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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema: O Pensamento da Igreja Católica em Questões de Bioética e os Princípios


Permanentes da Doutrina Social da Igreja

Nome: Mouzinho Armando Vaharonha


Código de Estudante: 708211962

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: Fundamentos da Teologia Católica
Ano de Frequência: 2°

Pemba, Novembro de 2022.

Universidade Católica de Moçambique


Instituto de Educação à Distância

Tema: O Pensamento da Igreja Católica em Questões de Bioética e os Princípios


Permanentes da Doutrina Social da Igreja

2
Nome: Mouzinho Armando Vaharonha
Código de Estudante: 708211962

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura em Ensino
de Geografia, Disciplina, Fundamentos da
Teologia Católica, na Faculdade de Letras e
Ciencias Sociais. Universidade Catolica de
Moçambique.

O Tutor: Betinho Lonsura Lopes.

Pemba, Novembro de 2022.

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Introdução objectivos
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objecto do
trabalho
 Articulação e
domínio do
discurso
académico
Conteúdo 2.0
(expressão
escrita cuidada,
coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão
bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na
área de estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos
Conclusão 2.0
teóricos práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento
entre linhas
Normas APA  Rigor e
Referências 6ª edição em coerência das
4.0
Bibliográficas citações e citações/referênc
bibliografia ias bibliográficas

Folha para recomendações de melhoria:A ser preenchida pelo tutor


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Índice
1.1. Objectivos...................................................................................................................................7

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1.1.1. Objectivo Geral...................................................................................................................7
1.1.2. Objectivos específicos:........................................................................................................7
2. Metodologia de pesquisa...............................................................................................................7
3. Revisão da literatura.......................................................................................................................7
3.1. Questões de bioética..............................................................................................................7
3.1.1. Conceito de Bioética.......................................................................................................7
4. O Pensamento da Igreja Católica em Questões de Bioética e o Princípios Permanentes da
Doutrina Social da Igreja......................................................................................................................11
4.1. Os princípios sociais da Doutrina Social Católica..................................................................11
4.2. Princípios da doutrina social da Igreja..................................................................................11
4.3. Princípios bioéticos...............................................................................................................13
4.3.1. O princípio da não maleficência....................................................................................13
4.3.2. O princípio da beneficência..........................................................................................14
4.3.3. O princípio da autonomia.............................................................................................14
4.3.4. O princípio da justiça....................................................................................................15
Conclusão.............................................................................................................................................16
5. Referência bibliografica................................................................................................................17

Introdução

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Na sociedade contemporânea a existência humana se encontra marcada por uma crise de
valores e de sentido, que advém dos aspectos peculiares da modernidade como o racionalismo
e a intelectualidade e de um excessivo relativismo cultural, individualista, de consumo,
hedonista e utilitarista.

Atualmente, percebe-se que muitas pessoas não buscam realizar ou compreender sua
mensagem existencial ou até mesmo não a conhecem ou a ignoram e optam, por inúmeros
fatores, até psicológicos e sociais, em delimitar ou abreviar a própria vida. E, é nesse contexto
que se faz necessário debruçar o olhar sobre o fenômeno do suicídio na sociedade atual,
revelado como uma epidemia global de saúde pública em face aos alarmantes e crescentes
números de tentativas e atos consumados. Se a articulação, entre a teologia cristã e a doutrina
social da Igreja, explica, em âmbito de reflexão, o modo como esse tecido social é inspirado
pela religião de perfil bíblico, não sanciona, contudo, em termos estritos, a ideia de uma
ciência/filosofia social da Igreja.

Porém, a tradição da doutrina e ética social cristãs, três princípios sociais


fundamentaiscristalizaram-se com vistas a essa compreensão cristã do ser humano: o princípio
do bem comum, o princípio da solidariedade e o princípio da subsidiariedade. Nesses princípi
os, a referência à “dimensão social no sentido próprio do termo, isto é, aoâmbito institucional, 
à interacção social cimentada em estruturas, ordenamentos erelações sociais” tem um viés
especificamente sócio-ético. Disso resulta, do ponto devista ético, a referência prioritária à
justiça (social) a ser realizada.

Tais princípios indicam as “orientações fundamentais da acção”, são “princípiosrelevantes
para estruturações e procedimentos” , mas ainda não configuram nenhuma instrução para a
acção nem normas para situações concretas. Os princípios sociais permitem analisar
em perspectiva crítica situações e ideologias existentes e sinalizam a direcção correcta. Que-
se denomina “leis estruturantes da sociedade”

O presente estudo destina-se a desenvolver uma reflexão ética e teológica sobre a pessoa
humana, perante questões de Bioética e o Princípios Permanentes da Doutrina Social da Igreja
e pretende com ele, descrever os principios bioeticos na perpectiva de entender a sua ligaçao
com a Teologia.

1.1. Objectivos

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1.1.1. Objectivo Geral
 Compreender o Pensamento da Igreja Católica em questões de Bioética e os Princípios
Permanentes da Doutrina Social da Igreja
1.1.2. Objectivos específicos:
 Definir o conceito de Bioetica na perspectiva teologica;
 Descrever os Principios permanentes da Doutrina Social da Igreja.
 Discutir os Principios bioética e os principios permanentes da Doutrina Social da
Igreja .
2. Metodologia de pesquisa

As fontes da pesquisa foram artigos disponibilizados na íntegra na base de dados da


Literatura atraves da Internet download, em artigos nacionais e internacionais. É uma
pesquisa bibliográfica, de natureza semi-exploratória e quantitativa, que investigou o
pensamento da Igreja nas questoes de Bioetica, já que se mostram um campo privilegiado
para a análise do tema da Teologia pela sua interdisciplinaridade.

3. Revisão da literatura

A missão da Igreja é a de anunciar e comunicar a salvação realizada em Jesus Cristo, ou


seja, a comunhão com Deus e os homens. A Igreja trabalha para tornar mais humanaa família 
dos homens e a sua história, e a pôr-se como baluarte contra
qualquer tentação totalitarista, indicando ao homem a sua vocação ao amor de Deus. AIgreja é
, na humanidade e no mundo, o sacramento d o amor de Deus e, por issotem o empenho de
libertação e promoção humana.( Mecone, 2014).

3.1. Questões de bioética


3.1.1. Conceito de Bioética

Etimologicamente, a palavra Bioética vem do grego e significa: bios (vida) + ethike: (ética),


ou seja, “ética da vida”. Quer-se uma justa compreensão, uma harmonia entre vida e ética.
Bioética, portanto, pode ser definida como o estudo sistemático do comportamento humano
na área das ciências da vida e do cuidado da saúde, enquanto que tal comportamento é
analisado à luz dos valores e dos princípios morais. A referência central é o ser humano
considerado desde a concepção até a morte.( Gonçalves, 2014: 45)

A bioetica é o estudo Sistematico da conduta humana, no ambito das ciencias da vida e dam
saude, considerada a luz de valores e de principios morais. (Manual de FTIC, p. 40)

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Segundo Gonçalves, ( 2014) "nas últimas duas décadas, os problemas éticos da medicina e
das ciências da vida explodiram em nossa sociedade com grande intensidade. Constitui um
desafio para a ética contemporânea providenciar um padrão moral comum para a solução das
controvérsias provenientes das ciências biomédicas e das altas tecnologias aplicadas à vida e
saúde. Como afirma o Papa Francisco: “Quando a técnica ignora os grandes princípios éticos,
acaba por considerar legítima qualquer prática (..) A técnica separada da ética dificilmente
será capaz de autolimitar o seu poder. ( Gonçalves, 2014: 46)

SegundoSouza (2014), Os princípios basilares que outrora serviam de parâmetro e alicerce da


Ética e do Direito restaram desestabilizados diante dessas novas tecnologias, pois estas
levantaram sérias questões éticas, devido ao sentido fundamental da Ética se traduzir nos
costumes e valores de uma sociedade. Como ressalta Westphal, “avanços científicos não
somente proporcionaram benefícios extraordinários, mas também trouxeram consigo conflitos
éticos significativos.

Observa-se que atualmente o ser humano consegue, através de pesquisas científicas, intervir
em assuntos antes tidos como de exclusiva disposição divina, ora como produto exclusivo da
natureza, como, por exemplo, a clonagem, intervenção em células tronco, aborto, dentre
outros. Essa realidade gera receio dentro da sociedade, e divide opiniões, pois se o ser
humano é capaz de tamanha intervenção sob a justificativa de que esses procedimentos visam
à melhoria da qualidade de vida das pessoas, pode-se imaginar também o contrário, pois o ser
humano com esse nível elevado de manipulações sobre o corpo poderia também desvirtuar,
caso não se imponha limites adequados, a finalidade de acordo com seus interesses.

Pessini dispõe que Potter definiu a Bioética como sendo a “ciência da sobrevivência
humana”( Pessini: 2008, p. 20). Ademais, para este “a bioética é uma sabedoria
biologicamente fundada: um conhecimento de como usar o saber para o bem da sociedade”.
( JUNGES, 1995, p. 19.)

Sobre Potter, Pessini pontua:

"O oncologista pensava a bioética como uma ponte entre a ciência biológica e a ética.
Sua intuição consistiu em pensar que a sobrevivência de grande parte da espécie
humana, numa civilização decente e sustentável, dependia do desenvolvimento e
manutenção de um sistema ético."

Pessini também informa ainda que,

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[...] a bioética, no seu nascedouro, é definida pela Enciclopédia de bioética (1978)
como sendo “o estudo sistemático da conduta humana na área das ciências da vida e da saúde,
enquanto esta conduta é examinada à luz de valores e princípios morais. (Pessini, 2008, p.
21.)

Como enfatiza Westphal, (2008)

[…] a questão é, antes de tudo, um problema ético. Não se podem


negar os extraordinários avanços da engenharia genética. É
necessário, contudo, alertar para seus riscos. Essa preocupação
coloca-se porque estamos em condições de manipular a vida e não
somente de estudá-la. Essa manipulação tem efeitos extraordinários e
está carregada de conseqüências para o futuro da humanidade.
( WESTPHAL, 2006. p. 15.)

Esse receio de que o desenvolvimento acelerado de pesquisas e de práticas biomédicas


continue de forma desenfreada, sem que as consequências estejam no mínimo delineadas,
gerou um sentimento de desconfiança e preocupação e uma nova forma de proceder em
relação a esses avanços.

Consoante ensina Maria Helena Diniz citado por Souza, (2014:13)

[…}Esse entrecruzamento da ética com as ciências da vida e com o


progresso da biotecnologia provocou uma radical mudança nas
formas tradicionais de agir dos profissionais da saúde, dando uma
outra imagem à ética médica e, consequentemente, originando um
novo ramo do saber, qual seja, a bioética.( Souza: 2014;
Apud[ DINIZ, 2011. p. 29]).

Conforme Diniz ressalta, é pertinente que se façam algumas interpelações, dessa forma ela
questiona,

"Que devo fazer? O que posso fazer? Quais os limites éticos para a
ação médica ou técnico-científica? O imperativo científico-
tecnológico vai progressivamente dando espaço ao imperativo ético,
e, com isso, a bioética emerge como novo domínio da reflexão que

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considera o ser humano em sua dignidade as condições éticas para
uma vida humana digna, alertando a todos sobre as consequências
nefastas de um avanço incontrolado da biotecnologia e sobre a
necessidade de uma tomada de consciência dos desafios trazidos
pelas ciências da vida. (DINIZ: 2011, p. 30.)

Os conceitos são muitos, entendendo os autores Maria de Fátima Freire de Sá e Bruno


Torquato de Oliveira Naves, que “a bioética surge como corolário do conhecimento biológico,
buscando o conhecimento a partir do sistema de valores”21 Diniz compreende que a bioética
“teria um compromisso com o equilíbrio e a preservação da relação dos seres humanos com o
ecossistema e a própria vida do planeta”22 Observa-se que, apesar da vida humana ser o tema
fundamental da Bioética, cria-se uma dimensão de preocupação maior que envolve todo um
sistema.

Conforme os ensinamentos de Diniz, (2011),

"A bioética destaca-se pelo seu caráter interdisciplinar por excelência, possibilitando
a interface entre ciências como a biologia, a ecologia, a economia, a filosofia, a teologia, a
sociologia, a psicologia, a antropologia, a política e o direito, além de outras. Este grande
conjunto, formatando a bioética como uma ciência sem limitação, sem fronteira, é
compreendido a partir do momento em que seu estudo utiliza metodologias éticas num
contexto multidisciplinar."

Ainda, de acordo com Diniz:

A bioética deverá ser um estudo deontológico, que proporcione diretrizes morais para
o agir humano diante dos dilemas levantados pela biomedicina, que giram em torno dos
direitos entre a vida e a morte, da liberdade da mãe, do futuro ser gerado artificialmente, da
possibilidade de doar ou de dispor do próprio corpo, da investigação científica e da
necessidade de preservação de direitos das pessoas envolvidas e das gerações futuras.(
Freire: 2009, p. 2.)

O princípio da dignidade da pessoa humana está intimamente ligada à Bioética, funcionando


como um princípio limitador.

4. O Pensamento da Igreja Católica em Questões de Bioética e o Princípios


Permanentes da Doutrina Social da Igreja
4.1. Os princípios sociais da Doutrina Social Católica
11
O reconhecimento da dignidade pessoal do ser humano e sua fundamentação última na
semelhança de sua imagem à de Deus é a herança cristã decisiva, cuja fecundidade deve ser
repetidamente resgatada para a configuração do mundo e da sociedade. A compreensão cristã
do ser humano, da sua pessoalidade e dignidade tem consequências necessárias ao
ordenamento e à configuração do convívio dos homens.

Na autoria de Humblot, (2008, pp. 143-163), exclarece que

[…]Na tradição da doutrina e ética social cristãs, três princípios


sociais fundamentais cristalizaram-se com vistas a essa compreensão
cristã do ser humano: o princípio do bem comum, o princípio da
solidariedade e o princípio da subsidiariedade. Nesses princípios, a
referência à “dimensão social no sentido próprio do termo, isto é, ao
âmbito institucional, à interação social cimentada em estruturas,
ordenamentos e relações sociais” tem um viés especificamente sócio-
ético . Disso resulta, do ponto de vista ético, a referência prioritária à
justiça (social) a ser realizada. Tais princípios indicam as
“orientações fundamentais da ação”, são “princípios relevantes para
estruturações e procedimentos”2 , mas ainda não configuram
nenhuma instrução para a ação nem normas para situações
concretas. Os princípios sociais permitem analisar em perspectiva
crítica situações e ideologias existentes e sinalizam a direção correta.
Oswald von Nell-Breuning denomina-os “leis estruturantes da
sociedade”.( Humblot, 2008, pp. 143-163),

4.2.  Princípios da doutrina social da Igreja

Segundo Giacone (2019) "as preocupação da Igreja se concretiza em valores que servem de
base para a atuação social". e afirma que todos eles têm base evangélica e estão de acordo
com a natureza humana, que a Igreja assume e defende, procurando levá-la à plenitude, por
meio da Redenção operada por Cristo. Esses valores são:

1. A dignidade da pessoa humana: a vida humana é sagrada e a sua dignidade inviolável,


independentemente da idade, do estado de saúde, da riqueza ou da condição social. Toda

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pessoa tem direito à vida desde a concepção até a morte natural. Além disso, uma vida digna
implica a paz, muitas vezes ameaçada pela guerra e pela violência.

2. Família e comunidade: o homem é um ser social e tem o direito de crescer em


comunidade. O casamento e a família são a base da sociedade (já no início do cristianismo a
família era considerada “igreja doméstica”, termo que foi recuperado pelo Concílio Vaticano
II e difundido por São João Paulo II). Todas as pessoas têm direito de participar na sociedade.

3. Direitos e deveres: todas as pessoas têm direitos a reclamar e deveres a cumprir, tanto em
nível individual, como familiar e social. Em particular, dos trabalhadores: a economia está ao
serviço das pessoas e não o contrário. Os trabalhadores têm direito a um trabalho digno,
seguro e bem remunerado.

4. Caridade : Jesus nos ensinou que os mais vulneráveis de uma sociedade têm um lugar
privilegiado em seu Reino. É um dever de justiça ajudar a todos na luta contra a pobreza e as
situações de risco, algo que o Papa Francisco enfatizou desde o início de seu pontificado.

5. Bem Comum: é “o conjunto das condições da vida social que permitem, tanto aos grupos
como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição” (Gaudium et
Spes, 26).

6. Solidariedade: a Igreja promove a paz e a justiça acima das diferenças de raça, nação,
religião etc. Há uma só família humana que todos nós somos responsáveis por cuidar.

7. Subsidiariedade: a autoridade pública deve deixar “ao cuidado de associações inferiores


aqueles negócios de menor importância, que a absorveriam demasiado; poderá então
desempenhar mais livre, enérgica e eficazmente o que só a ela compete, porque só ela o pode
fazer” (Quadragesimo anno, 80).

4.3. Princípios bioéticos

A “expressão ‘princípios éticos básicos’ se refere àqueles julgamentos morais que servem
como justificação para muitos dos preceitos éticos e avaliações particulares das ações
humanas.( Barchifontaine: 2009, p. 571.)

13
Ressalta-se que estes princípios possuem um caráter abstrato, posto que apenas atuam como
nortes a serem seguidos, além do que também não exercerem prioridade um sobre o outro.
Eles servem como regras gerais para orientar os profissionais, diante dos casos e debates que
envolvam problemas bioéticos, necessitando da mediação de regras concretas para casos
concretos para tomarem efeitos.

Sobre esses princípios, Souza, (2014) salienta-se que os autores Barchifontaine e


Pessini, fazem também referência em sua obra a uma outra espécie de princípio, tratando-se
do princípio ao respeito pelas pessoas, que consoante o entendimento dos ditos estudiosos
consiste no que segue.

O respeito pelas pessoas incorpora pelo menos duas convicções


éticas: a primeira é que os indivíduos tenham, de fato, a sua
autonomia respeitada; isso significa, que nos “casos de pesquisa
envolvendo sujeitos humanos, o respeito pelas pessoas exige que os
sujeitos entrem na pesquisa voluntariamente e com informação
adequada”. A segunda é “que as pessoas com autonomia diminuída
sejam protegidas” Isto é, os pesquisadores não devem se beneficiar
da vulnerabilidade alheia para apreender sujeitos em seus
experimentos. Souza, 2014; Apud (Barchifontaine [2009, p. 575] )

4.3.1. O princípio da não maleficência

De acordo com o princípio da não maleficência, o profissional de saúde tem o dever de não
causar danos a seu paciente. “Esse princípio faz parte do juramento hipocrático: non nocere
(não fazer mal)”.30 Considerado por muitos como o princípio fundamental, inclusive tido por
tradicional da ética médica, tem suas raízes em uma máxima que enaltece a ação de socorrer
ou, pelo menos, não causar danos. “Os profissionais da saúde devem realizar seus trabalhos
dentro dos parâmetros legais e morais que os que recorrem a eles esperam. (Junges: 1995, P.
50.)

É uma exigência moral da prática médica, cujo “o dever de não-maleficência inclui também o
dever não só de não infligir danos atuais, mas também riscos e agravos futuros” (Junges,
1995, p. 50). O dever de não-maleficência requer que os profissionais da saúde atuem com
consciência e cuidado. Nem todos os riscos e danos são provocados intencionalmente,
contudo o profissional pode ser responsabilizado”

14
Conforme dispõe Junges:

"É o fim primário de toda profissão que está a serviço da vida e da saúde do ser humano.
O profissional da saúde age eticamente, quando visa, sempre, como princípio de suas ações,
ao bem da pessoa. Isto implica a promessa pública da atitude positiva de assistir os
enfermos"(Junges, 1995, p. 50)

Acerca da beneficência, Barchifontaine e Pessini descrevem que

[...] determina que as pessoas sejam tratadas eticamente, que suas


decisões sejam respeitadas e que elas sejam protegidas de dano.
Relaciona-se com atos de bondade e de caridade, sintetizados em
duas regras gerais, a saber: 1) não causar dano, e 2) maximizar os
possíveis benefícios e diminuir os possíveis danos.( Barchifontaine;
PessinI, 2009, p. 573.)

4.3.2. O princípio da beneficência

Já o princípio da beneficência “é o princípio que regula as instâncias éticas da profissão


médica e estrutura a deontologia profissional”. 34 Este tem sido associado à excelência
profissional desde os tempos da medicina grega. Nesse sentido, beneficência quer dizer fazer
o bem, uma obrigação moral de agir para o bem do próximo. “Pretende-se, com isso, proteger
as pessoas e garantir a segurança de pacientes que participam de pesquisas científicas”.

4.3.3. O princípio da autonomia

O princípio da autonomia é a capacidade de um indivíduo de decidir o que é melhor para ele


mesmo, e opinar sobre as questões relacionadas ao seu corpo e sua vida como todo. Para se
chegar nesse conceito, foi necessária a quebra dos paradigmas da tradição médica do
paternalismo. Como ensina Junges “esse paternalismo médico nunca foi questionado até que
apareceram os abusos e manipulações e cresceu a consciência de que todo ser humano é
sujeito e não pode ser objeto nem mesmo de beneficência. (Junges, 1995, p. 41.)

Esse princípio na visão de Junges, (1995, p. 42) cuida para que os indivíduos capazes possam
deliberar sobre suas escolhas pessoais, devendo suas decisões ser devidamente respeitadas.
Assim, “o enfermo, devido à sua dignidade como sujeito tem o direito de decidir
autonomamente a aceitação ou rejeição do que se quer fazer com ele.

4.3.4. O princípio da justiça


15
No tocante ao princípio da justiça, Junges retrata que “o princípio da justiça diz respeito ao
terceiro elemento do elo da saúde, a sociedade. Refere-se às exigências éticas das instituições
sanitárias e ao orçamento público da saúde”, (1995, p. 55) . Justiça, nesse sentido, está
associada com as relações entre grupos sociais, preocupando-se com a equidade na
distribuição de bens e recursos considerados comuns, numa tentativa de igualar as
oportunidades de acesso a estes bens.

O conceito de justiça deve fundamentar-se basilarmente na premissa que as pessoas têm


direito a cuidados, de forma digna, com sua saúde. Essa prerrogativa inclui igualdade de
direitos, justiça na distribuição de bens e de recursos, com o objetivo de alcançar o maior
número de pessoas atendidas.

Conclusão

A pesquisa tinha como tema "O Pensamento da Igreja Católica em Questões de Bioética e o
Princípios Permanentes da Doutrina Social da Igreja" e concluiu-se que a realidade
16
demonstra que os avanços científicos do mundo contemporâneo têm enorme repercussão
social, trazendo problemas de difícil solução, por envolverem muita polêmica, o que desafia
os juristas e requer a elaboração de normas que tragam respostas e abram caminhos
satisfatórios. Não só para os juristas, mas principalmente para as ciências que estudam a vida,
a Teologia, dentro desse contexto, também enfrenta esses dilemas.

Como a pesquisa foi baseada na Teologia cristã católica-romana, observase que esses
conflitos estão presentes na Igreja Católica frente aos avançotécnico-científicos, os quais, por
vezes, confrontam-se com a moral católica. Em que pese ainda haver grandes discordâncias,
nota-se que a Igreja vem evoluindo, mesmo que sensivelmente, mas precisa se abrir mais para
um diálogo no qual coloque suas posições tradicionais em um debate mais direto com a
sociedade. O que ameniza essa constatação é que já foram construídas algumas pontes
importantes com a Bioética. Nesse diapasão, a Igreja tem contribuído à reflexão Bioética e
pode contribuir mais, pois ambas preocupam-se com a temática vida e dignidade humana e
promovem sua proteção.

Referência bibliografica

Archer, L. (2001). Dicionario de Bioetica. Ed. PerpetuoSocorros. Porto.

Barchifontaine, C; & Pessini, L. (2009). Problemas atuais de bioética. 9. ed: Loyola. São
Paulo.

Diniz, M. (2011). O Estado Atual do Biodireito. 8. ed. Saraiva. São Paulo.


17
Freire de sá, M; Oliveira,N, & Bruno T. (2009). Manual de Biodireito. Belo Horizonte.

Giodano, F. (2001). A Teologia Hoje, Sintese do Pensamento teologico. Ed.


PerpetuoSocorros. Porto.

Giacone. T, (2019). O Papel da Doutrina Social da Igreja na Formação e Consolidação do


Direito do Trabalho. Faculdade de Direito. Universidade de Brasília.

Junges, J.(1995). Bioética: Perspectivas e desafios. Unisinos. São Leopoldo.

Manual de Fundamentos de Teologia da Igreja Catolica. Faculdade de Letras e Ciencias


Sociais. Universidade Catolica de Moçambique.

Pontifícia Comissão Bíblica.(2008).  Bíblia e moral: Raízes bíblicas do agir cristão, Paulinas,
São Paulo.

Souza, A. (2014). A bioética e o direito face ao princípio divino da dignidade da pessoa


humana. programa de pós-graduação em teologia. Escola Superior de Teologia.
Leopold.

Vidal , M. (2002). Nova Moral Fundamental. O Lar teólogica da etica. Lisboa.

Wildfeuer, U. ( 2008). Os princípios sociais da Doutrina Social Católica. artigo publicado


em: Rauscher, Anton (ed.) em cooperação com Jörg Althammer, Wolfgang Bergsdorf
Otto Depenheuer. Handbuch der Katholischen Soziallehre. Berlim

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