Você está na página 1de 15

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto de Educação à Distância

Turma: C

Tema do Trabalho: Corrupação como Problema Ético

Nome de estudante: Maria Isabel Francisco Samojo


Código de Estudante:708204328

Curso: Licenciatura em ensino de Biologia


Disciplina: Ética Profissional
Ano de Frequência: 4º

Docente: Pe Novais Amado

Quelimane, Junho de 2023


Classificação
Nota
Categoria Indicadores Padrões Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
Aspetos  Capa 0.5
organizacionais  Índice 0.5
 Introdução 0.5
Estrutura
 Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
Introdução  Contextualização
 Indicação clara do 1.0
problema
 Discrição do
1.0
objectivo
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
de trabalho
Análise e  Articulação e
discussão domínio do discurso
académico
2.0
Conteúdo expressão escrita
cuidada, coerente,
coesão textual.
 Revisão
bibliográfica
nacional e
2.0
internacional
relevante na área de
estudo
 Exploração dos
2.0
dados
Conclusão  Contributos teóricos 2.0
Formatação  Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspetos
paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA  Rigor e coerência
Referências 6Ed, em das citações
4
bibliográficas citações e referências
bibliografia bibliográficas
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
___________________________
Índice
I. Introdução .................................................................................................................................... 3

1.1. Objectivos..................................................................................................................................... 4

1.1.1 Objectivo geral ........................................................................................................................... 4

1.1.2 Objectivos específicos ................................................................................................................ 4

1.2. Metodologia usada ....................................................................................................................... 4

II. Revisão bibliográfica ................................................................................................................... 5

2.1 Conceitos básicos .......................................................................................................................... 5

2.1.1 Conceito ética ............................................................................................................................. 5

2.1.2 Conceito corrupção .................................................................................................................... 5

2.2 Tipos de corrupção ........................................................................................................................ 6

2.2.1 Corrupção passiva para acto ilícito ............................................................................................ 6

2.2.2 Corrupção passiva para acto lícito ............................................................................................. 7

2.2.3 Corrupção activa ........................................................................................................................ 7

2.3 Corrupção como problema ético ................................................................................................... 7

2.4 Ética e corrupção em Moçambique ............................................................................................... 9

2.4 O papel da sociedade civil no combate à corrupção ................................................................... 10

III. Conclusão ............................................................................................................................... 12

IV. Referências bibliográficas ...................................................................................................... 13


I. Introdução
O presente trabalho da disciplina de Ética Profissional tem como tema “A corrupção como um
problema ético”.

A corrupção é considerada um flagelo a nível mundial, estando presente em vários sectores da


sociedade, incluindo órgãos de soberania e da administração pública. Torna-se, portanto, uma
necessidade para qualquer governo, de lidar com este fenómeno. A ética é um conceito igualmente
antigo e universal e um de particular importância actualmente, quando os cidadãos exigem cada vez
mais responsabilidade dos seus representantes e funcionários públicos. Actualmente, existe uma
maior exigência por parte dos detentores do poder (povo), para com aqueles que os devem
representar (num sistema baseado na democracia representativa), numa óptica de obrigação,
transparência e prestação de contas, entre outras.

Mas não apenas o Direito recrimina a corrupção; também a reflexão ética reprova tal conduta. A
Ética é a área da Filosofia que tem a ver com o estudo das normas, princípios que norteiam o agir
humano. A palavra, de origem grega, significa etimologicamente hábito, costume e é objecto de
reflexão filosófica há mais de vinte e cinco séculos.

A população vive em uma época em que o nível de exigência e o comprometimento são


fundamentais para o sucesso e o crescimento profissional, no entanto, visualizam-se constantemente
cenas com falta de ética. Sendo assim, os princípios éticos são extremamente necessários em
quaisquer campos do conhecimento, a fim de evitar condutas imorais.

O presente trabalho tem como objectivo conhecer e compreender a corrupção como um problema
ético.

Em termos metodológicos, a pesquisa quanto à abordagem é qualitativa, os quantos objectivo a


pesquisa é exploratória e quanto aos procedimentos metodológicos é uma pesquisa bibliográfica.

Estruturalmente, o trabalho tem três partes a saber: primeira de introdução constituído por;
objectivos e metodologia, segunda parte da revisão bibliográfica discussão das questões relacionadas
ao estudo da arte da área da pesquisa e última parte que traz conclusão da pesquisa bem com as
referências bibliográficas dos autores citados ao longo da pesquisa.

3
1.1. Objectivos

Os objectivos traçados no presente trabalho são:

1.1.1 Objectivo geral

Conhecer e compreender a corrupção como um problema ético.

1.1.2 Objectivos específicos

 Conceituar ética e corrupção;


 Listar tipos, formas de corrução e exemplos em nossos pais;
 Descrever a ética e corrupção em Moçambique;
 Mencionar o papel da sociedade civil no combate a corrupção.

1.2. Metodologia usada

Segundo Silvestre e Araújo (2012), metodologia é a “explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e


exacta de toda acção desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa” (p.55). Já Sousa e
Baptista (2011), definem metodologia como um “conjunto concentrado de operações que são
realizadas para atingir um ou mais objectivos” (p.77).

Sendo de natureza exploratória 1 , esta reflexão teve uma abordagem qualitativa, a qual segundo
Silvestre e Araújo (2012), proporciona compreensão em profundidade do contexto do problema e, é
um “método indutivo por excelência para entender por que o indivíduo age como age, pensa como
pensa ou sente como sente”(p.59).

Para a recolha de dados foram aplicadas as seguintes técnicas: a pesquisa bibliográfica, pesquisa
documental e pesquisa em sites da internet. A pesquisa bibliográfica consistiu numa leitura de obras
de diversos autores que abordam sobre o tema em estudo, a fim de recolher e confrontar informações
pertinentes relativas ao mesmo. A pesquisa documental consistiu na consulta de documentos e
brochuras relacionadas com a matéria. A pesquisa em sites da internet consistiu na consulta de
artigos digitais cuja semântica está orientada para A corrupção como um problema ético.

1
Os estudos do tipo exploratórios têm por objectivo proceder ao reconhecimento de uma dada realidade e
levantar hipóteses para o seu entendimento (Sousa & Baptista, 2011).

4
II. Revisão bibliográfica

2.1 Conceitos básicos

Antes de abordar o tema propriamente dito, a necessidade de dar o conhecer os conceitos dos temas
mais usados na pesquisa.

2.1.1 Conceito ética

Entende-se como ética o conjunto de princípios e valores morais que orientam ou que deveriam
orientar o comportamento de um ou de um grupo de cidadãos, cada qual com sua crença, cultura e
valores (Abbagnano, 2000).

Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. É uma ciência, pois tem
objectivo próprio, leis próprias e método próprio, na singela identificação do carácter
científico de um determinado ramo do conhecimento. O objecto da Ética é a moral. A moral é
um dos aspectos do comportamento humano. A expressão moral deriva da palavra romana
mores, com o sentido de costumes, conjunto de normas adquiridas pelo hábito reiterado de
sua prática (Nalini, 2014, p. 37).

Conforme ressaltam Lisboa et al. (1997 citado por Borges & Medeiros, 2007) existem quatro
preceitos mínimos a serem considerados no exercício profissional e num consequente manual de
conduta: competência, sigilo, integridade e objectividade. Inclusive, enfatizam que além da
preparação técnica, os profissionais precisam descobrir um propósito social superior aos serviços
que executam, defendendo os princípios e valores éticos da profissão para demonstrar uma imagem
verdadeira do que ela constitui.

Na minha perspectiva a corrupção de um profissional pode contaminar completamente uma empresa,


fazendo com que várias pessoas associem-se para corromper em prol da individualidade. Porém, se a
maioria dos profissionais demonstrarem-se éticos e a própria empresa primar por isso em suas
acções, existirá a inibição da corrupção, pois os poucos profissionais que poderiam desvirtuar-se não
encontrarão parâmetros dentro desta empresa para isso.

2.1.2 Conceito corrupção

De acordo com Dicionário da língua portuguesa Abbagnano (2000) “corrupção é a acção ou efeito
de corromper; decomposição, putrefacção, depravação, desmoralização, devassidão, sedução e
5
suborno.” (p.45). Segundo Kanitz (1999), corrupção é o “uso de meios ilegais para obter algo. o
mesmo autor refere que etimologicamente, este substantivo está estritamente ligado ao desvio de
conduta. Na perspectiva jurídica implica, também, a uma acção ou prática ilícita.

No sentido amplo, a corrupção pode ser definida como o fenómeno pelo qual um agente é
levado a agir de modo diferente dos padrões estabelecidos, de forma a favorecer interesses
ilegais ou ilegítimos. Assim sendo, não apenas é praticada por funcionário público mas,
também, pode ter origem no particular. Dependendo do caso, a corrupção é praticada,
exclusivamente, por um ou por outro (Batista, 2015, p.76).

Nesta óptica acrescenta-se que a corrupção apenas proporciona malefícios em longo prazo para os
profissionais, de forma que pode destruir a sua dignidade, a sua impressão diante dos seus clientes e
da sociedade, e assim comprometer os seus futuros empreendimentos e o almejado sucesso. Em
países da Europa, Ásia e Estados Unidos a corrupção não se prolifera, ou se ocorre não chega a
atingir níveis consideráveis, pois as empresas e o governo desenvolvem acções preventivas de
corrupção através de profissionais auditores. Assim em Moçambique não somente na corrupção, mas
em diversos segmentos, possui a cultura da não prevenção e da mediação final do problema, assim,
percebe-se que os problemas nunca são resolvidos, pois a esfera pública que deveria propiciar o
exemplo, apenas averigua e remedia as consequências dos problemas transcorridos.

2.2 Tipos de corrupção

2.2.1 Corrupção passiva para acto ilícito

Representa a situação em que um funcionário ou agente do Estado solicita ou aceita, por si ou por
interposta pessoa, vantagem patrimonial ou a promessa de concessão de vantagem patrimonial ou
não patrimonial, para si ou para terceiro, para realizar qualquer acto ou omitir a sua prática, desde
que tal actuação seja contrária aos deveres do seu cargo (Mosse, 2004).

Exemplo: Um agente da Polícia de Trânsito que recebe certo valor monetário de um automobilista
para não sancioná-lo com uma multa por transgressão de uma regra do Código de Estrada.

Previsão legal e punição

É punida com a pena de 2 a 8 anos de prisão segundo o Art. 328 (corpo) do Código Penal (CP) e de
outras várias maneiras de acordo com a maior ou menor gravidade dos actos praticados pelo agente,

de acordo com Art. 318 § 6.˚ do Código Penal (CP).


6
2.2.2 Corrupção passiva para acto lícito

É a situação em que um funcionário ou agente do Estado solicita ou aceita, por si ou por interposta
pessoa, vantagem patrimonial ou a promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial, para si ou
para terceiro, para a prática de qualquer acto ou omissão não contrários aos deveres do cargo.

Exemplo: Um funcionário da Conservatório do Registo Criminal que recebe uma oferta para
proceder a passagem urgente de uma certidão autêntica, desrespeitando a ordem de entrada dos
pedidos em benefício de quem lhe ofereceu o presente.

Previsão legal e punição 2 a 8 anos de prisão e multa correspondente a 1 ano se o acto praticado for
injusto; e suspensão de 1 a 3 anos se o acto injusto não for executado, de acordo com o Art. 318
(corpo) do CP.

2.2.3 Corrupção activa


É a situação em que qualquer pessoa, que por si ou por interposta pessoa, dá ou promete a
funcionário, ou a terceiro, com o conhecimento daquele, vantagem patrimonial ou não patrimonial
que a este não é devida, quer seja para a prática de um acto lícito ou ilícito (Mosse, 2004, p.76).

Exemplo: Proprietário de um estabelecimento comercial que promete determinada quantia a um


funcionário do serviço de Finanças para este não lhe aplique multa resultante do atraso na entrega
de uma declaração fiscal.

Previsão legal e punição 2 a 8 anos de prisão em atenção ao Art. 318 (corpo) do CP; prisão até 1 ano
de acordo com o Art. 9 da Lei Anti-corrupção (6/2004) e multa até 2 meses em atenção ao Art. 8 do
mesmo diploma legal.

2.3 Corrupção como problema ético

Independentemente do caso particular, a corrupção afecta toda a sociedade, lesando, não só a


prestação de serviços públicos, que perdem eficiência e eficácia, mas prejudicando o
desenvolvimento socioeconómico dos países, para além de causar uma perda de confiança, por parte
dos cidadãos, nos serviços públicos. Sendo assim, a corrupção manifesta-se como um problema para
as vidas das gerações actuais e futuras (Bondoso, 2015).

Neste sentido existem acções que colocam a corrupção como problema ético sendo:

7
a) O suborno: é uma das formas mais conhecidas de corrupção e consiste em convencer ou
tentar convencer outra pessoa, através de dádiva ou promessa de vantagem patrimonial ou
não patrimonial, a praticar os factos indevidos (Código Penal, 2019), ou seja, é a oferta da
promessa de vantagens patrimoniais ou não patrimoniais, na esperança de influenciar um
funcionário público a agir de determinada forma. Por outras palavras, consiste na oferta de
dinheiro ou favores, de forma a influenciar um funcionário público;
b) A extorsão: que representa a intenção de conseguir para si ou para terceiro enriquecimento
ilegítimo, constranger outra pessoa, por meio de violência ou de ameaça com mal importante,
a uma disposição patrimonial que acarrete, para ela ou para outrem (Código Penal, 2019),
portanto, é uma tentativa de enriquecimento, de forma ilegítima, ao constranger 16 outra
pessoa, a realizar determinada tarefa. Ou seja, quando uma pessoa é coagida a pagar dinheiro
ou realizar favores, em troca de uma acção;
c) O peculato: no qual um funcionário que ilegitimamente se apropriar, em proveito próprio ou
de outra pessoa, de dinheiro ou qualquer coisa móvel ou imóvel ou animal, públicos ou
particulares, que lhe tenha sido entregue, esteja na sua posse ou lhe seja acessível em razão
das suas funções (Código Penal, 2019). Ou seja, consiste na apropriação, de forma ilegítima
(roubo), de dinheiro ou qualquer outra propriedade;
d) O tráfico de influências: no qual uma pessoa, por si ou por interposta pessoa, com o seu
consentimento ou ratificação, solicitar ou aceitar, para si ou para terceiro, vantagem
patrimonial ou não patrimonial, ou a sua promessa, para abusar da sua influência, real ou
suposta, junto de qualquer entidade pública (Código Penal, 2019). O tráfico de influências
pode ser realizado em menor ou maior escala, no qual uma pessoa solícita ou aceita, para si
ou terceiros, uma vantagem patrimonial ou não patrimonial, ou a promessa de uma vantagem,
de modo a abusar da sua influência, em determinada entidade pública. É o uso de influências
ou conexões, reais ou supostas, para obter favores;
e) O nepotismo: é também uma forma conhecida de corrupção, na qual uma pessoa demonstra
favoritismo para com parentes ou familiares próximos, em detrimento de pessoas,
possivelmente, mais qualificadas para o cargo (Bondoso, 2015). De todas estas formas de
corrupção, apenas o nepotismo não está presente no CP.
Neste sentido a formas comum de corrupção em moçambique são:

 Desvio de fundos do Estado;

8
 Corrupção eleitoral;
 Corrupção de juízes;
 Corrupção de funcionários e agentes;
A definição legal de corrupção encontra-se nas disposições legais vertidas no Código Penal e na Lei
Anti-Corrupção, Lei n.˚ 6/2004, de 17 de Junho. Realçar que os diplomas legais referidos, embora
definam a corrupção e prevejam as molduras penais abstractas para aqueles que violem os seus
preceitos legais incriminadores, a legislação avulsa mostra várias formas de manifestação da
corrupção.

2.4 Ética e corrupção em Moçambique

Conforme Mosse e Matusse (2009) afirma:

A Corrupção é um fenómeno recorrente no dia-a-dia do moçambicano, seja discutindo,


denunciando ou perpetuando. Vivencia-se nos dias actuais uma presença tão latente de
subterfúgios criminosos no cerne da estrutura burocrática do Estado que, em verdade,
banaliza-se a perversidade das suas consequências, ignora-se a origem do problema e abstrai-
se da busca pela solução (p.45).

Analisando percebo que a ética profissional e a corrupção estão directamente ligadas por serem
completamente opostas, uma vez que ao se apresentar atitudes éticas não existe espaço para
corrupção e vice-versa. Cada ser humano introduz os valores obtidos no veio familiar em seu meio
de trabalho, somado a isso estão os códigos de ética de cada profissão, bem como, as leis vigentes
que podem entrar em conflito com suas ideias particulares ou reforçá-las de forma positiva ou
negativa.

Parafraseando Mosse e Matusse (2009), a incapacidade do modelo da sociedade acima referenciada


em auxiliar o indivíduo a separar o que é pessoal do que é colectivo, o que é privado do que é
público foi responsável pelo surgimento da cultura de falta de responsabilidade na administração
pública moçambicana. De acordo com a equipe de professores do Mosse (2004) “A corrupção tem
raízes profundas e históricas que estão associadas à nossa formação. O modelo de Estado e
sociedade que se desenvolveu em Moçambique era semelhante à cultura política portuguesa.” Na
perspectiva destes profissionais, “em Moçambique, a coisa pública sempre foi tratada como coisa
nossa e há uma enorme dificuldade de convivência social a partir de normas impessoais”.

9
Segundo Mosse (2004) afirma:

Nota-se que em Moçambique, poucas são as pessoas que expõem a ética, denunciam a
corrupção sem interesse, procuram justiça sem estarem directamente envolvidas e preocupam
se com o próximo sem conhecê-lo. Assim, culturalmente o país é desapegado as questões
sociais e não prioriza critérios éticos, o que leva a crer que uma pessoa que possui ética
profissional em suas funções, porém, não denuncia um colega de trabalho que é corrupto,
torna-se participante passivo dessa corrupção, desvirtuando sua própria ética. Em outra
questão, as leis regulamentam as atribuições para as profissões. Apesar disso destaca-se que o
profissional ético deve reconhecer os seus limites de abrangência. Quando acreditar que não
possui e não vivenciou o conhecimento necessário para praticar tal actividade, precisa
comunicar os seus domínios. (p.187).

Na minha visão a cultura da corrupção nunca será vencida em Moçambique enquanto prevalecer a
sua identidade falsa. Igualmente, o corruptor jamais será identificado enquanto se ignorar o facto de
que corrupta não é a classe política ou o político, enquanto homem público, mas sim, o próprio
Moçambicano e a própria sociedade Moçambicana. É necessário primeiro, admitir que o corrupto
não é o político Moçambicano mas, sim, o cidadão Moçambicano, que a corrupção não está na
política e, sim, na cultura Moçambicana. Segundo, é preciso criar o hábito de chamar corrupção pelo
nome, para que se tome a consciência gradativa de repudiá-la. Enquanto é apelidada carinhosamente,
dificilmente se conseguirá desprender dela. A título de exemplo assistimos o escândalo por parte do
governo no que se refere a divididas ocultas que é uma vergonha a políticas públicas naquilo que se
refere a corrupção activa de membros do estado em um acto que prejudico todos moçambicanos.

2.4 O papel da sociedade civil no combate à corrupção

O combate à corrupção e suas características complicadas precisa de um Sistema Nacional de


Integridade com um papel activo das organizações da sociedade civil em seu início para criar um
sistema de integridade caracterizada por instituições profissionais e eficazes, uma legislação forte e
Estado de Direito, além de um sistema de valores preventivo. Por meio de estudos produzidos por
diversos autores e organizações nacionais e estrangeiras, tornou se possível compreender que a
corrupção é um fenómeno de carácter global e que as organizações da sociedade civil podem
desempenhar relevante papel para que tais práticas sejam, ao menos, inibidas (Sacramento, 2010,
p.2). De acordo com Bhargava e Bolongaita (2004 citados por Bondoso 2015):

10
Trabalhar com actores não-governamentais é uma componente crucial para a
ampliação de uma coalizão anti-corrupção. Grupos da sociedade civil, como ONG’s,
instituições académicas e organizações de pesquisa, mostraram-se, em vários casos
serem parceiros poderosos em coalizões anti-corrupção.

Deste modo, sendo a corrupção um grande empecilho para a democratização visto que põe em causa
alguns dos princípios democráticos mais básicos como o da igualdade e o Estado de direito, as
actividades de combate à corrupção pela sociedade civil revelam-se como um teste do seu potencial
em contribuir no processo da democratização (Mosse, 2004, p.88).

11
III. Conclusão
A corrupção, enquanto fenómeno social, é reflexo da cultura levada a cabo sem princípios éticos e
valores morais. Não se trata de fenómeno político ou de qualquer outra classe, como
equivocadamente acredita ser. É um fenómeno ético cultural. E em Moçambique não poderia ser
diferente. A raiz da corrupção é histórica e cultural. Germinou no período colonial e na então
administração lusitana que tinha como objectivo dominar, manipular e explorar. Na tentativa de
concretizar tal objectivo a todo custo criou-se o hábito da ignorância deliberada em relação às
exigências éticas;

Actualmente Moçambique tem sofrido fortes críticas e diversos abalos relativos a ética profissional e
a corrupção, principalmente em ordem política, colocando o país em índices alarmantes quanto aos
desvios e a má gestão do dinheiro público, ocasionando graves deficits em educação, saúde e
segurança. A corrupção sempre individualiza o ganho, assim, enquanto poucos recebem, a maioria
da população sofre as consequências e o prejuízo pelas atitudes que não cometeu;

A corrupção em Moçambique não está no DNA das pessoas, pois não existe nos genes moçambicano
nada que nos predisponha à corrupção, algo hereditário. Logo, as condutas corruptas são advindas
muitas vezes do veio familiar por questão de convivência, escolha e discernimento;

Moçambique não somente na corrupção, mas em diversos segmentos, possui a cultura da não
prevenção e da mediação final do problema, assim, percebe-se que os problemas nunca são
resolvidos, pois a esfera pública que deveria propiciar o exemplo, apenas averigua e remedia as
consequências dos problemas transcorridos. Dessa forma, cita-se a corrupção política, em que não se
percebe acções de prevenção desse dilema, mas apenas os escândalos que a Mídias divulga porque
alguma pessoa denuncia, ou ainda, as punições do poder público (quando ocorrem), sendo estas
tardias para o tamanho dos desastres causados pelo desvio ético-profissional de alguns cidadãos;

12
IV. Referências bibliográficas
Abbagnano, N. (2000) Ética: Dicionário de filosofia. (4ª ed.). São Paulo: Martins Fontes.

Batista, A. (2015) Corrupção: Factor De Progresso? Origem da corrupção. (5ª ed.) Revista Borges,
E. & Medeiros, C. (2007) Comprometimento e ética profissional: um estudo de suas relações juntos
aos contabilistas. São Paulo

Bondoso, A. (2015). O Contributo do Controlo Interno para a Prevenção da Corrupção: Estudo dos
Municípios Portugueses. Húmus

Kanitz, S. (1999). A origem da corrupção. São Paulo

Mosse, M. (2004) Corrupção em Moçambique: alguns elementos para debate. Novembro.

Mosse, M. & Matusse, S. (2009) Gestão do Solo Urbano e Corrupção em Moçambique: as práticas
corruptivas nas cidades de Maputo e Matola. CIP, Dezembro, Maputo.

Nalini, J. R. (2014). Ética geral e profissional. (11ª.ed.) São Paulo: Revista dos Tribunais.

Sacramento, A. (2010) Organizações da Sociedade Civil que Actuam no Combate à Corrupção no


Brasil: uma possível caracterização. ANPAD, Novembro.

Silvestre, H. C. & Araújo, J. F. (2012). Metodologia para a investigação social. Lisboa: Escolar

Sousa, M. J. & Baptista, C. S. (2011). Como fazer investigação, dissertações, teses e relatórios:
segundo bolonha. Lisboa: Pactor

Legislação

Lei 6/2004, de 17 de Junho, regula o combate à corrupção.

Lei 24/019, lei de revisão de código penal.

13

Você também pode gostar