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^ RAINHA DO IGNOTO

^iii,ni`, iiii`i`i¢ii`-`i. a força narrativa, o ritmo e o estilo ao mesmo tempo


w W WW possíveis problemas relacionados à fluência da leitura,
i . "i t ` i w`l`ist-tc`s com a transferência de voz entre personagens e narra-
•lm iiwlm`s de fluidez produzidas pelo uso frequente de abreviações,
i.n i i i. t iutros. 0 resultado é um romance íntegro em sua estrutura e prosa, APRESENTAÇÃO
n.ii:ibilizado pelo vanguardismo de gênero em uma dupla acepção do
i.`rmo -o primeiro texto longo brasileiro de literatura fantástica produ-
zido por uma mulher no fim do século XIX!
A 106 também resgatou as contribuições preciosas da profes-
sora Constância Lima Duarte, graduada em Letras pela Universidade A Rm."â do Jg"ofo ou a impossibilidade da utopia
Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre pela Pontifícia Universidade
CONSTÂNCIA LIMA DUARTE
Católica (PUC) do Rio de Janeiro, doutora em Literatura Brasileira
pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutora pela Universidade Nascida em Aracati, interior do Ceará, em 11 de janeiro de 1855, Emília
Federal do Rio de Janeiro e Universidade Federal de Santa Catarina. Freitas era filha do tenente-coronel Antônio José de Freitas e de Maria de
Professora de Literatura Brasileira na Faculdade de Letras da UFMG Jesus Freitas. Com o falecimento do pai, em 1869, a família se transferiu
de 1998 a 2005, ela trabalha atualmente junto ao programa de para Fortaleza, onde ela pôde estudar Francês, Inglês, História, Geografia
pós-graduação da Faculdade de Letras e Estudos Literários e é pesquisa- e Aritmética numa conceituada escola particular e, mais tarde, cursar a
dora no Núcleo de Estudos lnterdisciplinares da Alteridade do Centro de Escola Normal.
Estudos Literários e Culturais da UFMG, além de coordenar o Grupo de Emília Freitas foi, sem dúvida, uma das principais escritoras de seu
Pesquisa Letras de Minas. tempo, ao lado de Francisca Clotilde e Úrsula Garcia. A partir de 1873,
Responsável por importantes pesquisas em literatura que geraram aos 1 s anos, começou a participar ativamente da vida cultural da cidade,
tiaba+rios como -Dicioná" de escritoras portuguesas., Mulheres em letras - através da publicação de textos em prosa e de poemas, em jornais como
Antologia., Imprensa fiminína e fiminista no Biasil., = Dicionár.i.o de escrit`ores C) £jzJGrí#dor, 0 CGmf'#§G, 0 LjJrz.o e A Bri.sfl. Anos mais tarde, ainda em
mj#cjiios, entre outros, a especializaçáo de Constância em literatura bra- Fortaleza, participou com outras mulheres da Sociedade das Cearenses
sileira e crítica literária feminina conferem a ela autoridade para fazer a Libertadoras, de caráter abolicionista, destacando-se na defesa dos escra-
apresentaçáo de A R4j#W do Jg#ofo, bem como da autora Emília Freitas. vos. Na sessão solene de instalação dessa Sociedade, em janeiro de 1883,
A partir de seu texto, que recomendamos com ênfase, os leitores terão Emilia Freitas ocupou a Tribuna e pronunciou um vibrante discurso,
uma compreensão ampla não apenas do significado desta obra para sendo muito aplaudida, conforme notícias da imprensa local. E apesar
as letras brasileiras, mas também, e de uma maneira especial, para o de ser uma escritora conhecida na cidade, ela iniciou o discurso descul-

pioneirismo de uma autora que desafiou os axiomas sociais e literários pando-se pela ousadia de falar em público, o que nos permite pensar
de seu tempo. que, no seu caso e no de outras intelectuais da época, aquela devia ser
OMAR SOUZA uma espécie de formalidade para justificar o rompimento dos padrões de
Editor comportamento da mulher. Vejamos um pequeno trecho:

Antes de "nifestar as minhas ideias, peço desculpas à ilustre Sociedade


Cearense Libertadora para aquela que, sem títulos ou conhecimentos que
a recomendem, vem felicitá-la pela primeira vitória alcançada na ditosa
vila do Acarapé.
A RAINHA DO IGNOTO
APRESENTAÇÁO

Depois imploro ainda permissão para, à sombra de sua imortal ban-


foi possível localizar, até o momento da produção desta apresentação,
deira, aliar os meus esforços aos dessas distintas e humanitárias senho-
nenhum exemplar.
ras, oferecendo-lhes com sinceridade os únicos meios de que disponho:
os meus serviços e minha pena que, sem ser hábil, é, em compensação,
No ano seguinte, após o falecimento da mãe, Emília Freitas trans-
feriu-se com um irmão para Manaus, onde foi convidada a lecionar no
guiada pelo poder da vontade. [...]
As flores de nossos prados querem expulsar de seu solo esse monstro lnstituto Benjamin Constant, uma importante instituição de ensino des-
detestável [a escravidão] que, em nossa pátria querida, infamava e enegre- tinada à instrução primária e secundária de meninos. E passou a cola-
cia as risonhas cenas da natureza! [...] borar em diversos jornais da Região Norte, como Amazonas Comercial,
Seja o prêmio de nossos esforços vermos em breve os nossos caros de Manaus, e Revelação, de Belém do Pará. Em 1900 ela se casa com o
patrícios voltarem do campo da ação coroados de louros, agitando triun-
jornalista Antônio Vieira, futuro redator do Jornal de Fortaleza, retor-
fantes o pendão da Liberdade!
nando com ele para o Ceará, onde reside até seu falecimento, alguns
anos depois. Mas em ls de outubro de 1908, data de morte da escri-
Na mesma semana, o jornal 0 Libertador registra, assim, esta
tora, vamos encontrá-la novamente residindo em Manaus, para onde
participação: teria retornado.
E foi na primeira temporada na capital do Amazonas, residindo às
Declarada aberta a sessão e inaugurada solenemente a Sociedade das
Cearenses Libertadoras, a música do 15° Batalhão de lnfantaria tocou o
margens do Rio Negro, que Emília Freitas escreveu seu principal livro,
hino nacional, sendo depois levantados vivas entusiásticos à santa causa A R4].#Ã4 Zo Jg7!ofo, publicado em 1899, a que deu o curioso subtítulo
"Romance psicológico". Trata-se de uma trama novelesca absolutamente
do aboLicionismo.
Ocupou depois a tribuna a Exma. Sra. D. Emília Freitas. Já vantajosa- inusitada, reunindo lendas, mitos, histórias regionais, conhecimentos
mente conhecida por suas produções literárias e por seu adiantado espí- sobre a hipnose, o espiritismo e a parapsicologia, que deve ser conside-
rito abolicionista, a talentosa jovem, em estrofes sublimes de sentimento, rada uma das primeiras do gênero fantástico no Brasil.
arrancou do imenso auditório frenéticos aplausos.
Antecedendo à narrativa do romance propriamente dito, encon-
(Fortaleza, 8 de janeiro de 1883) tram-se dois textos. No primeiro, com acentuado tom irônico, a autora
dirige-se "aos gênios de todos os países e, em particular, aos escritores
Em 1891, Emília Freitas reuniu suas poesias no volume intitulado
brasileiros" para oferecer seu livro, nestes termos:
Cfl#ÇÕÇs óo Jm. À guisa de introdução, publicou um curioso texto dirigido
"Aos censores", em que, ao invés dos frequentes pedidos de desculpas
Vós, que brilhais como estrelas de primeira grandeza no firmamento alte-
pela "incapacidade intelectual" ou pela "mediocridade" do texto, comu- roso da Ciência, da Literatura e das Artes, podereis estranhar o meu ofere-
mente encontrados nos livros de autoria feminina, a autora "suplica" aos
cimento, e chamá-lo de ousadia, se não reflexionares que o mais poderoso
leitores "o respeito devido" aos seus "quadros de família", que chama
monarca pode, sem humilhação, aceitar um ramalhete de flores silvestres
ainda "fragmentos de minha alma" e "partículas de minha triste vida".
das mãos grosseiras de uma camponesa, que para oferecê-lo curve o joelho
Nesse texto, ela não apenas revela a preocupação com a censura implí-
e incline a cabeça em sinal de respeito, estima e admiração.
cita aos escritos femininos, mas também denuncia as limitações da vida Minha oferta não vos deslustra. Ei-la dilapidada como um diamante
das mulheres de seu tempo. Segundo o raciocínio de Emília Freitas, não arrancado do seio da terra e oferecido por mão selvagem.
era possível cobrar um desempenho literário excepcional de alguém que
"tem vivido encerrada entre paredes de uma estreita habitação, longe da
0 texto que se segue, dirigido ao leitor, pode ser lido quase como uma
sociedade culta e de todo o movimento literário".
pro/;ssÃo dc/e` e de modernidade para a época, tal a sua lucidez. Contém
Também se encontram notícias, nos dicionários biobibliográficos, da
ainda indicações da opinião da autora acerca de escritores contemporâ-
publicação de outro romance da autora, 0 rc#Gg#do, mas do qual não iieos e de suí` ctinsc`ic`nt`iíi {i ri```iii`ito da origimlidade de seu trabalho.

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A RAINHA D0 IGNOTO AI'RESENTAÇÁO

Meu livro não tem padrinho, assim como não teve molde. Tem a feição o nome de família, a educação superficial para as moças e o do#/.w"i.smo
que lhe é própria, sem atavios emprestados do pedantismo charlatão. Não para os rapazes.
é, tampouco, o conjunto das impressões recebidas nos salões, nos jardins, Mas, apesar de tudo isso e do ineditismo da narrativa, Emília Freitas
nos teatros e nas ruas das grandes cidades; porque foi escrito na solidão não é citada em nossas histórias literárias mais conhecidas, e sua for-
absoluta das margens do Rio Negro, entre paredes desguarnecidas duma tuna crítica permanece injustamente reduzida. Em 1980, o romance foi
escola de subúrbio. É, antes, a cogitação íntima de um espírito observador redescoberto por Otacílio Colares, professor da Universidade Federal
e concentrado que (dentro dos limites de sua ignorância) procurou, numa do Ceará, que preparou uma segunda edição com notas substanciosas
coleção de fatos triviais, estudar a alma da mulher, sempre sensível e,
e um extenso prefácio. Nele, defende a autora das críticas que outro
muitas vezes, fantasiosa.
conterrâneo, Abelardo Montenegro, havia feito ao romance em 1953, ao
considerá-lo "um dramalhão", sem "veracidade" nem "naturalidade dos
Resumidamente, a narrativa contém a história da sedução do dou- diálogos". Para Colares, além de apresentar alguns aspectos inusitados do
tor Edmundo, um jovem formado na Escola do Recife, por Funesta, um
gótico, o romance
dos nomes pelo qual era conhecida uma mulher, figura meio lendária da
Amazônia, que vivia em meio à mata e às grutas, liderando um grupo [...] é interessante e por vezes inteligentíssimo repositório de costumes
de mulheres, suas "paladinas". A "Rainha do lgnoto", como também era cearenses, ou, melhor dizendo nordestinos, mas foge [...] ao vezo natura-
chamada, parece ter pacto com as fadas e com o demônio, e utiliza varia- lista pelo qual uma crítica apressada em classificar há procurado incluir
das formas de magias, assim como do hipnotismo e da parapsicologia, toda a ficçáo que no Ceará, e de resto em todo o Brasil, se escreveu, entre
a fim de realizar as tarefas que se impõe: guerrear a injustiça, proteger as últimas décadas do século XIX e os primeiros anos deste século que se
aproxima do epílogo. (FREITAS: 1980, 9-10)
o fraco contra o forte, entrar em cárceres para curar os enfermos, salvar
vítimas de incêndios.
0 livro torna-se mais interessante à medida que apresenta diálogos e Outro estudioso do romance de Emilia Freitas, Luís Filipe Ribeiro,
também apontou para o caráter intrigante do livro, concluindo que tal
cantigas em outras línguas, como o inglês, o francês e o português com
sotaque de Portugal, e também quando se faz porta-voz do modo de falar proposta para o Brasil da época, e na tradição do romance entre nós, era
de uma "ousadia inédita e só poderia ter caído no vazio e num completo
de pessoas mais humildes, como os criados e os escravos, em compara-
ostracismo, como de fato ocorreu.". São suas palavras:
ção com a fala da burguesia ascendente. Doutor Edmundo disfarça-se
de mulher para poder circular nos domínios da Rainha na tentativa de
Ao construir seu romance sobre as bases de uma "nova cientificidade" -
desvendar aquele mundo estranho e misterioso, que não é outro, ao fim
o espiritismo e as experiências de hipnose - Emilia Freitas fazia, por
e ao cabo, além do mundo feminino. outras trilhas, um percurso simétrico ao do Naturalismo. Este apoiado
Emília Freitas consegue, com habilidade, acomodar o fantástico num no cientificismo positivista, aquela optando peLos caminhos mais sedu-
plano de regionalidade, e faz em seu romance ora uma incursão pelo ima- tores de um certo espiritualismo em busca das raízes da subjetividade.
ginário, do palpável ao mais surpreendente e inverossímil, ora uma des- (RIBEIRO: 1989,135)
crição detalhada da vida sertaneja, com suas festas, costumes, crendices.
Utilizando-se de técnicas narrativas bem modemas, o clima fantástico é Em 2001, A R4i.#J!4 do /g7!oÍo foi motivo de uma dissertação de mes-
instaurado com naturalidade no enredo e assume o predomínio da atmos- trado apresentada por Sônia Cristina Bernardino Ribeiro à Universidade
fera, ora com ingredientes de um fantástico medievo, ora lembrando nar- Federal do Rio de Janeiro. 0 trabalho resgata a narrativa de autoria femi-
rativas inglesas de terror, transportando magicamente o leitor e a leitora nina do século XIX através da análise de dois romances: LG'sbi.fl, de Maria
de um para o outro extremo, até o fim, surpreendente. A autora apro- Benedita Bormí`ni`, i` ^ Ríi/./íA# do Jg7¢oío, de Emília Freitas. E em 2007,
veita também para criticar a s()cii`dí`dc. (h i'`i)()cí`, qui` vé`lori7.i`v:` () tl()t(`, ^lc`ili.ne Cíwíil``:ii`ii` .li. ( )liv``ir:i tlefimdeu com brilhantismo sua tese de
A RAINHA DO IGNOTO AI'RESENTAÇÃ0

doutorado intitulada "Uma escritora na periferia do lmpério: vida e obra é oprimida e está livre para realizar seu potencial criativo. E a condição
de Emília Freitas ( 1855-1908) " junto ao Programa de Pós-Graduação em final da protagonista, diferente de representar apenas sua insubmissão,
Letras: Estudos Literários da Faculdade de Letras da UFMG. poderia talvez indicar a consciência autoral da incompatibilidade entre o
A doutrina positivista, que pregava a valorização do papel social da mundo real e o mundo sonhado.
mulher e a predominância do altruísmo sobre o egoísmo, está presente Enfim, estas são algumas das questões que o texto de Emília Freitas
no romance de Emília Freitas através da personagem principal e de seu me provocou. Cabe-me, agora, convidar aos leitores e leitoras a penetrar
grupo de paladinas. Da mesma forma, os traços românticos que exal- nesse mundo sonhado e utópico de uma escritora que viveu no fim do
tam a castidade feminina, a nobreza dos sentimentos, o casamento e século XIX para buscar nele não as respostas, mas as indagações que,
a felicidade conjugal. Na análise dos romances, há o destaque para a com certeza, surgirão.
composição das personagens femininas e para a novidade de se tratar
da ótica de autoras sobre o papel da mulher, suas lutas e possibilidades Obra de Emília Freitas
de mudança. Dentre os aspectos comuns, chama a atenção para o sur- C4#ÇÕGs do Jflr. Poesias. Fortaleza: Tipografia Rio Branco,1891. 310 p.
A R¢j#Á4 do JgJiofo. Romance psicológico. Fortaleza: Tipografia Universal, 1899.
gimento de uma consciência feminina: os homens, geralmente vilões e
desleais, em oposição à sinceridade e fidelidade femininas, e a tragédia 456 p.

como forma de insubmissão. 0 rcMcgHdo. Romance. Fortaleza: [s.n.]. s/d.

Mas, apesar da pertinência dessas leituras, acredito que ainda há


muito mais no romance de Emília Freitas a ser considerado. Vejamos. Sobre Emilia Freitas
CAVALCANTI, Alcilene de Oliveira. EmJ'Ji.¢ Frci.Í#s.. wm4 cscn.Corfl m¢ "p€rz/Gn.4
A criação de uma sociedade formada apenas de mulheres que domi-
do J7%pério". Florianópolis: Editora Mulheres, 2008.
nam a natureza, a técnica e a ciência, que ocupam cargos e funções com
COI.ARES, Otacílio. Apresentação cn`tica e notas. In FREITAS, Emilia.
invulgar competência - tais como de general, comandante, maestra,
A R4j##4 do Jg7!oÍo. Romance psicológico. 2a ed. Fortaleza: Secretaria de
cientista, médica ou advogada -, não sugere uma comunidade utópica,
Cultura e Desporto, Imprensa Oficial do Ceará, 1980.
regida por leis femininas, feminista 4i/4#Í /4 /cíírc, que quer se diferenciar . £cmbrjzdos Ç csqwGc!.dos. 111. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará,
principalmente da realidade patriarcal, a grande responsável pela opres- 1977.
são das mulheres? E a llha do lgnoto, representação por excelência de CUNHA, Maryse Weine. Emília de Freitas. In Mw/Ãcrfrs do Br4si'J. Fortaleza:
um espaço idealizado e escondido dos olhares, onde apenas as mulheres Secretaria de Cultura e Desporto,1986. Vol. 3. p. 281-316.
reinavam, não pode ser lido como o não-lugar, ou como o único espaço DUARTE, Constância Lima. "Emília Freitas". In MUZART, Zahidé Lupinacci

possível para a realização feminina? Em outras palavras, como uma ten- (Org.) £scriíorízs Z7r4si.JGjnfls do sécw/o Xtx. Florianópolis: Editora Mulher€s;
tativa da autora para a superação da doxa patriarcal? Aliás, não apenas Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 1999.
na ilha, mas também na gruta e na mata, onde a rainha e suas paladinas MONTENEGRO, Abelardo F. 0 nom¢#c€ cG¢rG#sG. Fortaleza: [s.n.],1953.
RIBEIRO, LuÍs Filipe. A modemidade e o fantástico em uma romancista do
circulam, imperam a liberdade e a criatividade femininas.
século XIX. In C¢4íf!"os. 111 Seminário Nacional Mulher & Literatura.
Considero sinceramente fascinante a leitura desta (quase) ficção cien-
Florianópolis: Universidade Federal de Florianópolis, v.1,1989. p.135-40.
tífica, em que as mulheres podiam apelar indistintamente para diferentes
RIBEIRO, Sônia Cristina Bernardino. "A narrativa de autoria feminina
recursos - como a hipnose, o espiritismo, a inteligência e a esperteza -
do século XIX em resgate: uma leitura de £c's%4 f A R%jMÁóí ;o Jg7¢oÍo. "
quando queriam alcançar seus propósitos de fazer o bem, restabelecer a Disseftaçáo de Mestrado em Literatura Comparada. Rio de Janeiro:
justiça, salvar os condenados. Aliás, Emília Freitas utiliza procedimentos Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras. 2001. 98 p.
da literatura feminina contemporânea (lembro, por exemplo, de Ângela
Carter, e de sua Paixão da Nova Eva), ao apelar para o fantíisti(`() c. a
ficção científica na proposiçá() de um ntivo mundo em qiic` ;i ii``ill`tT "-`ti

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