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Novos PORTUGUÊS 1
3URȃVVLRQDLV Ana
Catarino Isabel
Castiajo Maria
José Peixoto
De acordo com
Novo Programa
12 PROJETO DE LEITURA 14 PARA COMEÇAR
MÓDULO 1
1. POESIA TROVADORESCA
18 PARA CONTEXTUALIZAR 19 PARA INICIAR 22 PARA DESENVOLVER
28 “Quer’eu em maneira de
proençal”, Dom Dinis 24 “A figura feminina nas 26 Exposição sobre um tema
cantigas de amor” “A sociedade portuguesa do século XIII”
30 “Se eu pudesse desamar”,
Pero da Ponte 33 Apreciação crítica
“O poder, talvez”
30 “Que soidade de mha senhor
ei”, Dom Dinis
CANTIGAS DE AMIGO
2
3
ÍNDICE
19 COMPREENSÃO DO ORAL
Reportagem
“Viagem Medieval em Terra
de Santa Maria”
APRENDER / APLICAR
44 Evolução do português
61 PARA AVALIAR 56 Fonética e fonologia / etimologia
MÓDULO 1
2. FERNÃO LOPES
CRÓNICA DE D. JOÃO I (Excertos da 1.a parte)
66 PARA CONTEXTUALIZAR 67 PARA INICIAR 69 PARA DESENVOLVER
MÓDULO
112
2
– excerto 3)
(Apresentação do Escudeiro e
1.
casamento de Inês –
GIL VICENTE
excerto 4)
FARSA DE INÊS PEREIRA
115 (A vida de casada de
67 EXPRESSÃO ORAL
Inês – excerto 5) 7e0se Sínt 77 Processos fonológicos
Pesquisa a partir de
“Fernão Lopes – o
124 (Inêsimagens
livre para novos
historiador” Como escrever
amores – excerto 6)
uma síntese
68 COMPREENSÃO DO ORAL
73 Síntese
“Fernão Lopes – vida e
obra” A maior das vitórias”
78 Funções sintáticas I
89 PARA AVALIAR
4
ORALIDADE ESCRITA
5
MÓDULO 2
2. LUÍS VAZ DE CAMÕES
RIMAS
138 PARA CONTEXTUALIZAR 139 PARA INICIAR 140 PARA DESENVOLVER
REPRESENTAÇÃO DA AMADA
142
“Ondados fios d’ouro reluzente” 141 “Petrarquismo em Camões: influência
143 e originalidade”
“Um mover d’olhos, brando e
144
piadoso” “Descalça vai para a
146
fonte” “Endechas”
149
“Quem ora soubesse” 148 “A tensão amorosa em Camões”
150
“Tanto de meu estado me
acho incerto”
A REPRESENTAÇÃO DA NATUREZA
152
“Alegres campos, verdes arvoredos” 151 “Locus amoenus”
153
“Aquela triste e leda
madrugada
A REFLEXÃO SOBRE A VIDA PESSOAL
157
“Correm turvas as águas deste 156 “A lírica camoniana” 161 Apreciação crítica
158 “Um justo entre as Nações”
rio” “Mudam-se os tempos,
164 Exposição
160 mudam-se “Os pintores descobrem a realidade”
as vontades”
6
166 PARA SABER 168 PARA VERIFICAR 169 PARA RECUPERAR
7
139 COMPREENSÃO DO ORAL
Documentário
sobre Luís de Camões
APRENDER / APLICAR
8
175 EXPRESSÃO ORAL 185 Reescrita de texto 185, 199, Funções sintáticas
Leitura de imagens (sinonímia/economia lexical) 202, 210
176 COMPREENSÃO DO ORAL 203 Exposição sobre um tema 185, 210 Campo lexical/Campo semântico
Documentário Os Descobrimentos
“Grandes Livros − Os 185 Classe de palavras
Lusíadas” 210 Exposição sobre um tema
181 As qualidades bélicas e 191 Conector
COMPREENSÃO DO ORAL literárias de Luís de Camões
Áudio 191, Coordenação/Subordinação
210,
Tema “Contentores”, Xutos
214
e Pontapés
186 199, Tempo e modo verbal
COMPREENSÃO / EXPRESSÃO ORAL
202
Áudio
Apreciação crítica de uma 202 Referente
211 canção
210 Processos fonológicos
COMPREENSÃO DO ORAL
Reportagem
“World of Discoveries”
APRENDER / APLICAR
192
Frase complexa: coordenação
204
Frase complexa: subordinação
Orações subordinadas
adverbiais
212
Orações subordinadas
substantivas e adjetivas
BLOCO INFORMATIVO
I – GRAMÁTICA (Sistematização)
Os da minha rua
Robinson Crusoé
SOBRE
SOBRE
OO AUTOR
AUTOR
E A A SUA
E
ESCRITA
SUA
ESCRITA
Título:
Título:
Editora/ano da edição:
edição:
Estrutura: divisãoem
Estrutura: divisão em capítulos
SOBRE
SOBRE capítulos
A Sim. Quantos?
Sim.
SELECIONADA
OBRA Quantos?
Não.
Não.
Características da obra e registo discursivo:
discursivo:
Tema:
Tema:
Acontecimentos principais:
principais:
SOBRE
SOBRE
A HISTÓRIA,
A AÇÃO,
AÇÃO,
OSOS
EVENTOS
OCORRIDOS
EVENTOS
OCORRIDOS
Outros acontecimentos:
acontecimentos:
O espaço:
SOBRE
SOBRE espaço:
O ESPAÇO
EO
TEMPO
(lugares e O tempo:
características
(lugares e tempo:
principais)
principais)
Protagonista(s):
Protagonista(s):
Caracterização do(s) protagonista(s):
SOBRE
SOBRE protagonista(s):
AS Outras personagens:
PERSONAGENS
PERSONAGENS Outras
Narrador:
E/OU personagens:
Narrador: para a compreensão da obra:
Relevância
O NARRADOR
Relevância para a compreensão da
obra:
13
PAR A C O M E Ç A R
C O M P R E E N S Ã O DO OR AL
1.
1. Complete as seguintes afirmações.
Monção recebe alunos de 5 países 1.4 Na peça jornalística são destacadas as estudantes a. ,
europeus no âmbito do projeto Comenius uma aluna portuguesa, e b. , uma aluna c.
.
Vídeo
[A] as escolas e as autarquias.
“Monção recebe alunos [B] o Ministério da Educação e o presidente da Câmara.
de 5 países europeus
no âmbito do projeto [C] os alunos e os professores.
Comenius”
[D] toda a comunidade de uma certa região.
Compreensão do oral
2.2 Durante o período de duração do programa, os participantes ficam alojados em
1.1 a. Alto Minho TV; b. [A] hotéis pagos por eles.
Projeto Comenius
1.2 a. Monção; b. sete [B] casa dos seus correspondentes.
1.3 a. Chipre; b. Finlândia
c. Polónia; d. Croácia [C] habitações destinadas ao turismo.
1.4 a. Adriana; b. Olga; [D] casas alugadas para esse fim específico.
c. polaca
2.1 [D] 2.3 O conhecimento do país, da região e da sua cultura far-se-á através
2.2 [B]
2.3 [C] [A] da participação em palestras e do visionamento de filmes e documentários.
3. Promoção da aprendizagem [B] do visionamento de documentários e da frequência de aulas.
da língua inglesa; construção
de novas amizades, a nível [C] da frequência de aulas, de atividades diversas e visitas pelo Alto Minho.
pessoal.
[D] da realização de atividades diversas e visitas pelo Alto Minho.
Expressão oral
14
LEITUR A
ESCRITA
Para uns, a escola é mal-amada; para outros, é uma fonte de saber e permite a
abertu- ra de janelas para o mundo.
1
1. Poesia Trovadoresca
PARA CONTEXTUALIZAR | PARA INICIAR
PARA DESENVOLVER
Educação Literária
Poesia trovadoresca
• Cantigas de amor
• Cantigas de amigo
• Cantigas de escárnio e maldizer
Leitura
Exposição sobre um
tema Apreciação crítica
Artigo de divulgação científica
Escrita
Exposição sobre um tema
Oralidade [Comprensão/Expressão Oral]
Reportagem [Compreensão do Oral]
Gramática
Evolução do português [Aprender/Aplicar]
Fonética e fonologia/etimologia [Aprender/Aplicar]
• Formação de palavras
• Conectores
• Subordinação
• Funções sintáticas
• Classe de palavras
• Referente
• Processos fonológicos
• Étimo
• Pronome pessoal em adjacência verbal
PARA SABER | PARA VERIFICAR | PARA RECUPERAR | PARA AVALIAR
PARA CONTEXTUALIZAR
Os valores culturais da Idade Média Elaborado a partir de Maria de Lurdes Rosa, "Sagrado, devoções,
religiosidade", in José Mattoso (dir.), História da vida privada em Portugal,
Idade Média, vol. I, coordenação de Bernardo Vasconcelos
• A cultura na Idade Média cingia-se a um grupo e Sousa, Lisboa, Temas e Debates, 2011, p. 376.
social privilegiado: o clero.
• A minoria clerical controlava a produção e a
reprodu- ção de texto escrito, geralmente de teor
religioso: Bíblia e as
5 obras de Santo Agostinho.
18
PARA INICIAR
C OMPREENSÃO DO OR AL
LEITUR A
Leia o texto a seguir apresentado.
Feiras medievais
As feiras medievais correspondiam a uma das
institui- ções mais curiosas do período medieval; a
sua função económica consistia fundamentalmente na
localização, em prazos e termos determinados, de
produtores, consu-
5 midores e distribuidores, corrigindo assim a falta de
comu- nicações fáceis e rápidas.
Quase todas as feiras se realizavam em épocas
relacio- nadas com festas da Igreja: no local onde se
faziam existia uma paz especial, a paz de feira, que
proibia toda a dispu-
10 ta ou vingança, ou todo o ato de hostilidade, sob penas
severas em caso de transgressão.
A primeira menção duma feira portuguesa Feira medieval de Lendit, in Grandes Crónicas de França, Jean Fouquet,
século XIV.
nitidamen- te diferente do mercado local é a que
20 Entre os privilégios que mais favoreceram o
vem registada no Foral de Castelo Mendo, de 1229,
desenvol- vimento das feiras, cumpre mencionar o
e que se realizava
que isentava os feirantes do pagamento de direitos
15 três vezes no ano e durante oito dias de cada vez.
fiscais (portagens e costumagens). Às que
Todos os que a ela acorressem, tanto nacionais como
usufruíam desta regalia deu-se o nome de feiras
estrangei- ros, teriam segurança desde oito dias antes
francas.
até oito dias depois da feira, na ida e na volta, contra
in http://concelho-sernancelhe.planetaclix.pt/Feira_Aquilinia-
qualquer respon- sabilidade civil ou criminal que
na-2004-03.html (adaptado, consultado em fevereiro de
pesasse sobre eles. 2017).
1.5 Pelas características atrás identificadas, podemos concluir que estamos perante
[A] uma síntese. [C] um texto de opinião.
[B] um texto de apreciação crítica. [D] um texto expositivo.
20
LEITUR A
Leia o texto de apreciação crítica abaixo e responda, de seguida, aos itens
apresen- tados.
d
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a
n
c
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s como um livro o
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u uma série de h
d misteriosas e
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afetam um i
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protagonista e
d tem por n
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descobrir a o
e verdade, um
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s estilo de t
i Sherlock o
n Holmes. […] d
o Entretanto, o o
, leitor fica s
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l primeira à s
i última página, t
v precisamente e
r para saber s
e como se e
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c mistério. […] e
i A m
r imaginação e
c fervilhante n
u do autor t
acaba por
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vezes por
a ser s
ç labiríntica, f
ã levando a a
o que z
25 quase se e
d perca o fio da m
o história. Mas
conhecimento. [Numa época] mergulhada a bondosa d
em obscurantismo1 durante séculos, os relação do e
mos- teiros cristãos constituíam fortalezas protagonista s
onde o conhecimento era preservado com com o seu t
imensas dificuldades. Dado a inexistência discípu- lo, a e
da imprensa, os livros tinham de ser sua defesa da
copiados à mão por racionalidade r
15 monges dedicados; em consequência, os livros eram como límpida e sem o
bastante raros e de difícil acesso. […] Evidentemente, potencialme cedências, a m
havia outros obstáculos à livre circulação do nte oposição ao a
conhecimento, na Idade Média, além do problema perigoso. O dogmatismo n
tecnológico de não existir ainda a imprensa. Um dos romance de que procurava c
mais impor- tantes, tema central deste livro, era o Umberto fazer paralisar e
dogmatismo2 religioso, que encarava o conhecimento Eco o
uma experiência inesquecível. encarava o f
conhecimento, a
como z
Desidério Murcho, in http://criticanarede.com/lds_nomedarosa.html potencialmen e
(consultado em janeiro de 2015, adaptado). te perigoso. r
2. “os p
mosteiros a
cristãos r
constituía a
1. O autor deste artigo faz uma apreciação crítica l
m
de uma obra. Complete os tópicos que se seguem fortalezas s
PRO a
com dados do texto. FE S
onde o
conhecime r
a. Titulo da obra e autor S OR nto era o
preservad c
b. Época e local onde decorre a ação L o”; “os o
e livros n
c. Duas características da época retratada i tinham de h
t ser e
u copiados à c
1. O Nome da Rosa revela o papel do clero na i
r mão por
reprodução de livros e na divulgação de a monges m
conhecimento. Comprove a afirmação com dedicados”; e
“dogmatismo n
exemplos textuais. 7
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b.
Idade
Média,
mosteir
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mediev
al.
c.Os livros eram
raros e
de difícil
acesso;
inexistência
da
imprensa;
falta de
circulação do
conheciment
o,
dogmatism
o religioso,
que
P oe s i a T r o v a d o r e s c a PARA DESENVOLVER
PROFE S SOR
INFORMAR
Leitura/Educação
Literária
8.1; 15.1
Leia os tópicos apresentados abaixo e resolva a atividade proposta na página seguinte.
TEXTO A
Apresentação
Poesia trovadoresca A poesia trovadoresca
– Contextualização
histórico-literária • A poesia galego-portuguesa é um marco relevante na Idade Média
Europeia.
TEXTO B
Cantiga
Manuscrito
do Cancioneiro da Ajuda, séc • O termo cantiga é de uso geral na Arte de Trovar do Cancioneiro da
XIII. Bibliote- ca Nacional de Lisboa, utilizando-se também o termo cantar com
o mesmo significado.
22
J pp. 132-133.
o
s
é
C
o
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a
ç
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B
a
r
r
e
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1
9
9
3
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23
TEXTO C
Os agentes difusores da poesia trovadoresca
Trovadores, jograis e jogralesas ou soldadeiras dão vida à arte de trobar,
princi- palmente nas cortes e nas casas dos grandes senhores, mas também
na praça, para um público mais vasto e de outra condição social.
• O trovador é um nobre que compõe os seus textos e que apenas
os executa por um prazer pessoal ou por um ato de galanteria para
com as damas.
• O jogral é executante, difusor de textos alheios e próprios.
• A jogralesa trabalha ao lado do jogral, dançando e cantando, ao
som de instru- mentos por ele tangidos, ou tocando ela própria.
Elaborado a partir de Aida Fernanda Dias, História crítica da literatura
portuguesa. A Idade Média, vol. I, Lisboa, Editorial Verbo,
1998, pp. 102-103.
Coluna A Coluna B 1.
[A] A lírica trovadoresca [1] acompanhava o jogral, executando [A] – [3]
um instrumento e dançando. [B] – [5]
[B] Esta arte de trovar, posteriormente, [2] cantavam e tocavam em [C] –
praças públicas, para o [9]
[C] O cantar de amor provençal povo. [D] – [7]
[E] –
[D] O trovador, de origem nobre, [3] teve origem na Provença. [10]
[F] – [8]
[E] O jogral [4] abordam o tema do amor.
[G] –
[5] espalhou-se pelas cortes e [12]
[F] As cantigas características da lírica [H] – [4]
grandes casas senhoriais
trovadoresca [I] – [11]
europeias.
[G] A cantiga de amigo [J] – [1]
[6] é francês (da Provença).
[k] – [6]
[H] Os cantares de amor e de amigo [7] compunha a letra e a música [L] –
das cantigas que também [13]
[I] A sátira e a crítica a executava. [M] – [2]
costumes e personagens
[8] encontram-se reunidas em
três cancioneiros profanos. 2.
[J] A jogralesa
à semelhança da
[9] chegou, finalmente, ao noroeste
[K] O primeiro trovador de que há registo peninsular no século XII. cantiga de c. ,
[L] O público a quem se destinavam [10]tocava, acompanhando o trovador. que, no entanto,
estas composições poéticas é de origem d. .
[11] estão presentes nas cantigas
[M] Para além das cortes e das casas de escárnio e de maldizer. Já as cantigas de
senhoriais, os trovadores e os
jograis [12] é de origem peninsular. e. e de maldizer
[13] é a nobreza. são de conteúdo
f.
g. .
E X P R E S S ÃO OR AL
P R O F E S SOR
E porque algunas cantigas i ha em que falam eles […]
Oralidade
1.1; 1.4; 4.1; 4.2; 4.3;
é bem de entenderdes se som d’amor […]
5.3; 5.4 CBN, Arte de Trovar, IV, in Aida Fernanda Dias, História crítica da literatura portuguesa. A Idade Média, vol. I, Lisboa, Editori
1. Os alunos podem
focar vários aspetos:
–presença de uma
jogralesa, de um jogral:
ambiente cortês, palaciano, a
execução musical de uma Iluminura do cancioneiro da
cantiga; um nobre que ajuda (nobre, bailadeira com
assiste ao “concerto”; castanholas, jogral com saltério
–cantiga de amor. trapezoidal).
INFORMAR
prez1, bem falar, bon sen2 e parecer” e também a “mais mansa e de mui
melhor doairo3 e melhor talhada”. Simples constatação de uma
sobrevalorização onde a pobreza do vocabulário é notória […].
Perante a figura de uma mulher assim delineada, o trovador coloca-se numa
10 postura submissa, semelhante à do vassalo perante o seu senhor […].
24
Cantigas de amor
Cantigas de Amor
ESCRITA
Título
Delimita o tema com A sociedade portuguesa no século XIII
objetividade.
A sociedade portuguesa do século XIII é formada por três grupos, com
1.O Parágrafo
Introdução direitos e deveres diferentes: a nobreza, o clero (grupos privilegiados) e o
Identificação e povo, o grupo mais desfavorecido, que executava todo o tipo de trabalho e
caracterização do objeto.
pagava impostos.
2.O Parágrafo
Desenvolvimento A nobreza tinha sobretudo funções guerreiras. Participava com os seus exércitos
Nobreza (tópico 1): 5 na Reconquista, ao lado do rei, recebendo em troca rendas e terras.
Atividade dominante.
O senhorio era pois a propriedade de um nobre na qual viviam
camponeses livres e servos. […] O senhor tinha grandes poderes sobre
3.O Parágrafo –
Nobreza quem vivia no senho- rio: cobrar impostos, fazer justiça, ter um exército
Direitos e privilégios; privado... Quando não estava em guerra, o senhor nobre dedicava-se a dirigir
atividades lúdicas
(desportivas e culturais). o senhorio e a praticar exercícios físicos
10 e militares. Organizava festas e convívios onde, para além do banquete, se
4.O Parágrafo
tocava, cantava e dançava. Estas festas eram animadas por trovadores e
Clero (tópico 2) jograis. Jogava-se xadrez, cartas e dados.
Função principal, direitos
e privilégios. Tal como a nobreza, o clero era um grupo social privilegiado. Tinha a
função de prestar assistência religiosa às populações. Tinha grandes
propriedades que lhe
5.O Parágrafo 15 haviam sido doadas pelo rei ou por particulares e não pagava impostos. Tal
Clero
A vida nas ordens como a nobreza, exercia a justiça e cobrava impostos a quem vivia nas
religiosas e outras suas terras. […]
funções (didáticas,
culturais, médicas No mosteiro, para além de cumprirem as regras impostas pela ordem a
e bélicas).
que per- tenciam, os monges dedicavam-se ao ensino, à cópia e feitura de
livros, à assistên- cia a doentes e peregrinos. Em algumas ordens religiosas,
6.O Parágrafo
os monges dedicavam-se
Povo (tópico 3)
Atividade principal, 20 também ao trabalho agrícola nas terras do mosteiro. Noutras, eram militares,
deveres, formas tendo combatido contra os Mouros.
e condições de vida
precárias. A maioria dos camponeses vivia nos senhorios, trabalhava muitas horas,
de sol a sol, e de forma muito dura. Do que estes produziam, uma grande
7.O Parágrafo parte era entregue ao senhor, como renda. Deviam ainda prestar-lhe outros
Povo serviços, como a reparação
Atividades religiosas
e lúdicas em que
25 das muralhas do castelo, próximo do qual viviam, em aldeias. Moravam em
participava ativamente casas pequenas, de madeira ou pedra, com chão de terra batida e telhados
ou como assistente.
de colmo. Estas casas tinham apenas uma divisão. […]
Enquanto trabalhavam, também cantavam. Celebravam-se em todo o país
8.O Parágrafo as grandes festas religiosas que incluíam o repicar dos sinos, as procissões, as
Conclusão feiras,
Hierarquização da
sociedade medieval
30 as refeições coletivas e os bailes. Depois da missa, ou da procissão, dançava-
e a influência da guerra se e cantava-se nos terreiros das igrejas onde também se realizavam vendas.
nesta organização Por vezes, a plebe podia assistir a alguns espetáculos que os nobres
social.
organizavam. Os mais frequentes eram as competições militares.
Concluímos assim que, durante o século XIII, a sociedade portuguesa se encon-
35 trava dividida em classes, que possuíam mais ou menos privilégios. Esta
hierarqui- zação condicionou as ocupações e os divertimentos dos diferentes
grupos, tido a guerra e as expedições militares uma forte influência nesta
tendo estruturação.
in http://hgp5.blogs.sapo.pt/998.html (texto adaptado, consultado em dezembro de 2016).
26
P oe sia T r o v ador e s c a Cantigas de amor
Cantigas de amor – A coita de amor e o elogio cortês
1. Fase preparatória
Guiões de visionamento
• escolher um tema sobre o qual exista informação pertinente, de modo a de filmes
selecionar um aspeto específico;
Escrita
• pesquisar informação e selecionar adequadamente fontes, considerando o seu 10.1; 11.1; 12.1; 12.2; 12.3;
grau de confiabilidade, como por exemplo livros e textos críticos de autores com 12.4
provas dadas, jornais e revistas com credibilidade;
Tópicos de resposta:
• colocar notas nas fontes usadas bem como registar as datas e as estatísticas
Introdução:
para comprovar os dados e anotar os dados bibliográficos; -Localização temporal
da Idade Média (séculos V
• selecionar os aspetos a contemplar no texto; a XV).
• planificar o texto, organizando os tópicos selecionados. -Estratificação social –
divisão da sociedade
em classes, que
2. Fase da redação apresentavam
bastantes diferenças ao nível
• identificar o assunto/a ideia que vai ser explorada, no primeiro parágrafo; das atividades lúdicas.
• organizar sequencialmente os dados recolhidos e selecionados; Desenvolvimento:
-Nobreza: torneios, caça,
• exemplificar/justificar os aspetos registados; festas nos castelos
com a presença de
• empregar corretamente os conectores do discurso; músicos e
dançarinos, serões na corte.
• indicar corretamente as citações e/ou as fontes utilizadas. -Clero: participava em
muitas das atividades
3. Fase da revisão lúdicas da nobreza.
-Povo: a dança, a música,
• ler o texto elaborado para perceção da sua coerência interna e coesão romarias e festas populares.
textual; Conclusão: A importância
• corrigir gralhas ao nível da ortografia, da acentuação e da pontuação; dos divertimentos na
organização da sociedade
• verificar a contemplação das orientações fornecidas (se as houver), medieval: acentuação
da estratificação social,
nomeadamente ao nível do número de palavras requerido. contribuição para o
conhecimento da cultura e
da forma de viver
ESCREVER UM TEXTO EXPOSITIVO medievais.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
FIXAÇÃO DE TEXTO
As composições Leia a cantiga de amor de autoria do rei D. Dinis.
poéticas têm como
fixação de texto:
Elsa Gonçalves Quer'eu em maneira de proençal
(apresentação crítica,
seleção, notas Quer’eu em maneira de DOM DINIS
e sugestões para análise 1261-1325
literária) proençal1 fazer agora um
Para além de ter
e Maria Ana Ramos cantar2 d’amor, reinado durante 46 anos,
(critérios de transcrição, e querrei3 muit’i4 loar5 mia senhor6 foi o poe- ta medieval
nota linguística mais fecundo. Temos
e glossário), A lírica a que7 prez8 nem fremosura nom fal9, hoje conhecimen- to de
galegO-PORTUGUEsa, 5 nem bondade; e mais vos direi 137 cantigas da sua
Lisboa, Editorial autoria: 73 de amor, 54
Comunicação, 1983. ém10; tanto a fez Deus comprida de amigo e 10 de
Excetuam-se as de bem11 que mais que todas las do maldizer.
composições das mundo val.
páginas 30 (cantiga B),
37 e 40, que têm como
fixação de texto: Ca12 mia senhor quizo13 Deus fazer
Mercedes Brea tal, quando a fez, que a fez
(coord.); Lírica
profana galego- sabedor14
-PORTUGUEsa, vols. I e II, 10 de todo bem e de mui gram
Santiago de
Compostela, Xunta de
valor, e com tod’est[o]15 é mui
Galicia, 1996. comunal16 ali u deve17; er18 deu-lhi
bom sém19, e desi20 nom lhi fez
pouco de bem
quando nom quis que lh’outra foss’igual.
d. g.
que
rerei
; 4 3. Indique o tipo de características destacadas pelo trovador, justificando a sua intenção.
aí,
nela
,
isto
é,
na
cant
iga;
5
louv
ar; 6
mia
senh
or:
for
ma
com
um
com
que
o
trov
ador
se
dirig
e à
mul
her
ama
da.
No
gala
ico-
port
ugu
ês,
era
um
a
pala
vra
unif
orm
e; 7
a
que:
29
Cantigas de amor
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
CANTIGA A
Se eu pudesse desamar
Se eu pudesse desamar
a quem me sempre
desamou, e pudess’algum
mal buscar
a quem me sempre mal buscou!
5 Assi me vingaria eu,
se eu podesse coita1 dar,
a quem me sempre coita deu.
Mais sol nom2 posso eu E por esto: e por isto, e por causa disto; 4 durmo;
3
5
desampare, abandone; 6 ou, ao menos; 7 estorvar, perturbar; 8
pelo
enganar meu coraçom que
menos; 9 pensar; 10 lastimo-me, lamento-me
m’enganou,
10 por quanto me fez PROFE S SOR
desejar a quem me
nunca desejou.
E per esto3 nom dormio4 eu,
porque nom poss’eu coita
dar, a quem me sempre
coita deu.
1
sofrimento causado pelo amor; 2
sol nom: nem
mesmo;
30
Cedo; ca8 pero9 mi nunca fez
bem10, se a nom vir, nom me posso
guardar11 d’ensandecer12 ou morrer
CANTIGA B com pesar13;
10 e porque ela tod’em poder tem,
Que soidade de mha senhor ei rogu’eu a Deus que end’a o poder
Que soidade1 de que mh a leixe, se lhi prouguer, veer
mha senhor ei2
quando me Cedo; ca tal fez nostro senhor,
nembra3 d’ela qual de quantas outras no mundo som
a vi, e que me 15 nom lhi fez par14, a la minha fe15,
nembra que bem nom; e poi-la fez das melhores
a oi4 falar; e por melhor, rogu’eu a Deus que end’a o
quanto bem d’ela poder
sei, que mh a leixe, se lhi prouguer, veer
5 rogu’eu a Deus que
end’a o poder5, que Cedo; ca tal a quizo16 Deus fazer,
mh a leixe6, se lhi 20 que se a nom vir, nom posso viver.
prouguer7, veer Dom Dinis, B 526/V 119.
1
saudade; 2 tenho; 3 lembra; 4 ouvi; 5 que end'a o poder: que tem
Áudio – “Se eu pudesse desamar” poder para isso; 6 deixe; 7 prouver, agradar; 8 porque; 9 mas; 10
Áudio – “Que soidade de mha senhor nunca feZ bem: nunca correspondeu ao meu amor; 11 deixar; 12
ei” enlouquecer; 13 desgosto; 14 igual; 15 a la minha fe: por minha fé; 16
quis.
31
Cantigas de amor
Oralidade/Educação
Literária
1.5; 5.3; 6.1; 15.4;
16.2
1. cantiga de amor da época medieval, ao nível do conteúdo, continua atual.
a. Quando amanheces, logo
no ar, / Se agita a luz sem
querer"; "o dia vem
devagar, / Para
te ver"; "joia de luz / entre
as mulheres"; b. "E já
rendido, ver-te chegar";
"Onde eu queria entrar um
dia, / P’ra me
perder"; "Ardo em ciúme
desse jardim"; "Por minha
cruz";
c. “jardins proibidos”; "Desse
outro mundo só teu".
1.1.
Os alunos devem referir:
semelhanças temáticas entre
a canção “Jardins Proibidos”
e as cantigas de amor da
lírica trovadoresca, se
atendermos às expressões
acima transcritas, que
remetem para o elogio
superlativado
da mulher amada, para a
sua inacessibilidade e para a
coita amorosa, isto é, o
sofrimento amoroso do
sujeito poético. No fundo, a
32
Cantigas de amor
te a canção interpretada por Paulo Gonzo e
OR A L I D A D E / E D U C A Ç Ã O L I T EOlavo
R Á R I Bilac,
A dois “trovadores” do nosso
tempo, e selecione:
1. O
u a. duas expressões que revelem o elogio
ç super- lativado da mulher amada;
a b. duas expressões que evidenciem o
estado de espírito do sujeito poético;
a c. uma expressão que sugira a
t inacessibilidade da mulher amada.
e
1.1 Com base na informação presente nas alíneas anteriores e no Proibidos”
estudo feito
n “Jardins
sobre a cantiga de amor, faça uma apresentação oral (5 a 7 minutos)
t
sobre os seguin- tes aspetos:
a
m • a relevância da cantiga de amor medieval no mundo contemporâneo;
e • as semelhanças existentes entre o tema musical apresentado e este
n tipo de cantiga.
Link
“Jardins proibidos”
33
LEITUR A
O poder, talvez
Por Valdemar Cruz
[C] O autor descreve a reação emotiva do público e o envolvimento dos 1. [D]; [A]; [C]; [E]; [B]
espetácu- los do cantor na realidade social.
[D] O autor apresenta o objeto que vai ser alvo da sua apreciação crítica.
TEXTO A
Cantigas de amigo
•A cantiga de amigo é tematicamente semelhante à cantiga de amor –
em ambas o argumento essencial é, de facto, o amor não correspondido,
causa de so- frimento, de desconforto e, consequentemente, de lamento.
•A cantiga de amigo distingue-se da cantiga de amor a vários níveis,
como se pode verificar no quadro abaixo.
Aspetos
Cantiga de amigo Cantiga de amor
distintivos
Sujeito de Feminino: quando o poeta trovador Masculino: quando o
enunciação finge que é a mulher a expor as suas poeta fala de si mesmo
próprias penas (de acordo com a (de acordo com a Arte de
Arte de Trovar). Trovar).
Condição social É uma jovem do povo, a donzela, “uma É nobre, a requintada
da mulher dona virgo” (virgem), aparentemente “senhor”, aristocraticamente
e respetiva simples e ingénua, sinceramente esquiva, distante,
caracterização apaixonada, vulnerável (frágil) a indiferente ao sofrimento
qualquer
desilusão, mas sempre pronta a defender do sujeito poético.
e a lutar pelo seu amor.
TEXTO B
Paralelismo
• É um princípio estruturante dos textos poéticos, típico da poesia ao
gosto po- pular, em que se repetem segmentos textuais ou elementos
temáticos.
• A grande maioria das cantigas de amigo (também muitas cantigas de
amor, de escárnio e de maldizer) apresenta estruturas paralelísticas, ocorrendo
repetição lite- ral (repetem os mesmos versos) ou sinonímica (apresentam
expressões ou termos de significado equivalente) de um ou mais versos de
cada estrofe.
Elaborado com base em Giulia Lanciani e Giuseppe Tavani (org. e coord.),
Dicionário da literatura medieval galega e portuguesa, trad. José Colaço Barreiros e Artur Guerra,
Lisboa, Editorial Caminho, 1993, pp. 135, 509 e 570-571.
Cantigas de amigo
TEXTO C
Refrão
As marcas gráficas que distinguem o
início do refrão nos manuscritos da lírica
galego-por- tuguesa parecem revelar a
importância que era atribuída ao refrão como
elemento estruturante,
5 quando a lírica galego-portuguesa foi
arquiva- da por escrito. Sendo uma parte
da cantiga que se repete, o refrão aparece,
nos testemunhos referidos, abreviado a partir
da segunda estrofe. […]
10 Do ponto de vista da versificação, o refrão
res- tantes versos da cobla. […] "Em gram coita, senhor", Dom
Relativamente aos géneros, o refrão é Dinis, B 506/V 89, Manuscrito do
Cancioneiro da Biblioteca Nacional.
mais frequente entre as cantigas de amigo
(443-87,8%) do que entre as cantigas de amor
(380-52,4%) ou
20 entre as satíricas (134-31%).
Atente no texto A
P R O F E S S OR
1. Assinale as seguintes afirmações como verdadeiras ou falsas, corrigindo as
falsas. Leitura / Educação
Literária
a. A cantiga de amigo e a cantiga de amor partilham o mesmo sujeito de 7.1; 7.4; 8.1; 14.8; 16.1
enuncia- ção.
b. Tanto a cantiga de amigo como a de amor desenvolvem o tema do 1.
sofrimento amoroso.
c. A donzela presente nas cantigas de amigo pertence a uma classe social cada estrofe.
elevada.
d. O sujeito poético presente na cantiga de amigo pode ser caracterizado pela
sua ingenuidade e pela paixão que sente pelo amigo.
e. Nas cantigas de amigo, a paisagem natural, para além de cenário onde a
donzela se move, é também sua confidente.
f. As cantigas de amigo não apresentam paralelismo literal.
g. O refrão é uma estrutura paralelística frequente nas cantigas de amigo.
h. O refrão é um conjunto de versos que se repete parcialmente a meio de
35
P oe s i a T r o v a d o r e
s c a a.F – Na cantiga de amigo, o
sujeito é do sexo feminino; na de amor é do sexo masculino.
b.V
c.F – É uma jovem do povo.
d.V
e.V
f.F – A maior parte das cantigas de amigo apresenta paralelismo literal.
g.V
h.F – O refrão repete-se integralmente no fim de cada estrofe.
36
Variedade do sentimento amoroso – Relação com a Natureza
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
2. Proceda à divisão
da cantiga em duas
partes,
justificando.
3. Descreva o estado
de espírito do
sujeito poético.
4. Refira o papel
desempenhado
pela Natureza.
5. Retire da cantiga
um exemplo de
paralelismo.
Confidência amorosa
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
verra5 bailar.
Áudio
“Bailemos nós já todas
tres, ai amigas”
Educação Literária
14.2; 14.3; 14.4; 14.5;
14.7; 14.9; 15.1; 16.1
a
i 1. A cantiga remete para um ambiente festivo, de dança, na primavera.
Justifi- que esta afirmação, recorrendo a elementos textuais.
a
m 2. Identifique o destinatário do sujeito lírico.
i
g 3. Apresente dois traços caracterizadores do sujeito poético,
a fundamentando a sua resposta com expressões textuais pertinentes.
s
, 4. Preencha os espaços com os termos ou expressões adequadas ao sentido
do texto.
m O convite à dança está expresso na forma verbal a. “ ” ,
e
conjuntivo usado com valor exortativo (incitador). Mas essa participação no
n
t baile implica uma condição – estar apaixonada – como se comprova no
r verso b. “ ” . As donzelas são
’ apresentadas como sendo belas e atraentes, como se pode verificar nas
a
expressões c. “ ” e d. “ ”.
l
n
o
m
f
a
z
e
m
o
s
9
s
o
a
q
u
e
s
t
e
Cantigas de amigo
Confidência amorosa – relação com a Natureza
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1.
a. paralelística
b.donzela
c.Natureza
39
P oe s i a T r o v a d o r e
sca
d.angústia g.refrão
e. amigo h.Deus
f.interrogativas
40
Confidência amorosa – relação com a Natureza
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1
Sedia-m’eu: Estava eu; 2 esperando; 3 diante; 4 tenho; 5 aqui; 6 alto.
PROFE S SOR
Áudio
“Poys nossas madres
van a San Simon”
Áudio
“Sedia-m’eu na ermida
de San Simión”
Cantigas de amigo
Confidência amorosa – relação com a Natureza
P R O F E S S OR
1. Proceda à análise das duas cantigas e preencha o quadro seguinte.
Educação Literária
14.2; 14.3; 14.4; 15.1;
"Poys nossas madres van "Sedia-m’eu na ermida 16.1; 16.2
a San Simon" de San Simión" 1. “Poys nossas
madres van a San
Assunto a. a. Simon”
a. A donzela
incentiva as amigas a
Estado de espírito acompanharem as mães a
do sujeito lírico
b. b. San Simon de Val de
Prados, como pretexto para
verem os amigos e
poderem dançar,
Relação com o amigo c. c. mostrando--se perante eles.
b. A donzela está
entusiasmada porque
aquele será um meio para
estar com o seu amado.
c.O entusiasmo
demonstrado pela donzela
GR A M Á T I C A evidencia uma possível
correspondência amorosa
Atente na cantiga A. ou, pelo menos,
uma relação que ela sente
como possível, na medida
1. Identifique a função sintática desempenhada por “de bon parecer” em “moças em que acredita que a
dança possa funcionar
de bon parecer”(v. 15). como um instrumento de
sedução.
“Sedia-m’eu na ermida de
Atente na cantiga B. San Simión”
a. A donzela
espera ansiosamente pelo
2. Identifique a função sintática desempenhada pelos constituintes sublinhados. amado na igreja de San
Simión, até que as ondas a
a. “e cercaron-mi-as ondas que grandes son.” (v. 2)
cercam e a deixam num
estado de desespero por
b. “Eu atendend'o meu amigu'”. (v. 3) temer morrer afogada,
c. “morrerei [eu], fremosa, no mar maior.” (v. 14) já que não tem ninguém
que a socorra, o que
evidencia também o seu
receio de
3. Refira duas palavras do português moderno que integram o mesmo elemento que o amigo não
eti- mológico que “Sedia” (v. 1). chegue a comparecer ao
BLOCO INFORMATIVO – pp. 271-273, 280- encontro marcado.
281 b. Inicialmente,
a donzela manifesta estar
apaixonada e ansiosa por
ver o amigo; depois
ntação oral (5 a 7 minutos) sobre os aspetos comuns entre a cantiga A e a imagem, no que se re- fere ao caráter profano e religioso das romarias na Ida
expressa aflição e
desespero quando se
apercebe dos perigos que
enfrenta e,
simultaneamente, desilusão
pelo atraso do amado, o
que pode ser indicativo da
41
P oe s i a T r o v a d o r e
sca
sua não comparência.
c.Apesar de a donzela se mostrar apaixonada, é
evidente alguma insegurança em relação ao seu amado, já que o seu tardar a faz duvidar do seu amor, ao
mesmo tempo em que a coloca numa situação de perigo.
Oral
idad
BLO e/E
CO duc
INFO açã
RMA o
TIVO Lit
– p. erá
283 ria
1.4;
5.3;
6.2;
15.4
42
LEITUR A
A maravilhosa máquina cerebral destrói a mitologia básica, é mais do que isso", disse Ortigue, citada pelo jornal
do amor? Ainda não, talvez nunca. Mas já se sabe britânico The Independent. "O amor inclui emoções básicas e
muito: as re- giões ativadas quando vemos a pessoa de emo-
quem gostamos ou os químicos libertados. E é tudo 35 ções complexas, motivações direcionadas para objetivos,
verdade: o estômago imagens do corpo, cognição e apreciação."
5 apertado, o coração acelerado, o vício, a intensidade
O que os investigadores descobriram é que a perceção reportagem da Esquire, Fisher responde a esta pergunta da dor era reduzida quand
50 dos locais-chave [medidos através de ressonância mag- para comê-lo, continuo a sentir alegria." Há outra coisa que nética] é o nucleus a
44
P oe s i a T r o v a d o r e s
ca Evolução do português
APRENDER
LEITUR A
DO LATIM AO GALEGO-PORTUGUÊS
45
Evolução do português
APRENDER
A partir do século XIX, o português continuou a evoluir, devido aos seguintes fatores:
• a criação de gramáticas e dicionários intensifica-se;
• a criação literária de alguns escritores, como Eça de Queirós ou Fernando
Pessoa, con- tribui para o enriquecimento da língua;
• os progressos industriais e agrícolas têm um grande impacto, com a criação de
termos
Para mais informações sobre capazes de referir as novas realidades: neologismos e empréstimos – galicismos
a evolução do português, (do francês) e anglicismos (do inglês);
consultar, por exemplo:
• Ivo Castro, Introdução
• os meios de comunicação começam a exercer um papel de relevo na uniformização
à história do português. (2004), e
2.a ed., revista e muito divulgação da língua.
ampliada, Lisboa, Colibri,
2006.
• Ivo Castro (dir.), História
da língua portuguesa em linha,
Centro Virtual Camões, APLICAR
2002-2004.
URL: http://cvc.instituto- .
camoes. pt/hlp/index1.html 1. Selecione a opção correta.
• Esperança Cardeira, O
essencial sobre a história do 1.1 A romanização é um processo que consiste na
português, Lisboa, Editorial
Caminho, 2006. [A] imposição do latim clássico nas regiões conquistadas pelos romanos.
[B] reconquista do sul da Península Ibérica pelos romanos.
[C] assimilação da cultura e da língua latina pelos povos vencidos pelos romanos.
47
P oe s i a T r o v a d o r e
sca
LEITUR A
Vídeos na Internet
É coisa linda esta moda afinal
De publicar videozinhos de cariz
anormal Duas miúdas em modo
animal
Aos chutos e pontapés, na peixeirada total
5 Gravaram no telemóvel – só visto…
[Refrão]
O português é engraçado
Anda à porrada em qualquer
PROFE S SOR
lado O português é distraído
Facilmente é atingido
Vídeo 15 O português é prémio
“Estado de Graça, RTP” Nobel A gravar com o
Leitura
telemóvel Pra mais tarde
7.1; 7.2; 7.4; 9.2 publicar
Só pra ver o que é que a coisa vai dar.
1.1 [A]; 1.2 [B].
2. Para além de se
censurarem hábitos
Anda pr’aí a maior comoção
violentos dos 20 O país revoltou-se contra esta agressão
portugueses, é
sobretudo criticada a
Na Internet e em todas as televisões
tendência atual para se Aquelas duas pitinhas a puxar dos
expor tudo o que se faz nas
redes sociais,
galões Gravaram no telemóvel – só
nomeadamente no visto…
Facebook, ainda que os vídeos Mais tarde irão lamentar
partilhados possam transmitir
uma imagem muito negativa 25 Serem parvinhas, serem tolinhas
dos seus protagonistas. De
tal forma isto acontece
A malta do “iutubas” vai comentar.
que chega mesmo a Há gente tão parvinha, tão mal-
colocar-se a hipótese educadinha. Na prisão é que elas devem
de, no futuro, ser mais
fácil condenar os ficar.
criminosos, porque eles
próprios acabarão por
fazer prova da sua Vai ser mais fácil apanhar malandrões
culpabilidade 30 E atirá-los a todos para as nossas prisões
através destas redes sociais.
Gravando os crimes com um simples telefone
Publicar na Internet e “soprar no trombone”
E
m
p
l
e
n
o
F
a
c
e
b
o
o
k
,
s
ó
c
o
m
e
n
t
a
r
H
á
g
e
n
t
1. Selecione a opção que completa corretamente cada afirmação. P R O F E S S OR
1.1 O propósito da cantiga é
Gramática
17.4
[A] criticar.
Escrita
10.2; 11.1; 12.1; 12.2;
12.3; 12.4; 13.1
GR A M Á T I C A
Proposta de escrita:
Parágrafo 1: forma de
1. Preste atenção à palavra “likar” (v. 8).
comunicação tecnológica,
1.1 Identifique a origem do termo. fácil e atrativa, que possibilita
comunicação à distância.
1.2 Classifique a palavra, tendo em conta a sua origem. Parágrafo 2: o caráter
misterioso proporcionado
1.3 Explicite o significado do termo. por esta forma de
comunicação seduz os
mais jovens,
2. Atente nos versos “Vai ser mais fácil apanhar malandrões / E atirá-los a todos que fazem
para as nossas prisões” (vv. 29-30). “amizades” com
pessoas que não
2.1 Identifique o referente da forma pronominal “-los”. correspondem ao perfil que
apresentam;
2.2 Justifique a forma do pronome pessoal “os”, nesta situação. – a exposição de
fotografias pode ser
prejudicial, pois outros
BLOCO INFORMATIVO – pp. 280-281, 269- terão acesso a elas
e poderão manipulá-las;
270
– indicar dados da
vida pessoal (morada,
escola, emprego,
aniversários) pode ser
prejudicial, principalmente
ESCRITA quando se trata de
crianças que são um alvo
fácil para pedófilos.
Redija um texto expositivo, de 120 a 150 palavras, sobre os riscos do uso da rede Parágrafo 3: a nossa
social Facebook, seguindo, para isso, o plano abaixo apresentado. exposição a um público
vasto e desconhecido é
sempre perigosa, porque
• Parágrafo 1 – Apresentação sumária das características do Facebook. nem sempre se sabe quem
está do outro
• Parágrafo 2 – Três riscos inerentes ao uso do Facebook e cuidados a lado.
ter.
• Parágrafo 3 – Síntese dos principais aspetos referidos.
49
BLOCO INFORMATIVO – p. 283
MANUAL – pp. 26-27
50
INFORMAR
– avareza;
– incapacidade.
• Para além das críticas de caráter pessoal,
são vários os aspetos/assuntos satirizados nestas
cantigas:
20 – os relativos a acontecimentos históricos;
Cantigas de maldizer
d. As cantigas de escárnio e maldizer também fazem uma paródia ao amor 2.4 Entre os vários
cortês. temas satirizados
destaca-se a
e. Os aumentativos e os diminutivos empregues nestas produções poéticas
crítica à
têm sempre um valor apreciativo.
artificialidade dos
f. Um dos recursos expressivos frequentes nestas cantigas é a ironia. senti- mentos
g. Algumas composições satíricas apresentam narratividade, pois verifica-se es- demonstrados na
sencialmente a expressão de estados de espírito do “eu”, na primeira cantiga de
pessoa. (amigo/amor).
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1.
[A] – [2]
[B] – [3]
1. Associe os tópicos
de análise (coluna
A) às expressões
transcritas do
poema (coluna B).
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
53
P oe s i a T r o v a d o r e
sca
Cantigas de escárnio e maldizer – A dimensão satírica: a paródia do amor cortês e a crítica dos costumes
PROFE S SOR
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Educação Literária
Foi um dia Lopo jograr
14.2; 14.3; 14.4; 14.7;
14.8; 15.1; 16.1 Foi um dia Lopo jograr1
a cas2 d’um infançom3
1. a. “um dia” (v. 1) cantar e mandou-lh' ele por
b. “cas d’um infançom” (v. dom4 dar tres couces na
2)
c.“Lopo jograr” (v. 1)
garganta;
5 e foi-lh’escass’ a meu cuidar ,
5 6
e “infançom” (v. 2)
d. “Foi […] a cas d’um segundo com’el canta.
infançom cantar / e
mandou-lh’ele
por dom dar / tres couces Escasso foi o infançom
na garganta” (vv. 1-4)
em seus couces partir
e. “Foi-lh’escasso’a
meu cuidar” (v. 5) entom, ca7 nom deu a
2. Um dia, o jogral Lopo Lop[o] entom
foi cantar a casa de um
10 mais de tres na garganta;
fidalgo, mas este não
gostou da forma como e mais merece o
ele cantou e mandou dar-
lhe três couces na jograrom8, segundo
garganta como forma de com’ el canta.
pagamento. Na opinião
do sujeito poético, foram Martim Soares, B 1366/V 974.
poucos os couces, já que
merecia muitos mais, tão
mau era o seu cantar. 1
jogral; 2 casa; 3 fidalgo de categoria inferior; 4 como
3. pagamento; 5 e foi-lh'escass': e foi forreta; 6 a meu cuidar:
a. V na minha opinião; 7 pois; 8 mau jogral.
b. F –O rei não era
alvo da sátira dos
trovadores.
1. A sátira, nesta cantiga, constrói-se a partir de uma estrutura narrativa.
c.F – São de origem
autóctone mas sofreram Complete a tabela com expressões do texto que exemplificam as categorias da
influências da narrativa apresentadas.
sátira provençal.
d. V
Tempo Espaço Personagens Ação Narrador
e. V
f.F – Era um dos
a. b. c. d. e.
temas das cantigas de
escárnio e maldizer.
g. F – Apresentam
críticas a determinadas
categorias
socioprofissionais,
2. Apresente sinteticamente o episódio narrado nesta cantiga. Comece o seu
especificamente hábitos texto por “ Um dia…”.
ou
vícios de certas
personagens. 3. Relembre o estudo das cantigas de escárnio e maldizer e assinale as
afirmações como verdadeiras ou falsas. Corrija as afirmações falsas.
a. As cantigas de escárnio e maldizer satirizam, direta ou indiretamente, algo
ou alguém.
b. Entre os vários comportamentos satirizados pelos trovadores, encontrava-se
a crítica à governação do rei.
c. As cantigas de escárnio e maldizer são de origem autóctone, não tendo
sofrido influências da sátira provençal.
54
d. A dimensão satírica das cantigas de escárnio e maldizer confere-lhes
grande valor documental.
e. Um dos recursos utilizados nas cantigas de escárnio é o “equívoco” ou I
GR A M Á T I C A
Determinante
Nome Nome Pronome Quantificador
artigo Preposição
próprio comum pessoal numeral
indefinido
a. b. c. d. e. f.
1. a. “um”
b. “Lopo”
c.“cas”, “infançom”, “dom”, “couces”, “garganta”, “jograrom”
d. "en”, “por”
e. “lhe”, “ele”
f. “três”
2. Caseiro, casario, casebre.
3.1 a. Complemento agente da passiva.
c.Predicativo do sujeito.
d. Complemento direto.
e. Complemento direto.
3.2 As cantigas de escárnio e maldizer abarcam-no.
3.3 Valor de oposição.
3.4 “o amor cortês”.
3.5 “Quando se fala dos trovadores galaico-
-portugueses” – oração subordinada adverbial temporal; “destaca-se o seu gosto pela sátira pessoal.” – oração
subordinante.
Fonética e fonologia / etimologia
APRENDER
FONÉTICA E FONOLOGIA
Ao longo dos séculos de evolução da língua portuguesa foram ocorrendo
alterações em termos fonéticos e fonológicos, ou seja, no que aos sons e fonemas diz
respeito. Estas alterações resultam de fatores diversos, como a tendência para a
diminuição do esforço articulatório (a que por vezes se chama “lei do menor
esforço”) ou a influência de uns vo- cábulos sobre os outros (analogia).
Quanto à sua forma, é possível distinguir três tipos de processos fonológicos:
1
A assimilação pode ser os de inserção, os de supressão e os de alteração de unidades.
regressiva, quando uma
unidade fónica se aproxima
articulatoriamente de uma
a. Processos fonológicos de inserção
que se lhe segue;
progressiva, quando a
relação das duas unidades Prótese Adição de uma unidade fónica no início da INDA- > ainda
se inverte; completa, sempre palavra.
que as duas unidades fónicas Epêntese Adição de uma unidade fónica no interior da HUMILE- > humilde
se tornam exatamente palavra.
iguais; incompleta, quando a
assimilação não é total e as Paragoge Adição de uma unidade fónica no fim da ANTE > antes
duas unidades fónicas apenas palavra.
se tornam mais
semelhantes.
2
São palatais as consoantes
b.Processos fonológicos de supressão
/ݕ/ (cf. chuva), /ݤ/ (cf. janela),
/ݠ/ (cf. filho) e /݄/ (cf. ninho).
Nota: A passagem de u
para o no final de palavra
representa uma alteração
apenas gráfica, pois o som
representado mantém-se.
56
Aférese Queda de uma unidade fónica no início da alá (port. antigo)> lá
palavra.
Síncope Queda de uma unidade fónica no meio da MALU- > mau
palavra.
Apócope Queda de uma unidade fónica no fim da AMARE > amar
palavra.
57
ETIMOLOGIA
Étimos – palavras (ou radicais) que estão na base das palavras portuguesas. A
etimolo- gia é a ciência que estuda a origem e a evolução das palavras.
POESIA LÍRICA
Sujeito de
• trovador • a “amiga” (a donzela)
enunciação
Características
• ser divinizado, quase • ser terrestre,
da figura
inatingível, da aristocracia de cariz
feminina
essencialmente popular
• doméstico
• palaciano • familiar
Ambiente
• cortês • rural
• marítimo
• artificial • simples
Essência • convencional • espontânea
• aristocrática • popular
POESIA SATÍRICA
58
PAR A V E R I F I C A R
P R O F E S SO R
1. Associe os elementos da coluna A aos elementos da coluna B que completam
ade- quadamente o seu sentido.
Apresentação
Galeria de imagens
Coluna A Coluna B
Apresentação
Síntese da Unidade [A] A cantiga de amigo [1] são marcas formais associadas às cantigas de
e a cantiga de amor amigo.
Teste interativo
Poesia trovadoresca [2] critica todos as categorias socioprofissionais,
[B] Paralelismo e refrão
exceto o rei.
Educação Literária 14.3; 14.4; [3] desenvolvem ambas a temática do sofrimento
14.7; 16.1 [C] Na poesia satírica, o
amoroso, embora difiram no que se refere ao
trovador
1. emissor.
[A] – [3] [D] O amor cortês também [4] satiriza algo ou alguém, recorrendo a
[B] – [1] “palabras cubertas”, ou seja, à ironia e a
[C] – [2] [E] Na cantiga de escárnio,
jogos de palavras.
[D] – [5] o enunciador
[5] é objeto de crítica, quer ao nível da linguagem,
[E] – [4]
quer relativamente à forma como o trovador
2.
a. trovador
b. senhor 2. Complete os espaços com as palavras adequadas, selecionando-as entre as
c.morais
d. coita pro- postas abaixo.
e. indiferente
f.poder
g. morrer indiferente, sensível, morrer, senhor, morais, coita, hipérbole, poder, trovador
h. hipérbole
3.
a. “porque está Na cantiga de amor, o emissor é o a. , que expressa o seu amor pela
angustiada com a ausência
do amigo.” – oração sua b.“ ”, caracterizada como “fremosa”, “de “bom prez”, “mui comunal”,
subordinada adverbial
causal; reunindo as qualidades físicas, c. e sociais.
b. “Quando não recebe
notícias do seu amigo” – Na relação que se estabelece entre o trovador e a sua dama, aquele revela a sua
oração subordinada
adverbial temporal; d. amorosa porque a mulher é muitas vezes e. aos seus
c.“Embora a ‘senhor’ seja
descrita como uma mulher
sentimentos. O homem submete-se ao seu f. , de tal forma que
perfeita”– oração prefere
subordinada adverbial
concessiva; “que ela é cruel” g. a viver sem o seu amor. Por isso, a h. é um dos recursos
– oração subordinada
substantiva completiva. expressivos de que o trovador se serve para exprimir o seu sofrimento pela
3.1. a. Predicativo do sujeito;
b. Modificador e indiferença da dama.
sujeito simples,
respetivamente;
3. Identifique e classifique as orações subordinadas nas frases que se seguem.
c. Modificador e
complemento direto, a. A donzela desabafa com a mãe porque está angustiada com a ausência do amigo.
respetivamente.
b. Quando não recebe notícias do seu amigo, a donzela fica desesperada e impaciente.
c. Embora a “senhor” seja descrita como uma mulher perfeita, o trovador sabe
que ela é cruel.
3.1 Identifique as funções sintáticas dos constituintes sublinhados nas frases
ante- riores.
60
A lm ei da G LIAR Poesia Trovadoresca
P A R A
a rr et t GRUPO I
A V A
Leia a cantiga que se v d’amor.
segue. e
Nuno
er Fernan
Vi eu, mia : dez
Torneol
madr’, andar e ,B
m 645/V
Vi eu, mia oi 246.
madr’1, ro
-
andar as
m
barcas eno e
mar: d’
e moiro-me2 d’amor. a
m
Foi eu, madre, veer or
.
5 as barcas eno ler :
3
e moiro-me d’amor.
E
n
As
o
barcas n
[e]no o
mar e a
foi-las c
aguard h
ar4: ei
e moiro-me d’amor. i6,
2
0
10 As [
barca o
s eno ]
ler e
q
foi- u
las e
atend
er5: p
e moiro-me d’amor. o
r
E foi- m
las e
u
aguard
ar e m
non o a
pud’ l
achar: v
15 e moiro-me d’amor. i
:
E foi- e
las m
oi
atend
ro
er e -
non o m
pudi e
o seu sofrimento p se ter
PROFE S amoroso e a sua o apaixonado,
desilusão pelo facto de r quando
SOR
não ter encontrado o seu
amigo. Revela ainda remorsos
1. Comprove que a composição poética é uma afirma: “[o]
Apr que por meu
1
cantiga de amigo, apresentando duas mal vi:”. (v.
esen
mi taçã características ao nível do conteúdo que 20).
4. a. No
nh o fundamentem a sua resposta. verso “Vi
a Solu eu, mia
m ções madr’,
ãe Fich 2. Proceda à divisão do texto em duas partes lógicas, andar” está
2
a de explicitando o assunto de cada uma delas. presente a
m Aval apóstrofe
or iaçã “madre”,
ro o 3. Caracterize, fundamentando, o estado de espírito como
- do sujeito poético. forma de
m realçar o
e GR interlocutor e
3 UP 4. Identifique os recursos expressivos presentes nos confidente da
donzela –
pr O I versos abaixo indicados, comentando a sua a mãe.
aia
4 Educaç expressividade. b. Em “e
moiro-me
es ão a. “Vi eu, mia madr’, andar”. (v. 1) b. “e moiro- d’amor.” é
per Literári evidente a
me d’amor.” (v. 3)
ar a 14.2; hipérbole que
5 14.3;
14.4; serve para
es 14.7; 5. Proceda à análise formal da cantiga, atendendo ao realçar o
per 14.8; número e tipo de estrofes, ao seu esquema sofrimento
ar 14.9 amoroso de
6
rimático e à classificação das rimas. que a
aí donzela
1. padece.
rat 5. A cantiga
a- é composta
se por sete
de dísticos e um
um refrão
a monóstico,
ca segundo o
nti esquema
ga rimático: aa’R
de / bb’R/ a’a’’R/
am b’b’’R/ a’’aR/
igo b’’bR/ cc’R/
, dd’R. As rimas
vis são todas
to emparelhada
qu s.
eo
suj
eit
o
de
en 61
un
cia
çã
oé
um
a
do
nz
ela
qu
e
la
me
nta
à
su
a
mã
e
(co
nfi
den
te)
a
aus
ênc
A lm ei da G LIAR Poesia Trovadoresca
P A R A
a rr et t GRUPO II
A V A
Leia
atentamente o
texto
Por Hélia
Correia
A Língua
Portugues
a
Ela não esqueceu nunca o tempo em que era uma
1
artifícios; 2 camponesinha descarada que dançava debaixo de
prostração, doçura;
aveleiras em flor. Ri facilmente e, ao menor pretexto,
3
descuido; 4
frescura, pujança; tira os sapatos, prende as saias com a mão, parte
5
decai, corrompe(- outra vez ao encontro da sua natureza que aceita mal a
se). convenção e os arrebiques1. Tem o latim por pai, é cer-
5 to, mas um pai com barba vagabunda, alheio à higiene e
1.
1.1
[A]
1.2 Com a frase “Atravessou-a o espírito dos Celtas” (ll. 7-8), Hélia Correia faz
referência a
[A] um substrato da língua portuguesa.
[B] um superstrato do Português. P R O F E S S OR
[A]
[C] uma língua posterior ao galaico-português. GRUPO II
Leitura
1.3 No primeiro parágrafo, a autora pretende, através da personificação,
evidenciar
[B] [
[C]
1.4
[
1
[A] enumeração das qualidades da 7.1; 7.2; 7.6;
nobreza. 8.1
2.1 Sujei
1.9 Em “ela deitou-se na frescura das palhotas” (l. to
21), as expressões sublinhadas cor- respondem subentendido
respetivamente “ela”.
2.2 Com
[A] ao complemento direto e ao paração.
complemento indireto. 2.3 Com
plemento
[B] ao complemento direto e ao
direto.
complemento oblíquo.
[D] ao complemento indireto e ao
complemento oblíquo.
63
A lm ei da G LIAR Poesia Trovadoresca
P A R A
a rr et t
A V A PROFE S 2. Responda aos itens apresentados.
SOR GRUPO 2.1 Indique e classifique o sujeito sintático da frase “Tem o latim por
pai” (l. 4).
III
2.2 Identifique o recurso expressivo presente em “como em todas as
Escrita moçoilas” (l. 9).
10.1; 11.1; 12.1;
12.2; 12.3;
2.3 Refira a função sintática desempenhada por “Grandes
12.4; 13.1
amores”, presente no início do terceiro parágrafo.
Proposta de
resolução: G
Introdução: R
origem da cantiga
de amigo
U
associada P
aos primórdios da O
nossa
nacionalidade, num
contexto cultural e I
social muito I
diferente do da I
atualidade.
Desenvolvimento
: Redija um texto expositivo, de 150 a 250 palavras, numa
Parágrafo 1 linguagem clara, objetiva e precisa, onde apresente as
–Motivos da principais diferenças entre as relações amorosas retrata- das
infelicidade
amorosa da na poesia trovadoresca e as vividas pelos jovens na
donzela – atualidade.
ausência do
amigo devido à
guerra; não Para isso, comece por completar o seguinte plano de texto,
correspondência
amorosa.
elaborando os tópicos relativos a cada uma das partes.
–Dificuldades · Introdução: as relações amorosas na Idade Média e no século XXI.
de comunicação
com o amado, o · Desenvolvimento: parágrafo 1 - …
que leva à
confidência parágrafo 2 - …
amorosa com a – …
Natureza, a mãe
e as amigas. · Conclusão: fecho do texto, sintetizando os principais aspetos
Parágrafo 2 referidos.
–Facilidade de
comunicação na
atualidade –
telemóvel, redes
sociais, que
encurtam as
distâncias.
–Locais de
encontros
amorosos
diferenciados: as
fontes, as
romarias, os bailes
da Idade Média por
oposição aos
espaços partilhados
pelos jovens de hoje
em dia (escola,
festas,
discotecas…) e
aos locais de
encontro virtuais.
Conclusão: as
relações amorosas
estão sujeitas às
condicionantes
específicas da época
histórica.
64
MÓDULO
2. Fernão Lopes
PARA CONTEXTUALIZAR | PARA INICIAR
PARA DESENVOLVER
Educação Literária
Crónica de D. João I
•Excertos dos capítulos 11, 115 e 148 da 1.a Parte
Leitura
Exposição sobre um tema
Escrita
Síntese
Exposição sobre um tema
Oralidade [Comprensão/Expressão Oral]
Documentário [Comprensão do Oral]
Síntese [Expressão Oral]
Gramática
Sintaxe [Aprender/Aplicar]
•Processos fonológicos
PARA SABER | PARA VERIFICAR | PARA RECUPERAR | PARA AVALIAR
PARA CONTEXTUALIZAR
Atente nos seguintes aspetos, para melhor compreender as transformações que ocorrem
nes- ta época, bem como o autor que irá ser objeto de estudo.
Fernão Lopes, um
intérprete fiel da
mudança política
• Ao chegar a crise de 1385, o povo
português estava já na posse de uma
consciência da sua própria identidade, rea-
gindo, por isso, violentamente contra a
ameaça de absorção por parte de outro
Estado (Castela).
5 • Fernão Lopes compreendeu perfeitamente o signifi-
E X P R E S SÃO OR AL
A. D. João I de PORTUGal,
c. 1435, Museu Nacional
de Arte Antiga.
B. Dom NUNO Álvares Pereira,
c. 1841, Charles Legrand
(primeira metade do
século XIX), Biblioteca
Nacional de Portugal.
C. Fernão Lopes (pormenor),
Painéis de São Vicente
de Fora, c. 1470, Nuno
Gonçalves, Museu Nacional
de Arte Antiga.
D. A Batalha de
ALJUBARRota, Jean de
Wavrim (séc. XV),
A D. João I, Mestre de Avis. Crónicas de Inglaterra,
c. 1470-1480.
E. Cerco de Lisboa (1384),
Crónicas de Jean
D Batalha de Aljubarrota. Froissart, séc. XV.
NOTA AO ALUNO
Quando se faz uma
pesquisa, convém que
a informação a que
se tem acesso prime
pela qualidade, pelo
que é premente que
haja espírito crítico
na seleção das fontes.
B Nuno Álvares Pereira. Assim, não só é
importante recorrer
a obras ou sítios de
Internet fidedignos como
também é necessário
confrontar a informação
obtida com outras fontes,
de modo a assegurar
a sua autenticidade.
A título de exemplo,
para o trabalho que se
propõe, sugerem-se as
seguintes fontes:
•Giulia Lanciani
e Giuseppe Tavani
(coor.), Dicionário
da
C Fernão E Cerco de
literATURa medieval
Lopes. galega e PORTUGUEsa,
Lisboa.
Lisboa, Editorial
Caminho, 1993,
pp. 180-182 [Crónica
Realize, em grupo, uma pesquisa, numa enciclopédia, num manual de História, várias imagens.
na In- ternet ou noutro suporte, sobre a individualidade ou o acontecimento
retratado em cada uma das imagens (cada grupo debruçar-se-á sobre uma
imagem).
67
PARA DESENVOLVER
F ernão L ope s
C O M P R E E N S Ã O DO OR AL
Oralidade
1.6; 2.1; 2.2; 3.1; 3.2;
4.1;
4.2; 5.2; 5.3; 6.2; 6.3 Coluna A Coluna B
Expressão Oral (p. [A] Esteve ao serviço do reino [1] foi escrivão dos livros de D. João I.
67) 1. e 2.
português durante dois reinados e
A imagem C representa [2] a assessorar o infante D. Fernando,
Fernão Lopes, autor da uma regência, respetivamente,
como “escrivão da puridade”.
Crónica de D. João I,
sobre o respetivo monarca [B] É autor [3] das Crónica de D. Pedro, Crónica
(imagem A), que foi
aclamado rei de Portugal
de D. Fernando e Crónica de D. João I.
[C] A sua vida pública está
depois da morte de D. [4] surge pela primeira vez como
Fernando e durante documentada a partir de 1418, tabelião-
a crise de 1383-1385. Nessa
mesma crónica, são episódios [D] Em 1419 -geral do reino.
como o do cerco de Lisboa
[5] o de D. João I, o de D. Duarte e
(imagem E), levado a cabo [E] A partir de 1422, dedicou-se também a do infante D. Pedro.
pelos castelhanos, bem como
o da Batalha de
Aljubarrota (imagem D), [6] é uma das fontes
[F] Em 1437
no qual se destaca a fundamentais da biografia
figura de D. Nuno Álvares
Pereira (imagem B), [G] Em 1454, foi substituído nas de Fernão Lopes.
mentor da estratégia que suas funções [7] quando foi primeiramente
conduziu os portugueses
à vitória e que, durante toda nomeado guarda das escrituras do
[H] A carta datada de 1434, da
a crise, esteve ao lado Tombo, como escrivão dos livros do
de D. João, Mestre de Avis. responsabilidade de D. Duarte,
infante D. Duarte.
[I] Nessa mesma carta, o rei D. [8] por Gomes Eanes de Zurara,
Duarte concede ao cronista 14 talvez por doença ou velhice.
Vídeo mil reais [9] para que escreva as crónicas dos
Fernão Lopes – vida e obra
reis da primeira dinastia
1.
[A] – [5]
[B] – [3]
[C] – [7]
[D] – [1]
[E] – [2]
[F] – [4] E X P R E S S ÃO OR AL
[G] – [8]
[H] – [6] Sintetize, oralmente, em 2-3 minutos, os
[I] – [9]
aspetos mais significativos da vida e da obra
de Fernão Lopes, baseando-se nas informações
recolhidas no documento áudio e no exercício
realizado an- teriormente.
68
Crónica d'El-
Rei
D.
João
I
com
ilumi
nura
da
vista
de
Lisb
oa
do
sécul
o
XV,
Torr
e do
Tom
bo.
Crónica de D. João I
LEITUR A
Leia o texto seguinte, que apresenta alguns aspetos biográficos deste monarca
portu- guês. Responda, depois, aos itens propostos.
P R O F E S S OR
D. João I Leitura
7.1; 7.4; 7.6; 8.1
Educação Literária
16.1
a.
No ano de 1357 nasce D. João, mais um filho ilegítimo do infante D. Pedro. 1357 e 1413 (14 de agosto).
b. Filho ilegítimo do infante
Ascende, ain- da criança, a Mestre de Avis e, liderando a ordem e frequentando a
D. Pedro.
corte, atravessará os governos de seu pai e de seu irmão D. Fernando. Após a c. Mestre de Avis,
morte deste monarca (1383), os acontecimentos precipitam-se e diversas forças regedor e defensor do
reino e rei de Portugal.
sociais guindam-no1 a um protagonismo d. 1385.
5 político que fará dele regedor e defensor do reino e, finalmente, rei de Portugal, nas e. Em 1387, com D.
Cortes de Coimbra de 1385. Desde logo, com os apoios certos e tendo como braço Filipa de Lencastre.
f.Guerra com Castela,
armado Nuno Álvares Pereira, vai submetendo opositores e combatendo os assinatura da paz em
Castelhanos, dentro e fora do reino, numa sequência de guerras que só cessarão com 1411, conquista de
Ceuta.
a assinatura de paz em 1411. Então, nascida que já era uma vasta prole2 do seu g. Justo, vitorioso,
casamento com D. Filipa de Lencastre em 1387, devoto e culto.
10 e consolidada uma corte, D. João governará apoiando-se na sua linhagem e em fiéis
vassa- los. Conquista Ceuta em 1415, uma vitória sobre os infiéis que lhe garante
fama em toda a cristandade. […]
D. João morre a 14 de agosto de 1413, ao fim de um longo reinado de 48 anos,
e foi se- pultado no Mosteiro da Batalha, marco real e simbólico da sua vitória
real. Consagra-se
15 em mito de rei guerreiro fundador de uma nova dinastia, que na visibilidade da Capela do
Maria Helena da Cruz Coelho, D. João I, "Reis de Portugal", Círculo de Leitores, 2005, texto da
contracapa.
Feitos
Nascimento Início do
Ascendência Títulos Casamento guerreiros e Qualidades
e morte reinado
políticos
a. b. c. d. e. f. g.
69
F ernão L ope s
ESCRITA
SÍNTESE
Recorde os passos para elaborar uma síntese, tendo em conta as três fases
essenciais: fase preparatória, fase da redação e fase da revisão.
1.Fase preparatória
• ler para apreender a estrutura e o sentido global do texto;
• sublinhar as ideias/os factos essenciais e subjacentes à progressão textual
(eliminan- do repetições, pormenores, exemplificações, …);
• selecionar vocabulário ou expressões-chave;
• assinalar conectores ou articuladores que ligam frases entre si,
estabelecendo rela- ções de semelhança, de contraste/oposição, de
anterioridade ou de posterioridade, causa, etc.;
• registar, à margem do texto, a ideia central de cada parágrafo.
2. Fase da redação
• utilizar uma linguagem própria;
• respeitar as ideias do texto, não obrigatoriamente pela ordem de apresentação;
• evitar a colagem ao texto de partida;
• eliminar pormenores desnecessários;
• substituir sequências textuais por outras mais económicas;
• inserir juízos de valor, comentários.
Exemplificação
Fernão Lopes,
Fernão Lopes,não
nãosendo
sendoo opai
paidadahistoriografia
historiografiaPortuguesa, muito contribuiu
Portuguesa ri para para ela.
ela.
Efetivamente, é com o Conde de Barcelos Livro (Livrodede Linhagens)
) quequesta nasce.
ce Contu-
do,(Lopes,
Lopes, embora
emborasiga
sigaa atradição,
tradição,provocará
p ovocaráLinhagens
umauma naContu
evolução
evolução na ss historiografia,
nossa fia, que
quetornará
tornará
se se maismaiscomplexa
complexa
na construção
na construção
narrativanarrativa
(obedecendo(obedecendo
à cronologia),
à c mais
o g a
rigorosa,
rigorosa
porque baseada em fontes diversificadas: as narrativas, as de natureza diplomática e
arqui baseada em fontes d versificadas as narrativas as de nature d p o
5 porque arqu
-vística
vísticae eoutros testemunhos.
outros testemunhos. TerTer
exercido funções
exercido na Torre
funções do Tombo
na Torre facilitou-lhe
do Tombo l t c osso
acesso
a essas fontes.
essas fontes.Porém,
Porém,nãonãoé é cronista
cronista isento
isento poispoestá
s está ao serviço
ao serviço de D.deDuarte
D Du ete doe fa
tinfante
D. Fernando, que o incumbiram de legitimar o poder vigente, consequente dos
acontecimen
D. Fernando, que o incumbiram de legitimar o poder vigente consequente -
tos ocorridos
dos entre 1383-
ac tos ocorridos entre 1383-1385).
1385). (111
1 pall ra
palavras)
3. Fase da revisão
• verificar a articulação lógica das ideias (coerência) e a
gramaticalidade da escrita (coesão);
• corrigir falhas ao nível da ortografia, da acentuação, da pontuação, da
sintaxe e da seleção do vocabulário;
• respeitar a extensão textual indicada, normalmente correspondente a um
quarto do texto de partida, ou seja, um texto de 400 palavras poderá originar
uma síntese de 100.
71
F er não L ope
s
LEITUR A
A maior das
vitórias Por Luís Almeida Martins
Batalha de Aljubarrota, Jean de Wavrin (séc. XV), in deci- diu invadir Portugal para se apoderar do trono a que
Crónicas de Inglaterra, c. 1470-1480.
se
20 achava com direito. Um exército entrou pela fronteira do
O casamento, em 1383, da filha única de D.
Alentejo, mas, a 6 de abril de 1384, foi derrotado em
Fernando, “O Formoso”, com o rei Juan I de
Atoleiros (Portalegre) pelos portugueses comandados
Castela pôs em perigo a independência de Portugal.
Com efeito, quando nesse mesmo ano o soberano
português morreu, o castelhano
5 achou-se com direitos à coroa do nosso país − e
73
A batalha resolveu-se numa hora e saldou-se pela importunado
derrota dos 60
pelacastelhanos
ambição expansionista
e dos franceses,
de Castela
que debanda-
e se pôde ram
dedicar
em em
desordem.
paz à sua
Muitos
própria
fu
Visão,
Portugal garantiu assim a independência, com D. João I edição online, 26 de dezembro de 2011 (adaptado, consultado em dezembro de 201
65 no trono. Foi graças a esta vitória que Portugal deixou de ser
Oralidade
1.1; 1.4
1.
a. V
b. F – D. Fernando já
tinha morrido na altura da
batalha de Aljubarrota,
cujos principais
protagonistas foram D.
João, Mestre de Avis, e
Nuno Álvares Pereira.
c.V
d. F – Foi durante toda
a primeira dinastia que isso
aconteceu.
e. F –Entre D.
Fernando e D. João
de Castela.
f.F – A sua avó.
g. F – Por ser amante do
Conde Andeiro.
h. F – Havia também a
possibilidade de ascender
ao trono o infante D. João
de
Portugal, o outro meio-irmão
de D. Fernando e que se
revelava como o herdeiro mais
legítimo por ser filho de
D. Inês de Castro, ao
passo que D. João, Mestre
de Avis, era fruto de uma
relação de
D. Pedro com a aia,
Teresa Lourenço.
i.V
j. V
k. F – Parte da
nobreza apoiava D.
Leonor Teles, apesar de
a sua regência colocar
em causa a
independência nacional.
l.F – Havia também uma
parte da nobreza
portuguesa que apoiava D.
João.
m. V
n. F –Inicialmente o
Mestre de Avis hesitou,
perante o plano traçado
por Álvaro Pais, mas,
depois, acabou por aceitá-lo.
Escrita
10.2; 11.1; 12.1;
12.2; 12.3; 12.4; 13.1
Tópicos:
Introdução: Crise de 1383-
-85, identificada como uma
crise dinástica, dado que
Portugal estava sem
sucessor ao trono e na
iminência de vir a ser
governado por um rei
C O M P R E E N SConta-Me História,
à O DO OR AL da RTP, sobre a fase
da História retratada por Fernão Lopes na
Crónica de D. João I.
V
i 1. Assinale como verdadeiras ou falsas as
s afirmações seguintes. Corrija as falsas.
i
o a. A batalha de Aljubarrota surge na
se- quência da crise política de 1383-
n
1385.
e
b. Um dos protagonistas da batalha
e de Aljubarrota foi o rei D. Conta-me História, RTP
Fernando.
e c. A crise política portuguesa é também fruto da crise social e económica
s que de- flagrava na Europa.
c
d. É sobretudo no reinado de D. Fernando que Portugal atinge crescimento em
u
ter- mos geográficos, económicos e demográficos.
t
e e. Na sequência das guerras fernandinas, foi assinado o Tratado de Salvaterra
de Ma- gos entre D. Fernando e Henrique II de Castela.
a f. Em caso de morte de D. Fernando, e se o príncipe herdeiro não tivesse
t ainda ida- de suficiente para assumir o trono, ficaria como regente de
e Portugal a sua mãe.
n
g. O povo odiava D. Leonor Teles sobretudo pelos maus conselhos dados a
t
D. Fer- nando nas questões políticas que envolviam Portugal e Castela.
a
m h. D. João, Mestre de Avis, revela-se como a única alternativa legítima ao
e Tratado de Salvaterra de Magos.
n i. O infante D. João de Portugal fugiu para Espanha, depois de ter assassinado
t a mu- lher, na expectativa de aceder ao trono.
e
j. O povo acreditava que D. Leonor Teles estava envolvida no assassinato da irmã.
u k. Parte na nobreza apoioava D. Leonor Teles por considerar que esta
m asseguraria a independência nacional.
l. Os únicos apoiantes do Mestre de Avis eram oriundos do povo.
e
x m. D. Nuno Álvares Pereira assume-se como o paradigma das virtudes da arte militar.
c n. Álvaro Pais apresentou o seu plano ao Mestre de Avis e este aprovou-o
e de ime- diato.
r
t
o
ESCRITA
d
o Redija um texto expositivo, de 120 a 150 palavras, baseando-se nas informações
re- colhidas a partir do visionamento do documentário. Siga as seguintes
p orientações.
r
• Introdução: identificação do assunto.
o
g • Desenvolvimento: − duas causas da crise dinástica;
r − movimentações em prol do rei castelhano e do Mestre de Avis.
a • Conclusão: solução encontrada pela fação apoiante do Mestre.
m
a
INFORMAR
f. Fernão
Leia os tópicos apresentados abaixo e resolva a atividade proposta. Lopes também
destaca no
povo a sua
agressividade.
Fernão Lopes e a Crónica de D. João I
• Fernão Lopes é o autor da primeira e segunda partes da
Crónica de D. João I.
• Nestas duas partes, assiste-se ao protagonismo da “comunal
gente”, a arraia miúda, ou seja, toda a população que, nas ruas e praças das
cidades, se agita, se manifesta ruidosamente, sempre com extrema liberdade
de linguagem e de atitu-
5 des, a favor da causa nacional, sendo, no entanto, por vezes, manipulada.
1. Selecione das seguintes afirmações as que são falsas e proceda à sua correção.
a. Na Crónica de D. João I, Fernão Lopes relata apenas as batalhas
travadas pela conquista da independência nacional.
b. A força popular assume, nesta crónica, um lugar de destaque no desenrolar
dos acontecimentos.
c. O modo de narrar deste cronista é monótono e fantasista.
d. A caracterização das personagens envolvidas na ação é feita apenas pelo
narra- dor.
e. O cronista, enquanto narrador, adota sempre uma perspetiva objetiva
sobre o que relata.
PROF E S SOR
1
a. F – Relata outros factos, tais como o fervor do povo (agitação) nas ruas, os seus sacrifícios e as intrigas
no paço.
c.F – É empolgante, vivo, sendo realista, com recurso a sensações diversificadas no relato dos factos.
d. F – Existem diálogos, em discurso direto, que caracterizam também as personagens.
e. F – O cronista tece comentários pessoais, expressa sentimentos, emoções e juízos de
valor através de frases exclamativas.
F ernão L ope s
Afirmação da consciência coletiva | Atores (individuais e coletivos)
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
* FIXAÇÃO DE TEXTO
Fernão Lopes, in
Teresa Amado
(apresentação
crítica), Crónica de
D. João I de Fernão
Lopes
(textos escolhidos),
ed. revista, Lisboa,
Editorial Comunicação,
1992 [1980].
1
burguês bastante rico,
padrasto de João das Regras,
que fora chanceler-mor dos
reis D. Pedro e D. Fernando;
abandonou este cargo com o
pretexto de doença; mas,
segundo Fernão Lopes,
ter-se-ia afastado da corte,
envergonhado com a
desonra de D. Fernando,
ocasionada pelo licencioso
comportamento
da rainha; tornou-se o
chefe da insurreição de
1383;
2
quando; 3 combinado;
4
alvoraçavom-se nas voontades:
revoltavam-se; 5 depressa;
6
parte da armadura que
defendia a cabeça; 7
porque; 8 em lugar de; 9
onde; 10 não parava; 11 lá ;
12
não faltava; 13 Conde
João Fernandes
Andeiro, nobre galego, amante
da rainha e por ela
nomeado conde de Ourém;
14
todos feitos duũ coraçom:
todos animados pela
mesma coragem;
76
O Page do achava dizendo:
Meestre que – Acorramos ao Meestre, amigos, acorramos ao Meestre, ca7 filho é del-
estava aa porta, Rei dom Pedro.
como2 lhe 15 E assi braadavom el e o Page indo pela rua.
disserom que Soarom as vozes do arroido pela cidade ouvindo todos braadar que
fosse pela vila matavom o Meestre; e assi como viuva que rei nom tiinha, e como se lhe
segundo já era este ficara em logo8 de marido, se moverom todos com mão armada,
percebido3, correndo a pressa pera u9 deziam que se esto fazia, por lhe darem vida e
começou d’ir escusar morte. Alvoro Paaez nom
rijamente a 20 quedava
10
d’ir pera alá11, braadando a todos:
galope em cima – Acorramos ao Meestre, amigos, acorramos ao Meestre que matam sem
do cavalo em por quê! A gente começou de se juntar a ele, e era tanta que era estranha
que estava, cousa de veer. Nom cabiam pelas ruas principaes, e atravessavom logares
dizendo altas escusos, desejando cada uũ de seer o primeiro; e preguntando uũs aos
vozes, outros quem matava o Meestre,
braadando pela 25 nom minguava
12
quem responder que o matava o Conde Joam Fernandez13,
rua: per mandado da Rainha.
– Matom o Meestre! E per voontade de Deos todos feitos duũ coraçom14 com talente15 de o
matom o Meestre nos vingar, como forom16 aas portas do Paaço que eram já çarradas, ante que
Paaços da Rainha! chegassem, com espantosas palavras começarom de dizer:
Acorree ao Mees- 30 – U matom o Meestre? que é do Meestre? quem çarrou estas portas?
5 tre que matam!
Ali eram ouvidos braados de desvairadas maneiras. Taes i havia que
E assi chegou a casa certefica- vom que o Meestre era morto, pois as portas estavom çarradas,
d’Alvoro Paaez que era
dizendo que as bri- tassem17 pera entrar dentro, e veeriam que era do Meestre,
dali grande espaço.
ou que cousa era aquela. Deles18 braadavom por lenha, e que veesse lume
As gentes
pera poerem fogo aos Paaços,
que esto
35 e queimar o treedor e a aleivos20. Outros se aficavom21 pedindo escaadas
19
ouviam, saiam
pera sobir acima, pera veerem que era do Meestre; e em todo isto era o
aa rua veer que
arroido atam grande que se nom entendiam uũs com os outros, nem
cousa era; e
determinavom neũa cousa. E nom soomente era isto aa porta dos Paaços,
começando de
mas ainda arredor deles per u homeũs e molheres podiam estar. Ũas
falar u~us com
viinham com feixes de lenha, outras
os outros,
40 tragiam carqueija pera acender o fogo cuidando queimar o muro dos Paaços
alvoraçavom-se
com ela, dizendo muitos doestos22 contra a Rainha.
nas voontades4,
De cima nom minguava quem braadar que o Meestre era vivo, e o Conde
e começavom de
Joam Fernandez morto; mas isto nom queria neuũ creer, dizendo:
tomar armas
cada uũ como
melhor e mais
asinha5 podia.
Alvoro Paaez
que es-
10 tava prestes e
armado com ũa
coifa6 na cabeça
segundo usança
daquel tempo,
cavalgou logo a
pressa em cima
du~u cavalo que
anos havia que
nom cavalgara; e
todos seus
aliados com ele,
braadando a
quaes quer que
77
Crónica de D. João I
– Amigos, apacificae vos, ca eu vivo e são som a Deos graças! a. "Meestre" (l. 1) > mestre
E tanta era a torvaçam25 deles, e assi tiinham já em creença que o
Meestre era morto, que taes havia i que aperfiavom26 que nom era aquele; c. "preguntando"
(l. 24) >
porem conhecen- do-o todos claramente, houverom gram prazer quando o
perguntando
virom, e deziam uũs
b. "Acorree" (l. 4) >
55 contra os outros:
acorrei
– Ó que mal fez! pois que matou o treedor do Conde, que nom matou logo
(l. 37) > nenhuma
a alei- vosa com ele! Creedes em Deos , ainda lhe há de viinr alguũ mal per
27
ela!. Oolhae e veede que maldade tam grande, mandarom-no chamar onde
ia já de seu caminho, pera o matarem aqui per traiçom. Ó aleivosa! já nos
matou uũ senhor, e agora nos
60 queria matar outro; leixae-a, ca ainda há mal d’acabar por estas cousas
que faz.
E sem duvida se eles entrarom dentro28, nom se escusara a Rainha de
morte, e fora maravilha quantos eram da sua parte e do Conde poderem
escapar. O Meestre estava aa janela, e todos oolhavom contra ele
dizendo:
– Ó Senhor! como vos quiserom matar per treiçom, beento seja Deos que
vos
65 guardou desse treedor! Viinde-vos, dae ao demo esses Paaços, nom sejaes lá
PROFE S SOR
78
Funções sintáticas Exemplos
COMPLEMENTO DIRETO
É uma função sintática interna ao
predicado, cujo constituinte é selecionado
por um verbo transitivo direto.
Pode ser desempenhada por
– um grupo nominal (a.); a. O povo aclamou o Mestre de Avis.
– uma oração subordinada b.O povo pensava que o Mestre tinha
substantiva completiva (b.); sido alvo de traição.
– uma oração subordinada substantiva c. O povo viu à janela do Paço quem
relativa (c.). tanto desejava.
Quando o complemento direto se
apresenta sob a forma de um grupo
nominal, pode ser substituído pelos
pronomes pessoais me, te, se, o, a, nos, a’. O povo aclamou-o.
vos, se, os, as (a’.)
Quando é um grupo oracional, pode ser
substituído pelo pronome demonstrativo b’. O povo pensava isso.
invariável isso, em posição pós-verbal, (b’.) ou b’’. O povo pensava-o.
por o (b’’.).
COMPLEMENTO INDIRETO
É uma função sintática interna ao
predicado, cujo constituinte é selecionado
por um verbo transitivo indireto.
Pode ser desempenhada por um grupo
preposicional, geralmente introduzido pela
preposição a, simples ou contraída (a.). a. Após a revolta, D. Leonor Teles escreveu
Pode ser substituído pelos pronomes a
pessoais D. João de Castela.
me, te, lhe, nos, vos, lhes (a’.) a’. Após a revolta, D. Leonor Teles escreveu-
lhe.
COMPLEMENTO OBLÍQUO
É uma função sintática interna ao
predicado, cujo constituinte é selecionado
por um verbo transitivo indireto.
Pode ser desempenhada por
– um grupo preposicional (a.); a. O povo confiava no Mestre de Avis.
– um grupo adverbial (b.). b.Saído de Castela, D. João
chegou rapidamente aqui.
COMPLEMENTO AGENTE DA PASSIVA
É uma função sintática de uma frase
passiva, cujo constituinte se inicia pela
preposição por, simples ou contraída,
e que corresponde ao sujeito da frase ativa a. A morte do Conde Andeiro foi
(a.). engendrada
por Álvaro Pais.
Funções sintáticas
APRENDER
LEITUR A
AUTO DE MORALIDADE
Funções sintáticascomposto per Vicente por contemplação
Exemplos da
Gil níssima e muito católica rainha dona sere- ossa senhora, e
Lianor,
seu n PREDICATIVO
mandado ao poderoso príncipe e mui
DO SUJEITO rei dom Manuel,
representado per primeiro de
alto tugal
É uma deste
função nome.
sintática interna ao predicado, Por-
a. Fernão Lopes foi guarda-
cujo constituinte é selecionado por um verbo mor da Torre do Tombo.
Comença
copulativo 1
a declaração
. Pode e argumento
ser desempenhada por da b.As suas crónicas ficaram célebres.
São exemplos de verbos (a.);no ponto que acabamos Primeiramente, no é dopresente
1
obra.
– um se fegura
grupo que,
nominal c.A leitura da sua obra
copulativos: ser, estar, ficar,
parecer, permanecer, tornar-se, de– um
espgrupo
rio, adjetival
o qual (b.);
per força havemos de auto, irar,
maior interesse. chegamos
revelar-se, ... passar em um
– um grupo (c.); um deles passa sùpitamente
estão, scilicet1,
preposicional d. O trabalho doaJoão
umsobre
deo autor
dous
pera
– umo grupo
paraíso tem cada um seu arraizbatéis
batéis(d.).
adverbial ficouque
bem.naquele porto e o
na proa: o do PaMODIFICADOR
arraiz infernal e um outro pera o Inferno: os quais
Companheiro.
É uma função sintática não selecionada por raíso
a. Os um Anjo, e o do Inferno
portugueses
Em termos gráficos, nenhum núcleo, seja verbal seja oracional um derrotaram os castelhanos
o modificador de nome O primeiro entrelocutor é um Fidalgo que ch
(frásico). na batalha de Aljubarrota.
apositivo distingue-se rabo mui comprido e ũa cadeira de espaldas. E c
do restritivo por surgir Pode ser desempenhada por b.Eles lutaram corajosamente.
separado por vírgulas. o –Fidalgo
um grupovenha.
preposicional (a.); c.Sempre que o Mestre de Avis o
– um grupo adverbial (b.); pediu, o povo português
– uma oração subordinada adverbial (c.). combateu.
Em início de frase ou entre constituintes d. O mestre de Avis, nos Paços da
obrigatórios, isola-se geralmente por vírgula (c. e Rainha, foi apoiado pelo povo.
d.).
MODIFICADOR DO NOME RESTRITIVO
É uma função sintática não selecionada pelo
nome que o antecede ou precede, restringindo a a. A cidade de Lisboa foi cercada
referência desse nome. pelos castelhanos.
Pode ser desempenhada por b.Os textos mais antigos dão-
– um grupo preposicional (a.); nos uma visão elogiosa dos
– um grupo adjetival que estabelece concordância reis portugueses.
com o nome (b.); c.As crónicas que Fernão Lopes
– uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva escreveu retratam o povo como
(c.). um
verdadeiro herói.
MODIFICADOR DO NOME APOSITIVO
É uma função sintática não selecionada pelo nome
que o antecede ou precede, acrescentando-lhe a. O povo, em alvoroço, revelou-
informação acessória. Surge isolado por vírgula(s), se partidário da causa do
parênteses ou travessões. mestre.
Pode ser desempenhada por b.O povo – emocionado e grato
– um grupo preposicional (a.); – deu vivas ao rei.
– um grupo adjetival que estabelece concordância c.Fernão Lopes, cronista do
com o nome (b.); reino, viveu entre os séculos
– um grupo nominal (c.); XIV e XV.
– uma oração subordinada adjetiva relativa d.A população de Lisboa, que
80
APLICAR
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1
palavras, ditos; 2
alusão ao capítulo
anterior, onde se
descreve o soberbo
acampamento do rei de
Castela, que se estendia de
Santos até Campolide e
outros lugares em volta; 3
inimigos; 4 coragem;
5
logo que; 6 lezírias (terras
que ficam na margem do
rio); 7 abastecimento; 8
refugiaram-
-se; 9 aprouve, agradou;
10
e alguns; 11 em direção a;
12
aí; 13 que poseram todo o seu:
que puseram em segurança
os seus haveres; 14
necessidade;
15
reparação, fortificação;
16
armas que disparavam
setas a grandes
distâncias;
17
abundância; 18 setas grandes;
19
de boa categoria social,
burgueses; 20 quadrelas,
lanços de muralha onde
se colocavam os vigias;
21
quando; 22 apressadamente;
82
Nem uũ Castela, e dali tragiam muitos gaados mortos que salgavom em tinas, e
falamento deve
1
outras cousas de que fezerom grande açalma- mento7; e colherom-se8
mais vizinho dentro aa cidade muitos lavradores com as molheres e filhos, e cousas que
seer deste tiinham; e doutras pessoas da comarca d’arredor, aqueles a que prougue9 de
capitulo que o fazer; e deles10 passarom o Tejo com seus gaados e bestas
havees ouvido2, 15 e o que levar poderom, e se forom contra11 Setuval, e pera Palmela; outros
que poermos ficarom na cidade e nom quiserom dali partir; e taes i12 houve que poserom
logo aqui todo o seu13, e ficarom nas vilas que por Castela tomarom voz.
brevemente de Os muros todos da cidade nom haviam mingua14 de boom
que guisa repairamento15; e em seteenta e sete torres que ela teem a redor de si,
estava a cidade, forom feitos fortes cara-
jazendo el-Rei 20 manchões de madeira, os quaes eram bem fornecidos d’escudos e lanças e
de Castela dardos e beestas de torno16, e doutras maneiras com grande avondança17 de
sobr’ela; e per muitos vira- tões18. […]
que modo E ordenou o Meestre com as gentes da cidade que fosse repartida a
poinha em si guarda dos muros pelos fidalgos e cidadãos honrados19; aos quaes derom
guarda o certas quadrilhas20
Meestre, e as 25 e beesteiros e home~es d´armas pera ajuda de cada uũ guardar bem a sua. Em cada
gentes que quadrilha havia uũ sino pera repicar quando tal cousa vissem, e como21 cada
dentro eram, por uũ ouvia o sino da sua quadrilha, logo todos rijamente22 corriam pera ela.
nom receber […]
dano de seus E nom soomente os que eram assiinados23 em cada logar pera defensom,
e~migos3; e o mas ainda as outras gentes da cidade, ouvindo repicar na See, e nas outras
esforço e torres, avi-
fouteza4 que
30 vavom-se os corações deles24; e os mesteiraes25 dando folgança26 a seus
5 contra eles mostravom, oficios, logo todos com armas corriam rijamente pera u27 diziam que os
em quanto assi esteve Castelãos mos- travom de viinr. Ali viriees os muros cheos de gentes,
cercada. com muitas trombetas e braados e apupos esgremindo espadas e lanças e
Onde sabee semelhantes armas, mostrando
que como5 o fouteza contra seus e~migos.
Meestre e os
da cidade
souberom a
viinda del-Rei
de Castela, e
esperarom seu
grande e
poderoso cerco,
logo foi
ordenado de
reco- lherem
pera a cidade
os mais
mantiimentos
que haver
podessem, assi
de pam e
carnes, come
quaes quer
outras cousas.
E iam-se muitos
aas liziras6 em
barcas
10 e batees, depois
que Santarem
esteve por
83
35 Nom curavom28 entom do texto que diz: “Que mais ajuda a egreja o
reino com suas orações, que os cavaleiros com as armas”; nom se guardava 28
não se importavam;
29
disposição da Igreja;
ali a degratal29: “Clerici arma portantes”30, aos quaes segundo dereito nom 30
“clérigos
convem de tomar ar- mas, posto que seja pera defensom da terra; mas empunhando armas”;
clerigos e frades, especialmente da Trindade, logo eram nos muros, com 31
não obstante
as melhores que haver podiam. […] 32
visitava;
40 E nom embargando31 todo isto, o Meestre que sobre todos tiinha especial
33
soldados que faltavam à
chamada, rebeldes
cui- dado da guarda e governança da cidade, dando seu corpo a mui breve 34
diligentes, rápidos
sono, reque- ria32 per muitas vezes de noite os muros e torres com tochas 35
preparativos
acesas ante si, bem acompanhado de muitos que sempre consigo levava.
Nom havia i neuũs revees33 dos que haviam de velar, nem tal a que
esqueceesse cousa do que lhe fosse en-
45 comendado; mas todos muito prestes a fazer o que lhe mandavom, de guisa
guarnecida contra ele de gentes e d’armas com taes avisamentos35 por sua
guarda e defensom! Em tanto que diziam os que o virom, que tam
fremoso cerco de cidade nom era
em memoria d’home~es que fosse visto de mui longos anos atá aquel tempo. P R O F E S S OR
Educação Literária
14.2; 14.3; 14.4; 14.5;
14.7; 15.1; 15.2; 16.1
1. Ordene as seguintes afirmações, de acordo com a ordem sequencial do texto,
indi- cando as linhas que justificam essa seriação.
1.
[A] O esforço e o envolvimento do Mestre são realçados pelo facto de este
dormir pouco e de vigiar constantemente as defesas da cidade.
[B] Entre os portugueses, uns associaram-se à defesa da cidade, outros
coloca- ram-se ao lado do inimigo.
[D] (ll. 1-5)
[C] O Mestre tinha a função de assegurar que todas as medidas tomadas
[E] (ll. 6-17)
para a proteção da cidade estavam a ser executadas.
[B] (ll. 18-22)
[D] Fernão Lopes refere que se vai debruçar sobre a situação vivida na [C] (ll.23-27)
cidade de Lisboa aquando do cerco castelhano. [H] (ll. 28-34)
[G] (ll. 35-39)
[E] O cronista enuncia os procedimentos adotados pela população para se [A] (ll. 40-47)
pre- caver do cerco, nomeadamente a recolha de mantimentos para o [F] (ll. 48-53)
interior das muralhas.
[F] Apesar de ser inerente a um historiador a procura pela verdade dos
factos e tanto quanto possível ser objetivo, Fernão Lopes não se coíbe
de expres- sar a sua opinião quando traça o paralelo entre a força
castelhana e a força portuguesa.
[G] Os próprios membros do clero davam mostras de uma consciência
coletiva, dirigindo-se às muralhas e pegando em armas, o que ia
contra a lei da Igreja.
[H] A consciência coletiva é explorada no texto sobretudo pela forma como se
des- taca o envolvimento de cada uma das classes sociais no
desempenho das suas funções.
F ernão L ope s
Afirmação da consciência coletiva
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
livras, que eram catorze dobras cruzadas, valendo entom a dobra cinco e
seis livras; e a cabeça e as tripas, ũa dobra; assi que os pobres per mingua
de dinheiro, nom co- miam carne e padeciam mal; e começarom de comer
as carnes das bestas, e nom soomente os pobres e minguados, mas grandes
pessoas da cidade, lazerando9,
20 nom sabiam que fazer; e os geestos mudados com fame , bem mostravom
10
que os levasse, dizendo que melhor lhe fora morrer, que lhe seerem cada dia
renovados desvairados padecimentos. Outros se querelavom19 a seus amigos,
dizendo que fo- rom desaventuirada gente, que se ante nom derom a el-Rei
de Castela que cada dia padecer novas mizquiindades20, firmando-se de todo
nas peores cousas que fortu-
50 na em esto podia obrar .
21
PROF E S SOR
Sabia porem isto o Meestre e os de seu Conselho, e eram-lhe doorosas
d’ouvir taes novas; e veendo estes males a que acorrer nom podiam, Educação Literária
14.2; 14.3; 14.5; 14.7;
çarravom suas ore- lhas do rumor do poboo. 15.1; 15.2; 16.1
Como nom querees que maldissessem sa vida e desejassem morrer
alguũs
~
55 home es e molheres, que tanta deferença há d’ouvir estas cousas aaqueles que
CRÓNICA DE D. JOÃO I
D. Leonor Teles De cariz dramático, revela ser determinada, persistente, dominadora, indomável, astuciosa e adúltera.
Conde Andeiro Assume a ameaça castelhana sobre a integridade nacional, acabando por funcionar como “bode-
-expiatório” para se desencadear a revolução.
Álvaro Pais Apresenta-se como chefe da insurreição de 1383 e mentor do assassinato do Conde Andeiro.
Revela-se astuto, determinado e destemido.
D. João, Manifesta-se como um homem vulgar, que tem dúvidas e hesitações e que chega a cometer
Mestre de Avis erros. No entanto, é também o líder das multidões, o homem que assume a sua missão e que se
mostra ambicioso, revelando, por isso, um cariz realista.
Nuno Álvares Pereira Revela-se como um herói com um forte pendor místico. A par da sua faceta espiritual e do virtuosismo
que o rege, distingue-se pela sua determinação, coragem, perspicácia e lealdade.
Apresenta-se como a força gregária, animada de uma vontade definida e coletiva, representada,
Povo por isso, em expressões como “todos postos sob um mesmo cuidado”, “todos animados de uma só
vontade”, “enquanto a cidade soube”. Apesar de ignorante, supersticioso e, por vezes, até cruel,
revela-se como a força motora da revolução e, por isso, aquela que mais padece, resiste e se
afirma.
Verifique os seus conhecimentos após a leitura e a análise dos excertos da Crónica PROF E S SOR
de D. João I, de Fernão Lopes.
Educação Literária
1.
1. Identifique as afirmações verdadeiras e as afirmações falsas. Corrija as falsas. a. F – A Crónica de D.
João I debruça-se sobre a
a. A Crónica de D. João I, escrita por Fernão Lopes, debruça-se sobre a ascensão e reinado do
ascensão e o reinado do infante D. João de Portugal, filho de D. Pedro e de Mestre de Avis, filho de D.
Pedro e de uma aia,
D. Inês de Castro. Teresa Lourenço.
b. V
b. A Crónica de D. João I, de Fernão Lopes, surge como uma forma de c.V
legitimar a coroação do Mestre de Avis como rei. d. V
e. F – A insurreição
c. A crise de 1383-1385, que se viveu em Portugal, assume sobretudo inicia-se com a morte do
contornos políticos. Conde Andeiro.
f.V
d. D. Leonor Teles é uma das figuras principais relacionadas com a crise de g. V
1383- h. F –O povo
-1385. regozijou-se com o
facto de o Mestre de
Avis estar vivo e apoiou
e. A insurreição inicia-se com a morte de D. Fernando, perpetrada por D. João, o assassinato do Conde
Mestre de Avis, e idealizada por Álvaro Pais. Andeiro.
i.V
f. O homicídio do amante de D. Leonor Teles surge como resposta à j. F –Apesar de o Mestre
ameaça cas- telhana que pairava sobre a coroa portuguesa. de Avis não ser um
sucessor legítimo ao
trono, o povo apoiava-o
g. Os protagonistas do assassinato ocorrido nos paços da rainha por reconhecer nele a
manipularam o povo, de modo a garantir o seu apoio. única garantia da
independência nacional.
h. O povo regozijou-se com o facto de o Mestre de Avis estar vivo, mas k. V
condenou a morte do Conde Andeiro. l.F – Foram os
castelhanos que puseram
cerco à cidade de Lisboa,
i. A questão da sucessão ao trono português colocou em confronto os como forma de dissuadir
sentimentos do povo e as ambições de uma parte da nobreza. o Mestre de Avis dos
seus propósitos.
j. O povo apoiava D. Leonor Teles por reconhecer nela a garantia da m. F – Apesar de se
independência nacional e por considerar que o Mestre de Avis não era terem preparado antes
um sucessor legítimo ao trono. do cerco,
a determinada altura, e dada
a sua duração, as
k. A chegada do rei de Castela a Portugal deve-se a D. Leonor Teles. necessidades do povo,
sobretudo em termos
alimentares, passaram
l. Como forma de retaliar a invasão castelhana, D. João, Mestre de Avis, pôs a ser muitas.
cerco à cidade de Lisboa. n. F – O Mestre soube
de antemão que os
m. Durante o cerco de Lisboa, as necessidades foram residuais porque castelhanos tencionavam
aqueles que se mantiveram dentro das muralhas da cidade se prepararam cercar Lisboa e, por isso,
deu ordens para as
convenien- temente. pessoas se abastecerem e
protegerem.
n. O cerco de Lisboa ocorreu de forma inesperada, sem que ninguém o. V
estivesse a contar com isso.
87
PAR A RE C U P E R AR Crónica de D. João I
Avaliaç miseráveis, 9
35 cativos, ão prostitutas; 10
ao
que assi
princípio
perecerem
G
morrendo R
de fame. U
P
O 1. Releia o primeiro parágrafo do excerto.
Refira uma consequência que o cerco
I castelhano trouxe à cidade de Lisboa, fun-
Educação
damentado a sua resposta com uma
Literária expressão textual.
14.3; 14.4;
14.7; 15.1;
15.2; 16.1;
17.3; 18.1;
19.7
1. 89
entro
das
mura
lhas
recolh
eu-se
muita
gente
vinda
de
todos
os
locais
da
capit
al
ainda
do
Porto
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iment
os
cada
vez
mais,
por
as
muita
s
gente
s
que
A lm ei da G LIAR Crónica de D. João I
P A R A
a rr et t 2. Indique a principal dificuldade sentida pela
A V A população durante o transporte do tri- go para
dentro das muralhas.
GRUPO II
25
de
bodas
palacianas.
um
30
Lisboa
90
mesteirais, que largam o trabalho para organizar “uniões” na rua, participar P R O F E S S OR
em comícios populares, pegar em armas quando é a ocasião; vemos
alfaiates, tanoei- ros, camponeses salientar-se porque falam em nome de GRUPO II
grandes agrupamentos que adquirem vontade própria; vemos gente de
Leitura
trabalho arrebanhada à força nas 8.1
35 aldeias, para as galés que o rei D. Fernando envia contra a esquadra 1. S
castelhana; vemos “povos do reino” assediando os castelos, derrubando-lhes 1. e
1.1 [A]
as muralhas, que uma longa opressão tinha calado. […] l
1.2 [C]
A grandeza de Fernão Lopes como historiador consiste, principalmente, 1.3 [C]
e
nes- ta visão multifacetada que abrange os aspetos sociais da vida nacional c
e que lhe i
40 permitiu transmitir-nos o fresco global de uma época, em vez de simples o
nar- rativas de aventuras individuais vistas segundo a ideologia n
e
cavaleiresca, como as que nos apresentam outros cronistas medievos.
Graças a esta superioridade de visão, possuímos hoje um precioso relato de
conjunto da grande crise social que marcou em Portugal a passagem da a
Idade Média para os tempos modernos.
a
António José Saraiva e Óscar Lopes, História da
Literatura Portuguesa, 17.a ed., Porto, Porto Editora, 2010, l
pp. 124-127. t
e
r
n
a
t
i
v
a
q
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e
c
o
m
p
l
e
t
a
c
o
r
r
e
t
a
m
e
n
t
e
cada afirmação, considerando a
globalidade do texto.
1.1 Um bom historiador, nos tempos modernos, será aquele capaz de
[A] apresentar uma visão global da sociedade.
[B] apresentar uma imagem detalhada dos indivíduos que a compõem.
[C] centrar-se nas figuras mais representativas dessa sociedade.
[D] interpretar corretamente as fontes de que dispõe sobre essa
sociedade.
1.2 Os historiadores medievais
[A] centravam-se nas grandes preocupações e nos ideais de uma
sociedade.
[B] realizavam o seu trabalho de forma autónoma e independente.
[C] apresentavam uma imagem sectária da história.
[D] apresentavam uma visão global da história.
1.3 No panorama medieval, Fernão Lopes
[A] assume um papel
preponderante, à imagem
de outros cronistas do seu
tempo.
[B] sobressai por conferir especial relevo aos heróis individuais.
[C] contrasta por introduzir a força do elemento coletivo.
[D] contrasta por apresentar
uma visão fragmentária
da sociedade portu-
guesa.
91
A lm ei da G LIAR Crónica de D. João I
P A R A
descreveu as ações empreendidas pelo povo de Lisboa, que se une para a defesa da Pátria,
a rr et t revelando
A V A PROFE S SOR a consciência coletiva que começava a desenhar-se na época representada.
A sua obra dá-nos, assim, uma visão de conjunto de um período fulcral da nossa história,
Gr que marcou a
a passagem da Idade Média para a modernidade.
m (114 palavras)
át
ic
a
17
.3
;
18
.1
2.
a. F –
Complemento
agente da passiva.
b. V
c. F – “O melhor
historiador” é o
sujeito.
d. F –
“palaciana” é
derivada por
sufixação.
e. F – É
complemento
oblíquo.
f.V
3.
3.1. Sujei
to simples.
3.2. Adje
tivo
qualificativo.
3.3. “visã
o
multifacetada”.
GRUPO III
Escrita
11.1; 12.1; 12.3;
12.4; 13.1
Síntese
O texto salienta
a grandeza de
Fernão Lopes
enquanto
cronista,
distinguindo-o dos
outros autores
medievais, que
relataram
apenas
acontecimentos
íntimos da
corte, pois estavam
ao serviço de um rei
ou de um nobre.
Não são, por isso,
verdadeiros
historiadores,
desconhecendo o
que era a nação
fora do ambiente
palaciano.
Fernão Lopes, pelo
contrário, sem
deixar de retratar
a vida da corte,
f e grande massa da nação, os interesses e os ideais
2. A a r que impelem a quase totalidade dos homens são por
s l d estes cronistas des- conhecidos ou
s s a incompreendidos.” (ll. 15-18), é complemento
i a d oblíquo.
n s e b. Na passagem de “vita” para “vida” ocorreu a sonorização.
a , i
l r c. Em “O melhor historiador […] será aquele que
e a compreender os mais complexos fatores…” (ll. 1-3), o
t
s sujeito da frase é “aquele”.
r
a a . d. A palavra “palacianas” (l. 15) é derivada por prefixação.
s n a. A e. Na frase “A grandeza de Fernão Lopes como
s historiador consiste, principalmen- te, nesta visão
a f e multifacetada” (ll. 38-39), o constituinte sublinhado é
f o x complemento indireto.
i r p
r f. O último parágrafo textual inicia-se com um conector de valor
m r causal.
m a e
a n s
ç 3. Responda aos itens apresentados.
d s
õ o 3.1 Identifique a função sintática desempenhada pelo
ã
e constituinte sublinhado em “desempenha um papel
o
s a preponderante a movimentação das grandes forças co-
s letivas e anónimas”. (ll. 24-26).
s
q u 3.2 Indique a classe de palavras a que pertence o vocábulo
u a b sublinhado em “A grandeza de Fernão Lopes como
e f l historiador consiste, principalmente, nesta visão
i i multifa- cetada”. (ll. 38-39).
s r n 3.3 Indique o referente do elemento sublinhado em “que
e m h lhe permitiu transmitir-nos o fresco global de uma
a a época” (ll. 39-40).
s ç d
e õ a
g e G
u s n R
e a U
m f P
a O
f
c l r
o s I
a I
m a s I
o s e
Faça a síntese do texto presente no grupo II em
v e “ cerca de 100 palavras. (Não se esqueça de
e m A
r empregar, sempre que possível, vocabulário
d a próprio.)
a f
d i
e r
i m
r a
a ç
s õ
e
o s
u
v
92
MÓDULO
2
1. Gil Vicente
PARA CONTEXTUALIZAR | PARA INICIAR
PARA DESENVOLVER
Educação Literária
Farsa de Inês Pereira
Leitura
Exposição sobre um
tema Apreciação crítica
Escrita
Síntese
Apreciação crítica
Oralidade [Compreensão/Expressão Oral]
Documentário [Compreensão/Expressão Oral]
Síntese [Expressão Oral]
Apreciação crítica
Gramática
Lexicologia: campo semântico e campo lexical
[Aprender/Aplicar] Lexologia: arcaísmos e neologismos
[Aprender/Aplicar] Processos irregulares de formação de
palavras [Aprender/Aplicar]
• Conectores
• Processos fonológicos
• Funções sintáticas
• Classe de palavras
• Subordinação
PARA SABER | PARA VERIFICAR | PARA RECUPERAR | PARA AVALIAR
PARA CONTEXTUALIZAR
Atente nos seguintes aspetos, para melhor compreender esta época, bem como
Gil Vicente, autor que nela se insere e que irá ser objeto de estudo.
O Fim da Idade Média e o Literatura em Portugal, uma perspetiva didática. Época medieval e época
clássica,
Humanismo vol. I, Porto, Areal Editores, 2004, p. 109.
Séculos XV e XVI
• Verifica-se neste período, a nível europeu, a
desintegra- ção do sistema feudal, acompanhada de um
grande surto de desenvolvimento económico
(crescimento da produção artesanal e agrícola;
desenvolvimento do comércio; criação
5 das primeiras manufaturas; indícios de industrialização).
94
Gil Vicente
• Nasceu no reinado de Afonso V,
testemunhou as lutas políticas do reinado de
D. João II, a descoberta da costa africa- na, a
chegada de Vasco da Gama à Índia, o fausto do
reinado de D. Manuel, as perseguições
sangrentas aos cristãos-novos
5 e o estabelecimento da Inquisição em Portugal.
Oralidade
5.1; 5.2; 5.3;
6.1; 6.2; 6.3
1. As imagens B, C,
D e E associam-se à
obra Auto da Barca do
Inferno,
uma vez que representam,
respetivamente,
(B) os Cavaleiros, únicas
C D personagens que embarcam
na barca do Paraíso;
(C)a punição “no outro
mundo” (em virtude dos
maus comportamentos na
vida terrena); (D) as
barcas
e os barqueiros − o Anjo
e o Diabo; (E) a
personagem Frade que se
faz acompanhar da sua
moça Florença.
As imagens A e F relacionam-
-se com o Auto da Índia:
(A) a nau simbolizará
a viagem do marido da Ama;
E F (F) imagem que poderá
aludir à temática central
da obra − o adultério
cometido pelas
1. No 9.o ano, contactou com uma obra de Gil Vicente. Selecione as imagens que · a adequação de
se recursos verbais
poderão associar à obra estudada, justificando a sua escolha. e não verbais:
postura, tom de
2. Considere as imagens C e F. Escolha uma delas e proponha uma justificação voz, articulação
para a sua adequação à obra estudada, atendendo à intenção do dramaturgo. e
Estruture o seu discurso, tendo em atenção: expressividade.
· a organização pertinente das ideias;
· a extensão temporal (2-3 minutos);
· o vocabulário diversificado e cuidado;
mulheres cujos maridos integravam as expedições marítimas. abandono das
2. Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno deve referir a pertinência mulheres e a sua repercussão
da imagem em função da intenção do autor: nos valores morais, visível,
·em C, referente ao Auto por exemplo, no tema do
da Barca do Inferno, criticar e modificar o comportamento humano, fazendo apelo adultério.
à ideia da punição;
·em F, Auto da Índia, chamar a atenção para algumas das consequências das expedições: o
95
Gil Vic ent e
PARA DESENVOLVER
PROFE S SOR C O M P R E E N S Ã O / E X P R E S S ÃO OR AL
97
INFORMAR Auto de moralidade
TEXTO A
A sátira e o ideal de ordem
• A sátira, para Gil Vicente, é uma forma de compreender a desordem
e a confusão que imperam na sociedade quinhentista, não sendo poupado
nenhum grupo social.
•Além de personagens individuais, o autor também ridiculariza defeitos
hu- manos generalizados.
• São várias as personagens-tipo ridicularizadas, representando os vários
es- tratos/grupos sociais: o povo miúdo, os pretensiosos, os famintos, os
Escudeiros versejadores de trovas, tocadores de viola, frades, clérigos e os
ermitões foliões e debochados.
Elaborado a partir de José Augusto Cardoso Bernardes, História crítica da literatura
portuguesa. Humanismo e Realismo, vol. II, Lisboa, Editorial Verbo,
1999, pp. 139-141.
TEXTO B
Farsa e auto – natureza e estrutura da obra
Características
• Na forma simples, reduz-se a um episódio cómico
colhido no quotidiano, na vida de uma personagem
típica.
• Numa forma mais complexa, como é o caso da
Farsa de Inês
Farsa Pereira, é uma história mais completa (com princípio,
meio e fim).
• Pode partir de um dito popular que funciona como
argumento
para a ação. No caso da Farsa de Inês Pereira, o argumento
é “an- tes quero burro que me leve que cavalo que me
derrube”.
• Os diálogos e as ações sucedem-se sem transição, não
havendo
preocupação com a unidade de tempo.
• Tem um ensinamento religioso e um objetivo
1.
São personagens que apresentam comportamentos e elementos característicos representativos de
determinada classe social
ou profissional. Podem representar também vícios ou defeitos humanos muito generalizados. Os
exemplos referidos no textos são
o Escudeiro, os frades, os clérigos em geral
e os Ermitões.
PG ai ld Vr ei cAe n t óe n i o V i e i r a
Representação do quotidiano | Caracterização das personagens | Relação entre personagens
Gil Vicente é considerado uma das mais importantes figuras do teatro português.
Apresentação Criou cerca de 50 peças, desde 1502 até 1536, data da representação da última
Texto dramático
que se conhece.
Leia a obra Farsa de Inês Pereira, representada em 1523, na corte de D. João III.
*FIXAÇÃO DE TEXTO
António José Saraiva
(apresentação A Farsa de Inês Pereira*
e leitura), Teatro
de Gil Vicente, Lisboa,
[1523]
Dinalivro, ed. revista,
1988, pp. 163-204. [Auto] Feito por Gil Vicente, representado ao muito alto e mui poderoso Rei
D. João o terceiro no seu convento de Tomar, era do Senhor de MDXXIII.
*NOTAS
António José Saraiva, O seu argumento é um exemplo comum que dizem: mais quero asno que
op. cit., e outros. me leve que cavalo que me derrube.
As figuras são as seguintes: Inês Pereira; sua Mãe; Lianor Vaz; Pero
Marques; dous Judeus (um chamado Latão, outro Vidal); um Escudeiro com
um seu Moço; um Ermitão.
Canta Inês:
Quien con veros pena y muere
que hará cuando no os viere?1
(Falado):
Inês Renego deste lavrar 1
“quem, vendo-vos pena e morre, o que fará quando vos não vir?”; 2
e do primeiro que o usou! arranjo de vida; 3 de estar sempre no mesmo sítio; 4 alegram-se;
5 Ò diabo que o eu divertem-se; 5 sou; 6 macaca; 7 alusão à alegria de Maria Madalena
dou, que tão mao é quando soube da ressurreição de Cristo.
d'aturar!
Ó Jesu! que enfadamento,
e que raiva, e que
tormento, que cegueira, e
que canseira!
10 Eu hei-de buscar
maneira d'algum outro
aviamento.2
99
Vem a Mãe, e, não na achando lavrando, DIZ: Mãe E como? Tamanho é o
Lia. mal? Tamanho? Eu to
Logo eu adevinhei direi:
40 lá na missa onde eu
estava, como a minha vinha agora pereli14
Inês lavrava a tarefa que 85 ò redor da minha vinha,
lhe eu dei... Acaba esse e um clérigo, mana minha,
travesseiro! pardeos15, lançou mão de
Hui! naceo-te algum unheiro? mi16. Não me podia valer.
45 Ou cuidas que é dia santo? Diz que havia de saber
Inês Praza a Deos que algum 90 se era eu fêmea se macho.
quebranto me tire de cativeiro. Mãe Hui! Seria algum
muchacho que brincava
Mãe Toda tu estás aquela…8 Lia. Jesu!
por prazer?
que me eu encomendo!
Choram-te os filhos por Quanta cousa que se faz!12
Lia. Si, muchacho sobejava…
pão?
75 Mãe LianorEra um zote
Vaz, quetamanhouço!...
é isso?
17
50 Inês Prouvesse a Deos! Que já é
95 E eu andava
Lia. Venho no retouço,
eu, mana, amarela13? Mãe Mais
rezão de eu não estar tão
singela9. ruivatão rouca
que umaque não falava.
panela! Lia. Não sei como
Quando
tenho siso! o vi pegar comigo
Mãe Olhade lá o mao
que me
Jesu, achei
Jesu, que naquele
farei?
pesar…10 Como queres
perigo:
Não sei se me vá a el-Rei, se me vá
tu casar com fama de 80
100 – Assolverei!
ao Cardeal. − Não assolverás!
preguiçosa?
– Tomarei! − Não tomarás!
55 Inês Mas eu, mãe, são
– Jesu! Homem! que hás
aguçosa11 e vós dais-vos contigo? −
de vagar.
–Irmã, eu t’assolverei
Ora espera, assi
Mãe c’o breviairo de
vejamos. Inês Quem já visse Braga.18
esse prazer! Mãe Cal'te, que 105 –Que breviairo, ou que praga!
poderá ser, Que não quero! Aque d'el-Rei!
60 que «ante a Páscoa vem os –
Ramos.» Quando vio revolta a
Não te apresses tu, Inês. voda,19 foi e esfarrapou-
«Maior é o ano que o me toda
mês»: quando te não o cabeção da camisa.
precatares, virão maridos Mãe Assi me fez dessa
a pares, 110 guisa20 outro, no tempo
65 e filhos de três em três. da poda.
InêsQuero-m'ora alevantar.
Folgo mais de falar nisso
− assim Deos me dê o
paraíso, − mil vezes que não
lavrar.
70 Isto não sei que o
faz... Mãe Aqui vem Lianor
Vaz. Inês E ela vem-se
benzendo...
pálida; 14
por ali; 15
interjeição “por
Deus”; 16
agarrou-
-me; 17
era um bruto de tal tamanho; 18
100
Farsa de Inês Pereira
cortado; 27 contenda; 28 um
homem que conduzia um
animal de carga; 29 Vasco de
Fois era alferes-mor da Ordem
de Cristo; 30 subentende-se o
termo “sova”; 31 bondosa; 32
comprometida; 33 agrada.
21
interjeição “em
má hora”; 22
catarro e tosse;
23
vontade de rir;
24
pôs-se; meteu-
se; 25 alusão a um
costume
medieval,
segundo o qual a
mulher forçada
devia carpir-se
arranhando a
face; 26 cabelo
10
1
Lia. Já vos trago aviamento.34 Lia. Nesta carta que aqui vem PROF E S SOR
195 pera vós, filha, d'amores,
Inês Porém, não hei-de casar veredes vós, minhas 5.1 Lianor Vaz veio a
casa de Inês, com o
flores, objetivo de lhe apresentar
185 senão com homem avisado.35 a descrição que ele tem. uma proposta de
casamento: traz uma carta
Ainda que pobre e pelado, Inês Mostrai-ma cá, quero ver. de um pretendente à mão de
seja discreto em falar, Lia. Tomai. E sabedes vós ler? Inês (vv. 194-197).
5.2 Inês mostra-se
que assi o tenho assentado. 200 Mãe Hui! ela sabe latim, pouco recetiva e
Lia. Eu vos trago um bom e gramáteca, e alfaqui37 desconfiada, ao contrário
marido, de sua Mãe e de Lianor,
190 e tudo quanto ela quer! que estão muito
rico, honrado, conhecido.
Inês Primeiro eu hei-de saber se é parvo, entusiasmadas com o
34
arranjo de vida; 35 discreto; 36 “diz que vos aceita pretendente. A atitude
se sabido. sem dote”; 37 a Mãe pretende mostrar que a filha de Inês justifica-se pelo
é culta. facto de já ter em mente
um modelo de homem
bem definido, que poderá
não corresponder à
proposta de Lianor. Por
esta razão, ainda que a
alcoviteira
1. Identifique a funcionalidade das didascálias iniciais. o caracterize como “um
bom marido, / rico, honrado,
2. A farsa tem início com um monólogo de Inês Pereira. conhecido / […] que em
camisa vos quer” (vv. 189-
2.1 Enuncie os aspetos do quotidiano da personagem que lhe desagradam. 191), Inês quer primeiro
saber como ele é,
2.2 Explicite a funcionalidade deste monólogo. mostrando interesse em
ler a carta que ele lhe
2.3 Apresente três traços caracterizadores desta personagem a partir das suas enviou (v. 198).
6. vv. 184-188
pala- vras. 7.
a. Comparação. A jovem
3. Apresente as críticas e os conselhos expressos pela Mãe de Inês a partir do compara-se a uma panela
verso 39. sem asa, aludindo, desta
forma, ao facto de não ter
ainda casado.
4. Identifique o desejo expresso por Inês ao longo do diálogo com a sua Mãe. b. Ironia. A mãe de Inês
zomba da pressa da filha
5. Uma nova personagem junta-se às anteriores. em casar, afirmando, de
modo irónico, que o facto
5.1 Refira o objetivo da vinda desta personagem a casa de Inês. de se encontrar ainda
solteira é uma desgraça.
5.2 Compare o grau de entusiasmo de Inês ao de Lianor Vaz, relativamente à
proposta desta última. Gramática
17.3
6. Transcreva os versos que melhor definem o modelo de homem de Inês Pereira.
1.1 Valor de oposição
7. Identifique os recursos presentes nos seguintes versos, analisando a sua (conector adversativo)
expressi- vidade no texto. 1.2 Estabelece um
contraste entre o modelo
a. “assi hei-de estar / encerrada nesta casa / como panela sem asa”. (vv. 12-14)
de homem que Inês tem
em mente e o que lhe
b. “Olhade lá o mao pesar...” (v. 52) apresentam.
2.
a. apócope de “s”
b. metátese
c.assimilação
d. epêntese de “i”
GR AMÁTICA
1. Releia os versos “Porém, não hei-de casar / senão com homem avisado”( vv. 184-185).
1.1 Indique o valor lógico do articulador inicial.
1.2 Apresente uma explicação para a sua utilização.
b. BREVIARIU- > breviairo (v. 103) d. meo > meio (v. 145)
De acordo com o Dicionário Terminológico (DT), “O léxico de uma língua inclui não
ape- nas o conjunto de palavras efetivamente atestadas num determinado contexto
mas tam- bém as que já não são usadas, as neológicas e todas as que os processos
de construção de palavras da língua permitem criar”.
CAMPO LEXICAL
É o conjunto de palavras associadas, pelo seu significado, a um determinado
domínio conceptual.
palco animais
personagem
m ator ribeiro flor
TEATRO NATUREZA
ponto
e
encenador planície montanhas
cena arbusto
CAMPO SEMÂNTICO
É o conjunto de significados, ou aceções, que uma palavra assume, em função do
contexto em que ocorre, quer surja isolada ou integrada numa expressão, como se
pode verificar nos exemplos:
102
APLICAR
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1
recomendo-me a vossa mercê; 2
4
sem vos agastardes; fúria;
3
105
Parece moça de bem,
Aqui vem Pero Marques, vestido como filho de e eu de bem, er16 também.
lavra- dor rico, com um gabão AZUL deitado ao Ora vós ide lá vendo
ombro, com o capelo por diante, e vem DIZENDO: se lhe vem milhor
ninguém,17
Pero Homem que vai onde eu 315 a segundo o que eu
vou não se deve de entendo.
correr.11
Ria embora quem quiser,
que eu em meu siso
estou.
280 Não sei onde mora
aqui... olhai que
m’esquece a mi! Eu creo
que nesta rua... Esta
parreira é sua.
Já conheço que é aqui.
Chega Pero Marques aonde elas estão, e DIZ:
285 Pero Digo que esteis muito embora.
Folguei ora de vir cá...
Eu vos escrevi de lá
ũa cartinha, senhora...
Assi que… e de maneira...
290 Mãe Tomai aquela cadeira.
11
não se deve envergonhar; 12
“para que serve uma coisa
13
destas?”; herdeiros; herdei a maior parte do gado (a
14
28
Não teimeis; 29 saiba que vou sofrer; 30 33
suponhamos; 34 se por ventura; 35 em má
escarnecem; 31 “fato” é uma palavra do
hora; 36 qualidade do que possui as virtudes
vocabulário dos pastores que designa os
palacianas (saber, educação, finura, etc.); 37 é
objetos de uso pessoal; 32 candeia (Pero
disso que eu gosto; sou doida por isso; 38 um
espanta-se por ser escuro e Inês não ter
bocado de bolo.
acendido “uma luz”;
Farsa de Inês Pereira
Gramática 18.1
1.1
a. Vocativo
b. Complemento indireto; predicativo do sujeito
c.Sujeito simples
d. Complemento indireto
e. Complemento direto
f.Modificador
g. Complemento oblíquo; sujeito simples
1.2
a. fica, parece, agrada, prometo
b. senhora, fato, judeus
c.vos, nós, te, ele, ti, lo, eu
d. que, e
e. o, os
f.cá, bem, entonces (então), assi (assim), ontem, ali, aqui
108
Lexicologia: arcaísmos e neologismos
APRENDER
Definição Exemplos
Arcaísmos
São termos de uso corrente num a. “O demo, e não pode al
determinado período na história da ser…” (‘outra coisa’)
língua, que acabam por cair em b. “E rogo-vos como amiga, que samicas
desuso posteriormente. vós sereis.”
O texto literário é uma fonte (‘talvez’, ‘porventura’)
documental privilegiada da existência c. “e ficamos dous
desses vocábulos, como se pode éreos” (‘herdeiros’)
comprovar com a Farsa de Inês Pereira.
Neologismos
São novos termos que surgem na língua a. “Eurocéticos não perturbarão
• devido à evolução nas áreas o Parlamento Europeu”
científica, tecnológica ou política […] José María Gil-Robles falou ao DN
(a.); sobre as suas expectativas em relação
às eleições europeias. Desvaloriza o
impacto que um elevado número de
eurodeputados eurocéticos, populistas e
extremistas possa vir a ter no
funcionamento da eurocâmara.
DN, edição online (acedido em fevereiro
de 2017).
Lia. Nesta carta que aqui vem Inês Mostrai-ma cá, quero
ver. pera vós, filha, d'amores, Lia. Tomai. E sabedes vós
ler? veredes vós, minhas flores,
a descrição que ele tem.
A.
primeiro-ministro
O prime assegurou
o-ministro as r u hohoje que o programa
g de assdestência
assistência
estáestá
encerrado,
encerrado,
estando a ser negoc
negociada
ada com
c a "troika"
ika" aa fforma
m lt de
apassar
ultrapassar
a alteração
a alteração
ditada
ditada
pelo
pelo
acórdão do Tribunal
acórdão do TribunalConstitucional,
Consti ona pa e seja entregue
para que t e ue a aúltima
última "tranche
"tranche" da da
ajuda
ajuda financeira
financeira.
D , diç o onlin
line (acedido emfevereiro
(acedido em fevereirode de 2017).
N edição e 2017).
B.
Os astrónomos
astrónomosdescobriram
descob um pplaneta rochosoqquepesa
pesa17
17vezes
vezes mais
mais do
do que a Terra
e teTerra
temoodobro
dobrododotamanho
tamanho e estão oagora
a a a çbraços com
desafio de explica
o desafio comocomo
de explicar e
se terá
terá formado.
formado. […]"mega-Terra"
[…] Esta Esta "mega-Te
já eraá conhecida,
h i mas ainda
n a não
nãottinha
nha sido
sido possíve
possível PROF E S SOR
avaliar-
ava
-lhe ar-
o
Gramática
-tamanho.
he tama ho 19.1; 19.2; 19.6
is o ,edição onlin
Visã onl n − 33 de
de jjunho
ho ede
2014
2014(acedido
(acedidoem
emfevereiro
fevereiro de
o 2017).
edição e 2017).
1.1 e 1.2 “velida”: bela,
formosa; “alva”: alvorada,
C. madrugada.
2.1 “veredes”: vereis;
As meninas
men naspassavam
passavam[…].
[ Nós
. s ficávamos
ficá s ono muro,
o os olhos trincando
trincando as sombras
as sombras femea- “sabedes”: sabeis.
femea 3.1
meninas. Nosso futebol era ali,
a na mesa de de
matmatraquilhos
l do Bar Viriato.
do Bar Viriato.
[…] Era […]
al que
Era ali
vibra- A. “troika” e
que
vamvibra
as nossas
as nossasmultidões
multidõesquando
qua oa apequena
p u bo bola edemadei a escorrecaía
madeira escorrecaía no
no buraco
buraco dada “tranche”:
baliza.
baliza economia/política
B. “mega-Terra”:
MiaCout
Mia Couto, “Odia
, “O dia em
q que
f zifuzilaram o guarda-redes
ar m guarda-redes da minha
da minha equipa” ciência/ astronomia
equipa”, inCron , Lisboa,
cand , Lisboa
Cronicand Caminho,2006.
Caminho, C. “femeameninas"
o 2006. e "escorrecaía": literatura
3.1 Faça o levantamento dos neologismos em cada texto, indicando a área em 3.2
A. "troika": entidade
que aqui são usados. externa; "tranche":
prestação
3.2 Indique uma palavra ou expressão com significado equivalente ao dos B. "mega-Terra": Terra gigante
vocábulos que destacou nos textos A. e B.. 3.3 “femeameninas”: fêmea
e menina(s); “escorrecaía”:
3.3 Decomponha os neologismos do texto C., indicando as palavras que os escorregava e caía.
originaram.
109
PG ai ld Vr ei cAe n t óe n i o V i e i r a
Caracterização das personagens | Dimensão satírica
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Lat. Cala-te!
Vid. Já calo.
Senhora, há já três dias…
logo nos apressámos Lat. Falas-lhe tu ou eu falo? Ora
1
2
diz o ditado dize o que dizias:
3
Há um músico João de
460 que foste, que fomos, que ias
Badajoz na corte de D. João
III buscá-lo, esgaravatá-lo…
4
escapou-se-nos da mão
Vid. Vós, amor, quereis marido mui
5
músico espanhol ao serviço
da corte portuguesa discreto, e de viola?
6
que anda sempre ocupado Lat. Esta moça não é tola,
7
e se preza de ser um 465 que quer casar per sentido…
Vid. Judeu, queres-me
leixar?
Lat. Leixo, não quero
falar.
Vid. Buscamo-lo...
Lat. Demo
foi logo!
470 Crede que o vosso
rogo vencerá o Tejo
o mar.
Eu cuido que falo e
calo... Calo eu agora
ou não?
475 Ou falo se vem à mão?
Não digas que não te falo.
Inês Jesu! Guarde-me ora Deos!
Não falará um de vós?
Já queria saber isso...
Mãe Que siso, Inês, que siso
480 tens debaixo desses véos...
Inês Diz o exemplo da velha:
«o que não haveis de
comer leixai-o a outrem
mexer.»
Mãe Eu não sei quem
t'aconselha...
485 Inês Enfim, que novas trazeis?
Vid. O marido que
quereis, de viola e
dessa sorte,
não no há senão na corte
que cá não no achareis.
490 Falámos a
Badajoz3,
músico, discreto, solteiro.
Este fora o verdadeiro,
mas soltou-se-nos da noz. 4
Fomos a Vilhacastim5
495 e falou-nos em latim:
– «Vinde cá daqui a ũa
hora, E trazei-me essa
senhora.»
Inês Tudo é nada, enfim?
Vem o Escudeiro, com seu Moço, que Escudeiro [falando para o Criado]
lhe trAZ ũa viola, e DIZ, falando só:
535 Olha cá, Fernando, eu
Se esta senhora é tal vou ver a com que hei-de
como os judeus ma gabaram, casar. Avisa-te que hás-
510 certo os anjos a de estar sem barrete
pintaram, e não pode onde eu estou.
ser i al. Moço (Como a Rei! Corpo de mi!
10
Diz que os olhos com que 540 Mui bem vai isso assi...)
via eram de Santa Luzia, Esc. E se cuspir, pola
cabelos, da Madanela... ventura, põe-lhe o pé e
515 Se ela fosse donzela, faz mesura.
tudo essoutro Moço (Ainda eu isso não vi!)
passaria…8
E se me vires mentir,
Esc. PROF E S SOR
Moça de vila será ela
545 gabando-me de privado,11
com sinalzinho postiço,
está tu dissimulado, Educação Literária
e sarnosa no toutiço, 14.2; 14.5; 14.9
ou sai-te lá fora a
520 como burra de Castela.
rir. Isto te aviso
Eu, assi como chegar, 1. Os judeus
daqui, faze-o por desempenham a função de
cumpre-me bem atentar casamenteiros e
amor de mi.
se é garrida, se aparentam ser desonestos
550 Moço Porém, senhor, digo eu e astutos, pois pretendem
honesta, porque o convencer Inês e a Mãe
que mau calçado é o
milhor da festa da
meu pera estas vistas dificuldade da busca realizada
525 é achar siso e calar. para encontrar um marido
assi.
para a jovem.
Mãe [falando para Inês] Esc.Que farei, que o sapateiro 2. Os judeus
exageram na descrição que
não tem solas, nem tem fazem da busca, fazendo
Se este escudeiro há-de
pele? crer que o caminho
vir e é homem de percorrido foi longo (v.
555 Moço Çapatos me daria ele, 427), que sofreram as
discrição, hás-te de pôr
se me vós désseis dinheiro... agruras das variações
em feição, meteorológicas
Esc. Eu o haverei agora. (vv. 431-433) e que essa
e falar pouco e não rir.
busca foi minuciosa (vv. 460-
E mais, Inês, não muito E mais, calças te prometo.
530 461). Por outro lado,
olhar, e muito chão o Moço (Homem que não tem nem exageram também
menear,9 preto12,
560 casa muito na má hora.)
por que te julguem por muda, as qualidades
para influenciardoInês
pretendente,
para que
porque a moça 8
o sentido destes versos parece ser “fosse ela esta o aceite (vv. 499-507).
sesuda é ũa perla donzela (virgem) e o resto não teria importância”; 3. Antes de conhecer
pera amar.
9
mostrar- Inês, o Escudeiro parece
-se modesta e humilde nos gestos; 10 interjeição cético, pois duvida das
qualidades de noiva, mas
que significa espanto e irritação; 11 de ser
mostra-se cauteloso
íntimo do rei; 12 moeda de cobre. com a forma
de agir no encontro. Durante
1. Apresente três traços caracterizadores dos judeus que contribuam para a répli- cas do Moço.
carica- tura destas personagens.
5. Indique, explicitando
2. Destaque os versos em que se hiperbolizam as dificuldades da busca efetuada o seu sentido, o
pe- los dois casamenteiros. recurso expressivo
presente na expressão
3. Trace o retrato do Escudeiro, nos dois momentos, atendendo ao seu monólogo “Homem que não tem
e ao diálogo com o Moço. nem preto” (v. 559).
BLOCO INFORMATIVO – p. 284
11
2
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Os Judeus ambos
15
os judeus felicitam Inês
Alça manim, dona, ò dono, ha.
pelo seu casamento
16
Sê bem-vinda, Luzia 725 Arrea espeçulá.15 Bento o
17
outra ocasião Deu de Jacob,
fórmula de despedida bento o Deu que a Faraó
18
19
depressa; cedo
espantou e espantará.
Bento o Deu de Abraão
PROFE S SOR
730 benta a terra de Canão. Para
Escrita bem sejais casados!
11.1; 12.1; 12.2; 12.3; 12.4; Dai-nos cá senhos ducados.
13.1
Mãe Amenhã vol-os darão.
ESCRITA
depois de terem sido 1. Sintetize o conteúdo deste excerto, num texto correto e coerente, contendo
abençoados pela Mãe, que
vai viver para outra casa. entre 150 e 200 palavras, contemplando os seguintes aspetos:
(176 palavras) a. réplica inicial do Escudeiro; c. comentários dos judeus e da Mãe;
b. diálogo entre o Escudeiro e o Moço; d. mudanças no comportamento do Escudeiro.
GP ai ld Vr ei cAe n t óe n i o
Vieir a
Caracterização das personagens | Relações entre personagens
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1
exclamação que pode significar ‘na verdade’; 2 mesmo que;
3
Marrocos; 4 (por antífrase ) que disparate!; 5 restos da vindima.
115
GP ai ld Vr ei cAe n t óe n i o
VCaracterização
ieir a das personagens | Relações entre personagens E sempre ouvi dizer
que homem que isto fizer
855 Esc. Vai-te per essas figueiras, nunca mata drago em vale,
e farta-te, desmazelado! 890 nem mouro que chamem Ale: e
Moço Assi? assi deve de ser.
Renego da discrição,
875 comendo ò demo o aviso,
que sempre cuidei que
nisso estava a boa
condição.
Cuidei que fossem cavaleiros,
fidalgos e escudeiros,
880 não cheos de
desvarios, e em suas
casas macios, e na
guerra lastimeiros7.
Lê o sobrescrito.
10
manhoso; 11
hipócrita.
PROFE S SOR
Educação Literária
14.2; 14.3; 14.4; 14.7
C. Inês é vigiada pelo . Inês cumpre as indicações do
seu marido. Contudo,
1.
. A. arrogante e
mesquinho, desprezando o
papel de Inês enquanto
mulher; tranca as janelas
e impõe-lhe regras
de comportamento. Manifesta
a intenção de se fazer
D. A chegada de uma carta anuncia a morte do Escudeiro, quando cavaleiro no Norte de
África.
. B. aceita as regras
impostas e não manifesta
intenções de se livrar do
casamento.
C. Moço. […]
escrupulosamente […]
mostra-se agastada com a
situação e tece
E. A morte do Escudeiro origina .
considerações sobre o
modelo de marido que
agora deseja.
D. fugia
cobardemente do
campo de batalha.
E. a libertação de Inês.
PG ai ld Vr ei cAe n t óe n i o V i e i r a
LEITUR A
fun- cionou durante séculos, onde eles Casal de velhos, estátua exposta em Vigeland Park
tinham o poder, mandavam, e elas and Museum, Oslo, Noruega.
obedeciam. […] A dinâmica de
relacionamento está in- timamente
ligada às motivações do amor
15 e estas continuam a ser múltiplas e complexas, apesar de o casamento assentar
outra. […]” Não existem os constrangimentos que existiam antigamente, pelo que o
fim de uma relação passou por vezes a ser muito banal. “As pessoas não aceitam
numa relação as suas divergências nem o facto de, em alguns momentos, a mesma
pessoa que desencadeia nelas os sentimentos mais intensos e positivos as levar
também a sentir emoções muito contrárias
25 ao amor, como a repulsa. Ficam muito aflitas com isto que sentem e começam a criar
Inteligentes Relações Saudáveis (Pergaminho): “Não há casais perfeitos, a não ser que
estejam separados ou a morar em continentes diferentes, portanto, se duas pessoas
11
8
moram debaixo do mes- mo teto, é impossível não terem áreas de atrito.”
11
9
PROFE S SOR
Leitura
7.2; 7.4; 8.1; 9.1
utro neste aspeto, é muito importante.
ro está lá para elas, ao nível da compreensão emocional. Os homens já não representam “a segurança, nomeadamente material.
1. A Já não são
mudança de a coluna ver
atitude
estão desta economia no passado nunca passava pela mulher, era o homem que a fazia, que ditava as regras também neste perante
campo. o
E delas não se esper
casamento,
nomeadamente no
mens têm medo disso, assegura Rita Duarte. “Sentem-se mesmo ameaçados com o poder que elas têm.” que se refere ao
prazer;
a independência económica
e o casamento por amor.
2. As relações mais
distantes temporalmente
aconteciam por
conveniência, duravam
mais, uma vez que a
relutância em pôr fim ao
relacionamento era maior,
em virtude da falta de
independência económica
da mulher e da submissão
à vontade do homem, o
que não acontece no
presente. No entanto,
atualmente,
o fim das relações também
1. Indique as causas das mudanças comportamentais patentes nos é mais rápido do que o
desejável (apesar do
relacionamentos amorosos contemporâneos. casamento por amor), em
virtude da falta de paciência
2. Caracterize, comparando, as uniões mais recentes e as que “funcionaram” e de comunicação.
durante séculos. 3. A afirmação evidencia
a autoridade e a
supremacia do homem na
3. Explique o sentido da afirmação “Antigamente também não havia negociação relação matrimonial,
pos- sível” (l. 27). remetendo também para
uma sociedade
4. Associe as seguintes afirmações do texto a factos do casamento de Inês predominantemente
patriarcal.
Pereira com o Escudeiro.
4.
a. “Antigamente também não havia negociação possível.” (l. 27) a. A arrogância do
Escudeiro e o modo como
b. “Noutros tempos, casava-se por conveniência e para não se ficar sozinho.” (l. 34) “aniquila” a vontade de
Inês.
c. “De qualquer forma, a gestão desta economia no passado nunca passava pela b. Inês casa com o
mu- lher, era o homem que a fazia, que ditava as regras também neste Escudeiro, procurando
obter assim
campo.” (ll. 40-42) a emancipação e a ascensão
social.
d. “E delas não se esperava que dessem opinião, nem que manifestassem c.e d. Novamente a
qualquer necessidade.” (ll. 42-43) atitude do Escudeiro,
nomeadamente na seguinte
réplica “Vós não haveis de
GR A M Á T I C A mandar / em casa
somente um pelo. / Se eu
disser: – isto é novelo – / havei-
1. Atente nos seguintes excertos. -lo de confirmar.” (vv. 826-829)
BLOCO INFORMATIVO –
pp. 277, 271-273
PG ai ld Vr ei cAe n t óe n i o V i e i r a
ESCRITA
APRECIAÇÃO CRÍTICA
Um texto de apreciação crítica centra-se na apreciação de um filme, de um livro,
de uma peça de teatro, de uma obra de arte, etc. Para tal, expõe informação
significa- tiva, encadeada logicamente, sobre o objeto visado e associa-lhe um
comentário críti- co, orientado numa perspetiva positiva ou negativa. Apresenta,
ainda, uma descrição sucinta e um comentário crítico sobre o tema/objeto em
causa.
TÍTULO
com recurso
à adjetivação para Um jantar envenenado
captar a atenção.
INTRODUÇÃO
Um romance que veio
sucinta e clara, da Holanda e que enerva
mas que desafia o
leitor.
o leitor até ao desespero.
O Jantar é um dos livros mais bem su-
5 cedidos da literatura holandesa
recente. Trezentas páginas sobre um
encontro entre dois casais para
mascararem as más ações dos filhos.
DESENVOLVIMENTO Baseado num facto verídico, o
onde se faz a assassinato de uma sem-abrigo em
descrição resumida
do objeto
10 Barcelona, o autor decide
(a obra literária) e se escalpelizar1 as relações conjugais,
apresenta o conteúdo
como argumento para familiares, sociais e fazer uma
valorizar o romance avaliação psiquiátrica do estado da
em apreciação,
recorrendo a um civilização em que vivemos. Vai daí,
vocabulário Herman Koch expõe todos os podres
valorativo, como se
percebe pelo verbo
15 dos casais, as verdadeiras
“escalpelizar” ou pela personalidades do quarteto; a
expressão “Tudo sem
grandes contemplações”, manipulação dos filhos, bem como
no qual é visível o dos empregados e clientes do
juízo de valor do autor
do artigo.
restaurante. Tudo sem grandes
contem-
plações. Conforme os casais vão sendo expostos, o leitor vai-se vendo ao espelho,
20 reconhece-se, revê amigos e conhecidos, pensa no modo como educa os filhos
120
Farsa de Inês Pereira
Introdução:
• apresentação sucinta e valorativa do objeto, com recurso a linguagem
expressiva de- nunciadora da posição pessoal.
Desenvolvimento:
• informações sobre o objeto, seu conteúdo, características (físicas ou outras);
• comentário crítico valorativo;
• apresentação dos argumentos que sustentam a opinião crítica.
Conclusão:
• síntese da informação mais
importante.
P R O F E S S OR
Escrita
ESCREVER UMA APRECIAÇÃO CRÍTICA
1. Observe atentamente o se- 11.1; 12.1; 12.2; 12.3; 12.4;
13.1
guinte quadro de um pintor
francês, representante do
1.
movimento impressionista. O quadro O Almoço no Barco,
de Pierre-Auguste Renoir, é
um belo exemplo da pintura
impressionista.
Este quadro apresenta-
nos, em pinceladas ricas em
cores vivas, um almoço
alegre, sugerido também
pelas
expressões das
personagens. É um
ambiente burguês,
característico do século
XIX, como se confirma pelo
Pierre-Auguste Renoir, O Almoço no Barco, óleo sobre vestuário e pela presença de
tela, 1881, the Phillips collection, um mimoso cãozinho.
Washington, USA. Os alimentos dispersos,
entre os quais se
destacam, no centro da
tela, quatro garrafas de um
bom vinho, certamente
Elabore um texto de apreciação crítica, com 100 a 140 palavras, baseando-se na textual.
ima-
gem e nos tópicos abaixo elencados: c. Utilização de
vocabulário
a. Estrutura tripartida do texto: adequado e
• Introdução: descrição sucinta do objeto (autor, obra, movimento diversificado.
estético).
• Desenvolvimento:
– ambiente retratado e sua relação com a época de produção da obra;
– adequação do título ao conteúdo representado;
– cores e elementos dominantes;
– aspetos que suscitaram o seu interesse e respetiva justificação.
• Conclusão: retoma e reforço da posição pessoal, assumida na introdução.
b. Redação clara e objetiva, respeitando os mecanismos de coesão e coerência
francês, contribuem também convívio
para a criação desse ambiente descontraído. É, talvez, domingo, daí o passeio da pequena
de barco e a presença burguesia de
de uma paisagem natural, oitocentos.
em harmonia com o elemento humano. É de realçar (138 palavras)
a descontração dos dois jovens de braços nus, traduzida também na sua postura.
Efetivamente, Renoir soube captar, com brancos e ocres consistentes, os joviais momentos de
121
v Processos irregulares de formação de palavras
APRENDER
• Muitos internautas
comunicam exclusivamente
Criação de uma palavra a através das redes sociais.
Amálgama partir da junção de partes
de duas • A informática
ou mais palavras. continua a ser uma área na
qual abundam as
possibilidades de emprego.
122
APLICAR
A.
B.
C.
PROF E S SOR
Os problemas que, no último mês, têm afetado os tribunais, por via das falhas na
plata- forma informática Citius, vão agravar a falta de confiança na Justiça, prevê o
Gramática
presidente do Supremo Tribunal de Justiça. 19.6; 19.7
Público, edição online, 3 de outubro de 2014 (consultado em outubro de 2014).
1.1 e 1.2
D.
Processo
Palavra
A Organização do Tratado do Atlântico Norte, a OTAN (que, em inglês, é NATO: North de formação
Atlantic Treaty Organization), é uma instituição militar criada durante o contexto inicial da UE Sigla
Guerra Fria […]. Internet Empréstimo
Plataforma
Extensão semântica
1.1 Retire, dos textos, os vocábulos que configuram processos irregulares de
formação de palavras. Informática Amálgama
1.2 Associe cada um dos vocábulos ao respetivo processo de formação. OTAN/NATO Acrónimo
123
GP ai ld Vr ei cAe n t óe n i o V i e i r a
Caracterização das personagens | Relações entre personagens | Dimensão satírica
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Leia a passagem textual em que Lianor Vaz propõe novamente a Inês o casamento
com Pero Marques e tome conhecimento do que sucede de seguida.
Aqui vem Lianor VAZ, e finge Inês Pereira estar seja. Quero tomar por esposo
chorando, e DIZ Lianor VAZ: quem se tenha por ditoso
980 de cada vez que me veja. Por
950 Como estais, Inês Pereira?
Lia.
usar de siso mero2, asno que
Inês Muito triste, Lianor Vaz.
me leve quero, e não cavalo
Lia. Que fareis ao que Deos
folão3.
faz? Inês Casei por minha
Antes lebre que leão,
canseira. Lia. Se ficastes
985 antes lavrador que Nero.
prenhe basta.
955 Inês Bem quisera eu dele casta,
e eu com vosco,
1005 pardelhas!7 Não compre
aqui mais falar.
E quando vos eu negar
que me cortem as orelhas.
Lia. Vou-me, ficai-vos embora.
Inês Marido, sairei eu agora,
1010 que há muito que não saí?
Pero Si, mulher, saí-vos i,
qu’eu me irei pera fora.
Inês Marido, não digo isso.
125
GP ai ld Vr ei cAe n t óe n i o V i e i r a
Caracterização das personagens | Relações entre personagens | Dimensão satírica
Erm. E quando?
Inês I-vos, meu
santo, que eu irei um dia
destes muito cedo, muito
prestes.
1105 Erm. Señora yo me voy en tanto.
Inês Si.
Ua aqui e outra aqui.
Oh como folgo com elas!
127
PROFE S SOR
Canta Inês Pereira: Inês Bem sabedes vós marido
quanto vos quero. Educação Literária
14.5; 14.7; 14.11; 15.1
Marido cuco me levades. Sempre fostes percebido 1.
E mais duas lousas. pera cervo. a. vv. 950-976
b. Preparada para casar
Pero Pois assi se fAZEM as cousas. 1155 Agora vos tomou o demo novamente, seja com quem for,
com duas lousas. pois aprendeu a lição.
c. vv. 977-985
Inês Bem sabedes vós, marido, Pero Pois assi se fAZEM as cousas. d. Astuta, reconhecendo no
1145 quanto vos amo: Ermitão um antigo
namorado e vendo nele a
sempre fostes percebido15 E assi se vão, e se acaba o dito possibilidade de gozar a
pera gamo.16 Auto. liberdade de que havia
estado privada durante
o casamento com o Escudeiro.
Carregado ides, noss'amo, e. Lisonjeiro, mas mantendo o
com duas lousas. caráter rude que o caracteriza.
15
sempre tivestes inclinação; 16 o cervo, ou f. vv. 986-1008
1150 Pero Pois assi se fAZEM as gamo, é como o cuco: um símbolo do g. Imbecil, tonto, carrega a
cousas. marido traído. mulher às costas sem
perceber que esta está a
pensar traí-lo.
2.
1. Complete o seguinte quadro procedendo à caracterização das personagens Inês
a. satírica (crítica)
Pereira e Pero Marques. b. cerimónia
c.questionar
d. linguagem (caráter)
Momento presente Versos e. Inês
Personagem Caracterização
no excerto exemplificativos f.significado
Dissimulada, falsamente g. cómica
No diálogo com 3. O argumento
Inês pesarosa com a morte a.
Lianor Vaz ilustra, metaforicamente, o
do escudeiro.
percurso de Inês Pereira, que
No monólogo Inês b. c. compreendeu que o marido
que mais favorece os seus
No diálogo com intentos será o boçal, que
Inês d. vv. 1070-1105
o ermitão não impede a satisfação
dos seus desejos (o asno),
Durante a cerimónia e
Pero Marques e. f.
de casamento não o cortês, que se tornou
um obstáculo à sua forma
Imbecil, disposto
de ser (o cavalo). Perversa,
Quando fica a sós a satisfazer todos Inês acaba por tornar o
Pero Marques vv. 1009-1121
com Inês os desejos de Inês, argumento literalmente
sem perceber a real, obrigando o marido a
astúcia dela. assumir o papel de asno,
carregando-a.
Quando
Pero Marques g. vv. 1122-1157
cumpre o
desejo de Inês
3. Relacione o final da farsa com o argumento “mais quero asno que me leve que
cavalo que me derrube”, explorando os seus significados.
E X P R E S S ÃO OR AL
P R O F E S SOR
Observe atentamente a página de banda desenhada que se segue, retirada de uma
Oralidade
5.1; 5.3; 6.1; 6.2; 15.7
edição da Farsa de Inês Pereira, ilustrada por Artur Correia.
1. A banda
desenhada
representa o
momento
do diálogo entre mãe e
filha, após esta ter
rejeitado Pero Marques.
2. O ilustrador
consegue destacar a
preguiça e o caráter
sonhador de Inês
associando-a sempre
à
cama. O olhar da jovem
nas primeira e terceira
vinhetas é também
revelador desse lado
fantasioso.
Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, ilustrada por Artur Correia, Lisboa, Bertrand Editora, 2006, p. 34.
manifesta- ções das emoções humanas, ao mesmo tempo expondo o modo como
um "banal" divór- cio pode envolver o peso de toda uma imensa herança histórica.
Por alguma razão, Gett: O Processo de Viviane Amsalem se transformou num
verdadeiro fenómeno de debate no interior da sociedade israelita.
in http://www.rtp.pt/cinemax/?t=um-homem-uma-mulher-e-um-tribunal.rtp&article=12041&vi-
sual=2&layout=35&tm=52 (adaptado, consultado em maio de 2017).
RELAÇÕES ENTRE AS
PERSONAGENS E SUA
IMPORTÂNCIA EM CADA FASE
DA VIDA DE
2.
INÊS 3.
Inês viúva e casada
Inês casada com o Escudeiro
com Pero Marques
1. Apresen
tação
Inês Solteira
Preguiçosa;
As suas intenções são
voluntariosa; “Farsa
anseiade Maliciosa e adúltera;
Pereira: Fases goradas; é oprimida pelo
pela libertação através desrespeita o marido
Inês da Escudeiro; sofredora.
do casamento. ingénuo.
vida de
Inês”
131
Amiga e
Desaprova o casamento
conselheira; alerta
com o Escudeiro, mas
Mãe a filha para os
aceita-o; desaparece de
problemas que terá
cena no final da cerimónia
se casar com um
do casamento.
homem “discreto”.
Apresenta a Inês um
Lianor Vaz bom marido, que
esta, contudo,
rejeita.
Apresentam a Inês
Judeus um homem, Brás da
Mata, que
corresponde
ao perfil desejado.
É sinal exterior
de aparente
bem- Fiel mandatário do amo, mantém
Moço -estar financeiro Inês presa, enquanto este
do Escudeiro; combate
desempenha uma no Norte de África.
função crítica e
irónica relativamente
ao seu amo.
Ermitão
130
Reapresenta Pero Marques a Inês,
e esta aceita-o, em virtude do
fracasso do seu casamento
anterior.
131
REPRESENTAÇÃO DO QUOTIDIANO E DIMENSÃO SATÍRICA
olteira que pretende ascender socialmente através do casamento. Para além disso, recusa o perfil de mulher doméstica da época, representado pela sua mãe. Mas…
nagens, cujo comportamento corresponde, de forma geral, ao das classes sociais ou tipos que representam, Inês apresenta alguma evolução;
ação da monótona vida doméstica através do casamento, casando com o escudeiro Brás da Mata, o que veio a revelar-se desastroso para si e para a sua ambição;
a lição e, mudando a opinião e a postura iniciais, aceita o casamento com Pero Marques;
em feminina quem “toma as rédeas” da vida conjugal;
génuo do marido, que não se apercebe da traição.
Como “a rir se castigam os costumes”, Gil Vicente recorre a artifícios, tais como a
ironia e o cómico, que contribuem para acentuar alguns traços das personagens a
criticar.
Tipos de cómico
133
PROF E S SOR
1.8 O homem que a jovem pretende e aceita para marido
[A] é galego, chama-se Brás da Mata e foi-lhe apresentado por duas
amigas. Teste interativo
“Gil Vicente”
[B] foi-lhe apresentado por dois judeus casamenteiros e chama-se
Vilhacastim. Educação Literária
[C] foi encontrado pelos judeus casamenteiros e é o escudeiro Brás da 14.3; 14.4 ; 14.7
Mata. 1.1 [B]
1.2 [C]
[D] é o fidalgo e músico de nome Badajoz. 1.3 [A]
1.4 [B]
2. Complete o texto, selecionando a opção que lhe permite recuperar o 1.5 [D]
1.6 [B]
conteúdo informativo da vida de Inês durante o casamento com Brás da Mata. 1.7 [A]
1.8 [C]
Antes do casamento, o Escudeiro fanfarrão, que tinha a. (muitos/poucos) ha-
veres, tece inúmeros b. (reparos/elogios) à donzela. A mãe de Inês, perspicaz,
2.
faz considerações c. (agradáveis/negativas) sobre o pretendente. A boda acaba a. poucos
por se realizar na presença de alguns amigos. b. elogios
c. negativas
Após o casamento, o d. (rude/simpático) marido encerra Inês em casa, d. rude
fechan- do todas as e. (janelas/arcas), antes de partir para o Norte de f. e. janelas
(África/ Portugal), para onde vai combater. f. África
g. irmão
Certo dia, a jovem recebe uma carta de seu g. (irmão/pai), anunciando h. cobarde
a morte do h. (esforçado/cobarde) escudeiro. A notícia deixa Inês muito i. aliviada
i. (entristecida/aliviada) com o desfecho do seu casamento. 3.
a. F –Recebe a
3. Após a morte do Escudeiro, segue-se uma nova fase na vida de visita de Lianor
Vaz.
Inês. Assinale as afirmações como verdadeiras ou falsas e corrija b. V
as falsas. c. F – Na presença de
Lianor Vaz somente.
a. Inês Pereira recebe a visita da Mãe e finge-se pesarosa com a morte de d. F – Rude e pacóvio.
Brás da Mata. e. F – Pero Marques
incentiva Inês Pereira a sair e
b. Lianor Vaz propõe novamente a Inês o casamento com Pero Marques. a divertir-se.
f. F – Sugere um
c. O casamento realiza-se sem demoras perante a Mãe, Lianor Vaz, Fernando e encontro amoroso entre
Luzia. ambos.
g. V
d. Ao longo de toda a cerimónia, são feitas várias sugestões sobre o caráter
h. V
delicado e culto do abastado aldeão.
4.
e. Após a boda, a jovem confessa a Pero Marques que gostava de sair e folgar, a. Antes de casar,
Inês mostra-se muito
o que não é bem aceite pelo novo marido. exigente
f. Entretanto, um ermitão, antigo pretendente de Inês, visita-a e pede-lhe em relação aos
pretendentes, não
uma es- mola. aceitando Pero Marques
que, embora seja um
g. Perante o desejo da mulher, de ir em romaria à ermida onde está o santo lavrador abastado, não tem
ermitão, Pero Marques, marido dedicado, prontifica-se a levá-la, para que maneiras.
b. Durante o casamento
possa cumprir a sua devoção. com o Escudeiro, em
h. Ao longo do percurso entoam uma cantiga onde se refere a traição de que o virtude
do comportamento arrogante
lavra- dor está a ser alvo. e castrador deste, vê-se
obrigada a permanecer
trancada em casa, sem poder
4. Avalie o comportamento de Inês em cada uma das três fases da sua vida. ter contacto com o exterior.
c. Casada com Pero
a. Antes de casar. Marques, Inês mostra-se
b. Durante o casamento com o Escudeiro. altiva e traidora e, de certa
forma, vinga-se
c. Casada com Pero Marques. do sofrimento que lhe
fora causado pelo primeiro
marido, traindo o atual.
PAR
C O NAS O A RP E R TítuloFarsa de Inês Pereira
REL ICD U
AR
PR
OF E X P R E S SÃO OR AL
E S
SO
R
Apresentaç
Educação literária 1.
ão
a. V
Galeria de b. F – Muitas liberdades de escrita.
imagens c.F – Todas as classes sociais.
Apresentaç d. F – Num episódio profano/ do quotidiano.
ão e. F – Pertencente ao povo.
f.V
Síntese da
g. F – Desleal, cobarde e egoísta.
Unidade
h. F – Inês é também personagem modelada, que apresenta evolução.
Teste i.V
interativo j. F – Que está dividido em quadros.
Farsa de Inês 2.
Pereira a. Escudeiro, Brás da Mata
b. Pero Marques
c.Inês Pereira
Expressão d. Mãe
oral e. Lianor Vaz
1. f.Judeus casamenteiros
Itens a g. Ermitão
consid h. Moço
erar
na
respos
ta:
–primeiro
casamento
de Inês
Pereira com o
escudeiro
(“cavalo” que
a derruba);
–v
id
a
d
e
c
a
s
a
d
a
e
n
cl
a
u
s
u
r
a
d
a
;
–segundo
casamento,
após morte do
escudeiro, com
Pero Marques
(“o asno” que a
leva), domínio
de Inês
Pereira;
–perversidade
da personagem
que obriga o
marido a
carregá-
-la às costas,
1. is e e Média e o Renasci- mento.
E quero n b. O dramaturgo adquiriu na corte uma
x asno t situação de prestígio que lhe permitiu
p que me e to- das as liberdades de escrita.
o leve
n que c. As peças de Gil Vicente criticam exclusivamente as
s
classes sociais mais baixas.
h cavalo i
a que me t d. A Farsa de Inês Pereira baseia-se num episódio
, derrub u religioso.
e” e o a e. A jovem, pertencente à nobreza, idealiza
e assunto - um casamento que lhe permite emanci-
m da s par-se.
Farsa e f. Pero Marques é subserviente, simplório e
d de Inês deselegante.
o Pereira n
i . g. O escudeiro é leal, valente e generoso.
u
s m h. Todas as personagens da farsa são estáticas e, por
isso, personagens-tipo.
EDUCAÇÃO
m p i. Os apartes proferidos pelos judeus
LITERÁRIA
i e casamenteiros e pelo Moço ajudam a
n r carac- terizar o Escudeiro.
1. Tendo
u í
em j. A Farsa de Inês Pereira é um texto dramático que
t o
conside está dividido em atos e cenas.
o d
ração o
s o
estudo 2. Associe cada uma das afirmações que se seguem a uma
,
de Gil personagem da obra.
Vicente d
a a. Representante dos fidalgos pelintras que
e da e
pretende obter vantagens económicas
Farsa
r através do casamento com Inês.
de Inês t
e b. Homem rude, simples, disposto a satisfazer todos os
Pereira r
l caprichos de Inês.
, a
a
indique n c. Jovem que pretende, através do casamento,
ç
se as s libertar-se da vida rotineira das mulhe- res
ã
afirmaç i do seu tempo.
o
ões que ç d. Mulher do povo, sensata, que aconselha
se ã Inês, mas, abdicando da sua autoridade,
e
seguem o deixa-a fazer as suas próprias escolhas.
n
são
t e. Mulher do povo que desempenha uma função
verdad e
r vulgar na época: a de arranjar marido para
eiras n
e as raparigas casadoiras.
ou t
falsas. r f. Personagens estereotipadas, interesseiras e
o
Corrija e astutas, que desempenham a função de
as medianeiros entre o Escudeiro e Inês.
p
falsas a g. Personagem que simboliza a liberdade
r
sem conquistada por Inês com o seu casamento
o
recorre I com Pero Marques.
v
r à d
é h. Personagem secundária que ajuda a
negativ a
r caracterizar o Escudeiro e provoca o cómico
a. d
b na peça.
i a. G
o i
l
“ v
M i
a c
134
A lm e id a G LIAR Farsa de Inês
P AR A
a rr et t
Pereira PROF E S SOR
A V A Leia o A
GRUPO I seguinte e
excerto, ã
S
transcri õ
to da F
d
Farsa a
de Inês a
Pereira.
Em caso
de
necessid
ade,
consulte
as notas
apresen
tadas.
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2. A grand a dilig n
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Mãe e a ? ente rad
adota sens n Inês
atez, o ; i a,
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neste que M n
as
advé í
excer q as sua
to, m da c
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m n
i logo
b
é c de
a
m Inês
a que
d
a o antec
i e- de
r d
o i este
es da cumprir a tarefa. Diz, p
no entanto, o contrário, r
Mãe, de forma irónica, para e
funda mostrar a sua g
experiência e a sua u
menta autoridade. (Há também i
ndo a ironia na estrofe ç
respos seguinte). a
4. A penúltima fala e
ta reforça a caracterização ref
com de Inês como insensata e re
leviana, acentuando o seu ar
eleme a
objetivo de casar para
ntos poder mudar de vida su
(“assi a
textua ân
Deos me dê o paraíso”,
is. v. 30), achando que si
essa situação seria bem a
3. Transcr melhor que ficar em e
eva do casa a “lavrar”, tarefa m
que lhe desagrada. ca
texto sa
um 5. Esta
r.
personagem não tem
exempl nome próprio, pois é
o da uma personagem-tipo
ironia que representa todas
as mães.
empre É a voz da experiência, da
gue razão, aconselhando a
pela filha a seguir
o caminho que lhe parece o
Mãe e mais correto. Neste excerto,
expliq a Mãe pretende chamar a
ue-o. atenção de Inês para a sua
4. Explici
te o 135
sentid
o da
penúlti
ma
fala de
Inês.
5. Apres
ente
uma
razão
para o
facto
de Gil
Vicent
e não
ter
atribuí
do à
person
agem
da
Mãe
um
nome
própri
o,
justifi
cando
a sua
respos
ta
com
A lm ei da G LIAR Farsa de Inês Pereira
P A R A
a rr et t PROFE
GRUPO II
A V A S SO R
1. Atente nas
GRUPO seguintes frases.
II
Gram das mulheres do seu tempo.
ática Presa em casa pelo primeiro marido, acaba por se vingar no segundo casamento,
18.1; cometendo adultério, com um ermitão, o que também constitui crítica social aos membros
18.4; do clero, que não levavam a vida regrada que a sua vocação exigia.
17.5 Com Lianor Vaz e os dois judeus, Gil Vicente expõe uma situação social bastante frequente
na época: muitos casamentos eram arranjados por terceiros, profissionais
1. 1 casamenteiros, daí a presença da alcoviteira e dos dois judeus que desempenham
a. Modificador essa função.
b. Modificad Verificamos, assim, como esta farsa é um excelente testemunho duma época, em certos
or do nome aspetos, distante da nossa.
apositivo; (149 palavras)
complemento
indireto
c.Complemento
oblíquo
d. Complem
ento agente
da passiva
e. Complemento
indireto
f.Predicativo
do sujeito;
complemento
oblíquo
g. Modifica
dor de nome
restritivo
h. Predicado
1.2
[A] – [2]; [B] – [4];
[C] – [3];
[D] – [1]; [E] – [5];
[F] – [3]
2. Campo lexical
3. proposta
(casamento);
inicialmente,
embora
GRUPO III
Escrita
10.2; 11.2; 12.1;
12.2; 12.3;
12.4; 13.1
Proposta de
escrita:
A Farsa de Inês
Pereira retrata o
quotidiano de uma
jovem
do povo, mas
remediada, que
pretende
ascender
socialmente. De
um forma
divertida, mas
com objetivo
moral, Gil
Vicente relata-
nos os dois
casamentos de
Inês, que vê no
matrimónio a
possibilidade de
se libertar da
vida rotineira de
solteira, típica
a. A vida m estidas de um padre, quando se dirigia para casa de
pro que a Inês.
tag leva
oni e g. Inês Pereira acaba por casar com o escudeiro Brás da
sta a Mata, que lhe vai proporcionar uma vida muito infeliz.
sonh
Inê l
a h. Embora recuse inicialmente a proposta de casamento
s c
Per que com Pero Marques, Inês aca- ba por casar com ele.
só o o
eir 1.1 Identifique as funções sintáticas desempenhadas pelos
a mari v
sur do i constituintes sublinha- dos.
ge, ideal t 1.2 Classifique as orações presentes na coluna A, retiradas
nu a e das frases acima, assina- lando o número que lhes
m liber i
mo corresponde na coluna B.
tará. r
nól Coluna A Coluna B
ogo d. O a
ini prim , [A] “que lhe permita emancipar-se.” [1] Oração subordinada adverbial
cial eiro 2. Indique a relação semântica
temporal que se estabelece entre as
pret [B] “que só o marido ideal a libertará.”
,a q palavras “casamento”, “noivo”,
[2] Oração “noiva”, adjetiva
subordinada “cerimónia” e
ma ende [C] “que fora vítima das “alianças”.
u relativa restritiva
ldi nte investidas de um padre.”
zer de e [3]nome
3. Retire da frase h. um Oraçãocomum,
subordinada
um adjetiva
advérbio e uma conjunção.
a [D] “quando se dirigia para casa de relativa explicativa
Inês Inês.”
sua é- f [4] Oração subordinada substantiva
[E] “Embora recuse inicialmente a
G
vid lhe completiva R
a. o proposta de casamento com Pero
apre r Marques” U
[5] Oração subordinada adverbial
b. A sent a concessiva P
[F] “que lhe vai proporcionar uma
jov ado O
vida muito infeliz.”
em por
, Lian v
I
per or í
I
ten Vaz. t I
cen i
e. Pero
te m A FARSA é um género do modo dramático com
Marq
ao a
ues, características satíricas que, retratando o quotidiano,
pov
o pretende pôr em relevo problemas sociais.
o,
alde d Num texto expositivo, entre 120 a 150 palavras, comprove a
ide
ão, a
aliz veracidade da afirmação anterior, relacionando-a:
prop s
a
õe • com episódios do quotidiano da vida de Inês;
um
casa • com a função de Lianor Vaz e dos Judeus.
cas i
men
am n Dê uma estrutura tripartida ao seu texto (introdução, desenvolvimento,
to a
ent v conclusão).
Inês,
o
mas
qu
esta
e 136
recu
lhe
sa.
per
mit f. L
a i
em a
anc n
ipa o
r-
r
se.
c. Inê V
s
a
rev
z
olt
a-
se é
co
m u
a
MÓDULO
2
2. Luís de Camões, Rimas
PARA CONTEXTUALIZAR | PARA INICIAR
PARA DESENVOLVER
Educação Literária
Rimas
· A representação da amada
· A experiência amorosa e reflexão sobre o amor
· A representação da Natureza
· A reflexão sobre a vida pessoal
· O tema da mudança e do desconcerto
Leitura
Apreciação crítica
Exposição sobre um
tema
Escrita
Exposição sobre um tema
Oralidade [Compreensão/Expressão Oral]
Documentário [Compreensão do Oral]
Apreciação crítica [Compreensão/Expressão Oral]
Anúncio publicitário [Compreensão do Oral]
Gramática
· Subordinação
· Classes de palavras
· Funções sintáticas
· Referente
PARA SABER | PARA VERIFICAR | PARA RECUPERAR | PARA AVALIAR
Gil Vic ent e
PARA CONTEXTUALIZAR
1304
1374 1521 1524/25 1536 1547 1553 1580 1595
Nascimento Data da Aclamação Data provável Publicação da Partida Embarque Data provável Publicação
de Francesco morte de do D. João do Grammatica de Luís de Luís da morte de póstuma de
Petrarca Francesco III como rei nascimento da Lingoagem de de Luís Vaz de Rimas, de Luís
(Arezzo, Petrarca de Portugal de Luís Vaz Portuguesa, por Camões Camões Camões Vaz de Camões
Itália) (Arquà, Itália) de Camões Fernão de para Ceuta para Goa (10 de
Oliveira junho)
Humanismo, Classicismo e
Renascimento
Classicismo e Renascimento
Humanismo
• O Classicismo é o conjunto de princípios ou
• Dá-se o nome de Humanismo ao conjunto de de regras desenvolvido pelos artistas renascentistas que
conceções próprias dos humanistas, ou seja, daqueles procuram imi- tar os modelos da Antiguidade Clássica
intelectuais e ar- tistas que (greco-latinos) e os italianos quatrocentistas herdeiros
– exaltavam o Homem como ser pensante, dotado das conceções estéticas
5 de livre-arbítrio; Elaborado a partir de Amélia Pinto Pais, História da Literatura em
Portugal, uma perspetiva didática. Época Medieval e época clássica, vol.
– fomentavam a investigação livre nos vários
1, Porto, Areal Editores, 2004, p. 111.
domí- nios da ciência;
– criticavam as tradições e as instituições, como
a Igreja, combatendo a Escolástica, que
consideravam
10 atrofiadora do desenvolvimento do espírito;
– preconizavam uma educação integral, do
corpo, da mente, do espírito – Mens sana in
corpore sano.
• Os humanistas e os homens do Renascimento
desenvol- veram a medicina e a anatomia e aprenderam
a conhecer
15 melhor o Universo.
138
5 de Petrarca.
• Esses princípios são os seguintes:
– mimese: a necessidade de imitação
de modelos, neste caso greco-latinos e
italianos;
– intemporalidade do belo;
10 – obediência às regras próprias de cada
género literá- rio ou de cada modalidade;
– gosto pela perfeição;
– gosto pela clareza e simplicidade;
– ideia de equilíbrio;
15 – finalidade moral da literatura, devendo
a poesia simul- taneamente provocar prazer
espiritual no leitor e ser-lhe útil.
• O Renascimento, porque decorrente
do Humanismo, foi uma época
“antropocêntrica”, afastando-se das conceções
teocêntricas medievais, tornando-se o ser
humano a “medida
20 de todas as coisas”.
C O M P R E E N S Ã O DO OR PROFE S SOR
AL
P R O F E S SOR INFORMAR
Leitura
7.1; 7.4; 8.1 Leia os seguintes tópicos e resolva a atividade proposta abaixo.
Educação Literária
14.8; 14.10; 16.1 Lírica tradicional e renascentista
[A] – [2]
Medida velha Medida nova
[B] – [4]
[C] – [1] • Poesia lírica tradicional ou poesia • Sá de Miranda introduz em Portugal
[D] – [3] em redondilha, existente nos a medida nova, ou seja, o decassílabo,
[E] – [6] cancioneiros peninsulares ao longo do formas fixas, como o soneto, e uma série
século XV e grande parte do século XVI. de subgéneros líricos, como a elegia ou a
• Medida que se mantém, écloga.
continuando • A introdução destas novidades
a ser usada pelos poetas do século “representava
XVI, em alternância com o verso o abraçar dos ideais do
decassilábico. humanismo, a redescoberta dos
Construído a partir de José Augusto Antigos, a cultura do
Cardoso Bernardes, "Medida velha", in Renascimento, em suma”.
Vítor Aguiar e Silva (coord.), Dicionário
Construído a partir de Maria Vitalina Leal
de Luís de Camões, Alfragide, Editorial
de Matos, "Sá de Miranda", in Vítor Aguiar e
Caminho, 2011, p. 579.
Silva (coord.), Dicionário de Luís de Camões,
• As composições poéticas Alfragide, Editorial Caminho, 2011, pp. 887-888.
denominadas redondilhas apresentam • Soneto: forma fixa constituída
versos de cinco sílabas métricas por catorze versos decassilábicos,
(redondilha menor ou pentassílabo) ou distribuídos em duas quadras e dois
sete sílabas métricas (redondilha maior tercetos. As duas primeiras apresentam
ou heptassílabo) e podem ter as rimas emparelhadas e interpoladas,
seguintes denominações: segundo o esquema abba/abba; os
– vilancete: com mote1 de dois ou três segundos apresentam maiores
versos (geralmente heptassílabos) e uma possibilidades combinatórias, destacando-se
glosa2 de uma ou duas estrofes os esquemas do tipo cde/cde e cdc/dcd.
1
estrofe curta introdutora (normalmente sétimas);
do assunto do poema • No soneto privilegia-se a expressão
– cantiga: com mote de quatro versos e lírica da
2
estrofe que se segue ao
mote e que desenvolve o
uma glosa de uma ou mais estrofes (de experiência vivencial de um emissor.
tema neste apresentado 8, 9 ou 10 versos); • Na produção sonetista
– esparsa: composta por uma única camoniana toma-se como tema
estrofe (de 8 a 10 versos); principal o Amor,
– trovas ou endechas: sem mote, com representado nas suas mais diversas
uma ou mais estrofes (quadras ou formas e manifestações.
oitavas). Elaborado a partir de Micaela
Ramon, "Sonetos", in vítor Aguiar e
Silva (coord.), Dicionário de Luís de
Camões, Alfragide,
Caminho, 2011, p. 905.
140
Coluna A Coluna B
[A] As formas poéticas da medida [1] por Sá de Miranda.
velha apresentam
[2] versos em redondilha maior e
[B] Apesar da introdução do verso menor.
decassilábico, os poetas de
Quinhentos continuaram [3] por duas quadras e dois tercetos,
[C] O soneto petrarquista foi introduzido em compostos por versos decassilábicos.
Portugal [4] a usar o verso tradicional.
[D] O soneto é uma forma fixa constituída [5] por um mote e glosas.
141
Rimas
A representação da amada
Leitura
Leia os tópicos relativos à temática "a representação da amada" e resolva a 7.1; 7.4; 8.1
atividade proposta. Educação Literária
14.3; 14.4; 14.7; 15.1; 16.1
Elaborado a partir de Helena Langrouva, “Camões e as artes”, in Vítor Aguiar e Silva (coord.),
Dicionário de Luís de Camões, Alfragide, Editorial Caminho, 2011, p. 113.
1.1
a. “sobre as rosas Ondados fios d’ouro reluzente
estendidos”
b. Olhos Ondados fios d’ouro
c.Brilho do olhar
d. “perlas” reluzente, que agora da mão
e. Lábios bela recolhidos, agora sobre as
f.Cor viva dos lábios
1.2 Metáfora.
rosas estendidos, fazeis que sua
2.1 O sujeito poético beleza s’acrecente;
evidencia a serenidade, a
honestidade,
a delicadeza e a 5 olhos, que vos moveis tão
timidez da mulher docemente, em mil divinos raios
amada.
encendidos,
3. A composição tem duas
quadras e dois tercetos, se de cá me levais alma e
com versos decassilábicos sentidos, que fôra, se de vós não
(“On/da/
dos/fi/os/d’ou/ro/re/lu/ zen/ fôra ausente?
[te]”).
Significado da associação
Partes do corpo Elementos naturais entre as partes do corpo
e os elementos naturais
Cabelos Ouro (“fios d'ouro reluzente”) O louro e o brilho dos
cabelos
Faces a. Tom rosado das faces
b. “mil divinos raios encendidos” c.
Dentes d. Dentes brancos/perfeitos
e. "corais" f.
143
EDUCAÇÃO LITERÁRIA P R O F E S SO R
Oralidade
1.5; 2.2; 4.1; 4.2; 5.1;
5.3; 6.2
Vídeo
"Garota de Ipanema"
1./2.
a. Ambas as
mulheres são dotadas
de grande beleza,
L Pimpão, Coimbra, Almedina, 2005 [1994], pp. 55-56.
u
í
s
1. Classifique o poema, justificando com três características formais do mesmo.
d
e
2. Partindo do mote e da primeira volta, refira a condição social de Leanor.
e 5. Apresente uma proposta de interpretação para o verso “vai fermosa, e não segura”
s
(vv. 7 e 14).
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Rimas
C O M P R E E N S Ã O / E X P R E S S ÃO OR AL PROF E S SOR
b. A mulher que
1. Ouça atentamente o tema musical “Garota de Ipanema”, de Tom Jobim e passa a caminho do
Vinicius de Moraes, e estabeleça uma comparação entre a canção e o mar provoca no sujeito
poético o mesmo efeito
vilancete “Descalça vai para a fonte” (p. 144), no que diz respeito que provoca Leanor a
caminho da fonte:
a. à descrição da mulher que passa; ambas captam a atenção
b. aos efeitos que essa passagem provoca no sujeito poético; do “eu”
lírico, provocando o amor e
c. aos recursos expressivos usados na descrição da figura feminina. a criação poética (no
primeiro caso, a redondilha
camoniana e, no segundo,
2. Ouça uma segunda vez a canção e recolha expressões que comprovem essa a canção: “O seu
com- paração. balançado / É mais que um
poema”; “Ah, se ela soubesse
/ Que quando ela passa /
3. Apresente à turma, numa breve exposição (dois a três minutos), as suas conclusões. O mundo sorrindo / Se
enche de graça / E fica
mais lindo / Por causa do
amor”). No caso da canção,
GR A M Á T I C A “a moça de corpo dourado”
provoca também um
sentimento de nostalgia
1. Atente nos seguintes versos pertencentes à canção anterior. no “eu” lírico, que se
apercebe da sua solidão e,
“Ah, se ela soubesse implicitamente, manifesta o
desejo de a ter por
Que, quando ela companhia: “Ah, porque estou
passa, O mundo, tão sozinho! / Ah, porque
tudo é tão triste! / Ah, a
sorrindo, beleza que existe […] Que
Se enche de também passa
sozinha!”.
graça E fica mais c.À semelhança do
lindo Por causa vilancete camoniano,
também na canção
do amor! encontramos a hipérbole,
Olha que coisa mais a personificação (“O Mundo,
sorrindo, / se enche de
linda, Mais cheia de graça”), a adjetivação
graça no grau superlativo (“É a
coisa mais linda / Que eu já
É ela, a menina vi passar!” e a comparação (“O
Que vem e que seu balançado /
É mais que um poema”).
passa Num doce 3. Resposta de caráter
balanço pessoal. No entanto, os alunos
podem referir os seguintes
[A] caminho do mar!” aspetos:
–o tema da mulher que
passa e que prende o olhar
1.1 Retire do excerto uma oração de quem a vê passar é
uma constante na
a. subordinada temporal; literatura e nas artes, em
geral;
b. subordinada condicional; –a hiperbolização da
c. subordinada adjetiva relativa restritiva; beleza feminina é uma
realidade intemporal,
d. coordenada copulativa. assim como o amor que a
mulher provoca no sujeito
1.2 Classifique a oração sublinhada em“Olha que coisa mais linda, / Mais cheia de que a observa;
gra- ça / É ela…” –a forma de ver o mundo
e a vida é muito mais
1.3 Preencha o seguinte quadro com palavras retiradas dos versos acima. positiva,
quando somos presenteados
com a beleza e o amor.
Nomes (5) Conjugações (4) Pronomes (3) Adjetivos (3)
145
BLOCO INFORMATIVO – pp. 277, 260-266
146
PL ua ídsr ed eA nC taómnõi oe sV i e i r a
A representação da amada
PROFE S SOR
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Gramática
18.2; 18.4
Endechas1
1.1 a. “quando ela passa”;
b. “se ela soubesse”; c. a ~ua cativa2 com quem andava d’amores
“Que vem”; d. “E fica mais na Índia, chamada Bárbora
lindo / Por causa do amor”.
1.2 Oração Aquela cativa,
subordinada
substantiva que me tem
completiva. cativo, porque
1.3 Nomes: mundo;
graça; amor; coisa; menina;
nela vivo
balanço; caminho; mar; já não quer que viva.
Conjunções: Se (v. 1); que
5 Eu nunca vi rosa
(v. 2); quando; e;
Pronomes: ela; se (v. 4); em suaves molhos,
que (v. 10); Adjetivos: lindo;
linda; cheia; doce.
que para meus
olhos fosse mais
Educação Literária fermosa.
14.1; 14.2; 14.3; 14.4;
14.8; 15.1; 16.1
Nem no campo flores,
a. V
10 nem no céu estrelas,
b. F – O sujeito me parecem belas
poético considera-se um como os meus
cativo, pois está preso aos
encantos da mulher amores. Rosto
amada. singular,
c.F – Os olhos da
mulher narrada são olhos sossegados,
pretos. 15 pretos e cansados,
d. V
mas não de
e. F – A mulher retratada
foge aos padrões de beleza da matar.
época renascentista, por ser
negra e ter os cabelos ~
pretos.
U a graça viva,
f.F – O sujeito poético que neles lhe mora,
Retrato de uma escrava africana, c. 1580,
traça o
retrato físico da mulher, para ser senhora amansa;
mas também são realçados
traços psicológicos, como 20 de quem é cativa. 35 nela enfim descansa toda a minha pena.
a serenidade. Pretos os cabelos, Esta é a cativa
g. F – A neve contrasta
com a cor negra da pele da
onde o povo vão que me tem cativo, e, pois nela vivo,
mulher, e gostaria até de perde opinião 40 é força que viva.
mudar a sua cor.
que os louros são
h. V
i.F – Na última oitava, a
belos.
palavra "pena" refere-se ao
instrumento de escrita, 25 Pretidão de
mas indica também
sofrimento ou dor. Amor, tão doce a
j. F – O poema figura, que a neve
apresenta versos com
redondilha menor.
lhe jura que
trocara a cor.
Leda3 mansidão
30 que o siso acompanha;
Presença serena
que a tormenta
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escrava
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alegre
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L
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d Luís de Camões, Rimas.
s Texto
, estabelecido e
prefaciado por
I Álvaro J. da
n Costa Pimpão,
g Coimbra,
l Almedina, 2005
a [1994], pp. 89-
t 90.
e
r
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a
.
Rimas
147
• destaque para a originalidade e singularidade da obra lírica de Camões.
148
LPua ídsr ed eA nC taómnõi oe s V i e i r a
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor
PROFE S SOR
INFORMAR
Educação Literária
14.3;14.4; 14.7; 15.1; Leia os tópicos seguintes e resolva a atividade proposta.
16.1
Leitura
7.1; 7.4; 8.1
A tensão amorosa em Camões
[A] – [6] • Presença constante na lírica e no teatro (também pontualmente em
[B] – [5]
Os Lusíadas), o Amor é talvez o tema de maior alcance significativo na obra de
[C] – [1]
[D] – [3]
Camões, sendo fonte de tensão, de conflito interior.
[E] – [4] • Ao contrário do que sucede com Petrarca, Camões oculta
[F] – [2] frequentemente a iden- tidade da amada, o que permite duas interpretações
possíveis:
- uma leitura biográfica, segundo a qual a vida do poeta estaria
codificada na sua poesia lírica, cabendo a um leitor mais especializado
interpretar as pistas que permitiriam descobrir a identidade de uma
mulher real;
- uma leitura não-biográfica, que se baseia num subtil jogo de códigos
poéti- co-literários, que Camões domina na perfeição, não sendo a mulher
real o mais importante na escrita literária, mas sim o Amor e os
fenómenos a ele ligados.
• Há que entender a função do Amor, em grande parte da lírica
camoniana, como dinâmica-motriz do próprio ato de escrever. O Amor é, por
assim dizer, o combustível que põe a máquina da escrita em ação.
• Uma fonte de tensão que surge na poesia de Camões é a
desproporcionalidade de sentimentos vividos pelo amador e pela amada, o que
implica que a vivência do amor, longe de ser uma experiência alegre e feliz, é
constantemente descrita como sendo algo de doloroso.
Elaborado a partir de Frederico Lourenço, “Amor”, in Vítor Aguiar e Silva (coord.),
Dicionário de Luís de Camões, Alfragide, Editorial Caminho, 2011, pp. 25-26.
Coluna A Coluna B
[A] O Amor assume na lírica camoniana [1] muitos dos poemas de Camões
[B] A mulher amada e idealizada na terem cariz autobiográfico.
poesia de Camões [2] frequentemente descrito como sendo
[C] Há uma teoria que aponta para o uma experiência dolorosa.
facto de [3] na origem da criação literária.
[D] A mulher amada e, por [4] o sujeito poético não ser
consequência, o Amor estão correspondido com a mesma
[E] O sofrimento amoroso é decorrente intensidade pela amada.
do facto de [5] raramente é identificada pelo
poeta.
[F] Assim, o Amor na lírica camoniana é
[6] um papel preponderante.
Rimas
EDUCAÇÃO LITERÁRIA P R O F E S S OR
Educação Literária
Leia expressivamento os textos. 14.1; 14.2; 14.3; 14.4;
14.9
Nomes Verbos
149
PL ua ídsr ed eA nC taómnõi
oeversos
sV i ecada.
i r a Os versos têm 5 sílabas métricas,
designando-se de redondilha menor.
150
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor
PROFE S SOR
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1.1
a. “frio” 5 É tudo quanto sinto, um desconcerto;
b. “choro”
c.“nada aperto” da alma um fogo me sai, da vista
d. “espero” um rio; agora espero, agora
e. “acerto”
f.“Estando em terra” desconfio,
g. “em mil anos não agora desvario, agora acerto.
posso achar ũ’hora”
1.2 O sujeito poético
afirma estar dominado Estando em terra, chego ao Céu
por sentimentos/estados voando,
contraditórios, tanto eufóricos
como disfóricos. Sente-se 10 nũ’hora acho mil anos, e é de jeito
ora alegre ora triste, ora que em mil anos não posso achar ũ’hora.
acompanhado ora solitário,
ora confiante ora desconfiado,
ora desvairado ora alinhado Se me pergunta alguém porque assi
(atinado).
1.3 A causa do seu
ando, respondo que não sei; porém
estado de espírito suspeito Retrato de moça com véu, c. 1515,
encontra-se no facto de
ele ter visto uma
que só porque vos vi, minha Senhora. Rafael (1483-1520), Palácio de
“Senhora”, o que desencadeou Pitti, Florença.
o sentimento amoroso e os
Luís de Camões, Rimas. Texto
estados contraditórios.
estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa
2. A primeira parte Pimpão, Coimbra,
corresponde às duas
Almedina, 2005 [1994], p. 118.
quadras
e ao primeiro terceto,
na qual o “eu” descreve 1. O sujeito poético descreve neste poema um estado de espírito contraditório.
os seus sentimentos
contraditórios. 1.1 Transcreva das três primeiras estrofes as palavras ou expressões que se opõem
A segunda parte integra às seguintes.
o último terceto, momento
em que se evidencia a causa a. “ardor” (v. 2)
do estado
de espírito do sujeito b. “rio” (v. 3)
poético.
3. Trata-se de um c. “o mundo todo abarco” (v. 4)
soneto, constituído por
duas quadras e dois
d. “desconfio” (v. 7)
tercetos, com rima e. “desvario” (v. 8)
interpolada e emparelhada
nas quadras e f. “chego ao Céu” (v. 9)
interpolada nos tercetos,
e com versos g. “nu~ 'ora acho mil anos” (v. 10)
decassilábicos (10 sílabas
métricas). 1.2 De acordo com o registo que fez no exercício anterior, trace o retrato
psicológico do sujeito poético.
1.3 Identifique a causa dos sentimentos experienciados pelo “eu” lírico, tendo
em conta a última estrofe.
INFORMAR P R O F E S S OR
Educação Literária
Leia o seguinte texto. 14.3; 14.7; 15.1; 16.1
Leitura
7.1; 7.3; 8.1; 8.2
Locus amoenus
Expressão latina que designa a paisagem ideal, sempre presente na poesia 1.
a. É a paisagem ideal,
amo- rosa em geral e, com maior incidência, na poesia bucólica1. Desde a sempre presente na poesia
Antiguidade Clássica que o termo locus amoenus nos remete para a descrição da amorosa. É uma Natureza
harmoniosa,
Natureza e para um conjunto de elementos específicos: o campo fresco e fresca, primaveril, de céu azul,
verdejante, com um vasto fértil, que não se ressente
da passagem do tempo.
5 arvoredo e flores coloridas, cujo doce odor se espalha com a brisa. A
Os animais estão
vegetação é den- sa mas constantemente renovada, dada a grande fertilidade perfeitamente integrados
e em comunhão com ela.
do terreno, e a passa- gem do tempo não conduz à destruição da paisagem, o
b. É uma paisagem
que, de acordo com Lanciani e Tavani (1993) é metafórico da infância que natural (campestre ou
nunca se perde. Ouve-se o suave som da água do riacho a saltar nas pedras florestal), com vegetação
densa e verdejante e
ou a brotar de uma fonte, onde os animais vão abundante em água.
10 beber. Há borboletas policromáticas esvoaçando, assim como aves diversas
2
c.Campo fresco e
verdejante, vasto
(nor- malmente rouxinóis ou pardais), que abrilhantam o céu azul. Esta arvoredo, flores coloridas,
natureza mágica é conducente3 ao amor, ao encantamento sensorial e brisa, vegetação densa e
espiritual do Homem, que se integra na perfeição em tal plenitude4, marcada renovada, água
do riacho, fonte, animais,
pela harmonia e homogeneidade. Enfim, estamos perante um paraíso borboletas policromáticas,
terrestre, onde se enquadra o ser humano que aves diversas (rouxinóis,
pardais), céu azul.
15 busca a satisfação pela simplicidade. […]
d. Espaço
Também Camões (1524-1580), que prima5 pela descrição pormenorizada propício ao amor –
“natureza mágica
da paisagem amena, deixa transparecer nas suas obras a preferência pelo [...] conducente ao amor, ao
tópico (v. soneto como “Alegres campos, verdes arvoredos”, in Rimas), o que encantamento sensorial e
espiritual do Homem” (ll. 11-12).
se verifica na sua idealização de mulher, que aparece intrinsecamente
e. Simboliza a
relacionada com o locus infância que nunca se
20 amoenus (v. “Um mover d’olhos brando e piadoso”). perde e o paraíso perdido
onde o Homem se
Carlos Ceia, s.v. “Locus amoenus”, in Carlos Ceia (coord.), E-dicionário de termos enquadra, procurando os
literários. Disponível em http://www.edtl.com.pt (consultado em janeiro prazeres simples – “satisfação
de 2015). pela simplicidade” (l. 15).
1
pastoril, campestre; 2 de várias cores; 3 que conduz, que leva a; 4 grandeza, felicidade;
5
se evidencia.
a.
b. c.
d. e.
A representação da Natureza
PROFE S SOR
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Educação Literária
14.2; 14.3; 14.8; 15.1 Leia os textos que se seguem sobre a representação da Natureza na lírica camoniana.
1. São referidos os
campos, os arvoredos,
as águas, Alegres campos, verdes arvoredos
os montes e os penedos.
A descrição destes Alegres campos, verdes arvoredos,
elementos cria um ambiente
harmonioso e belo (locus claras e frescas águas de cristal,
amoenus). que em vós debuxais ao natural,
2. Os adjetivos
estão ao serviço da discorrendo da altura dos rochedos;
descrição
da Natureza e, uma vez
que se encontram
5 silvestres montes, ásperos
antepostos ao nome, penedos, compostos em concerto
sugerem uma ideia de
descrição subjetiva.
desigual, sabei que, sem licença
3. Os interlocutores de meu mal,
do sujeito lírico são já não podeis fazer meus olhos ledos.
todos os elementos da
Natureza referidos nos
cinco versos iniciais. A E, pois me já não vedes como vistes,
apóstrofe aponta para a
sua identificação. 10 não me alegrem verduras
4. Dirigindo-se aos deleitosas, nem águas que
elementos da Natureza, o
sujeito afirma “me já não
correndo alegres vêm.
vedes como
vistes” (v. 9). O contraste
entre o pretérito perfeito do
Semearei em vós lembranças tristes,
indicativo (vistes) e o regando-vos com lágrimas saudosas,
presente do indicativo e nascerão saudades de meu bem.
(vedes) marca a diferença
entre um estado de Luís de Camões, Rimas. Texto estabelecido e
felicidade passado e a prefaciado por Álvaro da Costa Pimpão, Coimbra, Almedina, 2005
tristeza do presente. Por [1994], p. 123.
essa razão, também afirma
“já não podeis fazer meus
olhos ledos” (v. 8),
indiciando, através do uso 1. Identifique os elementos da Natureza contemplados no poema, referindo o
do presente do indicativo, tipo de ambiente que a sua descrição cria.
que é no momento atual
que a felicidade lhe é
impossível. 2. Mencione a classe de palavras que contribui para a descrição da Natureza,
5.1 Descrição valorativa, comen- tando os efeitos produzidos pela sua localização na frase.
eufórica (harmoniosa e alegre)
da Natureza associada 3. Assinale o(s) interlocutor(es) do sujeito lírico, referindo o recurso expressivo
ao passado do “eu”
b. Tristeza que se associa à sua identificação.
c.A tristeza vai-se
instalando no sujeito 4. Com base nas segunda e terceira estrofes, refira a importância da flexão
poético, o que se
denuncia já na adjetivação verbal para a caracterização dos sentimentos do sujeito lírico em dois tempos
disfórica dos “montes” distintos.
e “penedos”; a alegria
da Natureza já não influencia 5. Um ambiente negativo vai, gradualmente, substituindo a serenidade e a
o “eu”
d. Tristeza alegria que se percecionam na primeira quadra.
e. Dominado pela
tristeza, 5.1 Complete o esquema com os dados necessários para a explicitação dessa gradação.
o sujeito lírico exercerá a
sua negatividade sobre a
Natureza, semeando nela
os seus infortúnios e
regando-a com
lágrimas de saudade
Domínios Descrição/
Estrofes Sentimentos
de referência explicação
Educação Literária
Aquela triste e leda madrugada 14.2; 14.3; 14.4; 14.6;
14.7; 14.8; 14.9; 15.1
1
matizada; 2 afastar-se, separar-se.
Coluna A Coluna B
[A] Este soneto abre com uma [1] funciona como justificação do desejo
antítese e pode dividir-se expresso anteriormente.
[D] O sujeito lírico centra-se no momento [4] o sujeito poético e a mulher amada.
passado, em que a madrugada
personificada [5] refere-se ao presente do sujeito
poético e expressa o seu desejo
para o futuro.
[E] O “eu” poético personifica a
Natureza, [6] através de uma hipérbole – “as
lágrimas em fio […] s’acrescentaram
[F] A antítese presente em “triste e
em grande e largo rio” – e de um
leda” permite estabelecer um
paradoxo.
contraste entre
[7] se despediu dos amantes.
[G] O sofrimento vivido no
momento da separação é [8] a beleza e a alegria da
expresso Natureza e o sofrimento do
A reflexão sobre a vida pessoal
INFORMAR
Leia o seguinte texto, no qual o autor faz uma análise do ambiente vivido no
século XVI, para, dessa forma, justificar a natureza humana de Camões.
1.o parágrafo
Marcado por viagens a. e b. , à procura de aventura, c. , e d. , e. .
2.o parágrafo
Propício ao desconcerto do homem português, no final do século, e prolongando uma mentalidade medieval, acen
3.o e 4.o parágrafos
Assim, Camões, não só por circunstâncias h. , revela o seu desacerto, cantando
a i. e o amor ausente.
Rimas
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
A reflexão sobre a vida pessoal foi também uma temática cantada nos poemas
de Camões.
quadra.
1. Atente na primeira quadra. 4.3 Identifique o
1.1 Refira o desejo expresso pelo sujeito lírico, caracterizando o seu estado de recurso expressivo
espírito. presente no último
verso, justificando
1.2 Faça o levantamento de expressões que comprovem o tom disfórico
empregue. o seu em- prego.
3. Comente as reações dos seres humanos perante esse ambiente desejado pelo
“eu”.
156
LPua ídsr ed eA nC taómnõi oe s V i e i r a
O te m aA drae fml euxdã ao nsçoaberedao vdiedsacopne scseor taol
PROFE S SOR
INFORMAR
3. O sujeito deseja que as
pessoas fiquem pasmadas Leia os tópicos que se seguem e resolva a atividade proposta abaixo.
perante a sucessão de
acontecimentos, acreditando
que o mundo está à beira do A lírica camoniana
fim, o que será uma forma de
realçar a tragédia que este • A lírica de Camões revela um sujeito poético que, perante o
associa à sua vida e à
revolta que sente.
decurso da vida, reflete sobre o tempo e a mudança, temas característicos
4.1 O sujeito dirige-se à da época renascentista. Vemos também um “eu” que analisa o
“gente temerosa”, desconcerto que vê dentro e fora de si. A desordem social e psicológica, o
identificando o seu
interlocutor por meio de absurdo do mundo e a existência, invencível, do mal, embora funcione
uma apóstrofe. sempre como causa de espanto e de revolta, conjuga-se com o destino que
4.2. “que este dia subjuga e esmaga.
deitou ao mundo a
vida / mais Elaborado a partir de Poesia Lírica, Luís de Camões, seleção e
desgraçada que jamais se introdução por Isabel Pascoal, Biblioteca Ulisseia de Autores
viu!” (vv. 13-14) Portugueses, p. 34.
4.3 O final do poema
é marcado pela hipérbole,
como forma de intensificação • Sujeito à implacável mecânica do tempo – que tudo vai mudando e
do caráter excecional do poeta
e do seu destino trágico.
destruindo – o mundo aparece, sob olhar da melancolia camoniana, como
um lugar absurdo e injusto onde o mal triunfa tantas vezes sobre o bem.
Educação Literária •O poeta assume uma posição de um cada vez maior isolamento
14.3; 15.1; 16.1
Leitura perante os outros, manifestando um insistente desânimo face ao decurso
7.1; 7.2; 7.3; 8.1 da sua vida.
•O isolamento do poeta reforça a noção sempre muito viva da sua firme
1.1 passagem; desordem
sin- gularidade: a melancolia que o faz sofrer como vítima de um destino cruel e
1.2 superior
1.3 solitário
fatal, que desde sempre parece tê-lo marcado e para o qual contribuiu um
1.4 implacável conjunto de diversos fatores, alguns involuntários, mas outros dependendo dos
1.5 falhas seus erros.
• O caráter excecional deste destino torna-se um dos grandes
tópicos de melan- colia camoniana, mostrando alguém fortemente desiludido
com as provações a que foi sujeito ao longo dos anos.
Elaborado a partir de Fernando Pinto do Amaral, “Melancolia”, in Vítor Aguiar e Silva (coord.),
Dicionário de Luís de Camões, Alfragide, Editorial Caminho, 2011, p. 585.
Educação Literária
Leia, agora, as Rimas relativas ao tema da mudança e do 14.2; 14.3; 14.4; 14.7;
desconcerto. 14.9
2. Explicite o conteúdo do primeiro terceto, considerando as realidades BLOCO INFORMATIVO – pp. 271-272
evidenciadas e os elementos linguísticos.
2.1 Interprete a referência à figura de Deus nesta estrofe.
GR A M Á T I C A
157
PL ua ídsr ed eA nC taómnõi oe sV i e i r a
para a realidade humana
O tema
e osda mudança
seus e do desconcerto
comportamentos. Veja-se o advérbio de negação (“não”) a estabelecer a oposição
(reforçada pelo conector “mas”) entre a ordem natural das coisas e os comportamentos humanos.
2.1 Deus é referido como o garante da ordem do mundo. Desta forma, o sujeito julga que a
desordem que se verifica no mundo só poderá ficar a dever-
-se a um possível esquecimento por parte desse ser superior.
3. O recurso expressivo
é a enumeração, presente
no primeiro verso do segundo terceto – "Casos, opiniões, natura e uso".
4. A mudança verifica-se na alteração cíclica da Natureza, em que tudo se transforma;
o desconcerto decorre da confusão humana.
Gramática 18.1
1. As duas primeiras ocorrências − “águas”; a terceira ocorrência – “as águas deste rio”.
1.1 Complemento direto
158
PROFE S SOR
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1.
a. mudança
b. três 5 Contìnuamente vemos novidades,
c.quatro diferentes em tudo da
d. duas
e. negativa esperança;
f.o último do mal ficam as mágoas na lembrança,
g. Natureza
h. terceto e do bem (se algum houve), as
i.outra mudança faz de saüdades.
mor espanto
j. que não se muda já
como soía O tempo cobre o chão de verde
k. tempo
l.as mágoas
manto,
m. e do bem (se algum 10 que já coberto foi de neve fria,
houve), as saüdades
n. antítese
e, em mim, converte em choro o doce
2. Trata-se de um
canto.
soneto, composto por
duas quadras e dois
tercetos, constituídos por
E, afora1 este mudar-se cada
versos decassilábicos dia, outra mudança faz de mor2
(Mu/dam/-s(e) os/tem/pos,/ A tempestade, séc. XVII, Rubens (1577-1640),
mu/dam/-s(e) as/von/ta/
espanto, que não se muda já
Ashmolean Museum, Universidade de
[des]). A rima é interpolada como soía3. Oxford.
e emparelhada nas Luís de Camões, Rimas. Texto
quadras e
estabelecido e prefaciado por Álvaro J.
da Costa Pimpão, Coimbra, Almedina,
2005 [1994], p. 162.
1
além de; 2 maior; 3 costumava.
cruzada nos tercetos, segundo 1. Complete o seguinte texto, com palavras suas e/ou expressões do poema, de modo
o esquema: abba/abba /cdc/ a obter uma breve análise do mesmo.
dcd.
Este poema tem como tema a a. e pode dividir-se em três
momentos. O primeiro, correspondente à primeira estrofe, integra a apresentação e a
afirmação de um mundo em constante transformação, como se pode verificar nos
versos b. e c. . O segundo momento,
correspondente às d. estrofes seguintes, constitui a constatação do sujeito
relativamente à forma como a mudança se opera, sen- do, para o ser humano,
geralmente e. , como atestam os três primeiros versos da segunda
estrofe e o f. do primeiro terceto. Pelo contrário, na g. , a
mu- dança é cíclica e confunde-se com renovação, como se comprova com os dois
primeiros versos do primeiro h. . Por fim, o terceiro momento é
introduzido pela conjunção copulativa “e” que inicia o último terceto. Aqui, o “eu”
lírico conclui que o próprio processo de mudança sofre os efeitos de mudança – i.
“ / j. ”.
O sujeito poético também é afetado pela mudança, consequente da
passagem do k. , que lhe deixa o passado na
memória, sejam as lembranças tristes, (associadas aos factos negativos l.“ ”)
sejam as saudades dos factos positivos (m.“ ”).
Assim, no poema explora-se a n. (“verde manto” / “neve fria”; “choro”
/ “doce canto”) para descrever o contraste entre o caráter cíclico e renovador da
mudança na Natureza e a degradação que a mesma traz ao ser humano – a
perda do passado, o envelhecimento.
2. Classifique o poema, justificando a sua resposta com a análise formal do
mesmo (estrofes, métrica, esquema rimático e tipo de rima).
C O M P R E E N S Ã O DO OR AL PROFE S SOR
Texto A Texto B
Classificação da métrica b. d.
Clássico, medida
Estilo (lírica camoniana) nova (corrente e.
renascentista)
Tema A mudança g.
Leitura
O desconcerto do mundo e as injustiças que lhe são inerentes manifestam-se em
todas as épocas, mesmo em pleno século XX, numa Europa mais esclarecida. 2. Refira duas
consequências pessoais
Leia o texto a propósito do filme que exalta um homem que tentou consertar e da sua ação
concertar o seu mundo e responda, de seguida, aos itens apresentados. humanitária.
3. Esclareça o sentido do
último período textual.
Um justo entre as Nações
Na tradução do hebraico, o justo é
um não-judeu merecedor do paraíso.
Atualmente, o estado de Israel
re- fere-se assim às personalidades
(góis/
5 gentios) que arriscaram as suas
Apelman) – o qual acaba por reencontrar uma irmã que julgava morta –
ativam-se várias se- quências fílmicas em analepse, para que se conheça a
ação grandiosa do que é também conhecido como o Schindler português.
Entre o percurso do maestro e o da irmã Esther sobressai o sucesso da
liberdade,
25 do reencontro, da reunião. E no seio deste há Aristides de Sousa Mendes, tal
1.O cônsul de Bordéus, através do seu cargo diplomático, conseguiu salvar mais de trinta mil
judeus que fugiam
a Hitler, pois assinou os vistos que permitiram a sua saída
de França e a entrada em Portugal.
2.Foi perseguido pelo regime salazarista, tornando-se um refugiado no próprio país; viveu e
morreu na pobreza.
3.Entre os dois irmãos que escapam à fúria de Hitler, Aristides de Sousa Mendes surge
como um ser harmonioso, que se compara à música, arte que consegue (re)conciliar todos
os desconcertos (as
desarmonias) e vencer todas as desigualdades.
1
célebre, conhecida.
Funções sintáticas II
APRENDER
COMPLEMENTO DO NOME
Função sintática interna a outra,
desempenhada por um constituinte
selecionado pelo nome, situado à sua
direita. a. A revolta estudantil
Pode ser desempenhada por foi importante.
– um grupo adjetival (a.); b. A hipótese de irmos à visita
– um grupo preposicional oracional (b.); de estudo agrada-me mais.
– um grupo preposicional não oracional (c.). c. A fotografia da turma
Só alguns nomes selecionam o está espetacular.
complemento do nome, a saber:
– nomes deverbais, ou seja, formados a
partir de verbos transitivos: visita (visitar),
construção (construir), estudo (estudar), análise d. A análise da lírica camoniana
(analisar)… (d.); não é fácil.
– nomes que indicam graus de parentesco: e.O pai do Pedro é um leitor
pai, mãe, filho, neto… (e.); assíduo de Camões.
– nomes icónicos, ou seja, nomes
relacionados com representações da
f.A estátua de Camões
realidade: pintura, fotografia, desenho, apresenta proporções
escultura, esboço… (f.); guerreiras.
– nomes epistémicos, isto é, relativos ao
conhecimento, que indicam conceitos e g. A possibilidade de tirar
ideias: hipótese, probabilidade, ideia, uma positiva no teste é
necessidade, possibilidade… (g.). enorme.
COMPLEMENTO DO ADJETIVO
É uma função sintática interna a
outra, desempenhada por um
constituinte selecionado pelo a.O António ficou responsável
adjetivo. por apresentar oralmente a
Pode ser desempenhada por obra do projeto de leitura.
– um grupo preposicional oracional (a.); b. A Maria ficou satisfeita
– um grupo preposicional não oracional (b.); com os resultados do teste.
162
PROF E S SOR
APLICAR
Gramática
18.1
1. Estabeleça uma relação entre os elementos da coluna A e os da coluna B, de
forma a classificar as funções sintáticas dos constituintes sublinhados. 1.
a
Coluna B í
[A] Uma parte substancial da população
e
portuguesa vê Camões a
poeta de eleição. c
[B] O poeta ficou fascinado u
mulher de pele escura. o
[C] A beleza de Bárbara distancia- s
se do modelo petrarquista. g
[D] Maria elegeu o soneto camoniano m
dia em que nasci moura e
o mais triste. n
[E] A obra lírica de Camões o
conjugação s
da medida velha com a medida nova
b
[F] A estética literária renascentista i
considerava fundamental
imitar a Natureza.
h
a
[G] Como consequência do intelectualism
derivado do predomínio da razão, od
escritor clássico ficava o
de um rigoroso código de regras n
fixas. ã
[H] Por vezes, o poeta traçava o retratoo
de uma Natureza sombria c
Coluna A
r
e
p
[1] Complemento do adjetivo o
n
d
e
a
u
m
[2] Complemento do nome c
m
p
e
m
e
[3] Predicativo do complemento n
direto o
d
o
n
o
m
e
2. Indique a
[A] No século XVI, desenvolveu-se um grande [A] – [3]
[B] – [1]
interesse pelo Homem.
[C] – [2]
[B] A mensagem trazida pelos descobridores era a [D] – [3]
da diversidade de raças e culturas. [E] – [2]
[F] – [3]
[C] Na época de D. João III, desenvolveram-se [G] – [1]
grandes estudos humanísticos. [H] – [2]
LEITUR A
164
tudo. Audazes navega-
35 dores partiam para o desconhecido com
165
Rimas
5. Comente a
1. Selecione a opção que completa adequadamente cada uma das afirmações seguinte
seguintes. afirmação “[…]
1.1 Na Antiguidade, a pintura era vista como os artistas
começaram a
[A] uma forma de expressão dos sentimentos dos mestres-pintores.
libertar-se […],
[B] uma maneira de imortalizar a liberdade criativa do autor. de modo a
poderem
[C] um trabalho como outro qualquer.
exprimir as suas
[D] uma ocupação destinada só a senhores ricos. ideias como
1.2 A evolução no modo de encarar a arte deveu-se essencialmente à artistas livres.”
(ll. 13-15).
[A] mudança de mentalidades ocorrida nos inícios do século XIV.
[B] perigosos.
[C] nervosos.
[D] corajosos.
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-LITERÁRIA
Apresentação
Galeria de Renascimento, Humanismo e Classicismo
imagens
• nova conceção do Homem e do Mundo
Apresentação
Síntese da • privilégio da razão e da experiência
Unidade
• sobreposição do antropocentrismo ao teocentrismo medieval
Teste interativo
Rimas • crença no saber do Homem e na sua experiência
• recuperação dos clássicos por influência de Dante e Petrarca (nos temas,
nas formas e na mitologia)
• coexistência de formas medievais e renascentistas na literatura
A experiência amorosa
A reflexão sobre a vida pessoal
e a reflexão sobre o
amor
166
TEMÁTICAS DA POESIA LÍRICA DE CAMÕES (cont.)
• soneto
• clássico (a (2 quadras e 2 tercetos)
medida nova – verso • uso da
decassilábico) linguagem ao
serviço da:
− descrição;
− reflexão;
− confissão;
• presença
diversificada de
recursos expressivos,
com predomínio para
a linguagem figurada
(metáforas, hipérboles, …)
e a sonoridade
(aliteração);
• recurso a
vocabulário e frases
de influência
latinizante.
PAR A V E R I F I C A R Rimas
Leia com atenção os dois textos que se apresentam e, de seguida, responda ao que é solicitado.
168
PAR A RE C U P E R Rimas
AR
P
R
EDUCAÇÃO LITERÁRIA O
F
1. Insira no quadro abaixo os tópicos E
seguintes, relacionados com a lírica S
S
camoniana e com a época em que o poeta O
viveu. R
E
a. Nova conceção do Homem e do Mundo; d
b. Privilégio da razão e da experiência; u
c. Estilo engenhoso assente na medida c
velha (redondilhas); d. Soneto, a
composição poética composta por versos ç
decassilábicos; e. Vilancete, composição ã
explorada por Camões adaptada às diversas o
temáticas; f. Presença de locus amoenus, em
L
consonân- cia ou dissonância com o estado
i
de espírito do “eu” lírico; g. Reflexão sobre
t
a desordem e a injustiça, ao nível moral e e
social; h. Consciência da irreversibilidade do r
tempo no ser humano e a mudança cíclica da á
Natureza; i. Mulher descrita como súmula da r
perfeição moral e física; j. Valorização do i
poder transformador do amor e os seus a
efeitos contra- ditórios; k. Poeta enquanto
ser predestinado à infelicidade. 1
.
Humani
smo: a.;
Corrente tradicional b.
Humanismo Corrente
(formas)
tradicion
al:
(formas
): c.; e.
Representação Corrente
Representação da amada
da Natureza renascentista:
(formas): d.
R
e
p
r
Tema da mudança Tema do desconcerto e
s
e
n
t
a
ç
GR A M Á T I C A ã
o
d
a
N
a
t
u
r
e
z
a
:
f. a es o príncipe dos poetas, uma
Representação da amada: s
i. Experiência amorosa e p vez que são sensíveis às
reflexão sobre o amor: e temáticas exploradas nos seus
j. t
Tema da o poemas.
mudança: h. s
Tema do
1.1 Identifique as funções sintáticas desempenhadas pelos
desconcerto: g. e
constituintes sublinhados.
Reflexão sobre l
a vida pessoal: 1.2 Indique o valor lógico do conector presente nessa frase.
e
k. n
c ESCRITA
Gramática a
1.1 Sujeito simples; d
predicativo do o Num texto de apreciação
complemento direto; s crítica, entre 80 e 100
complemento do n
adjetivo. a palavras, apresente o poema
1.2 Valor causal. i de Ca- mões de que mais
n
s
gostou, recorrendo a uma
Escrita
Resposta de caráter tr linguagem clara e valorativa e
pessoal, dependendo u focando os seguintes aspetos:
do poema que ç
o aluno escolher. ã • atualidade do poema selecionado;
Terá, no entanto, o
. • tema(s) explorado(s);
de obedecer aos
• um ou dois versos da sua preferência e respetiva
1. Atente na frase seguinte: justificação;
• dois recursos expressivos significativos utilizados no
M desenvolvimento temático;
u
• classificação da composição poética e análise formal da
i mesma.
t
o
s
p
o
r
t
u
g
u
e
s
e
s
c
o
n
s
i
d
e
r
a
m
C
a
m
õ
A lm ei da G LIAR Rimas
P A R A
a rr et t GRUPO I
A V A
PROFE S SOR
Leia o poema de Camões a seguir transcrito e responda às questões que
se seguem.
Apresent
Eu cantei já,
ação
Soluções e agora vou
Ficha de chorando o
Avaliação tempo que
cantei tão
GRUPO I confiado;
Educação
parece que
Literária no canto já
14.2; 14.3;
14.4; 14.6;
passado
14.10 se estavam minhas lágrimas criando.
s f
e a
l
a s
s a
s
a
f s
i e
r m
m
a r
ç e
õ c
e o
s r
-
s
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P R O F E S S OR
GRUPO II GRUPO II C .
l
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s )
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f
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s
s
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u
i
n
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s
.
“
q
u
e
c
a
n
t 3
e
i
t
ã
o
c
o
n
fi
a
d
o
”
v
minhas lágrimas a destes textos G
criando” (vv 3-4). no contexto da r c c
a “
literatura o
p
3.1 Indique a função nacional. m n p
sintática de “minhas á s
t 4
lágrimas”. • conclusão: e r
i
reforço das ideias c p
3.2 Classifique os c
principais e apelo ao u i
a
termos sublinhados estudo da lírica t .
1
quanto às classe e camoniana. 8 i 4
subclasse v a
.
d
gramaticais. 1 a
p
; . s
1 2.
4. Atente no seguinte .
8
verso: Fizeram-me r 5
.
e (
cantar, manhosamente” 4
d 6
( v. 9). ;
1 i “
c (
4.1 Indique o tempo e o 9
“
. a
modo em que se t 7
1
encontra a forma ; i
verbal sublinhada. 1 v G
9 o I
4.2 Indique o processo .
de formação da 4 d E
palavra ; o 1
1 1
“manhosamente”. 1
9
. s 1
5. Transcreva do poema um 7 u
exemplo de arcaísmo. j
C
e
1.1 u
6. Retire do texto duas i s
Sub t
palavras do campo d
o o r
lexical de “lágrimas”. r . T
d 3.1 d
i Suj s
GRUPO n e e
a i C
d t t
a o e
Elabore um texto de adj . p
etiv v
apreciação crítica, entre 3.2 a
a “
120 e 180 palavras, que rela e
q e
pudesse ser in- cluído no tiva u a
rest e
jornal da escola, sobre a p
riti ” q
poesia lírica de Camões. va. s
1.2 – e
O texto deve ter uma S v
estrutura tripartida, de u c c
b o t
acordo com o seguinte e
o n
plano: j o
r s
u
•introdução: d n t
apresentação do objeto i ç g
n ã H
apreciado: autor, época, o d
a
tipo de composições d q
o
(medida velha e medida a s
u E
nova) e principais r
b
temas; a o m
d r m
• desenvolviment v d d
o: apreciação crítica i o
e
n p
da lírica camoniana – r c
a
b m
– importância t
i i i
destas a v a
l a a
Natureza, a mudança, o v
desconcerto do mundo e o i
da sua própria vida. E nós, s
neste século XXI, tão i
tecnológico, tão disperso, t
primeiro estranhamos, mas a
depois de percebermos essas r
tantas emoções, acabamos .
por as entranhar em nós, (180
porque, enfim, é da nossa pala
condição humana que o vras)
poeta fala.
É bem certo que a obra, em
muitos aspetos, espelha a
vida do seu criador, que esteve
em três dos quatro cantos
do mundo. Mas essa obra
é também espelho de uma
glória do país passada, que
já se sentia decair, dum
mundo desconcertado e duma
língua em mudança.
Por tudo isto, a lírica
camoniana é um precioso
testemunho do passado
e um marco na literatura
portuguesa, que se deve
171
MÓDULO
3
1. Luís de Camões, Os Lusíadas
PARA CONTEXTUALIZAR | PARA INICIAR
PARA DESENVOLVER
Educação Literária
Os Lusíadas
• Imaginário épico
• Reflexões do poeta
• Linguagem, estilo e estrutura
Leitura
Artigo de divulgação científica
Exposição sobre um tema
Escrita
Exposição sobre um tema
Oralidade [Compreensão/Expressão Oral]
Documentário [Compreensão do Oral]
Apreciação crítica [Compreensão/Expressão Oral]
Reportagem [Compreensão do Oral]
Gramática
• Funções sintáticas
• Campo lexical/Campo semântico
• Coordenação/Subordinação
• Processos fonológicos
• Referente
• Tempo e modo verbal
• Conector
• Classe de palavras
PARA SABER | PARA VERIFICAR | PARA RECUPERAR | PARA AVALIAR
L u í s de C a m õ e PARA CONTEXTUALIZAR
s
Contextualização
Atente nos seguintes tópicos, para melhor compreender esta época, bem como a
obra que nela se insere e que irá ser objeto de estudo.
174
PARA INICIAR
,Ind ia..
0rali.dade
C O M P R E E N S Ã O DO OR AL
Camões e Os Lusíadas
Os Lusíadas, A data de celebração do aniversário da(o) a. (morte/nascimento) de Luís
Grandes Livros, RTP
de Camões é 10 de b. (julho/junho). É oficialmente o dia de Portugal.
Muitos são os portugueses que c. (sabem/não sabem) as primeiras
PROFE S
SO R estâncias de Os Lusíadas, mas só alguns conhecem a obra.
5 Ver alguém a ler Os Lusíadas num espaço público convoca a ideia de
d. (estudo/saber) ou de dever a cumprir. É um livro e. (difícil/fácil)
Vídeo
e tem sido usado como projeto de construção da identidade nacional.
"Documentário
sobre Luís de Camões
e Os Lusíadas" Em diferentes contextos, Camões foi considerado um símbolo f. (nacional/
INFORMAR
• Proposição 1. Lusíadas
Estrutura interna • Invocação significa
“descendentes de
da epopeia • Dedicatória Luso”, ou seja
• Narração (in medias res) portugueses.
2. Por um lado, as
descobertas portuguesas
• Elevado, grandiloquente; recurso a latinismos e dos séculos XV
helenismos. e XVI ofereciam matéria
para o canto, na medida
Estilo • Recurso a factos e figuras da Antiguidade e da mitologia. em que
• Inserção de episódios de tonalidade diferente (bucólicos, constituíam feitos
excecionais. Por outro lado,
elegíacos, eróticos, cómicos), para evitar a monotonia da era uma forma de valorizar
tensão épica. a língua e o povo
Destaque para as finalidades cívicas do heroísmo e para a nobreza português.
Herói 3. A epopeia
das causas que o herói – que, no caso de Os Lusíadas, é coletivo –
camoniana inicia-se com
serve. a Proposição, a Invocação
• Valorização do povo português. e a Dedicatória, e a ação
Intenção começa in medias res. O
• Intenção também pedagógica. estilo é elevado,
grandiloquente, com utilização
de latinismos e helenismos (do
Elaborado com base em Maria Vitalina Leal de Matos, "Os Lusíadas", Grego), com o aproveitamento
Dicionário de Luís de Camões, Alfragide, Editorial Caminho, 2011, frequente de factos e de
pp. 492-494. figuras da História antiga
e da mitologia clássica,
com recurso a episódios de
tonalidade diferente.
INFORMAR
PROFE S SOR
Poema épico
Educação Literária
14.3; 14.6; 14.7; 14.11;
Estruturação externa e interna de Os Lusíadas
15.1; 15.2; 16.1
1. Epopeia é uma Os Lusíadas são um poema épico, género narrativo que remonta, na
narrativa em verso, de cultura ocidental, à antiga Grécia, com Homero, e a Roma, com
feitos históricos e Origens Virgílio.
sublimes, levados a cabo
por um ou vários heróis.
e Destina-se a “cantar”, celebrar feitos grandiosos, reais ou fictícios,
objeto praticados por heróis fora do comum, em verso e num estilo
2. (1) Plano da viagem de
Vasco da Gama à Índia, em (poema épico) “elevado”; os heróis, reais ou mais frequentemente míticos, têm
que se narram os feitos normalmente representatividade coletiva, exprimindo valores,
gloriosos dos navegantes sonhos e capacidade de realização do povo ou grupo étnico a
portugueses; que pertencem.
(2) Plano da História de
Portugal (narração de O poema épico Os Lusíadas está dividido em 10 cantos e todas as
acontecimentos passados e
apresentação de profecias); Estrutura estrofes são oitavas (de 10 sílabas métricas), segundo o esquema
(3) Plano dos deuses externa rimático abababcc; no total, 1102 estrofes, numa média de 110 por
(imaginário mitológico pagão). canto, havendo cantos mais longos, como o III e o X, e cantos mais
3. É o plano das curtos.
considerações e reflexões
do poeta, Na Introdução, apresenta também uma Dedicatória e, na
de natureza filosófica, Conclusão, o poeta faz um apelo. Nos dois casos, tem como recetor
sociológica, política
Estrutura o rei que então governava e preparava uma ação militar contra
e autobiográfica.
interna Marrocos, D. Sebastião.
4. Os narradores são
Vasco e Paulo da Gama, No final, quando este já é rei, Camões aconselha-o no sentido de bem
mas também uma Ninfa reinar e de conduzir o seu povo, que agora se encontra num período
e Tétis, que apresentam de crise, definido como “austera, apagada e vil tristeza”.
os factos históricos sob
a forma de profecias. Os Lusíadas integram quatro planos:
• o da viagem – ação central – de Vasco da Gama em
busca da Índia, realizada em 1497-98;
• o da História de Portugal – ação secundária – narrada por
narradores participantes, Vasco da Gama, Paulo da Gama, e,
Planos em relação aos acontecimentos posteriores à viagem e anteriores
narrativos a 1572, por deuses, com relevo para uma Ninfa e para Tétis, sob
a forma de profecias;
• o dos deuses, do imaginário mitológico pagão – que se
articula com a narração da ação central, sendo os deuses agentes
motores, como
oponentes desta ação (no caso de Baco, que funciona, de certo
modo, como a voz dos povos orientais, mas também de Neptuno
e outras divindades do mar), ou como adjuvantes (Vénus,
sobretudo, e Júpiter, a seu pedido);
2. Indique os três planos narrativos existentes n’Os Lusíadas, referindo o assunto respetivo.
2.
Complete o
seguinte
esquema.
Os Lusíadas
10 cantos PROPOSIÇÃO
PLA
1102 estrofes
8816 versos (dispostos
em decassílabos heroicos) a.
REFLEXÕES g.
b.
3.
Ob
ser
ve
de
no
vo
o
es
qu
e
m
a
rel
ati
vo
à
179
[A] – [4]
[B] – [6]
[C] – [2]
[D] – [1]
[E] – [5]
2. a. Invocação
b. Dedicatória
c.Narração
d. da viagem
e. dos deuses
f.da História de Portugal
g. do poeta
3. Nos planos da viagem e da História de
Portugal,
cujo herói é o povo luso, isto é, os portugueses.
180
Os Lusíadas
FIXAÇÃO DE
TEXTO EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Luís de Camões, Os LUSÍADAS
(leitura, prefácio e notas de
A. Costa Pimpão), 4.a ed.,
Lisboa, Instituto Camões – Leia as estâncias 1 a 3, relativas à Proposição, atentando particularmente no
Ministério dos Negócios
Estrangeiros, 2000.
caráter épico, e resolva as atividades propostas.
NOTAS
Luís de Camões, Os LUSÍADAS
(edição organizada por Emanuel
Proposição
Paulo Ramos), Porto,
Porto Editora, 1997.
1 3
PROFE S SOR As armas e os Barões Cessem do sábio Grego3 e do
assinalados Que da Ocidental Troiano4 As navegações grandes que
Educação Literária
14.2; 14.3; 14.4; 14.6; praia Lusitana fizeram; Cale-se de Alexandro5 e
14.9; 14.11 Por mares nunca de antes de Trajano6
navegados Passaram ainda além da A fama das vitórias que tiveram;
1. Plano da viagem de Que eu canto o peito ilustre
Vasco da Gama: “As
Taprobana1, Em perigos e guerras
armas e os Barões esforçados Lusitano7, A quem Neptuno8 e Marte9
assinalados / Que da obedeceram. Cesse tudo o que a
Ocidental praia Lusitana /
Mais do que prometia a força
Por mares nunca de antes humana, E entre gente remota Musa antiga10 canta, Que outro valor
navegados / Passaram ainda mais alto se alevanta.
além da Taprobana, / Em
edificaram
perigos e guerras esforçados” Novo Reino, que tanto
(est. 1, vv. 1-5); Plano da sublimaram;
2
E também as memórias gloriosas
História de Portugal:
“as memórias gloriosas / Daqueles Reis que foram dilatando
Daqueles
Reis que foram dilatando / A A Fé, o Império, e as terras viciosas2 1
extremo sul da Ásia; 2 pagãs; 3 herói
Fé, o Império” (est. 2, vv. 1-
3); Plano dos deuses ou De África e de Ásia andaram Ulisses, na Odisseia de Homero; 4 herói Eneias,
na Eneida de Virgílio; 5 Alexandre Magno; 6
mitológico: “A quem devastando, E aqueles que por obras
Neptuno e Marte imperador romano de origem espanhola; 7 o
obedeceram” (est. 3, valerosas valor do povo português;
v. 6); Plano das reflexões Se vão da lei da Morte libertando, 8
deus do mar; 9 deus da guerra; 10
do poeta: “Cantando
espalharei por toda parte, /
Cantando espalharei por toda parte, metonímia: Musa por poesia. Para os
Se a tanto me ajudar o Se a tanto me ajudar o engenho e antigos, a Musa da epopeia e da eloquência
engenho e arte” era Calíope.
(est. 2, vv. 7-8).
arte.
2. “Que eu canto o peito
ilustre Lusitano” (est. 3, v. 4. Com a referência a heróis lendários, como Ulisses
5); sinédoque. e Eneias, e a imperadores da Antiguidade, Camões
3.1 “Mais do que prometia estabelece uma comparação entre eles e os portugueses, que ele diz serem superiores. Por isso, o
a força humana” (est. 1, v. 6); canto (as epopeias da Antiguidade) que exalta esses heróis passados deve ser esquecido, pois
“Se vão da lei da Morte “outro valor mais alto se alevanta”, isto é, o povo luso.
libertando” (est. 2, v. 6); “A
quem Neptuno e Marte
obedeceram” (est. 3, v. 6).
3.2 Os portugueses,
corajosos e persistentes,
venceram o mar,
passando por muitos
perigos naturais e travando
guerras difíceis em África
e
na Ásia. Dilataram,
assim, o império e
espalharam a fé cristã.
Vencendo, com obras
valerosas, as forças da
Natureza e os homens,
tornam-se imortais e merecem
o estatuto de deuses.
LPua ídsr ed eA nC taómnõi oe s V i e i r
a
CantooI –quadro
1. Preencha Imaginário Épico
seguinte com
expressões textuais,
tendo em conta os
quatro planos que
constituem a estrutura
interna de Os
Lusíadas.
MATÉRIA ÉPICA
Plano da viagem Plano da História
de Vasco da Gama de Portugal
3. Na Proposição, Camões
aponta já para a
mitificação do herói
coletivo, ou seja, do
povo português.
3.1 Retire do texto três versos
reveladores dessa mitificação.
3.2 Refira, por palavras
suas, os feitos
gloriosos que
justificam a
“divinização” dos
por- tugueses.
4. Justifique a referência
que é feita na estância
3 a Eneias, a Ulisses, a
Alexandre Magno e a
Trajano.
C O M P R E E N S Ã O DO OR AL PROFE S SOR
1
ninfas do Tejo; 2 canto elevado e fluente; 3 Apolo, deus do sol e da poesia; 4 fonte que transformaria
em poeta quem das suas águas bebesse; 5 inspiração, delírio; 6 flauta de pastor (poesia bucólica); 7
1. Apresente os argumentos usados pelo poeta para obter o favor das Tágides.
18
1
4. Explique a funcionalidade do elemento "agora" (est. 4, v. 5) neste passo da
epo- peia.
182
PROFE S SOR EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Dedicatória
6
E vós, ó bem nascida 9
segurança1 Da Lusitana Inclinai por um pouco a majestade
antiga liberdade, Que nesse tenro gesto vos
E não menos certíssima contemplo, Que já se mostra qual
esperança De aumento da pequena na inteira idade,
Cristandade; Vós, ó novo temor da Quando subindo ireis ao eterno
Maura lança,2 Maravilha fatal3 da templo;12 Os olhos da real
nossa idade,4 benignidade
Dada ao mundo por Deus, que todo o Ponde no chão: vereis um novo
mande, Pera do mundo a Deus dar parte exemplo De amor dos pátrios feitos
grande; valerosos, Em versos divulgado
numerosos.
7
Vós, tenro e novo ramo florecente 10
De ũa árvore, de Cristo5 mais Vereis amor da pátria, não movido
amada Que nenhua nascida no De prémio vil, mas alto e quási
Ocidente, eterno; Que não é prémio vil ser
Cesárea6 ou Cristianíssima7 chamada conhecido Por um pregão do ninho
(Vede-o no vosso escudo, que meu paterno. Ouvi: vereis o nome
presente Vos amostra a vitória8 já engrandecido
passada, Daqueles de quem sois senhor
Na qual vos deu por armas e superno,13 E julgareis qual é mais
deixou As que Ele pera si na Cruz excelente,
tomou); Se ser do mundo Rei, se de tal gente.
8
Vós, poderoso Rei, cujo alto
Império O Sol, logo em nascendo,
vê primeiro, Vê-o também no meio
do Hemisfério, E quando dece o
deixa derradeiro; Vós, que
esperamos jugo e vitupério9 Do
torpe Ismaelita10 cavaleiro,
Do Turco Oriental e do Gentio
Que inda bebe o licor do santo Rio:11
1
D. Sebastião − penhor da independência de Portugal; 2 exército dos Mouros; 3 determinada pelo destino;
4
época, tempo5 árvore genealógica, linhagem dos reis de Portugal; 6 dos imperadores da Alemanha; 7 dos reis da
LPua ídsr ed eA nC taómnõi oe s V i e i r
a
Canto I – ImaginárioFrança;
Épico 8 a que se seguiu à batalha de Ourique, a partir da qual se acrescentaram cinco escudos à cruz já usada
nas nossas armas; 9 domínio e injúrias; 10
turcos; 11
Ganges; 12
templo da fama eterna; 13
superior.
Os Lusíadas
11
Ouvi, que não vereis com vãs
façanhas, Fantásticas, fingidas,
mentirosas, Louvar os vossos, como
nas estranhas Musas, de
engrandecer-se desejosas:
As verdadeiras vossas são tamanhas
Que excedem as sonhadas, fabulosas,
Que excedem Rodamonte14 e o vão
Rugeiro15 E Orlando,16 inda que fora
verdadeiro.
12
Por estes vos darei um Nuno17
fero, Que fez ao Rei e ao Reino tal
serviço,
Um Egas18 e um Dom Fuas,19 que de
Homero A cítara par’eles só cobiço;
Pois polos Doze Pares20 dar-vos
quero Os Doze de Inglaterra e o seu
Magriço;21 Dou-vos também aquele
ilustre Gama,22 Que para si de Eneias
toma a fama.
13
Pois se a troco de Carlos,23 Rei de
França, Ou de César,24 quereis igual
memória, Vede o primeiro Afonso,25
cuja lança Escura faz qualquer
estranha glória;
E aquele26 que a seu Reino a
segurança Deixou, com a grande e
próspera vitória; Outro Joane,27
invicto cavaleiro;
O quarto e quinto Afonsos e o terceiro.
14
Nem deixarão meus versos
esquecidos Aqueles que nos Reinos
lá da Aurora28 Se fizeram por armas
tão subidos, Vossa bandeira
sempre vencedora:
Um Pacheco29 fortíssimo e os temidos
Almeidas,30 por quem sempre o Tejo
chora, Albuquerque terríbil, Castro
forte,31
E outros em quem poder não teve a morte.
14
personagem de Orlando Enamorado, de Boiardo, poeta italiano do séc. XV; 15 personagem de
Orlando Furioso, de Ariosto, poeta italiano do séc. XVI; 16 palavra italiana correspondente à francesa
183
Roland, herói da Chanson de Roland, poema do fim do séc. XI 17 Nuno Álvares Pereira; 18 Egas Moniz;
19
D. Fuas Roupinho;
20
doze nobres companheiros de Carlos Magno; 21 doze cavaleiros portugueses que, no reinado de D.
João I, teriam ido a Inglaterra combater e entre os quais se encontrava um tal Magriço; 22 Vasco da
Gama; 23 Carlos Magno; 24 Caio Júlio César, general e político romano; 25 D. Afonso Henriques; 26
D. João I; 27 D. João II;
28
no Oriente; 29 Duarte Pacheco Pereira, defensor de Cochim; 30 D. Francisco de Almeida (primeiro
vice-rei da Índia) e seu filho D. Lourenço. Ambos foram mortos em combate por inimigos de
Portugal; 31 D. João de Castro, que reagiu virilmente quando lhe anunciaram a morte de seu
filho, D. Fernando.
184
LPua ídsr ed eA nC taómnõi oe s V i e i r
a
Canto I – Imaginário Épico
15
E, enquanto eu estes canto − e a vós não
posso, Sublime Rei, que não me atrevo a
tanto −, Tomai as rédeas vós do Reino
vosso:
Dareis matéria a nunca ouvido
canto. Comecem a sentir o peso
grosso32 (Que polo mundo todo
faça espanto) De exércitos e
feitos singulares,33
De África as terras e do Oriente os mares.
b. movimento
c.Rei 16
d. O Sol, logo em nascendo Em vós os olhos tem o
e. Vê-o também no meio do
Hemisfério Mouro frio,34 Em quem vê
f.E quando dece o deixa seu exício35 afigurado; Só
derradeiro
4. O poeta apresenta um com vos ver, o bárbaro
Gentio Mostra o pescoço ao
PROFE S SOR jugo já inclinado; Tétis36
todo o cerúleo37 senhorio38
Educação
Literária Tem pera vós por dote
14.2; 14.3; aparelhado,39 Que,
14.6; 14.7;
14.8; 14.9; afeiçoada ao gesto40 belo e
15.3 tenro, Deseja de comprar-
vos pera genro.
1.
a. Louvor ao Rei
D. Sebastião 17
b. 9-14
c. 15-17 Em vós se vêm,41 da Olímpica
d. Conclusão morada,42 Dos dous avós43 as
e reforço do
primeiro almas cá famosas; Ũa, na
apelo paz angélica dourada,
2.1 São
utilizadas
Outra, pelas batalhas
diversas sanguinosas. Em vós
apóstrofes,
sempre iniciadas
esperam ver-se renovada
pela segunda Sua memória e obras
pessoa do plural
do pronome
valerosas;
pessoal, E lá vos têm lugar, no fim
anaforicamente
repetida nas
da idade,44 No templo da
estâncias 6 e 7, suprema Eternidade.
versos 1 e 2.
2.2 O poeta
descreve o Rei
como defensor
18
da liberdade da Mas, enquanto este tempo
pátria,
continuador da
passa lento De regerdes os
dilatação da fé povos, que o desejam, Dai
e do império,
temido pelos
vós favor ao novo
infiéis e atrevimento,45
descendente de
linhagem
Pera que estes meus versos
amada por vossos sejam, E vereis ir
Cristo.
cortando o salso argento46
3.
a. personificaç Os vossos Argonautas,47 por
ão que vejam Que são vistos
de e senhorio = mar); 39 está
x i aprestado, a referir); 44 vida; 45 a sua nova
vó t m aprontado; 40 rosto; epopeia;
s e p 41
veem; 42 céu; 46
salgado e prata,
no r ér 43
o paterno, D. respetivamente; as ondas de
m io João III, e o prata; 47 navegantes gregos
m í ( materno, o que, na nau Argo, foram à
ar n C Imperador Cólquida, comandados por
i er Carlos V (os Jasão, em busca do velo
ira úl
o dois avós de de ouro que um dragão
do , eo D. Sebastião, a quem o poeta se guardava.
, conjunto de 1. Complete o quadro seguinte, procedendo à divisão do texto em
E r elementos
quatro partes lógicas.
u constitutivos da
co Partes
matéria épica que Estâncias Assunto
í
st n se encontram ao
u a serviço da 1.a 6-8 a.
persuação do Rei:
m o louvor aos 2.a b. Apelo ao Rei e apresentação dos argumentos que o
ai- c heróis
fundamentam
vo o portugueses; a
m anulação dos3.a c. Incitamento ao Rei
s p feitos fictícios
já l cantados em4.a 18 d.
a e epopeias da
Antiguidade,
se t
substituídos
a
r pelos feitos reais
3
; dos portugueses;
in 2
a superação dos
vo 3 heróis reais da
ca g
6 Antiguidade
pelos heróis
do r
portugueses.
. a d
n e
d u
e s
; a
3
d
o
i m
n a
c r
o ;
m
p 3
a 7
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p o
a r
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o d
r o
a
d
m
o
a
;
r
3
;
5
3
8
Os Lusíadas
Nesta estância, através de uma a. , Camões mostra-nos que o Sol, com Gramática
o seu aparente b. , passa por todas as regiões dominadas pelo povo 18.1; 19.4
lusitano e “vê” a grandeza do império e do c. .
Primeiro, vê o Oriente – d.“ ”; depois, a Europa e África – e.“ ” 1. Sujeito (simples).
2. a. lexical.
; por fim, o continente novo – f.“ ”.
3. Valor de fim ou finalidade.
4. Considerando as estâncias 9 a 14, apresente os elementos constitutivos da
maté- ria épica convocados como argumentos para persuadir o Rei. Escrita
18.1; 10.4; 13.1
5. Atente nas estâncias 15 a 17 e explicite o incitamento dirigido a D. Sebastião,
Por um lado, n’ Os
referin- do a intenção do poeta. Lusíadas, Camões propõe-
se exaltar o valor dos
portugueses, sobretudo
no projeto dos
Descobrimentos, que
GR A M Á T I C A constitui o tema
fundamental do poema.
Por outro lado,
1. Indique a função sintática do grupo “o Mouro frio” (est. 16, v. 1) . dá-nos como exemplo
o venerabilíssimo Velho
2. Selecione a opção que completa adequadamente a afirmação seguinte. do Restelo, que o
condena. Cabe que
2.1 Os vocábulos “Olímpica”, “almas” e “angélica” fazem parte do mesmo perguntemos, por isso
mesmo, qual é
campo verdadeiramente o seu
objetivo: o da
[A] lexical; exaltação ou o da
condenação?
[B] semântico. (57 palavras)
ESCRITA
Por um lado, no seu canto épico, Camões propõe-se exaltar o valor dos
seus conterrâneos, muito principalmente na grande empresa levada a cabo
por eles e que deu novos mundos ao mundo, que constitui o tema
fundamental do poema. Por outro lado, dá-nos como modelo de uma
sabedoria magnânima, de grande experiência e de elevada honradez o
venerabilíssimo Velho do Restelo, que con- dena o próprio feito que a
epopeia camoniana se propõe cantar. Cabe que pergun- temos, por isso
mesmo, qual é verdadeiramente o objetivo que é pretendido pelo autor: o
da exaltação, ou o da condenação? (96
palavras)
BLOCO INFORMATIVO –
pp. 271-273, 282, 265
185
PL ua ídsr ed eA nC taómnõi oe sV i e i r a
Canto I – Reflexões do Poeta
PROFE S SOR
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Educação Literária
14.2; 14.4; 14.9 No final do canto I, depois de os portugueses terem caído numa cilada montada
por Baco, o poeta tece a sua primeira reflexão, relativa à fragilidade da vida
1.1 O poeta inicia a sua
reflexão no verso 5 da humana, ou seja, do Homem, “um bicho da terra tão pequeno”.
estância 105.
1.2 A frase Leia as estâncias e responda depois às questões.
exclamativa (complexa)
e as afirmações
valorativas (“grandes”,
“gravíssimos”, “nunca 105 106
certo”, “esperança”, “pouca
segurança”) comprovam o
caráter subjetivo e reflexivo O recado que trazem é de amigos, No mar tanta tormenta e tanto dano,
deste momento textual e Mas debaxo o veneno vem coberto, Tantas vezes a morte apercebida1!
denunciam o tom de
lamento por parte do Que os pensamentos eram de Na terra tanta guerra, tanto engano,
poeta. inimigos, Segundo foi o engano Tanta necessidade2 avorrecida!
2.1 Nos primeiros 4
versos da estância 106, o descoberto. Onde pode acolher-se um fraco
poeta faz referência à Ó grandes e gravíssimos perigos, humano, Onde terá segura a curta
tormenta e às
dificuldades com que os Ó caminho de vida nunca vida,
portugueses se certo, Que3 não se arme e se indigne o Céu
depararam,
tanto no mar como na terra. Que aonde a gente põe sua sereno Contra um bicho da terra tão
2.2 A reflexão de esperança Tenha a vida tão pouca pequeno?
Camões não se centra segurança!
apenas nas dificuldades
vividas pelos marinheiros
portugueses,
antes incide sobre a suavidade melódica que sugere a fragilidade de Inês, em particular, e a do ser humano, em geral, criando também
própria condição humana. um ambiente introspetivo, característico dos momentos de reflexão.
Refletindo sobre esta
realidade, o poeta indigna-
se com a pequenez
humana e a sua
fragilidade face a todas as
adversidades que tem de
suportar.
2.3 Com a metáfora
“bicho da terra tão
pequeno”, Camões refere-
se ao ser humano em geral
e pretende colocar em
evidência a sua pequenez,
a sua insignificância e a
sua incapacidade perante
forças mais poderosas e
superiores.
Oralidade
1.1; 1.3; 1.4; 2.1; 6.1
conjunção
2. Considere as estâncias 105 e 106.
subordinativa 2.1 Comprove que os portugueses se depararam com várias dificuldades.
consecutiva, ainda que
o “tão”, antes de 2.2 Explicite o conteúdo da interrogação presente nos últimos quatro versos
“segura”, esteja da es- tância 106.
omisso.
2.3 Identifique o recurso expressivo presente no último verso da estância 106,
esclare- cendo o seu sentido.
1. Atente na
estância 105.
C O M P R E E N S Ã O / E X P R E S S ÃO OR AL
1.1 Identifique o
verso em que
o poeta inicia Ouça atentamente o tema musical do grupo galego Milladoiro e, em 2 a 3 minutos,
a sua faça uma breve apreciação crítica da canção, considerando os seguintes aspetos:
reflexão.
• adequação do conteúdo das estâncias retiradas do episódio lírico de Inês
1.2 A de Castro ao conteúdo da estância 106 do canto I;
s
• adequação do arranjo musical (melodia, ritmo, instrumentos
si
selecionados) à letra da canção.
n
a Estruture a sua resposta, recorrendo a conectores adequados e a um vocabulário
l valorativo (apreciativo ou depreciativo).
e
o
s
e
l
e
m
e
n
t
o
s
li
n
g
u
ís
ti
c
o
s
q
u
e
a
p
o
n
t
a
m
p
a
r
a
Os Lusíadas
Canto V – Reflexões do Poeta
92
Quão doce é o louvor e a justa glória
Dos próprios feitos, quando são soados1!
Qualquer nobre2 trabalha que3 em
memória Vença ou iguale os grandes já
passados.
As envejas da ilustre e alheia
história Fazem mil vezes feitos
sublimados. Quem valorosas
obras exercita, Louvor alheio muito
o esperta e incita.
93
Não tinha em tanto os feitos
gloriosos De Aquiles, Alexandro, na
peleja, Quanto de quem o canta os
numerosos4 Versos: isso só louva,
isso deseja.
Os troféus5 de Milcíades, famosos,
Temístocles despertam só de
enveja; E diz que nada tanto o
deleitava Como a voz que seus
feitos celebrava. Luís de Camões, 1885, Severo da Ponte.
94
Trabalha por mostrar Vasco da Gama
Que essas navegações que o mundo
canta Não merecem tamanha glória e
fama Como a sua, que o Céu e a Terra
espanta. Si; mas aquele Herói que
estima e ama Com dões, mercês,
favores e honra tanta A lira
Mantuana6, faz que soe
Eneias, e a Romana glória voe.
187
LPua ídsr ed eA nC taómnõi oe s V i e i r
96 a Mas, nũa mão a pena e noutra a
Vai César sojugando toda França lança, Igualava de Cícero a
E as eloquência.
armas O que de Cipião se sabe e alcança
não lhe É nas comédias grande
impedem experiência. Lia Alexandro a
a ciência; Homero de maneira Que sempre
se lhe sabe à cabeceira.
1
celebrados; 2 qualquer pessoa que seja nobre; 3 para que; 4 harmoniosos; 5 triunfos; 6 Virgílio; 7 aquelas qualidades; 8 graciosos;
9
terceira mulher de António; 10
certamente; 11
Gláfira, amante de António.
Canto V – Reflexões do Poeta
97 99
Enfim, não houve forte Capitão Às Musas agardeça o nosso Gama
Que não fosse também douto e O muito amor da pátria, que as
ciente, Da Lácia12, Grega ou obriga A dar aos seus,15 na lira,
Bárbara nação, Senão da nome e fama De toda a ilustre e
Portuguesa tão somente. bélica fadiga;
Sem vergonha o não digo: que a Que ele, nem quem na estirpe seu se
razão De algum não ser por versos chama, Calíope não tem por tão amiga
excelente É não se ver prezado o Nem as filhas do Tejo,16 que
verso e rima, deixassem As telas d’ouro fino e que
Porque quem não sabe arte, não na o cantassem.
estima.13
100
98
Porque o amor fraterno17 e puro
Por isso, e não por falta de natura, gosto De dar a todo o Lusitano
Não há também Virgílios nem feito
Homeros; Nem haverá, se este Seu18 louvor, é somente o pros[s]uposto
costume dura, Das Tágides gentis, e seu respeito.
Pios Eneias nem Aquiles feros. Porém não deixe, enfim, de ter
Mas o pior de tudo é que a disposto Ninguém a grandes obras
ventura Tão ásperos os fez e tão sempre o peito:19 Que, por esta ou por
austeros, outra qualquer via, Não perderá seu
Tão rudos e de engenho tão preço e sua valia.
remisso,14 Que a muitos lhe dá pouco
ou nada disso.
12
do Lácio, Latina; 13
não a estima; 14
acanhado, boto; 15
à família de Vasco da Gama ou aos portugueses,
consoante as interpretações; 16
Tágides; 17
de irmão (as Tágides são aqui consideradas irmãs dos portugueses); 18
devido; 19
vontade.
a. O poeta começa por referir que a glória dos feitos dos nossos
antepassados é digna de ser imortalizada através da arte.
189
Canto VII – Reflexões do Poeta
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
78 cercassem,
Um ramo na mão tinha... Mas, ó Senão que aqueles que eu cantando andava Tal prémio de meus
cego, Eu, que cometo,1 insano e versos me tornassem:9 A troco dos descansos que esperava,
temerário, Sem vós, Ninfas do Tejo2 Das capelas10 de louro que me honrassem, Trabalhos nunca
e do Mondego, Por caminho tão usados me inventaram, Com que em tão duro estado me
árduo, longo e vário! deitaram.
Vosso favor invoco, que navego
Por alto mar, com vento tão
contrário Que, se não me ajudais, hei
grande medo Que o meu fraco batel
se alague cedo.
79
Olhai que há tanto tempo que,
cantando O vosso Tejo e os vossos
Lusitanos,
A Fortuna me traz peregrinando,
Novos trabalhos vendo e novos
danos: Agora o mar, agora
experimentando Os perigos
Mavórcios3 inumanos,
Qual Cánace,4 que à morte se
condena, Nũa mão sempre a espada e
noutra a pena;
80
Agora, com pobreza avorrecida,
Por hospícios5 alheios
degradado; Agora, da esperança
já adquirida,
De novo mais que nunca
derribado; Agora, às costas6
escapando7 a vida, Que dum fio
pendia tão delgado
Que não menos milagre foi salvar-
se Que pera o Rei Judaico8
acrecentar-se.
81
E ainda, Ninfas minhas, não
bastava Que tamanhas misérias me
mões naufragara)
7
salvando
8
Ezequias, a quem Jeová
concedeu quinze dias de
vida, após o dia em que
deveria morrer
9
dessem
10
coroas (destinadas a glorificar
os Poetas)
1
me atrevo
2
Tágides
3
de Marte, da guerra
4
nome de rapariga
5
regiões
6
n
a
s
c
o
s
t
a
s
(
j
u
n
t
o
d
a
s
q
u
a
i
s
C
a
LPua ídsr ed eA nC taómnõi oe s V i e i r
a
Canto VII – Reflexões do Poeta
82
11
grandes senhores de
Portugal Vede, Ninfas, que engenhos de
12
dê senhores11 O vosso Tejo cria
13
inconstante valerosos,
14
Proteu, guardador do gado Que assi sabem prezar, com tais
de Neptuno, célebre pelas favores, A quem os faz, cantando,
suas metamorfoses
gloriosos!
15
Musas
Que exemplos a futuros
escritores, Pera espertar
engenhos curiosos, Pera porem
as cousas em memória Que
merecerem ter eterna glória!
83
Pois logo, em tantos males, é
forçado Que só vosso favor me
não faleça, Principalmente aqui,
que sou chegado Onde feitos
diversos engrandeça:
Dai-mo vós sós, que eu tenho já jurado
Que não no empregue em quem o não mereça,
Nem por lisonja louve algum subido,
Sob pena de não ser agradecido.
84
Nem creiais, Ninfas, não, que a fama
desse12 A quem ao bem comum e do seu
Rei Antepuser seu próprio interesse,
Imigo da divina e humana Lei.
Nenhum ambicioso que quisesse
Subir a grandes cargos, cantarei,
Só por poder com torpes
exercícios
Usar mais largamente de seus vícios;
85
Nenhum que use de seu poder
bastante Pera servir a seu desejo
feio,
E que, por comprazer ao vulgo
errante,13 Se muda em mais figuras
que Proteio.14
Nem, Camenas,15 também cuideis que cante
Quem, com hábito honesto e grave,
veio, Por contentar o Rei, no ofício
novo,
A despir e roubar o pobre povo!
Os Lusíadas
190
Os Lusíadas
86 87 PROF E S SOR
Nem quem acha que é justo e que é Aqueles sós direi que aventuraram
direito Guardar-se a lei do Rei Educação Literária
Por seu Deus, por seu Rei, a amada
severamente, 14.2; 14.3; 14.4; 14.6;
vida, Onde,18 perdendo-a, em fama a 14.9
E não acha que é justo e bom
dilataram, Tão bem de suas obras
respeito Que se pague o suor da
merecida. 1.
servil gente; a. (6), est. 84-85
Apolo e as Musas, que me b. (2), est. 79, vv. 5-6
Nem quem sempre, com pouco experto16
acompanharam, Me dobrarão a fúria c. (9), est. 87, vv. 5-8
peito, Razões aprende, e cuida que é d. (3), est. 80, vv. 1-6
concedida, e. (7), est. 86, vv. 1-8
prudente,
Enquanto eu tomo alento, descansado, f. (8), est. 87, vv. 1-4
Pera taxar, com mão rapace e g. (1), est. 78, vv. 2-8
Por tornar ao trabalho, mais folgado.
escassa, Os trabalhos alheios que
não passa.17
agora.
16
experimentado; 17
sofre (não passa = não avalia com justiça); 18
pelo que.
b. Os
opress
1. Ordene as seguintes frases, de modo a reconstruir a ordem sequencial do
ores
conteúdo do texto e identificando as estâncias e os versos correspondentes.
serão
Estâncias banido
Assunto
(versos) s do
a. O poeta recusa cantar homens sem escrúpulos, movidos pelos seu
seus interesses pessoais e pela sua enorme ambição e refere a canto,
falta de reconhecimento pelo trabalho. visto /
b. O poeta refere as dificuldades por que passou: as viagens por /
marítimas e a guerra. uma
c. O poeta assume, de novo, o desalento e o cansaço, o que vez
faz com que conte com o apoio do deus da música e da que
poesia, de modo a conseguir terminar a sua obra com mais põem
ânimo. os seus
d. Camões menciona também os problemas económicos por interes
que passou, o desterro, as desilusões e o naufrágio. ses à
e. Também condena os que se escudam nas leis (mas que frente
não cumprem com os direitos dos mais desfavorecidos) e do
os que exploram os mais necessitados. bem
comu
f. Camões exaltará aqueles que se colocam ao serviço de Deus e
do Rei abdicando dos seus interesses pessoais. m.
GR A M Á T I C A
19
1
h. (4), est. 82, vv. 1-4
i. (5), est. 82, v. 5-8
Gramática 18.4
1.
a. para que; oração subordinada adverbial final.
b. uma vez que; oração subordinada adverbial causal.
192
v A frase complexa: coordenação
APRENDER
FRASE COMPLEXA
A frase complexa é aquela que apresenta mais do que um verbo principal ou
copulativo, ou seja, trata-se de uma frase com mais do que uma oração, podendo
obter-se pelo recurso à coordenação e/ou à subordinação.
COORDENAÇÃO
Ao nível da frase complexa, a coordenação é um processo de combinação de duas ou
mais frases equivalentes. Por isso, a oração coordenada está contida numa frase
complexa, não mantendo uma relação de subordinação sintática com a(s) frase(s)
ou oração(ões) com que se combina. Distingue-se, tipicamente, das orações
subordinadas por não poder ser anteposta.
As orações coordenadas podem ser:
Assindéticas
Orações coordenadas justapostas, sem recurso a conjunções/locuções
conjuncionais. Ex.: Os navegadores sacrificaram-se; não se pouparam a
esforços; foram grandiosos.
Sindéticas
Orações coordenadas ligadas por conjunções/locuções conjuncionais.
Ex.: As Ninfas ficaram fascinadas e convidaram os nautas portugueses.
Conjunções/locuções
Designação Sentido Exemplificação
conjuncionais coordenativas
e, nem, nem…
Copulativa/ nem, não só… mas •Camões não só usou a pena como também
Adição
aditiva também, não só… usou a espada.
como (também),
tanto… como
193
LPua ídsr ed eA nC taómnõi oe s V i e i r
aCanto VIII – Reflexões do Poeta
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
96
Nas naus estar se deixa, vagaroso,
Até ver o que o tempo lhe
descobre; Que não se fia já do
cobiçoso Regedor, corrompido e
pouco nobre. Veja agora o juízo
curioso
Quanto no rico, assi como no
pobre, Pode o vil interesse e
sede imiga
Do dinheiro, que a tudo nos obriga.
97
A Polidoro1 mata o Rei Treício,
Só por ficar senhor do grão tesouro;
e iludir pelo
Entra, pelo fortíssimo edifício,
Com a filha2 de Acriso3 a
chuva d’ouro; Pode tanto em
Tarpeia4 avaro vício Que, a
PROFE S SOR troco do metal luzente e
louro, Entrega aos inimigos a
Educação Literária alta torre,
14.1; 14.2; 14.3; 14.4
Do qual quási5 afogada em pago
1. Os primeiros quatro
morre.
versos apresentam uma
estrutura narrativa, pelo
predomínio
98
da terceira pessoa ( “se Este6 rende munidas7
deixa”) e pelo relato das
ações da personagem
fortalezas; Faz trédoros e
Vasco da Gama. Os falsos os amigos; Este a
restantes versos iniciam a
reflexão, o que se verifica
mais nobres faz fazer
pela utilização da primeira vilezas, E entrega
pessoa do plural (“nos Capitães aos inimigos;
obriga”), um “eu” coletivo
no qual o próprio poeta se Este corrompe virginais
inclui. purezas,
2. O poeta
apresenta como Sem temer de honra ou fama
exemplos do efeito alguns perigos; Este deprava às
corruptor do dinheiro figuras
mitológicas e da Antiguidade vezes as ciências,
que traíram (“Entrega aos Os juízos cegando e as
inimigos a alta torre”),
mataram "A Polidoro mata
consciências.
o rei Treício”) e
enganaram (“Com a filha
de Acriso a chuva d’ouro”)
99
para alcançarem riqueza, Este interpreta mais que
fama ou poder.
sutilmente Os textos; este
3. O poeta conclui a sua
reflexão com a constatação faz e desfaz leis;
de que até os elementos do Este causa os perjúrios
clero, que se dedicam a
Deus, se deixam corromper entre a gente E mil vezes
Os Lusíadas
tiranos 1
filho de Príamo, rei de Troia. Para
a sob as joias e os escudos
5
como que
torna os salvá-lo, quando a cidade estava 6
ouro
Reis. prestes a cair em 7
bem fortificadas
Até os poder dos Gregos, o soberano 8
“os que só a Deus […] /
mandou-o com ouro ao rei da Trácia,
que só a Se dedicam” − os
que, todavia, se apoderou do metal e
Deus sacerdotes (perífrase)
matou o jovem 9
aspeto exterior
omnipoten 2
Dánae
te Se 3
Soberano de Argos (na Grécia), que,
dedicam8, para anular a profecia de um
oráculo − a sua morte por um neto
mil vezes
–, prendeu a filha Dánae numa
ouvireis torre. Júpiter, porém, sob a forma
Que corrompe de chuva de ouro, introduziu-se na
este torre e tornou-a mãe de Perseu, que
veio a assassinar Acrísio
encantador, e 4
rapariga romana que, na esperança
ilude; Mas não de obter anéis de ouro dos Sabinos,
sem cor9, que sitiavam Roma, lhes abriu as
contudo, de portas da cidade. Os inimigos,
virtude! porém, não a pouparam, esmagando-
poder do ouro. No entanto, 1. Delimite na estância 96 um momento narrativo e um momento reflexivo, justificando.
conseguem disfarçar esta
atração pela riqueza sob uma 2. Retire das estâncias 97 e 98 três exemplos do poder corruptor do dinheiro.
capa de falsa virtude.
3. Explique o sentido dos quatro últimos versos da estância 99.
INFORMAR PROF E S SOR
PROFE S SOR
2. Refira, a partir do
tópico D, os
destinatários de
Camões e os aspetos
em que estes são
1. Identifique os tópicos que remetem para o valor simbólico do episódio da “Ilha
condenados/criticados
dos Amores”.
195
. 1. B, C, G, H.
2. O poeta dirige-se a
3. Indique os tópicos que remetem para o elogio dos nautas portugueses. destinatários concretos,
“os detentores do
poder político, os
conselheiros do rei, os
responsáveis pela
administração pública e
os cavaleiros e
homens de armas”,
com o intuito de
reprovar e condenar a
ociosidade, a cobiça e a tirania,
reclamando a proteção dos
"súbditos mais frágeis e
pobres”.
3. C, E, F, G, H.
Os Lusíadas
Canto IX — Imaginário Épico
PROFE S SOR
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Educação Literária
14.2; 14.3; 14.5
Neste canto IX, e no conjunto de estâncias apresentadas, também é possível
1.1 Ao contrário do que percecionar a matéria épica.
sucede, não são as naus
que se acercam da ilha, Leia-as atentamente e responda depois às questões.
mas é ela que se
aproxima, trazida de longe
por Vénus e que a coloca na
direção dos marinheiros, 52
de forma a assegurar-se que De longe a Ilha viram, fresca e bela,
seria avistada por eles.
Que Vénus pelas ondas lha levava
1
Vénus
1.2 A sensação visual está
presente nas formas
2
tornou
(Bem como o vento leva branca
verbais “viram”, “levava”, 3
quando
“enxergava”, “movia”, vela) Pera onde a forte armada se
“Pintou” e nos adjetivos
4
logo que
enxergava;
“bela”, “branca”, “Curva”, 5
mãe de Apolo
“quieta”, “ruivas”. Que, por que não passassem, sem que 6
Apolo
1.3 Dupla adjetivação nela Tomassem porto, como desejava, 7
Diana
(“Curva e quieta”) e Pera onde as naus navegam a
personificação 8
enfeitou
(“quieta”). movia A Acidália1, que tudo, 9
Vénus (que teria nascido
enfim, podia. junto da ilha de Citera)
53
Mas firme a fez2 e imóbil, como3 viu
Que era dos Nautas vista e
demandada, Qual ficou Delos, tanto
que4 pariu Latona5 Febo6 e a Deusa à
caça usada7. Pera lá logo a proa o
mar abriu,
Onde a costa fazia ũa enseada
Curva e quieta, cuja branca
areia Pintou8 de ruivas conchas
Citereia9.
[…]
LPua ídsr ed eA nC taómnõi oe s V i e i r
a
196
Os Lusíadas
66 69
Mas os fortes mancebos10, que na Dá Veloso, espantado, um grande grito:
praia Punham os pés, de terra
− «Senhores, caça estranha (disse) é
cobiçosos11
esta! Se inda dura o Gentio antigo
(Que não há nenhum deles que não
rito,
saia), De acharem caça agreste
A Deusas é sagrada16 esta floresta.
desejosos,
Mais descobrimos do que humano
Não cuidam que, sem laço ou redes,
esprito Desejou nunca, e bem se
caia Caça naqueles montes
manifesta
deleitosos,
Que são grandes as cousas e excelentes
Tão suave, doméstica e
Que o mundo encobre aos homens imprudentes 17.
benina, Qual ferida lha tinha
já Ericina12.
70
«Sigamos estas Deusas e vejamos
67
Se fantásticas são, se
Alguns, que em espingardas e nas
verdadeiras.» Isto dito, veloces
bestas13 Pera ferir os cervos, se
mais que gamos, Se lançam a
fiavam,
correr pelas ribeiras.
Pelos sombrios matos e
Fugindo as Ninfas vão por entre os
florestas Determinadamente se
ramos, Mas, mais industriosas18 que
lançavam;
ligeiras, Pouco e pouco, sorrindo e
Outros, nas sombras, que de as altas
gritos dando, Se deixam ir dos galgos
sestas Defendem a verdura,
alcançando.
passeavam
Ao longo da água, que, suave e
queda, Por alvas pedras corre à 10
jovens; 11
cheios de cobiça; 12
Vénus (por ter um templo no
praia leda.
monte Erix, na Sicília); 13
arma para lançar flechas; 14
variegada;
de cores ou matizes variadas; 15
mulheres; 16
consagrada; 17
68
ignorantes; 18
astutas.
Começam de enxergar
subitamente, Por entre verdes
ramos, várias cores, Cores de
quem a vista julga e sente Que PROFE S SOR
não eram das rosas ou das flores,
Mas da lã fina e seda diferente14, 2.1 Os "mancebos",
chegados a terra,
Que mais incita a força dos preparam-se para caçar,
amores, De que se vestem as daí alguns levarem
espingardas e bestas.
humanas rosas15, Fazendo-se por 2.2 Uns preparam-se
arte mais fermosas. para caçar (est. 67, vv. 1-4);
outros,
197
3. A utilização do discurso direto intromete-se na descrição. mais saudosos das
delícias da terra,
3.1 Identifique o locutor desse discurso. passeiam ao longo dos
cursos de água (est. 67,
3.2 Mostre que neste passo do episódio se prepara a divinização do herói. vv. 5-8).
2.3 Os jovens marinheiros
acabam por avistar vultos
de mulheres – “as humanas
rosas” (est. 68, v. 7).
3.1 O locutor desse
discurso é Veloso, um dos
marinheiros portugueses.
3.2 Inicia-se aqui a
consideração do caráter
excecional dos heróis
portugueses, uma vez que,
com a perseguição das
Ninfas, tem início um
convívio que
só seria possível no
plano extraterreno,
espaço até
onde os nautas ascenderam.
Deste modo, processa-se a sua
divinização.
198
LPua ídsr ed eA nC taómnõi oe s V i e i r a
Canto IX — Imaginário Épico e Reflexões do Poeta
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Apresenta-se agora um novo conjunto de estâncias do canto IX, onde, para além
da matéria épica, são visíveis novas reflexões do poeta, incitando à ação todos
os que pretendem alcançar a imortalidade e revelando o modo de o conseguir.
88
Assi a fermosa e a forte
companhia O dia quási todo
estão passando Nũa alma,1
doce, incógnita alegria,
Os trabalhos tão longos compensando.
Porque dos feitos grandes, da
ousadia Forte e famosa, o mundo está
guardando O prémio lá no fim, bem
merecido,
Com fama grande e nome alto e subido.
89
Que as Ninfas do Oceano, tão
fermosas, Tétis2 e a Ilha angélica
pintada,
Outra cousa não é que as
deleitosas Honras que a vida
fazem sublimada. Aquelas
preminências gloriosas,
Os triunfos, a fronte coroada
De palma e louro, a glória e
maravilha,3 Estes são os deleites
desta Ilha.
90
Que as imortalidades que fingia4
A antiguidade, que os Ilustres ama,
Lá no estelante5 Olimpo, a quem
subia Sobre as asas ínclitas da
Fama,
Por obras valerosas que fazia,
Pelo trabalho imenso que se
chama Caminho da virtude, alto e
fragoso,6 Mas, no fim, doce, alegre
e deleitoso,
91
Não eram senão prémios que
reparte, Por feitos imortais e
soberanos,
O mundo cos varões que esforço e
arte Divinos os fizeram, sendo
humanos. Que Júpiter, Mercúrio,
Febo7 e Marte, Eneas e Quirino8 e os
dous Tebanos,9 Ceres, Palas e Juno
com Diana,
Todos foram de fraca carne humana.
1
reconfortante, santa; 2 deusa do mar, esposa do Oceano; 3
92 94
Mas a Fama, trombeta de obras tais, Ou dai na paz as leis iguais,14
Lhe deu no Mundo nomes tão estranhos constantes, Que aos grandes não dêem o
De Deuses, Semideuses, Imortais, dos pequenos,15 Ou vos vesti nas armas
Indígetes,10 Heróicos e de Magnos.11 rutilantes,
Por isso, ó vós que as famas Contra a lei dos imigos
estimais, Se quiserdes no mundo Sarracenos: Fareis os Reinos
ser tamanhos, Despertai já do sono grandes e possantes, E todos tereis
do ócio ignavo,12 Que o ânimo, de mais e nenhum menos: Possuireis
livre, faz escravo. riquezas merecidas,
Com as honras que ilustram tanto as vidas.
93
E ponde na cobiça um freio duro, 95
E na ambição também, que E fareis claro16 o Rei que tanto
indignamente Tomais mil vezes, e no amais, Agora cos conselhos bem
torpe e escuro Vício da tirania infame cuidados, Agora co as espadas,
e urgente,13 que imortais
Porque essas honras vãs, esse ouro Vos farão, como os vossos já
puro, Verdadeiro valor não dão à passados.17 Impossibilidades não
gente: Milhor é merecê-los sem os façais,
ter, Que quem quis, sempre pôde; e
Que possuí-los sem os merecer. numerados18 Sereis entre os Heróis
esclarecidos
E nesta «Ilha de Vénus» recebidos.
10
homens ilustres, venerados como divindades, após a morte; 11 grandes − qualificativo romano de todos os deuses, exceto de Júpiter
(maximus);
12
indolente; 13 que oprime; 14 equitativas; 15 aquilo que é dos humildes; 16 ilustre; 17 antepassados; 18 mencionados.
Educação Literária
14.2; 14.3; 14.4; 14.7;
Coluna A Coluna B 15.1; 15.2
[1] dependem da grandiosidade e das obras
[A] O encontro com as ninfas
dos seus súbditos. 1.
[2] são difíceis de obter, mas, quando atingidas, [A] – [4]
[B] Além deste prémio, o mundo
trazem felicidade e satisfação. [B] – [6]
[C] Coroas de louro e [3] a serem justos e a sobressaírem na luta [C] – [5]
palma, honras e glória contra os infiéis. [D] – [2]
[E] – [8]
[D] A fama e a virtude [4] constitui uma recompensa pelos feitos
grandiosos dos portugueses. [F] – [7]
[G] – [3]
[E] O poeta aconselha os
[5] constituem os deleites dos portugueses na [H] – [1]
que querem atingir a
ilha.
fama
[6] reserva outras recompensas aos Gramática
[F] A tirania e a cobiça nautas portugueses. 18.1
[7] devem ser controladas por aqueles que
[G] O poeta aconselha ainda aos 1. Identifique o modo
pretendem ser reconhecidos como
que pretendem ser verbal usado na
grandiosos.
distinguidos apresentação dos
[8] a despertarem da ociosidade e a
conselhos e refira o
[H] O valor e a glória do Rei perseguirem com perseverança o seu
seu valor.
GR AMÁTICA 2. Identifique as funções
199
sintáticas desempenhadas pelos constituintes sublinhados em “E ponde na 1. Os verbos usados
cobiça um freio duro” (est. 93, v. 1). na apresentação dos
conselhos estão no modo
imperativo, que é
utilizado com valor
exortativo.
2. “na cobiça” –
complemento oblíquo;
“um freio duro” –
complemento direto.
200
PL ua ídsr ed eA nC taómnõi oe sV i e i r a
Canto X — Imaginário Épico
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
A matéria épica não se esgotou no canto IX. Também no canto X, o último, esta
pode ser percecionada, destacando-se a excecionalidade dos navegadores
portugueses e, em particular, do seu supremo representante, Vasco da Gama.
75
79
Despois que a corporal necessidade
Uniforme13, perfeito, em si sustido,
Se satisfez do mantimento nobre,
Qual, enfim, o Arquetipo14 que o
E na harmonia e doce
criou. Vendo o Gama este globo,
suavidade Viram os altos feitos
comovido De espanto e de desejo
que descobre, Tétis1, de graça
ali ficou.
ornada e gravidade, Pera que
Diz-lhe a Deusa: − «O transunto15, reduzido
com mais alta glória dobre As
Em pequeno volume, aqui te dou
festas deste alegre e claro2 dia,
Do Mundo aos olhos teus, pera que
Pera o felice Gama assi dizia:
vejas Por onde vás e irás e o que
desejas.
76
− «Faz-te mercê, barão, a
80
Sapiência Suprema3 de, cos olhos
«Vês aqui a grande máquina do
corporais, Veres o que não pode
Mundo, Etérea e elemental16, que
a vã ciência Dos errados4 e
fabricada
míseros mortais.5
Assi foi do Saber, alto e profundo,
Sigue-me firme e forte, com
Que é sem princípio e meta
prudência, Por este monte espesso,
limitada17. Quem cerca em derredor
tu cos mais.» Assi lhe diz e o guia
este rotundo Globo e sua
por um mato Árduo, difícil, duro a
superfícia tão limada,
humano trato.
É Deus: mas o que é Deus, ninguém o
entende, Que18 a tanto o engenho humano
77
não se estende.
Não andam muito que6 no erguido
cume Se acharam, onde um campo se
81
esmaltava De esmeraldas, rubis, tais
«Este orbe que, primeiro, vai cercando
que presume
Os outros mais pequenos que em si
A vista que divino chão pisava.
tem, Que está com luz tão clara
Aqui um globo vêm7 no ar, que o
radiando
lume8 Claríssimo por ele penetrava,
Que a vista cega e a mente vil
De modo que o seu centro está
também, Empíreo19 se nomeia, onde
evidente, Como a sua superfícia,
logrando20 Puras almas estão
claramente.
daquele Bem
78 Tamanho, que ele só se entende e
Qual a matéria seja não se enxerga, alcança, De quem não há no mundo
Mas enxerga-se bem que está semelhança.
composto
De vários orbes,9 que a Divina verga10
Compôs, e um centro a todos só tem toda a parte Começa e acaba, enfim, por divina arte,
posto. Volvendo,11 ora se abaxe, agora se
erga,12 Nunca s’ergue ou se abaxa, e um
mesmo rosto Por toda a parte tem; e em
1
deusa do mar, esposa do Oceano; 2
ilustre, digno de perene lembrança; 3
Deus (um dos atributos divinos é a
omnisciência); 4 que se enganam; 5 os
homens; 6 quando; 7 veem; 8 luz
(começa a descrição do Cosmos,
segundo o sistema de Ptolomeu); 9
esferas ou céus que, na conceção
ptolomaica, se encontravam a seguir
às esferas do Ar e do Fogo,
concêntricas, com a Terra no centro;
10
o Poder de Deus; 11 girando; 12 ora
se abaixa ora se ergue (em relação
ao plano do horizonte); 13
Educação Literária
3. Depois do pedido da deusa, ambos se dirigem para um monte. 14.2; 14.3; 14.4; 14.7
3.1 Descreva o percurso efetuado antes da chegada ao cume.
1. Depois que a fome
3.2 Indique o que é mostrado a Gama nesse local. foi saciada.
2.1 O locutor desse
3.3 Associe as características do percurso ao que é mostrado a Gama, discurso é Tétis.
evidenciando as intenções do poeta. 2.2 Tétis pretende que
Gama a siga para lhe
3.4 Justifique o facto de este episódio contribuir para a divinização dos mostrar aquilo que os
marinheiros. olhos humanos não
podem ver.
3.1 Seguiram por um
“monte espesso” e a
deusa guiou-o por um
mato difícil para o ser
humano, até chegarem
ao cimo de um monte.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA 3.2 Neste local é
mostrado a Gama um globo
no ar, formado por vários
círculos, por onde uma luz
A descrição do Universo prossegue e Vasco da Gama continua a assimilar as penetrava, o qual é
informa- ções que Tétis lhe transmite. designado por “máquina
do Mundo”.
3.3 Todo o percurso é
apresentado como uma
metáfora do caminho
para
82 84 a Fama e para a Glória.
Assim, as dificuldades do
«Aqui, só verdadeiros, gloriosos «Quer logo7 aqui a pintura que caminho percorrido por Gama
Divos1 estão, porque eu, Saturno2 e Jano,3 varia8 Agora deleitando, ora sugerem as dificuldades dos
trabalhos associados às
Júpiter, Juno,4 fomos fabulosos, ensinando, Dar-lhe9 nomes que a novas conquistas. A
Fingidos de mortal e cego antiga Poesia A seus Deuses já maravilha do que é dado a
observar a Gama associa-
engano. Só pera fazer versos dera, tabulando; Que os Anjos de se à recompensa
deleitosos Servimos; e, se mais o celeste companhia destinada aos homens
no final do caminho da
trato humano Deuses o sacro verso10 está Fama e da Glória.
Nos pode dar, é só que o nome chamando, Nem nega que esse nome 3.4 Este episódio
nosso Nestas estrelas pôs o preminente Também aos maus se dá, contribui para a
divinização dos
engenho vosso. mas falsamente. marinheiros, na medida
em que é concedido a Gama
o dom da omnisciência e do
83 85 saber que só aos deuses é
«E também, porque a santa «Enfim que o Sumo Deus, que por permitido.
202
LPua ídsr ed eA nC taómnõi oe s V i e i r a
Canto X — Imaginário Épico
86 87
«Com este rapto13 e grande «Olha estoutro debaxo, que esmaltado
movimento Vão todos os que dentro De corpos lisos anda e radiantes,
tem no seio; Por obra deste, o Sol, Que também nele tem curso
andando a tento,14 O dia e noite faz, ordenado E nos seus axes17 correm
com curso alheio.15 Debaxo deste cintilantes.
leve,16 anda outro lento, Tão lento e Bem vês como se veste e faz
sojugado a duro freio, ornado Co largo Cinto d’ouro,18 que
Que enquanto Febo, de luz nunca estelantes Animais doze traz
escasso, Duzentos cursos faz, dá ele afigurados,19 Apousentos de
um passo. Febo20 limitados.
88
«Olha por outras partes a pintura
Que as Estrelas fulgentes vão fazendo:21
Olha a Carreta,22 atenta a
Cinosura,23
Andrómeda e seu pai,24 e o Drago25
horrendo; Vê de Cassiopeia a formosura
E do Orionte26 o gesto turbulento27;
Olha o Cisne morrendo28 que
suspira, A Lebre e os Cães, a Nau e
a doce Lira.29
13
movimento giratório; 14 com regularidade; 15 com movimento
que não é, propriamente, devido ao sol, mas ao "Móbile primei-
PROFE S SOR ro"; 16 levemente; 17 eixos; 18 Cinto d’ouro: o Zodíaco; 19 estelantes /
Animais DOZE trAZ afigurados: doze constelações; 20 Apousentos de
Educação Literária Febo: os doze signos (Febo = Apolo); 21 figuras que as estrelas
14.2; 14.3; 14.4; 14.9 pare- cem formar no céu (= constelações); 22 Ursa Maior; 23 Ursa
1. Esse espaço está Menor; 24 Cefeu; 25 Dragão; 26 Orião ou Orion; 27 que traz chuvas e
reservado para os santos.
tempes- tades; 28 ao morrer; 29 nomes de constelações (os que
2. A afirmação reduz
estão escritos com maiúscula nos versos 7 e 8).
os deuses ao seu verdadeiro
papel. Estes são seres que
resultam da imaginação
humana, e que, na verdade,
não têm consistência.
Os deuses apenas servem 1. Identifique para quem está reservado o espaço a que Tétis se refere na estância 82.
para dar o nome às
estrelas. Esta afirmação
contribui para o relevo dado à 2. Explicite a intenção da afirmação “fomos fabulosos, / Fingidos de mortal e
divinização dos marinheiros, cego engano” (est. 82, vv. 3-4).
que, sendo seres de carne e
osso, ultrapassam os
deuses, que não passam 3. Indique quem é favorecido e quem é desfavorecido pela santa Providência, de
de meras ficções. acor- do com o conteúdo da estância 83.
3. Os favorecidos são os
bons e os desfavorecidos 4. Identifique, justificando, o recurso expressivo presente nos versos“que
são os maus.
esmaltado / De corpos lisos anda e radiantes” (est. 87, vv. 1-2).
4. Anástrofe, dado
que a ordem correta
deveria ser: “que anda
esmaltado de corpos
lisos e radiantes”.
Gramática indireto.
18.1 1.1 Este pronome refere-se a Vasco da Gama.
1. Complemento 2. O complexo verbal sugere continuidade, duração.
GR AMÁTICA
1. Indique a função
sintática do
pronome te, em
“contar-te” (est.
85, v. 3).
1.1 Identifique a
quem se
refere o
pronome.
2. Explicite o valor
do complexo
verbal “vão
fazendo” (est. 88, v.
2).
BLOCO INFORMATIVO
pp. 271-273,
Os Lusíadas
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
A descrição e disposição das divindades são feitas por Tétis, que explicita
também as razões dessa ordenação. Aí se percebe a dimensão épica associada
aos feitos das várias entidades convocadas.
89 91
«Debaxo deste grande Firmamento, «Neste centro, pousada dos humanos,
Vês o céu de Saturno, Deus antigo; Que não sòmente, ousados, se contentam
Júpiter logo faz o movimento, De sofrerem da terra firme os danos,
E Marte abaxo, bélico inimigo; Mas inda o mar instábil
O claro Olho do céu, no quarto exprimentam, Verás as várias partes,
assento, E Vénus, que os amores que os insanos Mares dividem, onde
traz consigo; Mercúrio, de se apousentam Várias nações que
eloquência soberana1; Com três mandam vários Reis, Vários
rostos2, debaxo vai Diana3. costumes seus e várias leis7.
90
«Em todos estes orbes, diferente
1
do verso 1 ao verso 7 enumeram-se os sete céus a que o
poeta já se referira em outros cantos
Curso verás, nuns grave e noutros
4
2
Lua Cheia, Quarto Crescente e Quarto Minguante (a Lua Nova é
leve5; Ora fogem do Centro praticamente invisível)
longamente6,
3
Lua
Ora da Terra estão caminho PROFE S SOR
4
lento
breve, Bem como quis o Padre 5
rápido
Educação Literária
omnipotente, Que o fogo fez e o 6
a grande
14.2; 14.4; 14.9
distância
ar, o vento e neve, 7
religiões
Os quais verás que jazem mais a 1. Marte é considerado
"bélico inimigo" porque ele
dentro E tem co Mar a Terra por é o deus da guerra.
seu centro. 2. Anáfora.
1. Apresente a razão para a designação de Marte como “bélico inimigo” (est. 89, v. 4). BLOCO INFORMATIVO – p. 283
MANUAL – pp. 26-27
2. Identifique o recurso expressivo presente nos versos 3 e 4 da estância 90.
3. Indique a quem se refere Tétis com a expressão “o Padre omnipotente” (est. 90, v.
5).
ESCRITA
203
3. Tétis refere-se a Deus, que criou o Céu e a Terra.
Escrita
11.1; 12.1; 12.2; 12.3; 13.1
204
mais/menos … do que, qual (de po is de “ ta l” ), qu an t o (d e p oi s
A f ra s e c o m p l e x a : s u
d e “t a n t o” ), ta n to/tão … como, bem como, como s
bo rdin a ç ão
APRENDER
SUBORDINAÇÃO
Processo de combinação de duas ou mais orações em que uma delas, a
subordinada, está sintaticamente dependente de outra, a subordinante.
1
Há elementos subordinantes
De acordo com o tipo de função sintática que desempenham, as orações
que não são oracionais, como subordinadas classificam-se como substantivas, adjetivas ou adverbiais.
acontece, normalmente, com os
anteceden- tes das orações
subordinadas adje- tivas
Orações subordinadas adverbiais
relativas.
Desempenham a função sintática de modificador e devem ser destacadas por
vírgula(s) quando antecedem a subordinante ou são intercaladas.
Conjunções/locuções
Classificação Sentido Exemplificação
conjuncionais subordinativas
porque, que, como, dado, Indica a razão, a causa, o motivo •Como o perigo
Causal dado que, uma vez que, visto ou a justificação da situação espreitava
que, pois, já que expressa na subordinante. constantemente, os
nautas estavam atentos.
Expressa uma comparação,
mais/menos… do que, qual contendo o segundo elemento da
(depois de “tal”), quanto comparação estabelecida com o
conteúdo •Vasco da Gama falou como
Comparativa (depois de “tanto”),
da subordinante. um douto capitão falaria.
tanto/tão… como, bem como,
como, como se, As subordinadas comparativas podem
que nem corresponder a construções elípticas,
nas quais o grupo verbal é elidido.
embora, conquanto que, Apresenta uma ideia ou um •Camões prosseguirá o
Concessiva ainda que, mesmo que/se, facto que contrasta com o seu canto, mesmo que
posto que, se bem que, por expresso na subordinante. o Rei o ignore.
mais/menos que
Apresenta a condição ou hipótese •Caso as Ninfas o ajudem,
se, caso, desde que, contanto
Condicional exigida para a realização da situação Camões produzirá um
que, salvo se, a menos que, a
expressa na subordinante. canto superior aos da
não ser que
Antiguidade.
•A aventura foi tão
tão/tanto… que, a ponto Expressa o efeito ou a
Consecutiva grandiosa que deu
de, de tal modo… que consequência do que é dito na
origem a um poema
subordinante.
épico.
para, para que, com a •Vénus conduziu os
Refere o propósito, a
finalidade/ o objetivo de, de portugueses até à Ilha com
Final intenção ou a finalidade da
modo a/que, o objetivo de os
de forma a que, a fim de recompensar pelo seu
(que), de maneira a (que) ação expressa na
esforço.
subordinante.
quando, enquanto, apenas,
•Os marinheiros foram
mal, logo que, depois de/que, Cria uma referência temporal à luz da
surpreendidos por uma
Temporal antes de/ que, até que, sempre qual a ação expressa na subordinante
enorme tempestade,
que, todas as vezes que, agora deve ser interpretada.
enquanto navegavam no
que, cada vez que, assim que
mar.
e, que nem…
APLICAR P R O F E S S OR
205
c. Vasco da Gama vacilou com o pedido estranho do rei de Melinde.
d. Ao cair da noite, o rei de Melinde abandonou a nau do capitão.
206
Os Lusíadas
LEITUR A
Explorando Vénus
Desde 2006 que a sonda Venus Express nos envia dados fascinantes sobre o planeta conhecido como “estrela da manhã” ou “da tarde”.
rfície do planeta. A ESA con- trola a sonda a partir do centro de operações da missão em Darmstadt, na Alemanha. Durante a órbita, uma an-
SA perto de Madrid, Espanha, é utilizada para as comunicações. A sonda recolhe dados quando se encontra sobre o polo norte de Vénus, arma- zena-os
omo de Baikonur, no Cazaquistão, a Venus Express orbita Vénus há quase oito anos. Uma órbita leva cerca de 24 horas a completar e o ponto máximo d
5
e atividade geoló- gica recente em Vénus – que ainda poderá estar a de- correr. Também detetou raios na atmosfera e possibilitou a criação de mapas
p. 56.
10
4. Termos como
Na última intervenção, que fecha a epopeia, assiste-se à lamentação do poeta “sonda”, “cosmódromo”,
“órbita”, “venusiana”,
por cantar a gente surda e endurecida e por a Pátria se encontrar envolta “atividade geológica” ou
numa apa- gada e vil tristeza. “mapas meteorológicos”
fazem parte de áreas
Por isso, o poeta refere os sacrifícios a que os portugueses serão capazes de se específicas do saber, pelo
sujei- tar pelo rei, exortando D. Sebastião à realização de novos feitos, e que não são usados com
comprometendo-se a enaltecê-lo no seu canto. frequência nosso quotidiano.
5. A hierarquização é
visível na forma como se
parte do geral para o
particular: o autor começa
por apresentar
o tema; de seguida, fala
do envio da sonda e
descreve
a sua utilidade, exemplificando
com a sua atividade no
planeta; termina com a
referência de alguns dados
fornecidos pela sonda.
6. Por exemplo, quanto mais
o Homem conhecer mais
poderá expandir-se e
aumentar a sua possibilidade
de sobrevivência.
7.
a. expositivo
b. seletiva
c.hierarquização
d. o rigor
e. objetividade
f.monossémico
g. simples
207
levanta de contino
146 A ter pera trabalhos ledo o rosto.
E não sei por que Por isso vós, ó Rei, que por
influxo de divino
Destino Não tem Conselho4 estais no régio sólio5 posto,
um ledo orgulho e Olhai que sois (e vede as outras
geral gosto, Que gentes) Senhor só6 de vassalos
os ânimos excelentes.
1
desafinada; 2 aplauso; 3 sombria; 4 divino / Conselho: providência de Deus; 5 trono (de Portugal); 6
único.
208
Canto X – Reflexões do Poeta
148
Por vos servir, a tudo aparelhados12;
De vós tão longe, sempre obedientes;
A quaisquer vossos ásperos
mandados, Sem dar reposta, prontos
e contentes. Só com saber que são
de vós olhados, Demónios infernais,
negros e ardentes, Cometerão13
convosco, e não duvido Que
vencedor vos façam, não vencido.
149
Favorecei-os logo, e alegrai-os
Com a presença e leda
humanidade14; De rigorosas leis
desalivai-os15,
Que assi se abre o caminho à
santidade16. Os mais exprimentados
levantai-os,
Se, com a experiência, têm bondade17
Pera vosso conselho, pois que
sabem
O como, o quando, e onde as cousas
cabem.
150
Todos favorecei em seus
ofícios, Segundo têm das vidas
o talento; Tenham Religiosos
exercícios18
De rogarem, por vosso regimento19,
Com jejuns, disciplina, pelos vícios
Comuns; toda ambição terão por vento,
Que o bom Religioso verdadeiro
151 Ingleses, Possam dizer que são pera
Os Cavaleiros mandados,24 Mais que pera mandar,
tende em muita os Portugueses. Tomai conselho só
estima, Pois com d’exprimentados, Que viram largos
seu sangue anos, largos meses, Que, posto que
intrépido e em cientes muito cabe, Mais em
fervente particular o experto sabe.
Estendem não
sòmente a Lei de 153
cima,20 Mas inda De Formião,25 filósofo elegante,
vosso Império Vereis como Anibal
preminente. escarnecia, Quando das artes
Pois aqueles bélicas, diante Dele, com larga
que a tão voz tratava e lia.26 A disciplina
remoto clima militar prestante
Vos vão servir, Não se aprende, Senhor, na fantasia,
com passo Sonhando, imaginando ou estudando,
diligente21, Dous Senão vendo, tratando e pelejando.
inimigos
vencem: uns, os 154
vivos,22 Mas eu que falo, humilde, baxo e
E (o que é mais) os trabalhos rudo, De vós não conhecido nem
excessivos. sonhado? Da boca dos pequenos
sei, contudo, Que o louvor sai às
152 vezes acabado.27 Nem me falta na
Fazei, Senhor, vida honesto estudo, Com longa
que nunca os experiência misturado,
admirados Nem engenho28, que aqui vereis
Alemães, presente, Cousas que juntas se acham
Galos,23 Ítalos e raramente.
7
quão; 8 vigílias; 9 território; 10
que adora ídolos; 11
abismo da morte; 12
preparados; 13
acometerão; 14
benevolência; 15
aliviai-os; 16
veneração
(dos súbditos); 17
capacidade, competência; 18
Religiosos exercícios: práticas de devoção; 19
reinado; 20
religião cristã (de cima = do Céu); 21
Metáfora e.
“Mas eu que falo, humilde, baxo e rudo, / De vós não
f.
conhecido nem sonhado?” (est. 154, vv. 1-2)
Personificação “Se me isto o Céu concede” (est. 155, v. 5)
pessoa gramatical e pelas lamentações do poeta.
2. A exortação deve-se
ao facto de o poeta pensar que o rei, apesar de dever alegrar-se por ter tão bons vassalos, ainda não agiu
em conformidade.
2.1 Uso do vocativo,
do pronome pessoal “vós”,
da segunda pessoa e da forma verbal na mesma pessoa e no imperativo (“Olhai”).
3. O desalento resulta da indiferença dos portugueses face ao seu canto, afirmando o poeta
que a Pátria está envolta
numa “austera, apagada e vil tristeza” (est. 145, v. 8);
o orgulho e a esperança devem-se à consciência do seu talento e ao facto de os portugueses
continuarem a lutar pelo rei, que o poeta espera venha a reconhecer todos os que o merecem
e o engrandecem.
4. a. Apóstrofe; b. “Quais rompentes liões e bravos touros” (est. 147, v. 2);
c. Enumeração ou aliteração;
d. Hipérbole; e. “Pois com seu sangue intrépido e fervente” (est. 151, v. 2); f. Interrogação
retórica, tripla adjetivação;
g. “A vista vossa tema o monte Atlante” (est. 156, v. 2).
5. Valor final ou de finalidade.
PROFE S SOR
GR AMÁTICA
Gramática
17.3; 18.1; 18.3; 18.4 1. Indique o nome do processo fonológico verificado nas palavras selecionadas,
1. considerando a grafia atual.
a. epêntese
b. epêntese
Palavras exemplificativas
c.prótese Processo fonológico
2. Grafia anterior Grafia atual
a. Coordenada pexes (est. 147, v. 8) peixes a.
copulativa
b. Subordinada reposta (est. 148, v. 4) resposta b.
adverbial condicional
c.Subordinada inda (est. 151, v. 4) ainda c.
adverbial comparativa
d. Coordenada disjuntiva
2.1 2. Classifique as orações seguintes.
a. “os” − complemento a. “e alegrai-os / Com a presença e leda humanidade” (est. 149, vv. 1-2)
direto
b. “me” − b. “Se me isto o Céu concede” (est. 155, v. 5)
complemento indireto
c. “Como a pres[s]aga mente vaticina” (est. 155, v. 7)
2.2 “a pres[s]aga mente”.
2.3 Modificador do d. “Ou rompendo nos campos de Ampelusa / Os muros de Marrocos e Trudante”
nome restritivo. (est. 156, vv. 3-4)
3. Campo lexical.
2.1 Indique as funções sintáticas de “os” (alínea a.) e de “me” (alínea b.)
Escrita 2.2 Identifique o sujeito da frase da alínea c.
10.2; 11.1; 12.1; 12.2; 12.3;
13.1 2.3 Refira a função sintática do segmento “de Marrocos e Trudante” (alínea d.)
O aluno poderá desenvolver os
seguintes tópicos: 3. Identifique a relação semântica existente entre os vocábulos “Cavaleiros” (est. 151, v.
–O poeta Luís Vaz de 1), “inimigos” (est. 151, v. 7), “militar” (est. 153, v. 5) e “armas” (est. 155, v. 1).
Camões viveu no século
XVI, tendo nascido por
volta de 1525
e morrido em 1579 ou 1580. ESCRITA
–Este período foi
influenciado pelo
Humanismo e pelo
Renascimento, o que se Apresente, num texto expositivo de 120 a 150 palavras, as qualidades literárias
vai refletir na vida e na e bélicas do poeta, baseando-se nas estâncias 154 e 155 e nos conhecimentos
obra do poeta.
–Influenciado pelos valores
adquiridos.
renascentistas, o poeta
acaba por congregar em si
as duas grandes
Apresente as ideias de forma fundamentada e objetiva, encadeando-as lógica e
características sequen- cialmente, e atentando na correção linguística e ortográfica.
do Homem renascentista,
sintetizadas num verso da
sua obra – “nũa mão Planifique o seu texto, obedecendo à seguinte estrutura.
sempre a espada e noutra a
pena” –, o que se pode •Introdução – Identificação do autor; breve referência à época em que viveu.
comprovar pelo conteúdo
das estâncias 154 (vv. 5- •Desenvolvimento – (…).
8) e 155 (vv. 1-4).
•Conclusão – Confirmação das ideias transmitidas nas estâncias referidas e nos
aspe- tos avançados no desenvolvimento.
BLOCO INFORMATIVO –
pp. 278-279, 277, 282, 283
MANUAL – pp. 26-27
C O M P R E E N S Ã O DO OR AL
Até aqui viajou pelo mundo através das palavras do poeta Luís de Camões.
Agora, irá contactar com outra forma de conhecer a época dos
Descobrimentos.
• Relativas − introduzidas por uma forma relativa que não tem antecedente,
podem de- sempenhar as funções sintáticas de sujeito, de complemento direto, de
complemento indi- reto, de complemento oblíquo, de predicativo do sujeito ou de
modificador do grupo verbal.
Designação da oração
Elementos de ligação Sentido/Exemplificação
subordinada adjetiva
•pronomes relativos: Introduzida por um relativo que retoma um referente
que, quem antecedente. Fornece informação adicional sobre o
(invariáveis), o qual constituinte que modifica.
Relativa explicativa (variável em género •Luís de Camões, que escreveu poesia lírica, dedicou-se
e número) também à escrita de uma epopeia.
•determinante relativo: Nota: estas frases vêm sempre entre vírgulas
212
cujo (variável em
género e número) Introduzida por um relativo que retoma um
Relativa restritiva antecedente. Restringe a referência do constituinte
•quantificador relativo:
que modifica.
quanto (variável em
género e número) •Li todos as estrofes que apresentam as reflexões do poeta.
•advérbio relativo: onde
213
e, que nem…
PROFE S SOR
LEITUR A
Leitura
7.6; 8.1 Os navegadores portugueses conquistaram o mar. Todavia, as profundezas deste
elemen- to estão ainda por descobrir.
1. A comparação diz
respeito ao nível de
conhecimentos que se possui
sobre a superfície da
Lua e as profundezas do mar,
concluindo-se que se sabe alcançar a imortalidade, devendo, para isso, recusar a tirania e lutar contra os sarracenos, pois só deste modo se alcançarão
mais sobre a superfície do as verdadeiras honras e o direito a serem recebidos na ilha de Vénus.
satélite natural da Terra (Lua).
2. O desejo terá surgido
após ter sido imaginado o
primeiro submarino, por
um estalajadeiro inglês.
3. O estudo das
profundezas do mar pode
ajudar cientistas e
exploradores “a conhecer
melhor a superfície do
nosso planeta” (l. 12),
nomeadamente ao nível do
estudo das placas
tectónicas, contribuindo para
prevenir “terramotos
e tsunamis” (l. 14).
4. O texto
apresenta uma
linguagem objetiva,
denotativa, um caráter
demonstrativo e
conciso.
Gramática
18.4
214
Explorad como as de ir ao espaço. Mas quando a natureza nos coloca problemas, nós
ripostamos com soluções tecnológicas.
ores
5 O primeiro submarino terá sido imaginado em 1580 por um estalajadeiro inglês, ao
oceânico daí, o princípio de levar seres humanos desde o nível do mar até às regiões mais
profundas conhecidas dos oceanos numa cabina pressurizada evoluiu para uma
indústria colossal, essencial para cien- tistas, militares e exploradores.
s 10 Mas quais as vantagens de mergulhar tão fundo e o que há para ver? Estudar o
215
O conteúdo de cada canto
INFORMAR
O poeta pede inspiração a Calíope para dar conta do que Vasco da Gama
narrara ao rei e, em analepse encaixada, o capitão português vai descrever a
situação geo- gráfica da Europa, bem como a origem e a afirmação da
nacionalidade, incluin- do neste relato as batalhas de S. Mamede e as de
Ourique, a ação de Egas Moniz, o pedido de auxílio para o marido, por parte
CANTO III de Maria ao pai, D. Afonso IV, facto que constitui o episódio lírico designado
(143 estâncias) de “Formosíssima Maria”.
Exalta-se o heroísmo de D. Afonso IV, destacando-o como herói da batalha
do Sa- lado (1.o episódio) e de outros monarcas portugueses, como Afonso
III e D. Dinis.
A partir da estância 119, o poeta detém-se na história de amor de Pedro e
Inês, surgindo o 2.o episódio lírico, o de Inês de Castro. Termina o canto com a
referência ao caráter brando de D. Fernando.
SÉCULO XV e 1497
1498
217
PAR A S Os Lusíadas
ABER
PROFE S
SO R
Observe e leia os esquemas desta dupla página para
obter uma visão global da epo- peia camoniana.
Apresent
ação
Síntese OS LUSÍADAS
da
Unidade
Apresent
ação
Galeria
de
imagens
Epopeia
ESTRUTURA INTERNA
M
PROPOSIÇÃO (I, 1 a 3)
o
m
e
n
t
o
e
m
q
u
e
p
o
e
t
a
d
á
c
o
n
t
a
d
o
s
e
u
p
ropósito ou
INTRODUÇÃO
Pedido de
inspiração
endereçado
às Tágides
INVOCAÇÃO (I, 4 e 5)
(existem
outras
invocações
nos cantos
III, VII e X)
PLANO DA VIAGEM
DESENVOLVIMENTO AÇÃO CENTRAL
(de Vasco da Gama à Índia)
144)
Acompanha,
PLANO
Fragilidade da vida humana (I) em paralelo,
DOS DEUSES OU MITOLÓGICO
a ação central
Desencanto do poeta
CONCLUSÃO e exortação final a D. Sebastião
(X, 145 a 156)
IMAGINÁRIO ÉPICO
Divinização dos
navegadores, alcançada
Feitos históricos e viagem Celebração de feitos grandiosos pela união com as Ninfas;
estes atingem
a imortalidade
10 cantos
1102 estrofes
LINGUAGEM E ESTILO
219
PAR A V E R I F I C A R Os Lusíadas
221
PAR A RE C U P E R AR
PROFE S
SO R EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1. Complete o texto.
Apresentação
Galeria de imagens Os Lusíadas é uma a. do século XVI, escrita por Luís de Camões, e
Apresentação segue os modelos greco-b. . A obra, quanto à sua estrutura c. ,
Síntese da Unidade está dividida em d. e. , constituídos por um número variável
Teste interativo de
Os Lusíadas
f. (estâncias de oito versos). Os versos são todos g. .
Educação Literária Quanto à estrutura h. , a epopeia camoniana divide-se em
i. partes: a Proposição, a j. , a k. e
1. a Narração. Há ainda a considerar quatro l.
a. epopeia
b. latinos
estruturais, a saber: o m. da n. , o plano o.
c.externa , o plano da História de Portugal e o plano das p. do
d. dez
e. cantos
q. .
f.oitavas
g. decassílabos 2. Faça corresponder as ideias da coluna A às passagens da epopeia camoniana pre-
h. interna sentes na coluna B.
i.quatro
j. Invocação
k. Dedicatória Coluna A Coluna B
l.planos
m. plano [1] “Vai César sojugando toda a França /
n. viagem E as armas não lhe impedem a
o. mitológico [A] O poeta reflete sobre a ciência; / Mas, numa mão a pena e
p. reflexões/consideraçõ fragilidade humana.
es noutra a lança,”
q. poeta
[2] “Sem vergonha o não digo, que a
2. razão / […] É não se ver prezado o
[A] – [6] verso e a rima, / Porque quem não
[B] – [1] [B] O herói, à boa maneira clássica, sabe arte, não na estima.”
[C] – [2] deve ser completo: guerreiro e
[D] – [5] dotado culturalmente. [3] “Nas naus estar se deixa, […] / Que
não se fia já do cobiçoso / Regedor,
[E] – [4]
corrompido e pouco nobre. […] Veja
[F] – [3]
agora o juízo curioso / Quanto no
rico, assi como
[C] Os portugueses, na sua opinião, no pobre, / Pode o vil interesse e
desprezam as artes e as letras. sede immiga / Do dinheiro, que a tudo
obriga.”
[4] “No mais, Musa, no mais, que a Lira
tenho / Destemperada e a voz
[D] O poeta tece considerações de enrouquecida, /
caráter autobiográfico, criticando E não do canto, mas de ver que
aqueles que o perseguiam em vez de venho / Cantar a gente surda e
valorizarem os seus serviços à endurecida. /
pátria. O favor com que mais se
acende o engenho / Não no dá
a Pátria […]”
[E] O poeta sente-se cansado, não
[5] “[…] Mas, ó cego, / Eu, que cometo, […]
de cantar, mas de constatar que
Por caminho tão árduo, longo e vários
não é escutado nem
[…] / […] há tanto tempo que […] /
recompensado.
A Fortuna me traz peregrinando […]
Não bastava / Que tamanhas misérias
me cercassem, / […] aqueles que eu
cantando andava […] / Trabalhos
[F] Camões reflete sobre o poder do
nunca usados me inventaram […]”
ouro, capaz de corromper todos os
homens. [6] “Oh! Grandes e gravíssimos perigos,
/ Oh! Caminho da vida nunca certo, /
Que, aonde a gente põe a sua
GR AMÁTICA • os tons
predominantes.
1. Leia com atenção as seguintes frases.
a. Pensa-se que os navegadores, que eram muito esforçados, trouxeram glória ao
país.
b. Quando regressaram da Índia, os nautas pareciam extenuados.
c. O marinheiro e o Adamastor tiveram uma conversa longa.
d. O povo ofereceu gentilmente uma recompensa a Vasco da Gama.
e. A Índia foi explorada há alguns séculos pelos nossos antepassados.
f. A descoberta do caminho marítimo para a Índia constitui um passo
essencial na construção do Império.
1.1 Indique a função sintática dos segmentos sublinhados em cada frase.
1.2 Reescreva as frases c. e d., pronominalizando os segmentos em que tal seja
possível.
1.3 Indique em que voz (ativa ou passiva) se encontram as frases d. e e.
1.4 Reescreva as frases d. e e., transformando a frase ativa em passiva ou a voz
passi- va em ativa.
ESCRITA
Observe a imagem.
Gramática 1.1
a. "que eram muito esforçados"
– modificador do nome apositivo; "ao país" – complemento indireto
b. "da Índia"– complemento oblíquo, "extenuados" – predicativo do sujeito
c. "O marinheiro e o Adamastor"
– sujeito (composto); "longa" – modificador do nome restritivo
d. "uma recompensa" – complemento direto; "a Vasco da Gama" – complemento indireto;
e. "pelos nossos antepassados" – complemento agente da passiva
f. "do caminho marítimo para a Índia" – complemento do nome; "essencial" – modificador do nome
restritivo; "do Império" – complemento do nome
1.2 c. Eles tiveram-na. d. Ele ofereceu-lha gentilmente.
1.3 d. voz ativa; e. voz passiva.
1.4 d. Uma recompensa foi gentilmente oferecida a Vasco da Gama pelo povo.
e. Os nossos antepassados exploraram a Índia há alguns séculos.
2.1 a. Oração subordinada (adverbial) condicional;
b. Oração subordinada (substantiva) completiva;
c. Oração subordinada (adverbial) consecutiva.
2.2 a. Pretérito-mais-
-que-perfeito composto do conjuntivo; b. Pretérito mais-
-que-perfeito composto do indicativo.
Escrita
Este quadro poderia representar um dos marinheiros (se ignorarmos o vestuário do jovem), que se
encanta com a beleza das
jovens a banharem-se num dos regatos da ilha. Inicia-se, então, um convívio amistoso.
Os olhares das jovens são sedutores e todas requisitam a atenção do homem. A água, os tons
castanhos e os verdes sugerem um local fresco e sombrio, convidativo aos jogos amorosos.
As flores amarelas nos cabelos das ninfas realçam
o seu tom castanho arruivado, que contrasta com a pele cor da neve, pintada assim
à maneira petrarquista. (90 palavras)
A lm ei da G LIAR Os Lusíadas
P A R A
a rr et t PROFE S SOR
A V A G
GRUPO I
Educação
R
Literária U
14.2; 14.3; P
14.4; 14.5; O
cant
o do
poet
aé
supe
rior,
dado
base
ar-se
em
feito
s
conc
reto
se
reais
: “Em
verso
s
divul
gado
nume
rosos
”
(est.
9, v.
8).
Por
isso,
o
poet
a
afirm
a
que
o rei
não
verá
“com
vãs
façan
has,
/
Fant
ástic
as,
fingi
das,
ment
irosa
s, /
Louv
GRUPO II
1. Depois de ler o texto, selecione a alternativa que completa corretamente PROFE S SOR
cada afir- mação.
Gramá
tica
18.1;
18.4
2. Sujeito
composto.
3.
a. Complement
o indireto
b. Complement
o do nome
c.Modificador
(do grupo
verbal)
d. Complem
ento agente da
passiva
4.
a. Oração
subordinada
(adverbial)
final
b. Oração
subordinada
(adjetiva) relativa
(restritiva)
5. Campo lexical.
6. “os globos
4D”.
GRUPO III
Escrita
11.1; 11.2;
12.1; 12.2;
12.4; 13.1
Resposta de
caráter
pessoal,
contudo os
alunos
devem referir
os seguintes
tópicos: o
momento da
partida de
Lisboa
(Restelo);
a despedida
festiva, com
pompa e
circunstância;
a nobreza e
o clero em
primeiro
1.3 A ujeito o os portugueses” (l. 11)
vis do n c. “em ambiente de exposição” (l. 12)
ita primeir st
ao o it d. “por um ‘marinheiro’” (l. 22)
s período ui 4. Classifique as seguintes orações.
dif do
n
er texto. a. “Para continuar a saber mais” (l. 14)
en t
tes 3. I e b. “que tem partida da medieval Lisboa” (ll. 31-32)
ter d s
rit e a 5. Identifique a relação semântica existente entre “onda”, “marinheiro”
óri b e “caravela”.
n
os t ai 6. Indique o referente do pronome sublinhado em “que
co i x
nq desvendam a evolução da car- tografia” (l. 17).
f o
uis
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do
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P
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O
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-se ç s. Observe a imagem.
ã a. “a
[A] embarcand
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recriados. á
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[B] através t Dis
dramatizaç i cov
ões c eri
preparadas a es”
pelos (l. 3)
atores.
d b. “do
[C] pela e s A partida de Vasco da Gama para a Índia, 1900, Alfredo Roque
manipulaçã s visi Gameiro, Biblioteca Nacional de Portugal
o das tan
e
várias tes Num texto de apreciação crítica (100 a 140 palavras), associe a
tecnologias m pel imagem a um momento con- creto de Os Lusíadas, recorrendo a
disponibiliz p os uma linguagem valorativa e focando os seguintes aspetos:
adas. e Des
n • local onde se passa a ação;
cob
2. C h rim • personagens intervenientes;
l a ent • tons predominantes;
a d • estrutura tripartida do texto.
s
a
s
i
f p 226
i e
q l
u o
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c
MÓDULO
3
2. História Trágico-Marítima
PARA CONTEXTUALIZAR | PARA INICIAR
PARA DESENVOLVER
Educação Literária
Capítulo V, "As terríveis aventuras de
Jorge de Albuquerque Coelho"
Leitura
Apreciação crítica
Exposição sobre um
tema Relato de viagem
Escrita
Síntese
Apreciação crítica
Oralidade [Compreensão/Expressão Oral]
Documentário [Compreensão do Oral]
Gramática
Geografia do português no mundo [Aprender/Aplicar]
• Funções sintáticas
• Subordinação
• Tempos e modos verbais
• Relações semânticas
• Classe de palavras
• Campo lexical
PARA SABER | PARA VERIFICAR | PARA RECUPERAR | PARA AVALIAR
PARA CONTEXTUALIZAR
Atente nos seguintes tópicos, para melhor compreender esta época, bem como na
obra que nela se insere e que irá ser objeto de estudo.
Os Os relatos de naufrágios
naufrágios
• Jorge de Albuquerque Coelho embarcou para http://epl.di.uminho.pt/~ritafaria/MEC/
instanciaConceito.php?conc=Biografia&id=97.
Portugal no navio “Santo António”, e a sua Viagem foi
uma das mais tormentosas que pode imaginar-se, tanto
que a descrição dessa infeliz travessia figura na
história marítima.
5 • A fome afligia os míseros náufragos e foram
necessárias
a constância e a coragem de Jorge de Albuquerque para
evi- tar muitos atos de desespero. Navegando ao
acaso e sem probabilidade alguma de chegar a um porto
qualquer, foi qua- se por milagre que conseguiram chegar
à costa portuguesa.
10 • Foram acolhidos com muita curiosidade e compaixão,
1
“contraluz elegíaca” – face negativa dos Descobrimentos.
228
PARA INICIAR
C OMPREENSÃO DO OR AL
A. Expansão marítima
Principais rotas b.
Local do naufrágio b.
Causa do naufrágio c.
E X P R E S SÃ O OR AL
230
“As terríveis aventuras de Jorge de
Albuquerque Coelho ( 1565)”
LEITUR A
A carreira da Índia
Em 1592, partiu de Goa a nau “Chagas”, capitaneada por Francisco de Melo,
tendo por mestre Manoel Dias e por piloto João da Cunha. Cedo se juntou a
1
«”bisalhos” de pedraria» -
bolsinha onde se traziam
outras duas naus vindas de Cochim – a “Santo Alberto” (capitão Julião de
pedrarias ou preciosidades
Faria Cerveira) e a “Nossa Senhora da Nazareth” (capitão Braz Correia). As três 2
tempestade
vinham carregadas em 3
costa alta e escarpada
5 excesso, como era uso na carreira da Índia, tanto de mercadorias valiosas,
4
passar o inverno
5
aliviar a carga do navio
como os famosos “bisalhos” de pedraria1, como de fidalgos, pessoas nobres e 6
partes constituintes e
gente do povo. O atraso na partida, o excesso de carga e a tormenta2 materiais usados nas
encontrada ao largo do cabo da Boa Esperança obrigaram à separação da embarcações
frota à arriba3 da “Chagas” a Moçambique, onde teve de invernar4. A “Santo
Alberto” não foi tão afortunada e
10 viu abrir-se-lhe o costado, entrando tanta água que nem o alijamento de
5
231
PH iasdt ór er i aA Tnrtáógni cioo- MVai er íitri am a
PARA DESENVOLVER
As aventuras e desventuras dos
Descobrimentos
INFORMAR
A História Trágico-Marítima
Em pleno reinado de D. João V, ainda sob o influxo de uma cultura tardo-
barroca, Bernardo Gomes de Brito publica em Lisboa − oficina da
Congregação do Oratório, 1735-1736 − os dois primeiros volumes (previam-se
mais três) de uma antologia de naufrágios, sucessivamente reeditada até aos
nossos dias e intitulada História Trá-
5 gico-Marítima, em que se escrevem chronologicamente os Naufragios que tiveraõ
as Naos de Portugal, depois que se POZ em exercicio a Navegação da India.
Recolhendo e ordenando cronologicamente uma dúzia de relatos de naufrágios
ocorridos sobre- tudo na longa e difícil “carreira da Índia”, a obra do erudito
setecentista reafirmava o interesse histórico-literário, a notável popularidade e o
sucesso editorial dessas
10 relações de viagens atribuladas e desastres marítimos. […]
PROFE S SOR rela- tos transmitia a constante ideia de realismo dramático e cinético2, face à
novelística da época e mesmo à tradicional literatura de viagens, ora mais
factual ora mais dada a mirabilia3. […]
Os relatos de naufrágios que acompanharam a época das grandes descobertas
PowerPoint®
20 expressam a funesta ruína de vidas e destruição de fazendas, inaugurando
História Trágico-Marítima
− Contextualização uma literatura de perda, centrada na dimensão mais negra e trágica desse
histórico-literária período áureo da História de Portugal − a da devastação e da ruína de
Leitura homens e de bens no “mar português”. Já a partir de finais de Quinhentos, a
8.1; 8.2 imagem do naufrágio expressava um profundo sentimento de crise e de
Educação Literária
14.3; 14.7; 15.1; 16.1 declínio; e a trágica estatística dos desastres
25 da carreira da Índia, bem como alguns relatos cronísticos, são por si só
233
PH iasdt ór er i aA Tnrtáógni cioo- MVai er íitri am a
As aventuras e desventuras dos Descobrimentos
GR AMÁTICA
BLOCO INFORMATIVO –
235
pp. 271-273, 277
1. Identifique as funções sintáticas dos constituintes sublinhados.
a. “A de Pernambuco […] coube a um fidalgo de reto espírito” (ll. 2-4)
b. “Parece que dispunha de consideráveis recursos” (ll. 4-5)
2. Classifique as orações.
a. “que passou em África e no Oriente” (l. 6)
234
“As terríveis aventuras de
Jorge de Albuquerque Coelho (
1565)”
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
EXCERTO 2
Partida
Carregada a nau de muita fazenda no belo porto de Olinda, deu à
vela com o vento em popa a 16 de maio de 65. Não eram ainda bem saídos
da barra quando se acalmou o vento com que partiram; logo depois se lhes
tornou contrário, os levou de través e os atirou para um baixo, onde
permaneceram por quatro marés e se
5 viram em risco de se perderem, o que lhes teria sem dúvida acontecido se
po- deria seguir viagem; e, por acharem que não recebera dano que a
impossibilitasse para a navegação, se tornou a preparar e a carregar.
Vários amigos de Albuquerque Coelho, vendo que ele pensava em
reembarcar na nau, quiseram dissuadi-lo de tal proceder pelos maus
princípios que já tivera;
15 mas nem ele, nem os demais passageiros quiseram dar ouvidos a tais
não havia na nau mais mantimentos que o que ele trazia para si e para os
seus criados, mandou colocar tudo adiante de todos e repartiu mui
irmãmente pela companhia, sem nada pretender para si próprio, se bem que
toda a gente lho quis pagar por lhe valer muito. Tudo o generoso fidalgo
recusou: com o que ficaram todos mui
55 contentes e se sustentaram por espaço de alguns dias.
1
tirar ou deitar fora; 2 andava, governava; 3 parte do navio que assenta na água; 4
operação de levantar o zoncho ou o êmbolo da bomba do navio, para fazer subir a
água; 5 mastro colocado na extremidade da proa, para diante, formando com a
horizontal um ângulo de 30 a 40 graus; 6 procurar; 7 embarcação pequena.
236
“As terríveis aventuras de
Jorge de Albuquerque Coelho (
1565)”
Leitura
As embarcações portuguesas foram de importância determinante para a época 7.1; 8.1
dos Descobrimentos.
Observe a imagem e leia o texto, no sentido de identificar algumas 1. Barco de alto bordo,
características das naus p rtuguesas espaçoso e lento, com
ortuguesas. três cobertas e velas
quadradas no mastro
principal.
Esquema (desenho técnico de nau), Páginas da História, manual de História 8.° ano, Porto,
Edições ASA, 2014, pp. 28-29.
A nau
A nau é um barco de alto bordo, relativamente curto, espaçoso e lento,
com lota- ção de 500 a 1000 toneladas, com três cobertas, velas quadradas 1
a maior vela do mastro da
no mastro principal e no traquete1, e triangulares no de mezena2: em meados proa (parte dianteira do
do século XVI é também introduzida uma vela quadrada no mastro posterior e barco) 2 mastro mais próximo
faz a sua aparição o mastro de da ré do navio (parte traseira
do barco)
5 contramezena3. É a embarcação por excelência, com o casco erguido à popa e 3
mastro do navio oposto ao da
à proa a formar dois “castelos”, sendo o primeiro destinado ao alojamento dos mezena
passageiros ricos.
Giulia Lanciani, Sucessos e naufrágios das naus portuguesas,
Lisboa, Caminho, 1997, pp. 34-35.
237
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
EXCERTO 3
1
pequena peça de artilharia; 2 peça de artilharia curta; 3
inflamar a pólvora.
4. Apresente dois exemplos deste excerto que contribuam para o relato das
aventu- ras e desventuras dos Descobrimentos.
GR A M Á T I C A
240
P R O F E S S OR
1.1 A nau dos corsários franceses apresentava-se bem artilhada e em bom estado,
o que era costume nestas embarcações estrangeiras.
1.2 Jorge de Albuquerque não aceitava a rendição sem combater, mesmo que os
seus meios de defesa fossem
escassos em relação às armas da nau francesa.
2.Jorge de Albuquerque revela uma grande coragem, altruísmo e dedicação à causa que
defende.
3.O capitão dos franceses louva a atitude de Jorge de Albuquerque, pela forma como combateu
e defendeu
a nau, não o considerando um vencido, mas um inimigo digno de respeito. Por isso, promete tratá-lo
com a consideração que merece.
4.Ao longo deste excerto, a tripulação da “Santo
António” debate-se com vários problemas, entre eles
o estado deplorável da nau, sem artilharia suficiente para se defender; o ataque que sofreu por
parte dos corsários, bem mais apetrechados que os portugueses, e ainda a traição de alguns
elementos da tripulação.
239
PH iasdt ór er i aA Tnrtáógni cioo- MVai er íitri am a
As aventuras e desventuras dos Descobrimentos
PROFE S SOR
LEITUR A
Leitura
7.3; 7.6; 8.1; 8.2
A celebração dos 500 Anos dos Descobrimentos Portugueses, bem como a opção
1. O estudo pela temática dos Oceanos para o Ano Internacional de 1998 – ambas combinadas na
Sucessos e
naufrágios das naus
Exposição Mundial de Lisboa, Expo' 98 – incentivou a publicação de vários
portuguesas, de Giulia estudos/livros relacionados histórica e literariamente com estes temas. Um desses
Lanciani. estudos foi Sucessos e naufrágios das naus portuguesas, publicado em 1997, da
2. “sedutora temática” (l.
2); “útil e alargada
autoria de Giulia Lanciani, professora de Lín- gua e Literatura Portuguesa na
antologia” (ll. 22-23); Universidade de Roma.
“pressupõe um
aturado labor” (ll. 35-36);
“esta importante obra” (ll. Leia um excerto da apreciação crítica a esta publicação e responda às questões.
40-41); “uma referência
obrigatória” (l. 44).
3. A obra é uma
referência obrigatória
para quem
se dedica à Literatura Sucessos e naufrágios das naus portuguesas
de Naufrágios (ll. 43-
45).
A obra [Sucessos e naufrágios das naus portuguesas, modelar "Relação da mui notável perda do Galeão
de Giulia Lanciani] centra-se na sedutora temática Grande S. João...", mais conhecida como Naufrágio
dos relatos de naufrágios dos séculos XVI e XVII, de Sepúlveda; até à breve "Relação do sucesso que
coligidos por Bernardo Gomes de Brito nos dois teve o patacho chamado N. Sra. da Candelária...". […]
volumes da His- Por con-
5 tória Trágico-Marítima (Lisboa, 1735-36), um dos
30 seguinte, tem o mérito de ser a primeira e única
mais belos monumentos da anónima epopeia edição deste importante relato de naufrágio.
negra da Lite- ratura Portuguesa. […] Procurando su- perar os compreensíveis erros das
[N]a primeira parte, a autora […] começa por sucessivas edições dos relatos de naufrágios,
refle- tir sobre as razões explicativas de um género originalmente publicados em populares folhetos de
peculiar cordel pelos séculos XVI e XVII,
10 da literatura de viagens (relato de naufrágio) e
35 esta publicação de Giulia Lanciani pressupõe um
suas funções moralizantes, didascálicas ou atura- do labor em bibliotecas e arquivos nacionais
educativas, mas também ideológicas ou e estran- geiros, como se depreende, aliás, do
civilizadoras; discorre, depois, sobre a "matriz aparato crítico do trabalho da professora italiana.
literária" das narrativas de naufrágio, assinalando Numa época de redescoberta do valor literário e cul-
os procedimentos que configura o modelo 40 tural da Literatura de Viagens e de Naufrágios, […]
15 narrativo dos relatos de naufrágio; por fim, esta importante obra de Giulia Lanciani apresenta-
explicita o modelo narrativo dos relatos de se a um público vasto, com destaque para
naufrágio, enumeran- do, critica e professores e alunos do ensino secundário e
exemplificadamente cada uma das partes ou superior. Constitui-se, assim, como uma referência
unidades fundamentais, com suas variantes: ante- obrigatória no âmbito peculiar da
cedentes – partida – tempestade – naufrágio e 45 cativante Literatura de Naufrágios, que comporta
arriba- hoje uma vasta bibliografia crítica e cujo profundo
20 da – peregrinação / ou (sequência alternativa)
e alegó- rico simbolismo, em forma de retórica da
ataque corsário – captura – impiedade dos inimigos decadência pátria, atravessa praticamente toda a
– retorno. A segunda parte, constituída por uma Literatura Portu- guesa, desde a Renascença até à
útil e alargada antologia (pp. 181-562), edita oito contemporaneidade.
relatos de naufrágio, em integral e cuidada
J. Cândido Martins, in http://alfarrabio.di.uminho.pt/
transcrição textual. Os textos são (adaptado, consultado em fevereiro de 2017).
25 retirados da História Trágico-Marítima, a começar pela
1. Identifique o objeto em apreciação.
LEITUR A
Leitura P R O F E S SO R 7.1
1. O texto refere-se às navegações, àquilo que as motivou, bem como ao alargamento de
conhecimentos que as viagens marítimas proporcionaram.
242
A viagem de Jorge de Albuquerque Coelho na nau “Santo António” enfrenta mais
um dos muitos obstáculos, desta vez a Natureza em fúria.
EXCERTO 4
Tempestade
Às dez, escureceu por completo, parecia noite. O negro mar, em redor,
1
lufada
todo se cobria de espumas brancas; o estrondo era tanto, − do mar e do
2
fazendo estrondo
3
a mais baixa e maior vela vento, − que uns aos outros se não ouviam.
redonda do mastro de proa Nisto, levanta-se de lá uma vaga altíssima, toda negra por baixo, coroada de
5 espumas; e, dando na proa com um borbotão de vento, galga sobre ela, a
4
longa peça de madeira que 1
se coloca horizontalmente submer- ge, e arrasa. Estrondeando e partindo, leva o mastro do traquete3 com
2
sobre os mastros, para nela
se prenderem as velas
a sua verga4 e enxárcia; leva a cevadeira5, o castelo de proa, as âncoras;
5
venda que pendia de uma estilhaça a ponte, o batel, o beque6, arrebatando pessoas, mantimentos,
verga atravessada no pipas. Tudo se quebra e lá vai no escuro. A nau, até o mastro grande, fica
gurupés rasa e submersa, e mais de meia
6
parte mais avançada da
10 hora debaixo de água.
proa
7
vela latina do mastro de ré Os sobreviventes, que se arrastavam pávidos, confluem a um padre
8
atirados, arremessados que se acha a bordo e atropela as rezas e as confissões. Um relâmpago
9
pavimento ou andar do risca, ilumina a treva: veem-se todos de joelhos, com as mãos no ar, a pedir
navio
misericórdia e a cla- mar por Deus.
10
brilhavam intensamente,
15 Jorge de Albuquerque, como de costume, falava aos outros para lhes dar
ameaçavam
11
o lado de onde sopra o cora- gem. Confiassem em Deus, − e ao mesmo tempo fossem dando à
vento bomba, esgotan- do a água que invadira o convés. Enquanto houver vida –
12
tempestade no mar
dizia-lhes – trabalhem todos por a conservar. E se Deus dispusesse por
outra forma, tivessem paciência ante os seus decretos: somente Ele sabe
o que nos é melhor.
20 Com estas palavras os persuadia à faina. Deram à bomba, com imensa
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Passados três dias, em que continuamente se deu à bomba, começou enfim a
40 bonançar a procela12.
1. Indique duas sensações presentes no primeiro parágrafo, referindo a sua
PROFESSOR
importân- cia para o ambiente de tempestade descrito.
Educação Literária
2. Refira duas características de Jorge de Albuquerque neste momento da 14.2; 14.3; 14.4; 14.5;
viagem, fundamentando a sua resposta com expressões textuais. 14.6; 14.7; 15.1; 15.2
q
u
a
d
Tempestad o
e- a
Naufrágio, i
1823,
William m
Turner a
(1775- O
1851),
The
t
British x
Museum, o
Inglaterr
a.
d
e
e
Elabore um á
texto de o
apreciação b
crítica, de e
130 a 180 d
palavras, e
sobre o e
a um plano prévio, apresentando uma estrutura s f
Escrita enfrenta e
tripartida. 11.1; 12.1; dos p
12.2; 12.3; pelas s
· Introdução: identificação do quadro, do autor e 12.4; 13.1 naus -
da época. portugue e
Tópicos a p
sas do
· Desenvolvimento: abordar: tempo n
–Quadro de das o
– descrição sucinta do objeto, organizada do William Descober s
geral para o particular (elementos da Turrner, tas e da .
pintor
composição e seu simbolismo… ), integrando os inglês do
elementos observados; século XIX;
retratando
– cores e espaço; uma B
tempestade
– situação e articulação com a obra em análise; .
–Em primeiro
– apreciação pessoal (valorativa ou depreciativa), plano,
associando o quadro ao tema/ as- sunto dos a violência
textos abordados neste módulo (viagens, das águas e
do vento
perigos do mar…). expressa
pela forma
· Conclusão: síntese das principais ideias e reforço das ondas,
da apreciação. pela cor
(negro,
verde-
escuro, cinza,
branco da
espuma) e
pela
indefinição
entre céu e
mar.
–Em
segundo
plano,
as
embarca
ções
“perdidas
” no
emaranh
ado das
ondas,
frágeis
perante
a força
da
tempest
ade.
–Tela que
retrata, de
forma
muito
realista, a
força dos
elemento
s da
Natureza
, perante
a
fragilidad
e das
embarcaç
ões da
época do
pintor, o
que a
aproxima
da
descrição
dos
problema
PH iasdt ór er i aA Tnrtáógni cioo- MVai er íitri am a
As aventuras e desventuras dos Descobrimentos
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
EXCERTO 5
Regresso a Lisboa
Mais três dias se passaram assim, no trabalho contínuo de dar à
bomba. A 2 de outubro, entre a neblina, pareceu-lhes divisar arrumação de
terra. Cerca do meio-
-dia, dissipou-se a névoa. Maravilha! Deus louvado! Era a serra de Sintra! Lá
5 esta- va, ao cimo das rochas, a própria casa da Senhora da Pena!
[…]
Ao outro dia, 3 de outubro, amanheceram chegados ao cabo da Roca; e
indo já a nau para dar à costa, passou perto uma caravela, que se dirigia
para a Pederneira. Suplicaram-lhe socorro; pagar-lho-iam bem. – Que Jesus
10 lhes valesse, responde- ram eles; nada, não queriam perder tempo na sua
PROFE S SOR
Educação Literária
14.4; 14.5; 14.7
1. a. “Maravilha! Deus
louvado! Era a serra de
Sintra!” (l. 3)
b. “passou perto uma
caravela […] não queriam
perder tempo na sua
viagem… E seguiram
avante, sem nenhum dó.”
(ll. 7-10)
c.“avistaram uma barca
pequenina […] logo lhes
244
25 com viam posta.
que
fundea 1. Partindo da leitura deste excerto final da História Trágico-Marítima, complete o qua-
sse. dro abaixo, com os factos ou com as expressões que ilustram as aventuras e desventu-
No dia ras dos Descobrimentos, aquando do regresso da tripulação da nau “Santo António”.
seguin
te, o Aventuras e desventuras dos Descobrimentos
cardea Factos Exemplificação textual
l Entusiasmo e agradecimento pelo regresso. a.
infante Abandono por parte dos
b.
D. “grandes” que os veem chegar.
Henriq Acolhimento por parte dos “pequenos”
c.
que os veem chegar.
ue,
d. “Logo lhes deram pão, água e frutas” (ll. 18-
que 19)
govern “espantando-se do destroço em que a
e.
ava o viam posta.” (ll. 27-28)
Reino,
fez
expedi
r uma
galé
que a
fosse
trazen
do
pelo
rio
acima.
Funde
ou a
nau,
finalm
ente,
diante
da
igreja
de S.
Paulo,
onde
numer
osa
gente
a foi
visitar,
espan-
tando-
se do
destro
ço em
que a
245
“As terríveis aventuras de Jorge de Albuquerque
GR AMÁTICA
PROF E S SOR
C O M P R E E N S Ã O / E X P R E S SÃO OR AL
Leitura / Ed. Literária
9.3; 9.5; 9.7; 12.1; 20.4;
1. Ouça atentamente o poema de José Régio, interpretado pelo grupo musical
2 1.2; 22.1
Lin k The Gift no seu álbum “Amália Hoje”, e complete-o com os vocábulos em
“Amália Hoje – Fado
1. P1.ºoCrthuegguaêdsa” ao falta.
cais; 2.º Barca do Diabo; 3.º
Barca do Anjo;
4.º BaOrcraaldiodaDdiaebo. Fado Português
2. O F1i.d3a;l3go.2m;
4o.s1t;r4a.-2s;e5.1; O Fado nasceu um dia, “Mãe, adeus. Adeus, Maria.
arrog5a.n3t;e6e.1a;l6ti.v2o; quando o vento mal m. bem no teu sentido
, 6.3 desprezando o Diabo e
a sua b a rc . bulia e o céu o mar n. aqui te o. uma jura:
1. a . am
A s u a atitude está
u r a da prolongava, que ou te p. à sacristia,
r e l a c i o n ada com os na a. dum b. , 25 q. foi Deus que foi
b . v e l e i ro
símbolos
q u e t r a z c o n sigo 5 no peito dum c. servido dar-me no mar
(ac cadeira,
. m a r in h e i ro
o P a j em e o manto),
d. t a m an h a que, estando triste, cantava, sepultura.”
que
c a r a c te r izam o
e . m do
Fidalgo o n te
que, estando triste, cantava.
p o n to d e vista social
f. f lo ere ps e s s o a l
(nobreza)
Ora eis que embora outro
g. f r u t a s
(vaidoso e com um s e
h .
“Ai, que lindeza d. , dia, quando o vento nem
n t i m e n t de
c e g u in h o meu chão, meu e. , meu bulia
superioridade
r e l a t iv amente aos
i. f r á g il vale, e o céu o mar prolongava,
restantes). 10 de folhas, f. , g. de oiro,
j. lábio 30 à proa de outro veleiro
k. beijos vê se vês terras de Espanha, velava outro marinheiro
l.beija
m. Guarda areias de Portugal, que, estando triste, cantava,
n. que olhar h. de choro.” que, estando triste, cantava.
o. faço
p. levo José Régio, Poemas de Deus e do Diabo,
q. ou Na boca de um marinheiro Famalicão, Quasi Edições, 2016.
2. a. A parte final do
15 do i. barco veleiro,
capítulo V da História
Trágico-Marítima articula- morrendo a canção
se com este
poema, na medida em magoada, diz o pungir dos
que os marinheiros da desejos
História Trágico-Marítima
estariam desejosos por do j. a queimar de k.
regressar a que l. o ar, e mais nada,
casa, saudosos de
20 que beija o ar, e mais nada.
reencontrar aqueles que
amam, tal como se
encontra o marinheiro
deste poema. Por outro
lado, já junto à costa de
Portugal, esteve perto o
naufrágio da nau “Santo
António”. Ora,
a ideia de morte também
está, de certo modo, (“cantava”).
presente
no poema de José c. As aspas introduzem
Régio, nos últimos três o discurso direto, ou seja, a canção/o fado que
versos da penúltima o marinheiro estaria a cantar.
estrofe.
b Existe uma estrutura
narrativa, pois apresenta-se
uma personagem, que é
caracterizada (“que,
estando triste, cantava”),
havendo
localização espácio-temporal
da ação (“um dia”; “na
amurada dum veleiro”) e o
recurso ao pretérito perfeito
do indicativo (“nasceu”),
alternado com
o pretérito imperfeito
246
“As terríveis aventuras de
Jorge de Albuquerque Coelho (
1565)”
247
2. Selecione a opção que completa adequadamente cada afirmação. PROFE S SOR
2.1 O segmento sublinhado em “O Fado nasceu um dia / quando o vento mal
bulia” d. A pLaeisiatguerma
/éEidde.aLliiztaedraária
(vv. 1-2) corresponde à oração
atrav9és.3d;o9r.e5c;
u9r.s7o; 1à2.1; 20.4;
[A] subordinada adverbial temporal. metá2fo1r.2a;“2fr2u.t1as de
oiro”, pois o ouro confere
[B] subordinante. um caráter de
excecionalidade,
[C] subordinada adverbial causal. 2du1..etº1.opBºsrC
a.ehrca
ceiogsaidadaeoacoasisf;r
[D] subordinada adverbial condicional. RB aemrc eatbdeoot;Anjo;
do Di a a3m.º 4. º
b é m p a r a o p
2.2 Os termos sublinhados em “Mãe, adeus. Adeus, Maria.” (v. 21) desempenham a aBraarícsao dpoerDdiiadboo.
.
fun- ção sintática de 2. O Fidalgo mos
Gramática
[A] sujeito e vocativo, respetivamente. 18.1; 18.4; 19.5
[B] sujeito e complemento indireto, respetivamente.
1. vento, céu,
[C] vocativo. mar, proa, veleiro,
marinheiro
[D] complemento direto e complemento indireto, respetivamente. 2.1 [B]
2.3 No segmento “dar-me no mar sepultura” (v. 26), o pronome desempenha a 2.2 [C]
função sintática de 2.3 [D]
[…] Alguém nos perguntava, em tom de balanço, como têm sido estes
dois anos de vida vividos ao máximo. Respondemos que o “máximo” que
vivemos é pouco convencional, porque é um “máximo” feito de “mínimos”,
com o essencial – que
já é bastante – de comida, roupa, abrigo.
5 […] No total já lá vão 15 países percorridos, com cerca de 18
mas, sobretudo, uma que nos desperta para o facto de que as diferenças e a
diversida- de, afinal, são o que de melhor vamos criando e deixando no
mundo como seres humanos.
Nos poucos contratempos que enfrentámos, porque nem tudo são alegrias ou
30 facilidades, destacamos a saga financeira e logística dos vistos e as suas
GR A M Á T I C A
Leitura
7.1; 7.2; 7.4; 8.1; 9.1
1.1 [B]
1.2 [C]
1.3 [A]
1.4 [D]
2.1 O mais importante são os ganhos em termos de amizade e de convivência, além da
perceção da verdadeira realidade no que se refere
à diversidade étnica existente no nosso planeta.
2.2 Os problemas legais com os vistos e o tempo meteorológico obrigaram os globonautas a
permanecerem menos tempo do que desejariam em alguns países e a não poder visitá-los na sua
globalidade.
2.3. Overtime, neste contexto, significa sobrecarga de esforço e de tempo nas situações em que
a bicicleta ou a pessoa não se encontra em perfeitas condições
(mecânicas ou físicas, respetivamente).
2.4 A expressão poderá significar que as diferenças étnicas e as diversidades morfológicas dos
países
contribuem para tornar mundo harmonioso e colorido, em vez de monótono
e “cinzento”.
2.5 As marcas de género podem ser exemplificadas com os seguintes segmentos textuais:
Discurso pessoal – “Dos quinze países por onde passámos”
(l. 17); “Nos poucos contratempos que enfrentámos” (l. 29); Dimensão narrativa – “Alguém nos
perguntava […] de comida, roupa, abrigo.” (ll. 1-4)
Gramática 18.1
Como se pode ver pelo mapa abaixo apresentado, o português encontra-se espalhado
por vários continentes.
O português europeu corresponde àquele que é falado em Portugal continental, na
Madei- ra e nos Açores. O português não europeu refere-se ao uso da língua
portuguesa em países situados em outros continentes, como é o caso do Brasil e
dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa). A título de curiosidade,
acrescente-se que, recentemente, o português foi decretado, a par do francês e do
espanhol, língua oficial na Guiné Equatorial.
PROFE S SOR
Apresentação
Português europeu
e Português não europeu
(variedade brasileira
e variedade africana)
Documento
Mapa – Português,
língua oficial no mundo
Gramática
17.8; 17.9
A par da língua oficial portuguesa, muitos países utilizam crioulos, que nasceram da
ne- cessidade urgente de comunicação entre falantes com línguas maternas distintas.
A colo- nização e a língua portuguesa (do povo colonizador) está na origem dos
crioulos de base portuguesa que possuem um léxico que pertence maioritariamente
ao português, ainda que a estrutura gramatical seja a da língua indígena. No quadro
abaixo, apresentam-se os principais crioulos de base portuguesa.
dois grupos de crioulos: Na Ásia, os crioulos de base portuguesa desapareceram quase todos ou estão em vias de desaparecimento. Conside- ram
ertencem a este grupo os criou-
Indo-portugueses
los de Cabo Verde(situam-se
e da Guiné-Bissau;
na Índia). são os mais antigos que se conhecem).
né (pertencem a este grupo Malaio-portugueses (localizam-se na Malásia, em algumas ilhas da Indonésia e em Timor).
Príncipe). Sino-portugueses (são os crioulos de Macau e Hong Kong).
250
APRENDER
Há ainda uma grande variação no que diz respeito ao léxico, por influência das
línguas nativas, assim como na fonética, sendo mais acentuada a diferença entre
o Português do Brasil e a variante europeia, do que entre esta e as variantes
africanas.
Geografia do português no mundo
APLICAR
TEXTO A
O Jika era o mais novo da minha rua. Assim: o Tibas era o mais velho,
depois havia o Bruno Ferraz, eu e o Jika. Nós até às vezes lhe protegíamos
doutros mais-velhos que vinham fazer confusão na nossa rua.
O almoço na minha casa era perto do meio-dia. Às vezes quase à uma. Ao meio-
5 -dia e quinze, o Jika tocava à campainha.
mi- nha mãe dizia sim. Só se fosse mesmo maka de pouca comida, ou muita
gente que já estava combinada para o almoço.
Ondjaki, Os da minha rua, Editorial Caminho, 4.a edição, 2007 (pp. 13-14).
TEXTO B
Filha de cantineiros portugueses, Meninita sempre fora moça comedida. Na
pe- numbra da loja, ela atendia os negros como se fossem sombras de
outros, reais viventes. A miúda se ia fazendo ao corpo – o fruto se
adoçava em polpa açucrosa. A sede se inventa é para a miragem de águas.
Pois nas redondezas não viviam ou-
5 tros brancos, únicos a quem ela entregaria seus açucares.
252
j. “Mas valia-lhe
APLICAR
também a
simpatia de
TEXTO C
quanta mãe de
Professor desviou os olhos do livro, bateu a mão descarnada no ombro do família o via, […]
negro, seu mais ardente admirador: na sua porta,
– Uma história zorreta, seu Grande – seus olhos brilhavam. […] pedindo um
E volveu os olhos para as páginas do livro. João Grande acendeu um pouco de comida
cigarro ba- e pousada por
5 rato, ofereceu outro em silêncio ao Professor e ficou fumando de cócoras, uma noite.” (texto
como que guardando a leitura do outro. Pelo trapiche ia um rumor de risadas, C, ll. 10-12)
de conversas, de gritos. João Grande distinguia bem a voz do Sem-Pernas,
estrídula e fanhosa. O Sem-
-Pernas falava alto, ria muito. Era o espião do grupo, aquele que sabia se
meter na casa de uma família uma semana, passando por um bom menino
perdido dos pais
10 na imensidão agressiva da cidade. Coxo, o defeito físico valera-lhe o apelido.
254
“As terr í vei s avent u ras d e J o r ge d e A lb u q u e r q u e Co e
P A R A V E R I FI C
l ho ( 1565) ”
A R
PROFE S SOR
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
LEITUR A/ESCRITA
256
História Trágico-Marítima
P A R A LIAR
A lm ei da G
a rr et t GRUPO I 9
desanimar.
A V A
Leia atentamente o seguinte excerto do capítulo V da
História Trágico-Marítima, referente à descrição da
tempestade que assolou a nau “Santo António”.
1. Identifiqu
e as
Então, a 12 de setembro, o vento acalmou, para logo sensações
depois rondar ao sudoeste. Pouco tardou que soprasse presentes
em fúria, zunindo1 nas enxárcias2, turbilhonando3 nu- no
vens, rendilhando espumas, açoitando no escuro primeiro
os vagalhões roncantes. parágrafo
Alija!4 Alija! Alija carga! Alija! Alijaram tudo que na e
coberta havia, e debaixo comente
5 da ponte. Como enfunasse ainda mais o tempo,
5
a sua
trataram de alijar os mastaréus6 das gáveas7, e todas expres-
as caixas que cada um trazia. Para que não fosse isto sividade.
pesado a alguém, foi a de Jorge de Albuquerque
2. Refira as
Coelho a primeira de todas que se lança- ram ao mar,
ações
na qual ele trazia os seus vestidos e outros objetos
empreend
de importância.
idas pela
E, parecendo que não bastava isto, arrojaram para
tripulação
as águas a artilharia, com
da nau
10 muitas caixas que continham açúcar, e numerosos
“Santo
fardos de algodão.
António”
Um mar mais violento desmanchou o leme.
para
Atravessou-se a nau aos escar- céus8, e não foi
enfren-
possível desviá-la para a fazer tornar a correr em tar a
popa. tempesta
Quase todos, então, se sentiram descoroçoar9. Jorge de.
de Albuquerque, vendo-os assim, começou a falar-
lhes para lhes dar ânimo, e ordenou a alguns que 3. Caracteriz
bus- e Jorge
15 cassem meio com que se pudesse enfim governar a de
nau. Ajoelharam os outros, e pediram a Deus que os Albuquerq
livrasse do perigo. ue
Já a este tempo, que seriam nove horas da manhã, Coelho,
o navio dos corsários fran- ceses se não avistava; – e fundamen
tando a
os Franceses que estavam na “Santo António” vendo
sua
a tormenta desencadeada, o leme desmanchado,
resposta
atravessada a nau, o rumor que
com ex-
20 fazia toda a gente, – chegavam-se aos nossos em
pressões
tom amigo e cumpriam tudo que lhes mandavam,
textuais.
como se fossem cativos dos Portugueses, e não os
corsários e roubadores. 4. Justifique
História Trágico-Marítima, “As terríveis aventuras de a alusão a
Jorge de Albuquerque Deus nesta
Coelho”, Sá da Costa Editora, passagem
adaptação de António Sérgio, da obra.
pp. 134-135.
5. Explicite
a atitude
1
produzindo som agudo e sibilante; 2 conjunto de cabos fixos, dos
que seguram o mastro; 3 formando turbilhão; 4 alivia a carga; 5 franceses
tornasse mais bojuda a vela; 6 pequeno mastro suplementar; 7
que
velas do mastro grande; 8 encapelamento e ruído das ondas;
estavam
na uindo para o caráter realista da descrição. (“Jorge de
2. Para enfrentar a tempestade, a tripulação teve de alijar, Albuquerque,
nau, vendo-os
PROFE Sassim,
SOR
lançando ao mar parte da carga, começando por bens menos
descr PROFE necessários, como as caixas com vestuário e outros pertences, passando, começou a
depois, a lançar para a água falar-lhes para
ita SO R Leitura / Ed. Literária
lhes dar ânimo,
a artilharia e caixas com açúcar e algodão. 9.3; 9.5; 9.7; 12.1; 20.4;
no e ordenou a
3. Jorge de Albuquerque Coelho revela-se um bom líder, sendo 21.2; 22.1
últim alguns que
ele o primeiro a desfazer-se dos seus bens, para dar o exemplo, buscassem
o Apre mostrando que era necessário alijar (“Para que não fosse
isto pesado a alguém, foi a de Jorge de Albuquerque Coelho a 1. 1.º Chegadameio com2.º
ao cais; que
parág sent se pudesse
Barca do Diabo; 3.º Barca do
primeira de todas que se lançaram ao mar, na qual ele trazia os seus enfim governar
ação vestidos e outros objetos de importância.”, (ll. 6-8). Anjo;
rafo Solu 4.º Barca do aDiabo.
nau.”, (ll. 13-
Mostra-se também um homem generoso e solidário com a tripulação
do ções 15)
2. O Fidalgo mos
excer Fich
to. a de
Aval
iaçã
o 257
GR
UP
OI
Educaçã
o
Literári
a
14.4;
14.5
1.
o
pri
mei
ro
par
ágr
afo,
te
mo
s
sen
saç
ão
vis
ual
“
ndil
han
do
esp
um
as
e
sen
saç
ão
aud
itiv
a
“
vag
alh
ões
ron
can
tes
”
que
exp
rim
em
o
am
bie
nte
tem
pes
tuo
so,
con
trib
"As terríveis aventuras de Jorge de A. Coelho"
P A R A LIAR
A lm ei da G
a rr et t GRUPO II
A V A
Leia o texto com atenção.
19.3
PROFE S SOR
4. Os
marinheiros, num
ato de desespero
e sem meios para
enfrentar a
tempestade,
recorrem a Deus
para os ajudar,
ajoelhando e
orando, pois Ele
era o único que os
podia auxiliar em
situação tão
extrema.
5. Os franceses
que estavam na
nau
encontravam-se
com medo, tal
como os
portugueses,
esquecendo-se da
sua posição de
atacantes, para
pensar apenas na
sua sobrevivência.
Por isso,
acatavam as
ordens dos
portugueses,
mostrando-se
amigos e
solidários e
colaborando para
que a nau
resistisse à
intempérie.
GRUPO II
Leitura
7.1; 7.4; 7.6;
8.1
1.1 [C]
1.2 [B]
1.3 [C]
1.4 [A]
1.5 [B]
Gramá
tica
18.1;
18.4;
A m a longo de ge- rações.
perg u c Visitamos outros países e ficamos a saber que os
unta i e nossos dogmas e mitos valem tanto como os deles.
era t i […]
se o t 10 Esse formidável promontório, no fundo de África, é
[D] [
1
1.4
2
que a função sintática do constituinte 10.2; 11.1; e nto,
11.2; 12.1; m meio
sublinhado em “por nós foi pela pri- meira 12.2; b destas
vez dobrado” (l. 16). 12.4; 13.1 a adversi
r dades,
2.3 Identifique o referente do pronome “o” em c o
A História a altruís
“quando o visitei” (l. 12). Trágico- ç mo
2.4 Classifique o termo “translúcido” Marítima, ã de Jorge
(l. 13)
no o de
quanto à classe de palavras. capítulo Albuque
V, rque,
2.5 Identifique a relação que se estabelece entre e
retrata que
m
os vários sentidos da palavra terra as tenta
nas seguintes frases: aventura encoraj
se e ar os
desventu s
a. O marinheiro gritou “Terra à vista!” t
marinh
ras eiros.
da nau a
b. O lavrador trabalha a terra. d
Esta
“Santo obra
c. Ele é muito terra a terra. António”, o dá-nos
capitanea uma
da por d visão
Jorge de e trágica
G Albuquerq p das
R ue Coelho, l aventur
que o as
U embarca r vividas
P no Brasil, á pela
O rumo a v tripulaç
Portugal, e ão
carregada l naus
I de gente e . que,
I de durante
mercadori vários
I a.
D
séculos,
e
Ao longo da fizeram
s
Redija um texto expositivo, de 120 a 150 viagem,
t a
a carreira
palavras, sobre as aventuras e desventuras da tripulação
a
c da
expansão portuguesa, entre os séculos XVI e XVIII, enfrenta e
a
partindo da leitura do capítulo V da História várias Brasil,
-
adversida para
Trágico-Marítima. s
des. Luta trazer
e
O texto deve apresentar uma estrutura tripartida, contra para
,
uma forte metrópo
de acordo com as orientações que se seguem. tempestad le
e, que n riquezas
• Introdução: Integração da História quase o das
Trágico-Marítima (capítulo V) na destrói a colónia
fase expansio- nista portuguesa. nau, e e s.
contra o n (148
• Desenvolvimento: As ataque t palavra
dos a s)
aventuras e desventuras corsários
marítimas vividas pela franceses,
bem
tripulação da nau “Santo armadilhad
António”. os,
contrastan
• Conclusão: Síntese das principais do com a 259
ideias. fraca
artilharia
da nau
portuguesa
. Estas
duas
situações
deixam a
tripulação
da “Santo
António”
em grande
penúria,
pois perde
grande
parte
da carga e tem de
navegar
numa
Bloco informativo BL OC O I N F O R M ATIVO
I – GRAMÁTICA (SISTEMATIZAÇÃO)
CLASSES DE PALAVRAS
Exprimem ordem ou • O
sucessão. Ocupam, primeiro livro
Numeral geralmente, uma de Gil Vicente
posição pré-nominal, foi um
podendo ser sucesso.
antecedidos por • O décimo canto de Os
determinantes. Lusíadas
Correspondem à é o mais longo.
classe tradicional
dos numerais
ordinais.
A
d Exprimem uma • A bandeira branca
j qualidade ou simboliza a paz.
e propriedade do nome. • Vasco da Gama foi um
ti Qualifi Ocupam, geralmente, sublime
v cativo uma posição pós- navegador.
o nominal, embora
• Paulo da Gama era um
alguns ocorram quer à homem
esquerda quer à grande.
direita, originando,
todavia, valores
semânticos diferentes.
Variam em número e
alguns em grau; quando
biformes, variam em
género.
do
Adv 1
h edicaram-se águas muito
gra Al
érbi e bastante à devagar.
u gu
os n poesia.
dos ns
que t 2
Pero Marques
Q
Advérb adj es
con i ficou muito
u eti • Não
trib cri s triste com a
a
Valores vos gosto das
ue to t decisão de
n
semânt e cantigas
m re a Inês.
t adv de
i co s s
érb qu
3
Algumas escárnio e
d m
ios. in embarcações maldizer.
a info d cruzavam as
d rma
e ção Adv
sob érb Advérbios que se 1
Fizeram o
e re io utilizam em resposta trabalho de
qua que Afirmação a interrogativas pares
g nti con globais1 ou como proposto?
r dad trib modificador de um Sim.
a e ui constituinte2, 2
Eles fizeram o
u ou par contribuindo para trabalho de
gra a asserir ou reforçar grupo, sim, e
u. rev o valor afirmativo ainda o
Pod ert de um enunciado. apresentaram
em er na aula.
oco o
rrer val
N or
inte
e de
rna
g ver
me 260
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ã
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1 fra
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mo tiv
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ou
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neg
gru ar
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adj con
etiv stit
ais uin
ou te.
adv
erbi
ais
.
Alg
uns
des
tes
adv
érbi
os
são
utili
zad
os
par
a
for
maç
ão
Bloco informativo
Classes
Subclasses Características Exemplificação
Antepõem-se ao nome1−2, 1
O marinheiro de verde está doente.
contribuindo para a sua leitura 2
Um poeta que se preze alia a
Artigo
genérica ou indefinida. arte e as letras.
• Definido: O artigo indefinido nunca
o, a, os, as antecede um nome próprio nem
• Indefinido: coocorre com os quantificadores
um, uma, uns, todos e ambos.
umas Os artigos definidos e indefinidos
surgem, muitas vezes, contraídos com
as preposições a, de, em e por: ao
(a+o), à (a+a), da (de+a), num
(em+um),
pela (por+a).
certo(s), certa(s),
Variam em género e número e
outro(s), outra(s)
são utilizados em contextos em
Indefinido que se assume que o referente
do nome que precedem não artigos indefinidos por poderem 1
Certos navegadores assumiram
corresponde a coocorrer com estes2.
comportamentos incorretos.
informação específica ou
identificada1. Distinguem-se dos
2
[Uns] certos marinheiros fizeram
disparates.
262
Bloco informativo
Pessoal
Variam em pessoa e número, e 1
Inês viu-se no espelho.
• Formas tónicas: eu, alguns variam em género. 2
O trovador e a sua
tu, você, ele/ela, nós, vós, As formas átonas ocorrem adjacentes “senhor” encontraram-se
vocês, eles/elas, mim, ti, ao verbo (à esquerda do verbo − em na ermida.
si próclise −, à direita − em ênclise −,
ou ainda no interior das formas de
3
Dorme-se mal no convés da nau.
• Formas átonas:
me, te, o, a, lhe, nos, futuro do indicativo e condicional − 4
Dizem-se coisas estranhas sobre
vos, os, as, lhes, se em mesóclise); as restantes Camões.
são formas tónicas.
1- São formas de contração
5
O Escudeiro porta-se mal.
do pronome pessoal As formas da variante átona do
tónico com a preposição pronome pessoal se podem assumir
com as seguintes: comigo, diferentes valores: reflexividade1 e
contigo, connosco, reciprocidade2; podem ser usados
convosco, consigo como marcadores
de indefinição do sujeito (valor
2 - São formas de contração impessoal – ocorrendo exclusivamente
de dois pronomes na terceira pessoa3), estratégia de
pessoais passivização (valor passivo – só na
as formas mo(s)/ma(s) terceira pessoa4) ou podem constituir
(contração de me e parte integrante do verbo (valor
o(s)/a(s)), to(s)/ta(s) inerente5).
(contração de te
e o(s)/a(s)), lho(s)/lha(s)
(contração de lhe
e o(s)/a(s))
Pronome
Demonstrativo Variam em género e número e 1
Este pajem é um
• Formas tónicas variáveis :1 têm um valor deítico ou ignorante e aquele
este(s), esta(s), anafórico. também.
esse(s), essa(s), Estabelecem a sua referência 2
Isto incomoda-me.
aquele(s), aquela(s) tendo em conta a relação de
proximidade ou de distância em
3
Ele comprou um livro e
• Formas tónicas relação a um participante do leu-o rapidamente.
invariáveis2: discurso 4
Ele disse que viu um gigante.
isto, isso, aquilo ou a um antecedente textual. / Ele disse-o.
• Formas átonas3: o(s),
a(s)
• Forma átona invariável4:
o (usada na substituição
de constituintes
oracionais)
263
Bloco informativo
Conjunções
Ligam elementos com igual valor 1
A donzela não se encontrou
coordenativas
sintático, sejam palavras6 ou com o amigo nem viu a mãe.
• copulativas1: e, nem grupos de palavras numa só 2
As donzelas foram à romaria,
• adversativas2: mas oração, sejam orações diferentes mas não viram os amigos.
mas equivalentes sintaticamente e 3
A mãe tinha o papel de
• disjuntivas3: ou independentes umas das outras. confidente ou assumia-se como
• conclusivas4: logo conselheira.
4
A jovem chegou atrasada, logo
• explicativas5: pois, que
não viu o amigo.
5
Penso que a jovem ficou triste, pois
ela estava a chorar.
6
A donzela e a mãe foram à romaria.
que
Conjunções Introduzem orações subordinadas
(antecedido de tão, tanto…)
Conjunção subordinativas que desempenham uma função sintática
• finais7: para…
− Substantivas relativamente à subordinante.
• temporais8:
completivas1: que, se, apenas, enquanto, quando,
para mal…
− Adverbiais
• causais2:
porque, como…
• comparativa
s3: como,
conforme…
• concessivas4:
embora,
malgrado…
• condicionais5:
se, caso…
• consecutivas6:
1
A jovem perguntou à Como amigas. 6
Procurou-o com tanto fervor
mãe estava 3
Ela fez tudo como lhe explicaram. que acabou por o avistar.
se podia sair com as triste, 7
Inês arranjou-se para receber
amigas.
4
O Escudeiro era fanfarrão,
procurou o Escudeiro.
embora não tivesse tostão.
2 as
5
Ficaria feliz caso visse o amigo.
8
Mal chegou, sentou-se.
264
Bloco informativo
Locuções conjuncionais
São constituídas por duas ou mais palavras cujo valor semântico se associa ao das conjunções
coordenativas ou subordinativas.
• causais: visto que; dado que; uma vez que; atendendo a que; dado que
• comparativas: bem como; assim como; tal… qual; tão/tanto… como; mais… (do) que
• concessivas: se bem que; ainda que; nem que; não obstante
Subordinativas • condicionais: salvo se; desde que; sem que; exceto se; contanto que; a não ser que
• consecutivas: de modo que; de maneira que; de forma que
• finais: para que; a fim de/que; com a finalidade de
• temporais: antes de/que; logo que; agora que; cada vez que; até que; assim que; …
Interjeição
Não estabelece relações sintáticas com outras palavras e tem uma função exclusivamente emotiva.
O valor de cada interjeição depende do contexto de enunciação e corresponde a uma atitude do falante ou
enunciador.
Interjeições Locuções interjetivas Valores semânticos
oh!; ah!; eia! que bom! muito bem! Alegria
eia!; vamos!; coragem!; upa! vamos lá! toca a andar! Incitamento/encorajamento
bravo!; viva!; boa!; apoiado!; fixe!; bis!; muito bem! é assim mesmo! Aplauso
eia!
ai!; ui!; Jesus!; credo! valha-nos Deus! ai Jesus! ai que aflição! Aflição, dor, tristeza, terror
atenção!; cuidado!; oh! Advertência ou repreensão
ó!; pst!; olá!; eh!; socorro! ó da guarda! ó senhor! Chamamento, invocação
oh!; oxalá!; tomara! quem me dera! Deus queira! se Deus quiser! Desejo
hum! Dúvida
ah!; oh!; hi!; ena!; caramba!; diabo!; credo!;
essa é boa! não é possível! não acredito! essa Espanto ou surpresa
chi!; puxa!; bolas!
agora!
265
Bloco informativo
Interjeições (cont.)
Locuções interjetivas (cont.) Valores semânticos (cont.)
Classe − VERBO
• Seleciona um predicativo do Ocorre numa frase em que existe • Este poema é fácil.
Verbo sujeito. São exemplos deste tipo um constituinte com a função
copulativo de verbo: ser, estar, ficar, sintática de sujeito e outro com a
continuar, parecer, permanecer, função sintática de predicativo do
tornar-se, revelar-se. sujeito.
Verbo
Palavra que exprime processos ou estados e os situa no tempo. Apresenta diferentes formas, que
variam quer em função de valores de pessoa e número quer atendendo a valores de modo e
tempo. Estas for- mas podem ser simples ou compostas, como pode ver na tabela seguinte.
267
Bloco informativo
Exs.:
Verbo regular: falo / falava / falei / falara / falarei / fale / falasse /
falaria… Verbo irregular: faço / fazia / fiz / fizera / farei / faça /
fizesse / faria…
Existem, em português, vários outros verbos que apresentam alterações no radical, sendo, assim,
irregu- lares. Alguns exemplos são: aprazer / caber / crer / dar / dizer / estar / fazer / ir / ler /
haver / poder / pôr / querer / rir / ser / saber / ter / trazer / ver / vir.
Conjugações verbais
Existem três conjugações em português, que se identificam pela vogal temática:
Verbos como abolir, adequar, aturdir, banir, bramir, colorir, demolir, doer, demolir, esculpir, exaurir,
explodir, extorquir, falir, fulgir, florescer, precaver, puir, reaver, remir, retorquir, ruir não apresentam todas
as formas número-pessoais e modo-temporais.
• Impessoais
Os que apresentam apenas formas no infinitivo e na 3.a pessoa do singular, ocorrendo,
normalmente, em frases sem sujeito, como é o caso daqueles que exprimem fenómenos da
Natureza (chover, trovejar, ventar). O verbo haver é, também, impessoal, quando significa
existir.
• Unipessoais
Os que apresentam apenas formas no infinitivo e na 3.a pessoa do singular e do plural, como é o
caso dos que indicam vozes de animais, como cacarejar, chilrear, ladrar, ganir, mugir, miar,
uivar, zumbir, …
268
Ex.:
Ningué
m
PRONOME PESSOAL EM ADJACÊNCIA VERBAL − REGRAS DE UTILIZAÇÃO perceb
eu a
estânci
As formas átonas (tais como o, a, os, as, nos, vos, lhe, lhes) ocorrem em adjacência verbal, ou a 106.
seja, junto ao verbo, desempenhando a função de complemento direto ou de complemento
indireto. Ningué
ma
perceb
Colocação do pronome pessoal átono eu.
• Se a forma verbal terminar em -ns, passa a -m, quando seguida de pronome átono
o, a, os, as, e os pronomes tomam as formas -lo(s), -la(s).
Ex.: Tu tens o meu livro. Tu tem-lo.
• Quando a forma verbal termina em ditongo nasal (-am, -õe, -ão), os mesmos
pronomes assumem as formas -no(s), -na(s).
Exs.: Os marinheiros comiam peixe cru. Os marinheiros comiam-no.
Veloso põe a arma ao ombro. Veloso põe-na ao ombro.
c. Frases com quantificadores como todo(s), toda(s), tudo, qualquer, quaisquer, ambos,
bastante, muito(s), muita(s), pouco(s), pouca(s).
Ex.: Todos os portugueses aclamaram o poeta. Todos os portugueses o aclamaram.
269
Bloco informativo
e. Frases em que o verbo é antecedido de advérbios como mal, sempre, ainda, já, apenas, só,
talvez, aqui, …
Ex.: Ainda li este poema ontem. Ainda o li ontem.
g. Orações relativas.
Exs.: O trovador que elogiou a sua “senhor” foi criticado. O trovador que a elogiou foi criticado.
Quem defendeu o trovador foi a sua “senhor”. Quem o defendeu foi a sua ‘senhor’.
c. Nos complexos verbais com auxiliares como começar a, acabar de, estar a, andar a, o
pronome ocorre depois do verbo principal.
Ex.: Estou a apreciar este soneto camoniano. Estou a apreciá-lo.
270
Bloco informativo
FUNÇÕES SINTÁTICAS
Sujeito
Função sintática desempenhada pelo constituinte da frase que controla a concordância verbal. O
constituinte que exerce a função de sujeito pode ser um grupo nominal, substituível pelos pronomes
pessoais eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas, ou um constituinte oracional, encontrando-se, por
norma, em posição pré-verbal.
Expresso − sujeito com realização lexical. Pode Nulo − em português, o sujeito diz-se "nulo"
ser: porque não tem realização lexical obrigatória.
Pode ser:
• Simples
Ex.: Gil Vicente escreveu farsas. (grupo nominal) • Subentendido
Quem lê aprende. (oração)
Ex.: Lemos várias estrofes de Os Lusíadas.
• Composto (depreende-se da forma verbal − Nós)
Função sintática desempenhada por um constituinte que não controla a concordância verbal e que serve
apenas para interpelar ou chamar o interlocutor, surgindo em frases de tipo imperativo1, interrogativo2 ou
exclamativo3.
Exs.: 1 Veloso, não faça isso.
2
Minha senhora, estais a ouvir-me?
3
Ó Tágides, é tão grande o meu infortúnio!
Predicado
Função sintática desempenhada pelo grupo verbal. Pode corresponder só ao verbo ou ao verbo com os seus
respetivos complementos e/ou predicativos requeridos, e ainda os modificadores do grupo verbal. Assim,
temos:
• Predicado — só com verbo ou grupo verbal (por norma, quando o verbo é intransitivo)
Ex.: A donzela sorriu.
• Predicado — verbo + complementos e/ou predicativos e
modificadores
Ex.: Tétis conduziu a ilha dos amores até aos nautas
portugueses.
Complemento direto
Função sintática selecionada por verbos transitivos diretos, transitivos diretos e indiretos ou transitivos-
predicativos, sendo exercida por grupos nominais (GN) ou constituintes oracionais. Os GN que exercem esta
função são prono- minalizáveis pelos pronomes pessoais o, a, os, as1, e os constituintes oracionais são
substituíveis pelos pronomes demonstrativos invariáveis isto, isso, aquilo2.
Exs.: 1Este soneto evidencia a complexidade da poesia. / Este soneto evidencia-a.
2
O poeta pedia que o rei o escutasse. / O poeta pedia aquilo.
Complemento indireto
Função sintática selecionada por um verbo transitivo indireto, ou transitivo direto e indireto. O constituinte
sin- tático que exerce a função de complemento indireto é introduzido pela preposição a e
271
Bloco informativo
Complemento oblíquo
indireto, ou transitivo direto e indireto. O constituinte sintático que exerce a função de complemento oblíquo é introduzido por uma preposição, podendo assumir um v
Função sintática desempenhada por um constituinte selecionado por um verbo transitivo direto conjugado na passiva, tendo como auxiliar o verbo se
Ex.: Os navegadores portugueses foram salvos por Vénus.
272
Predicativo do sujeito
Função sintática desempenhada por um constituinte selecionado por um verbo copulativo que atribui uma propriedade ao sujeito.
Exs.: Os navegadores andavam em aflição durante as tempestades.
Vasco da Gama permaneceu na nau. As Ninfas pareciam umas sereias.
Função sintática desempenhada por um constituinte selecionado por um verbo transitivo-predicativo que atribui uma propriedade ao complemento dir
Exs.: Acho a poesia trovadoresca complicada.
Os romanos elegeram Vénus (como) deusa do amor.
O rei D. Manuel I nomeou Vasco da Gama (como) comandante da expedição à Índia.
Modificador
or um constituinte de uso facultativo. Acrescenta informação sobre o constituinte que modifica e pode ser eliminado sem que a frase se torne agramatical.
uma frase/oração1 ou sobre o grupo verbal. Neste último caso, a função do modificador (do grupo verbal) pode ser desempenhada por uma oração subordinada2, por u
a Gama foi traído por um falso piloto.
ando já estavam exaustos. Como se sentiam cansados, os marinheiros pediram silêncio. 3 Os navegadores seguiram as Ninfas com emoção.
r.
Bloco informativo
Função sintática desempenhada por um constituinte selecionado por um nome e que lhe completa a
referência. Corresponde geralmente a um grupo preposicional, a uma oração introduzida por uma
preposição ou a um grupo adjetival.
Requerem complemento os:
• nomes de graus de parentesco1
• nomes de profissões que derivam de outros nomes2 (guia, condutor, …)
• nomes icónicos3 (gravura, fotografia, …)
• nomes epistémicos4 (hipótese, desejos,…)
• numerais fracionários e multiplicativos5 (o dobro, o terço, …)
• nomes que derivam de verbos6 (construção, pesca, …)
Exs.:
1
O pai de Camões era cortesão.
2
O guia dos navegadores era de Melinde.
3
A gravura do monarca estava desbotada.
4
O desejo de chegar a terra animava os
marinheiros.
5
A viagem custou o dobro do previsto.
6
A pesca da baleia pôs a espécie emComplemento
perigo. do adjetivo
tica exercida por um constituinte selecionado por um adjetivo e que ocorre normalmente à direita desse adjetivo, sendo, habitualmente, um grupo preposicional.
inheiros ficaram satisfeitos com a recompensa da Ilha dos Amores.
es estavam desejosos de encontrar terra amiga.
Modificador do nome
.
entos.
273
Bloco informativo
Pelo exposto, percebe-se que, pelas posições relativas distintas que ocupam os constituintes que
exer- cem a função de sujeito nas respetivas frases, o uso de uma ou outra forma permitirá
pôr em relevo aspetos particulares da informação que a frase veicula, tal como traduz o
esquema seguinte:
Cantigas de amigo e de amor foram escritas por aquele trovador. frase passiva
sujeito verbo aux. ser + verbo principal (particípio) compl. agente da passiva
Atenção: pode ser construída uma frase passiva sem recurso ao verbo auxiliar ser, utilizando-se o
pro- nome pessoal se. O complemento agente da passiva pode também não estar
expresso.
Nota: Convém não esquecer que, ao transformar uma frase ativa em passiva, o verbo auxiliar da
pas- siva (ser) terá de ficar no mesmo tempo e modo em que se encontrava o verbo principal da
frase ativa e este terá de ser colocado no particípio passado, concordando em género e em
número com o novo sujeito da passiva.
274
Bloco informativo
Na e
letra
faci
No t
espe
Este
•
•
Discurso direto
•
Form
orig
Nes
resu
intr
Discurso indireto verb
as f
276
Bloco informativo
Coordenação
CONTACTO DE LÍNGUAS
Recorde-se que a língua portuguesa deriva fundamentalmente do latim. Contudo, também sofreu a
*NOTA
in- fluência das línguas de substrato e de superstrato. Num caso
e noutro, o
termo é por
Substrato* vezes usado para
designar
Língua que desaparece após contacto com a língua de um povo invasor/colonizador, aí deixando, o conjunto dos
referidos vestígios
no en- tanto, alguns vestígios. Por exemplo, antes do latim, foram faladas, na Península Ibérica, linguísticos.
outras línguas, existindo, portanto, atualmente, em português, palavras de origem celta e
ibera.
277
Superstrato*
Língua de um povo invasor/colonizador que acaba por desaparecer, mas que deixa marcas na do
povo in- vadido/colonizado. Na história do português, esse foi o caso dos idiomas trazidos pelos
germanos e pelos árabes, que chegaram à Península nos séculos V e VIII, respetivamente.
Bloco informativo
Palavras convergentes
Palavras que apresentam a mesma forma, embora provenham de étimos diferentes, dando origem
a pa- lavras homónimas. São exemplos de palavras convergentes:
*NOTA
A forma rio RIVU- FILU-
pressupõe
uma forma
reconstituída, rio* (nome e verbo) fio (nome e verbo)
*RIDO
RIDEO FIDO
VANU- SUNT
VADUNT SANCTU-
Palavras divergentes
Palavras que apresentam formas diferentes, apesar de terem o mesmo étimo. São exemplos de
palavras divergentes:
Inserção
• Prótese − acrescento de uma unidade fónica no início da palavra: SPECULU- > espelho
• Epêntese − acrescento de uma unidade fónica no interior da palavra: HUMILE- > humilde
• Paragoge − acrescento de uma unidade fónica no fim da palavra: ANTE > antes
278
Bloco informativo
Supressão
• Aférese − queda de uma unidade fónica no início da palavra: HOROLOGIU- > relógio
• Síncope − queda de uma unidade fónica no interior da palavra: GENERU- > genro
• Apócope − queda de uma unidade fónica no fim da palavra: CRUCE- > cruz
Alteração
• Assimilação − aproximação de unidades fónicas: NOSTRU- > nosso
• Dissimilação − diferenciação de unidades fónicas: nembrar (forma arcaica) > lembrar
• Sonorização − transformação de uma consoante surda (por exemplo, /p/, /t/,
/k/) na sua corres- pondente sonora (neste caso, /b/, /d/, /g/): PIETATE- >
piedade
• Palatalização − passagem a palatal de uma unidade ou sequência que o não é originalmente:
FLAMMA- > chama
• Vocalização − transformação de uma consoante em vogal: OCTO > oito
(note-se que, seguindo outra vogal, a unidade que resulta da transformação da
consoan- te funciona como semivogal)
• Crase − fusão ou contração de duas vogais numa só: LEGERE > leer > ler
• Sinérese − transformação em ditongo de uma sequência formada por duas
vogais contíguas (por semivocalização de uma delas): EGO > eo > eu
• Metátese − deslocação, no interior da palavra, de unidades mínimas ou de sílabas: SEMPER > sempre
• Redução vocálica − enfraquecimento de uma vogal em posição átona: casa / casinha
ARCAÍSMOS E NEOLOGISMOS
Arcaísmos
São palavras ou expressões que deixam de ser comummente utilizadas pela comunidade e que, por
isso, passam a considerar-se antiquadas. É o caso de coita, forma antiga para referir “sofrimento”,
“infelicidade”.
Neologismos
São palavras novas ou novas associações de forma e sentido que resultam, fundamentalmente, da
neces- sidade de renovação do léxico. Assim, o neologismo tanto pode resultar da atribuição
de um novo sen- tido a uma palavra já existente, como acontece com alguns termos da área da
informática (rato, sítio, portal, navegar, …), como pode decorrer da atuação dos diferentes
processos de formação de pala- vras (cf. europeizar, aerogerador, eurodeputado). Também do
contacto com outras línguas pode resultar a integração de novo vocabulário (empréstimos).
279
Bloco informativo
FORMAÇÃO DE PALAVRAS
Palavra − item lexical que pertence a uma dada classe, com um significado identificável.
Palavra simples − palavra formada por um único radical, sem afixos derivacionais, mas podendo
exibir afixos flexionais.
Palavra complexa − palavra formada por derivação (contém um radical e pelo menos um afixo
deriva- cional) ou por composição (constituída por mais de um radical ou
por duas ou mais palavras).
Base − constituinte morfológico que contém o significado lexical (exclui os afixos) e a partir do
qual se formam novas palavras.
Derivação não-afixal
Processo de formação de palavras que gera nomes deverbais, acrescentando
marcas de flexão nominal a um radical verbal.
Exs.: troc- troca;
troco abraç-
(sem junção de abraço
afixos)
Conversão
Processo de formação de palavras, também chamado derivação imprópria,
que procede à integração de uma dada unidade lexical numa nova classe de
palavras por via sintática, sem que se verifique qualquer alteração formal.
Exs.: olhar verbo olhar nome
Estás a olhar para mim. Tem um olhar penetrante.
Prefixação
Consiste na adição de um prefixo a uma base.
DERIVAÇÃO
Exs.: desinteresse; macroestrutura; bissexual
Sufixação
Consiste na adição de um sufixo a uma base.
Parassíntese
Processo morfológico de formação de verbos a partir de nomes ou de adjetivos e que
consiste na adição simultânea de um prefixo e de um sufixo a uma base.
Exs.: a[padrinh]ar; a[podr]ecer
280
Bloco informativo
Processo de composição que associa um radical a outro(s) radical(is) ou a uma ou mais palavras. De um modo geral, entre os radicais ou o radical e a palavra
Exs.: [agr]+ i +[cultura] = agricultura; [lus] + o +[descendente]= luso-descendente;
[psic]+ o +[pata] = psicopata
MORFOLÓGICA
COMPOSIÇÃO
sso de composição que associa duas ou mais palavras. A estrutura destes compostos depende da relação sintática e semântica entre os seus membros, o que tem conseq
surdo-mudo; guarda-chuva; Via Láctea
MORFOSSINTÁTICA
Designação Definição
Processo de transferência de uma palavra de uma língua para outra, com ou sem adaptações às características
Empréstimo formais da língua recetora.
Ex.: dossiê (do francês dossier)
Criação de novos sentidos para uma palavra já existente na língua que, contudo, não perde o(s) significado(s)
Extensão semântica anterior(es).
Ex.: rato (aplicado à informática como comando manual do computador)
Criação de um termo que se caracteriza pela eliminação de parte da palavra de que deriva.
Truncação
Ex.: metro (metropolitano)
Palavras monossémicas
Palavras que têm um só significado. Predominam nos contexto em que surgem, havendo, todavia, um elo
textos científicos, dado que neles se procura veicular uma comum nesses múltiplos sentidos. Veja-se, por exemplo, o
mensa- gem objetiva, que deve ser entendida de modo termo pé, que pode surgir como:
igual por to- dos os leitores. Exemplos são os termos: • parte do corpo Dói-me o pé.
cartografia, biologia, caligrafia. • parte inferior de uma mesa, de uma
carteira ou de um banco Levanta aí o pé da
Palavras polissémicas cadeira.
Palavras que apresentam uma propriedade semântica que • sinónimo de zaragata ou
lhes permite apresentar vários significados, de acordo zanga Ele fez um pé-de-
com o -vento.
• posição oposta à de
estar sentado Põe-te de pé.
281
Bloco informativo
Campo semântico
Conjunto de significados que uma palavra pode ter, dependendo dos contextos em que ocorre. O
campo semântico de mar integra os significados que em situações distintas o nome adquire:
Campo lexical
Reporta-se ao conjunto de palavras que, pelo seu significado, se associam a um determinado
conceito ou ideia. Por exemplo, ao campo lexical de escola, associam-se palavras como:
professores, alunos, corredores, salas de aula, carteiras, quadros, cadeiras, …
RELAÇÕES SEMÂNTICAS
As palavras estabelecem relações semânticas entre elas, que podem ser de vários tipos. Assim,
temos relações de:
Semelhança/oposição
• Sinonímia − relação de equivalência de significado entre duas ou mais palavras.
Exs.: bonito/lindo; carro/automóvel; pão/carcaça.
Todo/parte: holonímia/meronímia
282
II – GÉNEROS
Bloco informativo
TEXTUAIS
283
I I I − R E C U R S OS EXPRESSIVOS
B l oc o in fo rm a ti vo
Adjetivação – utilização expressiva e recorrente da classe dos adjetivos. “Um mover d’olhos, brando e piadoso”
(Luís de Camões,
Rimas)
Alegoria – série de metáforas arrojadas que vão além do sentido aparente ou Diabo Mal
literal e que têm como objetivo último clarificar, tornando mais Serafim Bem
concretas, determinadas realidades abstratas e espirituais. (Gil Vicente, Auto da
Feira)
Aliteração – repetição sucessiva de um tipo de sons consonânticos. “A fermosura desta fresca serra”
(Luís de Camões,
Rimas)
Anáfora – repetição de uma palavra ou expressão no início de versos ou de frases “Faz serras floridas, / faz claras as fontes”
sucessivos(as). (Luís de Camões,
Rimas)
Anástrofe – alteração da ordem natural das palavras na frase. “Só com vos ver o bárbaro Gentio
Mostra o pescoço ao jugo já
inclinado”
(Luís de Camões, Os
Lusíadas)
Antítese – aproximação de duas ideias opostas ou contraditórias. “e os batéis por lhe fugir, e elas por os tomar”
(Fernão Lopes, Crónica de D.
João I)
Apóstrofe – interpelação, chamamento do recetor a quem é destinado o “E vós, Tágides minhas, […]”
discurso. (Luís de Camões, Os
Lusíadas)
Comparação – relação de realidades, colocadas em paralelo, por meio de um “Quer’eu em maneira de proençal / fazer
termo comparativo ou verbos como parecer, lembrar, sugerir, agora um cantar d’amor”
entre outros. (Dom Dinis)
Enumeração – apresentação sucessiva de elementos, frequentemente da mesma “[…] agora espero, agora desconfio; / agora desvario,
categoria gramatical ou com o mesmo tipo de estruturação. agora acerto.”
(Luís de Camões,
Rimas)
Eufemismo – atenuação na transmissão de uma ideia ou realidade “Alma minha gentil, que te partiste / tão cedo
excessiva, semanticamente negativa. desta vida, descontente”
(Luís de Camões,
Rimas)
Hipérbole – utilização de termos excessivos para efeito de exagero da “Farei que amor a todos avivente, / pintando
realidade. mil segredos delicados […]”
(Luís de Camões,
Rimas)
Interrogação retórica – questão que se formula não para obter resposta, mas “Hui! e que pecado é o meu, / ou que dôr de
para coração?”
melhor orientar/realçar a ideia a transmitir. (Gil Vicente, Farsa de Inês
Pereira)
Ironia – expressão de palavra/ideia polemicamente orientada para “Roi Queimado morreu com amor […] / mais
conclusão diferente daquilo que é o sentido literalmente resurgiu depois, ao tercer dia”.
proferido. (Pero Garcia Burgalês)
Metáfora – reconstrução, por analogia, do significado normal de uma “Ondados fios de ouro reluzente”
palavra (Luís de Camões,
ou expressão, aproximando-o ou associando-o a um campo Rimas)
semântico distinto.
Metonímia – referência a uma realidade através de outra que lhe é próxima “Não no dá a pátria, não, que está metida / No
(por exemplo, a causa pelo efeito, o escritor pela obra, o produto pela gosto da cobiça e na rudeza”
matéria, e vice-versa). (Luís de Camões, Os
Lusíadas)
Perífrase – utilização de uma expressão composta por vários termos em “[…] no amigo / Curral de Quem governa o
vez da possibilidade de utilizar uma só palavra. Céu rotundo”
(Luís de Camões, Os
Lusíadas)
Personificação – atribuição de sentimentos, ações ou ideias próprias do ser “– Ai flores, ai flores do verde pino”
humano a objetos ou elementos da Natureza. (Dom Dinis)
Pleonasmo – reforço da mesma ideia, através da utilização intencional de “Vi, claramente visto, o lume vivo.”
palavras ou expressões com o mesmo sentido. (Luís de Camões, Os
Lusíadas)
Sinédoque – expressão da parte pelo todo, do singular pelo plural, do “Que da Ocidental praia Lusitana” (= Portugal)
abstrato pelo concreto, e vice-versa. (Luís de Camões, Os
Lusíadas)
284
IV − NOÇÕES DE Bloco informativo
VERSIFICAÇÃO
Os textos poéticos em
verso evidenciam um
Aspetos técnicos e versificatórios conjunto de aspetos
técnicos versificatórios
a da última palavra do verso, considerando-se ainda a elisão de sons vocálicos quando pronunciados numa só emissão sistematizados no
quadro abaixo.
ílabas métricas “Ho/nes/to/ ri/so/, que en/tre a/ mor/ fi/ne/za” (Luís de Camões, Rimas) — 10 sílabas métricas
N Métrica
O
abo (duas); trissílabo (três); tetrassílabo (quatro); pentassílabo ou redondilha menor (cinco); hexassílabo (seis); heptassílabo ou redondilha maior (sete); octossílabo (oit
V
E
R
S
O
Acento silábico verso agudo (oxítono ou masculino); verso grave (paroxítono ou feminino); ou verso esdrúxulo
(proparoxítono)
verso binário (dois segmentos com uma pausa); verso ternário (três segmentos com duas pausas);
Ritmo verso quaternário (quatro segmentos com três pausas)
Classificação da estrofe pelo número de versos: monóstico (um); dístico (dois); terceto (três);
Número
quadra (quatro); quintilha (cinco); sextilha (seis); sétima (sete); oitava (oito); nona (nove); décima
de versos
(dez);
irregular (mais de dez)
Rima interna – a correspondência de sons verifica-se no interior dos versos:
“irei beber a luz e o amanhecer” (Sophia de Mello Breyner Andresen)
Rima encadeada – a última palavra de um verso rima com o meio do verso seguinte:
"Eu sou a que no mundo anda perdida, / Eu sou a que na vida não tem norte" (Florbela
Espanca)
Consoante (rimam vogais e consoantes)
Toante (rimam só as vogais tónicas)
Esquema rimático
Tipo de rima
285
N
A
E
S
T
R
O
F
E
V − O TEXTO DRAMÁTICO
Bloco informativo
O texto dramático apresenta uma estrutura dialogal, através da qual progride a intriga ou ação
dramática, destinando-se, prioritariamente, à representação.
Observe o conjunto de elementos que o integram e que permitem distingui-lo de outros textos.
•Corresponde aos atos de fala das personagens (as réplicas), pelas quais se dá a progressão dramática.
• Integra os acontecimentos, situações ou ações experienciados pelas personagens, que surgem
contextualizados num determinado espaço e num determinado tempo.
Texto principal
• Desenvolve-se, fundamentalmente, em diálogo (interação estabelecida pelas personagens
intervenientes), podendo também surgir o monólogo (expressões associadas à exteriorização de reflexões ou
pensamentos da personagem) ou os apartes (interação direta entre a personagem e o leitor/espetador).
• Corresponde ao conjunto de didascálicas (parte do texto marcada graficamente por outro tipo de
letra – e/ou – por parênteses).
• Representa as indicações cénicas fornecidas pelo dramaturgo, nas quais se encontram informações
imprescindíveis à representação do texto principal.
• Integra informações dirigidas às personagens, ao encenador, aos atores, aos técnicos e figurinistas,
Texto como, por exemplo:
secundário – identificação das personagens;
– caracterização física e psicológica dos interlocutores;
– indicações sobre o modo como as falas devem ser proferidas;
– registo de aspetos paraverbais (movimentação, expressões corporais e faciais, tom de voz, gestos);
– caracterização do espaço e do tempo, da intensidade e focalização da iluminação, da disposição dos objetos
em cena, vários aspetos a contemplar na representação.
A estrutura do texto dramático pode ainda ser percecionada por outras características, normalmente
asso- ciadas à sua segmentação e tradicionalmente relacionadas com os seguintes aspetos.
286
Metas Curriculares
Leitura
7. Ler e interpretar textos de diferentes géneros e graus de
com- plexidade.
1. Identificar o tema dominante, justificando.
2.Fazer inferências, fundamentando.
c) definir tópicos e organizá-los de acordo com o género
4.Explicitar o sentido global do texto, fundamentando. de texto a produzir.
5. Relacionar aspetos paratextuais com o conteúdo do 11. Escrever textos de diferentes géneros e finalidades.
texto.
1. Escrever textos variados, respeitando as marcas
6. Explicitar, em textos apresentados em diversos do género: síntese, exposição sobre um tema e
suportes, marcas dos seguintes géneros: relato de viagem, apreciação crítica.
artigo de divulgação científica, exposição sobre um
12. Redigir textos com coerência e correção linguística.
tema e apreciação crítica.
1. Respeitar o tema.
8.Utilizar procedimentos adequados ao registo e ao
2.Mobilizar informação adequada ao tema.
tratamento da informação.
1. Selecionar criteriosamente informação relevante. 3. Redigir um texto estruturado, que reflita uma
planificação, evidenciando um bom domínio dos
2. Elaborar tópicos que sistematizem as ideias-
mecanismos de coesão textual com marcação correta
chave do texto, organizando-os sequencialmente.
de parágrafos e utilização adequada de conectores.
9.Ler para apreciar criticamente textos variados.
4.Mobilizar adequadamente recursos da língua: uso correto
1. Exprimir pontos de vista suscitados por leituras do registo de língua, vocabulário adequado ao tema,
diversas, fun- damentando. correção na acentuação, na ortografia, na sintaxe e na
2. Analisar a função de diferentes suportes em pontuação.
contextos espe- cíficos de leitura. 5. Observar os princípios do trabalho intelectual:
identificação das fontes utilizadas; cumprimento das
normas de citação; uso de notas de rodapé; elaboração
Escrita
da bibliografia.
10. Planificar a escrita de textos. 6.Explorar as virtualidades das tecnologias de informação
1. Pesquisar informação pertinente. na produção, na revisão e na edição do texto.
2.Elaborar planos: 13. Rever os textos escritos.
a) estabelecer objetivos; 1. Pautar a escrita do texto por gestos recorrentes
de revisão e aperfeiçoamento, tendo em vista a qualidade
b) pesquisar e selecionar informação pertinente;
do produto final.
287
Metas Curriculares
a) entre as diversas partes constitutivas de um texto; 3. Explicitar processos fonológicos que ocorrem na
evolução do português.
b) entre características e pontos de vista das
personagens. 4.Identificar étimos de palavras.
8.Identificar características do texto poético no que diz 5. Reconhecer valores semânticos de palavras
respei- to a: considerando o respetivo étimo.
a) estrofe (dístico, terceto, quadra, oitava); 6.Relacionar significados de palavras divergentes.
b) métrica (redondilha maior e redondilha menor; 7. Identificar palavras convergentes.
decassílabo); 8.Reconhecer a distribuição geográfica do português no
c) rima (emparelhada, cruzada, interpolada); mun- do: português europeu; português não europeu.
d) paralelismo (cantigas de amigo); 9. Reconhecer a distribuição geográfica dos
e) refrão. principais crioulos de base portuguesa.
9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos 18. Explicitar aspetos essenciais da sintaxe do
português.
men- cionados no Programa.
1. Identificar funções sintáticas indicadas no
10. Identificar características do soneto.
Programa.
11. Reconhecer e caracterizar textos quanto ao género
2.Dividir e classificar orações.
literário: epopeia e auto ou farsa.
3. Identificar orações coordenadas.
15. Apreciar textos literários.
4.Identificar orações subordinadas.
1. Reconhecer valores culturais, éticos e estéticos
manifestados nos textos. 5. Identificar oração subordinante.
2. Valorizar uma obra enquanto objeto simbólico, no 19. Explicitar aspetos essenciais da lexicologia do português.
plano do imaginário individual e coletivo. 1. Identificar arcaísmos.
3. Expressar pontos de vista suscitados pelos textos lidos, 2.Identificar neologismos.
fun- damentando. 3. Reconhecer o campo semântico de uma palavra.
4.Fazer apresentações orais (5 a 7 minutos) sobre obras, 4.Explicitar constituintes de campos lexicais.
partes de obras ou tópicos do Programa.
5. Relacionar a construção de campos lexicais
5. Escrever exposições (entre 120 e 150 palavras) sobre com o tema do- minante do texto e com a respetiva
temas respeitantes às obras estudadas, seguindo tópicos intencionalidade comu- nicativa.
forneci- dos.
6.Identificar processos irregulares de formação de palavras.
6.Ler uma ou duas obras do Projeto de Leitura
7. Analisar o significado de palavras considerando
relacionando-
o processo de formação.
-a(s) com conteúdos programáticos de diferentes
domínios.
7. Analisar recriações de obras literárias do Programa,
com re- curso a diferentes linguagens (por exemplo,
música, teatro, cinema, adaptações a séries de TV),
estabelecendo compa- rações pertinentes.
288