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COMUNIDADE AGRÍCULA E EDUCACIONAL: UMA LINGUAGEM REFLEXO

DAS RELAÇÕES SOCIAIS

Franciélio Cortez de Lima1


Roberta Bezerra Marinho2
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Os avanços científicos na área da Sociologia da Linguagem têm propiciado uma
melhor visão acerca da relação língua e sociedade, em que apesar das discussões acerca do
objeto de estudo da disciplina, tem contribuído para a compreensão dos aspectos concernentes
a variante de maior prestígio, como um reflexo do papel social que cada agente desempenha
sob a análise de fatores como o nível de instrução, a condição social assim como a
caracterização de uma comunidade linguística.
Levando em consideração fatores como os mencionados anteriormente, é de suma
importância analisar a organização de uma comunidade, visto que os agentes sociais são
também o resultado das relações estruturantes em sociedade, agindo como uma espécie de
identificação social, de pertencimento a uma dada comunidade e que pode refletir a variante
linguística de seus membros.
Tendo em vista tais aspectos, este artigo é resultante das leituras e discussões da
referida disciplina, por considerar a análise de comunidades distintas como um ponto de
partida para verificar as escolhas linguísticas oriundas possivelmente da variante da
comunidade em que os sujeitos estão envolvidos sem, no entanto, desconsiderar o nível de
instrução, com esse propósito os sujeitos entrevistados foram um agricultor morador da zona
rural e um professor da zona urbana, residentes em cidades no interior do Estado do Rio
Grande do Norte e para dar respaldo a nossa pesquisa utilizamos os seguintes teóricos: Bagno
(2007), Bourdieu (2011), Bourdieu (1998), Costa (2005), Fiorin (2007), e Bakhtin (2009).

Deste modo, a metodologia se fará por meio de uma pesquisa comparativa-qualitativa,


na qual utilizaremos um questionário como base para a elaboração das perguntas, em que

1
UERN. Graduando de Letras (Habilitação em Língua Portuguesa e suas respectivas Literaturas). Aluno do 6º
período (Curso de Letras) e estudante da disciplina Sociologia da Linguagem E-mail:
francielioclima@gmail.com

2
UERN. Graduanda de Letras (Habilitação em Língua Portuguesa e suas respectivas Literaturas). Aluna do 2º
período (Curso de Letras) e estudante da disciplina Sociologia da Linguagem. E-mail:
roberttarangel@hotmail.com
analisaremos as respostas sob os aspectos como formação, vivência, a linguagem utilizada,
termos específicos, escolha vocabular, além dos aspectos sociais e culturais. Neste sentido, a
organização do trabalho se fará a partir da fundamentação teórica, ressaltando a relação das
variantes linguísticas com os aspectos sociais, por fim se fará a análise do corpus,
apresentando os pontos mais relevantes e pressupostos do envolvimento com as comunidades.
1.1 AS RELAÇÕES SOCIAIS ENQUANTO ASPECTO PRÉVIO DAS VARIANTES
A Sociologia da Linguagem estuda a língua em sua essência social, não desvinculando
a prática linguística dos seus aspectos norteadores como são a idade, o sexo, o grau de
instrução, a região, o papel social, a comunidade linguística e aspectos afins, vendo-os como
pontos de partida para compreender o uso das variantes linguísticas, que servem de explicação
para o prestígio que a variante culta tem, supostamente, por ser utilizada pela classe
dominante e pessoas com um nível de instrução melhor do que as demais.
Contudo, segundo Bagno (2007) ainda que no Brasil, a língua falada pela maioria dos
brasileiros seja o português, essa língua apresenta um imenso grau de diversidade e
variabilidade, não apenas pela extensão territorial do nosso país nem pelas diferenças
regionais decorrentes disso, mas sobretudo pela grande desigualdade social. É o que explica
muitas vezes, o uso de uma variante linguística de menos prestígio por pessoas com um baixo
grau de instrução, capital econômico e de uma região subdesenvolvida, mas que em alguns
casos como no caso de um fazendeiro não se vê uma discriminação do uso dessa variante de
menos prestígio.
As forças sociais nesse sentido são o ponto chave para a explicação dessa ocorrência,
pois encontra-se implícita a ideologia que marca uma determinada sociedade, repercutindo
assim a posição social dos indivíduos, sobretudo a das classes de maior prestígio que não
necessariamente terá um grau de instrução elevado, basta dispor de capital econômico para
não ser estigmatizado pela variante utilizada, é o que nos diz Fiorin 2007:
[...]. Aparecem as ideias da desigualdade natural dos homens, uma vez, que
uns são mais inteligentes ou mais espertos que os outros. Daí se deduz que as
desigualdades são naturais. Outras ideias pias, presas às formas fenomênicas
da realidade: [...]. A esse conjunto de ideias para justificar e explicar a ordem
social, as condições de vida do homem e as relações que ele mantém com os
outros homens é o que comumente se chama ideologia (FIORIN,2007, p.28).

Essa ideologia está implícita na sociedade, age como uma força social para que as
classes menos favorecidas pensem que existe apenas uma forma de falar a sua língua materna,
da qual só quem, presunçosamente, tem conhecimento são as classes dominantes,
desconsiderando assim as variantes usadas por pessoas de diferentes regiões, idades, sexos,
profissões, grau de escolaridade e membros de comunidades distintas, inclusive se
classificando os sujeitos como pertencentes a determinadas comunidades linguísticas por
causa da condição social que possuem. Contudo, isso não significa que todos façam uso da
mesma variante, haja vista que a relações sociais com diferentes campus pode proporcionar
uma adaptação e alteração no habitus do indivíduo, podendo inclusive se refletir na linguagem
utilizada, como disse Bakhtin 2009:
[...] No domínio dos signos, isto é, na esfera ideológica, existem diferenças
profundas, pois este domínio é, ao mesmo tempo, o da representação, do
símbolo religioso, da forma científica e da forma jurídica, etc. Cada campo
de criatividade ideológica tem seu próprio modo de orientação para a
realidade e retrata a realidade à sua própria maneira. Cada campo dispõe de
sua própria função no conjunto da vida social. É seu caráter semiótico que
coloca todos os fenômenos ideológicos sob a mesma definição geral
(BAKHTIN, 2009, p.33).

Assim, por mais que cada agente social se constituía de uma particularidade, essa
pressuposta individualidade reflete uma representação ideológica das instituições sociais,
que levam até mesmo os sujeitos envolvidos nos mais diversos campus a não perceberem
isso, visto que as diferenças caminham sob a mesma ideia, de um lado a submissão dos
desapercebidos, dos menos desfavorecidos frente ao prestígio dos dominadores. Como nos
diz Bourdieu 2011:
[...]. Em vez de ser a transferência que está na origem da construção do
objeto como quando se vai buscar a outro universo, de preferência
prestigioso, etnologia, linguística ou economia, uma noção
descontextualizada, simples metáfora com função puramente
emblemática– é a construção do objeto que exige a transferência e a
fundamenta: assim, tratando-se de analisar os usos sociais da língua, a
ruptura com a noção vaga e vazia de <<situação>. –que introduziria, ela
própria, uma ruptura com o modelo Saussuriano ou Chomskiano [...]
(BOURDIEU, 2011, p.68).

Nesse sentido, não se trata da transferência da língua em seus contextos de uso,


adequação da situação, mas trata-se das relações sociais que exigem essa transferência e a
fundamentam para tal propósito, pois a construção do objeto de estudo da Sociologia da
Linguagem é a língua em uso, resultante das relações sociais, visto que para explicar essas
variações não basta demonstrar a sua ocorrência nem se fechar totalmente na primeira ou na
segunda, deve-se investigar a língua em sua origem, ou seja, na relação estruturante em
sociedade. O Sociólogo francês, ainda vem definir como se deve proceder essa investigação,
para ele:
[...] a ciência social deve tomar como objeto as operações sociais de
nomeação e os ritos de instituição através das quais elas se realizam.
Contudo, num nível ainda mais profundo, a ciência social precisa examinar a
parte que cabe às palavras na construção das coisas sociais, bem como a
contribuição que a luta entre classificações, dimensão de toda luta de classes,
traz à constituição das classes, classes de idade, classes sexuais e sociais,
clãs, tribos, etnias ou nações (BOURDIEU,1998, p.81).
A partir disso, o exame dessas operações sociais de nomeação é o que permite
compreender a eficácia e distinção de termos específicos em uso, antes essa luta não diz
respeito ao uso de uma linguagem formal e informal, especifica ou não de uma situação,
mas são a construção das coisas sociais que vai até a constituição das classes e demais
divisões existentes, para apresentar uma representação da estrutura do real, ou seja, a
organização em sociedade.
Em virtude dessa afirmação, vale destacar que houve mudanças nas teorias
sociológicas do século XX, como define Costa:
[...] as teorias sociológicas desenvolvidas no século XX procuraram resolver
a oposição explícita entre sociedade e indivíduo, perceptível nos modelos
clássicos. Se para Durkheim a sociedade se constituía em uma entidade ou
objeto de pesquisa, em tudo diferente dos indivíduos que a compõem, para
os autores contemporâneos essa dicotomia se apresenta como um equívoco.
A sociedade está presente nas manifestações, comportamentos e discursos
dos indivíduos. O que os agentes pensam sobre o momento em que vivem e
as representações internas com as quais explicam são parte da realidade
vivida, e não uma referência falsa e enganadora [...] (COSTA,2005, p. 265).
Assim, ainda que o Sociólogo francês tenha se baseado nas teorias sociológicas
clássicas, suas teorias se constituem no campo da Sociologia Contemporânea, que procura
mostrar a parte da sociedade sob o indivíduo e as construções internas do indivíduo como
constituintes da sociedade, para isto Pierre Bourdieu faz uso dos termos Campus e habitus.

2.1 A APARENTE RELAÇÃO DAS ESCOLHAS LINGUÍSTICAS COM A


COMUNIDADE
O corpus em questão trata-se de um questionário com as mesmas perguntas tanto
para o professor da zona urbana quanto para o agricultor da zona rural, isto porque nossa
intenção é verificar se, aparentemente, as escolhas linguísticas dos sujeitos escolhidos
correspondem a variante da comunidade à qual eles pertencem, metodologicamente, nossa é
pesquisa é comparativa-qualitativa.
Considerando as dificuldades do agricultor em ler e transcrever as respostas, tivemos
que gravar a entrevista com ele e fazer um recorte da sua fala, para analisarmos junto com as
respostas do professor, assim antes de adentramos a análise do corpus, vale informar ainda
que o sujeito entrevistado está aposentado das suas atividades agrícolas, mas continua
exercendo a atividade de forma autônoma.
Em primeiro lugar, as diferenças entre eles vão desde a profissão, sendo o primeiro
um agricultor de 63 anos, aposentado; e o segundo um professor de 40 anos, a partir dessas
observações, perguntamos a ambos como era o sistema de ensino na época deles e qual era o
nível de instrução deles, o agricultor teve muita dificuldade em compreender a pergunta,
sendo necessário que o pesquisador reformulasse melhor, questionando sobre outros
aspectos relacionados a mesma pergunta, para que ele respondesse ao que lhe fora proposto,
assim sua resposta foi: O ensino... na época o nível de ensino … eu só tenho só o terceiro
ano… “ô! ” [DIGO] o segundo né? mais ou menos né… primário, primário. [...]. Aí… eu
aprendi pouca coisa. Eu aprendi só assinar o nome é ler essas letras de de… forma; e
antigamente no tempo meu que comecei a estudar né? Quem tivesse o quarto ano do
primário já… já podia ensinar já ensinava. A primeira professora minha tinha o quarto ano
primário né? naquela época.
Entretanto, o professor não se estendeu muito, escreveu somente isto: Quando era
eu estudante, o sistema de ensino era tradicional, os professores apenas repassavam os
conteúdos, usavam os livros e cartilhas. Sou formado em pedagogia e tenho especialização
em gestão educacional.
Desse modo, podemos perceber que tanto a ordem das respostas quanto as
construções frasais de ambos é muito diferente, a começar pela repetição excessiva da
expressão né no sentido de dúvida, tendo em vista que o primeiro não teve acesso a uma
educação formal de qualidade e como ele mesmo afirma, os educadores naquela época não
precisavam ter uma formação para ensinar, bastava ter um nível de instrução a mais do que
os outros para assumir essa responsabilidade, ao contrário, do segundo que supostamente
devia ter tido acesso a uma educação melhor, já que tinha acesso a livros didáticos, além
disso, a diferença de idade também pressupõe uma diferença no sistema de ensino.
Seguindo essa sequência, a segunda pergunta pedia para que cada um descrevesse a
sua comunidade e falasse qual era o envolvimento deles com ela. O agricultor se expressou
da seguinte forma: A comunidade aqui é é é de... vive de agricultura né? [...] É uma
comunidade de agricultores. E meu envolvimento é de trabalhar mermo de cuidar das coisas
de casa mesmo. Sou… vivo em casa mermo. Trabalho quando tem que trabalhar mermo e
quando há inverno sou aposentado [...] Meu envolvimento com ela é esse mesmo.
Diferentemente disso, nos respondeu o professor: A comunidade é pequena e
simples, mas bem empenhada em repassar e preservar os valores culturais do município,
trabalhamos atividades voltadas para as datas comemorativas, como foi o dia do estudante,
que passamos a semana com apresentações culturais feitas pelos próprios alunos e meu
envolvimento é fruto do meu trabalho como professor nas redes municipais e estaduais,
procurando sempre atender as necessidades dos alunos, mas também tenho trabalhos
culturais, tenho um programa na rádio comunitária e participo do grupo que organiza as
festas da igreja católica..
Por essa razão, considera-se imprescindível não notar uma diferença na divisão e
organização das ideias, que torna a fala do agricultor um pouco desconexa em relação a
escrita do professor, mas sobretudo, pela pressuposta diferença nas relações sociais entre
ambos, pois o agricultor aparenta segundo sua fala a só se relacionar com outros agricultores
da sua comunidade, enquanto que o professor participa de diferentes campus, como as
escolas estaduais, municipais, a comunicação local e a igreja, proporcionando a ele um
contato maior com outras variantes, ideologias, habitus, dentre outros aspectos culturais e
sociais.
A terceira pergunta dizia respeito ao tempo de vivência e participação naquela
comunidade, na qual o agricultor ressalta o seguinte ponto: Eu nasci e me criei aqui né?
Desde a tempo dos meus pais meus pais eram agriculto também via aqui eu nasci aqui tô
hoje com 63 anos de idade [...] faço parte da comunidade… agricultura... pronto é assim
mesmo.
Em outras palavras, nos respondeu o professor: Nasci e me criei nesse município,
nunca morei fora, mas já tive contato com pessoas de outras regiões, já viajei e como na
época eu já tinha uma formação, fui convidado pelo gestor municipal para ensinar na escola
e uns anos depois passei no concurso, me tornando funcionário efetivo, entre professor
contratado e concursado faz uns 15 anos que faço parte do quadro de professores da escola.
Semelhantemente a análise anterior, podemos confirmar que a relação existente com
diferentes campus só veio favorecer a imagem do professor e ainda mais por já ter uma
formação, ele passa a ser convidado a participar daquela comunidade, enquanto que no caso
do agricultor ele segue as práticas e relações do meio em que nasceu e cresceu, dos valores
ideológicos dos seus pais.
Ainda nesse sentido, perguntamos quais eram os costumes da comunidade e de que
forma isso os influenciavam, por conseguinte, o agricultor respondeu: aqui os costume…
noite de São João faz aquelas festinha, forró e fugueira essas coisas assim né? [...] chama de
festa junina né? São os custume desde a época dos meus pais … e noite de ano o povo se
diverte faz brincadeira… faz forrozin ... vai a missa dia de domingo na cidadezinha… meus
pais ia com a gente pra igreja, na missa. Paralelamente a isto, nos conta o professor: Os
costumes são muitos, atividades alusivas ao aniversário da cidade, a festa da padroeira, a
festa do co-padroeiro, datas comemorativas em que se trabalha atividades de dança e canto,
para os alunos apresentarem e representarem a escola e esses costumes me influenciaram a
ter mais contato com os agricultores e pais dos alunos, a trabalhar com a comunidade rural, a
interagir com muitos dos saberes locais.
A respeito disso, podemos perceber que os costumes da comunidade também são
influências externas, que contribuem para a construção ideológica dos gostos do sujeito
entrevistado, como as festividades, musicas, as manifestações de credo, muito presentes na
vida do agricultor, morador da zona rural, assim como o contato com esses sujeitos têm
despertado o interesse do professor em conhecer os saberes locais e têm o influenciado a
trabalhar com a comunidade rural.
Ainda, levando em conta a organização e divisão do trabalho, perguntamos a cada um
como ocorria esse processo e obtivemos do agricultor a seguinte resposta: Era trabalhador
mesmo! [...] Aí plantava algodão, milho e feijão, como hoje ainda planta,… aí, aquele dono
de propriedade “butava” as pessoas para trabalhar alugado para ganhar o dia de serviço… O
caba trabalhava durante a semana e na semana eles pagava aqueles dias de serviço que
trabalhava na semana cinco ou seis dias… quatro ou cinco dias na semana, pronto a vivia
disso…Aí tinha aquelas pessoas que nós chamava de patrão que era aqueles que tinha as
propriedade, que tinha mais terra.
A partir daí, podemos perceber que embora o agricultor receba seu salário ao fim do
serviço prestado, como uma forma de igualdade entre ele e o patrão (dono das terras),
mostra-se na uma ideologia presente nas diferenças sociais como sendo algo natural, mas que
na realidade o agricultor vende sua força de trabalho.
Contudo, o professor responde: A organização do trabalho acontece a partir da
necessidade de elaboração e execução das atividades. As necessidades são atendidas e cada
segmento faz a sua parte, a diretora é quem organiza toda documentação, para manter a escola
em ordem e funcionando. Nos professores somos responsáveis por planejar e ministrar as
aulas, os profissionais da limpeza e alimentação são responsáveis pelas necessidades
essências e o vigia é responsável pela segurança de todos nós.
Assim, ao falar da divisão do trabalho na sua comunidade, inevitavelmente, o
professor descreve a sequência de papeis que cada agente desenvolve na sua comunidade, na
qual o diretor é quem lidera a comunidade, mas se esquece que é a força do trabalho do
agricultor, que garante a subsistência de todos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao analisarmos comunidades distintas, achamos importante considerar o grau de
instrução dos sujeitos escolhidos, para não cometer nenhum equívoco nem generalizar,
afirmando que todos os agricultores fazem uso da mesma variante, considerada socialmente
como “informal”, visto que pode haver agricultores com instrução formal, moradores da zona
urbana, que possam manter contato com pessoas de campus variados.
Assim como também, pode haver professores com um baixo nível de instrução, que
atuam desde o período que não era necessária ter formação alguma para ensinar, tal como
observamos a partir do relato de um agricultor entrevistado, dentre tantas hipóteses, que
podem contribuir para a mudança no resultado da pesquisa.
Dentre os aspectos analisados, a profissão também foi um ponto a ser ressaltado,
considerando, sobretudo, a relação com pessoas de outros campus profissionais, regionais e
econômicos. Com esse propósito, a idade também não foi desconsiderada, visto que foi
utilizada como um possível indicador dos sistemas de ensino de cada época.
Desse modo, observamos, que tanto a área rural como urbana pode apresentar fatores
que influenciam a linguagem, a cultura e as relações existentes entre os membros de cada
comunidade linguística. A partir daí, chegamos há alguns indicativos para as escolhas
linguísticas dos membros de cada comunidade.
A começar pelo agricultor, que não teve acesso a uma educação formal, por ser
residente da área rural e precisamente pelo sistema de ensino, que não tinha um profissional
formado para atender as necessidades de aprendizagem desses alunos, mas também pelo
contato apenas com o campus dos pais, que era a agricultura de produção e sobrevivência
própria, e consequentemente por causa de suas condições econômicas.
Tendo em vista tais aspectos, observamos que o inverso ocorreu com o professor, que
por morar na zona urbana teve acesso a um ensino um pouco melhor, supostamente, pelo
contato com livros didáticos, se pressupõe que o sistema de ensino havia mudado, além das
relações que mantem com pessoas de diferentes campus profissionais, regionais e
econômicos, resultantes de outras atividades que desempenha.
Assim, podemos concluir que analisar esses pontos torna-se essencial para
compreender o porquê de certas escolhas vocabulares, assim como as diferenças entre cada
campus, contribui para a variação linguística das comunidades.

ANEXO
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAPHYBAGNO, M. Preconceito lingüístico o que é, como se faz. 49ª. ed. São Paulo: EDIÇÕES
LOYOLA, 2007.

BOURDIEU, P. A Economia das Trocas Linguisticas: O que Falar Quer Dizer. 2ª. ed. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1998.
BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.
BAKHTIN, M.M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do
método sociológico da linguagem. 13ª. ed. São Paulo: Hucitec,2009.
COSTA, Maria Cristina Castilho. Soiologia: Introdução à ciência da sociedade. São Paulo:
Moderna, 2005.
FIORIN, José Luiz. Linguagem e ideologia. 8ª.ed. São Paulo: Ática,2007.

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