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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto de Educação a Distância

Licenciatura em ensino de Geografia

Trabalho de Campo da Disciplina de Habilidade De Vida, Saúde Sexual E


Reprodutiva, Género E HIV-SIDA.

Benilda Francisco Vieira

Turma J Codigo-708210256

Personalidade

Docente:

Lázaro Luciano Sunde

_____________________

Nampula

Novembro

2022
Benilda Francisco Vieira

Licenciatura Em Ensino De Geografia

Trabalho de Campo da Disciplina de Habilidade De Vida, Saúde Sexual E


Reprodutiva, Género E HIV-SIDA.

Codigo-708210256

Turma: J

Personalidade

Trabalho a ser apresentado no curso de


licenciatura de geografia na Universidade
Católica De Moçambique
Tutor: Lázaro Luciano Sunde

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto de Educação a Distância

Nampula

Novembro

2022
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Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota Subtotal
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 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
Introdução  Descrição dos 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
Conteúdo domínio do discurso
académico (expressão 2.0
escrita cuidada,
Análise e coerência / coesão
discussão textual)
 Revisão bibliográfica
nacional e
internacionais 2.0
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos dados
2.0
Conclusão  Contributos teóricos
práticos 2.0

Aspectos Formatação  Paginação, tipo e


gerais tamanho de letra, 1.0
paragrafo,
espaçamento entre
linhas

Normas APA
Referências 6ª edição em  Rigor e coerência das
Bibliográficas citações e citações/referências 4.0
bibliografia bibliográficas

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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice
Introdução ................................................................................................................................... 5

Objectivos ................................................................................................................................... 5

Geral ........................................................................................................................................ 5

Específicos .............................................................................................................................. 5

Metodologias .............................................................................................................................. 5

1.Personalidade ........................................................................................................................... 6

1.1.A personalidade e as fases do seu desenvolvimento ......................................................... 7

1.2. Temperamento ................................................................................................................... 13

1.2.1. Tipos de temperamento ............................................................................................... 14

1.3. As principais capacidades humanas .................................................................................. 15

1.4. Os pilares de auto- estima e auto-confiança ...................................................................... 16

1.5. A influência da cultura a personalidade ............................................................................ 18

1.6. Género e personalidade ..................................................................................................... 20

1.7. Os papéis de género ........................................................................................................... 21

2. Conclusão ............................................................................................................................. 25

3. Referencias Bibliográficas .................................................................................................... 26

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Introdução

A Psicologia da Personalidade é a área que estuda e procura explicar as particularidades


humanas que influenciam o comportamento. A personalidade pode ser definida como o
conjunto de características que determinam os padrões pessoais e sociais de uma pessoa, sua
formação é um processo gradual, complexo e único a cada indivíduo

Sabendo que não a personalidade idêntica como não existe duas pessoas idênticas embora
muitas pessoas possuam traços em comum. Personalidade e temporal pertencem a uma pessoa
que nasce vive e morre.

A personalidade existe função de um meio no qual procura adaptar-se a pertencendo a um ser


vivo, tem que sofrer um processo de desenvolvimento. Neste sentido cada indivíduo tem sua
história pessoal e esta é a unidade básica a ser levada em conta no estudo da personalidade.

Objectivos

Geral

 Definir e caracterizar e comparar as diferentes teorias da Personalidade e o explicar,


de uma perspectiva científica, o porquê das pessoas se comportarem como se
comportam.

Específicos

 Avaliar o uso do termo personalidade;


 Identificar as implicações do uso dos diferentes significados do termo personalidade;
 Relacionar o desenvolvimento humano ao uso do termo personalidade;
 Identificar as contribuições das diferentes Teorias da Personalidade.

Metodologias

Para a realização do presente trabalho, baseou-se no método bibliográfico que consistiu


na consulta de diversas obras que versam sobre o tema em análise. De referir que as
mesmas obras constam na bibliografia final do trabalho.

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1.Personalidade

Personalidade é o conjunto de características psicológicas que determinam os padrões de


pensar, sentir e agir, ou seja, a individualidade pessoal e social de alguém. A formação da
personalidade é processo gradual, complexo e único a cada indivíduo.

A personalidade é uma característica do ser humano que organiza os sistemas físicos,


fisiológicos, psíquicos e morais de forma que, interligados, determinam a individualidade de
cada ser. Tal característica é formada ao longo do período de crescimento, ou seja, inicia-se
na infância de acordo com o tratamento que recebe e com o modo de vida que tem dentro de
seus ambientes, sejam eles o lar, a escola e os demais.

Para Carver & Scheier (2008), personalidade é uma organização interna e dinâmica dos
sistemas psicofísicos que criam os padrões de comportar-se, de pensar e de sentir
característico de uma pessoa. Esta definição de trabalho salienta que personalidade:

 É uma organização e não uma aglomerado de partes soltas;


 É dinâmica e não estática, imutável;
 É um conceito psicológico, mas intimamente relacionado com o corpo e seus
processos;
 É uma força activa que ajuda a determinar o relacionamento da pessoa com o mundo
que a cerca;
 Mostra-se em padrões, isto é, através de características recorrentes e consistentes;
 Expressa-se de diferentes maneiras - comportamento, pensamento e emoções.

Asendorpf (2007), Complementa dizendo que personalidade são as particularidades pessoais


duradouras, não patológicas e relevantes para o comportamento de um indivíduo em uma
determinada população. Esta definição acrescenta àquela de Carver & Scheier alguns pontos
importantes:

 Os traços de personalidade são relativamente estáveis no tempo;


 As diferenças interpessoais são variações frequentes e normais - o estudo das
variações anormais é objecto da psicologia clínica (ver também transtorno
mental e transtorno de personalidade);
 A personalidade é influenciada culturalmente. As observações da psicologia da
personalidade são assim ligadas apenas à população em que foram feitas; para uma
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generalização de tais observações para outras populações é necessária uma verificação
empírica.

1.1.A personalidade e as fases do seu desenvolvimento

Segundo Robert, Wood & Caspi (2010), O desenvolvimento da personalidade engloba a


construção e desconstrução dinâmicas de características integrativas que distinguem um
indivíduo em termos de traços comportamentais interpessoais. O desenvolvimento da
personalidade está em constante mudança e sujeito a factores contextuais e experiências que
alteram a vida. O desenvolvimento da personalidade também é dimensional na descrição e de
natureza subjectiva. Ou seja, o desenvolvimento da personalidade pode ser visto como um
continuum que varia em graus de intensidade e mudança. É de natureza subjectiva porque seu
conceito está enraizado em normas sociais de comportamento esperado, auto-expressão e
crescimento pessoal.

O ponto de vista dominante na psicologia da personalidade indica que a personalidade emerge


cedo e continua a desenvolver-se ao longo da vida. Acredita-se que os traços de personalidade
do adulto tenham uma base no temperamento infantil, o que significa que as diferenças
individuais de disposição e comportamento aparecem cedo na vida, potencialmente antes do
desenvolvimento da linguagem de autor representação consciente.

Para Freud, a personalidade ocorre em sete fases: oral, anal, fálica, latência, adolescência,
maturidade e velhice. Afirmando que em cada fase, a pessoa deve aprender a resolver certos
problemas específicos, originados do próprio crescimento físico e da interacção com o meio.
A solução dos diferentes problemas, que em grande parte depende do tipo de sociedade ou
cultura, resulta na passagem de uma fase para a outra e na formação do tipo peculiar de
personalidade. No decorrer das fases, o indivíduo expressa seus impulsos e suas necessidades
básicas dentro de moldes que visam a continuação da cultura, seu próprio crescimento e busca
do prazer pessoal.

I. Fase Oral

Período de aproximadamente um ano que segue desde o nascimento. Os impulsos da criança


são satisfeitos principalmente na área da boca, esófago e estômago, ou seja, a libido está
intimamente associada ao processo da alimentação e contacto humano, que vem associado ao
ato de mamar.

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A percepção da criança, nos primeiros meses após o nascimento, é de totalidade, não
distinguindo ainda o “eu” do “não eu”. Se o seio (ou substituto) for gratificante, a imagem de
aceitação será projectada, e as expectativas futuras do mundo, em termos projectivos, serão
optimistas, o que é conhecido como o “objecto bom”, e o seu oposto irá gerar insegurança e
desconfiança.

Por volta dos seis meses, já há uma percepção da mãe “como uma pessoa total”, integrada em
seus aspectos bons e maus, e a relação da criança com a mãe é mais realistas, aprendendo a
controlar sua ansiedade e seus impulsos frente às demandas do meio, preparando-se para
enfrentar os novos desafios da fase seguinte de seu desenvolvimento.

Para Erikson (1974 ), a primeira coisa que se aprende na vida é receber; e a criança recebe não
só com a boca mas com os sentidos, com os olhos, ouvidos e com o tato. A atitude
psicossocial básica que se aprende, neste estágio, é “saber” se pode confiar no mundo a sua
volta, se será alimentada nos horários adequados e na quantidade correta, deixando-a
confortável. Irá desenvolver, a Confiança X Desconfiança.

É importante salientar que, de acordo com Erikson, desconfiança na dose certa é importante,
pois desenvolve a prontidão frente ao perigo, assim como a antecipação do desconforto
desenvolverá o instinto de protecção, que ajudará a criança a tornar-se mais autónoma.

II. Fase Anal

No final do primeiro ano de vida estão presentes habilidades como virar-se, sentar,
engatinhar, às vezes andar, assim como o início da comunicação verbal, ora para pedir coisas,
ora como forma de sociabilização. Nessa fase inicia-se a capacidade de julgar a realidade e
antecipar situações, possibilitando maior tolerância às tensões do quotidiano, e normais no
desenvolvimento.

Durante o segundo e terceiro anos de vida a criança será estimulada a desenvolver a


autonomia, tornando-se mais independente, inclusive no que se refere ao controle dos
esfíncteres, e cuidados com a higiene pessoal, que estará de acordo com as exigências do meio
em que vive e de sua cultura familiar.

Passa a viver outro conflito, pois embora tenha prazer em agradar os adultos que a elogia
quando acerta, não poderá esvaziar a bexiga e o intestino imediatamente para, então, obter o
alívio da tensão, pois tem local próprio e “hora certa” para fazê-lo. Deve aprender a reter
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quando desejaria eliminá-los, mas descobre que também pode ter prazer durante esse
processo.

Os impulsos, nesta fase, levam a criança a vivenciar a busca do domínio do ambiente, e das
pessoas que estão a sua volta, para obter o máximo de prazer possível. É a fase das “birras”,
crises de nervos, parecendo necessitar de limites claros, para então se acalmar.

Erikson denominou esse conflito de Autonomia X Vergonha e Dúvida. Quando a criança


consegue ter a autonomia para realizar o que é solicitado pelo meio, sente-se gratificada, e
quando não consegue passa a sentir vergonha, podendo desenvolver o comportamento
obsessivos, tornando-se mal-humorada, fechada e com uma hostilidade encoberta. É a fase
onde pode tornar-se muito ordeira e meticulosa, sendo colaboradora e participativa.

III. Fase Fálica

O período que vai dos 3 aos 5/6 anos, a criança já tem maior consciência de si mesma,
percebendo com maior clareza o mundo que a rodeia, interessando-se pelo ambiente e
indagando sobre o significado e as causas dos fatos.

Aumenta o interesse pelo próprio corpo, principalmente pelos genitais, tornando-se mais
exibicionista, masturbando-se e buscando contacto físico com outras crianças.

Aparece, nesta fase, o fenómeno conhecido como complexo de Édipo, e o conflito da


ambivalência entre o amor e o ódio, pois o seu “objecto de amor” também é a figura
disciplinadora que coloca limites e restrições, e o “objecto odiado” é provedor, lhe dá
segurança e protecção.

Erikson denominou esta fase de genital-locomotora, considerando que o desenvolvimento da


personalidade envolve o equilíbrio entre duas atitudes psicossociais, que denominou de
Iniciativa X Culpa.

Na chamada iniciativa existe a busca dos objectos que lhe dê a satisfação, e é o que move a
criança a ligar-se ao “objecto de amor”, tentando identificar-se como o modelo entendido
como “adequado”. A culpa surge como consequência dos sentimentos de omnipotência,
rivalidade, competição e ciúmes que acompanham o desejo de obter os fins procurados.

A conduta social básica que pode manifestar-se nessa fase é a de tentar sempre “tirar
vantagem”, bem como o ataque frontal as pessoas que tentam colocar limites, tendo prazer na

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competição e na conquista, insistência em alcançar uma meta e, embora, demonstre segurança
e tenha atitude resoluta, pode carregar traços de inferioridade. Por outro lado, nessa fase a
criança torna-se amigável, colaboradora, amorosa, sendo capaz de proporcionar bem-estar as
outras pessoas uma vez que é capaz de ter empatia, podendo se colocar no lugar do outro.

IV. Período de Latência

Dos 5 aos 10 anos a criança utiliza sua energia psíquica para o fortalecimento do ego, o qual
se tornará melhor equipado para lidar com os impulsos que virão nos próximos anos, e para
adaptar-se aos novos ambientes. Volta-se para o mundo externo, como escola, jogos,
amizades e outras actividades, fora do ambiente familiar, passando a buscar novos ídolos e
heróis, fora de casa.

Se ocorreram turbulências nas fases anteriores, poderá ser uma criança irritada, agressiva,
exibicionista, com excessiva curiosidade sexual, apresentando mau aproveitamento escolar,
podendo ter pavores nocturnos, endure-se, ou dificuldades alimentares.

Nesse período da vida sua auto-estima já não depende exclusivamente da aprovação externa,
tendo a própria crítica ao proceder de forma “certa ou errada”. A sensação de acerto provoca
sentimento de segurança, prazer e auto valorização, e ao contrário, a sensação de erro traz
culpa e remorso.

Segundo Freud aparece neste momento o superego, herdado do complexo de Édipo, podendo,
a partir da auto crítica, surgir o medo excessivo de doenças, de acidentes, de perder o amor
das pessoas, da morte e da solidão.

Passa a ter importância vestir-se como os de sua idade, o conhecimento intelectual, os valores
sociais, os bens materiais, bem como a imagem de perfeição que construiu para si mesma. O
ego procura manter esta imagem evitando o sofrimento vindo dos sentimentos de
inferioridade e da diminuição da auto-estima que aparecerão sempre que os ideais forem
frustrados.

Estabelecendo relações interpessoais fora da família, começa a empreender a difícil tarefa de


ajustar-se às outras pessoas e manejar seus impulsos para conseguir viver socialmente. Tem
necessidade de pertencer a um grupo de iguais e de ser aceito pelos companheiros, bem como
de sentir-se responsável e capaz de realizar feitos que recebam aprovação e lhe dêem um
status no grupo, desenvolvendo um conceito de “si mesmo”.
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Meninos e meninas formam grupos separados, excluindo-se mutuamente, buscando jogos
diferentes, sendo que os meninos têm pavor de parecer-se com meninas, e se vigiam para
denunciar quando isso acontece.

Identificam-se com profissões e com determinados profissionais, surgindo vocações e talentos


e a famosa frase: “quando eu crescer serei...”, tentando obter reconhecimento pessoal, mas já
percebendo que terão que ajustar-se às normas do mundo e que nem sempre são as mesmas de
sua família de origem, deparando-se com os códigos de lealdade, que poderão trazer muitos
conflitos internos e embates familiares.

Erikson descreve esta fase como Constructividade X Inferioridade, sendo que na


construtividade busca o aprendizado e a realização, utilizando-se de suas potencialidades e
capacidades. Na inferioridade, por não receber estímulo do meio considera-se incapaz em
relação aos outros, sentindo-se a margem de seu grupo, desistindo de competir, como se
estivesse destinado à mediocridade.

É a fase onde a transição está ocorrendo e não é mais criança, mas ainda não é jovem (fase
infanto-juvenil), desejando em alguns momentos permanecer num estado de despreocupação,
liberdade e aventura, e em outros total inércia.

V. Adolescência

A adolescência é uma fase cheia de questionamentos e instabilidade, que se caracteriza por


uma intensa busca de “si mesmo” e da própria identidade. Nessa fase todos os padrões
estabelecidos são questionados, bem como criticados todas as escolhas de vida feita pelos
pais, buscando assim a liberdade e auto afirmação.

Os adolescentes são desajeitados em seus movimentos, sendo que a fala fica alterada, a voz
vibrante, desafinada e alta. O humor fica extremamente lábil, com crises de raiva, choro e
risos, alternados e exagerados, além da insatisfação constante, e oposição a tudo o que o
adulto sugere.

Erikson aponta com sendo a fase da Identidade X Confusão de Papéis, uma vez que há um
grande desejo de ser valorizado por possuir ou realizar algo que seja só seu, algo inédito, que
lhe traga um destaque no grupo; porém o medo de não ser capaz está sempre presente. É uma
fase de muita criatividade, com críticas ao que acontece ao seu redor, ou no planeta como um

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todo, tendo necessidade de falar sobre o que pensa, mas só quando desejar, como se
precisasse constantemente provar sua liberdade de falar ou calar.

VI. Maturidade

Poderíamos dividir esta fase em dois momentos: o Jovem adulto, período que vem logo após a
adolescência, e a Meia-idade.

Para Erikson o jovem adulto passa pela fase da Intimidade X Isolamento, onde deseja um
relacionamento afectivo íntimo, duradouro e continuo, através de relações profundas,
buscando, também nessa fase, a construção de uma carreira profissional que lhe dê
estabilidade e boa condição financeira.

Erikson descreve a Meia-idade como sendo a fase da Produtividade X Estagnação, onde se a


carreira profissional e as questões emocionais estiverem “resolvidas”, tanto pode ocorrer uma
estagnação, como uma busca de novos desafios. Caso não tenha realizado seus ideais até este
período da vida também poderá acontecer uma das duas saídas, dependendo das mensagens
que estão gravadas em seu inconsciente, em função das fases anteriores do seu
desenvolvimento, e as opções feitas no passado.

É o momento que anteriormente chamavam de “ninho vazio”, em que os pais, principalmente


as mães, consideravam-se sem função por não saber ser outra coisa na vida além de
cuidadoras. Com o grande investimento que se fez nos últimos anos, mostrando que as
mulheres têm outros afazeres além de ser cuidadora, e com a entrada da mulher no mercado
de trabalho, essa crise não é tão acentuada. Paralelamente está ocorrendo uma mudança nos
jovens, que hoje não tem a mesma premência de sair de casa, pois a liberdade aumentou, os
pais são mais liberais, e as questões de estudo e trabalho ficaram mais exigentes, aumentando
o período em que os filhos permanecem “no ninho”, cuidados, e até mantidos financeiramente
– são chamados “adultolescentes”.

A chamada crise dos 40 ocorre quando se avalia que não se tem mais todo o futuro pela
frente, e que o recomeço não é tão simples, pois sair do conhecido, e lançar-se no escuro
amedronta, torna-se mais preocupante do era que antes.

Jung (1988), no entanto, vê esta fase como extremamente criativa dizendo ser o “início do
libertar-se do aprisionamento do ego” e em vez de representar a última chance, como pensam

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alguns, é sim um período especial, com significativas possibilidades para a maturação
saudável.

VII. Velhice

Erikson descreve esta fase como sendo aquela onde se desenvolve a Integridade X
Desesperança, onde ocorre naturalmente a avaliação do que foi vivido, com a percepção clara
de que não é possível mudar muitas das coisas que já passaram. É um fato real que a pele já
não tem a mesma elasticidade, que os olhos enxergam diferente, que dentes e ossos são mais
frágeis, e que se o idoso ficar preso a essas perdas haverá muito inconformismo, revolta ou
depressão.

Em contra partida, é fácil observar que pessoas de idade avançada realizam tarefas de grande
importância em várias áreas de actividade humana, quer na política, ciência ou nas artes, e
que muitos sábios, músicos, escritores, pintores e escultores realizaram suas conquistas já
bastante idosos.

Erikson entende que se o idoso conseguir manter a “integridade do ego” para adaptar-se às
mudanças pessoais e sociais, conseguirá satisfazer seus anseios, com maior tolerância para
com as ocorrências da vida atingindo, como resultado de toda experiência vivida, o dom da
sabedoria.

1.2. Temperamento

Muitos psicólogos que estudam a personalidade infantil têm se concentrado no estudo do


temperamento, da consistência comportamental e dos seus substratos biológicos, por serem
fenómenos que aparecem cedo na vida. Há um esforço para se mostrar a ligação entre o
temperamento na infância e a personalidade do adulto, mas figura-se como obstáculo
principal a dificuldade de delimitação conceitual dos constructos temperamento e
personalidade.

O temperamento pode ser conceituado como a qualidade das respostas emocionais da criança.
É mensurado na infância e tem a tendência de se manifestar em traços mais específicos, sendo
influenciado pelos componentes biológicos ou genéticos mais do que pela experiência (Caspi,
2005).

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Para Strelau (1998), o temperamento consiste em uma característica formal do
comportamento, sendo expresso através do nível de energia e de factores temporais. São
traços básicos e relativamente estáveis, presentes desde cedo nas crianças. É primariamente
determinado por mecanismos biológicos e, ao longo do tempo, está sujeito a mudanças
causadas tanto pela maturação quanto pela interacção do indivíduo com o ambiente.

De forma geral, o temperamento é atribuído a bebés e crianças pequenas – até cerca de sete
anos de idade –, destacando-se por sua forte influência biológica, sendo que a tendência de
integração dos comportamentos culmina na formação da personalidade adulta.

1.2.1. Tipos de temperamento

I. Sanguíneo

A pessoa que tem o temperamento sanguíneo é caracterizada por ser mais extrovertida e optimista.

São pessoas alegres, esperançosas, calorosas, amáveis e simpáticas. De modo geral são
explosivas, instáveis emocionalmente, impulsivas e até egoístas.

Sabe aquele seu amigo que tem uma certa dificuldade de ficar quieto? Que está sempre fazendo uma
piada ou que te interrompe sempre que você está falando? Então, essas são características de um
sanguíneo.

II. Colérico

Pessoas com temperamento colérico são mais explosivas e agressivas do que as demais.

São pessoas dominadoras, ambiciosas, determinadas, impulsivas, comandam e lideram e são bons
planeadores. Em algumas situações são intolerantes, egocêntricos e impacientes.

III. Fleumático

Sabe aquela pessoa que faz de tudo para evitar um conflito? Então, essa é uma das características de
um fleumático.

São pessoas dóceis, pacíficas, sonhadoras, positivas e disciplinadas. Geralmente essas pessoas são
confiáveis e equilibradas.

IV. Melancólico

O temperamento mais profundo é o melancólico. Os melancólicos são sensíveis em suas emoções, são
pessoas detalhistas, que gostam de ficar mais quietinhas.
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Possuem dificuldade de expor as suas emoções e sentimentos, são fiéis e desconfiados. São pessoas
leais, sensíveis e dedicadas.

Não há alguém que tenha um temperamento puro, embora o mais comum é que haja a
predominância de um único temperamento. Se você leu até aqui pode ter percebido características
semelhantes às suas em mais de um temperamento, a realidade é mais complexa do que todas as
categorias especulativas. Isto se dá porque todos nós somos constituídos dos quatro elementos,
contudo há a predominância geralmente de um deles.

Um outro ponto importante para apontar é que existem os chamados “temperamentos mistos” e estes
constituem na união das características de dois temperamentos, sendo que um ainda se sobrepõe ao
outro.

1.3. As principais capacidades humanas

As capacidades humanas são o conjunto de aptidões, qualidades e conhecimentos,


contidos nas seis funções citadas em operações da organização.

Segue abaixo, lista das especialidades dos elementos que compõem as capacidades humanas.

 Física: saúde, vigor, destreza, força muscular, agilidade, coordenação, rapidez e


precisão.

 Intelectual: aptidão para compreender, aprender e ter discernimento (ou saber


diferenciar), força e agilidades intelectuais, habilidades analíticas, julgamento e
engenhosidade.

 Moral: energia, firmeza, coragem de aceitar as responsabilidades, iniciativa, decisão,


tato e dignidade.

 Cultura geral: conhecimentos variados que não são exclusivamente da função


exercida.

 Conhecimentos especiais: relativos unicamente a função exercida, seja ela técnica,


comercial, financeira, administrativa, etc.

 Experiência: conhecimento resultante da prática das funções, adquirido na vivência


de problemas reais e na própria realização de trabalho.

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1.3.1. As capacidades humanas podem ser divididas em três categorias.

As capacidades requisitadas- são aquelas imprescindíveis para se satisfazer nossas


necessidades diárias, para atender a demanda geral da vida. Nesse grupo estão as capacidades
que nos garantem executar as actividades que precisamos para viver, trabalhar, nos
relacionarmos, enfim, para existirmos no mundo.

As capacidades existentes- representam a soma de todo conhecimento que vamos


adquirindo ao longo da vida. Seja pelo aspecto formal (formação, informação, leituras,
cursos.) ou pelo aspecto informal (experiências, vivência, maturidade). E não necessitamos de
muitas evidências para comprovar que o ser humano não utiliza todas as capacidades que
possui. Às vezes até nos surpreendemos diante de capacidades que nem desconfiávamos
possuir.

As capacidades acessadas- se resumem a quantidade que acessamos diariamente,


mediante necessidades mais específicas. Funcionam como uma “ponte de acesso” às
capacidades existentes, apoiada na premissa de que pouco vale um grande conjunto de
capacidades se não formos capazes de utilizá-las diante uma necessidade mais complexa ou
de diante de uma adversidade.

E neste ponto cabe uma reflexão importante: diante das adversidades, especialmente aquelas
que nos exigem mais, as capacidades existentes e as capacidades acessadas diminuem ou
ficam totalmente bloqueadas, como se a ponte de acesso se quebrasse ao meio. Porque é
exactamente isso que acontece com grande parte das pessoas quando elas estão frente a uma
adversidade. O problema é que frente a uma adversidade, as capacidades requisitadas
aumentam, justamente para que sejamos capazes de passar por ela de forma assertiva.

1.4. Os pilares de auto- estima e auto-confiança

Branden (2002) cita 06 atitudes fundamentais as quais denominou “os seis pilares da auto-
estima” que devemos desenvolver.

1º Pilar: “A atitude de viver conscientemente” Branden (2002) discute que é muito


importante ter consciência do que está por trás dos nossos actos. Quanto mais elevada for a
forma de consciência, que é um recurso de sobrevivência, mais avançada será a relação com a
vida. Isso nos leva à maturidade, sair do estado de nevoeiro mental. Viver conscientemente
significa querer estar ciente de tudo o que diz respeito a nossas acções, nossos propósitos,
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valores e objectivos, ao máximo de nossa capacidade, qualquer que seja ela e comportarmo-
nos de acordo com aquilo que vemos e conhecemos. Viver conscientemente é viver
responsavelmente perante a realidade, ter a mente activa em vez de passiva, ter uma
inteligência que deriva bem-estar, estar no momento sem perder o contexto amplo, distinguir
a relação entre os fatos, sua interpretação e as emoções. É ter discernimento e coragem.

2º Pilar: “A atitude da auto-aceitação” Sem auto-aceitação, a auto-estima é


impossível. Enquanto a auto-estima é algo que experimentamos, a auto-aceitação é algo que
fazemos: valorizo “a mim mesmo”, tratando-me com respeito e lutando por meu direito de ser
e a disposição de dizer sobre qualquer emoção ou comportamento.

Barreto (2010) comenta que auto-aceitação envolve se perceber com valor próprio, poder
dizer que “tenho valor”, “que sou capaz” e poder me afirmar e de dizer não, é estar a meu
favor, ser coerente com o que sinto. Quando calamos, com certeza o corpo vai falar através de
vários sintomas: gastrites, úlceras, etc. Quem se rejeita e não se aceita não tem futuro
promissor. Todo ser humano é imperfeito, todos cometemos erros, e muitas vezes somos
possuídos por sentimentos negativos. Se desejarmos nos livrar deles temos que primeiro
aceitar que erramos. Se tenho raiva, aceito ter raiva, se tenho medo, aceito que tenho medo. A
auto-aceitação envolve a ideia de ser amigo de si mesmo, aceitando as imperfeições, os
conflitos e até mesmo a nossa grandeza.

3º Pilar- “A atitude da auto-responsabilidade” Branden (2002) refere que a atitude de


auto-responsabilidade envolve: ser responsável pela realização de meus desejos, por minhas
escolhas e meus actos, pelo nível de consciência com que trabalho e vivo meus
relacionamentos, por meu comportamento com os outros, pela qualidade das minhas
comunicações, por aceitar e escolher os valores que vivo pela minha própria felicidade e pela
minha própria auto-estima. Se errei, reconheço que errei, peço perdão, me desculpo, me
corrijo, tiro as lições e sigo em frente. Jamais culparei os outros por meus próprios erros e
nem muito menos procurarei álibis para justificar meus deslizes. Diz um filósofo alemão:
“Não me envergonho de mudar porque não me envergonho de pensar.” (BARRETO, 2010,
p.11).

4º Pilar: “A atitude da auto-afirmação” Segundo Branden (2002), esse pilar é a


disposição para honrar minhas vontades, meus desejos, necessidades e valores e tratar a mim
com respeito. Sem a auto-afirmação agimos como meros expectadores e não participantes. É

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necessário sermos atores de nossas próprias vidas. A auto-afirmação é aceitar ser o que se é
com suas qualidades e defeitos, sem precisar esconder ou falsificar a si mesmo para poder ser
aceito pelos outros. Precisamos agir sem agressividade, prestando atenção ao contexto,
nutrindo em nós a confiança e a segurança naquilo que se é, sem medo de represálias.

5º- Pilar: “A atitude da Intencionalidade” É necessário estarmos atentos,


estabelecendo metas e objectivos produtivos. É viver de forma intencional, assumindo as
escolhas com responsabilidade e de forma consciente. Para viver de forma intencional e
produtiva, segundo Branden (2002) é necessário desenvolver dentro de nós a capacidade da
autodisciplina, que é uma virtude de sobrevivência. Essa atitude envolve os seguintes
aspectos: preocupar-se em identificar os actos necessários para alcançar os objectivos
estabelecidos, monitorar o comportamento para que ele esteja em sintonia com esses
objectivos, prestar atenção aos resultados dos próprios actos, para saber se eles levam ao que
se quer chegar e estar conectado com o nosso presente, pois assim estaremos olhando para o
futuro.

6º- Pilar- “A atitude da integridade pessoal” Integridade é a integração dos ideais, das
convicções, dos critérios, das crenças e dos comportamentos. Integridade é a congruência dos
nossos actos, dos nossos valores, compromissos e prioridades. É ter autoconsciência e auto-
responsabilidade. É ser íntegro consigo mesmo, admitir nossas falhas sem culpar os outros,
entender o porquê daquilo que fazemos, reconhecer nossos erros e pedir perdão, reparar os
danos causados e se comprometer intencionalmente a agir de forma diferente. É agirmos com
os demais de forma como gostaríamos que agissem connosco, de forma gentil, delicada e
justa.

1.5. A influência da cultura a personalidade

Influência da Cultura na formação da consciência Jesus (1997), analisando as opiniões de


Freud, alega que, os homens são “ Criatura em cuja herança instintiva deve ser computada
uma poderosa parcela de agressividade”. É esta “inclinação para agressão” Perturba as
relações humanas e que força a cultura a um alto gasto de energia. Página 54 de 125 A
sociedade está constantemente ameaçada de desintegração devido a esta hostilidade
primordial entre os seres humanos, a cultura tem de usar seu maior esforço para estabelecer
limites aos instintos agressivos do homem. Ali sim, de acordo com Freud, a cultura aparece

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para influenciar de forma positiva na formação da consciência do cidadão, de modo a regular
a agressividade instintiva do ser humano.

Do ponto de vista de Farr (1998), e olhando para os limites dos desejos humanos, é notório
que estes não são estabelecidos pela Biologia ou estado físico, mas sim, pelas regras sociais
que têm a função de definirem para cada cidadão, aquilo que legitimamente têm direito. Neste
caso, incorporadas à consciência do individuo, essas regras estabelecem e disciplinam as
aspirações dos homens e criam a possibilidade de um modelo de satisfação e realização.

Analisado as ideias deste autor, é notória que o cidadão é incorporado em duas estruturas
diferentes: estrutura cultural, que vem a ser o conjunto de valores normativos que governam a
conduta comum do cidadão, pertencente a uma sociedade, e a estrutura social que é o
conjunto organizado de relações sociais no qual o cidadão é implicado de várias maneiras.

Por isso, Almeida (2010), nas suas abordagens, podemos encontrar dois tipos de influências
completamente distintas que são exercidas sobre a formação da consciência humana ou da
personalidade.

1- A influência que se origina da conduta culturalmente padronizada de outras pessoas “


para com” a criança. Que começa a operar desde o nascimento e são de fundamental
importância durante a infância.
2- A influência que se origina da observação ou instrução que o individuo tem dos
padrões de conduta característicos de sua sociedade. Embora estes padrões não
afectem directamente, eles fornecem-lhe modelos para o desenvolvimento de suas
próprias reacções habituais às várias situações.

E embora careçam de importância na primeira infância, continuam a afectá-lo durante a vida.


Ainda acreditamos que a cultura influência na consciência do cidadão de forma positiva,
quanto regula os instintos agressivos do cidadão, e de forma negativa, o cidadão vê pela
cultura como sendo um dogma, mito. Neste caso a cultura produz a inconsciência,
prejudicando assim a própria sociedade e o meio ambiente.

Olhando pelas ideias de Wilbur O’Donavan (2013), cada um de nós reflecte as influências da
nossa cultura, experiências de infância, a experiência da parentalidade, educação, crenças,
visão do mundo e muitas outras coisas.

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Para um cidadão moderno e educado, estas influências juntaram dois mundos muito
diferentes. Por um lado, existe a influência forte de uma cultura rural tradicional na qual
somos de origem, cuja existe há séculos. Por outro, as crenças, práticas, valores e visão do
mundo moderno, científico e a educação centrado as novas tecnologias de informação que
desempenham uma grande influência na vida do cidadão moderno. Estes dois mundos
exercem grande influência tanto no pensamento do cidadão como nas tomadas de decisões.
Neste caso, não existe relação necessária entre características físicas de grupos humanos e
suas formas culturais. A diversidade das culturas existentes corresponde à variedade da
história humana. Cada realidade cultural tem sua lógica interna, que faz sentido para os
indivíduos que nela vivem, pois é resultado de sua história e se relaciona com as condições
materiais de sua existência.

1.6. Género e personalidade

As questões de género vêm, há longo tempo, despertando a atenção dos psicólogos


interessados na compreensão e explicação do comportamento humano.

Os primeiros estudos desenvolvidos nesse contexto consideravam o sexo como uma variável
individual, de natureza biológica, e, assim, procuravam detectar as diferenças de
comportamentos, traços e habilidades entre homens e mulheres (Deaux, 1984).

As limitações de tal abordagem levaram à adopção de um novo paradigma, que passou a


conceber o género como uma variável de personalidade e, portanto, de natureza psicológica,
responsável por diferenças individuais nos atributos que definem um papel masculino ou
feminino (Ashmore, 1990).

Em síntese, para Bem (1974), os atributos de personalidade que definem a masculinidade e a


feminilidade encontram-se intimamente relacionados a todos os demais constructos
psicológicos associados ao género. Desse modo, a existência de atributos característicos de
um determinado papel de género pressupõe a manifestação de atitudes, preferências e
comportamentos característicos deste papel, ou seja, a tipificação no auto-conceito de género
conduz à tipificação sexual de atitudes, preferências e comportamentos. Coerente com essa
posição, Bem (1981; 1985) concebe o BSRI como um instrumento capaz de avaliar o género
como fenómeno global, na medida em que os atributos de personalidade que definem a
masculinidade e feminilidade são, por si só, capazes de predizer os demais aspectos do
género.
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Adoptando uma posição contrária a tais formulações, Spence (1984; 1985) propôs a teoria
multifactorial de género, segundo a qual as várias categorias de atributos, atitudes,
preferências e comportamentos que empiricamente distinguem homens e mulheres em uma
determinada cultura não podem ser conceitualmente associadas a um único constructo global,
como o esquema de género. Tais categorias consistem em factores relativamente
independentes, que se desenvolvem de modo particular e sob múltiplas e complexas
influências não necessariamente relacionadas ao género, variando de indivíduo para
indivíduo.

1.7. Os papéis de género

O termo papéis de género refere-se a um tipo de papel social que determina a maneira pela
qual homens e mulheres na sociedade devem agir. Os papéis de género são baseados em
normas e padrões acordados pela sociedade sobre o que é masculinidade e o que é
feminilidade.

A diferença entre o conceito de género e o de sexo é que o sexo se refere à parte biológica,
isto é, às características primárias, como o sistema reprodutivo, e às características
secundárias, como a altura. Em outras palavras, o sexo biológico pode definir uma pessoa
com seios ou pelos faciais.

Porém, é a sociedade que determina que, por exemplo, o masculino está associado à cor azul e
o feminino à cor rosa, através das normas associadas aos papéis de género (aspecto social).

Como essas normas e expectativas associadas aos géneros dependem da sociedade em que as
pessoas estão imersas, isso mudará de acordo com a cultura específica e também de acordo
com outras características pessoais, como classe social, raça e etnia.

Os papéis de géneros são construídos sobre as noções que uma determinada sociedade tem
sobre masculinidade e feminilidade.

Esses são todos os comportamentos que se esperam que homens e mulheres realizem dentro
da estrutura de uma sociedade.

Os papéis de géneros não são estáticos, mas estão constantemente mudando em resposta à
evolução de uma determinada sociedade e à transformação do conceito associado a cada um
dos sexos.

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 Papéis de géneros e socialização

Socialização é a maneira pela qual a sociedade incute em seus membros quais são as funções
e expectativas associadas à masculinidade e à feminilidade. Dessa maneira, as crianças
aprendem quais são seus “papéis” (papéis) no “trabalho” da sociedade.

 Socialização familiar

A socialização ocorre em muitos níveis, mas o mais importante é o que ocorre na família, uma
vez que é o ambiente em que as crianças nascem e em que serão exclusivamente até
começarem a participar mais da sociedade. ir a escola.

Esse processo de socialização em termos de papéis começa a partir do momento em que o


menino ou menina nasce. A linguagem utilizada pela família é levada em consideração, bem
como as atitudes adoptadas pelos membros da família, observadas pela criança desde tenra
idade.

Outra maneira pela qual as crianças aprendem a se comportar é observando a maneira como
os adultos ao seu redor reagem às suas escolhas de roupas, brinquedos e outros itens.

Por exemplo, verificou-se que os pais (mais que as mães) marcam suas expectativas mais
claramente em relação aos filhos do que em relação às filhas.

Esses sinais de aprovação ou desaprovação nem sempre ocorrem explicitamente, mas podem
ser observados em comportamentos como aproximação física, reforço verbal ou nível de
atenção (olhar, conversar) quando a criança executa o comportamento desejado.

Exemplos de socialização

Quando crianças pequenas são colocadas em roupas de cores diferentes. Nesses casos, a
escolha dos tópicos geralmente não é aleatória, mas se encaixa no que é considerado
masculino e feminino.

No caso dos meninos, suas características físicas relacionadas à força e velocidade são
frequentemente destacadas, e no caso das meninas, as características relacionadas à
fragilidade e afecto são mais enfatizadas.

Quando as crianças são solicitadas a ajudar nas tarefas domésticas, geralmente as crianças são
solicitadas a ajudar em tarefas que exigem força, como retirar lixo ou podar o jardim; As

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meninas são convidadas a colaborar em tarefas que requerem atenção e cuidados, como
dobrar roupas.

 Papéis de géneros: masculinidade e feminilidade

A maneira como o sexo é expresso como um aspecto biológico é praticamente inalterado


entre diferentes sociedades. Ou seja, independentemente da cultura, a grande maioria das
mulheres menstrua e desenvolve seios.

No entanto, a maneira como o géneros é expresso varia muito entre as sociedades. Por
exemplo, existem culturas nas quais vestidos e saias são considerados roupas masculinas.

Na cultura ocidental, espera-se que os meninos brinquem com caminhões, armas de


brinquedo, super-heróis e figuras de acção (jogos e brinquedos relacionados a questões
agressivas ou de acção) e que as meninas brinquem com bonecas, roupas e maquiagem (jogos
e brinquedos relacionados com cuidado e delicadeza).

Isso levou à criação de campanhas para doar brinquedos não sexistas e a pressionar as lojas de
brinquedos a exibir imagens unissex em caixas e catálogos.

 Papéis de géneros na vida escolar e profissional

No sistema educacional, você também pode ver diferenças: desde escolas completamente
segregadas por sexo (escolas femininas e masculinas) até a separação que pode ser feita
durante as aulas em termos de assentos, assuntos ou eventos competitivos.

Na escola, também existem expectativas diferentes de como meninos e meninas devem se


comportar. E na idade adulta também existem profissões e ofícios nos quais os homens
superam as mulheres e vice-versa.

Como outros tipos de estereótipos, os estereótipos de géneros também podem influenciar o


que as pessoas esperam de uma pessoa com base apenas em seu género (por exemplo, que
uma mulher não é uma boa motorista ou que um homem deve gostar de exportes).

Isso pode afectar as oportunidades de emprego ou a participação em outras áreas para pessoas
que não são consistentes com os estereótipos da sociedade.

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Exemplos de estereótipos de género

 Na escola, geralmente há maior permissividade nas regras de conduta para meninos e


expectativas de obediência para meninas.
 No local de trabalho, há mais homens nas forças armadas, engenharia, polícia e
política; e mais mulheres na educação, nas profissões da saúde e nas áreas sociais.

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2. Conclusão

Com este trabalho pode-se constatar e avançar na ideia que a personalidade é um conjunto de
processos cognitivos e automáticos que nos fazem reagir sobre uma determinada forma, tendo
em conta os diversos contextos. Penso que actualmente, a personalidade deve ser entendida
como um misto de factores biológicos e ambientais, estando ambos intimamente relacionados.
É não menos importante de referir que ao longo dos tempos a personalidade começa a ser
considerada importante noutros domínios da psicologia, como na inteligência e nas emoções.

Personalidade é um termo abstracto utilizado para descrever e dar uma explicação teórica do
conjunto de peculiaridades de um indivíduo que o caracterizam e diferenciam dos outros.

A personalidade também é influenciada pela inteligência e criatividade onde, através dela,


consegue-se encontrar soluções diferentes para as coisas, havendo a abertura diante de novas
experiências, apresentando uma competência social, onde demonstra capacidade de defender
ou impor os seus interesses e a capacidade de construir relacionamentos

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3. Referencias Bibliográficas

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Alemanha: Springer. 528 páginas.

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