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A ABÓBADA, ALEXANDRE HERCULANO

Vida e obra de Alexandre Herculano


Alexandre Herculano nasceu em Lisboa, no dia 28 de março de 1810, e foi um
escritor português conhecido pelas suas contribuições no campo da introdução e
desenvolvimento da narrativa histórica em Portugal. Entre as suas diversas obras, destaca-
se "A Abóbada", publicada em 1844.
Através de uma narrativa envolvente, Herculano aborda temas como a intolerância
religiosa, a opressão e os desafios enfrentados pelas personagens num contexto social e
político conturbado. O autor demonstra habilidade em criar personagens complexos e
realistas, retratando com riqueza de detalhes os ambientes e a atmosfera da época.
Alexandre Herculano deixou um legado significativo na literatura portuguesa,
contribuindo para a valorização do romance histórico e para a compreensão de períodos
cruciais da história de Portugal. A sua escrita cativante e a sua abordagem cuidadosa
doseventos históricos tornam esta obra uma leitura indispensável para os apreciadores do
género.

Resumo da obra e estruturação da narrativa


A Abóbada é um romance histórico passado no ano de 1401 e tem por tema central
a construção do Convento e Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha, como
agradecimento à Virgem Maria pela vitória de Aljubarrota, concebido pelo Mestre Afonso
Domingues. No entanto, durante o processo, o Mestre fica cego e a conclusão daobra é
entregue ao arquiteto Mestre Ouguet. Porem este arquiteto duvida do plano arquitetónico e
decide alterá-lo, após a sua conclusão a abobada desaba.
Diante desse desastre, Afonso Domingues é convocado novamente, prometendo
erguer de novo a cúpula de pedra em 4 meses. No dia que os andaimes são retirados,
Afonso, passa 3 dias em jejum. No momento em que prova a sua tese acaba por morrer,
obtendo a admiração de todos, inclusive o seu colega irlandês.
Esta obra esta dividida em 5 capítulos:
I. O cego
II. Mestre Ouguet
III. O auto
IV. Um rei cavaleiro
V. O voto fatal

Relação entre personagens


Afonso Domingos é o herói romântico de a abóbada encara na perfeição o
sentimento nacional da valorização da Pátria. Apesar da lealdade para com D. João I não
deixa de fazer as suas exigências quando é chamado para concluir o projeto a sua maneira
pedindo que os trabalhadores portugueses voltassem aos seus postos.
D. João I não deixa de ser sensível as palavras do arquiteto cego e de modo
amigável satisfaz as suas exigências.
David Ouguet é uma personagem modelada visto que quando assume o processo
da construção da abóbada retoma todo o processo e ainda questiona o saber técnico e
científico de Afonso Domingues, mas acaba por abandonar essa atitude e reconhecer o
talento do cego.

Características do herói romântico


Apesar do afastamento em relação a construção do Mosteiro imposto por D. João I,
pelo facto de ter ficado cego, Afonso Domingues não se deixa abater pela fatalidade e
permanece fiel aos seus princípios.
Resiliente, é capaz de ultrapassar as adversidades que são colocadas e afirmar a
sua vontade tornando-se um mártir cuja morte é reveladora dos sacrifícios que serão que
deverão ser feitos em nome da verdade individual que enaltece o bem comum.
Patriótico: luta pela independência junto do mestre de Avis.
Nacionalista: edificação do Mosteiro enquanto afirmação da identidade portuguesa.

Imaginação histórica e sentimento nacional


"A Abóbada" é uma obra de Alexandre Herculano que retrata a construção do
Mosteiro de Santa Maria da Vitória, em homenagem à Batalha de Aljubarrota, um evento
históricoimportante para a independência de Portugal. Embora baseada em factos
históricos, a narrativa é fictícia, com personagens e reações imaginativas do autor.
A obra reflete o interesse romântico pela história medieval, procurando distinguir
lenda e realidade através de documentos oficiais. Herculano mistura elementos históricos
com fabulação, procurando reconstituir o passado e fixar a identidade nacional. Através da
glorificação da luta pela independência e das vitórias portuguesas sobre Castela, a obra
reafirma a afirmação da identidade nacional.
Herculano utiliza uma certa teatralidade nos diálogos e faz descrições detalhadas,
como no capítulo do colapso da abóbada. Além disso, o autor utiliza versos no episódio do
exorcismo para criar verossimilhança e retratar a mentalidade medieval.
A obra também evidencia o sentimento nacional ao opor Afonso Domingues a David
Ouguet, ridicularizando a importância dada ao estrangeiro em detrimento do que é nacional.

Linguagem e estilo
O autor utiliza uma linguagem cuidada e formal, repleta de vocabulário erudito e
expressões típicas do século XIX. A narrativa é marcada por uma prosa densa e descritiva,
com frases longas e complexas que exigem atenção por parte do leitor.
O autor utiliza metáforas e comparações poéticas para transmitir imagens vívidas e
impactantes, como quando descreve a abóbada como um "imenso livro de pedra". Essa
combinação de descrição minuciosa e recursos poéticos cria uma atmosfera rica e imersiva.
Outro recurso expressivo utilizado por Herculano é o diálogo teatralizado. Os
diálogos entre as personagens são vivos e intensos, com réplicas bem elaboradas que
revelam as suas personalidades e emoções. O autor utiliza esses diálogos para explorar
temas históricos, filosóficos e sociais, dando voz às diferentes perspetivas e opiniões das
personagens.
É possível encontrar a presença de aliterações, repetições de sons e ritmo nas
frases, conferindo uma certa musicalidade ao texto. Além disso, Herculano utiliza a técnica
do contraste entre personagens e situações para transmitir mensagens e críticas sociais.
Por exemplo, a oposição entre Afonso Domingues e David Ouguet destaca a importância do
talento e do trabalho nacional em contraposição à valorização excessiva do estrangeiro.

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