Você está na página 1de 113

GUIA DO PROFESSOR

Novos PORTUGUÊS 3

3URȃVVLRQDLV
Ana Catarino
Ana Felicíssimo
Planificação Anual Isabel Castiajo
Esquemas Interpretativos
Maria José Peixoto
Fichas de Leitura,
Escrita e Gramática
Questões de Aula
Testes de Avaliação
(de unidade e globais)
Índice 1. Projeto de leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2. Planificação anual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

3. Relações entre textos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

4. Esquemas interpretativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

5. Cenários de resposta do manual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

6. Fichas de Leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1. Diário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
35
36
2. Memória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3. Apreciação crítica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4. Artigo de opinião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

7. Fichas de Escrita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1. Exposição sobre um tema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
45
46
2. Apreciação crítica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3. Texto de opinião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4. Síntese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

8. Fichas de Gramática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1. Sequências textuais/Intertextualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
53
54
2. Valor temporal, aspetual e modal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3. Dêixis/Funções sintáticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4. Frase complexa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
5. Coesão e coerência textual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 1


9. Questões de Aula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1. Fernando Pessoa, poesia do ortónimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
59
60
2. Poesia dos heterónimos e Bernardo Soares . . . . . . . . . . . . . . 61
3. Fernando Pessoa, Mensagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4. Poetas contemporâneos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
5. Contos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
6. José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis . . . . . . . . . 67
7. José Saramago, Memorial do convento . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

10. Testes (de unidade) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


1. Fernando Pessoa, poesia do ortónimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
71
72
2. Fernando Pessoa, poesia dos heterónimos . . . . . . . . . . . . . . 74
3. Fernando Pessoa, Bernardo Soares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
4. Fernando Pessoa, Mensagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5. Poetas contemporâneos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
6. Contos, “Sempre é uma companhia” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
7. Contos, “Famílias desavindas” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
8. José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis . . . . . . . . . 86
9. José Saramago, Memorial do convento . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88

11. Testes globais/módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


1. Módulo 7 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
91
92
2. Módulo 8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
3. Módulo 9 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

Soluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

Nota:
Disponível no os seguintes recursos:
P 54=5e
)5;,)fZ()$;.$ >(.=)()$;?$1-5
P 5=).;585Ď=.'5
– Eugénio de Andrade
– Alexandre O’ Neill
V>B)15
P Ċ()5<
P ´4.3$Đý)<
P ´8;)<)4=$Đý)<)35@);5.4=
P ij>(.5<
P 5'>3)4=5<
– Banco de imagens
– Projeção de textos e de fichas

2 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


1. PROJETO DE LEITURA

1. PROJETO DE LEITURA

Obras propostas para o Projeto de Leitura — 3.° ano do ciclo de formação

Agualusa, José Eduardo O vendedor de passados


´13).($Z
);3$45 Estórias de dentro de casa
Anónimo As mil e uma noites (excertos escolhidos)
Andrade, Carlos Drummond de Antologia poética (poemas escolhidos)
Assis, Machado de Memórias póstumas de Brás Cubas
Borges, Jorge Luís Ficções
Cendrars, Blaise Poesias em viagem (poemas escolhidos)
Dionísio, Mário Calçada do sol: Diário desgrenhado de um qualquer homem nascido
no princípio do século XX

$;'Ċ$5;'$Z )();.'5 Antologia poética (poemas escolhidos)

$;'.$ė;:>)CZ
$&;.)1 Cem anos de solidão

);<ē5Z)51.4($ A árvore das palavras

5,51Z.051$. Contos de São Petersburgo
54@$4$Z>Ċ<);4$;(5 Nós matámos o Cão Tinhoso
$+0$Z ;$4C Contos
Kavafis, Konstandinos Poemas e prosas (poemas escolhidos)
458F.Z>. Obra poética (poemas escolhidos)
Levi, Primo Se isto é um homem
Márai, Sándor As velas ardem até ao fim
Mourão-Ferreira, David Obra poética (poemas escolhidos)
>;$0$3.Z $;>0. Autorretrato do escritor enquanto corredor de fundo
Namora, Fernando Retalhos da vida de um médico
Negreiros, Almada Nome de guerra
Neruda, Pablo Vinte poemas de amor e uma canção desesperada
;@)11Z
)5;,) 1984
$3>0Z-;$4 Istambul
Patraquim, Luís Carlos O osso côncavo e outros poemas (poemas escolhidos)
$CZ'=$?.5 Antologia poética (poemas escolhidos)
Pessanha, Camilo Clepsydra
Pina, Manuel António Como se desenha uma casa
Pires, José Cardoso Balada da praia dos cães
Proust, Marcel Em busca do tempo perdido. Vol. I: Do lado de Swann
Ď,.5Z 5<Ď Poemas de Deus e do Diabo
Sá-Carneiro, Mário de Indícios de oiro
Strindberg, August A menina Júlia
Tabucchi, Antonio O tempo envelhece depressa
Tavares, Paula Como veias finas da Terra
Vieira, Arménio O poema, a viagem, o sonho
Whitman, Walt Folhas de erva (poemas escolhidos)
Woolf, Virginia A casa assombrada e outros contos
.4,/.$4Z
$5 Uma cana de pesca para o meu avô

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 3


2.
PLANIFICAÇÃO
ANUAL

Este material está disponível, em formato editável, em .

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


6
PLANIFICAÇÃO ANUAL š ANO 3

MÓDULO 7
2. PLANIFICAÇÃO ANUAL

Fernando Pessoa
Ortónimo, poesia dos heterónimos (Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos) e Bernardo Soares (Livro do desassossego)

Domínios/Tópicos de conteúdo Objetivos Horas

Educação Literária

Fernando Pessoa Autores/Textos 14. Ler e interpretar textos literários. 40 horas


Contextualização histórico- 15. Apreciar textos literários.
-literária Fernando Pessoa ortónimo 16. Situar obras literárias em função de grandes marcos históricos
A questão da heteronímia (Escolher 6 poemas) e culturais.
“Autopsicografia”
Poesia do ortónimo “Isto”
O fingimento artístico “Ela canta, pobre ceifeira”
A dor de pensar “Gato que brincas na rua”
Sonho e realidade “Tenho tanto sentimento”
A nostalgia da infância “Não sei se é sonho, se realidade”
Linguagem, estilo e estrutura: “Tudo o que faço ou medito”
− recursos expressivos: a anáfora, “Nada sou, nada posso, nada sigo”
a antítese, a apóstrofe, “Maravilha-te, memória!”
a enumeração, a gradação, “Quando era jovem, quando tinha
a metáfora e a personificação. [pena”
“Não sei, ama, onde era”

Poesia dos heterónimos Fernando Pessoa, heterónimos


O fingimento artístico
Alberto Caeiro
− Alberto Caeiro, o poeta
“Se eu pudesse trincar a terra
“bucólico”
[toda”
− Ricardo Reis, o poeta “clássico”
“Sou um guardador de rebanhos”
− Álvaro de Campos, o poeta
da modernidade

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


Domínios/Tópicos de conteúdo Objetivos Horas

Educação Literária

Reflexão existencial Autores/Textos


− Alberto Caeiro: o primado das
sensações Ricardo Reis
− Ricardo Reis: a consciência “Vem sentar-te comigo, Lídia,
e a encenação da mortalidade [à beira do rio”
− Álvaro de Campos: sujeito, “Uns, com os olhos postos
consciência e tempo; nostalgia [no passado”
da infância “Segue o teu destino”

O imaginário épico Álvaro de Campos


(Álvaro de Campos) “Ode triunfal”
− matéria épica: a exaltação “Esta velha angústia”
do Moderno “Ali não havia eletricidade”
− o arrebatamento do canto

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


Linguagem, estilo e estrutura
− formas poéticas e formas
estróficas, métrica e rima
− recursos expressivos:
a aliteração, a anáfora,
a anástrofe, a apóstrofe,
a enumeração, a gradação,
a metáfora, a personificação
e a onomatopeia.

Bernardo Soares, Livro Bernardo Soares, Livro


do desassossego do desassossego
O imaginário urbano 1. “Amo, pelas tardes demoradas
O quotidiano de verão, […]”
Deambulação e sonho: 2. “Quando outra virtude não haja
o observador acidental em mim, […]”
Perceção e transfiguração poética 3. “Releio passivamente, […]”
do real
Linguagem, estilo e estrutura
− a natureza fragmentária da obra

7
2. PLANIFICAÇÃO ANUAL
8
Domínios/Tópicos de conteúdo Objetivos Horas

Leitura
2. PLANIFICAÇÃO ANUAL

Memória 7. Ler e interpretar textos de diferentes géneros e graus de complexidade.


Apreciação crítica 8. Utilizar procedimentos adequados ao registo e ao tratamento
Artigo de opinião da informação.
9. Ler para apreciar criticamente textos variados.

Escrita
Exposição sobre um tema 10. Planificar a escrita de textos.
Apreciação crítica 11. Escrever textos de diferentes géneros e finalidades.
Texto de opinião 12. Redigir textos com coerência e correção linguística.
Síntese [Recuperar] 13. Rever os textos escritos.

Oralidade
Compreensão do Oral 1. Interpretar textos orais de diferentes géneros.
2. Registar e tratar a informação.
Diálogo argumentativo Documentário [Recuperar] 3. Planificar intervenções orais.
Debate Exposição sobre um tema [Recuperar] 4. Participar oportuna e construtivamente em situações de interação oral.
5. Produzir textos orais com correção e pertinência.
Expressão Oral 6. Produzir textos orais de diferentes géneros e com diferentes finalidades.

Texto de opinião Síntese [Recuperar]


Debate Exposição sobre um tema

Gramática

Retoma (em revisão) dos conteúdos estudados no Ano 1 e no Ano 2. 17. Construir um conhecimento reflexivo sobre a estrutura e o uso
do português.
Semântica 1. Consolidar os conhecimentos gramaticais adquiridos nos anos
Valor aspetual: aspeto gramatical (valor perfetivo, valor imperfetivo, anteriores.
situação genérica, situação habitual e situação iterativa) 19. Explicitar aspetos da semântica do português.
3. Distinguir valores aspetuais.
Valor modal: modalidade epistémica (valor de probabilidade ou de certeza),
4. Identificar e caracterizar diferentes modalidades.
deôntica (valor de permissão ou de obrigação) e apreciativa

Avaliação Diagnose oral e escrita. Testes de avaliação.


Oralidade planificada. Questão de aula.
Trabalhos de casa. Auto e heteroavaliação.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


MÓDULO 8

Fernando Pessoa, Mensagem / Poetas contemporâneos

Domínios/Tópicos de conteúdo Objetivos Horas

Educação Literária

Fernando Pessoa, Mensagem Autores/Textos 40 horas

O Sebastianismo Fernando Pessoa, Mensagem 14. Ler e interpretar textos literários.


O imaginário épico: “Ulisses” 15. Apreciar textos literários.
− natureza épico-lírica da obra “D. Dinis” 16. Situar obras literárias em função de grandes marcos históricos
− estrutura da obra “D. Sebastião, Rei de Portugal” e culturais.
− dimensão simbólica do herói “O Infante”
− exaltação patriótica “O Mostrengo”
“Mar Português”

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


Linguagem, estilo e estrutura:
“O Quinto Império”
− estrutura estrófica, métrica
“Nevoeiro”
e rima;
− recursos expressivos: a apóstrofe,
Poetas contemporâneos
a enumeração, a gradação,
a interrogação retórica Miguel Torga
e a metáfora. “A um negrilho”
“Sísifo”
“Dies irae”
Poetas contemporâneos “Prospeção”
Representações do contemporâneo Ana Luísa Amaral
Tradição literária “Testamento”
Figurações do poeta “Visitação”
Arte poética “Inês e Pedro: quarenta anos
Linguagem, estilo e estrutura: [depois”
− formas poéticas e formas “Aniversário”
estróficas
Manuel Alegre
− métrica
“Letra para um hino”
− recursos expressivos
“Abaixo el-rei Sebastião”
“Sobre um mote de Camões”
“Coisa amar”

9
2. PLANIFICAÇÃO ANUAL
10
Domínios/Tópicos de conteúdo Objetivos Horas

Leitura
2. PLANIFICAÇÃO ANUAL

Memória 7. Ler e interpretar textos de diferentes géneros e graus de complexidade.


Artigo de opinião 8. Utilizar procedimentos adequados ao registo e ao tratamento
Relato de viagem [Recuperar] da informação.
Discurso político [Recuperar] 9. Ler para apreciar criticamente textos variados.

Escrita
Apreciação crítica 10. Planificar a escrita de textos.
11. Escrever textos de diferentes géneros e finalidades.
12. Redigir textos com coerência e correção linguística.
13. Rever os textos escritos

Oralidade
Compreensão do Oral 1. Interpretar textos orais de diferentes géneros.
2. Registar e tratar a informação.
Diálogo argumentativo 3. Planificar intervenções orais.
Exposição sobre um tema [Recuperar] 4. Participar oportuna e construtivamente em situações de interação oral.
Documentário [Recuperar] 5. Produzir textos orais com correção e pertinência.
6. Produzir textos orais de diferentes géneros e com diferentes finalidades.

Expressão Oral
Texto de opinião
Diálogo argumentativo
Exposição sobre um tema [Recuperar]

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


Domínios/Tópicos de conteúdo Objetivos Horas

Gramática

Retoma (em revisão) dos conteúdos estudados no Ano 1 e Ano 2 17. Construir um conhecimento reflexivo sobre a estrutura e o uso
do português.
Linguística textual, texto e textualidade: 1. Consolidar os conhecimentos gramaticais adquiridos nos anos
a) organização de sequências textuais (narrativa, descritiva, argumentativa, anteriores.
explicativa e dialogal) 18. Reconhecer a forma como se constrói a textualidade.
b) intertextualidade 1. Demonstrar, em textos, a existência de coerência textual.
2. Distinguir mecanismos de construção da coesão textual.
Semântica 3. Identificar marcas das sequências textuais.
Valor temporal: 4. Identificar e interpretar manifestações de intertextualidade.
a) formas de expressão do tempo (localização temporal): flexão verbal, 19. Explicitar aspetos da semântica do português.
verbos auxiliares, advérbios ou expressões de tempo e orações temporais; 1. Identificar e interpretar formas de expressão do tempo.
b) relações de ordem cronológica: simultaneidade, anterioridade 2. Distinguir relações de ordem cronológica.
e posterioridade 3. Distinguir valores aspetuais.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


4. Identificar e caracterizar diferentes modalidades.
Valor aspetual: aspeto gramatical (valor perfetivo, valor imperfetivo,
situação genérica, situação habitual e situação iterativa)

Valor modal: modalidade epistémica (valor de probabilidade ou de certeza),


deôntica (valor de permissão ou de obrigação) e apreciativa

Avaliação Observação direta de: atenção/concentração; participação nas atividades


da aula; compreensão e expressão.
Testes de avaliação.
Questão(ões) de aula.
Produções escritas.
Oralidade planificada.
Trabalhos de casa.
Auto e heteroavaliação.

11
2. PLANIFICAÇÃO ANUAL
12
MÓDULO 9

Contos / José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis OU Memorial do convento


2. PLANIFICAÇÃO ANUAL

Domínios/Tópicos de conteúdo Objetivos Horas

Educação Literária

“Sempre é uma companhia” Autores/Textos 40 horas


Solidão e convivialidade
Caracterização das personagens. “Sempre é uma companhia”,
Relação entre elas de Manuel da Fonseca
Caracterização do espaço: físico, [Manual]
psicológico e sociopolítico
Importância das peripécias inicial
e final
OU

“Famílias desavindas” “Famílias desavindas”,


História pessoal e história social: de Mário de Carvalho
as duas famílias [Manual]
Valor simbólico dos marcos
históricos referidos
A dimensão irónica do conto
A importância dos episódios
e da peripécia final
OU

“George” “George”,
As três idades da vida de Maria Judite de Carvalho
O diálogo entre realidade, memória [ ]
e imaginação
Metamorfoses da figura feminina
A complexidade da natureza
humana

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


Domínios/Tópicos de conteúdo Objetivos Horas

Educação Literária

José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis (integral) 14. Ler e interpretar textos literários.
15. Apreciar textos literários.
Representações do século XX: o espaço da cidade, o tempo histórico
16. Situar obras literárias em função de grandes marcos históricos
e os acontecimentos políticos
e culturais.
Deambulação geográfica e viagem literária
Representações do amor
Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário Verde
e Fernando Pessoa

Linguagem, estilo e estrutura:


− a estrutura da obra
− o tom oralizante e a pontuação
− recursos expressivos: a antítese, a comparação, a enumeração, a ironia
e a metáfora
− reprodução do discurso no discurso

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


José Saramago, Memorial do convento (integral)
O título e as linhas de ação
Caracterização das personagens. Relação entre elas
O tempo histórico e o tempo da narrativa
Visão crítica
Dimensão simbólica

Linguagem, estilo e estrutura:


− a estrutura da obra
− intertextualidade
− pontuação
− recursos expressivos: a anáfora, a comparação, a enumeração, a ironia
e a metáfora
− reprodução do discurso no discurso

13
2. PLANIFICAÇÃO ANUAL
14
Domínios/Tópicos de conteúdo Objetivos Horas

Leitura
2. PLANIFICAÇÃO ANUAL

Apreciação crítica Discurso político [Recuperar] 7. Ler e interpretar textos de diferentes géneros e graus de complexidade.
Diário Exposição sobre um tema [Recuperar] 8. Utilizar procedimentos adequados ao registo e ao tratamento da informação.
Memória 9. Ler para apreciar criticamente textos variados.

Escrita
Texto de opinião 10. Planificar a escrita de textos.
Apreciação crítica 11. Escrever textos de diferentes géneros e finalidades.
Síntese [Recuperar] 12. Redigir textos com coerência e correção linguística.
13. Rever os textos escritos.

Oralidade
Compreensão do Oral Expressão Oral 2. Registar e tratar a informação.
3. Planificar intervenções orais.
Debate Texto de opinião 4. Participar oportuna e construtivamente em situações de interação oral.
Documentário [Recuperar] Diálogo argumentativo 5. Produzir textos orais com correção e pertinência.
Exposição sobre um tema [Recuperar] 6. Produzir textos orais de diferentes géneros e com diferentes finalidades.

Gramática

Retoma (em revisão) dos conteúdos estudados no Ano 1 e Ano 2. 17. Construir um conhecimento reflexivo sobre a estrutura e o uso
Linguística textual, texto e textualidade: do português.
a) organização de sequências textuais (narrativa, descritiva, argumentativa, 1. Consolidar os conhecimentos gramaticais adquiridos nos anos
explicativa e dialogal) anteriores.
b) intertextualidade 18. Reconhecer a forma como se constrói a textualidade.
Semântica 1. Demonstrar, em textos, a existência de coerência textual.
Valor temporal: 2. Distinguir mecanismos de construção da coesão textual.
a) formas de expressão do tempo (localização temporal): flexão verbal, 3. Identificar marcas das sequências textuais.
verbos auxiliares, advérbios ou expressões de tempo e orações temporais 4. Identificar e interpretar manifestações de intertextualidade.
b) relações de ordem cronológica: simultaneidade, anterioridade
19. Explicitar aspetos da semântica do português.
e posterioridade
1. Identificar e interpretar formas de expressão do tempo.
Valor aspetual: aspeto gramatical (valor perfetivo, valor imperfetivo,
2. Distinguir relações de ordem cronológica.
situação genérica, situação habitual e situação iterativa)
3. Distinguir valores aspetuais.
Valor modal: modalidade epistémica (valor de probabilidade ou de certeza), 4. Identificar e caracterizar diferentes modalidades.
deôntica (valor de permissão ou de obrigação) e apreciativa

Avaliação Observação direta. Testes de avaliação. Questão(ões) de aula. Produções

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


escritas. Oralidade planificada. Trabalhos de casa. Auto e heteroavaliação.
3.
RELAÇÕES
ENTRE TEXTOS

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


3. RELAÇÕES ENTRE TEXTOS

Módulo 8 – Mensagem (Manual, p. 110)

“O Adamastor”, est. 39-43 do canto V de Os Lusíadas

[39] “Não acabava, quando ũa figura


Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura;
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má e a cor terrena e pálida;
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.

[40] “Tão grande era de membros, que bem posso


Certificar-te que este era o segundo
)5()<)<=;$4-Ċ<<.35515<<5Z
Que um dos sete milagres foi do mundo.
>3=53()?5C45<+$1$Z-5;;)4(5),;5<<5Z
Que pareceu sair do mar profundo.
Arrepiam-se as carnes e o cabelo,
A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!

[41] “E disse: – “Ó gente ousada, mais que quantas


No mundo cometeram grandes cousas,
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,
E por trabalhos vãos nunca repousas,
Pois os vedados términos quebrantas
E navegar meus longos mares ousas,
Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,
Nunca arados d’ estranho ou próprio lenho;

[42] “Pois vens ver os segredos escondidos


$4$=>;)C$)(5-ù3.(5)1)3)4=5Z
A nenhum grande humano concedidos
De nobre ou de imortal merecimento,
Ouve os danos de mi que apercebidos
Estão a teu sobejo atrevimento,
Por todo o largo mar e pola terra
Que inda hás-de sojugar com dura guerra.

[43] “Sabe que quantas naus esta viagem


>)=>+$C)<Z+.C);)3Z()$=;)?.($<Z
Inimiga terão esta paragem,
Com ventos e tormentas desmedidas;
E da primeira armada que passagem
.C);85;)<=$<54($<.4<5+;.($<Z
Eu farei de improviso tal castigo
Que seja mor o dano que o perigo!

Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura,


prefácio e notas de A. Costa Pimpão), Lisboa,
Instituto de Camões – Ministério dos Negócios
Estrangeiros, 2000, pp. 222-223.

16 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


3. RELAÇÕES ENTRE TEXTOS

Módulo 8 – Poetas contemporâneos (Manual, p. 138, questão 4)

VIII
Num meio-dia de fim de primavera 45 Hoje vive na minha aldeia comigo.
Tive um sonho como uma fotografia. É uma criança bonita de riso e natural.
Vi Jesus Cristo descer à terra. .38$54$;.C$5&;$Đ5(.;).=5Z
Chapinha nas poças de água,
Veio pela encosta de um monte Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
5 5;4$(55>=;$?)C3)4.45Z 50 Atira pedras aos burros,
A correr e a rolar-se pela erva 5>&$$+;>=$(5<853$;)<
E a arrancar flores para as deitar fora E foge a chorar e a gritar dos cães.
E a rir de modo a ouvir-se de longe. E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Tinha fugido do céu. 55 Corre atrás das raparigas
10 Era nosso de mais para fingir Que vão em ranchos pelas estradas
De segunda pessoa da trindade. Com as bilhas às cabeças
No céu era tudo falso, tudo em desacordo E levanta-lhes as saias.
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério A mim ensinou-me tudo.
15 ()?)C)3:>$4(5()<)=5;4$;5>=;$?)C-53)3 60 Ensinou-me a olhar para as coisas.
<>&.;8$;$$';>CZ))<=$;<)38;)$35;;); Aponta-me todas as coisas que há nas
Com uma coroa toda à roda de espinhos [flores.
E os pés espetados por um prego com cabeça, Mostra-me como as pedras são engraçadas
E até com um trapo à roda da cintura Quando a gente as tem na mão
20 Como os pretos nas ilustrações. E olha devagar para elas.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças. 65 .CU3)3>.=53$1())><Y
O seu pai era duas pessoas − .C:>))1)Ď>3?)1-5)<=ù8.(5)(5)4=)Z
Um velho chamado José, que era carpinteiro, Sempre a escarrar no chão
25 E que não era pai dele; $(.C);.4()'č4'.$<Y
55>=;58$.);$>3$853&$)<=ù8.($Z A Virgem Maria leva as tardes
´ù4.'$853&$+).$(53>4(5   …($)=);4.($()$+$C);3).$Y
Porque não era do mundo nem era pomba. 70 E o Espírito Santo coça-se com o bico
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter. E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
30 Não era mulher: era uma mala >(545'Ď>Ď)<=ù8.(5'535$ ,;)/$$=ā1.'$Y
Em que ele tinha vindo do céu. .CU3):>))><4ē58);')&)4$($
E queriam que ele, que só nascera da mãe, Das coisas que criou −
E nunca tivera pai para amar com respeito, 75 “Se é que ele as criou, do que duvido” −.
Pregasse a bondade e a justiça! e1)(.CZ85;)A)3815Z:>)5<<);)<'$4=$3
[a sua glória,
35 Um dia que Deus estava a dormir Mas os seres não cantam nada.
E o Espírito Santo andava a voar, Se cantassem seriam cantores.
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três. Os seres existem e mais nada,
5358;.3).;5+)C:>)4.4,>Ď3<5>&)<<) 80 E por isso se chamam seres”.
[que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente [continua]
[humano e menino.
40 535=);').;5';.5>>3;.<=5)=);4$3)4=)4$';>C
().A5>U58;),$(54$';>C:>)-ė45'Ď>
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 17


3. RELAÇÕES ENTRE TEXTOS

[continuação]

()85.<Z'$4<$(5()(.C);3$1())><Z Depois eu conto-lhe histórias das coisas só


O Menino Jesus adormece nos meus braços [dos homens
E eu levo-o ao colo para casa. E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ele mora comigo na minha casa a meio 125 .(5<;).<)(5<:>)4ē5<ē5;).<Z
[do outeiro. E tem pena de ouvir falar das guerras,
85 Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava. E dos comércios, e dos navios
Ele é o humano que é natural, Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Ele é o divino que sorri e que brinca. Porque ele sabe que tudo isso falta àquela
85;.<<5Ď:>))><).'53=5($$');=)C$ [verdade
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro. 130 Que uma flor tem ao florescer
:>)$4($'53$1>C(5<51
90 E a criança tão humana que é divina A variar os montes e os vales
É esta minha quotidiana vida de poeta, $+$C);(5);$5<51-5<5<3>;5<'$.$(5<Y
E é porque ele anda sempre comigo que eu
[sou poeta sempre. Depois ele adormece e eu deito-o.
E que o meu mínimo olhar 135 Levo-o ao colo para dentro de casa
Me enche de sensação, E deito-o, despindo-o lentamente
95 E o mais pequeno som, seja do que for, E como seguindo um ritual muito limpo
Parece falar comigo. E todo materno até ele estar nu.

A Criança Nova que habita onde vivo Ele dorme dentro da minha alma
Dá-me uma mão a mim 140 Ē<?)C)<$'5;($()45.=)
E a outra a tudo que existe E brinca com os meus sonhos.
100 E assim vamos os três pelo caminho que houver, Vira uns de pernas para o ar,
Saltando e cantando e rindo Põe uns em cima dos outros
,5C$4(5545<<5<),;)(5'53>3 &$=)$<8$13$<<5C.4-5
Que é o de saber por toda a parte 145 Sorrindo para o meu sono.
Que não há mistério no mundo
105 E que tudo vale a pena. Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
A Criança Eterna acompanha-me sempre. Pega-me tu ao colo
A direção do meu olhar é o seu dedo apontando. E leva-me para dentro da tua casa.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons 150 Despe o meu ser cansado e humano
ē5$<'ā'),$<:>))1)3)+$CZ&;.4'$4(5Z E deita-me na tua cama.
[nas orelhas. E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
110 Damo-nos tão bem um com o outro E dá-me sonhos teus para eu brincar
Na companhia de tudo 155 Até que nasça qualquer dia
Que nunca pensamos um no outro, Que tu sabes qual é.
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo Esta é a história do meu Menino Jesus.
115 Como a mão direita e a esquerda. 5;:>);$Cē5:>)<)8);')&$
Não há de ser ela mais verdadeira
Ao anoitecer brincamos às cinco pedrinhas 160 Que tudo quanto os filósofos pensam
No degrau da porta de casa, E tudo quanto as religiões ensinam?

;$?)<'535'54?Ď3$>3()><)$>385)=$Z s/d
E como se cada pedra
120 Fosse todo um universo Alberto Caeiro, “O guardador de rebanhos”, poema VIII.
In Poesia dos Outros Eus – Obra essencial de Fernando
E fosse por isso um grande perigo para ela Pessoa (edição de Richard Zenith), Lisboa, Assírio & Alvim,
Deixá-la cair no chão. 2007, pp. 42-47.

18 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


3. RELAÇÕES ENTRE TEXTOS

Módulo 9 – O ano da morte de Ricardo Reis (Manual, p. 213, questão 4)

Os jogadores de xadrez

Ouvi dizer que outrora, quando a Pérsia Quando o rei de marfim está em perigo,
Tinha não sei qual guerra, Que importa a carne e o osso
Quando a invasão ardia na Cidade Das irmãs e das mães e das crianças?
E as mulheres gritavam, 40 Quando a torre não cobre
5 Dois jogadores de xadrez jogavam A retirada da rainha alta,
O seu jogo contínuo. pouco importa a vitória.
E quando a mão confiada leva o xeque
À sombra de ampla árvore fitavam Ao rei do adversário,
O tabuleiro antigo, 45 Pouco pesa na alma que lá longe
E, ao lado de cada um, esperando os seus Estejam morrendo filhos.
10 Momentos mais folgados,
Quando havia movido a pedra, e agora Mesmo que, de repente, sobre o muro
Esperava o adversário, Surja a sanhuda face
Um púcaro com vinho refrescava Dum guerreiro invasor, e breve deva
A sua sóbria sede. 50 Em sangue ali cair
O jogador solene de xadrez,
15 Ardiam casas, saqueadas eram O momento antes desse
As arcas e as paredes, É ainda entregue ao jogo predileto
Violadas, as mulheres eram postas Dos grandes indif’rentes.
Contra os muros caídos,
Traspassadas de lanças, as crianças 55 Caiam cidades, sofram povos, cesse
20 Eram sangue nas ruas... A liberdade e a vida,
Mas onde estavam, perto da cidade, Os haveres tranquilos e avitos
E longe do seu ruído, Ardam e que se arranquem,
Os jogadores de xadrez jogavam Mas quando a guerra os jogos interrompa,
O jogo do xadrez. 60 Esteja o rei sem xeque,
E o de marfim peão mais avançado
25 Inda que nas mensagens do ermo vento Pronto a comprar a torre.
Lhes viessem os gritos,
E, ao refletir, soubessem desde a alma Meus irmãos em amarmos Epicuro
Que por certo as mulheres E o entendermos mais
E as tenras filhas violadas eram 65 De acordo com nós próprios que com ele,
30 Nessa vitória próxima, Aprendamos na história
Inda que, no momento que o pensavam, Dos calmos jogadores de xadrez
Uma sombra ligeira Como passar a vida.
Lhes passasse na fronte alheada e vaga,
Breve seus olhos calmos [continua]
35 Volviam sua atenta confiança
Ao tabuleiro velho.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 19


3. RELAÇÕES ENTRE TEXTOS

Módulo 9 – O ano da morte de Ricardo Reis


[continuação] (Manual, p. 219, questão 3)

Tudo o que é sério pouco nos importe,


70 O grave pouco pese, Álvaro de Campos
O natural impulso dos instintos
>)')($$5.4ù=.1,5C5 O que há em mim é sobretudo cansaço −
(Sob a sombra tranquila do arvoredo) Não disto nem daquilo,
De jogar um bom jogo. Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
75 :>)1)?$35<()<=$?.($.4ù=.1 5 Cansaço.
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida, ´<>&=.1)C$($<<)4<$Đý)<.4ù=).<Z
Como se fosse apenas As paixões violentas por coisa nenhuma,
A memória de um jogo bem jogado Os amores intensos por o suposto em alguém,
80 E uma partida ganha Essas coisas todas −
A um jogador melhor. 10 Essas e o que falta nelas eternamente −;
>(5.<<5+$C>3'$4<$Đ5Z
A glória pesa como um fardo rico, Este cansaço,
A fama como a febre, Cansaço.
O amor cansa, porque é a sério e busca,
85 A ciência nunca encontra, ė<)3(ù?.($:>)3$3)5.4+.4.=5Z
E a vida passa e dói porque o conhece... 15 ė<)3(ù?.($:>)3()<)/)5.385<<Ċ?)1Z
/5,5(5A$(;)C ė<)3(ù?.($:>)34ē5:>).;$4$($“
Prende a alma toda, mas, perdido, pouco Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Pesa, pois não é nada. Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
90 Ah! sob as sombras que sem qu’rer nos amam, 20 Porque quero tudo, ou um pouco mais,
53>38ù'$;5()?.4-5 [se puder ser,
´51$(5Z)$=)4=5<<āĒ.4ù=.1+$.4$ Ou até se não puder ser...
5/5,5(5A$(;)CZ
Mesmo que o jogo seja apenas sonho E o resultado?
95 E não haja parceiro, Para eles a vida vivida ou sonhada,
Imitemos os persas desta história, Para eles o sonho sonhado ou vivido,
E, enquanto lá por fora, 25 Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida Para mim só um grande, um profundo,
Chamam por nós, deixemos E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
100 Que em vão nos chamem, cada um de nós Um supremíssimo cansaço,
Sob as sombras amigas Íssimo, íssimo, íssimo,
54-$4(5Z)1)5<8$;').;5<Z)5A$(;)C 30 Cansaço...
A sua indiferença. 9-10-1934
1-6-1916
In “O engenheiro aposentado”, Fernando Pessoa,
In “Odes e outros poemas”, Ricardo Reis, Poesia (ed. Manuela Poesia de Álvaro de Campos (ed. Teresa Rita Lopes),
Parreira da Silva), Lisboa, Assírio & Alvim, 2006, pp. 88-92. Porto, Assírio & Alvim, 2013, pp. 523-524.

20 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


3. RELAÇÕES ENTRE TEXTOS

Módulo 9 – O ano da morte de Ricardo Reis (Manual, p. 219, questão 3)

Ricardo Reis Alberto Caeiro

Só o ter flores pela vista fora XX


Nas áleas largas dos jardins exatos
Basta para podermos O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha
Achar a vida leve. [aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre
5 De todo o esforço seguremos quedas [pela minha aldeia
As mãos, brincando, pra que nos não tome Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha
Do pulso, e nos arraste. [aldeia.
E vivamos assim,
O Tejo tem grandes navios
><'$4(553Ċ4.35()(5;5>,5C5Z 5 E navega nele ainda,
10 Bebendo a goles os instantes frescos, Para aqueles que veem em tudo o que lá não está,
;$4<1ù'.(5<'535ė,>$ A memória das naus.
Em taças detalhadas,
O Tejo desce de Espanha
Da vida pálida levando apenas E o Tejo entra no mar em Portugal.
As rosas breves, os sorrisos vagos, 10 Toda a gente sabe isso.
15 E as rápidas carícias Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
5<.4<=$4=)<?51ù?).<Y E para onde ele vai
E donde ele vem.
Pouco tão pouco pesará nos braços E por isso, porque pertence a menos gente,
53:>)Z)A.1$(5<($<<>8);4$<1>C)<Z 15 É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Escolhermos do que fomos
20 O melhor pra lembrar Pelo Tejo vai-se para o mundo.
Para além do Tejo há a América
Quando, acabados pelas Parcas, formos, E a fortuna daqueles que a encontram.
Vultos solenes de repente antigos, Ninguém nunca pensou no que há para além
'$($?)C3$.<<53&;$<Z 20 Do rio da minha aldeia.
Ao encontro fatal
;.5($3.4-$$1().$4ē5+$C8)4<$;)34$($Y
25 Do barco escuro no soturno rio, Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
E os nove abraços do horror estígio, Alberto Caeiro, “O guardador de rebanhos”, in Fernando Pessoa –
E o regaço insaciável poesia dos outros eus (ed. Richard Zenith), Lisboa,
Da pátria de Plutão. Assírio & Alvim, 2007, pp. 53-54.

16-6-1914

In “Odes e outros poemas”, Ricardo Reis


Poesia (ed. Manuela Parreira da Silva), Lisboa,
Assírio & Alvim, 2006, pp. 53-54.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 21


3. RELAÇÕES ENTRE TEXTOS

Módulo 9 – O ano da morte de Ricardo Reis Módulo 9 – Memorial do convento


(Manual, p. 219, questão 3) (Manual, p. 257, questão 3)

Camões “O Velho do Restelo”, est. 94-96 canto IV

Est. 1, canto I “Mas um velho, d’ aspeito venerando,


Que ficava nas praias, entre a gente,
As armas e os Barões assinalados Postos em nós os olhos, meneando
Que da Ocidental praia Lusitana Três vezes a cabeça, descontente,
Por mares nunca de antes navegados A voz pesada um pouco alevantando,
Passaram ainda além da Taprobana, Que nós no mar ouvimos claramente,
Cum saber só d’ experiências feito,
Est. 20, canto III Tais palavras tirou do experto peito:

Eis aqui, quási cume da cabeça – “Ó glória de mandar, ó vã cobiça


De Europa toda, o Reino Lusitano, Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Onde a terra se acaba e o mar começa Ó fraudulento gosto, que se atiça
E onde Febo repousa no Oceano. Cũa aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Est. 155, canto X Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Pera servir-vos, braço às armas feito, Que crueldades neles experimentas!
Pera cantar-vos, mente às Musas dada;
Só me falece ser a vós aceito, “Dura inquietação d’ alma e da vida
De quem virtude deve ser prezada. Fonte de desemparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios!
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo dina de infames vitupérios;
Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas
de A. Costa Pimpão), Lisboa, Instituto de Camões – Chamam-te Fama e Glória soberana,
Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2000. Nomes com quem se o povo néscio engana!
Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas
de A. Costa Pimpão), Lisboa, Instituto de Camões –
Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2000, pp. 190-191.

Módulo 9 – Memorial do convento Módulo 9 – Memorial do convento


(Manual, p. 250, questão 1) (Manual, p. 269, questão 4)

O Infante D. Henrique Est. 106, canto I

O Infante D. Henrique No mar tanta tormenta e tanto dano,


Em seu trono entre o brilho das estrelas, Tantas vezes a morte apercebida!
Com seu manto de noite e solidão, Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tem aos seus pés o mar novo e as mortas eras − Tanta necessidade avorrecida!
O único imperador que tem, deveras, Onde pode acolher-se um fraco humano,
O globo mundo em sua mão. Onde terá segura a curta vida,
Fernando Pessoa, Mensagem
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
(ed. Fernando Cabral Martins), Porto, Contra um bicho da terra tão pequeno?
Assírio & Alvim, 2012, p. 41.
Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas
de A. Costa Pimpão), Lisboa, Instituto de Camões –
Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2000, p. 27.

22 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


4.
ESQUEMAS
INTERPRETATIVOS

Este material está disponível, em formato editável, em .

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 23


4. ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

Módulo 7 – Fernando Pessoa, poesia do ortónimo

“Autopsicografia” (Manual, p. 23)

5)3$=)5;.C$(5;(5fingimento poético cujo título


significa descrição da própria alma
A obra nasce

Do real (sentido) 5.4=)1)'=>$1.C$(5ƒfingido)

Coração (sentimento/engano) $Cē5ƒintelecto)

Ponto de partida para a criação artística Criação/fingimento/imaginação

O que se senteĎ.4=;$(>CĊ?)1)Z$5=)4=$;=;$(>C.;85;8$1$?;$<)4=)4(Ċ?).<Z
adultera-se o sentimento; a nova realidade acaba por ser mais verdadeira
do que aquela que a originou.

“Isto” (Manual, p. 24)

“Isto”

<8Ď'.)())<'1$;)'.3)4=5Ē<(ù?.($< Explicitação do fingimento –


suscitadas pela afirmação reelaboração da dor sentida,
“O poeta é um fingidor” (“Autopsicografia”) filtrada pela imaginação

Fingimento )'><$(5'5;$Đē5ƒsentimento)

A dor sentida (“o que sonho ou passo”)


“É como um terraço sobre outra coisa ainda”

Mundo sensível, terreno, das aparências Mundo inteligível, superior

Sentimento e imperfeição Intelectualização e perfeição

A escrita ocorre num momento posterior ao sentir, livre do “enleio”,


ou seja, do engano das sensações ou sentimentos, reservados ao leitor.
5;.<<5Z4>3$)<8Ď'.)()()<8;)C58)15.3)(.$=.<35<)4=.3)4=$1Z
o poeta situa-se num plano superior, porque o sentir é para o leitor.

24 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


4. ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Ela canta, pobre ceifeira” “Quando era jovem, quando tinha pena”
(Manual, p. 26) (Manual, p. 38)

Ceifeira ≠ Sujeito poético Dicotomia

Escuta e deseja ser Passado Presente


Canta sem pensar ≠
como a ceifeira
Juventude − sonho

Inconsciente ≠ Consciente, pensa


Vida, embora má, vida Vida estranha
Alegre porque não estranha era serena
Sente pensando, daí
pensa,
a presença da dor )<8);<54$1.C$Đē5
por isso vive
descontraída Pena
Mágoa
Canteiros de jardim
Cansaço

O sujeito poético deseja o impossível: ser


Nostalgia do passado ≠ Dor do presente
como a ceifeira sem deixar de ser ele
(“Ah, poder ser tu, sendo eu”)

Presença das dicotomias


P8)4<$;‚<)4=.;
P(5;‚$1),;.$
P'54<'.č4'.$‚.4'54<'.č4'.$

“Maravilha-te, memória!” (Manual, p. 37) “Não sei, ama, onde era” (Manual, p. 39)

O papel da memória Não sei, ama, onde era

Os contos de fadas )'5;($;$.4+đ4'.$


Permite recordar o
que nunca foi ou o
que nunca existiu Desejo de regressar )$1.($() ≠ Sonho
à infância

Alegria e
Choro, infelicidade ≠
Choro de hoje ≠ .<5()5>=;5;$ sofrimento

Presente Passado )+;ē5’<>/).=585Ď=.'5+)3.4.45

Cantigas de amigo

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 25


4. ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

Módulo 8 – Fernando Pessoa, Mensagem

“Ulisses” (Manual, p. 104) “Mar Português” (Manual, p. 111)

ULISSES
´ƒ)<'5&;.3)4=5<„

Mito
− Lágrimas
− Choro “)$1.C$Đē5
Nada Tudo − Dor − Compensação
− Perigo − Fama
− Tragédia “
1ā;.$
Não tem existência
Fecunda a realidade − Sacrifício
concreta

Sofrimento Imortalidade
—Dá sentido à vida
—)4ē5<)$';)(.=$;Z$?.($=5;4$U<).4ù=.1

“O Quinto Império” (Manual, p. 112) “Nevoeiro” (Manual, p. 114)

Crítica e lamento do sujeito poético 4');=)C$


a
1. estrofe por haver quem se limite a viver
sem aspirações Desorientação social e política

)+5;Đ5(51$3)4=585;<$&);:>) Portugal entristece, mas


2.a estrofe tem o gérmen do brilho
há quem viva só por viver

)+);č4'.$Ē8$<<$,)3(5=)385
Desnorte e crise de valores
e defesa da ambição, sendo
3.a estrofe
necessário ultrapassar as forças
que impedem o homem de sonhar Portugal sem rumo

É urgente a mudança
Os quatro impérios anteriores
pertencem ao passado e a Terra
4.a estrofe
prepara-se já para assistir a um
novo Império

Os antigos impérios serão


substituídos porque o messias
5.a estrofe D. Sebastião poderá não ter
morrido (como se depreende pela
interrogação final)

26 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


4. ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

Módulo 8 – Poetas contemporâneos

MIGUEL TORGA

“A um negrilho” (Manual, p. 128)

Negrilho Poeta

Poeta
Inspiração
Mestre
Tranquilidade
TU Avena
Sonho

.,$4=)‚<54-5
Companheirismo
Bosque
“vento”
“estrelas”
“pássaros” $=>;)C$ Tradição literária: Cantigas de amigo
“ninho”

“Sísifo” (Manual, p. 129)

Sísifo

(Poema) (Mito)

e)'53)Đ$[f….4'.=$3)4to] —Símbolo da insubmissão e do inconformismo


—Metáfora do esforço humano e busca de um
>;)C$(5'$3.4-5…1.&);($()† sentido para a vida

“Não descanses” [conselho]


Hino à condição humana
[valor da persistência]

Defesa do sonho, da aventura, da loucura

´ !´Įı 

Tradição literária:
Os Lusíadas, reflexões do poeta (cantos I e IV)

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 27


4. ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Prospeção” (Manual, p. 131)

“Prospeção”

Procura do “tesouro sagrado” = Pesquisa interior: “oiro dentro de mim”

“Cavo” / “Lavro” / “Peneiro” = Busca incessante da perfeição


[irregularidade métrica fluidez do pensamento]
Solidão/vazio

Drama da criação poética Fazer poesia requer

Trabalho árduo, esforço Pesquisa e questionamento constantes

ANA LUÍSA AMARAL

“Testamento” (Manual, p. 137)

Aspetos do quotidiano social valorizados ≠


Desejos do sujeito poético para a filha
— Horário certo
— Canto — Ver dentro das coisas
— Cama feita
— Fantasia — Sonho
— Contas de somar
— Amor
— Batatas descascadas

Negativamente conotadas Positivamente conotadas

Necessidade de emancipação da mulher


Preparar para a vida
Figurações do poeta

Conclusão:

Vitória do sonho e da fantasia:


“e fui contentamento deslumbrado
[…] as contas de somar erradas
e as batatas no saco esquecidas
e íntegras”

28 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


4. ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Visitação” (Manual, p. 138)

Dois reinos

Divino Humano
Mediador:

Anjo

Transformação do divino em humano:

1. Perde o sentido da sua existência divina:


e(.C)4(5f
“Um anjo aqui desceu”
“queixando-se”
2. Aproxima-se do humano: — Caráter narrativo do poema
“E aqui ficou” — Tradição literária:
“sonhando”
“E aqui ficado, o anjo adormeceu” Episódio da “Ilha dos Amores”,
“esquecendo”
de Os Lusíadas
3. Escolhe ser humano:
e))1)$'5;(5>Z…[†‚?.>:>));$&53=);453)Z)<)()Z)+53)f

“Inês e Pedro: quarenta anos depois” (Manual, p. 139)

Inês e Pedro: quarenta anos depois

Plano real Plano imaginário

Velhice

Inês Pedro

— Ouve mal
— Amores de Pedro e Inês — Tem joanetes
— Tem artroses nos joelhos
— Morte de Inês — T
 em cãibras nos
— Não tem dentes
— Coroação de Inês como rainha =5;45C)15<
— Está mais sábia e precavida

— Constatação da passagem do tempo


— )1$Đē5.4=)4<$)$8$.A54$($
— )1$Đē5()<,$<=$($
— <=$=>=5\;)$1)C$
— Estatuto: plebe

Tradição literária: Subversão da tradição literária:


— Os Lusíadas, episódio lírico 531ù(.'5).;ā4.'545=;$=$3)4=5()>3)8.<ā(.5-.<=ā;.'5
de “Inês de Castro”
— Frei Luís de Sousa, cena 1, ato I
(D. Madalena lê o episódio de “Inês
de Castro”, de Os Lusíadas)

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 29


4. ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

MANUEL ALEGRE

“Letra para um hino” (Manual, p. 142) “Abaixo El-rei D. Sebastião” (Manual, p. 143)

Presente ≠ Futuro Mito sebastianista tem de ser destruído

— Falar Objetivos dessa


— Proibir
— Amar Caráter exortativo: destruição:
— Fugir
— Cantar — Vocabulário de — Construir a “terra
— Fingir que se vive
— Viver conotação negativa: da aventura”
— Olhar para o chão
— .C);4ē5 “desastre”/”loucura” — Acabar com a
[Terra]
— Olhar os astros [Céu] — Anáfora humilhação
“É preciso” (vv. 1-2) — Unir o país
“Deixai” (vv. 8-9)
Vida vivida Vida sonhada — Imperativo:
 “deixai”/“cantai”/“matai”

Ser homem Ser livre

— Figurações do poeta: — A rte poética: poesia como forma


 – O poeta engagé de intervenção social
 –5)<.$'535$;3$()()4ù4'.$)()1>=$'53 — Representações do contemporâneo: contexto
vista à Mudança social e político do Estado Novo
— Tradição literária: — Tradição literária: Os Lusíadas
 – Camões lírico: temática “a mudança”

“Sobre um mote de Camões” (Manual, p. 144) “Coisa Amar” (Manual, p. 145)


Um mote de Camões – base da construção “Contar-te”
do poema 
— de sentimentos
Desejo de partilha 
Jogo — de experiências
— Perigos do mar
Intensidade de uns e de outros
— Perigos do amor
de palavras de sonoridades de sentidos

deixar/levar; amor/dor
Tradição literária:
Desejo do sujeito poético: — Os Lusíadas – viagem marítima
levar o amor, deixar a dor — Lírica camoniana – tema “amor ardente”
— Poesia trovadoresca – ex.: “Ondas do mar de Vigo”
Tradição literária: ƒ$=>;)C$'535'54E()4=)(5e)>f„
— Poesia lírica de Camões
 V)'>8);$Đē5(535=)
— Cantigas de amigo
 V.=35'$4=$4=)
 – Jogo de palavras
 – Marcas de oralidade (rimas)

Verso de redondilha maior

30 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


1. PLANIFICAÇÃO ANUAL

5.
CENÁRIOS
DE RESPOSTA
DO MANUAL

Este material está disponível, em formato editável, em .

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 31


5. CENÁRIOS DE RESPOSTA DO MANUAL

MÓDULO 7.1 – FERNANDO PESSOA, ORTÓNIMO c. Os heterónimos


Página 20 do manual – Expressão Oral − Criação dos primeiros heterónimos, Chevalier de Pas, com
cerca de 7 anos de idade, e Alexander Search.
1. Os alunos poderão abordar/desenvolver os seguintes tópicos.
a. Contextualização − Criação, numa só noite, de três heterónimos: o mestre, Alberto
− Assassinato do rei D. Carlos e do príncipe Luís Filipe. Caeiro; o médico e classicista, Ricardo Reis, e o engenheiro futu-
− Implantação da República a 5 de outubro de 1910. rista, Álvaro de Campos. Três personalidades distintas, com uma
− Início da Primeira Guerra Mundial no verão de 1914 (após o história própria, qualquer deles candidato a melhor poeta do seu
assassinato do arquiduque Augusto Fernando, herdeiro do trono tempo (ao longo da vida, terá criado mais de 70 heterónimos).
austro-húngaro). Mas os três que ali nasciam eram mais que estilos de escrita.
− Tentativa de Portugal se manter afastado do conflito, uma vez − Fernando Pessoa “viveu” com Bernardo Soares durante 20 anos,
que procura sanar as dificuldades do início da República. escrevendo na sombra quase doentia (aparece sempre que Pes-
− Declaração de guerra a Portugal, por parte da Alemanha, em
soa está cansado ou sonolento. É um semi-heterónimo porque,
1917, o que obriga o país a entrar no conflito.
não sendo a personalidade a dele, é uma mutilação dela).
− Golpe militar (1917) que leva Sidónio Pais ao poder.
− Crença de Fernando Pessoa em ver em Sidónio Pais a personi-
ficação do regresso de D. Sebastião. MÓDULO 7.2 – FERNANDO PESSOA, HETERÓNIMOS E BER-
− Golpe militar de 28 de maio de 1926 e instauração da Ditadura NARDO SOARES
Militar.
Página 64 do manual – Compreensão do Oral
− Nomeação de Oliveira Salazar como ministro das Finanças.
− Agitação política a nível europeu durante a década de 1930. 1. a. F – São apresentados aspetos biográficos.; b. F – Afirma-se
− (Acontecimentos sumariados após 1935 – Segunda Guerra que foi o pioneiro.; c. V; d. V; e. F – Adota uma atitude de tranquili-
Mundial, Guerra Colonial e Guerra Fria, anos dourados do ci- dade em face do destino e da vida.; f. V; g.V; h. V; i. F – Os símbolos
nema, o advento da televisão, …) por ele utilizados remetem para a brevidade da vida.; j. F – O código
b. Fernando Pessoa de conduta visa ensinar a viver entre o gozo dos prazeres e a ate-
− Nascimento de Fernando Pessoa no Largo de S. Carlos, a 13
nuação do sofrimento.; k. V; l. F – Reis acredita que os deuses são
de junho.
irreais e reais: irreais, porque não são realidades; reais, porque são
− Morte do pai aos 5 anos; morte do irmão Jorge com meses de
abstrações concretizadas.; m. V; n. V; o. V; p. V
idade. Casamento da mãe com o cônsul português em Durban,
partida da família para África do Sul.
Página 68 do manual – Escrita
− Fernando Pessoa cresce, estuda e escreve sempre que pode,
em português ou em inglês, na língua que o poema falar; cria- 1.
ção dos seus primeiros heterónimos. A imagem apresenta um rosto indefinido e o contorno de um
− Regresso a Portugal, com cerca de 17 anos. chapéu colocado numa cabeça que, imediatamente, associamos a
− Frequência da Faculdade de Letras, torna-se empregado de es- Fernando Pessoa. No lugar do rosto está um espaço, uma espécie
critório e traduz cartas comerciais.
de rua cercada de muros altos, com portas laterais à direita, com
− Mudança de casa e publicação por toda a imprensa.
um fundo escuro. À esquerda, no muro, está uma janela que, pela
− Amizade com Mário de Sá-Carneiro, filho de famílias abastadas
cor clara, parece deixar ver o espaço exterior. Nesta rua encon-
da alta burguesia, um génio precoce que na adolescência já tra-
duzia Goethe e Schiller. tram-se figuras humanas masculinas, dispostas num plano que
− Morte do padrasto e regresso da mãe e dos irmãos de Fernando vai do particular para o geral, sendo que há três silhuetas mais
Pessoa a Portugal; instalação no n.o 16 da rua Coelho da Rocha. perceptíveis e uma, ao fundo, menos clara. Parece representar-se
Fernando Pessoa fixa-se, finalmente, na casa onde viverá até nesta imagem a fragmentação daquele que vive os heterónimos
ao fim da sua vida. na sua mente, ou seja, a figura de Fernando Pessoa que, como
− Relação (“desjeitada” e relativamente curta) com uma jovem sabemos, povoou a sua vida de outros “eus” ou outros seres, mais
de nome Ofélia Queirós. autênticos que ele próprio. Por isso, facilmente se identificam os
− Morte da sua mãe em 1925 (Fernando Pessoa entrega-se cada seus três principais heterónimos na posição mais próxima, sendo
vez mais ao álcool).
que o que se encontra mais distante tanto pode ser o seu semi
– Vivência obcecada com a sua obra e constantes crises depressi-
-heterónimo Bernardo Soares como o próprio Pessoa.
vas. Por isso, a reaproximação a Ofélia Queirós volta a terminar
Este tipo de representação da heteronímia pessoana é bas-
pouco tempo depois do reatamento.
− Publicação do seu primeiro livro de poesia em português, em tante sugestiva, dado que permite perceber que os heterónimos
1934: Mensagem. A obra é premiada pelo Secretariado da Pro- são representações mentais mas também configurações autênti-
paganda Nacional, mas Pessoa falta à cerimónia. cas daquele que se “outrou” e viveu várias entidades.
− Morte do poeta a 30 de novembro de 1935. [196 palavras]

32 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


5. CENÁRIOS DE RESPOSTA DO MANUAL

Página 77 do manual – Compreensão/Expressão Oral e a afetividade. É o outro que viveu com ele durante 20 anos, que
1. acompanhou a escrita de um livro que não chegou a terminar;
é a personagem que assume o diário que, no fundo, é o Livro do
− O orador é Richard Zenith.
desassossego, onde a solidão de alguém que vive em sonho se
− O objetivo da intervenção é ler e comentar um dos últimos poe-
manifesta.
mas de Álvaro de Campos.
O Livro do desassossego é um livro híbrido quanto ao género,
− A partir de determinados versos, Richard Zenith tece alguns
que causa surpresa por ter muitas ideias, muito intensas, que
comentários que se prendem, por exemplo, com o facto de Pes-
se entrechocam e o impedem de ser um romance com princípio,
soa afirmar não ser nada, mas também poder ser tudo. Para este
meio e fim. É uma negação da narrativa e dos códigos literários,
estudioso, Pessoa era o poeta do nada e do tudo e, por isso, ficou
constituído por impressões sem nexo e confissões do autor. São
sempre “entre”.
mais de 500 textos escritos à solta, sem um sentido concreto,
− Explora ainda a afirmação que diz que “o coração é maior que o
onde se procura revelar o mistério da realidade.
universo inteiro” e justifica-a, dizendo que realmente o coração é
Suscita uma plenitude de leituras por ser uma espécie de
o ritmo da vida, é o que sente tudo, até a própria existência.
puzzle, um labirinto de reflexões, de sentimentos sobre a alma
2. Proposta de planificação da Exposição Oral: humana, e é isso que lhe confere um caráter universal.
Introdução – Justificação e tema da intervenção.
Desenvolvimento – Informações relativas ao orador: Richard Ze- MÓDULO 8.1 – FERNANDO PESSOA, MENSAGEM
nith, especialista em Fernando Pessoa e galardoado com o prémio Página 100 do manual – Expressão Oral
Pessoa em 2012; aspetos abordados e sua importância para a
1. Tópicos de análise
compreensão da heteronímia pessoana.
− As figuras representadas no Padrão dos Descobrimentos estão
Conclusão – Contributos deste tipo de tarefas para o estudo de
relacionadas com a expansão marítima.
obras e de pessoas.
− Camões cantou os feitos lusitanos e escreveu a epopeia Os Lu-
Página 77 do manual – Escrita síadas, em que narra a descoberta do caminho marítimo para a
Pessoa e os heterónimos (proposta de texto expositivo) Índia; D. Sebastião, cujo desaparecimento alimentou um mito, foi
também o rei a quem Camões dedicou a sua epopeia; D. Afonso
A complexidade e a riqueza intelectual de Fernando Pessoa
Henriques, o Conquistador, é o responsável pela fundação e ex-
fizeram-no, desde muito cedo, imaginar “outros”, através dos
pansão do reino português; Ulisses, representado no célebre epi-
quais pudesse exprimir os seus pensamentos, “dando à luz”, numa
sódio do canto das sereias, é considerado o fundador de Olissipo,
fase mais tardia, aqueles a quem deu total autonomia: Caeiro,
a futura Lisboa.
Reis e Campos.
− O objeto que assume proeminência é o Padrão dos Descobri-
Pessoa concedeu a estes três heterónimos uma identidade
mentos, símbolo do período áureo desta época; sobre o continente
e estilos próprios, tornando-os distintos entre si e de si, demar-
africano, encontra-se o símbolo heráldico do Brasão.
cando-se das suas posições e anulando-se para lhes dar voz. Ao
− Os óculos estão associados à figura do autor: Fernando Pessoa.
primeiro dotou-o da instintividade e primitivismo, típicos de al-
− O manuscrito pode representar a obra onde Pessoa irá desta-
guém pouco culto academicamente. Privilegia as sensações em
car um conjunto de situações e/ou pessoas que estiveram rela-
detrimento do pensamento; a ruralidade, em oposição à cidade.
Ao segundo fê-lo clássico, pagão, latinista, adepto do epicurismo cionadas com os Descobrimentos, ao mesmo tempo que evoca o
e do estoicismo. Ao terceiro deu-lhe a missão de ser o porta-voz manuscrito de Os Lusíadas.
do Modernismo e do Futurismo, mas igualou-o a si próprio na úl- − Globalmente, a imagem funciona como uma previsão dos textos
tima fase poética do heterónimo. que vão ser explorados e dos assuntos abordados na obra da au-
Distintos entre si, mas filhos do mesmo pai e pupilos do toria de Fernando Pessoa. Constitui uma espécie de pré-leitura ou
mesmo mestre, é normal que partilhem algumas disposições: de preparação para o que vai ser explorado na primeira unidade
Reis aproxima-se de Caeiro no amor à Natureza e Campos no do módulo 8.
sensacionismo. Porém, se Pessoa quis unificar a cisão do seu “eu”
através dos heterónimos, essa tentativa saiu gorada pois estes MÓDULO 9.1 – CONTOS
estilhaçaram-no ainda mais, fazendo-o questionar a sua própria Página 178 do manual – Escrita
existência.
1. Proposta de desenvolvimento do texto
[191 palavras]
Introdução: O quadro representa um espaço similar ao do conto
Página 82 do manual – Expressão Oral quer na configuração quer na desertificação.
1. Os alunos poderão desenvolver os seguintes tópicos. Desenvolvimento: Em primeiro plano – vasta e plana plantação
Bernardo Soares, classificado pelo próprio Pessoa como se- de um tom doirado, mas cujo aspeto denuncia a secura e a aridez
mi-heterónimo, partilha com o criador os mesmos traços de cará- da região; ao fundo, avistam-se, perdidas na imagem, algumas
ter. Aparecia sempre que o criador estava cansado ou sonolento; oliveiras que, embora de um tom menos seco do que o predomi-
sendo outro Fernando Pessoa, é um quase “eu” sem o raciocínio nante, não trazem frescura ao espaço retratado; as poucas casas

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 33


5. CENÁRIOS DE RESPOSTA DO MANUAL

dispersas e isoladas poderiam ser reconhecidas como a solitária − Um deus passeando pela brisa da tarde (romance), 1994
aldeia de Alcaria. No céu predomina o azul, embora pontuado por (Prémio de Romance e Novela da APE/IPLB)
umas nuvens altas cor de algodão, que não parecem, contudo, − Se perguntarem por mim, não estou seguido de Haja harmo-
revelar frescor. nia (teatro), 1999 (Grande Prémio APE)
Conclusão: Tal como em “Sempre é uma companhia”, o espaço − Contos vagabundos (contos), 2000
retratado assemelha-se a um deserto, nu, perdido e desampa- − Fantasia para dois coronéis e uma piscina (romance), 2003
rado. Parece, portanto, que o objetivo do pintor terá sido imor- (Prémio PEN Clube Português Ficção)
talizar a aridez e a solidão do Alentejo, apesar da beleza do − O homem que engoliu a Lua (infanto-juvenil), 2003
predomínio dos tons doirados. − A sala magenta, 2008 (Prémio Fernando Namora e Prémio
Vergílio Ferreira pelo conjunto da obra)
Página 179 do manual – Expressão Oral − Novelas extravagantes, 2015
1. Resposta pessoal. No entanto, o aluno poderá referir: − Ronda das mil belas em frol, 2016
š7eXhWZe[iYh_jehj[ccƒh_je[ƒh[Yed^[Y_ZWde[ijhWd][_he"
šEdWiY_c[dje[cB_iXeW1WYedijWjW‚€eZWiZ_ÒYkbZWZ[iZefele
estando traduzida em diversas línguas e em diversos países da
alentejano; a tradição familiar de resistência ao salazarismo; a
Europa, América e África.
licenciatura em Direito; a luta antifascista: a resistência, a pri-
são política. Página 230 do manual – informar
š9h_WZeh%[iYh_jehZ[hecWdY[i"del[bWi"Yedjei"f[‚WiZ[j[Wjhe" 1. Marcenda, tal como o nome indica, é uma mulher que está des-
folhetins. Tem também publicado obras de literatura infanto- tinada a murchar, a desistir. A par disso, revela uma obediência
-juvenil e textos ensaísticos. Escreveu ainda textos para cinema. extrema, uma inércia e uma passividade que contrastam com a
Recebeu vários prémios nacionais e internacionais e é um autor proatividade, a liberdade e o envolvimento de Lídia nas questões
com obras recomendadas no Plano Nacional de Leitura. do mundo que a rodeia. Desta forma, Marcenda acaba por repre-
š7b]kcWieXhWifkXb_YWZWi0 sentar a apatia de Ricardo Reis que age como um mero espetador
− O livro grande de Tebas navio e Mariana (romance), 1982 do mundo, ao passo que Lídia se constitui como a única possibi-
(Prémio Cidade de Lisboa) lidade do heterónimo se (re)construir como uma figura indepen-
− A inaudita guerra da avenida Gago Coutinho (contos), 1983 dente do seu criador e vingar no mundo de 1936, não se coibindo
− Contos soltos (contos), 1986 de tomar posições mais radicais nas questões importantes. Mas
− A paixão do conde de Fróis (romance), 1986 (Prémio D. Dinis) no labirinto em que vive, Ricardo Reis sente-se incapaz de assu-
− Quatrocentos mil sestércios seguido de O conde Jano (nove- mir essa postura e caminha com Fernando Pessoa em direção
las), 1991 (Grande Prémio APE e Grande Prémio de Conto à morte, para a qual se preparou durante toda a sua existência.
Camilo Castelo Branco)

34 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


6.
FICHAS
DE LEITURA

Este material está disponível, em formato editável, em .

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 35


6. FICHAS DE LEITURA

1. DIÁRIO
Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

Leia o texto e responda, de seguida, às questões.


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

UMA AULA CALOROSA

Outubro 20
A aula de hoje foi uma conversa animada, calorosa por
?)C)<Z<5&;)$<;)($Đý)<Y$($:>$1+$C.$1);5>1.$$<>$)
depois a plateia criticava; ou criticava eu. Ao José Manuel
5 pouco faltou para gritarem “Fora!”. Pois quem o mandou
ter uma bitola tão avara1?
Mas a crítica não era feita apenas às ideias expostas:
punha-se direito o que, do ponto de vista da ortografia, da
morfologia, da sintaxe, estava de esguelha. Foi afinal a aula
10 de hoje, principalmente, uma lição de gramática, “dada de
maneira suave e agradável” – como quer o Ludovico.
Vimos, especialmente, a ortografia dos verbos em ar (ao
ouvido): presenciar, negociar, prefaciar e chapear, aformo-
sear, pastorear;…[†?.35<$5;=5,;$+.$($<.4=);/).Đý)<ah
15 (“Ah pernas para que vos quero!”), oh (“Oh! O Artur calado!”),
óƒeġ5<$Z$;;)(54($$<$.$Yf„Zehƒ5e)-8ėf(5
$&;.)1Z:>)
)1)Z'535:>$<)=5(5<Z);;$;$„]…[†)?.35<Z()85.<()3>.-
tas outras coisas que iam surgindo, dois “pontapés na
gramática” propostos pelo Artur.
20 E eram eles colhidos ambos de um aparelho de TSF:
O filho de João Lourenço há de vir a ser um futuro cam-
peão do Sporting.
)4<;$Cē5Z´;=>;\)<=$Ď(5=.85() só o único, diga-se:
[-ė()?.;$<);>3'$38)ē5Y
25 ou
[Ď>3+>=>;5'$38)ē5Y
Já a segunda mereceu mais discussão e foi aprovada:
)B;5=)5(.<8$;5>>3$&51$.38$;ė?)1:>)$;;.,$4$()+)4()>Y
Então – perguntava o Artur – era imparável e foi parada? Este imparável é apenas exagerado; ou quer
30 (.C);Z´;=>;Z:>)$:>)1$&51$<);.$.38$;ė?)18)1$3$.5;.$(5<,>$;($U;)()<5>8$;)'.$.38$;ė?)18)15
próprio Barrigana. O adjetivo serve, ali, não só para acentuar a força com que a bola corria, mas ainda, e
principalmente, para acentuar a boa atuação do que a defendeu. A frase, Artur, é do tipo daquela que eu já
citara:
O burro fez o impossível para se salvar e salvar o seu dono.
35 +5.$8;58ā<.=5()=>(5.<=5:>)3)$'54=)')>>3$'5.<$3>.=5)4,;$Đ$($[

Sebastião da Gama, Diário de Sebastião da Gama,


1
Limitadora, escassa. Edições Ática, Lisboa, 7.ª edição, 1986, pp. 171-172.

36 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


6. FICHAS DE LEITURA

1. A expressão “ter uma bitola tão avara” (l. 6) significa


(A) não se esforçar por fazer melhor.
(B) não levar o exercício a sério.
(C) ser demasiado exigente com o seu trabalho.
(D) ser demasiado crítico.

2. A expressão “estava de esguelha” (l. 9) ilustra o uso de uma linguagem


(A) imprecisa.
(B) cuidada.
(C) popular.
(D) formal.

3. A interjeição presente no segmento “Ah pernas para que vos quero!” (l. 15) acentua a ideia de
(A) rapidez.
(B) esforço físico.
(C) descontentamento.
(D) alegria.

4. No contexto em que ocorre, o vocábulo “pontapés” (l. 18) é sinónimo de


(A) azares.
(B) brutalidades.
(C) regras.
(D) incorreções.

5. No segmento “Já a segunda mereceu mais discussão e foi aprovada”(l. 27) estão presentes
(A) uma oração subordinada e uma coordenada.
(B) duas orações subordinadas.
(C) duas orações coordenadas.
(D) uma oração subordinante e uma subordinada.

6. Refira o tempo e o modo em que se encontra a forma verbal presente na expressão: “aquela
bola seria imparável” (l. 30).

7. Identifique a função sintática desempenhada pelo vocábulo sublinhado no segmento: “A frase,


Artur, é do tipo daquela que eu já citara” (ll. 32-33).

8. Indique o processo de formação de palavras no vocábulo “impossível” (l. 34).

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 37


6. FICHAS DE LEITURA

2. MEMÓRIA
Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

Leia o texto e responda, de seguida, às questões.


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

AS PEQUENAS MEMÓRIAS

Ainda não falei dos meus avós paternos. Como


'5<=>3$?$(.C);585)=$>;.15)4()<(5.4+);45Z
existir, existiam, mas não funcionavam. Ele chamava-
-se João de Sousa, ela, Carolina da Conceição, e
5 para carinhosos faltava-lhes tudo, embora, verdade
seja, tenham sido pouquíssimas as ocasiões que
tivemos, eles e eu, para averiguar até que ponto
85();.$3'-),$;$<45<<$<3ù=>$<(.<85<.Đý)<
:>$4=5$8);3>=$<()$+)=5Y.$U5<;$;$<?)C)<Z)$
10 secura que queria encontrar em um e em outro in- e, como alguém que conscientemente trata de re-
timidava-me. Um conjunto de circunstâncias que, '51-);.4+5;3$Đý)<:>)85();ē5?.;$<);U1-)ù=).<
obviamente, não esteve na minha mão favorecer ou no futuro, pensei que deveria fixar a hora. Creio re-
contrariar, levaram a que, de uma forma natural, 45 '5;($;:>));$3()C-5;$<)$1,>4<3.4>=5<Y´+.4$1Z
)<854=đ4)$Z53)>85;=5()$&;.,54$´C.4-$,$=.- o tal meu desprevenido e isento coração infantil
15 vesse sido sempre a casa dos meus avós maternos, havia decidido representar um papel: o do frio ob-
mais a da tia Maria Elvira, no Mouchão de Baixo. servador que subordina a emoção ao registo objetivo
A avó Carolina, de todos os modos, nunca foi de dos factos. A prova de que assim era foi-me dada
expansões, por exemplo, não me lembro de que 50 por um segundo do pensamento ainda menos isento
$1,>3$?)C3)=.?)<<)($(5>3&)./5)<)3)&)./5> e desprevenido, o de que me ficaria bem verter uma
20 foi com a boca dura, como uma bicada (a diferença 1ė,;.3$5>(>$<8$;$4ē5+$C);+.,>;$()4)=5<)3
percebe--se facilmente), que, digo eu, para beijar-me sentimentos aos olhos da minha mãe e do diretor
assim, melhor seria que não o tivesse feito. Quem da escola, o Senhor Vairinho. Do que me lembro
não apreciava nada esta preferência pelos meus 55 muito bem é de ter a avó Carolina estado doente em
avós maternos era o meu pai, que, um dia, tendo eu 45<<$'$<$(>;$4=)>3=)385Y´'$3$)3:>)/$C.$
25 dito “os meus avós”, referindo-me aos pais da minha era a dos meus pais, onde teriam eles ficado esses
mãe, corrigiu secamente, sem se dar ao trabalho de (.$<4ē5+$Đ5$3)45;.().$Y5:>)$3.3(.C;)<-
disfarçar o despeito: “Tens outros.” Que havia eu de peito, dormia na outra divisão da parte da casa que
1-)+$C);` .4,.;>3$35;:>)4ē5<)4=.$`<<)4- 60 ocupávamos, no chão e com as baratas (não estou
timentos não se governam, não são coisas de tirar a inventar nada, de noite passavam-me por cima).
30 e pôr de acordo com as conveniências do momento, )'5;(55>?.;;)8)=.($3)4=)$5<3)><8$.<>3$
menos ainda se, pela idade, é um coração despre- palavra que nessa altura julguei designar a doença
venido e isento o que levamos dentro do peito. A avó de que a avó padecia: albumina, que tinha albumina
$;51.4$35;;)>:>$4(5)>=.4-$()C$45<Y.4-$ 65 ƒ<>854-5$,5;$:>)<5+;.$()$1&>3.4ù;.$Z5:>)Z
mãe apareceu uma manhã na escola do Largo do ?)4(5&)3Z4ē5+$C,;$4()(.+);)4Đ$Z85;:>$4=5<ā
35 Leão com a infausta novidade. Ia buscar-me, não sei :>)3=)3$1&>3.4$85();ė=);$1&>3.4ù;.$„Y.4-$
se em virtude de algum preceito de conduta social mãe punha-lhe parches de vinagre aquecido, não
de que eu não tinha conhecimento, mas que, pelos sei para quê. Durante muito tempo, o cheiro a vina-
vistos, obrigava ao reconhecimento imediato dos 70 gre quente esteve associado na minha memória à
netos em caso de defunção dos avós. Lembro-me avó Carolina.
40 de ter olhado nesse momento o relógio de parede José Saramago, As pequenas memórias,
que havia na sala de entrada, por cima de uma porta, Lisboa, Editorial Caminho, 2006, pp. 62-64.

38 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


6. FICHAS DE LEITURA

1. Relativamente aos avós paternos, Saramago afirma que


(A) nunca os conhecera por já terem morrido quando nasceu.
(B) eram muito carinhosos, embora fossem muito pobres.
(C) foram muitas as vezes em que se encontrou com eles.
(D) eram pouco afetuosos e raramente se encontrou com eles.

2. A preferência do escritor pelos avós maternos


(A) deve-se ao facto de morarem, tal como ele, em Azinhaga.
(B) foi motivo de uma observação desagradável por parte de seu pai.
(C) não agradava aos avós paternos.
(D) só aconteceu depois da morte da sua avó Carolina.

3. No contexto em que surge, “infausta” (l. 35) significa


(A) triste. (C) surpreendente.
(B) feliz. (D) inesperada.

4. Ao saber da notícia da morte da avó paterna, Saramago


(A) emocionou-se porque, apesar de tudo, gostava dela.
(B) achou que era desnecessário fingir tristeza.
(C) pensou que deveria, pelo menos, fingir alguma pena.
(D) teve de controlar os sentimentos para não chorar.

5. Durante muito tempo, Saramago associou o cheiro a vinagre à avó Carolina,


(A) pois esse era um dos ingredientes usados nos seus cozinhados.
(B) devido ao uso de compressas de vinagre aquecido durante a sua doença.
(C) porque ela o usava para matar as baratas da casa do escritor.
(D) embora não reconheça uma razão que o justificasse.

6. Explique por que razão existia pouca afetividade entre Saramago e os avós paternos.

7. Sintetize a reação de Saramago ao saber da notícia da morte da avó.

8. Avalie as condições de vida da família de Saramago na sua infância.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 39


6. FICHAS DE LEITURA

3. APRECIAÇÃO CRÍTICA
Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

Leia o texto e responda, de seguida, às questões.


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

A INCRÍVEL E TRISTE HISTÓRIA DE EMMA REYES E DAS FREIRAS DESALMADAS

Ao longo de 23 cartas que a pintora colombiana é adulta, mas quem fala nestas linhas é a menina
33$)B)<ƒ4Yž¦ž¦„)<';)?)$5<)>$3.,5) que ela foi. Nunca ergue o olhar, nunca completa
'538$=;.5=$
);3ė4´;'.4.),$<Z)4<$Ċ<=$Z851Ċ=.'5 as sensações que descreve com o que sabe quando
e historiador, ela conta a sua infância miserável 30 escreve; vê sempre com os olhos do momento em
5 num bairro de San Cristóbal, em Bogotá, no início :>)<>')();$3$<'5.<$<Yf<=)ĎZ<)3(ù?.($Z>3
dos anos 1920, e também na clausura de um con- dos predicados desta coletânea epistolar1.
?)4=554()?.?)>3$.<()>3$()C)4$()$45<Y Literariamente não é um livro impressionante,
O livro de Emma Reyes – memória por correspon- apesar de alguns detalhes de onde transparece a
dênciaZ$'$&$(5()8>&1.'$;85;'ė8)1$>)=C$1Z 35 sensibilidade poética da autora, no entanto, e dados
10 ;)ù4))<<$<'$;=$<'53)Đ$($<$)<';)?);)3ž¦£¦ os temas narrados, de alguma forma este livro pode
ƒ($=$4(5$ù1=.3$()ž¦¦¤„Z):>)<ā8>();$3<); +$C);1)3&;$;5;53$4')As cinzas de Angela, de
publicadas (por vontade expressa da autora) após ;$40'5>;=Z)3$.<>3$<=$4=$<8);<54$,)4<
a sua morte, que ocorreu em 2003, em Bordéus. ().'0)4<Z';.$4Đ$<?)A$($<Z3$1=;$=$($<)$&$4-
A primeira edição da compilação, na Colômbia, data 40 donadas, e outras que nunca souberam de quem
15 ()ŸžŸY$1?)C5:>)3$.<.38;)<<.54)4)<=)1.?;5Z 4$<');$3Y33$)B)<'54=$\e3(.$8);,>4=5>U
e quase tanto como as histórias da infância mise- -me se eu tinha pai e mãe e eu perguntei-lhe o que
rável de uma mulher, narrada por ela própria, é a era isso e ele disse-me que também não sabia.”
ausência de rancores e de ressentimentos, sem Mas ao mesmo tempo, e como nota também Leila
condenar alguém nem sentir pena de si própria; 45
>);;.);5Z)1$85()<);$=);;$(5;$ƒ$5'54=$;$
20 isto para além da particularidade de ter sido escrito história de um bebé todo borrado), hilariante (quando
por alguém que foi quase analfabeto até aos 18 lhe perguntam o nome da mãe e ela responde ‘loja
$45<Y)(.=5;'5153&.$45$3.15 .3Ď4)CZ)'.=$(5 de chocolates’) explícita (quando descreve crua-
8)1$)<';.=5;$$;,)4=.4$).1$
>);;.);54>3=)A=5 mente como era batida com uma bota), e irónica
:>).4=;5(>C51.?;5Z)<';)?)>\e´<>$3$.5;?.;=>() 50 (ao referir-se a um padre e aos reis de Espanha).
25 consiste na precisão e na quantidade de detalhes,
mas sobretudo no olhar: a autora escreve quando
José Riço Direitinho, in Público, edição online
de 5/11/2017 (consultado em novembro de 2017,
1
Conjunto de cartas. com supressões)

40 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


6. FICHAS DE LEITURA

1. A obra O livro de Emma Reyes – memórias por correspondência


(A) transmite rancor contra a sociedade contemporânea da infância de Emma Reyes.
(B) surpreende, porque, apesar de contar a vida miserável da pintora, não demonstra aversão.
(C) foi publicado na década de 1920, em Bogotá.
(D) é um livro escrito por Leila Guerriero com base na biografia de Emma Reyes.

2. As cartas de Emma Reyes


(A) só puderam ser publicadas por decisão de Leila Guerriero.
(B) eram destinadas ao colombiano Germán Arciniegas.
(C) estavam fixadas no livro que fora concluído há cerca de meio século.
(D) começaram a ser escritas quando era ainda uma criança.

3. Considerando o conteúdo das cartas, pode afirmar-se que a pintora


(A) narra a sua vida na infância, embora, por vezes, de forma fantasiosa e/ou ficcionada.
(B) narra as dificuldades que sentiu para ser reconhecida como autora.
(C) descreve histórias de uma infância infeliz recorrendo à sua memória enquanto menina.
(D) narra a sua vida da infância, omitindo pormenores desagradáveis.

4. Considerando o conteúdo do livro, pode dizer-se que Emma Reyes


(A) se inspirou no romance As cinzas de Angela, de Frank McCourt.
(B) fez uma obra brilhante em termos de descrição.
(C) revelou, nas suas cartas, ter uma grande sensibilidade narrativa.
(D) teve uma infância semelhante à de algumas personagens de Dickens.

5. O texto insere-se no género “apreciação crítica” porque


(A) apresenta uma apreciação valorativa de um livro.
(B) descreve o modo como foi publicado o livro de Emma Reyes.
(C) se faz uma apreciação das condições de vida da pintora durante a sua infância.
(D) o autor aprecia de forma exaustiva cada uma das cartas escritas.

6. Indique três aspetos da vida de Emma Reyes que se depreendem do conteúdo do livro.

7. Transcreva uma frase que evidencie o caráter memorialista de O livro de Emma Reyes.

8. Demonstre que a vida difícil de Emma Reyes não condicionou de forma negativa a sua perso-
nalidade.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 41


6. FICHAS DE LEITURA

4. ARTIGO DE OPINIÃO
Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

Leia o texto. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

QUERO DIZER-VOS

Num mundo em que a informação e o conheci-


mento são cada vez mais poderosos, é grande o risco
de fratura social determinado pelo saber. Com efeito,
a evolução rápida das sociedades obriga a constan-
5 tes mudanças, o que implica capacidade de adap-
tação, para a qual muito podem contribuir uma
educação de base sólida e a aprendizagem ao longo
da vida. Essa educação de base deve ser para todos,
propiciando os instrumentos essenciais e promovendo
10 o gosto pelo saber e pelo estudo; uma educação pela
qual se desenvolvam hábitos de rigor, de esforço, 40 e cinco anos e, sobretudo, da população empregada,
de respeito pela diversidade de pontos de vista; uma cuja situação pode vir a mudar radicalmente nos
educação que dê capacidades de estudo, de organi- próximos anos. Contudo, não existem políticas, nem
zação da informação, de pesquisa e de intervenção. meios financeiros compatíveis com a gravidade de
15 Precisamos de uma educação de qualidade, que diagnóstico.
forme cidadãos capazes de compreenderem e in- 45 De todo o modo, não podemos baixar os braços.
tervirem no mundo em que vivemos. É necessária uma mobilização ativa pela educação
Embora a maioria dos programas educativos de adultos. Há que romper o ciclo que condenou
assuma esta filosofia de aprendizagem ao longo da muitos portugueses a uma vida limitada do ponto
20 vida, há muito a fazer para a sua concretização quer de vista profissional e cultural, criando mais opor-
ao nível da educação de base quer ao nível da edu- 50 tunidades de formação de base e de aperfeiçoamento
cação de adultos. De facto, é, sobretudo, a população em várias fases da vida. Foi o esforço dessas gera-
adulta portuguesa que apresenta um défice educa- ções penalizadas que permitiu que as gerações mais
tivo grande resultante, por um lado, de um baixo jovens fossem alcançando cada vez mais oportuni-
25 nível de escolaridade e, por outro, da falta de opor- dades educativas. A sociedade portuguesa tem uma
tunidades em matéria de formação contínua. Enquanto, 55 dívida para com esses cidadãos.
nos últimos anos, se assistiu a um crescimento muito As instituições devem produzir novas respostas
significativo no que diz respeito ao acesso ao sistema em matéria de educação de adultos – e motivar as
formal de ensino das camadas jovens, o aumento pessoas para aprenderem. Desde logo, ao nível do
30 da educação de adultos não se processou ao mesmo reconhecimento de competências. Penso que o
ritmo. 60 esforço de autoformação ao longo da vida e de for-
Podemos dizer hoje que a missão clássica da mação em contextos não formais deve encontrar
escola está em vias de ser assegurada e que se estão formas de validação. É essencial criar processos de
a dar passos significativos para proporcionar a todos acreditação de competências e de experiência pro-
35 os jovens o acesso à educação. É necessário, agora, fissional, dimensão decisiva da educação de adultos.
um investimento, ainda não realizado, na educação
de adultos. Existe um consenso quanto à necessidade
de desenvolver esta frente, incidindo, designadamente, Jorge Sampaio, Quero dizer-vos, Lisboa, Editorial Notí-
na ação ao nível da população com mais de trinta cias, 2000, pp. 139-140 (com supressões).

42 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


6. FICHAS DE LEITURA

1. De acordo com o conteúdo do texto,


(A) o conhecimento e o saber são consequências de uma sociedade caracterizada pela fratura
social.
(B) a rutura social pode ter como uma das causas o excesso de informação e de conhecimento.
(C) quanto maior for o nível de escolarização e de formação, mais ferramentas terá o cidadão
para solucionar problemas.
(D) o nível de escolarização está indiretamente relacionado com a mudança social.

2. Jorge Sampaio defende um modelo educacional


(A) universal e gratuito.
(B) universal e potenciador do desenvolvimento e do raciocínio crítico.
(C) vocacionado sobretudo para a escolarização das camadas mais jovens.
(D) que exclua a educação de adultos.

3. As questões mais prementes a nível da educação colocam-se


(A) relativamente às gerações mais velhas.
(B) ao nível da conceção do modelo de aprendizagem.
(C) no plano da formação contínua.
(D) no modo de acesso ao sistema formal de ensino.

4. A ausência de meios políticos e económicos é


(A) inibidora do desenvolvimento do modelo clássico de escola.
(B) propiciadora do desenvolvimento de modelos de formação de adultos.
(C) impeditiva do investimento educacional na formação de adultos.
(D) geradora de consensos no que se refere ao modelo educacional a seguir.

5. O texto pertence ao género “artigo de opinião” porque apresenta como marcas


(A) a objetividade e a apreciação valorativa de um tema.
(B) o recurso a uma linguagem clara, mas específica de uma determinada área.
(C) a utilização da terceira pessoa e a objetividade.
(D) a apresentação de um ponto de vista sobre um tema, baseada em argumentos.

6. Indique os argumentos para uma educação sólida.

7. Refira o principal problema enfrentado pelos adultos, no que se refere à educação ao longo da vida.

8. Explique por que razão tem a sociedade uma dívida para com a geração adulta.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 43


7.
FICHAS
DE ESCRITA

Este material está disponível, em formato editável, em .

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 45


7. FICHAS DE ESCRITA

1. EXPOSIÇÃO SOBRE UM TEMA


O texto expositivo tem por finalidade elucidar de forma clara, concisa e objetiva um determinado tema.
Apresenta, por isso, um caráter demonstrativo.

PARA RECORDAR

Atente nas três fases essenciais para a elaboração de uma exposição sobre um tema:

1. Fase preparatória
— selecione os temas/subtemas a contemplar;
— pesquise informação tendo por base fontes credíveis (livros, textos críticos de autores conhe-
cedores do tema, revistas, jornais ou sítios de Internet com credibilidade);
— comprove os factos apresentados, identificando as fontes usadas, assim como datas, esta-
tísticas, dados bibliográficos e outros;
—81$4.+.:>)5=)A=5Z5;,$4.C$4(5$.4+5;3$Đē5<)1)'.54$($Y

2. Fase da redação
— Iidentifique, na introdução, o assunto a tratar;
—5;,$4.C)<):>)4'.$13)4=)$<.4+5;3$Đý)<$=;$4<3.=.;Z>=.1.C$4(55<'54)'=5;)<(.<'>;<.-
vos de forma adequada;
— indique corretamente as fontes consultadas, assim como as citações, estatísticas ou dados
apresentados;
—>=.1.C)>3$1.4,>$,)38;ā8;.$Y

3. Fase da revisão
— corrija eventuais erros de ortografia, pontuação e acentuação;
—?);.+.:>)$'5);č4'.$(5(.<'>;<5)$>=.1.C$Đē5$():>$($(5<'54)'=5;)<ƒ'5)<ē5=)A=>$1„]
— certifique-se do cumprimento das marcas específicas deste género textual.

46 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


7. FICHAS DE ESCRITA

PARA PRATICAR

PROPOSTA 1

Certamente, já experienciou recordações do passado motivadas por vivências do presente.


Proceda a uma pesquisa sobre a importância e o papel da memória na construção da identidade
do ser humano. Poderá, para este efeito, consultar os seguintes documentos:
—;.<=.$4$5(;.,>)<Z>Ċ<$´+54<55$;)<) );4$4($5=$´1?)<ƒ5;,„ZEstudos da memória,
teoria e análise cultural. Lisboa, Ed. Humus, 2016.
  —http://visao.sapo.pt/opiniao/josluspeixoto/familia=f723394
  )(./$>3texto expositivo, entre 130 e 170 palavras, sobre o papel da memória na construção da

identidade do ser humano, tendo por base a seguinte planificação:
— Introdução
– Apresentação do tema.
— Desenvolvimento
– Exposição de dois argumentos:
° importância das recordações nas relações afetivas;
°$8;)4(.C$,)3()'5;;)4=)($<<.=>$Đý)<?.?.($<Y
— Conclusão
V)=53$(5=)3$)+)'-5(5=)A=5Y
No final, reveja o seu texto, considerando a concisão e a objetividade; a seleção vocabular; a arti-
culação coerente, a correção linguística, sintática e ortográfica.

PROPOSTA 2

  )(./$>3texto expositivo, de 130 a 170 palavras, sobre a importância dos sentidos na vida do ser

humano.
Considere a proposta de planificação que se apresenta e siga as instruções respeitantes à produção
de um texto expositivo:
— Introdução
– Os cinco sentidos: ferramentas essenciais para que o ser humano compreenda o mundo que
o rodeia.
— Desenvolvimento
− A importância de cada um dos sentidos para a compreensão do mundo.
“)1)?đ4'.$($<8$;=.'>1$;.($()<()$1,>4<(5<<)4=.(5<Y
− Alusão às consequências decorrentes da ausência de um dos sentidos.
— Conclusão
V)+5;Đ5($.().$($.385;=đ4'.$(5<<)4=.(5<8$;$$'538;))4<ē5(53>4(5Y
Nota: No seu texto deverá apresentar a explicitação de fontes credíveis que corroborem a informa-
ção acima exposta.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 47


7. FICHAS DE ESCRITA

2. APRECIAÇÃO CRÍTICA
A apreciação crítica é um género textual que apresenta uma descrição sucinta seguida de um comen-
tário crítico sobre o objeto tratado (um debate, um livro, um filme, uma peça de teatro ou outra mani-
festação cultural). Este género textual deve, portanto,
—$8;)<)4=$;>3'54=)ù(5.4+5;3$=.?5ƒ()<';.Đē5(55&/)=5„]
— incluir apreciações pessoais/comentários críticos;
— recorrer à argumentação e à exemplificação para fundamentar o ponto de vista adotado;
—>=.1.C$;>3$1.4,>$,)3?$15;$=.?$Z3$<'1$;$Y

PARA RECORDAR

Considere as três fases essenciais para a elaboração de uma apreciação crítica:

1. Fase da planificação
 — Introdução − descreva de forma sucinta o objeto a apreciar.
 — Desenvolvimento − apresente um comentário crítico valorativo (positivo ou negativo), por
tópicos, com os argumentos e com os exemplos que fundamentam o ponto de vista.
 — Conclusão − apresente uma síntese do comentário veiculado.

2. Fase da redação
—5;,$4.C) <):>)4'.$1 ) '5);)4=)3)4=) 5< =ā8.'5< )1)4'$(5< 4$ +$<) $4=);.5;Z =)4(5 )3
conta a estrutura tripartida proposta;
— explore os argumentos e os exemplos, para que validem e sustentem os comentários crí-
ticos efetuados;
— escolha um vocabulário cuidado e valorativo;
— empregue, de forma diversificada e correta, os conectores discursivos.

3. Fase da revisão
— certifique-se de que cumpriu a extensão indicada e a estrutura da planificação;
— assegure-se de que usou corretamente a ortografia, a sintaxe e a pontuação;
— verifique o uso adequado dos mecanismos de coesão textual e da articulação lógica das
ideias (coerência);
— valide o cumprimento das marcas específicas deste género textual.

PARA PRATICAR

Elabore uma apreciação crítica, entre 150 a 250 palavras, de uma obra que tenha lido e que reco-
mendaria a um amigo.

48 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


7. FICHAS DE ESCRITA

3. TEXTO DE OPINIÃO
O texto de opinião explicita um ponto de vista relativamente a um determinado tema. O autor, servindo-
-se de argumentos e de exemplos, pretende atingir o objetivo de persuadir o leitor da validade das suas
opiniões, que são apresentadas de forma clara e pertinente, através de um discurso valorativo.

PARA RECORDAR

A redação de um texto de opinião requer uma planificação prévia, que engloba:


1. Fase preparatória
— defina a tese a ser defendida relativamente ao tema em análise;
— pesquise sobre o tema;
—1.<=))5;,$4.C)5<$;,>3)4=5<ƒ)'54=;$U$;,>3)4=5<„Z);)<8)=.?5<)A)3815<.1><=;$=.?5<
(para fundamentação do ponto de vista/tese);
— planifique o texto, de acordo com a seguinte sugestão:
− apresentação e enquadramento do tema e da tese a defender (introdução);
− apresentação de argumentos e de exemplos justificativos, com recurso a citações e/ou a dados
estatísticos que permitam confirmar a tese defendida (desenvolvimento);
− reforço das ideias defendidas em jeito de síntese, e apresentação de eventuais sugestões
(conclusão).
2. Fase da redação
—5;,$4.C)<):>)4'.$13)4=)5<=ā8.'5<)1)4'$(5<4$+$<)$4=);.5;]
— faça uso da primeira pessoa e de expressões valorativas;
— atente na indicação correta das citações e/ou das fontes;
— avalie a diversificação e a adequação dos conectores discursivos e do vocabulário a usar.
3. Fase da revisão
— certifique-se do cumprimento da extensão indicada, reveja o uso da ortografia, da sintaxe e
da pontuação;
— verifique a adequação dos mecanismos de coesão textual e da articulação lógica das ideias.
— valide o cumprimento das marcas específicas deste género textual.

PARA PRATICAR

PROPOSTA 1
Escreva um texto de opinião, de 150 a 250 palavras, no qual defenda um ponto de vista sobre o
modo como o ser humano usa os conhecimentos e os avanços tecnológicos na sociedade.
PROPOSTA 2
Ao contrário do que seria de supor, a utilização das redes sociais=)3?.4(5$$')4=>$;$=.3.()CZ
o isolamento e a solidão entre as pessoas, sobretudo as mais jovens.
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 150 e um máximo de 250 palavras,
apresente o seu ponto de vista sobre o tema/problema enunciado.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 49


7. FICHAS DE ESCRITA

4. SÍNTESE
A síntese é um género textual que pressupõe a redução de um texto ao essencial da informação por
<)1)Đē5';Ċ=.'$($<.().$<U'-$?)Z35&.1.C$4(5U<)Z85;=$4=5Z.4+5;3$Đē5<)1)=.?$)>=.1.C$4(5U<)';.=);.5-
samente conectores, de forma a garantir a integridade das ideias expressas no texto de partida.

PARA RECORDAR

Considere as três fases essenciais para a elaboração de uma síntese:

1. Fase preparatória
 —leia o texto de partida para apreender a sua estrutura e o seu sentido global;
— sublinhe as ideias/os factos subjacentes à progressão textual (eliminando pormenores, re-
8)=.Đý)<Z)A)381.+.'$Đý)<Z[„]
— selecione vocabulário ou expressões-chave;
— assinale os conectores ou os articuladores que ligam frases ou parágrafos entre si, estabe-
lecendo relações de semelhança, de contraste/oposição, de posteridade, de anterioridade,
()'$><$Z[]
— registe, à margem do texto, a ideia central de cada parágrafo.

2. Fase da redação
—>=.1.C)>3$1.4,>$,)38;ā8;.$]
— respeite as ideias do texto, não obrigatoriamente pela ordem da apresentação;
— evite a colagem ao texto de partida;
— elimine pormenores desnecessários;
— substitua sequências textuais por outras mais económicas.

3. Fase da revisão
— verifique a articulação lógica das ideias (coerência) e a gramaticalidade da escrita (coesão);
— corrija falhas ao nível da ortografia, da acentuação, da pontuação, da sintaxe e da seleção do
vocabulário;
— verifique a adequação dos mecanismos de coesão textual e da articulação lógica das ideias
(coerência);
— respeite a extensão textual indicada, normalmente correspondente a um quarto do texto de
partida;
— avalie o cumprimento das marcas específicas deste género textual.

50 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


7. FICHAS DE ESCRITA

PARA PRATICAR

PROPOSTA 1

Proceda à síntese do texto “Odiar nas redes sociais”, reduzindo-o a cerca de um quarto (85 a 95
palavras) da sua atual extensão.

Leia atentamente o texto e siga as instruções expostas na página anterior.

ODIAR NAS REDES SOCIAIS

No mundo virtual, opiniões e comporta-


mentos espontâneos tornam-se fósforos que
acendem rastilhos de polémica. As redes
sociais prestam-se ao protesto rápido e fácil.
5 A facilidade da crítica na Internet e a
ideologia dos trolls – pessoas que agem com
o único propósito de provocar – prolifera nas
redes sociais. As duas coisas fazem parte
daquilo que agora se começa a chamar de
10 cultura do ódio na Internet. É como se fosse
um rastilho, embebido de sentimentos, que
se vai alimentando de opiniões e atitudes no
mundo virtual até explodir no real.
Tudo o que se publica nas redes sociais
15 está hoje amplificado perante uma audiência maior. E com ela vem um julgamento também maior, feito,
muitas vezes, em grupo. O que faz aumentar o ódio e, já agora, o amor por quem escreve.
O julgamento de palavras e ações é também mais rápido. Antigamente, se alguém discordasse de uma
crónica de, por exemplo, João Miguel Tavares, no Público, teria de escrever uma carta ao diretor e não
descarregar a discordância numa caixa de comentários mesmo em baixo do texto. O que levaria a parar
20 para pensar no que ia escrever. Teria de começar com uma saudação – meu caro, por exemplo −, o que
levaria a humanizá-lo. Era uma distância de tempo que se criava entre o ódio e a vontade de fazer acender
o rastilho de uma bomba para explodir na cara de quem se discorda. Esse espaço temporal é como se
alguém fosse deitando um pano de água em cima do tal rastilho, impedindo-o de explodir.
Agora é tudo mais direto e imediato. A barreira entre crítica e quem é criticado começou a diluir-se até
25 desaparecer com as redes sociais.
É um novo espaço público que se forma, com fraca mediação e em autorregulação. Os cidadãos têm
de aprender a conviver dentro dele. As empresas que o possibilitam terão de conseguir estabelecer regras.
“É o espaço público por excelência da sociedade em que vivemos. As pessoas precisam de ser educadas,
estamos a aprender o que é aceitável e o que não é.”, frisa Paulo Peixoto. O desafio fica lançado.
[354 palavras]

Carolina Reis, in revista E – Expresso, edição n.˚ 2296, 29 de outubro de 2016 (com supressões).

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 51


7. FICHAS DE ESCRITA

PROPOSTA 2

;5')($Ē<Ċ4=)<)(5=)A=5e<8);.,5<($<(.)=$<($35($fZ;)(>C.4(5U5$');'$()>3:>$;=5($<>$
extensão (80 a 90 palavras)

Leia atentamente o texto e siga as orientações expostas na página 50.

OS PERIGOS DAS DIETAS DA MODA

“Terrorismo nutricional.” A expressão é


da endocrinologista franco-brasileira Sophie
Deram, que a criou para se manifestar contra
os regimes que proíbem um grupo alimentar
5 importante: “Colocar uma população inteira
<)3$Đù'$;Z<)3,1ù=)45><)31$'=5<)Ď
uma loucura!”. Mas essa pressão existe de
+5;3$'$($?)C3$.<8;)3)4=)V5;$=.;$($:>.Z
:>))<=)+$C3$1Z5;$=.;$($1.Z:>).<<5/ė4ē5
10 Ď'535$4=.,$3)4=)VZ5:>)+$C'53:>)
'$($?)C3$.<8)<<5$<4ē5<$.&$35:>)
servir no prato.
A variedade, sempre se disse, é a chave
da alimentação saudável. Não devem existir
15 proibições, mas sim a ingestão de todos os grupos alimentares com moderação e, de preferência, prepa-
rados em casa. Mas se esta teoria fosse assim tão fácil de pôr em prática não teríamos mais de metade da
população com doenças relacionadas com a alimentação desadequada, nem os gurus das dietas da moda
estariam tão ricos.
Alcançar o “ponto E”, esse sacrossanto equilíbrio na nossa relação com a comida, implica mudar a forma
20 como a olhamos e o papel que ela tem na nossa vida. Exige mudanças comportamentais profundas, só
possíveis com uma séria aposta na educação alimentar, para que possamos comer sem culpa e com cons-
ciência.
Sophie Deram, que tem alcançado grande sucesso no Brasil com o seu programa de “transformação
alimentar”, resume de forma clara este paradoxo. “Se voltássemos a comer alimentos verdadeiros, para
25 os quais fomos adaptados, não haveria tanta preocupação com a contagem de calorias, com o engordar.
O que teríamos era uma consciência maior de como nos estamos a sentir. Estou com fome? Vou comer.
Estou sem fome? Vou parar de comer!”
A defesa do “com conta, peso e medida” tem-se propagado por oposição aos extremismos e ao movi-
mento free fromƒ1$'=5<)5>,1ù=)4„Y´)?.(č4'.$'.)4=Ċ+.'$=)3?.4(5$()354<=;$;:>)Z8$;$:>)34ē5
30 tem alergia ou intolerância, retirar uma substância a um produto alimentar raramente o torna mais sau-
dável.
[323 palavras]

Luísa Oliveira, in revista Visão, edição online de 2/12/2017 (texto com supressões)

52 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


8.
FICHAS DE
GRAMÁTICA

Este material está disponível, em formato editável, em .

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


8. FICHAS DE GRAMÁTICA

1. SEQUÊNCIAS TEXTUAIS/INTERTEXTUALIDADE
Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

1. Identifique a(s) sequência(s) textual(ais) dominantes nos seguintes excertos:

[A] Acabara Teresa de ler e esconder no seio a resposta de Simão Botelho, que a mendiga lhe
passara ao escurecer, pendente de uma linha, quando o pai entrou no seu quarto, e a mandou
vestir-se. A menina obedeceu, tomando uma capa e um lenço.
– Vista-se como quem é: lembre-se que ainda tem os meus apelidos – disse com severidade o velho.
V>.().:>)4ē5);$8;)'.<5?)<=.;U3)3)1-5;8$;$<$.;Ē45.=)[V(.<<));)<$Y
– E a senhora sabe para onde vai?
Vē5<).[3)>8$.Y
– Então vista-se, e não me dê leis.
Camilo Castelo Branco, Amor de perdição, Bis, Leya, S.A., 2008.

[B] 5;)'.4=5)3()'1.?)Z)4=;)$=;.&>4$)$8.<=$Z-$?.$<ā-53)4<Z$,)4=)(5
;Ď3.5Z($<)-
cretarias e da Casa Havanesa.
Eça de Queirós, Os Maias: episódios da vida romântica, 28.a ed, Lisboa, Livros do Brasil, s/d.

[C] Isto que aqui vês são as velas que servem para cortar o vento e que se movem segundo as
necessidades, e aqui é o leme com que se dirigirá a barca, não ao acaso, mas por mão e ciência do
piloto, e este é o corpo do navio dos ares, à proa e à popa em forma de concha marinha, onde se
(.<8ý)35<=>&5<(5+51)8$;$5'$<5()+$1=$;5?)4=5Z'535=$4=$<?)C)<<>')()453$;Z))<=$<
<ē5$<$<$<Z<)3)1$<'535<)-$?);.$()):>.1.&;$;$&$;'$?5$(5;$…[†Y
José Saramago, Memorial do convento, 53.a ed., Editorial Caminho, 2013.

[D] )<=$<,;$4()<&$;;$'$<()3$().;$(5;3)35<-53)4<Z…[†<);.<=5)38)<<5$$4(5>8)15
mundo, aqui não chegou, porque neste caso teria sido no Alto da Vela o seu calvário.
José Saramago, Memorial do convento, 53.a ed., Editorial Caminho, 2013.

[A] − ____________; [B] − ____________; [C] − ____________; [D] − ____________

2. Associe o tipo de intertextualidades (coluna A) à respetiva definição (coluna B).

Coluna A Coluna B

[1] Referência indireta a um texto pré-existente (hipotexto), cujo sentido é


[A] Paráfrase inferido pelo leitor através da análise do contexto e fazendo apelo à sua
memória literária e cultural.

[2] Reprodução de um texto ou de um fragmento de texto noutro texto, geral-


[B] Plágio
mente demarcada com aspas ou com um tipo de letra diferente.

[3] Imitação de um texto com distanciamento crítico, podendo ou não provo-


[C] Citação
car o riso e sendo muitas vezes visto como uma arma ideológica.

[D] Paródia/ [4] Reformulação e reescrita de um enunciado/texto, conservando, na medida


Imitação criativa do possível, uma equivalência semântica e formal.

[E] Alusão [5] Imitação ilegítima de um texto pré-existente.

[A] − __________; [B] − __________; [C] − __________; [D] − __________; [E] − __________.

54 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


8. FICHAS DE GRAMÁTICA

2. VALOR TEMPORAL, ASPETUAL E MODAL


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

1. Indique a relação temporal que se estabelece entre a primeira e a segunda ação de cada
enunciado.
a. Enquanto os filhos faziam os trabalhos de casa, os pais adiantavam o jantar.

b. Antes de sair, fui ver se ele estava melhor.

c. Só saí de casa depois de os meus pais terem regressado.

2. Associe cada uma das frases da coluna A ao valor aspetual que configuram (coluna B).

Coluna A Coluna B

[A] É costume deitar-me cedo.


[1] Valor perfetivo.
[B] 4:>$4=5)>1.$>3&531.?;5Z=>+$C.$<>3$'$3.4-$($Y
[2] Valor imperfetivo.
[C] Alegrei-me por teres vindo mais cedo do que o esperado.

[D] Fico triste sempre que não consigo atingir os meus objetivos. [3] Valor genérico.

[E] As férias são para descansar.


[4] Valor habitual.
[F] Colaborei num projeto muito interessante, na escola.

[G] Ultimamente venho a sentir-me bastante cansada. [5] Valor iterativo.

[A] − ___; [B] − ___; [C] − ___; [D] − ___; [E] − ___; [F] − ___; [G] − ___.

3. Indique o valor modal configurado em cada uma das frases apresentadas.


a. Detesto mentiras!

b. Estes alunos são pontuais.

c. Podemos marcar encontro para amanhã.

d. Temos de trabalhar para obtermos bons resultados.

e. Provavelmente vai chover.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 55


8. FICHAS DE GRAMÁTICA

3. DÊIXIS/FUNÇÕES SINTÁTICAS
Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

1. Preencha a tabela, transcrevendo os respetivos deíticos do enunciado que se segue.

Tu disseste-me que acabaste o trabalho ontem, lá em casa da Maria. Mas hoje, aqui na escola,
não tenho nada, nem no meu e-mail.

a. Deíticos pessoais b. Deíticos espaciais c. Deíticos temporais

2. Refira as funções sintáticas desempenhadas pelos constituintes sublinhados em cada uma das
frases seguintes.
a. Desceram os homens por um caminho íngreme até chegarem a Mafra.

b. A construção do convento de Mafra demorou vários anos.

c. Baltasar disse que gostava de trabalhar na obra.

d. O jovem médico Paulo Beckett estava desejoso de agredir Paco, o semaforeiro.

e. O vendedor que vendeu a telefonia a Batola era muito jovem.

f. A mulher de Batola não gostou da ideia de comprar um aparelho de rádio.

g. As pinturas de George eram vendidas a preços muito elevados.

h. Os homens trabalharam dia e noite para construírem o convento.

i. Ricardo Reis achou Fernando Pessoa muito pálido.

56 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


8. FICHAS DE GRAMÁTICA

4. FRASE COMPLEXA
Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

1. Associe as orações sublinhadas na coluna A à respetiva classificação presente na coluna B.

Coluna A Coluna B

[A] Se perceberem a recuperação da poesia lírica e épica


de Camões na obra de Manuel Alegre, detetarão [1] Oração coordenada adversativa
facilmente manifestações de intertextualidade.

[B] Por vezes, os alunos perguntam se o Modernismo [2] Oração subordinada substantiva
português se inspirou na vanguarda europeia. completiva

[C] Os jovens intelectuais que iniciaram o movimento


modernista pretendiam inovar em todos os domínios. [3] Oração subordinada adjetiva relativa
restritiva
[D] A revista Orpheu foi um escândalo social e cultural
porque quis romper com a tradição literária
portuguesa. [4] Oração subordinada adverbial final
[E] Pode-se afirmar que a publicação da revista Orpheu,
em 1915, contribuiu fortemente para a divulgação das
propostas dos novos artistas. [5] Oração subordinada adverbial temporal

[F] A obra de Pessoa revela uma forte dimensão épica,


apesar de a dimensão lírica se sobrepor. [6] Oração subordinada adjetiva relativa
explicativa
[G] Fernando Pessoa criou os primeiros heterónimos com
6 anos de idade, mas os três principais surgem, em
simultâneo, em 1914. [7] Oração subordinada adverbial
concessiva
[H] A obra Mensagem, que estabelece uma relação
intertextual com Os Lusíadas, é de uma beleza
extraordinária. [8] Oração subordinada adverbial
consecutiva
[I] Segundo Pessoa, o uso excessivo do pensamento
provoca infelicidade e leva o poeta a refugiar-se na
[9] Oração subordinada adverbial
infância.
condicional
[J] Inicialmente, o título do único livro de Fernando Pessoa
publicado em vida era Portugal, para que se percebesse
o seu caráter patriótico. [10] Oração subordinada adverbial causal

[K] Torga presta um culto tão grande à Terra que a


considera a “Grande Deusa”.
[11] Oração coordenada copulativa
[L] Embora a defesa dos direitos de cidadania e da
igualdade de género sejam uma constante na obra de
Ana Luísa Amaral, os seus textos referem também [12] Oração coordenada conclusiva
o quotidiano.

[A] − ___; [B] − ___; [C] − ___; [D] − ___; [E] − ___; [F] − ___;

[G] − ___; [H] − ___; [I] − ___; [J] − ___; [K] − ___; [L] − ___.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 57


8. FICHAS DE GRAMÁTICA

5. COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

1. Identifique os mecanismos de coesão presentes nos elementos assinalados numericamente.


E os dias passam agora rápidos para António Barrasquinho1, o Batola1. Até começou a2 levantar-
-se cedo e3$$?.$;5<+;),>)<)<()=5($<$<3$4-ēC.4-$<Y´<<.3Z85()'54=.4>$;$<'54?);<$<($
?Ď<8);$Y>)5$=51$ĎZ()=5(5<Z5:>)3$.<?$=.'Ċ4.5<+$C<5&;)$<'5.<$<($,>);;$Y>.=5$4=)<
do meio dia já ele4 começa5 a consultar o velho relógio, preso por um fio de ouro ao colete.
“Sempre é uma companhia”, in Manuel da Fonseca, O fogo e as cinzas, Lisboa, Editorial Caminho, 2011.

2. Identifique o referente retomado por cada uma das expressões sublinhadas nas frases.
a. Esta é a amiga de quem te falei.

b. Aquele livro, cujo autor recebeu o Prémio Nobel, é bastante interessante.

c. Ler poesia é uma atividade que desenvolve a capacidade de interpretação textual.

d. Os exercícios com os quais me deparei não eram nada fáceis de resolver.

3. Reescreva, no seu caderno, o texto que se segue, eliminando as repetições desnecessárias.


Camilo Castelo Branco nasceu em Lisboa em 1825. Aos 35 anos, Camilo enfrentou um grave
8;5&1)3$4$<>$?.($\$85<<.&.1.($()()<);8;)<5Z85;:>)$3.15?.?.$>3$35;$(ù1=);5'53´4$
Plácido. Na tentativa de escapar à justiça, Camilo refugiou-se em casa de amigos.
$3.15+5.8;)<54$'$().$($)1$Đē5(55;=5Y$'$().$)<';)?)>)3:>.4C)(.$<$:>)1$:>)Ď
considerada a obra-prima de Camilo – O amor de perdição. Camilo acreditava que O amor de perdição
=);.$,;$4().38$'=545<)>8ù&1.'5+)3.4.45Z/ė:>)1)?$;.$5<)>8ù&1.'5+)3.4.45$'-5;$;Y

4. Identifique os princípios de coerência não observados nas afirmações seguintes.


a. A Maria tem hábitos de leitura diários. A Maria lê todos os dias.

b. Comprei um casaco que estava em saldo, por isso foi caro.

c. O planeta Terra está cada vez mais poluído. Os cientistas demonstram cada vez mais interesse
em conhecer o Universo.

58 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


9.
QUESTÕES
DE AULA

Este material está disponível, em formato editável, em .

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 59


9. QUESTÕES DE AULA

1. QUESTÃO DE AULA – FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

Considere os seguintes enunciados relativos a Fernando Pessoa ortónimo

1. Classifique as afirmações como verdadeiras ou falsas. [12 itens x 10 pontos = 120 pontos]

a. Em termos políticos e sociais, a época em que viveu Pessoa foi estável e próspera.
b. A Geração do Orpheu caracteriza-se pela abolição de qualquer imposição.
c. Fernando Pessoa apresenta-se como o poeta das coisas concretas e objetivas.
d. O fingimento é a linguagem da arte que corresponde a uma sinceridade intelectual.
e. A nostalgia da infância evidencia a apologia do uso da razão na sua plenitude.
f. Sonho e realidade são dicotomias que nunca foram objeto de análise por parte de Pessoa.
g. A dor de pensar é uma das temáticas presentes na poesia de Fernando Pessoa.
h. A nostalgia da infância justifica-se porque em criança o poeta foi feliz.
i. Para Pessoa, a inconsciência corresponde ao tempo da infância.
j. Viver num estado de inconsciência implica libertar-se do intelecto.
k. Fernando Pessoa consegue conciliar o pensar e o sentir.
l. A poesia de Fernando Pessoa apresenta uma linguagem simbólica e metafórica.

2. Selecione a opção que completa corretamente cada afirmação. [4 itens x 20 pontos = 80 pontos]

2.1. Ao assumir a intelectualização das emoções, Pessoa escreve poemas onde


(A) o seu estado de espírito prevalece.
(B) as reflexões mentais se manifestam.
(C) a alma do poeta se espelha.

2.2. O poeta aspira ser a “ceifeira” ou o “gato” que brinca na rua porque
(A) ambos são felizes sem o saberem.
(B) a dor de pensar o atormenta.
(C) está descontente com a vida.

2.3. Sentir e pensar são aspetos


(A) inconsiliáveis na poesia de Pessoa.
(B) inexistentes na poesia pessoana.
(C) consiliáveis na poesia pessoana.

2.4. A tendência para a criação heteronímica


(A) surgiu na idade adulta de Pessoa e numa só noite.
(B) ocorreu depois de Pessoa ter regressado a Portugal.
(C) acompanhou o poeta desde a mais tenra idade.

60 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


9. QUESTÕES DE AULA

2. QUESTÃO DE AULA – POESIA DOS HETERÓNIMOS E BERNARDO SOARES


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

Considere os seguintes enunciados relativos à poesia dos heterónimos e à prosa de Bernardo Soares.

1. Classifique cada uma das afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F), considerando a poe-
sia de Alberto Caeiro. [15 itens x 5 pontos = 75 pontos]

a. Caeiro é o heterónimo pessoano mais instruído.


b. Alberto Caeiro é o poeta da Natureza.
c. Este heterónimo tem tendências neopagãs.
d. Caeiro é considerado o mestre apenas para heterónimos pessoanos.
e. Caeiro apresenta-se como um mero guardador de rebanhos, que vê de forma objetiva e na-
tural a realidade circundante.
f. A Natureza, para Caeiro, está em constante renovação.
g. Caeiro utiliza uma linguagem erudita e construções frásicas complexas.
h. Caeiro é sensacionista porque privilegia aquilo que capta pelas sensações.
i. A realidade é captada pelo recurso à sensação visual, a única que interessa a Caeiro.
j. O verdadeiro sensacionismo resulta da supremacia das sensações oferecidas pelos órgãos
sensoriais.
k. Caeiro rejeita o pensamento e vive pelas sensações.
l. “Pensar incomoda como andar à chuva” significa que o pensamento gera mal-estar, infeli-
cidade.
m. A apologia da simplicidade da vida rural é uma atitude exclusiva do heterónimo Caeiro.
n. O uso do pensamento traz felicidade a este heterónimo.

2. Classifique cada uma das afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F), apelando às apren-
dizagens efetuadas sobre Álvaro de Campos. [9 itens x 5 pontos = 45 pontos]

a. Álvaro de Campos é o único heterónimo com tendências futuristas.


b. A dimensão épica da “Ode triunfal” decorre do facto de o poema “cantar” a civilização industrial.
c. No poema “Esta velha angústia”, o estado depressivo leva o poeta a desejar esquecer o passado.
d. O Futurismo caracteriza-se pela exaltação da energia, da velocidade e da força de todas as
dinâmicas até ao limite.
e. Álvaro de Campos mostra-se seduzido pelo progresso industrial.
f. Também Álvaro de Campos manifesta a dor de pensar e a nostalgia da infância.
g. A “Ode triunfal” consiste num cântico laudatório às capacidades do Homem.
h. Em Campos, o abatimento, o tédio e a angústia existencial decorrem da deceção causada pelo
presente.
i. O poeta expõe uma nova conceção do “Belo” que é defendida pelos modernistas.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 61


9. QUESTÕES DE AULA

3. Associe cada um dos elementos da coluna A ao segmento que na coluna B completa o seu sen-
tido, convocando conhecimentos sobre o heterónimo Ricardo Reis. [10 itens x 5 pontos = 50 pontos]

Coluna A Coluna B

[A] Ricardo Reis pretende alcançar a felicidade. [1] é o caminho da felicidade, sendo necessário,
Contudo, contudo, um estado de ataraxia1.
[2] vê-se impossibilitado de atingir a ataraxia.
[B] Para Ricardo Reis, as preocupações com
o futuro [3] consiste em atingir um estado de tranquilidade,
sem qualquer tipo de perturbação.
[C] Segundo Reis, o Destino [4] está presente em vários poemas de Ricardo Reis.

[D] As filosofias de vida adotadas por Ricardo [5] sugerem a necessidade de aproveitar a vida.
Reis [6] revela-se nos temas greco-latinos, no género
cultivado e na erudição vocabular.
[E] O epicurismo consiste na filosofia moral
de Epicuro, segundo a qual o prazer [7] está acima dos próprios deuses.
[8] expressa-se na utilização da ode, no uso
[F] A ataraxia1 é um princípio de conduta
de latinismos e de frases longas e complexas.
humana que
[9] sugerem a transitoriedade da vida
[G] O classicismo de Ricardo Reis e a inexorabilidade2 da morte.
[H] Simbolicamente, o rio que corre e o [10] vive o momento presente, segundo
barqueiro sombrio o carpe diem.
[11] sobrepõem-se às do presente.
[I] O estilo deste heterónimo pessoano
[12] assumem conceitos de vida cristãos.
[J] O tom moralista [13] são o epicurismo e o estoicismo.

1
Serenidade; ausência de tumulto.
2
Caráter implacável e imperioso.

[A] − ___; [B] − ___; [C] − ___; [D] − ___; [E] − ___;

[F] − ___; [G] − ___; [H] − ___; [I] − ___; [J] − ___.

4. Classifique cada uma das afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F), apelando às apren-
dizagens efetuadas sobre Bernardo Soares. [6 itens x 5 pontos = 30 pontos]

a. Bernardo Soares é o heterónimo (semi-heterónimo) que mais se afasta de Pessoa ortónimo.


b. A deambulação e o sonho são atitudes assumidas por Bernardo Soares.
c. Os temas abordados por Bernardo Soares são o imaginário urbano, o sonho, a vida.
d. O livro do desassossego é híbrido quanto ao género.
e. Para Bernardo Soares, viver significa ‘sonhar’, ‘viver pela imaginação’.
f. O processo de transformação do real, que ocorre frequentemente na prosa de Soares,
é transmitido num registo poético em que sobressaem as metáforas.
g. Na poesia de Bernardo Soares predominam as frases curtas e o vocabulário objetivo e concreto.
h. No Livro do desassossego predomina o tom descritivo que proporciona uma visão correta e
objetiva do real.

62 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


9. QUESTÕES DE AULA

3. QUESTÃO DE AULA – FERNANDO PESSOA, MENSAGEM


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

Considere o estudo que fez da obra Mensagem, de Fernando Pessoa.

1. Complete os espaços. [10 itens x 10 pontos = 100 pontos]

A Mensagem está dividida em a. partes que sugerem o ciclo da criação.


A Parte I, intitulada b. , aponta para a fundação da identidade nacional.
Esta parte é constituída por c. secções, correspondentes aos elementos
que integram esse símbolo heráldico.
Os poemas que integram a secção “As Quinas” reportam-se ao período liderado pela dinastia de
d. . O grifo, animal mítico com parte de águia e parte de leão, está representado
em “O Timbre”, que tem à cabeça e. e nas asas um rei e um vice-rei.
A Parte II da obra, com o título f. , integra poemas alusivos à época
g. .
É possível estabelecer uma relação temática entre o episódio do “Adamastor”, de Os Lusíadas,
e o poema h. , da Parte II da obra Mensagem.
No poema “O Quinto Império”, pertencente à Parte III, denominada i. ,
denuncia-se a inércia do homem e a sua consequente estagnação. O último poema da obra pessoana
termina com a expressão j. , que funciona como um apelo aos Portugueses.

2. Selecione a alternativa correta de cada uma das afirmações. [4 itens x 25 pontos = 100 pontos]

2.1. Os doze poemas da Parte II da obra Mensagem referem-se dominantemente


(A) aos fundadores da pátria portuguesa, sejam eles reis ou heróis individuais.
(B) às personalidades, a factos ou a acontecimentos relacionados com os Descobrimentos.
(C) à luta dos navegadores com o mar para alcançarem a Índia.
2.2. No poema “Padrão”, e através da figura de Diogo Cão, dá-se conta da
(A) descrição da chegada das naus ao areal do continente asiático.
(B) ação de D. João II como impulsionador dos Descobrimentos.
(C) chegada ao continente africano onde se deixou esse símbolo.
2.3. O poema “A última nau” remete para
(A) o desaparecimento de D. Sebastião.
(B) a necessidade de lutar para se alcançar o sonho.
(C) os sacrifícios associados à reconstrução do Império.
2.4. Um dos símbolos da última parte de Mensagem é o “Quinto Império”, poema onde se lamenta
(A) a falta de ação e de sonhos que fazem mover os homens.
(B) a impossibilidade de construir o Império anunciado pelo poeta.
(C) o fim do Império e o desnorte dos Portugueses.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 63


9. QUESTÕES DE AULA

4. QUESTÃO DE AULA – POETAS CONTEMPORÂNEOS


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

1. Classifique cada uma das afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F).
[12 itens x 4.15 pontos = 50 pontos]

a. A obra de Miguel Torga possui um caráter atual e universal porque transmite ideais huma-
nistas intemporais.
b. A Natureza é um tema central na poesia de Torga, assumindo, assim, uma linha de tradição
literária.
c. Miguel Torga estabelece uma relação de companheirismo e de cumplicidade com a Natureza.
d. Para Torga, a criação poética é essencialmente inspiração e talento.
e. Ana Luísa Amaral aborda temas como a emancipação feminina e o direito à igualdade.
f. A obra de Ana Luísa Amaral, ao contrário de outras suas contemporâneas, não revela parti-
cular atenção à musicalidade da palavra/linguagem.
g. A interligação entre o plano humano e o divino é um tema que ocorre na obra de Ana Luísa Amaral
mas é também recorrente na literatura portuguesa, nomeadamente em Os Lusíadas, no episódio
“A Ilha dos Amores”.
h. A poesia de Ana Luísa Amaral baseia-se no quotidiano doméstico e familiar; predomina nela
a objetividade e não há lugar ao sonho e à fantasia.
i. Manuel Alegre assume-se como um poeta empenhado socialmente, inconformado, cons-
ciente dos problemas do mundo que o rodeia.
j. A tradição literária não é um dos tópicos presentes na poesia de Manuel Alegre.
k. As principais linhas temáticas da poesia de Manuel Alegre são a pátria, a defesa da liberdade
e a revisitação da História.
l. Manuel Alegre assume, na sua obra, uma posição de valorização dos anseios individuais em
detrimento dos valores coletivos.

1.1. Corrija as afirmações que classificou como falsas. [50 pontos]

64 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


9. QUESTÕES DE AULA

2. Associe cada um dos tópicos de conteúdo referidos na coluna A aos excertos de poemas que os
ilustram, apresentados na coluna B. [100 pontos]

Coluna A Coluna B

[1] Na terra onde nasci há um só poeta


Os meus versos são folhas dos seus ramos.
“A um negrilho”, Miguel Torga

[2] Recomeça...
[A] Representações
Se puderes,
do contemporâneo
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
“Sísifo”, Miguel Torga

[3] Cavo,
Lavo,
Peneiro,
[B] Tradição literária Mas só quero a fortuna
De me encontrar.
“Prospeção”, Miguel Torga

[4] Vou partir de avião


e o medo das alturas misturado comigo
faz-me tomar calmantes
e ter sonhos confusos
[…]
Deem-lhe amor e ver
dentro das coisas
[C] Arte poética sonhar com sóis azuis e céus brilhantes
em vez de lhe ensinarem contas de somar
e a descascar batatas
“Testamento”, Ana Luísa Amaral

[5] Poeta: é tempo de um punhal


por dentro da canção.
“Abaixo el-rei Sebastião”, Manuel Alegre

[6] Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.


É possível viver sem fingir que se vive.
[D] Figurações do poeta “Letra para um hino”, Manuel Alegre

[7] Contar-te longamente as perigosas


coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
“Coisa amar”, Manuel Alegre

[A] − ___; ___; ___; [C] − ___; ___; ___;

[B] − ___; ___; ___; [D] − ___; ___; ___.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 65


9. QUESTÕES DE AULA

5. QUESTÃO DE AULA – CONTOS


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

1. Associe as afirmações da coluna A às da coluna B, de modo a obter afirmações verdadeiras re-


lativas ao conto “Sempre é uma companhia”, de Manuel da Fonseca. [100 pontos]

Coluna A Coluna B

[1] o que o leva a enfrentar a mulher e impor a sua decisão de


[A] Batola e a mulher ficar com o aparelho.

[2] revelam uma convivência harmoniosa e igualitária.


[B] O espaço socioeconómico em que [3] passaram a conviver ao fim do dia e a discutir as notícias
se movem as personagens trazidas pela rádio.

[4] a mulher de Batola surpreende-o pela doçura com que lhe


[C] Um vendedor chega a Alcaria
faz um pedido inesperado.
e vende um aparelho de rádio
Batola, [5] revela-se pobre, infértil, desolador e desmotivante, pelo
isolamento.

[D] Os habitantes da aldeia, atraídos [6] caracterizam-se por uma atitude antagónica: o homem
pela rádio, é molengão e preguiçoso; a mulher mostra-se diligente
e dominadora.

[E] Na véspera da devolução [7] influenciando a vida da população, uma vez que altera
radicalmente o isolamento a que se entregava depois
do aparelho de rádio,
de um dia de trabalho.

[A] − ___; [B] − ___; [C] − ___; [D] − ___; [E] − ___.

2. Associe as afirmações da coluna A às da coluna B, de modo a obter enunciados verdadeiros


sobre o conto “Famílias desavindas”, de Mário de Carvalho. [100 pontos]

Coluna A Coluna B

[A] A ação de “Famílias desavindas” [1] ficou a dever-se a um acidente sofrido por um dos
semaforeiros, o que mudou a atitude de um dos médicos.
[B] As personagens [2] é marcado através de referências a acontecimentos
nacionais e mundiais.
[C] Ao longo dos tempos, o salário dos
semaforeiros [3] pertencem a dois grupos socioprofissionais distintos:
os médicos e os semafaroreiros.
[D] O tempo, no conto,
[4] sofreu poucas alterações, continuando a ser modesto.
[E] A resolução do conflito [5] decorre numa rua do Porto, onde existem uns semáforos.

[A] − ___; [B] − ___; [C] − ___; [D] − ___; [E] − ___.

66 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


9. QUESTÕES DE AULA

6. QUESTÃO DE AULA – O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

1. Selecione a opção que completa corretamente cada uma das afirmações, considerando o es-
tudo da obra O ano da morte de Ricardo Reis. [10 itens x 7,5 pontos = 75 pontos]

1.1. A obra inicia-se com Ricardo Reis


(A) a regressar a Lisboa ao fim de 16 anos.
(B) a chegar ao Brasil ao fim de 16 anos.
(C) a viver em Lisboa há 16 anos.
(D) a morar no Brasil há 16 anos.

1.2. A ação de O ano da morte de Ricardo Reis decorre


(A) no final da Guerra Civil espanhola.
(B) durante a Segunda Guerra Mundial.
(C) numa época de grande conturbação política em toda a Europa.
(D) numa fase de grande prosperidade de Portugal.

1.3. É no Hotel Bragança que Ricardo Reis


(A) encontra Fernando Pessoa, que também aí estava hospedado.
(B) beija pela primeira vez Marcenda.
(C) conhece Lídia.
(D) é interrogado por Vítor.

1.4. Fernando Pessoa, no primeiro encontro com Ricardo Reis,


(A) informa que quer ser sepultado no Cemitério dos Prazeres, quando morrer.
(B) transmite-lhe que tem oito meses de vida.
(C) mostra-lhe que já não tem vontade de viver.
(D) confessa que quase morreu por causa de uma cirrose hepática.

1.5. O primeiro envolvimento de Ricardo Reis com Lídia acontece porque


(A) ele não resiste à beleza da criada e resolve ir até ao seu quarto.
(B) o médico lhe declara o seu amor e convida-a a passar a noite consigo.
(C) quer provocar ciúmes a Marcenda.
(D) a criada resolve ir até ao quarto de Reis e deitar-se com ele.

1.6. Lídia é uma mulher


(A) que pouco se interessa pelos acontecimentos sociais e políticos da época.
(B) atenta ao mundo que a rodeia, apesar de pouco letrada.
(C) púdica, que só se envolve com Reis na esperança de um casamento.
(D) emocionalmente instável, dado sentir-se dividida entre Ricardo Reis e Daniel.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 67


9. QUESTÕES DE AULA

1.7. Assim que vê pela primeira vez Marcenda, Ricardo Reis


(A) sente repulsa por ela devido à paralisia da sua mão esquerda.
(B) fica indiferente, apesar da evidente paralisia da sua mão esquerda.
(C) apaixona-se de imediato, apesar da paralisia da sua mão esquerda.
(D) fica impressionado por causa da paralisia da sua mão esquerda.

1.8. A determinada altura, Ricardo Reis recebe, no Hotel Bragança,


(A) uma intimação para se apresentar à PVDE.
(B) um convite para trabalhar como cardiologista numa clínica privada.
(C) um bilhete de Fernando Pessoa a marcar um encontro.
(D) uma carta de Marcenda a declarar-lhe o seu amor.

1.9. A obra evidencia que, na época, a ditadura de Salazar


(A) acabou com a pobreza em Portugal.
(B) era tida como um modelo para outros países europeus.
(C) permitia a liberdade de expressão e de opinião.
(D) agradava a toda a população portuguesa.

1.10. No final da obra, Ricardo Reis


(A) casa com Marcenda.
(B) procura Lídia para lhe confessar o seu amor.
(C) decide acompanhar Fernando Pessoa na sua “última viagem”.
(D) opta por aderir ao movimento de revolta dos marinheiros.

2. Classifique as afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F). [10 itens x 7,5 pontos = 75 pontos]

a. Durante a sua estadia em Lisboa, Ricardo Reis esteve sempre hospedado no Hotel Bragança.
b. A maior parte das vezes, Ricardo Reis mostra-se indiferente ao que lê nos jornais sobre os
acontecimentos do mundo.
c. Aos olhos da PVDE, Ricardo Reis torna-se uma figura suspeita.
d. O Ricardo Reis de Saramago, no inicio, é totalmente diferente do heterónimo criado por Pessoa.
e. Apesar da insistência de Reis, Fernando Pessoa nunca o visita.
f. É recorrente, ao longo da obra, a referência literária a Camões.
g. Entre Lídia e Marcenda, Ricardo Reis opta por pedir a segunda em casamento, mas é rejeitado.
h. Marcenda revela-se uma mulher proativa e lutadora, apesar da sua deficiência.
i. Ricardo Reis fica feliz por Lídia estar grávida e prontamente se disponibiliza a perfilhar a
criança.
j. Pode afirmar-se que a relação entre Ricardo Reis e Lídia assume contornos meramente carnais.

2.1. Corrija as afirmações que classificou como falsas. [50 pontos]

68 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


9. QUESTÕES DE AULA

7. QUESTÃO DE AULA – MEMORIAL DO CONVENTO


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

1. Selecione a opção que completa corretamente cada uma das afirmações, considerando o es-
tudo da obra Memorial do convento. [10 itens x 10 pontos = 100 pontos]

1.1. O título Memorial do convento remete para a intenção de Saramago


(A) elogiar o rei D. João V, enquanto promotor da construção do convento de Mafra.
(B) salientar a grandiosidade do monumento português.
(C) homenagear o verdadeiro obreiro da edificação – o povo.
(D) resgatar do esquecimento uma época áurea portuguesa.
1.2. A construção do convento deveu-se, inicialmente,
(A) ao pedido endereçado pelos padres dominicanos.
(B) à megalomania do rei e à vontade de imitar o Rei Sol.
(C) à promessa do rei a Frei António de S. José.
(D) ao desejo de construir a réplica da Basílica de Roma.
1.3. A relação do rei e da rainha pautava-se por
(A) uma grande intimidade.
(B) um enorme convencionalismo.
(C) uma imensa cumplicidade.
(D) um exagerado sentimentalismo.
1.4. Baltasar regressa da guerra mutilado. Contudo,
(A) ser-lhe-á atribuída uma pensão por ter perdido a mão esquerda.
(B) irá servir imediatamente o rei na construção do convento.
(C) vê-se obrigado a trabalhar num açougue para sobreviver.
(D) será contratado por Frei António de S. José.
1.5. Blimunda e Baltasar conhecem-se
(A) porque Sebastiana de Jesus incentiva telepaticamente a filha a fazê-lo.
(B) por intermédio do padre Bartolomeu Lourenço.
(C) quando o soldado vivia em Mafra e trabalhava na construção do convento.
(D) depois de Blimunda ter ido viver para S. Sebastião da Pedreira.

1.6. Após o auto de fé em que se conhecem, o par Baltasar e Blimunda vai para
(A) Mafra, para casa de João Francisco, pai de Baltasar.
(B) S. Sebastião da Pedreira, para a abegoaria dos condes de Aveiro.
(C) a casa que o padre Bartolomeu lhes preparara, em Mafra.
(D) a casa de Blimunda e aí partilham a colher da sopa e as vidas.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 69


9. QUESTÕES DE AULA

1.7. Para descobrir o segredo de Blimunda, Baltasar


(A) recorre, primeiro, ao pai, João Francisco.
(B) questiona Bartolomeu, que lho revela.
(C) percorre as ruas de Lisboa à procura das vontades.
(D) rouba-lhe o pão matinal e impede-a de o comer.

1.8. O padre Bartolomeu parte para a Holanda a fim de


(A) estudar alquimia e volatilidade.
(B) ver o funcionamento de uma passarola.
(C) fugir da perseguição dos inquisidores.
(D) descobrir o segredo do éter.

1.9. Para que a passarola pudesse voar era necessário que


(A) Blimunda recolhesse 2000 vontades.
(B) O padre estivesse a par da tecnologia de ponta que existia na Holanda.
(C) Baltasar recolhesse o éter das estrelas.
(D) a Inquisição aprovasse o projeto.

1.10. Blimunda reencontra Baltasar


(A) ao fim de sete anos.
(B) da segunda vez que passava em Lisboa, ao fim de nove anos.
(C) no dia da sagração da basílica.
(D) na sétima vez que passava por Lisboa, ao fim de nove anos.

2. Classifique as afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F), considerando a obra em análise.
[8 itens x 9 pontos = 56 pontos]

a. D. João V promete edificar um convento no dia em que nasce a infanta D. Maria Bárbara.
b. Pero Pinheiro foi o local escolhido para a edificação do convento.
c. Não faltaram homens válidos para a construção do convento. Estavam dispostos a trabalhar
uma vez que as condições laborais eram boas.
d. Baltasar e Blimunda conheceram-se num auto de fé.
e. Blimunda nunca olhou Baltasar por dentro a não ser quando o reencontrou num auto de fé,
enquanto ardia numa fogueira da Inquisição.
f. O sonho de voar do padre Bartolomeu era sustentado por D. João V.
g. O padre começou a revelar comportamentos estranhos assim que regressou da Holanda.
h. Enquanto a passarola sobrevoava Mafra, o povo acreditou tratar-se do Espírito Santo.

2.1. Corrija as afirmações que classificou como falsas. [44 pontos]

70 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


10.
TESTES
(DE UNIDADE)

Este material está disponível, em formato editável, em .

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 71


10. TESTES (DE UNIDADE)

1. TESTE – FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o texto.

Um piano na minha rua...


Crianças a brincar...
O sol de domingo e a sua
Alegria a doirar...

5 A mágoa que me convida


A amar todo o indefinido...
Eu tive pouco na vida
Mas dói-me tê-lo perdido.

Mas já a vida vai alta


10 Em muitas mudanças!
Um piano que me falta
E eu não ser as crianças!
25-2-1917

Fernando Pessoa, Poesia do Eu (edição de Richard Zenith),


Porto, Assírio & Alvim, 2014, pp. 102-103.

1. Indique o local, o tempo e a situação registados pelo sujeito poético na primeira estrofe.

2. Descreva o estado de espírito do sujeito poético, confrontando-o com o experienciado no pas-


sado.

3. Refira, justificando à luz das aprendizagens realizadas, o tema predominante no poema.

4. Explicite o valor do articulador “Mas” que ocorre no início da terceira estrofe.

5. Esclareça a expressividade da pontuação predominante no poema.

72 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


10. TESTES (DE UNIDADE)

GRUPO II

Considere o poema analisado no Grupo I e responda às questões.


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

1. O vocábulo “que”, que ocorre no verso 5, classifica-se como


(A) um pronome relativo que substitui “Alegria a doirar” (v. 4).
(B) uma conjunção que completa o sentido de “convida” (v. 5).
(C) um pronome relativo que substitui “mágoa” (v. 5).
(D) uma conjunção que completa o sentido de “doirar” (v. 4).

2. O referente do pronome pessoal presente em “tê-lo” (v. 8) é


(A) “todo o indefinido” (v. 6).
(B) “O sol de domingo” (v. 3).
(C) “Um piano” (v. 1).
(D) “pouco na vida” (v. 7).

3. A função sintática desempenhada pelo pronome “me” em “Mas dói-me tê-lo perdido” (v. 8) é
(A) complemento direto.
(B) complemento indireto.
(C) sujeito.
(D) predicativo do sujeito.

4. Classifique a oração “Mas já a vida vai alta / Em muitas mudanças!” (vv. 9-10).

5. Refira o valor do conector que inicia a oração “E eu não ser as crianças!” (v. 12).

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 73


10. TESTES (DE UNIDADE)

2. TESTE – FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o texto.

Não estou pensando em nada


E essa coisa central, que é coisa nenhuma,
É-me agradável como o ar da noite,
Fresco em contraste com o verão quente do dia.

5 Não estou pensando em nada, e que bom!

Pensar em nada
É ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
É viver intimamente
10 O fluxo e o refluxo da vida...

Não estou pensando em nada.


Só, como se me tivesse encostado mal
Uma dor nas costas, ou num lado das costas,
Há um amargo de boca na minha alma:
15 É que, no fim de contas,
Não estou pensando em nada,
Mas realmente em nada,
Em nada.
6-7-1935

Álvaro de Campos, in Fernando Pessoa, Poesia dos Outros Eus,


(edição de Richard Zenith), Lisboa, Assírio & Alvim, 2007, p. 425.

1. Divida o texto em partes lógicas, atendendo ao seu conteúdo.

2. Transcreva da primeira estrofe uma comparação, comentando o seu valor expressivo.

3. Caracterize o sujeito poético, considerando o estado emocional em que se encontra.

4. Explique o sentido dos versos 6 e 7.

5. Refira a expressividade decorrente do emprego da anáfora “Não estou pensando em nada”.

74 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


10. TESTES (DE UNIDADE)

GRUPO II

Considere o poema analisado no Grupo I e responda às questões.


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

1. A oração “que é coisa nenhuma” (v. 2) classifica-se como oração subordinada


(A) adverbial consecutiva.
(B) substantiva completiva.
(C) adjetiva relativa restritiva.
(D) adjetiva relativa explicativa.

2. No segmento “Pensar em nada / É viver intimamente”, (vv. 8-9), a expressão sublinhada desem-
penha a função sintática de
(A) sujeito.
(B) complemento direto.
(C) predicativo do sujeito.
(D) complemento indireto.

3. O conetor “Mas” (v. 17) pertence à classe das


(A) conjunções.
(B) interjeições.
(C) locuções conjuncionais.
(D) preposições.

4. Indique a subclasse do verbo a que pertence a forma verbal sublinhada em “estou pensando”
(v. 1).

5. Indique o valor modal configurado no enunciado “Pensar em nada / É viver intimamente / O


fluxo e o refluxo da via…” (vv. 8-10).

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 75


10. TESTES (DE UNIDADE)

3. TESTE – FERNANDO PESSOA, BERNARDO SOARES


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o texto

Tudo é absurdo. Este empenha a vida em ganhar dinheiro que guarda, e nem tem filhos a quem
o deixe nem esperança que um céu lhe reserve uma transcendência desse dinheiro. Aquele empe-
nha o esforço em ganhar fama, para depois de morto, e não crê naquela sobrevivência que lhe dê o
conhecimento da fama. Esse outro gasta-se na procura de coisas de que realmente não gosta. Mais
5 adiante, há um que 1
31č8$;$<$&);Z.4>=.13)4=)Y>=;5,5C$8$;$?.?);Z.4>=.13)4=)Y
Vou num carro elétrico, e estou reparando lentamente, conforme é meu costume, em todos os
85;3)45;)<($<8)<<5$<:>)?ē5$(.$4=)()3.3Y$;$3.35<85;3)45;)<<ē5'5.<$<Z?5C)<Z+;$-
ses. Neste vestido da rapariga que vai em minha frente decomponho o vestido em o estofo de que
10 <)'538ý)Z5=;$&$1-5'53:>)5+.C);$3“85.<:>)5?)/5?)<=.(5)4ē5)<=5+5“)5&5;($(51)?)
que orla2 a parte que contorna o pescoço separa-se-me em retrós de seda, com que se o bordou, e
o trabalho que houve de o bordar. E imediatamente, como num livro primário de economia política,
()<(5&;$3U<)(.$4=)()3.3$<+ė&;.'$<)5<=;$&$1-5<“$+ė&;.'$54()<)+)C5=)'.(5]$+ė&;.'$
54()<)+)C5;)=;ā<3, de um tom mais escuro, com que se orla de coisinhas retorcidas o seu lugar
15 junto ao pescoço; e vejo as secções das fábricas, as máquinas, os operários, as costureiras, meus
olhos virados para dentro penetram nos escritórios, vejo os gerentes procurar estar sossegados,
sigo, nos livros, a contabilidade de tudo; mas não é só isto: vejo, para além, as vidas domésticas dos
:>)?.?)3$<>$?.($<5'.$14)<<$<+ė&;.'$<)4)<<)<)<';.=ā;.5<YYY5($$?.($<5'.$1/$C$3)><51-5<
só porque tenho diante de mim, abaixo de um pescoço moreno, que de outro lado tem não sei que
20 cara, um orlar irregular regular verde-escuro sobre um verde-claro de vestido.
Para além disto pressinto os amores, as secrecias4, a alma, de todos quantos trabalharam para
que esta mulher que está diante de mim no elétrico use, em torno do seu pescoço mortal, a bana-
1.($()<.4>5<$()>3;)=;ā<()<)($?);()U)<'>;$+$C)4(5.4>=.1.($()<8)1$5;1$()>3$+$C)4($
verde menos escura.
25 Entonteço. Os bancos de elétrico, de um entretecido de palha forte e pequena, levam-me a re-
,.ý)<(.<=$4=)<Z3>1=.81.'$3U<)U3))3.4(ù<=;.$<Z58);ė;.5<Z'$<$<()58);ė;.5<Z?.($<Z;)$1.($()<Z
tudo.
Saio do carro exausto e sonâmbulo. Vivi a vida inteira.
Fernando Pessoa, Livro do desassossego – composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros
na cidade de Lisboa (ed. Richard Zenith), Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, pp. 253-254.

1
Espaço deixado em branco pelo autor.
2
Ornamentar.
3
Fio de seda.
4
Segredos.

76 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


10. TESTES (DE UNIDADE)

1. Refira os aspetos identificados como “absurdos” que o narrador apresenta na sua reflexão
inicial.

2. Demonstre de que forma se opera a transfiguração poética do real no terceiro parágrafo, evi-
denciando o recurso expressivo neste processo.

3. Interprete a importância do olhar, do reparar e da referência à cor.

4. Explique o sentido do último período do texto “Vivi a vida inteira”.

5. Refira as temáticas essenciais do Livro do desassossego presentes neste fragmento.

GRUPO II

Considere o fragmento apresentado no Grupo I e responda às questões.


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

1. O segmento frásico “Vou num carro elétrico, e estou reparando lentamente conforme é meu
costume” (l. 7) expressa
(A) o valor aspetual genérico e o valor temporal de simultaneidade.
(B) o valor aspetual habitual e o valor temporal de simultaneidade.
(C) o valor aspetual imperfetivo e o valor temporal de anterioridade.
(D) o valor aspetual habitual e o valor temporal de anterioridade.

2. O pronome pessoal sublinhado no segmento “o trabalho com que o fizeram” (l. 10) tem como
antecedente
(A) “vestido” (l. 10).
(B) “bordado” (l. 10).
(C) “estofo” (l. 10).
(D) “trabalho” (l. 10).

3. O recurso expressivo presente na frase “como num livro primário de economia política” (l. 12) é
(A) metáfora.
(B) comparação.
(C) adjetivação.
(D) enumeração.

4. Classifique a oração subordinada sublinhada na frase: “Este empenha a vida em ganhar di-
nheiro que guarda” (l. 1).

5. Identifique o processo de formação de palavras que ocorreu no vocábulo “inutilmente” (l. 6),
considerando o termo útil.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 77


10. TESTES (DE UNIDADE)

4. TESTE – FERNANDO PESSOA, MENSAGEM


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o texto.

NEVOEIRO

)3;).4)31).Z4)38$C4)3,>);;$Z
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer −
5 ;.1-5<)31>C)<)3$;();Z
Como o que o fogo-fátuo1 encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.


Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
10 (Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!

Valete, Fratres.

Fernando Pessoa, Mensagem (ed. Fernando Cabral Martins),


Porto, Assírio & Alvim, 2012, p. 91.

1
Brilho pouco duradouro.

1. Caracterize Portugal de acordo com o conteúdo do poema, fundamentando com citações tex-
tuais pertinentes.

2. Descodifique a simbologia do título, relacionando-o com o conteúdo do poema.

3. Explique o sentido do verso entre parênteses, na segunda estrofe.

4. Comente a expressividade dos pronomes e dos advérbios de negação que ocorrem ao longo
do poema.

5. Explicite a funcionalidade do último verso.

78 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


10. TESTES (DE UNIDADE)

GRUPO II

Atente no texto do Grupo I e responda às questões.


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

1. O uso do travessão no verso 4


(A) .4=;5(>C>3$)A81.'$Đē5Y
(B) exprime um valor enfático.
(C) indica a presença de um interlocutor.
(D) isola um pormenor pouco significativo.

2. Nos versos “Ninguém sabe que coisa quer. / Ninguém conhece que alma tem” (vv. 7-8) está pre-
sente
(A) uma metáfora.
(B) uma anáfora.
(C) uma anástrofe.
(D) um hipérbato.

3. No verso “Nem o que é mal nem o que é bem.” (v. 9) estão presentes
(A) duas orações coordenadas conclusivas.
(B) duas orações coordenadas disjuntivas.
(C) duas orações coordenadas explicativas.
(D) duas orações coordenadas copulativas.

4. Identifique a classe de palavras em que se integra o vocábulo “ser” (v. 2), considerando o con-
texto em que surge.

5. Indique o processo de formação que ocorreu em “fogo-fátuo” (v. 6).

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 79


10. TESTES (DE UNIDADE)

5. TESTE – POETAS CONTEMPORÂNEOS


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o poema.

S. LEORNADO DA GALAFURA

À proa dum navio de penedos,


A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
5 S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
´4'5;$(5)+)1.C45'$.<->3$45Z
10 É num antecipado desengano
Que ruma em direção ao cais divino.

Lá não terá socalcos


Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
15 Doiros desaguados
);ē5'-$;'5<()1>C
Envelhecida;
$<5<Z=5(5<5<354=)<
).A$;ē58;5154,$;5<-5;.C54=)<
20 Até onde se extinga a cor da vida.

Por isso, é devagar que se aproxima


Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
25 E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho!

“Diário IX [1964]”, in Miguel Torga, Antologia poética,


Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2014, p. 352.

80 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


10. TESTES (DE UNIDADE)

1. Explique o sentido dos três últimos versos da primeira estrofe, relacionando-o com o verso 8.

2. Identifique o recurso expressivo presente no verso 2, explicitando o seu valor semântico.

3. Comprove que o apego à terra é uma ideia que percorre todo o poema.

4. Explicite a mudança do tempo verbal predominante da primeira para a segunda estrofe do


poema.

5. Proceda ao levantamento de vocábulos e de expressões referentes ao espaço físico, identifi-


cando-o.

GRUPO II

Atente no texto do Grupo I e responda às questões.


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

1. O segmento “Capitão no seu posto / De comando” (vv. 3-4) desempenha a função sintática de
(A) modificador do nome apositivo.
(B) complemento direto.
(C) sujeito.
(D) predicativo do sujeito.

2. A forma verbal “vai sulcando” (v. 5) transmite um valor aspetual


(A) perfetivo.
(B) imperfetivo.
(C) iterativo.
(D) genérico.

3. O referente de “Lá” (v. 12) é


(A) “destino” (v. 8).
(B) “cais humano” (v. 9).
(C) “cais divino” (v. 11).
(D) “Na menina dos olhos deslumbrados” (v. 14).

4. Identifique o mecanismo de coesão que ocorre com o uso dos vocábulos “S. Leonardo” (v. 5) e
“o rabelo” (v. 23).

5. Indique o valor do conector “Por isso” que inicia a terceira estrofe do poema.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 81


10. TESTES (DE UNIDADE)

6. TESTE – CONTOS, “SEMPRE É UMA COMPANHIA”


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o texto

SEMPRE É UMA COMPANHIA


E os dias passam agora rápidos para António Barrasquinho, o Batola. Até começou a levantar-se
')(5)$$?.$;5<+;),>)<)<()=5($<$<3$4-ēC.4-$<Y´<<.3Z85()'54=.4>$;$<'54?);<$<($?Ď<-
8);$Y>)5$=51$ĎZ()=5(5<Z5:>)3$.<?$=.'Ċ4.5<+$C<5&;)$<'5.<$<($,>);;$Y>.=5$4=)<(5
meio-dia já ele começa a consultar o velho relógio, preso por um fio de ouro ao colete.
5 Só a mulher quase deixou de aparecer na venda. E ninguém sabe que pensa ela do que contam
$<?5C)<()<'54-)'.($<$5<-53)4<($$1().$Z85.<Z$=;$?Ď<(5=$&.:>)();.8$<<)8$;$($<85;,;$4-
des fendas, ouve-se tudo que se passa na venda. Ouve-se e vê-se, querendo, a alegria que certas
45=Ċ'.$<=;$C)3$5<').+).;5<Z5,5<=5)58;58ā<.=5:>))1)<=č3$55>?.;()=);3.4$($?5C:>)Ď()
todas a mais desejada e acreditada.
10 E os dias custaram tão pouco a passar que o fim do mês caiu de surpresa em cima da aldeia da
Alcaria. Era já no dia seguinte que a telefonia deixaria de ouvir-se. Iam todos, de novo, recuar para
muito longe, lá para o fim do mundo, onde sempre tinham vivido.
Foi a primeira noite em que os homens saíram da venda mudos e taciturnos. Fora esperava-os
54),;>3)+)'-$(5Y)1)<?51=$?$38$;$$)<'>;.(ē5Z.$3<);Z5>=;$?)CZ5;)&$4-5:>)<)1)?$4=$
15 com o dia, lavra, cava a terra, ceifa e recolhe vergado pelo cansaço e pela noite. Mais nada que o
$&$4(545)$<51.(ē5Y´)<8);$4Đ$()3)1-5;?.($8$;$=5(5<Z:>)$?5C85();5<$(5-53)3()<-
conhecido levava até à aldeia, apagava-se nessa noite para não mais se ouvir.
Dentro da venda, o Batola está tão desalentado como os ceifeiros. O mês passou de tal modo
?)15C:>)<))<:>)')>()8;)8$;$;$3>1-);Y5&)$5&$1'ē5Z()<1.,$5+.5)$;;>3$5$8$;)1-5Y3
20 pouco dobrado sobre as pernas arqueadas, com o chapeirão a encher-lhe a cara de sombra, observa
magoadamente a preciosa caixa.
Assim está, quando um pressentimento o obriga a voltar a cabeça: junto da porta que dá para
os fundos da casa, a mulher olha-o com um ar submisso. “Que terá acontecido?”, pensa o Batola,
admirado de a ver ainda levantada àquela hora.
25 − António − murmura ela, adiantando-se até ao meio da venda. − Eu queria pedir-te uma coisa...
Suspenso, o homem aguarda. Então, ela desabafa, inclinando o rosto ossudo, onde os olhos ne-
gros brilham com uma quase expressão de ternura:
− Olha... Se tu quisesses, a gente ficava com o aparelho. Sempre é uma companhia neste deserto.
Manuel da Fonseca, O fogo e as cinzas, Lisboa, Editorial Caminho, 2011, pp. 159-160.

82 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


10. TESTES (DE UNIDADE)

1. Indique por que razão o tempo parece, nesta fase da ação, passar rapidamente.

2. Refira a importância da rádio para a população da aldeia.

3. Exponha as razões que dão origem ao receio dos ceifeiros.

4. Explicite o valor metafórico da expressão “Fora esperava-os o negrume fechado.” (ll. 13-14).

5. Demonstre que a mudança que a rádio trouxe à aldeia também abrangeu a mulher de Batola.

GRUPO II

Atente no texto do Grupo I e responda às questões.


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

1. A oração sublinhada em “E os dias custaram tão pouco a passar que o fim do mês caiu de sur-
presa em cima da aldeia da Alcaria.” (ll. 10-11) classifica-se como oração subordinada
(A) adverbial concessiva.
(B) adverbial consecutiva.
(C) adjetiva relativa explicativa.
(D) adverbial causal.

2. O segmento sublinhado na expressão “pensa o Batola” (l. 23) desempenha a função sintática de
(A) complemento direto.
(B) complemento indireto.
(C) sujeito.
(D) modificador.

3. O conector que introduz a oração “Se tu quisesses” (l. 28) tem um valor lógico
(A) causal.
(B) consecutivo.
(C) comparativo.
(D) condicional.

4. Classifique as orações “Ouve-se e vê-se” (l. 7).

5. Transcreva o referente do pronome relativo sublinhado no segmento “que a voz poderosa” (l. 16).

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 83


10. TESTES (DE UNIDADE)

7. TESTE – CONTOS, “FAMÍLIAS DESAVINDAS”


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o texto

FAMÍLIAS DESAVINDAS
Houve muitos candidatos ao cargo de semaforeiro, embora um equívoco tivesse levado à exi-
gência de que os concorrentes soubessem andar de bicicleta. A realidade corrigiu o dislate por-
:>) $'$&5> 85; <); )<'51-.(5 >3 ,$1),5 '-$3$(5 $354Z :>) );$ +$3.1.$; (5 8;58;.)=ė;.5 (>3
&53;)<=$>;$4=))4>4'$=.4-$8)($1$(54$?.($Y$<$354);$)<+5;Đ$(5Z'-).5()&5$?54=$()Y
5 A escolha foi acertada.
>;$4=)$45<)$45<5&53(5$3548)($15>)'53>=5>Y5;$1=>;$<($),>4($
;$4()
>);-
;$+5.<>&<=.=>Ċ(58)15<)>+.1-5.3)4)CZ85>'5()85.<($;)?51>Đē5()´&;.18)154)=5´<(;ù&$1Z
e, um dia destes, pelo bisneto Paco. A administração continua a pagar um vencimento modesto,
equivalente ao de jardineiro. Mas não é pelo ordenado que aquela família dá ao pedal. É pelo amor
10 à profissão. Altas horas da madrugada, avô, neto e bisneto foram vistos de ferramenta em riste a
$+).Đ5$;85;3)45;)<Y .C);$3:>)<=ē5()8;)<);?$;$;5($()=;ė<)58><);$3U<):>$<)'53<)1?$-
jaria a um jovem engenheiro que considerou a roda dispensável, sugerindo que o carreto bastasse.
Os transeuntes e motoristas do Porto apreciam estes semáforos manuais, porque é sempre pos-
<Ċ?)18);<54$1.C$;$;)1$Đē5'535<.4$1Y.CU<)Z85;)A)3815Zeġ$'5Z(ė1ė>3/).=.4-5_f)5$'5Z
15 se estiver bem-disposto, comuta, facilita.
Acontece que, mesmo à esquina, um primeiro andar vem sendo habitado por uma família de
3Ď(.'5<:>)($1.+$C'54<>1=ā;.5Y5>'5$4=)<($.4<=$1$Đē5(5<<)3ė+5;5<$8)($1Z?).535;$;5
5>=5; 5ē5)(;5)0)==Z8$.()+.1-5<)3Ď(.'5<.4,>1$;Y-),5>()5.3&;$'53&5$+$3$3$<
transbordava de espírito de missão. Andava pelas ruas a interpelar os transeuntes: “Está doente?
20 ē5`)3$');=)C$`)<<$<51-).;$<Z-ē`)4-$($Ċ:>))>=;$=5U5Yf4)<=$đ4<.$()'54?)4');
$=;$?)<<$?$3>.=$<?)C)<$;>$Y<)3ė+5;5'5381.'$?$Y´8;5A.35>U<)(5$354)&;$(5>Z<)?);5\
e´3.3Z4.4,>Ď33)(.C:>$4(5()?5$=;$?)<<$;>3$;>$Y5>>3'.($(ē51.?;))()<.38)(.(5Yf
$354)4=;.<=)')>Yē5,5<=$?$:>).4=);+);.<<)3'535<)>=;$&$1-5)Z($Ċ85;(.$4=)Z8$<<5>$(.-
+.'>1=$;$8$<<$,)3$5(5>=5;Y;$'$<58$;$.4.3.C$()Y).<(>$<+$3Ċ1.$<()<$?.4($<Y )1.C3)4=)Z
25 nunca coincidiram descendentes casadoiros. Piora sempre os resultados.
Mário de Carvalho, Contos vagabundos, Lisboa, Editorial Caminho, 2000, pp. 75-78.

1. Demonstre que a ação se prolonga por várias décadas, fundamentando a resposta com cita-
ções textuais.

2. Aponte duas razões que demonstrem a dedicação dos semaforeiros à sua profissão.

84 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


10. TESTES (DE UNIDADE)

3. Indique dois traços caracterizadores do doutor João Pedro Bekett, fundamentando a resposta
com citações textuais pertinentes.

4. Mostre que existem duas perspetivas no modo como os habitantes da cidade veem os semá-
foros e os semaforeiros.

5. Indique o recurso expressivo presente na expressão “Doutor João Pedro Bekett […] transbor-
dava de espírito de missão.” (ll. 18-19), comentando o seu valor simbólico.

GRUPO II

Atente no texto do Grupo I e responda às questões.


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

1. A frase “A escolha foi acertada.” (l. 5) integra, como funções sintáticas, o sujeito, o predicado e o
(A) complemento direto.
(B) complemento indireto.
(C) complemento agente da passiva.
(D) predicativo do sujeito.

2. As formas verbais “pedalou” e “comutou” (l. 6) estão conjugadas no


(A) pretérito perfeito do indicativo.
(B) pretérito mais-que-perfeito do indicativo.
(C) imperfeito do indicativo.
(D) imperfeito do conjuntivo.

3. A modalidade configurada na frase “Felizmente, nunca coincidiram descendentes casadoiros.”


(ll. 24-25) é

(A) )8.<=Ď3.'$'53?$15;()');=)C$Y
(B) apreciativa.
(C) epistémica com valor de probabilidade.
(D) deôntica com valor de permissão.

4. Classifique a oração “porque é sempre possível personalizar a relação com o sinal.” (ll. 13-14).

5. Indique o valor aspetual da forma verbal “atravessava” na frase “E nesta ânsia de convencer
atravessava muitas vezes a rua.” (ll. 20-21).

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 85


10. TESTES (DE UNIDADE)

8. TESTE – JOSÉ SARAMAGO, O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o texto

.'$;(5).<$'54'-),$$,$&$;(.4$$5'5;85Z+;.5;)4=5Z$=;$?)<<$()'ė8$;$1ėZ85;5>=;$<$1$-
3)($<;),;)<<$Z$,5;$?$.()<');$>$(5Ď'>15Z4)3<$&)5:>)5=);ė()'.(.(5Z<)4(5=ē5);35)
melancólico o lugar, alguns antigos palácios, casas baixinhas, estreitas, de gente popular, ao menos
o pessoal nobre de outros tempos não era de melindres, aceitava viver paredes meias com o vulgo,
5 ai de nós, pelo caminho que as coisas levam, ainda veremos bairros exclusivos, só residências, para
a burguesia de finança e fábrica, que então terá engolido da aristocracia o que resta, com garagem
própria, jardim à proporção, cães que ladrem violentamente ao viajante, até nos cães se há de notar
a diferença, em eras distantes tanto mordiam a uns como a outros.
$. .'$;(5 ).< ()<')4(5 $ ;>$Z <)3 4)4->3$ 8;)<<$ …[†Z ) $,5;$ 4)<=$ ;>$Z $8)<$; () =ē5
10 sossegada, sem comércio, com raras oficinas, há grupos que passam, todos que descendo vão,
gente pobre, alguns mais parecem pedintes, famílias inteiras, com os velhos atrás, a arrastar a
perna, o coração a rasto, as crianças puxadas aos repelões pelas mães, que são as que gritam, Mais
depressa, senão acaba-se. O que se acabou foi o sossego, a rua já não é a mesma, os homens, es-
ses, disfarçam, simulam a gravidade que a todo o chefe de família convém, vão no seu passo como
15 :>)3=;$C5>=;5+.=55>4ē5:>);;)'54-)');)<=)Z)/>4=$3)4=)()<$8$;)')3Z>4<$8ā<5>=;5<Z45
8;āA.35'5=5?)15($;>$Z…[†Y.$4=)().'$;(5).<$8$;)')>3$3>1=.(ē54),;$:>))4'-)$;>$
)3=5($$1$;,>;$…[†Y.'$;(5).<$8;5A.3$U<)Z8)()1.')4Đ$8$;$8$<<$;Z…[†$1'$4Đ5>53).5($
rua, está defronte da entrada do grande prédio do jornal O Século, o de maior expansão e circula-
ção, a multidão alarga-se, mais folgada, pela meia-laranja que com ele entesta, respira-se melhor,
20 <ā$,5;$.'$;(5).<()>85;:>)?.4-$$;)=);$;)<8.;$Đē58$;$4ē5<)4=.;53$>'-).;5Z$.4($-ė
quem diga que os pretos fedem, o cheiro do preto é um cheiro de animal selvagem, não este odor
()')&51$Z$1-5)<>5;;)'5C.(5Z();5>8$<;$;53>($($<Z()'5;85<<)3&$4-55><ā45(.$().;$5
médico, qualquer pituitária1 medianamente delicada se teria ofendido na provação deste trânsito.
IJ)4=;$($)<=ē5(5.<851Ċ'.$<Z$:>.8);=55>=;5<(5.<:>)(.<'.81.4$35$')<<5Z$>3()1)<?$..'$;-
25 (5).<8);,>4=$;Z>)$/>4=$3)4=5Ď)<=)Z<)4-5;,>$;($Z)5$,)4=)()$>=5;.($();)<854()'53
deferência, vê-se logo que o perguntador está aqui por um acaso, É o bodo2 do Século, Mas é uma
multidão, Saiba vossa senhoria que se calculam em mais de mil os contemplados, Tudo gente po-
bre, Sim senhor, tudo gente pobre, dos pátios e barracas, Tantos, E não estão aqui todos, Claro, mas
$<<.3=5(5</>4=5<Z$5&5(5Z+$C.38;)<<ē5Z´3.34ē5Z/ė)<=5>-$&.=>$(5Z5:>)Ď:>);)')&)3Z
30 ´'$($85&;)'$1-$()C)<'>(5<Z)C)<'>(5<Zĩ?);($()Z()C)<'>(5<Z)5<,$;5=5<1)?$3$,$<$-
lhos, e brinquedos, e livros de leitura, Por causa da instrução, Sim senhor, por causa da instrução,
)C)<'>(5<4ē5(ė8$;$3>.=5Z)38;)Ď3)1-5;:>)4$($Zė.<<5Ď?);($()Z ė:>)3)<=)/$5$45
inteiro à espera do bodo, deste e dos outros, olhe que não falta quem passe o tempo a correr de bodo
para bodo, à colheita, o pior é quando aparecem em sítios onde não são conhecidos, outros bairros,
35 outras paróquias, outras beneficências, os pobres de lá nem os deixam chegar-se, cada pobre é fiscal
doutro pobre, Caso triste, Triste será, mas é bem feito, para aprenderem a não ser aproveitadores,

86 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


10. TESTES (DE UNIDADE)

Muito obrigado pelas suas informações, senhor guarda, Às ordens de vossa senhoria, passe vossa
senhoria por aqui, e, tendo dito, o polícia avançou três passos, de braços abertos, como quem enxota
galinhas para a capoeira, Vamos lá, quietos, não queiram que trabalhe o sabre.
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis, 21.a ed., Lisboa, Editorial Caminho, 2013, pp. 87-88, 90-91.

1
Membrana mucosa que reveste as cavidades nasais.
2
Distribuição solene de alimentos, de dinheiro e de roupas, a necessitados.

1. Trace um retrato socioeconómico do Portugal de 1936, ano da ação do romance, fundamen-


tando a resposta com citações textuais.

2. Demonstre que o guarda trata de forma diferente Ricardo Reis e os “pobres” que aguardam o bodo.

3. Identifique, comentando o seu valor semântico, o recurso expressivo presente em “como quem
enxota galinhas” (ll. 38-39).

4. Prove que neste excerto se assiste a uma deambulação geográfica.

5. Retire do primeiro parágrafo do texto dois exemplos distintos do tom coloquial de Saramago.

GRUPO II

Atente no texto do Grupo I e responda às questões.


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

1. No contexto em que surge, o termo “agora” (l. 2) funciona como


(A) mecanismo de coesão frásica.
(B) mecanismo de coesão referencial.
(C) deítico com valor espacial.
(D) deítico com valor temporal.

2. A sequência textual compreendida entre a linha 26 “É o bodo do Século” e a linha 29 “E o que é


que recebem” é predominantemente
(A) dialogal. (C) descritiva.
(B) narrativa. (D) explicativa.

3. A modalidade configurada na frase “Vamos lá, quietos, não queiram que trabalhe o sabre.” (l. 39) é
(A) epistémica com valor de probabilidade.
(B) apreciativa.
(C) deôntica com valor de obrigação.
(D) deôntica com valor de permissão.

4. Classifique a oração sublinhada em “Diante de Ricardo Reis aparece uma multidão negra que
enche a rua em toda a largura” (ll. 16-17).

5. Indique a função sintática do segmento sublinhado na frase “A cada pobre calha dez escudos” (l. 30).

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 87


10. TESTES (DE UNIDADE)

9. TESTE – JOSÉ SARAMAGO, MEMORIAL DO CONVENTO


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o texto

…[†>;$4=)$1,>3=)385?5$;$3$'538$4-$(5<85;>33.1-$+;):>)$<<><=$;$)+.C);$+>,.;
todos os pássaros, iam só os dois, o milhafre adejando e pairando, percebe-se que voe, a passarola
sem mover as asas, não soubéssemos nós que isto é feito de sol, âmbar, nuvens fechadas, ímanes
e lamelas de ferro, e não acreditaríamos no que os nossos olhos veem, além de que não teríamos a
5 desculpa da mulher que estava deitada no restolho e já não está, acabou-se-lhe o gosto, daqui nem
o sítio se vê.
?)4=53>(5>8$;$<>()<=)Z<58;$'533>.=$+5;Đ$Z$=);;$8$<<$)3&$.A5…[†Y
Estão os três voadores à proa da máquina, vão na direção do poente, e o padre Bartolomeu Lou-
;)4Đ5<)4=):>)$.4:>.)=$Đē5;),;)<<5>)';)<')Ď8đ4.'5/ėZ)4+.3?$.=);?5CZ))<<$?5CĎ>3,)-
10 3.(5Z:>$4(55<51<)8><);Z()<');ė.;;)3)(.$?)13)4=)$3ė:>.4$Z=$1?)C'$.$Z=$1?)C<)()<8)($')
e todos morrerão, É Mafra, além, grita Baltasar, parece o gajeiro a bradar do cesto da gávea, Terra,
nunca comparação alguma foi tão exata, porque esta é a terra de Baltasar, reconhece-a, mesmo nun-
ca a tendo visto do ar, quem sabe se por termos no coração uma orografia particular que, para cada
um de nós, acertará com o particular lugar onde nascemos, o côncavo meu no teu convexo, no meu
15 convexo o teu côncavo, é o mesmo que homem e mulher, mulher e homem, terra somos na terra, por
.<<5Ď:>)$1=$<$;,;.=$Zĩ$3.4-$=);;$Z;)'54-)')U$'535>3'5;85Y$<<$3?)15C3)4=)<5&;)$<
5&;$<(5'54?)4=5Z3$<()<=$?)C-ė:>)35<?)/$Z,)4=):>)+5,))<8$?5;.($Z,)4=):>)<)$/5)1-$
ao acaso e levanta as mãos implorativas de misericórdia, gente que atira pedras, o alvoroço toma
conta de milhares de homens, quem não chegou a ver, duvida, quem viu, jura e pede o testemunho do
20 ?.C.4-5Z3$<8;5?$</ė4.4,>Ď3$<85()$8;)<)4=$;85;:>)$3ė:>.4$$+$<=5>U<)4$(.;)Đē5(5<51Z
=5;45>U<).4?.<Ċ?)1'54=;$5(.<'5;)+>1,)4=)Z=$1?)C4ē5=.?)<<)<.(53$.<:>)>3$$1>'.4$Đē5Z/ė5<
céticos triunfam sobre a perplexidade dos que acreditaram.
…[†<51)<=ė85><$(545-5;.C54=)(53$;Z…[†)<=ė$()<8)(.;U<)Z$()><Z$=Ď$3$4-ēZ<)-5>?);
amanhã para os três nautas aéreos que tombam como uma ave ferida de morte, mal equilibrada nas
25 asas curtas, com o seu diadema de âmbar, em círculos concêntricos, queda que parece infinita e vai
$'$&$;Y…[†$<()<ù&.=51.3>4($<51=$U<)()$1=$<$;Z$:>)3'54?>1<$<)$,$;;$;$:>$4(5$3ė-
quina precipitou a descida, e rodeia com os braços uma das esferas que contêm as nuvens fechadas,
as vontades, duas mil são mas não chegam, cobre-as com o corpo, como se as quisesse meter dentro
de si ou juntar-se a elas. A máquina dá um salto brusco, levanta a cabeça, cavalo a que puxaram o
30 bridão, suspende-se por um segundo, hesita, depois recomeça a cair, mas menos depressa, e Blimun-
($,;.=$Z$1=$<$;Z$1=$<$;Z4ē58;)'.<5>'-$3$;=;č<?)C)<]/ė)1)<)$&;$Đ$;$'53$5>=;$)<+);$Z
+$C.$'5;85'53)1$Z)=)U>$<))=)Uā.<<><=)4=$4(5'53$<<>$<4>?)4<+)'-$($<$3ė:>.4$:>)
baixava, agora devagar, tão devagar que mal rangeram os vimes quando tocou o chão, só bandeou
8$;$>31$(5…[†Y ;5>A5<()3)3&;5<Z)A=)4>$(5<Z5<=;č<?.$/$4=)<)<'5;;),$;$38$;$+5;$Z…[†Y

88 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


10. TESTES (DE UNIDADE)

35 …[†4())<=$35<Z8);,>4=5>1.3>4($Z…[†ē5'54-)Đ554())<=$35<Z4>4'$)<=.?)4)<=)<Ċ=.5Z
$3.38$;)')U3)>3$<);;$Z=$1?)C58$(;)$;=5153)>5>;)4Đ5=)4-$.4+5;3$Đý)<Y8$(;))<=$?$
a levantar-se, não lhe doíam os membros nem o estômago, apenas a cabeça, mas essa era como
se um estilete lhe perfurasse de lado a lado as fontes, Estamos em tão grande perigo como se não
tivéssemos chegado a sair da quinta, se ontem não nos encontraram, encontram-nos amanhã, Mas
40 )<=)1>,$;54())<=$35<Z'535<)'-$3$Z5(551>,$;($=);;$Ď$4=)'đ3$;$(5.4+);45Z>3$<?)C)<
vai-se morto a ele, outras vai-se vivo e a morte é depois que vem, Por enquanto ainda estamos vivos,
Amanhã estaremos mortos.
José Saramago, Memorial do convento, 53.a ed., Alfragide, Editorial Caminho, 2013, cap. XVI, pp. 272-276.

1. Contextualize a ação deste excerto.

2. Identifique, justificadamente, as linhas de ação que se cruzam neste excerto.

3. Explique a reação das gentes ao aperceberem-se do “objeto” que sobrevoa Mafra.

4. Explicite o valor simbólico da expressão “O sol está pousado no horizonte do mar” (l. 23).

5. Apresente uma explicação para o medo demonstrado por padre Bartolomeu, considerando o
último parágrafo.

GRUPO II

Atente no texto do Grupo I e responda às questões.

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

1. No contexto em que surge, a palavra sublinhada em “porque esta é a terra de Baltasar” (l. 12)
funciona como
(A) deítico com valor pessoal.
(B) mecanismo de coesão referencial
(C) mecanismo de coesão interfrásica.
(D) deítico com valor espacial.

2. O referente da palavra sublinhada em “já ninguém as pode apresentar” (l. 20) é


(A) as mãos.
(B) provas.
(C) pedras.
(D) obras do convento.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 89


10. TESTES (DE UNIDADE)

3. A forma verbal “tivesse sido” (l. 21) está conjugada no


(A) pretérito mais-que-perfeito composto do conjuntivo.
(B) pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo.
(C) futuro composto do indicativo.
(D) futuro composto do conjuntivo.

4. Identifique a modalidade configurada na frase “talvez caia, talvez se despedace e todos mor-
rerão” (ll. 10-11).

5. Refira a função sintática da palavra sublinhada em “Onde estamos, perguntou Blimunda” (l. 35).

90 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


11.
TESTES
GLOBAIS/MÓDULO

Este material está disponível, em formato editável, em .

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 91


11. TESTES GLOBAIS/MÓDULO

1. TESTE GLOBAL – MÓDULO 7


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o seguinte poema de Ricardo Reis.

Da nossa semelhança com os deuses Não de outra forma mais apoquentada


Por nosso bem tiremos Nos vale o esforço usarmos
Julgarmo-nos deidades1 exiladas A existência indecisa e afluente
E possuindo a Vida Fatal do rio escuro.
5 Por uma autoridade primitiva
E coeva de Jove2. 15 Como acima dos deuses o Destino
É calmo e inexorável4,
Altivamente donos de nós-mesmos, Acima de nós mesmos construamos
Usemos a existência Um fado voluntário
Como a vila que os deuses nos concedem Que quando nos oprima nós sejamos
10 Para esquecer o estio3. 20 Esse que nos oprime,
E quando entremos pela noite dentro
Por nosso pé entremos.
30-7-1914

Ricardo Reis, “Odes – Livro Primeiro”, in Fernando Pessoa, Poesia dos Outros Eus
(ed. Richard Zenith), Lisboa, Assírio & Alvim, 2007, pp. 144-145.

1
Divindades.
2
.?.4($()'54=)385;đ4)$() ù8.=);Y
3
Verão.
4
Cruel, impiedoso.

1. Sintetize o conteúdo da primeira estrofe.

2. Explicite, de acordo com o sujeito poético, o modo como o ser humano se deve comportar pe-
rante a “vida”.

3. Exponha o código de conduta ou o ideal ético, defendido pelo sujeito poético, perante a iminên-
cia da morte.

92 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


11. TESTES GLOBAIS / MÓDULO

Leia o poema do heterónimo Alberto Caeiro.

O meu olhar é nítido como um girassol.


Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
()?)C)3:>$4(551-$4(58$;$=;ė<YYY
5 E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo comigo
Que teria uma criança se, ao nascer,
10 )8$;$<<):>)4$<');$()?);$<YYY
Sinto-me nascido a cada momento
Para a grande novidade do mundo...

Creio no mundo como num malmequer,


Porque o vejo. Mas não penso nele
15 Porque pensar é não compreender...
3>4(54ē5<)+)C8$;$8)4<$;35<4)1)
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...


20 )+$154$$=>;)C$4ē5Ď85;:>)<$.&$5:>))1$ĎZ
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,


25 E toda a inocência é não pensar...

Alberto Caeiro, “O guardador de rebanhos”, Fernando Pessoa,


Poesia dos Outros Eus (ed. de Richard Zenith), Lisboa, Assírio & Alvim, 2007, pp. 35-36.

4. Demonstre a importância dos sentidos no modo como Caeiro perspetiva a Natureza.

5. Comprove a defesa do “não pensar”, característico deste heterónimo.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 93


11. TESTES GLOBAIS/MÓDULO

GRUPO II

Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

Leia o texto.

SER MAIS COM MENOS


Se aquilo que possui traz danos à sua vida, a solução é simplificar e adotar princípios mi-
nimalistas.
Por trás de cada grande decisão há sempre uma história. Imagine alguém que, aos 28 anos, atin-
ge o topo do sucesso no mundo empresarial e, nessa mesma altura, fica sem o casamento e perde
5 a mãe, questionando-se então acerca do que realmente conta na sua vida. Ou coloque-se na pele de
um jovem executivo exemplar, confrontado com o seu despedimento.
5.<')4ė;.5<:>)85(.$3+$C);8$;=)($<.458<)()>3+.13)Y$<4ē5<ē5Y´'54=)');$33)<35
$(5.<$3.,5<().4+đ4'.$Y 5<->$ .)1(<.11&>;4)B$4.'5()3><=.4-$3$3)<3$.($():>$4(5
8$<<$;$38)15$?)<<5(5<54-5$3);.'$45Y 5.)4=ē5:>)()'.(.;$3<.381.+.'$;\;)(>C.;$3$53Ċ4.-
10 mo os hábitos de consumo, venderam ou doaram tudo o que não acrescentasse valor ao seu quoti-
diano e as vidas deles mudaram. Tornaram-se mais ricas. O lema de Os Minimalistas, que vivem em
Missoula, no Estado de Montana, pode resumir-se a três ideias-chave:
− “Viver com menos é mais”
− “Desapegue-se e siga em frente”
15 − “Ame as pessoas e use as coisas porque o contrário não funciona”.

Parece fácil mas não é. Eles explicam tudo numa conferência TED e no documentário lançado
este ano e intitulado Minimalism: A Documentary About the Important Things. Porque é que não é
fácil? Por ser preciso passar à prática e confiar que vai valer a pena. Por ser preciso reprogramar a
ideia que se tem de abundância.
20 )38;),53.1.54ė;.5Z$'$<$Ē$1=>;$'53'$;;5$'54(.C);)5>=;5<<.4$.<)A=);.5;)<();.:>)C$
podem parecer uma meta cativante que todos querem alcançar (e que eles alcançaram). Só que,
85>'5=)385$4=)<()$?.($=);<>;8;))4(.(5 5<->$)B$4Z/ė)1)<=.4-$38);')&.(5:>)3$4=);
esse estilo de vida não lhes dava a satisfação sonhada. E, para infelicidade de ambos, o consumo
'538>1<.?5<ā$381.$?$$<)4<$Đē5()?$C.5)5<4Ċ?).<()<=;)<<)Z3)(5Z()<,$<=))()8;)<<ē5Y3
25 <Ċ4=)<)Z4ē5);$.($Yē55<=5;4$?$3$.<1.?;)<4)31-)<+$C.$<)4=.(5Y).<$45<8$<<$(5<Z$(>81$
tem um site, um blog, um podcast, alguns livros e mais de quatro milhões de seguidores.
Clara Soares, in Visão, edição online de 23 de novembro de 2016 (consultado em dezembro de 2016).

1. Nos dois parágrafos iniciais, referem-se


(A) duas situações hipotéticas.
(B) dois casos verídicos.
(C) hipóteses de vida distintas.
(D) <51>Đý)<8$;$3.4.3.C$;($45<Y

94 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


11. TESTES GLOBAIS / MÓDULO

2. Com a expressão “avesso do sonho americano” (l. 9), pretende-se salientar


(A) as dificuldades surgidas na vida dos dois amigos.
(B) a nacionalidade dos dois amigos de infância.
(C) $85&;)C$:>)<)$&$=)><5&;)5<$3);.'$45<Y
(D) a realidade de muitos jovens americanos.

3. De acordo com o sentido do texto, ser “minimalista” é


(A) mais fácil do que parece. (C) mais complicado do que parece.
(B) a filosofia de vida dos pobres. (D) alhear-se de tudo e de todos.

4. O termo “Se” que inicia o texto tem valor


(A) reflexo. (C) apassivante.
(B) recíproco. (D) condicional.

5. A oração subordinada sublinhada na frase “Imagine alguém que atinge o topo do sucesso no
mundo empresarial” (ll. 3-4) é
(A) adverbial consecutiva.
(B) adjetiva relativa restritiva.
(C) adjetiva relativa explicativa.
(D) substantiva completiva.

6. O segmento frásico sublinhado em “coloque-se na pele de um jovem executivo exemplar, con-


frontado com o seu despedimento.” (ll. 5-6) desempenha a função sintática de
(A) complemento oblíquo.
(B) complemento direto.
(C) modificador do grupo verbal.
(D) modificador do nome restritivo.

7. A afirmação “Dois cenários que podiam fazer parte da sinopse de um filme.” (l. 7) exemplifica a
modalidade
(A) )8.<=Ď3.'$'53?$15;()');=)C$Y
(B) epistémica com valor de probabilidade.
(C) deôntica com valor de obrigação.
(D) deôntica com valor de permissão.

8. Indique o valor lógico do articulador que introduz o último período do primeiro parágrafo.

9. Classifique a oração “que vivem em Missoula” (ll. 11-12).

10. Identifique o processo de formação da palavra “ideias-chave” (l. 12).

GRUPO III

.?);$?.($()+5;3$3.4.3$1.<=$+5.$58Đē5(5<(5.</5?)4<'>/$()<,;$Đ$5<+)C$8;)'.$;$?.($()
forma diferente.
;5(>C$>3texto expositivo, entre 130 e 170 palavras, sobre o modo como podemos ou devemos viver,
considerando as consequências decorrentes das nossas opções de vida.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 95


11. TESTES GLOBAIS/MÓDULO

2. TESTE GLOBAL – MÓDULO 8


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

A – Mensagem

Leia o seguinte poema da obra Mensagem.

OCIDENTE

Com duas mãos – o Ato e o Destino –


Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu
Uma ergue o facho trémulo e divino
E a outra afasta o véu.

5 Fosse a hora que haver ou a que havia


A mão que ao Ocidente o véu rasgou,
Foi a alma a Ciência e corpo a ousadia
Da mão que desvendou.

Fosse Acaso, ou Vontade, ou Temporal


10 ´3ē5:>));,>)>5+$'-5:>)1>C.>Z
Foi Deus a alma e o corpo Portugal
$3ē5:>)5'54(>C.>Y

Fernando Pessoa, Mensagem (ed. Fernando Cabral Martins),


Porto, Assírio & Alvim, 2012, p. 56.

1. Demonstre de que forma o “Ato” e o “Destino” foram importantes para a realização dos Des-
cobrimentos.

2. Interprete o simbolismo das mãos ao longo do poema.

3. Integre, justificadamente, o poema na estrutura da obra a que pertence.

96 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


11. TESTES GLOBAIS / MÓDULO

B – Poetas contemporâneos

Leia o poema.

TROVA DO VENTO QUE PASSA


A António Portugal

Pergunto ao vento que passa Vi navios a partir


notícias do meu país (Portugal à flor das águas)
e o vento cala a desgraça 35 vi minha trova florir
5?)4=54$($3)(.CY (verdes folhas verdes mágoas).

5 Pergunto aos rios que levam Há quem te queira ignorada


tanto sonho à flor das águas e fale pátria em teu nome.
e os rios não me sossegam Eu vi-te crucificada
levam sonhos deixam mágoas. 40 nos braços negros da fome.

Levam sonhos deixam mágoas 5?)4=54ē53)(.C4$($


10 ai rios do meu país só o silêncio persiste.
minha pátria à flor das águas Vi minha pátria parada
8$;$54()?$.<`.4,>Ď3(.CY à beira de um rio triste.

Se o verde trevo desfolhas 45 .4,>Ď3(.C4$($()45?5


8)()45=Ċ'.$<)(.C se notícias vou pedindo
15 ao trevo de quatro folhas 4$<3ē5<?$C.$<(585?5
que morro por meu país. vi minha pátria florindo.

Pergunto à gente que passa E a noite cresce por dentro


por que vai de olhos no chão. 50 dos homens do meu país.
Silêncio – é tudo o que tem Peço notícias ao vento
20 quem vive na servidão. )5?)4=54$($3)(.CY

Vi florir os verdes ramos Mas há sempre uma candeia


direitos e ao céu voltados. dentro da própria desgraça
E a quem gosta de ter amos 55 há sempre alguém que semeia
vi sempre os ombros curvados. canções no vento que passa.

25 5?)4=54ē53)(.C4$($ Mesmo na noite mais triste


4.4,>Ď3(.C4$($()45?5Y em tempo de servidão
Vi minha pátria pregada há sempre alguém que resiste
45<&;$Đ5<)3';>C(585?5Y 60 -ė<)38;)$1,>Ď3:>)(.C4ē5Y

Vi meu poema na margem


30 dos rios que vão pró mar A “Praça da canção [1965]”, in Manuel Alegre,
30 anos de poesia (prefácio de Eduardo Lourenço), Lisboa,
como quem ama a viagem Publicações Dom Quixote, 1997, pp. 74-75.
mas tem sempre de ficar.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 97


11. TESTES GLOBAIS/MÓDULO

4. Apresente a situação denunciada no poema, tendo em conta o contexto histórico da sua escrita –
1965. Justifique a sua resposta com elementos textuais.

5. Analise a estrutura métrica, estrófica e rimática do poema.

GRUPO II

Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

Leia o texto.

A(S) MULHER(ES) DO MEU PAÍS

“Vou verificar e depois informo.” Foi exatamente assim que respondeu àquele que cumpriu or-
dens de encerramento do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (CNMP) quando este afir-
mou que “as mulheres portuguesas não precisavam de mais instituições ou auxílio pois estavam
já protegidas pela Obra das Mães da Educação Nacional”. Em 1947, o então governador civil de
5 Lisboa, Mário Cordeiro, fechava uma porta mas não conseguiria fechar a força e a coragem de Maria
$3$<Y´=;$?Ď<(5<)>=;$&$1-5Z>3$)<8Ď'.)();)85;=$,)4<)=451ā,.'$<Z-$?.$();)?)1$;$(>;)C$
e a desproteção que assombrava a vida das mulheres portuguesas. De carro, de comboio, a pé, e
até mesmo de burro, percorreu todo o país, até às ilhas, revelando como ninguém havia feito (ou
+)C„$<3>1-);)<)$<>$?.($4$<'.($()<Z4$<?.1$<)$1().$<Z45<1>,$;)<)<:>)'.(5<))<'54(.(5<Y
10 Num tempo em que o fascismo proibia sonhos e a vida obrigava à resistência, Maria Lamas
ouviu, fotografou e escreveu as mulheres. Mas fê-lo sem qualquer paternalismo ou superioridade,
)$4=)<'53>3,)4.$1;$<,5()()4ù4'.$)<.3>1=đ4)$'54+.$4Đ$4$<>$)3$4'.8$Đē5Y>?.>U$<+$-
1$;($85&;)C$Ē58;)<<ē545<).5($+$3Ċ1.$)(5=;$&$1-5Z)Z()<';)?)4(5>3$<5'.)($()$=;$<$($
e conservadora, escreveu páginas e páginas sobre o lugar e os lugares das mulheres.
15 O lugar da mulher e da sua condição económica, social, cultural e política. E os lugares de onde
vinham e os lugares para onde queriam ir, recolhendo testemunhos do dia a dia na lida, na busca do
amor, nas saudades do marido, na dificuldade entre criar os filhos e trabalhar, entre tantos outros
relatos na primeira pessoa.
As mulheres do meu país é uma das obras mais notáveis de sempre sobre a sociedade portugue-
20 sa, e Maria Lamas uma das imprescindíveis da nossa História.
´<>$?.($)?$<=$5&;$=;$(>C)3$'5);č4'.$)4=;)58)4<$3)4=5)$$Đē5()>3$3>1-);:>)
$<<>3.>Z$=ĎĒ<ù1=.3$<'54<):>č4'.$<($8;.<ē5Z$()+)<$(5<(.;).=5<($<3>1-);)<Z($1.&);($()Z
($()35';$'.$)($8$CY
É verdadeiramente admirável e arrepiante a coragem e a determinação de Maria Lamas, ainda
25 3$.<4>3=)385'5355:>)?.?)35<Z54()8);<.<=)3)<)$,>(.C$3$=$:>)<$5<(.;).=5<($<3>-
lheres. O caminho é longo, mas a atualidade do pensamento e da ação de Maria Lamas é inspiração
sólida para todas as que hoje não se resignam a um papel de submissão na família, no trabalho,
na sociedade, na infelicidade, e sabem que a emancipação das mulheres é parte integrante de um
caminho maior de emancipação do ser humano.
Rita Rato, Visão, n.o 1289, de 16 de novembro de 2017 (com supressões).

98 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


11. TESTES GLOBAIS / MÓDULO

1. O texto põe em destaque o papel de Maria Lamas na defesa dos direitos das mulheres numa
época
(A) em que essa ação não era bem recebida pelo poder político, pois considerava que existiam já
.4<=.=>.Đý)<8ù&1.'$<()$>AĊ1.5)$85.5Ē<3>1-);)<Y
(B) em que essa ação não era bem recebida pelas mulheres, marcadas por uma educação retrógada
e conservadora.
(C) em que era necessário lutar pelos direitos das mulheres que não estavam protegidas pela Obra
das Mães da Educação Nacional.
(D) em que as principais violações dos direitos das mulheres ocorriam nas aldeias e vilas, lugares
recônditos e esquecidos.

2. A obra de Maria Lamas é reflexo e consequência da sua vida na medida em que


(A) se baseou na experiência vivida na prisão.
(B) pôs em prática, com grande coerência, o pensamento e as ideias que defendia.
(C) percorreu o país para contactar de perto com as mulheres sobre quem escreveu.
(D) retrata experiências vividas pelas mulheres portuguesas, como era o caso dela.

3. A sua obra, decorridas décadas, mantém a atualidade porque


(A) continuam a existir violações dos direitos das mulheres e é necessário continuar a sua luta.
(B) o poder político continua a não investir na igualdade de direitos.
(C) é um excelente retrato da sociedade portuguesa do período do Estado Novo.
(D) se baseou em testemunhos reais de mulheres que eram discriminadas no trabalho e na família.

4. O processo de formação de palavras que ocorre em “CNMP” (l. 2) é


(A) truncação.
(B) amálgama.
(C) sigla.
(D) acrónimo.

5. A função sintática desempenhada pelo constituinte sublinhado em “o então governador civil de


Lisboa, Mário Cordeiro, fechava uma porta” (ll. 4-5) é
(A) sujeito.
(B) predicativo do sujeito.
(C) modificador do nome restritivo.
(D) modificador do nome apositivo.

6. As formas verbais “fechava” e “fechar” (l. 5) assumem um sentido


(A) denotativo e conotativo, respetivamente.
(B) conotativo e denotativo, respetivamente.
(C) denotativo, em ambos os casos.
(D) conotativo, em ambos os casos.

7. O referente do pronome pessoal “o” em “fê-lo” (l. 11) é


(A) “o fascismo”.
(B) “ouviu, fotografou e escreveu as mulheres”.
(C) e>3,)4.$1;$<,5()()4ù4'.$fY
(D) “tempo”.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 99


11. TESTES GLOBAIS/MÓDULO

8. Classifique a oração sublinhada em “havia de revelar a dureza e a desproteção que assom-


brava a vida das mulheres portuguesas.” (ll. 6-7).

9. Refira o recurso expressivo presente no segmento “revelando como ninguém havia feito (ou
fez) as mulheres e a sua vida nas cidades, nas vilas e aldeias, nos lugares esquecidos e escon-
didos.” (ll. 8-9).

10. Identifique a função sintática desempenhada pelo constituinte sublinhado na frase “Ouviu-as
falar da pobreza” (ll. 12-13).

GRUPO III

Os textos anteriormente apresentados revelam atitudes diversas face à pátria, baseadas na persistên-
'.$Z?$15;.C$Đē5(5=;$&$1-5)4$1>=$85;3)1-5;)<'54(.Đý)<()?.($Y
Elabore um texto de opinião, de 150 a 250 palavras, em que defenda a importância destes valores no
mundo atual.

100 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


11. TESTES GLOBAIS / MÓDULO

3. TESTE GLOBAL – MÓDULO 9


Nome: _______________________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

A – Contos

Leia o seguinte excerto do conto “Sempre é uma companhia”.


Depois, o sol desanda para trás da casa. Começa a acercar-se a tardinha. Batola, que acaba de
dormir a sesta, já pode vir sentar-se, cá fora, no banco que corre ao longo da parede. A seus pés,
8$<<$5?)1-5'$3.4-5:>)?)3()>;.:>))'54=.4>$8$;$5<>1Y5;'.3$Z';>C$35<+.5<($)1)=;.-
cidade que vão para Valmurado, uma tomada de corrente cai dos fios e entra, junto das telhas, para
5 dentro da venda.
5$=51$85;3$.<:>)4ē5:>).;$Z=)3()51-$;=5(5<5<(.$<53)<35\$Ċ>3$<:>.4C)'$<.4-$<
desgarradas e nuas; algumas só mostram o telhado escuro, de sumidas que estão no fundo dos
córregos. Depois disso, para qualquer parte que volte os olhos, estende-se a solidão dos campos.
E o silêncio. Um silêncio que caiu, estiraçado por vales e cabeços, e que dorme profundamente. Oh,
10 que despropósito de plainos sem fim, todos de roda da aldeia, e desertos!
$;;),$(5()=;.<=)C$Z5)4=$;()');()35;$$45<Y´45.=)?)3()154,)Z'$4<$($Z=53&$=ē5?$-
garosamente que o mundo parece que vai ficar para sempre naquela magoada penumbra.
Lá vêm figurinhas dobradas pelos atalhos, direito às casas tresmalhadas da aldeia. Nenhuma
virá até à venda falar um bocado, desviar a atenção daquele poente dolorido. São ceifeiros, exaustos
15 da faina, que recolhem. Breve, a aldeia ficará adormecida, afundada nas trevas. E António Barras-
:>.4-5Z5$=51$Z4ē5=)34.4,>Ď38$;$'54?);<$;Z4ē5=)34$($:>)+$C);Y<=ė8;)<5)$8$,$(5
no silêncio que o cerca.
;,>)U<)8)<$($3)4=)(5&$4'5Y1-$>3$ù1=.3$?)C8$;$$45.=)();;$3$($Y)?$$<3ē5<
Ē'$;$Z)<+;),$U$Z$3$'->'$4(554$;.CZ5<51-5<Y )'-$5<8>4-5<Z'53)Đ$$)<=.'$;5<&;$Đ5<Y
20 E abre a boca num bocejo tão fundo, o corpo torcido numa tal ansiedade, que parece que todo ele
se vai despegar aos bocados. Um suspiro estrangulado sai-lhe das entranhas e engrossa até se
alongar, como um uivo de animal solitário.
Quando consegue dominar-se, entra na venda, arrastando os pés. E, sem pressentir que aquela
noite é a véspera de um extraordinário acontecimento, lá se vai deitar o Batola, derrotado por mais
25 um dia.
“Sempre é uma companhia”, in Manuel da Fonseca, O fogo e as cinzas, Lisboa, Editorial Caminho, 2011, pp. 150-151.

1. Apresente duas características do espaço físico e social onde se desenrola a ação.

2. Indique três traços caracterizadores dos habitantes de Alcaria, fundamentando a resposta


com citações textuais.

3. Demonstre que o tempo apresenta caracteristicas idênticas às de uma personagem humana.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 101


11. TESTES GLOBAIS/MÓDULO

B1

Responda apenas às questões referentes ao texto de Saramago por si estudado.

Leia o texto.
Agora que veio o tempo da Páscoa, o governo mandou distribuir por todo o país bodo geral, assim
reunindo a lembrança católica dos padecimentos e triunfos de Nosso Senhor às satisfações tempo-
;ė;.$<(5)<=Ā3$,58;5=)<=$=.?5Y…[†5)4=$4=5Z5<,5?);45<Z85;<>8;)35<:>)<)/$3Z'535)<=)Z
8);+).=Ċ<<.35Z<5+;)3()3$1)<($?.<=$'$4<$($Z=$1?)C($3>.=$$81.'$Đē5$5)<=>(5Z($8);=.4$C
5 ?.,Ċ1.$)?.,.1đ4'.$Y…[†)<<)5,5?);45'53$=)4Đē5<>+.'.)4=)5</5;4$.<<5&;)5<:>$.<=5($<$<
3$4-ē<Z=$;()<)3$(;>,$($<3$4(5>8$<<$;C)15<5<51-$;)<Z8)4).;$4(55>=;5<'54<)1-5<)58.-
niões, e veria quão fácil é resolver o problema da fome portuguesa, tanto a aguda como a crónica,
a solução está aqui, no Bovril, um frasco de Bovril a cada português, para as famílias numerosas
5,$;;$+ē5()'.4'51.=;5<Z8;$=5ù4.'5Z$1.3)4=5>4.?);<$1Z8$4';)<=5;)3Ď(.5Z<)5=.?Ď<<)35<=5-
10 3$(5$=)385)-5;$<4ē5)<=ė?$35<4$8)1))455<<5Z54$15=.1()Y.'$;(5).<?$.U<).4+5;-
3$4(5Z=53$45=$()<=$<;)').=$<ù=).<Z4ē5Ď'5355,5?);45Z:>).4<.<=))3+$=.,$;5<51-5<4$<
entrelinhas e nas adversativas, perdendo o certo pelo duvidoso. Se a manhã está agradável sai de
'$<$Z>385>'5<5=>;4$$8)<$;(5<'>.($(5<)()<?)15<()Ċ(.$Z8$;$1);5</5;4$.<Ē1>C'1$;$(5
dia, sentado ao sol, sob o vulto protetor de Adamastor, já se viu que Luís de Camões exagerou mui-
15 to, este rosto carregado, a barba esquálida, os olhos encovados, a postura nem medida nem má, é
puro sofrimento amoroso o que atormenta o estupendo gigante, quer ele lá saber se passam ou não
passam o cabo as portuguesas naus.
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis, 21.a ed., Lisboa, Editorial Caminho, 2013.

4. Refira dois aspetos que possam caracterizar socialmente o Portugal da década de 1930, fun-
damentando a resposta com citações textuais pertinentes.

5. Identifique o recurso expressivo presente na adjetivação em “tardes e madrugadas mandou


passar zelosos olhares” (l. 6), comentando o seu valor expressivo.

B2

Leia o texto.
Foram as ordens, vieram os homens. De sua própria vontade alguns, aliciados pela promessa de
bom salário, por gosto de aventura outros, por desprendimento de afetos também, à força quase
=5(5<Y).=$?$U<)58;),ē54$<8;$Đ$<Z)Z<)4(5)<'$<<554ù3);5()?51>4=ė;.5<Z.$5'5;;),)(5;
pelas ruas, acompanhado dos quadrilheiros1, entrava nas casas, empurrava os cancelos dos quin-
5 tais, saía ao campo a ver onde se escondiam os relapsos2Z$5+.3(5(.$/>4=$?$()CZ?.4=)Z=;.4=$
homens, e quando eram mais que os carcereiros atavam-nos com cordas, variando o modo, ora
presos pela cintura uns aos outros, ora com improvisada pescoceira3Z5;$1.,$(5<8)15<=5;45C)15<Z
como galés ou escravos. Em todos os lugares se repetia a cena, Por ordem de sua majestade, vais
=;$&$1-$;4$5&;$(5'54?)4=5()$+;$Z)<)5'5;;),)(5;);$C)15<5Z=$4=5+$C.$:>))<=.?)<<)5
10 requisitado na força da vida como já lhe escorregasse o rabo da tripeça4, ou pouco mais fosse que
3)4.45Y)'><$?$U<)>3-53)38;.3).;5Z+$C.$3)4Đē5())<'$8$;Z$8;)<)4=$?$8;)=)A=5<Z$3>-
lher no fim do tempo, a mãe velha, um rancho de filhos, a parede em meio, a arca por confortar, o
alqueive54)')<<ė;.5Z)<)'53)Đ$?$$(.C);$<<>$<;$Cý)<4ē5$<$'$&$?$Z().=$?$3U1-)$3ē55<
quadrilheiros, batiam-lhe se resistia, muitos eram metidos ao caminho a sangrar.

102 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


11. TESTES GLOBAIS / MÓDULO

15 Corriam as mulheres, choravam, e as crianças acresciam o alarido, era como se andassem os


'5;;),)(5;)<$8;)4();8$;$$=;58$5>8$;$$Ĩ4(.$Y)>4.(5<4$8;$Đ$())15;.'5($).;$Z5>
de Tomar, ou em Leiria, em Vila Pouca ou Vila Muita na aldeia sem mais nome que saberem-no
os moradores de lá, nas terras da raia ou da borda do mar, ao redor dos pelourinhos, no adro das
.,;)/$<Z)3$4=$;Ď3))/$Z)3 $;5)5;=.3ē5Z)35;=$1),;)))=ù&$1Z)3ĩ?5;$)54=)35;Z
20 4$<354=$4-$<)4$81$4Ċ'.)Z))3.<)>)
>$;($Z)3;$,$4Đ$).1$)$1Z)3.;$4($Z-$?)<)
Amarante, em Vianas e Póvoas, em todos os lugares aonde pôde chegar a justiça de sua majestade,
os homens, atados como reses6, folgados apenas quanto bastasse para não se atropelarem, viam
as mulheres e os filhos implorando o corregedor, procurando subornar os quadrilheiros com alguns
ovos, uma galinha, míseros expedientes que de nada serviam, pois a moeda com que el-rei de Portu-
25 gal cobra os seus tributos é o ouro, é a esmeralda, é o diamante, é a pimenta e a canela, é o marfim
)5=$&$'5ZĎ5$Đù'$;)$<>'>8.;$7, lágrimas não correm na alfândega.
José Saramago, Memorial do convento, 53.a ed., Lisboa, Editorial Caminho, 2013, cap. XXI, pp. 400-402.

1
51($(5<:>)+$C.$3$;54($($<;>$<Y2 Pessoas reincidentes em crimes. 3 Preso pelo pescoço. 4 Ter idade avançada.
5
Terra que se lavra e se deixa em pousio, para que descanse. 6´4.3$.<:>$(;ù8)()<Y7ij;?5;)1),>3.45<$(5;$<.1Y

4. Refira duas características do rei D. João V observáveis no primeiro parágrafo.

5. Explicite as reações quer dos que eram forçados a partir quer dos seus familiares.

GRUPO II

Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

Leia o texto.

A SOLIDÃO É O QUE RESTA DA IMPOSSIBILIDADE DA PARTIDA

O islandês Jón Kalman Stefánsson (n. 1963) escreveu uma trilogia – Paraíso e inferno (2013),
A tristeza dos anjos (2014), e agora O coração do homem, todos publicados pela Cavalo de Ferro –
e cuja ação decorre em vários lugares da costa islandesa, em finais do século XIX, em pequenas
'53>4.($()<8.<'$=ā;.$<4$5;1$()>3$&$Ċ$:>)Z(.C)3ZĎe=ē51$;,$:>)$?.($4ē5$'54<),>)
5 atravessar”. O frio, o gelo, a escuridão, as tempestades sombrias, o vento e o mar ártico, parecem
acompanhar todos os pensamentos das personagens. Como se ao lado dos peixes e dos compa-
nheiros afogados que lhes habitam os sonhos, e lhes acenam na madrugada com barbatanas em
?)C()3ē5<Z-5>?)<<)<)38;)1>,$;8$;$>3'54=;$8)<5:>)5<8;)4()<<)Ē';>)1;)$1.($()Y
Vivem em aldeias submersas na miséria, na fome, nas doenças, nas duríssimas condições cli-
10 máticas – lugares onde tudo parece ter sido negado aos habitantes, menos o amargo sofrimento.
Como se Stefánsson quisesse aventurar-se em descobrir quanto sofrimento é que afinal o coração
->3$45'54<),>)<>85;=$;Z)+ėU15$38$;$(58)1$<?5C)<+$4=$<3$,ā;.'$<(5<35;=5<Y<';)?);
sobre quão difícil é estar vivo.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 103


11. TESTES GLOBAIS/MÓDULO

Mais do que histórias em que os gritos dos mortos se misturam com os dos vivos, compondo um
15 coro trágico que não cessa de evocar a inevitável desolação da existência, a irremediável solidão dos
-53)4<Z)<=$=;.15,.$Ď<5&;)=>(5>3-.45$585();;)()4=5;($<8$1$?;$<)=$3&Ď3($$3.C$()Y
Toda a trilogia parece querer sublinhar esse poder salvífico da palavra.
Os romances da trilogia ambientam-se naquela singular atmosfera de elementos naturais fe-
;5C)<)58;)<<.?5<Z()>3$$=>;)C$4ē5<>&/>,$($8)15 53)3ƒ()+5,5)()?)4=5Z(),)15)()
20 rios indomáveis), tão característica da Islândia, e que ao mesmo tempo nos remete sempre para a
memória lírica do mito, para um tempo dominado por uma sombria e avassaladora solidão onde
ecoam as sagas e os seus heróis trágicos. Essa solidão é um elemento essencial em O coração do
homem (bem como nos outros dois volumes da trilogia).
O volume agora publicado, O coração do homem, poderia ser lido como uma espécie de manifes-
25 =5ƒ)3+5;3$();53$4')„<5&;)$+;$,.1.($()($?.($Z)=$3&Ď3<5&;)'53585;?)C)<8);3.=.35<
que a vida estagne, que se torne mais difícil.
1).=5;<),>)$=;.<=)C$)$8;.?$Đē5Z$?.($)$35;=)Z$'538$4-$4(5$<()<'5&);=$<(5;$8$CZ
e os três livros podem ser entendidos como uma espécie de trilogia de “romances de formação”,
3$<:>)$53)<35=)385<)3.<=>;$3'53e1.?;5<()?.$,)3f$=;$?Ď<()>3$4$=>;)C$-5<=.1Z()
30 enormes paisagens desoladas, austeras e terrivelmente frias, que os homens enfrentam rudemente
de maneira quase obstinada até à exaustão.
Com o autor islandês atravessamos o desespero silencioso da condição humana, numa despu-
(5;$($'$;=5,;$+.$$+)=.?$($<45<<$<$4,ù<=.$<Y=$3&Ď3()3>.=5<(5<45<<5<()3ā4.5<Y
José Rico Direitinho, in Público, edição online de 07 de outubro de 2016 (consultado em novembro de 2016, com supressões).

1. O texto lido pertence ao género “apreciação crítica” porque


(A) se expõe, argumentando, características da obra de um escritor.
(B) se trata de um texto narrativo sobre um tema, escrito em linguagem objetiva e na terceira pes-
soa do singular.
(C) <)+$C>3'53)4=ė;.5';Ċ=.'5<5&;)>3)<';.=5;)$<>$5&;$Z5<)>.4=);)<<))$<>$'54<.<=č4'.$Z
usando uma linguagem valorativa.
(D) se argumenta em favor da obra de um autor islandês.

2. A trilogia ao autor Stefánsson


(A) versa diversos temas dos aldeãos islandeses do século XIX.
(B) tem como cenário as costas islandesas e as suas inóspitas características geográficas.
(C) )15,.$5<-53)4<$=5;3)4=$(5<85;<);)3+);5C)<)58;)<<.?5<Y
(D) conta uma história de pescadores islandeses atormentados por fantasmas de mortos.

3. O coração do homem é o terceiro livro de uma trilogia


(A) sobre a desesperança e a fragilidade da condição humana.
(B) <5&;)$4$;;$=.?$($?.($3.<);ė?)1()>3;$8$C8)<'$(5;Y
(C) sobre relatos de viagens na Islândia.
(D) sobre o modo como devemos lidar com os demónios.

4. O segmento sublinhado em “[…] na orla de uma baía que […] é tão larga que a vida não a con-
segue atravessar […] (ll. 4-5) integra uma oração subordinada
(A) substantiva relativa.
(B) adverbial concessiva.
(C) adjetiva relativa restritiva.
(D) adverbial consecutiva.

104 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


11. TESTES GLOBAIS / MÓDULO

5. O segmento “que os prendesse à cruel realidade” (l. 8) desempenha a função sintática de


(A) sujeito.
(B) modificador do nome restritivo.
(C) vocativo.
(D) modificador do nome apositivo.

6. A frase “Toda a trilogia parece querer sublinhar esse poder salvífico da palavra.” (l. 17) configura
a modalidade
(A) epistémica com valor de probabilidade.
(B) deôntica com valor de obrigação.
(C) apreciativa.
(D) deôntica com valor de permissão.

7. O processo de formação de palavras do termo “cartografia” (l. 33) é


(A) parassíntese.
(B) derivação por sufixação.
(C) '5385<.Đē535;+51ā,.'$ƒ;$(.'$1’8$1$?;$„Y
(D) '5385<.Đē535;+5<<.4=ė=.'$ƒ8$1$?;$’8$1$?;$„Y

8. Transcreva o referente do pronome sublinhado no segmento “que a vida não a consegue atra-
vessar.” (ll. 4-5).

9. Indique o tipo de sequência textual dominante nas linhas 9-10.

10. Refira a classe de palavras a que pertence o termo “que” (l. 30).

GRUPO III

A busca da felicidade e a necessidade de realização pessoal são objetivos que o ser humano procura
alcançar.
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 150 e um máximo de 250 palavras, apre-
sente o seu ponto de vista sobre esta temática.
Fundamente a sua opinião recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo
menos, um exemplo significativo.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 105


SOLUÇÕES

SOLUÇÕES o unem aos que o rodeiam; por vezes, a vida afasta as famílias e
as amizades. No entanto, as vivências conjuntas permanecerão
FICHAS DE LEITURA através da recordação.
Por outro lado, na sua convivência diária com outros, o homem
FICHA 1 – Diário (pp. 36-37)
está a desenvolver-se. As experiências que vive acabam por lhe
1. (A); 2. (C); 3. (A); 4. (D); 5. (C). ensinar algo; logo, estas aprendizagens dão-lhe a possibilidade
6. “seria” – condicional presente. de, em novas situações, poder agir em função do conhecimento
adquirido e de evoluir.
7. Vocativo.
Assim, conclui-se que a memória é fundamental para o ser
8. Palavra derivada por prefixação. humano, pois permite o seu crescimento psicoemocional e social.
[151 palavras]
FICHA 2 – Memória (pp. 38-39)
Proposta 2
1. (D); 2. (B); 3. (A); 4. (C); 5. (B).
Os cinco sentidos são ferramentas essenciais para compreen-
6. Saramago aponta duas razões que justificam a pouca afetivi- dermos o mundo e lidarmos com o meio envolvente.
dade com os avós paternos: por um lado, o facto de serem pouco Qualquer sensação se reveste de enorme importância no
carinhosos; e, por outro, a quase total ausência de situações de nosso quotidiano. Pelo olfato, apreendemos os cheiros que nos
convivência. recordam momentos agradáveis ou nos alertam para situações de
7. Ao saber da morte da avó, uma vez que se encontrava perante perigo: gás ou fumo, por exemplo. O tato é eficaz na transmissão
a mãe e o diretor da escola, Saramago decidiu agir de forma ra- de afeto e calor humano − através de um abraço − mas é também
cional, fixando o relógio para registar a hora a que soube do suce- uma forma de defesa do calor ou do frio em excesso. A audição de
dido. No entanto, durante breves momentos, fingiu sentir alguma uma boa música ajuda a lidar com o stresse e propicia momentos
emoção, uma vez que “ficaria bem verter uma lágrima ou duas”. de inegável prazer, do mesmo modo que o sabor que um paladar
8. A família vivia de forma bastante humilde. Quando a avó pa- apurado proporciona é considerado dos maiores prazeres da vida.
terna adoeceu, mudou-se para casa do escritor, que era pequena A visão é o sentido que permite captar a beleza e a variedade do
mundo que nos envolve.
e obrigou os pais a deixarem de dormir na sua própria cama, para
Em suma, a ausência de qualquer um dos sentidos acarre-
ela a ocupar; Saramago, por seu lado, dormia no chão, noutra divi-
tará, inevitavelmente, uma diminuição da qualidade de vida do ser
são. Além de ser um espaço exíguo, a sua casa denota fracas con-
humano
dições dada a “coabitação” com alguns animais como as baratas.
[151 palavras]
FICHA 3 – Apreciação crítica (pp. 40-41)
FICHA 2 – Apreciação crítica (p. 48)
1. (B); 2. (B); 3. (C); 4. (D); 5. (A).
(Apreciação do livro – Se isto é um homem, de Primo Levi, Pu-
6. É uma pintora colombiana; nascida em 1919, em Bogotá, e que blicações Dom Quixote, 2010).
morreu em 2003, em Bordéus; pode afirmar-se que teve uma infân- Se isto é um homem é o primeiro livro do italiano Primo Levi
cia infeliz e foi quase analfabeta até aos 18 anos. que, com 24 anos, foi capturado e enviado para a Polónia.
7. “a autora escreve quando é adulta, mas quem fala nestas linhas Escrito na primeira pessoa, este não é apenas mais um livro
é a menina que ela foi.” (ll. 26-28). sobre o Holocausto, esse período terrível da historia da Humani-
8. Apesar de todos os problemas por que passou, incluindo a clau- dade. Num retrato fabuloso da dureza e da brutalidade das condi-
sura num convento, o conteúdo das cartas não deixa antever uma ções de vida em Auschwitz – a fome, o frio, o medo, o cansaço, a
mulher fria, ressentida e amargurada com a vida. incerteza, o horror –, o autor destaca alguns prisioneiros que tudo
fizeram para manter a dignidade que lhes era roubada pela desu-
FICHA 4 – Artigo de opinião (pp. 42-43) manização a que eram sujeitos, transformados numa massa hu-
mana que perdera não só o direito ao nome como o direito de viver.
1. (C); 2. (B); 3. (A); 4. (C); 5. (D).
E fá-lo num discurso sóbrio, mas cheio de humanidade, reve-
6. Uma educação sólida promove o gosto pelo saber e pelo estudo, lador de uma sensibilidade quase poética.
desenvolve hábitos de rigor, de esforço, de respeito pela diversi- Trata-se, sobretudo, de uma reflexão sobre a condição hu-
dade de pontos de vista e forma cidadãos capazes de compreen- mana. É um livro que vale a pena ler e reler pela extraordinária
derem e intervirem no mundo em que vivemos. forma como prende o leitor.
7. Os adultos enfrentam uma situação de falta de oportunidades [151 palavras]
ao nível da formação contínua, dada a ausência de investimento
nesta área, pela falta de políticas e de meios financeiros. FICHA 3 – Texto de opinião (p. 49)
8. Na opinião do autor, a sociedade tem uma dívida para com a Proposta 1
geração adulta, pois foi essa geração que se esforçou no sentido Introdução – Definição do ponto de vista a defender: o ser
de permitir às gerações mais jovens terem cada vez mais oportu- humano usa a tecnologia para o bem comum.
nidades educativas. Desenvolvimento
1º argumento – os avanços científicos ao serviço do bem-es-
FICHAS DE ESCRITA tar das populações.
Ex.: novas técnicas e aparelhos usados no diagnóstico ou tra-
FICHA 1 – Exposição sobre um tema (p. 47)
tamento de doenças até agora incuráveis;
Proposta 1 2º argumento – os avanços científicos ao serviço da comuni-
Uma vez que não vive isolado, o ser humano interage com di- cação entre as pessoas e do desenvolvimento económico e social.
ferentes tipos de pessoas – familiares, amigos – experienciando Ex.: desenvolvimento de tecnologias que permitem um con-
momentos que guardará na memória, devido à riqueza que lhe tacto mais fácil entre as pessoas a nível social (redes sociais) ou
trouxeram, seja emocional, cultural ou outra. a nível laboral (plataformas que permitem o trabalho ou a apren-
Na verdade, o homem necessita de se relacionar afetiva e so- dizagem à distância).
cialmente para ter uma vida plena. A preservação dos momentos Conclusão – Necessidade de usar as tecnologias para o bem
vividos é uma forma de manter, ou reforçar, os laços afetivos que comum.

106 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


SOLUÇÕES

Proposta 2 2. a. Sujeito; complemento oblíquo.; b. Complemento do nome.;


Introdução – A comunicação via Internet é um ato solitário c. Complemento direto.; d. Complemento do adjetivo; modificador
que não implica proximidade física. do nome apositivo.; e. Modificador do nome restritivo; predicativo
Desenvolvimento – Interagir através da escrita não é ime- do sujeito.; f. Complemento do nome; complemento oblíquo.; g.
diato nem tão espontâneo como a interação presencial, física. Complemento do nome.; h. Complemento direto.; i. Predicativo do
Com efeito, a ausência de contacto visual e a inexistência de co- complemento direto.
municação não verbal entre os intervenientes dificultam o conhe-
cimento do outro e a manifestação espontânea de sentimentos. FICHA 4 – Frase complexa (p. 57)
Assim, habituados a uma comunicação predominantemente rea- 1. [A] – [9]; [B] – [2]; [C] – [3]; [D] – [10]; [E] – [2]; [F] – [7];
lizada através das redes sociais, muitos jovens tornam-se mais [G] – [1]; [H] – [6]; [I] – [11]; [J] – [4]; [K] – [8]; [L] – [7].
inibidos e menos capazes de desenvolver competências no âmbito
da interação, isolando-se. FICHA 5 – Coesão e coerência (p. 58)
Conclusão – Em suma, ler o que os outros escrevem e respon- 1
Coesão lexical (por sinonímia).; 2 Coesão gramatical frásica.;
der-lhes não é um ato de comunicação completo, pois não permite 3
Coesão gramatical interfrásica.; 4 Coesão gramatical referencial.;
o contacto físico e formas de afetividade mais diretas e intensas. 5
Coesão gramatical temporal.
FICHA 4 – Síntese (pp. 51-52) 2. a. “a amiga”; b. “Aquele livro”; c. “uma atividade”; d. “os exercí-
Proposta 1 [95 palavras] cios”.

Atualmente, o mundo virtual das redes sociais facilita a crí- 3. “Camilo Castelo Branco nasceu em Lisboa em 1825. Aos 35 anos,
tica e o protesto, a explosão de sentimentos, opiniões e julgamen- o autor enfrentou um grave problema na sua vida: a possibilidade
tos de forma imediata, perante uma audiência imensa, o que tem de ser preso, porque vivia um amor adúltero com Ana Plácido. Na
consequências no mundo real. tentativa de escapar à justiça, o romancista refugiou-se em casa de
Antigamente, a ausência de barreiras entre o crítico e o criti- amigos, mas acabou por ser preso na cadeia da Relação do Porto.
cado, por um lado, e a distanciação temporal que implicava o pro- Aí escreveu, em quinze dias, aquela que é considerada a sua obra-
testo escrito, por outro, permitiam repensar o “insulto” e dosear a -prima – O amor de perdição. O escritor acreditava que esse seu
indignação, logo, a reação era mais controlada e refletida. romance teria grande impacto no seu público feminino, já que o
É necessário, pois, que os cidadãos aprendam a conviver com levaria a chorar.
esta nova realidade, estabelecendo limites para aquilo que é acei-
4. a. Não se observa o princípio da progressão e de renovação da
tável.
informação.; b. Há contradição.; c. Não se verifica progressão. Não
Proposta 2 [88 palavras]
se privilegia informação relevante; não há continuidade de sentido.
Atualmente, verifica-se uma tendência prejudicial para elimi-
nar alimentos da nossa dieta.
QUESTÕES DE AULA
Sabe-se que devemos ter uma dieta variada e feita em casa.
1 – FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO (p. 60)
Contudo, constata-se que parte da população apresenta doenças
causadas por uma má nutrição. Em contrapartida, assiste-se a um 1. a. F; b. V; c. F; d. V; e. V; f. F; g. V; h. F; i. V; j. V; k. F; l. V
proliferar de gurus das dietas. 2. 2.1. (B); 2.2. (B); 2.3. (A); 2.4. (C).
Para obtermos o equilíbrio, é necessário mudar comporta-
2 – POESIA DOS HETERÓNIMOS E BERNARDO SOARES (pp. 61-62)
mentos e cuidar a alimentação.
Sophie Deram afirma que é fundamental mudar hábitos e 1. a. F; b. V; c. V; d. F; e. V; f. V; g. F; h. V; i. F; j. V; k. V; l. V; m. F;
comer só quando é necessário. Afirma também que é um erro elimi- n. F.
nar componentes dos alimentos e que o bom senso é fundamental. 2. a. V; b. V; c. F; d. V; e. V; f. V; g. F; h. V; i. V.
3. [A] – [2]; [B] – [11]; [C] – [7]; [D] – [13]; [E] – [1]; [F] – [3];
FICHAS DE GRAMÁTICA [G] – [6]; [H] – [9]; [I] – [8]; [J] – [4].
FICHA 1 – Sequências textuais/Intertextualidade (p. 54) 4. a. F; b. V; c. F; d. V; e. V; f. V; g. F; h. F.

1. [A] Narrativa e dialogal; [B] Descritiva; [C] Explicativa; [D] Ar- 3 – FERNANDO PESSOA, MENSAGEM (p. 63)
gumentativa.
1. a. três; b. “Brasão”; c. cinco; d. Avis; e. O Infante D. Henrique;
2. [A] – [4]; [B] – [5]; [C] – [2]; [D] – [3]; [E] – [1]. f. “Mar português”; g. dos Descobrimentos; h. “Mostrengo”; i. “O
Encoberto”; j. “É a hora!”
FICHA 2 – Valor temporal, aspetual e modal (p. 55)
2. 2.1. (B); 2.2. (C); 2.3. (A); 2.4. (A).
1. a. Simultaneidade.; b. Anterioridade.; c. Posterioridade.
4 – POETAS CONTEMPORÂNEOS (pp. 64-65)
2. [A] – [4]; [B] – [2]; [C] – [1]; [D] – [5]; [E] – [3]; [F] – [1];
[G] – [5]. 1. e 1.1. a. V; b. V; c. V; d. F – Para Torga, a criação poética decorre do
esforço do poeta, o que implica dedicação e entrega total ao tra-
3. a. Modalidade apreciativa.; b. Modalidade epistémica (valor de
balho artístico. e. V; f. F – Ana Luísa Amaral explora as potencia-
certeza).; c. Modalidade deôntica (valor de permissão).; d. Moda- lidades da língua, nomeadamente a musicalidade da linguagem.;
lidade deôntica (valor de obrigação).; e. Modalidade epistémica g. V; h. F – A poesia de Ana Luísa Amaral baseia-se no quotidiano
(valor de probabilidade). doméstico e familiar, mas o sonho e a fantasia são características
da sua obra.; i. V; j. F – A poesia de Manuel Alegre recupera frequen-
FICHA 3 – Dêixis/Funções sintáticas (p. 56) temente a tradição literária, nomeadamente na linha de Camões
1. a. Deíticos pessoais – “Tu”, “disseste”, “me”, “acabaste”, “tenho”, e das Cantigas de Amigo.; k. V; l. F – Manuel Alegre defende valo-
“meu”.; b. Deíticos espaciais – “lá”, “aqui”.; c. Deíticos temporais – res coletivos, em detrimento de anseios individuais.
“disseste”, “acabaste”, “ontem”, “hoje”, “tenho”. 2. [A] – [4]; [B] – [1], [7]; [C] – [3], [5]; [D] – [2], [4], [6].

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 107


SOLUÇÕES

5 – CONTOS (p. 66) estrofe, correspondendo à segunda parte, o eu lírico constata que,
1. [A] – [6]; [B] – [5]; [C] – [7]; [D] – [3]; [E] – [4]. afinal, não pensar em nada, apesar de trazer felicidade, também
causa desconforto.
2. [A] – [5]; [B] – [3]; [C] – [4]; [D] – [2]; [E] – [1].
2. “[não pensar em nada] É-me agradável como o ar da noite, /
6 – O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS (p. 67) Fresco em contraste com o verão quente do dia.” Estabelece-se
1.1. (A); 1.2. (C); 1.3. (C); 1.4. (B); 1.5. (D); 1.6. (B); 1.7. (D); 1.8. (A); um paralelismo entre a dureza do ato de pensar, que se compara
1.9. (B); 1.10. (C). a um dia quente de verão, que custa a suportar, e o ato de não pen-
2. e 2.1. a. F – Ao fim de algum tempo como hóspede do Hotel Bra- sar em nada, comparado ao ar fresco da noite, que, naturalmente,
gança, Ricardo Reis aluga uma casa no Alto de Santa Catarina.; traz algum conforto.
b. V; c. V; d. F – O Ricardo Reis saramaguiano apresenta-se quase 3. O sujeito poético sente-se bem, feliz, por não estar a pensar
como um decalque do heterónimo de Pessoa, quer em termos físi- em nada, afirmando que isso é “ter a alma própria e inteira” (v. 7)
cos, quer literários, quer, ainda, em termos de personalidade.; e. F – e “viver intimamente” (v. 9). Refere ainda que tem uma dor nas
Fernando Pessoa visita várias vezes Ricardo Reis seja no Hotel costas e “um amargo de boca” (v. 14) na alma, o que não o impede
Bragança seja na sua casa do Alto de Santa Catarina.; f. V; g. V; de se sentir liberto, apenas porque, naquele momento, não está
h. F – Marcenda é uma mulher passiva e desistente.; i. F – Ricardo a pensar em nada.
Reis sente que se meteu num grande sarilho, não sabendo se vai
4. Os versos referidos são reveladores da satisfação do “eu” por
ou não perfilhar a criança.; j. V.
não pensar, o que lhe permite sentir a alma liberta, ou seja, sen-
QUESTÃO DE AULA 7 – MEMORIAL DO CONVENTO (p. 69) tir-se despreocupado. Estes versos deixam antever que o pensa-
mento atormenta a alma e esta só é sentida como inteira, liberta,
1.1. (C); 1.2. (C); 1.3. (B); 1.4. (C); 1.5. (A); 1.6. (D); 1.7. (D); 1.8. (D);
1.9. (A); 1.10. (D). se o pensamento não atormentar o sujeito poético, tal como acon-
tece no momento da enunciação.
2. a. F – D. João V promete edificar o convento caso a rainha con-
siga engravidar no prazo de um ano.; b. F – Foi o Alto da Vela, 5. Com esta anáfora, consegue acentuar-se o estado de ataraxia
em Mafra.; c. F – Muitos homens foram obrigados a trabalhar na em que o “eu” se encontra e reforçar o prazer que advém de não
construção e as condições a que os trabalhadores do convento usar o pensamento, sugerindo que o pensar atormenta o sujeito
estavam sujeitos eram péssimas.; d. V; e. V; f. V; g. F – O padre poético e, por isso, o não estar pensando naquele momento é mo-
começa a revelar comportamentos estranhos depois da conversa tivo de grande satisfação e algo incomum, que o levam a reforçar
com Scarlatti e da observação de uma gaivota.; h. V. positivamente esse atual estado de espírito.

GRUPO II
TESTES 1. (D); 2. (C); 3. (A).
TESTE 1 – FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO (pp. 72-73) 4. Verbo auxiliar.
GRUPO I
5. Modalidade epistémica com valor de certeza.
1. O sujeito poético, em jeito de evocação, convoca um domingo sola-
rengo e a sua rua, aquela onde morou e onde as crianças brincavam TESTE 3 – FERNANDO PESSOA, BERNARDO SOARES (pp. 76-77)
alegremente, tal como se pode ver ao longo da primeira estrofe.
GRUPO I
2. No presente, o “eu” sente-se magoado, triste, inseguro, mas
1. O narrador considera que tudo no mundo é “absurdo”: o dinheiro,
certo de que a vida pouco lhe deu e nem esse pouco soube apro-
a procura da fama e de coisas de que não se gosta, o vestuário da
veitar. Por isso, as transformações por que passou fazem-no valo-
rizar o tempo da infância que se pode associar à alegria de viver, à rapariga, o forro dos bancos do elétrico, as atividades por detrás
despreocupação, que contrastam com a racionalização excessiva da fabricação dessas peças, no fundo, toda a vida da sociedade.
do presente. Esta reflexão ilustra as incoerências do ser humano, o que leva
Soares a descrer num mundo sem sentido.
3. O poema tem como tema “a nostalgia da infância”, uma vez que
todo ele se baseia na reflexão que o “eu” adulto, no presente, faz 2. Através da observação do vestido da rapariga, o autor trans-
sobre o passado, o tempo que viveu, mas de que não disfrutou e porta-se para um outro mundo, “decompondo o vestido”, imagi-
que teria sido marcado pela alegria só alcançada por quem vive nando as fábricas, as máquinas, os operários, as costureiras, as
sem consciência ou sem noção da realidade. vidas domésticas e sociais de todos os implicados na criação do
4. O articulador “Mas” marca o regresso à realidade do presente, vestido. Este processo de transformação do real é transmitido
por oposição à reflexão que o sujeito faz acerca do passado. num registo poético, em que sobressaem as enumerações (“as
5. Os sinais de pontuação predominantes são a exclamação e o máquinas, os operários, as costureiras”, l.15).
recurso às reticências, que refletem o caráter emotivo, reflexivo 3. Olhar, reparar é assumido pelo autor como um ato habitual,
e nostálgico do poema. quotidiano (“e estou reparando lentamente, conforme é meu cos-
tume, em todos os pormenores das pessoas que vão adiante de
GRUPO II
mim.”, ll. 7-8), pois permite-lhe fazer uma leitura do mundo exte-
1. (C); 2. (D); 3. (B). rior. Neste fragmento, destaca-se a cor do vestido e do bordado,
4. Oração coordenada adversativa. como forma de acentuar a sua inutilidade (“um retrós de seda ver-
5. Valor copulativo. de-escura fazendo inutilidades”, l. 23), o que confirma a afirmação
que abre o texto – “Tudo é absurdo”.
TESTE 2 – FERNANDO PESSOA, POESIA HETERÓNIMOS (pp. 74-75) 4. Para Bernardo Soares, “viver” significa “sonhar” − “Vivi a vida
GRUPO I inteira” transmite o cansaço do sujeito, por ter vivido tão intensa-
1. O poema pode ser dividido em duas partes lógicas. As primeiras mente pela imaginação.
três estrofes corresponderão à primeira, dando conta da felici- 5. O quotidiano urbano, a deambulação, o sonho e a transfiguração
dade do “eu” por conseguir libertar-se do ato de pensar. Na última poética do real são as principais temáticas presentes neste fragmento.

108 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


SOLUÇÕES

GRUPO II 5. O espaço referido é a região do Douro, para o qual apontam


1. (B); 2. (A); 3. (B). as expressões “doce mar de mosto” (v. 2), “socalcos” (v. 12), “vi-
nhedos” (v. 13), “Doiros desaguados” (v. 15), “cheiro / a terra e a
4. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
rosmaninho” (vv. 26-27).
5. É uma palavra derivada por prefixação e sufixação.
GRUPO II
TESTE 4 – FERNANDO PESSOA, MENSAGEM (pp. 78-79) 1. (A); 2. (C); 3. (C).
GRUPO I 4. Coesão lexical por sinonímia.
1. O país encontra-se numa crise de identidade e de fragmentação 5. “Por isso” – valor conclusivo.
(“Tudo é disperso, nada é inteiro”, v. 12), num estado de desalento
e de indefinição, onde a ausência de sentido e de força anímica TESTE 6 – “SEMPRE É UMA COMPANHIA” (pp. 82-83)
imperam (“Ninguém sabe que coisa quer.”, v. 7). Destacam-se as GRUPO I
ausências de brilho e de alma (“fulgor baço”, “brilho sem luz”)
1. O tempo parece passar rapidamente porque o modo de vida
capazes de o “rejuvenescer”.
monótono e triste dos ceifeiros alterou-se completamente com a
2. O título remete para um estado de falta de clareza e indefinição. chegada da rádio. O convívio que lhes proporciona, ao fim de um
O conteúdo do poema, além de desenvolver esta ideia, enuncia dia de trabalho, traz-lhes uma felicidade inesperada, o que torna
as razões pelas quais o estado de Portugal pode ser considerado a passagem do tempo menos penosa.
“nebuloso”: falta de vontade e de ânimo dos seus habitantes.
2. A rádio trouxe desenvolvimento a Alcaria. Os ceifeiros, que an-
3. O verso entre parênteses, através da antítese “distante”/“perto”, teriormente não tinham vida social nem meio de se informarem
evoca o passado (“ânsia distante”), como forma de chamar a aten- sobre o que se passava, podem agora reunir-se na venda à volta
ção para o presente (“perto chora”), numa atitude de apelo à re- da rádio e assim tomarem conhecimento das notícias nacionais
flexão, feito em forma de interrogação, com o objetivo de fazer e internacionais, nomeadamente da guerra, através da “determi-
crer que deverá ser recuperada a atitude que no passado levou os nada voz” sempre ansiada.
portugueses às conquistas.
3. O receio dos ceifeiros decorre da possibilidade de o rádio ter de
4. Os pronomes e advérbios de negação permitem pôr em des- ser devolvido. A concretizar-se, implicaria o regresso à “escuridão”
taque a descrição de um país caracterizado pelo desalento, pelo ao isolamento, à tristeza e ao alheamento do mundo. Por isso, os
desânimo, pela ausência de perspetivas, por uma crise social, po- ceifeiros abandonam a venda mudos e taciturnos. A esperança tra-
lítica e de valores – uma visão negativa e pessimista da pátria que zida pelo aparelho morria agora ante a perspetiva da sua devolução.
é necessário mudar.
4. A expressão significa que, sem o “alento” que o rádio trouxe
5. Atendendo ao caráter exortativo, tratar-se-á de um apelo a Alcaria, os seus habitantes voltariam à sua maneira de viver –
e de um incentivo à ação. Perante a constatação do estado de triste e sem perspetivas – o que equivale a dizer que haveria um
“tristeza” em que Portugal se encontra, o sujeito poético exorta retrocesso no modo como os ceifeiros encaravam a vida.
à ação, pois é chegada a hora de os portugueses despertarem e
5. A atitude da mulher de Batola, no final do conto, demonstra
transformarem o “fulgor baço” em brilho claro.
que, apesar de resguardada durante um mês, ela observava o que
GRUPO II se passava. Quando se apercebeu de que o marido se preparava
1. (A); 2. (B); 3. (D). para devolver o aparelho, veio pedir-lhe, quase num sussurro, que
ficassem com ele, pois também ela compreendeu que, naquele
4. Nome comum. “deserto” onde viviam, a rádio era “uma companhia”.
5. Composição morfossintática (palavra+palavra).
GRUPO II
TESTE 5 – POETAS CONTEMPORÂNEOS (pp. 80-81) 1. (B); 2. (C); 3. (D).
GRUPO I 4. Orações coordenadas copulativas.
1. Perante a beleza da terra duriense, pela qual se sente atraído, 5. “A esperança de melhor vida para todos” (l. 16).
S. Leonardo ruma em direção à eternidade com a certeza de que
essa vida eterna (“cais divino”, v. 11) será um desencanto. Esta TESTE 7 – “FAMÍLIAS DESAVINDAS” (pp. 84-85)
ideia dá continuidade ao verso anterior em que manifesta a sau- GRUPO I
dade da terra que vai deixar. por isso, faz “sem pressa” o seu ca-
1. A ação inicia-se muito anos antes da Segunda Guerra Mundial
minho. (1939-1945) e prolonga-se até depois da revolução do 25 de Abril
2. A expressão “doce mar de mosto” constitui uma metáfora pois (1974), abrangendo várias gerações de semaforeiros e de médi-
estabelece-se um paralelismo entre o rio Douro e o mar quer pela cos. Esta indicação temporal pode ser confirmada pelos seguintes
imensidão quer pela beleza de ambos. Por outro lado, associa-se excertos textuais: “Durante anos e anos o bom do Ramon pedalou
também o paladar e o cheiro das uvas quando são colhidas, numa e comutou. Por alturas da Segunda Grande Guerra foi substituído
clara alusão às vindimas durienses, pelo que também está pre- pelo seu filho Ximenez, pouco depois da revolução de Abril pelo
sente a sinestesia – fusão de sensações decorrentes de sentidos neto Asdrúbal, e, um dia destes, pelo bisneto Paco.” (ll. 6-8).
diferentes. 2. Os semaforeiros exercem a sua profissão com grande dedica-
3. O recurso a vocabulário de valoração positiva pertencente ao ção, o que se pode verificar pela “transmissão” do lugar de se-
campo lexical da Natureza é uma constante no poema (“penedos”, maforeiro de geração em geração, apesar do salário baixo que
“doce mar”, “ondas”, “socalcos”, “vinhedos”, “terra”, “rosmaninho”). auferiam (“modesto”, “equivalente ao de um jardineiro”). Por outro
Além disso, a expressividade das metáforas enfatiza a beleza que se lado, a dedicação é notória pelo zelo com que cuidavam do equipa-
pretende destacar: “navio de penedos”, “charcos de luz envelhecida”. mento, uma vez que os elementos das três gerações foram vistos
4. Na primeira estrofe predomina o presente do indicativo, que ca- a “afeiçoar pormenores”, “de ferramenta em riste”.
racteriza o modo como se desenrola a viagem através do rio (“cais 3. O doutor era um médico exageradamente cuidadoso, desempe-
humano”). Na segunda estrofe, o tempo verbal passa a ser o futuro, nhando a sua função com um desvelo fora do comum, o que o le-
pois refere-se ao que o barco encontrará no destino (“cais divino”). vava a dirigir-se diretamente aos transeuntes (“Está doente? Não?

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 109


SOLUÇÕES

Tem a certeza? E essas olheiras, hã? Venha daí que eu trato-o.”, deste objetivo quer na recolha das vontades quer nos trabalhos de
ll. 19-20). Por outro lado, mostrava-se um pouco arrogante com construção do invento. É também referido que a passarola sobre-
Ramon e com o modo como este desempenhava a sua tarefa, o voou as obras do convento, podendo entender-se que a linha de
que causou inimizades entre os dois (“A mim, ninguém me diz ação referente ao povo que construiu o convento – segunda linha
quando devo atravessar uma rua. Sou um cidadão livre e desim- de ação – se cruza com as outras duas.
pedido.”, l. 22). 3. As gentes de Mafra que viram a passarola tiveram reações di-
4. Os semáforos são vistos, por um lado, pela maioria dos ha- vergentes. Uns, os mais céticos, duvidaram de que algum objeto
bitantes de forma simpática e até benevolente a tal ponto que, tivesse cruzado os céus. Outros, os menos destemidos, ajoelha-
inclusivamente, interagem com o semaforeiro, pedindo que abra ram-se e pediram clemência, imaginando que estariam prestes a
o sinal. Por outro lado, o médico não aprecia ter de se submeter ser punidos por uma entidade divina desconhecida.
à vontade de um sinal para atravessar a rua, o que acabará por 4. A expressão simboliza, metaforicamente, o momento do ocaso
trazer desavenças durante várias gerações. do sol. É, portanto, o final do dia e o início da noite.
5. Ironia. Com este recurso pretende-se fazer um retrato hiper- 5. O voo da passarola tinha também o objetivo de afastar o padre
bólico do modo zeloso e demasiado cumpridor como o médico de-
Bartolomeu das garras da Inquisição. Contudo, a máquina voa-
sempenhava a sua profissão.
dora, ao cair, deixaria novamente o padre Bartolomeu vulnerável.
GRUPO II Esta perspetiva amedrontava o Voador, uma vez que percebia
muito bem o risco que corria.
1. (D); 2. (A); 3. (B).
4. Oração subordinada adverbial causal. GRUPO II
5. Valor aspetual habitual. 1. (D); 2. (B); 3. (A).
4. Modalidade epistémica (com valor de probabilidade).
TESTE 8 – O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS (pp. 86-87)
5. Sujeito.
GRUPO I
1. Ao percorrer as ruas de Lisboa, Ricardo Reis depara-se com a TESTE GLOBAL 1 – MÓDULO 7 (pp. 92-95)
pobreza que se fazia sentir em Portugal, durante o período sala- GRUPO I – A
zarista; observa e estranha uma enorme (“mais de mil”) multidão,
1. Na primeira estrofe, o “eu” lírico afirma que a nossa vida nos
caracterizada como pobre que espera o bodo do Século, (“tudo
é concedida por um uma entidade divina (“E possuindo a Vida /
gente pobre, dos pátios e barracas, l. 28”) e mal cheirosa (“odor
Por uma autoridade primitiva / E coeva de Jove”, vv. 4-6) e que
de cebola, alho e suor recozido”, ll. 21-22).
a devemos viver considerando que somos “divindades” exiladas.
2. Durante a conversa que mantém com Ricardo Reis, o guarda foi
2. Os humanos devem viver de forma plácida e serena; embora
cordial para com ele e tratou-o sempre com deferência (“vossa
aproveitando a vida, devem esquecer as paixões violentas (“o
senhoria”, l. 27). Contudo, quando se dirige aos pobres, ordena que
estio”) para que, quando chegar a hora da morte, nada possa im-
abram espaço para que Ricardo Reis possa passar (“como quem
pedir a serenidade.
enxota galinhas”, ll. 38-39) e não o faz de modo simpático, mas
autoritário, e até usa de alguma agressividade (“não queiram que 3. No poema encontram-se referências à impossibilidade de fugir
trabalhe o sabre”, l. 39). ao destino que controla a nossa existência (“O Destino / É calmo
e inexorável”, vv. 15-16); por isso é sugerida a vivência serena,
3. A expressão contém uma comparação que tem como propósito
evitando as paixões que atormentam (“Usemos a existência / […] /
salientar a forma desumana e indiferente como os pobres eram
Para esquecer o estio”, vv. 8 e 10).
tratados pelo regime.
4. A deambulação geográfica é visível nos espaços percorridos GRUPO I – B
por Ricardo Reis e na observação e descrição que faz de deter- 4. Os sentidos contribuem para o encantamento que a Natureza des-
minados aspetos das ruas por onde passa. perta no “eu”, o que lhe traz a felicidade (“Se falo na Natureza não é
5. O tom coloquial é evidente nos comentários do narrador e na porque saiba o que ela é, / Mas porque a amo, e amo-a por isso”, vv.20-
forma como envolve o narratário no discurso através do uso da 21). Contudo, de todos os sentidos, no poema é dada primazia à visão
primeira pessoa do plural, aspetos comprováveis na expressão (“Creio no mundo como um malmequer, / Porque o vejo.” vv. 13-14).
“ai de nós” (l. 5). 5. O sujeito lírico defende a preponderância dos sentidos sobre
GRUPO II o pensamento (“Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...”, v. 19),
o que o leva a concluir: “Amar é a eterna inocência, / E toda a
1. (D); 2. (A); 3. (C).
inocência é não pensar...” (vv. 24-25). Esta atitude é confirmada
4. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva. pelo facto de se referir sempre ao pensar através de vocabulário
5. Complemento indireto. de conotação negativa (“Porque pensar é não compreender...”, v.
15); “(Pensar é estar doente dos olhos”, v. 17), aliando, neste caso,
TESTE 9 – MEMORIAL DO CONVENTO (pp. 89-90) o pensamento à doença.
GRUPO I GRUPO II
1. A ação do excerto refere-se ao voo inicial da passarola. Após 1. (B); 2. (A); 3. (C); 4. (D); 5. (B); 6. (A); 7. (B).
ter tomado conhecimento de que era procurado pelo Santo Ofício,
8. Valor disjuntivo ou alternativo.
o padre Bartolomeu dirigiu-se a São Sebastião da Pedreira, onde,
juntamente com Baltasar e Blimunda, fez a passarola levantar 9. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
voo, impedindo que a Inquisição os encontrasse e os punisse. 10. Composição morfossintática (palavra + palavra).
2. Neste excerto, cruzam-se a terceira e a quarta linhas de ação –
GRUPO III
relação entre Baltasar e Blimunda; o sonho do padre e o voo da
passarola. A passarola finalmente levanta voo, cumprindo-se Resposta pessoal. Sugere-se, contudo, o seguinte plano:
assim o sonho de padre Bartolomeu; o par amoroso, Baltasar e Introdução: obrigação de cada um aproveitar a sua passagem
Blimunda, deram um contributo importante para a concretização pelo planeta, respeitando as opções dos outros.

110 NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8


›GFIKL>LÛJ)›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8
4. CENÁRIOS DE RESPOSTA
SOLUÇÕES

Desenvolvimento: as sociedades capitalistas e o incentivo ao TESTE GLOBAL 3 – MÓDULO 9 (pp. 101-105)


consumo; as dificuldades económicas de muitos cidadãos e o au- GRUPO I – A
mento da pobreza em países desenvolvidos… 1. O espaço é apresentado como muito pobre e quase desértico: os
Conclusão: a opção por determinado estilo de vida é uma decisão campos estendem-se por uma grande vastidão (“que despropósito
pessoal ainda que esta seja condicionada pela sociedade em que de plainos sem fim”, l. 10) e as habitações são pequenas e disper-
nos inserimos. sas (“quinze casinhas desgarradas e nuas”; “algumas só mostram
o telhado escuro” ll. 6-7).
TESTE GLOBAL 2 – MÓDULO 8 (pp. 96-100) 2. Os ceifeiros que habitam na aldeia trabalham nos campos, de
GRUPO I – A onde regressam ao fim do dia “exaustos da faina” (ll. 14-15); após
1. Sem a ação do homem, o Ato, e a intervenção de Deus, o o dia de trabalho, ninguém sai para conviver (“Nenhuma virá até
Destino, os Descobrimentos não teriam ocorrido. Tal como se à venda falar um bocado”, ll. 13-14) e vivem sem perspetivas de
evidencia no poema, Deus teve de erguer “o facho trémulo e di- futuro nem ambição (“Breve, a aldeia ficará adormecida, afundada
vino” para iluminar o Homem e, deste modo, afastar o “véu” que nas trevas”, l. 15).
ocultava o desconhecido. Assim, os portugueses foram protago- 3. Através da personificação, o tempo apresenta características
nistas no desvendar o desconhecido graças à Ciência e à Cora- de personagem, uma vez que se apresenta “carregado de tris-
gem (“a alma a Ciência e corpo a Ousadia”) de que se muniram. teza”; e a noite é mesmo caracterizada como “cansada”, e causa-
2. As mãos representam simbolicamente o Ato e o Destino e é dora de uma “magoada” penumbra.
graças a elas que o mistério é desvendado. Com efeito, se uma
GRUPO I – B1
das mãos remete para a intervenção divina na ação do homem
4. Os dois aspetos podem ser, por exemplo, a fome que assolava
português, a outra relaciona-se com a ação do Homem que age,
Portugal, e que obrigava o governo a tomar medidas para a mino-
desbravando o caminho agora iluminado pela força do Destino.
rar (“o governo mandou distribuir por todo o país bodo geral”, l. 1)
3. O poema “Ocidente” integra-se na Parte II de Mensagem, inti- e, por outro lado, o modo como a religião católica está presente
tulada “Mar Português” onde se apresentam os heróis envolvidos no quotidiano (“reunindo a lembrança católica dos padecimentos
nos Descobrimentos e que adquirem uma dimensão mítica na con- e triunfos de Nosso Senhor às satisfações temporárias do estô-
quista do mar. Esta Parte II tem uma epígrafe latina (“Possessio mago protestativo”, ll. 2-3).
Maris” – posse do mar) que justifica plenamente a inserção do
5. O recurso expressivo é a ironia. Pretende-se, através da utili-
poema “Ocidente” nesta parte.
zação irónica do adjetivo “zelosos” (l. 6) destacar “os olhares” da
GRUPO I – B censura sobre as publicações da época, no sentido de perceber
4. O sujeito lírico denuncia a opressão vivida em Portugal durante textos, veiculando ideias, posições ou informações contrárias às
a época de ditadura (“Silêncio − é tudo o que tem / quem vive na da ideologia do poder salazarista.
servidão”, vv. 19-20). Esta situação, que ele classifica como uma GRUPO I – B2
desgraça que assola o país (“e o vento cala a desgraça”, v. 3), afeta 4. Percebe-se a tirania e a prepotência do rei, observáveis, por
sobretudo o povo, que sofre grandes carências (“Eu vi-te crucifi- exemplo, no modo como eram recrutados os trabalhadores – os
cada / nos braços negros da fome”, vv. 39-40), ao mesmo tempo quadrilheiros procuravam à força os que se escondiam, arran-
que contribui para a estagnação do país (“Vi minha pátria parada / cando-os das suas casas e das famílias, fossem novos ou velhos,
à beira de um rio triste.”, vv. 43-44) e para a submissão da população transportando-os atados e amarrados uns aos outros como se
(“em tempo de servidão”, v. 58). No entanto, como o próprio sujeito fossem prisioneiros.
poético declara, “há sempre alguém que resiste / há sempre alguém
que diz não.” (vv. 59-60), versos que funcionam como metáfora da 5. Os que eram forçados a partir alegavam a proteção e conforto que
esperança de que os resistentes ao regime possam um dia triunfar. tinham de proporcionar às suas famílias: mães, filhos, esposas – ou a
necessidade de contribuírem para a produção e recolha de alimentos.
5. Trata-se de uma trova, constituída por 15 quadras, todas elas Os familiares, por seu lado, nomeadamente as mulheres e os filhos,
com versos heptassilábicos (redondilha maior). A rima é sempre tentavam subornar os corregedores com aquilo de que dispunham,
cruzada, exceto na quinta estrofe, em que o primeiro e o terceiro em virtude da sua pobreza, – ovos ou galinhas –, sem perceberem
versos são brancos.
que este tipo de bens era insignificante face à riqueza do rei.
GRUPO II
GRUPO II
1. (A); 2. (B); 3. (A); 4. (C); 5. (D); 6. (D); 7. (B).
1. (C); 2. (B); 3. (A); 4. (D); 5. (B); 6. (A); 7. (C).
8. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
8. “uma baía”.
9. Enumeração.
9. Descritiva.
10. Complemento direto.
10. Pronome relativo.
GRUPO III
GRUPO III
Resposta pessoal. Sugere-se, contudo, o seguinte plano: Resposta pessoal. Sugere-se, contudo, o seguinte plano:
Introdução: Perante a existência de situações de precaridade em Introdução: a vontade e a necessidade de o ser humano encon-
vários domínios, os valores referidos mantêm a atualidade. trar situações de conforto e de motivação para a sua vida.
Desenvolvimento: Desenvolvimento: a importância da felicidade
š9edjh_XkjeZWf[hi_ij…dY_W[ZejhWXWb^edWYedijhk‚€eZ[kc − na esfera pessoal: a nível das relações humanas e da vida fami-
projeto de vida individual. liar influencia o modo como se reage às adversidades;
šBkjWfehc[b^eh[iYedZ_‚[iZ[l_ZWÄ[n[cfbeZ[Wj_jkZ[iZ[ − na esfera profissional: propicia um desempenho das tarefas
cidadania e de solidariedade, importantes na construção de um com mais facilidade, o que condiciona o modo como se veem os
sentido de grupo. desafios e a superação de obstáculos.
Conclusão: O contributo individual na defesa destes valores é Conclusão: a perceção de que somos felizes reflete-se no modo
importante para a construção de um mundo mais solidário, pro- como encaramos a vida e nos níveis de produtividade e de sereni-
gressista e menos individualista. dade que evidenciamos.

NOVOS PERCURSOS PROFISSIONAIS›GFIKL>LÛJ*›>L@8;FGIF=<JJFI›8J8 111

Você também pode gostar