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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO


CAMPUS AVANÇADO DE PATU
DEPARTAMENTO DE LETRAS

CRÍTICA FEMINISTA

Roberta Bezerra Marinho


Sabrina de Paiva Bento
Sebastiana Braga Ferreira
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O presente trabalho tem objetivo apresentar os princípios e
conceitos teóricos da Crítica feminista segundo Zolin (2009),
então para demonstrar como se deu o surgimento da crítica
literária com foco na representação da mulher, trazemos trechos
de obras como Emma, de Gustave Flaubert, Senhora, de José de
Alencar, O primo Basílio, de Eça de Queiroz, Amor de Perdição,
de Camilo Castelo Branco, dentre outras.
A origem da Crítica Feminista
Com o desenvolvimento do pensamento feminista, desde
1960, a mulher tem se tornado objeto de estudo de diversas áreas:
Sociologia, Psicanálise, História e Antropologia, além de ser o
assunto de simpósios, congressos, cursos, teses e trabalhos de
pesquisa.
O interesse pela mulher se deve a todo um processo histórico-
literário, que está ligado aos efeitos do movimento feminista, a
começar com o surgimento da Crítica Feminista nos Estados
Unidos em 1970, com a publicação da tese de doutorado de Kate
Millet, intitulada Sexual Politics (Políticas sexuais).
Contribuições da Crítica Feminista
 Um novo modo de ler e interpretar o texto literário;
 A experiência da mulher como leitora e escritora é questionada
em comparação a prática acadêmica patriarcal;
 Considera o objeto de estudo em relação ao contexto;
 Pôs a nu as circunstâncias sócio-históricas entendidas como
determinantes na produção literária.
 Fez perceber como o estereótipo negativo na literatura e cinema
é um obstáculo na luta pelos direitos da mulher.
Quadro 3 O modelo tradicional de representação da mulher na literatura
Estereótipos femininos Exemplos na literatura Conotação

Mulher sedutora e/ou perigosa Lúcia (Lucíola, de José de Negativa


e/ou imoral Alencar), Capitu (Dom Casmurro,
de Machado de Assis); Emma
(Madame Bovary, de Gustave
Flaubert); Luísa (O primo Basílio,
de Eça de Queiroz)

Mulher como megera Juliana (O primo Basílio, de Eça Negativa


de Queiroz)

Mulher-anjo e/ou indefesa e/ou Teresa (Amor de perdição, de Positiva


incapaz e ou/impotente Camilo Castelo Branco)

Fonte: Zolin (2009)


Mulher-sujeito

Aurélia era órfã; e tinha em sua companhia uma velha parenta,


viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na
sociedade. Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda,
para condescender com os escrúpulos da sociedade brasileira,
que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação
feminina. Guardando com a viúva as deferências devidas à idade,
a moça não declinava um instante do firme propósito de governar
sua casa e dirigir suas ações como entendesse. (ALENCAR,
[1990], p. 2).
Mulher-objeto

Teresa respondeu, chorando, que entraria num convento, se essa


era a vontade de seu pai; porém, que se não privasse ele de a ter
em sua companhia nem a privasse a ela dos seus afetos, por medo
de que sua filha praticasse alguma ação indigna, ou lhe
desobedecesse no que era virtude obedecer. (CASTELO
BRANCO, [1930], p. 13).
Estereótipo de mulher traidora-Emma

Quando Rodolphe, à noite, chegou ao jardim, encontrou a


amante à sua espera ao fundo da escada, sobre o primeiro
degrau. [...] Repetia consigo mesma: “Tenho um amante! Um
amante!”, deleitando-se nesta ideia como se fosse a da chegada
de uma nova puberdade. Ia então possuir finalmente aquelas
alegrias do amor, aquela febre de felicidade de que havia já
desesperado. (FLAUBERT, 2000, p.158-192).
Estereótipo de mulher imoral-Luísa

Ele balbuciava com os braços estendidos:


— Luísa! Luísa!
— Não, Basílio, não!
E na sua voz havia o arrastado de uma lamentação, com a moleza
de uma carícia. Ele então não hesitou, prendeu-a nos braços.
Luísa ficou inerte, os beiços brancos, os olhos cerrados — e
Basílio, pousando-lhe a mão sobre a testa, inclinou-lhe a cabeça
para trás, beijou-lhe as pálpebras devagar, a face, os lábios depois
muito profundamente; [...]. (QUEIROZ, 2002, p. 76).
Estereótipo de mulher megera-juliana

Queria chamar a cozinheira, um homem, um policia, alguém!


Mas Juliana descomposta, com o punho no ar, toda a tremer: — A
senhora não me faça sair de mim! A senhora não me faça perder a
cabeça! — E com a voz estrangulada através dos dentes cerrados:
— Olhe que nem todos os papéis foram pra o lixo!
Luísa recuou, gritou:
— Que diz você?
— Que as cartas que a senhora escreve aos seus amantes, tenho-
as eu aqui! E bateu na algibeira, ferozmente. (QUEIROZ, 2002,
p. 170).
REFERÊNCIAS
ALENCAR, José de. Senhora. Ministério da Cultura: Fundação
Biblioteca Nacional — Departamento Nacional do Livro. Disponível
em: <
http://www.dominiopublico.gov.br/ pesquisa/DetalheObraForm.do?selec
t_action=&co_obra=2026
>. Acesso em: 23 de dezembro de 2019.
FLAUBERT, Gustave. Madame Bovary. 2000. Disponível em: <
https://kbook.com.br/wp-content/files_mf/madamebovarygustaveflaubert
.pdf
>. Acesso em: 22 dez. 2019.
QUEIROZ, Eça de. O primo Basílio. 2002. Disponível em: http://
www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ph000227.pdf>. Acesso
em: 24 dez. 2019.
ZOLIN, Lúcia Osana. Crítica Feminista . In: BONNICI, Thomas;
ZOLIN, Lúcia O. (Org). Teoria literária: abordagens históricas e

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