Você está na página 1de 35

1

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E


TECNOLOGIA DE SÃO PAULO
CAMPUS CUBATÃO

MATERIA DE APOIO DE
SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA II

2º. SEMESTRE
2023
2

REGÊNCIA VERBAL
Há, sempre, dentro das orações, elementos regentes e elementos regidos. Chamamos
de regentes aos termos que pedem complementos e regidos aos termos que
complementam o sentido dos primeiros.
Assim:

REGENTES REGIDO
comprei uma casa
dependo de você
crer em Deus
insisto em lutar

A sintaxe de regência estuda as relações de dependência (ou de subordinação) entre os


termos da oração.

Regência de alguns verbos

1 AGRADAR
a) No sentido de satisfazer, contentar é transitivo indireto.
Ex.: “Suas palavras agradaram ao público que o ouvia”.

b) No sentido de acariciar, acarinhar é transitivo direto.


Ex.: “Com as mãos calosas, agradava o filho choroso”.

2 ASPIRAR
a) No sentido de respirar, sorver é transitivo direto.
Ex.: “Egas aspirava o perfume de seus cabelos”. (Herculano)

b) No sentido de desejar, pretender é transitivo indireto e rege a preposição a.


Ex.: “Os jovens aspiram a um futuro brilhante”.

3 ASSISTIR
a) No sentido de ver, presenciar é transitivo indireto e rege a preposição a .
Ex.: “Algumas famílias, de longe, na calçada, assistiam ao espetáculo”. (A . M.)

b) No sentido de prestar assistência, ajudar é transitivo direto.


Ex.: O médico assiste os doentes.

c) No sentido de caber, pertencer é transitivo indireto.


Ex.: “Não lhe assiste o direito de oprimir os fracos”.
3

d) No sentido de morar é intransitivo e rege a preposição em.


Ex.: “Felizmente, um ano depois, volta ele ao sul e até 72 assiste em Avignon”. (Manuel
Bandeira)

4 CHEGAR, IR, DIRIGIR-SE


São verbos, normalmente, intransitivos regendo a preposição a quando indicam
lugar. Exemplos:
I. Cheguei a casa cedo.
II. Dirigi-me ao banco.
III. Fui ao colégio.

5 CUSTAR
a) No sentido de ser custoso, difícil, tem como sujeito, o que é difícil, e, como objeto
indireto, a quem custa. Sendo o sujeito uma oração reduzida de infinitivo, pode vir com a
preposição a. Exemplos:
I. Custa-me crer na sua honestidade.
II. Custa-me a crer na sua honestidade.

Nota: é errado dar-se a pessoa como sujeito do verbo custar, nesse sentido. Assim: O rapaz
custou a entender a explicação. Corrija-se: Custou ao rapaz entender a explicação.

b) No sentido de acarretar é transitivo direto e indireto.


Ex.: “A imprudência custou-lhe lágrimas amargas”.

c) No sentido de ter o valor de (preço), é verbo intransitivo, seguido de adjunto adverbial de


preço.
Ex.: O lápis custou cinco reais.

6 ESQUECER/LEMBRAR
Pode ser:
a) Transitivo direto.
Ex.: Esqueci o nome dela.

b) Transitivo indireto (com verbo pronominal).


Ex.: Esqueci-me do nome dela.

7 INFORMAR/AVISAR/NOTIFICAR
É transitivo direto e indireto, admitindo duas construções:
a) Se o referente for a pessoa, funciona como objeto direto, e o referente, a coisa, funciona
como objeto indireto (rege as preposições de, sobre).
Ex.: Informaram o aluno da (sobre) sua aprovação.
4

b) Se o referente foi a coisa, funciona como objeto direto, e o referente, a pessoa, funciona
como objeto indireto (rege a preposição a).
Ex.: Informaram a aprovação ao aluno.

8 IMPLICAR
a) No sentido de acarretar, envolver é transitivo direto.
Ex.: A resolução do problema implica nova teoria.

b) No sentido de ter implicância, é transitivo indireto.


Ex.: Ele implicava com os empregados.

9 NAMORAR
a) No sentido de galantear, cortejar, é transitivo direto.
Ex.: Paulo namora Maria há anos.

b) No sentido de encantar-se, é transitivo indireto.


Ex.: Namorou-se da garota rapidamente.

10 OBEDECER/DESOBEDECER
São verbos transitivos indiretos e regem a preposição a.
Ex.: “Desculpa, Tomásia, que eu devo obedecer ao meu amigo”.

11 PAGAR, PERDOAR, AGRADECER


Podem ser:
a) Transitivos diretos (quando o objeto for coisa).
Ex.: Já paguei as contas.

b) Transitivos indiretos (quando o objeto for pessoa).


Ex.: Já paguei aos meus credores.

c) Transitivos diretos e indiretos (quando se referem a coisas e pessoas ao mesmo tempo).


Ex.: Já paguei as contas aos meus credores.

12 PREFERIR
É transitivo direto e indireto. O objeto indireto aparece com a preposição a.
Ex.: “Prefere ser escravo a combater”.

Nota: o verbo preferir não admite qualquer expressão que indique intensidade (mais,
menos, muito, mil vezes), bem como a posposição de que ou do que.
5

13 QUERER
a) No sentido de querer bem, gostar é transitivo indireto.
Ex.: Quero aos meus amigos muito bem.

b) No sentido de desejar, pretender é transitivo direto.


Ex.: “Sempre quis um bom trabalho”.

14 SIMPATIZAR/ANTIPATIZAR
São verbos transitivos indiretos, regendo a preposição com.
Ex.: Simpatizo muito com suas ideias.

Nota: o verbo simpatizar não é pronominal. É incorreto, portanto, dizer:


“Simpatizo-me com você”.

15 VISAR
a) No sentido de dirigir a pontaria, apontar arma de fogo, é transitivo direto.
Ex.: “Visei o alvo”.

b) No sentido de vistar, é transitivo direto.


Ex.: “As autoridades visaram o passaporte”.

c) No sentido de pretender, objetivar, é transitivo indireto.


Ex.: “Nela visei, acima de tudo, ao bem da comunidade”.

Observações:

a) Onde e aonde.
O emprego da preposição a vai depender do termo regente. Normalmente, com
verbos que indicam movimento (chegar, ir, dirigir-se, dentre outros), emprega-se essa
preposição, enquanto que com os indicativos de estaticidade ela não aparece. Exemplos:
I. Aonde você vai?
II. Onde você esteve?

b) Não se deve dar um complemento comum a verbos de regências diferentes. Assim, não
se deve falar : “Assisti e gostei do jogo.”. O correto é: Assisti ao jogo e gostei dele.
Explica-se: assistir, no sentido de ver, é verbo transitivo indireto e rege preposição a; gostar
é verbo transitivo indireto e rege preposição de.

c) Em orações iniciadas por pronomes relativos, pronomes interrogativos ou advérbios


interrogativos, desempenhando papel de complemento verbal, a preposição exigida pelo
verbo deve, obrigatoriamente, antepor-se a essas palavras.
Exemplo: As sessões a que assisti foram instrutivas.
A que tu aspiras na vida?
Perguntaram-me de onde em vim.
6

d) Não deve haver contração da preposição que precede o sujeito de um verbo no infinitivo.
Deve-se, portanto, evitar construções do tipo: “Está na hora da aula acabar.”; “Em virtude
dele estar doente, não foi à festa.”. O correto é:
Está na hora de a aula acabar.
Em virtude de ele estar doente, não foi à festa.

e) O pronome pessoal reto não se emprega com preposição e não pode ser complemento.
Assim, são incorretas as construções do tipo: “Sandra sentou-se entre eu e minha prima.”;
“Nada há entre tu e eu.”; “Não encontrei ela na festa.”. As formas corretas são:
Sandra sentou-se entre mim e minha prima.
Não há mais nada entre ti e mim.
Não a encontrei na festa.
7

CRASE

Crase: nome dado à reunião, à fusão da preposição a com o artigo a(s) ou com os
pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo.

1 REGRA PRÁTICA
Troque a palavra feminina por uma masculina correspondente e observe o seguinte:
 Se, antes da masculina, aparecer ao(s), coloque o sinal de crase antes da feminina.

 Se, antes da masculina, aparecer apenas a(s) ou o(s), não coloque o sinal de crase antes
da feminina.

2 CASOS EM QUE NUNCA OCORRE CRASE, POIS NÃO É POSSÍVEL O USO


DO ARTIGO FEMININO
 Antes de nomes masculinos.
Ex.: Gosto de passear a cavalo.

 Antes de verbos .
Ex.: Todos começaram a correr.

 Antes de pronomes pessoais .


Ex.: Todos se dirigiram a ela.
Nesse caso, estão incluídos os pronomes de tratamento, com exceção de dona,
senhora e senhorita. Estes, pelo fato de admitirem artigo, admitem também a crase.
Ex.: Nada disse à senhora.

 Antes dos pronomes esta(s). essa(s), quem, cuja(s).


Ex.: Ninguém obedece a esta lei.

 Em expressões com palavras repetidas.


Ex.: O tanque se encheu gota a gota.

Observação: o fato de o a estar sem s antes de uma palavra no plural já indica a


impossibilidade da ocorrência de crase, uma vez que se trata simplesmente da preposição a
(que é invariável).
Ex.: Ele se dirigiu a pessoas estranhas.
sem s palavra no plural

Na frase anterior, porém, se o a for colocado no plural, passa a ocorrer crase, porque
voltamos à regra prática.
Ex.: Ele se dirigiu às pessoas estranhas.
aos homens estranhos
8

3 CRASE ANTES DE NOME DE LUGAR (CIDADE, ESTADO, PAÍS E


SIMILARES)
Use a forma verbal “voltar de”. Se ocorrer “voltar de”, não ocorre crase. Se ocorrer
“voltar da”, ocorre crase.
Ex.: Fui a Paris. Voltei de Paris. Logo, não há crase.
Fui a Bahia. Voltei da Bahia.- Logo, há crase: Fui à Bahia.

4 CRASE DIANTE DA PALAVRA CASA E DA PALAVRA TERRA


a) Casa.
 Quando a palavra casa aparece sem especificativo, ela não admite artigo a, por isso,
nesse caso, não há crase.
Ex.: Ele se dirigiu a casa
preposição

 Quando a palavra casa aparece com especificativo, ela admite artigo, por isso, nesse
caso, vai ocorrer crase se o antecedente exigir a preposição a.
Ex.: Ele se dirigiu à casa abandonada.
especificativo

b) Terra.
 Essa palavra, usada com sentido oposto ao de água/mar, não admite artigo. Por isso,
nesse caso, não ocorre crase.
Ex.: Os náufragos chegaram de manhã a terra.

 Se usada no sentido de terra natal/planeta, a palavra terra admite artigo, por isso,
ocorrerá crase se o termo regente exigir preposição a.
Ex.: Os soldados retornaram à terra em que nasceram.

5 CRASE E PRONOMES RELATIVOS “QUE”, “A QUAL” E “AS QUAIS”


Para verificar se ocorre crase antes do pronome relativo “que”, “a qual”, “as quais”,
use o seguinte critério prático: troque o substantivo feminino anterior ao “que”, “a qual”,
“as quais” por um substantivo masculino e observe o seguinte: se, antes do “que”, “qual”,
“quais”, aparecer ao(s), coloque o sinal de crase no a(s). Exemplos:
a) Esta estrada é paralela a que corta a cidade.
(trocando)
Este rio é paralelo ao que corta a cidade.

Como apareceu ao antes do que, a frase dada fica: Esta estrada é paralela à que corta a
cidade.

b) Aquela é a casa a qual me dirigi.


(trocando)
Aquele é o bar ao qual me dirigi.
9

Como apareceu ao qual, ocorre crase na frase proposta: Aquela é a casa à qual me
dirigi.

6 CRASE EM PRONOMES DEMONSTRATIVOS AQUELE(S), AQUELA(S),


AQUILO
Para haver crase com esses pronomes demonstrativos, basta que o termo regente
exija a preposição a, uma vez que os demonstrativos já apresentam o a na sílaba inicial.
Critério prático. Troque:
 aquele(s) por este(s);
 aquela(s) por esta(s);
 aquilo por isto.
Se, antes de este(s), esta(s), isto aparecer a, você deve usar crase no aquele(s),
aquela(s), aquilo. Se não aparecer a, não ocorre crase.
Ex.: Nós iremos aquele lugar
(trocando)
Nós iremos a este lugar.
Como apareceu a, ocorre crase na frase proposta: Nós iremos àquele lugar.

7 CASOS EM QUE SEMPRE OCORRE CRASE


 Locuções adverbiais femininas que indicam tempo (Ex.: O rapaz veio à tarde), lugar
(Ex.: Vire à esquerda) e modo (Ex.: O mecânico consertou o carro às pressas).
Observação: entre as locuções adverbiais de tempo, incluem-se as expressões que indicam
horas. Ex.: Às nove e meia ele chegou.

 Locuções prepositivas (à + palavra feminina + de): à espera de, à procura de, à moda de
etc.
A locução à moda de pode estar parcialmente subentendida na frase. Mesmo assim,
continua exigindo crase.
Ex.: O jogador fez um gol à Pelé (à moda de Pelé).

 Locuções conjuntivas (à + palavra feminina + que): à medida que, à proporção que etc.

8 CASOS EM QUE A CRASE É FACULTATIVA


Para que o emprego do sinal de crase seja facultativo, é necessário que o artigo a
seja facultativo, ou a preposição a seja facultativa.
 Antes de pronomes possessivos femininos (porque antes desse tipo de pronome o artigo
é facultativo).

 Antes de nomes de mulheres (porque antes desse tipo de palavra o artigo é facultativo).
10

9 USO DE HÁ E A, NA INDICAÇÃO DE TEMPO


 Há: indica tempo passado. Equivale a “faz”.
Ex.: Jair partiu há (faz) dois dias.

 A: indica tempo futuro.


Ex.: Jair partirá daqui a dois dias.

Vale lembrar que a forma verbal “há” também se refere ao verbo haver. Nesse caso,
não há plural para ela.
Ex.: Há dez alunos aqui.
11

CONCORDÂNCIA NOMINAL

Concordância é o princípio sintático segundo o qual, na frase, as palavras


determinantes se adaptam às palavras das quais dependem. Há, em gramática:
a) Concordância nominal.
b) Concordância verbal.

1 CONCEITO DE CONCORDÂNCIA NOMINAL


Concordância nominal é o princípio de acordo com o qual toda palavra variável
referente ao substantivo deve se flexionar (alterar a forma) para se adaptar a ele.
Vejamos as principais regras de concordância nominal.

2 REGRA GERAL
Toda palavra variável que se refere ao substantivo concorda com ele em gênero
(masculino/feminino) e número (singular/plural).

As nossas duas amigas italianas nos visitarão em dezembro.


Artigo
(fem./pl.) numeral adjetivo
(fem./pl.) (fem./pl.)
Pronome
Substantivo
(fem./pl.)
(fem./pl.)

3 CONCORDÂNCIA DO ADJETIVO COM MAIS DE UM SUBSTANTIVO


A concordância de um só adjetivo com mais de um substantivo é influenciada por três
fatores:
 A posição do adjetivo: antes ou depois dos substantivos.

 O gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural) dos substantivos com os


quais o adjetivo concorda;

 A função sintática do adjetivo: adjunto adnominal ou predicativo.

Levando em conta esses aspectos, as possibilidades de concordância são as


seguintes:
12

a) Quando o adjetivo vem após substantivos de mesmo gênero.


(Forma geral: substantivo + substantivo + adjetivo)

FUNÇÃO CONCORDÂNCIA DO Exemplos


SINTÁTICA ADJETIVO

Adjunto Só com o último substantivo ou Só usa terno e carro novo.


Adnominal no plural. subst. subst. adj.
Só usa terno e carro novos.
subst. subst. adj.
Predicativo Sempre no plural O terno e o carro são novos.
subst. subst. adj.

b) Quando o adjetivo vem após substantivos de gêneros diferentes.


(Forma geral: substantivo + substantivo + adjetivo)
FUNÇÃO CONCORDÂNCIA DO Exemplos
SINTÁTICA ADJETIVO

Adjunto Só com o último substantivo ou Só usa carro e roupa nova.


Adnominal no masculino plural. Só usa carro e roupa novos.

Predicativo Sempre no masculino plural O carro e a roupa são novos.

c) Quando o adjetivo vem antes de vários substantivos (forma geral: adjetivo + substantivo
+ substantivo )
FUNÇÃO CONCORDÂNCIA DO Exemplos
SINTÁTICA ADJETIVO

Adjunto Sempre com o primeiro Ele tem bom plano e ideias.


adnominal substantivo
Ele tem boas ideias e planos.

Predicativo Com o primeiro substantivo


ou no plural (prevalecendo o Estava vazia a casa e o quintal.
masculino se os gêneros Estavam vazios a casa e o quintal.
forem diferentes)
Julguei boa a proposta e o plano.
Julguei bons a proposta e o plano.
13

4 CONCORDÂNCIA DAS PALAVRAS MEIO, BASTANTE, CARO, BARATO E


MESMO
A concordância dessas palavras depende da palavra à qual se referem. Assim:
a) Quando se referem a substantivo, concordam com ele.

Tomamos duas meias garrafas de vinho.


substantivo

Você sempre teve bastantes amigos leais.


substantivo

As alunas mesmas montaram a peça de teatro.


substantivo

b) Quando se referem a adjetivo ou a verbo, funcionam como advérbio; por isso, são
invariáveis.

Eles estavam meio preocupados.


adjetivo
As crianças estavam bastante cansadas.
adjetivo

As alunas montaram mesmo a peça de teatro.


verbo

5 CONCORDÂNCIA DAS PALAVRAS ANEXO, OBRIGADO, PRÓPRIO, QUITE,


LESO, INCLUSO E SÓ
a) Anexo, obrigado, próprio, quite, leso e incluso  estabelecem concordância normal com
o substantivo ou o pronome a que se referem.

As fotocópias seguirão anexas à carta.

O recibo seguirá anexo à carta.

O diretor me disse: “Muito obrigado.”


Ela me disse: “Muito obrigada.”

Observação: Algumas gramáticas registram a expressão invariável “em anexo”. Assim: As


fotocópias seguirão em anexo à carta.

b) Só  essa palavra estabelece concordância assim:


I. Vai para o plural quando equivale a sozinhos ou sozinhas.
Ex.: As crianças queriam ficar sós no quintal. (sós = sozinhas)
14

II. Fica no singular quando equivale a apenas/somente.


Ex.: As crianças queriam ficar só no quintal. (só = apenas)

Observação: A expressão a sós é invariável.


Ex.: Ela queria ficar a sós.

6 CONCORDÂNCIA DAS EXPRESSÕES É BOM, É PROIBIDO E É NECESSÁRIO


A concordância dos adjetivos (bom, proibido, necessário) dessas expressões com
substantivo que as acompanha se faz assim:
a) Se o substantivo é precedido de artigo ou pronome, o adjetivo concorda com o
substantivo.

É proibida a entrada de estranhos.


Art. Subst.

É necessária muita paciência para te suportar.


Pron. Subst.
Esta água mineral é boa para a saúde.
Pron. subst.

b) Não precedido de artigo, nem de pronome, o adjetivo não varia.

É proibido entrada de estranhos.


Subst.- sem artigo nem pronome

É necessário paciência para te suportar.


Subst.- sem artigo nem pronome
Água mineral é bom para a saúde.
Subst.- sem artigo nem pronome

7 SUBSTANTIVOS ANTEPOSTOS A VÁRIOS ADJETIVOS ADMITEM TRÊS


CONSTRUÇÕES
a) Estudo as literaturas portuguesa e brasileira (Artigo e substantivo no plural + adjetivos
no singular).

b) Estudo a literatura portuguesa e a brasileira (Artigo e substantivo no singular; primeiro


adjetivo no singular; segundo adjetivo no singular, precedido de artigo também no
singular).

c) Estudo a literatura portuguesa e brasileira. (artigo e substantivo no singular; todos os


adjetivos seguintes no singular).
15

8 FLEXÃO DOS ADJETIVOS COMPOSTOS


Somente o último elemento do adjetivo composto recebe flexão, tanto de gênero,
quanto de número.
- tratados franco-luso-brasileiros
- mesas médico-cirúrgicas
- guerras greco-romanas.

Exceção: surdo-mudo (os dois elementos devem ser flexionados) – surdos-mudos; surdas-
mudas.

9 PALAVRAS QUE INDICAM COR


a) Se a palavra que indica cor é adjetivo, deve concordar em gênero e número com o
substantivo a que se refere.
- olhos vermelhos;
- nuvens negras;
- frutas verdes.

b) Se a palavra que indica cor é substantivo, permanece invariável.


- gravatas cinza;
- sapatos creme.

c) Se o adjetivo composto indica cor, somente o último elemento é flexionado.


- olhos verde-claros;
- saias azul-escuras.

d) Se o segundo elemento do adjetivo composto for um substantivo, fica invariável.


- cortinas verde-esmeralda;
- saias azul-piscina.

e) Os adjetivos compostos azul-marinho, azul-celeste e verde-gaio são invariáveis.


16

CONCORDÂNCIA VERBAL
Na modalidade culta da língua portuguesa, a relação que se estabelece entre o
sujeito e o verbo da oração vem formalmente marcada pela concordância verbal. Seguem
alguns casos.

1 SUJEITO COMPOSTO ANTEPOSTO


a) O verbo vai para o plural
Ex.: A mão de obra e o material SUBIRAM de preço (subiu - subiram).
- “a mão de obra e o material” = sujeito composto antes do verbo.

b) Quando os núcleos vierem resumidos por tudo, nada, alguém, ninguém, cada um, o
verbo fica no singular.
Ex.: O horário, o clima, o local, nada FAVORECIA sua melhora (favorecia - favoreciam).
- “nada” = resume os núcleos do sujeito “horário”, “clima”, “local”.

2 SUJEITO COMPOSTO POSPOSTO


Quando o sujeito composto vier posposto, o verbo vai para o plural ou concorda
com o núcleo mais próximo.
Ex.: VEIO ou VIERAM o menino e a menina (veio - vieram).
- “o menino e a menina” = sujeito composto posposto (após) ao verbo.

3 SUJEITO COMPOSTO DE PESSOAS GRAMATICAIS DIFERENTES


Quando o sujeito for composto de pessoas gramaticais diferentes, o verbo vai para o
plural na pessoa gramatical de número mais baixo. Exemplos:
a) Eu, tu e ele SAIREMOS agora (sairemos - sairão).
- “eu, tu e ele” = sujeito. Pessoa gramatical de número mais baixo = eu; plural = nós.

b) Eu e tu SAIREMOS agora (sairemos - saireis).


- “eu e tu ” = sujeito. Pessoa gramatical de número mais baixo = eu; plural = nós.

c) Tu e ele SAIREIS agora (saireis - sairão).


- “tu e ele” = sujeito. Pessoa gramatical de número mais baixo = tu; plural = vós.

d) Eu e ele SAIREMOS agora (sairemos - sairão).


- “eu e ele” = sujeito. Pessoa gramatical de número mais baixo = eu; plural = nós.

4 VERBOS DAR, BATER E SOAR


Os verbos dar, bater e soar concordam com o sujeito da oração. Exemplos:
a) DEU uma hora (deu - deram).
- “uma hora” = sujeito.

b) SOARAM duas horas (soou - soaram).


- “duas horas” = sujeito.
17

c) O relógio BATEU cinco horas (bateu - bateram).


- “o relógio” = sujeito.

5 SUJEITO: EXPRESSÕES COMO “GRANDE PARTE DE..., A MAIORIA DE ...


ETC
Quando o sujeito for constituído de uma das expressões acima, o verbo fica no
singular ou vai para o plural.
Ex.: A maior parte dos recursos se ESGOTOU ou ESGOTARAM (esgotou - esgotaram).
- “a maior parte dos recursos” = sujeito.

6 SUJEITO FORMADO POR NOMES PRÓPRIOS QUE SÓ TÊM PLURAL


a) Se tais nomes não vierem precedidos de artigo, o verbo fica no singular.
Ex.: Vassouras FICA no Estado do Rio (fica - ficam).
- “Vassouras” = sujeito.

b) Se tais nomes vierem precedidos de artigo, o verbo concorda com o artigo.


Ex.: Os Andes PERCORREM a América do Sul (percorre - percorrem).
- “Os Andes” = sujeito.

c) Se tais nomes próprios forem títulos de obras, pode ocorrer singular ou plural.
Ex.: “Os sertões” GLORIFICOU ou GLORIFICARAM nossa literatura (glorificou -
glorificaram).
- “Os sertões” = sujeito.

7 SUJEITO CONSTITUÍDO PELO PRONOME RELATIVO QUE


Quando o sujeito for constituído pelo pronome relativo que, o verbo concorda com
o antecedente desse pronome. Exemplos:
a) Fui eu que PROMETI (prometi - prometeu).
- “(eu) que” = sujeito.

b) Foram eles que PROMETERAM (prometeu – prometeram).


- “(eles) que” = sujeito.

8 SUJEITO CONSTITUÍDO PELO PRONOME RELATIVO QUEM


Quando o sujeito for constituído pelo pronome relativo quem, o verbo fica na
terceira pessoa do singular ou concorda com o antecedente. Exemplos:
a) Fui eu quem PROMETI ou PROMETEU (prometi - prometeu).
- “(eu) quem” = sujeito.

b) Foste tu quem PROMETESTE ou PROMETEU (prometeste – prometeu).


- “(tu) quem” = sujeito.
18

c) Fomos nós quem PROMETEMOS ou PROMETEU (prometemos – prometeu)


- “(nós) quem” = sujeito.

9 SUJEITO CONSTITUÍDO POR PRONOMES DE TRATAMENTO


Quando o sujeito é constituído por pronome de tratamento, o verbo sempre vai para
a terceira pessoa (singular ou plural). Exemplos:
a) Vossas Excelências FORAM à festa (fostes - foram).
- “Vossas Excelências” = sujeito.

b) Vossa Alteza PASSA bem? (passais – passa).


- “Vossa Alteza” = sujeito.

10 EXPRESSÕES MAIS DE/MENOS DE


Nas expressões mais de/menos de, o verbo concorda com o numeral que segue.
Exemplos:
a) Mais de um aluno SAIU (saiu - saíram).
- “mais de um” = sujeito.

b) Mais de dois alunos SAÍRAM (saiu - saíram).


- “mais de dois” = sujeito.

11 VERBOS IMPESSOAIS
Os verbos impessoais ficam sempre na terceira pessoa do singular. Exemplos:
a) HAVERÁ sóis mais brilhantes (haverá - haverão).
- sujeito inexistente.

b) FARÁ invernos menos rigorosos (fará - farão).


- sujeito inexistente.

Obs.: principais verbos impessoais – haver (no sentido de existir); ser, estar e fazer
(na indicação de tempo), chover e demais verbos que indicam fenômeno da natureza.

12 SUJEITO LIGADO POR “OU”


a) O verbo irá para o plural quando o fato expresso por ele abranger todos os núcleos.
Ex.: O fumo ou o álcool PREJUDICAM a saúde. (prejudica – prejudicam).
- “o fumo ou o álcool” = sujeito.

b) O verbo ficará no singular quando houver ideia de exclusão.


Ex.: Você ou ele SERÁ o orador da turma. (será – serão).
- “você ou ele” = sujeito.
19

13 CONCORDÂNCIA COM A PALAVRA “SE”


a) Quando o “se” é índice de indeterminação do sujeito, o verbo fica na 3ª. pessoa do
singular. Isso ocorre quando a partícula “se” acompanha verbos intransitivos, transitivos
indiretos ou de ligação.
Ex.: Trabalha-se pouco durante o Carnaval. - sujeito indeterminado.

b) Quando o “se” é pronome apassivador, o verbo concorda com o sujeito. Isso ocorre com
verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos.
Exs.: Comentou-se esse caso.
- “esse caso” = sujeito.

Entregaram-se os prêmios aos vencedores.


- “os prêmios” = sujeito.

14 CONCORDÂNCIA DA EXPRESSÃO HAJA VISTA.


Há algumas possibilidades de concordância. Recomenda-se, porém, manter a
expressão invariável.
Ex.: Haja vista sua atitude, a festa foi cancelada.
20

CONCORDÂNCIA DO VERBO SER

1 NA DETERMINAÇÃO DE DATA, HORAS E DISTÂNCIAS, EMBORA SEJA


IMPESSOAL, O VERBO “SER” CONCORDA COM A EXPRESSÃO A QUE SE
REFERE.
a) Hoje SÃO 16 de janeiro.
A forma verbal “são” concorda com “16”.
Nesse caso, também pode haver concordância com o termo “dia”, que está implícito. Daí:
Hoje É (dia) 16 de janeiro.

b) É meio-dia.
A forma verbal “é” concorda com “meio-dia”.

c) SÃO dezesseis horas.


A forma verbal “são” concorda com “dezesseis”.

d) Daqui ao centro SÃO onze quilômetros.


A forma verbal “são” concorda com “onze”.

2 HAVENDO SUJEITO E PREDICADO, O VERBO “SER” CONCORDA COM


CERTAS PALAVRAS QUE PREVALECEM SOBRE OUTRAS.

ENTRE PREVALECE EXEMPLOS


PESSOA COISA PESSOA O mundo são os homens.

NOME PRÓPRIO NOME NOME Ayrton Senna era as alegrias


COMUM PRÓPRIO de domingo.
PLURAL SINGULAR PLURAL A roupa de Sofia eram trapos.
PRONOME RETO QUALQUER PRONOME Agora o líder és tu.
PALAVRA RETO

3 QUANDO O SUJEITO É UMA EXPRESSÃO NUMÉRICA, O VERBO “SER”


FICA NO SINGULAR.
a) Para conhecer a Europa, três meses É pouco.
- “três meses” = sujeito.

b) Dois mil reais mensais É suficiente para um casal.


- “dois mil reais mensais” = sujeito.

c) Oito anos É muito tempo.


- “oito anos” = sujeito.
21

4 QUANDO O SUJEITO É REPRESENTADO PELOS PRONOMES TUDO, ISSO,


ISTO OU AQUILO, O VERBO “SER” PODE CONCORDAR COM O SUJEITO OU
COM O PREDICATIVO.
a) Tudo ERA ou ERAM suposições.
- “tudo” = sujeito.

b) Aquilo É ou SÃO águas passadas.


- “aquilo” = sujeito.

5 O VERBO “SER” CONCORDA COM O PREDICATIVO NO SINGULAR


QUANDO O SUJEITO NO PLURAL, SEM DETERMINANTE, INDICA UMA
CLASSE GERAL DE SERES, E NÃO UM SER DENTRE DA CLASSE.
a) Panelas vazias É sinal de fome.
- “panelas vazias” = sujeito.

b) Lágrimas falsas É um veneno.


- “lágrimas falsas” = sujeito.

6 NAS FRASES EM QUE OCORRE A LOCUÇÃO “É QUE”, O VERBO “SER”


CONCORDA COM O SUBSTANTIVO OU PRONOME ANTECEDENTE, JÁ QUE
ELES SÃO O SUJEITO DA ORAÇÃO.
a) Nós é que SOMOS os responsáveis pelos menores.
- “nós” = sujeito.

b) Os efeitos é que FORAM diversos.


- “os efeitos” = sujeito.
22

COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Os pronomes oblíquos átonos me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, lhes, os, as podem ser
colocados de três maneiras diferentes numa oração: antes do verbo, no interior do verbo e
depois do verbo. Essas três colocações se chamam respectivamente:

PRONOME ANTES DO VERBO


PRÓCLISE Ex.: Não lhe peço mais nada a partir de
hoje.
MESÓCLISE PRONOME NO MEIO DO VERBO
Ex.: Pedir-lhe-ei um favor.
ÊNCLISE PRONOME DEPOIS DO VERBO
Ex.: Pedi-lhe um favor.

USO DA PRÓCLISE

Usa-se a próclise quando houver uma palavra atrativa. Funcionam como palavra
atrativa:

1 ADVÉRBIOS NÃO SEGUIDOS DE VÍRGULA: ONTEM, TALVEZ, AQUI ETC.


Exemplo: Aqui se vive bem.
aqui = advérbio não seguido de vírgula.
se = pronome.

MAS, havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise:


Exemplo: Aqui, vive-se bem.
aqui = advérbio seguido de vírgula.
se = pronome.

2 PRONOMES INDEFINIDOS: TUDO, ALGUÉM, QUALQUER ETC.


Exemplo: Todos se entreolharam.
todos = pronome indefinido.
se = pronome.

3 PRONOMES DEMONSTRATIVOS: ESTE, ESSA, AQUILO ETC.


Exemplo: Aquele homem nos disse a verdade.
aquele = pronome demonstrativo.
nos = pronome.
23

4 PRONOMES RELATIVOS: QUE, QUEM, ONDE ETC.


Exemplo: O menino que te deu o lápis saiu.
que = pronome relativo. te = pronome.

5 CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS ADVERBIAIS


Exemplo: Quando me vesti, ele já havia saído.
quando = conjunção subordinativa adverbial.
me = pronome.

6 PRONOMES RELATIVOS
Exemplo: Falei com o professor que me entregou o prêmio.
que = pronome relativo.
me = pronome.

7 CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS INTEGRANTES


Exemplo: Espero que você se dê bem.
que = conjunção subordinativa integrante.
se = pronome.

Também se usa a próclise nos seguintes casos:

1 Orações interrogativas (diretas ou indiretas) iniciadas por pronomes ou advérbios


interrogativos.
Observações:
a) Os pronomes interrogativos são: qual, quais, quanto, quanta, quantos, quantas, que e
quem.
b) Os advérbios interrogativos são: por que, onde, como e quando.
Exemplos:
- Que me dizes, mestre Antônio? (interrogativa direta).
que = pronome interrogativo.
me = pronome.

- Conte a todos como você o conheceu. (interrogativa indireta).


como = pronome interrogativo.
o = pronome.

2 ORAÇÕES OPTATIVAS (QUE EXPRIMEM DESEJO) COM SUJEITO


ANTEPOSTO AO VERBO
Exemplos:
- Deus te acompanhe!
oração optativa.
te = pronome.
24

- Bons ventos o levem!


oração optativa.
o = pronome.

3 VERBOS NO GERÚNDIO PRECEDIDOS DA PREPOSIÇÃO EM


Exemplo: Em se pensando em férias, o Guarujá é um lugar excelente.
verbo no gerúndio (“pensando”) precedido da preposição “em”.
se = pronome.

4 VERBOS NO INFINITIVO PESSOAL (FLEXIONADO OU NÃO) PRECEDIDOS


DE PREPOSIÇÃO
Exemplos:
- Seus intentos são para nos prejudicar.
verbo no infinitivo pessoal (“prejudicar”) precedido da preposição “para”.
nos = pronome.

- Vocês serão castigados por me faltarem ao respeito.


verbo no infinitivo pessoal (“faltarem”) precedido da preposição “por”.
me – pronome.

5 ORAÇÕES INICIADAS POR PALAVRAS EXCLAMATIVAS


Exemplos:
- Oh, como me lembro da minha infância!
oração iniciada por palavra exclamativa.
me = pronome.

- Quanto nos custa abdicar de uma ilusão!


oração iniciada por palavra exclamativa.
nos = pronome.

6 ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS ALTERNATIVAS


Exemplo: Ora dança, ora se põe a cantar.
oração coordenada sindética alternativa.
se – pronome.

USO DA MESÓCLISE

Usa-se a mesóclise com verbos no futuro do presente e no futuro do pretérito, desde


que não haja palavra que exija a próclise.
Exemplo: Enviar-te-ei um belo presente.
enviarei – verbo no futuro do presente. te - pronome.
25

Se houver palavra atrativa, a próclise prevalece sobre a mesóclise:


Exemplo: Não te enviarei um belo presente.
não – palavra atrativa. enviarei – verbo no futuro do presente.
te – pronome.

USO DA ÊNCLISE

Usa-se a ênclise quando não se observar nenhuma das regras referentes à próclise
nem à mesóclise.

Observação: embora não seja regra, há uma tendência a empregar a próclise quando, antes
do verbo, há um pronome pessoal.
Exemplo: Eu lhe mostrarei o que fazer.
eu – pronome pessoal.
lhe – pronome oblíquo.

ÊNCLISE DOS PRONOMES O, A, OS, AS

Os pronomes oblíquos o, a, os, as, quando aparecem em ênclise, podem sofrer


alterações de forma, dependendo da terminação do verbo.
a) Forma verbal terminada em vogal: os pronomes o, a, os, as não se modificam.
Exemplo: Ajudei-os com as compras.

b) Forma verbal terminada em r, s ou z: o vero perde a terminação (r, s ou z) e o pronome


assume a forma lo(s)/la(s).
Exemplos: vender + o = vendê-lo; refez + as = refê-las; demos + a = demo-la.
A alteração acima vale também para mesóclise.
Exemplo: venderei + o = vendê-lo-ei.

c) Forma verbal terminada em som nasal (-am, -em, -õe, ão): o pronome assume a forma
na(s)/no(s).
Exemplos: viram + o = viram-no; fazem + as = fazem-nas; dão + os = dão-nos.

Observação: as formas verbais terminadas em -mos perdem o s, quando o pronome é nos.


Exemplo: encontramos + nos = encontramo-nos

PRONOME OBLÍQUO ÁTONO NAS LOCUÇÕES VERBAIS

1 VERBO PRINCIPAL NO INFINITIVO OU NO GERÚNDIO


a) Sem palavra que exija a próclise: coloca-se o pronome oblíquo no meio (ligado ou não
por hífen) ou depois da locução. Assim:
Devo-lhe dizer algumas palavras.
26

Devo lhe dizer algumas palavras.


Devo dizer-lhe algumas palavras.
Vinham-me acompanhando duas pessoas.
Vinham me acompanhando duas pessoas.
Vinham acompanhando-me duas pessoas.

b) Com palavra que exija a próclise: coloca-se o pronome oblíquo antes, no meio (ligado
ou não por hífen) ou depois da locução. Assim:
Não lhe devo mandar o livro hoje.
Não devo-lhe mandar o livro hoje.
Não devo lhe mandar o livro hoje.
Não devo mandar-lhe o livro hoje.
Todos nos estavam esperando.
Todos estavam-nos esperando.
Todos estavam nos esperando.
Todos estavam esperando-nos.

2 VERBO PRINCIPAL NO PARTICÍPIO


a) Sem palavra que exija a próclise: coloca-se o pronome oblíquo no meio da locução
(ligado ou não por hífen). Assim:
O fato tem-me desagradado.
O fato tem me desagradado.

b) Com palavra que exija a próclise: coloca-se o pronome oblíquo antes ou no meio da
locução (ligada ou não ligado por hífen). Assim:
Não me haviam convidado para a festa.
Não haviam me convidado para a festa.
Não haviam-me convidado para a festa.
27

PONTUAÇÃO

Define-se pontuação como o sistema de sinais gráficos, destinados a indicar, na


escrita, pausa realizada na linguagem oral. Podemos dividir os sinais de pontuação em dois
grandes grupos:
a) Sinais para pausas conclusivas: ponto, ponto-e-vírgula, interrogação e exclamação.

b) Sinais para pausas inconclusivas: vírgula, dois-pontos, parênteses, reticências, aspas e


travessão.

VÍRGULA

A vírgula é um sinal de pontuação que indica falta ou quebra de ligação sintática


(regente + regido; determinado + determinante) no interior das frases. Assim, usa-se vírgula
para:

1 SEPARAR TERMOS DE MESMA FUNÇÃO SINTÁTICA


Exemplos:
a) As casas, as ruas, as praças, os bares estavam desertos.
sujeito

b) Ele morou em Santos, Brasília, Porto Alegre.


adjunto adverbial

ATENÇÃO: não se devem usar vírgulas se os termos de mesma função vierem


relacionados pelas conjunções nem e ou, a menos que tais conjunções estejam repetidas.
Exemplos:
a)Você ou seus pais devem comparecer à diretoria da escola amanhã. (conjunção ou não
repetida).

b) Ou você, ou seus pais devem comparecer à diretoria da escola amanhã. (conjunção ou


repetida).

2 ISOLAR O APOSTO
Exemplo: Natal, capital do Rio Grande do Norte, é uma linda cidade.
aposto

3 ISOLAR O VOCATIVO
Exemplo: Venha até aqui, rapaz.
vocativo
28

4 ISOLAR ADJUNTOS ADVERBIAIS DESLOCADOS


Na frase abaixo, o adjunto adverbial está em sua posição normal (depois do verbo);
por isso, não se pode isolá-lo por vírgulas.
Exemplo: Raul lia o relatório com muita calma.
adjunto adverbial

Se o adjunto adverbial for deslocado para qualquer outra posição da frase, será
necessário isolá-lo por vírgula (ou vírgulas)
Exemplos:
a) Raul, com muita calma, lia o relatório.
adjunto adverbial

b) Com muita calma, Raul lia o relatório.


adjunto adverbial

5 INDICAR ELIPSE DO VERBO


Diz-se que o verbo está em elipse quando ele, por ser facilmente identificável no
texto, deixa de ser escrito.
Exemplo: Eles partirão hoje; nós, amanhã. (a vírgula indica a elipse do verbo partir)

6 ISOLAR NOMES DE LUGARES, QUANDO SE TRANSCREVEM DATAS


Exemplo: Santos, 18 de janeiro de 2001.

7 ISOLAR EXPRESSÕES EXPLICATIVAS: ISTO É, OU MELHOR, QUER DIZER


ETC
Exemplo: A polícia prendeu todos, isto é, pai e filhos.
expressão explicativa

8 ISOLAR CONJUNÇÕES INTERCALADAS.


Exemplo: Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.
conjunção intercalada

9 SEPARAR ORAÇÕES COORDENADAS ASSINDÉTICAS


Exemplo: Fala, canta, dança, não para quieto.
orações coordenadas assindéticas

10 SEPARAR ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS ADVERSATIVAS,


CONCLUSIVAS E EXPLICATIVAS.
Exemplo: Fui à festa, mas não me diverti.
oração coordenada sindética adversativa
29

11 CONJUNÇÃO E
Quando as orações são ligadas pela conjunção e, normalmente não utilizamos
vírgula Não obstante, colocamos vírgula antes da conjunção e, quando:
I. As orações têm sujeitos diferentes.
Exemplo: A noite caía, e o baile começou. (sujeito de “caía” = a noite; sujeito de
“começou” = o baile).

II. O e é puramente enfático (polissíndeto).


Exemplo: E suspira, e geme, e sofre, e sua.

III. O e tem valor de mas (adversativa).


Exemplo: Estudou, e foi reprovado.

12 SEPARAR A ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA EXPLICATIVA DA


ORAÇÃO PRINCIPAL
Exemplo: A cidade, que ficava perto do rio, foi inundada.
oração subordinada adjetiva explicativa

13 SEPARAR ORAÇÕES ADVERBIAIS (DESENVOLVIDAS OU REDUZIDAS),


PRINCIPALMENTE QUANDO ANTEPOSTAS À ORAÇÃO PRINCIPAL OU
INTERCALADAS NO PERÍODO.
Exemplos:
- Embora chovesse, fomos à praia.
oração subordinada adverbial concessiva

- Naquele tempo, como dissemos, éramos mais felizes.


oração subordinada adverbial conformativa

- Ao regressar à vila, fiquei muito feliz.


oração subordinada adverbial temporal, reduzida de infinitivo

ATENÇÃO: não separe sujeito de predicado por meio da vírgula.


Exemplo
Jair e eu [sentimos saudade de nossa terra natal]. – O uso da vírgula seria impossível.
Sujeito Predicado
30

PONTO-E-VÍRGULA

Usa-se o ponto-e-vírgula para:

1 SEPARAR ITENS DE UMA ENUMERAÇÃO (PORTARIA, DECRETO,


REGULAMENTE ETC).
Exemplos:
 No encontro sobre O Ensino de Língua Portuguesa, serão discutidas as seguintes
propostas:
a) como levar o aluno a entender o texto;
b) como abordar a gramática no texto;
c) como trabalhar com a elaboração de textos.

 Compramos três filhotes de pastor alemão: o primeiro, macho, de capa preta; o segundo,
também macho, predominantemente marrom; o terceiro, uma fêmea, brincalhona e de
olhinhos carentes.

2 SEPARA ORAÇÕES DE SENTIDO COMPLETO


Ex.: Estou dormindo no antigo quarto de meus pais; as duas janelas dão para o terreno onde
fica um imenso pé de fruta-pão.

DOIS-PONTOS

Usam-se dois-pontos para:

1 ANUNCIAR UMA CITAÇÃO


Exemplo: Lembrando um verso de Manuel Bandeira: “A vida inteira que podia ter sido e
que não foi.”

2 ANUNCIAR A FALA DE ALGUÉM


Exemplo: Vera disse:
– Vou sair.

3 ANUNCIAR UMA ENUMERAÇÃO


Exemplo: Os amigos são poucos: Paulo, Renato e José.

4 ANUNCIAR UM ESCLARECIMENTO OU EXPLICAÇÃO


Exemplo: O desejo da maioria dos brasileiros é um só: ter melhores condições de vida.
31

5 ABRIR CORRESPONDÊNCIAS
Exemplo: Prezado amigo:

ASPAS

Usam-se as aspas para:

1 INDICAR UMA CITAÇÃO


Exemplo: Em seu livro sobre o emprego da vírgula, Celso Luft afirma que “pontuar bem é
ter visão clara da estrutura do pensamento e da frase. Pontuar bem é governar as rédeas da
frase. Pontuar bem é ter ordem no pensamento e na expressão”.

2 INDICAR PALAVRAS OU EXPRESSÕES QUE SÃO, DE ALGUMA FORMA,


ESTRANHAS À LÍNGUA: PALAVRAS ESTRANGEIRAS, PALAVRAS
INVENTADAS (NEOLOGISMOS), GÍRIAS.
Exemplo: Tem gente que passa horas e horas “surfando” na “internet”. (Obs.: quando
estamos digitando, podemos colocar essas palavras em itálico).

3 MARCAR IRONIA
Exemplo: Hoje o Ricardo, aquele “gênio”, interrompeu várias vezes a aula de Literatura
com mais um de seus comentários absurdos.

RETICÊNCIAS

Usam-se as reticências para:

1 INDICAR HESITAÇÃO, INTERRUPÇÃO OU SUSPENSÃO DE UM


PENSAMENTO OU IDEIA QUE FICA A CARGO DE O LEITOR COMPLETAR
Exemplo: De quando em quando, olhava furtivamente para o espelho: a imagem era a
mesma difusão de linhas, a mesma decomposição de contornos ... Continuei a vestir-me.
Subitamente, por uma inspiração inexplicável, por um impulso sem cálculo, lembrou-me ...
Se forem capazes de adivinhar qual foi minha ideia ... (Machado de Assis. O espelho)

2 INDICAR QUE DETERMINADO TRECHO DE UM TEXTO CITADO FOI


SUPRIMIDO, POR SER IRRELEVANTE PARA OS OBJETIVOS DE QUEM O
ESTÁ CITANDO. NESSE CASO, AS RETICÊNCIAS DEVEM VIR ENTRE
COLCHETES.
Exemplo: Como sistema de linguagem, a língua compreende uma organização de sons
vocais específicos, ou fonemas [...], com que se constroem as formas linguísticas. (J. M.
Câmara Jr. Dicionário de Linguística e Gramática)
32

PARÊNTESES

Usam-se os parênteses para intercalar, em algum momento do texto, observações,


explicações ou comentários acessórios.
Exemplo: Era um restaurante francês (tão francês que ficava na França) e perto da nossa
mesa almoçava, sozinho, um homem ruivo. (Luís Fernando Veríssimo. Novas comédias da
vida pública)
Observe que o conteúdo dos parênteses pode, geralmente, ser suprimido sem
prejuízo da ideia geral do texto, já que constitui informação acessória.

TRAVESSÃO

1 ISOLA PALAVRAS OU ENUNCIADOS INTERCALADOS EM OUTROS


ENUNCIADOS. NESSE CASO, USA-SE O TRAVESSÃO DUPLO
Ex.: “Naquele dia – uma segunda-feira do mês de maio –, deixei-me estar alguns instantes
na rua da Princesa, a ver onde iria brincar a manhã.” (Machado de Assis. A teoria do
medalhão).

2 ANUNCIA A FALA DO PERSONAGEM NO DISCURSO DIRETO

Ex.: Verônica disse:


– Vou sair.
33

VÍCIOS DE LINGUAGEM

Vícios de linguagem são desvios das normas gramaticais do idioma, ou seja,


desrespeito às regras da língua-padrão em virtude de desconhecimento ou má assimilação
dessas regras por parte de quem fala ou escreve. Seguem alguns deles.

1 BARBARISMO
É o emprego de palavras ou expressões estranhas ao idioma. Existem os seguintes
tipos de barbarismo:

a) Cacografia: má grafia ou flexão de uma palavra.


Exemplos: pobrema (em vez de problema);
excessão (em vez de exceção);
mendingo (em vez de mendigo);
mortandela (em vez de mortadela).
Os erros de separação silábica também se incluem na cacografia.
Exemplos: pá-ssa-ro (em vez de pás-sa-ro);
e-rra-do (em vez de er-ra-do).

b) Silabada: deslocamento do acento prosódico de uma palavra.


Exemplos: púdico (em vez de pudico);
íbero (em vez de ibero);
rúbrica (em vez de rubrica);
latex (em vez de látex).

c) Estrangeirismo: emprego de palavras pertencentes a línguas estrangeiras. De acordo


com a origem, recebem o nome de galicismo ou francesismo, anglicismo, italianismo,
germanismo, dentre outros. A rigor, o estrangeirismo ocorre quando se grafa uma palavra
como na língua de origem.
Exemplos: carnet (em vez de carnê);
shampoo (em vez de xampu);
démodé (em vez de fora de moda);
site (em vez de sítio).
Muitos vocábulos se adaptam à pronúncia e grafia do português, deixando de ser
estrangeirismos. É o que se chama de “aportuguesamento”.
Exemplos: beef – bife
club – clube
abat-jour – abajur.

2 SOLECISMO
Consiste em qualquer erro cometido contra as regras da sintaxe. O solecismo pode,
então, ser de:
a) Concordância.
Exemplo: Ainda falta cinco minutos para as oito. (em vez de faltam)
34

b) Regência.
Exemplo: Devemos obedecer os mais velhos. (em vez de aos mais velhos).

c) Colocação.
Exemplo: Darei-te todo o meu apoio. (em vez de dar-te-ei).

3 AMBIGUIDADE
Ocorre quando, por falta de clareza, há uma duplicidade do sentido da frase.
Exemplo: Peguei o ônibus correndo. – não se sabe quem corria, se o ônibus ou o falante.

4 CACÓFATO (CACOFONIA)
Consiste no som desagradável provocado pela junção de duas ou mais palavras na
cadeia da frase.
Exemplo: Na boca dela estava a marca da agressão que sofrera.

5 PLEONASMO (VICIOSO)
Consiste na repetição desnecessário de uma informação.
Exemplo: Ele é um bom ator. Na última peça ele fez um monólogo falando sozinho.

6 ECO
Ocorre quando há palavras na frase com terminações iguais ou semelhantes,
provocando dissonâncias.
Exemplo: Achávamos, desde a mocidade, que era preciso valorizar a maturidade.

7 COLISÃO
Consiste na sequência desagradável de fonemas consonantais idênticos.
Exemplo: Sem cessar, só sei sofrer por você.
35

Bibliografia
BECHARA, E. Lições de português pela análise sintática. 19 ed. São Paulo: Nova
Fronteira, 2014.

_____. Moderna gramática portuguesa. 38 ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2015.

CASTILHO, A. T. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2012.

CUNHA, C.; CINTRA, L. L. Nova gramática do português contemporâneo. 7 ed. Rio de


Janeiro: Lexikon, 2016.
KOCH, I.; SOUZA E SILVA, M. C. Linguística aplicada ao português: sintaxe. 16 ed.
São Paulo: Cortez, 2019.

MIOTO, C; FIGUEIREDO S. M.C; LOPES, R. Novo manual de sintaxe. Florianópolis:


Insular, 2004.

NEVES, M. H. M. Gramática de usos do português. São Paulo: Unesp, 2011.

VIEIRA, S. R; BRANDÃO, S. F. Ensino de gramática: Descrição e uso. 2 ed. São Paulo:


Contexto, 2013.

Você também pode gostar