utilizá-los no texto trabalhado.
Ao se trabalhar o desenvolvimento de procedimentos de leitura visando uma
compreensão mais detalhada, pede-se que os alunos classifiquem as ações realizadas
pelos personagens da história voltando ao texto e utilizando os componentes lingüísticos
trabalhados anteriormente.
A caracterização é sugerida logo após, pois pede-se que o aluno organize um R.E.V.
e desembaralhe palavras que dizem respeito a uma frase utilizada pela autora no começo
da história, indicando o desfecho da narrativa.
As atividades de compreensão são exploradas com perguntas a respeito do texto e
com uma pergunta pessoal. Para finalizar a unidade é proposto um exercício de
consolidação, na qual se propõe que os alunos recortem de jornais e revistas relatos de
experiência que mais acharam interessante e digam o porquê da sua escolha.
5 Procedimentos de análise

Analisamos a unidade didática produzida com base nestes pressupostos. Utilizamos


os critérios elaborados pelo Projeto Nacional do Livro Didático, as capacidades de
linguagem propostas por Dolz & Schneuwly (2004) e também o referencial teórico do
interacionismo sócio-discursivo proposto por Bronckart (1999).
Para fazermos uma análise mais detalhada da unidade utilizamos os critérios de
avaliação propostos pelo PNLD.
A análise feita nos ajudará a avaliar se as atividades propostas permitem:

Quadro 1 – Critérios de avaliação do livro didático


1 – Reconstrução da situação de produção / leitura do texto
2 – Exploração de conhecimentos de mundo prévios à leitura
3 – Exploração de estratégias de leitura diversificadas
4 – Exploração adequada do vocabulário
5 – Exploração dos recursos lingüísticos
6 – Clareza e correção na formulação dos exercícios e na orientação da leitura
7 – Variedade na formulação dos exercícios
8 – Progressão na formulação dos exercícios
9 – Presença ou sugestões de atividades com outros livros e outros portadores
de texto
10 – Incentivo para a leitura de outros materiais
Fonte: PNLD

Ao se utilizar o trabalho com conhecimentos lingüísticos baseados no PNLD,


procurou-se avaliar se as atividades propostas procuram:

“a) desenvolver o uso da língua


b) refletir sobre o uso da língua
c)construir conceitos e conhecimentos morfológicos, sintáticos,
semânticos, pragmáticos / discursivos e textuais” (Cristovão, no
prelo)

Tomamos também como pressupostos as capacidades de linguagem propostas por


Dolz e Schneuwly (2004).
• Capacidades de ação
• Capacidades discursivas
• Capacidades lingüístico-discursivas

6 Análise e discussão

A unidade preparada traz explicitado os objetivos. Através da elaboração desta


unidade procuramos colocar em prática atividades que permitam que o educando tenha
contato com a língua inglesa não apenas através de estruturas e de exercícios
descontextualizados, e sim de uma forma que o leve a compreender que a língua é um
meio de interação, “na qual os sujeitos são vistos como atores / construtores sociais”.
(Koch – 2003, p. 17)
O material produzido tem atividades que se adequam à realidade dos alunos de
Inglês da escola pública, pois possibilita que o aluno realize atividades contextualizadas e
é mais direcionada para o Ensino médio, podendo, em alguns casos ser trabalhada
também em salas do Ensino Fundamental. Dentre as habilidades falar, ler, escrever,
procurou-se dar ênfase na habilidade da leitura, “voltada para o exercício da cidadania,
aquisição de autonomia, desenvolvimento das capacidades lingüísticas e ensino da
gramática normativa de língua inglesa” (Cristovão , 2005)
Esta unidade não está organizada em um tema, mas em torno de um gênero. Ao se
trabalhar com textos que veiculam na sociedade e explorar sua organização, bem como
vocabulário e interpretação, “entende-se que a linguagem posta como objetivo de ensino
está sendo tomada em uma perspectiva de discurso.” (Cristovão,2005)
Com base nos critérios propostos pelo PNLD, utilizamos como sugestão o quadro
proposto por Cristovão (2003)

Quadro 2 – Avaliação da seqüência didática baseada nos critérios do PNLD


Critério Avaliação Justificativa (possivelmente com exemplo)
1 X Leia alguns relatos de experiência vivida e associe ao
seu possível meio de veiculação
2 X 1. Você costuma ler ou ouvir histórias vivenciadas por
outras pessoas?
3 X As atividades de leitura são bem variadas, pois pede-se
que o aluno retire os cognatos, respondam questões,
justificando-as e dando sua opinião.
4 X No relato de experiência que você leu, a autora utiliza
grupos nominais, ou seja grupos de palavras com
diferentes objetivos. Eles foram escritos em Português.
Você deverá procurá-los em Inglês no caça-palavras e
escrevê-los ao lado da sua tradução.
5 X Explora-se os recursos lingüísticos através de
exercícios variados envolvendo verbos no simple past,
1ª e 3ª pessoas do singular.
6 X Há uns quadros situando os alunos e informando-os
sobre características do gênero.
7 X Apresenta perguntas, caça-palavras, assinale pedindo
para que justifiquem.
8 X Inicia do conhecimento prévio do aluno, envolven-do
leitura e questões mais detalhadas.
9 X Foram utilizados textos veiculados em revistas, jornais
e na internet.
10 X No final da unidade, pede-se que o aluno recorte um
R.E.V. que mais gostou e justifique o porquê.

Utilizamos agora a avaliação de acordo com as capacidades de linguagem propostos


por Dolz e Schneuwly (2004):
Quadro 3 – Avaliação da seqüência didática baseada nas capacidades de linguagem
de Dolz e Schneuwly (2004)
Capacidade de ação X A unidade apresenta questionamentos para
fazer com que o aluno reflita possíveis meio
de veiculação do R.E.V.,
Capacidades discursivas X Pede-se que o aluno organize um R.E.V. e
reflita sobre a organização do texto em inglês
que apresenta uma mensagem no final.
Capacidades lingüístico- X São trabalhados grupos nominais utilizados
discursivas pela autora para descrever ações dela e do
cachorro em 1ª pessoa e verbos no passado.

Após os resultados, podemos afirmar que a unidade didática elaborada está de


acordo com a avaliação PNLD e as capacidades de ação propostos por Dolz e Schneuwly
(2004), contemplando desta forma o contexto de produção, citados por Bronckart (1999).
O trabalho proposto procura apresentar uma seqüência em relação às atividades
propostas, graduando as atividades, de modo que os alunos consigam compreender as
características do gênero trabalhado, bem como seus possíveis meios de veiculação.
Observamos que o trabalho produzido não apresenta exercícios que não estejam
descontextualizados e que procura fazer com que o aluno reflita sobre o uso da língua.
Ao enfocar a gramática, procurou-se contextualizá-la, privilegiando dessa forma “o
estudo de compreensão do funcionamento da linguagem a favor da construção de
significado.” (Cristovão, 2004)
Porém, poderíamos questionar a pouca quantidade de atividades voltadas para este
assunto, e consideramos que de acordo com a série a ser trabalhada esta unidade, seriam
necessárias mais atividades que enfocassem o conteúdo de gramática proposto de modo
que o aluno realmente o compreenda.
Poderíamos fazer uma outra avaliação dessa unidade, após aplicarmos na sala de
aula de Língua Inglesa na rede pública de ensino. No entanto, como sabemos, não há
turmas de mesmas séries que sejam homogêneas, caberia ao professor que esteja
aplicando decidir quais atividades poderiam ser melhor exploradas de acordo com as
necessidades dos seus alunos, tendo em mente que o trabalho proposto está centrado
numa abordagem baseada em gêneros textuais.

7 Considerações finais

A produção dessa unidade foi bastante significativa para mim, enquanto professora
de Inglês da Rede Pública de Ensino, pois ao elaborá-la tive que buscar referencial teórico
que envolva abordagem em gêneros textuais e ao fazê-lo pude refletir sobre o ensino-
aprendizagem de uma língua, não me restringindo a elaborar atividades
descontextualizadas e que não apresentam realmente uma gradação de forma que o aluno
possa refletir sobre o real uso de uma língua.
Poderia acrescentar também a significativa importância que a participação no
Projeto de Materiais Didáticos, sob coordenação da Profª Drª Vera Lúcia Lopes Cristovão
tem apresentado na minha prática em sala de aula, pois ao trocar experiências com outros
professores e elaborarmos materiais que realmente condizem com a realidade de nossos
alunos, me permitiu ser uma professora mais reflexiva, que analisa as atividades que
proponho aos meus alunos, bem como seus resultados.
É válido ressaltar a necessidade de haver outros Projetos de Extensão nas
universidades brasileiras de modo que os professores tenham oportunidade de
participarem ativamente, produzindo materiais didáticos que condizem com a realidade de
seus alunos.
Uma outra contribuição importante para a abordagem baseada em gêneros textuais
seriam trabalhos que envolvam a descrição de gêneros textuais, pois ao elaborar
atividades com determinados gêneros é interessante que o professor tenha aonde pesquisar
de modo que prepare as atividades abordando diferentes gêneros, mas seguindo algumas
características já descritas anteriormente.

8 Referências bibliográficas

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Trad. Feita a partir do russo por Paulo
Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BRONCKART, J. P. Atividades de linguagem, textos e discursos. Trad. Anna Rachel
Machado e Péricles Cunha. São Paulo: Educ, 1999 .
CORACINI, M. J. (org). (1995) O jogo discursivo na aula de leitura. Campinas, Pontes.
CRISTOVÃO,V.L.L. Gêneros textuais, material didático e formação de professores
Signum 8/1.
CRISTOVÃO, V. L.L., Nascimento, E. L. Gêneros textuais e ensino: Contribuições do
interacionismo sócio-discursivo. In: Karwoski, A.M., Gayedeczka, B., Brito, k. S. (orgs.)
União da Vitória: Kaygangue, 2005.
DOLZ, & SCHNEUWLY, B. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de
Letras, 2004
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS DE LÌNGUA PORTUGUESA.
Secretaria de Educação do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2003

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