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FICHA DE TRABALHO FORMATIVA PARA 11º ANO

Na mão de Deus
1 Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.

5 Como as flores mortais, com que se enfeita


A ignorância infantil, despojo vão,
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,


10 Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto...


Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!

Antero de Quental, in "Sonetos"

1. À luz do sentido global do poema, interprete o seu sentido, estabelecendo uma


relação com o estado de espírito do sujeito poético.

2. Prove que este poema configura um dos tópicos de conteúdo da poesia anteriana.

3. Analise um dos efeitos de sentido produzidos pela imagem nos versos 3 e 4.

BOM TRABALHO!
A docente: Lucinda Cunha

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SUGESTÃO DE CORREÇÃO

(exercício e correção retirados do livro de Preparação para o Exame Final Nacional, Português
2020, 12º ano, da Porto Editora, pp. 426 e 430)

1. Dominado pelas sombras e pela soturnidade, o sujeito poético pretende encontrar a


calma para a sua inquietação em Deus. Assim, o título acentua o desencanto do “eu”
lírico, que, abandonando as ilusões (“Do palácio encantado da Ilusão/ Desci a passo ao
passo a escada estreita”, vv.3-4), encontra na mão da figura divina o refúgio que pode
serenar as suas desilusões. Tal como Cristo estava à direita de Deus-Pai, agora é o
sujeito poético que procura esse abrigo, ao depositar o seu coração na mão direita de
Deus.
2. O tom do poema é marcadamente pessimista, revelando um ser que fracassou na vida
e que deseja a evasão do plano físico, com vista à libertação do sofrimento. Desta
forma, a temática da angústia existencial estrutura o poema, já que Deus é visto pelo
sujeito de enunciação como o único capaz de lhe proporcionar a paz por que tanto
anseia, resgatando-o de uma existência nula e sofrida. Abandonando o Ideal, o sujeito
poético dirige-se ao seu coração e encontra a paz e a liberdade no transcendente,
sendo o Criador a força suavizadora para a angústia existencial.
3. Através da imagem de um palácio representativo da Ilusão que conduziu a sua vida, o
sujeito poético aceita o fim do caminho e desce, serena e calmamente, as “escadas
estreitas” desse cenário de fantasia, abraçando a tranquilidade do repouso em Deus. O
seu coração descansa, agora, na “mão de Deus”, num lugar onde há um sono eterno e
liberto de desilusões.

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