Você está na página 1de 100

ANATOMIA

FUNCIONAL
Nervos cranianos,
órgãos dos sentidos e
glândulas endócrinas

FLORENTINO FERNANDEZ CUÉ

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 1 14/02/2022 23:10:51


Copyright ©: Florentino Fernandez Cué, 2021

ANATOMIA FUNCIONAL

Autor: Capa e Paginação Digital


Florentino Fernandez Cué Sandu Kaleia

Edição: Depósito legal:


Manuel Marques Carlos xxxxxx

Revisão: 1ª Edição:
XXX Tiragem:

Fotografia ISBN:
Pexel.com

Visionários Editores, 2021


Golf 2 – Kilamba Kiaxi – Luanda
E-mail: livrariavisionarios@gmail.com
Editor es Tel.: +244 915 305 773 / +244 949 646 532

Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer processo
electrónico, mecânico ou fotográfico, incluindo fotocópia ou gravação sem autorização prévia
da editora ou do autor.

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 2 14/02/2022 23:10:51


À minha querida mãe, dona Francisca Cue Muñoz
(1914 – 2008).

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 3 14/02/2022 23:10:51


ANATOMIA FUNCIONAL.indd 4 14/02/2022 23:10:51
Primeiramente, quero expressar aqui a minha imensurá-
vel gratidão à Carmen – minha amada esposa, e aos meus
queridos filhos Milene, Yoan e Osmany.

Sou igualmente grato ao colega e amigo Dr. Carlos Socar-


rás, bem como ao Dr. Manuel João, por serem as molas
impulsionadoras de todo este trabalho, por entenderem
que poderá servir a uma vasta geração de estudantes de
medicina.

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 5 14/02/2022 23:10:51


ANATOMIA FUNCIONAL.indd 6 14/02/2022 23:10:51
ÍNDICE

9  INTRODUÇÃO
11  NERVOS CRANIANOS
14  NÚCLEOS BASAIS DOS NERVOS CRANIANOS
20  I PAR CRANIANO
21  II PAR CRANIANO
22  III PAR CRANIANO
23  IV E VI PARES CRANIANOS
25  V PAR CRANIANO
26  VII PAR CRANIANO
27  VIII PAR CRANIANO
28  IX PAR CRANIANO
29  X PAR CRANIANO
31  XI PAR CRANIANO
32  XII PAR CRANIANO
34  ÓRGÃOS DOS SENTIDOS
36  SENTIDO DO OLFACTO
38  VISÃO
41  TÚNICA EXTERNA FIBROSA
42  TÚNICA INTERMÉDIA
43  RETINA
44  ZONAS DA RETINA
46  MEIOS TRANSPARENTES DO OLHO
48  ACOMODAÇÃO VISUAL
49  ADAPTAÇÃO AO CLARO E AO ESCURO

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 7 14/02/2022 23:10:51


50  ÓRGÃOS ANEXOS AO GLOBO OCULAR
52  MUSCULATURA EXTRÍNSECA DO OLHO
53  OUVIDO
54  OUVIDO EXTERNO
55  OUVIDO MÉDIO
56  OUVIDO INTERNO
60  SENTIDO DO GOSTO
64  LÍNGUA
66  FUNÇÃO SENSORIAL GUSTATIVA
69  TACTO
70  SISTEMA SOMATOSSENSORIAL
75  RECEPTORES SOMESTÉSICOS
78  TACTO
80  SISTEMA ENDÓCRINO
81  HIPÓFISE
82  LOBO ANTERIOR
83  LOBO POSTERIOR
84  HIPOTÁLAMO
85  GLÂNDULA TIREIÓIDE
86  GLÂNDULAS PARATIREÓIDES
87  PÂNCREAS
88  FUNÇÃO DOS HORMÓNIOS DO PÂNCREAS
89  GLÂNDULAS SUPRARRENAIS
91  HORMÓNIOS DA MEDULA SUPRARRENAL
92  GLÂNDULAS ENDÓCRINAS SEXUAIS
94  HORMÓNIOS SEXUAIS MASCULINOS
95  GLÂNDULA PINEAL
97  TIMO
99  BIBLIOGRAFIA

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 8 14/02/2022 23:10:51


INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO
Esta é uma versão aprimorada das matérias de anatomia humana que temos
vindo a ministrar em ciências da saúde, particularmente nos cursos de me-
dicina, visando facilitar o estudo aprofundado das estruturas e sistemas que
constituem o corpo humano, de maneira tanto descritiva quanto funcional.
Embora objectivamos fundamentalmente reforçar as bases convencionais
da anatomia, neste projecto de pesquisa, procuramos enfatizar a dimensão
funcional dos diferentes órgãos do corpo, às vezes incompreendidos no
que se refere à sua forma e à maneira como está constituído. Por essa via,
acreditamos que, quando as funções principais e secundárias dos diferen-
tes órgãos do corpo são correctamente interpretadas, consegue-se com-
preender a natureza que estabelecem entre si.
Por conseguinte, no quadro dos seus objectivos, enquanto ferramenta di-
dáctica, este trabalho também se propõe a facilitar a transmissão do saber
técnico, de maneira concisa, por sua simplicidade descritiva. Por outro lado,
é somente o primeiro de uma série de manuais de Anatomia Humana Fun-
cional que nos propomos trazer, proximamente, visando responder ao pla-
no curricular da disciplina, nos cursos superiores de Saúde.
Assim, neste volume, abordamos de modo relativamente sucinto, sobre os
nervos cranianos, órgãos dos sentidos e sistema endócrino. No volume se-
guinte, falaremos sobre os sistemas cardiocirculatório, linfático, respirató-
rio, digestivo, nefrourinário e reprodutor. Já no terceiro, nos debruçaremos
em torno do sistema ostio-mio-articular. Para os estudantes de odontologia,
nesta colecção, traremos de modo especial, um volume voltado para o estu-
do da cabeça e do pescoço.
Por fim, depois de todo este trabalho, obviamente árduo, auguramos que
esta obra responda cabalmente aos objectivos que inicialmente nos propu-
semos, que é a de ajudar na formação dos melhores técnicos de Saúde que
este país pode vir a ter.

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 9 14/02/2022 23:10:51


CAPÍTULO - I

NERVOS
CRANIANOS

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 10 14/02/2022 23:10:51


NERVOS CRANIANOS

NERVOS CRANIANOS
É o conjunto de nervos que emerge directamente do cérebro. São for-
mados por 12 pares tecnicamente ordenados em numeração romana
de I a XII. Eles enviam informação sensorial do pescoço e da cabeça
para o Sistema Nervoso Central - SNC por meio dos nervos sensitivos,
bem como controlam a função motora dos músculos esqueléticos do
pescoço e da cabeça através dos nervos motores.
Aos nervos cranianos se lhes reconhece uma origem real, dada pelos
núcleos que o constituem; uma origem de saída do tronco cerebral,
que é de onde surgem; e a saída no orifício de emergência do nervo,
na base do cránio.
A origem real dos 10 últimos n.c. dá-se nos núcleos basais, no tronco
do encéfalo e na substância cinzenta da medula espinhal superior.
Os dois primeiros nervos cranianos têm sua origem real fora do SNC,
nos gânglios periféricos modificados.

▲Fig. 1 Nervos cranianos e estruturas do tronco cerebral

11

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 11 14/02/2022 23:10:51


ANATOMIA FUNCIONAL

CLASSIFICAÇÃO DOS NERVOS CRANIANOS

Os nervos cranianos classificam-se em:


- Nervos cranianos sensoriais
- Nervos cranianos motores
- Nervos cranianos mistos.

Nervos cranianos sensoriais


São três nervos sensitivos, dos quais os dois primeiros são tidos como
prolongamentos do SNC, dada a sua origem fora do encéfalo, nos
gânglios periféricos.
I - Nervo olfactório
II - Nervo óptico
III - Nervo auditivo ou vestibulococlear.

Nervos cranianos motores


É o conjunto de cinco nervos, dos quais três respondem pela movi-
mentação do olho, um pelos músculos látero-posteriores do pescoço
e outro da língua.
III - Nervo oculomotor
IV - Nervo troclear
VI - Nervo abducente
XI - Nervo acessório
XII - Nervo hipoglosso

Nervos cranianos mistos


São quatro nervos constituídos de fibras sensitivos e motores.
V - Nervo trigêmeo
VII - Nervo facial
IX - Nervo glossofaríngeo
X - Nervo vago ou pneumogástrico

Cinco dos nervos cranianos possuem fibras vegetativas do


sistema nervoso periférico parassimpático, respondendo
com a parte craniana periférica do sistema nervoso autó-
nomo.

III n.c - oculomotor X n.c - pneumogástrico


VII n.c - facial XI n.c - acessório
IX n.c - glossofaríngeo

12

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 12 14/02/2022 23:10:51


NERVOS CRANIANOS
SAÍDA DOS NERVOS CRANIANOS NO TRONCO ENCEFÁLICO

- Os nervos III e IV surgem


a nível do mesencéfalo.
- Os nervos V, VI, VII e VIII
aparecem na área da
protuberância.
- Os nervos IX, X, XI e XII se
observam no bulbo ra-
quidiano.

◄Fig. 2 Local de saída dos nervos


cranianos no tronco cerebral

▲Fig. 3 Localização e funções principais dos nervos cranianos

13

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 13 14/02/2022 23:10:56


NÚCLEOS BASAIS DOS NERVOS CRANIANOS
ANATOMIA FUNCIONAL

Dentro dos núcleos basais do tronco encefálico há um grupo sensitivo ou motor, que dá origem aos ner-
vos cranianos do tronco cerebral, e responde pelas suas funções, como pode ser comprovado na figura 6.

NÚCLEOS SENSITIVOS

Os núcleos sensitivos dão origem às fibras sensitivas gerais, especiais e viscerais dos nervos cranianos
correspondentes. Elas apresentam-se em forma de coluna ao longo do tronco cerebral.

Coluna de fibras sensitivas gerais


As fibras sensitivas gerais da cabeça (tacto, pressão, dor e temperatura), pertencem ao V nervo craniano
e ascendem no tronco cerebral, no núcleo sensitivo do trigémeo, situado entre o bulbo, a ponte e o
mesencéfalo.

Coluna de fibras sensitivas especiais


As fibras sensitivas especiais (audição e equilíbrio) pertencem ao VIII n.c., e localizam-se nos núcleos
coclear e vestibular, na ponte.

Coluna das fibras sensitivas viscerais


As fibras aferentes viscerais (gustativas e outras) terminam no núcleo do trato solitário, na ponte.

NÚCLEOS MOTORES
Os núcleos motores permitem a formação das fibras que dão lugar à função eferente dos respectivos
nervos cranianos. Elas formam três colunas bem definidas ao longo do tronco cerebral, a saber: eferente
somática, branquio motora e parassimpática. Esta última coluna, dá lugar às fibras que respondem pelas
funções do sistema autónomo parassimpático.

Coluna Eferente Somática


O núcleo do nervo oculomotor (III n.c.) situa-se no colículo superior.
O núcleo do nervo troclear ( VI n.c.) situa-se no colículo inferior.
O núcleo do nervo abducente (IV n.c.) situa-se na porção caudal da ponte, embaixo do 4º ventrículo.
O núcleo do nervo hipoglosso (XII n.c.) situa-se na ponte.

Coluna Brânquio-Motora
O núcleo motor do trigémeo( V n.c.) localiza-se no tegmento da porção média da ponte.
O núcleo motor facial( VII n.c.) localiza-se no tegmento da porção caudal da ponte.
O núcleo ambíguo está no interior do bulbo e envia fibras eferentes aos nervos glossofaríngeo (IX n.c.),
vago (X n.c.) e ao acessório, na porção craniana(XI n.c.).

14

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 14 14/02/2022 23:10:56


NERVOS CRANIANOS
Coluna Parassimpática
O núcleo acessório do III n.c. está no centro, no mesencéfalo, adjacente ao núcleo do III n.c.
Os núcleos salivatórios superior e inferior situam-se no teto da ponte.
O núcleo salivatório superior envia fibras motoras ao VII n.c.
O núcleo salivatório inferior envia as fibras ao IX n.c.
O núcleo posterior motor do vago (X n.c.) situa-se na ponte.

ORIGEM REAL DOS NERVOS CRANIANOS

▲Fig. 4 Vista posterior do tronco cerebral. Localização dos núcleos motores e sensitivos dos nervos cranianos.

15

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 15 14/02/2022 23:10:56


ANATOMIA FUNCIONAL

ORIGEM REAL DOS NERVOS CRANIANOS

Fontes: NETTER,

▲Fig. 5 Vista lateral do tronco cerebral. Localização dos núcleos motores e sensitivos dos nervos cranianos

16

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 16 14/02/2022 23:10:57


NERVOS CRANIANOS
NÚCLEOS BASAIS DOS NERVOS CRANIANOS

▲Fig.6 Tronco cerebral, vista posterior. Núcleos basais dos nervos cranianos.

17

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 17 14/02/2022 23:10:58


ANATOMIA FUNCIONAL

EMERGÊNCIA DOS NERVOS CRANIANOS NO ENCÉFALO

PAR CRANIANO DENOMINAÇÃO ORIGEM DOS NERVOS

Primeiro Olfactório Bulbo olfactório

Segundo Óptico Células ganglionares, na retina

Terceiro Oculomotor Fossa interpeduncular

Quarto Troclear Véu medular superior

Quinto Trigêmeo Pedúnculo cerebelar médio

Sexto Abducente Sulco bulbo pontino, anterior

Sétimo Facial Sulco bulbo pontino, lateral anterior

Oitavo Vestibulococlear Sulco bulbo pontino, lateral posterior

Novo Glossofaríngeo Sulco lateral posterior do bulbo

Décimo Vago Sulco lateral posterior do bulbo

Acessório Sulco lateral posterior do bulbo e


Décimo primeiro
medula espinhal
Décimo segundo Hipoglosso Sulco lateral anterior do bulbo

▲Tab. 1 Locais de emergência dos


nervos cranianos.

◄ Fig. 7 Orifícios de emergência dos nervos


cranianos na base do crânio.
18

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 18 14/02/2022 23:10:58


NERVOS CRANIANOS
FUNÇÃO, ACÇÃO E NÚCLEOS DE ORIGEM DOS NERVOS CRANIANOS

Nº Nervo Função Acção Núcleo (s)

I Olfactório Olfacto sensitivo Núcleo olfactório

II Óptico Visão sensitivo Núcleo geniculado


lateral

III Motor ocular Motricidade dos músculos ciliar, motor Núcleo oculo motor,
comum / esfíncter da pupila, todos os músculos Núcleo de Edinger
extrínsecos do bulbo do olho, excepto Westphal
Oculo motor
recto anterior e oblíquo superior

IV Patético / Motricidade do músculo oblíquo motor Núcleo troclear


Troclear superior do bulbo do olho

Trigêmeo Controlo dos movimentos da misto Núcleo principal


V mastigação (ramo motor); Percepções sensorial trigeminal,
sensoriais da face, seios paranasais e Núcleo espinhal
dentes (ramo sensorial) trigeminal, Núcleo
mesencefálico
trigeminal, Núcleo
trigeminal motor

VI Motor ocular Motricidade do músculo reto motor Núcleo


externo / lateral do bulbo do olho abducente
Abducente

VII Facial Controlo dos músculos faciais–mí- misto Núcleo facial, Núcleo
mica facial e liberação de lágrimas e solitário, Núcleo
saliva da glândula parotídea, (ramo salivatório superior
motor); Percepção gustativa nos 2/3
anteriores da língua (ramos sensorial)

VIII Vestíbulo Vestibular: orientação e movimento; sensitivo Núcleo vestibular,


Coclear: audição Núcleo coclear
coclear

IX Glossofarín- Percepções gustativa no 13 posterior misto Núcleo ambíguo,


da língua, Percepções sensoriais da Núcleo salivatório
geo
faringe, laringe e palato. inferior, Núcleo
solitário

X Vago / Percepções sensoriais da orelha, misto Núcleo ambíguo,


faringe, laringe, tórax, e vísceras. Núcleo vagal
pneumo-
Inervação das vísceras torácicas e motor dorsal,
gástrico Núcleo solitário
abdominais.

XI Espinal / Rotação da cabeça e elevação do motor Núcleo ambíguo,


ombro, inervação dos músculos Núcleo acessório
acessório
espinhal
esternocleidomastóideo e trapézio.

XII Hipoglosso Motricidade dos músculos da língua motor Núcleo hipoglosso


(excepto o músculo palatoglosso)

▲ Tab. 2 Função dos nervos cranianos 19

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 19 14/02/2022 23:10:58


I PAR CRANIANO
ANATOMIA FUNCIONAL

NERVOS OLFACTÓRIO

É o menor dos nervos cranianos, encarregado da percepção do


olfacto.
O nervo olfactório é um dos nervos cranianos que transporta
informações sensoriais especiais dos receptores nasais para o
telencéfalo.
São feixes de fibras nervosas, originados na região olfactória, na fossa
nasal, que atravessam a lâmina crivosa do osso etmóide, chegando
ao bulbo olfactório, propriamente no núcleo olfactório anterior,
considerada primeira estação da via olfactória, originando o nervo
olfactório (I n.c.), que prossegue, até ramificar-se nas estrias olfactórias
medial e lateral, o que por conseguinte delimita o trígono olfactório.
A estria olfactória lateral atinge a amígdala, o hipocampo, e o
rinencéfalo - área 28 de Brodmann, que é a área olfactória secundária.
A estria medial constitui a área olfactória primária e alcança os corpos ▲ Fig. 8 Mucosa amarela e bulbo
mamilares, o hipotálamo, o tálamo e o córtex frontoparietal. olfactório.

TRACTO OLFACTÓRIO

▲ Fig. 9 Formação e trajecto do nervo olfactório

20

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 20 14/02/2022 23:10:59


II PAR CRANIANO

NERVOS CRANIANOS
NERVO ÓPTICO

É o nervo sensitivo encarregado da visão. Liga-se ao diencéfalo pelo quiasma óptico e termina no núcleo
geniculado lateral.

▲ Fig. 10 Recepção e trajectória das imagens na via óptica.

A via óptica se constitui de quatro neurónios, dois na retina,


um no gânglio que conforma o nervo óptico e o outro no
mesencéfalo.
1º Neurónio: é o neurónio fotorreceptor da retina que se
conecta aos cones e bastonetes, e dirige-se ao segundo
neurónio.
2º Neurónio: também situado na retina, é bipolar e conecta-
se às células ganglionares.
3° Neurónio: localizado nas células ganglionares. Forma o
nervo óptico fazendo sinapse com os neurônios do
corpo geniculado lateral.
4º Neurónio: situado no corpo geniculado lateral, cujas fibras
▲ Fig. 11 Localização do quarto
continuam na cápsula interna, por fora e posterior aos
neurónio da via óptica no cor-
ventrículos laterais, terminando no córtex visual primário - po geniculado lateral.
área 17 de Brodmann.

21

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 21 14/02/2022 23:11:00


III PAR CRANIANO
ANATOMIA FUNCIONAL

NERVO OCULOMOTOR

É um nervo motor e parassimpático, e um dos três nervos que movimentam o olho.


A sua função é controlar a movimentação dos músculos extrínsecos e intrínsecos do olho e da pálpebra
superior.
Tem origem real no mesencéfalo, abaixo dos colículos inferiores, nos núcleos basais
motores principais e no parassimpático acessório. Se faz anterior e continua através da fissura orbitária
superior, depois de dividir-se:
Divisão inferior: dá lugar a dois ramos, um que vai ao gânglio ciliar parassimpático e o outro que conti-
nua nos músculos extrínsecos recto medial, recto inferior e oblíquo inferior.
Divisão superior: divide-se em dois ramos, um para o músculo recto superior e outro
para o músculo elevador da pálpebra superior.

▲ Fig. 12 Elementos que permi- 1 - Músculo elevador da pálpe- 8 - Músculo recto inferior
tem o funcionamento do olho bra superior 9 - Divisão superior do III n.c.
2 - Tróclea do músculo oblíquo 10 - Divisão inferior do III n.c.
superior 11 - III par craniano, nervo ocu-
3 - Músculo oblicuo superior lomotor
4 - Músculo recto superior 12 - Nervos ciliares
5 - Músculo recto medial 13 - Gânglio ciliar
6 - Músculo recto lateral 14 - Fissura orbitária superior
7 - Músculo oblíquo inferior

22

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 22 14/02/2022 23:11:01


IV e VI PARES CRANIANOS

NERVOS CRANIANOS
NERVO TROCLEAR

Também chamado de nervo patético, é um


nervo motor igualmente responsável pelo
movimento dos olhos. Inerva o músculo
oblíquo superior. Tem origem real no
núcleo troclear, na porção posterior
do tronco mesencefálico. Emerge e se
faz lateral ao III nervo craniano na co-
missura entre o mesencéfalo e a ponte.
Penetra na órbita pela fissura orbitária
superior, e ascende até ao músculo
obliquo superior.

NERVO ABDUCENTE

É o terceiro nervo motor que


movimenta os músculos do
olho, inervando o músculo rec-
to lateral.
Tem sua origem real no núcleo
abducente, na base da ponte,
abaixo do assoalho do IV ventrí-
culo. Emerge na superfície ven-
tral do tronco encefálico, entre
a ponte e a pirâmide bulbar;
prosseguindo através do seio
cavernoso e penetra na fissura
orbitária superior.

► Fig. 14 Trajectória dos nervos


oculomotor, troclear e abdu-
cente
23

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 23 14/02/2022 23:11:02


ANATOMIA FUNCIONAL

músculo
oblíquo superior

fissura oblíqua
superior

▲Fig. 13 Trajectória do nervo troclear

▼Fig. 14 Trajectória do nervo abducente

24

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 24 14/02/2022 23:11:02


V PAR CRANIANO

NERVOS CRANIANOS
NERVO TRIGÉMEO
É um nervo misto e o mais complexo dos 12
pares cranianos. Fornece sensações ao rosto,
as membranas mucosas e a outras estruturas
da cabeça, assim como o movimento dos
músculos da mastigação; contém fibras
proprioceptivas. Emerge no limite entre
a ponte e o pedúnculo cerebelar médio.
As suas origens reais dão-se nos núcleos
► Fig. 15 Saída do ner-
sensoriais trigeminais mesencefálicos,
vo trigémeo
trigeminal principal e trigeminal espinhal
e no núcleo motor trigeminal, na ponte.

A raiz motora controla os movimentos da


► Fig. 16 Gânglio de Gasser. Local
mastigação, de bifurcação do V n.c.
cursando através do nervo mandibular.
A raiz sensorial leva impulsos sensoriais da
face, couro cabeludo, dentes e parte da língua.
Estes impulsos são de tipo exteroceptivos e
proprioceptivos (de temperatura, pressão,
dor e tacto) dos músculos da mastigação e
da articulação temporomandibular (ATM).
O controlo sensorial se realiza por meio
de três nervos a partir do gânglio do tri-
gémeo (gânglio de Gasser).

A saber:
V.1 – Nervo Oftálmico: inerva a cavidade orbi-
tária e o seu conteúdo. Tem três ramos terminais:
naso-ciliar, frontal e lacrimal.
V.2 – Nervo Maxilar: inerva a pálpebra inferior,
nariz, lábio superior, gengiva e dentes superiores.
V.3 – Nervo Mandibular: desempenha uma função
mista
do V n.c. ao controlar a atividade motora da mastigação,
bem como a sensibilidade dos 2/3 anteriores das estrutu-
ras
da língua alheias as papilas gustatórias.
Assim, também recebe a sensibilidade da
mandíbula, da gengiva e dos dentes inferiores.
► Fig. 17 Trigémeo. Áreas de
inervação dos seus três ramos

25

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 25 14/02/2022 23:11:03


VII PAR CRANIANO
ANATOMIA FUNCIONAL

NERVO FACIAL

É um nervo misto e parassimpático. Consti-


tui-se de duas raízes: uma maior, que é motora,
propriamente denominada nervo facial, e outra
menor, que leva fibras sensitivas e parassimpáti-
cas, denominada nervo intermédio. Ambas raí-
zes emergem no sulco bulbo pontino. A sua
origem no tronco cerebral, dá-se pelos nú-
cleos facial, solitário e salivatório superior.
O núcleo facial está situado na área vesti-
bular do tronco encefálico, dando lugar
às fibras motoras do feixe do nervo facial.
O núcleo solitário, na sua porção rostral,
na protuberância, dará origem ao nervo
intermediário, parte sensitiva do VII n.c. Já
o núcleo salivatório superior, que é posterior às
estrias medulares, emite fibras parassimpáticas
para o nervo facial através do nervo intermédio.
▲Fig. 18 Trajectória da porção motora do nervo facial
O nervo facial controla principalmente os músculos da expressão facial, e a sensação gustativa dos 2/3
anteriores da língua, bem como a função das glândulas salivares e lacrimais.
A função motora deste nervo é realizada nos músculos da expressão facial, no músculo estilo-hióideo,
no ventre posterior do músculo digástrico e no músculo estapédio. A função sensitiva produz-se nos 2/3
anteriores da língua, sendo responsável pelo paladar a esse nível, a partir do nervo da corda timpánica.
A função parassimpática produz-se nas glândulas submandibular, sublingual e lacrimal, continuando o
percurso do nervo da corda timpánica.

No seu trajecto, o VII nervo, juntamente com o VIII par, penetra no crânio através do meato acústico in-
terno. Seguidamente, prossegue no canal facial do osso temporal, formando o joelho externo. Posterior-
mente, dirige-se ao gânglio geniculado, onde se encurva para baixo, emergindo do crânio pelo forame
estilomastóideo.
O nervo facial introduz-se na glândula parótida, sem enervá-la, e emite ramos para os músculos da mími-
ca, músculo estilo-hióideo e ventre posterior do músculo digástrico.
A corda do tímpano com as suas fibras sensitivas dirige-se as papilas gustativas, nos 2/3 anteriores da lín-
gua. Por outro lado, no seu trajecto intrapetroso emite o nervo estapédio.

Os nervos facial, glossofaríngeo e vago relacionam-se entre si na sensibilidade gustativa


das vísceras, glândulas, musculatura lisa e esquelética que actuam na primeira fase da
digestão e no paladar.

26

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 26 14/02/2022 23:11:03


VIII PAR CRANIANO

NERVOS CRANIANOS
NERVO VESTIBULOCOCLEAR
▼ Fig. 19 Emergência do VIII n.c.
É um nervo sensitivo constituído por fibras
nervosas aferentes especiais que controlam o
equilíbrio e a audição e não se exterioriza fora
do crânio. Consiste em duas divisões, ves-
tibular e coclear, que viajam juntas e pene-
tram a nível do sulco bolbo pontino até aos
respectivos núcleos.

Divisão vestibular
Ocupa-se do equilíbrio, dado por receptores labirínticos sensíveis à posição e
movimentos da cabeça.

Divisão coclear
Controla os estímulos auditivos a partir dos receptores acústicos na cóclea.

O nervo vestíbulo-coclear introduz-se no osso temporal pelo meato acústico


interno, atravessando-o juntamente com o nervo facial e o nervo intermédio.

▲ Fig. 19-a Origem real e gânglios do VIII n.c. Relações com o VII n.c.
27

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 27 14/02/2022 23:11:04


IX PAR CRANIANO
ANATOMIA FUNCIONAL

NERVO GLOSSOFARÍNGEO

É um nervo misto, que tem origem real nos núcleos motor somático (núcleo ambíguo), núcleo visceral
(núcleo salivatório) e núcleo sensitivo (núcleo solitário). Tem origem aparente no sulco lateral posterior
ou retro olivar, saindo do crânio pelo forame jugular juntamente com o X e XI n.c.

Tem como função sensitiva o controlo da gustação do 1/3 posterior da língua e a sensibilidade da faringe,
da área das amígdalas, da porção interna do tímpano e da pele do ouvido externo.

Também tem função aferente visceral sensiti-


va sobre o corpo e o seio carotídeos.
A função motora ocorre no músculo es-
tilofaríngeo, bem como nos músculos
superiores da faringe, ao passo que a
função parassimpática se dá na glân-
dula parótida.

▲ Fig. 20 Glossofaríngeo e seus ramos sensitivos e motores


28

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 28 14/02/2022 23:11:05


X PAR CRANIANO

NERVOS CRANIANOS
NERVO VAGO OU PNEUMOGÁSTRICO

É um nervo misto e principalmente


parassimpático, sendo ainda o mais longo dos
nervos cranianos. Suas fibras consistem em
eferentes motoras e parassimpáticas e em
aferentes sensitivas.
Origina-se no tronco cerebral, a partir dos núcleos
motores e sensitivos.
A função motora acontece a partir do núcleo
ambíguo, enquanto a função sensitiva dá-se
nos núcleos do tracto solitário e espinhal do
trigémeo, uma vez que o núcleo do tracto solitário
recebe as fibras gustativas e o núcleo espinhal
do trigêmeo ocupa-se da sensibilidade superficial.
Já a função parassimpática ocorre a partir do ▲ Fig. 21 Emergencia do nervo vago no bulbo e
núcleo parassimpático ou dorsal do nervo vago. localização dos gânglios jugular e nodoso.

No crânio, a emergência do nervo vago produz-se através do forame jugular, junto com o IX e o XI n. c.
Sua função depende de dois gânglios observados no forame jugular:
Gânglio superior ou jugular, localizado na entrada.
Gânglio inferior ou nodoso, localizado na saída.
O gânglio superior emite ramos meníngeos e auriculares, ao passo que o gânglio inferior actua
como nervo parassimpático inervando numerosos órgãos em baixo do pescoço:

• Laringe NÚCLEOS DE ORIGEM DO NERVO VAGO


• Faringe
• Coração
• Árvore traqueo-brônquica
• Pulmões
• Estómago
• Fígado
• Pâncreas
• Baço
• Intestino delgado
• Ceco
• Colon ascendente
• Ângulo direito do colon
transverso.
▲Fig. 22 Núcleos sensitivos e motores que dão origem ao X par cra-
niano.
29

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 29 14/02/2022 23:11:05


ANATOMIA FUNCIONAL

NERVO VAGO OU PNEUMOGÁSTRICO

▼ Fig. 23 Estruturas e
ramos terminais do
nervo vago

30

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 30 14/02/2022 23:11:06


XI PAR CRANIANO

NERVOS CRANIANOS
NERVO ACESSÓRIO OU ESPINHAL

É um nervo motor constituído pelas raízes cranianas do bulbo (núcleo ambíguo) e pelo núcleo espinhal;
este último forma-se a partir dos 5 ou 6 primeiros segmentos espinhais ( V1-V6).
As raízes cranianas e as do núcleo espinhal dão lugar a um tronco único que ascende o forame magno,
unindo-se imediatamente aos nervos vago (X) e glossofaríngeo (IX), descendo em conjunto pelo forame
jugular.
Na saída do forame jugular, divide-se em dois ramos:
Ramo interno: junta-se a raiz do nervo vago e distribui-se com ele.
Ramo externo: inerva os músculos trapézio e esternocleidomastóideo.

▲Fig. 24 Raízes cranianas e espinhais do nervo acessório

Na figura 24, observa-se a formação do núcleo espinhal pelas raízes do primeiro ao quarto
nervos cervicais raquidianos. Mostra-se os músculos trapézio e esternocleidomastoideo e
a sua inervação pelo ramo externo do nervo acessório.

31

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 31 14/02/2022 23:11:07


XII PAR CRANIANO
ANATOMIA FUNCIONAL

NERVO HIPOGLOSSO

É o nervo motor dos músculos que movimentam a língua, com a excepção do palatoglosso que é inervado
pelos nervos vago e acessório. A sua origem real dá-se no núcleo motor somático do bulbo raquidiano.
O nervo hipoglosso emerge do tronco cerebral ventralmente à oliva, no sulco lateral anterior, saindo do
crânio através do canal do hipoglosso, atrás do nervo vago. Ele prossegue ainda entre a artéria carótida
interna e a veia jugular interna, dirigindo-se aos músculos da língua.

▲ Fig. 25 Nervo hipoglosso e órgãos que inerva


32

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 32 14/02/2022 23:11:08


CAPÍTULO - II

ÓRGÃOS DOS
SENTIDOS

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 33 14/02/2022 23:11:08


ÓRGÃOS DOS SENTIDOS

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS


Diz-se órgãos dos sentidos ao conjunto de receptores externos sensoriais, cuja função é transformar os
estímulos em impulsos nervosos e transmiti-los ao sistema nervoso central. Por outras palavras, são meios
através dos quais os seres vivos captam as características do meio ambiente onde se encontram.
No ser humano, são considerados, principalmente, cinco sentidos, em que cada um é captado por recep-
tores específicos:
Olfacto - mucosa pituitária
Paladar – botões gustativos
Visão - retina
Audição - cóclea
Tacto - mecanoreceptores

Existem ainda outros órgãos dos sentidos, pertencentes ao sistema somatosensorial, encarregados do
equilíbrio, percepção ou localização das diferentes partes do corpo (propriocepção), e definição das
sensações de temperatura e dor (termorrecepção e nocicepção). Ainda poderíamos falar do sentido vo-
meronasal ou de atracção sexual.

Toda a experiência sensorial desperta experiências emocionais no comportamento.

CLASSIFICAÇÃO DOS ESTÍMULOS QUANTO À LOCALIZAÇÃO.


Existem várias formas de classificar os estímulos dos órgãos dos sentidos, sendo a localização ou
procedência e seus respectivos receptores, a que consideramos mais apropriada para a sua compreensão.
Assim temos:
• Receptores de contacto directo
• Receptores de percepção à distância
• Receptores proprioceptivos

1 - Receptores de contacto directo: são aqueles que informam a respeito dos estímulos que incidem
sobre si, e podem ser:
• de pressão: tácteis e barorreceptores;
• térmicos: termorreceptores;
• e químicos: quimiorreceptores.

2 - Receptores de percepção à distância: são os que informam sobre os estímulos que


se desenvolvem sem contacto directo com o organismo, como:
• luz
• som
• e substâncias químicas que produzem odor.

3 – Receptores proprioceptivos: são um grupo de organelos que informam sobre a postura, equilibiro,
dor,etc. Tais receptores, existem, tanto nos animais vertebrados, como nos invertebrados.

34

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 34 14/02/2022 23:11:08


CLASSIFICAÇÃO DOS ESTÍMULOS SEGUNDO A PROCEDÊNCIA
ANATOMIA FUNCIONAL

Os órgãos e as estruturas
da boca, pertencem aos
receptores de contacto
directo, e apresentam
numerosos botões gus-
tatórios.

▲ Fig. 27 Labirinto

▲Fig. 26 Estruturas da boca

A cóclea forma parte dos receptores à distan-


cia, ocupando-se da percepção dos sons.
Já o vestíbulo, pertence aos proprioceptores
do equilíbrio.

No olfacto, os receptores
à distância localizam-se
na mucosa pituitária, na
cavidade nasal.

◄ Fig. 28 Nariz

35

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 35 14/02/2022 23:11:09


SENTIDO DO OLFACTO

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS


Também chamado faro dos animais, é um sentido
que pertence aos órgãos receptores à distância,
capaz de captar odores através do seu órgão
inicial, o nariz, o qual se encarrega de enviar
os estímulos ao rinencéfalo - parte mais antiga
do cérebro, que compreende as áreas olfactiva
e límbica (complexo amígdala-hipocampo).
Alguns também o consideram parte do sistema
límbico.
O olfacto forma-se a partir da região
ectomoidiana do crânio, próximo a zona
pituitária.
Por outro lado, os impulsos olfactórios partem
do bolbo olfactório, através de I nervo craniano,
chegando ao trígono olfactório, onde se divide ▲ Fig. 29 Localização do olfacto na cavidade nasal
em impulsos laterais e mediais.
Os mediais comunicam-se com o nervo olfatório contralateral, enquanto os laterais prosseguem para o
complexo amígdala-hipocampo do sistema límbico.
Os seres humanos podem sentir em torno de 2000 a 4000 odores diferentes.

ANATOMIA FUNCIONAL DO OLFACTO

O epitélio olfactivo contém cerca de 20 milhões


de células sensoriais, cada uma com seis
terminações. Já os cães, possuem cerca de 100
milhões de células e cada uma com 20 destas
terminações. Poucas moléculas odoríferas no ar
são suficientes para desencadear um estímulo,
que será mais intenso quanto maior for a quantidade
de receptores estimulados, dada a concentração da
substância. A neurorrecepção será activada após as
1 – Bulbo olfactório 4 – Epitélio olfactório
moléculas das substâncias odoríferas serem
2 – Células mitrais 5 – Glomérulos do
dissolvidas no muco da lâmina crivosa e recebidas bulbo olfactório.
3 - Lâmina crivosa
pelos cílios das células olfactivas até atingir os 6 – Neurónios olfactó-
do etmóide
axônios, que penetram no osso etmóide até às células rios
ganglionares, as quais recebem de 10 a 100 axônios
▲ Fig. 30 Órgãos olfactórios
cada, e daqui viajam as células mitrais, no bulbo e assim
atingem o córtex olfactório.
No córtex, a informação sensorial será armazenada no hipocampo para ser lembrada e enviada ao hipo-
tálamo e outras estruturas límbicas como o complexo amígdala-hipocampo e finalmente ao córtex, para
organizar as funções viscerais, como procurar alimento, se for cheiro de comida.

36

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 36 14/02/2022 23:11:10


ANATOMIA FUNCIONAL

ÓRGÃO VOMERONASAL

Para lá dos cinco sentidos tradicionais, este é considerado o


sexto sentido, sendo responsável por fornecer informações
sensoriais de tipo sexual, a partir das feromonas.
Está localizado no septo nasal, directamente na porção
inferior e anterior a cada lado.
Quando o órgão vomeronasal ( VNO) recebe algum sinal
das feromonas, envia uma mensagem ao cérebro, que
estimula o corpo e cria um aumento inconsciente de dese-
jo sexual. As feromonas são substâncias químicas inodoras,
transportadas no ar, que provocam a atracção, através do VNO,
para cativar os membros do sexo oposto.
O homem e a mulher são influenciados sexualmente por esta
substância que actua de forma inconsciente. Ao homem rece-
ber ▲ Fig. 31 Localização do VNO
o “cheiro” da hormona estrogénio, extraído da urina da mulher, no tabique nasal
aumenta a actividade no hipotálamo, a região associada às emoções
e aos impulsos sexuais. Nas mulheres, a mesma região é activada ao
“sentirem” a testosterona, retirada do suor masculino.

CURIOSIDADES DOS ODORES

Os odores desencadeiam uma resposta simples e binária: ou gosta-se ou não se gosta; fazem-nos aproxi-
mar ou evitar.
As memórias que incluem lembrança de odores têm tendência para serem mais intensas e emocionalmen-
te mais fortes.
Se um trauma faz perder o olfacto, o impacto torna-se, por vezes, devastador: as experiências de comer,
fazer amor ou passear numa manhã primaveril, vêem-se inibidas, a ponto de se eliminar as experiências
emocionais.

Uma experiência associada a um odor pode ser evocada automaticamente quando voltamos a exalá-lo.

DISFUNÇÕES OLFACTIVAS
Existe uma série de transtornos olfactivos que modificam a percepção odorífera, o que
tende a afectar a conduta do individuo. Eles são classificados em:
Anosmia - perda ou diminuição drástica do olfacto.
Cacosmia - alucinação olfactiva, ou percepção dos cheiros desagradáveis.
Fantosmia - espécie de cacosmia. É uma falsa percepção de odor.
Hiperosmia - excitação exagerada e anormal do olfacto.
Parosmia - perversão do olfacto.

37

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 37 14/02/2022 23:11:10


VISÃO

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS


O OLHO E SUAS ESTRUTURAS FUNCIONAIS

A visão é o sentido da percepção dos estímulos luminosos recebidos através dos olhos. Os olhos são
os órgãos sensoriais da visão que permitem os seres vivos dotados dele, aprimorarem a percepção do
mundo.

Os olhos têm receptores de luz formados por células


fotorreceptoras, que transformam a energia
luminosa em impulsos nervosos, que viajam
pelo nervo óptico (II par craniano) até ao
cérebro.
Praticamente todos os animais possuem
mecanismos para reconhecer a luz; muitos,
porém, não têm olhos.
A estrutura do olho assemelha-se a um cálice cujo
fundo está voltado para o exterior, estando a sua
superfície coberta pela epiderme ou cutícula.
Qualquer olho funciona como uma máquina
fotográfica, conforme explicaremos a baixo. ▲ Fig. 32 Presença da imagem invertida na retina.

Na fig. 32, observa-se como a imagem chega á retina de forma invertida, a partir do crista-
lino.

O GLOBO OCULAR

O globo ocular apresenta três


túnicas, quatro meios transpa-
rentes, três compartimentos,
bem como uma câmara escura,
células receptoras sensoriais,
lentes para focalizar as ima-
gens, células e nervos para
conduzir os estímulos ao córtex
cerebral.
Há quem considere que a
visão engloba dois sentidos:
os cones e os bastonetes.

▲Fig. 33 Estruturas do globo


ocular

38

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 38 14/02/2022 23:11:10


MÚSCULOS QUE MOVIMENTAM O OLHO MEIOS TRANSPARENTES
ANATOMIA FUNCIONAL

Músculo recto superior Cristalino


Músculo recto inferior Córnea
Músculo recto interno Humor Aquoso
Músculo recto externo Humor Vítreo
Músculo oblíquo superior
Músculo oblíquo inferior

TÚNICAS

Externa
Intermédia
Interna

COMPARTIMENTOS
▲ Fig. 34 Esquema do olho.
Câmara anterior
Câmara posterior A. Corpo Vítreo E. Íris
Espaço vítreo B. Cristalino F. Esclera
C. Córnea G. Nervo Óptico
D. Pupila H. Retina
CONJUNTIVA

É uma membrana mucosa e


transparente que permite
observar os vasos sanguíneos
nitidamente..Ela reveste a parte
interna da pálpebra, conhecida
como conjuntiva tarsal, bem
como as superfícies expostas
da córnea e da esclera, também
denominada conjuntiva bulbar.
A conjuntiva, igualmente pro-
tege o olho de corpos estranhos
e infecções.

▲Fig. 35 Localização da conjuntiva


▲ Fig. 36 Corte transversal da conjuntiva

39

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 39 14/02/2022 23:11:11


ÓRGÃOS DOS SENTIDOS
▲ Fig. 37 Estruturas do globo ocular.

1 – processos ciliares 10 – humor vítreo


2 – câmara posterior 11 – mácula lútea e fóvea
3 – íris 12 – vasos sanguíneos
4 – pupila 13 – nervo óptico
5 – córnea 14 – disco óptico
6 – câmara anterior 15 – conducto hialoideo
7 – músculo ciliar (corpo ciliar) 16 – esclerótica
8 – ligamento suspensório do cristalino 17 - coroide
9 – cristalino 18 - retina

40

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 40 14/02/2022 23:11:12


TÚNICA EXTERNA FIBROSA
ESCLERÓTICA
ANATOMIA FUNCIONAL

Está constituída por duas


membranas: esclerótica e córnea.
A esclerótica é um resistente tecido
fibroso, opaco e elástico que envol-
ve externamente o globo ocular.
Nela se inserem os músculos ex-
traoculares que movem o olho em
direcção ao objetivo visual.
Nas crianças, é mais fina e apresenta ▲ Fig. 38 Túnica o coberta externa fibrosa
uma cor levemente azulada.
Nos idosos, devido ao depósito de gordura, apresenta uma coloração levemente amarelada.
A sua superfície visível é coberta pela conjuntiva.

CÓRNEA ▲Fig. 39 Estrutura da córnea

A córnea é a parte anterior da esclerótica,


sendo uns dos meios transparentes do
olho e actua como uma lente convergente.
Junto com o Cristalino, tem a função de
focar a luz através da pupila em direcção
à retina, como se fosse uma lente fixa.
Mantém a umidade e a sua transparência
devido às lágrimas que acorrem pela
membrana conjuntiva. É muito inervada e
nutrida pelo humor aquoso.
A córnea apresenta três camadas celulares
e duas de tecido conjuntivo:
Epitélio anterior: é um epitélio estratifica-
do, pavimentoso, não queratinizado, que
apresenta de 5 a 6 camadas celulares.
Membrana de Bowman: é uma membrana de cor vermelha, acelular, de fibras colágenas tipo I. Ela
sustenta o epitélio anterior.
Estroma: é formado por cerca de 200 camadas de fibras colágenas.
Membrana de Descement: é uma membrana basal do epitélio posterior, formada por uma camada ace-
lular homogênea, que separa a substância própria do endotélio.
Epitélio posterior: é um epitélio simples e pavimentoso., também conhecido por endotélio

O déficit de vitamina A no organismo provoca opacidade e espessura na córnea, podendo


levar á cegueira irreversível.

41

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 41 14/02/2022 23:11:12


TÚNICA INTERMÉDIA

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS


A túnica intermédia que recobre o olho, recebe o nome de úvea e é um órgão muscular, vascular e pig-
mentado, que está constituído por três partes:
• Corioide
• Corpo Ciliar
• Íris.

A corioide situa-se entre a esclera e a retina, sendo os 2/3 posteriores da úvea.


Está constituída essencialmente por vasos que nutrem a retina e a esclerótica. Termina anterior, na ora
serrata. É pigmentada por melanócitos que permitem absorver a luz que chega à retina, evitando a sua
reflexão.
O corpo ciliar é uma estrutura formada por musculatura lisa que envolve o cristalino, modificando a sua
forma e desviando os raios luminosos na direcção da mácula amarela.
A íris é um músculo liso disposto em círculo e radialmente, que funciona como um diafragma de máqui-
na fotográfica, sendo a pupila o orifício da lente.

▲Fig. 40 Componentes da câmara intermédia

A PUPILA
É o orifício central do músculo da Íris.
É regulada pelos músculos da íris, que funcionam
com o sistema nervoso autónomo, aumentando
o seu diâmetro pelo sistema simpático, ou
diminuindo-o pelo sistema parassimpático,
dependendo da maior ou menor luminosidade
existente, ajustando a quantidade de radiação
que incide sobre a retina.
▲Fig. 41 Pupila em midríase
O diâmetro da pupila pode variar de 1,5mm a 8mm, sendo necessário cerca de 5 segundos
para se contrair (miose) e até 300 segundos para se dilatar (midríase).

42

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 42 14/02/2022 23:11:12


RETINA
ANATOMIA FUNCIONAL

É a capa mais interna do olho, encarregada de captar as imagens a fim de enviá-las ao sistema nervo-
so central. Estende-se do corpo ciliar a ora serrata, terminando mais delgada.

A retina, que também se denomina túnica interna ou nervosa, está formada por duas camadas celu-
lares principais:
Extracto pigmentar: é a camada
mais superficial, constituída por
células pigmentadas.
Extracto cerebral: é a camada
mais profunda, constituída por
fotorreceptores ( cones e
bastonetes).

Além destas, a retina possui ou-


tras estruturas celulares de apoio,
tal como as células neuronais
bipolares e as células ganglionares, ▲Fig. 42 Neurónios da retina
sendo estas últimas, as que dão lugar ao nervo óptico.

Os cones estão localizados na região central da retina. São menos sensíveis à luz do que os bastonetes,
exigindo alta intensidade luminosa para serem estimulados, o que os impede de distinguir as cores e
as imagens nitidamente quando há pouca claridade.
Existem três tipos de cones. Os que se excitam com a luz azul, vermelha e verde.

Já os bastonetes, são fotorreceptores muito sensíveis que se estimulam com baixa intensidade da luz
e que definem a visão no escuro, exclusivamente à preto e branco. Existem em maior quantidade na
periferia da retina, estando ausentes na fóvea centralis. Portanto, a visão nocturna é uma aptidão
quase exclusiva destas células.

Em cada retina humana há cerca de 120 milhões de fotorreceptores, que funcionam ao máximo na
escuridão e diminui em proporção com o aumento da intensidade da luz.

Existe aproximadamente 1 milhão de células nervosas ganglionares ópticas, e os seus axó-


nios são os que constituem o nervo óptico.
Cada célula ganglionar recebe cerca de 100 fotorreceptores, isto é, 9 bastonetes por cada
cone, os quais provêm de um campo receptivo da retina, mais ou menos circular, de mi-
lhares de fotorreceptores.
Quando os pigmentos são estimulados, geram modificações energéticas, que são trans-
mitidas ás células sensitivas ganglionares, cujos prolongamentos se reúnem, formando o
nervo óptico.

43

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 43 14/02/2022 23:11:12


ZONAS DA RETINA

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS


A retina constitui-se de várias estruturas das quais destacamos a mácula lútea, fóvea centralis, ponto cego
e ora serrata

MÁCULA LÚTEA
É um ponto ovalado de cor amarela, por via do qual enxergamos com maior clareza e definição. Situa-se
num dos lados da retina, medindo cerca de 5mm de diâmetro. Está constituída por duas ou mais camadas
de células ganglionares, e maioritariamente por cones.

FÓVEA CENTRALIS

É a zona mais especializada


na visão de alta resolução. Está
localizada no centro
da mácula lútea. Contém
apenas cones, e é onde a
imagem se projecta
com grande nitidez.

▲Fig. 43 Fundo da retina

Na figura 43, vê-se o quão


próximos estão o ponto
cego e a mácula lútea..

►Fig. 44 Localização posterior do órgão da retina

44

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 44 14/02/2022 23:11:12


ANATOMIA FUNCIONAL

▲Fig. 45 Localização da ora serrata

PONTO CEGO

Também conhecido como papila ou disco óptico, é o ponto de saída do nervo óptico. Não tem cones nem
bastonetes, e situa-se no fundo da retina, ao lado da fóvea, estando neste caso, desprovido de visão.
ORA SERRATA

É a porção mais anterior e periférica da retina, que contacta com o corpo ciliar, através da qual este nutre
o epitélio pigmentado da retina.

45

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 45 14/02/2022 23:11:13


MEIOS TRANSPARENTES DO OLHO

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS


Os quatro meios transparentes
do olho são:
córnea,
cristalino,
humor aquoso
humor vítreo.

“A córnea também é par-


te dos meios transparen-
tes e actua como uma
lente convergente. Jun-
to com o cristalino, têm
a função de focar a luz
através da pupila para a
retina, agindo como uma
lente fixa”. - Figura 39.

▲Fig. 46 Cristalino

CRISTALINO
O cristalino é o órgão da acuidade ou acomodação visual, que está constituído por camadas de células e
estruturas transparentes, de forma similar ás capas da cebola . É gelatinosa e de grande elasticidade, com
um tamanho de 7 a 9mm de comprimento no seu maior eixo e 2 a 4mm de espessura.
Funciona como uma lente ajustável e biconvexa, que permite focalizar os objectos. Está fixado pela zónu-
la de Zinn, que se constitui pelos ligamentos ciliares, que são a sequência dos músculos com o mesmo
nome, sendo estes, reguladores da curvatura do cristalino.
Situa-se detrás da pupila, entre a íris e o humor vítreo e divide o interior do olho em dois compartimen-
tos principais, cada um dos quais apresenta fluídos ligeiramente diferentes: o humor aquoso e o humor
vítreo.

O cristalino se estrutura da seguinte forma:


Cápsula do cristalino: é o revestimento acelular, transparente e elástico, que envolve o cristalino, sendo
mais espesso na face anterior.
Córtex: está localizado no interior da cápsula, revestindo o núcleo interno, e que na sua porção anterior,
apresenta um epitélio celular que se reproduz durante toda a vida, engrossando o cristalino permanente-
mente, conformando as fibras de forma circunscrita ou em camadas.
Núcleo: é a região central, compacta, e circundada pelo córtex.

Com o envelhecimento, o cristalino vai perdendo a sua transparência normal, devido ao


engrossamento do córtex, tornando-se opaco, resultando, nesse caso, em catarata.

46

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 46 14/02/2022 23:11:13


ANATOMIA FUNCIONAL

HUMOR AQUOSO

É um líquido incolor, constituído


por 98% de soro fisiológico
e 2% de outros sais nele
dissolvidos, que preenchem
a câmara ocular anterior
do olho entre a córnea
e o cristalino.
Este líquido ocupa
a quinta parte do
volume total do
olho e carece de
vascularização
sanguínea. Ele também
determina a pressão
intra-ocular que será
menor de 22mm Hg
(22 torr). É produzido
a razão de 3ml por dia,
num processo de produção e
drenagem permanente.
▲ Fig. 47 Circulação e drenagem do humor aquoso

A obstrução da drenagem do humor aquoso produz o Glaucoma.

HUMOR VÍTREO

É uma substância gelatinosa, viscosa, amorfa e semilíquida, que apresenta fibras e células. Localiza-se
entre o cristalino e a retina.
Ajuda a manter a forma do olho devido a sua tensão permanente, bem como garantir a superfície unifor-
me da retina a fim de assegurar a recepção nítida das imagens.
Este, diferencia-se do humor aquoso porque não se renova, permanecendo invariável durante toda a vida.
Vale destacar que o humor vítreo contém células fagocíticas,
encarregadas da eliminação de elementos que podem diminuir a sua transparência. Este meio transpa-
rente é atravessado pelo canal hialóideo, resto embriológico da artéria hialóidea, que vai do pólo poste-
rior do cristalino à papila.

47

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 47 14/02/2022 23:11:13


ACOMODAÇÃO VISUAL

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS


ÓRGÃOS E ESTRUTURAS
A acomodação visual é o mecanismo que permite a retina receber as sensações lumínicas com a nitidez
adequada.
Os órgãos que permitem a acomodação visual formam parte do corpo ciliar, sendo os principais o mús-
culo ciliar e o ligamento ciliar, cuja função é a de tornar o cristalino mais delgado, para observar objectos
mais distantes, ou mais curvo para os objectos próximos.

Músculo ciliar: forma parte do corpo ciliar e é a sua continuação. Ele movimenta o cristalino por meio
do ligamento ciliar para permitir a passagem da luz até a retina.
Ligamento ciliar: também chamado de zónula de Zinn ou ligamento suspensório, é outro dos órgãos
do corpo ciliar, que consiste num agrupamento de fibrilhas elásticas, que se inserem no cristalino, cuja
função é movimentá-lo a partir do seu prolongamento nos músculos ciliares.
Por outro lado, a região onde se situa o corpo ciliar compreende uma série de organelos e estruturas que
complementam a funcionalidade da acomodação visual, das quais destacamos:
Processos ciliares: são pregas triangulares dispostas radialmente que conformam um anel detrás da íris
e do círculo ciliar. Dentro destas pregas encontram-se vasos capilares que produzem o humor aquoso.
Câmara anterior: é um espaço localizado entre a córnea e a íris, que contém humor aquoso, que visa
oxigenar as estruturas
do globo ocular
que não têm
aporte
sanguíneo, tais
como a córnea
e o cristalino.

Câmara
posterior:
localiza-se
entre a íris e o
cristalino, sendo
o local onde se
reabsorve
o humor
aquoso.

▲Fig. 48 Componentes que delimitam as câmaras anterior e posterior

Na figura 48, detalham-se os músculos ciliar e íris, e a confluência das túnicas superficial e
média. Veja-se como as câmaras anterior e posterior são delimitadas pelos elementos das
túnicas superficial e profunda.

48

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 48 14/02/2022 23:11:13


ADAPTAÇÃO AO CLARO E AO ESCURO
ANATOMIA FUNCIONAL

ANATOMIA FUNCIONAL

A retina para se adaptar ao claro e ao escuro funciona com a presença de duas substâncias denomina-
das de rodopsina e fotopsina que actuam respectivamente, a primeira nos bastonetes para se adaptar à
luz menos intensa e a segunda nos cones, para permitir o seu funcionamento adequado uma vez que
se deixa a escuridão.
Assim, a retina funciona com dois mecanismos: a adaptação ao escuro e a adaptação ao claro.

Mecanismo de adaptação ao escuro: ao se produzir a midríase, ou seja, a dilatação da pupila, produto


da baixa luminosidade, ela vai expor um maior número de bastonetes ao utilizar também os situados
nos laterais, o que vai permitir maior incidência luminosa, além da maior sensibilidade à luz dos bas-
tonetes. Não obstante, será preciso esperar uns 30 minutos para a adaptação total ao escuro.

Mecanismo de adaptação ao claro: ao se sair de um ambiente escuro, no qual a pupila encontrava-


-se dilatada, incidindo a luz nos bastonetes, sem acção nos cones, acontece que o aumento brusco da
luminosidade provoca o ofuscamento dos olhos, e a sua acção sobre os cones produz uma contracção
brusca da pupila denominada miose. Este período de ofuscamento durará um aproximado de 10 mi-
nutos até se normalizar a visão

Os cones funcionam
com as fotopsinas.
Existe fotopsina ver-
de, azul e verme-
lha, e ela actuará no
cone corresponden-
te a cada cor.

Os bastonetes
funcionam com
a rodopsina
para captar a
luz.

▲Fig. 49 Fotorreceptores

49

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 49 14/02/2022 23:11:13


ÓRGÃOS ANEXOS AO GLOBO OCULAR

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS


Para o seu funcionamento, o globo ocular apresenta os seguintes órgãos anexos:
• Pálpebras
• Sobrancelhas ou supercílios
• Cílios
• Glândulas lacrimais
• Músculos oculares

PÁLPEBRAS SOBRANCELHAS CÍLIOS OU PESTANAS

São duas dobras de pele reves- É uma pequena formação de pe- São pequenos pêlos localizados
tidas internamente pela conjun- los que se situa em cima da cavi- na borda das pálpebras. elas im-
tiva. Servem para proteger os dade orbitária impedindo que o pedem a entrada de poeira e de
olhos e espalhar sobre eles as suor da testa penetre nos olhos. excesso de luz aos olhos.
lágrimas.

▲ Fig. 50 Pálpebras, conjuntiva e outros órgãos anexos do olho

50

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 50 14/02/2022 23:11:13


GLÂNDULAS LACRIMAIS
ANATOMIA FUNCIONAL

São estruturas que produzem lágrimas continuamente, as quais são espalhadas pelos movimentos das pál-
pebras a fim de lavar e lubrificar permanentemente os olhos. Elas fazem parte de um conjunto de órgãos
denominados órgãos lacrimais, também constituídos pelos canais lacrimais superior e inferior, pelo saco
lacrimal e outros, cuja função é esvaziar as lágrimas para a cavidade nasal.

MÚSCULOS OCULARES

São o conjunto de músculos encarregados pela movimentação dos olhos (músculos extrínsecos), e pela
acomodação visual (músculos intrínsecos).

▲ Fig. 51 Origem, trajecto e drenagem das lágrimas

51

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 51 14/02/2022 23:11:13


MUSCULATURA EXTRÍNSECA DO OLHO

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS


1 - Anel de Zinn
2 - Músculo recto superior
3 - Músculo recto inferior
4 - Músculo recto interno
5 - Músculo recto externo
6 - Músculo oblíquo superior
7 - Poleia de reflexão do oblíquo maior
8 - Músculo oblíquo inferior.
9 - Músculo elevador da pálpebra
10 - Pálpebras
11 - Globo ocular
12 - Nervo óptico
▲ Fig. 52 Músculos extrínsecos do olho.

Na figura 52, observe a presença da poleia de reflexão do tendão do músculo obíquo


superior (nº 7). Ela permite que este músculo movimente o olho para dentro e em sentido
caudal.

▲ Fig. 53 Músculos ex-


trínsecos do olho.

52

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 52 14/02/2022 23:11:14


OUVIDO
ANATOMIA FUNCIONAL

É o órgão denominado vestíbulo-coclear ou estato-acústico por ser responsável pela audição e pelo equi-
líbrio.
Grande parte do ouvido localiza-se na escama e no penhasco do osso temporal, na base do crânio. E,
divide-se em três partes:

• Ouvido Externo
• Ouvido Médio
• Ouvido Interno

No plano hierárquico, muitos estudiosos apresentam a audição como o segundo dos ór-
gãos dos sentidos, e uns até vão mais longe. Bruce M. Carlson, um antigo pesquisador da
Universidade de Michigan, chegou a defender que o fenómeno da comunicação verbal,
ocasionalmente, tende a aumentar a sua importância sobre a visão, porque consegue
captar certos estímulos que passam despercebidos aos olhos. Ou seja, em determinadas
ocasiões, quando a visão deixa de responder, o ouvido encarrega-se de substituí-lo.

▲ Fig. 54 Estruturas anatómicas dos ouvido externo, médio interno, bem como as suas dimensões, em cm.

Na fig. 54, observam-se as estruturas anatómicas do ouvido externo, médio e interno,


bem como as respectivas dimensões, em centímetros.

53

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 53 14/02/2022 23:11:14


OUVIDO EXTERNO

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS


O ouvido externo é a porção
do ouvido encarregada de
captar os sons a fim de serem
repassados ao ouvido médio.
É formado pela orelha
e pelo canal auditivo externo
ou meato acústico, medindo
cerca de 3cm de comprimento,
escavado no osso temporal,
sobretudo na concha, terminando
na membrana timpânica.
Com a excepção do lóbulo,
o resto da orelha e o canal acústico
estão constituídos de tecido
cartilaginoso.
A pele do canal acústico possui
pêlos e glândulas, e estas
últimas, produzem cerúmen
no seu interior.

▲ Fig. 55 Estrutura do ouvido externo

► Fig. 56 Pavilhão auricular

54

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 54 14/02/2022 23:11:14


OUVIDO MÉDIO
ANATOMIA FUNCIONAL

O ouvido médio é uma cavidade


situada no osso temporal,
responsável pela transmissão das
vibrações sonoras ao ouvido interno.
Começa propriamente na membrana
timpânica e termina na cóclea, no
ouvido interno, contendo ar no seu
interior. Dentro do ouvido médio
existem três ossículos articulados
entre si, que respondem pela
transmissão dos impulsos sonoros.
Tais ossos estão suspensos na cavidade
▲ Fig. 57 Ouvido médio
timpânica por meio de ligamentos e
músculos, cujos nomes descrevem
bem a sua forma: martelo,
bigorna e estribo.

O martelo tem o cabo apoiado


directamente no tímpano.
O estribo encosta-se á janela oval,
no ouvido interno. Já a bigorna,
entrelaça-se entre ambos.
O ouvido médio também comunica-se
com a faringe através da tuba auditiva
interna (tuba de Eustaquio), que permite a
passagem do ar, e por conseguinte, mantém
a pressão atmosférica igualada nos dois lados ▲Fig. 58 Passagem do ar ao ouvido médio
do tímpano, de tal forma que se estiverem
desiguais condiciona a audição.

O tímpano está fixado entre o ouvi-


do externo e o ouvido médio, pelo
anel timpânico.

Na figura 59, observa-se como o


músculo tensor do tímpano é mo-
vimentado pelo ramo pterigóideo
medial da divisão mandibular do
V n.c; e como o músculo estapédio
move-se pela corda timpânica do
VII n.c. ▲ Fig.59 Inervação dos músculos tensor do tímpano e estapédio

55

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 55 14/02/2022 23:11:14


OUVIDO INTERNO

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS


O ouvido interno ou labirinto é a parte mais interna do ouvido que permite a conversão das ondas so-
noras em impulsos nervosos. Está localizado na porção petrosa do osso temporal, estando revestido por
membranas e preenchido pela perilinfa, isto entre o ouvido e o osso, e a endolinfa, internamente. Limita-
-se com o ouvido médio pelas janelas oval e redonda.

Divide-se em labirinto posterior ou vestibular e labirinto anterior ou coclear. Ambos têm a mesma origem
embrionária, por isso partilham propriedades morfológicas e fisiológicas, nomeadamente o líquido endo-
linfático e as células ciliadas, e estas últimas, por sua vez, as propriedades de transdução.

Estructuralmente, o ouvido interno divide-se em duas porções: labirinto ósseo ou cápsula ótica, que é a
excavação situada no osso temporal; e labirinto membranoso que é o conteudo do seu interior.

▲ Fig. 60
Projecção do
labirinto no
osso temporal

▲ Fig. 61
Estruturas do
labirinto

56

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 56 14/02/2022 23:11:14


LABIRINTO MEMBRANOSO
ANATOMIA FUNCIONAL

1 - Canal semicircular superior


(anterior)
2 - Ampola (do canal
semicircular superior)
3- Ampola (canal semicircular
lateral ou horizontal)
4 - Sáculo
5 - Canal coclear
6 - Helicotrema
7. Canal semicircular lateral
(horizontal)
8 - Canal semicircular posterior
9 - Ampola (canal posterior)
10 - Janela do vestíbulo (oval)
11 - Janela coclear (redonda) ▲Fig. 62 Ouvido interno
12 - Rampa vestibular
13 - Rampa timpânica
14 - Utrículo

▲Fig. 63 Cóclea. (Vista microscó-


pica)
Janela oval
Janela redonda

Na figura 63, pode-se ve-


rificar a localização da ja-
nela oval, sendo esta a via
de transmissão do impul-
so sonoro entre o ouvido
médio e o interno.
▲Fig. 64 Cóclea (corte microscópico transversal)

57

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 57 14/02/2022 23:11:15


ÓRGÃOS DOS SENTIDOS
CÓCLEA

A cóclea ou caracol é o órgão responsável pela audição, formado por três canalículos dentro de um eixo
ósseo, chamado modíolo.

Os canalículos, também conhecidos por rampas ou escalas, classificam-se em:


Rampa timpânica (inferior)
Rampa vestibular (superior)
Rampa coclear (medial)

As rampas timpânica e vestibular estão cheias de perilinfa e comunicam-se através do


helicotrema, no ápex da cóclea.
A cóclea comunica-se com o ouvido médio através das janelas oval e redonda.
A janela oval localiza-se na base da rampa vestibular, onde se articula o estribo.
A janela redonda situada na rampa coclear, limita a base da rampa timpânica.
As janelas oval e redonda não se comunicam directamente.
A escala coclear ou média contém o órgão de Corti, que transforma os impulsos
sonoros em nervosos. No seu interior circula a endolinfa.

▲ Fig. 65 Cóclea
(corte transversal)
1- Escala coclear ou rampa média
2 - Escala vestibular ou rampa vestibular.
3 - Escala timpânica ou rampa timpânica O estribo golpeia a janela oval na escala
4 - Gânglio espiral. timpânica, movimentando a endolinfa no órgão
5 - Nervo coclear de Corti, para ser transformado em impulso
nervoso, que é conduzido pelo nervo coclear.

58

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 58 14/02/2022 23:11:15


VESTÍBULO
ANATOMIA FUNCIONAL

O vestíbulo é parte do sistema somatossensorial, que com os demais órgãos posturais participa na defini-
ção da posição das diferentes estruturas do corpo, sobretudo da cabeça. Está constituído pelas seguintes
estruturas:
• Utrículo
• Sáculo
• E três canais semicirculares

O utrículo e o sáculo são denominados por órgãos otolíticos.


O primeiro contém os otólitos, que são partículas de carbonato de cálcio. Tanto no sáculo como no
utrículo, encontram-se as células sensoriais ciliadas ou estereocílios. Por outro lado, ambos não se co-
municam de forma directa. Vale enfatizar também que o sáculo é o menor dos dois sacos, e comunica-se
directamente com a cóclea.

Os canais semicirculares são três condutos denominados por anterior, posterior e lateral ou horizontal,
que se comunicam directamente com o utrículo, através das ampolas, as quais contém células sensoriais.

Ao mover a cabeça, altera-se a posição dos otólitos, definindo o estado de equilíbrio.

▲ Fig. 66 Vestíbulo

59

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 59 14/02/2022 23:11:16


SENTIDO DO GOSTO

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS


O sentido do gosto ou paladar, pertence aos receptores
químicos e de contacto. É responsável por captar,
perceber e interpretar o sabor dos alimentos ingeridos,
por meio dos órgãos gustativos.

São órgãos gustativos as papilas e os botões


gustativos. Estes últimos, estão espalhados na
porção dorsal da língua, dando o aspecto rugoso que
lhe é característico, bem como no palato, na faringe
e na epiglote. Eles contêm as células receptoras
gustativas.

O paladar resulta do contacto de substâncias


químicas solúveis com a saliva. Além de avaliar o gosto
▲Fig. 67 Porções da língua.
dos alimentos, os órgãos deste sentido também têm
a capacidade de notificar o organismo
para evitar a ingestão de substâncias
indesejadas.
▼ Fig. 69 Estrutura
As papilas apresentam-se de quatro
das papilas linguais
formas distintas:
Circunvaladas ou valadas
Filiformes
Fungiformes
E folhadas.
Na língua existem entre 4
a 10 000 papilas gustativas,
que se regeneram aproxi-
madamente a cada duas
semanas.
Com o aumento da idade,
algunas das células deixam
de se regenerar, fazendo
com que os idosos che-
guem a ter menos de 5000
papilas a funcionarem.

► Fig. 68 Localização
das papilas
na língua

60

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 60 14/02/2022 23:11:17


ANATOMIA FUNCIONAL

PAPILAS GUSTATIVAS

Como é sabido, as papilas gustativas são estruturas situadas na língua que permitem detectar o gosto, a
partir dos botões gustativos. Existem vários tipos de papilas, e elas se distribuem de forma diversa nas
regiões do dorso da língua, sendo umas mais abundantes em certas zonas do que em outras.

Assim, os diferentes tipos de gostos são detectados da seguinte forma:

• O gosto doce se detecta melhor na ponta da língua, sobretudo quando as substâncias ingeridas estão
quentes.

• O gosto salgado e o azedo são melhor percebidos nos bordos laterais da língua, principalmente
quando são frios.

• O amargo, se aprecia melhor em substâncias frias, na parte posterior e dorsal da língua.

• O umami, sabor que resulta do glutamato, é percebido no centro da língua.

▲ Fig. 70 Diferentes formas das papilas gustativas

61

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 61 14/02/2022 23:11:17


ÓRGÃOS DOS SENTIDOS
TIPOS DE PAPILAS GUSTATIVAS

Papilas fungiformes Papilas circunvaladas Papilas filiformes


Estas papilas possuem poucos São entre 7 e 12, sendo circulares São numerosas em toda a super-
botões gustativos (normalmente e achatadas em cima, e circunda- fície dorsal da língua. Contêm
até cinco), assemelham-se aos das por um sulco na base. nenhum ou poucos botões gus-
cogumelos, e detectam principal- tativos e são ricas em queratina.
mente o sabor doce. Existem na porção posterior da
língua ( V lingual), possuindo Têm função térmica, táctil e an-
centenas de botões gustativos, tibacteriana. Esta última função
Papilas folhadas que detectam fundamentalmente decorre por meio das bactérias
Possuem forma de folha. Estão o amargo e o umami. saprófitas.
circundadas por um sulco e lo- Têm formato cónico e terminam
calizam-se mais frequentemente com numerosos filamentos.
nas bordas laterais da língua.
As papilas apenas conseguem perceber o gosto das
Este tipo de papilas contém mui- substâncias quando estas são líquidas ou encontram-se
ensalivadas.
tos botões gustativos, detectando
melhor o salgado, o azedo e o Por outro lado, com o avanço da idade as papilas podem
umami. sofrer atrofia.

▲Fig. 72 Vista
microscópica das
papilas linguais.

◄ Fig. 73 Detec-
ção habitual dos
sabores no dorso
da língua

62

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 62 14/02/2022 23:11:18


ANATOMIA FUNCIONAL

BOTÕES E CÉLULAS GUSTATIVAS


Botões Gustativos
São as estruturas ou órgãos intra-epiteliais, de formato oval, que contêm um conjunto de células fusi-
formes que constituem os quimiorreceptores do sentido do paladar.
Aproximadamente ¾ deles localizados nas papilas gustativas, no dorso da língua. Neles se agrupam
as células gustativas.
Os botões apresentam em média 40 a 60 células gustativas, alguns mais de cem e outros somente de
4 a 5 células.
Existem botões gustativos no palato, nos pilares das amígdalas, na região posterior da orofaringe, na
laringe, na epiglote e também no esófago.

Células gustativas
Estendem-se por todo o botão gustativo, desde a membrana basal até ao poro gustativo. No botão gus-
tativo, existem quatro tipos de células diferentes, de aspecto fusiforme, que se dividem em três grupos:
Células receptoras ou sensoriais, tipo I (células escuras) e tipo II (células claras). Têm vida curta (10-
12 dias).
Apresentam microvilosidades na extremidade voltada para a luz, descritas como pelos gustativos.
Originam-se das células basais.
Células de sustentação, tipo III. Estágios intermediários na diferenciação das células sensoriais.
Células basais. Aparentemente são células tronco, dando origem aos dos tipos I e II.

Até ao momento,
não se sabe ao cer-
to se os três tipos de
células estão rela-
cionados com a
quimiorrecepção,
ou apenas parte de-
les.

▲Fig. 74 Células gustativas no botão gustativo

63

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 63 14/02/2022 23:11:18


LÍNGUA

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS


ESTRUTURA ANATÓMICA E FUNCIONAL

A língua é um órgão muscular ligado ao sentido


do paladar, situada na parte ventral da boca.
É igualmente o principal responsável pela
percepção da textura, da temperatura e da
detecção das substâncias químicas irritantes
colocadas na cavidade bucal.
Ela conforma o bolo alimentar e inicia a sua
deglutição. Por outro lado, a língua também
participa na formação dos fonemas da fala.
Ela está constituída pelas faces dorsal e ventral,
bordos laterais, sulcos central e terminal e a ponta.
Importa enfatizar que a face dorsal tem uma ▲ Fig. 75 Face dorsal da língua
aparência macia e rosada, resultante da
presença das papilas gustativas.
Internamente, a língua está formada por
músculos esqueléticos, que são os únicos
músculos voluntários que não se fadigam.

Face dorsal. A face dorsal está dividida em duas


porções, separadas pelo sulco terminal, em forma
de V.
A porção oral (papilar), está situada dentro da
cavidade bucal, nos dois terços anteriores da língua.
A porção faríngea, localiza-se no terço posterior da
língua, constituindo a parede anterior da orofaringe.
Ela é áspera devido aos folículos linfáticos (tonsilas
linguais).
Face ventral. A face ventral ou inferior ▲ Fig. 76 Corte transversal da língua
está revestida por uma membrana mucosa macia,
que no seu centro apresenta o frênulo da língua,
cuja função é limitar os seus movimentos.
Ainda na parte ventral, se pode observar as
carúnculas salivares das glândulas submandibulares
e sub lingual, não havendo, entretanto,
papilas linguais.

► Fig. 77 Músculos da língua

64

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 64 14/02/2022 23:11:19


ANATOMIA FUNCIONAL

MÚSCULOS EXTRÍNSECOS

São aqueles que ligam a língua ao osso hióide, intermédia entre as cavidades oral e faríngea,
a mandíbula e ao processo estiloides do osso actuando tanto na deglutição, como na fala. É
temporal, contribuído principalmente na deglutição inervado pelo nervo vago.
e na fala. Este conjunto é formado pelos seguintes Estiloglosso: é o músculo retractor e elevador da
músculos: língua, inervado pelo nervo hipoglosso.
Genioglosso: apresenta uma espessura Hioglosso: tem sua origem no osso hióide, e actua
relativamente mais forte, e é dividido ao meio por como depressor da língua. É inervado pelo nervo
um septo fibroso. Está enxertado próximo à borda hipoglosso.
livre da Língua, sendo triangular quando visto
lateralmente e inervado pelo nervo hipoglosso. Condroglosso: também considerado parte do
hioglosso, está separado do mesmo pelas fibras
Palatoglosso: está inserido na superfície inferior do genioglosso a nível da faringe. Tem a mesma
da aponeuroses palatina, ocupando uma posição inervação e vascularização que o músculo hioglosso.

MÚSCULOS INTRÍNSECOS
São os músculos internos da
língua.
Eles garantem os movimentos
da mastigação, bem como da
deglutição, e ainda respondem
pela fala.
Esse conjunto é formado por
feixes de fibras musculares
longitudinais, transversais
e verticais.
Fibras longitudinais:
são aquelas que correm
para a ponta da língua.
Localizam-se na sua porção
▲ Fig. 78 Músculos extrínsecos e intrínsecos da língua
superior e inferior. O músculo longitudinal
superior é ímpar, recobre os outros músculos e
levanta a ponta da língua para trás. Já o músculo longitudinal inferior é lateral ao músculo genioglosso e
tem a função de enrolar a língua.
Fibras transversas: são as que partem do septo lingual, correndo lateralmente entre o resto dos mús-
culos intrínsecos.
Fibras verticais: são as que se estendem entre as superfícies inferior e superior da língua, principalmen-
te na borda lateral.
65

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 65 14/02/2022 23:11:19


FUNÇÃO SENSORIAL GUSTATIVA

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS


A função sensorial ou sensitiva do gosto, inicia-se nos quimiorreceptores das vias gustativas, que se ocu-
pam da transferência dos impulsos nervosos até à área gustativa primária, no lobo parietal, onde são
interpretados. Assim, a corda timpânica do nervo facial recebe o impulso gustativo da porção anterior
da língua; enquanto o glossofaríngeo recebe do palato e da porção posterior da língua; ao mesmo tempo
que o nervo vago se ocupa das regiões faríngea e laríngea. Estes impulsos alcançam o tracto solitário, na
medula oblonga, e imediatamente ascendem ao tálamo, que os remete para a área gustativa primária.

▲ Fig. 79 Localização do paladar

66

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 66 14/02/2022 23:11:20


ANATOMIA FUNCIONAL

Para realizar a sua função, o sistema sensorial gustativo compreende três partes:
Órgãos receptores: corresponde aos botões gustativos, que se localizam nas papilas linguais e noutras
estruturas já descritas.
Vias sensoriais gustativas: compreendem três neurónios sensóriais, nomeadamente:
Primeiro neurónio, também chamado de protoneurónio, é aquele cuja função é de captar perifericamente
as sensações dos botões gustativos.
Segundo neurónio ou neurónio central, localiza-se nos núcleos basais do tronco cerebral, e actua de
forma intermédia, recebendo os impulsos do protoneurónio a fim de repassá-los ao neurónio terminal.
Terceiro neurónio ou neurônio terminal, situa-se nos centros gustativos do sistema nervoso central - zo-
nas responsáveis pela emissão de uma resposta, decorrente dos impulsos recebidos.
Centros gustativos do sistema nervoso central: apesar de existir certas imprecisões quanto a sua localiza-
ção, é aceite que situam-se no hipocampo, propriamente no uncus, e no lobo da ínsula.
Outros centros gustativos também aceites, encontram-se na circunvolução parietal ascendente e na área
primitiva ou arquipálio do hipocampo.Vale também ressaltar que eles mantêm relação com a amígdala e
o hipotálamo.

▲ Fig. 80 Vias de trans-


missão dos impulsos
do paladar

67

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 67 14/02/2022 23:11:20


ÓRGÃOS DOS SENTIDOS
O SABOR

Quando a comida está na boca, as partículas voláteis chegam até ao epitélio olfatório através da fa-
ringe e da cavidade nasal, permitindo definir o sabor do alimento.
O sabor, portanto, será determinado pelo paladar e pelo odor.
A visão associa-se ao olfato e ao paladar visando fazer uma avaliação preliminar, com vista a aferir
a agradabilidade da substância a ser ingerida.

▲ Fig. 81 Vias de transmissão dos impulsos do paladar

68

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 68 14/02/2022 23:11:20


TACTO
ANATOMIA FUNCIONAL

Este é um dos cinco sentidos clássicos propostos por Aristóteles, e alguns chegam mesmo a considerá-lo
a mais importante função sensorial, fundamentalmente por ser o primeiro a desenvolver-se, bem como
pela sua dimensão psicológica. É parte dum conjunto de órgãos denominado sistema somatosensorial ou
somestesia, onde este actua a partir da exterocepção.
A pele é o órgão que responde mais directamente ao tacto, pois estende-se ao longo do corpo, servindo
de cobertura e protecção.
A transmissão dos estímulos dos receptores ao cerebelo e ao cérebro se procede através das vias que cur-
sam a medula espinal e o tronco cerebral. No cérebro, o estímulo é processado principalmente na área
somatosensorial primaria, localizada no giro pós-central do lobo parietal, no córtex.
O sistema activa-se quando o primeiro neurónio ou neurónio primário somestésico é impulsionado por
algum tipo de estímulo, como temperatura ou toque, transmitindo imediatamente a sensação pelas vias
correspondentes dos neurónios secundários situados na medula e no tronco cerebral e, terciários no
tálamo e no cerebelo, respectivamente, que permite fazer chegar a informação ao homúnculo pós-central,
do lobo parietal encefálico.
Para a melhor compreensão do tacto, faz-se necessário conhecer o funcionamento do sistema somatosen-
sorial, dadas as circunstâncias da inter-relação direita deste órgão dos sentidos com a sinestesia. É desta
forma, que passamos imediatamente a explicar o significado anatómico e funcional do sistema somatos-
sensorial para se ter uma completa compreensão dessa inter-relação.

69

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 69 14/02/2022 23:11:21


SISTEMA SOMATOSSENSORIAL

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS


O sistema somatossensorial é um complexo de órgãos ou terminações nervosas e centros de recepção e
processo, cuja função é produzir modalidades de estímulos que se apresentam no meio externo ou nos
órgãos internos do corpo humano e que ao ser recebidos pelos corpúsculos receptores estes o enviam
para ser identificados, localizados e percebidos de forma específica ou inespecífica correspondente.
Este sistema divide-se em duas modalidades ou subsistemas: sistema epicrítico e sistema protopático.
Sistema epicrítico: é preciso, rápido, discriminativo e apresenta uma representação espacial detalhada.
Ele subdivide-se pelas seguintes submodalidades:
Tacto fino: determina a percepção das características dos objetos que tocam a pele.
Propriocepção consciente: é a aptidão que possibilita localizar a posição e movimento das diferentes par-
tes do corpo sem utilizar a visão.
Sistema protopático: é grosseiro, lento e impreciso. Dele fazem parte a termossensibilidade, que é a apti-
dão voltada para a captação da temperatura do ambiente e dos objetos; e a dor, que consiste na recepção
de estímulos fortes capazes de lesar o organismo.

SENSAÇÃO vs PERCEPÇÃO
Embora não tenhamos cons-
ciência de todas as informa-
ções recebidas pelo orga-
nismo, estamos sujeitos a
diversos tipos de estímulos
provenientes do meio.
A detecção de um estímulo
propriamente dito é denomi-
nada sensação, e a interpre-
tação do estímulo que envol-
ve a consciência é chamada
de percepção.

SOMESTESIA
É a capacidade que seres
humanos e animais têm de
captar informações a partir
das diferentes partes do seu
corpo. Essas informações po-
dem ser referentes ao meio
ambiente ou ao próprio cor-
po, e podem ser conscientes
ou inconscientes. ▲ Fig. 82 Vias de transmissão dos impulsos do paladar.

70

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 70 14/02/2022 23:11:22


ANATOMIA FUNCIONAL

VIAS DE TRANSMISSÃO DA SOMESTESIA


As vias de transmissão das sensações do corpo ou somestesia, se manifestam como propriocepção, sensi-
bilidade térmica, dor e tacto. Porém, o tacto será estudado como parte dos órgãos sensoriais.

PROPRIOCEPÇÃO
É um tipo de sensação somática mecanoceptiva correlacionada com a posição corporal. Elas manifestam-
-se de duas formas:
Sensação de posição estática: reflecte a percepção consciente da orientação e inter-relação das dife-
rentes partes do corpo.
Cinestesia: é a sensação de velocidade e percepção inconsciente dos movimentos originados nos recep-
tores musculares, articulares e tendíneos. É também conhecido como propriocepção dinâmica.
A função e as estruturas das vias proprioceptivas fazem parte do sistema somestésico epicrítico. Os so-
mas dos axônios aferentes que se originam na cabeça pertencem aos neurônios primários localizados no
gânglio do nervo trigémeo, e suas terminações sinápticas contactam os neurônios de segunda ordem no
núcleo principal desse nervo craniano.
Já os somas das fibras neuronais que se originam no resto do corpo estão situados nos gânglios espinhais,
que continua pelo feixe da coluna dorsal até ao tronco cerebral, onde se situam os neurônios de segunda
ordem, unindo-se às fibras secundárias do núcleo principal do trigêmeo, até fazer sinapses com o neurô-
nio de terceira ordem, no tálamo.
As fibras do segundo neurónio vão decussar-se na medula e no tronco cerebral, a fim de encontrar as
de terceira ordem, no tálamo. Deste modo, as informações proprioceptivas de um lado do corpo serão
recebidas na região cortical do lado oposto.
Contudo, há um grupo de fibras primárias
proprioceptivas que não se decussam. Tais
axónios, uma vez no tronco encefálico,
caminham diretamente ao cerebelo e
a outras estruturas rombencefálicas
participantes do sistema de
propriocepção inconsciente dos
músculos, tendões e articulações.
Por outro lado, as informações do
cerebelo também são enviadas
ao córtex, a fim de serem
utilizadas para produzir
percepção visando exercer
o controlo motor.

▲ Fig. 83 Treinos para criar habilidades a partir de movimentos proprioceptivos

71

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 71 14/02/2022 23:11:22


ÓRGÃOS DOS SENTIDOS
SENSIBILIDADE TÉRMICA

As vias de sensibilidade térmica fazem parte do sistema protopático. Os termoceptores se encontram


distribuídos por toda a superfície cutânea, mucosas e paredes das vísceras digestivas e respiratórias. O im-
pulso nervoso dos neurónios de segunda ordem cruzam-se na linha média, na medula, continuando pela
coluna ântero-lateral até ao tronco encefálico, onde unem-se aos axônios do núcleo espinhal do trigémeo
oposto, prosseguindo pelo lemnisco espinhal, até chegar ao tálamo. Aqui, os neurónios termossensíveis
de terceira ordem juntam-se aos neurónios táteis visando chegar ao córtex cerebral. Contudo, actualmen-
te são pouco conhecidas as propriedades funcionais dos neurónios e das regiões talâmicas que processam
informações térmicas provenientes da pele.

▲Fig. 83 Treinos para criar habilidades a partir de movimentos proprioceptivos

▲ Fig. 84 Algumas cobras usam receptores térmicos para localizar suas presas.

72

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 72 14/02/2022 23:11:22


ANATOMIA FUNCIONAL

DOR

A dor é definida como uma experiência sensorial ou emocional desagradável que ocorre em diferentes
graus de intensidade – do desconforto leve à agonia, podendo resultar da estimulação do nervo em de-
corrência de lesão, doença ou distúrbio emocional. Ou ainda, é uma experiência complexa que envolve
o estímulo de algo nocivo e as respostas fisiológicas e emocionais a um evento 1https://saude.ig.com.br/
dor/. Portanto, ela pode ser nociceptiva e não nociceptiva.
Dor nociceptiva. Resulta da activação na pele de nociceptores exógenos de estímulos dolorosos mecâni-
cos, térmicos ou químicos. Ou podem ainda ser estímulos químicos endógenos do tipo somático ou vis-
ceral, de neuroceptores como serotonina, prostaglandina, histamina e outros. As dores somáticas podem
ser ósseas, pós-cirúrgicas, músculo-esqueléticas, artríticas etc. já as viscerais resultam de causas químicas
devido aos neurotransmissores, isto é, nas inflamações agudas e crónicas, bem como na distensão de
vísceras ocas. Este tipo de dor é geralmente mal localizada, profunda e opressiva.
A maioria dos neurônios de segunda ordem que transmitem os impulsos nervosos vindos dos axónios
primários situam-se no corno dorsal da medula e no núcleo espinhal do trigémeo, formando aí pequenos
circuitos locais de grande importância para a percepção da dor, entre os quais o reflexo medular. Estes
neurónios emitem axônios que cruzam para o lado oposto, no mesmo segmento medular e ascendem
pelo feixe espinotalámico, na coluna ântero-lateral da medula até ao tronco encefálico, para unirem-se as
fibras de segunda ordem do núcleo espinhal do trigémeo e continuar no lemnisco espinhal, onde vai se
observar dois tipos de fibras nociceptivas não misturadas, denominadas fibras de dor lenta e fibras de
dor rápida, que viajam até ao tálamo, num feixe específico para cada um destes impulsos nociceptivos.
Os impulsos de dor rápida e lenta são veiculados directamente ao tálamo, que os projecta ao córtex so-
mestésico primário.
Não obstante, algumas fibras
do sistema nociceptivo lento
terminam na região do tronco
encefálico não chegando ao
tálamo. Por outro lado, as
fibras da dor rápida servem
para definir a intensidade e a
localização espacial e estrita
do estímulo. A outra, é
encarregada de comunicar
com os diferentes sistemas
que determinam a conduta.

▲ Fig. 61 Estruturas do labirinto

73

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 73 14/02/2022 23:11:22


ÓRGÃOS DOS SENTIDOS
Dor não Nociceptiva. Apresenta-se como o tipo de dor que é aparentemente não activado pelos meca-
nismos nociceptivos. Deriva principalmente de causas neurogénica e psicogénica.
Dor neurogénica: resulta da lesão por compressão ou por trauma das raízes do sistema nervoso perifé-
rico e central.
No sistema periférico, um bom exemplo é a ‘‘dor fantasma”. A nível central, temos a dor talâmica, que
pode ser consequência de AVC, tumores cerebrais e metástases.
Este tipo de dor produz uma sensação de queimadura, peso, agulhadas ou choque,
acompanhada ou não de parestesias.

▲ Fig. 86 Algumas das localizações da dor neurogénica.

Dor psicogénica: estamos em presença desta dor, quando nenhum mecanismo nociceptivo ou neuro-
pático pode ser identificado, havendo manifestações psicológicas suficientes para se estabelecer critérios
psiquiátricos. No quotidiano ela é muito rara, e o seu diagnóstico é dado por exclusão.

▲ Fig. 87 Dor emocional ou psicogénico

74

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 74 14/02/2022 23:11:22


RECEPTORES SOMESTÉSICOS
ANATOMIA FUNCIONAL

Para o funcionamento do sistema somatossensorial existem inúmeros receptores localizados em todos os


órgãos do corpo, incluindo na pele, embora esta seja um órgão somestésico por excelência. Eles servem
para detectar os diferentes estímulos que incidem sobre a pele e internamente. A percepção do estímulo
pode ser detectada também por terminações livres, mielinizadas ou não. Portanto, cada receptor é espe-
cífico e dotado de máxima sensibilidade para determinada forma de energia.
Nesse sentido, os impulsos captados podem ser proprioceptivos, termosensíveis, de dor e tácteis, e são
enviados pelos diferentes tipos de receptores. Tais receptores são funcionalmente mecanoceptores para
as informações tácteis e proprioceptivas; nociceptores para á recepção de dor e de temperatura extrema;
e termoceptores para transmissão de calor e frio.
Os mecanoceptores são sensíveis a estímulos mecânicos contínuos de pressão, de tacto e de vibração,
relacionados ao controlo motor e a funções orgânicas, os quais são detectados pelos discos de Merkel,
terminações nervosas livres, órgãos de Ruffini, e outros.
Os termoceptores são sensíveis às variações térmicas da temperatura corporal e estão situados na pele,
e no hipotálamo em menor número, o qual é tido como centro de controlo da temperatura corpórea.
Já os nociceptores, são sensíveis a estímulos diversos, geralmente intensos e potencialmente nocivos.

TERMINAÇÕES LIVRES EPIDÉRMICAS


São terminações mielinizadas e amielínicas, de adaptação lenta, associadas directa ou indirectamen-
te aos folículos pilosos, que trazem informações proprioceptivas de dor, termossensíveis e tácteis
(protopática grosseira).

Terminações nervosas do folículo piloso: são


receptores formados por axônios que envolvem o
folículo piloso. Captam sensações mecânicas nos pelos.

Terminações nervosas livres ou paliçadas:


são extremidades receptoras próximas aos
folículos pilosos, situados
abaixo do ducto sebáceo,
de pequeno
diâmetro e de baixa
velocidade condutora.
São sensíveis aos
estímulos mecânicos,
térmicos e
especialmente aos
dolorosos. Estas fibras podem ser
mielínbicas ou amielínicas.
▲Fig. 88 Recepção e envio de impulsos nervosos sensitivos

75

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 75 14/02/2022 23:11:22


ÓRGÃOS DOS SENTIDOS
TERMINAÇÕES NERVOSAS ENCAPSULADAS
Como dissemos anteriormente, o corpo humano apresenta vários mecanismos especializados na
captação de estímulos
sensoriais. Assim, além das terminações
nervosas livres, encontramos um grupo
de corpúsculos ou cápsulas, localizadas
nas terminações dos axónios,
na pele, articulações,
ossos, tendões,
músculos e nos órgãos
internos, maioritariamente
nas vísceras ócas, que se
denominam discos
de Merkel, corpúsculos
de Paccini,
corpúsculos
de Meissner,
corpúsculos de
Krause, e
corpúsculos de
Ruffini, bem como
os fusos
neuromusculares,
os corpúsculos
tendinosos de Golgi, e por último o
sistema vestibular no ouvido interno. ▲ Fig. 89 Terminações nervosas sensitivas

▲ Fig. 90 A pele e os receptores nervosos

76

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 76 14/02/2022 23:11:23


ANATOMIA FUNCIONAL

TERMINAÇÕES NERVOSAS ENCAPSULADAS

Corpúsculos de Meissner e Pacini: são terminações de adaptação


rápida, localizados na derme, concentrados especialmente nos lábios,
dedos, genitália e demais regiões sensíveis. Identificam texturas a
partir de estímulos vibratórios lentos e rápidos (Meissner e Pacini,
respectivamente).
Corpúsculos de Ruffini: apresentam-se na derme profunda e nas
cápsulas articulares. As suas terminações, de adaptação muito lenta,
permitem determinar as contínuas deformações da pele e dos tecidos
mais profundos, além de ajudarem a sinalizar o grau de rotação das
articulações.
Discos de Merkel: são vários discos oriundos de um axónio que se
fixam nas células epidérmicas. Pertencem aos mecanoceptores de
pressão e tracção, sendo de adaptação lenta. Localizam-se nas par-
tes distais das extremidades e na pele dos lábios e genitais externos.
Juntamente com os corpúsculos de Meissner, desempenham papéis
extremamente importantes na localização das sensações do tacto em
áreas específicas do corpo e na determinação da textura do que é
sentido.
Bulbos de Krause: estão aparentemente relacionados às sensações
de frio e encontram-se na derme, na genitália externa e na língua,
Fusos neuromusculares e órgãos tendinosos de Golgi: estão re-
lacionados especialmente com a propriocepção (estática e dinâmica).
Localizam-se nas articulações, músculos e tendões; fornecem infor-
mações quanto à posição e angulação das articulações, assim como o
grau de contracção dos músculos.
A termossensibilidade manifesta-se por meio dos receptores de frio
e calor (nas temperaturas suportáveis), e por receptores de dor (no-
ciceptores) nas temperaturas extremas, onde pode ocorrer lesão te-
cidual. Os termorreceptores estão distribuídos em número relativa-
mente pequeno ao longo da pele. Desse modo, tal sensibilidade é
mais facilmente percebida quando o corpo ou grande parte dele está
submetido a variações da temperatura.

77

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 77 14/02/2022 23:11:23


TACTO

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS


Os neurónios tácteis de segunda ordem
do sistema epicrítico situam-se nos
núcleos da coluna dorsal e no núcleo
principal do trigémeo, ambos no tronco
encefálico. Já os do sistema protopático
estão situados no corno dorsal da
medula e no núcleo espinhal do
trigémeo. As fibras do corno dorsal da
medula ascendem pela coluna
ântero-lateral para unirem-se com as
fibras do núcleo espinhal do trigémeo
e prosseguir pelo feixe espinotalâmico
até ao tálamo.
Todos os neurónios tácteis de segunda
ordem projectam seus axônios para o O contacto físico carinhoso com alguém de quem
tálamo contralateral, onde estão as gostamos, gera desde a infância uma sensação de
células de terceira ordem. Estas, por bem-estar, segurança e afecto.
sua vez, projetam axónios para as regiões
somestésicas do córtex cerebral. O tacto epicrítico e
o tacto protopático permanecem separados até ao
tálamo, constituindo vias ascendentes distintas.
No caso do tacto epicrítico, as fibras que emergem
dos núcleos da coluna dorsal cruzam para o lado
oposto, reunindo-se com as que derivam do núcleo
principal do trigémeo. Os dois conjuntos
formam um feixe localizado perto do plano
mediano do tronco encefálico, chamado
lemnisco medial que termina no tálamo,
de onde emergem as radiações
talâmicas, cujas fibras deixam o
diencéfalo para terminar na região
cortical, na área somestésica
primária, no lobo parietal.
No caso do tacto protopático,
as fibras do feixe espinotalâmico
e as do núcleo espinhal do
trigémeo unem-se no tronco
cerebral e formam o lemnisco
espinhal, terminando igualmente no tálamo e continuando pela mesma via pós-talâmica, até chegar ao
lobo parietal.
No lemnisco espinhal também trafegam as fibras que conduzem as sensibilidades térmica e dolorosa.

78

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 78 14/02/2022 23:11:23


SISTEMA
ENDÓCRINO

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 79 14/02/2022 23:11:25


SISTEMA ENDÓCRINO
ANATOMIA FUNCIONAL

O sistema endócrino é responsável pelo controlo das


actividades metabólicas do organismo. Actua a longo prazo
através de sinais químicos executados por substâncias
denominadas hormónios.
Está constituído por órgãos maioritariamente de pequeno
volume, cujas células são encarregadas da produção de
hormónios que circulam através do sangue nos vasos, com
a finalidade de manter o funcionamento homeostático
do organismo.
ÓRGÃOS-ALVO 1. Glândula pineal
2. Hipófise
São órgãos que têm a função 3. Tireóide
3.a. Paratireóide
regulada pelos hormónios, cuja
4. Timo
acção sobre as células destes, 5. Suprarrenal
é geralmente estimulante, 6. Pâncreas
e outras vezes depressora. 7. Ovário
8. Testículo

▲ Fig. 91 Glândulas endócrinas.


HORMÓNIOS
São mensageiros químicos
que a partir das glândulas
endócrinas, actuam como
controladores ou auxiliares à
distância dos órgãos responsáveis
pela homeostasia. Chegam aos
órgãos alvo pela via sanguínea,
de forma lenta.
Porém, o seu efeito é mais duradouro
que o estímulo nervoso. Alguns dos
principais órgãos produtores de
hormónios no homem são a hipófise,
a tireoide, as paratireoides, as suprarrenais,
▲ Fig. 92 Secreção hormonal
o pâncreas, as gônadas (ovários e testículos), bem como o hipotálamo.
Pela sua natureza química, os hormónios podem ser classificados em proteicos e esteroideos.
Hormónios proteicos: são produzidos a partir de cadeias de aminoácidos. Constituem-se de pequenas
proteínas ou fragmentos proteicos e a sua acção incide sobre os ATP (Adenosina-trifosfato), activando-os.
Hormónios esteroideos: São sintetizados a partir do colesterol, cuja acção é activar os genes, ligando-se
a um receptor específico dentro da célula alvo, até atingir o núcleo celular.

80

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 80 14/02/2022 23:11:25


HIPÓFISE

SISTEMA ENDÓCRINO
A hipófise é a glândula responsável pela ligação
entre o sistema nervoso e o sistema endócrino,
que ocorre através do eixo hipotálamo-
hipofisário, situado no infundíbulo. Encontra-se
na base do crânio, propriamente na sela túrcica.
Ela é considerada a glândula chave do
organismo, por ser encarregada da
activação de um grupo de outras
glândulas endócrinas que
respondem pela
homeostasia.

A hipófise está
constituída por
dois lobos:
anterior
e posterior.

▲ Fig. 93 Estrutura funcional da hipófise


81

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 81 14/02/2022 23:11:26


LOBO ANTERIOR
ANATOMIA FUNCIONAL

O lobo anterior, também denominado adeno-hipófise, é formado por diversos tipos de células, que pro-
duzem e secretam inúmeros hormónios. Esta porção da hipófise controla principalmente o funciona-
mento das glândulas tireóides, suprarrenais e gonadais por meio de hormónios, bem como produz ainda
hormónios do crescimento (somatotropina), e do leite materno nas mulheres (prolactina).

▲ Fig. 94 Hormónios que secreta a glândula hipófises

PRINCIPAIS HORMÓNIOS SECRETADOS PELA ADENO-HIPÓFISE

GH (somatotrofina): responde pelo crescimento dos tecidos do corpo.


TSH (tireotrofina): estimula as células foliculares a fim de sintetizar e liberar os hormónios da glândula
tireóide.
ACTH (corticotrofina): estimula o córtex da glândula suprarrenal na síntese e na liberação dos seus
hormónios.
FSH (folículo estimulante): é a gonadotrofina que estimula o desenvolvimento dos folículos ovarianos
e a proliferação do epitélio germinativo e espermatogênese nos testículos.
LH (luteinizante): é o hormónio gonadotrófico responsável pela ovulação e produção de progesterona
no corpo lúteo. Nos homens, activa a produção de testosterona nas células de Leydig.
Prolactina: estimula a produção de leite nas glândulas mamárias.

82

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 82 14/02/2022 23:11:27


LOBO POSTERIOR

SISTEMA ENDÓCRINO
O Lobo posterior ou neuro-hipófise, origina-se
embriologicamente no diencéfalo do sistema
nervoso. Ela conecta-se ao hipotálamo
pelo eixo hipotálamo-hipofisário, que tem
no seu interior axónios amielínicos e
neurossecretores, transportadores da ocitocina
e da antidiurética (ADH) – hormónios
produzidos no hipotálamo,
propriamente nos núcleos
paraventriculares e supra-ópticos,
respectivamente.
Aquí, no lobo posterior, não há
produção de hormonas.

Hormona antidiurética:
actua no túbulo contornado distal e no
ducto colector da nefrona, nos rins,
aumentando aí, a absorção
da água.
Ocitocina: promove a contracção
da musculatura lisa uterina no
trabalho de parto, bem como ▲ Fig. 95 Estrutura do eixo hipotálamo-hipofisário
a contracção das células mioepiteliais,
nas mamas, durante a amamentação. ▼Fig. 96 Órgãos-alvo dos hormónios secretados
pela neurohipófise

O rim, para realizar a sua função diurética, serve-se principalmente de dois hormónios: ADH,
produzido na adenohipófise, e aldosterona, originário do córtex suprarrenal.

83

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 83 14/02/2022 23:11:28


HIPOTÁLAMO
ANATOMIA FUNCIONAL

É o principal centro de integração e controlo dos órgãos internos. Vincula os sistemas nervoso e endócri-
no por meio dos hormónios por ele produzidos, os quais são enviados à hipófise através do infundíbulo.
O hipotálamo produz os hormónios antidiurético e ocitocina os quais são enviados à neurohipofise. Tam-
bém produz os factores de liberação e de inibição hipotalâmicos, com os quais controla a secreção dos
hormónios hipofisários. Isto produz-se através do sistema portal hipotálamo-hipofisário.

FACTORES DE LIBERAÇÃO E INIBIÇÃO HIPOTALÂMICOS

São substâncias encarregadas


de controlar os respectivos
hormónios produzidos na
adenohipófises.
GRF - Factor de liberação
da somatotropina:
estimula a secreção do
hormónio do
crescimento (GH).
TRF - Factor de liberação
da tireotrofina: promove
a secreção do hormónio
estimulante da tireoide
(TSH).
CRF- Factor de liberação
da corticotrofina: fomenta
a secreção do hormónio
estimulante do córtex
suprarrenal (ACTH).
LRF - Factor de liberação
das gonadotrofinas:
estimula a secreção de
ambas gonadotrofinas
(FSH e LH).
PIF - Factor de Inibição da
prolactina: inibe a secreção
da prolactina. ▲Fig. 97 Sistema portal hipotálamo-hipofisário

O Sistema portal do eixo hipotálamo-hipofisário consiste em um plexo vascular primário,


no hipotálamo, que envia os factores de liberação e inibição através do eixo pelas veias
portais, para terminar em outro plexo, localizado entre as células produtoras de hormónos
da hipófise anterior.

84

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 84 14/02/2022 23:11:28


GLÂNDULA TIREIÓIDE

SISTEMA ENDÓCRINO
▲Fig. 98 Estrutura funcional da glândula tireóide
O termo tireõide deriva da palavra grega "escudo", devido ao seu formato. É uma das maiores glândulas
endócrinas do corpo, estando constituída por dois lobos unidos por um istmo, em forma de H, pesando
entre 15 e 30 g. Está localizada no pescoço, embaixo da laringe e da proeminência da cartilagem tireóidea,
em frente da traqueia, entre as vértebras C5 e T1. É recoberta pelos músculos do pescoço e uma cápsula
conjuntiva, sendo de cor vermelha escura. Histologicamente, a glândula tireõide está formada por uma
grande quantidade de folículos, que sintetizam os hormónios a partir de aminoácidos e iodo. Este último,
é fundamental para a produção hormonal. A partir da síntese do iodo, a glândula produz e armazena dois
tipos de hormónios, nomeadamente a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3). Ela é ainda a única glândula
endócrina que armazena o seu produto de secreção, os hormónios – que por sua vez acumulam-se nos
folículos, numa substância densa e coloidal. Entretanto, além dos hormónios que já referimos, esta glândula
também produz calcitonina, nas células C parafoliculares.
FUNÇÕES PRINCIPAIS DOS HORMÓNIOS DA GLÂNDULA TIREÓIDE
Tiroxina e Triiodotironina
• Estimular o metabolismo celular.
• Regular os batimentos cardíacos, o sistema nervoso, a função respiratória pulmonar, o consumo de
energia e outros.
Calcitonina
• Controlar a homeostasia do cálcio.
• Reduzir a concentração do cálcio no sangue.
• Inibir a actividade dos osteoclastos e a absorção de ião cálcio (Ca2+) nos intestinos.
• Aumentar a fixação de cálcio nos ossos.
• Apresentar uma acção contrária ao paratormônio (hormónio produzido pela glândula paratireoides).

85

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 85 14/02/2022 23:11:28


GLÂNDULAS PARATIREÓIDES
ANATOMIA FUNCIONAL

São quatro pequenas glândulas de coloração amarelada do tamanho de uma ervilha, situadas na face
posterior da glândula tireóide, nos pólos superior e inferior de cada lobo, geralmente dentro da cápsula
tireóidea ou no interior da glândula. Elas produzem um tipo de hormónio denominado
paratormónio, isto nas células principais.
Este hormónio, por sua vez,controla o
metabolismo do cálcio e do fósforo,
aumentando a concentração de cálcio
plasmático e, reduzindo o fósforo no
sangue, o que eleva a sua excreção na
urina; também estimula a síntese de
vitamina D no tracto digestivo.
Nas glândulas paratireóides, existem
igualmente outras células, as oxifilas,
cuja função ainda não foi elucidada.
O paratormónio pode apresentar
determinados transtornos funcionais,
que ocorrem por hipossecreção e por
hipersecreção glandular. No primeiro
▲Fig. 99 Glândula paratireóides
caso, apresenta uma diminuição na
concentração do cálcio no sangue, que tende a provocar cãibras, espasmos musculares e tetania. Já no
segundo caso, o cálcio é extraído dos ossos e lançado na corrente sanguínea, provocando a enfermidade
conhecida como osteítes fibrosa, que produz profundas alterações na estrutura óssea, desencadeando,
inclusive, deformidade no esqueleto, bem como o acúmulo de cálcio nos rins.

► Fig. 100 Localização das glândulas paratireóides

86

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 86 14/02/2022 23:11:29


PÂNCREAS

SISTEMA ENDÓCRINO
É uma glândula mista por possuir características exócrina e endócrina, o que lhe permite pertencer,
tanto ao sistema digestivo quanto ao sistema endócrino. Localiza-se no lado esquerdo do abdómen, entre
a coluna vertebral e a parte inferior do estômago, circundado pelo duodeno. Apresenta-se em forma de
folha e mede aproximadamente 12,5cm de comprimento.
O pâncreas está constituído fundamentalmente pelos ácinos pancreáticos e os ilhotes de Langerhans. Os
ácinos pancreáticos têm a função exócrina, produzindo enzimas da digestão, que acorrem pelo ducto
pancreático até alcançarem o duodeno. Já as ilhotas de Langerhans, têm a função endócrina, que permite
ao pâncreas produzir os hormónios que chegam à corrente sanguínea.
1 - Cabeça do pâncreas
2 - Processo uncinado do pâncreas
3 - Incisura pancreática
4 - Corpo do pâncreas
5 - Superfície anterior do pâncreas
6 - Superfície inferior do pâncreas
7 - Margem superior do pâncreas
8 - Margem anterior do pâncreas
9 - Margem inferior do pâncreas
10 - Tubérculo omental
11 - Cauda do pâncreas
12 - Duodeno
▲ Fig. 101 Estrutura do pâncreas
Quanto à produção de hormónios, as células denominam-
se em:
FUNÇÃO EXÓCRINA
Células alfa – produtoras de glucagon.
Células beta – produtoras de insulina.
Ocorre na digestão, propriamen-
Células delta – produtoras de somatostatina
te na excreção do suco pancreáti-
co na segunda porção do duode-
no, contribuindo para neutralizar
a acidez do estômago.

FUNÇÃO ENDÓCRINA
Ocorre na produção de insulina,
glucagon e somatostatina, que
são hormónios que actuam prin-
cipalmente no controlo da taxa
de glicose no sangue, no meta-
bolismo dos carboidratos, bem
como no metabolismo das pro-
▲ Fig. 102 Hipófise. Estrutura das ilhotes de Langherham
teínas e gorduras.

87

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 87 14/02/2022 23:11:29


FUNÇÃO DOS HORMÓNIOS DO PÂNCREAS
ANATOMIA FUNCIONAL

INSULINA
É o hormónio que permite a entrada da glicose
nas células. Ela actua igualmente no metabolismo
das gorduras e das proteínas.

Função no metabolismo da Glicose


Mantém estável os níveis da glicose no
sangue por via da sua entrada na célula,
num processo denominado glicogénese.

Função no metabolismo das


Gorduras
Incrementa a transformação da glicose
em ácido gorduroso, impedindo-o de
sair dos tecidos adiposos, o que reduz a
sua utilização pela célula.
▲ Fig. 103 Estrutura funcional do pâncreas
Função no metabolismo das Proteínas
Aumenta o transporte de aminoácidos através da membrana celular para promover a síntese proteica e
reduzir a lise.

GLUCAGON Glicogenólise: SOMATOSTATINA


é o processo
É produzido no pâncreas e nalgu- que consiste no É um hormónio fundamentalmente de tipo ini-
mas células espalhadas pelo trato aumento da gli- bitório, secretado no estômago, no intestino,
gastrointestinal, desempenhan- cose no sangue a nas células delta do pâncreas e no hipotálamo,
do as seguintes funções: partir do glicogê- desempenhando as seguintes funções:
• Manter os níveis de glicose nio armazenado • Inibir a secreção do hormónio do cresci-
no sangue, através dos meca- no fígado e nos mento (GH).
músculos.
nismos da glicogenólise e • Inibir a secreção do hormónio estimulante
gliconeogénese. da tireóide (TSH).
• Diminuir a motilidade intesti- Gliconeogénese: • Diminuir a secreção dos hormónios gas-
nal e a secreção gástrica. é o processo de trointestinais.
• Aumentar a excreção renal de transformação • Estimular a contração da vesícula biliar e a
glicose. das proteínas em secreção enzimática pancreática.
glicose. • Inibir a produção do glucagon.
• Reduzir o fluxo sanguíneo esplâncnico,
sem no entanto alterar a pressão arterial
sistémica de modo significativo.

88

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 88 14/02/2022 23:11:29


GLÂNDULAS SUPRARRENAIS

SISTEMA ENDÓCRINO
São duas glândulas localizadas na cavidade abdominal,
na região lombar, ao nível da 12ª vértebra torácica,
ântero-superior aos rins, propriamente no pólo superior.
Medem cerca de 5cm de comprimento, e encontram-se
envolvidas por uma cápsula, sendo irrigadas pelas
artérias suprarrenais.
Cada glândula é constituída por córtex e medula,
e cada uma destas partes tem uma configuração
histologicamente distinta.
O córtex situa-se na região externa ou
periférica da glândula, enquanto a medula
encontra-se na porção média ou interna,
nvolvida pelo córtex. Contudo, ambas
recebem aferências
moduladoras a partir do
sistema nervoso.
Fig. 104 Localização da glândula suprarrenal ►

CÓRTEX SUPRARRENAL

Apresenta uma cor amarelada devido à grande quantidade de colesterol, que é a substância por via do
qual, produzem-se os hormónios.
O córtex suprarrenal origina-se a partir do mesoderme. E está subdividido em três regiões, nomeadamen-
te zonas glomerular, fascicular e reticular, e cada uma apresenta um aspecto histológico diferenciado,
bem como possui funções distintas na produção de hormonas.

MEDULA SUPRARRENAL

Inicialmente apresenta uma coloração avermelhada escura, migrando com o tempo para a cinza. Provêm
embriologicamente da crista neural, razão pela qual é considerada um gânglio nervoso pertencente ao
sistema nervoso autónomo simpático.

89

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 89 14/02/2022 23:11:29


ANATOMIA FUNCIONAL

ZONAS DO CÓRTEX SUPRARRENAL

Zona glomerular

É a região mais exterior. Apresenta cordões celulares dispostos em arcos.


Produz os hormónos mineralocorticóides, principalmente a aldosterona.
A também denominada zona glomerulosa actua no controlo do sódio e do potássio nos tubos renais, eli-
minando o excesso do segundo elemento e reabsorvendo o primeiro juntamente com a água, permitindo
assim, a retenção no corpo desta última substância.

Zona fasciculada
Localiza-se numa posição intermédia, conformando cordões celulares paralelos e perpendiculares. Ela
produz os hormónos glicocorticóides, sobretudo o cortisol. Esta zona é responsável pelo metabolismo
dos carboidratos, gorduras e proteínas no organismo. Além destas funções, os hormónos, aqui, também
actuam como anti-inflamatórios.

Zona reticular
É a região mais interna e assemelha-se a uma rede de cordões celulares, sendo muito vascularizada.
Produz pequenas quantidades de hormónios esteroides gonadais (testosterona, estrogénio e progeste-
rona), encarregados dos caracteres secundários sexuais (barba, voz, disposição das gorduras e pêlos no
corpo, etc.)

▲Fig. 105 Estructura anátomofuncional da glândula suprarrenal

90

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 90 14/02/2022 23:11:30


HORMÓNIOS DA MEDULA SUPRARRENAL

SISTEMA ENDÓCRINO
A medula suprarrenal apresenta células secretoras do tipo poliédricas dispostas em forma de rede. Ela
secreta adrenalina, noradrenalina e dopamina, que são hormonas neuro mediadoras, que fazem parte do
sistema nervoso autónomo simpático.

ADRENALINA E NORADRENALINA

As duas hormonas têm função endócrina e actuam como neurotransmissores no sistema nervoso central
e no sistema nervoso simpático, funcionando de modo similar, embora algumas vezes portam-se antago-
nicamente.
Entre as suas atribuições, destacam-se:
- Promover o aumento do gasto e da frequência cardíacas;
Adrenalina
- Elevar a pressão arterial;
- Aumentar a glicose sanguínea É produzida até 80% na
medula suprarrenal.
- Promover a secreção de suor;
- Diminuir a actividade digestiva;
- Incrementar a frequência respiratória e a função renal;
- Aumentar o estado de alerta, podendo desencadear medo e tremor;
- Elevar o metabolismo, em correspondência com as outras funções do organismo;
Individualmente, a noradrenalina contrai os vasos sanguíneos, enquanto a adrenalina os dilata.

DOPAMINA

Tal como os dois hormónios anteriores,


este actua como neurotransmissor no
sistema nervoso central e periférico,
funcionando como estimulante e
promovendo sensações de
motivação e prazer.

A dopamina
é a precursora
natural da
noradrenalina,
que por sua
vez, dá lugar à
adrenalina.
▲Fig. 106 Glândula suprarrenal. Hormónios que secreta

91

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 91 14/02/2022 23:11:30


GLÂNDULAS ENDÓCRINAS SEXUAIS
ANATOMIA FUNCIONAL

GÓNADAS
São órgãos do sistema reprodutor masculino e feminino - testículos e ovários, respectivamente, onde são
produzidas as gâmetas.
Além da sua função reprodutiva, são também glândulas do sistema endócrino, responsáveis pela produ-
ção de hormónios sexuais, nomeadamente testosterona, no homem; estrogénios e progesterona na mu-
lher. Estes hormónios, tal como os adrenocorticais, são compostos esteróides, formados principalmente
de colesterol.

ANATOMIA FUNCIONAL DAS GÓNADAS


Ovários
Localizam-se no abdómen, no hipogástrio, sendo laterais aos cornos uterinos, no extremo das trompas
de Falópio, fixadas pelo mesoderme, e pelo ligamento útero-ovárico. Além da sua função endócrina, têm
igualmente uma função reprodutiva, que é a produção de óvulos.
Testículos
Localizam-se dentro das bolsas escrotais, em baixo do períneo, fora do abdómen. Também produzem
espermatozóides ou células reprodutoras masculinas.

►Fig. 107 Ovários e outros órgãos


reprodutores da pélvis.

◄Fig.108 Localização dos testículos

92

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 92 14/02/2022 23:11:30


SISTEMA ENDÓCRINO
HORMÓNIOS SEXUAIS FEMININOS

Estrogénios
São vários hormónios semelhantes produzidos na medula ovariana, chamados estradiol, estriol e estrona,
os quais têm funções e estrutura química similares, pelo que funcionalmente são considerados um único
hormónio. Apresentam as seguintes funções:
Promover o desenvolvimento das características sexuais secundárias femininas, bem como a fase prolife-
rativa do ciclo menstrual, a ovogénese e a ovulação.
- Produzir inúmeras mudanças estruturais e funcionais durante a gravidez.
- Estimular o crescimento ósseo e a sua calcificação.
- Proteger o organismo contra a osteoporose, inibindo a saída do cálcio do osso.
- Inibir a presença de placas de gordura nas artérias, evitando a aterosclerose.

Progesterona
Produz-se nos ovários, propriamente no corpo lúteo, bem como na placenta e nas glândulas adrenais.
Funcionalmente, promove a fase secrecional ou lútea do ciclo menstrual. Ou seja, prepara o útero para a
gravidez, formando a quantidade de muco necessária para a implantação do óvulo. Por outro lado, pro-
move o processo de lactação na fase final da gravidez.

▲ Fig. 109 Produção de hormónios no ovário

93

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 93 14/02/2022 23:11:31


HORMÓNIOS SEXUAIS MASCULINOS
ANATOMIA FUNCIONAL

Testosterona
A testosterona e o hormónio elaborado nos testículos a partir das células intersticiais de Leydig e na
zona reticular do córtex, nas glândulas adrenais. Este hormónio promove o crescimento e o desen-
volvimento das gâmetas e as características sexuais secundárias masculinas, assim como estimula o
líbido (em ambos os sexos); e ainda, contribui no aumento da massa muscular e da agressividade,
isto ao longo da vida adulta, tanto no homem como na mulher.

▲Fig. 110 Testículo

94

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 94 14/02/2022 23:11:32


GLÂNDULA PINEAL

SISTEMA ENDÓCRINO
A glândula pineal, também denominada epífise ou corpo pineal, é uma glândula cónica, achatada e
ovóide, que a partir da fase da puberdade reduz o seu tamanho, diminuindo a produção do hormónio
melatonina.
Ela mede entre 5 a 9mm, e pesa cerca de 0,1g, situando-se na porção medial e central do cérebro, entre
os tálamos, acima da lâmina quadrigémea, no terceiro ventrículo, ao nível das sobrancelhas.
Assim, a glândula pineal contém quatro tipos de células:
Células intersticiais.
Fagócitos perivasculares.
Neurónios pineais ou pinealócitos.
Neurónios com função parácrina.

FUNÇÕES DA GLÂNDULA PINEAL

• A glândula pineal produz o hormónio melatonina pelos pinealócitos, o qual participa na produ-
ção de endorfinas, que acalmam e relaxam os sentidos e induzem e regulam o sono.
• Controla o ritmo biológico ou circadiano, que são as oscilações das variáveis biológicas em interva-
los regulares de tempo (alimentação, produção de calor, relação sono e escuridão etc.), associados
aos câmbios ambientais rítmicos.
• Produz o hormónio serotonina - substância neurotransmissora responsável pelos níveis de hu-
mor, energia e regulação do biorritmo.
• Interfere no funcionamento dos sistemas imunológico, nervoso, endócrino e cardiovascular.
• Regula os níveis hormonais femininos.
• Regula a fertilidade e o ciclo menstrual.
• Tem efeitos reguladores cardíacos e circulatórios.

CURIOSIDADES
As células parácrinas res-
pondem pela interacção
• A vía de comunicação entre os olhos – a sensibilidade a luz-
das outras células pineais.
e à glándula pineal se produz através do núcleo supraquias-
mático, tálamo, colículos superiores, continuando-se depois
para o lobo occipital

• Hoje, sabe-se que a glândula pineal transforma as ondas dos campos magnéticos em estímulos
neuroquímicos.

• A glândula pineal é observável pelo RX devido à elevada concentração de cálcio no seu interior,
tornando-se ainda mais perceptÍvel à medida que a idade aumenta.

95

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 95 14/02/2022 23:11:32


ANATOMIA FUNCIONAL

1. Colículos superiores
2. Colículos inferiores
3. Glândula pineal
4. Comissuras dos cólicos inferiores
5. Pedúnculo cerebelar superior
6. Quarto ventrículo
7. Tálamo

▲Fig.111 Localização da glândula pineal.

96

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 96 14/02/2022 23:11:32


TIMO

SISTEMA ENDÓCRINO
É um órgão linfático e endócrino, encarregado da produção de linfócitos T.
É muito activo durante os primeiros anos de vida. A partir da adolescência, no entanto, vai involuin-
do em estrutura
e função, o que não se
reflecte em sua
eficiência. Na infância
tende a pesar entre
10 e 35g, ao passo
que nos idosos varia
entre 5 a 15g.
O timo encontra-se
localizado na porção
ântero-superior da
cavidade torácica, no
mediastino superior e
anterior,
posteriormente ao
externo, inferior a
traqueia, veia jugular ▲ Fig.112 Localização do timo, no mediastino
interna e a artéria corotidea
comum, medial aos pulmões e superior A - Artéria carótida comum direita.
e anteriormente ao coração. B - Artéria carótida comum esquerda.
É formado por dois lobos alongados, T - Traquéia.
de diferentes tamanhos, envolvidos por uma l.d - lobo direito do timo.
cápsula de tecido conjuntivo. Cada lobo possui l.e - lobo esquerdo do timo.
uma série de lóbulos, dispostos em volta
t.br.e. - tronco braquiocefálico venoso esquerdo
de um eixo ou cordão central em forma
t,br,d.- tronco braquiocefálico venoso direito
de folículos que apresentam uma
substância medular clara, envolvida por
uma cortical escura, ambas contendo linfócitos
provenientes da medula óssea – os
timócitos, que se encontram em
diferentes períodos de maturação.

HORMÓNIOS DO TIMO
O timo produz vários hormónios, tal como
a timosina, timulina e timopoietina, dos quais o
primeiro é o mais importante, sobretudo por se
encarregar da maturação dos linfócitos T. ▲ Fig. 113 Timo
Já a timulina, além de promover a maturação
dos timócitos, relaciona-se com o eixo hipotálamo-hipofisário na actividade imunológica. Enquanto
que a timopoietina actua na regeneração dos nervos.

97

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 97 14/02/2022 23:11:32


ANATOMIA FUNCIONAL

▲Tab.3 Produção de hormónios no corpo humano

Rim
Fígado

Osso

Íleon

Fígado
98

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 98 14/02/2022 23:11:33


BIBLIOGRAFIA

SISTEMA ENDÓCRINO
• RICHARD L. DRAKE, A. WAYNE VOGEL E ADAM W. M. MITCHELLGray's. Anatomia para Estudan-
tes. Ed. Elsevier, 2005.
• WOLF-HEIDEGGER E PETRA KOPF-MAIER. Atlas de Anatomia Humana. 6.ª Edição. Edit. Nova Gua-
nabara, 2006.
• MC MINN & ABRAHAMS - LOUKAS, MARIOS, ABRAHAMS, PETER H., SPRATT, JONATHAN , et,al.
Atlas Colorido de Anatomia Humana.. 7ª Ed. Edit. Elsevier, 2014
• MOORE, KEITH L. Anatomia orientada para a clínica. 7ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan,
2014.
• Anatomia com Orientação Clínica. K. Moore Y. A. Dalley.2002. Editorial Pan-americana.
• Textos auxiliares.
• R.D. SINELNIKOV. Atlas de Anatomia Humana. 1984. Editorial MIR Tomos I,II,III.
• JACOB, STANLEY W. JACOB JACOB, FRANCONE, CLARICE ASHWORTH, LOSSOW, WALTER. Jacob.
Anatomia e Fisiologia Humana., 5ª Ed., J. Ed. Guanabara, 1990.
• K. MOORE. Anatomia com Orientação Clinica. Guanabara, Koogan 2018.
• PAULSEN, FRIEDRICH, WASCHKE, JENS. Sobotta. Atlas De Anatomia Humana. 24ª Ed. Guanabara
Koogan. 2018.
• NETTER, FRANK H. Atlas de Anatomia Humana. 7ª Ed. Ed. Elsevier, 2019.
• RICHARD DRAKE A. WAYNE VOGEL ADAM MITCHELL. Gray. Anatomía básica 2nd Ed., Elsevier
2018
• Literatura de Consulta
• TESTUT, L. & LATARJET, A. Tratado de Anatomia Humana. ed, Salvat, Barcelona, 1959.
• PDF. JACOB, STANLEY W. FRANCONE, CLARICE A. LOSSOW, WALTER J. Anatomia e fisiologia hu-
mana. 5ª Edição. São Paulo. Guanabara Koogan, 1990.
• LATARJET, M.; LIARD. Anatomia Humana. 4ª ed. Ed. Médica Panamericana, 2004.

Textos on-line.
• PDF. PROFA. SILVIA M. NISHIDA. Sistema Nervoso Autônomo. Curso de Fisiologia. Ciclo de Neu-
rofisiologia Departamento de Fisiologia, IB Unesp-Botucatu. 2007
• PDF. FACULDADE DE MEDICINA/UFC-SOBRAL MÓDULO SISTEMA NERVOSO NEUROANATOMIA
FUNCIONAL. Formação Reticular. Prof. Gerardo Cristino. Aula disponível em: www.gerardocristi-
no.com.br
• PDF. PROFESSOR RAPHAEL GARCIA. Apostila de Anatomia e Fisiologia Humana – Sistema Nervoso
(Páginas 1 a 13). 2018.
• PDF. FÉLIX DOMÉSTICA, LINNAEUS. Estudo anatômico dos gânglios celíaco, Celíaco mesentérico
e mesentérico cranial e de suas conexões no gato doméstico. 2000.
• PDF. LUIZA DA SILVA LOPES. Neuroanatomia. Sistema Motor Somático. 2016.

99

ANATOMIA FUNCIONAL.indd 99 14/02/2022 23:11:33


ANATOMIA FUNCIONAL.indd 100 14/02/2022 23:11:33

Você também pode gostar