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PORTUGUÊS BÁSICO

Apostila organizada pela:


Prof. Me. Vanessa Leme Fadel Steinhauser
AUTORA
Vanessa Leme Fadel Steinhauser é graduada em Letras-Português/Inglês pela
Universidade Estadual do Paraná (2018) e especialista em Educação 5.0: Metodologias e
Tecnologias Inovadoras pela UniFatecie (2021). Possui mestrado em Letras pelo Programa
de Pós-graduação da Universidade Estadual de Maringá (2021) e, atualmente, está
cursando o doutorado na mesma instituição de ensino. Desenvolve pesquisas na área de
Estudos Linguísticos, com ênfase em Descrição Linguística. Atua como docente substituta
no Instituto Federal do Paraná - Campus Paranavaí, e tem experiência como professora
de Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Redação, no Ensino Fundamental, Médio, Técnico
Integrado, Técnico Subsequente e Superior.

Link do currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/4818918038516327


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Esta apostila tem como objetivo reunir alguns tópicos básicos de Língua Portuguesa
a fim de oportunizar a você, graduando, o desenvolvimento de competências básicas para
o domínio da leitura, produção e interpretação de textos. Para tanto, no primeiro capítulo,
serão abordados os seguintes tópicos: contexto de produção, circulação e recepção dos
gêneros (conteúdo temático, interlocutor, finalidade do texto, papéis sociais, intencionalidade,
elementos composicionais, suporte, situação comunicativa.
No segundo capítulo, espera-se discutir sobre aspectos fundamentais da construção
do texto, a partir da coesão e coerência, paragrafação, operadores argumentativos/
conectivos, sinônimos, argumentação, pontuação, crase e acentuação. Na sequência, o
próximo capítulo dedica-se a trazer uma breve explicação sobre o conceito de gramática,
abordando de forma genérica os campos da morfologia e da sintaxe. Por fim, o último
capítulo pontua algumas “pérolas” da língua portuguesa, pensando especialmente nos
desvios comuns, como o uso dos porquês e alguns tópicos de ortografia.
É importante salientar que a disciplina foi estruturada com o intuito de trazer
explicações gerais sobre os assuntos abordados e fornecer dicas/orientações de estudo.
Portanto, não limite seus estudos a apenas esse material. Faça as leituras indicadas, assista
a videoaulas, pesquise os assuntos que mais tem dificuldade; afinal, são as suas escolhas
pelo percurso que definirão o seu sucesso acadêmico.

Plano de Estudo:

Tópico 1: Contexto de Produção, Circulação e Recepção dos Gêneros;


Tópico 2: Construindo o Texto;
Tópico 3: Noções Básicas de Morfologia e Sintaxe;
Tópico 4: Pérolas da Língua Portuguesa.

3
SUMÁRIO

TÓPICO 1
Contexto de Produção, Circulação e Recepção dos Gêneros

TÓPICO 2
Construindo o Texto

TÓPICO 3
Noções Básicas de Morfologia e Sintaxe

TÓPICO 4
Pérolas da Língua Portuguesa
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1
TÓPICO

CONTEXTO DE PRODUÇÃO,
CIRCULAÇÃO E RECEPÇÃO DOS
GÊNEROS
.
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.....
.....

A leitura e a escrita são práticas essenciais em uma sociedade letrada. Comunicamo-


nos por meio dos gêneros, e isso faz com que o nosso cotidiano seja permeado por outdoors,
rótulos de produtos variados, e-mails, notícias em portais eletrônicos, entre outros.
Cada campo de uso da língua produz seus tipos relativamente estáveis de
enunciados, denominados por Bakhtin (2016) como gêneros do discurso. O processo de
interlocução (troca comunicativa) é marcado por adaptações que, por sua vez, ocorrem
mediante as necessidades de uso da língua e os mais variados contextos de produção,
circulação e recepção. Essas múltiplas possibilidades de gêneros a depender da finalidade
de interação social se dão porque:

A riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso são infinitas porque são


inesgotáveis as possibilidades da multifacetada atividade humana e porque
em cada campo dessa atividade vem sendo elaborado todo um repertório de
gêneros do discurso, que cresce e se diferencia à medida que tal campo se
desenvolve e ganha complexidade (BAKHTIN, 2016, p. 12).

Os gêneros utilizados em um ambiente familiar (esfera cotidiana), por exemplo, são


diferentes daqueles usados em um trabalho na faculdade (esfera acadêmica). É justamente as
múltiplas possibilidades de uso que configuram a relativa (e não total) estabilidade dos gêneros.
Sempre que nos comunicamos, utilizamos um gênero, o qual terá características
de um (ou mais) tipos textuais. Os textos variam mediante as intenções do autor, podendo
ser narrativos, descritivos, expositivos/informativos, argumentativos ou instrucionais/injun-
tivos. Raramente um texto é formado com as características de um só tipo; a receita, por
exemplo, é formada pelo tipo descritivo (ingredientes) e o instrucional (modo de preparo).

TÓPICO 1 CONTEXTO DE PRODUÇÃO, CIRCULAÇÃO E RECEPÇÃO DOS GÊNEROS 5


Enquanto os tipos textuais são finitos, os gêneros são infinitos, pois nascem da
necessidade de uso. Existem gêneros orais (discursos, palestras, conversas telefônicas,
debates etc.) e escritos (bula de remédio, artigo científico, verbete, fábula, editorial etc.).
Esses instrumentos de comunicação podem ser formados a partir de múltiplas semioses/
linguagens (visuais, sonoras, corporais e verbais).
Estudar os gêneros é também analisar as situações de uso e adequação da
linguagem. Afinal, “a palavra comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo fato
de que procede de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém” (BAKHTIN e
VOLOCHINOV, 2002, p. 113), com certa intenção. Assim, é possível notar que,

Uma vez que os gêneros textuais são infinitos e servem, especificamente,


às necessidades de comunicação humana nas diferentes esferas sociais em
que circulam, sempre com objetivos bastante precisos, o contexto de pro-
dução e a circulação social são extremamente importantes e decisivos na
abordagem de construção do texto. Mas, o que são o contexto de produção e
a circulação social do texto? Na abordagem dos gêneros textuais, esses con-
ceitos estão estreitamente ligados à questão de quem produz o texto e para
quem/com qual objetivo o texto está sendo produzido (DREY; SELISTRE e
AIUB, 2015, p. 03 e 04).

Nesse ínterim, é preciso refletir sobre o contexto de propagação da mensagem,


posto que ninguém fala o tempo todo do mesmo modo; pelo contrário, o falante adapta a
sua linguagem dependendo da situação real em que se dá a enunciação. Somos, portanto,
“camaleões linguísticos” (FARACO, 2008), e usamos a língua como um instrumento de
comunicação sujeito às pressões do uso. Afinal,

Toda comunicação pela língua pressupõe um processo de adequação. O


falante seleciona, em seu repertório linguístico, as formas mais adequadas às
finalidades específicas da comunicação em que está envolvido, considerando
seus interlocutores, o assunto de que trata, o objetivo da fala e o local em que
se dá a comunicação. Essa adequação linguística pressupõe, entre outros
fatores, a escolha de um nível de fala ou registro apropriados. (ORMUNDO;
SINISCALCHI, 2020, p. 170).

Um exemplo de adequação linguística se dá entre os níveis de formalidade. A


linguagem formal está vinculada a um comportamento linguístico mais monitorado, em que
se respeitam as formas linguísticas socialmente prestigiadas. Essa linguagem ocorre em
situações mais formais, como em uma entrevista de emprego ou uma apresentação de
trabalho em um evento científico. A linguagem informal, por sua vez, indica um comportamento
mais despreocupado, recheado de expressões coloquiais, gírias, desvio gramaticais etc.
Geralmente ocorre em situações em que os interlocutores são mais próximos, como pais,
amigos e namorados.

TÓPICO 1 CONTEXTO DE PRODUÇÃO, CIRCULAÇÃO E RECEPÇÃO DOS GÊNEROS 6


Nesse sentido, para ler, compreender e, até mesmo, escrever um texto de
modo eficaz, é preciso considerar alguns pontos: I) qual é o gênero?; II) quem são os
interlocutores? (papéis sociais); III) qual é a finalidade? (propósito comunicativo); IV) qual
é a temática? (assunto do texto); V) onde circula? (suporte); VI) quais são as situações de
produção, circulação e recepção?. Você, enquanto graduando, deverá refletir sobre esses
aspectos quando for ler e/ou produzir um texto, visto que, assim, deixará de compreender
um texto apenas como um emaranhado de palavras soltas, e passará a visualizá-lo como
um conjunto de palavras pensadas e bem estruturadas que foram selecionadas com um
propósito, mediante uma determinada situação.
Na esfera acadêmica, por exemplo, você é convidado a se deparar com gêneros
diversos: resenhas, resumos, artigos científicos, ensaios críticos, respostas argumentativas,
textos dissertativo-argumentativos, projetos de pesquisa, entre outros. Para cada gênero,
existirão estruturas composicionais, conteúdos temáticos e marcas linguísticas diferentes.
Conhecer esses elementos é fundamental para quem transita pela esfera acadêmica.
Portanto, estude os gêneros acadêmicos e, desde o primeiro ano da graduação, aventure-
se na escrita de resumos, projetos de pesquisa e, quem sabe, artigos científicos. A pesquisa
é uma área fascinante!
Caso você queira aprender um pouco mais sobre esse assunto, fique à vontade
para assistir a uma aula gravada por mim para a Semana Acadêmica (2022) da UniFatecie
(https://www.youtube.com/watch?v=0Ds54wr5J6o). Nesse vídeo, faço uma reflexão sobre
os seguintes temas: I) somos camaleões linguísticos; II) linguagem: fala e escrita; III) a
interlocução e o contexto de produção; IV) tipologias e gêneros textuais/discursivos; V)
projeto de pesquisa; VI) resumo e comunicação oral; VI) artigo científico e trabalho
completo; VII) Google Acadêmico e bibliotecas virtuais; VIII) sinônimos; IX) conectivos; X)
paragrafação e pontuação; XI) construção de argumentos. Acredito que os conteúdos ali
elencados serão de fundamental importância na sua trajetória acadêmica. Bons estudados!

TÓPICO 1 CONTEXTO DE PRODUÇÃO, CIRCULAÇÃO E RECEPÇÃO DOS GÊNEROS 7


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................
................

2
TÓPICO

CONSTRUINDO O TEXTO
.
.....
.....
.....

A construção de um texto requer a compreensão de inúmeros recursos. Para


esse tópico, considerei válido destacar o conceito de coesão e coerência, paragrafação
argumentação, operadores argumentativos/conectivos, pontuação, acentuação e crase.
Um bom texto deve ser coeso, isto é, possuir um encadeamento de ideias entre as
frases e parágrafos. Além disso, o texto precisa ser também coerente, ou seja, lógico, com
ideias bem conectadas no campo semântico. Para tecer um bom texto, deve-se relacionar
as partes com o todo, construindo assim uma boa ligação entre as palavras e as ideias.
Organizar de maneira lógica o texto é também uma forma de torná-lo mais
harmônico. De nada adianta ter boas ideias e não saber estruturar o texto com os recursos
linguístico-discursivos necessários. Do mesmo modo, não é proveitoso conhecer as
estratégias textuais sem se ater ao conteúdo produzido. Nesse sentido, um bom texto se
vale de conteúdo e de forma.
Para tornar o seu texto rico em forma, é preciso saber selecionar as palavras
adequadas para compor os tópicos frasais, bem como escolher os conectivos adequados
para ligar os períodos dentro de um parágrafo. Conhecer o processo de paragrafação também
é importante, pois, assim, você aprende a harmonizar o seu texto, não o sobrecarregando
com parágrafos ora exaustivos ora sintéticos.
É preciso atentar-se à construção dos parágrafos, posto que podem “servir de pista
para a montagem da ‘paisagem mental’ que o leitor constrói do texto” (REHFELD apud
FULGÊNCIO; LIBERATO, 2004, p. 53). Os parágrafos devem ser compostos por períodos
conectados linguístico e semanticamente. Para tanto, o uso de conectivos é essencial, já

TÓPICO 2 CONSTRUINDO O TEXTO 8


que podem introduzir sentidos diversos, mediante o propósito comunicativo empregado.
Além disso, dentro de um texto, os parágrafos devem conter uma relação lógica de começo,
meio e fim, porém sem abandonarem a ligação existente entre eles.
Isso pode ser materializado por meio da arte da argumentação. Diversos textos
acadêmicos/universitários são pautados na tipologia argumentativa, a qual tem por finalidade
defender uma ideia por meio de argumentos, embasados a partir de uma tese (ponto de vista/
opinião). Outrossim, a argumentação é composta por três partes: I) afirmação, II) explicação/
justificativa; III) comprovação/exemplificação. Observe um exemplo de argumento a seguir:

(1) A vacinação é uma forma simples, segura e eficaz de proteger


a população contra diversas doenças, visto que estimula o corpo humano
a produzir anticorpos, construindo resistência a infecções específicas. Isso
pode ser comprovado a partir da erradicação da poliomielite e da varíola no
Brasil graças ao uso das vacinas.

Note que o argumento acima foi composto por três partes. Em negrito, vemos a
afirmação que constrói a ideia defendida, seguida pela sua explicação, a qual está em itálico.
Na sequência, o argumento é finalizado a partir de uma comprovação/exemplificação. A
junção dessas três fases torna o argumento mais forte e legítimo.
É válido destacar que os argumentos podem ser formados a partir de fatos históricos,
dados estatísticos, causa e consequência, citação de autoridade, comparação, refutação
etc. A escolha do argumento será feita com base nas estratégias que você adotou a fim de
defender seu ponto de vista sobre o assunto de seu texto.
Em um texto, para que a ligação entre os parágrafos ocorra, os operadores
argumentativos e/ou conectivos são empregados, direcionando o sentido das frases e
atuando diretamente na inteligibilidade (coerência e coesão) do texto. Podem introduzir
a ideia de adição (e, também, além disso, ademais, outrossim), explicação (pois, porque,
posto que, visto que, dado que, uma vez que), finalidade (a fim de que, para que, com o
intuito de), oposição (mas, porém, contudo, entretanto, no entanto), entre outros sentidos.
Utilizar de maneira adequada os conectivos é um meio de tornar o texto mais elaborado
e conectado. Porém, é preciso tomar cuidado, dado que a ânsia de empregá-los no texto
faz com que muitas pessoas os utilizem de maneira incorreta. Antes de usar um operador/
marcador, verifique se o sentido está sendo plenamente atendido. Observe a seguir uma
lista de operadores argumentativos/conectivos:

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TABELA 1 - OPERADORES ARGUMENTATIVOS/CONECTIVOS

Fonte: Adaptado de: MUNDO EDUCAÇÃO. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/re-


dacao/operadores-argumentativos.htm e https://duvidas.dicio.com.br/conectivos/. Acesso em: 01 dez. 2022.

Além do uso de conectivos, aconselho o emprego de sinônimos como forma de evitar


repetições que possam afrouxar a coesão textual, tornando o texto mais polido. Indivíduos
que possuem pouca prática de escrita costumam ter um vocabulário escasso, replicando
termos já usados. Isso prejudica a leitura, podendo, inclusive, tornar o texto cansativo.
Quando você precisar de uma palavra diferente, porém que apresente o mesmo sentido,
procure-a no site (https://www.sinonimos.com.br/). Tenho certeza que essa ferramenta o
ajudará muito!

TÓPICO 2 CONSTRUINDO O TEXTO 10


Outra dica importante é prestar atenção na pontuação. Como bem explicitado pela
Associação Brasileira de Imprensa em comemoração aos seus cem anos, uma vírgula
muda tudo. Veja a mensagem a seguir:

A vírgula

A vírgula pode ser uma pausa, ou não.


Não, espere.
Não espere.

A vírgula pode criar heróis.


Isso só, ele resolve.
Isso, só ele resolve.

Ela pode reforçar o que você não quer.


Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.

Pode acusar a pessoa errada.


Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.

A vírgula pode mudar uma opinião.


Não quero ler.
Não, quero ler.

Uma vírgula muda tudo.

ABI — 100 anos lutando para que ninguém mude nem uma vírgula da sua informação.

Fonte: SQUARISI, Dani. A vírgula. 2008. Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/


dad/a_virgula/. Acesso em: 25 nov. 2022.

TÓPICO 2 CONSTRUINDO O TEXTO 11


Note, portanto, que saber pontuar corretamente é imprescindível. O ponto final (.),
por exemplo, indica o final de uma frase declarativa, servindo também para separar os
períodos que compõem um parágrafo. Trata-se de uma pausa maior que a vírgula, pois
fecha um pensamento e inicia outro. Veja o exemplo:

(1) Lembro-me de quando era criança. Eu frequentava a casa de minha


avó todo Natal. Era uma grande alegria, pois a família inteira se reunia.
Dizíamos que aquele era o momento mais genuíno de confraternização
entre os parentes. Eu realmente era feliz e não sabia.

A vírgula, por outro lado, marca a separação de termos que não formam uma
unidade sintática dentro do enunciado. Ela pode, inclusive, marcar as pausas que damos
durante a leitura. Porém, é importante frisar que não se separam por vírgula: A) predicado
de sujeito; B) objeto de verbo; C) adjunto adnominal de nome; D) complemento nominal de
nome; E) predicativo do objeto do objeto; F) oração principal da subordinada substantiva
(desde que esta não seja apositiva nem apareça na ordem inversa). Além disso, a vírgula é
fundamental para separar o vocativo, alguns apostos, adjuntos adverbiais antecipados ou
intercalados, orações subordinadas adjetivas explicativas, orações coordenadas sindéticas
e assindéticas; enumerar; marcar a omissão de algum termo etc. Veja alguns exemplos:

(2) Zayn, busque o panettone para a tia.


(3) Melissa, a prima do Zayn, tem 5 anos.
(4) A minha família é composta por: Regina, Rita, Rosane e Randal.
(5) Comprei uma maçã, porém ela estava estragada.
(6) Quando a Cecília chegar, apaguem as luzes para a surpresa.

Existem outros sinais de pontuação: dois pontos (:), ponto e vírgula (;), travessão
(–), ponto de exclamação (!), ponto de interrogação (?), reticências (...), aspas (“ ”) e
parênteses (()). Podem ser usados também alguns recursos alternativos para a pontuação,
como parágrafo (§), chave ({ }), colchete ([ ]), barra (/). Conhecer esses sinais é fundamental
para construir um texto de qualidade, posto que auxiliam no encadeamento das ideias e,
consequentemente, na coesão e na organização textuais.
Além da pontuação, saber algumas regras de acentuação é imprescindível. Os
acentos gráficos são sinais que retratam, na escrita das palavras, a pronúncia da vogal
de certa sílaba. Existem diversos sinais, a saber: acento agudo (´), acento circunflexo (^),
acento grave (`) e til (~). Veja a seguir algumas regras básicas:

TÓPICO 2 CONSTRUINDO O TEXTO 12


● Monossílabos tônicos terminados em -a(s), -e(s), -o(s). Exemplos: chá, pé,
dó.
● Os monossílabos tônicos formados por ditongos abertos -éis, -éu, -ói recebem
o acento. Exemplos: papéis, fiéis, céu, chapéu, dói, herói.
● Verbos monossilábicos terminados em “-ê”, em que a terceira pessoa do plu-
ral termina em “-eem”, antes recebiam acento, mas agora, com a nova ortografia,
não levam mais. Exemplos: Ele lê – Eles lêem; Ele vê – Eles veem, Ele crê – Eles
creem.
● Verbos monossilábicos terminados em “-em”, na terceira pessoa, permane-
cem com acento. Exemplos: Ele tem – Eles têm; Ela vem – Elas vêm
● Toda proparoxítona é acentuada. Exemplos: médico, pássaro, líquido.
● Oxítonas terminadas em “a”, “e”, “o” e “em”, seguidas ou não de “s”, recebem
acento. Exemplos: Iemanjá, café, jiló, também.
● Paroxítonas são acentuadas quando terminadas em -l, -r, -n, -x, -os, -ps, -ã(s),
-ão(s), -um(s), -on(s), -i(s), -u(s), -ei(s), ditongo oral (crescente ou decrescente
seguido ou não de s). Exemplos: inútil, caráter, hífen, látex, bíceps, ímã, bênçãos,
álbum, próton, táxi, Vênus, pônei, série.
● Em paroxítonas, ditongos abertos em -ei e -oi não são mais acentuados.
Exemplos: ideia, jiboia, geleia, europeia, assembleia, asteroide, heroico, paranoia.
● Em paroxítonas, as vogais -i e -u precedidas de ditongo deixaram de ser
acentuadas. Exemplos: feiura, Sauipe, baiuca.
● Em paroxítonas, a vogal tônica fechada -o de -oo deixa de ser acentuada.
Exemplos: enjoo, voo, perdoo.
● O acento diferencial deixou de ser usado em paroxítonas homógrafas (mesma
grafia com significado distinto). Exemplo: Antes do acordo ortográfico - Ele sempre
pára nessa lanchonete quando está na estrada. Depois do acordo ortográfico - Ele
sempre para nessa lanchonete quando está na estrada.
● O uso do trema foi abandonado em palavras portuguesas ou aportuguesadas.
Exemplo: linguiça, frequência, bilíngue, linguística. Porém, permaneceu em nomes
próprios estrangeiros ou em palavras deles derivadas. Exemplo: Müller, mülleriano.

TÓPICO 2 CONSTRUINDO O TEXTO 13


Além dessas regras, é importante salientar o uso da crase que se refere à fusão de
duas vogais idênticas (dois sons vocálicos iguais que se unem formando um só). Na língua
portuguesa, a crase é usada quando ocorre a fusão da preposição “a” com o artigo feminino
“a” ou com o “a” do início dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo.
Muitas pessoas se confundem com o uso da crase. Vamos aprender em quais
casos ela pode ou não ser usada?

Casos em que OCORRE a crase (A + A = À)

● Antes da palavra feminina que admite artigo (ir a + a praia = ir à praia). Macete
com nomes de lugares: Se vou a e volto da, crase haverá. Se vou a e volto de,
crase pra quê?. Exemplo: Voltei da Bahia – Fui à Bahia // Voltei de Campinas – Fui
a Campinas.
● Com pronomes demonstrativos iniciados com a vogal a: aquele, aqueles,
aquela, aquelas, aquilo. Exemplo: Ele deve dar atenção àquilo.
● Com pronomes demonstrativos a, as. Exemplo: Minha mãe assistiu a uma série
igual à que vi no mês passado.
● Antes dos pronomes relativos à qual, as quais. Exemplo: A promessa à qual
me referi.
● Na indicação de horas. Exemplo: Saímos às quatro horas.
● Nas locuções adverbiais femininas. Exemplo: Saímos à noite; Sentiu-se à
vontade; Sentou-se à direita; Estou à disposição.
● Nas locuções prepositivas formadas de palavras femininas, como à beira de, à
custa de, à sombra de, à moda, etc. Exemplo: Sentou-se à beira da praia.
● Nas locuções conjuntivas à medida que, à proporção que. Exemplo: Ela chorava
à medida que ele gritava.

Casos em que NÃO OCORRE a crase (A + A = À)

● Antes de palavras masculinas. Exemplo: Marcos anda a cavalo.


● Antes do verbo. Exemplo: Eu estou disposta a colaborar.
● Antes da maioria dos pronomes. Exemplo: Dirigi-me a elas. Contudo, os
pronomes de tratamento (senhora, senhorita e dona) são exceções. Exemplo: Eu
entreguei um doce à senhora que estava sentada no banco da praça.
● Antes de artigo indefinido (um/uma). Exemplo: Pedro foi submetido a uma
sessão de terapia.

TÓPICO 2 CONSTRUINDO O TEXTO 14


● Antes de palavras no plural que não estejam definidas pelo artigo. Exemplo:
Fui a várias reuniões no mês passado.
● Antes das palavras casa e terra sem elementos modificadores. Exemplo: O
bom filho retorna a casa. Porém, com elementos modificadores, há crase. Exemplo:
O bom filho retorna à casa do pai.
● Nas locuções adverbiais construídas com elementos repetidos. Exemplo: A
garrafa pingou gota a gota.
● Na expressão “a distância”, sem elemento modificador. Exemplo: Cida
observava seu filho Arthur a distância. Todavia, com elemento modificador, há
crase. Exemplo: Cida observava seu filho Arthur à distância de cinquenta metros.

Agora que você já conhece algumas regras de acentuação, vamos refletir sobre al-
gumas noções básicas de morfologia, sintaxe e semântica. Fique atento ao próximo
capítulo!

TÓPICO 2 CONSTRUINDO O TEXTO 15


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...............
................
................

3
TÓPICO

NOÇÕES BÁSICAS DE
MORFOLOGIA E SINTAXE
.
.....
.....
.....

A gramática é a vida da língua e o elemento essencial para o texto. Assim, pode-se


definir o texto como um todo que produz sentido. No caso dos textos verbais, esse sentido é
produzido pelo arranjo das palavras, ou seja, pela gramática, que, como definida por Neves
(2013), “é aquilo que arranja e arquiteta a produção de sentidos”. Retirada a gramática de
um texto, ele deixa de ser texto e se transforma em um amontoado de palavras.
Se a Gramática não é apenas um conjunto de regras chatas que classificam
palavras e orações, então, o que é afinal? É aquilo que arranja e arquiteta a produção de
sentidos. É a língua no seu funcionamento. A gramática não é rígida. Os usuários da língua
podem fazer diferentes arranjos, a depender do uso, do contexto, da situação comunicativa
a qual estão inseridos.
A Gramática é dividida em alguns campos, a saber: fonologia, morfologia, sintaxe,
semântica e estilística. A fonologia estuda os fonemas, focando em dígrafos, encontros
vocálicos e acentuação gráfica. A morfologia se refere ao estudo das classes de palavras,
dedicando-se à estrutura, formação e flexão. A sintaxe, por sua vez, volta-se à relação entre
as palavras em frases, orações e períodos, apresentando como principais pautas período
simples e composto, regência verbal e nominal, concordância verbal e nominal, colocação
pronominal, crase, pontuação. Em contrapartida, a semântica explora as relações de sen-
tido, ou seja, o significado das palavras isoladamente ou dentro de um contexto, por meio
dos sinônimos, antônimos, parônimos, polissemia, hiperônimos e hipônimos, homônimos
(homógrafos, homófonos). Por fim, a estilística investiga o estilo da linguagem dentro de
cada campo.

TÓPICO 3 NOÇÕES BÁSICAS DE MORFOLOGIA E SINTAXE 16


É impossível trazer aqui todos os conteúdos estudados pela gramática. Você já viu
um livro de gramática? É enorme, não é mesmo?! Pois bem! A ideia é fazer um apanhado
dos principais tópicos de modo a situar você, meu caro aluno, sobre a importância de
estudar a língua portuguesa.
Para início de conversa, gostaria de levantar o seguinte questionamento: Você sabe
português? Se você respondeu que não, adianto que está errado. Você sabe sim português!
Afinal, é a sua língua materna. A todo instante você está se comunicando em sua comunidade
por meio da língua portuguesa. Você está usando o português! E, inconscientemente, está
adotando estratégias linguísticas para atingir seus propósitos comunicativos. Ou seja, você
pode não saber classificar um tipo de oração ou conjugar corretamente um verbo irregular,
mas sabe e usa, e muito bem, a língua portuguesa.
Agora que você já compreendeu que sabe e usa o português no seu dia a dia. Vamos
aprender alguns tópicos gramaticais? A princípio, vamos começar com a Morfologia, a qual se
dedica a estudar os elementos mórficos, o processo de formação das palavras e as classes de
palavras. Para esse material, volta-se o olhar às classes gramaticais, a saber: artigo, numeral,
substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, pronome, conjunção, preposição e interjeição.
O artigo é a palavra que se antepõe ao substantivo para determiná-lo, podendo
ser definido – o, os, a, as, ou indefinido – um, uma, uns, umas. Os numerais, por sua vez,
indicam uma quantidade e podem ser classificados em: cardinal (um, dois, quarenta e três,
mil etc.), ordinal (primeiro, quinto, trigésimo sexto etc.), multiplicativos (dobro, triplo etc.),
fracionários (um terço, meio etc.).
O substantivo, por sua vez, refere-se a um nome (objeto, pessoa, animal, sentimento,
lugar etc.), a exemplo de: cadeira, João, sapo, saudade, Japão etc. Por outro lado, o adjetivo
fornece uma característica ao substantivo, qualificando-o, de maneira positiva ou negativa.
Exemplos de adjetivos: calmo, carente, sedutor, preguiçoso, velho.
O verbo é aquela palavra que pode ser conjugada em tempo (presente, pretérito
perfeito, pretérito mais que perfeito, pretérito imperfeito, futuro do presente e futuro
do passado), modo (indicativo, subjuntivo e imperativo), pessoa (primeira, segunda e
terceira) e número (singular e plural). Pode ser de 1ª, 2ª ou 3ª conjugação – AR, ER, IR,
respectivamente. Exemplos: cantar, colher, sumir.
Na sequência, os pronomes referem-se às palavras que substituem ou acompanham
um substantivo. Podem ser subdivididos em: pessoais do caso reto e oblíquo, possessivos,
demonstrativos, relativos, indefinidos, interrogativos e de tratamento. Exemplo: eu, meu,
esse, que, nenhum, quem, você.

TÓPICO 3 NOÇÕES BÁSICAS DE MORFOLOGIA E SINTAXE 17


Os advérbios indicam circunstâncias ao verbo, a um adjetivo, a um outro advérbio
ou a uma oração inteira. Podem expressar tempo (ontem, hoje), modo (bem, mal, depressa),
lugar (abaixo, acima, aqui, lá), intensidade (bastante, muito, pouco), dúvida (possivelmente,
quiçá, talvez), afirmação (sim, certamente), negação (não, de forma alguma) etc.
As preposições ligam/unem dois termos de uma oração. Já as conjunções ligam
orações ou palavras semelhantes à mesma oração. Exemplo: Eu comprei dois casacos e
três calças em Paris, mas o Arthur não quis levar nada para casa. Nessa frase, “e” e “mas”
funcionam como conjunções, enquanto “em” e “para” são preposições.
Infelizmente, é inviável tratar de todos os assuntos abordados por esse campo
aqui. Porém, são conteúdos de fácil acesso em qualquer gramática escolar. Na lista de
indicações, há algumas opções de livros e vídeos. Inclusive, há um vídeo sobre Morfologia
elaborado por mim para o EAD da UniFatecie, disponível no link (https://www.youtube.com/
watch?v=b_0VaJd0bVc).
No que diz respeito à Sintaxe, é possível destacar alguns tópicos: frase, oração e
período; tipos de sujeito; tipos de predicado; predicativo do sujeito e do objeto; transitividade
verbal; complemento verbal; complemento nominal; adjunto adnominal; aposto; vocativo; pe-
ríodo composto por coordenação; período composto por subordinação; concordância verbal
e nominal; regência nominal e verbal; entre outros assuntos. Para essa apostila, em especial,
optei por selecionar alguns conteúdos, pois o espaço não me permite abordar com exaustão
todos os fenômenos trabalhados pela Sintaxe. Caso queira aprofundar seus estudos nessa
área, leia os materiais didáticos indicados e assista às vídeoaulas selecionadas.
Para iniciar a discussão pretendida, a princípio, torna-se oportuno distinguir
frase, oração e período. A frase é todo enunciado capaz de produzir sentido, podendo ser
nominal (ex. Silêncio!) ou verbal (ex. Façam silêncio!). Já a oração estrutura-se a partir de um
verbo (ex. Eu comprei uma calça jeans.) Dito isso, é válido salientar que: I) nem toda frase é
uma oração (frases nominais possuem sentido completo, mas não possuem verbo); II) nem
toda oração é uma frase (orações não precisam ter sentido completo); III) toda oração com
sentido completo é uma frase; IV) frases podem ser formadas por mais de uma oração.
Por conseguinte, o período é constituído por uma ou mais orações, podendo
ser simples (um verbo) ou composto (mais de um verbo), respectivamente. Exemplo: Eu
comprei uma calça jeans. (Período Simples) // Eu queria comprar uma viola, porém não
tenho um tostão. (Período Composto).
Sempre que escrevemos um texto, construímos parágrafos que, por sua vez, são
constituídos por períodos formados a partir de orações que, por extensão, são compostas
essencialmente por sujeito e predicado.

TÓPICO 3 NOÇÕES BÁSICAS DE MORFOLOGIA E SINTAXE 18


O sujeito diz respeito ao ser sobre o qual se declara algo, enquanto o predicado
refere-se ao que é declarado sobre o sujeito. Note o exemplo a seguir:

(7) Melissa e Rafael encontraram uma bicicleta.


sujeito predicado

O sujeito pode ser classificado em simples (apenas um núcleo), composto


(mais de um núcleo), oculto/desinencial/elíptico (é recuperado pela desinência do verbo ou
pelo contexto), indeterminado (não aparece explícito e não se pode determinar) e inexistente
(designado por verbos que indicam fenômenos da natureza, “há” – no sentido de existir,
“haver”, “fazer”, “ser”, “ir” – na indicação de tempo). Exemplos:

(8) Eu comprei pão Sujeito Simples.


(9) Júlia e Gustavo compraram pão Sujeito Composto.
(10) Compramos pão Sujeito oculto.
(11) Compraram pão Sujeito indeterminado.
(12) Choveu muito ontem Sujeito Inexiste.

Outrossim, o predicado pode ser verbal – quando o núcleo é um verbo, nominal –


quando o núcleo é um nome, e verbo-nominal – qual possui dois núcleos, um nome e um
verbo. Observe algumas orações a seguir:

(13) Eu comprei pão Predicado verbal (núcleo: comprei)


(14) Ingridy é muito estudiosa Predicado nominal (núcleo: estudiosa)
(15) Miguel me olhou assustado Predicado verbo-nominal (núcleos: olhou e assustado)

Diante do exposto, é perceptível que o estudo sobre sujeito e predicado envolve


também a análise sintática do comportamento dos verbos nas orações. Os verbos dividem-
se em intransitivos, transitivos diretos, transitivos indiretos, bitransitivos e de ligação. A
transitividade verbal vincula-se à necessidade (ou não) da presença de um complemento
para o verbo, o qual pode aparecer com ou sem preposição. Veja os exemplos abaixo.

(16) Jorge morreu. Morrer é um verbo intransitivo, pois não necessita de


um complemento. Ele basta! Quando alguém diz “Jorge morreu”, o interlocutor compreende
perfeitamente a mensagem.

TÓPICO 3 NOÇÕES BÁSICAS DE MORFOLOGIA E SINTAXE 19


(17) Jorge comprou _______. Comprar é um verbo transitivo direto, posto que
precisa de algo para completar o seu sentido. Quem compra, compra algo ou alguma coisa.
Portanto, o complemento surge sem o auxílio de uma preposição, podendo, assim, ser
chamado de objeto direto.

(18) Jorge precisa __________. Precisar é um verbo transitivo indireto, posto


que precisa de uma informação para completar o seu sentido. Quem precisa, precisa de algo
ou de alguém. Portanto, o complemento surge introduzido por uma preposição, podendo,
assim, ser chamado de objeto indireto.

(19) Jorge deu __________________. Dar é um verbo transitivo direto e indireto,


isto é, bitransitivo, posto que precisa de duas informações para completar o seu sentido.
Quem dá, dá algo a alguém. Portanto, torna-se necessário a presença de um objeto direto
e de um indireto.

Conhecer a transitividade dos verbos é fundamental para a construção de orações


coesas e coerentes. Além disso, estabelecer uma correta relação entre sujeito e verbo, bem
como verbo e objeto, é imprescindível. Para tanto, você deverá estudar a concordância
e regência verbal. Com o primeiro assunto, você basicamente aprenderá que, quando o
sujeito está no singular, o verbo também deve estar; quando o sujeito estiver no plural, o
verbo também estará. Porém, existem outras regras importantes que você pode estudar
a partir das videoaulas do Prof. Noslen, gravadas em seu canal no YouTube, e que
podem ser acessadas por meio dos seguintes links (aula 1 - https://www.youtube.com/
watch?v=4ZJnTqTk4_Y; aula 2 - https://www.youtube.com/watch?v=iZ7Ryffdoc0).
Por extensão, com a regência, é possível compreender que alguns verbos mudam
de sentido mediante o uso de certas preposições. Isso pode ser exemplificado por meio
do verbo “assistir” que, no sentido de “ver”, exige a preposição “a”, como em: Eu assisti à
série/ao jogo/ao filme/ao show/à palestra. Em contrapartida, “assistir” no sentido de “ajudar
e dar assistência” não exige preposição, a saber: O médico assistiu o parto. Duvido que
você sabia dessa regra... Legal, não é mesmo?! Para saber mais sobre a regência, assista
à videoaula da Profa. Pamella Brandão, gravada no canal Redação e Gramática Zica, por
meio do link (https://www.youtube.com/watch?v=JLb__tey3AM).

TÓPICO 3 NOÇÕES BÁSICAS DE MORFOLOGIA E SINTAXE 20


................
...............
................
................

4
TÓPICO

PÉROLAS DA LÍNGUA
PORTUGUESA
.
.....
.....
.....

Nesse tópico, gostaria de discutir alguns assuntos clichês, porém muito importantes,
a exemplo do usos dos porquês, a diferença entre mau e mal, tem e têm, há e a, entre outros
aspectos. Intitulei o capítulo como “pérolas da língua portuguesa” a fim de mostrar a você,
graduando, quais são os desvios mais comuns adotados por brasileiros em textos escritos.
Inicialmente, convido você a refletir sobre a diferença existente entre: por que,
porque, por quê e porquê. Para tal intento, análise o diálogo abaixo:

(20) – Por que você vendeu o carro?


– Porque eu quis.
– Não é possível. Fale a verdade! Você fez isso por quê?
– Por quê? Bem, sinceramente?! O porquê eu não sei.

Note que “por que” separado indica uma pergunta, enquanto “porque” junto
introduz uma resposta/explicação. Por outro lado, “por quê” separado e com acento
circunflexo aparece no final de frases interrogativas ou de maneira isolada, já o “porquê”
junto e acentuado é substantivado, o que pode ser comprovado pelo uso do artigo definido
“o” antes dele.
Muitas pessoas erram também a escrita de “o que”, colocando as palavras
juntas. Isso é tratado como um erro gramatical, afinal, “o que” sempre será separado.
Exemplifica-se isso a partir das seguintes frases:

TÓPICO 4 PÉROLAS DA LÍNGUA PORTUGUESA 21


(21) O que você vai pedir de Natal?
(22) Eu ainda não sei o que quero.

Além de juntar o “o que”, alguns ainda escreve “a gente” junto para se referir a
“nós”, o que está inadequado, posto que “agente” só pode ser usado para indicar “agente
do FBI”, “agente penitenciário”, “agente de imóveis”, “agente financeiro” etc. Quando “a
gente” significa “nós”, deve sempre vir separado, como em:

(23) A gente ficou muito feliz com a notícia.

As pessoas também costumam escrever as palavras “por isso”, “com certeza”, “de
repente” e “a partir de” juntas. Se você é uma dessas pessoas, por favor, aprenda agora que tais
vocábulos se escrevem separados sempre, como pode ser visualizado nos exemplos abaixo:

(24) Eu espero por isso a minha vida toda.


(25) Ele com certeza fez a tarefa.
(26) De repente meu mundo caiu.
(27) A partir de hoje eu não quero mais trabalhar aqui.

Um outro erro comum se dá com o uso de “e” (conjunção) e “é” (verbo). Note que
“é” diz respeito ao verbo ser conjugado na terceira pessoa do singular, no presente do
indicativo. Portanto, sempre que for verbo, virá acentuado. Exemplo:

(28) João é complicado, porém acredito que eu e ele teremos um final feliz.

Vale destacar que muitos apresentam dificuldade em acentuar o verbo “ter” quando
conjugado na terceira pessoa do plural no presente do indicativo. Observe como deve ser
feita a acentuação:

(29) Ele tem medo de aranha.


(30) Eles têm medo de aranha.

Uma outra dúvida frequente é com o uso de “há” e “a”. "Há" vem do verbo haver e
indica passado, podendo ser substituído por "faz". Entretanto, "a" faz referência à distância
ou a um momento no futuro. Veja os exemplos a seguir:
(31) Meus pais se conhecem há 25 anos.
(32) Minha nova escola fica a 10 quilômetros daqui.
(33) A final da Copa será daqui a alguns dias.

TÓPICO 4 PÉROLAS DA LÍNGUA PORTUGUESA 22


Outra confusão bastante enraizada no vocabulário popular se refere à distinção
entre mas (conjunção adversativa), mais (advérbio de intensidade) e más (adjetivo). Veja
os usos a seguir:

(34) Eu queria ir ao cinema, mas o ingresso está muito caro.


(35) Eu queria mais sorvete.
(36) Anastasia e Drisella são más para Cinderela.

Há também aqueles que se confundem ao escrever “mau” e “mal”. Para isso, tenho
uma dica muito especial. Acompanhe o raciocínio:


(37) Eu estou bem // Eu estou mal.
(38) Ele é um lobo bom // Ele é um lobo mau.

Esses esquemas são bem interessantes e funcionam também com outras palavras.
Sempre que você tiver dúvida sobre a escrita das palavras “embaixo” e “em cima”, por
exemplo, faça um V com seus dedos indicador e médio. Assim, verá que “embaixo” fica
juntinho e “em cima” é separado.

TÓPICO 4 PÉROLAS DA LÍNGUA PORTUGUESA 23


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Espero que o material tenha ajudado você, estudante, a compreender com mais
eficácia a importância da Língua Portuguesa para a sua jornada acadêmica. Saber
ler, interpretar, escrever e falar bem demandam estudo teórico e prático. Conhecer o
funcionamento do português é uma forma de você ampliar seu conhecimento, usando a
língua a seu favor.
Durante os capítulos, você pôde notar o quão válido é saber transitar pelos diferentes
contextos comunicativos. Os conteúdos foram selecionados com o intuito de convidá-los a
imergir nessa maravilhosa aventura pelas letras. No primeiro capítulo, aprendemos o que
são os tipos e gêneros textuais/discursivos, analisando, assim, os contextos de produção,
circulação e recepção dos textos. No segundo capítulo, abordamos a construção do texto, a
partir dos seguintes tópicos: coesão e coerência, argumentação, operadores argumentativos,
pontuação e acentuação. Vimos que construir um texto vai além de selecionar palavras
soltas. Um bom texto é formado pelo encadeamento do conteúdo e da forma que, em
harmonia, promovem a comunicação.
Por extensão, no terceiro capítulo, você conheceu a definição de gramática,
compreendendo-a como aquilo que arranja e arquiteta a produção de sentidos. No tópico,
foram discutidos brevemente alguns assuntos relevantes da Morfologia e da Sintaxe, de
modo a despertar o seu interesse em se aprofundar nesses estudos.
Por fim, o último capítulo trouxe alguns desvios gramaticais comuns do dia a dia.
Compreendo que existem muitas outras pérolas a serem analisadas, contudo, cabe agora a
você, meu querido aluno, aventurar-se pela língua portuguesa por meio dos materiais indicados.
Espero que esse material tenha instigado o seu interesse pelos estudos. Reitero que
um bom graduando não pode restringir seus estudos a somente uma apostila. É importante
fazer a leitura de materiais complementares, pesquisar sobre os tópicos que possui mais
dificuldade, treinar por meio de exercícios, assistir às videoaulas, entre outras práticas de
estudo. Lembre-se de que a construção de conhecimento é um processo de fato árduo mas
que, ao fim, nos liberta.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, M. M.; VOLOSHINOV, V. N. A interação verbal. In: Marxismo e filosofia da
linguagem. Trad. Michel Lahud e Yara Frateschi Veira. 10. ed. São Paulo: Hucitec, 2002.

BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich, Os gêneros do discurso. São Paulo: Ed. Editora 34, 2016.

DREY, R. F.; SELISTRE, I. C. T.; AIUB, T. Inglês: práticas de leitura e escrita. Porto Alegre:
Penso, 2015.

FARACO, Carlos Alberto. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo:
Parábola Editorial, 2008.

FULGÊNCIO, Lúcia; LIBERATO, Yara. Como facilitar a leitura. 8. ed. (Coleção repensando
a língua portuguesa). São Paulo: Contexto, 2004.

MATOS, Talliandre. Operadores Argumentativos. Mundo Educação. s/d. Disponível em:


https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/operadores-argumentativos.htm. Acesso em:
27 nov. 2022.

NEVES, Flávia. Exemplos e lista de conectivos. Dúvidas de Português. s/d. Disponível


em: https://duvidas.dicio.com.br/conectivos/. Acesso em: 27 nov. 2022.

SQUARISI, Dad. A vírgula. Correio Braziliense – Blog da Dad. 2008. Disponível em:
https://blogs.correiobraziliense.com.br/dad/a_virgula/. Acesso em: 25 nov. 2022

ORMUNDO, Wilton; SINISCALCHI, Cristiane. Se liga nas linguagens: português. 1. ed.


São Paulo: Moderna, 2020

25
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