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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto de Educação a Distância

Licenciatura em ensino de português

Trabalho de Campo da Disciplina de Psicologia Geral

Armando Cardoso

Turma T, Código-708223396

Motivação como um Factor Determinante no Processo de Ensino e Aprendizagem

Docente:

Leize Francisco

_______________

Nampula

Novembro

2022
Armando Cardoso

Licenciatura Em Ensino De Português

Trabalho de Campo da Disciplina de Psicologia Geral

Código-708223396

Turma: T

Motivação como um Factor Determinante no Processo de Ensino e Aprendizagem

Trabalho a ser apresentado no curso de


licenciatura em ensino de português na
Universidade Católica De Moçambique
Tutor: Leize Francisco

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto de Educação a Distância

Nampula

Novembro

2022

1
Índice
Introdução ................................................................................................................................... 3

Objectivos ................................................................................................................................... 3

Geral ........................................................................................................................................ 3

Específicos .............................................................................................................................. 3

Metodologias .............................................................................................................................. 3

1. Motivação ............................................................................................................................... 4

1.1. Conceitos ......................................................................................................................... 4

2. Tipos de Motivações ............................................................................................................... 5

2.1. Motivação Intrínseca ........................................................................................................ 6

2.2. Motivação Extrínseca....................................................................................................... 6

3. Importância da Motivação ...................................................................................................... 7

4. A Correlação da motivação e comportamento ....................................................................... 7

5. Motivação e aprendizagem ..................................................................................................... 9

5.1. Motivação extrínseca e motivação intrínseca .................................................................. 9

5.2. Motivação na sala de aula .............................................................................................. 10

6. Motivação e afecto................................................................................................................ 12

7. O tipo de motivação que mais se adequa na minha vida profissional .................................. 13

7.1. Motivação Intrínseca ...................................................................................................... 13

8. Conclusão ............................................................................................................................. 14

9. Referências bibliográficas .................................................................................................... 15

2
Introdução

Sabemos pouco sobre a energia que nos impulsiona e nos encoraja a buscar um objectivo. A
motivação, de acordo com a psicologia, é um elemento chave em nosso bem-estar psicológico
e é muito importante estudar tanto sua definição, como todos os tipos de motivação que
existem. Seja motivação intrínseca, extrínseca, motivação profissional ou da aprendizagem,
esse processo nos ajuda a alcançar nossos objectivos a curto e a longo prazo.

No entanto, com o presente trabalho, falarei dos tipos de motivação na psicologia: sua
definição e exemplos. Dessa forma, podendo analisar qual é a principal motivação e que tipo
de objectivos a alcançar.

Objectivos

Geral

 Falar da motivação no contexto do processo de ensino e aprendizagem.

Específicos

 Falar dos tipos de motivação, segundo as mais variadas visões dos diferentes autores;
 Descrever a relação existente entre a motivação e o comportamento;
 Ilustrar a relação entre motivação e aprendizagem;
 Falar da motivação e afecto;
 Identificar e descrever o tipo de motivação que mas abrange a minha vida profissional.

Metodologias

Para a realização do presente trabalho, baseou-se no método bibliográfico que consistiu


na consulta de diversas obras que versam sobre o tema em análise. De referir que as
mesmas obras constam na bibliografia final do trabalho.

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1. Motivação

1.1. Conceitos

Motivação é uma força interna, que se encontra dentro de cada um, nasce das suas
necessidades e desejos. Pode ser definida como aquilo que é capaz de mover o
indivíduo. É o que faz o indivíduo agir para atingir algo que ele considere um
objectivo.

Em psicologia a palavra motivo designa um traço de personalidade relativamente estável que


determina quão importantes são para a pessoa determinados objectivos, ou seja, é uma
disposição da personalidade voltada à valoração das consequências de uma acção.

A palavra motivação vem do Latin “motivus”, relativo a movimento, coisa móvel. Vemos que
a palavra motivação, dada a origem, significa movimento. Quem motiva uma pessoa, isto é,
quem lhe causa motivação, provoca nela um novo ânimo, e ela começa a agir em busca de
novos horizontes, de novas conquistas (NAKAMURA, 2005).

A palavra “motivar”, significa: dar motivo a, causar, expor motivo. E o sinónimo da palavra
motivação é: causa, razão, fim e infinito logo a palavra “motivação” vem da palavra “motivo”
mais o sufixo “acção”, que quer dizer movimento, actuação ou manifestação de uma força
uma energia, um agente. Podemos entender que a motivação é intrínseca, é um impulso que
vem de dentro, isto é, que tem suas fontes de energia no interior de cada pessoa, é uma força
que direcciona a pessoa para alguma coisa, ou seja, um objectivo. A motivação verdadeira
nasce das necessidades intrínsecas onde encontram sua fonte de energia, nas necessidades e
acções do ser humano. Assim também é nas organizações, a motivação verdadeira é a
fisiológica, instintiva e psicológicas-emoções.

A motivação pode ser definida como o conjunto de factores que determina a conduta de um
indivíduo. A motivação tem sido alvo de muitas discussões. No campo clínico, quando se
estudam algumas doenças, na educação, voltada para o processo de aprendizagem. Na vida
religiosa, quando se tenta compreender o que motiva alguém a ter fé numa determinada
crença. E, nas organizações, buscando obter um maior rendimento dos profissionais que
formam o quadro de uma corporação (NAKAMURA, 2005).
Segundo Berganini (2008): A motivação, pode e deve ser considerada como uma força
propulsora que tem suas fontes frequentemente escondidas dentro de cada um, e que a

4
satisfação ou insatisfação que podem oferecer fazem parte integrante de sentimentos de prazer
ou desprazer directamente acessíveis somente a quem experimenta.

Já na visão de Chiavenato (1999), a motivação é o desejo de exercer altos níveis de esforço


em direcção a determinados objectivos organizacionais, condicionados pela capacidade de
satisfazer objectivos individuais. A motivação depende da direcção (objectivos), força e
intensidade do comportamento (esforço) e duração e persistência.

Segundo o Dicionário Aurélio Motivação pode ser definido como o ato ou efeito de motivar,
exposição de motivos ou causas, conjunto de factores, os quais agem entre si, e determinam a
conduta de um individuo.

Motivação refere-se ao impulso, necessidade ou desejo, que faz com que as pessoas ajam para
atingir seus objectivos, envolve fenómenos emocionais, biológicos, sociais e organizacionais,
e é uma condição responsável por iniciar, direccionar e manter comportamentos direccionados
ao cumprimento de objectivos.

A motivação pode surgir através de uma força interior, ou seja, cada pessoa tem a capacidade
de se motivar ou desmotivar, também chamada de auto-motivação, denominada motivação
intrínseca. Há também a motivação extrínseca, que é aquela gerada pelo ambiente que a
pessoa vive.

Para Gooch e McDowell o conceito de motivação é uma força que se encontra no interior de
cada pessoa e que pode estar ligada a um desejo. Uma pessoa não consegue jamais motivar
alguém, o que ela pode fazer é estimular a outra pessoa. A probabilidade de que uma pessoa
siga uma orientação de acção desejável esta directamente ligada à força de um desejo
(BERGANINI, 1997).

2. Tipos de Motivações

A motivação é dividida em dois tipos:

1. Motivação intrínseca – é aquela relacionada à força interior do individuo;

2. Motivação extrínseca – é aquela estimulada por factores externo ao indivíduo.

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2.1. Motivação Intrínseca

Motivação intrínseca, também conhecida como motivação interna, é aquela relacionada à


força interior do individuo, relaciona-se aos interesses individuais e que podem ser alterados
apenas por escolha da própria pessoa. Ele ou ela tem o desejo de ter um bom desempenho no
local de trabalho porque os resultados estão de acordo com seus interesses ou crenças.

Geralmente, a motivação interna está associada a projectos, objectivos e metais pessoais que
estimulam o indivíduo em suas acções no dia-a-dia, está ligada ao que queremos da vida.

Nesse sentido, estar motivado é sentir-se bem com aquilo que é realizado: o prazer é obtido na
actividade.

Conforme essa teoria, a motivação não é um produto acabado, e sim um processo que se
configura a cada momento, visto que nasce das necessidades interiores de cada um e que estas
se renovam e se alteram continuamente.

De acordo com essa teoria, não se pode afirmar que as organizações motivam seus
colaboradores. O que elas podem fazer é estimular, incentivar, provocar a motivação, criar um
clima em que as pessoas se sintam motivadas a empreender e fazer o necessário.

2.2. Motivação Extrínseca

Motivação extrínseca, também conhecida como motivação externa, é aquela estimulada por
factores externos ao indivíduo, relacionados ao ambiente, situações ou condições.

As teorias da motivação extrínseca, ao contrário das intrínsecas, pressupõem que o


comportamento humano pode ser projectado, modelado ou mudado por meio da utilização
adequada dos vários tipos de recompensas ou punições disponíveis no meio ambiente.

Para essa teoria, motivação é sinónimo de condicionamento. Bergamini, (1997). Ou seja, a


motivação seria baseada em factores externos, tais como uma recompensa ou uma forma de
evitar um castigo.

O individuo não gosta da tarefa em si, mas gosta da recompensa que a tarefa ao ser executada
lhe pode trazer, o que implica necessariamente pouca satisfação e prazer na execução da
tarefa. Estar motivado, nessa concepção, é estar condicionado ao resultado da tarefa realizada:
o prazer não está na actividade, mas na consequência da actividade.

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3. Importância da Motivação

A motivação é aquela força interna que te empurra na direcção dos sonhos, objectivos e
metas. Ela é capaz de inspirar e instigar o indivíduo a seguir em frente e persistir,
independentemente das dificuldades e obstáculos.

A motivação pessoal é o caminho que leva ao sucesso, naturalmente. Uma pessoa motivada
tem mais chances de alcançar seus sonhos e objectivos do que alguém que não acredita e não
tem vontade de concretizá-los. Simplesmente pelo fato de que indivíduos com essa
característica são proactivos e resilientes.

A resiliência está ligada a capacidade de adaptação, flexibilidade e habilidade de manter-se


estruturado perante há situações negativas.

A motivação é algo fundamental para o ser humano, é ela que determina o grau de
comprometimento de um individuo com uma determinada actividade ou acção.

A motivação é o que impulsiona os indivíduos para acção, ou seja, o que os leva a ir em busca
de seus objectivos. Está ligada à intensidade dos esforços, o comprometimento e à
persistência para a conquista de metas e desejos.

Portanto, quanto mais motivados os indivíduos estiverem, melhor será o seu desempenho e,
com isso, maiores são as chances de sucesso em acção.

Entre os vários benefícios da motivação podemos citar: melhora no auto estima, foco nas
actividades e nos resultados, produtividade, crescimento pessoal, a melhora nos
relacionamentos e nos trabalhos em equipa.

4. A Correlação da motivação e comportamento

Segundo Mitchell (1982). A relação da motivação com o comportamento e com o


desempenho é estabelecida espontaneamente, tanto pelos cientistas como pelas pessoas
leigas. O comportamento é percebido como sendo provocado e guiado por metas da pessoa,
que realiza um esforço para atingir determinado objectivo.
A maioria dos autores considera a motivação humana como um processo psicológico
estreitamente relacionado com o impulso ou com a tendência a realizar com persistência
determinados comportamentos. A motivação no trabalho manifesta-se pela orientação do
empregado para realizar com presteza e precisão as suas tarefas e persistir na sua

7
execução até conseguir o resultado previsto ou esperado. Salientam-se três componentes na
motivação: o impulso, a direcção e a persistência do comportamento.
Nosso comportamento, de forma geral, orienta-se basicamente para consecução de objectivos.
Em outras palavras, nosso comportamento geralmente é motivado pelo desejo ou necessidade
de atingir algum objectivo.

A unidade básica do comportamento é a actividade. Todo comportamento compõe-se de uma


série de actividades. Como seres humanos, estamos sempre fazendo alguma coisa: andando,
conversando, comendo, dormindo, trabalhando etc. Em muitas casos realizamos mais de uma
actividade simultaneamente.

Neste contexto, podemos afirmar que as pessoas diferem não só pela sua capacidade mas
também pela sua vontade de fazer as coisas, isto é pela motivação.

A motivação das pessoas depende da intensidade dos seus motivos. Os motivos podem ser
definidos como necessidades, desejos ou impulsos orientados do individuo e dirigidos para
objectivos, que podem ser conscientes ou subconscientes.

Os motivos são os porquês do comportamento. Provocam e mantêm as actividades e


determinam a orientação geral do comportamento das pessoas. Em suma, os motivos ou
necessidades são as molas propulsoras da acção.

De acordo com Chiavenato (2005), a motivação vai estar atrelada com o comportamento
humano, quando este pretende alcançar algum objectivo, a uma variedade de factores que
poderão influenciar a motivação do indivíduo, quando o mesmo tem uma determinada
necessidade, imediatamente busca mecanismos que faz com que a satisfação seja suprida de
forma a lhe garantir um conforto e realização, ainda segundo o autor:

Os seres humanos são motivados por uma grande variedade de factores. O processo
motivacional pode ser explicado da seguinte forma: as necessidades e carências provocam
tensão e desconforto na pessoa e desencadeiam um processo que busca reduzir ou eliminar a
tensão. A pessoa escolhe um curso de acção para satisfazer determinada necessidade ou
carência. Se a pessoa consegue satisfazer a necessidade, o processo motivacional é bem-
sucedido. Essa avaliação do desempenho determina algum tipo de recompensa ou punição à
pessoa.” (CHIAVENATO, 2005 p. 273).

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Essas considerações referentes à motivação nos levam a entender que o processo motivacional
está intimamente ligado ao comportamento do indivíduo, ou seja, o que ele busca alcançar; é
claro e faz se lembrar que o ambiente é factor preponderante para a busca da realização das
necessidades, vários factores são responsáveis pela motivação humana. Dentro do contexto
organizacional entende-se, pois que o clima organizacional está relacionado com a motivação,
segundo Chiavenato (2005).

5. Motivação e aprendizagem

Para Piaget (1977), que centrou a sua actividade investigativa no desenvolvimento cognitivo,
o papel da afectividade é de natureza funcional na inteligência. Também a perspectiva
vygotskiana expressa uma visão integradora entre as dimensões cognitiva e afectiva do
funcionamento psicológico. Para todos os inúmeros autores que hoje trabalham no contexto
do paradigma socioconstrutivista de Vygotsky, o desenvolvimento cognitivo (e
metacognitivo) está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento social e emocional,
significando isso que mudanças fundamentais no pensamento têm de ser acompanhadas por
uma reorganização dos objectivos, das atitudes e das formas de mediação (Vygotsky, 1998).

Nos contextos de aprendizagem, como apontam Stipek (1998) e Printrich (2003), a


motivação pode ser inferida por meio de comportamentos observáveis dos alunos, os quais
incluem o iniciar rapidamente uma tarefa e empenhar-se nela com esforço, persistência e
verbalizações. Segundo Nieto (1985), a maioria dos psicólogos define motivação como um
processo que tenta explicar factores de activação, direcção e manutenção da conduta, face a
um objectivo desejado.

Seja qual for a perspectiva que se adopte, o que sempre se verifica é a existência de dois tipos
de motivação: extrínseca e intrínseca.

5.1. Motivação extrínseca e motivação intrínseca

Na motivação extrínseca, o controlo da conduta é decisivamente influenciado pelo meio


exterior, não sendo os factores motivacionais inerentes nem ao sujeito nem à tarefa, mas
simplesmente o resultado da interacção entre ambos. Na motivação intrínseca, ao contrário, o
controlo da conduta depende sobretudo do sujeito em si, dos seus próprios interesses e
disposições.

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A motivação extrínseca está assim relacionada, tal como reforça Tapia (1997), com metas
externas, ou seja, com situações em que a conduta se produz com a finalidade de apenas se
receber uma recompensa ou se evitar qualquer punição ou castigo. Nessas situações, o sujeito
preocupa-se sobretudo com a sua imagem, com o seu “eu”. A motivação intrínseca
corresponde, por seu turno, a situações em que não há necessariamente recompensa
deliberada, ou seja, relaciona-se com tarefas que satisfazem por si só o sujeito; correspondem-
lhe, por isso, metas internas. Vários autores identificam as metas externas como metas de
rendimento e as metas internas como metas de aprendizagem (Arias, 2004).

Os alunos com metas de aprendizagem envolvem-se mais facilmente na própria


aprendizagem, de forma a adquirir conhecimentos e desenvolver competências, enquanto que
os alunos com metas de rendimento estão mais preocupados em demonstrar os seus níveis de
competência e com os juízos positivos que deles se possa fazer.

Os alunos movidos por motivação intrínseca têm, assim, face às tarefas escolares, o objectivo
de desenvolver as suas competências; aqueles que, ao contrário, são sobretudo impulsionados
por mecanismos de motivação extrínseca, o seu objectivo são apenas obter avaliações
positivas (Fontaine, 1990; Arias, 2004).

Quando confrontados com tarefas específicas, alguns alunos reagem por um aumento de
esforço, de persistência e de maior envolvimento na acção; outros, pelo contrário, tentam
escapar-se e manifestam reacções de inibição. Destes dois tipos de comportamento advêm
geralmente resultados escolares diferentes, mais satisfatórios no primeiro e menos no
segundo, algo que vários autores atribuem a diferenças motivacionais dos sujeitos (Fontaine,
1990.

5.2. Motivação na sala de aula

Quando os alunos têm como objectivo pessoal o domínio dos conteúdos, e não apenas a
conclusão de tarefas ou o conseguir nota suficiente, irão empenhar-se, investir tempo e
energia psíquica em determinadas actividades mentais. Esta postura activa do aluno deve ser
reforçada pelo professor, nomeadamente com o uso de estratégias cognitivas e
metacognitivas, que incluem desde métodos que levem à compreensão de um texto, como
fazer resumos, esquemas ou levantar questões, até à gestão do tempo disponível para o estudo
(Boruchovitch, 1999; Pintrich, 2003).

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A importância de fazer interagir as dimensões cognitiva e afectiva na aquisição de
conhecimentos será mais pertinente na modificação de atitudes e valores do que propriamente
na obtenção de melhores resultados. A modificação de atitudes e valores favorece, no entanto,
por si só melhores conhecimentos. A tomada de consciência da natureza do saber e do facto
de cada um ter um potencial para aprender que pode aumentar com o envolvimento da sua
própria personalidade suscita nos alunos a auto-confiança e a valorização de si próprios,
necessárias a qualquer desenvolvimento e aprendizagem. É nesse sentido que Tapia (1997)
afirma não ser possível ensinar a pensar adequadamente, se não se trabalhar a motivação e
vice-versa. Para ele, querer e saber pensar são condições pessoais que permitem a aquisição e
aplicação de conhecimentos quando necessário.

O professor deverá ter sempre um papel decisivo, mesmo que se resuma ao fornecimento de
“incentivos motivantes”. Para isso, é necessário o professor actuar activamente para melhorar
a motivação do aluno, ao mesmo tempo que o ensina a pensar, como é importante saber
ensinar a pensar, ao mesmo tempo que se tenta melhorar a motivação para aprender (Tapia,
1997). É desejável que o professor promova na sala de aula um ambiente afável, transmitindo
ao aluno um sentimento de pertença, onde se sinta integrado e veja legitimadas as suas
dúvidas e os seus pedidos de ajuda. No entender de Boruchovitch (2009) a motivação, em
concreto, não é somente uma característica própria do aluno, mas também mediada pelo
professor, pela ambiente de sala de aula e pela cultura da escola. Na opinião da autora, das
distintas formas de promover a motivação, a principal é que o próprio professor seja um
modelo de pessoa motivada.

Do ponto de vista educativo, partilhamos com Neto (1996) a ideia de que o ideal no acto
educativo seria o professor ter em conta a multiplicidade de estilos motivacionais existentes
na sala de aula e ser capaz de adaptar as características dos procedimentos didácticos a essa
multiplicidade. Se existe grande preocupação face à forma como os conhecimentos prévios
dos alunos influem na forma como aprendem e constroem conhecimento, também devem ser
tidos em conta as suas características motivacionais. Os alunos socialmente motivados, por
exemplo, reagem melhor em situações de aprendizagem em grupo e os curiosos em situações
de resolução de problemas. A força motivadora de determinada estratégia resulta, desse modo,
não da estratégia em si, mas da interacção da mesma com as características individuais dos
alunos, nomeadamente com os seus estilos motivacionais e cognitivos.

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Estamos conscientes, no entanto, que, perante a realidade concreta, intrinsecamente complexa
e imprevisível, essa tarefa se apresenta difícil. Seja como for, o professor deverá optar
sempre, em nosso entender, por uma diversidade de processos pedagógicos, visando
promover a motivação (intrínseca, extrínseca ou combinada) do maior número de alunos.

6. Motivação e afecto

Por definição, o conceito de afectividade pode estar relacionado a um conjunto de fenómenos


psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados
sempre de impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado,
de alegria ou de tristeza. (CODO & GAZZOTTI, 1999: 48-59).

Lev Vygotsky (1896-1934) acreditava que as questões afectivas do indivíduo estão


directamente ligadas ao meio ao qual está inserido, sendo resultado da sua interpretação e
relação com o mundo externo e interno. Para Vygotsky, “o aprendizado humano pressupõe
uma natureza social específica e um processo através do qual as crianças penetram na vida
intelectual daqueles que a cercam” (VYGOTSKY, 1994, p. 115), quer dizer, viver em uma
sociedade implica que haja interacções entre os indivíduos que a compõem. Somos
influenciados em nossas relações interpessoais e intrapessoais, e essa dinâmica social inicia-se
nos primeiros momentos de vida do sujeito, quando este se relaciona com seus pais. A isto se
atribui a importância da família na construção da identidade. Podemos, portanto, pressupor
que a carência de afecto nos primeiros momentos da infância pode gerar consequências que o
indivíduo terá que carregar ao longo da sua vida, pois a afectividade tem um papel
fundamental em seu desenvolvimento.

Nesse sentido, a separação de aspectos afectivos e cognitivos aparenta ser um equívoco.


Lopes (2011) aponta que Piaget se preocupou com esta questão

[...] ele intensificou seus estudos sobre a afectividade e inteligência,


vindo a considerar que cognoscibilidade e afectividade são
indissolúveis, são palavras dicotómicas mesmo sendo diferentes. O
autor defende o tema da correspondência entre as construções afectivas
e cognitivas ao longo da vida do indivíduo e recorre às relações entre
afectividade, inteligência e vida social. (LOPES, 2011, p.13)

12
7. O tipo de motivação que mais se adequa na minha vida profissional

7.1. Motivação Intrínseca

No que se refere a minha vida profissional; a motivação intrínseca é a que mas se enquadra
porque ela reporta-se a comportamentos de trabalho que são efetuados com entusiasmo. O
próprio trabalho provoca satisfação na pessoa que o desempenha, fazendo com que o
indivíduo o execute com prazer, sentindo-se motivado intrinsecamente.

Um dos exemplos em que está presente a motivação intrínseca é o caso do empresário


milionário que continua a trabalhar arduamente, ou então quando um aluno tem vontade de
aprender.

Uma das vantagens da motivação intrínseca é que a mesma tende a manter-se ao longo dos
tempos e valoriza a competência, o êxito, o rendimento, a aprendizagem e a satisfação
pessoal.

As actividades motivadas intrinsecamente são aquelas para as quais não há recompensas


aparentes, para além da actividade em si mesma. As actividades são mais fins em si mesmas
do que meios para alcançar um fim”.

13
8. Conclusão

Embora haja um significado específico para o termo “motivação”, conscientizemo-nos


de que seu real sentido será definido pela subjectividade de cada sujeito, ainda que, em certos
aspectos, possa ser compartilhado. Somos motivados a partir de gostos e traços de
personalidade e, como sociedade, partilhamos determinadas particularidades, não sendo
possível ignorar sua influência na construção do carácter individual.

A motivação leva as pessoas a agirem e a executarem determinada tarefa e a empenharem-se


com dedicação, esforço e energia em tudo aquilo que fazem. A natureza e intensidade
motivacional, varia de pessoa para pessoa, dependem ainda das motivações internas e
externas ao indivíduo.

O foco da teoria de aprendizagem individual ainda reside em como as pessoas obtêm o


conhecimento e não em como o contexto organizacional se constitui no elemento-chave para
aprendizagem, socialização e desenvolvimento dos membros organizacional. Em outras
palavras, a teoria da aprendizagem individual é criticada por negligenciar a dimensão
ontológica da aprendizagem e somente focar a dimensão epistemológica. O que diferencia a
contribuição da abordagem da aprendizagem socialmente construída é que ela busca abarcar
tanto a epistemologia quanto a ontologia da aprendizagem (ELKJAER, 2003).

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9. Referências bibliográficas

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