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NOVO
MENSAGENS
PORTUGUÊS 12.º ANO Célia Cameira
Alexandre Dias Pinto
www.mensagens12.te.pt Carla Cardoso
NOVO
MENSAGENS
PORTUGUÊS 12.º ANO Célia Cameira
Alexandre Dias Pinto
Carla Cardoso
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O poeta é um
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Ó rodas
NOVO
MENSAGENS
PORTUGUÊS 12.º ANO
• Projeto de Leitura
• Transcrições dos recursos áudio/vídeo
do Manual
Descarregado por Ramalho 10 (ramalhex.10@gmail.com)
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SIGA
O SIGA (Síntese Informativa e Gramatical de Apoio), integrado no final do Manual,
apresenta:
explicação e sistematização das características de todos os géneros textuais de
Leitura, de Oralidade e de Escrita de 10.º, 11.º e 12.º anos;
sistematização de todos os conteúdos gramaticais de 10.º, 11.º e 12.º anos, bem
como de retoma dos ciclos anteriores, complementada por um conjunto de exercí-
cios para treino e consolidação;
sistematização de todos os recursos expressivos de 10.º, 11.º e 12.º anos, bem
como dos ciclos anteriores.
Glossário de termos literários.
Glossário da obra Mensagem.
Breve dicionário de símbolos.
MANUAL DO PROFESSOR
O Manual do Professor inclui:
Inclui desdobrável com as Aprendizagens Essenciais (AE) + lista de obras e textos para
MANUAL Educação Literária (12.º ano) + Áreas de Competências do Perfil dos Alunos + Do-
mínios da Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania;
INTERATIVO
banda lateral exclusiva do professor com indicação das Aprendizagens Essenciais
(AE), sugestões de trabalho, cenários de resposta e remissões para outros compo-
nentes do projeto.
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Descarregado por Ramalho 10 (ramalhex.10@gmail.com)
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DOSSIÊ DO PROFESSOR
SSOR
OFERTA
O Dossiê do Professor inclui recursos
ecursos
e materiais diversificados. BROCHURA
Quadro comparativo de conteúdosúdos por domínio DE PREPARAÇÃO
Planificações trimestral e semestral*
mestral* PARA O EXAME
Planos de aula* Fichas de trabalho
Contributos do Português para ra o PAA domínio a domínio
Guia de recursos multimédia Testes de avaliação,
de acordo com o modelo
Aula digital – Tutoriais* da prova do Exame
Fichas de trabalho por domíniosio
os Nacional
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Testes de avaliação da Compreensão o Or
do O al
al
Oral Dicas para resoluçao
Testes de avaliação escrita, de acordo com
m de itens
a estrutura e tipologia de questões
stões do Exame N Nacional
accio
ion
nall
Grelhas de registo e de avaliação,
ã em E Excell *
®
Projeto Mensagens
O projeto Mensagens trabalha de
forma integrada os diferentes domínios,
disponibilizando ao Professor um conjunto
diversificado de opções e de recursos.
LEITURA
Manual
• SIGA (géneros textuais)
Dossiê do Professor
• Fichas de trabalho com outros textos
dos géneros textuais de referência
• Questões de aula
Aula Digital
• Vídeos tutoriais
• Animações
• Avaliação por rubricas
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
ORALIDADE Manual
• Orientações para o Projeto de Leitura
Manual SIGA:
• SIGA (géneros textuais) • Recursos expressivos
Dossiê do Professor • Glossário de termos literários
• Fichas de Compreensão e Expressão • Glossário da obra Mensagem
• Testes de Compreensão e Expressão • Breve dicionário de símbolos
Recursos áudio Dossiê do Professor
Recursos vídeo • Fichas de trabalho com outras propostas
dos textos das obras de referência
Aula Digital
• Questões de aula
• Vídeos tutoriais
• Animações Aula Digital
• Avaliação por rubricas • Dicionário de autores
• Poemas analisados e comentados NOVO
• Vídeos
• Animações
• Apresentações PowerPoint®
GRAMÁTICA • Podcasts – audiossínteses NOVO
• Testes interativos
Manual • Mensagens em Reels NOVO
• SIGA (sistematização e exercícios) • Quizzes
Caderno de Atividades • Sinopses para o Projeto de Leitura
• Fichas de trabalho • Guias de estudo
Dossiê do Professor
• Fichas de trabalho
• Questões de aula
Aula Digital
ESCRITA
• Animações Manual
• Apresentações PowerPoint® • SIGA (géneros textuais)
• Atividades interativas Caderno de Atividades
• Quizzes • Fichas de trabalho
• Avaliação por rubricas
Dossiê do Professor
• Fichas de trabalho
Aula Digital
• Vídeos tutoriais
• Animações
• Avaliação por rubricas
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Subunidade 1.1
Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo
Subunidade 1.3
Fernando Pessoa, Mensagem
Contos
Unidade 2 «Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca,
e «George», de Maria Judite de Carvalho
Poetas contemporâneos
Unidade 3
Miguel Torga, Eugénio de Andrade, Manuel Alegre e Ana Luísa Amaral
Subunidade 4.1
Unidade 4 – José Saramago, Memorial do convento (em opção)
José Saramago Subunidade 4.2
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis (em opção)
Géneros textuais
Gramática
SIGA
Recursos expressivos
(Síntese Informativa
Glossário de termos literários
e Gramatical de Apoio)
Glossário de Mensagem
Breve dicionário de símbolos
Dossiê
do Professor
I O projeto Mensagens
III Planificações trimestral e semestral,
planos de aula e ensino digit@l
Quadro comparativo de conteúdos por domínio
e ano de escolaridade
Planificações trimestral e semestral
Planos de aula
Contributos do Português para o Plano Anual
de Atividades
Ensino digit@l
– Guia de recursos multimédia
– Aula digital – Tutoriais
III Fichas de trabalho
II
Educação Literária
Gramática
Leitura/Gramática
Escrita
Oralidade (Compreensão do Oral)
Oralidade (Expressão Oral)
Soluções
Transcrições
IV Testes de avaliação
Testes de avaliação da Compreensão do Oral
Testes de avaliação escrita
Matrizes e cotações
Soluções
Transcrições
Grelhas de avaliação em Excel®
V Questões de aula
Educação Literária
Gramática
Leitura
Soluções
Grelhas de avaliação em Excel®
VI Ensino diferenciado
VII Avaliação por rubricas
VIII Materiais de apoio
Didatização do conto «Famílias desavindas»,
de Mário de Carvalho
Didatização de poemas de poetas
contemporâneos
Roteiros de estudo autónomo NOVO
Projetos de interdisciplinaridade
Projeto de Leitura
Transcrições dos recursos vídeo/áudio
do Manual
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Planificações/Planos
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MENSAGENS
PORTUGUÊS 12.º ANO
Planificações
trimestral
e semestral,
planos de aula
e ensino digit@l
• Quadro comparativo de conteúdos
por domínio e ano de escolaridade
• Planificações trimestral
e semestral
• Planos de aula
• Contributos do Português para
o Plano Anual de Atividades
• Ensino digit@l
– Guia de recursos multimédia
– Aula Digital – Tutoriais
Disponível em formato
editável em
II Planificações trimestral
e semestral, planos de aula
de escolaridade ......................................................................................... 9
Planificações trimestral e semestral*
Planos de aula*
Contributos do Português para o Plano Anual de Atividades ................. 15
Ensino digit@l*
Guia de recursos multimédia .............................................................. 17
Aula digit@l – Tutoriais*
Oralidade: Compreensão
– Interpretar textos orais dos géneros reportagem – Interpretar textos orais dos géneros exposição – Interpretar o(s) discursos(s) do género debate.
e documentário, evidenciando perspetiva crítica sobre um tema, discurso político e debate, – Apreciar a validade dos argumentos aduzidos
e criativa. evidenciando perspetiva crítica e criativa. pelos participantes de um debate.
– Sintetizar o discurso escutado a partir do registo – Avaliar os argumentos de intervenções orais – Identificar marcas reveladoras das diferentes
de informação relevante quanto ao tema (exposições orais, discursos políticos e debates). intenções comunicativas
e à estrutura.
Oralidade: Expressão
– Produzir textos adequados à situação – Fazer exposições orais para apresentação de – Planificar o texto oral elaborando um plano
de comunicação, com correção e propriedade temas, de opiniões e de apreciações críticas de suporte, com tópicos, argumentos
lexical. (de debate, de filme, de peça de teatro, de livro, e respetivos exemplos.
– Exprimir, com fundamentação, pontos de vista de exposição ou outra manifestação cultural). – Participar construtivamente em debates em
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suscitados por leituras diversas. – Preparar adequadamente as apresentações que se explicite e justifique pontos de vista
– Fazer exposições orais para apresentação de orais através de uma planificação cuidada. e opiniões, se considerem pontos de vista
leituras (apreciação crítica de obras, partes – Utilizar recursos verbais e não verbais contrários e se reformulem posições.
de obras ou textos com temas relevantes), adequados à eficácia das apresentações orais – Produzir textos de opinião com propriedade
de sínteses e de temas escolhidos a realizar. vocabular e com diversificação de estruturas
autonomamente ou requeridos por outros. sintáticas.
em contextos formais.
por domínio e por ano de escolaridade
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10
10.o Ano 11.o Ano 12.o Ano
Leitura
– Ler, em suportes variados, textos de diferentes – Ler, em suportes variados, textos de diferentes – Ler, em suportes variados, textos de diferentes
graus de complexidade dos géneros seguintes: graus de complexidade argumentativa dos géneros graus de complexidade argumentativa dos géneros
relato de viagem, exposição sobre um tema, seguintes: discurso político, apreciação crítica apreciação crítica e artigo de opinião.
apreciação crítica e cartoon. e artigo de opinião. – Realizar leitura crítica e autónoma.
– Realizar leitura crítica e autónoma. – Realizar leitura crítica e autónoma. – Interpretar o texto, com especificação do sentido
– Analisar a organização interna e externa do texto. – Analisar a organização interna e externa do texto. global e da intencionalidade comunicativa.
– Clarificar tema(s), ideias principais, pontos de vista. – Clarificar tema(s), subtemas, ideias principais, – Analisar a organização interna e externa do texto.
– Analisar os recursos utilizados para a construção pontos de vista. – Clarificar tema(s), subtemas, ideias principais,
do sentido do texto. – Analisar os recursos utilizados para a construção pontos de vista.
– Interpretar o sentido global do texto do sentido do texto. – Compreender a utilização de recursos expressivos
e intencionalidade comunicativa com base – Interpretar o texto, com especificação do sentido para a construção de sentido do texto.
em inferências devidamente justificadas. global e da intencionalidade comunicativa. – Utilizar criteriosamente procedimentos adequados
– Utilizar métodos de trabalho científico no registo – Utilizar criteriosamente procedimentos adequados ao registo e tratamento da informação.
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e tratamento da informação. ao registo e tratamento da informação. – Exprimir, com fundamentação, pontos de vista
– Exprimir, com fundamentação, pontos de vista suscitados por leituras diversas.
suscitados por leituras diversas.
Educação Literária
– Interpretar textos literários portugueses – Interpretar obras literárias portuguesas – Interpretar obras literárias portuguesas
de diferentes autores e géneros, produzidos entre de diferentes autores e géneros, produzidas entre de diferentes autores e géneros, produzidas
os séculos XII e XV (anexo 1). os séculos XVII e XIX (anexo 2). no século XX (anexo 3).
– Contextualizar textos literários portugueses – Contextualizar textos literários portugueses – Contextualizar textos literários portugueses
anteriores ao século XVII em função de marcos dos séculos XVII ao XIX de vários géneros em do século XX em função de grandes marcos
históricos e culturais. função de grandes marcos históricos e culturais. históricos e culturais.
– Relacionar características formais do texto poético – Mobilizar para a interpretação textual – Mobilizar para a interpretação textual os
com a construção do sentido. os conhecimentos adquiridos sobre os elementos conhecimentos adquiridos sobre os elementos
– Analisar o valor de recursos expressivos para constitutivos do texto poético, do texto dramático constitutivos do texto poético e do texto narrativo.
a construção do sentido do texto, designadamente: e do texto narrativo. – Analisar o valor de recursos expressivos para a
alegoria, interrogação retórica, metonímia, – Analisar o valor de recursos expressivos para construção do sentido do texto, designadamente:
aliteração, apóstrofe, anástrofe. a construção do sentido do texto, designadamente: adjetivação, gradação, metonímia, sinestesia.
– Comparar textos em função de temas, ideias adjetivação, gradação, metonímia, sinestesia. – Comparar textos de diferentes épocas em função
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e valores. – Comparar textos de diferentes épocas em função dos temas, ideias, valores e marcos históricos
– Reconhecer valores culturais, éticos e estéticos dos temas, ideias, valores e marcos históricos e culturais.
presentes nos textos. e culturais. – Reconhecer valores culturais, éticos e estéticos
– Expressar, oralmente ou por escrito, pontos – Reconhecer valores culturais, éticos e estéticos manifestados nos textos.
de vista fundamentados, suscitados pelas manifestados nos textos. – Debater, de forma fundamentada e sustentada,
obras e seus autores. – Debater, de forma fundamentada e sustentada, oralmente ou por escrito, pontos de vista
11
12
10.o Ano 11.o Ano 12.o Ano
Escrita
– Escrever sínteses, exposições sobre um tema – Escrever textos de opinião, apreciações críticas – Escrever textos de opinião, apreciações críticas,
e apreciações críticas, respeitando as marcas e exposições sobre um tema. exposições sobre um tema.
de género. – Planificar os textos a escrever, após pesquisa – Planificar os textos a escrever, após pesquisa
– Planificar o texto a escrever, após pesquisa e seleção de informação relevante. e seleção de informação relevante.
e seleção de informação pertinente. – Redigir com desenvoltura, consistência, adequação – Redigir com desenvoltura, consistência, adequação
– Redigir o texto com domínio seguro da organização e correção os textos planificados. e correção os textos planificados.
em parágrafos e dos mecanismos de coerência – Utilizar os mecanismos de revisão, de avaliação – Utilizar os mecanismos de revisão, de avaliação
e de coesão textual. e de correção para aperfeiçoar o texto escrito e de correção para aperfeiçoar o texto escrito
– Editar os textos escritos, em diferentes suportes, antes da apresentação da versão final. antes da apresentação da versão final.
após revisão, individual ou em grupo, tendo – Respeitar princípios do trabalho intelectual, como – Respeitar princípios do trabalho intelectual, como
em conta a adequação, a propriedade vocabular a referenciação bibliográfica, de acordo com a referenciação bibliográfica, de acordo com
e a correção linguística. normas específicas. normas específicas.
– Respeitar os princípios do trabalho intelectual:
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Gramática
– Conhecer a origem, a evolução e a distribuição – Sistematizar o conhecimento dos diferentes – Explicitar aspetos essenciais da lexicologia
geográfica do português no mundo. constituintes da frase (grupo verbal, grupo do português (processos irregulares de formação
– Reconhecer processos fonológicos que ocorrem nominal, grupo adjetival, grupo preposicional, de palavras).
no português (na evolução e no uso). grupo adverbial) e das funções sintáticas internas – Realizar análise sintática com explicitação de
à frase. funções sintáticas internas à frase, ao grupo
– Analisar com segurança frases simples e complexas
(identificação de constituintes e das respetivas – Explicitar o conhecimento gramatical relacionado verbal, ao grupo nominal, ao grupo adjetival e ao
funções sintáticas, incluindo complemento com a articulação entre constituintes e entre grupo adverbial.
do nome e do adjetivo, divisão e classificação frases. – Sistematizar conhecimento gramatical relacionado
de orações, incluindo orações subordinadas – Reconhecer os valores semânticos de palavras com a articulação entre constituintes, orações
substantivas relativas). considerando o respetivo étimo. e frases.
– Reconhecer valores semânticos de palavras – Analisar processos de coesão e de progressão – Distinguir frases com diferentes valores aspetuais
considerando o respetivo étimo. do texto como a anáfora. (valor perfetivo, valor imperfetivo, situação
– Explicitar o significado das palavras com base – Utilizar intencionalmente os processos de coesão genérica, situação habitual e situação iterativa).
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na análise dos processos de formação. textual (gramatical e lexical). – Demonstrar, em textos, os mecanismos anafóricos
– Usar de modo intencional diferentes valores – Utilizar intencionalmente modalidades que garantem as cadeias referenciais.
modais atendendo à situação comunicativa de reprodução do discurso (incluindo discurso – Avaliar um texto com base nas propriedades que
(epistémicos, deônticos e apreciativos). indireto livre). o configuram (processos de coerência e coesão).
– Reconhecer a anáfora como mecanismo de coesão – Conhecer a referência deítica (deíticos e respetivos – Utilizar intencionalmente modalidades de
e de progressão do texto. referentes). reprodução do discurso.
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Contributos do Português
para o Plano Anual de Atividades
Sugestões
Unidade 1 – Fernando Pessoa (poesia do ortónimo, poesia dos heterónimos e Mensagem)
– Sarau Cultural «Ao café, com Pessoa»: declamação e dramatização de poemas do ortónimo. Café,
chá e biscoitos para acompanhar Pessoa (atividade com a participação dos alunos do 12.o ano
e respetivos Encarregados de Educação/Pais).
– «Heterónimos à mesa»: colocação de cartões com versos de Alberto Caeiro, Ricardo Reis e
Álvaro de Campos, com o intuito de os convivas adivinharem qual é o heterónimo que escreveu
o(s) verso(s). Esses cartões poderão ser colocados nas mesas de restaurantes e/ou na cantina da
escola, devidamente ilustrados pelos alunos ou com reproduções de pintores conceituados (trabalho
elaborado previamente pelos alunos em casa).
– «Mensagem – Hoje!»: elaboração de um mural ou exposição coletivos, com desenhos, colagens
ou construções em 3D, inspirados nos poemas da Mensagem. Os alunos poderão ainda relacionar
esses poemas com apelos atuais pertinentes (trabalhos em grupo, por turma e com apresentação
a toda a comunidade escolar).
Unidade 2 – Contos (Manuel da Fonseca, «Sempre é uma companhia»; Maria Judite de Carvalho,
«George»)
– Promover um ciclo de palestras com especialistas (psicólogos escolares, forças policiais, membros
de organizações de apoio à vítima, por exemplo) sobre temáticas como «Violência no namoro»,
«Igualdade de género», «Comportamentos de risco», seguidos de oficinas de trabalho: em grupos,
os alunos irão gerir/resolver uma situação concreta, dramatizando-a (todas as turmas do 12.o ano).
– «Ouvir e… escutar “Sempre é uma companhia”»: realização/gravação de um programa de rádio
sobre uma temática relacionada com o conto «Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca
(por exemplo: «A solidão»; «A dicotomia cidade/campo»; «A influência dos media na sociedade».
– «Olhar e… ver “George”»: pintura de aguarelas a partir de excertos do conto «George», de Maria
Judite de Carvalho, seguida de exposição coletiva (trabalho individual ou em grupo, com apresentação
a toda a comunidade escolar).
Unidade 3 – Poetas contemporâneos (Miguel Torga, Eugénio de Andrade, Ana Luísa Amaral)
– «São Valentim poético», com leitura de poemas dos autores (acima referidos ou outros poetas
contemporâneos constantes na lista das Aprendizagens Essenciais), percorrendo as salas de aula e
outros espaços da escola (antecipando e sensibilizando para os conteúdos que irão ser estudados,
caso ainda não estejam a ser lecionados).
– «Poesia na rua»: leitura dramatizada de poemas, com um guarda-roupa adequado ao conteúdo do
poema, percorrendo as ruas da localidade.
– «Poesia trocada por miúdos»: ida ao Ensino Pré-Escolar e ao 1.o Ciclo do Ensino Básico para divulgar
os poetas contemporâneos (vide lista das Aprendizagens Essenciais). Declamação de poemas que
mais se adequem a estas faixas etárias, seguida de expressão plástica das crianças: em plasticina,
com pinturas, colagens, … ilustrando os poemas que foram trabalhados. Exposição dos trabalhos
realizados (apresentação a toda a comunidade escolar, incluindo os Encarregados de Educação/Pais
dos pequenos artistas).
N.B.: todas as atividades deverão ter repórteres e ser divulgadas no site/blogue da escola; estas atividades podem ser reali-
zadas com recurso a ferramentas digitais.
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U0 – Primeiros dias
Animação O que é uma anástrofe?
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Animação O que é uma comparação?
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Animação O que é uma anáfora?
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Animação O que é uma metáfora?
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Animação O que é uma hipérbole?
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Animação O que é uma metonímia?
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Apresentação Animação Texto de opinião
de conteúdos sşĚĞŽƚƵƚŽƌŝĂůƋƵĞ͕ĚĞĨŽƌŵĂĚŝŶąŵŝĐĂ͕ĞdžĞŵƉůŝĮĐĂĐŽŵŽĞƐĐƌĞǀĞƌƵŵƚĞdžƚŽĚĞŽƉŝŶŝĆŽ͕ĞdžƉůŝĐĂŶĚŽĂƐ
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'ƌĂŵĄƟĐĂ Valor modal: modalidade epistémica
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĂƚƌĂǀĠƐĚĞĞdžĞŵƉůŽƐ͕ĂŵŽĚĂůŝĚĂĚĞĞƉŝƐƚĠŵŝĐĂĞŽƐƐĞƵƐ
ǀĂůŽƌĞƐŵŽĚĂŝƐ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
continuação
'ƌĂŵĄƟĐĂ dĞdžƚƵĂůŝĚĂĚĞ͗WƌŽŐƌĞƐƐĆŽƚĞŵĄƟĐĂĞĐŽĞƌġŶĐŝĂƚĞdžƚƵĂů
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžĞŵƉůŝĮĐĂĂƐƉƌŝŶĐŝƉĂŝƐƉƌŽƉƌŝĞĚĂĚĞƐƋƵĞƵŵƚĞdžƚŽĚĞǀĞĂƉƌĞƐĞŶ-
ƚĂƌƉĂƌĂƐĞƌďĞŵĞƐƚƌƵƚƵƌĂĚŽ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐ
conteúdos.
Audiossíntese Cartoon
Apresentação Síntese, em formato áudio, que aborda a estrutura do cartoon.
de conteúdos Glossário: Projeto de Leitura
Breve sinopse de obras literárias sugeridas e/ou estudadas neste ano de escolaridade.
Vídeo Mensagens em Reels
Vídeos tutoriais que, de forma dinâmica, apresentam as obras literárias sugeridas neste ano de esco-
laridade.
Vídeos e áudios ĚĞĂƉŽŝŽăƵŶŝĚĂĚĞĚŝĚĄƟĐĂ͘
U1 – Fernando Pessoa
continuação
continuação
'ƌĂŵĄƟĐĂWƌĞĚŝĐĂƟǀŽĚĞƐƵũĞŝƚŽ
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĞdžĞŵƉůŝĮĐĂŶĚŽ͕ĂĨƵŶĕĆŽƐŝŶƚĄƟĐĂĚĞƐŝŐŶĂĚĂƉƌĞĚŝĐĂƟǀŽĚŽ
ƐƵũĞŝƚŽ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
'ƌĂŵĄƟĐĂDêixis
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĞdžĞŵƉůŝĮĐĂŶĚŽ͕ĂĨƵŶĕĆŽĚĂĚġŝdžŝƐ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂ
ĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
'ƌĂŵĄƟĐĂProcessos fonológicos de inserção
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĂƚƌĂǀĠƐĚĞĞdžĞŵƉůŽƐ͕ŽƐƉƌŽĐĞƐƐŽƐĨŽŶŽůſŐŝĐŽƐĚĞŝŶƐĞƌĕĆŽ͘KƌĞĐƵƌƐŽ
ĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
'ƌĂŵĄƟĐĂProcessos fonológicos de alteração
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĂƚƌĂǀĠƐĚĞĞdžĞŵƉůŽƐ͕ŽƐƉƌŽĐĞƐƐŽƐĨŽŶŽůſŐŝĐŽƐĚĞĂůƚĞƌĂĕĆŽ͘KƌĞ-
ĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
'ƌĂŵĄƟĐĂProcessos fonológicos de supressão
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĂƚƌĂǀĠƐĚĞĞdžĞŵƉůŽƐ͕ŽƐƉƌŽĐĞƐƐŽƐĨŽŶŽůſŐŝĐŽƐĚĞƐƵƉƌĞƐƐĆŽ͘KƌĞ-
ĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
'ƌĂŵĄƟĐĂFormação de palavras: composição
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĂƚƌĂǀĠƐĚĞĞdžĞŵƉůŽƐ͕ĂĨŽƌŵĂĕĆŽĚĞƉĂůĂǀƌĂƐƉŽƌĐŽŵƉŽƐŝ-
ĕĆŽ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
'ƌĂŵĄƟĐĂdĞdžƚƵĂůŝĚĂĚĞ͗WƌŽŐƌĞƐƐĆŽƚĞŵĄƟĐĂĞĐŽĞƌġŶĐŝĂƚĞdžƚƵĂů
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžĞŵƉůŝĮĐĂĂƐƉƌŝŶĐŝƉĂŝƐƉƌŽƉƌŝĞĚĂĚĞƐƋƵĞƵŵƚĞdžƚŽĚĞǀĞĂƉƌĞƐĞŶ-
ƚĂƌƉĂƌĂƐĞƌďĞŵĞƐƚƌƵƚƵƌĂĚŽ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐ
conteúdos.
'ƌĂŵĄƟĐĂOrações subordinadas adverbiais condicionais
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĂƚƌĂǀĠƐĚĞĞdžĞŵƉůŽƐ͕ĂƐŽƌĂĕƁĞƐƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂƐĂĚǀĞƌďŝĂŝƐ
ĐŽŶĚŝĐŝŽŶĂŝƐ͕ĞƐƉĞĐŝĮĐĂŶĚŽŽƐĞƵƵƐŽĞĂƐƐƵĂƐŵĂƌĐĂƐůŝŶŐƵşƐƟĐĂƐ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶ-
ƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
'ƌĂŵĄƟĐĂKƌĂĕƁĞƐƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂƐƐƵďƐƚĂŶƟǀĂƐĐŽŵƉůĞƟǀĂƐ
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĂƚƌĂǀĠƐĚĞĞdžĞŵƉůŽƐ͕ĂƐŽƌĂĕƁĞƐƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂƐƐƵďƐƚĂŶƟǀĂƐ
Apresentação ĐŽŵƉůĞƟǀĂƐ͕ĞƐƉĞĐŝĮĐĂŶĚŽŽƐĞƵƵƐŽĞĂƐƐƵĂƐŵĂƌĐĂƐůŝŶŐƵşƐƟĐĂƐ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶ-
de conteúdos ƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
'ƌĂŵĄƟĐĂKƌĂĕƁĞƐƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂƐƐƵďƐƚĂŶƟǀĂƐƌĞůĂƟǀĂƐ
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĂƚƌĂǀĠƐĚĞĞdžĞŵƉůŽƐ͕ĂƐŽƌĂĕƁĞƐƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂƐƐƵďƐƚĂŶƟǀĂƐ
ƌĞůĂƟǀĂƐ͕ĞƐƉĞĐŝĮĐĂŶĚŽŽƐĞƵƵƐŽĞĂƐƐƵĂƐŵĂƌĐĂƐůŝŶŐƵşƐƟĐĂƐ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐ
ĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
'ƌĂŵĄƟĐĂKƌĂĕƁĞƐƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂƐĂĚũĞƟǀĂƐƌĞůĂƟǀĂƐ
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĂƚƌĂǀĠƐĚĞĞdžĞŵƉůŽƐ͕ĂƐŽƌĂĕƁĞƐƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂƐĂĚũĞƟǀĂƐ
ƌĞůĂƟǀĂƐ͕ĞƐƉĞĐŝĮĐĂŶĚŽŽƐĞƵƵƐŽĞĂƐƐƵĂƐŵĂƌĐĂƐůŝŶŐƵşƐƟĐĂƐ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐ
ĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
'ƌĂŵĄƟĐĂOrações coordenadas
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĂƚƌĂǀĠƐĚĞĞdžĞŵƉůŽƐ͕ĂƐŽƌĂĕƁĞƐĐŽŽƌĚĞŶĂĚĂƐ͕ĞƐƉĞĐŝĮĐĂŶĚŽ
ŽƐĞƵƵƐŽĞĂƐƐƵĂƐŵĂƌĐĂƐůŝŶŐƵşƐƟĐĂƐ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂ-
ƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
Apresentação PPT Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo
WŽǁĞƌWŽŝŶƚΠĞĚŝƚĄǀĞůƋƵĞĞdžƉůŝĐŝƚĂĂƉŽĞƐŝĂĚŽŽƌƚſŶŝŵŽƉĞƐƐŽĂŶŽ͕ŶŽŵĞĂĚĂŵĞŶƚĞƚĞŵĄƟĐĂƐ͕ůŝŶ-
ŐƵĂŐĞŵĞĞƐƟůŽ͕ƌĞĐŽƌƌĞŶĚŽĂĞdžĞŵƉůŽƐƚĞdžƚƵĂŝƐ͘EŽĮŶĂů͕ŽƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂĞdžĞƌĐşĐŝŽƐĚĞ
ĐŽŶƐŽůŝĚĂĕĆŽĂĐĞƌĐĂĚĂŵĂƚĠƌŝĂƐŝƐƚĞŵĂƟnjĂĚĂ͘
Audiossíntese KĮŶŐŝŵĞŶƚŽĂƌơƐƟĐŽ
^şŶƚĞƐĞ͕ĞŵĨŽƌŵĂƚŽĄƵĚŝŽ͕ƋƵĞĂďŽƌĚĂŽĮŶŐŝŵĞŶƚŽĂƌơƐƟĐŽŶĂƉŽĞƐŝĂĚĞ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂŽƌƚſŶŝŵŽ͘
Audiossíntese A dor de pensar
Síntese, em formato áudio, que aborda a dor de pensar na poesia de Fernando Pessoa ortónimo.
Audiossíntese A nostalgia da infância
Síntese, em formato áudio, que aborda a nostalgia da infância na poesia de Fernando Pessoa ortónimo.
Audiossíntese Sonho e realidade
Síntese, em formato áudio, que aborda o sonho e a realidade na poesia de Fernando Pessoa ortónimo.
Audiossíntese >ŝŶŐƵĂŐĞŵ͕ĞƐƟůŽĞĞƐƚƌƵƚƵƌĂŶĂƉŽĞƐŝĂĚĞ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ
^şŶƚĞƐĞ͕ĞŵĨŽƌŵĂƚŽĄƵĚŝŽ͕ƋƵĞĂďŽƌĚĂĂůŝŶŐƵĂŐĞŵ͕ŽĞƐƟůŽĞĞƐƚƌƵƚƵƌĂŶĂƉŽĞƐŝĂĚĞ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ
ortónimo.
Vídeos e áudiosĚĞĂƉŽŝŽăƵŶŝĚĂĚĞĚŝĚĄƟĐĂ͘
continuação
continuação
continuação
'ƌĂŵĄƟĐĂKƌĂĕƁĞƐƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂƐƐƵďƐƚĂŶƟǀĂƐĐŽŵƉůĞƟǀĂƐ
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĂƚƌĂǀĠƐĚĞĞdžĞŵƉůŽƐ͕ĂƐŽƌĂĕƁĞƐƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂƐƐƵďƐƚĂŶƟǀĂƐ
ĐŽŵƉůĞƟǀĂƐ͕ĞƐƉĞĐŝĮĐĂŶĚŽŽƐĞƵƵƐŽĞĂƐƐƵĂƐŵĂƌĐĂƐůŝŶŐƵşƐƟĐĂƐ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶ-
ƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
'ƌĂŵĄƟĐĂKƌĂĕƁĞƐƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂƐĂĚũĞƟǀĂƐƌĞůĂƟǀĂƐ
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĂƚƌĂǀĠƐĚĞĞdžĞŵƉůŽƐ͕ĂƐŽƌĂĕƁĞƐƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂƐĂĚũĞƟǀĂƐ
ƌĞůĂƟǀĂƐ͕ĞƐƉĞĐŝĮĐĂŶĚŽŽƐĞƵƵƐŽĞĂƐƐƵĂƐŵĂƌĐĂƐůŝŶŐƵşƐƟĐĂƐ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐ
ĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
'ƌĂŵĄƟĐĂOrações coordenadas
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĂƚƌĂǀĠƐĚĞĞdžĞŵƉůŽƐ͕ĂƐŽƌĂĕƁĞƐĐŽŽƌĚĞŶĂĚĂƐ͕ĞƐƉĞĐŝĮĐĂŶĚŽ
ŽƐĞƵƵƐŽĞĂƐƐƵĂƐŵĂƌĐĂƐůŝŶŐƵşƐƟĐĂƐ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂ-
ƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
Apresentação PPT Alberto Caeiro
PowerPoint® editável que explicita a heteronímia pessoana em Alberto Caeiro, nomeadamente temá-
ƟĐĂ͕ůŝŶŐƵĂŐĞŵĞĞƐƟůŽ͕ƌĞĐŽƌƌĞŶĚŽĂĞdžĞŵƉůŽƐƚĞdžƚƵĂŝƐ͘EŽĮŶĂů͕ŽƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂĞdžĞƌĐşĐŝŽƐ
ĚĞĐŽŶƐŽůŝĚĂĕĆŽĂĐĞƌĐĂĚĂŵĂƚĠƌŝĂƐŝƐƚĞŵĂƟnjĂĚĂ͘
Apresentação Apresentação PPT Ricardo Reis
de conteúdos WŽǁĞƌWŽŝŶƚΠĞĚŝƚĄǀĞůƋƵĞĞdžƉůŝĐŝƚĂĂŚĞƚĞƌŽŶşŵŝĂƉĞƐƐŽĂŶĂĞŵZŝĐĂƌĚŽZĞŝƐ͕ŶŽŵĞĂĚĂŵĞŶƚĞƚĞŵĄƟĐĂ͕
ůŝŶŐƵĂŐĞŵĞĞƐƟůŽ͕ƌĞĐŽƌƌĞŶĚŽĂĞdžĞŵƉůŽƐƚĞdžƚƵĂŝƐ͘EŽĮŶĂů͕ŽƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂĞdžĞƌĐşĐŝŽƐĚĞ
ĐŽŶƐŽůŝĚĂĕĆŽĂĐĞƌĐĂĚĂŵĂƚĠƌŝĂƐŝƐƚĞŵĂƟnjĂĚĂ͘
Apresentação PPT Álvaro de Campos
PowerPoint® editável que explicita a heteronímia pessoana em Álvaro de Campos, nomeadamente
ƚĞŵĄƟĐĂ͕ůŝŶŐƵĂŐĞŵĞĞƐƟůŽ͕ƌĞĐŽƌƌĞŶĚŽĂĞdžĞŵƉůŽƐƚĞdžƚƵĂŝƐ͘EŽĮŶĂů͕ŽƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂ
ĞdžĞƌĐşĐŝŽƐĚĞĐŽŶƐŽůŝĚĂĕĆŽĂĐĞƌĐĂĚĂŵĂƚĠƌŝĂƐŝƐƚĞŵĂƟnjĂĚĂ͘
Audiossíntese Alberto Caeiro
Síntese, em formato áudio, que aborda a poesia do heterónimo Alberto Caeiro, nomeadamente te-
ŵĄƟĐĂ͕ůŝŶŐƵĂŐĞŵĞĞƐƟůŽ͘
Audiossíntese Ricardo Reis
Síntese, em formato áudio, que aborda a poesia do heterónimo Ricardo Reis, nomeadamente temá-
ƟĐĂ͕ůŝŶŐƵĂŐĞŵĞĞƐƟůŽ͘
Audiossíntese A poesia de Álvaro de Campos
Síntese, em formato áudio, que aborda a poesia do heterónimo Álvaro de Campos, nomeadamente
ƚĞŵĄƟĐĂĞĨĂƐĞƐ͘
Vídeos e áudiosĚĞĂƉŽŝŽăƵŶŝĚĂĚĞĚŝĚĄƟĐĂ͘
continuação
continuação
'ƌĂŵĄƟĐĂDŽĚŝĮĐĂĚŽƌĚŽŶŽŵĞ
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĞdžĞŵƉůŝĮĐĂŶĚŽ͕ĂĨƵŶĕĆŽƐŝŶƚĄƟĐĂĚĞƐŝŐŶĂĚĂŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌĚŽ
ŶŽŵĞ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
'ƌĂŵĄƟĐĂDêixis
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĞdžĞŵƉůŝĮĐĂŶĚŽ͕ĂĨƵŶĕĆŽĚĂĚġŝdžŝƐ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂ
ĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
'ƌĂŵĄƟĐĂdĞdžƚƵĂůŝĚĂĚĞ͗WƌŽŐƌĞƐƐĆŽƚĞŵĄƟĐĂĞĐŽĞƌġŶĐŝĂƚĞdžƚƵĂů
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžĞŵƉůŝĮĐĂĂƐƉƌŝŶĐŝƉĂŝƐƉƌŽƉƌŝĞĚĂĚĞƐƋƵĞƵŵƚĞdžƚŽĚĞǀĞĂƉƌĞƐĞŶ-
ƚĂƌƉĂƌĂƐĞƌďĞŵĞƐƚƌƵƚƵƌĂĚŽ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐ
conteúdos.
'ƌĂŵĄƟĐĂKƌĂĕƁĞƐƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂƐƐƵďƐƚĂŶƟǀĂƐĐŽŵƉůĞƟǀĂƐ
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĂƚƌĂǀĠƐĚĞĞdžĞŵƉůŽƐ͕ĂƐŽƌĂĕƁĞƐƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂƐƐƵďƐƚĂŶƟǀĂƐ
ĐŽŵƉůĞƟǀĂƐ͕ĞƐƉĞĐŝĮĐĂŶĚŽŽƐĞƵƵƐŽĞĂƐƐƵĂƐŵĂƌĐĂƐůŝŶŐƵşƐƟĐĂƐ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶ-
ƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
'ƌĂŵĄƟĐĂKƌĂĕƁĞƐƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂƐĂĚũĞƟǀĂƐƌĞůĂƟǀĂƐ
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĂƚƌĂǀĠƐĚĞĞdžĞŵƉůŽƐ͕ĂƐŽƌĂĕƁĞƐƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂƐĂĚũĞƟǀĂƐ
ƌĞůĂƟǀĂƐ͕ĞƐƉĞĐŝĮĐĂŶĚŽŽƐĞƵƵƐŽĞĂƐƐƵĂƐŵĂƌĐĂƐůŝŶŐƵşƐƟĐĂƐ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐ
Apresentação ĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
de conteúdos 'ƌĂŵĄƟĐĂOrações coordenadas
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĂƚƌĂǀĠƐĚĞĞdžĞŵƉůŽƐ͕ĂƐŽƌĂĕƁĞƐĐŽŽƌĚĞŶĂĚĂƐ͕ĞƐƉĞĐŝĮĐĂŶĚŽ
ŽƐĞƵƵƐŽĞĂƐƐƵĂƐŵĂƌĐĂƐůŝŶŐƵşƐƟĐĂƐ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂ-
ƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
Apresentação PPT Fernando Pessoa, Mensagem
WŽǁĞƌWŽŝŶƚΠĞĚŝƚĄǀĞůƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂĂĞƐƚƌƵƚƵƌĂĚĂŽďƌĂMensagem, de Fernando Pessoa, no-
ŵĞĂĚĂŵĞŶƚĞƚĞŵĄƟĐĂƐ͕ƉĂƌƚĞƐĚĂŽďƌĂ͕ůŝŶŐƵĂŐĞŵ͕ĞƐƟůŽĞĞƐƚƌƵƚƵƌĂ͕ƌĞĐŽƌƌĞŶĚŽĂĞdžĞŵƉůŽƐƚĞdžƚƵĂŝƐ͘
EŽĮŶĂů͕ŽƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂĞdžĞƌĐşĐŝŽƐĚĞĐŽŶƐŽůŝĚĂĕĆŽĂĐĞƌĐĂĚĂŵĂƚĠƌŝĂƐŝƐƚĞŵĂƟnjĂĚĂ͘
Audiossíntese O imaginário épico
Síntese, em formato áudio, que aborda o imaginário épico presente na obra Mensagem, de Fernando
Pessoa.
Audiossíntese >ŝŶŐƵĂŐĞŵĞĞƐƟůŽ
^şŶƚĞƐĞ͕ Ğŵ ĨŽƌŵĂƚŽ ĄƵĚŝŽ͕ ƋƵĞ ĂďŽƌĚĂ Ă ůŝŶŐƵĂŐĞŵ Ğ Ž ĞƐƟůŽ ƉƌĞƐĞŶƚĞƐ ŶĂ ŽďƌĂ Mensagem,
de Fernando Pessoa.
Audiossíntese ^ĞďĂƐƟĂŶŝƐŵŽ
^şŶƚĞƐĞ͕ĞŵĨŽƌŵĂƚŽĄƵĚŝŽ͕ƋƵĞĂďŽƌĚĂŽ^ĞďĂƐƟĂŶŝƐŵŽƉƌĞƐĞŶƚĞŶĂŽďƌĂMensagem, de Fernando
Pessoa.
Vídeos e áudiosĚĞĂƉŽŝŽăƵŶŝĚĂĚĞĚŝĚĄƟĐĂ͘
continuação
U2 – Contos
continuação
continuação
U3 – Poetas contemporâneos
continuação
YƵŝnjMiguel Torga
YƵŝnjĐŽŵƉŽƐƚŽƉŽƌϰƋƵĞƐƚƁĞƐĞƌĞƐƉĞƟǀĂĞdžƉůŝĐĂĕĆŽ͘
YƵŝnjEugénio de Andrade
YƵŝnjĐŽŵƉŽƐƚŽƉŽƌϰƋƵĞƐƚƁĞƐĞƌĞƐƉĞƟǀĂĞdžƉůŝĐĂĕĆŽ͘
YƵŝnjAna Luísa Amaral
YƵŝnjĐŽŵƉŽƐƚŽƉŽƌϰƋƵĞƐƚƁĞƐĞƌĞƐƉĞƟǀĂĞdžƉůŝĐĂĕĆŽ͘
YƵŝnjManuel Alegre
YƵŝnjĐŽŵƉŽƐƚŽƉŽƌϰƋƵĞƐƚƁĞƐĞƌĞƐƉĞƟǀĂĞdžƉůŝĐĂĕĆŽ͘
ƉůŝĐĂĕĆŽͬ YƵŝnjnjĞƐŐƌĂŵĂƟĐĂŝƐ
YƵŝnjnjĞƐĐŽŵƉŽƐƚŽƐƉŽƌϰƋƵĞƐƚƁĞƐĞƌĞƐƉĞƟǀĂĞdžƉůŝĐĂĕĆŽ͕ĐŽŵŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐĚĂƐŐƌĂŵĄƟĐĂƐŵĞŶĐŝŽ-
Consolidação
ŶĂĚĂƐŶĂƌĞƐƉĞƟǀĂƵŶŝĚĂĚĞ͘
Kahoot® Poetas contemporâneos I
:ŽŐŽĞĚƵĐĂƟǀŽĐŽŵƉŽƐƚŽƉŽƌϱƋƵĞƐƚƁĞƐĚĞĞƐĐŽůŚĂŵƷůƟƉůĂ͘
Kahoot® Poetas contemporâneos II
:ŽŐŽĞĚƵĐĂƟǀŽĐŽŵƉŽƐƚŽƉŽƌϱƋƵĞƐƚƁĞƐĚĞĞƐĐŽůŚĂŵƷůƟƉůĂ͘
Jogo ηĞƐĂĮŽ>ŝƚĞƌĄƌŝŽ͗ƉŽĞƚĂƐĐŽŶƚĞŵƉŽƌąŶĞŽƐ
ƟǀŝĚĂĚĞĚŝĚĄƟĐĂĐŽŵĂĚŝǀŝŶŚĂƐ͕ĐŚĂƌĂĚĂƐĞƉĞƌŐƵŶƚĂƐĚĞƚĞŽƌŚŝƐƚſƌŝĐŽͲůŝƚĞƌĄƌŝŽ͕ƋƵĞƉĞƌŵŝƚĞƌĞƐƵŵŝƌ
e aplicar os conceitos-chave trabalhados sobre os poetas contemporâneos: Miguel Torga, Eugénio de
Andrade, Ana Luísa Amaral e Manuel Alegre.
dĞƐƚĞŝŶƚĞƌĂƟǀŽPoetas contemporâneos
dĞƐƚĞŝŶƚĞƌĂƟǀŽĐŽŵƉŽƐƚŽƉŽƌϳƋƵĞƐƚƁĞƐ͕ĐŽŵĂĐĞƐƐŽĂƌĞůĂƚſƌŝŽĚĞƚĂůŚĂĚŽ͘
Avaliação
Teste global Poetas contemporâneos
dĞƐƚĞŝŶƚĞƌĂƟǀŽĐŽŵƉŽƐƚŽƉŽƌϭϮƋƵĞƐƚƁĞƐ͕ĐŽŵĂĐĞƐƐŽĂƌĞůĂƚſƌŝŽĚĞƚĂůŚĂĚŽ͘
U4 – José Saramago
continuação
continuação
continuação
'ƌĂŵĄƟĐĂComplemento oblíquo
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĞdžĞŵƉůŝĮĐĂŶĚŽ͕ĂĨƵŶĕĆŽƐŝŶƚĄƟĐĂĚĞƐŝŐŶĂĚĂĐŽŵƉůĞŵĞŶƚŽ
ŽďůşƋƵŽ͘KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
'ƌĂŵĄƟĐĂŽŵƉůĞŵĞŶƚŽĚŽĂĚũĞƟǀŽ
'ƌĂŵĄƟĐĂŝŶƚĞƌĂƟǀĂƋƵĞĚĞĮŶĞĞĞdžƉůŝĐĂ͕ĞdžĞŵƉůŝĮĐĂŶĚŽ͕ĂĨƵŶĕĆŽƐŝŶƚĄƟĐĂĚĞƐŝŐŶĂĚĂĐŽŵƉůĞŵĞŶƚŽ
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conteúdos.
'ƌĂŵĄƟĐĂ Valor aspetual
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KƌĞĐƵƌƐŽĂƉƌĞƐĞŶƚĂĂŝŶĚĂŵŽŵĞŶƚŽƐĚĞĂƟǀŝĚĂĚĞƐƉĂƌĂƉƌĂƟĐĂƌŽƐĐŽŶƚĞƷĚŽƐ͘
Audiossíntese >ŝŶŐƵĂŐĞŵĞĞƐƟůŽĞŵO ano da morte de Ricardo Reis
^şŶƚĞƐĞ͕ĞŵĨŽƌŵĂƚŽĄƵĚŝŽ͕ƋƵĞĂďŽƌĚĂĂůŝŶŐƵĂŐĞŵĞĞƐƟůŽĞŵO ano da morte de Ricardo Reis,
de José Saramago.
Audiossíntese Representações do século XX (I)
Apresentação
Síntese, em formato áudio, que aborda as representações do século XX em O ano da morte de Ricardo
de conteúdos
Reis, de José Saramago.
Audiossíntese Representações do século XX (II)
Síntese, em formato áudio, que aborda as representações do século XX em O ano da morte de Ricardo
Reis, de José Saramago.
Audiossíntese ĞĂŵďƵůĂĕĆŽŐĞŽŐƌĄĮĐĂĞǀŝĂŐĞŵůŝƚĞƌĄƌŝĂ
^şŶƚĞƐĞ͕ĞŵĨŽƌŵĂƚŽĄƵĚŝŽ͕ƋƵĞĂďŽƌĚĂĂĚĞĂŵďƵůĂĕĆŽŐĞŽŐƌĄĮĐĂĞĂǀŝĂŐĞŵůŝƚĞƌĄƌŝĂĞŵO ano da
morte de Ricardo Reis, de José Saramago.
Audiossíntese Intertextualidade
Síntese, em formato áudio, que aborda a intertextualidade em O ano da morte de Ricardo Reis,
de José Saramago.
Audiossíntese Representações do amor
Síntese, em formato áudio, que aborda as representações do amor em O ano da morte de Ricardo
Reis, de José Saramago.
Audiossíntese ĂƌĂĐƚĞƌŝnjĂĕĆŽĚĂƐƉĞƌƐŽŶĂŐĞŶƐ͘ZĞůĂĕĆŽĞŶƚƌĞĞůĂƐ͘
Síntese, em formato áudio, que caracteriza as personagens da obra O ano da morte de Ricardo Reis,
de José Saramago.
Vídeos e áudiosĚĞĂƉŽŝŽăƵŶŝĚĂĚĞĚŝĚĄƟĐĂ͘
continuação
NOVO
MENSAGENS
Fichas de trabalho
PORTUGUÊS 12.º ANO
Fichas
de trabalho
• Educação Literária
• Gramática
• Leitura/Gramática
• Escrita
• Oralidade (Compreensão do Oral)
• Oralidade (Expressão Oral)
• Transcrições
• Soluções
Disponível em formato
editável em
III
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Fichas de
trabalho
Ficha 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo .................................... 37
Ficha 2 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos (Alberto Caeiro) ... 39
Ficha 3 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos (Ricardo Reis) ...... 41
Ficha 4 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos
(Álvaro de Campos) ................................................................. 43
Ficha 5 – Fernando Pessoa, Mensagem ................................................. 45
Ficha 6 – Contos: «Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca .. 47
Ficha 7 – Contos: «Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca .. 49
Ficha 8 – Contos: «George», de Maria Judite de Carvalho ..................... 51
Ficha 9 – Contos: «George», de Maria Judite de Carvalho ..................... 53
Ficha 10 – Contos: «Famílias desavindas», de Mário de Carvalho ......... 55
Ficha 11 – Poetas contemporâneos: Miguel Torga ................................. 57
Ficha 12 – Poetas contemporâneos: Eugénio de Andrade ..................... 59
Ficha 13 – Poetas contemporâneos: Ana Luísa Amaral .......................... 61
Ficha 14 – Poetas contemporâneos: Ana Luísa Amaral .......................... 63
Ficha 15 – José Saramago, Memorial do convento ................................. 65
Ficha 16 – José Saramago, Memorial do convento ................................. 67
Ficha 17 – José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis ................... 69
Ficha 18 – José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis ................... 71
GRAMÁTICA
Ficha 1 – Processos fonológicos ............................................................. 73
Ficha 2 – Etimologia (valor semântico do étimo, palavras divergentes
e convergentes) ....................................................................... 75
Ficha 3 – Classes de palavras .................................................................. 77
Ficha 4 – Funções sintáticas I (sujeito, predicado, vocativo) .................. 79
Ficha 5 – Funções sintáticas II (complementos do verbo, predicativo
do sujeito, predicativo do complemento direto,
modificador do grupo verbal) ................................................. 81
Ficha 6 – Funções sintáticas III (modificadores do nome
e complemento do nome) ...................................................... 83
Ficha 7 – Funções sintáticas IV (modificadores do nome,
complemento do nome e complemento do adjetivo) ............ 85
Ficha 8 – Funções sintáticas (global) ...................................................... 87
>/dhZͬ'ZDd/
Ficha 1 – Apreciação crítica .................................................................. 115
Ficha 2 – Artigo de opinião ................................................................... 119
Ficha 3 – Exposição sobre um tema ..................................................... 123
ESCRITA
Ficha 1 – Apreciação crítica .................................................................. 127
Ficha 2 – Exposição sobre um tema ..................................................... 141
Ficha 3 – Texto de opinião .................................................................... 149
ORALIDADE
Compreensão do Oral
Ficha 1 – Debate ................................................................................... 153
Expressão Oral
Ficha 1 – Debate ................................................................................... 155
Ficha 2 – Apreciação crítica .................................................................. 157
Ficha 3 – Exposição sobre um tema ..................................................... 165
Ficha 4 – Texto de opinião .................................................................... 169
Texto A
Lê o poema seguinte e responde às questões.
Fernando Pessoa,
Vinte anos de poesia ortónima III – 1931-1933,
edição de Ivo de Castro, Lisboa, INCM, 2000, p. 108.
1.2 Ao longo do poema, o estado de espírito do sujeito poético enquadra-se no real circundante.
Explicita esta afirmação, referindo o valor expressivo da enumeração e da adjetivação.
2. Explica o sentido do verso «Mas noite, frio, negror sem fim» (verso 10) no contexto do poema.
3. Esclarece o significado da contradição entre «Tudo isto me parece tudo.» (verso 9) e «Ah, nada é isto,
nada é assim!» (verso 12).
Texto B
Lê o poema seguinte e responde às questões.
1-12-1914
1. Explicita a relação entre o estado de espírito do eu lírico e as condições atmosféricas que o rodeiam.
Texto A
Lê o poema seguinte e responde às questões.
O guardador de rebanhos
XXXIX
O mistério das cousas – onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
5 E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa à roda de uma pedra.
Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum.
10 É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
15 Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: –
As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.
Fernando Pessoa, Poemas de Alberto Caeiro,
edição de Ivo de Castro, Lisboa, INCM, 2000, pp. 46-47. August Drexel Turner, Pastor e rebanho, s/d.
1. Esclarece o que o sujeito poético leva a interrogar-se sobre «o mistério das cousas» (verso 1).
4. Identifica a temática abordada neste poema de Caeiro, partindo do conteúdo da última estrofe.
Texto B
Lê o poema seguinte e responde às questões.
O guardador de rebanhos
XXXIV
Acho tão natural que não se pense
Que me ponho a rir às vezes, sozinho,
Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa
Que tem que ver com haver gente que pensa…
5 Que pensará o meu muro da minha sombra?
Pergunto-me às vezes isto até dar por mim
A perguntar-me cousas…
E então desagrado-me, e incomodo-me
Como se desse por mim com um pé dormente…
10 Que pensará isto de aquilo?
Nada pensa nada.
Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem?
Se ela tivesse, seria gente;
E se fosse gente, tinha feitio de gente,
15 Mas que me importa isso a mim? Paul Sérusier, Anoitecer (pormenor), c. 1884.
Se eu pensasse nestas cousas,
Deixava de ver as árvores e as plantas
E deixava de ver a Terra,
Para ver só os meus pensamentos…
20 Entristecia e ficava às escuras.
E assim, sem pensar, tenho a Terra e o Céu.
4. Comenta o sentido do verso 21 «E assim, sem pensar, tenho a Terra e o Céu.», enquanto conclusão
do poema e de acordo com a temática tratada.
Texto A
Lê o poema seguinte e responde às questões.
1
Imarcescível: duradouro, que não murcha ou fenece.
2
Pâmpanos: hastes da videira cobertas de folhas e de frutos.
3
Átropos: uma das três moiras da mitologia grega, que regiam os destinos humanos.
4
Orgíaco: festa em honra de Baco.
5
Bacantes: sacerdotisas de Baco.
1. Indica três aspetos que remetam para o caráter «clássico» da poética de Ricardo Reis.
2. Identifica o recurso expressivo de «Que a abominável onda» (verso 19), explicitando o seu valor.
3. Explicita a filosofia de vida defendida ao longo do poema, ilustrando a tua resposta com elementos
textuais.
Texto B
Lê o poema seguinte e responde às questões.
2. Explica o sentido do verso 1, «Cada um cumpre o destino que lhe cumpre», de acordo com a poética
de Ricardo Reis.
3. Comenta a estrutura e o conteúdo dos seguintes versos: «Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja
o que cumpre.» (versos 3-4).
Texto A
Lê o poema seguinte e responde às questões.
18-8-1934
Texto B
Lê o poema seguinte e responde às questões.
Datilografia
Traço sozinho, no meu cubículo de engenheiro, o plano,
Firmo o projeto, aqui isolado,
Remoto até de quem eu sou.
Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,
5 O tic-tac estalado das máquinas de escrever.
Que náusea da vida!
Que abjeção esta regularidade!
Que sono este ser assim!
Outrora, quando fui outro, eram castelos e cavalarias
10 (Ilustrações, talvez, de qualquer livro de infância),
Outrora, quando fui verdadeiro ao meu sonho,
Eram grandes paisagens do Norte, explícitas de neve,
Eram grandes palmares do Sul, opulentos de verdes.
Outrora.
André Mare, A datilógrafa, 1922.
15 Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro.
O tic-tac estalado das máquinas de escrever.
Temos todos duas vidas:
A verdadeira, que é a que sonhamos na infância,
E que continuamos sonhando, adultos num substrato de névoa;
20 A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros,
Que é a prática, a útil,
Aquela em que acabam por nos meter num caixão.
Na outra não há caixões, nem mortes.
Há só ilustrações de infância:
25 Grandes livros coloridos, para ver mas não ler;
Grandes páginas de cores para recordar mais tarde.
Na outra somos nós,
Na outra vivemos;
Nesta morremos, que é o que viver quer dizer;
30 Neste momento, pela náusea, vivo na outra...
Mas ao lado, acompanhamento banalmente sinistro.
Ergue a voz o tic-tac estalado das máquinas de escrever
1. Relaciona o espaço em que o sujeito poético se encontra com o seu estado de espírito.
Texto A
Lê o poema seguinte e responde às questões.
Ocidente
Com duas mãos – o Ato e o Destino –
Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu
Uma ergue o facho trémulo e divino
E a outra afasta o véu.
5 Fosse a hora que haver ou a que havia
A mão que ao Ocidente o véu rasgou,
Foi alma a Ciência e corpo a Ousadia
Da mão que desvendou.
Fosse Acaso, ou Vontade, ou Temporal
10 A mão que ergueu o facho que luziu,
Foi Deus a alma e o corpo Portugal
Da mão que o conduziu. Carlos Botelho, Lisboa e o Tejo, domingo, 1935.
1. Explicita a forma como a dualidade «o Ato e o Destino» (verso 1) se desenvolve ao longo do poema.
Texto B
Lê o poema seguinte e responde às questões.
O mostrengo
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
5 E disse, «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tetos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo,
«El-Rei D. João Segundo!»
10 «De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso,
«Quem vem poder o que só eu posso,
15 Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse,
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
20 Três vezes ao leme as reprendeu, Desenho de Fragonard e gravura de
Bovinet, edição de Os Lusíadas, Paris, 1837.
E disse no fim de temer três vezes,
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
25 E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
Fernando Pessoa, op.cit., p. 58.
Unidade 2
3. Explicita o sentido da frase: «– Ah! – grita de repente o Batola. – Se o Rata ouvisse estas coisas não
se matava!» (linha 35).
a) b) c)
1. da repetição do advérbio «até» (linhas 27 e 30) 1. banal 1. «sopro de vida» (linha 26)
2. da utilização do pronome indefinido «Todos»
2. ordinário 2. «pobres casas» (linha 27)
(linha 26)
Unidade 2
O Batola e a muher
António Barrasquinho, o Batola, é um tipo
bem achado. Não faz nada, levanta-se quando
calha, e ainda vem dormindo lá dos fundos da
casa. É a mulher quem abre a venda e avia aque-
5 la meia dúzia de fregueses de todas as manhãzi-
nhas. Feito isto, volta à lida da casa. Muito alta,
grave, um rosto ossudo e um sossego de ma-
neiras que se vê logo que é ela quem ali põe e
dispõe.
10 […] Que pessoas tão diferentes! Ele quase
lhe não chega ao ombro, atarracado, as per-
nas arqueadas. De chapeirão caído para a nuca,
lenço vermelho amarrado ao pescoço, vem tro-
peçando nos caixotes até que lá consegue en-
15 costar-se ao umbral da porta. […] Os olhos, se-
micerrados, abrem-se-lhe um pouco mais para
os campos. Mas fecha-os logo, diante daquela Soukias Torosyan, Um grupo de pessoas a ouvir
monotonia desolada. rádio pela primeira vez, 2018.
[…]
Tais momentos de ira são pedaços de revolta passiva contra a mulher. É uma longa luta, esta.
20 A raiva do Batola demora muito, cresce com o tempo, dura anos. Ela, silenciosa e distante,
como se em nada reparasse, vai-lhe trocando as voltas. Desfaz compras, encomendas, negócios.
Tudo vem a fazer-se como ela entende que deve ser feito. E assim tem governado a casa.
Batola vai ruminando a revolta sentado pelos caixotes. Chegam ocasiões em que nem pode
encará-la. De olhos baixos, põe-se a beber de manhã à noite, solitário como um desgraçado.
25 O fim daquelas crises tem dado que falar: já muitas vezes, de há trinta anos para cá, aconteceu
a gente da aldeia ouvir gritos aflitivos para os lados da venda. Era o Batola, bêbado, a espancar
a mulher.
Tirando isto, a vida do Batola é uma sonolência pegada. […]
E o Batola por mais que não queira, tem de olhar todos os dias o mesmo: aí umas quinze
30 casinhas desgarradas e nuas; algumas só mostram o telhado escuro, de sumidas que estão no
fundo dos córregos. Depois disso, para qualquer parte que volte os olhos, estende-se a solidão
dos campos. E o silêncio. Um silêncio que caiu, estiraçado por vales e cabeços, e que dorme
profundamente. Oh, que despropósito de plainos sem fim, todos de roda da aldeia, e desertos!
Carregado de tristeza, o entardecer demora anos. […]
35 E António Barrasquinho, o Batola, não tem ninguém para conversar, não tem nada que fazer.
Está preso e apagado no silêncio que o cerca.
[…]
Os olhos da mulher trespassam-no. Volta o rosto pálido para o vendedor de telefonias, torna a
voltar-se para o marido. Por momentos, parece alheada de tudo quanto a cerca. Vagarosa, no tom
de quem acaba de tomar uma resolução inabalável, apruma-se, muito alta, dominadora, e diz:
2. Descreve a relação existente entre estas duas personagens, tendo em conta a globalidade do
excerto.
3. Explicita a importância que o rádio adquire para aquela comunidade, tendo em conta a frase «Um
sopro de vida paira agora sobre a aldeia.» (linha 47).
Unidade 2
A George
O rosto da jovem que se aproxima é vago e sem
contornos, uma pintura clara, e, quando os tiver, a
esses contornos, ele será o rosto de uma fotografia
que tem corrido mundo numa mala qualquer, que
5 tem morado no fundo de muitas gavetas, o único
fetiche de George. As suas feições ainda são in-
certas, salpicando a mancha pálida, como acontece
com o rosto das pessoas mortas. Mas, tal como
essas pessoas, tem, vai ter, uma voz muito real e
10 viva, uma voz que a cal e as pás de terra, e a pedra
e o tempo, e ainda a distância e a confusão da vida
de George, não prejudicaram. Quando falar não
criará espanto, um simples mal-estar.
[…]
A outra está perto. Se houve um momento de
15 nitidez no seu rosto, ele já passou, George não deu
por isso. Está novamente esfumado. A proximida-
de destrói ultimamente as imagens de George, por
isso a vai vendo pior à medida que ela se aproxi-
ma. […] Gi fá-la [a pergunta] por fazer e sorri o
20 seu lindo sorriso branco de 18 anos. Depois ambas
dão um beijo rápido, breve, no ar, não se tocam,
nem tal seria possível, começam a mover-se ao
mesmo tempo, devagar, como quem anda na água
ou contra o vento. Vão ficando longe, mais longe.
25 E nenhuma delas olha para trás. O esquecimento Amedeo Modigliani, Retrato de Jeanne Hébuterne, 1918.
desceu sobre ambas.
•
Agora está à janela a ver o comboio fugir de dantes, perder para todo o sempre árvores e
casas da sua juventude, perder mesmo a mulher gorda, da passagem de nível, será a mesma ou
uma filha ou neta igual a ela? Árvores, casas e mulher acabam agora mesmo de morrer, deram o
30 último suspiro, adeus. Uma lágrima que não tem nada a ver com isto mas com o que se passou
antes – que terá sido que já não se lembra?, uma simples lágrima no seu olho direito, o outro,
que esquisito, sempre se recusa a chorar. É como se se negasse a compartilhar os seus proble-
mas, não e não.
•
A figura vai-se formando aos poucos como um puzzle gasoso, inquieto, informe. Vê-se um
35 pedacinho bem nítido e colorido mas que logo se esvai para aparecer daí a pouco, nítido ainda,
mas esfumado. […]
À sua frente uma senhora de idade, primeiro esboçada, finalmente completa, olha-a aten-
tamente. De idade não, George detesta eufemismos, mesmo só pensados, uma mulher velha.
Tem as mãos enrugadas sobre uma carteira preta, cara, talvez italiana, italiana, sim, tem a certe-
40 za. A velha sorri de si para consigo, ou então partiu para qualquer lugar e deixou o sorriso como
quem deixa um guarda-chuva esquecido numa sala de espera. O seu sorriso não tem nada a ver
com o de Gi – porque havia de ter? –, são como o dia e a noite.
1. Identifica as três figuras femininas presentes nos excertos e explica de que forma se relacionam.
3. Refere três aspetos linguísticos ou estilísticos típicos da prosa de Maria Judite de Carvalho.
a) b) c)
1. interiores 1. residência 1. alteração da cor do cabelo
2. exteriores 2. nacionalidade 2. inconstância amorosa
3. interiores e exteriores 3. nome 3. mudança de profissão
Unidade 2
A George e a Gi
O rosto da jovem que se aproxima é vago e sem contornos, uma pincelada clara, e, quando
os tiver, a esses contornos, ele será o rosto de uma fotografia que tem corrido mundo numa
mala qualquer, que tem morado no fundo de muitas gavetas, o único fetiche de George. As suas
feições ainda são incertas, salpicando a mancha pálida, como acontece com o rosto das pessoas
5 mortas. Mas, tal como essas pessoas, tem, vai ter, uma voz muito real e viva, uma voz que a cal
e as pás de terra, e a pedra e o tempo, e ainda a distância e a confusão da vida de George, não
prejudicaram. Quando falar não criará espanto, um simples mal-estar.
Agora estão mais perto e ela encontra, ainda sem os ver, dois olhos largos, semicerrados, uma
boca fina, cabelos escuros, lisos, sobre um pescoço alto de Modigliani. […]
10 Já não sabe, não quer saber, quando saiu da vila e partiu à descoberta da cidade grande, onde,
dizia-se lá em casa, as mulheres se perdem. Mais tarde partiu por além-terra, por além-mar. […]
[…] Agora está – estava −, até quando?, em Amsterdão.
Depois de ter deixado a vila, viveu sempre em quartos alugados mais ou menos modestos,
depois em casas mobiladas mais ou menos agradáveis. […]
15 Uma casa mobilada, sempre pensou, é a certeza de uma porta aberta de par em par, de mãos
livres, de rua nova à espera dos seus pés. […]
Queria estar sempre pronta para partir sem que os objetos a envolvessem, a segurassem,
a obrigassem a demorar-se mais um dia que fosse. Disponível, pensava. Senhora de si. Para partir,
para chegar. […]
20 Tão jovem, Gi. A rapariguinha frágil, um vime, que ela tem levado a vida inteira a pintar, pri-
meiro à maneira de Modigliani, depois à sua própria maneira, à de George, pintora já com nome
nos marchands das grandes cidades da Europa. Gi com um pregador de oiro que um dia ficou,
por tuta e meia, num penhorista qualquer de Lisboa. Em tempos tão difíceis. […]
[…] Gi fá-la por fazer e sorri o seu lindo sorriso branco de 18 anos. Depois ambas dão um
25 beijo rápido, breve, no ar, não se tocam, […] começam a mover-se ao mesmo tempo, devagar,
como quem anda na água ou contra o vento. Vão ficando longe, mais longe. E nenhuma delas
olha para trás. O esquecimento desceu sobre ambas.
•
Agora está à janela a ver o comboio fugir de dantes, perder para todo o sempre árvores e casas
da sua juventude, perder mesmo a mulher gorda, da passagem de nível, será a mesma ou uma
30 filha ou uma neta igual a ela? Árvores, casas e mulher acabam agora mesmo de morrer, deram o
último suspiro, adeus. […]
A figura vai-se formando aos poucos como um puzzle gasoso, inquieto, informe. Vê-se um
pedacinho bem nítido e colorido mas que logo se esvai para aparecer daí a pouco, mais nítido
ainda, mais esfumado. George fecha os olhos com a força possível, tem sono, volta a abri-los com
35 dificuldade, olhos de pupilas escuras, semicirculares, boiando num material qualquer, esbranqui-
çado e oleoso.
À sua frente uma senhora de idade, primeiro esboçada, finalmente completa, olha-a atenta-
mente. De idade não, George detesta eufemismos, mesmo só pensados, uma mulher velha. Tem
as mãos enrugadas sobre uma carteira preta, cara, talvez italiana, italiana, sim, tem a certeza.
2. Explica o seu distanciamento físico e emocional da terra que deixou há mais de vinte anos.
Unidade 2
Famílias desavindas
Por uma dessas alongadas ruas do Porto, que sobe
que sobe e não se acaba, há de encontrar-se um cruza-
mento alto, de esquinas de azulejo, janelas de guilhoti-
na, telhados de ardósia em escama. Faltam razões para
5 flanar por esta rua, banal e comprida, a não ser a curiosi-
dade por um insólito dispositivo conhecido de poucos:
os únicos semáforos do mundo movidos a pedal, sobre-
viventes a outros que ainda funcionavam na Guatemala,
no início dos anos setenta.
[…]
10 Durante anos e anos o bom do Ramon pedalou e
comutou. Por alturas da Segunda Grande Guerra foi
substituído pelo seu filho Ximenez, pouco depois da
Revolução de Abril pelo neto Asdrúbal, e, um dia des-
tes, pelo bisneto Paco. A administração continua a pagar
15 um vencimento modesto, equivalente ao de jardineiro.
Mas não é pelo ordenado que aquela família dá ao pe-
dal. É pelo amor à profissão. Altas horas da madrugada,
avô, neto e bisneto foram vistos de ferramenta em riste
a afeiçoar pormenores. Fizeram questão de preservar a Anna Kataian, Bom dia, Paris, s/d.
20 roda de trás e opuseram-se quase com selvajaria a um
jovem engenheiro que considerou a roda dispensável, sugerindo que o carreto bastasse.
[…]
Acontece que, mesmo à esquina, um primeiro andar vem sendo habitado por uma família
de médicos que dali faz consultório. Pouco antes da instalação dos semáforos a pedal, veio
morar o Doutor João Pedro Bekett, pai de filhos e médico singular. Chegou de Coimbra com
25 boa fama mas transbordava de espírito de missão. […] E nesta ânsia de convencer atravessava
muitas vezes a rua. O semáforo complicava. Aproximou-se do Ramon e bradou, severo: «A
mim, ninguém me diz quando devo atravessar uma rua. Sou um cidadão livre e desimpedido.»
Ramon entristeceu. Não gostava que interferissem com o seu trabalho e, daí por diante, passou
a dificultar a passagem ao doutor. Era caso para inimizade. E eis duas famílias desavindas. Feliz-
30 mente, nunca coincidiram descendentes casadoiros. Piora sempre os resultados.
Ao Dr. Pedro sucedeu o filho João, médico muito modesto. Informava sempre que o seu
diagnóstico era provavelmente errado. […] Herdou o ódio ao semáforo e passava grande parte
do tempo à janela, a encandear Ximenez com um espelho colorido.
Já entre o jovem médico Paulo e Asdrúbal quase se chegou a vias de facto. […] Uma tarde,
35 Asdrúbal levantou mesmo a mão e o doutor encurvou-se e enrijou o passo.
[…]
Há dias, vinha do almoço o Dr. Paulo com uma trouxa de ovos na mão, e já trazia entreden-
tes o «arrenego!» com que insultaria o semaforeiro, quando aconteceu o acidente. Ao proceder
a um roubo por esticão, um jovem que vinha de mota teve uns instantes de desequilíbrio, ras-
pou por Paco e deixou-o estendido no asfalto. Era grave. O Dr. Paulo largou ódios velhos, não
40 quis saber de mais nada e dobrou-se para o sinistrado.
[…]
Enganar-se-ia quem dissesse que o semáforo ficou abandonado. Uma figura de bata branca
está todos os dias naquela rua, do nascer ao pôr do sol, a acionar o dispositivo, pedalando,
pedalando, até à exaustão. É o Dr. Paulo cheio de remorsos, que quer penitenciar se, ser útil,
enquanto o Paco não regressa.
2.2 Põe em evidência o que une estas duas famílias e o que as separa, explicando o que as torna
«desavindasͫ.
3. Identifica no texto marcas de temporalidade que nos indicam a passagem do tempo, relacionando-as
com as sucessivas gerações em conflito.
Unidade 3
Texto A
Lê o poema seguinte e responde às questões.
Ressurreição
Porque a forma das coisas lhe fugia,
O poeta deitou-se e teve sono.
Mais nenhuma ilusão lhe apetecia,
Mais nenhum coração era seu dono.
5 Cada fruto maduro apodrecia;
Cada ninho morria de abandono;
Nada lutava e nada resistia,
Porque na cor de tudo havia outono.
Só a razão da vida via mais:
10 Terra, sementes, caules, animais,
Descansavam apenas um momento.
E o vencido poeta despertou
Vivo como a certeza dum rebento
Na seiva do poema que sonhou.
Miguel Torga, Libertação, in Poesia completa, René Magritte, O poeta recompensado, 1956.
Vol. I, Lisboa, Dom Quixote, 2007, p. 179.
1. Apresenta quatro razões que justifiquem o sono do poeta, a partir da leitura das duas quadras.
2. Estabelece uma relação entre o primeiro terceto e o «despertar» do poeta, no segundo terceto.
Texto B
Lê o poema seguinte e responde às questões.
Viagem
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar…
5 (Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
10 O velho paraíso
Que perdemos.)
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
15 A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura…
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
20 O que importa é partir, não é chegar. Henri Le Sidaner, Casas do porto ao luar, 1923.
Unidade 3
Texto A
Lê o poema seguinte e responde às questões.
1. Explica de que forma se estabelece um contraste aparente entre a repetição anafórica presente no
poema e o título.
3. Explicita o sentido dos três últimos versos e o valor do conector que os introduz.
Texto B
Lê o poema seguinte e responde às questões.
Poema à mãe
3. Interpreta as metáforas que expressam essas causas, centrando a tua atenção nas palavras «retrato»,
«moldura», «rosas brancas» e «aves».
Unidade 3
2. Assinala três fatores que indiciavam a efemeridade do relacionamento entre os dois «namorados».
Unidade 3
Manifesto anti-poetisa
Mais fácil é «a poet – it is that –»,
que a gramática nossa o não permite
e precisa dois gumes do estilete
– o que implicará sempre mais limite.
5 Mas, caso a regra for bem aplicada
(invertendo-se os termos da exceção),
porque não ler «poeta», feminino,
e masculino: ... vide conclusão?
Mas se poeta for quem mais repete
10 as quadras já ouvidas, recusando-
-as depois e repetidas, lembrando
utilidade imensa do estilete:
ou seja, a de espetar tais mil palavras
em cima de mil sílabas de mais,
15 sabendo que depois, uma palavra
é o que sobrará; e que das tais
mil e catorze sílabas só uma
lá caberá (no verso, quero dizer),
que de tanto esforçar e se perder,
20 acaba por às vezes ser nenhuma.
E se poeta for nem paciente
António Carneiro, Sinfonia azul, 1920.
nem ausente de tal, que a paciência
em demasia: coisa de serpente,
como é do seu contrário a sua ausência.
25 E se poeta for... inútil mais,
que de ridículo este definir
se perderá por versos mais e tais
que o verso às tantas poderá partir.
3. Esclarece de que modo o sujeito poético usa de uma certa ironia para desenvolver o tema do
formalismo literário associado ao significado da palavra «poeta».
Unidade 4
Baltasar e Blimunda
Dorme Baltasar no lado direito da enxerga, desde a primeira noite aí dorme, porque é desse
lado o seu braço inteiro, e ao voltar-se para Blimunda pode, com ele, cingi-la contra si, cor-
rer-lhe os dedos desde a nuca até à cintura, mais abaixo ainda se os sentidos de um e do outro
despertaram no calor do sono e na representação do sonho, ou já acordadíssimos iam quando
5 se deitaram, que este casal, ilegítimo por sua própria vontade, não sacramentado na igreja,
cuida pouco de regras e respeitos, e se a ele apeteceu, a ela apetecerá, e se ela quis, quererá ele.
Talvez ande por aqui obra de outro mais secreto sacramento, a cruz e o sinal feitos e traçados
com o sangue da virgindade rasgada, quando, à luz amarela do candil, estando ambos deita-
dos de costas, repousando, e, por primeira infração aos usos, nus como suas mães os tinham
10 parido, Blimunda recolheu da enxerga, entre as pernas, o vivíssimo sangue, e nessa espécie
comungaram, se não é heresia dizê-lo ou, maior ainda, tê-lo feito. Meses inteiros se passaram
desde então, o ano é já outro, ouve-se cair a chuva no telhado, há grandes ventos sobre o rio
e a barra, e, apesar de tão próxima a madrugada, parece escura noite. Outro se enganaria, mas
não Baltasar, que sempre acorda à mesma hora, muito antes de nascer o sol, hábito inquieto
15 de soldado, […] até que um leve rumor acorda Blimunda e outro som começa e se prolonga,
infalível, é Blimunda a comer o seu pão, e depois que o comeu abre os olhos, vira-se para Baltasar
e descansa a cabeça sobre o ombro dele, ao mesmo tempo que pousa a mão esquerda no lugar
da mão ausente, braço sobre braço, pulso sobre pulso, é a vida, quanto pode, emendando a
morte. Mas hoje não será assim. […]
20 Quando Blimunda acorda, estende a mão para o saquitel onde costuma guardar o pão, pen-
durado à cabeceira, e acha apenas o lugar. Tateia o chão, a enxerga, mete as mãos por baixo da
travesseira, e então ouve Baltasar dizer, Não procures
mais, não encontrarás, e ela, cobrindo os olhos com os José Santa-Bárbara, in Vontades. Uma Leitura de
Memorial do convento, Lisboa, Caminho, 2001.
punhos cerrados, implora, Dá-me o pão, Baltasar, dá-me
25 o pão, por alma de quem lá tenhas, Primeiro me terás
de dizer que segredos são estes, Não posso, gritou ela,
e bruscamente tentou rolar para fora da enxerga, mas
Sete-Sóis deitou-lhe o braço são, prendeu-a pela cintu-
ra, ela debateu-se brava, depois passou-lhe a perna direi-
30 ta por cima, e assim libertada a mão, quis afastar-lhe os
punhos dos olhos, mas ela tornou a gritar, espavorida,
Não me faças isso, e foi o grito tal que Baltasar a largou,
assustado, quase arrependido da violência, Eu não te
quero fazer mal, só queria saber que mistérios são, Dá-
35 -me o pão, e eu digo-te tudo, Juras, Para que serviriam
juras se não bastassem o sim e o não, Aí tens, come, e
Baltasar tirou o taleigo de dentro do alforge que lhe
servia de travesseira.
José Saramago, Memorial do convento, Porto,
Porto Editora, 2014, pp. 79-81.
3. Seleciona um excerto do texto em que o tom oralizante seja evidenciado pela pontuação, justificando
a tua escolha.
a) b) c)
1. quase vinte anos 1. os seus olhos 1. dons divinatórios
2. quase dezanove anos 2. os seus cabelos 2. poderes especiais
3. dezanove anos 3. as suas palavras 3. capacidades telepáticas
Unidade 4
1. Explicita as críticas à justiça veiculadas pelo narrador, fundamentando a tua resposta com citações
textuais pertinentes.
Unidade 4
Lídia
Não volto aqui, dissera Lídia, e é ela quem nes-
te momento bate à porta. Traz no bolso a chave
da casa, mas não se serve dela, tem os seus me-
lindres, disse que não voltaria, mal parecia ago-
5 ra meter a chave à porta como em casa sua, que
nunca foi, hoje ainda menos, se esta palavra nunca
admite redução, admitamo-la nós, que das pala-
vras não conhecemos o último destino. […] Lídia
tem os olhos vermelhos e inchados, talvez depois
10 de grande luta com o seu nascente amor de mãe
tenha acabado por resolver fazer o desmancho
[…]. Ela diz, Desculpe, senhor doutor, não tenho
podido vir, mas quase sem transição emendou, Edward Hopper, Escritório à noite, 1940.
Não foi por isso, pensei que já não lhe fazia falta,
15 tornou a emendar, Sentia-me cansada desta vida, e tendo dito ficou à espera, pela primeira vez
olhou de frente para Ricardo Reis, achou-o com um ar envelhecido, estará doente, Tens-me
feito falta, disse ele, e calou-se, dissera tudo o que havia para dizer. […] Por que é que não te
sentas, e depois, Conta-me o que se passa, então Lídia começa a chorar baixinho, É por causa
do menino, pergunta ele, e ela acena que não, lança-lhe mesmo, em meio das lágrimas, um
20 olhar repreensivo, finalmente desabafa, É por causa do meu irmão. […] É que, interrompeu-se
para enxugar os olhos e assoar-se, é que os barcos vão revoltar-se, sair para o mar, Quem to
disse, Foi o Daniel em grande segredo, mas eu não consigo guardar este peso para mim, tinha
de desabafar com uma pessoa de confiança, pensei no senhor doutor, em quem mais havia de
pensar, não tenho ninguém, a minha mãe não pode nem sonhar. Ricardo Reis espanta-se por
25 não reconhecer em si nenhum sentimento, talvez isto é que seja o destino, sabermos o que vai
acontecer, sabermos que não há nada que o possa evitar, e ficarmos quietos, olhando, como
puros observadores do espetáculo do mundo, ao tempo que imaginamos que este será também
o nosso último olhar, porque com o mesmo mundo acabaremos, Tens a certeza, perguntou,
mas disse-o somente porque é costume dar a nossa cobardia ao destino essa última oportuni-
30 dade de voltar atrás, de arrepender-se. Ela acenou que sim, chorosa, esperando pelas perguntas
apropriadas, aquelas a que só podem ser dadas respostas diretas, se possível um sim ou um não,
mas trata-se de proeza que está acima das humanas capacidades.
1. Comenta o relacionamento entre Ricardo Reis e Lídia, tendo em conta a globalidade do texto.
3. Seleciona um excerto do texto em que o tom oralizante seja evidenciado pela pontuação, justificando
a tua escolha.
a) b) c)
1. dúbia 1. orgulhoso 1. estatuto sociocultural
2. inequívoca 2. envergonhado 2. idades
3. evidente 3. envaidecido 3. ideais políticos
Unidade 4
1
Ode de Ricardo Reis: «Para ser grande, sê inteiro: nada / Teu exagera ou exclui. / Sê todo em cada coisa. Põe quanto és /
No mínimo que fazes. / Assim em cada lago a lua toda / Brilha, porque alta vive.»
1. Explicita as críticas veiculadas pelo narrador no primeiro parágrafo, fundamentando a tua resposta
com citações textuais pertinentes.
2. Interpreta a manifestação de intertextualidade com a ode de Ricardo Reis (ver nota 1), relacionando-a
com as palavras anteriores de Lídia.
Ficha de Gramática 1
Processos fonológicos
1. Classifica as afirmações que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F). Corrige as falsas.
V F
2. Tendo em conta o(s) fonema(s) representado(s) pela(s) letra(s) sublinhada(s), identifica o processo
fonológico ocorrido na evolução dos étimos que se seguem.
3. Tendo em conta o(s) fonema(s) sublinhado(s), faz corresponder o processo fonológico ocorrido
em cada um dos étimos (ou palavras) da coluna A à sua classificação na coluna B.
A B
a) ã«çÄçͲх atum 1. Prótese
b) ÄÊÝãÙçͲх nosso 2. Epêntese
c) Ãç½ãçͲхmuito 3. Paragoge
d) Äãх antes 4. Aférese
e) ®Ä¦Ä®çͲх engenho 5. Síncope
f) ÖÊã«Ͳх bodega 6. Apócope
g) pata > patinha 7. Metátese
h) ½¦Ùхleger > leer > ler 8. Assimilação
i) ®Ä¥½Ùх inchar 9. Dissimilação
j) ÃÙ®ãçͲх marido 10. Sonorização
k) ÃÃÊÙÙх membrar > lembrar 11. Vocalização
l) ¥®½Ͳх fiel 12. Palatalização
m) Ù¦Ͳх ree > rei 13. Crase
n) ½òͲх chave 14. Sinérese
o) ÄÊãͲх noite 15. Redução vocálica
p) ÝÃÖÙ > sempre
Ficha de Gramática 2
Etimologia (valor semântico do étimo, palavras divergentes
e convergentes)
1. Preenche o quadro que se segue com um exemplo de uma palavra na qual se inclui a forma
apresentada do étimo latino ou grego.
2. Assinala com X a classificação das palavras apresentadas, de acordo com o seu processo evolutivo.
3. Faz corresponder cada étimo, apresentado na coluna A, à sua forma erudita, na coluna B, e à sua
forma popular, na coluna C.
A B C
1. ãçͲ a) arena A. selo
2. ÙÄͲ b) ato B. palavra
3. øÖÙ®ÃÙ c) átrio C. pai
4. Ãç½Ͳ d) cátedra D. mãe
5. Ö½ÄçͲ e) clamar E. madeira
6. ãÙ®çͲ f) cogitar F. mancha
7. ã«ÙͲ g) comparar G. inteiro
8. ʦ®ãÙ h) consílio H. frio
9. ÊÃÖÙÙ i) delicado I. espremer
10. ÊÄÝ®½®çͲ j) direto J. direito
11. Ý®¦®½½çͲ k) exprimir K. delgado
12. ÃãÙ®Ͳ l) frígido L. cuidar
13. ÖãÙͲ m) íntegro M. conselho
14. ½®ãçͲ n) madre N. comprar
15. ÖÙʽͲ o) mácula O. cheio
16. ÃãÙͲ p) matéria P. chamar
17. ®ÙãçͲ q) padre Q. cadeira
18. ®Äã¦ÙçͲ r) parábola R. auto
19. ½ÃÙ s) pleno S. areia
20. ¥Ù®¦®çͲ t) sigilo T. adro
Ficha de Gramática 3
Classes de palavras
2. Transcreve para o quadro as palavras sublinhadas em cada uma das frases, agrupando-as pela classe
a que pertencem.
• Cada aluno trouxe um livro e começou a lê-lo.
• Nenhum convidado queria ir para casa.
• Juro que não contei nada aos meus amigos.
• Todos os jogadores festejaram a vitória.
• Nunca ouvi falar de tal história.
• Ninguém estava consciente da dimensão do problema.
• Algo me diz que vai correr tudo bem.
• Eles dançam consoante a música.
• Estou disponível para conversar contigo a qualquer hora.
• O realizador cujo filme foi premiado fez um discurso profundamente comovente.
• O suspeito estava sob vigilância.
• Mal o vi, devolvi-lhe o livro.
3.1 a) 3.4 a)
b) b)
c) 3.5 a)
d) b)
e) c)
f) d)
3.2 a) 3.6 a)
b) b)
c) c)
3.3 a) 3.7 a)
b) b)
Ficha de Gramática 4
Funções sintáticas I (sujeito, predicado, vocativo)
1. Faz corresponder cada uma das frases da coluna A à classificação do seu tipo de sujeito, que é
apresentada na coluna B.
A B
a) Disse-te sempre a verdade.
2. De entre as orações sublinhadas, assinala com X aquelas que desempenham a função sintática de
sujeito.
A. Eles ajudam sempre quem precisa.
B. É admirável que ele tenha sido sempre tão modesto.
C. Eles decidiram ir à praia.
D. O autor cujo livro comprei deu-me um autógrafo.
E. O manuscrito de que ele te falou encontra-se neste museu.
F. Entusiasma-me sempre planear as férias.
G. Ele esforçou-se tanto que venceu a prova.
4. Reescreve as frases que se seguem com um constituinte que desempenhe a função sintática de vocativo.
a) Podes abrir a porta, por favor?
b) Estou a adorar esta viagem.
c) Muito obrigada por tudo o que tens feito por mim.
d) Pedia o favor de não se levantarem antes de as luzes da sala voltarem a acender.
e) Falem mais baixo!
a)
b)
c)
d)
e)
5. Classifica as frases que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F). Corrige as falsas.
V F
Ficha de Gramática 5
Funções sintáticas II (complementos do verbo, predicativo do sujeito,
predicativo do complemento direto, modificador do grupo verbal)
1. Faz corresponder cada um dos constituintes sublinhados nas frases da coluna A à respetiva função
sintática, que é apresentada na coluna B.
(Um elemento da coluna B pode corresponder a mais do que um dos elementos da coluna A.)
A B
a) Perguntei se querias vir passear connosco.
2. Seleciona, para cada função sintática da coluna A, a frase da coluna B cujo constituinte sublinhado não
desempenha a função indicada.
A B
Ficha de Gramática 6
Funções sintáticas III (modificadores do nome e complemento
do nome)
1. Faz corresponder cada um dos constituintes sublinhados nas frases da coluna A à respetiva função
sintática, que é apresentada na coluna B.
A B
a) A fotografia da turma foi afixada na sala de aula.
2. Sublinha, em cada uma das frases, o constituinte que desempenha a função sintática de modificador
do nome apositivo, de modificador do nome restritivo ou de complemento do nome, assinalando no
quadro, com X, a respetiva classificação.
Modificador Modificador Complemento
Frases do nome do nome do nome
apositivo restritivo
3. Identifica a função sintática desempenhada pelos constituintes sublinhados nas frases seguintes.
a) A imagem dos palácios refletidos na água era belíssima.
b) Os alunos, muito interessados no assunto, seguiam atenta- a)
mente o debate. b)
c) Os primos da Mafalda convidaram-me para passar férias c)
com eles.
d)
d) Ele recomendou-me um livro muito interessante.
e)
e) O porteiro deu-me permissão para entrar no palácio.
f) A aquisição do quadro foi uma grande vitória para o museu. f)
g) Encontrei um pergaminho desconhecido naquele alfarrabista. g)
h) Este restaurante, onde jantámos pela primeira vez há dez h)
anos, traz-me boas memórias.
i)
i) As raízes da árvore estendiam-se por todo o relvado.
j)
j) As crianças costumavam fazer uma roda à volta da árvore
antiga. k)
k) A sua convicção de que a equipa vencerá é inabalável. l)
l) Ela gostava muito do seu cabelo liso. m)
m) A ida para o Algarve foi muito agradável.
Ficha de Gramática 7
Funções sintáticas IV (modificadores do nome, complemento do nome
e complemento do adjetivo)
1. Classifica as afirmações que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F). Corrige as falsas.
V F
3. Seleciona, para cada função sintática da coluna A, a frase da coluna B cujo constituinte sublinhado
não desempenha a função indicada.
A B
1. Fiquei muito entusiasmado com as notícias.
2. A visita às grutas foi um sucesso.
a) Complemento
3. Os irmãos da Margarida são muito simpáticos.
do nome
4. A perspicácia da aluna permitiu-lhe vencer o concurso.
5. Aquele grupo de alunos participou com entusiasmo na visita à exposição.
Ficha de Gramática 8
Funções sintáticas (global)
De como a personagem
foi mestre e o autor seu aprendiz
[…] Muitos anos depois, escrevendo pela primeira vez sobre
este meu avô Jerónimo e esta minha avó Josefa (faltou-me dizer
que ela tinha sido, no dizer de quantos a conheceram quando
rapariga, de uma formosura invulgar), tive consciência de que
5 estava a transformar as pessoas comuns que eles haviam sido em
personagens literárias e que essa era, provavelmente, a maneira
de não os esquecer, desenhando e tornando a desenhar os seus
rostos com o lápis sempre cambiante da recordação, colorindo
e iluminando a monotonia de um quotidiano baço e sem hori-
10 zontes, como quem vai recriando, por cima do instável mapa da
memória, a irrealidade sobrenatural do país em que decidiu pas-
sar a viver. A mesma atitude de espírito que, depois de haver evo- Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha, avós
cado a fascinante e enigmática figura de um certo bisavô ber- maternos de José Saramago, Azinhaga do
Ribatejo, anos 60.
bere, me levaria a descrever, mais ou menos nestes termos, um
15 velho retrato (hoje já com quase oitenta anos) onde os meus Arquivo da Fundação José Saramago.
pais aparecem: «Estão os dois de pé, belos e jovens, de frente Faz parte de um conjunto de postais com-
prados, em julho de 2008, aquando da Ex-
para o fotógrafo, mostrando no rosto uma expressão de solene posição «José Saramago: A consistência dos
gravidade que é talvez temor diante da câmara, no instante em sonhos», que esteve patente no Palácio da
Ajuda.
que a objetiva vai fixar, de um e de outro, a imagem que nunca
20 mais tornarão a ter, porque o dia seguinte será implacavelmente (consultado em http://caisdoolhar.blogspot.
com/, em outubro de 2022).
outro dia... Nada disto tem importância, a não ser para mim. Um
avô berbere, vindo do Norte de África, um outro avô pastor de porcos, uma avó maravilhosamente
bela, uns pais graves e formosos, uma flor num retrato – que outra genealogia pode importar-me?
A que melhor árvore me encontraria?».
25 Escrevi estas palavras há quase trinta anos, sem outra intenção que não fosse reconstituir e registar
instantes da vida das pessoas que me geraram e que mais perto de mim estiveram, pensando que nada
mais precisaria de explicar para que se soubesse de onde venho e de que materiais se fez a pessoa que
comecei por ser e esta em que, pouco a pouco, me vim tornando. Afinal, estava enganado, a biologia
não determina tudo, e, quanto à genética, muito misteriosos deverão ter sido os seus caminhos para
30 terem dado uma volta tão larga... À minha árvore genealógica (perdoe-se-me a presunção de a desig-
nar assim, sendo tão minguada a substância da sua seiva) não faltavam apenas alguns daqueles ramos
que o tempo e os sucessivos encontros da vida vão fazendo romper do tronco central, também lhe fal-
tava quem ajudasse as suas raízes a penetrar até às camadas subterrâneas mais fundas, quem apurasse a
consistência e o sabor dos seus frutos, quem ampliasse e robustecesse a sua copa para fazer dela abrigo
35 de aves migrantes e amparo de ninhos.
José Saramago, in Público (texto com supressões,
consultado em https://www.publico.pt/, em outubro de 2022).
4. O constituinte «a irrealidade sobrenatural do país em que decidiu passar a viver» (linhas 11-12)
desempenha a função sintática de
A. complemento oblíquo. C. complemento indireto.
B. complemento direto. D. modificador (do grupo verbal).
6. A oração «onde os meus pais aparecem» (linhas 15-16) desempenha a função sintática de
A. modificador do nome restritivo. C. complemento direto.
B. complemento do nome. D. modificador (do grupo verbal).
Ficha de Gramática 9
Orações coordenadas
1. Faz corresponder as orações sublinhadas em cada uma das frases da coluna A à sua classificação,
que é apresentada na coluna B.
A B
a) Ora lia ora escrevia.
A B
1. Oração coordenada copulativa + Oração co-
a) Não parei para descansar. Não desisti da prova.
ordenada copulativa
b) Por vezes, íamos à praia. Noutros momentos, 2. Oração coordenada disjuntiva + Oração co-
passeávamos nas montanhas. ordenada disjuntiva
d) Eles estavam muito cansados. Eles decidiram 4. Oração coordenada + Oração coordenada
permanecer na festa. adversativa
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
Ficha de Gramática 10
Subordinação (orações subordinadas adverbiais)
1. Classifica as frases que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F). Corrige as falsas.
V F
3. Seleciona, para cada oração subordinada da coluna A, a frase da coluna B cuja oração sublinhada não
corresponde à classificação indicada.
A B
1. A peça foi tão interessante que nem dei pela passagem do tempo.
2. Mal abri a porta, os cães saudaram-me com alegria.
a) Oração subordinada
3. Assim que chegámos à praia, demos um mergulho.
adverbial temporal
4. Todas as vezes que visito esta aldeia, recordo-me da minha infância.
5. Depois de o vermos, ficámos aliviados.
1. Uma vez que eles já viram este filme, optaremos por outro.
2. Não toques na panela, que está quente.
b) Oração subordinada 3. Já que o tempo melhorou, vamos fazer um piquenique.
adverbial causal 4. Eles decidiram dormir a sesta, uma vez que, na noite anterior,
tinham ficado a trabalhar até tarde.
5. Como eles vêm connosco, levaremos a carrinha.
Ficha de Gramática 11
Subordinação (orações subordinadas adjetivas)
1. Classifica as frases que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F). Corrige as falsas.
V F
a) b) c) d) e)
2. Assinala com X a classificação que corresponde a cada uma das orações sublinhadas nas frases.
d) O Miguel – cujas boas ações são reconhecidas por todos – é muito respeitado nesta vila.
4. Converte as frases simples da coluna A em frases complexas na coluna C, tendo em conta as indicações
que são apresentadas na coluna B. Procede a todas as alterações necessárias.
A B C
Ficha de Gramática 12
Subordinação (orações subordinadas substantivas)
1. Assinala com X a classificação que corresponde a cada uma das orações sublinhadas nas frases.
2. Completa as frases que se seguem com o tipo de oração subordinada substantiva indicado entre
parênteses.
4. Converte as frases simples da coluna A em frases complexas na coluna C, tendo em conta as indicações
que são apresentadas na coluna B. Faz as alterações necessárias.
A B C
Ficha de Gramática 13
Coordenação e subordinação (global)
1. A oração «para anunciar uma nova era de esplendor nacional» (linhas 10-11) classifica-se como
subordinada
A. adverbial concessiva. C. adverbial final.
B. substantiva relativa. D. adjetiva relativa restritiva.
2. A oração «já que fazem parte de uma história mítica cujo poder residia precisamente na sua
irrealidade» (linhas 12-13) classifica-se como subordinada
A. adverbial consecutiva. C. adverbial causal.
B. substantiva completiva. D. adjetiva relativa explicativa.
3. A oração «que circulassem relatos de que o jovem rei tinha sobrevivido» (linhas 16-17) classifica-se
como subordinada
A. adjetiva relativa restritiva. C. adverbial consecutiva.
B. substantiva completiva. D. adjetiva relativa explicativa.
4. A oração «que em 1580 se coroara rei de um Portugal muito enfraquecido» (linhas 19-20) classifica-
-se como subordinada
A. adverbial final. C. adjetiva relativa explicativa.
B. substantiva completiva. D. adverbial concessiva.
5. A oração «cujo regresso aconteceria numa manhã de nevoeiro» (linhas 21-22) classifica-se como
subordinada
A. adjetiva relativa explicativa. C. substantiva completiva.
B. substantiva relativa. D. adverbial consecutiva.
6. A oração «se ainda estivesse vivo» (linha 23) classifica-se como subordinada
8. A oração «que traria de regresso o Adormecido ou Encoberto» (linha 28) classifica-se como
subordinada
A. adjetiva relativa restritiva. C. substantiva relativa.
B. adjetiva relativa explicativa. D. substantiva completiva.
Ficha de Gramática 14
Modalidade epistémica, deôntica e apreciativa (valores modais)
1. Faz corresponder cada uma das frases da coluna A à sua modalidade (e, caso se aplique, ao respetivo
valor modal), que é apresentada na coluna B.
A B
a) Tens de terminar o trabalho logo que possível.
2. Identifica a modalidade (e, caso se aplique, o valor modal) das frases que se seguem.
a) É muito agradável fazer uma caminhada logo de manhã.
b) É preciso limpar esta sala.
c) Talvez nos tenhamos enganado no caminho.
d) Se já não tiveres mais questões, podes sair.
e) Deves estudar um pouco todos os dias.
f) Eles devem ter ficado radiantes com a vitória.
g) Temos de arrumar a estante.
h) Adoro gelado de morango.
i) Tenho a certeza de que vais conseguir superar todos os obstáculos.
3. Seleciona, para cada modalidade e/ou valor modal da coluna A, a frase da coluna B que não cor-
responde ao indicado.
A B
Ficha de Gramática 15
Atos ilocutórios
1. Classifica as frases que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F). Corrige as falsas.
V F
a) Na frase «Admito que cheguei atrasado.» está presente um ato ilocutório
expressivo.
b) Através da frase «Garanto-vos que o nosso projeto vai ser um sucesso.» é reali-
zado um ato ilocutório expressivo.
c) Na frase «Nomeio-o gerente da loja.» (proferida por um locutor com autori-
dade para o fazer) está presente um ato ilocutório diretivo.
d) Através da frase «Bem-vindos à festa!» é realizado um ato ilocutório expressivo.
e) Na frase «Aconselho-te a mudares de camisa.» está presente um ato ilocutório
assertivo.
f) Através da frase «Como te chamas?» é realizado um ato ilocutório diretivo.
g) Na frase «Amanhã virei mais cedo.» está presente um ato ilocutório assertivo.
h) Através da frase «Discordo do que ele disse.» é realizado um ato ilocutório
expressivo.
i) Na frase «Vem cá, por favor.» está presente um ato ilocutório assertivo.
j) Através da frase «Felicito-te pelo teu novo emprego.» é realizado um ato ilocu-
tório expressivo.
k) Na frase «Declaro-vos marido e mulher.» (proferida por um locutor com autori-
dade para o fazer) está presente um ato ilocutório assertivo.
l) Através da frase «Responsabilizar-me-ei pelo cumprimento dos objetivos.» é
realizado um ato ilocutório compromissivo.
m) Na frase «Constatei que a temperatura baixou muito.» está presente um ato
ilocutório expressivo.
n) Na frase «Sugiro que sigam este percurso.» está presente um ato ilocutório
assertivo.
3. Seleciona, para cada ato ilocutório da coluna A, a frase da coluna B cuja tipologia não configura o ato
ilocutório indicado.
A B
1. Confesso que não memorizei as tuas palavras.
2. O romance Memorial do convento foi escrito por José Saramago.
a) Ato ilocutório
3. Esta semana irei ao ginásio.
assertivo
4. Concordo com o que acabei de ouvir.
5. Fernando Pessoa tinha vários heterónimos.
1. A reunião terminou.
(Frase proferida por um locutor com autoridade para o fazer.)
2. Garanto-vos que, como diretor, tudo farei para que a empresa
continue a ter muito sucesso.
e) Ato ilocutório 3. Está contratado!
declarativo (Frase proferida por um locutor com autoridade para o fazer.)
4. Condeno o réu a uma pena de um mês de cadeia.
(Frase proferida por um locutor com autoridade para o fazer.)
5. A sessão está encerrada.
(Frase proferida por um locutor com autoridade para o fazer.)
Ficha de Gramática 16
Anáfora como mecanismo de coesão e de progressão
1. Faz corresponder cada uma das anáforas sublinhadas nas frases da coluna A à sua classificação, que é
apresentada na coluna B.
A B
a) Adorei o livro que me ofereceste.
1. Anáfora por repetição
b) O artigo cujo título sugeri foi publicado hoje. Li-o com
muito orgulho. 2. Anáfora por substituição
(pronome)
c) A hipótese de criarmos um clube de leitura na escola agra-
dou a todos. Congratulámo-la por essa sugestão.
3. Anáfora por substituição
d) Tenho passeado nesse jardim desde a minha infância. (determinante)
Aí brinquei muitas vezes.
4. Anáfora por substituição
e) A Maria pintou a casa e [-] restaurou os móveis. (advérbio)
f) As crianças levaram os seus brinquedos para a praia.
5. Anáfora por substituição
g) O rapaz adorava natação e atletismo, mas a natação era (sinónimo)
o seu desporto favorito.
6. Anáfora por substituição
h) Passámos a noite ao ar livre, a observar as constelações. (hiperónimo/hipónimo)
A Ursa Maior era visível a olho nu.
7. Anáfora por substituição
i) Contemplámos com admiração a árvore, sobretudo as
(holónimo/merónimo)
suas raízes.
j) Eles gostavam de pensar sobre a atualidade. Refletir sobre 8. Anáfora por elipse
esse assunto ajudava-os a desenvolver o seu espírito crítico.
9. Anáfora conceptual
k) A floresta onde fizemos a caminhada é belíssima.
2. Sublinha, em cada uma das frases, o antecedente da anáfora que se encontra sublinhada.
a) Ele prometeu estar de volta daí a um ano. Jurou-o solenemente.
b) A peça de teatro que estreou esta semana é muito interessante. Fui vê-la ontem.
c) Os turistas visitaram a cúpula da catedral, onde permaneceram durante algum tempo.
d) O ator a quem fui apresentado foi muito cordial. Ele é uma ótima pessoa.
e) Os turistas contemplaram toda a área circundante. Aí tinha nascido aquela cidade.
f) Os colegas em quem confio são excelentes pessoas. Nunca duvidei da sua lealdade.
g) É fundamental combater as alterações climáticas. Fazê-lo poderá salvar o planeta.
h) As obras que vamos analisar neste ano letivo são muito interessantes. Li-as durante as férias.
i) Ele gosta muito de experimentar receitas novas que lhe permitam saborear refeições exóticas.
A B
a) A professora propôs aos alunos que realizassem o tra-
balho em equipa. A realização do trabalho em equipa Anáfora conceptual
permitir-lhes-ia trocarem ideias entre si.
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
h)
Ficha de Gramática 17
Processos de coesão (gramatical e lexical) | Cadeias referenciais
pelo seu orgulho de aparente explorador. Não há sonagens pessoanas, toma-as como motivo para,
tesouros sem ele, mas estes também não fazem através delas, reconstruir parte do ambiente
sentido sem aqueles que podem alimentar o seu da sua própria juventude. Na realidade, como
narcisismo. também acontece com a maioria da obra do
10 Fernando Pessoa foi, durante longo tempo, 35 extraordinário poeta luso, um dos protagonis-
essa joia, mais ou menos oculta, protegida no tas do romance de Saramago é a cidade. Esta
nosso país por uns escassos lusófilos. O mesmo cidade e não outra qualquer.
acontecia com a cidade que percorria, Lisboa; Como afirma Saramago numa entrevista con-
com os seus cafés (A Brasileira, Martinho da cedida a Francisco Vale e publicada no Jornal
15 Arcada): lugares como o Terreiro do Paço (Praça 40 de letras, artes e ideias, esse magnífico semaná-
do Comércio) e o Rossio, que integram a Baixa, rio cultural e literário lisboeta, «nada é verdade
mais próxima do Tejo, espaços onde o Marquês e mentira nesta obra». Não é verdade que Reis
de Pombal distribuiu os diferentes ofícios por existiu, mas certamente, se tivesse vivido, teria
ruas: Áurea, Prata, Fanqueiros (comerciantes de sido assim. O livro deixa o leitor sem um verda-
20 telas de lã e algodão), Retroseiros. 45 deiro ponto de apoio, porque o que se pretende
Era de prever que, mais cedo ou mais tarde, criar é uma sensação de desnorte, o mesmo que
algum escritor português ou estrangeiro se dei- guia a personagem. Saramago sente a necessidade
xasse levar pela fascinação literária desprendida de converter o real em imaginário, e vice-versa.
por alguns dos vários heterónimos do autor Pretende fazer desaparecer a fronteira entre um
25 do Livro do desassossego, para, em torno deles, 50 e outro conceito.
César Antonio Molina, «Lisboa e a encarnação de um heterónimo», Blimunda, n.o 66, novembro de 2017
(texto originalmente publicado no jornal El País, no dia 11 de agosto de 1985, adaptado, com supressões).
1. Identifica o tipo de coesão que é garantido através dos processos referidos nas alíneas.
a) Utilização do conector «No entanto» (linhas 3-4)
a)
b) Recurso ao determinante possessivo «sua» (linha 5)
b)
c) Relação entre o vocábulo «cidade» (linha 13) e «Lisboa» (linha 13)
d) Repetição do vocábulo «Saramago» (linhas 36 e 38) c)
e) Utilização da conjunção coordenativa «mas» (linha 43) d)
f) Recurso ao pronome relativo «que» (linha 46) e)
f)
3.2 Transcreve o antecedente da cadeia referencial a que pertencem as anáforas «-as» e «[d]elas».
5. Faz corresponder as frases da coluna A ao tipo de coesão que é garantido através dos elementos
sublinhados, o qual é apresentado na coluna B.
A B
a) Lisboa é uma cidade encantadora; visitámo-la no ano
passado. 1. Coesão lexical por reiteração
b) A água estava fria, mas soube-lhe muito bem mergulhar
no Tejo. 2. Coesão lexical por substituição
e) Nesse momento, Reis deambulou pela cidade; algum 5. Coesão gramatical interfrásica
tempo depois, entrou no hotel.
f) Ricardo Reis mantinha uma relação com Lídia; contudo, 6. Coesão gramatical temporal
Ricardo Reis pretendia casar com Marcenda.
Ficha de Gramática 18
Referência deítica (deíticos)
1. Classifica as frases que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F). Corrige as falsas.
V F
2. Lê com atenção o excerto de O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago, que se segue.
[…] Boas tardes, senhor, Boas tardes, não chega o fôlego para mais, o homem de bigodes
sorri compreensivamente, Um quarto, e o sorriso agora é de quem pede desculpa, não há quar-
tos neste andar, aqui é a receção, a sala de jantar, a sala de estar, lá para dentro cozinha e copa, os
quartos ficam em cima, por isso vamos ter de subir ao segundo andar, este aqui não serve porque
5 é pequeno e sombrio, este também não porque a janela dá para as traseiras, estes estão ocupados,
Gostava era de um quarto de onde pudesse ver o rio, Ah, muito bem, então vai gostar do duzentos
e um, ficou livre esta manhã, mostro-lhe já.
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis, Porto, Porto Editora, 2021, pp. 16-17.
a) c) h)
b) d)
e)
f)
g)
3. Faz corresponder cada um dos deíticos sublinhados nas frases da coluna A à respetiva classificação,
que é apresentada na coluna B.
A B
a) Viste isto?
c) Concordo contigo.
f) Disseste-nos a verdade?
Ficha de Gramática 19
Processos irregulares de formação de palavras
1. Prenche o quadro que se segue com o significado de cada uma das siglas apresentadas.
Sigla Significado
ONG
FCT
PPP
OCDE
Acrónimo Significado
ONU
PALOP
PIB
OVNI
SIDA
FIFA
3. Faz corresponder cada um dos empréstimos da coluna A ao seu significado, que é apresentado
na coluna B.
A B
a) brunch
1. Montagem elaborada, com excertos de um filme ou de uma série, para
efeitos de divulgação.
b) know-how
2. Refeição que substitui o pequeno-almoço e o almoço, na qual são consu-
midos elementos de ambas as refeições.
c) spam
3. Parte física do computador.
d) trailer
4. Livro ou qualquer produto que se vende bem.
4. Faz corresponder cada uma das palavras da coluna A ao processo irregular de formação de palavras
que esteve na sua origem, que é apresentado na coluna B.
A B
a) UNICEF
b) moto
c) RTP
e) râguebi
f) informática
g) NATO 1. Onomatopeia
h) tiquetaque
k) champanhe 3. Empréstimo
l) hambúrguer
m) cibernauta 4. Truncação
o) UNESCO 5. Amálgama
p) metro
q) zapping 6. Sigla
r) piza
t) piu-piu
u) telemóvel
v) miau
w) foto
y) PJ
Ficha de Gramática 20
Modalidades de reprodução do discurso
C. «E pouco a pouco, passeando e suspirando, começou a falar daqueles últimos anos, o inver-
no passado em Paris, a vida em Arroios, a intimidade do italiano na casa, os planos de recon-
ciliação, por fim aquela carta infame, sem pudor, invocando a fatalidade, arremessando-lhe
o nome do outro!... No primeiro momento tivera só ideias de sangue e quisera persegui-los.
Mas conservava um clarão de razão. Seria ridículo, não é verdade? […] Restava-lhe somente
o desprezo. Era uma bonita amante que tivera alguns anos, e fugira com um homem. Adeus!
Ficava-lhe um filho, sem mãe, com um mau nome. Paciência!»
Eça de Queirós, Os Maias, Porto,
Livros do Brasil, 2020, p. 50.
2. Transpõe para o discurso indireto as passagens em discurso direto dos excertos textuais apresentados.
Texto A
«Blimunda levantou a cabeça, olhou o padre, viu o que sempre via, mais iguais as pessoas por
dentro do que por fora, só outras quando doentes, tornou a olhar, disse, Não vejo nada. O pa-
dre sorriu, Talvez que eu já não tenha vontade, procura melhor, Vejo, vejo uma nuvem fechada
sobre a boca do estômago. O padre persignou-se, Graças, meu Deus, agora voarei. Tirou do
alforge um frasco de vidro que tinha presa ao fundo, dentro, uma pastilha de âmbar amarelo,
Este âmbar, também chamado eletro, atrai o éter, andarás sempre com ele por onde andarem
pessoas, em procissões, em autos de fé, aqui nas obras do convento, e quando vires que a nuvem
vai sair de dentro delas, está sempre a suceder, aproximas o frasco aberto, e a vontade entrará
nele, E quando estiver cheio, Tem uma vontade dentro, já está cheio, mas esse é o indecifrável
mistério das vontades, onde couber uma, cabem milhões, o um é igual ao infinito […].»
José Saramago, Memorial do convento, Porto, Porto Editora, 2022, pp. 135-136.
Texto B
«[…] Ricardo Reis largou lentamente a mão [de Marcenda], olhou sem saber para quê os
seus próprios dedos, depois perguntou, Há quanto tempo está assim, Fez quatro anos em de-
zembro […]. A tensão da cara de Marcenda mostrava que se aproximava de um ponto de rutu-
ra, havia já lágrimas mal seguras, então Ricardo Reis perguntou, Tem algum desgosto, além do
estado do seu braço, e ela acenou afirmativamente, começou o gesto mas não o pôde concluir,
sacudiu-a um soluço profundo, como um arranque, um desgarramento, e as lágrimas saltaram-
-lhe irreprimíveis. […] Marcenda já se dominara, só as lágrimas continuaram a correr, mas se-
renamente, e quando falou desaparecera-lhe da voz o tom hostil, se esse tinha sido, Minha mãe
morreu e o meu braço não se mexeu mais, Ainda há pouco me disse que os médicos consideram
que a paralisia do braço decorreu da sua afeção cardíaca, Os médicos dizem isso, Não acredita
neles, acha que não sofre do coração, Sim, sofro, Então como é que pode ter a certeza de que
há relação entre os dois factos, a morte da sua mãe e a imobilidade do seu braço, Certeza, te-
nho, não sei é explicar, […] E não lhe basta, para ser capaz de mexer o braço, saber, contra a
opinião dos médicos, que se ele deixou de mover-se é só porque sua mãe morreu, […].»
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis, Porto, Porto Editora, 2021, pp. 143-145.
Texto A Texto B
Ficha de Gramática 21
Valor aspetual
1. Faz corresponder cada uma das frases da coluna A ao seu valor aspetual, que é apresentado na
coluna B.
A B
a) As portas encerraram há momentos.
b) No verão, fazíamos várias vezes caminhadas até à foz do
rio.
1. Valor perfetivo
c) Nesse momento, estávamos a ver um programa muito
interessante.
d) O filme foi um enorme sucesso. 2. Valor imperfetivo
e) Ele saiu agora mesmo.
2. Faz corresponder cada uma das frases da coluna A ao seu valor aspetual, que é apresentado na
coluna B.
A B
a) É habitual estudar com muita antecedência para os
exames.
b) Devagar se vai ao longe.
3. Seleciona, para cada alínea da coluna A, a frase da coluna B cujo valor aspetual não corresponde ao
indicado.
A B
1. Terminei o trabalho há pouco.
2. Na semana passada, fui ao Porto.
a) Valor perfetivo 3. Eles estavam no jardim.
4. Ontem, encontrei a Maria na praia.
5. Os livros caíram no chão.
1. A baleia é um mamífero
2. Quem não arrisca não petisca.
c) Situação genérica 3. As baleias passaram perto da costa.
4. O Sol é a estrela que se encontra no centro do sistema solar.
5. As estações do ano são a primavera, o verão, o outono e o inverno.
&ŝĐŚĂĚĞ>ĞŝƚƵƌĂͬ'ƌĂŵĄƚŝĐĂϭ
Apreciação crítica
Texto A
Mulheres à beira
de um ataque
A história verídica das Amazonas de Daomé contada
num filme escrito, dirigido e conjugado no feminino. Fotografia de Ilze Kitshoff, A mulher rei, 2022.
ou Amazonas de Daomé, imbatível corpo mili- de asa, com o todo sobrecarregado por uma par-
5 tar feminino que existiu realmente até ao início titura a «traço grosso» de um Terence Blanchard
do século XX? No papel, absolutamente nada que já (ou)vimos melhor. Prince-Bythewood
contra, sentia até com algum apetite ao saber gere o todo com uma eficácia tarefeira que revela
que à frente do elenco (e da produção) estava 35 também uma certa falta de personalidade.
a sempre excelente Viola Davis, e que uma das O que sobra, então, são as atrizes – e aí não
10 suas guerreiras é Lashana Lynch, a agente que temos razão de queixa, mesmo que já tenhamos
«herdou» o nome de código 007 em Sem tem- visto Davis muito melhor (é nas cenas mais inti-
po para morrer. mistas que a atriz mais brilha, mas a história não
Na prática, A mulher rei, que é esse filme, 40 lhes dá que chegue). Sempre que está no ecrã,
ambientado no início do século XIX e inteira- Lynch vai por aí fora e leva o filme atrás como
15 mente conjugado no feminino (a maioria da uma maratonista etíope, Sheila Atim e Thuso
equipa técnica é feminina), é um espetáculo Mbedu seguram as pontas com grande atenção.
eficaz e correto, mas – bizarramente – sem E A mulher rei fica como um caso singular da
alma nem garra, que Gina Prince-Bythewood 45 Hollywood contemporânea: uma história que
(A velha guarda) filma «aos solavancos». tinha tudo para ser um belo filme simultanea-
20 O argumento de Dana Stevens, que nun- mente popular e inteligente (e relevante para os
ca escolhe se quer ser uma melodramática nossos dias), mas que, na sua vontade de querer
women’s picture, uma denúncia da imoralidade ser tudo para todos, acaba por ficar aquém do
da escravatura ou um puro filme de guerra, não 50 seu potencial. Vale a pena espreitar, mas con-
a ajuda em nada: logo quando a história (que vém não pôr a fasquia demasiado alta.
25 é, diga-se, fascinante) está a ganhar embalo,
A mulher rei «trava» para prestar atenção a um Jorge Mourinha, in Público (texto adaptado, consultado
par de tramas secundárias que acabam por não em https://www.publico.pt, em outubro de 2022).
4. A oração «que existiu realmente até ao início do século XX» (linhas 5-6) classifica-se como
subordinada
A. adjetiva relativa restritiva.
B. adjetiva relativa explicativa.
C. substantiva completiva.
D. substantiva relativa.
5. A oração «mesmo que já tenhamos visto Davis muito melhor» (linhas 37-38) classifica-se como
subordinada adverbial
A. consecutiva.
B. concessiva.
C. condicional.
D. final.
Texto B
Herberto Helder.
Entre a alegria e o terror
Apresentação do rosto forneceu matéria para 40 propriamente muito favorável à figura e à ca-
outros livros, de prosa e de poesia, de Herber- tegoria do autor. Nesse tempo, estava muito
to Helder. Como os afluentes, ele foi diluir-se mais em voga a textualidade impessoal.
(mas apenas parcialmente) em correntes prin- Apresentação do rosto é, pois, um livro au-
5 cipais, tais como Os passos em volta e Photomaton tobiográfico. Mas, desiludam-se os pescadores
& Vox. Para a história deste livro, importa sa- 45 de anedotas, a escrita da sua própria vida – a
ber que foi publicado pela editora Ulisseia em auto-bio-grafia – nunca foi nem nunca seria
maio de 1968, que foi imediatamente apreen- para Herberto uma sucessão de acontecimen-
dido pela polícia política, sem outra razão que tos, de pessoas, de datas e de lugares. Não é
10 não fosse a de ostentar nalgumas passagens que ele recorra aos conhecidos processos que
uma linguagem que, não sendo abertamente 50 consistem em ficcionar ou romancear os fac-
obscena, ofendia ainda assim o puritanismo tos de uma vida (dos quais resulta um híbrido
das autoridades. Nas circunstâncias da épo- que tem tanto de ficção como de biográfico).
ca, era um livro apto a suscitar desconfianças. É antes porque ele se situa num plano de in-
15 E certamente não apenas as da PIDE. tensidades em que a mimese1, a representação,
O autor nunca o republicou. Ele reapare- 55 não é a das convenções narrativas do género
ce agora, por decisão da viúva de Herberto autobiográfico. Para termos uma ideia do que
Helder, Olga Lima, que, segundo uma nota de isto significa, basta dizer que em todo o livro
edição, seguiu «o texto da publicação original, surgem apenas dois nomes próprios, de dois
20 corrigindo diversos lapsos e erros tipográfi- escritores, Edgar Allan Poe e Michel Deguy,
cos assinalados pelo autor num exemplar de 60 não há datas nem nomes de lugares. Mas há de
trabalho». Quanto a eventuais dúvidas que se facto um lugar identificável, «uma ilha em for-
levantem acerca da legitimidade de republicar ma de cão sentado» que transitou, tal e qual,
um livro que o autor manteve na gaveta, diga- para Photomaton & Vox.
25 -se que a sua leitura é muito jubilante e pro- Todo este discurso autobiográfico é atraído
veitosa para quem, na condição de estudioso 65 para um centro que ocupa páginas e páginas:
ou de simples leitor, se aproximou da obra de a morte da mãe, quando a criança tem oito
Herberto Helder. Não há nada nele que venha anos. Digamos que essa morte percorre uma
manchar a grandeza do poeta, do escritor. longa parte do livro, até à declaração definiti-
30 O título traz a indicação implícita de que se va: «O fundo era de água – como direi? – água
trata de um texto autobiográfico. E o incipit, 70 de uma alegria trágica. / Depois disseram:
a frase de abertura, segue os protocolos da morreu» (p. 73). Temos aqui uma espécie de
autoapresentação, como num sketch em que o cena originária, para utilizarmos a linguagem
ator vem à boca de cena e se dirige ao públi- da psicanálise. Quem conhece a obra de Her-
35 co: «Sou o Autor, diz o Autor, e aproxima-se berto Helder sabe que esta cena originária tem
das pessoas que estão simplesmente a assistir e 75 um poder fortíssimo e irradia em muitas di-
lhe deixam, a ele, a solidão incólume». Talvez reções. É um dos núcleos autobiográficos em
seja pertinente lembrar que o contexto teóri- torno dos quais o poeta construiu toda a sua
co-ideológico em que este livro surgiu não era obra poética. Outra cena originária, que se
projeta também na sua poesia, é a descober- (ou melhor, do Autor): essa matéria é eminen-
80 ta do sangue menstrual das irmãs da criança. temente autobiográfica, é em grande medida
Acrescente-se, aliás, que neste universo auto- uma expansão desta «apresentação do rosto».
biográfico só há mulheres. E toda a mediação 90 É portanto uma matéria obsessiva, sempre em
1
Mimese: reprodução artística da realidade.
4. A oração «que neste universo autobiográfico só há mulheres» (linhas 81-82) classifica-se como
subordinada
A. adjetiva relativa restritiva.
B. adverbial consecutiva.
C. substantiva completiva.
D. adjetiva relativa explicativa.
&ŝĐŚĂĚĞ>ĞŝƚƵƌĂͬ'ƌĂŵĄƚŝĐĂϮ
Artigo de opinião
Texto A
2. Na perspetiva do autor,
A. as redes sociais deveriam, acima de tudo, ter a função de divulgar informação.
B. o facto de Elon Musk ter comprado o Twitter mostra a sua paixão pela liberdade de expressão.
C. Elon Musk pretende utilizar o Twitter de acordo com os seus próprios interesses.
D. Elon Musk irá utilizar o Twitter para promover um ataque a Marte.
4. A repetição de «Elon Musk» "e" «Musk» (linhas 12, 18, 27 e 43) contribui para a coesão textual
A. lexical.
B. gramatical frásica.
C. gramatical interfrásica.
D. gramatical referencial.
5. A oração «para manobrar nos bastidores dos negócios e da política» (linhas 16-17) classifica-se como
subordinada adverbial
A. concessiva.
B. consecutiva.
C. final.
D. condicional.
6. A oração «onde a infâmia, a calúnia e a abjeção não sejam categorias bafejadas pela ausência
de moderação» (linhas 40-42) classifica-se como subordinada
A. adjetiva relativa restritiva.
B. adjetiva relativa explicativa.
C. substantiva relativa.
D. substantiva completiva.
Texto B
Golfinhos no Tejo:
por um estuário mais saudável
Para perceber porque os golfinhos regres-
saram ao Tejo, é preciso olhar para o estuário
que os acolhe, as condições que nele mudaram
e o que os motiva a visitar o estuário do Tejo.
5 Foi com esta premissa que a ANP WWF1
criou o primeiro relatório sobre o estuário do
Tejo, à luz de um aparente regresso dos gol-
finhos. O relatório «Golfinhos no Tejo, por
um estuário mais saudável» confirma algumas
10 melhorias ambientais, como a qualidade da
água e o aumento da abundância de algumas
espécies de peixe, que podem estar a atrair os
golfinhos ao estuário do Tejo. No entanto, há
ainda muito a fazer pelo estuário mais ameaça-
15 do do país e que estava numa situação deveras
sua presença. Além disso, muitas das ativida-
preocupante há trinta anos.
des humanas são ameaças aos golfinhos (ruí-
Ocupando uma zona de transição entre a
40 do marinho, poluição, entre outras) e a sua
terra e o mar, os estuários são dos ecossistemas
permanência prolongada em ambientes com
mais produtivos do planeta e, desde há milé-
níveis de perturbação elevados pode ter conse-
20 nios, são áreas preferenciais para o estabeleci-
quências a médio e longo prazo.
mento de comunidades humanas. O estuário
do Tejo, o maior a nível nacional, é um porto A excecional riqueza paisagística do estuá-
45 rio do Tejo alia-se aos variados serviços de
de abrigo para milhares de aves migratórias,
razão que levou à sua classificação como Re- ecossistema que fornece, desde a grande ca-
25 serva Natural, e uma zona de maternidade de pacidade de reter carbono e reciclar nutrientes
uma grande diversidade de peixes, inclusive de até ao facto de albergar muitas atividades de
espécies comercialmente importantes para as lazer e até de pesca. Estes serviços ambientais
50 não são só essenciais à natureza, mas também
comunidades piscatórias.
O aumento da abundância de espécies ma- às pessoas que aqui vivem.
30 rinhas, como a tainha, o choco e o sargo, e até Este relatório demonstra claramente que o
de alguns habitats, como é o caso das ervas bom estado ambiental do estuário e a sua bio-
marinhas, podem ser peças importantes para diversidade são um capital natural valiosíssimo
explicar a presença destes golfinhos no estuá- 55 que é necessário preservar e até recuperar.
1
ANP WWF: Associação Natureza Portugal em parceria com a World Wide Fund for Nature.
2
Stakeholder: indivíduos ou organizações que têm interesse num projeto.
2. A ANP WWF
A. criou uma Comissão de Acompanhamento do Estuário do Tejo.
B. necessitou, no processo de elaboração do relatório sobre o estuário do Tejo, do apoio de
stakeholders.
C. elaborou o primeiro relatório sobre o estuário do Tejo, em virtude do regresso dos golfinhos.
D. previu, de forma objetiva, por quanto tempo os golfinhos continuarão a visitar o estuário do
Tejo.
3. Na frase «O estuário do Tejo, o maior a nível nacional, é um porto de abrigo para milhares de aves
migratórias […].» (linhas 21-23), a forma verbal exprime um valor aspetual
A. perfetivo.
B. habitual.
C. genérico.
D. iterativo.
4. A oração «que o bom estado ambiental do estuário e a sua biodiversidade são um capital natural
valiosíssimo que é necessário preservar e até recuperar» (linhas 52-55) classifica-se como subordinada
A. substantiva completiva.
B. substantiva relativa.
C. adjetiva relativa restritiva.
D. adjetiva relativa explicativa.
&ŝĐŚĂĚĞ>ĞŝƚƵƌĂͬ'ƌĂŵĄƚŝĐĂϯ
Exposição sobre um tema
Texto A
Lê o excerto de Pessoa – Uma biografia, de Richard Zenith,
que se segue.
Uma biografia,
de Richard Zenith
Vários dias depois da entrevista, Ofélia Quei- Destino? Os seus comunicadores astrais ti-
roz foi chamada pela Félix, Valadas & Freitas. nham-lhe dito que precisava de uma mulher
O próprio Pessoa estava à espera dela e expli- 35 masculina para o obrigar a submeter-se, mas
cou-lhe tudo o que precisava de fazer. Para a tinham previsto também que a mulher que lhe
5 ajudar a ambientar-se mais depressa, falou-lhe estaria destinada seria bastante nova, ainda ado-
um pouco de cada um dos três sócios da empre- lescente. Feminina e delicada, Ofélia preenchia
sa e avisou-a do buraco na alcatifa das escadas, apenas o segundo requisito. Nada tinha de vi-
onde Ofélia poderia tropeçar se não estivesse 40 ril. Mas também não era o género de mulher
atenta. O cuidado dele impressionou-a. sensualmente sedutora que intimidava Pessoa
10 Sobre o que escreveria ele, interrogou-se facilmente. E, ainda que tivesse conseguido
Ofélia, e porquê tanto? Intrigada com aquele conquistar os afetos de Pessoa, era ele quem
homem tão diferente dos outros, e cujo jeito controlava a relação, que avançou a passo len-
invulgar para as palavras a fazia pensar e repen- 45 to, entre todas as atividades comerciais da Félix,
sar, além de rir, começou a namoriscar com ele Valadas & Freitas Lda.
15 na primeira semana de trabalho. Pessoa não a Ao longo de três meses, trocaram sorrisos
desencorajou, apreciava a atenção, mas também furtivos, olhares fugidios e palavras educadas
se sentia enervado com isso. que ocultavam emoções ternas. Contudo, não
Ofélia resolveu explicar o que sentia num bi- 50 houve qualquer contacto físico entre os dois
lhete, mas não sabia ao certo que palavras uti- até 22 de janeiro de 1920, durante uma falha
20 lizar. Escrevinhou algumas fórmulas possíveis, de energia elétrica, já depois de toda a gente
incluindo «É-me extremamente querida a sua ter voltado para casa. Ofélia também se estava a
presença no escritório Félix, Valadas & Freitas preparar para sair quando Fernando entrou no
porque me sinto atraída a si.». Rasgou o que 55 gabinete onde ela trabalhava, com um candeei-
tinha escrito em pedacinhos e atirou-os para o ro de petróleo, e se declarou servindo-se de pa-
25 lixo. Depois de ela se ter ido embora do escri- lavras tiradas da carta de Hamlet à Ofélia dele.
tório, Pessoa foi buscar os pedacinhos ao cesto Agitada, Ofélia vestiu o casaco e despediu-
dos papéis e levou-os para casa. Juntando-os -se, altura em que ele a agarrou pela cintura e
como peças de um puzzle, leu com estupefação 60 começou a beijar apaixonadamente. Pessoa es-
aquela admissão inequívoca. creveu um poema sobre o episódio e observou,
30 Sabendo que ela o achava atraente, Fernando nas suas notas, que, a 22 de janeiro, os astros
deixou que a afeição que sentia por Ofélia flo- lhe auguraram êxito nas aventuras amorosas.
rescesse sem restrições. Teria sido enviada pelo
Richard Zenith, Pessoa – Uma biografia, Lisboa,
Quetzal Editores, 2021 (texto adaptado).
1. De acordo com o texto, Ofélia sentiu-se atraída por Fernando Pessoa porque este
A. era seu superior hierárquico na empresa onde começara a trabalhar.
B. lhe dedicou alguns poemas nos quais lhe confessava o seu amor.
C. se deu ao trabalho de reconstituir o bilhete que ela tinha rasgado.
D. era um homem diferente dos outros e se mostrou atencioso com ela.
2. Fernando Pessoa
A. rejeitou o afeto de Ofélia, por se sentir intimidado por ela.
B. compreendeu que a sua amanda correspondia integralmente ao retrato elaborado pelos
seus comunicadores astrais.
C. controlava o ritmo a que a sua relação com Ofélia ia avançando.
D. procurou ocultar a Ofélia os seus sentimentos.
5. A oração «que ocultavam emoções ternas» (linha 49) classifica-se como subordinada
A. adjetiva relativa restritiva.
B. adjetiva relativa explicativa.
C. substantiva relativa.
D. substantiva completiva.
Texto B
Dicionário
de Fernando Pessoa
Pessoa tem, desde o início dos anos 10, 40 poemas, formando realmente um só poema»
o projeto de um poema de seis cantos intitu- (PIAI 433), organizado em torno dos números
lado Portugal – prefiguração de Mensagem, do brasão de Portugal, sobretudo o das cinco
o seu único livro publicado em português. Cer- quinas.
5 ca de 1920, Pessoa concebe esse «poema épi- Outra questão é a consequente associação do
co» como «retomando, de certo modo, a vida 45 seu nome ao nacionalismo e ao Estado Novo.
de Hyperion de Keats», ou seja, «representan- A isso, apressa-se a responder na carta a Casais
do as navegações e descobertas dos portugueses Monteiro de 13-1-1935: «Sou, de facto, um
como provenientes da guerra entre os velhos e nacionalista místico, um sebastianista racio-
10 os novos deuses» (OPFP 73). Depois, tem lu- nal. Mas sou, à parte isso, e até em contradição
gar em 1922, na Contemporânea 4, a publica- 50 com isso, muitas outras coisas» (CII 338). Ora,
ção da série Mar português, que virá a constituir a verdade é que em 1935, precisamente, Pessoa
o corpo central no livro. E, em 1923, numa en- tem um outro projeto de livro, Canções da der-
trevista à Revista portuguesa, Pessoa anuncia o rota (PE 341-412), que reúne alguns poemas
15 livro tão desejado: «Literariamente, o passado que estão, de facto, em contradição com Men-
de Portugal está no futuro. O Infante, Albu- 55 sagem. Ver-se-ia de que modo, nesse projeto,
querque e os outros semideuses da nossa glória À memória do presidente-rei Sidónio Pais havia
esperam ainda o seu cantor» (C198). de ganhar um novo sentido quando posto ao
As variações e os acertos de tom vão-se fa- lado da Elegia na sombra, poema que termina
20 zendo até ao momento da publicação, em 1934 com a frase «Fui tudo, nada vale a pena». Este
(o próprio título Mensagem apenas substitui 60 livro seria o lugar das esperanças desesperadas,
Portugal nas provas tipográficas). Para além da o avesso negro do nacionalismo místico.
progressiva extensão e organização dos poemas, Mensagem tem, ainda, a ver com a forte
por exemplo, dois poemas são reescritos: um componente messiânica da sua obra, que co-
25 deles é Ironia, sobre o caso de Colombo, pu- meça a manifestar-se muito cedo, com a pro-
blicado na série da Contemporânea e, em 1933, 65 fecia do «supra Camões», em 1912. Com a
no jornal Revolução, que a reproduz, mas que qual, aliás, até mesmo o seu entusiasmo pelo
no livro se transforma em Os Colombos, com o Futurismo pode ter a ver: o Messias, seja o seu
mesmo tema, mas sem referir a rivalidade com nome Sebastião ou outro qualquer, consiste
30 Castela; o outro é Afonso de Albuquerque, que numa acentuação total do futuro.
em 1934 se publica na revista O mundo portu- 70 Outro texto importante de 1934 é o da res-
guês, num conjunto intitulado Tríptico, e que posta a um inquérito publicado em livro nes-
é refeito, com o mesmo título, para o livro. se ano (saído em O jornal do comércio e das
Neste último caso, a substituição vai no sentido colónias em 28-5-1926), sob o título Portu-
35 de procurar uma dicção clara e fluida do poe- gal vasto Império. Ora Pessoa, aí, ainda que
ma: Pessoa procura fazer um livro para ser lido, 75 afirmando que Portugal é, «por índole, uma
e que possa, num sentido radical, ser popular. nação criadora e imperial», acrescenta que,
O resultado é um livro fortemente estrutu- por meio da impregnação do sonho sebastia-
rado, que se pode definir como «um livro de nista, «a ideia do Império português atinge o
estado religioso» (C 330), o que vai permitir 85 de forma notável a distância a que Pessoa se
80 a chegada do Quinto Império – concluindo, coloca da lógica nacionalista instalada. O im-
para grande escândalo de Augusto da Costa, pério português não estava, para ele, situado
o elaborador do inquérito: «Para o destino no mesmo plano de realidade que as colónias.
que presumo que será o de Portugal, as coló-
nias não são precisas» (C 331). O que marca Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português,
coord. de Fernando Cabral Martins,
s.l., Caminho, 2008.
3. A publicação de Mensagem
A. vem demonstrar que Fernando Pessoa apoiava o Estado Novo.
B. é contrabalançada pela publicação, em 1935, da obra Canções da derrota.
C. considerava que era essencial Portugal manter as suas colónias.
D. contribui para evidenciar a vertente messiânica da obra de Fernando Pessoa.
4. O constituinte «desde o início dos anos 10» (linha 1) desempenha a função sintática de
A. modificador (do grupo verbal).
B. complemento oblíquo.
C. modificador apositivo no nome.
D. complemento do nome.
5. A oração «[…] que reúne alguns poemas que estão, de facto, em contradição com Mensagem»
(linhas 53-55) desempenha a função sintática de
Ficha de Escrita 1
ƉƌĞĐŝĂĕĆŽĐƌşƚŝĐĂവ&ĂƐĞƐĚĞƉƌŽĚƵĕĆŽ
Na elaboração de uma apreciação crítica, deves ter em conta as fases que se seguem.
1. Planificação
Antes de iniciares a escrita do texto, procede à sua planificação, tendo em conta as informações
que deverão ser apresentadas em cada uma das suas partes.
2. dĞdžƚƵĂůŝnjĂĕĆŽ
Utilizando como ponto de partida o plano que elaboraste, procede à escrita do texto, tendo em conta
as seguintes informações.
• O discurso deve ser valorativo – ou seja, um discurso em que apresentes, de forma explícita ou
implícita, juízos de valor sobre a questão em causa.
• O texto pode ser redigido na primeira ou na terceira pessoa.
• A introdução, o desenvolvimento e a conclusão do texto devem ser demarcados de forma clara,
através de parágrafos.
• As ideias devem ser articuladas de forma clara e coesa, através da utilização de conectores
discursivos.
3. Revisão
Ficha de Escrita 1
ƉƌĞĐŝĂĕĆŽĐƌşƚŝĐĂവWƌŽƉŽƐƚĂƐ
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϭവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽŽƌƚſŶŝŵŽ
Proposta A
Observa a pintura que se segue, intitulada Narciso, de Caravaggio.
Após realizares uma breve investigação sobre a narrativa mitológica que está subjacente ao quadro
apresentado, elabora um texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezen-
tas e cinquenta palavras, no qual faças uma apreciação crítica da pintura, relacionando-a com a poesia
de Fernando Pessoa ortónimo.
O texto deve incluir:
• a descrição da pintura apresentada, destacando elementos significativos da sua composição;
• uma reflexão sobre a relação entre a imagem e a obra poética em causa.
Proposta B
Lê a letra da canção «A insatisfação», de Márcia.
A insatisfação
Elabora um texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cin-
quenta palavras, no qual faças uma apreciação crítica da canção apresentada, relacionando-a com a obra
poética de Fernando Pessoa ortónimo.
hŶŝĚĂĚĞϭ͘Ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽƐŚĞƚĞƌſŶŝŵŽƐ
Proposta A
Observa a pintura que se segue, intitulada Prado com papoilas, de Claude Monet.
Elabora um texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cin-
quenta palavras, no qual faças uma apreciação crítica da pintura apresentada, relacionando-a com a
poesia de Alberto Caeiro.
O texto deve incluir:
• a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua composição;
• uma reflexão sobre a relação entre a imagem e a obra poética do heterónimo em causa.
Proposta B
Observa a pintura que se segue, intitulada A persistência da memória, de Salvador Dalí.
Elabora um texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cin-
quenta palavras, no qual faças uma apreciação crítica da pintura apresentada, relacionando-a com a
poesia de Ricardo Reis.
O texto deve incluir:
• a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua composição;
• uma reflexão sobre a relação entre a imagem e a obra poética do heterónimo em causa.
Proposta C
Observa a pintura-colagem que se segue, intitulada Máquina registadora, de Amadeo de Souza-
-Cardoso.
Elabora um texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cin-
quenta palavras, no qual faças uma apreciação crítica da pintura apresentada, relacionando-a com o
poema «Datilografia», de Álvaro de Campos.
O texto deve incluir:
• a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua composição;
• uma reflexão sobre a relação entre a imagem e a obra poética do heterónimo em causa.
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕Mensagem
Proposta A
Observa a estátua de D. Sebastião que se segue, de João Cutileiro, que se encontra na cidade
de Lagos.
Elabora um texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cin-
quenta palavras, no qual faças uma apreciação crítica da escultura apresentada, relacionando-a com a
forma como esta figura é perspetivada em Mensagem, de Fernando Pessoa.
O texto deve incluir:
• a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua composição;
• uma reflexão sobre a relação entre a imagem e a obra em causa.
Proposta B
Lê o seguinte poema de Manuel Alegre, intitulado «Abaixo el-rei D. Sebastião».
Elabora um texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cin-
quenta palavras, no qual faças uma apreciação crítica do poema apresentado, relacionando-o com
Mensagem, de Fernando Pessoa.
hŶŝĚĂĚĞϮവŽŶƚŽƐ
Proposta A
Observa a pintura que se segue, intitulada Manhã de domingo, de Edward Hopper.
Elabora um texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cin-
quenta palavras, no qual faças uma apreciação crítica da pintura apresentada, relacionando-a com a
figura de Batola, no conto «Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca.
O texto deve incluir:
• a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua composição;
• uma reflexão sobre a relação entre a imagem e o protagonista do conto em causa.
Proposta B
Observa a pintura que se segue, intitulada A dança da vida, de Edvard Munch.
Elabora um texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cin-
quenta palavras, no qual faças uma apreciação crítica da pintura apresentada, relacionando-a com o
conto «George», de Maria Judite de Carvalho.
O texto deve incluir:
• a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua composição;
• uma reflexão sobre a relação entre a imagem e a protagonista do conto em causa.
Elabora um texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cin-
quenta palavras, no qual faças uma apreciação crítica da gravura apresentada, relacionando-a com
Memorial do convento, de José Saramago.
O texto deve incluir:
• a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua composição;
• uma reflexão sobre a relação entre a imagem e a obra literária em causa.
Proposta B
Observa a fotografia que se segue, na qual foram retratados os marinheiros que participaram
na revolta de 1936 a serem levados para o porto para serem posteriormente deportados para a
prisão do Tarrafal, em Cabo Verde.
Elabora um texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cin-
quenta palavras, no qual faças uma apreciação crítica da fotografia apresentada, relacionando-a com
O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago.
O texto deve incluir:
• a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua composição;
• uma reflexão sobre a relação entre a imagem e a obra literária em causa.
Ficha de Escrita 2
džƉŽƐŝĕĆŽƐŽďƌĞƵŵƚĞŵĂവ&ĂƐĞƐĚĞƉƌŽĚƵĕĆŽ
Na elaboração de uma exposição sobre um tema, deves ter em conta as fases que se seguem.
1. Planificação
Antes de iniciares a escrita do texto, procede à sua planificação, tendo em conta as informações que
deverão ser apresentadas em cada uma das suas partes.
2. dĞdžƚƵĂůŝnjĂĕĆŽ
Utilizando como ponto de partida o plano que elaboraste, procede à escrita do texto, tendo em conta
as seguintes informações.
• A linguagem deve ser objetiva, não podendo ter marcas de subjetividade.
• O texto deve ser redigido na terceira pessoa.
• A introdução, o desenvolvimento e a conclusão do texto devem ser demarcados de forma clara,
através de parágrafos.
• As ideias devem ser articuladas de forma clara e coesa, através da utilização de conectores dis-
cursivos.
3. Revisão
Ficha de Escrita 2
džƉŽƐŝĕĆŽƐŽďƌĞƵŵƚĞŵĂവWƌŽƉŽƐƚĂƐ
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϭവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽŽƌƚſŶŝŵŽ
Proposta A
Redige um texto expositivo no qual te refiras à forma como o fingimento artístico é abordado na
poesia de Fernando Pessoa ortónimo.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites a forma como o fingimento artístico é abordado na poesia
de Fernando Pessoa ortónimo, fundamentando os aspetos apontados através de referências
concretas a dois poemas;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Proposta B
Redige um texto expositivo no qual abordes a temática da dor de pensar na poesia de Fernando
Pessoa.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual expliques o modo como a temática da dor de pensar é tratada na
poesia de Fernando Pessoa ortónimo, fundamentando os aspetos apontados através de referên-
cias concretas a dois poemas;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Proposta B
Redige um texto expositivo sobre a forma como, na obra de Ricardo Reis, o sujeito poético procura
combater a angústia provocada pela irreversibilidade da passagem do tempo.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites o modo como o eu, na obra poética de Ricardo Reis, ten-
ta combater o sofrimento causado pela inexorabilidade da passagem do tempo, fundamentando
a tua resposta através de referências concretas a dois poemas;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Proposta C
Proposta B
Redige um texto expositivo no qual explicites a relação «Encoberto»/«Quinto Império» que é esta-
belecida em Mensagem, de Fernando Pessoa.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual clarifiques a relação «Encoberto»/«Quinto Império», que é estabe-
lecida em Mensagem, de Fernando Pessoa, fundamentando a tua resposta através de referên-
cias concretas a dois poemas da obra;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Unidade 2 – Contos
Proposta A
Fazendo apelo à tua experiência de leitura do conto «Sempre é uma companhia», de Manuel da
Fonseca, elabora um texto expositivo no qual expliques o impacto que o acesso à rádio teve no quoti-
diano dos habitantes da aldeia.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites o impacto que o acesso à rádio teve no quotidiano
dos habitantes da aldeia, fundamentando a tua resposta através de exemplos significativos
da narrativa;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Proposta B
Miguel Torga, Antologia poética, Lisboa, Miguel Torga, op. cit., Lisboa,
Dom Quixote, 2014, p. 121. Dom Quixote, 2014, p. 428.
1
Dies irae: locução latina que significa «dia de ira». Alusão ao Dia do Juízo Final.
2
Gávea: plataforma situada no cimo do mastro.
3
Choutar: andar a trote.
Tendo em conta que o poema «Dies irae» foi escrito na época do Estado Novo e que o poema
«Lamento» foi criado após a revolução do 25 de Abril, redige um texto expositivo no qual compares
ambos os textos no que diz respeito à forma como é representada a época em que se enquadram.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual estabeleças uma comparação entre os dois poemas apresentados
no que concerne ao modo como representam o período histórico coevo;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Proposta B
Fazendo apelo à tua experiência de leitura de O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago,
elabora um texto expositivo no qual enuncies duas críticas que são feitas, na obra, ao regime político
da época.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual apontes duas críticas que são feitas, na obra, ao regime político da
época, fundamentando a tua resposta através de exemplos significativos da narrativa;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Ficha de Escrita 3
dĞdžƚŽĚĞŽƉŝŶŝĆŽവ&ĂƐĞƐĚĞƉƌŽĚƵĕĆŽ
1. Planificação
Antes de iniciares a escrita do texto, procede à sua planificação, tendo em conta as informações que
deverão ser apresentadas em cada uma das suas partes.
2. dĞdžƚƵĂůŝnjĂĕĆŽ
Utilizando como ponto de partida o plano que elaboraste, procede à escrita do texto, tendo em conta
as seguintes informações.
• Deves recorrer a um discurso valorativo – ou seja, a um discurso em que apresentes, de forma
explícita ou implícita, juízos de valor sobre a questão em causa.
• O texto pode ser redigido na primeira ou na terceira pessoa.
• A introdução, o desenvolvimento e a conclusão do texto devem ser demarcados de forma clara,
através de parágrafos.
• As ideias devem ser articuladas de forma clara e coesa, através da utilização de conectores
discursivos.
3. Revisão
Ficha de Escrita 3
dĞdžƚŽĚĞŽƉŝŶŝĆŽവWƌŽƉŽƐƚĂƐ
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϭവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽŽƌƚſŶŝŵŽ
Proposta A
Na poesia de Fernando Pessoa ortónimo, os inconscientes são caracterizados como figuras suposta-
mente felizes, uma vez que se resignam à sua condição. Na tua opinião, a resignação é um sentimento
benéfico ou prejudicial para o ser humano?
Elabora um texto de opinião, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta
palavras, no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamentando o teu ponto de
vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
Proposta B
Uma das temáticas fundamentais na obra poética de Fernando Pessoa ortónimo é a da nostalgia da
infância. Do teu ponto de vista, a infância é a época mais feliz da nossa vida?
Elabora um texto de opinião, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta
palavras, no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamentando o teu ponto de
vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
Proposta B
Na poesia de Ricardo Reis, uma das principais temáticas abordadas é a da fugacidade do tempo.
Na tua opinião, a consciência da transitoriedade da vida tem vantagens ou desvantagens na vida do
Homem?
Elabora um texto de opinião, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta
palavras, no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamentando o teu ponto de
vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
Proposta C
No poema «Datilografia», de Álvaro de Campos, a vida adulta é descrita como monótona e repetiti-
va. Do teu ponto de vista, a existência de uma rotina na vida do ser humano é benéfica ou prejudicial?
Elabora um texto de opinião, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta
palavras, no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamentando o teu ponto de
vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
Unidade 2 – Contos
Proposta A
No conto «Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca, Batola vivia, numa primeira fase,
numa solidão profunda. Do teu ponto de vista, a solidão continua a ser um problema da sociedade
contemporânea?
Elabora um texto de opinião, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta
palavras, no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamentando o teu ponto de
vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
Proposta B
No conto «George», de Maria Judite de Carvalho, o processo de envelhecimento é perspetivado de
forma profundamente negativa. Do teu ponto de vista, na sociedade atual, o envelhecimento é inves-
tido de contornos negativos?
Elabora um texto de opinião, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta
palavras, no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamentando o teu ponto de
vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
Escuta com atenção o excerto do programa Prós e contras – Os prós e contras do Facebook, que
foi emitido no dia 24 de fevereiro de 2014, e, de entre as opções apresentadas, seleciona a única
correta. Considera o excerto áudio desde os 4 min 20 s até aos 12 min 20 s.
Proposta A
É legítimo o poder político ser considerado responsável pela intensificação das alterações
climáticas?
Debate esta questão com os restantes elementos da turma, tendo em conta os seguintes pontos.
• Seleciona o ponto de vista que pretendes defender.
• Realiza uma breve investigação, que servirá como ponto de partida para a identificação dos
argumentos que irás apresentar para corroborar a tua tese, bem como de exemplos pertinentes
e concretos que os corroborem.
• Durante a realização do debate, escuta com atenção e respeito a apresentação do ponto de vista
dos restantes elementos da turma, não os interrompendo.
• Expõe a tua opinião de forma respeitosa.
• Caso necessites de rebater argumentos, fá-lo de forma construtiva.
Proposta B
A realização de eventos de cariz internacional em países que não respeitam os direitos humanos é
algo aceitável?
Debate esta questão com os restantes elementos da turma, tendo em conta os seguintes pontos.
• Seleciona o ponto de vista que pretendes defender.
• Realiza uma breve investigação, que servirá como ponto de partida para a identificação dos
argumentos que irás apresentar para corroborar a tua tese, bem como de exemplos pertinentes
e concretos que os corroborem.
• Durante a realização do debate, escuta com atenção e respeito a apresentação do ponto de vista
dos restantes elementos da turma, não os interrompendo.
• Expõe a tua opinião de forma respeitosa.
• Caso necessites de rebater argumentos, fá-lo de forma construtiva.
Proposta C
A proibição da circulação de carros nas cidades é benéfica?
Debate esta questão com os restantes elementos da turma, tendo em conta os seguintes pontos.
• Seleciona o ponto de vista que pretendes defender.
• Realiza uma breve investigação, que servirá como ponto de partida para a identificação dos
argumentos que irás apresentar para corroborar a tua tese, bem como de exemplos pertinentes
e concretos que os corroborem.
• Durante a realização do debate, escuta com atenção e respeito a apresentação do ponto de vista
dos restantes elementos da turma, não os interrompendo.
• Expõe a tua opinião de forma respeitosa.
• Caso necessites de rebater argumentos, fá-lo de forma construtiva.
Proposta D
O voluntariado deveria ser uma componente obrigatória na formação dos jovens?
Debate esta questão com os restantes elementos da turma, tendo em conta os seguintes pontos.
• Seleciona o ponto de vista que pretendes defender.
• Realiza uma breve investigação, que servirá como ponto de partida para a identificação dos
argumentos que irás apresentar para corroborar a tua tese, bem como de exemplos pertinentes
e concretos que os corroborem.
• Durante a realização do debate, escuta com atenção e respeito a apresentação do ponto de vista
dos restantes elementos da turma, não os interrompendo.
• Expõe a tua opinião de forma respeitosa.
• Caso necessites de rebater argumentos, fá-lo de forma construtiva.
Proposta E
Os jovens deveriam ter direito a votar a partir dos dezasseis anos?
Debate esta questão com os restantes elementos da turma, tendo em conta os seguintes pontos.
• Seleciona o ponto de vista que pretendes defender.
• Realiza uma breve investigação, que servirá como ponto de partida para a identificação dos
argumentos que irás apresentar para corroborar a tua tese, bem como de exemplos pertinentes
e concretos que os corroborem.
• Durante a realização do debate, escuta com atenção e respeito a apresentação do ponto de vista
dos restantes elementos da turma, não os interrompendo.
• Expõe a tua opinião de forma respeitosa.
• Caso necessites de rebater argumentos, fá-lo de forma construtiva.
Proposta F
Os jovens da época atual são mais cultos do que os de há trinta anos?
Debate esta questão com os restantes elementos da turma, tendo em conta os seguintes pontos.
• Seleciona o ponto de vista que pretendes defender.
• Realiza uma breve investigação, que servirá como ponto de partida para a identificação dos
argumentos que irás apresentar para corroborar a tua tese, bem como de exemplos pertinentes
e concretos que os corroborem.
• Durante a realização do debate, escuta com atenção e respeito a apresentação do ponto de vista
dos restantes elementos da turma, não os interrompendo.
• Expõe a tua opinião de forma respeitosa.
• Caso necessites de rebater argumentos, fá-lo de forma construtiva.
Proposta G
Os dispositivos tecnológicos acabarão por provocar o desaparecimento dos livros?
Debate esta questão com os restantes elementos da turma, tendo em conta os seguintes pontos.
• Seleciona o ponto de vista que pretendes defender.
• Realiza uma breve investigação, que servirá como ponto de partida para a identificação dos
argumentos que irás apresentar para corroborar a tua tese, bem como de exemplos pertinentes
e concretos que os corroborem.
• Durante a realização do debate, escuta com atenção e respeito a apresentação do ponto de vista
dos restantes elementos da turma, não os interrompendo.
• Expõe a tua opinião de forma respeitosa.
• Caso necessites de rebater argumentos, fá-lo de forma construtiva.
Na elaboração de uma apreciação crítica a ser apresentada oralmente, deves ter em conta as
fases que se seguem.
1. Planificação
2. Exposição oral
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϭവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽŽƌƚſŶŝŵŽ
Proposta A
Lê com atenção o seguinte poema de Ruy Belo.
Elabora uma apreciação crítica do poema apresentado, relacionando-o com a poesia de Fernando
Pessoa ortónimo.
Proposta B
Observa a gravura que se segue, intitulada Jogo das escondidas, da autoria de James Jacques
Joseph Tissot.
Elabora uma apreciação crítica da gravura apresentada, relacionando-a com a poesia de Fernando
Pessoa ortónimo.
hŶŝĚĂĚĞϭ͘Ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽƐŚĞƚĞƌſŶŝŵŽƐ
Proposta A
Lê o poema de Sophia de Mello Breyner que se segue.
Quando
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.
Elabora uma apreciação crítica do poema apresentado, relacionando-o com a poesia de Alberto
Caeiro.
Proposta B
Observa a pintura que se segue, intitulada A barca de Caronte, de José Benlliure y Gil.
Elabora uma apreciação crítica da pintura apresentada, relacionando-a com a obra poética de
Ricardo Reis.
Proposta C
Observa a pintura intitulada Arranha-céus e túnel, de Fortunato Depero.
Elabora uma apreciação crítica da pintura apresentada, relacionando-a com a obra poética de
Álvaro de Campos.
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕Mensagem
Proposta A
Lê o poema de Miguel Torga que se segue.
Sagres
Vinha de longe o mar...
Vinha de longe, dos confins do medo...
Mas vinha azul e brando, a murmurar
Aos ouvidos da terra um cósmico segredo.
E a terra ouvia, de perfil agudo,
A confidencial revelação
Que iluminava tudo
Que fora bruma na imaginação.
Era o resto do mundo que faltava
(Porque faltava mundo!).
E o agudo perfil mais se aguçava,
E o mar jurava cada vez mais fundo.
Sagres sagrou então a descoberta
Por descobrir:
As duas margens da certeza incerta
Teriam de se unir!
Miguel Torga, Antologia poética, Alfragide, Dom Quixote, 2014, p. 140.
Elabora uma apreciação crítica do poema apresentado, relacionando-o com Mensagem, de Fernando
Pessoa.
Proposta B
Observa o painel de azulejos intitulado D. Sebas-
tião: o Encoberto, de Lima de Freitas.
Elabora uma apreciação crítica do painel apresen-
tado, relacionando-o com Mensagem, de Fernando
Pessoa.
Unidade 2 – Contos
Proposta A
Observa o quadro que se segue, intitulado Campo de trigo com ceifeiro, de Vincent van Gogh.
Elabora uma apreciação crítica da pintura apresentada, relacionando-a com o conto «Sempre é
uma companhia», de Manuel da Fonseca.
Proposta B
Lê o poema de Rupi Kaur que se segue.
Elabora uma apreciação crítica do poema apresentado, relacionando-o com o conto «George»,
de Maria Judite de Carvalho.
hŶŝĚĂĚĞϰവ:ŽƐĠ^ĂƌĂŵĂŐŽ͕Memorial do convento
e O ano da morte de Ricardo Reis
Proposta A
Observa a pintura que se segue, intitulada Noite da Inquisição, de Francisco de Goya.
Elabora uma apreciação crítica da gravura apresentada, relacionando-a com Memorial do convento,
de José Saramago.
Proposta B
Lê o seguinte poema de Ricardo Reis.
Elabora uma apreciação crítica do poema apresentado, relacionando-o com O ano da morte de
Ricardo Reis, de José Saramago.
Na elaboração de uma exposição sobre um tema, a ser apresentada oralmente, deves ter em
conta as fases que se seguem.
1. Planificação
• Caso tenhas a possibilidade de consultar o guião durante a apresentação, é muito importante que
este não seja constituído por um texto demasiado denso, para que seja fácil localizar alguma infor-
mação de que necessites.
• É fundamental que, na elaboração do plano da exposição oral, tenhas em conta o tempo de que
dispões para a apresentação do trabalho. Antes de realizares a exposição, deverás ensaiá-la com o
auxílio de um cronómetro, de modo a verificares se é possível transmitir a informação pretendida
dentro do período estipulado.
• Se tal for solicitado ou autorizado, deverás procurar utilizar meios tecnológicos para apoiarem
a tua exposição: o recurso a um suporte visual geralmente contribui para captar a atenção do
auditório.
2. Exposição oral
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϭവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽŽƌƚſŶŝŵŽ
Proposta A
A oposição sonho/realidade na obra poética de Fernando Pessoa ortónimo.
Proposta B
Forma como a infância é perspetivada na poesia de Fernando Pessoa ortónimo.
hŶŝĚĂĚĞϭ͘Ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽƐŚĞƚĞƌſŶŝŵŽƐ
Proposta A
Relação sujeito poético/Natureza na obra de Alberto Caeiro.
Proposta B
Influência do estoicismo e do epicurismo na poesia de Ricardo Reis.
Proposta C
A apologia da vida moderna na poesia futurista de Álvaro de Campos.
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕Mensagem
Proposta A
Comparação entre a forma como o heroísmo é perspetivado em Mensagem e na época atual.
Proposta B
Comparação entre o modo como a sociedade portuguesa coeva do sujeito poético é perspetivada
em Mensagem e a forma como esta é vista na atualidade.
Unidade 2 – Contos
Proposta A
Comparação entre o mundo rural dos anos 40 – tal como é descrito no conto «Sempre é uma com-
panhia», de Manuel da Fonseca – e o universo rural da sociedade contemporânea.
Proposta B
Comparação entre o modo como a figura feminina é perspetivada, no conto «George», de Maria
Judite de Carvalho, e o modo como é vista na atualidade.
Proposta B
A tentativa de emancipação de Ricardo Reis em relação a Fernando Pessoa em O ano da morte de
Ricardo Reis.
Na elaboração de um texto de opinião a ser apresentado oralmente, deves ter em conta as fases
que se seguem.
1. Planificação
• Caso tenhas a possibilidade de consultar o guião durante a apresentação, é muito importante que
este não seja constituído por um texto demasiado denso, para que seja fácil localizar alguma infor-
mação de que necessites.
• É fundamental que, na elaboração do plano do texto de opinião, tenhas em conta o tempo de
que dispões para a apresentação do trabalho. Antes de procederes à sua apresentação em aula,
deverás ensaiá-lo com o auxílio de um cronómetro, de modo a verificares se é possível transmitir a
informação pretendida dentro do período estipulado.
• Se tal for solicitado ou autorizado, deverás procurar utilizar meios tecnológicos para apoiarem
a tua apresentação oral: o recurso a um suporte visual geralmente contribui para captar a aten-
ção do auditório.
2. Apresentação oral
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϭവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽŽƌƚſŶŝŵŽ
Proposta A
Na obra de Fernando Pessoa ortónimo, o pensamento é perspetivado como uma fonte de sofrimento.
Na tua opinião, a atividade reflexiva torna o ser humano infeliz?
Elabora um texto de opinião no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamen-
tando o teu ponto de vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
Proposta B
A oposição sonho/realidade é uma temática fundamental na poesia de Fernando Pessoa ortónimo.
Do teu ponto de vista, a capacidade de sonhar tem mais efeitos benéficos ou prejudiciais na vida do ser
humano?
Elabora um texto de opinião no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamen-
tando o teu ponto de vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
hŶŝĚĂĚĞϭ͘Ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽƐŚĞƚĞƌſŶŝŵŽƐ
Proposta A
Na poesia de Alberto Caeiro, o sujeito poético defende que a felicidade se alcança através da comu-
nhão do Homem com a Natureza. Na tua opinião, a fixação de muitas pessoas no mundo rural que se
tem vindo a verificar na sociedade atual é, de facto, uma fonte de felicidade?
Elabora um texto de opinião no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamen-
tando o teu ponto de vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
Proposta B
Na obra de Ricardo Reis, a ataraxia é concebida como uma das formas de o ser humano alcançar a
felicidade. Do teu ponto de vista, esta atitude de imperturbabilidade tem vantagens ou desvantagens
na vida das pessoas?
Elabora um texto de opinião no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamen-
tando o teu ponto de vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
Proposta C
Na poesia futurista de Álvaro de Campos, a máquina é concebida como um dos expoentes máximos
da civilização moderna. Na tua perspetiva, o desenvolvimento tecnológico que se tem verificado recen-
temente tem tido mais consequências benéficas ou prejudiciais?
Elabora um texto de opinião no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamen-
tando o teu ponto de vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕Mensagem
Proposta A
Em Mensagem, a época dos Descobrimentos é recordada como o apogeu da História de Portugal. Na
tua opinião, a nostalgia que o nosso país demonstra em relação a esta fase é benéfica ou prejudicial?
Elabora um texto de opinião no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamen-
tando o teu ponto de vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
Proposta B
Na obra Mensagem, o messianismo tem um papel preponderante. Do teu ponto de vista, a crença na
vinda de um salvador é vantajosa ou desvantajosa para um país?
Elabora um texto de opinião no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamen-
tando o teu ponto de vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
hŶŝĚĂĚĞϮവŽŶƚŽƐ
Proposta A
No conto «Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca, a chegada da rádio à aldeia veio alterar
profundamente o quotidiano dos seus habitantes. Na tua perspetiva, na época atual, os media conti-
nuam a ter um impacto desta dimensão?
Elabora um texto de opinião no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamen-
tando o teu ponto de vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
Proposta B
No conto «George», de Maria Judite de Carvalho, a protagonista recorda o facto de os pais desejarem
que ela casasse e tivesse filhos, pondo de lado a sua vocação artística. Na tua opinião, na atualidade, ain-
da é expectável que as mulheres coloquem a sua família à frente da sua vocação profissional?
Elabora um texto de opinião no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamen-
tando o teu ponto de vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
hŶŝĚĂĚĞϰവ:ŽƐĠ^ĂƌĂŵĂŐŽ͕Memorial do convento
e O ano da morte de Ricardo reis
Proposta A
Em Memorial do convento, a sociedade do século XVIII é descrita como profundamente violenta. Na
tua opinião, a sociedade contemporânea é igualmente marcada pela brutalidade?
Elabora um texto de opinião no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamen-
tando o teu ponto de vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
Proposta B
No romance O ano da morte de Ricardo Reis, o protagonista procura evitar imiscuir-se na vida política
do país. Também na atualidade se verifica em Portugal um certo distanciamento da sociedade civil em
relação ao poder político. Do teu ponto de vista, esta atitude é benéfica ou prejudicial para o nosso país?
Elabora um texto de opinião no qual defendas uma perspetiva pessoal sobre esta questão, fundamen-
tando o teu ponto de vista com dois argumentos e ilustrando cada um deles com um exemplo pertinente.
SOLUÇÕES
FICHAS DE TRABALHO 2.
Com as apóstrofes «ó claro céu» (v. 6), «Ó céu azul» (v. 8),
«Ó claro dia exterior, / Ó céu mais útil que o meu pranto?»
EDUCAÇÃO LITERÁRIA (vv. 23-24), o sujeito poético interpela o céu, pretendendo
obter uma resposta para a sua inquietação. Para isso, realiza
Ficha 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo (p. 37) pedidos que possam, de alguma forma, atenuar a sua an-
gústia existencial – «Quando é que eu serei da tua cor, / Do
Texto A teu plácido e azul encanto» (vv. 21-22); isto é, questiona-se
1.1 sobre a possibilidade de alguma vez deixar de sofrer.
O sujeito poético revela, nestes versos, e ao longo de todo o
3. A.
poema, um estranhamento de si mesmo e do real que se lhe
apresenta, e que lhe é dado a entender. Ao mesmo tempo, há
um sentimento de inadequação do eu a esse real. Os versos Ficha 2 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos
revelam, em particular, uma falta de noção de como agir e, (Alberto Caeiro) (p. 39)
simultaneamente, uma pressão exercida pelo real, o campo
de ação do sujeito poético. A dificuldade de compreensão de Texto A
si mesmo e do real causa este sentimento de impossibilidade 1.
de viver nestas condições. O sujeito poético constata que ele se questiona acerca de
1.2 tudo e que as coisas não o fazem, porque não podem nem
Os sentimentos de cansaço, solidão e tristeza são acicatados faz sentido que o façam – a nossa capacidade de questio-
por uma noite de vigília, de insónia, uma noite fria, escura e namento não lhe atribui sentido por si só – e percebe que
silenciosa que se encontra em plena consonância com o inte- é absurda esta constante ânsia de saber, desnecessária e
rior do sujeito poético. A estética da corporização da solidão inesgotável.
no «momento insone» (v. 5) é a localização dos sentimentos 2.
no tempo e espaço desta noite fria. À escuridão desta noite e A Natureza funciona como elemento regulador na medida
dos próprios pensamentos do eu poético serve a adjetivação em que, através da sua simplicidade e autenticidade, sem
«Neste momento insone e tristeͫΈv͘ϱΉ͕sugerindo a insónia recurso a questionamentos, prova o quão inúteis são essas
e a tristeza do momento. A enumeração «Mas noite, frio, ânsias, ridículas até.
negror sem fim, / Mundo mudo, silêncio mudo» (vv. 10--11)
contribui para o estreitamento de laços entre a situação es- 3.
paciotemporal e a situação emocional do sujeito poético. Esta O sujeito poético tem a capacidade de se distanciar do ra-
enumeração afunila o raciocínio na direção do paradoxo final, ciocínio, de olhar para as coisas sem pensar, isolando esse
generalizante do sentimento de despersonalização e inade- procedimento do processo de pensamento que tem sobre
quação da personalidade ao real em que existe. elas decorrente da observação e recordação de um outro
processo de pensamento, o dos outros. Caeiro ri dos outros,
2.
menos por desdém e mais pelo sentimento de absurdo de
Tendo em conta que o sujeito poético, mais do que triste, está
quem, realmente, não compreende o questionamento.
frustrado e cansado de viver numa realidade à qual não con-
segue adaptar-se, sentindo que não pode viver mais assim, 4.
pois tudo lhe parece absurdo. Tal como esta noite é fria e ne- A temática abordada neste poema de Caeiro é a da recusa
gra, também os pensamentos do sujeito poético o são. do pensamento, a do misticismo naturalista que defende «o
amor pelas coisas em si mesmas». Como referido pelo eu na
3.
última estrofe, «As cousas não têm significação: têm existên-
A contradição que encerra o poema é revelador da desper-
cia.» (v. 16).
sonalização do sujeito poético e da sua dificuldade de ade-
quação ao real. Num raciocínio pessimista, e ao longo de Texto B
todo o poema, o sujeito poético parece tender para defender
uma opinião da vida em concordância com esse pessimismo. 1.
Contudo, depois de uma enumeração negativa, recua no seu O sujeito poético, na primeira estrofe, caracteriza-se como
argumento, como recua também nas suas ações, questionan- alguém que considera a rejeição do processo de pensamen-
do-se a si próprio, da mesma forma que questiona o real que to um seu traço distintivo. Por isto, sente-se distanciado da
se lhe apresenta, constante e dolorosamente. «gente que pensa» (v. 4), de quem ri, «sozinho» (v. 2), cons-
ciente não só do absurdo que é pensar como do seu próprio
Texto B posicionamento isolado.
1. 2.
Estabelece-se uma relação antitética entre o estado de es- O verso 8, «E então desagrado-me e incomodo-me», exprime
pírito do eu lírico e as condições atmosféricas envolventes. o descontentamento do eu lírico consigo mesmo por se ter
Apesar de o dia se apresentar com um clima agradável, como deixado enredar em pensamentos, traindo os seus princípios
se comprova com as expressões «Nenhuma chuva cai...»
e caindo no erro que critica nos outros. Ao aperceber-se da
(v. 1), «ante o sol e o azul do dia» (v. 13) e «a luz e a sua
contradição em que cai, sente um desconforto físico «Como
alegria» (v. 15), o interior do sujeito poético revela-se em
se desse por mim com um pé dormente…» (v. 9).
total desarmonia com esse sossego e essa felicidade, o que
é visível através das expressões como: «inútil agonia» (v. 4), 3.
«Eu quero sorrir-te, e não posso» (v. 7), «Ah, na minha alma A interrogação «Mas que me importa isso a mim?» (v. 15)
sempre chove.» (v. 17). encerra, sem mais discussão, o desenvolvimento do tema
da impossibilidade de as coisas terem capacidade de pensar, cumprir esse destino. E se a ideia de que temos de aceitar e
marcando o distanciamento do sujeito poético em relação a agradar-nos com a existência que nos foi dada perpassa todo
essa problemática. Depois de negar categoricamente essa hi- o poema, ela condensa-se na última parte, em jeito de con-
pótese («Nada pensa nada.» – v. 11), e de manifestar a sua in- selho epicurista, como uma proposta de fruição do momento
diferença perante a remota possibilidade de a «terra» pensar, presente.
o sujeito poético, através desta última interrogação, prescin-
2.
de de mais interrogações, à semelhança da própria Natureza,
Cada um vive consoante o que lhe coube em sorte, há uma
porque não tem a menor necessidade delas.
atitude de aceitação do Destino.
4.
O verso 21, «E assim, sem pensar, tenho a Terra e o Céu.», 3.
surge como conclusão do poema e, em particular, da argu- Há, nestes versos, uma estrutura invertida, para além da aná-
mentação relativa ao que o sujeito poético perderia se «pen- fora de «nem», que converge para uma mesma ideia: uma
sasse» e ao que ganha não pensando. Seguindo esta lógica, noção clara de incompatibilidade entre aquilo que se deseja
pensar significaria deixar de ver a realidade para «ver só» as e aquilo que se alcança.
construções abstratas dos «pensamentos», que se entrepo-
riam, como uma cortina, entre o eu e «as árvores», «as plan- Ficha 4 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos
tas» e a «Terra», deixando-o «às escuras». Pelo contrário, não (Álvaro de Campos) (p. 43)
pensando, nada se entrepõe entre o seu olhar e a realidade
das coisas. Em suma, não pensar é libertar de subjetivida- Texto A
de a visão do real, é restituir ao olhar a capacidade de ver o
1.
mundo na sua plenitude, com tal clareza que lhe desperta um
Ao longo do poema, encontramos as dicotomias passado-ver-
sentimento de posse relativamente à «Terra» e ao «Céu». A
dade/presente-máscara. Ao ver-se «ao espelho» (v. 1), isto é,
temática aqui abordada é, uma vez mais, a do apanágio da
quando faz uma introspeção efetiva, depondo a máscara, o
Natureza, do que nos é dado a ver, e a rejeição do processo de
eu lírico chega à conclusão de que aquilo que foi no passa-
pensamento como algo irrelevante, quando comparado com
do prevalece no seu presente («Era a criança de há quantos
a imensidão da Terra, do Céu, do Cosmos.
anos. / Não tinha mudado nada...», vv. 2-3). Assim, o seu pas-
sado de criança é a sua verdadeira essência, sendo o presente
Ficha 3 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos preenchido pela máscara, assumida como «personalidade»
(Ricardo Reis) (p. 41) (v. 11) atual («Assim sou a máscara. / E volto à personalida-
de», vv. 10-11).
Texto A
2.
1.
«Máscara» pode ter o valor simbólico de fingimento artístico,
Esta opção classicista reflete-se na forma (composição em
quer enquanto teoria de produção literária (intelectualização
ode) e nas temáticas (a ataraxia epicurista; a aceitação e a
das emoções, filtragem racional das vivências, com recurso à
autodisciplina estoicas; o carpe diem). Também a referência
memória) quer enquanto génese dos heterónimos. Na rea-
à mitologia e às tradições clássicas revelam o gosto pela Anti-
lidade, os heterónimos funcionam como «máscaras» literá-
guidade Clássica («Átropos», «Bacantes»).
rias, que acabam por se tornar personalidades «de papel»,
2. bem definidas e distintas do seu criador. Podemos apreciar as
A metáfora da morte tem como objetivo sublinhar o caráter várias «máscaras»: Alberto Caeiro, como o poeta «bucólico»;
avassalador do momento fatal, ao qual ninguém consegue Ricardo Reis, como o poeta «clássico» e Álvaro de Campos,
escapar. como poeta da modernidade.
3. 3. C.
No poema, estão implícitas várias perspetivas filosóficas.
Texto B
– Epicurismo: o presente é o tempo que nos é concedido,
privilegiando-se o prazer de cada momento, a busca da feli- 1.
cidade relativa e a ausência de perturbação (ataraxia) – «Sá- O sujeito poético está no seu «cubículo de engenheiro»
bio é o que se contenta com o espetáculo do mundo» (v. 1); (v. 1), confinado àquele espaço, encontrando-se a trabalhar,
«Para quem tudo é novo / E imarcescível sempre.» (vv. 4-5). numa atitude de isolamento e de distanciamento do mundo,
– Estoicismo: aceitação das leis do Destino e do Tempo – «E como podemos observar nos seguintes versos: «Firmo o pro-
ele espera, contente quase e bebedor tranquilo» (v. 16). jeto»; completamente só, alheio a si próprio, «aqui isolado,
/ Remoto até de quem eu sou.» (vv. 2-3). O sujeito poético
– Horacianismo: inutilidade do esforço e da indagação sobre
transmite-nos, na primeira pessoa, o seu estado de espírito,
o futuro – «Ele sabe que a vida / Passa por ele e tanto /
impregnado de negativismo («Que náusea da vida! / Que ab-
Corta a flor como a ele / De Átropos a tesoura.» (vv. 7-10);
jeção esta regularidade! / Que sono este ser assim!», vv. 6-8).
Carpe diem – «Mas ele sabe fazer que a cor do vinho es-
conda isto, / Que o seu sabor orgíaco / Apague o gosto às 2.
horas,» (vv. 11-13). Este verso enceta a reflexão sobre a nossa dualidade exis-
ƚĞŶĐŝĂůоĂǀŝĚĂͨƋƵĞƐŽŶŚĂŵŽƐŶĂŝŶĨąŶĐŝĂͩ;ǀ͘ϭϴͿʹĂƋƵĞůĂ
Texto B
que se alimenta do imaginário infantil, do mundo do faz de
1. conta, paradoxalmente (ou não) considerada a «verdadeira»,
Esta primeira parte, em que se tecem considerações gerais, porque é aquela que corresponde à nossa genuína identida-
corresponde a um discurso estoico de aceitação do Desti- de e aos nossos conceitos de felicidade e de sonho. Apesar
no. A segunda parte corresponde, logicamente, ao ato de de estar irreparavelmente perdida, é a que nos acompanha
durante toda a vida, «E que continuamos sonhando, adultos os medos do mar sem fundo» (v. 16), o que sugere que é um
num substrato de névoa» (v. 19). A outra vida remete para a ser horrendo e ameaçador.
idade adulta, a vida quotidiana e mecânica, que atraiçoou os
nossos sonhos de meninice e que terminará, fatalmente, na 2.
ŵŽƌƚĞ൞ͨǀŝĚĂĨĂůƐĂ͕ƋƵĞĠĂƋƵĞǀŝǀĞŵŽƐĞŵĐŽŶǀŝǀġŶĐŝĂ Às interpelações do «mostrengo», nas duas primeiras estro-
com outros, / Que é a prática, a útil, / Aquela em que acabam fes, o «homem do leme» começa por responder assustado –
por nos meter num caixão.» (vv. 20-22). («tremendo», «tremeu»), intimidado pelo tom aterrador das
suas palavras e pelo ambiente sinistro que o circunda, reagin-
3. do apenas com uma frase que invoca a autoridade de que foi
Os temas do poema são a reflexão existencial e a nostalgia investido: «El-Rei D. João Segundo!» (v. 9). Porém, à terceira
da infância — a consciência do sujeito de que a sua vida atual vez, parece tomar consciência de que não é apenas ele, «ho-
não passa de uma «náusea» abjeta, insuportável. Esta cons-
mem do leme», que ali está; assume-se como símbolo de um
tatação condu-lo à temática da nostalgia da infância, na qual
«Povo», como um herói coletivo que tem, naquele momento,
havia espaço para o sonho e a vida era ampla, desafogada,
uma missão patriótica a cumprir – a defesa da tripulação e da
plena de ilusão e de cor: «Eram grandes paisagens do Norte,
vontade de uma nação. O «homem do leme» responde, por
explícitas de neve: / Eram grandes palmares do Sul, opulentos
de verdes.» (vv. 12-13). fim, ao «mostrengo», em seis versos, mobilizando energias,
com a convicção e a determinação de um herói. Há, ainda,
uma clara gradação ascendente nas atitudes do «homem do
Ficha 5 – Fernando Pessoa, Mensagem (p. 45) leme» que nos permite adivinhar uma evolução que contraria
Texto A as do «mostrengo», que acaba neutralizado.
1. 3.
O «Ato» (v. 1) e o «Destino» (v. 1) surgem a par, ao longo do O «mostrengo» simboliza os medos dos navegadores que en-
poema, num equilíbrio de forças, simbolizado por duas mãos frentam o desconhecido e os perigos do mar; o «homem do
humanas e pela dualidade do corpo e da alma. O «Ato» cor- leme» é a figura do herói mítico, símbolo de um Povo, passan-
responde à ação do Homem, que ultrapassou os obstáculos do de herói individual a coletivo, com uma missão a cumprir.
do desconhecido, primeiro afastando «o véu» (v. 4), depois
rasgando esse mesmo «véu» (v. 4). Esta ação humana, a aven-
tura da navegação, só foi possível pela conjugação da alma,
Ficha 6 – Contos: «Sempre é uma companhiaͫ,
«a Ciência» (v. 7), e do corpo, «a Ousadia» (v. 7), dos navega- de Manuel da Fonseca (p. 47)
dores. O «Destino», equivalente à intervenção divina, a mão 1.
que «ergue o facho trémulo e divino» (v. 3), estava traçado, O velho Rata era um mendigo viajado, «chegava a ir a Ou-
por ser a vontade de Deus. Verifica-se, assim, uma relação rique, a Castro, à Messejana. Até fora a Beja» (ll. 11-13) e,
completa do corpo («Portugal», v. 11) e da alma («Deus», v. como tal, vinha sempre «cheio de novidades» (l. 13). Padecia
11) que conduziu ao desvendamento do mundo por descobrir. de reumatismo no último período da sua vida, «amarrando-o
2. à porta do casebre» (l. 18), prisioneiro da sua doença. Suicida-
A predestinação de Portugal está presente no cumprimen- ra-se e, entre os aldeãos, a sua memória vai-se apagando aos
to da vontade divina («Foi Deus a alma e o corpo Portugal», poucos, porém não na mente de Batola.
v. 11), sendo o «Ato» feito por desígnio de uma força ocul-
2.
ta que orientou, através da luz do «facho», os navegadores
Batola recorda-se de Rata, numa das muitas vezes em que a
portugueses. As palavras «Desvendámos» (v. 2), «afasta»
(v. 4), «véu» (v. 4), «rasgou» (v. 6), «desvendou» (v. 8) reme- melancolia da aldeia o toma e o fragiliza. Nesse momento, re-
tem, primeiro, para o mistério e, depois, para a revelação corda um amigo que já partiu, e de quem sente saudades por-
permitida pelo «facho que luziu» (v. 10), pela vontade divina. que, sendo viajado, Rata tinha sempre algo para contar. De tal
forma se entretinha Batola com os relatos de Rata que «só de
3. ouvi-lo parecia […] que andava a viajar por todo aquele mun-
Características épicas: a ação coletiva de um povo, de qua- do» (ll. 14-15). Assim, na solidão e no marasmo da aldeia,
lidades excecionais («Ciência», «Ousadia», v. 7), capaz de Rata era uma companhia e uma forma de entretenimento.
realizar feitos extraordinários, gloriosos e singulares «afasta
o véu» (v. 4), «o véu rasgou» (v. 6), «Desvendámos» (v. 2); 3.
revelação da vontade divina e da predestinação de Portugal Tomado pela doença, Rata ficara impedido de retomar as suas
(«Foi Deus a alma e o corpo Portugal», v. 11); o significado caminhadas que, além de lhe agradarem de modo especial,
superior e intemporal da busca: Portugal «que ao Ocidente o eram fonte de recolha de eventos que relatava, depois, espe-
véu rasgou» (v. 6). cialmente a Batola. Preso na venda, Batola sentia que percor-
Texto B ria os caminhos de Rata através das suas histórias. Quando a
voz de Rata se calou, Batola volta a sentir o isolamento que
1. só é mitigado com a chegada da rádio. As notícias, a música,
O «mostrengo» é caracterizado como um ser «imundo e o convívio proporcionado pela telefonia recordam a Batola a
grosso» (v. 13). Indiretamente, as suas ações caracterizam- animação do próprio mendigo. Daí Batola dizer que, se tives-
-no: realiza movimentos circulares intimidatórios e sitiantes se havido rádio, para trazer a Rata as notícias do mundo, por
à volta da nau («À roda da nau voou três vezes, / Voou três onde já não podia caminhar, talvez não se tivesse sentido tão
vezes a chiar», vv. 3-4), e profere palavras ameaçadoras: diz
frustrado e não tivesse cometido suicídio.
morar em locais remotos, «cavernas» (v. 6) que ninguém co-
nhece, de «tetos negros do fim do mundo» (v. 7), e «escorro 4. a) 1; b) 3; c) 1.
Ficha 7 – Contos: «Sempre é uma companhiaͫ, resolução inabalável, apruma-se, muito alta, dominadora,
de Manuel da Fonseca (p. 49) e diz: — António, se isso aqui ficar eu saio hoje mesmo»
(ll. 38-40). Batola decide, ainda assim, ficar com a telefonia,
1. ao revés da vontade da sua mulher. Depois de uma prolonga-
António Barrasquinho, o Batola, é «um tipo bem achado. da ausência da venda, «a mulher olha-o com um ar submis-
Não faz nada, levanta-se quando calha e ainda vem dormin- so», seduzida também pelo poder de entretenimento e ser-
do lá dos fundos da casa» (ll. 1-4). É um homem sonolento, viço comunitário do rádio: «Então, ela desabafa, inclinando o
preguiçoso que vive numa «monotonia desolada»: «a vida rosto ossudo, onde os olhos negros brilham com uma quase
do Batola é uma sonolência pegada» (l. 28). Fisicamente é expressão de ternura: — Olha... Se tu quisesses, a gente fica-
«atarracado, as pernas arqueadas. De chapeirão caído para va com o aparelho. Sempre é uma companhia neste deser-
a nuca, lenço vermelho amarrado ao pescoço» (ll. 11-13). to.» (ll. 59-62). Este deserto a que se refere é a aldeia que
O olhar é descrito várias vezes da mesma forma: «olhos se- habitam, mas também no deserto em que se havia tornado
micerrados» (ll. 15-16). É um homem desajeitado: «vem tro-
aquela relação. O rádio é, assim, não só um estímulo à me-
peçando nos caixotes» (ll. 13-14). Bebe por tédio: «põe-se
lhoria do estilo de vida da comunidade, pelos benefícios que
a beber de manhã à noite, solitário, como um desgraçado»
o aparelho traz, como um estímulo individual para este casal,
(l. 24), sente-se só, completamente isolado: «não tem nin-
que deixa assim de estar isolado do mundo, minimizando os
guém para conversar, não tem nada que fazer. Está preso e
problemas, outrora acicatados pelo tédio.
apagado no silêncio que o cerca» (ll. 35-36).
A mulher de Batola é ativa e trabalhadora, é ela quem põe
o negócio de ambos a funcionar diariamente: «É a mulher Ficha 8 – Contos: «Georgeͫ, de Maria Judite
quem abre a venda e avia aquela meia dúzia de fregue- de Carvalho (p. 51)
ses todas as manhãzinhas. Feito isto, volta à lida da casa»
(ll. 4-6). É descrita, fisicamente, como «Muito alta, grave», 1.
com «um rosto ossudo». É «silenciosa e distante», dona de Nestes excertos identificamos três figuras femininas: Geor-
um «sossego de maneiras que se vê logo que é ela que ali ge e outras duas mulheres. Numa primeira parte, George
põe e dispõe» (ll. 7-9). encontra-se com Gi, uma jovem («jovem que se aproxima»,
l. 1), com um «lindo sorriso branco de 18 anos», (l. 20). No
2. último excerto, já no comboio e de partida, George encontra
A expressão «Que pessoas tão diferentes!» (l. 10), não diz Georgina, uma «senhora de idade», (l. 37). Percebemos, pelo
tudo, mas muito desta relação. A mulher, apesar de não ter modo misterioso e oculto como elas aparecem, comum nas
nome atribuído é, na parte inicial do conto, o elemento ativo evocações do passado ou nas projeções do futuro, que são
do casal, é ela quem tem «governado a casa» e a venda, e figurações da própria personagem principal.
«Tudo vem a fazer-se como ela entende que deve ser fei-
to.» (l. 22). Talvez por esta sensação de impotência, Batola 2.
revolta-se contra ela: «Tais momentos de ira são pedaços de Os encontros de George com estas duas figuras femininas
revolta passiva contra a mulher. É uma longa luta esta. A rai- parecem ter uma dimensão simbólica de alcance alargado,
va do Batola demora muito, cresce com o tempo, dura anos» apontando para as três idades da vida. Se notarmos, apesar
(ll. 19-20). O «Batola vai ruminando a revolta» (l. 23) e «O da estranheza e da falta de nitidez de contornos das perso-
fim daquelas crises tem dado que falar» (l. 25), já que tem nagens Gi e Georgina, estas acabam por parecer familiares
sido ouvido «a espancar a mulher» (ll. 26-27). Tolhidos pela a George, de algum modo. Efetivamente, o encontro com
solidão do lugar onde vivem e pela solidão a que a própria Gi corresponderá ao reviver de uma juventude para sempre
velhice os vai votando também, o casal apresenta sinais de perdida; George, tendo já 45 anos, está na sua meia idade;
desgaste da relação. e no diálogo que trava com Georgina, imagina-se com 70
anos, na velhice, ideia que a deixa incomodada, preferindo
3. voltar ao presente e ao seu estilo de vida.
O espaço físico onde se desenrola a ação, uma aldeia do
Alentejo, em muito contribui para o ambiente triste e de 3.
pouca convivialidade entre os elementos daquela comuni- Por exemplo: uso da ironia «triste» («A velha sorri de si para
dade. Contudo, esses parcos hábitos sociais mudam com a consigo, ou então partiu para qualquer lugar e deixou o sorri-
chegada da rádio. Com um simples toque de botão, a peque- so como quem deixa um guarda-chuva esquecido numa sala
na aldeia ligava-se ao mundo todo, às notícias de longe, que de espera.» (ll. 40-41); interrogações retóricas («[…] – que
geravam depois conversa e convívio em comunidade: «nessa terá sido que já não se lembra?», l. 31); reiterações («[…]
tarde vieram todos à venda, onde entraram com um olhar perder para todo o sempre árvores e casas da sua juventu-
admirado. Uma voz forte, rápida, dava notícias da guerra» e de, perder mesmo a mulher gorda, da passagem de nível»,
«Só de lá saíram depois de a voz se calar. Cearam à pressa, e ll. 27-28).
voltaram. Era já alta a noite quando recolheram a casa, discu- 4. a) 3; b) 1; c) 2.
tindo ainda, pelas portas, numa grande animação». A sensa-
ção de esperança renovada que toda a aldeia sente com um
simples rádio está sumarizada na expressão: «Um sopro de Ficha 9 – Contos: «A George e a Giͫ, de Maria Judite
vida paira agora sobre a aldeia». de Carvalho (p. 53)
4. 1.
Também na relação entre Batola e a sua mulher se notam George é pintora («pintora já com nome nos marchands
efetivas melhorias com a novidade que traz este avanço das grandes cidades da Europa», ll. 21-22). Expressões como
tecnológico. Na iminência de adquirir o aparelho, a reação «Agora está – estava –, até quando?» (l. 12) expressam o
da mulher é negativa: «Os olhos da mulher trespassam-no» caráter imprevisível e mutável de George. O seu nome, que
(l. 37), e «Vagarosa, no tom de quem acaba de tomar uma poderá causar estranheza e ambiguidade por se tratar de um
nome associado ao género masculino, embora a persona- local de trabalho dos pais. O que os separa é, de facto, o pro-
gem George seja, de facto, uma mulher, indicia tratar-se de longar do primeiro desentendimento numa série de outros
uma mulher forte e independente, querendo ser «senhora desentendimentos perpetuados por gerações, que alimen-
de si» (l. 18). O facto de viver «sempre em quartos aluga- tam um ódio comum. Foi por causa da «ânsia de convencer»
dos» (l. 13), isto porque queria estar sempre «disponível» (l. 25) do Dr. Pedro, que «atravessava muitas vezes a ruaͫ
para partir ou ficar, sem julgamentos de terceiros nem nada (ll. 25-26), que houve o primeiro desentendimento, pois
que a prendesse, aponta para um espírito aventureiro, para este, por considerar que o «semáforo complicava» (l. 26) a
a necessidade de se sentir livre, mas também para algum de- sua tarefa, foi rude com Ramon que, por não gostar «que
sapego pelos bens materiais que poderá estar associado a interferissem com o seu trabalho» (l. 28), «passou a dificul-
alguma inconstância. tar a passagem ao doutor» (ll. 28-29). «E eis duas famílias
desavindas» (l. 29).
2.
George há anos que «saiu da vila e partiu à descoberta da 3.
cidade grande» (l. 10). Este seu distanciamento físico, o tal A história da família dos semaforeiros remonta à história do
que a levava a não ter casa própria, é, sobretudo, expres- semáforo, recuando-se no tempo, com recurso à analepse,
são de um desapego ou vontade de desapego emocional do com o auxílio de expressões como «Por alturas da Segunda
passado. Grande Guerra» (l. 11) e «pouco depois da Revolução de
Abril» (ll. 12-13). As diversas personagens, seguindo uma ló-
3.1
gica cronológica, esclarecem e contribuem para o efeito de
Gi simboliza, por um lado, a resistência de George a reen-
passagem do tempo através da apresentação das diversas
contrar o seu passado e, por outro, a impossibilidade de o
gerações, trazendo o leitor para a ação do momento presen-
ressuscitar («como quem anda na água ou contra o vento»,
te, através de expressões como: «um dia destes» (ll. 13-14)
l. 26), a sua morte definitiva, marcada pela deslocação do
e «Há dias» (l. 36).
comboio em que George se afasta («Árvores, casas e mulher
acabam agora mesmo de morrer, deram o último suspiro,
adeus», ll. 30-31). Georgina surge com uma mensagem de Ficha 11 – Poetas contemporâneos: Miguel Torga (p. 57)
aviso para o futuro, a de que terá apenas a solidão por úni-
ca companhia certa na velhice. Esta coincidência de nomes, Texto A
de letras, de diminutivo e nome mais frequentemente asso- 1.
ciado a alguém mais velho, remete para três idades ou três O poeta «deitou-se e teve sono» porque nada motivava ou
épocas distintas da vida, efetivas e metafóricas, simbolizan- inspirava a sua arte poética: não tinha sentimentos amoro-
do o balanço de toda uma vida, a de George: o passado que sos («nenhum coração era seu dono», v. 4), estava incapaz
enterrou, o presente que passa depressa e a aproximação do de viver ilusões («Mais nenhuma ilusão lhe apetecia», v. 3);
futuro, da velhice, da solidão e da morte. tudo nele e à sua volta era decadência e abandono («Cada
fruto maduro apodrecia; / Cada ninho morria de abandono»,
vv. 5-6). Tudo aponta para o desaparecimento e para a morte
Ficha 10 – Contos: «Famílias desavindasͫ (p. 55)
do poeta.
1.
2.
A descrição da rua como sendo igual a tantas outras da cida-
No primeiro terceto, fica claro que o adormecimento do
de («uma dessas alongadas ruas do Porto», l. 1), sem quais-
poeta, referido anteriormente, se integra na «razão da vida»
quer pontos de interesse por ser banal (l. 3), contrasta com a
(v. 9) porque só esta é capaz de perspetivar a organização
descrição do dispositivo que é apresentado como «insólito»
cíclica, o ritmo das estações do ano. Assim, se no inverno
(l. 6), invulgar, pois eram «os únicos semáforos do mundo
a Natureza descansa, na primavera a Natureza acorda e os
movidos a pedal» (l. 7).
seus rebentos brotam. O mesmo acontece ao poeta que,
2.1 após ter como que adormecido, hibernado, desperta do seu
Os semaforeiros – Ramon, Ximenez, Asdrúbal e Paco – eram sono capaz de deitar os seus rebentos: o poema.
uma família de galegos, modesta, empenhada, com um amor
3.
ao seu trabalho fora do comum e quase obsessivo. A famí-
A metáfora associa o ofício do poeta à Natureza. O poeta,
lia dos médicos – João Pedro Bekett, João e Paulo – exercia
após ter adormecido (no período do inverno), acorda com a
a profissão perto do semáforo, «mesmo à esquina, [n]um
energia da Natureza em plena primavera: a sua seiva, cheia
primeiro andar» (l. 22). O Dr. João Pedro Beckett era exces-
de vitalidade, está pronta para gerar nova vida. Da mesma
sivamente zeloso no exercício da sua profissão, pretensioso
forma, a «seiva do poema» (v. 14) está pronta para dar vida à
e caprichoso por considerar que a sua vontade tinha de im-
nova arte poética que significará a ressurreição do poeta que
perar, mesmo colidindo com o desempenho profissional de
se anuncia no título.
Ramon. O Dr. João era um «médico muito modestoͫ (l. 31),
inseguro, que herdou «o ódio ao semáforo» (l. 32), revelan- Texto B
do-se infantil na sua relação com o semaforeiro. O Dr. Paulo
1.
aparenta ser mal-educado nos insultos que dirigia ao sema-
Os momentos dessa viagem correspondem aos preparati-
foreiro, mas, no final, revela ser altruísta, ao socorrer Paco,
vos para o embarque, com o aprontar do barco («Aparelhei
e arrependido pela postura anterior, quando o substitui no
o barco», v. 1) e ao reforço da tomada de decisão por par-
semáforo.
te do sujeito poético («E reforcei a fé de marinheiro», v. 2);
2.2 a partida («larguei a vela», v. 12); a despedida de quem fica
Ambas são famílias de trabalhadores que parecem realmen- («E disse adeus ao cais», v. 13) e, por fim, à navegação («cor-
te apreciar o que fazem, herdando os filhos a profissão e o to as ondas sem desanimar», v. 18).
2.1 2.
Estes elementos, associados aos vocábulos «ilusão» e «fé», O sujeito poético nota que o tempo passou por si, cruel e
constituem uma metáfora, através da qual o sujeito poético indiferente, como passa por todos, mas aos olhos da mãe,
dá conta do seu caráter sonhador e da sua determinação em como de qualquer mãe, parece que isso não é percetível:
enfrentar as vicissitudes da vida. Esta ideia é reforçada pelo «Tudo porque já não sou / o retrato adormecido / no fundo
facto de o sujeito poético se assumir como o comandante do dos teus olhos.» (vv. 3-5). Note-se como o sujeito poético
seu barco. É, assim, representada a luta sem tréguas do ser concentra a causa da sua dor e deste afastamento da mãe
humano pela conquista da felicidade. amada neste «tudo» que engloba crescer «todo o meu cor-
po cresceu», e, mais do que o corpo, o espírito daquele que
3.1
fora um menino adormecido a quem fotografaram, cresceu
Para além do seu caráter sonhador, expresso na primeira es-
e libertou-se («dei às aves os meus olhos a beber», v. 28). O
trofe («Aparelhei o barco da ilusão», «o meu sonho», «Pro-
eu lírico deixa claro, contudo, que a memória afetiva da mãe
curar / O velho paraíso», vv. 1,3,9 e 10), o sujeito poético
permanecerá para sempre dentro de si.
revela-se insatisfeito ao rejeitar um modelo de vida limitado,
expresso em «paz tolhida» (v. 13), e, deste modo, determi- 3.
nado, persistente na concretização do seu objetivo, apesar O sujeito poético mostra-nos a moldura como a visão da
das adversidades («traiçoeiro / O mar», vv. 3-4; «corto as mãe que tenta enclausurar o retrato, que é a imagem de um
ondas sem desanimar», v. 18). Revela, ainda, lucidez, uma filho que já foi menino, mas que cresceu entretanto. Esse
clara consciência de que nem mesmo a ilusão pode alterar a crescimento e as dificuldades de aceitação originam esse
precariedade da existência humana e, finalmente, declara o afastamento. As rosas brancas que o menino aperta contra
gosto pela aventura: «Em qualquer aventura / O que importa o peito, na fotografia, são símbolo de pureza da infância,
é partir, não é chegar.» (vv. 19-20). que ele diz carregar ainda consigo. Contudo, ao crescer, em
todos os sentidos, este filho «saiu da moldura», quebrou a
imagem que a mãe tinha de si, procurou a liberdade da ex-
Ficha 12 – Poetas contemporâneos: periência do mundo, simbolizada na metáfora das aves.
Eugénio de Andrade (p. 59)
4.
Texto A «Boa noite. Eu vou com as aves», diz o sujeito poético ao
1. fechar o poema. Este verso anuncia a quebra parcial dos
O poema intitula-se «Os amantes sem dinheiro» e, contudo, laços afetivos que guarda da infância. Recuperando a ló-
o verbo «ter», na forma de pretérito imperfeito do indica- gica de que a mãe queria conservar uma imagem passada
tivo, aparece repetido em todas as estrofes, em aparente de um menino que já é homem, este homem, sentindo-se
contraste com o sentido de escassez que o título anuncia. enclausurado e desejando a liberdade, anuncia uma partida
Contudo, o que o poema revela é que o amor pode trazer de dentro dessa figuração que a mãe idealiza para si, e se-
outras formas de riquezas, e tantas formas de «ter», que su- gue livre na experiência da vida, que é o ciclo irreversível do
plantam o lado financeiro. funcionamento da Natureza. Contudo, esta quebra é parcial
porque, antes do anúncio da partida, o sujeito poético deixa
2. claro que conservará em si, para a eternidade, a memória da
Personificação: «onde a lua passeava / de mãos dadas com mãe e dessa infância.
a água» (vv. 4-5), referindo-se aos espaços percorridos pelos
amantes, de noite, jardins com lagos ou fontes.
Metáfora: «Mas a cada gesto que faziam / um pássaro nascia Ficha 13 – Poetas contemporâneos: Ana Luísa Amaral
dos seus dedos» (vv. 16-17), no sentido de criarem emoções (p. 61)
ricas em conjunto, em casal, fruto do amor, mais valiosas do
1.
que o dinheiro, o qual, aos amantes, pouco importa.
O sujeito poético recorda um namorado que teve há muito
3. tempo, tanto que já nem consegue precisar há quanto («há
Este momento de intimidade do casal produz sentimentos quanto tempo foi?» – v. 2). O efeito do tempo na memória
tão ricos que são como aves que nascem dos seus gestos. Tão leva ao esquecimento, pelo que a memória do namorado
sublime é o sentimento que nasce dos gestos de amor que, ficou perdida «mais de vinte anos» (v. 6). Muitos pormeno-
quando metaforizado em ave, porque é livre, «deslumbrado res ficaram esquecidos para sempre porque o relacionamen-
penetrava nos espaços» (v. 18), porque é deslumbramento, to entre eles foi breve e também porque «há quinze anos»
adquire a expressão de enamoramento que conduz a esta (v. 15) o sujeito lírico rasgou as cartas dele e não guardou
sensação de liberdade. Todas estas ideias de riqueza senti- fotos. Até o nome foi esquecido. Todos estes elementos
mental, fruto deste relacionamento amoroso, são introduzi- indicariam que a memória acabaria por levar ao esque-
das, nestes versos, pela conjunção coordenativa adversativa cimento completo deste namorado. Todavia, o sujeito
«mas», em oposição à ideia falsamente sugerida no título. poético guarda algumas memórias desse namorado de
há «mais de vinte anos» (v. 6) que se justificam pelo pra-
Texto B
zer e pela transgressão, associados ao facto de ele lhe ter
1. dado a mão e um beijo no meio de uma pensão, onde
O tema do poema é o amor do sujeito poético pela mãe, e os pais do sujeito também se encontravam. Assim, per-
desenvolve-se na lógica da traição do crescimento e da ir- maneceram memórias daquele beijo, das conversas so-
reversibilidade do tempo. Ao longo do poema, enumeram- bre cinema e do calçado azul. O nome do «namorado»
-se uma série de memórias que, no presente, subsistem no (v. 4), que o sujeito esqueceu, fica por isso associado a expe-
sentimento de um amor interminável e, simultaneamente, riências e sensações positivas e, por isso, se afirma que ele
encarcerante e libertador. «tinha / um nome bom» (vv. 1-4).
Ficha 16 – José Saramago: Memorial do convento cobardia ao destino essa última oportunidade de voltar
(p. 67) atrás» (ll. 28-30). Podemos concluir que não há reciprocida-
de na relação amorosa: Lídia é sincera e espera o carinho de
1. Reis, porém este mostra-se incapaz de corresponder verda-
O narrador critica, em primeiro lugar e a partir do símbolo deiramente a essas expectativas.
da justiça, nomeadamente a venda nos olhos que, ao invés
de indicar que todos são iguais aos olhos da lei, a cegueira 2.
da justiça, ao ponto de castigar os justos ou com crimes me- Ricardo Reis limita-se a presenciar o mundo que o rodeia,
nores e premiar os que realmente pecaram aos olhos da lei. não intervindo no curso dos acontecimentos. Aceita os fac-
De seguida, ironicamente, refere a atuação do Santo Ofício tos como eles são e resigna-se perante o destino reserva-
que condena à fogueira quem «não honrar os fiéis defun- do ao mundo, dado que um dia esse mundo acabará e nós
tos», deixando impune quem pratica crimes maiores («apu- com ele — «isto é que seja o destino, sabermos o que vai
nhalar a mulher, por suspeita de infidelidade», ll. 17-18). acontecer, sabermos que não há nada que o possa evitar,
Aqui, surge nova crítica à aplicação da justiça, pois quem e ficarmos quietos, olhando, como puros observadores do
tiver «padrinhos que desculpem o homicídio e mil cruza- espetáculo do mundo, ao tempo que imaginamos que este
dos para pôr na balança» (ll. 19-20) facilmente é ilibado, ou será também o nosso último olhar, porque com o mesmo
seja, os poderosos que cometeram crimes, mesmo graves, mundo acabaremos» (ll. 25-28).
saem impunes («honre-se a gente de bem e de bens, não
3.
lhe exigindo que pague as dívidas contraídas, que renuncie
Por exemplo: «É que, interrompeu-se para enxugar os olhos
à vingança, que emende o ódio», ll. 22-23), e os mais desfa-
e assoar-se, é que os barcos vão revoltar-se, sair para o mar,
vorecidos são severamente castigados («Castiguem-se lá os
Quem to disse, Foi o Daniel em grande segredo, mas eu não
negros e os vilões para que não se perca o valor do exem-
consigo guardar este peso para mim, tinha de desabafar
plo», l. 21). A morosidade dos processos e a quantidade de
com uma pessoa de confiança, pensei no senhor doutor, em
recursos que têm de ser interpostos são igualmente visados
quem mais havia de pensar, não tenho ninguém, a minha
pelo narrador («correndo os pleitos, por não se poderem
mãe não pode nem sonhar.», ll. 20-24 – a pontuação ade-
evitar de todo, venham a rabulice, a trapaça, a apelação, a
qua-se ao ritmo prosódico da oralidade, através de pausas
praxe, os ambages, para que vença tarde quem por justa
de respiração, representadas pela vírgula (pausa breve) e
justiça deveria vencer cedo, para que tarde perca quem de-
pelo ponto (pausa longa). As maiúsculas auxiliam a identifi-
veria perder logo», ll. 23-25) e, a par, recorrendo à alegoria
car as vozes presentes no texto.
do leite da vaca, quem lucra com esta morosidade judicial
(«manjar de meirinho e solicitador, de advogado e inquiri- 4. a) 1; b) 2; c) 1.
dor, de testemunha e julgador», ll. 27-28).
2. Ficha 18 – José Saramago: O ano da morte de Ricardo
É estabelecida a intertextualidade com o «Sermão de San- Reis (p. 71)
to António aos Peixesͫ, de Padre António Vieira, com o ca-
pítulo das repreensões gerais aos peixes, quando chama a 1.
atenção para o facto de os homens se explorarem uns aos O narrador critica, ironicamente, a política de hegemonia
outros, nomeadamente no que diz respeito à aplicação da europeia levada a cabo pela Itália, Portugal, Alemanha e,
justiça, salientando-se os dividendos que muitos retiram da também, pela Espanha, onde esta ação estava a ser condu-
morosidade e da complexidade da justiça. zida através da violência («amanhã ceifaremos as messes» –
ll. 4-5). Critica, igualmente, a exploração e a alienação do povo
3. ao longo dos tempos, que sempre foi reduzido a «nada» («Nós
O narrador refere as justiças «invisíveis» que «são cegas não somos nada» – l. 6), desde «os escravos que construíram
e desastradas», ou seja, as injustiças do destino que sal- as pirâmides» (ll. 7-8), «os pedreiros e os boieiros de Mafra»
va quem pratica descaradamente o mal, como é o caso (ll. 8-9), «os alentejanos mordidos pelo gato raivoso» (l. 10),
do infante D. Francisco, e conduz à morte quem nada ou «os beneficiários dos bodos misericordiosos e nacionais»
pouco fez para ser castigado dessa forma, como o infante (ll. 11-12), «os do Ribatejo a favor de quem se fez a festa
D. Miguel. do Jockey Club» (ll. 13-14), «os sindicatos nacionais que em
4. B. maio desfilaram de braço estendido» (ll. 14-15), situação
que ainda se mantém.
2.
Ficha 17 – José Saramago: O ano da morte de Ricardo
As palavras de Lídia «acho que quanto mais alto se sobe,
Reis (p. 69)
mais longe se avista» (l. 22) pretendem ser um elogio ao
1. facto de Ricardo Reis ser privilegiado por ter estudos que
Apesar de ter prometido a si própria que não regressaria a lhe permitem ter uma perspetiva diferente do mundo. No
casa de Ricardo Reis, Lídia não resiste a vir desabafar com entanto, as mesmas palavras encerram, por parte do au-
ele a situação complicada em que se encontra o seu irmão tor-narrador, uma crítica à postura do protagonista que se
Daniel, «mas eu não consigo guardar este peso para mim, limita a observar esse mundo, não agindo, distanciando-se
tinha de desabafar com uma pessoa de confiança, pensei intencional e confortavelmente dos acontecimentos. Esta
no senhor doutor, em quem mais havia de pensar» (ll. 22- postura é evidente nos versos da sua ode, relativamente
24). Ricardo Reis consola-a com palavras banais e ocas de à posição da lua que brilha por se encontrar no alto, bem
sentimento («Ricardo Reis espanta-se por não reconhecer como nos restantes versos em que se exorta à ataraxia:
em si nenhum sentimento» (ll. 24-25); «Tens a certeza, per- «nada / Teu exagera ou exclui», «Põe quanto és / No míni-
guntou, mas disse-o somente porque é costume dar a nossa mo que fazes».
Ficha 5 – Funções sintáticas II (complementos Ficha 8 – Funções sintáticas (global) (p. 87)
do verbo, predicativo do sujeito, predicativo do 1. C; 2. B; 3. B; 4. B; 5. A; 6. A; 7. A; 8. B; 9. C; 10. C.
complemento direto, modificador do grupo verbal)
(p. 81) Ficha 9 – Orações Coordenadas (p. 89)
1. 1.
a) 1; b) 7; c) 1; d) 5; e) 3; f) 4; g) 7; h) 2; i) 6; j) 3; k) 5; l) 3; a) 7; b) 7; c) 5; d) 2; e) 1; f) 6; g) 3; h) 2; i) 7; j) 3; k) 6; l) 4.
m) 4; n) 5; o) 3.
2.
2. a) «Os jovens avançaram sem medo» – oração coordenada;
a) 3; b) 3); c) 3; d) 4; e) 5; f) 2; g) 1. ͨĂ ŇŽƌĞƐƚĂ ƚŽƌŶŽƵͲƐĞ ŵĞŶŽƐ ĚĞŶƐĂͩ ʹ ŽƌĂĕĆŽ ĐŽŽƌĚĞŶĂĚĂ
ĂƐƐŝŶĚĠƟĐĂ͖ ͨĞ ĚĞƐĐŽďƌŝƌĂŵ ƵŵĂ ĐůĂƌĞŝƌĂ ŵĂƌĂǀŝůŚŽƐĂͩ ʹ
Ficha 6 – Funções sintáticas III (modificadores do ŽƌĂĕĆŽ ĐŽŽƌĚĞŶĂĚĂ ĐŽƉƵůĂƟǀĂ͖ b) «Arrumem os livros» –
nome e complemento do nome) (p. 83) oração coordenada; «que a biblioteca vai encerrar» – oração
ĐŽŽƌĚĞŶĂĚĂĞdžƉůŝĐĂƟǀĂ͖c)ͨdĂŶƚŽƐĞŵŽƐƚƌĂǀĂơŵŝĚŽͩʹŽƌĂ-
1. ĕĆŽĐŽŽƌĚĞŶĂĚĂ ĐŽƉƵůĂƟǀĂ͖ͨĐŽŵŽƉĂƌĞĐŝĂĞdžƚƌŽǀĞƌƟĚŽͩʹ
a) 1; b) 2; c) 2; d) 1; e) 2; f) 1; g) 3; h) 1; i) 1; j) 2; k) 1; l) 1; ŽƌĂĕĆŽĐŽŽƌĚĞŶĂĚĂĐŽƉƵůĂƟǀĂ͖d) «A estrada está em obras» –
m) 1; n) 1; o) 2; p) 1. oração coordenada; «por conseguinte optaremos por um
2. ƉĞƌĐƵƌƐŽ ĂůƚĞƌŶĂƟǀŽͩ ʹ ŽƌĂĕĆŽ ĐŽŽƌĚĞŶĂĚĂ ĐŽŶĐůƵƐŝǀĂ͖
a) «de ele conseguir o emprego dos seus sonhos» – com- e) «Comprei vários livros» – oração coordenada; «mas não
plemento do nome, «dos seus sonhosͫ ʹ ŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌ ĚŽ ĞŶĐŽŶƚƌĞŝŽƋƵĞƉƌŽĐƵƌĂǀĂͩʹŽƌĂĕĆŽĐŽŽƌĚĞŶĂĚĂĂĚǀĞƌƐĂƟ-
ŶŽŵĞ ƌĞƐƚƌŝƟǀŽ͖ b) ͨƋƵĞ ŶĆŽ ƐĂďŝĂ ĚĞ ŶĂĚĂͩ ʹ ŵŽĚŝĮĐĂ- va; f) «Comemos em casa» – oração coordenada; «ou vamos
ĚŽƌ ĚŽ ŶŽŵĞ ĂƉŽƐŝƟǀŽ͖ c) «do António» – complemento ĂƵŵƌĞƐƚĂƵƌĂŶƚĞͩʹŽƌĂĕĆŽĐŽŽƌĚĞŶĂĚĂĚŝƐũƵŶƟǀĂ͖g) «Todos
do nome; d) ͨĚĞ ĂůŐŽĚĆŽͩ ʹ ŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌ ĚŽ ŶŽŵĞ ƌĞƐƚƌŝ- nos esforçámos muito» – oração coordenada; «assim, o pro-
ƟǀŽ͖ e) «da professora» – complemento do nome; f) «ex- jeto foi um sucesso» – oração coordenada conclusiva; h) «A
ƚƌĞŵĂŵĞŶƚĞ ĐĂŶƐĂĚŽͩ ʹ ŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌ ĚŽ ŶŽŵĞ ĂƉŽƐŝƟǀŽ͖ caminhada é muito longa» – oração coordenada; «por isso
g) «do enigma» – complemento do nome; h) «de Cabo convém levarmos calçado adequado» – oração coordenada
Verde» – complemento do nome; i) ͨĚŽ ŵĞƵ ĮůŚŽͩ ʹ conclusiva.
complemento do nome; j) «da tartaruga» – complemento do 3.
nome; k) «de selos» – complemento do nome; l) «do Porto» – a) EĞŵ ƉĂƌĞŝ ƉĂƌĂ ĚĞƐĐĂŶƐĂƌ ŶĞŵ ĚĞƐŝƐƟ ĚĂ ƉƌŽǀĂ͘ b) Ora
ŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌĚŽŶŽŵĞƌĞƐƚƌŝƟǀŽ͘ íamos à praia ora passeávamos nas montanhas. c) Entrei
3. ŶĂ ůŽũĂ Ğ ĂǀŝƐƚĞŝ ůŽŐŽ Ă ĂƌĐĂ ĂŶƟŐĂ͘ d) Eles estavam muito
a) complemento do nome; b)ŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌĚŽŶŽŵĞĂƉŽƐŝƟ- cansados, mas decidiram permanecer na festa. e) A equipa
vo; c) complemento do nome; d)ŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌĚŽŶŽŵĞƌĞƐ- permaneceu sempre unida, logo é digna de louvor. f) Não te
ƚƌŝƟǀŽ͖e) complemento do nome; f) complemento do nome; esqueças do casaco, que está muito frio. g) Decidimos feste-
g)ŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌĚŽŶŽŵĞƌĞƐƚƌŝƟǀŽ͖h)ŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌĚŽŶŽŵĞ ũĂƌŽƐĞƵĂŶŝǀĞƌƐĄƌŝŽ͕ĮnjĞŵŽƐƵŵďŽůŽĞĐŽŶǀŝĚĄŵŽƐǀĄƌŝŽƐ
ĂƉŽƐŝƟǀŽ͖i) complemento do nome; j)ŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌĚŽŶŽŵĞ amigos.
ƌĞƐƚƌŝƟǀŽ͖k) complemento do nome; l)ŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌĚŽŶŽŵĞ
ƌĞƐƚƌŝƟǀŽ͖m) complemento do nome. Ficha 10 – Subordinação (orações subordinadas
adverbiais) (p. 91)
Ficha 7 – Funções sintáticas IV (modificadores do 1.
nome, complemento do nome e complemento a) & ʹ ŽƌĂĕĆŽ Ġ ƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂ ĂĚǀĞƌďŝĂů ĐŽŵƉĂƌĂƟǀĂ͖͘
do adjetivo) (p. 85) b) F – A oração é subordinada adverbial concessiva.; c) V;
d) V; e) F – A oração é subordinada adverbial causal.; f) F – A
1. ŽƌĂĕĆŽĠƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂĂĚǀĞƌďŝĂůĐŽŶƐĞĐƵƟǀĂ͖͘g) F – A oração
a) F – complemento do nome; b)&ʹŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌĚŽŶŽŵĞ é subordinada adverbial condicional.
ƌĞƐƚƌŝƟǀŽ͖c)&ʹĐŽŵƉůĞŵĞŶƚŽĚŽĂĚũĞƟǀŽ͖d)&ʹŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌ
ĚŽŶŽŵĞƌĞƐƚƌŝƟǀŽ͖e) V; f) F – complemento do nome; g) F – 2.
ĐŽŵƉůĞŵĞŶƚŽĚŽĂĚũĞƟǀŽ͘ a) «Embora esteja calor» – oração subordinada adverbial
concessiva; «a prova vai realizar-se» – oração subordinante;
2.
b) «Contanto que faças o trabalho» – oração subordinada
a)ĐŽŵƉůĞŵĞŶƚŽĚŽĂĚũĞƟǀŽ͖b)ŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌĚŽŶŽŵĞĂƉŽ-
adverbial condicional; «permanecerás na equipa» – oração
ƐŝƟǀŽ͖c) complemento do nome; d) complemento do nome;
subordinante; c) «Ficamos aqui» – oração subordinante;
e)ŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌĚŽŶŽŵĞƌĞƐƚƌŝƟǀŽ͖f) complemento do nome;
«até que alguém nos ajude» – oração subordinada adverbial
g) complemento do nome; h) ĐŽŵƉůĞŵĞŶƚŽ ĚŽ ĂĚũĞƟǀŽ͖
temporal; d) «Ainda que ele insista» – oração subordinada
i) ĐŽŵƉůĞŵĞŶƚŽ ĚŽ ĂĚũĞƟǀŽ͖ j) ŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌ ĚŽ ŶŽŵĞ ƌĞƐ-
adverbial concessiva; «não entraremos na loja» – oração
ƚƌŝƟǀŽ͖ k) complemento do nome; l) ŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌ ĚŽ ŶŽŵĞ
subordinante; e) «Íamos apanhando o lixo» – oração
ƌĞƐƚƌŝƟǀŽ͖ m) ĐŽŵƉůĞŵĞŶƚŽ ĚŽ ĂĚũĞƟǀŽ͖ n) ŵŽĚŝĮĐĂĚŽƌ ĚŽ
subordinante; «à medida que caminhávamos pela praia» –
ŶŽŵĞƌĞƐƚƌŝƟǀŽ͖o) complemento do nome; p) complemento
oração subordinada adverbial temporal; f) «Por mais que se
ĚŽĂĚũĞƟǀŽ͖q) complemento do nome; r) complemento do
esforçasse» – oração subordinada adverbial concessiva; «não
ĂĚũĞƟǀŽ͘
ultrapassava o adversário» – oração subordinante; g) «Ele
3. falava» – oração subordinante; «que nem um papagaio» –
a) 1; b) 1; c) 2; d) 2. ŽƌĂĕĆŽƐƵďŽƌĚŝŶĂĚĂĂĚǀĞƌďŝĂůĐŽŵƉĂƌĂƟǀĂ͘
Ficha 14 – Modalidade epistémica, deôntica numa zona muito movimentada, onde há vários restaurantes
e apreciativa (valores modais) (p. 99) ſƟŵŽƐ͘e) A serra era muito alta. As suas montanhas esta-
vam cobertas de neve. f) Nós pedimos-lhe que nos contasse
1. uma história. Ele contou-no-la. g) Ele queria ser astronauta:
a) 3; b) 1; c) 5; d) 2; e) 4; f) 2; g) 3; h) 5; i) 2; j) 3; k) 4; l) 3; pretendia estudar Engenharia Aeroespacial e ambicionava ir
m) 3; n) 1. trabalhar na NASA. h)^ĞĞƵƟǀĞƐƐĞŽůŝǀƌŽ͕ŽĨĞƌĞĐĞƌͲto-ia.
2.
a)ŵŽĚĂůŝĚĂĚĞĂƉƌĞĐŝĂƟǀĂ͖b)ŵŽĚĂůŝĚĂĚĞĚĞƀŶƟĐĂ;ĐŽŵǀĂ- Ficha 17 – Processos de coesão (gramatical e lexical) |
lor de obrigação); c) modalidade epistémica (com valor de Cadeias referenciais (p. 105)
probabilidade); d) ŵŽĚĂůŝĚĂĚĞ ĚĞƀŶƟĐĂ ;ĐŽŵ ǀĂůŽƌ ĚĞ ƉĞƌ-
missão); e) modalidade epistémica (com valor de obrigação); 1.
f) modalidade epistémica (com valor de probabilidade); g) a) ĐŽĞƐĆŽ ŐƌĂŵĂƟĐĂů ŝŶƚĞƌĨƌĄƐŝĐĂ͖ b) ĐŽĞƐĆŽ ŐƌĂŵĂƟĐĂů ƌĞ-
ŵŽĚĂůŝĚĂĚĞ ĚĞƀŶƟĐĂ ;ĐŽŵ ǀĂůŽƌ ĚĞ ŽďƌŝŐĂĕĆŽͿ͖ h) modali- ferencial; c)ĐŽĞƐĆŽůĞdžŝĐĂůƉŽƌƐƵďƐƟƚƵŝĕĆŽ;ŚŝƉĞƌſŶŝŵŽͬŚŝ-
ĚĂĚĞ ĂƉƌĞĐŝĂƟǀĂ͖ i) modalidade epistémica (com valor de pónimo); d) coesão lexical por reiteração; e)ĐŽĞƐĆŽŐƌĂŵĂƟ-
certeza). cal interfrásica; f)ĐŽĞƐĆŽŐƌĂŵĂƟĐĂůƌĞĨĞƌĞŶĐŝĂů͘
3. 2.1
a) 4; b) 3; c) 3; d) 2; e) 4. a) i. «o descobridor» – ii. «sua» – iii. «seu» – iv. «ele» – V.
«seu». b) i. «tesouros» – ii. «estes». c) i. «[pel]a sua vaidade,
[pel]o seu orgulho » – ii. «aqueles».
Ficha 15 – Atos ilocutórios (p. 101)
2.2
1. anáfora por substituição (determinante – «sua»; «seu»; pro-
a)&ʹƐƚĄƉƌĞƐĞŶƚĞƵŵĂƚŽŝůŽĐƵƚſƌŝŽĂƐƐĞƌƟǀŽ͖͘b) F – É rea- nome – «ele»; «estes»; «aqueles».
lizado um ato ilocutório compromissivo.; c) F – É realizado
ƵŵĂƚŽĚĞĨĂůĂĚĞĐůĂƌĂƟǀŽ͖͘d) V; e) F – Está presente um ato 3.1
ŝůŽĐƵƚſƌŝŽ ĚŝƌĞƟǀŽ͖͘f) V; g) F – Está presente um ato ilocu- «sua».
tório compromissivo.; h) F – Está presente um ato ilocutó- 3.2
ƌŝŽ ĂƐƐĞƌƟǀŽ͖͘ i) & ʹ ƌĞĂůŝnjĂĚŽ Ƶŵ ĂƚŽ ŝůŽĐƵƚſƌŝŽ ĚŝƌĞƟǀŽ͖͘ «[d]as personagens pessoanas».
j) V; k)&ʹƐƚĄƉƌĞƐĞŶƚĞƵŵĂƚŽŝůŽĐƵƚſƌŝŽĚĞĐůĂƌĂƟǀŽ͖͘l) V;
m)&ʹƐƚĄƉƌĞƐĞŶƚĞƵŵĂƚŽŝůŽĐƵƚſƌŝŽĂƐƐĞƌƟǀŽ͖͘n) F – Está 4.1
ƉƌĞƐĞŶƚĞƵŵĂƚŽŝůŽĐƵƚſƌŝŽĚŝƌĞƟǀŽ͘ «Não é verdade que Reis existiu, mas certamente, se Reis/ele
tivesse vivido, Reis/ele teria sido assim.»
2.
a)ĂƚŽŝůŽĐƵƚſƌŝŽĚŝƌĞƟǀŽ͖b) ato ilocutório expressivo; c) ato 4.2
ilocutório expressivo; d) ĂƚŽ ŝůŽĐƵƚſƌŝŽ ĚŝƌĞƟǀŽ͖ e) ato ilo- Anáfora por elipse.
ĐƵƚſƌŝŽ ĚŝƌĞƟǀŽ͖ f) ĂƚŽ ŝůŽĐƵƚſƌŝŽ ĚŝƌĞƟǀŽ͖ g) ato ilocutório 5.
compromissivo; h) ĂƚŽ ŝůŽĐƵƚſƌŝŽ ĚŝƌĞƟǀŽ͖ i) ato ilocutório a) 3; b) 5; c) 2; d) 4; e) 6; f) 1.
ĚŝƌĞƟǀŽ͖j)ĂƚŽŝůŽĐƵƚſƌŝŽĂƐƐĞƌƟǀŽ͖k) ato ilocutório compro-
missivo; l)ĂƚŽŝůŽĐƵƚſƌŝŽĚŝƌĞƟǀŽ͖m)ĂƚŽŝůŽĐƵƚſƌŝŽĚŝƌĞƟǀŽ͖
Ficha 18 – Referência deítica (deíticos) (p. 107)
n) ato ilocutório expressivo.
1.
3.
a) V; b) V; c) F – A palavra sublinhada é um ĚĞşƟĐŽƉĞƐƐŽĂů͖͘
a) 3; b) 3; c) 2; d) 2; e) 2.
d) V; e) F – A palavra sublinhada é um ĚĞşƟĐŽ ƉĞƐƐŽĂů͖͘
f) & ʹ ůĂƐƐŝĮĐĂͲƐĞ ĐŽŵŽ ĚĞşƟĐŽ ĞƐƉĂĐŝĂů͖͘ g) F – A palavra
Ficha 16 – Anáfora como mecanismo de coesão sublinhada é um ĚĞşƟĐŽƉĞƐƐŽĂů͘
e de progressão (p. 103)
2. Cenários de resposta
1. a) «senhor» (l. 1); b) «lhe» (l. 7); c) «aqui» (l. 3); d) «lá para
a) 2; b) 2; c) 9; d) 4; e) 8; f) 3; g) 1; h) 6; i) 7; j) 5; k) 4. dentro» (l. 3); e) «em cima» (l. 4); f) «subir» (l. 4); g) «este
aqui» (l. 4); h) «esta manhã» (l. 7).
2.
a) «estar de volta daí a um ano»; b) «A peça de teatro que 3.
estreou esta semana»; c) «a cúpula da catedral»; d) «O ator a a) 3; b) 1; c) 2; d) 2; e) 3; f) 2; g) 1; h) 2; i) 2; j) 1; k) 3; l) 2;
quem fui apresentado»; e) «toda a área circundante»; f) «Os m) 1; n) 3; o) 2; p) 2; q) 3; r) 3; s) 2; t) 3; u) 3; v) 2; w) 1; X) 3.
ĐŽůĞŐĂƐĞŵƋƵĞŵĐŽŶĮŽ͖ͩg) «combater as alterações climá-
ƟĐĂƐ͖ͩ h) ͨƐ ŽďƌĂƐ ƋƵĞ ǀĂŵŽƐ ĂŶĂůŝƐĂƌ ŶĞƐƚĞ ĂŶŽ ůĞƟǀŽ͖ͩ
Ficha 19 – Processos irregulares de formação
i) «receitas novas».
de palavras (p. 109)
3.
1.
a) A professora propôs aos alunos que realizassem o tra-
ONG – Organização Não Governamental; FCT – Fundação
balho em equipa. Esta forma de trabalhar ƉĞƌŵŝƟƌͲůŚĞƐͲŝĂ
para a Ciência e a Tecnologia; PPP – Parceria Público-Privada;
trocarem ideias entre si. b) Os jovens argumentaram muito
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
bem em defesa do seu ponto de vista. Assim, conseguiram
Económico.
que a sua proposta fosse aprovada por unanimidade. c) A
Maria respondeu que não sabia. O Manuel retorquiu que ia 2.
tentar obter mais informações sobre o assunto. d) Ela vive ONU – Organização das Nações Unidas; PALOP – Países de
1.
Ficha 2 – Artigo de opinião (p. 119)
a) discurso indireto livre; b) discurso direto; c) discurso Texto A
indireto livre; d) discurso indireto. 1. B; 2. C; 3. B; 4. A; 5. C; 6. A.
2. Texto B
Texto A – Blimunda disse que não via nada. O padre, sorrin- 1. B; 2. C; 3. C; 4. A.
ĚŽ͕ƌĞƐƉŽŶĚĞƵƋƵĞƚĂůǀĞnjũĄŶĆŽƟǀĞƐƐĞǀŽŶƚĂĚĞ͘ĞƐĞŐƵŝĚĂ͕
pediu-lhe que procurasse melhor. A jovem retorquiu então
que via uma nuvem fechada sobre a boca do estômago. Ficha 3 – Exposição sobre um tema (p. 123)
KƉĂĚƌĞďĞŶnjĞƵͲƐĞĞĚĞƵŐƌĂĕĂƐĂĞƵƐ͕ĂĮƌŵĂŶĚŽƋƵĞ͕ĚĞƐ- Texto A
ta forma, lhe seria possível voar. Explicou que aquele âmbar, 1. D; 2. C; 3. B; 4. A; 5. A; 6. A.
também chamado eletro, atraía o éter, solicitando, de segui-
da, a Blimunda que andasse sempre com ele por onde an- Texto B
dassem pessoas, em procissões, em autos de fé, nas obras 1. B; 2. B; 3. D; 4. A; 5. B.
do convento e que, quando visse que a nuvem ia sair de
dentro delas, o que estava sempre a suceder, aproximasse
o frasco aberto, para que a vontade entrasse nele. A prota- ESCRITA
ŐŽŶŝƐƚĂƉĞƌŐƵŶƚŽƵŽƋƵĞĨĂƌŝĂƋƵĂŶĚŽĞƐƚĞĞƐƟǀĞƐƐĞĐŚĞŝŽ͘
K ƐĂĐĞƌĚŽƚĞ ĞdžƉůŝĐŽƵͲůŚĞ ƋƵĞ͕ ƋƵĂŶĚŽ ƟŶŚĂ ƵŵĂ ǀŽŶƚĂĚĞ
dentro, já estava cheio, acrescentando que esse era o misté-
Ficha 1 – Apreciação crítica (pp. 127-139)
rio das vontades: onde cabia uma, cabia milhões, o um era hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϭവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽŽƌƚſŶŝŵŽ
ŝŐƵĂůĂŽŝŶĮŶŝƚŽ͘
Proposta A (p. 129)
Texto B – Ricardo Reis perguntou a Marcenda há quan-
ƚŽ ƚĞŵƉŽ ĞƐƚĂǀĂ ĂƐƐŝŵ͘ ƐƚĂ ƌĞƐƉŽŶĚĞƵ ƋƵĞ ĮnjĞƌĂ ƋƵĂƚƌŽ • Introdução:
anos no mês de dezembro anterior. De seguida, o protago- Nesta pintura, vemos um jovem ajoelhado no chão, con-
ŶŝƐƚĂƉĞƌŐƵŶƚŽƵƐĞĂƐƵĂŝŶƚĞƌůŽĐƵƚŽƌĂƟŶŚĂĂůŐƵŵĚĞƐŐŽƐ- templando a sua imagem na água. A proximidade a que
to, além do estado do seu braço. Chorando serenamente, se encontra do seu reflexo evidencia bem a sua obsessão
Marcenda respondeu que, desde que a sua mãe morrera, o consigo próprio. De facto, Narciso era um jovem muito
seu braço não se mexera mais. Ricardo Reis retorquiu que, belo que, por ter assumido uma atitude vaidosa e arro-
ŚĄ ƉŽƵĐŽ͕ ĞůĂ ůŚĞ ƟŶŚĂ ĚŝƚŽ ƋƵĞ ŽƐ ŵĠĚŝĐŽƐ ĐŽŶƐŝĚĞƌĂǀĂŵ gante para com todos aqueles que se apaixonaram por
que a paralisia do braço decorrera da sua afeção cardíaca. ele, nomeadamente a ninfa Eco, acabou por ser castigado
ũŽǀĞŵĐŽŶĮƌŵŽƵƋƵĞŽƐŵĠĚŝĐŽƐĚŝnjŝĂŵŝƐƐŽ͘KƉƌŽƚĂŐŽ- por Nemésis: ao avistar o seu reflexo, apaixonou-se por si
nista perguntou-lhe se não acreditava neles e se considerava próprio. Incapaz de deixar de olhar para si próprio, acabou
ƋƵĞ ŶĆŽ ƐŽĨƌŝĂ ĚŽ ĐŽƌĂĕĆŽ͘ DĂƌĐĞŶĚĂ ĐŽŶĮƌŵŽƵ ƋƵĞ ƟŶŚĂ por definhar e por morrer, transformando-se na flor com o
esse problema de saúde. Ricardo Reis perguntou-lhe então mesmo nome.
como poderia ter a certeza de que não havia relação entre os • Desenvolvimento:
dois factos: a morte da sua mãe e a imobilidade do seu braço. À semelhança de Narciso, também o eu, na obra de Fernando
ƐƵĂ ŝŶƚĞƌůŽĐƵƚŽƌĂ ŐĂƌĂŶƟƵͲůŚĞ ƋƵĞ ĞƐƚĂǀĂ ĐŽŶǀŝĐƚĂ ĚŝƐƐŽ͕ Pessoa ortónimo, é incapaz de se libertar da contemplação
muito embora não soubesse explicá-lo. O médico quis então de si próprio, não a nível físico, mas a nível intelectual. De
ƐĂďĞƌƐĞŶĆŽĞƌĂƐƵĮĐŝĞŶƚĞ͕ƉĂƌĂĞƐƚĂƐĞƌĐĂƉĂnjĚĞŵĞdžĞƌŽ facto, compraz-se num permanente processo de intelectu-
braço, saber, contra a opinião dos médicos, que, se ele deixa- alização das emoções – ponto de partida para a criação da
ƌĂĚĞƐĞŵŽǀĞƌ͕ƚĂůĮĐĂƌĂƐſĂĚĞǀĞƌͲƐĞăŵŽƌƚĞĚĂƐƵĂŵĆĞ͘ realidade ficcional que está associada ao fingimento poéti-
co. Muito embora esta concentração no seu universo inte-
rior lhe provoque sofrimento – uma vez que o impede de
Ficha 21 – Valor aspetual (p. 113)
sentir as suas emoções e de fruir o momento presente –,
1.
é por ter a capacidade de refletir sobre si próprio que o su-
a) 1; b) 2; c) 2; d) 1; e) 1; f) 2.
jeito poético se enquadra no grupo dos seres conscientes,
2. algo que o enche de vaidade, uma vez que, na sua perspeti-
a) 2; b) 1; c) 3; d) 1; e) 3; f) 3; g) 1; h) 2; i) 3. va, estes são superiores àqueles que vivem na inconsciência.
três fases da vida da mesma mulher: a primeira repre- crueldade a que as classes mais altas sujeitavam as classes
senta a sua juventude, período de inocência (simbolizado mais baixas.
pela brancura do seu vestido e também pelas flores que
Proposta B (p. 139)
crescem junto a ela), no qual esta ainda tem esperanças;
a segunda, a fase adulta, vivida de forma intensa em con- • Introdução:
junto com o seu amado; a terceira, a velhice, período em Nesta fotografia é possível observar os marinheiros que
que a mulher se encontra sozinha, vestida de negro, pos- participaram na revolta de 1936 a serem escoltados pela
sivelmente por o seu amado ter morrido. A sua expres- polícia até ao porto de onde partiriam para a prisão do
são marcada pelo desalento ilustra o fim de todas as suas Tarrafal, em Cabo Verde. O facto de os guardas levarem
esperanças. consigo espingardas mostra que consideram os revoltosos
No conto «George», a protagonista também é confrontada como indivíduos ameaçadores, muito embora estes se en-
com duas figuras femininas que representam outras duas contrem desarmados. A sua escolta é também constituída
fases da sua vida: Gi, jovem de dezoito anos na qual esta por duas figuras masculinas que, num carro, do lado es-
revê as suas aspirações de sair da aldeia onde morava e de querdo da imagem, supervisionam a operação. No entan-
triunfar no mundo da arte, e Georgina, mulher com quase to, a pose corporal dos detidos parece evidenciar que estes
setenta anos, que prenuncia o seu futuro de velhice e de são inofensivos, uma vez que se mostram cabisbaixos.
solidão. A diferença encontra-se no modo como a idade • Desenvolvimento:
adulta é configurada: ao contrário do que sucede no qua- No desenlace de O ano da morte de Ricardo Reis, são narra-
dro, George nunca se apega verdadeiramente a nenhum dos os eventos da revolta dos marinheiros, sendo que esta
dos seus amantes, dada a sua obsessão em viver totalmen- tentativa de rebelião, desde logo caracterizada por Lídia
te livre. como uma atitude ingénua, é facilmente gorada pelos me-
• Conclusão: canismos do Estado Novo. A desproporção de forças entre
Em ambos os casos, é apresentada uma visão pessimista os revoltosos e as forças do regime visível no momento do
da existência – no primeiro caso, por causa da morte de al- conflito é como que corroborada pela fotografia, na qual
guém que se ama; no segundo, em virtude de uma atitude os marinheiros indefesos são escoltados por polícias forte-
de desapego. mente armados.
Além disso, é ainda de salientar o facto de, no romance, a
Unidade 4 – José Saramago, Memorial do convento revolta dos marinheiros levar o protagonista a libertar-se
e O ano da morte de Ricardo Reis pontualmente da atitude de ataraxia que assumiu ao longo
da vida, reduzindo-o a lágrimas – comportamento que não
Proposta A (p. 138)
só resulta do facto de saber que Daniel, o irmão de Lídia,
• Introdução: era um dos revoltosos, mas também do facto de ter criado
Nesta imagem é possível observar uma procissão reli- empatia com o desejo de liberdade que os levou a rebela-
giosa. No entanto, ao contrário do que seria expectável, rem-se contra um regime opressor. Também a fotografia é
o centro da gravura é ocupado não pela representação da passível de criar naqueles que observam um sentimento de
cerimónia, mas sim pela atitude cruel dos seus organizado- compaixão pelos marinheiros, cuja humildade é evidencia-
res e das autoridades em relação aos mais humildes. Em da não apenas pela sua pose corporal, mas também pelo
primeiro plano, do lado direito, um andor é carregado por seu vestuário degradado e pelo facto de se encontrarem
vários homens, sendo que, mais atrás, se destaca um casal descalços.
claramente oriundo de uma classe alta, cuja mulher exibe
• Conclusão:
um objeto sagrado. No entanto, ao seu lado, caminha uma
Em suma, tanto na fotografia como no romance, os ma-
figura que empunha um varapau e que parece estar prestes
rinheiros revoltosos surgem como figuras dignas de
a espancar um pedinte que se encontra na sua retaguarda.
compaixão.
Esta figura é replicada por um guarda a cavalo que, do lado
direito, açoita alguns dos elementos da procissão e, do lado
esquerdo, por uma figura que, com um varapau, impede os Ficha 2 – Exposição sobre um tema (pp. 141-148)
mendigos de se aproximarem da procissão.
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϭവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽŽƌƚſŶŝŵŽ
• Desenvolvimento:
À semelhança do que sucede na gravura, também o povo, Proposta A (p. 143)
em Memorial do convento, é profundamente maltratado • Introdução:
pelas classes altas da sociedade: o seu sacrifício torna- Na obra de Fernando Pessoa ortónimo, a criação artística
-se bem evidente aquando da necessidade de transporte não é perspetivada como um processo que se baseia numa
de uma pedra de enormes dimensões de Pero Pinheiro expressão sincera de sentimentos, mas sim no fingimento
para Mafra – processo que causou a morte de Francisco artístico.
Marques. É também de destacar o facto de que, quando • Desenvolvimento:
se torna necessário apressar as obras do convento, os ho- Como é explicitado no poema «Autopsicografia» (que se
mens são recrutados à força para reforçar o número de institui como uma arte poética), o poeta não exprime com
trabalhadores. sinceridade as emoções vividas, mas a sua obra poética re-
De notar ainda que, em ambos os casos, a Igreja não só sulta de um processo de intelectualização dos seus senti-
nada faz em prol dos mais pobres, como contribui para a mentos, com base no qual este procederá à criação de uma
sua humilhação. situação ficcional.
• Conclusão: No poema «Isto», é apresentada uma resposta a todos
Tanto a gravura de Ilya Repin como o romance de Sara- aqueles que acusam o sujeito poético de mentir: na reali-
mago têm claramente uma intenção crítica: denunciar a dade, aquilo que lhe interessa não é exprimir fielmente as
suas emoções, mas usá-las como um ponto de partida para se limita a atribuir-lhes falsos significados simbólicos que,
um processo de racionalização e de posterior ficcionaliza- na realidade, apenas refletem o seu mundo interior.
ção que lhe permitirá criar uma obra literária.
• Conclusão:
• Conclusão: A oposição pensamentos/sensações estabelecida na poe-
Na perspetiva de Fernando Pessoa ortónimo, o objetivo de sia de Alberto Caeiro propõe a libertação do sofrimento as-
uma obra poética não é exprimir, de forma fiel, os senti- sociado à capacidade reflexiva através da sua substituição
mentos vividos, mas sim transfigurá-los através da razão, pelas perceções veiculadas através dos sentidos.
para que a situação ficcional tenha qualidade literária.
Proposta B (p. 144)
Proposta B (p. 143)
• Introdução:
• Introdução: Na poesia de Ricardo Reis, a consciência da fugacidade da
Na obra de Fernando Pessoa ortónimo, o pensamento é vida causa no eu um sofrimento profundo.
algo fundamental; contudo, a atividade reflexiva é simul-
taneamente perspetivada como uma fonte de sofrimento • Desenvolvimento:
permanente para o sujeito poético. Para combater a angústia causada pela irreversibilidade da
passagem do tempo, o sujeito poético recorre aos princí-
• Desenvolvimento: pios de dois movimentos filosóficos da Antiguidade Clássi-
Muito embora a capacidade de pensar seja encarada como ca: o epicurismo e o estoicismo. Tal é visível, por exemplo,
algo essencial na vida do eu, dado que é aquilo que lhe per- no poema «Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio», no
mite ter consciência das suas próprias emoções, a reflexão qual se verifica uma oscilação entre uma exortação a uma
a que permanentemente se entrega mergulha-o num pro- fruição moderada dos prazeres característica do epicuris-
cesso de fragmentação que o impede não só de sentir as mo (no momento em que solicita à sua interlocutora que
suas emoções, como também de desfrutar da sua existên- deem as mãos) e a defesa de uma atitude de apatia, ca-
cia. É por esse motivo que nos poemas «Ela canta, pobre racterística do estoicismo (quando, consciente de que tudo
ceifeira» e «Gato que brincas na rua», o sujeito poético
na vida converge para a morte, sendo, consequentemente,
manifesta simultaneamente desprezo por ambas as perso-
inútil, lhe pede que desenlacem as mãos). Também no po-
nagens que observa (uma vez que estas, por não pensa-
ema «Prefiro rosas, meu amor, à pátria» o sujeito poético
rem, se resignam com alegria a uma existência miserável)
defende a assunção de uma atitude epicurista em relação
e inveja-as pelo facto de estas não serem acometidas pela
à vida: dada a transitoriedade da existência humana, deve-
dor de pensar.
mos focar-nos em prazeres moderados (como os propor-
• Conclusão: cionados pela fruição da beleza das rosas), em detrimento
Na obra de Fernando Pessoa ortónimo, o pensamento, da adesão a grandes ideais (como é o caso da pátria), que
apesar de ser perspetivado como algo que torna o eu supe- inevitavelmente nos perturbarão a alma. Além disso, nes-
rior a todos os seres inconscientes, é também visto como te segundo texto, o eu também sublinha a importância de
algo penoso. uma atitude de imperturbabilidade em relação à vida ca-
racterística da ataraxia.
hŶŝĚĂĚĞϭ͘Ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽƐŚĞƚĞƌſŶŝŵŽƐ
• Conclusão:
Proposta A (p. 143) Na obra de Ricardo Reis, o eu vai socorrer-se dos princípios
• Introdução: filosóficos do estoicismo e do epicurismo para procurar li-
Nos poemas de Alberto Caeiro, é estabelecida uma opo- bertar-se do receio que a fugacidade da vida e a aproxima-
sição entre os pensamentos e as sensações, sendo aque- ção da morte lhe provocam.
les considerados nefastos e estas perspetivadas como Proposta C (p. 144)
benéficas.
• Introdução:
• Desenvolvimento: Na fase intimista da poesia de Álvaro de Campos, o presen-
O objetivo a que o «mestre» se propõe é o de ser feliz; te do sujeito poético caracteriza-se pelo tédio e pela abulia.
para tal, busca o contacto com a Natureza. Contudo, este Dado que a sua vida adulta é marcada por uma profunda
processo de proximidade com o mundo natural deve ape- negatividade, o eu procura refugiar-se na época da sua
nas ser feito através das sensações, uma vez que estas lhe infância.
permitem desfrutar da realidade que o rodeia sem que os
pensamentos funcionem como um obstáculo a uma liga- • Desenvolvimento:
ção que se pretende que seja o mais espontânea possível. A nostalgia da infância é visível em poemas como «Aniver-
Com efeito, a atividade reflexiva leva o sujeito poético a sário» e «Datilografia». No primeiro caso, o sujeito poético
atribuir significados simbólicos aos elementos da Nature- recorda o modo como o dia do seu aniversário era celebra-
za e a utilizá-la como ponto de partida para reflexões filo- do pela sua família quando era criança, contrapondo-o ao
sóficas que o impedem de apreender a realidade na sua que sucede no presente: enquanto no passado este dia era
dimensão objetiva. É possível comprová-lo, por exemplo, celebrado como um evento muito especial, no qual se reu-
através dos poemas II e X de O guardador de rebanhos. niam vários elementos da família, no presente o eu encon-
No primeiro caso, refere-se ao pensamento como algo que tra-se totalmente só, tendo a sua existência perdido todo
nos impede de aceitar o mundo tal como se nos apresenta, o sentido. Além disso, na época da infância, tinha ainda a
sendo, portanto, algo que se opõe aos sentidos que, em vantagem de ser inconsciente, não sendo, consequente-
contrapartida, nos permitem amar a realidade, ao invés de mente, acometido pela dor de pensar – algo que sucede no
a questionar. No segundo poema, recusa terminantemente presente. No segundo poema, a vida profissional é descrita
a projeção da subjetividade do indivíduo nos elementos da como algo profundamente monótono, que como que en-
Natureza que o rodeiam, na medida em que, desta forma, clausura o sujeito poético. A este quotidiano sufocante se
contrapõe a vida da infância, associada ao universo onírico sujeito poético pergunta quem virá liderar este novo impé-
e, portanto, a uma verdadeira vida. rio após a morte de D. Sebastião, pressupondo-se que tal
• Conclusão: será feito aquando do regresso desta figura na sua dimen-
A nostalgia da infância, na poesia de Álvaro de Campos, são espiritual.
surge como uma tentativa de evasão de um presente mar- • Conclusão:
cado por um profundo tédio existencial. Em Mensagem, o estado de estagnação em que Portugal se
encontrava mergulhado é perspetivado como algo transitó-
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕Mensagem rio, que será revertido no momento da vinda do «Encober-
Proposta A (p. 145) to», que trará consigo o Quinto Império.
• Introdução: hŶŝĚĂĚĞϮവŽŶƚŽƐ
O sonho tem um papel fundamental em Mensagem, uma
vez que, nesta obra, os sonhadores são perspetivados como Proposta A (p. 145)
figuras eleitas por Deus para cumprirem os Seus desígnios. • Introdução:
• Desenvolvimento: No conto «Sempre é uma companhia», de Manuel da
Em Mensagem, os sonhadores são aqueles que se elevam Fonseca, o acesso à rádio teve um impacto profundo no
em relação a todos os homens que não sonham, uma vez quotidiano dos habitantes da aldeia.
que estão dispostos a sacrificar-se e, se necessário, a dar • Desenvolvimento:
a própria vida em nome da «febre» que lhes foi incutida Numa primeira fase, esta localidade encontrava-se mergu-
por Deus. É possível comprová-lo, por exemplo, através do lhada num estado de profunda estagnação e obscurantis-
poema «D. Sebastião, Rei de Portugal», no qual a loucura é mo, como é possível verificar através da descrição do dia a
perspetivada como algo positivo, uma vez que é aquilo que dia de Batola, marcado pela inércia e pela monotonia, bem
impele o Homem a libertar-se da sua condição animal e a como pela referência ao facto de os ceifeiros não terem
buscar a concretização do seu ideal até às últimas conse- qualquer tipo de vida social, indo diretamente para casa no
quências. É por este motivo que D. Sebastião conseguirá final do dia.
atingir a imortalidade. Também no poema «O Infante» é Com o acesso à rádio, todo o quotidiano da aldeia se alte-
feita referência ao sonho, que surge como a origem da ra: os habitantes passaram a juntar-se na mercearia para
concretização da vontade de Deus no mundo. Através do escutarem as notícias, discutindo posteriormente os assun-
sonho que Deus lhe colocou na alma, o Infante D. Henri- tos que marcavam a época, nomeadamente a guerra. Por
que acabou por se elevar a um plano sagrado, uma vez que vezes, ouviam as melodias transmitidas, tendo até, certa
cumpriu o desejo divino de que o mar passasse a ser um noite, sido organizada uma festa. O próprio protagonista al-
fator de união e não de separação no mundo. terou radicalmente o seu comportamento: deixou de beber
• Conclusão: (algo que fazia para combater o tédio) e passou a acordar
Nesta obra de Fernando Pessoa, os heróis são aqueles que, cedo e a trabalhar com entusiasmo, de forma a poder con-
graças ao seu sonho, se destacam da turba anónima; muito tinuar as conversas com os clientes.
ĞŵďŽƌĂƉĂŐƵĞŵƵŵƉƌĞĕŽƉĞůĂƐƵĂŶĂƚƵƌĞnjĂĚĞƐŽŶŚĂĚŽƌĞƐവ • Conclusão:
Ă ƐŽůŝĚĆŽ Ğ Ž ƐŽĨƌŝŵĞŶƚŽ വ͕ ĂĐĂďĂŵ ƉŽƌ ƐĞƌ ůĂƌŐĂŵĞŶƚĞ A chegada da rádio operou uma mudança tão positiva
recompensados, uma vez que se elevam ao estatuto de na aldeia e em Batola que, no final do conto, a mulher
mitos. do protagonista acaba por concordar com a aquisição do
Proposta B (p. 145) aparelho.
• Introdução: Proposta B (p. 145)
Mensagem surge como uma obra que, numa época de de-
• Introdução:
cadência da nação, vem anunciar o seu ressurgimento, que
No conto «George», a percurso de vida da protagonista é
seria concretizado através da vinda do «Encoberto» e da
marcado por uma atitude de profundo desprendimento.
consequente chegada do Quinto Império – um império já
não terreno, mas de caráter espiritual. • Desenvolvimento:
George, quando confrontada com Gi, figura que representa
• Desenvolvimento:
simbolicamente a sua juventude, reflete sobre a sua existên-
No poema «António Vieira», este orador surge como a se-
cia, sendo possível verificar que esta se caracteriza por um
gunda figura dos «Avisos», isto é, como um dos profetas
gosto permanente por uma atitude de desprendimento –
que viria anunciar a vinda do «Encoberto» e a consequente
em relação a pessoas, locais e objetos. É por esse motivo
chegada do Quinto Império. De facto, D. Sebastião, por ter
que nunca compra uma casa, que se desfaz de quase todos
dado a vida em nome do seu sonho, acabou por se mitifi-
car, sendo que há de regressar sob a forma de «Encober- os seus bens e que recusa estabelecer uma relação amoro-
to» para resgatar Portugal da fase de decadência em que sa de caráter duradouro. Contudo, a satisfação temporária
se encontra. É por esse motivo que surge nas profecias de provocada pelo sentimento de liberdade que esta atitude
António Vieira referidas no poema homónimo enquanto fi- lhe traz acabará por converter-se numa profunda solidão,
gura que prenuncia o surgimento do Quinto Império, que é como é anunciado por Georgina, prefiguração de quem há
configurado como uma madrugada, isto é, uma época de de ser quando tiver setenta anos.
renascimento da nação. Também no poema «Quinto Im- • Conclusão:
pério» é feita referência às quatro eras que antecederam A atitude de desapego que caracteriza a vida de George,
a chegada nesta nova época, que, mais uma vez, é pers- graças à qual esta conseguiu alcançar independência, ri-
petivada como um dia claro (por oposição à noite em que queza e sucesso, acabará por lançá-la numa infelicidade
a pátria se encontrava mergulhada). No final do texto, o profunda.
Unidade 3 – Poetas contemporâneos obrigadas a permanecer durante horas à chuva para rece-
berem uma esmola por parte daquela instituição; além dis-
Proposta A (p. 146)
so, sujeitam-se a ser maltratadas pelos guardas, que não os
• Introdução: respeitam pelo facto de serem de um baixo estrato social.
Em ambos os poemas, o sujeito poético assume uma atitu- No momento em que Ricardo Reis se dirige à sede da PVDE
de muito crítica em relação a Portugal. para ser interrogado, é feita uma crítica aos agentes da po-
• Desenvolvimento: lícia política, que, através das suas atitudes autoritárias e
No primeiro caso, é feita referência à repressão que, na despóticas, evidenciam a arbitrariedade que dominava o
época do Estado Novo, como que estrangulava a socieda- modo de atuação dos organismos repressores do Estado.
de portuguesa, provocando a sua estagnação e morte. No • Conclusão:
segundo poema, muito embora seja aludido o período do Através de O ano da morte de Ricardo Reis, o protagonista
pós-25 de Abril, o marasmo referido no primeiro texto ainda acaba por se confrontar com uma sociedade profundamen-
se mantém. Com efeito, o eu manifesta o seu desalento em te repressiva, sendo convidado, desta forma, a libertar-se da
relação a uma pátria sem rumo, cujo potencial se encontra atitude de indiferença que, até aí, regera a sua existência.
claramente subaproveitado.
• Conclusão: Ficha 3 – Texto de opinião (pp. 149-152)
Nos dois textos poéticos, é visível o profundo desalento do
eu em relação a um país que parece estar continuamente hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϭവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽŽƌƚſŶŝŵŽ
mergulhado na estagnação. Proposta A (p. 151)
Unidade 4 – José Saramago, Memorial do convento • Introdução:
e O ano da morte de Ricardo Reis A resignação tanto pode ter consequências prejudiciais
como benéficas na vida do ser humano. Na verdade, cabe a
Proposta A (p. 147) cada indivíduo gerir de forma sensata a sua capacidade de
• Introdução: resignação, em função da situação com a qual é obrigado a
A temática do sonho é fundamental em Memorial do con- confrontar-se.
vento, assumindo contornos opostos nos dois sonhos que • Desenvolvimento:
vão conduzindo a narrativa: o de D. João V e o do Padre Com efeito, caso estejamos perante uma situação reversí-
Bartolomeu Lourenço de Gusmão. vel, não faz qualquer sentido resignarmo-nos e aceitarmos
• Desenvolvimento: um contexto que não nos satisfaz.
Em virtude da promessa que fizera para garantir o nascimen- Por exemplo, caso Martin Luther King se tivesse resignado
to de um filho, D. João V tinha o sonho de construir o Con- a ser alvo de discriminação nos Estados Unidos da América,
vento de Mafra. Contudo, para concretizá-lo, recorrerá à ex- este país não teria feito qualquer esforço para se libertar
ploração do povo (como é visível no episódio da epopeia da deste tipo de preconceitos e nunca teria sido possível assis-
pedra), não hesitando, inclusivamente, em mandar recrutar tir à eleição de Barack Obama como presidente.
homens à força para que o processo de construção fosse No entanto, por vezes, confrontamo-nos com situações
agilizado. Por seu lado, o Padre Bartolomeu Lourenço de que são irreversíveis, nomeadamente no caso da morte de
Gusmão tem o sonho de construir uma passarola e de fazê- alguém.
-la voar. No entanto, ao contrário do que sucede com o mo- Neste caso, a atitude mais sensata é resignarmo-nos, isto
narca, irá trabalhar em conjunto com Baltasar e Blimunda, é, aceitarmos a realidade, por mais dolorosa que esta seja.
não os tratando como subalternos, mas como amigos. Tal não significa, contudo, que tenhamos de viver mergu-
É graças a esta «trindade terrestre» que o seu sonho se lhados no sofrimento: alguns pais que tiveram a infelicidade
concretizará: enquanto o sacerdote se dedica à investigação de perder os seus filhos decidiram criar fundações em seu
científica, Blimunda recolherá as vontades e Baltasar será nome – uma forma de os homenagear e de, simultanea-
responsável pela construção da máquina. Este trabalho de mente, mitigar a dor através da criação de algo positivo.
equipa permitir-lhes-á elevarem-se, num voo simbólico que • Conclusão:
se contrapõe ao peso da exploração que marca a sociedade Concluindo, a resignação pode ter consequências positivas
profundamente estratificada da época. ou negativas na vida do ser humano. O fundamental é agir-
• Conclusão: mos evidenciando inteligência emocional.
O contraponto entre o sonho de D. João V e o do Padre
Proposta B (p. 151)
Bartolomeu Lourenço de Gusmão evidencia claramente a
proposta que é apresentada na obra para o rumo a seguir • Introdução:
pela humanidade: não o da opressão característica de uma A infância pode ser uma época muito feliz da nossa vida.
sociedade hierarquizada, mas o da cooperação e da solida- No entanto, em muitos casos, tal não sucede, sendo que a
riedade entre os seus elementos. felicidade apenas é conquistada mais tarde.
• Desenvolvimento:
Proposta B (p. 147)
A infância pode ser um dos períodos mais felizes da nossa
• Introdução: existência, dado que, em princípio, nesta fase, somos mais
No romance O ano da morte de Ricardo Reis, o narrador, inocentes e somos protegidos pela nossa família, não tendo
através de um discurso profundamente irónico, tece duras de assumir muitas responsabilidades. Deste modo, é pos-
críticas ao regime do Estado Novo. sível concentrarmo-nos em atividades lúdicas muitas vezes
• Desenvolvimento: associadas a um plano onírico.
Esta crítica é visível, por exemplo, no episódio do bodo Esta é, por exemplo, a imagem da infância que surge na po-
de O século, no qual as famílias mais desfavorecidas são esia de Fernando Pessoa ortónimo: época em que o eu não
era acometido pela dor de pensar, em que era acarinhado «Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio». A inevitabili-
pela família e em que vivia mergulhado no mundo do so- dade da morte leva-o a sugerir que ambos se abstenham de
nho. Contudo, por ser inconsciente, não tinha consciência qualquer gesto de afeto, limitando-se a aguardar, de forma
da sua suposta felicidade. passiva, o seu fim. É possível que seja esse o motivo por
Por outro lado, a infância pode também ser uma fase de que Lídia é descrita como uma «pagã triste». Com efeito,
enorme infelicidade, uma vez que, em princípio, somos esta atitude de abdicação, muito embora vise pacificar a
mais vulneráveis e temos uma menor capacidade de nos angústia provocada pela proximidade da morte, acaba por
defender. mergulhar os que a assumem numa profunda melancolia.
Tal é visível, por exemplo, em muitos dos casos em que Em contrapartida, a consciência da fugacidade da vida pode
crianças são vítimas de bullying. Incapazes de se defende- também levar o ser humano a aperceber-se do quão valiosa
rem, sofrem durante muito tempo em silêncio, apenas con- esta é, impelindo-o a desfrutar da melhor forma do tempo
seguindo denunciar a situação muito mais tarde na vida, de que ainda dispõe.
numa fase em que já trabalharam a sua autoestima. Foi o É possível exemplificá-lo através do percurso biográfico
que sucedeu com Steven Spielberg, que utilizou a experiên- de Stephen Hawking. Diagnosticado aos vinte e um anos
cia de ser vítima de bullying para, posteriormente, realizar com esclerose lateral amiotrófica, era expectável que não
filmes sobre figuras que se sentiam marginalizadas. vivesse durante muito mais tempo. Na realidade – e apesar
• Conclusão: de todas as dificuldades que marcaram a sua existência –,
A infância pode, ou não, ser uma das fases mais felizes da manteve sempre uma atitude otimista, cultivando o senti-
nossa vida. No entanto, cabe-nos a nós conquistarmos a fe- do de humor e acabando por viver até aos setenta e seis
licidade nos restantes períodos da nossa existência. anos.
• Conclusão:
hŶŝĚĂĚĞϭ͘Ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽƐŚĞƚĞƌſŶŝŵŽƐ Em síntese, a consciência da fugacidade da vida pode ter
Proposta A (p. 151) um efeito positivo ou negativo na vida do ser humano. É da
• Introdução: responsabilidade de cada indivíduo decidir como atuar face
A atividade reflexiva pode, efetivamente, impedir-nos de à inevitabilidade da morte.
amar algo tal como é, uma vez que nos impele a questio- Proposta C (p. 151)
narmos o objeto do nosso amor, o que pode vir a pôr em • Introdução:
causa o próprio sentimento. A rotina pode ser prejudicial ou benéfica na vida do ser hu-
• Desenvolvimento: mano, uma vez que é um princípio essencial na organização
Com efeito, a tendência para refletirmos permanentemen- quotidiana, mas também pode ser uma fonte de monoto-
te sobre o mundo que nos rodeia pode constituir uma bar- nia e de tédio.
reira entre nós e a realidade, dado que as questões que
• Desenvolvimento:
levantamos nos levam a pô-la em causa, podendo impedir-
Sem rotina, dificilmente é possível o ser humano organizar
-nos eventualmente de desfrutar de algo belo e agradável.
a sua vida do dia a dia. De facto, muito embora o inespe-
É possível comprová-lo, por exemplo, através da poesia de
rado seja, por vezes, algo muito agradável, os indivíduos
Pessoa ortónimo, na qual o sujeito poético é impedido de
necessitam de planificar a sua vida diária com alguma an-
desfrutar dos momentos vividos por uma atividade reflexi-
tecedência para que lhes seja possível respeitarem os seus
va constante, que o mergulha continuamente num proces-
compromissos, tanto a nível profissional como pessoal.
so de intelectualização do qual não se consegue libertar.
A importância da rotina é visível, por exemplo, através da
Do mesmo modo, uma racionalização permanente dos sen-
necessidade que os trabalhadores têm de que seja estabe-
timentos pode impedir-nos de estabelecermos qualquer
lecido um horário de trabalho e de que, sempre que seja
tipo de relação amorosa.
necessário realizar um evento ocasional (como uma reu-
Foi o que sucedeu, por exemplo, na vida de Fernando Pes-
nião), este seja marcado atempadamente.
soa, que estava permanentemente a intelectualizar as emo-
Contudo, caso os indivíduos vivam o seu quotidiano sempre
ções que sentia em relação a Ofélia Queirós – tendo sido
da mesma forma, sem fazerem algo que, de algum modo,
este um dos fatores que o levaram a terminar a sua relação.
os liberte de uma existência rotineira, acabarão por mergu-
• Conclusão: lhar num tédio profundo.
Em suma, a tendência para uma reflexão permanente pode É possível exemplificá-lo através do «Poema dum funcio-
pôr em causa qualquer tipo de afeto. nário cansado», de António Ramos Rosa. Com efeito, neste
Proposta B (p. 151) texto, o sujeito poético sente-se enclausurado num quoti-
diano sempre igual, no qual não há espaço para a poesia.
• Introdução:
A consciência da transitoriedade da vida pode ter vanta- • Conclusão:
gens ou desvantagens na vida do ser humano, em função Concluindo, a rotina pode ter efeitos muito positivos na vida
da forma como nos posicionamos face a esta questão. do ser humano, desde que seja equilibrada com momentos
dedicados a atividades que o libertem do seu quotidiano.
• Desenvolvimento:
Com efeito, caso a noção de que a vida é fugaz leve o indiví- hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕Mensagem
duo a assumir uma atitude niilista em relação à sua existên-
cia e a abster-se de qualquer iniciativa, limitando-se a espe- Proposta A (p. 152)
rar a morte, tal consciência será profundamente prejudicial • Introdução:
na sua vida. Os sonhadores têm, de facto, um papel fundamental na
É possível exemplificá-lo através dos conselhos que o su- sociedade, uma vez que são eles que, muitas vezes, contri-
jeito poético dirige à sua interlocutora no final do poema buem para a sua evolução a vários níveis.
Unidade 4 – José Saramago, Memorial do convento mais seguidores em Portugal, tendo sido convidado para
e O ano da morte de Ricardo Reis palestras e entrevistas.
Proposta A (p. 152) • Conclusão:
Em suma, ainda que, por vezes, não tenhamos oportunida-
• Introdução:
de de nos aperceber de todo o alcance dos nossos gestos,
A música tem um papel fundamental na sociedade atual,
a verdade é que todos temos o poder de mudar o mundo.
fazendo parte do quotidiano da maioria das pessoas, tanto
no espaço doméstico como no espaço público.
• Desenvolvimento:
COMPREENSÃO DO ORAL
Com efeito, muito embora as plataformas online tenham
retirado importância aos objetos físicos através dos quais
Ficha de compreensão do oral 1 – debate (p. 153)
a música era divulgada, o que levou algumas pessoas a
preverem, numa primeira fase, o fim da possibilidade de 1. C; 2. A; 3. D; 4. C.
alguém sobreviver com base numa carreira musical, a ver-
dade é que tal não aconteceu. Consciente de que as pes-
EXPRESSÃO ORAL
soas necessitam de ouvir música frequentemente, como
forma de evasão ou de catarse de sentimentos reprimidos,
a indústria musical soube adaptar-se a esta nova época. Ficha 1 – Debate (pp. 155-156)
É possível comprová-lo, por exemplo, através de platafor-
mas de streaming, como o Spotify – pelas quais pessoas de Proposta A (p. 155)
todo o mundo estão dispostas a pagar. Aspetos que podem ser abordados:
Além disso, a indústria musical tem consciência de que a • o poder político tem responsabilidade no processo de
música é também uma ponte para o convívio social. Por combate às alterações climáticas, uma vez que a definição
esse motivo – e para compensar a perda de lucros decor- de estratégias conjuntas por parte dos governos das dife-
rente do fim dos objetos físicos que anteriormente eram rentes nações terá um grande impacto nesta questão (tem
ŶĞĐĞƐƐĄƌŝŽƐ ƉĂƌĂ Ă ƐƵĂ ƌĞƉƌŽĚƵĕĆŽ വ͕ Ƶŵ ŐƌĂŶĚĞ ŶƷŵĞ- sido este o objetivo de eventos como a 27.ª Conferência
ro de músicos tem intensificado a realização de tournées das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, realizada
mundiais, sendo que muitos dos espetáculos esgotam, em novembro de 2022);
devido à vontade que os fãs têm não só de assistir a con-
• no entanto, não devemos responsabilizar unicamente o
certos ao vivo, mas também de conviver com pessoas que
poder político por esta questão: cada indivíduo deve con-
apreciam o mesmo estilo musical.
tribuir quotidianamente para o combate às alterações cli-
• Conclusão: máticas, por exemplo, através da poupança de energia, da
Concluindo, a música tem um papel absolutamente funda- diminuição do consumo de carne, da utilização de trans-
mental na sociedade contemporânea. portes públicos ou da reciclagem.
Proposta B (p. 152) Proposta B (p. 155)
• Introdução: Aspetos que podem ser abordados:
Muito embora muitas pessoas julguem que não têm qual-
• não deviam realizar-se eventos de cariz internacional
quer impacto no mundo, a verdade é que, mesmo a título
(como, por exemplo, o Mundial de Futebol), em países
individual, podemos contribuir para tornar a sociedade
que não respeitam os direitos humanos, dado que, desta
melhor.
forma, lhes é possível transmitirem aos restantes países
• Desenvolvimento: uma imagem de cariz positivo que não se coaduna com a
A atitude de apenas um indivíduo pode contribuir para a realidade;
resolução de problemas graves da atualidade.
• em contrapartida, é também possível argumentar que a
É possível exemplificá-lo através da história de Greta
realização destes eventos contribui para enriquecer estes
Thunberg: preocupada com as alterações climáticas, deci-
diu manifestar-se individualmente em frente ao parlamen- países, sendo que tal pode promover o seu desenvolvi-
to sueco. O seu gesto foi posteriormente seguido, numa mento e, consequentemente, o respeito pelos direitos
primeira fase, por outros jovens do mesmo país e, numa humanos.
segunda fase, por jovens de todo o mundo, acabando por Proposta C (p. 155)
culminar num movimento de greve dos estudantes pelo Aspetos que podem ser abordados:
clima. Graças a esta ativista, as inquietações dos jovens em
relação às alterações climáticas foram, pela primeira vez, • a proibição da circulação de carros nas cidades é benéfica,
ouvidas nas Nações Unidas. uma vez que contribui para a diminuição da poluição at-
Além disso, pequenos gestos de bondade podem contri- mosférica, que tem um grande impacto na saúde pública;
buir para melhorar a sociedade. além disso, desta forma, é possível promover o recurso a
É possível exemplificá-lo através da história de Lucas meios de locomoção não poluentes (como as bicicletas e
Rodrigues, um jovem português que, depois de um assalto as trotinetas); finalmente, o fim da circulação de veículos
de consequências traumáticas, decidiu começar a interagir permite que parte das estradas e alguns parques de esta-
com estranhos na rua, tendo, numa fase posterior, opta- cionamento sejam convertidos em jardins.
do por começar a perguntar-lhes o que os faria felizes e a • contudo, a proibição da circulação de carros nos centros
concretizar os seus desejos. Estes vídeos são apresentados urbanos tem a desvantagem de dificultar muito o acesso a
no TikTok, no canal Lucas with strangers. Em consequência estes locais, o que é uma grande desvantagem, sobretudo
da sua bondade, Lucas tornou-se num dos tiktokers com para a população que lá trabalha.
Proposta D (p. 156) tédio, regista como maior acontecimento de uma tarde de
Aspetos que podem ser abordados: domingo a observação das costas de um homem, processo
que o leva a sonhar ter uma vida diferente da sua;
• o voluntariado tem um papel fundamental na formação dos
jovens, visto que contribui para o desenvolvimento de ca- • contudo, ao contrário do que sucede na obra de Fernando
racterísticas essenciais, como a bondade, o altruísmo e o Pessoa, no final deste poema, o eu parece estar satisfeito
respeito pelo outro; além disso, o trabalho de caráter vo- por regressar à sua existência.
luntário promove também o desenvolvimento da sua ma- Proposta B (p. 160)
turidade e leva-os a terem uma visão mais abrangente da
Aspetos que podem ser abordados:
sociedade;
• nesta gravura, é possível observar três crianças a brincarem
• todavia, ao tornar-se obrigatório, o voluntariado acaba por
ao jogo das escondidas: as duas mais velhas encontram-se
perder a característica que dá origem à própria palavra: o
do lado esquerdo, atrás de um sofá, enquanto a mais nova,
facto de ser realizado por vontade própria e não por obriga-
em primeiro plano, gatinha à sua procura;
ção; deste modo, pode acabar por se converter numa obri-
gação fastidiosa que é necessário cumprir, ao invés de ser, • as suas caras sorridentes sugerem a felicidade característica
como era suposto, um ato livre de generosidade. deste período da vida marcado pelas atividades lúdicas e
pela inconsciência;
Proposta E (p. 156)
• na poesia de Fernando Pessoa ortónimo dedicada à temá-
Aspetos que podem ser abordados: tica da nostalgia da infância, o eu exprime o seu desejo de
• se os jovens tivessem direito a votar a partir dos dezasseis regressar a esta fase da vida, na qual, graças à sua incons-
anos, interessar-se-iam mais cedo pela política; além disso, ciência, ainda não era afetado pela dor de pensar.
idealmente, esta hipótese poderia vir a contribuir para o
hŶŝĚĂĚĞϭ͘Ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽƐŚĞƚĞƌſŶŝŵŽƐ
desenvolvimento do seu espírito cívico e para a promoção
da sua responsabilidade; Proposta A (p. 160)
• contudo, é possível considerar que, aos dezasseis anos, al- Aspetos que podem ser abordados:
guns jovens ainda não têm maturidade suficiente para refle- • no poema de Sophia de Mello Breyner Andresen, muito
tirem criticamente sobre as diferentes propostas políticas. embora o primeiro verso configure a morte de uma forma
Proposta F (p. 156) abjeta e angustiante, em termos globais, o fim da vida é
perspetivado como um processo natural, que em nada al-
Aspetos que podem ser abordados:
terará o ciclo da Natureza: com efeito, o facto de a beleza
• tendo em conta que, na época atual, os jovens têm um do mundo se manter após a sua morte parece apaziguar o
acesso rápido a todo o tipo de informação, graças à inter- sujeito poético;
net, há quem considere que estes são muito mais cultos do
• da mesma forma, na obra de Alberto Caeiro, o fim da vida
que os de há trinta anos;
é encarado com grande serenidade, dado que, enquanto
• todavia, muitas vezes, o acesso à informação não é sinóni- evento que se enquadra na ordem natural das coisas, ocor-
mo de cultura, traduzindo-se, ao invés, num conhecimento rerá no tempo devido e em nada alterará o mundo natural.
superficial sobre vários temas ou na apropriação acrítica
de dados recolhidos na internet sem confirmação da sua Proposta B (p. 161)
veracidade. Aspetos que podem ser abordados:
Proposta G (p. 156) • nesta imagem, a barca de Caronte é representada a atra-
vessar o rio Estige, com algumas almas a bordo, sendo que
Aspetos que podem ser abordados:
o seu aspeto aterrorizado ou cabisbaixo confere à gravura
• os dispositivos tecnológicos têm a vantagem de permitir um um tom sombrio, que é reforçado pelas inúmeras almas
rápido acesso a informação que, no passado, tinha necessa- que flutuam como cadáveres no rio ou que procuram, em
riamente de ser recolhida em várias obras, implicando um vão, subir para a embarcação; o facto de a barca ter na proa
processo de investigação complexo e moroso; além disso, uma coruja, animal tipicamente associado à noite, contribui
têm ainda a vantagem de poder guardar na sua memória também para esta tonalidade lúgubre; no entanto, destaca-
várias obras literárias, o que facilita muito o seu transporte; -se, acima de tudo, uma enorme figura espectral que surge
• no entanto, enquanto a informação apresentada num livro do lado direito, em plano de fundo, conferindo à imagem
foi, em princípio, revista a nível científico, por vezes, os da- um aspeto aterrorizador; finalmente, são ainda de salientar
dos a que temos acesso através da internet não têm qual- as cores sombrias utilizadas, que contribuem também para
quer fundamento; é ainda de salientar, a nível das obras a criação de uma atmosfera sinistra;
literárias, o facto de muitos leitores apreciarem ainda mui- • também na obra de Ricardo Reis a morte é configurada
to o formato em papel, afirmando que torna a leitura mais como um evento profundamente angustiado, que provoca
agradável e menos cansativa. a descida das almas ao Hades — submundo do universo pa-
gão, marcado pelas trevas e pelo desespero.
Ficha 2 – AprĞĐŝĂĕĆŽĐƌşƟĐĂ (pp. 159-164)
Proposta C (p. 161)
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϭവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽŽƌƚſŶŝŵŽ
Aspetos que podem ser abordados:
Proposta A (p. 159)
• nesta gravura, é possível observar um espaço noturno
Aspetos que podem ser abordados: no qual vários arranha-céus se erguem sobre dois túneis.
• tal como na poesia de Fernando Pessoa ortónimo, está Os quatro edifícios que se encontram na frente estão in-
presente, neste poema, a temática do sonho e realidade: o clinados, o que transmite a impressão de que se trata de
sujeito poético, mergulhado numa existência marcada pelo um espaço muito preenchido com construções. Além da
monumentalidade dos arranha-céus, destaca-se ainda a encontrando-se nas Ilhas Afortunadas à espera do momen-
abundância de luzes, evidenciada pelos semáforos que, do to adequado para regressar a Portugal sob a forma de Enco-
lado direito da imagem, lançam luzes em diversas direções. berto e para liderar o Quinto Império.
A iluminação repete-se ainda em feixes de luz que se proje-
Unidade 2 – Contos
tam entre os prédios e também por trás de dois dos edifí-
cios. Desta forma se configura um espaço citadino marcado Proposta A (p. 163)
pelo progresso, que se reflete nas enormes dimensões dos Aspetos que podem ser abordados:
prédios e na iluminação abundante. De salientar ainda o
• nesta gravura, é possível observar um ceifeiro a trabalhar
anúncio publicitário que se encontra na fachada do edifício
num campo de trigo; à sua volta, encontram-se vários far-
que se encontra no centro – e que aponta para o consumis-
dos de trigo, o que sugere que também outros homens cei-
mo característico dos centros urbanos. Finalmente, o facto
farão naquele local. Em plano de fundo, encontra-se uma
de em ambos os lados dos túneis se observar canos pode
pequena localidade, possivelmente uma aldeia;
ser interpretado como uma alusão à canalização pública ins-
talada nas cidades – outra consequência benéfica do pro- • no conto «Sempre é uma companhiaͫ, muitos dos habitan-
gresso técnico. No mesmo sentido parece ir a estrada que tes da aldeia são ceifeiros. Até à chegada do rádio, todos se
surge no plano intermédio entre os túneis e os edifícios; limitavam a intercalar o trabalho nos campos e a vida do-
méstica; quando Batola fica com este aparelho à experiên-
• à semelhança do que sucede nesta gravura, também na
cia, a sua vida muda radicalmente: passam a ir à mercearia
poesia de Álvaro de Campos pertencente à fase futurista
ouvir as notícias, discutir a atualidade e até mesmo, em al-
(nomeadamente na «Ode triunfalͫ), o sujeito poético pro-
gumas ocasiões, dançar ao som da música emitida.
cede à exaltação do progresso técnico e do desenvolvimen-
to a nível urbano que lhe está associado, descrevendo as Proposta B (p. 163)
cidades como locais onde se aglomeram os edifícios, onde Aspetos que podem ser abordados:
se promove o consumismo e onde a iluminação pública
• no poema apresentado, o sujeito poético afirma-se como
transformou a vivência noturna.
uma figura feminina que, graças às dificuldades por que
Unidade 1.3 വ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕Mensagem passou, se tornou numa «guerreiraͫ, estatuto que exibe
com muito orgulho;
Proposta A (p. 162)
• também no conto «Georgeͫ a protagonista se conseguiu
Aspetos que podem ser abordados: libertar das imposições da sociedade, tornando-se numa
•neste poema, o eu configura o mar como um elemento que mulher livre e independente; contudo, neste segundo caso,
procura seduzir a terra a ir descobri-lo; a referência a «Sa- esta condição, por ser associada a um extremo desapego a
gresͫ remete para o local lendário onde, segundo a lenda, nível afetivo, há de levá-la a uma profunda solidão.
teria existido a escola do Infante D. Henrique; Unidade 4 – José Saramago, Memorial do convento
•em Mensagem, a temática dos Descobrimentos é também e O ano da morte de Ricardo Reis
abordada: no poema «D. Dinisͫ, por exemplo, a terra surge
como um elemento que anseia pelo mar; além disso, em Proposta A (p. 164)
poemas como «O Infanteͫ e «Padrãoͫ, o elemento maríti- Aspetos que podem ser abordados:
mo é configurado como algo que era necessário desvendar • nesta gravura, é possível observar várias figuras de costas
para a revelação do mundo na sua totalidade. que assistem a um auto de fé (visível apenas pelas chamas
Proposta B (p. 162) que dominam o plano de fundo). Entre estas personagens,
destacam-se dois frades que empunham cruzes.
Aspetos que podem ser abordados:
• em Memorial do convento, é feita uma severa crítica à In-
• a gravura de Lima de Freitas divide-se em dois painéis que quisição, responsável não só pela morte de várias pessoas
podem ser entendidos como uma sequência: no da esquer- (como é evidenciado através do episódio do auto de fé que
da, é possível observar a armadura vazia de D. Sebastião é descrito), como também pela perseguição de todos aque-
em cima de um pedestal num campo plano que pode ser les que procurassem, de alguma forma, libertar-se do seu
entendido como uma representação de Alcácer-Quibir. De pesado jugo (como sucede com o Padre Bartolomeu Lou-
salientar que, no céu, é representada a passagem de um co- renço de Gusmão que, por pôr em causa a Trindade Santa e
meta. Esta imagem pode ser interpretada como uma alusão por construir a passarola, acaba por ser perseguido).
à morte de D. Sebastião no Norte de África. No entanto, a
representação do cometa pode apontar para um aconteci- Proposta B (p. 164)
mento sobrenatural que marcou este momento: o facto de Aspetos que podem ser abordados:
o monarca, muito embora tendo morrido, se ter mitificado. • neste poema de Ricardo Reis, o sujeito poético, ao obser-
É para isso que parece apontar o painel da direita, no qual var as flores que o rodeiam no verão, sente uma angús-
este é representado em tronco nu (uma vez que perdeu a tia antecipada por ter consciência de que, após a morte,
sua armadura, associada à vivência física, no campo de ba- no sombrio reino de Hades, lhe será impossível desfrutar
talha), com o peito cravado de duas flechas. O facto de se- deste prazer. Assim, seguindo o princípio horaciano do car-
gurar na mão esquerda a terceira flecha pode ser entendido pe diem, opta por colher uma rosa. Muito embora tendo
como um sinal de que conseguiu vencer a morte – hipótese consciência de que esta está destinada a murchar (fac-
que é corroborada pelo céu estrelado que se encontra atrás to que é anunciado pela utilização do gerúndio do verbo
de si; marcere – «Marcendaͫ –, que significa «a que murchaͫ),
• em Mensagem, a morte de D. Sebastião também é confi- o eu prefere que esta o faça nas suas mãos, uma vez que lhe
gurada como um processo transitório: por ter sacrificado a confere algum prazer, em vez de se degradar por ação da
sua vida em nome do seu sonho, o monarca mitificou-se, passagem do tempo;
• em O ano da morte de Ricardo Reis, esta forma verbal é uti- Proposta C (p. 167)
lizada para denominar uma das protagonistas: Marcenda, Aspetos que podem ser abordados:
à semelhança da rosa, também há de murchar, uma
• na sua fase futurista – nomeadamente na «Ode triunfalͫ –,
vez que, tendo oportunidade de escolher entre a morte
Álvaro de Campos faz uma apologia da vida moderna, exal-
(o seu bloqueio afetivo representado pelo seu lado esquer-
tando as máquinas, a vida nos centros urbanos e meios de
do paralisado) e a vida (o amor de Ricardo Reis), acaba por
transporte mais recentes na época;
repudiá-lo.
• no entanto, tal não significa que não tenha um espírito
Ficha 3 – Exposição sobre um tema (pp. 167-168) crítico em relação à sociedade coeva: de facto, em «Ode
triunfalͫ, faz uma crítica feroz à decadência, à violência e à
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϭവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽŽƌƚſŶŝŵŽ
hipocrisia que a marcavam.
Proposta A (p. 167)
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕Mensagem
Aspetos que podem ser abordados:
Proposta A (p. 167)
• na obra poética de Fernando Pessoa ortónimo, o sonho é
sempre considerado como superior à realidade. Mergulha- Aspetos que podem ser abordados:
do numa existência marcada pelo tédio e pela abulia, o eu • em Mensagem, os heróis são perspetivados como figuras
privilegia o universo onírico, que pode ser configurado não escolhidas por Deus para concretizarem os Seus planos,
só como um local idealizado que lhe permitiria evadir-se do que lhes eram incutidos na alma através do sonho;
quotidiano, mas também como uma aspiração que não foi • assim, enquanto sonhadores, não se satisfazem com a
concretizada; existência quotidiana, destacando-se da turba, que apenas
• incapaz de se libertar de um processo permanente de inte- vive para a satisfação dos seus instintos básicos; por este
lectualização e da inércia que o corrói, o sujeito poético aca- motivo, acabam por viver na solidão;
ba por nada fazer para tentar tornar os seus sonhos reais; • além disso, o preço a pagarem para se mitificarem é o
• a tentativa de fuga para o mundo onírico também fracassa, sofrimento ou mesmo a morte (como sucedeu com D.
dado que a razão interfere no processo, evidenciando a sua Sebastião);
dimensão irreal. • atualmente, os heróis não são necessariamente aqueles
Proposta B (p. 167) que se destacam do resto dos homens: muitas vezes são
indivíduos que, de forma discreta (por exemplo, através do
Aspetos que podem ser abordados:
voluntariado), procuram fazer o que está ao seu alcance
• a poesia de Fernando Pessoa ortónimo é marcada pela nos- para melhorarem um pouco o mundo;
talgia da infância, período em que o eu era inconsciente,
• além disso, na sociedade contemporânea, o sofrimento
não sendo, consequentemente, ainda acometido pela dor
não é uma condição obrigatória para se alcançar o estatuto
de pensar;
de herói.
• contudo, graças à sua inconsciência, este não tinha cons-
ciência das suas emoções, razão pela qual não era, na reali- Proposta B (p. 167)
dade, verdadeiramente feliz: com efeito, a felicidade deste Aspetos que podem ser abordados:
período resulta da forma idealizada como é perspetivado no • em Mensagem, o sujeito poético considera que a socieda-
presente. de portuguesa da sua época se encontra marcada pela de-
hŶŝĚĂĚĞϭ͘Ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽƐŚĞƚĞƌſŶŝŵŽƐ cadência e pela estagnação: daí a necessidade da vinda do
Encoberto para reerguer o país e torná-lo líder do Quinto
Proposta A (p. 167) Império;
Aspetos que podem ser abordados: • do mesmo modo, a sociedade atual não é vista como muito
• na obra de Alberto Caeiro, o sujeito poético deseja liber- próspera: o país tem estado à mercê de crises económicas
tar-se do pensamento e fruir do mundo na sua dimensão e ainda há bastantes famílias a viverem na pobreza.
objetiva;
Unidade 2 – Contos
• para tal, concentra-se nas sensações que o mundo natural
que o rodeia lhe proporciona, nomeadamente na visão, pro- Proposta A (p. 168)
curando libertar-se de ideias preconcebidas e de todo o tipo Aspetos que podem ser abordados:
de pensamento filosófico; • nos anos 40, o universo rural português praticamente não
• de facto, na sua perspetiva, esta era a única forma de amar a tinha contacto com o mundo exterior, encontrando-se a sua
Natureza: não a questionando, mas aceitando-a plenamen- vivência muito distante da dos centros urbanos; este iso-
te como é. lamento é visível no conto «Sempre é uma companhiaͫ: a
partir do momento em que o rádio chega à aldeia, os seus
Proposta B (p. 167)
habitantes começam a receber informação do mundo exte-
Aspetos que podem ser abordados: rior. Deste modo, deixam de ser meros seres passivos, que
• o Epicurismo está presente na poesia de Ricardo Reis sobre- se limitam a trabalhar, e passam a refletir sobre os aconteci-
tudo através do ideal da ataraxia, isto é, da defesa de uma mentos internacionais da sua época;
fruição moderada dos prazeres e de uma vivência tranquila, • na atualidade, a realidade no mundo rural é bem diferen-
em nada afetada pelos acontecimentos exteriores; te: os meios de comunicação social e, posteriormente,
• o Estoicismo manifesta-se através da referência à apatia, ou a internet permitiram a qualquer indivíduo ter acesso a in-
seja, à libertação de todo e qualquer sentimento e à aceita- formação de todo o mundo; deste modo, houve uma unifor-
ção, de forma disciplinada, do destino. mização da mentalidade e das vivências nos diversos locais;
• de salientar ainda que, atualmente, o teletrabalho tem Ficha 4 – Texto de opinião (pp. 169-172)
permitido que muitos habitantes das cidades se deslo-
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϭവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽŽƌƚſŶŝŵŽ
quem para o mundo rural: desta forma, as diferenças a
nível da mentalidade entre o espaço citadino e o espaço Proposta A (p. 171)
campestre têm cada vez mais tendência a esbater-se. Aspetos que podem ser abordados:
• a atividade reflexiva pode ser uma fonte de infelicidade
Proposta B (p. 168)
quando se torna obsessiva, impedindo o ser humano de
Aspetos que podem ser abordados: desfrutar da realidade;
• tanto no conto «Georgeͫ, como na atualidade, a figura fe- • é o que sucede, por exemplo, no caso do sujeito poético
minina é perspetivada como um ser emancipado, que luta de Fernando Pessoa ortónimo: a sua incapacidade de se li-
bertar de uma razão que o leva a intelectualizar permanen-
pelos seus sonhos e se recusa a depender economicamen-
temente as suas emoções impede-o de fruir do presente,
te de um cônjuge; levando-o a ser vítima da dor de pensar;
• contudo, enquanto na sociedade contemporânea estas ca- • no entanto, se tiver o propósito de levar o indivíduo a me-
racterísticas são perspetivadas como positivas, no conto ditar sobre a realidade que o rodeia, não a aceitando passi-
«Georgeͫ surgem associadas a um desapego a nível afeti- vamente e procurando transformá-la de forma positiva, a
reflexão pode ser um instrumento fundamental ao serviço
vo que trará muita infelicidade à protagonista.
da evolução da humanidade;
hŶŝĚĂĚĞϰവ:ŽƐĠ^ĂƌĂŵĂŐŽ͕Memorial do convento • é possível exemplificá-lo através do caso de Marie Curie,
e O ano da morte de Ricardo Reis cientista que foi levada, pela sua capacidade reflexiva, a de-
senvolver pesquisas inovadoras na área da radioatividade.
Proposta A (p. 168)
Proposta B (p. 171)
Aspetos que podem ser abordados: Aspetos que podem ser abordados:
• a relação entre Baltasar e Blimunda, muito embora o ro- • a capacidade de sonhar pode ter efeitos muito benéficos na
mance tenha lugar no século XVIII, reveste-se de contor- vida do ser humano, dado que, sem aspirações, não seria
nos muito atuais: ao contrário do que sucedia na época, possível ao ser humano evoluir e transformar a realidade;
estes não são casados e não têm filhos, vivendo exclusi- • o sonho foi fundamental, por exemplo, no caso de Martin
vamente um para o outro; além disso, Blimunda não se Luther King – foi graças à sua ambição de combater a discri-
minação racial nos Estados Unidos que os negros começa-
submete à autoridade de Baltasar nem este é adúltero;
ram a lutar pela igualdade neste país;
• por todos estes motivos, esta relação contrasta fortemen- • o sonho pode também ser associado a um plano onírico,
te com a relação entre D. João V e D. Maria Ana, marcada que muitas vezes é utilizado como uma forma de evasão de
pelo adultério (por parte do rei) e por uma enorme infeli- uma realidade percecionada como decetiva; contudo, caso
cidade por parte da figura feminina; este local idealizado seja configurado como inacessível, tal
pode gerar sentimentos de frustração no indivíduo;
• na sociedade atual, muito embora ainda haja relações
• é, por exemplo, o que sucede no poema de Fernando
abusivas, a tendência é que, na sua maioria, estas se pau- Pessoa ortónimo intitulado «Não sei se é sonho, se realida-
tem pelo amor e pelo respeito entre ambos os elementos. de», no qual a razão omnipresente do eu o impede de acre-
ditar na existência do local idealizado que evoca, levando-o
Proposta B (p. 168)
a manifestar um profundo desalento.
Aspetos que podem ser abordados:
hŶŝĚĂĚĞϭ͘Ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕WŽĞƐŝĂĚŽƐŚĞƚĞƌſŶŝŵŽƐ
• em O ano da morte de Ricardo Reis, o protagonista, após a
morte do seu criador, tem hipótese de se tornar autónomo Proposta A (p. 171)
em relação a ele: para tal, deveria tornar-se num Ricardo Aspetos que podem ser abordados:
Reis saramaguiano: libertar-se dos seus preconceitos so- • a fixação de pessoas no mundo rural pode ser uma fonte de
ciais, casando-se com Lídia, e afastar-se dos seus ideais de profunda felicidade – uma vez que propicia o contacto com
a Natureza, algo que é fundamental, tanto para os adultos
ataraxia e de apatia, juntando-se aos opositores do regime
(uma vez que permite um estilo de vida mais sereno e sau-
(como fez Daniel); dável), como para as crianças (dado que, além dos benefí-
• contudo, o heterónimo de Fernando Pessoa, muito em- cios anteriormente apontados, promove uma vida em liber-
bora sofra bastantes alterações ao longo da obra (visíveis, dade, na qual as atividades lúdicas podem ser desenvolvidas
ao ar livre);
por exemplo, no facto de se indignar com o bodo do Sécu-
• por estes motivos que muitas pessoas têm optado, na atua-
lo, com a forma como a PVDE tratava os suspeitos e de, no
lidade, por se deslocarem para as áreas rurais;
final, chorar após a derrota dos marinheiros revoltosos),
• algo que foi possibilitado pelo teletrabalho –, sendo que vá-
acaba por abdicar da possibilidade de ser tornar autóno-
rias reportagens apresentadas nos media têm dado conta
mo em relação ao seu criador, decidindo, assim, acompa- de que esta experiência tem tido, na maioria dos casos, um
nhá-lo até ao cemitério no momento em que terminam os balanço muito positivo;
nove meses de que este dispunha para estar presente no • no entanto, para que este processo de fixação no campo te-
mundo após a morte. nha resultados inequivocamente positivos, será necessário
que o governo fomente o desenvolvimento destas áreas, futuro – iniciativa que teve um impacto muito positivo na
nomeadamente através da construção de infraestruturas imagem internacional de Portugal;
essenciais; • no entanto, a evocação da época dos Descobrimentos pode
• com efeito, há locais no país em que é ainda necessário des- ter também consequências profundamente negativas, uma
locar-se ao longo de vários quilómetros para se aceder aos vez que pode levar os portugueses a refugiarem-se numa
serviços hospitalares. nostalgia do passado que se configura como um processo
paralisante, na medida em que os impede de procurarem
Proposta B (p. 171)
fazer algo para melhorar o presente, dado que este se lhes
Aspetos que podem ser abordados: afigura sempre como um tempo de decadência;
• a assunção de uma atitude de imperturbabilidade pode ter • é possível exemplificá-lo através de grupos saudosistas que
consequências positivas na vida do ser humano, caso esta idealizam a época dos Descobrimentos, considerando que,
seja assumida de forma moderada – isto é, como um meio apesar de se ter verificado uma enorme evolução, sobretu-
para não se deixar afetar em demasia por obstáculos encon- do a nível dos direitos humanos, a sociedade atual é marca-
trados no percurso de vida; da por uma degradação irreversível – ou que apenas pode
• é possível alcançar um comportamento mais sereno, por ser solucionada através do retorno a ideais manifestamente
exemplo, através de técnicas como a meditação. Com efei- ultrapassados.
to, está comprovado que a serenidade obtida através desta
prática permite ao indivíduo distanciar-se dos seus proble- Proposta B (p. 172)
mas e, consequentemente, refletir posteriormente sobre Aspetos que podem ser abordados:
eles de forma muito mais serena e ponderada; • a crença na vinda de um salvador pode ter consequências
• todavia, caso o ser humano se mostre totalmente indiferen- benéficas para o país, na medida em que pode levar os por-
te em relação à realidade que o rodeia, tal atitude poderá tugueses a terem esperança de que um determinado líder
ter consequências profundamente negativas na sua vida; permita ao país entrar numa época de prosperidade;
• tal é claramente demonstrado, por exemplo, em O ano da • é este tipo de expectativas que leva muitos portugueses a
morte de Ricardo Reis – na medida em que, neste roman- envolverem-se nas campanhas eleitorais em torno de um
ce, o protagonista é desafiado a libertar-se da atitude de determinado candidato;
ataraxia em que se encontrava mergulhado – e que, entre • no entanto, o facto de os portugueses esperarem a che-
outros aspetos, o impedia de se revoltar contra um regime gada de um elemento externo que mude o rumo das suas
ditatorial manifestamente autoritário e opressivo. vidas pode levá-los a caírem numa inércia profundamente
Proposta C (p. 171) prejudicial;
Aspetos que podem ser abordados: • é o que sucede, por exemplo, com muitos indivíduos que,
• o desenvolvimento tecnológico que se tem verificado tem semana após semana, apostam no Euromilhões, esperan-
tido, maioritariamente, consequências profundamente po- do que uma eventual fortuna que daí venha lhes permita
sitivas – uma vez que está associado a um enorme progres- transformar as suas vidas – ao invés de se empenharem ati-
so que tem contribuído de forma decisiva para aumentar o vamente num processo de mudança.
bem-estar da humanidade;
hŶŝĚĂĚĞϮവŽŶƚŽƐ
• é possível exemplificá-lo, a nível dos cuidados de saúde: dis-
positivos como os membros biónicos têm tido um impacto Proposta A (p. 172)
profundamente positivo na vida de pessoas que têm mem- Aspetos que podem ser abordados:
bros amputados; • atualmente, os media ainda têm um grande impacto na so-
• contudo, a evolução tecnológica pode também ter um im- ciedade, uma vez que têm uma enorme influência na forma-
pacto profundamente negativo, em virtude da adição que ção da opinião pública;
pode provocar; • é possível comprová-lo, por exemplo, pelo facto de os movi-
• é o que sucede sobretudo no que diz respeito aos jovens. De mentos cívicos procurarem sempre divulgar as suas reivindi-
facto, estes, muitas vezes, sofrem de privação do sono pelo cações através da imprensa, da rádio e da televisão;
facto de ficarem acordados durante muitas horas, devido à • contudo, as redes sociais vieram roubar algum protagonis-
necessidade de se manterem constantemente em contacto mo aos media, acabando por influenciar a opinião de mui-
com os seus pares. tos indivíduos;
hŶŝĚĂĚĞϭ͘ϯവ&ĞƌŶĂŶĚŽWĞƐƐŽĂ͕Mensagem • tal é visível, por exemplo, através de fake news que, circu-
lando nestas redes, acabam por dar origem a teorias da
Proposta A (p. 172) conspiração que podem ter consequências muito nefastas
Aspetos que podem ser abordados: na sociedade.
• a nostalgia demonstrada por Portugal em relação à época Proposta B (p. 172)
dos Descobrimentos pode ter consequências positivas, uma
vez que a recordação de uma época de glória pode incenti- Aspetos que podem ser abordados:
var os portugueses a confiarem no seu potencial e a realiza- • na sociedade atual, muito tem sido feito a nível da igual-
rem grandes eventos; dade de género, sendo que as mulheres e os homens têm
• tal foi exemplificado através da Expo 98: exposição mundial cada vez mais tendência a partilhar tarefas no contexto
realizada em Lisboa que teve o objetivo de comemorar os doméstico;
quinhentos anos dos Descobrimentos portugueses e de • é possível exemplificar este facto através dos casais mais
pensar no papel dos oceanos enquanto património para o jovens: na maioria dos casos, dado que ambos têm uma
NOVO
MENSAGENS
PORTUGUÊS 12.º ANO
Testes
Testes de avaliação
de avaliação
• Testes de avaliação
da Compreensão do Oral
• Testes de avaliação escrita
• Transcrições
• Soluções
Disponível em formato
editável em
IV
TESTES DE AVALIAÇÃO DA COMPREENSÃO DO ORAL
Testes de
avaliação
Teste 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo ................................... 203
Teste 2 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos ............................ 205
Teste 3 – Fernando Pessoa, Mensagem ................................................ 207
Teste 4 – Contos .................................................................................... 209
Teste 5 – Poetas contemporâneos ........................................................ 211
Teste 6 – José Saramago ........................................................................ 213
01 1.a audição:
Ouve o episódio «Vamos desmontar os mitos sobre Fernando Pessoa?», do programa Convidado Extra,
da Rádio Observador. Considera o excerto áudio desde o 00 min e 47 s até aos 06 min e 45 s.
1. Assinala como verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das afirmações seguintes. 75 pts.
V F
2. Seleciona a opção que completa corretamente cada uma das afirmações. 105 pts.
2.7 Nos mais diversos estudos pessoanos, nomeadamente nas obras publicadas,
A. sempre se abordou, com insistência, o seu amor por Ofélia.
B. destaca-se o caráter humanista e pessoal de Fernando Pessoa.
C. não se constata uma centralidade das situações pessoais.
D. a família é sempre convocada para emitir um parecer.
2.a audição:
Depois da segunda audição do texto, verifica as tuas respostas.
02 1.a audição:
Ouve o episódio dedicado a Fernando Pessoa, do programa Turismo de lés a lés, da RDP Internacional.
1. Assinala como verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das afirmações seguintes. 75 pts.
V F
2. Seleciona a opção que completa corretamente cada uma das afirmações. 105 pts.
2.1 É determinante começar por referir o Largo de São Carlos, uma vez que
A. o autor viveu aí uma grande parte da vida.
B. é onde se situa a casa onde Pessoa nasceu.
C. se associa ao Teatro frequentado por Pessoa.
D. é onde Pessoa conheceu Ofélia Queirós.
2.3 Cristina Siza Vieira afirma que a escolha de Pessoa por Campo de Ourique
A. tem razões muito próximas de um recolhimento bucólico.
B. associa-se a um desejo de se afastar da turba citadina lisboeta.
C. não tem uma motivação que seja sobejamente conhecida.
D. funda-se no desejo de viver com a família da irmã.
2.a audição:
Depois da segunda audição do texto, verifica as tuas respostas.
03 1.a audição:
Ouve o episódio «A Mensagem», do programa Serviço Público – Bloco de Notas, da Antena 1. Considera
o excerto áudio desde o 01 min e 28 s até aos 07 min e 47 s.
1. Assinala como verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das afirmações seguintes. 75 pts.
V F
a) Mensagem é o título que Fernando Pessoa sempre desejou para a sua obra.
2. Seleciona a opção que completa corretamente cada uma das afirmações. 105 pts.
2.a audição:
Depois da segunda audição do texto, verifica as tuas respostas.
04 1.a audição:
Ouve um excerto do podcast de Isabel Lucas, Grandes Leitores, uma parceria Antena 3/Público, com Inês
Fraga, neta de Maria Judite de Carvalho. Considera o excerto áudio desde os 02 min e 50 s até aos 12 min
e 05 s.
1. Assinala como verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das afirmações seguintes. 75 pts.
V F
a) As circunstâncias da vida de Inês ditam o seu interesse pela leitura e pelos livros.
b) A biblioteca dos avós de Inês Fraga era um mundo imenso, inacessível aos mais
novos.
c) O facto de os pais serem leitores compulsivos permitiu que Inês também se fasci-
nasse pela leitura.
d) Inês Fraga menciona que o seu gosto pelas atividades ao ar livre não se coadunava
com o ato de ler.
e) Maria Judite de Carvalho foi uma das maiores influências leitoras para Inês Fraga.
f) Inês refere que Maria Judite de Carvalho acreditava que as obras de Eça só deveriam
ser lidas uma vez.
2. Seleciona a opção que completa corretamente cada uma das afirmações. 105 pts.
2.1 A influência que Maria Judite de Carvalho exerceu sobre Inês Fraga
A. permitiu o seu desenvolvimento afetivo de forma plena.
B. levou a neta a diferentes decisões pessoais e profissionais.
C. centrou-se no domínio familiar e na relação com os outros.
D. associou-se a um domínio meramente literário e cultural.
2.3 A escola do paraíso, de José Rodrigues, foi determinante na adolescência de Inês, já que
A. possibilitou a criação de um mundo imaginário.
B. tornou reais os desejos que ansiava concretizar.
C. propiciou uma viagem temporal imagética.
D. lhe facultou as ferramentas para a escrita.
2.a audição:
Depois da segunda audição do texto, verifica as tuas respostas.
05 1.a audição:
Ouve a entrevista da TSF a Eduarda Freitas, criadora da ópera Mátria – Aqui na Terra, inspirada nos con-
tos de Miguel Torga.
1. Assinala como verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das afirmações seguintes. 75 pts.
V F
a) Eduarda Freitas menciona que passar o Marão é visto como um desafio psicológico.
b) Quando criaram a ópera, já pensavam que iria ser um espetáculo de grande
dimensão.
c) O projeto apresentado por Eduarda Freitas foi sendo maturado ao longo de vários
anos.
d) Mátria é um espetáculo que destaca as vivências típicas numa zona rural.
e) As personagens da ópera são extremamente complexas e dotadas de uma super-
ficialidade atroz.
f) Cada nova récita da ópera traz consigo a permanente descoberta de algo diferente.
2. Seleciona a opção que completa corretamente cada uma das afirmações. 105 pts.
2.2 Eduarda Freitas revela a sua felicidade, já que a Mátria e o Coliseu do Porto
A. partilham uma característica comum.
B. podem estar para sempre relacionados.
C. possibilitarão um espetáculo único.
D. seriam, à partida, inconciliáveis.
2.7 Segundo Eduarda Freitas, a Mátria será bem recebida nos outros países, pois
A. ilustra o modo como o sonho pauta a nossa ação.
B. celebra as maiores conquistas do ser humano.
C. cada um de nós consegue rever-se nas personagens.
D. traduz o que é intraduzível no nosso quotidiano.
2.a audição:
Depois da segunda audição do texto, verifica as tuas respostas.
06 1.a audição:
Ouve a entrevista de Fernando Alves a Carlos Reis, no programa Manhã da TSF.
1. Assinala como verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das afirmações seguintes. 75 pts.
V F
2. Seleciona a opção que completa corretamente cada uma das afirmações. 105 pts.
2.2 Nas Leituras Centenárias, estão também outras formas de ler Saramago, tais como
A. o bailado e o teatro, uma vez que o autor também foi um dramaturgo.
B. o cinema e o desenho, já que o escritor valorizava a representação artística.
C. o teatro e o cinema, pois o Nobel sempre desejou ver as suas obras adaptadas.
D. o bailado e a ópera, com o destaque para a adaptação do compositor Azio Corghi.
2.a audição:
Depois da segunda audição do texto, verifica as tuas respostas.
ŽŵşŶŝŽƐʹĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂൟ>ĞŝƚƵƌĂൟ'ƌĂŵĄƚŝĐĂൟƐĐƌŝƚĂ
ĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂͬ>ĞŝƚƵƌĂ
A – Texto de leitura Parte A A
Interpretar obras literárias
literária: poema 2 itens de resposta 1. 16 pontos
portuguesas.
de Fernando Pessoa restrita 2. 16 pontos
Reconhecer valores
ortónimo 1 item de seleção 3. 10 pontos
culturais, éticos e estéticos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de recursos B – Texto de leitura
expressivos para literária: excerto Parte B B
a construção do sentido de «Sermão de 2 itens de resposta 4. 16 pontos
do texto. Santo António [aos Grupo I restrita 5. 16 pontos
Peixes]», de Padre 1 item de seleção 6. 10 pontos
Leitura António Vieira
Interpretar o texto, com
especificação do sentido
global e da intencionalidade C – Exposição sobre Parte C
comunicativa. um tema da poesia 1 item de resposta C
Escrita de Fernando Pessoa restrita: produção 7. 16 pontos
Escrever uma exposição ortónimo de uma exposição
sobre um tema.
Leitura 1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 4 itens de escolha 2. 8 pontos
géneros e graus de não literária múltipla 3. 8 pontos
complexidade. 4. 8 pontos
Gramática
Usar de modo intencional
diferentes valores modais Grupo II
atendendo à situação 1 item de escolha
Modalidade 5. 8 pontos
comunicativa (epistémicos, múltipla
Funções sintáticas 6. 8 pontos
deônticos e apreciativos). 2 itens de resposta
Subordinação 7. 8 pontos
Identificar a função sintática curta
de constituintes
da frase.
Classificar orações.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever textos de opinião,
respeitando as marcas de
1 item de resposta
género.
Texto de opinião Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos
Grupo I
PARTE A
Lê o poema.
2. Explica o conteúdo dos versos 15 e 16 e relaciona-o com a temática pessoana em evidência no poema.
PARTE B
Lê o texto e as notas.
Começando pois pelos vossos louvores, irmãos peixes, bem vos pudera eu dizer que entre to-
das as criaturas viventes, e sensitivas, vós fostes as primeiras, que Deus criou. A vós criou primeiro
que as aves do ar, a vós primeiro que aos animais da terra, e a vós primeiro que ao mesmo ho-
mem1. Ao homem deu Deus a monarquia, e o domínio de todos os animais dos três elementos,
5 e nas provisões2, em que o honrou com estes poderes, os primeiros nomeados foram os peixes
[…]. Entre todos os animais do mundo, os peixes são os mais, e os peixes maiores. […]. Estes,
e outros louvores, estas, e outras excelências de vossa geração, e grandeza vos pudera dizer, ó pei-
xes; mas isto é lá para os homens, que se deixam levar destas vaidades, e é também para os lugares,
em que tem lugar a adulação3, e não para o púlpito4.
10 Vindo pois, irmãos, às vossas virtudes, que são as que só podem dar o verdadeiro louvor;
a primeira, que se me oferece aos olhos hoje, é aquela obediência, com que chamados acudistes
todos pela honra de vosso Criador, e Senhor, e aquela ordem, quietação, e atenção, com que
ouvistes a palavra de Deus da boca de Seu servo António. Oh, grande louvor verdadeiramente
para os peixes, e grande afronta, e confusão para os homens! Os homens perseguindo a António,
15 querendo-o lançar da terra, e ainda do mundo, se pudessem, porque lhes repreendia seus vícios,
porque lhes não queria falar à vontade, e condescender5 com seus erros; e no mesmo tempo os
peixes em inumerável concurso acudindo à sua voz, atentos; e suspensos às suas palavras, escu-
tando com silêncio, e com sinais de admiração, e assenso6 (como se tiveram entendimento) o que
não entendiam. Quem olhasse neste passo para o mar, e para a terra, e visse na terra os homens tão
20 furiosos, e obstinados, e no mar os peixes tão quietos, e tão devotos, que havia de dizer? Poderia
cuidar que os peixes irracionais se tinham convertido em homens, e os homens não em peixes,
mas em feras. Aos homens deu Deus uso de razão, e não aos peixes: mas neste caso os homens
tinham a razão sem o uso, e os peixes o uso sem a razão. Muito louvor mereceis, peixes, por este
respeito, e devoção, que tivestes aos Pregadores da palavra de Deus; e tanto mais quanto não foi
25 só esta a vez, em que assim o fizestes.
Padre António Vieira, «Sermão de Santo António», in Obra completa
(Direção de José Eduardo Franco e Pedro Calafate),
Tomo II, Volume X, Lisboa, Círculo de Leitores, 2014, pp. 140-141.
1
Ao mesmo homem: ao próprio homem.
2
Provisões: documentos; decretos.
3
Adulação: elogio interesseiro e exagerado.
4
Púlpito: lugar de pregação.
5
Condescender: ceder; consentir.
6
Assenso: assentimento; concordância.
5. Relaciona o louvor aos peixes apresentado nas linhas 10 a 13 com o segmento «grande afronta,
e confusão para os homens!» (linha 14).
PARTE C
Grupo II
Lê o texto e as notas.
1
Ónus: encargo; obrigação.
2
Antípodas: opostos; contrários.
3
Fetichismo: culto ou adoração a uma pessoa ou a uma ideia.
4
Entabular: iniciar; estabelecer.
5
Edipiana: relativa ao complexo de Édipo (conjunto de desejos amorosos que um menino pode nutrir pela sua mãe).
6
Fantasmático: relativo a fantasma.
1. A relação que o autor do texto estabelece com algo material que pertenceu à sua vida é marcada
A. pelo desprendimento.
B. pela obsessão.
C. pela nostalgia.
D. pelo fetichismo.
2. Tendo em conta o segundo parágrafo do texto, aqueles que tentam adquirir objetos que pertence-
ram a outros são
A. levados unicamente pelo desejo de ostentar o que agora é seu.
B. movidos pela necessidade de acumular tudo o que possa ter interesse.
C. conduzidos por múltiplos intuitos associados a estados arrebatados.
D. orientados pelo culto que prestam à pessoa que antes os possuía.
3. No contexto em que ocorre, a expressão «as teclas da máquina de escrever tenham sido tocadas
pelos dedos imateriais de outros poetas igualmente maiores» (linhas 20-21) constitui um exemplo de
A. metáfora.
B. ironia.
C. hipérbole.
D. perífrase.
4. Ao apresentar as várias possibilidades que terão levado um escritor a adquirir os bens de Fernando
Pessoa, o autor
A. critica a atitude de desprendimento apresentada.
B. recorre aos exemplos mais comuns de obsessão.
C. evidencia os reais motivos de se adquirir algo.
D. satiriza com o provável motivo para a sua compra.
5. As frases «o pronome reflexo parece significar que se perde, assim, um pouco dessa vida» (linhas 4-5)
e «o escritor pode […] ter querido encontrar-se a sós com o fantasmático antecessor-opressor para
matá-lo» (linhas 28-30) exprimem a modalidade epistémica
A. com valor de probabilidade, no primeiro caso, e com valor de certeza, no segundo.
B. com valor de certeza, no primeiro caso, e com valor de probabilidade, no segundo.
C. com valor de certeza, em ambos os casos.
D. com valor de probabilidade, em ambos os casos.
Grupo III
Serão tão enriquecedoras as experiências de leitura como as de uma viagem que poderemos fazer?
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras, defende uma perspetiva pessoal sobre a questão apresentada.
No teu texto:
• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumen-
tos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• formula uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre ele-
mentos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos
que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
оum desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
оum texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.
FIM
ŽŵşŶŝŽƐʹĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂൟ>ĞŝƚƵƌĂൟ'ƌĂŵĄƚŝĐĂൟƐĐƌŝƚĂ
Leitura
1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 3 itens de escolha
2. 8 pontos
géneros e graus de não literária múltipla
3. 8 pontos
complexidade.
Gramática Grupo II
Classificar orações. Subordinação 2 itens de escolha 4. 8 pontos
Identificar a função sintática Funções sintáticas múltipla 5. 8 pontos
de constituintes da frase. Coesão textual 2 itens de resposta 6. 8 pontos
Analisar processos de curta 7. 8 pontos
coesão textual.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever textos de opinião,
respeitando as marcas de
1 item de resposta
género.
Texto de opinião Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos
Grupo I
PARTE A
Lê o poema.
2. Relaciona a interrogação final com a afirmação «Haver injustiça é como haver morte.» (verso 14).
PARTE B
Lê o texto e as notas.
15 de março de 1928
1
Realejo: instrumento musical.
2
Jota: (regionalismo) pouca coisa; bocadinho.
PARTE C
Grupo II
Lê o texto e a nota.
1
Narcolepsia: crise brusca e passageira de sono.
3. Do ponto de vista científico, os sonhos ainda necessitam de exploração, uma vez que
A. a memória que persiste do sonho nem sempre é confiável.
B. é uma área que ainda necessita de muitos estudos criteriosos.
C. os sonhadores poderão corrigir futuramente o que experienciaram.
D. os relatos são sempre fidedignos, mas nunca ficarão completos.
4. Em «Já se sabia que comunicar num sentido era possível» (linha 32), o pronome encontra-se antepos-
to ao verbo porque está
A. integrado numa oração subordinante.
B. dependente de uma oração coordenada.
C. dependente de um advérbio.
D. integrado numa oração subordinada.
7. Indica o processo de coesão textual assegurado pela reiteração do pronome indefinido «outros»
(linhas 27-28).
Grupo III
«Ao homem deve ensinar-se primeiro o que são as coisas em si mesmas e depois o que são aos nossos
olhos; é assim que ele será capaz de comparar a opinião à verdade.»
Jean-Jacques Rousseau
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras, defende uma perspetiva pessoal sobre a questão apresentada.
No teu texto:
• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumen-
tos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• formula uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre ele-
mentos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos
que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
оum desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
оum texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.
FIM
ŽŵşŶŝŽƐʹĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂൟ>ĞŝƚƵƌĂൟ'ƌĂŵĄƚŝĐĂൟƐĐƌŝƚĂ
ĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂͬ>ĞŝƚƵƌĂ
Interpretar obras literárias Parte A A
A – Texto de leitura
portuguesas. 2 itens de resposta 1. 16 pontos
literária: poema
Reconhecer valores restrita 2. 16 pontos
de Mensagem
culturais, éticos e estéticos 1 item de seleção 3. 10 pontos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de
recursos expressivos para a Parte B B
B – Texto de leitura
construção do sentido 2 itens de resposta 4. 16 pontos
literária: excerto da Grupo I
do texto. restrita 5. 16 pontos
Crónica de D. João I
Leitura 1 item de seleção 6. 10 pontos
Interpretar o texto, com
especificação do sentido
global e da intencionalidade Parte C
comunicativa. C – Exposição sobre
1 item de resposta C
um tema da Crónica
Escrita restrita: produção 7. 16 pontos
de D. João I
Escrever uma exposição de uma exposição
sobre um tema.
Total – 100 pontos
Leitura 1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 4 itens de escolha 2. 8 pontos
géneros e graus de não literária múltipla 3. 8 pontos
complexidade. 4. 8 pontos
Gramática
Usar de modo intencional
diferentes valores modais Grupo II
1 item de escolha
atendendo à situação Modalidade 5. 8 pontos
múltipla
comunicativa (epistémicos, Funções sintáticas 6. 8 pontos
2 itens de resposta
deônticos e apreciativos). Subordinação 7. 8 pontos
curta
Identificar a função sintática
de constituintes da frase.
Classificar orações.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever apreciações
críticas, respeitando as
1 item de resposta
marcas de género.
Apreciação crítica Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos
Grupo I
PARTE A
Lê o poema e as notas.
Sexto
1
D. Diniz
Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
5 De Império, ondulam sem se poder ver.
Arroio2, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho3 obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
10 É a voz da terra ansiando pelo mar.
1
D. Diniz: D. Diniz foi o rei da primeira dinastia que mandou plantar o pinhal de Leiria.
2
Arroio: pequeno regato.
3
Marulho: som provocado pela agitação do mar.
2. Neste poema, o sujeito poético apresenta uma dupla faceta de D. Dinis. Comprova esta afirmação,
recorrendo a dois exemplos pertinentes mencionados no texto.
PARTE B
Lê o excerto do capítulo XI da Crónica de D. João I, de Fernão Lopes, e as notas.
Soarom as vozes do arroido1 pela cidade ouvindo todos braadar que matavom o Meestre; e
assi como viuva que rei nom tiinha, e como se lhe este ficara em logo2 de marido, se moverom
todos com mão armada, correndo a pressa pera u3 deziam que se esto fazia, por lhe darem vida
e escusar morte. Alvoro Paaez nom quedava4 d'ir pera alá, braadando a todos:
5 – Acorramos ao Meestre, amigos, acorramos ao Meestre que matam sem por quê!
A gente começou de se juntar a ele, e era tanta que era estranha cousa de veer. Nom cabiam
pelas ruas principaes, e atrevessavom logares escusos5, desejando cada XNJ de seer o primeiro; e
preguntando uNJs aos outros quem matava o Meestre, nom minguava6 quem responder7 que o
matava o Conde Joam Fernandez, per mandado da Rainha.
10 E per voontade de Deos todos feitos duNJ coraçom com talente8 de o vingar, como9 forom
aas portas do Paaço que eram já çarradas10, ante que chegassem, com espantosas palavras come-
çarom de dizer:
– U matom o Meestre? que e do Meestre? quem çarrou estas portas?
Ali eram ouvidos braados de desvairadas11 maneiras. Taes i havia que certeficavom12 que
15 o Meestre era morto, pois as portas estavom çarradas, dizendo que as britassem13 pera entrar
dentro, e veeriam que era do Meestre, ou que cousa era aquela.
Deles14 braadavom por lenha, e que veesse lume pera poerem fogo aos Paaços, e queimar o
treedor e a aleivosa15. Outros se aficavom16 pedindo escaadas pera sobir acima, pera veerem que
era do Meestre; e em todo isto era o arroido atam grande que se nom entendiam uNJs com os
20 outros, nem determinavom neNJa cousa.
Fernão Lopes, Crónica de D. João I (apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para
análise literária de Teresa Amado), 2.a edição, Lisboa, Comunicação, 1992, pp. 96-97.
1
Arroido: ruído; algazarra. 7
Responder: respondesse. 13
Britassem: arrombassem.
2
Logo: lugar. 8
Talente: desejo; vontade. 14
Delles: alguns (deles).
3
U: onde. 9
Como: quando. 15
Aleivosa: traidora.
4
Quedava: parava. 10
Çarradas: fechadas. 16
Afficavom: teimavam
5
Escusos: escuros; recônditos. 11
Desvairadas: várias; diversas.
6
Mimguava: faltava. 12
Çerteficavõ: asseguravam; afirmavam.
4. Explicita dois dos sentimentos manifestados pela população, justificando a resposta com segmentos
textuais.
5. Refere por que motivo D. Leonor Teles é apresentada como «aleivosa» (linha 18).
PARTE C
7. D. João, Mestre de Avis, é o protagonista da Crónica de Fernão Lopes. No entanto, o ator central
deste texto é, na verdade, o povo anónimo.
Escreve uma breve exposição na qual comproves esta afirmação, baseando-te na tua experiência
de leitura da Crónica de D. João I.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos que evidenciem a simultaneidade dos atores
individuais e coletivos na Crónica de D. João I;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Grupo II
Lê o texto e as notas.
1
Legado: aquilo que deixou para as gerações futuras.
2
Bainha: estojo onde se coloca a lâmina de uma arma branca.
3
Pomo: extremidade da espada mais próxima do espadachim; bola de aço.
4
Aforamento: ato de dar o domínio de uma propriedade ou terra.
5. Em «Estas ações e vivências parecem-nos […] possíveis de pôr em prática» (linhas 31-32) está presente
a modalidade
A. apreciativa.
B. deôntica, com valor modal de permissão.
C. epistémica, com valor modal de certeza.
D. epistémica, com valor modal de probabilidade.
Grupo III
Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta pa-
lavras, faz a apreciação crítica do cartoon abaixo apresentado, da autoria de Agim Sulaj.
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre ele-
mentos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos
que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
оum desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
оum texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.
FIM
ŽŵşŶŝŽƐʹĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂൟ>ĞŝƚƵƌĂൟ'ƌĂŵĄƚŝĐĂൟƐĐƌŝƚĂ
ĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂͬ>ĞŝƚƵƌĂ
Interpretar obras literárias Parte A A
A – Texto de leitura
portuguesas. 2 itens de resposta 1. 16 pontos
literária: poema
Reconhecer valores restrita 2. 10 pontos
de Mensagem
culturais, éticos e estéticos 1 item de seleção 3. 16 pontos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de
B – Texto de leitura
recursos expressivos para a Parte B B
literária: poema
construção do sentido 1 item de seleção 4. 10 pontos
de Ricardo Reis Grupo I
do texto. 2 itens de resposta 5. 16 pontos
(heterónimo de
Leitura restrita 6. 16 pontos
Fernando Pessoa)
Interpretar o texto, com
especificação do sentido
global e da intencionalidade Parte C
comunicativa. C – Exposição
1 item de resposta C
sobre um tema de
Escrita restrita: produção 7. 16 pontos
Mensagem
Escrever uma exposição de uma exposição
sobre um tema.
Total – 100 pontos
Leitura 1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 4 itens de escolha 2. 8 pontos
géneros e graus de não literária múltipla 3. 8 pontos
complexidade. 4. 8 pontos
Gramática Grupo II
Classificar orações. Subordinação 1 item de escolha
5. 8 pontos
Identificar a função sintática Funções sintáticas múltipla
6. 8 pontos
de constituintes da frase. Aspeto 2 itens de resposta
7. 8 pontos
Distinguir frases com curta
diferentes valores aspetuais.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever apreciações
críticas, respeitando as
1 item de resposta
marcas de género.
Apreciação crítica Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos
Grupo I
PARTE A
Lê o poema e as notas.
Terceira
D. Pedro1, Regente de Portugal
Claro em pensar, e claro no sentir,
E claro no querer;
Indiferente ao que há em conseguir
Que seja só obter;
5 Dúplice2 dono, sem me dividir,
De dever e de ser –
Não me podia a Sorte dar guarida
Por não ser eu dos seus.
Assim vivi, assim morri, a vida,
10 Calmo sob mudos céus,
Fiel à palavra dada e à ideia tida.
Tudo mais é com Deus!
1
D. Pedro: um dos infantes mais cultos do seu tempo; assume a regência do reino
com a morte do rei D. Duarte. Vai ser assassinado na Batalha da Alfarrobeira.
2
Dúplice: duplo.
3. Evidencia a presença do herói histórico e a presença do herói mítico na segunda estrofe do poema,
fundamentando a resposta com a referência a um elemento textual para cada um dos tipos de
herói.
PARTE B
Lê o poema e as notas.
IV
Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,
Que quando te puserem
Nas mãos o óbolo1 último,
5 Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá.
Que trono te querem dar
Que Átropos2 to não tire?
Que louros que não fanem3
10 Nos arbítrios de Minos4?
Que horas que te não tornem
Da estatura da sombra
Que serás quando fores
Na noite e ao fim da estrada?
15 Colhe as flores mas larga-as,
Das mãos mal as olhaste.
Senta-te ao sol. Abdica
E sê rei de ti próprio.
19-6-1914
1
Óbolo: moeda colocada pelos gregos nos mortos para pagar a viagem para a morte.
2
Átropos: uma das três Moiras, deusas que regiam os destinos, era ela que cortava o fio da vida.
3
Fanem: murchem.
4
Minos: rei semideus da ilha de Creta, filho de Zeus e da princesa fenícia Europa.
6. Interpreta o sentido das duas últimas estrofes, à luz da filosofia de vida de Ricardo Reis.
PARTE C
Grupo II
Lê o texto e as notas.
1
Heurísticas: capacidades de inventar ou descobrir.
2
Vieses: desvios ou deformações na maneira de ver, julgar ou agir.
2. A expressão «Qual golpe de magia bem orquestrado, os horóscopos (e outras coisas que tal) casam
às mil maravilhas com a nossa necessidade» (linhas 8-9) apresenta
A. uma comparação e uma metáfora, respetivamente.
B. uma metáfora e uma comparação, respetivamente.
C. duas metáforas.
D. duas comparações.
5. Em «nos tem assolado» (linhas 25-26), o pronome encontra-se anteposto ao verbo, porque está
A. integrado numa oração subordinante.
B. dependente de uma oração coordenada.
C. dependente da expressão «populismo político» (linha 25).
D. integrado numa oração subordinada.
7. Indica o valor aspetual veiculado por cada uma das expressões seguintes:
a) «Quando era miúdo queria ser Leão» (linha 1);
b) «o psicólogo Bertram Forer, em 1948, demonstrou» (linha 17).
Grupo III
Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta pa-
lavras, faz a apreciação crítica do cartoon abaixo apresentado, da autoria de Alireza Pakdel.
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre ele-
mentos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos
que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
оum desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
оum texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.
FIM
ŽŵşŶŝŽƐʹĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂൟ>ĞŝƚƵƌĂൟ'ƌĂŵĄƚŝĐĂൟƐĐƌŝƚĂ
ĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂͬ>ĞŝƚƵƌĂ
Interpretar obras literárias A – Texto de leitura Parte A A
portuguesas. literária: excerto 2 itens de resposta 1. 16 pontos
Reconhecer valores de «Sempre é uma restrita 2. 16 pontos
culturais, éticos e estéticos companhia» 1 item de seleção 3. 10 pontos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de
recursos expressivos para a Parte B B
B – Texto de leitura
construção do sentido 2 itens de resposta 4. 16 pontos
literária: excerto de Grupo I
do texto. restrita 5. 16 pontos
Frei Luís de Sousa
Leitura 1 item de seleção 6. 10 pontos
Interpretar o texto, com
especificação do sentido
global e da intencionalidade C – Exposição Parte C
comunicativa. sobre um tema de 1 item de resposta C
Escrita «Sempre é uma restrita: produção 7. 16 pontos
Escrever uma exposição companhia» de uma exposição
sobre um tema.
Total – 100 pontos
Leitura 1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 4 itens de escolha 2. 8 pontos
géneros e graus não literária múltipla 3. 8 pontos
de complexidade. 4. 8 pontos
Gramática Grupo II
Classificar orações. 1 item de escolha
Subordinação 5. 8 pontos
Identificar a função sintática múltipla
Funções sintáticas 6. 8 pontos
de constituintes da frase. 2 itens de resposta
Dêixis 7. 8 pontos
Conhecer a referência curta
deítica.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever textos de opinião,
respeitando as marcas de
1 item de resposta
género.
Texto de opinião Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos
Grupo I
PARTE A
Lê o texto e as notas
Um sopro de vida paira agora sobre a aldeia. Todos sabem o que acontece fora dali. E sen-
tem que não estão já tão distantes as suas pobres casas. Até as mulheres vêm para a venda depois
da ceia. Há assuntos de sobra para conversar. E grandes silêncios quando aquela voz poderosa
fala de cidades conquistadas, divisões vencidas, bombardeamentos, ofensivas. Também silêncio
5 para ouvir as melodias que vêm de longe até à aldeia, e que são tão bonitas!...
Acontece até que, certa noite, se arma uma festa na venda do Batola. Até as velhas dançaram
ao som da telefonia. Nos intervalos, os homens bebiam um copo, junto ao balcão, os pares na-
moravam-se, pelos cantos. Por fim, mudou-se de posto para ouvir as notícias do mundo. Todos
se quedaram, atentos.
10 – Ah! – grita de repente o Batola. – Se o Rata ouvisse estas coisas não se matava!
Mas ninguém o compreende, de absorvidos que estão.
E os dias passam agora rápidos para António Barrasquinho, o Batola. Até começou a levan-
tar-se cedo e a aviar os fregueses de todas as manhãzinhas. Assim, pode continuar as conversas
da véspera. Que o Batola é, de todos, o que mais vaticínios faz sobre as coisas da guerra. Muito
15 antes do meio-dia já ele começa a consultar o velho relógio, preso por um fio de ouro ao colete.
Só a mulher quase deixou de aparecer na venda. E ninguém sabe que pensa ela do que con-
tam as vozes desconhecidas aos homens da aldeia, pois, através do tabique1 de ripas separadas
por grandes fendas, ouve-se tudo que se passa na venda. Ouve-se e vê-se, querendo, a alegria
que certas notícias trazem aos ceifeiros, o gosto e o propósito que eles têm ao ouvir determina-
20 da voz que é de todas a mais desejada e acreditada.
E os dias custaram tão pouco a passar que o fim do mês caiu de surpresa em cima da aldeia da
Alcaria. Era já no dia seguinte que a telefonia deixaria de ouvir-se. Iam todos, de novo, recuar
para muito longe, lá para o fim do mundo, onde sempre tinham vivido.
Foi a primeira noite em que os homens saíram da venda mudos e taciturnos2. Fora espera-
25 va-os o negrume fechado. E eles voltavam para a escuridão, iam ser, outra vez, o rebanho que
se levanta com o dia, lavra, cava a terra, ceifa e recolhe vergado pelo cansaço e pela noite. Mais
nada que o abandono e a solidão. A esperança de melhor vida para todos, que a voz poderosa
do homem desconhecido levava até à aldeia, apagava-se nessa noite para não mais se ouvir.
1
Tabique: divisória; tapume.
2
Taciturnos: reservados; melancólicos.
1. Explicita o sentido da metáfora «Um sopro de vida paira agora sobre a aldeia.» (linha 1).
PARTE B
Lê o texto e a nota.
Cena IV
Madalena, Maria
MARIA – Quereis vós saber, mãe, uma tristeza muito grande que eu tenho? – A mãe já não
chora, não? Já se não enfada comigo?
MADALENA – Não me enfado contigo nunca, filha; e nunca me afliges, querida. O que tenho
é a preocupação que me dás, é o receio de que…
5 MARIA – Pois sim; tendo-me tanto amor que nunca houve que vos vejo andar sempre
por minha causa. Eu não tenho nada; e tenho saúde, olhai que tenho muita saúde.
MADALENA – Tens, filha… Se Deus quiser, hás de ter; e hás de viver muitos anos para
consolação e amparo de teus pais que tanto te querem.
MARIA – Pois olhai: passo noites inteiras em claro a lidar nisto, e a lembrar-me de quantas
10 palavras vos tenho ouvido, e a meu pai… e a recordar-me da mais pequena ação
e gesto – e a pensar em tudo, a ver se descubro o que isto é, o porque, tendo-me
tanto amor… que, oh! isso nunca houve decerto filha querida como eu!…
MADALENA – Não, Maria.
MARIA – Pois sim; tendo-me tanto amor, que nunca houve outro igual, estais sempre num
15 sobressalto comigo?…
MADALENA – Pois se te estremecemos1?
MARIA – Não é isso, não é isso; é que vos tenho lido nos olhos… Oh!, que eu leio nos olhos,
leio, leio!… e nas estrelas do céu também – e sei coisas…
Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa (Ato Primeiro), texto fixado por Maria João Brilhante,
3.a edição, Lisboa, Comunicação, 1994, pp. 103-108.
1
Estremecemos: amamos com ternura.
4. Explicita duas características psicológicas de Maria de Noronha, justificando a resposta com ele-
mentos do texto.
5. Refere dois efeitos de sentido provocados pela utilização das reticências na réplica de Maria, pre-
sente nas linhas 9 a 12.
PARTE C
Grupo II
Lê o texto.
3. No quarto parágrafo (linhas 11 a 21), a cronista menciona que quando as recordações se «avivam» (linha
18), surge uma lembrança de caráter
A. visual.
B. tátil.
C. gustativo.
D. olfativo.
5. No segmento «Neste tempo que ainda é nosso, aproveitemos as pessoas que nos enchem os dias»
(linhas 32-33), as orações subordinadas iniciadas por «que» classificam-se como
7. Indica o tipo de dêixis apresentado na frase «Sabes, o Tempo pode tirar-nos tudo amanhã.» (linha 37).
Grupo III
Será que, nos nossos dias, a felicidade humana é tangível por uma vivência serena ou azafamada?
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a questão apresentada.
No teu texto:
• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumen-
tos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• formula uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre ele-
mentos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos
que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
оum desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
оum texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.
FIM
ŽŵşŶŝŽƐʹĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂൟ>ĞŝƚƵƌĂൟ'ƌĂŵĄƚŝĐĂൟƐĐƌŝƚĂ
ĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂͬ>ĞŝƚƵƌĂ
Interpretar obras literárias A – Texto de leitura Parte A A
portuguesas. literária: excerto 2 itens de resposta 1. 16 pontos
Reconhecer valores de «Sempre é uma restrita 2. 10 pontos
culturais, éticos e estéticos companhia» 1 item de seleção 3. 16 pontos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de
recursos expressivos para a Parte B B
B – Texto de leitura
construção do sentido 2 itens de resposta 4. 16 pontos
literária: poema de Grupo I
do texto. restrita 5. 16 pontos
Mensagem
Leitura 1 item de seleção 6. 10 pontos
Interpretar o texto, com
especificação do sentido
global e da intencionalidade C – Exposição sobre Parte C
comunicativa. um tema de 1 item de resposta C
Escrita «Sempre é uma restrita: produção 7. 16 pontos
Escrever uma exposição companhia» de uma exposição
sobre um tema.
Total – 100 pontos
Leitura
1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 3 itens de escolha
2. 8 pontos
géneros e graus de não literária múltipla
3. 8 pontos
complexidade.
Gramática
Classificar orações.
Usar de modo intencional
diferentes valores modais Grupo II
Subordinação 2 itens de escolha 4. 8 pontos
atendendo à situação
Modalidade múltipla 5. 8 pontos
comunicativa (epistémicos,
Funções sintáticas 2 itens de resposta 6. 8 pontos
deônticos e apreciativos).
Coesão textual curta 7. 8 pontos
Identificar a função sintática
de constituintes da frase.
Analisar processos de
coesão textual.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever textos de opinião,
respeitando as marcas de
1 item de resposta
género.
Texto de opinião Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos
Grupo I
PARTE A
Lê o texto e a nota.
António Barrasquinho, o Batola, é um tipo bem achado. Não faz nada, levanta-se quando
calha, e ainda vem dormindo lá dos fundos da casa.
É a mulher quem abre a venda e avia aquela meia dúzia de fregueses de todas as manhãzi-
nhas. Feito isto, volta à lida da casa. Muito alta, grave, um rosto ossudo e um sossego de ma-
5 neiras que se vê logo que é ela quem ali põe e dispõe.
Pois quando entra para os fundos da casa, vem saindo o Batola com a cara redonda amarfa-
nhada num bocejo. Que pessoas tão diferentes! Ele quase lhe não chega ao ombro, atarracado,
as pernas arqueadas. De chapeirão1 caído para a nuca, lenço vermelho amarrado ao pescoço,
vem tropeçando nos caixotes até que lá consegue encostar-se ao umbral da porta. Fica assim
10 um pedaço, a oscilar o corpo, enquanto vai passando as mãos pela cara, como que para afastar
os restos do sono. Os olhos, semicerrados, abrem-se-lhe um pouco mais para os campos. Mas
fecha-os logo, diante daquela monotonia desolada.
Dá meia volta, enche a medida com o melhor vinho que há na venda, coloca-a sobre o
balcão. Ao lado, um copo. Puxa o caixote, senta-se e começa a beber a pequenos goles. De
15 quando em quando, cospe por cima do balcão para a terra negra que faz de pavimento. Enterra
o queixo nas mãos grossas e, de cotovelo vincado na tábua, para ali fica com um olhar mortiço.
Às vezes, um rapazito entra na venda:
– Tio Batola, cinco tostões de café.
O chapeirão redondo volta-se, vagaroso:
20 – Hã?...
– Cinco tostões de café!
Batola demora os olhos na portinha que dá para os fundos da casa. Mas é inútil esperar mais.
«Ah, se a mulher não vem aviar o rapazito é porque não quer, pois está a ouvir muito bem o que
se passa ali na loja!» Quando se assegura que é esta e não outra a verdade dos factos, Batola tem
25 de levantar-se. Espreguiça-se, boceja, e arrasta-se até à caixa de lata enferrujada. Mede o café a
olho, um olho cheio de tédio, caído sobre o canudinho de papel.
Volta a encher o copo, atira-se para cima do caixote. E, no jeito que lhe fica depois de vazar
vinho goela abaixo, num movimento brusco, e de ter cuspido com uns longes de raiva, parece
que acaba de se vingar de alguém.
30 Tais momentos de ira são pedaços de revolta passiva contra a mulher. É uma longa luta, esta.
A raiva do Batola demora muito, cresce com o tempo, dura anos. Ela, silenciosa e distante,
como se em nada reparasse, vai-lhe trocando as voltas. Desfaz compras, encomendas, negócios.
Tudo vem a fazer-se como ela entende que deve ser feito. E assim tem governado a casa.
1
Chapeirão: chapéu grande de abas.
1. Explicita dois aspetos da caracterização de Batola e da sua mulher que levam o narrador a exclamar,
na linha 7, «Que pessoas tão diferentes!».
3. «Tais momentos de ira são pedaços de revolta passiva contra a mulher. É uma longa luta, esta.
A raiva do Batola demora muito, cresce com o tempo, dura anos.» (linhas 30-31).
Explica as afirmações do narrador acima transcritas.
PARTE B
Lê o poema e as notas.
O dos Castelos
A Europa jaz1, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.
5 O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustenta, em que se apoia o rosto.
10 Fita, com olhar esfíngico2 e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.
O rosto com que fita é Portugal.
1
Jaz: está deitada.
2
Esfíngico: enigmático; misterioso.
4. Explicita, com base em dois aspetos significativos, o modo como o sujeito poético perspetiva a «Eu-
ropa» (verso 1).
5. Relaciona a repetição da forma verbal «fita» (versos 10-12) com o sentido da expressão «olhar esfíngi-
co e fatal» (verso 10).
PARTE C
7. No conto «Sempre é uma companhia», Manuel da Fonseca denuncia os problemas sociais típicos de
um Alentejo rural da primeira metade do século XX.
Escreve uma breve exposição na qual comproves esta afirmação, baseando-te na tua experiência
de leitura de «Sempre é uma companhia».
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos que evidenciem os problemas sociais denun-
ciados pela ação do conto de Manuel da Fonseca;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Grupo II
Lê o texto.
1. Tendo em conta o primeiro parágrafo, a relação da cronista com a biblioteca municipal da sua cida-
de foi pautada
A. pelo acesso a um mundo onírico.
B. por um deslumbramento avassalador.
C. por uma descoberta permanente.
D. pelo estranhamento inicial.
2. O facto de associar o edifício da biblioteca ao «sinal matemático de infinito» (linhas 7-8), Carmen
Garcia pretende destacar
A. a pluralidade das vivências que lá experienciou ao longo da vida.
B. o prazer e a fruição de todas as atividades que eram lá promovidas.
C. a pertinência que a biblioteca assume no contexto social da cidade.
D. multiplicidade de experiências que muito marcaram a sua mocidade.
3. A metáfora «A minha biblioteca tinha dentro o meu mundo todo.» (linha 14) revela
A. o poder que a literatura assumiu na vida de Carmen Garcia.
B. as memórias que a cronista guarda do seu percurso escolar.
C. a simbologia de um lugar marcado pela fantasia e pela paixão.
D. a riqueza do acervo literário que aquele espaço possuía.
4. Em «me apaixonei pelo seu cheiro» (linhas 21-22), o pronome encontra-se anteposto ao verbo, porque
está
A. integrado numa oração subordinante.
B. dependente de uma oração coordenada.
C. dependente de um advérbio.
D. integrado numa oração subordinada.
5. A frase iniciada por «Foi ali que li» (linha 17) e a frase iniciada por «Recuso-me a ser conivente» (linha 30)
exprimem
A. a modalidade epistémica, em ambos os casos.
B. a modalidade apreciativa, em ambos os casos.
C. a modalidade epistémica, no primeiro caso, e a modalidade apreciativa, no segundo.
D. a modalidade apreciativa, no primeiro caso, e a modalidade epistémica, no segundo.
7. Indica o processo de coesão textual assegurado pela reiteração da conjunção «porque», nas linhas
26 a 28.
Grupo III
Será que, em todas as situações, os objetivos materiais prevalecem na escolha do futuro dos mais
jovens?
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras, defende uma perspetiva pessoal sobre a questão apresentada.
No teu texto:
• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumen-
tos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• formula uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre ele-
mentos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos
que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
оum desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
оum texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.
FIM
ŽŵşŶŝŽƐʹĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂൟ>ĞŝƚƵƌĂൟ'ƌĂŵĄƚŝĐĂൟƐĐƌŝƚĂ
ĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂͬ>ĞŝƚƵƌĂ
Interpretar obras literárias Parte A A
A – Texto de leitura
portuguesas. 2 itens de resposta 1. 16 pontos
literária: excerto de
Reconhecer valores restrita 2. 16 pontos
«George»
culturais, éticos e estéticos 1 item de seleção 3. 10 pontos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de
recursos expressivos para a B – Texto de leitura Parte B B
construção do sentido literária: excerto 2 itens de resposta 4. 16 pontos
do texto. da Farsa de Inês Grupo I restrita 5. 16 pontos
Leitura Pereira 1 item de seleção 6. 10 pontos
Interpretar o texto, com
especificação do sentido
global e da intencionalidade C – Exposição sobre
Parte C
comunicativa. um tema de
1 item de resposta C
«George»
Escrita restrita: produção 7. 16 pontos
e da Farsa de Inês
Escrever uma exposição de uma exposição
Pereira
sobre um tema.
Total – 100 pontos
Leitura
1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 3 itens de escolha
2. 8 pontos
géneros e graus não literária múltipla
3. 8 pontos
de complexidade.
Gramática Grupo II
Classificar orações. 2 itens de escolha 4. 8 pontos
Subordinação
Identificar a função sintática múltipla 5. 8 pontos
Funções sintáticas
de constituintes da frase. 2 itens de resposta 6. 8 pontos
Dêixis
Conhecer a referência curta 7. 8 pontos
deítica.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever textos de opinião,
respeitando as marcas de
1 item de resposta
género.
Texto de opinião Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos
Grupo I
PARTE A
Lê o texto e as notas.
1
Ignomínia: infâmia; vergonha.
2
Baden Powell: inglês, fundador do movimento escutista.
3
Levi Strauss: antropólogo francês.
2. Refere o motivo pelo qual «George fecha os olhos com força» (linha 28).
PARTE B
Lê o texto e as notas.
Gil Vicente, As obras de Gil Vicente, direção científica de José Camões, vol. II, Lisboa,
Centro de Estudos de Teatro/INCM, 2022, p. 579.
1
Fernando: moço, criado do Escudeiro.
Ϥ
Privado: íntimo do Rei.
3
Preto: vintém.
4
Casa muito na màora: homem sem dinheiro não deveria casar.
5
Despejo: naturalidade.
4. Explicita dois dos traços caracterizadores do Escudeiro, justificando a resposta com elementos
textuais.
5. Comenta um dos efeitos de sentido produzidos pela utilização dos parênteses em «(Homem que
nam tem nem preto casa muito na màora.)» (versos 25-26).
PARTE C
7. George, no conto homónimo, partilha características com a protagonista da Farsa de Inês Pereira,
de Gil Vicente.
Escreve uma breve exposição na qual comproves esta afirmação, baseando-te na tua experiência
de leitura de ambos os textos.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos em que as figuras femininas se aproximam;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Grupo II
Lê o texto.
3. A expressão que Agustina Bessa-Luís usou para definir Maria Judite de Carvalho é considerada uma
«descrição feliz» (linha 33), já que salienta
A. a sua beleza e extrema emotividade.
B. a discrição e a fragilidade que a dominou.
C. o desejo por viver afastada da vida quotidiana.
D. as adversidades que dominaram a sua infância.
4. Em «se encontra o pôr em causa ideias feitas» (linha 11), o pronome encontra-se anteposto ao verbo,
porque está
A. integrado numa oração subordinante.
B. dependente de uma oração coordenada.
C. dependente de um advérbio.
D. integrado numa oração subordinada.
7. Indica o tipo de dêixis apresentado na frase «que ela escreveu mesmo para ti» (linha 25).
Grupo III
«O grande mistério não é termos sido lançados aqui ao acaso, entre a profusão da matéria e das
estrelas: é que, da nossa própria prisão, de dentro de nós mesmos, conseguimos extrair imagens sufi-
cientemente poderosas para negar a nossa insignificância.»
André Malraux
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras, defenda um ponto de vista pessoal sobre a importância da ação do Homem no
mundo.
No teu texto:
• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o
em dois argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• formula uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre ele-
mentos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos
que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
оum desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
оum texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.
FIM
ŽŵşŶŝŽƐʹĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂൟ>ĞŝƚƵƌĂൟ'ƌĂŵĄƚŝĐĂൟƐĐƌŝƚĂ
ĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂͬ>ĞŝƚƵƌĂ
Interpretar obras literárias Parte A A
A – Texto de leitura
portuguesas. 2 itens de resposta 1. 16 pontos
literária: excerto de
Reconhecer valores restrita 2. 16 pontos
«George»
culturais, éticos e estéticos 1 item de seleção 3. 10 pontos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de
recursos expressivos para a B – Texto de leitura Parte B B
construção do sentido literária: poema de 2 itens de resposta 4. 16 pontos
do texto. Fernando Pessoa Grupo I restrita 5. 16 pontos
Leitura ortónimo 1 item de seleção 6. 10 pontos
Interpretar o texto, com
especificação do sentido
global e da intencionalidade Parte C
comunicativa. C – Exposição sobre
1 item de resposta C
um tema de
Escrita restrita: produção 7. 16 pontos
«George»
Escrever uma exposição de uma exposição
sobre um tema.
Total – 100 pontos
Leitura
1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 3 itens de escolha
2. 8 pontos
géneros e graus de não literária múltipla
3. 8 pontos
complexidade.
Gramática
Distinguir frases com Grupo II
diferentes valores aspetuais. Aspeto 4. 8 pontos
Classificar orações. Subordinação 4 itens de escolha 5. 8 pontos
Analisar processos de Coesão textual múltipla 6. 8 pontos
coesão textual. Funções sintáticas 7. 8 pontos
Identificar a função sintática
de constituintes da frase.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever textos de opinião,
respeitando as marcas de
1 item de resposta
género.
Texto de opinião Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos
Grupo I
PARTE A
Lê o texto e as notas.
A outra está perto. Se houve um momento de nitidez no seu rosto, ele já passou, George
não deu por isso. Está novamente esfumado. A proximidade destrói ultimamente as imagens de
George, por isso a vai vendo pior à medida que ela se aproxima. É certo que podia pôr os óculos,
mas sabe que não vale a pena tal trabalho. Param ao mesmo tempo, espantam-se em uníssono,
5 embora o espanto seja relativo, um pequeno espanto inverdadeiro, preparado com tempo.
− Tu?
− Tu, Gi?
Tão jovem, Gi. A rapariguinha frágil, um vime, que ela tem levado a vida inteira a pintar,
primeiro à maneira de Modigliani1, depois à sua própria maneira, à de George, pintora já com
10 nome nos marchands2 das grandes cidades da Europa. Gi com um pregador de oiro que um dia
ficou, por tuta e meia, num penhorista qualquer de Lisboa. Em tempos tão difíceis.
− Vim vender a casa.
− Ah, a casa.
É esquisito não lhe causar estranheza que Gi continue tão jovem que podia ser sua filha.
15 Quieta, de olhar esquecido, vazio, e que não se espante com a venda assim anunciada, tão su-
bitamente, sem preparação, da casa onde talvez ainda more.
− Que pensas fazer, Gi?
− Partir, não é? Em que se pode pensar aqui, neste cu de Judas, senão em partir? Ainda não me
fui embora por causa do Carlos, mas... O Carlos pertence a isto, nunca se irá embora. Só a ideia o
20 apavora, não é?
− Sim. Só a ideia.
− Ri-se de partir, como nós nos rimos de uma coisa impossível, de uma ideia louca. Quer com-
prar uma terra, construir uma casa a seu modo. Recebeu uma herança e só sonha com isso. Creio
que é a altura de eu...
25 − Creio que sim.
− Pois não é verdade?
− Ainda desenhas?
− Se não desenhasse dava em maluca. E eles acham que eu tenho muito jeitinho, que hei de um
dia ser uma boa senhora da vila, uma esposa exemplar, uma mãe perfeita, tudo isso com muito jeito
30 para o desenho. Até posso fazer retratos das crianças quando tiver tempo, não é verdade?
− É o que eles acham, não é?
1
Modigliani: artista figurativo francês, tornou-se célebre pelos seus retratos femininos
caracterizados por rostos e pescoços alongados.
2
Marchands: pessoas que negociam obras de arte.
2. Explica o sentido da expressão «embora o espanto seja relativo, um pequeno espanto inverdadeiro,
preparado com tempo» (linha 5).
PARTE B
Lê o poema e a nota.
Olha-me rindo uma criança
E na minha alma madruga1.
Tenho razão, tenho esperança
Tenho o que nunca me basta.
5 Bem sei. Tudo isto é um sorriso
Que é nem sequer sorriso meu.
Mas para meu não o preciso
Basta ser de quem mo deu.
Breve momento em que um olhar
10 Sorriu ao certo para mim...
És a memória de um lugar,
Onde já fui feliz assim.
1
Madruga: alvorece; amanhece.
4. Explica por que motivo o sujeito poético refere «Tenho o que nunca me basta.» (verso 4).
PARTE C
7. Maria Judite de Carvalho coloca George em confronto com o seu passado, no momento em que
regressa à sua terra natal.
Escreve uma breve exposição na qual comproves esta afirmação, baseando-te na tua experiência
de leitura do conto «George».
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos que evidenciem o confronto de George com o
seu passado;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Grupo II
Lê o texto.
3. A campanha britânica para combater «loneliness» (linha 16) define este termo como a
A. disparidade entre o que desejamos e o que conseguimos na interação social.
B. divergência que se constata entre a ansiedade de querer e a alegria de ter.
C. oposição entre o tempo que usamos para conviver e aquele em que estamos sós.
D. relutância em aceitar as relações positivas ou negativas que criamos com os outros.
4. Tal como em «são» (linha 2), o valor aspetual genérico está presente em
A. «comunicamos» (linha 1).
B. «têm» (linha 4).
C. «estamos» (linha 5).
D. «necessita» (linha 22).
5. Na frase «pensam que estamos apenas a referir-nos a sentimentos tristes que nos fazem sofrer»
(linhas 4-5), a palavra «que» introduz
A. uma oração subordinada substantiva completiva, no primeiro caso, e uma oração subordina-
da adjetiva relativa, no segundo.
B. uma oração subordinada adjetiva relativa, no primeiro caso, e uma oração subordinada
substantiva completiva, no segundo.
C. orações subordinadas adjetivas relativas, em ambos os casos.
D. orações subordinadas substantivas completivas, em ambos os casos.
6. No contexto em que ocorre, o recurso ao adjetivo «imposto» (linha 20) contribui para a coesão
A. lexical por substituição por antonímia.
B. lexical por reiteração.
C. gramatical frásica.
D. gramatical referencial.
7. Na expressão «expectativa do retorno» (linha 9), «do retorno» não desempenha a mesma função sintá-
tica que
A. «do Brás» (linha 9).
B. «de uma palavra» (linha 12).
C. «de uma discrepância» (linha 17).
D. «de imigrantes» (linha 27).
Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano 277
Descarregado por Ramalho 10 (ramalhex.10@gmail.com)
lOMoARcPSD|36464565
Grupo III
Vivemos rodeados de pessoas, mas, muitas vezes, a solidão marca a existência humana.
Será que o ser humano consegue, em todas as circunstâncias, vencer a solidão que possa sentir?
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a questão apresentada.
No teu texto:
• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumen-
tos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• formula uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre ele-
mentos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos
que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
оum desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
оum texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.
FIM
ŽŵşŶŝŽƐʹĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂൟ>ĞŝƚƵƌĂൟ'ƌĂŵĄƚŝĐĂൟƐĐƌŝƚĂ
ĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂͬ>ĞŝƚƵƌĂ
Interpretar obras literárias Parte A A
A – Texto de leitura
portuguesas. 2 itens de resposta 1. 16 pontos
literária: poema
Reconhecer valores restrita 2. 16 pontos
de Miguel Torga
culturais, éticos e estéticos 1 item de seleção 3. 10 pontos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de
recursos expressivos para a Parte B B
B – Texto de leitura
construção do sentido 2 itens de resposta 4. 16 pontos
literária: cantiga Grupo I
do texto. restrita 5. 16 pontos
de amigo
Leitura 1 item de seleção 6. 10 pontos
Interpretar o texto, com
especificação do sentido
global e da intencionalidade Parte C
comunicativa. C – Exposição sobre
1 item de resposta C
um tema da poesia
Escrita restrita: produção 7. 16 pontos
de Miguel Torga
Escrever uma exposição de uma exposição
sobre um tema.
Total – 100 pontos
Leitura 1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 4 itens de escolha 2. 8 pontos
géneros e graus não literária múltipla 3. 8 pontos
de complexidade. 4. 8 pontos
Gramática
Classificar orações. Grupo II
Identificar a função sintática 1 item de escolha
Subordinação 5. 8 pontos
de constituintes da frase. múltipla
Funções sintáticas 6. 8 pontos
Usar de modo intencional 2 itens de resposta
Modalidade 7. 8 pontos
diferentes valores modais restrita
atendendo à situação
comunicativa.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever apreciações
críticas, respeitando as
1 item de resposta
marcas de género.
Apreciação crítica Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos
Grupo I
PARTE A
Lê o poema e as notas.
Livro de Horas1
Aqui, diante de mim, Me confesso de ser charco
Eu, pecador, me confesso E luar de charco, à mistura.
De ser assim como sou. De ser a corda do arco
Me confesso o bom e o mau 25 Que atira setas acima
5 Que vão ao leme da nau E abaixo da minha altura.
Nesta deriva em que vou.
Me confesso de ser tudo
Me confesso Que possa nascer em mim.
Possesso De ter raízes no chão
De virtudes teologais2, 30 Desta minha condição.
10 Que são três, Me confesso de Abel e de Caim3.
E dos pecados mortais,
Que são sete, Me confesso de ser Homem.
Quando a terra não repete De ser um anjo caído
Que são mais. Do tal Céu que Deus governa;
35 De ser um monstro saído
15 Me confesso Do buraco mais fundo da caverna.
O dono das minhas horas.
O das facadas cegas e raivosas Me confesso de ser eu.
E o das ternuras lúcidas e mansas. Eu, tal e qual como vim
E de ser de qualquer modo Para dizer que sou eu
20 Andanças 40 Aqui, diante de mim!
Do mesmo todo.
Miguel Torga, Antologia poética, 7.a edição,
Alfragide, Dom Quixote, 2014, pp. 60-61.
1
Livro de Horas: livro de oração.
2
Virtudes teologais: virtudes que têm Deus por objeto, isto é, a fé, a esperança e a caridade.
3
Abel e Caim: são os dois primeiros filhos de Adão e Eva depois de terem sido expulsos do Jardim do Éden,
de acordo com o livro bíblico do Génesis. Caim matou Abel porque Deus aceitou os sacrifícios
de Abel e rejeitou os de Caim. Com este ato de ciúmes, Caim assassinou o irmão.
1. Apresenta a imagem que o eu constrói de si próprio ao longo do poema, com base em dois aspetos
significativos.
2. Refere de que modo se pode considerar que o poema tem uma estrutura circular.
PARTE B
Lê a cantiga e as notas.
Fui eu, madre, lavar os meus cabelos
a la fonte e paguei-m'eu delos1
e de mi, louçana2.
Fui eu, madre, lavar mias garcetas3
5 a la fonte e paguei-m'eu delas
e de mi, louçana.
A la fonte [e] paguei-m'eu deles;
aló4 achei, madr', o senhor deles
e de mi, louçana.
10 [E] ante que m'eu d'ali partisse,
fui pagada5 do que m'el [e] disse
e de mi louçana.
1
Paguei-m'eu delos: senti-me satisfeita com eles. 4
Aló: lá.
2
Louçana: formosa. 5
Pagada: contente
3
Garcetas: tranças.
4. Explicita o estado psicológico do sujeito poético, justificando a resposta com elementos textuais.
PARTE C
7. No seu poema «Orfeu rebelde», Miguel Torga defende que ergue «a voz assim, num desafio», para
denunciar os problemas que assolam o ser humano.
Escreve uma breve exposição na qual comproves esta afirmação, baseando-te na tua experiência
de leitura da poesia de Miguel Torga.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos que evidenciem a denúncia dos problemas
sociais na poesia de Miguel Torga;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Grupo II
Lê o texto.
1. No contexto em que ocorre, a metáfora «ouro que cai do céu» (linha 3) destaca
A. a importância que a água tem nesta altura do ano.
B. o valor que a chuva tem para que a Natureza prospere.
C. a pertinência que há em agradecer os momentos de chuva.
D. a relevância que a gratidão assume no contexto de seca.
2. No primeiro parágrafo, para mostrar que a chuva tem, em si, um efeito positivo, a cronista recorre
a sensações
A. visuais e táteis.
B. gustativas e táteis.
C. gustativas e olfativas.
D. visuais e olfativas.
5. As orações subordinadas «enquanto abria a janela» (linhas 3-4) e «sempre que me lembrava deste
mito» (linha 29) podem ser classificadas como
A. adverbial concessiva, no primeiro caso, e adverbial temporal, no segundo.
B. adverbias concessivas, em ambos os casos.
C. adverbial temporal, no primeiro caso, e adverbial concessiva, no segundo.
D. adverbiais temporais, em ambos os casos.
7. Indique a modalidade e o valor modal expressos em «alguém tinha de fazer a mesma coisa durante
toda a eternidade» (linha 31).
Grupo III
Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta pa-
lavras, faz a apreciação crítica do quadro abaixo apresentado, da autoria de Paula Rego.
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre ele-
mentos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos
que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
оum desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
оum texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.
FIM
ŽŵşŶŝŽƐʹĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂൟ>ĞŝƚƵƌĂൟ'ƌĂŵĄƚŝĐĂൟƐĐƌŝƚĂ
ĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂͬ>ĞŝƚƵƌĂ
Interpretar obras literárias Parte A A
A – Texto de leitura
portuguesas. 2 itens de resposta 1. 16 pontos
literária: poema de
Reconhecer valores restrita 2. 16 pontos
Manuel Alegre
culturais, éticos e estéticos 1 item de seleção 3. 10 pontos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de
recursos expressivos para a Parte B B
B – Texto de leitura
construção do sentido 2 itens de resposta 4. 16 pontos
literária: poema de Grupo I
do texto. restrita 5. 16 pontos
Mensagem
Leitura 1 item de seleção 6. 10 pontos
Interpretar o texto, com
especificação do sentido
global e da intencionalidade C – Exposição Parte C
comunicativa. sobre um tema 1 item de resposta C
Escrita dos poetas restrita: produção 7. 16 pontos
Escrever uma exposição contemporâneos de uma exposição
sobre um tema.
Total – 100 pontos
Leitura 1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 4 itens de escolha 2. 8 pontos
géneros e graus de não literária múltipla 3. 8 pontos
complexidade. 4. 8 pontos
Gramática Grupo II
Distinguir frases com 1 item de escolha
Aspeto 5. 8 pontos
diferentes valores aspetuais. múltipla
Funções sintáticas 6. 8 pontos
Identificar a função sintática 2 itens de resposta
Subordinação 7. 8 pontos
de constituintes da frase. restrita
Classificar orações.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever apreciações
críticas, respeitando as
1 item de resposta
marcas de género.
Apreciação crítica Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos
Grupo I
PARTE A
Lê o poema.
1. Identifica o destinatário deste poema e infere os sentimentos que o eu manifesta por esse tu.
PARTE B
Lê o poema e as notas.
Horizonte
Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração1,
As tormentas passadas e o mistério,
5 Abria em flor o Longe, e o Sul sidério2
Splendia3 sobre as naus da iniciação.
Linha severa da longínqua costa –
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
10 Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstrata linha.
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
15 Movimentos da esperança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte –
Os beijos merecidos da Verdade.
1
Cerração: escuridão; trevas.
2
Sidério: sideral.
3
Splendia: sobressaía.
PARTE C
7. Os autores contemporâneos usaram a sua pena para refletir sobre o papel do poeta.
Escreve uma breve exposição na qual comproves esta afirmação, baseando-te na tua experiência
de leitura da poesia de Miguel Torga e de Eugénio de Andrade.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos que evidenciem o modo como o tema das
figurações do poeta se concretiza na poesia de Miguel Torga e na de Eugéno de Andrade.
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Grupo II
Lê o texto.
1. As primeiras memórias que Hugo van der Ding tem do livro Toda a Mafalda
A. contrastam com a relação conflituosa que tinha com o pai durante a infância.
B. advêm da tentativa paterna para que ele pudesse ter acesso a algo engraçado.
C. revelam a cumplicidade que gostaria de ter criado, ao longo da vida, com o pai.
D. mostram que o pai era alguém que queria desenvolver o seu sentido de humor.
3. No sétimo parágrafo (linhas 38 a 41), para se referir à importância de Quino na sua vida, o autor recorre à
A. metáfora e à repetição.
B. anáfora e à personificação.
C. metonímia e à repetição.
D. metáfora e à personificação.
4. No contexto em que ocorre, o vocábulo «diapasão» (linha 39) pode ser substituído por
A. registo.
B. referência.
C. ritmo.
D. alcance.
5. No quinto parágrafo (linhas 26 a 34), predominam formas verbais com o valor aspetual
A. perfetivo.
B. genérico.
C. iterativo.
D. imperfetivo.
Grupo III
Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta pa-
lavras, faz a apreciação crítica do quadro abaixo apresentado, da autoria de José Malhoa.
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre ele-
mentos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos
que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
оum desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
оum texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.
FIM
ŽŵşŶŝŽƐʹĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂൟ>ĞŝƚƵƌĂൟ'ƌĂŵĄƚŝĐĂൟƐĐƌŝƚĂ
ĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂͬ>ĞŝƚƵƌĂ
Interpretar obras literárias A – Texto de leitura A
Parte A
portuguesas. literária: excerto 1. 10 pontos
3 itens de resposta
Reconhecer valores de Memorial do 2. 16 pontos
restrita
culturais, éticos e estéticos convento 3. 16 pontos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de
recursos expressivos para a B
B – Texto de leitura Parte B
construção do sentido 4. 16 pontos
literária: excerto Grupo I 3 itens de resposta
do texto. 5. 16 pontos
de Os Lusíadas restrita
Leitura 6. 10 pontos
Interpretar o texto, com
especificação do sentido
global e da intencionalidade C – Exposição sobre Parte C
comunicativa. um tema de 1 item de resposta C
Escrita Memorial restrita: produção 7. 16 pontos
Escrever uma exposição do convento de uma exposição
sobre um tema.
Total – 100 pontos
Leitura 1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 4 itens de escolha 2. 8 pontos
géneros e graus de não literária múltipla 3. 8 pontos
complexidade. 4. 8 pontos
Gramática
Identificar a classe de Grupo II
2 itens de escolha
palavras. Funções sintáticas 5. 8 pontos
múltipla
Identificar a função sintática Classes de palavras 6. 8 pontos
1 item de resposta
de constituintes da frase. Dêixis 7. 8 pontos
curta
Conhecer a referência
deítica.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever textos de opinião,
respeitando as marcas de
1 item de resposta
género.
Texto de opinião Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos
Grupo I
PARTE A
Lê o texto e as notas.
Vem chovendo, mas não tanto que o trabalho tenha de parar, exceto o dos pedreiros, pois
a água desfaz a argamassa, empoça nas larguíssimas paredes, por isso recolhem-se os operários
aos telheiros, à espera que levante, enquanto os canteiros, que são gente fina, batem abrigados
o mármore, tanto para a cantaria como para o lavrado, provavelmente prefeririam descansar.
5 A estes tanto faz que as paredes cresçam depressa como devagar, têm o risco da pedra a seguir,
caneluras1, acantos, festões, acrotérios2, grinaldas, estando acabada a obra logo a levam os car-
regadores a pau e corda, para o telheiro onde com outras ficará guardada, chegando a hora a
irão buscar do mesmo modo, salvo se for tão pesada que requeira cabrestante3 e plano inclina-
do. Mas têm os canteiros o privilégio de trabalhar pelo seguro, quer chova, quer faça sol, com o
10 jornal sempre garantido, ali debaixo de telha, brancos do pó do mármore, parecem fidalgos de
cabeleira, truca-truca, truca-truca, com o cinzel e a maceta, trabalho de duas mãos. Esta chuva
de hoje não tem sido tão forte que mandassem os olheiros recolher toda a gente, sequer os
dos carros de mão, menos afortunados que as formigas, que essas, estando o céu de aguagem,
levantam a cabeça a farejar os astros, e recolhem aos buracos, não são nenhuns homens para te-
15 rem de trabalhar à chuva. Enfim, vem do lado do mar, caminhando sobre os campos, uma escu-
ra cortina de água, largam os homens, mesmo sem ordem, os carros de mão, e debandam para
os telheiros ou chegam-se à revessa das paredes, se vale a pena, mais molhados do que estavam
não podem ficar. As mulas atreladas ficam quietas sob o grande chuveiro que cai, o pelo empa-
pado de suor está agora ensopado da contínua água, os bois ruminam jungidos e indiferentes,
20 quando a chuva bate com mais força sacodem as cabeças, quem haverá aí capaz de dizer o que
sentem estes animais, que fibras lhes estremecem, e até onde, se no movimento que fazem se
tocam os cornos luzidios, porventura apenas, Estás aí. Quando a chuva se afasta ou se tornou
aturável, voltam os homens e tudo recomeça, carregar e descarregar, puxar e empurrar, arrastar
e levantar, hoje não há tiros de pólvora por causa desta geral humidade, melhor para os solda-
25 dos que gozam a folga debaixo dos telheiros, de gorra com as sentinelas também recolhidas,
é a alegria da paz. E como a chuva voltou novamente, caindo de um céu escuríssimo, tão cedo
não vai acabar, deu-se ordem para largarem os homens o trabalho, só os canteiros continuaram
a bater a pedra, truca-truca, truca-truca, são largos os telheiros, nem os salpicos soprados pelo
vento vêm macular o grão do mármore.
30 Baixou Baltasar à vila pelo carreiro escorregadio, um homem que descia à sua frente esta-
telou-se na lama e todos riram, de riso caiu outro, o que vale são estas distrações, que nesta
terra de Mafra não há pátios de comédias, não há cantarinas4 nem representantes, ópera só em
Lisboa, para vir o cinema ainda faltam duzentos anos, quando houver passarolas a motor, muito
custa o tempo a passar, até que chegue a felicidade, olá.
José Saramago, Memorial do convento, Lisboa, Porto Editora, 2022, pp. 239-241.
1
Caneluras: cada um dos sulcos no fuste de colunas. 3
Cabrestante: mecanismo ou máquina para manobrar
2
Acrotérios: pedestais das figuras que encimavam um frontão. ou levantar a âncora e outros pesos.
4
Cantarinas: cantoras.
1. Refere dois dos recursos utilizados pelo narrador na caracterização do ambiente em que decorrem
as obras do convento. Ilustra a resposta com segmentos textuais pertinentes.
2. Explica a intenção do narrador ao aludir aos «canteiros» (linha 9) como «fidalgos de cabeleira»
(linhas 10-11).
PARTE B
Lê o texto e as notas.
151 154
Os Cavaleiros tende em muita estima, Mas eu que falo, humilde, baxo e rudo,
Pois com seu sangue intrépido1 e fervente2 De vós não conhecido nem sonhado?
Estendem não sòmente a Lei de cima, Da boca dos pequenos sei, contudo,
Mas inda vosso Império preminente3. Que o louvor sai às vezes acabado.
Pois aqueles que a tão remoto clima Nem me falta na vida honesto estudo,
Vos vão servir, com passo diligente4, Com longa experiência misturado,
Dous inimigos vencem: uns, os vivos, Nem engenho, que aqui vereis presente,
E (o que é mais) os trabalhos excessivos. Cousas que juntas se acham raramente.
152 155
Fazei, Senhor, que nunca os admirados Pera servir-vos, braço às armas feito,
Alemães, Galos5, Ítalos6 e Ingleses, Pera cantar-vos, mente às Musas dada;
Possam dizer que são pera mandados, Só me falece8 ser a vós aceito,
Mais que pera mandar, os Portugueses. De quem virtude deve ser prezada.
Tomai conselho só d' exprimentados, Se me isto o Céu concede, e o vosso peito
Que viram largos anos, largos meses, Dina9 empresa tomar de ser cantada,
Que, posto que em cientes7 muito cabe, Como a pres[s]aga10 mente vaticina
Mais em particular o experto sabe. Olhando a vossa inclinação divina,
[…]
Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas de Álvaro Júlio da Costa Pimpão,
apresentação de Aníbal Pinto de Castro), Lisboa, 2000, pp. 477-478.
1
Intrépido: corajoso. 4
Diligente: dedicado. 8
Falece: falta.
2
Fervente: fervoroso; ardente. 5
Galos: Franceses. 9
Dina: digna.
3
Preminente: proeminente; distinto; 6
Ítalos: Italianos. 10
Pressaga: que pressagia, prevê
superior. 7
Cientes: conhecedores; sábios. ou pressente.
5. Relaciona o sentido dos versos 1 e 2 da estância 155 com o conteúdo da estrofe anterior.
6. Identifica duas marcas linguísticas que comprovam a presença do interlocutor, D. Sebastião. Ilustra
a resposta com segmentos textuais pertinentes.
PARTE C
Grupo II
Lê o texto e a nota.
A insuportável igualdade
Em O Homem Duplicado, Saramago retoma uma das mais antigas questões da humanidade:
como viver com o outro.
Numa primeira leitura, imediata, O homem duplicado, o novo romance de José Saramago,
editado pela Caminho, parece uma história de clones: numa noite, um solitário e depressivo
5 professor de História, tentando distrair-se com o visionamento de um filme em vídeo, descobre
alguém exatamente igual a si. Um dos atores desse filme é o seu duplo absoluto, o seu dupli-
cado. Essa súbita revelação muda totalmente a vida de Tertuliano Máximo Afonso (assim se
chama o tal professor), que vai então visionar os restantes filmes em que aparece o mesmo ator,
apenas para confirmar que existe alguém igual a si.
10 Clones? Essa dedução seria demasiado simples – e José Saramago, aliás, confirmou em en-
trevista que o romance nada tem a ver com essa questão. Na verdade, a minha obra O homem
huplicado parece-me ser uma reflexão sobre a identidade, sobre a relação eu-outro, sobre a
própria condição humana.
Tertuliano, homem só, paralisado pelo tédio, interroga-se: «Às vezes tenho a impressão de
15 não saber exatamente o que sou, sei quem sou, mas não o que sou». E quando finalmente co-
nhece o outro que é como ele, coloca a «inquietante questão de se saber quem é o duplicado
de quem.» Pior: vem a descobrir que o tal outro igual a si nasceu no mesmo dia do mesmo mês
e ano, mas meia hora antes, ou seja, o original é o outro e não ele... E o outro ainda lhe lembra
que «de cada vez que se olhar num espelho nunca terá a certeza de que se o que o está vendo
20 é a sua imagem visual, ou se a minha imagem real.»
Mas este «extraordinário caso do homem duplicado» é, afinal, o retomar de uma interro-
gação muito antiga, imemorial, desde que «um rosto humano se apercebeu pela primeira vez
de si mesmo na superfície lisa de um charco e pensou, Este sou eu?», embora agora a pergunta
seja «Este quem é?». Ontem como hoje, as relações humanas são «autênticos labirintos creten-
25 ses», sobretudo a comunicação entre mim e o outro: ainda que se desenvolvam as tecnologias
de comunicação em autêntica progressão geométrica, «a outra comunicação, a propriamente
dita, a real, a de mim a ti», continua, incompreensivelmente, a ser «esta confusão cruzada de
becos sem saída». E, porque não nos entendemos, eu concluo, como os dois homens iguais
deste romance, que «um de nós está a mais neste mundo.» «Diz-se que só odeia o outro quem
30 a si mesmo se odiar, mas o pior de todos os ódios deve ser aquele que leva a não suportar a
igualdade do outro, e provavelmente será ainda pior se essa igualdade vier a ser alguma vez
absoluta.» Talvez seja esta a «chave» deste romance, se esta leitura estiver certa. O que me leva
a pensar num outro caso de homem duplicado, escrito num outro livro: a história de Caim e
Abel, contada no Génesis1 – Caim descobre que existe um outro e que não está só no mundo.
35 Desde então até hoje, como Saramago nos recorda, a questão por resolver é a da construção
da fraternidade.
1
Génesis: primeiro livro da Bíblia.
2. A expressão «desde que "um rosto humano se apercebeu pela primeira vez de si mesmo na super-
fície lisa de um charco e pensou, Este sou eu?"» (linhas 22-23) evoca
A. o mito narcisista na análise do eu.
B. a felicidade do ser humano, ao reconhecer-se.
C. a sedução do homem perante o que vê.
D. a incerteza da verdadeira identidade humana.
3. Nas expressões «nunca terá a certeza de que se o que o está vendo é a sua imagem visual, ou se a
minha imagem real» (linhas 19-20) e «autênticos labirintos cretenses» (linhas 24-25), o autor utiliza
A. a antítese e a metáfora, respetivamente.
B. a metáfora, em ambos os casos.
C. a antítese e a hipérbole, respetivamente.
D. a metáfora e a hipérbole, respetivamente.
4. No último parágrafo, o enunciador defende que a questão levantada pela obra saramaguiana é
A. levar o ser humano a refletir sobre a sua ação no mundo.
B. encontrar o verdadeiro sentido para a sua existência.
C. revelar a complexidade das relações entre os homens.
D. evidenciar as incompatibilidades na vivência em sociedade.
6. As palavras sublinhadas no segmento «de cada vez que se olhar num espelho nunca terá a certeza
de que se o que o está vendo é a sua imagem visual» (linhas 19-20) são
A. conjunção, em ambos os casos.
B. pronome, em ambos os casos.
C. conjunção e pronome, respetivamente.
D. pronome e conjunção, respetivamente.
7. Refere o tipo de dêixis assegurado pelo determinante possessivo presente na linha 11.
Grupo III
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a afirmação apresentada.
No teu texto:
• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumen-
tos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• formula uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre ele-
mentos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos
que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
оum desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
оum texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.
FIM
ŽŵşŶŝŽƐʹĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂൟ>ĞŝƚƵƌĂൟ'ƌĂŵĄƚŝĐĂൟƐĐƌŝƚĂ
ĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂͬ>ĞŝƚƵƌĂ
Interpretar obras literárias A – Texto de leitura Parte A A
portuguesas. literária: excerto 2 itens de resposta 1. 16 pontos
Reconhecer valores de Memorial do restrita 2. 10 pontos
culturais, éticos e estéticos convento 1 item de seleção 3. 16 pontos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de
recursos expressivos para a Parte B B
B – Texto de leitura
construção do sentido 2 itens de resposta 4. 16 pontos
literária: poema de Grupo I
do texto. restrita 5. 16 pontos
Ana Luísa Amaral
Leitura 1 item de seleção 6. 10 pontos
Interpretar o texto, com
especificação do sentido
global e da intencionalidade C – Exposição Parte C
comunicativa. sobre um tema 1 item de resposta C
Escrita de Memorial do restrita: produção 7. 16 pontos
Escrever uma exposição convento de uma exposição
sobre um tema.
Total – 100 pontos
Leitura 1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 4 itens de escolha 2. 8 pontos
géneros e graus de não literária múltipla 3. 8 pontos
complexidade. 4. 8 pontos
Gramática
Usar de modo intencional
diferentes valores modais Grupo II
2 itens de escolha
atendendo à situação Modalidade 5. 8 pontos
múltipla
comunicativa (epistémicos, Coesão 6. 8 pontos
1 item de resposta
deônticos e apreciativos). Subordinação 7. 8 pontos
curta
Analisar processos
de coesão textual.
Classificar orações.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever textos de opinião,
respeitando as marcas de
1 item de resposta
género.
Texto de opinião Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos
Grupo I
PARTE A
Lê o texto e as notas.
Estão os três voadores à proa da máquina, vão na direção do poente, e o padre Bartolomeu
Lourenço sente que a inquietação regressou e cresce, é pânico já, enfim vai ter voz, e essa voz é
um gemido, quando o sol se puser, descerá irremediavelmente a máquina, talvez caia, talvez se
despedace e todos morrerão, É Mafra, além, grita Baltasar, parece o gajeiro1 a bradar do cesto
5 da gávea, Terra, nunca comparação alguma foi tão exata, porque esta é a terra de Baltasar, reco-
nhece-a, mesmo nunca a tendo visto do ar, quem sabe se por termos no coração uma orografia2
particular que, para cada um de nós, acertará com o particular lugar onde nascemos, o côncavo
meu no teu convexo, no meu convexo o teu côncavo, é o mesmo que homem e mulher, mu-
lher e homem, terra somos na terra, por isso é que Baltasar grita, É a minha terra, reconhece-a
10 como um corpo. Passam velozmente sobre as obras do convento, mas desta vez há quem os
veja, gente que foge espavorida, gente que se ajoelha ao acaso e levanta as mãos implorativas de
misericórdia, gente que atira pedras, o alvoroço toma conta de milhares de homens, quem não
chegou a ver, duvida, quem viu, jura e pede o testemunho do vizinho, mas provas já ninguém
as pode apresentar porque a máquina afastou-se na direção do sol, tornou-se invisível contra o
15 disco refulgente, talvez não tivesse sido mais que uma alucinação, já os céticos triunfam sobre a
perplexidade dos que acreditaram.
Em poucos minutos, a máquina atinge a costa do mar, parece que a está puxando o sol para
a levar ao outro lado do mundo. […] Mas de súbito Blimunda solta-se de Baltasar, a quem
convulsa se agarrara quando a máquina precipitou a descida, e rodeia com os braços uma das
20 esferas que contêm as nuvens fechadas, as vontades, duas mil são mas não chegam, cobre-as
com o corpo, como se as quisesse meter dentro de si ou juntar-se a elas. A máquina dá um salto
brusco, levanta a cabeça, cavalo a que puxaram o bridão, suspende-se por um segundo, hesita,
depois recomeça a cair, mas menos depressa, e Blimunda grita, Baltasar, Baltasar, não precisou
chamar três vezes, já ele se abraçara com a outra esfera, fazia o corpo com ela, Sete-Luas e
25 Sete-Sóis sustentando com as suas nuvens fechadas a máquina que baixava, agora devagar, tão
devagar que mal rangeram os vimes quando tocou o chão, só bandeou3 para um lado, não havia
ali espeques4 para a receber, é que não se pode ter tudo. Frouxos de membros, extenuados, os
três viajantes escorregaram para fora, tentaram ainda segurar-se à amurada, não o conseguiram,
e, rolando, acharam-se estendidos no chão, sem sequer feridos de raspão, é bem verdade que
30 não se acabaram os milagres, e este foi dos bons, nem foi preciso invocar S. Cristóvão, ele lá
estava, vigiando o trânsito, viu aquele avião desgovernado, deitou-lhe a grande mão e evitou a
catástrofe, para seu primeiro milagre aéreo não esteve nada mal.
José Saramago, Memorial do convento, Lisboa, Porto Editora, 2022, pp. 221-223.
1
Gajeiro: marinheiro que vigia na gávea. 3
Bandeou: inclinou.
2
Orografia: estudo das montanhas. 4
Espeques: estacas; escoras.
PARTE B
Lê o poema.
Criação sonhada
Tanto tempo a pensar
divino esforço
que adormecendo
Deus sonhou consigo:
5 Sonhou braços e pernas
e cabeças,
sonhou paisagens
de mental pudor,
conversas calmas
10 com o quase feito
E esforçado ficou
e exausto se quedou
ao ver-se assim traído
pela obra criada
15 só em sonho
PARTE C
7. O narrador, em Memorial do convento, assume o papel de um comentador crítico que nos vai acom-
panhando na leitura da obra.
Escreve uma breve exposição na qual comproves esta afirmação, baseando-te na tua experiência
de leitura de Memorial do convento.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos que comprovem a presença de um narrador
crítico e subjetivo em Memorial do convento;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Grupo II
Lê o texto e a nota.
1. Segundo a cronista, a adulteração do provérbio original para entre falar e fazer «há muito que fa-
zer» (linha 2) evidencia a
A. supremacia que deve assumir a ação.
B. superioridade da vontade em detrimento da ação.
C. centralidade da materialização do que se diz.
D. primazia da concretização do que se deseja.
3. Relativamente à frase anterior, quando diz «Porque poderei ser apenas mais uma gota no vasto
oceano ou a rosa única que nasce num planeta deserto e distante.» (linhas 24-25), o enunciador
A. sintetiza a singularidade de cada um de nós.
B. apresenta a constatação da sua insignificância.
C. justifica a singularidade dos objetivos individuais.
D. concretiza o seu afastamento total da realidade.
5. No contexto em que ocorre, o complexo verbal «pode-se falar» (linha 5) exprime uma
A. possibilidade.
B. certeza.
C. permissão.
D. obrigação.
6. Relativamente ao vocábulo «provérbio» (linha 7), o recurso ao vocábulo «seu» na linha 7 constitui
uma anáfora
A. por substituição (sinónimo).
B. por substituição (expressão adverbial).
C. por substituição (pronominal).
D. conceptual.
7. Classifica a oração «se a quero numa rua com muito trânsito» (linha 19).
Grupo III
Terão os jovens de hoje consciência cívica e política capaz de trazer uma mudança ao mundo como
o vemos hoje?
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a questão apresentada.
No teu texto:
• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumen-
tos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• formula uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre ele-
mentos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos
que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
оum desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
оum texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.
FIM
ŽŵşŶŝŽƐʹĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂൟ>ĞŝƚƵƌĂൟ'ƌĂŵĄƚŝĐĂൟƐĐƌŝƚĂ
ĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂͬ>ĞŝƚƵƌĂ
Interpretar obras literárias A – Texto de leitura Parte A A
portuguesas. literária: excerto 2 itens de resposta 1. 16 pontos
Reconhecer valores de O ano da morte restrita 2. 10 pontos
culturais, éticos e estéticos de Ricardo Reis 1 item de seleção 3. 16 pontos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de
recursos expressivos para a B – Texto de leitura Parte B B
construção do sentido literária: poema de 2 itens de resposta 4. 16 pontos
do texto. Rimas, de Luís Grupo I restrita 5. 16 pontos
Leitura de Camões 1 item de seleção 6. 10 pontos
Interpretar o texto, com
especificação do sentido
global e da intencionalidade C – Exposição sobre Parte C
comunicativa. um tema de 1 item de resposta C
Escrita O ano da morte restrita: produção 7. 16 pontos
Escrever uma exposição de Ricardo Reis de uma exposição
sobre um tema.
Total – 100 pontos
Leitura 1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 4 itens de escolha 2. 8 pontos
géneros e graus de não literária múltipla 3. 8 pontos
complexidade. 4. 8 pontos
Gramática Grupo II
Classificar orações. 1 item de escolha
Subordinação 5. 8 pontos
Identificar a função sintática múltipla
Funções sintáticas 6. 8 pontos
de constituintes da frase. 2 itens de resposta
Dêixis 7. 8 pontos
Conhecer a referência curta
deítica.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever textos de opinião,
respeitando as marcas de
1 item de resposta
género.
Texto de opinião Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos
Grupo I
PARTE A
Lê a contextualização, o texto e as notas.
ŽŶƚĞdžƚƵĂůŝnjĂĕĆŽ͗Ricardo Reis recebe, pela primeira vez, a visita de Fernando Pessoa, desde
que se instalara numa casa arrendada no Alto de Santa Catarina.
[...] Deixe lá, não tome as minhas palavras como uma censura, deu-me até muito gosto que tives-
se aparecido, esta primeira noite, provavelmente, não ia ser fácil, Medo, Assustei-me um pouco
quando ouvi bater, não me lembrei que pudesse ser você, mas não estava com medo, era apenas
a solidão, Ora, a solidão, ainda vai ter de aprender muito para saber o que isso é, Sempre vivi só,
5 Também eu, mas a solidão não é viver só, a solidão é não sermos capazes de fazer companhia a
alguém ou a alguma coisa que está dentro de nós, a solidão não é uma árvore no meio duma
planície onde só ela esteja, é a distância entre a seiva profunda e a casca, entre a folha e a raiz,
Você está a tresvariar1, tudo quanto menciona está ligado entre si, aí não há nenhuma solidão,
Deixemos a árvore, olhe para dentro de si e veja a solidão, Como disse o outro, solitário andar
10 por entre a gente2, Pior do que isso, solitário estar onde nem nós próprios estamos, Está hoje de
péssimo humor, Tenho os meus dias, Não era dessa solidão que eu falava, mas doutra, esta de
andar connosco, a suportável, a que nos faz companhia, Até essa tem que se lhe diga, às vezes não
conseguimos aguentá-la, suplicamos uma presença, uma voz, outras vezes essa mesma voz e essa
mesma presença só servem para a tornar intolerável, É isso possível, É, no outro dia, quando nos
15 encontrámos ali no miradouro, lembra-se, estava você à espera daquela sua namorada, Já lhe disse
que não é minha namorada, Pronto, não se zangue, mas pode vir a sê-lo, sabe lá você o que o dia
de amanhã lhe reserva, Eu até tenho idade para ser pai dela, E daí, Mude de assunto, conte o resto
da sua história, Foi a propósito de você ter estado com gripe, lembrei-me de um pequeno episódio
da minha doença, esta última, final e derradeira, O que aí vai de pleonasmos3, o seu estilo piorou
20 muito, A morte também é pleonástica, é mesmo a mais pleonástica de todas as coisas, O resto, Foi
lá a casa um médico, eu estava deitado, no quarto, a minha irmã abriu a porta, A sua meia-irmã,
aliás a vida está cheia de meios irmãos, Que quer dizer com isso, Nada de especial, continue, Abriu
a porta e disse para o médico entre senhor doutor está aqui este inútil, o inútil era eu, é claro, como
vê a solidão não tem nenhum limite, está em toda a parte, Alguma vez se sentiu realmente inútil,
25 É difícil responder, pelo menos não me lembro de me ter sentido verdadeiramente útil, creio mes-
mo que é essa a primeira solidão, não nos sentirmos úteis, Ainda que os outros pensem que nós os
levemos a pensar o contrário, Os outros enganam-se muitas vezes, Também nós. Fernando Pessoa
levantou-se, entreabriu as portadas da janela, olhou para fora, Imperdoável esquecimento, disse,
não ter posto o Adamastor na Mensagem, um gigante tão fácil, de tão clara lição simbólica, Vê-o
30 daí, Vejo, pobre criatura, serviu-se o Camões dele para queixumes de amor que provavelmente lhe
estavam na alma, e para profecias menos do que óbvias, anunciar naufrágios a quem anda no mar,
para isso não são precisos dons divinatórios particulares, Profetizar desgraças sempre foi sinal de
solidão, tivesse correspondido Tétis ao amor do gigante e outro teria sido o discurso dele.
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis, Lisboa, Porto Editora, 2021, pp. 262-264.
1
Tresvariar: delirar; disparatar. 3
Pleonasmos: recursos expressivos em que se verifica
2
Solitário andar por entre a gente: referência a uma parte de a repetição de uma ideia na mesma frase.
um verso do soneto de Luís de Camões — «Amor é um fogo
que arde sem se ver».
3. Explica por que motivo Fernando Pessoa considera não ter incluído «O Adamastor» em Mensagem
um «Imperdoável esquecimento» (linha 28).
PARTE B
Lê o poema e a nota.
1
Pesar: desgosto.
4. Explicita dois dos sentimentos manifestados pelo sujeito poético ao longo do poema.
PARTE C
7. Ricardo Reis, na obra de José Saramago, deambula indefinidamente pelo espaço citadino lisboeta.
Escreve uma breve exposição na qual comproves esta afirmação, baseando-te na tua experiência
de leitura de O ano da morte de Ricardo Reis.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos que comprovem a presença da deambulação
geográfica e da viagem literária em O ano da morte de Ricardo Reis;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Grupo II
Lê o texto.
1. Pilar del Río e José Saramago têm uma história de amor marcada
A. pela dificuldade em manifestarem carinho em público.
B. pela atração que surgiu logo no primeiro dia em que se viram.
C. pelo recato e pela discrição no modo como foi sempre relatada.
D. pelo contacto epistolar inicial que fez com que se aproximassem.
7. Indica o tipo de dêixis apresentado no segmento «Quando nos aproximámos eu já era madura»
(linhas 25-26).
Grupo III
Será que a cultura e os eventos culturais são determinantes para se afirmar a identidade de um país?
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras, defende um ponto de vista pessoal sobre a questão apresentada.
No teu texto:
• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumen-
tos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• formula uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre ele-
mentos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos
que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
оum desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
оum texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.
FIM
ŽŵşŶŝŽƐʹĚƵĐĂĕĆŽ>ŝƚĞƌĄƌŝĂൟ>ĞŝƚƵƌĂൟ'ƌĂŵĄƚŝĐĂൟƐĐƌŝƚĂ
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Interpretar obras literárias A – Texto de leitura Parte A A
portuguesas. literária: excerto 2 itens de resposta 1. 16 pontos
Reconhecer valores de O ano da morte restrita 2. 16 pontos
culturais, éticos e estéticos de Ricardo Reis 1 item de seleção 3. 10 pontos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de
recursos expressivos para a Parte B B
B – Texto de leitura
construção do sentido 2 itens de resposta 4. 16 pontos
literária: poema de Grupo I
do texto. restrita 5. 16 pontos
Eugénio de Andrade
Leitura 1 item de seleção 6. 10 pontos
Interpretar o texto, com
especificação do sentido
global e da intencionalidade C – Exposição sobre Parte C
comunicativa. um tema de 1 item de resposta C
Escrita O ano da morte restrita: produção 7. 16 pontos
Escrever uma exposição de Ricardo Reis de uma exposição
sobre um tema.
Total – 100 pontos
Leitura 1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 4 itens de escolha 2. 8 pontos
géneros e graus de não literária múltipla 3. 8 pontos
complexidade. 4. 8 pontos
Grupo II
Gramática 2 itens de escolha
Funções sintáticas 5. 8 pontos
Classificar orações. múltipla
Classes de palavras 6. 8 pontos
Identificar a função sintática 1 item de resposta
Subordinação 7. 8 pontos
de constituintes da frase. curta
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever textos de opinião,
respeitando as marcas de
1 item de resposta
género.
Texto de opinião Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos
Grupo I
PARTE A
Lê o texto e a nota.
Ricardo Reis vai aos jornais, ontem tomou nota das direções, antes de se deitar, afinal não foi
dito que dormiu mal, estranhou a cama ou estranhou a terra, quando se espera o sono no silêncio
de um quarto ainda alheio, ouvindo chover na rua, tomam as coisas a sua verdadeira dimensão,
são todas grandes, graves, pesadas, enganadora é sim a luz do dia, faz da vida uma sombra apenas
5 recortada, só a noite é lúcida, porém o sono a vence, talvez para nosso sossego e descanso, paz à
alma dos vivos. Vai Ricardo Reis aos jornais, vai aonde sempre terá de ir quem das coisas do mundo
passado quiser saber, aqui no Bairro Alto onde o mundo passou, aqui onde deixou rasto do seu
pé, pegadas, ramos partidos, folhas pisadas, letras, notícias, é o que do mundo resta, o outro resto
é a parte de invenção necessária para que do dito mundo possa também ficar um rosto, um olhar,
10 um sorriso, uma agonia, Causou dolorosa impressão nos círculos intelectuais a morte inesperada
de Fernando Pessoa, o poeta do Orfeu, espírito admirável que cultivava não só a poesia em moldes
originais mas também a crítica inteligente, morreu anteontem em silêncio, como sempre viveu,
mas como as letras em Portugal não sustentam ninguém, Fernando Pessoa empregou-se num
escritório comercial, e, linhas adiante, junto do jazigo deixaram os seus amigos flores de saudade.
15 Não diz mais este jornal, outro diz doutra maneira o mesmo, Fernando Pessoa, o poeta extraordi-
nário da Mensagem, poema de exaltação nacionalista, dos mais belos que se têm escrito, foi ontem
a enterrar, surpreendeu-o a morte num leito cristão do Hospital de S. Luís, no sábado à noite,
na poesia não era só ele, Fernando Pessoa, ele era também Álvaro de Campos, e Alberto Caeiro,
e Ricardo Reis, pronto, já cá faltava o erro, a desatenção, o escrever por ouvir dizer, quando muito
20 bem sabemos, nós, que Ricardo Reis é sim este homem que está lendo o jornal com os seus pró-
prios olhos abertos e vivos, médico, de quarenta e oito anos de idade, mais um que a idade de
Fernando Pessoa quando lhe fecharam os olhos, esses sim, mortos, não deviam ser necessárias
outras provas ou certificados de que não se trata da mesma pessoa, e se ainda aí houver quem
duvide, esse vá ao Hotel Bragança e fale com o senhor Salvador, que é o gerente, pergunte se não
25 está lá hospedado um senhor chamado Ricardo Reis, médico, que veio do Brasil, ele dirá que sim,
O senhor doutor não vem almoçar, mas visse que jantaria, se quiser deixar algum recado, eu pessoal-
mente me encarregarei de lho transmitir, quem ousará duvidar agora da palavra de um gerente de
hotel, excelente fisionomista e definidor de identidades. Mas, para que não fiquemos somente com
a palavra de alguém: que conhecemos tão pouco, aqui está estoutro jornal que pôs a notícia na página
30 certa, a da necrologia, e extensamente identifica o falecido, Realizou-se ontem o funeral do senhor
doutor Fernando António Nogueira Pessoa, solteiro, de quarenta e sete anos de idade, quarenta
e sete, notem bem, natural de Lisboa, formado em Letras pela Universidade de Inglaterra, escritor
e poeta muito conhecido no meio literário, sobre o ataúde1 foram depostos ramos de flores natu-
rais, o pior é delas, coitadas, mais depressa murcham.
1
Ataúde: caixão funerário.
1. Esclarece o sentido da expressão «só a noite é lúcida, porém o sono a vence» (linha 5) no contexto em
que ocorre.
2. Apresenta dois aspetos da caracterização de Fernando Pessoa, tendo em conta o que é relatado nas
notícias sobre a sua morte.
PARTE B
Lê o poema.
4. Relaciona o verso «Sei agora como nasceu a alegria» (verso 1) com o sentido da segunda estrofe.
PARTE C
7. O ano da morte de Ricardo Reis é uma obra saramaguiana repleta de referências que viajam pela
diacronia literária portuguesa.
Escreve uma breve exposição na qual comproves esta afirmação, baseando-te na tua experiência
de leitura de O ano da morte de Ricardo Reis.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos que comprovem a presença de referências
intertextuais em O ano da morte de Ricardo Reis;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Grupo II
Lê o texto e as notas.
1
Aquilatar: avaliar; apreciar.
2
Aviltante: desonrosa.
3
Panegíricos: elogios.
2. No contexto em que ocorre, o vocábulo «coroar» (linha 4) pode ser substituído por
A. premiar.
B. encimar.
C. agraciar.
D. complementar.
5. Na expressão «pontos singulares deste projeto» (linha 21), «deste projeto» não desempenha a mes-
ma função sintática que
A. «das suas palavras» (linha 9).
B. «da sua vida» (linha 17).
C. «do escritor» (linha 23).
D. «de Saramago» (linha 28).
6. As duas ocorrências do vocábulo «que» na expressão «aquela que reza queͫ (linhas 17-18) pertencem
à classe
A. dos pronomes.
B. das conjunções.
C. dos pronomes e das conjunções, respetivamente.
D. das conjunções e dos pronomes, respetivamente.
7. Classifica a oração «Quem comprar este livro com o espírito de curiosidade mesquinha» (linhas 14-15).
Grupo III
Será possível desenvolver uma consciência cívica plena com ausência de leitura e questionamento?
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras, defende um ponto de vista pessoal sobre a questão apresentada.
No teu texto:
• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumen-
tos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• formula uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre ele-
mentos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos
que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
оum desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
оum texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.
FIM
SOLUÇÕES
Teste 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo (p. 203) Teste 6 – José Saramago (p. 213)
1. a) F; b) V; c) V; d) F; e) F; f) V.
1. a) V; b) V; c) F; d) V; e) F; f) V.
1.1
1.1
a) O livro em causa versará sobre a faceta mais intimista c) As comemorações do Centenário possuem quatro eixos
de Fernando Pessoa; d) O livro Super-Camões mostra-nos programáticos: o da biografia, o da leitura, o das publicações
Fernando Pessoa como alguém com sentido de humor; e o académico; e) Os alunos, desde os mais novos aos mais
e) João Pedro George considera que o que descobriu sobre velhos, são os responsáveis futuros da divulgação de José
Pessoa foi surpreendente. Saramago.
2. 2.
2.1 B; 2.2 C; 2.3 D; 2.4 A; 2.5 B; 2.6 D; 2.7 C. 2.1 C; 2.2 A; 2.3 B; 2.4 D; 2.5 A; 2.6 C; 2.7 B.
2. 1.
No primeiro verso do poema, o sujeito poético revela que
2.1 B; 2.2 A; 2.3 C; 2.4 D; 2.5 A; 2.6 B; 2.7 A. observa o que não lhe é possível ver, o que denota uma pos-
sível contradição, que poderá estar associada ao contraste
Teste 3 – Fernando Pessoa, Mensagem (p. 207) entre o sonho e a realidade. Assim, o eu, ao recorrer à forma
verbal «contemplo», evidencia o seu desejo de permanecer
1. a) F; b) V; c) F; d) V; e) V; f) F. no domínio onírico.
1.1 2.
a) O primeiro nome da obra foi Portugal; c) Mensagem é Nos dois últimos versos do poema, o sujeito poético apre-
uma obra com características épicas; f) Teresa Rita Lopes senta o seu estado de espírito dominado pela angústia
descobriu que Pessoa era muito crítico em relação ao regime («Mas triste é o que estou.», v. 16), uma vez que não con-
ditatorial. segue definir-se — «Não sinto, não sou triste» (v. 15) – nem
2.1 A; 2.2 C; 2.3 B; 2.4 A; 2.5 D; 2.6 B; 2.7 C. permanecer no sonho, o que lhe poderia trazer algum apa-
ziguamento. Deste modo, torna-se evidente que a temática
pessoana presente no poema é a dicotomia entre o sonho e
Teste 4 – Contos (p. 209) a realidade, já que o eu deseja evadir-se para o mundo oní-
1. a) V; b) F; c) V; d) F; e) V; f) F. rico, mas essa ilusão não permite afastar-se totalmente da
realidade.
1.1
b) O seu avô não acreditava em restrições no que toca à 3.
leitura; d) Inês é uma pessoa voltada para a vida interior; A.
f) Maria Judite de Carvalho defendia que se deveria sempre
voltar às obras de Eça de Queirós. Parte B
2. 4.
Vieira interpela diretamente os peixes, servindo-se desta
2.1 C; 2.2 B; 2.3 A; 2.4 D; 2.5 D; 2.6 B; 2.7 C. apóstrofe que os identifica, pois eles são os destinatários do
seu discurso. Contudo, dado o caráter alegórico do sermão,
Teste 5 – Poetas contemporâneos (p. 211) os peixes surgem como ouvintes atentos que apresentam
qualidades que os homens não evidenciam, já que o perse-
1. a) V; b) F; c) V; d) F; e) F; f) V.
guiram em vez de o ouvirem e o seguirem. Por outro lado,
1.1 esta apóstrofe contribui também para a surpresa do auditó-
b) O espetáculo acabou por ultrapassar a ideia inicial; rio, fazendo-o estar mais atento e mais próximo do pregador.
d) Mátria é uma ópera que evidencia a experiência universal Ao interpelar o seu auditório, Padre António Vieira considera
os peixes como «irmãos», demonstrando a proximidade que não possuímos. Ao viajar, temos a necessidade de sair da
pretende que exista entre ele e os peixes e que também nossa área de conforto e, ao depararmo-nos, muitas vezes,
deveria existir entre os homens e o orador. Deste modo, é com contratempos e circunstâncias adversas, as nossas vi-
realçado, alegoricamente, o afastamento que mantém rela- vências serão muito pertinentes e significativas.
tivamente aos homens. – …
5.
A obediência, a ordem, a quietação e a atenção com que ou- Teste 2 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos
vem a palavra de Deus são as diferentes qualidades que o e do ortónimo (p. 223)
pregador, primeiramente, louva nos peixes. Além disso, com GRUPO I
esta atitude virtuosa, evidenciam o respeito e a devoção que
Parte A
dedicam à sua pregação. No entanto, este louvor leva o Padre
António Vieira a exclamar «grande afronta e confusão para 1.
os homens!», porque, sendo irracionais, os peixes compor- A frase, em discurso parentético, apresenta o esclarecimento
tam-se racionalmente, escutando a sua pregação, compor- irónico do sujeito poético face ao verso anterior e, nomeada-
tamento incompreendido e até ofensivo para os homens. mente, à postura do pregador, não dando uma significação
Contrariamente, os homens não ouvem a palavra de Deus e subjetiva ao conceito de «sofrimento». Assim, tudo aquilo
perseguem Santo António, querendo lançá-lo ao mar, mos- que apropriamos pelos sentidos é verdadeiro, mesmo que
trando-se furiosos e obstinados. seja a injustiça, que aqui deve ser encarada de forma concre-
ta e objetiva, pois as pessoas que sofrem são «afinal quem
6.
sofr[e]».
C.
2.
Parte C
A interrogação do final do poema evidencia que o conceito
7. Tópicos de resposta de injustiça não deve ser analisado, uma vez que este é natu-
– Para Fernando Pessoa ortónimo, a fuga para o mundo oní- ral, imutável, inevitável e concreto, ou seja, «Haver injustiça
rico é uma tentativa de superar a sua angústia existencial. é como haver morte.» (v. 14), é uma certeza como a morte.
– O eu tenta refugiar-se no domínio do sonho, que conside- Deste modo, questionar a injustiça é inútil, pois esta ocorrerá
ra ser mais positivo e reconfortante do que a realidade, sempre, mesmo que em situações que não passem para o
já que esta impossibilita a concretização da sua felicidade. domínio metafísico, como o corte de uma laranja.
Este desejo do eu está evidente no poema «Não sei se é so-
3.
nho, se realidade», no qual também defende que o refúgio
A.
onírico poderá ser ilusório, pois só reconfortará aqueles
que nele acreditam.
Parte B
– Ao constatar que é difícil distinguir estados reais dos ilusó-
rios, o sujeito poético defende que o sonho é um espaço 4.
de felicidade, mas simultaneamente inacessível. Esta im- Os versos 3 e 4 evidenciam a angústia existencial do sujeito
possibilidade de influenciar a realidade com o sonho é de- poético, uma vez que este deseja que «Qualquer música»
fendida no poema «Bem sei que há ilhas lá ao sul de tudo». (v. 1) o afaste de uma «incerteza» (v. 3) que pretende uma
«impossível calma» (v. 4). Assim, o eu constata que esse seu
GRUPO II desejo da «alma» (v. 2) é difícil de ser concretizado, já que
deseja algo que afirma ser «impossível» (v. 4).
1. D; 2. C; 3. A; 4. D; 5. D.
5.
6. A repetição do quantificador «Qualquer» enfatiza a tentativa
a) complemento oblíquo; b) complemento do nome. de afastamento da realidade e da angústia existencial que
7. domina o sujeito poético. Assim, este deseja que «Qualquer
Oração subordinada substantiva completiva. coisa» (v. 9) permita que este «não sinta o coração» (v. 12),
ou seja, a «música» (v. 5) ou outra «coisa que não vida» (v. 9)
o levem a um estado de maior inconsciência e, consequente-
GRUPO III
mente, de maior felicidade.
Tópicos de resposta
6.
– Uma leitura poderá ser tão enriquecedora como uma via-
B.
gem se o leitor se deixar levar e imbuir plenamente naqui-
lo que se encontra a ler. No entanto, a vivência física de
Parte C
uma viagem poder-se-á também tornar determinante para
nós. 7. Tópicos de resposta
– Acredita-se que a imaginação é uma fonte inesgotável de – Álvaro de Campos é o heterónimo representante das van-
criação de imagens, cenários e, até, de personalidades. Por guardas do início do século XX, ou seja, um dos defensores
isso, viajar para outros locais através de um livro poderá do Modernismo português.
ser bastante rico e permitir-nos-á criar uma imagem men- – Evidencia uma deliberada postura provocatória e trans-
tal mais positiva de um espaço que não será tão idealizado gressora da moral, com o propósito de escandalizar e cho-
na realidade. car, fazendo também a apologia da civilização contempo-
– Estar fisicamente num espaço e poder contemplá-lo, ab- rânea moderna, industrial e tecnológica. Esta celebração
sorvendo a sua cultura e as suas características, permite- de uma nova sociedade, inovadora e industrial, é visível na
-nos evoluir, conhecer realidades distintas e hábitos que «Ode triunfal», extenso poema em tom laudatório.
apenas aqueles que têm voz ou uma presença marcante, de recuperar o que sonhara durante a noite, revelando a
como se evidencia por aquele que segura a bandeira. sua hesitação ao tentar referir-se à sua situação de saú-
Quando este perde a força e desiste, o grupo perde tam- de. As reticências revelam também a sua emotividade ao
bém a sua força e não compreende o motivo pelo qual evocar o amor e o carinho que os pais revelam ao presta-
luta, o que revela a falta de convicções e de orientação rem-lhe tantos cuidados e atenção, mostrando também a
da vida pelos verdadeiros valores. Pode também consi- sua inquietação por sentir que não consegue amenizar as
derar-se que este cartoon denuncia a força de regimes preocupações reveladas pelos pais.
totalitários em que a voz de um só é determinante para
6.
levar os outros a agir, mesmo que as suas razões não
C.
sejam válidas ou corretas.
– … Parte C
Teste 5 – Manuel da Fonseca, «Sempre é uma 7. Tópicos de resposta
companhia», e Almeida Garret, Frei Luís de Sousa – Em «Sempre é uma companhia», o sentimento de soli-
(p. 247) dão inicial, potenciado pela imensidão do espaço e pelo
silêncio dos campos sem fim, acompanha os sentimen-
GRUPO I
tos de vazio e inércia, vividos pelas personagens, no-
Parte A meadamente Batola, que vive num marasmo e solidão
1. tão grandes que se entrega totalmente à bebida.
Esta metáfora que inicia o excerto evidencia que a aldeia – Após a chegada da telefonia, a venda de Batola, espaço
se transformou num espaço muito mais vivo e enérgico, re- de tristeza e solidão, transforma-se num espaço privi-
velado pelo recurso ao vocábulo «agora». De facto, os ha- legiado de convivialidade, onde as pessoas se sentem
bitantes de Alcaria já sabem o que acontece fora da aldeia livres e felizes, com vontade de viver. Após o jantar, reú-
e dialogam entre si sobre estes acontecimentos, algo que nem-se e comunicam sobre as notícias do mundo e dan-
não ocorria no passado. Fazem silêncio para ouvir notícias çam ao som da música. Batola transforma-se e adquire
e «melodias» para poderem ter assunto para dialogar. Des- hábitos que mostram uma rotina e ação muito maiores.
ta forma, acabam também por se sentir mais próximos e
cúmplices. GRUPO II
2. 1. A; 2. C; 3. D; 4. D; 5. B.
Com a chegada da telefonia, o comportamento de Batola e 6.
da sua mulher modificou. Assim, Batola passou a levantar- a) Complemento direto. b) Sujeito.
-se cedo e a atender os clientes na venda, para poder con-
tinuar a dialogar sobre o que tinha conversado na véspera. 7.
Além disso, passou a «consultar o velho relógio» (l. 15), o Dêixis pessoal e temporal.
que evidencia um maior cuidado com as suas rotinas e os
seus compromissos. Por outro lado, a sua mulher «qua- GRUPO III
se deixou de aparecer na venda» (l. 16), não contactando Tópicos de resposta
com ninguém e não permitindo que as pessoas saibam o – A nossa vivência atual é marcada, maioritariamente,
que «pensa ela do que contam as vozes desconhecidas» pela azáfama e pelo movimento. No entanto, será que,
(ll. 16-17), apresentando um extremo recato e isolamento, nos nossos dias, é possível atingir a felicidade nesta vi-
após a chegada do aparelho. vência agitada ou seremos mais felizes se pautarmos a
3. nossa vida pela serenidade?
B. – Muitas pessoas, imbuídas no espírito citadino e agitado,
consideram que só se sentem felizes e completas se a
Parte B sua vida tiver todo o conforto e acesso a bens e serviços
que uma cidade movimentada permite ter. A sua felici-
4.
dade advém da pluralidade de atividades e de compro-
Neste excerto, Maria de Noronha revela a sua preocupa-
missos que a poderão fazer sentir-se mais completa.
ção e consciência relativamente aos cuidados que os seus
– Porém, é cada vez mais comum ver-se pessoas que tro-
progenitores evidenciam pelo seu estado de saúde, como
cam a vida citadina agitada por uma vivência mais se-
está apresentado na sua segunda réplica, «Pois sim; ten-
do-me tanto amor que nunca houve que vos vejo andar rena. Podem manter-se na cidade e afastar-se das inú-
sempre por minha causa (ll. 5-6). Por outro lado, é obses- meras solicitações que esta oferece ou poderão optar
siva e determinada em compreender o motivo que leva às por uma mudança para um espaço mais rural, onde a
constantes preocupações que os pais manifestam, nomea- serenidade é tangível de modo mais evidente.
damente pelo facto de passar «noites inteiras em claro» – …
(l. 9) a tentar entender as motivações familiares, como se
Teste 6 – Manuel da Fonseca, «Sempre é uma
evidencia em «a pensar em tudo, a ver se descubro o que
companhia», e Fernando Pessoa, Mensagem (p. 255)
isto é, o porque» (l. 11).
GRUPO I
5.
Parte A
A utilização das reticências na réplica de Maria, entre as
linhas 9 a 12, marca uma pausa da personagem para re- 1.
fletir sobre as palavras e ações afetuosas da mãe e do pai. O narrador considera que Batola e a sua mulher são pes-
Além disso, as reticências permitem evidenciar a tentativa soas muito diferentes. De facto, António Barrasquinho
«Não faz nada, levanta-se quando calha» (ll. 1-2), o que GRUPO III
denuncia a sua inércia e falta de ação. Além disso, vive
Tópicos de resposta
numa constante preguiça e sonolência, tentando «afastar
– Na escolha do seu futuro, os jovens tendem a seguir aqui-
os restos do sono» (ll. 10-11). Por seu lado, a mulher de
lo que os pais aconselham, nomeadamente numa verten-
Batola é uma pessoa enérgica, já que é ela que abre a ven-
te mais materialista e de conforto financeiro.
da, atende os clientes e faz a «lida da casa» (l. 4). Apesar
– De facto, muitas vezes, seguindo tradições familiares ou
de ser uma pessoa «grave» e discreta, é «ela quem ali põe pensando naquilo que, materialmente, poderão obter no
e dispõe» (l. 5), evidenciando a sua determinação em ter futuro, muitos jovens optam por uma carreira profissio-
tudo organizado. nal que lhes traga esta estabilidade do que concretizar a
2. profissão com que sempre sonharam.
D. – Por outro lado, o sonho que acalenta muitos jovens é
concretizado com a escolha da profissão. Assim, as es-
3. colhas para o futuro estarão determinadas por objetivos
Estas afirmações do narrador enfatizam a revolta que a pessoais, sem interferência de questões materiais ou fi-
monotonia de Alcaria e a forma de agir da mulher desper- nanceiras, deixando que o que sempre desejaram seja
tam em Batola. Este recorre à bebida e cospe de forma concretizado, sem que haja qualquer interferência do que
agressiva, já que a mulher lhe troca as voltas e faz tudo materialmente poderá daí advir.
«como ela entende que deve ser feito» (l. 33). Assim, Ba- – …
tola torna-se agressivo e a sua revolta intensifica-se com a
passagem do tempo. Teste 7 – Maria Judite de Carvalho, «George»,
e Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira (p. 263)
Parte B
GRUPO I
4. Parte A
No poema «O dos Castelos», o sujeito poético perspetiva a
«Europa» como uma figura feminina, deitada e que se sus- 1.
tenta sobre os cotovelos. O rosto da «Europa» é Portugal e As palavras de Georgina apresentam o sentido da vida para
a sua atitude revela estagnação e adormecimento. esta figura feminina. Assim, defende que na vida tudo é
transitório e que um novo dia será sempre um recomeço.
5. No entanto, considera que há algo que ninguém perdoa,
A repetição da forma verbal «fita» revela a forma atenta e algo que vê como «um crime» (l. 2), mas que não revela
determinada como o rosto da Europa olha para ocidente. diretamente a George.
Assim, Portugal está preparado para seguir este caminho,
já que o seu «olhar esfíngico e fatal» (v. 10) é enigmático e 2.
determinado pelo Destino a fazer algo de grandioso. George fecha os olhos com força, uma vez que o diálogo que
estabelece com Georgina afasta-se do que lhe possa trazer
6. felicidade. Assim, ao fechar os olhos, afasta-se dos pensa-
A. mentos negativos que a assolaram durante aquele hipoté-
tico diálogo, nomeadamente a solidão e o envelhecimento.
Parte C 3.
7. Tópicos de resposta A.
– O conto «Sempre é uma companhia», de Manuel da
Parte B
Fonseca, denuncia diferentes problemas sociais da pri-
meira metade do século XX, nomeadamente a solidão e 4.
o isolamento vivenciados nas zonas rurais recônditas do O Escudeiro é um nobre falido, como constatamos na de-
Alentejo. António Barrasquinho é a figura que incorpora núncia feita pelo Moço nos versos «(Homem que nam tem
ausência de convívio e a falta de objetivos, o que o leva nem / preto casa muito na màora.)» (vv. 25-26), que nos
a entregar-se ao álcool como forma de suprir aquilo que diz que Brás da Mata não tem dinheiro para se casar. Além
o faz sofrer. disso, é arrogante, mentiroso e dissimulado, pois pede a
– É também o protagonista do conto que concretiza a vio- Fernando que corrobore as suas mentiras, dizendo a Inês
lência e a agressividade no seio do ambiente familiar. que é íntimo do Rei, como constatamos em «E se me vires
Como não possuía força anímica necessária para vencer mintir / gabando-me de privado / está tudo dissimulado»
as decisões da sua mulher, a solução encontrada por (vv. 10-12). Por fim, é um falso galanteador, dado que é ex-
Batola era a violência física que exercia contra esta. A tremamente simpático e elogia Inês quando esta se encon-
sua ação associa-se à incapacidade para resolver os seus tra na sua presença «nesse ar nesse despejo / mui graciosa
problemas pela via do diálogo. donzela» (vv. 33-34).
5.
GRUPO II Os parênteses, nesta fala da personagem, evidenciam um
1. B; 2. D; 3. A; 4. D; 5. C. aparte do Moço que, em tom cómico, apresenta a carac-
terização jocosa do Escudeiro, denunciando a sua difícil si-
6. tuação económica e o desejo de casar para recuperar a sua
a) Sujeito. b) Complemento oblíquo. estabilidade financeira.
7. 6.
Coesão gramatical interfrásica. B.
Parte C «inverdadeiro» (l. 5), pois a figura com a qual George se de-
para é o seu eu da juventude.
7. Tópicos de resposta
– Inês Pereira, protagonista da Farsa de Inês Pereira, parti- 3.
lha características com George, do conto de Maria Judite B.
de Carvalho. As duas figuras femininas pautam a sua con-
duta por um desejo de libertação do jugo familiar. Assim, Parte B
Inês, para se afastar das tarefas domésticas impostas pela
4.
Mãe, pretende arranjar um casamento com um marido
O sujeito poético faz uma afirmação em que revela que a
«avisado e discreto», com o qual julga poder atingir uma
vida mais livre; «esperança» que possui nunca será suficiente, pois a «ra-
– George é também uma figura feminina que deseja atingir zão» irá sobrepor-se a tudo o resto. Assim, aquilo que pos-
uma vida marcada pela autonomia e pela liberdade, de sui será sempre inferior ao que deseja, pois o seu objetivo
modo a poder viver da sua atividade enquanto pintora, é atingir um estado de inconsciência e de inocência que só
atividade da qual os pais discordavam. Por esse motivo, será acessível às crianças.
foge de casa e vai atrás do seu sonho. 5.
A segunda estrofe do poema concretiza a nostalgia da infân-
GRUPO II
cia, tema recorrente na poesia ortónima pessoana. Deste
1. C; 2. D; 3. B; 4. C; 5. B. modo, «Tudo isto é um sorriso / Que é nem sequer sorriso
6. meu.» (vv. 5-6) faz alusão ao riso da criança mencionado
a) Complemento do adjetivo. b) Sujeito. no verso 1, que serve de inspiração ao sujeito poético para
se recordar da infância, momento da vida humana em que
7. somos mais felizes. De facto, o eu não deseja recordar a sua
Dêixis pessoal. própria infância, mas a fase prototipicamente associada à
inconsciência e à inocência.
GRUPO III
Tópicos de resposta 6.
– O ser humano é um ser entre muitos outros que habitam A.
o planeta Terra. Porém, devido à sua racionalidade e ca-
pacidade de ação, o Homem assume um papel determi- Parte C
nante no mundo.
7. Tópicos de resposta
– Por um lado, a sua ação pode levar a uma evolução positi-
va e determinante para um mundo melhor, com decisões – George, após vários anos de ausência, regressa à sua ter-
conscientes e pautadas pela orientação no sentido de se ra natal para vender a casa dos seus pais. Neste momen-
atingir um bem-estar comum a todos os seres e ao pró- to, confronta-se com o seu eu do passado, revendo-se e
prio planeta. Tome-se como exemplo as inúmeras ações «dialogando» com a jovem que fora e com os objetivos
de reflorestação da Amazónia como forma de recuperar o que possuía nesse momento da sua vida.
«pulmão» do mundo. – O confronto com o seu passado associa-se também ao
– Por outro lado, a ação humana poderá ter um papel deter- modo como George passou a olhar para a vida, as rela-
minante, mas no sentido negativo, já que, muitas vezes, ções familiares foram desvalorizadas e a conceção de fu-
o homem tende a desejar a satisfação imediata e fácil das turo que os pais tinham criado para ela foi adulterada.
suas necessidades, não tendo consciência ou não valo-
rizando que aquilo que pretende vai colocar em causa a GRUPO II
vida ou o bem-estar de outrem. Um exemplo desta atitu-
1. A; 2. D; 3. A; 4. B; 5. B; 6. A; 7. C.
de egoísta é o uso desenfreado de recursos naturais, sem
prever as consequências nefastas de tal ação.
– … GRUPO III
Tópicos de resposta
Teste 8 – Maria Judite de Carvalho, «George», – A solidão é um sentimento cada vez mais dominante nas
e Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo (p. 271) sociedades contemporâneas. Este sentimento tem domi-
GRUPO I nado o ser humano, mas só a este cabe a tomada de de-
cisão para não se deixar abater pela solidão.
Parte A
– Por um lado, se nos esforçarmos para combater este sen-
1. timento, a solidão poderá ser residual na nossa vida. De
Gi é uma figura feminina marcada pela fragilidade física, ca- facto, podemos viver sozinhos, mas devemos saber tirar
racterística que leva o narrador a compará-la a «um vime» partido destas situações e não nos sentirmos sós.
(l. 8). Além disso, denota-se a sua juventude e o seu va- – Por outro lado, muitas vezes devido a estados depressi-
zio existencial, revelado pelo «olhar esquecido, vazio» (l. vos, a solidão apodera-se das pessoas, mesmo que estas
15), que será colmatado com a partida da localidade onde estejam rodeadas dos que lhe são mais queridos. Assim,
habita. temos de possuir a resiliência e a força de vontade para
2. contornar as situações negativas e perceber que, quando
No encontro entre ambas as figuras femininas, o espanto é estamos sozinhos, não temos, obrigatoriamente, de nos
relativo, uma vez que este é apenas imaginário e permite o sentir solitários.
confronto de George com o seu passado. Assim, torna-se – …
«encosta» e as «árvores»; «mais perto» os sentidos da visão Teste 11 – José Saramago, Memorial do convento,
e da audição dão acesso aos «sons e [à]s cores» e, «no de- e Luís de Camões, Os Lusíadas (p. 295)
sembarcar», «há aves, flores». GRUPO I
6. Parte A
A. 1.
De forma a caracterizar o ambiente de grande azáfama em
Parte C que decorrem as obras do convento que, mesmo sob condi-
7. Tópicos de resposta ções adversas não cessam, o narrador utiliza diferentes re-
– Em Miguel Torga, o poeta surge ora com pudor ora numa cursos, tais como a enumeração presente em «têm o risco da
pedra a seguir, caneluras, acantos, festões, acrotérios, grinal-
espécie de revelação. É um ser revoltado, que usa a poe-
das» (ll. 5-6) e em «carregar e descarregar, puxar e empurrar,
sia como arma de denúncia, com um canto marcado pela arrastar e levantar» (ll. 23-24), que evidenciam tanto o traba-
rebeldia e pela revolta, tal como é apresentado no poema lho árduo dos canteiros, como as diferentes tarefas que eram
«Orfeu rebelde». levadas a cabo nas obras do convento. A onomatopeia em
– Para Eugénio de Andrade, o poeta projeta, medindo cada «truca-truca, truca-truca» (ll. 11 e 28) que reproduz o som
traço, o seu retrato, a sua própria imagem, como quem contínuo do trabalho dos canteiros no seu esculpir da pedra.
deixa um legado no poema. É um sujeito criador, na medi- A comparação em «os dos carros de mão, menos afortuna-
da em que procura transformar o mundo, dotando a pala- dos que as formigas» (ll. 12 e 13) que realça a fragilidade da
vra de várias significações possíveis. A sua criação literária vida dos trabalhadores que, mesmo sob a chuva teriam de
trabalhar, contrariamente às formigas, que se abrigam das
é marcada pelo rigor e pela obstinação, como se evidencia
intempéries. A metáfora em «uma escura cortina de água»
no poema «A sílaba».
(ll. 15-16) que demonstra a dimensão do temporal que asso-
lava Mafra, durante as obras do convento. A ironia presente
GRUPO II ao longo do excerto ao apresentar situações penosas e que
1. B; 2. C; 3. A; 4. B; 5. D. exigem sacrifício para os trabalhadores «que são gente fina»
(l. 3); «provavelmente prefeririam descansar» (l. 4); «têm os
6. canteiros o privilégio de trabalhar pelo seguro» (l. 9).
a) Complemento do advérbio. b) Complemento do nome.
2.
7. Ao referir-se aos «canteiros» como «fidalgos de cabeleira»,
o narrador pretende salientar o facto de estes se encontra-
Oração coordenada adversativa.
rem a trabalhar arduamente o mármore, mesmo sob con-
dições atmosféricas adversas, demonstrando a quantidade
GRUPO III excessiva de pó libertado pela tarefa de lavrar a pedra. Por
Tópicos de resposta outro lado, evidencia a sua função importante e o cará-
– Esta pintura de José Malhoa apresenta uma ambiência de ter privilegiado dos «canteiros» nas obras de construção
do convento, uma vez que os apelidara anteriormente de
serenidade junto ao mar.
«gente fina» (l. 3).
– Descrição da pintura: a pintura apresenta uma esplanada
junto ao mar, marcada pelo despojamento e pela simplici- 3.
dade dos elementos que a compõem, como se verifica nos No último parágrafo do texto, o narrador concretiza uma
transgressão temporal, já que pretende colocar em contras-
bancos, na mesa com a toalha branca e no telhado feito de
te as diversões que se viviam no século XVIII e o cinema (sé-
colmo, cujas aberturas permitem a entrada do sol, o que
culo XX), realçando a escassez de divertimentos que havia
possibilita a concretização de um jogo de sombras. A con- na época em que se estava a construir o convento. Discorre
trastar com o singelo ambiente, o casal que se destaca no sobre o futuro em relação ao tempo figurado na narrativa,
quadro, principalmente a figura feminina, é marcado pela em prolepse, através da referência feita ao cinema («para vir
elegância e pelo requinte. A elegância da mulher revela-se o cinema ainda faltam duzentos anos», l. 33) e aos avanços
pela forma como se encontra sentada, pelo corte e cor do tecnológicos, como os aviões («passarolas a motor», l. 33).
vestido bem como pelo chapéu de abas largas que usa. Além disso, o narrador tece um comentário sobre a morosa
A figura masculina parece alheada a tudo o que rodeia, passagem do tempo e a associação da felicidade às diver-
centrando a sua atenção na mulher que se encontra à sua sões, dirigindo-se assim ao leitor.
frente.
Parte B
– Comentário crítico: a simplicidade e beleza do espaço per-
mitem criar uma atmosfera que convida o casal à cumpli- 4.
cidade e ao diálogo sussurrado, parecendo que se encon- Perante tão extraordinárias qualidades, o rei deve recom-
tram a confidenciar ou a trocar juras de amor. O facto de pensar os seus súbditos e apoiá-los sem distinção. Camões
aconselha D. Sebastião a promover os que dilatam a Fé e o
ser uma esplanada coberta junto ao mar evidencia uma
Império, sem temer os inimigos nem poupar esforços (est.
frescura e uma serenidade de um ambiente descontraí-
151). O poeta pede ao rei que não permita que os estrangei-
do. A tonalidades cromáticas são também extremamente ros desvalorizem a capacidade de os portugueses gerirem o
marcantes, já que o branco misturado com os azuis e com seu destino (est. 152). Aconselha-o também a dar ouvidos
o castanho-claro da terra conferem uma naturalidade con- aos mais experientes, que sabem mais do que os teóricos
vidativa ao ócio e ao lazer. (est. 152).
GRUPO II
1. A; 2. D; 3. B; 4. D; 5. A; 6. C.
7.
Oração subordinada substantiva relativa.
NOVO
MENSAGENS
PORTUGUÊS 12.º ANO
Questões de aula
• Educação Literária
• Gramática
• Leitura
• Soluções
Questões de aula
Disponível em formato
editável em
V
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Questões
de aula
Questão de aula 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo ................. 341
Questão de aula 2 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos
(Alberto Caeiro) .................................................... 343
Questão de aula 3 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos
(Ricardo Reis) ........................................................ 345
Questão de aula 4 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos
(Álvaro de Campos) .............................................. 347
Questão de aula 5 – Fernando Pessoa, Mensagem .............................. 349
Questão de aula 6 – Manuel da Fonseca, «Sempre é uma
companhia» .......................................................... 351
Questão de aula 7 – Maria Judite de Carvalho, «George» .................... 353
Questão de aula 8 – Poetas contemporâneos (Miguel Torga) ............... 355
Questão de aula 9 – José Saramago, Memorial do convento ................ 357
Questão de aula 10 – José Saramago, O ano da morte
de Ricardo Reis ................................................... 359
GRAMÁTICA
Questão de aula 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo ................. 361
Questão de aula 2 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos
(Alberto Caeiro) .................................................... 363
Questão de aula 3 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos
(Ricardo Reis) ........................................................ 365
Questão de aula 4 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos
(Álvaro de Campos) .............................................. 367
Questão de aula 5 – Fernando Pessoa, Mensagem .............................. 369
Questão de aula 6 – Manuel da Fonseca, «Sempre é uma
companhia» .......................................................... 371
Questão de aula 7 – Maria Judite de Carvalho, «George» .................... 373
LEITURA
Questão de aula 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo
e dos heterónimos ................................................ 381
Questão de aula 2 – Fernando Pessoa, Mensagem .............................. 383
Questão de aula 3 – Contos .................................................................. 385
Questão de aula 4 – Poetas contemporâneos ....................................... 387
Questão de aula 5 – José Saramago ...................................................... 389
Questão de aula 1
Educação Literária – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo
Lê o poema e as notas.
1
Dolente: triste.
2
Tanjas: toques.
2. Explica o conteúdo da segunda estrofe e relaciona-o com a temática pessoana em evidência no 70 pts.
poema.
3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar as afirmações abaixo apresentadas. 60 pts.
Na última estrofe do poema, estão presentes alguns recursos expressivos característicos da poesia
ortónima pessoana, nomeadamente a nos versos 15 e 16, que revela a dolorosa pas-
sagem do tempo para o eu e a frustração de não conseguir recuperar um tempo irremediavelmente
perdido.
A nível formal, é evidente o uso das formas da lírica tradicional portuguesa, como a regularidade
estrófica, com a presença de quadras, de rima cruzada e de versos em .
A. comparação … redondilha menor
B. antítese … redondilha maior
C. comparação … redondilha menor
D. antítese … redondilha maior
Questão de aula 2
Educação Literária – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos
(Alberto Caeiro)
Lê o poema.
O guardador de rebanhos
XLVI
Deste modo ou daquele modo,
Conforme calha ou não calha,
Podendo às vezes dizer o que penso,
E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
5 Vou escrevendo os meus versos sem querer,
Como se escrever não fosse uma cousa feita de movimento,
Como se escrever fosse uma cousa que me acontecesse
Como dar-me o sol de dentro.
Procuro dizer o que sinto
10 Sem pensar em que o sinto.
Procuro encostar as palavras à ideia
E não precisar dum passaporte
Do pensamento para as palavras.
Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.
15 O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado
Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.
Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
20 Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a Natureza produziu.
E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem,
Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.
25 E assim escrevo, ora bem, ora mal,
Ora acertando com o que quero dizer, ora errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá,
Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.
Ainda assim, sou alguém.
30 Sou o Descobridor da Natureza.
Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio.
1. Clarifica o processo de criação poética defendido no poema, tendo em conta as comparações pre- 70 pts.
2. Interpreta o sentido dos versos 15 e 16 e relaciona-os com a temática caeiriana em evidência. 70 pts.
3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada. 60 pts.
O poema apresenta as temáticas nucleares da poesia de Alberto Caeiro, uma vez que se constata o
desejo de integração total e plena no espaço natural, nomeadamente .A
é outra das características da poesia de Alberto Caeiro evidentes neste poema, como se pode ob-
servar nos versos 23 e 24.
A. nos versos 21 e 22 … vivência tranquila no tempo presente
B. nos versos 34 e 35 … vivência tranquila no tempo presente
C. nos versos 21 e 22 … postura antimetafísica e sensacionista
D. nos versos 34 e 35 … postura antimetafísica e sensacionista
Questão de aula 3
Educação Literária – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos
(Ricardo Reis)
Lê o poema.
1. Interpreta o sentido da primeira estrofe, à luz da filosofia de vida de Ricardo Reis. 70 pts.
2. Explicita, com base nos versos 5 a 12, dois aspetos que evidenciem o modo como o sujeito poético 70 pts.
3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada. 60 pts.
Neste poema, evidenciam-se diversas características da linguagem e do estilo de Ricardo Reis. Duas
dessas características são a musicalidade, para a qual contribuem tanto a aliteração, por exem-
plo nos , como a própria estrutura métrica da ode, na qual se verifica a existência de
.
A. versos 2 e 9 … decassílabos conjugados com hexassílabos
B. versos 10 e 12 … decassílabos conjugados com hexassílabos
C. versos 2 e 9 … versos todos eles com um número de sílabas diferente
D. versos 10 e 12 … versos todos eles com um número de sílabas diferente
Questão de aula 4
Educação Literária – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos
(Álvaro de Campos)
Lê o poema e a nota.
1
Sine linea: sem (uma) linha [alusão aos pintores e escritores,
que deverão pintar ou escrever todos os dias alguma coisa].
70 pts.
1. Este poema evidencia uma atitude apática por parte do sujeito poético.
Justifica esta afirmação, explicando de que modo esta atitude do eu se concretiza ao longo do poema.
2. Explicita o sentido da repetição da forma verbal «dormita» nos versos 21 a 24. 70 pts.
3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada. 60 pts.
Ao longo do poema, estão presentes vários processos que contribuem para lhe conferir ritmo e
cadência, destaca-se, nomeadamente, a presença, em simultâneo
A. da alternância entre versos longos e curtos e do predomínio de frases interrogativas.
B. de um esquema rimático fixo em todas as estrofes e do predomínio de frases interrogativas.
C. da alternância entre versos longos e curtos e da repetição de um verso como refrão.
D. de um esquema rimático fixo em todas as estrofes e da repetição de um verso como refrão.
Questão de aula 5
Educação Literária – Fernando Pessoa, Mensagem
Lê o poema.
Os Colombos
Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
5 Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
10 E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.
1. Relaciona o título do poema com o sentido da anáfora do pronome indefinido «Outros» nos ver- 70 pts.
sos 1 e 3.
2. Explicita o sentido dos versos 10 a 12, tendo em conta o contexto em que surgem. 70 pts.
3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada. 60 pts.
Este poema de Mensagem concretiza a exemplaridade dos navegadores lusos. De facto, a predesti-
nação dos portugueses para grandes feitos marítimos está evidente através da utilização
A. do conector «por isso» (verso 10) associado à maiusculização de vocábulos com valor metafórico.
B. do conector «por isso» (verso 10) associado ao nome «glória» (verso 10) e ao adjetivo «justa»
(verso 11).
C. da conjunção adversativa articulada com o nome «glória» (verso 10) e como adjetivo «justa»
(verso 11).
Questão de aula 6
Educação Literária – Manuel da Fonseca, «Sempre é uma companhia»
Lê o texto e as notas.
Batola
Está nestes pensamentos o Batola quando, de súbito, lhe vem à ideia o velho Rata. Que belo
companheiro! Pedia de monte a monte, chegava a ir a Ourique, a Castro, à Messejana. Até fora
a Beja. Voltava cheio de novidades. Durante tardes inteiras, só de ouvi-lo parecia ao Batola que
andava a viajar por todo aquele mundo.
5 Mas o velho Rata matara-se. Na aldeia, ninguém ainda atina ao certo com a razão que levou
o mendigo a suicidar-se. Nos últimos tempos, o reumatismo tolhera-lhe as pernas, amarrando-
-o à porta do casebre. De quando em quando, o Batola matava-lhe a fome; mas nem trocavam
uma palavra. Que sabia agora o Rata? Nada. Encostado à parede de pernas estendidas, errava o
olhar enevoado pelos longes. Veio o verão com os dias enormes, a miséria cresceu. Uma tarde,
10 lá se arrastou como pôde e atirou-se para dentro do pego1 da ribeira da Alcaria.
Aos poucos o tempo apagou a lembrança do Rata, o mendigo. Só o Batola o recorda lá de
vez em quando. Mas, agora, abandonou a recordação e o vinho, e vai até ao almoço. Nunca
bebe durante as refeições.
Depois, o sol desanda para trás da casa. Começa a acercar-se a tardinha. Batola, que acaba
15 de dormir a sesta, já pode vir sentar-se, cá fora, no banco que corre ao longo da parede. A seus
pés, passa o velho caminho que vem de Ourique e continua para o sul. Por cima, cruzam os fios
da eletricidade que vão para Valmurado, uma tomada de corrente cai dos fios e entra, junto das
telhas, para dentro da venda.
E o Batola, por mais que não queira, tem de olhar todos os dias o mesmo: aí umas quinze
20 casinhas desgarradas e nuas; algumas só mostram o telhado escuro, de sumidas que estão no
fundo dos córregos2. Depois disso, para qualquer parte que volte os olhos, estende-se a solidão
dos campos. E o silêncio. Um silêncio que caiu, estiraçado3 por vales e cabeços, e que dorme
profundamente. Oh, que despropósito de plainos4 sem fim, todos de roda da aldeia, e desertos!
Carregado de tristeza, o entardecer demora anos. A noite vem de longe, cansada, tomba tão
25 vagarosamente que o mundo parece que vai ficar para sempre naquela magoada penumbra.
Lá vêm figurinhas dobradas pelos atalhos, direito às casas tresmalhadas da aldeia. Nenhu-
ma virá até à venda falar um bocado, desviar a atenção daquele poente dolorido. São ceifei-
ros, exaustos da faina, que recolhem. Breve, a aldeia ficará adormecida, afundada nas trevas.
E António Barrasquinho, o Batola, não tem ninguém para conversar, não tem nada que fazer.
30 Está preso e apagado no silêncio que o cerca.
1
Pego: parte mais funda de uma ribeira.
2
Córregos: caminhos apertados entre montes.
3
Estiraçado: estendido ao comprido.
4
Plainos: planícies.
1. O velho Rata era um «belo companheiro» (linhas 1-2) para Batola. 70 pts.
Explicita por que motivo é só o Batola que «o recorda lá de vez em quando» (linhas 11-12).
2. Refere os efeitos que «a solidão dos campos» (linhas 21-22) provoca em Batola. 70 pts.
3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada. 60 pts.
Este conto de Manuel da Fonseca apresenta António Barrasquinho aprisionado na solidão dos mon-
tes alentejanos. Efetivamente, esta solidão é descrita, com pormenor, pelo narrador que, no sexto
parágrafo, recorre à hipérbole e à personificação para destacar
A. a rápida passagem do tempo, que acentua a o isolamento dos habitantes da aldeia de Alcaria.
B. a morosa passagem do tempo, que acentua o isolamento dos habitantes da aldeia de Alcaria.
C. a morosa passagem do tempo, que reduz o isolamento dos habitantes da aldeia de Alcaria.
D. a rápida passagem do tempo, que reduz o isolamento dos habitantes da aldeia de Alcaria.
Questão de aula 7
Educação Literária – Maria Judite de Carvalho, «George»
Lê o texto e as notas.
George
Agora estão mais perto e ela encontra, ainda sem os ver, dois olhos largos, semicerrados,
uma boca fina, cabelos escuros, lisos, sobre um pescoço alto de Modigliani1. Mas nesse tempo,
dantes, não sabia quem era Modigliani e outros que tais, não eram lá de casa, os pais tinham
sido condenados pelas instâncias supremas à quase ignorância, gente de trabalho, diziam como
5 se os outros não trabalhassem, e sorriam um pouco com a superioridade dessa mesma ignorân-
cia se a ouviam falar de um livro, de um filme, de um quadro nem pensar, o único que tinham
visto talvez fosse a velha estampa desbotada do Angelus2 que estava na casa de jantar. Com
superioridade, pois, e também com certa indignação. Ou seria mesmo vergonha? Como quem
ouve um filho atrasado dizer inépcias3 diante de gente de fora, que depois, Senhor, pode ir
10 contar ao mundo o que ouviu. E rir. E rir.
Já não sabe, não quer saber, quando saiu da vila e partiu à descoberta da cidade grande,
onde, dizia-se lá em casa, as mulheres se perdem. Mais tarde partiu por além-terra, por além-
-mar. Fez loiros os cabelos, de todos os loiros, um dia ruivos por cansaço de si, mais tarde
castanhos, loiros de novo, esverdeados, nunca escuros, quase pretos, como dantes eram. Teve
15 muitos amores, grandes e não tanto, definitivos e passageiros, simples amores, casou-se, di-
vorciou-se, partiu, chegou, voltou a partir e a chegar, quantas vezes? Agora está – estava –, até
quando?, em Amsterdão.
Depois de ter deixado a vila, viveu sempre em quartos alugados mais ou menos modestos,
depois em casas mobiladas mais ou menos agradáveis. As últimas foram mesmo francamente
20 confortáveis. […]
Uma casa mobilada, sempre pensou, é a certeza de uma porta aberta de par em par, de mãos
livres, de rua nova à espera dos seus pés. As pessoas ficam tão estupidamente presas a um móvel,
a um tapete já gasto de tantos passos, aos bibelots acumulados ao longo das vidas e cheios de
recordações, de vozes, de olhares, de mãos, de gente, enfim. Pega-se numa jarra e ali está algo
25 de quem um dia aparecem com rosas. Tem alguns livros, mas poucos, como os amigos que
julga sinceros, sê-lo-ão? Aos outros livros, dá-os, vende-os a peso, que leve se sente depois!
1
Modigliani: artista figurativo francês, tornou-se célebre pelos seus retratos
femininos caracterizados por rostos e pescoços alongados.
2
Angelus: Arcanjo Gabriel.
3
Inépcias: tolices; imbecilidades.
1. Relaciona a expressão «dantes, não sabia quem era Modigliani» (linha 3) com a situação familiar des- 70 pts.
2. Explica de que modo «Uma casa mobilada» (linha 21) permite a George manter o seu estilo de vida. 70 pts.
3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada. 60 pts.
No segundo parágrafo do texto, são apresentadas as mutações, quer físicas quer psicológicas, que
George foi sofrendo ao longo dos anos. Assim, o narrador destaca as diversas mudanças da cor do
cabelo, que revelam
A. o seu grito de revolta contra a sociedade e uma forma conservadora de ver a vida.
B. o seu grito de revolta contra a sociedade e uma assunção da sua liberdade.
C. um rompimento com o passado e uma forma conservadora de ver a vida.
D. um rompimento com o passado e uma assunção da sua liberdade.
Questão de aula 8
Educação Literária – Poetas contemporâneos (Miguel Torga)
Lê o poema e as notas.
Regresso
Regresso às fragas1 de onde me roubaram.
Ah! minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, na distância!
5 Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro2 esfarelou.
Depois o céu abriu-se num sorriso,
10 E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu velho paraíso.
1
Fragas: rochas escarpadas; penhascos.
2
Desterro: lugar onde vive a pessoa que foi obrigada
a abandonar a sua terra.
1. O sujeito poético estabelece uma relação de intimidade e familiaridade com os elementos naturais. 70 pts.
Justifica esta afirmação, explicando de que modo esta relação se concretiza ao longo do poema.
3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada. 60 pts.
O poema «Regresso», de Miguel Torga, está dominado pelo seu forte sentimento telúrico. Esta
intensa relação com a sua terra natal é demonstrada através do recurso a
A. adjetivos reveladores da emotividade do eu e à metaforização do seu regresso.
B. vocábulos associados à Natureza e à personificação de várias referências naturais.
C. adjetivos reveladores da emotividade do eu e à personificação de várias referências naturais.
D. vocábulos associados à Natureza e à metaforização do seu regresso.
Questão de aula 9
Educação Literária – José Saramago, Memorial do convento
Lê o texto e as notas.
1
Alforge: saco que se traz ao ombro ou sobre a montada.
2
Bonifrates: marionetas; fantoches.
3
António José da Silva: poeta, comediógrafo e advogado, dito «O Judeu», foi queimado num auto de fé, em 1739.
1. Explicita o sentido da expressão «Portugal inteiro esteve debaixo destes passos» (linha 2), tendo em 70 pts.
2. Interpreta o motivo que levou Blimunda a não comer o que levava no alforge. 70 pts.
3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada. 60 pts.
O excerto final de Memorial do convento ilustra diversas características da escrita de José Saramago:
o tom oralizante do discurso do narrador, que é acentuado, nomeadamente, , e o recurso a
hipérboles e comparações, que evidenciam a resiliência e a tenacidade de Blimunda, nas .
A. pela transgressão das regras de reprodução do discurso direto … linhas 1 e 2
B. pelo uso recorrente de construções anafóricas … linhas 1 e 2
C. pela transgressão das regras de reprodução do discurso direto … linhas 11 e 12
D. pelo uso recorrente de construções anafóricas … linhas 11 e 12
Questão de aula 10
Educação Literária – José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis
Lê o texto e as notas.
Marcenda
E aquela rapariga simpática, fina, a do braço paralítico, você chegou a dizer-me como ela se
chamava, Marcenda, É um gerúndio bonito, tem-na visto, Encontrei-a da última vez que es-
teve em Lisboa, o mês passado, Você gosta dela, Não sei, E da Lídia, gosta, É diferente, Mas
gosta, ou não gosta, Até agora o corpo não se me negou, E isso que é que prova, Nada, pelo
5 menos de amores, mas deixe de fazer perguntas sobre a minha intimidade, diga-me antes por
que é que não tornou a aparecer, Usando uma só palavra, por enfado, De mim, Sim, também
de si, não por ser você, mas por estar desse lado, Que lado, O dos vivos, é difícil a um vivo
entender os mortos, Julgo que não será menos difícil a um morto entender os vivos, O morto
tem a vantagem de já ter sido vivo, conhece todas as coisas deste mundo e desse mundo, mas os
10 vivos são incapazes de aprender a coisa fundamental e tirar proveito dela, Qual, Que se morre,
Nós, vivos, sabemos que morreremos, Não sabem, ninguém sabe, como eu também não sabia
quando vivi, o que nós sabemos, isso sim, é que os outros morrem, Para filosofia, parece-me
insignificante, Claro que é insignificante, você nem sonha até que ponto tudo é insignificante
visto do lado da morte, Mas eu estou do lado da vida, Então deve saber que coisas, desse lado,
15 são significantes, se as há, Estar vivo é significante, Meu caro Reis, cuidado com as palavras, viva
está a sua Lídia, viva está a sua Marcenda, e você não sabe nada delas, nem o saberia mesmo que
elas tentassem dizer-lho, o muro que separa os vivos uns dos outros não é menos opaco que
o que separa os vivos dos mortos, Para quem assim pense, a morte, afinal, deve ser um alívio,
Não é, porque a morte é uma espécie de consciência, um juiz que julga tudo, a si mesmo e à
20 vida, Meu caro Fernando, cuidado com as palavras, você arrisca-se muito, Se não dissermos
as palavras todas, mesmo absurdamente, nunca diremos as necessárias, E você, já as sabe, Só
agora comecei a ser absurdo, Um dia você escreveu Neófito1, não há morte, Estava enganado,
há morte, Di-lo agora porque está morto, Não, digo-o porque estive vivo, digo-o, sobretudo,
porque nunca mais voltarei a estar vivo, se você é capaz de imaginar o que isto significa, não
25 voltar a estar vivo, Assim Pero Grulho2 ensinaria, Nunca tivemos melhor filósofo.
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis, Lisboa, Porto Editora, 2021, pp. 322-323.
1
Neófito: pessoa que aderiu recentemente a uma religião, causa, doutrina, entre outros.
2
Pero Grulho: figura literatura tradicional cuja origem histórica é difícil de determinar, contador de banalidades
ou de tautologias retóricas.
2. Explicita o sentido da expressão «o muro que separa os vivos uns dos outros não é menos opaco 70 pts.
que o que separa os vivos dos mortos» (linhas 17-18), tendo em conta o contexto em que surge.
3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada. 60 pts.
Este excerto de O ano da morte de Ricardo Reis ilustra diversas características da escrita de José
Saramago: o tom oralizante do discurso do narrador, que é acentuado, nomeadamente, ,
e o jogo linguístico entre palavras para evidenciar as perspetivas individuais das personagens, nas
.
A. pela transgressão das regras de reprodução do discurso direto … linhas 1 a 3
B. pelo uso recorrente de construções anafóricas … linhas 1 a 3
C. pela transgressão das regras de reprodução do discurso direto … linhas 13 a 15
D. pelo uso recorrente de construções anafóricas … linhas 13 a 15
Questão de aula 1
Gramática – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo
Lê o texto.
1. A oração subordinada «onde nascera a sua mãe» (linha 2) classifica-se como 20 pts.
2. Em «acredita que se tratava de uma espécie de exercício de escrita» (linha 21) está presente a mo- 20 pts.
dalidade
A. apreciativa.
B. deôntica, com valor modal de permissão.
C. epistémica, com valor modal de certeza.
D. epistémica, com valor modal de probabilidade.
3. Tal como em «desembarcou» (linha 1), o valor aspetual perfetivo está presente em 20 pts.
4. A frase «Explorar o capítulo açoriano de Pessoa ajuda a compreender a intrigante vida do poeta» 20 pts.
A. assertivo.
B. compromissivo.
C. diretivo.
D. expressivo.
5. No segmento «transformando-os» (linha 24), a retoma do antecedente «poemas de que gostava» 20 pts.
A. por substituição.
B. por repetição.
C. conceptual.
D. por elipse.
7. Indica o tipo de dêixis apresentado no segmento «Também notei influências de poetas ingleses.» 20 pts.
(linhas 22-23).
Questão de aula 2
Gramática – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos (Alberto Caeiro)
Lê o texto.
1. O pronome relativo «que» na oração «que Pessoa tinha escrito sobre Caeiro» (linha 11) desempenha 20 pts.
a função sintática de
A. sujeito.
B. complemento direto.
C. complemento indireto.
D. complemento oblíquo.
2. As frases «esta edição bilingue, em capa mole, inclui uma introdução escrita por Pizarro e Ferrari» 20 pts.
(linhas 6-7) e «“Uma das coisas mais apaixonantes em ler a poesia e a componente da prosa juntas, é
perceber Caeiro não como um centro, mas como um centro em processo”» (linhas 15-16) exprimem a
modalidade
A. epistémica, no primeiro caso, e a modalidade apreciativa, no segundo caso.
B. apreciativa, no primeiro caso, e a modalidade epistémica, no segundo caso.
C. epistémica, em ambos os casos.
D. apreciativa, em ambos os casos.
3. Nas linhas 7 a 21, o recurso à palavra «Caeiro» contribui para a coesão 20 pts.
A. gramatical frásica.
B. gramatical referencial.
C. lexical por reiteração.
D. lexical por substituição por meronímia.
4. A frase «Caeiro pode parecer uma coisa constituída, fixa, mas foi a vida toda de Pessoa uma perso- 20 pts.
nagem que estava a ser construída.» (linhas 18-19) concretiza um ato ilocutório
A. assertivo.
B. compromissivo.
C. diretivo.
D. expressivo.
5. No segmento «o especialista explicou que o heterónimo está no centro da ficção pessoana» (linhas 20 pts.
13-14), a retoma do antecedente «Caeiro» (linha 13) é feita através de uma anáfora
A. conceptual.
B. por repetição.
C. por elipse.
D. por substituição.
a) «a 28 de julho» (linha 1)
7. Classifica a oração subordinada presente na frase «É isso que a edição pretende apresentar.» (linha 20). 20 pts.
Questão de aula 3
Gramática – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos (Ricardo Reis)
Lê o texto.
Inês Meneses, in Público (texto com supressões, consultado em https://publico.pt, em dezembro de 2022).
1. Na expressão «para ler no púlpito da igreja quando fiz a Comunhão Solene» (linhas 1-2), os vocábulos 20 pts.
2. Em «Quando por fim me levantei» (linha 12), o pronome encontra-se anteposto ao verbo, porque está 20 pts.
3. Tal como em «falava» (linha 3), o valor aspetual imperfetivo está presente em
20 pts.
A. «escreveram» (linha 1).
B. «fiquei» (linha 5).
C. «consegui» (linha 10).
20 pts.
D. «era» (linha 22).
4. No segmento «mas faltavam-me as forças todas. E a memória empurrava-me» (linhas 18-19), o prono-
me pessoal «me» desempenha a função sintática de
A. complemento direto.
B. complemento indireto.
C. complemento indireto e de complemento direto, respetivamente.
20 pts.
D. complemento direto e de complemento indireto, respetivamente.
7. No segmento «vejo-me com um penteado de Princesa Leia» (linhas 25-26), há a presença de deíticos
A. temporais e pessoais.
B. espaciais e pessoais.
C. espaciais e temporais.
D. pessoais.
Questão de aula 4
Gramática – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos
(Álvaro de Campos)
Lê o texto.
1. No segmento «li-o numa edição pirata» (linha 2), a retoma do antecedente «Fernando Pessoa» 20 pts.
A. por substituição.
B. por repetição.
C. conceptual.
D. por elipse.
2. Nas orações «que não tinha uma nota introdutória» (linha 5) e «que era um problema editorial» (linhas 20 pts.
3. Através das expressões «Pode parecer estranho» (linhas 2-3) e «escolheu voluntariamente escrever da 20 pts.
4. A oração iniciada por «que» em «achei interessante, que tinha umas frases bem feitas» (linha 20) é 20 pts.
subordinada substantiva
A. completiva, com função de sujeito.
B. completiva, com função de complemento direto.
C. relativa, com função de complemento direto.
D. relativa, com função de sujeito.
5. O segmento «gostei muito de Álvaro de Campos, fiquei muito impressionado» (linha 19) concretiza 20 pts.
um ato ilocutório
A. assertivo.
B. compromissivo.
C. diretivo.
D. expressivo.
a) «os alfarrabistas produzirem obras de autores que eram de difícil acesso» (linhas 3-4)
7. Indica o tipo de dêixis apresentado na frase «O Alberto Caeiro não me disse nada.» (linha 21). 20 pts.
Questão de aula 5
Gramática – Fernando Pessoa, Mensagem
Lê o texto.
Os Portugueses
As nossas raízes são Celtas, Lusitanas, Judaicas, Fenícias, Cartaginesas, Gregas, Romanas,
Suevas, Visigóticas, Muçulmanas. Da soma destes povos emergiu um povo celtibérico, latino,
católico, com laivos mouros, judaicos e germânicos.
De todos os povos pré-Portugal, apropriámo-nos acima de tudo dos Lusitanos, embeveci-
5 dos com a contenda de Viriato contra o Império Romano. Dessa lenda viva e de outros feitos,
em que, apesar de pequenos nos fizemos grandes, brotou este nosso complexo de um misto de
inferioridade e de superioridade.
Volvidos mais de mil anos, uma outra personagem deu fulgor a esta narrativa, quando
D. Afonso Henriques se autointitulou Rei dos Portugueses e fundou uma das mais antigas na-
10 ções do mundo, com um território e uma língua quase milenares.
Por causa das nossas origens e das nossas viagens, apesar de nos situarmos no canto da
Europa, não temos uma identidade periférica. Somos uma grande mistura, mas uma mistura
unida pela nossa língua e pelos feitos gloriosos do nosso passado, dos nossos navegadores, tão
bem descritos pelos nossos poetas mortos.
15 Sabemos que somos Portugueses porque somos Camões. Somos Pessoa. Somos saudade.
Somos caravelas ao vento, eternamente rumo a um destino por descobrir. Somos o homem do
leme e a padeira de Aljubarrota. Somos chico-espertos, mas com honra, plenos da sabedoria dos
nossos provérbios populares e dos escritos dos nossos antigos pensadores como Fernão Lopes,
Sena, Herculano, Gil Vicente, Teófilo, Antero, Garrett, Oliveira Martins, Eça, Aquilino, António
20 Vieira, António Sérgio, Torga, Camilo, Régio, Sophia, Augustina, e tantos outros.
Apesar de carregarmos na alma a melancolia de um passado nobre e grandioso, somos um
povo amistoso, de sorriso fácil. Haja saúde e esperança, porque quem espera sempre alcança,
dizemos nós. Como se estivéssemos sempre à espera de um milagre, de um Euromilhões, de-
masiado apostados na sorte. Parte dessa característica derivará do nosso catolicismo por oposi-
25 ção a um protestantismo mais devoto do trabalho e da acumulação de riqueza.
Adoramos a nossa História e temos orgulho nas nossas origens. Sabemos receber como nin-
guém e estamos sempre prontos para mostrar as nossas mil e uma maravilhas. O fado, o futebol
e as praias, recebendo quem vem de fora nas nossas mesas carregadas de pão, azeite, queijo,
azeitonas, vinho e outras tantas iguarias.
1. O pronome pessoal «nos» no segmento «apesar de pequenos nos fizemos grandes» (linha 6) 20 pts.
2. No contexto em que ocorre, o recurso aos vocábulos «mas» (linha 17) e «porque» (linha 22) contribui 20 pts.
para a coesão
A. gramatical interfrásica.
B. gramatical referencial.
C. gramatical frásica.
D. lexical.
3. Em «se autointitulou Rei dos Portugueses» (linha 9), o pronome encontra-se anteposto ao verbo, 20 pts.
porque está
A. integrado numa oração subordinante.
B. dependente de um advérbio.
C. dependente de uma oração coordenada.
D. integrado numa oração subordinada.
4. A frase «Adoramos a nossa História e temos orgulho nas nossas origens» (linha 26) concretiza um ato 20 pts.
ilocutório
A. assertivo.
B. expressivo.
C. diretivo.
D. compromissivo.
5. A oração iniciada por «quem» em «recebendo quem vem de fora nas nossas mesas» (linha 28) é su- 20 pts.
bordinada substantiva
A. completiva, com função de sujeito.
B. completiva, com função de complemento direto.
C. relativa, com função de complemento direto.
D. relativa, com função de sujeito.
Questão de aula 6
Gramática – Manuel da Fonseca, «Sempre é uma companhia»
Lê o texto.
1. Em todas as orações subordinadas adjetivas relativas apresentadas, o pronome «que» desempenha 20 pts.
3. No contexto em que ocorrem, o recurso ao vocábulo «lhe» (linha 7), por um lado, e o uso de «de 20 pts.
seguida» (linhas 2-3) e de «mas também» (linha 18), por outro lado, contribuem para a coesão gramatical
A. interfrásica, em ambos os casos.
B. referencial, em ambos os casos.
C. interfrásica, no primeiro caso, e para a coesão lexical por reiteração, no segundo caso.
D. referencial, no primeiro caso, e para a coesão gramatical referencial, no segundo caso.
4. A palavra «olhar» em «Mas apenas ao primeiro olhar» (linha 13) exemplifica o mesmo processo de 20 pts.
5. Em «Perante o desespero e a miséria, num sistema em que o senhor controlava tudo e todos, vin- 20 pts.
gara-se num aparatoso tiroteio.» (linhas 8-9) está presente um valor aspetual
A. perfetivo, no primeiro caso, e imperfetivo, no segundo.
B. imperfetivo, no primeiro caso, e perfetivo, no segundo.
C. genérico, no primeiro caso, e imperfetivo, no segundo.
D. imperfetivo, no primeiro caso, e genérico, no segundo.
7. Indica a modalidade e o valor modal expressos em «Começa-se pelo final, a cena do tiroteio, e depois 20 pts.
Questão de aula 7
Gramática – Maria Judite de Carvalho, «George»
Lê o texto.
1. No segmento «Pertence a um tempo, mas vai além dele, conseguindo a intemporalidade no modo 20 pts.
2. Nos segmentos «que publicou» (linhas 3-4) e «que ela foi» (linhas 22-23), a palavra «que» introduz 20 pts.
3. No contexto em que ocorrem, o recurso aos vocábulos «seus» e «suas» (linha 4), por um lado, e o uso 20 pts.
de «Pelo contrário» (linha 11), por outro lado, contribuem para a coesão gramatical
A. interfrásica, em ambos os casos.
B. referencial, em ambos os casos.
C. interfrásica, no primeiro caso, e para a coesão lexical por reiteração, no segundo.
D. referencial, no primeiro caso, e para a coesão gramatical interfrásica, no segundo.
4. Em «descodificou o projeto literário de Maria Judite de Carvalho» (linha 14) e em «Ninguém lê a mi- 20 pts.
nha avó sem entrever a mulher que ela foi.» (linhas 22-23) está presente um valor aspetual
A. genérico, no primeiro caso, e imperfetivo, no segundo.
B. imperfetivo, no primeiro caso, e genérico, no segundo.
C. perfetivo, no primeiro caso, e genérico, no segundo.
D. genérico, no primeiro caso, e perfetivo, no segundo.
5. Na frase «Ninguém lê a minha avó sem entrever a mulher que ela foi.» (linhas 22-23), há a presença de 20 pts.
um deítico
A. temporal e pessoal.
B. espacial.
C. temporal.
D. pessoal.
Questão de aula 8
Gramática – Poetas contemporâneos (Ana Luísa Amaral)
Lê o texto.
1. A oração iniciada por «quem» em «a quem podíamos chamar "Ana Luísa pequena"» (linha 2) é 20 pts.
2. Em «lhe conhecíamos por extenso a grandeza de alma» (linhas 4-5), o pronome encontra-se anteposto 20 pts.
3. Através das expressões «poderem variar nas percentagens» (linha 7) e «podia repudiá-las vivamente» 20 pts.
4. No contexto em que ocorrem, o recurso ao vocábulo «lhe» (linha 11), por um lado, e o uso de «quan- 20 pts.
do» (linha 2) e de «pois» (linha 20), por outro lado, contribuem para a coesão gramatical
A. interfrásica, em ambos os casos.
B. referencial, em ambos os casos.
C. interfrásica, no primeiro caso, e para a coesão lexical por reiteração, no segundo.
D. referencial, no primeiro caso, e para a coesão gramatical interfrásica, no segundo.
5. No segmento «Para mim, a Ana Luísa era – prefiro dizer é, será sempre – o puro entusiasmo» (linha 8), 20 pts.
há a presença de deíticos
A. temporais e pessoais.
B. espaciais.
C. pessoais.
D. temporais.
Questão de aula 9
Gramática – José Saramago, Memorial do convento
Lê o texto.
1. Em «nos conquista» (linha 5), o pronome pessoal desempenha a função sintática de 20 pts.
A. complemento direto.
B. complemento indireto.
C. complemento oblíquo.
D. sujeito.
2. Em todas as orações subordinadas adjetivas relativas apresentadas, o pronome «que» desempenha 20 pts.
3. Tal como em «leu» (linha 2), o valor aspetual perfetivo está presente em 20 pts.
4. A frase «Assim se chamavam os avós de José Saramago, dois analfabetos sábios.» (linhas 1-2) concre- 20 pts.
5. No segmento «Conseguiu chegar ao tom que procurava» (linha 23), a retoma do antecedente «João 20 pts.
20 pts.
7. Classifica a oração subordinada presente no segmento «um registo mais fluido do que é habitual»
(linhas 23-24).
Questão de aula 10
Gramática – José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis
Lê o texto.
2. Todas as orações seguintes são subordinadas adjetivas relativas, exceto a oração 20 pts.
A. «que não dissociava a sua arte literária da sua intervenção ativista» (linhas 3-4).
B. «que era possível desobedecer sem infringir regras sintáticas» (linhas 11-12).
C. «que ele tem da cidade de Lisboa» (linha 26).
D. «que ganha vida» (linha 27).
3. Tal como em «tinha» (linha 1), o valor aspetual imperfetivo está presente em 20 pts.
4. Através das expressões «era possível fazer esta mistura» (linhas 12-13) e «Foram anos de grande pu- 20 pts.
5. No contexto em que ocorrem, a repetição da palavra «escritor» (linhas 1, 3, 15), por um lado, e o uso 20 pts.
de «Por outro lado» (linhas 5-6) e de «Ou seja» (linha 15), por outro lado, contribuem para a coesão
A. lexical por reiteração, em ambos os casos.
B. gramatical interfrásica, em ambos os casos.
C. gramatical interfrásica, no primeiro caso, e para a coesão lexical por reiteração, no segundo.
D. lexical por reiteração, no primeiro caso, e para a coesão gramatical interfrásica, no segundo.
7. Classifica a oração subordinada desempenhada pelo segmento «O que Saramago faz neste livro» 20 pts.
(linha 20).
Questão de aula 1
Leitura – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo e dos heterónimos
Lê o texto.
O vento da Estrela
Relembro com clareza e paixão uma fria manhã de janeiro em que caminhava pelos lameiros
que ladeiam as estradas desertas entre Gouveia e Folgosinho, observando o feno a dançar com
o vento que me fustigava a pele do rosto. Fecho os olhos para o sentir e aceno ao milhafre que
vigia todos os meus movimentos, desenhando círculos por cima de mim.
5 Ao fim de meia hora de caminho, sentei-me no meio da estrada abraçado às pernas e com
o queixo pousado nos joelhos. Não me cruzei com vivalma desde que comecei a caminhada a
partir de Gouveia, a Princesa da Serra, em direção a Folgosinho. Sempre a subir na ida, sempre
a descer no regresso. Se tudo na vida fosse assim tão certo. Fechei os olhos para ouvir o vento.
À lembrança, chegaram-me as palavras de Alberto Caeiro: «Outras vezes oiço passar o
10 vento, / E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.» A dada altura, senti
uma presença junto a mim. Resisti a abrir os olhos, acreditando tratar-se do espírito da serra
que me invadia. Respirei fundo, preenchendo-me daquele vento ímpar.
Os ventos são sempre iguais e sempre diferentes (como as pessoas). O vento da serra não é
igual ao vento do mar ou do rio, ao vento da planície ou do deserto, e muito menos ao da cidade.
15 Diferenciam-se na voz, na intensidade, no cheiro, no rumo. Aproximam-se no livre-arbítrio.
Quando abri os olhos, um enorme cão serra da Estrela mirava-me a menos de meio metro.
Chegara silencioso, certamente intrigado por ver-me imóvel no meio da estrada, e aproximou-
-se para me cheirar. Mantive-me quieto, sentindo-lhe também o cheiro, até que se desinteres-
sou e seguiu estrada abaixo. Voltei a fechar os olhos. Pensei no cão e na lembrança já enraizada
20 da sua brevíssima presença. Nunca é a duração do evento que deixa marcas.
Desde miúdo que gosto de andar ao vento, ao contrário da maioria das pessoas que conhe-
ço, que preferem apontar-lhe os defeitos. Que os tem, e muitos. Mas eu sempre preferi olhar
para o seu sentido figurado: vassouradas que separam o trigo do joio, levando o supérfluo e o
lixo, separando o essencial. Discutível, claro.
25 O contrário também sucede – poucas coisas na vida são tão «pão, pão, queijo, queijo» como
as subidas e as descidas de uma serra. E, por vezes, o vento leva mesmo para longe aquilo que é
importante, a saúde, a alegria ou o amor, deixando o superficial, a doença, a tristeza, o desamor.
Lembro-me de gostar de correr na rua quando estava vento. «Não vás lá para fora, João, está
muito vento», ralhava a minha mãe. «É por isso mesmo que vou», pensava eu, correndo contra
30 o vento com as lágrimas a fugirem dos olhos e o cabelo penteado pela ventania. Quando me
cansava, montava-me às cavalitas do vento e voava.
3. No primeiro parágrafo, para evidenciar os efeitos do vento, o cronista recorre a sensações 40 pts.
A. visuais e táteis.
B. gustativas e táteis.
C. gustativas e olfativas.
D. visuais e olfativas.
4. No quarto parágrafo, para evidenciar, simultaneamente, a singularidade e a pluralidade dos ventos, 40 pts.
5. O gosto por «andar ao vento» (linha 21) leva João Silva a 40 pts.
Questão de aula 2
Leitura – Fernando Pessoa, Mensagem
Lê o texto.
3. De acordo com os versos do poema pessoano sobre D. Pedro (linhas 16-17), este pautava 40 pts.
4. De acordo com o quarto parágrafo, a centralidade que D. Pedro atribuía à justiça pode ser considerada 40 pts.
A. progressista.
B. retrógrada.
C. parcial.
D. desajustada.
5. Ao evidenciar a veneração de António Valdemar por D. Pedro, no último parágrafo do texto pre- 40 pts.
domina um tom
A. irónico.
B. exortativo.
C. condescendente.
D. formal.
Questão de aula 3
Leitura – Contos
Lê o texto.
O direito à solidão
Pus-me à conversa com um ajudante de cozinha que estava encostado às traseiras de um
hotel, a fumar um cigarro.
Ofereceu-me um, eu disse-lhe que já não fumava e ele respondeu que também já não gos-
tava de fumar, mas que não passava sem estar sozinho uns minutos, longe da algazarra da cozi-
5 nha. Mas se o vissem ali sozinho, sem um cigarro na mão, iam achar estranho, iam levar a mal.
Percebi o que ele me estava a querer dizer e afastei-me, sentindo-me culpado pela intromis-
são e pelos momentos de solidão que lhe tinha roubado.
É um dos vários direitos humanos que não estão consagrados em nenhuma constituição:
o direito à solidão.
10 Sem solidão ninguém vive, mas há muitas pessoas que simplesmente não têm acesso à so-
lidão: não têm espaço, não têm tempo, não têm transporte. Pior do que tudo é quando nem
sequer têm consciência da necessidade da solidão.
A solidão é um intervalo. Até as ilhas estão no meio do mar: mar que leva até outras ilhas.
Uma ilha é como uma casota à beira de uma autoestrada. O que falta não é um meio de comu-
15 nicação: é um barco ou um carro.
É preciso saber de um campo escondido no meio da cidade, ou de um pinhal longe de
onde passam os carros. Mas é preciso ter maneira – tempo, autorização, vagar, transporte –
para lá chegar.
É preciso poder fugir – mas ter onde voltar. A solidão feliz é sempre temporária. Não rejeita
20 ninguém: refresca toda a gente.
Estar sozinho onde não está mais ninguém, olhando para as árvores e para a linha do mar,
é matar uma saudade. É matar a saudade da solidão antes de nascermos – e da solidão com que
vamos morrer.
«Não tenho tempo para mim»: é esta a queixa de quem foi espoliado da solidão que merece,
25 da solidão de que precisa para poder viver em sociedade.
Bem ou mal.
3. No contexto em que ocorre, a frase «Uma ilha é como uma casota à beira de uma autoestrada.» 40 pts.
5. Na expressão «é esta a queixa de quem foi espoliado da solidão que merece» (linha 24), o vocábulo 40 pts.
Questão de aula 4
Leitura – Poetas contemporâneos
Lê o texto.
1. No primeiro parágrafo do texto, a frase «A força de ir, julgava eu, era maior do que a força de 40 pts.
2. Ao recorrer ao adjetivo «flácidas» (linha 5) para caracterizar as ideias sobre os livros, o autor manifesta 40 pts.
Questão de aula 5
Leitura – José Saramago
Lê o texto.
O outro lado
Como serão as coisas quando não estamos a olhar para elas? Esta pergunta, que cada
dia me vem parecendo menos disparatada, fi-la eu muitas vezes em criança, mas só a fazia
a mim próprio, não a pais nem professores porque adivinhava que eles sorririam da minha
ingenuidade (ou da minha estupidez, segundo alguma opinião mais radical) e me dariam a
5 única resposta que nunca me poderia convencer: «As coisas, quando olhamos para elas, são
iguais ao que parecem quando não estamos a olhar». Sempre achei que as coisas, quando
estavam sozinhas, eram outras coisas. Mais tarde, quando já havia entrado naquele período
da adolescência que se caracteriza pela desdenhosa presunção com que julga a infância donde
proveio, acreditei ter a resposta definitiva à inquietação metafísica que atormentara os meus
10 tenros anos: pensei que se regulasse uma máquina fotográfica de modo a que ela disparasse
automaticamente numa habitação em que não houvesse quaisquer presenças humanas, con-
seguiria apanhar as coisas desprevenidas, e desta maneira ficar a conhecer o aspeto real que
têm. Esqueci-me de que as coisas são mais espertas do que parecem e não se deixam enganar
com essa facilidade: elas sabem muito bem que no interior de cada máquina fotográfica há
15 um olho humano escondido… Além disso, ainda que o aparelho, por astúcia, tivesse podido
captar a imagem frontal de uma coisa, sempre o outro lado dela ficaria fora do alcance do
sistema ótico, mecânico, químico ou digital do registo fotográfico. Aquele lado oculto para
onde, no derradeiro instante, ironicamente, a coisa fotografada teria feito passar a sua face
secreta, essa irmã gémea da escuridão. Quando numa habitação imersa em total obscuridade
20 acendemos uma luz, a escuridão desaparece. Então não é raro perguntar-nos: «Para onde foi
ela?» E a resposta só pode ser uma: «Não foi para nenhum lugar, a escuridão é simplesmente
o outro lado da luz, a sua face secreta». Foi pena que não mo tivessem dito antes, quando eu
era criança. Hoje saberia tudo sobre a escuridão e a luz, sobre a luz e a escuridão.
SOLUÇÕES
QUESTÕES DE AULA Questão de aula 3 – Fernando Pessoa, Poesia dos
heterónimos (Ricardo Reis) (p. 345)
1.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA A primeira estrofe do poema evidencia a recusa do eu em
se deixar dominar pelas emoções e pelas recordações que a
Questão de aula 1 – Fernando Pessoa, Poesia vida possa trazer. Deste modo, está evidenciada uma atitu-
do ortónimo (p. 341) de estoica, típica da filosofia defendida por este heterónimo
pessoano.
1.
O sujeito poético dirige-se ao «sino», através da apóstrofe, o 2.
que permite uma maior proximidade entre ambos. O toque O eu perceciona a passagem do tempo como inexorável e
do sino estimula a memória do sujeito poético (v. 4), no sen- unilateral, tendo também um fim, tal como acontece com
tido em que o faz recordar a sua infância, passado distante a vida humana. De facto, defende que essa passagem não
que se associa a um sonho (vv. 11-12). É um eco do passado deve ser racionalizada nem controlada por nós, uma vez que,
que, longe de alegrá-lo, desperta nele a saudade de um tem- como refere nos versos 9 e 10, «Se sabê-lo não serve de sa-
po irrecuperável (vv. 15-16). bê-lo / (Pois sem poder que vale conhecermos?)».
2. 3.
O sujeito poético pretende mostrar a influência que o sino, A.
símbolo da dolorosa passagem do tempo, tem no seu esta-
do de espírito. Começa por afirmar que as memórias de um Questão de aula 4 – Fernando Pessoa, Poesia dos
passado saudoso assolam a sua alma tão lentamente como heterónimos (Álvaro de Campos) (p. 347)
a tristeza da vida (vv. 5-6), comparando, deste modo, a len- 1.
tidão do soar do sino com o seu próprio estado de espírito Neste poema, a atitude apática e de desistência por parte
nostálgico. Para além disso, à medida que o sino toca, acen- do sujeito poético está no conforto de não ter de fazer algo
tua-se, no sujeito poético, a saudade de tempos passados e associado a um compromisso. Deste modo, sente-se apazi-
«[…] a primeira pancada / Tem o som de repetida.», pois soa guado por não ter de arrumar as malas ou de «fazer planos
tanto no espaço exterior como também no espaço interior, em papel» (v. 3) na véspera de partir para uma viagem. Além
na alma do eu. Deste modo, torna-se evidente a presença da disso, como não estabelece o compromisso de partir em via-
temática da nostalgia da infância nesta composição poética,
gem, declara que «não há que fazer nada» (v. 6). A sua abulia
uma vez que o eu associa o toque do sino a esse momento
revela-se também na possibilidade de estar alegre e sossega-
da vida humana.
do por não ter necessidade de ser sentir assim (vv. 8-12), o
3. que constitui uma «oportunidade virada do avesso» (v. 13).
B. O seu objetivo máximo passa, assim, pelo «repouso» físico
e mental e pelo facto de «ter chegado deliberadamente a
Questão de aula 2 – Fernando Pessoa, Poesia dos nada» (v. 11), como se concretiza no verso 16 («Todos os dias
sine linea»), ou seja, todos os dias sem produzir nada.
heterónimos (Alberto Caeiro) (p. 343)
2.
1.
Com a reiteração da forma verbal «dormita», o eu eviden-
O processo de criação poética é visto como um ato involun-
cia o adormecimento e a sonolência associados a um estado
tário/espontâneo, como é referido no verso 5 e comprovado
de apatia que o domina. Repetindo a forma verbal do verbo
com as comparações dos versos 7 e 8, nas quais o sujeito
dormitar no modo imperativo, o sujeito poético aconselha a
poético menciona que «escrever» é «uma coisa» que lhe
sua alma a sossegar e a permanecer neste estado de descan-
acontece, como dar-lhe «o sol de dentro», o que confirma a
so, uma vez que é «pouco o tempo» (v. 24) que tem para se
naturalidade com que encara o ato de escrita. A poesia não
resignar face à vida e considera ser esta a solução plausível
tem por base o recurso ao pensamento, mas apenas às sen-
para o seu desassossego.
sações, tal como se constata nos versos 9 e 10, sendo o sen-
sacionismo reiterado com a comparação «Como se escrever 3.
não fosse uma cousa feita de movimento», ou seja, não é C.
algo premeditado ou pensado.
2.
Questão de aula 5 – Fernando Pessoa, Mensagem
(p. 349)
Ao mencionar que o seu pensamento «só muito devagar
atravessa o rio a nado», o eu evidencia a sua lentidão, logo a 1.
sua dificuldade em concretizar o que, comummente, se de- O título do poema faz referência a todos aqueles que, como
fine como pensamento, o que é confirmado pela forma me- Cristóvão Colombo, se inspiraram na ação marítima dos por-
tafórica com que se refere ao pensamento de qualquer ser tugueses. Deste modo, a anáfora do pronome indefinido «Ou-
humano – «lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar». tros», nos versos 1 e 3, evidencia que os portugueses foram
Estes versos destacam a recusa caeiriana da abstração e do precursores das descobertas e agora os outros que se lhes se-
pensamento como forma de apreender a realidade, conside- guem nunca irão atingir a mesma glória e hegemonia, já que
rada comum e convencional pelo ser humano, ou seja, a sua «haverão de ter / O que houvermos de perder.» (vv. 1-2).
posição antimetafísica.
2.
3. Os versos 10 a 12 revelam que os outros navegadores como
C. Cristóvão Colombo nunca conseguirão ter a grandeza e a
«Magia» que tocaram os nautas lusos. De facto, a «glória» dos seus poemas foi uma forma de superar um desterro
que conseguirem alcançar advém sempre de uma «luz em- avassalador.
prestada», ou seja, será apenas um reflexo da verdadeira luz
3.
que é intrínseca aos portugueses.
B.
3.
D. Questão de aula 9 – José Saramago, Memorial
do convento (p. 357)
Questão de aula 6 – Manuel da Fonseca, «Sempre é
1.
uma companhia» (p. 351)
Esta expressão hiperbólica evidencia o árduo caminho per-
1. corrido por Blimunda em busca de Baltasar. Esta figura femi-
O mendigo recordado por Batola era aquele que, por sair da nina percorreu o país inteiro descalça, com o único objetivo
aldeia, lhe contava novidades, trazendo alguma alegria ao de voltar a ver Sete-Sóis. Além da busca incessante, esta ex-
protagonista. Além disso, com os relatos das suas viagens, pressão textual demonstra a sua perseverança e tenacidade,
fazia com que António Barrasquinho pensasse «que andava já que não desistiu do seu propósito.
a viajar por todo aquele mundo» (ll. 3-4).
2.
2. Blimunda acaba por não ingerir o alimento que levava no al-
A solidão que se evidencia em Alcaria e nos campos envol- forge, já que «de cada vez que ia levá-lo à boca, parecia que
ventes leva Batola a sentir-se também cada vez mais solitá- sobre a sua mão outra mão se pousava» (ll. 14-15). Tendo
rio, sem possibilidade de diálogo com alguém. Além disso, em conta os seus poderes sobrenaturais, Blimunda poderia
acaba por se sentir sem um propósito de vida. deduzir que estava a chegar o momento de ver Baltasar e
que, nesse momento, o iria olhar por dentro.
3.
B. 3.
A.
Questão de aula 7 – Maria Judite de Carvalho,
«George» (p. 353) Questão de aula 10 – José Saramago, O ano da morte
1. de Ricardo Reis (p. 359)
No período em que ainda vivia com os seus pais, George não 1.
tinha conhecimentos que lhe permitissem saber quem eram Para Fernando Pessoa, «os vivos», ou seja, os que ainda não
os pintores como Modigliani, uma vez que a sua família era morreram, não possuem a capacidade de compreender que
«gente de trabalho» (l. 4) e, devido às duras circunstâncias a vida termina, o que sabem é que a dos que morrem acaba
da vida, seriam pessoas condenadas «à quase ignorância» e não a sua, levando-os a não saber tirar partido da sua mor-
(l. 4). Não valorizavam a cultura e sorriam se a ouvissem talidade. Deste modo, tudo o que se vivencia é relativizado,
«falar de um livro, de um filme, de um quadro» (l. 6). uma vez que refere que «tudo é insignificante visto do lado
2. da morte» (ll. 13-14). Na perspetiva de Ricardo Reis, quem
A «casa mobilada» (l. 21) permite a George manter a liber- está vivo tem a certeza da sua efemeridade e considera que
dade e a autonomia por que tanto lutou. Como é adepta o facto de estar «vivo é significante» (l. 15), evidenciando
do desapego, o facto de viver numa casa já mobilada não a uma opinião contrária à de Fernando Pessoa.
levará a ficar presa aos bens materiais, a não ser a «alguns 2.
livros, mas poucos» (l. 25). Por este motivo, metaforiza a casa Esta frase, proferida por Fernando Pessoa no seu diálogo
mobilada como uma «certeza de uma porta aberta de par com Reis, revela que os vivos não se conseguem conhecer
em par» (l. 21). verdadeiramente uns aos outros, que se encontram tão dis-
3. tantes como os vivos dos mortos. Neste contexto, Pessoa
D. quer alertar Reis sobre o facto de não conhecer o verdadeiro
íntimo de Lídia ou de Marcenda, pois tal é insondável.
Questão de aula 8 – Poetas contemporâneos 3.
(Miguel Torga) (p. 355) C.
1.
Ao longo do poema, os diferentes elementos naturais sur-
GRAMÁTICA
gem personificados como se fossem receber o sujeito poéti-
co, que regressa às suas «fragas». Deste modo, estabelece-se
uma relação de intimidade na forma como os carvalhos lhe Questão de aula 1 – Fernando Pessoa, Poesia do
«acenam», as fontes cantam e o céu se abre num sorriso ortónimo (p. 361)
para que este se deite «ao colo dos penedos» (v. 10) e conte
1. A; 2. C; 3. B; 4. A; 5. A.
as suas «aventuras e segredos» (v. 11).
6.
2.
a) Predicativo do sujeito. b) Complemento oblíquo. c) Com-
O papel do sujeito poético como poeta está explícito na se-
plemento direto. d) Complemento do nome.
gunda estrofe quando as fontes anunciam «O poeta voltou!»
(v. 6). Ainda na mesma estrofe, com a referência à «terra 7.
morta / Dos versos» (vv. 7-8), o eu evidencia que a escrita Dêixis pessoal e temporal.
Questão de aula 2 – Fernando Pessoa, Poesia dos Questão de aula 8 – Poetas contemporâneos
heterónimos (Alberto Caeiro) (p. 363) (Ana Luísa Amaral) (p. 375)
1. B; 2. A; 3. C; 4. A; 5. D.
1. D; 2. B; 3. A; 4. D; 5. A.
6.
a) Modificador. b) Sujeito. c) Predicativo do sujeito. d) Com- 6.
plemento oblíquo. a) Complemento direto. b) Complemento do nome. c) Com-
7. plemento do adjetivo. d) Sujeito.
(Oração subordinada) substantiva completiva.
7.
Questão de aula 3 – Fernando Pessoa, Poesia dos Oração subordinada adverbial comparativa.
heterónimos (Ricardo Reis) (p. 365)
1. C; 2. B; 3. D; 4. B; 5. D. Questão de aula 9 – José Saramago, Memorial do
convento (p. 377)
6.
a) Complemento do nome. b) Complemento do adjetivo. 1. A; 2. B; 3. C; 4. A; 5. D.
c) Complemento oblíquo. d) Complemento direto.
6.
7.
a) Sujeito. b) Complemento oblíquo. c) Complemento do ad-
A.
jetivo. d) Complemento do nome.
Questão de aula 4 – Fernando Pessoa, Poesia dos
heterónimos (Álvaro de Campos) (p. 367) 7.
Oração subordinada adverbial comparativa.
1. A; 2. B; 3. C; 4. B; 5. D.
6.
a) Sujeito. b) Complemento agente da passiva. c) Predicativo Questão de aula 10 – José Saramago, O ano da morte
do complemento direto. d) Complemento direto. de Ricardo Reis (p. 379)
7. 1. D; 2. B; 3. A; 4. C; 5. D.
Dêixis pessoal.
6.
Questão de aula 5 – Fernando Pessoa, Mensagem a) Modificador do nome restritivo. b) Complemento direto.
(p. 369)
c) Sujeito. d) Modificador do nome apositivo.
1. B; 2. A; 3. D; 4. B; 5. C.
7.
6. (Oração subordinada) substantiva relativa.
a) Complemento oblíquo. b) Complemento do nome. c) Pre-
dicativo do sujeito. d) Predicado.
7. LEITURA
Oração subordinada adverbial final.
1. C; 2. C; 3. D; 4. A; 5. B. 1. C; 2. D; 3. A; 4. B; 5. D.
6.
a) Complemento oblíquo. b) Modificador do nome apositivo. Questão de aula 2 – Fernando Pessoa, Mensagem
c) Complemento direto. d) Complemento do nome. (p. 383)
7.
1. B; 2. C; 3. D; 4. A; 5. B.
Modalidade epistémica com valor de certeza.
Questão de aula 3 – Contos (p. 385)
Questão de aula 7 – Maria Judite de Carvalho,
«George» (p. 373) 1. B; 2. C; 3. B; 4. D; 5. A.
NOVO
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PORTUGUÊS 12.º ANO
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diferenciado
• Fichas de trabalho
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Ensino diferenciado
Disponível em formato
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VI Fichas de trabalho
Ensino
diferenciado
Testes de avaliação
Questões de aula
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Avaliação
por rubricas
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VII Avaliação
por rubricas
NOVO
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de apoio
• Didatização do conto «Famílias
desavindas»
• Didatização de poemas de poetas
contemporâneos
• Roteiros de estudo autónomo
• Projetos de interdisciplinaridade
• Projeto de Leitura
• Transcrições dos recursos
áudio/vídeo do Manual
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Materiais de apoio
editável em