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Tema:

História da Arquitectura Angolana


Arquitectura Angolana
No contexto da arquitectura e urbanismo, coloniais Portuguesas, no
período temporal que decorreu de 1920 a 1974, identificam-se
expressões específicas de ocupação do território angolano, feitas através
de uma interpretação e adaptação de carácter cultural e de relação com
o sítio. Aborda-se o reflexo espacial do discurso ideológico colonial no
que se refere aos vários tipos de ocupação do território angolano, bem
como as teorias urbanísticas europeias e portuguesas e a sua tradução na
prática urbanística angolana. O estudo/análise dos planos e projectos de
arquitectura deste período, bem como dos seus autores, suas influências
e tipos de encomenda, leva-nos a perceber a forma como os conceitos
europeus foram adaptados a Angola, onde todas as correntes do
pensamento arquitectónico e urbanístico encontraram paralelo e campo
fecundo, enriquecendo-se com o “carácter angolano”, e criando uma
arquitectura e urbanismo tropical angolanos, de expressão portuguesa.
Arquitectura Angolana
O tema central consiste na análise das formas de ocupação do
território em Angola, das suas estruturas e organização, bem
como da Arquitectura aí produzida no período compreendido
entre os anos 20 e 70 do século XX.
Foi nossa pretensão estudar a hipótese da existência de uma
identidade própria no urbanismo e arquitectura praticados no
meio século que precedeu a independência de Angola, e que
consistiria na expressão portuguesa adaptada ao contexto
colonial.
Não podemos falar de Arquitectura Angolana sem antes falarmos
da Arquitectura Portuguesa visto que a Arquitectura Angolana
começa com achegada dos portugueses no território angolano:
Arquitectura Angolana
Desta forma falando um pouco da arquitectura portuguesa, que
desenvolveu-se significativamente com a chegada dos romanos no
século II a.C., evoluindo para um estilo mais mediterrânico já
existente na época. Os romanos construíram um conjunto
considerável de infra-estruturas e estruturas de apoio às povoações
mais importantes, como estradas, aquedutos e pontes.
Há muitos vestígios dessa época espalhados por todo o território
nacional, cumprindo funções variadas, como habitações, teatros,
templos e outros edifícios públicos. Conímbriga, o Teatro Romano e
as Termas dos Augustais em Lisboa, o Templo de Diana em Évora e
as Ruínas do Cerro da Vila em Vilamoura são disso bons exemplos.
Arquitectura Angolana
Após a
queda do Império Romano do O
cidente
o panorama artístico ficou
quase esquecido.
Apenas no século VIII, com a
invasão muçulmana a arte
voltou a ser praticada de forma
mais organizada e uniforme.
Templo Romano em Évora Mesquitas e palácios
apareceram nas principais vilas
e cidades do país.
Arquitectura Angolana
 A Técnica Construtiva
Dada a enorme extensão do Império, compreende-se que os
arquitectos romanos empregassem todo o tipo de materiais nas
suas construções, aproveitando os que tinham mais à mão em
cada província. Na própria Roma, antes de Augusto
predominavam as paredes de tijolo e adobe, e só a partir de
Augusro utilizou-se sistematicamente o mármore. Na Espanha,
foram características as paredes de barro, feitas em molde entre
2 tábuas, que se revestiam de pedra. Mas a parede romana mais
típica era construída com concreto, isto é, argamassa com
pedras irregulares revestida de cantaria de mármore ou de
pedra.
Arquitectura Angolana
Quando o hábito esconde o pormenor, este espaço pretende ser um olhar que
procura não esquecer a beleza descolorada de outrora, de uma cidade em
crescimento, onde a diversidade, a cor e a rapidez do movimento nos cegam a
cada pestanejar.
A demarcação e
herança cultural de
Luanda reflecte
inevitavelmente as
suas memórias
erguidas, algumas
apenas presentes em
imagens do passado
enxertado de outras
culturas transeuntes.
Arquitectura Angolana
Devemos, para melhor as
compreender, aceitar que são
consequências de
experiências e que a
Arquitectura de cada cidade
conta a história, sobre como o
embrião erguido nasceu para
crescer educado e moldado a
uma vida gerada por outras
vidas de outra espécie, mas
que são a génese do seu
desenvolvimento.
Arquitectura Angolana
Em Luanda, a Arquitectura
Moderna é o que mais se
respira, com marcos dignos
de atenção, empoeirada,
pouco valorizada, escondida
por gigantes que correm para
acompanhar o rápido e voraz
desenvolvimento, a
demonstrar o explodir de
uma economia de uma
cidade cheia de História
digna de ser contada.
Arquitectura Angolana

A capital inicial de Angola era


Mbanza-Congo, mas durante o
Séc. XVI, Luandu começou a
rivalizar a posição de foco de
interesse europeu de expansão
devido á sua localização e
clima.
Arquitectura Angolana
A cidade, fundada em 1576, pelo
Ndele Capitã Paulo Dias Novais,
S. PAULO DE
desenvolveu-se como um porto de ASSUNÇÃO DE
comércio de escravos, defendida
ao longo do Rio Cuanza por
LUANDA, onde
presídios, que em 1641 não reinou durante 4 anos,
resistiu aos ataques Holandeses
aliados aos Batu, que só em 1648
iniciando a exportação
entregariam a cidade aos de escravos angolanos
portugueses, reconquistada pelo
governador Salvador Correia de
para o Brasil.
Sá Benavides, cheio do seu
triunfo no Brasil, a baptizou como
Arquitectura Angolana
Podemos encontrar restos
deste reinado nas
fortificações típicas de defesa
de um forte ponto comercial,
actividade que desde sempre
decidiu o rumo da cidade, na
Fortaleza do Morro de São
Miguel, na Fortaleza de São
Pedro da Barra, o Forte São
Francisco de Penedo, o Forte
de Nossa S.ª da Guia e no
Forte de Santo António.
Arquitectura Angolana
A Arquitectura religiosa,
ganhou o seu terreno associada
a uma forte componente
militar, característica desta
época, pelo poder fortíssimo
do clero e da necessidade de
conversão de todas as
religiões, pelo medo do
desconhecido mas mais ainda
pelo domínio de massas, sendo
bons exemplos disso o Palácio
do Antigo Governo-Geral, o
Paço Episcopal e a Igreja do
Carmo.
Arquitectura Angolana
Igreja de São José|Igreja Igreja Maria Pia|Igreja Nossa
Hospital Josina Machel. Senhora do Carmo.
Arquitectura Angolana
A expansão sociocultural e
económica, impulsionada pela
propaganda religiosa, pela
difusão da língua, o inicio da
migração da população, levam
ao rápido e massificado
crescimento e transformação
da morfologia das cidades e a
uma consequente alteração do
conceito de urbanismo,
iniciando por exemplo, o hoje
tão presente habitar de Luanda,
conhecido como o Musseque.
Arquitectura Angolana
Para esta reflexão aqui
documentada, temos que fazer
uma breve situação sobre o
período do Estado Novo, onde é
oficializado o Imperio Colonial
Português, centrado na política e
economia, com uma forte
componente religiosa, numa
altura pós a Segunda Grande
Guerra, que obrigou muitos
portugueses a construir a sua
vida nas colónias, nomeadamente
em Angola: os denominados
países do Ultramar Português.
Arquitectura Angolana
Mausoléu Agostinho Neto
Arquitectura Angolana
Com a mudança aparecem
pensadores com novas filosofias
e, como sempre, a Arquitectura é
uma forma física de ler a História
e os novos movimentos, neste
caso preconizados por nomes tão
fortes como Kandinsky,
Mondrian, Gropius, Le Coubusier,
ou Frank Loyd Wright para
purificar, inovar, iniciar uma nova
era onde se alia a Arquitectura, o
Urbanismo e o Design como uma
forte vertente humana.
Arquitectura Angolana
Ritmos Erguidos São Paulo Prédio do Livro
Arquitectura Angolana
Como todas as cidades Habitação Barro Azul e Bairro
após uma Grande de Alvalade
Guerra, a palavra que
melhor se enquadra nas
necessidades é a
renovação: a procura de
um novo e melhor
começo, de preferência
que rompa com tudo o
que relembra o passado
Arquitectura Angolana
GUSTAVE EIFFEL, que se supões tenha sido
ARQUITECTO 1832|1923 construído para a
Engenheiro de origem germânica, Exposição Universal de Paris
tem como obra mais conhecida a de 1867, e que se perdeu
torre que desenhou para Paris, quando era transportada para
contudo são muitos os projectos Madagáscar, tendo acabado por
que revelam a sua paixão pelos desembarcar em Luanda, e
comboios e pelo metal que os vendido em hasta pública, á
incorpora: o ferro. É o caso do Companhia Comercial de
Palácio de Ferro, que hoje Angola no início do séc. XX.
pertence ao Ministério da Cultura Embora o percurso até essa
de Angola, venda seja apenas especulativo.
Arquitectura Angolana
Palácio de Ferro
Arquitectura Angolana
Em 1948 nasce o Gabinete de características que podemos
Urbanização Colonial, de encontrar em grandes
modo a regular a produção
edifícios públicos, onde
arquitectónica portuguesa,
uma vez que a Arquitectura resultam a ESCOLA
devia ser nacionalista e SECUNDÁRIA MUTU YA
tecnicista. Aqui o movimento KEVELA pela mão do
integra duas vertentes, a arquitecto José Costa Silva
nacionalista, decorrente da
arquitectura colonial com ou o BANCO NACIONAL
galerias exteriores cobertas, DE ANGOLA do arquitecto
varandas cobertas, vãos em Vasco Regaleira.
persiana,
Arquitectura Angolana

Liceu Salvador Correia | Escola Mutu- Banco Nacional de Angola


ia-Kevela
Arquitectura Angolana
Banco Nacional de Angola
Arquitectura Angolana
A vertente mais inovadora, a O ícone desta vertente nasce
que denominamos Movimento com Mercado do Kinaxixe,
Moderno, mais influenciada pelas mãos do percursor do
pelo funcionalismo racionalista movimento Vasco Viera da
de Le Coubusier, de planta ao Costa, recentemente demolido
ar livre, terraço-jardim, pilotis para dar lugar a mais duas
e janelas verticais, faz nascer torres de uma megalómana
uma arquitectura que rompe estrutura comercial accionada
com mentalidades do passado pela forte circulação
para uma libertação monetária.
revolucionária no modo de
pensar, ser, viver e construir.
Arquitectura Angolana
Arquitectura Angolana
Arquitecto português, com JANUÁRIO GODINHO,
uma visão da arquitectura ARQUITECTO
1910|1990
cada vez mais distanciada do
Banco de Poupança e Crédito
modelo dominante na europa,
pretendendo encontrar um
equilíbrio entre o
contemporâneo e o
tradicional, o lugar e o espaço
construído, a relação entre o
cheio e o vazio, a ocupação, a
luz e a criteriosa escolha de
materiais.
Arquitectura Angolana
O pensamento modernista não se fica obviamente pela
arquitectura: na construção de uma nova vida os pilares
tem que ser o fundamento de um crescimento resistente
e sustentável, onde é necessário estabelecer fronteiras
de uma cidade, zonamento, funcionalidade, e para isso
nasce em 1956 o Plano de Urbanização de Luanda, que
infelizmente não teve o devido impacto muito pelo
rápido crescimento da economia, que resultou num
excesso populacional e uma necessidade que a cidade
teve de crescer em dimensão, mas que a massa humana
não acompanhou.
Arquitectura Angolana
Arquitectura Angolana
Quer na arquitectura quer no urbanismo, encontram-se modelos de
ocupação do território que, por um lado, têm directa relação com as
políticas vigentes e, por outro, com modelos conceptuais emanados
directamente de Portugal e que, por sua vez, se consolidavam nas
referências internacionais. Estas referências adaptam-se ao espaço
angolano de duas formas distintas, por justaposição, ou por
mimetismo, em função do maior ou menor peso da relevância da
interpretação do sítio na concretização das soluções.
A uma forma portuguesa de fazer arquitectura angolana
correspondeu, em sentido inverso, uma forma angolana de fazer
arquitectura portuguesa, quer se localizasse no campo da
espontaneidade quer da racionalidade, quer tentasse ser vernacular
ou moderna.
Arquitectura Angolana
A emergência de novas cidades onde tudo estava por fazer,
terreno fértil de aplicação da leveza da linguagem e do estar, da
libertação do gesto na concepção urbanística e arquitectónica
pela mão dos vários actores (onde os arquitectos tiveram papel
determinante), traduziu-se numa arquitectura e urbanismo
tropicais angolanos de expressão portuguesa.

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