O herói romântico na obra "A abóbada", de Alexandre Herculano, é o mestre arquiteto Afonso Domingues, que dedicou sua vida à construção do Mosteiro da Batalha. Ele personifica quatro características do Romantismo: amor à pátria, compadecimento, dedicação final à obra que simboliza seu amor a Portugal, e promete dar sua vida como testemunho deste amor colocando-se sob a abóbada.
Descrição original:
Avaliação de literatura portuguesa.
Título original
Primeira Avaliação - Literatura Portuguesa II_CLENO
O herói romântico na obra "A abóbada", de Alexandre Herculano, é o mestre arquiteto Afonso Domingues, que dedicou sua vida à construção do Mosteiro da Batalha. Ele personifica quatro características do Romantismo: amor à pátria, compadecimento, dedicação final à obra que simboliza seu amor a Portugal, e promete dar sua vida como testemunho deste amor colocando-se sob a abóbada.
O herói romântico na obra "A abóbada", de Alexandre Herculano, é o mestre arquiteto Afonso Domingues, que dedicou sua vida à construção do Mosteiro da Batalha. Ele personifica quatro características do Romantismo: amor à pátria, compadecimento, dedicação final à obra que simboliza seu amor a Portugal, e promete dar sua vida como testemunho deste amor colocando-se sob a abóbada.
Data: 08/03/2023 Docente: Ana Maria Vasconcelos Martins de Castro Discente: Cleno dos Santos Vieira Matrícula: 202100034909
1ª Avaliação – Romantismo Português
Questão: Comente a construção do herói romântico em uma das seguintes obras: ou “A
abóbada”, de Alexandre Herculano, ou Amor de perdição, de Camilo Castelo Branco. Em sua resposta, identifique ao menos quatro características do Romantismo, cite trechos da obra escolhida que comprovem a sua posição e elabore a justificativa em seu comentário. Serão zeradas todas as respostas com menos de doze linhas escritas. Respostas que não respeitem a norma padrão da língua portuguesa serão despontuadas.
Resposta:
O romance histórico “A abóbada”, de Alexandre Herculano, tem como herói, a
personagem de Afonso Domingues, mestre arquiteto, responsável pela obra do Mosteiro da Batalha (Mosteiro de Santa Maria da Vitória), aliado do rei D. João I, Mestre de Avis, a construção do mosteiro foi em cumprimento de uma promessa sua, onde se comprometera a mandar levantar este templo se vencesse a batalha de Aljubarrota (14 de agosto de 1385), como veio a acontecer. Herculano faz de Afonso um herói nacional, colocando-o como principal construtor da obra, este dedicou-se inteiramente, mesmo que as condições físicas não lhe fossem mais presentes, até que o rei trocou o mestre da obra, já em condições limitadas, cego, note aqui a primeira característica do Romantismo, como se vê na seguinte passagem: “Este edifício era meu; porque o gerei; porque o alimentei com a substância da minha alma; porque necessitava de me converter todo nestas pedras, pouco a pouco, e de deixar, morrendo, o meu nome a sussurrar perpetuamente por essas colunas 180 e por baixo dessas arcarias. E roubaram-me o filho da minha imaginação, dando-me uma tença!... Com uma tença paga-se a glória e a imortalidade? Agradeço-vos, senhor rei, a mercê!... Sois em verdade generoso... mas o nome de mestre Ouguet enredar-se-á no meu ou, talvez, sumirá este no brilho de sua fama mentida...” A obra em discussão, recupera o tempo histórico da Idade Média, reconstruindo de certa forma a história de Portugal. A construção do amor à pátria (2ª característica do Romantismo) se dá quando o mestre Afonso, já dispensado das atividades, pontua que para que a obra fosse bem- sucedida, cabia ser português, na seguinte passagem: “Acerca de mestre Ouguet, não serei eu quem negue suas boas manhas e ciência de edificar: mas que ponha ele por obra suas traças, e deixem-me a mim dar vulto às minhas. E demais: para entender o pensamento do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, cumpre ser português; cumpre ter vivido com a revolução que pôs no trono o Mestre de Avis; ter tumultuado com o povo defronte dos paços da adúltera; 14 200 ter pelejado nos muros de Lisboa; ter vencido em Aljubarrota. Não é este edifício obra de reis, ainda que por um rei me fosse encomendado seu desenho e edificação, mas nacional, mas popular, mas da gente portuguesa, que disse: não seremos servos do estrangeiro e que provou seu dito. Mestre Ouguet, escolar na sociedade dos irmãos obreiros,15 trabalhou nas sés de Inglaterra, de França e de Alemanha, e aí subiu ao grau de mestre; mas a sua alma 205 não é aquecida à luz do amor da pátria; nem, que o fosse, é para ele pátria esta terra portuguesa.” Dado o fracasso da empreitada do arquiteto estrangeiro, Ouguet, o rei D. João I se vê na obrigação de reconhecer a grandeza do mestre Afonso e o recoloca no cargo, implorando para que este retornasse, há um compadecimento (3ª característica do Romantismo): “Mestre Afonso Domingues, escutai os ossos de tantos valentes que vos acusam de trairdes a boa e antiga amizade. Vem de todos os vales e montanhas de Portugal o soído desse queixume de mortos; porque, nas contendas da liberdade, por toda a parte se verteu sangue e foram semeados 805 cadáveres de cavaleiros! Eia, pois: se não perdoais a D. João I uma suposta afronta, perdoai-a ao Mestre de Avis, ao vosso antigo capitão, que, em nome da gente portuguesa, vos cita para o tribunal da posteridade, se refusais consagrar outra vez à pátria vosso maravilhoso engenho, e que vos abraça, como antigo irmão nos combates, porque, certo, crê que não querereis perder na vossa velhice o nome de bom e honrado português”. A maior comprovação de amor romântico está na dedicação final que o mestre Afonso tem com sua obra, ao retornar para o posto de arquiteto do Mosteiro da Batalha e prometer levantar a abóbada em 4 meses e se colocar debaixo dela por três dias, sem comer e sem beber, para provar sua excelência (4ª característica do Romantismo): “— Senhor rei, é chegado o momento de vos declarar meu segundo voto. Pelo corpo e sangue do Redentor jurei que, assentado sobre a dura pedra, debaixo do fecho da abóbada, estaria sem comer nem beber durante três dias, desde o instante em que se tirassem os simples. De cumprir meu voto ninguém poderá mover-me. Se essa abóbada desabar, sepultar-me-á em suas ruínas: nem eu quisera encetar, depois de velho, uma vida desonrada e vergonhosa.” Aqui tem-se um caso de morte por amor, neste caso, amor à obra, à pátria, pois movido pelo amor, Afonso Domingues doa sua vida como testemunho de seu amor, Portugal.
Referências HERCULANO, Alexandre. A abóboda. 1401. In. ENTRE NÓS E AS PALAVRAS, Ed. 11.º Santillana.