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UNIVERSIDADE PÚNGUÈ

FACULDADE DE LETRAS, CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANIDADES

Caderno de Sociolinguística

Chimoio

2023
Índice
Introdução....................................................................................................................................3
UNIDADE: I Apresentação da disciplina....................................................................................4
1. Conceito de Sociolinguística................................................................................................4
2. Objecto de estudo da Sociolinguística..................................................................................4
3. Ramos da Sociolinguística....................................................................................................5
UNIDADE II: Linguagem e Cultura............................................................................................6
1. Linguagem e Realidade........................................................................................................6
2. Hipótese de Sapir e Whorf e o Relativismo linguístico........................................................7
UNIDADE: III- IV Variedades linguísticas.................................................................................8
1. Língua e Organização Social................................................................................................8
2. Os dialectos...........................................................................................................................8
3. Os métodos de pesquisa sociolinguística..............................................................................9
UNIDADE V: Variedades linguísticas......................................................................................11
1. O estudo quantitativo da linguagem (estudos sobre variação linguística)..........................11
2. Linguagem e Sexo..............................................................................................................13
UNIDADE VI, VII, VIII: Linguagem e Poder..........................................................................16
1. Relação língua e poder........................................................................................................16
2. Solidariedade e Cortesia.....................................................................................................17
UNIDADE IX: Linguagem, socialização e classe social...........................................................21
1. A socialização.....................................................................................................................21
2. Factores de socialização.....................................................................................................22
3. A socialização e códigos sociolinguísticos (teoria de Basil)..............................................22
UNIDADE X: Bilinguismo........................................................................................................24
1. Definições do bilinguismo..................................................................................................24
2. Dimensões do bilinguismo.................................................................................................25
3. Níveis do Bilinguismo........................................................................................................26
Tema de seminário: Toponímias da Província de Manica.........................................................28
1. Visão geral..........................................................................................................................28
Considerações Finais..................................................................................................................31
Bibliografia................................................................................................................................32
SOCIOLINGUÍSTICA

Introdução
O conceito de linguagem diz respeito a todas as formas utilizadas pelos homens e pelos animais
para estabelecerem comunicação. Podemos citar como exemplos de linguagem: a programação
dos computadores; os sinais entre os animais; os sinais gestuais, as imagens, cores, símbolos, as
línguas, etc. Assim sendo, a Linguística é o estudo científico da linguagem. Essa ciência busca
explicar o funcionamento da linguagem e, especificamente, a organização das línguas em
particular e a sociolinguística é o ramo da linguística que estuda a relação entre linguagem e
sociedade. A sociolinguística mostra os problemas da variação linguística e da norma culta.
Nesse ramo, não basta reconhecer as variações históricas da língua, pois as geográficas, as
sociais e as estilísticas devem ser levadas em conta também, e, com isso, tratar o preconceito
linguístico gerado a partir dessas mudanças.

A Sociolinguística como uma disciplina, tem os seus principais objectivos a identificação de


conceitos, o reconhecimento das principais correntes de estudos e de pesquisa da disciplina.
Também são objectivos a contextualização das origens da Sociolinguística; a caracterização do
objecto de estudo; a identificação das principais características sociolinguísticas e suas
implicações para a educação, bem como a conscientização da variação linguística e da educação
em Língua Materna. Para a consecução destes objectivos, o programa da disciplina está
organizado a partir da descrição do Plano Analítico que aparece em anexo.

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SOCIOLINGUÍSTICA

UNIDADE: I Apresentação da disciplina


1. Conceito de Sociolinguística
Alguns podem pensar que a Sociolinguística por ser um dos ramos da Linguística, é da autoria de
Sussurre, não é, pelo contrário, Saussure não estava interessado nas relações entre a língua e a
sociedade. Ele estava interessado nas relações internas da língua, nas relações entre os signos
linguísticos (McCleary, 2009, p. 4).
A Sociolinguística surgiu no contexto de ruptura de duas correntes (estruturalista e gerativista), a
primeira de Saussure e a segunda de Chomsky, teve como o seu maior expoente William Labov,
nos Estados Unidos de América na década de 1960.

Em 1964, o termo sociolinguístico fixou-se, graças a William Labov, que formulou um modelo
de descrição e interpretação do fenómeno linguístico no contexto social de comunidades urbanas
conhecido como Sociolinguística Variacionista ou Teoria da Variação, Labov sublinha o papel
decisivo dos factores sociais na explicação da variação linguística (diversidade linguística) e
relaciona factores como idade, sexo, ocupação, origem étnica e atitude ao comportamento
linguístico (Hoezel et al., s.d).
A Língua é homogénea mas a fala é heterogénea, por isso a Sociolinguística vai ser uma
disciplina que estuda a língua dentro da sociedade, isto é, a inter-relação entre a linguagem e os
factores sociais e culturais que se verificam no interior do grupo social. De acordo com Tarallo
(1986, p. 6) e Alkmim (2003) a ligação entre linguagem e sociedade é inquestionável e a base da
constituição do ser humano. Não deveria, então, esta relação estar ausente das reflexões sobre o
fenómeno linguístico.

2. Objecto de estudo da Sociolinguística


A Sociolinguística, na tentativa de compreender a questão da relação entre linguagem e
sociedade, postula o princípio da diversidade linguística. Além disso, a sociolinguística na
corrente das orientações teóricas contextuais sobre o fenómeno linguístico, orientações teóricas
estas que consideram as comunidades linguísticas não somente sob o ângulo das regras de
linguagem, mas também sob o ângulo das relações de poder que se manifestam pela linguagem.
O objecto da sociolinguística é a língua falada, observada, descrita e analisada em seu
contexto social, isto é, em situações reais de uso. Seu ponto de partida é a comunidade

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SOCIOLINGUÍSTICA

linguística, um conjunto de pessoas que interagem verbalmente e que compartilham um conjunto


de normas a respeito dos usos linguístico.

3. Ramos da Sociolinguística

Ainda em Hoezel et al. (s.d: p. 27-28), os ramos da Sociolinguística classificam-se basicamente


em: Sociolinguística Variacionista, Interacional e Educacional.

A Sociolinguística Variacionista orienta se por uma concepção de língua como sistema


socialmente determinado, um sistema heterogéneo, cuja variação estrutural está relacionada às
alterações dos padrões culturais e ideológicos da comunidade de fala. E, esse ramo por sua vez
possui outras dimensões das variações linguísticas que são: Diatópica ou Regional, Diastrática
ou Social e Diafásica ou Estilística, portanto, a variação linguística baseia-se nas convivências
sociais, nos grupos sociais e níveis sociais;

A sociolinguística internacional propõe o estudo da língua na interacção social, tendo como


fundamento noções da Psicologia social. Em outras palavras, é o estudo da construção da
interação linguística e social que fornece subsídios para analisar o contexto social e incorpora o
entendimento dos participantes construídos por meio dos sentidos inferidos na interação. É uma
perspectiva teórica e metodológica do estudo do uso da língua que envolve linguística,
sociologia, e antropologia por relacionar língua, sociedade e cultura;

A Sociolinguística Educacional entende-se como o estudo e o conhecimento advindo capaz de


contribuir para melhorar a qualidade do ensino da Língua ou da Língua Portuguesa em
particular, porque trabalha sobre a realidade linguística dos usuários dessa língua, neste superior
sentido é possível desenvolver práticas de linguagem significativas, no sentido de incluir alunos
oriundos das classes sociais menos favorecidas, fazendo com esses alunos deixem de se sentir
estrangeiros em relação à língua utilizada pela escola, e com isso consigam participar de forma
satisfatória das práticas sociais que demandam conhecimentos linguísticos diversos. Por sua vez
a Sociolinguística mantém relações interdisciplinares com: a Psicologia, Sociologia, Biologia,
Português, Fonoaudiologia, entre outras.

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UNIDADE II: Linguagem e Cultura


1. Linguagem e Realidade

Segundo Dias (2014:2-3), a Linguagem é considerada uma produção da humanidade e


constituída, portanto, como uma prática social. Através dela o homem tem a possibilidade de
torna-se sujeito, capaz de construir sua própria trajectória, tornando-se, assim, um ser histórico e
social. Nesse sentido, a linguagem vai além de sua dimensão comunicativa, pois os sujeitos
constituem se por meio das interações sociais.

Dessa forma percebe-se, que a Linguagem verbal possibilita ao homem representar a realidade
física e social, assim, desde que é apreendida, conserva um vínculo muito estreito com o
pensamento (idem).

Para Bakhtin (2011) apud Dias (2014: 4) não falamos no vazio, não produzimos enunciados fora
das múltiplas e variadas esferas do agir humano. Os nossos enunciados (orais ou escritos) terão
sempre um conteúdo temático, uma organização composicional e estilo próprios, que estarão
ligados às condições de realização e às finalidades específicas de cada esfera de actividade. Por
isso, todo enunciado, para Bakhtin, está sempre relacionado ao tipo de actividade em que os
participantes estão envolvidos.

Justamente, não é possível nos referirmos à realidade social se não for por meio da linguagem,
pois ela é a base de qualquer processo remissivo do que existe no mundo e daí que Silva (2004)
apud Melo (2009:218) frisa que um dos nomes de maior importância no que diz respeito à
relação homem- realidade social foi Emmanuel Kant, que deu um passo adiante da teoria de
Aristóteles quando transformou o conceito de representação do mundo como uma forma de
manifestação da actividade do intelecto, ordenar as ideias sob uma imagem comum.

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2. Hipótese de Sapir e Whorf e o Relativismo linguístico

Os dois estudiosos trazem explicitamente a relação entre linguagem- cultura e linguagem-


pensamento, de acordo com Sapir, a realidade é produzida pela linguagem, o que significa dizer
que não há mundos iguais, visto que não há línguas iguais. Para o autor, a linguagem possui,
sobretudo, o papel de produzir e organizar o mundo mediante o processo de simbolização. O
caminho para compreensão do mundo se dá pela decifração dos símbolos, que referem a
realidade e remetem a conceitos ou pensamentos (Severo, 2004)

A construção da realidade a partir da linguagem é apresentada por Whorf em relação à língua


hopi, na qual não é possível pensar o tempo de forma linear como em outras línguas, pois não há
palavras, expressões ou formas gramaticais que permitam isso. Para o autor, é possível
descrever qualquer fenómeno observável no universo sem levarem em consideração os
contrastes entre espaço e tempo, ou seja, sem considerar o espaço como algo homogéneo e
independente do tempo, mas sim levando em conta as inter-relações existentes entre os
fenómenos (idem).

Ainda Severo (2004: 129), As ideias desses dois estudiosos costumam ser referidas como
a"hipótese de Sapir-Whorf", podendo ser assim sintetizadas:
(i) A linguagem determina a forma de ver o mundo, e consequentemente, de se relacionar
com esse mundo (hipótese do determinismo linguístico); isso significa que
(ii) Para diferentes línguas há diferentes perspectivas e diferentes comportamentos (hipótese
do relativismo linguístico).
Para Sapir, tanto a língua como a cultura (realidade social) são passíveis de modificações, é da
natureza da linguagem a mudança, visto que, não há nada perfeitamente estático e a deriva geral
de uma língua tem fundo variável. Entretanto, existe um paradoxo: embora ambas estejam
sujeitas a mudanças, essas se dão em velocidades diferentes, a língua se modifica mais
lentamente, pois um sistema gramatical, no que depende dele próprio, tende a persistir
indefinidamente. Em outras palavras, a tendência conservadora se faz sentir muito mais
profundamente nos lineamentos essenciais da língua da queda cultura. As consequências disso
são que as culturas não poderão (Severo, 2004).

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SOCIOLINGUÍSTICA

UNIDADE: III- IV Variedades linguísticas


1. Língua e Organização Social
Inicialmente Silva e Souza (2017:226), dizem que a língua se relaciona com o contexto de vida
do falante com todas suas nuances (sociais, culturais, económicas, históricas, artísticas,
religiosas etc.). Assim, a língua não pode ser analisada como um sistema formal isolado de
significações socioculturais. Significa que a língua é o reflexo de estruturas sociais e, é um
instrumento de uso dos falantes de um grupo social, sendo que o contexto sociocultural dos
falantes, muda em decorrência do grupo social ao qual o falante pertence, então, inevitavelmente
há formas linguísticas inerentes a cada grupo social, sendo que existe um núcleo linguístico
comum, mas também um núcleo diversificado dentro de uma sociedade de classe (Silva &
Souza, 2017).

Cada falante possui marcas sociais que também estão na sua língua e esta é um instrumento de
identificação social, pois a forma linguística é influenciada pela posição que o falante ocupa na
estrutura social, sendo que o acesso deste aos instrumentos sociais e culturais faz a diferença na
aquisição de sua forma linguística, Ela marca a posição social do falante. Numa sociedade
estratificada, ela é um elemento de identidade de um grupo social e, ao mesmo tempo, é uma
marca que o diferencia dos outros grupos. Há níveis e barreiras na sociedade que são percebidos
e exercidos também na língua. Não é ela que cria a estratificação social, mas reflecte-a,
registra e marca essa estratificação (idem).

2. Os dialectos
A variedade de uma língua que um indivíduo usa é determinada por quem ele é. Todo falante
aprendeu, tanto a sua língua materna como uma particular variedade da língua de sua
comunidade linguística e essa variedade pode ser diferente em algum ou em todos os níveis de
outras variedades da mesma língua, aprendidas por outro falante dessa mesma língua. Tal
variedade, identificada segundo essa dimensão, chama-se dialecto. Segundo Haugen (2011: 95)
citado por Ewald (2019: 272), o termo “dialecto” demanda algumas considerações, destarte o
problema que envolve as diferenças de compreendê-lo do ponto de vista científico e popular.

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A sociolinguística esclarece que dialecto corresponde a qualquer variedade linguística, e,


portanto, é o que as pessoas de fato utilizam nas práticas comunicativas (Haugen,2011).
Podemos observar, então, que “ [...] todo dialecto é uma língua, mas nem toda língua é um
dialecto” (Haugen, 2011), uma vez que a norma-padrão, por exemplo, é língua, mas jamais será
uma variedade linguística de pertencimento de algum grupo social.

Os dialectos são as variedades de uma determinada língua, influenciadas pelos factores


geolinguísticas, culturais e sociais ou seja são variações regionais ou sociais de uma língua. A
distinção entre língua e dialecto, sob esse aspecto, não depende de critérios linguísticos, e, sim,
do jogo das normas sociais, que implica desigualdades, uma vez que organizam grupos de
pessoas em diferentes classes hierarquizadas. Diante dessa regulação social, não é de causar
estranhamento que as línguas, as formas linguísticas e os próprios conceitos relacionados às
línguas também sofram hierarquias (Ewald, 2019).
Com base em Coseriu (1982), Horst (2014: 33) explica que “o que diferencia esses dois termos
língua e dialecto é o seu status histórico, pois um dialecto está subordinado a uma língua de
ordem superior. Cada dialecto é uma variedade integrante de uma língua histórica.” (Horst, 2014:
33).

3. Os métodos de pesquisa sociolinguística


A Sociolinguística, que busca investigar a relação entre língua e sociedade, objectivando
entender melhor a estrutura da língua e o seu funcionamento na comunicação. A Teoria da
Variação ou Sociolinguística Quantitativa tem por precursor o linguista norte-americano William
Labov, e é denominado de Sociolinguística Quantitativa por operar com números e tratar
estatisticamente os dados (Pedrosa, S.d).
Em outras palavras, inicia-se o processo de investigação no momento presente; volta-se ao
passado para o devido encaixamento histórico das variantes, retornando-se, a seguir, ao presente
para o fechamento do ciclo de análise (Tarallo, 1994: 64). A necessidade de a investigação ter
início no presente (tempo aparente) e retornar ao passado (tempo real) se justifica pelo princípio
da uniformidade.

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Ainda Tarallo (1994: 64) diz que segundo esse princípio, as forças que atuam no momento
Sincrónico presente é (ou deveriam ser) as mesmas que actuaram no passado e vice-versa.
Portanto uma teoria da mudança linguística deve guiar-se por uma articulação teórica e
metodológica entre presente-passado e presente.

O principal método para a investigação linguística é a observação directa da língua falada usada
em situações naturais de interação social face a face. Essa língua é o vernáculo, estilo em que o
mínimo de monitoria ou atenção é dispensado a fala (Coelho et al, 2012). Isto é, a língua que
usamos em nossas casas, com nossos amigos, nas reuniões de lazer, longe dos locais de trabalho,
por exemplo, onde se requer uma fala mais cuidada, porque para Labov, a melhor forma de
colectar bons dados (que reflictam de forma fidedigna e em boa qualidade sonora ao vernáculo) é
a gravação de entrevistas individuais.
Os fenómenos variáveis que podem ser analisados são de diversos tipos, podendo envolver, por
exemplo, tempos e modos verbais, uso de operadores argumentativos, formas de tratamento
etc.
Alguns outros tipos de colecta de dados (cf. Coelho et al, 2012) são:
 Entrevistas anónimas e rápidas (por exemplo, ao estudar a variável presença ou ausência
de <r> em posição pos-vocalica na cidade de Nova Iorque, feito por Labov ao visitou três
lojas de departamentos, fazendo perguntas aos funcionários cuja resposta deveria ser fourth
floor (quarto andar), e registando, a seguir, cada resposta. Com essa estratégia rápida, ele
levantou os dados que desejava analisar);
 Observações e registos assistemáticos (em comboios, autocarros, balcões de lojas,
bilheterias, filas etc.);
 Gravações de programas de TV e rádio;
 Gravações em locais de desastres (situação em que as pessoas se encontram sob impacto
emocional), em discursos públicos;
 Gravações de interações entre pares de informantes e
 Questionários sobre usos linguísticos de produção e de percepção.

No meio de tudo isso, o pesquisador deve ter em consideração o sexo, nível social, escolaridade,
faixa etária do (s) falante (s). Como diz Coelho et al (2012: 49) que “o primeiro trabalho de

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variação sintáctica de que se tem notícia é de Weiner e Labov (1983).” Os autores realizaram
uma pesquisa quantitativa sobre as construções activas e passivas do inglês, testando factores
externos (estilo, sexo, classe, etnia, idade) e factores internos (status informacional,
paralelismo estrutural). A variável investigada era constituída das seguintes variantes:
construção passiva sem agente e construção activa com pronome sujeito genérico.

UNIDADE V: Variedades linguísticas


1. O estudo quantitativo da linguagem (estudos sobre variação linguística)

Como a linguagem é, em última análise, um fenómeno social, fica claro, para um sociolinguista,
que é necessário recorrer às variações derivadas do contexto social para encontrar respostas para
os problemas que emergem da variação inerente ao sistema linguístico. (Camacho, 2001: 50)

De acordo com Coelho et al (2012:71), à dimensão externa da variação linguística fundamenta-se


em seguintes tipos: Variação regional ou geográfica ou diatópica; Variação social ou
diastrática; Variação estilística ou diafásica, variação na fala e na escrita, também chamada de
variação diamésica (cf. ILARI; BASSO, 2006).

Assim sendo, a variação diatópica, também conhecida por regional ou, ainda, geográfica, é
responsável por podermos identificar, às vezes com bastante precisão, a origem de uma pessoa
através do modo como ela fala, pode ser estudada colocando-se em oposição diferentes tipos de
unidades espaciais, por exemplo Portugal, Brasil e Moçambique;

Da mesma forma que a fala pode carregar marcas de diferentes regiões, também pode reflectir
diferentes características sociais dos falantes. A essa propriedade dá-se o nome de variação
social. Os principais factores sociais que condicionam a variação linguística são o grau de
escolaridade, o nível socioeconómico, o sexo/género, a faixa etária e mesmo a profissão dos
falantes (Coelho et al, 2012).

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Significa que a Variação Social é aquela que consiste na variação linguística mediante a
descrição do grupo social em que o falante se encontra. Baseia-se em certos factores como:

 Grau de escolaridade, por terem um contacto maior com a cultura letrada e com o uso da
variedade padrão da língua, supõe -se que, em geral, falantes altamente escolarizados
dificilmente produzirão formas como nós vai ou a gente vamos, que são típicas de falantes
pouco ou não escolarizados. E mais provável que eles falem nós vamos e a gente vai.

 Nível socioeconómico, é um factor muito estudado, principalmente nos trabalhos de Labov e


de seu grupo de pesquisa sobre o inglês de Nova Iorque. Resultados de seus estudos mostram
que o grupo social menos privilegiado favorece o uso de variantes não padrão da língua,
enquanto os mais privilegiados optam pela variante padrão. Segundo Mollica (2008), origem
social, renda, acesso a bens materiais e culturais, ocupação, grau de inserção em redes sociais
são alguns dos indicadores sociais.

 Sexo/género, quanto a variação social relacionada a sexo/género dos interlocutores, Paiva


(2008), afirma que “alguns estudos mostram que as mulheres são mais conservadoras do que
os homens.” Elas, em geral, preferem usar as variantes valorizadas socialmente, é como se
elas fossem mais receptivas à actuação normalizadora da escola. Esses resultados, segundo
Paiva (2008), requerem cautela, afinal, os papéis feminino e masculino, nas diversas
sociedades, estão a todo momento sofrendo transformações.

 Faixa etária, a questão da relação entre variação linguística e idade do falante tem suscitado
muitas reflexões dentre os sociolinguístas no mundo, pois, em geral, entra em jogo a questão
da mudança linguística. Segundo Coelho et al (2012:80), alguns estudos atestam essa
hipótese clássica, quando trazem resultados que mostram os indivíduos adultos tendem a
preferir a formas antigas e, os mais jovens, formas novas.
De seguida vamos ver, a terceira variação que tem muito a ver com variedades individuais, por
isso dá se o nome de variação estilística ou diafásica, um mesmo falante pode usar diferentes
formas linguísticas, dependendo da situação em que se encontra. Basta pensarmos que a maneira

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SOCIOLINGUÍSTICA

como falamos em casa, com nossa família, não é a mesma como falamos em nosso emprego,
com o chefe. O que está em jogo aí são os diferentes papéis sociais que as pessoas desempenham
nas interações que se estabelecem em diferentes domínios sociais: na escola, na igreja, no
trabalho, em casa, com os amigos etc., (idem). Esses papéis sociais descrevem a relação que
existe entre os falantes que pode ser relação de poder e solidariedade, revela-se pelo contexto
do tipo formal ou informal usado pelos interlocutores.
As diferenças de contextos formal e informal levariam os falantes a empregar, respectivamente,
estilos também formais ou informais” (Macedo, 2008: 60).

Por último, Coelho et al (2012: 83) acrescem que há outra variação que consiste na fala e na
escrita, simplesmente chamada de variação diamésica, devido ao carácter naturalmente de
improviso da produção do texto falado, as sequências linguísticas produzidas estão sujeitas a
falsos inícios, a reformulações e a correcções que não podem ocorrer, senão no momento em que
o texto é produzido e também leva em consideração informações contextuais que não estão
presentes em um texto escrito. E no texto escrito, geralmente temos tempo para planificar com
antecedência sobre o que discorreremos, em que ordem os argumentos serão apresentados, que
mecanismos linguísticos são os mais adequados para os objectivos definidos e,
concomitantemente, quais são os mecanismos esperados para o género no qual produzimos nosso
texto, por conta disso, as hesitações, repetições e reformulações características do texto falado
não são muito prováveis em um texto escrito, pois em princípio toda a tarefa de planificação,
formulação e revisão ou reformulação do texto já foi feita antes que seus leitores tivessem acesso
ao produto final (idem).

2. Linguagem e Sexo
Nesse tópico abordar-se-á acerca da variação linguística de acordo com o sexo, uma das
estratégias adoptada foi o trabalho em grupo, como forma de incluir o estudante no mundo de
investigação científica e desenvolver a sua autonomia nos estudos. A seguir vejamos os
resultados obtidos em relação ao estudo do tópico e dos outros que seguiram a mesma estratégia,
como por exemplo, Linguagem e poder e Solidariedade e cortesia na sociedade:

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O tema em relação tem sido privilegiado em sociolinguística, dando margem a inúmeras


pesquisas que buscam testar as mais diversas hipóteses sobre o que de fato pode ser atribuído,
em termos de variação ao sexo. O que é observável na relação entre a fala masculina e a
feminina é a duração de vogais como na palavra (maravilhoso) assim como uso frequente de
diminutivos como (bonitinho) ocorrem na fala feminina. Significa que a linguagem e o sexo, são
termos relevantes na sociolinguística, uma vez que, a linguagem é um fenómeno social que
reflecte e influencia as normas, valores e crenças incluindo as relações de género numa
sociedade.

A relação entre língua e sexo nas diferentes sociedades primitivas e apresenta, numa constatação
surpreendente para a época, o conceito de que a linguagem masculina pode ser um instrumento
de dominação sobre as mulheres, do mesmo modo que, a variante padrão de alguns usuários
exerce um poder discriminatório sobre os falantes de uma variante considerada de menor
prestígio, (Furfey,1944).

a) Linguagem feminina e masculina

A partir da observação de que as diferenças linguísticas entre os sexos existem nas mais variadas
línguas do mundo, o fenómeno linguístico, pode ser observado por diferentes viesses, desde a
variação fonética, lexical, morfológica, sintáctica e, até mesmo, pelo modo de interacção social.
Os principais resultados obtidos a partir da observação da fala de mulheres que viviam no espaço
urbano apontaram pelo uso da linguagem prestigiosa, (Domingo 2005). O uso da linguagem de
prestigio confere a mulher uma aval social quanto ao seu comportamento e, por vezes, a eleva a
um melhor “status” ao copiar um estilo de fala (e também de moda, de roupa, de cabelo, de
postura, etc.) de um nível social superior ao seu, pelo qual busca ser socialmente identificada.

Para o homem, o uso da linguagem não normativa, em muitas situações, acaba recebendo um
reforço social positivo, eis que socialmente interpretada como um traço de sua masculinidade
(Mouton, 2000). Observa-se, assim, o homem, de modo geral, menos preocupado com o uso de
uma linguagem prestigiosa e até mesmo mais autorizado socialmente ao uso de um “linguajar
rude”, utilizando, com maior frequência, gírias e palavrões.

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SOCIOLINGUÍSTICA

b) Marcas de fala

Quanto ao tom da fala, homens e mulheres são culturalmente influenciados a utilizar uma
entonação que os distinga, isto é, homens (tom grave), mulheres (tom agudo).

A linguagem feminina é igualmente caracterizada por um maior número de variações de


entonação. Elas entremeiam suas conversas com sorrisos e utilizam gestual que transmita
receptividade a seu interlocutor (Mouton, 2000). Isso se dá porque, como regra geral, a mulher
comunica-se com vistas a estabelecer ou manter suas relações sociais, estreitando os laços com
seu interlocutor. Daí dizer-se que a linguagem feminina é cooperativa.

O homem, de sua vez, em seu processo comunicativo, busca uma troca de informações com seu
interlocutor e tende a firmar suas opiniões pessoais sobre determinado tema, no intuito de que
estas prevaleçam sobre aquelas de seu interlocutor. Sua linguagem, caracteriza-se assim, como
competitiva. As mulheres, ao contrário dos homens, nessa tentativa de criar vínculos com o
interlocutor permeiam sua fala de respostas mínimas de apoio (sim! hã! hã humm!), que
demonstram sua concordância com a fala do interlocutor, utilizando-se até de gestuais com essa
finalidade, tais como: balançar a cabeça afirmativamente, firmar o olhar naquele que fala, etc.
Tais posturas são bem menos visíveis em falantes do sexo masculino (Hirschmann, S.d) apud
(Domingos, 2005).

As mulheres também utilizam mais os eufemismos (sobremaneira quando precisam contornar


alguns temas “tabus”), um linguajar mais infantilizado, o diminutivo, os superlativos, os de
vocativos carinhosos (querido, meu amor), até mesmo porque a sociedade lhe valoriza
positivamente uma melhor expressão de suas emoções e da afectividade.

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SOCIOLINGUÍSTICA

UNIDADE VI, VII, VIII: Linguagem e Poder


1. Relação língua e poder

Ciente de que a linguagem é o pacote fundamental à raça humana, Souza e Lima (2018) dizem
que, ela é a mais importante aptidão humana, mesmo porque com ela podemos compreender as
demais capacidades tais como a vontade, a inteligência, a afectividade etc. Nessa perspectiva, a
língua vai guiar os efeitos racionais que o humano tem, sua forma de ver a sociedade, seus
desejos, suas perspectivas, tudo isso é descrito por ela.

Para o sociólogo Bourdieu (1991) citado por Souza e Lima (2018), todas as relações sociais,
inclusive qualquer relação de comunicação, são por natureza relações de poder que se entendem
em preconceitos linguísticos e sua manutenção pode ter uma relação directa com as posturas de
poder. De um lado há aquele que exerce a influência, de outro o influenciado

Através da língua a sociedade molda-se sob ponto de vista de dois grandes grupos sociais, uns
dominantes e outros dominados, mas na teoria de Skinner (1970), o comportamento humano
inclui dimensões físicas e sociais (internas e externas) que se encontram em relação constante.
Quer dizer que a convenção de norma padrão, norma culta e norma popular foi prescrita por
alguns gramáticos e perdura até hoje e funciona como um catalisador em potencial de
preconceitos. É como se a língua não pertencesse a cada um de nós, não fizesse parte de nossa
própria materialidade física, não estivesse inscrita dentro de nós, por isso ela pode ser
“maltratada”, “pisoteada”, “atropelada”, a língua é vista como um outro”. (Bagno, 2003, p. 18)

Socorrendo-se ainda de Bourdieu (1996), o falante é conduzido a seguir determinadas regras e


padrões sociais conforme o que lhe é imposto. Podemos observar como o falante é coagido a
moldar a sua linguagem e o modo de falar de acordo com o ambiente onde se encontra. Se, por
exemplo, um falante estiver em um ambiente mais requintado que exige um falar mais próximo
da norma culta ele o fará, caso esteja em um ambiente mais descontraído, ele fará uso de
expressões pertinentes ao seu quotidiano sem se ater a qualquer tipo de pressão social. No
processo que conduz à elaboração, legitimação e imposição de uma língua oficial, o sistema
escolar cumpre a função determinante de “fabricar” as semelhanças das quais resulta a
comunidade de consciência que é o cimento da nação (Bourdieu, 1996, p. 35)

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SOCIOLINGUÍSTICA

Vygotsky (1991), clarifica que a relação da língua e poder insere-se na relação entre actividade e
motivo. Para ele, a actividade humana é socialmente motivada, sempre dirigida por motivos e
deve ser vista como a categoria que orienta e regula a actividade concreta dos homens na
sociedade.

2. Solidariedade e Cortesia
A solidariedade é uma relação moral que faz com que os indivíduos se percebam como
pertencentes a uma mesma sociedade. São valores baseados nas tradições, nos costumes e na
forma de actuação e garantem que mesmo modo de vida seja compartilhado por esses indivíduos,
impedindo o caos social (Durkheim, 1883).

Para UNESCO (2006), a solidariedade é um acto de bondade e compreensão com o próximo ou


um sentimento, uma união de simpatias, interesses ou propósitos entre os membros de um grupo,
fazendo com que haja a cooperação mútua entre duas ou mais pessoas; identidades entre seres e
interdependências de sentimentos, de ideias e doutrinas. Portanto, o sentido semântico entre
essas duas ideias, acerca do conceito da solidariedade convergem, talvez dizer a primeira traz
uma perspectiva sociológica e a segunda volta-se muito mais para o âmbito da ou ética social.

A cortesia anda em paralelo com a solidariedade, que é simplesmente a forma de tratamento,


classificada sob ponto de vista de três dimensões: morfossintáctico, semântico e pragmático e em
duas categorias: formal e informal.
Segundo Cunha e Cintra (1999), sobre «formas de tratamento» na língua portuguesa consiste
num conjunto de três estudos de referência no domínio do tratamento. As formas de tratamento
como tratamento pronominal (tu, você, vocês, Vossa Excelência, Vossa Alteza, Vossa
Majestade, Vossa Senhoria), nominal (o senhor, a senhora, o doutor, a doutora, a dona + nome
(s), o senhor ministro, o pai, o Carlos, a minha amiga, etc.) e verbal (tu fazes – reduzido a fazes,
você/o senhor faz reduzido a faz). Com efeito, a língua portuguesa apresenta a característica de o
verbo poder aparecer sem sujeito pronominal ou nominal expresso, sem que o destinatário seja
expresso.

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SOCIOLINGUÍSTICA

Vejamos que Cintra (1986) classifica as formas de tratamento portuguesas em três paradigmas:
Formas próprias da intimidade: tu; Formas usadas no tratamento de igual para igual ou de
superior para inferior e que não implicam intimidade: você; Formas de referência e delicadeza
com diversas gradações quanto a distâncias de natureza diversa entre os interlocutores: vossa
excelência, o(a) senhor(a), o(a) senhor(a) dr. (a), o António, a Maria, o senhor António, a
senhora Maria, a dona Maria.

Para ser ainda mais claro fica definido nos quadros a seguir:
Quadro 1 - Formas de tratamento formal, cerimonioso e protocolar
Expressão de reverência Abreviatura Autoridade ou dignitário
Excelência / Meritíssimo Juiz Juízes
Senhor Padre / Padre + Nome Sacerdotes
próprio (+ Apelido)
Sua Excelência (de quem se S. Ex.ª Presidente da República,
fala: referência elocutiva) Primeiro-ministro, e outros
altos dignitários do Estado
e ainda no âmbito militar:
Oficiais Superiores e
Generais
Vossa Alteza / Vossa Alteza V.A. / V.A.R. / S.A.R.- Duques, arquiduques e
Real / Sua Alteza Real SS.AA.RR. (pl.) príncipes de Casas Reais

Vossa Eminência V. Em.ª Cardeais


Vossa Excelência (a quem se V. Ex.ª Presidente da República,
fala: referência elocutiva) Primeiro-ministro, e outros
altos dignitários do Estado
e ainda no âmbito militar:
Oficiais Superiores e
Generais
Vossa Excelência V. Ex.ª Revma. Bispos e Arcebispos
Reverendíssima

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SOCIOLINGUÍSTICA

Vossa Majestade V. M. Reis e imperadores


Vossa Paternidade V. P. Abades e Superiores de
Conventos
Vossa Reverência V. Rev. Sacerdotes e, menos usual,
freiras
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. S.ª Oficiais Subalternos e
Capitães

Adaptação da tabela de Saraiva (2002: anexo B), com informações adicionais de Thomé-Williams (2004)
e Lešková (2012: 66).

Quadro 2 - Formas de tratamento usadas em sobrescritos e cabeçalhos de cartas


Expressão de reverência Abreviatura Destinatário
Excelentíssima Senhora Exma Senhora D. Exma. Senhoras de qualquer
Dona Sr.ª D. classe social
Excelentíssimo Senhor Exmo. Senhor Exmo. Sr. Qualquer pessoa do sexo
masculino
Excelentíssimo Senhor Exmo. Sr. Arquitecto Licenciados em
Arquitecto Exmo. Sr. Arq.º Arquitectura
Excelentíssimo Senhor Exmo. Sr. Dr. Licenciados em Direito,
usado

Doutor (nome e apelido) (nome e apelido) M. I. Exclusivamente entre


Mui Ilustre Advogado Advogado colegas que exercem
advocacia.
Excelentíssimo Senhor Exmo. Sr. Dr. Médicos Diplomados por
Doutor Escolas Superiores
Excelentíssimo Senhor Exmo. Sr. Engenheiro Licenciados em Engenharia
Engenheiro Exmo. Sr. Eng.º
Excelentíssimo Senhor Exmo. Senhor Professor Docentes do Ensino

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SOCIOLINGUÍSTICA

Professor Exmo. Sr. Prof. Básico, Ensino Secundário,


Ensino Superior
Excelentíssimo Senhor Exmo. Sr. Professor Docentes do Ensino
Professor Doutor Doutor Superior com Tese de
Doutoramento
Magnífico Reitor Reitor da Universidade de
Lisboa

Fonte: Cunha e Cintra (1999), na linguagem escrita, sob a forma abreviada V. Ex.ª, é largo o seu uso,
principalmente na correspondência oficial e comercial.

UNIDADE IX: Linguagem, socialização e classe social


1. A socialização

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SOCIOLINGUÍSTICA

Savoia (1989, p. 55) garante que “o processo de socialização consiste em uma aprendizagem
social, através da qual aprendemos comportamentos sociais considerados adequados ou não e
que motivam os membros da própria sociedade a nos elogiar ou a nos punir”. O homem, desde
seus primórdios, é considerado um ser de relações sociais, que incorpora normas, valores
vigentes na família, em seus pares, na sociedade. Assim, a formação da personalidade do ser
humano é decorrente, segundo Savoia (1989, p. 54), “de um processo de socialização, no qual
intervêm factores inatos e adquiridos”. Entende-se, por factores inatos, aquilo que herdamos
geneticamente dos nossos familiares, e os factores adquiridos provém da natureza social e
cultural.
A socialização entende-se como um processo pelo qual os indivíduos adquirem regras, normas e
costumes que lhes permitem a integração na sociedade, ou seja, é um processo de aquisição de
regras de convivência funcionais numa determinada sociedade. Então, ela é feita através das
influências de agentes de socialização, de acordo com Savoia (1989), são: a família, a escola
(agentes básicos) e os meios de comunicação em massa.

O primeiro contacto que o ser humano tem, ao nascer, é a família: primeiramente, com a mãe,
por meio dos cuidados físicos e afectivos, e, paralelamente, com o pai e os irmãos, que
transmitem atitudes, crenças e valores que influenciarão no seu desenvolvimento psicossocial.
Na família e na escola, existe uma relação didáctica e, com a TV, a relação é diferente, visto que
a comunicação é directa e impessoal (Savoia, 1989).

O processo de socialização ocorre durante toda a vida do indivíduo (SAVOIA, 1989); por isso,
esse processo é dividido em etapas:
 Socialização primária: ocorre na infância com os agentes socializadores citados
anteriormente, que exercem uma influência significativa na formação da personalidade
social;

 Socialização secundária: ocorre na idade adulta. Geralmente, nessa etapa, o indivíduo já se


encontra com sua personalidade relativamente formada, o que caracteriza certa estabilidade
de comportamento.

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SOCIOLINGUÍSTICA

 Socialização terciária: ocorre na velhice, pela própria fase de vida, o indivíduo pode sofrer
crises pessoais, haja vista que o mundo social do idoso muitas vezes se torna restrito (deixa
de pertencer a alguns grupos sociais) e monótono. Nessa fase, o indivíduo pode sofrer uma
dessocialização, em decorrência das alterações que ocorrem, em relação a critérios e valores.

2. Factores de socialização
Existem muitos factores de socialização que podemos colectar em dois grandes grupos, sendo
assim, o primeiro grupo consiste em factores sociais que reflectem o lado socioculturais da
socialização e problemas relacionados a dimensão histórica, grupal, étnica e cultura. O segundo
contém factores individuais de personalidade expressos através das especificações do caminho
de vida de cada individuo (“Housepsych” s.d). Geralmente os factores sociais incluem
principalmente, os que reflectem diferentes aspectos do desenvolvimento da personalidade, como
social, política, histórica, económica, bem como as a qualidade de vida do individuo.
Dá-se o caso de macrofactores (o estado, a cultura), mesofactores (etnia, tipo de assentamento,
condições regionais, os meios de comunicação).

3. A socialização e códigos sociolinguísticos (teoria de Basil)

Basil foi um sociólogo britânico que esteve voltado na sociologia de educação, segundo Santos
(2003), Basil Bernstein nasceu em 1924 e morreu em 2000, tendo iniciado sua carreira
académica na Universidade de Londres na década de 60. Ocupou a cátedra Karl Mannheim, foi
chefe do Departamento de Sociologia da Educação e, quando se aposentou, recebeu o título de
professor emérito.
A principal razão que levou o professor a desenvolver as teorias chamadas códigos
sociolinguísticas, foram as diferenças de linguagem entre as pessoas das camadas populares e as
provenientes das classes médias e suas relações com o sucesso e fracasso escolar, porque para
Basil a linguagem existe em relação a um desejo de expressão e comunicação.

A partir do princípio de que há um desejo de expressão e comunicação entre as pessoas faz com
que haja duas formas distintas de linguagem que são: linguagem pública que seria chamado de
código restrito e linguagem formal ou código elaborado. Assim sendo, Steffen (s.d., p 73) diz

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SOCIOLINGUÍSTICA

que Basil dividiu e identificou os códigos com relação a estrutura das classes sociais a saber:
classe média “midle class” e classe operária “working class”. Significa que as palavras usadas
por um falante, sendo elas compostas em grande proporção por pequenas ordens, frases curtas e
perguntas onde o simbolismo é descritivo, tangível, concreto, e de um baixo grau de
generalidade, onde a ênfase está mais em implicações emotivas que lógicas, ela será chamada de
linguagem pública (Steffen, s.d., p 73).

E se um falante, desde criança, torna-se susceptível a uma forma de linguagem que é


relativamente complexa e que, em contrapartida, age como um estruturador dinâmico sobre sua
percepção de objectos, esta forma será chamada de linguagem formal (idem). Foram essas
noções encadeadas para a determinação desses dois tipos de linguagem que viriam mais tarde a
ser designados de código restrito e código elaborado.

Dentre esses códigos distinguem-se através das características apresentadas por cada, o código
restrito possui enunciados curtos, gramaticalmente simples e seguidamente incompletos,
construção sintáctica pobre e predominância da voz activa, uso de conjunções simples e repetidas
por exemplo: so, then, and, because em inglês, não só, possui também o uso frequente de ordens
e perguntas curtas, rígido e limitado uso de advérbios e adjectivos, entre outras características.

Enquanto isso, o código elaborado tem uma curada organização gramatical e sintaxe controlam o
que é dito, apresenta modificações lógicas e ênfase como medidas de uma construção gramatical
mais complexa, especificamente pela utilização de uma série de conjunções e orações lógicas,
bem como preposições que indicam contiguidade espacial e temporal (cf. Steffen, s.d., p 75).

UNIDADE X: Bilinguismo
1. Definições do bilinguismo

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SOCIOLINGUÍSTICA

Um individuo socializa-se com os outros através de princípios, normas, crenças e valores regidos
no seu grupo que serão definidos pela linguagem, por conta disso e pelas ideologias de cada
grupo há situações que levam os membros integrantes do grupo a desenvolver habilidades ou
competências linguísticas em mais de uma língua, isto é, ouvir, falar, ler e escrever em duas ou
mais línguas. Disso é o que chamamos de bilinguismo.

A partir de Câmara Jr (1974), o bilinguismo é a capacidade de um individuo, que consiste em


usar duas línguas distintas, como se ambas fossem a sua língua materna, optando por uma ou por
outra, conforme a situação social em que no momento se ache.

Como uma capacidade individual, Blanco (1981) diz, bilingue é aquela pessoa que é capaz de
codificar e recodificar em qualquer grau, sinais linguísticos provenientes de dois idiomas
diferentes. Não passa de uma capacidade de um individuo de expressar-se em uma língua
respeitando os conceitos e as estruturas próprias da mesma língua (Titone 1976).

Segundo Bloomfield (1933) considera um falante bilingue, na perspectiva psicológica, aquele


que tem um controle nativo de duas ou mais línguas nas 4 habilidades linguísticas (falar, ouvir,
ler e escrever).

Ainda nessa perspectiva, Macnamara (1969) propõe quatro habilidades para considerar um
indivíduo bilingue (falar, ouvir, ler e escrever) em uma língua diferente de sua língua nativa. Ou
seja: L1 + 1 das 4 habilidades na L2.

Para o lado sociológico, Mackey (1967) define o bilinguismo como sendo o uso alternante de
duas ou mais línguas por parte do mesmo indivíduo na comunicação.

2. Dimensões do bilinguismo

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SOCIOLINGUÍSTICA

Ao definirmos o bilinguismo é necessário que discorramos em seis critérios (Flory e Souza,


2009):

Quanto a competência linguística em cada uma das línguas


a) Bilingue equilibrado ou balançado- quando tem uma competência linguística equilibrada
nas línguas faladas.
b) Bilingue dominante- o que tem maior domínio de uma das línguas faladas.

Quanto a idade de aquisição


a) Bilinguaridade infantil- quando as duas línguas faladas foram adquiridas enquanto criança.
Ela pode ser:
-bilinguaridade infantil simultânea- quando aprendidas as duas línguas em simultâneo;
-bilinguaridade infantil consecutiva- quando se aprende uma e depois a outros.

b) Bilinguaridade adulta-quando a L2 é adquirida na fase adulta.

Quando a exogeneidade (presença ou ausência das línguas na comunidade do indivíduo)


a) Bilinguaridade endógena- quando o indivíduo fala línguas que estão presentes na sua
comunidade.
b) Bilinguaridade exógena- quando o falante usa línguas que não estão presentes na sua
comunidade, ou quando a segunda língua lhe é estrangeira.

Quanto ao estatuto sociocultural


Dependendo do estatuto que a língua tiver na sociedade, podemos ter:
a) Bilinguaridade aditiva- quando a L2 é valorizada em relação às outras línguas na sociedade.
Se é uma língua de prestígio, o falante acrescenta na sua bagagem cultural, social daquela língua.
b)Bilinguaridade subtractiva- quando a L2 é menos valorizada, não tem prestígio, o falante
subtrai da sua bagagem.

Quanto a identidade cultural

25
SOCIOLINGUÍSTICA

a) Bilingue mono-cultural- quando se desenvolve uma por ser a que mais o prestigia.
b) Bilingue bicultural- quando se desenvolvem as duas definindo a função de cada uma delas e
usando-as em situações apropriadas.

Quanto a organização dos códigos linguísticos- refere-se ao modo como os falantes bilingues
organizam seus códigos linguísticos, aspectos cognitivos de organização da língua segunda. São
previstos, a partir deste critério, três tipos de bilinguismo:
a) Bilinguismo composto: situação em que dois conjuntos de códigos linguísticos estão
associados a uma unidade de significado. Se o bilinguismo é composto, supõe-se que dois
conjuntos de códigos como estejam relacionados a uma mesma unidade de significado;
b) Bilinguismo coordenado: cada código linguístico está organizado separadamente em dois
conjuntos de unidades de significado;
c) Bilinguismo subordinado: os códigos linguísticos da segunda língua estão organizados e
são interpretados com base na primeira língua.

3. Níveis do Bilinguismo
Analise-se desde uma dimensão pessoal ou desde uma vertente social, ou seja, o bilinguismo
individual e bilinguismo social. Esta dimensão designa coexistência de duas línguas faladas por
dois grupos sociais, ou a qualidade que um indivíduo tem para as falar com fluidez.

Quando se fala de bilinguismo individual, nos referimos ao conhecimento e domínio que uma
pessoa tem de duas línguas; ao uso que um indivíduo faz das mesmas; aos factores que intervêm
no processo de aquisição, e às variáveis entre indivíduo, médio e língua.

Do ponto de vista social, é necessário fazer uma breve referência a algumas situações políticas
que têm gerado um tratamento e uma consideração específica para as línguas. Entre elas, cabe
assinalar as consequências sociolinguísticas que teve a colonização europeia no continente
asiático e africano, já que em bastantes casos desapareceram grupos com línguas e culturas
próprias ao ficar assimiladas pela metrópole correspondente. (Universidade Católica de
Moçambique [UCM], s.d.).

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SOCIOLINGUÍSTICA

Em primeiro lugar, com o bilinguismo se diversifica em variáveis de tipo geográfico, histórico,


linguístico, sociológico, político, psicológico, e pedagógico (situação geográfica e histórica da
comunidade linguística, políticas aplicadas, identidade cultural de seus membros, modelos de
ensino, nível de concorrência, necessidades educativas, etc.).

Em segundo lugar, quando falamos de bilinguismo nos podemos referir a uma situação
individual, isto é, à forma peculiar de relação de um sujeito com e em duas línguas ou ao grupo
social que se relaciona utilizando ou não línguas diferentes (idem).

Cabe assinalar que ao longo do tempo, se usaram outros termos como sinónimos: diglosia,
biculturalismo, plurilinguismo, polilinguismo que, no entanto, possuem significados diferentes,
pois enquanto os dois últimos conceitos fazem referência ao conhecimento e utilização a mais de
duas línguas, a acepção biculturalismo leva implícitos sentimentos de pertence cultural. No caso
da diglosia, a distinção radica na funcionalidade social que assume a cada uma das duas línguas
em uma comunidade (idem).

Tema de seminário: Toponímias da Província de Manica


1. Visão geral

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SOCIOLINGUÍSTICA

Segundo Faggion e Misturini (2014), a primeira área é utilizada na construção de dicionários, a


segunda estuda termos específicos das ciências, em determinadas línguas e a ultima estuda o
léxico ou seja, as palavras da língua, onde se encontra a Onomástica que estuda os nomes
próprios, que por sua vez divide-se em Antroponímia (estudo de nomes próprios) e Toponímia
(estudo de nomes de lugares).

Na Perspectiva de Dick (1992) citado por Mello de Souza (s.d.), o toponímico como um signo de
língua “com forma expressiva e um conteúdo unívoco ou biunívoco, passa a incorporar a ele
próprio, as características do espaço que nomeia” ou seja, do ponto de vista semântico, “ nome e
coisa nomeada passam a significar o mesmo dado”.

O Topónimo é, em sua essência, um signo linguístico, pois, antes de cumprir sua função
toponímica, integra o léxico da língua e, como tal, carrega em si todas as características
linguísticas e extralinguísticas a que o léxico está sujeito. Nesse processo, um signo linguístico
do vocabulário comum pode passar à categoria de nome próprio, nomes de pessoas ou de
entidades religiosas podem também figurar entre topónimos que nomeiam acidentes físicos ou
humanos e, consequentemente, assumirem na língua a função de nome próprio de lugar.

A Toponímia, estudo dos nomes próprios de lugares, e a Antroponímia, estudo dos nomes
próprios de pessoas, tradicionalmente vinculam-se a uma área de investigação mais ampla, a
Onomástica, que se ocupa do estudo linguístico dos nomes próprios em geral. “Toponímia e
Onomástica acham-se, assim, em uma verdadeira “relação de inclusão”, em que aquela será
sempre, desta, uma parte de dimensões variáveis” (Dick, 1992).

Nesse particular, Oliveira (1999) argumenta que “este contacto entre língua e realidade irá
determinar a linguagem como reflexo da realidade e, sobretudo, como força geradora da imagem
de mundo que o indivíduo possui”, imagem essa que se reflecte na natureza do nome atribuído
aos lugares.

Assim, é compreensível a importância atribuída aos topónimos, já que é possível, por meio deles,
a reconstrução de aspectos da vida de um povo, da sua cultura, dos seus movimentos migratórios,
das suas marcas linguísticas, dos aspectos da vida social e espiritual da população. A

28
SOCIOLINGUÍSTICA

Onomástica, nessa perspectiva, assume uma perspectiva “capaz de integrar métodos e um


número considerável de conhecimentos de campos muito diversos, de maneira directa ou verti
cal e indirecta ou horizontal, predominando, contudo, a perspectiva linguística, com valoração,
em particular, da pesquisa etimológica” (Ramos & Bastos, 2010).

Os nomes próprios de lugares são os elementos peculiares deste breve estudo onomástico, por
isso, persegue-se, em torno de toda a investigação, o material semântico ou a matéria-prima com
que se produzem tais topónimos.

Norteada pela função onomástica, a Toponímia estabelece sentido de unidade diante de diversos
saberes: “é uma disciplina que se volta para a História, a Geografia, a Linguística, a
Antropologia, a Psicologia Social, e até mesmo à Zoologia, à Botânica, à Arqueologia, de acordo
com a formação intelectual do pesquisador” (Dick, 1990). Via integração com outras áreas do
conhecimento, a Toponímia revela-se, assim, uma disciplina interdisciplinar, “um complexo
línguo-cultural, em que dados das demais ciências se interseccionam” (Dick,1990).

Considerando que todo topónimo conserva uma motivação toponímica, envolver-se em estudos
acerca da Toponímia é penetrar na complexa teia das diversas áreas do conhecimento, quando
investigamos os nomes de lugares nos aspectos linguísticos e extralinguísticos. Assim, a
Toponímia revela-se uma disciplina interdisciplinar, na qual, alimenta e é retroalimentada por
fios de diversas áreas do conhecimento, como exemplifica Andrade (2011) na figura a seguir:

Figura 1. Toponímia no contexto interdisciplinar

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SOCIOLINGUÍSTICA

Fonte: Nascimento (2017) adaptado de Andrade (2011).

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SOCIOLINGUÍSTICA

Considerações Finais

Para o presente trabalho estabeleceu-se como objectivo principal apresentar os conceitos de


Sociolinguística, na qualidade de uma ciência autónoma, apesar de ser um ramo da linguística,
ela possui o seu objecto de estudo, suas metodologias de pesquisa, seus ramos e a sua relação de
interdisciplinaridade. Sendo assim, enrolou-se diversos tópicos de estudo de linguagem na
dimensão social, o que é de interesse nela, conforme estudos que vêm sendo feitos pela ciência
da linguagem (sociolinguística), a língua apresenta várias modificações por influências
geográficas, sociais, culturais e individuais. Portanto, a Sociolinguística reflecte sobre as tais
mudanças, procurando estabelecer comparações entre as variedades de uma língua em seguintes
campos da linguagem: morfologia, fonética, fonologia, sintaxe, semântica e pragmática.

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SOCIOLINGUÍSTICA

Bibliografia

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