Você está na página 1de 15

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Turma: G

Fundamentos teológicos e defensores da teologia patrística e escolástica

Nome de Estudante: Lúcia Norberto Fernando Cipriano


Código de Estudante: 708212371)

Curso: Licenciatura em ensino de História


Disciplina: Fundamentos da Teologia Católica
Ano de Frequência: 2º ano

O tutor: Gildo João Manuel

Quelimane, Setembro de 2022


Classificação
Nota
Categoria Indicadores Padrões Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
Aspetos  Capa 0.5
organizacionais  Índice 0.5
 Introdução 0.5
Estrutura
 Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
Introdução  Contextualização
 Indicação clara do 1.0
problema
 Discrição do
1.0
objectivo
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
de trabalho
Análise e  Articulação e
discussão domínio do discurso
académico
2.0
Conteúdo expressão escrita
cuidada, coerente,
coesão textual.
 Revisão
bibliográfica
nacional e
2.0
internacional
relevante na área de
estudo
 Exploração dos
2.0
dados
Conclusão  Contributos teóricos 2.0
Formatação  Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspetos
paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA  Rigor e coerência
Referências 6Ed, em das citações
4
bibliográficas citações e referências
bibliografia bibliográficas
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
Índice
1. Introdução ............................................................................................................................ 3

1.1. Objectivos............................................................................................................................. 4

1.1.1. Objectivo geral .................................................................................................................. 4

1.1.2. Objectivos específicos ....................................................................................................... 4

1.2. Metodologia usada ............................................................................................................... 4

2. Fundamentação teórica ........................................................................................................ 5

2.1. Definição do termo Teologia e Teologia Católica ............................................................... 5

2.2. Corrente patrística ................................................................................................................ 5

2.2.1. O pensamento teológico da época patrística ..................................................................... 5

2.2.2. Principais padres da Igreja da patrística ............................................................................ 7

2.2.3. Santo Agostinho ................................................................................................................ 7

2.3. Corrente escolástica.............................................................................................................. 8

2.3.1. O pensamento teológico da época escolástica................................................................... 8

2.3.2. Principais padres da Igreja escolástica .............................................................................. 9

2.3.3. Santo Tomás de Aquino .................................................................................................... 9

3. Conclusão........................................................................................................................... 12

4. Bibliografia ........................................................................................................................ 13
1. Introdução
O presente trabalho da disciplina de Fundamentos da Teologia Católica tem como tema:
Fundamentos teológicos e defensores da teologia patrística e escolástica.

A quem diga que ser religioso e seguir arisca todos mandamentos de Deus é ir diariamente a igreja.
Eu simplesmente acho que o importante e ter fé e acreditar na sua existência.

Mil anos. Foi esse o período aproximado que denominamos como idade medieval, da queda do
império romano no século V até o século XV e o início do renascimento foram desenvolvidas duas
correntes filosóficas distintas: A filosofia patrística e a filosofia escolástica, ambas possuíam
concepções religiosas, porém com diferentes abordagens.

A Patrística consiste no pensamento dos chamados Padres da Igreja, isto é, os pais, os fundadores
do pensamento cristão.

Podemos situar seu início a partir do fim da era apostólica, após a escrita do Apocalipse de São
João, o último dos livros bíblicos, prolongando-se até o século V. A Escolástica inicia por volta
do século V e prolonga-se até o início do Renascimento. Recebe esse nome por ser o pensamento
elaborado nas escolas. Notemos que essa divisão que adotamos, acompanhando grande parte dos
historiadores da filosofia, não equivale exatamente à divisão histórica que coloca a Idade Média
como tendo seu início em 476, com a queda do Império Romano do Ocidente, e seu ocaso em
1453, com a tomada de Constantinopla pelos turcos e a consequente queda do Império Romano do
Oriente.

O trabalho tem como objectivo conhecer os fundamentos teológicos e defensores da teologia


patrística e escolástica.

Em termos metodológicos, a pesquisa quanto à abordagem é qualitativa, os quantos objectivo a


pesquisa é exploratória e quanto aos procedimentos metodológicos é uma pesquisa bibliográfica.

Estruturalmente, o trabalho tem três partes a saber: primeira de introdução constituído por;
objectivos e metodologia, segunda parte da revisão da literatura (marco teórico) discussão das
questões relacionadas ao estudo da arte da área da pesquisa e última parte que traz conclusão da
pesquisa bem com as referências bibliográficas dos autores citados ao longo da pesquisa.

3
1.1. Objectivos

Os objectivos traçados no presente trabalho são:

1.1.1. Objectivo geral

Conhecer os fundamentos teológicos e defensores da teologia patrística e escolástica.

1.1.2. Objectivos específicos

 Definir o termo Teologia Católica;


 Descrever o pensamento teológico da época patrística e escolas;
 Listar as principais ideias de Santo Agostinho e Tomás de Aquino como espontes máximos;
 Identificar os padres da Igreja das duas épocas
1.2. Metodologia usada

Segundo Silvestre e Araújo (2012), metodologia é a “explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e


exacta de toda acção desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa” (p. 55). Já Sousa
e Baptista (2011), definem metodologia como um “conjunto concentrado de operações que são
realizadas para atingir um ou mais objectivos” (p. 88).

Sendo de natureza exploratória1, esta reflexão teve uma abordagem qualitativa, a qual segundo
Silvestre e Araújo (2012), proporciona compreensão em profundidade do contexto do problema e,
é um “método indutivo por excelência para entender por que o indivíduo age como age, pensa
como pensa ou sente como sente” (p. 62).

Para a recolha de dados foram aplicadas as seguintes técnicas: a pesquisa bibliográfica, pesquisa
documental e pesquisa em sites da internet. A pesquisa bibliográfica consistiu numa leitura de
obras de diversos autores que abordam sobre o tema em estudo, a fim de recolher e confrontar
informações pertinentes relativas ao mesmo. A pesquisa documental consistiu na consulta de
documentos e brochuras relacionadas com a matéria. A pesquisa em sites da internet consistiu na
consulta de artigos digitais cuja semântica está orientada para Fundamentos teológicos e
defensores da teologia patrística e escolástica.

1
Os estudos do tipo exploratórios têm por objectivo proceder ao reconhecimento de uma dada realidade e
levantar hipóteses para o seu entendimento (Sousa & Baptista, 2011).

4
2. Fundamentação teórica
2.1. Definição do termo Teologia e Teologia Católica

Segundo Pontifícia Comissão Bíblica (2009) o termo “teologia = teo + logia⇒θєōs, Deus + λοΥiα
= discurso sobre Deus; arte de dirigir o espírito na investigação da verdade do discurso sobre Deus”
(p.05).

O dicionário de teologia (2006) define a Teologia “como a ciência das coisas divinas”(p.9).

De acordo com Pauly (2012) teologia católica é a “compreensão da doutrina ou ensinamentos


católicos e resulta dos estudos de teólogos. Baseia-se na escritura canônica e na tradição sagrada,
interpretada com autoridade pelo magistério da Igreja Católica” (p.07).

Analisando as definições acima percebo que não existe uma definição da teologia aceita e adotada
por todos. Ela se modifica de acordo com a forma de abordar o objecto, o objectivo e o método da
teologia. No entanto podem ser percebidos dois tipos de definições que se distinguem claramente:
os mais objetivos, que consideram como objeto da teologia a Revelação, a fé, as verdades da fé ou
os dogmas, e os mais personalistas, que apontam para Deus, para Cristo e Seus mistérios e para o
homem como objecto da teologia. Os métodos e os objectivos diferenciam menos as definições do
conhecimento teológico.

A história do pensamento cristão, será, portanto, segundo Camacho (1995) está dividida do
seguinte modo: “o Cristianismo, isto é, o pensamento do Novo Testamento, enquanto soluciona o
problema filosófico do mal; a Patrística, a saber, o pensamento cristão desde o II ao VIII século, a
que é devida particularmente a construção da teologia, da dogmática católica; a Escolástica, a
saber, o pensamento cristão desde o século IX até o século XV, criadora da filosofia cristã
verdadeira e própria” (p.38).

2.2. Corrente patrística

“Patrística é uma corrente filosófica que surgiu na transição da Antiguidade Clássica (Gregos e
Romanos) para a Idade Média” (Camacho, 1995, p.40). Ela recebeu esse nome porque foi
desenvolvida pelos primeiros cristãos, ou seja, os Pais da Igreja Católica.

2.2.1. O pensamento teológico da época patrística

De acordo com Drobner (2003) diz que “a fé em busca de argumentos racionais a partir de uma
matriz platônica”
5
Camacho (1995) afirma:

Desde que surgiu o cristianismo, tornou-se necessário explicar seus ensinamentos às


autoridades romanas e ao povo em geral. Mesmo com o estabelecimento e a consolidação
da doutrina cristã, a Igreja católica sabia que esses preceitos não podiam simplesmente ser
impostos pela força. Eles tinham de ser apresentados de maneira convincente, mediante
um trabalho de conquista espiritual. Foi assim que os primeiros Padres da Igreja se
empenharam na elaboração de inúmeros textos sobre a fé e a revelação cristãs. O conjunto
desses textos ficou conhecido como patrística por terem sido escritos principalmente pelos
grandes Padres da Igreja (p.42).

Uma das principais correntes da filosofia patrística, inspirada na filosofia greco-romana, tentou
munir a fé de argumentos racionais. Esse projeto de conciliação entre o cristianismo e o
pensamento pagão teve como principal expoente o Padre Agostinho.

“Compreender para crer, crer para compreender”. (Santo Agostinho)

Segundo Hirschberger (1966 cit. em Pauly, 2012) a filosofia Patrística (século I ao VII): a filosofia
desenvolvida nessa época teve como objectivo consolidar o papel da igreja e propagar os ideais do
cristianismo” (p.43). Assim, baseadas nos apóstolos e o Evangelho em Moçambique, a escola
patrística advogou a favor da igreja e propagou diversos conceitos cristãos como o pecado original,
a criação do mundo por Deus, ressureição de juízo final.

Para Biblia (2007) as principais características das patrísticas são:

 É uma religião monoteísta (crença em um único Deus);


 É fundamentado na crença em Jesus Cristo e em sua vinda à Terra;
 A Bíblia é o livro sagrado que deve ser seguido pelos cristãos;
 Tem a crença de que após a morte as pessoas passam para a vida eterna;
 Crença no dia do Juízo Final, que aconteceria com a volta de Jesus Cristo (p.334).
Neste sentido, é a patrística que, basicamente, a filosofia responsável pela elucidação progressiva
dos dogmas cristãos e pelo que se chama hoje de Tradição Católica.

Olhando nas características ou pensamentos acima, percebo que o centro desta corrente é deus, ou
seja, o invisível para todos e acreditado por diversos crentes desta religião e a bíblia ou qualquer
símbolo que a religião acredita ser o elo de ligação entre os crentes com o deus todo poderoso
posso assim afirmar.

6
2.2.2. Principais padres da Igreja da patrística

Os Padres da Igreja são, como já foi dito, os primeiros sistematizadores do pensamento cristão. De
certa forma, poderíamos dizer que foram os primeiros teólogos propriamente ditos. A designação
de um pensador como “Padre” nem sempre obedeceu a critérios muito precisos.

De acordo com Camacho (1995) os primeiros e principais pensadores da Patrística são:

 São Justino de Roma (século II): considerado o primeiro filósofo cristão, afirmou que o
cristianismo era a verdadeira filosofia;
 São Clemente de Alexandria e Orígenes (séculos II-III);
 Os três capadócios: São Gregório de Nissa, São Basílio de Cesaréia e São Gregório
Nazianzeno;
 São Policarpo de Esmirna: discípulo de São João Evangelista, foi mártir e deixou escritos
de argumentos lógicos em defesa da fé;
 Santo Agostinho de Hipona: não foi um dos primeiros, mas foi o ápice da Patrística (p.67).
2.2.3. Santo Agostinho

Vasconcellos (2014) refere:

Agostinho de Hipona (354–430) é, sem dúvida, um daqueles raros pensadores cujo fascínio
extrapola sua época e faz dele, em muitos aspectos, um autor actual. Ele une, em uma
síntese coerente, embora não sistemática, filosofia, teologia, antropologia, psicologia,
política, etc. Sua trajetória intelectual tem na leitura da obra, hoje perdida, Hortênsios de
Cícero, o seu marco inicial. O jovem Agostinho, lendo Cícero, toma consciência de sua
vocação filosófica e dá início a uma reflexão irrequieta e vibrante, sem deixar de ser
profunda e conscienciosa. A busca pela verdade, suscitada por Cícero, leva-o a aproximar-
se e, depois, afastar-se do maniqueísmo. Leva-o ao encontro definitivo com o
neoplatonismo e, posteriormente, com o cristianismo, pois Agostinho se torna cristão, sem
deixar de ser neoplatônico (p.20).

“Santo Agostinho de Hipona diz que Deus cria todas as coisas a partir de modelos imutáveis e
eternos, que são as ideias divinas. Essas ideias ou razões seminais, como também são chamadas,
não existem em um mundo à parte, independentes de Deus, mas residem na própria mente do
Criador”(Camacho, 1995, p.47).

Conforme Drobner (2003) sustenta:

7
Agostinho tinha um empenho muito grande na filosofia e desenvolveu um pensamento
original, nunca visto. Misturava uma variedade de métodos e filosofias que garantiam um
trabalho de muito conhecimento e exatidão. Graças a ele, muitos pontos da doutrina
católica foram definidos, elaborados e firmados, como: graça ser indispensável, livre-
arbítrio (capacidade de escolher entre coisas boas ou más), pecado original e Santíssima
Trindade (p.109).

Portanto percebo que, a mesma sabedoria divina, por quem foram criadas todas as coisas, conhecia
aquelas primeiras, divinas, imutáveis e eternas razões de todas as coisas, antes de serem criadas.

2.3. Corrente escolástica

A Escolástica foi um período da Filosofia Medieval em que a filosofia aristotélica e a junção entre
fé e razão ganharam centralidade para explicar os elementos teológicos.

2.3.1. O pensamento teológico da época escolástica

Drobner (2003) diz “Os caminhos de inspiração aristotélica levam até Deus”.

De acordo com Camacho (1995) “no século VIII, Carlos Magno resolveu organizar o ensino por
todo o seu império e fundar escolas ligadas às instituições católicas” (p.34). A cultura greco-
romana, guardada nos mosteiros até então, voltou a ser divulgada, passando a ter uma influência
mais marcante nas reflexões da época. Era a renascença carolíngia.

“Tendo a educação romana como modelo, começaram a ser ensinadas as seguintes matérias:
gramática, retórica e dialética (o trivium) e geometria, aritmética, astronomia e música (o
quadrivium)” ( Illanes & Saranyana, 2002, p.321). Todas elas estavam, no entanto, submetidas à
teologia.

A fundação dessas escolas e das primeiras universidades do século XI fez surgir uma produção
filosófico-teológica denominada escolástica (de escola).

Segundo Drobner (2003) a partir do século XIII, o aristotelismo penetrou de forma profunda no
pensamento escolástico, marcando-o definitivamente. Isso se deveu à descoberta de muitas obras
de Aristóteles, descobertas até então, e à tradução para o latim de algumas delas, diretamente do
grego (p.78).

8
A busca da harmonização entre a fé cristã e a razão manteve-se, no entanto, como problema básico
de especulação filosófica. Nesse sentido, Vasconcellos (2014) diz que o período escolástico pode
ser dividido em três fases:

Primeira fase - (do século IX ao fim do século XII): caracterizada pela confiança na perfeita
harmonia entre fé e razão.

Segunda fase - (do século XIII ao princípio do século XIV): caracterizada pela elaboração de
grandes sistemas filosóficos, merecendo destaques nas obras de Tomás de Aquino. Nesta fase,
considera-se que a harmonização entre fé e razão pôde ser parcialmente obtida.

Terceira fase - (do século XIV até o século XVI): decadência da escolástica, caracterizada pela
afirmação das diferenças fundamentais entre fé e razão (p.108).

Analisando o pensamento dos autores acima percebo o método escolástico de investigação,


privilegiava o estudo da linguagem (o trivium) para depois passar para o exame das coisas (o
quadrivium). Rosa, por exemplo, é o nome de uma flor. Quando a flor morre, a palavra rosa
continua existindo.

2.3.2. Principais padres da Igreja escolástica

De acordo com Camacho (1995) os primeiros e principais pensadores da escolástica são

 Severino Boécio, por muitos considerado como o “Pai da Escolástica”, foi um dos mais
influentes pensadores da Idade Média;
 Boaventura (1221–1274) é um autor plenamente integrado nas discussões filosóficas de
seu tempo;
 Tomás de Aquino é visto como o maior expoente desta corrente (p.198).
2.3.3. Santo Tomás de Aquino

Segundo Vasconcellos (2014) “Santo Tomás de Aquino (1225–1274) é um dominicano, foi


discípulo de Alberto Magno, com quem estudou o pensamento de Aristóteles. Tomás, tal como
seu amigo Boaventura, é um conhecedor das grandes questões filosófico-teológicas de seu tempo”
(p.74). No entanto, diferentemente do franciscano, Tomás concebe de um modo mais independente
a filosofia diante da teologia. Para o dominicano, com efeito, a filosofia e a teologia são modos
diferentes de buscar a verdade e se opor ao erro e, por isso mesmo, não há propriamente oposição

9
entre elas, mas uma mútua colaboração, ainda que, por sua própria natureza, a fé esteja acima da
razão.

Na Suma contra os Gentios, Tomás nos diz:

Depreende-se do exposto que a doutrina da fé cristã considera as criaturas enquanto há


nelas alguma semelhança de Deus, em enquanto o erro a respeito delas conduz a um erro a
respeito das coisas divinas. E assim, por razões diversas, as criaturas são objecto daquela
doutrina e da filosofia humana. Com efeito, a filosofia humana as considera enquanto tais.
Donde as diversas partes da filosofia serem constituídas segundo os diversos gêneros das
coisas. Mas a fé cristã não as considera enquanto tais [...] mas, enquanto elas representam
a transcendência divina, e enquanto de algum modo se ordenam para Deus [...] E por esse
motivo o filósofo e o fiel consideram realidades diversas nas criaturas. O filósofo, com
efeito, considera aquilo que a elas convém conforme a natureza própria, por exemplo, o
fogo, enquanto sobe. O fiel, porém, considera nas criaturas somente aquilo que a elas
convém enquanto estão relacionadas com Deus, com o serem criadas por Deus, serem
sujeitas a Deus, etc. O filósofo deduz os seus argumentos partindo das próprias causas das
coisas; o fiel, porém, da causa primeira, mostrando que assim é porque foi revelado por
Deus ou porque redunda na glória de Deus ou porque a glória de Deus é infinita [...]. Com
efeito, no ensino da filosofia, que considera as criaturas em si mesmas, e partindo delas vai
ao conhecimento de Deus, consideram-se primeiramente as criaturas e, após, Deus. Mas
na doutrina da fé, que não considera as criaturas senão enquanto ordenadas para Deus,
primeiramente considera-se Deus e, após, as criaturas. E assim ela é mais perfeita,
justamente por ser semelhante ao conhecimento de Deus que, ao se conhecer, vê as outras
coisas em si mesmo (Vasconcellos, 2014, p.75).

Na minha visão, percebo que o Aquinate não questiona a superioridade da fé sobre a razão, nem
por isso entende, pois ambas provêm de Deus. Entende, contudo, que algumas questões não podem
ser alcançadas pela razão; em tal caso, a atitude correta é a aceitação das mesmas, através da fé.
Há outras questões que a razão é capaz de alcançar, ainda que não sejam acessíveis a todos os
homens, uma vez que sua compreensão demandaria tempo, maturidade, capacidade intelectual,
nem sempre disponíveis a todos os homens. Em tal caso, a certeza da fé vem suprir as fragilidades
humanas.

Conforme nas correntes acima, apesar das contribuições ideológicas e em alguns aspectos
científicos, especialmente na geometria, aritmética, música, astronomia entre outras, a filosofia
10
patrística e escolástica se diferencia das demais correntes de pensamento pelo facto de não aceitar
verdades que poderiam, porventura, contrariar dogmas religiosos e os demais pressupostos
cristãos. Pelo seu caráter em alguns aspectos manipulador, a filosofia medieval não costuma
receber muita atenção de indivíduos engajados na busca científica da existência humana e do
próprio universo. Assim, é graças ao período da Patrística e Escolástica que conhecemos boa parte
da herança imaterial dos gregos e romanos, conservado e aperfeiçoado nos mosteiros. Esse período
também trouxe um crescimento cultural, pois trazia novas ideias não vistas até então. A Igreja em
Moçambique é hoje uma presença consolidada e reconhecida pelas instituições e pelas leis do país,
o que garante a liberdade de fé e proíbe a discriminação por motivos religiosos.

11
3. Conclusão

Partindo dos objectivos traçados no presente trabalho conclui-se que:

Mesmo que a Patrística tenha começado em uma época de transição, a maioria dos autores a
classificam como a primeira parte da Filosofia Medieval. Isso porque o cristianismo está enraizado
nela, bem como está na Escolástica;

Na Patrística, temos o início da organização do pensamento cristão, baseado na filosofia


de Platão e sendo Santo Agostinho seu principal representante;

A Escolástica é uma corrente filosófica desenvolvida no ápice da Idade Média, muitas vezes
conhecida como segunda parte da Filosofia Medieval;

Nela, temos um cristianismo consolidado, baseado na filosofia de Aristóteles e tendo São como
principal representante.

Dessa forma, Patrística e Escolástica se relacionam por estarem ligadas à Teologia Cristã e serem
uma defesa e propagação da cristandade;

A principal diferença entre elas é que na Patrística temos uma predominância da fé e da metafísica.
Já na Escolástica, a fé e a racionalidade são lados de uma mesma moeda, e as questões físicas são
mais abordadas.

12
4. Bibliografia

Biblia, S. (2007). Com introduções e notas. (5ª ed.). (CNBB, Trad.) Brasília e São Paulo: Edições
CNBB e Editora Canção Nova.

Camacho S. J., I. (1995). Doutrina Social da Igreja: Abordagem histórica. (J. A. Ceschin, Trad.)
São Paulo: Edições Loyola.

__________.(2006). Dicionário de teologia. Rio de Janeiro.

Drobner, H.(2003).Manual de Patrologia. Petrópolis: Vozes.

Illanes, J. L. & Saranyana, J. I. (2002). História de la Teología. (3ª ed.). Madrid: BAC.

Silvestre, H. C. & Araújo, J. F. (2012). Metodologia para a investigação social. Lisboa: Escolar

Sousa, M. J. & Baptista, C. S. (2011). Como fazer investigação, dissertações, teses e


relatórios:segundo bolonha. Lisboa: Pactor.

Pauly, W. (2012). História da Teologia Cristã. São Paulo: Loyola.

Pontifícia, C. B. (2009). Bíblia e Moral. Raízes Bíblicas do Agir Cristão. (N. B. Pereira, Trad.)
São Paulo: Paulinas.

Vasconcellos, M. (2014). Filosofia Medieval: Uma breve introdução. Pelotas: NEPFIL

13

Você também pode gostar