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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN

PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO – PROEG


CAMPUS AVANÇADO DE PATU - CAP
DEPARTAMENTO DE LETRAS – DL

ESTILÍSTICA DA ENUNCIAÇÃO: ANÁLISE DA CRÔNICA: “BEM-VINDO À


SELVA DIGITAL” DO SITE CORROSIVA

PATU-RN
2017
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN
PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO – PROEG
CAMPUS AVANÇADO DE PATU - CAP
DEPARTAMENTO DE LETRAS – DL

ESTILÍSTICA DA ENUNCIAÇÃO: ANÁLISE DA CRÔNICA: “BEM-VINDO À


SELVA DIGITAL” DO SITE CORROSIVA

Artigo acadêmico elaborado como requisito


avaliativo para a obtenção da 3ª nota da disciplina
de Estilística do 7º período de Letras (Língua
Portuguesa e suas respectivas Literaturas) da
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte –
UERN – sob a orientação da Prof. (a) Dra.
Guianezza M. de Góis Saraiva Meira.

PATU-RN
2017
SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO______________________________________________________ 1
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA_______________________________________4
2.1 ESTILÍSTICA: ENUNCIAÇÃO E DISCURSO____________________________4
3 ANÁLISE DO CORPUS_______________________________________________5
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS___________________________________________8
5 REFERÊNCIAS_____________________________________________________ 9
1

ESTILÍSTICA DA ENUNCIAÇÃO: ANÁLISE DA CRÔNICA:


“BEM-VINDO À SELVA DIGITAL” DO SITE CORROSIVA

Alina Félix de Oliveira1; Erileni Cardoso de Alencar2; Gercivan de Oliveira3; Jacinto Belarmino
dos Santos4; Roberta Bezerra Marinho5; Rafaella Meliza Andrade de Lima6;
Guianezza Mescherichia de Góis Saraiva de Meira7

RESUMO: Este artigo tem como objetivo principal fazer uma abordagem analítica
reflexiva acerca da estilística e seus efeitos de sentidos, particularmente a estilística da
enunciação, tendo como objeto de estudo o gênero crônica, intitulada de “Bem vindo a
selva digital”, extraído do site Corrosiva. Para consistência teórica deste trabalho
utilizou-se como aportes: Brandão (1996), Câmara Jr (2004), Emílio (2003), Henrique
(2000), Jardel (2013), Monteiro (2009), Martins (1997/2008) e Orlandi (2003). Importa
destacar que esta pesquisa objetivou-se a analisar as relações existentes entre a
estilística da enunciação e as expressões conotativas provocadas pelos efeitos da
linguagem na perspectiva do enunciado e enunciador nos contextos discursivos.
Acreditamos assim, que este estudo possa contribuir de forma relevante para estudantes
de letras e outros cursos que compreendem a linguagem e a estilística da enunciação de
maneira geral como um campo propício para construção discursiva e comunicativa na
sociedade.

Palavras-chave: Estilística. Estilística da enunciação. Discurso e análise.

1 INTRODUÇÃO

A Estilística foi se consolidando como disciplina atrelada a Retórica. Esta


última tida como “ciência clássica” era a arte da expressão literária, enfatizava a
persuasão, com foco na estética. Essa ênfase na ornamentação contribuiu para que a
1
UERN. Graduanda de Letras (Habilitação em Língua Portuguesa e suas respectivas Literaturas). Aluna
do 7º período (Curso de Letras) e estudante da disciplina Estilística.E-mail: alina-felix1@hotmai.com
2
UERN. Graduanda de Letras (Habilitação em Língua Portuguesa e suas respectivas Literaturas). Aluna
do 7º período (Curso de Letras) e estudante da disciplina Estilística.E-mail: erilenicardoso@hotmail.com
3
UERN. Graduando de Letras (Habilitação em Língua Portuguesa e suas respectivas Literaturas). Aluno
do 7º período (Curso de Letras) e estudante da disciplina Estilística.E-mail: gercivan81@hotmail.com
4
UERN. Graduando de Letras (Habilitação em Língua Portuguesa e suas respectivas Literaturas). Aluno
do 7º período (Curso de Letras) e estudante da disciplina Estilística.E-mail: jacintobelarmino@gmail.com
5
UERN. Graduanda de Letras (Habilitação em Língua Portuguesa e suas respectivas Literaturas). Aluna
do 7º período (Curso de Letras) e estudante da disciplina Estilística.E-mail: roberttarangel@hotmail.com
6
UERN. Graduanda de Letras (Habilitação em Língua Portuguesa e suas respectivas Literaturas). Aluna
do 7º período (Curso de Letras) e estudante da disciplina Estilística.E-mail: rafaella.mlz96@gmail.com
7
UERN. Faculdade de Letras (Habilitação em Língua Portuguesa e suas respectivas Literaturas).
Departamento de Letras. Doutor (a)/Mestre (a) em Letras, na área de estudos da Linguística Aplicada,
com ênfase em estudos identitários, mudanças socioculturais, feminismo e mídia, sob a perspectiva da
Análise Crítica do Discurso. Atuando como revisora de textos acadêmicos. E-mail:
guianezzasaraiva@uern.br
2

estilística se desprendesse e buscasse traçar um caminho próprio. Desde Platão que o


discurso era visto como fundamento da Sociedade. No entanto, na época, um texto só
era estilístico se repleto de rimas e métricas, e hoje sabemos que não é bem assim, tanto
é que um texto do cotidiano pode conter um estilo.
Assim, apoiada nas teorias aristotélicas, a Estilística voltou seus estudos para a
argumentação e não mais na exclusiva aparência dos textos. Foi Aristóteles quem
marcou e demarcou todos os aspectos inerentes ao discurso. E foi por esse viés que
seguiu a estilística. Mesmo antes da evolução estilística moderna, que já se imprimia
estilos próprios nos textos, mesmo que voltados somente para a persuasão e estética. No
entanto a redefinição da estilística vem reforçar a importância da enunciação. Desse
modo, a estilística moderna, passa a analisar o estilo impresso por um autor nos textos.
E como um estilo se impõe no discurso, essa disciplina vai se empoderar também da
formação discursiva.
Nesse sentido, o presente artigo vai adentrar no campo da estilística, sendo o
foco na enunciação. E como essa subárea da estilística se volta para o discurso direto e
indireto, serão apresentados também alguns conceitos básicos da área de análise do
discurso. Apoiado nesses pressupostos será analisado uma crônica à luz da estilística da
enunciação. No corpus iremos encontrar as marcas do enunciador e do enunciado,
dentre outros aspectos relevantes.
Segundo Brandão (1996), para se obter a plenitude das especificidades da
produção discursiva são imprescindíveis dois enfoques:a reflexão sobre a exterioridade
dos textos - relacionando os mesmo com suas condições sócio-histórica de produção - e
o papel do sujeito no processo de enunciação:Sua posição como locutor num
determinado lugar da fala. A autora coloca o sujeito como ocupante de uma posição
privilegiada, o que coloca a linguagem como o lugar da constituição da subjetividade.
Sabendo que a linguagem funciona como uma intermediação entre o homem e
a realidade social, são nas práticas do discurso que o mesmo concebe significação a
linguagem. Portanto, o discurso seria o modo do sujeito interagir socialmente na
Sociedade. As práticas discursivas, assim, se consolidam por meio da argumentação. Ao
passo em que o falante faz uso do subjetivo, dessa forma o eu contribui com a
construção da comunicação dele.
De acordo com Orlandi (2003), temos a equivocada noção que as nossas
palavras são originais, esquecendo o que já foi dito. Essa percepção de discurso inédito
não passa de ilusão, sendo que o enunciado não é individual, devido a argumentação ser
3

dialógica. Sob a perspectiva discursiva, a linguagem é resultado da interação entre


sujeitos socialmente, historicamente e ideologicamente construídos. A comunicação
verbal compreende um enunciado, um enunciador e um enunciatário. É esse diálogo que
gera significado na comunidade social na qual o sujeito está inserido. Sujeitos, discursos
e sentidos, portanto são propriedades mutáveis, nunca estão prontas e acabadas. Sendo
constantemente alteradas pela história e ideologia.
Segundo Orlandi (2003), a linguagem só é linguagem porque faz sentido, e a
linguagem só faz sentido porque se inscreve na história. O dizer não é propriedade
particular. As palavras não são só nossas. Elas significam pela história e pala Língua.
(ORLANDI,2003,P.32). Em vista disso, nós não temos a intenção consciente nem
tampouco controle sobre as palavras que falamos. O sentido, desse modo, não estão
somente nos vocábulos e sim nas relações de exterioridade e nas condições de produção,
não dependendo portanto, unicamente dos sujeitos.
Desse modo a estilística da enunciação está ligada a formação discursiva,
produzida pelo processo de interlocução. Que por sua vez é constituído pelas condições
de produção (contexto sócio-histórico-ideológico) do discurso. Segundo Orlandi (2003),
não existe ideologia sem sujeito, pois a ideologia só existe interpelada pelo sujeito.
Assim, a formação discursiva depende da formação ideológica -conjuntura sócio-
histórica dada,determinando o que pode ou não ser dito. Contudo, para a indenidade da
análise enunciativa de um dado texto é crucial frisar os conceitos de interdiscursividade
e intertextualidade. Sendo que o primeiro aborda as relações de um discurso com outros
discursos e o segundo refere-se à relação de um texto com outros textos.
De acordo com Martins (1997), a estilística da enunciação se interessa pela
subjetividade de um discurso, que se apresenta em diversos níveis diferentes. O discurso
é considerado subjetivo quando o falante se envolve afetivamente,ou seja quando diz
algo que sente a necessidade ou prazer em dizer. Atualmente, a estilística da enunciação
estuda os elementos do enunciado que se relacionam com a enunciação, como: situação,
contexto sócio histórico, locutor, receptor e referente. Nesse sentido, esse trabalho
enfatizará os aspectos do enunciador e da enunciação inseridos no discurso.
A enunciação é entendida como a emissão de um conjunto de enunciados que é
produto da interação verbal de indivíduos socialmente organizados. Por conseguinte, o
enunciador é o produtor do enunciado, isto é, o ponto de vista do locutor dependendo da
posição social que o ocupa.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4

2.1 ESTILÍSTICA: ENUNCIAÇÃO E DISCURSO

O estudo da linguagem de modo geral, constitui um campo complexo e


diversificado. Nesta área as funções e aplicações das ciências ligadas os contextos
sociais de produção de textos, ganham diferentes significados e perspectivas, sendo
marcantes as suas impressões e efeitos produzidos nas interpretações e enunciações de
sentidos. Neste contexto, a linguística como disciplina torna-se a principal representante
deste estudo e de suas implicações nas abordagens textuais e seus efeitos de sentidos.
A estilística como disciplina é uma ciência bastante recente, fundada no século
XX pelo Suíço Charles Bally e o alemão Karl Vossler, (Jardel, 2013, p.3), no entanto, o
seu alcance de saber é bastante antigo, remonta aos estudos tradicionais da retórica
grega de Aristóteles (Emílio, 2003, p.123).
Por outro lado, o estudo da estilística compreende um campo complexo de
diversificado tendo em vista as suas diversas área de atuação. Segundo Monteiro, no
texto “o escopo da estilística” (2009, p. 41), um dos mais sérios obstáculos da
delimitação do campo de estudo da estilística é exatamente o da diversidade de acepção
que o termo estilo encerra.
Nas palavras do autor, percebe-se que o estudo da estilística como disciplina
aplicada as ciências sociais, não constitui tarefa fácil para quem dispõe-se a pesquisar e
analisar suas abordagens, entretanto, identifica-se por meio destas pesquisas como
análise de textos publicitários, propagandas e etc., a essencialidade e necessidade de se
conhecer suas implicações e contribuições para os meios sociais, políticos e econômicos
da sociedade.
Com base no que vem sendo afirmado até aqui, convém esclarecer o conceito
de estilística segundo Câmara (2004, p. 110), que afirma o seguinte:

Estilística- como disciplina linguística que estuda a


expressão em seu sentido estrito de expressividade da
linguagem, isto é, a sua capacidade de emocionar, e
sugestionar distingue-se, portanto, da gramática, que
estuda as formas linguísticas na sua função de
estabelecerem a compreensão linguística.
5

Esta diferenciação entre os campos de atuação entre a estilística e a gramática,


torna-se de suma importância para alunos e professores, especialmente os de letras –
língua portuguesa, que encontra-se muitas vezes ilhados sem conseguirem estabelecer
relações e diferença nestes campos de atuação. Também pelo fato explicativo do
conceito acima, entende-se com mais objetividade as funções e alcances destas áreas de
conhecimento em estudo. Em se tratando da estilística da enunciação, Martins (2008,
p.233) nos diz que:

Enunciação é um ato de comunicação verbal. Um indivíduo a põe em


funcionamento a sua língua para dizer alguma coisa a outro(s)
indivíduo(s) B (C,D,E...N) que deve(m) conhecer também a mesma
língua. A enunciação implica falar e ouvir.

Sendo a enunciação um ato de comunicação verbal, é necessário que exista um


outro indivíduo, pois como é uma atividade social e interacional, torna-se fundamental
outro ser para que a mensagem seja transmitida. Este ser pode ser chamado de
enunciatário, e ele necessita também conhecer e ouvir a língua. O principal produto da
enunciação é o enunciado, pois sem o dizer, ou seja, sem a enunciação não existe
enunciado, pois a compreensão do mesmo presume a situação de enunciação.

3 ANÁLISE DO CORPUS

O Corpus em questão trata-se de uma crônica intitulada de “Seja bem-vindo à


selva digital” encontrada no site Corrosiva, publicado por Juliano Martinz em 10 de
dezembro de 2015. É um texto que aborda sobre a dependência atual do homem com
tecnologias e as redes, chegando a ser escravo delas. O texto é carregado de expressões
e termos que nos remetem a essa ideia de “sobrevivência” do ser humano através desses
meios, como: “polegadas”, “bateria”, “hashtag”, “jornal”, “internet”, “corretor
ortográfico”, “tradutor online”, “campanha publicitária”, “LED”, “Google now”,
“whats”, “youtube”, “faceanos”, “instagraneanos”, “megabyte”, “microblog”, e
“poltrona massageadora.”
Pensando na ideia de que enunciação surge a partir da transposição da língua
para o ato de enunciar, dizer algo, ou seja, a enunciação nada mais é do que a
apropriação da língua por um ato individual, consiste assim na instância de mediação
6

entre língua e fala, considerando que a Estilística de um modo é uma ramificação da


Linguística é relevante considerar a linguagem humana no que diz respeito à
internalização de um código, no modo como apreendemos e adquirimos esse código
para nos expressar e nos comunicar dentro de uma comunidade de falantes desse mesmo
código, a maneira como utilizamos esse código na prática se manifesta por meio da fala
ou da escrita. Podemos encontrar alguns exemplos de marcas de enunciação no texto em
questão, vejamos a seguir:

[...] “Mas isso não significa que você deva ser inerte. Expresse-se. Mas lembre-
se: um pensamento só pode ser propagado se vier acompanhado de uma hashtag.”

Percebe-se que o enunciador quer atingir um enunciatário, ou melhor,


enunciatários de um modo geral, valendo-se de argumentos pautados no cotidiano com
o uso das tecnologias e mídias sociais. Sendo assim, a enunciação é baseada no modo
como o enunciador usa a língua na competência de passar uma mensagem. Ainda, o
trecho aborda sobre a forte ligação das pessoas com as tecnologias, de forma que viver
significa receber o comando das mesmas. Vejamos ainda a seguir:

[...] “Vivemos mergulhados na escuridão das lâmpadas de LED. Um mundo


vilanesco onde sorrisos faceanos e instagraneanos escondem angústias e derretidos
sonhos mortos.”

Nesse trecho pode-se perceber a uma marca de enunciação social, de modo que
o enunciador se engloba na mensagem e também torna-se público alvo, é detectável isso
através do verbo “vivemos”, dando a noção de inclusão, de igualdade. Na questão do
sentido, esse trecho mostra a prisão na qual o homem vive, a escuridão já comum aos
seus olhos. É um mundo grande, e ao mesmo tempo pequeno, limitado que “adestram”
as pessoas, fazendo as mesmas se auto acostumarem a viverem segundo as aparências
mais bonitas que podem ser mostradas, divulgadas. Pensando ainda sobre enunciação
vêmos a seguir:

[...] “Mas quer saber? Não estou nem aí. Eu tenho quem me defenda e me
oriente. O Google Now pensa por mim.”
7

Nesse trecho, o enunciador lança sua fala como um eu-pessoal, mas também
fala uma fala comum a todas as pessoas no que se refere ao comodismo gerados pelas
redes e mídias sociais, como se a tecnologia fosse mediadora de todas as possíveis e
impossíveis ações do homem. O enunciado trás uma ideia de realidade, de não
preocupação e de uma aceitação sem par de que a tecnologia pode fazer por mim tudo.
O enunciatário se auto reconhece na afirmação do enunciador, tendo em mente de que a
tecnologia é por si só as mãos e os pés dos terráqueos. Vejamos:

[...] “É como diria Clarice Lispector: “Penso, logo existo”. Ou foi o Arnaldo
Jabor? Enfim, não precisa pensar muito.”

Pode-se detectar que nesse trecho há uma série de intertextualidades que o


enunciador usa para deixar a sua mensagem mais consistente e entendível no que diz
respeito a exemplificações. Clarice Lispector é uma das autoras mais usadas nas redes
sociais, no que diz respeito a frases, trechos etc. O enunciador valeu-se dessa
decorrência para apresentar uma critica ao uso das pessoas com o nome de Clarice
Lispector associando muitas vezes seu nome a menções que não são de sua autoria, isso
se explica na relação com a célebre frase “Penso, logo existo” dita por René Descartes.
Ainda citando a referência de Arnaldo Jabor como exemplificação dessa dúvida que
permeia na relatividade das redes.
Por fim, o enunciador fala diretamente com os enunciatários em uma
mensagem direta. Vejamos:

[...] “Pense um megabyte, exiba a ideia em uma tela de 6 polegadas, e vá pra


poltrona massageadora. Afinal, já foi comprovado por pesquisa: “Neurônio hestático
valorisa assões na bolça” (desculpem, mas o corretor ortográfico travou).”

Nesse trecho o enunciador é direto ao enunciatário quando diz: “Pense”,


“Exiba” (verbos no imperativo: ordem, pedido etc). E finaliza com uma crítica quando
associa a forma de escrever correta com o uso do corretor ortográfico, mostrando
claramente essa questão de dependência dos meios para a comunicação ser efetivada.

De modo geral, podemos perceber a enunciação no enunciado escrito, o qual


estabelece uma relação de quem diz algo para quem lê, onde essa comunicação ocorre
8

em função de um discurso, que se constitui em uma sequência de enunciados. Esse


discurso tem relação com a situação, o contexto sócio-histórico, locutor, receptor e
referente, para tanto é possível identificar a ênfase que o locutor dá em especial relevo
ao referente, então tem-se assim o estilo avaliativo.
Como a linguagem empregada pelo autor sente a necessidade, a conveniência
de se expressar de modo informal, empregando expressões de outra língua como ocorre
no início do enunciado, para fazer referência a forte influência que as redes sociais
exercem na vida dessa geração conectada, é possível observar a presença da linguagem
subjetiva, que se manifesta no enunciado pelo pronome da primeira pessoa, pelo uso de
pronomes demonstrativos como: isso, isto, além da presença de expressões de tempo
como em: “ontem mesmo, a previsão pra amanhã’’, que no primeiro caso aponta uma
situação passada, mas recente e próxima da realidade do locutor, enquanto a outra
sugere uma situação futura.
O locutor se expressa na forma explícita considerando a utilização do pronome
eu ou quando se inclui no enunciado ao utilizar formas verbais que sugerem o pronome
nós, considerando que o verbo tem o poder de determinar quem é a pessoa e qual o
tempo estabelecido, pode-se perceber então uma subjetividade afetiva, visto que o
narrador se mostra emocionalmente envolvido no conteúdo do enunciado, declarando
explicitamente os seus sentimentos, falando de si mesmo.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com tudo que fora exposto neste estudo é inegável defender que a Estilística
como forma apurada de se escrever tem um papel fundamental no processo que
desencadeia o discurso e a enunciação. Num percurso histórico os estilos próprios
adotados nos textos foram ganhando cada vez mais espaço e a estilística foi sendo
considerada uma ferramenta relevante no que tange a análise da impressão e/ou marcas
do autor na composição dos textos.
Adentrar no campo da Estilística com foco na enunciação nos possibilitou
adquirir conhecimentos fundamentais para nossa formação acadêmica e letrista. As
concepções acerca de análise do discurso propiciou um novo olhar para esse âmbito
linguístico e enraizou aquisições que jamais serão esquecidas.
Somos cientes que muito há a se discutir e muitos outros aspectos são passíveis
de discursão, nascendo assim o interesse de aprofundamento temático acerca da
Estilística em estudos posteriores, bem como as suas contribuições.
9

5 REFERENCIAS

BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Introdução à Análise do Discurso. Campinas, S.


R: Editora da UN1CAMP, 1996.

CÂMARA JR., Mattoso. Contribuição à estilística portuguesa. 3.ed. Rio de Janeiro:


Ao Livro Técnico, 2004.

EMÍLIO, Aline. Panorama evolutivo: Estilística e estilo, linguagem em (Dis)curso.


Tubarão, v. 3, n. 2, p. 121-134, jan./jun. 2003.

HENRIQUES, Claudio Cezar. Estilística e discurso: estudos produtivos sobre texto e


expressividade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

Http://corrosiva.com.br/artigos/texto-bem-vindo-selva-digital/

Introdução à Estilística: A Expressividade na Língua Portuguesa/Nilce Sant’Anna


Martins.- 4.ed. rev. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. –
(Acadêmica; 71).

JADEL, Jardeni Azevedo Francisco. Anais do SILEL. Volume 3, Número 1.


Uberlândia: EDUFU, 2013.

MARTINS, Nilce Sant’Anna. Introdução à estilística: a expressividade na língua


portuguesa. 2’ ed. ver. e aum. São Paulo: T. A. Queiroz, 1997.
MONTEIRO, José Lemos, O escopo da estilística. A Estilística: manual de análise e
criação do estilo literário. 2. ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2009, Cap. I, pp. 41-99.
ORLANDI, A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 4. ed. rev. e
aum. Campinas: Pontes, 2003.

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