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MATERIA DE APOIO DE
SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA II
2º. SEMESTRE
2023
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REGÊNCIA VERBAL
Há, sempre, dentro das orações, elementos regentes e elementos regidos. Chamamos
de regentes aos termos que pedem complementos e regidos aos termos que
complementam o sentido dos primeiros.
Assim:
REGENTES REGIDO
comprei uma casa
dependo de você
crer em Deus
insisto em lutar
1 AGRADAR
a) No sentido de satisfazer, contentar é transitivo indireto.
Ex.: “Suas palavras agradaram ao público que o ouvia”.
2 ASPIRAR
a) No sentido de respirar, sorver é transitivo direto.
Ex.: “Egas aspirava o perfume de seus cabelos”. (Herculano)
3 ASSISTIR
a) No sentido de ver, presenciar é transitivo indireto e rege a preposição a .
Ex.: “Algumas famílias, de longe, na calçada, assistiam ao espetáculo”. (A . M.)
5 CUSTAR
a) No sentido de ser custoso, difícil, tem como sujeito, o que é difícil, e, como objeto
indireto, a quem custa. Sendo o sujeito uma oração reduzida de infinitivo, pode vir com a
preposição a. Exemplos:
I. Custa-me crer na sua honestidade.
II. Custa-me a crer na sua honestidade.
Nota: é errado dar-se a pessoa como sujeito do verbo custar, nesse sentido. Assim: O rapaz
custou a entender a explicação. Corrija-se: Custou ao rapaz entender a explicação.
6 ESQUECER/LEMBRAR
Pode ser:
a) Transitivo direto.
Ex.: Esqueci o nome dela.
7 INFORMAR/AVISAR/NOTIFICAR
É transitivo direto e indireto, admitindo duas construções:
a) Se o referente for a pessoa, funciona como objeto direto, e o referente, a coisa, funciona
como objeto indireto (rege as preposições de, sobre).
Ex.: Informaram o aluno da (sobre) sua aprovação.
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b) Se o referente foi a coisa, funciona como objeto direto, e o referente, a pessoa, funciona
como objeto indireto (rege a preposição a).
Ex.: Informaram a aprovação ao aluno.
8 IMPLICAR
a) No sentido de acarretar, envolver é transitivo direto.
Ex.: A resolução do problema implica nova teoria.
9 NAMORAR
a) No sentido de galantear, cortejar, é transitivo direto.
Ex.: Paulo namora Maria há anos.
10 OBEDECER/DESOBEDECER
São verbos transitivos indiretos e regem a preposição a.
Ex.: “Desculpa, Tomásia, que eu devo obedecer ao meu amigo”.
12 PREFERIR
É transitivo direto e indireto. O objeto indireto aparece com a preposição a.
Ex.: “Prefere ser escravo a combater”.
Nota: o verbo preferir não admite qualquer expressão que indique intensidade (mais,
menos, muito, mil vezes), bem como a posposição de que ou do que.
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13 QUERER
a) No sentido de querer bem, gostar é transitivo indireto.
Ex.: Quero aos meus amigos muito bem.
14 SIMPATIZAR/ANTIPATIZAR
São verbos transitivos indiretos, regendo a preposição com.
Ex.: Simpatizo muito com suas ideias.
15 VISAR
a) No sentido de dirigir a pontaria, apontar arma de fogo, é transitivo direto.
Ex.: “Visei o alvo”.
Observações:
a) Onde e aonde.
O emprego da preposição a vai depender do termo regente. Normalmente, com
verbos que indicam movimento (chegar, ir, dirigir-se, dentre outros), emprega-se essa
preposição, enquanto que com os indicativos de estaticidade ela não aparece. Exemplos:
I. Aonde você vai?
II. Onde você esteve?
b) Não se deve dar um complemento comum a verbos de regências diferentes. Assim, não
se deve falar : “Assisti e gostei do jogo.”. O correto é: Assisti ao jogo e gostei dele.
Explica-se: assistir, no sentido de ver, é verbo transitivo indireto e rege preposição a; gostar
é verbo transitivo indireto e rege preposição de.
d) Não deve haver contração da preposição que precede o sujeito de um verbo no infinitivo.
Deve-se, portanto, evitar construções do tipo: “Está na hora da aula acabar.”; “Em virtude
dele estar doente, não foi à festa.”. O correto é:
Está na hora de a aula acabar.
Em virtude de ele estar doente, não foi à festa.
e) O pronome pessoal reto não se emprega com preposição e não pode ser complemento.
Assim, são incorretas as construções do tipo: “Sandra sentou-se entre eu e minha prima.”;
“Nada há entre tu e eu.”; “Não encontrei ela na festa.”. As formas corretas são:
Sandra sentou-se entre mim e minha prima.
Não há mais nada entre ti e mim.
Não a encontrei na festa.
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CRASE
Crase: nome dado à reunião, à fusão da preposição a com o artigo a(s) ou com os
pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo.
1 REGRA PRÁTICA
Troque a palavra feminina por uma masculina correspondente e observe o seguinte:
Se, antes da masculina, aparecer ao(s), coloque o sinal de crase antes da feminina.
Se, antes da masculina, aparecer apenas a(s) ou o(s), não coloque o sinal de crase antes
da feminina.
Antes de verbos .
Ex.: Todos começaram a correr.
Na frase anterior, porém, se o a for colocado no plural, passa a ocorrer crase, porque
voltamos à regra prática.
Ex.: Ele se dirigiu às pessoas estranhas.
aos homens estranhos
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Quando a palavra casa aparece com especificativo, ela admite artigo, por isso, nesse
caso, vai ocorrer crase se o antecedente exigir a preposição a.
Ex.: Ele se dirigiu à casa abandonada.
especificativo
b) Terra.
Essa palavra, usada com sentido oposto ao de água/mar, não admite artigo. Por isso,
nesse caso, não ocorre crase.
Ex.: Os náufragos chegaram de manhã a terra.
Se usada no sentido de terra natal/planeta, a palavra terra admite artigo, por isso,
ocorrerá crase se o termo regente exigir preposição a.
Ex.: Os soldados retornaram à terra em que nasceram.
Como apareceu ao antes do que, a frase dada fica: Esta estrada é paralela à que corta a
cidade.
Como apareceu ao qual, ocorre crase na frase proposta: Aquela é a casa à qual me
dirigi.
Locuções prepositivas (à + palavra feminina + de): à espera de, à procura de, à moda de
etc.
A locução à moda de pode estar parcialmente subentendida na frase. Mesmo assim,
continua exigindo crase.
Ex.: O jogador fez um gol à Pelé (à moda de Pelé).
Locuções conjuntivas (à + palavra feminina + que): à medida que, à proporção que etc.
Antes de nomes de mulheres (porque antes desse tipo de palavra o artigo é facultativo).
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Vale lembrar que a forma verbal “há” também se refere ao verbo haver. Nesse caso,
não há plural para ela.
Ex.: Há dez alunos aqui.
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CONCORDÂNCIA NOMINAL
2 REGRA GERAL
Toda palavra variável que se refere ao substantivo concorda com ele em gênero
(masculino/feminino) e número (singular/plural).
c) Quando o adjetivo vem antes de vários substantivos (forma geral: adjetivo + substantivo
+ substantivo )
FUNÇÃO CONCORDÂNCIA DO Exemplos
SINTÁTICA ADJETIVO
b) Quando se referem a adjetivo ou a verbo, funcionam como advérbio; por isso, são
invariáveis.
Exceção: surdo-mudo (os dois elementos devem ser flexionados) – surdos-mudos; surdas-
mudas.
CONCORDÂNCIA VERBAL
Na modalidade culta da língua portuguesa, a relação que se estabelece entre o
sujeito e o verbo da oração vem formalmente marcada pela concordância verbal. Seguem
alguns casos.
b) Quando os núcleos vierem resumidos por tudo, nada, alguém, ninguém, cada um, o
verbo fica no singular.
Ex.: O horário, o clima, o local, nada FAVORECIA sua melhora (favorecia - favoreciam).
- “nada” = resume os núcleos do sujeito “horário”, “clima”, “local”.
c) Se tais nomes próprios forem títulos de obras, pode ocorrer singular ou plural.
Ex.: “Os sertões” GLORIFICOU ou GLORIFICARAM nossa literatura (glorificou -
glorificaram).
- “Os sertões” = sujeito.
11 VERBOS IMPESSOAIS
Os verbos impessoais ficam sempre na terceira pessoa do singular. Exemplos:
a) HAVERÁ sóis mais brilhantes (haverá - haverão).
- sujeito inexistente.
Obs.: principais verbos impessoais – haver (no sentido de existir); ser, estar e fazer
(na indicação de tempo), chover e demais verbos que indicam fenômeno da natureza.
b) Quando o “se” é pronome apassivador, o verbo concorda com o sujeito. Isso ocorre com
verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos.
Exs.: Comentou-se esse caso.
- “esse caso” = sujeito.
b) É meio-dia.
A forma verbal “é” concorda com “meio-dia”.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Os pronomes oblíquos átonos me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, lhes, os, as podem ser
colocados de três maneiras diferentes numa oração: antes do verbo, no interior do verbo e
depois do verbo. Essas três colocações se chamam respectivamente:
USO DA PRÓCLISE
Usa-se a próclise quando houver uma palavra atrativa. Funcionam como palavra
atrativa:
6 PRONOMES RELATIVOS
Exemplo: Falei com o professor que me entregou o prêmio.
que = pronome relativo.
me = pronome.
USO DA MESÓCLISE
USO DA ÊNCLISE
Usa-se a ênclise quando não se observar nenhuma das regras referentes à próclise
nem à mesóclise.
Observação: embora não seja regra, há uma tendência a empregar a próclise quando, antes
do verbo, há um pronome pessoal.
Exemplo: Eu lhe mostrarei o que fazer.
eu – pronome pessoal.
lhe – pronome oblíquo.
c) Forma verbal terminada em som nasal (-am, -em, -õe, ão): o pronome assume a forma
na(s)/no(s).
Exemplos: viram + o = viram-no; fazem + as = fazem-nas; dão + os = dão-nos.
b) Com palavra que exija a próclise: coloca-se o pronome oblíquo antes, no meio (ligado
ou não por hífen) ou depois da locução. Assim:
Não lhe devo mandar o livro hoje.
Não devo-lhe mandar o livro hoje.
Não devo lhe mandar o livro hoje.
Não devo mandar-lhe o livro hoje.
Todos nos estavam esperando.
Todos estavam-nos esperando.
Todos estavam nos esperando.
Todos estavam esperando-nos.
b) Com palavra que exija a próclise: coloca-se o pronome oblíquo antes ou no meio da
locução (ligada ou não ligado por hífen). Assim:
Não me haviam convidado para a festa.
Não haviam me convidado para a festa.
Não haviam-me convidado para a festa.
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PONTUAÇÃO
VÍRGULA
2 ISOLAR O APOSTO
Exemplo: Natal, capital do Rio Grande do Norte, é uma linda cidade.
aposto
3 ISOLAR O VOCATIVO
Exemplo: Venha até aqui, rapaz.
vocativo
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Se o adjunto adverbial for deslocado para qualquer outra posição da frase, será
necessário isolá-lo por vírgula (ou vírgulas)
Exemplos:
a) Raul, com muita calma, lia o relatório.
adjunto adverbial
11 CONJUNÇÃO E
Quando as orações são ligadas pela conjunção e, normalmente não utilizamos
vírgula Não obstante, colocamos vírgula antes da conjunção e, quando:
I. As orações têm sujeitos diferentes.
Exemplo: A noite caía, e o baile começou. (sujeito de “caía” = a noite; sujeito de
“começou” = o baile).
PONTO-E-VÍRGULA
Compramos três filhotes de pastor alemão: o primeiro, macho, de capa preta; o segundo,
também macho, predominantemente marrom; o terceiro, uma fêmea, brincalhona e de
olhinhos carentes.
DOIS-PONTOS
5 ABRIR CORRESPONDÊNCIAS
Exemplo: Prezado amigo:
ASPAS
3 MARCAR IRONIA
Exemplo: Hoje o Ricardo, aquele “gênio”, interrompeu várias vezes a aula de Literatura
com mais um de seus comentários absurdos.
RETICÊNCIAS
PARÊNTESES
TRAVESSÃO
VÍCIOS DE LINGUAGEM
1 BARBARISMO
É o emprego de palavras ou expressões estranhas ao idioma. Existem os seguintes
tipos de barbarismo:
2 SOLECISMO
Consiste em qualquer erro cometido contra as regras da sintaxe. O solecismo pode,
então, ser de:
a) Concordância.
Exemplo: Ainda falta cinco minutos para as oito. (em vez de faltam)
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b) Regência.
Exemplo: Devemos obedecer os mais velhos. (em vez de aos mais velhos).
c) Colocação.
Exemplo: Darei-te todo o meu apoio. (em vez de dar-te-ei).
3 AMBIGUIDADE
Ocorre quando, por falta de clareza, há uma duplicidade do sentido da frase.
Exemplo: Peguei o ônibus correndo. – não se sabe quem corria, se o ônibus ou o falante.
4 CACÓFATO (CACOFONIA)
Consiste no som desagradável provocado pela junção de duas ou mais palavras na
cadeia da frase.
Exemplo: Na boca dela estava a marca da agressão que sofrera.
5 PLEONASMO (VICIOSO)
Consiste na repetição desnecessário de uma informação.
Exemplo: Ele é um bom ator. Na última peça ele fez um monólogo falando sozinho.
6 ECO
Ocorre quando há palavras na frase com terminações iguais ou semelhantes,
provocando dissonâncias.
Exemplo: Achávamos, desde a mocidade, que era preciso valorizar a maturidade.
7 COLISÃO
Consiste na sequência desagradável de fonemas consonantais idênticos.
Exemplo: Sem cessar, só sei sofrer por você.
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Bibliografia
BECHARA, E. Lições de português pela análise sintática. 19 ed. São Paulo: Nova
Fronteira, 2014.
_____. Moderna gramática portuguesa. 38 ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2015.