Aula 01 Quinhentismo Trovadorismo Humanismo e Classicismo - EsPCEx 2024

EsPCEx
2024
AULA 01
Quinhentismo, Trovadorismo, Humanismo e Classicismo
Professora Luana Signorelli
65
Profa. Luana Signorelli
Sumário
INTRODUÇÃO 4
1.0 CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL 4
2.0 QUINHENTISMO 6
2.1 Literatura de informação 10
2.2 Literatura de catequese 15
3.0 TROVADORISMO 23
3.1 Cantiga de amigo 25
3.2 Cantiga de amor 27
3.3 Cantiga de escárnio 29
3.4 Cantiga de maldizer 29
3.5 Prosa trovadoresca 31
4.0 HUMANISMO 35
4.1 Gil Vicente 37
5.0 CLASSICISMO 42
5.1 Luís Vaz de Camões 45
6.0 MOVIMENTOS ARTÍSTICOS MEDIEVAIS 52

6.1 Românico 53
6.2 Gótico 54
6.3 Bizantino 55
6.4 Renascimento 56
7.0 CRÍTICA LITERÁRIA 57
8.0 QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 61

8.1 Lista de fixação 74
8.2 Gabarito 97
9.0 QUESTÕES COM COMENTÁRIOS 98

9.1 Lista de fixação comentada 120
10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 160
11.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 162
AULA 01 – QUINHENTISMO, TROVADORISMO, 2

HUMANISMO E CLASSICISMO
Exército Brasileiro
/luana.signorelli Professora Luana @profa.luana.signorelli

Signorelli
Luana Signorelli @luanasignorelli1

INTRODUÇÃO
Hoje nós vamos dar continuidade ao nosso Curso Extensivo de Literatura para ESA 2024.
Lembrem-se sempre do nosso lema:
“O segredo do sucesso é a constância no objetivo”.
Segundo o nosso cronograma de aulas, hoje estudaremos o seguinte:
AULA TÓPICOS ABORDADOS

Quinhentismo, Trovadorismo, Humanismo e Classicismo
Literatura de formação e de catequese. Brasil: Carta de Caminha e Padre
Anchieta. Portugal: Trovadorismo. Humanismo: Gil Vicente. Temáticas
AULA 01 Literárias: amor cortês; ética do comportamento. Literatura Clássica.
Classicismo: Camões (poesia épica e poesia lírica). Intertextualidade:
diálogo entre Camões e a poesia moderna. Artes: Período Medieval, estilos
Gótico, Bizantino e Românico; Renascimento.
Então, vamos lá, não percamos tempo!
1. Contextualização Geral
A metodologia dessa aula irá se pautar nos seguintes aspectos: contextualização do período
histórico, tanto brasileiro quanto português, características gerais dos movimentos e um breve resumo
de autores e obras com quadros sinópticos.
O quadro sinóptico (sinopse: resumo) é um material de apoio que irá poder ajudá-los pouco antes
da prova, por se tratar de conteúdos concentrados.
• Literatura brasileira: Quinhentismo.
• Literatura portuguesa: Trovadorismo; Classicismo e Humanismo.
Na aula de hoje, iremos abordar 4 movimentos literários. Honestamente, eles

não costumam cair com frequência em provas. Porém, quando caem, as bancas
costumam cobrá-los numa abordagem interdisciplinar, associando-os à cultura
medieval. Por isso, o tratamento desses conhecimentos são importantes: porque eles
podem ser o diferencial!

Nesse início da historiografia literária, para além do Quinhentismo

brasileiro, é importante conhecer os movimentos literários e
artísticos europeus também, pois eles se relacionam com a
Literatura Nacional. Logo, são instrumentos importantes no nosso
estudo. Eis abaixo um esquema que pode ajudá-los.
LITERATURA REGIONAL
LITERATURA NACIONAL
Produção literária em escala
local ou particular. Pode LITERATURA UNIVERSAL
transmitir qualidades Literatura produzida em um
culturais próprias. Foi contexto de Estado-Nação ou
importante para o país. Por exemplo: literatura Weltliteratur (em alemão)
Modernismo, por exemplo, brasileira, francesa, inglesa, significa Literatura Mundial.
com Graciliano Ramos e russa etc. É importante Foi um conceito
Guimarães Rosa, que observar que, a depender do desenvolvido pelo romântico
retrataram o Nordeste e movimento literário, houve Goethe (1749-1832). É a
Minas Gerais. algumas diferenças de país noção de que a grande
para país. literatura ultrapassa
fronteiras regionais e até
mesmo temporais.
Esse quadro nos ajuda a entender que uma literatura particular pode se alçar a universal, e é nesse
sentido que é importante ter uma perspectiva do todo. É como diz o russo Liév Tolstói: para se falar do
mundo, é preciso primeiro saber falar da própria aldeia.
Esse modo de encarar a Literatura também pode ser explicado pelo crítico literário Antonio
Candido em sua obra A educação pela noite & outros ensaios:
• A literatura nacional e a universal se encontram numa relação orgânica.
Particular ⇌ Universal
É nesse sentido ainda que podemos empregar o termo “literatura” com letra minúscula para
designar um sentido lato (geral, amplo) ou “Literatura”, para nos remeter à disciplina e à área de
conhecimento especificamente.

2.0 Quinhentismo
Aqui, vocês serão convidados a adentrar o universo de sonho das grandes navegações!
Julho de 1969. O estadunidense Armstrong chocava toda a humanidade quando pisava pela
primeira vez na lua. Não foi tão diferente com as descobertas dos espanhóis e dos portugueses quando
descobriram novos mundos antes desconhecidos.
O contato com os nativos nus, de língua e costumes estranhos, as belezas naturais, os animais, as
plantas e os frutos exóticos, os mistérios, as riquezas – tudo isso contribuiu para uma vasta criatividade
dos escritores que para cá vinham, consistindo na primeira produção literária nacional.
A expansão ultramarina foi uma das ‘soluções’ encontradas pela sociedade da Europa
Ocidental para fazer frente aos graves problemas gerados pela crise do sistema feudal. A
necessidade de encontrar novas fontes de riquezas, controlar novas regiões produtoras, a
centralização política, foram fatores decisivos para o desencadeamento do processo
expansionista. (MARQUES, 2005).
Os portugueses levaram grande vantagem sobre este processo, pois lideravam a Escola de Sagres,
um grupo de pessoas ligadas à arte náutica, desenvolvendo tecnologia – tais como as caravelas e o
astrolábio (instrumento astronômico que funcionava como bússola) – e a tradição marítima acumulada
fez com que Pedro Álvares Cabral chegasse ao Brasil em 1500. Seguem abaixo exemplos de instrumentos
de navegação: a bússola e o astrolábio.
Fonte: Pixabay. Fonte: Shutterstock.
As grandes navegações motivaram expansões ultramarinas. A atmosfera era de

competitividade/necessidade, consistindo na primeira fase do capitalismo: mercantilismo. As metrópoles
iam atrás de matérias-primas. O Brasil naturalmente logo se revelou fonte de riquezas naturais. Por isso,
houve exploração desses recursos, especialmente, o Pau-Brasil.
As capitais brasileiras foram respectivamente:

Rio de
Salvador Brasília
Janeiro
E depois disso, no Brasil...

• Século XVI: a metrópole procurou garantir o domínio sobre a terra descoberta, organizando-a em
capitanias hereditárias e enviando negros da África para povoá-la e jesuítas da Europa para
catequizar os índios;
• Século XVII: a cidade de Salvador, na Bahia, povoada por aventureiros portugueses, índios, negros
e mulatos, tornou-se o centro das decisões políticas e do comércio do açúcar;
• Século XVIII: a região de Minas Gerais transformou-se no centro da exploração do ouro e das
primeiras revoltas políticas contra a colonização portuguesa, entre as quais se destacou o
movimento da Inconfidência Mineira (1789-1792).
O Quinhentismo é a primeira escola literária brasileira, porque as obras foram

produzidas em território brasileiro, ainda que por estrangeiros (colonizadores de
várias nacionalidades, especialmente, portugueses, mas também alemães,
franceses etc.). O primeiro movimento literário nacional será o Romantismo,
pois só é possível falar de nacionalismo a partir da Independência de 1822.
Embora a Literatura Brasileira tenha nascido no período colonial, é difícil precisar o momento em que
passou a configurar como produção cultural independente dos vínculos lusitanos. Durante o período
colonial, ainda não eram sólidas as condições essenciais para o florescimento da literatura em si; portanto,
eram comuns na época meros registros ou diários de navegação. Geralmente, os livros produzidos por
escritores nascidos no Brasil eram impressos em Portugal e depois trazidos à colônia.
CONTEXTUALIZAÇÃO DO QUINHENTISMO
Brasil Colônia
ESTILO LITERÁRIO PRINCIPAIS AUTORES DESCRIÇÃO

Literatura de informação: Literatura de informação:
Quinhentismo.
Pero Vaz de Caminha e Pero Magalhães cunho informativo, com
Duas tendências ou
Gândavo. foco em documentar.
vertentes:
Literatura de catequese: Literatura de catequese:
literatura de formação,
Padre José de Anchieta e Padre Manuel textos de cunho religioso.
informação
da Nóbrega.

LITERATURA DE FORMAÇÃO LITERATURA DE INFORMAÇÃO
visava ao processo educativo e cultural dos testemunho que valia como documentos,
povos nativos. É sinônimo de literatura de cujo objetivo central era narrar e descrever
catequese as terras, os povos e os costumes
Pontos históricos mais relevantes do Brasil
Chegam os
Chegam os portugueses holandeses
Chegam os escravos
D. João II falece em 1495. O contexto Início dos ataques
Em 1538, começam a chegar holandeses ao litoral
de expulsão dos judeus se acentua, e
ao Brasil os primeiros brasileiro. Maurício
eles eram quem bancavam grande
escravos vindos da África. Em de Nassau conquista
parte das expedições portuguesas.
1548, a Coroa Portuguesa Pernambuco (1637).
Ainda assim, Pedro Álvares Cabral
cria e institui o Governo-Geral O açúcar era a maior
chega em terras brasileiras em 21 de
no Brasil. produção.
abril de 1500.
Até 1499 1500 1532 1538 1580 1599

História Pré-Cabralina Capitanias hereditárias
Domínio espanhol
Luzia é o fóssil da mulher pré- Em 1532, há a criação do O Brasil passa a ser domínio
histórica mais antigo encontrado sistema de Capitanias espanhol. A União Ibérica vai
nas Américas. No Brasil, Hereditárias (rei D. João III). ser um episódio na História
especificamente, regiões onde foi Esse regime inicial foi de do Brasil Colônia de 1580 a
indicada presença de povos 1534 a 1549, baseando-se 1640. Durante esse período,
primitivos foram Pedra Pintada e numa organização
Pedra Furada. Até pouco antes de governarão 3 Felipes
puramente mercantil. No
Pedro Álvares Cabral chegar (~ início, apenas duas
1300 d. C.), uma grande
Infográfico: Showeet.
prosperavam: São Vicente e
comunidade de referência era o Pernambuco.
Monte de Teso dos Bichos na Ilha
do Marajó.
A LITERATURA DE INFORMAÇÃO
A literatura de informação, ou de expansão, foi cultivada em Portugal à época das

grandes navegações. A finalidade desses textos, escritos em prosa, era narrar e descrever as
viagens e os primeiros contatos com a terra brasileira e seus nativos. Embora guardem pouco
valor literário, são textos dotados de grande documentação histórica.

Nem crônicas, nem memórias, pois não resultavam de nenhuma intenção literária: os escritos
dos cronistas e viajantes eram uma tentativa de descrever e catalogar a terra e o povo recém-
descobertos. Entretanto, permeava-os a fantasia de seus autores, exploradores europeus que
filtravam fatos e dados, acrescentando-lhes elementos mágicos e características muitas vezes
fantásticas. (VOGT, 1982).
• Tendência literária de representação da figura

Indianismo do indígena. Observação: isso pode ser feito de
maneira diferente ao longo da História.
A LITERATURA DE CATEQUESE
Os jesuítas vindos ao Brasil com a missão de catequizar os índios deixaram inúmeras cartas,
tratados descritivos, crônicas históricas e poemas. Os principais deles foram José de Anchieta e o padre
Manuel de Nóbrega, que chegaram juntos ao Brasil em 1553 e fundaram no ano seguinte, no planalto de
Piratininga, um colégio que se tornou o núcleo da futura cidade de São Paulo.
A primeira missa no Brasil (1861), de Victor Meirelles.

Essa obra de arte foi criada em um movimento artístico posterior:

o Romantismo. No centro do quadro, há a celebração do culto
religioso católico-cristão, no caso, a Primeira Missa no Brasil, em
terra de Vera Cruz, cidade de Cabrália. As vestes do padre são
brancas e iluminadas. Literalmente, representação do
teocentrismo, no caso, sendo o padre o representante de Deus na
terra. Os indígenas, embora estejam em maior número,
encontram-se marginalizados. Por meio desse posicionamento,
podemos perceber criticamente o processo de aculturação: ou
seja, os indígenas sendo relegados às margens, sem possibilidade
de participação efetiva, a não ser um papel como espectadores.
Filme: Desmundo.
Sinopse: o filme é ambientado em 1570 e

conta a história de mulheres órfãs de Portugal
que eram enviadas ao Brasil para se casar com
os colonizadores. Essa prática visava construir
núcleos familiares cristãos e de ascendência
europeia, coibindo os relacionamentos entre
homens brancos e mulheres indígenas.
2.1 Literatura de informação
Pero Vaz de Caminha

Nasceu em 1450 e faleceu em 1500. Foi um fidalgo
português e um escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral.
Sua produção mais relevante foi a carta escrita a D. Manuel I,
datada de 1º de maio de 1500, na qual revela os primeiros
relatos descritivos sobre a terra do Brasil.

Carta de Pero Vaz de Caminha (1500)
CATEGORIA DEFINIÇÃO
Carta em 14 páginas em forma de inventário/diário de navegação, com
mescla de tipologias textuais: descrição, narração e dissertação. Em se
tratando de uma obra da literatura de informação quinhentista, seu
ESTRUTURA objetivo principal é descrever as terras brasileiras (fauna e flora), bem
como os povos nativos. O ponto de vista está na primeira pessoa, alterando
a primeira pessoa do singular (o próprio autor, Pero Vaz de Caminha), e
do plural (os portugueses no geral).
Pero Vaz de Caminha (remetente), el-rei D. Manuel I (destinatário), Nicolau
PERSONAGENS Coelho, Capitão-mor, piloto Afonso Lopes, degredado (exilado) Afonso
Ribeiro, Bartolomeu Dias, padre frei Henrique, indígenas (não nomeados).
Saída em 9 de março de 1500 e chegada no dia 21 de abril de 1500.
Como no ano de 1500 o mês de março tem 31 dias, quer dizer que
TEMPO
demoraram 43 dias para chegar. O relato termina numa sexta-feira, não
se especifica qual, com a celebração da Santa Missa e o fechamento.
Percurso até chegarem (passando por regiões geográficas como as Ilhas
ESPAÇO Canárias e as Ilhas de Cabo Verde), culminando no achamento da Terra
de Vera Cruz (nome inicial do Brasil).
Pero Vaz de Caminha é um fidalgo enviado junto com a tripulação de
desbravadores com o objetivo de fazer um levantamento das descobertas.
Ao chegar ao Brasil, chama a sua atenção aspectos como: choque cultural
com os costumes dos povos indígenas, descrição das terras brasileiras
CONFLITO
(animais e plantas), descrição dos hábitos dos indígenas (alimentação,
dança, onde dormiam – nas ocas, meios de subsistência, armas, crenças) e
os gestos dos indígenas indicando que nessas terras haveria ouro e prata
(tratando-se de uma conjectura).
Como era de praxe no catolicismo, ao descobrir novas terras os
portugueses tinham como finalidade chantar uma Cruz e rezar uma missa.
Pero Vaz de Caminha pretende enviar vários objetos para o el-rei D.
Manuel I, como forma de comprovação do que narrou e descreveu na
carta. Inclusive, faz planejamentos futuros, confabulando com o el-rei a
DESFECHO
vinda de mais pessoas para a nova terra como parte do projeto. Iriam
ficar no Brasil alguns degredados. Termina mencionando que não haveria
mais necessidade de enviar desbravadores para Calicute (missão às
Índias), como quem está tão orgulhoso de sua missão que acha que ela
seria suficiente para convencer el-rei.
Com as caravelas ao fundo, o primeiro

encontro diplomático no Brasil é uma troca
de chapéus entre o diplomata Nicolau Coelho
e o pajé, provavelmente da tribo tupi.

E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de
Páscoa, que foram 21 dias de abril, estando da dita Ilha obra de 660 ou 670 léguas, segundo os
pilotos diziam, topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas,
a que os mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E
quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos.
Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte,
mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos:
ao monte alto o capitão pôs nome – o Monte Pascoal e à terra – a Terra da Vera Cruz.
Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram os
navios pequenos, por chegarem primeiro.
Então lançamos fora os batéis e esquifes, e vieram logo todos os capitães das naus a esta nau
do Capitão-mor, onde falaram entre si. E o Capitão-mor mandou em terra no batel a Nicolau Coelho
para ver aquele rio. E tanto que ele começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos
dois, quando aos três, de maneira que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte
homens.
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam
arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que
pousassem os arcos. E eles os pousaram. Ali não pôde deles haver fala, nem entendimento de
proveito, por o mar quebrar na costa. Somente deu-lhes um barrete vermelho e uma carapuça de
linho que levava na cabeça e um sombreiro preto.
Um deles deu-lhe um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas
vermelhas e pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal grande de continhas brancas,
miúdas, que querem parecer de aljaveira, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa Alteza,
e com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do mar.
*Vocabulário
Chã: terreno plano, planície
Batéis e esquifes: barcos pequenos
Barretes: cobertura de tecido flexível que se ajusta facilmente à cabeça e termina em ponta que pende para
trás ou para o lado.
1. (Estratégia Militares 2019 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli) Para começar o estudo
da literatura brasileira, toma-se geralmente por base o início da colonização portuguesa, pois o
desenvolvimento dessa literatura se dá no contexto da transposição da cultura ocidental para a
América. À luz destes conhecimentos, selecione a alternativa correta.
a) A literatura colonial produzida no Brasil, na época de 1500-1700, tinha como principal gênero a
poesia.
b) Autores como José de Anchieta e Padre Antônio Vieira foram de importância crucial para o
desenvolvimento da literatura nacional, sobretudo porque desenvolveram uma literatura de cunho
jesuítico.

c) A carta de Pero Vaz de Caminha, destacada como marco da literatura colonial, demonstra uma
linguagem considerada difícil para os dias atuais, pois se tratava de português arcaico.
d) Pode-se concluir do texto que Nicolau Coelho foi grande amigo de Pero Vaz de Caminha e chegou
com ele junto ao Brasil.
e) É possível depreender do texto que, uma vez que os nativos possuíam barrete e carapuças, eles
representavam séria ameaça aos viajantes.
Comentários:
Questão de contexto histórico-social/interpretação de texto literário.
Alternativa A: incorreta. O Trovadorismo em Portugal teve como principal gênero a poesia. A
produção literária do Quinhentismo no Brasil se limitou a 1500, pois em 1600 já havia outros
movimentos literários, como Barroco e Arcadismo. Além do mais, a principal obra desse período é
escrita em forma de prosa, tratando-se da carta de Pero Vaz de Caminha.
Alternativa B: incorreta. Padre Antônio Vieira já era autor do Barroco.
Alternativa C: correta – gabarito. Acompanhe abaixo as fases da História da Língua Portuguesa.
1) Arcaico: 1500 => cartas. Portugal ~ Espanha: língua de contato – galego/português;
2) Clássico: 1600 => Camões;
3) Moderno: até hoje.
Alternativa D: incorreta. Não é possível concluir isso a partir do trecho. Porém, pode-se inferir o
seguinte: o capitão-mor manda Nicolau Coelho como o primeiro a testar terras desconhecidas. Ou
seja, ele serviu como cobaia. Na verdade, historicamente Nicolau Coelho era um comandante da
armada de Pedro Álvares Cabral.
Alternativa E: incorreta. A História irá comprovar que a chegada dos portugueses significou
massacre para os povos indígenas, mas, em um primeiro momento, não é possível depreender isso do
texto. Tanto é que houve um sinal de contato e de reconhecimento entre eles, momento simbolizado
pela troca de chapéus.
Gabarito: C.
2. (Estratégia Militares 2019 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli) O Dia Nacional do
Índio é decretado no dia 19 de abril. Hoje há instituições federais que garante respaldo aos direitos
humanos indígenas, tais quais a Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Com base na cultura indígena,
eleja a alternativa correta.
a) Pero Vaz de Caminha foi importante para ressalvar os direitos indígenas. Na sua carta, considerada
a primeira obra da literatura nacional, o autor exibe um profundo conhecimento indígena, e uma
postura amigável aos nativos.
b) As terras indígenas serão administrativamente demarcadas por iniciativa e sob a orientação do
órgão federal de assistência ao índio.
c) O escambo era uma prática colonial comum, e consistia em uma troca de objetos por parte do
colonizador e do colonizado, sendo que cada uma das partes entregava um bem ou prestava um
serviço à outra, a fim de formar um sistema de crédito. Isto pode ser facilmente evidenciado nos dois
últimos parágrafos do trecho selecionado.
d) Fica claro do trecho acima que os índios e os portugueses, de tradição europeia, apresentavam
culturas semelhantes, por isso se entendiam com tanta facilidade.
e) Para chegar ao Brasil, os portugueses percorreram o Oceano Pacífico.

Comentários:
Questão de atualidades/conhecimentos interdisciplinares. Há datas e documentos importantes
sobre o assunto:
*19 de abril: Dia Nacional do Índio
*09 de agosto: Dia Internacional dos Povos Indígenas (ONU)
*Decreto de Lei nº 1.775/96: dispõe sobre o procedimento administrativo da demarcação das
terras indígenas.
*Lei nº 11.645/2008: inclui a história e cultura indígenas na Lei de Diretrizes Básicas (LDB).
Alternativa A: incorreta. A postura não era amigável, era de desconfiança frente ao
desconhecido.
Alternativa B: correta – gabarito. É o artigo 1º da Lei nº 1.775/96.
Alternativa C: incorreta. A prática histórica do escambo foi descrita na alternativa. Quando é
assim, apenas confiem. Saber o termo nesse caso não era decisivo para gabaritar a questão. O fato é
que o gesto que foi estipulado nestes dois parágrafos – a troca de chapéus, no caso um sombreiro da
parte do português e um ramal (cocar) da parte do índio, representou o primeiro contato travados
entre ambos, e não troca comercial de objetos.
Alternativa D: incorreta. Eram culturas bastante diferentes e no geral desconfiavam uns dos
outros.
Alternativa E: questão interdisciplinar de Geografia. Foi o Oceano Atlântico.
Gabarito: B.
PROFA, MAS A CARTA É CONSIDERADA LITERATURA? SIM!
A Carta de Pero Vaz de Caminha é um documento histórico, mas que conserva alguns aspectos
literários também, conseguindo mesclar, ao mesmo tempo, dados subjetivos e objetivos. Seguem abaixo
elencados alguns tópicos que ajudam na tentativa do enquadramento da carta no âmbito literário.
Assista também ao webinário sobre a carta: aula especial de Literatura e História Link de
acesso: https://www.youtube.com/watch?v=FYj9QkRB09Y&t=4s

Pero de Magalhães Gândavo

Gândavo (1540-1579) foi um português de origem francesa
(o nome deriva de Gand). Foi professor de Humanidades e amigo
de Camões. Foi ele quem escreveu os primeiros informes
sistemáticos sobre o Brasil. Sua estada aqui coincidiu com o
governo Mem de Sá. Seu tratado que hoje conhecemos como
História da Província de Santa Cruz a que Vulgarmente Chamamos
Brasil não foi publicado em vida do autor, apenas em 1826 na
Academia Real das Ciências de História de Portugal.
2.2 Literatura de catequese
Padre José de Anchieta

José de Anchieta (1534-1597) teve uma vasta produção. Tendo em
vista a catequese, todos seus textos apresentavam intenção pedagógica. Ele
escreveu poemas, hinos, canções e autos (gênero teatral originado na Idade
Média), além das cartas que informavam sobre o andamento da catequese
no Brasil e de uma gramática da língua tupi.
EXEMPLO PRÁTICO 1
Padre José de Anchieta – Poema da Virgem

É comum nesse período a representação da
Olha com que azorrague o carrasco sombrio
Pietá, Nossa Senhora carregando Jesus morto
retalha do Senhor a meiga carne a frio. (...)
Vê como a dextra má finca em lenho de escravo em seus braços, imagem de dor profunda e
as inocentes mãos com aguçado cravo desoladora. O Quinhentismo, apesar de ser
Olha como na cruz finca a mão do algoz cego um movimento literário primitivo, apresentou
os inocentes pés com aguçado prego. uma riqueza de gêneros literários. Ao lado,
Ei-lo, rasgado jaz nesse tronco inimigo, observamos uma poesia de Padre José de
e c'o sangue a escorrer paga teu furto antigo! Anchieta. Sua poesia altamente descritiva,
Vê como larga chaga abre o peito, e deságua rebuscada, cheia de riqueza de detalhes,
misturado com sangue um rio todo d'água. imagens e sofrimento, como a metáfora do rio
Se o não sabes, a mãe dolorosa reclama de sangue, já se aproxima da linguagem do
para si quanto vês sofrer ao filho que ama.
Barroco. Ao lado está apenas um trecho, mas
Pois quanto ele aguentou em seu corpo
o começo do poema está todo em latim e, ao
desfeito,
tanto suporta a mãe no compassivo peito. fim dele, o eu lírico diz que deseja que todo
Ergue-te pois e, atrás da muralha ferina esse sangue lhe sirva como purificação e meio
cheio de compaixão, procura a mãe divina. de entrada para a Morada Eterna.

EXEMPLO PRÁTICO 2
PERSONAGENS
GUAIXARÁ – rei dos diabos
AIMBIRÊ
SARAVAIA – criados de Guaixará
TATAURANA
URUBU
JAGUARUÇU – companheiros dos diabos
VALERIANO
DÉCIO – Imperadores romanos
SÃO SEBASTIÃO – padroeiro do Rio de Janeiro
SÃO LOURENÇO – padroeiro da aldeia de São Lourenço
VELHA
ANJO
TEMOR DE DEUS
AMOR DE DEUS
CATIVOS E ACOMPANHANTES
TEMA
Após a cena do martírio de São Lourenço, Guaixará chama Aimbirê e Saravaia para ajudarem a
perverter a aldeia. São Lourenço a defende, São Sebastião prende os demônios. Um anjo manda-os
sufocarem Décio e Valeriano. Quatro companheiros acorrem para auxiliar os demônios. Os
imperadores recordam façanhas, quando Aimbirê se aproxima. O calor que se desprende dele abrasa
os imperadores, que suplicam a morte. O Anjo, o Temor de Deus, e o Amor de Deus aconselham a
caridade, contrição e confiança em São Lourenço. Faz-se o enterro do santo. Meninos índios dançam.
(...)
SARAVAIA
Fui pelo sertão a dentro,
lacei as almas, rapaz.
ANJO
De que famílias descendem?
SARAVAIA
Desse assunto pouco sei.
Filhos de índios talvez.
Na corda os enfileirei
presos todos de uma vez.
Passei noites sem dormir,
nos seus lares espreitei,
fiz suas casas explodir,
suas mulheres lacei,
pra que não possam fugir.
(Amarra-o o anjo e diz:)

ANJO
Quantas maldades fizeste!
Por isso o fogo te espera.
Viverás do que tramaste
nesta abrasada tapera
em que pro fim te pilhaste.
O dia de São Lourenço é 10 de agosto. Ele foi diácono e mártir. Fez parte do grupo de 7 diáconos
que serviam a Igreja de Roma durante o pontificado de São Sisto II, administrando os bens da Igreja e
distribuindo as esmolas dos pobres. O imperador Valeriano publicou um decreto contra os cristãos,
prendendo o Papa e executando-o, bem como 4 diáconos. São Lourenço foi preso no dia 10 de agosto de
257. Sua morte foi dolorosa: pouco a pouco e em brasas. A Igreja Católica usou contra seus próprios
membros o método que usaria na Inquisição, que começou no século XII. São Lourenço é padroeiro dos
diáconos permanentes, modelo de servidor de Cristo nos pobres e Heróis da fé provada no fogo (HOMEM,
2012, p. 317).
Um dos principais gêneros literários do período estudado na aula de hoje é o teatro. A Carta de
Pero Vaz de Caminha é muito conhecida e cobrada; porém, devemos ter um conhecimento mais
abrangente de outras obras também.
No trecho acima, observa-se uma espécie de ficha catalográfica de apresentação das personagens.
Podemos observar que elas alternam nomes indígenas (pagãos) e cristãos. No caso dos textos literários
brasileiros do período, é muito importante observar o sincretismo religioso. Isso indica a riqueza de
culturas coexistindo no mesmo espaço e tempo, como costuma ocorrer até hoje. O que a banca pode
explorar desse período é justamente o choque cultural, que sucedeu de várias maneiras, sobretudo,
mediante a religião.
SINCRETISMO. Fusão de cultos religiosos ou de elementos culturais diferentes com

acomodação entre seus elementos; fusão de filosofias ou ideologias diversificadas; tendência
a fundir ideias ou doutrinas diferentes e até mesmo antagônicas (dicionário Aulete).
Alguns nomes são alegóricos, como temor e amor de Deus, por exemplo.
No trecho em particular, há ambiguidade: a personagem Saraiva, que é um criado do rei dos
diabos, narra maldades que fez as quais se parecem com os processos de colonização. No fim, há o caráter
moralizante do Anjo: “Viverás do que tramaste /nesta abrasada tapera”. É como se houvesse uma lição
de moral, o que indica o objetivo pedagógico da literatura de catequese.
Padre Manuel de Nóbrega

Manuel de Nóbrega (1517-1570) foi um sacerdote jesuíta português.
Chefiou a primeira missão jesuítica na América. Estudou na Universidade de
Salamanca e Coimbra. Escreveu cartas e a obra Diálogo sobre a conversão do
gentio. Contribuiu para o estudo dos costumes do povo Tupinambá.

"PADRES" "PEROS"
LITERATURA DE CATEQUESE LITERATURA DE INFORMAÇÃO
Outras obras de destaque do período do Quinhentismo no Brasil foram:

• Pero Vaz de Caminha – Carta. Endereçada a el-rei D. Manuel, referindo o descobrimento de uma
nova terra e as primeiras impressões da natureza e do aborígene;
• Pero Lopes de Sousa – Diário de navegação (1530). Ele foi o escrivão do primeiro grupo
colonizador, o de Martim Afonso de Sousa.
• Hans Staden – Duas viagens ao Brasil (1557);
• Magalhães Gândavo – Tratado da terra no Brasil (1576);
• Gabriel Soares da Sousa – Tratado descritivo do Brasil (1576);
• Jean de Léry – Viagem à terra do Brasil (1578);
• Fernão Cardim – Narrativa epistolar e Tratados da terra e da gente do Brasil (1583). Ele foi um
jesuíta.
• Ambrósio Fernandes Brandão – Tratado descritivo do Brasil (1618). Ou ainda Diálogos das
grandezas do Brasil.
• Frei Vicente do Salvador – História do Brasil (1627).
• Observação 1: percebam que, para além da colonização portuguesa, houve interesse de outras
nacionalidades acerca da terra do Brasil. De fato, tudo era muito chamativo, sendo que atraiu a
atenção de alemães e franceses, por exemplo.
• Observação 2: a noção que as pessoas daquela época tinham sobre o conceito de “História” é
diferente do que temos hoje. Isto é, para eles, descrevia-se a História Presente, os fatos que
realmente estavam acontecendo, ao passo que hoje temos noção de distanciamento histórico.
Ao lado, como curiosidade, foto de minha autoria da carta

de Pero Vaz na cidade de Santa Cruz Cabrália (BA). Trechos da carta
são dispostos em uma oca, ao lado de uma réplica da caravela de
Pedro Álvares Cabral. É um ponto turístico: é possível adentrar a
caravela e ver as réplicas dos canhões, por exemplo. Viajei
pessoalmente para lá no ano de 2011 e conheci também a cruz onde
foi celebrada a Primeira Missa no Brasil. Ao redor dela, hoje há um
mercado de artesanato indígena.

DESCOBRIMENTO DO BRASIL OU ACHAMENTO? DEPENDE DO PONTO DE VISTA!
Orgulho
Eurocentrismo
português
Achamento
Viés
Mercantilismo
desbravador e
e colonização
de descoberta
Litoral e
Chegada Tupis
interior
Norte da Bacia
Macro-jês
Amazônica
Invasão
Planalto
Aruaques
Central
Região
Cariris
Amazônica
(EsPCEx – 1999)
“Não se pode numerar nem compreender a multidão de barbaro gentio que semeou a natureza por
toda esta terra do Brasil; porque ninguém pode pelo sertão dentro caminhar seguro, nem passar
por terra onde não acha povoações de indios armados contra todas as nações humanas, e assi como
são muitos permitiu Deos que fossem contrarios huns dos outros, e que houvesse entrelles grandes
odios e discordias, porque se assi não fosse os portuguezes não poderião viver na terra nem seria
possivel conquistar tamanho poder de gente.”
1) O texto acima é representativo de uma fase de nossa literatura conhecida como

a) indianista.
b) informativa.
c) jesuítica.
d) romântica.
e) nacionalista.

Comentários:
Alternativa A: incorreta. O indianismo é a tendência da representação da figura do indígena na
literatura. Pode ocorrer na historiografia literária nessas escolas: Quinhentismo, Arcadismo,
Romantismo e Modernismo.
Alternativa B: correta – gabarito. A literatura de informação quinhentista tem como principal
função narrar as viagens mercantilistas e descrever a terra (fauna e flora) e os povos nativos
encontrados, como nesse trecho, em que há a tentativa de estabelecer um levantamento de
informações.
Alternativa C: incorreta. A literatura de catequese é uma outra tendência literária quinhentista,
mas que não se observa no trecho.
Alternativa D: incorreta. Romantismo é um movimento literário do século XIX, ao passo que o
Quinhentismo é um movimento literário dos séculos XVI-XVII.
Alternativa E: incorreta. O nacionalismo é uma tendência literária que, no Brasil, só se manifesta
a partir da Independência de 1822.
Gabarito: B.
2) Em relação ao texto, indique a alternativa correta:

a) A expressão "barbaro gentio" indica uma oposição, uma antítese.
b) A discórdia entre os índios foi, segundo o autor, decorrência de uma providência divina.
c) Se não houvesse discórdia entre os índios, os portugueses poderiam viver na terra em paz.
d) A chegada dos portugueses é que tomou os índios "contrários huns dos outros".
e) No trecho "se assi não fosse", a palavra "assi" refere-se à oração "permitiu Deos".
Comentários:
Alternativa A: incorreta. "Gentio" significa indivíduo pagão ou indígena, o que não apresenta
relação antitética (de oposição) com o termo "bárbaro" de acordo com A PERSPECTIVA
EUROCÊNTRICA.
Alternativa B: correta – gabarito. O que se infere de expressões como "Não se pode numerar
nem compreender" e "permitiu Deus".
Alternativa C: incorreta. Cuidado com informações extratextuais.
Alternativa D: incorreta. Infere-se que os conflitos já ocorriam antes da chegada dos portugueses.
Alternativa E: incorreta. Refere-se à oração que vem imediatamente antes: "e que houvesse
entrelles grandes odios e discórdias"
Gabarito: B.
PARA FRENTE...
Outros movimentos literários posteriores resgataram a figura do índio de formas diversas.

Podemos ressaltar:
• José de Alencar – O guarani (Romantismo).
• Oswald de Andrade – Macunaíma (Modernismo → movimento Pau-Brasil).

É importante ressaltar que essa figura do índio no período do Quinhentismo era

descritiva, ou seja, não passou por idealização como no Romantismo nem
estilização como no Modernismo. Ou seja, essa visão muda ao longo da História. É
ainda mais relevante compreender o principal objetivo da época: propagar a visão
eurocêntrica. Logo, o ponto de vista dos textos era do colonizador e não dos
indígenas.
Vamos estudar a partir de dois depoimentos diferentes abaixo como que a perspectiva sobre o
mesmo assunto pode mudar a depender de quem profere o discurso.
PONTO DE VISTA EUROCÊNTRICO
Tomai o fardo do Homem Branco

Continua pacientemente
Encubra-se o terror ameaçador
E veja o espetáculo do orgulho;
Pela fala suave e simples
Explicando centenas de vezes
Procura outro lucro
E outro ganho do trabalho.
Tomai o fardo do Homem Branco

As guerras selvagens pela paz
Encha a boca dos Famintos,
E proclama, das doenças, o cessar;
E quando seu objetivo estiver perto
(O fim que todos procuram)
Olha a indolência e loucura pagã
Levando sua esperança ao chão.
Nesse trecho, o eu lírico de Rudyard Kipling, Prêmio Nobel de Literatura de 1907, julga que o Homem
Branco tem como missão levar a esperança a outros chãos, de preferência, os pagãos. Chegando aonde
há fome e doença, infere-se que ele seria um herói salvador. Porém, a missão também é um peso, ou seja,
um fardo, algo a que o Homem Branco estaria destinado.
Este poema é de 1899. Nessa ocasião, a Europa, depois da colonização, passava por outra etapa
capitalista: o Imperialismo, sendo que uma onda de competição por novos mercados competidores
recomeçava.
• Observação 1: o uso da letra maiúscula no termo “Homem Branco” ajuda a reforçar a importância
de seu status.

• Observação 2: percebam também o uso do imperativo afirmativo na segunda pessoa do plural:

“[vós] tomais”. Isso indica um apelo à coletividade, à formação de um povo, grupo ou classe
específica e a sua orientação para compor a parte participativa da História.
PONTO DE VISTA INDÍGENA
O pensamento vazio dos brancos não consegue conviver com a

ideia de viver à toa no mundo. Acham que o trabalho é a razão
da existência deles. Eles escravizaram tanto os outros que agora
precisam escravizar a si mesmos. Não podem parar,
experimentar a vida como um dom e o mundo como um lugar
maravilhoso. O possível mundo que a gente pode compartilhar
não tem que ser um inferno, ele pode ser um lugar bom. E o que
estamos vivendo no Brasil nos últimos anos é uma espécie de
surto capitalista, como uma metástase num organismo que
adoeceu. Um organismo que não consegue buscar água pra
beber, uma medicina saudável; então come mais veneno,
produzindo uma agricultura cada vez mais drogada. Essa espécie
de metástase do pensamento do branco sobre a Terra é o maior
engano. (AILTON KRENAK. Depoimento à Revista Cult).
Já nesse depoimento, o filósofo indígena contemporâneo Ailton Krenak, da etnia crenaque, faz
outra observação acerca do trabalho, como se este servisse como uma espécie de um vazio que o homem
branco precisaria preencher. A falta de entendimento do homem branco da alteridade, isto é, do outro,
repercute numa incompreensão de si próprio: escravizando os outros, não sobra outro público-alvo de
escravização a não ser si próprios.
Ailton Krenak chega a comparar essa visão consumista a uma doença. Uma certa preguiça, uma
não disposição para ir buscar alimentos saudáveis, produz indivíduos doentes. Por outro lado, uma
preguiça meramente contemplativa, por meio da qual a natureza pudesse ser apreciada, também não é
aceita. Segundo o pensador, o homem branco pensa que tem domínio sobre a terra e essa perspectiva
enviesada é prejudicial.
É importante nessas situações identificar qual é a relação entre sujeito-objeto.
Na época do Quinhentismo, quem detinha o poder da escrita e consequentemente do pensamento,

eram os portugueses. A Literatura Contemporânea é o movimento literário no qual o lugar de fala do
indígena enquanto sujeito cresce. A temática indígena continua sendo conteúdo da Literatura
Contemporânea, como é o caso da obra Urihi: nossa terra, nossa floresta, do escritor e professor
Devair Fiorotti. Esse livro de poesia conta a história de um jovem Yanomami.

3.0 Trovadorismo
Na Idade Média, tanto a educação formal quanto a produção artístico-cultural encontravam-se
dominadas pela Igreja. O nascimento das cantigas trovadorescas e das novelas da cavalaria na Baixa Idade
Média, pautadas na vida cotidiana ou para a fantasia de aventura, simbolizou o surgimento de uma cultura
leiga.
A cantiga mais antiga que se tem notícia é a “Cantiga da Ribeirinha” ou “da Guarvaia” de Paio
Soares de Taveirós (1189-1198). Elas são unidas em coletâneas: os cancioneiros, sendo os mais
conhecidos: Cancioneiro da Ajuda (século XIII); Cancioneiro da Vaticana (século XV).
O português teve um estágio antigo chamado galego-português. As primeiras manifestações
literárias nessa língua datam do século XII. As principais eram as cantigas, canções compostas e cantadas
por poetas denominados de trovadores.
Segundo Cereja e Magalhães (2004, p. 86), esses cantores apresentavam uma hierarquia entre si:
• Trovador: membro da nobreza ou do clero, era autor da letra e da música das composições que
executava para o seleto público das cortes;
• Segrel: nobre de escala mais baixa, escudeiro sem recursos para ascender à cavaleiro, sobrevivia
percorrendo as cortes ou acompanhando o exército real nas lutas contra os árabes. Executava
composições próprias.
• Jogral: cantor de origem popular, raramente compunha, limitando-se a executar composições
dos trovadores. Normalmente, era acompanhado por uma soldadeira, mulher que dançava e cantava
durante as apresentações e, por isso, tinha má reputação.
Entre as cantigas, há a seguinte distinção: cantigas de amor e cantigas de amigo. Ainda de acordo
com os autores, a cantiga de amigo é classificada da seguinte maneira:
Embora o Trovadorismo também tenha reconhecido os gêneros da prosa e do

teatro também, a predominância foi da lírica com as cantigas. O que favoreceu isso é
que poucas pessoas à época sabiam ler e escrever, já que a Igreja detinha o
conhecimento. A cantiga era fácil de ser difundida, acompanhada de música e dança,
motivo pelo qual recebe esse nome.
CONTEXTUALIZAÇÃO DO TROVADORISMO
ESTILO LITERÁRIO PRINCIPAIS AUTORES/OBRAS DESCRIÇÃO

• Mistura de música e poesia
Cantigas de amor; de amigo; de • Repetição e paralelismo
Trovadorismo escárnio e de maldizer + prosa • Repetição
trovadoresca • Forma simples
• Amor cortês

Abaixo, identificamos mais gêneros literários do período:
CATEGORIA ERA MEDIEVAL

PRIMEIRA ÉPOCA: TROVADORISMO SEGUNDA ÉPOCA (SÉCULO XV
ESTRUTURA
(SÉCULOS XII – XIV) E INÍCIO DO SÉCULO XVI)
Lírica cantigas de amor
• Poesia palaciana
cantigas de amigo
POESIA • O cancioneiro geral, de Garcia
Sátira cantigas de escárnio
Resende
cantigas de maldizer
• Novelas de cavalaria
• Hagiografias
PROSA • Crônicas de Fernão Lopes
• Cronicões
• Nobiliários
• Mistérios
• Milagres
TEATRO • Gil Vicente
• Moralidades
• Sotties
Fonte: CEREJA; MAGALHÃES, 2004, p. 102.
Alguns gêneros desses períodos são:

• Mistérios: encenações de episódios da vida de santos;
• Milagres: episódios da vida de santos;
• Moralidades: peças de fundo didático-moralizante, cujas personagens são qualidades,
abstrações ou defeitos morais (Razão, Avareza, Verdade, etc.);
• Sotties: peças cujas personagens, por serem consideradas loucas, têm a liberdade para dizer
verdades desagradáveis ao público.
Outros gêneros do período são o épico, a saga e a epopeia, que eram parecidos da antiguidade.
Conforme Spina (2007, p. 70), as sagas são narrativas em verso ou em prosa, de interesse capital para a
história primitiva dos povos nórdicos. Porém, este gênero se pauta na já existente epopeia, desde a
Antiguidade Clássica. Segundo N. K. Sandars, os épicos podem ser caracterizados como “um tipo especial
de narrativas de viagens e aventuras, sempre presentes no mundo atemporal e sem fronteiras da lenda e
do romance folclórico” (ANÔNIMO, 2012, 67).
Geralmente, trata-se de um contexto antes de haver nações, quando os povos costumavam ser
nômades (isto é, não tinham moradia fixa, deslocavam-se e estavam constantemente em luta com outros
povos pela conquista de territórios e firmada de poder). Uma das características do épico é não haver
uma versão consolidada, pois funcionava como se fosse telefone sem fio, passando de povos a povos,
culturas e culturas, gerações e gerações. Assim, a narrativa oral era muito valorizada, consistindo no
principal meio/veículo de comunicação na época, até o advento do livro e da imprensa com Gutenberg,
no século XV.
A História Geral da Europa no período estava dividida da seguinte maneira:

ALTA IDADE MÉDIA BAIXA IDADE MÉDIA
Séculos V-X Séculos XI-XV

Épicos, sagas, epopeias e grandes Cantigas, autos, moralidades, milagres,
narrativas heroicas teatro de costumes
Narrativas orais, seguindo a tradição da Já começaram a seguir uma nova tradição:
Antiguidade Clássica a da escrita
Forte influência do teocentrismo e
Predomínio do paganismo
da Igreja Católica
3.1 Cantiga de amigo

As cantigas de amigo têm raízes na Península Ibérica, em festas rurais e populares, com música e
dança, com vestígios da cultura árabe. São suas características:
• Ambientação rural;
• Linguagem simples;
• Repetições;
• Estrutura paralelística;
• Forte musicalidade.
Na cantiga de amigo, o eu lírico é geralmente feminino, e o tema mais frequente é um lamento
amoroso da moça cujo namorado partiu para as guerras árabes.
De acordo com Cereja e Magalhães, a cantiga de amigo é classificada da seguinte maneira:
CANTIGA DE AMIGO
• Pastorela: de ambiente rural, tratam do envolvimento amoroso entre uma pastora e um
cavaleiro;
• Bailias ou bailadas: fazem referência à dança de moças que esperam os namorados;
• Romarias: referem-se às romarias feitas a lugares sagrados;
• Albas ou alvas: fazem menção ao amanhecer, que muitas vezes surpreende os amantes;
• Marinhas ou barcarolas: apresentam ambiente marinho.

PARALELISMO
As cantigas de amigo geralmente apresentam paralelismos, uma técnica frequentemente usada
em literatura, que consiste em repetições de palavras ou versos ou construções sintáticas. Essas
repetições podem ser de partes de versos ou até de versos inteiros.
Além do refrão, as cantigas de amigo costumam apresentar dois tipos de paralelismo: o de par de
estrofes e o leixa-pren. O de par de estrofes consiste na repetição de duas estrofes com uma ligeira
diferença entre o verso de uma e o seu correspondente na outra estrofe. O leixa-pren é uma espécie
de encadeamento entre estrofes pares e ímpares: o segundo verso da primeira estrofe se repete no
primeiro da terceira estrofe, o segundo verso da segunda estrofe se repete no primeiro da quarta
estrofe e assim por diante.
Veja os dois tipos de paralelismo nos versos seguintes. As setas em azul correspondem ao
paralelismo de par de estrofes e as setas em vermelho, ao leixa pren:
Non chegou, madre, o meu amigo,

E oje est o prazo saido!
Ai, madre, moiro d’amor!
Non chegou, madre, o meu amado,

E oje est o prazo passado!
E oje est o prazo saido!

Por que mentiu o desmentido?
E oje est o prazo passado!

Por que mentiu o perjurado?
Fonte: CEREJA; MAGALHÃES, 2004, p. 84 (adaptado).
Airas Nunes de Santiago

O galego João Airas de Santigo (c. 1230-1293) foi poeta na corte de Sancho IV de Castela. Obra de
destaque foi a pastorela “Pelo souto do Crexentes”, de natureza descritiva em que o homem participa do
meio por meio de um cenário paisagístico.
Estêvão Coelho
Seu nascimento data de 1305. É designado nos Livros de Linhagens
por Estêvão Coelho de Riba Homem e escreveu em galego-português.
Casou-se com Maria Mendes Petite, ligada aos mosteiros de Canedo e de
Grijó, com quem teve 7 filhos.
Podemos destacar como produção sua um gênero que a canção de
tear (chanson de toile) sua cantiga “Sedia la fremosa seu sirgo torcendo”.
Observe um exemplo prático deste autor. Para essa cantiga, vocês
poderiam aplicar as regras de paralelismo.

Sedia la fremosa seu sirgo torcendo,

Sa voz manselinha fremoso dizendo
Cantigas d’amigo.
Sedia la fremosa seu sirgo lavrando,

Sa voz manselinha fremosa cantando
Cantigas d’amigo.
- Par Deus de Cruz, dona, sey que avedes

Amor muy coytado que tan ben dizedes
Cantigas d’amigo.
- Par Deus de Cruz, dona, sey que andades

D’amor muy coytada que tan ben cantades
Cantigas d’amigo.
- Avuytor comestes, que adevinhades.
3.2 Cantiga de amor

Já as cantigas de amor têm origem na poesia provençal (de Provença, região do sul da França), nos
ambientes finos e aristocráticos e logo estão presas a certas convenções de linguagem e de sentimentos.
São suas características:
• Linguagem mais refinada quanto a vocabulário e construções;
• Ambiente: a corte.
O eu lírico normalmente é um homem (um cavaleiro), que declara o seu amor a uma mulher
inalcançável, em conformidade com as regras do amor cortês. O eu lírico masculino confessa a coita: o
sofrimento amoroso por uma dama que lhe é inacessível devido à diferença social entre eles.
“Coita”, em galego-português, significa dor, sofrimento e designa no português moderno o

vocábulo “coitado”. O termo mesmo significa dor, aflição, desgosto, especialmente por motivo
de amor; pressão das circunstâncias, compulsão física ou moral, necessidade (dicionário
Houaiss). Exemplo: "Não me meta em tal coita vosso amor!” (Afonso Lopes Vieira, Romance
de Amadis) (dicionário Aulete).
Observação: assim como a noção de “História” não era a mesma naquela tempo, também não o
era a noção de “romance”. Entende-se o romance medieval também como “romanceiro”, no sentido de
composição poética.

Designa a atividade poética luso-espanhola, de caráter épico e lírico, anônima, transmitida por
via oral, durante a Idade Média, configurada nos romances, ou a sua compilação em romances,
ou a sua compilação em volume, integral ou antológico (MOISÉS, 2013, p. 417
AMOR CORTÊS
O relacionamento entre amantes pode recorrer à expressão do amor cortês, isto é, um tipo de amor
convencional, cheio de regras sociais como:
*Submissão absoluta à dama;
*Vassalagem humilde e paciente;
*Promessa de honrar e servir a dama com fidelidade;
*Prudência para não abalar a reputação da dama, sendo o cavaleiro, por essa razão, proibido de
falar diretamente dos sentimentos que tem por ela;
*A amada é vista como a mais bela de todas as mulheres;
*Pela amada o trovador despreza todos os títulos, as riquezas e a posse de todos os impérios.
Fonte: CEREJA; MAGALHÃES, p. 85 (adaptado).
Também é frequente identificarmos, nas cantigas de amor, a referência aos

principais valores da sociedade cortês. Assim, o trovador fala da mesura
(mérito, valor) de sua dama, pede que ela reconheça sua cortezia (ou prez)
e lhe garanta o galardam (prêmio) a que tem direito por seguir as regras da
vassalagem amorosa (ABAURRE; PONTARA, 2005, p. 91).
EXEMPLO PRÁTICO
Bem feminino é o proceder

Dessa que me roubou a paz.
Não quer o que deve querer
E tudo o que não deve faz.
Má sorte enfim me sobrevém,
Fiz como um louco numa ponte,
E tudo me foi suceder
Só porque quis mais horizonte.
VENTADORN, Bernart de. Verso reverso controverso. Tradução de
Augusto de Campos. São Paulo: Perspectiva, 1978. p. 83-87. (Fragmento).

3.3 Cantiga de escárnio

Também há uma segunda distinção entre as cantigas trovadorescas: as cantigas de escárnio e as
cantigas de maldizer. Elas têm valor histórico, porque representam a sociedade medieval portuguesa e
seus aspectos culturais, morais e linguísticos.
Elas se diferem das cantigas de amor e de amigo por serem menos rígidas e seguirem menos os
modelos convencionais; portanto, elas têm mais liberdade formal, são mais experimentalistas e exploram
mais recursos expressivos, por exemplo, figuras de linguagem.
Costumam ter como seus alvos clérigos devassos, prostitutas, os próprios trovadores etc.
3.2 Cantiga de maldizer
CANTIGAS DE ESCÁRNIO CANTIGAS DE MALDIZER

Crítica indireta; normalmente, a pessoa Crítica direta; geralmente, a pessoa
satirizada não é identificada. satirizada é identificada.
Linguagem trabalhada, cheia de sutilezas, Linguagem agressiva, direta, por vezes
trocadilhos e ambiguidades. obscena.
Ironia. Zombaria.
Instrumentos musicais da Idade Média. À esquerda, um alaúde e à direita, uma viela de arco.

(Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli)
Ai dona fea! Foste-vos queixar

Que vos nunca louv'en meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar
En que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!
A partir do texto acima, assinale a alternativa correta.

a) Pode-se classificar o texto medieval acima como sendo uma cantiga de maldizer.
b) Na cantiga, há ironia tipicamente moderna, à moda machadiana.
c) A ironia no trecho é sutil, pois a pessoa atacada não é identificada.
d) Pode-se classificar a cantiga acima como sendo de amor, pois a moça lamenta.
e) A figura de linguagem predominante no trecho é a antítese.
Comentários:
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de movimentos literários.
Alternativa A: incorreta. Trata-se da “Cantiga de Escárnio” de João Garcia de Guilhade; logo, é
uma cantiga de escárnio e não de maldizer.
Alternativa B: incorreta. Consiste em um texto medieval e não realista. Por mais que haja ironia
nele, não são do mesmo tipo, pois a ironia medieval é menos refinada.
Alternativa C: correta – gabarito. A pessoa é, de fato, não identificada, sendo acusada de velha e
sandia (estúpida), mas sendo denominada apenas de “dona fea”, ou seja, uma mulher feia, não
identificada, portanto. Há, sim, ironia nas cantigas de escárnio. Questão de interpretação.
Alternativa D: incorreta. É uma cantiga de escárnio e a mulher está sendo criticada, sendo
chamada de “feia”.
Alternativa E: incorreta. É a ironia.
Gabarito: C.

3.5 Prosa trovadoresca

AS NOVELAS DE CAVALARIA
A prosa, em Portugal, começou entre o século XIV e o início do século XV, em forma de
hagiografias, nobiliários, cronicões e novelas de cavalaria.
*Hagiografias: relatos de episódios da vida de santos, cuja finalidade era catequética e didática.
*Nobiliários ou livros de linhagem: compilações de genealogias de famílias nobres, feitas com o
objetivo de conhecerem os graus de parentesco.
*Cronicões: documentos que faziam mera ordenação de fatos históricos.
*Novelas de cavalaria: são um gênero narrativo tipicamente medieval. Em geral de autor
desconhecido, são resultado da transformação das canções de gesta, poemas que narravam heroicas
aventuras de cavaleiros andantes.
Seus temas são, portanto, as aventuras fantásticas de cavaleiros lendários e destemidos que
liquidavam monstros e homens malvados em batalhas sangrentas, travadas em nome tanto de Deus
quanto do amor por uma donzela. Produto de uma fértil inventividade, a novela de cavalaria
descreve com abundância de detalhes a vida e os costumes da cavalaria medieval.
De acordo com seus temas, as novelas de valeria compõem três ciclos:
*Ciclo bretão ou arturiano: tem como personagens centrais o rei Artur e os cavaleiros da Távola
Redonda;
*Ciclo carolíngio: gira em torno da figura de Carlos Magno e os doze pares da França (a qual tem
uma adaptação para o cordel brasileiro do Nordeste);
*Ciclo clássico: abrange figuras e acontecimentos da Antiguidade clássica, como a Guerra de
Tróia.
O romance de cavalaria encontra a sua autocrítica em Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de
Cervantes no século XVI. Trata-se já da decadência dos valores medievais da cavalaria, que abriam
espaço para o aburguesamento da sociedade.
Fonte da imagem: Shutterstock.

Fonte das informações:
CEREJA; MAGALHÃES, 2004, p. 85 (adaptado).
AS GUERRAS SANTAS
O espírito guerreiro e aventureiro da cavalaria medieval foi fortemente marcado pelas Cruzadas,
as “guerras santas” que a Europa empreendeu contra o Islão na tentativa de recuperar Jerusalém,
então dominada pelos muçulmanos.
Embora os motivos oficiais dessas guerras fossem religiosos, na verdade havia outros interesses
em jogo: a atração pelo desconhecido e a realização de saques e pilhagens que garantiriam o
reconhecimento do rei e da comunidade, além de uma vida tranquila materialmente.
Fonte: CEREJA; MAGALHÃES, 2004, p. 90 (adaptado).
E quem disse que a gente não pode se divertir? Elenquei abaixo uma sugestão de filmes e séries
pertinentes à temática que estamos estudando hoje. Boa diversão!

SUGESTÃO SINOPSE/COMENTÁRIO
Filme: Cruzada (2005)
Sinopse: Balian (Orlando Bloom) é um jovem ferreiro francês, que
guarda luto pela morte de sua esposa e filho. Ele recebe a visita
de Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), seu pai, que é também um
conceituado barão do rei de Jerusalém e dedica sua vida a manter
a paz na Terra Santa. Balian decide se dedicar também à esta
meta, mas após a morte de Godfrey ele herda terras e um título
de nobreza em Jerusalém. Determinado a manter seu juramento,
Balian decide permanecer no local e servir a um rei amaldiçoado
como cavaleiro. Paralelamente ele se apaixona pela princesa
Sibylla (Eva Green), a irmã do rei. O filme é importante para
estudar as Guerras Santas entre os católicos e mulçumanos.
Filme: Thor (2022)
Sinopse: Thor: Amor e Trovão é quarta aventura solo de Thor
(Chris Hemsworth), personagem da Marvel, sendo a sequência
direta de Thor: Ragnarok e o 29º filme do Universo
Cinematográfico Marvel. Após os acontecimentos de Ultimato,
Thor ansiando por um propósito, retorna a Nova Asgard e sua
aposentadoria é interrompida por um assassino galáctico
conhecido como Gorr (Christian Bale), o Carniceiro de Deus, que
busca a extinção dos deuses. Para combater a ameaça, Thor pede
a ajuda da Rainha Valquíria (Tessa Thompson), Korg (Taika
Waititi) e Jane Foster (Natalie Portman), sua ex-namorada, que -
para surpresa de Thor - inexplicavelmente consegue empunhar
seu martelo mágico, Mjolnir, o que imbuiu Jane com o poder de
Thor. Juntos, eles embarcam em uma aventura cósmica para
descobrir o mistério da vingança do God Butcher e detê-lo antes
que seja tarde demais.
Filme: A lenda de Beowulf (2007)
Sinopse: Ilha de Sjaelland, perto de onde fica a Dinamarca. O
demônio Grendel ataca o castelo do rei Hrothgar sempre que tem
uma festa, cerimônia ou ocasião importante, porque não suporta
o barulho gerado. Grendel sempre mata várias pessoas nos seus
ataques, embora poupe Hrothgar. Com o povo aterrorizado, o rei
Hrothgar ordena que o salão onde as comemorações são
realizadas seja fechado. Até que chega ao local Beowulf, um
guerreiro que promete eliminar o monstro. Numa filmagem
especial, os atores reais que passaram por um véu/filtro de
animação. O filme é importante para estudar as sagas nórdicas,
pois sua época histórica é datada de 900-1000 d. C. É um assunto
interessante para revisar o conteúdo histórico das migrações
bárbaras.

Filme: Senhor dos Anéis: a sociedade do anel (2001)

Sinopse: numa terra fantástica e única, chamada Terra-Média,
um hobbit (seres de estatura entre 80 cm e 1,20 m, com pés
peludos e bochechas um pouco avermelhadas) recebe de
presente de seu tio o Um Anel, um anel mágico e maligno que
precisa ser destruído antes que caia nas mãos do mal. Para isso o
hobbit Frodo terá um caminho árduo pela frente, onde
encontrará perigo, medo e personagens bizarros. Ao seu lado
para o cumprimento desta jornada aos poucos ele poderá contar
com outros hobbits, um elfo, um anão, dois humanos e um mago,
totalizando 9 pessoas que formarão a Sociedade do Anel. A saga
foi baseada no livro homônimo de J. R. R. Tolkien, que usou o
medievo como fuga de sua realidade, pois presenciou a o tempo
das Grandes Guerras. Dica: em 2022, foi lançada a série “Os anéis
do poder”.
Filme: O nome da rosa (1983)
Sinopse: em 1327 William de Baskerville (Sean Connery), um
monge franciscano, e Adso von Melk (Christian Slater), um
noviço, chegam a um remoto mosteiro no norte da Itália. William
de Baskerville pretende participar de um conclave para decidir se
a Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção é
desviada por vários assassinatos que acontecem no mosteiro. O
filme é baseado no romance do escritor italiano contemporâneo
Umberto Eco. O seu romance é de 1980. O filme é muito
interessante para estudar a primazia que a Igreja Católica detinha
acerca do conhecimento, com a preservação de grandes
bibliotecas e inclusive via profissão do copista.
Série: Vikings (2013-...)

Sinopse: Ragnar Lothbrok é o maior guerreiro da sua era. Líder
de seu bando, com seus irmãos e sua família, ele ascende ao
poder e torna-se Rei da tribo dos vikings. Além de guerreiro
implacável, Ragnar segue as tradições nórdicas e é devoto dos
deuses. As lendas contam que ele descende diretamente de Odin,
o deus da guerra. Há uma edição em livro também, em Língua
Portuguesa, escrita originalmente por por Haukr Erlendsson e
Saxo Grammaticus e traduzida por Artur Avelar (o mesmo que
traduziu outro épico, chamado Edda). O título da obra é As
Histórias de Ragnar Lodbrok.

Série: Guerra dos Tronos (2011-2019)

Sinopse: Game of Thrones conta a história de um lugar onde uma
força destruiu o equilíbrio das estações, há muito tempo. Em uma
terra onde os verões podem durar vários anos e o inverno toda
uma vida, as reivindicações e as forças sobrenaturais correm as
portas do Reino dos Sete Reinos. A irmandade da Patrulha da
Noite busca proteger o reino de criaturas que podem vir de lá da
Muralha, mas já não tem os recursos necessários para garantir a
segurança de todos. Conspirações e rivalidades correm no jogo
político pela disputa do Trono de Ferro, o símbolo do poder
absoluto. A série baseada em uma saga de livros escrita pelo
estadunidense George R. R. Martin, cujo primeiro volume se
intitula As crônicas do gelo e do fogo (1996).
Filme: Valente (2012)

Sinopse: esse é um filme para assistir com os(as) filhos(as)! A
princesa Merida foi criada pela mãe para ser a sucessora perfeita
ao cargo de rainha, seguindo a etiqueta e os costumes do reino.
Mas ela não tem a menor vocação para esta vida traçada,
preferindo cavalgar pelas planícies selvagens da Escócia e praticar
o seu esporte favorito, o tiro ao arco. Quando uma competição é
organizada contra a sua vontade, para escolher seu futuro
marido, Merida decide recorrer à ajuda de uma bruxa, a quem
pede que sua mãe mude. É um filme leve e da Disney, de
animação já com tecnologia 3D, mas é importante para se
estudar o papel da mulher na Idade Média. Dica: em 2022, foi
lançada a série “A casa do dragão”.
Filme: A espada era a lei (1963)

Sinopse: esse é outro filme para assistir com a família! Filme leve
e divertido, consiste numa animação da Disney, mas é
interessante para compreendermos a importância do imaginário
da magia na época medieval. Arthur é um jovem menino que
sonha em se tornar cavaleiro. Reza a lenda que aquele que
conseguir tirar a espada mágica da pedra se tornará o rei da
Inglaterra. Merlin, um poderoso, mas atrapalhado mago, sabe
que Arthur será o novo rei e por isso, vai até o castelo onde o
garoto trabalha prepará-lo para o futuro.
Ufa! E agora que já descansamos, vamos voltar ao nosso conteúdo. Ainda temos mais movimentos
literários para estudar.

4.0 Humanismo
O ícone do Humanismo português foi Gil Vicente, cujas origens são incertas. Provavelmente, era
alfaiate, mas Gil era um nome vulgar e São Vicente era patrono de Lisboa, sendo que podia haver um
carpinteiro homônimo à época.
Nessa época, é muito comum o teatro em verso à moda de William Shakespeare na Inglaterra
(1564-1616). Afinal, ele também foi um escritor do movimento literário do humanista; porém, era
britânico. Era comum na época a noção de world as stage (mundo como palco), ou seja, a ideia de que
estaríamos encenando sempre o tempo todo, até mesmo em nossas vidas reais e especialmente em
sociedade.
Nesse período, era significativo o papel da performance, isto

é, um desempenho típico para ser exibido, geralmente com
eloquência. Um adepto será Padre Antonio Vieira no Barroco
com seus sermões. E também pode ser mencionada a
Comedia dell’arte, que ocorreu no século XV na Itália.
Representava o mundano, já não se tratava mais de um
teatro religioso (autos). Trata-se de uma modernização nesse
sentido, uma laicização das artes. Personagens importantes
são: Arlequino e Colombina.
Por outro lado, também há os autos. “Auto” é um gênero literário. “Vinculado aos mistérios e
moralidades, e talvez deles proveniente, o autor designa toda peça breve, de tema religioso ou profano,
encenada durante a Idade Média: equivaleria a um ato que integrasse espetáculo maior e completo, daí
o apelativo que recebeu: auto” (MOISÉS, 2013, p. 46, grifo meu).
Aproximavam-se da tragicomédia, pois tinham moralizavam sem perder o teor satírico. Por
participar do debate de ideias que agitavam o período histórico, é conhecido como teatro de ideias.
Vejam abaixo alguns exemplos dos mais conhecidos, dos humanistas até modernistas:
O auto da índia – Gil Vicente (1509)
O auto da barca do inferno – Gil Vicente

(1517)
O auto da compadecida – Ariano Suassuna

(1955)

O HUMANISMO
O termo é usado para indicar duas coisas diferentes: I) o movimento literário e filosófico que
nasceu na Itália na segunda metade do séc. XIV, difundindo-se para os demais países da
Europa e constituindo a origem da cultura moderna; II) qualquer movimento filosófico que tome
como fundamento a natureza humana ou os limites e interesses do homem.
Em relação à primeira, as bases fundamentais do humanismo podem ser assim expostas:
1) Reconhecimento da totalidade do homem como ser formado de alma e corpo e destinado a
viver no mundo e a dominá-lo.
2) Reconhecimento da historicidade do homem, dos vínculos do homem com o seu passado, que,
por um lado, servem para uni-lo a esse passado e, por outro, para distingui-lo dele.
3) Reconhecimento do valor humano das letras clássicas. É por esse aspecto que o H. temesse
nome. Já na época de Cícero e Varrão, a palavra humanítas significava a educação do homem como
tal, que os gregos chamavam de paídéia; eram chamadas de "boas artes" as disciplinas que formam
o homem, por serem próprias do homem e o diferenciarem dos outros animais.
Essa premissa associa o significado da corrente do humanismo à erudição.
4) Reconhecimento da naturalidade do homem, do fato de o homem ser um ser natural, para o qual
o conhecimento da natureza não é uma distração imperdoável ou um pecado, mas um elemento
indispensável de vida e de sucesso.
O pensador – Rodin
Fonte: Pixabay.
Em relação à outra, o segundo significado dessa palavra nem sempre tem estreitas conexões com
o primeiro. Pode-se dizer que, com esse sentido, o humanismo é toda filosofia que tome o homem
como “medida das coisas”, segundo antigas palavras de Protágoras.
Em sentido mais geral, pode-se entender por humanismo qualquer tendência filosófica que leve
em consideração as possibilidades e, portanto, as limitações do homem, e que, com base nisso,
redimensione os problemas filosóficos.
Fonte: ABBAGNANO, 2007, p. 518-519 (adaptado).

CONTEXTUALIZAÇÃO DO HUMANISMO
ESTILO LITERÁRIO PRINCIPAIS AUTORES/OBRAS DESCRIÇÃO
Gil Vicente: Farsa de Inês • Traços medievais

Humanismo Pereira, Auto da barca do • Teatro
inferno, entre outros. • Crítica de costumes
• Antropocentrismo
Camões (Poesia lírica: sonetos; • Racionalismo
Classicismo
poesia épica: Os Lusíadas) • Configuração de formas
poéticas mais complexas
4.1 Gil Vicente

“Reza a lenda” que entre a noite de 7 para 8 de junho
de 1502, nos Paços de Alcaçova de Lisboa, um homem
fantasiado de vaqueiro irrompeu nos salões da rainha D.
Maria, mãe do futuro rei D. João III, para manifestar a sua
alegria em relação ao nascimento do menino. Os convivas
gostaram tanto que pediram para o homem repetir a
façanha nas festividades religiosas de Natal.
Esse homem, de origem incerta, mas que se
desconfia ter nascido em Belém (c. 1465) e morrido c. 1535
era Gil Vicente, o principal autor do Humanismo. Essa sua
obra ficou conhecida como Auto da visitação e ela foi
importante por introduzir o teatro leigo em Portugal, já que
o menino homenageado era um homem, ainda que nobre.
Sua influência foi Juan del Encina, de caráter pastoral
e religioso. Gil Vicente escreveu mais de 40 obras para a
corte, algumas bilíngues, outras em português e outra em castelhano.
Mesmo ainda tendo influência da tradição religiosa, o teatro de Gil Vicente – também chamado
de teatro vicentino – não apresenta caráter teocêntrico. A sua finalidade era representar o homem na
sociedade e o objetivo maior era criticar os seus costumes cuja missão era menos moralizante e mais
reformadora.
Nem as peças religiosas pretendem difundir a religião, mas sim mostrar o ser humano, daí o nome
do movimento. Ele não era contra a Igreja igualmente, mas sim contra o que se fazia dentro dela. Algumas
das classes sociais retratadas por Gil Vicente eram o clérigo corrupto, o papa, o reio, o devasso, o médico
incompetente, o curandeiro, a mulher adúltera, a alcoviteira, o juiz desonesto, o camponês, o bobo etc.
Tecnicamente, a sua obra não é muito rebuscada e segue as leis tradicionais do teatro greco-latino:
a lei das três unidades. Por isso, também é possível falar de ausência de tempo e espaço no teatro
vicentino, pois eles muitas vezes se confundem.

LEI DAS TRÊS UNIDADES
Tempo: o tempo de duração deveria caber dentro do período de um sol
ou pouco excedê-lo, segundo Aristóteles. Esse tempo era medido pela
clepsidra, isto é, ampulheta.
Cenário: o enredo deve se passar dentro dos limites de uma cidade. O
cenário é basicamente descrito pela linguagem.
Ação ou drama: a história deve apresentar um mesmo tipo de ação.
Fonte das imagens: ícones feitos a partir de www.flaticon.com.
Gil Vicente também era contemporâneo de:

• Lope de Vega (1562-1635): poeta e dramaturgo espanhol. Escreveu O cavaleiro de Olmedo, A dama
boba etc. Em português, pela editora Peixoto Neto, temos Fuente Ovejuna.
• Tirso de Molina (1579-1648): religioso, poeta e dramaturgo do Barroco espanhol. Escreveu
comédias históricas, mitológicas, filosóficas entre outros.
• Calderón de la Barca (1600-1601): dramaturgo e poeta espanhol. Obra-prima: A vida é sonho.
Eis agora alguns quadros sinópticos de obras que podem ser importantes e cair na sua prova.
O auto da barca do inferno (1517)
Teatro em versos. Não tem divisão em atos nem em cenas. É classificado como um auto
ESTRUTURA
de moralidade.
Diabo, anjo, fidalgo, onzeneiro (espécie de agiota), parvo, sapateiro, frade, Brízida Vaz
PERSONAGENS
(alcoviteira), judeu, corregedor, procurador, cavaleiros.
Pode-se dizer que atemporal. Na barca do inferno, entram humanos de todas as épocas,
TEMPO
desde os cruzados (séc. XIV) até os contemporâneos de Gil Vicente.
ESPAÇO Metafísico: o inferno. Mítico: às margens do rio da morte, o rio Letes.
O fidalgo é o primeiro que se aproxima dos barcos sem reconhecer o diabo. Ao se
apresentar, o fidalgo se recusa a entrar. Cada um que entra carrega um símbolo daquilo
que representa: o fidalgo, a cadeira; o agiota, a bolsa; o frade, armas; o sapateiro,
CONFLITO
ferramentas; Brísida, apetrechos; Judeu, bode; corregedor e procurador, livros e
processos. Por ora, apresenta-se uma falsa esperança de poderem entrar na Barca do
Céu, mas eles são reconduzidos.
O livro é uma grande crítica do apego à vida material e daquilo que não conseguimos nos
CLÍMAX
desfazer nem mesmo depois da morte.

O auto se encerra com 4 cavaleiros que morreram nas cruzadas, mas que bem poderiam
DESFECHO
representar os quatro cavaleiros do Apocalipse Bíblico.
ALEGORIA. Na pintura, na escultura, enfim nas Artes Plásticas é a alegoria bastante empregada
como o valor de símbolo. Uma figura de mulher, com uma balança numa das mãos e uma
espada na outra, é uma alegoria de Têmis, ou seja, a Justiça. Em literatura a alegoria informa
determinadas espécies genéricas como a fábula, o apólogo e a parábola, nas quais as coisas
abstratas ou inanimadas personificam-se.
Farsa da Inês Pereira (1523)
Teatro em versos. Não é dividida nem em ato nem em cenas. É classificada como uma
ESTRUTURA
farsa de folgar.
Inês Pereira, Pero Marques (rico proprietário que a pedira em casamento), nobre
PERSONAGENS
decadente, mãe, Lianor, Latão, Vidal, escudeiro, moço, judeus, Fernando, ermitão.
É dedicada a rei D. João, o terceiro do nome em Portugal, que reinou no período de 1502-
1557. Atenção: muitos dos escritores da época queriam cair “em boas graças” dos reis.
TEMPO
Por isso, era bastante comum honrá-los, elogiá-los ou dedicar obras a eles, pois assim a
chance de terem seu status aumentado era maior.
ESPAÇO Na casa da mãe; no rio; na fazenda. Cenário semidefinido.
Inês sonha em se casar com um homem educado, que soubesse cantar e agradar as
CONFLITO mulheres, ainda que não tivesse dinheiro. Tanto é que se casa com um nobre decadente,
em detrimento de Pero Marques, um rico proprietário de terra.
O marido de Inês a prende em casa e viaja para combater os mouros com a finalidade de
CLÍMAX
enriquecer.
O marido de Inês acaba morrendo na guerra, e ela termina por aceitar o pedido de Pero
DESFECHO
Marques, com quem casa e de quem acaba tirando proveito financeiramente.
FARSA. Sutil, se não difícil de precisar, a distinção entre a farsa e a comédia.

De modo genérico, pode-se afirmar que a diferença é de grau: a farsa
consistira no exagero do cômico, graças ao emprego de processos
grosseiros, como o absurdo, as incongruências, os equívocos, os enganos, a
caricatura, o humor primário, as situações ridículas. A farsa dependeria
mais da ação que do diálogo, mais dos aspectos externos (cenário,
roupagem, gestos, etc. que do conflito dramático. (MOISÉS, 2013, p. 189).

RESUMINDO
Auto da barca do inferno (1517) Farsa da Inês Pereira (1523)

• Diabo, anjo, fidalgo, onzeneiro (espécie de • Inês Pereira, Pero Marques (rico
agiota), parvo, sapateiro, frade, Brízida Vaz proprietário que a pedira em casamento),
(alcoviteira), judeu, corregedor, procurador, nobre decadente, mãe, Lianor, Latão, Vidal,
cavaleiros. escudeiro, moço, judeus, Fernando,
• O livro é uma grande crítica do apego à vida ermitão.
material e daquilo que não conseguimos • O marido de Inês a prende em casa e viaja
nos desfazer nem mesmo depois da morte. para combater os mouros com a finalidade
• O auto se encerra com 4 cavaleiros que de enriquecer.
morreram nas cruzadas, mas que bem • O marido de Inês acaba morrendo na
poderiam representar os quatro cavaleiros guerra, e ela termina por aceitar o pedido
do Apocalipse Bíblico. de Pero Marques, com quem casa e de
quem acaba tirando proveito
financeiramente.
OUTRAS OBRAS DE GIL VICENTE
O velho da horta (1512)

Farsa foi encenada em 1512, na presença de D. Manuel I, rei de Portugal
ESTRUTURA
(curiosidade: o mesmo para quem Pero Vaz de Caminha encaminha a carta).
PERSONAGENS Parvo, alcoviteira, Alcaide, Beleguins, mocinha, mulher, velho,
A moça vai para a horta do velho colher hortaliças, mas o velho de apaixona
CONFLITO terrivelmente por ela. A linguagem do velho é galanteadora, e imita a linguagem da corte
de Cancioneiro Geral. A linguagem da moça é zombeteira, pois tenta se esquivar.
Uma alcoviteira (prostituta) chamada Branca Gil promete ao velho a posse da moça e
CLÍMAX
com isso vai extorquindo todo o dinheiro dele.
O velho reconhece seus erros, pois termina sozinho e falido. Restam-lhe quatro filhas. A
DESFECHO
alcoviteira é açoitada; a moça se casa com um bom rapaz.

O auto da Lusitânia (1532)
É considerada uma farsa alegórica. É dividida em duas partes – primeira: atribuições da
ESTRUTURA família judaica e segunda: casamento de Portugal, cavaleiro negro, com a princesa
Lusitânia.
Portugal, Lusitânia – filha de Lisibeia (Lisboa) e do Sol (daí o seu nome lembrar luz), dois
PERSONAGENS
diabos: Belzebu e Dinato, Todo Mundo e Ninguém.
Uma das últimas peças de Gil Vicente. Representado pela primeira vez em 1532, perante
TEMPO
a corte de D. João III quando nasceu seu filho, D. Manuel.
ESPAÇO Alegórico: Lisibeia (Lisboa).
Lusitânia se apaixona pelo negro cavaleiro Portugal. Recorrem às deusas gregas para
CONFLITO pedir e garantir proteção para o seu casamento, enquanto os diabos traçam comentários
satíricos e espirituosos.
A união entre Lisibeia e Sol dá origem ao nascimento mítico de Portugal. No processo,
CLÍMAX
uma ninfa morre de ciúmes.
Lusitânia e Portugal se casam, ao passo que Belzebu e Dinato são responsáveis por contar
DESFECHO
a Lúcifer o que aconteceu.
• Autos: versam sobre temas tradicionais (mistérios, moralidades, milagres e episódios pastorais):
Auto das barcas, Auto da alma, Auto da mofina Mendes, Auto da tragicomédia de D. Duardo,
Comédia do viúvo.
• Fantasias alegóricas: cujas raízes remontam aos momos realizados no fim da Idade Média e que
parecem com o nosso teatro de revista: Auto da Lusitânia, Nau de Amores, Frágua de amor.
• Farsas (o gênero que mais se popularizou): Farsa de Inês Pereira, O velho da horta, Auto da índia,
Quem tem farelos?, Farsa dos físicos, Farsa dos almocreves, Juiz da beira, Romagem dos
agravados.
O HUMANISMO NA LITERATURA UNIVERSAL
William Shakespeare (1564-1616) foi um dramaturgo britânico.

Viveu sob o reinado de Elizabeth I, que propiciou o crescimento
das artes e da cultura. Foi conhecido como teatro elisabetano. Ele
trabalho no Teatro Globe. Escreveu tragédias, comédias sombrias,
comédias, romances e peças históricas. Entre suas principais obras
estão Romeu e Julieta (1597); Otelo (1604); Macbeth (1603);
Sonho de uma noite de verão (1605) e Hamlet (1609).

5.0 Classicismo
O contexto do Classicismo em Portugal foi marcado pelas Grandes Navegações e o sentimento de
dominação do mundo. Por isso, as características principais do período são o racionalismo, o
individualismo e a ambição ilimitada. É o que Gombrich chama de “conquista da realidade”.
O período entre XV e XVI compreendeu grandes avanços artísticos e científicos e por isso foi
chamado de Renascimento. O movimento também é conhecido como Classicismo renascentista.
São formas literárias clássicas a écloga (poema pastoril), a elegia (de fundo melancólico), a ode, a
epístola, o epitalâmio (poema de congratulação a noivos recém-casados) e a epopeia, cujo parâmetro é
Os Lusíadas, cujo herói é o povo nacional português.
Epopeia é um longo poema narrativo que exala as ações de um

herói, verdadeiro ou lendário, representativo da formação do
passado de um povo (CEREJA; MAGALHÃES, 2004, p. 136). Além
disso, o Classicismo português também pode ser chamado de
Renascimento. O que é central é entender que a visão do mundo
é centrada no homem. Logo, é chamada de antropocentrismo.
A criação do homem (1508-1515), de Michelangelo.

Fonte: Pixabay.

CONTEXTUALIZAÇÃO DO CLASSICISMO
Dobragem do Cabo Bojador Batalha de Alcácer Quibir

Gil Eanes, enviado pelo Infante D. Henrique, Rota para as Índias Batalha travada a Norte de Marrocos
tinha como objetivo dobrar o Cabo Bojador perto da cidade de Alcácer Quibir
Iniciada em 1497, sob o
conhecido como “cabo do medo”, que nunca entre Tânger e Fez. A batalha
comando do navegador resultou na derrota portuguesa, com
tinha sido dobrado devido aos frequentes
nevoeiros e ventos fortes. Com uma barca de português Vasco da o desaparecimento em combate do
30 toneladas e 15 homens, ele conseguiu Gama durante o reinado rei D. Sebastião. Nasce assim o mito
dobrar para sudeste e então percebeu que os do Rei D. Manuel I. Uma do Sebastianismo: “Enfim acabarei a
tempos estavam mais amenos. A passagem das mais notáveis minha vida e verão todos que fui tão
do Cabo Bojador foi um dos marcos mais viagens da era dos afeiçoado à minha Pátria que não só
importantes da navegação portuguesa. descobrimentos. me contentei de morrer nela, mas
Derrubou os velhos mitos medievais e abriu com ela,” Luís de Camões.
caminho para os grandes descobrimentos.
1385 1434 1488 1499 1500 1578 1755
Batalha de Dobragem do Cabo “Descoberta” Terremoto em

Aljubarrota da Boa Esperança do Brasil Lisboa
As tropas portuguesas Descoberto por Bartolomeu Frota comandada por Pedro Em novembro de 1755,
foram comandadas por D. Dias. Antigamente, era Álvares Cabral ao território ocorreu um grande
João I de Portugal e o seu chamado de Cabo das onde hoje se localiza o terremoto, resultando
condestável D. Nuno Tormentas, mas depois Brasil. Pedro Álvares Cabral na destruição quase
Álvares Pereira versus o mudou de nome para Boa parte em março com 1300 completa da cidade de
exército castelhano e seus Esperança, por mostrar a tripulantes com o objetivo Lisboa, especialmente
aliados liderados por D. ligação entre o Oceano de chegar à Índia. Devido a na zona da Baixa, e
João I de Castela. O Atlântico e o Oceano Índico e uma grande tempestade a atingindo ainda grande
resultado foi a derrota prometendo a tão desejada armada viu-se obrigada a parte do litoral do
definitiva dos castelhanos e chegada à Índia. mudar a sua rota para Algarve e Setúbal. Esse
a consolidação de D. João I, sudoeste, acabando por fato é mencionado em
Mestre de Avis, como Rei chegar à América do Sul, obras literárias, como o
de Portugal, o primeiro da Ilha de Vera Cruz. Cândido de Voltaire.
Dinastia de Avis.
Infográfico: Showeet.
Reparem que em alguns momentos a História do Brasil coincide com a História

de Portugal. É importante observar esses pontos de intersecção.

Na Itália
Francesco Petrarca (1304-1374) foi um humanista italiano. Junto à invenção do

soneto atribuída a Jacopo da Lentini, essa forma foi aperfeiçoada nesse período,
tendo implementado em seus escritos também ideias filosóficas. Sua obra mais
famosa é Il Canzoniere (O Cancioneiro), redigida por
anos.
Dante Alighieri (1265-1321) tem papel importante na transição da língua

latina para a italiana. Escreveu A Divina Comédia, dividida entre Inferno,
Purgatório e Paraíso e responsável por eternizar sua musa Beatrice. Além
disso, escreveu também um tratado político: Da monarquia (1310).
Antiguidade Clássica Classicismo Neoclassicismo Parnasianismo

Séc. VIII a. C. – V d. C. Séc. XVI Séc. XVIII Séc. XIX
Em Portugal
Sá de Miranda (1481-1558) foi um poeta português do século XVI. Escrevia

poesia medieval, como cantigas e vilancetes, até conhecer o Renascimento em uma
viagem à Itália em 1521, a partir de quando começa a escrever gêneros clássicos,
como sonetos e odes.
PRODUÇÃO LITERÁRIA DO CLASSICISMO PORTUGUÊS

• Lírica: Luís de Camões e Sá Miranda.
POESIA
• Épica: Luís de Camões, com Os Lusíadas.
• Novela sentimental: Bernardim Ribeiro, com Menina e moça.
PROSA • Novelas de cavalaria: João de Barros, com a Crônica do imperador Clarimundo,
e Francisco de Morais, com Palmeirim da Inglaterra.

• Crônica histórica: João de Barros.

• Literatura de viagens: Fernão Mendes Pinto, com Peregrinação.
• Antônio Ferreira, com a tragédia Castro (a primeira peça de influência clássica
TEATRO
no teatro português).
5.1 Luís Vaz de Camões

Nascido supostamente em Lisboa em 1524 ou 1525,
Luís Vaz de Camões foi quem melhor traduziu os anseios do
homem renascentista. Homem não só de palavras, mas
também de ações, ele lutou pelo seu país no norte da África
(Marrocos), onde perdeu um olho.
Em 1550 chega a se alistar para a Índia, mas não chega
a embarcar. É preso no mesmo ano, quando parte para um
exílio de 17 anos. Viveu então na África e na Ásia, incluindo a
China e a Índia, palco de sua epopeia. Na costa de Macau,
naufragou, tendo conseguido salvar apenas ironicamente a si
mesmo e ao manuscrito de Os Lusíadas. Voltou a Portugal em
1569-70. Tratou de editar imediatamente o épico, mas uma
coletânea de poemas fora-lhe roubada: Parnaso Lusitano. Por
conta da publicação, recebera uma espécie de honorário, a
tença trienal. Porém, morreu em 1579-80, miserável.
Sua obra é resultado de estudos na área de cultura clássica (curso de Artes em Coimbra) e de suas
vastas e ricas experiências de viagem. Traduziu os sentimentos de desafio e conquistas que os portugueses
sentiam quando eram eles os donos do mundo.
É constante em suas obras a presença de Deus e dos milagres do cristianismo. Porém, ao mesmo
tempo, suas referências foram modelos greco-latinos, como a Ilíada e a Odisseia de Homero e a Eneida
de Virgílio. Por isso, é possível que ele reuniu elementos pagãos e cristãos, o que lhe rendeu problemas
com a Inquisição e com a crítica da época.
Em relação à lírica, sobretudo amorosa, atribui-se aos temas os desentendimentos que ele teve na
sua conturbada vida amorosa, seja com Catarina de Ataíde seja com a infanta D. Maria.
A POESIA ÉPICA CAMONIANA

Os Lusíadas (1572)
1.102 estrofes, todas em oitava rima, organizadas em 10 cantos. Cada canto corresponde
a um capítulo das obras em prosa. Tem 3 partes segundo o modelo clássico: introdução,
narração e epílogo.
A introdução ainda é dividida em outras 3 partes: proposição (apresenta os ilustres
barões de Portugal); invocação (das Tágides, ninfas do Tejo) e dedicatória ou
ESTRUTURA oferecimento (a D. Sebastião, rei de Portugal).
A narração vai da estrofe 19 do Canto I até a estrofe 144 do Canto X): relato
propriamente dito da viagem dos portugueses ao Oriente (às Índias).
O epílogo compreende das estrofes 145 a 146 do Canto X, nas quais se demonstra o
cansaço e o tom melancólico, junto ao conselho de que o rei e o povo português sejam
fiéis à pátria e ao cristianismo.
Vasco da Gama, o herói, junto com a sua tropa de lusos (daí o nome da obra), que
representa o herói coletivo português. Panteão de deuses, sobretudo, Vênus. Esse
PERSONAGENS
espírito nacionalista será resgatado em movimentos posteriores, como o Romantismo e
o Modernismo.
TEMPO As grandes navegações portuguesas até as Índias compreenderam de 1497 a 1499.
Travessia do Oceano Atlântico até chegar ao Oceano Índico, mais precisamente em
ESPAÇO
Calicute.
Na trajetória dos lusos, enquanto alguns deuses como Vênus (do amor) e Marte (da
guerra) tentam protegê-los, outros como Netuno (do mar) e Baco (do vinho) tentam
impedi-los de alcançar o seu destino. No canto II, depois de muitas dificuldades e com a
ajuda de Vênus, chegam à África, cujo rei Melinde pede a Vasco da Gama que conte a
CONFLITO
história de Portugal. Vasco da Gama então conta sobre a Revolução de Avis e a morte de
Inês de Castro. No canto IV: críticas do velho da praia do Restelo. Canto V: gigante
Adamastor, personificação dos perigos enfrentados pelos viajantes ao passar pelo Cabo
das Tormentas.
CLÍMAX Dos cantos VI a IX: chegam a Calicute.
Tomados pelo cansaço, ao menos os portugueses descansam vitoriosos, recebendo uma
DESFECHO recompensa da deusa Vênus pela conquista deles: a Ilha dos amores. Lá, amam as ninfas
lideradas por outra deusa, Tétis.
PARA FRENTE...
Outros movimentos literários posteriores resgataram as grandes navegações de formas diversas.

Podemos ressaltar:
• Rudyard Kipling – O fardo do Homem Branco (1899).
• Caetano Veloso – Os argonautas, com “navegar é preciso”.

Mar português – Fernando Pessoa

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fonte: Pixabay.
Plano Grandes navegações

histórico
Luta entre os deuses:

Afrodite e Ares
Plano mítico favoráveis; Baco e
Netuno contra
Lusíadas
O ser humano tendo
Plano que enfrentar seus
dramático medos ante o
desconhecido
Camões numa relação

Plano ambígua:
pessoal imitando/competindo
com os grandes
Exemplo prático
“A nau grande, em que vai Paulo da Gama,

Quebrado leva o masto pelo meio,
Quási toda alagada; a gente chama
Aquele que a salvar o mundo veio.
Não menos gritos vãos ao ar derrama

Toda a nau de Coelho, com receio,

Conquanto teve o mestre tanto tento
Que primeiro amainou que desse o vento.
https://tinyurl.com/57jzsd4b.
Fonte: Wikipedia Commons.
Acesso em: 10 out. 2022.

Agora sobre as nuvens os subiam
Disponível em:
As ondas de Neptuno furibundo;
Agora a ver parece que deciam
As íntimas entranhas do Profundo.
Noto, Austro, Bóreas, Áquilo, queriam
Arruinar a máquina do Mundo;
A noite negra e feia se alumia
Cos raios em que o Pólo todo ardia!”
CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. Fonte: Domínio Público. Disponível em: https://tinyurl.com/w3r9xf49.
Acesso em: 29 jul. 2022 (grifo meu).
No poema “A máquina do mundo” ao final do livro Claro enigma (1951), Drummond

retoma essa expressão camoniana. Trata-se do diálogo do Modernismo com o
Classicismo. Já no poema de Camões havia uma crítica à ambição desmesurada.
(EsPCEx – 2023)
Leia a estrofe a seguir e marque a alternativa correta.
Mas esta linda e pura semideia

Que, como o acidente em um sujeito,
Assim com a alma minha se conforma,
Está no pensamento como ideia;
E o vivo e puro amor de que sou feito,
Como a matéria simples busca a forma.
Quanto aos versos camonianos acima, é correto afirmar que

a) integrando o Classicismo, giram em torno da temática amorosa (em que o eu lírico manifesta um
amor puro, de absoluta devoção à mulher amada, dona de uma beleza perfeita (linda e pura) – gênero
lírico.
b) o "carpe diem" constitui a temática desta estrofe, trazendo as reflexões a respeito do impacto da
passagem do tempo sobre o ser humano e a natureza – gênero lírico.

c) se trata de uma epopeia, exaltação aos feitos heroicos dos portugueses. Os versos cantam as
grandes navegações, o expansionismo marítimo português, envolto de seres mitológicos, ninfas,
deuses e monstros – gênero épico.
d) a temática aborda o sofrimento dos poetas ultrarromânticos, por considerar a mulher amada
inatingível; idealiza-a, então, como uma deusa, restando-lhes, apenas, o amor platônico – mal do
século – Romantismo.
e) encerram a vassalagem amorosa, em que o trovador não devia revelar, em sua cantiga, o nome da
dama a quem dirige os elogios. Fala, entretanto, de mesura (mérito e valor) de sua dama e pede que
ela reconheça sua cortesia e lhe garanta o galardam (o prêmio) – Trovadorismo.
Comentários:
Questão de interpretação de texto literário; conhecimento de movimentos literários e
conhecimento de autores e obras do cânone.
Alternativa A: correta – gabarito. A "semideia" que é pura e linda é a amada, pela qual busca o
eu lírico sem sucesso. Trata-se do neoplatonismo (amor não concretizado), que permanece apenas
na idealização (pensamento). O poema se classifica como poesia lírica camoniana, conhecida pelo seu
sentimentalismo. O eu lírico está na primeira pessoa ("minha") e fala de si.
Alternativa B: incorreta. O "carpe diem" é um latinismo que significa "aproveite o dia". No caso,
o eu lírico não dá nenhum conselho que oriente ao usufruto do dia nem ao deleite da natureza, mas
sim se lamenta pela busca inalcançada.
Alternativa C: incorreta. Cuidado: esse poema é um exemplo de poesia lírica (sentimental)
camoniana. Luís Vaz de Camões, o bardo português, também escreveu poesia épica. Para ser uma
epopeia (poesia épica), o poema teria que ser longo e contar com a figura do herói. No caso, o poema
épico camoniano se chama "Os Lusíadas" (1572), e caiu na prova da EsPCEx 2022.
Alternativa D: incorreta. O poema é do Classicismo português, e não do Romantismo.
Alternativa E: incorreta. O poema é do Classicismo português, e não do Trovadorismo.
Gabarito: A.
A POESIA LÍRICA CAMONIANA
Compreendeu momentos distintos:

• Medida velha: inspirada na tradição lírica portuguesa medieval. Obedecem a poesia palaciana e
se estruturam em redondilhas maiores e menores. Começa com um mote (abertura) e depois é
seguido de glosas ou voltas (desenvolvendo o mote). Os temas recorrentes eram: a partida do
namorado, a solidão, a confissão e o sofrimento amoroso, o ambiente rural, a mulher inacessível.
• Medida nova: cuja base foi a poesia inspirada no humanismo e no Renascentismo italianos dos
séculos de XIV a XVI. A modelo de Petrarca, os gêneros utilizados foram o soneto, a ode, a oitava
e a elegia e o verso empregado foi o decassílabo.
A lírica amorosa
Também prevalece duas tendências:
• Amor sensual típico do paganismo greco-latino;

• O amor neoplatônico (resgate do platonismo por Santo Agostinho e depois S. Tomás de Aquino):
idealizado e inacessível.
O amor neoplatônico é um amor-ideia: quanto mais desvinculado do prazer carnal, do amor físico
e sensorial, mais puro ele será. Suas inspirações são a Beatriz de Dante e a Laura de Petrarca, sobretudo
esta última, mais amada ainda depois de morta.
Vejamos como o quesito da imaginação é valorizada:
Transforma-se o amador na cousa amada,

por virtude do muito imaginar;
não tenho logo mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada, Esse poema é interessante, pois ele prenuncia
que mais deseja o corpo de alcançar? elementos do Barroco: a contradição, uma
Em si somente pode descansar, vez que nas primeiras estrofes o eu lírico
pois consigo tal alma está liada.
preza pelo amor ideal, embora nos últimos
ele almeje uma mulher real, consubstanciada
Mas esta linda e pura semideia,
que, como o acidente em seu sujeito, na forma. Nas Artes Plásticas, esse
assim co’a alma minha se conforma, movimento é chamado de Maneirismo.
está no pensamento como ideia;

[e] o vivo e puro amor de que sou feito,
como matéria simples busca a forma.
ALMA MINHA GENTIL, QUE TE PARTISTE

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento Etéreo, onde subiste,

Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te

Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te, Fonte: Unplash.
Roga a Deus, que teus anos encurtou,

Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

Não precisamos também saber, por exemplo, que “algũa” é uma forma arcaica – isto é, antiga –
da palavra “alguma”. O precisamos entender são as escolhas das palavras.
Assim, o eu lírico no primeiro verso menciona uma partida, e depois sabemos que é para o Céu.
Concluímos que isso significa a morte, mas apenas da alma do eu lírico, e não de seu corpo físico.
A lírica filosófica
Já esse tipo de poesia retratava uma reflexão sobre a vida, o homem e o mundo. É típica a
consciência da força implacável do tempo, de cujo maior representante é o soneto “Mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades”.
Características do eu lírico: é desconcertado com a realidade, desprovido de harmonia, confuso.
Trata-se do homem perplexo e desenganado com o mundo.
Outro movimento literário que costuma ser frequentemente cobrado em provas é o Classicismo
de Luís de Camões. Isso por conta da importância e representatividade desse autor. Sua linguagem é
rebuscada e além disso trata-se de português europeu. Porém, ainda assim, pode servir como estudo
gramatical. Por isso, hoje separei para trabalharmos um soneto de Camões.
A fermosura desta fresca serra

A fermosura desta fresca serra
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
Donde toda a tristeza se desterra;
O rouco som do mar, a estranha terra,

O esconder do Sol pelos outeiros,
O recolher dos gados derradeiros,
Das nuvens pelo ar a branda guerra;
Enfim, tudo o que a rara natureza

Com tanta variedade nos of'rece,
Me está, se não te vejo, magoando.
Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;

Sem ti, perpetuamente estou passando,
Nas mores alegrias, mor tristeza.
Camões escreveu centenas de sonetos. Para além da poesia épica (Os Lusíadas), escreveu poesia
lírica, cujos grandes temas foram amorosos e filosóficos. Porém, muitos desses sonetos têm autoria difícil
de ser rastreada, tendo ela sido atribuída a ele mais por causa do estilo do que precisão de fontes. Nesse
sentido, muitos sonetos não têm títulos. Quando for assim, o primeiro verso do soneto serve de título
(tema) a ele. Como no caso do teatro de Padre José de Anchieta da seção anterior, que tinha um “tema”
a partir do qual a peça iria se desenvolver. Muitos textos da Idade Média apresentam esse esquema
estrutural: uma apresentação do tema para que depois ele seja desenvolvido. Até para facilitar a
compreensão dos textos, nem sempre muito inteligíveis (até hoje).

A banca pode explorar textos dos movimentos estudados hoje na seguinte

perspectiva: literatura comparada, estabelecendo relações de como era a
produção literária naquela época e como elas se mantêm ou se modificaram hoje.
Em termos gramaticais, o que é interessante de notar no soneto acima é a adjetivação, isto é,

emprego evidente (podendo chegar até mesmo a ser excessivo) da classe morfológica do adjetivo, que
serve para descrever, qualificar etc. A partir daí, nota-se então a inversão da ordem direta: se, na Língua
Portuguesa, costuma-se escrever substantivo + adjetivo, no poema tem-se adjetivo + substantivo. Toda
vez que isso ocorrer, o efeito pretendido é a ênfase nesse adjetivo.
serra fresca fresca serra
O mesmo ocorre com “verdes castanheiros”, sendo que verde também se remete a frescor. Então,
este tema está sendo repetido e, consequentemente, ressaltado. E essa inversão se repete ainda mais:
“manso caminhar” (o verbo foi nominalizado, isto é, transformado em função de substantivo), “estranha
terra”, “branda guerra” e “rara natureza”. Outro procedimento importante na construção do poema é
justamente a nominalização, o que ocorre também com “o esconder” e “o escolher”, aqui utilizados com
o artigo definido antes.
Desde o título, temos também uma construção de posse: a fermosura (formosura) é justamente
dessa terra, que é fresca. Logo, parecemos estar diante de um tema árcade: o pastoralismo e a valorização
da natureza. Porém, vamos ver que isso não se verifica no poema como um todo.
Isso porque o eu lírico nos dois tercetos finais desabafa: pouco importa toda essa linda natureza:
“Me está, se não te vejo, magoando.” Logo, é importante notar um eu lírico em primeira pessoa do
singular descrevendo seu estado de espírito, que alterna entre a contemplação de uma bela natureza e a
tristeza internalizada pela solidão/ausência da mulher amada. O tom do poema, portanto, é lírico,
subjetivo, sentimental.
No último terceto, a repetição da estrutura “sem ti” no início do verso, além de conferir
importância à segunda pessoa gramatical, também indica presença da figura de linguagem da anáfora.
Também há uso repetitivo de verbos pronominais: me está, me enoja, me aborrece. Essa ação reflexiva
confere destaque ao sentimento individual do eu lírico. Por fim, na chave de ouro (último verso do
soneto): uma ideia contraditória. É como se o eu lírico estivesse passando por uma montanha-russa
sentimental, experimentando ora tristeza, ora alegria, residindo a condição na amada. Logo, trata-se da
poesia lírica de Camões, mais especificamente de sua lírica amorosa.
6.0 Movimentos Artísticos Medievais

Para formar bagagem cultural, separei para vocês uma seção com comentários artísticos sobre o
período estudado na aula de hoje. Isso ocorrerá em cada aula, para que vocês formem conhecimento de
mundo. *Observação importante: cada vez mais as bancas de Concursos Militares cobram interpretação
de textos não verbais. Portanto, essa seção te ajuda também nesse intuito. A prova da ESA para ingresso

em 2022 cobrou uma imagem relacionada ao Quinhentismo, movimento estudado hoje. Essa questão
pode ser encontrada na lista de exercícios.
Eu garanto que isso é muito importante para vocês. Ainda que estes temas não caiam diretamente
na sua prova, vocês podem aplicar essas informações em cobranças acerca do contexto histórico-social.
6.1 Românico
PERÍODO: SÉCULOS XI-XII
Principais características do período:

• Na arquitetura, as igrejas tinham abóbadas e esculturas. Exemplos: St. Sernin (França).
• Na pintura: continuação da tradição pictural, sobretudo das iluminuras de manuscritos (arte ou
ato de ornar um texto, página, letra capitular com desenhos, arabescos, miniaturas, grafismos
diversos; desenho, miniatura, grafismo que ornamenta manuscritos medievais).
• Elementos figurativos, simbólicos e decorativos.
• Linhas e planos rítmicos.
• Tapeçarias, vitrais, murais e ornamentos.
A lição para o dia de São Venceslau. Fonte: KVĚT, 1964, lâmina 9.
Durante muito tempo na Idade Média, a Igreja Católica detinha o conhecimento do latim.
O surgimento do latim vulgar, isto é, uma língua mais voltada para o vernáculo, já indica a
criação de línguas nacionais particulares.

6.2 Gótico
PERÍODO: SÉCULOS XIII-XV
O gótico foi um período cujas estátuas eram símbolo do sagrado, “lembretes solenes de uma
verdade moral” (GOMBRICH, 2015, p. 190).
“Para o artista gótico, ...consistia em narrar a história sagrada de um modo mais comovente
e mais real. Não narra apenas para divulgar, mas para nos transmitir uma mensagem e, para
consolo e edificação dos fiéis” (GOMBRICH, 2015, p. 193).

• Igrejas, como Notre-Dame em Paris. Foi construída
entre 1163 e 1345. Suas janelas e formas delgadas
formam inconfundivelmente o estilo gótico. Alguns
interiores são românicos, com abóbadas. Teve
inspiração na Saint-Denis.
• Pinturas em vidros e manuscritos continuavam. De
1200 a 1250 foi a idade de ouro dos vitrais.
Ao lado, frontal da Catedral de Colônia na Alemanha. Fonte:
arquivo pessoal da professora (2019). Reparem inclusive um
andaime de reforma. Foi construída de 1248 a 1880.
À direita: Irmãos Paul e Jean de Limbourg – Três ricas
horas (c. 1410). À esquerda: Giotto di Bondone – A
lamentação de Cristo (c. 1305).

6.3 Bizantino
PERÍODO: SÉCULOS V-XV
A função da arte nesse período é repetir as lições inalteráveis da teologia cristã. Portanto, a arte
não tinha a função de manter relação com a realidade concreta. As imagens
eram principalmente um convite à meditação espiritual.
• Justaposição de imagens;
• Coordenação e paralelismo das partes;
• Ausência de profundidade e hierarquia dos espaços (do mais
sagrado para o menos sagrado);
• Iconização (a pintura é um ícone, isto é, a representação de uma
figura religiosa, geralmente em uma superfície plana). Tema
comum: Pietà;
• Hieratismo (a figura retratada tem uma postura rígida e majestosa);
• Frontalidade (imagens representadas apenas de frente);
• Isodactilia (dedos das mãos do mesmo tamanho).
Ao lado: moldura de tabernáculo, segundo quarto do século XIV (Siena,
Itália). Fonte: Metropolitam Museum of Art. Disponível em:
https://tinyurl.com/yy8o3eda.
Além da arquitetura e dos afrescos, também predominaram nesse período os mosaicos (superfície
composta de ladrilhos ou pequenas peças coloridas e variadas). É uma arte culta, mas dirigida às massas.
Suas qualidades de ordem prática são a solidez e a resistência à intempérie.
Igreja do Monastério. A entrada em Jerusalém. Detalhe: o Senhor.

Finais do século XI. Fonte: GRABAR, 1964, lâmina 22.

6.4 Renascimento
PERÍODO: SÉCULOS V-XV

*Observação importante: Renascimento é sinônimo de Classicismo. Renascimento é um termo mais
usado para as Artes Plásticas e Classicismo na Literatura. Predomina o antropocentrismo, crença de que
o ser humano é o centro do universo. Os deuses mitológicos são antropomorfizados.

• Racionalidade;
• Dignidade do ser humano;
• Rigor científico;
• Ideal humanista;
• Reutilização das artes greco-romana.
• Principais representantes na Itália: Leonardo da Vinci; Rafael e Ticiano.
• Principais representantes do Renascimento Setentrional: Albrecht Dürer, Peter Bruegel e
Grünenwald.
O nascimento de Vênus (1485), de Sandro Botticelli.

Fonte: Pixabay.
Os 12 deuses do Olimpo: Zeus, Hera, Poseidon, Atena, Ares, Deméter, Apolo,

Ártemis, Hefesto, Afrodite, Hermes e Dionísio. Cada um desses nomes tem seu
correspondente latino, cuja nomenclatura inclusive serve para nomear planetas. Vejam
no quadro abaixo como vocês também podem encontrar esses nomes.

MITOLOGIA GREGA MITOLOGIA LATINA FUNÇÃO

ZEUS JÚPITER Deus dos deuses, deus do trovão.
Deusa da fidelidade e do
HERA JUNO
casamento, esposa de Zeus
POSEIDON NETUNO Deus dos mares
ATENA MINERVA Deusa da inteligência
ARES MARTE Deus da guerra
DEMÉTER CERES Deusa da agricultura
Deus da música, poesia/deus sol.
APOLO FEBO
Irmão gêmeo de Ártemis.
ÁRTEMIS DIANA Deusa da caça/deusa da lua
HEFESTO VULCANO Deus forjador
Deusa do amor, cujo filho é Cupido
AFRODITE VÊNUS
ou Eros.
HERMES MERCÚRIO Deus mensageiro.
DIONISO BACO Deus do vinho e do teatro.
7.0 Crítica Literária
Pois bem, alunos.

O ideal é que a Crítica Literária dialogue com os termos abordados em cada aula. Nesse sentido,
hoje escolhi tratar de três textos de especialistas na Idade Média.
• Johan Huizinga – O outono na Idade Média.
• Ernst Robert Curtius – Literatura Europeia e Idade Média Latina.
• Segismundo Spina – Cultura Literária Medieval.
TEXTO I
A ESTILIZAÇÃO DO AMOR
Desde que os trovadores provençais do século XII deram voz à melodia do desejo não
correspondido, as violas entoaram cada vez mais alto as cantigas de amor, até que apenas Dante
conseguisse tocar o instrumento da forma mais perfeita.
O espírito medieval sofreu uma das mudanças mais importantes ao desenvolver pela primeira
vez um ideal amoroso com uma tônica negativa. É certo que a Antiguidade também cantara o anseio
e o sofrimento do amor; mas será que ali, na verdade, o anseio não era apenas encarado como o
adiamento e o estímulo da indubitável realização? E, nas histórias de amor com final triste da
Antiguidade, a frustração do desejo não era o momento-chave, mas sim a cruel separação pela morte
dos amantes já unidos, como ocorreu com Céfalo e Prócris e com Píramo e Trisbe. O sentimento de
tristeza não se situava na insatisfação erótica, mas no infortúnio do destino. Foi só no amor cortês
dos trovadores que a insatisfação em si tornou-se motivo principal. Criara-se uma forma de

pensamento erótico capaz de abranger uma profusão de aspirações éticas, sem por isso renunciar
por completo à sua conexão com o amor natural das mulheres. Do próprio amor sensual brotara a
servidão cortês à mulher, sem nunca exigir realização amorosa. O amor passou a ser o campo em
que se deixava florescer todo o aperfeiçoamento estético e moral. O amante nobre, segundo a teoria
do amor cortês, torna-se virtuoso e puro pelo seu amor. O elemento espiritual ganha cada vez mais
espaço na poesia lírica, até que, por fim, o efeito do amor torna-se um estado de iluminação sagrada
e devoção: Vida nova, de Dante Alighieri.
A partir de então foi preciso uma nova reviravolta. No dolce stil nuovo de Dante e seus
contemporâneos fora atingido um ponto extremo. Petrarca já hesita entre o ideal do amor cortês
espiritualizado e a nova inspiração na Antiguidade. E de Petrarca até Lorenzo de Médici, na Itália, a
lírica amorosa envereda pelo caminho que leva de volta à sensualidade natural que também
permeava os tão admirados modelos dos antigos. O sistema artificialmente desenvolvido do amor
cortês foi abandonado.
(...)
[Na França] O círculo de poetas do sensível imagina o amor melancólico sob a figura da ascese
religiosa, da liturgia e do martírio. Eles chamam a si mesmos de les amoreaux de l'observance [os
amorosos da observância], ecoando a recente e bem-sucedida reforma na vida monástica dos
franciscanos. É como um equivalente irônico da rígida sobriedade do dolce stil nuovo. A tendência
profana é expiada em parte pela intimidade do sentimento amoroso.
“Tratei do funeral da minha dama
No mosteiro do amor,
E o serviço para a sua alma
Tristes pensamentos cantou.
Muitas velas de suspiros lamentosos
Estavam ali iluminando,
Também o seu túmulo mandei erigir
Da lamentação... ” (L'amant rendu cordelier de l'observance d'amour – O amante tornou mais
cordial a observância do amor).
(HUIZINGA, Johan. O Outono da Idade Média. São Paulo: Cosac Naify, 2010, p. 177-183, grifos meus).
Johan Huizinga (1872-1945) foi um historiador que nasceu nos Países

Baixos. Suas principais pesquisas, além desse trabalho monumental acerca da
Idade Média, são Nas sombras do amanhã e Homo Ludens. Pode ser que a
banca, quando for cobrar movimentos literários como os estudados hoje,
manifestem a tendência de compará-los com movimentos mais atuais. Por
exemplo, a junção da temático do amor ao morte já lembra obras como
Romeu e Julieta, de Shakespeare, como também a estética ultrarromântica.
Porém, na Europa como um todo, é possível observar expressões diferentes
na mesma época a depender do país, como o texto acima aponta. É como se,
para além da competição por colônias, os países também estivessem
competindo entre si para decidir qual deles tinha a melhor arte e cultura. No
plano da forma, o soneto como o conhecemos hoje foi aperfeiçoado por
Petrarca. Seguem abaixo mais escritores clássicos dignos de serem
conhecidos. Observem como era comum a coroa de louros, para simbolizar a
fama, a glória e a imortalidade. Até hoje, ela também é o símbolo da Academia Brasileira de Letras, cujo
lema é ad imortalitatem (até a imortalidade).

TEXTO II
AS UNIVERSIDADES
A crescente afluências às escolas parisienses criou a atmosfera e a necessidade de que se originou
a Universidade de Paris. Com as universidades começa uma nova época de educação medieval. Elas
não são, como se propala ainda hoje, uma continuação ou renovação das antigas escolas superiores.
As chamadas antigas universidades são criações do fim da época imperial. Ensinavam, em primeira
linha, gramática e retórica. A filosofia e outras ciências relegavam-se a plano secundário. Nossas
universidades são uma criação original da Idade Média. No mundo antigo nunca houve, em parte
alguma, essas corporações com seus privilégios, seu plano fixo de estudos, seus títulos graduados
(bacharel, licenciado, mestre, doutor). A palavra universidade não significa, como se crê, o “conjunto
das ciências” (universitas litterarum), mas a corporação dos docentes e discentes. Explica-o, já no
século XIII, a perífrase societas magistrorum et discipulorum. Como instituição científica, a
universidade chama-se studium generale. A mais antiga é a de Bolonha, que Frederico I proveu de
estatutos em 1158. Em Bolonha dominava, porém, a jurisprudência; só em 1352 se fundou a
faculdade de teologia. A Universidade de Paris desenvolveu-se lentamente. Já no século XII, reinava
em Paris animada vida científica, estimulada por mestres como os saint-victorinos e Abelardo. Lá
encontramos diversas escolas, desde o fim do século XII, frequentadas por alemães e sobretudo por
ingleses. De fato, já existia a universidade parisiense.
(CURTIUS, Ernest Robert. Literatura europeia e idade média latina. 2. ed.
Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1979, p. 53-54).
Ernst Robert Curtius (1886-1956) foi um erudito, filólogo e crítico

literário alemão. Nesse trecho, observamos uma tendência
interessante: a criação de universidades na Idade Média. A Idade
Média é conhecida como Idade das Trevas; no entanto,
paradoxalmente, no mesmo período surgem universidade. Porém,
o conhecimento era detido pela Igreja Católica, que dominava
administrativa e burocraticamente quase que a totalidade dos
ambientes e instituições de ensino e formação. Então, naquela
época, não havia Ensino Superior Público, nem democratizado
tampouco difundido, permanecendo o acesso à informação
limitado às classes dominantes. O currículo básico nas
universidades medievais eram o Trivium (gramática latina, retórica
e lógica). Depois de concluída essa etapa, estudava-se o
Quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). Foi
também nessa época que filósofos como Aristóteles e Platão
foram redescobertos, ou seja, voltou-se a ter interesse neles. Suas
obras eram copiadas e estudadas.

TEXTO III
A VIRGEM, A MORTE, A FORTUNA

O tema da Morte nasce literariamente em fins do século XII, mas adquire caráter
verdadeiramente epidêmico no século XV, em que a Morte ocupa obsessivamente a consciência dos
homens, invadidos pelo desespero e pelo ceticismo de uma época devastada pela peste, pela miséria
e pela fome. E a Morte torna-se expressão e imagem dessa conjuntura dolorosa, suscitando um
cortejo riquíssimo de outros temas e motivos: o cadáver, a caveira, o esqueleto, o corpo em
decomposição (tão do gosto da literatura barroca seiscentista), o ataúde exumado, as vozes
angustiantes, a visão terrífica da putrefação, a imparcialidade da Morte, o sentimento da fugacidade
da vida, o menosprezo do mundo. (...) Mas Morte não foi apenas expressão de dor, uma personagem
séria e terrífica a moralizar, a suscitar o terror e a devoção: ela tripudiou também na paródia
histriônica, assumindo a feição grotesca das chamadas “danças macabras”. E então, com o capelo
do frade, soerguendo a casaca do pelotiqueiro, como louca ou parva, e tendo como orquestra
cadáveres músicos, a Morte cabrioleia, salta, dança, toca tamborim, pífaro, harpa e órgão portátil.
Na poesia lírica do século XV, dois dos maiores representantes do tema foram François Villon na
França e Jorge Manrique na Espanha; mas o tema da Morte, nessa época, tornou-se tão surrado que
em vários lugares da Europa surgiram manuais didáticos a respeito da arte da morte (Ars moriendi),
com ideias gerais a respeito da Morte, as precauções sobre os perigos espirituais que nos cercam
nos momentos do desenlace, e as instruções mais minuciosas com que evitá-los e vencê-los.
(...)
O tema da Fortuna exorbitou a literatura medieval e penetrou na lírica do Renascimento: é de ver
a importância que assume na poesia amorosa e na própria poesia épica camoniana. Nos sonetos, em
que o Poeta constrói a sua metafísica do amor, o papel da Fortuna aparece detidamente examinando
como promotora das desgraças sentimentais do grande lírico (Erros meus, má Fortuna, amor
ardente); no seu poema épico a Fortuna se contrapõe nitidamente ao Fatum, categorias que
constituem as duas forças dominantes da fábula lusíada: Baco não se opõe à realização do Fatum
(Cuja alta lei não pode ser quebrada, Lus. I, 28), mas à Fortuna próspera, ao próprio Gama (A quem
Fortuna sempre favorece, I, 443).
(SPINA, Segismundo. Cultura literária medieval: uma introdução. Cotia, SP: Ateliê Editoral, 2007, p. 57-60).
Segismundo Spina (1921-2012) foi Professor Emérito da USP. No

trecho acima, podemos observar uma temática importante para os
movimentos literários estudados hoje e que pode ser associada com a
atualidade: contexto epidêmico de pestes. A Peste Negra, por exemplo,
durou de 1346 a 1353. Outra visão literária sobre o mesmo assunto é do
escritor ultrarromântico estadunidense Edgar Alan Poe: “O Baile da Morte
Vermelha”. Quer dizer, nem todos os temas eram líricos e sentimentais,
como a representação do amor, mas também indicavam o medo da morte
e do desconhecido. São dessa época as danças macabras, por exemplo,
união do que no século XX Sigmund Freud chamaria de impulso da vida e
da morte. “Fortuna” com letra maiúscula era uma divindade da mitologia
latina, controladora do tempo e dos destinos.

8.0 Questões sem Comentários
Prezados alunos, eis algumas informações práticas antes de começarem.

A aula de hoje abordou muitos tópicos essenciais para a sua compreensão de texto. Vamos trazer
exercícios variados para a sua fixação. Então, vamos resolver questões das seguintes fontes e organizadas
dessa maneira:
QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS
• Questões anteriores da Prova da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx);

• Questões autorais da Professora Luana Signorelli para a EsPCEx que já caíram nas seguintes
fontes: Simulados; Provões de Bolsa; SPRINTs; Salas VIPs; Chivunks; Operações (Hora da
Verdade, Revisão por Questões, Premonição e Revisão de Véspera) e Viradões.
LISTA DE FIXAÇÃO
• Nesta seção, a finalidade é trazer questões de outras bancas militares cuja tipologia se
assemelhe à sua prova, especialmente questões anteriores da Escola de Sargentos das Armas
(ESA);
• Questões autorais da Professora Luana Signorelli para a ESA que já caíram nas seguintes fontes:
Simulados; Provões de Bolsa; SPRINTs; Salas VIPs; Chivunks; Operações (Hora da Verdade,
Revisão por Questões, Premonição e Revisão de Véspera) e Viradões.
Para complementar seu estudo cada vez mais, antes da resolução de cada questão eu
indicarei a tipologia de questão para treinarmos ao máximo o modelo de exercício que
costuma cair nas suas provas. E você pode contar com mais treino a partir dos nossos
simulados inéditos e gratuitos nos fins de semana.
01. (EsPCEx – 2022) Leia os versos a seguir.
As armas e os Barões assinalados

Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana.

Quanto à estrofe apresentada, é correto afirmar que

a) a presença da sinestesia evoca a bravura decorrente do espírito expansionista dos navegadores
lusitanos.
b) pertence à terceira fase do Romantismo: o Condoreirismo, como ocorre em Castro Alves no Navio
Negreiro.
c) se trata de um resgate ao Classicismo pelos poetas árcades, ao retomar a medida nova, versos
decassílabos.
d) se trata de uma epopeia camoniana, ao cantar os feitos heroicos dos portugueses durante o
expansionismo marítimo.
e) aborda a crise espiritual do Barroco: o paganismo decorrente do expansionismo marítimo; e a
religiosidade decorrente de uma retomada ao teocentrismo medieval.
_____________________________________________________________________________________
02. (EsPCEx – 2019) Em relação ao Classicismo, que se desenvolveu durante o século XVI, marque a
alternativa correta.
a) Esse movimento literário possibilita a expressão da condição individual, da riqueza interior do ser
humano que se defronta com sua inadequação à realidade.
b) A poesia dessa época adota convenções do bucolismo como expressão de um sentimento de
valorização do ser humano.
c) Os poetas pertencentes a esse período literário perseguiam uma expressão equilibrada, sóbria, capaz
de transmitir o domínio que a razão exercia sobre a emoção individual, colocando o homem como
centro de todas as coisas.
d) Os autores dessa estética literária procuraram retratar a vida como é e não como deveria ou
poderia ser. Perseguem a precisão nas descrições, principalmente pela harmonização de detalhes que,
somados, reforçam a impressão de realidade.
e) A poesia desse período passa a ser considerada um esforço de captação e fixação das sutis sensações
produzidas pela investigação do mundo interior de cada um e de suas relações com o mundo exterior.
_____________________________________________________________________________________
03. (EsPCEx – 2016) Leia a poesia a seguir.
Não indagues, Leucónoe
Não indagues, Leucónoe, ímpio é saber,

a duração da vida
que os deuses decidiram conceder-nos,
nem consultes os astros babilônios:
melhor é suportar
tudo o que acontecer.

[…]
Enquanto conversamos,
foge o tempo invejoso.
Desfruta o dia de hoje, acreditando
o mínimo possível no amanhã.
A segunda estrofe da poesia horaciana faz referência ao(s)

a) teocentrismo.
b) amor cortês.
c) feitos heroicos.
d) carpe diem.
e) amor platônico.
_____________________________________________________________________________________
04. (EsPCEx – 2016) Leia o soneto a seguir.
Soneto XXII
Se amor não é qual é este sentimento?
Mas se é amor, por Deus, que cousa é a tal?
Se boa por que tem ação mortal?
Se má por que é tão doce o seu tormento?
Se eu ardo por querer por que o lamento?

Se sem querer o lamentar que val?
Ó viva morte, ó deleitoso mal,
Tanto podes sem meu consentimento.
E se eu consinto sem razão pranteio.

A tão contrário vento em frágil barca,
Eu vou para o alto mar e sem governo.
É tão grave de error, de ciência é parca

Que eu mesmo não sei bem o que eu anseio
E tremo em pleno estio e ardo no inverno.
O artista do Classicismo, para revelar o que está no universo, adota uma visão
a) subjetiva.
b) idealista.
c) racionalista.
d) platônica.
e) negativa.
_____________________________________________________________________________________

05. (EsPCEx – 2016) Em relação ao momento histórico do Quinhentismo brasileiro, podemos afirmar
que
a) a Europa do século XVI vive o auge do Renascimento, com a cultura humanística recrudescendo os
quadros rígidos da cultura medieval.
b) o século XVI marca também uma crise na Igreja: de um lado, as novas forças burguesas e, de outro,
as forças tradicionais da cultura medieval.
c) os dogmas católicos são contestados nos tribunais da Inquisição (livros proibidos) e no Concílio de
Trento, em 1545.
d) o homem europeu estabelece duas tendências literárias no Quinhentismo: a literatura conformativa
e a literatura dominicana.
e) a política das grandes navegações coíbe a busca pela conquista espiritual levada a efeito pela Igreja
Católica.
_____________________________________________________________________________________
06. (EsPCEx – 2013) É correto afirmar sobre o Trovadorismo que

a) os poemas são produzidos para ser encenados.
b) as cantigas de escárnio e maldizer têm temáticas amorosas.
c) nas cantigas de amigo, o eu lírico é sempre feminino.
d) as cantigas de amigo têm estrutura poética complicada.
e) as cantigas de amor são de origem nitidamente popular.
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07. (EsPCEx – 2013) Epopeia é uma longa narrativa em versos que ressalta os feitos de um herói,
protagonista de fatos históricos ou maravilhosos. A maior das epopeias da Língua Portuguesa é “Os
Lusíadas”, de Camões, em que o grande herói celebrado é
a) Diogo Álvares Correia.
b) Fernão de Magalhães.
c) O Gigante Adamastor.
d) Vasco da Gama.
e) Cristóvão Colombo.
_____________________________________________________________________________________
08. (EsPCEx – 2013) Faça a correspondência da segunda coluna com base na primeira e assinale a
alternativa que preenche corretamente as colunas, no que diz respeito às formas líricas.
Coluna 1
( 1 ) elegia

( 2 ) écloga
( 3 ) ode
( 4 ) soneto
Coluna 2
( ) o(a) mais conhecido(a) das formas líricas. Poema em 14 versos, organizados em dois quartetos e
dois tercetos.
( ) poema originado na Grécia Antiga que exalta os valores nobres, caracterizando-se pelo tom de
louvação.
( ) poema pastoril que retrata a vida bucólica dos pastores, em um ambiente campestre.
( ) trata de acontecimentos tristes, muitas vezes enfocando a morte de um ente querido.
a) 4, 3, 2, 1
b) 3, 2, 1, 4
c) 2, 1, 3, 4
d) 1, 2, 4, 3
e) 4, 3, 1, 2
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09. (EsPCEx – 2008) Leia o texto a seguir e responda às duas próximas questões.
“Por isso, ó vós que as famas estimais,

Se quiserdes no mundo ser tamanhos,
Despertai já do sono do ócio ignavo,
Que o ânimo, de livre, faz escravo;
E ponde na cobiça um freio duro,

E na ambição também, que indignamente
Tomais mil vezes, e no torpe e escuro
Vício da tirania, infame e urgente;
Porque essas honras vãs, esse ouro puro,
Verdadeiro valor não dão à gente:
Melhor é merecê-los sem os ter,
Que possuí-los sem os merecer.”
(“Os Lusíadas” - Camões - canto 9, estrofes 92 / 93)
O texto caracteriza-se por um tom

a) humorístico.
b) dramático.
c) satírico.
d) melancólico.
e) filosófico.

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10. (EsPCEx – 2008) Na segunda estrofe, o sentido de ponde um freio duro é completado pelos termos
a) ócio, escravidão e cobiça.
b) cobiça, vício da tirania e honra.
c) ambição, vício da tirania e honras vãs.
d) cobiça, ambição e vício da tirania.
e) cobiça, honras vãs, torpeza e escuridão.
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11. (EsPCEx – 2008 – adaptada) Alguns autores são desconhecidos, entre os quais, Gil Vicente e Padre
Antonio Vieira. Esses autores fazem parte, respectivamente, das seguintes manifestações artísticas:
a) Teatro clássico e Prosa barroca.
b) Poesia clássica e Teatro religioso.
c) Teatro romântico e Prosa barroca.
d) Prosa romântica e Poesia clássica.
e) Teatro romântico e Prosa religiosa.
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12. (EsPCEx – 2005 – adaptada) Camões (1525?-1580) foi um dos maiores escritores da língua
portuguesa. Sobre Camões, é correto afirmar que
a) escreveu "A Odisseia", grande epopeia que narra a viagem de Vasco da Gama às Índias.
b) compôs poemas líricos, cuja temática era apoiada na visão platônica do amor.
c) escreveu "Os Lusíadas", o maior poema épico da língua portuguesa, que narra as aventuras de
Ulisses em sua viagem para Tróia.
d) compôs poemas religiosos, cujas figuras de linguagem predominantes são a antítese e a metáfora.
e) buscou em seus poemas líricos somente exaltar a pátria.
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13. (EsPCEx – 2005) O Renascimento é a expressão artística e cultural de uma época marcada por
fatos decisivos, que acentuaram o declínio da Idade Média e deram origem à Idade Moderna. Sobre
esse período, pode-se afirmar que
a) em Portugal, os textos eram escritos em galego-português, já que havia integração cultural e
artística entre Portugal e Galícia.
b) Dante Alighieri e Petrarca são os escritores que, em Portugal, melhor representam esse momento
cultural vivido pela pátria.
c) o homem dessa época se volta para a realidade concreta e acredita em sua capacidade de dominar
e transformar o mundo.

d) as influências da cultura greco-latina e o olhar do homem voltado essencialmente para as coisas

do espírito nortearam a cultura do período.
e) nesse período, os poetas cultivaram a poesia épica, deixando de lado a poesia lírica, já que esta
propõe a realização física do amor.
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14. (EsPCEx – 2005) Leia o soneto abaixo para responder à questão.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,

Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,

Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
(…)
(Luís Vaz de Camões)
Na lírica de Camões, o mundo geralmente é dinâmico, sujeito a constantes mudanças. Nesse poema,
passagem do tempo
a) é causa de inevitável sofrimento para as pessoas.
b) aparece na natureza como algo imprevisível.
c) põe em relevo a visão platônica do amor.
d) permite ao homem controlar as mudanças da natureza.
e) não atinge o ser humano, pois este é dotado de razão.
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15. (EsPCEx – 2004) O lema conhecido desde a Antiguidade: ridendo castigat mores (rindo, corrigem-
se os costumes) é posto em prática pelo(s)
a) teatro moralizante de Gil Vicente.
b) poemas satíricos de Bocage.
c) poemas satíricos de Gregório de Matos.
d) poemas épicos de Santa Rita Durão.
e) sermões do Padre Antônio Vieira.
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16. (EsPCEx – 2002) Assinale a alternativa correta em relação ao Quinhentismo brasileiro.

a) É um período bastante produtivo da literatura brasileira, com importantes poetas exaltando as
qualidades da nova terra.
b) É o primeiro movimento literário ocorrido no Brasil, tendo como destaque o poeta Basílio da Gama.
É uma escola de exaltação do sentimento de brasilidade.
c) É um período em que não se pode falar numa literatura brasileira, e sim em literatura ligada ao
Brasil mas que reflete as ambições e intenções do homem europeu.
d) É composta de crônicas de viagem e de uma vasta produção jesuítica, com objetivos de descrever
o interior do Brasil e converter índios e negros à fé católica.
e) É uma fase inicial da nossa literatura, mas essencial para a formação cultural brasileira pela
qualidade dos poemas e romances nela produzidos.
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17. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 2o Provão de Bolsas
EsPCEx)
“Diabo: Que é isso, padre? Quem vai lá?

Frade: Deo gratias1! Sou cortesão.
Diabo: Danças também o tordião2?
Frade: Por que não? Vê como sei.
Diabo: Pois entrai, eu tangerei3
e faremos um serão.
E essa dama, porventura?
Frade: Por minha a tenho eu,
e sempre a tive de meu.”
1Deo gratias: expressão em latim que significa “graças a Deus”.
2Tordião: dança popular no século XVI.
3Tanger: fazer soar um instrumento.
Acerca do gênero textual, trata-se de

a) poema lírico.
b) poema épico.
c) cantiga de amigo.
d) hagiografia.
e) auto satírico.
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EsPCEx) Leia o poema a seguir para responder à questão.

Sete anos de pastor Jacob servia

Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,

Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos

Lhe fora assi negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida;
Começa de servir outros sete anos,

Dizendo: – Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!
A primeira estrofe do soneto camoniano faz referência à(ao)

a) teocentrismo.
b) amor cortês.
c) feitos históricos.
d) passagem bíblica.
e) carpe diem.
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19. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 2ª Rodada Avançada
de Simulados EsPCEx 2020) Os jesuítas vindos ao Brasil com a missão de catequizar os índios deixaram
inúmeras cartas, tratados descritivos, crônicas históricas e poemas. Os principais deles foram José de
Anchieta e o padre Manuel de Nóbrega. O trecho diz respeito ao movimento do:
a) Quinhentismo.
b) Barroco.
c) Romantismo.
d) Simbolismo.
e) Modernismo.
_____________________________________________________________________________________
20. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Último Provão de
Bolsas EsPCEx) Leia a estrofe abaixo para responder ao que se pede.

Ah! minha Dinamene! Assim deixaste

Quem não deixara nunca de querer-te!
Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te,
Tão asinha esta vida desprezaste!
No poema acima, o eu lírico lamenta a partida da amada, sofrendo porque seu amor não foi
concretizado. Outros versos que servem de exemplo deste amor-ideia podem ser observados em:
a) "Ó Cristos de altivez intemerata, /Ó Cristos de metais estrepitosos /Que gritam como os tigres
venenosos /Do desejo carnal que enerva e mata."
b) "A cada canto um grande conselheiro,/Que nos quer governar cabana e vinha;/ Não sabem
governar sua cozinha/ E podem governar o mundo inteiro."
c) "Num fértil campo de soberbo Douro, Dormindo sobre a relva, descansava, /Quando vi que a
Fortuna me mostrava /Com alegre semblante o seu tesouro"
d) "Alma minha gentil, que te partiste /Tão cedo desta vida descontente, /Repousa lá no Céu
eternamente /E viva eu cá na terra sempre triste."
e) "Escreve! Molha a pena, o leve estilo enrista! /Pinta um canto de céu, uma nuvem de gaze /Solta,
brilhante ao sol; e que a alma se te vaz /Na cópia dessa luz que nos deslumbra a vista."
_____________________________________________________________________________________
21. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 1o Simulado SPRINT
EsPCEx 2021)
XXXI
Esta alma gentil, que agora parte,
antes do tempo para a outra vida,
se lá tiver a graça merecida,
terá do céu a alma mais gloriosa parte.
Se ficar entre a terça estrela e Marte,

fará a luz do sol descolorida:
a mirar-lhe a beleza sem medida
as almas dignas cantarão com arte.
E se pousasse sob o quarto sito,

qualquer das três seria menos bela
e ela, só, teria da fama o grito.
À quinta esfera não iria ela.

Mas se voar mais alto acredito

que vença Jove e qualquer outra estrela.

PETRARCA, Francesco. Cancioneiro. São Paulo: Ateliê Editorial, 2014 (p. 87).
Entre os ideais do Arcadismo, aquele representado no soneto acima é:

a) teocentrismo.
b) mitologia.
c) pastoralismo.
d) carpe diem.
e) inutilia truncat.
_____________________________________________________________________________________
22. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 3o Simulado EsPCEx
2022) Sobre o Classicismo, assinale a alternativa correta.
a) Esse movimento literário envolveu artistas que produziram teatro medieval, de cunho religioso,
predominando a visão de mundo teocêntrica, como era típico do período.
b) Foi um movimento tanto literário quanto artístico, entre os quais se destacaram artistas como
Kepler e Copérnico.
c) Os poetas pertencentes a esse período escreviam textos essencialmente subjetivos, de forma que
o principal era a produção de poesia lírica.
d) Tratou-se de um movimento artístico-literário baseado na valorização da racionalidade, sendo que
no âmbito literário houve não só poesia épica como também lírica.
e) Os artistas dessa geração estavam obcecados com a perseguição da harmonia e do equilíbrio, tanto
é que representavam a realidade melhor do que ela é, tendendo ao idealismo.
_____________________________________________________________________________________
2022) Leia o soneto de Luís Vaz de Camões, autor do Classicismo português.
Quando de minhas mágoas a comprida

'Maginação os olhos me adormece,
Em sonhos aquela alma me aparece,
Que para mim foi sonho nesta vida.
Lá numa soidade, onde estendida

A vista por o campo desfalece,
Corro após ela; e ela então parece
Que mais de mim se alonga, compelida.
Brado: - Não me fujais, sombra benina.

Ela (os olhos em mim com um brando pejo,
Como quem diz, que já não pode ser)

Torna a fugir-me; torno a bradar: - Dina...

E antes que diga: - mene*, acordo, e vejo
Que nem um breve engano posso ter.
*mene = verbo "menear" conjugado; mover-se.
A partir do texto, depreende-se que o eu lírico utiliza a temática

a) memorialista, pois deseja se lembrar da primeira namorada que teve na infância.
b) afetuosa, já que tenta chamar a atenção da amada ao invocá-la por apelidos.
c) sentimental, porque é um apelo para a mulher que faleceu e o eu lírico está de luto.
d) filosófica, evidenciando um personagem perturbado, porque a namorada o traiu.
e) amorosa, assinalando neoplatonismo, em que existe um monólogo no sonho do apaixonado.
_____________________________________________________________________________________
2022) O soneto abaixo, de número CXLIII (143), encontra-se no "Cancioneiro" de Petrarca.
Quando te ouço falar tão docemente,

como Amor aos sequazes seus instila,
o acesso meu querer todo cintila,
pois que inflamas até quem não é quente.
E então a bela dama me é presente,

como jamais me foi doce e tranquila;
qual campainha que leve som destila
meus suspiros me acordam de repente.
Cabelo na aura solto, e para mim

voltada a vejo; e bela torna assim,
como a quem tem a chave, ao coração.
Mas o muito prazer deixa travada

minha língua, e onde dentro é pousada
a audácia de mostrar me falta tanto.
PETRARCA, Francesco. Cancioneiro. Trad. José Clemente Pozenato.
Campinas: Ateliê Editorial; Editora da Unicamp, 2014 (p. 255).
Esse soneto é um exemplo do Classicismo porque

a) o eu lírico se deixa transparecer irremediavelmente apaixonado.
b) o sentimentalismo exacerbado obscurece a visão racional do poeta.
c) há resgate da antiguidade mediante menção à figura mitológica.
d) prevalece a metalinguagem, apesar da dificuldade para escrever.
e) a chave metafórica para o coração também é a decodificação do texto.

_____________________________________________________________________________________
25. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Chivunk EsPCEx 2021)
Leia o poema abaixo para responder à questão.
Busque, Amor, novas artes, novo engenho,

para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!

Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto

onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n'alma me tem posto

um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
a) satírica.
b) religiosa.
c) antropocêntrica.
d) épica.
e) deturpada.
_____________________________________________________________________________________
26. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT EsPCEx 2022)
Identifique o que for correto quanto ao julgamento do Classicismo e seu contexto histórico.
a) O ser humano da época estava em total equilíbrio consigo mesmo, tanto é que na forma os
poemas invariavelmente são formas fixas, como sonetos.
b) Seguida das Grandes Navegações, foi uma época de muito trânsito cultural, o que motivou a
racionalidade dos artistas envolvidos.
c) Essa estética literária retratava a vida tal qual ela é, e o Renascimento se baseou na reforma
espiritual do ser humano que agora se revigorava.
d) A investigação do interior explicava a sondagem da alma que era tão típica ao período, e os poemas
tendiam a ser místicos.

e) O bucolismo é uma reação contra o movimento literário anterior, notadamente exagerado e

rebuscado, sendo que agora valorizava-se a simplicidade.
_____________________________________________________________________________________
Leia o trecho da Sétima Sátira de Horácio transcrito a seguir.
“Não basta arreganhar com riso o ouvinte,

Bem que haja nisto algum merecimento:
Cumpre ser breve, e que a sentença corra,
Sem que os termos a lassa orelha onerem”.
Há sintetizado no poema acima uma visão própria do homem clássico, ao qual convém ser:
a) pesaroso.
b) comedido.
c) idôneo.
d) sisudo.
e) pernicioso.
_____________________________________________________________________________________
Tendo ocorrido o Quinhentismo no Brasil Colônia, assinale o que for correto quanto a essa
periodização.
a) São duas as tendências predominantes: a literatura de informação e a de formação, sendo que a
primeira catequiza e a segunda descreve as terras.
b) Como representantes entre a comunicação em língua portuguesa e as linguagens nativas, eram
enviados embaixadores tradutores.
c) É um movimento que ocorre isoladamente no Brasil, não tendo sofrido influência do
antropocentrismo vigente nem da cultura eurocêntrica.
d) A Contrarreforma na Europa gerou uma necessidade de reafirmação da Igreja Católica que,
desejando ampliar seus domínios, expande à catequização a colônias.
e) O choque cultural dizimou qualquer possibilidade de entendimento entre as primeiras tripulações
e os nativos, pois a intenção inicial era a guerra.
_____________________________________________________________________________________
Leia o soneto a seguir para responder ao que se pede.
Cá nesta Babilónia, donde mana

Matéria a quanto mal o mundo cria;

Cá, onde o puro Amor não tem valia,

Que a Mãe, que manda mais, tudo profana;
Cá, onde o mal se afina, o bem se dana,

E pode mais que a honra a tirania;
Cá, onde a errada e cega Monarquia
Cuida que um nome vão a Deus engana;
Cá, neste labirinto, onde a Nobreza,

O Valor e o Saber pedindo vão
Às portas da Cobiça e da Vileza;
Cá, neste escuro caos de confusão,

Cumprindo o curso estou da natureza.
Vê se me esquecerei de ti, Sião!
No soneto, o eu lírico renascentista adere à intertextualidade bíblica ressignificando-a para o seu

contexto atual. Nesse sentido, depreende-se que
a) a estética classicista é verificada no equilíbrio entre a descrição da cidade demoníaca e a celestial,
pois a harmonia é a característica principal.
b) o soneto camoniano emprega várias personificações alegóricas para representar uma cidade
considerada sagrada para ele, mas profana para o Oriente Médio.
c) são contrapostas duas cidades, uma profana e outra divina, como símbolos usados para
subentender que o poder divino é único, e não tirano e humano.
d) o trânsito estabelecido entre a forma de governo monárquica para parlamentar é a defesa social
do poema, que utiliza da retórica como apelo político.
e) a poesia lírica camoniana é neoplatônica, pois a adoração à cidade de Sião pode ser encarado como
amor genuíno, mesmo que o objeto de amor não seja uma pessoa.
_____________________________________________________________________________________
Pode ser considerado INCORRETO sobre o Trovadorismo:
a) Na cantiga de amigo, o eu lírico feminino lamenta a partida do ser amado.
b) Na cantiga de amor, o cavalheiro expressa o amor cortês à dama visada.
c) Na cantiga de escárnio, emprega-se a figura de linguagem da ironia.
d) Na cantiga de maldizer, a pessoa satirizada é um alvo não identificado.
e) Na prosa trovadoresca, encontram-se romances de cavalaria, hagiografias e nobiliários.
_____________________________________________________________________________________
Em “Os Lusíadas” de Camões,

a) o herói é coletivizado na epopeia de formação nacional, embora concentrado na figura de Vasco

da Gama.
b) a figura do herói é mítica, pois ele é aquele que não tomba e em quem até os deuses devem se
espelhar.
c) no plano dos deuses, a personificação do amor e da guerra estão contra os portugueses, que
devem ser proteger.
d) a mensagem final da obra é de recompensa, sendo que no último canto os portugueses voltam
para a casa.
e) na Ilha dos Amores, a deusa Hera concede favores sexuais aos lusos, que chegam a negá-los pois
são cristãos.
_____________________________________________________________________________________
Entre as obras abaixo, a que NÃO caracteriza o teatro vicentino é:
a) “Auto da barca do inferno.”
b) “Farsa de Inês Pereira”.
c) “O velho da horta”.
d) “Auto da compadecida”.
e) “Auto da índia”.
_____________________________________________________________________________________
Leve em consideração o trecho abaixo.
“Muitos deles ou quase a maior parte dos que andavam ali traziam aqueles bicos de osso nos
beiços. E alguns, que andavam sem eles, tinham os beiços furados e nos buracos uns espelhos de pau,
que pareciam espelhos de borracha; outros traziam três daqueles bicos, a saber, um no meio e os
dois nos cabos. Aí andavam outros, quartejados de cores, a saber, metade deles da sua própria cor, e
metade de tintura preta, a modos de azulada; e outros quartejados de escaques”.

a) argumentativo.
b) preconceituoso.
c) superficial.
d) pormenorizado.
e) desleixado.
_____________________________________________________________________________________

Quanto aos versos abaixo, assinale aquela opção proveniente de uma cantiga de amor trovadoresca.
a) “Ai flores, ai flores do verde ramo, /se sabedes novas do meu amado!”
b) “Joam Fernandes, o mour', outrossi, /nos maltalhados o vejo contado;”
c) “Não curês de mais detença/ Embarcai e partiremos: tomareis um par de ramos.”
d) “Não é rei nem é conde mas outra potestade, /que não direi, que direi, que não direi…”
e) “Estes meus olhos nunca perderan, /senhor, gran coyta, mentr’ eu vivo fôr;”
_____________________________________________________________________________________
Observe atentamente o excerto abaixo.
“Não eu, pois que aprendi que os Deuses vivem

Tranquila eterna vida; nem se ocupam
Em mandar-nos da abóbada celeste,
As maravilhas que a Natura opera.
Em Brindes, coa jornada, o escrito finda”.
A conclusão da Quinta Sátira da poesia horaciana permite inferir que:

a) o ser humano se destoa dos deuses mitológicos que usufruem de privilégios os quais não querem
compartilhar.
b) é parte indissociável da natureza o ser humano, junto com sua mortalidade, fruto da criação divina.
c) os deuses estão em choque com o monoteísmo cristão, caracterizando essa estética a luta entre
deus e homem.
d) é aguardado um dia em que os deuses desceriam de sua morada divina para acalmar os ânimos
humanos.
e) os deuses não se sentem parte integrante da natureza, considerando-a rebaixada e relegando-a à
espécie humana.
_____________________________________________________________________________________
Quanto ao Humanismo e o Classicismo, julgue o que for INCORRETO.
a) São movimentos artístico-literários simultâneos entre si e que usufruem da mesma visão de
mundo.
b) Compartilham entre si o entusiasmo pelo Renascimento Cultural e teve ligação com as belas artes.
c) Podem ser consideradas escolas da era clássica, sendo que no teatro português foi importante Gil
Vicente.
d) Camões foi um poeta renascentista importante, mas outro contemporâneo seu foi Sá Miranda.

e) No que diz respeito ao gênero literário, representou a transição da poesia para o romance
prosaico.
_____________________________________________________________________________________
A partir da leitura atenta do soneto, atenda ao comando.
Quem diz que Amor é falso ou enganoso,

Ligeiro, ingrato, vão desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.
Amor é brando, é doce, e é piedoso.

Quem o contrário diz não seja crido;
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e inda aos Deuses, odioso.
Se males faz Amor em mim se vêem;

Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.
todas suas iras são de Amor;

Todos os seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.
(CAMÕES, Luís Vaz de. Obras completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1963, p. 212.)
A poesia lírica amorosa camoniana apresenta um traço característico que é o(a):

a) zombaria.
b) suicídio.
c) veneração.
d) contradição.
e) pessimismo.
_____________________________________________________________________________________
Gil Vicente é um escritor humanista português cujo teatro teve a influência explícita do espanhol
a) William Shakespeare.
b) Calderón de la Barca.
c) Miguel de Cervantes.
d) Juan del Encina.
e) Luis de Góngora y Argote.

_____________________________________________________________________________________
Quanto ao Quinhentismo, assinale o que for correto quanto ao contexto histórico.
a) O período pré-colonial contemplou os 30 anos antes da formação de capitanias hereditárias,
quando os escritores se organizaram para decidir seu estilo.
b) A Contrarreforma impulsionou a necessidade de reafirmação do dogma cristão, o que fez com que
jesuítas tivessem importância no processo colonizatório.
c) Enquanto a literatura no Brasil caracterizava-se como quinhentista, a Europa já estava avançando
para a Era Moderna, alcançando o Romantismo.
d) Os portugueses trouxeram no estilo de escrita a influência dos traços filosóficos, o que era típico
na poesia lírica do Classicismo camoniano.
e) A perspectiva no Quinhentismo era unilateral, tendo os autores adotados o antropocentrismo
humanista que estava em voga nos termos europeus.
_____________________________________________________________________________________
A epopeia é um gênero poético que fala em longos versos sobre a trajetória do herói. Em “Os
Lusíadas”, a coragem dos heróis portugueses pode ser considerada como sinônimo de cobiça e
ambição, o que é criticado no trecho:
a) “Canta-me, ó deusa, do Peleio Aquiles /A ira tenaz, que, lutuosa aos Gregos, /Verdes no Orco
lançou mil fortes almas, /Corpos de heróis a cães e abutres pasto:”
b) “Com esta, as tristes almas revocava /Do Inferno, e o vento lhe obedece; /Na cabeça o galero
costumado; /E destarte a Melinde foi chegado.”
c) “«Mas, ó tu, geração daquele insano /Cujo pecado e desobediência /Não somente do Reino
soberano /Te pôs neste desterro e triste ausência»”
d) “«Vê naquela que o tempo tornou Ilha, /Que também flamas trémulas vapora, /A fonte que óleo
mana, e a maravilha /Do cheiroso licor que o tronco chora»”
e) “Os olhos Beatriz em mim fitava, /Bem como de antes: grandioso assenso, /Ao meu desejo
claramente dava. /Ó ser bendito, ao meu querer intenso”
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41. (Estratégia Militares 2022 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Viradão EsPCEx 2023)
Texto para as próximas 2 questões
Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e
acenaram para a terra, como quem diz que os havia ali. Mostraram-lhes um carneiro: não fizeram

caso. Mostraram-lhes uma galinha, quase tiveram medo dela: não lhe queriam pôr a mão; e depois a
tomaram como que espantados.
Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel e figos passados. Não
quiseram comer quase nada daquilo; e, se alguma coisa provaram, logo a lançaram fora. Trouxeram-
lhes vinho numa taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram nada, nem quiseram mais. Trouxeram-
lhes a água em uma albarrada. Não beberam. Mal a tomaram na boca, que lavaram, e logo a lançaram
fora.
CAMINHA, Pero Vaz de. Carta de Achamento a El-Rei D. Manuel I. Fonte: Domínio Público.
Disponível em: https://tinyurl.com/4jpjxxz3. Acesso em: 24 maio 2022.
Uma das principais características quinhentistas na literatura de informação é a linguagem gestual,

até como forma de comunicação diante do choque cultural. Assim, no primeiro parágrafo observa-se
que:
a) em um momento de boa convivência os índios desejavam mostrar as terras.
b) a perplexidade dos indígenas provavelmente foi provocada pelo estranhamento.
c) os índios se espantaram com os carneiros, por serem novidade para eles.
d) a recusa inicial dos indígenas ao tocar nas galinhas é por transmitirem doenças.
e) há uma gradação crescente entre os animais apresentados, até como estratégia.
_____________________________________________________________________________________
O segundo parágrafo indica uma postura de cautela dos indígenas. Encontre abaixo, entre os versos
da Poesia Pau-Brasil de Oswald de Andrade, um comportamento parecido.
a) “Se Pedro Segundo /Vier aqui /Com história /Boto ele na cadeia.” (Senhor Feudal).
b) “Cultivam-se palmares de cocos grandes /Principalmente à vista do mar” (Paisagem).
c) “Ao redor desta vila /Estão quatro aldeias de gentio amigo /Que os padres da Companhia
doutrinam” (Prosperidade de São Paulo).
d) “Para dizerem milho dizem mio /Para melhor dizem mió” (Vício na fala).
e) “O noivo da moça /Foi para a guerra /E prometeu se morresse /Vir escutar ela tocar piano /Mas
ficou para sempre no Paraguai” (O recruta).
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A nau grande, em que vai Paulo da Gama,




Cos raios em que o Pólo todo ardia!
CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. Fonte: Domínio Público.
Disponível em: https://tinyurl.com/w3r9xf49. Acesso em: 29 jul. 2022.
Camões é um autor do Renascimento português, o que equivale a dizer que ele retoma ideias da
Antiguidade Clássica. Nesse sentido, quanto à forma apresentada, é correto afirmar que:
a) são versos em sua maioria livres e com a implementação de rimas brancas.
b) são versos alexandrinos e na segunda estrofe há rimas
c) são versos heroicos e na primeira estrofe há predomínio de rimas ricas.
d) são versos dodecassílabos e predominam rimas pobres na primeira estrofe.
e) são versos decassílabos e na segunda estrofe há rimas internas.
_____________________________________________________________________________________
Um(a) autor(a) modernista irá retomar uma expressão presente nestas estrofes de Camões.
Identifique quem é e a sua respectiva obra.
a) Dante Alighieri – A divina comédia.
b) Manuel Bandeira – Libertinagem.
c) Jorge de Lima – Invenção de Orfeu.
d) Cecília Meireles – Romanceiro da Inconfidência.
e) Carlos Drummond de Andrade – Claro enigma.
_____________________________________________________________________________________
Quanto à produção literária no movimento do Trovadorismo, assinale o que for correto.
a) As cantigas de amigo são escritas por mulheres cujos namorados foram para as Guerras Árabes.
b) As cantigas de amor, apesar do nome, versavam sobre sentimentos universais.
c) As cantigas de escárnio são escrachadas e se valem da figura de linguagem da hipérbole.

d) As cantigas de maldizer geralmente vêm com nomes explícitos de pessoas.

e) O Trovadorismo contou apenas com a presença dos gêneros da poesia e do teatro.
_____________________________________________________________________________________
LUSITANIA
Mãe, dos homens he falar,
E das molheres ouvir,
E do bom siso calar,
E da prudencia sentir
O que não póde danar:
Cuidais que me ha de comer?
LISIBEA
Eu não te posso sofrir;
Nesta dor hei de morrer.
Fica-te, qu’eu quero-me ir,
Pera mais não parecer.
Minha morte he cerca e certa,
E eu dou-te vida escura;
Vou-me á minha sepultura,
Que está na Serra deserta,
Feita por mão da Ventura. (vai-se)
LUSITANIA
Senhor meu, amigo caro,
Vós ide emtanto caçar,
Porque a mi cumpre rezar,
E chorar meu desemparo,
E a vós de me leixar.
Vai-se Portugal, e diz Lusitania em oração.

VICENTE, Gil. Auto da Lusitânia. Fonte: Domínio Público.
Disponível em: https://tinyurl.com/azfh7bdt. Acesso em: 29 jul. 2022
Com a fala “Nesta dor hei de morrer”, a personagem de Lisbeia assinala que:
a) a moça está sofrendo e padecendo por causa de amor.
b) a serra está sendo personificada com lugar da caçada.
c) a morte é iminente pelos perigos da caçada.
d) os papéis sociais estão previamente estabelecidos.
e) a comédia de costumes se faz prevalecer.

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COMPAIXÃO DA VIRGEM NA MORTE DO FILHO

Por que ao profundo sono, alma, tu te abandonas,
e em pesado dormir, tão fundo assim ressonas?
Não te move a aflição dessa mãe toda em pranto,
que a morte tão cruel do filho chora tanto?
O seio que de dor amargado esmorece,
ao ver, ali presente, as chagas que padece?
Onde a vista pousar, tudo o que é de Jesus,
ocorre ao teu olhar vertendo sangue a flux.
Olha como, prostrado ante a face do Pai,
todo o sangue em suor do corpo se lhe esvai
ANCHIETA, José de. Poema da Virgem. Fonte: Domínio Público.
Disponível em:https://tinyurl.com/4zunayab. Acesso em: 29 jul. 2022.
O poema descreve a imagem da Pietà, que é Nossa Senhora padecendo vendo o filho Jesus morto.
Pela pertinência temática, o poema se associa ao movimento literário do:
a) Trovadorismo.
b) Arcadismo.
c) Barroco.
d) Romantismo.
e) Naturalismo.
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A principal figura de linguagem usada no poema é:
a) sinestesia.
b) hipérbole.
c) paradoxo.
d) metáfora.
e) ironia.
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SONETO 155
Esforço grande, igual ao pensamento;
pensamentos em obras divulgados,
e não em peito tímido encerrados
e desfeitos despois em chuva e vento;
animo da cobiça baixa isento,

dino por isso só de altos estados,
fero açoute dos nunca bem domados
povos do Malabar sanguinolento;
gentileza de membros corporais,

ornados de pudica continência,
obra por certo rara de natura:
estas virtudes e outras muitas mais,

dinas todas da homérica eloquência,
jazem debaixo desta sepultura.
CAMÕES, Luís Vaz de. Sonetos. Fonte: Domínio Público.
Disponível em: https://tinyurl.com/5h83rawn. Acesso em: 29 jul. 2022.
Quanto à visão global do soneto, depreende-se que

a) há uma exaltação das grandes empreitadas mundo afora motivadas por curiosidade.
b) a máquina do mundo até pode trazer progressos, mas com isso também degradação.
c) o ser humano estrangeiro é rebaixado, revelando com isso um viés preconceituoso.
d) em um esforço metalinguístico, o poeta manifesta dificuldade em arranjar inspiração.
e) existe uma aproximação com a estética naturalista, tendo em visto as patologias.
_____________________________________________________________________________________
O soneto é uma forma clássica tradicional, mas cuja forma foi alterada por um importante autor
literário. Identifique-o.
b) Francesco Petrarca.
c) Gil Vicente.
d) Pero Vaz de Caminha.
e) Rei D. Dinis.

8.1 Lista de Fixação
51. (ESA – 2022) Leia um fragmento da Carta de Pero Vaz de Caminha, a seguir.
Fonte: https://www.culturagenial.com/carta-pero-vaz-de-caminha/
"Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou
ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto, que nela
se pode fazer, me parece que será salvar esta gente."
(Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A. BERUTTI, F. FARIA, R.
História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.)
Nesse trecho, o relato de Caminha alinha-se ao projeto colonizador da Coroa Portuguesa para a nova
terra, pois, essencialmente,
a) demarca a superioridade europeia, para enfatizar a miséria dos indígenas.
b) descreve a exuberância das terras, para impressionar a Coroa Portuguesa.
c) evidencia a ausência de trabalho dos povos autóctones (povos nativos).
d) informa sobre o potencial econômico e a oportunidade de conversão católica.
e) realça somente a possibilidade de catequese para os povos nativos.
_____________________________________________________________________________________
52. (ESA – 2014)

“A feição deles é serem pardos, quase avermelhados, de rosto regulares e narizes bem feitos;
andam nus sem nenhuma cobertura; nem se importam de cobrir nenhuma coisa, nem de mostrar
suas vergonhas.”
Essa passagem pertence à Carta de Pero Vaz de Caminha, primeiro texto escrito no Brasil, no qual
eram descritos a terra e o povo que a habitava. A respeito da Literatura Quinhentista, é correto
afirmar que
a) os textos quinhentistas fazem parte do movimento literário intitulado Poesia Pau-Brasil.
b) toda essa produção está diretamente relacionada à intenção de catequizar os selvagens.
c) a literatura da época está relacionada ao espírito aventureiro da expansão marítima e comercial
portuguesa.
d) os textos dessa época têm grande valor literário.
e) registra apenas o choque cultural entre colonizadores e colonizados.
_____________________________________________________________________________________
ESA) Considere a passagem a seguir para responder à questão.
arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem
os arcos. E eles os pousaram.
Ali não pôde deles haver fala, nem entendimento de proveito, por o mar quebrar na costa.
Somente deu-lhes um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça e um
sombreiro preto.
Pero Vaz de Caminha – A carta de Pero Vaz de Caminha.
Fonte: Ministério da Cultura/Fundação Biblioteca Nacional.
Disponível em: https://tinyurl.com/u4rgb24. Acesso em: 31 mar. 2020.
afirmar que
a) alguns dos representantes dessa geração literária foi Padre José de Anchieta e Gil Vicente.
b) Portugal era um país tão atrasado inicialmente que preciso se lançar nas expansões ultramarinas
em busca de novos mercados produtores.
c) o processo de aculturação pode ser observado na forma diferente de indumentária, por exemplo,
no chapéu.
d) era tênue a margem entre realidade e ficção nos escritos dessa época.
e) apesar de o encontro ter sido conflituoso num primeiro momento, houve entendimento linguístico
depois.

_____________________________________________________________________________________
ESA) Leia o texto abaixo para responder ao que se pede.
“Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e
Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel e figos passados. Não quiseram
comer quase nada daquilo; e, se alguma coisa provaram, logo a lançaram fora. Trouxeram-lhes vinho
numa taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes a água
em uma albarrada. Não beberam. Mal a tomaram na boca, que lavaram, e logo a lançaram fora.”
CAMINHA, Pero Vaz de. Carta. Fonte: Domínio Público.
Disponível em: https://tinyurl.com/u4rgb24. Acesso em: 11 out. 2020.
A Carta de Pero Vaz de Caminha é um documento que transita entre a literatura e o documento
histórico. A partir do trecho acima, é possível assumir que a atitude dos indígenas era
a) ingênua.
b) indiferente.
c) espirituosa.
d) cautelosa.
e) irônica.
_____________________________________________________________________________________
55. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 1º Simulado SPRINT
ESA 2021) Considere a passagem a seguir para responder à questão.
sombreiro preto. Um deles deu-lhe um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha
de penas vermelhas e pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal grande de continhas
brancas, miúdas, que querem parecer de aljaveira, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa
Alteza, e com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do
mar.
Disponível em: https://tinyurl.com/u4rgb24. Acesso em: 09 jul. 2020.
Sobre a literatura de informação, é correto afirmar que

a) o Quinhentismo é um movimento literário nacional já consolidado.

b) o que marcou o choque cultural na colonização foi a indumentária e a língua.
c) Nicolau Coelho era o chefe pajé da primeira tribo que os portugueses conheceram.
d) há ironia refinada e moderna no estilo prosaico de Pero Vaz de Caminha.
e) existe intenção pedagógica ao ensinar os índios a se usar o cocar corretamente.
_____________________________________________________________________________________
56. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 1º Simulado ESA
2022) No Quinhentismo, é apresentada uma temática que expressa:
a) a aculturação do povo indígena, bem como seus costumes campestres e agrícolas.
b) o raciocínio lógico em contraposição às dúvidas religiosas impostas pelo dogmatismo.
c) tanto os preceitos do nacionalismo quanto os anseios revolucionários e sociais.
d) as descrições de relatos de viagem, assim como textos de cunho pedagógico e religioso.
e) as zonas profundas do inconsciente, além de interesse pelo subjetivismo humano.
_____________________________________________________________________________________
2022) O teatro vicentino foi o principal gênero desse movimento literário, em que os costumes sociais
eram criticados, bem como as classes das mais altas às mais baixas:
a) Antropocentrismo.
b) Arcadismo.
c) Neoclassicismo.
d) Classicismo.
e) Humanismo.
_____________________________________________________________________________________
2022) Leve em consideração a estrofe abaixo para atender ao comando.
“Aquela fé tão clara e verdadeira

A vontade tão limpa e tão sem mágoa,
Tantas vezes provada em viva frágua
De fogo, i apurada, e sempre inteira;
Aquela confiança, de maneira

Que encheu de fogo o peito, os olhos de água,
Porque eu ledo passei por tanta mágoa,
Culpa primeira minha e derradeira (...)”

Por causa do estado de espírito atribulado do eu lírico, que está preocupado e meditativo, o texto
pode ser classificado dentro da poesia filosófica do
a) Trovadorismo.
b) Humanismo.
c) Classicismo.
d) Barroco.
e) Arcadismo.
_____________________________________________________________________________________
59. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 6º Provão de Bolsas
ESA) Entre os trechos quinhentistas abaixo, identifique aquele em que há arcaísmo na linguagem.
a) "Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram os navios
pequenos, por chegarem primeiro."
b) "E sexta pela manhã, às oito horas, pouco mais ou menos, por conselho dos pilotos, mandou o
Capitão levantar âncoras e fazer vela"
c) "Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em
mostrar o rosto."
d) "O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, bem vestido, com um colar de
ouro
mui grande ao pescoço, e aos pés uma alcatifa por estrado."
e) "Não que eles de todos chegassem à borda do batel. Mas junto a ele, lançavam os barris que nós
tomávamos; e pediam que lhes dessem alguma coisa."
_____________________________________________________________________________________
60. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Chivunk ESA 2021)
Leia o texto abaixo para responde à questão.
Páscoa, que foram 21 dias de abril, estando da dita Ilha obra de 660 ou 670 léguas, segundo os pilotos
diziam, topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os
mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira
seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos.
Uma das funções da literatura quinhentista era a de:

a) nomear.
b) criticar.
c) satirizar.

d) parodiar.
e) impactar.
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61. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022)
Leia o trecho a seguir para responder à questão.
“E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de
mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno.”
Disponível em: https://tinyurl.com/zr8ddzsk. Acesso em: 29 mar. 2021.
Essa passagem pertence ao movimento quinhentista no Brasil. A respeito da Carta de Pero Vaz de
Caminha, é correto afirmar que
a) é uma obra classificada na tendência da literatura de formação, pois apresentava teor pedagógico
diante do contato com os povos indígenas.
b) se aproxima do diário pessoal, em que informações íntimas são reveladas, como é o caso da relação
entre os tripulantes.
c) manifesta um caráter informativo, uma vez que descreve a fauna brasileira depois de os
portugueses travarem o primeiro contato com os nativos.
d) demonstra o perfil ufanista que é típico dos textos dessa época, sobretudo no quesito da exaltação
da pátria como identidade nacional.
e) pode ser considerada como documento histórico, a partir do qual registros de precisão náutica e
nomenclaturas botânicas podem ser levantados.
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62. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) A
respeito da literatura de catequese, assinale os principais autores.
a) Pero Vaz de Caminha e Manuel de Nóbrega.
b) José de Anchieta e Manuel de Nóbrega.
c) Pero Vaz de Caminha e Magalhães Gândavo.
d) Magalhães Gândavo e José de Anchieta.
e) Manuel de Nóbrega e Magalhães Gândavo.
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Assinale a alternativa que contém a representação da visão de mundo veiculada pela literatura
jesuítica quinhentista.
a) “Pois teu sangue redentor/Lavou minha culpa humana”
b) “Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.”
c) “Gentil padre mundanal, a Belzebu vos encomendo!”
d) “O próprio Deus da Guerra desumano/Não viveu de amor ileso”
e) “Não permita Deus que eu morra,/Sem que eu volte para lá;”
_____________________________________________________________________________________
64. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) O
______ foi o movimento literário brasileiro pioneiro e foi o mais ligado ao período histórico do Brasil
Colônia.
a) Quinhentismo.
b) Neoclassicismo.
c) Romantismo.
d) Realismo.
e) Modernismo.
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65. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) No
trecho “Mas permitirá nosso Senhor que ainda em nossos dias se descubram nela grandes tesouros,
(...) como pelo proveito de seus vassalos que o desejam servir”, identifica-se literatura de:
a) concepção.
b) catequização.
c) informação.
d) comunhão.
e) cultivação.
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respeito do antropocentrismo disseminados pelos clássicos, é correto afirmar que ele
a) era uma visão de mundo baseada no uso da racionalidade.
b) ia ao encontro de ideias do próximo movimento que é o barroco.
c) foi uma reação ao paganismo predominante na época.
d) busca a explicação dos sentimentos humanos na astronomia.

e) vincula-se à comparação do ser humano ao animal.
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67. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) É
correto afirmar sobre o Trovadorismo que
a) as peças teatrais eram o gênero preponderante.
b) nas cantigas de maldizer há intenção de ofensa.
c) nas cantigas de escárnio pode haver recurso irônico.
d) o eu lírico das canções de amor é amiúde feminino.
e) no amor cortês a dama deve se esforçar pelo cavalheiro.
_____________________________________________________________________________________
“INÊS [...]
Que sempre disse e direi:
Mãe, eu me não casarei
Senão com homem discreto,
E assi vo-lo prometo
Ou antes o leixarei.”
Em se tratando de um texto medieval, pode-se inferir que Inês é uma personagem

a) imbatível.
b) inefável.
c) indiferente.
d) intrépida.
e) invencível.
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Bardo português do Renascimento que escreveu tanto poesia épica quanto lírica:
a) Sá Miranda.
b) Leonardo da Vinci.
c) Gil Vicente.
d) Airas Nunes.
e) Luís de Camões.

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poema “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” representa um tipo de poesia camoniana cuja
temática é
a) melancólica.
b) filosófica.
c) amorosa.
d) épica.
e) medieval.
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71. (Estratégia Militares 2022 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Viradão ESA 2023)
Textos para as próximas 5 questões
TEXTO I
Isto tomávamos nós assim por assim o desejarmos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e
mais o colar, isto não o queríamos nós entender, porque não lho havíamos de dar. E depois tornou as
contas a quem lhas dera. Então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir, sem buscarem maneira
de cobrirem suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem rapadas e
feitas. O Capitão lhes mandou pôr por baixo das cabeças seus coxins; e o da cabeleira esforçava-se por
não a quebrar. E lançaram-lhes um manto por cima; e eles consentiram, quedaram-se e dormiram.
CAMINHA, Pero Vaz de. Carta de Achamento a El-Rei D. Manuel I.
Disponível em: https://tinyurl.com/4jpjxxz3. Acesso em: 22 jul. 2022.
TEXTO II
RIQUEZAS NATURAIS
Muitos metaes pepinos romans e figos

De muitas castas
Cidras limões e laranjas
Uma infinidade
Muitas cannas daçucre
Infinito algodam
Também há muito paobrasil
Nestas capitanias
ANDRADE, Oswald. Poesia Pau-Brasil (1925).
Os textos podem ser classificados, respectivamente, como:

a) diário de viagem e prosa poética.

b) literatura de catequese e poema concretista.

c) literatura de informação e poema-piada.
d) cronicão e écloga.
e) romance de cavalaria e pastoral.
_____________________________________________________________________________________
Quanto ao narrador da Carta de Achamento, no primeiro texto, é correto afirmar que é:
a) atencioso, pois está cuidado dos índios.
b) pretensioso, pois toma conclusões precipitadas.
c) belicoso, pois se prepara para um ataque.
d) esperto, pois aproveita a ocasião para comercializar.
e) previsível, pois trata-se de uma personagem plana.
_____________________________________________________________________________________
Acerca dos pontos de vista dos textos, se comparados, representam
a) perversidade e indiferença.
b) religiosidade e misticismo.
c) cultismo e subjetividade.
d) determinismo e vanguarda.
e) eurocentrismo e apropriação.
_____________________________________________________________________________________
74. (Estratégia Militares 2022 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Viradão ESA 2023) A
Poesia Pau-Brasil de Oswald de Andrade leva como principal inspiração:
a) preciosismos linguísticos.
b) erros ortográficos.
c) linguagem popular.
d) revisionismo histórico.
e) erudição estilística.
_____________________________________________________________________________________
Sobre as frutas apontadas no poema modernista, depreende-se que

a) assim como o Pau-Brasil e o cacau, são as principais matérias-primas da época.

b) simbolizam uma inconsistência, já que o eu lírico diz que a terra não é própria para o consumo.
c) consistem no uso da premissa antropofágica, pois reúnem procedências diferentes.
d) retratam um comércio arcaico, como se fossem as primeiras feiras.
e) aludem à exploração da flora, depois que terminaram de depredar a fauna.
_____________________________________________________________________________________
Amor, que o gesto humano n'alma escreve,

vivas faíscas me mostrou um dia,
donde um puro cristal se derretia
por entre vivas rosas e alva neve.
A vista, que em si mesma não se atreve,

por se certificar do que ali via,
foi convertida em fonte, que fazia
a dor ao sofrimento doce e leve.
Jura Amor que brandura de vontade

causa o primeiro efeito; o pensamento
endoudece, se cuida que é verdade.
Olhai como Amor gera num momento,

de lágrimas de honesta piedade
lágrimas de imortal contentamento.
CAMÕES, Luís Vaz de. Soneto 42. Disponível em: Domínio Público.
Acesso em: https://tinyurl.com/5h83rawn. Acesso em: 22 jul. 2022.
O verso que apresenta uma prosopopeia é:

a) “donde um puro cristal se derretia”
b) “foi convertida em fonte, que fazia”
c) “causa o primeiro efeito; o pensamento”
d) “se cuida que é verdade.”
e) “Olhai como Amor gera num momento,”
_____________________________________________________________________________________
Quanto à visão global do soneto, pode-se dizer que:

a) o lirismo irremediável fez enlouquecer o eu lírico.

b) o excesso de sentimentalidade prefigura o Barroco.
c) o idílio amoroso encontra espaço na natureza.
d) o eu lírico apela o leitor do seu desengano.
e) enfrenta-se a desilusão amorosa com heroísmo.
_____________________________________________________________________________________
Anjo:— Eu não sei quem te cá traz...

Brízida —Peço-vo-lo de giolhos!
Cuidais que trago piolhos,
anjo de Deos, minha rosa?
Eu sô aquela preciosa
que dava as moças a molhos,
a que criava as meninas
para os cônegos da Sé...
Passai-me, por vossa fé,
meu amor, minhas boninas,
olho de perninhas finas!
E eu som apostolada,
angelada e martelada,
e fiz cousas mui divinas.
Santa Úrsula nom converteu
tantas cachopas como eu:
todas salvas polo meu
que nenhuma se perdeu.
E prouve Àquele do Céu
que todas acharam dono.
Cuidais que dormia eu sono?
Nem ponto se me perdeu!
Anjo — Ora vai lá embarcar, não estás importunando.
Brízida — Pois estou-vos eu contando o porque me haveis de levar.
VICENTE, Gil. Auto da barca do inferno. Fonte: Domínio Público.
Disponível em: https://tinyurl.com/2p9bujyf. Acesso em: 22 jul. 2022.
O auto é uma breve peça teatral de caráter religioso ou profano. Nesse sentido, o exemplo configura
a) um teatro esquemático: as personagens perdem a sua individualidade.
b) um teatro em versos: procedimento este típico dos costumes da cavalaria.
c) uma cantiga de escárnio: isso porque as personagens não são identificadas.
d) uma comédia de costumes: a figura angelical é paciente, mas não se persuade pela mulher.

e) uma tragédia histórica: a mulher é a rainha que será conduzida para o inferno.
_____________________________________________________________________________________
Entre as estratégia argumentativas da alcoviteira está:
a) a inversão de valores.
b) o ataque à Igreja.
c) o apelo em oração.
d) a higiene corporal.
e) uma atitude submissa.
_____________________________________________________________________________________
80. (Estratégia Militares 2022 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Viradão ESA 2023) O
amor cortês trovadoresco que se observa nas cantigas de amor. Tal código de conduta moral
influenciará outro movimento literário posteriormente, que é o:
a) Romantismo.
b) Parnasianismo.
c) Simbolismo
d) Realismo.
e) Modernismo.
8.2 Gabarito
1. D 9. E 17. E 25. C 33. D 41. B 49. B 57. E 65. C 73. E
2. C 10. D 18. D 26. B 34. E 42. A 50. A 58. C 66. A 74. D
3. D 11. A 19. A 27. B 35. A 43. C 51. D 59. D 67. C 75. C
4. C 12. B 20. D 28. D 36. E 44. E 52. C 60. A 68. D 76. E
5. B 13. C 21. B 29. C 37. D 45. D 53. C 61. E 69. E 77. D
6. C 14. A 22. D 30. D 38. D 46. D 54. D 62. B 70. B 78. D
7. D 15. A 23. E 31. A 39. B 47. C 55. B 63. A 71. C 79. A
8. A 16. C 24. C 32. D 40. C 48. B 56. D 64. A 72. B 80. A

9.0 Questões com Comentários
01. (EsPCEx – 2022) Leia os versos a seguir.
As armas e os Barões assinalados

Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana.
Quanto à estrofe apresentada, é correto afirmar que

a) a presença da sinestesia evoca a bravura decorrente do espírito expansionista dos navegadores
lusitanos.
b) pertence à terceira fase do Romantismo: o Condoreirismo, como ocorre em Castro Alves no Navio
Negreiro.
c) se trata de um resgate ao Classicismo pelos poetas árcades, ao retomar a medida nova, versos
decassílabos.
d) se trata de uma epopeia camoniana, ao cantar os feitos heroicos dos portugueses durante o
expansionismo marítimo.
e) aborda a crise espiritual do Barroco: o paganismo decorrente do expansionismo marítimo; e a
religiosidade decorrente de uma retomada ao teocentrismo medieval.
Comentários
Alternativa A: incorreta. Sinestesia é um recurso expressivo que ocorre a partir da junção de
sentidos (audição, olfato, paladar, tato, visão). Costuma ser uma figura de linguagem comum no
movimento do Simbolismo, e não no Classicismo, que era mais equilibrado e racional.
Alternativa B: incorreta. Condoreirismo é a terceira geração da poesia romântica brasileira, chamada
assim porque o condor, que é um pássaro, era símbolo para os intelectuais que defendiam a abolição da
escravidão. Porém, o Condoreirismo ocorreu no século XIX no Brasil e o Classicismo no século XVI em
Portugal.
Alternativa C: incorreta. Cuidado com anacronismos: é o Arcadismo (Neoclassicismo) que retoma
o Classicismo, embora os versos sejam mesmo decassílabos.
Alternativa D: correta – gabarito. O trecho é do poema épico “Os Lusíadas” (1572) de Luís de
Camões, um poeta do Classicismo português. Classicismo é sinônimo de Renascimento. Poema épico é
sinônimo de epopeia, longos poemas narrativos que usam a tendência literária do heroísmo. O contexto
histórico era o do mercantilismo, o que motivava as grandes navegações, tendo feito os portugueses
chegarem em várias regiões geográficas, como nas Índias em 1497 (com a tripulação de Vasco da Gama,
o que é relatado em “Os Lusíadas”); 1498 em Moçambique e 1500 no Brasil.
Alternativa E: incorreta. Não é um poema que aborda tal crise espiritual. Os portugueses
inicialmente buscam pela descoberta de novas colônias motivadas pelo lucro e ambição.
Gabarito: D.

02. (EsPCEx – 2019) Em relação ao Classicismo, que se desenvolveu durante o século XVI, marque a
alternativa correta.
a) Esse movimento literário possibilita a expressão da condição individual, da riqueza interior do ser
humano que se defronta com sua inadequação à realidade.
b) A poesia dessa época adota convenções do bucolismo como expressão de um sentimento de
valorização do ser humano.
c) Os poetas pertencentes a esse período literário perseguiam uma expressão equilibrada, sóbria, capaz
de transmitir o domínio que a razão exercia sobre a emoção individual, colocando o homem como
centro de todas as coisas.
d) Os autores dessa estética literária procuraram retratar a vida como é e não como deveria ou
poderia ser. Perseguem a precisão nas descrições, principalmente pela harmonização de detalhes que,
somados, reforçam a impressão de realidade.
e) A poesia desse período passa a ser considerada um esforço de captação e fixação das sutis sensações
produzidas pela investigação do mundo interior de cada um e de suas relações com o mundo exterior.
Comentários
Questão de conhecimento de características de movimentos literários.
Alternativa A: incorreta. Não individual, mas sim universal.
Alternativa B: incorreta. Bucolismo será um traço do Arcadismo, também conhecido como
Neoclassicismo.
Alternativa C: correta – gabarito. A grande tônica do período era a racionalidade e a harmonia. Um
importante escritor português do período foi Luís de Camões.
Alternativa D: incorreta. Preocupação com a teoria do reflexo e a imitação da realidade tal qual ela
é (mimese) ocorrerá apenas no Realismo no século XIX.
Alternativa E: incorreta. Preocupação com o mundo interior será predominante no Simbolismo do
século XIX.
Gabarito: C.
03. (EsPCEx – 2016) Leia a poesia a seguir.
Não indagues, Leucónoe
Não indagues, Leucónoe, ímpio é saber,

a duração da vida
que os deuses decidiram conceder-nos,
nem consultes os astros babilônios:
melhor é suportar
tudo o que acontecer.
[…]

Enquanto conversamos,
foge o tempo invejoso.
Desfruta o dia de hoje, acreditando
o mínimo possível no amanhã.
A segunda estrofe da poesia horaciana faz referência ao(s)

a) teocentrismo.
b) amor cortês.
c) feitos heroicos.
d) carpe diem.
e) amor platônico.
Comentários
Alternativa A: incorreta. O teocentrismo é a crença de que Deus consistia no centro do universo.
Dominou grande parte da Idade Média, mas Horácio é anterior a ela.
Alternativa B: incorreta. O amor cortês é uma das expressões do Trovadorismo, em que o
relacionamento entre amantes pode recorrer à expressão do amor cortês, isto é, um tipo de amor
convencional, cheio de regras sociais.
Alternativa C: incorreta. Os feitos heroicos são uma característica típica de gêneros como a
epopeia, o que não é o caso. Trata-se de um poema do poeta italiano Horácio.
Alternativa D: correta – gabarito. A segunda estrofe remete à expressão latina “carpe diem”
mencionada na alternativa D. Trata-se de um tema desenvolvido no poema de Horácio (65 a.C.-8 a.C.),
em que o eu lírico aconselha a sua amiga Leucone (“...carpe diem, quam minimum credula postero" que
traduzido corresponde a “...colha o dia de hoje e confie o mínimo possível no amanhã”) a aproveitar o
tempo presente, sem pensar no futuro.
Alternativa E: incorreta. O amor platônico é baseado no idealismo, no conceito de amor-ideia e na
abstração. O tema do poema é a fuga do tempo, não se tratando de um poema sentimental.
Gabarito: D.
04. (EsPCEx – 2016) Leia o soneto a seguir.
Soneto XXII
Se amor não é qual é este sentimento?
Mas se é amor, por Deus, que cousa é a tal?
Se boa por que tem ação mortal?
Se má por que é tão doce o seu tormento?
Se eu ardo por querer por que o lamento?

Se sem querer o lamentar que val?
Ó viva morte, ó deleitoso mal,
Tanto podes sem meu consentimento.

E se eu consinto sem razão pranteio.

A tão contrário vento em frágil barca,
Eu vou para o alto mar e sem governo.
É tão grave de error, de ciência é parca

Que eu mesmo não sei bem o que eu anseio
E tremo em pleno estio e ardo no inverno.
a) subjetiva.
b) idealista.
c) racionalista.
d) platônica.
e) negativa.
Comentários
Questão de conhecimento de características de movimentos literários/interpretação de texto
literário.
Alternativa A: incorreta. A visão é justamente Humanista e se pressupõe universal, dizendo
respeito ao ser humano no geral.
Alternativa B: incorreta. Apesar de a mulher ser idealizada na lírica camoniana, a visão de mundo
como um todo não o é. O idealismo é uma característica do movimento literário do Romantismo.
Alternativa C: correta – gabarito. A sucessão de indagações transcritas na primeira e metade da
segunda estrofes do poema de Petrarca permite deduzir que o eu lírico busca, através de um raciocínio
discursivo e lógico, extrair conclusões que lhe permitam entender a razão dos conflitos que o atormentam.
Assim, o racionalismo é, em parte, a base da Filosofia, que prioriza a razão no caminho para se alcançar a
Verdade.
Alternativa D: incorreta. A filosofia presente em Camões é representada pelo neoplatonismo.
Porém, aqui não se trata disso, pois o eu lírico não é conformado, não idealiza somente, remete à
realidade das grandes navegações: “eu vou para o alto mar e sem governo”.
Alternativa E: incorreta. As características do eu lírico na lírica filosófica camoniana são: ele é
desconcertado com a realidade, desprovido de harmonia, confuso. Trata-se do homem perplexo e
desenganado com o mundo. Porém, essa indecisão não significa algo negativo.
Gabarito: C.
05. (EsPCEx – 2016) Em relação ao momento histórico do Quinhentismo brasileiro, podemos afirmar
que
a) a Europa do século XVI vive o auge do Renascimento, com a cultura humanística recrudescendo os
quadros rígidos da cultura medieval.
b) o século XVI marca também uma crise na Igreja: de um lado, as novas forças burguesas e, de outro,
as forças tradicionais da cultura medieval.

c) os dogmas católicos são contestados nos tribunais da Inquisição (livros proibidos) e no Concílio de
Trento, em 1545.
d) o homem europeu estabelece duas tendências literárias no Quinhentismo: a literatura conformativa
e a literatura dominicana.
e) a política das grandes navegações coíbe a busca pela conquista espiritual levada a efeito pela Igreja
Católica.
Comentários
Alternativa A: incorreta. A cultura humanística não recrudesce a rigidez medieval. Na verdade, os
artistas iam na contramão dos ideais edificantes do período medieval, adotando uma postura racional e
lógica.
Alternativa B: correta – gabarito. A igreja, diante das modificações culturais que começam a
acontecer, é abalada por uma crise institucional: se por um lado a relação com a aristocracia era
necessária para manter os laços políticos, por outro, a ascensão burguesa, repleta de novos ideais, exige
uma transformação das estruturas da Igreja.
O Quinhentismo corresponde ao período inicial da literatura brasileira: a partir do ano 1500, início
da colonização. Apesar de essa crise na Igreja caracterizar melhor o momento histórico vivido na Europa,
essa oposição entre material (“forças burguesas”) e espiritual (“forças tradicionais da cultura medieval”)
também se dava no Brasil na medida em que a literatura se dividia em relatos de natureza pragmática
(informações a respeito das riquezas da terra conquistada à coroa portuguesa) e a literatura jesuítica.
Alternativa C: incorreta. Os dogmas católicos não são contestados; pelo contrário, busca-se
enraizá-los ainda mais no seio cultural.
Alternativa D: incorreta. Não há, dentro do Quinhentismo, estas tendências literárias.
Alternativa E: incorreta. As grandes navegações são o meio de propagação do projeto catequista
proveniente da Igreja Católica.
Gabarito: B.
06. (EsPCEx – 2013) É correto afirmar sobre o Trovadorismo que

a) os poemas são produzidos para ser encenados.
b) as cantigas de escárnio e maldizer têm temáticas amorosas.
c) nas cantigas de amigo, o eu lírico é sempre feminino.
d) as cantigas de amigo têm estrutura poética complicada.
e) as cantigas de amor são de origem nitidamente popular.
Comentários
Alternativa A: incorreta. Nem todos os poemas eram encenados, apesar do nome do movimento
se pautar nos trovadores, homem que declamavam suas trovas (canções e poemas), nos castelos e vilas
medievais.
Alternativa B: incorreta. As cantigas de escárnio e maldizer normalmente usam um linguajar mais
agressivo e diretivo, usando figuras de linguagem como a ironia. Não têm por temática o amor.

Alternativa C: correta – gabarito. As cantigas de amigo caracterizam-se pela presença de um eu

lírico necessariamente feminino.
As cantigas de amigo são composições breves e singelas, de origem popular, cujo eu lírico é sempre
uma mulher apaixonada, que canta ao seu “amigo” (amado).
Alternativa D: incorreta. Estrutura poética complicada é uma expressão vaga. No período
trovadoresco, não havia métricas e estruturas poemáticas já definidas, como se observa nos períodos
literários seguintes, como o classicismo.
Alternativa E: incorreta. As cantigas eram textos restritos ao núcleo aristocrático das sociedades
medievais: exigiam a capacidade de ler e declamar os textos, qualificação que as populações para além
deste meio não tinham.
Gabarito: C.
07. (EsPCEx – 2013) Epopeia é uma longa narrativa em versos que ressalta os feitos de um herói,
protagonista de fatos históricos ou maravilhosos. A maior das epopeias da Língua Portuguesa é “Os
Lusíadas”, de Camões, em que o grande herói celebrado é
a) Diogo Álvares Correia.
b) Fernão de Magalhães.
c) O Gigante Adamastor.
d) Vasco da Gama.
e) Cristóvão Colombo.
Comentários
Questão de conhecimento de obra do cânone.
Alternativa A: incorreta. Diogo Álvares Correia foi um náufrago português que passou a vida
convivendo com indígenas, tendo facilitado os primeiros contatos destes com os europeus. Recebeu a
alcunha de Caramuru. O árcade Santa Rita Durão escreveu uma epopeia de mesmo nome.
Alternativa B: incorreta. Navegador português, responsável por ter organizado e iniciado a
primeira circum-navegação ao redor do globo, que levou os português às Índias Orientais, mas não é o
herói d’Os Lusíadas.
Alternativa C: incorreta. O Gigante Adamastor não é um herói; pelo contrário, é o vilão d’Os
Lusíadas. Ele é a personificação dos perigos enfrentados pelos viajantes ao passar pelo Cabo das
Tormentas.
Alternativa D: correta – gabarito. O grande herói celebrado na obra é Vasco da Gama, português
que obteve êxito ao cruzar o Cabo da Boa Esperança para chegar às Índias Orientais, no processo
denominado circum-navegação.
Alternativa E: incorreta. Cristóvão Colombo foi um navegador e explorador italiano que, a
comando da Coroa Espanhola, acabou por descobrir a América (o que hoje conhecemos por América
Central).
Gabarito: D.

08. (EsPCEx – 2013) Faça a correspondência da segunda coluna com base na primeira e assinale a
alternativa que preenche corretamente as colunas, no que diz respeito às formas líricas.
Coluna 1
( 1 ) elegia
( 2 ) écloga
( 3 ) ode
( 4 ) soneto
Coluna 2
( ) o(a) mais conhecido(a) das formas líricas. Poema em 14 versos, organizados em dois quartetos e
dois tercetos.
( ) poema originado na Grécia Antiga que exalta os valores nobres, caracterizando-se pelo tom de
louvação.
( ) poema pastoril que retrata a vida bucólica dos pastores, em um ambiente campestre.
( ) trata de acontecimentos tristes, muitas vezes enfocando a morte de um ente querido.
a) 4, 3, 2, 1
b) 3, 2, 1, 4
c) 2, 1, 3, 4
d) 1, 2, 4, 3
e) 4, 3, 1, 2
Comentários
Questão de gêneros literários, teoria literária e associação de lacunas.
Essa questão se insere aqui, porque foram gêneros essencialmente utilizados no período em
questão. A questão ainda exige o domínio dos conceitos das formas líricas. O poema com forma
tradicional, composto por 14 versos, é um soneto.
O poema de exaltação proveniente da Grécia Antiga é denominado de ode.
O poema pastoril é a écloga, que ressalta os valores bucólicos e distantes dos meios urbanos.
Por fim, a elegia se caracteriza pelo seu tom melancólico, ressaltando temáticas ligadas à morte, à
perda ou ao descontentamento.
Gabarito: A.
09. (EsPCEx – 2008) Leia o texto a seguir e responda às duas próximas questões.
“Por isso, ó vós que as famas estimais,

Se quiserdes no mundo ser tamanhos,
Despertai já do sono do ócio ignavo,
Que o ânimo, de livre, faz escravo;

E ponde na cobiça um freio duro,

E na ambição também, que indignamente
Tomais mil vezes, e no torpe e escuro
Vício da tirania, infame e urgente;
Porque essas honras vãs, esse ouro puro,
Verdadeiro valor não dão à gente:
Melhor é merecê-los sem os ter,
Que possuí-los sem os merecer.”
(“Os Lusíadas” - Camões - canto 9, estrofes 92 / 93)

a) humorístico.
b) dramático.
c) satírico.
d) melancólico.
e) filosófico.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário.
Alternativa A: incorreta. O texto não faz uso de elementos humorísticos. Há uma crítica à ambição
cega dos homens.
Alternativa B: incorreta. O texto não possui estrutura dramática, feita para ser encenada.
Alternativa C: incorreta. O texto não satiriza a condição do homem ambicioso, pelo contrário, tem
a função de instruí-lo para lidar de modo honroso com as famas e bens adquiridos.
Alternativa D: incorreta. Não há a presença, no texto, de elementos melancólicos.
Alternativa E: correta – gabarito. O texto é baseado em uma estrutura filosófica, faz uma análise
da condição atual dos homens e a critica, a fim de fazê-los refletir sobre o que deve ser cobiçado.
Gabarito: E.
10. (EsPCEx – 2008) Na segunda estrofe, o sentido de ponde um freio duro é completado pelos termos
a) ócio, escravidão e cobiça.
b) cobiça, vício da tirania e honra.
c) ambição, vício da tirania e honras vãs.
d) cobiça, ambição e vício da tirania.
e) cobiça, honras vãs, torpeza e escuridão.
Comentários
Alternativa A: incorreta. O eu lírico instrui àqueles que estimam a fama, a por um freio duro na
cobiça, na ambição e no torpe e escuro vício da tirania. O ócio e a escravidão aparecem no começo dos
versos.
Alternativa B: incorreta. O eu lírico não instrui seus interlocutores a pôr um freio na honra, pois
essa é uma boa qualidade.

Alternativa C: incorreta. As honras vãs são a cobiça, a ambição e o vício da tirania, citadas nos
versos acima.
Alternativa D: correta – gabarito. A análise do texto permite chegar à conclusão de que o eu lírico
fala sobre pôr freios duros na cobiça, na ambição e nos vícios da tirania.
Alternativa E: incorreta. O eu lírico não instrui seus interlocutores a pôr um freio duro na torpeza
e na escuridão, que adjetivam o vício da tirania, mas sim no próprio vício da tirania.
Gabarito: D.
11. (EsPCEx – 2008 – adaptada) Alguns autores são desconhecidos, entre os quais, Gil Vicente e Padre
Antonio Vieira. Esses autores fazem parte, respectivamente, das seguintes manifestações artísticas:
a) Teatro clássico e Prosa barroca.
b) Poesia clássica e Teatro religioso.
c) Teatro romântico e Prosa barroca.
d) Prosa romântica e Poesia clássica.
e) Teatro romântico e Prosa religiosa.
Comentários
Questão de conhecimento sobre autores do cânone.
A questão original levava em consideração um texto como base, o que não vem ao caso. O mais
importante era o reconhecimento do cânone: autores e obras conhecidos.
Alternativa A: correta – gabarito. No caso, Gil Vicente (1465-1536) ficou conhecido pelo seu teatro
vicentino, que conseguia extrapolar a visão de mundo da época, a qual era teocêntrica, pois sua crítica
abrangia a todos, inclusive mesmo a Igreja. Escreveu predominantemente teatro, numa forma específica,
os autos, como é o caso de O auto da barca do inferno (1517). Padre Antonio Vieira, por sua vez, era um
escritor do barroco que, além de sermões, escreveu também muitas cartas, ou seja, predominantemente
prosa.
Alternativa B: incorreta. Gil Vicente era um autor do Humanismo e não do Classicismo. Padre
Antonio escreveu predominantemente prosa e não teatro.
Alternativa C: incorreta. A segunda parte está correta, e Gil Vicente escreveu, sim, teatro, mas sim
humanista, e não romântico.
Alternativa D: incorreta. Nem Gil Vicente era romântico nem Padre Antonio Vieira clássico, mas
sim barroco.
Alternativa E: incorreta. Tudo estaria correto, mas Gil Vicente é humanista e não romântico.
Gabarito: A.
12. (EsPCEx – 2005 – adaptada) Camões (1525?-1580) foi um dos maiores escritores da língua
portuguesa. Sobre Camões, é correto afirmar que
a) escreveu "A Odisseia", grande epopeia que narra a viagem de Vasco da Gama às Índias.
b) compôs poemas líricos, cuja temática era apoiada na visão platônica do amor.
c) escreveu "Os Lusíadas", o maior poema épico da língua portuguesa, que narra as aventuras de
Ulisses em sua viagem para Tróia.

d) compôs poemas religiosos, cujas figuras de linguagem predominantes são a antítese e a metáfora.
e) buscou em seus poemas líricos somente exaltar a pátria.
Comentários
Questão de conhecimento sobre movimentos literários.
A questão original levava em consideração um texto como base, o que não vem ao caso. O mais
importante era o reconhecimento do cânone: autores e obras conhecidos.
Alternativa A: incorreta. Quem escreveu “A Odisseia” foi o grego Homero e não o português Luís
de Camões.
Alternativa B: correta – gabarito. É uma parte de sua composição lírica, tendo sido a outra
filosófica.
Alternativa C: incorreta. As aventuras de “Ulisses” em sua viagem para Ítaca, sua terra de origem,
está descrita no épico “A Odisseia”, que foi escrita por Homero. O grego também escreveu outro épico,
intitulado de “Ilíada”, sobre a guerra de Tróia. Porém, Camões narra os feitos heroicos dos portugueses,
em suas grandes navegações empreendidas rumo à formação do Estado-Nação português.
Alternativa D: incorreta. A visão de mundo predominante em Camões é antropocêntrica e não
teocêntrica.
Alternativa E: incorreta. Cuidado: nos poemas épicos, sim. Nos líricos, houve duas vertentes: a
poesia amorosa e a filosófica.
Gabarito: B.
13. (EsPCEx – 2005) O Renascimento é a expressão artística e cultural de uma época marcada por
fatos decisivos, que acentuaram o declínio da Idade Média e deram origem à Idade Moderna. Sobre
esse período, pode-se afirmar que
a) em Portugal, os textos eram escritos em galego-português, já que havia integração cultural e
artística entre Portugal e Galícia.
b) Dante Alighieri e Petrarca são os escritores que, em Portugal, melhor representam esse momento
cultural vivido pela pátria.
c) o homem dessa época se volta para a realidade concreta e acredita em sua capacidade de dominar
e transformar o mundo.
d) as influências da cultura greco-latina e o olhar do homem voltado essencialmente para as coisas
do espírito nortearam a cultura do período.
e) nesse período, os poetas cultivaram a poesia épica, deixando de lado a poesia lírica, já que esta
propõe a realização física do amor.
Comentários
Questão de conhecimento sobre movimentos literários.
Alternativa A: incorreta. A fase do galego-português predominou no Trovadorismo. Tratava-se de
um português arcaico, ao passo que Camões já escrevia em um português clássico, como indica o nome
do próprio movimento do qual fazia parte. Acompanhe abaixo as fases históricas da Língua Portuguesa:
1) Arcaico: 1500 => cartas. Portugal ~ Espanha: língua de contato – galego/português;
2) Clássico: 1600 => Camões;

3) Moderno: até hoje.

Alternativa B: incorreta. São escritores italianos e não portugueses.
Alternativa C: correta – gabarito. Por realidade concreta, quer se dizer que a visão de mundo
passou a ser antropocêntrica, abandonando o teocentrismo dos movimentos anteriores.
Alternativa D: incorreta. Cuidado com os absolutismos, como a palavra “essencialmente”.
Alternativa E: incorreta. Camões escreveu poesia lírica também, com duas vertentes: poesia
amorosa e filosófica.
Gabarito: C.
14. (EsPCEx – 2005) Leia o soneto abaixo para responder à questão.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,

Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,

Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
(…)
(Luís Vaz de Camões)
Na lírica de Camões, o mundo geralmente é dinâmico, sujeito a constantes mudanças. Nesse poema,
passagem do tempo
a) é causa de inevitável sofrimento para as pessoas.
b) aparece na natureza como algo imprevisível.
c) põe em relevo a visão platônica do amor.
d) permite ao homem controlar as mudanças da natureza.
e) não atinge o ser humano, pois este é dotado de razão.
Comentários
Alternativa A: correta – gabarito. Como é indicado no último verso: “E em mim converte em choro
o doce canto.”
Alternativa B: incorreta. A alusão à natureza é a matéria orgânica em “verde manto” e também à
neve, mas não há alusão à imprevisibilidade.
Alternativa C: incorreta. Atenção: trata-se de um poema filosófico e não amoroso.

Alternativa D: incorreta. Embora haja pessimismo, há também certa angústia, justamente por não
se poder controlar o curso do tempo.
Alternativa E: incorreta. Pelo contrário: é essencialmente o ser humano quem sofre com a
passagem do tempo.
Gabarito: A.
15. (EsPCEx – 2004) O lema conhecido desde a Antiguidade: ridendo castigat mores (rindo, corrigem-
se os costumes) é posto em prática pelo(s)
a) teatro moralizante de Gil Vicente.
b) poemas satíricos de Bocage.
c) poemas satíricos de Gregório de Matos.
d) poemas épicos de Santa Rita Durão.
e) sermões do Padre Antônio Vieira.
Comentários
Questão de conhecimento de movimentos literários.
Alternativa A: correta – gabarito. Mesmo ainda tendo influência da tradição religiosa, o teatro de
Gil Vicente – também chamado de teatro vicentino – não apresenta caráter teocêntrico. A sua finalidade
era representar o homem na sociedade e o objetivo maior era criticar os seus costumes cuja missão era
menos moralizante e mais reformadora.
Alternativa B: incorreta. Bocage teve fases em sua poesia: lírica, árcade, pré-romântica e mesmo
satírica. Porém, nesta última, usava de palavras de baixo calão e desfiava críticas aos seus inimigos a ponto
de incomodá-los; o objetivo maior nesse tipo de poesia era revelar destreza e capacidade de observação.
Por exemplo: “Soneto de Todos os Cornos”.
Alternativa C: incorreta. Gregório de Matos escreveu poesia religiosa, satírica (fescenina),
camoniana e existencial. Não há um apelo para o riso propriamente dito.
Alternativa D: incorreta. O épico é um gênero sério e não cômico.
Alternativa E: incorreta. São sermões moralizantes de cunho mais sério, performático, do que
cômico.
Gabarito: A.
16. (EsPCEx – 2002) Assinale a alternativa correta em relação ao Quinhentismo brasileiro.

a) É um período bastante produtivo da literatura brasileira, com importantes poetas exaltando as
qualidades da nova terra.
b) É o primeiro movimento literário ocorrido no Brasil, tendo como destaque o poeta Basílio da Gama.
É uma escola de exaltação do sentimento de brasilidade.
c) É um período em que não se pode falar numa literatura brasileira, e sim em literatura ligada ao
Brasil mas que reflete as ambições e intenções do homem europeu.
d) É composta de crônicas de viagem e de uma vasta produção jesuítica, com objetivos de descrever
o interior do Brasil e converter índios e negros à fé católica.

e) É uma fase inicial da nossa literatura, mas essencial para a formação cultural brasileira pela
qualidade dos poemas e romances nela produzidos.
Comentários
Alternativa A: incorreta. É pouco produtivo; as primeiras produções literárias ainda estavam se
afirmando e havia uma tênue linha entre documento e a Literatura propriamente dita.
Alternativa B: incorreta. É, sim, considerado o primeiro movimento literário ocorrido no Brasil, mas
Basílio da Gama é um poeta árcade. Predominaram no Quinhentismo autores como Pero Vaz de Caminha
e Padre Antônio Anchieta.
Alternativa C: correta – gabarito. As primeiras produções eram marcadas por eurocentrismo. O
fato é que já se buscava uma forma de expressão típica brasileira, embora o movimento nacional
tipicamente brasileiro será o Romantismo, pois o Brasil só se torna independente politicamente em 1822.
Alternativa D: incorreta. Não o interior propriamente dito. Tanto é que a Carta de Pero Vaz de
Caminha descreve o litoral brasileiro.
Alternativa E: incorreta. Os autores dessa geração não estavam preocupados com qualidade, mas
sim com outros objetivos: informar ou catequisar.
Gabarito: C.
EsPCEx)
“Diabo: Que é isso, padre? Quem vai lá?

Frade: Deo gratias1! Sou cortesão.
Diabo: Danças também o tordião2?
Frade: Por que não? Vê como sei.
Diabo: Pois entrai, eu tangerei3
e faremos um serão.
E essa dama, porventura?
Frade: Por minha a tenho eu,
e sempre a tive de meu.”
1Deo gratias: expressão em latim que significa “graças a Deus”.
2Tordião: dança popular no século XVI.
3Tanger: fazer soar um instrumento.
Acerca do gênero textual, trata-se de

a) poema lírico.
b) poema épico.
c) cantiga de amigo.
d) hagiografia.
e) auto satírico.

Comentários
Questão de conhecimento de movimentos literários/gêneros textuais.
A inspiração para essa questão foi a prova EsPCEx 2019.
Alternativa A: incorreta. Embora esteja escrito em versos, consiste no teatro em versos, e não em
poesia, tampouco o sentimentalismo é sua temática.
Alternativa B: incorreta. Embora esteja escrito em versos, não é épico, pois não narra grandes
acontecimentos nem aventuras.
Alternativa C: incorreta. No trovadorismo, as cantigas de amigo são caracterizadas por
ambientação rural; linguagem simples; repetições; estrutura paralelística e forte musicalidade. Na cantiga
de amigo, o eu lírico é geralmente feminino, e o tema mais frequente é um lamento amoroso da moça
cujo namorado partiu para as guerras árabes.
Alternativa D: incorreta. As hagiografias são episódios da vida de santos, cuja finalidade era
catequética e didática.
Alternativa E: correta – gabarito. Trata-se de um trecho do Auto da Barca do Inferno do humanista
Gil Vicente. Não é um auto religioso, pois, embora uma das personagens seja um frade, ele é tratado do
ponto de vista crítico e não teocêntrico.
Gabarito: E.
EsPCEx) Leia o poema a seguir para responder à questão.
Sete anos de pastor Jacob servia

Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,

Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos

Lhe fora assi negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida;
Começa de servir outros sete anos,

Dizendo: – Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!
A primeira estrofe do soneto camoniano faz referência à(ao)

a) teocentrismo.
b) amor cortês.
c) feitos históricos.
d) passagem bíblica.

e) carpe diem.
Comentários
A inspiração para a elaboração dessa questão foi a prova EsPCEx 2017.
Alternativa A: incorreta. Cuidado: embora trate de um tema bíblico, não defende necessariamente
uma visão de mundo centrada em Deus.
Alternativa B: incorreta. O amor cortês era um tipo de amor convencional na Idade Média,
baseando-se nos seguintes aspectos:
Alternativa C: incorreta. Essas seriam temáticas do gênero épico, não necessariamente do lírico.
Alternativa D: correta – gabarito. Os versículos de 29 a 31 na Bíblia dizem respeito à estadia de
Jacó em terras de Labão, a quem queria como sogro, cortejando Raquel, que, inclusive, dá nome a este
soneto. Porém, Labão faz Jacó ficar 7 anos em sua terra trabalhando pela mão da filha, e depois outros 7.
Jacó tem de provar seu valor incessantemente ante o sogro ludibriador, comparado a um monstro. Por
fim, ele acaba dando a mão da outra filha, Lia, para Jacó.
Alternativa E: incorreta. Lema do latim: “aproveite o dia”. Característica do Arcadismo, não do
Classicismo.
Gabarito: D.
19. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 2ª Rodada Avançada
de Simulados EsPCEx 2020) Os jesuítas vindos ao Brasil com a missão de catequizar os índios deixaram
inúmeras cartas, tratados descritivos, crônicas históricas e poemas. Os principais deles foram José de
Anchieta e o padre Manuel de Nóbrega. O trecho diz respeito ao movimento do:
a) Quinhentismo.
b) Barroco.
c) Romantismo.
d) Simbolismo.
e) Modernismo.
Comentários
Alternativa A: correta – gabarito. No Quinhentismo, havia duas tendências: a literatura de
catequese, com missão pedagógica, e a literatura de informação, responsável por informar a Monarquia
Portuguesa acerca da fauna e da flora brasileiras.
Alternativa B: incorreta. Características principais do Barroco são: o rebuscamento da forma, o
dualismo e o teocentrismo.
Alternativa C: incorreta. Cuidado: dois movimentos literários que resgataram a representação da
figura do indígena foram justamente o Romantismo e o Modernismo; porém, por meio de perspectivas
diferentes. No Romantismo, essa tendência ocorreu na prosa indianista e na primeira geração da lírica.
Alternativa D: incorreta. Características principais do Simbolismo são: antimaterialismo, sonho,
ideias vagas e etéreas.
Alternativa E: incorreta. Apenas a primeira geração modernista (de 1922) resgatou a figura do
indígena e explorou também o conceito do antropofagismo, mas não o Modernismo como um todo.

Gabarito: A.
20. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Último Provão de
Bolsas EsPCEx) Leia a estrofe abaixo para responder ao que se pede.
Ah! minha Dinamene! Assim deixaste

Quem não deixara nunca de querer-te!
Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te,
Tão asinha esta vida desprezaste!
No poema acima, o eu lírico lamenta a partida da amada, sofrendo porque seu amor não foi
concretizado. Outros versos que servem de exemplo deste amor-ideia podem ser observados em:
a) "Ó Cristos de altivez intemerata, /Ó Cristos de metais estrepitosos /Que gritam como os tigres
venenosos /Do desejo carnal que enerva e mata."
b) "A cada canto um grande conselheiro,/Que nos quer governar cabana e vinha;/ Não sabem
governar sua cozinha/ E podem governar o mundo inteiro."
c) "Num fértil campo de soberbo Douro, Dormindo sobre a relva, descansava, /Quando vi que a
Fortuna me mostrava /Com alegre semblante o seu tesouro"
d) "Alma minha gentil, que te partiste /Tão cedo desta vida descontente, /Repousa lá no Céu
eternamente /E viva eu cá na terra sempre triste."
e) "Escreve! Molha a pena, o leve estilo enrista! /Pinta um canto de céu, uma nuvem de gaze /Solta,
brilhante ao sol; e que a alma se te vaz /Na cópia dessa luz que nos deslumbra a vista."
Comentários
Questão de interpretação de texto literário; conhecimento de movimentos literários e Gramática
aplicada à Literatura.
Alternativa A: incorreta. São versos do simbolista Cruz e Souza. Predominam a aliteração e o
sensualismo.
Alternativa B: incorreta. São versos da poesia satírica do barroco Gregório de Mato. O eu lírico
critica aqueles que querem dar palpite na vida do outro sem dar conta de cuidar da própria vida.
Alternativa C: incorreta. São versos do árcade Tomás Antônio Gonzaga, ao fim de “Marília de
Dirceu”. O eu lírico contempla a natureza e Fortuna está personificada.
Alternativa D: correta – gabarito. São versos do poeta clássico Camões. Lembrando que uma das
principais temáticas de sua poesia lírica (sonetos) é o neoplatonismo (amor-ideia).
Alternativa E: incorreta. São versos da parnasiana Francisca Júlia, que inclusive caíram na prova da
ESA 2022. O eu lírico reforça o labor do trabalho em um empenho metalinguístico.
Gabarito: D.
21. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 1o Simulado SPRINT
EsPCEx 2021)

XXXI
Esta alma gentil, que agora parte,
antes do tempo para a outra vida,
se lá tiver a graça merecida,
terá do céu a alma mais gloriosa parte.
Se ficar entre a terça estrela e Marte,

fará a luz do sol descolorida:
a mirar-lhe a beleza sem medida
as almas dignas cantarão com arte.
E se pousasse sob o quarto sito,

qualquer das três seria menos bela
e ela, só, teria da fama o grito.
À quinta esfera não iria ela.

Mas se voar mais alto acredito
que vença Jove e qualquer outra estrela.
PETRARCA, Francesco. Cancioneiro. São Paulo: Ateliê Editorial, 2014 (p. 87).
Entre os ideais do Arcadismo, aquele representado no soneto acima é:

a) teocentrismo.
b) mitologia.
c) pastoralismo.
d) carpe diem.
e) inutilia truncat.
Comentários
Segue o bizu: os períodos do Classicismo, Humanismo e Arcadismo costumam ser frequentemente
cobrados na EsPCEx. Compartilham de valores parecidos que podem reaparecer um no outro.
Francesco Petrarca (1304-1374) foi um humanista italiano. Junto à invenção do soneto atribuída a
Jacopo da Lentini, essa forma foi aperfeiçoada nesse período, tendo implementado em seus escritos
também ideias filosóficas. Sua obra mais famosa é Il Canzoniere (O Cancioneiro), redigida por anos.
Dica da Profa: não se preocupem, pois vamos estudar melhor estes

latinismos na aula de número 02, quando formos estudar o
movimento do Arcadismo, também conhecido como Neoclassicismo.
Alternativa A: incorreta. Cuidado: além de ser uma tendência barroca e não árcade, a valorização
no texto é da mitologia latina e não da visão de mundo cujo centro é Deus.

Alternativa B: correta – gabarito. Ela está presente nas figuras de Marte, o deus romano da guerra,
correspondente ao Ares da mitologia grega e nome inclusive de um planeta; e Jove a Júpiter, o deus dos
deuses.
Alternativa C: incorreta. O eu lírico assume uma outra identidade como pastor, vaqueiro ou alguma
atividade ligada ao campo.
Alternativa D: incorreta. O termo significa “aproveitar o momento”. Isso poderia ser feito de duas
maneiras: ou contemplando a natureza ou de forma sensual. Observam-se no Arcadismo essas duas
vertentes, uma poesia libertina ao lado de uma poesia contemplativa.
Alternativa E: incorreta. Inutilia truncat significa cortar o que é inútil, cortar aquilo que é
rebuscado. O repúdio às técnicas barrocas é evidente.
Gabarito: B.
2022) Sobre o Classicismo, assinale a alternativa correta.
a) Esse movimento literário envolveu artistas que produziram teatro medieval, de cunho religioso,
predominando a visão de mundo teocêntrica, como era típico do período.
b) Foi um movimento tanto literário quanto artístico, entre os quais se destacaram artistas como
Kepler e Copérnico.
c) Os poetas pertencentes a esse período escreviam textos essencialmente subjetivos, de forma que
o principal era a produção de poesia lírica.
d) Tratou-se de um movimento artístico-literário baseado na valorização da racionalidade, sendo que
no âmbito literário houve não só poesia épica como também lírica.
e) Os artistas dessa geração estavam obcecados com a perseguição da harmonia e do equilíbrio, tanto
é que representavam a realidade melhor do que ela é, tendendo ao idealismo.
Comentários
Questão teórica de conhecimentos sobre o movimento artístico-literário. Questão inspirada na
prova da EsPCEx 2019.
Alternativa A: incorreta. No Classicismo, o gênero literário predominante foi a poesia e não o
teatro. Também houve resgate da mitologia greco-latina.
Alternativa B: incorreta. De fato, o Classicismo (ou Renascimento) foi um movimento artístico-
literário, mas Kepler e Copérnico eram matemáticos. Nicolau Copérnico (1473-1573) foi um matemático
polonês que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar, ao passo que o alemão Johannes Kepler
(1571-1630) concluiu que os planetas se movem em formato de elipse.
Alternativa C: incorreta. Podiam ser textos objetivos ou subjetivos. Não houve um grande grupo
de poetas no Classicismo Português: o principal foi Camões e, além dele, Sá de Miranda.
Alternativa D: correta – gabarito. Classicismo era sinônimo de Renascimento, um movimento
cultural responsável pela defesa de valores racionais. No plano das artes, pode ser mencionado como
exemplo Leonardo da Vinci; na Literatura, o bardo português Luís Vaz de Camões, que escreveu
principalmente poesia épica (“Os Lusíadas”) e poesia lírica (sonetos).
Alternativa E: incorreta. Idealismo é a tendência de fugir da realidade, o que não era o caso do
Classicismo. Em “Os Lusíadas”, por exemplo, foi retratado o fato histórico das navegações portuguesas às
Índias.

Gabarito: D.
2022) Leia o soneto de Luís Vaz de Camões, autor do Classicismo português.
Quando de minhas mágoas a comprida

'Maginação os olhos me adormece,
Em sonhos aquela alma me aparece,
Que para mim foi sonho nesta vida.
Lá numa soidade, onde estendida

A vista por o campo desfalece,
Corro após ela; e ela então parece
Que mais de mim se alonga, compelida.
Brado: - Não me fujais, sombra benina.

Ela (os olhos em mim com um brando pejo,
Como quem diz, que já não pode ser)
Torna a fugir-me; torno a bradar: - Dina...

E antes que diga: - mene*, acordo, e vejo
Que nem um breve engano posso ter.
*mene = verbo "menear" conjugado; mover-se.
A partir do texto, depreende-se que o eu lírico utiliza a temática

a) memorialista, pois deseja se lembrar da primeira namorada que teve na infância.
b) afetuosa, já que tenta chamar a atenção da amada ao invocá-la por apelidos.
c) sentimental, porque é um apelo para a mulher que faleceu e o eu lírico está de luto.
d) filosófica, evidenciando um personagem perturbado, porque a namorada o traiu.
e) amorosa, assinalando neoplatonismo, em que existe um monólogo no sonho do apaixonado.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário; conhecimento de autor e obra do cânone.
Alternativa A: incorreta. O tom do eu lírico no soneto é saudosista, mas não há dados suficientes
para afirmar que a moça fora a sua namorada de infância.
Alternativa B: incorreta. Não por apelidos, mas sim pelo nome próprio: Dina.
Alternativa C: incorreta. Não é possível afirmar que Dina faleceu. O eu lírico sonha com uma mulher
e sua visão de mundo é idealista. Deseja falar com ela e não consegue, mas acorda esperançoso.
Alternativa D: incorreta. Esse poema lírico é amoroso e não filosófico; tampouco se sabe se a
mulher o traiu.
Alternativa E: correta – gabarito. Monólogo porque a moça não chega a respondê-lo; o eu lírico
acorda antes. Neoplatonismo é o amor platônico (aquele que não se concretiza). Atenção: é importante
reconhecer que há um discurso direto dentro do soneto.

Gabarito: E.
2022) O soneto abaixo, de número CXLIII (143), encontra-se no "Cancioneiro" de Petrarca.
Quando te ouço falar tão docemente,

como Amor aos sequazes seus instila,
o acesso meu querer todo cintila,
pois que inflamas até quem não é quente.
E então a bela dama me é presente,

como jamais me foi doce e tranquila;
qual campainha que leve som destila
meus suspiros me acordam de repente.
Cabelo na aura solto, e para mim

voltada a vejo; e bela torna assim,
como a quem tem a chave, ao coração.
Mas o muito prazer deixa travada

minha língua, e onde dentro é pousada
a audácia de mostrar me falta tanto.
PETRARCA, Francesco. Cancioneiro. Trad. José Clemente Pozenato.
Campinas: Ateliê Editorial; Editora da Unicamp, 2014 (p. 255).
Esse soneto é um exemplo do Classicismo porque

a) o eu lírico se deixa transparecer irremediavelmente apaixonado.
b) o sentimentalismo exacerbado obscurece a visão racional do poeta.
c) há resgate da antiguidade mediante menção à figura mitológica.
d) prevalece a metalinguagem, apesar da dificuldade para escrever.
e) a chave metafórica para o coração também é a decodificação do texto.
Comentários
Alternativa A: incorreta. Cuidado: isso ocorre, de fato, no poema, mas não é isso o que no âmbito
geral o aproxima do Classicismo. Pelo contrário: apenas por essa temática, o poema poderia parecer
romântico.
Alternativa B: incorreta. Não obscurece a ponto de impedi-lo de escrever, ainda mais o soneto,
que é uma forma fixa.
Alternativa C: correta – gabarito. Com alusão a “Amor”, o equivalente a cupido.
Alternativa D: incorreta. Prevalece o sentimento do eu lírico e a descrição da amada. Em se
tratando de Petrarca, ela corresponde à Laura.
Alternativa E: incorreta. Não necessariamente.

Gabarito: C.
25. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Chivunk EsPCEx 2021)
Leia o poema abaixo para responder à questão.
Busque, Amor, novas artes, novo engenho,

para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!

Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto

onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n'alma me tem posto

um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
a) satírica.
b) religiosa.
c) antropocêntrica.
d) épica.
e) deturpada.
Comentários
Alternativa A: incorreta. Um exemplo de poesia satírica é a do barroco Gregório de Matos.
Alternativa B: incorreta. Visão de mundo religiosa pode ser considerada sinônimo de teocêntrica,
o que não vem ao caso.
Alternativa C: correta – gabarito. Para se opor ao teocentrismo barroco, o Classicismo é humanista,
o que quer dizer que concentra seus esforços e crenças no ser humano. Essa afirmada de posição pode
ser observada no seguinte verso: “Que não temo contrastes nem mudanças.”
Alternativa D: incorreta. Cuidado: há dois tipos de poesia camoniana – a épica e a amorosa; porém,
o soneto acima se classifica como amoroso e não épico.
Alternativa E: incorreta. É uma visão lírica da realidade, mas não chega a ser deturpada.
Gabarito: C.

Identifique o que for correto quanto ao julgamento do Classicismo e seu contexto histórico.
a) O ser humano da época estava em total equilíbrio consigo mesmo, tanto é que na forma os
poemas invariavelmente são formas fixas, como sonetos.
b) Seguida das Grandes Navegações, foi uma época de muito trânsito cultural, o que motivou a
racionalidade dos artistas envolvidos.
c) Essa estética literária retratava a vida tal qual ela é, e o Renascimento se baseou na reforma
espiritual do ser humano que agora se revigorava.
d) A investigação do interior explicava a sondagem da alma que era tão típica ao período, e os poemas
tendiam a ser místicos.
e) O bucolismo é uma reação contra o movimento literário anterior, notadamente exagerado e
rebuscado, sendo que agora valorizava-se a simplicidade.
Comentários
Questão teórica de conhecimento sobre o movimento literário.
Alternativa A: incorreta. Cuidado com absolutismos: “total” e “invariavelmente”. Por mais que a
harmonia e o equilíbrio costumem, de fato, ser características do Classicismo, não é possível fazer tal
generalização. Por exemplo, na poesia filosófica camoniana, o eu lírico frequentemente representa um
ser humano preocupado.
Alternativa B: correta – gabarito. Correspondendo ao contexto histórico do século XVI, o
Classicismo na Literatura pode ser considerado sinônimo de Renascimento.
Alternativa C: incorreta. O movimento responsável por “retratar a vida tal qual ela é” foi o
Realismo, a partir de aspectos como mimese e verossimilhança, e não o Classicismo.
Alternativa D: incorreta. Os poemas clássicos não costumam ser místicos, e “investigação interior
e sondagem da alma” são características simbolistas e não clássicas.
Alternativa E: incorreta. Esses são traços árcades e não clássicos.
Gabarito: B.
Leia o trecho da Sétima Sátira de Horácio transcrito a seguir.
“Não basta arreganhar com riso o ouvinte,

Bem que haja nisto algum merecimento:
Cumpre ser breve, e que a sentença corra,
Sem que os termos a lassa orelha onerem”.
Há sintetizado no poema acima uma visão própria do homem clássico, ao qual convém ser:
a) pesaroso.
b) comedido.
c) idôneo.
d) sisudo.
e) pernicioso.

Comentários
Questão de interpretação de texto literário; conhecimento sobre o movimento literário e
semântica. Lembrando que Horácio é um poeta da Antiguidade Clássica que já caiu na EsPCEx 2016.
Alternativa A: incorreta. Pesaroso é sinônimo de lastimoso, ressentido, rancoroso. Não vem ao
caso, pois o eu lírico está falando de uma situação ideal para o ouvinte (o espectador de sua arte).
Alternativa B: correta – gabarito. O que se infere do último verso: “Sem que os termos a lassa
orelha onerem”. O efeito geral até poderia ser o riso, o que seria uma coisa boa, mas a explicação
introduzida pelos dois pontos define que o ideal é a brevidade do relato, a fim de não prejudicar o ouvinte.
“Lasso” é sinônimo de fatigado, cansado.
Alternativa C: incorreta. Idôneo é sinônimo honesto, confiável, correto. O ser humano no
Classicismo buscava harmonia entre o sério e o cômico, sem com isso excluir completamente o cômico.
Alternativa D: incorreta. Sisudo é sinônimo de sério, o que não se aplica pelos mesmos motivos da
letra C.
Alternativa E: incorreta. Pernicioso é aquele que pode causar dano moral, intelectual (dicionário
Aulete). O homem clássico não era maldoso, mas sim buscava a universalização.
Gabarito: B.
Tendo ocorrido o Quinhentismo no Brasil Colônia, assinale o que for correto quanto a essa
periodização.
a) São duas as tendências predominantes: a literatura de informação e a de formação, sendo que a
primeira catequiza e a segunda descreve as terras.
b) Como representantes entre a comunicação em língua portuguesa e as linguagens nativas, eram
enviados embaixadores tradutores.
c) É um movimento que ocorre isoladamente no Brasil, não tendo sofrido influência do
antropocentrismo vigente nem da cultura eurocêntrica.
d) A Contrarreforma na Europa gerou uma necessidade de reafirmação da Igreja Católica que,
desejando ampliar seus domínios, expande à catequização a colônias.
e) O choque cultural dizimou qualquer possibilidade de entendimento entre as primeiras tripulações
e os nativos, pois a intenção inicial era a guerra.
Comentários
Questão teórica de conhecimento sobre o movimento literário. Questão inspirada na prova da
EsPCEx 2014.
Alternativa A: incorreta. Cuidado: é o contrário. Frequentemente quando a banca
cobra essas duas tendências quinhentistas é para confundi-los, mas coruja atenta não cai
em armadilha!
Alternativa B: incorreta. Não vinham pessoas com esse cargo e com um objetivo
já pré-estabelecido. Algumas pessoas tinham que servir de tradutoras por conta da
situação de incomunicabilidade entre os portugueses e povos nativos, como é o caso de
Nicolau Coelho que precisou estabelecer um contato com eles. Essa passagem é descrita na Carta de Pero
Vaz de Caminha.

Alternativa C: incorreta. Muita atenção: o Quinhentismo sofreu, sim, influência da cultura

eurocêntrica, tanto é que a Carta de Pero Vaz de Caminha é escrita a partir do ponto de vista português,
reafirmando seus costumes.
Alternativa D: correta – gabarito. Lembrando que a religiosidade era importante para o período e
uma das tendências do Quinhentismo foi mesmo a literatura de catequese.
Alternativa E: incorreta. Cuidado com absolutismos. A Carta descreve um episódio em que o pajé
e Nicolau Coelho, que servia como diplomata, fizeram gestos com cocar e chapéu, respectivamente, numa
tentativa de travar uma comunicação, nem que fosse gestual em vez de verbal.
Gabarito: D.
Leia o soneto a seguir para responder ao que se pede.
Cá nesta Babilónia, donde mana

Matéria a quanto mal o mundo cria;
Cá, onde o puro Amor não tem valia,
Que a Mãe, que manda mais, tudo profana;
Cá, onde o mal se afina, o bem se dana,

E pode mais que a honra a tirania;
Cá, onde a errada e cega Monarquia
Cuida que um nome vão a Deus engana;
Cá, neste labirinto, onde a Nobreza,

O Valor e o Saber pedindo vão
Às portas da Cobiça e da Vileza;
Cá, neste escuro caos de confusão,

Cumprindo o curso estou da natureza.
Vê se me esquecerei de ti, Sião!
No soneto, o eu lírico renascentista adere à intertextualidade bíblica ressignificando-a para o seu

contexto atual. Nesse sentido, depreende-se que
a) a estética classicista é verificada no equilíbrio entre a descrição da cidade demoníaca e a celestial,
pois a harmonia é a característica principal.
b) o soneto camoniano emprega várias personificações alegóricas para representar uma cidade
considerada sagrada para ele, mas profana para o Oriente Médio.
c) são contrapostas duas cidades, uma profana e outra divina, como símbolos usados para
subentender que o poder divino é único, e não tirano e humano.
d) o trânsito estabelecido entre a forma de governo monárquica para parlamentar é a defesa social
do poema, que utiliza da retórica como apelo político.
e) a poesia lírica camoniana é neoplatônica, pois a adoração à cidade de Sião pode ser encarado como
amor genuíno, mesmo que o objeto de amor não seja uma pessoa.

Comentários
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento sobre o movimento literário.
Alternativa A: incorreta. Cuidado: no geral, a harmonia é uma característica do Classicismo. Nesse
poema, porém, as três primeiras estrofes falam das corrupções da cidade e apenas na chave de ouro
(último verso do soneto) a cidade de Sião é mencionada.
Alternativa B: incorreta. No apocalipse bíblico, há menção à prostituta de Babilônia. Contudo, são
visões de mundo diferentes: a religião católica é monoteísta ao passo que a Babilônia costumava ser mais
aberta e liberal.
Alternativa C: correta – gabarito. O poder humano só é passível de corrupção porque é falho, por
isso ele deve seguir modelos de fortaleza como Sião, construída por Davi perto de Jerusalém.
Alternativa D: incorreta. O poema não tem esse apelo, embora faça uma crítica à tirania no poder,
o que era comum no período do Absolutismo.
Alternativa E: incorreta. Uma das características da poesia lírica camoniana é, de fato, o
neoplatonismo (amor platônico, ideal). Entretanto, a temática desse soneto não é amorosa.
Gabarito: C.
Pode ser considerado INCORRETO sobre o Trovadorismo:
a) Na cantiga de amigo, o eu lírico feminino lamenta a partida do ser amado.
b) Na cantiga de amor, o cavalheiro expressa o amor cortês à dama visada.
c) Na cantiga de escárnio, emprega-se a figura de linguagem da ironia.
d) Na cantiga de maldizer, a pessoa satirizada é um alvo não identificado.
e) Na prosa trovadoresca, encontram-se romances de cavalaria, hagiografias e nobiliários.
Comentários
Questão teórica de conhecimento sobre o movimento literário. Questão inspirada na prova da
EsPCEx 2013.
Alternativa A: correta. As cantigas de amigo têm raízes na Península Ibérica, em festas rurais e
populares, com música e dança e com vestígios da cultura árabe. São suas características são:
ambientação rural; linguagem simples; repetições; estrutura paralelística e forte musicalidade. Na cantiga
de amigo, o eu lírico é geralmente feminino, e o tema mais frequente é um lamento amoroso da moça
cujo namorado partiu para as guerras árabes.
Alternativa B: correta. As cantigas de amor têm origem na poesia provençal (Provença é uma
região do sul da França), nos ambientes finos e aristocráticos e logo estão presas a certas convenções de
linguagem e de sentimentos. São suas características: linguagem mais refinada quanto a vocabulário e
construções; ambientação na corte. O eu lírico normalmente é um homem, que declara o seu amor a uma
mulher inalcançável, em conformidade com as regras do amor cortês, que era um código de conduta
moral do cavalheiro que considerava a dama intocável.
Alternativa C: correta. Na cantiga de escárnio, a crítica é indireta; normalmente, a pessoa satirizada
não é identificada. A linguagem é trabalhada, cheia de sutilezas, trocadilhos, ambiguidades e ironia.
Alternativa D: incorreta – gabarito. Na cantiga de maldizer, a crítica é direta; geralmente, a pessoa
satirizada é identificada. A cantiga na qual ela não é identificada é na cantiga de escárnio e não de
maldizer.

Alternativa E: correta. Novelas de cavalaria são um gênero narrativo tipicamente medieval. Em

geral de autor desconhecido, são resultado da transformação das canções de gesta, poemas que narravam
heroicas aventuras de cavaleiros andantes. Hagiografias são relatos de episódios da vida de santos, cuja
finalidade era catequética e didática. E nobiliários ou livros de linhagem são compilações de genealogias
de famílias nobres, feitas com o objetivo de serem conhecidos graus de parentesco.
Gabarito: D.
Em “Os Lusíadas” de Camões,
a) o herói é coletivizado na epopeia de formação nacional, embora concentrado na figura de Vasco
da Gama.
b) a figura do herói é mítica, pois ele é aquele que não tomba e em quem até os deuses devem se
espelhar.
c) no plano dos deuses, a personificação do amor e da guerra estão contra os portugueses, que
devem ser proteger.
d) a mensagem final da obra é de recompensa, sendo que no último canto os portugueses voltam
para a casa.
e) na Ilha dos Amores, a deusa Hera concede favores sexuais aos lusos, que chegam a negá-los pois
são cristãos.
Comentários
Questão de conhecimento de autor e obra do cânone.
Alternativa A: correta – gabarito. Por mais que no título haja um plural e, de fato, essa epopeia
narre os feitos heroicos dos portugueses que chegaram às Índias por meio das Grandes Navegações, a
concentração do heroísmo se verifica na figura de Vasco da Gama.
Alternativa B: incorreta. O herói é um ser humano que sente medos, aflições, angústias e por vezes
demonstra defeitos como cobiça, ambição etc. Há um plano mítico na obra, mas o ser humano não é
invencível.
Alternativa C: incorreta. Pelo contrário: estão a favor deles. Afrodite (a deusa do amor) e Ares (o
deus da guerra) ajudam os portugueses. Quem os atrapalham são outros deuses, como Dioniso (o deus
do vinho) e Poseidon (o deus do mar).
Alternativa D: incorreta. Pressupõe-se que eles voltam, mas a obra termina com os portugueses
sendo recompensados na Ilha dos Amores no canto X.
Alternativa E: incorreta. É a deusa do amor, Afrodite. Tampouco os portugueses negam os prazeres
eróticos.
Gabarito: A.
Entre as obras abaixo, a que NÃO caracteriza o teatro vicentino é:
a) “Auto da barca do inferno.”
b) “Farsa de Inês Pereira”.

c) “O velho da horta”.
d) “Auto da compadecida”.
e) “Auto da índia”.
Comentários
Questão de conhecimento de autor e obras do cânone.
Alternativa A: correta. Essa obra de 1517 é uma grande crítica do apego à vida material e daquilo
que não conseguimos nos desfazer nem mesmo depois da morte. Na barca do inferno, encontram-se
pessoas das mais variadas classes sociais e cargos, que não conseguem se desfazer de sua identidade
simbólica, carregando objetos materiais até para além da vida.
Alternativa B: correta. Farsa é uma peça teatral voltada para o cômico. Nessa obra de 1523, Inês
sonha em se casar com um homem educado. Porém, o marido de Inês a prende em casa e viaja para
combater os mouros com a finalidade de enriquecer. O marido de Inês acaba morrendo na guerra, e ela
termina por aceitar o pedido de Pero Marques, com quem casa e de quem acaba tirando proveito
financeiramente. É um importante debate sobre o papel da mulher.
Alternativa C: correta. Nessa obra de 1512, um homem de idade já avançada acaba se apaixonando
por uma jovem que entra na sua horta atrás de verduras (uma alegoria para a juventude). A Justiça surge
para impedi-lo de ficar com ela e no final a moça acaba por se casar mesmo.
Alternativa D: incorreta – gabarito. “Auto da compadecida” (1955), apesar de ser um auto (breve
peça teatral de caráter religioso ou profano), não foi escrito pelo humanista português Gil Vicente, mas
sim pelo modernista brasileiro Ariano Suassuna.
Alternativa E: correta. Nessa obra de 1509, Constança está insatisfeita com seu marido e arruma
dois amantes, Juan e Lemos, o primeiro castelhano e o segundo português, enquanto seu marido viaja
para a Índia.
Gabarito: D.
Leve em consideração o trecho abaixo.
“Muitos deles ou quase a maior parte dos que andavam ali traziam aqueles bicos de osso nos
beiços. E alguns, que andavam sem eles, tinham os beiços furados e nos buracos uns espelhos de pau,
que pareciam espelhos de borracha; outros traziam três daqueles bicos, a saber, um no meio e os
dois nos cabos. Aí andavam outros, quartejados de cores, a saber, metade deles da sua própria cor, e
metade de tintura preta, a modos de azulada; e outros quartejados de escaques”.

a) argumentativo.
b) preconceituoso.
c) superficial.
d) pormenorizado.
e) desleixado.

Comentários
Questão de interpretação de texto literário; conhecimento do movimento literário e semântica.
Alternativa A: incorreta. Um texto argumentativo apresenta uma tese, que geralmente é direta e
concisa, e depois segue desenvolvendo-a e sustentando-a, o que não é o caso.
Alternativa B: incorreta. Atenção: há visivelmente a descrição de um choque cultural, mas o trecho
em si não manifesta ponto de vista preconceituoso. Observação: “escaque” significa cada uma das
divisões quadradas em cores alternadas num escudo (dicionário Aulete).
Alternativa C: incorreta. Pelo contrário: é detalhista.
Alternativa D: correta – gabarito. Quanto à descrição dos costumes dos povos nativos, o trecho
acima revela-se bastante preciso em relação aos detalhes. Uma das características da literatura da
informação no Quinhentismo era seu caráter descritivo.
Alternativa E: incorreta. Pelo contrário: desleixado é sinônimo de descuidado, e a prosa nesse
trecho tem estilo caprichoso, meticuloso.
Gabarito: D.
Quanto aos versos abaixo, assinale aquela opção proveniente de uma cantiga de amor trovadoresca.
a) “Ai flores, ai flores do verde ramo, /se sabedes novas do meu amado!”
b) “Joam Fernandes, o mour', outrossi, /nos maltalhados o vejo contado;”
c) “Não curês de mais detença/ Embarcai e partiremos: tomareis um par de ramos.”
d) “Não é rei nem é conde mas outra potestade, /que não direi, que direi, que não direi…”
e) “Estes meus olhos nunca perderan, /senhor, gran coyta, mentr’ eu vivo fôr;”
Comentários
Questão de interpretação de texto literário; conhecimento do movimento literário e identificação
de trechos.
Alternativa A: incorreta. Essa é uma cantiga de amigo e não de amor. Na cantiga de amigo, o eu
lírico é feminino e lamenta a ausência do crush. Por causa da alusão ao amado, é possível chegar a essa
inferência.
Alternativa B: incorreta. Por conta da menção direta ao nome “Joam Fernandes”, tem-se que essa
cantiga é de maldizer e não de amor.
Alternativa C: incorreta. Esses versos sequer são de uma cantiga trovadoresca, mas sim da peça
teatral “Auto da barca do inferno” (1517) do humanista Gil Vicente.
Alternativa D: incorreta. Parte-se do pressuposto de que a moça faz uma brincadeira ao amado,
que julga nobre como rei ou potestade: “bem me quer, mal me quer”. As repetições paralelísticas são
características da cantiga de amigo.
Alternativa E: correta – gabarito. “Mentr-” é galego-português, que guarda semelhanças com
mientras (enquanto). Não há flexão de gênero para inferir que o eu lírico é masculino, mas há a
demonstração do amor cortês: um código honroso de conduta em que o cavalheiro jura vassalagem em
relação à dama amada. Coita é o lamento amoroso.
Gabarito: E.

Observe atentamente o excerto abaixo.
“Não eu, pois que aprendi que os Deuses vivem

Tranquila eterna vida; nem se ocupam
Em mandar-nos da abóbada celeste,
As maravilhas que a Natura opera.
Em Brindes, coa jornada, o escrito finda”.
A conclusão da Quinta Sátira da poesia horaciana permite inferir que:

a) o ser humano se destoa dos deuses mitológicos que usufruem de privilégios os quais não querem
compartilhar.
b) é parte indissociável da natureza o ser humano, junto com sua mortalidade, fruto da criação divina.
c) os deuses estão em choque com o monoteísmo cristão, caracterizando essa estética a luta entre
deus e homem.
d) é aguardado um dia em que os deuses desceriam de sua morada divina para acalmar os ânimos
humanos.
e) os deuses não se sentem parte integrante da natureza, considerando-a rebaixada e relegando-a à
espécie humana.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento do movimento literário. Lembrando
que Horácio é um poeta da Antiguidade Clássica que já caiu na EsPCEx 2016.
Alternativa A: correta – gabarito. O pensamento do ser humano do Classicismo (e Antiguidade
Clássica por extensão) era voltado para a crença nos deuses mitológicos, mas entendendo-se como um
ser limitado diante dos deuses, o que também era entender que a cada um cabe a sua medida justa. Os
deuses em sua morada sagrada (o Monte Olimpo na abóbada celeste) sequer se demonstram
preocupados em mandar para os humanos as maravilhas da natureza, partindo-se do pressuposto de que
eles as guardam só para si, usufruindo de “tranquila vida eterna”. No Classicismo, portanto, era
importante ter consciência de sua limitação.
Alternativa B: incorreta. Se as maravilhas operadas pela Natura (personificação da natureza) são
desfrutadas apenas pelos deuses, ser humano e natureza dissociam-se.
Alternativa C: incorreta. Tal choque não se verifica tampouco essa luta.
Alternativa D: incorreta. Os deuses aproveitam sua tranquila e eterna vida e o eu lírico, por sua
vez, constata que aprendeu que é assim. Ou seja, eles não querem tomar partido nas coisas humanas.
Alternativa E: incorreta. Pelo contrário: os deuses compreendem que o que a Natura opera são
maravilhas; por isso, querem-nas só para si, sem querer compartilhá-las.
Gabarito: A.
Quanto ao Humanismo e o Classicismo, julgue o que for INCORRETO.

a) São movimentos artístico-literários simultâneos entre si e que usufruem da mesma visão de

mundo.
b) Compartilham entre si o entusiasmo pelo Renascimento Cultural e teve ligação com as belas artes.
c) Podem ser consideradas escolas da era clássica, sendo que no teatro português foi importante Gil
Vicente.
d) Camões foi um poeta renascentista importante, mas outro contemporâneo seu foi Sá Miranda.
e) No que diz respeito ao gênero literário, representou a transição da poesia para o romance
prosaico.
Comentários
Questão teórica do conhecimento do movimento literário.
Alternativa A: correta. Sua contextualização ocorreu no século XVI, então compartilham a mesma
visão de mundo que é o antropocentrismo (crença de que o ser humano é o centro do universo).
Alternativa B: correta. Classicismo era sinônimo de Renascimento, um movimento cultural
responsável pela defesa de valores racionais. No plano das artes, pode ser mencionado como exemplo
Leonardo da Vinci; na Literatura, o bardo português Luís Vaz de Camões, que escreveu principalmente
poesia épica (“Os Lusíadas”) e poesia lírica (sonetos).
Alternativa C: correta. Na poesia do Classicismo destacou-se Camões, ao passo que no teatro
humanista o principal escritor foi Gil Vicente. Em suma, a principal diferença nesses movimentos diz
respeito à escolha do uso de gênero literário.
Alternativa D: correta. Sá de Miranda (1481-1558) foi um escritor do Renascimento Português,
bem como Camões. 13 dos poemas dele foram publicados no “Cancioneiro Geral”, obras reunida por
Garcia Resende.
Alternativa E: incorreta – gabarito. O movimento literário português que incorporou o romance
como principal gênero foi o Romantismo. No Classicismo predominou a poesia, enquanto no Humanismo
prevaleceu o teatro.
Gabarito: E.
A partir da leitura atenta do soneto, atenda ao comando.
Quem diz que Amor é falso ou enganoso,

Ligeiro, ingrato, vão desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.
Amor é brando, é doce, e é piedoso.

Quem o contrário diz não seja crido;
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e inda aos Deuses, odioso.
Se males faz Amor em mim se vêem;

Em mim mostrando todo o seu rigor,

Ao mundo quis mostrar quanto podia.
todas suas iras são de Amor;

Todos os seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.
(CAMÕES, Luís Vaz de. Obras completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1963, p. 212.)
A poesia lírica amorosa camoniana apresenta um traço característico que é o(a):

a) zombaria.
b) suicídio.
c) veneração.
d) contradição.
e) pessimismo.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento do movimento literário.
Alternativa A: incorreta. O eu lírico nesse poema chega a usar o pronome “quem” como expressão
partitiva para acusar um certo tipo de pessoa que pensa daquela forma, mas isso não constitui numa
zombaria.
Alternativa B: incorreta. A poesia lírica camoniana, no movimento do Classicismo, podia ter
temática amorosa ou filosófica. Nessa última, o eu lírico é atribulado, porém sua perturbação não culmina
no rompante do suicídio. Esse tema é mais romântico do que clássico.
Alternativa C: incorreta. Esse termo é geral e pode ser entendido em um sentido religioso, o que
não é o caso. No poema, não é indicada a amada, objeto do amor, mas sim o Amor em si, inclusive
personificado.
Alternativa D: correta – gabarito. O que se comprova com antíteses como “Todos os seus males
são um bem”.
Alternativa E: incorreta. Esse traço poderia aparecer na poesia filosófica, mas esse poema é um
exemplo de soneto amoroso.
Gabarito: D.
Gil Vicente é um escritor humanista português cujo teatro teve a influência explícita do espanhol
b) Calderón de la Barca.
c) Miguel de Cervantes.
d) Juan del Encina.
e) Luis de Góngora y Argote.
Comentários
Questão de conhecimento de autores e obras do cânone.
Alternativa A: incorreta. William Shakespeare (1564-1616) foi um dramaturgo britânico e não
espanhol.

Alternativa B: incorreta. Calderón de la Barca (1600-1601) foi dramaturgo e poeta espanhol. Obra-
prima: A vida é sonho. É contemporâneo de Gil Vicente, mas não o influencia diretamente.
Alternativa C: incorreta. Miguel de Cervantes (1547-1616) foi um prosador espanhol e não
dramaturgo.
Alternativa D: correta – gabarito. Sua influência foi Juan del Encina, de caráter pastoral e religioso.
Gil Vicente escreveu mais de 40 obras para a corte, algumas bilíngues, outras em português e outra em
castelhano.
Alternativa E: incorreta. Gongorismo é o nome dado ao Barroco na Espanha, por influência do
poeta Luís de Gôngora y Argote. Nesse país, Barroco e gongorismo são praticamente sinônimos.
Gabarito: D.
Quanto ao Quinhentismo, assinale o que for correto quanto ao contexto histórico.
a) O período pré-colonial contemplou os 30 anos antes da formação de capitanias hereditárias,
quando os escritores se organizaram para decidir seu estilo.
b) A Contrarreforma impulsionou a necessidade de reafirmação do dogma cristão, o que fez com que
jesuítas tivessem importância no processo colonizatório.
c) Enquanto a literatura no Brasil caracterizava-se como quinhentista, a Europa já estava avançando
para a Era Moderna, alcançando o Romantismo.
d) Os portugueses trouxeram no estilo de escrita a influência dos traços filosóficos, o que era típico
na poesia lírica do Classicismo camoniano.
e) A perspectiva no Quinhentismo era unilateral, tendo os autores adotados o antropocentrismo
humanista que estava em voga nos termos europeus.
Comentários
Questão teórica de conhecimento do movimento literário.
Alternativa A: incorreta. Realmente, ocorreu um período pré-colonial antes do estabelecimento
de um governo administrativo, mas os escritores quinhentistas não se organizaram entre si para decidir
nada quanto ao estilo. Posteriormente, com distanciamento histórico, é possível analisar obras
quinhentistas a partir de duas tendências principais, mas não foram os próprios escritores quem as
decidiram.
Alternativa B: correta – gabarito. Mesmo na literatura de informação, cujo objetivo principal era
descrever as terras e os povos nativos, observa-se influência da religião, pois a cultura eurocêntrica tinha
o catolicismo como sua crença, o que também definia seus costumes. Então, mesmo em obras da
literatura de informação passagens religiosas podem ser encontradas.
Alternativa C: incorreta. Enquanto no Brasil a literatura era quinhentista, voltada para o processo
colonizatório, em Portugal os movimentos literários vigentes eram Classicismo e Humanismo, escolas
ainda da Era Clássica e não Moderna.
Alternativa D: incorreta. Temáticas filosóficas não eram essenciais na literatura quinhentista
brasileira. As tendências quinhentistas – literatura de informação e de catequese –, cada uma à sua
maneira, são centradas em funções.

Alternativa E: incorreta. Aspectos importantes para o panorama intelectual europeu na época, tais
como a valorização da racionalidade e o antropocentrismo, não influenciaram diretamente a produção
literária quinhentista.
Gabarito: B.
A epopeia é um gênero poético que fala em longos versos sobre a trajetória do herói. Em “Os
Lusíadas”, a coragem dos heróis portugueses pode ser considerada como sinônimo de cobiça e
ambição, o que é criticado no trecho:
a) “Canta-me, ó deusa, do Peleio Aquiles /A ira tenaz, que, lutuosa aos Gregos, /Verdes no Orco
lançou mil fortes almas, /Corpos de heróis a cães e abutres pasto:”
b) “Com esta, as tristes almas revocava /Do Inferno, e o vento lhe obedece; /Na cabeça o galero
costumado; /E destarte a Melinde foi chegado.”
c) “«Mas, ó tu, geração daquele insano /Cujo pecado e desobediência /Não somente do Reino
soberano /Te pôs neste desterro e triste ausência»”
d) “«Vê naquela que o tempo tornou Ilha, /Que também flamas trémulas vapora, /A fonte que óleo
mana, e a maravilha /Do cheiroso licor que o tronco chora»”
e) “Os olhos Beatriz em mim fitava, /Bem como de antes: grandioso assenso, /Ao meu desejo
claramente dava. /Ó ser bendito, ao meu querer intenso”
Comentários
Questão de interpretação de texto literário; conhecimento de obra do cânone e identificação de
trecho.
Alternativa A: incorreta. Esse trecho sequer é de “Os Lusíadas”, mas sim de outra epopeia. São os
versos iniciais da “Ilíada” de Homero, o que pode ser inferido a partir da alusão a personagens específicas.
Alternativa B: incorreta. No canto II, depois de muitas dificuldades e com a ajuda de Vênus, os
portugueses chegam à África, cujo rei Melinde pede a Vasco da Gama que conte a história de Portugal.
Trata-se de um trecho narrativo e não crítico. Observação: “galero” significa cobertura de peles para a
cabeça, como a usavam os sacerdotes romanos (dicionário Aulete).
Alternativa C: correta – gabarito. Esse é o trecho final do canto IV, em que o Velho do Restelo
critica os portugueses.
Alternativa D: incorreta. É um trecho do canto X, quando os portugueses usufruem da
sensualidade, sendo recompensados na Ilha dos Amores.
Alternativa E: incorreta. Esse trecho sequer é de “Os Lusíadas”, mas sim de outra obra. São versos
da “Divina comédia” de Dante Alighieri, o que se depreende pela menção à sua amada Beatriz.
Observação: “assenso” é o mesmo que assentimento, consentimento, anuência (dicionário Aulete).
Gabarito: C.

Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e
Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel e figos passados. Não
quiseram comer quase nada daquilo; e, se alguma coisa provaram, logo a lançaram fora. Trouxeram-
lhes vinho numa taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram nada, nem quiseram mais. Trouxeram-
lhes a água em uma albarrada. Não beberam. Mal a tomaram na boca, que lavaram, e logo a lançaram
fora.
CAMINHA, Pero Vaz de. Carta de Achamento a El-Rei D. Manuel I. Fonte: Domínio Público.
Disponível em: https://tinyurl.com/4jpjxxz3. Acesso em: 24 maio 2022.
Uma das principais características quinhentistas na literatura de informação é a linguagem gestual,

até como forma de comunicação diante do choque cultural. Assim, no primeiro parágrafo observa-se
que:
a) em um momento de boa convivência os índios desejavam mostrar as terras.
b) a perplexidade dos indígenas provavelmente foi provocada pelo estranhamento.
c) os índios se espantaram com os carneiros, por serem novidade para eles.
d) a recusa inicial dos indígenas ao tocar nas galinhas é por transmitirem doenças.
e) há uma gradação crescente entre os animais apresentados, até como estratégia.
Comentários
Alternativa A: incorreta. É assim que os portugueses pensavam.
Alternativa B: correta – gabarito. Pelo desconhecimento em relação a animais que não conheciam,
como as galinhas. Lidavam apenas com as galinhas selvagens.
Alternativa C: incorreta. Eles se espantaram com as galinhas.
Alternativa D: incorreta. Cuidado com informações extratextuais.
Alternativa E: incorreta. Os animais respectivamente são: papagaio, carneiro e galinha.
Gabarito: B.
_____________________________________________________________________________________
O segundo parágrafo indica uma postura de cautela dos indígenas. Encontre abaixo, entre os versos
da Poesia Pau-Brasil de Oswald de Andrade, um comportamento parecido.
a) “Se Pedro Segundo /Vier aqui /Com história /Boto ele na cadeia.” (Senhor Feudal).
b) “Cultivam-se palmares de cocos grandes /Principalmente à vista do mar” (Paisagem).
c) “Ao redor desta vila /Estão quatro aldeias de gentio amigo /Que os padres da Companhia
doutrinam” (Prosperidade de São Paulo).
d) “Para dizerem milho dizem mio /Para melhor dizem mió” (Vício na fala).

e) “O noivo da moça /Foi para a guerra /E prometeu se morresse /Vir escutar ela tocar piano /Mas
ficou para sempre no Paraguai” (O recruta).
Comentários
Questão de identificação de trecho/literatura comparada.
Alternativa A: correta – gabarito. Trata-se de uma inversão de valores em que os nativos tentam
subjugar o poder dominador.
Alternativa B: incorreta. Trecho predominantemente descritivo, referindo-se à literatura de
informação.
Alternativa C: incorreta. Trata-se da literatura de catequese.
Alternativa D: incorreta. Poema metalinguístico sobre a linguagem oral.
Alternativa E: incorreta. Consiste em uma ironia: o rapaz morreu.
Gabarito: A.
_____________________________________________________________________________________
A nau grande, em que vai Paulo da Gama,


Cos raios em que o Pólo todo ardia!
CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. Fonte: Domínio Público.
Disponível em: https://tinyurl.com/w3r9xf49. Acesso em: 29 jul. 2022.
Camões é um autor do Renascimento português, o que equivale a dizer que ele retoma ideias da
Antiguidade Clássica. Nesse sentido, quanto à forma apresentada, é correto afirmar que:
a) são versos em sua maioria livres e com a implementação de rimas brancas.
b) são versos alexandrinos e na segunda estrofe há rimas
c) são versos heroicos e na primeira estrofe há predomínio de rimas ricas.

d) são versos dodecassílabos e predominam rimas pobres na primeira estrofe.

e) são versos decassílabos e na segunda estrofe há rimas internas.
Comentários
Questão de teoria literária.
Alternativa A: incorreta. Os versos não são brancos nem livres.
Alternativa B: incorreta. Versos alexandrinos são versos dodecassílabos.
Alternativa C: correta – gabarito. Versos heroicos são os decassílabos usados na poesia épica,
geralmente com ritmo nas sílabas poéticas 6-10. Há mais rimas ricas que pobres na primeira estrofe.
Alternativa D: incorreta. São versos decassílabos e há mais rimas ricas na primeira estrofe.
Alternativa E: incorreta. Nas estrofes predominam rimas externas.
Gabarito: C.
_____________________________________________________________________________________
Um(a) autor(a) modernista irá retomar uma expressão presente nestas estrofes de Camões.
Identifique quem é e a sua respectiva obra.
a) Dante Alighieri – A divina comédia.
b) Manuel Bandeira – Libertinagem.
c) Jorge de Lima – Invenção de Orfeu.
d) Cecília Meireles – Romanceiro da Inconfidência.
e) Carlos Drummond de Andrade – Claro enigma.
Comentários
Questão de literatura comparada/conhecimento de autores e obras do cânone.
Alternativa A: incorreta. Essa não é uma obra modernista, mas sim clássica.
Alternativa B: incorreta. É uma obra modernista, mas da primeira geração. Prega a liberdade
formal e de costumes.
Alternativa C: incorreta. Obra de 1952, é um longo poema épico que retoma uma figura da
antiguidade clássica, porém se aproxima da vanguarda surrealista.
Alternativa D: incorreta. Retoma um fato histórico de 1789.
Alternativa E: correta – gabarito. No poema “A máquina do mundo” ao final desse livro,
Drummond retoma essa expressão camoniana. Trata-se do diálogo do Modernismo com o Classicismo.
Gabarito: E.
_____________________________________________________________________________________
Quanto à produção literária no movimento do Trovadorismo, assinale o que for correto.
a) As cantigas de amigo são escritas por mulheres cujos namorados foram para as Guerras Árabes.
b) As cantigas de amor, apesar do nome, versavam sobre sentimentos universais.
c) As cantigas de escárnio são escrachadas e se valem da figura de linguagem da hipérbole.

d) As cantigas de maldizer geralmente vêm com nomes explícitos de pessoas.

e) O Trovadorismo contou apenas com a presença dos gêneros da poesia e do teatro.
Comentários
Questão teórica de conhecimento de movimentos literários.
Alternativa A: incorreta. Eram escritas por homens, ainda que a temática seja essa.
Alternativa B: incorreta. Eram sobre o código de conduta moral: o amor cortês.
Alternativa C: incorreta. São sutis e costumam ser mais irônicas.
Alternativa D: correta – gabarito. Como são debochadas, há esse mecanismo de identificação.
Alternativa E: incorreta. Além das cantigas em forma de poesia, houve também a prosa
trovadoresca (nobiliários, cronicões, hagiografias e romances de cavalaria).
Gabarito: D.
_____________________________________________________________________________________
LUSITANIA
Mãe, dos homens he falar,
E das molheres ouvir,
E do bom siso calar,
E da prudencia sentir
O que não póde danar:
Cuidais que me ha de comer?
LISIBEA
Eu não te posso sofrir;
Nesta dor hei de morrer.
Fica-te, qu’eu quero-me ir,
Pera mais não parecer.
Vou-me á minha sepultura,
Que está na Serra deserta,
Feita por mão da Ventura. (vai-se)
LUSITANIA
Senhor meu, amigo caro,
Vós ide emtanto caçar,
Porque a mi cumpre rezar,
E chorar meu desemparo,
E a vós de me leixar.

Vai-se Portugal, e diz Lusitania em oração.

VICENTE, Gil. Auto da Lusitânia. Fonte: Domínio Público.
Disponível em: https://tinyurl.com/azfh7bdt. Acesso em: 29 jul. 2022
Com a fala “Nesta dor hei de morrer”, a personagem de Lisbeia assinala que:
a) a moça está sofrendo e padecendo por causa de amor.
b) a serra está sendo personificada com lugar da caçada.
c) a morte é iminente pelos perigos da caçada.
d) os papéis sociais estão previamente estabelecidos.
e) a comédia de costumes se faz prevalecer.
Comentários
Alternativa A: incorreta. Porque não há lugar para ela no mundo.
Alternativa B: incorreta. É o lugar da sepultura e é a Ventura que está sendo personificada.
Alternativa C: incorreta. As mulheres não vão caçar, pois na época era considerada uma atividade
masculina.
Alternativa D: correta – gabarito. Como também cabe à Lusitânia, o que se infere dessa fala:
“Porque a mi cumpre rezar”.
Alternativa E: incorreta. O que é comédia para uns é tragédia para outros.
Gabarito: D.
_____________________________________________________________________________________
COMPAIXÃO DA VIRGEM NA MORTE DO FILHO

Por que ao profundo sono, alma, tu te abandonas,
e em pesado dormir, tão fundo assim ressonas?
Não te move a aflição dessa mãe toda em pranto,
que a morte tão cruel do filho chora tanto?
O seio que de dor amargado esmorece,
ao ver, ali presente, as chagas que padece?
Onde a vista pousar, tudo o que é de Jesus,
ocorre ao teu olhar vertendo sangue a flux.
Olha como, prostrado ante a face do Pai,
todo o sangue em suor do corpo se lhe esvai
ANCHIETA, José de. Poema da Virgem. Fonte: Domínio Público.
Disponível em:https://tinyurl.com/4zunayab. Acesso em: 29 jul. 2022.
O poema descreve a imagem da Pietà, que é Nossa Senhora padecendo vendo o filho Jesus morto.
Pela pertinência temática, o poema se associa ao movimento literário do:
a) Trovadorismo.

b) Arcadismo.
c) Barroco.
d) Romantismo.
e) Naturalismo.
Comentários
Questão de literatura comparada/conhecimento de movimentos literários.
Alternativa A: incorreta. O Trovadorismo é um movimento medieval e cavalheiresco.
Alternativa B: incorreta. Pelo contrário: o Arcadismo é harmônico e regular.
Alternativa C: correta – gabarito. O sofrimento exagerado e o pessimismo do poema se associam
ao Barroco, apesar dessa obra se enquadrar na literatura de catequese quinhentista.
Alternativa D: incorreta. O Romantismo até pode ser exagerado, mas foi a segunda geração. O
ultrarromantismo só é exaltado por causa da sentimentalidade.
Alternativa E: incorreta. O Naturalismo pode ser grotesco, mas por causa da visão natural do
mundo.
Gabarito: C.
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A principal figura de linguagem usada no poema é:
a) sinestesia.
b) hipérbole.
c) paradoxo.
d) metáfora.
e) ironia.
Comentários
Questão de Gramática aplicada à Literatura.
Alternativa A: incorreta. Não há junção de sensações; essa figura predomina no Simbolismo.
Alternativa B: correta – gabarito. Trata-se do exagero intencional, o que se verifica nos versos:
“mãe toda em pranto”; “O seio que de dor amargado esmorece” e “olhar vertendo sangue a flux.”
Alternativa C: incorreta. Não são oposições inconciliáveis.
Alternativa D: incorreta. Não é uma mera equiparação, pois o sofrimento é real.
Alternativa E: incorreta. Essa figura dos dizeres contrários predomina no Realismo.
Gabarito: B.
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SONETO 155
Esforço grande, igual ao pensamento;
pensamentos em obras divulgados,
e não em peito tímido encerrados
e desfeitos despois em chuva e vento;
animo da cobiça baixa isento,

dino por isso só de altos estados,
fero açoute dos nunca bem domados
povos do Malabar sanguinolento;
gentileza de membros corporais,

ornados de pudica continência,
obra por certo rara de natura:
estas virtudes e outras muitas mais,

dinas todas da homérica eloquência,
jazem debaixo desta sepultura.
CAMÕES, Luís Vaz de. Sonetos. Fonte: Domínio Público.
Disponível em: https://tinyurl.com/5h83rawn. Acesso em: 29 jul. 2022.
Quanto à visão global do soneto, depreende-se que

a) há uma exaltação das grandes empreitadas mundo afora motivadas por curiosidade.
b) a máquina do mundo até pode trazer progressos, mas com isso também degradação.
c) o ser humano estrangeiro é rebaixado, revelando com isso um viés preconceituoso.
d) em um esforço metalinguístico, o poeta manifesta dificuldade em arranjar inspiração.
e) existe uma aproximação com a estética naturalista, tendo em visto as patologias.
Comentários
Alternativa A: incorreta. A motivação era o mercantilismo.
Alternativa B: correta – gabarito. Os povos da Costa de Malabar estão sendo açoitados, fazendo
com que o ser humano perca sua grandeza (intertextualidade com Homero.
Alternativa C: incorreta. A cobiça faz com que todos os seres humanos se rebaixem.
Alternativa D: incorreta. Não consegue aliar o pensamento à barbárie que enxerga em seu tempo.
Alternativa E: incorreta. Camões denuncia as agruras da escravidão na época das Grandes
Navegações.
Gabarito: B.
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O soneto é uma forma clássica tradicional, mas cuja forma foi alterada por um importante autor
literário. Identifique-o.

b) Francesco Petrarca.
c) Gil Vicente.
d) Pero Vaz de Caminha.
e) Rei D. Dinis.
Comentários
Questão de teoria literária/conhecimento de autores e obras do cânone.
Alternativa A: correta – gabarito. Esse dramaturgo britânico também escreveu poesia. O soneto
shakespeareano é composto de 3 quartetos e 1 dístico.
Alternativa B: incorreta. Autor do Renascimento italiano. Cuidado: até escreveu sonetos, mas nos
moldes clássicos.
Alternativa C: incorreta. Autor do Humanismo português; escreveu teatro em versos.
Alternativa D: incorreta. Escritor do Quinhentismo brasileiro; escreveu prosa.
Alternativa E: incorreta. É um rei trovador.
Gabarito: A.
9.1 Lista de Fixação Comentada

51. (ESA – 2022) Leia um fragmento da Carta de Pero Vaz de Caminha, a seguir.
Fonte: https://www.culturagenial.com/carta-pero-vaz-de-caminha/
"Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou
ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto, que nela
se pode fazer, me parece que será salvar esta gente."

(Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A. BERUTTI, F. FARIA, R.

História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.)
Nesse trecho, o relato de Caminha alinha-se ao projeto colonizador da Coroa Portuguesa para a nova
terra, pois, essencialmente,
a) demarca a superioridade europeia, para enfatizar a miséria dos indígenas.
b) descreve a exuberância das terras, para impressionar a Coroa Portuguesa.
c) evidencia a ausência de trabalho dos povos autóctones (povos nativos).
d) informa sobre o potencial econômico e a oportunidade de conversão católica.
e) realça somente a possibilidade de catequese para os povos nativos.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário; conhecimento do movimento literário; linguagens e
códigos e literatura comparada.
Alternativa A: incorreta. Por mais que na carta de Pero Vaz de Caminha sejam observadas questões
como o eurocentrismo e aculturação, as estratégias de afirmação de superioridade nesse trecho não
expõem a miséria indígena.
Alternativa B: incorreta. Pelo contrário: descreve como nas terras ainda não foram encontradas
riquezas.
Alternativa C: incorreta. Não é a temática dessa passagem. E em outro momento da carta Pero Vaz
de Caminha vai falar dos meios de subsistência dos indígenas.
Alternativa D: correta – gabarito. A carta de Pero Vaz de Caminha é um marco na literatura
quinhentista de informação, vertente da literatura colonial que tinha como função descrever as terras e
os povos nativos. Atente-se para o uso do verbo “informar” logo no início dessa narrativa, seguido
justamente de um comentário quanto às crenças religiosas dos indígenas. Atenção: por mais que riquezas
ainda não tenham sido encontradas e esse fato se encontre na negativa, é justamente essa informação
que vem no início do trecho, dando destaque para a principal finalidade do colonizador europeu nas
terras. Isso porque eram motivados pelo contexto histórico das grandes navegações e do mercantilismo.
Alternativa E: incorreta. Cuidado com absolutismos: somente.
Gabarito: D.
52. (ESA – 2014)
“A feição deles é serem pardos, quase avermelhados, de rosto regulares e narizes bem feitos;
andam nus sem nenhuma cobertura; nem se importam de cobrir nenhuma coisa, nem de mostrar
suas vergonhas.”
afirmar que
a) os textos quinhentistas fazem parte do movimento literário intitulado Poesia Pau-Brasil.
b) toda essa produção está diretamente relacionada à intenção de catequizar os selvagens.

c) a literatura da época está relacionada ao espírito aventureiro da expansão marítima e comercial

portuguesa.
d) os textos dessa época têm grande valor literário.
e) registra apenas o choque cultural entre colonizadores e colonizados.
Comentários
Questão sobre conhecimento do movimento literário.
Alternativa A: incorreta. A Poesia Pau-Brasil foi regida pelo Movimento Pau Brasil, documento
originado na primeira geração modernista (século XX).
Alternativa B: incorreta. Não toda ela, mas somente uma parte. Para além da literatura de
catequese, houve também a de informação, cujo objetivo era narrar e descrever a fauna e a flora
brasileira, bem como seus nativos.
Alternativa C: correta – gabarito. Também havia uma parte de crônicas de viagem entre os gêneros
produzidos na época. Portugal foi pioneiro nas expansões ultramarinas com a escola de Sagres.
Alternativa D: incorreta. Atenção: ela tinha função predominantemente documental, e não
estética, artística, necessariamente.
Alternativa E: incorreta. Cuidado com o advérbio restritivo “apenas”. No caso, o objetivo era
descrevê-los, embora no fundo, ao fazê-lo, acabou por se acentuar a descrição das diferenças étnicas e
culturais.
Gabarito: C.
ESA) Considere a passagem a seguir para responder à questão.
sombreiro preto.
Pero Vaz de Caminha – A carta de Pero Vaz de Caminha.
Fonte: Ministério da Cultura/Fundação Biblioteca Nacional.
Disponível em: https://tinyurl.com/u4rgb24. Acesso em: 31 mar. 2020.
afirmar que
a) alguns dos representantes dessa geração literária foi Padre José de Anchieta e Gil Vicente.
b) Portugal era um país tão atrasado inicialmente que preciso se lançar nas expansões ultramarinas
em busca de novos mercados produtores.
c) o processo de aculturação pode ser observado na forma diferente de indumentária, por exemplo,
no chapéu.

d) era tênue a margem entre realidade e ficção nos escritos dessa época.
e) apesar de o encontro ter sido conflituoso num primeiro momento, houve entendimento linguístico
depois.
Comentários
Questão sobre conhecimento do movimento literário/interpretação de texto literário. Questão
inspirada na prova da ESA 2012.
Alternativa A: incorreta. Não se trata de geração, mas sim de escola ou movimento literário. Padre
José de Anchieta até foi um escritor do Quinhentismo brasileiro, mas Gil Vicente foi autor do Humanismo
português.
Alternativa B: incorreta. No princípio, Portugal liderou as grandes navegações pelo pioneirismo nas
artes náuticas, com a Escola de Sagres, por exemplo. Era uma situação de progresso, a princípio, e não
atraso.
Alternativa C: correta – gabarito. Como é o caso do estranhamento étnico (“eram pardos”) e nas
vestimentas (“e nus”). “Barrete” é uma peça de roupa que cobra a cabeça (dicionário Aulete), o que se
comprova também com uso de termos como “carapuça” e “sombreiro”.
Alternativa D: incorreta. O caráter era predominantemente objetivo e documental.
Alternativa E: incorreta. Há uma ironia na oração causal reduzida de infinitivo “por o mar quebrar
na costa”: não era exatamente por causa do mar, tão somente dele, que os portugueses não conseguiram
entender os nativos, mas sim porque não entendiam sua língua.
Gabarito: C.
ESA) Leia o texto abaixo para responder ao que se pede.
“Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e
Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel e figos passados. Não quiseram
comer quase nada daquilo; e, se alguma coisa provaram, logo a lançaram fora. Trouxeram-lhes vinho
numa taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes a água
em uma albarrada. Não beberam. Mal a tomaram na boca, que lavaram, e logo a lançaram fora.”
Disponível em: https://tinyurl.com/u4rgb24. Acesso em: 11 out. 2020.
A Carta de Pero Vaz de Caminha é um documento que transita entre a literatura e o documento
histórico. A partir do trecho acima, é possível assumir que a atitude dos indígenas era
a) ingênua.
b) indiferente.
c) espirituosa.
d) cautelosa.
e) irônica.

Comentários
Alternativa A: incorreta. Cuidado: esta é a visão dos portugueses quanto aos indígenas, mas ela
não corresponde exatamente à realidade. Por exemplo, quando Pero Vaz de Caminha assume que os
indígenas ”quase tiveram medo dela” é um julgamento suspeito, pois os portugueses estão inferências
em relação aos sentimentos dos indígenas que eles não teriam como conhecer ao certo.
Alternativa B: incorreta. Os indígenas estão relutantes em aceitar várias das situações impostas a
eles.
Alternativa C: incorreta. Espirituoso é sinônimo de vivaz, sutil, graciosos. Não é o que é indicado
no trecho.
Alternativa D: correta – gabarito. Ao não aceitarem vinho, por exemplo, os indígenas demonstram
desconfiança contra os portugueses.
Alternativa E: incorreta. Não necessariamente.
Gabarito: D.
55. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 1º Simulado SPRINT
ESA 2021) Considere a passagem a seguir para responder à questão.
sombreiro preto. Um deles deu-lhe um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha
de penas vermelhas e pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal grande de continhas
brancas, miúdas, que querem parecer de aljaveira, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa
Alteza, e com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do
mar.
Disponível em: https://tinyurl.com/u4rgb24. Acesso em: 09 jul. 2020.
Sobre a literatura de informação, é correto afirmar que

a) o Quinhentismo é um movimento literário nacional já consolidado.
b) o que marcou o choque cultural na colonização foi a indumentária e a língua.
c) Nicolau Coelho era o chefe pajé da primeira tribo que os portugueses conheceram.
d) há ironia refinada e moderna no estilo prosaico de Pero Vaz de Caminha.
e) existe intenção pedagógica ao ensinar os índios a se usar o cocar corretamente.
Comentários
Questão sobre conhecimento do movimento literário/interpretação de texto literário.
Alternativa A: incorreta. O nacionalismo só irá se consolidar a partir do Romantismo, após
independência política de Portugal em 1822.

Alternativa B: correta – gabarito. Na indumentária, no caso dos chapéus, pois os portugueses

usavam barretes, uma espécie de gorro flexível, ao passo que os indígenas utilizavam “sombreiro de penas
de ave”, ou seja, cocar.
Alternativa C: incorreta. Nicolau Coelho era um dos capitães-mores da tripulação de Pero Vaz de
Caminha. Podemos inferir que ele não é um dos indígenas por meio do trecho: “Nicolau Coelho lhes fez
sinal que pousassem os arcos.”
Alternativa D: incorreta. Cuidado: até há subentendidos, como fato de Pero Vaz de Caminha
atribuir o fato de não conseguirem conversar ao fato de o mar quebrar na praia e não ao choque cultural;
porém, esse tipo de ironia será desenvolvida principalmente no século XIX com Machado de Assis.
Alternativa E: incorreta. Não há essa pretensão. Ademais, trata-se de literatura de informação e
não de catequese.
Gabarito: B.
2022) No Quinhentismo, é apresentada uma temática que expressa:
a) a aculturação do povo indígena, bem como seus costumes campestres e agrícolas.
b) o raciocínio lógico em contraposição às dúvidas religiosas impostas pelo dogmatismo.
c) tanto os preceitos do nacionalismo quanto os anseios revolucionários e sociais.
d) as descrições de relatos de viagem, assim como textos de cunho pedagógico e religioso.
e) as zonas profundas do inconsciente, além de interesse pelo subjetivismo humano.
Comentários
Questão de conhecimentos do movimento literário.
Alternativa A: incorreta. O Quinhentismo foi um movimento literário que ocorreu no Brasil Colônia.
Nesse período, muitos povos indígenas foram aculturados, tendo sido submetidos a costumes
eurocêntricos. Porém, nem todos estes povos eram voltados para costumes agrícolas, tampouco essa foi
a temática literária quinhentista. Além disso, o pastoralismo (valorização da vida campestre) só será um
tema literário no Arcadismo (século XVIII).
Alternativa B: incorreta. A Igreja Católica no período do Quinhentismo tinha como pretensão
catequisar os indígenas, mas não houve dúvidas nem tal contraposição.
Alternativa C: incorreta. Essas são características predominantemente românticas. O Romantismo
foi um movimento literário que ocorreu no século XIX. Atenção: não é possível falar de nacionalismo no
Quinhentismo, pois o Brasil só se torna independente politicamente de Portugal em 1822. A partir de
então, firma-se como nação.
Alternativa D: correta – gabarito. Foram duas as tendências literárias no movimento do
Quinhentismo: a literatura de informação, representada pelas crônicas e diários de viagem, com o
objetivo de descrever a fauna e a flora, as terras e os nativos brasileiros para a monarquia portuguesa, e
a literatura de catequese, com o objetivo de educar os povos indígenas na religião católica.
Alternativa E: incorreta. Essas são características predominantemente simbolistas. O Simbolismo
foi um movimento literário que ocorreu no fim do século XIX.
Gabarito: D.

2022) O teatro vicentino foi o principal gênero desse movimento literário, em que os costumes sociais
eram criticados, bem como as classes das mais altas às mais baixas:
a) Antropocentrismo.
b) Arcadismo.
c) Neoclassicismo.
d) Classicismo.
e) Humanismo.
Comentários
Questão de conhecimentos do movimento literário.
Alternativa A: incorreta. Cuidado: o antropocentrismo é uma tendência do Humanismo, mas não
coincide com o movimento literário como um todo. O antropocentrismo é a concepção ou doutrina
segundo a qual o ser humano é o centro ou a razão da existência do universo (dicionário Aulete).
Predominou entre o Classicismo e o Humanismo, mas não foi um movimento artístico-literário em si, mas
sim uma tendência.
Alternativa B: incorreta. Movimento do século XVIII; o teatro vicentino era do século XVI. O teatro
vicentino levou em consideração no seu próprio nome a influência de Gil Vicente, escritor português. No
Neoclassicismo, houve poetas como Bocage em Portugal; no Brasil, Cláudio Manoel da Costa e Tomás
Antônio Gonzaga.
Alternativa C: incorreta. Atenção: Neoclassicismo é sinônimo de Arcadismo.
Alternativa D: incorreta. No Classicismo português, produziu-se poesia (épica e lírica com Camões,
por exemplo) e não teatro.
Alternativa E: correta – gabarito. As principais obras desse período são “Auto da barca do inferno”
(1517) e “Farsa de Inês Pereira” (1523), de Gil Vicente.
Gabarito: E.
2022) Leve em consideração a estrofe abaixo para atender ao comando.
“Aquela fé tão clara e verdadeira

A vontade tão limpa e tão sem mágoa,
Tantas vezes provada em viva frágua
De fogo, i apurada, e sempre inteira;
Aquela confiança, de maneira

Que encheu de fogo o peito, os olhos de água,
Porque eu ledo passei por tanta mágoa,
Culpa primeira minha e derradeira (...)”
Por causa do estado de espírito atribulado do eu lírico, que está preocupado e meditativo, o texto
pode ser classificado dentro da poesia filosófica do

a) Trovadorismo.
b) Humanismo.
c) Classicismo.
d) Barroco.
e) Arcadismo.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento sobre movimentos literários.
Alternativa A: incorreta. No Trovadorismo, na poesia lírica (cantigas de amor e de amigo), o que
poderia haver era o lamento amoroso (coita): na cantiga de amor, porque o cavalheiro não pode se
aproximar da dama, por causa das convenções do amor cortês, e na cantiga de amigo, pois a moça
lamenta a partida do namorado par as guerras árabes.
Alternativa B: incorreta. O Humanismo é um movimento literário contemporâneo do Classicismo;
a diferente se verifica nos gêneros literários: no Humanismo, foi predominante a produção de peças
teatrais e do teatro de costumes (que servia para criticar as classes sociais).
Alternativa C: correta – gabarito. Esses são versos de Sá Miranda, um escritor do Classicismo
Português contemporâneo de Camões. Geralmente, é a poesia lírica camoniana que costuma ser dividida
entre amorosa e filosófica, mas esses temas se mantêm ao longo do movimento literário como
características temáticas de outros autores também, como é o caso.
Alternativa D: incorreta. A visão de mundo predominante no Barroco é o teocentrismo e as obras
tendem a ser religiosas.
Alternativa E: incorreta. No Arcadismo, prevalecem temas como: pastoralismo, bucolismo e alguns
lemas, tais quais “aproveite o dia”.
Gabarito: C.
59. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 6º Provão de Bolsas
ESA) Entre os trechos quinhentistas abaixo, identifique aquele em que há arcaísmo na linguagem.
a) "Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram os navios
pequenos, por chegarem primeiro."
b) "E sexta pela manhã, às oito horas, pouco mais ou menos, por conselho dos pilotos, mandou o
Capitão levantar âncoras e fazer vela"
c) "Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em
mostrar o rosto."
d) "O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, bem vestido, com um colar de
ouro
mui grande ao pescoço, e aos pés uma alcatifa por estrado."
e) "Não que eles de todos chegassem à borda do batel. Mas junto a ele, lançavam os barris que nós
tomávamos; e pediam que lhes dessem alguma coisa."

Comentários
Questão de Gramática aplicada à Literatura; identificação de trecho e conhecimento de
movimentos literários.
Alternativa A: incorreta. Descreve-se a constatação de existência dos indígenas em ocasião da
chegada ao Brasil. Há sujeito desinencial identificado a partir de verbos como “avistamos”, mas não
arcaísmo.
Alternativa B: incorreta. O registro lembra o gênero do diário de viagem. Há ordem indireta em
“mandou o Capitão levantar âncoras”, inclusive com a locução verbal desmembrada pelo próprio sujeito,
mas não arcaísmo.
Alternativa C: incorreta. Pero Vaz de Caminha descobre os nativos encontrados. Há o uso do termo
aditivo “nem” e sujeito desinencial identificado a partir do verbo “têm”, mas não há arcaísmo.
Alternativa D: correta – gabarito. Arcaísmo é uma palavra, expressão ou construção muito antiga,
fora de uso (dicionário Aulete). No caso, o emprego da palavra “mui” remete-se ao galego-português,
língua de contato comum à época do Quinhentismo.
Alternativa E: incorreta. É descrito o contato dos portugueses com os nativos. É exposto o choque
cultural por pronomes como “nós” e “eles”, mas não há arcaísmo.
Gabarito: D.
60. (Estratégia Militares 2020 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Chivunk ESA 2021)
Leia o texto abaixo para responde à questão.
mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira
seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos.
Uma das funções da literatura quinhentista era a de:

a) nomear.
b) criticar.
c) satirizar.
d) parodiar.
e) impactar.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento do movimento literário. A escola
literária do Quinhentismo já foi cobrado mais de uma vez pela ESA.
Alternativa A: correta – gabarito. Era também narrar e descrever a fauna brasileira, mas no trecho
a questão interessante abordada é que os portugueses precisaram criar nome para as espécies daqui,
como “rabo-de-asno” e “fura-buxos”.
Alternativa B: incorreta. Essa característica surgiria no Barroco.
Alternativa C: incorreta. Pode ser encarada como sinônimo de criticar ou ridicularizar.

Alternativa D: incorreta. O Quinhentismo é o primeiro movimento literário da historiografia

literária brasileira. A paródia pressupõe imitação de outras formas.
Alternativa E: incorreta. O texto quinhentista não era assim tão estilizado.
Gabarito: A.
“E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de
mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno.”
Disponível em: https://tinyurl.com/zr8ddzsk. Acesso em: 29 mar. 2021.
Essa passagem pertence ao movimento quinhentista no Brasil. A respeito da Carta de Pero Vaz de
Caminha, é correto afirmar que
a) é uma obra classificada na tendência da literatura de formação, pois apresentava teor pedagógico
diante do contato com os povos indígenas.
b) se aproxima do diário pessoal, em que informações íntimas são reveladas, como é o caso da relação
entre os tripulantes.
c) manifesta um caráter informativo, uma vez que descreve a fauna brasileira depois de os
portugueses travarem o primeiro contato com os nativos.
d) demonstra o perfil ufanista que é típico dos textos dessa época, sobretudo no quesito da exaltação
da pátria como identidade nacional.
e) pode ser considerada como documento histórico, a partir do qual registros de precisão náutica e
nomenclaturas botânicas podem ser levantados.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento do movimento literário. Inspirada na
ESA 2014.
Alternativa A: incorreta. A Carta de Pero Vaz de Caminha é classificada como literatura de
informação e não formação. A diferença é que a literatura de informação descreve a fauna e a flora
brasileiras, bem como os povos nativos, ao passo que a literatura de formação era jesuítica e voltada para
a catequese dos povos indígenas.
Alternativa B: incorreta. Aproxima-se do diário de viagem e não do diário pessoal.
Alternativa C: incorreta. Tem caráter informativo, sim, mas nesse trecho em particular o que está
sendo descrito é a flora (ervas) e não a fauna. Também tenham cuidado com inconsistências, como o uso
do termo “depois”.
Alternativa D: incorreta. Ufanismo é o nacionalismo exacerbado. Atenção: só é possível empregar
o termo “nacionalismo” depois da Independência Política do Brasil em 1822.

Alternativa E: correta – gabarito. A Carta de Pero Vaz de Caminha é uma obra que mescla fatos
históricos com técnicas literárias. No caso, há descrição de medidas náuticas bem como descrição da flora.
Gabarito: E.
respeito da literatura de catequese, assinale os principais autores.
a) Pero Vaz de Caminha e Manuel de Nóbrega.
b) José de Anchieta e Manuel de Nóbrega.
c) Pero Vaz de Caminha e Magalhães Gândavo.
d) Magalhães Gândavo e José de Anchieta.
e) Manuel de Nóbrega e Magalhães Gândavo.
Comentários
Questão de conhecimento de autores do cânone/conhecimento do movimento literário.
Observação: literatura de catequese é sinônimo de literatura de formação.
Alternativa A: incorreta. Pero Vaz de Caminha escreveu literatura de informação e não de
catequese.
Alternativa B: correta – gabarito. Tanto José de Anchieta quanto Manuel de Nóbrega eram padres
envolvidos na catequização dos indígenas no Brasil Colônia. Seus textos são produções quinhentistas.
Padre José de Anchieta escreveu poemas, hinos, canções e autos, como, por exemplo, “Auto de São
Lourenço”. Por sua vez, Padre Manuel de Nóbrega chefiou a primeira missão jesuítica na América.
Alternativa C: incorreta. Pelos mesmos motivos da letra A, Pero Vaz de Caminha escreveu literatura
de informação e não de catequese.
Alternativa D: incorreta. Pero de Magalhães Gândavo escreveu literatura de informação e não de
catequese. É dele a autoria da obra “História da Província de Santa Cruz a que Vulgarmente Chamamos
Brasil”.
Alternativa E: incorreta. Pelos motivos da letra D, Pero de Magalhães Gândavo escreveu literatura
de informação e não de catequese.
Gabarito: B.
Assinale a alternativa que contém a representação da visão de mundo veiculada pela literatura
jesuítica quinhentista.
a) “Pois teu sangue redentor/Lavou minha culpa humana”
b) “Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.”
c) “Gentil padre mundanal, a Belzebu vos encomendo!”
d) “O próprio Deus da Guerra desumano/Não viveu de amor ileso”
e) “Não permita Deus que eu morra,/Sem que eu volte para lá;”

Comentários
Questão de interpretação de texto literário; identificação de trechos e conhecimento do
movimento literário. Observação: questão coringa (cada trecho é de um autor de um movimento literário
diferente).
Alternativa A: correta – gabarito. A visão de mundo veiculada no movimento literário quinhentista
é predominantemente teocêntrica, o que quer dizer que Deus era o centro do universo e as obras
jesuíticas eram religiosas. Nesse trecho, há alusões à possibilidade de redenção religiosa, como se fosse
um culto. Trata-se de um excerto da obra “Auto de São Lourenço”, do autor quinhentista Padre José de
Anchieta.
Alternativa B: incorreta. Trata-se de um trecho do poema “Os Ombros Suportam o Mundo” do
poeta modernista brasileiro Carlos Drummond de Andrade. A visão de mundo é pessimista e descrente.
Alternativa C: incorreta. Consiste em um trecho da peça “Auto da barca do inferno” do dramaturgo
humanista português Gil Vicente. Nesse trecho, até mesmo a classe do clero está sendo criticada.
Alternativa D: incorreta. É um trecho da obra “Marília de Dirceu” do poeta árcade brasileiro Tomás
Antônio Gonzaga. No caso, não há defesa de um único deus, mas sim de vários. Quer dizer, há valorização
da mitologia greco-latina (paganismo) e não do catolicismo. Isso pode ser inferido a partir da menção ao
“Deus da Guerra”, que corresponde a Ares na mitologia grega e Marte na mitologia latina.
Alternativa E: incorreta. Trata-se de um trecho da “Canção do Exílio”, do poeta da primeira geração
romântica brasileira, Gonçalves Dias. A principal característica desse texto é o nacionalismo e a menção a
Deus no poema é para ressaltar o ímpeto da hipérbole.
Gabarito: A.
______ foi o movimento literário brasileiro pioneiro e foi o mais ligado ao período histórico do Brasil
Colônia.
a) Quinhentismo.
b) Neoclassicismo.
c) Romantismo.
d) Realismo.
e) Modernismo.
Comentários
Questão de conhecimento do movimento literário e preencher lacunas. Observação: é importante
a interdisciplinaridade com a História.
Alternativa A: correta – gabarito. O Quinhentismo é considerado o primeiro movimento literário
brasileiro, pois foi produzido em solo brasileiro (na época, Terra de Vera Cruz), embora as obras tenham
sido escritas por europeus, principalmente portugueses. Seu contexto histórico foram os séculos XVI e o
início do XVII, o que corresponde ao período histórico do Brasil Colônia.
Alternativa B: incorreta. O Neoclassicismo ou Arcadismo (são sinônimos) ocorreu no Brasil na
segunda metade do século XVIII. Ainda era Brasil Colônia, mas os rumos da História Nacional já se
encaminhavam para a Independência.

Alternativa C: incorreta. O Romantismo foi o primeiro movimento literário nacional (ou

nacionalista), pois coincide com a Independência Política do país em 1822. Foi um movimento literário
que ocorreu durante os dois primeiros terços do século XIX.
Alternativa D: incorreta. O Realismo foi um movimento literário do fim do século XIX e o período
histórico já era Brasil Império.
Alternativa E: incorreta. O Modernismo foi um movimento literário que ocorreu no século XX e o
período histórico já era Brasil República.
Gabarito: A.
65. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) No
trecho “Mas permitirá nosso Senhor que ainda em nossos dias se descubram nela grandes tesouros,
(...) como pelo proveito de seus vassalos que o desejam servir”, identifica-se literatura de:
a) concepção.
b) catequização.
c) informação.
d) comunhão.
e) cultivação.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento do movimento literário.
Alternativa A: incorreta. Não existe “literatura de concepção”; o que existe é o conceptismo, que
é uma tendência barroca e não quinhentista.
Alternativa B: incorreta. Atenção: embora a literatura de catequese seja de fato uma tendência
quinhentista, e no trecho haja teocentrismo, mediante crença em Deus para realização de propósitos, o
trecho acima não tem a função de converter os indígenas, nem cunho pedagógico.
Alternativa C: correta – gabarito. Trata-se de um trecho da obra “Tratado da Terra do Brasil” de
autoria de Pero Magalhães Gândavo. Há alusão a um destinatário, partindo-se do pressuposto de que seja
uma autoridade, o que se infere a partir de termos como “vassalos”. Tentando impressioná-lo, o
remetente utiliza o adjetivo “grandes” para aludir aos “tesouros” encontrados nas terras estrangeiras.
Trata-se da tendência quinhentista da literatura de informação.
Alternativa D: incorreta. Comunhão é um ritual católico, mas não é mencionado no trecho.
Alternativa E: incorreta. Não existe “literatura de cultivação”. Os textos quinhentistas no geral
costumavam ressaltar o choque cultural entre os povos europeus, principalmente os portugueses, e os
nativos. Porém, “cultura” e “cultivação” não são sinônimos.
Gabarito: C.
respeito do antropocentrismo disseminados pelos clássicos, é correto afirmar que ele
a) era uma visão de mundo baseada no uso da racionalidade.
b) ia ao encontro de ideias do próximo movimento que é o barroco.
c) foi uma reação ao paganismo predominante na época.

d) busca a explicação dos sentimentos humanos na astronomia.

e) vincula-se à comparação do ser humano ao animal.
Comentários
Alternativa A: correta – gabarito. O antropocentrismo é a crença de que o ser humano é o centro
do universo. No Classicismo (século XVI), sinônimo também de Renascimento, a visão de mundo
predominante era racionalista, havendo reconhecimento das artes e ciências.
Alternativa B: incorreta. “Ir de encontro” significa concordância, ir em direção a algo. Pelo
contrário: o Barroco foi um movimento com ideias bem diferentes do Classicismo, pois no Barroco houve
retomada do teocentrismo.
Alternativa C: incorreta. Paganismo nesse sentido é sinônimo de mitologia greco-latina, uma das
principais características do Classicismo.
Alternativa D: incorreta. Alternativa inspirada na prova da ESA 2014. O antropocentrismo
valorizava artes e ciências, inclusive muitos artistas e cientistas eram patrocinados. Galileu Galilei (1564-
1642) era um contemporâneo dessa época e astrônomo, mas essa área não é generalizada em todo o
movimento.
Alternativa E: incorreta. O movimento literário que valoriza essa característica é o Naturalismo e
não o Classicismo.
Gabarito: A.
67. (Estratégia Militares 2021 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – SPRINT ESA 2022) É
correto afirmar sobre o Trovadorismo que
a) as peças teatrais eram o gênero preponderante.
b) nas cantigas de maldizer há intenção de ofensa.
c) nas cantigas de escárnio pode haver recurso irônico.
d) o eu lírico das canções de amor é amiúde feminino.
e) no amor cortês a dama deve se esforçar pelo cavalheiro.
Comentários
Alternativa A: incorreta. O gênero predominante no Trovadorismo era a poesia, apresentando
quatro classificações de cantigas. Houve prosa também, com os romances de cavalaria. Os autos serão
famosos no Humanismo e não no Trovadorismo.
Alternativa B: incorreta. A ofensa propriamente dita não é necessariamente uma característica
nem da cantiga de escárnio nem da de maldizer. O que são aspectos da cantiga de maldizer são a zombaria
e a crítica direta; se houvesse ofensa, ela era uma consequência.
Alternativa C: correta – gabarito. A ironia é uma figura de linguagem que ocorre quando se diz o
contrário do que se quer dizer. Como as cantigas de escárnio tendem a ser indiretas e sutis, nelas pode
haver ironia.
Alternativa D: incorreta. “Amiúde” significa frequentemente, com constância. O eu lírico nas
canções de amor é masculino.

Alternativa E: incorreta. Pelo contrário: no amor cortês, é o cavalheiro quem deve se esforçar pela
dama.
Gabarito: C.
“INÊS [...]
Que sempre disse e direi:
Mãe, eu me não casarei
Senão com homem discreto,
E assi vo-lo prometo
Ou antes o leixarei.”
Em se tratando de um texto medieval, pode-se inferir que Inês é uma personagem

a) imbatível.
b) inefável.
c) indiferente.
d) intrépida.
e) invencível.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/semântica.
Alternativa A: incorreta. “Imbatível” denota contra o qual não se pode lutar. Inês Pereira
argumentava com a mãe, diálogo no qual apresenta pelo menos duas possibilidades. Atenção para o uso
do conectivo alternativo: “ou”.
Alternativa B: incorreta. “Inefável” significa indescritível. Inês Pereira no trecho manifesta um
traço de caráter que evidencia sua personalidade.
Alternativa C: incorreta. “Indiferente” denota algo sem expressão. Pelo contrário: no trecho, Inês
Pereira exprime uma opinião formada.
Alternativa D: correta – gabarito. “Intrépida” significa ousada, corajosa. Na Era Medieval, a figura
da mulher não tinha grande representatividade nem voz. Então, para uma personagem como Inês Pereira
decidir como gostaria que fosse seu próprio casamento manifestava de sua parte um livre arbítrio e um
certo empoderamento feminino que não eram comuns no período.
Alternativa E: incorreta. “Invencível” é sinônimo de “imbatível”, ou seja, as alternativas A e E eram
mutuamente autoexcludentes.
Gabarito: D.
Bardo português do Renascimento que escreveu tanto poesia épica quanto lírica:
a) Sá Miranda.

b) Leonardo da Vinci.
c) Gil Vicente.
d) Airas Nunes.
e) Luís de Camões.
Comentários
Questão de conhecimento de autores do cânone.
Alternativa A: incorreta. Sá Miranda até foi um poeta clássico contemporâneo de Camões, mas
não escreveu poesia épica.
Alternativa B: incorreta. Leonardo da Vinci foi um artista e inventor do período do Renascimento,
mas não era bardo (poeta) nem português, mas sim italiano.
Alternativa C: incorreta. Gil Vicente é um dramaturgo humanista e não um bardo renascentista.
Alternativa D: incorreta. Airas Nunes é um escritor do Trovadorismo.
Alternativa E: correta – gabarito. Atenção: Renascimento é sinônimo de Classicismo. Luís Vaz de
Camões era um escritor renascentista português, tendo escrito tanto poesia épica (“Os Lusíadas”) quanto
poesia lírica (sonetos).
Gabarito: E.
poema “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” representa um tipo de poesia camoniana cuja
temática é
a) melancólica.
b) filosófica.
c) amorosa.
d) épica.
e) medieval.
Comentários
Questão de conhecimento de autores e obras do cânone.
Alternativa A: incorreta. Ter consciência da mudança do tempo não é necessariamente tender à
melancolia ou ao pessimismo.
Alternativa B: correta – gabarito. Porque é um poema que fala da consciência da passagem do
tempo (o que é possível de ser inferido já desde o título), trata-se da poesia lírica filosófica camoniana.
Alternativa C: incorreta. Camões até apresenta um tipo de poesia lírica em que explora a temática
amorosa, geralmente tendendo ao neoplatonismo (amor não correspondido); porém, no soneto
abordado no comando teórico, o eu lírico encontra-se preocupado, atormentado, evidenciando traços
filosóficos.
Alternativa D: incorreta. Trata-se de um soneto e não poesia épica.
Alternativa E: incorreta. Camões é um escritor enquadrado na Era Clássica e não Medieval.
Gabarito: B.

Textos para as próximas 5 questões
TEXTO I
Isto tomávamos nós assim por assim o desejarmos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e
mais o colar, isto não o queríamos nós entender, porque não lho havíamos de dar. E depois tornou as
contas a quem lhas dera. Então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir, sem buscarem maneira
de cobrirem suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem rapadas e
feitas. O Capitão lhes mandou pôr por baixo das cabeças seus coxins; e o da cabeleira esforçava-se por
não a quebrar. E lançaram-lhes um manto por cima; e eles consentiram, quedaram-se e dormiram.
CAMINHA, Pero Vaz de. Carta de Achamento a El-Rei D. Manuel I.
Disponível em: https://tinyurl.com/4jpjxxz3. Acesso em: 22 jul. 2022.
TEXTO II
RIQUEZAS NATURAIS
Muitos metaes pepinos romans e figos

De muitas castas
Cidras limões e laranjas
Uma infinidade
Muitas cannas daçucre
Infinito algodam
Também há muito paobrasil
Nestas capitanias
ANDRADE, Oswald. Poesia Pau-Brasil (1925).
Os textos podem ser classificados, respectivamente, como:

a) diário de viagem e prosa poética.
b) literatura de catequese e poema concretista.
c) literatura de informação e poema-piada.
d) cronicão e écloga.
e) romance de cavalaria e pastoral.
Comentários
Questão de teoria literária/literatura comparada.
Alternativa A: incorreta. O primeiro texto é uma carta pois tem remetente/destinatário e o
segundo texto ainda é escrito em forma de poesia.
Alternativa B: incorreta. A Carta de Pero Vaz de Caminha se enquadra na literatura de informação
e não de catequese.
Alternativa C: correta – gabarito. A carta tem como por objetivo informar à coroa portuguesa e o
poema usa de técnicas como arcaísmos e deboche.
Alternativa D: incorreta. Não é um mero registro historiográfico.
Alternativa E: incorreta. Não é prosa trovadoresca.

Gabarito: C.
_____________________________________________________________________________________
Quanto ao narrador da Carta de Achamento, no primeiro texto, é correto afirmar que é:
a) atencioso, pois está cuidado dos índios.
b) pretensioso, pois toma conclusões precipitadas.
c) belicoso, pois se prepara para um ataque.
d) esperto, pois aproveita a ocasião para comercializar.
e) previsível, pois trata-se de uma personagem plana.
Comentários
Alternativa A: incorreta. Trata-se de uma apropriação cultural.
Alternativa B: correta – gabarito. Acha que sabe o que pensa e querem os indígenas, sem ao menos
falar a língua deles sequer.
Alternativa C: incorreta. Não está se preparando para a guerra, mas sim para ir dormir.
Alternativa D: incorreta. Embora seja um texto da época das Grandes Navegações, o foco em si
não é no comércio.
Alternativa E: incorreta. Não é ficcional nem idealizado.
Gabarito: B.
_____________________________________________________________________________________
Acerca dos pontos de vista dos textos, se comparados, representam
a) perversidade e indiferença.
b) religiosidade e misticismo.
c) cultismo e subjetividade.
d) determinismo e vanguarda.
e) eurocentrismo e apropriação.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/literatura comparada.
Alternativa A: incorreta. O narrador age de acordo com suas crenças e o eu lírico é crítico.
Alternativa B: incorreta. Nem um tempo outro.
Alternativa C: incorreta. Nem o primeiro texto é barroco nem o segundo escrito na primeira
pessoa.
Alternativa D: incorreta. Determinismo é uma teoria do fim do século XIX.

Alternativa E: correta – gabarito. Pero Vaz de Caminha é um colonizador que acha que só a sua
opinião está certa; já o eu lírico do poema se passa por um colonizador, representando seu senso de
exploração e seus sensos comuns.
Gabarito: E.
_____________________________________________________________________________________
74. (Estratégia Militares 2022 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Viradão ESA 2023) A
Poesia Pau-Brasil de Oswald de Andrade leva como principal inspiração:
a) preciosismos linguísticos.
b) erros ortográficos.
c) linguagem popular.
d) revisionismo histórico.
e) erudição estilística.
Comentários
Questão de conhecimento de autores e obras do cânone/movimentos literários.
Alternativa A: incorreta. Não é um movimento perfeccionista.
Alternativa B: incorreta. Não são erros, mas sim arcaísmos: linguagem antiga, justamente para
ironizá-la, já que caiu em desuso.
Alternativa C: incorreta. Cuidado: por mais que seja mesmo uma característica modernista, não é
o predominante no poema.
Alternativa D: correta – gabarito. Trata-se de olhar para o passado criticamente.
Alternativa E: incorreta. Não é um texto prolixo nem rebuscado.
Gabarito: D.
_____________________________________________________________________________________
Sobre as frutas apontadas no poema modernista, depreende-se que
a) assim como o Pau-Brasil e o cacau, são as principais matérias-primas da época.
b) simbolizam uma inconsistência, já que o eu lírico diz que a terra não é própria para o consumo.
c) consistem no uso da premissa antropofágica, pois reúnem procedências diferentes.
d) retratam um comércio arcaico, como se fossem as primeiras feiras.
e) aludem à exploração da flora, depois que terminaram de depredar a fauna.
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/interdisciplinaridade com a História.
Alternativa A: incorreta. O cacau nem é mencionado no poema.
Alternativa B: incorreta. No Brasil, planta-se de tudo; até frutas que não são daqui.
Alternativa C: correta – gabarito. O figo, por exemplo, é uma fruta de regiões frias.

Alternativa D: incorreta. Da forma como é descrito parece, mas não são só as frutas, como também
os metais que entram na lógica da importação.
Alternativa E: incorreta. A fauna não é abordada.
Gabarito: C.
_____________________________________________________________________________________
Amor, que o gesto humano n'alma escreve,

vivas faíscas me mostrou um dia,
donde um puro cristal se derretia
por entre vivas rosas e alva neve.
A vista, que em si mesma não se atreve,

por se certificar do que ali via,
foi convertida em fonte, que fazia
a dor ao sofrimento doce e leve.
Jura Amor que brandura de vontade

causa o primeiro efeito; o pensamento
endoudece, se cuida que é verdade.
Olhai como Amor gera num momento,

de lágrimas de honesta piedade
lágrimas de imortal contentamento.
CAMÕES, Luís Vaz de. Soneto 42. Disponível em: Domínio Público.
Acesso em: https://tinyurl.com/5h83rawn. Acesso em: 22 jul. 2022.
O verso que apresenta uma prosopopeia é:

a) “donde um puro cristal se derretia”
b) “foi convertida em fonte, que fazia”
c) “causa o primeiro efeito; o pensamento”
d) “se cuida que é verdade.”
e) “Olhai como Amor gera num momento,”
Comentários
Questão de interpretação de texto literário/Gramática aplicada à Literatura.
Alternativa A: incorreta. Trata-se de um advérbio de lugar.
Alternativa B: incorreta. Não é uma qualidade humana.
Alternativa C: incorreta. Ação que se associa ao Amor, mas não é necessariamente humana.
Alternativa D: incorreta. Expressão usada pelo eu lírico para ganhar credibilidade.

Alternativa E: correta – gabarito. Uma ação é associada ao sentimento do Amor, que aparece
deificado (com letra maiúscula).
Gabarito: E.
_____________________________________________________________________________________
Quanto à visão global do soneto, pode-se dizer que:
a) o lirismo irremediável fez enlouquecer o eu lírico.
b) o excesso de sentimentalidade prefigura o Barroco.
c) o idílio amoroso encontra espaço na natureza.
d) o eu lírico apela o leitor do seu desengano.
e) enfrenta-se a desilusão amorosa com heroísmo.
Comentários
Alternativa A: incorreta. É o pensamento que endoudece quando o amor não é correspondido.
Alternativa B: incorreta. É mais uma antecipação do Romantismo
Alternativa C: incorreta. Trata-se de um amor-ideia, pois o sentimento não é correspondido.
Alternativa D: correta – gabarito. O que se infere do uso do verbo conjugado na segunda pessoa
do singular no último terceto: “Olhai”.
Alternativa E: incorreta. O poema aponta contradições e não se trata da poesia épica.
Gabarito: D.
_____________________________________________________________________________________
Anjo:— Eu não sei quem te cá traz...

Brízida —Peço-vo-lo de giolhos!
Cuidais que trago piolhos,
anjo de Deos, minha rosa?
Eu sô aquela preciosa
que dava as moças a molhos,
a que criava as meninas
para os cônegos da Sé...
Passai-me, por vossa fé,
meu amor, minhas boninas,
olho de perninhas finas!
E eu som apostolada,
angelada e martelada,
e fiz cousas mui divinas.

Santa Úrsula nom converteu

tantas cachopas como eu:
todas salvas polo meu
que nenhuma se perdeu.
E prouve Àquele do Céu
que todas acharam dono.
Cuidais que dormia eu sono?
Nem ponto se me perdeu!
Anjo — Ora vai lá embarcar, não estás importunando.
Brízida — Pois estou-vos eu contando o porque me haveis de levar.
VICENTE, Gil. Auto da barca do inferno. Fonte: Domínio Público.
Disponível em: https://tinyurl.com/2p9bujyf. Acesso em: 22 jul. 2022.
O auto é uma breve peça teatral de caráter religioso ou profano. Nesse sentido, o exemplo configura
a) um teatro esquemático: as personagens perdem a sua individualidade.
b) um teatro em versos: procedimento este típico dos costumes da cavalaria.
c) uma cantiga de escárnio: isso porque as personagens não são identificadas.
d) uma comédia de costumes: a figura angelical é paciente, mas não se persuade pela mulher.
e) uma tragédia histórica: a mulher é a rainha que será conduzida para o inferno.
Comentários
Questão de teoria literária/conhecimento de movimentos literários.
Alternativa A: incorreta. São alegóricas, mas cada uma mantém sua marca.
Alternativa B: incorreta. Os romances de cavalaria trovadorescos são textos em prosa.
Alternativa C: incorreta. Realmente, na cantiga de escárnio a pessoa não é identificada, mas é um
auto humanista e não trovadoresco.
Alternativa D: correta – gabarito. Diz que ela não atrapalha com seu palavrório, mas não a conduz
imediatamente para o céu. É preciso que ela reitere sua argumentação.
Alternativa E: incorreta. Não é uma tragédia, porque o texto é humorístico.
Gabarito: D.
_____________________________________________________________________________________
Entre as estratégia argumentativas da alcoviteira está:
a) a inversão de valores.
b) o ataque à Igreja.
c) o apelo em oração.
d) a higiene corporal.
e) uma atitude submissa.
Comentários

Alternativa A: correta – gabarito. Ela diz que ajudou a cuidar de várias meninas, contribuindo com
sua educação, e que fez várias coisas angelicais em vida, mas ela era uma prostituta.
Alternativa B: incorreta. O teatro vicentino não se afasta de todo da intenção reformadora.
Alternativa C: incorreta. Ela não reza para Santa Úrsula, mas sim se comparada a ela em sua
“santidade”.
Alternativa D: incorreta. É uma provocação feita ao anjo, pois a prostituta infere que ela será
julgada pela sua aparência e por suas condições físicas.
Alternativa E: incorreta. Pelo contrário: ela assume a sua voz, a fim de tentar ir para o Paraíso.
Gabarito: A.
_____________________________________________________________________________________
80. (Estratégia Militares 2022 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – Viradão ESA 2023) O
amor cortês trovadoresco que se observa nas cantigas de amor. Tal código de conduta moral
influenciará outro movimento literário posteriormente, que é o:
a) Romantismo.
b) Parnasianismo.
c) Simbolismo
d) Realismo.
e) Modernismo.
Comentários
Questão de conhecimentos de movimentos literários/questão coringa.
Alternativa A: correta – gabarito. Pelo idealismo do comportamento, do cavalheiro que mantém
distância da dama, trata-se de uma aproximação da heroína romântica: a mulher colocada no pedestal.
Alternativa B: incorreta. O Parnasianismo é um movimento idealista, mas não se foca nas relações
humanas.
Alternativa C: incorreta. O Simbolismo é um movimento poético sem ligação com a realidade
imediata.
Alternativa D: incorreta. O Realismo é um movimento de crítica social, representando a classe
social da burguesia e com personagens psicologizadas.
Alternativa E: incorreta. O Modernismo é um movimento muito extenso, didaticamente dividido
em 3 gerações.
Gabarito: A.
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11.0. Considerações Finais

Eu me coloco à disposição de vocês para sanar eventuais dúvidas.

Tenho a meta de responder ao Fórum de Dúvidas, com a qualidade e profundidade exigidas, assim
como podem me encontrar em redes sociais. Além disso, também temos Sala VIP.
Versão Data Modificações Professora

1 16/10/2022 Entrega da primeira versão do texto. Luana Signorelli
/luana.signorelli Professora Luana @profa.luana.signorelli

Signorelli
Luana Signorelli @luanasignorelli1


Aula 01 Quinhentismo Trovadorismo Humanismo e Classicismo - EsPCEx 2024

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EsPCEx

Professora Luana Signorelli

1.0 CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL 4

6.0 MOVIMENTOS ARTÍSTICOS MEDIEVAIS 52

7.0 CRÍTICA LITERÁRIA 57

8.0 QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 61

9.0 QUESTÕES COM COMENTÁRIOS 98

10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 160

11.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 162

AULA 01 – QUINHENTISMO, TROVADORISMO, 2

Professora Luana Signorelli

/luana.signorelli Professora Luana @profa.luana.signorelli

Luana Signorelli @luanasignorelli1

AULA 01 – QUINHENTISMO, TROVADORISMO, 3

“O segredo do sucesso é a constância no objetivo”.

Segundo o nosso cronograma de aulas, hoje estudaremos o seguinte:

AULA TÓPICOS ABORDADOS

Então, vamos lá, não percamos tempo!

Na aula de hoje, iremos abordar 4 movimentos literários. Honestamente, eles

AULA 01 – QUINHENTISMO, TROVADORISMO, 4

Nesse início da historiografia literária, para além do Quinhentismo

AULA 01 – QUINHENTISMO, TROVADORISMO, 5

Fonte: Pixabay. Fonte: Shutterstock.

As grandes navegações motivaram expansões ultramarinas. A atmosfera era de

As capitais brasileiras foram respectivamente:

AULA 01 – QUINHENTISMO, TROVADORISMO, 6

E depois disso, no Brasil...

O Quinhentismo é a primeira escola literária brasileira, porque as obras foram

ESTILO LITERÁRIO PRINCIPAIS AUTORES DESCRIÇÃO

AULA 01 – QUINHENTISMO, TROVADORISMO, 7

LITERATURA DE FORMAÇÃO LITERATURA DE INFORMAÇÃO

Pontos históricos mais relevantes do Brasil

Até 1499 1500 1532 1538 1580 1599

A literatura de informação, ou de expansão, foi cultivada em Portugal à época das

AULA 01 – QUINHENTISMO, TROVADORISMO, 8

• Tendência literária de representação da figura

A primeira missa no Brasil (1861), de Victor Meirelles.

AULA 01 – QUINHENTISMO, TROVADORISMO, 9

Essa obra de arte foi criada em um movimento artístico posterior:

Sinopse: o filme é ambientado em 1570 e

2.1 Literatura de informação

Pero Vaz de Caminha

AULA 01 – QUINHENTISMO, TROVADORISMO, 10

Carta de Pero Vaz de Caminha (1500)

Com as caravelas ao fundo, o primeiro

AULA 01 – QUINHENTISMO, TROVADORISMO, 11

AULA 01 – QUINHENTISMO, TROVADORISMO, 12

AULA 01 – QUINHENTISMO, TROVADORISMO, 13

PROFA, MAS A CARTA É CONSIDERADA LITERATURA? SIM!

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Pero de Magalhães Gândavo

2.2 Literatura de catequese

Padre José de Anchieta

Padre José de Anchieta – Poema da Virgem

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AULA 01 – QUINHENTISMO, TROVADORISMO, 16

SINCRETISMO. Fusão de cultos religiosos ou de elementos culturais diferentes com

Padre Manuel de Nóbrega

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LITERATURA DE CATEQUESE LITERATURA DE INFORMAÇÃO

Outras obras de destaque do período do Quinhentismo no Brasil foram:

Ao lado, como curiosidade, foto de minha autoria da carta

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