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Arquitetura Colonial

Introdução
l Arquitetura colonial corresponde ao período
de 1500 até 1822
l os colonizadores adaptaram as correntes
estilísticas da Europa ao Brasil:
l condições materiais e sócio-econômicas
l A arquitetura colonial brasileira possui
características múltiplas:
l renascentista, maneirista, barroca, rococó e
neoclássica (REIS FILHO, 1997)
Patrimônio da Unesco

l A relevância da arquitetura colonial é evidenciada


pelos monumentos declarados Patrimônio Mundial
pela UNESCO
l os centros históricos de Olinda, São Luís do
Maranhão, Ouro Preto, Diamantina, Salvador,
Goiás Velho, as ruínas das Missões Jesuíticas
Guarani em São Miguel das Missões e o
Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em
Congonhas do Campo (CARRAZZONI, 1980)
Arquitetura Luso-Brasileira
l  O s e s t i l o s a r q u i t e t ô n i c o s f o r a m i m p o r t a d o s e
desenvolvidos com uma interpretação local
l  Os três períodos da arquitetura luso-brasileira no século
XVIII:
l  Reinado de D. João V (1705-1750):
l  barroco triunfal e “barroco joanino”
l  Reinado de D. José (1750-1777)
l  rococó francês
l  pós 1755 ano do terremoto de Lisboa, “estilo pombalino” com
características de protoneoclassicismo
l  Reinado de D. Maria I (1777-1816) arquitetura neoclássica
(REIS FILHO, 1997)
As Primeiras Vilas

l Arquitetônica colonial teve início em 1530 as


Capitanias Hereditárias e a fundação de vilas:

l São Vicente em 1532 por Martim Afonso de


Sousa

l Olinda em 1535 por Duarte Coelho

l Salvador em 1549 por Tomé de Sousa como sede


do Governo-Geral (BURY, 1991)
Salvador como modelo colonial de
urbanização
l  O arquiteto Luís Dias projetou na capital o que seria o
gabarito para as primeiras cidades coloniais
l  T e v e c o m o r e f e r ê n c i a c i d a d e s m e d i e v a i s
portuguesas: Lisboa, Porto e Coimbra
l  4 tipos básicos de edificações:
l  Administração: o palácio do governador
l  Religiosidade: igrejas
l  Habitação e comércio: as primeiras ruas, largos e
casas,
l  Defesa: fortificação ao redor do povoamento (REIS
FILHO, 1997)
A Cidade Alta e a Cidade Baixa
l Cidades como Salvador, Olinda e Rio de Janeiro
(1565)
l foram construídas próximas ao mar em outeiros
l Originando as denominadas:
l cidade alta com habitação e administração
l cidade baixa com comércio e porto
l Configuração que privilegiava a defesa com:
l muros, paliçadas, baluartes e portas para o
controle do acesso (REIS FILHO, 1997)
O Urbanismo Colonial
l  O traçado das ruas, largos e muralhas, acompanhava a
topografia acidentada do terreno
l  Edifícios mais importantes, como as casas dos mais
ricos, conventos e igrejas, tinham localização privilegiada
l  As casas determinavam o traçado da ruas
l  As superfícies contínuas formadas pelas fachadas das
edificações conjugadas definem a arquitetura
l  “residenciais renunciam a sua individualidade plástica para
integrar-se a composição da arquitetura da cidade” (REIS
FILHO, 1997)
l  Não havia passeios e vegetação no entorno das
residências
Os Construtores

l Os projetistas coloniais são em geral anônimos

l Eram religiosos ou engenheiros-militares,

l  O s e n g e n h e i r o s - m i l i t a r e s p o s s u í a m
conhecimentos teóricos de arquitetura

l  os mestres-de-obras, mestres-pedreiros e


carpinteiros tinham um conhecimento prático
(BURY, 1991)
Os Materiais de Construção
l Foi utilizada inicialmente as técnicas da taipa-de-
pilão e pau-a-pique, de rápida construção
l Utilizando materiais abundantes na colônia: barro
e madeira
l Em seguida foi adota a alvenaria de pedra e
tijolos de adobe nas paredes
l Possibilitando construções maiores e a inclusão
de madeiramento para pisos e tetos (COSTA,
1975)
A Cantaria
l A cantaria é a pedra talhada utilizada na
construção de edifícios ou de muros
l Era utilizada nos edifícios mais importantes
l Reforçava os cunhais (cantos) de edifícios
grandes, as vergas de portais e janelas
l Poucos edifícios eram construídos apenas em
cantaria
l mesmo nos séculos seguintes poucas igrejas
foram construídas com fachadas integralmente de
pedra (COSTA, 1975)
Residências Urbanas
l  As casas ocupavam todo o terreno, caracterizadas por:
l  telhados de duas ou mais águas, escoando para a rua e
para o quintal
l  Utilizava-se telhas nas paredes laterais, para evitar
problemas de infiltração
l  Eram comuns sobrados com dois ou três pavimentos de
uso misto:
l  no nível da rua o comércio
l  acima a residência
l  As casas simples utilizavam pau-a-pique, taipa de pilão ou
adobe
l  As mais ricas pedra e barro ou tijolos (REIS FILHO, 1997)
Arquitetura Civil
l  O caso de Ouro Preto
l  as edificações civis incorporaram inovações
arquitetônicas adotadas a partir da construção do
Palácio dos Governadores em 1747
l  A taipa e o adobe deram lugar ao quartzito do
Itacolomi
l  O Palácio dos Governadores apresenta as vergas de
suas portas e janelas em quartzito
l  O gov. Gomes Freire construiu chafarizes, pontes e
outras benfeitorias em cantaria
l  trouxe de Portugal profissionais especializados
(BANDEIRA, s/d)
Residências Rurais

l Pessoas ricas viviam em chácaras, mas


mantinham uma casa cidade
l As chácaras possuíam:
l dois pavimentos
l um alpendre
l uma escada de acesso externa
l quatro fachadas recuadas
l telhado em quatro águas (REIS FILHO,
1997)
Arquitetura Religiosa Colonial
l As missões jesuítas construíram as primeiras
edificações barrocas:
l igrejas, mosteiros, colégios e conventos
l As igrejas eram erguidas em locais altos, sendo
vistas de toda cidade
l A relação entre topografia e igrejas é marcante em
Ouro Preto e no Santuário de Congonhas (REIS
FILHO, 1997)
Técnicas Construtivas das Igrejas
l  Eram edificadas de duas formas básicas:
l  alvenaria de pedra, utilizando elementos decorativos
nas fachadas
l  taipa e estrutura de madeira, com interiores pintados
e dourados
l  As igrejas em alvenaria de pedra criam a ideia de
movimento nas plantas e nas fachadas
l  Formando um conjunto harmônico entre:
l  torres sineiras de planta circular e
l  as superfícies curvas salientes nas fachadas (REIS
FILHO, 1997)
O Papel das Irmandades
l  O caso de Ouro Preto
l  Os templos eram: matrizes, igrejas das ordens terceiras e
irmandades
l  As irmandades do Santíssimo Sacramento do Pilar e de Antônio
Dias construíram suas matrizes
l  nesses templos outras irmandades decoravam os altares
laterais)
l  Com o tempo as irmandades, competindo entre si, construíram
seus templos carregando no estilo e na decoração interna
l  As matrizes austeras foram rivalizadas por novas igrejas de
fachadas movimentadas e de interior rococó
l  Exemplo: Igreja de São Francisco de Assis, construída e
ornamentada por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, com
pinturas de Manuel da Costa Ataíde (HOORNAERT, 1977)
A igreja Barroca no Brasil e
sua Morfologia
Basílica como base do Barroco

l Edifícios romanos utilizados na Idade Média


para o culto cristão
l São a base da evolução até a Igreja Barroca
l Sua origem nada tem a ver com o culto
religioso
l Tratava-se de um edifício de múltiplos usos
l mercado, banco, sala de justiça e ponto de
encontro
Características da Basílica

l Partido longitudinal
l Três naves, sendo a central mais alta,
l Recebe iluminação natural de ambos os lados
e por cima das naves laterais,
l  P o s s u i e m a m b a s e x t r e m i d a d e s
absides, funcionando como tribunas
l Colunada que separa a nave central das
laterais
Processo de Adaptação da
Basílica Romana na Idade Média
l Na Idade Média é acrescentado o transepto:
l um eixo perpendicular à nave
l Possuindo função simbólica de representar em
planta a cruz latina
l Principais elementos:
l a nave central, o transepto, as naves laterais,
o nártex, o altar, a abside onde ficava o
presbitério
As Catedrais Góticas na direção
do barroco
l As catedrais góticas representam a
maturidade da basílica cristã

l Construídas pelas guildas (origem das


irmandades)

l Aperfeiçoaram a cantaria, permitindo o


desenvolvendo do sistema de arcos
Característica das Catedrais
Góticas
l  Permanecem o nártex, as naves laterais e o transepto
l  As modificações introduzidas foram:
l  valorização da área atrás do altar, onde se posiciona o
coro
l  Deambulatório e suas capelas
l  Sistema construtivo das abóbadas de arestas
l  O arcobotante, onde se descarregam as cargas
horizontais das abóbadas
l  As torres ganham importância, manifestando ambição
técnica e desejo de vencer a gravidade
A Igreja Barroca

l Reflete a conjuntura da reforma e contra


reforma
l O Concílio de Trento (1545) também agiu
sobre a arte e a arquitetura
l Exemplo:
l As igrejas perderam as naves laterais,
concentrando o culto na nave central
O Papel dos Jesuítas
l Consolidaram a transição para a morfologia típica
barroca no Brasil
l Algumas variações seriam:
l  A s c a p e l a s m a i s o u m e n o s p r o f u n d a s ,
intercomunicáveis ou não,
l assim como os altares laterais, que variavam
muito quanto à forma.
l A cúpula, no cruzamento das naves, foi rara no
Brasil colonial, devido a dificuldades técnicas
Características Básicas da Igreja
Barroca no Brasil
l Igrejas ricamente ornamentados e com
formas exuberantes
l os altares e os púlpitos eram decorados com
extravagância
l recobertos por espirais, flores, monstros e
anjinhos de cabelos encaracolados
l Interior folheado a ouro
Algumas Características da
Igreja São Francisco de Assis
Aleijadinho
l  Projetada e ornamentada por Antônio Francisco Lisboa,
o Aleijadinho
l  filho de um arquiteto português com uma escrava
l  “A capela” foi erguida entre 1776 e o início do século
XIX
l  é considerada a mais bela de todas as igrejas barrocas
de Minas Gerais
l  “Ela é um marco do estilo e tem abundância de luz e
cor” (BRITO, s/d)
Desenho Revolucionário
l A fachada principal e o corpo da igreja têm
forma curvilínea e sensação de movimento:
l característica nova trazida pelo estilo
barroco,
l os templos religiosos até então eram
retangulares
l Duas torres arredondadas e lembrando a
forma de uma guarita, apelidadas de “Igreja
Militar”
Fachada Extravagante

l No alto da porta principal, vê-se uma imagem


de Nossa Senhora da Conceição, padroeira
dos franciscanos.

l O medalhão redondo um pouco mais acima


retrata São Francisco, de joelhos, recebendo
as chagas de Cristo
Altar Esculpido

l O interior tem paredes e teto revestidos de


madeira esculpida.
l O altar-mor da São Francisco de Assis,
projetado por Aleijadinho e pintado por Manuel
da Costa Athayde, é um bom exemplo:
l atrás dele, uma peça de madeira em alto-
relevo com acabamento de ouro mostra a
exuberância da arte barroca
Os Alteres Laterais
l Altares laterais repletos de anjinhos, flores e
espinhos, presentes em quase todas as igrejas
barrocas
l Na São Francisco de Assis, podem ser vistos
três altares de cada lado da nave, dedicados a
santos franciscanos:
l Santa Isabel da Hungria, Santo Ivo, São
Francisco de Assis, São Lúcio e Santa Bona,
São Roque e Santa Rosa de Viterbo
Sacristia Assombrada
l O lavabo em pedra-sabão da sacristia é
considerado uma obra ímpar de Aleijadinho
l Retrata uma figura humana com olhos
vendados representando as qualidades
franciscanas: pobreza, fé, obediência e
castidade
l A sacristia é famosa pela lenda:
l fantasma de uma mulher com roupas do século
18 costumava aparecer no local
O Teto Espetacular

l Pinturas rebuscadas podem ser vistas em


quase todos os templos barrocos.
l O teto da capela pintado por Manuel Athayde,
levou 11 anos para ficar pronta.
l O artista mostrou a ascensão de uma Nossa
Senhora com traços mulatos, envolta numa
grande revoada de anjos
Bibliografia
l  ÁVILA, Affonso et alii. Barroco mineiro: glossário de arquitetura e
ornamentação. São Paulo: Cia. Ed. Nacional/ Fundação Roberto Marinho/
Fundação João Pinheiro, 1980.
l  BANDEIRA, Manuel. Guia de Ouro Preto. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d.p.
l  BURY, John. Arquitetura e arte no Brasil colonial. São Paulo: Nobel,
1991.
l  CARRAZZONI, Maria Elisa (org.). Guia dos bens tombados. Rio de
Janeiro: Expressão e Cultura, 1980.
l  COSTA, Lúcio. A arquitetura jesuítica no Brasil, in: Arquitetura religiosa.
São Paulo; MECIIPHAN/FAU-USP, 1975.
l  HOORNAERT, Eduardo et alii. História da igreja no Brasil. Rio de
Janeiro: Vozes, 1977.
l  REIS FILHO, Nestor Goulart. Quadro da arquitetura no Brasil. 8a ed., São
Paulo: Perspectiva, 1997.

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