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Português

Pronomes

1. Introdução

Conceito: são elementos de coesão textual que retomam o substantivo ou que o acompanham. É a costura do
texto que promove sua lógica. Substantivo é a palavra que dá nome, e pronome é aquilo que está em função do
substantivo.

Classificação:

Adjetivo: acompanha;
Substantivo: substitui o substantivo, indicando sua posição em relação às pessoas do discurso ou mesmo
situando-o no espaço e no tempo.

Ex. O professor pediu silêncio aos alunos. Eles nem deram confiança.

Minhas anotações ficam um fichário.

2. Pronomes pessoais*

Conceito: indicam uma das 3 pessoas do discurso: a que fala, a com quem se fala ou a de quem se fala. São
sempre substantivos.

Princípio da uniformidade de tratamento: não usar formas de 3ª e 2ª pessoa na mesma frase.

Ex. Você nunca fez mal a ninguém, por isso eu te admiro → errado!

Tu nunca fizeste mal a ninguém, por isso eu te admiro → correto!

Ana, preciso falar com você → correto!

Estás calado demais, quero falar contigo → correto!

Pronomes pessoais
Caso reto Caso oblíquo
Átonos Tônicos
Eu Me Mim, comigo
Tu Te Ti, contigo
Ele O, a, lhe, se Si, consigo, ele/ele
Nós Nos Nós, conosco
Vós Vos Vós, convosco
Eles Os, as, lhes, se Si, consigo, eles/elas

Do caso reto: função de sujeito.

Obs. Quando os pronomes pessoais ele/ela, ou qualquer outro substantivo, funcionarem como sujeito, não
devem ser aglutinados com a preposição “de”. Ex. É chegada a hora de ele assumir a responsabilidade.

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Utilização:

 Plural de modéstia: usar a primeira pessoa do plural para evitar tom arrogante no texto.
 Plural de majestade: nobres usavam a primeira pessoa do plural para indicar sua glória e
poder. Ex. “nós, o Imperador”.
 Plural de cerimônia: uso da segunda pessoa do plural para imprimir tom de respeito.

Do caso oblíquo: função de complemento verbal.

Átonos: não possuem sentido sozinhos. Não são precedidos por preposição.

Ex. Deixei-a entrar atrasada. → Sujeito acusativo.

Queixei-me de Pedro por ter atrapalhado nosso trabalho. → Parte integrante do verbo.

João foi-se embora. → Partícula expletiva.

Exceção: nos verbos causativos (mandar, fazer e deixar) e sensitivos (olhar, ouvir e sentir)
acompanhados de infinitivo, os pronomes átonos podem ser sujeitos. Ex. Ele nos fez refletir.

Tônicos: possuem sentido sozinhos. São precedidos por preposição.

 Obs. Com nós/com vós vs. conosco/convosco: usa-se com nós/com vós quando os pronomes
pessoais são reforçados por palavras delimitadoras, como outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou
algum numeral. Ex. Gilberto conversou com nós dois.
 Se for OD, é preposicionado.

Observações:

Eu vs. mim: “eu” é utilizado para função de sujeito. Já o “mim” antes do verbo é possível quando completa a
expressão “para mim”.

Ex. É bom para mim estudar = Estudar é bom para mim.

Se, si, consigo: utilizados na voz reflexiva – sujeito pratica e sofre a ação. Sentido de mesmo, próprio. Ex. ele
feriu-se com a faca. // O aluno trouxe o livro consigo.

Preposição “entre”: após a preposição “entre”, usa-se pronomes oblíquos, não retos.

Ex. Entre mim e ela não há segredos.

2.1. Utilização dos pronomes oblíquos

Objeto direto:

 O – a –os – as;

Ex. Encontrei meu tio na faculdade. → Encontrei-o na faculdade

 Lo – la – los – las: verbos terminados em r, s e z. Elimina-se a consoante e acrescenta o


pronome.

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Ex. Vai contratar a empresa no condomínio. → Vai contratá-la no condomínio.

Pôs os filhos em um colégio interno. → Pô-los em um colégio interno.

Fez as ilustrações em cartolina → Fê-las em cartolina.

 No – na – nos – nas: verbos terminados em m ou ~. O verbo é mantido inalterado.

Ex. Compraram o imóvel à vista → Compraram-no à vista.

Compõe os poemas → Compõe-nos...

 Os pronomes do caso reto ele/ela podem ser utilizados como objeto direto desde que
delimitados por “todos”, “só”, “apenas” ou algum numeral.

Ex. Encontrei todos eles na festa.

Objeto indireto: lhe – lhes – a ele/ela.

Ex. Entregou ao rapaz uma correspondência → Entregou-lhe uma correspondência.

Valor possessório: quando for sinônimo de seu/sua/dele/dela. Nesse caso, é adjunto adnominal.

Ex. Tirou a sua roupa com violência → Tirou-lhe a roupa com violência.

Obs. Os outros pronomes átonos (me, te, se, nos, vos) podem ser objeto direto ou indireto, a depender da
regência do verbo.

Um pronome com duas funções sintáticas: é possível juntar o objeto direto e o objeto indireto no mesmo
pronome.

Ex. Entregou a ele a nota. = Entregou-lhe a nota → Entregou-lha.

2.2. Colocação dos pronomes oblíquos átonos

Próclise: pronome antes do verbo em razão de uma palavra atrativa ou eufonia. Estrutura: sujeito + objeto +
verbo. Não se usa o hífen.

Ex. Não nos mostraram nada.

 Atenção! O pronome é atraído para antes do verbo e não necessariamente para perto da
palavra atrativa.

Palavras atrativas: palavras invariáveis no geral (advérbios, preposições, conjunções, alguns pronomes).

 Palavras negativas: não, nunca, jamais, ninguém, nem, tampouco, sequer...

Ex. Não me convidaram para o evento.

 Advérbios em geral/expressões adverbiais:

Ex. Amanhã se realizará o evento.

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 Pronomes relativos, indefinidos e demonstrativos (RID): independe de serem invariáveis.

Ex. Isso me parece pouco provável.

O dinheiro que me devem é muito.

 Conjunções:

Ex. Ele saiu da sala quando me viu ali.

Quero que me devolva o livro.

 Se o “que” pode ser pronome relativo ou conjunção integrante, e tanto pronomes relativos quanto
conjunções atraem o pronome, o termo “que” sempre atrai o pronome!
 Conjunções Coordenativas: a próClise é faCultativa.

 “Em” + pronome oblíquo + gerúndio:

Ex. Em se tratando de política, nada declaro.

 Expressões interrogativas:

Ex. Como te atreves?

Quem te xingou?

 Orações optativas (expressa desejo) ou exclamativas: salvo se ficarem no início da frase.

Ex. Bons ventos o levem!

Segurem-se, pelo amor de Deus!

Observações:

 Não se inicia oração com pronome oblíquo átono. Ex. Me disseram isso.
 Se após a palavra atrativa houver pausa (vírgula ou ponto e vírgula), usa-se a ênclise. Não se
usa pronome oblíquo após a vírgula ou iniciando frase. Ex. Não, esqueça-se de mim.

 Exceção: se for uma intercalação, o termo entre vírgulas pode ser retirado sem perda do sentido.
Nesse caso, é possível o pronome após a vírgula. Ex. Aqui, à noite, se ouve música.

Mesóclise: pronome no meio do verbo. Ocorre quando o verbo está no futuro do presente ou futuro do
pretérito. Usa-se 2 hífens.

Ex. Mostrar-lhe-ei meus escritos.

Prevalência da próclise sobre a mesóclise: havendo palavra atrativa e verbo no futuro, a próclise é
obrigatória. Se não houver palavra atrativa, a próclise é facultativa.

Ex. Eu te amarei → próclise facultativa;

Eu amar-te-ei; → mesóclise facultativa;

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Eu não te amarei → próclise obrigatória pela palavra atrativa.

Prevalência da mesóclise sobre a ênclise: não cabe ênclise com verbos no futuro.

Ênclise: pronome depois do verbo. É a regra, já que a estrutura padrão da oração é sujeito + verbo + objeto.
Usa-se 1 hífen.

Ex. Apresento-lhe meus cumprimentos.

 Mesóclise prevalece sobre a ênclise: não se usa pronome oblíquo após verbo no futuro
(mesóclise);
 Não há ênclise com verbo no particípio.

Observações:

Sujeito explícito: permite dupla colocação, podendo ser utilizada tanto a próclise quanto a ênclise;

Ex. O aluno procurou-me depois da aula → Correto!

O aluno me procurou depois da aula → Correto!

Verbos no infinitivo sempre admitem ênclise: mesmo havendo palavra atrativa, é possível utilizar a ênclise.
Ex. Não importar-se com o que ocorra.

Locução verbal: O pronome pode ocupar posições diferentes, admitindo-se a ênclise ao verbo principal (com
hífen) ou próclise ao verbo principal (sem hífen) ou a ênclise ao verbo auxiliar (com hífen). Não é possível,
contudo, ênclise ao verbo principal no particípio e pronome oblíquo iniciando a frase.

 CESPE! A alteração da colocação do pronome não acarreta mudança de sentido.

Infinitivo Gerúndio Particípio

Vou-lhe falar Estou-lhe falando Tenho-lhe falado

Vou lhe falar Estou lhe falando Tenho lhe falado

Vou falar-lhe Estou falando-lhe Tenha falado-lhe

Lhe vou falar Lhe estou falando Lhe tenho falado

 Palavra atrativa: próclise ao auxiliar ou ao principal. Não pode estar com hífen no meio, pois
isso seria ênclise ao verbo auxiliar e, havendo palavra atrativa, deve ser utilizada a próclise.

 Exceção: se o verbo estiver no infinitivo, admite-se a ênclise ao principal ou ao auxiliar.

Ex. Não deverá se concretizar // Não deverá concretizar-se.

Verbos no particípio e no futuro jamais admitem ênclise: ex. ninguém deve ter se lembrado // ninguém deve
ter lembrado-se.

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Se houver palavra atrativa, a próclise predomina sobre a mesóclise: ex. Não te enviarei outra proposta. Se
não houver, o uso é facultativo.

Expressão “em + verbo no gerúndio”: exige próclise. Ex. em se tratando desse assunto [...].

Frases exclamativas, interrogativas e optativas (exprimem desejo): exigem próclise. Ex. Como te julgaram! //
Como se chama o Presidente? // Deus te abençoe.

3. Pronomes demonstrativos*

Conceito: situam os seres no tempo, espaço ou discurso.

Rol: este, esta, isto; esse, essa, isso; aquela, aquela, aquilo; tal; semelhante; próprio; mesmo; o, a.

Uso de este, esta, isto; esse, essa, isso; aquele, aquela, aquilo:

 Atenção! Elementos dêiticos: tem por objetivo localizar o fato no tempo e espaço sem defini-
lo. Ex. lá, cá, acolá, aqui.

Tempo:

 Este, esta, isto: utilização para tempo presente;

Este ano está sendo cheio de surpresas.

 Esse, essa, isso: tempos passado recente e futuro próximo.

Dezembro. Esse mês será marcado pelo meu casamento.

Em novembro de 2017, inauguramos a loja. Até esse mês, nada sabíamos sobre comércio.

 Aquele, aquela, aquilo: tempo passado remoto ou futuro distante.

Em 1980, eu tinha 15 anos. Naquela época, campinas ainda era uma cidade pequena.

Espaço:

 Este, esta, isto: utilização para proximidade com a pessoa que fala;

Ex. Este chapéu que estou usando é de couro.

 Esse, essa, isso: proximidade com a pessoa com quem se fala (isso ali);

Ex. Esse chapéu que você está usando é de couro?

 Aquele, aquela, aquilo: distante tanto de quem fala quanto de quem houve (aquilo lá).

Ex. Aquele chapéu que ele está usando é de couro?

Posicionamento no discurso*:

 Este, esta isto: cita aquilo que ainda vai ser falado – recurso catafórico.
 Esse, essa, isso: retoma aquilo que já foi dito – recurso anafórico.
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Ex. A verdade é esta: o Brasil será campeão.

O Brasil será campeão. A verdade é essa.

Retomada de elementos*:

 Esta, esta, isto: o mais próximo, que foi falado por último.
 Aquele, aquela, aquilo: aquilo que já foi dito em primeiro lugar.

Ex. Sabemos que a relação entre o Brasil e os EUA é de domínio destes sobre aquele.

 Prova! Cespe aceita o uso de “esse” para retomar o termo do meio entre três.
 Atenção! É possível a superposição de elementos retomados, isto é, o pronome retomar mais
de um elemento.
 Atenção! O termo a ser retomado pode ser implícito!

Observações:

 O, a, os, as: são pronomes demonstrativos quando equivalem a isto, isso, aquilo, aquele ou
aquela.

Ex. Não concordo com o que ele falou (aquilo que ele falou).

Tudo o que aconteceu foi um equívoco (tudo aquilo).

A que apresentar o melhor texto será aprovada (aquela que).

 Pode ser usado para retomada: o “o” é pronome neutro.

Ex. Não basta ser honesta, é necessário que o pareça;

Não sou concentrado, o que atrasou minha aprovação;

 Tal e tais: é pronome demonstrativo quando tiver o sentido de semelhante.

Ex. Os dois estão casados há 50 anos. Tal amor não se encontra facilmente.

O Brasil ficou em choque com a tragédia. Não se veriam semelhantes catástrofes se os projetos urbanísticos
fossem eficazes.

 Mesmo(s)/mesma(s), próprio(s)/própria(s): são demonstrativos quando têm sentido de


idêntico ou em pessoa.

Ex. Não é possível continuar insistindo nos mesmos erros.

Ela própria deve fiscalizar a mercadoria.

4. Pronomes indefinidos

Conceito: referem-se à 3ª pessoa do discurso indicando quantidade de maneira vaga, imprecisa.

Rol:

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Pronomes indefinidos
Invariáveis Variáveis Locuções
Alguém, ninguém, tudo, nada, Algum(s)/alguma(s), Cada um, cada qual, quem
algo, cada, outrem, alhures, nenhum(s)/nenhuma(s), todo(s)/toda(s), quer que, todo aquele que,
mais, menos, demais. muito(s)/muita(s), bastante(s), tudo o mais, etc.
pouco(s)/pouca(s), certo(s)/certa(s),
tanto(s)/tanta(s), quanto(s)/quanta(s),
um(s)/uma(s), qualquer/quaisquer,
vário(s)/vária(s), etc.

Uso:

Todo: há artigo se o sentido for de inteiro e o substantivo seguinte exigir. Caso significa cada ou todos, não
haverá artigo.

Ex. Todo dia telefono a ela.

Fiquei todo o dia em casa.

Todo ele ficou machucado.

Todos/todas: há artigo se o substantivo seguinte exigir.

Ex. Todos os colegas o desprezam.

Todos vocês merecem respeito.

Algum: tem sentido afirmativo se usado antes do substantivo e negativo se usado depois.

Ex. Algum amigo o ajudará.

Amigo algum o ajudou.

 Também pode ter sentido de “um pouco”. Ex. Ele lhe emprestou algum dinheiro.

Bastante: se modifica substantivo, será pronome indefinido ou adjetivo e, portanto, variável. Já se modificar
adjetivo ou verbo, é advérbio e invariável. Para verificar, substituir por “muito”.

Ex. Tenho bastante talento. → pronome

Temos aliados bastantes. → adjetivo

Sou bastante talentoso. → advérbio

Eu estudei bastante. → advérbio

 Bastante e certo: são pronomes indefinidos quando antecedem o substantivo e são adjetivos
quando estão pospostos (bastante = suficiente).

Ex. Certas pessoas estão aqui.

As pessoas certas estão aqui.


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5. Pronomes relativos*

Conceito: é uma classe de pronomes que servem para retomar um termo da oração anterior e estabelecer uma
coesão entre as orações. Sua principal função é introduzir orações adjetivas.

Que: pode ser um pronome relativo ou uma conjunção integrante. O primeiro é um elemento coesivo de
retomada, e a segunda, um elemento coesivo de ligação entre duas orações.

Diferenciação:

 Pronome relativo: quando o “que” for antecedido por um substantivo ou pronome, seja ou
não precedido de preposição, será pronome relativo. Pode ser substituído por “o qual”.
 Conjunção integrante: quando for antecedido por outras classes. Pode ser incluído isso/disso
antes.

Ex. O carro que estacionaram aqui foi rebocado. → Estacionaram o carro aqui + o carro foi rebocado. Retoma
o substantivo carro.

Não sei quem era aquele que veio ontem aqui. → retoma o pronome aquele. Ex. poderia ser substituído por
homem.

Infelizmente o que você quer é impossível → retoma o termo “o”, que pode ser substituído por aquilo.
Retoma, então, um pronome.

Ex. Convém que você se programe. → é antecedida por um verbo. É conjunção integrante
Seria bom que ele estivesse presente. → é antecedida por um adjetivo. É conjunção integrante

 Prova! Se o “que” não está retomando um substantivo ou pronome (substituível por “o


qual”), não é pronome relativo, mas uma conjunção.
 Prova! “Que” depois de “o” é sempre pronome relativo!
 Prova! As expressões formadas pelo verbo “ser + que” são partículas expletivas, não
pronomes relativos. Não altera o sentido, mas causa prejuízo na argumentação, pois diminui a ênfase. Ex.
É que: “Nós é que o convencemos a ficar”. O mesmo ocorre na estrutura “que + substantivo + resto da
frase. Ex. Que ideia interessante!

Observações:

 Pode retomar pessoas ou coisas.

Ex. A pessoa em que confio → Correto! // A pessoa em quem confio → Correto!

 Pode ser precedido de preposição, a depender da regência do verbo da oração seguinte.

Ex. O autor em que me baseei é cearense // O autor com que conversei é mineiro.

Função sintática:

Raciocínio:
1) Achar o pronome relativo;
2) Achar o termo retomado por ele;
3) Substituir o “que” pelo termo retomado e verificar a função sintática.

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Qual: equivale ao pronome “que”, podendo ser usado para retomar pessoas ou coisas. Ao contrário do “que”,
causa menos estranheza a retomar pessoas.

Ex. O profissional a que/ao qual/a quem perguntei minha dúvida foi claro.

A obra a que/à qual me refiro foi traduzida.

Preposição: também pode ser precedido de preposição, quando o verbo seguinte exigir. Ao contrário do que
se dá no pronome anterior, no entanto, a preposição não é neutra, variando em número e gênero.

Onde: sempre pode ser substituído por em que (mas o contrário não é verdadeiro). Retoma um lugar físico,
um ambiente. Só é utilizado para verbos cuja regência pede a preposição “em”.

Ex. A sala em que/onde/na qual tenho aula fica no segundo andar.

O contexto onde se insere a obra é o modernismo. → não é lugar.

Observação: caso o antecedente seja não um substantivo que indique lugar, mas um verbo, o termo “onde”
será advérbio de lugar, e não pronome relativo.

Ex. Moro onde existe um terreno baldio.

Aonde: também retoma um lugar. É ligado a verbos com ideia de movimento em direção a. É substituível, por
tanto, por “a que”.

Ex. O restaurante a que/aonde vou mais tarde, fica aqui perto.

Quem: retoma apenas pessoas. Quando precedido de preposição por exigência da regência do verbo, aquela
será neutra, não variando em número e gênero.

Quanto: precedido pelos pronomes indefinidos “tanto” ou “tudo”. É usado quando o antecedente tiver sentido
de quantidade.

Como: quando o antecedente tiver sentido de modo.

Cujo:

 Não pode ser seguido de artigo, pois flexiona-se para concordar com o substantivo que o
segue. Assim, depois do pronome “cujo” deve haver um substantivo;
 Também pode ser precedido de preposição, a depender do verbo que está depois;
 Estabelece relação de posse;
 Não pode ser substituído por “que”;
 Concorda com o elemento posterior e indica posse do elemento anterior.

Ex. A empresa a cujo faturamento me refiro está falida → Posse do anterior: o faturamento da empresa;
concordância com o posterior: me refiro ao faturamento.

Ex. O médico em cuja palavra confiei é digno.

6. Pronomes de tratamento

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Conceito: pronomes empregados no trato com as pessoas, familiarmente ou respeitosamente.

Rol:

Pronome de tratamento Abreviatura Utilização


Vossa Majestade V.M. Reis e imperadores
Vossa Alteza V.A. Príncipes e duques
Vossa Santidade V.S. Papa
Vossa Eminência V. Emª. Cardeais
Vossa Excelência V. Exª. Altas autoridades
Cabimento:
Executivo: Presidente e Vice, Ministros de Estado,
Governadores e Vices, Oficiais-Generais das
Forças Armadas, Embaixadores, Secretários-
Executivos de Ministérios, Secretários dos
Estados, Prefeitos.
Legislativo: Deputados, Senadores, Ministros e Conselheiros
dos Tribunais de Contas e Presidentes das
Câmaras Legislativas Municipais
Judiciário: Ministros dos tribunais superiores, membros de
tribunais, juízes e auditores da justiça militar.
Vossa Magnificência V.Mag.ª/V.M. Reitores
Vossa Senhoria V.Sª. Tratamento cerimonioso
Senhor/Senhora Sr./Sra. Tratamento formal
Você Tratamento familiar

Flexão:

Função de sujeito: verbo e pronomes adjetivos flexionam-se na terceira pessoa do singular. Os adjetivos
concordam com o sexo do interlocutor.

Ex. Vossa excelência está cansada(o).

Função de objeto indireto ou complemento nominal: a preposição a não recebe crase, pois não admitem
artigo.

Ex. Refiro-me a Vossa Senhoria.

 Exceção: o pronome “senhora” admite o artigo e, por isso, se for precedido da preposição a,
receberá crase.

Ex. Refiro-me à Senhora.

Posição no discurso: usa-se “vossa” quando conversamos com a pessoa e “sua”, quando falamos da pessoa.

 No endereçamento da carta, utiliza-se “sua”.


 A carta se inicia com “vimos”.

Estrutura: o termo “Vossa” é sempre seguido por um substantivo jamais por um adjetivo. Ex. Vossa
Excelentíssima → errado!

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7. Pronomes interrogativos

Função: formular questões diretas ou indiretas.

Rol: que, quem, qual e quanto.

Que foi isto?

Quero saber que foi isto.

8. Observação final

Partícula de realce: é aquela que pode ser retirada sem alteração do sentido ou da correção. A concordância é
feita como se não estivesse na frase.

Ex. Só sei que ele é que foi bem na prova. // Só sei que ele foi bem na prova.

Verbo

1. Introdução

Conceito: é a palavra que se flexiona em número, pessoa, modo, tempo e voz, podendo indicar ação, estado,
fenômeno natural, ocorrência, etc. É classe gramatical que indica ação, estado, processo ou fenômeno da
natureza.

 Prova! Se trabalha com o conceito de verbo, os verbos de ligação não são verbos, pois o que
indica o estado é o adjetivo. Ainda, substantivos que indicam fenômenos da natureza seriam verbos.

2. Formas nominais

Nomenclatura: essas formas verbais podem se comportar como nomes (substantivo, advérbio e adjetivo).

Infinitivo (-r): é associado à noção de futuro e algumas vezes se comporta como substantivo.

Ex. vamos viajar no carnaval = viajaremos no carnaval.

Ex. O amanhecer na roça é lindo → se é precedido por artigo, faz papel de substantivo, dando nome a algo.

Pessoal: concorda com o sujeito. Ênfase no agente

Ex. É importante estudarmos para a prova;

É importante ele estudar pra a prova.

Impessoal: não há sujeito. Enuncia uma ação vaga, sem agente determinado. O foco é a ação em si.

Ex. É importante estudar para a prova.

 Obs. Não há mudança de sentido de um para o outro – em regra, podem ser usados
indiscriminadamente.

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Infinitivo vs. futuro do subjuntivo: para diferenciar, basta trocar pelo verbo fazer, no qual o futuro do
subjuntivo (fizer) não se confunde com o infinitivo (fazer).

Ex. Vai sair amanhã com os amigos. → Infinitivo.

Chegou cedo para conseguir um bom lugar. → Infinitivo. Expressão que indica finalidade.

Quando você chegar, avise por favor. → Futuro do subjuntivo.

Se você comprar o ingresso, iremos lá. → Futuro do subjuntivo.

Gerúndio (-ndo): é associado ao presente em andamento, a ação contínua. Algumas vezes, se comporta como
advérbio, podendo indicar tempo, condição, modo e causa.

Ex. Estão ouvindo o CD da banda.

Amanhecendo, irei à sua casa → tem função de adjunto adverbial de tempo.

Estudando, passarei no concurso → função de adjunto adverbial de condição.

Desenvolveu a memória fazendo exercícios → sentido de modo.

Estudando por anos, foi aprovada → sentido de causa.

Obs.

 Nem toda palavra terminada em –ndo é forma de gerúndio, pois, caso seja precedido de artigo,
será substantivo. Ex. O mestrando ainda tem dois meses de prazo;
 A + infinitivo = gerúndio.

Ex. Estou a cantar = Estou cantando.

Gerundismo: verbo ir no presente + estar + verbo no gerúndio. A intenção é anunciar uma ação futura.
Entretanto, a forma nominal referente ao futuro é o infinitivo, e não gerúndio. É desvio de norma culta. Ex.
Vou estar reavaliando seu processo. A forma correta seria “vou reavaliar o seu processo” ou “reavaliarei seu
processo”.

 Nem sempre essa construção é errada: é correta quando indica um processo, uma continuidade
no futuro ou quando se apresenta uma ação a ser praticada no futuro, que deverá ocorrer
simultaneamente a outra ação, também futura. Ex. Durante a semana que vem, eu vou estar participando
de um congresso. O erro ocorre quando é empregado para substituir o futuro do presente.

Particípio (-do): associa-se ao passado e algumas vezes ocupa valor de adjetivo ou substantivo.

Ex. Tínhamos recebido o aumento → Particípio;

O convidado apreciou o cardápio → Substantivo.

Ele é abençoado → Adjetivo.

Verbos abundantes: têm dois particípios.

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 Regra:

 Construção: ter/haver + particípio regular. Voz ativa. Ex. eu já tinha pagado a conta, quando me
cobraram.
 Construção: estar/ser + particípio irregular. Voz passiva. Ex. O imposto já estava pago.

 Obs. Verbos pagar, pegar, gastar e ganhar (PPGG): podem seguir a norma culta ou ser usados
só na forma irregular. Em razão do uso cotidiano, criou-se uma condescendência.
 Verbo trazer: não é verbo abundante! O particípio é apenas trazido.

3. Estrutura e conjugações

Radical: é o morfema que concentra o significado essencial do verbo.

Ex. Estudar; amar, cantar, vender, beber, esconder; permitir; partir; proibir;

Vogal temática: morfema que permite a ligação entre o radical e as desinências. Indica de qual conjugação é o
verbo.

Ex. Estudar; amar, cantar, vender, beber, esconder; permitir; partir; proibir;

1ª conjugação: vogal temática –A;


2ª conjugação: vogal temática – E e – O;

 O verbo pôr e seus derivados (supor, depor, repor, compor, etc.) pertencem à segunda
conjugação, pois sua vogal temática –e foi omitida, mas decorre da forma latina poere.

3ª conjugação: vogal temática – I.

Tema: conjunto formado pelo radical e pela vogal temática.

Ex. Estudar; amar, cantar, vender, beber, esconder; permitir; partir; proibir;

Desinência: indicam as flexões do verbo.

Modo temporal: indica o tempo e o modo verbal.


Número-pessoal: indica se é singular ou plural e a pessoa do discurso.

Ex. Cant á sse mos. → Desinência número-pessoal que indica 1ª pessoa do plural;

Desinência modo temporal que indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.

4. Modo verbais

Indica a atitude da pessoa que fala em relação ao fato que enuncia.

Indicativo: exprime uma declaração, uma afirmação, uma certeza (mesmo que na forma negativa).

Ex. Caminha todas as manhãs. → Mantém a vogal da conjugação (caminhar).

Subjuntivo: exprime uma hipótese, dúvida, incerteza, possibilidade.

Ex. Talvez chova amanhã. → Altera a vogal da conjugação (chover).


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Imperativo: exprime ordem, pedido, desejo, conselho, orientação ou sugestão.

Ex. Por gentileza, tranque a porta. → Altera a vogal da conjugação (trancar).

Mudança de modo: quando a forma verbal está no modo indicativo, a vogal da conjugação se mantém. Já
quando está no subjuntivo, a vogal é alterada.

Indicativo Subjuntivo/imperativo
-A -E
-E -A
-I -A

Obs. Se há alteração para outra vogal, não é mudança de modo.

Ex. transformar – transformou → Mudou de – A para – O, e não para – E, então continua no indicativo.

Constituir – constituem → Mudou de – I para – E, e não para – A, então continua no indicativo.

5. Tempos verbais
5.1. Indicativo

Presente: o tempo do hoje, do momento da fala. Expressão “normalmente”.

Reconhecimento: radical + vocal temática + desinência número-pessoal

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


Eu Estudo Vendo Permito
Tu Estudas Vendes Permites
Ele Estuda Vende Permite
Nós Estudamos Vendemos Permitimos
Vós Estudais Vendeis Permitis
Eles Estudam Vendem Permitem

Utilização:

 Presente propriamente dito: agora. Simultaneamente ao momento da fala. Ex. A babá está com
a criança na praça.
 Presente habitual*: habitualidade, iteratividade, permanência, processos regulares. Ex. Tomo
banho três vezes por semana.
 Presente indicador de futuro próximo tido como certo: Ex. Viajo amanhã de manhã.
 Presente histórico: indica um fato já ocorrido no passado, conferindo atualidade. Ex. Em
1808, chega ao Brasil a família real portuguesa.
 Presente em andamento: gerúndio. Ex. Estou estudando por outro livro.
 Valor imperativo: forma delicada e íntima de pedir ou ordenar algo. Ex. Arthur, agora você se
comporta direitinho.

Pretérito: fato que ocorreu antes do momento da fala.

Perfeito: expressão “ontem”.

15
 Formação:

 Simples: radical + vocal temática + desinência modo-temporal + desinência número-pessoal.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


Eu Estudei Vendi Permiti
Tu Estudaste Vendeste Permitiste
Ele Estudou Vendeu Permitiu
Nós Estudamos Vendemos Permitimos
Vós Estudastes Vendestes Permitistes
Eles Estudaram Venderam Permitiram

 Composto (ter/haver no presente + particípio): exprime processos que se repetem ou prolongam


até o presente.

Ex. os professores não têm conseguido melhores condições de trabalho.

 Pode ser substituído por vir + gerúndio, que mantém a ideia de continuidade.

Ex. os professores não vêm conseguindo melhores condições de trabalho.

 Utilização: ação concluída, pontual, antes do momento da fala. Ex. entregou o documento ao
fiscal.

Imperfeito*: expressão “naquela época”.

 Formação: radical + vocal temática + desinência modo-temporal (-va/-ia) + desinência


número-pessoal.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


Eu Estudava Vendia Permitia
Tu Estudavas Vendias Permitias
Ele Estudava Vendia Permitia
Nós Estudávamos Vendíamos Permitíamos
Vós Estudáveis Vendíeis Permitíeis
Eles Estudavam Vendíam Permitiam

 Utilização:

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 Ideia de continuidade, iteratividade, de processo que no passado era constante, habitual ou
frequente. Processo passado não totalmente concluído, fato em sua duração Ex. Vendia jornais
quando jovem; Eu almoçava todos os dias.
 Processo que estava em desenvolvimento quando ocorreu outro. Ex. o sol já despontava quando a
escola entrou na passarela;
 Ação planejada que não se realizou. Ex. Eu pretendia começar hoje o curso, porém ele foi
cancelado.
 Condicional coloquial: pode substituir o pretérito imperfeito do subjuntivo ou futuro do pretérito .
Ex. Se ele caía, doía.
 Substituição do presente do indicativo para denotar cortesia. Ex. Queria pedir-lhe um favor.

 Correlação: pretérito imperfeito do indicativo + pretérito imperfeito do subjuntivo. Ex.


Esperava-se que o artista cantasse.

Mais que perfeito:

 Formação:

 Simples: radical + vocal temática + desinência modo-temporal (-ra – 2ª pessoa do plural - re) +
desinência número-pessoal.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


Eu Estudara Vendera Permitira
Tu Estudaras Venderas Permitiras
Ele Estudara Vendera Permitira
Nós Estudáramos Vendêramos Permitíramos
Vós Estudáreis Vendêreis Permitíreis
Eles Estudaram Venderam Permitiram

 Composto: ter/haver no pretérito imperfeito + verbo no particípio. Ex. ela havia chegado de
manhã.

 Utilização:

 Exprime fato passado anterior a outro fato passado. É mais passado que o passado. Ex. era tarde
demais quando ela percebeu que ele se envenenara.
 É possível, em alguns casos específicos, usar o pretérito perfeito no lugar do pretérito mais que
perfeito sem prejuízo gramatical ou mudança de sentido. Isso ocorre em orações temporais ou
quando se subentende pelo contexto que aquela ação ocorreu antes de outras, numa narrativa que já
posiciona os fatos no passado.

Futuro: tempo do amanhã, depois do momento da fala.

Do presente:

 Formação:

 Simples: radical + vocal temática + desinência modo-temporal (-rá) + desinência número-pessoal.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação

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Eu Estudarei Venderei Permitirei
Tu Estudarás Venderás Permitirás
Ele Estudará Venderá Permitirá
Nós Estudaremos Venderemos Permitiremos
Vós Estudareis Vendereis Permitires
Eles Estudarão Venderão Permitirão

 Composto: verbo auxiliar ter ou haver no futuro + verbo no particípio. Expressa ideia de fato ainda
não realizado no momento da fala, mas já passado em relação a outro fato futuro. Ex. Quando
estivermos lá, o dia já terá amanhecido.

 Utilização:

 Exprime processo tidos como certos ou prováveis posteriores à fala. Ex. viajarei às 14h.
 Valor imperativo, com tom enfático e categórico. Ex. não furtarás; você ficará aqui a noite toda.
 Dúvida ou incerteza em relação a fatos do presente. Ex. Será ela que está lá fora?
 Forma usual: verbo ir no presente + verbo principal no infinitivo.

 Correlação: quando expressa circunstância de condição, o futuro do presente se relaciona com


o futuro do subjuntivo para indicar processos cuja realização é tida como possível. Ex. se tiver dinheiro,
pagarei à vista.

Do pretérito: tempo condicional.

 Formação:

 Simples: radical + vocal temática + desinência modo-temporal (-ria) + desinência número-pessoal.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


Eu Estudaria Venderia Permitiria
Tu Estudarias Venderias Permitirias
Ele Estudaria Venderia Permitiria
Nós Estudaríamos Venderíamos Permitiríamos
Vós Estudaríeis Venderíeis Permitirias
Eles Estudariam Venderiam Permitiriam

 Composto: ter/haver no futuro do pretérito (teria/haveria) + particípio. Ex. Teríamos sido felizes.

 Utilização*:

 Exprime dúvida ou hipótese – processo futuro tomado em relação a um fato passado. Ex. eu iria,
se tivesse recebido convite.
 Exprime processos posteriores ao momento passado em que a pessoa está se referindo. Ex. Muito
tempo depois, chegaria a sensação de fracasso.
 Dúvida com relação a fatos passados. Ex. Seria ele o autor da fraude?
 Polidez em pedidos e conselhos. Ex. Seria bom você estudar.

 Prova! Quando pedir hipótese, vai ser modo subjuntivo ou futuro do pretérito.

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 Correlação: quando expressa circunstância de condição, se relaciona com o pretérito
imperfeito do subjuntivo para indicar processos de difícil realização. Ex. Viveria em outro lugar se
pudesse.

5.2. Subjuntivo

Presente*: expressão “talvez”.

Formação: a vogal temática –a do indicativo se transforma em desinência modo-temporal –e, e as vogais


temáticas –e e –i transformam-se na desinência –a.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


Eu Estude Venda Permita
Tu Estudes Vendas Permitas
Ele Estude Venda Permita
Nós Estudemos Vendamos Permitamos
Vós Estudeis Vendais Permitas
Eles Estudem Vendam Permitam

Utilização: hipótese, suposição, desejo.

Ex. Quero que tudo vá para o inferno!

Suponho que ela esteja em Roma.

Caso você vá, não deixe que o explorem.

Pretérito imperfeito: incluir a condição “-sse”.

Formação: radical + vocal temática + desinência modo-temporal (-sse) + desinência número-pessoal.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


Eu Estudasse Vendesse Permitisse
Tu Estudasses Vendesses Permitisses
Ele Estudasse Vendesse Permitisse
Nós Estudássemos Vendêssemos Permitíssemos
Vós Estudásseis Vendêsseis Permitísseis
Eles Estudassem Vendessem Permitissem

Utilização:

 Condição no passado. Ex. Se eu tivesse estudado mais, teria passado.


 Processo anterior a outro processo passado: quando na forma composta, com um verbo no
particípio. Ex. Esperei que tivesse exposto sua tese para contrapor meus argumentos.

Correlação verbal:

 Combina com o futuro do pretérito do indicativo. Se há uma condição no passado, o resultado


seria o futuro desse passado. Ex. Se eu tivesse estudado mais, teria passado; se me tivesse apresentado
na data combinado, já seria funcionário da empresa.

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 Pretérito imperfeito do indicativo + pretérito imperfeito do subjuntivo. Ex. Esperava-se que o
artista cantasse.

Futuro: demonstrado pela conjunção “quando”. Tempo condicional.

Formação:

 Simples: radical + vocal temática + desinência modo-temporal (-r) + desinência número-


pessoal.
 Composto: verbo auxiliar no futuro do subjuntivo + particípio. Indica um processo futuro que
estará terminado antes de outro, também futuro.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


Eu Estudar Vender Permitir
Tu Estudares Venderes Permitires
Ele Estudar Vender Permitir
Nós Estudarmos Vendermos Permitirmos
Vós Estudardes Venderdes Permitirdes
Eles Estudarem Venderem Permitirem

Utilização: fatos possíveis, ainda não concretizados no momento em que se fala. Ex. Quando comprovar sua
situação, será inscrito.

Correlação: futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicativo*, expressando circunstância de condição.


Ex. se fizer o regime, emagrecerá rapidamente.

 Atenção! Futuro do subjuntivo vs. Infinitivo: o futuro do subjuntivo tem ideia de


possibilidade/hipótese futura e geralmente vem apoiado numa conjunção quando/se. O infinitivo
geralmente vem após uma preposição. Para distinguir, basta trocar por um verbo que tenha infinitivo
diferente do futuro do subjuntivo (ex. fazer).

5.3. Imperativo

Esquema de formação:

Imperativo afirmativo: a 2ª pessoa vem do presente do indicativo, com retirada do final –s, enquanto as
demais, do presente do subjuntivo.
Imperativo negativo: todas as pessoas são idênticas ao presente do subjuntivo.

Esquema de formação dos tempos derivados do presente do indicativo


Presente do indicativo Imperativo afirmativo Imperativo negativo Presente do subjuntivo
Estudo - - Estude
Estudas Estuda tu Não estudes tu Estudes
Estuda (Não) estude você Estude
Estudamos (Não) estudemos nós Estudemos
Estudais Estudai vós Não estudeis vós Estudeis
Estudam (Não) estudem vocês Estudem

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Ex. Vem pra caixa você também. → A forma “vem” seria cabível para a 2ª pessoa (tu), pois decorre do
presente do indicativo (vens - s). Para o você, seria cabível a forma “venha’, decorrente da 3ª pessoa do
presente do subjuntivo.

5.4. Formação dos tempos compostos

Introdução: tempos compostos são os verbos auxiliares “ter” e “haver” ligados a um verbo principal no
particípio, do qual resulta uma locução verbal. Apenas o verbo auxiliar é conjugado, enquanto o verbo
principal fica sempre no particípio. Em regra, o tempo é determinado pelo tempo do auxiliar. Exceções:
pretérito perfeito e pretérito mais que perfeito.

Indicativo:

Pretérito perfeito: auxiliar “ter” e “haver” no presente do indicativo. Ideia de continuidade até o presente. Ex.
Eu tenho brincado. // Tu tens brincado.

 Pode ser substituído por vem + gerúndio, que mantém o sentido de continuidade.

Pretérito mais que perfeito: auxiliar “ter” e “haver” no pretérito imperfeito do indicativo. Ex. Eu tinha
brincado. // Tu tinhas brincado.

Futuro do presente: auxiliar “ter” e “haver” no futuro do presente do indicativo. Ex. Eu terei brincado. // Tu
terás brincado.

Futuro do pretérito: auxiliar “ter” e “haver” no futuro do pretérito do indicativo. Ex. Eu teria brincado. // Tu
terias brincado.

Subjuntivo:

Pretérito perfeito: auxiliar “ter” e “haver” no presente do subjuntivo. Ex. Tenha brincado.

Pretérito mais que perfeito: auxiliar “ter” e “haver” no pretérito imperfeito do subjuntivo. Ex. Tivesse
brincado.

Futuro: auxiliar “ter” e “haver” no futuro do subjuntivo. Ex. Tiver brincado.

Formas nominais:

Infinitivo:

 Pessoal: ex. ter brincado. // Teres brincado.


 Impessoal: ex. ter brincado.

Gerúndio: ter e haver no gerúndio. Ex. tendo brincado.

 Prova! Há alteração de sentido na mudança do tempo simples para o composto.

5.5. Correlações

Futuro do presente: só com presente ou com futuro.

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Futuro do presente do indicativo + presente do subjuntivo: como a condição está no presente, o resultado é no
futuro.

Ex. Caso o aluno estude, passará no concurso.

 Variação: em determinados contextos, pode-se substituir o futuro do presente do indicativo


pelo presente do indicativo. Enfatiza a possibilidade.

Ex. Caso haja mais determinação, o resultado pode ser melhor.

Futuro do presente do indicativo + futuro do subjuntivo : indica possibilidade futura.

Ex. Se você fizer o teste, ficarei feliz.

Futuro do presente do indicativo + presente do indicativo:

Ex. Prometo que estudarei mais.

Futuro do pretérito do indicativo: só com pretérito imperfeito do subjuntivo*. Deve-se procurar uma ideia de
condição, de hipótese. Há uma condição no passado e o resultado é o futuro desse passado. Contudo, nem
sempre o termo “se” significa condição: isso só ocorrerá quando puder ser substituído por caso. A correlação é
expressa pelas desinências - -SSE/-RIA, para conjugar o pretérito imperfeito do subjuntivo com o futuro do
pretérito.

Ex. Se você fizesse o teste, leria suas respostas.

Variação: pode-se substituir o futuro do pretérito do indicativo pelo pretérito imperfeito do indicativo, tanto
na linguagem coloquial como na literária.

Ex. Se ele pudesse, largava tudo e ficava com ela.

Presente do indicativo + presente do subjuntivo:

Ex. Exijo que você faça o teste.

Pretérito imperfeito do indicativo + pretérito imperfeito do subjuntivo:

Ex. Esperava-se que ela cantasse melhor.

Pretérito perfeito do indicativo + pretérito imperfeito do subjuntivo:

Ex. Exigi que ele fizesse o teste.

Presente do indicativo + pretérito perfeito composto do subjuntivo:

Ex. Espero que ele tenha feito o teste.

Pretérito imperfeito do indicativo + pretérito mais que perfeito composto do subjuntivo:

Ex. Queria que ele tivesse feito o teste.

Pretérito mais que perfeito composto do subjuntivo + futuro do pretérito composto do indicativo:

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Ex. Se você tivesse feito o teste, teria ficado feliz.

Pretérito imperfeito do indicativo + pretérito perfeito do indicativo:

Ex. O sol já despontava quando a escola entrou na passarela.

5.6. Verbos irregulares e tempos derivados

Classificação:

Verbos regulares: ao serem conjugados, o radical é mantido. Ex. eu canto, tu cantas, ele canta, nós
cantamos, vós cantais, eles cantam.

Verbos irregulares: são aqueles que não mantêm o radical quando conjugados. Ex. eu sei, tu sabes, ele sabe,
nós sabemos, vós sabeis, eles sabem ... se eu soubesse, que ele saiba, etc.

 Verbos anômalos: são os verbos ser e ir, que apresentam profundas alterações nos radicais
quando conjugados.

Ex. eu sou, talvez eu seja, se eu fosse;

Eu vou, talvez eu vá, se fosse;

Regras de tempos e modos derivados:

Presente do indicativo: indicado pela expressão “normalmente”. A 1ª pessoa do presente do indicativo dá


origem ao presente do subjuntivo, indicado pela expressão “talvez”. A vogal temática “–a” é alterada para “–
e” e as vogais temáticas “–e” e “–i” são alteradas para “–a”.

Pretérito perfeito do indicativo: indicado expressão “ontem”. Ao retirar a desinência número-pessoal “-ste” da
2ª pessoa do singular, dá origem a:

 Pretérito mais que perfeito do indicativo: acréscimo da desinência número-temporal “–ra”.


 Pretérito imperfeito do subjuntivo: acréscimo da desinência “–sse”.
 Futuro do subjuntivo: acréscimo da desinência “–r”.

Infinitivo:

 Pretérito imperfeito do indicativo: ao retirar a terminação –ar/-er/-ir/-or e inserir as


desinências –va ou –ia.
 Futuro do presente do indicativo: ao retirar a terminação –r e inserir –rá.
 Futuro do pretérito do indicativo: ao retirar a terminação –r e inserir –ria.

 Obs. Verbos com “z” no radical: retirar o –azer do infinitivo e:

 Futuro do presente do indicativo: inserir a desinência modo temporal –ra.


 Futuro do pretérito do indicativo: inserir a desinência –ria.

Aplicações:

Verbo fazer:

23
Indicativo

Presente Pret. Imp. Pret. Perf. Pret. + perf. Fut. Pres. Fut. Pret.

Faço Fazia Fiz Fizera Farei Faria

Fazes Fazias Fizeste Fizeras Farás Farias

Faz Fazia Fez Fizera Fará Faria

Fazemos Fazíamos Fizemos Fizéramos Faremos Faríamos

Fazeis Fazíeis Fizestes Fizéreis Fareis Faríeis

Fazem Faziam Fizeram Fizeram Farão Fariam

Subjuntivo

Presente Pret. Imp. Futuro

Faça Fizesse Fizer

Faças Fizesses Fizeres

Faça Fizesse Fizer

Façamos Fizéssemos Fizermos

Façais Fizesseis Fizerdes

Façam Fizessem Fizerem

Verbo por e derivados: ex. contrapor, compor, repor, antepor, apor, compor, decompor, depor, expor, impor,
indispor, justapor, opor, predispor, pressupor, propor, supor, transpor, etc.

Indicativo

Presente Pret. Imp. Pret. Perf. Pret. + perf. Fut. Pres. Fut. Pret.

Ponho Punha Pus Pusera Porei Poria

Pões Punhas Puseste Puseras Porás Porias

Põe Punha Pôs Pusera Porá Poria

Pomos Púnhamos Pusemos Puséramos Poremos Poríamos

Pondes Púnheis Pusestes Puséreis Poreis Poríeis

Põem Punham Puseram Puseram Porão Poriam


24
Subjuntivo

Presente Pret. Imp. Futuro

Ponha Pusesse Puser

Ponhas Pusesses Puseres

Ponha Pusesse Puser

Ponhamos Puséssemos Pusermos

Ponhais Pusésseis Puserdes

Ponham Pusessem Puserem

Verbo ter e derivados*: abster, conter, deter, entreter, manter, obter, reter, suster, etc. O verbo abater não é
derivado de ter!

Indicativo

Presente Pret. Imp. Pret. Perf. Pret. + perf. Fut. Pres. Fut. Pret.

Tenho Tinha Tive Tivera Terei Teria

Tens Tinhas Tiveste Tiveras Terás Terias

Tem Tinha Teve Tivera Terá Teria

Temos Tínhamos Tivemos Tivéramos Teremos Teríamos

Tendes Tínheis Tivestes Tivéreis Tereis Teríeis

Têm Tinham Tiveram Tiveram Terão Teriam

Subjuntivo

Presente Pret. Imp. Futuro

Tenha Tivesse Tiver

Tenhas Tivesses Tiveres

Tenha Tivesse Tiver

Tenhamos Tivéssemos Tivermos

25
Tenhais Tivésseis Tiverdes

Tenham Tivessem Tiverem

Verbo ver e derivados: antever, entrever, prever, rever, etc.

Indicativo

Presente Pret. Imp. Pret. Perf. Pret. + perf. Fut. Pres. Fut. Pret.

Vejo Via Vi Vira Verei Veria

Vês Vias Viste Viras Verás Verias

Vê Via Viu Vira Verá Veria

Vemos Víamos Vimos Víramos Veremos Veríamos

Vedes Víeis Vistes Vireis Vereis Veríeis

Veem Viam Viram Viram Verão Veriam

Subjuntivo

Presente Pret. Imp. Futuro

Veja Visse Vir

Vejas Visses Vires

Veja Visse Vir

Vejamos Víssemos Virmos

Vejais Vísseis Virdes

Vejam Vissem Virem

Verbo vir e derivados: advir, contravir, convir, desavir-se, desconvir, intervir, ater, provir, sobrevir.

Indicativo

Presente Pret. Imp. Pret. Perf. Pret. + perf. Fut. Pres. Fut. Pret.

Venho Vinha Vim Viera Virei Viria

Vens Vinhas Vieste Vieras Virás Virias

Vem Vinha Veio Viera Virá Viria


26
Vimos Vínhamos Viemos Viéramos Viremos Viríamos

Vindes Vínheis Viestes Viera Vireis Viríeis

Vêm Vinham Vieram Vieram Virão Viriam

Subjuntivo

Presente Pret. Imp. Futuro

Venha Viesse Vier

Venhas Viesses Vieres

Venha Viesse Vier

Venhamos Viéssemos Viermos

Venhais Viésseis Vierdes

Venham Viesses Vierem

Verbo aprazer:

Indicativo

Presente Pret. Imp. Pret. Perf. Pret. + perf. Fut. Pres. Fut. Pret.

Aprazo Aprazia Aprouve Aprouvera Aprazerei Aprazeria

Aprazes Aprazias Aprouveste Aprouveras Aprazerás Aprazerias

Apraz Aprazia Aprouve Aprouvera Aprazerá Aprazeria

Aprazemos Aprazíamos Aprouvemos Aprouvéramos Aprazeríamos Aprazeríamos

Aprazeis Aprazíeis Aprouvestes Aprouvéreis Aprazereis Aprazeríeis

Aprazem Apraziam Aprouveram Aprouveram Aprazerão Aprazeriam

Subjuntivo

Presente Pret. Imp. Futuro

Apraza Aprouvesse Aprouver

Aprazas Aprouvesses Aprouveres


27
Apraza Aprouvesse Aprouver

Aprazamos Aprouvéssemos Aprouvemos

Aprazais Aprouvésseis Aprouverdes

Aprazam Aprouvessem Aprouveram

Verbo reaver:

Indicativo

Presente Pret. Imp. Pret. Perf. Pret. + perf. Fut. Pres. Fut. Pret.

- Reavia Reouve Reouvera Reaverei Reaveria

- Reavias Reouveste Reouveras Reaverás Reaverias

- Reavia Reouve Reouvera Reaverá Reaveria

Reavemos Reavíamos Reouvemos Reouvéramos Reaveremos Reaveríamos

Reaveis Reavíeis Revestes Reouvéreis Reavereis Reaveríeis

- Reaviam Reouveram Reouveram Reaverão Reveriam

Subjuntivo

Presente Pret. Imp. Futuro

- Reouvesse Reouver

- Reouvesses Reouveres

- Reouvesse Reouver

- Reouvéssemos Reouvermos

- Reouvésseis Reouverdes

- Reouvessem Reouverem

Prever vs. provir vs. prover:

Prever: conjugação = ver.

Indicativo
28
Presente Pret. Imp. Pret. Perf. Pret. + perf. Fut. Pres. Fut. Pret.

Prevejo Previa Previ Previra Preverei Preveria

Prevês Previas Previste Previras Preverás Preverias

Prevê Previa Previu Previra Preverá Preveria

Prevemos Prevíamos Previmos Prevíramos Preveremos Preveríamos

Prevedes Prevíeis Previstes Prevíreis Prevereis Preveríeis

Preveem Previam Previram Previram Preverão Preveriam

Subjuntivo

Presente Pret. Imp. Futuro

Preveja Previsse Previr

Prevejas Previsses Previres

Preveja Previsse Previr

Prevejamos Prevíssemos Previrmos

Prevejais Prevísseis Previrdes

Prevejam Previssem Previrem

Provir: ato de ser proveniente. Conjugação = vir.

Indicativo

Presente Pret. Imp. Pret. Perf. Pret. + perf. Fut. Pres. Fut. Pret.

Provenho Provinha Provim Proviera Provirei Proviria

Provéns Provinhas Provieste Provieras Provirás Provirias

Provem Provinha Proveio Proviera Provirá Proviria

Provimos Provínhamos Proviemos Proviéramos Proviremos Proviríamos

Provindes Provínheis Proviestes Proviéreis Provireis Proviríeis

Provêm Provinham Provieram Provieram Provirão Proviriam


29
Subjuntivo

Presente Pret. Imp. Futuro

Provenha Proviesse Provier

Provenhas Proviesses Provieres

Provenha Proviesse Provier

Provenhamos Proviéssemos Proviermos

Provenhais Proviésseis Provierdes

Provenham Proviessem Provierem

Prover: providenciar.

Indicativo

Presente Pret. Imp. Pret. Perf. Pret. + perf. Fut. Pres. Fut. Pret.

Provejo Provia Provi Provera Proverei Proveria

Provês Provias Proveste Proveras Proverás Proverias

Provê Provia Proveu Provera Proverá Proveria

Provemos Províamos Provemos Provêramos Proveremos Proveríamos

Provedes Províeis Provestes Provêreis Provereis Proveríeis

Proveem Proviam Proveram Proveram Proverão Proveriam

Subjuntivo

Presente Pret. Imp. Futuro

Proveja Provesse Prover

Provejas Provesses Proveres

Proveja Provesse Prover

Provejamos Provêssemos Provermos

Provejais Provêsseis Proverdes

30
Provejam Provessem Proverem

Verbos aderir, advertir, competir, deferir, repelir, compelir, conferir, convergir, desservir, discernir, dissentir,
divergir, ferir, impelir, interferir, investir, mentir, preferir, preterir, proferir, referir, repetir, servir, sugerir ,
transferir, etc.: a irregularidade está em a retirar a vogal “e”, última do radical, passar para –i na primeira
pessoa do singular do presente do indicativo e, consequentemente, em todo o presente do subjuntivo.
Ademais, retirar a vogal “e” aberta na 2ª e 3ª pessoas do singular e 3ª do plural do presente do indicativo e 2ª
do singular do imperativo. Ex. eu firo o dedo, eu adiro ao problema.

Presente Pret. Imp. Pret. Perf. Pret. + perf. Fut. Pres. Fut. Pret.

Adiro Aderia Aderi Aderira Aderirei Aderiria

Aderes Aderias Aderiste Aderiras Aderirás Aderirias

Adere Aderia Aderiu Aderira Aderirá Aderiria

Aderimos Aderíamos Aderimos Aderíramos Aderiremos Aderiríamos

Aderis Aderíeis Aderistes Aderíreis Aderireis Aderiríeis

Aderem Aderiam Aderiram Aderiram Aderirão Adeririam

Crer e ler:

Indicativo

Presente Pret. Imp. Pret. Perf. Pret. + perf. Fut. Pres. Fut. Pret.

Creio Cria Cri Crera Crerei Creria

Crês Crias Crestes Creras Crerás Crerias

Crê Cria Creu Crera Crerá Creria

Cremos Críamos Cremos Crêramos Creremos Creríamos

Crerdes Críeis Crestes Crêreis Crereis Creríeis

Creem Criam Creram Creram Crerão Creriam

Subjuntivo

Presente Pret. Imp. Futuro

Creia Cresse Crer

Creias Cresses Creres

31
Creia Cresse Crer

Creiamos Crêssemos Crermos

Creiais Crêsseis Crerdes

Creiam Cressem Crerem

Verbo querer:

Indicativo

Presente Pret. Imp. Pret. Perf. Pret. + perf. Fut. Pres. Fut. Pret.

Quero Queria Quis Quisera Quererei Quereria

Queres Querias Quiseste Quiseras Quererás Quererias

Quer Queria Quis Quisera Quererá Quereria

Queremos Queríamos Quisemos Quiséramos Quereremos Quereríamos

Quereis Queríeis Quisestes Quiséreis Querereis Quereríeis

Querem Queriam Quiseram Quiseram Quererão Quereriam

Subjuntivo

Presente Pret. Imp. Futuro

Queira Quisesse Quiser

Queiras Quisesses Quiseres

Queira Quisesse Quiser

Queiramos Quiséssemos Quisermos

Queirais Quisésseis Quiserdes

Queiram Quisessem Quiserem

Verbo requerer: (= vender).

Indicativo

Presente Pret. Imp. Pret. Perf. Pret. + perf. Fut. Pres. Fut. Pret.

Requeiro Requeria Requeri Requerera Requererei Requereria


32
Requeres Requerias Requereste Requereras Requererás Requererias

Requer Requeria Requereu Requerera Requererá Requereria

Requeremos Requeríamos Requeremos Requerêramos Requereremos Requereríamos

Requereis Requeríeis Requerestes Requerêreis Requerereis Requereríeis

Requerem Requeriam Requereram Requereram Requererão Requereriam

Subjuntivo

Presente Pret. Imp. Futuro

Requeira Requeresse Requerer

Requeiras Requeresses Requereres

Requeira Requeresse Requerer

Requeiramos Requerêssemos Requerermos

Requeirais Requerêsseis Requererdes

Requeiram Requeressem Requererem

Verbos terminados em – ear: recebem um i em algumas conjugações.

Indicativo

Presente Pret. Imp. Pret. Perf. Pret. + perf. Fut. Pres. Fut. Pret.

Passeio Passeava Passei Passeara Passearei Passearia

Passeias Passeavas Passeaste Passearas Passearás Passearias

Passeia Passeava Passeou Passeara Passeará Passearia

Passeamos Passeávamos Passeamos Passeáramos Passearemos Passearíamos

Passeais Passeáveis Passeastes Passáreis Passareis Passearíeis

Passeiam Passeavam Passearam Passearam Passearão Passeariam

6. Vozes verbais*

Voz ativa: quando o sujeito é o agente, pratica a ação. Quando há particípio, ele não se flexiona.
33
Estrutura: sujeito + verbo (VTD, VTI, VTDI, VI ou VL) + complemento/predicativo.

Obs. Há casos em que o verbo tem sentido passivo, mas ainda assim, sintaticamente, a voz é ativa – levar,
ganhar, receber, tomar, aguentar, sofrer, presar, ter, haver. Nesses casos, não é possível a transposição para a
voz passiva. Ex. levei um soco.

Voz passiva: quando o sujeito sofre a ação, ou seja, é paciente.

Analítica: sujeito paciente + VTD ou VTDI (ser + particípio) + agente da passiva. O tempo verbal da voz ativa
deve ser seguido pelo verbo auxiliar na voz passiva. O verbo no particípio concorda em gênero e número com
o sujeito paciente.

 Exceção: o verbo haver, embora seja transitivo direto, não admite voz passiva quando é
impessoal.

 Prova! Somente verbos que possuam objeto direto podem ser passados para a voz passiva!
Verbos transitivos indiretos não podem ser convertidos!

Voz ativa Voz passiva

Sujeito Agente da passiva

OD Sujeito paciente

VTD Locução verbal ser + verbo original, no mesmo


tempo.

OI OI

Ex. O candidato realizou a prova.

A prova foi realizada pelo candidato.

 Sujeito indeterminado: não haverá agente da passiva.

Ex. Realizaram a prova.

A prova foi realizada.

 Locução verbal na voz ativa: basta inserir o verbo ser na mesma forma verbal do verbo
principal, que ficará no particípio.

Ex. O candidato tem realizado a prova.

A prova tem sido realizada pelo candidato.

Sintética: VTD + pronome apassivador “se” + (OI) + sujeito paciente. O agente desaparece.

Ex. Realizou-se a prova.

 Prova! Nas questões de voz passiva sintética, sempre passar para a voz passiva analítica.

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Conclusão:
1) Verbo transitivo direto + se: voz passiva sintética – “se” é pronome apassivador. O verbo é flexionável para
concordar com o sujeito paciente (o que aparenta ser objeto direto, na verdade é sujeito). Ex. Realizou-se o
evento.
2) Verbo transitivo indireto ou intransitivo + se → “se” é índice de indeterminação do sujeito e o termo
seguinte é objeto indireto. Como não tem voz passiva, o verbo é utilizado sem flexionar, no singular. Ex.
Recorreu-se ao Tribunal/aos juízes.

Voz reflexiva: o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente da ação verbal. Se = a si mesmo.

Ex. Arrumou-se toda para sair.

Voz reflexiva recíproca: ideia de uns aos outros. Ex. Nós nos cumprimentamos.

≠ Partícula integrante do verbo: para ser voz reflexiva, é necessário que a ação possa recair sobre si mesmo
e sobre o outro. Ex. pentear: pode pentear a si ou a outrem. Já em verbos como suicidar-se, formar-se,
queixar-se, arrepender-se, atrever-se, assemelhar-se, candidatar-se, aposentar-se, dignar-se, esforçar-se,
refugiar-se, estreitar-se, a ação só pode ser praticada em si mesmo. Logo, não é voz reflexiva.

 Atenção! Para verificar se o pronome é parte integrante do verbo, é só conjugar. Se o


pronome for conjugado junto com o verbo, é parte integrante. Ex. eu me destaquei, tu te destacastes, ele
se destacou, etc.

Funções do “se”:
Conjunção integrante/completiva: quando puder introduzir um “isto”. Ex. Não sei (isso:) se entenderá.

Índice de indeterminação do sujeito: quando o verbo for VTI ou VI. Verbo sempre no singular. Ex. Precisa-se
de silêncio.

Pronome apassivador: quando o verbo for VTD ou VTDI. O que vem depois tem função de sujeito
paciente. Assim, o verbo admite plural. Ex. Fez-se a prova.

Conjunção condicional: quando o “se” puder ser subsídio por “caso”. Ex. Se estudar, será convocado.

7. Observações finais

Verbos vicários: são aqueles que fazem as vezes de outros verbos, substituindo-os para evitar repetição. Os
mais comuns são fazer e ser.

Ex. Eu poderia ter fugido, mas não o fiz.

Já não constrói vilões como fazia antigamente.

Se ela não aceita ir ao cinema, é porque não quer.

Conjunções

1. Introdução

Conceito: são conectores. Ligam orações ou termos de uma oração.

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2. Conjunções coordenativas

Conceito: ligam orações de sentido completo, sintaticamente independentes, estabelecendo uma relação de
sentido entre elas.

Espécies:

Aditivas: sentido de adição.

 Rol: e, nem, bem como, não só ... mas também, mas também, mas ainda, etc.
 Senão pode ter sentido de adição. Ex. Ele era o favorito, não só da mãe, senão (= mas
também) de toda família.
 Tampouco pode ter sentido de adição. Ex. Não malho, tampouco (= nem) faço dieta.

Adversativa: sentido de contraste, oposição, compensação, ressalva, quebra de expectativa.

 Rol: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, ainda assim, senão (= mas sim), não obstante.
 E: pode ter valor adversativo. Nesse caso, deve estar precedido de vírgula.
 Valor argumentativo: quando há uma conjunção adversativa, a informação mais importante é
a que vem após o conectivo. Logo, para reescrever essa sentença na forma concessiva equivalente, o
foco deve estar na oração principal, não na concessiva.

Ex. Ela grita muito, mas é gente boa. = Embora grite muito, é gente boa.

 Colocação: a conjunção “mas” só pode ser posicionada no início da oração. Por ouro lado, as
conjunções “porém, entretanto, contudo, todavia e no entanto” têm capacidade mobilidade, podendo se
posicionar no meio ou no final da oração, com vírgula obrigatória.

Ex. Há muito serviço, porém ninguém trabalhava // Há muito serviço, ninguém, porém, trabalhava. // Há
muito serviço, ninguém trabalhava, porém.

 Prova! Mesmo que ambas as conjunções sejam adversativas, é necessário se atentar ao


posicionamento para verificar se a substituição é possível.

Alternativas: sentido de alternância ou escolha (exclusão).

 Rol: ou ... ou, quer ... quer, ora ... ora, já ... já, seja ... seja.

 Sempre vêm em dupla. Exceção: o primeiro “ou” pode ficar subentendido.

 Senão: pode funcionar como alternativa. Ex. saia agora, senão (= ou) chamarei os guardas.
 Não é correto misturar. Ex. “quer ... ou”, “quer ... seja”.

Conclusivas: sentido de conclusão ou consequência.

 Rol: logo, portanto, então, por isso, assim, por conseguinte, destarte, pois.

Explicativas: sentido de justificativa.

 Rol: que, porque, pois, porquanto.

3. Conjunções subordinativas
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Conceito: ligam orações que têm ligação de dependência sintática.

Espécies:

Integrantes/completivas: a oração que iniciam integra ou completa o sentido da principal. Introduzem orações
substantivas, que são aquelas que podem ser substituídas por “isto”. São o “se” e o “que”. Ex. Só quero que
você me aqueça.

Adverbiais: relação sintática de circunstância, com função de adjunto adverbial.

 Condicionais: indicam a hipótese ou condição para a ocorrência da oração principal.


Relaciona-se com o modo subjuntivo.

 Rol: se, caso, desde que, contanto que, quando, salvo se, a menos que, a não ser que, sem que.

 Conformativas: uma ação ou fato se desenvolve de acordo com outro.

 Rol: como, conforme, consoante, segundo.

 Finais: indicam propósito, motivo, finalidade.

 Rol: para que, a fim de que, de modo que, de sorte que, porque, que.

 Proporcionais: relação de proporcionalidade com a oração principal.

 Rol: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais/menos ... mais/menos.

 Temporais: indicam o tempo do fato ocorrido na oração principal.

 Rol: quando, enquanto, desde que, sempre que, toda vez que, assim que, logo que, mal.

 Comparativas: comparação com a oração principal.

 Rol: como, assim como, tal qual, tal como, mais que, menos, tanto quanto, etc.

 Causais: indicam a causa da ocorrência da oração principal.

 Rol: porque, que, como, pois que, já que, uma vez que, visto que, na medida em que, porquanto.
 Substituição por preposição com sentido de causa: é necessário alterar a forma verbal.

Não fiz a questão porque não sabia.

Não fiz a questão por não saber.

 Causa vs. explicação: as orações explicativas geralmente vêm após um verbo no imperativo,
explicitando um pedido e depois a explicação daquele pedido. O segundo critério é pensar que a
causa é anterior ao evento.

 Prova! “Na medida em que” é conjunção causal. “À medida que” é conjunção proporcional.

 Consecutivas: expressa a consequência da ocorrência da ação principal. Normalmente vêm


acompanhadas de uma expressão intensificadora, mas esta pode vir implícita.

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 Rol: de modo que, de sorte que, de forma que, de maneira que, sem que, que (ligada a tal, tão,
cada, tanto, tamanho).

 Concessiva: a oração subordinada é contrária à principal, mas sem impedir sua realização. É
uma adversidade, mas tem um sentido mais refinado de quebra de expectativa, de ressalva, de exceção.

 Rol: mesmo que, ainda que, embora, apesar de que, conquanto, por mais que, posto que, se bem
que, não obstante malgrado.
 O verbo vem no subjuntivo.
 A locução prepositiva “apesar de” possui valor concessivo.
 Aspecto argumentativo: na oração coordenada adversativa, o foco argumentativo está na oração
subordinada. Já na oração subordinada concessiva, o foco está na oração principal. Logo, a
depender da alteração, o sentido é modificado.

Ex. Matou, mas em legítima defesa. → O mais relevante é que estava em legítima defesa.

Matou, embora em legítima defesa. → O mais relevante é que matou.

Outras classes gramaticais

1. Substantivo

Conceito: classe que dá nome a seres, coisas, sensações e sentimentos.

Função sintática: sempre que houver uma função sintática nominal (sujeito, predicativo, adjunto adnominal e
complemento nominal), o substantivo será seu núcleo.

Ex. Os cinco patinhos amarelos foram nadar.


Sujeito

Plural dos substantivos compostos: a regra é as classes que variam, continuam variando, e as que não variam,
continuam não variando. Ex. couves-flores, beija-flores, guarda-roupas.

Obs. Se o segundo substantivo for delimitador do primeiro, é possível que ambos se flexionem, ou que o
limitador seja mantido. Ex. Públicos-alvo(s), pombos-correio(s).

Substantivo + presposição + substantivo: só o primeiro substantivo se flexiona. Ex. pés de moleque.

Variação de grau: o diminutivo pode ter valores discursivos de afetividade ou de depreciação.

Função subjetiva: quando outra classe gramatical substitui um nome.

Ex. Minhas mãos estão sujas, lave as suas. → pronome substantivo, pois substitui suas mãos.

2. Adjetivo

Conceito: refere-se ao substantivo ou termo de valor substantivo (pronome) para lhe atribuir qualidade,
condição ou estado.

Função adjetiva: quando outra classe gramatical se refere a um substantivo.

Ex. Minhas mãos estão sujas, lave as suas. → pronome adjetivo, pois se refere a mãos.
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Valor:

Subjetivo: expressa opinião. Podem ser retirados sem prejuízo. Ex. carro bonito;
Objetivo: expressa algo que é, independente de interpretação. São denominados relacionais ou de relação.
Não pode ser deslocado para antes do substantivo. Ex. carro preto.

Alterações de sentido:

 Quando se inverte a ordem de um substantivo e um adjetivo, é possível que o sentido seja


alterado.

Ex. Grande homem. → grandeza moral;


Adj. Subs.

Homem grande → altura.


Subs. Adj.

 Quando há alteração na classe gramatical de uma mesma palavra, necessariamente o sentido é


alterado, pois o foco muda.

Ex. Alemão comunista → é um alemão que é comunista.


Subs. Adj.

Comunista alemão → é um comunista que é alemão.


Subs. Adj.

Função sintática: a principal função sintática dos adjetivos e locuções adjetivas e de adjunto adnominal.

≠ complemento nominal: se o termo preposicionado estiver ligado a um substantivo abstrato, derivado de


ação, com sentido paciente, será complemento nominal, não adjetivação.

Adjunto adnominal Complemento nominal


Substituível por adjetivo equivalente Não é substituível por adjetivo
Refere-se a substantivo concreto ou abstrato com Refere-se a substantivo abstrato
sentido ativo de posse
Sempre modifica um substantivo Pode modificar advérbio, adjetivo e substantivo
Pode ser preposicionado ou não Sempre preposicionado

Variação de grau:

Comparativo: o elemento “do” é facultativo. Ex. mais (do) que, menos (do) que. Pode ser de superioridade,
inferioridade ou igualdade.

Superlativo: expressa uma qualidade em nível muito elevado.

 Relativo: expressa uma qualidade em relação a outros seres que também podem tê-la. Ex. sou
o melhor do mundo.
 Absoluto: expressa determinada qualidade em grau elevado sem se relacionar a outro ser.
Pode decorrer do uso de advérbios (ex. muito) ou de sufixos (ex. caríssimo). Neste caso, será sintético,
pela falta do advérbio.

3. Advérbio
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Conceito: modifica um verbo (circunstância), um adjetivo ou outro advérbio (intensificador).

Advérbio “todo”: é o único que varia. Ex. Chegou todo sujo // A esposa estava toda nervosa.

Adjetivo adverbalizado: ocorre quando o adjetivo aparece invariável se referindo a um verbo. Nesse caso, tem
valor de advérbio.

Ex. Ele fala grosso. // Elas falam grosso.

Expressões expletivas: servem de recurso estilístico de realce, mas não têm função sintática e, por isso, podem
ser retiradas sem prejuízo da correção. Possuem, no entanto, função discursiva, argumentativa. Ex. é que, cá,
lá, não, mas, é porque, etc.

4. Numeral

Classificações: cardinais (um, dois), ordinais (primeiro, segundo), multiplicativos (dobro, triplo) e fracionários
(terço, quarto).

Observação: o número ordinal pode ser representado por letras: a), b), c)...

Valor: pode ser adjetivo, quando se refere a um substantivo, ou substantivo, quando o substitui.

Concordância: se o numeral vier sozinho, a concordância é feita com a parte inteira. Já se vier acompanhado
de adjunto adnominal, pode também concordar com este.

Ex. 1,9 milhão

2 milhões

1,4 milhão de brasileiros foi/foram às ruas.

5. Artigo

Função sintática: como acompanha substantivos, sempre exerce a função de adjunto adnominal.

Artigo definido: se refere a um substantivo de forma precisa, indicando que já é conhecido. Por isso, possui
sentido de familiaridade.

Todo + artigo definido: sendo de inteiro. Ex. toda a casa precisa de reforma (= a casa inteira).

Recurso de adjetivação: o artigo definido dá um realce na entoação de um termo não tônico, modificando o
sentido.

Ex. Ele não é um médio, é o médico.

Sentido de universalização: pode ser utilizado para universalizar uma afirmação, no sentido de “todo”. Ex. o
brasileiro é receptivo = todo brasileiro é receptivo.

 Prova! Se o nome de um local estiver delimitado, é necessário o artigo. Ex. Vou a Portugal //
Vou ao Portugal contemporâneo.

Artigo indefinido: se refere a um substantivo de forma vaga, inespecificada.

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Outros sentidos:

 Intensificação: ex. ele tem uma força!


 Aproximação: ex. ele tem uns 50 anos.

6. Preposições

Conceito: conecta palavras e orações. Ex. a, com, de, em, para, por, ante, até, após, contra, sob, sobre, per,
por, desde, trás, perante.

Preposição exigida pelo termo anterior: possui valor gramatical, relacional e introduz um complemento.

Preposição não exigida: valor nocional e introduz um adjunto adnominal.

Análise sintática

Conceito: é o estudo da função de termos em uma oração e de uma oração no período. Logo, estuda a estrutura
da oração e do período.

 Prova! Um termo preposicionado não pode ter a mesma função de um não preposicionado.

Classificação dos elementos:

Essenciais: sujeito e predicado;


Integrantes: complementos verbais, complemento nominal e agente da passiva;
Acessórios: adjunto adverbial, adjunto adnominal e aposto.
Vocativo: não integra nenhuma das classificações.

Ordem direta: sujeito + verbo + complemento + adjuntos.

Raciocínio:
1- Encontrar o verbo;
2 – Perguntar “o quê?” ou “quem?” ao verbo para encontrar o sujeito;
3 – Encontrar o núcleo do sujeito;
4 – Perguntar “algo/alguém” ou “a algo/alguém” para encontrar os complementos verbais.

1. Sujeito

Conceito: é a entidade sobre que se declara algo. É o termo da oração que estabelece com o verbo uma relação
de concordância em número e pessoa, denominada concordância verbal. É encontrado pelas perguntas “o que”
ou “quem” ao verbo.

Classificação:

Sujeito simples: possui apenas um núcleo, e que estabelece com o verbo uma relação de concordância.

Sujeito composto: tem mais de um núcleo.

 Quando vêm posposto ao verbo, pode determinar a concordância atrativa. Ex. Veio Pedro e
Paulo/Vieram Pedro e Paulo.

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Sujeito oculto ou desinencial: a terminação verbal dispensa o uso do pronome pessoal.

Ex. Estou feliz → Eu.

Estás feliz → Vós.

Elíptico: mantém o verbo na terceira pessoa, de modo que é necessária a análise do contexto para permitir a
identificação do sujeito. Se não for identificado no contexto, trata-se não de sujeito elíptico, mas de sujeito
indeterminado.

Ex. Os alunos ficaram descontentes com o professor. Deixaram de ir à aula do dia seguinte. → o sujeito é
alunos.

Sujeito indeterminado: quando aparece a ação, mas não é possível dizer quem a pratica. Dá-se pelo verbo:

 Terceira pessoa do plural;


 VTI/VI/VL + se;
 Infinitivo impessoal: a ação é descrita de forma vaga;

Ex. Praticar esportes é importante.

 Pode ser uma forma de identificar algo que todos fazem, um sujeito universal.

Ex. Respira-se melhor no campo.

Sujeito oracional: representado por uma oração. Ex. É necessário que todos estejam de acordo. É substituível
por “isto”.

 Prova! Tratar-se: é invariável por indicar sujeito indeterminado. O que vem depois é
complemento, e não sujeito, já que este nunca pode ser preposicionado.

Oração sem sujeito:

 Verbos que indicam fenômeno da natureza;


 Verbo haver no sentido de existir: mas o verbo existir flexiona normalmente.
 Verbos ser, fazer, haver e estar indicando tempo, fenômenos naturais ou estado;
 Verbos ir e passar indicando tempo.

 Obs. O verbo auxiliar se flexiona para concordar com seu sujeito. Se o verbo principal for
impessoal, o verbo auxiliar permanece no singular.

2. Predicado

Conceito: tudo aquilo que se afirma do sujeito.

2.1. Predicado nominal

Conceito: tem um nome que exprime qualidade do sujeito como núcleo. Verbos de ligação + predicativo do
sujeito (núcleo). Ex. os autores ficaram satisfeitos.

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Verbo de ligação: ser, estar, permanecer, ficar, continuar, parecer, tornar-se etc. Liga o sujeito ao predicativo,
que é uma característica que o sujeito tem. Geralmente, o predicativo será um adjetivo. Não expressa ação – é
verbo de estado, não nocional.

Ex. A população está indignada com o fato.

A população está em Bogotá. → VI.

O candidato permanece contente com o fato.

 Diferenciação de verbo transitivo direto: no VTD, o objeto não precisa flexionar com o sujeito (ex. o
candidato realizou a prova → os candidatos realizaram a prova). Já no VL, se o sujeito é flexionado, o
predicativo também deve ser (ex. o candidato está tranquilo → os candidatos estão tranquilos).

 Se o sentido do verbo não for complementado por um predicativo do sujeito, mas por adjunto adverbial,
não se terá o verbo de ligação, mas verbo intransitivo.

 Alguns verbos funcionam tanto como verbos de ligação, quanto verbos transitivos ou
intransitivos.

Ex. João tornou-se presidente → VL // João tornou à casa → VTI.

Ex. Maria achou o lápis → VTD // Maria achava-se triste → VL.

Ex. José está desanimado → VL // José está em Belém → VI.

 Prova! Verbos “caber”, “convir”, “assistir”, “importar”, “bastar”, “urgir”, “custar”, etc.:
admitem o sujeito como uma coisa e a pessoa com OI. Ex. Aos adolescentes basta uma palavra de
motivação.

Predicativo: expressa um estado ou qualidade do sujeito.

Pontuação: não pode haver vírgula entre sujeito, verbo e complementos.

2.2. Predicado verbal

Conceito: tem como núcleo um verbo nocional, que pode ser transitivo direto, transitivo indireto ou
intransitivo. É necessário que o verbo indique ação. Ex. Os ministros decidiram o pleito.

Verbo intransitivo: não precisa de complemento verbal, mas pode exigir ser complementado por adjunto
adverbial que transmita circunstâncias de lugar ou modo. Assim, nunca se perguntará “algo” ou “alguém”,
mas sim “onde”, “quando”, etc.

Ex. todos os alunos saíram → verbo intransitivo típico.

O operário não apareceu na empesa. → Adjunto adverbial – não é objeto!

 Pode iniciar período, caso em que o termo posterior não será objeto direto, mas sujeito
posposto.

Surgiram duas novas vagas. → Sujeito posposto.

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 Prova! Não confundir com VTD quando o sujeito for posposto!

Ex. Das varandas pendiam colchas, toalhas bordadas e outros adereços.


VI Sujeito

VTI vs. VI completado por adjunto adverbial: o OI apenas completa o sentido do verbo, sem transmitir
circunstâncias de lugar ou modo.

Pontuação:

Ajunto adverbial solto: é aquele inserido para ampliar o sentido, sem que seja exigido pelo verbo. Ex. O
problema ocorreu naquela tarde. Pode ser deslocado para diferentes pontos na frase.

Se a locução adverbial solta for de grande extensão:

 Antecipada ou no meio da frase: a vírgula é obrigatória. Ex. Antes da última rodada, o time já era
campeão // O time, antes da última rodada, já era campeão.
 Ao final da frase: a vírgula é facultativa. Ex. O time já era campeão, antes da última rodada // O time
já era campeão antes da última rodada.

Se a locução for de pequena extensão: a vírgula é facultativa.

Adjunto adverbial preso: é aquele exigido pelo VI. Não há vírgula. Ex. eu estou bem.

Verbo transitivo: precisa de complemento, seja objeto direto ou objeto indireto. Logo, não possui sentido
completo.

Verbo transitivo direto: exige objeto direto, que é complemento sem preposição. Pergunta: “algo” ou
“alguém”.

Ex. A garota tomou dois sorvetes. → objeto direto.

 Objeto direto:

 Pleonástico: para enfatizar, o objeto direto é antecipado para o início da fase e então é repetido
através do pronome oblíquo átono. A vírgula é facultativa.

Ex. Essa roupa, ninguém a quer.

Esses rabiscos, foi o pintor que os pintou.

 Interno, intrínseco ou cognato: compartilha o mesmo campo semântico do verbo. O núcleo do


objeto vem acompanhado de um determinante.

Ex. Eu sempre vivi uma vida de grandes desafios.

Vamos lutar a boa luta e sangrar o sangue guerreiro.

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 Preposicionado:

 Casos obrigatórios: o OD deve ser acompanhado de uma preposição obrigatória em


razão de ênfase, eufonia ou clareza.
o OD for pronome oblíquo tônico ou “quem”. Ex. Vendemos a nós mesmos → vender é
VTD, mas o “nós” exige preposição.
o OD for verbo no infinitivo. Ex. Aprendi a nadar.
o Possibilidade de ambiguidade. Ex. A onça ao caçador surpreendeu. // À onça o caçador
surpreendeu.
o Reciprocidade: ex. eles ofenderam-se uns aos outros.

 Casos facultativos: a preposição não é obrigatória, mas é inserida por motivo de


clareza ou ênfase.
o OD for a palavra “ambos”: ex. Contratei a ambos.
o Pronomes indefinidos referentes a pessoas: ex. A alegria atingiu a todos.
o OD for nome próprio: ex. Busquei a Maria no aeroporto.
o Reforço ou exaltação de sentimento. Ex. Amo a Deus → ênfase.

 Ao passar para a voz passiva, a preposição some.

Ex. Eu cumpri com o dever (ênfase). // O dever foi cumprido por mim.

 A substituição pelo pronome oblíquo é normal – utiliza-se “o”, “a”, “os” ou “as”, e
não “lhe”.

 Atenção! Haver no sentido de existir é VTD.

Verbo transitivo indireto: exige objeto indireto, que é o complemento com preposição. Pergunta: “a algo” ou
“a alguém”.

Ex. o cliente pensou em uma solução rápida.

 Objeto indireto: também pode ser pleonástico. A vírgula é facultativa.

Ex. Ao amigo, não lhe peça tal coisa.

Verbo transitivo direto e indireto: exige dois complementos: um com preposição (objeto indireto) e um sem
preposição (objeto direto).

Ex. O carteiro entregou ao morador duas cartas.

 Obs. Não confundir com o complemento nominal do objeto.

Ex. O candidato tem certeza de sua aprovação.

Observações:

 Um verbo não pode ter dois complementos iguais.

Ex. Avisou-o do dia da prova. → correto!


OD OI
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Avisou-lhe o dia da prova. → correto!
OI OD

Avisou-o o dia da prova // avisou-lhe do dia da prova. → incorreto!

 Dois verbos de regência diferente não podem ter um único complemento.

Ex. Eu quero e preciso do dinheiro. → incorreto!


VTD VTI

 Toda vez que o sentido do verbo muda, sua regência também muda.

 Prova! Analisar sempre o contexto! Ex. Eu sonhei com você → VTI; Eu sonhei ontem → VI;
Sonhei um sonho tranquilo → VTD.

2.3. Predicado verbo-nominal

Conceito: apresenta dois núcleos, sendo um verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predicativo).

Verbo transitivo + predicativo do objeto:

Ex. João julgou o réu culpado.

O professor precisa da turma motivada.

Verbo intransitivo + predicativo do sujeito: não é necessário um verbo de ligação para que haja um
predicativo do sujeito!

Ex. João saiu triste.

3. Adjunto adnominal vs. complemento nominal

Adjunto adnominal: acompanha um substantivo, núcleo de uma função sintática qualquer, procurando
caracterizá-lo. Logo, tem função adjetiva. Se for retirado, a frase ainda terá sentido. Possui sentido ativo.

Ex. A resposta do juiz convenceu. → O juiz respondeu.

Complemento nominal: complemento de um nome que possui transitividade, com preposição. Parece um OI,
mas a palavra que rege a preposição é um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio). Sentido passivo.

Ex. Tínhamos medo de escuro.

A resposta ao juiz convenceu. → Alguém respondeu ao juiz.

Adjunto adnominal Complemento nominal

Liga-se a substantivo Liga-se a substantivo, adjetivo ou advérbio

Preposicionado ou não Necessariamente preposicionado

Qualifica, especifica, não integrando a significação; Integra a significação antecedente;

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Refere-se a substantivo concreto ou abstrato; Quando se refere a substantivo, é sempre abstrato –
sentimento, ação, qualidade, estado e conceito;

Exigidos pela transitividade do nome.

Indica agente ou possuidor; Paciente ou alvo da noção expressa;

Pode ser substituído por uma palavra única, um Se o nome fosse transformado em ação, seria um
adjetivo com sentido perfeitamente equivalente complemento verbal.

 Prova! Substantivo abstrato + de: se o termo preposicionado for agente, é adjunto


adnominal, enquanto se for paciente, alvo, é complemento nominal. O adjunto adnominal pode ser
substituído por uma palavra única, um adjetivo, enquanto o complemento nominal funcionaria como um
complemento verbal caso o nome fosse alterado para um verbo.

4. Predicativo

Conceito: expressa um estado ou qualidade do sujeito ou do objeto.

Do sujeito: não necessariamente é atribuído por verbo de ligação.

Ex. A professora saiu apressada. → VI.

Do objeto: para diferenciar do adjunto adnominal, substituir o objeto por um pronome oblíquo. Se o
termo permanecer, é predicativo do sujeito. Se for incorporado pelo pronome, é adjunto adnominal.

Ex. Julguei as perguntas complexas → Julguei-as complexas. → predicativo do objeto;

Resolvi as perguntas complexas → Resolvi-as → Adjunto adnominal.

5. Aposto e vocativo

Aposto: termo que explica ou especifica outro termo da oração.

Explicativo: amplia, detalha, enumera ou resume um termo anterior. Tem pontuação.

Ex. Carlos Drummond de Andrade, poeta mineiro, fez lindas poesias.

Especificativo: especifica o referente em um universo. Não tem pontuação.

O poeta Carlos Drummond de Andrade fez lindos textos.

 Um nome próprio especificando um substantivo comum é aposto especificativo.


 ≠ Adjunto adnominal: o termo será aposto e não adjunto adnominal quando não tiver sentido
de posse nem valor adjetivo.

Ex. A praia de Pipa é linda → Não é um Pipa que tem uma praia.

Vocativo: termo que serve para chamar, invocar, por alguém. Não confundir com o sujeito! É sempre marcado
por vírgula.

Paulo, preciso de ajuda.

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6. Adjunto adverbial

Conceito: função sintática do termo que se refere ao verbo para trazer uma ideia de circunstância – tempo,
modo, causa, meio, lugar, instrumento, motivo, oposição, etc.

Ex. Ele nasceu ontem.

Também pode se referir a adjetivo, advérbio ou uma oração inteira.

Ex. Ela é muito bonita.

Ela será aprovada muito provavelmente.

Infelizmente, o governo não vai resolver os problemas.

7. Agente da passiva

Transposição de voz; quando a voz ativa é transporta para voz passiva, o sujeito vira agente da passiva e o
objeto direto vira sujeito paciente.

Ex. Eu comprei um carro.

Um carro foi comprado por mim.

Observação: pode ser introduzido pela preposição “de”.

Ex. Sejamos entendidos dele = Sejamos entendidos por ele.

8. Observações finais

Funções sintáticas de termos sem preposição:

Sujeito:

Ex. O lazer é fundamental para as pessoas.

Chegou o outono, estação precedente ao inverno.

Objeto direto:

Ex. O professor aplicou a prova na sexta.

Consegui o visto americano com facilidade.

O conselho decidiu que o curso seria fechado.

Quero que esse ponto fique claro.

 Prova! Só é possível presumir que o termo é objeto direto ao perguntar “o que?” quando o
sujeito já tiver sido encontrado, seja explícito ou implícito. Ex. Sabia que o prefeito não era honesto. → É
possível inserir o sujeito “eu” ou “ele/ela”, então é OD; Sabia-se que o prefeito não era honesto. → Não
é possível inserir um sujeito, então a oração é subjetiva, sendo sujeito da passiva.

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Função sintática dos termos preposicionados:

Objeto indireto: complementa um verbo transitivo indireto.

Ex. No meu discurso, aludi ao problema das cotas.

Adjunto adnominal:

Ex. Enceraram o chão da sala.

Complemento nominal:

Ex. Ainda existe necessidade de apoio psicológico.

Ex. Anda bastante ansioso pela prova.

Agiram contrariamente ao partido.

Adjunto adverbial: se for expressão, deve ser preposicionado. Normalmente indica tempo, modo ou lugar. Se
retirado, a frase não perde o sentido.

Ex. Veio da escola muito tranquilo.

Encarou de forma serena a dificuldade.

Viajou aos EUA para trabalhar.

Regência

1. Regência verbal
1.1. Reconhecimento de complementos

Conceito: é a adequação entre o verbo e seu complemento (objeto direto e indireto). Também é chamada de
predicação ou transitividade verbal.

Ex. Não assistiu ao filme que estreou.

Termos:

Regente: é o que determina a preposição.


Regido: é o que vem junto com a preposição.

Predicado verbal:

Verbo intransitivo: não precisa de complemento verbal, mas pode exigir ser complementado por adjunto
adverbial que transmita circunstâncias de lugar ou modo.

 Pode iniciar período, caso em que o termo posterior não será objeto direto, mas sujeito
posposto.

Ex. todos os alunos saíram → verbo intransitivo típico.

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Surgiram duas novas vagas. → Sujeito posposto.

O operário não apareceu na empesa. → Adjunto adverbial – não é objeto!

 Prova! Não confundir com VTD quando o sujeito for posposto!

Ex. Das varandas pendiam colchas, toalhas bordadas e outros adereços.


VI Sujeito

 VTI vs. VI completado por adjunto adverbial: o OI apenas completa o sentido do verbo, sem
transmitir circunstâncias de lugar ou modo.

Pontuação:

Ajunto adverbial solto: é aquele inserido para ampliar o sentido, sem que seja exigido pelo verbo. Ex. O
problema ocorreu naquela tarde. Pode ser deslocado para diferentes pontos na frase.

Se a locução adverbial solta for de grande extensão:

 Antecipada ou no meio da frase: a vírgula é obrigatória. Ex. Antes da última rodada, o time já era
campeão // O time, antes da última rodada, já era campeão.
 Ao final da frase: a vírgula é facultativa. Ex. O time já era campeão, antes da última rodada // O time
já era campeão antes da última rodada.

Se a locução for de pequena extensão: a vírgula é facultativa.

Adjunto adverbial preso: é aquele exigido pelo VI. Não há vírgula. Ex. eu estou bem.

Verbo transitivo: precisa de complemento, seja objeto direto ou objeto indireto. Logo, não possui sentido
completo.

 Verbo transitivo direto: exige objeto direto, que é complemento sem preposição.

Ex. A garota tomou dois sorvetes. → objeto direto.

 Objeto direto:

 Pleonástico: para enfatizar, o objeto direto é antecipado para o início da fase e então é
repetido através do pronome oblíquo átono. A vírgula é facultativa.

Ex. Essa roupa, ninguém a quer.

Esses rabiscos, foi o pintor que os pintou.

 Preposicionado:
o Casos obrigatórios: o OD deve ser acompanhado de uma preposição obrigatória em razão
de ênfase, eufonia ou clareza.
 OD for pronome oblíquo tônico ou “quem”. Ex. Vendemos a nós mesmos → vender
é VTD, mas o “nós” exige preposição.
 OD for verbo no infinitivo. Ex. Aprendi a nadar.
 Possibilidade de ambiguidade. Ex. A onça ao caçador surpreendeu. // À onça o
caçador surpreendeu.
50
 Reciprocidade: ex. eles ofenderam-se uns aos outros.

o Casos facultativos: a preposição não é obrigatória, mas é inserida por motivo de clareza ou
ênfase.
 OD for a palavra “ambos”: ex. Contratei a ambos.
 Pronomes indefinidos referentes a pessoas: ex. A alegria atingiu a todos.
 OD for nome próprio: ex. Busquei a Maria no aeroporto.
 Reforço ou exaltação de sentimento. Ex. Amo a Deus → ênfase.

o Ao passar para a voz passiva, a preposição some.

Ex. Eu cumpri com o dever (ênfase). // O dever foi cumprido por mim.

o A substituição pelo pronome oblíquo é normal – utiliza-se “o”, “a”, “os” ou “as”, e não
“lhe”.

 Atenção! Haver no sentido de existir é VTD.

 Verbo transitivo indireto: exige objeto indireto, que é o complemento com preposição.

Ex. o cliente pensou em uma solução rápida.

 Objeto indireto: também pode ser pleonástico.

Ex. Ao amigo, não lhe peça tal coisa.

 Verbo transitivo direto e indireto: exige dois complementos: um com preposição (objeto
indireto) e um sem preposição (objeto direto).

Ex. O carteiro entregou ao morador duas cartas.

 Obs. Não confundir com o complemento nominal do objeto.

Ex. O candidato tem certeza de sua aprovação.

 Obs.

 Um verbo não pode ter dois complementos iguais.

Ex. Avisou-o do dia da prova. → correto!


OD OI

Avisou-lhe o dia da prova. → correto!


OI OD

Avisou-o o dia da prova // avisou-lhe do dia da prova. → incorreto!

 Dois verbos de regência diferente não podem ter um único complemento.

Ex. Eu quero e preciso do dinheiro. → incorreto!


VTD VTI

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 Toda vez que o sentido do verbo muda, sua regência também muda.

Obs. Pronome relativo: o pronome relativo pode exercer a função sintática de um complemento, seja de um
verbo (OD ou OI) ou de um nome (CN) quando ele retoma o termo que tem essa função.

Ex. Os ideais por que luto são inegociáveis. → o “que” é OI (luto por ideais).

 Atenção! Excepcionalmente, objeto indireto oracional pode aparecer sem preposição desde
que não prejudique a clareza. Ex. Ela nunca duvidou (de) que o marido compusesse.

Predicado nominal:

Verbo de ligação: ser, estar, permanecer, ficar, continuar, parecer, etc. Liga o sujeito ao predicativo, que é
uma característica que o sujeito tem. Geralmente, o predicativo será um adjetivo. Não expressa ação – é verbo
de estado, não nocional.

Ex. A população está indignada com o fato.

O candidato permanece contente com o fato.

 Pode indicar permanência (ser), continuidade (continuar/permanecer), transitoriedade ou circunstância


(estar, andar), mudança de estado (ficar, tornar-se, virar) ou aparência (parecer).

 Diferenciação de verbo transitivo direto: no VTD, o objeto não precisa flexionar com o sujeito (ex. o
candidato realizou a prova → os candidatos realizaram as provas). Já no VL, se o sujeito é flexionado, o
predicativo também deve ser (ex. o candidato está tranquilo → os candidatos estão tranquilos).

 Se o sentido do verbo não for complementado por um predicativo do sujeito, mas por adjunto
adverbial, não se terá o verbo de ligação, mas verbo intransitivo.

 Alguns verbos funcionam tanto como verbos de ligação, quanto verbos transitivos ou
intransitivos.

Ex. João tornou-se presidente → VL // João tornou à casa → VTI.

Ex. Maria achou o lápis → VTD // Maria achava-se triste → VL.

Ex. José está desanimado → VL // José está em Belém → VI.

Pontuação: não pode haver vírgula entre sujeito, verbo e complementos.

1.2. Regência de verbos importantes

 Prova! Qualquer verbo no sentido de almejar é VTI, mas o verbo almejar é VTD.

Agradar:

Sentido de fazer agrado, carinho: VTD. Ex. Ela agradou o filho.


Sentido de ser agradável, contentar: VTI, com preposição “a”. Ex. O assunto não agradou ao homem.

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Ajudar, satisfazer, presidir, preceder: VTD ou VTI com a preposição “a”. Ex. Satisfiz as exigências. // Satisfiz
às exigências.

Amar, estimar, abençoar, louvar, parabenizar, detestar, odiar, adotar, visitar: VTD. Ex. Estimo o colega.

Aspirar:

Sentido de inspirar: VTD. Ex. Aspiramos o ar frio da manhã.


Sentido de desejar, almejar: VTI, com a preposição “a”. Ex. Ele aspira ao cargo.

Assistir:

Sentido de amparar, dar assistência: VTD. Ex. O médio assistiu o paciente.


Sentido de ver, presenciar: VTI, com preposição “a’. Ex. Ele assistiu ao jogo.
Sentido de caber, competir: VTI, com preposição “a”. Ex. Esse direito assiste ao réu.
Sentido de morar: VI. Ex. Seu tio assistia em um sítio.

Avisar, informar, prevenir, certificar, cientificar: VTDI. Ex. Avisei o agente do problema.

Atender:

Sentido de dar atenção, receber, seguir, acatar: VTD. Pode ser VTI. Ex. Não costuma atender os meus
conselhos; Não atendeu a observação.
Sentido de responder, prestar auxílio: VTI. Ex. Os bombeiros atenderam ao chamado.

Atribuir: VTDI. Ex. O professor atribuiu nota máxima aos alunos.

Caber:

Sentido de ser compatível, pertencer*: VTI. Ex. Cabe a você esperar pelo melhor. → o sujeito é oracional.
Sentido de ficar dentro: VI. Ex. O ônibus coube na garagem.
Sentido de ter admissibilidade: VI. Ex. No seu caso, não cabe recurso.

Chamar:

Sentido de convocar: VTD. Ex. Chamei-o aqui.


Sentido de qualificar, apelidar: VTD ou VTI. Nesse caso, haverá um predicativo do objeto (direto ou
indireto), que pode ser introduzido pela preposição “de”. Ex. Chamei-o de louco // Chamei-o louco // Chamei-
lhe de louco // Chamei-lhe louco.
Sentido de atrair: VTD. Ex. Energia negativa chama pessoas tristes.
Sentido de pedir ajuda: VTI, com preposição “por”. Ex. Chamei pelo médico.

Chegar: para diferenciar, perguntar “aonde?”.

Sentido de movimento: VI. Exige a preposição “a” no sentido de movimento a um destino, e “de” no sentido
de movimento de um lugar de origem. Não cabe a preposição “em”. Ex. Cheguei a Fortaleza. // Cheguei de
Fortaleza.

 Preposição: deve ser utilizada “aonde” e não onde.

Sentido de limite: VTI. Ex. Seu estudou chegou ao extremo do entendimento.

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Constar:

Sentido de conter, consistir, ser constituído: VTI, exigindo a preposição “de”. Ex. O CC consta de mais 2000
artigos.
Sentido de estar incluído, estar contido: VTI, exigindo preposição “de” ou “em”. Ex. Consta nos autos.
Sentido de saber, ter ciência: VTI, exigindo a reposição “a”. Ex. Não consta a ele que tenha outro filho.

Contribuir: VTI, exigindo as preposições “com” ou “para”.

Convir*:

Sentido de ser útil, proveitoso: VTI. Ex. Convém a todos lutar pela igualdade. → o sujeito é oracional.
Sentido de ser conveniente: VI. Ex. Essa atitude não convém.

Custar:

Sentido de preço, valor: VI. Ex. Os óculos custaram R$400,00.


Sentido de ser custoso, difícil: VTI. Ex. Custou ao aluno entender a explicação do professor. → o sujeito é
oracional.

Dar início a: dar (VTDI) + início (OD) + OI – se for feminino, a crase é obrigatória.

Esquecer, lembrar, recordar:

Sem pronomes oblíquos átonos: VTD. Ex. Ele esqueceu o livro.


Com pronomes oblíquos átonos: VTI, exigindo a preposição “de”. Ex. Ele se esqueceu do livro.

 CESPE! Pode relativizar.

Implicar:

Sentido de acarretar: VTD. Ex. Seu estudo implicará aprovação.


Sentido de envolver: VTDI. Ex. Implicaram o servidor no processo.
Sentido de perturbar: VTI, com a preposição “com”. Ex. Sempre implicava com o vizinho.
Morar, residir, situar-se, estabelecer-se: VI, que pede adjunto adverbial introduzido pela preposição “em”, e
não “a”. Ex. Morava na Rua Onofre da Silva.

Namorar: VTD. Ex. Ela namorou aquele artista.

Obedecer e desobedecer: VTI, com a preposição “a”. Ex. Obedeceu ao comando.

Pedir, implorar, suplicar: VTDI, com a posição “a”. A preposição pode ser “para” quando se referir à palavra
licença. Ex. Pediu ao dirigente uma solução; Ele pediu para sair.

Perdoar e pagar:

Complemento coisa: VTD. Ex. Paguei o apartamento.


Complemento pessoa: VTI, com a preposição “a”. Ex. Paguei ao empregado.
Ambos: VTDI. Ex. O Brasil pagou a dívida ao FMI.

Perguntar: VTDI:

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 Perguntar algo a alguém;
 Perguntar alguém sobre algo;

Precisar:

Sentido de ter necessidade: VTI, com preposição “de”. Ex. Preciso de você.
Sentido de especificar: VTD. Ex. Não sei precisar as questões que errei.

Preferir:

Um complemento: VTD. Ex. Prefiro biscoitos.


Comparação: VTDI, com a preposição “a”. Ex. Prefiro vinho a cerveja.
Obs.

 O verbo preferir não aceita palavras ou expressões de intensidade + “do que” ou “que”.
 Paralelismo: em “prefiro X a Y”, ou ambos os elementos estão determinados por artigos, ou
nenhum está.

Presidir: VTD ou VTI. Ex. O chefe presidiu a sessão. // O chefe presidiu à sessão.

Proceder:

Sentido de agir: VI. Ex. Ele procedeu bem.


Sentido de ter cabimento, ter fundamento: VI. Ex. Isso não procede.
Sentido de vir, originar: VI. Ex. A balsa procedia de Belém.
Sentido de realizar: VTI, com a preposição “a”. Ex. Ele procedeu às investigações.

Querer:

Sentido de desejar: VTD. Ex. Ele quer a verdade.


Sentido de ter afeto por alguém ou alguma coisa: VTI. Ex. A mãe quer muito ao filho.

Referir-se: sentido de fazer referência: VTI. É verbo pronominal. Ex. O palestrante referiu-se ao problema.

 Aludir é VTI = referir-se;


 Mencionar é VTD.

Responder:

Em relação ao conteúdo da resposta: VTD. Ex. Respondeu que estava bem.


Em relação ao destinatário da resposta: VTI. Ex. Respondi ao telegrama.

Simpatizar e antipatizar: VTI, com a preposição “com”. Não se utiliza pronome átono. Ex. Simpatizo com ela.
// Simpatizo-me com ela.

Visar:

Sentido de por visto, rubricar: VTD. Ex. Ela visou as folhas.


Sentido de pretender, almejar: VTI, com a preposição “a”. Ex. Visava a felicidade de todos.
Sentido de apontar, mirar: VTD. Ex. O policial visou o alvo.

1.3. Regência com pronomes oblíquos


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Objeto direto:

Regra: o, a, os, as. Ex. Ana comprou um livro // Ana comprou-o.

Verbos terminados em r, s ou z: variação para lo, la, los, las. Ex. Vou cantar uma música // Vou cantá-la.

Verbos terminados em m ou ~: variação para no, na, nos, nas. Ex. Cantam a música // Cantam-na.

Objeto indireto: lhe, lhes. Ex. Paguei ao músico. // Paguei-lhe.

Observação: também pode possuir valor de:

 Complemento nominal: Ex. Sou fiel a você. // Sou-lhe fiel.


 Valor de posse: Ex. Roubaram a sua bolsa. // Roubaram-lhe a bolsa.

1.4. Regência com pronomes relativos

Conceito: é uma palavra que inicia as orações subordinadas adjetivas e pode estar antecedido de preposição
a depender do verbo desta.

Rol:

 Que: retoma coisa ou pessoa;


 O/a qual: retoma coisa ou pessoa;
 Quem: retoma pessoa;
 Cujo: relação de posse;
 Onde: retoma lugar;
 Quando: retoma tempo.

Funções sintáticas:

Sujeito:

Ex. O homem, que é um ser racional, aprende com seus erros.


É = verbo de ligação; Um ser racional = Predicativo do sujeito. →
Que (o homem) = sujeito.

Objeto direto:

Ex. Esta é a casa que amamos.


Sujeito = nós; amamos = VTD; → OD = que (a
casa).

Objeto indireto:

Ex. Esta é a casa de que gostamos.


Sujeito = nós; amamos = VTI; → OI = que (a
casa).

Complemento nominal:

Ex. Esta é a casa a que fizemos referência.


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Sujeito = nós; fizemos = VTD; Referência = OD; →
Complemento nominal: a que (à casa).

Adjunto adverbial:

 De lugar: se for estático, a preposição é em; se for destino, a preposição é a ou para; se for de
origem, a preposição é de; se for trajeto, a preposição é por. Ex. Esta é a casa onde moramos.

Pronome relativo “cujo”: valor de posse.

Regras:

 Posiciona-se entre substantivos, fazendo subentender a preposição “de”. Assim, ao se ler


“cujo”, entende-se “de” + substantivo anterior.
 Cujo + substantivo seguinte formam um termo da oração, que pode ser sujeito, OD, OI, CN
ou adjunto adverbial. O substantivo seguinte é o núcleo e, a depender da função sintática, pode ser
preposicionado.

Funções sintáticas:

 Sujeito:

O filme cujo artista foi premiado não fez sucesso. → O filme não fez sucesso // O artista do filme foi
premiado.

 Objeto direto:

O filme cuja sinopse li não fez sucesso. → O filme não fez sucesso // Li a sinopse do filme.

 Objeto indireto:

O filme de cuja sinopse não gostei não fez sucesso. → O filme não fez sucesso. // Não gostei da sinopse do
filme.

 Complemento nominal:

O filme a cuja sinopse fiz alusão não fez sucesso. → O filme não fez sucesso. // Fiz alusão à sinopse do filme.

 Adjunto adverbial de lugar:

Estive ontem na praça em cujo centro foi montado o circo. → Estive ontem na praça. // No centro da praça foi
montado um grande circo.

 Atenção! Não se usa artigo ou pronome após o pronome relativo cujo. Ex. A casa cujo o teto
caiu [...]; A empresa cujos aqueles funcionários [...];
 Atenção! Quando há preposição antecedendo oração adjetiva, é um verbo ou um nome
posterior que a exige. Quando há preposição antes da oração substantiva, é o verbo ou nome anterior que
a exige. Ex. Importante é aquilo de que não se pode fugir → O.S.Adj. – de que é objeto indireto; É
importante que você busque seus objetivos → O.S.Substantiva subjetiva.

1.3. Crase

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Estrutura padrão: preposição “a” (exigida pelo verbo ou nome) + artigo “a” ou pronomes “aquele”, “aquela”,
“aquilo” e “a qual”. É sinalizada pelo uso do acento grave (`) – crase não é o nome do acento.

Ex. Eu obedeço à lei. // Eu obedeço ao código.

Tenho aversão à atividade manual. // Tenho aversão ao trabalho manual.

Obs. O “a” antes da preposição “de” ou do pronome relativo “que” não é artigo, mas pronome demonstrativo
(= aquela), o que também possibilita a crase.

Ex. Entre as líderes, obedeci à de maior experiência.

Consequência – regras básicas:

 Não há crase antes de palavra masculina, pois não há artigo “a” antes de palavra masculina.
Ex. a prazo, a pé, a crédito...

 Macete: substituir a palavra feminina por palavra masculina, para verificar se o “a” é substituído
por “o”. Nesse caso, não haverá crase. Só se usa o acento grave quando, no masculino, utiliza-se
“ao”.

 Não há crase antes de verbo, pois verbo não possui gênero.

Ex. Você encontra pacotes a partir de R$2.000,00.

 Não há crase em “a” singular diante de palavra no plural, pois significa que ali não há artigo.

Ex. Não costumo ir a reuniões de condomínio.

Não costumo ir às reuniões de condomínio.

 Nunca há crase em sujeito.

 Não há crase antes de substantivo com sentido genérico:

Ex. Nunca doei dinheiro a entidade filantrópica (qualquer entidade).

 Prova! Em termos comparativos, o segundo termo tem função de sujeito. Ex. a ocultação,
pela indústria custou tantas vidas quanto as destruídas por todos os assassinatos ocorridos nos EUA em
uma década.

Regras auxiliares:

Pronomes: não há crase antes de pronome, pois não há artigo antes de pronome.

Ex. Peço a Vossa Excelência que examine meu caso,

 Exceções:

 Pronome relativo “a qual”: é o pronome relativo “qual”, de antecedente feminino, ligado a verbos
que exijam a preposição “a”.

Ex. A situação à qual se reportaram...


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 Prova! Não se utiliza crase antes do pronome relativo “que”. Para descobrir se o “que” é
pronome relativo, substituir por “o qual”.

 Pronomes possessivos femininos: a crase é facultativa. É possível não usar a crase por estar
antes de pronome, e é possível utilizar porque, no masculino, permite-se o “ao”.

Ex. Pedi a\à sua tia que fizesse o bolo; Vá a/à minha sala.

 Pronome de tratamento senhora: admite artigo. Por isso, se for precedido da preposição “a”, a crase
é obrigatória.

Ex. Refiro-me à senhora Gioconda.

 Obs. Em caso dos pronomes demonstrativos “aquele”, “aquela” e “aquilo”, caso se utilize a
preposição antes, não haverá crase. Entretanto, é possível fundir a preposição com o pronome,
caso em que haverá crase.

Ex. Não pretendo ir a aquela praia // não pretendo ir àquela praia. → corretos!

Números ordinais: aplicam-se as regras gerais – ver se é feminino e substituir por palavra masculina.

Nomes de lugar: se exigir o artigo feminino, haverá crase.

Ex. Faremos uma excursão à Bahia e a Sergipe.

Um túnel ferroviário liga a França à Inglaterra.

 Se o local estiver particularizado, especificado, há artigo.

Vou à Paris que ninguém conhece ainda.

 Nomes que exigem artigo: para saber se o topônimo pede ou não artigo, basta trocar o verbo
que exige a preposição “a” por outro que exige preposição diferente – ex. volta de: quando se volta de,
utiliza-se “a” e quando se volta da, utiliza-se “à”

Ex. Vim da Bahia e de Sergipe.

 Exceção: se o topônimo não exige artigo, mas é caracterizado por alguma expressão, deve ser
utilizado o artigo.

Ex. Viajamos à Brasília de Juscelino, depois fomos à São Paulo da garoa.

Casa, terra e distância: apenas quando vierem determinadas ou especificadas é que admitem crase, mas
sozinhas não.

Ex. Não vou mais voltar a casa/ à casa dela;

Após três dias o navio voltou a terra/ à terra de partida.

O ex-marido a seguia a distância/ à distância de 50m.

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 Obs. Terra: por especificar que é o planeta Terra, é craseado. Ex. A sonda voltou à terra em 20
dias.

Locuções adverbiais: expressões adverbiais femininas são craseadas. Geralmente são de tempo, de modo ou
de lugar. Ex. à tarde/à noite, à direta/esquerda, às claras/escondidas/ocultas, à toa, à beça, às vezes, à escuta, à
deriva, às avessas, às moscas, à revelia, à luz, à larga, às ordens, etc.

Ex. O encontro será às 19h. → tempo.

Borda à perfeição, mas vive à margem da comunidade das bordadeiras. → modo.

Não mais pretende voltar à empresa hoje. → lugar.

Observação - Há vs. a: “há” é utilizado para tempo decorrido ou no sentido de existir, enquanto “a” é
utilizado para tempo futuro e distâncias.

Ex. Há cinco meses está morando em Salvador.

Daqui a duas semanas estarei com vocês.

Daqui a 3Km está localizado o clube.

 À moda: possui crase, e pode estar explícita ou subentendida.

Ex. Pedimos uma pizza à moda da casa.

Atrevia-se a escrever à Drummond.

 Observação: frango a passarinho, bife a cavalo – não expressam modo e, por isso, não possuem
crase.

 À uma: há crase.

Ex. Os sindicalistas responderam à uma: greve já!

 À vista: é divergente, mas por ser um adjunto adverbial de modo feminino, deve ser craseado. Obs. a
palavra a prazo, por outro lado, por ser masculina, não é craseada.

 Exceções:

 Sentido de meio de instrumento: a crase será facultativa.

É antiga e ainda escreve a máquina/faça a redação a caneta.

 Prova! Para o Cespe, é obrigatória.

 Locuções adverbiais com palavras repetidas: não há crase. Ex. Cara a cara; frente a frente.

Expressão dar início a: dar (VTDI) + início (OD) + OI – se for feminino, a crase é obrigatória.

Ideia de proporção: sempre há crase.

Ex. À medida de estudamos, vamos entendendo a matéria.


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Crase facultativa: se não se enquadrar em nenhum desses casos, é obrigatória.

Após a expressão “até”: a preposição “a” e, por conseguinte, a crase, são facultativas.

Ex. O visitante foi até a sala do Diretor. // O visitante foi até à sala do Diretor.

Pronome possessivo: o artigo é facultativo.

Ex. Refiro-me a minha amiga. // Refiro-me à minha amiga.

 Exceção: se o substantivo estiver implícito, a crase é obrigatória. Ex. Na geração anterior à nossa
[...]. Ocorre porque nesses casos o pronome é substantivo, e não adjetivo.

Nome próprio de pessoa: o artigo é facultativo.

Ex. Refiro-me a Madalena. // Refiro-me à Madalena.

 Dica mnemônica: Até sua Maria.


 Atenção! Verificar o paralelismo. Nesse caso, a crase é obrigatória!

2. Regência nominal

Complemento nominal: determinados nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios) também podem ter
transitividade, exigindo complemento. O complemento sempre vem preposicionado, exceto quando aparecer
na forma de um pronome oblíquo átono. Ex. certeza (de algo), obediência (a algo/alguém), longe (de
algo/alguém), perto (de algo/alguém), fiel (a algo/alguém), etc. É sempre introduzido por preposição.

Ex. O candidato tem certeza de sua aprovação. → completa substantivo.


VTD OD CN

sujeito predicado

Você precisa ser fiel aos seus ideais. → completa adjetivo.


VL Pred. suj. CN.

Você mora perto de Maria. → completa advérbio.


VI Adj. adv. CN

Objeto indireto vs. complemento nominal: havendo VTDI, haverá um OD e um OI. Nesse caso, o termo
preposicionado é OI, completando o sentido do verbo. Por outro lado, o CN completa o sentido do objeto.

Exemplos importantes:

Nome Complemento

Acostumado A, com

Afável Com, para

Afeiçoado A, por

Aflito Com, por

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Alheio A, de

Ambicioso De

Amizade A, por, com

Amor A, por

Ansioso De, para, por

Apaixonado De, por

Apto A, para

Atencioso Com, para

Aversão A, por

Ávido De, por

Conforme A

Constante De, em

Constituído Com, de, por

Contemporâneo A, de

Contente Com, de, em, por

Cruel Com, para

Curioso De

Desgostoso Com, de

Desprezo A, de, por

Devoção A, por, para, com

Devoto A, de

Dúvida Em, sobre, acerca de

Empenho De, em, por

Falta A, com, para

Imbuído De, em

Imune A, de

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Inclinação A, para, por

Incompatível Com

Intenção De, em

Junto A, de

Preferível A

Propenso A, para

Próximo A, de

Respeito A, com, de, por, para

Situado A, em, entre

Último A, de, em

Único A, em, entre, sobre

Ajunto adnominal: caracteriza, determina, modifica ou especifica o núcleo do termo sintático.

Ex. As nossas primeiras experiências científicas fracassaram.


Adj. adnominal Núcleo Adj. VTI
adnominal

Sujeito Predicado

Período composto

1. Introdução

Frase: qualquer enunciado de sentido completo. Ex. cuidado: cão bravo.

Frase nominal: não possui verbo. Não forma período;


Frase verbal: apresenta verbo.

Pontuação: o sentido completo ocorrerá explicitamente na linguagem por meio das pontuações finais
“. ! ? ...”.

 Ponto final: utilizado para marcar o término de uma declaração, de uma frase declarativa. Ex.
As aulas terminaram mais cedo.
 Ponto de exclamação: transmite emoção, sentimento. Ex. Socorro!
 Ponto de interrogação: finaliza uma frase interrogativa direta. Ex. Por que você não veio
ontem?
 Dois pontos: posteriormente a ele se inicia uma citação, a fala de alguém. A citação deve se
iniciar com letra maiúscula. Ex. O ministro declarou “Há dois anos os juros estavam mais baixos”.

63
 Reticências: indicar que a declaração que vinha sendo feita continua. Intenção de se fazer
subentender. Por isso, cabe a interpretação de uma hesitação, pelo comentário subjetivo.

Período: frase que contém por um ou mais verbos. Possui verbo e sentido completo. Por essa razão, deve
terminar com alguma das pontuações “. ! ? ...” (pontuações definitivas).

Simples: se contém apenas uma oração (um núcleo verbal).


Composto: se contiver duas ou mais orações (dois ou mais núcleos verbais).

Oração: possui verbo, mas nem sempre terá sentido completo. Por isso, além das pontuações finais, pode
terminar com “, ; -“ ou mesmo nenhuma pontuação.

Oração absoluta: forma um período sozinha.

2. Orações coordenadas

Introdução: orações independentes, de sentido completo. Uma não depende sintaticamente da outra – é como
se fossem duas orações principais.

Enumeração: termos paralelos (enumerados, coordenados) podem ser substantivos, adjetivos e verbos. Esses
termos são separados por vírgulas.

Ex. Estudo, trabalho e disciplina acompanham o homem moderno. → enumeração de substantivos;

Achei a pintura clara, intrigante, linda! → enumeração de adjetivos;

Joana foi ao trabalho, despachou poucos documentos, sentiu-se mal e voltou para a casa → enumeração de
verbos/ações;

Classificação: síndeto é sinônimo de conjunção.

Sindética: quando a oração coordenada é explicitamente iniciada por conjunção. A segunda oração
geralmente é sindética. A vírgula depende do valor semântico.

Assindética: quando a oração coordenada não é iniciada por conjunção. A primeira oração geralmente é
sindética. A vírgula é obrigatória, independentemente do sentido.

Ex. Mauro saiu e voltou tarde → sindética.

Mauro saiu, voltou tarde → assindética.

Valores:

Aditivas: somar termos, encadear enumeração dentro de uma lógica. Conjunções e, nem, tampouco, não só ...
mas também, não só ... como também, tanto ... como, ademais.

Ex. Fechou a porta e foi tomar café.

Não trabalha, nem estuda.

Não trabalha, tampouco estuda.

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 Mas também: o também pode estar subentendido. Ex. Não só estuda, mas (também) trabalha.
 Pontuação: a vírgula é facultativa. Tem função de ênfase, dando prevalência à segunda
oração.

Enumeração:
Objetiva: autor simplesmente se atém a relatar o que ocorreu, sem envolvimento emocional. Estrutura: ____ ,
____ , ____ , ____ e ____ (a conjunção pode ser retirada e substituída por uma vírgula sem prejuízo da
correção). Ex. A candidata acordou cedo, preparou uma refeição leve, alimentou-se calmamente, chegou
tranquila, realizou a prova.

Subjetiva: reforço das ações. Transmite uma carga de emoção par se aumentar a força nos argumentos.
Estrutura: ____ , e ____ , e ____ , e ____ , e ____ . Ex. Ex. A candidata acordou cedo, e preparou uma
refeição leve, e alimentou-se calmamente, e chegou tranquila, e realizou a prova.

Adversativas: exprimem contraste, oposição, ressalva, compensação. Conjunções: mas, porém, contudo,
todavia, entretanto, no entanto.

Ex. Correu muito, mas não se cansou.

 Pontuação: há vírgula obrigatoriamente antes da conjunção coordenada adversativa. Essa


vírgula pode ser substituída por ponto e vírgula.

 A conjunção “e” pode indicar oposição. Ex. Estudou, e não foi aprovado. A vírgula é obrigatória.
 Mas: se o “também” estiver subentendido, o “mas” será aditivo e, consequentemente, a vírgula é
facultativa.

 Colocação: a conjunção “mas” só pode ser posicionada no início da oração. Por ouro lado, as
conjunções “porém, entretanto, contudo, todavia e no entanto” têm capacidade mobilidade, podendo se
posicionar no meio ou no final da oração, com vírgula obrigatória.

Ex. Há muito serviço, porém ninguém trabalhava // Há muito serviço, ninguém, porém, trabalhava. // Há
muito serviço, ninguém trabalhava, porém.

 Prova! Mesmo que ambas as conjunções sejam adversativas, é necessário se atentar ao


posicionamento para verificar se a substituição é possível.

 Valor argumentativo: quando há uma conjunção adversativa, a informação mais importante é


a que vem após o conectivo. Logo, para reescrever essa sentença na forma concessiva equivalente, o
foco deve estar na oração principal, não na concessiva.

Ex. Ela grita muito, mas é gente boa. = Embora grite muito, é gente boa.

Alternativas: conjunções: ou ... ou, ora ... ora, já ... já, quer ... quer, seja .... seja.

 Valor:

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 Inclusão: independentemente de qual dos termos, os dois possuem tal característica. Ex. João ou
Pedro são bons candidatos.
 Exclusão: um termo exclui o outro automaticamente. Ex. João ou Pedro ganhará a presidência do
clube.

 Duplicidade: as conjunções vêm em dobro. A exceção é quanto ao primeiro “ou”, que pode
ficar subentendido. Ex. Fale agora ou se cale para sempre. Nesse caso, a primeira oração será
assindética.
 Pontuação: com a conjunção “ou” sozinha, as orações alternativas normalmente são separadas
por vírgula, que é facultativa. Ex. Faça a sua parte(,) ou procure outro emprego.

Conclusivas: são utilizadas para expressar o resultado de um fato originário, fechamento de argumento
conclusivo e dedução. Conjunções: logo, portanto, por conseguinte, pois (depois do verbo), por isso, então,
assim, em vista disso, dessarte, destarde.

Ex. Chegou muito cedo, logo não perdeu o início do espetáculo.

 Pontuação: a vírgula é obrigatória. Pode ser substituída por ponto e vírgula.


 Colocação: assim como as conjunções adversativas (com a exceção do “mas”), também têm a
capacidade de mobilidade, podendo se posicionar no meio ou no final da oração, com vírgulas
obrigatórias.

Ex. Há muito serviço, portanto trabalharemos até tarde // Há muito serviço, trabalharemos, portanto, até
tarde. // Há muito serviço, trabalharemos até tarde, portanto.

 Atenção! São muito utilizadas em textos dissertativos.

Explicativas: iniciam termo que esclarece uma declaração anterior ou ameniza uma ordem. Conjunções:
porque, pois (anteposto ao verbo), porquanto, que.

Ex. Chorou muito, porque os olhos estão inchados.

Choveu durante a madrugada, pois o chão está alagado.

Volte logo, porque vai chover.

 Pontuação: a vírgula é obrigatória, pois a entonação muda.


 Geralmente, vêm depois de uma frase no modo imperativo. Ex. Fale, pois estou mandando.

 Prova! Substituição de ponto final ou dois pontos por conjunção.


 Mnemônico! Orações coordenadas = C&A (conclusivas, explicativas, aditivas, adversativas e
alternativas).

Pontuação
Conclusivas Vírgula obrigatória
Explicativas Vírgula obrigatória
Adversativas Vírgula obrigatória
Aditivas Vírgula facultativa
Alternativas Vírgula facultativa

Utilização do porquê:
66
Por quê: utilizado no final da frase, com sentido de por qual razão;
Porquê: substantivo, precedido de artigo, sentido de motivo;
Por que: sentido de por qual razão;
Porque: conjunção explicativa.

3. Orações subordinadas

Conceito: é aquela que depende sintaticamente da principal para ter sentido. Quando separadas, a oração
subordinada não tem sentido completo, ao contrário da principal.

Classificação:

Desenvolvidas: possuem conjunções e verbos conjugados em tempos e modos verbais. Ex. O candidato
passou no concurso porque se esforçou no estudo.

Reduzidas: perdem a conjunção e por isso os verbos passam a uma das formas nominais: gerúndio, infinitivo e
particípio. Ex. O candidato passou no concurso por se esforçar no do estudo.

3.1. Adverbiais

Valores:

Causais: exprimem causa, motivo, razão. Conjunções: porque, pois, que, como (quando a oração adverbial
estiver antecipada), já que, visto que, desde que, uma vez que, porquanto, na medida em que, etc.

Ex. A mulher gritou porque teve medo.

Como fazia frio, fechou as janelas.

 Prova! Como + verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo = causa. Ex. como fizesse
barulho, se assustou.

 Uma vez que:

 Seguido de verbo no indicativo: indica causa. Ex. Uma vez que estudou, passou.
 Seguido de verbo no subjuntivo: indica condição. Ex. Uma vez que estude, passará.

 A conjunção “se” também pode transmitir valor de causa, quando a oração funciona como
base ou ponto de partida de um raciocínio. Ex. se o estudo é o princípio do concurseiro, é
imprescindível a organização de seu material de estudo.
 As conjunções “porque”, “porquanto” e “pois” podem ser coordenativas explicativas ou
subordinativas causais.

Consecutivas: experimento um efeito, um resultado. Conjunções: que, antecedida por algum intensificador.
Ex. tal ... que, tanto ... que, tão ... que, tamanho ... que, de sorte que, de modo que, sem que, que não. Sempre
cabe “de modo que”.

Ex. Fazia tanto frio que meus dedos congelavam.

Ontem estive doente, de sorte que não pude ir ao trabalho.

Lúcia não pode ver uma roupa bonita na vitrine, que não a queira comprar.
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 Obs. Os intensificadores tal, tamanho, tão, tanto podem ficar subentendidos. Ex. Bebia que
caía pelas ruas.

Relação de causalidade:
Causa e consequência: causa é aquilo que faz com que uma coisa exista – é a origem e, portanto, ocorre
temporalmente antes. Já a consequência é o efeito, resultado, que ocorre temporalmente depois.

Marcadores que expressam causa:

Substantivos: causa, motivo, razão, explicação, pretexto, base, fundamento, origem, o porquê, etc. Ex. O
desemprego nos centros urbanos constitui uma das causas fundamentais do surgimento das favelas.
Verbos: causar, gerar, acarretar, originar, provocar, motivar, permitir, etc. Ex. O desemprego nos centros
urbanos gera o surgimento das favelas.
Locuções prepositivas: por, em virtude de, em razão de, por causa de, em vista de, por motivo de, decorrente
de, devido a, etc. Ex. O surgimento das favelas é decorrente do desemprego nos centros urbanos.
Conjunções: porque, pois, já que, visto que, uma vez que, porquanto, como, etc. Ex. Surgem as favelas porque
nos centros urbanos aumenta o desemprego.

Marcadores que expressam consequência:

Substantivos: efeito, produto, fruto, reflexo, desfecho, desenlace, etc. Ex. O surgimento das favelas constitui
uma das consequências do desemprego nos centros urbanos.
Verbos: derivar, vir de, resultar, decorrer, provir, etc. Ex. O surgimento das favelas resulta do desemprego nos
centros urbanos.
Locuções prepositivas e conjunções: por isso, por consequência, portanto, por conseguinte,
consequentemente, logo, então, por causa disso, em virtude disso, devido a isso, em vista disso, visto isso, à
conta disso, como resultado, em conclusão, em suma, em resumo, enfim, tanto ... que, tal ... que, tamanho ...
que, de modo que, de jeito que, etc. Ex. Cresce o índice de desemprego nos centros urbanos, por conseguinte
surgem as favelas.

Relação: quando temos uma oração subordinada adverbial causal, a sua oração principal terá valor de
consequência, e, quando há oração subordinada adverbial consecutiva, a sua oração principal terá valor de
causa.

Observações:

1ª. Porque: é a principal conjunção causal. Ex. A professora se demitiu, porque o diretor não a respeitava.
Também é conjunção explicativa. Ex. Não toque nesse objeto, porque ele é muito frágil. Para diferenciar, é
necessário averiguar se a oração anterior ao porque expressa um fato consumado. Em caso positivo, a oração
do porque será causal. Já o fato não consumado precede uma explicação. Nesse caso, a oração anterior
geralmente terá verbos no modo imperativo.

2ª. A ideia de consequência também pode ser expressa por “e”, e não apenas pelas conjunções tradicionais.
Ex. O jogador marcou 6 gols e a torcida ficou muito feliz.

3ª. A condição “se” também pode exprimir causa. Ex. se ela não está bem, não deve participar do evento. →
pode ser substituído por “já que ela não está bem, não deve participar do evento” ou “porque ela não está bem,
não deve participar do evento”.

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 Prova! As conjunções coordenadas conclusivas também podem construir a relação de causa e
consequência.

Condicionais: expressa hipótese. O “se” só será condicional se puder ser substituído por “caso”. Conjunções:
se, caso, contando que, desde que, uma vez que, sem que, a não ser que, a menos que, dado que, salvo se,
exceto se, etc. Verbo no subjuntivo.

Ex. Comparei o carro desde que não seja caro.

Não sairás daqui, sem que termine o estudo.

 Uma vez que:

 Seguido de verbo no indicativo: indica causa. Ex. Uma vez que estudou, passou.
 Seguido de verbo no subjuntivo: indica condição. Ex. Uma vez que estude, passará.

 Desde que:

 Seguido de verbo no indicativo: indica tempo. Ex. Desde que chegou, estudou sem parar.
 Seguido de verbo no subjuntivo: indica condição. Ex. Desde que estude, passará.

 Correlação verbal:

 Futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicativo. Indica uma condição no futuro e um


resultado provável no futuro. Ex. Se o candidato estudar bastante, passará no concurso.
 Pretérito imperfeito do subjuntivo (-sse) + futuro do pretérito do indicativo (-ria). Indica uma
condição no passado e um resultado improvável no futuro, já que não há mais como cumprir a
condição. Ex. Se o candidato estudasse bastante, passaria no concurso.
 Presente do subjuntivo + futuro do presente do indicativo. Indica uma condição no presente um
resultado provável no futuro. Ex. Caso o candidato estude bastante, passará no concurso.

Concessivas: exprimem um fato que se concede, que se admite, em oposição, contraste, ressalva ao da oração
principal. É uma adversidade que não impede que o resultado ocorra. Conjunções: embora, apesar de (que),
mesmo que, ainda que, em que pese, posto que, por mais que, não obstante, malgrado, a despeito de,
conquanto, por mais que, mesmo porque, se bem que. Verbo no subjuntivo.

Ex. Gostava de matemática, embora tivesse dificuldades com cálculos.

Por mais que gritasse, não me ouviram.

Em que pese a autoridade deste cientista, não podemos aceitar suas afirmações.

 Prova! Conquanto não se confunde com porquanto! Conquanto traz ideia de concessão, e
porquanto de causa.

 Valor argumentativo: quando há uma conjunção adversativa, a informação mais importante é


a que vem após o conectivo. Logo, para reescrever essa sentença na forma concessiva equivalente, o
foco deve estar na oração principal, não na concessiva.

Ex. Ela grita muito, mas é gente boa. = Embora grite muito, é gente boa.

69
Comparativas: representam o segundo termo de uma comparação. Conjunções: tal qual, tanto quanto, tal
como, como, assim como.

 O verbo pode ser expresso ou subentendido em elipse:

Ex. A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro.

A luz é mais veloz que o som (do que o som é).

 Nas expressões comparativas de superioridade e inferioridade, o “do” é partícula expletiva e,


portanto, opcional.

Ex. Cantava mais do que trabalhava. // Cantava mais que trabalhava.

 Prova! É correto tanto mais/menos que, quanto mais/menos do que.

Conformativas: exprimem acordo ou conformidade de um fato com outro. Conjunções: como, conforme,
segundo, consoante. A oração subordinada é a base de sustentação do argumento. Ideia de regra.

Ex. Como disse o prefeito, o IPTU vai subir 5% esse ano.

Proporcionais: ideia de proporção. Conjunções: à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais ...
tanto mais, quanto mais ... tanto menos, quanto mais ... tanto menos, quanto menos ... tanto mais, quanto
mais ... mais, quanto menos ... menos, tanto ... quanto/como.

Ex. Os alunos respondiam, à medida que eram chamados.

 Prova! Expressões “à medida que” e “na medida em que”. A correção gramatical é


preservada, mas o sentido não. “À medida que” traz ideia de proporção, sendo sinônimo de “à proporção
que”, enquanto “na medida em que” traz ideia de causa, sendo sinônimo de “porque”.

 Ao passo que: pode ser adverbial proporcional (ex. os cogumelos, ao passo que devoram os
tecidos dos insetos, semeiam os seus esporos), adverbial temporal (ex. ela dormia, ao passo que o
professor dissertava) ou coordenada adversativa (ex. é feia, ao passo que a irmã é bonita).

Finais: indicam finalidade, objetivo, propósito. Conjunções: para que, a fim de que, que, porque, de modo
que, de sorte que.

Ex. Afastou-se depressa, para que não o víssemos.

Viemos aqui a fim de que realizássemos um acordo.

Temporais: indicam o tempo em que se realiza o fato expresso na oração principal. Conjunções: quando
(tempo fixo), enquanto (tempo paralelo ou situação mutável), logo que, mal, sempre que, assim que, desde
que, antes que, depois que, até que, agora que, ao mesmo tempo que, toda vez que.

 Desde que:

 Verbo no indicativo: ideia de tempo. Ex. Desde que ele chegou, está estudando.
 Verbo no subjuntivo: ideia de condição. Ex. Desde que ele chegue, haverá aula.

 Prova! Geralmente, as expressões “ao + verbo no infinitivo” indicam tempo.


70
Pontuação e colocação: tanto o adjunto adverbial quanto a oração adverbial podem deslocar-se para o início
ou para o meio da estrutura principal. E, com isso, a vírgula será empregada conforme os adjuntos adverbiais
de grande extensão. Se for posposta à oração principal, a vírgula é facultativa. Já se for antecipada ou
intercalada, a vírgula é obrigatória.

Ex. Por que se esforçou no estudo, o candidato passou no concurso. → oração subordinada adverbial causal.
Vírgula obrigatória.

O candidato, porque se esforçou no estudo, passou no concurso → vírgulas obrigatórias.

O candidato passou no concurso, porque se esforçou muito → vírgula facultativa.

Pontuação:
Oração principal + oração subordinada adverbial: vírgula facultativa;
Oração subordinada adverbial + oração principal: vírgula obrigatória.

3.2. Substantivas

Orações substantivas: completa a oração que a ela se liga, de modo que sua retirada prejudica o sentido.
Quando os termos sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo e aposto recebem
um verbo, transformam-se numa oração subordinada substantiva. Será sempre o termo que falta na oração
principal.

Ex. Era indispensável teu regresso. → sujeito.

Era indispensável que regressasse → oração subordinada substantiva subjetiva.

 Prova! Nas orações substantivas é possível encaixar o pronome “isto”. Ex. Era indispensável
isto.
 CESPE! Também chama de completivas.

Introdução: nas orações substantivas o “QUE” ou “SE” funcionam como conjunção integrante ou
completiva.

Valores:

Subjetiva: exerce função de sujeito oracional. Estrutura: a oração principal contém um verbo de ligação +
predicativo do sujeito ou verbo intransitivo. O verbo deve sempre estar na 3ª pessoa do singular.

Ex. Na ata da reunião constava a presença deles → Na ata da reunião constava que eles estavam presentes →
Na ata da reunião constava eles estarem presentes (reduzida de infinitivo).

É preciso estudar.

 Prova! Se houver expressão na voz passiva na oração principal, a oração subordinada é


subjetiva. Ex. Sabe-se, cota-se, diz-se, é sabido, foi provado, etc.

Objetiva direta: a oração principal contém sujeito e VTD, e necessita de complemento.

Ex. Economistas previram um aumento no desemprego. → Economistas previram que o desemprego


aumentaria → Economistas previram aumentar o desemprego (reduzida de infinitivo).

71
 Frases interrogativas indiretas: a oração subordinada substantiva objetiva direta pode ser
introduzida pela conjunção subordinada “se” e por pronomes ou advérbios interrogativos.

Ex. Ninguém sabe se ela aceitará a proposta. → Ninguém sabe como ela aceitará a proposta → Ninguém sabe
quando ela aceitará a proposta.

 Verbos deixar, mandar, fazer, ver, sentir, ouvir, perceber: forma peculiar de oração reduzida.
Os pronomes oblíquos átonos atuam como sujeito do infinitivo.

Ex. Deixe que eu repouse → Deixe-me repousar.

Objetiva indireta: a oração principal contém sujeito e VTI, e necessita de complemento preposicionado.

Ex. Teus amigos confiam em tua vitória → Teus amigos confiam em que tu vencerás → Teus amigos confiam
em venceres (reduzida de infinitivo).

Completiva nominal: não é o verbo que exige complemento, mas um nome.

Ex. Teus pais estavam certos de sua volta → Teus pais estavam certos de que tu voltarias → Teus pais
estavam certos de voltares.

Predicativa: quando a primeira oração termina com um verbo de ligação.

Ex. Nossa maior preocupação era a chuva → Nossa maior preocupação era que chovesse → Nossa maior
preocupação era chover (reduzida de infinitivo).

Apositiva: marcam o início de um esclarecimento, desenvolvimento de uma palavra anterior.

Ex. Todos defendiam esta ideia: a desapropriação do prédio. → Todos defendiam esta ideia: que o prédio
fosse desapropriado → Todos defendiam esta ideia: o prédio ser desapropriado.

De agente da passiva: agente da passiva em forma de oração.

Ex. As vagas foram conquistadas por quem se preparou.

Implicações:

Pontuação: excetuando o aposto, esses termos substantivos não são separados por vírgula e, portanto, a
oração subordinada substantiva também não pode ser separada por vírgula.

Preposição: quando a oração for subjetiva, objetiva direta e predicativa, não pode haver uso de preposição
antecedendo.

Verbo: quando a oração for subjetiva o verbo sempre fica na 3ª pessoa do singular.

3.3. Adjetivas*

Conceito: é aquela que caracteriza o substantivo, equivalendo a um adjetivo.

Introdução: sempre começa com um pronome relativo (termo antecessor é substantivo ou pronome) – para
verificar, substituir o “que” por “o qual”.

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 Prova! As expressões formadas pelo verbo “ser + que” são partículas expletivas, não
pronome relativo. Ex. É que: “Nós é que o convencemos a ficar”. O mesmo ocorre na estrutura “que +
substantivo + resto da frase. Ex. Que ideia interessante!

Classificação:

Restritiva: limita. Não é isolada por vírgulas. Normalmente, não pode ser retirada sem alteração de sentido.
Tem valor de adjunto adnominal. Sentido de alguns.

Explicativa: não limita, só reforça. Traz uma informação acessória e, por isso, pode ser retirada sem alteração
de sentido. Por essa razão, é inútil. É isolada por vírgulas – a retirada das vírgulas não preserva a correção
gramatical. Realiza função de aposto explicativo. Sentido de todos.

Ex. Os candidatos que vierem do interior terão isenção da taxa de inscrição. → ideia de restrição – um grupo
dentro do todo dos candidatos.

Os deputados que são da esfera estadual não terão reajuste. → ideia de restrição – um grupo dentro do todo
dos deputados.

Os vereadores, que são da esfera municipal, não terão reajuste. → ideia de explicação, pois todo vereador é da
esfera municipal.

 Prova! Verificar se a vírgula não é por conta de outra oração intercalada, não da oração
adjetiva!

Orações reduzidas e desenvolvidas:

Desenvolvidas: introduzidas pelo pronome relativo “que” e verbo conjugado. Ex. Ele foi o primeiro aluno que
se apresentou.

Reduzidas: não são introduzidas pelo pronome relativo e apresentam o verbo em uma das formas nominais.
Ex. Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.

4. Orações reduzidas*

Orações desenvolvidas: introduzidas por conjunção integrante (subordinadas substantivas), pronome relativo
(subordinadas adjetivas) ou conjunção subordinativa (adverbiais) + verbo conjugado.

Orações reduzidas: não são introduzidas por conectivos + verbo na forma nominal – infinitivo, gerúndio ou
particípio.

Ex. Ao me ver, me cumprimente! ↔ Quando me vir, me cumprimente!

Vi alguém chorar. ↔ Vi alguém que chorava.

Terminado o serviço, foi embora. ↔ Assim que terminou o serviço, foi embora.

Obs. Para desenvolver a oração é necessário manter a voz e o tempo verbal.

Noções de pontuação

73
1. Regras gerais

Ordem direta frasal: sujeito + verbo + outros termos (OD/OI/predicativo). Não há vírgula, independentemente
do tamanho dos termos. Qualquer termo que vier entre esses, deve estar entre vírgulas, isolado para não
interferir.

Ex. Todos os alunos de psicologia da USP farão uma avaliação global no segundo semestre.

Durante o período da graduação, os estudantes passam por vários testes. → Há virgula, porque se a oração não
está começando com o sujeito, a oração não está na ordem direta.

Esclarecimento: termo que indique esclarecimento deve estar separado por pontuação. São termos que
desenvolvem o sentido de termo anterior ou acrescentam informações.

2. Vírgula

Inversão:

Adjunto adverbial anteposto: em caso de inversão, a vírgula é obrigatória para isolar termo de grande
extensão (03 ou mais palavras) e facultativa para termos de pequena extensão (termo único ou até 02
palavras). Assim, é sempre melhor usar a vírgula, pois é sempre permitida. Em sua posição normal (ao final
da frase), a vírgula é facultativa.

OD ou OI antepostos: a vírgula é facultativa.

Ex. A ele, um jornalista disse [...] // A ele um jornalista disse [...].

Termo intercalado: também há vírgula para isolar termo intercalado, que é o termo que quebra uma sequência,
a ordem frasal. Nesse caso, tudo o que vem entre as vírgulas pode ser retirado, pois ainda haverá uma estrutura
completa. O termo intercalado vem entre vírgulas, travessões ou parênteses. Nesse caso, o critério da extensão
também é aplicado.

Ex. Os professores diante do desempenho dos alunos atribuem conceitos.

 Prova! Nem todo termo entre vírgulas é aposto.


 Prova! Para verificar a correção das vírgulas, retirar o termo intercalado. Se o restante tiver
sentido, as vírgulas estão corretas.

Enumerar termos repetidos ou de mesma função sintática: os elementos da lista são denominados elementos
coordenados de uma série enumerativa. Antes do último elemento da enumeração, o uso do “e” indica que a
enumeração acabou. Se for inserida vírgula antes do último item, sugere-se que há outros itens que não foram
mencionados.

Ex. Comprei frutas, legumes, cereais e carnes.

 É facultativo o uso da vírgula antes de etc.

Elipse e zeugma: substitui o termo omitido. Na elipse, o termo não foi expressamente mencionado
anteriormente, mas pode ser aferido pelo contexto. Já na zeugma, há omissão de um termo já mencionado.
Quando o termo omitido for verbo, são denominadas vírgulas vicárias.

Ex. Meu pai é brasileiro, meu avô, italiano.


74
 Prova! Se a questão falar em elisão de um termo, trata-se de elipse ou zeugma.

Orações adjetivas explicativas: são explicações em forma de oração, que são introduzidas por um pronome
relativo (que, o qual, cujo, etc.). Caso as vírgulas sejam omitidas, há alteração para o sentido restritivo.

Ex. O livro, cuja capa era metálica, caiu no chão.

Expressões explicativas: ex. afinal, enfim, então, por exemplo, ou melhor, isto é, ou seja, aliás, com efeito, do
mesmo modo, ou antes, por assim dizer, etc. Também podem ser usados parênteses ou travessões.

Período composto:

Por coordenação:

 Sindética:

 Orações aditivas e alternativas: a vírgula é facultativa;


 Orações adversativas, explicativas e conclusivas: a vírgula é obrigatória.

 Assindética: a vírgula é sempre obrigatória.

Por subordinação:

 Adverbial:

 Oração principal + oração subordinada: vírgula facultativa;


 Oração subordinada + oração principal: vírgula obrigatória;

 Substantiva: há vírgula a depender da função sintática do termo substituído pela oração;


 Adjetiva:

 Restritiva: sem vírgula;


 Explicativa: com vírgula;

Objeto direto pleonástico: por recurso estilístico, o objeto direto aparece duas vezes. A vírgula é facultativa.

Ex. Os meninos, já os levei para a escola.

Termos em isolamento sintático: o isolamento é feito por meio de sinais de pontuação. Obrigatoriamente, são
dois os termos em isolamento sintático:

Aposto: termo de valor explicativo/especificativo.

Ex. O coronel, senhor de 65 anos, foi homenageado → as vírgulas podem ser substituídas por parênteses ou
travessões.

Fecharam o CMB (Curso de Matemática Básica).

 O aposto pode ser isolado por apenas um sinal de pontuação quando não estiver intercalado.

Ex. Este é Thiago, meu sócio.

Vocativo: termo de interlocução. Também conhecido como chamamento.


75
Ex. Carlos, o cliente já chegou.

Venham, meus amigos, jantar!

Bom dia, pessoal.

Conclusão: em qualquer situação, vocativo e aposto devem ser isolados por pontuação.

 Prova! Questões de vírgula: 1) Achar uma vírgula; 2) Procurar outra vírgula; 3) Se achar,
verificar se é possível retirar o termo entre as vírgulas e manter a estrutura sintática e o sentido; 4) Se não
achar, procurar porque a vírgula está ali.

Substituição: por parênteses ou travessão. O travessão dá ênfase máxima, a vírgula dá ênfase média e o
parêntese, ênfase mínima.

 Nem sempre pode ser substituída por “e”: quando se tratar de um aposto explicativo, que
amplia ou explica um termo anterior, a substituição pela conjunção acarreta mudança de sentido para
soma, dando a entender que os termos expressam noções diferentes.

Ex. Isso é um dever, uma obrigação. → obrigação explica dever.

Isso é um dever e uma obrigação. → soma.

3. Ponto-e-vírgula

Zeugma: omissão de um termo que já apareceu na segunda oração ou em enumeração.

Ex. Nós fizemos o bolo; eles, o recheio. → Nós fizemos o bolo, eles fizeram o cheio.

Orações coordenadas:

Orações coordenadas assindéticas:

Ex. Ele saiu tarde; chegou atrasado.

Orações coordenadas com termos separados por vírgulas.

Ex. O resultado foi: dois alunos foram a favor; quinze, contra.

Substituir a vírgula em orações coordenadas adversativas e conclusivas:

Ex. Gostaria de encontrar você hoje; todavia, a vida impede.

Substituir ponto final em orações independentes (coordenadas) que possuem certa relação:

Ex. O político tem ideias retrógradas; a população o rejeita em sua maioria. → oração coordenada (;).

O eleitor estava consciente, embora os candidatos fossem ruins. → oração subordinada. Por isso, utiliza-se a
vírgula, e não o ponto-e-vírgula.

Enumerar e separar elementos de enumeração:

Ex. Viajei com dois casais e um amigo solteiro: João, Maria; José, Ana; Paulo.
76
Separa estruturas, além de independentes, paralelas.

Ex. As escolas particulares apresentaram em 2017 uma queda de 38% no número de alunos; na rede pública,
no mesmo período, notou-se redução de apenas 12%. → paralelo entre a rede privada e a rede pública.

Separa, mais que estruturas paralelas, estruturas espelhadas.

Ex. O técnico planejava muitos títulos; os jogadores acataram suas sugestões. → paralelo entre técnicos e
jogadores.

O estudante foi de ônibus. O professor, de carro.

4. Dois pontos

Regra geral: relação de explicação ou desenvolvimento do que foi falado e o que vai ser falado.

Discurso direto: inserem fala.

Ex. Ele disse: estou indo.

Valor explicativo:

Orações coordenadas explicativas ou conclusivas: pode ser substituído por vírgula.

Ex. O dólar estava muito alto: não viajei.

Orações subordinadas substantivas apositivas:

Meu chefe só queria uma postura: que nós fizéssemos o trabalho em dois dias. → oração apositiva.

 Atenção! Tudo que vier após dois pontos e não seja fala, é aposto.

Enumerações: normalmente, têm seus itens separados por vírgulas e introduzidos por dois pontos.

Ex. Há situações como _______ e _______. → não se usa dois pontos após “como”, que já é expressão
exemplificativa.

Foi à farmácia e comprou ________ , _________ e ________. → não se usa dois pontos após verbo, pois não
deve ser separado de seu complemento.

Também podem ter os itens separados por ponto-e-vírgula.

Ex. arrumou a bagagem: termo, sobretudo e violão.

Arrumou a bagagem: termo, para a apresentação no teatro; sobretudo, para enfrentar as baixas temperaturas e
violão, para dar seu show. → utiliza-se ponto-e-vírgula porque foi acrescentada finalidade dos objetos.

5. Reticências

Interrupção: indicam uma interrupção de algo que ia continuar.

Ex. Nós fizemos tudo para salvá-lo, mas...

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Ideia não concluída: algo que o escritor deixa no ar.

Ex. O que eu ia dizer é ... bem... deixa pra lá.

6. Aspas

Citação: reprodução literal do texto.

Gritou: “agora ferrou!”.

Palavra especial: estrangeirismo, neologismo, arcaísmo, expressão popular, gíria, etc.

Ironia ou sentido figurado:

Ex. Alguém “gênio” tirou zero na prova.

7. Travessão

Mudança de interlocutor:

Ex. – Pai, tirei 9 no exame.


- Parabéns, filho!

Isolar termos intercalados de caráter explicativo ou ênfase: pode ser substituído por vírgula. Podem aparecer
outros sinais de pontuação após o travessão, justificados por suas próprias regras de uso.

Ex. Eu, você – e uma máquina. → Ênfase na máquina.

8. Parênteses

Função: isolamento de esclarecimentos acessórios. Em vários casos, podem ser substituídos por vírgulas ou
travessões.

Concordância

1. Concordância verbal

Níveis de concordância: o núcleo do sujeito é o primeiro substantivo ou pronome (palavra significativa) no


sujeito. Nunca pode ser preposicionado.

Concordância lógica: a concordância ocorre com o núcleo. Ex. um grupo de turistas fotografou o animal.

Concordância atrativa: ocorre com o mais próximo. Ex. um grupo de turistas fotografaram o animal.

Ex. Alguns de nós não foram convidados → Correto (concordância lógica).

Alguns de nós não fomos convidados → Correto (concordância atrativa).

Quando, entretanto, o núcleo do sujeito é singular, sem ideia de plural, só se aplica a concordância
lógica, mas não a atrativa.

Ex. Qual dos presentes lerá o documento? → Correto.


78
Qual dos presentes lerão o documento? → Qual é singular, sem ideia de parte.

 Prova Cespe! Se o termo é alterado para concordar com outra expressão, há mudança no
sentido.

Regra básica: o verbo concorda em número e pessoa com o sujeito.

1.1. Sujeito determinado

Conceito: é aquele que pode ser identificado por meio da concordância com o verbo.

a) Sujeito simples

Conceito: apenas um núcleo. Se o núcleo do sujeito estiver no singular, o verbo se flexionará no singular; se
estiver no plural, verbo no plural.

Ex. Uma boa Constituição é desejada por todos.

Alguns políticos se corrompem.

Atingem a quem quer que descumpra a LRF rigorosas sanções, inclusive a perda de liberdade.

Expressões coletivas (bando, conjunto) ou partitivas (“a maior parte”, “grande parte”, “a maioria”, “grande
número”) + especificador: é possível a concordância lógica ou atrativa. Assim, se acompanhadas de adjunto
adnominal (especificador) no plural, fazem o verbo concordar com o núcleo do sujeito ou com o especificador
– concordância atrativa.

Ex. A maior parte dos constituintes se retirou. → Concordância literal/lógica (com o núcleo).

A maior parte dos constituintes se retiraram → concordância atrativa.

Ex. Um bando de ladrões invadiu a festa.

Um bando de ladrões invadiram a festa.

 Se não houver especificador, aplica-se a regra geral e o verbo fica no singular.

 CESPE! Como muda o referente, há mudança de sentido.

Substantivos/nomes próprios apenas utilizados no plural: a flexão do verbo depende da existência ou não de
artigo. Aplica-se a nomes próprios de lugares.

Ex. Férias faz bem. // As férias fazem bem.

Estados Unidos cresceu 0,8% neste ano // Os Estados Unidos cresceram 0,8% neste ano.

Os lusíadas contam um pouco da história das grandes navegações // Memórias Póstumas de Brás Cubas narra
a história de um personagem defunto.

Numerais: mesmo raciocínio das expressões partitivas e coletivas.

Regra: pode concordar com o número ou com o especificador,

79
Número percentual: em regra: pode concordar com o número ou com o especificador, facultativamente. Caso
o número seja decimal, concorda com a parte inteira.
v mais de 18 anos.
Ex. 80% da população tinha

80% da população tinham mais de 18 anos.

 Exceções:

 Verbo anteposto ao número: concorda com o número.


v
Ex. Perderam-se 40% da lavoura.

 Artigo/pronome modificador: o verbo concorda com esses.

Ex. Os 87% da produção perderam-se.

 Sem especificador: verbo concorda com o número.

Ex. 2% fizeram a margem consignável.

Número decimal: concordância com a parte inteira ou com o especificador.


v
Ex. 1,5 milhão de dólares foi gasto.
v
1,5 milhões de dólares foram gastos.

 Sem especificador: concorda com a parte inteira.

Número fracionário: o verbo concorda com o numerador.

Ex. ¼ da turma faltou ontem.

3/5 dos candidatos foram reprovados.

Milhão/bilhão/trilhão: regra geral – o verbo pode concordar facultativamente com o número ou com o
especificador.
v
Ex. 1 milhão de torcedores assistiram à Copa.
v assistiu à Copa.
1 milhão de torcedores

Núcleo do sujeito + núcleo adnominal do adjunto no plural: verbo pode concordar com qualquer um, desde
que o sentido permita.
v
Ex. O efeito das catástrofes que se verificaram (...).
v
O efeito das catástrofes que se verificou (...).

v
Seremos nós aqueles que herdarão (...).
v
Seremos nós aqueles que herdaremos (...).

80
 CESPE! Como muda o referente, há mudança de sentido.

Pronome de tratamento: o verbo sempre fica na 3ª pessoa do singular. Os adjetivos concordam com o sexo da
pessoa a que se refere o pronome (silepse).

Ex. Vossa Excelência está cansado(a).

Pronome indefinido ou interrogativo + de/dentre + nós/vós/vocês:

Pronome no singular: verbo no singular.

Ex. Nenhum de nós/vós/vocês/deles irá.

 Cada um: verbo no singular.

Pronome no plural: verbo no plural ou com a expressão preposicionada no plural.

Ex. Quais deles irão?

Quais de nós iremos/irão?

Quem: o verbo pode concordar na 3ª pessoa do singular (preferencial – CESPE só aceita esse) ou com o
pronome antecedente.

Ex. Fui eu quem paguei o livro.


Fui eu quem pagou o livro.

Fomos nós quem convidou.


Fomos nós quem convidamos.

Que: o verbo deve sempre concordar com o antecedente do “que”, pois é quem é retomado por ele.

Ex. A menina que convidou você é tímida.

As meninas que convidaram você são tímidas.

Predicativo do sujeito: o verbo pode concordar com o sujeito ou o com predicativo.


v
Ex. Eu fui o último que consegui a vaga.

v
Eu fui o último que conseguiu a vaga.

Expressões “um dos/das que”: verbo no plural, salvo quando há ideia de exclusão necessária. Nesse caso,
cabem ambos.

Ex. Dos mestres, sou um dos que darão aulas.

Ele é um dos que assumirá/assumirão o cargo.

Pronome apassivador “se”: se o pronome “se” acompanha VTD ou VTDI, é pronome apassivador, indicando a
estrutura VTD + se + sujeito paciente de voz passiva sintética. Nesse caso, não haverá objeto direto, e sim
sujeito paciente que determinará a flexão do verbo.

81
Ex. Aluga-se casa // Alugam-se casas.

Enviaram-se ao gerente pedidos de aumento.

Sujeito oracional: o verbo necessariamente fica no singular. É oração subordinada substantiva subjetiva e, por
isso, pode ser substituído por “isso”.

Ex. É fundamental o estudo organizado. // É fundamental que você estude organizadamente. // É fundamental
você estudar organizadamente.

 Prova! Cabe/ocorre a ... ... → o verbo caber é VTI, de modo que o termo preposicionado é OI
e o outro é o sujeito, que se for oracional, exige verbo no singular. Ex. A muitos exilados ocorreu tentar
voltar; Os sentimentos que nos cabe experimentar estão entre os mais terríveis.

Locuções verbais: verbo auxiliar + infinitivo (-r) ou verbo auxiliar + gerúndio (-ndo). O primeiro é o verbo
auxiliar, e o segundo é o verbo principal, que traduz a noção da ação. Em regra, apenas o verbo auxiliar é
flexionado.

Ex. Todos podem participar do evento.

Os alunos continuam, depois de tanto tempo, acreditando no potencial da escola.

Exceções:

 Verbo haver: torna a locução inteira impessoal;

Ex. Deve haver 15 anos que não estudo isso.

 Verbo parecer como auxiliar: é possível flexionar tanto o auxiliar quanto o principal – mas
não os dois.

Ex. As pessoas parecem gostar do hotel → correto!

As pessoas parece gostarem do hotel → correto!

Expressões de quantidade aproximada (“perto de”, “cerca de”, “mais de”, “menos de”): o verbo concorda com
o numeral.

Ex. Mais de um candidato prometeu melhorar o país.

Mais de duas pessoas vieram à festa.

Ex. Perto de quinhentos presos fugiram.

Cerca de trezentas pessoas ganharam o prêmio.

Exceções: o verbo se flexionará para o plural em caso de:

 Reciprocidade: ex. Mais de um sócio se insultaram;


 Repetição: Ex. Mais de um candidato, mais de um representante faltaram à reunião.

Verbo ser:

82
Sujeito pronome pessoal: verbo ser concorda com ele, qualquer que seja o número do predicativo. Havendo
uma pessoa no contexto, atrai a concordância do verbo.

Ex. As preocupações do pai era ela.

O aluno é as alegrias da família.

Verbo entre substantivos designativos de coisas: como não há pessoa, a concordância é facultativa com o
sujeito ou com o predicativo do sujeito.

Ex. Justiça é/são virtudes.

Ex. A solução é/são os caminhos.

Pronomes e advérbios interrogativos: concordância no plural.

Ex. Quem eram os pretendentes?

Quando serão as reuniões?

Credelevê: os verbos crer, dar, ler, ver, e os deles derivados, no plural são escritos com dois “e”, e não são
mais acentuados (creem, deem, leem e veem).

Verbos ter e vir: em todas as formas verbais são escritos com um “e” só, mas no plural são acentuados. Ex.
eles têm, vêm, mantêm, provêm, etc.

Derivados: no singular, são acentuados com agudo e, no plural, com circunflexo. Ex. O homem provém / os
homens provêm.

b) Sujeito composto

Conceito: formado por mais de um núcleo.

Regras geral: o verbo fica no plural.

Ex. Manuel e Cristina casaram-se.

Sujeito composto posposto ao verbo: pode concordar com os núcleos (concordância lógica) ou apenas com o
núcleo mais próximo (concordância atrativa).

Ex. Discutiram muito o chefe e o funcionário. // Discutiu muito o chefe e o funcionário.

 Prova! Aplica-se mesmo na voz passiva. Ex. Esclarecem-se a causa e a consequências /


Esclarece-se a causa e a consequência.

Exceções: verbo sempre no plural:

 Reciprocidade: ex. Estimam-se o chefe e o funcionário.


 Verbo ser acompanhado de substantivo no plural: ex. Foram vencedores Paulo e Pedro.

Núcleos sinônimos: o verbo flexiona-se no singular ou no plural. A concordância depende da ênfase, sendo
que geralmente o verbo é flexionado para o singular para enfatizar a similitude de sentido dos substantivos.

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Ex. O rancor e o ódio cegou o amante.

O desalento e a tristeza abalaram-me.

Núcleos infinitivos

Regra: singular.

Ex. Estudar e aprender é um processo.

Plural:

 Antônimos: verbo na 3ª pessoa do plural;


 Especificados por artigo: verbo na 3ª pessoa do plural;

Ex. Viver e morrer devem ser uma realidade conhecida.

Núcleos em gradação: o verbo pode concordar com o conjunto ou com o último, enfatizando-o.

Ex. Um minuto, uma hora, um dia passam rápido. // Um minuto, uma hora, um dia passa rápido.

 Sujeito ligado por “nem”: verbo no plural, pois trata-se de duas negações.

Ex. Nem o conforto, nem a glória lhe trouxeram felicidade.

Sujeito composto ligado por “nem”: se for anteposto ao verbo, é plural por se tratar de adição. Se for posposto
ao verbo, é possível a dupla concordância.

Obs. Expressão “nem um nem outro”: verbo no singular.

Ex. Nem um nem outro comentou o fato.

Sujeito composto ligado por “ou”: se o valor for de exclusão, a concordância será do singular; se o valor for
de inclusão ou oposição, o verbo fica no plural.

Ex. José ou Pedro será eleito. → Ideia de exclusão – só um deles.

Ex. Matemática ou Física exigem raciocínio lógico. → Ideia de inclusão – as duas exigem.

Pronomes pessoais do caso reto de diferentes pessoas:

1ª pessoa do plural prevalece sobre as outras. Ex. Eu, tu e ele faremos a prova (= nós).
2ª pessoa + 3ª pessoa: o verbo pode ficar na segunda (vós) ou na terceira pessoa (vocês). Ex. Tu e ele fareis a
prova (= vocês).

 Obs. 2. Se o sujeito estiver posposto, também é possível a concordância atrativa.

Ex. Porque faltaste tu e teus amigos às provas? // Porque faltastes tu e teus amigos às provas?

 Sujeito composto ligado por “como, assim como, bem como”: é preferencialmente utilizado o
plural – o singular é mais raro.

Ex. Rio de Janeiro como Florianópolis são belas cidades.


84
Tanto uma como a outra suplicava-lhe o perdão.

Sujeito composto ligado por “com”:

Sem vírgula – sentido aditivo: o verbo concorda com os dois núcleos, ficando no plural.

Ex. Eu com outros amigos limpamos o quintal.

Com vírgula: as vírgulas mostram que o sujeito não é composto, tratando-se de adjunto adverbial de
companhia intercalado. O verbo concorda com o sujeito simples.

Ex. O presidente, com os ministros, desembarcou em Brasília.

Sujeito resumido por pronome simples: o verbo concorda com o pronome e fica no singular. Ex. tudo, nada,
isso, cada um, nenhum, todos.

Ex. Risos, gracejos, piadas, nada a alegrava.

Caso especial do verbo ser: pode concordar com o sujeito ou com o predicativo.

Sujeito pronome pessoal reto: concorda com o sujeito.

Ex. Nós somos unha e carne.

Sujeito pessoa: concorda com o sujeito.

Ex. Fernando Pessoa foi muitos poetas.

 Observações:

 Se tanto o sujeito quanto o predicativo forem personativos, o verbo ser pode concordar com
qualquer um.

Ex. Fernando pessoa foi muitos poetas. // Fernando pessoa foram muitos poetas.

 Se a pessoa concorre com pronome reto, o verbo concorda com o pronome reto.

Ex. Fernando Pessoa sou eu.

 Se os dois termos forem pronomes, o verbo ser concorda com o que aparecer primeiro.

Ex. Eu não sou tu, e tu não és eu.

Sujeito pronome tudo, nada, isto, isso, aquilo ou coisa: concorda preferencialmente com o predicativo, mas
também pode concordar com o sujeito.

Ex. Tudo é flores.

Tudo são flores. → preferencial.

Sujeito pronome “que” ou “quem”: concorda com o predicativo.

Ex. Quem foram os classificados?


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c) Sujeito oculto ou elíptico

Sujeito oculto ou desinencial: a terminação verbal dispensa o uso do pronome pessoal.

Ex. Estou feliz → Eu.

Estás feliz → Vós.

Elíptico: mantém o verbo na terceira pessoa, de modo que é necessária a análise do contexto para permitir a
identificação do sujeito. Se não for identificado no contexto, trata-se não de sujeito elíptico, mas de sujeito
indeterminado.

Ex. Os alunos ficaram descontentes com o professor. Deixaram de ir à aula do dia seguinte. → o sujeito é
alunos.

Silepse: ocorre quando a concordância se dá não com o que está explícito na frase, mas com o que está
mentalmente subentendido. É uma concordância ideológica.
De gênero: Ex. Vossa Excelência está abatido.
De número: ex. A gente fica tão perdido que acabamos mudando o gabarito.
De pessoa: Os candidatos estamos preocupados com a prova.

1.2. Sujeito indeterminado

Conceito: ocorre quando não é possível identificar a quem o predicado se refere.

Formas:

Verbo na 3ª pessoa do plural, sem sujeito determinado no contexto:

Ex. Colocaram o anúncio.

Alugaram o apartamento.

Índice de indeterminação do sujeito “se” e verbo no singular: os verbos VTI, VI e VL, quando seguidos do
“se”, terão sujeito indeterminado e devem ficar sempre no singular.

Ex. Trata-se de casos delicadíssimos → VTI;

Vive-se melhor fora das cidades grandes → VI;

É-se muito pretensioso na adolescência → VL.

 Prova! Tratar-se de: é invariável por indicar sujeito indeterminado. O que vem depois é
complemento, e não sujeito, já que este nunca pode ser preposicionado.

Infinitivo impessoal: a ação é descrita de forma vaga;

Ex. Praticar esportes é importante.

1.3. Oração sem sujeito

Conceito: ocorre quando a oração tem apenas o predicado, isto é, o verbo é impessoal.

86
Concordância: verbo sempre na 3ª pessoa do singular.

Hipóteses:

Verbos que expressam fenômeno da natureza: amanhecer, ventar, chover, etc.

Ex. Amanhã não choverá.

 Obs. Existência de sujeito:

 Em regra, não há sujeito porque manteria o mesmo radical, o que implicaria uma repetição viciosa
(ex. a chuva choveu). Entretanto, pode ocorrer a possibilidade de o sujeito não receber o mesmo
radical do verbo, caso em que haverá sujeito.

Ex. Amanheceu um lindo dia.

 Utilização em sentido figurado:

Ex. Choveram recursos contra a questão.

Verbo haver, significando existir, ocorrer:

Ex. Havia rosas. // Existiam rosas.


VTD OD VI Suj.

Devia haver rosas. // Deviam existir rosas.

Há de haver rosas. // Hão de existir rosas.

 Atenção! Se esse verbo for o principal em uma locução verbal, o auxiliar não se flexiona. Ex.
Tem havido vários problemas na empresa. // Está havendo vários problemas na empresa.

 Substituição por existir/ocorrer: haverá sujeito determinado.

Ex. Existem vários problemas na empresa.

Verbos haver e fazer, indicando tempo decorrido ou fenômeno natural:

Ex. Já faz meses que não o vejo.

Há três anos que não o vejo.

Faz frio na Europa.

Verbos ser, estar e ir, indicando tempo: o verbo ser concorda com a quantidade de tempo, mas isso não
significa que a oração possui sujeito. Quanto ao dia, o verbo concorda com o numeral do dia. Ex. hoje são
06/03; ontem foram 05/03; amanhã serão 07/03. Nesse caso, só é possível utilizar o verbo no singular se a
palavra dia estiver expressa. Ex. Hoje é dia 06/03.

Ex. São três horas.

Hoje são 10 de setembro.

87
Já vai para 04 anos que não leio esse jornal.

2. Concordância nominal

Regra geral: os determinantes do substantivo devem concordar com ele em número e gênero.

Adjetivo se referindo a dois ou mais substantivos:

Anteposto: concorda com o núcleo mais próximo.

Ex. Fotografei robustas mangueiras e abacateiros.

Fotografei robustos abacateiros e mangueiras.

 Obs. Um adjetivo anteposto a nomes de pessoas deve estar sempre no plural.

Ex. As simpáticas Joana e Marta agradaram a todos.

Posposto: pode concordar com os dois termos, ficando no plural, ou com o mais próximo.

Ex. Fotografei abacateiros e mangueiras robustos.

Fotografei abacateiros e mangueiras robustas.

Núcleo determinado por artigo e adjunto adnominal composto: artigo no singular antes do núcleo e do
segundo adjunto adnominal ou artigo no plural antes do núcleo.

Ex. Estudo a cultura brasileira e a portuguesa. // Estudo as culturas brasileira e portuguesa.

Os dedos indicador e médio estavam feridos. // O dedo indicador e o médio estavam feridos.

Expressões “é bom”, “é necessário”, “é proibido”, etc.: são invariáveis, mas se forem determinadas por
artigo, vão concordar com ele.

Ex. Cafeína é bom para os nervos.

A cafeína é boa para os nervos.

Numerais ordinais: possuem valor adjetivo. Por isso, quando estão na função de adjunto adnominal composto
e se referem a um único núcleo, podem acarretar plural ou singular.

Ex. Falei com os moradores do primeiro e segundo andar. // Falei com os moradores do primeiro e segundo
andares.

Expressões “mesmo” e próprio”: concordam com o substantivo a que se referem.

Ex. As alunas mesmas resolveram a questão.

Os próprios alunos resolveram a questão.

 Atenção! Se equivalente a “até” ou “inclusive”, é invariável. Ex. Mesmo eles ficaram


chateados.

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Expressões “meio” e “bastante”: quando se referem a um substantivo, são numerais e pronome indefinido,
respectivamente, devendo concordar com o núcleo. Substituir o bastante por muito para verificar. Caso
contrário, será advérbio e não se flexiona.

Ex. Tomou meia garrafa de vinho. → numeral.

Ela estava meio aborrecida. → advérbio.

Bastantes alunos foram à reunião. → pronome indefinido.

Eles falavam bastante. → Advérbio.

Expressões “muito”, “pouco”, “longe”, “caro” e “barato”: são adjuntos adnominais se referentes a
substantivos, caso em que concordam com estes. Caso sejam advérbios, são inflexíveis.

Ex. Compararam livros caros. → Adjetivo.

Os livros custaram caro. → Advérbio.

Expressão “tal ... qual”: o tal concorda com o termo antecedente e o qual, com o termo seguinte.

Ex. Esse funcionário é tal quais os patrões.

Predicativo:

Predicativo posposto ao verbo: assim como ocorre na concordância do verbo anteposto ao sujeito composto,
se houver verbo de ligação, o predicativo pode concordar tanto com o núcleo do sujeito mais próximo quanto
com a totalidade.

Ex. São calamitosos a pobreza e desamparo. // É calamitosa a pobreza e o desamparo.

Predicativo do objeto: a concordância depende não exclusivamente do verbo, mas da ênfase no texto.

Ex. Julguei insensatas sua atitude e suas palavras.

Julguei insensata sua atitude e suas palavras.

Termos “anexo” e “incluso”: concordam com o núcleo do sujeito.

Ex. A sindicância segue anexa ao ofício.

Expressões “é bom”, “é proibido” e “é necessário”: se o sujeito for determinado por artigo, a concordância é
obrigatória. Caso contrário, não variam.

Ex. Água é bom. // A água é boa.

Termo “só”: no sentido de “sozinho” é adjetivo e, por isso, se flexiona. O mesmo não ocorre no sentido de
somente, que é adverbio.

Ex. Os rapazes ficaram sós na festa.

Vieram só os rapazes.
89
Termo “conforme”: no sentido de conformado, é adjunto adnominal e se flexiona. Se for preposição acidental
ou conjunção, não.

Ex. Eles ficaram conformes com a decisão.

Dançam conforme a música.

Expressão “o/a mais ... possível”: a flexão do adjetivo depende do artigo.

Ex. É uma moça a mais bela possível.

São moças as mais belas possíveis.

Pronomes de tratamento: o adjetivo pode ser utilizado no masculino, em concordância ideológica/siléptica


com um homem ao qual se relaciona a forma de tratamento, que é feminina. Também pode ser utilizado no
gênero feminino, pela concordância literal.

Ex. Vossa Majestade, o rei, mostrou-se generoso.

Vossa Majestade, o rei, mostrou-se generosa.

Acentuação

1. Introdução

Vogal e semivogal:

Vogal: a vogal é pronunciada de maneira forte. O número de vogais corresponde ao número de sílabas da
palavra.
Semivogal: a pronúncia é fraca – só pode ser os sons de “i” e “u”, que também podem ser expressos por “e” e
“o”. Ex. pão (som de u). Quando há uma semivogal, é necessária uma vogal na mesma sílaba – não pode estar
sozinha.

 Obs. “I” e “u” também podem ser vogais, se pronunciados de forma forte. Ex. construída,
país.

Encontro vocálico:

Ditongo:

 Vogal + semivogal: ditongo decrescente. Ex. mãe.


 Semivogal + vogal: ditongo crescente. Ex. Glória.
 Ditongos nasais: palavras terminadas em “m”. Ex. vem, bem, falam.

Tritongo: semivogal + vogal + semivogal.

Hiato: duas vogais juntas na palavra. Como cada sílaba só pode ter uma vogal, devem ficar em sílabas
separadas. Ex. saúde, saída, voo.

Dígrafos: duas letras que representam um único som – mais letras que fonemas. Ex. ch, lh, nh, qu, gu, sc, sç,
xc, rr, om, um, an, xs, am, em, en, in, on, ss, im, un etc.

90
≠ encontro consonantal: todas as consoantes possuem fonemas, são pronunciadas. São perfeitos se na mesma
sílaba e imperfeitos se em sílabas separadas.

Separação de sílabas:
Prefixo terminado em consoante e radical iniciado com vogal: a consoante do prefixo vai para o radical. Ex.
Su-ben-ten-der;
Prefixo terminado em consoante e radicam iniciado com consoante: ficam separadas. Ex. Sub-li-nhar.

Acentuação tônica:

Oxítonas: sílaba tônica é a última da palavra. Ex. Ruim, café, jiló, etc.
Paroxítona: tonicidade na penúltima sílaba. Ex. Dólar, planeta, vírus, etc.
Proparoxítona: tonicidade na antepenúltima sílaba. Ex. Córrego, cúpula, trânsito, etc.

 Prova! Questões sobre a mesma regra de acentuação: colocar as palavras na tabela, com
exceção dos HIATOS E DITONGOS ABERTOS. Ocorre porque, para duas palavras serem acentuadas
pela mesma regra, devem compartilhar a mesma classificação quanto à tonicidade. Ex. bioestatística e
específico – a acentuação é pelo mesmo motivo; série e história também – são proparoxítonas acidentais;
possíveis e construída não, pois há um hiato e uma paroxítona; países, famílias e níveis não, pois há um
hiato, 2 paroxítonas.

Sílabas anteriores Proparoxítona Paroxítona Oxítona

Bioesta tís ti Ca

Espe cí fi Co

His tó ria (ditongo crescente)

Sé Rie (ditongo crescente)

Pos sí veis

Construída – é hiato

Países – é hiato

Fa mí lias (ditongo crescente)

Ní veis (ditongo
decrescente)

2. Regras básicas

Proparoxítonas: todas são acentuadas. Ex. lâmpada, relâmpago, Atlântico, etc. Ocorre porque é o conjunto
com menor número de palavras. Prevalece sobre a regra do hiato.

Monossílabos tônicos: são acentuados se terminados em:

 A, as (ex. já, gás, pá), e, es (ex. pé, mês, três) e o, os (ex. pós, só, nós).

91
 Ditongos abertos ói, éu, éi: ex. dói, mói, céu, véu, etc.

Oxítonas: o grupo é menor que das paroxítonas.

 A, as (ex. crachá, estás), e, es (ex. você, café, jacarés), o, os (paletó, jiló, retrós) e em, ens (ex.
ninguém, também, parabéns);
 Ditongos abertos ó, éu, éi: ex. herói, corrói, troféu, chapéu.

Paroxítonas:

 Acentuação ocorre em oposição às oxítonas: são acentuadas todas as paroxítonas, salvo


aquelas com as terminações das oxítonas acentuadas [a(s), e(s), o(s) e em(ns)].
 Acentuadas as paroxítonas terminadas em ditongo***.

Acentuação Exemplo
L Fácil
N Pólen
R Cadáver
Ps Bíceps
X Tórax
Us Vírus
i, is Júri, lápis
om, nos Iândom, íons
um, uns Álbun(s)
ã(s), ão(s) Órfã(s)
Ditongo seguido ou não se s Jóquei, túneis

 Atenção! Não são mais acentuadas as paroxítonas que possuem tonicidade em ditongos
abertos. Ex. assembleia, ideia, heroico, etc.
 Prova CESPE! Proparoxítona eventual/acidental: é a PAROXÍTONA TERMINADA EM
DITONGO CRESCENTE. Ex. Glória, secretária. Se a questão não menciona a proparoxítona eventual,
considerar paroxítona e entender que são regras diferentes.

Hiato: as vogais i ou u recebem acento quando formam hiato com a vogal anterior, estando sozinhos na sílaba
ou seguidos de s, desde que não estejam seguidos de nh. A regra não se baseia na tonicidade – por isso, não
entra no quadro.

Ex. saída, faísca, balaústre, arguímos, possuímos, possuía, etc.

Exceções:

 Hiato seguido de NH: não é acentuado. Ex. rainha, bainha, etc.;


 U após ditongo decrescente em paroxítona: ex. feiura, Sauipe;

RESUMÃO

Classificação Regra
Monossílabo tônico Acentuados os terminados em A(s), E(s), O(s) e
ditongos abertos;
Oxítonas Acentuadas as terminadas em A(s), E(s), O(s),
92
EM(ens) e ditongos abertos;
Paroxítonas O contrário das oxítonas: acentuadas todas menos as
terminadas em A(s), E(s), O(s), EM(ens)
Acentuadas as terminadas em ditongos*
Proparoxítonas Todas acentuadas;
Proparoxítona eventual: paroxítona terminada em
ditongo crescente.
Hiato I e U são acentuados se sozinhos na sílaba ou
seguidos de S.
Exceções: hiato seguido de NH e após a ditongo
decrescente em paroxítona.

Obs. Verbo + pronome obliquo: desconsiderar o pronome e considerar apenas o verbo. Ex. despachá-lo =
oxítona terminada em A.

Acento diferencial:

 Pôde (pretérito perfeito do indicativo) vs. pode (presente do indicativo);


 Pôr (verbo) vs. por (preposição);
 Tem/vem vs. têm/vêm: os verbos são acentuados no plural;
 Forma: admite a grafia fôrma no sentido de vasilha para diferenciar do substantivo no sentido
de forma física e do verbo formar. O acento é facultativo.

Ortografia e semântica

1. Introdução

Dicas de sites:

Reforma ortográfica: www.umportugues.com


Dicionário: www.dicio.com.br

Termos:

Homofonia: palavras que possuem o mesmo som, mas escritas distintas. Ex. senso (juízo) e censo (contagem).
Homografia: palavras que possuem a mesma escrita, mas sons distintos. Ex. o almoço e eu almoço.
Homônimos perfeitos: palavras que possuem o mesmo som e a mesma grafia, mas sentidos diferentes. Ex. eu
cedo minha parte // eu acordo cedo.
Parônima: palavras parecidas. Ex. retificar e ratificar.

 Atenção! Questões que tratam de mudança de sentido: verificar a que termo a palavra
questionada faz referência – se for alterado, não há manutenção de sentido. Verificar a concordância.

2. Os porquês

Por que:

 Sentido de por que razão: pode estar implícita. Pode ser utilizado em perguntas ou respostas.
Ex. Por que você está estudando? // Não sei por que você está estudando.
 Sentido de pela(o) qual: é pronome relativo. Ex. Só eu sei os problemas por que passei.
93
Porque: sentido de causa (oração subordinada) ou explicação (oração coordenada). Pode ser substituído por
pois.

Por quê: só é utilizado em final de frase. Ex. ele está quieto e não sei por quê.

Porquê: é substantivo, com sentido de motivo e, portanto, admite plural. Não necessariamente virá o artigo.
Ex. ele está quieto e não sei o porquê. // Estamos estudando a palavra porquê/das palavras porquês.

3. Hífen

Regras gerais:

Não há hífen:

 Segunda palavra começa com letra diferente: ex. infraestrutura, socioeconômico.

 Obs. Se, com isso, a letra S ou a letra R fica entre duas vogais, há uma adaptação ortográfica,
que passa para SS ou RR. Ex. antessala, antessinais, semirreta.

 Após “não” e “quase”: ex. quase morte, não agressão;


 Palavras com elementos de ligação: ex. mão de obra, dia a dia, café com leite, etc.
 Palavras repetidas. Ex. dia a dia, corpo a corpo;

Há hífen:

 Segunda palavra começa com a mesma letra;

 Exceção: prefixo “co”. Ex. coobrigado.

 Encadeamento: ex. ponte Rio-Niterói, percurso casa-trabalho;


 Antes de palavra com H;
 Recém, além, aquém, pós, pré, ex, bem e mal (exceto com palavras derivadas de querer ou
fazer);
 Sub/sob + r/b: ex. sub-região;

Semântica

1. Denotação e conotação

Denotação: linguagem dicionarizada. É o sentido real, circunscrito à literalidade – “ao pé da letra”.

Conotação: linguagem contextual. É o sentido figurado, metafórico, especial, que extrapola a literalidade.

2. Figuras de linguagem

Metáfora: comparação entre dois elementos que têm uma característica em comum. É uma comparação sem
um elemento formal (conectores comparativos), que ilustra a qualidade de um ser com a característica comum
de outro ser. Ex. Ele batendo é um leão.

Metonímia: é um tipo de metáfora, mas que traz uma relação específica de


continência/pertinência/inclusão/implicação.

94
Autor pela obra: ex. Leio sempre Machado de Assis (seus livros).
Inventor pelo invento: ex. Thomas Édson iluminou o planeta (a lâmpada por ele inventada).
Símbolo pela coisa simbolizada: ex. Meu coração é verde e amarelo (brasileiro).
Lugar pelo produto: ex. Fumei um Havana (charuto).
Efeito pela causa: ex. Foi com o suor (exercício) que emagreci.
[...];

Catacrese: é uma metáfora tão usada que ninguém mais enxerga como linguagem figurada. Ex. pé da mesa,
maça do rosto, braço do violão, etc.

Sinestesia: transferência da experiência de um sentido para outro. Ex. Sua voz é doce.

Perífrase: designação de um ser por um de seus atributos. Ex. O rei da selva é um animal perigoso.

Eufemismo: atenuação. Ex. Partir (morre).

Hipérbole: exagero. Ex. Ele morre de medo.

Personificação/prosopopeia: atribuir características de seres animados a seres inanimados.

Ironia: dizer algo com sentido diferente, normalmente oposto ao sentido aparente. Ex. Parabéns pela
ignorância.

3. Hiperônimos e hipônimos

Hiperônimos: palavras de sentido amplo, que indicam um conjunto abrangente de elementos, um gênero.
Hipônimos: elemento com sentido mais específico, contido em um grupo maior, isto é, uma espécie contida
em um gênero.

Ex. Animal (hiperônimo) → gato, cachorro, cavalo (hipônimos);

Atleta (hiperônimo) → corredor, nadador (hipônimos);

4. Homônimos e parônimos

Homônimos:

Homógrafos: mesma grafia, mas sentido diferente.


Homófonos: mesma pronúncia, mas sentido diferente.
Perfeitos: mesmas grafia e pronúncia.

Parônimos: palavras parecidas na pronúncia ou grafia.

5. Polissemia

Conceito: multiplicidade de sentidos de uma mesma palavra.

6. Coesão e coerência

Coerência: é a relação de lógica. Qualquer contradição, quebra de expectativa, gera incoerência.

Coesão:

95
Orações assindéticas: os sinais de pontuação podem substituir as conjunções coordenadas.

Recursos anafóricos e catafóricos:

 Anafóricos: retomam o que já foi dito. Ex. Estudo todo dia. Isso faz a diferença.
 Catafóricos: citam, anunciam algo que será dito depois. Ex. Desejo isto diariamente: ser
aprovado.

Elementos dêiticos/exofóricos: elementos coesivos que se referem a elementos de fora do texto, como tempo e
espaço.

Ex. Esse texto foi escrito aqui. (onde?)

Repetição de ideias: importante para relacionar o que está sendo dito com o que já foi falado.
Numerais: retomam elementos. Ex. Eu e minha esposa saímos. Nós dois fomos ao shopping.

Advérbios: indicam circunstância.

Termos resumitivos e sintéticos: ex. estudar, revisar, fazer questões: tudo isso é indispensável.

Uso de sinônimos, hiperônimos e hipônimos: relação de continência ou de identidade/semelhança permite que


um termo retome outro. Ex. Meu cão era bipolar. O animal às vezes atacava sem razão.

Uso de pronomes;

Flexão nominal

1. Substantivo

Conceito: palavra que designa seres.

1.1. Flexão de gênero

Substantivos uniformes: possuem a mesma forma para masculino e feminino.

Comum de dois gêneros: a diferenciação é feita pelo artigo. Ex. o/a estudante, agente, patriota, mártir,
aspirante, etc.
Sobrecomum: utiliza-se o mesmo artigo para ambos os gêneros. Ex. o cônjuge, indivíduo, apóstolo, carrasco,
monstro; a pessoa, criança, testemunha, etc.
Epiceno: utiliza-se o mesmo artigo para ambos os gêneros de certos animais, sendo que a diferenciação é feita
pelas palavras “macho” e “fêmea”. Ex. a girafa, águia, barata, onça, anta; o tatu, canguru, caranguejo, etc.

Situações:

Masculinos: açúcar, fã, alvará, anátema, aneurisma, antílope, apêndice, apetite, algoz, cataclismo, cônjuge,
champanha, gengibre, herpes, lança-perfume.

Femininos: abusão, acne, aguarrás, alface, apendicite, aguardente, alcunha, aluvião, bacanal, bólide, couve,
couve-flor, cal, comichão, derme, dinamite, debênture, elipse, ênfase, echarpe, enzima.

1.2. Flexão de número

96
Substantivos simples: a regra é que seja acrescentado o “s”.

Terminados em vogal e semivogal: acrescentar o “s”. Ex. lobos, chapéus, troféus, degraus, bacalhaus.
Terminados em “ão”:

 Plural em “ões”: gaviões, foliões, questões.


 Plural em “ãos”: artesãos, cristãos, cidadãos* e pagãos, bem como todas as paroxítonas
terminadas. Ex. bênçãos, sótãos, órgãos.

Mais de uma forma de plural:

 Aldeão: aldeões, aldeães e aldeãos;


 Ermitão: ermitões, ermitães e ermitãos;
 Vilão: vilões, vilães, vilãos.
 Charlatão: charlatões, charlatães.
 Ancião: anciães, anciões e anciões.
 Pião: piões, piães ou piães.
 Cirurgião: cirurgiões, cirurgiães.
 Corrimão: corrimões, corrimãos.
 Vulcão: vulcões, vulcãos.
 Guardião: guardiões, guardiães.
 Anão: anões, anãos.
 Verão: verões, verãos.

Terminados em “l”:

 Terminados em “al”, “el”, “ol” ou “ul”: tirar o l e trocar por is. Ex. vogal // vogais.
 Terminados em “il”:

 Oxítonas: trocar o “l” por “s”. Ex. Cantis, canis, barris.


 Paroxítonas ou proparoxítonas: troar o “il” por “eis”. Ex. fósseis, fáceis.

Terminados em “m”: trocar o “m” por “ns”. Ex. itens, nuvens, ábuns.
Terminados em n: somar “s” ou “es”. Ex. hifens ou hífenes, polens ou pólenes, adomens ou abdômenes.
Terminados em “r” ou “z”: acrescentar “es”. Ex. caracteres, seniores, juniores.
Terminados em “x”: invariáveis. Ex. tórax, fênix.
Terminados m “s”:

 Monossilábicas ou oxítonas: acrescentar “es”. Ex. ases, deuses.


 Paroxítonas ou proparoxítonas: invariáveis. Ex. lápis, tênis, atlas.

Só usados no plural: calças, costas, óculos, parabéns, férias, olheiras, hemorroidas, núpcias, trevas, arredores.

Substantivos compostos: os elementos que foram o substantivo devem ser analisados individualmente. Ex.
couve-flor → dois substantivos (termos pluralizáveis) – couves-flores; beija-flor → verbo (não pluralizável) e
substantivo (pluralizável) = beija-flores.

Pluralizáveis: substantivo, adjetivo, numeral. Ex. alunos-mestres, altos-relevos, ervas-doces, segundas-feiras,


cachorros-quentes, salários-mínimos.
Não pluralizáveis: verbo, advérbio interjeição. Ex. pica-paus, beija-flores, alto-falantes, abaixo-assinados,
salve-rarinhas, ave-maias.
97
Observação – pronomes: alguns admitem plurais e outros não. Ex. possessivos são pluralizáveis, mas os
indefinidos são.

Casos especiais:

 Se o segundo substantivo indica tipo ou finalidade do primeiro: apenas o primeiro vai para o plural. Ex.
bananas-maçã, navio-escoa.

 Três ou mais palavras:

 Segunda é preposição: só o primeiro vai para o plural. Ex. pés de moleque, pimentas do reino.
 Segundo elemento não é preposição: só o último vai para o plural. Ex. bem-te-vis.

 Verbo + verbo:

 Verbos iguais: ambos no plural ou só o último. Ex. corres-corres ou corre-corres.


 Verbos de significação oposta: ficam invariáveis. Ex. leva e traz.

 Palavras repetidas ou onomatopeia: somente o último no plural. Ex. tico-ticos.


 Iniciados por guarda/porta:

 Pessoa: ambos vão para o plural: ex. guardas-noturnos.


 Objeto: somente o último vai para o plural. Ex. guarda-roupas.
 Segundo termo invariável: invariáveis. Ex. porta-joias, guarda-costas.

Metafonia: mudança de timbre do /o/ para /ó/ na flexão dos nomes. Ex. olho – olhos.

1.3. Flexão de grau

Sintética: sufixos aumentativos ou diminutivos.

Ênfase: podem ser usadas para conferir valor afetivo. Ex. amigão, ladrãozinho, mulherão, futebolzinho.

Analítica: o substantivo é aumento por adjetivos que alteram as proporções. Ex. rato pequeno – rato – rato
grande.

2. Adjetivos
2.1. Flexão de gênero

Concordância: o adjetivo concorda com o substantivo. Ex. Um comportamento estranho. // Uma atitude
estranha.

Classificação:

Biformes:

 Masculino terminado em “o”: feminino terminado em “a”. Ex. ativo // ativa.


 Masculino terminado em “ês”, “or” e “u”: recebem “a”. Ex. português // portuguesa; sedutor //
sedutora; cru // crua.

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 Exceção: hindu, cortês, pedrês, incolor, multicor, bicolor, tricolor – invariáveis.

 Masculino terminado em “ão”: feminino terminado em “ã”, “ona” ou, mais raramente, “oa”.
Ex. são // sã; catalão // catalã; chorão // chorona; beirão // beiroa.
 Masculino terminado em “eu”: feminino terminado em “eia”. Ex. plebeu // plebeia.

 Exceção: judeu // judia.

 Masculino terminado em “éu”: feminino terminado em “ao”. Ex. ilhéu // ilhoa.

Uniformes: única forma para masculino e feminino. Ex. frágil, agrícola, exemplar, ruim, etc.

2.2. Flexão de número

Adjetivos simples: = substantivos simples.

Obs. Cores: sempre invariáveis. Ex. papel (cor de) rosa; papéis (cor de) rosa.

Adjetivos compostos: aplica-se para número e gênero.

Dois adjetivos: apenas o último se flexiona. Ex. cidadão luso-brasileiro // cidadãos luso-brasileiros // cidadã
luso brasileira.

Adjetivo + substantivo: invariáveis. Ex. tecido amarelo-ouro // tecidos amarelo-ouro.

2.3. Flexão de grau

Comparativo:

De superioridade: mais ... (do) que ...


De igualdade: tão ... quanto ...
De inferioridade: menos ... (do) que ...

Observação: os adjetivos bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas: melhor, pior, maior e menor.
Contudo, em comparações feitas entre duas qualidades do mesmo elemento, devem-se usar as formas
analíticas. Ex. Ele é mais bom que inteligente.

Superlativo:

Relativo: intensificação em relação a todos os demais seres de um conjunto.

 De superioridade: ex. ele é o mais atento da sala.


 De inferioridade: ex. ele é o menos atento da sala.

Absoluto: intensificação da característica transmitindo ideia de excesso.

 Analítico. Ex. Você é muito crítico; Ele é demasiadamente exigente.


 Sintético: decorre dos sufixos. Ex. ele é exigentíssimo.

3. Advérbio

Invariável: modifica o verbo, o adjetivo ou outro advérbio, transmitindo circunstâncias.

99
Grau: alguns advérbios – principalmente os de modo – apresentam variação de grau semelhante à dos
adjetivos.

Comparativo: também pode ser de superioridade, inferioridade ou igualdade. Ex. ele agia mais friamente que
o comparsa. // Ele agia menos friamente que o comparsa. // Ele agia tão friamente quanto o comparsa.

 Bem e mal: comparativo melhor e pior.

4. Artigo

Conceito: palavra que fica anteposta ao substantivo, para generalizá-lo, particulariza-lo ou determinar seu
sentido.

Artigo indefinido: generaliza o substantivo. Rol: um, uma, uns, umas.

Artigo definido: particulariza o substantivo. Rol: o, a, os, as.

5. Preposição

Conceito: palavra que não se flexiona e liga palavras ou orações reduzidas.

Classificação:

Relacional: decorre da regência verbal ou nominal. São as preposições que iniciam o OI ou o CN.

Ex. Obedeço aos meus princípios.

Sou obediente aos meus princípios.

Nocional: decorre da necessidade de sentido. São as preposições que iniciam adjuntos adverbiais, adjuntos
adnominais e orações subordinadas adverbiais.

Ex. Estou sem recursos.

Comprei esta aula para realizar muitos exercícios.

Valores:

A:

 Causa ou motivo: ex. voltei a pedido dos amigos;


 Conformidade: ex. puxou o pai; saiu à mãe.
 Destino: ex. foi de São Paulo a Salvador.

Ante: normalmente introduz adjunto adverbial, indicando posicionamento:

 Lugar: em frente a, perante. Ex. A verdade está ante nossos olhos;


 Causa: em consequência de; diante de. Ex. Ante os protestos, recuou da decisão.
 Observação: a preposição “ante” não admite outra preposição em seguida. Ex. “Ante a ela...”,
→ “Ante ela...”. O mesmo ocorre com “perante”.

100
Até: introduz adjunto adverbial. Indica o limite, o término de movimento, e, acompanhando substantivo com
artigo (definido ou indefinido), pode vir ou não seguida da preposição a. Ex. caminharam até a entrada do
estacionamento // Caminharam até à entrada do estacionamento.

 Atenção! Não confundir com a palavra denotativa de inclusão “até”, que se usa para
reforçar uma declaração com o sentido de “inclusive”, “também”, “mesmo”, “ainda”. A preposição pede
pronome pessoal oblíquo Ex. João chegou até mim e disse tudo. Já palavra denotativa exige pronome
pessoal reto. Ex. Até eu acreditei nele.

Com: introduz objeto indireto, complemento nominal, adjunto adverbial e indica:

 Causa: ex. assustou-se com o trovão.


 Companhia: ex. ir ao cinema com alguém.
 Concessão: ex. com mais de 80 anos, ainda tem planos para o futuro.
 Instrumento: ex. abrir a porta com a chave, matar alguém com as mãos.
 Matéria: ex. vinho se faz com uva.
 Modo: ex. andar com cuidado; tratar com carinho.
 Oposição: ex. jogar com (= contra) os ingleses.
 Referência: ex. com sua irmã aconteceu diferente; comigo sempre é assim.
 Simultaneidade (tempo): ex. com o tempo os frutos amadurecem;

Contra: introduz objeto indireto ou adjunto adverbial e indica:

 Oposição: ex. jogar contra os ingleses.


 Direção: ex. olhar contra o sol.
 Proximidade ou contiguidade: ex. apertar alguém contra o peito.

De: introduz objeto indireto, complemento nominal, agente da passiva, adjunto adnominal, adjunto adverbial e
indica:

 Assunto: ex. falar de futebol.


 Causa: ex. morrer de fome; tremer de medo; chorar de saudade.
 Conteúdo: ex. xícara de café; maço de cigarros.
 Definição: ex. homem de bom-senso; pessoa de coragem.
 Dimensão: ex. prédio de dois andares; sala de vinte metros quadrados.
 Fim: ex. dar-lhe algo de beber; automóvel de passeio.
 Instrumento ou meio: ex. apanhar de chicote; briga de faca, brincar de mão, viajar de avião.
 Lugar (de origem): ex. vir de Madri.
 Matéria: ex. corrente de ouro; chapéu de palha.
 Medida ou extensão: ex. régua de 30cm, rua de 20km.
 Modo: ex. olhar alguém de frente, ficar de pé.
 Posse: ex. casa de Luís.
 Preço: ex. caderno de um real.
 Qualidade: vender artigo de primeira.
 Semelhança ou comparação: olhos de gata, atitudes de imbecil.
 Tempo: ex. dormir de dia, estudar de tarde, perambular de noite.

Desde: introduz adjunto adverbial e indica:

 Lugar: ex. dormir desde lá.

101
 Tempo: ex. desde ontem estou assim.

Em: introduz objeto indireto, complemento nominal e adjunto adverbial e indica:

 Estado ou qualidade: ex. ferro em brasa; televisor em cores; foto em branco e preto; votos em
branco.
 Fim: ex. vir em socorro; pedir em casamento.
 Forma ou semelhança: ex. juntar as mãos em conchas.
 Limitação: ex. em Matemática nunca foi bom aluno.
 Lugar: ex. ficar em casa.
 Meio: ex. pagar em cheque.
 Modo: ex. ir em turma, em bando, em pessoa.
 Preço: ex. avaliar a casa em milhares de reais.
 Sucessão: ex. de porta em porta.
 Tempo: ex. fazer a viagem em quatro horas; o fogo destruiu o edifício em minutos, no ano
2000.
 Transformação ou alteração: ex. mudar água em vinho, transformar reais em dólares.

Entre: introduz adjunto adverbial e indica posição intermediária:

 Lugar: ex. os Pireneus estão entre a França e a Espanha.


 Meio social: ex. entre os Índios se age dessa forma.
 Reciprocidade: ex. entre mim e ela sempre houve harmonia.
 Tempo: ex. ela virá entre dez e onze horas.

Para: introduz complemento nominal, adjunto adverbial e pode indicar:

 Consequência: ex. estava muito alegre para preocupar-me com mesquinharias;


 Fim: ex. nascer para o trabalho; vir para ficar.
 Lugar de destino, direção: ex. ir para Madri. Não é de rigor, mas a preposição “para”, com
valor de lugar de destino dá ideia de estada permanente ou definitiva; ao contrário da preposição “a”,
que geralmente exprime breve regresso.
 Proporção: ex. as baleias estão para os peixes assim como nós estamos para as galinhas.
 Em benefício: ex. busque para mim aquele lençol, menino.
 Tempo: ex. aqui tem água para dois dias apenas.
 Opinião: ex. para mim o Brasil nunca teve políticos de verdade.

Perante: introduz adjunto adverbial e indica a relação de lugar (posição em frente). Ex. Perante o juiz, negou
o crime.

 Observação: esta preposição não admite outra preposição em seguida. Ex. Perante a Deus,
perante ao juiz, etc.

Por: introduz objeto indireto, complemento nominal, agente da passiva, adjunto adverbial e pode indicar:

 Causa: ex. encontrar alguém por uma coincidência; foi preso por vadiagem.
 Conformidade: ex. tocar pela partitura; copiar pelo original.
 Favor: morrer pela pátria; lutar pela liberdade; falar pelo réu.
 Lugar: ex. ir por Bauru, morar por aqui.
 Medida: ex. vender bolacha por quilo.

102
 Meio: ex. ler pelo rascunho; ir por terra; levar pela mão; contar pelos dedos; enviar pelo
Correio.
 Modo: proceder à chamada de alunos por ordem alfabética; saber por alto o que aconteceu.
 Preço: ex. comprar o livro por dois reais.
 Quantidade: ex. chorar por três vezes.
 Substituição: ex. deixar o certo pelo duvidoso; comprar gato por lebre.
 Tempo: estarei lá pelo Natal; viver por muitos anos.

Sem: introduz adjunto adnominal e adjunto adverbial e indica ausência ou desacompanhamento. Ex. estar sem
dinheiro; palavras sem sentido; sem o empréstimo, não construiremos a casa;

Sob: introduz adjunto adverbial e indica:

 Lugar: posição inferior. Ex. ficar sob o viaduto.


 Modo: ex. sair sob pretexto não convincente.
 Tempo: ex. houve muito progresso no Brasil sob D. Pedro II.

Sobre: introduz adjunto adverbial e indica:

 Assunto: ex. conversar sobre política; falar sobre futebol.


 Direção: ex. ir sobre o adversário.
 Excesso: ex. sobre ser ignorante, era presunçoso.
 Lugar: posição superior. Ex. o avião caiu sobre uma lavoura de arroz

Trás: não é usada isoladamente; atua, sempre, como parte de outras expressões. Ex. nas locuções adverbiais
“para trás” e “por trás” (ficar para trás, chegar por trás) e na locução prepositiva “por trás de” (ficar por trás do
muro).

Observações:

 Muitas vezes, numa locução, a preposição “a” pode ser trocada por outra, sem que isso
acarrete prejuízo de construção ou de significado. Ex. À/com exceção de; a/em meu ver; a/com muito
custo; em frente a/de; rente a/com; à/na falta de; a/em favor de; em torno a/de, junto a/com/de.
 Com o verbo ter, usa-se “de” ou “que”, havendo ideia de obrigatoriedade ou necessidade. Ex.
Tenho de/que viajar amanhã„ sem falta.
 A preposição “de” faz parte do adjetivo superlativo relativo, indicando limitação de um grupo.
Ex. Ele é o mais exigente de todos os irmãos.

Redação

1. Tipologia textual

1.1. Tipo vs. gênero

Conceitos:

Tipo: define-se pela finalidade do texto.


Gênero: conceito mais específico, que corresponde a um conjunto de características comuns de um texto.
Exemplos:

 Tipo narrativo: engloba romance, fábula, piada, etc.


103
 Fábula: texto narrativo alegórico, de texto curto e linguagem simples, cujos personagens são
animais personificados que refletem as características humanas. Seu desfecho transmite uma lição
de moral ou uma crítica a comportamentos.
 Crônica: reflexão sobre fatos cotidianos, da vida social, do dia a dia, aparentemente banais.
Geralmente é narrada em primeira pessoa e transmite a visão particular do autor. Sua linguagem é
direta e geralmente informal, registrando a fala literal e espontânea dos personagens.

 Tipo descritivo: engloba cardápio, anúncio, etc.


 Tipo dissertativo: engloba artigo de opinião, editoriais, etc.

1.2. Narração

Conceito: tem a finalidade de contar uma história, isto é, retratar acontecimentos, reais ou imaginários, num
lapso temporal.

Elementos: narrador, enredo, tempo, lugar, personagens e um encadeamento de eventos.

Características:

 Predominância do pretérito perfeito: embora também possa ocorrer o presente e o pretérito


imperfeito;
 Relação de causalidade entre os eventos, interação lógica das ações e acontecimentos. A
passagem de tempo é explicitada por advérbios de tempo, orações temporais e tempos verbais.

Classificação:

Narração direta: desenvolve-se rapidamente, com foco em levar o leitor diretamente ao desfecho. Ex. piada,
tirinha, etc.
Narração indireta: desenvolve-se de forma mais lenta, com muitas interrupções e digressões do narrador, com
rodeios.

Principais gêneros: charges, piadas, contos, novelas, crônicas e romances.

Tipos de narrador:

Personagem: conta a história em primeira pessoa e faz parte dela. Narrativa impregnada por suas opiniões e
impressões;

Observador: narra a história em terceira pessoa, como se a assistisse de fora. Relato de uma testemunha;

Onisciente: tem pleno conhecimento do pensamento e das emoções dos personagens, bem como sobre o
passado e o futuro dos acontecimentos.

Tipos de discurso:

Direto:

 Narrado em primeira pessoa;


 Retrata as falas exatas dos personagens;
 Uso de verbos dicendi ou declarativos: dizer, falar, perguntar, afirmar, etc.;
 Presença de dois pontos, travessões ou aspas para isolar as falas;

104
 É mais objetivo, pois narra falas literais, de modo que o leitor pode julgar por si mesmo a
atitude dos personagens. Logo, ajuda a construir veracidade.

Indireto:

 Narrado em terceira pessoa;


 O narrador incorpora a fala dos personagens à sua própria. Trata-se de uma paráfrase, uma
reescritura de frases por meio de orações subordinadas subjetivas;
 Uso de verbos dicendi;
 O narrador divide com o leitor seu próprio ponto de vista na leitura dos fatos. Sua opinião vem
expressa por meio de modalizadores.

Indireto livre: híbrido, pois alterna características dos dois anteriores.

1.3. Descrição

Conceito: caracteriza, relata em detalhes as características de algo.

Características:

 Uso de adjetivos e verbos de ligação;


 Predomínio do pretérito imperfeito, por indicar uma ação continuada. Ex. era, fazia, parecia,
etc.
 Geralmente vem permeada por trechos narrativos ou dissertativos;
 Traz acontecimentos simultâneos, sem progressão temporal – está para uma foto, assim como
a narração está para um vídeo.

Valor dos adjetivos:

Objetivo/relacional: isentos de opinião e simplesmente expressam um fato. Não aceitam gradação e não
podem ser deslocados para antes do substantivo. Ex. carro preto;
Qualificativos/subjetivos: descrição subjetiva, ligada à opinião de quem descreve. Podem ser graduados. Ex.
homem belo.

Principais gêneros: manuais, propagandas, definições, relatórios, tutoriais, etc.

1.4. Dissertação

Conceito: expõe ideias, razões, teorias, raciocínios.

Características:

 Verbos no presente.

Espécies:

Expositivo puro: traz conceitos, discute um assunto de maneira objetiva, sem defesa clara de uma opinião. O
autor explana o que sabe de forma neutra e permite que o leitor forme sua opinião – não tem como objetivo
primário convencer o leitor.

Expositivo informativo: visa acrescentar informação nova ao leitor. É comum ocorrem trechos descritivos
(dados, estatísticas) ou narrativos.
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Argumentativo/opinativo: defende uma tese, uma opinião pessoal, tendo como finalidade principal o
convencimento do leitor. Para isso, utiliza modalizadores e operadores argumentativos, construindo
fundamentação para os argumentos. A linguagem é clara e impessoal, com uso da terceira pessoa como
estratégia para sugerir que as informações são fatos.

a) Estrutura do texto argumentativo

Introdução: autor apresenta o tema e sua tese. Se o autor pudesse sintetizar todo o texto numa sentença, seria a
tese.

Fórmulas:

 Divisão: enumeração explícita dos aspectos que serão tratados.

 Ex. O problema das chuvas tem recebido bastante destaque na mídia, em grandes debates sobre
quem seria o responsável. Há dois fatores principais nesse contexto: a omissão do governo e a ação
dos cidadãos.
 Ex. No Brasil, a tradição política no tocante à representação gira em torno de três ideias
fundamentais.

 Definição: apresentação de um conceito.

 Ex. Denomina-se política ambiental o conjunto de decisões e ações estratégicas que visam
promover a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais. A política ambiental, portanto,
tem relação direta com todas as demais políticas que promovam o uso dos recursos.

 Citação: reprodução literal ou indireta da fala de alguém cuja opinião sobre o tema seja
relevante.

 Ex. Como afirma Foucault, a verdade jurídica é uma relação construída a partir de um paradigma
de poder social que manipula o instrumental legal, de um poder-saber que estrutura discursos de
dominação. Assim, não basta proteger o cidadão do poder com o simples contraditório processual e
a ampla defesa, abstratamente assegurados na Constituição.

 Indagação: uso de uma pergunta para captar a curiosidade do leitor.

 Ex. O problema das chuvas tem merecido bastante destaque na mídia, em grandes debates sobre
quem seria o responsável. A maioria culpa o Governo, por sua omissão. Porém, seriam alguns
hábitos do cidadão comum responsáveis por grande parte desses eventos?

 Frases nominais: uso de uma frase, seguida de uma explicação. A frase nominal funciona para
captar a curiosidade do leitor.

 Ex. Calamidade pública. Assim se referiu o secretário estadual de saúde ao atual estado dos
hospitais do Rio de Janeiro.

 Alusão histórica/literária: serve para ressaltar semelhanças ou diferenças entre fenômenos


atuais e passados, servindo como argumento para corroborar uma mudança ou uma estagnação.

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 Ex. A Semana de Arte Moderna ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922, tendo como
objetivo mostrar as novas tendências artísticas que já vigoravam na Europa.

 Narração:

 Ex. Às 4 horas da manhã, o médico se prepara para a cirurgia que vai salvar a vida de um menino
baleado. Aplica anestesia, mas é interrompido pelo flash de uma explosão. Assim têm vivido os
profissionais que se voluntariaram no programa da cruz vermelha que trabalham nas regiões de
conflito.

 Declaração: semelhante à frase nominal, mas com uma oração desenvolvida. Uso de uma
oração forte no início do parágrafo para prender a atenção do leitor.

 Ex. Jogar games de computador pode fazer bem à saúde dos idosos. Foi o que concluiu uma
pesquisa do laboratório Gains Through Gaming (Ganhos através de jogos, numa tradução livre), na
Universidade da Carolina do Norte, nos EUA.

Desenvolvimento: traz argumentos de apoio ao convencimento. Fundamentação da opinião. Cada argumento


deve vir em um parágrafo. Este geralmente é iniciado pelo tópico frasal, que é a síntese do argumento, a ideia
mais importante do parágrafo. O período seguinte traz uma ampliação desse tópico, sustentando-o por meio de
argumentos e contra-argumentos. A conclusão retoma a ideia ou anuncia o tópico frasal do próximo
argumento.

Fórmulas:

 Exemplificação: destacar alguns casos dentro um universo de fenômenos.

 Ex. Os investimentos diretos realizados por brasileiros no exterior têm aumentado muito nos
últimos anos. Em 2011, somaram US$202,6 bilhões, com crescimento de 7,4% em relação ao ano
anterior, conforme pesquisa divulgada em abril de 2012 pelo Banco Central.

 Citação de fato histórico: trazer um evento do passado e relacioná-lo ao presente, geralmente


para indicar mudança ou manutenção de tendências.

 Ex. O movimento feminista começou a florescer no Brasil na virada do século 20. Diante da
omissão da Constituinte de 1891 acerca do voto feminino, a baiana Leolinda de Figueiredo Daltro
deu entrada no requerimento de seu alistamento eleitoral. Não obteve sucesso, mas também não
entregou os pontos.

 Enumeração ou detalhamento: listar sistematicamente tópicos ou aspectos a serem tratados, ou


subdividir um aspecto amplo em aspectos menores nele incluídos:

 Ex. A Igreja Católica denuncia a amoralidade e o materialismo pelo vazio espiritual da moderna
civilização. A decomposição das famílias, a violência, a corrupção, as drogas, a dissolução dos
costumes e a falta de solidariedade com os menos afortunados seriam sintomas de um mundo sem
fé.

 Contraste e paralelo: traz semelhanças ou diferenças entre elementos.

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 Ex. Atualmente, há duas Américas Latinas. A primeira conta com um bloco de países — incluindo
Brasil, Argentina e Venezuela — com acesso ao Oceano Atlântico, que confere ao Estado grande
papel na economia. A segunda — composta por países de frente para o Pacífico, como México,
Peru, Chile e Colômbia — adota o livre comércio e o mercado livre.

 Explicação ou esclarecimento: explicitar o sentido de uma palavra ou afirmação.

 Ex. Com a popularização dos computadores e o desenvolvimento da microeletrônica, a palavra


informação adquiriu um significado diferente. Até então, o seu sentido estava restrito à transmissão
de dados acerca de alguém ou de algo, geralmente notícias de fatos que chegavam ao receptor com
certa defasagem temporal.

 Argumento de autoridade: opinião respeitada de um especialista que se alinha ou se opõe a


ela.

 Ex. Entusiasta do sistema, o supervisor do Posto Fiscal Virtual, em Porto Alegre define o processo
como seletivo, econômico e inteligente. “Esse é o futuro. No mundo, cada vez mais, a tecnologia
substitui a ação humana.

 Causa e efeito:

 Ex. Se a China e a Índia hoje surgem no cenário internacional de modo surpreendente, é porque
sabem articular inovadoramente a cultura ocidental moderna com seus antiquíssimos modos de
pensar e agir.

Conclusão: autor retoma a ideia central, apresentada na introdução, e consolida seu raciocínio.

1.5. Injunção/instrução

Conceito: traz instruções ao leitor para realizar certa tarefa.

Característica: verbos no imperativo ou no infinitivo impessoal.

Gêneros: leis, regulamentos, contratos, manuais de instrução, receitas, tutoriais.

7. Intersecção de texto e modalizadores

Tipos de informações de um texto:

Explícitas: aquilo que o texto diz. Compreensão, recorrência.


Implícitas: aquilo que o texto sugere. É percebida através de vestígios. Interpretação, inferência.

 Finalidade: leva o leitor a aceitar o que está sendo comunicado. Ao introduzir uma ideia sob a
forma de pressuposto, o autor transforma o leitor em cúmplice, uma vez que essa ideia não é posta em
discussão e todos os argumentos subsequentes contribuem para confirma-la.

Ex. O tempo continua chuvoso. → o tempo já estava chuvoso.

Pedro deixou de fumar. → Pedro fumava antes.

 Formas:

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 Pressupostos: informações implícitas marcadas no texto, decorrentes do teor das palavras. Ex.
tornar-se → antes não era;
 Subentendidos: não são marcados linguisticamente. Decorre do contexto.

 Marcadores:

 Advérbios: ex. Os resultados da pesquisa ainda não chegaram. → os resultados já deveriam ter
chegado.
 Verbos: ex. O caso do contrabando tornou-se público. → antes, o caso não era público.
 Orações adjetivas: ex. Os candidatos a prefeito que só querem defender seus interesses não pensam
no povo. → há candidatos que não apenas defendem seus interesses e pensam no povo. // Os
candidatos a prefeito, que só querem defender seus interesses, não pensam no povo. → todos os
candidatos que apenas defendem seus interesses e não pensam no povo.
 Adjetivos: ex. Os partidos radicais acabarão com a democracia no Brasil. → existem partidos
radicais no Brasil.

 Macete para questões de interpretação: eliminar as questões erradas antes de marcar as


certas. Geralmente, as afirmativas categóricas (só, somente, apenas, nunca, sempre, ninguém, tudo, nada,
etc.) são erradas.

8. Recurso de construção textual

Intertextualidade: diálogo que existe entre dois textos e entre um texto e um contexto (ex. charge). O objetivo,
geralmente, é conferir credibilidade ao que se quiser informar por meio de um argumento de autoridade.

Citação: é um tipo de intertextualidade explícita, por ser indicada entre aspas ou em itálico.

Alusão: é uma intertextualidade implícita. É apenas uma referência, que conta com um conhecimento prévio
do outro. Por ser implícita, não possui marcar gráfica.

Paráfrase: recriação de um texto-base. Há, portanto, um texto pré-existente, cuja ideologia não é alterada. Ex.
resumo. É o registro feito de modo particular.

Paródia: é a recriação de um texto-base, assim como se dá na paráfrase, mas a ideologia é alterada. Ex. filme
da Malévola em que não é vilã. Sua intenção é o humor, que pode ser não apenas o risível, mas também
qualquer tipo de crítica. Trata-se de dessacralizar o texto-base.

9. Marcas de subjetividade/pessoalidade/opinião

Uso de primeira pessoa: pode ser no singular ou no plural. A primeira pessoa do singular gera uma posição de
individualismo, enquanto a primeira pessoa do plural visa a inclusão do leitor.

Uso de modalizadores: é uma palavra ou expressão que visa a mostrar o que o locutor pensa, e não as coisas
como realmente são.

Adjetivos: imprimem juízo de valor. Ex. é inadmissível/espantoso que atitudes como essa ocorram → marca
um posicionamento contrário; É louvável o posicionamento assumido pelo TER/SP → marca um
posicionamento favorável.

Advérbio:. Ex. Felizmente, a conduta dos jovens está mudando → posicionamento favorável;
Lamentavelmente, os impostos foram reajustados → posicionamento contrário.

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Verbos: o verbo pode sugerir posicionamentos. Ex. a sociedade deve mobilizar-se no sentido de não aceitar tal
conduta. → manifesta importância; Não se deve pensar sob esse ângulo → rejeita um ângulo.

Uso de linguagem analógica: é marcada pela presença de comparação (símile) ou metáfora. Na comparação
equipara-se duas coisas diferentes utilizando, por exemplo, o texto “como”. Ex. X é como Y. Já a metáfora é
uma comparação radical, que coloca que X é Y.

Uso de interlocução: uso de questionamentos, vocativos e imperativos. É um direcionamento, uma


manipulação da visão do outro.

10. Estrutura do texto

Introdução: deve ser o menor parágrafo do texto. Deve conter o assunto, que é mais amplo, e o objetivo, que é
mais específico. Não deve conter exemplos, comentários e justificativas (devem estar no desenvolvimento).
Não se deve construir, assim como em nenhuma outra parte do texto, um parágrafo frasal, que é aquele
formado por um só período (um ponto final).

Sugestão: dois períodos. No primeiro, trata-se de uma afirmativa genérica sobre o assunto. No segundo
período, deve ser apresentado o objetivo.

Desenvolvimento: a maior parte do texto. Pode ter um (desaconselhável) ou mais parágrafos (recomendável).

Sugestão: dois parágrafos, para atender ao critério da bipolaridade (antes – depois, prós – contras, causa 1 –
causa 2).

Conclusão: deve retomar a introdução e projetar o tema. Há duas opões: como ficará (não recomendável,
menos otimista) e propor soluções.

11. Aspectos verbais

Aspecto durativo: exprime uma ação contínua ou repetitiva. Ex. Andei recolhendo papeis.

Aspecto perfectivo: a ação é apresentada em sua totalidade, totalmente concluída, com começo, meio e fim.
Ex. ela leu o livro naquela tarde.

Aspecto imperfectivo: a ação é incompleta, sem que possa ser identificado começo, meio e fim do processo.
Ex. ela lia o livro quando tinha tempo.

Aspecto pontual: exprime uma ação momentânea. Ex. ela caiu no buraco.

Aspecto inceptivo/incoativo: tem sua ênfase no início da ação. Ex. começou o filme.

Aspecto cursivo/permansivo: tem sua ênfase no desenvolvimento da ação. Ex. está passando o filme.

Aspecto terminativo/conclusivo: têm sua ênfase no fim da ação. Ex. terminou o filme.

Aspecto contínuo: exprime uma ação continuada que acontece de forma frequente. Ex. estou correndo todos
os dias.

Aspecto descontínuo: exprime o reinício de uma ação interrompida. Ex. voltei a correr todos os dias.

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