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Armando Cardoso
Turma T, Código-708223396
Docente:
Orlando Silvestre
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Nampula
Novembro
2022
Armando Cardoso
Código-708223396
Turma: T
Nampula
Novembro
2022
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Índice
Introdução ................................................................................................................................... 3
Objectivos ................................................................................................................................... 3
Geral ........................................................................................................................................ 3
Específicos .............................................................................................................................. 3
Metodologias .............................................................................................................................. 3
2. Conclusão ............................................................................................................................. 14
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Introdução
Não se pode negar a relação existente entre língua e sociedade e para analisá-la fez-se um
percurso que inicia com a análise entre língua e contexto sociocultural, passando pela relação
entre a língua e a posição social do falante e finalizando com a análise entre mudança
linguística e movimento de classe. No primeiro momento, argumenta-se que a língua ganha
significação a partir de seu contexto de produção e que o falante não fala por si só, sua fala
não é fundamentada em sua individualidade, mas em uma colectividade social, sendo que sua
fala é representante de um grupo social, por isso, quando há variações linguísticas, o valor
social é transplantado para a forma linguística, isso quer dizer que quando há duas formas
linguísticas a que é produzida por um grupo social de maior status, geralmente, tem maior
valor social.
Objectivos
Geral
Específicos
Metodologias
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1. Relação entre Língua e Sociedade
A relação entre língua e sociedade apresenta influência mútua, pois através da linguagem se
participa das relações sociais de poder e as mudanças na estrutura social são decorrentes da
dinâmica dessas relações. A língua não é um corpo autónomo capaz de determinar as relações
sociais, como também não é determinada pela estrutura social, mas há uma relação de
influências entre elas, por isso que pela análise linguística pode-se compreender elementos
importantes da estrutura social, como também pela análise das relações sociais pode-se
compreender muito dos processos linguísticos. A língua não está deslocada de um contexto
sociocultural, sua significação é decorrente de seu contexto de produção, sua força simbólica
se potencializa a partir da força do grupo social que a produz. A língua, assim como a
sociedade, não é um corpo estático, há transformações significativas no decorrer do processo
histórico, a mudança linguística não ocorre isolada do movimento de classe, muito embora ela
não seja determinada por ele, há uma relação entre a mudança linguística e o movimento de
classe, em que este só se completa quando ocorre a mudança linguística e, ao mesmo tempo,
ela é um reflexo do movimento de classe. Assim, não se pode negar a relação de influências
mútuas entre língua e sociedade.
1.1. Conceitos
1.1.1. Língua
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A língua existe na colectividade sob a forma duma soma de sinais
depositados em cada cérebro, mais ou menos como um dicionário cujos
exemplares, todos idênticos, fossem repartidos entre os indivíduos.
Trata-se, pois, de algo que está em cada um deles, embora seja comum
a todos e independa da vontade dos depositários (Op. Cit. 1970, p.27).
Logo, essa “colectividade sob a forma duma soma de sinais depositados em cada cérebro”,
manifesta-se em duas formas: na fala e escrita. Através da fala e da escrita é possível notar a
dimensão histórica da língua, por meio do seu carácter social. A língua existe desde os
primórdios, nascemos com ela já imposta, já feita e muito bem definida por seus usuários, ela
é comum a todos os seres humanos e é através da língua que podemos nos comunicar com
diversas pessoas, de diversos países, continentes e hemisférios.
1.1.2. Linguagem
É toda forma que o ser humano usa para se comunicar. A linguagem inclui a língua que, por
sua vez, é um sistema convencionado pelos homens e utilizados por grupos. Um desses
sistemas convencionados é a Gramática, ou seja, as regras que estabelecem o uso de uma
língua.
Nesse sentido, a linguagem inclui também a língua, pois através dela e com a língua materna,
os falantes nativos conseguem se expressar de maneira clara entre os seus.
Verbal;
Não-verbal;
Mista.
A linguagem verbal é aquela que utiliza palavras para transmitir uma mensagem. Os códigos
usados na linguagem verbal acabam por facilitar a comunicação entre o emissor e o receptor.
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Todavia, um exemplo de linguagem verbal é a língua. Por sua vez, para que a comunicação
entre emissor e receptor seja estabelecida, ambos devem compreender a mesma língua.
A linguagem não-verbal é aquela que utiliza imagens, sinais, gestos, entre outros para
transmitir uma mensagem. A princípio, a linguagem não-verbal pode ser considerada como
toda comunicação estabelecida por outros meios que não com o uso das palavras. Neste caso,
bons exemplos são gestos, expressões corporais e símbolos.
1.1.3. A fala
Segundo GUY (2000), a fala é uma linguagem oral que, além disso, recorre à língua para se
manifestar. Por exemplo, as pessoas falam português, inglês, espanhol, entre tantas outras
línguas.
Conforme o contexto dos seus falantes, surgem diferentes níveis da fala: a fala coloquial e a
fala culta.
A fala coloquial é utilizada em situações informais, logo, comum no dia a dia dos falantes,
cujo vocabulário pode ser mais simples e marcado por gírias.
Segundo Beline (2004), a variação linguística é o movimento comum e natural de uma língua
que varia principalmente por factores históricos e culturais. Modo pelo qual ela se usa,
sistemática e coerentemente, de acordo com o contexto histórico, geográfico e sociocultural
no qual os falantes dessa língua se manifestam verbalmente.
É o conjunto das diferenças de. É o conjunto das diferenças de realização linguística falada
pelos locutores de uma mesma língua. Tais diferenças decorrem do fato de um sistema
linguístico não ser unitário, mas comportar vários eixos de diferenciação: estilístico, regional,
sociocultural, ocupacional e etário.
Beline (2004), afirma que há quatro tipos de distinção dentro das variações linguísticas:
As variações históricas tratam das mudanças ocorridas na língua com o decorrer do tempo.
Algumas expressões deixaram de existir, outras novas surgiram e outras se transformaram
com a acção do tempo.
Consequência → Consequência
Phase → Fase
Vale, ainda, comentar a respeito de palavras que deixam de existir ou passam a existir. Isso
acontece frequentemente com as gírias: se antes jovens costumavam dizer que algo era
“supimpa” ou que “aquele broto é um pão”, hoje é mais comum ouvir deles que algo é “da
hora” ou que “aquela mina é mó gata”.
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II. Variações geográficas (diatópicas)
Não é preciso que a distância seja tão grande: dentro do próprio Brasil, vemos diferenças de
léxico (palavras) ou de fonemas (sons, sotaques). Há diferenças entre a capital e as cidades do
interior do mesmo estado. Observemos alguns exemplos de diferenças regionais:
As gírias também variam bastante regionalmente: cerveja pode ser conhecida como “bera” em
regiões do Paraná, “breja” em São Paulo e “cerva” no Rio de Janeiro.
As variações sociais são as diferenças de acordo com o grupo social do falante. Embora
tenhamos visto como as gírias variam histórica e geograficamente, no caso da variação social,
a gíria está mais ligada à faixa etária do falante, sendo tida como linguagem informal dos mais
jovens (ou seja, as gírias atuais tendem a ser faladas pelos mais novos).
Um grupo de capoeiristas pode facilmente falar de uma “meia-lua”, enquanto pessoas de fora
desse grupo talvez não entendam imediatamente o conceito específico na capoeira. Do mesmo
modo, capoeiristas e instrumentistas provavelmente terão mais familiaridade com o conceito
de “atabaque” do que outras pessoas.
Como vimos, as profissões também influenciam bastante nas variações sociais por meio dos
termos técnicos (jargões): contadores falam dos termos “ativo” e “passivo” para remeter a
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conceitos diferentes daqueles usados por linguistas. No entanto, em ambos os casos, ativo e
passivo são conceitos muito mais específicos do que seu uso geral em outros grupos.
As variações estilísticas remetem ao contexto que exige a adaptação da fala ou ao estilo dela.
Aqui entram as questões de linguagem formal e informal, adequação à norma-padrão ou
despreocupação com seu uso. O uso de expressões rebuscadas e o respeito às normas-padrão
do idioma remetem à linguagem tida como culta, que se opõe àquela linguagem mais
coloquial e familiar. Na fala, o tom de voz acaba tendo papel importante também.
Assim, o vocabulário e a maneira de falar com amigos provavelmente não serão os mesmos
que em uma entrevista de emprego, e também serão diferentes daqueles usados para falar com
pais e avós. As variações estilísticas respeitam a situação da interacção social, levando-se em
conta ambiente e expectativas dos interlocutores.
Tendo tantas variações e nuances, pudemos ver que cada contexto social traz naturalmente um
modo mais ou menos adequado de expressão, sendo importante entender que as variações
linguísticas existem para estabelecer uma comunicação adequada ao contexto pedido.
Apesar disso, as diversas maneiras de expressar-se ganham status de maior ou menor prestígio
social baseado em uma série de preconceitos sociais: as variações linguísticas ligadas a grupos
de maior poder aquisitivo, com algum tipo de status social, ou a regiões tidas como
“desenvolvidas” tendem a ganhar maior destaque e preferência em relação às variedades
linguísticas ligadas a grupos de menor poder aquisitivo, marginalizados, que sofrem
preconceitos ou que são estigmatizados.
No entanto, ao estudarmos as variações linguísticas, percebe que não há uma única maneira
de expressar-se e que, portanto, não há apenas um modo certo. A língua e sua expressão
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variam de acordo com uma série de factores. Antes de tudo, ela deve cumprir seu papel de
expressão, sendo compreendida pelos falantes e estando adequada aos contextos e às
expectativas no ato da fala. Dessa forma, o ideal do preconceito linguístico, que gera juízo de
valor às diferentes variações linguísticas, não deve ser alimentado.
Uma diferença importante é aquela entre linguagem formal e linguagem informal. A situação
em que nos encontramos define o tipo de linguagem que usaremos. Primeiro, pensemos no
conceito de norma-padrão: as convenções da língua criam regras gramaticais que buscam
nortear seu uso, de modo que falantes de uma mesma língua, apesar das variações existentes,
consigam entender-se por um padrão comum a todos.
Assim, um jovem nascido no Acre conseguirá comunicar-se com uma senhora que viveu em
Santa Catarina baseado nas regras comuns da norma-padrão da língua portuguesa.
Um contexto mais casual, como uma reunião com amigos ou um almoço em família, pede
uma expressão coloquial. Por mais respeito que haja entre você e sua família e amigos, você
não utilizará palavras ou construções gramaticais muito rebuscadas. Aqui, há mais liberdade
na maneira de falar, por isso você utiliza uma linguagem informal, que pode permitir o uso de
gírias, de frases feitas ou interjeições, de abreviações, de desvios gramaticais (ou menor
preocupação em seguir a norma-padrão).
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1.3. Mudança linguística
A mudança é um processo inerente à própria língua natural humana, qualquer língua natural
humana evolui. Evolui o sistema linguístico, evolui aqueles que o usem (comunidade
linguística).
Má audição/compreensão do falante.
Falhas de memória.
Problemas de visão.
Lei do menor esforço.
Tendência para a analogia (ex. Hambúrguer: de Hamburgo, Cheeseburger?).
Não corresponde a desvios resultantes da fala, só quando se generaliza (vindo dum subgrupo
da comunidade) e impondo-se gradualmente até ser reconhecida como regra (ex. Informar de
que: o «de» tem tendência a desaparecer).
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I. Nem sempre a variação implica mudança no sistema, porém toda a mudança resulta da
variabilidade do sistema.
II. A mudança não se generaliza de forme uniforme e instantânea, o sistema pode
albergar formas alternativas durante muito tempo antes de adoptar alguma delas como
regra.
III. A mudança ocorre nos idiolectos. Estes não são coesos nem internamente consistentes
pois dependem de factores sociais.
IV. A mudança não se restringe à variação dentro da família para ser considerada como tal
tem de transmitir-se a toda a comunidade.
V. A mudança decorre da conjunção de factores intra e extra linguísticos
indissociavelmente ligados. Todas as perspectivas que se limitam ao estudo de apenas
umas destas vertentes, falha na descrição dos fenómenos.
Não houver interferência de nenhum factor de outra natureza como por exemplo:
Condicionamento semântico
Influência de tipo dialectal
Influência de articulação individual.
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Considerando, agora, apenas o último dos referidos níveis, recorde-se que são três os
processos que conduzem à mudança semântica de uma unidade lexical:
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2. Conclusão
Uma forma linguística se distingue de outra não pelo seu valor linguístico, mas pelo valor
social que possui o grupo social que a pronuncia. Uma forma linguística que ganha status
social relevante não ganha por si mesma, mas devido ao grupo sociocultural que a representa.
Dessa forma não se pode dissociar a língua da sociedade que a produz. A relação entre língua
e sociedade é umbilical. Não se pode deslocar uma da outra sem prejuízos. As formas
linguísticas de um grupo social dizem muito da sociedade e do grupo social ao qual
pertencem.
Existindo em uma sociedade uma diversidade de grupos sociais, é forçoso que haja também
uma diversidade linguística. Porém quando há uma relação de segregação ou estratificação
entre esses grupos sociais, essa relação será percebida também no âmbito linguístico, pois os
valores sociais frequentemente são transportados para outros âmbitos da vida, inclusive para o
linguístico.
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3. Referências bibliográficas
NARO, Anthony (2003). O dinamismo das línguas. In.: MOLLICA, Cecília; BRAGA, Maria
Luiza (orgs.). Introdução à Sociolinguística: o tratamento da variação. São Paulo: Contexto, p.
43-51.
SAUSSURE, F de. (1973) Curso em Linguística Geral. 27. ed. Tradução de Antônio
Chelini, José Paulo Paes, Izidoro Blikstein. São Paulo: Cultrix.
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