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(https://md.claretiano.edu.

br/comlin-g00384-

dez-2022-grad-ead/)

1. Introdução
Boas-vindas! A partir de agora, embarcaremos em uma viagem que permite
conhecer um pouco mais as facetas da língua portuguesa em sua utilização
para �ns comunicativos. Com esse objetivo, exploraremos informações que
permitirão uma ampliação de sua re�exão e de seu pensamento crítico sobre a
língua e seu uso.

Nesse sentido, percorreremos os meandros da comunicação e das linguagens,


principalmente pensando no uso da língua enquanto instrumento que possibi-
lita ao ser humano transmitir e trocar informações, ideias, hábitos, gostos,
sensações, posicionamentos críticos etc.

Se podemos dizer que somos o que falamos e o que escrevemos, é porque a


nossa oralidade e a nossa escrita nos representam diante de todos, uma vez
que ali estão contidos os pensamentos que nos permeiam. Partindo desse
ponto de vista, vamos descobrir quão importante é saber como se comunicar
de maneira clara, concisa, objetiva e e�caz, ainda mais porque adentramos em
um mundo peculiar: o meio acadêmico.

Em nossos estudos, será possível perceber que, apenas ao nos fazermos enten-
der, nos tornamos participativos no mundo. Para isso, abordaremos o entendi-
mento do processo de comunicação por meio de linguagens; a leitura com �ns
determinados; a compreensão e interpretação de textos verbo-visuais; a pro-
dução textual, no que concerne à atividade prática da escrita; e o uso adequa-
do da norma-padrão da língua portuguesa em situações formais de comunica-
ção. Dessa maneira, vamos nos tornar mais conscientes e competentes dis-
cursivamente para nos comunicarmos em qualquer área de atuação pro�ssio-
nal.
Vamos compreender que o modo de nos comunicarmos uns com os outros é
diferente. Se falamos com alguém que é mais íntimo, podemos cometer certos
“erros”, visto que nesse momento não há problemas em cometê-los. Porém,
quando conversamos com alguém que não faz parte de nosso círculo social,
precisamos fazer adaptações em nosso modo de falar. O mesmo acontece
quando precisamos escrever um texto, pois ele precisa ser bem compreendido
por quem vai lê-lo. Há de se ter um cuidado ao escrever um texto.

O mundo acadêmico, no qual adentramos e que investigaremos em mais deta-


lhe, requer de nós o uso adequado da língua portuguesa. Diante disso, é preciso
conhecer a língua e suas regras para saber usá-la bem nesse contexto, especi-
almente ao escrevermos textos acadêmicos.

O objetivo deste material é apresentar este vasto mundo de sentidos e de signi-


�cados que constituem o homem enquanto um ser social, que vive em coleti-
vidade, um ser que tem o direito de exercer dignamente sua cidadania. Nesse
sentido, a língua em uso é o que lhe propicia isso – sem ela, o homem não se-
ria capaz de se manifestar, de se socializar, de conhecer a si mesmo e o mundo
ao seu redor, de promover transformações em si e nesse mundo.

O estudo desta disciplina está dividido em ciclos de aprendizagem que visam


a uma melhor compreensão de conceitos e de técnicas que lhe permitam ler,
compreender, interpretar e escrever bem textos que farão parte não só de sua
vida acadêmico-pro�ssional, mas também da integralidade de sua vida. Para
conhecer mais detalhes sobre nosso trajeto de estudos, assista ao vídeo a se-
guir:

2. Informações da disciplina
Ementa
A disciplina desenvolve condições de letramento
para as exigências da Educação Superior, no tocante ao estímulo da capacida-
de de interpretar, analisar e discutir textos sobre assuntos variados e produzi-
dos no meio cientí�co. Tal enfoque possibilita a compreensão das estruturas
textuais concernentes aos gêneros textuais propícios ao ambiente acadêmico.
Para isso, abordam-se questões relativas aos conceitos de comunicação, lin-
guagem, texto e discurso; às noções de registro, nível e estilo de linguagem; às
características peculiares da linguagem acadêmica; aos procedimentos de in-
terpretação e de produção de textos, com a explanação de técnicas de parafra-
sagem e de sintetização; à tipologia textual argumentativa presente no discur-
so acadêmico, mais especi�camente nos gêneros resumo e resenha; aos as-
pectos gramaticais da língua portuguesa e ao uso da norma-padrão. Nesse
sentido, o aluno poderá proceder a leitura e a escrita também como uma práti-
ca de sua cidadania e integralização ao mundo. Além disso, serão discutidos
os seguintes temas: comunicação (conceitos básicos); linguagem (conceito, re-
gistro, nível e estilo); linguagem acadêmica (principais características); texto
(conceito, tipologia e gênero); fatores de textualidade (coesão e coerência); dis-
curso (conceito, marcas estruturais e ideológicas em textos); produção de tex-
tos acadêmicos (resumo e resenha); paráfrase; argumentação; leitura crítica,
interpretativa e analítica; aspectos gramaticais relevantes à produção textual.

Objetivo geral
Os alunos da disciplina , por meio de compreensão
do uso da língua portuguesa em textos acadêmicos, serão capazes de compre-
ender como ler, interpretar e compreender uma gama de textos que rondam o
discurso acadêmico, além de produzir textos inerentes a esses gêneros textu-
ais, de modo a conhecerem as características da linguagem acadêmica relati-
vas a registro, nível e estilo. Para isso, contarão não só com as obras de refe-
rência, mas também com outras referências bibliográ�cas, eletrônicas, links
de navegação e vídeos.

Ao �nal desta disciplina, de acordo com a proposta orientada pelo professor


responsável e pelo tutor a distância, estarão capacitados e competentes lin-
guisticamente, tendo em vista a quali�cação de domínio discursivo, de modo
a exercer integralmente sua cidadania. Para esse �m, levarão em considera-
ção as ideias debatidas na Sala de Aula Virtual, por meio de suas ferramentas,
bem como suas produções durante o estudo.

Objetivos especí�cos
• Compreender as noções de comunicação, linguagem, texto e discurso.
• Veri�car como se sistematiza a comunicação humana.
• Conhecer as características da linguagem acadêmica, no tocante a regis-
tro, nível e estilo.
• Compreender procedimentos de leitura, análise, interpretação e produção
de textos, mais especi�camente os acadêmicos.
• Veri�car as noções de norma-padrão e variante popular, no tocante às
utilizações na escrita e na fala.
• Perceber como utilizar adequadamente a norma-padrão na produção de
textos acadêmicos.
• Revisar conteúdos da língua portuguesa quanto a normas gramaticais.
• Aplicar tais conhecimentos na produção de textos acadêmicos coerentes
e coesos, a �m de poder exercer sua cidadania e sua integralização ao
mundo.
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Ciclo 1 – Comunicação e Linguagem: de Conceitos


Básicos à Linguagem Acadêmica

Objetivos
• Familiarizar-se com os conceitos básicos concernentes à comunicação
e linguagem.
• Proporcionar ao aluno o reconhecimento do uso da linguagem acadêmi-
ca e de suas principais características.

Conteúdos
• Conceito de comunicação.
• Conceitos de linguagem, linguagem verbal e não verbal, mista/híbrida
/multifuncional, linguagem falada e escrita.
• Conceito de língua e norma-padrão.
• Registro, nível e estilo de linguagem.
• A linguagem acadêmica e suas características principais.

Problematização
O que é comunicação? O que é emissor? O que é receptor? O que é mensagem?
O que é linguagem? Quais são os tipos de linguagem? Como cada um deles se
caracteriza? Quais são as modalidades de linguagem? Qual é o conceito de
língua? Qual é o conceito de norma-padrão? De que modo língua e norma-
padrão estão relacionadas? O que é registro de linguagem? O que é nível de
linguagem? O que é estilo de linguagem? Como a linguagem deve ser utiliza-
da em textos acadêmicos?
Orientações para o estudo
Este ciclo de estudos está organizado para que você tenha compreensão dos
fundamentos da comunicação e da linguagem, diante de sua utilização no
ambiente acadêmico. Para aproveitar seus estudos ao máximo, não deixe de
consultar as indicações de materiais, ler os textos, assistir aos vídeos e aces-
sar os links indicados.

Vamos lá! Bons estudos!

1. Introdução
Para iniciarmos nossos estudos sobre comunicação e linguagem, é necessário
fazermos uma exploração dos conceitos envolvidos nesse tema, para que os
compreendamos melhor e, assim, possamos navegar por essa área com maior
clareza e facilidade. A comunicação e a linguagem estão presentes constante-
mente em nossa vida, mas você já se perguntou o que exatamente cada uma
delas é? Vamos investigar juntos a partir de agora!

2. Conceitos básicos sobre comunicação e lin-


guagem
Quando tentamos imaginar como o homem primitivo se comunicava para di-
zer que havia um perigo iminente ou para contar algo sobre uma caçada, por
exemplo, pensamos que fazia isso somente com balbucios, grunhidos, gritos
ou por meio de gestos. Não é tão fácil, porém, pensar em como fazia para com-
preender e ser compreendido.

Estudiosos ainda não conseguiram chegar a uma conclusão sobre como se


dava a comunicação nos primórdios da humanidade – se por meio de cada ato
individualizado ou da combinação desses elementos. Contudo, sabe-se que o
homem começou a associar gestos e sons para designar um objeto e uma de-
terminada ação. Foi assim que surgiram o “signo” e a “signi�cação”, que é o
uso social de signos linguísticos.
Antes de investigarmos essas ideias, vamos voltar ao principal, ou seja, ao
conceito de comunicação. Comunicação é a ação ou resultado de (se) comuni-
car, de transmitir e de receber mensagens. Ainda mais, é o conceito, a capaci-
dade, o processo e as técnicas de transmitir e de receber ideias, mensagens,
visando à troca de informação, de instrução etc. Não fosse só isso, conforme o
Dicionário de (DUBOIS et al., 2006, p. 129):

a comunicação é a troca verbal entre um falante, que produz um enunciado desti-


nado a outro falante, o interlocutor [receptor], de quem ele solicita a escuta e/ou
uma resposta [...].

Nesse processo, percebe-se que há entes envolvidos: os falantes, que são cha-
mados de e . O primeiro emite uma mensagem destinada ao
último, que recebe a mensagem. Esses três elementos – emissor, receptor e
mensagem – formam o que chamamos de (Figura 1).

Se há um emissor que emite algo a um receptor, esse “algo” é chamado de


mensagem, isto é, um emissor transmite uma mensagem a um receptor. Desse
modo, a mensagem se refere ao conteúdo que é transmitido por outrem a al-
guém, com vistas à troca de informações.

O emissor emite uma mensagem, de modo oral ou escrito, ao seu receptor, que precisa com-
preender essa mensagem, a �m de que a comunicação se efetive. Vale ressaltar que a co-
municação somente se efetiva se a mensagem emitida for compreendida.
: Banco de Imagens Claretiano*.

Figura 1 A tríade comunicacional: o emissor, a mensagem e o receptor.

Para transmitir essa mensagem, o homem passou a utilizar signos, que foram
inventados conforme as necessidades surgiam e foram dotados de signi�ca-
dos. Esses signos são o que compõem a(s) linguagem(ns).

E o que é linguagem? Há vários signi�cados e sentidos para esse termo.


Concentremo-nos em duas de�nições que nos auxiliam a compreender me-
lhor esse universo.

O primeiro conceito, demonstrado por Marcos Bagno (2004) no Dicionário de


linguística e de linguagem, se refere à faculdade cognitiva exclusiva à espécie
humana que possibilita ao indivíduo representar e expressar de modo simbó-
lico sua experiência de vida, além de adquirir, processar, produzir e transmitir
conhecimento. Isso quer dizer que nós somos seres dotados de uma capacida-
de admirável de signi�car, de produzir sentido ao utilizarmos símbolos, sinais,
signos, ícones etc. Por conseguinte, não há nenhum gesto humano neutro, va-
zio de sentido; pelo contrário, está sempre carregado de sentido, em variados
graus, e cabe a nós veri�car qual é ele. Isso acontece justamente por nossa ca-
pacidade de linguagem, de interpretar o sentido intrínseco a cada manifesta-
ção.

O segundo conceito de linguagem decorre do primeiro, ao se referir ao sistema


de signos que os seres humanos utilizam para produzir sentido, para expres-
sar a faculdade de representar a experiência e o conhecimento. Provém dessa
segunda concepção uma distinção fundamental, a que nos apresenta a ideia
de tipos de linguagem.

 Saiba mais sobre a comunicação e sua importância!

Assista ao vídeo Animação: Comunicação (https://youtu.be


/C46FsySwXGs), para compreender um pouco mais a comunicação, a
“ponte” que nos conecta com o mundo.

Tipos e modalidades de linguagem


A linguagem pode ser verbal, não verbal ou mista/sincrética.

A é utilizada quando há troca de mensagem por meio de pa-


lavras. “Verbal” é originário do termo latino “verbum”, que signi�ca “palavra”.
Por isso, a linguagem verbal indica o uso da palavra na comunicação, seja por
meio oral, seja por meio escrito.

A linguagem verbal pode se manifestar em duas modalidades:

• oralidade, quando há o uso de palavras que são vocalizadas, com a propa-


gação do som pelo aparelho fonador;
• escrita, quando as palavras são grafadas, ora de modo manuscrito, ora de
modo digitado.

A linguagem verbal, por ser aquela que se expressa por meio de palavras, se
constitui num conjunto sistematizado, ordenado, �exível, adaptável e comple-
xo dessas palavras (signos linguísticos), a . Desse modo, a língua é uma
das linguagens de que o ser humano dispõe para se comunicar, um instru-
mento de comunicação, formalizado por um sistema de signos vocais especí-
�cos aos membros de uma mesma comunidade. Trata-se de um conjunto de
convenções e de regras adotadas por um corpo social a exercer a faculdade da
linguagem. A língua é, também, um sistema de relações, visto que os signos
não têm valor se não estiverem relacionados uns aos outros.
Se a linguagem verbal é o uso da palavra, a é o não uso
da palavra na comunicação, con�gurando uma troca de mensagens por meio
de sons, imagens, gestos, símbolos etc. (isto é, tudo o que não for palavra).
Nesse sentido, esse tipo de linguagem é a que se vale de outros signos, sendo,
por isso mesmo, múltipla. Considerando a riqueza de possibilidades de repre-
sentação e de expressão, é possível falar em linguagem musical, linguagem
cinematográ�ca, linguagem teatral, linguagem corporal, linguagem artística,
linguagem de programação, linguagem do vestuário, dentre as in�nitas possi-
bilidades que há em nosso mundo.

Vale ressaltar também as linguagens arti�ciais, que são sistemas de comunicação elabora-
dos de forma consciente com vistas ao desenvolvimento de domínios especí�cos do saber.
Como exemplo dessas linguagens, temos as que são utilizadas na matemática, na lógica ou
na computação.

Além disso, a linguagem pode ser (ou sincrética, ou híbrida), quando são
utilizadas em conjunto a linguagem verbal e não verbal. Misturam-se pala-
vras e sons, ou palavras e gestos, ou palavras e imagens etc., como acontece
em �lmes, seriados televisivos. Observe os exemplos na Figura 2:

: elaborada pela autora.

Figura 2 Linguagens verbal, não verbal e mista.


Antes de prosseguirmos com os estudos, que tal veri�car se o conteúdo apre-
sentado até o momento foi assimilado? Para isso, responda às questões a se-
guir:

A língua sistematizada em uma norma-padrão


Com a invenção de signos, surgiu a necessidade de criar um processo de orga-
nização para combiná-los entre si, pois, se usados de modo desordenado, a co-
municação �caria difícil. Como exemplo, para que se possa entender essa or-
ganização de signos, temos a gramática: a ordenação de signos em um con-
junto de regras, de forma que, assim, possam se relacionar ordenadamente en-
tre si.

Por esse motivo, vemos que, na língua portuguesa, por exemplo, um termo se
relaciona com outro em combinações especí�cas, feitas nas frases construí-
das pelos falantes.

Um signo isolado pode não signi�car muito, a não ser aquilo que carrega de
sentido (carro: algo utilizado pelo ser humano para locomoção motorizada e
mais rápida; casa: algo utilizado para habitação e proteção de intempéries da
natureza). Porém, a combinação de signos é que nos mostra valores. Os dois
substantivos citados podem ser relacionados ao adjetivo “moderno/moderna”,
o que faz criar um valor: já não se pensa em qualquer carro ou qualquer casa,
mas somente naqueles que são dotados de modernidade, que são modernos.

Além disso, a relação entre eles acontece segundo esta combinação:

Em tese, percebe-se que estão em combinação no tocante a número (singular


e plural, pois ambos são acrescidos da letra “s”) e gênero (masculino e femini-
no), de maneira que a eles também se relacionam o artigo determinante femi-
nino (por exemplo: a casa moderna) ou masculino (por exemplo: o carro mo-
derno). Não é comum, na língua portuguesa, esses termos serem combinados
assim: “carro moderna” ou “casa moderno”.

Nesse sentido, a língua é dotada de uma norma-padrão, isto é, um conjunto de


regras linguísticas estabelecidas por uma comunidade, que é comum a todos
os membros dessa comunidade e, por essa razão, é um “padrão” que todos de-
vem seguir para que consigam ser compreendidos e se comuniquem uns com
os outros.

Se a língua é um sistema de regras e convenções linguísticas adotadas por um


corpo social, isso está relacionado ao conceito de norma-padrão, uma vez que
as regras adotadas são normas que devem ser seguidas por todos os falantes,
pois são comuns a todos. Sendo assim, esse padrão se destina à uniformiza-
ção de modos linguísticos, a �m de que a comunicação entre os seres desse
corpo social se efetive. É por meio de uma norma-padrão que as mensagens
podem ser compreendidas pelos falantes.

Alguns aspectos sobre as modalidades oral e escrita


Como vimos, a língua é um sistema de representação que se constitui por pa-
lavras e por regras que se combinam, sendo assim possível expressar uma
ideia, uma ordem, uma informação, um posicionamento crítico, uma emoção
etc., que se veicula em um enunciado completo, estabelecendo-se, então, a co-
municação. Tais regras e palavras são comuns (por isso, um padrão) a todos
os membros de uma comunidade, que fazem uso da língua para se comunicar.
Ao fazerem isso, concretizam a fala (o uso que o falante faz da língua), realiza-
da por meio da oralidade ou da escrita.

Quando analisamos a história da humanidade, percebemos que falamos (ora-


lidade) primeiro e, depois, escrevemos (escrita). Por isso, a fala no nível da ora-
lidade é adquirida naturalmente, ao passo que a fala concernente à escrita nos
é ensinada na escola.

Além disso, no momento em que transmitimos mensagens de modo oral ou


escrito, cada um desses modos conta com algumas particularidades.

A representação oral é dotada de vários recursos, como entonação de voz, ex-


pressão corporal, gestos etc., além de ser bem espontânea. Já a expressão es-
crita requer de nós uma atenção mais acurada, tendo em vista não ser uma
simples representação do que falamos oralmente. Desse modo, percebemos
que é possível efetivar a comunicação em enunciado oral ou escrito. Contudo,
em todas as línguas, as pessoas falam e escrevem de modo distinto.

Ao analisarmos o uso da língua na modalidade oral, em especial o que aconte-


ce em situações informais, percebemos que há menos planejamento que na
escrita, uma vez que, diante de uma presencialidade física ou virtual e sincrô-
nica, há possibilidade de checarmos se o receptor está ou não nos entendendo.
Dessa forma, a representação oral é mais espontânea, estão presentes elemen-
tos que mantêm o diálogo aberto (por exemplo, expressões como “você enten-
deu?”, “você concorda?”, “né?”, “está claro o que eu disse?”) e uma coesão que
se dá por meio de gestos, entonação da voz, expressão �sionômica, dentre ou-
tros.

Para ilustrar o que foi exposto, vejamos, a seguir, a transcrição da fala oraliza-
da de uma pessoa, adaptada de Carvalho (2018):

Sabemos que se trata de uma transcrição (portanto, uma transposição de um


registro oral para um escrito), mas é fácil perceber como essa fala oralizada se
distingue de um texto escrito (como o que você está lendo agora), certo?

Ainda pensando na reprodução da oralidade, cabe mencionar que, em situa-


ções mais formais (por exemplo, um discurso formal que caracteriza um pro-
nunciamento de uma autoridade política, a apresentação de um jornal televi-
sivo ou de um trabalho acadêmico), percebemos que essa linguagem tende a
apresentar um nível mais elevado de planejamento.

Em contrapartida, na modalidade escrita, em situações formais, tais como


produção de textos que circulam no ambiente corporativo, textos empresari-
ais, jurídicos ou legais, bem como textos produzidos na academia, vemos que
isso requer ainda mais planejamento. No exemplo a seguir, um fragmento reti-
rado de um artigo publicado em uma revista cientí�ca, podemos visualizar
exatamente isto:

Comunicação é a capacidade que o ser humano tem de trocar informações aprendi-


das e pretendidas com diferentes pessoas. É um processo que envolve um receptor
e um emissor, ou seja, uma pessoa emite uma mensagem, e a outra recebe a men-
sagem e a interpreta para responder com coesão e coerência. Durante o processo de
comunicação, é importante o uso de um sistema linguístico compartilhado, ou seja,
ambos os parceiros de comunicação devem utilizar o mesmo idioma para que pos-
sam transmitir e compartilhar uma mensagem. A comunicação humana torna-se
possível por meio da compreensão dos diferentes signos compartilhados pela co-
munidade, ou seja, a comunicação será efetivada por meio do uso de um sistema de
representação compartilhado no grupo (DELIBERATO, 2017, p. 301).

Embora a modalidade oral seja mais utilizada na comunicação, a modalidade


escrita tem importância maior no que concerne ao uso adequado da norma-
padrão (e eis aí também um dos motivos de necessidade de mais planejamen-
to, para que o texto �que compreensível e correto gramaticalmente), uma vez
que o texto escrito tem maior permanência. Há um brocardo dos antigos ro-
manos que assim expressa: “verba volant; scripta manent”, que pode ser tradu-
zido deste modo: “as palavras voam; aquilo que está escrito permanece”.
Portanto, é inegável o fato de a modalidade escrita do uso da língua ser mais
bem elaborada do que a modalidade oral quando utilizada. A modalidade es-
crita mantém a unidade linguística de uma comunidade, que permite ao pen-
samento atravessar o espaço e o tempo.

De outro modo, podemos dizer que a sintaxe da oralidade se diferencia da sin-


taxe da escrita. No caso da primeira, não há tanta preocupação quanto à estru-
turação das frases, podendo ocorrer repetições, elipses, pausas, digressões,
presença de marcadores conversacionais, paráfrases, correções, parênteses,
truncamentos (como vimos no exemplo anterior). No caso da segunda, é ne-
cessário o planejamento, a �m de corrigir e apresentar o resultado pronto, ten-
do em vista que o leitor não tem acesso, tampouco controle sobre o mecanis-
mo de preparação do texto.

Há de se frisar, em contrapartida, que a escrita não é considerada superior à


oralidade, porque ambas são simplesmente modalidades distintas de realiza-
ção da língua, seja em situações formais, seja em situações informais.
Tratam-se de contextos diferentes. Ao usar a modalidade escrita, o emissor
deve considerar o distanciamento físico do receptor e, por isso, planejar lin-
guisticamente seu texto, pois seu objetivo é buscar sua compreensão.

Antes de prosseguirmos, vamos retomar e detalhar os conceitos mais impor-


tantes que abordamos até agora. Para isso, assista ao vídeo a seguir:

Variação linguística, registro, nível de linguagem e estilo


Embora pertencente a todos os membros de uma comunidade, a língua vai se
concretizar pelo uso individual da fala, isto é, cada falante usa a língua de
acordo com suas necessidades de comunicação, seu grau de escolaridade, sua
faixa etária, a região em que reside etc. Por conseguinte, a�rma-se que a lín-
gua possui variantes, porque muda conforme é usada pelos falantes.

Thelma Guimarães (2019, p. 45-46) ilustrou muito bem esse fenômeno, ao ex-
por que:
Nas aulas de física, você aprendeu que a força centrípeta tende a puxar um corpo
para o centro de uma trajetória, enquanto a centrífuga tende a afastá-lo desse cen-
tro. O que você talvez não saiba é que essas duas forças atuam também na língua
portuguesa — metaforicamente, é claro.

O português, assim como qualquer outra língua viva, é dinâmico e está em cons-
tante processo de inovação e mudança. Esse movimento, chamado de variação lin-
guística, tende a afastar a língua de seu núcleo mais estável, atuando, portanto, co-
mo uma força centrífuga.

Se apenas essa força agisse sobre a língua, em alguns séculos (ou talvez mesmo em
décadas) o português iria se transformar em outro idioma. Ou, então, cada falar re-
gional iria se tornar um dialeto, e os dialetos acabariam virando também novas lín-
guas. Desse modo, no Brasil, não teríamos mais o português, e sim o baianês, o gau-
chês, o paulistês…

Tais fatos não ocorrem – ou, pelo menos, demoram muito para ocorrer – porque
também há uma força centrípeta atuando sobre a língua: é a força da conservação,
exercida pela escola, pela imprensa, pelos documentos o�ciais e pela própria tradi-
ção cultural e literária, que une os povos falantes do mesmo idioma.

A língua muda, ou seja, há variação linguística, porque o registro muda.


“Registro de linguagem” se refere aos diversos estilos que um falante pode
usar a depender da situação de comunicação de que faz parte. Por exemplo, al-
guém conversa em um café com os amigos e, por isso, pode utilizar um regis-
tro diferente do que utiliza quando está em família, com a avó.

Nesse sentido, as variações linguísticas se caracterizam como rami�cações


naturais de uma língua, que se diferenciam da norma-padrão devido a fatores
múltiplos, como convenções sociais, momento histórico, contexto ou região
geográ�ca em que um falante ou grupo social está inserido. Há uma diversi-
dade de manifestações e de realizações da língua, ou seja, a língua possui di-
versas formas, decorrentes de fatores de ordem histórica, regional, social ou
situacional. Com isso, o contato de indivíduos habituados a registros distintos
da língua pode causar certo estranhamento, como ilustra a Figura 3:
Figura 3 Exemplo de variação linguística (https://descomplica.com.br/artigo/tudo-sobre-variacao-linguistica-para-

voce-arrasar-sempre/4k5/).

As variações na língua podem ocorrer em diversos níveis, conforme expõe o


Quadro 1:

Níveis da variação linguística.

Fonético/fonológico • Pois (pronúncia do Brasil)/pois (pronúncia de


Portugal).
• Porta (pronúncia do “r” no interior de MG)/porta (pro-
núncia do “r” no RJ).

Morfológico • Flecha/frecha.
• Vassoura/bassoura.
• Me avisa, quando você encontrar a Maria/Avise-me
quando você encontrar a Maria.
• Quando eu ver a Maria, aviso ela/Quando eu vir a
Maria, aviso-a.
• Fui na praia/Fui à praia.
• Cheguei em casa/Cheguei à casa.

Semântico/lexical • Abóbora/jerimum.
• Mandioca/macaxeira/aipim.

: elaborado pela autora.

Além disso, há tipos de variação linguística:

1. (diastráticas): celular (Brasil)/telemóvel (Portugal).


2. (diatópicas): mandioca/aipim; muriçoca/pernilongo.
3. (diacrônicas/tempo): “evolução” do termo “você”.
4. (diafásicas): relacionadas ao grau de formalidade do uso da
língua.

Interessa-nos considerar a variação estilística, haja vista que, em situações


informais, a manifestação da linguagem é feita de modo coloquial (do latim
“coloquium”, que quer dizer ação de falar junto, conversa). Contudo, em situa-
ções formais, a manifestação da linguagem é mais acurada, pois deve estar
adequada à norma-padrão da língua (por exemplo, quando se está em uma au-
diência com um juiz de Direito, a escolha das palavras deve ser condizente
com a formalidade de tal situação). Desse modo, há vários pontos intermediá-
rios de graus de formalidade, o que podemos chamar de níveis. Con�ra a
Figura 4:
Figura 4 A língua variando conforme seus contextos (níveis formal e informal) (https://br.pinterest.com

/pin/490118371953504663/).

Níveis de linguagem são também chamados níveis de fala e correspondem


aos diferentes registros em que a linguagem pode ser utilizada pelos falantes,
a depender do contexto comunicativo, do nível de escolarização dos falantes,
da interação com diferentes interlocutores. Nesse sentido, podemos denomi-
nar dois níveis de linguagem: formal e informal. Para entender as característi-
cas e contextos apropriados a esses dois níveis, assista ao vídeo a seguir:

Se a língua é utilizada pelos falantes de modo individual, a depender da situa-


ção e do contexto, vemos que cada falante adota um estilo diferente ao
manifestá-la. O estilo é, então, o modo pessoal de expressão que se manifesta
na forma de dizer ou escrever algo, e também remete a uma parte da
Gramática que cuida das estratégias criativas utilizadas na língua, conhecida
como Estilística. Tais recursos têm, muitas vezes, o intuito de sugerir, provo-
car, persuadir, embelezar o modo como um conteúdo é escrito/oralizado em
um texto, ou seja, visam provocar efeitos expressivos. Desse modo, estilo cor-
responde ao conjunto de aspectos formais e de recursos expressivos que ca-
racterizam um texto ou discurso (por exemplo, o estilo discursivo da lingua-
gem corporativa ou da linguagem acadêmica).

Antes de prosseguirmos, vamos veri�car se o conteúdo apresentado até o mo-


mento foi assimilado? Para isso, responda à questão a seguir:

Características da linguagem acadêmica e seu uso em tex-


tos acadêmicos
Para falarmos sobre a linguagem acadêmica, antes de mais nada, precisamos
entender o que signi�ca “academia”, termo derivado do latim e utilizado na
Grécia Antiga, no séc. III a.C., quando Platão se reunia com pensadores em um
local chamado Jardins de Akademus (herói ateniense). Após isso, o grupo
passou a ser denominado Akademia. Hoje “academia” designa o estabeleci-
mento de Ensino Superior.

É nesse ambiente que a língua será utilizada para realizar diversas atividades
orais e, principalmente, escritas. Por isso, considerando o contexto do sistema
universitário brasileiro, é preciso promover o letramento em nível de Ensino
Superior para escrever e publicar textos de qualidade condizente ao meio aca-
dêmico, que demanda um tom formal de linguagem, de modo a não serem uti-
lizados gírias, coloquialismos, expressões de senso comum, chavões e subjeti-
vidade. Nesse sentido, temos que o estilo da linguagem acadêmica é formal,
sujeito a padrões de linguagem.

Para que possamos compreender como esse universo se con�gura, é preciso


também entender o que é ciência, pensamento cientí�co, e objetividade e neu-
tralidade no campo cientí�co.

“Ciência” se refere ao conjunto de conhecimentos que são socialmente adquiri-


dos ou produzidos, além de historicamente acumulados, dotados de universa-
lidade e de objetividade que permitem sua transmissão. Tais conhecimentos
são estruturados com métodos, teorias e linguagens próprias, com o intuito de
compreender e orientar a natureza e as atividades humanas.

Desse modo, o pensamento cientí�co é aquele que passa por veri�cação, análise e/ou com-
paração, a �m de se comprovar algo, o que é relativo ao racionalismo. É diferente do pensa-
mento do senso comum, que pode se embasar em sensações, experiências e opiniões subje-
tivas.

Dado que o pensamento cientí�co passa por análise para ser comprovado, é
preciso que o objeto de estudo seja analisado de modo objetivo e neutro.
No campo cientí�co, diz respeito à qualidade do que é objetivo,
externo à consciência, pois o resultado precisa ser alcançado mediante uma
observação imparcial/neutra, independente de preferências individuais.
Ainda mais, trata-se da propriedade de teorias cientí�cas para o estabeleci-
mento de a�rmações inequívocas, que podem ser testadas independentemen-
te dos cientistas que as propuseram. Está diretamente relacionada ao atributo
de ser passível de reprodução, típico dos experimentos cientí�cos. Uma teoria,
hipótese, asserção ou proposição, para ser considerada objetiva, precisa ser
passível de transmissão de uma pessoa para outra, demonstrável a terceiros,
bem como deve representar um avanço no entendimento do mundo real.

No que se refere à da ciência, signi�ca ser uma ciência que não


se coloca acima, mas sim ao lado de outras instituições e de outras formas de
conhecimento.

Considerando tais aspectos, o discurso cientí�co precisa ser proferido com uso
da linguagem acadêmica, que vai lhe conferir objetividade e neutralidade, de
modo a transformar o subjetivismo (veiculado por expressões do tipo “eu
acho”, “eu entendo”, “na minha opinião” etc.) em um discurso objetivo, no qual
há mudança do estilo de linguagem com vistas à objetividade.

No discurso acadêmico, há uso de primeira pessoa no plural, o chamado plural majestático


(“nós”), utilizado para construir enunciados, de forma a “apagar” o subjetivismo, e, assim,
englobar vários pontos de vista, a saber, os do pesquisador e de outros estudiosos que apare-
cem também para sustentar o que foi analisado e discutido. Não se trata de considerar so-
mente a perspectiva de um único pesquisador, pois isso pode ser tendencioso e macular o
que realmente foi veri�cado/comprovado.

É dessa forma que se constrói a “neutralidade” do discurso cientí�co. Já sua


objetividade advém do fato de que os conhecimentos, as descobertas feitas pe-
la ciência podem ser “refutados”, melhorados ou receber mais pontos de vista
por futuras pesquisas feitas por outros cientistas/pesquisadores. Nada pode
ser considerado um valor absoluto, irrefutável para a ciência.

Por conseguinte, a linguagem acadêmica deve manifestar tais aspectos em


seus enunciados, por meio de construções de frases que primam pela manu-
tenção do estilo neutro e objetivo.

Não obstante, todos os textos expressam, de certo modo, uma opinião, pois são
dotados de um posicionamento crítico, e podem ser subjetivos (quando há cla-
ramente o uso de expressões que denotam um subjetivismo), ou objeti-
vos/neutros, quando há impessoalização do sujeito e ou uso da expressão cole-
tiva “nós” ao focar o objeto discutido, dado que não interessa o sujeito empírico
que discute o assunto.

Vemos, então, que o texto no contexto acadêmico é marcado por modo especí-
�co de expressar (estilo de escrever, de manifestar). Em vez de um subjetivis-
mo presente e claramente demarcado em um texto, nesse contexto, ele deverá
estar “apagado”, para transmitir a con�abilidade conferida por uma “neutrali-
dade” e uma objetividade.

A linguagem acadêmica é, portanto, aquela que manifesta todos esses aspec-


tos, pois é utilizada na construção de textos inseridos em situação de comuni-
cação concernente ao ambiente acadêmico/cientí�co. Sendo assim, deve ter
precisão, clareza, objetividade, para comunicar a informação e o conhecimen-
to de forma correta.

Dado que a linguagem acadêmica é caracterizada por um conjunto de aspec-


tos formais e recursos expressivos que marcam os textos e discursos,
destacam-se os seguintes elementos:

1. “apagamento” do sujeito, de modo a destacar o objeto discutido, não quem


o discute;
2. utilização de verbos conjugados na 1ª pessoa do plural (o dito “plural ma-
jestático) ou na 3ª pessoa do singular, acrescidos da partícula “-se”;
3. primazia da objetividade, uma vez que o subjetivismo do(a) autor(a) não
pode interferir na análise do objeto discutido, evitando, assim, que cons-
tatações feitas nessa análise sejam passíveis de contestação, e assegu-
rando veri�cações diferentes futuramente, pois nada na ciência é consi-
derado “estanque” ou “absoluto”;
4. presença de certa “neutralidade”, visto que o objeto discutido precisa ser
analisado pelo pesquisador de modo “imparcial”, sem subjetivismos, tam-
pouco “achismos”;
5. adoção da norma-padrão da língua;
6. adequação à situação de comunicação formal do ambiente acadêmico;
7. não utilização de enunciados demasiadamente curtos nem excessiva-
mente longos;
8. adequação às normas da ABNT no tocante a citações indiretas, diretas
curtas e diretas longas (referimo-nos aqui ao uso de aspas e outros sinais
ortográ�cos que indicam o discurso de outrem).

 Conheça mais sobre citações!

As citações indiretas e diretas permitem ao leitor perceber o diálogo que


o(a) autor(a)/pesquisador(a) travou com outros autores/pesquisadores do
mesmo assunto discutido, para defender seu ponto de vista.

Para entender esse assunto em maior detalhe, leia o capítulo 7, “A reda-


ção acadêmica” (páginas de 195 a 222), do livro Comunicação e lingua-
gem, de Thelma Guimarães (2012), disponível na Biblioteca Virtual
Pearson.

Agora, para retomar os principais conceitos vistos até agora, já articulando-os


ao contexto acadêmico, assista ao vídeo a seguir:

Antes de encerrarmos este ciclo, veri�que sua aprendizagem, respondendo à


questão a seguir.

3. Considerações
Neste ciclo, compreendemos os conceitos básicos sobre a comunicação, o uso
da linguagem e a sistematização de uma língua enquanto meios importantes
para o bom convívio social. Além disso, vimos como a língua varia no tempo e
no espaço, pois há adequações que precisam ser feitas a depender da situação
(contexto) em que é utilizada. Nesse sentido, conhecemos a linguagem acadê-
mica, aquela utilizada no ambiente formal das universidades e que contém
características especí�cas que fazem um texto ser reconhecido como próprio
da academia.

No próximo ciclo, vamos conversar mais a respeito do conceito de texto, e das


noções de contexto e discurso, para que possamos construir textos acadêmi-
cos corretamente parafraseados e veicular os devidos posicionamentos de au-
tores em um gênero textual peculiar a esse universo: o resumo. Até lá!
(https://md.claretiano.edu.br/comlin-g00384-

dez-2022-grad-ead/)

Ciclo 2 – Texto, Contexto e Discurso

Objetivos
• Conhecer os conceitos de texto, contexto e discurso.
• Detectar os elementos que conferem textualidade, a �m de poder cons-
truir textos coesos e coerentes.
• Compreender a importância de estruturar textos em parágrafos.
• Veri�car a técnica de parafrasagem como estratégia de produção textual
importante no meio acadêmico.
• Conhecer as características do gênero resumo em textos acadêmicos.

Conteúdos
• Conceitos de texto, contexto e discurso.
• Marcas estruturais e ideológicas: os sentidos nos textos.
• A paráfrase como técnica de produção textual.
• O gênero resumo e suas nuances em textos acadêmicos.

Problematização
O que é texto? Quais fatores estão envolvidos para que um texto seja assim
considerado como tal? O que são coesão e coerência textuais? Como esses
dois fatores são importantes para que um texto seja compreensível pelo lei-
tor? O que é paragrafação? Como construir parágrafos para que um texto seja
mais bem compreendido? O que é tipologia textual? Quais são as tipologias
textuais? O que é gênero textual? O que é contexto? O que é discurso? Como
texto, contexto e discurso se relacionam? É preciso identi�car valores, ideias
e pensamentos em textos para assim atribuir-lhes sentido? É preciso identi�-
car o modo como o texto foi construído, em um sentido estrutural, para que
possamos atribuir sentido a ele? O que é paráfrase? De que modo a paráfrase
está relacionada à produção textual? Qual é o conceito do gênero resumo?
Quais tipologias textuais estão presentes no gênero resumo?

1. Introdução
No ciclo anterior, nossa abordagem teórica nos levou a tratar de comunicação,
linguagem e língua, bem como de alguns dos elementos mais gerais desta.
Neste ciclo, nosso foco estará nos conceitos de texto, contexto e discurso, e em
como reproduzir ideias alheias no texto acadêmico, para não incorrer no plá-
gio. Nesse sentido, o resumo, um dos gêneros de texto peculiares a esse uni-
verso, serve como base de aplicação para as técnicas da parafrasagem e da
sintetização de ideias. Vamos lá?

2. O texto e os fatores de textualidade


Tendo por base a tríade comunicacional exposta no Ciclo 1 – concepção em
que um transmite uma a um –, podemos enten-
der que a codi�cação dessa mensagem se caracteriza como um texto. Em ou-
tras palavras, a mensagem que o emissor deseja transmitir ao seu receptor é
comunicada de modo ordenado, a �m de que o receptor possa compreender
bem a informação nela contida.

Desse modo, o texto é uma unidade básica de manifestação da linguagem, que


se caracteriza como o meio pelo qual o homem se comunica, sendo, então, to-
da produção linguística (oral ou escrita) que apresenta sentido e unidade.
Além disso, podemos a�rmar que o texto é toda manifestação linguística que,
independentemente do tamanho, precisa estar dotada de certa lógica e, por is-
so, permite que o leitor/ouvinte compreenda o que foi escrito/dito (a mensa-
gem transmitida).

Se o intuito é transmitir uma mensagem, vemos que o texto tem uma função
comunicativa de cunho social. Ele funciona como um local de interação entre
dois entes envolvidos: emissor e receptor, como podemos ver no esquema a
seguir:
: elaborada pela autora.

Figura 1 Esquema da interação entre autor e leitor por meio do texto.

É por meio do texto que o autor (emissor) interage com seu leitor (receptor). A
compreensão do texto resulta dessa interação, sendo que o sentido de um tex-
to não reside somente em um desses polos, ou seja, a construção de sentidos
em um texto não é de responsabilidade única do emissor nem do receptor.

Na produção do texto, vemos que o autor utiliza a língua para construir signi�-
cados, ou seja, o sentido é construído ali, naquele momento. Por isso, os signi-
�cados que o autor constrói precisam ser lógicos (coerentes), a �m de que se-
jam compreensíveis para o receptor.

Já na recepção do texto, se o leitor consegue reconhecer o emprego formal da


língua, é possível que ele compreenda o que foi escrito.

Pelo que expusemos, a comunicação é um processo que envolve produção de


texto e leitura, ao mesmo tempo, tal como se ambos estivessem em um "jogo"
interacional em que estão envolvidos:

1. as intenções do autor;
2. as imagens que cada um dos interlocutores (autor e leitor) tem de si mes-
mo, do outro, do outro em relação a si mesmo e ao tema do discurso;
3. o que é pertinente numa situação, mas não é em outra;
4. o contexto sociocultural no qual o discurso foi produzido;
5. os conhecimentos que são partilhados.

É preciso considerar tais aspectos quando se escreve um texto, de modo que o


autor não exerça somente a �gura de autoria, mas se desloque também para a
�gura de seu possível leitor, a �m de que tente pensar se o receptor conseguirá
ou não compreender o que precisa ser compreendido, conforme o modo como
o texto foi escrito. Por outro lado, o leitor também não exercerá somente essa
�gura, mas vai tentar imaginar o autor, tal como se estivesse ao seu lado, fa-
lando a ele aquilo que está escrito, como se fosse "soprar aos seus ouvidos" as
pistas que o levam à compreensão daquele texto.

Desse modo, o texto é dotado de três características:

• possui função sociocomunicativa;


• é necessariamente coerente;
• é necessariamente coeso.

Se o texto é percebido pelo leitor como um todo signi�cativo, podemos dizer


que é um texto .

Em se tratando de uma manifestação de linguagem, a língua está em uso no


texto, que é o contexto em que ela adquire "forma". No texto, palavras e sinais
ortográ�cos precisam se mostrar de maneira reconhecível e estar integrados,
pois assim será . Mais à frente, no próximo tópico, exploraremos em
maior detalhe os conceitos de coesão e coerência.

Tratemos agora de fatores que conferem ao texto, ou seja, que


propiciam a identi�cação de um texto como tal. Trata-se do conjunto de carac-
terísticas que fazem um texto não ser apenas uma sequência de frases, mas de
fato um texto com unidade de sentido. Beaugrande e Dressler (1981) esclare-
cem que há sete fatores responsáveis pela textualidade de um discurso qual-
quer: intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e in-
tertextualidade, que são fatores pragmáticos envolvidos no processo socioco-
municativo, além da coesão e da coerência, que estão relacionadas ao material
conceitual e linguístico do texto.

A está relacionada aos objetivos do autor, isto é, ao empenho


do produtor quando constrói um discurso, de modo a torná-lo coerente, coeso
e que satisfaça os objetivos que têm em mente em uma determinada situação
comunicativa. O produtor pode ter como metas informar, impressionar, alar-
mar, pedir, convencer, manipular, dentre outras, que vão orientar a produção
de seu texto.

Quanto à , trata-se do atendimento às expectativas do leitor (re-


ceptor), que pode reconhecer um texto como coerente, coeso, útil e relevante,
que atende à aquisição de conhecimentos. O produtor pode lançar mão de al-
gumas estratégias que visem à aceitabilidade de seu leitor: zelar para que o
texto contemple os interesses de seu receptor, devido à necessidade de coope-
ração; primar pela qualidade e autenticidade do texto; acrescentar a quantida-
de adequada de informações que sejam relevantes para o leitor adquirir co-
nhecimentos; ter cuidado com o modo como apresenta as frases, que precisam
ser claras, ordenadas e precisas; etc. Contudo, se isso não acontecer, geralmen-
te, o receptor age no sentido de dar um "crédito de coerência" ao produtor do
texto. Supõe que seu discurso seja coerente e se empenha em captar essa coe-
rência, ao cobrir lacunas e fazer deduções. Isso quer dizer que o receptor colo-
ca a serviço da compreensão do texto todo o conhecimento de que dispõe, jus-
tamente porque a comunicação se efetiva quando um contrato de cooperação
entre produtor e receptor é estabelecido.

Com relação à , trata-se da adequação do texto à situação co-


municativa, de modo que ele seja pertinente e relevante ao contexto em que
ocorre. Por isso, um texto que é aparentemente menos claro pode funcionar
melhor à situação comunicativa, por ser mais adequado do que outro, de con�-
guração mais completa. Ainda mais, o texto também precisa estar adequado
ao nível de formalidade da linguagem: em situações tidas como informais, é
adequado utilizar a variante "popular", as gírias, a norma não padrão; já em si-
tuações tidas como formais, deve ser utilizada a norma-padrão, com sua cor-
reta aplicação gramatical.

A , por sua vez, se refere ao que é esperado ou reconhecido ou


não pelo receptor. Quanto menos um discurso é previsível, tanto mais infor-
mativo é e, por isso, se torna mais interessante e envolvente para esse recep-
tor, mesmo que sua recepção seja mais trabalhosa. Além disso, é preciso con-
siderar também que um discurso com muitas informações novas ou um texto
extremamente inusitado pode ser rejeitado pelo receptor, por não conseguir
processá-lo. Diante disso, a manutenção de informação em um nível mediano
é ideal, visto que o produtor deve tentar alternar informações que podem ser
conhecidas e as que requerem um processamento mais trabalhoso. É bom que
haja no texto um equilíbrio entre a quantidade de informações antigas e as no-
vas.

A é o termo usado para se referir à relação que um texto faz


com outro, quando um faz alusão a outro, estabelecendo, assim, um diálogo
entre textos. Nesse sentido, um texto que já foi criado exerce uma in�uência
na criação de um novo. O recurso é utilizado por diversos autores que se va-
lem de textos reconhecidos (textos-fontes) como base para suas novas cria-
ções. A intertextualidade acontece de vários modos e nos mais diversos gêne-
ros textuais. Pode ocorrer de modo acidental, como uma mera coincidência,
porém é um recurso utilizado com planejamento e, assim, apresenta vestígios
mais ou menos diretos do texto original. Nesse sentido, os leitores podem re-
conhecer essa in�uência exercida pelo texto-fonte.

A intertextualidade pode ser implícita ou explícita, segundo Koch (2009, 2012)


nos esclarece:

A intertextualidade será explícita quando, no próprio texto, é feita a menção da fon-


te do intertexto, como acontece nas citações, referências, menções, resumos, rese-
nhas e traduções, na argumentação por recurso à autoridade, em como, em se tra-
tando de situações face a face, nas retomadas do texto do parceiro, para encadear
sobre ele ou contraditá-lo (KOCH, 2009, p. 146).

A ocorre sem citação expressa da fonte, cabendo ao in-


terlocutor recuperá-la na memória para construir o sentido do texto, como nas alu-
sões, na paródia, em certos tipos de paráfrases e ironias (KOCH, 2012, p. 92, grifo da
autora).

Ressaltamos aqui que a intertextualidade explícita é recurso muito utilizado


em várias instâncias discursivas, como a jornalística, a jurídica e a acadêmica
(ela terá bastante destaque quando falarmos sobre a técnica de parafrasagem,
mais adiante), pois há, nesses domínios discursivos, a necessidade de indica-
ção de autoria do que foi dito.

Já no caso da intertextualidade implícita, percebe-se estar centrada na neces-


sidade de o leitor/ouvinte recuperar a fonte do intertexto na memória. Se isso
não ocorrer, a autora (2012, p. 92) evidencia que "[...] grande parte ou mesmo to-
da a construção do sentido �ca prejudicada". Sendo assim, se, nessas produ-
ções textuais, o autor não apresentar a fonte, é porque parte do pressuposto de
que isso já faz parte do conhecimento textual do leitor. No que concerne à pro-
dução de sentido (à compreensão do texto com ocorrência de intertextualida-
de implícita), é preciso que o leitor/ouvinte estabeleça o diálogo proposto entre
os textos e o motivo da recorrência implícita a outro(s) texto(s) (KOCH, 2012, p.
93) demonstra. Portanto, quando a intertextualidade implícita ocorre em um
texto, cabe ao leitor/ouvinte recuperar as fontes na memória, uma vez que o
autor fez uso desse recurso na espera de que esse leitor/ouvinte estabeleça o
diálogo entre o texto e sua fonte.

A seguir, no Quadro 1 e nas Figuras 2 e 3, há alguns exemplos de intertextuali-


dade implícita e explícita em textos verbais, não verbais e mistos/sincréticos.

Intertextualidade em texto verbal.

"Minha terra tem palmeiras "Meus olhos brasileiros se fecham


Onde canta o sabiá, saudosos

As aves que aqui gorjeiam Minha boca procura a 'Canção do


Exílio'.
Não gorjeiam como lá."
Como era mesmo a 'Canção do
(Gonçalves Dias, "Canção do exílio")
Exílio'?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!"
(Carlos Drummond de Andrade,
"Europa, França e Bahia")
Figura 2 Intertextualidade em texto não verbal (https://beduka.com/blog/materias/portugues/o-que-

e-intertextualidade/).

Figura 3 Intertextualidade em texto misto/sincrético (https://www.fag.edu.br/upload/ecci/anais/5babc8771c75f.pdf).

Para encerrarmos este tópico, assista ao vídeo a seguir, que detalha e aprofun-
da a questão do conceito de texto.

3. A coesão e a coerência como importantes fa-


tores de produção e de compreensão do texto
Neste tópico, vamos retomar em maior detalhe dois elementos centrais de um
texto, e já mencionados no tópico anterior: coesão e coerência.

O termo "coerência" está relacionado ao que tem ligação, nexo ou harmonia


entre fatos, ideias, informações etc. Desse modo, um texto dotado de coerência
pode ser compreendido pelo leitor. Nesse sentido, coerência é a relação
harmônica que garante a conexão entre ideias, informações e fatos apresenta-
dos na mensagem veiculada por um texto. É por meio dela que a lógica inter-
na de um texto se estabelece e se cria uma linha de pensamento.

Desse modo, é importante pensar que um texto precisa apresentar determina-


das características que viabilizem e facilitem a apreensão de sentido pelo lei-
tor, ao seguir uma linha de pensamento que conduza a uma compreensão, vis-
to que assim se cumpre o propósito de transmissão de mensagens. Nesse sen-
tido, há alguns aspectos essenciais para a coerência textual a serem conside-
rados no momento de produção de um texto:

1. escrever com clareza, simplicidade, objetividade e concisão;


2. estruturar uma ideia principal e agregar outras ideias secundárias relati-
vas ao que é informado/discutido;
3. criar uma linha de raciocínio e pensamento lógico;
4. entrelaçar ideias para conferir harmonia aos fatos;
5. transmitir informação relevante de maneira a dar ênfase às partes mais
importantes;
6. apresentar informação su�ciente sobre o assunto;
7. demonstrar bom domínio sobre o tema;
8. construir um todo signi�cativo.

Em contrapartida, pensando em conferir coerência a um texto, há atitudes a


serem evitadas:

1. utilizar palavras que não são necessárias;


2. repetir termos;
3. ser redundante nas ideias;
4. contradizer fatos;
5. apresentar fatos de modo isolado, sem ligação com o que está sendo in-
formado/discutido;
6. utilizar frases extensas demais;
7. utilizar frases feitas, clichês, jargões, estrangeirismos em textos que não
permitem sua presença;
8. usar quaisquer outros elementos que denotem um discurso empobrecido
(muito simplista).

Passemos agora à coesão. A coesão também está relacionada à harmonia de


que um texto precisa para ser compreensível. É a ligação harmônica entre du-
as ou mais partes, utilizada na gramática como forma de obter um texto coe-
rente, claro em sua compreensão.

Trata-se aqui também da ligação harmoniosa dos parágrafos, que faz com que
eles �quem ajustados entre si, mantendo, assim, uma relação de signi�cância.
Por exemplo, um texto em que há sobrecarga de palavras repetidas do início
ao �m não é coeso. Para evitar isso, há termos que substituem a ideia apresen-
tada, a �m de evitar a repetição.

A coesão é um importante fator de textualidade, pois tem caráter essencial pa-


ra a construção de uma boa redação, uma vez que permite o sequenciamento
das ideias de modo lógico e isso facilita a leitura do texto.

É a partir da ligação harmoniosa entre as diversas partes de um texto que po-


demos compreendê-lo corretamente. Por isso, essa ligação é feita por meio de
estratégias, que podem ser chamadas de tipos de coesão textual. Para
conhecê-los, assista ao vídeo a seguir:

Por �m, cabe destacar recursos que contribuem para a coesão textual:
1. ordenação correta das palavras no período;
2. uso correto de desinências nominais, aquelas que marcam gênero e nú-
mero;
3. uso correto de desinências verbais, aquelas relativas à �exão de número
(singular e plural), pessoa, modo e tempo;
4. utilização correta de preposições e conjunções.

Agora assista ao vídeo a seguir, que retoma e aprofunda as questões de coesão


e coerência, bem como de textualidade.

Antes de passarmos ao próximo tópico, tente responder à questão a seguir e


veri�que seu aprendizado até o momento.

4. A estruturação do texto em parágrafos


Como vimos, ao elaborarmos um texto, visamos à transmissão de uma men-
sagem. Com o intuito de que seja compreendido, é necessário que o texto seja
organizado para que tenha uma estrutura e, assim, o leitor possa compreendê-
lo. Tal organização se refere à estruturação do texto em parágrafos, à seleção
de palavras para expressar adequada e satisfatoriamente as ideias, à extensão
da fala (oralidade) ou da escrita. Neste tópico, nosso foco será a paragrafação.

Para construir parágrafos, é preciso organizar várias frases em conjunto, sen-


do que elas precisam ser compreensíveis, constituir períodos que correspon-
dem à divisão dessas ideias.

O parágrafo é formado por um ou mais períodos, que constituem a unidade de


texto (um de seus fragmentos). O parágrafo é, então, a unidade de composição
que contém um período ou mais, em que estão desenvolvidas uma
(ou nuclear) e , que se agregam à ideia central, estão re-
lacionadas a ela pelo sentido e dela decorrem.

A ideia central também é chamada de tópico frasal, ou supertópico; já as ideias secundárias


são conhecidas também como tópicos menores ou subtópicos.

Con�ra, a seguir, um exemplo de parágrafo, no qual estão destacados o tópico


frasal e os tópicos menores.

,
uma das principais universidades do mundo. Esse fato mostra que as pessoas
não são totalmente vítimas do contexto. Por muito tempo, acreditou-se na teo-
ria determinista, que diz que o homem é fruto do meio.

IDEIA SECUNDÁRIA 1 – IDEIA SECUNDÁRIA 2 –

Além de sua organização por ideias e sua importância, o parágrafo pode ser
dividido em partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. Tomando o
exemplo anterior, podemos identi�car o seguinte:

• a corresponde ao tópico frasal, pois é preciso apresentar a


ideia ou o assunto principal do parágrafo nesse momento;
• o corresponde às ideias secundárias 1 e 2, pois são as-
suntos relacionados à ideia central e apresentam mais informações rela-
tivas a ele;
• a ou o "fechamento" encerra o parágrafo.

Para que tenha um sentido completo, é preciso que o parágrafo tenha um iní-
cio, um meio e um �m, ou seja, que proponha uma ideia/informação, a desen-
volva e "encerre" seu raciocínio em relação a ela.

Entenda melhor como se dá a elaboração de um texto a partir da construção


dos parágrafos, assistindo ao vídeo a seguir:

E que tal, agora, você veri�car se o conteúdo apresentado até o momento foi
assimilado? Para isso, tente responder às questões a seguir:

5. Tipologia textual e gêneros


Os textos podem se apresentar de diversos modos, quando se leva em conside-
ração o que eles pretendem, ou seja, ao que visam responder diante de diferen-
tes intenções comunicativas. Por isso, a depender da �nalidade, os aspectos
constitutivos dos textos podem ter em vista contar, descrever, argumentar, in-
formar, ordenar algo a alguém etc.

Nesse sentido, os textos apresentam características diferentes, pois serão or-


ganizados conforme a estrutura adequada, com construções frásicas, lingua-
gem, vocabulário, tempos verbais, relações lógicas e modo de interagir com o
leitor condizentes com seu objetivo.

Essas diferenças levam ao que se denomina tipologia textual. Tipos textuais


são modelos abrangentes e �xos que de�nem e distinguem a estrutura e os as-
pectos linguísticos de uma narração, descrição, argumentação/dissertação,
exposição e injunção:

1. na narração, são contados fatos que ocorreram em determinado tempo,


lugar e espaço. Os fatos podem ser reais ou inventados;
2. já na descrição são demonstradas as características de seres, objetos, es-
paços e/ou acontecimentos;
3. na exposição, há a função de informar o interlocutor, esclarecer fatos, ex-
por problema(s) e apresentar soluções, analisar situações etc.;
4. na injunção, indica-se como realizar algo ou proceder uma ação, com ver-
bos no imperativo, na maioria das vezes, e linguagem objetiva e simples;
5. na dissertação (ou argumentação), temos a exposição de ideias, com a
presença de tese e de argumento(s) para comprová-la.

Se há diferentes formas de manifestação de um texto, como vimos, é bom sali-


entar que um único texto pode apresentar em si várias tipologias textuais,
pois pode conter trechos próprios relativos à tipologia narrativa e outros, mais
exatamente caracterizados como da tipologia descritiva, como é o caso do
conto maravilhoso (aquele das histórias infantis).

As tipologias mencionadas são elementos gerais que se tornam concretos em


situações de comunicação cotidiana de comunicação. Desse modo, gêneros
textuais correspondem à diversidade de textos a circular socialmente, são �e-
xíveis e adaptáveis, apresentam uma intenção comunicativa bem de�nida e
uma função social especí�ca, além de se adequarem ao uso que se faz deles.
Nesse sentido, podemos citar alguns exemplos: carta, e-mail, relatório, conto
maravilhoso, notícia, reportagem, propaganda publicitária, bula de remédio,
receita culinária, artigo cientí�co, dissertação de mestrado, tese de doutorado
etc.

No tocante à denominação gêneros do discurso, Bakhtin (2003) ressaltou que


cada gênero discursivo, manifestado de modo oral ou escrito, tem, em sua
composição, três elementos que variam conforme sua �nalidade comunicati-
va:

• : o que é "dizível" naquele gênero;


• : o conjunto de recursos linguísticos que podem ser utilizados na-
quele gênero;
• : a estrutura apresentada.

Nesse sentido, interessa-nos estudar o gênero discursivo acadêmico, no que


concerne ao seu conteúdo temático (o que pode ser dito), seu estilo (como pode
ser dito o que precisa ser dito) e sua construção composicional (de que forma
os gêneros textuais acadêmicos se apresentam). Mais adiante, trataremos dos
gêneros resumo (enquanto texto que sintetiza ideias relevantes e enquanto
texto que está inserido em um artigo acadêmico) e resenha (como texto dota-
do de posicionamento crítico), de modo a estudar como esses gêneros se apre-
sentam no discurso acadêmico (o contexto em que tais textos estão inseridos).
Antes de passarmos a isso, porém, vamos nos dedicar a um elemento central
na elaboração e compreensão de textos: o contexto.

6. O contexto
Sabe-se que todo e qualquer texto está embasado no conhecimento do mundo
real dos falantes, condição que contribui com a signi�cação global. Nesse sen-
tido, ao investigarmos a comunicação, é importante considerar os elementos
contextuais que in�uenciam a mensagem. Tratam-se de conjunturas materi-
ais ou abstratas que rodeiam um acontecimento ou um fato, por exemplo, e
que in�uenciam a produção de um texto. Nesse sentido, contexto são os ele-
mentos externos que in�uenciam um texto, bem como o encadeamento de
ideias nele presentes.

Por conseguinte, o contexto está relacionado à situação de comunicação, visto


que as palavras podem ser utilizadas, por exemplo, em dois textos distintos,
na mesma ordem, com os mesmos sons, porém com signi�cados distintos, o
que se dá por conta de variações no contexto.

O contexto pode corresponder a um ambiente físico ou situacional, além de


poder ser uma referência histórica, social, cultural ou familiar, por exemplo. O
leitor precisa estar a par do contexto ao qual o texto pertence, pois só assim
compreenderá a mensagem ali veiculada.

Podemos ilustrar isso com este exemplo: uma piada pode não ser compreendi-
da (não fazer sentido) quando está contextualizada em uma dada cultura cujo
repertório interpretativo não a abarca, isto é, se o ouvinte da piada não identi�-
ca o contexto próprio a ela, não conseguirá compreender o efeito de sentido de
humor e não achará graça.

O contexto é um elemento importante na questão textual, pois o texto somente


adquire existência ao estabelecer uma relação de identi�cação com seu leitor,
o que depende de uma interpretação adequada, algo só possível levando-se em
consideração os elementos contextuais.
A Figura 4, a seguir, esclarece bem o que expusemos acima.

Figura 4 A compreensão do texto a partir de um contexto advindo de uma situação (https://pt.slideshare.net

/JoseRobsonSantiago/texto-contexto-e-situao).

7. O discurso
Considerando ainda que o conhecimento do mundo real dos falantes é a base
de um texto e que o contexto em que o texto se insere in�uencia sua compre-
ensão, percebe-se que, nos textos, estão expressos não só ideias e pensamen-
tos, mas sim valores, costumes, tradições, crenças de um povo, de uma comu-
nidade social.

Desse modo, um texto não é resultado de uma produção isolada, pois não é so-
mente uma manifestação individual de quem o produziu. Tais valores, costu-
mes, tradições e crenças estão presentes em um texto, que contém, assim, o
pronunciamento de um debate de escala mais ampla.

Por essa perspectiva, ao se pensar na �nalidade de construção de um texto,


acredita-se que, por meio dele, se marca uma posição ou se participa de um
debate que está sendo travado pela sociedade em determinado momento. Eis o
motivo pelo qual um texto pode ser concebido, a partir de seu contexto, como
um objeto cultural, produzido com base em certas condicionantes históricas, e
que está em relação dialógica com outros textos.

Assim, concluímos que o texto não só é uma atividade interacional, porque


autor (emissor) e receptor (leitor/ouvinte) estão envolvidos nesse processo
maior, mas também uma atividade intencional, pois o autor tem objetivos a al-
cançar com aquilo que comunica. Tais intuitos são colocados ao leitor/ouvinte
por meio de uma manifestação linguística – o texto, o qual é criado pelo autor
para que seja compreendido pelo leitor/ouvinte.

No entanto, o objetivo desse autor pode ser algo que vá além da simples trans-
missão de uma mensagem. Por meio do texto, pode fazer seu leitor/ouvinte re-
�etir sobre algo, ou até mesmo pode realizar algo por conta do conteúdo da
mensagem.

Dessarte, a partir do momento em que o autor coloca a língua em ação e a as-


sume de fato, faz veicular no texto um ou mais discursos. O é o que se
manifesta em um texto, é a linguagem sendo colocada em ação, ao ser assu-
mida de fato pelo falante.

Por esse motivo, texto e discurso são considerados elementos complementa-


res de qualquer circunstância enunciativa, e a linguagem, ao ser vista como
um sistema de signi�cados codi�cados formalmente, precisa ser analisada
em seu uso, de maneira a relacionar texto e discurso.

O discurso se apresenta como um pensamento coletivo, um conjunto de ideias


comuns que são compartilhadas por um grupo social. O texto é, então, a mani-
festação concreta dessas ideias comuns (discursos), por meio de uma forma
de linguagem, que, como já vimos anteriormente, pode ser verbal (literatura)
ou não verbal (fotogra�as, músicas, pinturas, símbolos de organização do trân-
sito etc.).

Como características do discurso, podemos listar:


• representação de diferentes ideologias e formas de compreensão da reali-
dade;
• expressão de um conjunto de valores, princípios, práticas e signi�cados
transcendentes aos textos, que estão enquadrados em uma esfera de ati-
vidade social;
• fundamentação histórica, social e cultural, o que contribui para a de�ni-
ção do contexto.

Para que o conceito de discurso �que bem claro, e você possa entender sua re-
lação com a ideia de texto, assista ao vídeo a seguir:

Antes de passarmos ao próximo tópico, veri�que seu aprendizado, responden-


do à questão a seguir:

8. A técnica de parafrasagem na construção do


texto acadêmico
No discurso acadêmico, por expressar os valores e ideologias do meio cientí�-
co, as ideias defendidas pelos pesquisadores dialogam com as sustentadas an-
teriormente por outros pesquisadores, pois são base para pesquisas futuras.

Nesse sentido, a atribuição de autoria a essas ideias é imprescindível para que


sejam respeitadas quanto ao sentido original e não se incorra em plágio.
Nesse contexto, a técnica de parafrasagem é amplamente utilizada na cons-
trução de textos acadêmicos, que nos revelam resultados de pesquisas.

A paráfrase consiste na atividade de reformulação de partes ou da totalidade


do texto, pois é um mecanismo sintático que cria alternativas de expressão
para um mesmo conteúdo. Trocando em miúdos, trata-se da reescrita de um
texto, com a utilização de outras palavras, mas que mantém o mesmo sentido.

Em se tratando de um mecanismo sintático, isso corresponde a promover al-


terações nos enunciados, que podem ser feitas de várias e diferentes formas.

É bom lembrar que, ao adotar essa técnica de produção textual, não se devem acrescentar
dados complementares, justamente pensando na manutenção do sentido original. Isso tam-
bém se deve ao fato de que a paráfrase é um efeito ideológico de continuidade de pensa-
mento, fé ou procedimento estético.

O ato de parafrasear um enunciado com o intuito de manter a informação ini-


cial e os seus sentidos demanda certos cuidados. O autor/produtor do texto pa-
rafraseado deve cuidar para �ltrar ideias, intenções e sentimentos próprios,
dado que o discurso do autor/produtor do texto original não pode sofrer aba-
los.

Como já dito, deve-se lançar mão dessa estratégia de produção de texto para
não incorrer em plágio (a reprodução de cópias literais, sem a devida atribui-
ção de autoria, é considerada crime pelo Código Penal brasileiro). Contudo, na
paráfrase, há de se cuidar também para não distorcer a perspectiva do texto
original.

Como se percebe, a paráfrase não é só uma atividade de produção textual, mas


também de interpretação de texto. O autor/produtor precisa compreender o
texto original, a �m de parafraseá-lo de forma condizente.

A paráfrase tem especial destaque no contexto acadêmico, pelo fato de ser


usual nele a prática de uso de citações, que podem ser diretas (cópia literal,
com uso de aspas e identi�cação do autor), ou indiretas, que nada mais são do
que paráfrases, uma vez que são reescritas do texto original.

Citações indiretas (e, portanto, paráfrases) são adotadas na construção de va-


riados textos acadêmicos, e essa técnica de construção textual é utilizada em
resumos e resenhas.
Saiba mais sobre as diversas maneiras de realizar uma paráfra-
 se!

Para conhecer quais técnicas são utilizadas para parafrasear textos com
habilidade e con�ança, leia o capítulo 6, "A paráfrase" (páginas de 69 a
110), do livro Comunicação e expressão, de León et al. (2013), disponível
na Biblioteca Virtual Pearson.

9. O resumo como um gênero discursivo aca-


dêmico
No gênero resumo, há a apresentação concisa dos pontos relevantes de um
texto, para demonstrar apenas as ideias principais de um texto base. Nesse
sentido, o novo texto produzido apresenta-se de forma resumida, abreviada ou
sintetizada. O resultado corresponde a uma compilação de informações rele-
vantes de um texto original e não a uma cópia.

As �nalidades de elaboração de um resumo são apresentar uma síntese de


conteúdo e demonstrar a compreensão das ideias contidas no texto lido.

No tocante a estratégias gerais de elaboração, um resumo requer não só a ha-


bilidade de leitura, mas também de escrita, de síntese e de objetividade na pro-
dução textual.

É válido lembrar também que resumir não se trata de fazer uma seleção pes-
soal de informações que estão presentes em um texto, mas sim de apresentar
no novo texto as informações mais relevantes.

Para fazer um bom resumo, alguns procedimentos são centrais:

1. selecionar as ideias principais;


2. eliminar os elementos redundantes;
3. agrupar as ideias inter-relacionadas;
4. construir um novo texto cuja extensão seja um terço menor do que a do
texto original.
A seguir, estão expostas ideias importantes a serem consideradas na elabora-
ção de um resumo.

1. Apresente o assunto do texto lido.


2. Respeite a ordem das ideias.
3. Use sequências de frases concisas e objetivas.
4. Evite termos ou frases que não contenham informações relevantes.
5. Evite a transcrição literal de frases do texto original.
6. Aponte as conclusões do(s) autor(es) do texto original.
7. Evite o uso de adjetivos (que dão indícios de subjetividade do texto).
8. Não emita conclusões, julgamentos de valor, críticas ou comentários pes-
soais.

Essas diretrizes são válidas para a construção de resumos de textos gerais,


pois qualquer texto pode ser resumido. Porém, quando se trata de um resumo
que fará parte de um trabalho acadêmico (artigo cientí�co, monogra�a, traba-
lho de conclusão de curso, dissertação de mestrado ou tese de doutorado), há
elementos estruturais que diferem da do resumo de um texto comum. Para ve-
ri�car isso, vamos analisar o exemplo da Figura 5, adaptado de Ferreira (2011).

Figura 5 Exemplo de resumo que sintetiza o conteúdo de um texto acadêmico (artigo cientí�co) (https://slide-

player.com.br/slide/11896017).
O resumo é um texto utilizado para transmitir informações. Então, a tipologia
expositiva está presente nesse gênero textual, de modo que ela é a predomi-
nante (a que vai "ditar" sua estrutura). Também é possível reconhecer em re-
sumos alguns aspectos descritivos (quando são demonstrados dados relevan-
tes, características principais de determinados objetos, seres ou pensamentos
etc.), o que nos permite reconhecer também a tipologia descritiva como subsi-
diária ao gênero.

Trata-se de um texto relativamente fácil de ser feito, a depender da organiza-


ção e da extensão do texto original. Contudo, é sempre necessário colocar em
prática as estratégias de elaboração textual listadas, a �m de que possa domi-
nar na prática a técnica de elaboração de textos desse tipo.

Além disso, o resumo é ferramenta útil para estudo e memorização de textos


escritos ou falados. O desenvolvimento do hábito de sintetizar textos e/ou ca-
pítulos de livros, por exemplo, pode ser um modo e�caz para auxiliar os estu-
dos e otimizar o tempo dedicado a eles.

Antes de �nalizarmos este ciclo, assista ao vídeo a seguir, que vai se aprofun-
dar nos conceitos de paráfrase e resumo:

10. Considerações
Chegamos ao �nal deste ciclo! Nele nos dedicamos a compreender o conceito
de texto, o conjunto de fatores que lhe conferem textualidade, a importância
da coesão e da coerência na construção textual, a importância do contexto e
da ideia de discurso para a produção e compreensão do texto, a paráfrase co-
mo técnica de construção textual muito utilizada no discurso acadêmico e a
importância do gênero resumo nesse mesmo universo discursivo.
No próximo ciclo, vamos estudar mais sobre as nuances textuais e o estilo dis-
cursivo acadêmico em outro importante gênero próprio desse ambiente: a re-
senha. Para isso, discutiremos argumentação, aplicação de estratégias argu-
mentativas e uso de operadores argumentativos na tessitura do texto acadê-
mico, tendo em vista o planejamento, o esboço e a revisão do texto. Até lá!
(https://md.claretiano.edu.br/comlin-g00384-

dez-2022-grad-ead/)

Ciclo 3 – A Tipologia Argumentativa no Discurso


Acadêmico

Objetivos
• Entender a importância da tipologia argumentativa para a tessitura do
texto acadêmico.
• Conhecer os conceitos de argumentação, operador argumentativo e es-
tratégia argumentativa.
• Compreender o uso de operadores argumentativos que contribuem para
a aplicação de estratégias argumentativas.
• Identi�car as características do gênero resenha enquanto um texto aca-
dêmico.
• Compreender aspectos relevantes de planejamento, esboço e revisão co-
mo elementos importantes para a tessitura de textos.

Conteúdos
• A argumentação nos textos.
• Estratégias argumentativas e operadores argumentativos.
• O gênero resenha como texto acadêmico.
• Planejamento, esboço e revisão textual.

Problematização
A tipologia argumentativa é importante para a tessitura do discurso acadê-
mico? O que signi�ca argumentação? Há estratégias argumentativas que au-
xiliam a produção textual? O que são operadores argumentativos? Os opera-
dores argumentativos são importantes para a produção textual? O que é o gê-
nero resenha? Quais são as tipologias textuais presentes em uma resenha?
Como uma resenha é construída no ambiente acadêmico? O que signi�ca
planejamento textual? O que signi�ca fazer um esboço de texto? O que é revi-
são textual? Planejamento, esboço e revisão textuais são importantes para a
construção de textos coesos e coerentes?

1. Introdução
Nosso próximo foco de estudo será a argumentação, ferramenta-chave para
inúmeros gêneros textuais, especialmente no contexto acadêmico. Neste ciclo,
vamos investigar o conceito de argumentação e entender como redigir textos
argumentativos no universo acadêmico. Além disso, abordaremos como pla-
nejar e revisar textos para que �quem coesos e coerentes. Vamos lá!

2. Argumentação: o que é isso?


Como estudamos até agora, o ato de escrita no contexto universitário envolve
a produção de textos adequados ao gênero discursivo acadêmico. É possível
a�rmar que esse ato se refere à arte de dar vida às palavras pensadas e articu-
ladas. Nesse sentido, trata-se de �xar, na escrita, metaforicamente falando,
aquilo que se tenta "pegar no ar", mas que muitas vezes "foge e escapa", o que
torna esse ato laborioso e que requer de nós estudo para reconhecimento de
técnicas que auxiliarão esse processo de escrita.

Comunicar nos leva à ideia de tornar comuns pensamentos e ideias, ou seja,


aquilo que deseja ser transmitido a outrem, no entanto, o ato comunicativo
não se resume a isso. A comunicação vai além da transmissão de mensagens
e busca alcançar outros objetivos, tais como dar uma ordem, expressar senti-
mentos, fazer um pedido, exercer um tipo de in�uência ou convencer alguém
a fazer algo. Desse modo, a comunicação, em determinado momento, causará
in�uências no receptor, sendo assim utilizada como modo de exercer uma
ação sobre o outro. Ao investigarmos essa faceta comunicativa, falamos em
.

Argumentação é um recurso utilizado pelo emissor para convencer o receptor.


Assim, o primeiro exerce uma ação sobre o segundo com o intuito de o fazer
mudar de opinião ou ter seu comportamento alterado, por exemplo. Koch
(1993, p. 59) ressalta que a argumentação se con�gura como uma atividade
que estrutura o discurso, uma vez que marca as possibilidades de sua constru-
ção, bem como assegura sua continuidade. Por isso, é responsável pelos enca-
deamentos discursivos, de modo a articular (fazer com que tenham relação)
enunciados e parágrafos. Sendo assim, o discurso é progredido pelas articula-
ções da argumentação. A argumentação provém do raciocínio lógico, na me-
dida em que o autor mostra ao receptor seu pensamento em uma opinião
construída progressivamente.

Pode-se dizer, conforme Abreu (2001, p. 93), que argumentar signi�ca conven-
cer, isto é, vencer junto, vencer com o outro, caminhar ao seu lado. Para isso,
são utilizadas técnicas argumentativas com ética. Trata-se de motivar o outro
a fazer o que se quer, porém deixando-o fazer isso com autonomia, por meio de
sua própria escolha.

Vigner (1988) expõe que o ato de argumentar provém do conjunto de procedi-


mentos linguísticos utilizados no nível do discurso para que uma a�rmação
seja sustentada, uma adesão seja obtida ou uma tomada de posição seja justi�-
cada.

Percebe-se que tais elementos fazem parte do texto acadêmico, que tem por
objetivos sustentar uma a�rmação, obter uma adesão ao discurso e justi�car
uma tomada de posição. O texto acadêmico, assim como outros gêneros textu-
ais, tem por objetivo o convencimento de seu ouvinte/leitor, e é preciso que o
emissor esteja pautado em um ponto de vista central que se pretende veicular
e de cuja validade se pretende convencer esse leitor.

Esse ponto de vista central, a a�rmação que o autor apresenta para a aprova-
ção do leitor, é denominado . Ela será exposta/sustentada por meio de
, que são os dados ou fatos apresentados para comprová-la.

Para entender mais sobre argumentação e persuasão, assista ao vídeo a se-


guir:
Após essa investigação conceitual, é importante que você veri�que seu enten-
dimento, respondendo à questão a seguir.

3. A construção do texto argumentativo: estra-


tégias e operadores argumentativos
Sendo a base do texto argumentativo a defesa de uma tese – o que é possível
por meio de argumentos e explicações consistentes –, a construção desse tex-
to requer o uso de operadores argumentativos para unir suas diferentes partes
e, assim, contribuir para a articulação das ideias.

Os argumentos compõem uma argumentação e têm a �nalidade de funda-


mentar um ponto de vista. Além disso, a argumentação é formada pelos racio-
cínios que relacionam os argumentos ao ponto de vista, encadeando-os entre
si. Dessarte, é mister que a argumentação e o raciocínio estabelecido nela se-
jam claros. Para ser assim considerados, as relações propostas precisam �car
evidentes, a �m de tornar a argumentação coerente (que não apresenta con-
tradições entre o ponto e os argumentos) e consecutiva (os argumentos devem
ser ordenados, com encadeamento adequado, a �m de conduzir a discussão e
levar o leitor a perceber relações de maior ou menor relevância entre esses ar-
gumentos).

Para alcançar esses objetivos, lança-se mão de


(ou marcadores do discurso), isto é, elementos linguísticos que buscam orien-
tar a sequência do discurso, pois eles determinam os encadeamentos possí-
veis com outros enunciados capazes de continuá-lo. Tratam-se de marcas lin-
guísticas importantes da argumentação, e podem ser advérbios e locuções ad-
verbiais, preposições e locuções prepositivas, conjunções e locuções conjunti-
vas. A elaboração de um bom discurso, organizado e coeso, requer o uso des-
ses operadores, que estão dispostos no Quadro 1.

Exempli�cação Por exemplo, exempli�cando, isto é, tal como, em ou-


tras palavras, em particular.

Contraste/oposição Mas, entretanto, porém, contudo, no entanto, pelo


contrário, por outro lado, ao invés de, todavia.

Comparação Da mesma maneira, da mesma forma, como, similar-


mente, correspondentemente.

Adição de ideias E, também, em adição a, além de, além do mais, além


disso, ou.

Enumeração Primeiro e primeiramente, segundo e segundamente;


a), b), c); 1), 2), 3) etc.; um, dois, três; para começar, em
seguida; primeiro de tudo, depois; antes de tudo.

Causa e consequência Então, assim, consequentemente, de acordo com, co-


mo resultado, por esta razão.

Concessão Embora, apesar de que, ainda que, por mais que, se


bem que.

: adaptado de Haun (2012).

Como dito, os operadores argumentativos auxiliam e organizam a apresenta-


ção de argumentos ao longo do desenvolvimento do texto, mas, apesar de seu
papel fundamental no processo de argumentação, não devem ser confundidos
com os argumentos em si, que são as ideias lógicas, relacionadas entre si e
utilizadas para esclarecer, por exemplo, determinada situação ou dúvida. Os
operadores argumentativos são que propiciam a cons-
trução de argumentos, colaborando para traçar um posicionamento sobre o
problema que se discute.

Cabe tratarmos também das chamadas , mecanis-


mos fundamentais para a redação de um texto argumentativo, cujo objetivo é
apresentar e defender um posicionamento crítico. São recursos que dizem res-
peito às formas como os argumentos podem ser apresentados dentro do texto,
a depender das intenções do autor. Para perceber como elas funcionam, leia as
duas frases a seguir e compare as diferenças de sentido (o que podemos cha-
mar também de sentido argumentativo).

Em ambas as frases vemos o uso do operador argumentativo "mas", que une


duas ideias opostas: a de que alguém �cou linda em um vestido e a de que ele
é muito caro. Contudo, o modo como foram apresentadas faz com que essas
ideias adquiram valores diferentes quando unidas pelo operador argumentati-
vo. No primeiro caso, percebemos um argumento que sustenta a tese de que
não se deve comprar o vestido, pois, mesmo que tenha �cado lindo nela, é
muito caro; já no segundo, temos o oposto: sustenta-se a tese de que se deve
comprá-lo porque, mesmo sendo caro, ela �cou linda no vestido. Por isso, o
modo como o autor constrói as frases e dá vida aos argumentos determina os
sentidos argumentativos, que podem ser favoráveis ou desfavoráveis a deter-
minados pontos de vista.

Essas estratégias também se relacionam com os tipos de argumentos que po-


dem ser utilizados em textos, a �m de se validar a tese defendida. Vejamos os
principais tipos a seguir.

Argumento de autoridade
Esse tipo de argumento é utilizado para sustentar a conclusão a partir da cita-
ção de uma fonte con�ável (um especialista no assunto, dados de uma insti-
tuição de pesquisa, frase dita por alguém in�uente e que é realmente uma au-
toridade no assunto abordado), uma vez que isso auxilia e deixa a tese mais
consistente.

A frase citada aparece sempre entre aspas. Por exemplo:

• Nos últimos anos, o cinema nacional conquistou qualidade e faturamento


nunca antes vistos. "Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça", famosa
frase-conceito do diretor Glauber Rocha, se tornou uma fórmula e�ciente
para explicar os R$ 130 milhões faturados pelo cinema no ano passado.

Argumento por causa e consequência


Por esse argumento, a tese é comprovada por uma demonstração de relação
de causa (os motivos, porquês) e consequência (os efeitos). Por exemplo:

• Em um congestionamento em São Paulo, daqueles em que o automóvel


não se move nem mesmo quando o sinal está verde, o indivíduo se deses-
pera e sabe que, por trás de sua irritação crônica e cotidiana, está uma
monumental ignorância histórica. Esse caos em São Paulo somente
acontece porque um seleto grupo de dirigentes decidiu, no início do sécu-
lo, que não deveríamos ter metrô. Diante do crescimento diário do número
de veículos, a tendência é piorar ainda mais o congestionamento, o que
leva técnicos a preverem como inevitável a implantação de perigos.

Argumento de exempli�cação ou ilustração


Tipo de argumento baseado num pequeno relato real ou �ctício. Esse recurso é
muito usado quando se defende uma tese muito teórica e o argumento pode
oferecer elementos com dados mais concretos. Por exemplo:

• Os brasileiros têm sido condescendentes com a corrupção e com ela con-


vivido, o que não é propriamente algo que indica uma qualidade de nosso
caráter. Conviver e condescender com a corrupção não é, no entanto,
praticá-la, como queria um líder empresarial que assegurava sermos to-
dos corruptos. Somos mesmo? Ao olhar rapidamente para nossas práti-
cas cotidianas, percebe-se a amplitude e a profundidade da corrupção em
várias intensidades. Há uma pequena corrupção, cotidiana e bem difun-
dida. Um exemplo é o caso de um policial que entra na padaria do bairro
em que faz ronda e toma um cafezinho de graça, em troca de proteção ex-
tra ao estabelecimento comercial.

Argumento de provas concretas ou princípio


Quando argumentos de provas concretas ou de princípio são apresentados,
busca-se evidenciar a tese por meio de informações concretas, que foram ex-
traídas da realidade. Podem ser usados dados estatísticos, provindos de insti-
tutos �dedignos, ou fatos notórios (que são de domínio público). Constituem-
se em expedientes e�cientes, pois, diante deles, não há o que questionar. Por
exemplo:

• Em nosso país, a dimensão que os homicídios assumem tem se tornado


muito grave. Conforme dados recentes que o IBGE divulgou, a taxa mais
que dobrou ao longo dos últimos anos, atingindo a absurda cifra anual de
27 mil habitantes. O índice sobe a incríveis 95,6 por mil habitantes entre
homens jovens (de 15 a 24 anos).

Argumento por analogia


Um argumento por analogia é baseado no estabelecimento de uma relação de
semelhança entre coisas ou fatos distintos, ou seja, trata-se de um argumento
que estabelece a pressuposição de que algo deve ser tratado de maneira igual
à adotada no caso que está servindo de comparação. Por exemplo:

• Atualmente, o quadro de violência no Brasil é semelhante ao de uma noi-


va abandonada no altar: perdida, sem saber aonde ir, de onde veio, nem
aonde quer chegar. A questão que paira no ar é: essa noiva deixada no al-
tar, que são todos os brasileiros, encontrará novamente um parceiro, isto
é, uma saída para o problema?

Após conhecer os diversos tipos de argumentos, veri�que seu aprendizado,


respondendo à questão a seguir:

A boa argumentação é exposta em um texto, quando são usados tais recursos


e elementos linguísticos, de modo a organizar bem o texto argumentativo e o
tornar convincente. Quando se trata de organização textual, é preciso também
considerar uma ordem estrutural, que basicamente segue a mesma disposição
em variados gêneros textuais que se pautam pela tipologia argumentativa. No
geral, o texto argumentativo tem a seguinte organização textual:

• : expõe-se e problematiza-se o tema;


• : realiza-se a fundamentação, a defesa, ou seja, a argu-
mentação em favor da tese;
• : realiza-se o balanço da discussão construída ao longo do tex-
to.

Como se pode notar a partir dessa divisão textual, o desenvolvimento é o re-


presentante maior da principal função do texto argumentativo, visto que a
maior parte da argumentação se concentra ali.

Em seguida, veremos um exemplo de texto argumentativo que está pautado


nessa organização, e que nos servirá para entender melhor, como um todo, os
textos do gênero discursivo acadêmico – tais como artigos acadêmicos, traba-
lhos de conclusão de concurso, dissertações e teses –, uma vez que eles tam-
bém se pautam nessa mesma estruturação, além de requererem a proposição
de argumentos para comprovar um assunto ou defender uma tese.

4. A resenha: uma porta que adentra os textos


acadêmicos
A resenha é um texto que resume uma obra analisada, e o leitor manifesta sua
opinião a partir dessa análise. Por isso, há comentários e julgamentos de valor,
além de comparações com outras obras.

Resenhar, nesse sentido, signi�ca estabelecer relações entre as propriedades


de um objeto, elencar aspectos relevantes, descrever quais circunstâncias en-
volvem determinado objeto.

No meio acadêmico, a resenha é utilizada para avaliar (elogiar ou criticar) o


resultado de uma produção intelectual em uma área do saber. Pode ser publi-
cada em periódicos cientí�cos, em uma seção diferente daquela em que apare-
cem os artigos. A depender de sua �nalidade, selecionam-se aspectos relevan-
tes para serem expostos na resenha (o que corresponde a sintetizar/resumir
os pontos mais importantes para serem demonstrados).

. Enquanto o resumo é utilizado para expor informações e descrever aspec-


tos de um objeto, a resenha, por sua vez, não só faz isso, mas também apresen-
ta um posicionamento crítico a respeito do assunto exposto. Por isso, podemos
dizer que a resenha "contém" um resumo, acrescido de um posicionamento
crítico.

A resenha apresenta a seguinte estrutura:

• : resumo das ideias mais relevantes, com apresentação do as-


sunto principal (tese) e a exposição do problema;
• : exposição de argumentos que comprovam o posiciona-
mento do autor diante do problema exposto;
• : demonstração da análise crítica, com a comprovação (ou não)
da tese defendida, evidenciando, por exemplo, a importância do assunto
discutido no texto.

Essa estrutura comporta a descrição, análise e demonstração de posiciona-


mento crítico em relação a uma obra, ou a mais de uma, caso em que é chama-
da de , frequentemente solicitada no Ensino Superior em di-
versas áreas do conhecimento, porque permite o aprofundamento de um tema,
a partir da concatenação de textos distintos e de diferentes teóricos. Esse prin-
cípio é aplicado quando pesquisas cientí�cas são feitas e textos são produzi-
dos para registrá-las. É o que se faz em textos como artigos acadêmicos, traba-
lhos de conclusão de curso, dissertações e teses.

Vale ressaltar que, por serem textos acadêmicos que resultam de pesquisas ci-
entí�cas, as resenhas baseadas em um referencial teórico não podem apre-
sentar julgamentos pessoais do resenhista, tampouco digressões que apenas
servem para a�rmar as próprias concepções sobre o assunto, mas que pouco
esclarecem o conteúdo tratado. Elas devem atender então ao critério da cienti-
�cidade, de modo que gostos pessoais não devem sustentar a avaliação crítica
sobre determinado assunto.

A resenha temática apresenta as seguintes etapas:

1. título da resenha;
2. contextualização do tema;
3. exposição das ideias centrais dos textos resenhados;
4. avaliação crítica do tema apresentado, dos resultados e das con�rmações
relativas a um contexto teórico ou prático (por exemplo, implicações de
nível pedagógico, teórico, econômico, social etc.);
5. referência dos textos resenhados.

É importante salientar que saber usar bem os recursos argumentativos de-


monstra que o produtor do texto possui um repertório sociocultural, utilizado
e relacionado por ele na defesa da tese sustentada.

Antes de passarmos ao próximo tópico, veri�que seu aprendizado sobre as re-


senhas, respondendo à questão a seguir:

5. Planejamento, esboço e revisão textuais: re-


cursos importantes para construir textos coe-
sos e coerentes
No tópico anterior, falamos sobre o gênero resenha e vimos sua estrutura, que
se divide em introdução, desenvolvimento e conclusão, pois o autor deve inse-
rir em cada uma dessas partes as informações necessárias e que sejam ade-
quadas.

Com isso em mente, passaremos a abordar como lidar com a confecção des-
sas partes do texto. Se há uma estrutura a ser seguida, ela deve ser respeitada,
a �m de que o texto seja coeso e coerente. Por isso, o ato de escrita não pode
nem deve ser feito de modo aleatório: é preciso planejar um texto antes de o
escrever.

Tomando por base o signi�cado apresentado pelo Dicionário Priberam (s. d., n.
p.), o termo "planejamento" é um substantivo masculino que quer dizer "(1) ato
ou efeito de planejar, (2) plano de trabalho pormenorizado e (3) serviço de pre-
paração do trabalho ou das tarefas". Sendo assim, o ato de planejar um texto
corresponde ao processo de re�exão anterior à escrita, ao qual devemos dar
importância. Antes de iniciar a redação de um texto, temos de pensar em seu
contexto de circulação, na imagem que pretendemos passar com o texto, bem
como no público-alvo. Então, durante esse processo, devemos re�etir e res-
ponder a estes questionamentos fundamentais:
1. O que é preciso dizer exatamente?
2. Como as informações que precisam ser ditas devem ser organizadas?
3. O texto a ser escrito é próprio a que gênero?
4. Quais são as principais características desse gênero de texto que precisa
ser escrito e que devem ser atendidas?
5. Há sequências textuais relativas à argumentação, exposição, descrição e
narração nesse texto e que devem ser usadas nele?

David e Plane (1996) e Plane (1994) declaram que o planejamento é o momento


de buscar as ideias para a escrita, além de organizá-las, procurar pensar no
conhecimento que o leitor já detém a respeito do assunto, para, após isso, orga-
nizar o texto. Nesse sentido, esse processo se constitui de duas etapas que se
sobrepõem muitas vezes:

• a recuperação das ideias, seja pela memória, seja pelo contexto, seja pela
leitura de textos em busca de informações necessárias;
• a organização dessas ideias levantadas.

Os autores ainda a�rmam que um texto será mais bem compreendido confor-
me as ideias acrescidas ali forem bem organizadas e que tal organização re�e-
te o domínio do autor sobre o assunto exposto.

O processo de planejamento é, portanto, uma etapa preliminar. Nele também é


necessário selecionar informações possíveis sobre seu público-alvo, uma vez
que o conhecimento de quem é o possível leitor auxilia na criação de um texto
mais apropriado. Ao saber que conhecimento tem seu leitor, além de sua faixa
etária, seus interesses, suas ideologias etc., consegue-se escrever o texto como
se feito sob medida para o leitor que ele selecionou, contemplando exatamente
o nível e a quantidade de informações que atenderão aos interesses do leitor, o
que re�ete na sua aceitabilidade do texto.

É importante ressaltar que a obtenção das informações necessárias provém


de leitura e pesquisa em textos que abordem o mesmo assunto, pois é preciso
selecionar várias informações para que se possa usá-las.

Após isso, poderá passar à organização das ideias e, consequentemente, ao ato


de produção propriamente dito. Nesse momento, pode valer-se de um esboço,
isto é, tomar nota das informações em tópicos para que consiga visualizar as
possíveis relações entre elas e perceber como pode ordená-las da melhor for-
ma.

Trocando em miúdos, os questionamentos presentes no Quadro 2, a seguir,


correspondem à etapa de planejamento e de esboço textual, pois podem ser
respondidos pelo(a) produtor(a). Essas respostas servirão como guia ou roteiro
de escrita, em se tratando de textos relativos à tipologia argumentativa.
Con�ra:

Questões centrais para o planejamento textual.

Introdução O que eu penso sobre o assunto?

Desenvolvimento Como posso provar o que penso?


Quais são as causas do assunto?
Quais são as consequências do assunto?
Como isso pode acontecer?
Como é possível lidar com o assunto?

Conclusão Que lição pode ser tirada do assunto?

: elaborado pela autora.

Vale lembrar que, embora as perguntas estejam na primeira pessoa do singu-


lar, você deve transpor sua escrita para a impessoalidade e para a objetividade
próprias à maioria dos textos argumentativos.

Antes de encerrarmos esta ciclo, assista ao vídeo a seguir, que retoma e apro-
funda os temas principais abordados até agora.
6. Considerações
Neste ciclo, compreendemos o que é argumentação, em que consiste argu-
mentar e como fazer isso em textos argumentativos típicos do meio acadêmi-
co, que seguem uma estrutura básica e adequada à coesão e à coerência.

Vimos também que, considerando essa estrutura textual, não basta escrever
textos de qualquer modo: é preciso planejá-los de modo acurado, além de
revisá-los, certi�cando-se de que não há erros ou pontos que prejudiquem a
leitura e a compreensão.

No próximo ciclo, vamos conversar mais a respeito da leitura, da compreensão


e da interpretação de textos, que requerem a aplicação de estratégias para que
possam ser executadas de modo e�ciente. Assim, você vai conhecer como re-
alizar bem a leitura de textos verbais, não verbais e sincréticos. Até lá!
(https://md.claretiano.edu.br/comlin-g00384-

dez-2022-grad-ead/)

Ciclo 4 – Leitura Interpretativa, Analítica e Crítica

Objetivos
• Compreender o conceito de interpretação de texto.
• Entender a importância da compreensão textual no processo interpreta-
tivo.
• Conhecer os conceitos de leitura de fruição e leitura para �ns didáticos.
• Dominar estratégias de leitura que promovam uma interpretação de tex-
to mais e�caz.

Conteúdos
• Leitura de fruição e leitura para �ns didáticos.
• Signi�cado de compreensão textual.
• Signi�cado de interpretação textual.
• Aplicação de estratégias na leitura para �ns didáticos.
• Compreensão e interpretação de textos não verbais.

Problematização
O que é leitura? O que é uma leitura de fruição? O que é uma leitura para �ns
didáticos? O que é compreensão textual? O que é interpretação textual? Há
estratégias de leitura que podem ser aplicadas para conseguir compreender
bem e interpretar melhor os textos? Quais são essas estratégias e no que con-
siste cada uma delas? Como proceder a leitura de textos não verbais para que
possam ser mais bem compreendidos e interpretados?
1. Introdução
Após nossos estudos em ciclos anteriores terem se voltado a importantes as-
pectos da comunicação e do uso da linguagem, com a �nalidade de produção
textual, chegou a hora de pensarmos na outra parte fundamental do ato da co-
municação: a recepção. Em nosso caso, isso signi�ca a leitura de textos. A vi-
da sem leitura é vida sem signi�cado e sem aquisição de conhecimentos. Por
isso, este ciclo de estudos está organizado para que abordemos os conceitos de
leitura, compreensão e interpretação de textos, e investiguemos estratégias
que podem ser utilizadas para ler de modo mais e�ciente.

Vamos lá! Bons estudos!

2. A leitura e suas �nalidades


Leitura é o ato ou o hábito de ler e provém do termo latino "lectura", que signi-
�ca "eleição, escolha, leitura", conforme consta no Dicionário Priberam (s. d., n.
p.). O mesmo dicionário apresenta, dentre variadas de�nições para o termo,
outras duas acepções: leitura é o conjunto de conhecimentos adquiridos com o
que se lê; e o modo de interpretar um conjunto de informações.

A leitura se refere ao processo de compreensão de expressões formais e sim-


bólicas. Cosson (2014, p. 36) relata o seguinte sobre esse conceito:

[...] ler consiste em produzir sentidos por meio de um diálogo, um diálogo que tra-
vamos com o passado enquanto experiência do outro, experiência que comparti-
lhamos e pela qual nos inserimos em determinada comunidade de leitores.
Entendida dessa forma, a leitura é uma competência individual e social, um pro-
cesso de produção de sentidos que envolve quatro elementos: o leitor, o autor, o tex-
to e o contexto.

Cosson (2014, p. 39) evidencia a necessidade de combinar esses quatro ele-


mentos como um processo único e contínuo no processo de leitura, e apresen-
ta também a posição que eles ocupam nesse processo. Tradicionalmente, a
leitura se inicia com o autor, quando expressa algo em um texto a ser assimi-
lado pelo leitor, sob certas circunstâncias (contexto). Portanto, nessa concep-
ção, ler quer dizer buscar o que o autor diz (COSSON, 2014, p. 37).

Con�ra a Figura 1, a partir da qual podemos pensar com mais clareza como
considerar os quatro elementos envolvidos na produção de sentido, ou seja,
como buscar o que o autor diz, o que compreender e como interpretar isso.

Figura 1 Exemplo para exercitar o ato de compreender e interpretar (https://br.pinterest.com

/pin/536702480573912328/).

Diante disso, podemos concluir que o processo de leitura implica a compreen-


são e a interpretação do que está no texto, visto que não há como interpretar
algo sem compreender os signi�cados subjacentes ao texto.

O Dicionário Priberam (s. d., n. p.) fornece concepções para "compreensão" e


"interpretação". A primeira é a faculdade de compreender, que, por sua vez,
corresponde a entender, notar, perceber, alcançar com a inteligência.
Entender, então, corresponde a se apossar do sentido de algo que ouvimos ou
que lemos. Já interpretação quer dizer explicação ou sentido em que se toma o
que se ouve ou o que se lê e que se julga verdadeiro.

Assim, percebemos que, ao lermos algo, processamos a compreensão, como se


captássemos o que o autor redigiu no texto. Somente após isso, há condições
de interpretar o que está ali, isto é, explicar com nossas próprias palavras o
que foi escrito pelo autor e os possíveis sentidos que podem ser atribuídos ao
texto lido.

Dessa maneira, convém ressaltar que, embora o leitor tenha possibilidade de


atribuir mais de um sentido ao texto lido, há limites para essa interpretação,
pois não há como cada ser ter uma interpretação sobre o que foi escrito. A in-
terpretação precisa ser válida, de modo que o leitor deve conseguir justi�car,
com elementos do texto, por que teve determinado entendimento.

Para entender melhor o tema da compreensão e interpretação do texto, assista


ao vídeo a seguir:

Esses conceitos são importantes para que possamos compreender o que é lei-
tura de fruição e leitura para �ns didáticos, tema de nosso próximo tópico.
Antes de passarmos a ele, é importante veri�car seu aprendizado, responden-
do às questões a seguir:

3. Leitura de fruição e leitura para �ns de estu-


do
A leitura não é um processo que deve ser feito sem atenção, isto é, ler não é
"passar os olhos" pelas palavras. Por isso, é preciso saber como proceder uma
leitura atenta, e que também possa ser feita de modo e�caz, a �m de otimizar o
tempo e a compreensão. Nem toda leitura é igual; os objetivos pretendidos no
ato da leitura acabam por caracterizar processos distintos.

A é aquela ligada ao prazer de um texto, a leitura como uma


experiência estética, artística, pessoal ou coletiva. Em outras palavras, é aque-
la leitura de assunto ou de um tema que nos despertou a atenção, cujo objetivo
é buscar saber o que está contido naquele texto. Então, diante dessa busca,
sente-se um prazer com a descoberta.

Já a pode ser entendida como aquela cujos �ns são


o estudo, feita em ambientes escolares, tal como o acadêmico. Nesse caso,
buscam-se informações para que aconteça a construção de conhecimentos.

Enquanto a leitura por fruição pode ser compreendida como aquela relaciona-
da à diversão, a leitura para �ns de estudo tem outros propósitos. Ela pode
acontecer no ambiente educacional ou outros contextos, como o trabalho, e há
a indicação de uma bibliogra�a a ser lida, ou a própria pessoa precisa buscar
por si só o que ler, visto que está em busca de informações.

Percebe-se que, em ambos os casos, há sempre um objetivo para a leitura, o


que nos leva a adotar estratégias de leitura especí�cas, a �m de compreender
e interpretar o que lemos.

Entenda melhor as características e diferenças das leituras de


 fruição e para �ns didáticos!

Quer saber mais sobre este assunto? Leia os capítulos 4, "A leitura no dia
a dia" (páginas de 105 a 129), e 6, "Leitura para �ns de estudo" (páginas de
169 a 194), do livro Comunicação e linguagem, de Thelma Guimarães
(2012), disponível na Biblioteca Virtual Pearson.

4. Estratégias para uma leitura mais e�caz


Atualmente, a leitura é compreendida como o ato de interação autor-texto-
leitor. É no texto que o autor deixa pistas e sinalizações para transmitir os sen-
tidos que deseja, cabendo ao leitor a reconstrução desses sentidos. Sendo as-
sim, a responsabilidade pela compreensão do texto não cabe somente ao au-
tor, tampouco somente ao leitor – ela é compartilhada por ambos!

Por conseguinte, interpretação de texto se refere ao processo de localizar pis-


tas e sinais deixados no texto pelo autor e atribuir-lhes signi�cados. Durante
esse processo, o leitor se vale de certas operações mentais que são denomina-
das .

Vários estudiosos tentaram delimitar com clareza essas estratégias, porém,


como elas dependem umas das outras e são utilizadas praticamente ao mes-
mo tempo, não há como classi�cá-las e de�ni-las em isolamento. Apesar dis-
so, para efeitos didáticos, abordaremos as mais importantes estratégias detec-
tadas pelos estudiosos.

Estabelecimento de objetivos
Nenhuma leitura, seja por fruição, seja para �ns de estudo, se inicia sem que
tenha um objetivo, visto que, quando não temos objetivos de leitura, não sabe-
mos que tipo de informação buscar. Nesse sentido, ter objetivos traçados, por
si mesmo ou por outrem, é importantíssimo para que uma leitura seja execu-
tada.

Além disso, o estabelecimento de objetivos é primordial para os estudantes, a


�m de que leiam com mais e�ciência artigos, ensaios e outros textos acadêmi-
cos. São essas produções que trarão as informações necessárias para a cons-
trução de conhecimento e que permitirão a eles, assim, produzir seus próprios
resumos, resenhas, monogra�as etc. E, ao terem claramente a de�nição do que
é preciso buscar, será bem mais fácil achar e compreender as informações.

Seleção
Trata-se aqui de separar trechos de um texto que mais interessam daqueles
que não necessitam de tanta atenção ou podem ser descartados.
Essa estratégia está intimamente ligada ao estabelecimento de objetivos, visto
que, se sabemos quais informações devemos buscar, conseguimos selecionar
as informações que são relevantes.

No processo de seleção, há duas estratégias auxiliares de leitura rápida, co-


nhecidas por expressões na língua inglesa:

• scanning: consiste em "varrer" o texto em busca da informação que inte-


ressa (tal como um detector de metais faz uma "varredura" para buscar
objetos metálicos em bolsas ou em corpos humanos); vemos esse proces-
so em ação, por exemplo, ao ir à seção de horóscopo do jornal, "passar" os
olhos rapidamente pela página até encontrar o signo de preferência;
• skimming: envolve "�ltrar" algo do texto lido ou coletar informações su-
per�ciais; ocorre, por exemplo, quando se abre um site de notícias da in-
ternet, e se podem examinar manchetes, fotos, legendas e, então, decidir
quais matérias vale a pena ler.

Antecipação
Como o próprio termo já sugere, trata-se do processo de antecipar algumas in-
formações na mente, formulando hipóteses para que possa reconhecer, no
texto lido, as "pistas" deixadas pelo autor.

Pode-se pensar nestas perguntas para formular hipóteses e checar suas res-
postas ao longo da leitura:

1. Onde o texto está veiculado?


2. Há imagens e outros elementos grá�cos?
3. Quem é o autor do texto?
4. Há informações de datas e/ou lugares?
5. A que gênero textual o texto pertence?

Inferência
Inferência é uma estratégia de leitura que consiste em recuperar os elementos
implícitos em um texto, por meio de dedução ou conclusão.
Um autor não pode explicitar tudo em um texto, deve fazer um balanceamento
de dados explícitos e implícitos, estimar precisamente até que ponto o leitor
está apto a realizar inferências, ou seja, reconhecer os elementos implícitos do
texto.

Veri�cação
A veri�cação não se refere apenas à parte �nal da leitura, pois ela participa de
todo o processo. O leitor a executa com o objetivo de checar se fez a seleção
corretamente, se as hipóteses que formulou e se as inferências realizadas são
adequadas. A leitura não requer uma postura in�exível, dado que, a todo mo-
mento, é preciso monitorar o que está sendo lido.

Ativação do conhecimento prévio


O reconhecimento de implícitos pelo leitor está intimamente ligado a outra es-
tratégia de leitura: ativação do conhecimento prévio.

Conhecimentos prévios são aqueles adquiridos ao longo da vida e que são ati-
vados no ato da leitura, pois são necessários para colocar em prática as outras
estratégias.

Além disso, estão em jogo, nesse processo, os conhecimentos de mundo (ou


conhecimento enciclopédico), que abrangem o que o leitor sabe sobre conheci-
mentos gerais (Ciências, Matemática, Música, Literatura, línguas estrangeiras,
Teatro etc.), en�m, a cultura geral. Por isso, quanto mais se tem conhecimento
enciclopédico (que é adquirido por leituras prévias), mais fácil é a compreen-
são de um texto.

São importantes também os conhecimentos linguísticos, que concernem o


que se sabe sobre a língua, as palavras que se conhece e, caso alguma seja
desconhecida, a capacidade de reconhecê-la a partir do conhecimento grama-
tical. Por isso, quanto mais palavras conhecemos, mais fácil também é a com-
preensão do que lemos. Por �m, o conhecimento da gramática de uma língua
também nos auxilia na compreensão textual.
A leitura é central para o ser humano, e saber como realizá-la adequadamente
permite a compreensão e a interpretação de textos e�cazes, essencial nesse
processo. As estratégias que apontamos são fundamentais na leitura de textos
verbais, mas será que elas são válidas igualmente em casos de comunicação
com linguagem não verbal ou mista? Para responder a essa questão e enten-
der melhor como ler textos sincréticos, assista ao vídeo a seguir:

Antes de encerrarmos este ciclo, tente responder às questões a seguir e veri�-


que seu aprendizado.

Antes de �nalizarmos este ciclo, assista ao vídeo a seguir, que aborda estraté-
gias de leitura:

5. Considerações
Neste ciclo, tratamos sobre como ler, compreender e interpretar bem textos
verbais, não verbais e sincréticos, por meio da aplicação de estratégias que
propiciam uma leitura mais e�ciente.

No próximo ciclo, vamos falar de alguns pontos gramaticais que são impor-
tantes para a construção textual, como uso da crase, concordância verbal e
nominal, uso de vírgulas e pontos, colocação de pronomes, bem como estrutu-
ração de frases em ordem direta, indireta e intercalada. Até lá!
(https://md.claretiano.edu.br/comlin-g00384-

dez-2022-grad-ead/)

Ciclo 5 – Aspectos Gramaticais Relevantes à Produção


Textual

Objetivos
• Entender o que é gramática e a importância de seu estudo para a ade-
quação de discurso ao universo acadêmico.
• Compreender como acontece a estruturação de frases na língua portu-
guesa.
• Conhecer alguns aspectos gramaticais relevantes à produção textual.
• Entender conceitos de concordância nominal e verbal, colocação prono-
minal, uso da crase e pontuação, e as relações desses conceitos com a
leitura, a interpretação e a produção textual.

Conteúdos
• A estruturação de frases: ordem direta, ordem indireta e ordem interca-
lada.
• Concordância verbal e nominal.
• Colocação pronominal.
• Crase.
• Pontuação: uso de vírgula, ponto e ponto e vírgula na construção de pa-
rágrafos.

Problematização
O que é gramática? Ela está relacionada à construção textual? É importante
conhecer aspectos gramaticais de uma língua e, desse modo, produzir textos
mais coesos e coerentes? O que signi�ca estruturação de frase? Como a frase
é estruturada nas ordens direta, indireta e intercalada? O que é concordância
verbal? Ela é importante para a compreensão de um texto? O que é concor-
dância nominal? Ela é importante para a compreensão de um texto? O que é
colocação pronominal? Ela se relaciona com a linguagem acadêmica? O que
é crase? A ausência ou presença do acento grave indicativo de crase na letra
“a” interfere na compreensão textual? A construção de um parágrafo requer o
uso de vírgula, ponto e vírgula e ponto? Como utilizar corretamente vírgula,
ponto e vírgula e ponto em parágrafos de textos?

Orientações para o estudo


Neste ciclo, vamos nos dedicar a alguns elementos gramaticais importantes
na elaboração de um texto. Eles serão familiares a você em alguma medida, e
é normal que restem dúvidas antes (e depois) dos estudos deste ciclo. A lín-
gua portuguesa é vasta, sempre há o que aprender e é impossível cobrir todos
os elementos em detalhe aqui. Por isso, recomendamos que você consulte
materiais extras sempre que precisar e tiver interesse. O aprendizado é um
processo que nunca se encerra, especialmente quando falamos de língua e
comunicação, fenômenos que estão sempre em mudança!

Além disso, não deixe de acessar nenhuma das indicações de outros materi-
ais, pois eles permitirão que você conheça em maior detalhe cada uma das
importantes regras gramaticais abordadas.

1. Introdução
Nos ciclos anteriores, entendemos conceitos importantes que auxiliam a com-
preensão de como o discurso acadêmico se con�gura, ou seja, como nos co-
municamos em textos acadêmicos e como a língua portuguesa é utilizada
nesses mesmos textos. Nesse sentido, é importante que compreendamos co-
mo redigir as frases componentes desses textos, de modo que atendam à cor-
reção gramatical. Por isso, neste último ciclo, estudaremos alguns aspectos
gramaticais relevantes à produção textual.

Agora, abordaremos como estruturar frases em diferentes ordens e com corre-


ção gramatical, pensando em concordância verbal e nominal, colocação pro-
nominal, uso da crase e de ponto, ponto e vírgula e vírgula, para que as frases
constituintes de um parágrafo �quem coesas e coerentes.

2. Por que estudar gramática?


Estudamos o que é texto, como precisa ser escrito considerando o contexto do
universo discursivo acadêmico, e como ler e interpretar textos de modo mais
e�ciente. Agora, passaremos a investigar uma nova questão: por que estudar
gramática?

Para respondermos a ela, tomamos por base que a gramática (ou norma-
padrão) contém as regras que os falantes precisam seguir para que a comuni-
cação não �que incompreensível. Ela tem como função regular a linguagem,
para que se torne padrão, e este é o que precisa ser seguido quando falamos e
escrevemos. É a gramática que nos apresenta estruturas e unidades que viabi-
lizam o bom uso da nossa língua portuguesa.

Dado que a língua é um organismo vivo, é natural que haja um distanciamen-


to entre o que as normas prescrevem e o que é utilizado de fato pelos falantes.
Trocando em miúdos, nem sempre nós escrevemos como falamos, e nem
sempre falamos como a gramática nos “manda” fazer.

Vimos que isso é admissível, em razão da variação linguística, e que, por conta
dela, há desvios em relação ao padrão. Além disso, falamos e escrevemos de
acordo com o grau de formalidade, em adequação à situação de comunicação.

Considerando o grau de formalidade do universo acadêmico, nossa fala e nos-


sa escrita precisam estar totalmente adequadas a essa norma padrão. Por con-
seguinte, temos de conhecer algumas regras importantes para que nosso dis-
curso (nossa fala e escrita) seja condizente com o esperado nesse universo,
visto que devemos adequar nossa fala e nossa escrita ao discurso acadêmico.
Só assim, faremos de fato parte desse mesmo universo!

3. A estruturação de frases: ordens direta, indi-


reta e intercalada
Uma vez que a gramática reúne regras para que a língua portuguesa tenha um
padrão de uso a todos, permitindo uma comunicação geral com e�ciência, ela
também institui um padrão para a construção de frases, e que também deve
ser seguido. Isso quer dizer que, quando vamos “montar” uma frase para dizer
algo a alguém, dizemos, por exemplo: “Eu estudei muito neste �m de semana”,
e não “Estudei �m de semana neste muito eu.”

A frase é um enunciado linguístico cuja estrutura vai nos apresentar de quem


ou de que se fala (sujeito), uma ação ou uma qualidade relativa a esse sujeito
(verbo) e o que se fala a respeito dessa ação ou dessa qualidade (objeto ou
complementos).

É esta a regra básica que a gramática prescreve para que todos os falantes da
língua portuguesa “montem” suas frases:

+ + COMPLEMENTOS

muito neste �m de semana.

Podemos perceber, então, que a língua portuguesa é considerada uma língua


O (sujeito + verbo + objeto ou complementos): o sujeito aparece primeiro; em
seguida, o verbo; e, por último, o objeto.

Então, a frase é um enunciado linguístico cuja estrutura vai nos apresentar de


quem ou de que se fala (sujeito), uma ação ou uma qualidade relativa a esse
sujeito (verbo) e o que se fala a respeito dessa ação ou dessa qualidade (objeto
– complementos).

Por isso, há diversos modos de organizar uma frase em nossa língua:

• : a ordem básica é seguida (SVO);


• : a ordem básica é invertida (OSV);
• : são inseridas informações entre sujeito e predicado.

A seguir, na Figura 1, vamos apresentar exemplos desses três modos de estru-


turação de frase, para entendermos, a partir de casos concretos, como funcio-
na a estruturação de frases em língua portuguesa segundo a gramática.
Assim, é possível também comparar as regras ao modo com o qual estamos
acostumados a falar em nosso cotidiano e, não só isso, também pensar em co-
mo adequar esse modo de falar à norma-padrão – um processo que denomi-
namos tomar consciência dessas regras, e que é muito importante, pois so-
mente assim um falante pode ter o domínio linguístico e exercer de modo e�-
ciente sua competência discursiva, isto é, saber como falar de acordo com ca-
da situação de comunicação em que estiver inserido.

: elaborada pela autora.

Figura 1 Modos de estruturação de frase.

Para encerrarmos nossa breve abordagem sobre estruturação de frases, assis-


ta ao vídeo a seguir:
Antes de passarmos ao próximo tópico, veri�que seu aprendizado até o mo-
mento, ao responder às questões a seguir:

4. Concordância
Parte essencial das regras gramaticais do português, e elemento em relação
ao qual se deve ter muito cuidado na elaboração de frases e textos, é a
. Em suma, trata-se de relações criadas entre diferentes palavras numa
mesma frase e que devem ser obedecidas para que a mensagem �que perfeita-
mente clara. Vejamos, a seguir, dois tipos de concordância: verbal e nominal.

Concordância verbal
Quando pensamos na estrutura de frase SVO, isso quer dizer que sujeito, verbo
e complementos vão se relacionar uns com os outros. Mas o que signi�ca is-
so?

Tomemos um exemplo: queremos falar algo sobre Pedrinho. Sendo assim, ele
éo da frase. E o que será falado sobre o Pedrinho? Ele fez algo? Ele está
sentindo algo? Tais informações são transmitidas com usos de diferentes ver-
bos. Nesse caso, sujeito e verbo vão se relacionar na frase, porque precisam
combinar para expressar de forma clara algo sobre o Pedrinho. Assim, sabe-
mos o que ocorreu e a quem essa ocorrência está ligada.

A frase sobre o Pedrinho pode ser assim:

à escola hoje.

+ + complementos
Agora, ao pensarmos que temos algo a dizer sobre Pedrinho e Maria, a frase
deve se modi�car, adequando à alteração no sujeito. Assim:

à escola hoje.

+ + complementos

Analisando as duas frases, vemos que, na primeira, o sujeito era esse


“Pedrinho”; já na segunda, “Maria e Pedrinho” são os elementos que constitu-
em o sujeito. “Pedrinho”, no primeiro caso, por estar no singular e representar
a terceira pessoa do singular, requer que o verbo a ele relacionado também es-
teja no singular (“foi”); no entanto, no caso da segunda frase, há mais um ele-
mento constituindo o sujeito: “Maria e Pedrinho”. Assim, não temos mais o
singular no sujeito e sim o plural (a ideia de mais de um), e o verbo deve obri-
gatoriamente combinar com essa ideia de plural. Os elementos “Maria e
Pedrinho” correspondem à terceira pessoa do plural, e, por conseguinte, o ver-
bo é conjugado também no plural (“foram”).

Isso é o que se chama , isto é, a necessidade de o verbo


conjugado concordar com o sujeito em número (singular ou plural) e pessoa
(1ª, 2ª ou 3ª pessoa).

Vale destacar que, quando o sujeito da frase não é mais um ser de quem se fa-
la, mas sim uma ideia, um objetivo, um pensamento, um valor, um produto,
uma mercadoria etc., o mesmo vai acontecer, pois precisamos manter essa re-
gra de concordância. Vejamos exemplos de uma frase no singular e da mesma
frase no plural; note como a concordância é mantida:

a convivência pací�ca.

+ + complementos

a convivência pací�ca.

+ + complementos
Em casos de sujeitos compostos por vários elementos, como os do exemplo
anterior, precisamos identi�car qual é o núcleo (o elemento que contém a ideia
em si), visto que é com ele que o verbo precisa concordar. Pense nisto: quais
palavras podem ser retiradas do sujeito, pois contêm “informações” ou “quali-
dades” acessórias? No caso do exemplo, podemos retirar as palavras “de nos-
sos problemas” e mantermos os elementos “a solução” e “as soluções” (como
se perguntássemos “do que se fala?” e respondêssemos “da solução”). Assim,
descobrimos o núcleo e conseguimos pensar em como manter a concordância
verbal.

Concordância nominal
Para entender a , vamos às frases a seguir:

• A menina bonita.
• O menino bonito.

Nelas vemos que a palavra “menina” combina corretamente com outras duas:
“a” e “bonita”. O mesmo acontece com a palavra “menino”, que combina com
“o” e “bonito”.

Na língua portuguesa, isso se chama concordância nominal, pois artigo, pro-


nome ou adjetivo precisam concordar – em gênero (masculino ou feminino) e
número (singular ou plural) – com o substantivo.

Assim, nas frases que nos servem de exemplo, os artigos de�nidos “a” e “o”,
bem como os adjetivos “bonita” e “bonito”, estão concordando com os substan-
tivos aos quais estão ligados – “menina” e “menino”, respectivamente. Esse
exemplo deixa bem claro que a concordância nominal (“nominal” porque se
trata de um substantivo – nome que é dado às coisas) envolve, como mencio-
nado, o gênero do substantivo, que pode ser masculino ou feminino, e os ou-
tros termos (adjetivo, pronome ou artigo) precisam estar de acordo com ele.

Vejamos os dois exemplos no plural agora:

• As meninas bonitas.
• Os meninos bonitos.
Nesse caso, além da concordância no gênero, vemos também sua aplicação no
tocante ao número (singular ou plural).

Para elucidar mais o seu entendimento sobre a concordância nominal, reco-


mendamos que você assista ao vídeo a seguir:

Aprofunde seu conhecimento de concordância verbal e nominal:


 saiba alguns casos especí�cos importantes!

A regra básica de concordância verbal diz respeito ao número (singular e


plural) do sujeito; já a da concordância nominal abarca número (singular
ou plural) e gênero (masculino e feminino). Bem simples, não?

Porém, a língua portuguesa apresenta alguns casos especí�cos que me-


recem esclarecimento. Por exemplo, no tocante à concordância verbal,
podemos citar expressões como “mais de um”, “a maioria de”, o verbo ha-
ver, a voz passiva etc. Já no tocante à concordância nominal, vale conhe-
cer as peculiaridades de casos como “é preciso”, “é bom”, “bastante”,
“meio”, “caro” etc., que também têm particularidades.

Para entender em que medida essas expressões são especí�cas, e como


deve ser feita a concordância quando resolver usá-las, faça a leitura do
capítulo 9, “Concordâncias verbal e nominal” (páginas de 155 a 170), do li-
vro Comunicação e expressão (LÉON et al., 2013), disponível na Biblioteca
Virtual Pearson.

Pelo que se pode perceber, concordâncias verbal e nominal estão intimamente


ligadas à compreensão textual. Quando escrevemos várias frases para consti-
tuir parágrafos de um texto, é preciso ler e reler o que e como escrevemos, para
checar não só se a ideia que desejamos transmitir está compreensível para
nós, mas também se �zemos isso de forma gramaticalmente correta, de forma
que outros possam entender. Quaisquer “deslizes” diferentes da norma-padrão
podem atrapalhar muito a coesão e a coerência das frases. Por isso, o leitor do
texto que produzimos com erros gramaticais terá uma leitura difícil e �cará
com a compreensão prejudicada – o que não se quer na comunicação!

Sendo tal conteúdo tão importante, é importante veri�car seu aprendizado an-
tes de passarmos a outro assunto. Por isso, tente responder às questões a se-
guir.

5. A colocação pronominal
Antes de tratarmos da colocação pronominal propriamente, precisamos com-
preender o que são pronomes. Um é uma palavra que substitui ou
determina um substantivo e, assim, indica as pessoas do discurso. Con�ra
quais são eles no Quadro 1.

Pronomes do Português.

Tônicos Átonos

1ª pessoa do Eu Mim, comigo Me


singular

2ª pessoa do Tu (você) Ti, contigo Te


singular

3ª pessoa do Ele, ela Si, consigo Se, o, a, lhe


singular

1ª pessoa do Nós Nós, conosco Nos


plural

2ª pessoa do Vós (vocês) Vós, convosco Vos


plural
3ª pessoa do Eles, elas Eles, elas, si, Se, os, as, lhes
plural consigo

: Beduka (2020).

Quando escrevemos ou falamos algo e nos referimos a alguém, fazemos as de-


vidas substituições para evitar repetições, mantendo a mensagem compreen-
sível. Con�ra o exemplo:

Nessas duas orações, vemos que o pronome “ela” retoma o sujeito “a menina
bonita”, isto é, o pronome substitui as três palavras (artigo “a”, substantivo
“menina” e adjetivo “bonita”) que formam esse sujeito.

Porém, nem sempre essa substituição é simples. Imagine que precisemos fa-
lar, por exemplo, de duas pessoas do mesmo gênero e, ao longo de nosso dis-
curso, façamos as substituições por pronomes da seguinte forma:

Foi possível compreender inteiramente o exemplo? Não, porque não consegui-


mos saber quem de fato se apressou bastante e quem estava de carro, porque o
pronome “ele” pode substituir, nesse caso, tanto o substantivo “Paulo” quanto o
substantivo “Pedro”.

Para evitar situações como essa, entram em cena os pronomes pessoais do ca-
so oblíquo. Con�ra o exemplo:
Nesse caso, vemos que as palavras “o livro” foram substituídas, na segunda
frase, pelo pronome pessoal do caso oblíquo átono (“o”).

Quando substituímos por pronomes pessoais do caso oblíquo átonos, precisa-


mos levar em consideração a colocação pronominal, pois o pronome substitu-
to deve se relacionar com o respectivo verbo, o que pode afetar o verbo em si,
exigindo uso de hífen. Os casos possíveis de colocação pronominal são os se-
guintes:

• : o pronome está posicionado antes do verbo. Por exemplo: Ela


colocou sobre a mesa.
• : o pronome �ca no meio do verbo (com uso de hífen). Por
exemplo: Contar ei tudo que sei.
• : o pronome é posicionado no �m do verbo (com uso de hífen). Por
exemplo: Visitei hoje pela manhã.

A colocação pronominal responde a certas especi�cidades, com certas ocor-


rências que determinam próclise em vez de ênclise, ênclise em vez de prócli-
se, bem como situações para uso exclusivo de mesóclise.

Conheça termos atrativos, que determinam a colocação prono-


 minal!

Para isso, leia o trecho entre as páginas 71 e 73 do livro Descomplicando


a redação (SOUZA, 2021), disponível na Biblioteca Virtual Pearson.

Para compreender melhor a utilização dos pronomes e tornar seu texto mais
claro e menos repetitivo, assista ao vídeo a seguir:
Antes de passarmos ao próximo tópico, responda à questão a seguir e veri�que
seu aprendizado.

6. A crase
O termo “crase” tem origem na Grécia e signi�ca “mistura” ou “fusão”. Na lín-
gua portuguesa, “crase” indica a contração de duas vogais idênticas, isto é, a
junção da preposição “a” e do artigo feminino “a”, ou da letra “a” do início de al-
guns pronomes. Esse fenômeno é indicado pela gra�a de somente uma letra
“a”, acrescida do acento grave “ ` ”, que também é chamado de acento indicador
de crase.

Sendo assim, a crase representa a união dos sons de duas vogais idênticas, de
modo que, na oralidade, se trata somente da emissão de um som, “a”. Contudo,
na escrita, a vogal “a” deve vir marcada pelo acento grave, pois ele lhe é im-
prescindível.

Aprender corretamente quando acentuar a letra “a” com o acento grave para
indicar a crase é importante, para que a leitura não �que confusa. Desse modo,
é preciso compreender as situações em que se con�gura esse fenômeno e se
faz necessário o uso do acento, veri�cando a ocorrência simultânea de uma
preposição e um artigo ou pronome.

Veja exemplos de crase nas frases a seguir:


Nesses exemplos, veri�ca-se que, em virtude de o artigo feminino “a” ser pre-
cedido pela preposição “a”, a crase ocorre antes de palavra feminina, ou seja,
não ocorre antes de palavra masculina.

Há também situações em que o acento é opcional. No caso da expressão “a


distância”, haverá ocorrência de crase, ou seja, ela será acentuada com o acen-
to grave, se a distância for determinada; do contrário, não haverá crase, como
pode ser visto nos exemplos a seguir:

• O curso foi feito a distância.


• Estava à distância de 200 metros.

 Entenda melhor quando usar o acento indicador de crase!

A leitura do capítulo 18, “Crase” (páginas de 77 a 82), do livro


Descomplicando a redação (SOUZA, 2021), disponível na Biblioteca
Virtual Pearson, ajudará você a entender mais sobre casos especiais, fa-
cultativos, proibidos e obrigatórios da ocorrência de crase.

Agora assista ao vídeo a seguir, que vai ajudar ainda mais você a entender o
fenômeno da crase na língua portuguesa.

Será que você entendeu bem quando usar a crase? Avalie seu aprendizado, ao
responder à questão a seguir.

7. O uso de vírgula, ponto e vírgula, e ponto na


construção de parágrafos em textos
Leia o parágrafo a seguir:

Um aluno de uma escola pública conseguiu garantir sua vaga em Harvard uma das princi-
pais universidades do mundo esse fato mostra que as pessoas não são totalmente vítimas
do contexto por muito tempo acreditou-se na teoria determinista que diz que o homem é
fruto do meio no entanto há outros fatores que contribuem para o sucesso de um indivíduo
tais como família esforço pessoal e educação.

Quando nos deparamos com um parágrafo escrito assim, sem vírgula, ponto e
vírgula ou ponto, temos uma sensação de estranheza, além de não conseguir-
mos compreender bem ou termos de nos esforçar consideravelmente para
compreender o que foi escrito.

Com isso, �ca demonstrada a necessidade de utilizar sinais de pontuação cor-


retamente nas frases para que possam fazer sentido ao leitor.

Um desses sinais é a , “ , ” , que tem a função de separar elementos den-


tro de uma oração ou de várias orações que constituem um período (quando
há mais de uma frase juntas). Muitos gramáticos dizem que ela marca uma
pequena pausa, como podemos ver no exemplo a seguir:

Outro sinal de pontuação é , “ ; ”, que indica uma pausa um pou-


co mais “forte” do que a da vírgula, mas menos intensa do que a do ponto, isto
é, trata-se de um sinal de intermédio entre o ponto e a vírgula. Após ponto e
vírgula, não se deve usar letra maiúscula, pois esse sinal não indica o �m da
frase, nem do período, como vemos no exemplo a seguir:
Ponto e vírgula é utilizado para enumerar palavras ou orações, como podemos
ver no exemplo abaixo:


Por �m, o sinal de pontuação utilizado para marcar uma pausa total é o
, cuja pausa é considerada maior que a da vírgula. Seu uso pode ser confe-
rido no exemplo a seguir:

Esses três sinais de pontuação podem ser utilizados para pontuar o parágrafo,
tornando-o muito mais compreensível. Ao pensarmos na construção de um
parágrafo em partes, com introdução, desenvolvimento e conclusão, podemos
separar com pontos as frases que compõem respectivamente cada uma des-
sas partes. Dentro dessas frases, fazemos uso de vírgulas, a �m de que os ele-
mentos constantes nessas frases possam ser organizados.

Retomemos o parágrafo do início do tópico, inserindo a pontuação necessária:

Um aluno de uma escola pública conseguiu garantir sua vaga em Harvard uma das princi-
pais universidades do mundo Esse fato mostra que as pessoas não são totalmente vítimas
do contexto Por muito tempo acreditou-se na teoria determinista que diz que o homem é
fruto do meio. No entanto há outros fatores que contribuem para o sucesso de um indiví-
duo tais como: família esforço pessoal e educação.
Foi possível perceber que, ao ser pontuado corretamente, o parágrafo �ca com-
preensível para a leitura. São textos com esse tipo de pontuação que o leitor
deve receber!

Com isso, é possível perceber quão importante é pontuar corretamente um


texto, a �m de que seja compreensível. Agora assista ao vídeo a seguir, para
entender como usar adequadamente a vírgula, o ponto e o ponto e vírgula.

 Conheça melhor as regras para uso de vírgula!

Uma das maiores di�culdades dos estudantes brasileiros é utilizar a vír-


gula corretamente em seus textos escritos. Além disso, muitas vezes, não
só fazem isso de modo equivocado, como também não utilizam ponto
nem ponto e vírgula quando é preciso.

Com isso em mente, faça a leitura do tópico “A vírgula” (páginas de 175 a


181) do livro Comunicação e expressão (LÉON et al., 2013), disponível na
Biblioteca Virtual Pearson. Ele ajudará você a compreender como usar a
vírgula, com dicas práticas em relação ao sentido da frase e com conhe-
cimento de regras que regem esse uso. Saber isso para aplicar no mo-
mento de redação é o que viabiliza o aprendizado.

Para encerrarmos nossos estudos sobre pontuação, assista ao vídeo a seguir,


que vai se dedicar à correta utilização da vírgula, dando especial atenção ao
seu uso em textos e trabalhos acadêmicos.
Antes de encerrarmos este ciclo, responda à questão a seguir, para veri�car
seu aprendizado.

8. Considerações �nais
Neste ciclo, compreendemos como o conhecimento de aspectos gramaticais é
relevante para a construção do texto, pois repercute na sua coesão e coerência.
Construir frases não é um trabalho fácil, porém não é também um “bicho de
sete cabeças”. Saber aplicar algumas técnicas nessa construção e praticar isso
com constância possibilita melhorar o estilo de escrita. Trata-se do famoso di-
to popular: “Quanto mais se estuda, mais se aprende”. O estudo da língua por-
tuguesa precisa ser praticado: tal como se aprende matemática fazendo con-
tas, aprende-se a língua portuguesa lendo e escrevendo!

No estudo desses cinco ciclos, foi possível analisar como a comunicação e a


linguagem são intrínsecas ao convívio social; o quanto dependemos de textos;
o quanto é importante sabermos como escrever textos no universo acadêmico
(entendendo como esse discurso se constrói, que tipos de frases podem ser
usadas, o que signi�ca impessoalizar o discurso e argumentar com e�cácia);
como o conhecimento de tipos de leitura (pautadas por seus diferentes �ns) é
importante para que possamos aplicar estratégias que tornem nossa leitura
mais produtiva e, assim, consigamos compreender e interpretar textos corre-
tamente.

Esperamos a compreensão de que o estudo de uma língua é contínuo, uma vez


que ela nos acompanha em todos os momentos de nossas vidas. Isso quer di-
zer que esta disciplina �nda aqui, mas os estudos da língua portuguesa preci-
sam continuar. Por isso, este material �cará disponível para consultas, visto
que é preciso colocar sempre em prática o que foi aprendido aqui.
Concluímos com um pensamento atribuído a Ulisses Drago de Campos (s. d.,
n. p.):

Se apaixone por estudar, pois é isso que vai tornar seu sonho realidade... Lute, per-
severe, desa�e-se! O prêmio �nal por toda a sua dedicação e disciplina será de gra-
ti�cação incomensurável... É o ciclo da vida!

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