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Turma: C
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Índice
I. Introdução .................................................................................................................................... 3
1.1. Objectivos..................................................................................................................................... 4
Mas não apenas o Direito recrimina a corrupção; também a reflexão ética reprova tal conduta. A
Ética é a área da Filosofia que tem a ver com o estudo das normas, princípios que norteiam o agir
humano. A palavra, de origem grega, significa etimologicamente hábito, costume e é objecto de
reflexão filosófica há mais de vinte e cinco séculos.
O presente trabalho tem como objectivo conhecer e compreender a corrupção como um problema
ético.
Estruturalmente, o trabalho tem três partes a saber: primeira de introdução constituído por;
objectivos e metodologia, segunda parte da revisão bibliográfica discussão das questões relacionadas
ao estudo da arte da área da pesquisa e última parte que traz conclusão da pesquisa bem com as
referências bibliográficas dos autores citados ao longo da pesquisa.
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1.1. Objectivos
Sendo de natureza exploratória 1 , esta reflexão teve uma abordagem qualitativa, a qual segundo
Silvestre e Araújo (2012), proporciona compreensão em profundidade do contexto do problema e, é
um “método indutivo por excelência para entender por que o indivíduo age como age, pensa como
pensa ou sente como sente”(p.59).
Para a recolha de dados foram aplicadas as seguintes técnicas: a pesquisa bibliográfica, pesquisa
documental e pesquisa em sites da internet. A pesquisa bibliográfica consistiu numa leitura de obras
de diversos autores que abordam sobre o tema em estudo, a fim de recolher e confrontar informações
pertinentes relativas ao mesmo. A pesquisa documental consistiu na consulta de documentos e
brochuras relacionadas com a matéria. A pesquisa em sites da internet consistiu na consulta de
artigos digitais cuja semântica está orientada para A corrupção como um problema ético.
1
Os estudos do tipo exploratórios têm por objectivo proceder ao reconhecimento de uma dada realidade e
levantar hipóteses para o seu entendimento (Sousa & Baptista, 2011).
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II. Revisão bibliográfica
Antes de abordar o tema propriamente dito, a necessidade de dar o conhecer os conceitos dos temas
mais usados na pesquisa.
Entende-se como ética o conjunto de princípios e valores morais que orientam ou que deveriam
orientar o comportamento de um ou de um grupo de cidadãos, cada qual com sua crença, cultura e
valores (Abbagnano, 2000).
Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. É uma ciência, pois tem
objectivo próprio, leis próprias e método próprio, na singela identificação do carácter
científico de um determinado ramo do conhecimento. O objecto da Ética é a moral. A moral é
um dos aspectos do comportamento humano. A expressão moral deriva da palavra romana
mores, com o sentido de costumes, conjunto de normas adquiridas pelo hábito reiterado de
sua prática (Nalini, 2014, p. 37).
Conforme ressaltam Lisboa et al. (1997 citado por Borges & Medeiros, 2007) existem quatro
preceitos mínimos a serem considerados no exercício profissional e num consequente manual de
conduta: competência, sigilo, integridade e objectividade. Inclusive, enfatizam que além da
preparação técnica, os profissionais precisam descobrir um propósito social superior aos serviços
que executam, defendendo os princípios e valores éticos da profissão para demonstrar uma imagem
verdadeira do que ela constitui.
De acordo com Dicionário da língua portuguesa Abbagnano (2000) “corrupção é a acção ou efeito
de corromper; decomposição, putrefacção, depravação, desmoralização, devassidão, sedução e
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suborno.” (p.45). Segundo Kanitz (1999), corrupção é o “uso de meios ilegais para obter algo. o
mesmo autor refere que etimologicamente, este substantivo está estritamente ligado ao desvio de
conduta. Na perspectiva jurídica implica, também, a uma acção ou prática ilícita.
No sentido amplo, a corrupção pode ser definida como o fenómeno pelo qual um agente é
levado a agir de modo diferente dos padrões estabelecidos, de forma a favorecer interesses
ilegais ou ilegítimos. Assim sendo, não apenas é praticada por funcionário público mas,
também, pode ter origem no particular. Dependendo do caso, a corrupção é praticada,
exclusivamente, por um ou por outro (Batista, 2015, p.76).
Nesta óptica acrescenta-se que a corrupção apenas proporciona malefícios em longo prazo para os
profissionais, de forma que pode destruir a sua dignidade, a sua impressão diante dos seus clientes e
da sociedade, e assim comprometer os seus futuros empreendimentos e o almejado sucesso. Em
países da Europa, Ásia e Estados Unidos a corrupção não se prolifera, ou se ocorre não chega a
atingir níveis consideráveis, pois as empresas e o governo desenvolvem acções preventivas de
corrupção através de profissionais auditores. Assim em Moçambique não somente na corrupção, mas
em diversos segmentos, possui a cultura da não prevenção e da mediação final do problema, assim,
percebe-se que os problemas nunca são resolvidos, pois a esfera pública que deveria propiciar o
exemplo, apenas averigua e remedia as consequências dos problemas transcorridos.
Representa a situação em que um funcionário ou agente do Estado solicita ou aceita, por si ou por
interposta pessoa, vantagem patrimonial ou a promessa de concessão de vantagem patrimonial ou
não patrimonial, para si ou para terceiro, para realizar qualquer acto ou omitir a sua prática, desde
que tal actuação seja contrária aos deveres do seu cargo (Mosse, 2004).
Exemplo: Um agente da Polícia de Trânsito que recebe certo valor monetário de um automobilista
para não sancioná-lo com uma multa por transgressão de uma regra do Código de Estrada.
É punida com a pena de 2 a 8 anos de prisão segundo o Art. 328 (corpo) do Código Penal (CP) e de
outras várias maneiras de acordo com a maior ou menor gravidade dos actos praticados pelo agente,
É a situação em que um funcionário ou agente do Estado solicita ou aceita, por si ou por interposta
pessoa, vantagem patrimonial ou a promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial, para si ou
para terceiro, para a prática de qualquer acto ou omissão não contrários aos deveres do cargo.
Exemplo: Um funcionário da Conservatório do Registo Criminal que recebe uma oferta para
proceder a passagem urgente de uma certidão autêntica, desrespeitando a ordem de entrada dos
pedidos em benefício de quem lhe ofereceu o presente.
Previsão legal e punição 2 a 8 anos de prisão e multa correspondente a 1 ano se o acto praticado for
injusto; e suspensão de 1 a 3 anos se o acto injusto não for executado, de acordo com o Art. 318
(corpo) do CP.
Previsão legal e punição 2 a 8 anos de prisão em atenção ao Art. 318 (corpo) do CP; prisão até 1 ano
de acordo com o Art. 9 da Lei Anti-corrupção (6/2004) e multa até 2 meses em atenção ao Art. 8 do
mesmo diploma legal.
Neste sentido existem acções que colocam a corrupção como problema ético sendo:
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a) O suborno: é uma das formas mais conhecidas de corrupção e consiste em convencer ou
tentar convencer outra pessoa, através de dádiva ou promessa de vantagem patrimonial ou
não patrimonial, a praticar os factos indevidos (Código Penal, 2019), ou seja, é a oferta da
promessa de vantagens patrimoniais ou não patrimoniais, na esperança de influenciar um
funcionário público a agir de determinada forma. Por outras palavras, consiste na oferta de
dinheiro ou favores, de forma a influenciar um funcionário público;
b) A extorsão: que representa a intenção de conseguir para si ou para terceiro enriquecimento
ilegítimo, constranger outra pessoa, por meio de violência ou de ameaça com mal importante,
a uma disposição patrimonial que acarrete, para ela ou para outrem (Código Penal, 2019),
portanto, é uma tentativa de enriquecimento, de forma ilegítima, ao constranger 16 outra
pessoa, a realizar determinada tarefa. Ou seja, quando uma pessoa é coagida a pagar dinheiro
ou realizar favores, em troca de uma acção;
c) O peculato: no qual um funcionário que ilegitimamente se apropriar, em proveito próprio ou
de outra pessoa, de dinheiro ou qualquer coisa móvel ou imóvel ou animal, públicos ou
particulares, que lhe tenha sido entregue, esteja na sua posse ou lhe seja acessível em razão
das suas funções (Código Penal, 2019). Ou seja, consiste na apropriação, de forma ilegítima
(roubo), de dinheiro ou qualquer outra propriedade;
d) O tráfico de influências: no qual uma pessoa, por si ou por interposta pessoa, com o seu
consentimento ou ratificação, solicitar ou aceitar, para si ou para terceiro, vantagem
patrimonial ou não patrimonial, ou a sua promessa, para abusar da sua influência, real ou
suposta, junto de qualquer entidade pública (Código Penal, 2019). O tráfico de influências
pode ser realizado em menor ou maior escala, no qual uma pessoa solícita ou aceita, para si
ou terceiros, uma vantagem patrimonial ou não patrimonial, ou a promessa de uma vantagem,
de modo a abusar da sua influência, em determinada entidade pública. É o uso de influências
ou conexões, reais ou supostas, para obter favores;
e) O nepotismo: é também uma forma conhecida de corrupção, na qual uma pessoa demonstra
favoritismo para com parentes ou familiares próximos, em detrimento de pessoas,
possivelmente, mais qualificadas para o cargo (Bondoso, 2015). De todas estas formas de
corrupção, apenas o nepotismo não está presente no CP.
Neste sentido a formas comum de corrupção em moçambique são:
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Corrupção eleitoral;
Corrupção de juízes;
Corrupção de funcionários e agentes;
A definição legal de corrupção encontra-se nas disposições legais vertidas no Código Penal e na Lei
Anti-Corrupção, Lei n.˚ 6/2004, de 17 de Junho. Realçar que os diplomas legais referidos, embora
definam a corrupção e prevejam as molduras penais abstractas para aqueles que violem os seus
preceitos legais incriminadores, a legislação avulsa mostra várias formas de manifestação da
corrupção.
Analisando percebo que a ética profissional e a corrupção estão directamente ligadas por serem
completamente opostas, uma vez que ao se apresentar atitudes éticas não existe espaço para
corrupção e vice-versa. Cada ser humano introduz os valores obtidos no veio familiar em seu meio
de trabalho, somado a isso estão os códigos de ética de cada profissão, bem como, as leis vigentes
que podem entrar em conflito com suas ideias particulares ou reforçá-las de forma positiva ou
negativa.
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Segundo Mosse (2004) afirma:
Nota-se que em Moçambique, poucas são as pessoas que expõem a ética, denunciam a
corrupção sem interesse, procuram justiça sem estarem directamente envolvidas e preocupam
se com o próximo sem conhecê-lo. Assim, culturalmente o país é desapegado as questões
sociais e não prioriza critérios éticos, o que leva a crer que uma pessoa que possui ética
profissional em suas funções, porém, não denuncia um colega de trabalho que é corrupto,
torna-se participante passivo dessa corrupção, desvirtuando sua própria ética. Em outra
questão, as leis regulamentam as atribuições para as profissões. Apesar disso destaca-se que o
profissional ético deve reconhecer os seus limites de abrangência. Quando acreditar que não
possui e não vivenciou o conhecimento necessário para praticar tal actividade, precisa
comunicar os seus domínios. (p.187).
Na minha visão a cultura da corrupção nunca será vencida em Moçambique enquanto prevalecer a
sua identidade falsa. Igualmente, o corruptor jamais será identificado enquanto se ignorar o facto de
que corrupta não é a classe política ou o político, enquanto homem público, mas sim, o próprio
Moçambicano e a própria sociedade Moçambicana. É necessário primeiro, admitir que o corrupto
não é o político Moçambicano mas, sim, o cidadão Moçambicano, que a corrupção não está na
política e, sim, na cultura Moçambicana. Segundo, é preciso criar o hábito de chamar corrupção pelo
nome, para que se tome a consciência gradativa de repudiá-la. Enquanto é apelidada carinhosamente,
dificilmente se conseguirá desprender dela. A título de exemplo assistimos o escândalo por parte do
governo no que se refere a divididas ocultas que é uma vergonha a políticas públicas naquilo que se
refere a corrupção activa de membros do estado em um acto que prejudico todos moçambicanos.
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Trabalhar com actores não-governamentais é uma componente crucial para a
ampliação de uma coalizão anti-corrupção. Grupos da sociedade civil, como ONG’s,
instituições académicas e organizações de pesquisa, mostraram-se, em vários casos
serem parceiros poderosos em coalizões anti-corrupção.
Deste modo, sendo a corrupção um grande empecilho para a democratização visto que põe em causa
alguns dos princípios democráticos mais básicos como o da igualdade e o Estado de direito, as
actividades de combate à corrupção pela sociedade civil revelam-se como um teste do seu potencial
em contribuir no processo da democratização (Mosse, 2004, p.88).
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III. Conclusão
A corrupção, enquanto fenómeno social, é reflexo da cultura levada a cabo sem princípios éticos e
valores morais. Não se trata de fenómeno político ou de qualquer outra classe, como
equivocadamente acredita ser. É um fenómeno ético cultural. E em Moçambique não poderia ser
diferente. A raiz da corrupção é histórica e cultural. Germinou no período colonial e na então
administração lusitana que tinha como objectivo dominar, manipular e explorar. Na tentativa de
concretizar tal objectivo a todo custo criou-se o hábito da ignorância deliberada em relação às
exigências éticas;
Actualmente Moçambique tem sofrido fortes críticas e diversos abalos relativos a ética profissional e
a corrupção, principalmente em ordem política, colocando o país em índices alarmantes quanto aos
desvios e a má gestão do dinheiro público, ocasionando graves deficits em educação, saúde e
segurança. A corrupção sempre individualiza o ganho, assim, enquanto poucos recebem, a maioria
da população sofre as consequências e o prejuízo pelas atitudes que não cometeu;
A corrupção em Moçambique não está no DNA das pessoas, pois não existe nos genes moçambicano
nada que nos predisponha à corrupção, algo hereditário. Logo, as condutas corruptas são advindas
muitas vezes do veio familiar por questão de convivência, escolha e discernimento;
Moçambique não somente na corrupção, mas em diversos segmentos, possui a cultura da não
prevenção e da mediação final do problema, assim, percebe-se que os problemas nunca são
resolvidos, pois a esfera pública que deveria propiciar o exemplo, apenas averigua e remedia as
consequências dos problemas transcorridos. Dessa forma, cita-se a corrupção política, em que não se
percebe acções de prevenção desse dilema, mas apenas os escândalos que a Mídias divulga porque
alguma pessoa denuncia, ou ainda, as punições do poder público (quando ocorrem), sendo estas
tardias para o tamanho dos desastres causados pelo desvio ético-profissional de alguns cidadãos;
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IV. Referências bibliográficas
Abbagnano, N. (2000) Ética: Dicionário de filosofia. (4ª ed.). São Paulo: Martins Fontes.
Batista, A. (2015) Corrupção: Factor De Progresso? Origem da corrupção. (5ª ed.) Revista Borges,
E. & Medeiros, C. (2007) Comprometimento e ética profissional: um estudo de suas relações juntos
aos contabilistas. São Paulo
Bondoso, A. (2015). O Contributo do Controlo Interno para a Prevenção da Corrupção: Estudo dos
Municípios Portugueses. Húmus
Mosse, M. & Matusse, S. (2009) Gestão do Solo Urbano e Corrupção em Moçambique: as práticas
corruptivas nas cidades de Maputo e Matola. CIP, Dezembro, Maputo.
Nalini, J. R. (2014). Ética geral e profissional. (11ª.ed.) São Paulo: Revista dos Tribunais.
Silvestre, H. C. & Araújo, J. F. (2012). Metodologia para a investigação social. Lisboa: Escolar
Sousa, M. J. & Baptista, C. S. (2011). Como fazer investigação, dissertações, teses e relatórios:
segundo bolonha. Lisboa: Pactor
Legislação
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