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A Abóboda | Alexandre Herculano

Contemporâneo de Almeida Garrett, Alexandre Herculano pertence à 1ªGerção Romântica. “A


Abóbada” é uma narrativa histórica, género que Alexandre Herculano introduziu em Portugal, e
profundamente nacionalista.

Tem como pano de fundo a construção do mosteiro da Batalha, nos finais do século XIV, para
celebrar a vitória portuguesa na batalha de Aljubarrota. Partindo desse facto histórico, a novela faz
uma reconstituição do passado, orientada sobretudo pela imaginação do escritor.

A ação
A ação passa-se no ano de 1401. O projeto do edifício fora concebido pelo Mestre Afonso
Domingues e destacava-se por apresentar uma incrível abóboda. Porém, o Mestre fica cego e D.
João I substitui-o pelo Mestre Ouguet (arquiteto bretão) para concluir a obra. Este, duvidando da
viabilidade do plano arquitetónico original, altera o projeto da abóboda que cai imediatamente
assim que terminada.
Afonso Domingues regressa às obras e promete erguer a cúpula de novo em 4 meses. No dia em
que as obras da cúpula terminam, passa 3 dias em jejum na sala do Capitulo e morre quando prova
a sua tese, obtendo a admiração de todos, incluindo do mestre estrangeiro.

Sequência Narrativa Pontos Principais


I - O Cego o Tristeza do arquiteto Afonso Domingues que, apesar de cego, lastima ter
sido substituído por mestre Ouguet no acabamento do Mosteiro da Batalha.
(INTRODUÇÃO)
o Repudia a pensão que el-rei lhe atríbuira, porque com ela lhe assassinara a
alma, por lhe roubar a glória e a imortalidade

o Anuncia-se a chegada de D.João, que vem assistirà representação do Auto


da Adoração do Reis e ver a Casa do Capítulo, terminada pelo irlandês
Ouguet.
II- Mestre Ouguet o Chega D. João I ao Mosteiro da Batalha. O autor apresenta mestre Ouguet,
que conduz o rei à Sala do Capítulo que concluíra, fechando a abóbada de
(DESENVOLVIMENTO) forma diferente da prevista por Afonso Domingues.

o Interrogado sobre as razões da alteração que fizera, responde que tivera por
impossível a abóbada achatada do arquiteto português, sobre a ciência do
qual faz algumas considerações, reprovadas por el-rei.

o Ficando sozinho, o mestre Ouguet entra na sala e fica horrorizado, ao


contemplar a abóbada.

o A representação do Auto dos Reis Magos é interrompida pela entrada


A Abóboda | Alexandre Herculano

III - O auto abrupta de mestre Ouguet, fora de si de horror e espanto.


(DESENVOLVIMENTO) o Supostamente endemoninhados, é exorcizado pelos frades, culminando esse
ato com a queda da abóbada.
IV- Um rei cavaleiro
o D. João I manda chamar Afonso Domingues, para lhe entregar a construção
(DESENVOLVIMENTO da abóbada caída, tal como ele a concebera. O velho aceita não por
) obediência ao rei, pela memória dos tempos em que lutou ao seu lado.

o O rei fica comovido com o patriotismo do arquiteto e perdoa-lhe as


irreverências o que provoca o aparte do Dr. João das Regras de que bem
trabalhava por fazer do mestre de Avis um rei, mas que ele lhe saía sempre
cavaleiro andante.

o Afonso Domingues promete a obra concluída em quatro meses, desde que a


ela voltem os trabalhadores portugueses dispensados, no que el-rei consente.

V – O voto final o D. João I volta ao Mosteiro, quatro meses volvidos, para assistir ao retirar
dos andaimes da construção da abóbada. Afonso Domingues cumprira a
(CONCLUSÃO) promessa e anuncia que o seu voto final será o de permanecer três dias,
sem comer nem beber, sentado por debaixo da abóbada, para acabar com
ela, se cair.

o Ao fim desses três dias, é retirado cadáver, morto por inanição, com grande
mágoa dos presentes. Mestre Ouguet retoma a construção do monumento.

Personagens: caracterização e relações


Personagem Caracterização/Relações
AFONSO Herói romântico:
DOMINGUES - Irredutível nas suas decisões
- Resiliente
- Fiel aos seus ideais
- Mártir (final trágico)
- Honrado
- Insubmisso (recusa-se a cumprir as ordens do rei)
- Nobre
- Nacionalista (edificação do mosteiro enquanto afirmação da identidade
nacional)
- Patriótico (lutou pela independência)

AFONSO DOMINGUES x MESTRE DAVID AFONSO DOMINGUES x D. JOÃO I


OUGUET
Afonso Domingues mostra um profundo Existe uma relação de amizade entre os dois.Apesar
ressentimento por ter sido substituído por Mestre do ressentimento por ter sido afastado das obras,
Ouguet; este desdenha também das capacidades de Afonso Domingues devota ao rei a admiração e a
arquiteto de Afonso Domingues e dos portugueses em lealdade.
geral, que considera ignorantes e incultos.
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MESTRE DAVID - Personagem modelada MESTRE OUGUET x D. JOÃO I


OUGUET - Pretensioso D. João I não aprecia a arrogância de Mestre
- Respeitador Ouguet e repreende-o por ter mudado os planos da
relativamente ao Mestre construção da abóbada sem ter consultado Afonso
Afonso Domingues, que considera o maior arquiteto
português.
D. JOÃO I - Sensível (aos pedidos do arquiteto português)

JOÃO DAS REGRAS João das Regras, homem de letras, mantém com D. Nuno Álvares, o Condestável,
e alguma rivalidade por este não ser um homem letrado.
O CONDESTÁVEL
Já o Condestável era, segundo o narrador, um homem mais de obras do que de
palavras

Imaginação histórica e o sentimento nacional


Esta é uma narrativa com base histórica, embora os diálogos e as reações das personagens
sejam fruto da imaginação do autor. Aliás, o interesse pelo passado, em especial pela época
medieval, é uma das principais características do romantismo em Portugal. É visível uma certa
teatralidade em certos diálogos e atenção nas descrições e aos detalhes que conferem
verosimilhança à narrativa.
É evidente o esforço e o grande interesse do autor reconstituir o passado para glorificar uma
época crucial na afirmação da identidade nacional. A oposição ente Afonso Domingues e o
Mestre Orguet reforça essa exaltação da identidade nacional – reforça-se o gosto pelo nacional,
ridicularizando-se a importância excessiva dado ao estrageiro.

Linguagem e Estilo
 Comparação
 Enumeração
 Metáfora
 Personificação
 Alternância entre os discursos direto e indireto

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